1 - Vamos Cuidar Do Brasil Conceitos e Práticas Em Educação Ambiental Na Escola_p167 a p177

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  • Em pleno sculo XXI, percebemos no cotidiano a urgente necessidade de transformaes que resgatem o respeito pela vida,

    com justia ambiental, eqidade, diversidade, sustentabilidade e beleza. Nesse contexto, por meio da educao que

    temos uma oportunidade de repensar e redefinir nosso presente e futuro no Planeta.

    Em especial, a educao ambiental assume posio de destaque face aos desafios da contemporaneidade por ser voltada,

    tanto para a instaurao de uma moral ecolgica, quanto para a construo dos fundamentos de sociedades sustentveis.

    Nas atividades da Dcada da Educao para o Desenvolvimento Sustentvel, a convergncia de aes e princpios de dois ministrios

    e da UNESCO resultou na elaborao desta publicao. Construda coletivamente por uma diversidade de educadoras e educadores

    ambientais do Brasil, esta obra visa propiciar o dilogo sobre a prxis educativa para e pela vida nas escolas.

    Conceitos e prticas em educao am

    biental na escola

    MECMMA

    UNESCO

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  • BRASLIA, 2007

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  • Representao da UNESCO no Brasil

    SAS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed.CNPq/IBICT/UNESCO, 9 andarCEP: 70.070-914 Braslia DFTel.: (55 61) 2106-3500Fax: (55 61) 3322-4261Site: www.unesco.org.brE-mail: [email protected]

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Continuada,Alfabetizao e Diversidade

    Diretoria de Educao Integral, DireitosHumanos e Cidadania

    Coordenao Geral de Educao Ambiental

    SGAS Av. L2 Sul Quadra 607 Lote 502 andar sala 212 CEP: 70.200-670 Braslia DFTel: (61) 2104-6142 Fax: (61) 2104-61100800 61 61 61Site: www.mec.gov.br/secad E-mail: [email protected]

    Ministrio do Meio Ambiente

    Secretaria de Articulao Institucionale Cidadania Ambiental

    Departamento de Educao Ambiental

    Esplanada dos MinistriosBloco B 5 Andar Sala 553CEP: 70.068-900 Braslia DFTel: (61) 3317-1207, 3317-1757Fax: (61) 3317-1757Site: www.mma.gov.br/educambientalE-mail: [email protected]

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  • miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 3

  • 2007. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade (Secad) Ministrio da Educao

    Comisso Editoral: Eneida Lipai, Fbio Deboni, Marcos Sorrentino, Patrcia Mendona, Philippe Pomier Layrargues, RachelTrajber, Soraia Silva de MelloOrganizao e Coordenao Editorial: Soraia Silva de Mello e Rachel TrajberColaborao: Luciano Chagas Barbosa, Luiz Cludio Lima Costa, Marlova Intini, Neusa Helena Rocha Barbosa, BrunoBormann, Xanda de Biase MirandaReviso: Adilson dos Santos Projeto Grfico, Capa e Diagramao: Paulo SelveiraCatalogao: Maria Ivete Gonalves Monteiro RodriguesIlustraes: todas as ilustraes so de autoria das escolas que participaram da I e II Conferncia Nacional Infanto-Juvenilpelo Meio Ambiente.Ilustrao do Prefcio, Apresentao e Sobre os Autores: Escola de Ensino Fundamental Deputado Silvio Ferraro, Siderpolis,Santa Catarina Fotos da capa: Srgio AlbertoTiragem: 67 mil exemplares

    Vamos cuidar do Brasil : conceitos e prticas em educao ambiental na escola / [Coordenao: Soraia Silva de Mello, Rachel Trajber]. Braslia:Ministrio da Educao, Coordenao Geral de Educao Ambiental: Ministrio do Meio Ambiente,Departamento de Educao Ambiental : UNESCO, 2007.248 p. : il. ; 23 x 26 cm.Vrios colaboradores.ISBN 978-85-60731-01-5

    1. Educao ambiental Brasil. 2. Educao bsica Brasil. I Ttulo.

    CDD 372.357CDU 37:504

    Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro bem como pelas opinies nele expressas,que no so necessariamente as do MEC, do MMA e da UNESCO, nem comprometem as referidas instituies. As indicaesde nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicam a manifestao de qualquer opinio por parte doMEC, do MMA e da UNESCO a respeito da condio jurdica de qualquer pas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades,tampouco da delimitao de suas fronteiras ou limites.

    V 216

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  • Prefcio

    A NICA LIO QUE POSSVEL TRANSMITIR COM BELEZA E RECEBER COM PROVEITO; A NICA ETERNA,DIGNA, VALIOSA: O RESPEITO PELA VIDA (02/09/1930). Esta frase visionria da professora, jornalista e poeta Ceclia Meirelesescrita em sua Pgina de Educao no Dirio de Notcias do Rio de Janeiro, resume a proposta deste livro.

    Agora, em pleno sculo XXI, j percebemos, no cotidiano, a urgente necessidade de transformaes que resgatem o RESPEITO PELAVIDA, com justia ambiental, eqidade, diversidade, sustentabilidade e... beleza. Este o desafio da Educao Ambiental na Secretariade Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade do Ministrio da Educao, ao ressignificar o cuidado com a diversidade da vidacomo valor tico e poltico, fugindo da equao simplista ambiente = natureza.

    A humanidade sempre conviveu com o Planeta para crescer, se desenvolver e construir uma histria nas suas relaes com anatureza e com os outros seres vivos. Se considerarmos apenas o lado positivo dessa convivncia, a proposta seria responder s neces-sidades bsicas de todos os cidados em termos de gua, alimentos, abrigo, sade e energia. No entanto, principalmente no sculopassado, comeamos a perceber inmeras contradies causadas pelo esgotamento sem precedentes dos recursos naturais por modosde vida destruidores e, como diria Leonardo Boff, por nossa falta de cuidado para com a vida.

    Este livro culmina um processo participativo, iniciado em 2003, com milhares de escolas e comunidades, e conta com a experinciaadvinda de duas edies da Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, da criao da Comisso de Meio Ambientee Qualidade de Vida na Escola (COM-VIDA), da implantao de projetos de Agendas 21, entre tantas. tambm resultado de umtrabalho que debate, dentro da escola, o local e o global, compartilhando conhecimentos e saberes com a comunidade, trazendo liesque podem ser extradas no dia-a-dia da escola.

    Com Vamos Cuidar do Brasil Conceitos e Prticas em Educao Ambiental na Escola, o MEC se prope a dialogar com professorese professoras sobre como a educao pode contribuir para a construo de sociedades sustentveis.

    Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizaoe Diversidade do Ministrio da Educao

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  • Apresentao

    SOMOS JOVENS DO BRASIL INTEIRO ENVOLVIDOS NO PROCESSO DA II CONFERNCIA NACIONAL INFANTO-JUVENILPELO MEIO AMBIENTE. Buscamos construir uma sociedade justa, feliz e sustentvel. Assumimos responsabilidades e aes cheiasde sonhos e necessidades [...]. Este um meio de expressar nossas vontades e nosso carinho pela vida e sua diversidade.

    Compreendemos que sem essa diversidade o mundo no teria cor. Encontramos caminhos para trabalhar temas globais, complexos

    e urgentes: mudanas climticas, biodiversidade, segurana alimentar e nutricional e diversidade tnico-racial. Queremos

    sensibilizar e mobilizar as pessoas para, juntos, encararmos os grandes desafios socioambientais que a nossa gerao enfrenta. Para

    cuidarmos do Brasil precisamos de sua colaborao. Estamos fortalecendo as aes estudantis e nos unindo s Comisses de Meio

    Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (COM-VIDAS), nos Coletivos Jovens de Meio Ambiente e em tantos outros grupos.

    Compartilhamos a responsabilidade com os governos, empresas, meios de comunicao, ONGs, movimentos sociais e culturais, alm de

    nossas comunidades.

    Esta a introduo da Carta das Responsabilidades Vamos Cuidar do Brasil, elaborada pelas delegadas e delegadosda II Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, com base nos sonhos e desejos de milhares de escolas e demilhes de estudantes, professores e pessoas das comunidades. A Carta das Responsabilidades, entregue pelos adolescentesao presidente da Repblica, ao ministro da Educao e ministra do Meio Ambiente, simboliza o compromisso das escolasde incentivar a sociedade a refletir sobre as questes socioambientais urgentes e a participar de aes que contribuam paramelhoria da qualidade de vida de todos. Foi a seriedade deste engajamento que nos inspirou a elaborar este livro.

    Vivemos em um momento bastante propcio para a educao ambiental atuar na transformao de valores nocivos quecontribuem para o uso degradante dos bens comuns da humanidade. Precisa ser uma educao permanente, continuada, paratodos e todas, ao longo da vida. E a escola um espao privilegiado para isso. Neste contexto, o Vamos Cuidar do Brasil:Conceitos e Prticas em Educao Ambiental na Escola, apesar de ser destinado aos professores e professoras do ensinofundamental, abrange tambm educadores ambientais populares. O objetivo propiciar a reflexo terica ampliando odebate poltico sem, contudo, perder a dimenso das prticas cotidianas.

    O livro rene artigos de autores reconhecidos por sua contribuio no campo da educao ambiental, com a proposta decompartilhar saberes, idias e prticas por vezes complexas, mas sempre de maneira simples e gostosa de a gente ler com arte.Diversos pontos de vista e dimenses trazem uma temtica em comum: a relevncia de trabalharmos com nosso planeta esuas comunidades de vida em cada projeto de educao ambiental.

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  • Os textos foram organizados em quatro captulos. O primeiro apresenta as aes estruturantes e diretrizes desenvolvidaspelo rgo Gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental, uma parceria entre o Ministrio da Educao (MEC) e oMinistrio do Meio Ambiente (MMA), elucidando a inovao e os desafios polticos e institucionais. Nos textos que compemeste captulo surgem algumas reas de atuao para universalizarmos a educao ambiental no Brasil. Com elas fazemosuma educao com o planeta na mente e no corao.

    O segundo captulo um mergulho no universo da educao ambiental nas escolas. Sob diferentes perspectivas, osdez textos que o formam discutem as mltiplas possibilidades de trabalho pedaggico, desvelando as contradies entre osconceitos e princpios proclamados e os desafios das prticas efetivas.

    O terceiro captulo prope um olhar para o futuro (que j acontece no presente), com as contribuies pedaggicas de ten-dncias da educao na relao entre escola e comunidade, sempre voltadas ao meio ambiente. Ele foi idealizado levando-seem considerao importantes inovaes em curso na educao ambiental brasileira, que permitem novas formas de comunicaoe integrao de tecnologias e linguagens, novas metodologias, novos participantes, novas formas de organizao social.

    Por fim, o quarto captulo amplia o pensamento da educao ambiental para o reconhecimento e valorizao da diversidadena escola em todos os nveis e modalidades de ensino aproximando-os e estabelecendo conexes entre todos e cada um deles.

    Alm dos textos, a publicao propicia a apreciao da arte, com as ilustraes dos cartazes elaborados como parte doprocesso de Conferncias de Meio Ambiente nas Escolas. As imagens retratam as responsabilidades assumidas pelas escolase comunidades diante das grandes problemticas socioambientais globais: a manuteno da biodiversidade, as mudanasclimticas, a segurana alimentar e nutricional e a valorizao da diversidade tnico-racial. A Carta das ResponsabilidadesVamos Cuidar do Brasil, sntese dos debates na Conferncia, foi encartada como pster, acompanhando este livro. Esperamosque cada escola ajude na divulgao de seus contedos e coloque em prtica nossos sonhos e compromissos coletivos.

    Esta publicao, apesar de abrangente, no esgota as inmeras possibilidades do fazer da educao ambiental nas escolase comunidades. Todavia contribui para a ampliao do debate neste campo do conhecimento to peculiar, por meio depalavras e imagens, da razo e da sensibilidade. Para que a escola emane os valores, atitudes e princpios fundamentais paraa construo de sociedades sustentveis e a cultura de paz.

    Boa leitura!Comisso Editorial

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  • Sumrio

    PREFCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

    APRESENTAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

    CAPTULO 1 - POLTICAS ESTRUTURANTES DE EDUCAO AMBIENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

    Polticas de Educao Ambiental do rgo Gestor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13Rachel Trajber e Marcos Sorrentino

    Educao ambiental na escola: t na lei... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23Eneida Maekawa Lipai, Philippe Pomier Layrargues e Viviane Vazzi Pedro

    Pensando sobre a gerao do futuro no presente: jovem educa jovem, COM-VIDAS e Conferncia . . . . . . . . . . .35Fbio Deboni e Soraia Silva de Mello

    Polticas de formao continuada de professores(as) em educao ambiental no Ministrio da Educao . . . . . . .45Patrcia Ramos Mendona

    CAPTULO 2 UM OLHAR SOBRE A EDUCAO AMBIENTAL NAS ESCOLAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

    Um olhar sobre a educao ambiental nas escolas: consideraes iniciais sobre os resultados do projetoO que fazem as escolas que dizem que fazem educao ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57Carlos Frederico B. Loureiro e Mauricio F. Blanco Cosso

    Educao ambiental crtica: contribuies e desafios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65Carlos Frederico B. Loureiro

    Entre camelos e galinhas, uma discusso acerca da vida na escola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73Najla Veloso

    Educao ambiental: participao para alm dos muros da escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85Mauro Guimares

    Educao ambiental nos projetos transversais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95Denise S. Baena Segura

    Educao ambiental ser ou no ser uma disciplina: essa a principal questo?! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103Hayde Torres de Oliveira

    A Escola Bosque e suas estruturas educadoras uma casa de educao ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115Marilena Loureiro da Silva

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  • O caracol surrealista no teatro pedaggico da natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123Michle Sato e Andr Sarturi

    O sujeito ecolgico: a formao de novas identidades culturais e a escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135Isabel Cristina Moura Carvalho

    Cidadania e consumo sustentvel: nossas escolhas em aes conjuntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .143Rachel Trajber

    CAPTULO 3 - CONTRIBUIES POLTICO-PEDAGGICAS DAS NOVAS TENDNCIAS DA EDUCAOAMBIENTAL PARA O COTIDIANO DA RELAO ESCOLA-COMUNIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153

    As novas tecnologias na educao ambiental: instrumentos para mudar ojeito de ensinar e aprender na escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155

    Paulo Blikstein

    Educomunicao e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .167Grcia Lopes Lima e Teresa Melo

    Pensando em coletivos, pensando no coletivo: do nibus s redes sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177Patricia Mousinho e Lila Guimares

    CAPTULO 4 EDUCAO AMBIENTAL EM OUTROS NVEIS E MODALIDADES DE ENSINO: INTERFACES E PECULIARIDADES . . . .187

    Educao indgena: uma viso a partir do meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189Xanda Miranda

    A educao ambiental nas escolas do campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .199Snia Balvedi Zakrzevski

    Religiosidade afro-brasileira e o meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .209Denise Botelho

    Reinventando relaes entre seres humanos e natureza nos espaos de educao infantil . . . . . . . . . . . . . . . . .219Lea Tiriba

    A vida no bosque no sculo XXI: educao ambiental e educao de jovens e adultos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .229Timothy D. Ireland

    SOBRE OS AUTORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .238

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  • 10

    Col

    gio

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  • 1 Polticasestruturantesde educaoambiental

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  • miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 12

  • Polticas deEducao Ambientaldo rgo Gestor

    Marcos SorrentinoRachel Trajber

    O TEXTO APRESENTA OS FUNDAMENTOS CONCEITUAIS, DIRETRIZES E AES DO

    RGO GESTOR DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL, FORMA-

    DO PELOS MINISTRIOS DA EDUCAO E DO MEIO AMBIENTE, COM FOCO NA

    EDUCAO ESCOLARIZADA. RELATA A PROPOSTA DE CRIAO DO SISTEMA

    NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL PARA ARTICULAR E INTEGRAR POLTICAS,

    ORGANISMOS, INSTNCIAS DE GESTO E INICIATIVAS DA EDUCAO AMBIENTAL

    EM TODO O TERRITRIO NACIONAL.

    PALAVRAS-CHAVE:

    POLTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL, SISTEMA NACIONAL DE EDUCAO

    AMBIENTAL, FORMAO, VISO SISTMICA.

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    MESTRE AQUELE QUE, DE REPENTE, APRENDE.

    GUIMARES ROSA

    INTRODUOEstamos sentindo na pele, em nosso cotidiano, uma urgente necessidade de transformaes para superarmos as injustias

    ambientais, a desigualdade social, a apropriao da natureza e da prpria humanidade como objetos de explorao e con-

    sumo. Vivemos em uma cultura de risco, com efeitos que muitas vezes escapam nossa capacidade de percepo direta, mas

    aumentam consideravelmente as evidncias que eles podem atingir no s a vida de quem os produz, mas as de outras pessoas,

    espcies e at geraes.

    Essa crise ambiental nunca vista na histria se deve enormidade de nossos poderes humanos, pois tudo o que fazemos tem

    efeitos colaterais e conseqncias no-antecipadas, que tornam inadequadas as ferramentas ticas que herdamos do passado

    diante dos poderes que possumos atualmente. Um dos mais lcidos filsofos contemporneos, Hans Jonas, descreveu, com uma

    simplicidade contundente, a crise tica de profundas incertezas em que nos achamos: nunca houve tanto poder ligado com to

    pouca orientao para seu uso. Precisamos mais de sabedoria quanto menos cremos nela.

    A educao ambiental assume assim a sua parte no enfrentamento dessa crise radicalizando seu compromisso com mudanas

    de valores, comportamentos, sentimentos e atitudes, que deve se realizar junto totalidade dos habitantes de cada base territo-

    rial, de forma permanente, continuada e para todos. Uma educao que se prope a fomentar processos continuados que possi-

    bilitem o respeito diversidade biolgica, cultural, tnica, juntamente com o fortalecimento da resistncia da sociedade a um

    modelo devastador das relaes de seres humanos entre si e destes com o meio ambiente.

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    EDUCAO AMBIENTAL PARA UM BRASIL DE TODOSEsta a frase estampada em uma publicao do governo federal de 2003, que, por assim dizer, sintetiza a busca do rgo

    Gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental1 o OG, como apelidamos. O OG formado por dois ministrios que atuam

    juntos: o MEC representado pela Coordenao Geral de Educao Ambiental, da Diretoria de Educao Integral, Direitos Humanos

    e Cidadania da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade (Secad) e o Ministrio do Meio Ambiente (MMA),

    representado pela Diretoria de Educao Ambiental, na Secretaria Executiva.

    O OG segue a misso do Programa Nacional de Educao Ambiental (ProNEA)2: A educao ambiental contribuindo para a

    construo de sociedades sustentveis, com pessoas atuantes e felizes em todo o Brasil; e compartilha, com cada habitante do

    nosso pas, a construo de um sonho, a utopia de propiciar a 180 milhes de brasileiras e brasileiros o acesso permanente e con-

    tinuado educao ambiental de qualidade. Diria o educador Paulo Freire, que este sonho possvel tem a ver exatamente com a

    educao libertadora, no com a educao domesticadora, como prtica utpica [...]. Utpica no sentido de que esta uma prti-

    ca que vive a unicidade dialtica, dinmica, entre a denncia de uma sociedade injusta e espoliadora e o anncio do sonho pos-

    svel de uma sociedade... que chamamos agora de sustentvel.

    Isso s pode acontecer com a construo de um Estado democrtico, tico, presente e forjado no dilogo permanente com a

    sociedade; integrado a uma poltica estruturante de educao ambiental que propicie a todas e a cada pessoa tornarem-se edu-

    cadoras ambientais de si prprias, atuando nesse mesmo sentido junto aos outros, especialmente nas suas comunidades, que

    podemos tambm chamar de tribos de convivencialidade.

    Um dos objetivos que mobilizam o rgo Gestor criar, juntamente com a sociedade, uma poltica pblica, o Sistema Nacional

    de Educao Ambiental (SISNEA). Queremos construir um sistema articulado, formador, integrado e integrador, capaz de atender

    formao permanente e continuada de educadores ambientais populares nas redes de ensino e nas comunidades, para alm da

    gesto poltico-administrativa. Um sistema orgnico que contm tambm a dimenso formadora.

    Na base de sustentao desse sistema se encontram grupos locais, que Paulo Freire chama de Crculos de Cultura, que se

    constituem em um lugar onde todos tm a palavra, onde todos lem e escrevem o mundo. um espao de trabalho, pesquisa,

    1. O rgo Gestor foi criado pela Lei n 9.795/99, que estabelece a Poltica Nacional de Educao Ambiental (PNEA), regulamentada pelo Decreto n 4.281/02, implementado em junho de 2003.

    2. Criado em 2000 e que, na sua terceira verso, passou, em 2004, por um processo de Consulta Pblica.

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    exposio de prticas, dinmicas, vivncias que possibilitam a construo coletiva do conhecimento. A esses espaos estrutu-

    rantes da educao ambiental denominamos COM-VIDAS. Mais de 4.000 escolas j iniciaram sua Comisso de Meio Ambiente e

    Qualidade de Vida na Escola (COM-VIDA); e tambm vamos criando COM-VIDAS nas comunidades Comunidades de Apren-

    dizagem sobre Meio Ambiente e Qualidade de Vida, at todas se tornarem os espaos formadores e animadores de grupos locais

    de atuao e reflexo (aprendizagem) sobre e pelo meio ambiente e qualidade de vida em cada pedao.

    Para alimentar esses educadores ambientais em suas prxis junto s COM-VIDAS, os Coletivos Jovens de Meio Ambiente atuam

    nas escolas. Nas comunidades, grupos de instituies de carter educacional e ambientalista atuam conjunta e solidariamente

    os Coletivos Educadores. O tamanho da base territorial vai variar em funo das condies de deslocamento, nmero de habi-

    tantes e condies de atuao das instituies que se unem para criar o Coletivo Educador da regio.

    Polticas pblicas somente conseguem contribuir para os enormes desafios das questes socioambientais da contemporanei-

    dade quando apoiadas no dilogo permanente com a sociedade. Nesse sentido, a educao ambiental cria uma interface entre

    os dois sentidos etimolgicos da palavra latina para educao: educare e educere. Estamos acostumados com o significado de edu-

    care, favorecendo o estabelecimento de currculos e programas de ensino formais, mas o dilogo resgata o educere, que significa

    tirar de dentro o que cada um e cada uma tem de melhor, quando motivados pela paixo, pela delcia do conhecimento voltado

    para a emancipao humana em sua complexa dimenso da beleza e da manuteno da vida.

    E QUAIS SO OS ORGANISMOS E COMPONENTES DO SISNEA?Como vimos, processos formadores de educadores e educadoras ambientais populares, como COM-VIDAS e Coletivos

    Educadores, constituem potenciais elementos para a base do sistema, para a qual devem convergir os esforos de todos os demais

    componentes da organizao da Poltica Nacional de Educao Ambiental. Para que tal organicidade e convergncias aconteam, alguns

    pontos precisam ser debatidos, dialogados com a sociedade, estados e municpios e, eventualmente, modificados na prpria PNEA.

    Do ponto de vista poltico-administrativo do sistema federativo, no mbito federal existem trs estruturas: a Coordenao Geral

    de Educao Ambiental do Ibama (CGEAM/Ibama), com os Ncleos de Educao Ambiental (NEAs), a CGEA/MEC e a

    DEA/MMA. Outras instituies federais tambm fazem educao ambiental, como o Ministrio da Defesa, a Agncia Nacional de

    guas (ANA), o Jardim Botnico do Rio de Janeiro. O rgo Gestor funciona com um Comit Assessor, um espao estratgico de

    participao da sociedade e de formulao de polticas, composto por representantes de diversos segmentos, mas que se expande

    pela necessidade mesmo de ser ainda mais representativo dos educadores ambientais.

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  • 17

    No mbito estadual, foram constitudas como instncias coordenadoras as Comisses Estaduais Interinstitucionais de Educao

    Ambiental (CIEAS). Elas variam bastante de estado para estado, mas basicamente so compostas de forma paritria pelas

    Secretarias Estaduais de Educao e de Meio Ambiente e pelas Redes de Educao Ambiental estaduais ou regionais. Por serem

    organismos abertos e fluidos, as representaes das redes e da sociedade civil podem incluir pessoas de rgos governamentais,

    ou mesmo entidades de classes OAB, CREA, Associao de Bilogos, Federao da Indstria ou movimentos sociais e ONGs.

    Temos hoje, formalmente criadas por decretos governamentais, 24 CIEAS e dois estados e o Distrito Federal com Comisses pr-CIEAS.

    O esforo do OG tem sido no s torn-las presentes e atuantes em todas as unidades federativas, mas de incentivar a sua

    democratizao, seu enraizamento nos municpios ou outras territorialidades regionais. E, especialmente, promover o seu reconhe-

    cimento por todos os atores do campo da educao ambiental identificando nelas a responsabilidade pela elaborao da Poltica

    e do Programa de Educao Ambiental.

    DIVERSIDADE DE TONS DE VERDES DA EDUCAO AMBIENTALUma forma interessante de se perceber a diversidade e complementaridade que trabalhamos em educao ambiental foi propos-

    ta por uma professora canadense chamada Sauv (citada por Layrargues), utilizando apenas algumas preposies significativas:

    educao sobre o ambiente informativa, com enfoque na aquisio de conhecimentos, curricular, em que o meio ambiente

    se torna um objeto de aprendizado. Apesar de o conhecimento ser importante para uma leitura crtica da realidade e para se

    buscar formas concretas de se atuar sobre os problemas ambientais, ele isolado no basta;

    educao no meio ambiente vivencial e naturalizante, em que se propicia o contato com a natureza ou com passeios no

    entorno da escola como contextos para a aprendizagem ambiental. Com passeios, observao da natureza, esportes ao ar

    livre, ecoturismo, o meio ambiente oferece vivncias experimentais tornando-se um meio de aprendizado;

    educao para o ambiente construtivista, busca engajar ativamente por meio de projetos de interveno socioambiental

    que previnam problemas ambientais. Muitas vezes traz uma viso crtica dos processos histricos de construo da sociedade

    ocidental, e o meio ambiente se torna meta do aprendizado.

    O OG acrescenta uma quarta preposio: educao a partir do meio ambiente esta considera, alm das demais includas, os

    saberes dos povos tradicionais e originrios que sempre partem do meio ambiente, as interdependncias das sociedades humanas,

    da economia e do meio ambiente, a simultaneidade dos impactos nos mbitos local e global; uma reviso dos valores, tica, ati-

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 17

  • 18

    tudes e responsabilidades individuais e coletivas; a participao e a cooperao; reconhecimento das diferenas tnico-raciais

    e da diversidade dos seres vivos, respeito aos territrios com sua capacidade de suporte, a melhoria da qualidade de vida ambiental

    das presentes e futuras geraes; os princpios da incerteza e da precauo.

    A EDUCAO AMBIENTAL NAS ESCOLASNa educao escolar, em todos os nveis e modalidades de ensino, o rgo Gestor especificamente o MEC tem o dever de

    apoiar a comunidade escolar professores, estudantes, direo, funcionrios, pais e amigos a se tornarem educadores e educa-

    doras ambientais com uma leitura crtica da realidade, uma leitura da palavra-mundo conforme Paulo Freire.

    O rpido crescimento da educao ambiental, nas instituies de ensino aparece nos resultados do Censo Escolar3 publicado

    pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), quando, a partir de 2001, incluiu uma questo:

    a escola faz educao ambiental?. Os dados de 2004 indicaram a universalizao da educao ambiental no ensino fundamental,

    com um expressivo nmero de escolas 94,95% que declaram ter educao ambiental de alguma forma, por insero temtica

    no currculo, em projetos ou, at mesmo, uma minoria, em disciplina especfica. Em termos do atendimento, existiam em 2001

    cerca de 25,3 milhes de crianas com acesso educao ambiental, sendo que, em 2004, esse total subiu para 32,3 milhes.

    Com esses dados, aumenta a responsabilidade do OG de formar educadores e educadoras atuantes em processos de busca de

    conhecimentos, pesquisa e interveno educacional cidad. E para propiciar essa educao ambiental nas escolas, o MEC criou o

    programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas com uma viso sistmica de crescimento constante. O programa foi pensado

    como um crculo virtuoso contendo aes e prticas integradas, contnuas e transversais a todas as disciplinas. As aes se distri-

    buem em quatro modalidades: difusa, presencial, educao a distncia e aes estruturantes.

    A modalidade difusa atua por meio de campanhas pedaggicas com forte componente de comunicao de massas, sempre

    cuidando para difundir conceitos complexos sem cair na superficialidade. Campanhas permitem ampliar a participao e mobili-

    zao da sociedade, tendo a escola como espao privilegiado de educao permanente e para todos.

    3. Pesquisa elaborada pela Secad/Coordenao Geral de Educao Ambiental e Coordenao-Geral de Estudos e Avaliao; Inep Coordenao-Geral de Estatsticas Especiais; Anped GTde educao ambiental. Consultoria IETS Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

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  • 19

    Um exemplo de ao difusa a Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que envolve milhes de pessoas

    no debate de questes socioambientais. Alm de ser conceitualmente slida, a Conferncia propicia a adoo de uma atitude

    responsvel e comprometida da comunidade escolar com problemticas locais e globais. Nas escolas so assumidas propostas,

    responsabilidades e aes, na proporo de seu acesso s informaes e ao poder, a respeito de questes fundamentais para a

    convivncia planetria4.

    A riqueza desse processo se encontra no processo mesmo, na pesquisa e nos debates realizados em cada escola, cada sala de

    aula e em cada comunidade indgena, quilombola, de assentamentos rurais e de meninos e meninas em situao de rua.

    A modalidade presencial dedicada Formao de Professores, que deve acontecer tanto como formao inicial nas licenciaturas

    e no magistrio como tambm como formao continuada de professores em servio. A Lei n 9.795/99, que estabelece a PNEA,

    afirma, em seu artigo 2, que a educao ambiental um componente essencial e permanente na educao nacional, devendo

    estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal. O arti-

    go 3, inciso II, complementa a idia ao prescrever que cabe s instituies educativas promover a educao ambiental de maneira

    integrada aos programas educacionais que desenvolvem.

    Instncias dialgicas, onde circulam conhecimentos e experincias da prxis pedaggica, so fundamentais para a formao

    de professores, pois estes aprendem principalmente com a troca de vivncias. Em encontros e seminrios voltados para edu-

    cao ambiental, o trabalho formativo de professores inclui: o aprofundamento conceitual que permita a produo de conheci-

    mentos locais significativos; e tambm a experimentao de algumas prticas como, por exemplo, a metodologia de projetos de

    interveno e transformadores, por meio de instrumentos como a pesquisa-ao-participativa e o fomento relao escola-comunidade.

    Esses encontros instigam o professor a pensar na educao e no meio ambiente sob uma perspectiva provocadora, tendo como

    premissas o exerccio da cidadania quanto ao acesso aos bens ambientais, enfocando o carter coletivo de sua responsabilidade

    pela sustentabilidade local e planetria.

    A Formao Continuada de Professores, quando proposta regional e conjuntamente por grupos diversificados da sociedade, como ONGs,

    universidades e secretarias de educao, empodera os atores sociais, fortalecendo, assim, polticas locais de educao ambiental.

    4. Na Conferncia de 2006 os jovens entregaram ao presidente da Repblica e seus ministros a Carta das Responsabilidades Vamos Cuidar do Brasil, que redigiram coletiva-mente. Ela se encontra impressa na contracapa dos livros didticos do Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD) 2007.

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  • 20

    As tecnologias de informao e comunicao so parte da modalidade de educao a distncia. Para a educao ambiental,

    sua apropriao pelas escolas no deve se dar como imitao da sala de aula, mas na superao do j tradicional pensar global-

    mente e agir localmente para um pensamento integrador de pensar e agir local e globalmente. Nesse sentido, o trabalho com

    essas tecnologias nos aproxima do que o filsofo portugus Boaventura de Souza Santos chama de comunidades de destino, ao

    considerarmos a incluso e a cidadania digitais em suas mltiplas funcionalidades: pesquisa colaborativa, memria infinita,

    inteligncia coletiva, capacidade de simulaes e interatividade com jovens e professores de regies e pases distantes.

    COM-VIDAS e Coletivos Jovens so aes estruturantes que envolvem a interveno, juntamente com a Educao de Chico

    Mendes. Esta uma ao de fomento aos projetos das escolas, que homenageia o sindicalista e seringueiro Chico Mendes, um

    smbolo da luta ambientalista no Brasil. O objetivo fazer o educere, tornando aparente o pequeno Chico Mendes que temos den-

    tro de cada um e cada uma, em nossa capacidade de estabelecermos relaes entre escola, comunidade e seu territrio para a

    melhoria da qualidade de vida.

    SOMOS PARTE DO MUNDONo mbito internacional, entre os principais documentos firmados pelo Brasil, merece destaque o da Conferncia Intergover-

    namental de educao ambiental de Tbilisi, capital da Gergia (ex-Unio Sovitica), em outubro de 1977. Sua organizao ocorreu

    a partir de uma parceria entre a UNESCO e o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Desse encontro saram as

    definies, os objetivos, os princpios e as estratgias para a educao ambiental que at hoje so adotados em todo o mundo.

    Outros documentos internacionais orientam as aes da educao ambiental, como o Manifesto pela Vida e a Carta da Terra,

    que constituem a base de princpios para os processos da Agenda 21. Mas para o OG tem extrema relevncia o Tratado de Educao

    Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, elaborado pela sociedade civil planetria, em 1992, durante

    a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). O documento afirma o carter crtico, poltico e

    emancipatrio da educao ambiental. Ele marca a mudana de acento do iderio desenvolvimentista para a noo de "sociedades

    sustentveis", construdas a partir de princpios democrticos em modelos participativos de educao popular e gesto ambiental.

    Finalmente, as Naes Unidas e a UNESCO tiveram a iniciativa de implementar a Dcada da Educao para o Desenvolvimento

    Sustentvel (2005-2014), cuja instituio representa um marco para a educao ambiental, pois reconhece seu papel no enfrenta-

    mento da problemtica socioambiental medida que refora mundialmente a sustentabilidade a partir da Educao.

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  • 21

    Para finalizar, o rgo Gestor apia e reconhece que esta iniciativa das Naes Unidas potencializa as polticas, os programas

    e as aes educacionais existentes. No entanto, para marcar a coerncia com nossa histria e nossos ideais, voltando um pouco

    para o que falamos no incio deste texto, seria prefervel cham-la de Dcada da Educao Ambiental para a Construo de

    Sociedades Sustentveis.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBRASIL. Ministrio da Educao. Coordenao Geral de Educao Ambiental. Ministrio do Meio Ambiente. Diretoria de Educao

    Ambiental. Programa Nacional de Educao Ambiental ProNEA. 3.ed. Braslia: MEC/MMA, 2005.102 p.

    FREIRE, P. Educao: o sonho possvel. In: BRANDO, C. O Educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edies Graal, 1986. p. 100.

    _____. P. Pedagogia do oprimido. 20.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

    JONAS, H. O princpio da responsabilidade: ensaio de uma tica para a civilizao tecnolgica. Rio de Janeiro: Contraponto Editora,

    PUC, 2006.

    LAYRARGUES, P. Educao no processo da gesto ambiental: criando vontades polticas, promovendo a mudana. In: SIMPSIO

    SUL BRASILEIRO DE EDUCAO AMBIENTAL, Erechim, 2002. Anais ..., Erechim: EdiFAPES, 2002. pp. 127-144.

    PARA SABER MAISBRASIL. Ministrio da Educao. Coordenao Geral de Educao Ambiental. Disponvel em:

    . Relata os programas, projetos e aes desenvolvidos e disponi-

    biliza publicaes em formato eletrnico.

    _____. _____. Ministrio do Meio Ambiente. Catlogo de publicaes do rgo Gestor da Poltica

    Nacional de Educao Ambiental. Disponvel em: .

    _____. Ministrio do Meio Ambiente. Diretoria de Educao Ambiental. Disponvel em:

    . Relata os programas, projetos e aes desenvolvidos

    e disponibiliza publicaes em formato eletrnico.

    ARTIGOS RELACIONADOS:

    EDUCAO AMBIENTAL NA ESCOLA:

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    PENSANDO SOBRE A GERAO DO

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    JOVEM, COM-VIDAS E CONFERNCIA

    POLTICAS DE FORMAO CONTINUA-

    DA DE PROFESSORAS(ES) EM EDUCAO

    AMBIENTAL NO MINISTRIO DA

    EDUCAO

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  • miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 22

  • Educao ambientalna escola:t na lei

    Eneida Maekawa LipaiPhilippe Pomier LayrarguesViviane Vazzi Pedro

    ESTE TEXTO APRESENTA UMA REFLEXO SOBRE AS IMPLICAES DA INSERO DA

    EDUCAO AMBIENTAL NA LEGISLAO BRASILEIRA, CONSIDERANDO O ACESSO

    EDUCAO AMBIENTAL POR TODO CIDADO SERUM DIREITO ASSEGURADO POR

    LEI. DISCUTE CARACTERSTICAS DA POLTICA NACIONALDE EDUCAO

    AMBIENTAL, ESPECIALMENTE AQUELAS RELACIONADAS EDUCAO FORMAL.

    PALAVRAS-CHAVE:

    EDUCAO AMBIENTAL, ESCOLA, DIREITO, LEGISLAO, CIDADANIA.

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 23

  • 24

    VERDADE SEJA DITA: A LEGISLAO TEM SIDO UMA ALQUIMIA DESCONHECIDA PARA O POVO. ASSUNTO PARA ESPECIALISTASQUE MANIPULAM E DESVENDAM OS CAMINHOS NO LABIRINTO COMPLEXO DAS NORMAS JURDICAS. ASSIM, A LEI QUE DEVERIA

    SAIR DO POVO, PASSA A SER ATRIBUTO DO ESTADO, QUE DEVERIA REALIZAR ALGUMA CONCEPO DE JUSTIA, TORNA-SEPOSSVEL INSTRUMENTO DE DOMINAO, QUE DEVERIA REGULAR A SOCIEDADE, PASSA A JUSTIFICAR AS DESIGUALDADES.

    (AGUIAR, 1994)

    INTRODUOA aprovao da Lei n 9.795, de 27.4.1999 e do seu regulamento, o Decreto n 4.281, de 25.6.20025, estabelecendo a Poltica

    Nacional de Educao Ambiental (PNEA), trouxe grande esperana, especialmente para os educadores, ambientalistas e profes-

    sores, pois h muito j se fazia educao ambiental, independente de haver ou no um marco legal. Porm, juntamente com o

    entusiasmo decorrente da aprovao dessas legislaes, vieram inevitveis indagaes: Como elas interferem nas polticas pbli-

    cas educacionais e ambientais? O direito de todo cidado brasileiro educao ambiental poder ser exigido do poder pblico e

    dos estabelecimentos de ensino? Quem fiscaliza e orienta o seu cumprimento? Existe ou deveria existir alguma penalidade para as

    escolas que no observarem essas legislaes?

    A NECESSIDADE DE UNIVERSALIZAO DA EDUCAO AMBIENTALA trajetria da presena da educao ambiental na legislao brasileira apresenta uma tendncia em comum, que a necessi-

    dade de universalizao dessa prtica educativa por toda a sociedade. J aparecia em 1973, com o Decreto n 73.030, que criou a

    Secretaria Especial do Meio Ambiente explicitando, entre suas atribuies, a promoo do esclarecimento e educao do povo

    brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservao do meio ambiente.

    A Lei n 6.938, de 31.8.1981, que institui a Poltica Nacional de Meio Ambiente, tambm evidenciou a capilaridade que se

    desejava imprimir a essa dimenso pedaggica no Brasil, exprimindo, em seu artigo 2, inciso X, a necessidade de promover a

    5. As leis s passam a ser obrigatrias e exigveis, aps a regulamentao pelo Poder Executivo, o que ocorre por meio dos decretos. Os decretos tm funo de explicar os conceitos,competncias, atribuies e mecanismos definidos previamente pelas leis, tornando-as executveis.

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 24

  • 25

    "educao ambiental a todos os nveis de ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para participao

    ativa na defesa do meio ambiente.

    Mas a Constituio Federal de 1988 elevou ainda mais o status do direito educao ambiental, ao mencion-la como um

    componente essencial para a qualidade de vida ambiental 6. Atribui-se ao Estado o dever de promover a educao ambiental em

    todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente (art. 225, 1, inciso VI), surgindo,

    assim, o direito constitucional de todos os cidados brasileiros terem acesso educao ambiental.

    Na legislao educacional, ainda superficial a meno que se faz educao ambiental. Na Lei de Diretrizes e Bases,

    n 9.394/96, que organiza a estruturao dos servios educacionais e estabelece competncias, existem poucas menes questo

    ambiental; a referncia feita no artigo 32, inciso II, segundo o qual se exige, para o ensino fundamental, a compreenso ambi-

    ental natural e social do sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; e no artigo

    36, 1, segundo o qual os currculos do ensino fundamental e mdio devem abranger, obrigatoriamente, (...) o conhecimento

    do mundo fsico e natural e da realidade social e poltica, especialmente do Brasil. No atual Plano Nacional de Educao (PNE) 7,

    consta que ela deve ser implementada no ensino fundamental e mdio com a observncia dos preceitos da Lei n 9.795/99. Sobre a

    operacionalizao da educao ambiental em sala de aula, existem os Parmetros Curriculares Nacionais, que se constituem como

    referencial orientador para o programa pedaggico das escolas, embora at o momento no tenham sido aprovadas as Diretrizes

    Curriculares Nacionais do CNE para a Educao Ambiental.

    PRINCIPAIS ASPECTOS DA PNEAA PNEA veio reforar e qualificar o direito de todos educao ambiental, como um componente essencial e permanente da

    educao nacional (artigos 2 e 3 da Lei n 9.795/99). Com isso, a Lei n 9.795/99 vem qualificar a educao ambiental indicando

    seus princpios e objetivos, os atores responsveis por sua implementao, seus mbitos de atuao e suas principais linhas

    de ao.

    6. Vale notar que a Constituio no reconhece a vida como um bem supremo, mas sim a qualidade de vida ambiental, crucial para a garantia da maior parte dos direitos individu-ais, sociais e difusos por estar relacionada dignidade humana, sustentabilidade da vida e ao desenvolvimento sadio da personalidade.

    7. O PNE aprovado pela Lei n 10.172, de 09.1.2001 e dispe sobre os contedos pedaggicos obrigatrios para os currculos do sistema educacional brasileiro.

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  • 26

    ASPECTOS CONCEITUAIS, PRINCPIOS E OBJETIVOS

    A definio da educao ambiental dada no artigo 1 da Lei n 9.795/99 como os processos por meio dos quais o indivduo

    e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do

    meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Mesmo apresentando

    um enfoque conservacionista, essa definio coloca o ser humano como responsvel individual e coletivamente pela sustentabili-

    dade, ou seja, se fala da ao individual na esfera privada e de ao coletiva na esfera pblica.

    Os princpios contidos no artigo 4 da lei buscam reforar a contextualizao da temtica ambiental nas prticas sociais quando

    expressam que ela deve ter uma abordagem integrada, processual e sistmica do meio ambiente em suas mltiplas e complexas

    relaes, com enfoques humanista, histrico, crtico, poltico, democrtico, participativo, dialgico e cooperativo, respeitando o

    pluralismo de idias e concepes pedaggicas. E em consonncia com os princpios, o artigo 5 da lei estabelece os objetivos

    da PNEA, entre os quais destacamos a compreenso integrada do meio ambiente em suas mltiplas e complexas relaes,

    a garantia de democratizao das informaes ambientais e o incentivo ao exerccio da cidadania, por meio da participao

    individual e coletiva, permanente e responsvel.

    ESFERA E MBITOS DE AO

    O artigo 7 da lei diz que os rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, as instituies educacionais

    pblicas e privadas dos sistemas de ensino, os rgos pblicos da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios e as

    organizaes no-governamentais com atuao em educao ambiental compem a esfera de ao da PNEA, com responsa-

    bilidades por sua implementao.

    Os mbitos de ao educao formal e no-formal so tratados no segundo captulo da PNEA.

    a) Educao ambiental formal

    O artigo 9 da lei refora os nveis e modalidades da educao formal em que a educao ambiental deve estar presente,

    apesar de a Lei ser clara quanto sua obrigatoriedade em todos os nveis (ou seja, da educao bsica educao superior) e

    modalidades (vide art. 2). Assim, deve ser aplicada tanto s modalidades existentes (como educao de jovens e adultos,

    educao a distncia e tecnologias educacionais, educao especial, educao escolar indgena) quanto quelas que vierem a ser

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  • 27

    criadas ou reconhecidas pelas leis educacionais (como a educao escolar quilombola), englobando tambm a educao no campo

    e outras, para garantir a diferentes grupos e faixas etrias o desenvolvimento da cultura e cidadania ambiental.

    As linhas de atuao da PNEA para a educao formal esto contidas no artigo 8 da lei, e voltar-se-o para a capacitao de

    recursos humanos, com a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao dos educadores de

    todos os nveis e modalidades de ensino (2, inciso I); o desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentaes com o

    desenvolvimento de instrumentos e metodologias visando incorporao da dimenso ambiental, de forma interdisciplinar, nos

    diferentes nveis e modalidades de ensino (3, inciso I); a produo e divulgao de material educativo, com apoio a iniciativas

    e experincias locais e regionais incluindo a produo de material educativo (3, inciso V); e o acompanhamento e avaliao.

    O artigo 10 da lei, alm de ressaltar o carter processual e a prtica integrada da educao ambiental, enfatiza sua natureza

    interdisciplinar, ao afirmar que a educao ambiental no deve ser implantada como disciplina especfica no currculo de

    ensino. Mas o 2 do art. 10 da lei abre exceo recomendao de interdisciplinaridade facultando a criao de disciplina

    especfica para os cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto metodolgico da educao ambiental,

    quando se fizer necessrio (...). Dessa forma, a lei possibilita a criao de disciplina na educao superior e em situaes como

    a de formao de professores salientando, no artigo 11, que a dimenso ambiental deve constar dos currculos de formao

    de professores, em todos os nveis e em todas as disciplinas.

    b) Educao ambiental no-formal

    O artigo 13 da lei trata do mbito no-formal definindo-o como as aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da

    coletividade sobre as questes ambientais e sua organizao e participao na defesa da qualidade do meio ambiente.

    O pargrafo nico desse artigo afirma que o poder pblico incentivar, entre outros, a ampla participao da escola, da uni-

    versidade e de organizaes no-governamentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas educao

    ambiental no-formal; e a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de programas de educao ambiental

    em parceria com a escola, a universidade e as organizaes no-governamentais.

    Com esse dispositivo, a PNEA incentiva a participao das escolas e universidades em atividades da educao ambiental no-

    formal, inclusive aquelas executadas por empresas. O desafio a ser assumido pela comunidade escolar e acadmica, pelos

    conselhos de educao, pelo Poder Legislativo e pelas secretarias de educao, o de resguardar a funo social e a autonomia

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 27

  • 28

    dos estabelecimentos de ensino bem como a vocao destes como espaos estruturantes da educao ambiental resguardando-se

    das aes ambientais realizadas por organizaes no-governamentais e empresas que possam ser utilitaristas, economicistas

    ou at de m qualidade.

    GESTO DA PNEA

    O rgo central de gesto da PNEA, em mbito nacional, denominado pela Lei como rgo Gestor da Poltica Nacional de

    Educao Ambiental 8. Este rgo Gestor integrado pelo Ministrio do Meio Ambiente e pelo Ministrio da Educao, respon-

    sveis respectivamente pelo mbito no-formal e formal. Na educao formal, o rgo Gestor tem o desafio de apoiar professores

    no incentivo da leitura crtica da realidade, sendo educadores ambientais atuantes nos processos de construo de conhecimentos,

    pesquisas e atuao cidad nas comunidades escolares, com base em valores voltados sustentabilidade em suas mltiplas dimen-

    ses. No mbito dos estados, Distrito Federal e municpios cabe aos dirigentes definir diretrizes, normas e critrios para a educao

    ambiental, respeitando os princpios e objetivos da PNEA (art. 16).

    Segundo a legislao que estabelece a PNEA, a definio de diretrizes que orientem para implementao dessa poltica

    em mbito nacional atribuio do rgo Gestor, ouvidos o Conselho Nacional de Educao e o Conselho Nacional de Meio

    Ambiente. Contudo a legislao que estabelece a PNEA omissa quanto competncia normativa e deliberativa do rgo Gestor,

    razo pela qual tem se entendido que a normatizao regulamentar para a educao ambiental no mbito formal9 seria competncia

    do CNE, o que estaria em consonncia com a lei que cria esse Conselho e com seu Regimento Interno. Mas questo dbia a ser

    discutida por docentes, educadores e gestores, devendo ser melhor esclarecida pelo legislativo.

    FINANCIAMENTO E GARANTIA DO DIREITO

    O artigo 19 da lei estabelece que os programas de meio ambiente e educao, em nvel federal, estadual e municipal, devem

    alocar recursos para a educao ambiental. No entanto o nico dispositivo da lei que previa fonte de financiamento para a PNEA

    foi vetado pelo ento presidente da Repblica. Com isso ficou dificultada a implementao da PNEA e o seu cumprimento inte-

    gral por parte do poder pblico, no havendo segurana jurdica ou comprometimento governamental em relao ao repasse de

    8. Criado pelo artigo 14 da Lei n 9.795/99 e regulamentado pelos artigos 2 e 3 do Decreto n 4.281/02.

    9. Como, por exemplo, a elaborao de diretrizes curriculares nacionais.

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  • 29

    verbas e seu fomento. Da mesma forma, no consta na lei qualquer dispositivo que comprometa os governos com as condies

    financeiras, institucionais, organizacionais e participativas para a implementao da PNEA. Apesar disso, as pessoas podem e devem

    exigir o seu direito educao ambiental, cobrando mecanismos e meios para concretiz-lo.

    A Lei n 9.795/99 no prev penalidades ao poder pblico ou outros mecanismos que garantam seu cumprimento, mas,

    mesmo assim, existem outros instrumentos jurdicos que podem garantir o direito educao ambiental. Como vimos, sua insero

    jurdica na Constituio Federal se d tanto na poltica educacional como na poltica ambiental. Significa dizer que a lei que esta-

    belece a PNEA deve ser analisada numa conjuntura maior que abrange o dever do poder pblico de promover a educao e o

    dever de proteger o meio ambiente. Desta forma, caso seja omisso em promover a educao ambiental, o poder pblico pode estar

    violando tanto o direito educao como o direito ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado, podendo ser punido com

    base nos seguintes dispositivos: 2, do artigo 208 da Constituio Federal10; artigo 68 da Lei n 9.605, de 13.2.1998, conhecida

    como Lei de Crimes Ambientais11; e artigo 25 da Lei n 8.429, de 2.6.1992, que trata dos atos de improbidade administrativa12.

    Por sua vez, a prestao da educao sem a dimenso ambiental seria uma irregularidade no servio prestado populao. Por isso

    o Cdigo do Consumidor, Lei n 8.078, de 11.9.1990, tambm pode ser invocado para garantir a educao ambiental no ensino

    formal, por meio de aes judiciais como a Ao Civil Pblica, garantindo a correo de irregularidades dos servios prestados13.

    Vale mencionar que o artigo 12 da Lei n 9.795/99 o nico que prev penalidade, mas apenas para os estabelecimentos de ensi-

    no. Nesse artigo a lei dispe que A autorizao e superviso do funcionamento de instituies de ensino e de seus cursos, nas

    redes pblica e privada, observaro o cumprimento do disposto nos artigos 10 e 11 desta lei. Significa que os estabelecimentos de

    ensino devem adequar seus currculos escolares e complementar a formao dos seus professores com a dimenso ambiental, sob

    pena de no serem autorizados a funcionar.

    10. Este dispositivo diz que: O no oferecimento do ensino obrigatrio pelo poder pblico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente

    11. O artigo 68 da Lei de Crimes Ambientais, Lei n 9.605, de 13.2.98, considera ilcita a omisso consistente em Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de faz-lo, de cumprirobrigao de relevante interesse ambiental, sujeitando pessoas fsicas e jurdicas pena de deteno de um a trs anos.

    12. Na esfera civil, os agentes pblicos que vierem a ferir os princpios da administrao pblica podem ser, em tese, condenados por improbidade administrativa, sujeitando-se s sanespertinentes.

    13. O jurista Paulo Afonso Leme Machado j se manifestou sobre a possibilidade de a ao civil pblica ser invocada para o cumprimento da obrigao de prestar educao ambiental: Assim,a no incluso da educao ambiental no chamado ensino fundamental uma irregularidade e nesse caso a autoridade ser responsabilizada. A ao civil pblica ser meio adequa-do atravs de todos os autores legitimados notadamente do Ministrio Pblico e das associaes para promover a obrigao de se ministrar a educao ambiental. Destarte, qual-quer cidado poder propor ao popular para corrigir a ilegalidade, cumprindo salientar que o acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo.

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  • 30

    A PNEA quase no prev penalidade em caso de omisso ou descumprimento aos seus preceitos. E talvez nem seria coerente

    se essa legislao que promove valores como responsabilidade, cidadania, participao e cooperao se utilizasse de punies

    para garantir seu cumprimento. Assim, a atribuio do professor em assumir a educao ambiental na escola o mais puro exer-

    ccio de cidadania: um ato de responsabilidade e compromisso com a construo de uma nova cultura, que tenha por base a sus-

    tentabilidade ambiental.

    A EDUCAO AMBIENTAL NOS NVEIS E MODALIDADES DA EDUCAO FORMALMas como operacionalizar a educao ambiental incorporando-a ao projeto poltico-pedaggico e adequando-a realidade

    local da comunidade escolar? um dilema que infelizmente a PNEA no resolve, mas a partir de seus princpios e objetivos

    possvel extrair algumas diretrizes comuns, como a viso da complexidade da questo ambiental, as interaes entre ambiente,

    cultura e sociedade, o carter crtico, poltico, interdisciplinar, contnuo e permanente. E alm dessas diretrizes comuns, existem

    aspectos da educao e da dimenso ambientais que podem ser desenvolvidos em cada nvel e modalidade da educao formal.

    Na educao infantil e no incio do ensino fundamental importante enfatizar a sensibilizao com a percepo, interao,

    cuidado e respeito das crianas para com a natureza e cultura destacando a diversidade dessa relao. Nos anos finais do ensino

    fundamental convm desenvolver o raciocnio crtico, prospectivo e interpretativo das questes socioambientais bem como a

    cidadania ambiental. No ensino mdio e na educao de jovens e adultos, o pensamento crtico, contextualizado e poltico, e a

    cidadania ambiental devem ser ainda mais aprofundados, podendo ser incentivada a atuao de grupos no apenas para a

    melhoria da qualidade de vida, mas especialmente para a busca de justia socioambiental, frente s desigualdades sociais que

    expem grupos sociais economicamente vulnerveis em condies de risco ambiental.

    Quanto ao ensino tcnico, no mbito do ensino mdio e educao superior, fundamental o conhecimento de legislao e

    gesto ambiental aplicveis s atividades profissionais enfatizando a responsabilidade social e ambiental dos profissionais14.

    Na educao superior, seria vantajosa a criao de disciplina ou atividade que trate da educao ambiental, de legislao e

    gesto ambiental, incluindo o enfoque da sustentabilidade na formao dos profissionais que atuam nas diferentes reas.

    14. Aqui tambm julgamos interessante a existncia de uma disciplina obrigatria que contemple essas dimenses, extrapolando a atual abordagem interdisciplinar do meio ambiente.

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  • 31

    Alm disso, no ensino mdio, no ensino tcnico e na educao superior, preciso incentivar projetos de pesquisa voltados

    construo de metodologias para a abordagem da temtica socioambiental; e melhoria do nvel tcnico das prticas de pro-

    duo, uso e ocupao, recuperao e conservao ambientais.

    Na formao de professores preciso reforar o contedo pedaggico e principalmente poltico da educao ambiental incluindo

    conhecimentos especficos sobre a prxis pedaggica, noes sobre a legislao e gesto ambiental. Para tanto, se mostra

    interessante a incluso de disciplina curricular obrigatria com os referidos contedos na formao inicial de professores

    (magistrio, pedagogia e todas as licenciaturas).

    Para a educao indgena e quilombola, importante a revitalizao da histria e cultura de cada comunidade comparando-as

    com a cultura contempornea e seus atuais impactos socioambientais, especialmente aqueles causados por modelos produtivos.

    Em ambas as modalidades, bem como na educao no campo, oportuna a reflexo sobre processos de proteo ambiental, prticas

    produtivas e manejo sustentvel.

    CONCLUSOA lei reafirma o direito educao ambiental a todo cidado brasileiro comprometendo os sistemas de ensino a prov-lo no

    mbito do ensino formal. Em outras palavras, poderamos dizer que toda(o) aluna(o) na escola brasileira tem garantido esse direito,

    durante todo o seu perodo de escolaridade. Segundo o Censo Escolar do INEP, 94% das escolas do ensino fundamental, em 2004,

    diziam pratic-la, seja por meio da insero temtica no currculo em projetos ou at mesmo em disciplina especfica. Essa

    universalizao motivo para comemorao porque, em tese, esse direito estaria assegurado. Entretanto isso no significa que

    ela est em sintonia com os objetivos e princpios da PNEA, ainda necessrio qualific-la ampliando as pesquisas, os programas

    de formao de docentes e desenvolvendo indicadores para avaliao.

    A PNEA traa orientaes polticas e pedaggicas para a educao ambiental e traz conceitos, princpios e objetivos que podem

    ser ferramentas educadoras para a comunidade escolar. Mas a lei, por si mesma, no produz adeso e eficcia. Somente quando

    se compreende a importncia do que ela tutela ou disciplina, captando seu sentido educativo, que ela pode ser transformado-

    ra de valores, atitudes e das relaes sociais. Quando isso no ocorre se diz que a lei no tem eficcia, ou seja, no pegou.

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  • 32

    O filsofo do Direito Rudolf von Ihering diz que o fim do Direito a paz, o meio que se serve para consegui-lo a luta. (...)

    O Direito no uma simples idia, uma fora viva. Quer dizer que o mecanismo externo da lei no suficiente; ela deve se

    transformar em energia viva sendo invocada, debatida e complementada no apenas para o aperfeioamento da sua letra, mas

    para a reafirmao e propagao de seus valores e a concretizao de sua misso. Portanto, no basta haver consenso sobre a

    importncia da PNEA. Mais que um instrumento voltado construo de sociedades sustentveis, sua apropriao crtica uma

    forma de educao poltica e do exerccio da cidadania. Seu conhecimento possibilita o dilogo entre os atores e instituies

    envolvidos com sua implementao e a mobilizao pela ampliao de recursos, fortalecimento dos programas e, conseqente-

    mente, ampliao de sua efetividade.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AGUIAR, R. A. R. de. Direito do meio ambiente e participao popular. Braslia: Ibama, 1994.

    IHERING, R. von. A Luta pelo direito. So Paulo: Martin Claret, 2002. (Coleo a obra-prima de cada autor).

    MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. 9.ed. So Paulo: Malheiros Editores, 2004.

    PARA SABER MAIS

    BRASIL. Ministrio da Educao. Coordenao Geral de Educao Ambiental. Ministrio do Meio

    Ambiente. Diretoria de Educao Ambiental. Programa Nacional de Educao Ambiental ProNEA.

    3.ed. Braslia: MEC, MMA, 2005. 102p. Disponvel em: .

    _____. _____. Parmetros Curriculares Nacionais, Ensino Fundamental. Disponvel em:

    .

    LAYRARGUES, P. P. A natureza da ideologia e a ideologia da natureza: elementos para uma socio-

    logia da educao ambiental. 2003. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas.

    ARTIGOS RELACIONADOS:

    POLTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL

    DO RGO GESTOR

    UM OLHAR SOBRE A EDUCAO

    AMBIENTAL NAS ESCOLAS: CONSIDE-

    RAES INICIAIS SOBRE OS RESULTADOS

    DO PROJETO O QUE FAZEM AS ESCOLAS

    QUE DIZEM QUE FAZEM EDUCAO

    AMBIENTAL

    EDUCAO AMBIENTAL SER OU NO

    SER UMA DISCIPLINA: ESSA A PRINCIPAL

    QUESTO?!

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 32

  • 33

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  • Pensando sobre a gerao do futurono presente: jovem educa jovem,COM-VIDAS e Conferncia

    Fbio DeboniSoraia Silva de Mello

    O TEXTO RELATA O ENVOLVIMENTO DOS ESTUDANTES E JOVENS COM A QUESTO

    AMBIENTAL A PARTIR DA EXPERINCIA DA II CONFERNCIA NACIONAL INFANTO-

    JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE E DAS COM-VIDAS. ABORDA TAMBM O PAPEL

    DOS MOVIMENTOS DE JUVENTUDE NA RELAO ESCOLA E COMUNIDADE A

    PARTIR DO PRINCPIO JOVEM EDUCA JOVEM.

    PALAVRAS-CHAVE:

    JUVENTUDE, CONFERNCIA NACIONAL INFANTO-JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE,

    COLETIVOS JOVENS, COM-VIDAS, PARTICIPAO.

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  • 36

    UM COMEOSe voc est lendo este artigo porque se interessa por jovens e meio ambiente; afinal, deve ser uma educadora ou educador.

    Muito provavelmente seu interesse por meio ambiente comeou na adolescncia, no mesmo?! Pelo menos conosco foi assim.

    Olhe sua volta. Perceba que os jovens esto muito mais presentes e atuantes na sociedade do que a gente imagina. Muitasvezes vinculamos juventude violncia e s atividades ilcitas; porm vemos tambm jovens cada vez mais ocupando espaos dedeciso poltica (vereadores, deputados), no mundo do trabalho, e principalmente na mdia, no meio artstico e cultural, ditandoou seguindo regras, comportamentos, atitudes e trazendo inovaes, na medida do possvel.

    H muitos jovens desarticulados politicamente, mas tambm muitos jovens articulados em movimentos. bem possvel que

    o primeiro movimento juvenil que venha sua cabea seja o estudantil. Esse voc deve conhecer e ter um pouco mais de conta-

    to, seja por meio dos grmios estudantis, diretrios de estudantes e organizaes como a Unio Nacional dos Estudantes (UNE)

    ou Unio Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). No entanto, alm do movimento estudantil, os jovens tm se organiza-

    do em diversos outros movimentos. S para termos uma idia, h movimentos de luta pelos direitos humanos, pela liberdade de

    opo sexual, pelo trabalho, educao e sade. H vrias tribos de skatistas, surfistas, punks, torcidas de futebol, igrejas e muitas

    outras. H movimentos de juventude pelo meio ambiente.

    Uma das principais bandeiras dessas diferentes juventudes a luta pelo seu direito de participar com voz ativa nos processos,projetos e aes que as envolvem diretamente. No querem apenas ser receptores o famoso pblico-alvo, clientela e, sim, estar frente com outras geraes na conduo de tudo que influencia sua vida. Os jovens tm suas prprias idias, alis, como tmidias! Os adultos, com sua experincia, podem ajudar a lapid-las e torn-las mais concretas desencadeando aes e projetos.

    A ESCOLA O MEIOVamos exercitar nossa memria. Vamos voltar nossa adolescncia. Foi nessa fase da vida que ns dois aqui comeamos a nos

    interessar por meio ambiente. A escola teve um papel decisivo nisso, por conta das aulas sobre o tema e, especialmente, pela

    influncia de alguns professores mais engajados. Mas isso no era suficiente. Queramos fazer algo e no apenas pensar sobre o

    meio ambiente, mas era difcil encontrar apoio, orientao e confiana. Foi um pouco frustrante, mas no nos fez desistir, tanto

    que nossa vida profissional e pessoal foi pautada por essa vocao. E como todo adolescente, tnhamos idias interessantes.

    Com elas poderamos mudar o mundo, transformar realidades! claro, que h idias e idias. Umas mais ousadas, outras mais

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    abstratas, mas todas, com devida orientao, poderiam se tornar realidade. Talvez no conseguissem transformar o mundo todo,

    mas certamente algum impacto trariam na nossa escola, comunidade, bairro. Imagine agora quantos jovens tm, todos os dias,

    milhares de idias que sequer so compartilhadas? Quantas idias so podadas antes mesmo de serem avaliadas?

    Surgiu ento uma ao certa, no lugar certo, que deu vazo aos anseios de milhares de jovens. Em 2003, no governo federal,

    comea a se discutir um grande projeto que envolveria todo o pas em debates e decises sobre meio ambiente, pensando na sua

    situao atual e em propostas para melhor-la e solucionar problemas a Conferncia Nacional do Meio Ambiente. Mas quem

    iria, afinal, participar de um projeto to importante como esse? Os adultos, claro. Foi quando uma adolescente, que estava no

    lugar certo e na hora certa, questionou: Por que os jovens tambm no poderiam participar? Foi uma pergunta simples, mas

    profunda, que dizia oi, estamos aqui, queremos e temos condies de participar tambm para a pessoa certa: a Ministra do

    Meio Ambiente Marina Silva. A adolescente a sua filha.

    A partir dessa pergunta, adultos e jovens se reuniram para pensar em como viabilizar essa idia, que, sem dvida, era muito

    interessante e intrigante. E, muitos neurnios, discusses e xcaras de cafs depois, surgiu a proposta da Conferncia Nacional

    Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA).

    A CONFERNCIA DE MEIO AMBIENTE NA ESCOLAA proposta da Conferncia bem simples, mas ousada: incentivar que todas as escolas realizem conferncias de meio ambiente

    envolvendo tambm a comunidade para discutir, levantando problemas locais e propondo aes para enfrent-los. Uma idia

    simples, que trouxe algumas inovaes interessantes. Uma delas a prpria idia de realizar uma conferncia, que difere de um

    evento, seminrio, frum, congresso, pois inclui momentos de debate, troca de idias e reflexes, tambm momentos de prio-

    rizao e tomada de decises. Isso exige que todos passem a olhar para os problemas socioambientais mais urgentes e definam

    o que possvel fazer em cada escola e comunidade. Um outro tipo de deciso numa Conferncia a escolha de representantes

    delegadas e delegados com a responsabilidade de levar adiante as propostas discutidas e definidas como importantes. Tarefa

    nada fcil a de um(uma) delegado(a), ainda mais considerando que se trata de um jovem, estudante dos anos finais do ensino

    fundamental, com idade entre 11 e 14 anos.

    Veja agora milhares de escolas realizando Conferncias de Meio Ambiente. Essas por sua vez com a participao de milhes

    de pessoas (entre jovens, estudantes, professores, funcionrios, comunidade) debatendo temas, levantando propostas e aes.

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    DE JOVEM PARA JOVEMQuando a proposta da primeira edio da Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, em 2003, foi elaborada,

    houve uma grande preocupao com sua coerncia conceitual e implementao. Afinal, a idia era que um projeto que se

    propunha infanto-juvenil deveria ter a participao efetiva dos jovens em todas as suas etapas (planejamento, execuo, avaliao).

    Mas como assegurar isso? A alternativa encontrada gerou os Conselhos Jovens, os CJs, que articulavam diversos movimentos de

    juventude nos estados. Como em 2003 a presena de movimentos de juventude na rea ambiental era pequena, foram mobilizados

    jovens articulados em movimentos com outras bandeiras estudantil, social, tnica, cultural, poltica etc. para, desta forma,

    convid-los para uma pauta nova: a do meio ambiente.

    Os CJs tinham a proposta de serem grupos informais de jovens para atuarem como parceiros da organizao e mobilizao das

    escolas para a Conferncia Infanto-Juvenil. Foram criados 27 CJs, um em cada unidade federativa, com participantes entre 15 e

    29 anos, orientados por trs princpios:

    Jovem educa jovem: assume que entre jovens a comunicao flui com mais facilidade, e que eles prprios ensinam e aprendem

    entre si. Trocam informaes e experincias, negociam situaes, pensam e conversam sobre o mundo e agem sobre sua prpria

    realidade. Trata-se, portanto, de um princpio prtico que envolve o intercmbio entre os jovens dos CJs e os estudantes das

    escolas bem como entre os membros dos CJs e entre outros estudantes.

    Jovem escolhe jovem: cabe aos jovens dos CJs o processo de seleo dos delegados eleitos nas escolas para participarem da

    Conferncia Nacional, em Braslia. Como no seria possvel que todos os delegados eleitos nas escolas fossem automaticamente

    participar do evento final, o CJ cumpria a um papel importante de escolha de delegados, a partir de critrios e de um regulamento.

    Esse processo foi levado to a srio que possibilitou delegaes (na primeira e na segunda edio da Conferncia) bastante diver-

    sificadas, com representantes de diferentes etnias, populaes tradicionais, biomas e regies (indgenas, ribeirinhos, quilombolas,

    meninos e meninas de rua, estudantes portadores de necessidades educacionais especiais, jovens do campo, de municpios

    do interior, meninos e meninas).

    Uma gerao aprende com a outra: a idia no a de isolar os jovens no seu prprio mundo deixando-os por fora da realidade

    tal qual ela se apresenta hoje. Da decorre esse princpio que aponta para a importncia do dilogo entre as diferentes geraes

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    (crianas, jovens, adultos, idosos) e em cada uma delas. Sabemos o quanto as pessoas mais experientes e vividas podem ajudar os

    jovens com orientaes, conselhos, indicando caminhos e alternativas e ajudando-os a colocar os ps no cho. Trata-se, portanto,

    de um papel de educador, que reconhece no jovem uma pessoa com anseios, idias, limitaes, sonhos.

    Com o trmino da Conferncia, os Conselhos continuaram atuantes dedicando-se a projetos para alm da prpria Conferncia,

    passando a ter vida prpria. Seu carter de conselho perde sentido. Seu novo formato passa a ser mais aberto, dinmico, flexvel

    e menos dependente do andamento das aes da Conferncia Infanto-Juvenil, e sua prtica de organizao e comunicao se

    aproxima muito da idia de rede. Dessa forma, os Conselhos Jovens passam a se assumir e reconhecer-se como Coletivos. Sem

    dvida a Conferncia Infanto-Juvenil deu um grande pontap nessa histria, despertando o interesse de muitos jovens sobre a

    rea ambiental, promovendo encontros entre jovens, fazendo-os conhecerem-se mutuamente e conhecerem diversas pessoas e

    organizaes que j atuavam com a questo socioambiental. Atualmente os Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) esto bem

    articulados na Rede da Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA) e avanam cada vez mais para os municpios brasileiros. Esse

    segmento social brasileiro tem contribudo na prtica para o enraizamento da educao ambiental no pas.

    DO JOVEM PARA A COMUNIDADE COM-VIDA COMISSO DE MEIOAMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA NA ESCOLAA primeira Conferncia Infanto-Juvenil, em 2003, trouxe surpresas para os organizadores, como a postura de responsabilidade,

    preparao e maturidade das delegaes que vieram a Braslia. Os estudantes (de 11 a 14 anos) tinham clareza do que queriam:

    debater propostas e apontar caminhos. Um desses caminhos indicava o quanto os CJs eram decisivos propondo que a idia

    deveria ser ampliada e levada a todas as escolas. E foi ento que surgiu a deliberao de criar conselhos jovens em todas as esco-

    las para dar vazo s idias e vontade dos jovens de pr a mo na massa e fazer algo pelo meio ambiente.

    A partir dessa deliberao das delegadas e dos delegados, foi trabalhada a proposta da Comisso de Meio Ambiente e

    Qualidade de Vida na Escola, a COM-VIDA. Ela surge para promover maior integrao entre estudantes, professores, funcionrios

    e comunidade, na escola, criando um espao permanente para pensar e agir pelo meio ambiente. Os (as) delegados(as) da con-

    ferncia sabiam que no adiantava falar sobre o assunto apenas na Semana do Meio Ambiente, j que se trata de algo to srio

    e vital. preciso um espao permanente dentro da escola, que no seja fechado nele mesmo, mas que provoque a comunidade

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    escolar a participar e debater o tema. Desde ento as COM-VIDAS tm crescido e se espalhado por milhares de escolas de todo o

    pas propondo aes, pensando e discutindo o tema, buscando solues prticas para enfrentar problemas ambientais locais.

    Sem dvida, os prprios estudantes devem ser os principais estimuladores das COM-VIDAS, sempre apoiados por professores, fun-

    cionrios e pessoas da comunidade mostrando que possvel ter os jovens frente de suas questes.

    Para a criao das COM-VIDAS adotou-se uma metodologia de pesquisa-ao-participativa, chamada Oficina de Futuro, e que

    tem a cara do jovem. Ela permite a participao coletiva de forma dinmica, ajudando tambm na construo de um plano de

    trabalho para tirar a idia da COM-VIDA do papel.

    A Oficina de Futuro tem basicamente os seguintes passos:

    rvore dos Sonhos quando se identifica como so a escola e a comunidade dos nossos sonhos, fazendo brotar idias de um

    cenrio que se pretende alcanar.

    As Pedras no Caminho quando se levantam quais so os problemas que dificultam chegarmos aos nossos sonhos, como se

    fossem empecilhos a serem superados.

    Jornal Mural procura identificar como os problemas (as pedras) surgiram, como era a escola e a comunidade antes deles, e

    que experincias interessantes j aconteceram ali. A idia colocar tudo isso num Jornal Mural na escola para que todos vejam

    e participem.

    COM-VIDA para a Ao parte para pr a mo na massa levantando aes que devem ser realizadas, necessidades para fazer

    cada ao, e se responsabilizar por elas, prazos e formas de avaliar tudo isso.

    Um ponto interessante que essa Oficina integralmente conduzida por jovens dos Coletivos Jovens e realizada com jovens

    estudantes das escolas. , portanto, uma ao prtica que procura exercitar os trs princpios apresentados anteriormente, em

    especial, o do jovem educa jovem.

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  • 41

    COMO UMA GERAO APRENDE COM A OUTRASe voc adulto (ou jovem h mais tempo, como alguns dizem) deve estar, assim como ns, pensando: por que isso no

    aconteceu quando eu era adolescente?! Se eu tivesse tido essa oportunidade... Bom, mas aconteceu agora e podemos con-

    tribuir muito com essas propostas. Cabe a ns adultos, educadoras e educadores, professoras e professores a responsabilidade

    de que esse anseio de colocar a mo na massa leve reflexo e aprendizagem dos jovens envolvidos. Cabe aos educadores

    potencializar as possibilidades pedaggicas construtivistas de iniciativas como a COM-VIDA, e decorrentes dela, propiciar aos jovens

    a oportunidade de criar, pensar, agir, fazer, da sua forma e por seus prprios meios.

    E qual o nosso papel? Como podemos potencializar essas iniciativas, sem tutorar? O que podemos fazer na nossa escola? Bem,

    h muito a fazer e muitos caminhos a seguir. Propomos algumas reflexes para serem discutidas sempre, seja na hora do interva-

    lo, no cafezinho, no nibus, no ptio e corredores da escola, em sala de aula.

    Muitas vezes, ajudar significa interferir o mnimo possvel. Tentar centralizar a proposta e trazer a palavra final s tende a afas-

    tar os jovens do processo. Pense a respeito da sua postura. Como voc tem lidado com as idias e propostas dos jovens

    com as quais voc se relaciona? Elas sempre so muito abstratas ou h boas idias a? Como reconhec-las e ajudar a sair

    das mentes e irem para a prtica?

    Saber ouvir uma arte, no ? Afinal, como muitos dizem, temos dois ouvidos e uma boca, que para escutarmos mais e

    falarmos menos. Pois ento, procurar escutar as idias e propostas que os jovens nos apresentam essencial. Ouvindo-as e

    tentando compreender o que querem, fica mais fcil ajudar. Como ajudar sem atrapalhar?

    Ajudar tambm uma arte. Ouvimos com freqncia que ajuda mais quem no atrapalha, mas ser que isso mesmo

    verdade? No nosso caso, saber no atrapalhar muito importante, respeitando o tempo dos jovens, a forma de eles se expres-

    sarem e sua pouca experincia para muitos assuntos da vida. Mas basta s no atrapalhar? Claro que no. preciso ajudar de

    alguma forma. Mas como ajudar?

    possvel ajudar de diversas maneiras: ouvindo, compreendendo o que se quer, problematizando a partir da realidade, provo-

    cando olhares mais amplos, cobrindo outros ngulos da questo, promovendo debates em grupo, e principalmente no dando

    as respostas prontas, mas, sim, elaborando as perguntas mais adequadas para a reflexo. Deixar que os jovens construam suas

    prprias respostas, e depois dialogar sobre elas. Ser que todas as respostas dos jovens esto corretas? Ser que todas podem

    ser concretizadas? possvel sugerir outros caminhos, fornecer pistas e instig-los a buscar mais?

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  • 42

    Por fim, potencializar a motivao para ao, por meio de estudos e pesquisas. Afinal o ativismo no basta para mudar o

    mundo. necessrio aprofundar contedos e conceitos em sala de aula. A escola o local para esse ambiente de aprendizagem

    contnua ao reflexo ao...

    Acreditamos que no espao criativo e motivador que a escola pode proporcionar que surgiro novas idias, simples, capazes

    de nos levar construo de sociedades sustentveis. claro que construir novos modelos de sociedades no algo to simples

    e que se faz de um dia para o outro, mas certamente no dia-a-dia que damos passos nessa direo. Sem dvida a escola pode

    ser um espao privilegiado para isso.

    PARA SABER MAIS

    BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade. Formando COM-VIDA Comisso

    de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agenda 21 na escola. 2. ed. Braslia: MEC, 2006. Disponvel em:

    .

    ______. rgo Gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental. MMA. MEC. Juventude, cidadania e meio ambiente: subsdios

    para a elaborao de polticas pblicas. Braslia: MMA, MEC, 2006. Disponvel em: .

    ______.______.Manual orientador: coletivos jovens de meio ambiente. Braslia: MMA, MEC, 2006. Disponvel em:

    .

    ______.______.Passo a Passo para a Conferncia de Meio Ambiente na Escola. Braslia: MEC, MMA, 2005. Disponvel em:

    FREITAS, M. V. (Org.) Juventude e adolescncia no Brasil: referncias conceituais. 2.ed. So Paulo: Ao Educativa, 2005. Disponvel em:

    PROJETO GEO JUVENIL BRASIL. Disponvel em: . Expressa as impresses dos jovens brasileiros sobre

    meio ambiente

    PORTAL DO PROTAGONISMO JUVENIL. Disponvel em: . Contm textos, informaes e

    contatos em mbito nacional.

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 42

  • 43

    PORTAL DA REDE DA JUVENTUDE PELO MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Disponvel em:

    . Disponibiliza documentos, contatos e ferramentas de interao entre

    jovens ambientalistas.

    REVISTA ONDA JOVEM. Disponvel em: . Reportagens, experincias

    e informaes sobre projetos sociais na rea de juventude.

    II CONFERNCIA NACIONAL INFANTO-JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE, Braslia, 27 abr. 2006. Anais...

    Braslia: MEC, 2006. Disponvel em: . Apresenta a descrio

    do processo e os produtos.

    ARTIGOS RELACIONADOS:

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    EDUCAO AMBIENTAL: PARTICIPAO

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    NO COLETIVO: DO NIBUS S REDES

    SOCIAIS

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 43

  • miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 44

  • Polticas de formao continuada deprofessores e professoras em educaoambiental no Ministrio da Educao

    Patrcia Ramos Mendona

    O TEXTO DISCORRE SOBRE A EDUCAO AMBIENTAL NOMINISTRIO DA

    EDUCAO DE 1996 A 2005. A BASE DE SUA INSTITUCIONALIZAO SE DEU

    NAS POLTICAS DE FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES/AS E, NESSES

    QUASE DEZ ANOS DE TRAJETRIA, PERCEBEMOS VRIAS ABORDAGENS METO-

    DOLGICAS DE FORMAO QUE ENVOLVEM DIVERSOS ATORES NO UNIVERSO DOS

    SISTEMAS DE ENSINO E DA COMUNIDADE.

    PALAVRAS-CHAVE:

    POLTICAS PBLICAS, EDUCAO AMBIENTAL, FORMAO CONTINUADA DE

    PROFESSORES/AS.

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 45

  • 46

    SABEMOS QUE INERENTE PROFISSO DO PROFESSOR ESTAR SEMPRE ESTUDANDO e se atualizando para quesua prtica atenda, de forma coerente e integrada, s necessidades dos sistemas de ensino e s mudanas sociais. Esse processo

    de construo permanente do conhecimento e do desenvolvimento profissional, a partir da formao inicial que transcende cursos

    de capacitao ou qualificao, o que podemos chamar de formao continuada. Inclui nesse mbito a formao de uma iden-

    tidade pessoal e profissional que reconhece a docncia como um campo de conhecimentos especficos, onde os profissionais

    contribuem com seus saberes, seus valores e suas experincias. um percurso pessoal e profissional que ocorre de maneira intrnseca

    experincia de vida, como importante condio de mudana de prticas pedaggicas. Se por um lado pensamos em programas

    de formao com metodologias que procurem adensar conceitos e temas sociais relevantes, por outro partimos do pressuposto

    de que o conhecimento no dado como algo pronto, mas como resultado da interao desse sujeito com o seu meio, com as

    relaes sociais e representaes culturais. (CARVALHO, 2004; SANTOS, 2004; BECKER, 2006).

    Quando se prope uma formao continuada em Educao Ambiental (EA) para esses profissionais, alm de considerar todos

    os pressupostos citados, observamos tambm as diretrizes que emergiram da trajetria da institucionalizao das polticas pblicas

    da EA no MEC, tais como:

    1. A busca da universalidade da EA nos sistemas de ensino como proposta poltico-pedaggica efetiva;

    2. A construo de um fluxo de capilarizao envolvendo os atores que trabalham com Educao Ambiental, desde o desenho da

    proposta at sua implementao;

    3. A seleo de lideranas e especialistas realmente comprometidos com sua profisso, que engrossem o caldo do enraizamento

    da EA nas escolas e comunidades;

    4. O estmulo construo de grupos de estudos como crculos emancipatrios para exercitar a interdisciplinaridade;

    5. A constante atualizao de contedos e de prticas pedaggicas para que no haja estancamento e desvirtuamento do processo

    de aprendizagem, buscando autonomia desses sujeitos de forma coordenada com os objetivos propostos;

    6. A necessidade de ter uma avaliao dos projetos e programas de governo para retroalimentar e aperfeioar as polticas pblicas

    (MENDONA, 2004).

    miolo_vamoscuidar_cap1:Layout 1 5/16/08 9:57 AM Page 46

  • 47

    Trabalhamos com o conceito de Educao Ambiental como um processo educativo que dialoga com valores ticos e regras

    polticas de convvio social, cuja compreenso permeia as relaes de causas e efeitos dos elementos socioambientais numa deter-

    minada poca, para garantir o equilbrio vital dos seres vivos. Portanto, a formao continuada considera algumas condies que

    esto atreladas a esse conceito tais como:

    1. Inserir a EA com sua condio de transversalidade para se contrapor lgica segmentada do currculo contemplando o ideal

    de uma nova organizao de conhecimentos por meio de prticas interdisciplinares;

    2. Trabalhar o conceito crtico de EA para no correr o risco de cair num tema neutro e despolitizado, que no provoque e/ou des-

    perte a condio de cidadania ativa, ampliando seu significado para um movimento de pertencimento e co-responsabilidade

    das aes colet