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TÉO SCALIONIA Fundação Minei-

ra de Educação e Cultura (Fumec) terá um prazo de dez dias para apresentar um laudo à Justiça com soluções para minimizar os impactos que a univer-sidade, localizada no bair-ro Cruzeiro, região Cen-tro-Sul da capital, causa ao seu entorno. As princi-pais queixas são relacio-nadas aos problemas no trânsito e à poluição sono-ra gerada pelo movimento na escola, além da falta de

licenciamento ambiental para funcionamento da instituição.

O juiz Jair José Pinto Júnior, da 8ª Vara Cível, concedeu a liminar a partir de uma Ação Civil Públi-ca movida pelo Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o promotor Cristovam Joaquim Ra-mos Filho, a ação é fruto das constantes reclama-ções da vizinhança. “Que-remos uma solução da Fu-mec. A ação pede inclusi-ve que a universidade in-

dique um local para o seu estacionamento”, afirma.

Para a presidente da Associação do Cidadão do Bairro Cruzeiro (Amo-reiro), Patrícia Caristo, a Fumec cresceu muito e merecia um campus com um outro espaço maior “para que não afete tanto os moradores”.

A Fumec afirmou que só irá se pronunciar após receber oficialmente a no-tificação sobre a liminar, o que até ontem não havia acontecido.

o tempo - p.34 - 14.05.2011 trânsito e poluição

Juiz obriga faculdade a diminuir incômodos

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mINeRAÇÃo

Pedidos de pesquisas crescem 71%DNPM recebeu 1.087 requerimentos em Minas no primeiro quadrimestre, números que confirmam valorização das

jazidas no mercado externo. Em Congonhas, Ministério Público quer que empresa avalie impacto das atividades minerá-rias e siderúrgicas.

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CoNt... estAdo de mINAs - p. 11 e 12 - 14.05.2011INdÚstRIA

MP cobra das mineradoras estudos mais completos sobre o impacto da atividade. Primeiro acordo já saiu em Congonhas

Pressão para evitar danos ambientais

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Pedro Rocha Franco

Belo Horizonte tem prazo de quatro anos para reduzir em 30% a emissão de gases causadores do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2). É isso o que determina lei sancionada na semana passa-da pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB). A norma visa cumprir os prazos da Política Nacional de Mudanças Climáticas, que fixa parâmetros para a diminuição da poluição atmosférica. BH é a terceira capital do país a aprovar tal tipo de legislação. São Paulo e Rio de Janeiro foram as pri-meiras a aderir. Em SP, o prazo para reduzir em 30% a emissão de gases termina em 2012. Os cariocas têm prazo até 2020 para diminuir em 20% a emissão.

A meta estipulada para a capital mineira na nova legislação é um desafio digno das cidades mais ecologicamente corretas do mundo. O pro-blema é que o texto legal define poucas ações para alcançar o objetivo, o que pode inviabilizar seu cumprimento. É uma corrida contra o tempo para que BH não repita o cenário de São Paulo, onde, no papel, o texto previa resultados tão significativos quanto os propostos na Inglaterra e na França – países que encabeçam a formulação de legislação para controle do aquecimento global –, mas, na prática, pouquíssimo foi feito para ade-quar a cidade paulistana ao cumprimento da meta.

A Lei Municipal 10.175/2011 se estende por longas páginas deta-lhando conceitos, princípios e diretrizes, atendo-se a explicar, entre ou-tros, o que é biogás, mudança climática e serviços ambientais. São 45 artigos. Quase todos teóricos. Em apenas quatro casos são definidas ações que podem contribuir na redução da emissão de dióxido de carbono e ou-tros gases provocadores do efeito estufa. Só no último capítulo, que trata das disposições finais, em dois artigos são formalizadas as ações mais efetivas para controlar a emissão de poluentes.

O artigo 44 define que a prefeitura deve mudar o perfil da frota de ônibus para que ocorra “redução progressiva do uso de combustíveis fós-seis, ficando adotada meta progressiva de redução de, pelo menos, 10% a cada ano”. A medida tenta inibir o maior emissor de gases estufa na capital: os meios de transporte. Inventário municipal, elaborado em 2008, mostra que setor é responsável por 82% do CO2 lançado na atmosfera. A gasolina e o diesel são os maiores vilões. “Estamos finalizando acordo para testar ônibus movidos a etanol. Será uma experiência importante, assim como a criação de corredores rápidos de ônibus, os BRTs”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Nívio Lasmar.

Assim, até maio de 2012, 300 ônibus devem fazer a substituição e em 2021 toda a frota deve descartar o diesel. Mas a medida requer inves-timentos das empresas de ônibus, pois, segundo estudos, outros combus-tíveis encarecem em cerca de 30% os custos operacionais e para o uso do etanol é necessária a compra de motores novos para os veículos. “É uma meta arrojada”, diz Lasmar. “É um momento muito especial para BH. Temos que ter metas, persegui-las e ultrapassar possíveis barreiras”, diz o secretário. Ano a ano, a prefeitura terá que divulgar estudo mostrando a evolução dos níveis de emissão.

RepoRtAGem de CApA

Problema metropolitanoOutras cidades da Grande BH, como

Betim e Contagem, dois pólos industriais de grande importância, apresentam

índices críticos de emissão de dióxido de carbono

Pedro Rocha Franco Os problemas relacionados ao aquecimento global extrapolam os

limites entre municípios e a adoção de medidas de combate aos gases que provocam o efeito estufa pode desencadear melhorias em cadeia para a Grande BH. Dado o tamanho e principalmente a formação voltada para o setor industrial, Betim e Contagem estão no topo da lista das mais polu-ídas da região, inclusive, estando à frente de Belo Horizonte em índices

mais críticos. Segundo medições da qualidade do ar feitas pela Fundação Estadual

de Meio Ambiente (Feam) – que não incluem indicadores do dióxido de carbono (CO2) e dos gases estufa –, dois indicadores, antes controlados, estão presentes em níveis problemáticos nas três cidades: poeira (também chamado de material particulado) e ozônio (O3). Até 2008, a concentra-ção de ozônio (O3) em Betim, por exemplo, era, em média, de 80 mi-crogramas por metro cúbico e as medições recentes apontam 160 – nível considerado limite segundo instrução normativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ou seja, em três anos, a taxa dobrou de valores. E o crescimento é semelhante na capital e em Contagem, mas com valores inferiores. “A iniciativa de Belo Horizonte será benéfica para outras cidades. A capital é a maior cidade e tem que servir de exemplo”, diz a gerente de Monitoramento de Qualidade do Ar da Feam, Elisete Gomide Dutra.

No caso de Betim e Contagem, ela explica que a maior incidência de gases poluentes é, em parte, culpa de BH. Isso porque, o vento da cidade, na maior parte do tempo, está direcionado para a região onde estão loca-lizadas as cidades e, com isso, ocorre essa ‘migração’. Mas o principal problema está concentrado na região das refinarias e da distribuição de combustível, onde também estão localizadas outras fábricas. “Na época de ventos com velocidade menor, forma-se uma ‘tampa’ que prende os poluentes”, afirma Elisete, explicando que a conseqüência disso é danosa para a saúde, agravando problemas respiratórios. CResCImeNto dA FRotA

A explicação para o aumento dos índices é lógica e simples: o cres-cimento vertiginoso da frota nos últimos anos, com as consecutivas que-bras de recordes de venda de automóveis, influencia diretamente na emis-são de poluentes. Ainda mais porque Minas não possui legislação voltada para a inspeção veicular anual. “90% da poluição está ligada à frota em Belo Horizonte”, diz Elisete, ressaltando que a cidade praticamente só tem uma indústria poluidora.

Ela informaque a substituição do diesel por combustíveis limpos permite que sejam instalados filtros ou catalisadores nos coletivos. Assim seria possível filtrar parte das impurezas presentes na fumaça, principal-mente às relativas ao chamado material particulado, ou simplesmente po-eira. “O biodiesel não tem enxofre. O gás limita o uso de tecnologias, por entupir o filtro”, diz Elisete.

Para diminuir a poluição e o efeito estufa 1 - Redução de 30% das emissões dos gases de efeito estufa listados

no Protocolo de Quioto em relação a patamar expresso em estudo a ser realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte

2 - Os empreendimentos de alta concentração ou circulação de pes-soas, como centros varejistas e shoppings centers, deverão instalar equi-pamentos e manter programas de coleta seletiva de resíduos sólidos para obtenção de Baixa e Habite-se e Alvará de Localização e Funcionamento

3 - A frota de transportes públicos da capital deve substituir progres-sivamente o uso de combustíveis fósseis. A cada ano, 10% dos ônibus devem adotar biodiesel ou etanol

4 - A prefeitura deverá implementar programa obrigatório de coleta seletiva e promover a instalação de ecopontos em cada uma das regionais no prazo de dois anos

Combustível limpo na frota de ônibus: Estudos feitos pela BHTrans mostram que os cerca de 3 mil ônibus

do sistema de transporte coletivo consomem todo mês 7,5 milhões de li-tros de óleo diesel, o que resulta na emissão de 230 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Caso se optasse pelo uso do biodiesel com concen-tração de 20% (B20), a cada ano ocorreria redução de 10% da emissão. Ou seja, seria como se 300 veículos deixassem de circular. Se a opção fosse pelo B50, a redução da emissão de gases de efeito estufa seria 2,5 vezes menor. Mas, dada a pouca disponibilidade do combustível nos pos-tos, a opção deve ser pelo etanol. Por isso, a prefeitura prepara estudos para saber a viabilidade da alteração.

Fonte: Lei 10.175/2011 (Política Municipal de Mitigação dos Efei-tos de Mudanças Climáticas)

Por um ar mais puroBH ganha lei que fixa prazo de quatro anos para redução de 30% na emissão de dióxido de carbono e outros gases que causam o efeito estufa. Veículos são os vilões da poluição

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BARReIRo

Prática é repetida por Gunda

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Alessandra Mello A política é uma festa. Pelo menos

esse parece ser o lema dos vereadores de Belo Horizonte e deputados estaduais vota-dos na capital. Com a desculpa de comemo-rar o Dia das Mães, alguns bancaram festas em suas bases eleitorais, com distribuição de brindes e mimos para a criançada. Mas nem todos precisam de um motivo para patrocinar eventos, a não ser, é claro angariar a simpatia da população, principalmente os que preten-dem disputar mais um mandato na Câmara Municipal em 2012.

Ontem foi a vez do vereador Pablito (PTC) e do deputado estadual João Vitor Xa-vier (PRP), até o ano passado vereador em Belo Horizonte, distribuírem presentes para a população do Bairro Pindorama, Região Noroeste da capital. Em parceria, os dois apoiaram uma festa com entrega de brindes para as mulheres da comunidade. No sába-do, o deputado estadual Paulo Lamac (PT), também ex-vereador de Belo Horizonte, pa-trocinou uma festa de um grupo de samba no Bairro Pompeia, Região Oeste.

No fim de semana do Dia das Mães, La-mac promoveu dois dias de festa no Bairro Sagrada Família, com direito a rua fechada, palco com banda de música e brinquedos para a criançada. Em abril, ele patrocinou a ida de um grupo de crianças de uma creche municipal a um parque de diversões na Pam-pulha. Faixas convocando a população para as festas foram espalhadas pelas ruas da re-gião. Em todas, o nome do vereador aparece como apoiador do evento.

Todos os domingos o vereador Pauli-nho Motorista (PSL) patrocina uma pagode, na praça do Bairro Santa Tereza. Em abril, o vereador Heleno (PHS) e o deputado estadu-al João Leite (PSDB), cotado como um dos pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizon-te, apoiaram a festa de comemoração dos 65 anos de um time de futebol amador da cida-de. A comemoração, realizada em uma qua-dra do Bairro Sagrada Família, contou com a participação do vereador, que distribuiu camisas para os veteranos do time.

Na festa de ontem, patrocinada por Pa-blito e João Vitor Xavier, as mães que chega-vam ao local ganhavam um cartão com uma mensagem do vereador. No verso havia um número para a participação do sorteio. No começo da festa, o orador do evento, Odilon Silva Araújo, agradeceu os brindes doados pelos comerciantes da região e também pelos parlamentares, que não estavam no evento. Durante a festa, no entanto, ele fez questão de dizer que aquilo “não tinha nada a ver

estAdo de mINAs - p.4 - 16.05.2011 Campanha

Festa regada a políticaDe olho nas eleições de 2012, vereadores de Belo Horizonte e deputados buscam a simpatia da população ao patrocinar comemorações e shows, com direito a distribuição de brindes

com política”, mas afirmou que não podia omitir o nome dos parlamentares, ambos votados na região, pois eles tinham ajudado a realizar a homenagem às mães.

Assessores de João Vitor Xavier distri-buíam santinhos com foto dele e um texto de homenagem às mães. Representando o vereador, uma assessora, identificada ape-nas como Arlete, entregou um dos brindes sorteados para uma das mães presentes. Nas redondezas da festa, faixas assinadas pelo deputado e panfletos com o nome do vereador convidavam para o evento, que distribuiu utensílios para a cozinha, como vasilhas de plástico e fruteiras, cesta básica, jogo de panelas, porta-retratos e outros pre-sentes que estavam embrulhados. Todas as inscritas podiam participar do sorteio mais de um vez.

mICRooNdAs No domingo do Dia das Mães, o ve-

reador Geraldo Félix (PMDB) fez uma homenagem para as mães e também pres-tou contas de seu mandato em um evento promovido no Bairro Bom Jesus, Região Noroeste. Aproveitou o ensejo e distribuiu brindes de valor elevado para a população, como microondas e outros eletrodomésti-cos. Por causa disso, ele agora é alvo de uma investigação aberta pelo Ministério Público para avaliar se o evento caracterizou abuso de pode econômico ou compra de votos.

A distribuição de qualquer brinde ou vantagem ao eleitor em ano de campanha pode ser caracterizada como compra de voto, mas de acordo com o Ministério Pú-blico Eleitoral (MPE) isso não significa que a prática esteja liberada em outros pe-ríodos.

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Gustavo Werneck Tudo – mas tudo mesmo – que não se deve fazer com

uma peça sacra, em casa ou nas igrejas, está estampado numa imagem do século 19 recém-chegada ao ateliê do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), em Belo Horizonte. De cedro e com 80 centímetros de al-tura, a Santana, proveniente da Matriz de São José das Três Ilhas, em Belmiro Braga, na Zona da Mata, foi alvo, ao lon-go de uma década, de abandono associado à ação do calor, umidade, luz solar, ataque de cupins e outros fatores de ris-co. O resultado foi devastador para a estrutura do objeto de devoção, que apresenta interior praticamente oco, perdas na madeira e policromia e face desfigurada. Mesmo com tantos problemas, a boa notícia é que há “salvação” para a escul-tura, diz a gerente de Elementos Artísticos da instituição, Yukie Watanabe, certa de estar, com a sua equipe, diante de um grande desafio para recuperar o bem cultural tombado desde 1997.

A Santana é a peça que chegou, até hoje, em piores con-dições ao ateliê do Iepha, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital. Yukie conta que, pela urgência, ela será restaurada com recursos do instituto, devendo retornar ao local de origem no prazo de seis meses. Desde que a ima-gem foi encontrada num quartinho da igreja com o restante do acervo, os restauradores empreenderam uma operação especial para evitar desgastes do suporte. “É como se esti-vesse em estado terminal, com degradação crônica. Não po-deremos retirar nem os excrementos de insetos para a estru-tura não ruir. Foi milagre continuar de pé, já que os insetos só não destruíram a policromia e a base de preparação feita de massa de carbonato de cálcio”, destaca a gerente. De ime-diato, na igreja, foram tomados os primeiros cuidados, caso da higienização e desinfestação para exterminar cupins.

Em dezembro, durante uma vistoria, a restauradora Ma-ria Caldeira esteve em Belmiro Braga e ficou surpresa ao ver a beleza em estilo neoclássico da imagem e “horrorizada” ao encontrá-la ao lado de uma janela, num cômodo tomado por teias de aranha, fezes de pássaros e até uma maritaca morta. Com autorização da Secretaria Cultura local e da Arquidio-cese de Juiz de Fora, à qual a matriz está vinculada, a peça foi transferida para BH. “Eram tantas as galerias abertas pe-los insetos na madeira, que fomos obrigados a fazer rolinhos de algodão e preenchê-las. Para transportar, formamos um força-tarefa e acondicionamos a imagem numa caixa ”, diz a restauradora. Ao manusear a seringa e injetar, com precisão cirúrgica, produtos químicos na madeira, Maria diz que só de ter saído do quartinho já foi “um ganho” para a peça. CUIdAdos pARA pReseRVAR

A gerente de Elementos Artísticos não responsabiliza a comunidade de Três Ilhas pelos estragos causados à Santana e a outros cinco objetos de fé, que também vieram para o ateliê e serão restaurados com recursos da Secretaria de Es-

tado de Desenvolvimento Social (Sedese). “Muitas vezes, as pessoas põem o santo num quartinho na intenção de guardá-lo, mas, por falta de informação, não o fazem de forma ade-quada. Por ficar perto da janela, a Santana esteve exposta, durante 10 anos, conforme o relato de moradores, à lumino-sidade, calor, umidade, fungos e ação silenciosa de insetos. Queremos que todos de Belmiro Braga acompanhem o ser-viço conduzido aqui no Iepha, pois se trata de um patrimô-nio cultural da cidade que merece ser preservado.”

De uma caixa de ovos, Yukie retira, com uma pinça, fragmentos que se desprenderam da face da Santana. “O nosso objetivo é manter o máximo possível a originalidade da peça, sem transformá-la em outra. É preciso que a comu-nidade a reconheça na volta. Por sorte, não houve qualquer intervenção que interferisse na escultura e pudesse dificultar os procedimentos que agora começam”, afirma. Olhando a imagem, ao lado das restauradoras Maria Caldeira e Ana-maria Camargos, a gerente sabe que tem pela frente uma missão árdua e delicada. “Com o tempo, iremos traçando as etapas de restauração, pois, desta vez, o processo ainda não pôde ser definido, tal a degradação. Vamos fazer muitos testes, para diagnosticar a melhor técnica a ser empregada”, afirma. A Santana traz a mão no peito e está acompanhada de uma menina (45cm de altura), ambas carregando uma faixa com os 10 mandamentos.

No dia a dia, há providências simples (ver quadro) que garantem a conservação de peças (de madeira, gesso, ce-râmica, barro cozido, marfim, tecido encolado ou pedra) e evitam um eventual restauro, que, por mais idôneo que seja, diz a gerente, gera interferência. “O melhor caminho é fa-zer o acompanhamento do objeto e do local no qual ele se encontra, não deixando o acervo abandonado em armários ou, no caso de instituições, em reservas técnicas. “Limpeza também é fundamental”, afirma. tRABAlho de espeCIAlIstA

A restauração de uma peça sacra, obra de arte e acervos de relevância deve ser executada sempre por um profissio-nal com experiência. Dependendo das condições, o traba-lho pode durar meses, pois as etapas minuciosas demandam tempo, paciência e muita técnica (ver o quadro). De modo geral, o serviço começa com a desinfestação, passa pela con-solidação do suporte usando-se injeção de resina acrílica e inclui o reforço da estrutura prejudicada. Na sequência, vem o nivelamento da superfície e, finalmente, a apresentação estética. “No restauro, cada caso é único, e os procedimento são sempre adequados ao diagnóstico”, diz Yukie.

De acordo com informações, o Iepha já tem o projeto de restauro para a Matriz de São José das Três Ilhas, fal-tando recursos para executá-lo. Pelas pesquisas, a igreja foi construída a partir de projeto do arquiteto Quintiliano Nery Ribeiro, que atuou em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A obra ficou a cargo do mestre-pedreiro português Manoel Joaquim

pAtRImÔNIo

A salvação de uma SantaEquipe de restauradores do Iepha enfrenta desafio de recuperar imagem de Santana que está em condição crítica, atacada por cupins, com perda de madeira e a face desfigurada

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Rodrigues. O assentamento da pedra fundamental se deu em 1º de agosto de 1880. Em maio de 1886 foi celebrada a pri-meira missa. O prédio passou por grande reforma em 1945, quando o antigo forro em estuque da nave foi substituído pelo atual em madeira e foram criadas as pinturas decorati-vas na parede da nave, além de obras na capela-mor. CINCo pAssos do RestAURo

1)Exame minucioso da condição da peça, com limpeza superficial, diagnóstico e desinfestação para extermínio de cupins e outros insetos xilófagos

2) Revisão estrutural, na qual se avalia as condições do suporte (madeira, terracota etc.) da obra

3) Higienização mais elaborada 4) Nivelamento, feito com uma espátula na superfície

das áreas de perda 5) Apresentação estética, com posterior aplicação de

uma camada de verniz para proteger Fonte: Iepha/MG – As fotos são de várias peças e fei-

tas em períodos diversos CUIdAdo mÁXImo

Ficar sempre de olho no objeto e no lugar no qual ele está Evitar incidência direta de luz, calor e fontes de umi-dade (janelas, pias, torneiras, tubulações hidráulicas etc.)

Não deixar as peças abandonadas em armários ou, no caso de instituições, em reservas técnicas de acervo. Salas escondidas são outro perigo, pois impedem que o proprietá-rio detecte a ação de cupins, pequenos roedores, morcegos

e pássaros ( excrementos ácidos dos animais corroem a pin-tura) . Evitar deixar as peças em locais de muita circulação de pessoas, caso de borda de mesas, para impedir impactos e quedas Manter as obras sempre limpas, usando espanador de penas macias ou pano seco também macio

Se a peça soltar policromia, é sinal de ataque de insetos xilófagos ou degradação. Procurar um especialista para ava-liar o dano e indicar o melhor procedimento Não molhar e não ficar manuseando muito o objeto Flores atraem insetos, então é bom mantê-las afastadas da peça

Fonte: Iepha/MG

Técnicos informam que a peça histórica, tombada em 1997, está em estado crítico, mas asseguram que ela será totalmente restaurada

Iepha/MG/Divulgação

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hoje em dIA - p. 24 - 14.05.2011Capela histórica será restaurada

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“Novo” Mineirão se prepara para prova de fogo em 2012Antecipação como sede da Copa das Confederações motiva BH a tentar abertura da Copa de 2014

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Daniela Galvão Mesmo depois de a Prefeitura

de Belo Horizonte (PBH) ter anun-ciado a suspensão do projeto que transformaria o Mercado Distrital do Cruzeiro, na Região Centro-Sul, em um empreendimento com hotel de luxo, lojas, restaurantes e qua-se 2 mil vagas de estacionamento, o assunto causa polêmica. Os mo-radores do Bairro Cruzeiro ainda desconfiam da posição da adminis-tração municipal e afirmam que a revitalização desse tradicional es-paço, que faz parte da história da cidade, deve ser amplamente deba-tida com a população.

O que preocupa agora é a reu-nião do Conselho Deliberativo do Patrimônio Público Cultural de Belo Horizonte, prevista para quar-ta-feira, às 14h. Os conselheiros vão votar justamente a proposta que a PBH anunciou ter cancelado. Para que o projeto seja beneficiado pela lei municipal que concede in-centivos a empreendimentos hote-leiros, culturais e na área de saúde no âmbito das demandas da Copa do Mundo de 2014, ele precisa ser protocolado até 31 de julho. Os mo-radores alegam que se a PBH de-sistiu formalmente do projeto, não há motivos para que o assunto seja alvo de um debate no conselho, e vão se mobilizar para acompanhar a votação.

As consequências da imple-mentação do projeto do centro de compras para o Bairro do Cruzei-ro e sua suspensão também serão alvo de debate amanhã, às 15h, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em uma audiên-cia pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte. A audiência pública é mais um ins-trumento que as pessoas contrárias à transformação do centro de com-pras em um grande empreendimen-to vão usar para tentar conscienti-

zar as autoridades municipais sobre a necessidade de revitalizar o local, mas sem mudar suas característi-cas.

Área de proteção Além da pre-sença de representantes dos mo-radores, há questões referentes à proteção histórica e cultural da área onde o Mercado do Cruzeiro está localizado. Michele Arroyo, direto-ra de Patrimônio Municipal de Cul-tura, argumenta que, por se tratar de um imóvel que fica na área de pro-teção da Serra do Curral e abrange o Parque Amílcar Viana Martins, também tombado, o projeto precisa ser analisado pelo patrimônio his-tórico. De acordo com ela, antes de definir se os conselheiros aprovam a proposta é preciso definir qual será o nível de proteção do imóvel.

Ao anunciar a suspensão da iniciativa da PBH para o Mercado Distrital do Cruzeiro, o secretário municipal de Desenvolvimento da capital, Marcello Faulhaber, ex-plicou que apesar de entender que o projeto resolveria dois grandes problemas da região – a crescente redução das atividades econômicas do mercado distrital e o problema do tráfego no seu entorno –, há ou-tras alternativas para o local. “Por isso a suspensão do encaminha-mento do projeto”, ressaltou.

A presidente da Associação dos Cidadãos do Bairro Cruzeiro (Amoreiro), Patrícia Caristo, afir-ma que a comunidade local quer a preservação do mercado, e não sua demolição ou descaracteriza-ção. Ela informou que já foi proto-colado um pedido de tombamento do Mercado Distrital do Cruzeiro, que precisa ser analisado antes de qualquer decisão da PBH. Diz ainda que mais de 6 mil pessoas se manifestaram contra o projeto de transformação do mercado, em shopping center em um abaixo-as-sinado encaminhado à PBH.

estAdo de mINAs - p. 22 - 16.05.2011 Distrital do Cruzeiro

Mudanças ainda preocupamConstrução de complexo foi descartada pela prefeitura, mas votação do

mesmo projeto no Patrimônio Público Cultural põe moradores em alerta

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Paula Sarapu Cinco meses depois de o governo estadual ter sanciona-

do lei para combater a saidinha de banco, esse crime continua desafiando as autoridades e deixando a população assustada. Somente em dois dias da semana passada foram registradas oito ocorrências desse tipo, mostrando que a proibição de uso de celular nas agências bancárias e a instalação de divi-sórias nos caixas não surtiram efeito. Os criminosos não se intimidaram e quem é obrigado a retirar dinheiro nos bancos se sente à mercê das quadrilhas que agem principalmente na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, mas também atacam em outras áreas da cidade e em alguns municípios da Região Metropolitana.

Para os especialistas em segurança pública, a principal razão para a continuidade dos assaltos nas proximidades das agências bancárias são falhas na investigação da polícia para identificar e desarticular as quadrilhas. A delegacia especia-lizada do Departamento de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio só investiga situações onde o valor roubado ultrapassa R$ 65.400, o equivalente a 120 salários mínimos. Os outros casos ficam sob responsabilidade das delegacias distritais. “A lei que proíbe o uso de celular nas agências não ajudou muito. A única forma de se evitar a saidinha de banco é fazer uma investigação minuciosa para descobrir e des-montar essas quadrilhas especializadas, o que não tem sido bem feito. Esse não é um crime de oportunidade e aventura. Envolve uma forma específica de preparação e abordagem. E até agora não foram investigadas as técnicas dos crimi-nosos para identificar as potenciais vítimas. Se o celular era o grande determinante, eles já mudaram de tática”, afirma o ex-secretário de Defesa Social e secretário-executivo do Instituto Minas Pela Paz, o sociólogo Luís Flávio Sapori.

Não existe levantamento específico desse tipo de crime. A polícia considera a saidinha crime contra o patrimônio e os dados são compilados junto com ocorrências de furtos, roubos e outras modalidades criminosas. A Polícia Civil es-tima uma média de 70 saidinhas por mês. A polícia também sabe onde os criminosos agem com maior frequência: o Hi-percentro e a Região Centro-Sul. Se noto alguém suspeito, dou um tempo. O que ocorre é que a gente é muito confiante e nunca acha que vai acontecer nada de ruim - Camila Fidé-lis, design pReoCUpAÇÃo e medo

A designer de interiores Camila Fidélis, de 27 anos, cos-tuma fazer movimentações bancárias na Região Centro-Sul e diz que apesar da proibição do uso de celular nas agências, muitos clientes continuam a usar o telefone. Para se preca-ver, ela conta que observa bem o ambiente e as pessoas antes de entrar ou sair de um banco. “É fato: a lei não pegou. Vejo muita gente falando ao celular e mesmo quando o guarda chama a atenção, a pessoa não desliga. É uma situação que foge ao controle das agências, não se tem muito o que fa-

zer. Vejo as notícias sobre esse crime e, normalmente, tomo cuidado na hora de entrar e sair do banco. Se noto alguém suspeito, dou um tempo. O que ocorre é que a gente é mui-to confiante e nunca acha que vai acontecer nada de ruim”, avalia Camila.

A Polícia Militar faz patrulhamento específico para áreas bancárias, em locais com grandes concentrações de agências, levando em conta dias de pagamento e vésperas de datas comemorativas, o que já teria resultado em uma queda de 45% nas ocorrências. Policiais à paisana reforçam a segurança, de olho em suspeitos de moto. Na sexta-feira anterior ao Dia das Mães, 6 mil PMs foram às ruas comba-ter esse crime. Para o coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp-UFMG), Robson Sávio, a saidinha é um crime difícil de ser resolvido com ações paliativas. Ele sugere que o cidadão adote medidas individuais de proteção e diz que a segurança pública, de uma maneira geral, precisa de melhorias. “É uma ilusão achar que iniciativas pontuais vão resolver o problema. A lei dificulta uma das formas de comunicação da quadrilha, que acaba usando outros recur-sos para identificar alvos fáceis e vigiar as vítimas. Essa é a dinâmica do crime nas grandes cidades. A polícia não tem como estar o tempo todo em todos os lugares e o que ela pode fazer de melhor é identificar os elementos, a forma que atuam e onde praticam crimes, para posicionar os policiais e prender os criminosos. É preciso usar boas técnicas de in-vestigação”, diz ele. ÚltImos AtAQUes

As oito saidinhas de banco da semana passada foram registradas na quarta-feira (quatro casos) e na sexta-feira (mais quatro casos.) No primeiro dia, foram três ataques na capital – no Bairro Gutierrez, Região Oeste, na Região da Pampulha, e na Avenida do Contorno. O outro crime foi em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Se-gundo a Polícia Militar, os bandidos roubaram mais de R$ 32 mil das vítimas. Na sexta, ladrões levaram R$ 55 mil de um homem que havia sacado dinheiro no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul, e mais R$ 21 mil de vítimas no Bairro Betânia, Zona Oeste, em Lourdes e Funcionários, na Região Centro-Sul , e na Região Leste da cidade, na Avenida do Contorno.

Como se proteger Evite andar com grandes quantias pe-las ruas Não comente com ninguém que pretende fazer sa-ques Escolha estabelecimentos que ofereçam segurança na localização dos caixas Procure quebrar a rotina de saques, retirando dinheiro em horários e agências diferentes Prefira movimentações online para valores altos

Se for idoso, procure ir à agência com alguém de con-fiança

Fonte: Polícia Militar

estAdo de mINAs - p. 19 e 20 - 16.05.2011 INseGURANÇA

Na mira dos assaltantesLeis criadas para combater a saidinha de banco não surtem efeito e criminosos continuam a agir com ousadia. Em dois dias da semana passada, oito pessoas foram vítimas do golpe

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Paula Sarapu

O delegado Islande Batista, chefe do De-partamento de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio, informa que a unidade especia-lizada muitas vezes identifica os integrantes de quadrilhas que agiram em saidinhas de banco e troca informações com as delegacias distri-tais, que apuram casos onde o valor roubado é menor que R$ 65.400. De acordo com o po-licial, os ladrões costumam agir em trio – um observa o saguão da agência, um ataca a pes-soa fora do banco e o terceiro dá cobertura – e usam motos para facilitar a fuga. Ele faz um alerta aos clientes: “Os bandidos se organizam em busca do dinheiro fácil. Conseguimos de-sarticular alguns bandos, percebemos que em alguns poucos casos há participação de funcio-nários das agências, mas os clientes precisam estar atentos a sua segurança também”.

O dentista Duílio Souza, de 50 anos, evita andar com grandes quantias e também não faz saques depois das 22h. “Ninguém mudou seus hábitos e a população ainda não incorporou a ideia de que não pode usar celular na agência, nem para mandar torpedo. A verdade é que não há conscientização nem fiscalização. Só uma vez vi um segurança reclamar com um cliente e percebo que ninguém fala nada quando vê uma pessoa ao telefone. Entrar com celular na agência é que deveria ser proibido”, acredita.

Os bancos estão cientes de suas obriga-ções. A leis fixa prazo de 180 dias para que a proibição do uso do celular e a instalação dos biombos sejam viabilizadas. Quinze dias depois da publicação da norma, o Ministério Público fez uma recomendação às instituições financeiras, alertando que os fiscais do Procon vão percorrer todas as agências, ao fim do pra-zo, para verificar se a legislação foi integral-mente cumprida. As agências têm até julho para seguir as determinações, sob pena de pa-gamento de multa. Segundo o promotor Fer-nando Abreu, da área de Finanças do Procon,

algumas instituições estão resistindo à deter-minação de instalar as divisórias e biombos.

“O argumento usado por esses bancos é que o fato de a pessoa estar menos exposta dentro da agência compromete sua seguran-ça. Eles dizem que têm estudos que compro-vam essa afirmação, mas o assunto deverá ser discutido com a Justiça. Depois que vencer o prazo, eles terão que cumprir a lei”, afirma o promotor.

Há quem insista em desobedecer a norma que proíbe o uso de celulares nas agências, o que acaba por facilitar a atuação das quadri-lhas CelUlAR

Sobre o uso do celular, o promotor expli-ca que qualquer cidadão pode reclamar com o gerente e chamar o segurança se perceber al-guém ao telefone dentro da agência. Fernando Abreu disse que o Procon faz a fiscalização e que, além da agência, o usuário pode ser mul-tado pelo Estado. Ele considera, porém, que a melhor medida seria impedir as pessoas de entrar com celular na agência.

“Digo por mim, se o celular tocar, vou atender. É instintivo. O segurança vai me abordar, vou desligar, mas já vou ter falado. A lei é complicada e às vezes o legislador preci-sa pensar na sua aplicação real. É preciso que haja onscientização coletiva de que aquela res-trição pode ajudar a evitar a saidinha de ban-co”, diz.

A Federação Brasileira de Bancos (Fe-braban) informou, por meio de sua assessoria, que orienta as agências a seguirem a lei do ce-lular, mas pondera que só pode pedir ao cliente que desligue o telefone. Segundo a Febraban, a pessoa não pode ser retirada do banco se in-fringir a regra. Quanto à resistência de algu-mas empresas em instalar as divisórias entre caixas, federação afirma que há uma discussão porque o biombo cria um ponto cego e dificul-ta a visão do vigilante e o registro das imagens pelas câmeras de segurança.

CoNt... estAdo de mINAs - p. 19 e 20 - 16.05.2011Reportagem de capa

Sempre em estado de alertaPolícia diz que clientes devem tomar alguns cuidados para diminuir probabilidades de sucesso dos criminosos, que são bem organizados e costumam agir em grupos de três

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Um despachante envolvido no desvio de lacres de segurança para placas de veículos no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) – esquema denunciado ontem com exclusividade pelo Estado de Mi-nas – pretende revelar ao Ministério Público como funcionava a fraude. Ele trabalha para uma concessionária de motos e consegue os dispositivos no Detran-MG, mas foi descoberto quando pegou um lacre de carro para um amigo. O despachante, que vai responder a inquérito criminal, será ouvido na segunda-feira por um juiz e um promotor no Fórum Lafayette. “Ele vai revelar que o esquema é ilícito e que o Detran não pode fornecer lacre para ninguém, mas que não há nenhum controle”, disse um amigo do despachante que trabalha no Detran.

O colega informou não concordar com a atitude do despachante. “Ele passou por cima da administração pública e das autoridades, mas quer mostrar que isso aqui é uma cachorrada e que todo mundo pega la-cre”, disse o amigo, explicando que o despachante pegava até 20 lacres para motos de uma vez. ntem, o Detran da Gameleira viveu uma manhã

atípica, segundo o servidor público. “A fila para serviços de selagem de placas aumentou depois da denúncia. Muita gente, com medo, resolveu fazer os serviços pelos meios legais”, observou.

O lacre de segurança mantém a placa traseira do veículo presa à estrutura. A taxa de selagem custa R$ 37,08, mas, se o veículo tiver mo-dificações fora das especificações de fábrica ou se for uma clonagem, a selagem pode, no caso ilegal, custar R$ 1 mil ou mais, fora do Detran. O chefe-adjunto do Detran, delegado Elcides Guimarães, confirmou que houve afastamento de policiais civis envolvidos no esquema e que foi aberta sindicância para investigar o esquema, mas que não pode revelar detalhes do caso, para não atrapalhar as apurações.

Ontem, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a delegada Rafaela Gigliotti foi designada para falar sobre o caso. Ela é do Departamento Jurídico e coordena a administração de trânsito no Detran. Porém, segundo a assessoria, a delegada não havia sido localizada. (PF)

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estAdo de mINAs – p. 22 - 14.05.2011 lACRe do detRAN

Despachante promete revelar fraude

Renata Mariz Brasília – À falta de fiscalização nas fronteiras, desvios de dentro

das corporações militares e baixo índice de investigação sobre a origem das peças apreendidas, soma-se um problema estrutural no controle de armas no Brasil. Embora um decreto de 2004 tenha estipulado o período de um ano para os dois cadastros que contêm as informações do arma-mento de fogo que circula pelo país serem integrados, até hoje eles não se comunicam.

Um dos bancos de dados é o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), gerenciado pela Polícia Federal (PF), que mantém dados dos artefatos nas mãos dos cidadãos comuns e empresas de segurança privada, entre outros. Na outra ponta, há o Sistema de Gerenciamento Militar de Ar-mas (Sigma), de responsabilidade do Exército, que abriga informações sobre o arsenal em posse das Forças Armadas, de policiais militares e bombeiros, além de caçadores, atiradores e colecionadores.

Depois que o tema do controle de armas entrou na agenda pública, em virtude do massacre de Realengo, no Rio, onde um atirador matou 12 crianças e depois se suicidou, os dois órgãos estão tentando executar a integração dos sistemas. Segundo o Exército, enquanto não fica con-cluída a integração, a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controla-dos, que gerencia o Sigma, disponibilizou acesso ao sistema para seis servidores da PF.

Mais 54, segundo o órgão, deverão receber permissão para con-sultar o cadastro dos militares. No caminho contrário, ainda segundo o

Exército, somente um militar tem acesso ao Sinarm, da PF. A previsão é de que mais 30 homens do Exército sejam credenciados para operar o sistema.

Em nota, a PF preferiu explicar de forma mais genérica a falta de integração dos dois sistemas: “O administrador do Sinarm, que é a PF, pode realizar consultas ao Sigma e vice-versa. Apesar disso, ele não estão integrados. Há projeto de integração com a criação de um novo Sinarm em andamento, mas sem previsão de conclusão.”

Como todas as armas destinadas à destruição no país são encami-nhadas ao Exército, que executa a inutilização das peças, a blindagem das informações do Sigma é considerada muito prejudicial, podendo culminar em desvios. Uma das recomendações da CPI do Tráfico de Armas, que terminou em 2006 no Congresso Nacional, foi justamente a integração entre Sigma e Sinarm. Mas, assim como a lei de 2004 , a sugestão não foi levada adiante.

Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator da CPI do Tráfico de Armas, que finalizou os trabalhos no final de 2006 desvendando uma série de brechas no controle dos artefatos no país, é preciso punir os es-tados que não alimentam o Sinarm. “Há várias maneiras de se fazer isso, condicionando o repasse de verbas a essa alimentação dos cadastros, por exemplo. Não é possível traçar políticas em cima de dados não confiá-veis”, afirma o parlamentar. Para ele, a existência do Sigma só existe por uma pressão dos militares. “É uma espécie de herança da ditadura essa ânsia de controlar tudo”, diz Pimenta.

estAdo de mINAs - p. 7 - 16.05.2011Arsenal sem controle

Sete anos depois da lei que obriga a integração dos dois sistemas de registro de armas, eles permanecem separados

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GABRIELA SALESA Câmara Municipal de Belo

Horizonte aprovou, de maneira de-finitiva, o projeto de lei 421/2009, que torna obrigatória a instalação de detectores de metal na entrada das escolas municipais da capital. O texto ainda será enviado para sanção ou veto do Executivo Mu-nicipal.

A medida tenta coibir a entra-da de armas nos colégios, mas en-frenta resistência de especialistas, que chamam atenção para os trans-tornos que os equipamentos podem causar e para um chamado “exces-so” das autoridades.

Como o detector será obriga-tório nas escolas com mais de 500 alunos, 72 dos 186 colégios munici-pais da cidade teriam a obrigatorie-dade de usar o equipamento. Com um custo estimado em R$ 2.000 por aparelho, apenas para a com-pra dos detectores, a prefeitura terá que desembolsar R$ 144 mil - há gastos também com a manutenção, que deve ser feita a cada seis meses. Além disso, a prefeitura precisará designar um guarda municipal para cada escola. Eles vão acompanhar a entrada e revistar quem estiver com algum objeto metálico.

O custo para a compra e a ma-nutenção, segundo especialistas, não seria um problema se a medida garantisse de fato a segurança dos alunos. O pesquisador de seguran-ça e criminalidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Messi afirma que a fragili-dade do aparelho pode tumultuar a porta das escolas. “O aparelho apita com uma tesoura, compasso ou mesmo uma moedinha. É trans-torno na certa. E a violência é uma questão social, tem que ser tratada na escola”, explicou.

O pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segu-rança Pública da UFMG (Crisp) Robson Sávio alega que a medida não coibe a violência. “Episódio de arma nas escolas é um caso isolado. Precisamos é de políticas sociais”.

Para a psicopedagoga do cen-tro de psicologia da Newton Paiva Merie Bitar, o detector pode trazer

transtornos psicológicos para alu-nos, professores e funcionários. “A violência vai além da detecção da arma. É preciso que se trabalhe a causa dela”, ressaltou a especialis-ta.

A pedagoga Luiza Thorres vai mais longe e afirma que a medida pode favorecer a defasagem esco-lar. “As crianças podem entender que o equipamento é algo repres-sor, o que pode fazer com que eles faltem. Com os alunos fora das sa-las de aulas, eles podem ficar mais vulneráveis à violência das ruas”, destacou.

EmbateAutor do projeto rebate “in-

viabilidade” da leiDiante das críticas dos espe-

cialistas, o autor do projeto de lei, o vereador Cabo Julio (PMDB), afir-ma que o detector de metal é uma medida necessária e eficaz, além de mostrar aos infratores que as au-toridades de Belo Horizonte estão dispostas a tomar medidas firmes contra a violência.

Segundo ele, a lei vai coibir infratores. “Professores e alunos são reféns da violência dentro das escolas. Eles são ameaçados com frequência”, afirmou o vereador. Ele disse ainda que a resistência de alguns contra a medida é apenas uma questão cultural, que será ame-nizada com o tempo.

Carla Chicarelli, 39, é mãe de aluno e faz coro com o vereador. “Nossas crianças ficarão mais pro-tegidas”, defendeu.

Sindicato. Já o diretor do Sin-dicato dos Trabalhadores da Rede Pública Municipal de Educação (Sind-rede), Luiz Henrique Rober-ti, afirma que a medida é militarista e a prática seria inviável. “O pro-blema é social, cultural e econômi-co. Um simples aparelho não inibe a violência”, alegou. (GS)

Ataques no Brasil

Janeiro de 2003. O aluno Ed-mar Aparecido Freitas,18, invade a Escola Estadual Coronel Bene-dito Ortiz, em Taiúva (SP) com um

o tempo - p. 32 - 14.05.2011 polêmica

Colégios terão detector de metalEspecialistas atacam medida e dizem que ela é “ineficaz e exagerada”

revólver 38, vai até o pátio e começa a atirar. A vice-diretora e cinco alunos são feridos - um deles fica pa-raplégico. Freitas comete suicídio.

Fevereiro de 2004. Ar-mado com um revólver 38, um estudante de 17 anos mata dois colegas e fere ou-tras duas pessoas (uma aluna e uma funcionária) em uma escola pública de Remanso (BA). Ele foi apreendido e disse que sua meta era matar “pelo menos cem”. Como era menor, cumpriu medida

sócio- educativa e foi libe-rado.

Abril de 2011. Munido de dois revólveres, um ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bair-ro de Realengo, no Rio de Janeiro, promove o maior massacre do tipo já registra-do no país. Wellington Me-nezes de Oliveira, 23, entra na escola e começa a atirar contra os alunos. Após ma-tar 12 crianças e ser inter-ceptado por policiais, Oli-veira comete suicídio.

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Daniel Antunes - Repórter GOVERNADOR VALADARES – Um pediatra de Go-

vernador Valadares teve a prisão preventiva decretada pela Justiça por suspeita de abusar sexualmente de adolescentes, a maioria de baixa renda. O pedido foi protocolado no dia 18 pelo Ministério Público Estadual (MPE), que apresentou denúncia contra o médico.

O processo corre em segredo de Justiça e, por isso, a identidade do pediatra não foi divulgada – somente as ini-ciais, H.R.. Ele está na cadeia de Valadares. A prisão tem-porária foi convertida em preventiva para garantir a ordem pública e a instrução criminal, já que o suspeito poderia interferir no depoimento das vítimas e das testemunhas, se fosse solto.

Segundo o MPE, o crime foi em janeiro do ano passado. H.R. teria abusado sexualmente de um adolescente de 13 anos dentro do consultório, enquanto dois primos da vítima aguardavam na sala de espera. Antes de ir embora, cada ga-roto recebeu do pediatra R$ 10 “para lanchar”.

A denúncia é assinada pelos promotores Vinícius de Souza Chaves e Aguinaldo Lucas Cotrim. Eles afirmam que,

além de cometer o abuso sexual, o médico teria colocado em risco a integridade física e a moral de várias crianças e ado-lescentes de Valadares e de cidades próximas que estavam no posto de saúde onde ele trabalhava.

Os representantes do MPE pedem que o médico seja condenado por estupro de vulnerável e também com base na lei 8.072/90, que trata de crimes hediondos. A pena mínima varia de 8 a 15 anos de prisão. A promotoria requisitou peças processuais aos Conselhos Nacional e Regional de Medici-na, visando a apuração da conduta do suspeito sob as esferas administrativa e profissional.

O delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Valadares, Márcio Rezende, informou que nenhuma re-presentação contra o pediatra chegou ao órgão. Mas infor-mou que a entidade poderá abrir uma sindicância para apu-rar o episódio.

O médico atendia na rede municipal de saúde. A prefei-tura não comentou a suspeita de abuso sexual, mas informou que um processo administrativo contra o servidor poderá ser aberto se ele não justificar as faltas ao serviço por 30 dias.

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hoje em dIA - p. 21 - 14.05.2011Pediatra suspeito de abusar de garoto de 13 anos

Médico, que atendia em posto da Prefeitura de Valadares, teria assediado menino de 13 anos dentro do consultório

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Dando sequência à reforma do Código de Processo Pe-nal, no âmbito da comissão constituída pela Portaria nº 61/2000, foi encaminhado à sanção presidencial o Projeto de Lei nº 4.208/2001, que altera dispositivos do CPP relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória e demais medidas caute-lares. As medidas cautelares, cujo rol passa a consagrar autênti-co poder geral de cautela do juiz criminal, deverão ser aplicadas isolada ou cumulativamente: no curso da investigação, por re-presentação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público; no curso da ação penal, de ofício ou a re-querimento das partes. No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requeri-mento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação ou, em último caso, decretar a prisão preventiva. A prisão preventiva será determinada apenas quando não for cabível sua substituição por outra medida cautelar menos gravosa.

A prisão provisória é a prisão de natureza processual, cau-telar, decretada durante a persecução criminal, não se confun-dindo com a “prisão-pena” (privativa de liberdade). A finalidade da prisão provisória, em suas diversas modalidades, é de índole processual, devendo ser examinada, portanto, mediante funda-mentos e princípios próprios (fora da teoria da pena, que é as-pecto atinente à parte geral do Código Penal).

O Código de Processo Penal de 1941, originariamente, ado-tava a rigidez em matéria de prisão: a regra era a prisão ser man-tida; a exceção, a liberdade provisória. Com as alterações pos-teriores, o sistema passou a adotar a liberdade provisória como regra, admitindo, em caso de excepcional necessidade, a prisão. Essa tendência agora se consolida com a previsão de cautelares diversas da prisão, reservadas para casos graves e hipóteses de justificada necessidade e conveniência.

Com a reforma, teremos apenas três modalidades de prisão provisória: flagrante (artigo 301 e segs.), preventiva (artigo 311 e segs.) e temporária (Lei 7.960/89). A prisão pode ser cumpri-da a qualquer momento (dia ou noite), respeitadas as normas atinentes à inviolabilidade do domicílio (artigo 5º, XI, CR/88), ou seja, a casa é asilo inviolável, salvo hipóteses de flagrante, desastre, socorro e ordem judicial (durante o dia).

De acordo com a reforma do CPP, diante de uma prisão em flagrante, para que se escolha, entre as hipóteses cabíveis (pri-são provisória, liberdade provisória e/ou cautelares), qual a mais adequada, deve-se obedecer aos seguintes critérios, aplicáveis a todas as modalidades de cautelar (prisão e diversas da prisão): a) necessidade para aplicação da lei penal; b) necessidade para a investigação ou a instrução criminal; c) necessidade para pre-venção da prática de infrações penais; d) adequação à gravidade do crime; e) adequação às circunstâncias do fato; f) adequação às condições pessoais do destinatário da(s) medida(s). Tais cri-térios, além de autênticas diretrizes hermenêuticas, têm força normativa, complementando, sistematicamente, a fundamenta-ção dos motivos (artigo 312, caput, CPP) que autorizam a prisão

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Afinal, para que serve a prisão em flagrante?preventiva ou, na sua ausência, determinam a liberdade provisória do investigado ou acusado (cumulada ou não com outras cautela-res diversas da prisão).

Para que a prisão preventiva seja validamente decretada, além de prova de existência do crime e indícios suficientes de au-toria, são necessários alguns requisitos: a) crime doloso apenado com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos; b) reincidência em crime doloso, salvo se, em relação à conde-nação anterior, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, tiver decorrido período superior a cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livra-mento condicional, se não ocorrer revogação (artigo 64, I, CP); c) crime violento praticado em circunstância doméstica ou familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução de medidas protetivas de urgência; d) caso de dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou ausência de fornecimento de elementos suficientes para esclarecê-la. Presentes os requisitos, a autoridade judicial deverá demonstrar que há motivos que fundamentem a prisão preventiva: a) garantia da ordem pública; b) garantia da ordem econômica; c) conveniên-cia da instrução criminal; d) assegurar a aplicação da lei penal; e) descumprimento de obrigação imposta por força de outra medida cautelar.

O flagrante, em nossa Constituição, tem existência autônoma, sendo caso expresso de prisão anterior à condenação. Porém, sua força já se mostrava enfraquecida, diante da dicção do parágrafo único do artigo 310 do CPP (agora com nova redação), que deter-minava ao juiz a concessão de liberdade provisória quando se veri-ficava, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizavam a prisão preventiva. De tal maneira, o flagrante passou a ter função de “pré-cautela”, sendo suficiente para levar o autuado à prisão, mas não para mantê-lo preso. Ago-ra, com a lei oriunda do Projeto de Lei 4.208/01, tal tendência se consolida e se explicita, pois a proposta de novo artigo 310 do CPP diz que o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, fundamentadamente, converter o flagrante em preventiva, desde que: a) a prisão seja legal; b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelem inadequadas ou insuficientes; c) o agente não te-nha praticado o fato em legítima defesa, estado de necessidade ou exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal; d) estejam presentes os requisitos para decretação da preventiva (artigo 312 do CPP); e a autoridade policial ou o Ministério Públi-co tenham requerido a preventiva. Caso contrário, será concedida liberdade provisória...

Ou seja, se não for caso de soltura do autuado, a prisão em flagrante deverá ser convertida em preventiva, consolidando-se a subjugação da força coercitiva do flagrante. Com a lei nova, não há dúvida de que a sociedade estará menos protegida, pois estão fora da previsão de prisão preventiva (salvo o caso de reincidência em crime doloso) os crimes para os quais a lei não prevê pena de prisão superior a quatro anos, tais como os crimes contra as finan-ças públicas (incluídos no Código Penal pela Lei nº 10.028/2000), contra a propriedade imaterial e intelectual, contra o privilégio de invenção e as marcas de indústria e comércio, de concorrência des-leal e contra a organização do trabalho, além de crimes “graves” contra a administração da Justiça, comocoação no curso do proces-so. A lei nova, caso sancionado o projeto, entrará em vigor sessenta dias após sua publicação.

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Além de fingir que não está vendo irregularidade alguma, o político brasileiro que não pretende participar de esquemas lucra-tivos em troca da aprovação de projetos não pode cair na tentação de denunciar eventual armação de seus colegas. O preço a pagar é alto. Pode custar até mesmo a carreira política, em caso de derrota eleitoral. É o que se conclui de reportagem do Estado de Minas de ontem que relata as agruras do ex-vereador Sérgio Balbino, mais conhecido por Balbino das Ambulâncias. Ele não conseguiu se reeleger em 2008, pelo PTdoB, partido ao qual ainda é filiado, e tinha planos de voltar à Câmara Municipal de Belo Horizonte, concorrendo a uma cadeira nas eleições do ano que vem. Mas Bal-bino virou doença, ninguém quer pegar, a começar de seu próprio partido, cujo líder maior, deputado federal Luís Tibé, já lhe negou legenda.

Balbino já bateu às portas de outras agremiações, como o PT, PSL, PSDB, PR, PTC e PHS. De todas ouviu o mesmo não, sob as mais diversas desculpas. “Ninguém me quer por causa da minha honestidade e porque eu falo a verdade sem medo”, disse Balbino à reportagem. Trata-se, então, de um solene boicote, por ter o ex-vereador Balbino denunciado, há dois anos, um esquema de propinas envolvendo 10 vereadores. Conforme publicou o EM na ocasião, teria havido um arranjo para garantir a aprovação do

projeto de construção do Boulevard Shopping. Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), Balbino relatou que os ve-readores envolvidos teriam dividido uma propina de R$ 500 mil. Ele afirma ter se infiltrado no grupo com o propósito de se certi-ficar da corrupção e, depois, teria comprovado a devolução de R$ 30 mil recebidos por sua participação. “Não concordo com isso, o que me fez devolver os valores”, declarou o ex-vereador.

O caso dos vereadores denunciados por Balbino foi parar na Justiça e só a ela cabe formular julgamento. Mas o que importa é constatar o constrangimento de quem, convencido de que está de posse da verdade, denuncia armações em qualquer segmento da administração pública. No caso do político, que concorre a cargo eletivo e que depende da direção partidária para conseguir a legen-da, o boicote é evidente, como demonstra a humilhante peregri-nação do denunciante Balbino. Pior ainda: se foi assim com esse corajoso vereador, o que não tem ficado escondido nas diversas esferas legislativas e mesmo nos escaninhos da administração do dinheiro público? Se a retaliação é real, o temor a ela também deve ser. É preciso que os bons políticos – e são em maior número do que se pensa – encontrem formas de proteger o bem-intencionado, desenvolvendo mecanismos que impeçam a transformação da ho-nestidade em perda de tempo e a coragem em imprudência.

estAdo de mINAs – p. 08 - 14.05.2011 O preço da coragem

Ex-vereador que revelou esquema de propina sofre boicote de legendas

Embora a Constituição seja clara e objetiva quando afirma que os servidores públicos não podem ganhar acima dos venci-mentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje fi-xados em R$ 26,7 mil, vários setores do funcionalismo continuam não medindo esforços para interpretar esse dispositivo conforme suas conveniências corporativas, recorrendo aos mais variados ex-pedientes com o objetivo de furar o teto salarial da administração pública.

Para tentar justificar o pagamento de vencimentos acima do permitido pela Constituição, alguns órgãos da administração pú-blica chegaram às raias do absurdo, criando penduricalhos sala-riais como “auxílio paletó”. Os abusos proliferaram de tal forma que não restou ao Congresso outra saída a não ser aprovar emen-das constitucionais (EC) reforçando o que a Constituição já previa, quando foi promulgada, em 1988. Aprovada em 1998, uma dessas emendas - a EC 20 - determina que juízes, desembargadores, pro-motores e procuradores devem ser “remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qual-quer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representa-ção ou outra espécie remuneratória”.

Mesmo assim, os abusos continuam prevalecendo, levando a situações paradoxais, como a que vem sendo enfrentada pelo Mi-nistério Público (MP). Enquanto no âmbito da União o Ministério Público Federal abriu três ações judiciais contra os supersalários que são pagos pelo Legislativo e Executivo, em pelo menos cin-co Estados, promotores e procuradores criaram uma espécie de “bolsa-aluguel”, que varia de R$ 2 mil a R$ 4,8 mil e está sendo paga até mesmo a quem já está aposentado. Ao todo, como foi divulgado pelo Estado, em reportagem publicada domingo, 950 profissionais estão ganhando esse benefício. Até o corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) - o órgão en-carregado de promover o controle externo da instituição - recebe o beneficio. Em média, os promotores ganham R$ 15 mil mensais e os procuradores, R$ 24 mil.

Com o auxílio para pagamento de aluguel, que vem sendo concedido inclusive a quem já tem casa própria, vários promoto-res e procuradores acabam ganhando mais do que os ministros do Supremo, o que é proibido pela Constituição. Para justificar esse benefício, os cinco MPs que estão em situação irregular - Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Santa Catarina - alegam que as leis orgânicas aprovadas pelas Assembleias Legis-lativas de seus Estados os autorizam a pagar o aluguel de promoto-res nas comarcas onde não há residência oficial para eles.

O argumento é duplamente absurdo. Em primeiro lugar, por-que as leis estaduais não podem se sobrepor à Constituição - e esta não prevê a obrigatoriedade de residência pública para promoto-res. E, em segundo lugar, porque não faz sentido órgãos como o Ministério Público terem moradias oficiais em cada uma das mais de 5,5 mil cidades brasileiras. “É surreal. Num país com tantas carências, imaginou se a União tiver de construir residências para todos os membros da Justiça e do MP?”, comenta Achilles Siqua-ra, do CNMP. “Há uma burla evidente”, diz o conselheiro Almino Afonso.

Para apurar os abusos, o CNMP abriu em fevereiro uma in-vestigação e, após dois meses de trabalho, constatou que, além de pagar um benefício flagrantemente ilegal, os cinco MPs já o incorporam como remuneração permanente aos salários de todos seus membros - inclusive os aposentados. Com base nessa consta-tação, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil já anunciou que entrará no STF com uma ação de descumprimento de preceito fundamental contra esses cinco MPs e questionará a constitucionalidade de suas leis orgânicas. Por ironia, a iniciativa não conta com a simpatia dos juízes federais - apesar da incons-titucionalidade da “bolsa-aluguel”, a corporação passou a pleitear sua concessão, a título de “simetria de tratamento funcional”. Essa é mais uma amostra da audácia de algumas corporações do fun-cionalismo, que se imaginam acima da Constituição que juraram respeitar.

o estAdo de s.pAUlo - p. A3 - 14.04.2011

‘’Bolsa-aluguel’’ para promotores

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