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Determinantes Sociais da
Saúde
Prof.Andre Luiz de Miranda
Curso de Enfermagem
Disciplina: Atenção Básica
Padrões de Determinação
• As formas concretas de inserção sócio-econômica da população (condições de trabalho e condições de vida) são relevantes para explicar a saúde e o perfil epidemiológico.
• As condições gerais de existência caracterizam o modo de vida que articula condições de vida e estilo de vida (Possas, 1989).
Modo de vida e saúde
• Condições de vida: condições materiais necessárias à subsistência, relacionadas à nutrição, à habitação, ao saneamento básico e às condições do meio ambiente.
• Estilo de vida: formas social e culturalmente determinadas de vida, que se expressam no padrão alimentar, no dispêndio energético cotidiano no trabalho e no esporte, hábitos como fumo, alcool e lazer (Possas, 1989:197)
Determinantes da Saúde(Dahlgren e Whitehead)
Definições
• Desigualdades: diferenças sistemáticas na situação de saúde de grupos populacionais
• Iniqüidades: as desigualdades na saúde evitáveis, injustas e desnecessárias (Whitehead)
• Determinantes sociais de saúde (DSS) são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham ou "as características sociais dentro das quais a vida transcorre” (Tarlov,1996)
Por que enfatizar os determinantes
sociais?
• Os determinantes sociais tem um impacto
direto na saúde
• Os determinantes sociais estruturam outros
determinantes da saúde
• São as „causas das causas‟
Distinção entre Promoção da
Saúde e Prevenção de Doenças (Czeresnia, 2003)
Promover:
• Impulsionar, fomentar, originar, gerar.
• Refere-se a medidas que não se dirigem a doenças específicas, mas que visam aumentar a saúde e o bem estar.
• Implica o fortalecimento da capacidade individual e coletiva para lidar com a multiplicidade dos determinantes e condicionantes da saúde.
Distinção entre Promoção da
Saúde e Prevenção de Doenças (Czeresnia, 2003)
Prevenir:
• Preparar, chegar antes de, impedir que se realize...
• Exige ação antecipada,baseada no conhecimento da história natural da doença para tornar seu progresso improvável.
• Implica o conhecimento epidemiológico para o controle e redução do risco de doenças.
• Projetos de prevenção e educação baseiam-se na informação científica e recomendações normativas.
PROMOÇÃO DA SAÚDE:
concepções
a) Saúde como produto de amplo espectro de fatores relacionados a qualidade de vida, com ênfase em ações voltadas para o coletivo e o ambiente (físico, social, político, econômico, cultural), contemplando a “autonomia” de indivíduos e grupos (capacidade para viver a vida) e a equidade. (Carvalho et al., 2004)
b) Saúde como produto de comportamentos de indivíduos e famílias (estilos de vida, dieta, atividade física, hábito de fumar), com ênfase em programas educativos relacionados a riscos comportamentais passíveis de mudança.
PROMOÇÃO DA SAÚDE:
abordagens
a) ressalta a atuação sobre os determinantes
sócio-ambientais da saúde e políticas públicas
intersetoriais, voltadas à melhoria da
qualidade de vida das populações.
b) reforça a tendência de diminuição das
responsabilidades do Estado, delegando aos
indivíduos, progressivamente, o auto-cuidado
Determinantes Sociais e Promoção
da Saúde
• Os determinantes sociais podem ter um efeito na saúde positivo (fomento, promoção da saúde e da qualidade de vida) ou negativo (riscos, doenças e agravos)
• Substituição da abordagem comportamental por abordagem ampla dos problemas de saúde: ação sobre determinantes, caráter coletivo, políticas públicas, capacidade dos indivíduos e de comunidades;
• Estratégias combinadas: individuais, ambientais, políticas.
A iniquidade faz mal à saúde
de todos
As diferenças ou desigualdades na situação de saúde entre indivíduos ou
entre grupos da população não são novidade para ninguém.
Se compararmos um grupo de idosos com um grupo de jovens, é de se
esperar que a situação de saúde dos dois grupos seja diferente.
O mesmo ocorre se compararmos um grupo de mulheres com um grupo de
homens. Teremos desigualdades ocasionadas por doenças próprias de cada
sexo.
Todos conhecemos e aceitamos essas diferenças e as consideramos
'naturais'. O que não tem nada de natural são aquelas diferenças na
situação de saúde relacionadas ao que chamamos Determinantes Sociais
da Saúde (DSS), ou seja, desigualdades decorrentes das condições sociais
em que as pessoas vivem e trabalham.
Ao contrário das outras, essas desigualdades são injustas e inaceitáveis, e por
isso as denominamos de iniqüidades.
Exemplo de iniqüidade é a probabilidade 5 vezes maior de uma criança morrer
antes de alcançar o primeiro ano de vida pelo fato de ter nascido no nordeste e
não no sudeste.
O outro exemplo é a chance de uma criança morrer antes de chegar aos 5 anos
de idade ser 3 vezes maior pelo fato de sua mãe ter 4 anos de estudo e não 8.
As relações entre os determinantes e aquilo que determinam é mais complexa e
mediada do que as relações de causa e efeito. Daí a denominação de
'determinantes sociais da saúde' e não 'causas sociais da saúde'. Por exemplo, o
bacilo de Koch causa a tuberculose, mas são os determinantes sociais que
explicam porque determinados grupos da população são mais susceptíveis do
que outros para contrair a tuberculose.
Os 10 países com maiores
desigualdades de renda
Índice de Gini para
concentração de
renda x 100
PNUD 2005
0 20 40 60 80
Paraguay
South Africa
Brazil
Guatemala
Swaziland
Central African Republic
Sierra Leone
Botswana
Lesotho
Namibia
Países
escandinavos
= 25
Mortalidade infantil: taxas comparadas
Iniqüidades em saúde e renda
Iniqüidades em saúde e regiões
Iniqüidades em saúde
e raça/cor
Mortalidade Infantil segundo raça e escolaridade
da mãe (Brasil, 1980)Fonte: Pinto da Cunha, 1997
Epidemia moderna: as mortes violentas
Saneamento básico: quem não tem água
0%
20%
40%
60%
80%
< 1 1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a 14 15 ou
mais
Escolaridade (anos)
% m
ulh
ere
s
Realização de mamografia alguma
vez na vida. Brasil 2003
Fonte: PNAD Saúde 2003
Percentuais de mulheres que
engravidaram na adolescência.
Pelotas, 1982-2003
Fonte: Coorte de 1982 (Pelotas)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
<1 1,1-3 3,1-6 6.1-10 >10
Renda familiar em salários mínimos
% a
do
les
ce
nte
s
Taxas de mortalidade por homicídios / 100.000hab segundo
estratos de condições de vida. Salvador, 1991-1994.
0
5
10
15
20
25
30
35
óbito
s/100.0
00ha
b
CEA/CCA CEA/CCM CEB/CCM CEB/CCB
1991
1994
Distribuição espacial da taxa de mortalidade por
homicídio / 100.000hab em quartil, segundo Zonas de
Informação Salvador, 1991 .
Risco relativo de morte por homicídio entre os estratos de
condições de vida. Salvador, 1991 e 1994
0
1
2
3
4
5
6
4/1 4/2 4/3
1991
1994
Diferenciais intra-urbanos e desigualdades
sociais em saúde
Os determinantes sociais que explicam a
estruturação do espaço urbano e as
condições de reprodução da vida
(biológica, ecológica, econômica e
cultural), definem, em última análise, o
padrão e o perfil epidemiológico da
população.
Comissão sobre Determinantes
Sociais da Saúde da OMS (CSDH)
• Composta de 20
membros, destacados
líderes mundiais do
mundo político, de
governos, da
sociedade civil e da
academia
• Lidera iniciativa
mundial para criar
Comissões Nacionais
em todo o mundo
• Criada pela Assembléia
Mundial da Saúde de
2004
• Implantada em março de
2005, com mandato até
março de 2008
Comissão sobre Determinantes
Sociais da Saúde da OMS (CSDH)
Michael Marmot (Chair) (UK)
Frances Baum (Austrália)
Monique Bégin (Canadá)
Giovanni Berlinguer (UE)
Mirai Chatterjee (Índia)
William Foege (US)
Yan Guo (China)
Kivoshi Kurokawa (Japão)
Pres. Ricardo Lagos (Chile)
Stephen Lewis (UN, África)
Alireza Marandi (Iran)
Pascoal Mocumbi
(Moçambique)
Ndioro Ndiave (UM, IOM)
Charity Ngilu (Quênia)
Hoda Rashad (Egito)
Amartya Sem (US)
David Satcher (US)
Anna Tibaijuka (HABITAT,
UN)
Denny Vagerö (Suécia)
Gail Wilensky (US)
REUNIÕES DA CSDH
• CHILE – Março 2005
• CAIRO – Maio 2005
• INDIA – Setembro 2005
• IRAN – Janeiro 2006
• KENYA – Junho 2006
• BRASIL – Setembro 2006
Comissão Nacional sobre
Determinantes Sociais da
Saúde (CNDSS)
A CNDSS e a Constituição
“A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação”
Constituição Federal, art.196
Processo de constituição
da CNDSS• Decreto presidencial de 13/3/2006 cria a
CNDSS
• Grupo de dezessete especialistas e personalidades da vida social, econômica, cultural e científica do país, nomeado pelo Ministro da Saúde
• Constituição da CNDSS expressa o reconhecimento de que a saúde é um bem público a ser construído com a participação solidária de todos os setores da sociedade brasileira
Composição da CNDSS
• Adib Jatene
• Aloísio Teixeira
• Ana Lúcia Gazzola
• César Victora
• Dalmo Dallari
• Eduardo E. Gouvêa
Vieira
• Elza Berquó
• Jaguar
• Jairnilson Paim
• Lucélia Santos
• Moacyr Scliar
• Roberto Smeraldi
• Rubem C. Fernandes
• Sandra de Sá
• Sônia Fleury
• Zilda Arns
• Paulo Buss (coord.)
Grupo intersetorial da CNDSS
• Casa Civil
• Ministério da Fazenda
• Ministério do Planejamento
• Ministério da Saúde
• Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
• Ministério da Educação
• Ministério da Ciência e Tecnologia
• Ministério da Cultura
• Ministério do Esporte
• Ministério das Cidades
• Ministério do Meio Ambiente
• Ministério do Trabalho e Emprego
• Ministério da Previdência Social
• Ministério do Desenvolvimento Agrário
• Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
• Secretaria de Políticas para as Mulheres
• CONASS
• CONASEMS
• Conselho Nacional Saúde
• OPAS/OMS
CNDSS
LINHAS DE ATUAÇÃO
• Produção e Disseminação de conhecimentos e
informações
• Políticas e Programas
• Mobilização Social
• Página WEB:
http://www.determinantes.fiocruz.br/
LINHAS DE ATUAÇÃO
1- Produção e Disseminação de
Conhecimentos e Informações
Objetivo:
produzir conhecimentos e informações
sobre as relações entre os
determinantes sociais e a situação de
saúde, particularmente as iniquidades
de saúde, com vistas a fundamentar
políticas e programas.
LINHAS DE ATUAÇÃO
2- Políticas e Programas
Objetivo:
Promoção, apoio, elaboração, coordenação,
seguimento e avaliação de políticas,
programas e intervenções governamentais e
não-governamentais realizadas em nível local,
regional e nacional.
LINHAS DE ATUAÇÃO
3- Mobilização da Sociedade Civil
Objetivos:
Desenvolver ações de promoção junto a
diversos setores da sociedade civil sobre
a importancia das relações entre saúde e
condições de vida e sobre as
possibilidades de atuação para diminuição
das iniquidades de saúde.
LINHAS DE ATUAÇÃO4- Página WEB
Objetivos:
• divulgar informações sobre as atividades desenvolvidas pela CNDSS, incluindo publicação virtual de boletim de notícias
• coletar e registrar dados, informações e conhecimentos sobre DSS existentes nos sistemas de informação em saúde e na literatura mundial e nacional
• organizar redes de cooperação para estabelecimento de grupos virtuais de investigação e discussão sobre temas de DSS
• estabelecer espaços de interação dedicados a grupos estratégicos como tomadores de decisão (espaço do gestor), profissionais de comunicação (espaço da mídia), etc.
Condições favoráveis para o
trabalho da CNDSS• Comunidade científica nacional com produção de alta
qualidade
• SUS baseado nos princípios de equidade e gestão participativa com estruturas descentralizadas onde são tomadas decisões sobre políticas e programas
• Disseminação das novas tecnologias de comunicação e informação
• Legitimidade internacional com apoio da OMS
• Possibilidades de incorporação de propostas políticas que tratem dos DSS nos novos projetos de governo.
PROMOÇÃO DA SAÚDE e o processo
da REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA
• Inserir a promoção da saúde no setor para introduzir mudanças no conjunto das políticas públicas econômicas e sociais (emprego, segurança, educação, ambiente, seguridade social, etc.).
• Agregar valores mobilizando vontades e ações políticas que permitam a redistribuição do poder na saúde e em outros setores dos governos para viabilizar as mudanças necessárias.
Estratégias
• Criar dispositivos institucionais que facilitem o empowerment e certos deslocamentos de poder técnico, administrativo e político no sentido de alterar os modos tecnológicos de intervenção sobre necessidades, projetos e ideais de saúde.
• Construir pontes de articulação e pactuação com outros setores e segmentos sociais para assegurar políticas públicas saudáveis voltadas para a qualidade de vida: câmaras técnicas, comitê
intersetorial, conselhos, comissões, grupos de trabalho, etc.
Comentários finais
• Convergência de propósitos entre CNDSS, Política Nacional de Promoção da Saúde(PNPS) e Pacto pela Vida.
• Sinergismo entre a CNDSS e o Comitê Gestor da PNPS, com ampliação da atuação através do Grupo Intersetorial da CNDSS.
• Colaboração na implementação da PNPS: CONASS, CONSEMS, universidades, centros de pesquisa, entidades vinculadas à RSB, entre outros.
• Avanço no ciclo: idéia-proposta-movimento-projeto-política-
prática
Comentários finais
É a capacidade de mobilizar grupos humanos e forças políticas que, em última análise, pode incidir sobre uma determinada correlação de forças e enfrentar a questão das desigualdades em saúde.
Este poder político a ser conquistado pelos sujeitos sociais relevantes tem a possibilidade de construir novas acumulações e alterar uma dada distribuição de poder, ou seja uma política.
Só o compromisso dos trabalhadores de saúde em disponibilizar informações técnicas e científicas para os sujeitos sociais, tornando-os parceiros de um projeto emancipatório pode dar significado e sentido a este fazer humano.