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Fontes Chaveadas – Cap. 1 Topologias básicas de conversores CC-CC não-isolados J. A. Pomilio
http://www.fee.unicamp.br/dse/antenor/it505-fontes-chaveadas 1-1
1 Topologias básicas de conversores CC-CC não-isolados 1.1 Princípios básicos
As análises que se seguem consideram que os conversores não apresentam perdas de
potência (rendimento 100%). Os interruptores (transistores e diodos) são ideais, o que significa
que, quando em condução, apresentam queda de tensão nula e quando abertos, a corrente por eles
é zero. Além disso, a transição de um estado a outro é instantânea.
No entanto, mesmo usando essas simplificações, é importante que se tenha clareza sobre as
limitações e não idealidades dos interruptores eletrônicos (transistores e diodos): tempos de
transição entre os estados ligado e desligado, capacidades de bloqueio de tensão e condução de
corrente, etc. Tais não idealidades impõem restrições severas ao projeto dos conversores,
definindo a frequência de comutação e tecnologia do dispositivo. Discussões adicionais sobre os
dispositivos de potência podem ser vistas no capítulo final desta publicação.
Serão apresentadas estruturas circuitais básicas que realizam a função de, a partir de uma
fonte de tensão fixa na entrada, fornecer uma tensão de valor regulável na saída. Neste caso existe
um filtro capacitivo na saída, de modo a manter, sobre ele, uma tensão estabilizada e de
ondulação desprezível.
Quando uma variação topológica (surgida em função da condução dos interruptores)
provocar a conexão entre a fonte de entrada e um capacitor (ou entre dois capacitores), tal
caminho sempre deve conter um elemento que limite a corrente. Este elemento, por razões de
minimização de perdas, será um indutor.
Os circuitos serão estudados considerando que os interruptores comutam a uma dada
frequência (cujo período será designado por ), com um tempo de condução do transistor igual a
tT. A relação =tT/ é chamada de largura de pulso, ciclo de trabalho ou razão cíclica (duty-cycle).
A obtenção das características estáticas (relação entre a tensão de saída e a tensão de entrada,
por exemplo) é feita a partir das condições de regime permanente. Em geral esta análise será feita
impondo-se a condição de que, em cada período de comutação, a tensão média em um indutor é
nula, ou ainda de que a corrente média em um capacitor é nula. As características dinâmicas são
tratadas em capítulos subsequentes.
Embora os conversores não sejam feitos para alimentar cargas resistivas, a modelagem
sempre representa a carga por uma resistência, pois esse dipolo é o único ao qual é possível
associar uma potência ativa dissipada. Deve-se ter em mente, no entanto, que as cargas
alimentadas são muito mais complexas, em geral compostas por circuitos eletrônicos cuja
demanda depende de condições específicas de operação.
A obtenção da relação entrada/saída pode ser feita a partir do comportamento do elemento
que transfere energia da entrada para a saída. Sabe-se que a tensão média sobre uma indutância
ideal, em regime, é nula, como mostrado na figura 1.3.
O procedimento para a obtenção da característica estática, ou seja, da relação entre a tensão
de saída (Vo) e a tensão de entrada (E), em função da variável de controle (normalmente o tempo
de condução do transistor ou a correspondente largura de pulso) e dos parâmetros do circuito (L,
C, carga, frequência de comutação, etc.) segue o seguinte roteiro:
a) Identificar a polaridade da tensão de saída, verificando o sentido da corrente no diodo e
transistor.
b) Identificar a tensão no(s) capacitor(es). Algumas topologias podem ter mais de um
capacitor
c) Estabelecer a polaridade da tensão no indutor a ser analisado, com base no sentido da
corrente por ele. Algumas topologias têm mais de um indutor. A análise pode ser feita
em qualquer um deles.
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d) Desconsiderando as quedas de tensão no transistor e diodo e supondo a tensão no(s)
capacitor(es) constante, verificar a tensão nos terminais do indutor.
e) Iniciar a análise da tensão no indutor pela situação de condução (diodo ou transistor)
em que não haja dúvida sobre a polaridade da tensão vL.
f) Dado que, em regime permanente, a tensão média no indutor tem que ser nula, no
intervalo complementar (condução do outro componente) a tensão tem que ter
polaridade oposta.
g) Impor a igualdade de áreas e determinar a relação entre as tensões de saída e entrada.
1.2 Conversor abaixador de tensão (step-down ou buck): Vo<E
A tensão de entrada (E) é recortada pela chave T. Considere-se Vo praticamente
constante, por uma ação de filtragem suficientemente eficaz do capacitor de saída. Assim, a
corrente pela carga (Ro) tem ondulação desprezível, possuindo apenas um nível contínuo. A
figura 1.1 mostra a topologia.
Com o transistor conduzindo (diodo cortado), transfere-se energia da fonte para o indutor
(cresce io) e para o capacitor (quando io >Vo/R).
Quando T desliga, o diodo conduz, dando continuidade à corrente do indutor. A energia
armazenada em L é entregue ao capacitor e à carga. Enquanto o valor instantâneo da corrente
pelo indutor for maior do que a corrente da carga, a diferença carrega o capacitor. Quando a
corrente for menor, o capacitor se descarrega, suprindo a diferença a fim de manter constante a
corrente da carga (já que estamos supondo constante a tensão Vo). A tensão a ser suportada, tanto
pelo transistor quanto pelo diodo é igual à tensão de entrada, E.
Vo
L +Ro
TDE
iT
iD
io
Io
Figura 1.1 Conversor abaixador de tensão.
Se a corrente pelo indutor não vai a zero durante a condução do diodo, diz-se que o
circuito opera no modo contínuo. Caso contrário tem-se o modo descontínuo. É usual operar no
modo contínuo devido à relação bem determinada entre a largura de pulso e a tensão média de
saída. No entanto, a operação no modo descontínuo apresenta propriedades que, em algumas
aplicações, específicas, podem ser desejáveis, como o maior ganho de tensão e comutações não
dissipativas1. A figura 1.2 mostra as formas de onda típicas de ambos os modos de operação.
1 Comutação não dissipativa é o processo de entrada em condução ou desligamento do transistor ou diodo que ocorre
sem perda de potência. Isso se dá quando tensão ou corrente são nulas nos momentos de comutação. No caso de
condução descontínua, a entrada em condução do transistor e o desligamento do diodo são não dissipativos.
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i
T
D
0
Condução contínua Condução descontínua
Vo E
0
t2
o
i
i
v
D
I
t T Io
E
Vo
tx t T
Io
Figura 1.2 Formas de onda típicas nos modos de condução contínua e descontínua.
1.2.1 Modo de condução contínua (MCC)
Vo
L + Ro
T D E
i T
i D
i o
Io
vL
A1
A2
V1
V2 t1
v L
A1
A2
V1
V2
t1
v L
t2
Figura 1.3 Tensão sobre uma indutância em regime no MCC e no MCD
A A
V t V t
1 2
1 1 2 1
( ) (1.1)
No caso do conversor abaixador de tensão, quanto T conduz (t1=tT), vL=V1=E-Vo, e
quando D conduz, vL=V2=-Vo
( ) ( )E Vo t Vo t
Vo
E
t
T T
T
(1.2)
1.2.2 Modo de condução descontínua (MCD)
A corrente do indutor será descontínua quando seu valor médio for inferior à metade de
seu valor de pico (Io<Io/2). A condição limite é dada por:
Ioi E Vo t
L
E Vo
L
o T
2 2 2
( ) ( ) (1.3)
Com a corrente sendo nula durante o intervalo tx, tem-se:
( ) ( )E Vo t Vo t tT T x (1.4)
Vo
E t x
1
(1.5)
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Escrevendo em termos de variáveis conhecidas, tem-se:
Ii
i
o
max
2 (corrente média de entrada) (1.6)
iE Vo t
Lo
T
max
( )
(1.7)
Supondo a potência de entrada igual à potência de saída, chega-se a:
Vo
E
Ii
Io
i
Io
E Vo
Io L
o
max( )
2 2
2
(1.8)
Vo
E
L I
E
i
1
22
(1.9)
VoE
L Io
E
1
22
==> Vo
E
E
L Io E
2
22 (1.10)
Definindo o parâmetro K, que se relaciona com a descontinuidade, como sendo:
KL Io
E
(1.11)
A relação saída/entrada pode ser reescrita como:
Vo
E K
2
2 2 (1.12)
O ciclo de trabalho crítico, no qual há a passagem do modo de condução contínuo para o
descontínuo é dado por:
crit
K
1 1 8
2 (1.13)
A figura 1.4 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores de K. Na
figura 1.5 tem-se a variação da tensão de saída com a corrente de carga. Note-se que a condução
descontínua tende a ocorrer para pequenos valores de Io, levando à exigência da garantia de um
consumo mínimo. Existe um limite para Io acima do qual a condução é sempre contínua e a
tensão de saída não é alterada pela corrente, ou seja, tem-se uma boa regulação, mesmo em malha
aberta. Este equacionamento e as respectivas curvas consideram que a carga tem um
funcionamento de consumo de corrente constante. Caso a carga tenha um comportamento diverso
(impedância constante ou potência constante), deve-se refazer este equacionamento.
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0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
K=.01 K=.05K=.1
Cond. contínua
Cond. descontínua
Vo/E
Figura 1.4 Característica de controle do conversor abaixador de tensão nos modos de condução
contínua e descontínua.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0
Io
Vo/ECond. descontínua
Cond. contínua
E.8L
Figura 1.5 Característica de saída do conversor abaixador de tensão nos modos de condução
contínua e descontínua.
1.2.3 Dimensionamento de L e de C
Da condição limite entre o modo contínuo e o descontínuo (I=2.Iomin) , tem-se:
IE Vo
Lomin
( )
2
(1.14)
Se se deseja operar sempre no modo contínuo deve-se ter:
LE
Iomin
min
( )
1
2
(1.15)
Quanto ao capacitor de saída, este pode ser definido a partir da variação da tensão (ripple)
admitida. Enquanto a corrente pelo indutor for maior que Io (corrente na carga, suposta
constante) o capacitor se carrega e, quando for menor, o capacitor se descarrega, levando a uma
variação de tensão Vo.
Qt t I IT T
1
2 2 2 2 8
(1.16)
i o
I
t T
Io
i o
I
t T
Io
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A variação da corrente é:
IoE Vo t
L
E
L
T
( ) ( ) 1
(1.17)
Observe que Vo não depende da corrente. Substituindo (1.17) em (1.16) tem-se:
VoQ
Co
E
L Co
2 1
8
( ) (1.18)
Logo,
CoVo
L Vo
( )1
8
2
(1.19)
1.3 Conversor elevador de tensão (step-up ou boost): Vo>E
Quando T é ligado, a tensão E é aplicada ao indutor. O diodo fica reversamente polarizado
(pois Vo>E). Acumula-se energia em L, a qual será enviada ao capacitor e à carga quando T
desligar. A figura 1.6 mostra esta topologia. A corrente de saída, Io, é sempre descontínua,
enquanto Ii (corrente de entrada) pode ser contínua ou descontínua. Tanto o diodo quanto o
transistor devem suportar uma tensão igual à tensão de saída, Vo.
Também neste caso tem-se a operação no modo contínuo ou no descontínuo,
considerando a corrente pelo indutor. As formas de onda são mostradas na figura 1.7.
EVo
+L
T
D
Co
Ro
ii
vT
iT
oi
A1
A2
E
-(Vo-E)
tT
v L
Figura 1.6 Conversor elevador de tensão e tensão sobre o indutor no MCC
1.3.1 Modo de condução contínua
Quando T conduz: vL=E (durante tT)
Quando D conduz: vL=-(Vo-E) (durante -tT)
IiE t
L
Vo E t
L
T T
( ) ( )
(1.20)
VoE
1
(1.21)
vL
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Teoricamente, quando o ciclo de trabalho tende à unidade a tensão de saída tenda para
infinito. Na prática, os elementos parasitas e não ideais do circuito (como as resistências do
indutor e da fonte) impedem o crescimento da tensão acima de certo limite, no qual as perdas
nestes elementos resistivos se tornam maiores do que a energia transferida pelo indutor para a
saída.
i
i
v
0
Condução contínua Condução descontínua
I
E
Vo Vo
E
0
tx t2 t T t T
i
T
T
i D
Ii
Ii
Io Io
Figura 1.7 Formas de onda típicas de conversor boost com entrada CC
1.3.2 Modo de condução descontínua
Quando T conduz: vL = E, (durante tT)
Quando D conduz: vL = -(Vo-E), durante (-tT-tx)
Vo E
tx
tx
1
1
(1.22)
Escrevendo em termos de variáveis conhecidas, tem-se:
Vo EE
L Io
2 2
2
(1.23)
A relação saída/entrada pode ser reescrita como:
Vo
E K
1
2
2 (1.24)
O ciclo de trabalho crítico, no qual há a passagem do modo de condução contínuo para o
descontínuo é dado por:
crit
K
1 1 8
2 (1.25)
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A figura 1.8 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores de K. Na
figura 1.9 tem-se a variação da tensão de saída com a corrente de carga. Note-se que a condução
descontínua tende a ocorrer para pequenos valores de Io, levando à exigência da garantia de um
consumo mínimo. Existe um limite para Io acima do qual a condução é sempre contínua e a
tensão de saída não é alterada pela corrente. Este equacionamento e as respectivas curvas
consideram que a carga tem um funcionamento de consumo de corrente constante. Caso a carga
tenha um comportamento diverso (impedância constante ou potência constante), deve-se refazer
este equacionamento.
0
10
20
30
40
50
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Vo/E
K=.01
K=.02
K=.05
cond. descontínua
Figura 1.8 Característica estática do conversor elevador de tensão nos modos de condução
contínua e descontínua, para diferentes valores de K.
0
2
4
6
8
10
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2
Io
Vo/E
E.8.L
cond. contínua
cond.descontínua
Figura 1.9 Característica de saída do conversor elevador de tensão, normalizada em relação a
(EL).
1.3.3 Dimensionamento de L e de C
O limiar para a condução descontínua é dado por:
IiIi E t
L
Vo
L
T
2 2
1
2
( ) (1.26)
IoIi t E
L
T
( ) ( )
2
1
2 (1.27)
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LE
Iomin
( )
(min)
1
2 (1.28)
Para o cálculo do capacitor deve-se considerar a forma de onda da corrente de saída.
Admitindo-se a hipótese que o valor mínimo instantâneo atingido por esta corrente é maior que a
corrente média de saída, Io, o capacitor se carrega durante a condução do diodo e fornece toda a
corrente de saída durante a condução do transistor.
CoIo
Vo
(max)
(1.29)
1.4 Conversor abaixador-elevador de tensão (buck-boost)
Neste conversor, a tensão de saída tem polaridade oposta à da tensão de entrada. A figura
1.10 mostra o circuito.
Quando T é ligado, transfere-se energia da fonte para o indutor. O diodo não conduz e o
capacitor alimenta a carga. Quando T desliga, a continuidade da corrente do indutor se faz pela
condução do diodo. A energia armazenada em L é entregue ao capacitor e à carga.
Tanto a corrente de entrada quanto a de saída são descontínuas. A tensão a ser suportada
pelo diodo e pelo transistor é a soma das tensões de entrada e de saída, Vo+E. A figura 1.11
mostra as formas de onda nos modos de condução contínua e descontínua (no indutor).
+
VoE
T
D
L Co Ro
iL
iDiT
vT
A1
A2
E
-Vo
tT
v L
Figura 1.10 Conversor abaixador-elevador de tensão sobre a indutância no MCC
1.4.1 Modo de condução contínua
Quando T conduz: vL=E, (durante tT)
Quando D conduz: vL=-Vo, (durante -tT)
E t
L
Vo t
L
T T
( ) (1.30)
VoE
1 (1.31)
vL
Io
iD
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i
D
T
T
0
Condução contínua Condução descontínua
I
E
E+Vo E+Vo
E
0
txt2
L
i
i
v
t T t T
IoIo
(a) (b)
Figura 1.11 Formas de onda do conversor abaixador-elevador de tensão operando em condução
contínua (a) e descontínua (b).
1.4.2 Modo de condução descontínua
Quando T conduz: vL = E, (durante tT)
Quando D conduz: vL = -Vo, durante (-tT-tx)
VoE
tx
1 (1.32)
Escrevendo em termos de variáveis conhecidas, e sabendo que a corrente máxima de
entrada ocorre ao final do intervalo de condução do transistor:
IiE t
L
Tmax
(1.33)
Seu valor médio é:
IiIi tT
max
2 (1.34)
Do balanço de potência tem-se:
IiIo Vo
E
(1.35)
O que permite escrever:
VoE
L Io
2 2
2
(1.36)
Uma interessante característica do conversor abaixador-elevador quando operando no
modo descontínuo é que ele funciona como uma fonte de potência constante.
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PoE
L
2 2
2
(1.37)
A relação saída/entrada pode ser reescrita como:
Vo
E K
2
2 (1.38)
O ciclo de trabalho crítico, no qual há a passagem do modo de condução contínuo para o
descontínuo é dado por:
crit
K
1 1 8
2 (1.39)
A figura 1.12 mostra a característica estática do conversor para diferentes valores de K.
0
10
20
30
40
50
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Vo/E
K=.01
K=.02
K=.05
cond. descontínua
Figura 1.12 Característica estática do conversor abaixador-elevador de tensão nos modos de
condução contínua e descontínua, para diferentes valores de K.
Na figura 1.13 tem-se a variação da tensão de saída com a corrente de carga. A condução
descontínua tende a ocorrer para pequenos valores de Io. Existe um limite para Io acima do qual a
condução é sempre contínua e a tensão de saída não é alterada pela corrente. Este
equacionamento e as respectivas curvas consideram que a carga tem um funcionamento de
consumo de corrente constante. Caso a carga tenha um comportamento diverso (impedância
constante ou potência constante), deve-se refazer este equacionamento.
0
2
4
6
8
10
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2
Io
Vo/E
E.8.L
cond. contínua
descontínua
cond.
Figura 1.13 Característica de saída do conversor abaixador-elevador de tensão, normalizada em
relação a (E./L).
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1.4.3 Cálculo de L e de C
O limiar entre as situações de condução contínua e descontínua é dado por:
IoI t Vo t
L
Vo
L
L T T
( ) ( ) ( ) ( )
2
1
2
1
2
2
(1.40)
LE
Iomin
( )
(min)
1
2 (1.41)
Quanto ao capacitor, como a forma de onda da corrente de saída é a mesma do conversor
elevador de tensão, o cálculo também segue a expressão:
CoIo
Vo
(max)
(1.42)
1.5 Conversor Ćuk
Diferentemente dos conversores anteriores, no conversor Ćuk, cuja topologia é mostrada
na figura 1.14, a transferência de energia da fonte para a carga é feita por meio de um capacitor, o
que torna necessário o uso de um componente que suporte correntes relativamente elevadas.
Como vantagem, existe o fato de que tanto a corrente de entrada quanto a de saída podem
ser contínuas, devido à presença dos indutores. Além disso, ambos indutores estão sujeitos ao
mesmo valor instantâneo de tensão, de modo que é possível construí-los num mesmo núcleo. Este
eventual acoplamento magnético permite, com projeto adequado, eliminar a ondulação de
corrente em um dos enrolamentos. Os interruptores devem suportar a soma das tensões de entrada
e saída.
A tensão de saída apresenta-se com polaridade invertida em relação à tensão de entrada.
A B
C
L1 L2
C1
I1 I2
Io
E
L1 L2
S D
C1
Co
Ro
Vo
+
I IVC1
L1 L2+ -
Figura 1.14 Célula básica do conversor Ćuk (esq.) e topologia buck-boost original.
Em regime, como as tensões médias sobre os indutores são nulas, tem-se: VC1=E+Vo.
Esta é a tensão a ser suportada pelo diodo e pelo transistor.
Com o transistor desligado, iL1 e iL2 fluem pelo diodo. C1 se carrega, recebendo energia de
L1. A energia armazenada em L2 alimenta a carga.
Quando o transistor é ligado, D desliga e iL1 e iL2 fluem por T. Como VC1>Vo, C1 se
descarrega, transferindo energia para L2 e para a saída. L1 acumula energia retirada da fonte.
A figura 1.15 mostra as formas de onda de corrente nos modos de condução contínua e
descontínua. Note-se que no modo descontínuo a corrente pelos indutores não se anula, mas sim
ocorre uma inversão em uma das correntes, que irá se igualar à outra. Na verdade, a
descontinuidade é caracterizada pelo anulamento da corrente pelo diodo, fato que ocorre também
nas outras topologias já estudadas.
Fontes Chaveadas – Cap. 1 Topologias básicas de conversores CC-CC não-isolados J. A. Pomilio
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Assumindo que iL1 e iL2 são constantes, e como a corrente média por um capacitor é nula
(em regime), tem-se:
I t I tL T L T2 1 ( ) (1.43)
I E I VoL L1 2
VoE
1 (1.44)
Uma vez que a característica estática do conversor Ćuk é idêntica à do conversor
abaixador-elevador de tensão, as mesmas curvas características apresentadas anteriormente são
válidas também para esta topologia. A única alteração é que a indutância presente na expressão
do parâmetro de descontinuidade K é dada pela associação em paralelo dos indutores L1 e L2.
I1
I2
V1
t2 tx
iL1
iL2
vC1
iL1
iL2
Condução contínua Condução descontínua
Ix
-Ix
tT
tT
Figura 1.15. Formas de onda do conversor Ćuk em condução contínua e descontínua (simulação
usando E=50 V, =2/3, Ro=10 , L1=1 mH, L2=500 uH)
A relação saída/entrada pode ser reescrita como:
Time
0s 0.5ms 1.0ms 1.5ms 2.0ms 2.5ms 3.0ms
I(L1) -I(L2) I(D1)
-40A
0A
40A
SEL>>
V(L2:2) V(C1:1,C1:2)
-200V
0V
200V
Time
8.00ms 8.02ms 8.04ms 8.06ms 8.08ms 8.10ms 8.12ms 8.14ms 8.16ms 8.18ms 8.20ms
I(L1) -I(L2)
-2.0A
0A
2.0A
4.0A
SEL>>
I(D1) -I(R2)
0A
4.0A
8.0A
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e
2
K2E
Vo
(1.45)
Definindo o parâmetro K, que se relaciona com a descontinuidade, como sendo:
E
IoLK e
e e 21
21
eLL
LLL
O ciclo de trabalho crítico, no qual há a passagem do modo de condução contínuo para o
descontínuo é dado por:
2
K811 e
crit
1.5.1 Dimensionamento de C1
C1 deve ser tal que não se descarregue totalmente durante a condução de T. Considerando
iL1 e iL2 constantes, a variação da tensão é linear. A figura 1.16 mostra a tensão no capacitor numa
situação crítica (ripple de 100%). Caso se deseje uma ondulação de tensão de 10%, basta utilizar
um capacitor 10 vezes maior do que o dado pela equação 1.48.
V E VoC1 (1.46)
Na condição limite:
Io I CE Vo
tL
T
2 1
2 ( ) (1.47)
vC1
ttT
VC1
2VC1
Figura 1.16. Tensão no capacitor intermediário numa situação crítica.
CIo
E1
1
2min
(max) ( )
(1.48)
1.5.2 Dimensionamento de L1
Considerando C1 grande o suficiente para que sua variação de tensão seja desprezível, L1
deve ser tal que não permita que iL1 se anule. A figura 1.17 mostra a corrente por L1 numa
situação crítica.
T
max1L1
t
ILE
(1.49)
Ii II
LL 1
1
2
max (1.50)
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E
E+Vo
+
L1
tT
iL1
IL1max
Figura 1.17 Corrente por L1 em situação crítica.
Quando T conduz:
Ii2
tEL T
1
(1.51)
(min)Io2
)1(E
(min)Ii2
EL
min1
(1.52)
1.5.3 Cálculo de L2
Analogamente à análise anterior, obtém-se para L2:
(min)Io2
EL
min2
(1.53)
1.5.4 Cálculo de C (capacitor de saída)
Para uma corrente de saída contínua, o dimensionamento de C é idêntico ao realizado para
o conversor abaixador de tensão:
VoL8
ECo
2
2
(1.54)
1.5.5 Acoplamento de indutâncias
Devido ao fato de que os valores instantâneos das tensões sobre os elementos magnéticos
do conversor Ćuk, integrados ao longo do ciclo de comutação, apresentam-se idênticos, é
possível a montagem de ambos os enrolamentos em um único núcleo2. Este acoplamento faz com
que ocorra uma interação entre os fluxos produzidos, sendo possível, com um projeto adequado
do elemento magnético, cancelar a ondulação de corrente em uma das bobinas. Obviamente a
outra bobina tem aumentada sua ondulação de corrente.
1.5.6 Variações topológicas do conversor Ćuk
A partir da célula básica do conversor Ćuk, mostrada na figura 1.14, que em sua
formulação inicialmente descrita tem uma característica abaixadora-elevadora de tensão, é
possível obter a estrutura abaixadora e a elevadora, alterando a conexão da fonte e da carga.
Assim, colocando a fonte entre os pontos A e B (positivo em A) e a carga entre os pontos
C e B (positivo em C) resulta um conversor abaixador de tensão.
Conectando a fonte entre A e C (positivo em A) e a carga entre A e B (positivo em A)
obtém-se uma estrutura elevadora de tensão.
2 S. Ćuk e R. D. Middlebrook: “Coupled-inductor and other Extensions of a New Optimum Topology Switching
DC-to-DC Converter”, Proc. of IEEE Industry Applications Society Annual Meeting, 2 a 6 de Outubro de 1977, Los
Angeles, USA.
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Em todas as situações tanto a corrente da fonte quando da carga apresentarão baixa
ondulação. O valor da tensão média no capacitor C1 se altera com a topologia, assim como a
tensão a ser suportada pelo transistor e pelo diodo e são as mesmas dos conversores básicos de
igual característica.
As condições de passagem para a condição descontínua seguem o mesmo padrão
apresentado, ou seja, ocorre quando o diodo desliga antes da entrada em condução do transistor,
implicando na inversão de polaridade de uma das correntes. O comportamento no MCD depende
do fator Ke apresentado anteriormente.
A figura 1.18 mostra o conversor em uma versão bidirecional em corrente. Não ocorre
mudança na polaridade da tensão de saída, mas as correntes, em regime permanente, podem
assumir qualquer polaridade. O comando dos transistores é complementar e a largura de pulso é
definida para o transistor T1. O circuito sempre opera no MCC, sendo válida a equação (1.44). Se
na posição de saída houver uma bateria, ela pode ser carregada ou descarregada, trocando energia
com a fonte E, a depender do sentido da corrente.
Figura 1.18 Conversor Ćuk com indutores acoplados e bidirecional em corrente.
1.6 Conversor SEPIC
O conversor SEPIC (Single Ended Primary Inductance Converter) é mostrado na figura
1.19. Possui uma característica de transferência do tipo abaixadora-elevadora de tensão.
Diferentemente do conversor Ćuk, a corrente de saída é pulsada. Os interruptores ficam sujeitos a
uma tensão que é a soma das tensões de entrada e de saída e a transferência de energia da entrada
para a saída se faz via capacitor.
O funcionamento no modo descontínuo também é igual ao descrito para o conversor Ćuk,
ou seja, a corrente pelo diodo de saída se anula, de modo que as correntes pelas indutâncias se
tornam iguais. A tensão a ser suportada pelo transistor e pelo diodo é igual a Vo+E.
E
L1
L2 T
D C1
Co
Ro
Vo
+
+ E -
i i L1 L2
Figura 1.19 Topologia do conversor SEPIC.
1.7 Conversor Zeta
O conversor Zeta, cuja topologia está mostrada na figura 1.20, também possui uma
característica abaixadora-elevadora de tensão. Na verdade, a diferença entre este conversor, o
Ćuk e o SEPIC é apenas a posição relativa dos componentes.
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Aqui a corrente de entrada é descontínua e a de saída é continua. A transferência de
energia se faz via capacitor. A operação no modo descontínuo também se caracteriza pela
inversão do sentido da corrente por uma das indutâncias. A posição do interruptor permite uma
natural proteção contra sobre-correntes. A tensão a ser suportada pelo transistor e pelo diodo é
igual a Vo+E.
E L1
L2 T
D
C1
Co
Ro
Vo
+
- Vo + i L2
i L1
Figura 1.20 Topologia do conversor Zeta.
1.8 Consideração sobre a máxima tensão de saída no conversor elevador de tensão
Pelas funções indicadas anteriormente, tanto para o conversor elevador de tensão quanto
para o abaixador-elevador (e para o Ćuk, SEPIC e Zeta), quando o ciclo de trabalho tende à
unidade, a tensão de saída tende a infinito. Nos circuitos reais, no entanto, isto não ocorre, uma
vez que as componentes resistivas presentes nos componentes, especialmente nas chaves, na
fonte de entrada e nos indutores, produzem perdas. Tais perdas, à medida que aumenta a tensão
de saída e, consequentemente, a corrente, tornam-se mais elevadas, reduzindo a eficiência do
conversor. As curvas de Vo x se alteram e passam a apresentar um ponto de máximo, o qual
depende das perdas do circuito.
A figura 1.21 mostra a curva da tensão de saída normalizada em função da largura do
pulso para o conversor elevador de tensão.
Se considerarmos as perdas relativas ao indutor e à fonte de entrada, podemos redesenhar
o circuito como mostrado na figura 1.22.
Para tal circuito, a tensão disponível para alimentação do conversor se torna (E-Vr),
podendo-se prosseguir a análise a partir desta nova tensão de entrada. A hipótese é que a
ondulação da corrente pelo indutor é desprezível, de modo a se poder supor Vr constante.
O objetivo é obter uma nova expressão para Vo, em função apenas do ciclo de trabalho e
das resistências de carga e de entrada.
VoE Vr
1 (1.55)
Vr R Ii
Vo Ro Io
L
(1.56)
Io Ii ( )1 (1.57)
VrR Io R Vo
Ro
L L
1 1 ( ) (1.58)
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Vo
ER Vo
Ro E R Vo
Ro
L
L
( )
( )
1
1 1 1 2
(1.59)
Vo
E R
Ro
L
1
1 2
( )
(1.60)
20
40
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Vo( )d
d Figura 1.21 Característica estática de conversor elevador de tensão no modo contínuo.
E E-Vr
Vr
VoCo
Ii
Io
+
RL
Ro
L
0
2
4
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Vo( )d
d
Figura 1.22 Conversor elevador de tensão considerando a resistência do indutor. Característica
estática, no MCC, considerando as perdas.
1.9 Conversor boost bidirecional em corrente
Em algumas aplicações é preciso prever a reversibilidade do fluxo de corrente entre as
fontes/acumuladores colocados nos diferentes lados do conversor. Isso requer topologias que
permitam a inversão no sentido da corrente. A figura 1.23 mostra um conversor para tal modo de
funcionamento.
O transistor superior, T2, deve ser comandado de modo complementar a T1, o que garante
que o funcionamento sempre será no modo de condução contínua. A característica estática que
relaciona as tensões de “entrada” e de “saída” por meio da razão cíclica, definida para o transistor
inferior, T1, é:
1
VV i
o (1.61)
Sendo ’, a equação pode ser reescrita como:
'VV oi (1.62)
que é a relação de um conversor abaixador de tensão que tem a tensão Vo como “entrada” e a
tensão Vi como “saída”.
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Figura 1.23 Conversor boost bidirecional em corrente.
Note-se que, em regime permanente e no modo de condução contínua, a largura de pulso
depende exclusivamente das tensões (desprezando efeitos de perdas), ou seja, se Vi e Vo forem
constantes, em regime permanente tem que ser constante.
O processo de alteração no sentido da corrente e, portanto, do fluxo de energia, se dá com
mudanças transitórias na razão cíclica.
Suponha-se que o conversor está operando com corrente de entrada positiva. O fluxo de
potência é de Vi para Vo. Nessa situação a condução da corrente se dá por T1 e por D2.
Ao variar a largura de pulso (sobre T1) ocorrerá um desequilíbrio na tensão média sobre a
indutância (que deixa de ser nula) e, consequentemente, conduz a uma alteração na corrente
média. Uma diminuição de razão cíclica produz uma redução na corrente. A depender do tempo
que tal alteração se mantiver, pode haver a inversão de sentido da corrente.
Quando ocorre inversão no sentido da corrente há uma troca de condução entre diodos e
transistores. Ou seja, para uma corrente negativa (figura 1.23) o diodo D2 deixa de conduzir e a
corrente circula por T2 e, no intervalo complementar, passa por D1 ao invés de T1.
Atingida o novo valor de corrente desejado, é restabelecida a largura de pulso de regime
permanente e a corrente se estabiliza, como mostra a figura 1.24.
Figura 1.24 Formas de onda para conversor boost bidirecional em corrente
(Vi=100V, Vo=200V, : variação de 50% 40% 50%)
1.10 Conversor boost interleaved (condução contínua)
O conversor boost interleaved (ou entrelaçado), na configuração com duas fases e
bidirecional em corrente é ilustrado a Figura 1.25. O número de fases é indicado pelo número de
indutores na entrada. Este conversor pode também ser implementado com um maior número de
fases. Quanto maior a quantidade de fases, menor a corrente em cada indutor e maior o efeito de
0.3ms
0.4ms
0.5ms
0.6ms
0.7ms
0.8ms
0.9ms
1.0ms
1.1ms
1.2ms
1.3ms I(L
)
-
10A
0A
10A
20A PWM
0%
50%
L
C o
V i
V
o
T1 D1
T2 D2
Ii
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cancelamento da ondulação entre as fases. No caso de duas fases o acionamento dos transistores
correspondentes em cada fase é realizado com uma diferença de metade do período de comutação.
Para mesma ondulação na corrente de entrada, o conversor boost interleaved utiliza
indutores de menor indutância. Isto ocorre porque a “defasagem” entre as fases provoca um
cancelamento parcial na ondulação da corrente na entrada do conversor, conforme mostrado na
Figura 1.26. Nesta mesma figura, pode-se ainda constatar que a ondulação na corrente de entrada
possui o dobro da frequência de comutação, o que facilita a filtragem, caso esta seja necessária.
As desvantagens que podem ser apontadas neste conversor quando comparado ao conversor
boost convencional é que a introdução de mais fases torna os circuitos de comando mais
sofisticados e aumenta o número de componentes. Enquanto estas desvantagens podem
representar uma barreira para a utilização desta topologia em conversores de baixo custo, em
aplicações de maior potência, que possuem naturalmente custo mais elevado, um pequeno
aumento no custo do controle pode ser facilmente compensado pelas vantagens.
Figura 1.25 Conversor boost interleaved bidirecional em corrente, com duas fases.
Figura 1.26 Correntes no conversor boost interleaved (condução contínua)
O conversor boost interleaved no modo de condução descontínua3 (sem fazer o comando
complementar dos transistores), para um mesmo ganho de tensão, trabalha com razão cíclica
reduzida em relação ao conversor no modo de condução contínua. A ondulação na corrente de
entrada é reduzida pelo efeito de cancelamento entre as fases, mostrado na Figura 1.27, para um
conversor de seis fases. Além disso, as formas de onda da corrente na entrada e na saída possuem
frequência correspondente à frequência de comutação multiplicada pelo número de fases, o que
3 Fellipe Saldanha Garcia, “Conversores CC-CC elevadores de tensão, não isolados, com ganhos estáticos elevados”,
Dissertação de mestrado, FEEC – Unicamp, 13 de agosto de 2010.
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facilita a filtragem do sinal.
Figura 1.27 Correntes no conversor boost interleaved com seis fases, em condução descontínua.
1.11 Outras topologias elevadoras de tensão
Conforme visto anteriormente, por conta das perdas nos conversores, é inviável obter
ganhos de tensão muito elevados. Nestes casos, uma possibilidade é utilizar transformadores ou
acoplamentos magnéticos, como será visto no capítulo seguinte. No entanto, existem alternativas
topológicas que permitem uma maior relação entre as tensões de saída e de entrada, algumas das
quais serão apresentadas a seguir.
A escolha da topologia mais adequada depende das especificidades de cada aplicação. Em
geral, pode-se indicar que são preferíveis os circuitos que:
Minimizem o volume total do conjunto de elementos magnéticos;
Minimizem os esforços de tensão e de corrente nos interruptores;
Minimizem a quantidade de interruptores;
Minimizem as perdas;
Minimizem a complexidade do circuito de comando e controle.
1.11.1 Conversor boost quadrático com chave única
O conversor boost quadrático com chave única4 é reproduzido na Figura 1.28. A principal
característica deste conversor é realizar o aumento de tensão através de dois estágios, porém
utilizando apenas uma chave controlada (T1/D1). Este circuito possui capacidade de transferir
energia em apenas uma direção, do lado de menor tensão para o de maior tensão.
𝑉𝑜 =𝑉𝑖
(1−𝛿)2 (1.63)
Figura 1.28 Conversor boost quadrático com chave única.
4 Ortiz-Lopez, M. G. et al., "Current-Mode Control for a Quadratic Boost Converter with a Single Switch," IEEE
Power Electronics Specialists Conference, PESC, 2007.
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A chave controlada (T1/D1) precisa conduzir a corrente do estágio de entrada mais a
corrente do estágio intermediário e bloquear a tensão de saída.
A indutância de entrada é um pouco inferior em relação ao conversor boost convencional
no MCC. O indutor 𝐿1 conduz toda a corrente de entrada enquanto L2 conduz uma corrente
menor.
Esta topologia com dois estágios para elevar a tensão é justificável apenas para fontes de
baixa potência, nas quais o rendimento do conversor pode não ser de extrema importância. Em
aplicações que não são de baixa potência (digamos, a partir de algumas centenas de watts), esta
topologia possui desvantagens consideráveis, especialmente pelas elevadas perdas.
1.11.2 Conversor boost quadrático
A principal diferença em relação ao conversor boost quadrático com chave única é que os
estágios são rigorosamente separados, não compartilhando nenhuma chave entre eles. Desta
maneira, não há uma excessiva penalidade sobre nenhuma das chaves e o dimensionamento das
chaves é vantajoso em relação ao caso anterior, principalmente porque as chaves do primeiro
estágio, que conduzem uma corrente mais elevada estão sujeitas à tensão do barramento
intermediário e apenas as chaves do segundo estágio – que possui corrente menor – precisam
bloquear a tensão de saída.
A principal desvantagem deste conversor é a conversão em dois estágios, implicando na
necessidade de obter rendimento bastante elevado em cada estágio que resulte em rendimento
global (que é o produto do rendimento em cada estágio) dentro das especificações
Figura 1.29 Conversor boost quadrático.
1.11.3 Conversor interleaved double dual boost
Este conversor5 é composto por duas fases, sendo a primeira um conversor boost (que
utiliza as chaves T1/D1 e T2/S2) e a segunda um conversor boost "invertido" (chaves T3/D3 e
T4/D4). A tensão na saída do conversor é dada pela soma das tensões de cada fase e a tensão da
fonte (invertida). As fases são acionadas com defasagem de 180º.
𝑉𝑜 =𝑉𝑖.(1+𝛿)
(1−𝛿) (1.64)
Este conversor apresenta redução na especificação das chaves. Neste caso todas as chaves
precisam suportar apenas aproximadamente metade da tensão de saída (a rigor, a tensão
suportada pelas chaves é a média entre a tensão de saída e a tensão de entrada). Este conversor
utiliza dois capacitores, em comparação com apenas um no caso do conversor boost ou boost
interleaved, porém a tensão suportada pelos capacitores também é menor.
5 Dang, B. V., et al., "New high-power high-ratio non isolated DC-DC boost converter for fuel cell applications"
IEEE Power Electronics Specialists Conference, PESC, 2006.
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Como também ocorre com o boost interleaved, a ondulação na corrente de entrada ocorre
em uma frequência múltipla da frequência de comutação (neste caso, o dobro). Isto, em geral,
facilita a filtragem da corrente de entrada, caso necessário.
Figura 1.30 Conversor interleaved double dual boost.
1.11.4 Boost dobrador de tensão
A operação deste conversor6 é realizada com o acionamento das fases defasadas em 180º,
de modo análogo ao conversor interleaved. Durante a condução das chaves T1/D1 e T2/D2, os
indutores são carregados e os diodos D3 e D4 permanecem desligados. No período em que a
chave T1/D1 está desligada e a chave T2/D2 está em condução, o diodo D3 estará em condução e
o indutor L1 carrega o capacitor C1. No período em que a chave T2/D2 está desligada e a chave
T1/D1 conduz, o diodo D4 estará em condução e a tensão na saída será a soma da tensão de
entrada, a tensão do indutor L2 e a tensão do capacitor C1. Não ocorre intervalo no qual as chaves
T1/D1 e T2/D2 estão desligadas simultaneamente devido à defasagem de 180º e a operação com
razão cíclica maior do que 0,5. No caso de operação com razão cíclica inferior a 0,5, a relação de
ganho estático é alterada, reduzindo o ganho de tensão.
Deste modo, parte da energia é processada em dois estágios, pois é primeiramente
armazenada no capacitor intermediário C1 e depois transferida para a saída. O capacitor C1 é
dimensionado para metade da tensão de saída, assim como as chaves T1/D1 e T2/D2.
𝑉𝑜 =2.𝑉𝑖
(1−𝛿) (1.65)
Figura 1.31 Conversor boost dobrador de tensão
6 Jang, Y. and Jovanović, M. M., "Interleaved Boost Converter With Intrinsic Voltage- Doubler Characteristic for
Universal-Line PFC Front End," Trans. on Power Electronics, vol. 22, no. 4, Jul. 2007.
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A B
C
L1 L2
C1
I1 I2
Io
1.12 Exercícios
1. Para o conversor abaixador-elevador de tensão, em condução contínua, obtenha uma
expressão para a relação Vo/E considerando as perdas devido à resistência do indutor.
2. Para um conversor Ćuk, considere os seguintes valores: E=48 V, Vo=36 V, Ro=9 , fchav=64
kHz, L1=10 mH, L2=1 mH, Co=100 uF; rendimento de 100%.
a) Determine se o conversor está operando no MCC ou no MCD.
b) Calcule o ciclo de trabalho no ponto de operação.
c) Determine o valor do capacitor intermediário (C1), de modo que a ondulação de tensão sobre
ele seja de 0,5 V (pico a pico).
d) Determine o valor da corrente média de entrada e a sua ondulação (pico-a-pico).
3. Considere o circuito mostrado ao lado, supondo que
a tensão de entrada (E) está aplicada entre os pontos
A (positivo) e B. A tensão de saída, Vo, está entre os
pontos C (positivo) e B. Considere os seguintes
dados: E=300 V, =0,5, Ro=100 .
a) Determine a característica estática entre a tensão de
saída e a tensão de entrada, supondo funcionamento
no MCC, em função do ciclo de trabalho. Indique as
suposições necessárias.
b) Determine as seguintes grandezas: Tensão de saída; potência de entrada; correntes médias nos
indutores L1 e L2. Suponha o capacitor de saída grande o suficiente para que Vo seja
praticamente constante.
4. Para o conversor cc-cc mostrado no circuito ao lado,
a) Identifique, por inspeção, a polaridade da tensão de saída e a
tensão média que há sobre o capacitor C1.
b) Determine a característica estática entre a tensão de saída e a
tensão de entrada, supondo funcionamento no MCC, em
função do ciclo de trabalho. Indique as suposições necessárias.
Comente sobre as eventuais restrições sobre o ciclo de
trabalho para que seja possível o funcionamento desta
topologia.
c) Considere os seguintes dados: E=10 V, =0,75, Ro=10 .
Determine as seguintes grandezas: Tensão de saída; potência
de entrada; correntes médias de entrada (na fonte), de saída (no
diodo), em L1 e em L2. Suponha o capacitor de saída grande o
suficiente para que Vo seja praticamente constante.
5. Para um conversor elevador de tensão (boost), considere os seguintes valores: E=100 V,
Ro=200 , fchav=10 kHz, L=1 mH, Co=47 uF; =0,5; eficiência de 100%.
e) Determine se o conversor está operando no MCC ou no MCD.
f) Calcule a tensão média de saída;
g) Determine o valor da ondulação da corrente pelo indutor (pico-a-pico);
h) Determine o intervalo em que não há corrente no circuito (tx).
E
Vo
L1
L2 C1
S
D
Ro
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6. O circuito abaixo representa uma fonte chaveada do tipo abaixadora de tensão. O transistor é
comandado por um pulso quadrado com largura 50%, em 25 kHz. Deseja-se obter 10 V na saída,
com um ripple de tensão de 1%. A corrente nominal de saída é de 5 A. Os pulsos de comando do
transistor devem variar entre -15 e +15 V, com tempos de subida e de descida de 100 ns.
a) Calcule e use na simulação a indutância para operar no MCC com uma corrente de saída de
1 A.
b) Calcule o capacitor de filtro para o ripple de tensão indicado.
c) Simule o circuito, pelo menos por 10 ms, partindo de condições iniciais nulas tanto no
indutor quanto no capacitor, e verifique se os valores teóricos correspondem aos simulados.
Explique eventuais discrepâncias. Inicialmente a carga deve corresponder a uma corrente
de 5 A e, em seguida, alterar para 1 A (valores médios).
d) Calcule o valor da tensão de saída, caso se opere no MCD com corrente média de saída de
0,5 A.
e) Simule o circuito, agora no MCD, partindo de condições iniciais nulas tanto no indutor
quanto no capacitor, e verifique se os valores teóricos correspondem aos simulados.
Determine o valor de R1 considerando o valor esperado para a nova tensão de saída e a
corrente média desejada. Explique eventuais discrepâncias.
7. Usando o procedimento padrão,
determine a característica estática no
MCC do circuito ao lado. A largura de
pulso é definida para o T1 e T2 opera
de modo complementar.
8. Demonstre que o valor da capacitância de saída de um conversor buck-boost, operando no
MCD, é dado por:
2
o
o
o
K1
V
IC
.