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trantram
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14 de Março de 2014
Mais um dia de espera para ir fazer uma espera na Lagoalva.
O dia começou muito cedo. 6:00 e lá estava o chato de sempre a acordar o menino porque “a primeira espera” seria a da estação de Cascais. Como sabem primeiro a devoção, depois a diversão. Material prontinho e dentro do carro e aqui vai ele...
Hora de almoço ligo e combino com o Luís Matias (o melhor a desmanchar porcos que vi até a data) o local de encontro para irmos rumo a Lagoalva. Confesso que o dia custou a passar pois era sexta-‐feira, uma semana de trabalho já em cima e a cereja no topo do bolo foi a Direcção da CP ter aparecido depois de almoço na estação... toca de ligar ao Luis a avisar que isto iria atrasar um bocadito. Chegada a horinha de saída... e “meus senhores, bom fim de semana para todos, até segunda” e arranco de encontro ao Luís Matias. Já era tarde mas como sofro daquela doença que nos limita o tempo chamada trabalho, foi o que se pode arranjar.
Mudança de carros, conferir se está tudo e aqui vamos nós atrasadíssimos pois já eram 17h. Mal acabamos de sair liga o amigo Zé Franco, “Filipe, o Jorge Pedro está a sua espera, avisaram-‐no certo?” Claro que sim, estávamos era atrasados!!!
O Luís “pé pesado” meteu-‐nos lá numa horita... chegados a Lagoalva houve os cumprimentos do costume e toca de despachar que já se faz muito tarde. O sorteio normal como sempre e depois de atribuídos os cevadouros o gestor foi-‐nos colocar nos postos.
Cheguei ao posto, como tinha o arco compound partido levei uma besta que havia comprado à uns dias. Este facto tornou mais rápido o ritual de preparação palanque\cevadouro. Fiz as medições da praxe com o RF, roupinha quentinha e começa a espera.
Tudo sossegado, o vento estava uma maravilha mas nada de barulhos até que começo a ouvir do meu lado esquerdo lá longe umas cavalgadas valentes, isto eram umas 21h30m. Bem, começo a rir-‐me e toca de pegar no picareto, colocar em posição, libertar o gatilho esperar.
Começo a vê-‐los a cerca de 200m a descer o vale, eram um grupo grande que vinham em plena rambóia pelo terreno fora, sempre do lado de lá do sujo. Pensei “vão passar em direcção aos outros cevadouros e nem viram para aqui...” acabei de pensar e eles viram em direcção ao sujo e vêem em direcção ao cevadouro de frente para mim.
A vara manteve-‐se na galhofa que lhes é característica na sombrinha que as árvores junto ao cevadouro fazem, ora corriam para o sujo ora vinham, isto durante uns 5 minutos até que dois deles vão direito ao cevadouro e começam a devorar o milho. Dois belos bichos, um deles o maior, sai do milho e vem-‐se coçar no tronco e no chão,
fez ali um festival de dança que só visto!!! Um pouco depois volta para a comida e fica naquela posição que todos os arqueiros gostam -‐ “de ladecos”, mesmo bom para dar o tiro e foi o que fiz. Acalmei, encostei a besta à cara e... vai fruta d’aço, pimba mesmo no sÍtio que queria com aquele som de tambor mal apertado.
O bicho fica parado uns segundos, tipo 3, arranca pelo sujo do lado esquerdo. O resto da maralha continuou em plena rambóia como se nada tivesse acontecido e eu ali a gozar aquilo. Deu tempo para as sms da praxe, deu tempo para os contar e ainda para desligar chamadas dos caçadores amigos que queriam saber tudo em tempo real!!!
Digo-‐vos, eram 14 javalis todos mais ou menos do mesmo tamanho que estiveram ali a minha frente cerca de 20 minutos, isto depois de eu dar o tiro, em diversão total como se nada fosse. Nunca me tinha acontecido, grupos grandes a entrar sim mas a ficar depois do tiro não. Nunca.
Ficou mais uma experiência de um lance de caça para guardar, do resultado foi uma porquinha com um peso generoso a uns 30 metros do cevadouro.
O gestor foi buscar o Luís e começou o desmanche o que deu para aprender e muito com o mestre Luís pois ele é sem duvida alguma “um pro” na arte do desmanche.
Acertamos contas com o gestor, arrumamos as coisas e toca de abalar rumo a Lisboa.
Foi-‐me enviado posteriormente umas fotografias do cevadouro onde se vê crias de duas ninhadas, se existem pessoas com boa visão garanto que eu sou uma delas, quem me conhece sabe disso, não tenho qualquer problema em assumir os meus erros, sou adulto e responsável.
No momento do tiro fiz o disparo de consciência para cobrar, o que felizmente aconteceu, garanto-‐vos que não vi cria alguma durante a espera toda. Se eu as tivesse visto como é óbvio não disparava, já tive porcas com crias e nunca tive a tentação de disparar.
Sou caçador à poucos anos e não é por isso que sou menos consciente ou irresponsável no acto de caçar.
Filipe Augusto