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1ª Edição da Revista FullEnergy

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O primeiro passo, mesmo vivendo tempos difíceis. Além de a economia jogar contra o interesse da situação, o setor de energia vive também o stress hídrico que vem tirando o sono de alguns executivos. Soma-se também a alta da conta de luz, que está sendo paga não só pela fonte, como também por todos os brasileiros. Algo que, cedo ou tarde, iria acontecer. Bastou tempo. Mas, como há males que vem para o bem, talvez agora seja a hora de, finalmente, a sustentabilidade, ainda que tardia, entrar por definitivo na pauta das discussões e ações. De repensar o modelo de negócios, explorar fontes alternativas de energia e acreditar no potencial brasileiro. E essa foi a hora que o Grupo Mídia encontrou para lançar a primeira edição da Full Energy. O objetivo desta publicação é conversar com todos do setor, abranger o diálogo entre CEOs, CFOs, CIOs do segmento e levar para esses executivos uma leitura atual, criativa, com diversas soluções para os negócios.

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Editorial

Sempre admirei grandes empresários que ven-cem, dia a dia, as dificuldades, as oscilações do mercado e as incertezas econômicas. Ter como

única certeza que nada é definitivo requer uma boa dose de experiência e criatividade para driblar os mais diversos obstáculos que a vida nos traz.

Em se tratando do atual cenário econômico que estamos vivendo, acrescento também a coragem como determinante para seguir de maneira sen-sata e inteligente os negócios.

Contudo, estamos vivendo tempos difíceis. Além de a economia jogar contra o nosso time, o setor de energia vive também o stress hídrico que vem tirando o sono de nossos executivos. Soma-se também a alta da conta de luz, que está sendo paga não só pela fonte, como também por todos os brasileiros. Algo que, cedo ou tarde, iria acon-tecer. Bastou tempo.

O primeiropasso

Edmilson Jr. CaparelliPublisher

Mas, como há males que vem para o bem, tal-vez agora seja a hora de, finalmente, a sustentabi-lidade, ainda que tardia, entrar por definitivo na pauta das discussões e ações. Este é o momento de repensarmos o modelo de negócios, explorar fontes alternativas de energia e acreditar no po-tencial brasileiro.

E essa foi a hora que nós, do Grupo Mídia, en-contramos para lançar a primeira edição da Full Energy. Queremos conversar com todos de nos-so setor, abranger o diálogo entre CEOs, CFOs, CIOs do segmento e levar para esses executivos uma leitura atual, criativa, com diversas soluções para os negócios.

Esse é o nosso primeiro passo de uma longa ca-minhada que nos espera. Ainda temos muito que aprender, mas também temos muita energia para colaborar com o setor.

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Implantando a LiberdadeMercado Livre pode ser elemento eficiente na expansão da matriz elétrica brasileira

Perspectiva

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Presente de forma inte-gral em 27 países eu-ropeus, atingindo di-retamente mais de 450

milhões de habitantes, o Merca-do Livre de Energia, implanta-do de maneira parcial no Brasil desde 1995, ainda busca a vitória diante de grandes desafios. En-tre eles, a necessidade da adoção de uma agenda progressiva de ampliação para aliar preços mais competitivos com fontes limpas e segurança do sistema.

Segundo o Presidente da As-sociação Brasileira dos Comer-cializadores de Energia (Abrace-el), Reginaldo Medeiros, outro grande desafio é fazer com que as autoridades entendam que o modelo pode ser um eficiente elemento de expansão da ma-triz elétrica brasileira, por meio de leilões destinados também ao Ambiente de Contratação Livre (ACL). “A Abraceel já encami-nhou uma proposta ao BNDES no sentido de facilitar financia-mentos necessários para a viabi-lidade de novas usinas de energia

limpa, como as eólicas, solares, PCHs e biomassas”, diz.

A necessidade de atenção de-fendida pelo presidente da ins-tituição pode ser justificada em números. Atualmente, o Merca-do Livre (ML) de Energia é res-ponsável pela comercialização de 27% de toda a energia do País. “Nada menos do que 60% do PIB Industrial brasileiro está no Ambiente de Comercialização Livre (ACL)”, afirma.

Medeiros ainda afirma que a estimativa é de que o ACL te-nha ajudado o setor produtivo a economizar em torno de R$ 50 bilhões nas contas de luz.

Para o presidente da associa-ção, o ML passa por um perí-odo de estagnação após um rá-pido crescimento no volume de vendas entre os anos de 2004 e 2009. Ele acredita que uma série de regulamentos em análise irão criar condições objetivas para um novo período de expansão. Entre eles: (a) comercializador varejista; (b) cessão de montan-tes pelos consumidores livres;

Reginaldo Medeiros, Presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel)

(c) simplificação dos requisitos de medição; (d) financiamento para expansão da oferta desti-nada ao mercado livre; (e) novos mecanismos de garantias finan-ceiras que dão mais seguranças ao mercado.

Outro ponto salientado por Medeiros é a diferença entre o preço da eletricidade no ML e o preço spot. No segundo caso, o valor passa por um período de alta no valor, devido à escassez de oferta e também pelo atraso de obras, consequentemente, o uso pleno das termelétricas. “As recentes intervenções gover-namentais na área tinham boa intenção, mas foram danosas para o ML ao discriminar seus consumidores. Estima-se que a conta a ser paga pelos consu-midores cativos nos próximos anos seja de R$ 50 bilhões em razão dos empréstimos tomados pelas distribuidoras de energia para honrar seus compromissos. Isto traz boas perspectivas para o mercado livre nos próximos anos”, afirma.

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Contornando a Crise

Para Medeiros, o Brasil realizou uma forte expansão do sistema nos últimos anos com a inclusão de uma parcela signif icativa de consumidores, porém, sofre com uma dependência excessiva do regime pluviométrico, pois sua matriz é baseada principalmente em hidrelétri-cas. “Nesse sentido, é importante ampliar a presença do setor privado para continuar a garantir a expan-são, com a diversif icação de fontes, sobretudo as de menor impacto ambiental”, af irma.

Segundo o presidente da associação, a abertura do mercado é uma das poucas saídas, se não a única para a crise setorial. “O Estado brasileiro não tem mais recursos para investir e não há muitas mágicas f inanceiras novas a se fazer. Todos os consumido-res, inclusive residenciais, na União Europeia, na Austrália, na Nova Zelândia e em 22 estados dos Estados Unidos são totalmente livres para escolher seu provedor de energia elétrica. O Brasil precisa caminhar no mesmo sentido para obter baixo custo tarifário, expansão da matriz verde e ef iciência ener-gética”, diz.

Medeiros af irma também que não há solução para o mercado livre sem uma solução para as três dimensões da crise atual do setor. “A primeira, a crise f inanceira na qual as empresas reguladas passaram a ser instrumento da política econômica do governo via intervenção no preço. A segunda, a crise de oferta, com a necessidade de aprimora-mento no monitoramento das obras de geração, após sua ou-torga, bem como a unif icação entre as outorgas de concessões de geração e transmissão”, diz.

Futuro

Na opinião do presidente da Abraceel, os planos de energia precisam evoluir para uma maior participação da demanda no equacionamento da questão energética.

Para os próximos anos, Medeiros, acredita que será preciso observar um importante avanço nas chamadas energias alternativas, como eólica, solar e biomassa. Outro ponto que deve se constatar nos próximos anos é a estimulação da eficácia energética, uma vez que, cada vez mais, os consumidores pretendem gerar a sua energia em casa.

Perspectiva

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indústria de petróleo e gás sugere mudanças à política de Conteúdo Local

O Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Bio-combustíveis (IBP) apresentou, no Rio de Janei-ro, os resultados de um estudo sobre o que seria necessário para evolução e aprimoramento da Política de Conteúdo Local aplicada ao setor de óleo e gás do Brasil.

Entre as propostas para os próximos leilões de petróleo e gás estão: as diretrizes de Con-teúdo Local pré-estabelecidas no processo lici-tatório, como ocorre com o Conteúdo Local no Regime de Partilha; a simplificação da forma de ser aplicada e foco nos setores com maior valor agregado, em relação ao potencial de geração de emprego e tecnologia; a quitação de penali-dades por meio de ações compensatórias de in-teresse do governo; a regulamentação pela ANP da cláusula Waiver, de Isenção da Obrigação de Cumprimento de Conteúdo Local; e reequilíbrio dos pesos dos itens do que será produzido, de acordo com o cenário vigente.

Segundo Jorge Camargo, presidente da entida-de, essas são propostas simples de aperfeiçoa-mento de políticas, não de mudança de política.

shell atinge produção de 100 milhões de barris no espírito santo

Cem milhões de barris de petróleo. Essa é a marca que a Shell alcançou no Parque das Conchas, no Espírito Santo. O projeto, que é operado pela Shell, tem como sócios as em-presas ONGC (27%) e QPI (23%). Já a Shell é dona de metade do projeto. O bloco tem atualmente 17 poços produtores em três campos (Argonauta, Ostra e Abalone), todos ligados ao navio-sonda Espírito Santo. A companhia está na fase 3 do projeto, que consiste na instalação dos equipamentos sub-marinos e que incluiu cinco novos poços de produção. Quan-do entrar em produção, a fase 3 do projeto deve atingir um pico de 28 mil barris de óleo equivalente por dia.

nova data de novo leilão para exploração de petró-leo é divulgada

O Ministro de Minas e Energia, Edu-ardo Braga, anunciou que o próximo leilão para exploração de petróleo e gás no Brasil será realizado em outu-bro. A 13ª Rodada de Licitações reu-nirá 269 blocos fora da área do pré-sal que poderão ser explorados por qualquer empresa interessada que cumpra os requisitos, sem necessida-de de associação com parceira brasi-leira, informou o governo.

Segundo o ministério, Braga anun-ciou ainda que as próximas rodadas de licitação para concessão de áre-as serão planejadas levando-se em conta vários fatores, entre os quais as necessidades das empresas pe-trolíferas, a demanda nas indústrias fornecedoras de serviços, a capaci-dade da indústria local, e os estudos realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustí-veis (ANP) inclusive sobre as desco-bertas mais recentes.

PEtrólEo, ólEo E Gás

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Petrobras estuda ampliar canais de acesso de terminais aquaviários na baía de Guanabara

A Petrobras já começou a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de seu respectivo relatório (Rima). A pesquisa refere-se aos Terminais Aqua-viários da Ilha Comprida e da Ilha Re-donda, ambos na Baía de Guanabara, e será encaminhada ao Instituto Estadual do Meio Ambiente.

O estudo trará uma análise sobre a via-bilidade ambiental da realização de dra-gagem para formação do canal de aces-so e adequação da bacia de evolução dos terminais. Essa etapa é necessária para aprovação do requerimento feito pela estatal de Licença Prévia feito ao Inea.

Os terminais da Ilha Redonda e da Ilha Comprida são interligados por gasodu-to à Refinaria Duque de Caxias (Reduq) e com eles são realizadas operações de cabotagem, importação e exportação de gás liquefeito de petróleo (GLP), bu-tadieno e propeno.

Petrobras consegue financiamento de US$ 3,5 bi da China

A Petrobras conseguiu um empréstimo de US$ 3,5 bilhões, o equivalente a R$ 11,2 bilhões, com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB). O acordo feito pelo Dire-tor Financeiro da estatal, Ivan Monteiro, é o primeiro passo de um plano de coopera-ção arquitetado pelas duas partes para os anos de 2015 e 2016.

O financiamento chega em um momen-to que a Petrobras necessita preservar seu caixa. Além disso, também serão reduzidos os investimentos, com um corte de US$ 13,7 bilhões para os próximos dois anos.

Em nota, a Petrobrás classificou o acor-do como “um importante marco para dar continuidade à parceria estratégica entre o CDB e a Petrobras, fortalecendo siner-gias entre as economias dos dois países”.

usP inaugura novo laboratório no curso de engenharia de Petróleo

O curso de Engenharia de Petróleo da unidade de Santos da Escola Politécnica (Poli) da USP inaugurou o Laboratório Integrado de Simulação Tecnológica (Listec). O investimento de US$ 5,7 milhões em in-fraestrutura e hardware também inclui doações e li-cenças de uso de software. Os equipamentos adqui-ridos foram complementados por alguns dos mais modernos softwares utilizados na área, entre eles o Reservoire Managment Software (RMS), que per-mite tanto a visualização, quanto à interpretação de dados sísmicos, e a vinculação destes com os dados físicos do poço (geralmente obtidos junto à ANP ou às próprias empresas exploradoras).

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Foco na conscientizaçãoA missão de gerar energia com qualidade e sustentabilidade

Um dos desafios quanto ao compromisso em-presarial no fornecimento de energia elétri-ca à população está na proposta de oferecer

um serviço sustentável através de um processo de melhoria contínua.

Os departamentos de meio ambiente, responsáveis pelas compensações sociais e ambientais como forma de mitigar impactos gerados pela instalação de usi-nas hidrelétricas, têm levado empresas a integrarem as considerações ambientais aos processos de tomada de decisão.

Essa estratégia busca o aperfeiçoamento contínuo nas práticas de gestão ambiental em toda a cadeia produtiva da distribuição de energia e direciona o

planejamento corporativo das empresas que atuam no setor elétrico.

Essa prática sustentável é uma realidade na Usi-na Hidrelétrica Corumbá IV, em Luziânia (GO), no entorno do Distrito Federal. A Corumbá Con-cessões desenvolve nos sete municípios da área de abrangência do reservatório mais de 15 Programas Básicos Ambientais (PBAs), tais como Revegetação de Área da Preservação Permanente (APP), Moni-toramento da Qualidade da Água, Controle de Pro-cessos Erosivos, Educação Ambiental, entre outros. Todas estas iniciativas são estabelecidas pelo Órgão Licenciador (Ibama).

Um exemplo dessas ações é o Programa Alterna-

Sustentabilidade

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tiva Produtiva, que oferece capacitação às comuni-dades ribeirinhas para geração de renda de forma sustentável.

Hoje, o projeto “Viveiros-Escola” ensina a popula-ção local a produzir mudas de espécies do Cerrado, estimulando a venda para complementação da renda familiar e o plantio para a recuperação de nascentes da região. Também fez parte deste programa o pro-jeto “Balde Cheio” que, durante quatro anos, bene-ficiou cerca de 100 pequenos produtores de leite da região, que tiveram sua produtividade aumentada de 300 a 500%, em média. Esse resultado positivo re-fletiu diretamente na melhoria da qualidade de vida dos participantes do projeto.

Já pelo Programa de Educação Ambiental, ofici-nas são realizadas nas escolas rurais com alunos e professores. O objetivo é diagnosticar problemas socioambientais dentro e fora do ambiente escolar. A iniciativa também trabalha com a conscientiza-ção do turista por meio das “Paradas Ecológicas”. Durante essas ações, os frequentadores do reserva-tório recebem orientações sobre o uso do lago, sobre a preservação da Área de Preservação Permanente (APP) e sobre a destinação com os resíduos gerados. Além disso, recebem material educativo e sacos de lixo biodegradáveis.

Outra iniciativa que faz parte dessa proposta sus-tentável é Programa de Comunicação Social, que informa a população sobre as ações da empresa, principalmente aquelas relativas ao meio ambiente, saúde, educação e cidadania. As informações são di-vulgadas por meio do programa de rádio Ondas da Corumbá IV, veiculado na mídia da região, e do In-formativo UHE Corumbá IV, de produção trimes-tral, que é distribuído aos moradores do entorno do reservatório.

Além dessas práticas, a Corumbá Concessões re-aliza ações sociais de iniciativa própria, como cons-trução/reforma de escolas rurais e construção de casa para famílias de baixa renda que foram desapropria-das, tudo visando ao equilíbrio ambiental e à melho-ria da qualidade de vida das populações adjacentes ao reservatório.

VOCÊ SABIA?A Corumbá Concessões recebeu,

em 2012, a primeira renovação da Licença de Operação (LO) pelo Ibama, válida por seis anos.

Foco na conscientização

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Marconi Araújo, Diretor-presidente da Corumbá Concessões S.A., conta que por se tratar de um reservatório de uso múltiplo, a companhia tem nota-do um crescimento e um potencial do ramo do turismo, o que dá oportuni-dades para moradores do entorno do lago. “Quando um empreendimento do porte da Corumbá IV chega a uma região, ele fica ali para sempre. Acre-ditamos que a convivência entre a Usi-na, os moradores e os gestores dos sete municípios do entorno acaba se tor-nando uma parceria”, afirma.

Marconi revela que todos estes tra-balhos são desenvolvidos por meio do Departamento de Meio Ambiente, com uma equipe multidisciplinar que atua de forma integrada na execução de todas as ações dentro dos PBAs de meios físico, biótico e socioambiental, estabelecidos pelo Ibama. UHE CORUMBÁ IV EM NÚMEROS:

• Volume de água do reservatório: 3,8 trilhões de litros.

• Capacidade de geração de energia: 129,6 megawatts, suficiente para abastecer uma cidade de 250 mil habitantes;

• Principais rios tributários: Corumbá, Antas, Alagados, Descoberto e Areias;

• Cidades abrangidas pelo reservatório: Abadiânia, Alexânia, Corumbá de Goiás, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Silvânia.

Marconi Araújo,Diretor-presidente da Corumbá Concessões S.A.

Sustentabilidade

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PLanos

Neste ano de 2015, a empresa continua investindo na conscien-tização do ribeirinho e do turista quanto à importância da preserva-ção da APP e do uso responsável do reservatório. Segundo Araújo, outra meta da empresa é promo-ver mais conscientização sobre a importância da recuperação e pre-

servação de nascentes. Por isso, a empresa está trabalhando na im-plementação de um novo projeto, chamado Água Viva, que preten-de garantir a existência de água em quantidade e qualidade, já que é um recurso essencial a todos, não só à geração de energia.

Por meio da Comunicação Social

proprietários têm sido orientados para regularizar estradas de acesso para o lago, passando pela APP, e para recuperar suas áreas degra-dadas. “O trabalho da empresa se intensifica quando há a participa-ção do ribeirinho, o que fortalece o desenvolvimento sustentável da região”, destaca Araújo.

ConHeÇa aLGuMas aÇÕes sustentÁVeis ParaLeLas À GeraÇÃo de enerGia

• Proteção da fauna e flora Na Usina Hidrelétrica (UHE) Corumbá IV, antes do enchimento do reservatório, a empresa

realizou uma grande ação de resgate de fauna e soltura de animais em locais apropriados. Hoje, a Área de Preservação Permanente (APP) do reservatório, que serve como um cinturão de proteção da água, permite a preservação da fauna e da flora. Há uma ação da empresa para re-cuperar áreas degradadas na APP com o plantio de espécies do Cerrado, o que inevitavelmente atrai mais animais e permite a reconstituição do ecossistema local.

• Qualidade da águaO reservatório da UHE Corumbá IV conta com um Programa de Monitoramento da Qualidade

da Água que é realizado trimestralmente com o objetivo de monitorar a qualidade da água dos afluentes e do reservatório (no total são 21 pontos de coleta), por meio de análises físico-quí-micas e biológicas. Através desses monitoramentos é possível identificar, prevenir e indicar aos órgãos responsáveis ações de mitigação para os focos de fontes contaminantes que possam desaguar nos tributários do reservatório.

• Compensação financeira A compensação financeira aos municípios é importante, pois tem a finalidade de mitigar o

impacto provocado pelo empreendimento nos municípios atingidos pela inundação de terras. Na UHE Corumbá IV, a administração dos recursos repassados é feita pelo poder público mu-nicipal e a Corumbá Concessões não tem participação na gestão destes recursos, como ocorre em outras usinas.

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PrecauçãoPesquisa revela como estão os ânimos dos CEOs do setor de energia. 48% dos executivos afirmam que estão preparados para entrar em novos negócios

Os CEOs do setor de energia estão cau-telosos quanto aos rumos da econo-mia. Segundo a 18ª Pesquisa Global

com CEOs da PwC, apenas 29% acreditam que o cenário econômico irá melhorar neste ano. Além disso, os executivos dizem estar menos confiantes quando questionados em aumentar, em pequena ou média proporção, as receitas comparados com os CEOs de outros setores.

Toda essa cautela deve-se às tendências globais que estão influenciando os negócios, trazendo profundas implicações na indústria. Trata-se de fatores como mudança no comportamento dos clientes, concorrência com novos operadores, além dos rivais tradicionais e também da mu-dança na produção de tecnologias. “Contudo, são as questões regulatórias que mais preocupam os CEO do setor de energia. Cerca de 90% afir-mam se preocupar com este fator, contra 66% de outros CEOs”, ressalta a pesquisa.

A pesquisa também revela que mais da metade dos CEOs ouvidos esperam uma maior competi-ção para os próximos três anos se comparado aos outros executivos. Cerca de 30% de executivos de indústrias do campo da engenharia e de constru-ção expressaram interesse em entrar para o setor de energia e mineração. Outro setor que também afirma investir em energia são os executivos do setor florestal, de papel e embalagens, que já estão migrando para o segmento através dos resíduos da madeira.

E diante de um cenário instável, 48% dos exe-cutivos afirmam que já estão preparados para entrar em novos negócios ou estão analisando esta possibilidade.

Os executivos do setor de energia também es-tão explorando oportunidades para criar novos valores através de novas tecnologias. Eles estão focados em tecnologias relativas à energia de ali-mentação, cyber segurança e data analytics.

Gestão

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Os líderes dos setores de Energia elétrica e ser-viços de utilidade públi-ca estão cautelosos sobre os rumos da economia e as perspectivas dos seus negócios: 68% acreditam que conseguirão elevar suas receitas nos próxi-mos 12 meses, um índi-ce bem abaixo da média global de 84%. Apenas 29% apostam que a eco-nomia crescerá este ano. Para eles, a regulação é um ponto sensível: 89% afirmam que isso terá um forte impacto sobre o seu negócio nos próximos cinco anos.

Investir em tecnologias móveis não é prioridade desses CEOs, diferentemen-te de outros executivos. Contudo, eles se mostram preocupados com o ritmo que a tecnologia está avançando, de 52% para este ano contra 32% no ano passado.

Mas os CEOs que já utilizam as novas tecnologias digitais afirmam que os bene-fícios foram consideráveis, alcançando sig-nificativas melhorias operacionais, melhor uso dos dados coletados e mais capacidade da empresa em inovar.

“Contudo, eles enfatizam que aumentar o valor desses investimentos não é tarefa fácil. É preciso uma visão clara e competitiva das vantagens a serem obtidas, um plano robus-to e um CEO que defenda a utilização das tecnologias digitais”, ressalta a pesquisa.

AliAnçAs dinâmicAs A porcentagem de CEOs que plane-

jam formar novas alianças saltou de 39% para 52% este ano. Muitos ainda têm a esperança de unir forças com os fornece-dores, governos ou clientes, mas 60% dos executivos entrevistados estão até mesmo trabalhando em conjunto com seus con-correntes. Os principais motivos para esta colaboração são o acesso a novas tecnolo-gias, compartilhar riscos e reforçar a capa-cidade de inovação.

Quanto à contratação de novas pessoas, 36% dos executivos afirmaram que este planejamento mantêm-se estável. Apesar de 70% estarem preocupados com a dis-ponibilidade de profissionais com compe-tência-chave, apenas 47% buscam talentos em outros países, em diferentes indústrias e segmentos demográficos.

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Contextualizar os desafios da energia no âmbito mais amplo da transformação que o setor está sofrendo é fundamental, devido à evolução tecnológica

e de processos que implica as Redes Elétricas Inteligentes ou Smart Grids.

Um de seus principais objetivos é a sus-tentabilidade, baseada na redução das emis-sões de CO2 e a melhoria na eficiência do sistema elétrico. O único modo de alcançar estes objetivos é estabelecer um modelo de abastecimento que fomente o surgimento e integração de novas formas de produção e consumo distribuído em uma operação co-ordenada e f lexível de geradores, operadores e consumidores.

Para que isso se torne realidade, será neces-

sária a aplicação massiva de tecnologias da informação, como sensores, modelos, simu-lação em tempo real e avanços em pesquisas em relação a novos meios de armazenamen-to, inovação na eficiência das renováveis, entre outras. Estes elementos devem dar su-porte a um novo mix de geração e integração da energia nas redes, com foco no uso das energias renováveis e em diferentes meios de armazenamento. Por outro lado, devem apoiar um novo formato das redes elétricas e dos mecanismos de operação, para assegurar a estabilidade das mesmas, o que implica na melhoria/transformação das atuais redes de transmissão e distribuição.

O desenho de um mercado mais aberto é outra das exigências que podem ser apoiadas pela tecnologia. É de especial importância a

Grandes desafios na evolução das redes inteligentes

Artigo de mAriAnO OrtEgA e lEOnArdO BEnitEz

Mariano ortega,Especialista em

Energia da Indra

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aplicação de um novo f luxograma de consu-mo de serviços, envolvendo um novo agen-te, o consumidor. O prossumidor, termo que significa produtor mais o consumidor, representa o elemento mais inteligente das Smart Grids com novas responsabilidades, como a predizer o preço da energia, forne-cedor de armazenamento, produtor de ener-gia ou fornecedor para outros consumidores. No entanto, o consumidor atual desconhece o papel que poderá desempenhar no novo cenário energético.

A tecnologia também é um fator chave para impulsionar a integração dos serviços energéticos com outros serviços públicos e as grandes cidades, dentro do conceito de Cidade Inteligente ou Smart City. A partir da primeira geração de soluções tecnológicas orientadas às Smart Grids, que geralmente tratavam de estender as soluções clássicas ao novo cenário, hoje, vivemos a adoção das tecnologias mais inovadoras. É o caso das tecnologias que permitem o desenvolvimen-

to sobre as redes de elementos de processa-mento inteligente, a exemplo:

• Modelos de predição e simulação;• Detecção avançada de padrões em tempo

real;• Emprego de novos canais de comunica-

ção como as redes sociais para fomentar a relação entre as empresas de eletricidade e seus clientes e, com isso, a socialização dos futuros usuários de serviços públicos;

• Desenvolvimento de modelos e ferra-mentas Cloud que proporcionam serviços f inais (SaaS). Infraestruturas (IaaS) ou pla-taformas (PaaS), os quais permitem que ne-gócios baseados na sensorização, medição e aplicação de algoritmos de otimização ou simulação deem serviço a múltiplos clientes.

A relação da tecnologia com o setor ener-gético é mais que um mero uso instrumen-tal. Ser capaz de articular esta relação com empresas tecnológicas e energéticas lati-no-americanas de projeção global é um dos mais importantes desafios que temos.

leonardo Benitez Diretor de Smart

Energy da Indra

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Autorizada a instalação de 1,8 mil km de linhas de transmissão Miracema-sapeaçu

O Ibama autorizou a construção da linha de transmissão Miracema - Sapeaçu e das subesta-ções associadas. O empreendimento é composto por 1.854,51 km de linhas de transmissão, que atravessam 47 municípios de Tocantins, Mara-nhão, Piauí e Bahia e cruzam os rios Tocantins, Parnaíba e São Francisco. Com isso, a região Nordeste passará a receber energia gerada na UHE Belo Monte e fazem parte das obras estru-turantes que permitirão ampliar para 6.000 MW a capacidade de transferência de energia para a região Sudeste.

Para este ano, está prevista a expansão das linhas de transmissão em 7.120 Km. No ano passado, a ex-pansão das linhas de transmissão foi de 8.876 km.

Justiça do rs autoriza a retomada das obras da usina Hidrelétrica de baixo iguaçu

As obras da Usina Hidrelétrica de Baixo Iguaçu, localizada no sudoeste do Paraná em uma área vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu (PNI), pode-rão ser retomadas a qualquer momento. A decisão é do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4º Região, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A constru-ção estava parada desde junho de 2014, quando o Tribunal emitiu uma liminar suspendendo a licença ambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

O TRF afirmou que ao emitir a liberação o Ins-tituto Ambiental do Paraná (IAP) não considerou a manifestação prévia do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o parque. A suspensão continuaria vigorando até que o ICMBio emitisse um novo consentimento sobre a construção da usina, o que foi feito no dia 8 de janeiro deste ano.

novas tecnologias para a crise hidrelétrica

Com o objetivo de aumentar o nível dos reservatórios do País, o governo vem buscando novas tecnologias, mais linhas de transmissão e também diver-sificando a fonte de geração de energia. “Estamos nos preparando fortemente para vencer o desafio de 2015 e poder entregar um modelo e um sistema elé-trico a partir de 2016 que seja mais ba-rato, mais seguro e com maior inovação tecnológica”, afirmou o Ministro de Mi-nas e Energia, Eduardo Braga, em even-to na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN).

O estudo de uso de placas fotovoltaicas em flutuadores em uma área limitada dos reservatórios de hidrelétricas é uma das soluções inovadoras. Para tanto, serão espalhados milhares de metros quadra-dos de boias com painéis solares sobre o espelho d’água das usinas. Segundo técnicos do ministério, o uso desses flu-tuadores solares sobre os reservatórios pode aumentar em até 15 mil megawatts de potência. As barragens escolhidas para este plano foram a do Rio São Francisco (BA), no lago de Sobradinho. E a outra é no Amazonas, na barragem de Balbina. A escolha deve-se pelo tamanho das repre-sas e também hidrelétricas serem contro-ladas por estatais.

HidreLétriCo

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Linhas para escoar energia de belo Monte têm leilão previsto para junho

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as linhas de transmissão para escoar a energia da usina de Belo Monte somarão um investimento de R$ 7,7 bilhões.

O leilão dessa linha que ligará a hidrelé-trica, no Pará, às regiões Sudeste e Centro-Oeste está previsto para ser realizado no dia 26 de junho. São mais de 2.500 quilô-metros de linha. O consórcio vencedor terá que construir duas estações conversoras, mas subestações Xingu, no Pará; e também o Terminal Rio, no Rio de Janeiro. O projeto prevê a construção de uma corrente contí-nua, com subestações apenas no início e fim da linha, diminuindo perdas do trans-porte de energia.

A entrega das obras está prevista para setembro de 2020 e a ANEEL prevê a gera-ção de 15,4 mil empregos com a constru-ção do linhão. Os interessados em disputar a linha deverão depositar R$ 77 milhões para participar do leilão e o vencedor de-verá apresentar uma garantia de fiel cum-primento de R$ 770 milhões, o equivalente a 10% do valor do investimento. Também deverá ter patrimônio líquido mínimo de R$ 770 milhões.

O primeiro linhão foi leiloado em feverei-ro do ano passado e será operado pela con-cessionária formada pela chinesa State Grid (51%), Furnas (24,5%) e Eletronorte (24,5%). Esta também será de corrente contínua de 800 kV e custará cerca de R$ 5 bilhões.

Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu, é premiado pela ONU

O programa “Cultivando Água Boa”, da Itaipu Binacional, foi reconhecido pela ONU entre as melhores práticas de gestão de re-cursos hídricos do mundo. O projeto con-correu com 40 iniciativas de todo o mundo e conquistou o 1º lugar na categoria “Me-lhores práticas em gestão da água” da 5ª edição do Prêmio Água para a Vida 2015. O secretário-geral da Organização das Na-ções Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, afirmou que o programa “é uma iniciativa que tem potencial para transformar a vida de mi-lhões de pessoas, porque apresenta possi-bilidades extraordinárias”.

O programa fundamenta-se na gestão integrada de bacias hidrográficas e atua por bacia, sub-bacia e microbacia. O obje-tivo é garantir a quantidade e a qualidade das águas, além, claro, da sustentabilidade do território. Hoje, o programa Cultivando Água Boa é desenvolvido nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3, no Oeste do Paraná, onde vivem mais de um milhão de pesso-as. As ações socioambientais são feitas em parcerias com prefeituras, órgãos públicos, empresas e a comunidade, somando mais de dois mil parceiros.

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racionamento ou racionalização

O governo lançou em mar-ço um conjunto de me-didas pela garantia de

segurança no fornecimento de energia elétrica sem que seja ne-cessário o decreto de racionamento de energia elétrica no País. Mes-mo diante da conjuntura atual do setor, a hipótese de racionamento de energia elétrica é afastada pelo governo, que teme o impacto po-lítico negativo e econômico da de-cisão. No entanto, investidores e agentes do setor elétrico temem a opção pela racionalização.

Com a finalidade de evitar o racionamento de eletricidade no País em 2015, o governo iniciou um conjunto de ações visando am-pliar a oferta de energia, sendo a

principal o tarifaço. A expectativa do governo é que os reservatórios das usinas hidroelétricas (UHEs) do Sistema Interligado Nacional (SIN) atinjam 30% de nível de armazenamento médio em abril, quando acaba o período úmido. Dessa forma, considerando que historicamente o nível dos reser-vatórios recua cerca de 20 pontos percentuais no período seco, a es-timativa é chegar a novembro com ao menos 10% de estoque, o limite operacional das UHEs, de acordo com o governo e seus agentes.

Com base nas expectativas de redução do consumo pelo seg-mento industrial e no tarifaço, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem uma proje-

ção oficial de consumo de energia elétrica de 2015: uma elevação de 3,2% para um aumento de 0,2% em relação ao consumo de 2014.

Os agentes do setor temem os impactos da racionalização do consumo de energia elétrica. A redução voluntária do consumo poderá gerar mais prejuízo para geradoras e distribuidoras do que a diminuição compulsória da de-manda, além de adiar o risco de desabastecimento para 2016. A complexidade atual do setor elé-trico torna a racionalização do consumo elétrico um agravante para as geradoras, que enfrentam pressão de custos por conta do déficit de geração hídrica. Isso, porque a redução voluntária do

Artigo de AdriAnO PirEs

Adriano Pires, Diretor do Centro

Brasileiro de Infra

Estrutura (CBIE)

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consumo e o acionamento térmi-co permanente, a fatia da geração por fonte hídrica seria menor. Tal fato obrigará as UHEs a incorrer em custos mais elevados, porque a diferença entre a garantia físi-ca (GSF - generation scaling fa-tor) das UHEs e o que elas efe-tivamente produzem deverá ser adquirido no mercado de curto prazo, sujeito as oscilações e ele-vações do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).

Estima-se que em 2014, com déficit de geração de 10%, as ge-radoras de energia hidroelétrica tiveram gastos de cerca de R$ 20 bilhões. Em 2015, uma demanda menor pode levar o déficit hídrico a 30%, de acordo com estimativas de mercado, o que exigirá desem-bolsos em torno de R$ 52 bilhões.

Em um cenário em que o racio-namento fosse decretado, as ga-rantias físicas das UHEs seriam

reduzidas, diminuindo a neces-sidade de contratação de energia elétrica no mercado spot e o im-pacto disso sobre os custos. Se-gundo estimativas de agentes do mercado, caso o governo decrete racionamento de 10% na deman-da, as receitas das UHEs cairiam 47% no ano. Em caso de redução voluntária da demanda, também, em 10%, a queda de receita che-garia até a 62% em 2015.

As distribuidoras também po-dem ser mais prejudicadas pela racionalização do que pelo racio-namento, embora em menor pro-porção. No caso de um decreto para reduzir a demanda, há cláu-sulas de reequilíbrio de contrato que compensam as perdas com o volume menor entregue aos con-sumidores. Sem esse decreto, as companhias ficam sujeitas a per-das de faturamento por conta do consumo menor. Dessa forma, a

racionalização pode causar um descompasso entre os custos e as receitas. Há ainda a possibilidade de ampliação do índice de perdas das concessionárias de distribui-ção, com o aumento da inadim-plência e o furto de energia.

A opção do governo pela cha-mada racionalização do consumo de energia elétrica, denota que as decisões permanecem unilaterais, sem considerar as ponderações dos principais atores do setor. Além disso, o cunho curto prazista e populista do governo conservam-se como característica principal, também, dessa nova estratégia. Ao escolher a racionalização, ao invés de decretar o racionamento de energia elétrica, os problemas do setor estão sendo empurrados para frente, ao não fornecer uma solução sólida para o adequado equilíbrio entre a oferta e a de-manda nos próximos anos.

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Banana e laranja podem ser fonte de Bioetanol

Governo prepara três leilões de biomassa em 2015

Em entrevista coletiva no primeiro tri-mestre deste ano, a Ministra da Agri-cultura, Kátia Abreu, afirmou que o go-verno realizará ao menos três leilões de biomassa neste ano. O primeiro, ocorreu em 24 de abril com geração de energia programada para começar a partir de ja-neiro de 2016. O segundo, chamado de A5, aconteceu em 30 de abril, com ge-ração a partir de janeiro de 2020. O ter-ceiro leilão está programado para 24 de julho, com geração para janeiro de 2018.

baixa na cogeração por biomassa em março

Durante os primeiros 23 dias do mês de março, foram ofertados 648,695 megawatts médios (MW) de energia de biomassa no Brasil. Número 3,27% menor se comparado aos 670,632 MW produzidos no mesmo período de 2014.

De acordo com o balanço realiza-do pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), do Ministério das Minas e Energia (MME), a oferta de MW por biomassa representou 4,2% dos 15,7 mil MW médios gerados por térmicas nos primeiros 23 dias de março.

A produção de energia por biomassa está indo mais longe, e já permite o desenvolvimento de energia veicular, o bioetanol, através de resíduos de duas das frutas mais cultivadas no Brasil: laranja e banana. A Unesp (Universidade Estadual Paulis-ta), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu um estudo coordenado pelo professor Crispin Hum-berto Garcia Cruz, professor titular da Unesp, no campus de São José do Rio Preto, e desenvolvido pela doutoranda Michelle Cardoso Coimbra.

Segundo os pesquisadores, as respostas obtidas em laboratório ainda não podem ser simplesmen-te extrapoladas para um processo industrial em grande escala, mas servem como uma estimativa. Cruz acredita que, se todos os resíduos resultan-tes das culturas de laranja e banana fossem con-vertidos em etanol, haveria uma produção anual de 658 milhões de litros.

O alto valor das enzimas necessárias para a li-beração dos açúcares na etapa de hidrólise da celulose e da hemicelulose é um dos principais problemas para a produção em larga escala deste biocombustível. Apesar dos altos custos, os pes-quisadores consideram o etanol de resíduos de frutas uma opção comercialmente promissora.

bioMassa

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usinas de bioeletricidade recebem selo de energia verde

inovação no setor

Pesquisadores da Universidade de Houston (EUA) desenvolveram uma bateria feita com material orgânico, de baixo custo e sem afetar o meio ambiente, empregará, como ingrediente, um polímero feito a partir da biomassa.

A matéria-prima é produzida a partir do polímero naphthalene-bi-thiophene. Com o uso de íons de lítio, os pesquisadores descobriram que o polímero de biomassa tem significativa contribuição de condu-tividade eletrônica e manteve-se estável durante centenas de ciclos e cargas e descargas de energia.

energia de biomassa poupa água em hidrelétricas

Um dado divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontou que a a bioeletricidade representou mais de 4% do consumo nacional de eletricidade ao longo de 2014. Foram ofertados para o Sistema Elétrico Brasileiro quase 21 mil GWh, um valor 18% maior em relação a 2013. Esta fonte alternativa de energia che-gou a atingir 7% durante o chamado período seco, entre os meses de maio e novembro.

Essa geração através de fonte bio-massa foi equivalente a poupar 14% da água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado elétrico Sudeste/Centro-Oeste, principal do País, responsável por 60% do consumo de eletricidade.

Segundo Vice-presidente da COGEN, Newton Duarte, isto demonstra o pa-pel estratégico da fonte biomassa para a matriz elétrica brasileira. Além disso, os 21 mil GWh de biomassa evitaram a emissão de 10,7 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) em 2014.

O selo lançado pela UNICA em par-ceria com a CCEE já certificou 30 usinas sucroenergéticas que produzem bioele-tricidade para consumo próprio e para o Sistema Elétrico Nacional (SIN). A certi-ficação, primeira no Brasil focada estrita-mente na energia produzida a partir da cana-de-açúcar, visa reconhecer tanto as usinas que produzem bioeletricidade para a rede, como aquelas que produ-zem apenas para o próprio consumo.

Caso a unidade produtora de bioele-tricidade seja exportadora de energia para a rede, adicionalmente deverá es-tar adimplente junto à CCEE e promover geração de bioeletricidade conforme os critérios determinados de eficiência energética.

AQUI TEMENERGIA VERDE

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Visão 2040Estudo realizado pela Deloitte mostra como questões econômicas, sociais e geopolíticas influenciarão o setor de óleo e gás mundialmente

Oléo e Gás

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Enquanto diversos setores do País vivem o pesadelo da crise econômica e políti-ca, a exploração das reservas da cama-

da de pré-sal parece não sentir tamanhos pro-blemas. O País pode se preparar para um salto na produção diária de óleo. Contudo, diversas variáveis interferem para que este sucesso seja, de fato, alcançado.

O estudo realizado pelo Centro de exce-lência (CoE) de Óleo e Gás da Deloitte em conjunto com a Monitor Deloitte trouxe um completo levantamento de como as incertezas do mercado poderão alterar o panorama da in-dústria até 2040.

Intitulado “Visão 2040 – Cenários mundiais para a indústria de óleo e gás”, a pesquisa traz a análise de especialistas sobre o contexto atu-al da indústria e as forças que influenciam o setor, levando em conta o cenário econômico,

questões geopolíticas, dados demográficos e sociais e análises de fatores específicos.

Foram combinados três ambientes distin-tos. São eles o contextual (mudanças socioe-conômicas, avanços tecnológicos e geopolíti-cas); indústria (dados sobre mercado, clientes, competidores, produtos, serviços e operações); organizacional (provê o conhecimento sobre a empresa que vai utilizar o cenário em sua estratégia).

Somam-se a esses dados as tendências, que são direcionamento esperados para a indús-tria, e incertezas críticas, fatores sobre os quais há maior grau de imprevisibilidade. Por fim, têm-se os cenários que vislumbram o fu-turo em questão.

No estudo foram identificadas quatro ten-dências determinantes para a indústria de óleo e gás. São elas:

FAtOrEs sOciOdEmOgr áFicOsHaverá mais demanda de energia devido ao crescimento a população mundial. Segundo o estu-

do World Urbanization Prospects, concluído pela ONU, em 2011, a população crescerá em um ritmo de 0,8% ao entre 2010 e 2040, o que equivale a 6,9 bilhões em 2010 para 8,9 bilhões de pessoas em 2040. Vale ressaltar também o crescimento da população urbana, que demanda mais energia. Segundo projeções da ONU, até 2040 a população urbana global equivalerá a quase o dobre da população rural.

EFiciênciA EnErgéticAOs avanços tecnológicos acabam por resultar em um aproveitamento energético. Exemplo disso

é a busca por produtos como automóveis, eletrodomésticos, maquinário e dispositivos eletrônicos que consomam menos energia. Pesquisa realizada pelo banco Mundial afirma esta tendência, in-dicando que entre 1980 e 2010, o PIB global aumentos, contudo o consumo de energia caiu 33%.

custO dA Extr AçãOExceto as reservas do Oriente Médio, grande parte do petróleo no mundo requer operações mais

caras e complexas, como aquelas concentradas na Venezuela, Rússia e Canadá, que contém óleo pe-sado ou estão localizadas em areias betuminosas, fatores estes que interferem no custo da exploração.

Segundo o estudo, o Brasil será uma área de forte crescimento da produção petrolífera nos próximos anos, devido à exploração das vastas reservas do pré-sal. Vale ressaltar que esses re-cursos encontram-se em áreas offshore ultraprofundas, a cerca de 300 quilômetros da costa, com elevado custo de extração.

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gás nãO cOnvEnciOnAlAinda de acordo com a pesquisa, as fontes não convencionais de gás natural devem

manter sua relevância no panorama energético nos Estados Unidos e Canadá. Segundo a EIA (United States Energy Information Administration), em 30 anos – 2010 a 2040 – a participação do gás não convencional na da produção de gás natural nos Estados Unidos saltará de 61% para 79%. Prevê-se que em 2020, o País deverá ter condições de passar a ser um exportador líquido.

Outro caso que se destaca é o Canadá, que é um País exportador cuja fatia do shale gas no total da produção será de 84% maior do que nos Estados Unidos em 2040.

Por se tratar de um forte crescimento apenas na América do Norte, o estudo pontua este fator como incerteza, não uma tendência.

incErtEzAs críticAsO estudo também traz as incertezas críticas sob duas esferas: ambiente político-econô-

mico global e a competitividade das fontes de energia. Na primeira questão estão as tensões políticas regionais que possuem dois extremos. Há

o acirramento das tensões políticas regionais, dificultando o livre comércio e diminuindo da produção de riqueza. Por outro lado, há um ambiente político mais pacífico, ofertan-do condições um “período prolongado de bonança econômica”. Neste caso, surgiria um crescimento ordenado, com a retomada da integração de mercados globais, novos acordos multilaterais e resolução das negociações em curso na OMC.

Com isso, a indústria de óleo e gás sofre forte influência, afinal tempos estáveis oferecem condições favoráveis; e períodos de guerra e disputas levam às oscilações de oferta e preço.

As movimentações sociais precisam ser olhadas com atenção, principalmente pela in-dústria de petróleo, uma vez que várias delas localizam-se em países importantes para a cadeia internacional de óleo e gás.

Cabe salientar o desenvolvimento econômico de países emergentes, como a China, que

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na década passada registrou um crescimento superior a 10%, e hoje assiste esse desenvolvimento caindo, refletindo na queda das importações.

Os estudiosos apostam na Índia, que pode assumir o pa-pel de “locomotiva global”, porém ainda falta para o País a capacidade de suprir a carência de infraestrutura.

Ao lado da Índia, outros País também fazem parte do novo ciclo de crescimento global, como é o caso do Brasil, México, Colômbia, Turquia, Vietnã, Malásia e Indonésia. “Todos apresentam como potencial vantagem a proximidade de grandes centros econômicos e um forte crescimento de-mográfico, o que contribui com a força de trabalho e com o mercado consumidor. Entretanto, assim como a Índia, todas essas nações precisam sanar lacunas básicas de infraestrutura e elevar seus patamares de produtividade”, ressalta o estudo.

cinzA Ou vErdE?O estudo levanta a questão sobre a redução do consumo

de combustíveis mais poluentes. Logo, os investimentos em fontes alternativas tendem a crescer e alguns exemplo já po-dem ser citados, como o desenvolvimento do mercado de gás natural na América do Norte e a procura de veículos motores flex no Brasil. Contudo, tais fontes ainda não pro-varam sua total viabilidade econômica, apresentando custos mais altos que os do petróleo e carvão. Isso sem contar a falta de políticas de incentivo para a adoção dessa nova ma-triz energética.

Despontam-se dois tipos de futuros. O cinza que, segundo a pesquisa, reflete uma economia muito dependente de fontes

convencionais. E o verde, com o uso de energias alternativas, renováveis e menos poluentes. Com isso, o mer-cado global de gás natural também emergiria, aproveitando a expansão da produção em vários pontos.

mErcAdO glOBAlA pesquisa afirma ser possível pensar

na expansão de uma rede internacional de distribuição de gás natural, aumen-tando, assim, a relevância do recurso na matriz energética do mundo.

Para tanto, é preciso um aumento na produção global para a oferta aos mercados consumidores, consequen-temente, barreiras e especificidades de cada País produtor devem ser con-sideradas nos acordos de exportação.

Deve-se, também, comparar o po-der real de competitividade do gás natural liquefeito (GNL) com outras fontes de energia.

Ainda analisando o mercado global, desponta o papel dos Estados Unidos, que possuem restrições legais sobre o volume de gás que o País pode expor-tar. Por outro lado, vale ressaltar que o Governo de Barack Obama aprovou

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Outra visão para o futuro é a queda da importância do petró-leo, sendo substituído pelo forte impulso das fontes alternativas de energia diante de uma de-manda menor de óleo por conta de um crescimento econômico menor, combinada com inova-ções e avanços tecnológicos nas fontes alternativas. Neste caso, desponta um eixo geopolítico em estagnação conflituosa e um possível futuro verde. Quanto ao contexto mundial, o desenvolvi-mento da China declinaria e a nenhum outro País emergente despontariam. O gás natural teria a oportunidade de ser uma alternativa mais viável e presen-te. A diminuição da demanda por petróleo e o aumento de gás natural faria com que o preço de ambas as commodities viesse a cair. Com isso, a extração do pré-sal brasileiro poderia se tor-nar economicamente inviável,

a construção de grandes instalações de liquefação que, quando con-cluídas, poderão exportar gás natural para Europa e Ásia.

Mesmo com todas essas previsões, muito provavelmente os prin-cipais produtores de petróleo continuarão exercendo influência no mercado global.

Ressalta-se aqui o papel do México que, com a recente mudan-ça de sua legislação que derrubou o monopólio da estatal Pemex, poderá produzir até 2025, 4 milhões de barris por dia, tornando o quinto maior produtor do mundo.

O FuturOO estudo da Deloitte apresenta diversos cenários para o setor. Entre

eles está a globalização sustentável, em que predomina a estabilidade geopolítica, favorecendo o crescimento econômico e a cooperação co-mercial entre os países. Predomina-se o crescimento ordenado e um futuro verde, com maior demanda por fontes renováveis e limpas de energia. A Índia substituiria a China como “motor do mundo”, em seguida estão México, Indonésia, Malásia, Vietnã, Colômbia, Brasil e Turquia. O mercado global de gás natural líquido (GNL) seria abas-tecido pelo boom na produção dos Estados Unidos, Austrália, China, Argentina e costa leste da África. Segundo a pesquisa, neste cenário o GNL passa a ser “um substituto viável e mais sustentável que o petró-leo, com custos mais baixos e menor impacto ambiental, inclusive para prover suporte à crescente demanda por eletricidade, proveniente das grandes frotas de carros elétricos, finalmente viáveis em autonomia, performance e custo”.

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ou seja, o recurso poderia assumir funções hoje cumpridas pelo pe-tróleo, como matéria-prima para várias indústrias e como combus-tível. Para tanto, seria necessária a expansão da atual infraestrutura do setor, no Brasil e em toda a América Latina.

Um terceiro cenário muito se assemelha com o anterior, com a diferença de que manteria no poder os países que, hoje, são líderes no mercado de óleo e gás, com o petróleo na dianteira da compo-sição energética global. Com uma recessão mundial, a formação de um mercado globalizado seria comprometida, pois não haveria recursos para investimentos na infraestrutura, ou seja, países como China e Argentina não aproveitariam seu potencial. Com o pe-tróleo mantendo a sua importância, países da Opep seguiriam no controle da oferta mundial, relativamente imunes às tensões polí-ticas regionais. Para o Brasil, se os preços controlados pela Opep forem mantidos em nível baixo, automaticamente prejudicaria a exploração das reservas do pré-sal. Com a viabilidade econômica das operações no pré-sal em dúvida, o País poderia voltar a ser um importador líquido de combustível.

A pesquisa também traz o cenário em que houvesse a competi-tividade entre as fontes de energia pendendo para o extremo cin-za, sem a firmação das energias alternativas e o gás natural não seria comercializado em um mercado global. Consequentemente, as fontes de origem fóssil se uniriam à exploração convencional de óleo e gás a fim de suprir a demanda das economias emergentes. Com o aquecimento da demanda, o petróleo manteria-se em alta, mas também surgiria novas fontes fósseis. Segundo a pesquisa, “O

óleo não convencional (tight oil e shale oil) ganharia grande impulso nos Estados Unidos e contribuiria com um aumento de mais de 50% na produção do País, até o fim da década de 2040. Os desafios operacionais da exploração em águas profun-das e regiões inóspitas, como o pré-sal brasileiro e o continente ártico, seriam vencidos, trazen-do mais oferta ao mercado”.

Diante disso, o sucesso bra-sileiro com o pré-sal tornaria o País um alvo de investimentos estrangeiros; empresas chine-sas e indianas deveriam marcar maior presença nas subsequen-tes rodadas de licitação de blo-cos exploratórios.

cEnáriO AlvOO estudo da Monitor Deloitte

mostra um “cenário-alvo”, tendo como base a hipótese de que os combustíveis fósseis continua-

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rão sendo a principal fonte de energia do mun-do. Consolida-se o mercado global de gás natural através da convergência de preços de GNL e à construção de infraestruturas. As fontes alterna-tivas vão, aos poucos, ganhando seu espaço.

Economias emergentes como a Índia, o Méxi-co, a Indonésia, a Malásia, o Vietnã, a Colôm-bia, o Brasil e a Turquia, liderarão o crescimento mundial, assumindo papel cada vez mais rele-vante. Neste cenário a Índia também substitui o lugar da China, sendo o grande motor do de-

senvolvimento global. A oferta de petróleo segue em crescimento e

com preços altos sob o controle da Opep, com seus países membros respondendo por 47% da produção global de óleo em 2038. A pressão nos preços favorece a exploração de reservas não con-vencionais e a exploração offshore de hidratos de gás começa a surgir perto de 2040 com uma nova alternativa.

O caso base prognosticado pela Monitor De-loitte assume que “a demanda mundial por petró-

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gás nãO cOnvEnciOnAl

Uma cadeia eficiente de exploração, produção e co-mercialização de gás não convencional depende da formação de uma força de trabalho experiente, com-plementada por um setor de serviços bem desenvolvido. Para vencer os desafios tec-nológicos e operacionais da extração do recurso, a co-operação entre indústria, universidades, laboratórios e demais centros de ino-vação é indispensável. Os altos custos das operações demandam condições fa-voráveis de crédito e finan-ciamento. De sua parte, os governos precisam facilitar a atuação das empresas pri-vadas, criando legislações mais favoráveis, oportuni-dades de cooperação e in-centivos fiscais. Por fim, a instalação de uma infraes-trutura de processamento e distribuição, viabilizando o acesso aos novos mercados consumidores, é funda-mental, conforme infor-ma o estudo “Visão 2040 – Cenários mundiais para a indústria de óleo e gás”, do Centro de excelência (CoE) de Óleo e Gás da Deloitte.

leo vai atingir 100 milhões de barris por dia em 2040. A produção global de óleo cru deve crescer a uma taxa média de 1% ao ano; os países da Opep devem ultrapassar essa média, apresentando um crescimento anual de produção em torno de 1,4%”.

Entre o período analisado na pesquisa, estima-se que as expor-tações de petróleo da América Latina tripliquem, puxadas inicial-mente pelas reservas do pré-sal brasileiro e, na próxima década, com o aumento da participação da Venezuela e do México. Na Colômbia e no Peru, a produção também deve seguir essa ten-dência, mas sem grandes impactos sobre as exportações da região.

Em nossa região, o Brasil deverá ser o principal consumidor de gás natural na região, com aumento constante da produção interna e elevação das importações de GNL a partir de 2034. Já a Vene-zuela desponta como fornecedora importante de GNL também a partir de 2025, aproveitando os preços bons e sua base de recursos, exportando principalmente para a Ásia (assim como o Chile).

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bons VentosPresidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) conta como setor alcançou maturidade aliando sustentabilidade e preços justos

Sustentabilidade

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Mesmo com a atual crise econômica, o setor eólico brasileiro atravessa uma boa fase, marcada principalmen-te pelos bons resultados dos leilões.

Pode se considerar que o segmento alcançou o nível de maturidade necessário para que toda a cadeia de suprimentos se desenvolva de modo sustentável. Um dos fatores mais favoráveis ao atual momento é a co-mercialização de energia eólica a preços adequados.

De acordo com a Presidente-executiva da Associa-ção Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo, os gestores têm um papel importante na ma-nutenção desta maturidade, com a constante busca de melhorias e desenvolvimento tecnológico, inovando nos processos e mecanismos das máquinas utilizadas no setor. Tudo isso, seguindo sempre o caminho mais adequado para a sustentabilidade econômica e am-biental. “As empresas têm se empenhado significati-vamente em desenvolver máquinas mais específicas e personalizadas de acordo com as características dos ventos Brasileiros, aproveitando mais eficientemente o recurso eólico”, diz.

Com princípios governistas, Elbia afirma que, nos dias atuais, percebe uma maior aceitação da fonte eó-lica, principalmente pela participação nos leilões re-gulados promovidos a partir de 2013. “O governo tem ciência da importância e dos benefícios que a fonte

eólica proporciona. Diferentemente de outros países, onde esse tipo de energia é subsidiada, no Brasil não existe a necessidade de aporte financeiro governa-mental, justamente devido ao modelo de mercado que prioriza fontes mais competitivas”, afirma.

E é exatamente no ponto de vista competitivo que a energia eólica também se destaca no mercado ener-gético brasileiro, sendo a segunda fonte com maior poder de competição, perdendo apenas para as gran-des hidrelétricas.

desaFiosApesar do momento fortalecido, o mercado de ener-

gia eólica ainda enfrenta desafios, que, de acordo com Elbia, devem ser vencidos nos próximos anos. “Eles são consequência de uma cadeia produtiva, que se consoli-dou recentemente e venceu muitas etapas da curva de aprendizado, natural para o avanço do segmento”, diz.

De acordo com a representante da associação, um deles são as novas regras do FINAME (BNDES), que estão em vigor desde janeiro de 2013 e contem-plam quatro critérios a serem atendidos para ter a fabricação de equipamentos financiada por meio do FINAME. “Todos estes critérios estão relacionados com o aumento da produção de peças e componentes em território brasileiro, em unidades fabris próprias. Esta é uma medida que visa participação brasilei-

os gestores têm um papel importante na manu-tenção da maturidade do setor, inovando nos proces-sos e mecanismos, seguindo sempre o caminho da sus-tentabilidade econômica e ambiental”,

Elbia Melo, Presidente-execu-tiva da Associação Brasileira de

Energia Eólica (ABEEólica)

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ra nos processos e incentiva o aumento conhecimento industrial e tecnológico do setor. Atualmente, os fabricantes estão empenhados para atender as diretrizes da nova regulamentação”, afirma.

Outro ponto ressaltado por Elbia é a logística, já que existem di-ficuldades em escoar a produção dos equipamentos eólicos e seus componentes para os locais onde os parques são instalados. Existe também o obstáculo da falta de dimensionamento desejável na ma-lha rodoviária nacional para o setor, exigindo assim, mais investi-mentos em transporte por cabotagem. “A logística ainda precisa ser muito discutida, com o foco nos custos de transporte, qualidade das estradas e burocracia envolvida”, afirma.

Elbia ainda cita temas como o licenciamento ambiental e pa-trimônio histórico, tributação, operação dos parques eólicos e os grandes blocos de parques eólicos que entrarão em operação, como pontos que merecem a atenção da ABEEólica.

FuturOVoltado a se adequar às exigências e às necessidades atuais do

Mercado para suprir a demanda do setor brasileiro, que cresce a uma taxa de, pelo menos, 2 GW a cada ano, Elbia, entende que, no futuro, é possível que a produção brasileira também seja destinada a outros países, com a tendência em ser um hub exportador.

Atualmente, a capacidade instalada é de 5,05 GW distribuídos em 203 parques eólicos e a expectativa é fechar os próximos meses, alcançando os 7GW de potência eólica, chegando a 2ª posição no ranking mundial de países que mais instalou parques do tipo. Em 2013, o Brasil ficou na 7ª colocação.

Outra expectativa da ABEEólica é de que em 2022, a fonte eólica deve representar 9,5% da energia elétrica no Brasil, correspondendo uma capacidade instalada de 17 GW.

Confira o gráfico abaixo:

PeÇas e EQUIPAmENtOS

Para Elbia, as novas re-gras para financiamentos do BNDES contemplam o aumento gradativo da na-cionalização das peças e componentes dos aeroge-radores ao longo dos anos. “O ponto é muito impor-tante, pois reflete a fixação da tecnologia e conheci-mento da indústria brasi-leira em nosso País”, diz.

A presidente executiva da associação acredita que os fabricantes estão se desenvolvendo de for-ma satisfatória e com tra-balhos voltados, cada vez mais, com foco na pro-dução de peças em terri-tório nacional. Apesar de ainda importarmos parte dos insumos necessários para a indústria eólica, os fabricantes têm se adap-tado fortemente às novas regras se mantendo no mercado brasileiro.

Sustentabilidade

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Os primeiros sistemas automatizados sur-giram por volta da

década de 1970. À época, o objetivo para essas aplicações era voltado, principalmente, para as indústrias. Em se-guida, a automatização se es-tendeu para outras áreas. Daí nasceu os chamados prédios inteligentes, normalmente voltados para f ins comerciais, com serviços de telecomuni-cações, segurança patrimo-nial, controle de acesso etc.

Para entendermos os avan-ços da automação, é impor-tante conceituarmos essa tecnologia. De acordo com o Wikipedia, automação (do latim Automatus, que signi-fica mover-se por si) é um sis-tema automático de controle

pelo qual os mecanismos ve-rif icam seu próprio funciona-mento, efetuando medições e introduzindo correções, sem necessidade da interferência do homem.

Automação também pode ser traduzida como um dis-positivo controlado. Por isso, é usado em diferentes setores, como automotivo, industrial, construção, residencial e, in-clusive, na área de energia. O uso dessa tecnologia em diferentes segmentos tem em comum as funcionalidades, aquisição de dados, moni-toramento e controle, utili-zando software e hardware específicos, comunicação e dispositivos de sensores au-tomáticos e/ou controlados remotamente.

É impossível melhorarmos a eficiência na distribuição de energia elétrica, sem uti-lizarmos a automação. Além do mais, estamos em uma era digital, no qual estão sendo desenvolvidas tecnologias que possibilitam os investimentos em automação em larga esca-la. Os chamados Smart Grids (redes inteligentes), nada mais são do que a aplicação intensiva da automação em todos os níveis, desde os cen-tros de operação até os con-sumidores, abrangendo a rede elétrica como um todo.

Os equipamentos de auto-mação instalados na rede elé-trica, principalmente na aé-rea, funcionam integrados e são controlados remotamente pelos sistemas SCADA (Su-

automação na busca pela eficiência na era das redes inteligentes

Artigo de mAriA tErEzA vEllAnO

Maria tereza Vellano, Projeto Smart Grid da

AES Eletropaulo

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pervisory Control And Data Acquisition), instalados nos Centros de Operação da Dis-tribuição (COD) das conces-sionárias. Os CODs monito-ram desde as subestações até a energia que chega nas casas das famílias. Nessas centrais também existem softwares, como o OMS (Outage Ma-nagement System), DMS (Distribution Management System) e MWM (Mobi-le Workforce Management), que analisam as informa-ções recebidas via call center, identif icam o local da ocor-rência, enviam a equipe mais próxima e acompanham todo o processo até a f inalização do atendimento.

No setor elétrico, disposi-tivos automatizados possibi-litam a autoconfiguração da rede elétrica, dependendo do tipo de ocorrência. Entre es-tes, os principais são os reli-gadores automáticos. Esses

equipamentos, como o nome já diz, possibilitam o religa-mento automático da rede, em caso de defeitos transitórios, como um galho de árvore que bate nos fios e depois cai. Nes-te caso, não é necessário que uma equipe de manutenção vá até o local para inspecionar e religar o sistema, evitando deslocamento e reduzindo o tempo de interrupção.

Outra característica de uma rede automatizada é o isola-mento do defeito, por meio de detectores de falhas em con-junto com os religadores au-tomáticos. Com isso, o trecho afetado por uma ocorrência é muito menor, além de melho-rar a assertividade na identi-ficação dos pontos de rede elétrica com problemas. Essa função também é utilizada em casos dos desligamentos programados para moderni-zação do sistema elétrico.

Automação é uma das cha-

ves para se alcançar o padrão de qualidade exigido, e me-recido pelo cliente, já que contribui para reduzir a du-ração da falta no suprimento de energia e o tempo de des-locamento das equipes para reparo no sistema. Em alguns casos, o cliente nem irá per-ceber que houve alguma al-teração no fornecimento de energia, tendo em vista que os equipamentos irão fazer a reconfiguração automática da rede elétrica, diminuindo o trecho afetado por algum problema.

Por tudo isso, todas as em-presas do setor elétrico, prin-cipalmente as distribuidoras, devem estar atentas às ino-vações tecnológicas, a fim de aprimorar a eficiência do sis-tema de energia e colocar o Brasil na vanguarda das redes inteligentes. Não basta termos um “Grid”, é necessário ter-mos uma rede “Smart”.

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novos Centros

Dois novos centros voltados para a operação e manutenção de aerogeradores serão construídos no Brasil. Os espaços contarão com técnicos e engenheiros da GE dentro de complexos eólicos operados pela Casa dos Ventos e outros clientes na Chapada do Araripe (PI/PE) e em Garanhuns (PE).

Dois centros de serviços próprios da GE já estão operando, o pri-meiro na Bahia e o segundo no Rio Grande do Norte. Os dois novos centros virão para servir às mais de 900 turbinas da empresa que estão em operação ou instalação no Brasil.

expectativa de crescimento

Projeções da Abeeolica (Associação Brasileira de Energia Eólica) indicam que, em 2015, a capacidade instalada de energia eólica no Brasil deve aumentar dos atuais 6 gigawatts (GW) para 9,8 GW, cerca de 60%.

A energia eólica representa 4,5% dessa matriz, atualmente, com 241 usinas ins-taladas, gerando pouco mais de 6 GW.

O crescimento da energia eólica no Brasil tem sido constante nos últimos anos. Em 2013, foram contratados 4,7 GW de projetos eólicos, e em 2014, 2,3 GW - todos a serem implantados até 2019, quando a capacidade eólica brasi-leira deverá atingir 15,2 GW.

encomenda de energia eólica

A empresa americana MidAmerican Energy acaba de fazer à Siemens Energy a maior encomenda de energia eólica do mundo. A encomenda de 448 aeroge-radores e capacidade total de 1,05 GW representa também a maior encomen-da de turbinas eólicas para a Siemens, cada uma com 2,3 MW e 108 metros de diâmetro, devem ser instaladas em cin-co diferentes projetos em Iowa (Estados Unidos) e abastecerá cerca de 660 mil lares com energia limpa.

Os projetos eólicos fornecerão a ener-gia “eco-friendly” para 660 mil lares, que serão concluídas em 2015. A Siemens já instalou 1,2 GW de capacidade eólica para MidAmerican Energy até o momento.

eóLiCa

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aerogerador inovador

A Siemens acaba de insta-lar o seu novo aerogerador de acionamento direto de 6 MW, pronto a comercializar, nos ter-renos de teste do fornecedor de energia SSE, o maior produtor de energia renovável do Reino Unido.

A empresa prevê a realização de testes finais com o cliente para preparar a produção em série, tanto para o mercado britânico como para o mercado internacional.

investimentos no amazonas

Conforme anunciado pelo Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o Governo deverá in-vestir cerca de R$ 6 bilhões até 2018 no Estado do Amazonas. Os novos recursos embasarão a construção de novas usinas, a integração de no-vos municípios ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a criação de novas linhas e subestações, instalação de novas redes de distribuição, e a ex-pansão do Programa Luz para Todos. Também será aprimorada a gestão da Eletrobras Amazo-nas Energia, modernizando seus processos e ga-rantindo um atendimento de qualidade a todos os seus consumidores.

As redes de distribuição receberam aportes de R$ 754 milhões, sendo R$ 490 milhões para redução de perdas de energia. O programa Luz para todos prevê 10.200 novas ligações em 2015 e 2016 com, aproximadamente, 51 mil pessoas atendidas e um investimento de R$ 195 milhões. A estimativa do Ministério de Minas e Energia é que, até 2018, o Luz Para Todos atinja 12 mil no-vas ligações em todo o Estado do Amazonas.

Panamá terá maior parque eólico da américa Central

O Panamá recebeu, recentemente, a instalação da primeira turbina do Par-que Eólico Penonomé. O parque eóli-co é um dos três maiores da América Latina e de longe o maior da América Central.

O governo panamenho planeja ainda outros 16 projetos eólicos com a in-tenção de transformar a energia eólica na solução para o problema de forne-cimento elétrico no verão. O País tem 60% de sua matriz composta por hidro-elétricas e estiagens são comuns entre dezembro e fevereiro.

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Em cordas bambas

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Os reflexos da crise econômica no setor de energia

Quais são os principais desafios do setor de energia do Brasil frente

ao atual cenário econômico? São várias as respostas para essa com-plexa questão, contudo, os pri-meiros sintomas já vêm antes dos contratempos do cenário atual.

A emissão da Medida Provi-sória 579, já convertida em lei, foi o primeiro passo. “O gover-no federal, visando à modici-dade tarifária como benefício ao consumidor final, decidiu, entre outros assuntos, promo-ver a antecipação do vencimen-to das concessões de geração, transmissão e distribuição para os contratos assinados antes de 1995 com vencimento con-centrado em julho de 2015. O governo federal deu a opção às empresas de renovar as conces-sões por um prazo adicional de 30 anos, alterando a remunera-ção das concessões de geração e transmissão. Ou seja, as em-presas teriam direito a receber indenização do valor residual dos ativos existentes (infraes-trutura), ajustado por critérios

definidos pelo governo (valor justo regulatório)”, afirma Iara Pasian, Sócia-líder para atendi-mento das empresas de energia e infraestrutura da Deloitte.

E para continuar operando os ativos existentes, as concessioná-rias que optaram pela renovação da concessão tiveram na receita garantida dos novos contratos o recebimento do custo de ope-ração e manutenção regulatório (base teórica de empresa eficien-te), acrescida de remuneração de 10%. “Com essa nova lei, o go-verno previu uma redução de até 20% nas tarifas de forma per-manente. No entanto, a redução amplamente divulgada naquele momento não produziu os efei-tos desejados.”

Entre as consequências está o desequilíbrio no setor. Hoje, por exemplo, a grande questão para o governo está em atrair interessados para participar desses leilões. Caso essa remu-neração não seja melhorada, o risco é de ocorrer reestatização dessas empresas, alterando o acionista de governo estadual

para governo federal. “Nes-se caso, se o governo alterar a remuneração estabelecida pela nova Lei, como fica a situação das concessões que optaram pela renovação antecipada em 2013?”, questiona Iara.

Outro fator que deve ser pontuado é a receita garanti-da de operação e manutenção (O&M) que tem sido difícil de ser alcançada pelas transmisso-ras e geradoras, em virtude da eficiência estabelecida pelo mo-delo, que não representa a reali-dade dessas empresas. Exemplo disso é o custo dos planos de benefícios pós-emprego (direi-tos já adquiridos) para os fun-cionários ativos e inativos.

A redução das tarifas em 2012 também é outra conse-quência sentida pelo setor de energia. Tal fato aconteceu em um momento de falta de água nos reservatórios de algumas regiões do Brasil e a necessida-de de utilização de usinas ter-melétricas com custo mais caro de geração de energia provocou um aumento de consumo sem

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ter ocorrido nenhum tipo de racionalização. Assim, as termelétricas passaram a ser ope-

radas de forma contínua para manter o nível mínimo de água nos reservatórios, visando o evento da Copa do Mundo. Vale lembrar que essas usinas estão operando desde se-tembro de 2012 e deverão continuar durante todo este ano, sendo que elas têm um custo de geração mais alto, por serem de back up.

Como decorrência desses fatos, as distri-buidoras vêm passando por uma séria situ-ação financeira, em virtude de o governo não ter permitido o repasse extraordinário do aumento dos custos pelo acionamen-to das termelétricas. “O governo negociou uma linha de financiamento especial paras as distribuidoras através da Câmara de Co-mercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Fundo CDE. Em 2014, essas empresas apresentavam saldo a receber dessa conta. A partir de 2015, através da implementação da conta de bandeiras tarifárias, a situação financeira deverá ser minimizada para os novos déficits”, explica.

As indenizações definidas na nova lei para as empresas de geração e transmissão que optaram pela renovação foram recebidas, em parte, no maior valor referente aos in-vestimentos realizados subsequentemente ao projeto original com valor residual que ainda não foram homologados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esses valores deverão ser repassados aos consumi-dores finais (por meio das tarifas) uma vez que os fundos setoriais não têm recursos para arcar com esse custo. “Se o Tesouro Nacional decidisse quitar essa dívida, poderia gerar o descumprimento de metas. Atualmente, a expectativa é de que esses custos sejam re-passados nas tarifas pelo período remanes-cente da concessão.”

“Com essa nova lei, o governo pre-viu uma redução de até 20% nas tarifas de forma permanente. No entanto, a redução amplamente divulgada naquele momento não produziu os efeitos desejados.”iara Pasian, sócia-líder para atendimento das empresas de energia e infraestrutura da deloitte

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MudanÇas O setor elétrico precisa-

rá passar por uma profunda transformação, o que inclui:

(1) Revisão do planejamento estratégico de longo prazo e adequado monitoramento;

(2) Investimentos em gera-ção e transmissão devem es-tar sincronizados, com aces-so a linhas de financiamento compatível com o valor dos investimentos; questões fun-diárias e socioambientais que geram atrasos na execução das obras precisam ser revisadas para minimizar o aumento do valor do CAPEX inicial estimado - que hoje vem di-ficultando a taxa de retorno (TIR) dos investidores desses projetos e respectiva cadeia de fornecedores; ampliação de incentivos fiscais para investi-mentos em energia renovável que auxiliam na diversificação da matriz energética.

(3) Modificação do formato dos leilões de energia nova;

(4) Revisão do Marco Re-gulatório atual, incluindo o modelo de remuneração das concessões de geração e trans-missão renovadas ou a serem renovadas;

(5) Modificação das regras de comercialização;

Gastos Em 2012, as distribuidoras

formalizaram o interesse pela renovação das suas concessões

por um período adicional de 30 anos, assumindo que essa re-novação não terá custo adicional, mas, sim, o estabelecimento de regras para aprimoramento dos índices de qualidade. Essas concessões têm o vencimento concentrado em julho de 2015 e, até hoje, o governo federal não divulgou as regras oficiais para a renovação das concessões, fato que vem gerando incerteza regu-latória. O novo Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, informou que o governo está estudando incluir custo de outorga como condição para renovar as concessões de distribuição. “Vale lembrar que a distribuidora tem a função de repassar aos con-sumidores todos os custos de geração, transmissão e distribui-ção. Imputar outorga com custo significa que ele também será repassado aos consumidores, aumentando o valor da tarifa, não devendo afetar os acionistas. Neste caso a distribuidora terá a função de arrecadadora desse novo encargo para o governo para repor recursos dos fundos setoriais”, afirma Iara Pasian, sócia-lí-der da Deloitte para o atendimento das empresas de energia e infraestrutura.

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Standard & Poor’s confirma Grau de Investimento do grupo neoenergia

Pela sexta vez consecutiva, a agência Standard & Poor’s manteve o Selo “Grau de Investimento” do grupo Neoenergia. “Esse reconhe-cimento de qualidade tem um significado ainda mais especial nesse momento de extrema dificuldade que vive o setor elétrico brasilei-ro”, informa a Diretoria da Neoenergia.

No relatório divulgado em março deste ano, para o mercado mundial, a Standard & Poor’s informou que o grupo continua com o conceito triplo AAA na escala local e BBB- na escala global, mas que teve revisado o risco financeiro de intermediário para signifi-cante, sob o impacto das métricas de crédito negociadas para as distribuidoras de energia do Brasil. Os conceitos se estendem às distribuidoras do grupo: Coelba, Celpe e Cosern.

Governo brasileiro vai gastar R$ 60 mi para reformar e doar usina para bolívia

O governo brasileiro vai gastar R$ 60 mi-lhões para reformar e doar uma usina térmi-ca para a Bolívia. A doação refere-se à usina térmica Rio Madeira que pertence à Ele-tronorte, uma das empresas do grupo Ele-trobras. Com potência de 90 megawatts, o empreendimento fica em Porto Velho (RO).

Conforme divulgado na imprensa, a usi-na precisa passar por uma “recauchutagem geral” para entrar novamente em operação. Antes de doá-la, a Eletronorte vai converter a usina para gás natural, combustível abun-dante na Bolívia.

O Ministério de Minas e Energia informou à imprensa que o acordo teve como objeti-vo “promover a cooperação energética com a Bolívia”. O ministério disse que os recur-sos que serão gastos foram autorizados por meio da Medida Provisória 625/2013.

Hidrelétricas marinhas para explorar energia das marés

A exploração da energia das ma-rés vem sendo estudada com o uso de turbinas flutuantes ou de conjuntos de turbinas submersas, todas girando em baixa velocidade conforme as marés fluem em senti-dos diferentes. A empresa britânica Tidal Lagoon Power pretende fazer algo bem ousado, construindo uma verdadeira “hidrelétrica marinha”.

A empresa apresentou seis pro-jetos, que consistem na construção de lagoas em baías, quatro delas no País de Gales e duas na Inglaterra.

O projeto da lagoa de Swansea, no País de Gales, que já recebeu apoio do governo mas ainda terá que ven-cer a resistência dos ambientalistas, tem custo previsto de 1 bilhão de libras (cerca de R$ 4,37 bilhões) e poderá gerar energia para 155 mil residências.

tERmOElétRICA, NUClEAR E PRÁtICAS SUStENtÁvEIS

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Costa rica utilizou somente energiarenovável no primeiro trimestre de 2015

Nos três primeiros meses de 2015, a Costa Rica foi um exemplo de sustentabilidade. O País gerou energia sem queimar combustível fóssil. Por causa das fortes chuvas, as hidrelétricas estão fornecendo eletricidade suficiente para abastecer todo o País. Com a ajuda da energia so-lar, eólica e geotérmica (obtida a partir do calor do inte-rior da Terra), o País não precisa nem pensar em carvão e petróleo para manter as luzes acesas.

Comparado ao Brasil, a Costa Rica é bem pequeno, somente 51,1 mil km², pouco menor do que o Estado do Rio Grande do Norte. São 4,8 milhões de habitantes, em um lugar onde a indústria não exige tanta energia, já que não é tão forte. Para completar, as características topográficas também favorecem energia renovável.

Região do Araguaia, no mato Grosso, terá usina termelétrica

A região do Araguaia, em Mato Grosso, ganhará uma usina ter-melétrica, que deverá ser implan-tada em Querência ou Vila Rica. A autorização foi dada em abril deste ano, pelo Ministro de Minas e Ener-gia, Eduardo Braga. A expectativa é que sejam gerados pela usina cerca de 20 megawatts.

O objetivo com a Usina Ter-melétrica na região do Araguaia é garantir um reforço na oferta de energia, equilibrando assim o sis-tema energético e amenizando as recorrentes interrupções de ener-gia na região.

Braga afirmou que iria reunir-se com representantes da “Empre-sa de Pesquisa Energética (EPE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para ajustarem o preço desses leilões.

Cientistas dos eua propõem uso de Co2 capturado para produzir energia limpa

Durante a reunião europeia de geociência realizada em Viena, cientistas americanos apresentaram uma proposta que visa con-ter o escape de CO2 na atmosfera, além de aproveitá-lo para gerar energia limpa, já que o dióxido de carbono é um dos grandes responsáveis pela mudança climática.

A proposta segue os conceitos da já existente técnica de captu-ra de dióxido de carbono emitido pelas usinas termoelétricas, na qual o gás é injetado a grandes profundezas em açudes naturais onde fica preso pela rocha impermeável que o cobre.

A ideia dos americanos é que o gás não seja somente arma-zenado, mas também aproveitado para produzir energia. Com essa tecnologia será um dos caminhos para combater a mudança climática, produzir energia e economizar água.

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energia e o Desenvolvimento sustentável

Sustentabilidade é um princípio chave no gerenciamento dos recursos naturais, e isso envolve eficiência operacional, minimização de impactos ambientais e considerações só-

cio-econômicas; sendo todas elas interdependentes.A energia é um dos aspectos chave do desenvolvimento sus-

tentável. Neste contexto, é necessário que iniciativas de pesquisa sejam incentivadas na busca de alternativas de fontes renováveis, de modo a garantir os princípios de sustentabilidade, conside-rando os aspectos econômicos, sociais e ambientais do processo de conversão energética.

A contínua exploração dos recursos fósseis para conversão energética é insustentável, cara e geradora de gases poluentes, como o CO2, o qual pode ser considerado o principal gás at-mosférico responsável pelo efeito estufa e apontado como o fator determinante das mudanças climáticas.

Dessa forma, não é apenas uma opção econômica a necessi-dade de direcionamento dos esforços da ciência, tecnologia e inovação para as chamadas energias alternativas.

Por isso é inevitável um processo de movimentação em dire-ção a novas tecnologias que permitam a identificação de novas fontes, o desenvolvimento de tecnologias que permitam seu uso a custos viáveis para solucionar os maiores problemas energéti-cos contemporâneos: oferta e demanda de energia e de recursos naturais; ditaduras petroleiras; mudanças climáticas; perda de biodiversidade e pobreza energética.

As nações que liderarem essas mudanças serão detentoras de maior fonte de valor agregado e nessa corrida rumo a eficiência energética terão maior sucesso em relação a aquelas que não se anteciparem a definir políticas publicas e instituições capazes de induzir a nova e necessária onde de energias limpas e sus-

tentáveis.Nesse contexto evolutivo, é

que se coloca a energia como questão fundamental e essen-cial para o desenvolvimento sustentável.

Genericamente a energia po-deria ser definida como a capa-cidade de produzir transforma-ções em um sistema. Esta pode se manifestar de várias formas como, por exemplo: energia mecânica, energia térmica, energia química, energia nucle-ar, energia magnética, energia solar entre várias outras formas de energia.

Todas elas podem ser con-vertidas umas nas outras tra-zendo dessa forma as inúmeras aplicações das transformações energéticas em utilidades para a manutenção da vida moderna.

A histórica evolução da vida indica que com o aumento da população e consequentemen-te as comodidades que vieram em decorrência dos períodos do homem caçador até o homem moderno houve um incremento

Artigo de FABiO ruBEns sOArEs

Fabio rubens soaresProfessor do Centro

Universitário SENAC/SP

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exponencial no consumo de energia diário saltando de 12000 a 230000 kcal per capita.

A população humana cresceu de 500 mil habitantes no pla-neta na era primitiva a aproximadamente 6,5 bilhões nos dias de hoje e estima-se que o consumo de energia tenha crescido 1 milhão de vezes.

O uso de diferentes fontes de energia caracterizou esses perí-odos, como, por exemplo, inicialmente o uso da madeira e ani-mais como fonte de energia, passando pelo carvão, água e vento em tempos mais recentes e ainda pelos combustíveis fósseis na era contemporânea e evoluindo para mais recentemente a utili-zação de tecnologias inovadoras como a energia solar, eólica e nuclear, embora estas ainda pouco exploradas ao redor do glo-bo por várias razões. Entre estas últimas ainda podemos citar a energia geotérmica, das marés e a biomassa.

Como citado anteriormente, a vida moderna exige o consumo de energia constantemente devido ao fato de os seres humanos terem a necessidade de serviços energéticos como o aquecimen-to, os transportes e a refrigeração que podem ser fornecidos a partir de diferentes fontes com maior ou menor eficiência.

Dessa forma, não é correto pensar que a única forma de resol-ver os problemas energéticos é o aumento das fontes primárias e sim o que realmente faz e fará diferença é a eficiências das transformações em serviços energéticos.

Sabemos que, atualmente, o sistema energético mundial é for-temente dependente dos combustíveis fósseis por várias razões que não serão discutidas neste trabalho.

Para se ter uma idéia, em 2004 o consumo era de 11 Gtep e as estimativas mostram para o ano 2030 um consumo de 19 Gtep, ou seja quase o dobro em pouco mais de 25 anos.

No entanto, esse sistema energético com base nos combus-tíveis fósseis representando aproximadamente 80% da energia primária em 2008, é responsável pelo grande avanço da huma-nidade na era moderna.

Considerando a matriz energética global, ainda as formas de energia provenientes de fontes renováveis é muito pequena, che-gando a 13% da energia primária.

Já no Brasil este percentual chega a 83% contando com a im-

portante contribuição da ener-gia elétrica proveniente das usi-nas hidroelétricas.

É bom citar que mesmo as-sim, existem enormes diferen-ças entre o consumo de energia dos países ditos de primeiro mundo em relação aos emer-gentes, dessa forma levando a busca de maior equilíbrio glo-bal per capita no acesso a ener-gia, sendo este uma das princi-pais metas para o denominado desenvolvimento sustentável.

Embora a era moderna seja caracterizada pelo consumo de combustíveis fósseis e isto te-nha sido um fator positivo para o desenvolvimento, existem três problemas básicos que demons-tram claramente que o rumo sendo tomado não é sustentável devido a exaustão de reservas, a segurança no abastecimento e os impactos ambientais.

A primeira quer dizer que as reservas de combustíveis fósseis são finitas e, portanto, serão levadas a exaustão. Segundo estimativas o petróleo deve se extinguir em 40 anos, enquanto que o gás natural em 60 anos e o carvão em 240 anos.

Quanto à segurança no abas-tecimento, pode-se dizer que esta é vital para a geopolítica mundial, sendo que as reservas internas representam fortemen-

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te suas posições em negociações internacionais. O Oriente Médio, por exemplo, é uma região de vital importância estra-tégica que é definida pela dependência das importações de pe-tróleo do Oriente, onde os maiores consumidores são Estados Unidos, Europa e Ásia. Essa dependência causa desconforto nos países consumidores de petróleo, pois esse processo não garante a sustentabilidade.

O terceiro problema trazido para a “insustentabilidade” são os impactos ambientais. Os problemas relacionados a impactos ambientais podem se dar de formas diferentes. Aqueles de âmbito natural que pelos quais temos pouco ou nenhum controle. No entanto, aqui é preciso ressaltar que se refere a impactos ambientais causados pelas transformações energéticas conduzidas pelo ser humano. Podemos citar al-gumas delas como exemplo: a emissão de gases do efeito estufa, causando o aquecimento global, a chuva acida cau-sada pela emissão de poluentes a atmosfera e a degradação da fauna e flora decorrentes de desmatamento, queimadas, vazamentos de petróleo, etc.

Esses problemas certamente são muito mais representa-tivos no mundo moderno, não somente pela escala da pro-dução e consumo em que se encontra a atualidade, mas também pelo crescente e exponencial aumento demográfico que se apresenta. Assim, podemos dizer que os problemas ambientais têm inúmeras causas entre elas o aumento da população, os transportes, a agricultura, a indústria e até mesmo o turismo. Daí resume-se o problema da poluição do ar, dos recursos hídricos e do solo, causado pelas formas de transformação da energia.

No entanto, existem soluções propostas para o avanço na uti-lização responsável e inteligente das diversas fontes de energia, minimizando o impacto causado pelo uso predominante dos combustíveis fósseis e os problemas decorrentes destes.

Estas soluções podem ser classificadas em três categorias, a saber: produção e uso mais eficiente da energia, utilização crescente de energias renováveis, desenvolvimento e utiliza-ção de novas tecnologias.

Entre as várias possibilidades que existem de melhorar a eficiência energética, podemos citar várias etapas, entre elas

o denominado potencial teóri-co que representa a otimização com base nas considerações termodinâmicas relacionadas ao uso da energia; o potencial técnico que representa a eco-nomia de energia pelo uso de tecnologias mais eficientes; o potencial de mercado repre-sentado por condições tais como o preço, disponibilida-de, políticas publicas, etc. e por último o potencial social representado pela economia da energia em decorrência das externalidades como, por exemplo, os danos causados ou evitados a saúde, poluição do ar e outros impactos am-bientais. Atualmente, a efici-ência energética do atual sis-tema energético mundial é da ordem de 37%, mas acredita-se que nos próximos 20 anos haja avanços da ordem de 30% nos países industrializados e até 40% nos países em desen-volvimento.

Outra solução viável é a uti-lização de energia renováveis. Dentre elas pode-se citar a geotérmica, oceânica, solar, eólica, biomassa, entre outras. Algumas vantagens podem ser comentadas como sendo as principais quando comparadas as fontes de energia chamadas não-renováveis. As fontes de energia renováveis emitem

Artigo de FABiO ruBEns sOArEs

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muito menos gases promotores do efeito estufa e poluentes convencionais do que as fontes de energia fósseis. Além dis-so, as energias ditas renováveis são menos propícias a falhas no abastecimento, são mais constantes nos preços. E ainda, as energias renováveis dependem menos das importações e do mercado externo, contribuem para a geração de empre-gos localmente e assim promovem o desenvolvimento.

Vale a pena lembrar que a energia é essencial para as ativi-dades humanas e que predominantemente a energia utiliza-da nos dias de hoje provem de combustíveis fósseis.

Para que essa situação seja mantida, e isto é fundamental-mente a ideologia da sustentabilidade, é necessário que uma maior quantidade de energia seja incorporada ao sistema, já que também é necessário incorporar parte da humanidade que não tem acesso a este insumo neste processo. Dessa for-ma o cenário pode se agravar e então precisamos de soluções

baseadas na melhoria da efici-ência energética e a utilização de novas tecnologias.

Se analisarmos tecnicamen-te, existem soluções que per-mitirão conduzir o planeta a uma condição sustentável em relação à energia, no entanto é fundamental que com esse desenvolvimento sejam ado-tadas tecnologias mais limpas e eficientes além da adoção de energias renováveis para que então realmente seja encon-trado o caminho para a sus-tentabilidade.

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biomassa é uma opção eficiente para indústria

Há tempos a questão energética no Brasil se tornou tema obrigatório para a indústria. Em um cenário político e econômico ins-

tável, as companhias de diversos setores têm busca-do cada vez mais opções eólicas, nucleares e a base de biomassa para atender à demanda crescente por energia.

Somada à necessidade de consumo energético para produção industrial, a busca por opções cada vez mais sustentáveis, que mantenham plantas fa-bris operantes, permitam projetos de expansão e ofereçam alternativas viáveis nos âmbitos econômi-cos, social e ambiental, são urgentes para garantir a sobrevivência das empresas. Neste cenário, o uso de biomassa e o aproveitamento de subprodutos do processo industrial são soluções viáveis e internacio-nalmente indicadas. O aumento da capacidade fabril é acompanhando pelo crescimento do potencial em cogeração de energia.

Para grandes indústrias de commodities e semi-faturados, por exemplo, o desafio vem se tornando

também uma oportunidade. Depois de anos investindo em tecnologia de pon-ta na busca de soluções para uso da bio-massa para geração própria de energia, essa decisão se mostrou não só viável para o caixa da empresa como também importante na estratégia de produção. Hoje em dia, um modelo de solução eficiente vem das mais modernas em-presas de celulose do mundo, que já são superavitárias em energia elétrica a partir da biomassa in natura (madeira) e podem contribuir positivamente para a oferta de energia limpa no Brasil.

A autossuficiência não é positiva apenas por gerar economia para a in-dústria, quando uma empresa deixa de comprar energia elétrica da rede, con-tribui com uma sensível questão mun-dial. Se somarmos o montante exce-dente apenas das indústrias de celulose

Artigo de cArlOs mOntEirO

Carlos Monteiro Diretor Industrial da

Eldorado Brasil Celulose

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mento de produção de energia à base de biomassa.

Fatos como estes nos levam a conside-rar a produção de energia de uma fonte renovável garantida por modernas in-dústrias do segmento uma opção viável e uma solução que pode contribuir com o País em um momento sensível como o que passamos, mas ainda e principal-mente no longo prazo, uma vez que o Brasil permanecerá demandando cada vez mais energia e precisa encontrar op-ções sustentáveis econômicas, mas prin-cipalmente ambientais.

nacionais que já usam este processo, o volume produ-zido passa de 300 megawatts hora (MWh), energia mais que suficiente para abastecer uma cidade como Campo Grande (MS), com 843 mil habitantes. E mais: como as indústrias desse segmento possuem instalações e know-how para produzir energia lim-pa, existe a possibilidade de geração complementar e independente do processo da celulose.

O setor deu um grande salto nos resultados há pouco mais de cinco anos, quando a primeira produ-tora de celulose à base de eucalipto plantado iniciou o processo de recuperação de resíduos provenientes da madeira para geração de energia. Com as recentes temporadas atípicas de seca, que prometem se pro-longar para os próximos meses, inclusive em regiões extremamente produtivas, as companhias autossus-tentáveis energicamente são menos penalizadas.

Considerando ainda que o Brasil tem solo e clima adequado para o cultivo de eucalipto e, somando a isso, a qualificação dos profissionais no País, tem-se uma opção viável para aumentar a produção de energia limpa para somar às demais opções e atender à demanda industrial e de consu-mo comum. Para deixar clara a eficiência que temos em nossas terras, enquanto o rendimento de celulose por hectare de uma f loresta canadense ou finlandesa dificilmente supera os 10m3 por ano, no Brasil, um hectare de f loresta já rende 50m³ por hectare por ano. Isso significa que as empresas equipadas com tecnologia de ponta têm capa-cidade para aumentar com qualidade a produção de celulose, o que ref lete direta e proporcionalmente ao au-

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Projeto-piloto Leilão de contratação

Está previsto para o dia 14 de agos-to, o primeiro leilão de energia reserva de 2015. A ocasião prevê a contratação apenas de energia gerada a partir de fonte solar fotovitálica para iniciar o su-primento em 2017 e duração de contra-to de 20 anos.

O objetivo do leilão é diversificar a matriz elétrica e propiciar uma com-petição isonômica, garantindo o su-primento. O valor teto da concorrência será calculado pela Empresa de Pesqui-sa Energética (EPE) e, posteriormente, aprovado pelo ministério.

Para participar do leilão, o empreende-dores interessados precisaram estar inter-ligados ao Sistema Interligado Nacional.

avião solar

A energia solar já está alimentando também aeronaves. O avião de propul-são solar, “Solar Impulsione 2”, realizou seu primeiro voo no mês de abril. A rota levou a aeronave de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, até Omã, na primeira etapa de uma viagem de cinco meses ao redor do mundo.

Com asas de 72 metros de enverga-dura, o Boeing 747 Jumbo está coberto por uma fina camada de fibra de car-bono que possui 17.248 células solares para dar autonomia por até cinco noites e cinco dias.

O avião poderá voar a até 90 km/h ao nível do mar e de 140 quilômetros/hora na sua altitude máxima, 8.500 metros. Além disso, aeronave é completamen-te fechada, o que a permitirá voar sem problemas sob a chuva.

Está previsto para o primeiro semes-tre deste ano, pelo Ministério de Minas e Energia, os testes do projeto-piloto de geração de energia solar em reservató-rios de hidrelétricas. O Ministro Eduardo Braga declarou, em entrevista coletiva, que a ideia é ter uma política pública de financiamento para esses projetos na Região Sudeste, no segundo semestre deste ano.

A novidade usa flutuadores com pla-cas solares e está sendo adotada na Europa e Estados Unidos. O primeiro reservatório a ser testado é o da Usina Hidrelétrica de Balbina, no Amazonas. “Temos uma ociosidade de subestação e de linhas de transmissão com circuito duplo. Nós vamos fazer lá os primeiros 350 megawatts (MW) testados”, disse o ministro.

soLar

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energia solar mais barata

Usinas fotovoltaicas

sunedison investirá no brasil

O Governo brasileiro pretende deso-nerar o valor de painéis solares para o consumidor final. De acordo com o de-clarado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a ideia é que a união abra mão da cobrança de PIS e Cofins sobre os equipamentos, enquanto os governos estaduais barateiem o ICMS a energia produzida pelos painéis.

A medida faz parte da campanha do governo para reduzir o consumo de energia, devido à seca e a consequente queda no nível dos reservatórios das hi-drelétricas, que reduziu a capacidade de geração de energia do País. O objetivo é incentivar a população a instalar painéis solares em suas casas.

A empresa italiana de energia Enel Green Power (EGP) deverá investir US$ 18 milhões no Brasil através da cons-trução de duas usinas fotovoltaicas no município de Tacaratu (PE).

O espaço terá uma capacidade ins-talada total de 11 MW e será o maior parque fotovoltaico da EGP no Brasil.

De acordo com a companhia, quando em funcionamento o parque poderá gerar mais de 17 GW/h ao ano. Susten-tável, esta energia evitará a emissão à atmosfera de mais de 5.000 toneladas de dióxido de carbono por ano.

Com investimento de US$ 30 milhões a SunEdison, fabricante de equipamentos para o segmento de energia solar, planeja duas fábricas no Brasil. Os dois projetos em estudo pela empresa ainda não têm local definido e devem entrar em operação em 2016. A primeira fábrica será de montagem de módulos solares e a segunda de rastreadores (trackers).

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O racionamento de energia trouxe à tona a discussão so-bre fontes alternativas a fim de complementar a matriz energética do País. Segundo a

ABRELPE (Associação Brasileira de Empre-sas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil tem o potencial para gerar 1,3 GW de energia elétrica vinda de resíduos sólidos urba-nos, o que equivale a um fornecimento adicio-nal de cerca de 932 mil MWh/mês.

“Trata-se de um potencial de geração de ener-gia importante, de uma fonte alternativa capaz

de atender seis milhões de residências no Brasil. Se houvesse um planejamento adequado para geração de energia a partir dos resíduos sólidos teríamos capacidade instalada de 1,3 GW e for-necimento adicional de 932.000 MWh/mês na rede elétrica nacional”, afirma Carlos Silva Fi-lho, Diretor-presidente da ABRELPE.

Conforme explica o diretor, do total de 1,3 GW de capacidade instalada, seria possível ob-ter 536 MW a partir do biogás produzido em aterros sanitários e 742 MW por meio de usinas de recuperação energética de rejeitos, material que não pode ser reciclado ou reaproveitado, que

Com potencial para gerar 1,3 GW de energia elétrica a partir de resíduos sólidos, Brasil ainda engatinha na exploração desta fonte alternativa de energia

Passos lentos

Gestão

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representam 17% do total dos resíduos sólidos urbanos.

O levantamento mostra também que, se os resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil tivessem uma destinação final adequada em aterros sanitários, seria possível gerar até 536 MW de energia a partir do biogás produzido. Atualmen-te, na maioria dos aterros em operação no Brasil esse gás é apenas captado e queimado, não havendo a exploração de seu potencial energético.

Outra alternativa para complementar o biogás é a geração de energia por meio da recuperação energética de rejeitos, ou seja, através do tratamento térmico do material que não pode ser reaproveita-do ou reciclado. Neste caso, o potencial chega a 742 MW, considerando que, de acordo com a ABRELPE, 17% da com-posição dos resíduos sólidos urbanos são rejeitos, o equivalente a 13 milhões de toneladas por ano.

Mas não é apenas no fornecimento energético que essa alternativa solucio-naria grande parte do problema. Há de se levantar também que esses trata-mentos possibilitam a adequação de um problema de saneamento ambiental, pois envolve a regularização da desti-nação final dos resíduos. “Além disso, otimiza a logística de transporte dos re-síduos sólidos, já que não há necessida-de de se percorrer longas distâncias até um aterro sanitário, bem como permite a produção de energia elétrica descen-tralizada e evita as emissões de metano, um gás de efeito estufa”, explica Filho.

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a diversificação, adiciona eletrici-dade ao sistema elétrico brasileiro.

“A participação da energia pro-veniente dos resíduos sólidos di-minuiria o uso de combustíveis fósseis nas usinas termelétricas e, como consequência, haveria re-dução das emissões de gases de efeito estufa, que pode chegar a quase 13 milhões de toneladas de CO2 equivalentes por ano”, res-salta Filho.

teCnoLoGias O principal processo de recu-

peração energética de rejeitos é o tratamento térmico, que foi por muito tempo questionado. En-tretanto, com o avanço das tec-nologias existentes, essa solução passou a ser utilizada em larga escala em diversos países, como nos Estados Unidos e Japão, e na Europa.

“No Brasil, da mesma forma, há tecnologia disponível, sendo que um projeto em Barueri deve en-trar em operação ainda esse ano. Trata-se de uma alternativa viável principalmente para centros ur-banos que não dispõem de áreas para a instalação de aterros sani-tários”, salienta o diretor.

Por fim, Filho ressalta que em relação à energia a partir da de-composição de lixo, que também é considerada uma fonte atrativa, já há algumas plantas em funcio-namento no País.

eVoLuÇÃo no brasiLOs quase cinco anos de vigência da lei que determina

a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) não foram suficientes para a maioria dos municípios brasi-leiros de adequarem o mínimo da sua gestão. Isso signi-fica encerrar os lixões e realizar o encaminhamento do que for somente rejeito aos aterros sanitários. “Também há muito a ser feito em termos de aproveitamento do potencial dos resíduos sólidos enquanto matéria-prima para a indústria, para a produção de energia elétrica e biogás”, ressalta.

Desponta-se a importância de realizar um aprimora-mento da coleta nos municípios brasileiros. Uma coleta separada em três frações, possibilitando o melhor apro-veitamento dos diferentes grupos de resíduos sólidos urbanos. A fração dos recicláveis secos (mais conhe-cida), a fração dos orgânicos (restos de alimentos, de poda) e a fração de rejeitos, que são os resíduos sem aproveitamento no momento.

No caso dessas duas últimas frações, ainda pouco dis-cutidas diante de seu grande potencial energético, vale destacar a fração orgânica, que corresponde a 50% do que é gerado. “Os tratamentos pela compostagem e pela digestão anaeróbica geram composto e biogás, que po-dem ser convertidos em energia elétrica e combustível dentro de plantas de aproveitamento energético. Já para a parcela de rejeitos, que atualmente representa 17% do que é gerado, há a possibilidade do seu tratamento térmico em uma usina de recuperação energética, tam-bém dentro de uma cidade e que converte o rejeito em energia elétrica.”

noVos ruMosConsiderando que o Brasil é um País hidrelétrico, é

muito importante haver uma diversificação da matriz a fim de garantir segurança energética em momentos de estiagem, como o atual. A geração de energia a partir dos resíduos sólidos urbanos seria mais uma alternativa nesse sentido, ao mesmo tempo em que contribui com

Gestão

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Diversificar é a soluçãoFontes alternativas de energia podem evitar crise de abastecimento e levar energia a populações menos favorecidas

Os desafios do governo brasileiro no que tanque à energia vão muito além de evi-tar a crise de abastecimento, que pode ser

ocasionada pelas baixas nos reservatórios das hi-drelétricas. Além de encontrar saída para não dei-xar a população as escuras, o Poder Público precisa levar energia elétrica a toda população do País.

De acordo com dados da ANEEL (Agên-cia Nacional de Energia Elétrica), no Brasil, existem mais de 1.700 empreendimentos em operação, gerando cerca de 101.063.856 kw,

em que 77% da energia elétrica produzida são provenientes de fontes de hidroeletricidade. O restante provém, principalmente, de usinas ter-moelétricas e termonucleares.

Para suprir o déficit de energia que ainda exis-te no País, o Governo Federal criou o programa Luz para Todos, objetivando promover energia elétrica para mais de dez milhões de pessoas do meio rural.

Para vencer este desafio, uma saída seria re-correr a fontes de energia alternativas aquelas

Economia

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comumente utilizadas, segundo o Seminário In-ternacional de Fontes Alternativas de Energia e Eficiência Energética. “Isso porque sendo o Bra-sil um País de recursos naturais significativos, existe a possibilidade de ter-se um crescimento da matriz energética e, consequentemente, man-tendo o comprometimento do País com a sus-tentabilidade, a inserção social e o crescimento econômico da população brasileira”, diz Silvia Regina Vanni, Mestre em Ciências na área de Tecnologia Nuclear – Reatores e autora do Es-tudo de Viabilidade Econômica de Fontes Alter-nativas de Energia de Uma Comunidade Típica da Região Nordeste do Brasil.

Apesar de o Governo Federal enxergar as hi-droelétricas como a solução mais viável em curto prazo para suprir a demanda e também cumprir uma das etapas do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), Silvia enxerga novas possibi-lidades para isso. “Talvez esta solução não seja possível em curto prazo, pois o cumprimento das etapas do processo de licitação para a contrata-ção das empresas responsáveis pela execução das obras e a obtenção das licenças ambientais neces-sárias, demandam um tempo maior”, acredita.

Segundo a Mestre em Ciências, o projeto só poderá ser concluído com sucesso se houver um cenário de sustentabilidade que atinja diretrizes políticas rígidas para um planejamento energéti-co eficaz, visando a utilização de fontes de ener-gia alternativa como a solar, eólica e biomassa para geração de eletricidade. “Esse tipo de pro-cedimento, com certeza, gerará novos empregos, preservará a biodiversidade e contribuirá, signi-ficativamente com a redução das emissões dos gases causadores do efeito estuda”, afirma.

Em seu estudo, Silvia propõe fontes alternati-vas de energia, escolhidas para suprir a demanda existente, conhecidas como as que causam menor impacto ambiental. No caso das fontes alternati-

vas de energia eólica e solar, existe a viabilidade de construção e de geração de energia elétrica em curto prazo de tempo. No caso da fonte de biomassa, a previsão de geração para instalações de médio porte é em longo prazo, consideran-do que a matéria prima não esteja disponível no momento e seja necessário o seu plantio.

Para incentivar a utilização de fontes alterna-tivas de energia, foi criado em 26 de abril de 2002, pela lei nº 10.438, o Proinfa, que poste-riormente, foi revisado pela lei nº 10.762, de 11 de novembro de 2003, incentivando a participa-ção de um maior número de estados no progra-ma e garantindo o incentivo a indústria nacional e a exclusão dos consumidores de baixa renda do rateio da compra da nova energia.

O objetivo do programa é financiar, com su-porte do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), projetos de geração de ener-gias a partir dos ventos, de pequenas entrais hidrelétricas e de biomassa de bagaço de cana de açúcar. “Somente a energia solar não está contemplada neste programa. Isso porque ela é direcionada a sistemas de pequeno porte para comunidades isoladas e o Proinfa é direcionado a tecnologias mais amadurecidas, com possibili-dade de manter unidades de maior porte e que podem ser interligadas ao Sistema Elétrico Inte-grado Nacional (SIN)”, explica a Mestre.

Como a energia produzida por fontes de ener-gias alternativas é mais cara do que as tradicio-nais, ela não seria viável para os leilões de ener-gia. Para tal, o governo, através da Eletrobrás, assegura a compra da energia a ser produzida por ela por um prazo de 20 anos, a partir da data de entrada de operação. “Desta forma, as energias de fontes alternativas se tornam eco-nomicamente viáveis no Brasil, principalmente aquelas construídas para suprir as necessidades das comunidades isoladas do País.”

Economia

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invEstimEntOA estimativa de custos para a geração de energia é a etapa mais

importante dentro de um planejamento de sistemas energéticos. Eu exemplo está na seguinte comparação: a Eletrobras recomenda a utili-zação do índice custo/benefício da instalação, dado em unidades mo-netária por unidades de energia produzida ($/MWh), no qual con-sidera, além do custo, o desempenho da usina. O numerador desta relação engloba os custos associados à geração de energia para cada tipo de fonte, enquanto o denominador representa a energia produzida pela instalação, ou seja, seu benefício para o sistema elétrico.

Na comparação feita durante o estudo desenvolvido pela Mes-tre em Ciências para averiguar o custo na produção de energia para cada uma das fontes alternativas de energia (eólica, solar e biomassa). A comparação entre os índices custo/benefício das

Resumo das fontes de energias alternativas

Comparação dos custos totais de um sistema, solar, éolico e de biomassa, nos tempos de vida correspondentes, em função de números de habitantes

energias alternativas. Diante da análise dos resulta-

dos obtidos com relação ao índi-ce custo/benefício e o custo total do empreendimento, conclui-se que a fonte de energia eólica é a mais viável, pois estes custos são significativamente mais bai-xos do que das outras fontes de energia analisadas. Além disso, considera-se também o longo tempo de vida útil da instalação eólica, que é de 20 anos, com a vantagem de ser uma solução em um curto espaço de tempo.

Com relação à fonte de ener-gia de biomassa, os resultados obtidos para o índice custo/benefício e o custo total do em-preendimento, também são re-lativamente baixos. No entanto, a biomassa não é atrativa, pois o tempo de vida útil da insta-lação é 50% menor do que a instalação eólica. “Além disso, precisa ser considerado também o tempo de plantio e colheita da biomassa a ser utilizado como combustível dos geradores, que torna esta fonte uma alternativa a ser utilizada em médio e lon-go prazo”, salienta.

A fonte de energia solar fo-tovitálica é a que apresenta maior índice custo/benefício e também o maior custo total de empreendimento, mas em re-lação ao tempo de vida útil da instalação é a que tem a maior durabilidade, que é de 30 anos.

“Outro ponto importante

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Eletricidade: Expansão da geração de fontes alternativas

Composição do parque de fontes renováveis 2030

Fonte: EPE

Unidade: mW

considerado neste estudo de viabilidade econô-mica foi o do impacto ambiental. Pode-se con-cluir que a fonte eólica e de biomassa são am-bientalmente mais favoráveis”, ressalta Silvia.

A energia solar fotovitálica, dentro de seu cenário limitado de utilização mostra que seu impacto ambiental não constitui um proble-ma. No entanto, na medida em que houver um crescimento na sua utilização serão necessários procedimentos mais adequados e eficazes com relação às fases de produção dos módulos e de descomissionamento do sistema, evitando assim riscos ao meio ambiente.

“Pode-se concluir que as fontes eólicas e de biomassa são viáveis para suprir a demanda de

energia dos municípios rurais do Maranhão, por exemplo, e que sua utilização impulsiona a sustentabilidade e contribui com a diminuição do aquecimento global”, revela.

No que tange ao benefício econômico, os ha-bitantes de municípios menos favorecidos, espe-cialmente no Norte do País, terão a sua inclusão social, com consequente desenvolvimento da região, contribuindo assim com o ciclo do cres-cimento econômico do Brasil.

As informações obtidas durante as pesquisas realizadas por Silvia, poderão ser utilizadas no desenvolvimento de projetos futuros e em pes-quisas que colaborem com o desenvolvimento energético do País.

Economia

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Ponto Final

Suposta crise energética brasileira levanta polêmica e propõe novas fontes

Alerta vermelho

Sobre a crise energética brasileira, há um contra-ponto: enquanto o Governo nega o risco de racio-namento, o ONS (Operador nacional do Sistema

Elétrico) clama às distribuidoras pela redução do forne-cimento de energia. Isso sem falar dos “apagões” que an-daram deixando o País à luz de velas.

Dizem os especialistas, que a atual crise energética pela qual o Brasil está passando é a pior da história, pois traz dois graves problemas: o f inanceiro, gerado pela renova-ção das concessões, obrigando as empresas a reduzirem as tarifas em um momento de aumento do custo, soma-do com o incentivo ao consumo, causando problemas no abastecimento.

O atraso nas obras de geração e transmissão de energia, assim como os leilões com baixo preço sem dar retorno ao mercado, somaram-se a falta de chuva e a dependência do País das hidrelétricas colaboraram para o colapso.

Para evitar o colapso, há quem diga que a saída é investir em fontes de energia renovável. Uma vez que a utilização das termelétricas para suprir as necessi-dades das hidroelétricas, elevam o custo da energia.

Porém, para isso, é preciso mapear todos os planos públicos e privados de investimento em geração de ener-gia, identif icando as possíveis sobreposições regionais ou setoriais destes planos e incentivar o crédito para os in-vestidores. Mas não é só isso, a eficiência energética no País depende de como empresas e indústrias estão utili-zando a energia e a água disponíveis.

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EXPEDIENTE

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