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396 14. ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) Deberdon Evangelista Rosas Cleber Alboy Monaro Inácio RESUMO - O estudo contempla o artigo 28 da lei de drogas, lei 11.343/06, o qual teve como objetivo analisar a ineficácia da norma perante a legislação, verificando os resultados após a edição da lei, que no atual contexto não atingiu o fim almejado. Dessa forma, o intuito é de demonstrar a incoerência da norma com a realidade atual, analisando pontos do tema nos três capítulos do trabalho, de forma a explanar atuais divergências sociais. A presente pesquisa monográfica realiza uma análise prática e definida no artigo 28 que, por sua vez, aplica ao usuário um tratamento diferenciado, suas sanções brandas e inadequadas para o atual contexto social. Pontos elencados no trabalho levam à reflexão de que a coletividade está sofrendo as consequências de uma norma protecionista que facilita a prática de crimes e, assim, causando danos à saúde pública. E, por fim, verifica-se que a legislação em comento necessita de alterações, pois desde a sua edição trouxe consigo vários questionamentos feitos por operadores do direito, quanto a sua eficácia e seus resultados. Palavras chaves: artigo 28, usuário, drogas. ABSTRACT - The work deals with Article 28 of the drug law 11.343 / 06, which aimed to analyze the ineffectiveness of the rule before the law, checking the results after the enactment of the law, which in the current context has not reached the desired end. Thus the purpose and demonstrate the inconsistency of the standard with the current reality, analyzing theme points in the three chapters of the form of work explain current social differences.This monograph makes a practical analysis and defined in Article 28 which in turn applies to the user different treatment. Its mild and inadequate penalties for the current social context. Listed points at work leads to reflection that the community is suffering the consequences of a protectionist standard that facilitates crimes, and thus causing damage to public health. Finally, it appears that the legislation under discussion needs to change because since its edition brought many inquiries for legal practitioners as to their effectiveness and results. Keywords: article 28, user, drugs.

14. ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) RESUMO · 396 14. ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) Deberdon Evangelista Rosas Cleber Alboy Monaro Inácio RESUMO - O estudo

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14. ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06)

Deberdon Evangelista Rosas

Cleber Alboy Monaro Inácio

RESUMO - O estudo contempla o artigo 28 da lei de drogas, lei 11.343/06, o qual teve como

objetivo analisar a ineficácia da norma perante a legislação, verificando os resultados após a

edição da lei, que no atual contexto não atingiu o fim almejado. Dessa forma, o intuito é de

demonstrar a incoerência da norma com a realidade atual, analisando pontos do tema nos três

capítulos do trabalho, de forma a explanar atuais divergências sociais. A presente pesquisa

monográfica realiza uma análise prática e definida no artigo 28 que, por sua vez, aplica ao

usuário um tratamento diferenciado, suas sanções brandas e inadequadas para o atual contexto

social. Pontos elencados no trabalho levam à reflexão de que a coletividade está sofrendo as

consequências de uma norma protecionista que facilita a prática de crimes e, assim, causando

danos à saúde pública. E, por fim, verifica-se que a legislação em comento necessita de

alterações, pois desde a sua edição trouxe consigo vários questionamentos feitos por operadores

do direito, quanto a sua eficácia e seus resultados.

Palavras chaves: artigo 28, usuário, drogas.

ABSTRACT - The work deals with Article 28 of the drug law 11.343 / 06, which aimed to

analyze the ineffectiveness of the rule before the law, checking the results after the

enactment of the law, which in the current context has not reached the desired end. Thus the

purpose and demonstrate the inconsistency of the standard with the current reality, analyzing

theme points in the three chapters of the form of work explain current social

differences.This monograph makes a practical analysis and defined in Article 28 which in

turn applies to the user different treatment. Its mild and inadequate penalties for the current

social context. Listed points at work leads to reflection that the community is suffering the

consequences of a protectionist standard that facilitates crimes, and thus causing damage to

public health. Finally, it appears that the legislation under discussion needs to change

because since its edition brought many inquiries for legal practitioners as to their

effectiveness and results.

Keywords: article 28, user, drugs.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo a análise do artigo 28 da lei de drogas (lei nº 11.343,

de 23 de agosto de 2006), relativamente acerca da eficácia da lei imposta ao usuário de

drogas, visto que o novo ordenamento jurídico trouxe uma visão global do usuário. Com isso,

o abrandamento das sanções impostas ao cidadão que é encontrado com entorpecente. O estudo está

adstrito a vários posicionamentos de juristas e doutrinadores que analisam o tema.

O método de pesquisa utilizado no desenvolvimento desse trabalho foi o dedutivo. Buscou-

se utilizar a técnica de documentação indireta em fontes primárias, pesquisas em jurisprudências,

artigos, doutrina, na legislação constitucional e infraconstitucional.

A análise do estudo deste trabalho é constituído, levando-se em consideração a figura do

usuário, não sendo analisado todo o diploma legal da lei em comento. Espera-se que o trabalho

tenha uma contribuição para compreensão das polêmicas que esta lei trouxe à sociedade. A

pesquisa foi desenvolvida não só pensando nos doutrinadores aplicadores do direito, mas também

nos anseios da coletividade que de certa forma sofre com a ineficácia dessa lei, que abranda o

uso de drogas e, assim, estimula outros crimes que o tráfico obriga a quem é dependente a

praticar.

O artigo em análise da lei 11.343/06 é o 28, onde estão descriminadas as condutas referentes

à pessoa usuária de drogas. Agora, por não cominar sanção mais grave ao usuário, estão

causando polêmica tanto aos estudiosos quanto às pessoas que de certa forma são vítimas das

drogas. Pretende-se com o referido estudo demonstrar que a nova lei não surtiu muito efeito

para regular a conduta das pessoas, e que as medidas tomadas não são eficazes na redução do

uso das drogas.

No primeiro capítulo, do referido estudo, veremos uma breve explanação histórica do que

foi o uso das drogas e suas utilidades no meio social, qual a sua necessidade, sua eficiência e

como as pessoas viam a sua utilização, em suas vidas.

Para compreendermos melhor o artigo 28, da lei 11.343/06, primeiro é fundamental sabermos

o que determina o conceito de crime, bem como todos os elementos que permeiam as condutas

que o definem.

Um dos doutrinadores mais renomados da atualidade, Zaffaroni; Pierangeli (2007, p.

335) relata sobre esse assunto:

Efetivamente, quando o juiz, o promotor de justiça, o defensor ou seja quem for se

encontram diante da necessidade de determinar se existe delito em caso concreto, a

primeira coisa que se deve saber e que caráter deve apresentar uma conduta para ser

considerada delito.

398

Para sabermos melhor sobre este assunto, o segundo capítulo será destinado a analisar e

estudar os conceitos existentes de crimes. A polêmica do artigo 28, da nova lei de drogas,

também envolve muita discussão sobre as penas aplicáveis ao crime em comento.

Na nova lei, o fato de em seu artigo 28 não cominar pena privativa de liberdade ao usuário,

alguns estudiosos têm entendido que houve “abolitio criminis”. Portanto. vamos estudar o que é

crime, sendo indispensável a compreensão do artigo 28 da referida lei de drogas e conhecer as

sanções existentes e suas finalidades em relação á prática da conduta incriminadora.

De tal forma, compreender a conduta tipificada no artigo 28, além de um estudo sobre

o conceito de crime, também o estudo sobre as tipificações de penas adotadas pelo ordenamento

jurídico no Brasil e suas finalidades, sendo analisado nesse capítulo o estudo em questão da

natureza jurídica da norma.

Veremos alguns aspectos da lei 11.343/06, de 23 de agosto de 2006, lei esta que trouxe uma

visão emblemática e polêmica acerca do consumo de entorpecente. Veremos também as condutas

do uso, as situações em que é considerado tráfico, ambiente, objetos e todo um sistema, que

atualmente é visto no ordenamento jurídico nacional.

Serão estudadas as condutas ativa e passiva, o bem jurídico penal tutelado, o objeto material

e os elementos do tipo. E para concluir, no terceiro capítulo, será apresentado o que realmente

acontece nas ruas com as pessoas que se tornaram usuárias de drogas, as práticas criminosas que as

drogas fazem-nos cometer, a situação familiar e física,a perspectiva de vida e os anseios que a

coletividade busca em uma lei nova como a lei de drogas, como nos dias atuais é a eficácia da

norma, sua utilização na contenção de novos delitos, mas que infelizmente acabou por trazer

mais uma problemática ao meio social, principalmente nas ruas, transformando-se em um problema

governamental de âmbito nacional.

1 AS DROGAS ILÍCITAS E OS PREJUÍZOS SOCIAIS COROLÁRIOS

DE SEU USO

1.1 CARACTERÍSTICAS NUANCES DO ENTORPECENTE

O que podemos colocar de mais significativo sobre as drogas vem da organização mundial

de saúde que diz que: “Toda substância que introduzida num organismo vivo, pode modificar uma

ou várias de suas funções” (KARA, 1993, p.26).

Em acordo com essa nomenclatura, vemos a amplitude do seu conceito, que pode abranger

diversos tipos de substâncias, tanto lícitas quanto ilícitas. As drogas podem ser na

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forma de folha seca, pedra, pois também na forma líquida e gasosa, temos chás, e também as

lícitas como os remédios.

Um autor consagrado, Rosa Del Olmo, em sua obra relata:

Trata-se, pois de uma palavra sem definição, imprecisa e de uma excessiva

generalização, porque em sua caracterização não se conseguiu diferenciar os fatos

das opiniões nem dos sentimentos. Criam-se diversos discursos contraditórios que

contribuem para distorcer e ocultar a realidade social “droga”, mas que se apresentam

como modelos explicativos universais (1990, p.22).

Dessa forma, podemos verificar que a palavra droga pode ter vários significados

contemplando uma gama de definições, sendo tudo que causa modificações ao organismo quando

em contato. Assim, podemos vislumbrar seus efeitos e especificidades no âmbito do consumo

humano.

1.2 EVOLUÇÃO DAS DROGAS

O consumo de drogas, ao contrário do que se pensa, fez parte da evolução humana desde

os primórdios, em que os primeiros habitantes do planeta de forma rústica faziam o consumo de

algumas ervas, no intuito de rituais religiosos e também medicinais. Há registros do consumo de

algumas substâncias que datam de cerca de 3.000 aC., que eram utilizadas por algumas tribos

naquela época. As principais substâncias utilizadas eram provenientes do ópio, que é o princípio

ativo de substâncias como a Morfina, Codeína, Heroína, e Cannabis Sativa (Maconha), dentre

outras.

Há relatos de que as Ordenações Filipinas, na época da colonização do Brasil, foi a primeira

legislação a tentar combater o comércio de entorpecente, o uso e o porte, repreendendo quem

vendia tais substâncias.

Neste caso, é notório trazer a dicção do título LXXXIX das ordenações Filipinas.

Nenhuma pessoa tenha em sua casa para vender, rosalgar branco, nem vermelho, nem

amarelo, nem solimão, nem agua dele, nem escamonea, nem ópio, salvo se for

boticário examinado, e que tenha licença para boticar, e usar do officio (SILVA, s.d.).

Esperava-se que com a vinda da família Real Portuguesa para o Brasil, na data de 1808,

houvesse alguma mudança na legislação das drogas, mas não foi o que ocorreu. As Ordenações

Filipinas com sua lei vigoraram sem mudanças até a Proclamação da Independência que ocorreu

por Dom Pedro I, em 1822.

400

Mais tarde, por volta de 1890, mais polêmica se fazia em torno da discussão concernente

às drogas, sendo objeto de discussão pelo Estado.

Ex vi” 2 do disposto no art. 159 da norma citada em epígrafe, o sujeito que “Expor

á venda, ou ministrar, substâncias venenosas, sem legitima autorização e sem

as formalidades prescritas nos regulamentos sanitários:” estava sujeito à “Pena – de

multa de 200$000 a 500$000 (BRASIL, 1890).

No Brasil, foi a partir de 1890 que se começou a preocupação com os problemas trazidos

pelas drogas, no Código Penal, no artigo 159. Desde então, procurou-se tentar adequar as leis

ao atual cenário nacional. Próximo a esta data, por volta de 1911, o Brasil não tinha controle

sobre as drogas. Esse fato mudou a partir de uma reunião internacional em Haia, comprometendo-

se a controlar o uso não medicinal de ópio e cocaína.

Em 1921, foi criada a lei que regulava a prescrição de ópio e outras drogas, como heroína

e cocaína. Em 1933, veio o decreto-lei 891/38 estabelecendo normas, classificando as substâncias e

restringindo sua produção, consumo e tráfico.

Mais tarde, na data de 28 de abril de 1936, foi criada a Comissão Nacional de Fiscalização

de entorpecentes, sendo extremamente importante na legislação de drogas, no Brasil. Essa

comissão serviu para instituir a lei de Fiscalização de Entorpecentes, que foi publicada em meados

de 1938, tendo como forma o Decreto nº. 780, de 28 de abril de 1936, estabelecendo quais substâncias

eram consideradas drogas e também normatizava e controlava a extração, o preparo e a venda.

O ano de 1940 foi também um marco, pois foi elaborado o Código Penal que vigora até hoje

e, no seu artigo 281, o legislador pátrio atribuía como crime as condutas:

Art. 281 - Importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, ainda que a título

gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou, de

qualquer maneira, entregar a consumo substância entorpecente, sem autorização ou em

desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de um a cinco

anos, e multa, de dois a dez contos de réis.

A partir dessas épocas foi se entendendo a necessidade de implantar-se políticas públicas

para tentar vencer as drogas. Mas muitos decretos foram editados até a década de 1970. Nessa

referida década, a conscientização da potencialização do tráfico já era unânime, pois os esforços

já estavam sendo em conjunto internacional, tendo o apoio da grande potência Estados Unidos.

Aqui, já era entendido que o combate ao narcotráfico era necessário, pois o comércio de drogas já

era internacional e estava se alastrando em todos os meios sociais.

401

Posteriormente, foi criada a lei 6.368/76, que regulava de forma específica as medidas de

repressão e prevenção ao tráfico de drogas e seu uso indevido, que vinham a causar dependência

física e psíquica. A partir desses pontos surge a lei 10.409/02, mas esta lei não atendia aos preceitos

legais, pois em seu projeto havia algumas inconstitucionalidades, além de conter deficiências

técnicas.

Essas duas legislações eram utilizadas juntas, a lei 6.368/76, que legislava sobre a parte penal

da legislação de entorpecentes, e a lei 10.409/02, que regulamentava a parte especial.

As duas normas deixavam a desejar, pois o tema era esparso não atingindo todos os objetivos

pretendidos. A lei de entorpecentes, que trazia a ideia de proibição, tinha como sanção a prisão de

seis meses a dois anos para quem usava e de três a quinze ao traficante.

Surgiu em 2006 a lei nº 11.343. Com o advento dessa nova lei, houve a revogação das leis

6.368/76 e 10.409/02, esta nova lei, por sua vez, trouxe uma nova visão, principalmente no

que diz respeito ao usuário de drogas, especificamente no artigo 28, por trazer sanções diferentes

das legislações anteriores, alcançando um leque bem maior de condutas e um abrandamento das

punições das penas ao infrator que fosse encontrado com determinadas substâncias entorpecentes e

dependendo das circunstâncias em que estiver e que vão determinar se pode ser considerado usuário

ou tido como traficante. Pois este artigo em comento nos leva a refletir no referido estudo.

Seguindo essa linha de reflexão, em 2006, como já visto, surgiu a legislação de drogas

atual, a lei nº 11.343/06, a que veio para suprir as lacunas ora deixadas por normas anteriores, ensejou

a instituição do SISTEMA NACIONAL DE POLITICAS SOBRE DROGAS (SISNAD),

determinando as competências de órgãos que o compõem. Apresentando novas formas de tentar

reprimir o tráfico, colocando os entes federados com responsabilidades para participar das políticas

sobre as drogas, trazendo também princípios que norteiam as atividades de prevenção.

A nova diretriz trouxe a polêmica de usuários não mais serem presos, pois quando o fato

era caracterizado como para consumo, e que ao ser detido somente seria ouvido e liberado, as

sanções da nova lei tornaram-se mais brandas, tendo o traficante sua sansão mais severa, sendo

prisão de 5 a 15 anos, enquanto que leis anteriores eram mais brandas. Houve, ainda, mais uma

inovação referente ao financiador do tráfico: “Crime [de financiador do tráfico] se consuma com

o abastecimento do crime (entrega de dinheiro, depósitos em conta, entrega de bens etc.), seguido

do comércio ilegal” (GOMES. F, 2007, p. 209).

Polêmica essa que até hoje não é compreendida pela sociedade, pois com essa legislação

criou-se um álibi para quem é encontrado com drogas em sua posse. A partir de 2006, nenhum

usuário pode ser sujeito à prisão, seu caso agora é de competência do Juizado de Pequenas

causas, sendo caracterizado como de menor potencial ofensivo, sendo que as

402

penas são advertência sobre o uso das drogas, prestação de serviços à comunidade e participação

em algum curso ou programa educativo. O principal ponto, segundo essa lei, é informar que as penas

são de caráter socioeducativas. E também deu fim ao tratamento compulsório de dependentes

químicos.

1.3 DIFERENÇAS ENTRE USUÁRIO E DEPENDENTES QUÍMICOS

Essa diferenciação é extremamente complexa, pois para que um usuário torne-se um

dependente químico, com constância em uso, depende de vários fatores, mas todo dependente

químico teve seu início como usuário. As formas pelas quais se torna um usuário de drogas são,

dentre outras: curiosidade, pressões de grupos sociais, situações emocionais etc. Porém, nem

todo usuário torna-se um dependente químico.

Nesse entendimento, podemos discernir que a maioria das pessoas que se envolvem com

tal ilícito está de certa forma com algum desvio emocional, tendo em vista que as informações

atuais, mesmo sendo pouco divulgadas, são de conhecimento de todos, sobretudo dos malefícios

que as drogas trazem ao ser humano.

O conceito de usuário é de extrema relevância, pois, com o advento da lei 11.343/06,

seu tratamento tornou-se diferenciado, de forma que a imagem de criminoso, que se tinha antes do

advento da lei, agora é de doente que necessita de auxílio médico, inclusive tratamentos diversos.

Desta forma, o artigo 28 da referida lei detalha as características para qualificar o usuário de drogas

e também suas sanções pertinentes. De maneira que a lei, a partir da entrada em vigor, primou

pela pena restritiva de direitos e medidas educativas e não medidas restritivas de liberdades,

indicando que o indivíduo necessita de auxílio institucional.

No caso do dependente químico, pode ser considerado pela condição física e psicológica,

causadoras do grande consumo das substâncias ilícitas. Dessa maneira, como o consumo é contínuo,

o corpo humano torna-se cada vez mais dependente e debilitado, sendo que as consequências

atingem toda a saúde do corpo humano físico e psicológico, mas tem maior prevalência no sistema

nervoso.

Dessa forma, quando o indivíduo deixa de consumir, os sintomas da abstinência fazem- no

buscar a droga de qualquer maneira, seu organismo sofre vários problemas, entre eles podemos

resumir: sofrimento mental, físico e mal-estar, como: convulsões, hiperatividade, tremores, insônia,

alucinações, descontrole psicomotor e ansiedade.

403

1.4 CRITÉRIOS LEGAIS DE PROSCRIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS.

No Brasil, o órgão responsável pela regulamentação técnica sobre substâncias e

medicamentos surgiu através da portaria 344/98, que é Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), que está vinculada ao Ministério da Saúde e integra o SUS (Sistema Único de Saúde).

E essa entidade é responsável pela coordenação e atuação em âmbito federal em execução

sanitária em todo o território nacional, estabelecendo padrões gerais em questões relacionadas

à saúde pública.

Por meio de estudos e análises, a instituição busca em sua função orientar o uso de

medicamentos para o consumo humano, determinando quais são nocivos ao organismo. É

responsável por criar padrões de aplicação, podendo determinar quando necessário o uso de

substâncias proibidas a pessoas quando houver necessidade medicinal e legal para tal. A exemplo,

temos o canabidiol CBD, uma substância química encontrada na “Cannabis sativa”, e que

constitui grande parte da planta, chegando a representar mais de 40% de seus extratos, pode ser

usada em crises de convulsões em ataques epiléticos.

Nesse sentido, a responsabilidade desta instituição é tamanha, de tal forma possui grupos

de profissionais que fazem pesquisas e estudos para determinar o que pode e o que será proibido

para consumo coletivo. Possui médicos, farmacêuticos, químicos, dentre outros especialistas,

equipes altamente capacitadas para trabalhar, sendo destinados ao estudo de substâncias que podem

ou não serem nocivas ao uso humano.

Tamanha é a responsabilidade da instituição, pois em alguns casos é necessário que derivados

de algumas substâncias proibidas sejam ministrados a algum paciente, dessa forma poderão

ser concedidos mediante autorização legal. Como exemplo, a ANVISA divulga plantas que são

nocivas à saúde.

PLANTAS PROSCRITAS QUE PODEM ORIGINAR SUBSTÂNCIAS

ENTORPECENTES E/OU PSICOTRÓPICAS

1. Cannabis sativa L.

2. Clavicepspaspali Stevens & Hall.

3. DaturasuaveolensWilld. 4. Erythroxylum coca Lam.

5. LophophorawilliamsiiCoult.

6. PapaverSomniferum L.

7. Prestoniaamazonica J. F. Macbr.

8. SalviaDivinorum. (ANVISA, s.d.)

Nesse sentido, a ANVISA regulamenta todos os medicamentos a serem consumidos pelas

pessoas e seus perigos. Seus estudos, principalmente referindo-se a drogas ilícitas, são pautados em

anos de estudos, sendo levado em conta pesquisas e reações adversas que

404

ocorrem no organismo humano ao serem utilizadas. As pesquisas tanto no Brasil quanto em outras

nacionalidades são unânimes em relatar os danos causados pelas drogas que em muitos casos

são irreversíveis, podendo levar à morte prematura.

1.5 CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS E SEUS EFEITOS

Essas substâncias podem ter várias formas e classificações, sendo muito utilizadas na

medicina, seu uso deve ser autorizado primeiramente pelo governo por meio da ANVISA, órgão

competente, existindo todo um procedimento que analisa a necessidade de tais substâncias para

que sejam expostas no mercado, e após serem ministradas por profissional competente.

As drogas tornaram-se o maior desafio dos países, pois se alastram rapidamente, causando

vítimas e em muitos casos levando à morte, destroem vidas e famílias sem medir as

consequências. Por ser tão lucrativo, as pessoas sempre buscam formas de burlar o sistema,

que muitas vezes é frágil.

Efeitos farmacológicos das drogas.

Classificação das drogas quanto ao seu modo de ação no cérebro.

□ Drogas depressoras do sistema nervoso central.

□ Drogas estimulantes do sistema nervoso central.

□ Drogas perturbadoras do sistema nervoso central (alucinógenas).

1. Drogas depressoras do sistema nervoso central

São substâncias capazes de identificar ou diminuir a atividade do cérebro, possuindo

propriedades analgésica, e tornam o indivíduo sonolento e desconcentrado. Exemplos:

álcool benzodiazepínicos (tranquilizantes ou calmantes), barbitúricos (soníferos),

Opiláceos inalantes. (NEAD, s.d.)

2. Drogas Estimulantes do Sistema Nervoso Central.

Substâncias capazes de aumentar a atividade cerebral, ocorrendo aumento da atenção,

aceleração do pensamento e euforia. Exemplo: cocaína, tabaco(nicotina). (NEAD, s.

d).

3. Drogas Perturbadoras do Sistema Nervoso Central.

Estão relacionadas à produção de quadros de alucinação ou ilusão, de natureza visual.

Os alucinógenos não possuem utilidade clínica como os calmantes nem podem ser

utilizados legalmente. Dessa forma, o cérebro passa a funcionar de forma

405

perturbada. Exemplo temos: Mescalina, maconha, psilocibina (cogumelo) LSD-

25 (NEAD, s.d.).

Classificação quanto ao potencial de uso nocivo e utilidade

clínica.

A Federal Drug Enforcement Administration (DEA) elaborou uma classificação

bastante adotada hoje pelos órgãos de saúde pública e vigilância sanitária de todo o mundo.

A classificação baseia-se tanto na utilidade clínica da substância, quanto no seu

potencial de uso nocivo. (NEAD, s.d.)

Classificação do Federal Drug Enforcement Administration (DEA)

Classe I: Nenhuma utilidade clínica

Alto potencial de abuso e dependência

Classe II: Baixa utilidade clínica

Alto potencial de abuso e dependência

Classe III: Alguma utilidade clínica Classe IV: Grande utilidade clínica

Potencial baixo de abuso e dependência

Heroína

Alucinógenos (LSD, mescalina)

Maconha Ópio ou morfina

Codeína

Opiáceos sintéticos

Barbitúricos

Anfetaminas & derivados

Paracetamol e codeína combinada

Esteróides anabolizantes Benzodiazepínicos

Fenobarbital

Classe V: Grande utilidade clínica

Potencial muito baixo de abuso e dependência

Fonte: NEAD, s.d.

Misturas de narcóticos e atropina

Misturas diluídas de codeína

O uso contínuo das drogas é uma grande preocupação entre os países, pois o consumo

elevado e as altas taxas criminais deixam mais ainda o terror como marca das drogas, e torna-se

uma luta sem ganhadores e com finais trágicos.

1.6 A PROBLEMÁTICA DO USUÁRIO PERANTE A SOCIEDADE

Classe Substâncias

406

O atual contexto do país é de extrema precariedade, pois temos de um lado um alto consumo

de drogas fomentando a violência e de outro, leis e políticas públicas que não auxiliam em sanar tais

questões sociais.

A partir da edição da lei nº 11.343/06, o legislador buscou inovar um sistema que outrora

era mais repressivo e agora são formas mais brandas e socioeducativas, sempre tendo como

exemplo legislações de outras nacionalidades que estão anos luz à frente do Brasil. Tendo em

vista a cultura do país, em ser de difícil compreensão pelas pessoas, essa nova norma acabou por

criar nas grandes cidades, e hoje também no interior dos Estados, um exército de usuários que

perambulam pelas ruas como zumbis.

Tal fato veio aliado ao crescente índice de criminalidade, como: roubos, furtos, depredação

do patrimônio público e o aumento do tráfico de drogas. Todos esses fatos auxiliam no grande

ganho de capital dos traficantes que buscam de todas as formas burlar a fiscalização cada dia mais,

abastecendo esse mercado negro do tráfico de drogas, que rende bilhões.

Tudo isso aliado à inércia institucional de um governo ausente que arrecada milhões, mas

não investe o mínimo necessário. A falta de uma estrutura que tenha possibilidade de dar apoio

profissional a tais usuários acaba por agravar ainda mais a situação, pois pessoas que precisam de

ajuda, que são usuárias de drogas, na maioria dos casos são atendidas em locais públicos, onde os

profissionais não estão preparados para esse tipo de atendimento e, em muitos casos, colocando

em risco a vida de inocentes, que estão sendo hospitalizados naquele local.

A parte estrutural do Estado é ineficaz, pois cria a lei, mas não dá ferramentas para concluir

os procedimentos, isso acaba por agravar e aumentar cada vez mais a quantidade de dependentes

químicos nas ruas, que para sustentar seu vício comete crimes de todas as naturezas, sem medir as

consequências.

E, dessa forma, as famílias são as primeiras a serem devastadas pelas drogas, também são

as primeiras que sofrem com o usuário, pois os primeiros delitos surgem nas próprias residências

como furtos, e até violências físicas contra os entes familiares, mas o vício e a ânsia de usar cada

vez mais, pelos usuários, acabam por fazê-los praticar todos os tipos de agressões e delitos para

conseguir o entorpecente.

2. AÇÕES CONFIGURADORAS DO DELITO

Com a criação da nova lei de drogas, procurava-se resolver um problema social que há

muito tempo trazia grandes consequências à sociedade. A grande polêmica que criou foi

sobre o usuário, uma inovação na lei onde não mais seria preso quem estivesse com

407

certa quantidade de droga, dependendo das circunstâncias em que fosse encontrado, mas

especificamente no artigo 28, da referida norma infraconstitucional.

No artigo 28, da lei de drogas, podemos analisar várias condutas incriminadoras,

caracterizadas como um tipo penal misto alternativo.

O primeiro verbo incriminador é “adquirir”, podendo ser mediante troca ou compra ou

mesmo gratuitamente para consumo pessoal.

Após, temos outra conduta: a de “guardar”, que se faz quando se retém a droga ou à

disposição de outra pessoa, também estabelecida no artigo 28, da lei 11.343/06.

Seguindo, temos outros verbos incriminadores: “ter em depósito”, “transportar” e “trazer

consigo”. Além desses verbos, a lei 11.343/06 passou a condenar outras condutas como: semear,

cultivar e colher, sendo necessariamente para consumo próprio, desde que consideradas como

quantidades pequenas de substância entorpecente, e, ainda, substâncias capazes de causar

dependência física ou psíquica.

Essas condutas foram consideradas novas na lei, mas já eram previstas na revogada lei

6.368/76, que anteriormente eram consideradas como condutas que caracterizavam o tráfico de

drogas que hoje são penalizadas de forma branda.

Fernando Capez (2008, p.764) conceitua três núcleos que são praticados por usuários

de drogas:

Semear: é espalhar, propalar, deitar, lançar sementes ao solo para que germinem.

O crime é instantâneo, pois se consuma no instante em que a semente é colocada

na terra. No tocante à posse de sementes de plantas que no Futuro serão

apresentadas como droga, em regra, o institui fato atípico por ausência de

prescrição legal; porém, se nas sementes for encontrado princípio ativo de alguma

droga, será considerado crime. Neste caso, não por ser semente, mas por ter

idoneidade para gerar a dependência, o que a torna objeto material do crime (passa

a ser considerada a própria droga), salvo senão constante da relação baixada pelo

Ministério da Saúde. Desse modo, se as sementes tiverem aptidão para gerar

dependência física ou psíquica, serão consideradas droga (por terem princípio

ativo), devendo o fato se enquadrar no art. 33 ou no art. 28.

Reter a coisa à sua disposição, ou seja, manter a substância para si mesmo.

(Conduta típica introduzida pela lei 11.343/06). 15 Empregar meio de

transporte para levar/carregar droga. Levar droga por um meio de locomoção

qualquer. (Conduta típica introduzida pela lei 11.343/06).16

Levar droga junto a si, sem o auxílio de qualquer meio de locomoção/transporte,

conforme o caso (intenção de consumo pessoal ou não); não tendo princípio ativo,

não constituirão o objeto material do tráfico de drogas, nem do porte para consumo

pessoal, e também não tipificarão a conduta de semear, pois ter a semente não é o

mesmo que semear, constituindo-se, no máximo, ato preparatório e, portanto,

irrelevante penal. Cultivar: é fertilizar a terra pelo trabalho, dar

408

condições para o nascimento da planta, cuidar da plantação, para que esta se

desenvolva. É figura permanente, protraindo-se a consumação do delito enquanto

estiverem as plantas ligadas ao solo e existir um vínculo entre o indivíduo e a

plantação. Colher: é retirar, recolher a planta, extraindo-a do solo. Fernando Capez

(2008, p. 765)

Dessa forma, o nobre doutrinador deixa clara a especificidade de cada verbo referente ao

usuário de entorpecentes.

2.1 SANÇÕES PERTINENTES AO DELITO

I – Advertência Sobre os Efeitos das Drogas

O indivíduo é levado à presença do magistrado, onde será advertido pela autoridade judiciária

sobre os malefícios das droga e suas sanções.

II – Prestação de Serviço à Comunidade

Quando houver transgredido a lei, será destinado a alguma instituição pública ou privada

de fins não lucrativos, para que preste serviço àquela entidade, sendo que seu comportamento será

levado em consideração para, o convencimento do juiz, no intuito de socializar aquele cidadão.

Será aplicada pelo prazo de cinco meses, se primário; Dez meses, se reincidente. Sendo

cumprida em programas comunitários, instituições educacionais ou de assistência, hospitais,

estabelecimentos congêneres públicos ou privados, desde que sem fins lucrativos, que se ocupem,

preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de

drogas. Mencione-se que não se aplica aqui a regra do art. 46 do CP. (Lei 11.343/06)

III – Medida Educativa de Comparecimento Programa ou Curso

Educativo

Terá que comparecer a cursos, tendo o intuito de informar sobre os problemas que

o uso de entorpecentes pode trazer e aperfeiçoar-se em algum trabalho.

Como podemos notar, várias são as condutas e formas de tentar convencer o indivíduo

que for encontrado com a substância entorpecente a buscar uma nova vida. As sanções previstas

nos incisos II e III têm duração de cinco meses, para quem não for reincidente, mas quando for

reincidente poderá ter o prazo máximo de dez meses. Tais medidas nem saem do papel, pois

acabam por cair no descrédito pelas autoridades, que veem constantemente a reincidência quase

total dos infratores.

A prestação de serviço à comunidade será cumprida com o §5, do artigo 28, da referida

lei. Dessa forma, para garantir a aplicação das sanções, caso o indivíduo se recuse a

409

cumprir as medidas sócio educativas, o juiz vai aplicar a admoestação verbal ou a multa de caráter

pecuniário. Sendo que a multa nunca pode ser inferior a 40 nem superior a 100 dias- multa.

Essa multa leva em conta vários fatores à situação econômica do réu, sendo o valor

considerado de acordo com o salário mínimo ou seja 1/30 a 3 vezes o valor do salário mínimo

atual. (Lei 11.343/06)

Necessário dizer que, de acordo com a lei, o Estado disponibilizará de forma gratuita

estabelecimentos para cumprimento das penas do usuário, mas, como é sabido, em nosso país

a estrutura não condiz com o que está descrito na legislação, pois os locais de tratamento

especializado podem ser como descrito no artigo 28: entidades educacionais ou assistenciais,

hospitais, estabelecimentos congêneres públicos ou privados, sem fins lucrativos, que se ocupem

preferencialmente da prevenção do uso de drogas.

Essas instituições, na maioria dos casos, não têm estrutura, nem pessoal qualificado para

orientar esses infratores, sendo que os locais não foram projetados para receber pessoas com

necessidade desse tipo de atendimento.

Outro fato é que, por não ter pessoas para fiscalizar, acabam por não cumprirem toda a pena,

e em muitos casos ocorrem delitos dentro das instituições.

No caso destes crimes, a prescrição punitiva ocorrerá no prazo de dois anos, de acordo com

o artigo 30, da lei de drogas, lei 11.343/06.

2.2 OBJETIVIDADE JURÍDICA

Ao vislumbrarmos esse assunto, é necessário explanar sobre o princípio da alteridade ou

transcendentalidade. Esta norma em sua essência proíbe a incriminação pelo Estado de ações em

que o indivíduo prejudica sua saúde com ações internas que digam respeito a si próprio. Podemos

citar exemplos da pessoa que se auto lesiona, ou que venha a tentar o suicídio. Essas ações não

podem sofrer a ação repressiva do Estado, pois dizem respeito à própria pessoa.

Mas ao analisarmos o assunto diante da polêmica do uso das drogas, e verificado que

o usuário prejudica sua própria saúde, mas, com o uso, ele também financia várias outras ações do

crime, como roubos e outros delitos, solidificando o tráfico nas ruas. Essa vertente ante a esse

princípio não tem relevância, uma vez que a tipificação do crime não está ligado não ao uso,

mas sim ao porte da substancia proibida, entorpecente que causa dependência física e psíquica.

Nesse ponto, a vertente que vemos é a de que a finalidade da lei é buscar reprimir a

disseminação das drogas no meio social. Por isso, o Estado busca punir não o uso, mas a

410

posse ou porte de tal substância entorpecente, visto que a saúde pública é a mais prejudicada, ante

aos malefícios que a droga proporciona ao meio social. Ainda, com esse entendimento colabora o

renomado Fernando Capez (2008, p.755):

Proíbe a incriminação de atitude meramente interna do agente e que por essa razão,

só faz mal a ele mesmo e a mais ninguém. Sem que a conduta transcenda a figura do

autor e se torne capaz de ferir o interesse do outro (altero), é impossível ao Direito

Penal pretender puni-la. O princípio da alteridade impede o Direito Penal de castigar

o comportamento de alguém que está prejudicando apenas a sua saúde e interesse.

Com efeito, o bem jurídico tutelado pela norma é sempre o interesse de terceiros, de

forma que seria inconcebível, por exemplo, punir-se um suicida mal sucedido ou um

fanático que se açoita. É por isso que a auto lesão não é crime, salvo quando

houver intenção de prejudicar terceiros, como na auto agressão cometida com o fim

de fraude ao seguro, em que a instituição seguradora será vítima de estelionato (art.

171, § 2, V do CP). No delito previsto no art.28 da Lei n. 11.343/2006, poder-se ia

alegar ofensa a esse princípio, pois quem usa droga só está fazendo mal à própria

saúde, o que não justificaria uma intromissão repressiva do Estado (os usuários

costumam dizer: “se eu uso droga, ninguém tem nada a ver com isso, pois o único

prejudicado sou eu”). Tal argumento não convence. A lei em estudo não tipifica a

ação de “usar a droga”, mas apenas o porte, pois o que a lei visa é coibir o perigo

social representado pela detenção, evitando facilitar a circulação da droga pela

sociedade, ainda que a finalidade do sujeito seja apenas a de consumo pessoal. Assim,

existe transcendentalidade na conduta e perigo para a saúde da coletividade, bem

jurídico tutelado pela norma do art. 28. Fernando Capez (2008, p 755).

Dessa forma, vemos que o Estado busca de maneira geral, no artigo 28 da lei 11.343/06,

proteger a saúde pública do uso imoderado de drogas das pessoas que são usuárias de

entorpecentes. Sendo dessa forma, o objeto jurídico do artigo 28 é a saúde pública do Estado.

2.3 SUJEITOS DO CRIME

Pode ser considerado sujeito do crime pela análise do artigo 28 da lei de drogas qualquer

pessoa, sendo a conduta tratada como crime comum, visto na forma de sujeito ativo a figura do

usuário que é a pessoa que consome a droga. E podemos identificar o sujeito passivo como sendo a

sociedade, pois causa danos à saúde pública, de forma que o uso de drogas atinge não só quem

a utiliza mas também os que vivem no meio público, trazendo sérios problemas sociais como roubos,

furtos etc.

411

2.4 OBJETO MATERIAL

Nesse contexto, o objeto material será a própria substância em comento, sendo interessante

ressaltar que a nova lei 11.343/06 busca de acordo com a Anvisa, e sobre o controle especial da

portaria SVS/MS nº 344 de 12 de maio de 1988, determinar tais substâncias que são tidas como

proibidas.

Como determina a Portaria SVS nº 344, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde, que

define que:

Droga: substância ou matéria-prima que tenha finalidade de medicamentos ou

sanitária. Entorpecente: substância que pode determinar dependência física ou

psíquica relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção Única sobre

Entorpecentes, reproduzidas nos anexos deste Regulamento Técnico (Brasil, 1998).

Esta instituição com seus estudos traz as regulamentações necessárias para sabermos quais

substâncias são nocivas à sociedade, sendo muito importante a observação das suas publicações em

caráter de informação.

2.5 ELEMENTO NORMATIVO DO ARTIGO

Nesse contexto, de acordo com o artigo em comento, da lei de drogas mencionada em

epigrafe, as expressões sem autorização e em desacordo com determinação legal constitui os

elementos normativo do artigo, pois determinam as condutas descritas delitivas que violam as

normas regulamentares, determinadas pelo poder público. Ratificando esse entendimento sobre tais

expressões, colabora o jurista Guilherme de Souza Nucci (2006):

A expressão sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar constitui fator vinculado à ilicitude, porém inserido no tipo incriminador

torna-se elemento deste e, uma vez que não seja preenchido, transforma o fato em

atípico. Portanto, adquirir, guardar, ter em depósito (etc.) drogas, para consumo

pessoal, devidamente autorizado, é fato atípico. Pensamos que essa situação é

excepcional, sob pena de se gerar contradição patente. Não é viável, por ora,

autorizar alguém a manter cocaína em casa, para uso próprio. Porém, cuidando- sede

um doente, em estado muito grave, pode ser possível a mantença de morfina.

Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada

a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias

entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob

412

controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998. Guilherme

de Souza Nucci (2006).

Dessa forma, o elemento normativo é o que determina a ação proibitória do crime.

2.6 A NOVA LEI DE DROGAS E SEUS OBJETIVOS

Diferentemente das normas anteriores, a nova lei de drogas trouxe consigo várias polêmicas

no âmbito jurídico penal. Pois a forma como trata a pessoa que se caracteriza como usuário, na visão

social, foi uma forma de banalizar o uso de drogas e consequentemente facilitar o tráfico. Com a

entrada em vigor da nova norma, foi criado o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas

Sobre Drogas), que é composto por órgãos da entidade pública, tendo como função atividades de

prevenção, reinserção social e atenção social às pessoas que são usuárias de drogas ilícitas,

tendo ainda uma atuação na repressão ao tráfico ilegal de drogas.

Tendo como finalidade descrito em seu artigo 3º do SISNAD, a lei 11.343/06:

Art. 3º. O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as

atividades relacionadas com:

I – a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social

de usuários e dependentes de drogas;

II – a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. (Brasil

2006).

Neste artigo, o SISNAD busca suas duas principais bases para realizar suas finalidades

estabelecidas na nova lei de drogas.

De outa forma, em seu artigo 4º, estão elencados seus princípios que são os pilares

dessa norma:

Art. 4º. São princípios do Sisnad: I – o respeito à dignidade da pessoa humana,

especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;

II – o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes;

III – a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro,

reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros

comportamentos correlacionados; IV – a promoção de consensos nacionais, de

ampla participação social, para o estabelecimento dos fundamento se estratégias do

Sisnad; V – a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade,

reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad; VI – o

reconhecimento da intersetorialidade dos

413

fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não

autorizada e o seu tráfico ilícito; VII - a integração das estratégias nacionais e

internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários

e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu

tráfico ilícito; VIII – a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos

Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad;

IX – a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a

natureza complementar das a tividades de prevenção do uso indevido, atenção e

reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não

autorizada e do tráfico ilícito de drogas; X – a observância do equilíbrio entre as

atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e

dependentes de drogas, e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico

ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;

XI – a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional

Antidrogas – Conad. (BRASIL, 2006).

A partir desse momento, vemos que o Estado nota, na atual conjectura, que o uso de drogas

e também o tráfico são um problema social de proporções gigantescas, onde a coletividade e a

saúde pública estão em situação de calamidade social.

Também o artigo 5º, da norma em comento, referente às diretrizes desse sistema, refere-se

aos objetivos da prevenção e à repressão das drogas.

Art. 5º. O Sisnad tem os seguintes objetivos:

I – contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável

a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico

ilícito e outros comportamentos correlacionados; II – promover a construção e a

socialização do conhecimento sobre drogas no país; III – promover a integração

entre as políticas públicas de prevenção de uso indevido, atenção e reinserção social

de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e

ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da

União, Distrito Federal, Estados e Municípios; IV – assegurar as condições para a

coordenação, a integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3º desta Lei

(BRASIL, 2006).

Dessa forma, o Sisnad com seus objetivos e finalidades busca a prevenção e a repressão,

de modo que a política dessa norma e a prevenção, conferidas pela nova lei ao usuário, busquem

a forma de conter o tráfico de drogas na pessoa de quem comercializa drogas.

414

Com essa inovação, surge a importância da lei de drogas que visa no seu contexto distinguir

o usuário do traficante, utilizando-se tanto de diretrizes preventivas quanto repressivas, visando o

bem da saúde pública.

Surge, assim, a nova forma da política antidrogas, visando a prevenção e a reinserção social

de usuário e dependentes de drogas. Essa norma adotou uma postura ante ao usuário na

intenção de tentar protegê-lo, sendo ele considerado como uma pessoa que necessita de cuidados

médicos, e não de punição mais severas.

Nos artigos 17 e 18 da lei 11.343/06, pode-se verificar a intenção de adotar essa forma de

política protetiva ao usuário, tendo em vista o fator nocivo que a droga oferece a quem

consome. O sentido educativo encontra-se presente em todos os sentidos da lei, pois busca com

as medidas educativas a conscientização dos efeitos causados pelo uso das drogas. Dessa forma, os

princípios, objetivos e diretrizes devem ser estabelecidos e aplicados no grupo social com o

intuito de reverter tais efeitos nocivos à saúde pública.

Os artigos 18 e 19 da Lei de Drogas assim dispõem sobre as atividades de prevenção e seus

princípios norteadores:

Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito

desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco

e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção. Art. 19. As atividades

de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e

diretrizes: I – o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de

interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade

à qual pertence; II – a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica

como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados

e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;

III – o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao

uso indevido de drogas; IV – o compartilhamento de responsabilidade individual

em relação ao uso indevido de drogas.

Ainda, no mesmo sentido:

Capítulo I: Da Prevenção. Título III: Das atividades de prevenção do uso indevido,

atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.

V – a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades

sócio culturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;

VI – o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de risco

como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição

dos objetivos a serem alcançados;

415

VII – o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis

da população, levando em consideração as suas necessidades específicas; VIII - a

articulação entre os serviços e organizações que atuam em

atividades de prevenção do uso indevido de drogas e de atenção a usuários e

dependentes de drogas e respectivos familiares;

IX – o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais,

entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria de qualidade de vida;

X – o estabelecimento de políticas de formação continuada na

área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de

educação nos 3 (três) níveis de ensino;

XI – a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso

indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às

Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;

XII – a observância das orientações e normas emanadas do Conad; XIII – o

alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais

específicas. Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de

drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as

diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

adolescente – Conanda (BRASIL, 2006).

Segundo Andrey Borges de Mendonça e Paulo Roberto Galvão de Carvalho:

A Lei considera como atividade de prevenção, consoante os princípios já vistos

do Sisnad, a redução dos fatores reconhecidos de vulnerabilidade e risco, bem como

a promoção dos fatores de proteção. Nesse sentido, o art. 19 lista diversos princípios

e diretrizes a serem seguidos pelas atividades de prevenção do uso indevido de

drogas (MENDONÇA, CARVALHO, 2007, p. 36).

Alguns doutrinadores, como o renomado Luiz Flavio Gomes, entendem que a nova lei

foi inovadora em relação às leis anteriores, e em seu livro, que escreveu com outros renomados

escritores, relata:

Todo o Capítulo I da Lei ocupa-se de implementar uma política de prevenção do uso

indevido de drogas no Brasil. Tal preocupação, ainda que pudesse ser vislumbrada nas

legislações de drogas que até então vigoravam (Leis 6.368/76 e 10.409/2002), não

tratavam do tema com tanto detalhamento. (...) Os programas de prevenção do uso

indevido de drogas comportam três distintos momentos, todos contemplados na nova

Lei: prevenção primária: tem por finalidade impedir o primeiro contato do indivíduo

com a droga, ou de retardá-lo.(...) prevenção secundária: busca evitar que aqueles que

façam uso de moderado de drogas passem a usá-las de forma mais frequente e

prejudicial. (...) prevenção terciária incide quando ocorrem problemas com o uso ou a

dependência de drogas, sendo

416

que fazem parte deste momento todas as ações voltadas para a recuperação

do dependente (GOMES, et al., 2007, p. 58).

Ainda com relação à previsão legal de prevenção do usuário de drogas e a reinserção social,

os art. 20 a 22 da lei dispõem que:

Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e

respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da

qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. Art.

21. Constituem atividades de reinserção social do usuário e do dependente de drogas

e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua

integração ou reintegração em redes sociais.

Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente

de drogas e respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes:

I – respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer

condições, observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e

diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política nacional de Assistência Social; II

– a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário e

do dependente de drogas e respectivos familiares que considerem as suas

peculiaridades sócio culturais; III – definição de projeto terapêutico individualizado,

orientado para a inclusão social e para a redução de danos sociais e à saúde; IV –

atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respectivos familiares, sempre que

possível, de forma multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; V – observância

das orientações e normas emanadas do Conad; VI – o alinhamento às diretrizes dos

órgãos de controle social de políticas setoriais específicas (BRASIL, 2006).

Nesse viés, de forma clara e objetiva, a nova lei de drogas buscou a melhoria em reduzir os

riscos e danos causados a quem é usuário das drogas, dessa forma: a reinserção social objetiva e

o fortalecimento dos anseios do poder público.

Concordando com esse ponto da reinserção social, colaboram Borges de Mendonça e

Carvalho (2007, p. 39), dizendo que:

A previsão específica da necessidade de atender e reinserir na sociedade o usuário e

o dependente de drogas não é novidade e no ordenamento jurídico brasileiro, pois

já existia desde a Medida Provisória

2.225-45/2001, que alterou a Lei 6.368/1976. Entretanto, a nova Lei de Drogas,

neste ponto, deu nova formulação à matéria, elevando as atividades de atenção e

reinserção social ao mesmo nível de importância das atividades de prevenção do uso

indevido e de repressão ao tráfico e à produção não autorizada.

417

Outro fator preponderante foi ampliar as formas de reinserção social. Abrangendo não apenas

os dependentes, mas buscando auxílio com familiares, pois a família pode colaborar e muito

na reinserção ao convívio social, podendo na maioria dos casos ser uma das melhores opções.

Diante desse fato, Luiz Flavio Gomes (et al, 2007, p. 88) colabora:

O envolvimento dos familiares do usuário no desenvolvimento das políticas públicas

de atenção e reinserção social qualifica- as sobremaneira, já que o apoio familiar nestes

casos, muitas vezes, demonstra-se decisivo. Também, por outro lado, é necessário

verificar a família do usuário, já que é frequente a necessidade de uma intervenção

social, buscando resolver conflitos domésticos e que representam fatores de risco.

Nesse contexto, a legislação buscou de forma contextual, segundo os doutrinadores, tentar

proteger o usuário dos perigos que envolvem o mundo das drogas, vendo-o como um doente

que precisa de ajuda para recuperar-se.

2.7 DISTINÇÃO ENTRE TRÁFICO DE DROGAS E USO PESSOAL

Para distinguirmos o tráfico de drogas do uso pessoal, necessário se faz analisar tanto

o artigo 28 quanto o artigo 33 da lei nº11.343/06, o que não é tarefa fácil, pois possuem verbos

incriminadores, como por exemplo, “trazer consigo”. Para apurar e determinar qual crime ocorreu,

é necessário analisar as circunstâncias em que se encontra o sujeito ativo do crime ou que possui

e está com a droga, sendo preponderante analisar a natureza da droga em todos os sentidos.

É necessário que se faça a análise de todas as circunstâncias que envolvam o agente, como

o local onde o indivíduo foi apreendido, a quantidade, como conseguiu a droga e seus

antecedentes.

Nesses casos, pode-se destacar alguns julgados:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA.TRÁFICO

ILÍCITO DE ENTORPECENTES. SENTENÇA QUE ABSOLVEU O ACUSADO,

CONSIDERANDO QUE A CONDUTA DO ART.28, CAPUT, Art. 33. Importar,

exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,

oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,

entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização o

em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Art. 28. (...) § 2º. Para

determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à

quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu

418

a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes

do agente. DA LEI N. 11.343/06 (USO DE ENTORPECENTES) É ATÍPICA.

APELO MINISTERIAL. REQUERIMENTO DE CONDENAÇÃO NO ART. 28 DA

LEI N.11.343/06. MATERIALIDADE E AUTORIA SOBEJAMENTE

COMPROVADAS. ACUSADO QUE ADMITIU A POSSE DO ENTORPECENTE.

RELATO QUE FOI CORROBORADO POR TESTEMUNHAS. CONDENAÇÃO

QUE S E IMPÕE. RECURSO PROVIDO. SOBRESTAMENTO DOS EFEITOS DA

DECISÃO.REMESSA DOS AUTOS À ORIGEM PARA A VERIFICAÇÃO SOBRE

A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE INSTITUTOS DESPENALIZADORES.

TJSC Apelação Criminal: ACR 250575 SC 2011.025057-5, Processo:

ACR250575 SC

2011.025057-5, Relator(a): Alexandre d'Ivanenko, Julgamento: 19/07/2011, Órgão

Julgador: Terceira Câmara Criminal. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE

ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, DA LEI N. 11.343/06. AGENTE

ENCONTRADO COM 1 (UMA) PEDRA DE CRACK. PRETENDIDA

ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA

COMPROVADA. ALMEJADA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME

DISPOSTO NO ART. 28 DA LEI N.11343/06. CABIMENTO. INEXISTÊNCIA DE

PROVA DE MERCÂNCIA. PLEITO ACOLHIDO.1 - Tendo o apelante

confessado a propriedade da substância e sua destinação para o uso próprio, deve

ele, ser condenado nas sanções do artigo 28 da Lei n. 11.343/06, com base na aplicação

do brocardo in dubio pro reo, porquanto inexistentes os indícios que apontem à

traficância. Dosimetria. art. 28, caput, da lei n. 11.343/06. Prestação de serviços à

comunidade. Remessa dos autos ao juizado especial criminal. “Levando-se em

consideração que este novo delito se enquadra na categoria de menor potencial

ofensivo, imprescindível a observância dos institutos despenalizadores previstos na

Lei 9.099/95" (Ap. Crim. n. Rel. Des. Torres Marques, j.7-7-2009). RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO. (599580 SC

2009.059958-0, Relator: Alexandre d’Ivanenko, Data de Julgamento: 29/01/2010,

Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Apelação Criminal n., de

Araranguá) Ao contrário do que prega o senso comum, a quantidade de droga, apesar

de importante, não é o fator exclusivo para comprovar a finalidade de uso, devendo

ser sobre levadas todas as circunstâncias anteriormente levantadas para uma análise

técnica e justa do crime destinado tão somente aos usuários de drogas (BRASIL,

2011).

Nesses julgados, vemos que a interpretação do caso é de extrema relevância, uma vez que

cada situação tem as suas particularidades e uma pequena observação pode mudar o rumo das

investigações.

2.8 NATUREZA JURÍDICA DO ARTIGO 28, DA LEI 11.343/06

419

Como podemos vislumbrar, a nova lei de drogas trouxe grande polêmica aos estudiosos do

direito, visto que foi uma norma que mudou drasticamente todos os conceitos anteriores e, ao

estudarmos a natureza jurídica, vemos que há várias análises a seu respeito, sobre sua efetividade e

aplicação, levando-se em conta o artigo 1º da lei de introdução ao Código Penal.

Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção,

quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a

infração a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,

alternativa ou cumulativamente.

Analisando o que está descrito neste artigo, gerou discordância entre os doutrinadores, sendo

que as penas relatadas no artigo 28 da lei de drogas não eram enquadradas nem em crimes e

nem contravenções, nesse viés, surgiram várias correntes a respeito da legislação em comento.

A partir daí, surgiram três correntes:

1ª - o artigo em comento era considerado como crime, havendo a despenalização, mas

não a abolição do crime;

2ª - que o artigo da nova lei de drogas é uma infração sui generis, não estando de acordo

com o direito penal;

3ª - por último, essa corrente prega que ocorreu uma descriminalização do crime

em comento.

E dessa forma, nessa época foi considerada pelo STF a primeira corrente como a mais

correta e adequada, pois era considerada crime, mas houve alteração apenas nas sanções.

2.9 DO PROCEDIMENTO PENAL

O indivíduo ao ser encontrado com tal substância de drogas, o procedimento penal que será

enquadrado para o seu crime será o de menor potencial ofensivo, que é de competência do

Juizado Especial Criminal. Mas por outro lado, se tratar de concursos de crimes, previstos no

artigo 28 e 33 a 37, a competência dos juizados especiais criminais é relativizada, podendo não ser

enquadrado como usuário.

No caso do indivíduo que é pego em flagrante em posse de drogas, a prisão em flagrante

é vedada, devendo ser encaminhado ao juízo competente para análise do caso. Não tendo um juízo

competente, o agente poderá assumir o compromisso de ele comparecer, assinando um termo

circunstanciado de ocorrência, sendo também providenciado os exames e perícias necessários.

420

Neste caso, é bom estabelecer que em caso do usuário se recusar a assinar o termo de

comparecimento, segundo a doutrina, mesmo assim não poderá ser lavrado o termo de auto

de prisão em flagrante. Contrário a isso, o artigo 69, parágrafo único da lei 9.099/95,

autoriza a prisão em flagrante.

Da Fase Preliminar

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo

circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,

providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente

encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de ele comparecer, não se imporá prisão

em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como

medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima

(BRASIL, 1995).

Mas como na lei 11.343/06, o referido artigo não prevê pena privativa de liberdade.

Essa norma não se aplica, como reafirma os renomados doutrinadores:

Mesmo quando o agente se recuse a ir a juízo, ainda assim não se lavra o auto de prisão

em flagrante contra o usuário de droga (ou contra quem semeia ou cultiva planta tóxica

para consumo pessoal). Lavra-se o termo circunstanciado. Esse mesmo autor do fato que

se recusou a ir a juízo, caso não atenda à intimação judicial para comparecer à audiência de

conciliação, pode ser conduzido coercitivamente (GOMES, et al., 2007).

Esses fatos coadunam com a tese de que o usuário não é obrigado a produzir provas

contra si mesmo, pois não é obrigado a assinar o termo e ainda pode permanecer em silêncio.

Este também é o entendimento dos Tribunais Superiores, que o indivíduo tem seus direitos

constitucionalmente protegidos pelo artigo 5º da CF.

3. A INEFICÁCIA DO ARTIGO 28, DA LEI DE DROGAS

A política de controle de drogas, existentes hoje no Brasil, é decorrência tanto econômica,

social e religiosa, e de certa forma tem sido copiada de outros países que hoje estão mais

evoluídos e já passaram por situações semelhantes no combate ao tráfico. Tem-se boa parte dessas

condutas a grandes potências.

Atualmente, o país enfrenta um crescente uso de entorpecentes, sendo que é pelas nossas

fronteiras por onde passam grande quantidade de drogas e o comércio faz-se rotineiramente. Nesse

contexto, vemos que não é só o uso que causa transtornos, tudo se relaciona com o tráfico de

drogas, outros ilícitos vêm em conjunto sempre com muitos atos

421

violentos, dentre outros. Como já dissemos, a violência anda de mãos dadas com as drogas, fazendo

com isso o aumento dos crimes que ficam cada vez mais visíveis. Os males que o uso das

drogas traz à sociedade são cruéis, destruindo famílias inteiras e ceifando vidas, são notórios e podem

ser vistos no dia-a-dia. Sendo assim, o crime organizado tem suas bases financeira na venda de

drogas, sustentando todos os tipos de crimes.

A partir da nova lei de drogas, o usuário não mais poderá ser preso, suas penas brandas,

trazendo medidas educativas de cunho social, passando a ser tratado como um doente e não mais

como um criminoso, mesmo sendo na lei considerado como crime.

Passado a ser tratado como um doente e não como um criminoso, buscando nas medidas

sócio-educativas a melhora física e psíquica do indivíduo. Dessa maneira, com a lei branda,

com a falta de uma ação mais efetiva do Estado, ou seja, a falta de punição faz com que os

indivíduos tenham a certeza da impunidade e isso fez surgir vários problemas que se originaram

após a nova lei de drogas. Os crimes se intensificaram, a violência aumentou e as pessoas ficaram

mais reféns do crime. Também a atuação dos traficantes na venda de drogas adequou-se à situação

de usuário, pois ao saírem para comercializarem o entorpecentes levam- no em pequena quantidade,

pois em caso de serem detidos serão enquadrados como usuário. Dessa forma, fica evidente que a

lei favoreceu ao criminoso, que se utilizou desse instituto para levar vantagem na venda de

drogas.

Outro ponto de grande relevância, é que o usuário transformou-se no maior financiador do

tráfico de drogas, pois, ao comprar a substância, acaba por financiar a atividade do traficante, que

movimenta no Brasil vários milhões com atividades do tráfico de drogas. E com isso o usuário

para conseguir a drogas comete crimes, como: furtos e roubos e até mesmo homicídios. Dessa

forma, os crimes aumentaram de maneira nunca antes vista, pois a sensação de impunidade

impera entre os criminosos, principalmente com relação a usuários que, a cada dia, se tornam

mais viciados e a sua audácia para cometer crimes é ilimitada, pois sabem que não serão punidos

e com isso a coletividade vive refém das drogas.

Essa nova legislação trouxe ao artigo uma medida ao usuário que favorece as suas ações,

acabou por colaborar com a impunidade, pois qualquer pessoa que seja abordada antes de

qualquer questionamento, o indivíduo que é pego com qualquer substância ilícita, sempre

vai dizer que é usuário e que não pode ser preso em flagrante, pois a lei o beneficia, o que nos

termos da lei deixa-o amparado.

Outro fator preponderante, é o aumento da violência e a relação que tem com as drogas, fato

esse sempre relatado nos jornais e outros meios de comunicação. Vemos que a maioria dos casos de

homicídios no país está relacionado ao envolvimento com entorpecentes, visto que esses óbitos

tendem a ser os mais violentos que ocorrem.

422

A busca pelo controle de território por parte dos traficantes é uma luta incessável, pois as

denominadas “bocas de fumo” tornaram-se o desejo de domínio dos poderosos no mundo do

crime. O grande aumento de consumidores de entorpecentes ao longo dos anos aumentou

drasticamente, pois as drogas no seu processo de fabricação sofreu muitas misturas, e vários produtos

são colocados para que aumentem a sua quantidade, com isso sua química acaba por degradar

mais e mais a saúde do usuário que se torna refém das drogas.

Grande complexidade vemos nos noticiário diários, a quantidade de confronto entre o Estado

e os traficantes é enorme, principalmente nas favelas e em locais de grande aglomeração de

pessoas e de difícil acesso. Na maioria desses casos, nota-se o envolvimento de menores que

trabalham para os traficantes e, muitas vezes, a população local apoia a atuação do tráfico que

de certa forma cria um governo paralelo ao Estado, seja por medo ou por financiar festas e

drogas e tudo mais que a população queira.

A quantidade de pessoas que se envolve em trafico a cada dia aumenta mais, pois altos

ganhos financeiros e a falta de punição do Estado levam o indivíduo entrar no mundo do crime. Mas

por outro lado, vemos que estatisticamente as pessoas que ingressam nesse mundo não vivem

muito tempo, pois a violência que regulamenta o tráfico alcança a todos em pouco tempo,

ocasionando assim óbitos prematuros de jovens que não deram valor à vida, ou não tiveram

tempo para pensar nisso.

Como exemplo, as grandes metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro são palcos dos maiores

locais de consumo, tendo bairros e favelas tomados por usuários e todo tipo de ilícito.

Nesse contexto, o usuário torna-se o protagonista, pois ele de certa forma é quem dá início

a todo esse financiamento, pois é o maior comprador de drogas, sempre financiando o acúmulo

de riqueza do tráfico nacional e internacional. Por haver a necessidade de usar e usar cada

vez mais, o usuário busca diversas maneiras de conseguir entorpecentes. Dessa forma, os primeiros

a sofrerem com isso é sem dúvidas a família, que vê um ente seu destruindo-se e levando junto todos

da família.

Em primeiro momento, todo dinheiro é gasto, sem saber qual destinação, mais tarde

os objetos e valores somem das residências. D aí por diante, os familiares tornam-se reféns do

medo, descontrole e ameaças constantes, vindo a partir para a agressão. Quando não se vê a

possibilidade de conseguir dinheiro em casa, busca- se as ruas para conseguir mais drogas, daí

para frente é só sofrimento para todos.

A partir desse momento, a prática de crimes começa a ocorrer, sendo as formas mais variadas,

de pequenos furtos a roubos à mão armada, não medindo as consequências dos seus atos.

Dessa forma, toda a coletividade vem sofrer com essa criminalidade, pois a quantidade

de ilícitos cresce desordenadamente, as pessoas ficam reféns da insegurança, e todos sofrem

423

com a ineficácia do Estado ao ficar inerte ante essas situações alarmantes e que causam grande

trauma à sociedade em geral.

3.1 INEFICÁCIA PARA A REDUÇÃO DE CRIMES

Desde 2006, quando entrou em vigor a referida norma, é notório o aumento da criminalidade

no âmbito que diz respeito às drogas, pois a maioria dos encarcerados estão presos devido a

envolvimento com tráfico. Contudo, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e de Cultura

Luiz Flavio Gomes, baseados nos números divulgados pelo Departamento Penitenciário Nacional

(DEPEN), em dezembro de 2006, o número era de

45.133 detentos detidos por drogas, já em dezembro de 2010 esse número foi de 100.648.

Visto dessa maneira, podemos vislumbrar o auto índice de crimes relacionados às drogas,

e que após a edição da lei houve um aumento elevado e visível, e dessa forma os crimes

provenientes dessas substâncias como roubo, furtos etc., são mais frequentes, sufocando ainda

mais a coletividade.

Neste mesmo estudo, foi constatado que, em 2011, 60% das prisões femininas e 21% de

todas as masculinas no Brasil estão ligadas ao tráfico de entorpecentes.

3.2 INEFICÁCIA PARA A REEDUCAÇÃO DO AUTUADO/USUÁRIO

Neste subcapítulo, para melhor dar ênfase ao tema proposto, iremos voltar às sanções

impostas ao usuário ou melhor às medidas socioeducativas que têm o intuito de socializar o cidadão,

fazendo com que ele volte à sociedade e não volte a delinquir, ou novamente consumir a droga,

e com isso não venha a infringir a lei.

Nesse sentido, como em qualquer lei que é editada, seu intuito e em caso de transgressão

o indivíduo seja penalizado, e dessa forma ele vai sentir o peso da lei, e também servirá de exemplo

para que outros não venham praticar o mesmo crime. Essa nova diretriz veio para regular lacunas

outrora constatada em outras legislações anteriores. E, assim, quando os operadores do direito,

juristas e mais ainda a sociedade viram a complexidade tamanha que a envolvia, causou

insegurança de modo a pensarmos se surtiria efeitos a punição imposta a pessoas que se

enquadrasse como usuário. E, assim, surgiu a frase “Eu sou só usuário, não estou cometendo

crime senhor”.

Assim, há controvérsias ante as medidas socioeducativas, pois as políticas sociais

implantadas para conter o avanço das drogas não tiveram eficácia ante à problemática dos crimes

que estão acontecendo diariamente em todo país. Sendo que o Estado tem o dever de punir quem

comete crimes.

424

Penas previstas na lei 11.343/06, artigo 28: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,

transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo

com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas.”:

I – advertência sobre os efeitos das drogas.

Essa advertência verbal, em que o juiz esclarece os malefícios das drogas e suas

consequências. Nos dias atuais, é notório que o cidadão não se intimida, pois se o intuito da pena

é de retribuição e prevenção, acaba por não causar temor ao infrator e, assim, acaba por banalizar o

Direito Penal, causando descrédito perante a sociedade. E, além de tudo, o indivíduo tem total

ciência do mal que está a buscar, isso é demonstrado na aparência física dos usuários.

II – prestação de serviços à comunidade.

Ante a esse inciso, nos remete a Carta Magna que prescreve em seu artigo 5º.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-

se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito

à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLVII - não haverá penas:

b) de trabalhos forçados; (BRASIL, 2006).

Desse modo, caso o infrator se recuse a não prestar o serviço estará amparado pela

Constituição Federal, não incorrendo em crime de desobediência.

E na maioria das instituições, que podem servir para que seja prestado esse serviço, não

existem pessoas qualificadas para acompanhar e, assim, como não se sabe da conduta de

alguns desses usuários, podem ocorrer delitos e colocar em risco as pessoas que trabalham

naquele local, mostrando assim a falta estrutural do Estado.

III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso

educativo.

Neste inciso, o usuário mesmo que queira comparecer a algum programa ou curso educativo,

não há estrutura disponível, pois a quantidade de pessoas ultrapassa os locais disponibilizados. O

Estado criou a lei que no papel traduz-se de uma forma, mas na realidade não alcançou o fim

esperado. E, assim, a condução a esses locais torna-se difícil, pois o indivíduo não pode ser

conduzido coercitivamente, dificultando ainda mais o processo de socialização.

§ 6º. Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos

incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,

sucessivamente a:

425

I – admoestação verbal; II – multa (BRASIL, 2006).

O fato de repreender verbalmente uma pessoa usuária ou mesmo alertá-lo do mal que

está causando a sua própria saúde faz-se inútil, pois na maioria dos casos não há discernimento para

tal. E a autoridade que o faz se desmotiva, pois sabe que se passar dez horas falando aos ouvidos

do dependente químico sabe que a cabeça do mesmo estará pensando na próxima “pedra” que

irá fumar. É dessa forma quando há admoestação. Pois, na maioria dos casos, pode não ocorrer

por descrença do judiciário que não marcará audiência por saber que não adiantará.

De outra forma, o indivíduo que se utiliza de drogas sabe que seu fim poderá ser trágico,

sendo pelo uso constante que debilita sua saúde, ou por violência que envolve as drogas, mesmo

que médicos, psicólogos, ou assistentes sociais acompanhem-no, aconselhando- o, na maioria dos

casos, não vai surtir efeitos.

No que se refere à multa imposta ao usuário, caso descumpra tal conduta, é uma ação inócua,

pois o indivíduo que está na situação de depende químico já não possui bens, pois mesmo os

pertences da residência são vendidos e, assim, em caso de uma possível execução fiscal não

terá bens para ser penhorados pela justiça.

Outro ponto relevante é da atuação policial frente a usuários, no que diz respeito a conter

o uso e a condução à autoridade competente. Pois, a sociedade cobra das autoridades uma solução

para tal. Mesmo com esforço diuturnamente empenhado e detenções efetuadas, o aumento das

drogas nas ruas é constante.

Assim traduz o autor:

Denota-se que, por falhas na legislação atual, a Polícia Militar fica limitada em sua

atuação, principalmente no que diz respeito à repressão do usuário/dependente de

drogas que, por conta da certeza de sua impunidade e de saber que não será preso, por

muitas vezes, zomba e desrespeita a autoridade policial. Tal situação implica numa

desmotivação e desmerecimento nos agentes cumpridores da lei, que ocupam um

papel importantíssimo ao atuarem na linha de frente, ou seja, como “ponta da

lança” no combate às drogas (JUNIOR, 2013).

Ante à exposição dos fatos, denota que há falhas na lei e a necessidade de mudanças que

promovam uma sensação de segurança à sociedade, pois os meios utilizados não estão se mostrando

eficazes no combate às drogas.

3.3 PAÍSES QUE LEGALIZARAM AS DROGAS E ATUAIS CONSEQUÊNCIAS

426

A legalização das drogas é um tema complexo, pois envolve uma gama de estratégias

políticas a serem adotadas pelo país, tem que inovar com formas de ação tanto de políticas públicas

quanto de legislações pertinentes ao assunto.

O intuito de todo Estado, ao buscar esse método, é combater o tráfico de drogas que,

em busca de poder, alicia pessoas em todos os ramos, seja civil seja público, para cada vez mais

angariar lucros. Nesse sentido, danos também são causados à população no que diz respeito à

saúde pública e à coletividade, levando à sucumbência.

Neste capítulo, vamos citar países que aderiram à liberação da maconha e hoje sofrem

com as consequências. Vamos comentar sobre a Holanda, que segundo a reportagem, de 09 de

novembro de 2013, feita pela shalom.org, em 2013, cujo título: “HOLANDA. Arrependida com a

liberação da maconha e da prostituição. 67% da população é agora a favor de medidas menos

liberais”, 09 de novembro de 2013 (BLOG CARMEDÉLIO, s.d.).

E segundo a reportagem, após a liberação do uso houve um grande aumento da criminalidade,

sendo que o governo municipal teve que intervir, no sentido de tomar providências para conter tal

avanço. Resumindo, a população local agora deseja que se implemente políticas mais rígidas, pois

a liberação da maconha acabou por afastar o mercado turístico na região de Wallen.

O crescente e significativo consumo de drogas no país vem sendo constatado, quando

analisamos levantamentos nacionais de diferentes períodos feitos entre estudantes brasileiros do

ensino fundamental e médio. “De 1987 a 1997, o uso na vida de maconha passou de 2,8% para

7,6%, o de cocaína subiu de 0,5% para 2% e o de anfetamínicos de 2,8% para 4,4%”. Não

propriamente crescimentos explosivos, mas marcantes. O número de ocorrências de delitos

envolvendo drogas também tem aumentado. Dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública

registram 79.791 ocorrências no ano de 2001, 81.132 em 2002 e, apenas no primeiro semestre de

2003, 42.569.

Um estudo feito pelo jornal Epoch Times, relatou alguns malefícios que as drogas podem

trazer. Em seus estudos, podemos evidenciar que as chances de haver mais problemas com o

aumento do uso das drogas é fato. O estudo foi também direcionado a grandes países, onde

ocorreram a legalização total ou parcial, e os dados comprovam que problemas surgem, e não deixam

de trazer outros ilícitos, propiciando um mal-estar social de proporções gigantescas.

Podemos visualizar na parte da reportagem.

Recentes estudos coordenados pela OEA têm demonstrado que, em todos os países

onde houve algum nível de liberação das drogas, o consumo aumentou notadamente

entre os jovens. Nos lugares onde houve maior tolerância com a maconha, seu

consumo aumentou em razão da queda no preço do produto,

427

verificando-se, também, um maior consumo de outras drogas perigosas. Este é o caso

de Portugal, Áustria, Holanda, Reino Unido, alguns Estados americanos e o Brasil –

onde, em 2006, a legislação abrandou a pena para o consumidor (EPOCH TIMES,

2014).

Segundo relato da reportagem, é notório que com a liberação houve um aumento

significativo do consumo, pois a linha entre o usuário eventual e o dependente químico é tênue, ao

mesmo tempo que usa esporadicamente pode transformar-se em dependente químico. Assim,

países que aderiram a esse padrão estão começando a rever seus conceitos, pois os malefícios são

imensos.

Como foi relatado no texto, o aumento do consumo pode trazer ainda mais problemas sociais,

de forma que enseja um certo cuidado ao tratar-se do assunto, pois a liberdade não pode ser

entendida como libertinagem, pois o ser humano necessita de regras para conviver em sociedade,

pois de outra forma o caos estará instalado.

3.4 . CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 28, DA LEI DE DROGAS (VOTO DO

MINISTRO GILMAR MENDES Nº 635659)

Recentemente, em um voto do Excelentíssimo Senhor Ministro, Gilmar Mendes, um

renomado conhecedor dos direitos constitucionais, no recurso extraordinário nº 635659, na data

de 09 de setembro de 2015, onde relata o conteúdo do recurso extraordinário que se refere ao

caso de um detento do Centro de Detenção Provisória de Diadema, na cidade de São Paulo, na data

do dia 21 de julho de 2009, o Senhor F.B.de S., então com idade de 50 anos, foi encontrado

em sua marmita a quantidade de 3 gramas de maconha, segundo informações dos agentes

penitenciários, sendo que o mesmo informou ser o dono da substância na ocasião.

O detento foi denunciado pelo artigo 28, da lei 11.343/06, sendo instaurado uma ação

penal em seu desfavor e sendo condenado a dois anos de prestação de serviço à comunidade. Dessa

forma, a defensoria pública apelou para turma recursal, onde foi negado o provimento do recurso,

após foi interposto o Recurso Extraordinário na Suprema Corte que pugnou o acordão com

fundamento no artigo 5º, da CF.

No referido recurso, o Ministro relata vários fatores referentes ao artigo 28, da lei 11.343/06,

lei de drogas e suas nuances. Relata, ainda, a forma que países conduzem a legislação no que se

refere a usuários de drogas, comentando sobre procedimentos que deviam ser observados pela

legislação, sempre voltado para uma análise social e educativa, e por fim o relator declara a

inconstitucionalidade do referido artigo, no sentido de ser considerado como crime em sua

especificação, não modificando a parte técnica do artigo em

428

questão, informando também que devem ser feitas mudanças no intuito de sanar tais

inconsistências legais.

O Ministro Gilmar Mendes foi enfático ao referir-se à posse de drogas para consumo pessoal,

fazendo análise de pontos da legislação que considera que precisam de algumas mudanças, e pontuou

alguns temas importantes sobre o assunto referente à proibição:

Entende-se por proibição o estabelecimento de sanções criminais em relação à

produção, distribuição e posse de certas drogas para fins não medicinais ou científicos.

É esse o termo utilizado pelo regime internacional de controle de drogas, fundado

nas Convenções capitaneadas pela ONU, assim como pelas legislações domésticas.

Quando falamos em proibição, estamos nos referindo, portanto, a políticas de drogas

essencialmente estruturadas por meio de normas penais (RECURSO

EXTRAORDINÁRIO n.635.659).

Suas considerações em relação a proibições foram pautadas em outras legislações, de forma

a serem estruturadas de maneira a dar mais ênfase na ressocialização do usuário.

Sobre despenalização:

Convencionou-se denominar de despenalização a exclusão de pena privativa

de liberdade em relação a condutas de posse para uso pessoal, bem como em relação a

outras condutas de menor potencial ofensivo, sem afastá-las, portanto, do campo da

criminalização. É esse o modelo adotado pelo art. 28 da Lei 11.343/2006, objeto

deste recurso. (RECURSO EXTRAORDINÁRIO n. 635.659)

A despenalização, fato que gerou controvérsias, quando no ato da edição da nova lei, é vista

por alguns como forma de banalizar o uso das drogas, mas o Ministro em suas palavras resume que

deve ocorrer dessa forma, pois se refere a um crime de menor potencial ofensivo e, portanto,

deve haver medidas diferenciadas para que surta efeito.

O Ministro nesse voto deu sua opinião acerca da descriminalização e afirma que não houve

a liberação, nem a legalização.

Sobre descriminalização:

Descriminalização, termo comumente utilizado para descrever a exclusão de

sanções criminais em relação à posse de drogas para uso pessoal. Sob essa acepção,

embora a conduta passe a não ser mais considerada crime, não quer dizer que tenha

havido liberação ou legalização irrestrita da posse para uso pessoal, permanecendo a

conduta, em determinadas circunstâncias, censurada por meio de medidas de natureza

administrativa (RECURSO EXTRAORDINÁRIO n.635.659).

429

No campo da descriminalização, as condutas não podem ser entendidas como uma forma

de liberação total do uso, mas devem ser entendidas como sanções no campo de medidas

administrativas, sendo, assim, o usuário deve ser punido, mas a forma de punição deve ser de

acordo com as medidas administrativas.

Ainda, o Ministro relata o quanto é necessário haver discernimento, para qualificar-se o ato

no momento da prisão, pois vários fatores devem ser levados em consideração, para que seja feito

o procedimento da melhor maneira possível, para saber se o fato enquadra-se como tráfico ou posse

de drogas.

Já ressaltei a zona cinzenta entre o tráfico de drogas e a posse de drogas para consumo

pessoal. A diferença entre um e outro enquadramento é decisiva para pessoa abordada.

Ou poderá ser presa, por até quinze anos, ou seguirá livre, embora sujeita, pelo menos

transitoriamente, às medidas previstas no art. 28, sem efeitos penais (RECURSO

EXTRAORDINÁRIO n. 635.659).

E, por fim, deu provimento ao recurso e absolveu o réu e, ainda, declarou parcialmente a

inconstitucionalidade do artigo, de forma que seja a lei reestruturada para adequá-la às atuais

divergências.

Pelo exposto, dou provimento ao recurso extraordinário para:

1 – Declarar a inconstitucionalidade, sem redução de texto, do art.28 da Lei

11.343/2006, de forma a afastar do referido dispositivo todo e qualquer efeito de

natureza penal. Todavia, restam mantidas, no que couber, até o advento de legislação

específica, as medidas ali previstas, com natureza administrativa;

V – Absolver o acusado, por atipicidade da conduta. (RECURSO

EXTRAORDINÁRIO 635.659).

Outro fator preponderante, colocado pelo juiz, foi referente à privacidade e à liberdade

individual previstas no artigo 5º, X, da Constituição Federal. Este artigo traz a liberdade do indivíduo

e a privacidade, onde o indivíduo tem o direito de escolher como vai viver, mas desde que não

atinja também a liberdade dos outros e nem da coletividade.

Vendo por esse viés, o indivíduo com suas ações, ao utilizar qualquer entorpecente, tem por

obrigação não atingir os direitos dos outros, fato que leva à grande discussão, pois a maioria dos

usuários envolvem-se em vários delitos, em busca de conseguir mais drogas para seu consumo.

Fatos estes que estão relacionados aos princípios da privacidade e da liberdade individual.

430

CONCLUSÃO

A referida monografia buscou demonstrar de formas diversas a complexidade que gira

em torno do tema do artigo 28, da lei de drogas, 11.343/06, suas disposições legais e seus

questionamentos referentes a sua atuação no meio social. Analisando as leis anteriores e as atuais,

inclusive questionamentos a respeito do tema.

Buscou-se aqui analisar o desenvolvimento do Brasil, ao passar dos anos em suas repressões

e atuações contra o tráfico de drogas e suas formas de contenção a tais atividades ilícitas. Sempre

observando os fins legais que a lei almejava, mesmo não atingindo um fim social esperado.

Dessa forma, o trabalho de ressocialização, que é de extrema importância para o País,

não está desenvolvendo-se a contento, pois a administração pública não deu estrutura viável para

que a lei fosse cumprida como um todo. Para que isso ocorresse, seria necessário que tivéssemos

locais especializados como clínicas médicas, com aparato hospitalar e, principalmente, profissionais

qualificados para essa determinada área de dependentes químicos e acompanhamento tanto ao

indivíduo, quanto a seus familiares. Esse acompanhamento deve ser feito não somente durante o

período de internação, mas, a depender das condições físicas da pessoa, também no convívio social,

para que o mesmo não volte a usar.

Outro fator preponderante, é o fato do indivíduo vir a ser internado coercitivamente, pois

é de conhecimento de todos que grande parte dessas pessoas não têm o devido discernimento, ao

se tornar um dependente químico, tornando-se assim um perigo para si e para a sociedade. Para

isso, deve-se criar critérios como a aquiescência da família e dos responsáveis para que se

desenvolva o processo dentro dos trâmites legais.

Após essas medidas com certeza a criminalidade irá diminuir, pois um dos grandes fatores

que aumentam os diversos tipos de delitos são as drogas, que originam a maioria dos crimes.

Vemos no dia-a-dia a atuação policial frente a esses grupos, que tentam reprimir os

delitos cometidos, a condução dessas pessoas às delegacias por várias e várias vezes sem obter

êxito, levando ao desânimo e à sensação de impunidade. Tudo isso aliado a uma legislação

protecionista, que não deixa muito a fazer e, assim, logo são liberadas para consumir mais drogas,

cometer mais delitos e, consequentemente, financiar o mercado do tráfico.

Como demonstrado no trabalho, esse artigo conteve falhas, ao ser tão protecionista, não

houve um plano de contingência, visto do ponto das consequências que poderiam surgir à sociedade,

ficando desamparada e criou-se uma forma legal de se comerciar drogas.

É notório que o Brasil em suas legislações buscou sempre se adequar a leis de outros países

mais evoluídos. Isso nos leva a ter leis e culturas distintas, por tais fatores estamos

431

longe de nos adequar aos parâmetros sociais justos, dessa forma não atingindo o fim social

necessário ao que o Estado busca.

A violência a cada dia cresce e com ela a sociedade sofre as consequências, tornando-se

refém da criminalidade. As mortes em sua maioria sempre estão ligadas ao tráfico de drogas,

destruindo vidas e famílias.

A quantidade de roubos e furtos nunca antes fora como hoje, os indivíduos não têm limites,

pois a impunidade é nítida, ninguém tem medo da justiça, pois o Estado cria leis, mas as

mesmas não se adequam à realidade social.

A questão do usuário no Brasil é de extrema relevância, pois está ligada ao tráfico de drogas,

que movimenta milhões de reais no mercado negro, valores esses que financiam vários outros delitos

prejudiciais à coletividade. Vemos uma sociedade de mãos atadas, e os governantes não se

manifestam, os legisladores ficam inertes. Dessa forma, o artigo em questão, a cada dia que passa

nota-se a sua ineficácia, e a sua forma retrógrada de atuar. A sociedade torna-se refém a cada dia, e

de mãos atadas se vê refém da criminalidade alastrada no meio social. É fato que regiões são

dominadas pelo tráfico e o Estado inerte a essa situação, de forma que a cada dia que passa

mais pessoas são atingidas pelo crime.

É necessário que haja um engajamento das autoridades públicas, no sentido de criar estrutura

para que a lei seja efetivamente aplicada, e que estas medidas que estão presentes na lei sejam

cumpridas, de maneira a tentar realmente socializar o indivíduo que se encontra em estado de

usuário, para que não se torne mais um dependente químico.

É necessário o engajamento de todos, com intuito de buscarmos uma sociedade melhor e,

sem desigualdades sociais, criar dispositivos legais que visem proteger também a sociedade de

leis ineficazes, que não resolvam a situação.

Sendo assim, este tema é de importante relevância, pois traz grande problemática à sociedade

e deve ser visto de maneira holística para que solucione todos os problemas sociais que

vivenciamos e que a proteção da família seja posta em primeiro lugar, ao analisar-se uma lei.

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