1 Legislacao e Etica Na Administraco Publica

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     Fundação Universidade de Brasília

    FUB - DF Assistente em Administração  EDITAL Nº 2 – FUB, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2014

    RETIFICAÇÃOLEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

     Professora Mariela Ribeiro Nunes Cardoso Professora Angélica Calil 

    1 Ética e função pública. ......................................................................................................................................................01

    2 Ética no setor público. .......................................................................................................................................................032.1 Decreto n. 1.171/1994 (Código de Ética Prossional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federa). .....062.2 Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei n. 8.112/1990). .........................................................102.2.1 Disposições preliminares: Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição. ........................112.2.2 Estágio probatório .......................................................................................................................................................162.2.3 Direitos e vantagens. ...................................................................................................................................................172.2.4 Regime disciplinar, deveres e proibições, acumulação, responsabilidade e penalidades. .....................................262.3 Lei n. 8.429/1992. ............................................................................................................................................................322.3.1 Disposições gerais. .......................................................................................................................................................322.3.2 Atos de improbidade administrativa. ........................................................................................................................332.4 Processo administrativo (Lei n. 9.784/1999): conceito, princípios, fases e modalidades. .......................................363 Estatuto e Regimento Geral da Universidade de Brasília .............................................................................................42

    NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

     Professor Rafael de Lazari

    1 Constituição. 1.1 Conceito, classicações, princípios fundamentais. ...........................................................................012 Direitos e garantias fundamentais. ..................................................................................................................................032.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políticos. ...............033 Administração pública. .....................................................................................................................................................193.1 Disposições gerais, servidores públicos. .......................................................................................................................19

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    Didatismo e Conhecimento  1

    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    Professora Mariela Ribeiro Nunes Cardoso  Jornalista e advogada na Área Civil e Direito de Família. Especialização na Fundação Getúlio Vargas, graduada pelo

    Centro Universitário Eurípides de Marília e pela Universidadede Marília.

    Caro Candidato:Para nós é uma imensa satisfação tê-lo como nosso leitor. Gra-

    ças a sua conança nosso trabalho vem se expandindo por todo o país. Esperamos atender suas expectativas e auxilia-lo em seu estu-do; oferecemos suporte para dúvidas que porventura venham surgir.

    A partir de agora serão analisados os temas em relação a estamatéria.

    O objetivo do presente trabalho é potencializar os seus estu-dos, sendo que procuramos trazer um conteúdo mais abrangente,viabilizando um estudo mais aprofundado do tema.

    O foco principal é disponibilizar um material didático, objeti-vo e de conteúdo amplo, que os capacite para concursos públicos.Portanto, não deixe de fazer a leitura minuciosa de toda a le-

    gislação pelo fato de que muitos artigos são autoexplicativos; ten-tar explica-los ou comenta-los poderia não ser didático.

    Diante disto, aproveitem o material fazendo-o bom uso e boasorte, para novas conquistas, com muita dedicação.

    Acredite em sua aprovação! Acreditar em um sonho é o pri-meiro passo para conseguir conquista-lo!

    1 ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA.

    A ação estatal encontra-se norteada por diversos princípiosdentre os quais destaca-se o da legalidade, que delimita o campode atuação possível do Estado e garante aos cidadãos a titularida-de de direitos. No entanto, sendo o Estado um ser ético-político,a avaliação da conduta de seus agentes não pode pautar-se, ape-nas, pelo aspecto da legalidade. Revela-se imperiosa a vericaçãoquanto a obediência à preceitos éticos que estejam disseminadosna própria sociedade. A ética na condução da res publica emergecomo instrumento ecaz de proteção dos direitos fundamentais, aexemplo da liberdade e da igualdade.

    A Administração Pública se constitui no instrumental de quedispõe o Estado para implementar as prioridades do Governo. As-

    sim, merece atenção especial o estudo acerca das ações empreen-didas pelo gestor da coisa pública, sobretudo em relação ao grau deaderência ao interesse público (efetividade). Deve haver compati- bilidade entre as prioridades de governo e o querer da coletividade.

    Verica-se grande diculdade da sociedade em avaliar a con-duta dos gestores públicos, notadamente em função da ausência deinformações tempestivas, sucientes e conáveis. Até mesmo o processo de escolha dos governantes nas democracias, através deeleições seguras e livres, vem sendo objeto de ressalvas quanto asua ecácia como mecanismo garantidor de que os escolhidos tra - balharão em função dos melhores interesses da coletividade, umavez que os cidadãos não possuem todas as informações necessáriasa uma escolha correta. O que reforça a importância do acesso àsinformações.

    Dentro deste contexto torna-se imprescindível a existência deórgãos integrantes da estrutura estatal que componham uma ver -dadeira rede de agências de accountability incumbidas de supervi-sionar, controlar, aplicar sanções, e sobretudo prover o cidadão das

    informações relativas a conduta do gestor público. No caso brasileiro, esta rede de agencias de accountability en-globaria, dentre outros, o Ministério Público, o sistema de controleinterno dos Poderes, o Poder Judiciário e os Tribunais de Contas.Estes últimos foram, sobretudo a partir da edição da Lei de Res - ponsabilidade Fiscal, alçados à condição de grandes provedores deinformações sobre a gestão pública.

    Aos Tribunais de Contas compete vericar o cumprimento daLei de Responsabilidade Fiscal, que está erigida sobre alguns pi-lares, dentre os quais o da transparência. Assim entendida, não sóa disponibilização de informações, mas, sobretudo a compreensãodos dados divulgados por parte do cidadão mediano. O objetivomais nobre do princípio da transparência é permitir e estimular oexercício do controle social, a mais ecaz das formas de controle

    da conduta do gestor público.

    Ética na Gestão Pública e Exercício da CidadaniaA palavra ética deriva do grego e expressa a idéia de confor -

    midade aos costumes. Segundo Masip é o “conjunto de hábitos,costumes, normas e leis que regulam o modo de proceder das pes -soas, individual e coletIvamente.”.

    A avaliação quanto a conduta ética tem fundamento na as-sertiva de que as ações reetem os valores de quem as pratica.Devemos dissociar a ética social caracterizada pela unilateralidadede suas normas da ética legal, cuja bilateralidade expressa-se pelaimposição de deveres e concessão de direitos.

    A este trabalho interessa à ética na gestão dos negócios do

    Estado, assim entendida como o conjunto de regras de condutaestabelecidas para a atuação da Administração Pública. No caso brasileiro a Constituição federal dene, expressamen-

    te, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publi-cidade e eciência como norteadores da conduta administrativa.

    A moralidade como princípio explícito conduz ao entendi-mento de que o ato administrativo, além da conformação à lei,deve obediência à moral pública, aos bons costumes e ao sensocomum de honestidade.

    A conduta do agente público deve ser dirigida para a consecu-ção do bem comum, e sob esta perspectiva encontra sua interfacecom a cidadania, cujo conceito tem sido objeto de muitos estudosque indicam o surgimento de um novo conceito de cidadania.

    Fundamentalmente, a acepção que se tem de cidadania abran-

    ge duas dimensões. A primeira está intrinsecamente ligada e derivaaté da experiência dos movimentos sociais. Dessa experiência, boa parte é aquilo que entendemos como luta por direitos que, aliás,encampa o conceito clássico de cidadania, que é a titularidade dedireitos.

    A essa experiência dos movimentos sociais, tem-se agregadouma ênfase mais ampla na consolidação da democracia. O exercí-cio da cidadania relaciona-se, intimamente, com a consolidação deuma conduta democrática.

    Uma segunda dimensão, além da titularidade de direitos, éaquela que deriva do republicanismo clássico, enfatizando a preo-cupação com a coisa pública, com a res publica.

    Constata-se, na realidade, um certo desconhecimento da po- pulação em relação a titularidade de direitos.

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    Em uma pesquisa realizada na Região Metropolitana do Riode Janeiro, pedia-se que o entrevistado citasse 3 (três) direitosconstitucionais. As respostas não podiam ter sido mais preocupan-tes. Não menos do que 56,7% dos entrevistados não conseguiram

    relacionar um único direito constitucional. Dentre aqueles direitoscitados, os direitos sociais ligados à saúde, à educação, à previdên-cia aparecem com 25,8% dos entrevistados.

     No segundo lugar, já bem distante, aparecem os direitos civiscom 11,7% e os direitos políticos, notadamente votar e ser votado,com 1,6% de referência pelos entrevistados. Uma das conclusõesda pesquisa é de que a baixa percepção dessa titularidade de direi-tos políticos se deve até pelo fato de que no Brasil o voto, por serobrigatório, muito mais é entendido como um dever do que comoum direito.

    Parece que dentro dessa perspectiva da baixa percepção da população em relação à titularidade desses direitos, não restamdúvidas de que estamos vivenciando um processo, que ainda é dedescoberta, de conhecimento para o exercício da cidadania.

    Esse processo envolve muitos atores e não restam dúvidas deque os Tribunais de Contas se constituem um desses atores, dire-tamente envolvidos no processo de difusão de direitos, de garantiade exercício de direitos e sobretudo de exercício pleno de cidada-nia.

    Kant, teórico clássico do pensamento político, já no nal doséculo XVIII, enumerava algumas características comuns do queele entende ser um cidadão. A primeira dessas características é aautonomia. Os cidadãos têm de ter capacidade de conduzir-se se-gundo o seu próprio arbítrio. A segunda é a igualdade perante a lei.E a terceira é a independência, ou seja, a capacidade de sustentar --se a si próprio. A simples observação dessas três características ci-tadas por Kant, dicilmente permitiria identicarmos um número

    expressivo de cidadãos que as atendesse.John Stuart Mill, no século XIX, também um clássico do pen-samento político, dividia o cidadão em duas categorias: os ativose os passivos. Ele diz que os governantes, em muitos casos, pre -ferem os cidadãos passivos, embora a democracia necessite doscidadãos ativos, sobretudo na democracia que tem a regra da maio-ria como uma de suas regras fundamentais. Seu pressuposto é a participação ativa.

     Não havendo participação ativa, será desvirtuada a regra damaioria. Nesse caso, uma minoria passa a tomar as decisões. Aabstenção não é condizente com regime democrático consolidadoe cidadania efetiva.

    Diante destas constatações, parece-nos que os Tribunais deContas têm um espaço institucional, a ser ocupado, de promoção

    da ética na gestão pública e garantia do exercício pleno da cida -dania.

    Sob o aspecto do republicanismo clássico, da preocupaçãocom a coisa pública que revela a face da cidadania comprometidacom o aperfeiçoamento democrático e o bem estar coletivo cons-truído sobre sólidos padrões éticos, não resta dúvida de que se tratado campo próprio de atuação das Cortes de Contas.

    Mas, a ação dos Tribunais de Contas como instrumentos de ci-dadania, também encampa a dimensão da titularidade de direitos.

    Trabalhos recentes que analisaram a questão das eleições e darepresentação têm apontado para o fato de que as eleições não sãoum mecanismo suciente para garantir que os governantes atuemnaquilo que é de melhor interesse para população. Parte-se do pressuposto de que parcela, signicativa, dos eleitores, não tem in-

    formação suciente para escolher de forma mais adequada os seusgovernantes. Dessa forma, as eleições não seriam sucientes paraconsolidação do processo democrático. Não se trata de rejeiçãodo modelo, mas de um incentivo à inovação institucional. É um

    estímulo à criação de novos mecanismos que permitam ao cidadãoter acesso a todas as informações que lhe sirvam de parâmetro paraescolha, correta, de seus governantes.

    Parece-nos clara a necessidade de instituições que levem aocidadão essas informações, que conram transparência à gestão dacoisa pública, que sirvam como verdadeiras agências de accounta-bility, agências de transparência, de responsividade e prestação decontas de recursos públicos.

    A informação disponibilizada em quantidade e qualidade ade-quadas implicam aumento da conança do cidadão em seus gover -nantes. Nesse mesmo sentido, O’Donnell desenvolveu o conceitode accountability horizontal. Segundo ele, não é mais sucienteapenas o conceito clássico de accountability vertical, que se re-fere, sobretudo, ao controle, por parte da população, dos atos de

    seus governantes. É preciso que, no âmbito do Estado, dentro doaparelho estatal, exista uma teia, uma rede de agências interliga-das que se comuniquem com regularidade para permitir o controle permanente da administração pública e da gestão dos recursos pú- blicos. Os Tribunais de Contas integram essa teia da accountability horizontal, que passa a ser mecanismo essencial de transparência e promoção da ética na gestão pública. Devemos atentar para o fatode que a escolha do governante, em eleições livres, não encerra odireito/dever do cidadão. Torna-se imprescindível um acompanha-mento, rigoroso, das ações do eleito.

    Dentro dessa perspectiva, os Tribunais de Contas possuemos atributos necessários para serem os provedores de informações para os cidadãos, capazes de lastrear às suas decisões na hora da

    escolha dos governantes e consequente avaliação de sua gestão.As informações devem ser disponibilizadas tempestivamente e emlinguagem compreensível pelo cidadão mediano, constituindo-se,de fato, em instrumento de transparência. Não basta só divulgar osdados, não basta só publicar, não se trata do amesquinhamento do princípio constitucional da publicidade. Trata-se da possibilidadede que os dados divulgados sejam compreensíveis e tenham umobjetivo bastante nobre, que é permitir controle e, sobretudo, ocontrole social, a mais ecaz das formas de controle da Adminis-tração Pública.

    É preciso que os Tribunais de Contas utilizem linguagemacessível pelo cidadão comum. Moreira Neto ensina que a grande preocupação em relação ao exercício da cidadania deve ser como chamado estrato apolítico da sociedade. Esse estrato apolítico

    encontra-se dividido em apáticos, abúlicos e acráticos. Os apáticossão aqueles aos quais falta sensibilidade para participar, não têminteresse em participar. Os abúlicos são aqueles nos quais falta odesejo de atuar politicamente, não querem participar. E, nalmen-te, os acráticos são aqueles que não têm condições de participar,não podem se integrar ao processo. O trabalho dos Tribunais deContas pode contribuir para trazer estes cidadãos para o debate,constituindo-se em garantidores de uma participação popular efe-tiva, notadamente na gestão scal.

    A título de exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal obrigaa participação popular no processo de elaboração dos orçamen-tos. O que, no passado, era prática de alguns gestores na buscada legitimação da decisão político-administrativa passa a ser umaobrigação legal. Não é mais possível elaborar orçamento, sem a

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

     participação popular. Os Tribunais de Contas apresentam-se comoa instituição capaz de comprovar esta participação e impor sanções pelo seu descumprimento.

    A realização de audiências públicas, a cada quatro meses,

    com o objetivo de demonstrar o cumprimento das metas scais,também expressa outro exemplo da importância dos Tribunais deContas, que são os responsáveis pela aferição e pela vericação documprimento desses comandos legais.

     Na realidade, a atuação dos Tribunais na promoção da éticae na garantia do exercício pleno da cidadania constrói uma via demão dupla. Não só os Tribunais servem como provedores de infor -mações e garantidores de que esses mecanismos de participação popular estejam sendo respeitados, como também os Tribunais selegitimam junto à sociedade, maximizando suas ações. www.sjt.com.br 

    2 ÉTICA NO SETOR PÚBLICO.

    A respeito deste tema há um importante texto de Maria DeniseAbeijon Pereira Gonçalves, que aborda de uma maneira sucinta eecaz, conforme segue:

    Uma vez que é através das atividades desenvolvidas pela Ad-ministração Pública que o Estado alcança seus ns, seus agentes públicos são os responsáveis pelas decisões governamentais e pelaexecução dessas decisões.

    Para que tais atividades não desvirtuem as nalidades estataisa Administração Pública se submete às normas constitucionais e às

    leis especiais. Todo esse aparato de normas objetiva a um compor -

    tamento ético e moral por parte de todos os agentes públicos queservem ao Estado.

    Princípios constitucionais que balizam a atividade adminis-trativa:

    Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pau-tar seus atos pelos princípios elencados na Constituição Federal,em seu art. 37 que prevê: “A administração pública direta e indi-reta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,impessoalidade, moralidade, publicidade e eciência (...)”.

    Quanto aos citados princípios constitucionais, o entendimentodo doutrinador pátrio Hely Lopes Meirelles é o seguinte:

    “- Legalidade - A legalidade, como princípio da administração(CF, art. 37, caput), signica que o administrador público está, emtoda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e àsexigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade dis-ciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...)

    - Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nadamais é que o clássico princípio da nalidade, o qual impõe ao ad-ministrador público que só pratique o ato para o seu m legal. Eo m legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica ex- pressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.Esse princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realiza-ções administrativas (...)

    - Moralidade – A moralidade administrativa constitui, hoje emdia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública(...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito –da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como

    “o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior daAdministração” (...)- Publicidade - Publicidade é a divulgação ocial do ato para

    conhecimento público e início de seus efeitos externos. (...) O prin-cípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além deassegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimentoe controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, atravésdos meios constitucionais (...)

    - Eciência – O princípio da eciência exige que a atividadeadministrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimentofuncional. É o mais moderno princípio da função administrativa,que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legali-dade, exigindo resultados positivos para o serviço público e sa-tisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus

    membros. (...).”Controle da atuação da Administração Pública:Visando a assegurar que a Administração Pública atue sempre

    em consonância com os princípios normativos que lhe são impos-tos, faz-se necessário que se sujeite ao controle por parte dos Pode-res Legislativo e Judiciário, além de, ela própria, exercer controlesobre seus atos.

    Ressalte-se que todos os Poderes estão sujeitos ao mesmocontrole, desde que os atos emanados deem-se no exercício defunção tipicamente administrativa.

    Através de instrumentos de ação outorgados pela Constitui-ção, também os administrados podem provocar o procedimento decontrole, visando não só à defesa de interesses individuais como

    de interesses coletivos, embora tal controle seja atribuição estatal.A Emenda Constitucional número 19/98, inseriu o § 3º noartigo 37, prevendo formas de participação dos administrados naAdministração Pública, necessitando, porém, da edição de lei queregulamente o dispositivo constitucional, o que ainda não foi ob-servado pelo legislador pátrio.

    Por outro lado, o Ministério Público desempenha importante papel no controle dos atos administrativos, sendo, hoje, o órgãomais bem estruturado para tal nalidade, devido às funções quelhe foram atribuídas pelo artigo 129 da Carta Magna, onde, alémda função de denunciar autoridades públicas por crimes praticadosno exercício de suas funções, tem ainda competência para realizaro inquérito civil, requisitar diligências investigatórias e atuar comoautor da ação civil pública, objetivando a reprimir atos de impro-

     bidade administrativa e resguardar interesses coletivos e difusos.O poder-dever que a lei atribui aos órgãos públicos de contro-

    lar os atos emanados pela Administração não pode ser renunciadosob pena de responsabilização de quem se omitiu, sendo que talcontrole abrange a scalização e a correção dos atos ilegais, bemcomo, dos inoportunos ou inconvenientes para o interesse público.

    “(...) pode-se denir o controle da Administração Públicacomo o poder de scalização e correção que sobre ela exercem osórgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o ob- jetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípiosque lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.”

    O controle da atuação administrativa e nanceira e do cumpri-mento dos deveres funcionais do Poder Judiciário e do MinistérioPúblico, após a edição da Emenda Constitucional 45/2004, passou

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    a ser exercida pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamente, competindo--lhes zelar pela aplicação das leis relativas ao Judiciário e ao Mi -nistério Público.

    Deve-se ressaltar que não se trata de controle externo, umavez que os referidos Conselhos integram a instituição controlada,não prejudicando o controle externo exercido pelos Tribunais deContas, limitando-se, o controle dos citados órgãos, aos atos e aatividade administrativa do Judiciário e do Ministério Público, nãoabrangendo os atos jurisdicionais ou judiciais propriamente ditos.

    A referida Emenda Constitucional 45/2004, criou ainda, asouvidorias, objetivando provocar a atuação dos Conselhos Nacio-nais de Justiça e do Ministério Público, através de reclamações edenúncias de quaisquer interessados.

    Temos ainda o controle legislativo ou parlamentar, trata-se decontrole eminentemente político e nanceiro, objetivando a pro-teção dos interesses do Estado e da Comunidade, exercido pelosórgãos legislativos, (Congresso Nacional, Assembléias Legislati-vas e Câmaras de Vereadores) ou por Comissões Parlamentares,analisando a legalidade e a conveniência pública de determinadosatos do Executivo.

    Este controle é exercido dentro da expressa previsão constitu-cional de forma a evitar a interferência de um Poder sobre outro, preponderando o equilíbrio entre os Poderes, no chamado sistemade pesos e contrapesos, que impõe o controle dos atos de um Poder por outro, como por exemplo, na aprovação do orçamento e nascalização de sua execução.

    O controle legislativo manifesta-se ainda, através do dispostono artigo 50, que trata da possibilidade de convocação de autori-dades e pedidos de informações por escrito e no § 3º do artigo 58,da Constituição Federal, que regula as atividades desempenhadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito.

    Em relação à scalização nanceira, orçamentária e contábil,o Poder Legislativo conta com o auxílio do Tribunal de Contas.

    “(...) ao Poder Legislativo compete a scalização nancei-ra, orçamentária, contábil, operacional e patrimonial dos demaisPoderes, instituições e órgãos encarregados da administração dereceitas e despesas públicas. Essa função conta com o auxílio doTribunal de Contas.”

     A sociedade dispõe ainda do controle judicial que é o contro-le exercido privativamente pelo Poder Judiciário sobre os atos daAdministração, com vistas a preservar a legalidade dos referidosatos. Tal controle abrange os atos do Poder Executivo, do Legis-lativo e do próprio Judiciário quando conguram atos de naturezaadministrativa.

    Sendo a legalidade do ato administrativo a condição primeira para a sua validade, importante se faz o controle de tais atos paragarantir sua adequação com as normas pertinentes (princípio dalegalidade), com a moral da instituição (princípio da moralidade),com a destinação pública (principio da nalidade), com a divul-gação necessária (princípio da publicidade) e com o rendimentofuncional e presteza (princípio da eciência). Ao desviar-se oucontrariar qualquer desses princípios, a Administração edita atoviciado de ilegalidade, o que o torna passível de anulação, peloPoder Judiciário, se provocado, ou pela própria Administração.

    Para requerer a reparação de danos advindos de atos públi-cos ilegais, os particulares dispõem de ações especícas, como, oMandado de Segurança, a Ação Popular, a Ação Civil Pública, ohabeas corpus, o habeas data e as ações de controle concentrado deconstitucionalidade, exceto a ação declaratória de constitucionali-

    dade, além das vias judiciais comuns.

    É pacíca, em nossa doutrina, a possibilidade de anulação dosatos ilegais tanto pela própria Administração quanto pelo PoderJudiciário.

    “Anulação é a declaração de invalidação de um ato adminis-

    trativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou peloPoder Judiciário... ...O conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para ns de anu-

    lação do ato administrativo, não se restringe somente à violaçãofrontal da lei. Abrange não só a clara infringência do texto legalcomo, também, o abuso, por excesso ou desvio de poder, ou porrelegação dos princípios gerais do Direito, especialmente os prin-cípios do regime jurídico administrativo”.

    O Poder Judiciário, ao exercer o controle judicial, pode anularos atos ilegais editados pela Administração, sempre que levadosà sua apreciação pelos meios processuais cabíveis, sendo que arevisão é ampla, ou seja, a única restrição é quanto ao objeto do julgamento que se restringe ao exame da legalidade ou da lesivida-de ao patrimônio público, não podendo adentrar no mérito de con-veniência e oportunidade para a edição do ato pela Administração.

    Importante se faz, ainda, atentar para as restrições colocadasao Judiciário, quando do conhecimento de atos políticos, assimentendidos aqueles praticados por agentes do Governo, no uso decompetência constitucional, os quais destinam-se à condução dosnegócios públicos e fundam-se em ampla liberdade de apreciaçãode conveniência e oportunidade, devendo, o controle judicial, dar --se apenas sobre a apreciação quanto a lesividade a direito indivi-dual ou ao patrimônio público, não adentrando nos fundamentos políticos do ato.

    A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADEADMINISTRATIVA ÉTICA

    Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Adminis-tração Pública em nosso país passou a buscar uma gestão maisecaz e moralmente comprometida com o bem comum, ou seja,uma gestão ajustada aos princípios constitucionais esculpidos noartigo 37 da Carta Magna.

    Para isso a Administração Pública vem implementando po-líticas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, comrevisão de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.

    Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupadacom a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser -viços ecientes que atendam ao interesse público, o que englobauma postura governamental com tomada de decisões políticas res- ponsáveis e práticas prossionais responsáveis por parte de todo o

    funcionalismo público. Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, emartigo, descrevem os princípios da ética pública, que, conformearmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao serviço pú - blico, pessoas capazes de desempenhar uma gestão voltada ao co-letivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas autoras:

    “- Os processos seletivos para o ingresso na função públicadevem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, enão só o ingresso como carreira no âmbito da função pública;

    - A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para trans-mitir a idéia de que o trabalho a serviço do setor público deverealizar-se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalhorealizado em benefícios de “outros”;

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    - A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito euma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no coti-

    diano esse espírito de serviço para a coletividade que justica a própria existência da Administração Pública;- A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser

    o elemento mais importante da cultura administrativa. A menta-lidade e o talento se encontram na raiz de todas as consideraçõessobre a ética pública e explicam, por si mesmos, a importância dotrabalho administrativo;

    - Constitui um importante valor deontológico potencializar oorgulho são que provoca a identicação do funcionário com osns do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdadeinstitucional, a qual constitui um elemento capital e uma obriga-ção central para uma gestão pública que aspira à manutenção decomportamentos éticos;

    - A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí-

    vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais sedevem buscar fórmulas educativas que tornem possível que estadisciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso àfunção pública. Embora, deva estar presente na formação contínuado funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente queos conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizamna práxis do servidor público;

    - O comportamento ético deve levar o funcionário público à busca das fórmulas mais ecientes e econômicas para levar a cabosua tarefa;

    - A atuação pública deve estar guiada pelos princípios daigualdade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo como interesse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber

    retribuições diferentes da ocial que se recebe no organismo emque se trabalha;- O funcionário deve atuar sempre como servidor público e

    não deve transmitir informação privilegiada ou condencial. Ofuncionário, como qualquer outro prossional, deve guardar o si-gilo de ofício;

    - O interesse coletivo no Estado social e democrático de Di-reito existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condiçõesque torne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita umexercício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tan-to, os funcionários devem ser conscientes de sua função promocio-nal dos poderes públicos e atuar em conseqüência disto.(traduçãolivre).”

    Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis -

     posição do cidadão instrumentos ecientes para possibilitar umascalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelosgovernantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administra-ção Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais deContas e os sistemas de transparência pública que visam a pres-tar informações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplosdesses instrumentos scalizatórios.

    Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicosresponsáveis pela scalização e tutela da ética na Administraçãoapresentar resultados positivos no desempenho de suas funções,cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por partedos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controleatual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão por parte de alguns agentes públicos ímprobos.

    Entretanto, para que o sistema funcione de forma ecaz é ne-cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia.

    Tal objetivo somente será possível através de uma profunda

    mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no-ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância,antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.

    Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper -tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortementena preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos paraque os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentescom o interesse social.

    Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança deum comportamento condizente com a moralidade administrativa émais ecaz e facilitada.

    Outra forma eciente de moralizar a atividade administrativatem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementarnº 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desviasua atividade dos princípios constitucionais a que está obrigadoresponde pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar umagestão sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interessesocial.

    Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Públicaestá caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desviode nalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú- blica comprometida com a ética e a eciência.

    Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de AndrésSanz Mulas que em artigo publicado pela  Escuela de Relaciones Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes quedevem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-trações.

    “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessáriorealizar as seguintes tarefas, entre outras:

    - Denir claramente qual é o m especíco pelo qual se cobraa legitimidade social;

    - Determinar os meios adequados para alcançar esse m equais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;

    - Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seuconjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-

    damente em relação à meta eleita;- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que

    se está imerso;- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece

    às pessoas.”

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    2.1 DECRETO Nº 1.171/1994(CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER

     EXECUTIVO FEDERAL).

    DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994

    Aprova o Código de Ética Prossional do Servidor Público Ci-vil do Poder Executivo Federal.

    O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuiçõesque lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista odisposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117

    da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,

    DECRETA:

    Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Prossional do Servi-dor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.

    Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-deral direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as provi -dências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusivemediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integra-da por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ouemprego permanente.

    Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co-

    municada à Secretaria da Administração Federal da Presidênciada República, com a indicação dos respectivos membros titularese suplentes.

    Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

    Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°da República.

    ITAMAR FRANCO  Romildo Canhim

    Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.

    ANEXO

    Código de Ética Prossional do Servidor Público Civil doPoder Executivo FederalCAPÍTULO I

    Seção IDas Regras Deontológicas

    I - A dignidade, o decoro, o zelo, a ecácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser -vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, jáque reetirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seusatos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser -vação da honra e da tradição dos serviços públicos.

    II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemen-to ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre

    o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconve -niente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o ho-nesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput , e § 4°, da Constituição Federal.

    III - A moralidade da Administração Pública não se limita àdistinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia deque o m é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidadee a nalidade, na conduta do servidor público, é que poderá conso-lidar a moralidade do ato administrativo.

    IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tri- butos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio,e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de suaaplicação e de sua nalidade, erigindo-se, como consequência, emfator de legalidade.

    V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante acomunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxitodesse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.

    VI - A função pública deve ser tida como exercício prossio -nal e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor públi-co. Assim, os fatos e atos vericados na conduta do dia-a-dia emsua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceitona vida funcional.

    VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações po-liciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativoconstitui requisito de ecácia e moralidade, ensejando sua omissãocomprometimento ético contra o bem comum, imputável a quema negar.

    VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não podeomiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábitodo erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes-mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

    IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicadosao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratarmal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamentesignica causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano aqualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa aoequipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens

    de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suasesperanças e seus esforços para construí-los.X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de

    solução que compete ao setor em que exerça suas funções, per -mitindo a formação de longas las, ou qualquer outra espécie deatraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude con-tra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave danomoral aos usuários dos serviços públicos.

    XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legaisde seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e,assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o desca-so e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigire caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública.

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%201.171-1994?OpenDocumenthttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7%A1%AF.htm#art37http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7%A1%AF.htm#art37%E7%B4%80http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7%A1%AF.htm#art37%E7%B4%80http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7%A1%AF.htm#art37http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%201.171-1994?OpenDocument

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    XII - Toda ausência injusticada do servidor de seu local detrabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quasesempre conduz à desordem nas relações humanas.

    XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or -

    ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabo-ra e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade públicaé a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimentoda Nação.

    Seção IIDos Principais Deveres do Servidor Público

    XIV - São deveres fundamentais do servidor público:a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou

    emprego público de que seja titular; b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-

    to, pondo m ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de las ou de qualquer

    outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em queexerça suas atribuições, com o m de evitar dano moral ao usuário;c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-

    dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante deduas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

    d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade aseu cargo;

    e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-do o processo de comunicação e contato com o público;

    f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípioséticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- blicos;

    g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-

     peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito oudistinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhesdano moral;

    h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re - presentar contra qualquer comprometimento indevido da estruturaem que se funda o Poder Estatal;

    i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, decontratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de açõesimorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;

     j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências es- pecícas da defesa da vida e da segurança coletiva;

    l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que suaausência provoca danos ao trabalho ordenado, reetindo negativa-mente em todo o sistema;

    m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi -dências cabíveis;

    n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-ção;

    o) participar dos movimentos e estudos que se relacionemcom a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo arealização do bem comum;

     p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao

    exercício da função;

    q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser -viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

    r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instru-ções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto

     possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempreem boa ordem.s) facilitar a scalização de todos atos ou serviços por quem

    de direito;t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais

    que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamenteaos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos ju -risdicionados administrativos;

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poderou autoridade com nalidade estranha ao interesse público, mesmoque observando as formalidades legais e não cometendo qualquerviolação expressa à lei;

    v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so - bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integralcumprimento.

    Seção IIIDas Vedações ao Servidor Público

    XV - E vedado ao servidor público;a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo,

     posição e inuências, para obter qualquer favorecimento, para siou para outrem;

     b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-res ou de cidadãos que deles dependam;

    c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coniventecom erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética

    de sua prossão;d) usar de artifícios para procrastinar ou dicultar o exercício

    regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moralou material;

    e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientícos ao seualcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

    f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegashierarquicamente superiores ou inferiores;

    g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquertipo de ajuda nanceira, graticação, prêmio, comissão, doação ouvantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pes-

    soa, para o cumprimento da sua missão ou para inuenciar outroservidor para o mesmo m;h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-

    nhar para providências;i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-

    dimento em serviços públicos; j) desviar servidor público para atendimento a interesse par -

    ticular;l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza-

    do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

    m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbitointerno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de ami-gos ou de terceiros;

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitu-almente;

    o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contraa moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

     p) exercer atividade prossional aética ou ligar o seu nome aempreendimentos de cunho duvidoso.

    CAPÍTULO IIDAS COMISSÕES DE ÉTICA

    XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pú- blica Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qual-quer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo po-der público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregadade orientar e aconselhar sobre a ética prossional do servidor, notratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin-do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimentosusceptível de censura.

    XVII (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organis-mos encarregados da execução do quadro de carreira dos servido-res, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruire fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público.

    XIX- (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)XXI -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de

    Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência dofaltoso.

    XXIII – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

    XXIV - Para ns de apuração do comprometimento ético,entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei,contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuiçãonanceira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór -gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas,as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades deeconomia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interessedo Estado.

    XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

    Para a análise do Código de Ética do Servidor Público Fe-deral, nada melhor que o trabalho desenvolvido pelo professor deética Márcio Azevedo, que dispõe a respeito e conforme segue:

    “O comportamento ético do servidor público na sua vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo, houver umarazoável exigência do servidor se comportar moralmente, comoinvariavelmente ocorre nas carreiras típicas de Estado.

    O que dizer então do Decreto 1.171, de 1994, que impõe ocomportamento ético e moral de todo e qualquer servidor, na suavida particular, independentemente da natureza do seu cargo?

    Quando tal Código estabelece algumas “Regras Deontológi-cas”, quer dizer que o servidor público está envolto em um siste-ma onde a moral tem forte inuência no desenvolvimento da suacarreira pública. Assim, quem passa pelo serviço público sabe oudeveria saber que a promoção prossional e o adequado cumpri-mento das atribuições do cargo estão condicionados também pelaética e, assim, pelo comportamento particular do servidor.

    Veja que o referido Decreto cria normas de conduta, conheci-das no Direito como normas materiais, porque impõem compor -tamentos.

    O Decreto 1171 é inconstitucional, na medida em que impõeregras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima diz,no seu art. 5º, diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar defazer alguma coisa senão em virtude de lei” e que “não há crimesem lei anterior que o dena, nem pena sem prévia cominaçãolegal”. Esta lei citada pelo art. 5º é a norma primária, não podendoser confundida com a possibilidade de ser imposta normas de con-duta pela norma secundária.

    Assim, não poderia ser imposta nenhuma norma de condutaa alguém via Decreto, que é uma norma secundária, porque só anorma primária tem esta capacidade constitucional.

    Atualmente, com a nova redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Constitucional n. 32, de 11 de setembro de 2001, é possível falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar emDecreto como norma primária, para ns de dispor sobre organi-

    zação e funcionamento da Administração Pública Federal, quandonão houver aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e também para extinguir funções ou cargos públicos,quando vagos.

    Somente uma grande força de interpretação, que chegaria aultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da CF/88, po-deria aceitar que a criação de normas de conduta para servidores públicos estaria inserta na organização e funcionamento da Admi-nistração Pública Federal.

    Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apareceuverdadeiramente no ordenamento jurídico nacional em 11 desetembro de 2001, e o Decreto 1.171 é de 22 de junho de 1994,quando não havia no ordenamento jurídico o Decreto como norma primária.

    Por isso, o Decreto 1171 não impõe coerção quanto às normasmateriais nele indicadas; impõe tão somente em relação às normas processuais, como a obrigação de criação de Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos públicos federais.

    Diante desta situação, o que resta do Código de Ética do Ser -vidor do Poder Executivo Federal, imposto pelo referido Decreto?

    Continua com o mesmo vigor que sempre teve, porque o vigornunca foi sancionador ou coercitivo.

    O então Ministro Chefe da Secretaria da Administração Fede-ral da Presidência da República, e presidente da Comissão Espe-cial criada para estudar a construção do Código de Ética, RomildoCanhim, ao expor os motivos para o Presidente da República daépoca, Itamar Franco, foi enfático, ao dizer o seguinte:

    “Para melhor se compreender a total separação entre o Códi-

    go de Ética e a lei que institui o regime disciplinar dos servidores públicos, basta a evidência de que o servidor adere à lei por umasimples conformidade exterior, impessoal, coercitiva, imposta pelo Estado, pois a lei se impõe por si só, sem qualquer consulta prévia a cada destinatário, enquanto que, no atinente ao Códigode Ética, a obrigatoriedade moral incluir a liberdade de escolha ede ação do próprio sujeito, até para discordar das normas que por -ventura entenda injustas e lutar por sua adequação aos princípiosda Justiça. Sua nalidade maior é produzir na pessoa do servidor público a consciência de sua adesão às normas preexistentes atra-vés de um espírito crítico, o que certamente facilitará a prática documprimento dos deveres legais por parte de cada um e, em conse-quência, o resgate do respeito aos serviços públicos e à dignidadesocial de cada servidor.”

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6029.htm#art25

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    Exatamente por isso, o Código de Ética cria regras deontoló-gicas de ética, isto é, cria um sistema de princípios e fundamentosda moral, daí porque não se preocupa com a previsão de puniçãoe processo disciplinar contra o servidor antiético, apesar de, na

    maioria das vezes, haver coincidência entre a conduta antiética e anecessidade de punição administrativa.A verdadeira intenção do Código de Ética foi estimular os ór -

    gãos e entidades públicas federais a promoverem o debate sobrea ética, para que ela, e as discussões que dela se extrai, permeieamiúde as repartições, até com naturalidade.

    O professor naliza destacando alguns pontos importantesacerca da ética no serviço público federal:

    “Servidor que não é ocupante de cargo efetivo da entidade ouórgão pode ser membro ou secretário-executivo de Comissão deÉtica de que trata o Decreto 1171/94”.

    O presidente da Comissão de Ética Pública será escolhido pe-los próprios integrantes da Comissão. A atuação da Comissão deÉtica, no que concerne ao exercício de suas competências próprias,

    não se subordina a instância superior a que se vincule. Eventuaisdúvidas de natureza legal devem ser resolvidas junto ao jurídico daentidade ou órgão. Dúvidas sobre a aplicação das normas do Códi-go de Ética devem ser dirimidas pela Comissão de Ética Pública.

     De acordo com o Código de Ética Prossional do ServidorPúblico Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto1171/94, as normas ali previstas não se aplicam às sociedades deeconomia mista.

     As dúvidas levantadas sobre a aplicação do Decreto 1171/94devem ser resolvidas pela Comissão de Ética do próprio órgão ouentidade, cabendo à Comissão de Ética Pública atender às dúvidasdessas Comissões ou se manifestar em caso de interpretações di-vergentes. (...)

    Diretores e Conselheiros de Empresas Públicas sujeitam-seao Código de Ética Prossional do Servidor Público Civil, apro-vado pelo Decreto 1171/94, haja vista que para ns de apuraçãodo comprometimento ético, entende-se por servidor público todoaquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcio-nal, ainda que sem retribuição nanceira, desde que ligado diretaou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autar -quias, as fundações pública, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setoronde prevaleça o interesse do Estado (...)”.

    Professora Angélica Massoca Baptista Calil  Especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil; Ba-

    charel em Direito, graduada pela Faculdade de Direito da Alta

     Paulista.

    “E quando você pensar em desistir, lembre-se dos motivos

    que te fzeram aguentar até agora”.

    Meus caros alunos e amigos, agradeço desde já a conançae desejo profundamente, que minha matéria realmente contribua para o seu conhecimento e aprovação no concurso almejado. Umadas vantagens de se estudar para concursos públicos é que os mes-mos se repetem periodicamente e, quando se alcança a vitória, estacompensa todo o esforço da caminhada, bem como todas as even-tuais e possíveis derrotas anteriores.

    Apenas antes de adentrarmos à matéria propriamente dita,

    gostaria de apontar quatro técnicas básicas, mas realmente neces-sárias quando estudamos para um concurso público: I) disciplina;II) método de estudo correto; III) se identicar com a carreira ouárea prossional do respectivo concurso; e IV) vericar o nível derelevância de cada matéria a ser estudada. (FAGA, Tânia. Jurispru-dência e Concursos).

    Sem o esforço da busca torna-se impossível a alegria da con-quista.

    Como já disse Galileu, “Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo”.

    A maior satisfação de um professor acontece quando aqueleque recebeu seus ensinamentos, orientações, aulas ou conselhos,acrescenta algum ganho de qualidade, seja esta, de tempo ou satis-fação. E é exatamente esse ganho de qualidade de qualquer espécieaos meus alunos e leitores, que eu, como professora, gostaria deobter com meu modesto trabalho.

    Sucesso a todos!

    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚ-BLICA:

    COMENTÁRIO DE INTRODUÇÃO:

    Meus queridos alunos, começaremos com uma  DICA DA PROFESSORA: Aconselha-se, para complementação e melhorentendimento das matérias de  Direito Administrativo, Adminis-tração Pública e Servidores Públicos , também a leitura dos Arti-

     gos 37 a 41 da CF/88 , que trata dos referidos assuntos.

    Ainda, aprendamos antes, alguns conceitos básicos para com- preensão das legislações especícas do edital desse concurso.

    Vamos lá!

    Conceito de Direito Administrativo:O Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princí-

     pios jurídicos que regem a atividade administrativa, as entidades,os órgãos e os agentes públicos tendentes a realizar concreta, diretae imediatamente os ns desejados pelo Estado. (NADAL, Fábio;e SANTOS, Vauledir Ribeiro.  Direito Administrativo. 3. ed. SãoPaulo: Método, 2006, p. 20).

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    É o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos,agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram aAdministração Pública, a atividade jurídica não contenciosaque exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus

    ns, de natureza pública. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 47).

     Da Administração Pública:

    Conceito de Administração Pública: Art. 37, caput, CF:

     Administração Pública é o conjunto de pessoas e órgãos quedesempenham uma função de atendimento ao interesse público,ou seja, que estão a serviço da coletividade. (LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm, 2014, p.161.)

     Administração Pública é o aparelhamento estatal, integrado por pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos postos à disposi-

    ção do cidadão para a consecução das necessidades gerais e coleti-vas. (PIRES, Antonio Cecílio Moreira).

    A Administração Pública divide-se em: Administração Pública Direta:  podendo ser Federal, Esta-

    dual, Distrital e Municipal e  Administração Pública Indireta:sendo dividida em Autarquias, também classicadas como agên-cias reguladoras; Fundações, também classicadas como agênciasexecutivas;  Sociedades de economia mista e Empresas Públicas.

    Observamos também a existência de  Entes cooperados queembora não integrem o conceito de Administração Pública, pres-tam serviços de interesse público (ex. SESI, SENAC, SENAI,ONG´s).

    Órgãos e Funções:O Direito Administrativo regula a atividade administrativa

    do Estado, não importando quem exerça as  funções típicas, se- jam as mesmas primárias, ou seja, referentes ao Poder Executivo,ou ainda funções atípicas , ou secundárias, referentes aos PoderesLegislativo e Judiciário.

    Em relação à atuação do Estado, existem três Funções essen-ciais, que são exercidas separadamente em três blocos orgânicos,denominados Poderes. Ou seja, podemos classicar de tal forma:Quanto ao  Poder : Órgão Legislativo – Função Normativa;Órgão Executivo – Função Administrativa; Órgão Judiciário – Função Judicial.

     IMPORTANTE PARA CONCURSOS PÚBLICOS : Taisfunções não são exercidas pelos respectivos Poderes de maneiraabsoluta e exclusiva, pois são atribuídas de maneira restrita, comobjetivo de preservar o necessário equilíbrio entre os mesmos, oque se denomina nas doutrinas administrativas como “sistema defreios e contrapesos”.

     Serviços Públicos: Serviço Público  é todo aquele prestado pela Administração

    Pública ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coleti-vidade ou simples conveniência do Estado. (MEIRELLES, HelyLopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26. ed. São Paulo: Ma-lheiros, 2001, p. 675).

    Os mesmos caracterizam-se pela atividade de interesse públi-co, pela presença do Estado e pelo procedimento de direito públi-co.

     Servidores Públicos: Servidores Públicos  são pessoas físicas que prestamserviços à Administração Pública Direta, às autarquias oufundações públicas, gerando entre as partes um vínculoempregatício ou estatutário. São serviços prestados à União,Estados – membros, Distrito Federal ou Municípios. (NADAL,Fábio e SANTOS, Vauledir Ribeiro, ob. cit., p. 133).

    O servidor público é a pessoa legalmente investida em cargo público.

    O servidor público somente está obrigado a fazer ou deixar defazer alguma coisa em virtude de lei, assim, se o mesmo praticarato ilegal, ainda que cumprindo ordens, deve ser responsabilizado.

    Também existem os Agentes Políticos e os Particulares quecolaboram com o Poder Público.

    Existem três categorias de Servidores Públicos:Funcionário Público: (servidor público), está sujeito ao regi-

    me estatutário e ocupa cargo público; Empregado Público: contratado sob o regime da CLT, ocu-

     pando emprego público, admitido seja por meio de concurso ou pertencendo a quadros funcionais; e

     Servidor Temporário: exerce função, em caráter excepcional, por tempo determinado, sem vínculo a cargos ou emprego público,sob regime administrativo especial.

    Visto tais conceitos básicos, porém necessários, adentraremosna matéria especíca deste concurso! Coragem e vamos lá!

    2.2 REGIME JURÍDICO DOS  SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO

    (LEI N. 8.112/1990)

    COMENTÁRIO:

     Caros alunos, o presente trabalho trará as partes especícasdesta Lei 8112/90, que serão cobradas neste concurso. Mesmo as-

    sim, anexamos tal Lei em seu texto íntegro, ao nal do nosso tra- balho, para sua complementação de aprendizado e utilização emdemais e posteriores concursos. Aproveitem e estudem!

    A Lei 8112/90 dispõe sobre o  Regime Jurídico dos Servido-res Públicos Civis Federais, regulando os direitos e deveres dosservidores estatutários da União, das autarquias federais e das fun-dações públicas federais.

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    2.2.1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES: DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,

     REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO

    LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

    TÍTULO I

    CAPÍTULO ÚNICODAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

    Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos ServidoresPúblicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regimeespecial, e das fundações públicas federais.

    Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmen-te investida em cargo público.

    Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem sercometidas a um servidor.

    Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-sileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimen-to pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivoou em comissão.

    Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os

    casos previstos em lei.

    TÍTULO IIDO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDIS-

    TRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO

    CAPÍTULO IDO PROVIMENTO

    SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo pú-

     blico:I - a nacionalidade brasileira;II - o gozo dos direitos políticos;III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;V - a idade mínima de dezoito anos;VI - aptidão física e mental.§ 1º As atribuições do cargo podem justicar a exigência de

    outros requisitos estabelecidos em lei.§ 2º Às pessoas portadoras de deciência é assegurado o

    direito de se inscrever em concurso público para provimento decargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deciência deque são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

    § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientíca etecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

    Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á medianteato da autoridade competente de cada Poder.

    Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

    Art. 8º São formas de provimento de cargo público:I - nomeação;II - promoção;III - (Revogado)IV - (Revogado)V - readaptação;VI - reversão;VII - aproveitamento;

    VIII - reintegração;IX - recondução.

    SEÇÃO IIDA NOMEAÇÃO

    Art. 9º A nomeação far-se-á:I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de

     provimento efetivo ou de carreira;II - em comissão, inclusive na condição de interino, para car -

    gos de conança vagos.Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão

    ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in -

    terinamente, em outro cargo de conança, sem prejuízo das atri-

     buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.

    Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isoladode provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem declassicação e o prazo de sua validade.

    Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de-senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serãoestabelecidos pela lei que xar as diretrizes do sistema de carreirana Administração Pública Federal e seus regulamentos.

    SEÇÃO III

    DO CONCURSO PÚBLICO

    Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po-dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a leie o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada ainscrição do candidato ao pagamento do valor xado no edital,quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses deisenção nele expressamente previstas.

    Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.

    § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de suarealização serão xados em edital, que será publicado no DiárioOcial da União e em jornal diário de grande circulação.

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidatoaprovado em concurso anterior com prazo de validade nãoexpirado.

    SEÇÃO IVDA POSSE E DO EXERCÍCIO

    Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo,no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi-lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderãoser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvadosos atos de ofício previstos em lei.

    § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento.

    § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisosI, III e V do

    Art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII,alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X doArt. 102, o prazo será contado do término do impedimento.§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração especíca.§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por

    nomeação.§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de

     bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quantoao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.

    § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a possenão ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.

    Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-

    ção médica ocial.Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.

    Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições docargo público ou da função de conança.

    § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado emcargo público entrar em exercício, contados da data da posse.

    § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado semefeito o ato de sua designação para função de conança, se nãoentrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado odisposto no Art. 18.

    § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para onde

    for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.§ 4º O início do exercício de função de conança coincidirácom a data de publicação do ato de designação, salvo quando oservidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivolegal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término doimpedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.

    Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício doexercício serão registrados no assentamento individual do servi-dor.

    Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresen-tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assen-tamento individual.

    Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, queé contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor.

    Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro municípioem razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedidoou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no má -ximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para aretomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluí-do nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para anova sede.

    § 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licençaou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo serácontado a partir do término do impedimento.

    § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidosno caput.

    Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho xada

    em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res- peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas eobservados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horasdiárias, respectivamente.

    § 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de conançasubmete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado odisposto no Art. 120, podendo ser convocado sempre que houverinteresse da Administração.

    § 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalhoestabelecida em leis especiais.

    I - assiduidade;II - disciplina;III - capacidade de iniciativa;

    IV - produtividade;V- responsabilidade.§ 1º 4 (quatro) meses antes de ndo o período do estágio

     probatório, será submetida à homologação da autoridadecompetente a avaliação do desempenho do servidor, realizada porcomissão constituída para essa nalidade, de acordo com o quedispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumeradosnos incisos I a V do caput deste artigo.

    § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório seráexonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormenteocupado, observado o disposto no parágrafo único do Art. 29.

    § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquercargos de provimento em comissão ou funções de direção, chea

    ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ouequivalentes.

    § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão serconcedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participarde curso de formação decorrente de aprovação em concurso paraoutro cargo na Administração Pública Federal.

    § 5º O estágio probatório cará suspenso durante as licenças eos afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e 96, bem assimna hipótese de participação em curso de formação, e será retomado

    a partir do término do impedimento.

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    SEÇÃO VDA ESTABILIDADE

    Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empos-

    sado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade noserviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.(prazo 3 anos - vide EMC nº 19)

    Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude desentença judicial transitada em julgado ou de processo administra-tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.

    SEÇÃO VIDA TRANSFERÊNCIA

    Art. 23. (Revogado)

    SEÇÃO VIIDA READAPTAÇÃO

    Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo deatribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação quetenha sofrido em sua capacidade física ou mental vericada eminspeção médica.

    § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptandoserá aposentado.

    § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuiçõesans, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade eequivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência decargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente,até a ocorrência de vaga.

    SEÇÃO VIIIDA REVERSÃO

    Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-tado:

    I - por invalidez, quando junta médica ocial declarar insub-sistentes os motivos da aposentadoria; ou

    II - no interesse da administração, desde que:a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária;c) estável quando na atividade;d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à

    solicitação;e) haja cargo vago.§ 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante

    de sua transformação.§ 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será

    considerado para concessão da aposentadoria.§ 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo,

    o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até aocorrência de vaga.

    § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse daadministração perceberá, em substituição aos proventos daaposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebiaanteriormente à aposentadoria.

    § 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.

    § 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.

    Art. 26. (Revogado)

    Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple-tado 70 (setenta) anos de idade.

    SEÇÃO IXDA REINTEGRAÇÃO

    Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estávelno cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de suatransformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad-ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

    § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor cará

    em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante

    será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ouaproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

    SEÇÃO XDA RECONDUÇÃO

    Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargoanteriormente ocupado e decorrerá de:

    I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;II - reintegração do anterior ocupante.Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o

    servidor será aproveitado em outro, observado o disposto noArt. 30.

    SEÇÃO XIDA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO

    Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidadefar-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui-ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

    Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determi-nará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade emvaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da AdministraçãoPública Federal.

    Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do Art. 37, oservidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon-sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi-nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento emoutro órgão ou entidade.

    Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassadaa disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazolegal, salvo doença comprovada por junta médica ocial.

    CAPÍTULO IIDA VACÂNCIA

    Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:

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    LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    I - exoneração;II - demissão;III - promoção;IV - (Revogado)

    V - (Revogado)VI - readaptação;VII - aposentadoria;VIII - posse em outro cargo inacumulável;IX - falecimento.

    Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido doservidor, ou de ofício.

    Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em

    exercício no prazo estabelecido.

    Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de

    função de conança dar-se-á:I - a juízo da autoridade competente;II - a pedido do próprio servidor.Parágrafo único. (Revogado)

    CAPÍTULO IIIDA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO

    SEÇÃO IDA REMOÇÃO

    Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido oude ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança desede.

    Parágrafo único. Para ns do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:

    I - de ofício, no interesse da Administração;II - a pedido, a critério da Administração;III - a pedido, para outra localidade, independentemente do

    interesse da Administração:a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-

    dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocadono interesse da Administração;

     b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro oudependente que viva às suas expensas e conste do seu assenta-mento funcional, condicionada à comprovação por junta médica

    ocial;c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em

    que o número de interessados for superior ao número de vagas, deacordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade emque aqueles estejam lotados.

    SEÇÃO IIDA REDISTRIBUIÇÃO

    Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provi-mento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pes-soal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com préviaapreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:

    I - interesse da administração;II - equivalência de vencimentos;III - manutenção da essência das atribuições do cargo;IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple-

    xidade das atividades;V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação prossional;

    VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as nali-dades institucionais do órgão ou entidade.

    § 1º A redistribuição ocorrerá ex ofcio para ajustamento delotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu-sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ouentidade.

    § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará medianteato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidadesda Administração Pública