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    O socilogo francs Christian Baudelot, tentando responder s questes semelhantes a essas props que a sociologia daeducao servisse para instrumentalizar os professores com mapas que os ajudassem a traar seus itinerrios, veja o que elediz:

    No fundo o trabalho do socilogo da educao se assemelha ao trabalho de um cartgrafo. Levantar o mapa escolar, procederao levantamento topogrfico do terreno e do relevo, representar uma escala precisa os principais macios da paisagemescolar, medir os caudais dos rios, ter os mapas em dia, eis aqui em que o socilogo da educao pode ajudar o professor.Pode ajud-lo a orientar-se na floresta escolar. Ajud -lo a orientar-se e nogui-lo. Caber aos professores depois traar,com o mapa na mo, seus prprios itinerrios em funo de suas opes e da natureza do terreno em que se encontram.(Baudelot, 1991)

    A sociologia da educao comporia o arsenal terico que ajudaria os professores a se orientarem, juntamente com as outrasdisciplinas, mas que deveria oferecer aos futuros professores instrumentos para olhar a sociedade e a escola, as crianas, asfamlias, a sua prtica docente e o contexto macro social e poltico.

    RESENHA

    ENTRE os Muros da Escola. Direo: Laurent Cantet. Produo: Caroline Benjo e Carole Scotta. Paris: Imovision, 2008. 1DVD.

    Palavras-chave: ensino; vernculo; prtica docente.

    H anos so discutidas questes acerca do ensino de lngua materna no Brasil. Com o filme Entre os Muros da Escolapercebemos que os problemas enfrentados por ns brasileiros no so exclusivos de nosso pas. Embora a organizaoburocrtica do ensino, a estrutura das escolas e as realidades de professores e de alunos sejam diferentes daquelasencontradas no Brasil, o retrato feito por Laurent Cantet nos mostra que nosso pas no est to atrs no que tange educao mundial.O filme, baseado no livro homnimo escrito por Franois Bgaudeau, retrata sua prtica docente do prprio Bgaudeau, autore personagem da histria. Bgaudeau jornalista, professor e autor de dois romances: Jouer juste (Jogar justo), de 2003 eDans la diagonale (Na diagonal), de 2005. Escreveu tambmuma fico biogrfica sobre o vocalista da banda inglesa Rolling

    Stones chamado Un dmocrate Mick Jagger 1960-1969 (Um democrata Mick Jagger 1960-1969), de 2005. Sua obra Entre lesmurs (Entre os muros da escola), de 2006, ganhou o prmio France Culture/Tlerama no ano de lanamento. To aclamadopela crtica cinematogrfica quanto o livro, pela literria, o filme ganhou o Palme dOr do Festival de Cannes tambm no anoem que foi lanado.O filme inteiramente gravado na escola com exceo de duas cenas que mostram a chegada dos professores. As cenas naescola mostram a convivncia dos professores, da coordenadora e do diretor em suas relaes com alunos e pais. Os atorestodos representaram seus reais papis, desde Franois, personagem principal.Franois, personagem citado anteriormente, o professor de uma escola que atende tanto a alunos parisienses, como tambmaqueles provindos de antigas colnias francesas (como o Reino de Marrocos e a Repblica de Mali), bem como de outrospases, como o casal de irmos asiticos, filhos de imigrantes ilegais. O professor, frente ao contexto heterogneo em sala, emmeio a tantas culturas, prende-se cada vez mais ao ensino de uma lngua normatizada pela gramtica, temendo talvez noconseguir arcar com os diferentes dialetos trazidos por seus alunos. Conduz, assim, aulas expositivas nas quais mostra eexplica os contedos gramaticais com exemplos descontextualizados. Isso constitui o foco de alguns dos questionamentos queosalunos levantam: o nome do sujeito de uma das frases expostas pelo professor (o nome ingls Bill, que duas alunas julgamesquisito e pedem para substituir por Asata, nome mais comum para elas); o desuso, pela populao, dos tempos verbais

    mais formais (imperfeito do subjuntivo).Dois momentos chamam bastante ateno no que tange ao andamento das aulas por representarem uma realidade tambmpresente no Brasil. O primeiro momento diz respeito aula na qual o professor pede que os alunos leiam um texto e apontemas palavras que desconhecem. Aps escrever as palavras no quadro, o professor passa a perguntar aos alunos se eles sabemo que significam as palavras e escreve frases contendo-as, de maneira que os alunos possam descobrir, em outro contexto, deque se tratam aquelas palavras. O segundo momento diz respeito aula na qual o professor fala sobre o imperfeito dosubjuntivo a partir de um exemplo demonstrado no quadro e os alunos no aceitam, dizendo ser algo que apenas osburgueses usam. Enquanto o professor explica que sim, que o imperfeito do subjuntivo uma construo que faz parte de umdeterminado registro da lngua, uma aluna pergunta como saber que palavra empregar em cada registro. Inseguro, o professorresponde ser algo que se aprende com a prtica e que preciso aprender a usar a intuio. preciso observar atentamente esses dois momentos: em ambos, vemos o uso de exemplos recortados, frases criadas peloprprio professor e que se adaptam exatamente aoque ele tenta explicar. No que tange ao significado das palavras, Franoispoderia ter optado por ensinar aos alunos a buscar no prprio texto algo que sugerisse o significado das palavras, trabalhandoassim sua maturidade em leitura. Quanto aula sobre o imperfeito do subjuntivo, a atitude de Franois repetida pelosprofessores acostumados a trabalhar a gramtica normativa, distante da realidade do aluno e tambm do uso que fazem da

    lngua. Frente a um questionamento como o exposto no final do pargrafo anterior, os professores no encontram respostasnos livros e, despreparados, respondem imprudentemente.Pressupe-se ento que o tempo reservado para a reflexo sobre a prtica docente e para o planejamento das aulas no

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    existe, uma vez que, inclusive, no retratado no filme. O momento em que a prtica docente realmente colocada emcheque na pelcula ocorre na cena em que os professores preocupam-se com a situao de um aluno que ser expulso daescola como medida disciplinar. Os professores questionam-se se fizeram tudo o que poderiam para ajudar esse aluno, depoisde uma aluna ter dito que o rapaz seria mandado de volta para Mali pelo pai caso sasse da escola. Franois questiona-se,principalmente, se no seria apenas inrcia mand-lo para outra escola sem dedicar um momento para estudar a questo queenvolvia esse estudante mais a fundo. No fim, os professores acabam por concluir que o destino daquele aluno no estavamais em suas mos e que as atitudes delelevaram-no expulso.

    Sem tempo para planejar as aulas, ou tendo esse tempo reduzido a seus dias de folga, os professores no podem pensar emquestionamentos como os expostos pelos alunos, ou em maneiras diferentes de tratar o contedo. Quando uma propostapedaggica que considera mais a interdisciplinaridade e o pensamento crtico dos alunos, enriquecendo o trabalho deprofessor e alunos, aparece, o professor Franois se mostra receoso: ele nega a proposta de Frderic, professor de Histria eGeografia, de passar aos alunos leituras de Voltaire, autor francs que se enquadra no perodo histrico que ser trabalhado.O livro escolhido por Franois, chamado O dirio de Anne Frank, est distante da realidade francesa que, embora tenharesqucios de uma influncia nazista, no teve sua cultura to afetada quanto alempela Segunda Guerra Mundial.Nota-se que professor e alunos mantm-se saudavelmente distantes, em virtude do poder exercido por aquele sobre estes, ereafirmado constantemente durante as aulas, quando, por exemplo, Franois cobra que os alunos saibam a resposta correta. Opoder da instituio de ensino tambm constantemente reafirmado: os alunos tm de se levantar para receber o diretor;devem permanecer na sala ao final da aula caso o professor os solicite; tm uma agenda na qual o professor escreve recadospara os pais sobre o comportamento do aluno e ficam em fila para entrar em sala, sendo recebidos pelo professor que entrapor ltimo.Estabelecendo uma comparao com as escolas brasileiras, perdeu-se h muito o hbito de receber de p o diretorou qualquer outra figura de poder. A agenda como estratgia de coero mantida apenas por algumas escolas particulares,

    mas o aluno ainda pode ser solicitado a permanecer no final da aula para falar com o professor, ou mesmo como medidapunitiva de seu mau comportamento. A autonomia do professor torna-se um problema quando ele passa a pensar que apenas por meio da fora far-se- entender.Nesse momento, Franois altera-se e ofende duas alunas comparando-as vagabundas pelo comportamento na reunio doconselho, da qual tambm participavam professores e pais. As alunas levam seu descontentamento coordenadora, quechama a ateno de Franois, o qual, deixando-se levar pela raiva, segue as alunas no ptio e inicia uma discusso queenvolve toda a turma. Dessa maneira, as relaes entre professores e alunos parecem depender de quem tem mais razo,sendo o professor sempre defendido pela escola, no havendo em momento nenhum uma discusso pacfica e sensata.No filme, o professor tem sua ao limitada apenas pela prpria escola, estando hierarquicamente abaixo da coordenadora edo diretor, os quais, entretanto, no se sobrepuseram a ele no caso relatado acima. Embora advertido e tendo de responder aum relatrio sobre a questo, ao professor Franois continua a ser creditado o controle sobre a turma. Concomitantemente, aao dos alunos est sob total controle da escolarepresentada diretamente pela figura do professor. Nesse ponto, percebemosque a nica liberdade que tm os alunos individualidade: eles no usam farda, chegando a vestir-se de maneira inapropriadapara o ambiente escolar, o que no parece constituir problema. Essa realidade aparece mais claramente no livro, emborapossa ser percebida tambm no filme, e diverge bastante da realidade enfrentada pelos brasileiros. Aqui no Brasil, mesmo os

    alunos de escolas pblicas usam farda, ainda que esta seja constituda apenas por uma cala azul e uma blusa branca,tornando-os identificveis e reduzindo sua individualidade s capas dos cadernos e s cores das mochilas. Notamos que,segundo o que mostrado no filme, o trabalho de Franois ainda bastante restrito ao sistema que parece irredutvel quanto aessas questes da relao ensino-aprendizagem. E tal sistema, como no Brasil, no formado pelas leis que o regem, maspela prtica de quem dele participa. Ainda que tenhamos leis e diretrizes que deem base para que mudemos nossa prticadocente, parecemos sempre incorrer aos baixos salrios e s demais dificuldades da profisso to exploradas pela mdia.

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    Podemos Observar nas imagens acima que realmente vivemos em uma sociedade injustas onde muitas pessoas no sepreocupam com os seus semelhantes.Texto Crtico:

    Observa-se atualmente um grande desinteresse por parte de alguns educadores no ato de ensinar em virtudedadesvalorizao profissional, do desinteresse das famlias em acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem de seus

    filhos transferindo a responsabilidade para o educador. Antigamente cabia ao professor a tarefa de ensinar. Hoje lidamos com todos os tipos de problemas alheios ao mbito escolarque interferem significativamente na aprendizagem dos alunos tornando uma atividade trabalhosa, despertar e desenvolver umaluno crtico, consciente de suas possibilidades de modificar e construir uma realidade social melhor. A natureza do trabalho docente a mediao da relao cognoscitiva entre o aluno e as matrias de ensino, isso significa queo ensino de histria, por exemplo, no s transmisso de informaes, mas tambm deve se tornar uma possibilidade derepensar a prtica cotidiana dos sujeitos sociais.

    Sendo assim, importante que o educador e o aluno se organizem de maneira que favorea tanto o ato de ensinar como o deaprender. O docente mediador no s um transmissor de informaes, mas deve ser capaz de tornar seu aluno sujeito crticoe pensante.Podemos citar como exemplo numa turma de quinto ano, atividade artstica com a msica: Para no dizer que no falei dasflores do compositor Geraldo Vandr que foi perseg uido por causa da letra na poca da ditadura militar. Durante esse trabalhopodemos ilustrar, fazer recortes de jornais e revistas que falem do perodo da ditadura militar, propiciando o desenvolvimentode anlise critico reflexiva ao educando. Podemos concluiressa atividade com uma apresentao artstica sobre a msica.

    Observou-se que a educao sofreu uma grande complexidade da evoluo humana ao constatar atravs dosquestionamentos dos alunos sobre os problemas vividos na sociedade sugerindo aes para modificar a realidade que estvivendo.

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