Upload
christianne-g-rodrigues
View
8
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Viabilidade de Implantação de Uma Mina
Citation preview
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UMA MINA DURANTE AS FASES DO
DESENVOLVIMENTO
Ana Paula Dias; Daniel Peixoto Ribeiro; Danilo Augusto da Silva Morais; Fabrício Milton
da Silva; Juliana Câmpara de Brito Mello; Juliana Carvalho Silva; Ney Ribeiro de
Carvalho Júnior; Rubens Avelino Marcos; Thales Pacheco Costa
Professor Antonio Carlos (Orientador)
Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
RESUMO: Este Trabalho evidencia a importância do desenvolvimento durante os estudos de viabilidade econômica a fim de identificar os possíveis impactos ambientais e demais circunstâncias que possam inviabilizar ou tornar viável a implantação do empreendimento. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Mineiro. Acessos a Lavra. Mineração. Infraestrutura. ABSTRACT: This work highlights the importance of the development during the Economic Feasibility Studies aiming to identify the possible environmental impacts and other circumstances that can derail or become viable the implantation of the enterprise. KeyWords: Mine Development, Working Accesses, Mining, Infrastructure.
____________________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO
O Desenvolvimento é o terceiro estágio na vida de
uma mina; logo após a Prospecção (1º estágio) e a
Exploração (2º estágio), que definem o tamanho e a
qualidade do corpo mineral, estabelecendo que o
mesmo possa ser economicamente viável.
No estágio do Desenvolvimento além da Aquisição de
terra, Direitos Minerários, Elaboração do Estudo de
Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), Obtenção da Licença dos Órgãos
Ambiental e Mineral, Abertura de Acessos e
localização da Usina de Tratamento do Minério são
elaborados estudos e planejamentos com a finalidade
de facilitar as atividades de lavra com o menor custo e
maior produtividade. Normalmente as pesquisas
continuam após o início da lavra, e se faz necessárias
modificações nestes estudos para adequar o Projeto
para as novas frentes de lavra.
Os maiores problemas que podem inviabilizar um
empreendimento mineiro no estágio do
Desenvolvimento são: os elevados Custos dos
Equipamentos, o tipo de Frente de Lavra, Consumo de
Combustíveis, as dificuldades de se obter os Recursos
Hidrominerais (água) e as áreas para disposição de
Estéril e Rejeitos.
O objetivo deste trabalho é descrever os problemas
técnicos e econômicos mais importantes, que surgem
nas etapas do Desenvolvimento.
2
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Este trabalho se justifica pela importância em
demonstrar a viabilidade, ou não, de um
empreendimento Mineral.
2 METODOLOGIA
Este trabalho está fundamentado em uma pesquisa a
partir de levantamento de dados, que foram obtidos
através de pesquisa bibliográfica baseada em livros,
revistas e apostilas escolares relacionados com o
tema. O texto foi elaborado com base nas conclusões
tiradas a partir destas leituras.
3 DESENVOLVIMENTO
Conforme Girodo (1981) deverá ser indicada uma
metodologia para o desenvolvimento dos projetos de
empreendimentos mineiros, de forma a minimizar os
riscos do investidor e destinado a reduzir os prazos de
implantação do projeto.
Segundo Beraldo (1981), pode-se definir que o
principal propósito do desenvolvimento é prover
acesso à jazida, permitindo a entrada de mineiros,
equipamentos, suplementos, energia, ventilação e
saída de minério e estéril produzido.
Antes do início da fase de explotação, o
desenvolvimento é limitado, tanto quanto possível, à
construção de aberturas primárias ou principais. Na
lavra a céu aberto, o acesso ao minério coberto pelo
estéril ou solo de superfície, é obtido pelo
decapeamento. Em minas subterrâneas, aberturas de
pequeno tamanho são feitas a partir da superfície para
interceptar o corpo de minério que se encontra em
profundidade e eventualmente conectá-los com
grandes aberturas de explotação.
Outras atividades relacionadas ao desenvolvimento
são trabalhos preparatórios, estruturas, pessoal e
serviços que suportam a lavra e, usualmente, as
funções de processamento.
A extração do minério não pode ser iniciada
imediatamente e nem sempre nos locais onde se
cortou a mesma ou a colocou a descoberto. Se a
extração iniciasse imediatamente, o acesso as partes
mais afastadas do local de extração resultaria em
acessos difíceis ou quase impossíveis, o que exige
uma prévia preparação dentro de um determinado
planejamento.
Como é uma fase que envolve grandes despesas, por
segurança, ela só deve ser iniciada após a certeza da
jazida. Seu planejamento deve ser condicionado ao
tipo de lavra que se irá executar.
O desenvolvimento pode ser especificado de acordo
com os sistemas que envolvem o layout da mina. As
vias de acesso são os incrementos básicos que
permitem atingir um ou múltiplos pontos, ou setores da
jazida mineral, e o escoamento do minério. Portanto,
podem ser superficiais e/ou subterrâneas. Referente à
disposição da jazida mineral, ou seja, a forma em que
se encontra o corpo mineralizado nas rochas
encaixantes, independente de ser próximo ou não da
superfície podendo ser tabular, maciço, entre outras
formas, ocasiona por fazer a direção a ser tomada
pela via de acesso até minério.
Plano Diretor de um Empreendimento elaborado pelos
Autores, representado em anexo 1.
3.1 ACESSOS PARA OS TIPOS DE FRENTE DE
LAVRA
Diferentes métodos de lavra são usados para
diferentes bens minerais. A escolha do método mais
apropriado se dá em função das características do
corpo de minério (profundidade, morfologia/condições
geológicas, geomecânico, aspectos tecnológicos,
demanda de energia, problemas ambientais,
produtividade e custo de desenvolvimento).
3
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
3.1.1 LAVRA A CÉU ABERTO
Figura 1 – Lavra a Céu Aberto Fonte – A Gestão dos Recursos Hídricos IBRAM,
2006, p.322 .
As vias de acesso em mineração a céu aberto
geralmente são simples estradas principais,
construídas para possibilitar a lavra dos diversos
bancos que dividem verticalmente a jazida em blocos
de extração (GIRODO E BERALDO -1981)
Em alguns tipos de lavra especiais como petróleo,
gases combustíveis, água mineral e sais solúveis, as
vias de acesso são simplesmente furos de sonda,
executados até atingir a jazida e possibilitar a extração
das substâncias minerais, sem o acesso de pessoal.
O traçado desses acessos requer conhecimento bem
detalhado da jazida, dependendo fundamentalmente
da topografia, dos equipamentos utilizados no
transporte, que serão condicionadores das larguras,
greides, raio de curvatura, suficientemente para
tráfego simultâneo de dois veículos e pista destinada a
construção de "leras" com o objetivo de obstruir a
crista do banco para efeito de proteção, valetas de
drenagem no pé do banco para direcionar a água
evitando-se alagamento das praças, locais de
manobras e sinalização em pontos perigosos.
Todos estes fatores são muito importantes para a
economia, conservação de pneumáticos, veículos e
para aumentar a eficiência do trabalho.
Conforme Girodo (1981) em se tratando de
caminhões, a declividade máxima nos acessos deve
ser de 8 a 12 %. A locação superficial dos acessos
não deve ser iniciada em locais que apresentem
possibilidade de inundação ou outras eventualidades.
No caso de lavra a céu aberto, considerando-se
ângulo de talude recomendável pela geotécnica,
define-se a relação estéril/minério limite que é aquela
que iguala os custos de produção do concentrado ao
valor do mesmo. Com esta relação elabora-se o plano
de exaustão chegando-se a definição da cava final.
Esses parâmetros irão permitir definição dos
parâmetros básicos para dimensionamento dos
equipamentos de mina e das instalações de
beneficiamento.
É importante, ainda, a escolha da localização da
britagem, depósito de estéril e estudo para alternativa
de transporte.
3.1.2 LAVRA SUBTERRÂNEA
Figura 2 – Lavra Subterrânea Fonte – SRK - CONSULTING, 2012, p.15.
4
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Os métodos de lavra subterrânea são aplicados
basicamente quando o corpo de minério está em
profundidade tal que se torna inviável, tecnicamente e
economicamente, sua extração a céu aberto, pelo
grande volume de estéril a ser removido e/ou quando
existem restrições ambientais ou urbanísticas para a
lavra a céu aberto, pois o alto custo da lavra em
subsolo é suportado pelo valor do minério. (ARAÚJO,
2008)
Após a definição do método de extração, os projetos
para detalhamento dos acessos e condicionamento
das minas são desenvolvidos para serem executados.
Segundo Araújo (2008) as etapas básicas, conforme
os métodos escolhidos são:
Acesso ao corpo de minério, através de galerias,
poços verticais (shaft) ou rampas inclinadas;
Desmonte de rocha com explosivos, executando a
perfuração, carregamento e detonação;
Saneamento da frente desmontada (lavagem e
ventilação);
Carregamento e transporte do minério;
Precauções de segurança.
Para a avaliação de investimentos iniciais e para uma
estimativa de tempo mínimo necessário, para ter-se a
mina em produção, é estimado o volume necessário
de trabalhos preparatórios (metros de poços, metros
de galerias, etc). (ARAÚJO, 2008).
3.2 EQUIPAMENTOS
Conforme Araújo (2008), os equipamentos utilizados
na mineração se subdividem em duas classificações:
A - Motrizes: fornecem energia mecânica para
operação de outras máquinas (tratores, compressores
de ar, geradores, etc.). B- Operatrizes: recebem
energia das máquinas motrizes e realizam trabalho
mecânico (trator de lâmina, carregadeira,
escavadeiras, escreiperes, plainas, unidades
transportadoras e compactadoras, etc.).
A justificativa da aquisição do tipo de equipamento,
que será comprado pela empresa, é um fator
determinante para o sucesso do empreendimento
mineiro. A seleção de equipamentos de mineração é
um dos fatores de primordial importância nas etapas
de transformação da lavra de um bem mineral numa
operação econômica.
De um modo geral, o processo de seleção pode ser
dividido nos seguintes estágios:
• Tipo de equipamento exigido;
• Tamanho e/ ou número de equipamentos;
• Tipo específico do equipamento;
• Especificações dos equipamentos (desempenho,
manutenção);
• Seleção dos fabricantes ou fornecedores;
• Seleção com Relação ao Valor Atual.
Geralmente os equipamentos de lavra estarão
envolvidos nas atividades de desmonte, carregamento
e transporte do minério e estéril de minas a céu aberto
e subterrâneo.
Figura 3 – Escavadeira de Minério Fonte – Catálogo Caterpillar, 2012, p.01.
5
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Nesta fase de seleção de equipamentos de lavra, a
experiência é de suma importância, sob todos os
aspectos. Especificações de fabricantes serão de
muita utilidade, mas devem ser usadas
prudentemente. Por outro lado, certos detalhes
técnicos e dados de desempenho dos equipamentos
somente serão encontrados nos impressos dos
fabricantes - Folders ou Catálogos especializados.
Segundo Girodo (2001) alguns fatores influenciam na
Escolha do Equipamento:
Fatores Naturais - Os fatores naturais são aqueles que
dependem das condições vigentes no local dos
trabalhos, tais como topografia, mais ou menos
acidentadas, natureza dos solos existentes, presença
de lençol freático, regime de chuvas, etc.
Fatores do Projeto - Os fatores de projeto são
representados pelo volume de minério a ser movido,
as distâncias de transporte, as rampas de acessos e
as dimensões das plataformas.
Fatores Econômicos - Os fatores econômicos podem
ser resumidos no custo unitário do trabalho que, em
última análise, é o fator predominante e,
freqüentemente decisivo na escolha a ser feita.
Sabendo-se que a produção da máquina dependerá
em última análise, do tempo de ciclo gasto na
execução do trabalho, conclui-se que a pré-
determinação correta deste último, é o primeiro passo
a ser dado no cálculo de estimativa de produção. As
estimativas de produção dos equipamentos não é um
processo preciso, pois, além de depender de diversos
parâmetros de determinação difícil, ainda existem
outros fatores aleatórios que influem de forma decisiva
no desempenho das máquinas.
Figura 4 – Caminhão Fora de Estrada Fonte – Catálogo Liebherr, 2012, p.03.
Veículos Fora de Estrada - São veículos ideais para
atuar nos segmentos de mineração, são caminhões
que auxiliam na produtividade mineradora. Os
veículos foram desenvolvidos para suportar
continuamente a severidade de operações de
mineração, trabalhos que necessitam de veículos mais
robustos e que possam circular em áreas de
topografia acidentada. Sendo usados tanto em lavra a
céu aberto como também em lavra subterrânea,
podendo suportar altas cargas. (SOUZA, 2008).
O transporte do minério até a Planta de
Beneficiamento normalmente é feito através de
caminhões fora de estrada.
Devido ao alto custo deste equipamento se faz
necessário um estudo de logística em função de
condições operacionais, do empreendimento.
Para se determinar o tipo e quantidade de caminhões,
deve-se levar em consideração nos cálculos: o
percurso em Km, os ângulos de inclinações de
rampas, a velocidade vazio e carregado, tempo gasto
no percurso total (carga – descarga).
6
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Tabela 1 – Gráfica de Velocidade em Função da Inclinação da Rampa
Fonte – Catálogo Caterpillar, 2008, p.17.
3.3 LOCAÇÃO DA PLANTA DE BENEFICIAMENTO
Concluídas as etapas anteriores, se faz necessário o
estudo de Locação da Planta de beneficiamento no
Plano Diretor. Esta Locação será definida em função
do melhor solo encontrado, após estudos do terreno
com furos de sondagem para minimizar custos na
implantação (obras civis); o mais próximo possível da
frente de lavra, respeitando-se as distâncias mínimas
conforme normas para áreas com usos de explosivos.
Figura 5 – Locação da Planta de Beneficiamento Fonte – Autores, 2012.
3.4 DIFICULDADES DE SE OBTER OS RECURSOS
HIDROMINERAIS E ÁGUA
Figura 6 – Captação de água Fonte – Catálogo Bombas Higra, 2006, p.2012.
A utilização da água em um empreendimento mineiro
é absolutamente necessária, para o consumo humano
e para o uso do beneficiamento. É imprescindível que
para a viabilidade Técnica e Econômica de uma Mina,
se conheça o contexto hidrológico próximo a área em
que serão instaladas as operações de Beneficiamento
do Minério e Instalações de Apoio.
Deverá ser elaborado um balanço de consumo de
água em todo o empreendimento para se estabelecer
o volume necessário de operação da mina para que
se faça a solicitação de outorga.
É a Lei no 9.984, de 2000, que expressa a atuação da ANA no que se refere a outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, observando determinados limites de prazos, a possibilidade de emitir outorgas preventivas com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, a necessidade de fornecimento de declaração de reserva de disponibilidade hídrica para uso de potencial de energia hidráulica e a obrigatória publicidade para os pedidos de outorga e atos administrativos que dele resultarem. O Decreto no 3.692, de 2000, reafirma essa competência da ANA, tal como em seu Regimento Interno. (IBRAM-ANA, 2006, p.312).
7
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Dependendo do volume de água a ser consumido no
empreendimento e a disponibilidade na bacia
hidrológica da região pode não ser liberada pelos
Órgãos Competentes todo o volume requerido;
fazendo-se necessários estudos de alternativas como,
por exemplo, o aproveitamento de águas já utilizadas
no beneficiamento do minério (água recuperada)
reduzindo o make-up de água nova pelo rio.
Figura 7 – Recuperação de água Fonte – Instituto Brasileiro de Mineração, 2006, p.91.
3.5 PILHA DE ESTÉRIL
Figura 8 – Pilha de Estéril Fonte – Catálogo Higra, 2006, p.15.
Segundo Bohet, (1985), a seleção do local para a
construção de uma pilha de estéril envolve algumas
considerações de ordem econômica, técnica e
ambiental. Esses fatores devem ser primeiramente
analisados em separado, e em seguida avaliados em
conjunto, a fim de se determinar um local, no qual os
objetivos econômicos e técnicos sejam maximizados e
os impactos ambientais minimizados. Por outro lado,
esses fatores são inter-relacionados, a importância de
um depende fundamentalmente do nível de estudo
adotado na avaliação dos demais.
A pilha de estéril requer áreas extensas causando
grandes impactos ambientais e controle das
drenagens ácidas, causadas pela alteração química e
física no caso de mineral sulfetado quando exposto a
água e oxigênio.
Espécies de poluentes causados nas drenagens
ácidas:
(SO42-, Fe2+, H+, Cu2+, AsO43-, MoO42-, Zn2+,
Pb2+,Co2+,...)
Para o controle de drenagens ácidas, se faz a
neutralização com Cal. Neste processo o ácido é
neutralizado e os íons de metais são precipitados na
forma de hidróxidos metálicos. A principal reação
envolvida na neutralização com cal é expressa pela
equação:
Fonte – Tratamento de Minérios, 2010, p.808.
Conforme Beraldo (2001), a escolha do local mais
adequado é, então, condicionada pela avaliação
conjunta e integrada dos dados em inspeções de
campo, levantamentos topográficos e quaisquer outros
dados técnicos disponíveis. Ambientalmente, duas
questões devem ser consideradas, a primeira trata-se
de um estudo prévio das áreas disponíveis para
disposição do estéril, conhecendo-se os locais pré-
selecionados e verificando a destinação destas áreas
8
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
sob o aspecto ambiental. A segunda refere-se à
descrição e classificação dos possíveis impactos
ambientais, causados pela pilha de estéril. O local
escolhido deverá ser aquele no qual incorrem
impactos ambientais mínimos.
Em determinados casos, a definição do local se impõe
naturalmente (e, em geral, pela prescrição da própria
empresa de mineração) em função de prioridades
indiscutíveis. Como exemplo, pode-se citar a
disposição de estéril em uma antiga área de lavra da
mineração.
Neste caso, a concepção do projeto está
integralmente direcionada à compatibilização do
dimensionamento da pilha às condições e dimensões
da cava exaurida.
3.6 BARRAGENS DE REJEITOS
Figura 9 – Barragem de Rejeitos Fonte – Instituto Brasileiro de Mineração, 2006, p.95.
Durante o processo de beneficiamento o minério é
misturado com água, e em determinada etapa do
processo, etapa de concentração, o minério
economicamente viável será separado da fração que
consideramos rejeito. Esta água juntamente com o
rejeito do minério beneficiado é encaminhada para a
área de disposição já definida, a barragem. Conforme
estudos realizados para a definição do modelo de
barragem, os sólidos decantados vão se depositando
no fundo, clarificando a água que após análise
química poderá ser bombeada para reaproveitamento
(água recuperada) na Planta de Beneficiamento ou
direcionada a rios ou córregos mais próximos.
As barragens foram no passado e ainda hoje são, em algumas minas, implantadas e operadas sem utilização de técnicas modernas de engenharia. Em vista da ocorrência, no Brasil e no exterior, de rupturas de várias barragens e devido ao crescente aumento da pane (e custos) destas obras, além das exigências cada vez mais severas da Legislação Ambiental, o projeto, construção e operação das novas estruturas devem ser racionalmente baseadas em sólidos princípios de engenharia, abandonando-se as regras empíricas obsoletas anteriormente utilizadas.
Isto se tornou especialmente importante devido ao reconhecimento de que os recursos investidos na disposição de rejeitos não têm retomo econômico para a mineradora. Conseqüentemente, os custos advindos de rupturas e/ou mau funcionamento dos sistemas, são recursos totalmente desperdiçados e normalmente excedem, em muitas vezes, valores gastos com a contratação adequada de serviços de engenharia.
Outros fatores que devem ser levados em conta são:
a) Os aspectos políticos negativos, decorrentes da devastação, causados por rupturas, no meio ambiente, em benfeitorias e comunidades vizinhas, que poderão redundar em multas ou indenizações pesadas e dificultar futuramente a liberação, por órgãos ambientais, de outras atividades da mineradora.
b) Caso o reservatório tenha por finalidade, também, fornecer ou estabelecer recirculação de água industrial, a ruptura da barragem poderá interromper o funcionamento das instalações, por falta, com sérios prejuízos econômicos para o minerador. (AZEVEDO, 1995, p.42).
Na Tabela abaixo um levantamento estatístico das principais causas de acidentes em Barragens.
Tabela 2 – Principais Causas de Acidentes em
Barragens de Rejeitos Fonte – Livro Tratamento de Minérios, 2010, p.833.
9
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
Liquefação – Perda significativa de rigidez de solos
por diminuição de coesão e atrito.
Entubamento - Processo progressivo de erosão
interna de maciços terrosos por carreamento de
partículas ou solubilização de material, resultando na
formação de condutos subterrâneos.
3.7 INFRA-ESTRUTURA
Figura 10 – Infrestrutura Fonte – Autores, 2012.
Devem ser considerados como parte da mina
instalações e obras de suporte às operações mineiras,
pois sem elas o empreendimento não poderia ser
concretizado.
Caso não haja cidade próxima a futura mina, deve-se
projetar e construir uma vila residencial ou
acampamento que comporte todos os funcionários
que trabalharão no empreendimento vias de acesso à
vila residencial, vias de acesso dentro da vila e vias de
acesso até a mina. Nesta vila residencial deve ter
suprimento de água tratada suficiente para todos os
funcionários e seus familiares, sistema de esgoto
completo e energia elétrica, as ruas devem ser
calçadas e arborizadas evitando assim poeira em
excesso. Deve existir escola, correio, um posto
telefônico e comércio (padaria, mercearia, açougue,
etc.) e algum lugar de diversão para os funcionários
(clubes recreativos).
Na mina também devem ser construídas instalações e
obras de apoio, escritórios para os funcionários do
setor administrativo, oficina mecânica, oficina elétrica,
almoxarifado, restaurante, ambulatório, corpo de
bombeiro, laboratório físico, vestiário, instalação de
beneficiamento (cominuição - redução de tamanho,
classificação - separação do tamanho. concentração)
e outros. O escritório administrativo deve ter
suprimento de água potável, sanitários com sistema
de esgoto, energia elétrica rebaixada a 110 v ou 220
V, equipamentos de apoio em escritórios (ex: máquina
xerox, computadores, meio de comunicação externa
por fax e telefones, etc.). Os escritórios administrativos
devem possuir toda estrutura, material e
equipamentos necessários, facilitando o máximo
possível os trabalhos a serem realizados.
Para que se possa realizar manutenção e reparo com
qualidade e rapidez a oficina mecânica e elétrica deve
ter suprimento de água potável e água destinada à
limpeza da oficina, sanitários com sistema de esgoto,
energia elétrica rebaixada e com alta voltagem,
conjunto completo de ferramentas apropriadas para
cada serviço, tanto em máquinas pesadas quanto em
máquinas tidas como pequenas, uma máquina de
solda, uma máquina de tornearia, prensa, serra
mecânica, compressores de ar, suprimento de óleos
combustíveis e lubrificantes dispostos na oficina, uma
ponte rolante para sustentação e transporte de
equipamentos pesados.
O restaurante deve ter suprimento de água potável,
sanitários com sistema de esgoto, energia elétrica
rebaixada, equipamentos que fazem grande
quantidade de comida e geladeiras com capacidade
de conservar grandes quantidades de alimentos.
Tanto o ambulatório e o vestuário devem ter
suprimento de água potável, sanitários com sistema
de esgoto. Energia elétrica apropriada segundo a
voltagem dos equipamentos. O vestuário deve possuir
armários em lugares ventilados, grande número de
chuveiros. O ambulatório deve possuir uma
ambulância e quartos equipados caso haja alguma
10
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
emergência, um médico deve estar sempre de
plantão.
O laboratório de análise físico-químico também deve
ter suprimento de água potável, sanitários com
sistema de esgoto, energia elétrica apropriada a cada
equipamento utilizado. O laboratório deve estar muito
bem equipado com equipamentos de ótima precisão,
necessários a qualificação das amostras.
O almoxarifado deve ser o lugar mais organizado e
protegido, pois é nele que estão estocadas as peças
de reposição das máquinas de grande e pequeno
porte. Também deve ter suprimento de água potável,
sanitários com sistema de esgoto e energia elétrica.
É bom ressaltar que todas essas instalações citadas
acima, devem estar localizadas longe dos limites da
lavra, evitando mudanças das instalações,
contaminação pela poeira, barulho, vibrações devido
às detonações e outros.
O sistema de esgoto de todas as instalações deve ser
direcionado para uma bacia de deposição onde o
esgoto será tratado e posteriormente despejado em
algum rio, ou podem-se construir fossas se o volume
de material se adapta a este.
4 DISCUSSÕES
Não levar em consideração todos os procedimentos e
técnicas aqui apresentadas, pode tornar a tomada de
decisão da viabilidade do empreendimento; seja de
alto risco com relação ao retorno econômico desejado,
principalmente porque um empreendimento de
mineração, onde o nível de incerteza é, em geral,
muito elevado.
A análise econômica tem a função de indicar, por meio de técnicas específicas, os parâmetros de economicidade que permitam a decisão de se investir ou não em determinado projeto. Essas técnicas de avaliação se completam, não havendo um modelo único que atenda às inúmeras questões formuladas para a tomada de decisões.
Para a análise dessas técnicas, se faz necessário, inicialmente, a montagem de um fluxo de caixa (apresentado na próxima seção) representativo de todo o projeto, abrangendo toda a vida do empreendimento, limitado a cerca de 30 anos, por razões técnicas a serem esclarecidas adiante.
Com base no fluxo de caixa são calculados os indicadores econômicos, mediante a aplicação das várias técnicas de avaliação econômica, que dão suporte à análise econômica.
Se a análise econômica do projeto apresenta resultados favoráveis à sua implantação, o minério lavrado na mina, durante a vida útil do empreendimento, deve gerar receitas suficientes para atender as seguintes necessidades:
(i) custo de aquisição da propriedade e dos direitos minerários (quando for o caso) ou o pagamento de dízimos ou royalties ao proprietário da terra onde se situa a jazida;
(ii) os custos de desenvolvimento da mina, em sua fase pré-operacional: decapeamento, abertura de frente de lavra, sondagens para detalhamento do corpo mineralizado e abertura de galerias e poços, quando se tratar de lavra subterrânea;
(iii) a aquisição de máquinas e equipamentos de lavra, usina de tratamento de minério e demais instalações (depósitos, almoxarifados, escritórios, pátios de estocagem etc);
(iv) os custos operacionais (suprimentos e materiais para lavra, custos de tratamento, salários e benefícios, despesas administrativas, impostos e taxas diversas);
(v) uma taxa de retorno aceitável para o capital investido e mais alguma compensação (acima da taxa de atratividade) pelos riscos e incertezas a serem assumidos com a execução do empreendimento. (LUZ, 2010, p.907).
5 CONCLUSÃO
Estes estudos técnicos aqui descritos permitem avaliar
em uma fase preliminar um determinado
Empreendimento a sua viabilidade ou não. Porém,
não descarta uma nova avaliação futura, onde as
condições econômicas sejam mais favoráveis.
11
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
____________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS
GIRODO, A. C.; BERALDO, J. L. Elementos Básicos de um projeto de Mineração - Módulo oito do Curso Projetos de Mineração, IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração - 1981. LUZ, A. B. e SAMPAIO, J. A. FRANÇA, S. C.. Tratamento de Minérios – CETEM - 2010 BOHNET, E. L., Optimum Dump Planning in Rugged Terrain. McCARTER, M. K. (1985). Design of Non-Impounding Mine Waste Dumps, AIME, New York, Chapter 3, p.23-27. AZEVEDO, J. C. S. de e LISBOA, R. C. de O. – Lavra de Minas a Céu Aberto – Escola de Engenharia UFMG, 1985, Departamento de Engenharia de Minas. SOUZA, J. B. M. de, – Equipamentos de Mineração – CEFET-RN – 2008.
12
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
ANEXO 1 – DESENHO TÉCNICO – PLANO
DIRETOR