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i APRESENTAÇÃO Este documento apresenta o Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité, abordando o levantamento técnico e científico desta bacia, no que diz respeito aos aspectos ambientais e de infra-estrutura dos serviços urbanos. Os seguintes aspectos foram abordados no presente estudo: - Caracterização do meio natural, que compreendeu uma descrição geral das condições dos meios físicos (sub-bacias hidrográficas, fisiografia, geologia, geomorfologia, solos, qualidade da água, qualidade do ar, etc) e do meio biótico (vegetação/ flora e fauna) e de sua situação de conservação; - Caracterização socioeconômica, que enfocou aspectos como: demografia, atividades econômicas, educação, saúde e Índice de Desenvolvimento Humano; - Caracterização da situação atual relativa à infra-estrutura urbana, considerando as questões de sistema viário, drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos. - Caracterização e mapeamento das áreas verdes: áreas de preservação permanente, áreas de proteção ambiental, áreas verdes em geral; - Condições atuais de uso da água da lagoa de Ibirité pela REGAP; - Diagnóstico das causas e efeitos da degradação ambiental da lagoa de Ibirité. O presente relatório objetiva subsidiar o processo sócio educativo e participativo previsto no escopo do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental no Contexto da Gestão Participativa e Integrada das Águas na Bacia Hidrográfica Contribuinte à Lagoa de Ibirité. Este Programa constitui objeto do contrato celebrado entre o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba - CIBAPAR e a REGAP (Petrobrás). São objetivos gerais do Programa: - Promover processo educativo e participativo acerca das questões sócio-ambientais da sub-bacia contribuinte à lagoa de Ibirité, no contexto do Sistema estadual dos Recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, visando aumentar a longevidade funcional como manancial da REGAP; - Cumprir, junto ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (COPAM) duas das condicioantes do processo de renovação do licenciamento ambiental da REGAP.

1Diagnostico Bacia Lagoa Ibirite-RevNov08

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO

Este documento apresenta o Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité, abordando o levantamento técnico e científico desta bacia, no que diz respeito aos aspectos ambientais e de infra-estrutura dos serviços urbanos. Os seguintes aspectos foram abordados no presente estudo:

- Caracterização do meio natural, que compreendeu uma descrição geral das condições dos meios físicos (sub-bacias hidrográficas, fisiografia, geologia, geomorfologia, solos, qualidade da água, qualidade do ar, etc) e do meio biótico (vegetação/ flora e fauna) e de sua situação de conservação;

- Caracterização socioeconômica, que enfocou aspectos como: demografia, atividades

econômicas, educação, saúde e Índice de Desenvolvimento Humano;

- Caracterização da situação atual relativa à infra-estrutura urbana, considerando as questões de sistema viário, drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos.

- Caracterização e mapeamento das áreas verdes: áreas de preservação permanente,

áreas de proteção ambiental, áreas verdes em geral;

- Condições atuais de uso da água da lagoa de Ibirité pela REGAP;

- Diagnóstico das causas e efeitos da degradação ambiental da lagoa de Ibirité.

O presente relatório objetiva subsidiar o processo sócio educativo e participativo previsto no escopo do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental no Contexto da Gestão Participativa e Integrada das Águas na Bacia Hidrográfica Contribuinte à Lagoa de Ibirité. Este Programa constitui objeto do contrato celebrado entre o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba - CIBAPAR e a REGAP (Petrobrás). São objetivos gerais do Programa:

- Promover processo educativo e participativo acerca das questões sócio-ambientais da sub-bacia contribuinte à lagoa de Ibirité, no contexto do Sistema estadual dos Recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, visando aumentar a longevidade funcional como manancial da REGAP;

- Cumprir, junto ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (COPAM) duas das

condicioantes do processo de renovação do licenciamento ambiental da REGAP.

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ÍÍNNDDIICCEE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

2. LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................................ 3

3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NATURAL DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ.......... 6

3.1 ASPECTOS FÍSICOS ........................................................................................................................... 6 3.1.1 Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos .................................................................................................. 6 3.1.2 Relevo ...................................................................................................................................................... 23 3.1.3 Geologia / Geomorfologia ........................................................................................................................ 25 3.1.4 Hidrogeologia .......................................................................................................................................... 27 3.1.5 Pedologia ................................................................................................................................................. 29 3.1.6 Clima ....................................................................................................................................................... 30 3.1.7 Qualidade do Ar ....................................................................................................................................... 30 3.1.8 Qualidade das Águas Superficiais ............................................................................................................. 32 3.1.9 Qualidade das Águas Subterrâneas ........................................................................................................... 50 3.1.10 Enquadramento dos Corpos d’Água ..................................................................................................... 52

3.2 ASPECTOS BIÓTICOS ...................................................................................................................... 54 3.2.1 Vegetação ................................................................................................................................................ 54 3.2.2 Fauna ...................................................................................................................................................... 61

3.3 ÁREAS PROTEGIDAS ....................................................................................................................... 64 3.3.1 Unidades de Conservação ........................................................................................................................ 64 3.3.2 Áreas de Preservação Permanente ............................................................................................................ 69

4. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ ...... 75

4.1 DEMOGRAFIA ................................................................................................................................. 75 4.2 BREVE HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE BETIM E IBIRITÉ ......................................... 76

4.2.1 Betim........................................................................................................................................................ 76 4.2.2 Ibirité ....................................................................................................................................................... 77

4.3 PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DOS MUNICÍPIOS DE BETIM, IBIRITÉ E SARZEDO ................. 78 4.3.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 78 4.3.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 82

4.4 EDUCAÇÃO .................................................................................................................................... 83 4.4.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 83 4.4.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 84

4.5 SAÚDE ........................................................................................................................................... 85 4.5.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 85 4.5.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 85

4.6 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH ............................................................................. 87 4.7 ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA NA ÁREA DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ................................ 87

5. SITUAÇÃO ATUAL DE INFRA-ESTRUTURA E DOS SERVIÇOS URBANOS ............... 89

5.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ......................................................................................... 89 5.1.1 Sistema de Abastecimento de Água do Município de Ibirité ....................................................................... 89

5.2 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ......................................................................................... 92 5.2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário do Município de Ibirité ........................................................................ 92 5.2.2 Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité - ETAF ....................................................... 96 5.2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário da Sub-Bacia do Córrego Pelado em Betim ......................................... 98

5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................................................ 99 5.4 DRENAGEM URBANA.....................................................................................................................103

5.4.1 Inundações ............................................................................................................................................. 105 5.5 SISTEMA VIÁRIO ...........................................................................................................................106

6. USO DA ÁGUA DA LAGOA DE IBIRITÉ PELA REGAP................................................. 110

6.1 HISTÓRICO DA REFINARIA GABRIEL PASSOS- REGAP ...................................................................110

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6.2 DADOS ATUAIS SOBRE A REGAP ..................................................................................................111 6.3 NOVOS INVESTIMENTOS ................................................................................................................112 6.4 PROCESSO INDUSTRIAL DA REGAP- CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTES ......................114

6.4.1 Abastecimento de Água ........................................................................................................................... 114 6.4.2 Geração de Efluentes.............................................................................................................................. 116 6.4.3 Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos .................................................................................... 120

7. CAUSAS E EFEITOS DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA DE IBIRITÉ .... 121

7.1 DADOS GERAIS .............................................................................................................................121 7.2 PRINCIPAIS FATORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA DE IBIRITÉ ..................................123

7.2.1 Poluição Gerada pelo Esgoto Doméstico ................................................................................................ 124 7.2.2 Poluição Causada pelo Lançamento pe Esgoto Industrial ....................................................................... 132 7.2.3 Poluição Gerada pelo Lixo ..................................................................................................................... 134 7.2.4 Assoreamento ......................................................................................................................................... 134

8. QUESTÕES AMBIENTAIS .................................................................................................. 139

8.1 PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ ..............................................................................................139 8.2 PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM..............................................................................................139

9. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 142

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 146

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11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

A lagoa de Ibirité é uma lagoa artificial, construída em 1967 para atender a demanda de água da Refinaria Gabriel Passos – REGAP, uma refinaria da Petrobras.

Figura 1.1: Vista Aérea da Lagoa de Ibirité

Na época da implantação da lagoa, a área em seu entorno possuía baixa densidade populacional, sendo formada por algumas fazendas e por terras de propriedade do município de Ibirité. Nesta época, além de suprimento de água para a REAGP, a lagoa de Ibirité era utilizada para recreação (banho e pesca artesanal) pelas comunidades vizinhas. A partir da década de 70 o município de Ibirité passou a apresentar taxas elevadas de crescimento populacional, superiores às taxas médias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, sem o correspondente crescimento no nível da atividade. Esta combinação de fatores trouxe para o município – cuja economia era historicamente de base rural - as características típicas de uma “cidade dormitório”. Paralelamente a isto, o município de Ibirité começou a enfrentar problemas decorrentes da urbanização desordenada, constituída em sua maior parte por loteamentos

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clandestinos e investimentos insuficientes em infra-estrutura básica urbana (saneamento, coleta de lixo e drenagem pluvial). A urbanização desordenada de Ibirité, bem como a implantação da REGAP contribuiu para que os terrenos ao longo da lagoa de Ibirité fossem rapidamente ocupados. O crescimento urbano desordenado de Ibirité contribuiu para o aumento da impermeabilização do solo em diversas áreas da bacia de contribuição da lagoa. Além disso, as chuvas carrearam terra de obras e áreas desmatadas para dentro da lagoa, que ficou sobrecarregada. Sedimentos e muito esgoto deixaram a água imprópria para consumo e lazer. Ao longo das duas últimas décadas, os efeitos de ações antrópicas sobre a lagoa de Ibirité se tornaram cada vez mais visíveis, principalmente com relação ao assoreamento desta lagoa, que já perdeu 30% do seu volume útil e à sua poluição por esgotos. Atualmente, se observa um progressivo agravamento na degradação ambiental deste corpo d’água, com potencial, tanto para afetar as comunidades vizinhas, quanto para ameaçar a continuidade de seu uso como manancial para a REGAP. O presente estudo apresenta o diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité, de forma a identificar e espacializar as principais causas da degradação desta lagoa, apontar diretrizes para sua recuperação, bem como subsidiar a implantação de ações de educação ambiental.

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BELOBETIM

BRUMADINHO

CONTAGEM

SARZEDOMÁRIO

CAMPOS

HORIZONTE

IBIRITÉ

BaciaLagoa Ibirité

22.. LLOOCCAALLIIZZAAÇÇÃÃOO

A bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité abrange a totalidade do município de Ibirité; parte dos municípios de Betim e Sarzedo, bem como pequenas porções dos municípios de Belo Horizonte e Contagem, todos inseridos na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no Estado de Minas Gerais, conforme pode ser observado nas Figuras 2.1 e 2.2.

Figura 2.1: Localização da Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité

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Figura 2.2: Região Metropolitana de Belo Horizonte1, com destaque para os principais municípios que compõem a bacia da Lagoa de Ibirité: Ibirité, Betim e Sarzedo

Figura 2.3: Vista Aérea da Lagoa de Ibirité

1 A RMBH é a terceira região metropolitana do Brasil. Representa o centro político, econômico e demográfico mais importante do Estado de Minas Gerais. Congrega 34 municípios com perfis diferenciados e grande variabilidade de indicadores econômico-sociais.

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A bacia da lagoa de Ibirité abrange a totalidade da área do município de Ibirité. Este município situa-se a uma distância de 25 km de Belo Horizonte, abrangendo uma área de 73 km². As principais rodovias que servem de acesso ao município são a MG-40, a BR-040 e a BR-381 (Fernão Dias), que liga Minas Gerais a São Paulo. A sede municipal, situada a 880 m de altitude, se situa nas coordenadas geográficas de 20º01’18’’ de Latitude Sul e 44º03’32’ de Longitude Oeste. A divisão administrativa do município é composta de dois distritos, o da sede e o de Durval de Barros. A parcela da bacia da lagoa de Ibirité localizada em Betim abrange parte da sub-bacia do córrego Pintado, incluindo a área da Petrobrás e parte dos bairros Jardim Piemonte e Riacho II/ Jardim Pampulha. O município de Betim possui área de 346 km², tendo sua posição determinada pelas coordenadas geográficas de 19º 54’ 52” Latitude Sul e 44º 11’ 54” Longitude Oeste. O acesso à sede de Betim é feito através da rodovia BR-381. Internamente, o sistema viário da sede do município converge diretamente para a BR-381 ou para a Avenida Amazonas no sentido Contagem e Belo Horizonte, configurando um sistema descontínuo, composto por vias estreitas e, algumas vezes, em condições precárias de trafegabilidade. O município de Betim conta ainda com acesso direto às seguintes rodovias BR-262, BR-040, MG-050 e MG-060. A parcela da bacia da lagoa de Ibirité em Sarzedo abrange a área no entorno desta lagoa, em sua porção sul, sendo representada pelo bairro Quintas da Jangada (2º seção) e parte do bairro Masterville. O município de Sarzedo localiza-se a 29 km de distância de Belo Horizonte, tendo sua posição determinada pelas coordenadas geográficas de 20º 02' 07" Latitude Sul e 44º 08' 41" Longitude Oeste, estando a uma altitude de 796 metros. O município possui uma extensão territorial de 62,17 km². A principal rodovia que serve ao município é a MG-040, que percorre toda a sua extensão. Tem acesso facilitado à BR-381, da qual dista apenas sete quilômetros.

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33.. CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO DDOO MMEEIIOO NNAATTUURRAALL DDAA BBAACCIIAA DDAA LLAAGGOOAA DDEE

IIBBIIRRIITTÉÉ

3.1 ASPECTOS FÍSICOS

3.1.1 Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos A bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité está inserida na bacia do ribeirão Sarzedo, afluente do rio Paraopeba, afluente direto do rio São Francisco. A bacia mineira do rio São Francisco foi subdividida em 10 Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH2), sendo que a Bacia do Paraopeba representa a UPGRH SF-3, como ilustra a Figura 3.1:

Figura 3.1: UPGRH da Sub-Bacia Mineira do Rio São Francisco- Destaque para a Bacia do Paraopeba- SF-3

2 As UPGRH são divisões hidrográficas do Estado de Minas Gerais, na qual se caracteriza cada bacia hidrográfica utilizada para o gerenciamento descentralizado e compartilhado dos recursos hídricos conforme prevê o Plano Estadual de Recursos Hídricos de acordo com a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH-MG (Lei n°13.199, 29:/01/99).

SF 7

SF 8

SF 4SF 5

SF 6

Sf 9SF 10

SF 1 SF 2 SF 3

SF 3 Bacia Rio Paraopeba

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3.1.1.1 Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba

A bacia hidrográfica do rio Paraopeba situa-se a sudeste do Estado de Minas Gerais, entre os paralelos 18o 45' e 21o 00' S e os meridianos 43o30’e 45o15’ W e drena áreas densamente ocupadas, como parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A bacia abrange 35 sedes municipais, somando uma população estimada de 930.560 habitantes, numa área de drenagem de 12.091 km² O rio Paraopeba tem suas nascentes ao sul do município de Cristiano Otoni a uma altitude aproximada de 1.140m e percorre aproximadamente 510 km, segundo uma direção NNW, até sua foz no lago da represa de Três Marias. O limite do alto Paraopeba foi estabelecido na cachoeira do Salto, o médio estende-se desta cachoeira ao local denominado Fecho do Funil e o baixo deste ponto à sua foz no lago da Represa de Três Marias. O baixo Paraopeba, onde se localiza a sub-bacia objeto do presente estudo, corresponde, em extensão, a aproximadamente, a soma dos dois outros trechos. Nesta região são observados morros às vezes volumosos, arredondados, com grande raio de curvatura e entre eles vales mais ou menos amplos e rasos atingindo, algumas vezes, proporções de várzeas. Os principais tributários da margem esquerda são os ribeirões Serra Azul, Cana Brava e o rio Vermelho. Na margem direita os principais são o rio Betim e os ribeirões Sarzedo, Grande, Leitão e dos Macacos, além de seu afluente o ribeirão São João. Existem nesta UPGRH quatro reservatórios utilizados para abastecimento doméstico e industrial, são eles: Ibirité, Várzeas das Flores, Rio Manso e Serra Azul. Esses três últimos aproveitamentos, pertencentes à COPASA, permitem a transposição de vazões desta UPRH para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Quanto ao sistema de drenagem das bacias dos afluentes do rio Paraopeba, observa-se que o trecho é constituído por cursos de água perenes, devido principalmente à regularidade do regime pluviométrico e ainda pela ocorrência de formações pelíticas carbonáticas do Grupo Bambuí, que concorrem para a manutenção dos fluxos de base dos rios. A vazão média de longo termo Q5 LT é igual a 117,3 m3/s (produtividade igual a 9,75 l/s/km2), enquanto a vazão mínima de referência Q7,10 é de 31,8 m3/s (2,64 l/s/km2). Os principais problemas dos recursos hídricos da bacia do rio Paraopeba estão relacionados com a contaminação e degradação de suas águas, conseqüência da falta de tratamento dos esgotos domésticos, industriais e atividades de mineração.

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3.1.1.2 Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité

A bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité possui área total de 91,6 km2, estando inserida na bacia do ribeirão Sarzedo (Figura 3.2) e dispõe de uma rede hidrográfica muito rica, sendo que a maioria de suas nascentes estão próximas às serras do Rola-Moça, Três Irmãos, Fecho do Funil e Jangada. A Figura 3.2 apresenta a bacia do ribeirão Sarzedo, com destaque para a bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité.

Figura 3.2: Bacia do ribeirão Sarzedo- Destaque para a Bacia da Lagoa de Ibirité O ribeirão Ibirité é o principal curso d’água desta bacia, nascendo nas proximidades do Túnel do Jatobá, junto ao divisor de água das bacias do rio Paraopeba e rio das Velhas. É interceptado pela lagoa de Ibirité - da qual é o principal formador - a partir da qual passa a ser denominado ribeirão Sarzedo. Seus principais afluentes são os córregos do Rola-Moça, Bálsamo, Taboões, Pelado, Pintado e Urubu. A Figura 3.3 apresenta a delimitação da bacia da lagoa de Ibirité e de suas respectivas sub-bacias contribuintes. A Figura 3.4 a apresenta este mesmo mosaico de sub-bacias, porém sobre a foto aérea.

BELOBETIM

BRUMADINHO

IBIRITÉ

CONTAGEM

SARZEDOMÁRIO

CAMPOS

HORIZONTE

Rio Paraopeba

Rib. Ibirité

Cór. Pintado

Rib. Sarzedo

BACIA RIB. SARZEDO

SUB-BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ

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9

Figura 3.3: Sub-Bacias Pertencentes à Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité

A porção da bacia da lagoa de Ibirité localizada em Betim abrange a parte da área da sub-bacia do córrego Pintado, incluindo a área da Petrobrás e parte dos bairros Jardim Piemonte e Riacho II/ Jardim Pampulha.

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A porção da bacia da Lagoa de Ibirité em Sarzedo abrange a área no entorno da lagoa, em sua porção sul, sendo representada pelos bairros Quintas da Jangada (2º seção) e Masterville.

Figura 3.4: Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité sobre a Foto Aérea

BH

IBIRITÉ

FIAT

BETIM

REGAP

CONTAGEM

SARZEDO

SSSBBB PPPiiinnntttaaadddooo

SSSBBB PPPaaalllmmmaaarrreeesss

SSSBBB PPPeeelllaaadddooo

SSSBBB RRRiiibbb... IIIbbbiiirrriiitttééé

SSSBBB BBBaaarrrrrreeeiiirrriiinnnhhhooo

SSSBBB RRRooolllaaa MMMoooçççaaa

SSSBBB FFFuuubbbááá

SSSBBB UUUrrruuubbbuuu

SSSBBB TTTaaabbboooõõõeeesss

SSSBBB SSSuuummmiiidddooouuurrrooo

SSSBBB CCCaaammmaaarrrgggooosss

SSSBBB CCCooonnntttrrriiibbbuuuiiiçççãããooo DDDiiirrreeetttaaa LLLaaagggoooaaa

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11

A Tabela 3.1 apresenta a área de cada sub-bacia pertencente à bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité, bem como o município em que elas se inserem.

Tabela 3.1: Áreas das Sub-bacias Pertencentes à Bacia da Lagoa de Ibirité

Sub-bacia Área da Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité (km2)

Ibirité Sarzedo Contagem Betim BH TOTAL Cór. Pintado 3,27 - 0,12 13,09 - 16,48 Cór. Palmares 6,02 - - - - 6,02 Cór. Pelado 6,88 - 0,09 0,04 - 7,01 Rib. Ibirité 13,25 - - - 13,25 Contribuição Direta Lagoa Ibirité 7,58 3,26 - - - 10,84 Cór. Sumidouro 4,91 1,18 - - - 6,09 Cór. Camargos 1,25 0,87 - - - 2,12 Cór. Taboões 9,51 - - - - 9,51 Cór. Urubú 4,55 - - - - 4,55 Cór. Fubá 3,94 - - - - 3,94 Cór. Rola Moça 4,98 - - - - 4,98 Cór. Barreirinho 6,60 - - - 0,21 6,81 TOTAL 72,87 5,31 0,12 13,09 0,21 91,60

A Figura 3.5 a seguir apresenta a porcentagem da área da bacia de lagoa Ibirité, segundo os municípios abrangidos por esta. Destaca-se que, aproximadamente 79,6% da bacia estão situados no município de Ibirité.

Figura 3.5: Porcentagem da Área da Bacia da Lagoa de Ibirité por Município

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A. Ribeirão Ibirité O ribeirão Ibirité sofre considerável degradação ambiental ao longo do seu curso, recebendo os esgotos "in natura" da cidade de Ibirité. A criação de animais, a extração de areia em suas margens e a erosão do solo na sua bacia de contribuição, originada pela ocupação urbana desordenada, tem contribuído para a degradação da qualidade de suas águas.

Figura 3.6: Ribeirão Ibirité no Bairro Jardim das Rosas- Notar presença de lixo e entulhos em sua margem

A calha fluvial do ribeirão Ibirité tem sido palco de ocorrências de erosões e inundações marginais, ocasionadas tanto por efeitos de remanso provocado pelos níveis d’água da lagoa de Ibirité, quanto pela ocupação desordenada das suas áreas de contribuição.

Figura 3.7: Ribeirão Ibirité Bairro Jardim das Rosas - Notar Proximidades de Casas à

Direita e Travessia de Gado no Ribeirão

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B. Córrego Pelado (ou Córrego do Retiro) O córrego Pelado é um afluente da margem direita do ribeirão Ibirité, que nasce e se desenvolve em grande parte, no Distrito de Durval de Barros, como pode ser visto pela Figura 3.8. Este distrito é uma região bastante adensada, sendo que a ocupação desta região remonta a uma época em que a aprovação dos loteamentos era feita sem exigir nenhuma infra-estrutura urbana, inclusive a de pavimentação das ruas, e permitiu a formação de grandes erosões e, conseqüentemente, de grande assoreamento em seu leito.

Figura 3.8: Vista Aérea da Sub-Bacia do Córrego Pelado

O córrego Pelado é responsável por grande parcela da contribuição de carga orgânica para lagoa de Ibirité, em função da elevada taxa de ocupação em sua bacia e devido

Durval de Barros

BH

SSUUBB--BBAACCIIAA PPEELLAADDOO

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ao fato dos esgotos sanitários desta região, serem lançados sem qualquer tipo de tratamento, neste curso d’água e em seus afluentes.

Figura 3.9: Córrego do Pelado, 300m a montante do seu lançamento no ribeirão Ibirité-

Notar Lançamento de Esgoto Neste Córrego

Recentemente foi executada a canalização deste córrego, numa extensão de 3,2km, sendo parte em seção fechada (bairro Vila Ideal) e parte em seção aberta (nas proximidades dos bairros Aparecida e Serra Dourada) e instalados interceptores de esgoto em ambas as margens ao longo do canal. Entretanto, o sistema viário ao longo deste fundo de vale ainda não foi implantado. Pode-se observar a partir da Figura 3.10, que, a princípio, a várzea de inundação deste córrego, nos bairros Aparecida e Serra Dourada, não é muito urbanizada, evidenciando que a solução de canalização adotada neste local configura uma concepção tipicamente contrária às tendências atuais de tratamento de fundo de vale, que prioriza a manutenção dos córregos em seu leito natural. As canalizações geram um impacto certo e irreversível em função da área revestida pela compactação e impermeabilização das margens, mesmos que estas apresentem características de áreas alteradas. Este efeito sela a superfície, fazendo com que parte das águas de precipitação não se infiltre para recarregar as zonas aqüíferas em sub-superfície, incrementando o fluxo superficial e alterando o regime hídrico do córrego. Canalizações como essas do córrego Pelado trazem uma série de conseqüências ambientais negativas, causada pelo aumento da velocidade da água que contribui para a transferência da cheia para jusante e para a eliminação das comunidades aquáticas. Além disso, há o prejuízo do ponto de vista cênico.

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Figura 3.10: Canalização do Córrego Pelado- Bairros Aparecida e Serra Dourada

C. Córrego do Pintado A sub-bacia do córrego Pintado possui área total de 16,48 km2, sendo que 79,4% da área desta sub-bacia está localizada no município de Betim, 19,9% no município de Ibirité e 0,7% no município de Contagem. Esta sub-bacia é cortada pela rodovia Fernão Dias-BR-381. Seus limites são: a Norte e Nordeste, o divisor de bacia com o córrego Imbiruçu, em níveis altimétricos que variam entre 906 e 971 metros, a Oeste, com o divisor de bacia do córrego Sarzedo, cujo interflúvio encontram-se a 925 metros de altitude, ao Sul, o nível de base local, a lagoa de Ibirité, com altitude de 780 metros, a Sudeste, com o divisor de bacia do córrego do Retiro ou Pelado, com altitude que variam entre 856 a 1002 metros e a Leste, divisas de município entre Betim, Contagem e Ibirité, onde estão as nascentes do córrego do Pintado. A sub-bacia é cortada a Norte, nos sentidos Sudeste/Nordeste pela rodovia BR 262/381, que liga Belo Horizonte São Paulo e ao Triângulo Mineiro, com trevo de ligação próximo a Regap, chegando até a sede municipal de Ibirité. O córrego Pintado é um afluente da margem direita do ribeirão Ibirité, sendo que suas nascentes estão localizadas em área urbana do município de Betim.

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Os bairros junto às nascentes do córrego Pintado em Betim, Jardim Piemonte e Riacho II/ Jardim Pampulha, encontram-se em processo de ocupação, estando ainda desprovido de infra-estrutura de saneamento adequada, recebendo uma expressiva carga de poluentes, que degradam a qualidade de suas águas. No restante de sua área em Betim a sub-bacia do córrego Pintado possui baixo índice de urbanização, tendo como particularidade o fato de nela estarem situadas as instalações industriais da refinaria de petróleo da Petrobrás – REGAP.

Figura 3.11: Vista Aérea da Sub-Bacia do Córrego Pintado

BR-381-Fernão Dias

REGAP

Piemonte

Riacho II

Petrovale

Petrolina

Distrito Industrial

Distrito Industrial

SUB-BACIA PINTADO

BETIM

IBIRITÉ

CONTAGEM

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As Figuras 3.12 e 3.13 apresentam imagens do córrego Pintado, antes e depois da REGAP.

Figura 3.12: Córrego Pintado, nas proximidades da BR-381, à montante

da REGAP

Figura 3.13: Córrego Pintado, nas proximidades da Usina Termoelétrica

Aureliano Chaves, à jusante da REGAP À jusante da REGAP, o córrego Pintado recebe seu maior afluente o córrego Palmares (Figura 3.14), que recebe o esgoto in natura dos bairros Cascata, Petrolina, Palmeiras e Bela Vista.

Figura 3.14: Encontro dos córregos Pintado e Palmares, a jusante da REGAP

Córrego Pintado

Córrego Palmares

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A Figura 3.15 apresenta a vista aérea da sub-bacia do córrego Palmares.

Figura 3.15: Vista Aérea da Sub-Bacia do Córrego Palmares

Figura 3.16: Córrego Palmares, no Bairro Cascata (a montante de sua confluência no

córrego Pintado)

VViillaa PPeettrroolliinnaa

PPeettrroolliinnaa

CCaassccaattaa

PPaallmmiirraa

PPaallmmeeiirraass

BBeellaa VViissttaa

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D. Córregos Rola-Moça, Bálsamo e Taboões Nas encostas da Serra do Rola Moça nascem os afluentes do ribeirão Ibirité: Taboões, Rola Moça e Bálsamo, antigos mananciais de suprimento de água por gravidade para Belo Horizonte, que até hoje permanecem funcionando integrados ao sistema metropolitano de abastecimento de água da COPASA MG. Uma vista área de cada uma destas sub-bacias é apresentada a seguir:

Figura 3.17: Vista Aérea da Sub-Bacia do Córrego Rola Moça e Bálsamo Pela proximidade, as sub-bacias do Bálsamo e Rola-Moça possuem características semelhantes e estão compreendidas no mesmo perímetro da Área de Proteção Especial – APE Bálsamo e Rola-Moça, na qual estão inseridas as nascentes, cujas águas são captadas pela COPASA. Prevalecem nas áreas naturais algumas alterações localizadas, como a supressão da vegetação em alguns locais e a conseqüente presença de solo exposto. Na sub-bacia do Córrego do Rola-Moça, ressalta-se a presença de voçoroca e, em suas nascentes principais, em relevo bastante escarpado, são observados descartes de vários veículos provenientes de roubos ocorridos nas redondezas. Na sub-bacia do córrego do Bálsamo, algumas nascentes estão inseridas no perímetro de um empreendimento minerário e, ao longo da mesma, são verificados focos de erosão laminar e em sulco.

BBoossqquuee

VViissttaa AAlleeggrree

SSUUBB--BBAACCIIAA DDOO CCÓÓRRRREEGGOO RROOLLAA

MMOOÇÇAA ee BBÁÁLLSSAAMMOO

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Figura 3.18: Sub-Bacia do Córrego Taboões

Na sub-bacia do córrego Taboão prevalece áreas naturais, mas com alterações localizadas, como aquelas decorrentes de atividades minerárias, supressão da vegetação, solo exposto e focos erosivos com a presença de voçoroca. Ressalta-se que uma das principais nascentes do córrego Taboão encontra-se uma área de atividade minerária. Inserido no perímetro da APE Taboão, no limite do Parque Estadual do Rola-Moça, observa-se a disposição inadequada dos resíduos sólidos provenientes do município de Ibirité (antigo lixão e atual aterro controlado). Como conseqüência, visualmente é verificada grande quantidade de sacos plásticos ao longo da estrada localizada dentro desta sub-bacia, ligando esta área à sede do município de Ibirité.

SSUUBB--BBAACCIIAA CCÓÓRRRREEGGOO TTAABBOOÕÕEESS

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As bacias dos córregos Rola-Moça, Bálsamo e Taboões são protegidas por decreto de preservação especial (APE). As águas dos Córregos Taboão, Rola-Moça e Bálsamo, nos trechos onde é realizada a captação pela COPASA, estão enquadradas pela Deliberação Normativa do COPAM DN 14/95 (COPAM, 1995) como Classe Especial.

Figura 3.19: Represa Principal do Córrego Taboão

Figura 3.20: Represa Principal do Córrego Rola Moça

Figura 3.21: Represa Principal do Córrego Bálsamo

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E. Córrego Barreirinho

A bacia do córrego Barreirinho possui uma parte protegida à montante nas encostas da Serra do Rola Moça, que deverá continuar assim, tendo em vista que não há condições de efetuar expansão urbana nesta área. Entretanto, a parte baixa já sofre os impactos da urbanização descontrolada, principalmente nos bairros Vila Primavera e Água Dourada. Esta situação deverá ser equacionada com os investimentos previstos para estes bairros, pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), beneficiando 4,8 mil famílias. O córrego Barreirinho, que passa pelas duas comunidades, será despoluído e, ao longo deste será construída uma área de lazer. Cerca de 190 apartamentos serão construídos para abrigar as famílias residentes nas margens do córrego e de encostas. Serão instaladas redes de água e esgoto, drenagem, iluminação pública e pavimentação. O investimento será de R$ 60 milhões, com participação federal de R$ 56,3 milhões.

Figura 3.22: Sub-Bacia do Córrego Barreirinho

ÁÁgguuiiaa DDoouurraaddaa

VViillaa PPrriimmaavveerraa

MMoorraaddaa ddaa SSeerrrraa

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F. Ribeirão Sarzedo A jusante da lagoa de Ibirité, após receber a contribuição dos córregos Tabatinga e Capão da Serra, o ribeirão Sarzedo faz limite entre Ibirité e Betim, até desaguar no rio Paraopeba. Seus afluentes neste trecho são os córregos Capão da Serra, Valongo ou das Porteiras, Bom Jardim, Campo Belo ou Quilombo e Capão Grande.

Figura 3.23: Ribeirão Sarzedo, a jusante da Lagoa de Ibirité

O ribeirão Sarzedo tem uma bacia hidrográfica com a área de 180 km, abrangendo os municípios de Betim, Ibirité, Sarzedo e Mario Campos. Este curso d’água é afluente do rio Paraopeba pela sua margem direita. Seus afluentes principais são os córregos: Ibirité, do Pintado, Capão da Serra e Lambari. 3.1.2 Relevo Os aspectos geomorfológicos do sítio natural de Belo Horizonte definem-se em três províncias bem caracterizadas:

- Quadrilátero Ferrífero, - Bacia Sedimentar, - Depressão de Belo Horizonte.

A área da Bacia da lagoa de Ibirité estende-se na última província, definida como depressão do tipo periférica, ou seja, uma zona rebaixada, delimitada pelas bordas abruptas de um maciço antigo e pelo relevo pouco pronunciado das bordas de uma bacia sedimentar. Nesta área predominam as colinas de topo plano a arqueado com encostas côncavo-convexas e altitudes entre 800 – 900 m, formadas pela dissecação fluvial das áreas gnáissicas, que se iniciam com as primeiras elevações da serra do Curral e avançam até as proximidades do município de Vespasiano ao norte, Pedro Leopoldo a noroeste, Santa Luzia a nordeste e estende-se para oeste na direção de Betim.

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A conformação do relevo da bacia corresponde a um vale amplo, de direção NE/SW (determinada pelos lineamentos estruturais), apresentando grande declividade em direção a cidade de Betim. Lateralmente a este terraço de nível erguem-se colinas côncavos-convexas e pães-de-açúcar que atingem altitudes de 1.000 a 1.050 metros próximo às cabeceiras, decrescendo na direção sudoeste, até atingir a calha do rio Paraopeba (700 metros). Diferentemente da maior parte das colinas, os espigões apresentam encostas de média a alta declividade muito vulneráveis ao escoamento torrencial. Expressivos depósitos coluviais inconsolidados formam-se nas partes baixas das encostas e interdigitam-se a jusante com sedimentos aluviais Do ponto de vista topográfico, a área se situa dentro de uma região composta por pequenos morros, como o existente próximo à REGAP, cuja altitude atinge cerca de 972 m. De um modo geral a topografia na região da REGAP é complexa, formada por duas bacias: uma que envolve o centro da cidade de Contagem e outra composta por morros que contornam o empreendimento, formando um pequeno divisor entre a REGAP e a parte urbanizada de Betim. Essa conformação topográfica, que contorna a refinaria, deu origem a um sistema semi-fechado, dificultando a ventilação, caracterizando a região em determinadas épocas do ano, com velocidades de vento fracas, proporcionando altas taxas de calmaria, e com isso, dificultando a dispersão de poluentes, particularmente nos meses de outono-inverno. Devido a essa característica, foi elaborado um arquivo de topografia, na definição da grade para aplicação do modelo matemático de dispersão, de tal modo que represente o máximo possível os efeitos do relevo sobre o transporte e difusão de poluentes na região de influência do empreendimento. Uma visão da topografia de parte da área da bacia da lagoa de Ibirité é apresentada na Figura 3.24:

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Fonte: Estudo de Impacto Ambiental da Usina Termelétrica de Ibirité- 2000

Figura 3.24: Vista da Topografia de Parte da área da Bacia da Lagoa de Ibirité

3.1.3 Geologia / Geomorfologia A bacia da lagoa de Ibirité está localizada no Complexo Metamórfico Belo Horizonte, sendo que a Serra do Rola Moça faz junção entre o Anticlinal da Serra do Curral e o Sinclinal Moeda, ocupando uma faixa dominada por rochas do Supergrupo Minas. Os Complexos metamórficos são constituídos por rochas granito-gnáissicas que formam o embasamento cristalino e chegam a ter idade de 3,2 Ga. O Complexo Belo Horizonte é também chamado de Complexo Granito-Gnáissico e é constituído por rochas gnáissicas arqueanas, parcialmente remobilizadas e

REGAP

Lagoa de Ibirité

Contagem Centro-

Ibirité

Centro- Betim

Lagoa Ibirité

REGAP

FIAT

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migmatizadas no Paleoproterozóico onde, predominam as rochas gnáissico – migmatíticas, localmente milonitizadas, cujas formações superficiais são representadas por solos residuais de espessura variada. Integra a unidade geomorfologica da Depressão Belo Horizonte, e em seu relevo predominam as colinas de topo plano a arqueado com encostas côncavo – convexas e altitudes média entre 800 – 900 metros. Essas rochas quando sãs são resistentes e apresentam cristais milimétricos a centimétricos bem visíveis. A porção ao sul da bacia em estudo encontra-se na borda noroeste do domino geológico do Quadrilátero Ferrífero. Representado pela Serra do Rola Moça como a parte oeste deste, apresentando diversidade litoestrutural e morfológica e o relevo acidentado, típico de regiões onde afloram as rochas do Super Grupo Minas. A bacia da lagoa de Ibirité, em sua parte norte e nordeste, está inserido na grande unidade geomorfológica do Cráton do São Francisco, que é representado pelo núcleo crustal do centro - leste do país, tectonicamente estável do final do Paleoproterozóico e margeado por áreas que sofreram regeneração no Neoproterozóico. Possui como limite meridional o Quadrilátero Ferrífero, região de geologia complexa, conseqüência de mais de uma fase de deformação e metamorfismo. O relevo é mais acentuado a Sul e Sudeste onde ocorre o encontro com o Rola Moça e a noroeste e oeste se encontram as cotas mais baixas.

Figura 3.25: Vista de Ibirité (notar ao fundo a Serra do Rola Moça)

A sudoeste e a oeste desta bacia está dentro do Complexo granito – gnaisse e por isso, tem um relevo menos acentuado, com encostas suaves e colinas policonvexas levemente onduladas, ocorre na área da lagoa de Ibirité. Onde as formações do Supergrupo Minas afloram a Sul e Sudeste, topograficamente predominam elevações constituídas por corpos remanescentes de itabiritos compactos, vales de acumulação de solo, laterita, minério rolado e às vezes bauxita, além de extensos chapadões de canga, mais ou menos ondulados, e sob os quais concentram – se as principais ocorrências de minério. Os talvegues demonstram a diferenciação litológica com vales impostos das formações pré-cambrianas do centro do estado e são características da drenagem da área.

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Depósitos aluvionares inconsolidados compostos por argilas, areias e cascalhos são encontrados associados às drenagens locais. A estratigrafia encontra-se topograficamente invertida na Serra do Rola Moça, ou seja, as rochas mais novas do Grupo Sabará encontram-se nas cotas mais baixas e as rochas mais velhas do Supergrupo Minas estão dispostas no topo da serra, sustentando o relevo. O Grupo Sabará é representado por um pacote espesso de rochas metassedimentares e metavulcânicas associadas. Composta de espessa seqüência de xistos e filitos com metagrauvacas e metavulcânicas em menor proporção, de espessura total de 3500 metros. O contato entre os xistos e filitos do Grupo Sabará e o embasamento granito-gnáissico é tectônico, ao longo de uma zona de cisalhamento. Nas partes mais elevadas no sentido SE os gnaisses do Complexo Belo Horizonte cedem lugar às rochas supracrustais dobradas do Supergrupo Minas, que sustentam as Serras Três Irmãos e Rola Moça, conformando estreitos e altos espigões rochosos nas partes mais elevadas. No domínio do Grupo Piracicaba observa-se o aspecto suavemente ondulado dos terrenos. O alto espigão é sustentado pelos itabiritos do Grupo Itabira. A conformação do relevo no entorno da lagoa de Ibirité repete as características morfológicas da Depressão de Belo Horizonte. Trata-se de um vale amplo, de direção NE/SW (determinada pelos lineamentos estruturais), com cotas em torno de 800 metros. Lateralmente a este terraço de nível, erguem-se colinas côncavos-convexas e pães-de-açúcar que atingem altitudes de 1000 a 1050 metros próximo às cabeceiras, decrescendo na direção sudoeste, até atingir a calha do rio Paraopeba (700 m). A declividade do terreno varia de 0 a 25%. Observam-se vários pontos de erosão laminar, e alguns voçoramentos, sobretudo nos bairros localizados nas faixas das colinas, onde a falta de critério no arruamento e a ausência de dispositivos de drenagem têm agravado o quadro. 3.1.4 Hidrogeologia Na bacia da lagoa de Ibirité dois Sistemas Aqüíferos estão presentes, o Sistema Aqüífero Gnáissico-Granítico (predominante) e o Sistema Aqüífero Xistoso. A) Sistema Aqüífero Gnáissico-Granítico O sistema aqüífero predominante na bacia da lagoa de Ibirité é do tipo Gnáissico – Granítico (Complexo Barbacena). A capacidade de infiltração destes aqüíferos é baixa devido aos solos argilosos pouco permeáveis. O Sistema Aqüífero Gnáissico-Granítico é constituído por rochas do Complexo Belo Horizonte. Apresenta comportamento de aqüífero livre, do tipo fissurado, onde o armazenamento se dá por meio de permeabilidade secundária, em feições originadas por processos de natureza tectônica rúptil, ou seja, fraturas, falhas, fendas e diáclases. Devido a este condicionamento estrutural, são heterogêneos, anisotrópicos e de ocorrência localizada. A variação dos tipos rochosos também reflete na grande variabilidade dos parâmetros hidráulicos. De modo geral, os gnaisses apresentam baixas produtividades, restritas a zonas fraturadas. A produtividade pode ser ampliada localmente na presença de material poroso associado, como um espesso manto de intemperismo ou interseção de outras

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fraturas. A permeabilidade geralmente é baixa, sendo a qualidade química da água geralmente boa. O aqüífero cristalino tem porosidade média em torno de 1%, aumentando em zonas muito fraturadas, onde pode chegar a 3%. A disponibilidade hídrica observada nos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos na bacia do rio Paraopeba, na qual a lagoa de Ibirité está inserida, é inferior a 0,2L/s.m. As características hidrodinâmicas dos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos e a baixa capacidade de infiltração dos solos por ele gerados condicionam vazões máximas de explotação inferiores a 5,0L/s. Para as rochas do Subgrupo Paraopeba são observadas vazões máximas explotáveis da ordem de 60,0L/s e médias de 40,0L/s.

Figura 3.26: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH Paraopeba– SF3. B) Sistema Aqüífero Xistoso O Sistema Aqüífero Xistoso é também do tipo fraturado, corresponde ás áreas dominadas pelo Supergrupo Rio das Velhas. Este é caracterizado por uma seqüência metavulcanoclástica e se divide em Grupo Nova Lima e Grupo Maquiné. O armazenamento específico médio desse sistema é da ordem de 300 mm. Ainda neste sistema encontram-se as rochas correspondentes às formações ferríferas bandadas da Formação Cauê. Quando friáveis estas apresentam comportamento de aqüífero granular, com elevado potencial hidrogeológico, consiste no principal reservatório de água subterrânea da região do Quadrilátero Ferrífero, é bastante heterogêneo, condicionado pela composição mineralógica e pelo nível de intemperismo sofrido. Na Bacia do Rio Paraopeba as vazões de exploração dos aqüíferos Xistosos apresentam valores entre 5,0 a 10,0L/s, as vazões específicas também são baixas, variando entre 0,2 e 0,5L/s.m, a transmissividade hidráulica varia de 52 a 3400 m2/dia, a ordem dos

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coeficientes de armazenamento está entre 10-3 e 10-1 a reserva explotável é de 4,1x109 m3. Os principais usos de águas subterrâneas na bacia do Paraopeba, de acordo com as captações outorgadas, destinam-se ao consumo humano / abastecimento público e consumo industrial, cada um com 33% das outorgas concedidas na área; seguidos por dessedentação de animais (23%) e em menor quantidade irrigação (8%). Até dezembro de 2003 as outorgas concedidas totalizavam 132; as vazões outorgadas correspondentes somam 4.205,0 m3/h. 3.1.5 Pedologia De maneira geral, os solos presentes na bacia da lagoa de Ibirité indicam a forte associação com a geologia refletindo sua interação com o clima e com os condicionantes estruturais. Na área de afloramento do Complexo Belo Horizonte predomina a presença de cambissolos distróficos e latossolos distróficos vermelho-amarelados, com textura média, são raras as presenças de manchas de solos podzólicos vermelho-amarelos, distróficos ou eutróficos. Os solos de alteração de rochas gnáissicas formam espessas camadas sobre o substrato rochoso e correspondem as maiores elevações no relevo de colinas médias e pequenas. Frequentemente estes solos encontram-se expostos à ação das intempéries devido à remoção da delgada proteção do solo residual argiloso, pratica esta decorrente da intensa ocupação da área. Expostos, estes solos, de fácil escavação e desmonte, apresentam grande suscetibilidade a erosão laminar e linear, com a ocorrência de processos como rastejo, ravinamento, voçorocas e assoreamento de cursos d’água. Eliminada esta camada, encontra-se, bruscamente a rocha sã, de difícil desmonte. Ao longo do ribeirão Ibirité e do córrego Sarzedo ocorrem planícies aluviais, constituídas por sedimentos quaternários, de textura indiferenciada, com solos eutróficos e declividade baixa (PfAe). Na porção a nordeste da área ocorrem as colinas mais altas, com altitudes superiores a 1000 metros em formas de “pães de açúcar”, onde as rochas encontram-se expostas. Entre estas feições, pode-se observar as formações de selas topográficas e talvegues, com altitudes em torno dos 900 metros, apresentam perfis convexos ou côncavos, com desníveis de até 150 metros em declividades de até 50%. Nas colinas presentes no restante da área predominam as coberturas de solo da alteração dos gnaisses do Complexo Belo Horizonte. Neste contexto, as declividades geralmente são inferiores a 20%, com altitudes entre 800 e 900 metros. As drenagens situam-se acima das cotas de 800 metros e configuram um padrão dendrítico, sendo relativamente encaixados em vales abertos e apresentam pequenas vazões. Nas proximidades da REGAP ocorrem apenas várzeas pequenas, restritas a algumas drenagens.

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3.1.6 Clima Pela sua posição geográfica, Ibirité sofre influência de massas polares e sistemas atmosféricos derivados de frentes. A circulação atmosférica está relacionada à atuação da Massa Equatorial Continental, Massa Tropical Atlântica e Massa Polar Atlântica. O clima, tipo tropical de altitude (ou mesotérmico úmido), tem duas estações bem definidas: o verão, de outubro a abril, período mais quente e chuvoso, quando atuam as massas Tropical Atlântica e Equatorial Continental. Esta última, devido a sua grande umidade e instabilidade, é responsável pelas chuvas que incidem sobre a cidade naqueles meses. No inverno, de maio a setembro, o clima é seco e mais frio e as incursões da Massa Polar Atlântica são responsáveis por quedas bruscas de temperatura. A temperatura média anual é de 23ºC, sendo que a média do mês mais quente corresponde a 29,4ºC e a do mês mais frio é igual a 16,8ºC. As condições topográficas da área são responsáveis pela redução das temperaturas no verão e no inverno. O regime pluviométrico em Ibirité é tipicamente tropical, com uma média anual de 1.480mm e 100 dias de chuvas. Destaca-se neste aspecto o mês de dezembro onde são observados os índices mais elevados - 300 mm - e o mês de julho, que apresenta o menor índice - 10 mm. De outubro a março ocorre cerca de 89% da média anual de pluviosidade. Os ventos predominantes têm sua origem no núcleo das altas pressões subtropicais, atuante durante todo o ano e responsável pela estabilidade do tempo e da circulação atmosférica, alterada quando de invasões de correntes perturbadas. As velocidades máximas anuais dos ventos situam-se em torno de 56 km/h, podendo ser eventualmente observadas velocidades de rajada de 85 km/h com duração de dois minutos. A média anual oscila entre 1,4 a 2,0 m/s (5 a 7 km/h), sendo predominantes os ventos na direção NE primário e E secundário. 3.1.7 Qualidade do Ar A fonte de emissão predominante na bacia da lagoa de Ibirité é a REGAP, além de outras indústrias da região, a rodovia e demais fontes dispersas. A Usina Termoelétrica Aureliano Chaves, por operar apenas poucos dias ao ano, não representa uma fonte significativa, embora, quando em atividade, possa trazer um incremento nas concentrações de pico, particularmente os óxidos de nitrogênio. Além disso, a área está sujeita às cargas poluidoras da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para a determinação das concentrações de poluentes na área da bacia, foram utilizados dados da rede de estações de monitoramento da qualidade do ar na Região de Belo Horizonte, fornecidos pela FEAM. Há duas estações de monitoramento localizadas nos bairros Cascata e Petrovale, e foram analisados dados do período de 2002 a 2006. A estação Cascata está localizada na Escola Estadual José Rodrigues Betim, à Rua Padre Eustáquio, 881, Bairro Cascata - Ibirité – MG, ao sul da REGAP. A estação

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Petrovale está localizada na Rua Argentina, 64 – Bairro Petrovale – Betim – MG, na Escola Municipal Valério Ferreira Palhares.

Fonte: EIA/RIMA de Ampliação da REGAP

Figura 3.26: Localização das Estações de Monitoramento da Qualidade do Ar

Considerando a direção predominante dos ventos, a carga de poluentes gerada na REGAP é, principalmente, dirigida aos bairros Jardim das Rosas e Petrovale, situados a sul e sudoeste da refinaria. As estações de monitoramento de Cascata e Petrovale, ambas situadas na direção dos ventos preferenciais em relação à REGAP, são pontos onde se encontram as maiores concentrações dos poluentes originados nesta. A qualidade do ar na bacia é boa, sendo mantidos os padrões de qualidade do ar para todos os poluentes primários, a despeito de se tratar de uma região com intensa atividade industrial. As concentrações de poluentes estão próximas do ponto de saturação apenas para partículas inaláveis, sem que se observem ultrapassagens dos padrões deste poluente desde 2003. O dióxido de enxôfre e dióxido de nitrogênio encontram-se em níveis abaixo de 50% do PQAR, o monóxido de carbono também se apresenta em níveis baixos; o ozônio é o único poluente com ultrapassagens sistemáticas do PQAR o que, por se tratar de poluente secundário, deve-se ao posicionamento da região em relação à área central da Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde são gerados os precursores dos oxidantes fotoquímicos.

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3.1.8 Qualidade das Águas Superficiais 3.1.8.1 Monitoramento do Projeto Água de Minas

Na bacia do rio Paraopeba são operadas 22 estações de amostragem do Projeto Águas de Minas3 no âmbito da macro-rede de monitoramento. Destas estações, 10 estão distribuídas ao longo do rio Paraopeba, 2 no rio Betim e 2 no rio Maranhão. Os demais corpos de água, quais sejam: rios Camapuã e Manso e ribeirões Casa Branca, Catarina, Cedro, Grande, São João e Sarzedo, possuem apenas 1 estação. Portanto, apenas a estação do ribeirão Sarzedo, á jusante da lagoa de Ibirité, pode ser aproveitado para atestar a qualidade da água nesta sub-bacia. O ribeirão Sarzedo próximo de sua foz no rio Paraopeba (Estação BP086) apresentou média anual do Índice de Qualidade das Águas – IQA na faixa Ruim em 2007. A Tabela 3.2 apresenta a evolução do IQA para esta estação.

Tabela 3.2: Evolução do IQA – Estação Amostragem BP 086

Estação Corpo de água

Localização Média Anual do IQA 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

BP086 Ribeirão Sarzedo

Jusante do município de Ibirité, junto à foz no rio Paraopeba

Médio Médio Médio Ruim Médio Médio Ruim

Fonte: IGAM, Instituto Mineiro de Gestão das àguas

Figura 3.27: Localização da Estação Amostragem BP 086

3 O Projeto "Águas de Minas" é responsável pelo monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas de Minas Gerais. Em execução desde 1997, o programa disponibiliza uma série histórica da qualidade das águas no Estado e gera dados indispensáveis ao gerenciamento correto dos recursos hídricos.

Ibirité

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Em 2005 os parâmetros que influenciaram o resultado do IQA foram, principalmente, coliformes termotolerantes e turbidez. Os coliformes termotolerantes mostraram resultados em desconformidade com o padrão de Classe 2 nas primeira e segunda campanhas de 2005, refletindo a interferência dos lançamentos de esgotos dos municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos. A concentração de fósforo total superou o limite estabelecido na legislação apenas na quarta campanha de amostragem de 2005, em função dos novos limites instituídos pela Resolução CONAMA 357/05. Esses resultados indicam a contribuição de poluição originada dos esgotos sanitários e efluentes industriais, na degradação das águas do ribeirão Sarzedo. O manganês mostrou valores acima do limite da legislação em todas as campanhas de 2005, sobretudo no período chuvoso, assim como no ano anterior. A área de contribuição do ponto de amostragem BP086 insere-se no Quadrilátero Ferrífero, indicando que os teores observados deste metal é de origem natural, embora sejam potencializados pelas atividades minerárias desenvolvidas na região. A contaminação por tóxicos apresentou-se média no ribeirão Sarzedo em 2005, com melhoria em função dos valores menos restritivos de fenóis totais instituídos pela Resolução CONAMA 357/05. Houve apenas um registro de ocorrência acima do padrão legal na quarta campanha anual. 3.1.8.2 Monitoramento da REGAP

A REGAP faz o monitoramento da qualidade das águas da lagoa de Ibirité e do córrego Pintado, por meio de oito pontos, sendo cinco deles localizados na área de contribuição da lagoa de Ibirité (ambiente lótico) e três pontos na própria lagoa (ambiente lêntico). Pontos amostrados em ambiente lótico:

Ponto 0 – córrego Pintado, a montante da área de influência da REGAP. Ponto 1 – córrego Pintado, após o lançamento de efluentes da REGAP. Ponto 1 A – córrego Pintado, a montante da confluência do ribeirão Ibirité Ponto 1 B – ribeirão Ibirité, a montante do córrego Pintado. Ponto 1C – ribeirão Ibirité, próximo ao deságüe na lagoa de Ibirité.

Pontos amostrados em ambiente lêntico:

Ponto 2 - lagoa de Ibirité, próximo ao ponto de captação de água para REGAP Ponto 3 – lagoa de Ibirité, na entrada do braço do Clube de Funcionários da

REGAP. Ponto 4 – lagoa de Ibirité, no braço do ribeirão Ibirité.

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A) Indicadores da Qualidade de Àgua A.1) AMBIENTES LÓTICOS As Tabelas 3.3 e 3.4 apresentam as características físico-químicas em ambientes lóticos (córrego pintado e ribeirão Ibirité), nos pontos amostrados, em junho e dezembro de 2006.

Tabela 3.3: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lóticos (Jun/2006)

Corpo Receptor Semestral (mg/L) Limite de Detecção

do Método (mg/L)

Análise Ambiente Lótico - Pontos 0 1 1A 1B 1C

Ata 0,15 0,15 0,14 1,10 < 0,10 0,10 Amônia 1,35 4,72 1,40 7,90 6,40 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobalto <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 0,01 Coliformes Fecais

100 24.810 12.910 30.760 3.730 1 (*) Cond. Elétrica (µs/cm) 242,2 939,7 1.051,3 191,9 530,70 0,01

DBO <2,00 4,04 <2,00 <2,00 3,00 2,00 Fenóis 0,009 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,001 Fosfato Total 0,30 0,80 0,64 2,04 1,60 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Níquel <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Nitrato <5,0 <5,0 7,30 7,40 <5,0 5.009,7 Óleo e graxa 9,70 8,10 9,60 8,40 8,70 1,40 OD 8,44 7,27 4,09 7,95 2,26 0,10 pH 7,65 7,49 6,77 7,27 6,96 0,10 Sólidos Dissol. 167,12 648,40 725,40 132,30 366,20 0,10 Sulfato 2,70 184,20 233,30 3,60 51,70 1,00 Sulfeto <1,00 <1,00 <1,00 <1,00 <1,00 1,00 Turbidez (NTU)

10,10 11,40 5,70 14,10 9,50 0,05 ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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Tabela 3.4: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lóticos (Dez/2006)

Corpo Receptor Semestral (mg/L) Limite de

Detecção do Método

(mg/L)

Análise Ambiente Lótico - Pontos 0 1 1A 1B 1C

Ata <0,10 <0,10 <0,10 0,20 0,20 0,10 Amônia 0,70 2,23 3,00 3,90 4,30 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobalto <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 0,01 Coliformes Fecais

100 2.700 7.440 16.700 4.220 1 (*) Cond. Elétrica (µs/cm) 295,40 647,50 830,60 292,90 481,00 0,01

DBO 12,50 28,50 18,50 11,50 14,50 2,00 Fenóis <0,001 <0,001 <0,002 0,003 <0,001 0,001 Fosfato Total 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Níquel <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Nitrato <5,0 <5,0 7,30 7,40 <5,0 5.009,7 Óleo e graxa 4,20 7,40 3,70 4,20 5,10 1,40 OD 5,50 8,20 5,20 5,90 2,50 0,10 pH 7,70 7,40 7,30 6,80 7,00 0,10 Sólidos Dissol. 203,80 446,80 573,10 202,10 331,90 0,10 Sulfato 4,10 97,10 151,10 5,00 26,60 1,00 Sulfeto ND ND ND ND ND 1,00 Turbidez (NTU) 18,10 23,20 15,70 15,30 19,20 0,05

ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

i. Indicadores do Estado Trófico

A variação da concentração de nitrogênio amoniacal foi de 0,70 a 7,90mg/L nos pontos de coleta indicando uma condição de eutrofização.

Os dados relativos a concentração de nitrato indicam que em todos os pontos de amostragens eles ficaram abaixo de 5,0 mg/L a exceção dos pontos 1B e 1C (limite de detecção).

Por outro lado, o teor de fosfato total (de 0,15 a 2,04 mg/L) é indicativo de ambientes em estado eutrófico de acordo com a classificação de Wilweider.

De modo geral, os dados indicam que existe uma presença significativa de fosfatados, e de nitrogenados. Estas concentrações de fósforo muito elevadas constatadas principalmente em junho de 2006 propiciam desenvolvimento blooms nas comunidades de algas.

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ii. Indicadores do Balanço de Íons A condutividade variou entre 191,9 e 1051,3 µS/cm. Estes valores muito

elevados indicam uma forte influencia do efluente uma vez que a remoção de cloreto é muito pouco eficaz em sistemas de tratamento de efluentes.

Os sólidos dissolvidos variaram entre 167,12 e 725,40 mg/L. Estes teores foram considerados muito elevados, indicando teores altos de sais na água.

O pH variou entre 6,77 e 7,65 e é levemente alcalino na maioria dos pontos amostrados.

Dentre as características físicas da água, a turbidez apresentou-se bastante baixa (variando entre 5,7 e 23,2 NTUs), o que pode ser resultado de substâncias particuladas na água.

iii. Indicadores da Qualidade Microbiológica Os teores de coliformes fecais variaram entre 100 e 37.100 colônias/100ml. Estes teores indicam a existência de fontes de contribuição de ordem fecal nas águas da estação. Os teores de coliformes fecais são considerados elevados, e apontam para fontes de contribuição pontuais, tais como a presença de lançamento de esgoto doméstico principalmente no córrego Pintado, após o lançamento de efluentes da REGAP e ribeirão Ibirité, próximo ao deságüe na Lagoa de Ibirité.

iv. Condições de Suporte Biológico Os teores de oxigênio dissolvido (variaram entre 2,26 e 8,44 mg/L). A Exceção dos valores obtidos no ribeirão Ibirité, próximo ao deságüe na Lagoa de Ibirité (2,26 e 2,50mg/L) os valores de OD medidos estão na faixa adequada a preservação da biota aquática. Portanto há uma indicação que as águas dos pontos amostrados consomem oxigênio em processos de oxidação da matéria orgânica, respiração bacteriana e de organismos aquáticos, em uma taxa menor que a difusão desse gás à partir da atmosfera e a produção desse gás à partir da fotossíntese.

v. Indicadores do Teor de Matéria Orgânica das Águas

A DBO5 indica o teor de matéria orgânica oxidável da amostra. Os resultados demonstram que existiram valores relevantes, com um teor significativo de matéria oxidável nas águas, entre ND e 28,5 mg/L Ressalta-se que os valores variaram muito, sendo extremamente reduzidos em junho, aumentando significativamente na amostragem de dezembro.

vi. Substâncias Contaminantes Como seria de se esperar, não foram detectados metais pesados, este fato pode

ser devido a transferência desses metais para o lodo no sistema de tratamento por biodisco;

O único parâmetro constatado foi óleos e graxas em concentrações bastante abaixo de oferecer qualquer risco a biota aquática (3,7 e 9,7 mg/L).

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A2) AMBIENTES LÊNTICOS As Tabelas 3.5 a 3.8 a seguir, apresentam as características físico-químicas das águas nos pontos amostrados em março, junho, setembro e dezembro de 2006, em ambientes lênticos (lagoa de Ibirité).

Tabela 3.5: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico (Março/2006)

Corpo Receptor Trimestral (mg/L)

Análise Ambiente Lêntico - Pontos Limite de Detecção do

Método (mg/L) 2 3 4 Amônia <0,03 <0,03 <0,03 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo 0,02 0,02 <0,01 0,01 Chumbo Total 0,02 0,02 <0,01 0,01 Cobalto Total <0,01 0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005 Cond. Elétrica (µs/cm) 294,30 271,10 286,40 0,01

Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 DBO 9,00 6,00 2,00 2,00 DQO 16,00 11,00 6,00 5,00 Fenóis 0,014 <0,001 0,004 0,001 Fosfato Total 0,15 0,34 0,23 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Nitrato <5,0 <5,0 <5,0 5,0 Óleo e graxa 7,40 <1,40 <1,40 1,4 OD 7,30 8,10 8,10 0,10 pH 7,60 7,70 7,70 0,10 Sulfato 61,70 52,40 53,90 1,00 Sulfeto ND ND ND 1,00 Turbidez (NTU) 3,90 3,40 4,00 0,05

ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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Tabela 3.6: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico (Jun/2006)

Corpo Receptor Trimestral (mg/L)

Análise Ambiente Lêntico - Pontos Limite de Detecção do

Método (mg/L) 2 3 4 Amônia 0,64 0,50 0,40 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005 Cond. Elétrica (µs/cm) 345,80 345,90 351,30 0,01

Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 DBO 4,00 4,00 4,00 2,00 DQO 18,00 19,00 17,00 5,00 Fenóis <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Fosfato Total 0,20 0,20 0,30 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Nitrato 1,70 1,70 1,70 5,0 Óleo e graxa 1,70 <1,40 1,40 1,4 OD 7,30 7,50 7,17 0,10 pH 7,70 7,70 7,60 0,10 Sulfato 30,70 27,20 32,60 1,00 Sulfeto ND ND ND 1,00 Turbidez (NTU) 1,90 1,69 1,79 0,05

ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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Tabela 3.7: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico (Setembro /2006)

Corpo Receptor Trimestral (mg/L)

Análise Ambiente Lêntico - Pontos Limite de Detecção do

Método (mg/L) 2 3 4 Amônia 1,60 1,70 2,40 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005 Cond. Elétrica (µs/cm) 376,00 360,00 398,00 0,01

Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 DBO 7,40 10,50 11,00 2,00 DQO 27,50 28,00 23,00 5,00 Fenóis <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Fosfato Total 0,20 0,20 0,25 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Nitrato 0,90 1,70 0,80 5,0 Óleo e graxa 8,50 4,40 4,70 1,4 OD 7,40 8,60 7,60 0,10 pH 9,00 9,10 8,50 0,10 Sulfato 42,90 40,80 44,00 1,00 Sulfeto ND ND ND 1,00 Turbidez (NTU) 7,20 7,70 9,00 0,05

ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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Tabela 3.8: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico (Dezembro /2006)

Corpo Receptor Trimestral (mg/L)

Análise Ambiente Lêntico - Pontos Limite de Detecção do

Método (mg/L) 2 3 4 Amônia 4,00 1,22 1,10 0,03 Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005 Cond. Elétrica (µs/cm) 372,00 318,00 318,00 0,01

Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01 DBO 29,00 5,00 5,50 2,00 DQO 39,00 37,20 31,00 5,00 Fenóis 0,009 <0,001 <0,001 0,01 Fosfato Total 0,70 0,12 0,12 0,03 Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002 Nitrato <5,00 <5,00 <5,00 5,0 Óleo e graxa 11,10 11,30 11,60 1,4 OD 7,20 7,90 7,20 0,10 pH 7,10 7,90 7,90 0,10 Sulfato 46,00 37,30 37,00 1,00 Sulfeto ND ND ND 1,00 Turbidez (NTU) 12,20 2,60 3,20 0,05

ND: Não detectado Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

i. Indicadores do Estado Trófico

A variação da concentração de nitrogênio amoniacal foi de <0,03 a 4,00 mg/L nos pontos de coleta indicando uma condição de eutrofização no período de chuvas.

Os dados relativos à concentração de nitrato indicam que em todos os pontos de amostragens eles foram de 1,70 na coleta do mês de junho e ficaram abaixo de 5,0 mg/L (limite de detecção) na campanha de amostragem relativa ao mês de dezembro.

Por outro lado, o teor de fosfato total (de 0,12 a 0,70 mg/L) é indicativo de ambientes em estado eutrófico, de acordo com a classificação de Wilweider. De modo geral, os dados indicam que existe uma presença significativa de compostos nitrogenados e fosfatados sendo forte indicador de ambiente eutrofizado.

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ii. Indicadores do Balanço de Íons A condutividade da água nos ambientes lênticos apresentou uma pequena

variação temporal e espacial, situando-se entre 271 e 398 µS/cm. Estes valores embora inferiores dos encontrados nos ambientes lóticos, ainda são elevados indicando ainda uma forte influencia dos cloretos presente no efluente final.

O pH variou entre 7,10 e 9,10 sendo alcalino em todos os pontos amostrados.

iii. Características Físicas das Águas Dentre as características físicas da água, a turbidez bastante baixa (variando entre 1,69 e 12,0 NTUs). Convém ressaltar que na maioria dos pontos a turbidez sempre esteve abaixo de 4,0 mg/L o que faz supor que a presença de algas deve ser bastante baixa.

iv. Condições de Suporte Biológico Os teores de oxigênio dissolvido (variaram entre 7,17 e 8,60 mg/L). Os valores de OD medidos correspondem a uma faixa próxima a saturação. Seria interessante a análise do teor de clorofila da água a fim de se verificar o papel deste organismos na contribuição destes valores bastante elevados de oxigênio dissolvido.

v. Indicadores do Teor de Matéria Orgânica das Águas A DBO5 indica o teor de matéria orgânica oxidável da amostra. Os resultados demonstram que existiram valores relevantes, com um teor significativo de matéria oxidável nas águas do córrego Pintado, que situaram-se entre 2,0 e 29,0 mg/L. È importante ressaltar que no mês de dezembro estes valores foram mais elevados apenas no ponto 2.

vi. Substâncias Contaminantes Como seria de se esperar, não foram detectados metais pesados este fato pode ser devido à transferência desses metais para o lodo no sistema de tratamento por biodisco. Entre os compostos orgânicos foi detectada a presença de óleos e graxas em concentração bastante abaixo de oferecer qualquer risco a biota aquática (<1,4 e 11, mg/L). É importante salientar que estes valores foram bastante reduzidos no mês de junho e mais elevados na amostragem realizada em dezembro de 2006.

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B) Hidrobiologia Organismos ou populações podem fornecer a indicação da qualidade ambiental de maneira bastante distinta. Por exemplo, uma espécie conhecida pela sua sensibilidade ao déficit de oxigênio, ou ao seu baixo limite de tolerância a determinadas substâncias, pode ser definida como própria de um determinado habitat, indicando a presença de fatores limitantes. Apenas algumas poucas indicadoras são usadas como representativas para uma dada comunidade. A seleção de espécies testes está fundamentada em diversos critérios relacionados com a segurança desses organismos como indicadores e a exeqüibilidade da sua manutenção em laboratório. Os levantamentos realizados pela Petrobras em 2002/2003 apresentam uma elevada riqueza de espécies fitoplanctonicas verifica-se também um elevado número de indicadores bentônicos e uma baixa riqueza da ictiofauna. Estes dados devem ser analisados com relativa reserva uma vez que as comunidades plantonicas e bentônicas tem um ciclo de vida bastante curto quando comparado ao da icitiofauna, sofrendo assim alterações em funções do ciclo hidrológico e das características da qualidade da água. B1) COMUNIDADE FITOPLANCTONICA Segundo o levantamento da Petrobrás, o córrego Pintado a montante da REGAP (ponto 0) apresentou nos anos de 2001 e 2002 quatro grupos taxonômicos distintos predominantes ao longo do tempo - clorofíceas, cianofíceas, bacilarofíceas e fitoflagelados, sendo segundo estes autores Chlorella uma das algas mais abundantes. Independentemente da estação do ano em que foi amostrada foram registradas por estes autores , densidades muito pequenas de algas, possivelmente pelo fato do ponto estar localizado em uma região de nascentes, de maior correnteza e de menor fluxo de água, onde normalmente são pequenas as chances de desenvolvimento de organismos planctônicos. Segundo o mesmo trabalho, após cruzar a área da REGAP (ponto 1), o córrego Pintado apresentou predominância numérica de clorofíceas em 2001 e de cianofíceas em 2002, especialmente dos gêneros Chlorella e de Lynbya. Esse cenário possivelmente foi decorrência do aumento da área de contribuição da bacia hidrográfica nesse ponto que, em geral, favorece a proliferação de algas, mas principalmente, refletiu os altos teores de nutrientes minerais lançados pelos efluentes da refinaria. No trecho do córrego Pintado mais a jusante (ponto 1A), à altura do distrito industrial de Ibirité, a densidade e a diversidade do fitoplâncton sofreram pequeno grau de alteração em relação ao ponto de montante no período analisado. O mesmo trabalho indica que o ribeirão Ibirité, antes da foz do Pintado (ponto 1B) representa a contribuição da área urbana de Ibirité. Esse local mostrou uma forte dominância de algas azuis, em geral dos gêneros Planktolyngbya, Lyngbya.

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Após receber o Pintado, o ribeirão Ibirité (ponto 1 C) praticamente manteve a mesma composição taxonômica do córrego contribuinte, embora tenha apresentado em geral menor densidade de algas devido ao efeito de diluição promovido pelo encontro dos córregos. As bacilariofíceas e as clorofíceas foram os grupos de algas mais abundantes na lagoa de Ibirité no período 2001/2002, com destaque para os gêneros Microcystis, Melosira e Chlorella. Verificou-se na época uma tendência de predomínio quantitativo de algas azuis, tanto nos córregos afluentes como na lagoa de Ibirité. Em geral, as campanhas realizadas em agosto, correspondente ao período de estiagem, favorece o desenvolvimento do fitoplâncton na lagoa, que tende a apresentar florações, de Microcystis aeruginosa, considerada potencialmente tóxica. Essa condição é favorecida pelos teores de nutrientes que se mantiveram elevados nesse ambiente. B2) COMUNIDADE ZOOPLANCTONICA Dentre os organismos bioindicadores da região bentônica há grupos de espécies diretamente relacionados a um determinado agente poluidor ou a um fator natural potencialmente poluente. Além disso, são importantes ferramentas para a avaliação da integridade ecológica (condição de “saúde” de um rio, avaliada através da comparação da qualidade da água e diversidade de organismos entre áreas impactadas e áreas de referência, ainda naturais e a montante). Os bioindicadores mais utilizados são aqueles capazes de diferenciar entre fenômenos naturais (ciclos de chuva-e seca) e estresses de origem antrópica, relacionados a fontes de poluição pontuais ou difusas. As informações disponíveis relativas a amostragem de 2001 e 2002 indicaram que, no conjunto zooplanctônico amostrado, prevaleceram os representantes do Filo Rotifera, com 45 taxa, participando com 49% da diversidade taxonômica na Área de Influência da REGAP em 2001-2002. Entre os rotíferos, constatou-se o predomínio da Classe Monogononta, com 44 taxa, e apenas um exemplar da Classe Digononta, da Ordem Bdelloidea. A maior parte das espécies de rotíferos coletada na área de estudo (22 taxa) esteve presente tanto nos cursos d’água afluentes como na Lagoa de Ibirité. Notou-se, contudo, que uma grande quantidade de organismos (20 taxa) foi registrada apenas no ambiente lêntico e somente três espécies foram amostradas exclusivamente no sistema lótico. Esses resultados indicam a predominância numérica de rotíferos especialmente nos córregos afluentes à lagoa. Para os autores os rotíferos são animais de dimensões muito reduzidas, encontrados com freqüência em qualquer tipo de manancial. A exemplo do que ocorre na Área de Influência da REGAP, esse grupo domina a composição do zooplâncton em vários tipos de corpos d'água no Brasil, tanto em densidade como em número de espécies, graças a sua grande capacidade de adaptação, mesmo em ambientes instáveis. Em geral, a ocorrência expressiva de rotíferos em determinado sistema aquático, como é o caso da Área de Influência da REGAP, é normalmente relacionada ao aumento indireto de bactérias e de matéria orgânica detrital associada. Segundo a Universidade Federal de São Carlos os protozoários (Protozoa) constituíram o segundo grupo de maior representatividade taxonômica na área de estudo, com 21 taxa (22%), sendo a

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ampla maioria encontrada nos córregos contribuintes à Lagoa de Ibirité (14 taxa) e o restante comum aos dois ambientes. Segundo a UFSCar foram identificados na Área de Influência da REGAP dois grandes grupos entre os artrópodes (Filo Arthropoda): os insetos (Classe Insecta) e os crustáceos (Sub-filo Crustacea) que, por sua vez, foram representados pelos braquiópodos (cladóceros) e copépodes (calanóides e ciclopóides). Foram encontrados 24 taxa do grupo dos artrópodes, representando 26 % da diversidade relativa da área de estudo, sendo 23 taxa pertencentes aos crustáceos e 1 taxa ao grupo dos insetos. Entre os crustáceos, os cladóceros contribuíram com 14% da diversidade relativa da área de estudo (13 taxas). A maior parte das espécies (8 taxa) foi encontrada apenas na Lagoa de Ibirité, não tendo sido identificados exemplares exclusivos dos córregos contribuintes. B3) ICTIOFAUNA Os estudos da fauna de peixes da lagoa de Ibirité foram realizados CETEC (2006). Foram identificadas 6 espécies diferentes de peixes neste trabalho, conforme apresenta a Tabela 3.9, a seguir.

Tabela 3.9: Espécies de Peixes na Lagoa de Ibirité

Superordem Ordem Família Espécie

Ostariophysi

Characiformes Characidae Astyanax fasciatus – piaba-do-rabovermelho

Erytrinidae Hoplias lacerdae - trairão Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus carpio –

carpa comum Acanthopterygii

Siluriformes Pimelodidae Rhamedia hilarii - bagre

Perciformes

Cichlidae

Geophagus brasiliensis – acará Oreochromus niloticus – tilapia-do-nilo

Fonte: CETEC 2006

Segundo os autores a lagoa de Ibirité é um ecossistema composto exclusivamente por um ambiente alterado, formando uma lagoa artificial que sofre influência direta de efluentes industrial e doméstico. A ictiofauna é afetada, principalmente, através da diminuição de oxigênio dissolvido e pela presença de substâncias tóxicas como metais. Os autores constatam que a presença de substâncias tóxicas, como metais pesados (mercúrio, cobre) na água e, principalmente, no sedimento, têm como conseqüência a contaminação da cadeia trófica, podendo afetar os peixes. A turbidez da água não favorece a reprodução dos peixes, porque dificulta a respiração de suas larvas, alevinos e adultos, interfere desfavoravelmente na incubação dos ovos e reduz a produtividade primária.

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Segundo o CETEC (1998), foram realizadas campanhas de amostragem (novembro/94, fevereiro/95, maio/95, outubro/95 e novembro/95) em cinco estações de coleta, sendo uma delas, a estação 13, situada na posição mediana do braço da lagoa alimentado pelo córrego Pintado. Este trabalho conclui que a diversidade da ictiofauna na Lagoa de lbirité é baixa, tendo sido identificadas em todas as campanhas de amostragem apenas oito espécies, dentre as quais Astyanax fasciatus (lambarí-do-rabo-vermelho) é a única espécie considerada dominante, e Callichthys callichthys (tamboatá) rara. Para os autores a espécie dominante, Astyanax fasciatus, é considerada de pouco valor pesqueiro, tendo maior importância como espécie forrageira, para a produção secundária na água. As espécies de maior valor pesqueiro como Hoplias malabaricus (traíra) e Hoplias lacerdae (trairão) são pouco representativas na lagoa. Estes aspectos são característicos de corpos d’água impactados. Para o CETEC as concentrações de metais pesados nas vísceras e filés das espécies íctias coletadas pelo CETEC na lagoa estão abaixo dos limites máximos recomendados pela Portaria n0 16 do DINALIMS 1990. Contudo, são mais importantes os efeitos subletais que a exposição prolongada a baixas concentrações podem ter sobre os processos biológicos dos organismos. C) Vetores da Esquistossomose Mansônica A averiguação da presença de moluscos transmissores da esquistossomose foi feita pelo CETEC (1998), tanto na rede hidrográfica da REGAP, quanto na região litorânea da lagoa de lbirité. A Tabela 3.10 apresenta os resultados.

Tabela 3.10 – Ocorrência de Biomphalaria sp. no Córrego Pintado e Lagoa de Ibirité,

no período de novembro de 1994 a novembro de 1995

MESES Pontos de Amostragem

Rede Hidrográfica Lagoa de Ibirité Ponto 1* Ponto 1A** Ponto 7***

Nov./94 0 1 Fev./95 0 1 0 5 Abr./95 0 3 0 0 Mai./95 14 4 Jul./95 1 26 0 0 Set./95 0 8 19 1 Nov./95 0 1 0 0

Total 1 40 33 10 Fonte: Estudo de Impacto Ambiental - Usina Termelétrica de Ibirité - 2000 * Ponto 1: Córrego Pintado, a jusante do lançamento do efluente final da REGAP e antes da confluência com o córrego Palmares. ** Ponto 1 A: Córrego Pintado, a montante da confluência com o ribeirão Ibirité. *** Ponto 7: Córrego Palmares, na sua cabeceira

Em todas as estações amostradas foi detectada a presença de Biomphalaria sp, sendo que, na estação 1A registrou-se o maior número de exemplares de caramujos e na

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estação 1 a menor. Com relação a investigação de vetores da esquistossomose na Lagoa de Ibirité, constatou-se sua ocorrência, localizada na região litorânea, com um total absoluto de planorbídeos de 10 indivíduos. Do total de planorbídeos coletados pelo estudo do CETEC, apenas 15% puderam ser submetidos ao teste de infecção ao Schistossoma mansoni, em decorrência da grande mortandade ocorrida durante o seu transporte para o laboratório e o diâmetro da concha abaixo de 5 mm, que impossibilita o teste. Dentre os moluscos testados, nenhum apresentou resultado positivo. Contudo, o número de organismos testados foi muito pequeno para que se possa afirmar, que a população presente na área de influência não esteja infectada e, portanto, não transmitindo a doença. Todos os planorbídeos identificados na área de estudo, foram determinados como sendo da espécie Biomphaliaria straminea. D) Análise do Sedimento Os sedimentos podem ser avaliados e classificados por meio de diferentes linhas de evidência: concentração de substâncias químicas, ecotoxicidade, mutagenicidade e comunidade bentônica. O grau de contaminação química do sedimento, com vistas à proteção da vida aquática, foi classificado segundo os valores estabelecidos pelo “Canadian Council of Ministers of the Environment” (CCME, 2001) para metais pesados e compostos orgânicos, conforme demonstra a Tabela 3.11. Os mesmos critérios foram adotados pela Resolução CONAMA 344/04 que estabelece diretrizes e procedimentos mínimos para a avaliação do material dragado.

Tabela 3.11: Valores estabelecidos pelo “Canadian Council of Ministers of the Environment” e pela Resolução CONAMA 344/04.

VARIÁVEIS Unidade TELb

(Nível 1) TELc

(Nível 2) Metais e Metalanoides

Arsênio µg/g 5,90 17,00Cádmio µg/g 0,60 3,50Chumbo µg/g 35,00 91,30Cobre µg/g 35,70 197,00Cromo µg/g 37,30 90,00Mercúrio µg/g 0,17 0,486Níquel µg/g 18,00 35,90Zinco µg/g 123,00 315,00

Pesticidas Organocloradoz\s

BHC, gama (Lindano) µg/g 0,94 1,38Clordano µg/g 4,50 8,90DDD, p, p’ µg/g 3,54 8,51DDE, p, p’ µg/g 1,42 6,75DDT, p, p’ µg/g 1,19 4,77Dieldrin µg/g 2,85 6,67

Fonte: CETESB 2006

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Baseados em concentrações totais e na probabilidade de ocorrência de efeito deletério sobre a biota, o menor limite - TEL (Threshold Effect Level) ou Nível 1 - representa a concentração abaixo da qual raramente são esperados efeitos adversos para os organismos. O maior limite - PEL (Probable Effect Level) ou Nível 2 - representa a concentração acima da qual é freqüentemente esperado o citado efeito adverso para os organismos. Na faixa entre TEL (Nível 1) e PEL (Nível 2) situam-se os valores onde ocasionalmente espera-se tais efeitos. A adoção desses valores tem um caráter meramente orientativo na busca de evidências da presença de contaminantes em concentrações capazes de causar efeitos deletérios, sobretudo com relação à toxicidade para a biota. A análise dos resultados revela que a concentração de metais pesados apresentou diferenças significativas entre as campanhas. No ponto próximo à REGAP se constatou a presença de cádmio, cobre, cromo e mercúrio. No ponto junto ao ribeirão Ibirité se constatou a presença dos mesmos metais. Na coleta junto ao clube dos funcionários da Petrobrás a relação dos parâmetros que ultrapassaram o CONAMA 344 foi os mesmos a exceção do cromo (vide Tabelas 3.12, 3.13 e 3.14).Segundo o LGBoA (2004) as analises naquele ano revelaram que a maioria dos metais eram proveniente do ribeirão Ibirité. Foi constatada a presença elevada de cobre junto a captação de água da REGAP. Este fato deve- se provavelmente a emprego de algicida.

Tabela 3.12 - Caracterização do sedimento da Lagoa do Ibirité, próximo ao ponto de captação de água para REGAP (2006)

Metais 1 2 3 4 Nível Nível trimestre trimestre trimestre trimestre 1 2

Arsênio Total (As) < 5 < 0,5 < 0,05 0,1 5,9 17Cádmio Total (Cd) 0,02 1,18 0,599 1,0 0,6 3,5Chumbo Total (Pb 0,16 20,98 11,736 12,8 35 91,3Cobre Total (Cu) 0,56 58,48 36,961 70,0 35,7 197Cromo Total (Cr) 0,51 44,69 14,936 29,1 37,3 90Ferro Total (Fe) 288,44 41293,4 19055,134 24793,8 - -Manganês Total(Mn) 2,97 712,40 220,755 287,8 - -Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,1570 < 0,0001 0,3 0,17 0,486Zinco Total (Zn 0,58 46,33 15,904 45,9 123 315

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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Tabela 3.13 - Caracterização do sedimento da Lagoa de Ibirité, na entrada do braço do Clube de Funcionários da REGAP (2006)

Metais 1 2 3 4 Nível Nível trimestre trimestre trimestre trimestre 1 2

Arsênio Total (As) < 5 < 0,5 < 0,05 0,1 5,9 17Cádmio Total (Cd) 0,02 0,88 0,715 0,6 0,6 3,5Chumbo Total (Pb 0,22 20,10 10,00 10,5 35 91,3Cobre Total (Cu) 0,47 61,66 36,225 11,6 35,7 197Cromo Total (Cr) 0,56 28,72 10,007 34,5 37,3 90Ferro Total (Fe) 343,87 34655,57 15564,765 18962,8 - -Manganês Total (Mn) 1,82 270,52 137,205 199,5 - -Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,1886 < 0,0001 0,4 0,17 0,486Zinco Total (Zn 0,72 36,63 10,657 33,9 123 315

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

Tabela 3.14 - Caracterização do sedimento da Lagoa de Ibirité, braço do Ribeirão Ibirité (2006)

Metais 1 2 3 4 Nível Nível trimestre trimestre trimestre trimestre 1 2

Arsênio Total (As) < 5 < 0,5 < 0,05 0,1 5,9 17Cádmio Total (Cd) 0,01 0,93 0,489 1,1 0,6 3,5Chumbo Total (Pb 0,11 13,01 7,547 13,9 35 91,3Cobre Total (Cu) 0,26 33,03 19,234 78,3 35,7 197Cromo Total (Cr) 0,55 37,76 7,547 30,4 37,3 90Ferro Total (Fe) 325,82 35405,76 17959,297 28293,6 - -Manganês Total (Mn) 2,79 409,79 296,15 417,2 - -Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,0644 < 0,0001 0,2 0,17 0,486Zinco Total (Zn 0,48 55,22 10,789 47,2 123 315

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007

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3.1.8.3 Comunidade Zoobentonica

Segundo o estudo da CETEC (1998) a estação lA apresentou a comunidade bentônica mais pobre, com 12 famílias zoobentônicas, sendo sete de insetos, dentre aquelas de substrato pedregoso estudadas pelo CETEC (1998), na área de influência da REGAP. À exceção de Libellulidae e Coenagrionidae, as outras cinco famílias de insetos são da ordem Diptera e comumente encontradas em locais poluídos. Os demais organismos encontrados nesta estação, ou seja, hirudíneos, planorbídeos, pomacea e physa, são organismos que reconhecidamente suportam consideráveis cargas orgânicas de poluição. Ainda com relação a esta estação, convém ressaltar não ter ocorrido nela nenhum indivíduo dos grupos de trichoptera, ephemeroptera e plecoptera, que são bastante sensíveis a alterações antrópicas. A abundância e variedade da composição zoobentônica durante todo o período estudado foi maior, na estação lA, no mês de abril/95, caracterizando o período de seca como o de maior variedade e abundância de organismos. Para os mesmos autores a variedade da fauna bentônica nas estações foi praticamente igual em todo o período de estudo. Em média, a variedade faunística ficou em torno de 7 taxa no total, com 5 taxa de insetos na maioria das estações. Esta diversidade faunística pode ser considerada baixa, quando comparada aos dados da comunidade zoobentônica já registrados em outros cursos d’água. Para os autores os chironomideos e oligochetas ocorreram em todas as estações como comumente acontece nos cursos d’água, entretanto ressalta-se o fato de terem ocorrido em densidades muito altas. Os oligochetas também ocorreram em densidades muito elevadas, principalmente na estação lA. Estas densidades dão uma noção da amplitude do desequilíbrio da comunidade. Segundo os autores a composição quantitativa da infauna bentônica consiste de 65% de oligochaetas, 5% de moluscos e 30% de insetos. Do percentual total de moluscos 4% pertencem à família Thiaridae, e o restante corresponde às famílias Physidae e Planorbidae. Do total referente aos insetos, 29% pertencem à família Chironomidae. Ainda com relação à abundância, mas no tocante a sazonalização, foi constatado durante o período de estudo que o maior número de organismos/m² no sedimento ocorreu no final do período de seca do córrego Pintado. Entretanto, na estação 1 a maior abundância ocorreu no início do período chuvoso. Sobre a composição da comunidade bentônicas nas estações estudadas, foi constatado que embora apresentem famílias de tricoptera e ephemeroptera, a proporção das famílias de dípteros representa cerca de 50% da composição total da comunidade, o que significa um desequilíbrio evidente da comunidade bentônica, que em geral não ultrapassa 40% de dípteros nos ambientes poucos alterados.

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3.1.9 Qualidade das Águas Subterrâneas Em 2006 foi elaborado, como exigência para a revalidação da Licença de Operação da REGAP, um estudo hidrogeoquímico de monitoramento das águas subterrâneas da área da REGAP. Os principais resultados deste estudo são detalhados a seguir. Foi realizada uma campanha inicial de monitoramento e amostragem, tendo sido verificados todos os 87 poços de monitoramento existentes na área, durante os meses de junho e julho de 2006. Foram coletadas amostras de águas em 85 dos poços, uma vez que dois poços estavam secos. Estes resultados foram comparados aos resultados analíticos obtidos em estudos anteriores. Os resultados obtidos para águas subterrâneas foram avaliados através da sua comparação com as seguintes listas de referências:

- Relatório de Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e águas Subterrâneas do Estado de São Paulo- CETESB (2005)

- Lista Holandesa de Valores de Qualidade do Solo e da Água Subterrânea (1987) - Preliminary Remediation Goals (PRGs) da EPA.

Em todos os poços foram monitorados os seguintes parâmetros:

- BTEX: Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xileno; - HPA: Hidrocarbonetos Poli-aromáticos; - HTP: Hidrocarbonetos Totais do Petróleo; - MPP: Metais Prioritários Poluentes Totais e Dissolvidos (Alumínio, Arsênio,

Bário, Cádmio, Cromo, Cromo III, Cromo IV, Cobre. Ferro, Mercúrio, Manganês, Níquel, Chumbo, Vanádio e Zinco);

Os poços de monitoramento existentes na área da REGAP apresentaram concentrações de BTEX4, acima dos parâmetros de referência em cinco postos. Contudo, ao compará-los às concentrações obtidas em estudos anteriores, observa-se que, de maneira geral, estes apresentaram decréscimos das concentrações. Para os Metais Poluentes Prioritários MPP, totais e dissolvidos, destacam-se as concentrações de ferro e manganês, que foram detectados em quase totalidade da rede de poços de monitoramento, podendo ser atribuído estas concentrações ao

4 BTEX é um acronismo para benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno. Estes compostos são encontrados em produtos derivados de petróleo. A principal fonte de contaminação é o vazamento de gasolina de tanques subterrâneos mal conservados ou mau manejados. Outras fontes e contaminação por BTEX são grandes pátios de armazenagem de derivados de petróleo, oleodutos com vazamentos ou oficinas mecânicas que manipulam derivados de petróleo. Uma vez solto no ambiente, o BTEX pode volatilizar, dissolver-se, adsorver às partículas de solo ou ser biologicamente degradado. Exposição aguda a grandes quantidades de gasolina e seus componentes (BTEX), tem sido associada à irritação na pele e problemas sensoriais, depressão de atividade do sistema nervoso central e efeitos no sistema respiratório. Estes níveis normalmente não são atingidos ao se beber água contaminada, mas sim pela exposição ocupacional. Exposições prolongadas a estes compostos provocam problemas semelhantes nos rins, fígado e sistema sanguíneo. De acordo com o US EPA (U.S. Environmental Protection Agency) há suficiente indicação que o benzeno é potencialmente carcinogênico, em estudos em animais e humanos.

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caráter de background dos solos tropicais. Suas fontes são minerais escuros (máficos) portadores de Fe: Magnetita, biotita, pirita, piroxênios, anfibólios. Em virtude de afinidades geoquímicas, quase sempre o Ferro é acompanhado pelo Manganês. Os metais alumínio, Bário, Chumbo e Zinco foram detectados em grande parte dos poços amostrados. Os metais totais Arsênio, Bário, Chumbo, Cobre, Manganês, Níquel e Zinco apresentaram decréscimos de concentrações, quando comparadas às campanhas anteriores. O elemento Ferro apresentou acréscimo da concentração e os metais Cádmio, Cromo, Cromo III, Mercúrio e Vanádio não foram detectados em campanhas anteriores e apresentaram ocorrência na campanha realizada. Os metais dissolvidos Cobre e Zinco apresentaram decréscimo das concentraçõs da campanha atual. Quando comparada às anteriores. Os elemenstos Bário, Chumbo, Ferro e Manganês apresentaram acréscimo das concentrações e os metais Arsênio, Cádmio, Cromo, Cromo III, Cromo IV, Mercúrio, Níquel e Vanádio não foram detectados em campanhas anteriores e apresentaram ocorrência na campanha realizada. A definição precisa do perfil ambiental dos metais (MMP) na área da REGAP depende de uma definição dos valores de sua ocorrência natural, seja em solo ou em água, subterrânea. Desta forma, é necessário definir os valores de background destes metais nos diversos pontos analisados. Finalizando, o estudo recomenda a realização de campanhas de amostragem e monitoramento trimestrais contemplando 31 poços do total de 86 existentes, que apresentaram concentrações anômalas de hidrocarbonetos e metais.

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3.1.10 Enquadramento dos Corpos d’Água Conforme Deliberação Normativa do COPAM nº 14, de 28/12/1995, o enquadramento do curso principal do rio Paraopeba apresenta a seguinte classificação: - Classe Especial - da nascente até o barramento do primeiro açude; - Classe 1 - do barramento do primeiro açude até a confluência com o rio Maranhão; - Classe 2 - dessa confluência até a foz na represa de Três Marias. Também, encontra-se em curso a revisão do enquadramento detalhado, o qual classifica todos os cursos d’água da bacia. Para essa proposta, ainda em fase preliminar, a proposta de enquadramento abrange todos os corpos d’água na bacia do rio Paraopeba. Quanto aos demais cursos d água pertencentes à bacia da lagoa de Ibirité, a DN 14 apresenta a seguinte classificação: Sub-bacia do ribeirão Ibirité/ Sarzedo

- Trecho 56 - Ribeirão Ibirité/ Sarzedo, das nascentes até a confluência com o rio do Paraopeba: Classe 2

- Trecho 57 - Córrego Barreirinho, das nascentes até a confluência com o ribeirão Ibirité: Classe 1

- Trecho 58 - Córrego Bálsamo, das nascentes até o limite da Unidade de Conservação da COPASA/MG: Classe Especial

- Trecho 59 - Córrego Rola Moça, das nascentes até o limite da Unidade de Conservação da COPASA/MG: Classe Especial

- Trecho 60 - Córrego do Urubu, das nascentes até a confluência com o córrego do Aviário: Classe 1

- Trecho 61 - Córrego do Urubu, da confluência com o córrego do Aviário até a confluência do ribeirão Ibirité: Classe 2

- Trecho 62 - Córrego Taboão, das nascentes até o limite da Unidade de Conservação da COPASA/MG: Classe Especial

- Trecho 63 - Córrego Taboão, do limite da Unidade de Conservação da COPASA/MG até a Cachoeira do Sumidouro: Classe 1

- Trecho 64 - Córrego Taboão, da Cachoeira do Sumidouro até a confluência com o ribeirão Ibirité: Classe 2

Segundo a DN 74/ 95 os cursos d’água da bacia do rio Paraopeba não mencionados nesta deliberação recebem o enquadramento correspondente ao do trecho onde deságuam. Desta forma, a lagoa de Ibirité está enquadrada como Classe 2. A resolução CONAMA nº 357/ 2005 (Ver Tabela 3.15) prevê os seguintes usos para os cursos d’água classificados como classe 2:

- Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; - Proteção das comunidades aquáticas; - Recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,

conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; - Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de

esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; - Aqüicultura e à atividade de pesca.

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Tabela 3.15: Classificação das águas doces - Resolução CONAMA 357/05

Uso Águas Doces - Classes Espec 1 2 3 4

Abastecimento para consumo humano X (a) X (b) X (c) X (d) Preservação equilíbrio natural das comunidades aquáticas X Preservação de ambientes aquáticos em Unidades de X Proteção das comunidades aqúaticas X (h) X Recreação de contato primário (*) X X Irrigação X (e) X (f) X (g) Aqüicultura e atividade de pesca X Pesca amadora X Dessedentação de animais X Recreação de contato secundário X Nacegação X Harmonia Paisagística X

(a) com desinfecção (b) após tratamento simplificado (c) após tratamento convencional (d) após tratamento convencional ou avançado /(e) hortaliças consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película (f) hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, c/ os quais o público possa vir a ter contato direto (g) culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras (h) de forma geral, e em comunidades indígenas (*) conforme Resolução CONAMA 274/2000

O enquadramento dos corpos d’água expressa metas finais a serem alcançadas e deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da comunidade. Portanto, em função do atual estado de poluição das águas da lagoa de Ibirité, a maioria dos parâmetros não atendem o padrão da Classe 2, atendendo ao Padrão Classe 4, para a qual o uso das águas só é permitido para navegação e para harmonia paisagística (Conforme Tabela 3.15). Portanto, não é recomendável nadar e nem pescar na lagoa de Ibirité.

Figura 3.27: Placa que proíbe a nadar na lagoa de Ibirité

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3.2 ASPECTOS BIÓTICOS

3.2.1 Vegetação A bacia da lagoa de Ibirité encontra-se inserida em uma zona de transição entre os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. De acordo com as delimitações propostas pelo Projeto Radam Brasil (1983) e pelo Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988) (reeditado em 1993), a bacia da lagoa de Ibirité insere-se no Domínio da Mata Atlântica, que abrange uma série de formações vegetais com estrutura e composição específicas que lhes conferem identidade própria. Entre as formações abrangidas pelo Domínio da Mata Atlântica destacamos a Floresta Estacional Semidecidual, formação predominante na região em estudo. Verifica-se, ainda, na bacia, a presença de encraves de cerrado o que caracteriza essa região de contato entre biomas. Bioma Atlântico (Floresta Atlântica) Dentre as formações vegetacionais que compõem a Floresta Atlântica apenas a Floresta Estacional Semidecidual está representada na área da bacia da lagoa de Ibirité. O conceito ecológico da Floresta Estacional Semidecidual está condicionado pela dupla estacionalidade climática: uma tropical, com época de intensas chuvas de verão seguidas por estiagens acentuadas; e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno, com temperaturas médias inferiores a 15°C (IBGE, 1991).

O domínio do bioma Atlântico no Estado de Minas Gerais era representado, originalmente, em sua quase totalidade, pela Floresta Estacional Semidecidual. Atualmente, essas formações encontram-se reduzidas a poucos e esparsos fragmentos, em sua maioria resultado do processo de sucessão secundária. Desta forma, a vegetação remanescente encontra-se extremamente fragmentada e está representada por vegetação alterada. Os fragmentos encontram-se isolados e distantes uns dos outros e têm como vizinhança desde ambientes urbanos até áreas de pastagens, reflorestamento e culturas agrícolas.

Bioma Cerrado (Savana) A Savana (Cerrado) é conceituada como uma vegetação xeromorfa, preferencialmente de clima estacional, que reveste solos lixiviados aluminizados, apresentando fisionomias campestres com estrato arbóreo descontínuo (Beard, 1953; IBGE, 1991). A vegetação de Cerrado compreende um gradiente de fisionomias, correspondente a uma variação de biomassa abrangendo desde o campo limpo até o cerradão. Além dessas fisionomias mais comuns, Eiten (1972) menciona outros tipos de vegetação que ocorrem neste domínio, como as matas de galeria, campos rupestres e campos úmidos. Esse bioma apresenta expressiva diversidade biológica, sendo caracterizado por uma flora antiga e rica em endemismos, o que se deve à heterogeneidade de sua distribuição, com variações de espécies de acordo com a fisionomia e região em que ocorre.

O Cerrado tem sofrido rápida devastação devido à expansão da agropecuária. Nas décadas de 1970 e 1980 houve um acelerado crescimento da fronteira agrícola, o que resultou em 67% de áreas do Cerrado consideradas “altamente modificadas”. Apenas

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cerca de 20% de área do bioma encontra-se em bom estado de conservação, e menos de 4% encontra-se protegidos na forma de unidades de conservação de proteção integral. 3.2.1.1 Cobertura Vegetal das Unidades de Conservação - Parque Estadual da Serra do Rola Moça

Criado em 27 de setembro de 1994, pelo Decreto Estadual 36.071/94, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça abrande as cidades Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho e constitui uma das principais áreas verdes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, preservando 3.941,09 hectares de matas. No município de Ibirité o Parque abriga três importantes mananciais de água - Taboões, Rola-moça e Bálsamo, declarados pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial (APE). Para assegurar a proteção destes mananciais, estas áreas não estão abertas à visitação pública. O Parque Estadual do Rola Moça apresenta uma vegetação diversificada onde são encontradas espécies como o ipê, cambuí, aroeira branca, xaxim, sangra d'água, canela, unha-de-vaca, pau d'óleo, quaresmeira, cangerana, cedro, carne de vaca, cambotá, pau ferro, pequi, jacarandá do cerrado, ipê cascudo, murici, jatobá-do-cerrado, pau-santo, pau de tucano, araticum e canela-de-ema.

- APE Bálsamo, Rola Moça e Taboões As áreas das APE`s Rola-Moça, Bálsamo e Taboões possuem características ambientais muito próximas, como as ocorrências de cerrado, campo rupestre nas áreas mais elevadas da serra do Rola-Moça e a floresta galeria ao longo dos cursos de águas. No entorno da estação de captação de água, prevalecem áreas cobertas por uma vegetal arbórea (CPRM &SEMAD, 2002d). Nestas áreas, as espécies ocorrentes, dentre outras catalogadas, são Zeyhera digitalis (bolsa de pastor), Tibouchina martiusiana (quaresmeira) e Vanillosmopsis ertropappa (candeia).

Tabela 3.16: Cobertura Vegetal das APEs

APE Extensão (ha) APE Bálsamo 30 APE Rola Moça 27 APE Taboões 92

Fonte: Copasa

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3.2.1.2 Cobertura Vegetal do Entorno da Lagoa de Ibirité

A lagoa de Ibirité encontra-se inserida em uma paisagem cuja matriz é eminentemente antrópica. Alternam-se áreas de intensa ocupação humana com áreas de reflorestamento de eucalipto. São raros os fragmentos de vegetação nativa, sendo produto do processo de sucessão secundária. A margem esquerda da lagoa de Ibirité é caracterizada pela intensa ocupação humana. Nesta porção da área de estudo, que compreende os bairros São Pedro, Lago Azul, Canaã e Canoas, a cobertura vegetal restringe-se à arborização urbana e a terrenos ainda não ocupados. Predominam nas margens do reservatório áreas de campo antrópico composta por várias espécies de gramíneas e ciperáceas. Arbustos comuns são o assa-peixe (Vernonia polyanthes), joá (Solanum sp.) e mamona (Riccinus comunis).

Figura 3.28: Vista dos Bairros São Pedro, Lagoa Azul e Canaã- Margem Esquerda da

Lagoa Ainda na margem esquerda da lagoa na área compreendida pelo condomínio Quintas da Jangada, verifica-se a presença de pequenos fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de sucessão secundária nas porções marginais ao reservatório.

Figura 3.29: Fragmentos em estágio médio de regeneração existentes na margem

esquerda do reservatório, na área do condomínio Quinta da Jangada.

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Essas formações caracterizam-se por apresentarem dossel reativamente fechado e indivíduos atingindo até 15 m de altura. Os diâmetros variam entre 10 a 20 cm. O sub-bosque é denso e as lianas são raras, sendo representativas das sapindáceas, compostas e leguminosas. As epífitas também são raras. A camada de serrapilheira é espessa. O estrato herbáceo é formado por principalmente por gramíneas e ciperáceas, além de plântulas de espécies lenhosas. Como exemplo de espécies arbóreas dessa formação podemos citar o cedro (Cedrela fissilis), o tapiá (Alchornea sidifolia), a mamica-de-porca (Zanthoxyllum sp.), a aroeirabranca (Lithraea molleoides), o jerivá (Syagrus rommanzoffiana), a farinha-seca (Albizia sp.), o cuvatã (Matayba sp.), a embaúba (Cecropia pachystachya), o cuvatã (Cupania vernalis), a paineira (Ceiba sp.), o açoita-cavalo (Luehea sp.), o capixingüi (Croton floribundus), a capororoca (Rapanea guianensis), a pixirica (Miconia sp.), a figueira (Ficus sp.), o jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia), a murta (Myrcia fallax), o assa-peixe (Vernonia polyanthes), o jatobá (Hymaenea sp.), entre outras. Em terrenos úmidos, mais próximos do reservatório são observadas espécies como o guanandi (Calophyllum brasiliense), sangra-d’água (Croton urucurana) e o ingá (Inga sp.). Na margem direita, a área de estudo é mais homogênea, sendo caracterizada como área de reflorestamento de eucalipto (Eucalyptus spp.) com presença de incipiente cobertura vegetal nativa em estágios predominantemente pioneiro e inicial de regeneração.

Figura 3.30 Reflorestamento de Eucalipto na Margem da Lagoa de Ibirité

Próximo a lagoa de Ibirité o eucaliptal possui espécies maduras, sem cortes anteriores, demonstrando que não há exploração econômica da mesma, sendo ela utilizada para compor a paisagem e manter a integridade do solo. Os fragmentos de vegetação nativa se concentram nas margens da lagoa, onde há maior luminosidade. Nestas porções a regeneração é mais vigorosa do que aquela observado no sub-bosque do eucalipto. Predominam fragmentos de pequena extensão de Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de sucessão secundária. Essas formações se caracterizam por apresentar aspecto florestal, porém de baixo porte, atingindo cerca de 8 m de altura e baixa riqueza de espécies. As lianas são

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abundantes, sendo comuns as sapindáceas, compostas, leguminosas, malpiguiáceas e bignoniáceas. Não são observadas epífitas. A camada de serrapilheira é rala. Entre as espécies arbóreas que ocorrem nessas formações citam-se como exemplo a embaúba (Cecropia sp.), o capixinguí (Croton floribundus), o joá (Solanum sp.), a aroeira-branca (Lithraea molleoides), a figueira (Ficus sp.), a capororoca (Rapanea sp.) e a açoita-cavalo (Luehea sp.). Ao longo de todo o entorno do reservatório observa-se, ainda, a presença de formações da Floresta Estacional Semidecidual em estágio pioneiro de sucessão secundária, assim como áreas de campos úmidos e campo antrópico.

Figura 3.31: Campo antrópico e áreas em estágio pioneiro de sucessão secundária.

As formações em estágio pioneiro caracterizam-se pelo porte herbáceo-arbustivo, atingindo até 4m de altura. Em sua grande maioria é composta por espécies arbustivas e herbáceas ruderais e invasores de pastagens, e exemplares juvenis arbóreos heliófitos. Esta formação é representada por várias espécies de gramíneas, picão (Bidens spp.), sapé (Imperata brasiliensis), capim colonião (Panicum maximum), chumbinho (Lantana camara), joá (Solanum sp.), assa-peixe (Vernonia polyanthus), e mamona (Ricinus communis). Indivíduos lenhosos comuns são embaúbas (Cecropia pachystachya), goiabeira (Psidium sp.) e leucenas (Leucena leucocephala). Os campos úmidos observado na área de estudo, por sua vez, caracterizam-se por serem formações secundárias de porte arbustivo-herbáceo. São observadas nesses ambientes espécies de gramíneas como o capim-colonião (Panicum maximum), ciperáceas, taboas (Typha angustifolia), assim como alguns indivíduos de porte arbóreo como a embaúba (Cecropia pachystachya) e o assa-peixe (Vernonia polyanthes). Verifica-se, ainda, a presença de vegetação aquática que se desenvolve nas margens do reservatório, como a salvínia (Salvinia sp.), uma pteridófita perene e flutuante. Ao longo de alguns córregos, a exemplo do Pintado no trecho a jusante da REGAP, existe em suas margens um adensamento vegetal, formado por arbustos, cipós e árvores de pequeno porte, com destaque para a pororoca (Myrsiine umbelata) e para o joá (Celtis iguanea).

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3.2.1.3 Ambientes Antrópicos

Plantados, em geral, com diferentes finalidades de uso, os ambientes antrópicos são representados por pastagens, jardins e eucaliptais. Em termos de importância ecológica, estes ambientes são pouco representativos, já que possuem menor diversidade de sítios e recursos alimentares a serem utilizados. Via de regra, a qualidade ambiental nas pastagens aumenta à medida do aumento do número de árvores, enquanto que nos eucaliptais a variação deste parâmetro está relacionada à densidade e diversidade do sub-bosque, o qual, dependendo do tipo de manejo a que é submetido, pode se assemelhar a uma floresta. As árvores de cagaita (Eugenia desynterica), farinha seca (Pelthophorum dubium), jacarandá-bico-de-pato (Machaerium hirtum), macaúba (Acrocomia aculeata) e sucupira (Bowdichia virgilioides) são freqüentes em meio às pastagens da região. No sub-bosque dos eucaliptais, destacam-se as árvores de açoita-cavalo (Luehea divaricata) e mamica-porca (Zanthoxyllum riedelianum), além dos arbustos jaborandi (Piper aduncum), mixirica (Clidenia hirta) e erva-de-rato (Palicourea marcgravii). Os jardins compõem grandes superfícies de terreno dentro da área da bacia da lagoa de Ibirité, sendo em geral, constituídos por diversas árvores pertencentes aos gêneros Pinus, Eucalyptus, Tibouchina, Delonix, Machaerium, Ficus, Caesalpinia, Pelthophorum, Schyzolobium. 3.2.1.4 Cobertura Vegetal da Sub-Bacia do Córrego Pintado

A paisagem fitogeográfica na sub-bacia do córrego Pintado encontra-se parcialmente preservada, e, dentre os espaços verdes, destacam-se as seguintes formações vegetais: a florestal, a campestre e a de origem antrópica, como pode ser visto na Figura 3.32.

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Figura 3.32: Cobertura Vegetal da Sub-Bacia do Córrego Pintado

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a) Floresta mesófila - Mata secundária de porte alto: ocorre predominantemente na porção central da

sub-bacia; - Mata secundária de médio porte ou mata ciliar: é uma formação semelhante à

mata secundária de porte alto, porém mais densa e de menor porte. Este tipo de formação desenvolve-se, em geral, ao longo dos cursos d’água e próximo às nascentes, caracterizando-se pela presença de plantas higrófilas, epífitas e cipós, que alcançam as copas das árvores. Sua presença pode ser notada ao longo dos córregos Palmares e Pintado;

b) Campo cerrado

Campos: são formações que ocorrem nas regiões com altitudes superiores a 900 metros, caracterizadas pela vegetação rasteira que é constituída por gramíneas, ciperácea e algumas leguminosas. Aparecem, sobretudo, nas porções Leste/Nordeste e Oeste da sub-bacia. São utilizadas parcialmente como pastagens e seu estado de preservação é, de modo geral, bom. A cobertura vegetal da área é bastante representativa da estabilidade dos solos, muito sensível a processos erosivos. Em todo a sub-bacia, observa-se que a retirada de vegetação, não acompanhada de medidas de controle, provoca processos erosivos, especialmente onde a declividade é mais acentuada.

Quanto à área urbanizada, localizada na unidade, observa-se que nos bairros Petrovale, Petrolina e Cascata, do município de Ibirité, as condições de urbanização são precárias, e há visível carência de áreas verdes e infra-estrutura básica. No bairro Petrolina, existem pequenas lavouras temporárias e permanentes, predominantemente horticultura e fruticultura.

c) Antrópico

Florestas plantadas: correspondem às plantações, fundamentalmente constituídas de várias espécies de eucaliptos que chegam a ocupar grande parte da área, ocorrendo em grandes manchas concentradas, sobretudo na porção sul da sub-bacia (terrenos da Regap), ocupando parte do município de Ibirité nas proximidades com a lagoa de Ibirité e em pequenas manchas junto à BR 381.

3.2.2 Fauna 3.2.2.1 Unidades de Conservação

- Parque Estadual do Rola Moça De acordo com o inventário de fauna (exceto peixes) e flora coordenado pela Fundação Biodiversitas para elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual do Rola Moça, a Unidade de Conservação abriga hoje 893 das 11.910 espécies de animais e plantas conhecidas no Estado. Isso significa que o Parque abriga, pelo menos, 7,5% do total de espécies que ocorrem em Minas Gerais. Das 258 espécies de plantas registradas na Unidade, duas são endêmicas (Artrocereus glaziovii e Aulonemia effusa) e 10 se enquadram em alguma categoria de ameaça no país (Dalbergia nigra, Melanoxylum brauna, Guatteria sellowiana, Lychnophora pinaster, Artrocereus glaziovii, Ditassa linearis, Cinnamomum

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quadrangulum, Physocallyx major, Mikania glauca e Hololepis pedunculata). Entre os animais, são endêmicas do Parque 06 espécies de aves (Melanopareia torquata, Polystictus superciliaris, Cyanocorax cristatellus, Porphyrospiza caerulescens, Embernagra longicauda e Antilophia galeata) e 06 espécies de mamíferos (Didelphis aurita, Marmosops incanus, Pseudalopex vetulus, Chrysocyon brachyurus, Sciurus aestuans e Callicebus nigrifrons). Seis das espécies de animais registradas no estudo também se enquadram em alguma das categorias de ameaça no país (P. vetulus, C. brachyurus, Leopardus tigrinus, Puma concolor, Mazama americana e M. gouazoupira). A verificação desses dados reforça, mais uma vez, a fundamental importância da criação e manutenção de Unidades de Conservação como estratégia para a preservação da diversidade biológica brasileira.

- APE Bálsamo

A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade, incluindo a espécie Leopardus wiedii (gato-do-mato) que figura na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Outras espécies encontradas: alma-de-gato, curiango, rolinha, irara, raposa-do-mato, tatu-galinha, coati, tapeti, cuíca, sagui.

Tabela 3.17: Biodiversidade da Área de Proteção do Bálsamo

Espécies Mamíferos 17

Aves 5 Fonte: COPASA

- APE Rola Moça

A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade, incluindo a espécie Leopardus wiedii (gato-do-mato) que figura na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Outras espécies encontradas: gavião-pinhé, bem-te-vi, joão-de-barro, beija-flor, caxinguelê, preá, sagui, tatu-galinha, cuíca, coati.

Tabela 3.18: Biodiversidade da Área de Proteção do Rola Moça

Espécies Mamíferos 17 (1 em extinção)

Aves 5 Fonte: COPASA

- APE Rola Moça

A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade e espécies endêmicas, incluindo aquelas que figuram na “Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais”, tais como: chibante, macaco sauá e gato-do-mato. Outras espécies encontradas: gavião-pinhé, bem-te-vi, beija-flor, caxinguelê, preá, sagui, tatu-galinha, cachorro-do-mato, cuíca, coati.

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Tabela 3.19: Biodiversidade da Área de Proteção do Taboões

Espécies Mamíferos 19 (2 em extinção)

Aves 28 (1 em extinção) Fonte: COPASA

3.2.2.2 Lagoa de Ibirité

A área compreendida pela lagoa de Ibirité, assim como seu entorno, encontra-se sob forte influência antrópica. As formações vegetais nativa são raras e estão representadas por fragmentos de pequena extensão resultantes do processo de sucessão secundária. Predominam formações nos estágios iniciais do processo de sucessão secundária (pioneiro e inicial). Nessa paisagem caracterizada por uma matriz tipicamente antrópica e por fragmentos de vegetação nativa de pouca expressão biológica, verifica-se uma fauna composta por espécies típicas de ambientes alterados que se caracterizam pela baixa sensitividade a alterações ambientais e amplamente distribuídas. Por outro lado, a presença de um grande corpo d’água cria condições para a ocorrência de inúmeras espécies típicas de ambientes aquáticos e de transição.

Fig. 3.32: Garça branca-grande (Ardea alba) na margem da Lagoa de Ibirité

Fig.3.33: Casaca de- couro-da-lama (Furnarius figulus) registrados na

margem da Lagoa de Ibirité. Dadas as características do entorno do reservatório, ou seja, a predominância de ambientes antrópicos onde a vegetação nativa é caracterizada por pequenos fragmentos de origem secundária (predominando os estágios pioneiro e inicial de regeneração) as espécies registradas apresentam, invariavelmente, grande resiliência e ampla distribuição.

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3.3 ÁREAS PROTEGIDAS

3.3.1 Unidades de Conservação Conforme definido pela Lei Nº 9.985, de 18/07/00, em seu artigo 2º, unidade de conservação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Na bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité são identificadas oito unidades de conservação, sendo cinco delas estaduais e três municipais. A Tabela 3.20 apresenta as cinco unidades de conservação estaduais:

Tabela 3.20: Unidades de Conservação Estaduais da Bacia da Lagoa de Ibirité

Tipo / Nome Municípios Lei/ Decreto de Criação

Data de Criação

Área da UC (ha)

APA Sul Barão de Corais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara e Sarzedo

35.624 08-06-94 165.250

APE Rola Moça (1) (2)

Ibirité 22.110 14.06.82 738

APE Bálsamo (1) (2)

Ibirité 22.110 14.06.82 Incluída na área do

Bálsamo APE Taboões (1) (2)

Ibirité e Sarzedo 22.109 14.06.82 890

Parque Estadual Rola Moça

Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho

36.071 27-09-94 3.941

(1) - Mananciais incluídos do Parque Estadual da Serra do Rola Moça (2) - Áreas incluídas na APA-SUL (Área de Proteção Ambiental Sul RMBH) APA – Área de Proteção Ambiental APE – Área de Proteção Especial Além destas, existem três unidades de conservação municipais em Ibirité, listadas a seguir. - Mata do Rosário, localizada entre a avenida Renato Azeredo até a estrada que liga

a MG-040 à Escola Sandoval Soares de Azevedo. Lei 1.527 de 15 /12/ 1998; - Mata do Soca, nas proximidades do bairro Vista Alegre. Lei 1.426 de 05 de

dezembro de 1996; - Matas Candeia e Grotão. Lei 1.397 de 01 de abril de 1996. O Mapa 1, a seguir, apresenta as unidades de conservação existentes na bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité:

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Inserir Mapa 1 de Áreas Protegidas

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Figura 3.34: Vista da Mata do Soca, notar ao fundo a Serra do Rola Moça

Área de Proteção Especial Bálsamo, Rola Moça e Taboões

As bacias dos córregos Rola-Moça, Bálsamo e Taboões são protegidas por decreto de preservação especial, sendo utilizadas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA/MG como áreas de captação para o abastecimento de água da RMBH (APE Taboão e APE Bálsamo e Rola Moça). A Área de Proteção Especial (APE) está prevista na Lei Federal nº 6.766 de 19/12/1979 que disciplina o Parcelamento do Solo Urbano (BRASIL, 1979). A Lei não define os objetivos de manejo e as restrições de uso para este tipo de área, cabendo aos Estados disciplinar a aprovação municipal de loteamentos em áreas consideradas de interesse especial, entre eles, aqueles destinados à proteção de mananciais. Mesmo não constituindo uma unidade de conservação, a criação desta categoria visa a proteção dos mananciais de captação de água para o abastecimento da RMBH. No caso específico desta região, este fato nem sempre vem ocorrendo, em todas as áreas, tendo em vista as interferências antrópicas com invasões constantes.

Parque Estadual Serra do Rola Moça

O Parque Estadual Serra do Rola Moça foi criado em 27 de setembro de 1994, pelo Decreto Estadual 36.071/94. O parque localiza-se nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho e constitui uma das principais áreas verdes da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com uma área de 3.941,09 ha e inserido na Área de Proteção Ambiental – APASul, é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas - IEF e possui infra-estrutura constituída por: um Centro de Informação e Administração de Educação Ambiental e Lazer, quatro portarias, casa do grupamento da Polícia Florestal e residências para os fiscais.

Mata do Soca

Serra do Rola Moça

Bairro Vista Alegre

Bairro Bosque

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Ressalta-se que, quando da criação do parque, parte do terreno compreendido por esta unidade era de propriedade da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, outra parte inserida no Parque Jatobá, e o restante da área de propriedade das Minerações Brasileiras Reunidas – MBR. A área, pertencente à MBR, foi recentemente doada para ser incorporada à área do parque. Esta área apresenta grande diversidade ambiental, sendo considerada área de tensão Ecológica Florestal Estacional – Savana (cerrado). Das espécies do cerrado encontradas, verifica-se a caryocar brasiliense (pequi), Qualea parviflora (pau ferro), dentre outros. Dentro do parque existem áreas destinadas à proteção de mananciais de água utilizados pela COPASA para abastecimento de grande parte da população da região metropolitana de Belo Horizonte, quais sejam: rio Taboão, Rola-Moça, Barreirinho, Barreiro, Mutuca e Catarina. Para garantir a proteção destes mananciais é vedada a visitação pública nesta região do parque.

Área de Proteção Ambiental Sul - APA Sul A Área de Proteção Ambiental-Sul foi criada pelo decreto n.° 35.624 de 08/06/1994, localiza-se na Região Metropolitana de Belo Horizonte – MG e abrange os municípios: Barão de Corais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara e Sarzedo. A APA-Sul totaliza uma área de 76.310 ha, dotada de atributos bióticos, econômicos, culturais e estéticos significativos e destaca-se por sua vocação minerária, responsável pelo surgimento dos núcleos de população desde o Século XVIII. A exploração econômica da mineração de ouro e, posteriormente substituída, em maior escala, pela mineração de ferro, é considerada como um dos vetores de expansão urbana, iniciada historicamente pelos municípios de Nova Lima e Brumadinho. O estabelecimento da APA-Sul/RMBH, em junho de 1994, resultou da negociação entre os vários setores atuantes na região, através de debates e seminários, sempre realizados com o aval do COPAM. A participação da sociedade civil na gestão da unidade sempre foi assegurada através de sua representação no Conselho Consultivo.

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Figura 3.35: Mapa de Localização da APA SUL

Merece mencionar que ocorrem com freqüência invasões das áreas dos mananciais de abastecimento nos limites do município. Um dos loteamentos instalados irregularmente e considerado clandestino, segundo a Prefeitura Municipal de Ibirité é denominado de Jardim Casa Branca, que se encontra inserido parcialmente no Parque Estadual Serra do Rola-Moça. Nas proximidades, estão instalados também os bairros do Jardim Montanhês e Bosque Ibirité, que são loteamentos aprovados pela Prefeitura Municipal. O bairro Vista Alegre, implantado há muitos anos, não foi aprovado pela Prefeitura.

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3.3.2 Áreas de Preservação Permanente As áreas de preservação permanente (APPs) são áreas legalmente protegidas, cobertas ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas Os topos de morros, entornos de nascentes, margens de rios e reservatórios, dunas, restingas e manguezais são exemplos de APPs. Essas áreas prestam serviços ambientais fundamentais para todos os seres vivos e para sua qualidade de vida, como produção e qualidade da água, controle de erosão, deslizamentos e assoreamentos, proteção de fundos de vales, da diversidade biológica, dos micro-climas, das paisagens, entre outros. A conservação e preservação das APPs são regulamentadas pelas seguintes legislações: Código Florestal (1965), Medida Provisória nº 2.166-67/2001, Resoluções CONAMA 302, 303 (2002), 369 (2006) e regulamentações específicas de uso e ocupação do solo municipais. Segundo a Resolução 369/2006 a intervenção ou supressão de vegetação em APP, só pode ocorrer, excepcionalmente, em casos de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental. Nestes casos, deverá ser obtido do órgão ambiental competente a autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio, no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis. A intervenção ou supressão de vegetação em APP dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente. Em áreas urbanas, dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o município possua Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas (no caso de municípios com menos de vinte mil habitantes), mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada em parecer técnico. Na bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité são reconhecidas as seguintes categorias de áreas de preservação permanente:

- Faixas marginais ao longo de todos os rios e córregos da bacia, com largura de 30 metros, uma vez que todos os cursos d’água desta bacia possuem largura inferior a 10 metros;

- Faixa de 30 metros ao redor da lagoa de Ibirité, uma vez que se trata de um reservatório artificial situado em área urbana consolidada;

- Raio mínimo de 50 metros de largura em torno das nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica;

- No topo de morros, montes e montanhas, em áreas delimitadas, a partir da curva de nível correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação, em relação à base;

- Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 100% ou 45º, na sua linha de maior declive.

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É importante considerar a previsão legal de que será respeitada a ocupação antrópica já consolidada nas áreas de preservação permanente, desde que não haja alternativa locacional e que sejam atendidas as recomendações técnicas do poder público para a adoção de medidas mitigadoras, vedada expansão da área ocupada. No meio urbano as APPs têm o potencial de funcionar como amenizadores de temperatura (controle climático), diminuir os ruídos e os níveis de gás carbônico (melhoria da qualidade do ar), promover equilíbrio de distúrbios do meio (proteção contra enchentes e secas), protegerem as bacias hidrográficas para o abastecimento de águas limpas (controle e suprimento de águas), proporcionar abrigo para a fauna silvestre (controle biológico e refugio da fauna), promover a melhoria da saúde mental e física da população que as freqüenta (função recreacional e cultural), e contribuir para o melhoramento estético da paisagem. Apesar de reconhecidas por suas qualidades e funções ambientais, e mesmo protegidas pela legislação federal, as áreas de preservação permanente – APPs continuam a ser degradadas, de um modo geral, por três ações antrópicas distintas, porém correlatas:

- Conversão de espaços naturais para usos urbanos; - Extração e deterioração dos recursos naturais; - Despejo dos resíduos urbanos, industriais e domésticos.

A destruição ou danificação da área de preservação permanente ou sua utilização com infringência das normas de proteção é considerada crime pela Lei Nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), sujeitando o infrator de um a três anos e multa. Na área urbana do município de Ibirité grande parte das APPs ao longo dos cursos d’água encontram-se ocupadas ou degradadas. O Mapa 2 apresenta a localização das áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água e no entorno da lagoa, na bacia da lagoa de Ibirité.

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INSERIR MAPA 2 DAS APPS DA BACIA

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A faixa de APP ao longo do ribeirão Ibirité, dentro da área urbana do município de Ibirité, apresenta diversos trechos degradados com atividades antrópicas, incluindo lançamento de esgotos, supressão de vegetação, bem como ocupações irregulares. Diversos pontos de bota-foras de entulhos e de disposição de lixo são observados na região de APP às margens deste ribeirão, contribuindo para o assoreamento deste curso d’água.

Figura 3.36: APP degradada ao longo do ribeirão Ibirité, no bairro Jardim das Rosas

Figura 3.37: Trecho urbano do córrego Pintado constatando a construção irregular de

moradias em APP

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Figura 3.38: APP do córrego Pintado a jusante da REGAP e a montante de sua confluência no ribeirão Ibirité (observar o lançamento de lixo nas margens do córrego)

Figura 3.39: APP do ribeirão Ibirité a montante da confluência do cor. Pintado

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Salienta-se que na área urbana do município de Betim (sub-bacia do córrego Pintado ao norte da BR-381) e de Ibirité ainda existem locais marginais aos cursos d’água não ocupados que, portanto, mesmo não havendo mata ciliar, são áreas de preservação permanente e devem ser preservados e não ocupados, como mostra a Figura 3.40.

Figura 3.40: APP preservada ao longo do Ribeirão Ibirité junto à Mata do Rosário

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44.. CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO SSÓÓCCIIOO--EECCOONNÔÔMMIICCAA DDAA BBAACCIIAA DDAA LLAAGGOOAA

DDEE IIBBIIRRIITTÉÉ

4.1 DEMOGRAFIA

O estudo populacional da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité abrange a população total do município de Ibirité, bem como parcelas de contingentes populacionais dos municípios de Betim e Sarzedo, bem como em menor proporção habitantes de Contagem e Belo Horizonte, localizados nesta bacia. A bacia da lagoa de Ibirité possui uma população atual de 169.918 habitantes, assim distribuídos:

- 148.535 habitantes do município de Ibirité (totalidade da população do município em 2007, segundo a contagem da população realizada pelo IBGE);

- 16.992 habitantes do município de Betim; - 2.469 habitantes do município de Sarzedo; - 1.533 habitantes do município de Belo Horizonte; - 389 habitantes do município de Contagem;

A seguir são sintetizados os dados relativos à evolução populacional dos municípios de Ibirité, Betim e Sarzedo. Betim

O município de Betim foi criado em 1938. O crescimento populacional foi incrementado nas décadas de 70 (122,6%) e 80 (103%) e decresceu na de 90 (79,4%). O município possui uma taxa de urbanização muito alta - 97,26% - sendo insignificante a população rural: 2,74% (8.417 hab), contra 298.258 habitantes urbanos, totalizando 306.675 habitantes, em 2000, quando a densidade demográfica era de 886,44 habitantes por km². Com área de 345,9km², representa 2,40% da área da RMBH. Segunda a Contagem Populacional a população de Betim, em 2007, totalizava 415.098 habitantes.

Ibirité O município de Ibirité foi criado em 1962. O crescimento populacional foi incrementado nas décadas de 70 (104%), 80 (132%), e arrefecido a partir da década de 90 (44%) em diante. O município possui uma taxa de urbanização muito alta - 99,46% - sendo insignificante a população rural: 0,53% (709hab), contra 132.335 habitantes urbanos, totalizando 133.044 habitantes, em 2000. Entretanto, estimativas mais recentes dão conta da queda da taxa de crescimento demográfico de Ibirité, baseadas na tendência histórica e em contagens realizadas pelo próprio IBGE, conforme a Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Taxas Médias de Crescimento da População de Ibirité e MG

Especificação 1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2007 Minas Gerais 1,54% 1,49% 1,43% 1,06% Ibirité 7,44% 7,95% 4,08% 1,56%

Fonte: Estudo de Concepção do Sistema de Esgotamento Sanitário PMI -2007

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Com área de 73,0 km², representando 0,51% da área da região metropolitana, sua densidade demográfica em 2000 era de 1.819,26 habitantes por km². Segunda a Contagem Populacional a população de Ibirité, em 2007, totalizava 148.535 habitantes.

Sarzedo O município de Sarzedo emancipou-se de Ibirité em janeiro de 1997 e no ano de 2000 o IBGE fez o primeiro censo no município. Segundo o Censo do IBGE, em 2000, Sarzedo possuia 17.274 habitantes, sendo que 85% da população viviam na zona urbana. A zona rural do município ocupa aproximadamente 2/3 da área territorial, sendo formada por importantes comunidades denominadas (Capão do Bálsamo, Serra da Boa Esperança, Vila da Serra, Engenho Seco e Lambari dentre outras. São aproximadamente 250 propriedades de pequeno e médio porte que exploram a agricultura familiar, com destaque para a Horticultura, importante fonte de emprego e renda do município. Com área de 61,9 km², representando 0,43% da área da região metropolitana, sua densidade demográfica era de 279,51 habitantes por km², em 2000. Segunda a Contagem Populacional a população de Sarzedo, em 2007, totalizava 23.282 habitantes.

4.2 BREVE HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE BETIM E IBIRITÉ

4.2.1 Betim O nome “Betim” tem origem no sertanista José Rodrigues Betim, que em 1711 recebe a sesmaria localizada no vale do Ribeirão da Cachoeira, hoje Rio Betim, constituída de terras que então pertenciam à imensa Vila Real de Sabará, entre o Rio Paraopeba e a Estrada das Abóboras (Contagem). Sua história, segundo o historiador Rodrigo Cunha Chagas, relaciona-se ao início do ciclo do ouro em Minas Gerais. Localizada na confluência dos caminhos para Pitangui e Sabará, o povoado configurava um ponto estratégico para alojamento e reabastecimento dos sertanistas, tropeiros e viajantes que circulavam pelos caminhos e trilhas das minas. A formação do núcleo urbano se inicia por um casarão bandeirista – pousada e armazém – e uma pequena capela erigida em 1754, tornando o povoado conhecido como Arraial da Capela Nova de Betim. Em 1797, o Conde de Sarzedas assume o governo da Capitania de Minas e cria novos distritos, entre eles o de Capela Nova de Betim, que a partir de 1901 passa a integrar o município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas. Uma igreja maior, devotada a Nossa Senhora do Carmo, substitui a capela original em 1867, apontando indícios de aumento de população e de consolidação do nucleamento urbano inicial. Em 1910, chega à cidade a Estrada de Ferro Oeste de Minas. Sua construção, rumo ao oeste e ao sul, auxilia na fixação de homens empreendedores, induzindo à ocupação no entorno das inúmeras estações e paradas da ferrovia. Em 1938 Betim torna-se município, instalando-se por iniciativa do governo do Estado o Parque Industrial, já em 1941, explorando o potencial da região e facilitando a

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instalação de novas indústrias. Em 1948, é desmembrado de seu território o município de Contagem. Na década de 1940, a atividade agropecuária era predominante na economia municipal, com escoamento da produção pela ferrovia. No final desta década, o processo de industrialização se firma com a implantação de indústrias de porte significativo – principalmente cerâmicas e siderúrgicas de ferro-gusa – intensificando-se durante a década de 50, com a inauguração da Rodovia Fernão Dias. Pavimentada em 1958, a rodovia facilita também a ampliação de loteamentos ao longo do eixo de expansão industrial da capital do Estado. Implanta-se a Refinaria Gabriel Passos em 1968 – primeiro grande empreendimento industrial no município – responsável pelo desenvolvimento de muitas atividades complementares, como o comércio atacadista de combustíveis. As potencialidades de localização industrial e de desenvolvimento urbano em Betim são reforçadas pelo planejamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, instalada em 1973. Grandes áreas do município são ocupadas pela indústria na segunda metade da década de 70, criando-se o Distrito Industrial Paulo Camilo, e sendo implantadas a Fiat Automóveis S/A e suas indústrias-satélites, a Krupp, a FMB, resultando na formação do segundo pólo industrial automobilístico do país. O início dos anos 1980 registra crescimento explosivo da população em Betim, atingindo 82.601 habitantes, sendo considerada uma das cidades que mais cresceu em todo o País. A crise econômica nacional, entretanto, promove uma desaceleração do processo de crescimento, retomado já a partir da década de 90, pela atração de novas indústrias em decorrência da saturação de áreas industriais em outras regiões do Estado e devido à necessidade de adequação do parque industrial aos padrões de concorrência impostos pelo mercado externo. 4.2.2 Ibirité O território onde se situa hoje o município de Ibirité era conhecido, desde 1810, pelo nome de Vargem do Pantana ou Várzea do Pantana, em referência a um dos primeiros moradores do lugar, Manoel Galvão Pantana. Conforme a tradição, Vargem do Pantana era uma fazenda em 1810, em torno da qual se constituíram, ao longo dos anos, os povoados de Jatobá, Maravilhas e Onça. A economia da região, como outras na área central da província de Minas, dependia basicamente de unidades agrícolas diversificadas internamente – fazendas, sítios, roças – produzindo para consumo próprio e venda local. Nesta época, a região era utilizada para pasto dos rebanhos trazidos dos sertões da Bahia, nas rotas dos rios São Francisco e das Velhas. Ao ser criado o distrito, em 1890, contava com os três povoados e as fazendas Mato Grosso, Capão, Rola-Moça, Canal e Serra. Com a criação do Município de Betim, em 1938, Vargem do Pantana passa a integrá-lo sob a denominação de Ibiritê, pouco depois popularizado como Ibirité. Desmembrado de Betim, Ibirité eleva-se à categoria de município em 1962.

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A estação de trem de Ibirité é inaugurada em 1917, mesmo ano em que a linha do Paraopeba atinge Belo Horizonte. Em 1973, a estação passa a ser o ponto de saída do ramal de Águas Claras, construído e administrado até 1996 pela RFFSA, para carregar minério para um terminal em Belo Horizonte. Nos últimos anos a estação foi completamente abandonada, embora a linha do Paraopeba e o ramal estejam funcionando normalmente para trens cargueiros. Restaurada em 2005, a estação abriga hoje o Museu Ferroviário Municipal. O município tem nas indústrias extrativa, de transformação mineral, de beneficiamento de produtos agrícolas, e ainda na agropecuária, sua principal fonte de renda. O comércio se constitui de uma rede de lojas, supermercados, bares e restaurantes. O crescimento de Ibirité acompanhou a dinâmica da Região Metropolitana, firmando-se como um grande produtor de hortigranjeiros. Apesar de absorver grande contingente de mão de obra, essa atividade pouco contribui para a geração de recursos no município. Com a separação territorial de seus distritos de Sarzedo e Mário Campos, emancipados em 1995 e instalados em 1997, o setor de horticultura de Ibirité sofreu grande redução, pois se concentrava na área rural pertencente aos dois antigos distritos. Hoje, o município se caracteriza como cidade dormitório, tendo mais de 50% de sua população dependente de empregos em outras localidades, especialmente no eixo Belo Horizonte e Contagem. O Distrito Industrial, criado em 1996, está trazendo para o município nova expectativa de desenvolvimento e, nos últimos anos, algumas empresas de grande porte estão se instalando na região, possibilitando a geração de empregos diretos e indiretos e o aumento da arrecadação municipal, trazendo perspectivas de melhora nas condições da qualidade de vida. 4.3 PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DOS MUNICÍPIOS DE BETIM,

IBIRITÉ E SARZEDO

4.3.1 Betim e Ibirité Os dados disponíveis relativos ao setor de atividade onde atuam as pessoas ocupadas residentes em Betim e Ibirité são de 2000, e indicam forte semelhança na distribuição, malgrado se tratem, como visto, de municípios que até recentemente apresentavam desenvolvimentos fortemente diferenciados: pólo industrial e cidade dormitório. Tal fato parece dever-se ao caráter metropolitano de ambos os municípios, levando a que as respectivas populações estejam englobadas num mercado de trabalho unificado. De modo claramente diferenciado da média da RMBH, a predominância numérica da força de trabalho alocada nos Serviços é menos acentuada, destacando-se a forte participação do setor Indústria, responsável por cerca de uma terça parte das ocupações produtivas, e a pequena incidência das atividades primárias, como poder ser observado na Tabela 4.2, a seguir.

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Tabela 4.2 – Número de Pessoas Ocupadas Segundo Setores de Atividade, Municípios

de Betim e Ibirité, 2000 Setores de Betim Ibirité Atividades Nº absoluto (%) Nº absoluto (%)

Agropecuária 2.035 1,9 1.162 2,6 Indústria 38.256 34,9 15.121 33,3 Comércio 17.525 16,0 7.000 15,4 Serviços 51.757 47,2 22.059 48,7 Total 109.573 100,0 45.342 100,0

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais, Perfil Municipal. Esse tipo de alocação produtiva das pessoas ocupadas parece responder à especificidade do Vetor Oeste, onde se destaca o padrão periférico com forte concentração industrial, e amplamente permeado por assentamentos ocupados por famílias de baixa renda, vinculadas principalmente ao setor terciário tradicional, especialmente aos serviços – com grande incidência dos serviços pessoais, assim como ao comércio, com ênfase para as atividades informais. Betim ocupa uma localização privilegiada na confluência com São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia e a capital estadual Belo Horizonte. O desenvolvimento de Betim relaciona-se também diretamente com a construção de Belo Horizonte, tendo se tornado grande fornecedor de materiais de construção. Em 1941, como reconhecimento do potencial econômico local e na tentativa de atrair novas atividades para fortalecer o papel polarizador de Belo Horizonte, foi instituído um primeiro parque industrial no território municipal de Betim. No final dos anos desta mesma década instalaram-se na região as primeiras indústrias ceramistas de porte significativo (Basiléia, Saffran, Ikera e Cerâmica Minas Gerais), além de algumas siderúrgicas de ferro gusa, como a Paraopeba e a Amaral. A implantação da Cidade Industrial de Contagem também acarretou efeitos significativos para Betim, tendo-se verificado significativo adensamento de seu espaço urbano em resposta à demanda por moradia originada pelo crescimento daquela cidade industrial. Iniciava-se, desse modo, a industrialização e adensamento populacional do município que, na seqüência, foi fortemente valorizado para esses fins com a construção da Rodovia Fernão Dias. Esta rodovia federal, que corta grande parte do território municipal, foi asfaltada em 1958, ao que se seguiu o lançamento de grande número de loteamentos no novo eixo de ligação com Belo Horizonte e São Paulo, atraindo grandes indústrias e assentamentos populacionais. O primeiro grande empreendimento industrial implantado no Município de Betim foi a Refinaria Gabriel Passos, em 1968, o que atraiu numerosas atividades complementares, especialmente aquelas vinculadas ao comércio atacadista de combustíveis. Com a intensificação da industrialização foi criado o Distrito Industrial Paulo Camilo. A implantação da Refinaria Gabriel Passos ocasionou impactos também no Município de Ibirité, pois mais 20% da área ocupada por esta planta industrial se localiza em seu território. Não obstante esse impacto foi muito menos intenso do que em Betim, pois a área ocupada era periférica e de baixa densidade de ocupação e com pouca acessibilidade e fluxos em relação à sede municipal.

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Em 1976 a Fiat Automóveis S/A foi implantada no município de Betim atraindo, por sua vez, um grande conjunto de indústrias de autopeças e outros produtos e serviços complementares à atividade da montadora. Esta veio a se constituir no segundo pólo automobilístico do país, consolidando desse modo o núcleo industrial de Betim. No final dos anos 1980 ocorreu a primeira ampliação da Fiat Automóveis, com a implantação de um novo cinturão de fornecedores. O início desta década foi voltado essencialmente para a racionalização e modernização tecnológica, com implicações no processo produtivo e investimentos para diferenciação do produto. A modernização das plantas existentes levou também a uma expansão da capacidade produtiva em função da elevação da produtividade. Com a especialização na produção de veículos de pequeno porte, foi obtida uma escala de produção mais eficiente, bem como a complementaridade com plantas de outros países. Em Betim, em 2000, a FIAT construiu mais uma nova planta industrial, estruturada a partir da utilização de equipamentos baseados na microeletrônica e automação programável, seguindo os critérios de flexibilidade da produção enxuta, com a intensificação da difusão de técnicas de produção e organização do trabalho, assim como de sistemas de fornecimento hierarquizados de peças e componentes. O outro lado desse processo de expansão e desenvolvimento tecnológico foi constituído pelas empresas de autopeças que também investiram, se bem que menos do que a montadora, pois se elevou fortemente a importação de componentes. Ocorreu também um acentuado processo de fusões e incorporações neste segmento, com a imposição pela montadora do sistema de fornecimento hierarquizado. O segmento de autopeças, no âmbito do Estado de Minas Gerais, era até então constituído por cerca 150 empresas com peso no parque automotivo do país tendo passado por forte processo de desnacionalização, denominado também de italianização, pois a FIAT estimulou a entrada de parceiros internacionais com os quais tinha relacionamento de longo prazo na Itália. Em contraposição ao amplo desenvolvimento de Betim, estudo da Fundação João Pinheiro indica que Ibirité é o segundo mais pobre município da RMBH e seu desenvolvimento industrial é ainda tênue e bastante recente. Não obstante, como já citado, este município passou por um grande crescimento populacional, funcionando como cidade dormitório de pessoas com trabalho em Belo Horizonte, Contagem e Betim, principalmente. Seu território foi procurado por intenso fluxo de famílias de baixa renda, atraídas por loteamentos clandestinos e pela facilidade de ocupação espontânea, pois era inexistente o policiamento do uso e ocupação do solo. Formaram-se assim grandes bolsões de ocupação desordenada em áreas de risco, tais como terrenos com declividades acentuadas nos sopés dos morros, proximidade dos gasodutos, oleodutos e redes de alta tensão, bem como à beira de córregos e outras áreas de preservação ambiental. Esse fenômeno foi particularmente intenso durante a década de 1980, com o adensamento degrandes áreas periféricas e desprovidas de infra-estruturas e serviços.

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Foi intensa a multiplicação de sub habitações, em loteamentos clandestinos. Estudo realizado em 1992 sobre os deslocamentos por motivo de trabalho no âmbito da RMBH, indicou que 59,1% da população ocupada residente em Ibirité trabalhava em outros municípios, enquanto para Betim essa proporção cai para 25,9. Esse mesmo estudo fez uma avaliação da autonomia na geração de trabalho, identificando que em Betim 68,4% das ocupações eram geradas no próprio município, enquanto para Ibirité essa proporção era de apenas 27,9%. Observou ainda que 42,7% dos moradores de Ibirité com ocupação produtiva se deslocavam para Belo Horizonte, 20,5% para Contagem e os restantes 7,1% para Betim. Tomando como foco a população ocupada de Betim, o mesmo estudo apontava que respectivamente 16,4% e 14,0% da população ocupada se deslocava para Belo Horizonte e Contagem. A partir da década de 1990 ocorreu uma retomada do crescimento industrial em Betim, que passou a atrair novos investimentos em decorrência da saturação da área industrial nos municípios vizinhos, verificando-se também o início da duplicação da Fernão Dias. O parque industrial atual é diversificado, ocorrendo maior concentração nos ramos de autopeças e componentes, metalúrgica, e de minerais não metálicos. São as seguintes as principais empresas industriais instaladas em Betim: FIAT Automóveis S/A, PETROBRAS S/A, Cerâmica Saffran S/A, Ikera Indústria e Comércio Ltda, Tnt Logistics, Lear Corporation do Brasil Ltda, Asea Brown Boveri Ltda, Klabin Fabricadora de Papel e Celulose S/A, Teksid do Brasil Ltda, Frigobet Frigorífico Industrial de Betim Ltda, Formtap Indústria e Comércio S/A, ICL Indústria Cachoeira Ltda, Pharmacience Laboratórios Ltda, Plascar Indústria e Comércio Ltda, Interni S/A Interiores para Veículos, Polyplaster S/A Comércio e Indústria, Embrapack Embalagens Ltda, Metalsider Ltda, Teksid do Brasil, ABB Ltda, Codeme Engenharia S/A, Enarpe Administração e Serviços Ltda, Colauto Adesivos e Massas Ltda, USINIMAS Mecânica S/A, CEMM Caldeirarias Estruturas Manutenção e Montagem Ltda, Metform S/A, Metalfino Indústria e Comércio Ltda, Ermetra Indústria e Comércio Ltda, Camau Serviços do Brasil, COMEC Construções Civis Ltda, Soldering Comércio e Indústria Ltda, Planser Serviços Ltda, Piemonte do Brasil Ltda, Ritz do Brasil AS, Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda, Promati Automação de Processos Ltda, Teksid do Brasil, Proema Minas Ltda, Aethra Componentes Automotivos Ltda, Magneti Marelli do Brasil Ind. e Comércio Ltda, Magneti Marelli do Brasil Sistemas Térmicos Ltda, Usiminas Mecânica S/A, Fape Ltda, Rossetti Equipamentos Rodoviários Ltda, Tower Automotive do Brasil S/A, Rieter Ello Artef de Fibras Têxteis Ltda, Metalúrgica MM MG Ltda, Iesel Usinagem e Mecânica em Geral Ltda, Pravic Indústria e Comércio Ltda, Lear do Brasil Ltda, T.W. Espumas Ltda, Sagüi Indústria e Comércio Ltda. Betim possui ainda um porto seco – Estação Aduaneira do Interior, que movimenta em média cargas com valor de um bilhão de dólares anualmente, destacando-se especialmente as operações da TNT Logistics, responsável pelo serviço de distribuição de peças da FIAT Automóveis, suas congêneres, além de outras empresas. Nos anos 1990 em Ibirité foi implantado um Distrito Industrial com empresas de diversos ramos, incluindo confecções e artigos de vestuário, extração mineral, fabricação de peças, autopeças, artigos de borracha e plástico, máquinas e equipamentos, produtos alimentícios, produtos de madeira e têxteis. Finalmente, em

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2002, foi implantada a IBIRITERMO, termoelétrica a gás, que veio preencher uma carência da região, estimando-se que ocorra uma maior atração de indústrias para o Distrito Industrial presente no município. São as seguintes as principais empresas industriais instaladas em Ibirité: Mineração Montreal, Real Alimentos Ltda, Indústria e Comércio de Alimentos Supremo Ltda, Frigorífico Supremo Ltda, Bulk Embalagens Ltda, Patoge Indústria e Comércio Ltda, Crissol Ltda, Cleonice José Carvalho de Souza EPP, Antunes & Astrum Indústria e Comércio Ltda, Arte Decorativa Ltda, Adler Pti Ltda, Plastibi Plásticos Ibirité Ltda, Pirelli Pneus S/A, Tarfer Ltda, Tecmon Ltda, Serralheria Gati Ltda, M Soldas Indústria e Comércio Ltda, Paral Indústria e Comércio Ltda, Krupp Hoesch Molas Ltda, IMAM do Brasil S/A, Krupp Automotive Systems do Brasil Ltda, Krupp Presta do Brasil Ltda. 4.3.2 Sarzedo A mineração constitui uma das principais atividades econômicas do município de Sarzedo, onde a “Itaminas Comércio e Minérios S. A.”, explorou o minério de ferro nas minas do “Engenho Seco e Jangada” há mais de cinco décadas, sempre utilizando a cidade de Sarzedo como principal referência para o embarque do minério, através de ramal da linha férrea que viabiliza a ligação direta com os portos de Sepetiba e Tubarão. Atualmente a empresa “Minerações Brasileiras Reunidos S. A. – MBR”, é a responsável pela extração de minério de ferro nas minas localizadas em Sarzedo, tendo incrementado consideravelmente a produção, o que viabilizou a geração de postos de trabalho diretos, e indiretos com contratação de moradores da cidade, de empresas para prestação de serviços na área de transportes e segmentos necessários a exploração e beneficiamento de minério, gerando contratação num período de 02 anos, de aproximadamente 250 pessoas. A horticultura, importante atividade agrícola do Município, foi introduzida na região por imigrantes italianos e portugueses no início do século XX. Posteriormente os japoneses introduziram conceitos tecnológicos, tipos de cultura e técnicas mais eficientes. Estes imigrantes atraídos por outros centros produtores, com melhores ofertas do mercado consumidor, foram pouco a pouco abandonando a região, porém a cultura implantada permanece até hoje e durante muito tempo foi a principal atividade econômica da região. Atualmente o município faz parte do “Cinturão Verde” da Região Metropolitana de Belo Horizonte, constituindo-se em um importante fornecedor de hortaliças de folhas dentre outros produtos, para a CEASA e hipermercados da grande BH. Dos 250 produtores rurais do município, 80% se enquadram na produção familiar. Desse total, 150 são assistidos pela EMATER-MG, através de convênio com a Administração Municipal. As principais áreas de cultivo se localizam nas comunidade do Lambarí, Vila da Serra, Capão do Bálsamo, Engenho Seco, Bom Jardim (na divisa com o distrito de Bom Jardim) Uma importante ação para o desenvolvimento da indústria na região foi a implantação por parte do município do Distrito Industrial Benjamim Ferreira Guimarães e a criação

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de um acesso direto a Rodovia Fernão Dias (BR – 381), integrando a cidade de Sarzedo ao principal corredor de desenvolvimento do Estado de Minas Gerais. Atualmente 25 empresas estão funcionando ou em fase de construção, existindo terrenos suficientes para implantação de 20 (vinte) outras empresas de pequeno e médio porte. O comércio de Sarzedo se volta principalmente para o atendimento local, apóia-se no ramo varejista, predominando estabelecimentos de pequeno e médio porte, que comercializam alimentos, armarinhos, material de construção, remédios e diversos gêneros para atendimento a comunidade e sitiantes que freqüentam a região. Nos últimos anos, após a emancipação e com o aumento da população, este setor apresentou um desenvolvimento, considerável, transformando-se em uma importante geradora de empregos para os moradores da cidade. 4.4 EDUCAÇÃO

4.4.1 Betim e Ibirité Em 2005, a situação das matrículas e escolas por dependência administrativa, em Betim e Ibirité, pode ser observada nas Tabelas 4.3 e 4.4 a seguir.

Tabela 4.3 – Matrículas e Escolas nas Modalidades de Ensino em Betim – 2005 Modalidades

de Ensino Nº Matrículas Nº de Escolas

Pública Privada Total

Pública Privada Total Estadual Municipal Estadual Municipal

Pré-escolar 0 497 3.047 3.544 0 2 36 38 Fundamental 16.854 49.161 1.992 68.007 27 60 16 103 Médio 18.188 1.527 586 20.301 26 4 4 34 Superior 0 0 6.544 6.544 0 0 2 0 Fontes: IBGE/ Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -, Censo Educacional 2005; *Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo da Educação Superior 2004.

Tabela 4.4 – Matrículas e Escolas nas Modalidades de Ensino em Ibirité– 2005 Modalidades

de Ensino Nº Matrículas Nº de Escolas

Pública Privada Total

Pública Privada Total Estadual Municipal Estadual Municipal

Pré-escolar 0 261 1.026 1.287 0 5 16 21 Fundamental 13.160 10.413 381 23.954 16 16 5 37 Médio 5.000 0 0 5.000 10 0 0 10 Superior 0 0 923 923 0 0 1 1 Fontes: IBGE/ Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -, Censo Educacional 2005; *Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo da Educação Superior 2004. O ensino superior em Betim conta com duas unidades particulares: a Faculdade Pitágoras- Campus Betim, com 10 cursos de graduação e a PUC Minas Betim, instalada em 1995, que em 2003 contava com 5171 alunos em dez cursos de graduação.

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Em Ibirité, o ISEAT - Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira, integrante da Fundação Helena Antipoff, em atividade desde 2001, disponibiliza hoje quatro cursos de graduação.

A solicitação mais freqüente é que se providenciem cursos profissionalizantes na região, de maneira a formar os jovens locais para que possam ocupar postos de trabalho nas indústrias do entorno, que hoje absorvem pouca mão-de-obra local, dada a baixa ou nenhuma qualificação profissional. Nesse sentido, cabe a menção à Fundação Helena Antipoff, entidade filantrópica pioneira na contribuição para o desenvolvimento sócio-cultural da região. Iniciou atividades em 1939, na Fazenda do Rosário, ao sul do município de Ibirité, com dois objetivos: educar adolescentes que não podiam seguir a escola secundária e eram rebeldes; e possibilitar descanso e trabalho de professores. Hoje, além do ISEAT - Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira, mantém cursos de ensino fundamental e médio; a Clínica de Psicologia “Eduard Claparède”; as Oficinas Pedagógicas “Caio Martins”; e o setor de agropecuária, de sustentação à Instituição, com apoio do Instituto Superior de Educação Rural, atendendo uma população muito mais abrangente. Uma de suas unidades – o Instituto de Educação Emendativa – funciona em área de mais de 12 mil metros quadrados, atendendo a menores com deficiências mentais ou múltiplas, em regime de internato ou semi-internato, sendo oferecidos escolarização especializada e treinamento prático profissionalizante. 4.4.2 Sarzedo A rede pública de ensino em Sarzedo conta com duas escolas estaduais e cinco escolas municipais para ensino fundamental, duas escolas estaduais para ensino médio e três escolas municipais pré-escolar.

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4.5 SAÚDE

4.5.1 Betim e Ibirité O número e tipologia das unidades de saúde existentes em Betim e Ibirité podem ser observados na Tabela 4.5, a seguir, com dados de 2003.

Tabela 4.5 – Número de Unidades por Tipo de Unidade de Saúde – julho de 2003

Tipo de Unidade Betim Ibirité Unidades % Unidades %

Posto de Saúde 22 29,7 2 6,5 Centro de Saúde 20 27 8 25,8 Policlínica 1 1,4 1 3,2 Ambulatório de Unidade Hospitalar Especializada

2 2,7 - -

Unidade Mista 5 6,8 - - Pronto Socorro Especializado - - 1 3,2 Consultório 2 2,7 - - Clínica Especializada 4 5,4 1 3,2 Centro/ Núcleo de Atenção Psicossocial 4 5,4 2 6,5 Centro/ Núcleo de Reabilitação 1 1,4 - - Outros Serviços Auxiliares Diagnose e Terapia

10 13,5 1 3,2

Unid.Móvel Terr.Prog.Enfrent.às Emergências e Traumas

1 1,4 - -

Unidades de Saúde da Família - - 13 41,9 Unidades de Vigilância Sanitária 2 2,7 1 3,2 Unidades não especificadas - - 1 3,2 TOTAL 74 100 31 100

Para atualização destes dados, Ibirité irá contar com nova oferta de 100 leitos hospitalares e 12 leitos de UTI, na abertura do primeiro hospital municipal, com o que deverá aliviar parte do atendimento dos hospitais de Betim, Contagem e Belo Horizonte que atendem a pacientes de Ibirité com diagnósticos de alta complexidade, por meio da Pactuação de Programa Integrado (PPI), assegurando-se que, com a construção do hospital, o município terá autonomia para atendimento à média complexidade. A nova unidade se somará ao prontoatendimento já existente na Unidade Centro e à Maternidade, inaugurada em junho de 2006, tendo realizado mil partos até fevereiro de 2007. Segundo o Secretário de Saúde de Ibirité, o município conta atualmente com 30 unidades de saúde e 31 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). 4.5.2 Sarzedo As ações e serviços de saúde do município de Sarzedo estão a cargo da Secretaria Municipal de Saúde. O município possui 10 Unidades de Saúde sendo:

- 05 Unidades do Programa Saúde da Família;

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- 01 Unidade de Saúde Bucal; - 01 Unidade de Atenção Especializada; - 01 Unidade de Atendimento de Urgência e Emergência; - 01 Unidade de Controle das Zoonoses; - 01 Unidade de Saúde Mental.

Tabela 4.5 –Unidades de Saúde de Sarzedo – 2007

Unidade Localização Ações e Saúde Unidade Básica de Saúde PSF Centro

Centro Atenção médica (pré-natal e ginecologia). Cuidados básicos de saúde (curativos, retirada de pontos, controle de puericultura e pré-consulta). Programas de controle da hanseníase, tuberculose e raiva humana.

Unidade Básica de Saúde PSF Vera Cruz

Bairro Vera Cruz e região

Atenção médica (pré-natal e ginecologia). Cuidados básicos de saúde (curativos, retirada de pontos, controle de puericultura e pré-consulta). Programas de controle da hanseníase, tuberculose e raiva humana e Imunização.

Unidade Básica de Saúde PSF Imaculada

Bairro Imaculada e região

Atenção médica (pré-natal e ginecologia). Cuidados básicos de saúde (curativos, retirada de pontos, controle de puericultura e pré-consulta). Programas de controle da hanseníase, tuberculose e raiva humana e Imunização.

Unidade Básica de Saúde PSF Bairro Brasília 1

Bairro Brasília 1º

seção

Atenção médica (pré-natal e ginecologia). Cuidados básicos de saúde (curativos, retirada de pontos, controle de puericultura e pré-consulta). Programas de controle da hanseníase, tuberculose e raiva humana e Imunização.

Unidade Básica de Saúde PSF Bairro Brasília 2

Bairro Brasília 2º

seção

Atenção médica (pré-natal e ginecologia). Cuidados básicos de saúde (curativos, retirada de pontos, controle de puericultura e pré-consulta). Programas de controle da hanseníase, tuberculose e raiva humana e Imunização.

Unidade de Saúde Bucal

Centro Atividades Odontológicas

Unidade de Saúde

Especializada Antônio Dias

Unidade

Centro Plantão em Clínica Médica 24 horas, Laboratório de suporte 12 horas, Eletrocardiograma de urgência e eletivo, pequenas cirurgias.

Unidade de Controle das Zoonoses.

Bairro Brasília

Controle de vetores, Tratamento de esquistossomose, recolhimento de cães,

Unidade de Saúde Mental

Centro Atenção aos portadores de doença mental

Fonte: Plano Municipal de Saúde de Sarzedo- 2007

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4.6 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH O Índice de Desenvolvimento Humano- IDH foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de analisar e comparar as condições de vida da população, cuja escala varia de 0 a 1. De acordo com esta escala, quanto mais próximo de 1 os indicadores estiverem, maior é o IDH do município ou seja, este possui uma boa qualidade de vida. Em 2000, o IDH dos municípios estudados era de:

- Betim: IDH=0,775. O município estava entre as regiões de médio desenvolvimento humano, ocupando a 135ª posição em Minas Gerais (que possui um total de 853 municípios).

- Ibirité: IDH=0,729: O município estava entre as regiões de médio desenvolvimento humano, ocupando a 426ª posição em Minas Gerais.

- Sarzedo: IDH=0,748. O município estava entre as regiões de médio desenvolvimento humano, ocupando a 296ª posição em Minas Gerais.

4.7 ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA NA ÁREA DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ

A organização social e política de dos municípios de Ibirité e Betim, do ponto de vista não governamental, se faz representar através de entidades classistas, associações comunitárias e organizações de caráter assistencial e promocional. Por ser um pólo industrial do Estado e abrigando uma grande população de base operária integrante dos estratos de renda média e baixa, o município de Betim tem nas entidades de natureza trabalhista e de promoção social - sindicatos de trabalhadores e associações comunitárias de bairros - as suas principais formas de organização. A atuação política se dá através do Sindicato dos Metalúrgicos, categoria predominante na área, e do Sindicato dos Petroleiros, que apesar de sediado em Belo Horizonte tem nessa localidade sua maior base sindical. A população do município tem sua representatividade pautada nas associações de bairros, cujo objetivo é a melhoria das condições de vida da comunidade. Essas associações surgidas no final dos anos 70, através da própria política assistencialista e clientelista do Estado, que passa a condicionar o atendimento das demandas à organização formal das comunidades. No início da década de 90, assistiu-se a uma total desmobilização destes movimentos, em parte devido à própria forma de sua criação, estando essas associações esvaziadas, cumprindo o papel de meras repassadoras de benefícios governamentais como distribuição de cestas básicas, em detrimento do objetivo para o qual foram criadas, ou seja, organização da comunidade e encaminhamento da solução dos problemas locais. Naquela época, do total de associações implantadas em Betim, somente 10 funcionam efetivamente, tendo como demanda principal a melhoria da infra-estrutura dos bairros. Em Ibirité, de acordo com a atividade econômica predominante, existem apenas dois sindicatos, ambos ligados ao setor agrícola: o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, congregando a maioria dos pequenos proprietários do município, apoiando-os em suas

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lutas por crédito, melhoria dos canais de comercialização, fixação de preços para os produtos, etc, e o Sindicato dos Produtores Rurais de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos. Contam ainda com a Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Ibirité — APRI, que apesar de apresentar um número menor de associados, do que o Sindicato, vem tentando conduzir o trabalho numa linha cooperativista, consolidando algumas conquistas, principalmente quanto ao item comercialização. Quanto ao aspecto de participação comunitária, as associações de bairros são os principais canais de representação da população, através da Federação das Associações Comunitárias de Ibirité. Em 1991, encontram-se registradas 80 entidades na mesma, com razoável grau de participação e mobilização desses grupos. Em decorrência da própria “explosão” de bairros em Ibirité, as principais reivindicações são a melhoria na infra-estrutura (esgoto, água, luz, calçamento, transporte, comunicação) e a implantação de serviços de saúde e educação.

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55.. SSIITTUUAAÇÇÃÃOO AATTUUAALL DDEE IINNFFRRAA--EESSTTRRUUTTUURRAA EE DDOOSS SSEERRVVIIÇÇOOSS

UURRBBAANNOOSS

5.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

A COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais possui a concessão dos serviços de abastecimento de água dos municípios de Ibirité, Betim e Sarzedo. Betim consome 890L/s, com água procedente dos Sistemas Serra Azul (35%), Vargem das Rosas (26%) e Rio Manso (39%). O consumo de 272L/s de Ibirité é sustentado pelos Sistemas Ibirité, que produz 33% e pelo Sistema Integrado a Bacia do Rio Paraopeba (Serra Azul, Vargem das Rosas e Rio Manso) contribuindo com 67%. Em Sarzedo, o consumo de 40 L/s é atendido em 100% pelo Sistema Rio Manso. O Sistema Ibirité iniciou sua operação no final da década de 20, reforçando o abastecimento das regiões oeste e norte do município de Belo Horizonte. Somente em 1970 é que se deu a construção da Estação de Tratamento. Este sistema localiza-se no município de Ibirité e suas captações - Rola Moça (0,10 m3/s), Taboões (0,25 m3/s) e Bálsamo (0,05 m3/s) - estão localizadas também dentro do mesmo município. A maior parte da população da bacia da lagoa de Ibirité está localizada no município de Ibirité, portanto o sistema de abastecimento de água deste município será detalhado a seguir. 5.1.1 Sistema de Abastecimento de Água do Município de Ibirité O sistema de abastecimento de água da cidade de Ibirité é administrado pela COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais desde 27 de outubro de 1977 quando foi assinado o primeiro termo de concessão do serviço de água. Em 25 de junho de 2004, foi firmado o primeiro contrato de concessão do serviço de coleta e tratamento dos esgotos, com prazo de duração de 30 anos. Nesta ocasião foi alterado o período de vigência do contrato de concessão dos serviços de água, que passou a ter o mesmo período de vigência que o de esgotos. A maior parte da água utilizada no abastecimento da cidade provém do próprio território municipal, denominado de Sistema Ibirité (Sistema de Produção de Água da COPASA), e a parcela restante é retirada da adutora de água tratada, oriunda da Estação de Tratamento de Água – ETA do Rio Manso, denominado Sistema Rio Manso, que abastece parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH. O Sistema Ibirité, por sua vez, abastece parte da cidade de Belo Horizonte e atende especificamente a região do Barreiro, em Belo Horizonte. O Mapa 3 a seguir apresenta o sistema de abastecimento de Água da Cidade de Ibirité

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INSERIR MAPA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

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O Sistema Ibirité capta as águas dos córregos Rola Moça, Bálsamo e Taboões, sendo que no córrego Taboões são feitas duas outras captações, em dois de seus afluentes. As bacias hidrográficas das captações destes córregos estão integralmente dentro do território do município de Ibirité. Suas áreas são protegidas pela própria COPASA e pelo Parque Estadual do Rola Moça, pois integram parte desta reserva estadual. Os seguintes bairros são abastecidos pelos sistemas de produção de água do Rio Manso: Sol Nascente, Palmares, Washington Pires, Vila Ideal, Fazenda Palmeiras, Jatobá, Regina e todo o Distrito de Durval de Barros. O consumo de água desta região representa 39,47% de todo o consumo do Município. O restante do município é abastecido pelo Sistema Ibirité. Na região dos bairros São Pedro e Industrial existe um registro que separa os sistemas, Manso e Ibirité. Este registro fica sempre fechado separando as duas regiões de abastecimento. Ele é aberto apenas nas ocasiões de manutenção de um lado ou de outro, quando é necessário efetuar alguma interrupção. O abastecimento público de água dos domicílios do bairro Petrovale/ Vila Esperança apresentam índice de atendimento pela COPASA da ordem de 97%. Para os bairros Cascata, Petrolina e Jardim das Flores, o índice de atendimento é da ordem de 99% do total de domicílios. De acordo com informações da COSASA (Fev. 2008) o sistema de abastecimento de água atende 97,7% da população Ibirité. Segundo levantamentos da Copasa a extensão total de redes de distribuição e adutoras de água, somava 262.503 metros, em 2004. A distribuição de água é prejudicada em alguns bairros devido à problemas de altas pressões, que acabam por provocar o rompimento freqüente de algumas tubulações, contribuindo também para o aumento do índice de perdas da água tratada. A quantidade de água distribuída, medida na saída da Estação de Tratamento de Água (ETA), resulta um consumo médio per capita de 172 L/hab.dia e a quantidade de água medida a partir da emissão das contas domiciliares, resulta um consumo médio de 97 L/hab.dia, o que representa um elevado índice de perda total física, em torno de 43%. Perdas físicas de água são todas as perdas de água provenientes de vazamentos e rompimentos (superficiais ou subterrâneos) em redes e ramais ou, ainda, de vazamentos e extravasamentos em reservatórios. Especificamente, no bairro Casa Branca existem problemas de desabastecimento das casas situadas em cotas mais altas que a do Jardim Montanhês.

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5.2 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A lagoa de Ibirité recebe os esgotos domésticos sem tratamento de todo o município de Ibirité e de parte dos esgotos sem tratamento do município de Betim que são lançados no córrego Pintado e seus afluentes. Também são lançados no córrego Pintado (que deságua na lagoa) os efluentes industriais tratados da Refinaria Gabriel Passos (REGAP-Petrobás), bem como os efluentes de outras indústrias do Distrito Industrial de Ibirité. Portanto, será descrito o sistema de esgotamento sanitário existente no município de Ibirité e com relação à Betim será detalhado o sistema de esgotamento sanitário da bacia do córrego pintado. 5.2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário do Município de Ibirité A partir de 2004 a COPASA obteve a concessão dos serviços de esgotamento sanitário do município de Ibirité que até então, administrou este serviço dentro de sua administração direta. Nesta época, cerca de 112.000 habitantes de Ibirité recebiam a cobrança da tarifa de esgotos, ou seja, aproximadamente 53% da população municipal. Consta que nesta ocasião existiam cerca de 17.794 ligações de esgoto, sem distinção entre ligações residenciais, comerciais e industriais. A parcela restante da população utilizava fossas rudimentares, fossas sépticas ou outras formas de lançamento, sendo que a Prefeitura Municipal de Ibirité não conhecia os respectivos quantitativos. A cobrança pela prestação deste serviço era feita pela COPASA, junto com a conta de água, através de um convênio firmado entre as partes. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (SEMA) a COPASA estava autorizada a cobrar 20% pela prestação do serviço de esgoto, aplicando este percentual sobre o valor cobrado pelo consumo de água. O serviço de esgotamento sanitário prestado pela Prefeitura de Ibirité foi feito ao longo dos anos de forma precária e sem planejamento prévio, tanto que em 2004 não existia cadastro físico de rede coletora, que é um instrumento de fundamental importância para ampliação e manutenção do sistema. Para cumprir uma das exigências contratuais da concessão do serviço de esgotamento sanitário, em 2004 a Secretaria de Meio Ambiente de Ibirité contratou o levantamento cadastral da rede coletora de esgotos da cidade. O estudo contratado apresentou apenas as ruas que possuíam rede coletora, sem, contudo registrar diâmetro, material, declividades, poços de visita existentes e finalmente, os locais de lançamento nos cursos d’água. Este cadastro das redes coletoras de esgoto existentes no município de Ibirité é apresentado a seguir no Mapa 2, que também apresenta as sub-bacias de esgotamento sanitário do município e os principais locais de lançamento.

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INSERIR MAPA 4 DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

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Segundo informações da COPASA (Fev. 2008) 62% da população do município de Ibirité são atendidos por rede coletora de esgoto. O restante da população utiliza fossa ou lança seu esgoto diretamente no solo a céu aberto ou nos cursos d’água e drenagens. Segundo a Prefeitura Municipal de Ibirité, os seguintes bairros não possuem rede coletora de esgotos: Cruzeiro, Recanto Verde, Eldorado 1ª e 2ª Seções, Serra Dourada 2ª Seção, Nossa Senhora de Lourdes (parte), Los Angeles, avenida Ibirité (Marilândia), Morada do Sol, Palmeiras2ª Seção, Lajinha.

Figura 5.1: Rua do bairro Cascata observa-se a falta de passeios, rede de drenagem

pluvial e o escorrimento de esgoto Recentemente, foram feitos investimentos da COPASA/ Prefeitura Municipal de Ibirité na implantação de interceptores de esgoto na sub-bacia SB-2 do córrego Pelado (Durval de Barros). O córrego Pelado foi canalizado numa extensão de 3.400m e foram implantados 6.823m de interceptores de esgoto, em ambas as margens deste córrego. Faz parte da programação da COPASA a implantação dos demais interceptores de esgoto dos afluentes do córrego do Pelado, que serão interligados ao interceptor já concluído:

- 1.740 m de interceptores de esgoto ao longo do córrego Salinas; - 1.300 m de interceptores de esgoto ao longo do córrego Bom Sucesso; - 430m de interceptores de esgoto ao longo do córrego Saudade; - 1.200 m de interceptores de esgoto ao longo do córrego União; - 1.700 m de interceptores de esgoto ao longo do córrego Pau-Brasil;

O critério para a prioridade da ampliação do sistema nesta sub-bacia deveu-se a alta densidade demográfica desta, sendo que 40% do total da população do município está nela concentrada, sendo o restante, distribuídos em outras 12 sub-bacias. Além disto,

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esta sub-bacia apresenta-se topograficamente como a mais trabalhosa, onde sua ocupação, na última década, foi totalmente desordenada. Atualmente, o sistema de esgotamento sanitário municipal se encontra totalmente fragmentado e os lançamentos são feitos nos cursos d’água, conforme se pode verificar no Mapa 2, onde se contabilizam cerca de 110 pontos de lançamento. Mesmo na bacia SB-2 do córrego Pelado, no trecho do interceptor recém construído, existem diversos lançamentos nos cursos d’água, pois este interceptor só recebe contribuição direta de rede coletora, uma vez que não foram implantados os interceptores ao longo dos seus afluentes. Configura-se assim, uma situação de lançamentos não concentrados, que perdurará ainda por muito tempo, considerando a dificuldade de unificação dos diversos setores de redes das sub-bacias, devido à fragmentação da urbanização municipal. A perspectiva do município de Ibirité e da COPASA é de unificar todo o sistema de esgotamento, mediante interceptores e elevatórias, de modo a permitir um único ponto de tratamento, presumivelmente na margem oeste da lagoa, nas proximidades do bairro Recanto da Lagoa, em área da Petrobrás. O tratamento dos esgotos deverá ser de nível terciário5, caso o efluente final da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) seja lançado na lagoa de Ibirité, de forma a possibilitar a remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo) do efluente final, que contribuem para a eutrofização da lagoa. Caso o efluente final seja lançado á jusante da lagoa, no ribeirão Ibirité, o nível de tratamento poderá ser secundário. A empresa ESCOAR ENGENHARIA LTDA elaborou em 2007, para a Prefeitura Municipal de Ibirité, um Estudo de Concepção do Sistema de Esgotamento Sanitário da Sede do Município de Ibirité. Este estudo está sendo revisado pela COPASA. Quanto aos efluentes industriais, nota-se a inexistência de um cadastro de fontes de poluição industrial, o que sujeita os corpos d’água e a lagoa de Ibirité às fontes difusas de poluição industrial.

5 O tratamento terciário dos esgotos tem por objetivo a redução das concentrações de nutrientes: nitrogênio e fósforo, e é, geralmente fundamentado em processos biológicos realizados em duas fazes subseqüentes denominadas nitrificação e desnitrificação. A remoção de fósforo também pode ser efetuada através de tratamento químico, com sulfato de alumínio, por exemplo. Na nitrificação, o nitrogênio é levado á forma de nitrato e posteriormente, na desnitrificação, é levado à produção de N2, principalmente, que é volatizado para o ar.

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5.2.2 Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité - ETAF A estação de tratamento de água fluvial (ETAF) foi construída em 2004, como resultado de um convênio entre o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Prefeitura Municipal de Ibirité. Nesse convênio, a Petrobrás investiu recursos de 7 milhões para construção da estação. Atualmente a ETAF não está operando. A responsabilidade por sua operação ainda não está definida, devendo ser objeto de negociação entre a Petrobrás, o Município de Ibirité e a COPASA. A propósito, observou-se que a ETAF constitui uma intervenção física que não é, tanto técnica e operacionalmente, quanto institucionalmente, consensual entre os âmbitos de governo que ali operam (Prefeitura Municipal de Ibirité e COPASA), constituindo um ponto de divergência que deve ser superado.

Figura 5.9: Localização da ETAF Ribeirão Ibirité Ademais, a ETAF constitui um sistema de tratamento peculiar de funcionalmente limitado, que deve ser complementar ao sistema convencional de tratamento de esgotos de uma cidade ou região, podendo, portanto, vir a ter seu equacionamento operacional e institucional considerado numa visão macro e participativa entre os três níveis de governo ali envolvidos: o Município de Ibirité (Prefeitura), o governo do Estado (COPASA) e a União (Petrobrás). Recomenda-se a elaboração de estudos para o aproveitamento da ETAF, que poderá ser útil, principalmente, durante o tempo em que o sistema global de esgotamento municipal não esteja concluído.

Rib. Ibirité

Cór. Pelado

ETAF Bairro São

Pedro

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5.2.2.1 Processo de Tratamento da ETAF

A exemplo da solução que vem sendo proposta e aplicada para a despoluição de outros lagos urbanos, principalmente em São Paulo (lagos dos parques do Ibirapuera, da Aclimação, do Horto Florestal, e do Parque Estadual do Jaraguá), foi construída a instalação de uma unidade FLOTFLUX® no ribeirão Ibirité, a montante da lagoa de Ibirité, de forma a garantir os padrões de qualidade das descargas líquidas lançadas no corpo hídrico. O processo FLOTFLUX® de tratamento de cursos d’água baseia-se na aplicação direta, seqüencial, e em fluxo das técnicas de coágulo/floculação e flotação para melhoria da qualidade de cursos d’água, que abrange a combinação de processos físicos e químicos, através dos quais promove-se a aglutinação em flocos dos sólidos em suspensão presentes na coluna d’água, com a posterior ascensão do material, de características homogêneas, para a superfície em função da microaeração da massa líquida.

Figura 5.10: Vista da ETAF Ribeirão Ibirité

Em adição e seqüencialmente a essas duas técnicas de segregação, o processo FLOTFLUX® inclui técnica de remoção de lodo flotado através de equipamento especial de dragagem e eventualmente, dependendo do uso da água resultante, a desinfecção do efluente pós-tratamento. A ETAF foi implantada em uma área de 10.228 m2, a montante da lagoa de Ibirité. O tratamento por flotação em fluxo deverá ser aplicado em um canal de desvio do ribeirão Ibirité, com extensão de aproximadamente 190m, seção transversal de 10m, e lâmina d’água média de 1m. A unidade concebida tem capacidade para tratar vazões de até 1.000 L/s provenientes do ribeirão Ibirité. Estima-se que a operação da ETAF produzirá cerca de 22 m3 de lodo por dia.

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5.2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário da Sub-Bacia do Córrego Pelado em Betim Os bairros juntos às nascentes do córrego Pintado em Betim, Jardim Piemonte e Riacho II/ Jardim Pampulha, possuem índice de 90% de atendimento por rede coletora de esgoto. Este esgoto é lançado sem tratamento no córrego Pintado e em seus afluentes, que recebem, portanto uma expressiva carga de poluentes, que degradam a qualidade de suas águas. Existem também no bairro Jardim Piemonte algumas indústrias de pequeno e médio porte, inseridas na malha urbana, que lançam seus efluentes sem tratamento nos córregos. No restante de sua área em Betim, a sub-bacia do córrego Pintado possui baixo índice de urbanização, tendo como particularidade o fato de nela estarem localizadas as instalações industriais da refinaria de petróleo da Petrobrás – REGAP. Aliás, a REGAP é a maior geradora de efluente industrial nesta bacia, uma vez que ela lança seus efluentes tratados no córrego Pintado, à montante da lagoa de Ibirité. Em maio de 2008 houve um vazamento de 6 mil litros de ácido nítrico da empresa Tassimin Produtos Químicos, localizada no Bairro Jardim Piemonte, na bacia do córrego Pintado, em Betim. O ácido, usado na limpeza de material inoxidável e no tratamento de efluentes industriais, escoou até um dos afluentes do córrego Pintado. O ácido nítrico é corrosivo e causa irritação na pele.

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5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS

O município de Ibirité possui coleta de lixo domiciliar regular, atendendo aproximadamente 85% da população do município. O restante da população, não atendida por este serviço lança o lixo em terrenos baldios, talvegues, córregos, os quais acabam sendo arrastados pelas águas das chuvas para a calha do ribeirão Ibirité e desta para a lagoa de Ibirité. A Prefeitura Municipal de Ibirité faz a coleta de lixo de todo o município em dias alternados na maioria dos bairros e de segunda a sábado na área central e em alguns centros comerciais dos bairros Durval de Barros e Jatobá. O lixo coletado é transportado até o aterro controlado do município através de caminhão tipo ¾. Não há no âmbito da Prefeitura um programa oficial de coleta seletiva. No entanto, existe na cidade uma associação de catadores, denominada ASTRAPI - Associação dos Trabalhadores de Papel e Materiais Recicláveis de Ibirité, que é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 2001 e que conta com três pessoas físicas encarregadas da compra e venda do material reciclável. A coleta dos materiais recicláveis é feita por 14 pessoas, que vivem exclusivamente desta atividade. Esta associação funciona em um galpão de 300m2 de área, localizado na zona central da cidade, fornecido pela Prefeitura Municipal de Ibirité, que se responsabiliza pelo pagamento do aluguel e da conta de energia elétrica. O antigo lixão do município foi transformado recentemente em aterro controlado. Ele se localiza na sub-bacia do córrego Taboões, na zona rural do município de Ibirité (Ver Figura 5.2), a uma distância de 8 km do centro da cidade, em local conhecido como Varjão, limitando-se com o Parque Estadual da Serra do Rola Moça e estando dentro da APA SUL BH – Área de Proteção Ambiental da Porção Sul de Belo Horizonte. O lixão foi criado em 1990 para receber os resíduos sólidos urbanos de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos, sendo depositado diariamente cerca de:

- 75 ton/dia - Ibirité; - 12 ton/dia - Sarzedo; - 6 ton/dia - Mário Campos.

No antigo lixão havia a presença de catadores, mas desde março de 2008, estes foram retirados do local. Vale salientar que a localização do aterro controlado é totalmente inadequada, pois está a montante de duas atividades diretamente vinculadas à saúde pública: a produção de hortaliças, das quais algumas podem ser ingeridas cruas e o suprimento público de água potável junto ao sistema Taboões.

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Figura 5.2: Localização do Aterro Controlado de Ibirité

Figura 5.3: Localização do Aterro Controlado na Sub-Bacia do Córrego Taboões

Aterro Controlado

Sub-Bacia do Córrego Taboões

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A Figura 5.4 apresenta o platô superior onde era depositado o lixo, no antigo lixão, e a Figura 5.5 apresenta o mesmo platô, atualmente desativado, após recobrimento e compactação. Salienta-se que ainda não foi procedida a cobertura vegetal deste platô desativado.

Figura 5.4: Platô Superior de Deposição do Lixo em Operação no Antigo Lixão

Figura 5.5: Platô Superior de Deposição do Lixo Desativado após Recobrimento e

Compactação no Aterro Controlado O lixo hospitalar e ambulatorial é cem por cento coletado e disposto em vala separada no aterro. O aterro controlado não é a solução definitiva para o destino final do lixo do município de Ibirité, mas tornou-se necessário até que seja implantado o aterro sanitário. O aterro controlado utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada. Porém, não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados.

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A Figura 5.6 apresenta o platô inferior onde atualmente é feita a disposição do lixo no aterro controlado de Ibirité.

Figura 5.6: Platô Inferior de Deposição do Lixo em Operação no Aterro Controlado

Figura 5.7: Espalhamento do Lixo no Aterro Controlado

Vale esclarecer que há entendimentos entre os municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos quanto a uma solução integrada de seus sistemas de tratamento de lixo, mediante consórcio intermunicipal, faltando apenas a lei autorizativa por parte do município de Sarzedo, onde se situa a área para o futuro equipamento. Segundo a Secretaria de Planejamento de Ibirité, os municípios de Ibirité e Mario Campos já instituíram as respectivas legislações.

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5.4 DRENAGEM URBANA

No município de Ibirité toda a drenagem que corta a cidade, em especial o ribeirão Ibirité, deságua na lagoa de Ibirité, que por sua vez, verte para o ribeirão Sarzedo e deste para o rio Paraopeba. O córrego Pintado, que tem suas nascentes na área urbana de Betim também deságua na represa de Ibirité. Os principais afluentes da margem esquerda do ribeirão Ibirité são: córrego Rola Moça, Bálsamo, Taboões, Serrinha e Urubu, enquanto os da margem direita são: córrego do Pelado (ou do Retiro) e córrego Pintado. O principal afluente do córrego Pintado é o córrego Palmeiras. Não existe cadastro da rede pluvial de drenagem, embora novas obras de drenagem localizadas estejam permanentemente sendo feitas. Soube-se neste sentido que, em geral, não são feitos projetos para implantação destas obras, sendo utilizadas até tubulações de apenas 250mm de diâmetro, algumas delas em manilha de barro vidrado. Desta forma, a questão da drenagem pluvial vem sendo conduzida de forma precária, sem planejamento e nem projetos o que contribui para o agravamento dos problemas operacionais do sistema de drenagem urbana. Aliado a isto, o processo acelerado e desordenado de urbanização vem provocando grande assoreamento nos talvegues dos cursos d’água, tanto do ribeirão Ibirité, quanto de seus afluentes, contribuindo para a ocorrência de enchentes em vários pontos da cidade. A calha fluvial do ribeirão Ibirité tem sido palco de ocorrências de erosões e inundações marginais, ocasionadas tanto por efeitos de remanso provocado pelos níveis d’água da lagoa de Ibirité, quanto pela ocupação desordenada das suas áreas de contribuição. Entretanto, essas ocorrências não são observadas ao longo da calha do córrego Pintado. Como exemplos da ocupação desordenada citam-se os bairros Marilãndia e Parque Elisabeth, que se localizam nos fundos de vale ao longo do início do curso do ribeirão Ibirité, em uma região de topografia muito acidentada. Deste modo, nestes bairros já existem problemas de escoamento pluvial. Após estes bairros o ribeirão Ibirité percorre uma região de características rurais até atingir a área urbana. No ponto em que o córrego Fubá deságua no ribeirão Ibirité existe um trecho de canal que, em ocasiões de chuvas mais fortes, extravasa e provoca inundações das ruas mais próximas. A tendência de ocorrência de inundações, nesta região, tende a aumentar já que o processo de impermeabilização da bacia continua crescendo. Ainda dentro da sede urbana o ribeirão Ibirité recebe a contribuição do ribeirão Urubu, onde, em sua bacia, localizam-se os bairros Jardim Montanhês, Monsenhor Horta, Nossa Senhora de Fátima, Novo Horizonte, Jardim Primeiro de Outubro, Parque Estrela do Sul, Dea Marly, Jardim Ipê, Macaúbas e Vila Pinheiros. O talvegue deste afluente também está muito assoreado e se tornou insuficiente para o escoamento das águas pluviais por ocasião de chuvas intensas.

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Outro afluente do ribeirão Ibirité, o córrego Taboões, que deságua na região da Fazenda do Rosário, possui bacia ainda pouco urbanizada e ainda não apresenta inundações. A partir da Fazenda do Rosário o ribeirão Ibirité passa por uma região de declividade muito baixa, com bairros populosos e chacreamentos. Neste trecho que se estende até o Jardim das Rosas, o ribeirão apresenta vários meandros, onde podem ser observadas erosões às suas margens. O bairro Jardim das Rosas é uma região muito crítica, com relação a inundações, uma vez que a planície de inundação do ribeirão Ibirité nesta região é naturalmente mais extensa e encontra-se densamente povoada. Um fator agravante neste local é a proximidade da lagoa de Ibirité que pode causar refluxo de água em períodos chuvosos.

Figura 5.8: Ribeirão Ibirité- Bairro Jardim das Rosas (Notar grande quantidade de lixo

nas margens do ribeirão) Seu afluente, pela margem direita, o córrego Pelado, nasce no Distrito de Durval de Barros, que é uma região bastante adensada. A ocupação desta região remonta uma época em que a aprovação dos loteamentos era feita sem exigir nenhuma infra-estrutura urbana, inclusive a de pavimentação das ruas, e permitiu a formação de grandes erosões e, consequentemente, de grande assoreamento em seu leito. Recentemente, foi feita a canalização deste córrego com extensão de 3km, sendo a maior parte desta, em seção fechada.

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5.4.1 Inundações A Tabela 5.1 apresenta as vazões de máximas de cheia do ribeirão Ibirité, com períodos de retorno entre 2 e 1000 anos.

Tabela 5.1 – Vazões máximas Ribeirão Ibirité

Período de Retorno (anos)

Vazão de pico (m3/s)

2 34,1 10 62,5 20 74,3 50 90,2

100 102 200 115 500 131

1000 144 Fonte: JAAKKO POYRY ENGENHARIA, JANEIRO 2001, Relatório Técnico para Outorga de Água Superficial da Barragem de Ibirité.

O ribeirão Ibirité ao atravessar o bairro Jardim das Rosas ocasiona problemas periódicos de enchentes, com freqüência praticamente anual, cujo pico coincide com a época de maior precipitação e cuja intensidade depende da ocorrência de chuvas críticas. Entretanto, convém notar que essas enchentes são fenômenos recentes, mesmo quando já existia a lagoa. A ocupação das cabeceiras dos córregos afluentes eram bem menos significativas do que nos últimos anos e, consequentemente, os assoreamentos não atingiam os níveis observados atualmente. Outros fenômenos observados são as erosões nas margens dos córregos da bacia em questão. Em função dos assoreamentos, as calhas originais foram desfiguradas e os córregos mudaram seu percurso, atingindo margens não protegidas e sujeitas a erosões, sendo um dos pontos críticos a curva do ribeirão Ibirité próxima ao bairro Jardim das Rosas, ponto este que não sofre influência do Pintado. A maior enchente observada nos últimos anos ocorreu em 1979 e corresponde a uma chuva de recorrência cinquentenária. Pelo “Relatório dos Estudos Para Disciplinamento do Ribeirão Ibirité e seus Afluentes” (Helmar, 1994), a cota máxima de alagamento foi de 802 a 803 metros. Como o bairro Jardim das Rosas possui cota inferior à da lagoa, que é de 799m, são agravados os riscos de enchente neste local. O remanso, no ribeirão Ibirité, é ocasionado pela lagoa de Ibirité. Se não houvesse o assoreamento, o remanso não causaria as enchentes, como já foi verificado em anos anteriores. Entretanto, o efeito combinado do assoreamento com o represamento dificulta o fluxo livre do ribeirão e impõe baixas velocidades, já que a região sujeita a enchentes é extremamente plana. As águas represadas reduzem a velocidade e sedimentam cada vez mais a montante, produzindo efeitos que se somam e tendem a agravar anualmente o problema. Com efeito, a forma da bacia enseja a concentração do deflúvio de modo simultâneo, pois a bacia tem grande perímetro e o talvegue central é pouco extenso.

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As cabeceiras são muito íngremes o que favorece a rápida concentração do deflúvio, num curto trecho, após a foz do córrego Rola Moça, onde deságuam todos os demais afluentes, fazendo com que as cheias sejam súbitas na foz do ribeirão Ibirité, próximo ao bairro Jardim das Rosa. Em janeiro de 2008, ocorreu uma grande enchente, que inundou 80 casas em Ibirité, cuja causa foi imputada pelos moradores ao represamento do ribeirão Ibirité, pelo canal de acesso à Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité – ETAF. 5.5 SISTEMA VIÁRIO

A Região Metropolitana de Belo Horizonte conta com amplo sistema de rodovias em boa condição de tráfego, tendo como principais eixos:

- Rodovia Fernão Dias – BR 381, que a articula a São Paulo e ao sul do país; - BR 040 – Rodovia JK, com origem no Rio de Janeiro e que prossegue, após a

RMBH até Brasília; - BR 262 que faz a ligação com Vitória, cuja continuação na altura de Betim, leva

ao extremo oeste do Estado, até atingir Uberaba. O anel viário externo à Região Metropolitana encontra-se ainda parcial, compondo-se hoje de dois trechos isolados. Em sentido São Paulo/Belo Horizonte, a BR 040 se articula pelo Anel Viário, à BR 381, facilitando a circulação de pessoas e cargas em direção a Betim e ao oeste do Estado. Há um segundo trecho permitindo o acesso a Contagem e Betim, que se deriva da BR 040, no sentido Belo Horizonte/Brasília e descreve um arco passando por Contagem até atingir a Fernão Dias, na altura de Betim. A malha viária metropolitana, bem articulada, favoreceu o adensamento da ocupação urbana, caracterizada por cidades de médio e grande portes, criando relevantes processos de conurbação, principalmente em torno do eixo viário mais antigo, a Fernão Dias, determinante para a expansão do chamado vetor oeste da Região Metropolitana na década de 70. Com origem vinculada à implantação da Cidade Industrial Juventino Dias em Contagem, em fins dos anos 40, e a contribuição do prolongamento da Avenida Amazonas até Contagem em Betim, o vetor oeste engloba hoje os municípios de Betim, Contagem, Esmeraldas, Ibirité, Mário Campos e Sarzedo. Inaugurada na década de 50 e pavimentada em 1958, a Rodovia Fernão Dias contribuiu para intensificar a industrialização, facilitando também a ampliação de loteamentos não só ao longo do eixo de expansão industrial da capital do Estado, mas também em direção a Belo Horizonte e São Paulo. A atual identidade de ocupação urbana na porção leste de Betim se deve à coexistência da REGAP e da FIAT, instaladas na margem sul da BR 381, acarretando grande custo social ao município, pela imensa população carente estabelecida à margem norte da rodovia, notadamente a partir da última fase da industrialização da RMBH e especialmente devido à implantação da FIAT Automóveis, em 1976, e suas indústrias satélites.

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Figura 5.9: Acessos Viários Principais da RMBH

Com o início da duplicação da Fernão Dias na década de 90, diversifica-se ainda mais o setor industrial em Betim, observando-se também um significativo crescimento do setor serviços, como reflexo de atividades de suporte à indústria e ao comércio. A influência da Fernão Dias, como grande eixo indutor de ocupação, não alcançou Ibirité, município que se encontra ainda desarticulado em relação à rede troncal de

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rodovias nacionais e estaduais, o que justifica em parte a evolução fragmentada da ocupação urbana em Ibirité, a partir de núcleos isolados, aliada ao intenso parcelamento do solo dirigido aos migrantes intrametropolitanos e às populações de baixa renda carentes de moradia, vinculado, inicialmente, às concentrações industriais em Belo Horizonte e Contagem, mais tarde incluindo-se Betim. O duplo perfil do Município de Ibirité, caracterizado como área de produção agrícola para abastecimento de hortifrutigranjeiros à Metrópole e, ao mesmo tempo, periferia do aglomerado metropolitano em caráter de cidade dormitório, não o capacitou a ampliar sua articulação viária em relação aos municípios vizinhos. Ibirité, hoje, mantém ligações viárias mais acentuadas com o Município de Belo Horizonte, principalmente pela conurbação na região do Barreiro, servindo-se da MG 040 como principal eixo viário. De forma secundária, articula-se com a BR 381 em Betim, na altura da REGAP, de maneira mais acentuada a partir do início da instalação do Distrito Industrial de Ibirité em 1995, ao sul do complexo industrial da Refinaria. Betim e Ibirité apresentam perfis opostos no que se refere ao sistema viário, evidenciando-se a vantagem de Betim em termos de quantidade e qualidade no atendimento ao sistema de transporte. Distante 26 quilômetros de Belo Horizonte, Betim possui como principal acesso à capital a BR 381 – Rodovia Fernão Dias. Além da BR 381, o município é servido pelas rodovias nacionais BR 262 e BR 040 e pela rodovia estadual MG 050, que se destina a Ribeirão Preto (SP). Ibirité dista 21 quilômetros de Belo Horizonte, com a utilização da rodovia estadual MG 040, que tem origem na Fernão Dias, ao sul, na altura de Itaguara, rumando em direção nordeste em trecho sem pavimentação, até chegar a Conceição de Itaguá, de onde segue pavimentada, passando por Mário Campos, Sarzedo, Ibirité e chega à Belo Horizonte. Outras rodovias que servem o município são a BR 040 e a BR 381, de forma indireta, pois o acesso à BR 040 se dá por meio do Anel Viário e para utilizar a BR 381 é necessário tomar o percurso para o novo distrito industrial de Ibirité, seguindo pela Avenida de Contorno da REGAP até o trevo da rodovia. O sistema viário intra-urbano na região de entorno da REGAP se articula em função das unidades industriais ali implantadas, suportando, por contingência, os fluxos gerados pela movimentação de veículos e pessoas residentes nas ocupações de Cascata, Petrolina, Jardim das Rosas, Petrovale e Vila Esperança. O principal eixo viário nesta região é a Avenida de Contorno, construída pela Petrobrás como estrutura de circulação para a Refinaria e manutenção do Gasoduto, com a sua continuação que ruma em direção sudoeste. Este eixo foi sendo apropriado por todos os demais usos antrópicos que sucessivamente ocuparam espacialmente o entorno da REGAP, criando-se derivações viárias para acesso a pontos antes desarticulados, como a Rua Padre Eustáquio, ligando aos bairros de Cascata e Petrolina. Com a implantação da UTE Aureliano Chaves e o novo distrito industrial de Ibirité, o

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traçado das vias ao sul da REGAP foi reorganizado, criando-se uma grande rótula na inflexão da Av. do Contorno com a avenida que margeia o Gasoduto e um largo pavimentado na altura da Termelétrica, da qual se deriva a ligação para Jardim das Rosas e o distrito industrial. Estas alterações decorrem mais diretamente do pesado fluxo de caminhões e veículos vindos principalmente das indústrias instaladas em Ibirité, a maior parte vinculada à indústria automotiva, em direção à BR 381, e, de forma secundária, dos fluxos originados nas áreas urbanizadas ao sul da Petrovale. A Rua Pe Eustáquio tem pista única pavimentada, estreitando-se ao término da REGAP, quando se transforma em via local, com traçado mais sinuoso. A avenida perimetral ao Jardim das Rosas, antes uma via local, foi alargada e novamente pavimentada em função das indústrias em instalação na face oposta ao bairro, permanecendo, entretanto, o conflito entre os fluxos de pessoas que ali residem e o fluxo constante de caminhões, somado ao fluxo de veículos provenientes da sede urbana de Ibirité, ampliado devido à dinamização econômica decorrente da implantação do distrito industrial. A Avenida do Contorno mostra já sinais de saturação no tráfego, por ser a única rota para acesso à Fernão Dias, arcando com um volume de veículos e caminhões muito superior ao dimensionado, no princípio, para atendimento exclusivo dos fluxos gerados pela REGAP. Notam-se pontos de estrangulamento e congestionamento em determinados horários, agravando-se freqüentemente pela livre circulação de animais na pista, devido à inexistência de cercas isolando campos antrópicos e pastos, em propriedades sem destinação específica de uso. Quanto à malha viária, interna aos bairros ocupados, todas de caráter local, mantêm-se os comentários expressos no detalhamento dos usos do solo predominantes, merecendo maior atenção, por parte do poder público, a correção das condições de acesso e circulação para as áreas mais periféricas dos bairros de Cascata, Jardim das Rosas e Petrovale/Vila Esperança, considerando-se as vias, nestes locais, como fator de risco potencial a uma população que já se encontra em condição de grande desigualdade social. Sarzedo é servido pelo transporte rodoviário através da rodovia MG-040 e possui acesso fácil a BR-381 (Fernão Dias). As linhas de ônibus que servem o município são a Turilessa (coletivo) e a Saritur (intermunicipal rodoviário). A cidade é cortada pelo ramal da ferrovia que é utilizado pela MRS – Atlântica para transporte de minério de ferro.

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66.. UUSSOO DDAA ÁÁGGUUAA DDAA LLAAGGOOAA DDEE IIBBIIRRIITTÉÉ PPEELLAA RREEGGAAPP

6.1 HISTÓRICO DA REFINARIA GABRIEL PASSOS- REGAP

A partir de meados da década de 1950, Minas Gerais iniciou um grande surto de crescimento econômico. A instalação de várias indústrias mudou o perfil do Estado, antes eminentemente voltado para as atividades agropecuárias, tendo atraído população originária de outros estados, em busca dos empregos gerados pelo novo pólo industrial do país. Paralela e conseqüentemente a este surto, crescia também a demanda por combustíveis e Minas Gerais, na época, era totalmente dependente de derivados de petróleo importados, principalmente do Rio de Janeiro. Para levar o Estado a ser auto-suficiente nesta área, a PETROBRAS decidiu, em 1962, pela construção de uma refinaria de petróleo que atendesse às necessidades mineiras. A localização, após pesquisa em várias regiões, ficou definida para uma área no Município de Betim, às margens da Rodovia Fernão Dias (atual BR 381, que liga Belo Horizonte à São Paulo), distante cerca de 25 km do centro da capital e próxima a toda a malha viária do Estado, o que facilita o escoamento da produção.

Figura 6.1: Foto Aérea da REGAP, tendo ao fundo a Lagoa de Ibirité O nome, Gabriel Passos, é uma homenagem ao político mineiro Gabriel de Resende Passos, grande defensor do monopólio estatal do petróleo e ocupante do cargo de ministro das Minas e Energia até seu falecimento em 1962, pouco antes do início das obras da refinaria. O rápido desenrolar das obras, que começaram em seis de fevereiro de 1963, permitiu a conclusão do primeiro oleoduto Rio-Belo Horizonte já em 1967. As primeiras remessas de derivados vindas do Rio para a refinaria começaram de imediato, sendo armazenadas nos tanques já concluídos e distribuídas para todo o Estado. Finalmente, em 30 de março de 1968 a REGAP, como é mais conhecida, era inaugurada.

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6.2 DADOS ATUAIS SOBRE A REGAP

A REGAP possui capacidade para processar 150 mil barris de petróleo por dia e produzir 17 diferentes tipos de derivados, sendo os principais a gasolina, diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, asfaltos, óleos combustíveis e nafta petroquímica.

Tabela 6.1: Produtos Principais da REGAP

Produtos Principais Produção Mensal (m3) Máxima Atual

Gasolina A 166.304,67 114.651,17 Nafta Petroquímica 62.803 52.324 Diesel B 200.038,25 157.638,33 Diesel D 131.453,42 84.942,5 QI + QM 3.413,42 925,25 Querosene de Aviação 1 44.140,58 28.370,5 Óleo Combustível 1A 27.900,67 12.368,75 Óleo Combustível 2A 42.159,42 11.583,92 Óleo Combustível 4A 7.420,17 5.153,67 Óleo Combustível 7A 22.438,33 11.744,08 Óleo Combustível 2B 1646,92 124,92 GLP 88.560,75 64.174,58 Asfalto - CAP-20 24.722,42 12.049,17 Asfalto - CM-30 6.178,67 2.486,75 Asfalto - CR-250 574,00 225,75 Aguarrás 8.702,83 4.144,92 Coque 44.623,83 32.047,75 Enxofre 645,42 362,00 Gás Carbônico 2.433,33 1.438,00 Dissulfeto 18,00 9,70

Fonte: Eia/ Rima Ampliação REGAP, 2006 A REGAP possui duas unidades de Destilação Atmosférica, duas unidades de Destilação a Vácuo, duas unidades de Craqueamento Catalítico, uma unidade de Geração de Hidrogênio, três unidades de Hidrodessulfurização, uma unidade de Coqueamento Retardado, unidades de apoio (geração de vapor, subestação elétrica, tratamento de água, tratamento de águas ácidas, tratamento de efluentes hídricos, pátios de carregamento de caminhões, além de oficinas e escritórios administrativos). O seu parque de tancagem tem capacidade para armazenamento de aproximadamente um milhão de metros cúbicos. Os produtos finais são enviados para distribuição para as Companhias Distribuidoras através de tubulações. Alguns produtos são carregados diretamente na refinaria (Asfalto, Coque, Enxofre, Aguarrás) através de caminhões. A REGAP possui dois oleodutos e um gasoduto

- ORBEL I : Em operação desde 1967 na ocasião em que transportava petróleo do Rio de Janeiro para a Regap até 1982. Atualmente transporta derivados no sentido Regap / Rio de Janeiro. Capacidade = 6.000 m³/d derivados

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- ORBEL II: Transporta petróleo do Rio de Janeiro para a Regap operando desde 1982. Capacidade = 25.000 a 30.000 m³/d

- GASBEL (Gasoduto Rio Belo Horizonte): Capacidade = 1,7 milhões m³/dia (atual) – Extensão = 357 km – Traz gás natural da bacia de Campos.

O mercado da REGAP abrange 70% de Minas Gerais e partes dos estados de São Paulo, Goiás, Distrito Federal e, eventualmente, Espírito Santo e Triângulo Mineiro. A REGAP é responsável por cerca de R$ 1,26 bilhões por ano, em ICMS pago ao governo.

Fonte: Plano Estratégico da Petrobrás- 2020

Figura 6.2: Faturamento da REGAP segundo os produtos fabricados

O número total de empregados na indústria é de 908, sendo 425 na produção e 483 administrativos. Os trabalhadores de serviços terceirizados, que comparecem regularmente à Refinaria (vigilantes, faxineiras, etc.) são 468 além de 397 de serviços flutuantes, totalizando 865 pessoas. 6.3 NOVOS INVESTIMENTOS

A Petrobras pretende investir R$ 2,7 bilhões em Minas nos próximos seis anos. Um terço desse dinheiro vai para a construção do Complexo Acrílico, o restante será gasto na modernização da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, com novas instalações para produção de óleo diesel e gastos expressivos para melhorar a qualidade dos combustíveis. A Unidade do Complexo Acrílico é um empreendimento pioneiro na América Latina e visa substituir importações e fornecer ácido acrílico e seus derivados para o mercado nacional e Cone Sul. A Unidade do Complexo Acrílico será instalada no município de Ibirité, em área pertencente à Petrobras, localizada junto à Refinaria Gabriel Passos – REGAP, e terá capacidade para a produção de 160.000 t/ano de ácido acrílico. A matéria-prima, o propeno grau químico, será fornecida pela REGAP através de duto específico. Estima-se, preliminarmente, que a planta possa iniciar a operação em janeiro de 2011. Os acrilatos, derivados do ácido acrílico, são utilizados nas formulações de tintas acrílicas, na indústria têxtil, no setor de ceras, revestimentos de

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cabos e fios, tubos para proteção de eletroeletrônicos, detergentes, fraldas descartáveis e outros produtos. Em janeiro de 2007 o Projeto do Complexo Acrílico em Minas Gerais foi incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) coordenado pelo Governo Federal dentro do Programa 0285 - Indústria Petroquímica.

Figura 6.3 – Visão Geral da área reservada para implantação do Complexo Acrílico

A Ampliação da Refinaria Gabriel Passos envolve a implantação de:

- Modernização da REGAP: Constituída de quatro novas unidades: destilação atmosférica, destilação a vácuo, coqueamento retardado e reforma catalítica; Reforma e Ampliação da unidade de craqueamento catalítico e a adequação da metalúrgica das unidades de destilação atmosféricas e a vácuo existentes;

- Unidade atual de diesel: Reforma e Ampliação da unidade de hidrotratamento de diesel;

- Carteira de Diesel REGAP: da qual consta a implantação das unidades de hidrotratamento de diesel, retificação de águas ácidas e de geração de hidrogênio;

- Liderança em Segurança, Meio Ambiente e Saúde: constituída de uma unidade de recuperação de enxofre e uma nova unidade de tratamento de águas ácidas;

- Estação de Descarregamento e Carregamento de Produtos, que vai proporcionar um aumento na capacidade de carregamento e descarregamento de produtos.

A modernização busca conferir à REGAP aumento na capacidade de processamento de petróleo pesado ácido nacional, com maior produção de óleo diesel de baixo teor de enxofre (50ppm) e gasolina de alta octanagem, em conformidade com a especificação brasileira destes produtos, melhorando a logística de comercialização e reduzindo a

REGAP

Lagoa de Ibirité

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importação de derivados. Os objetivos dos empreendimentos visam ampliar as vantagens competitivas no mercado nacional de derivados e atender à evolução dos padrões de qualidade no mercado de atuação. Nesse sentido, a modernização da REGAP busca adequar a estrutura de refino através da associação de processos de conversão e tratamento de produtos, de modo a capacitá-la a um maior processamento de petróleos pesados nacionais. . Tem-se como premissa a garantia da produção de óleo diesel, em conformidade com a especificação brasileira e a redução da necessidade de importação deste derivado. Através das novas unidades, busca-se atingir níveis internacionais de qualidade de produtos, através de investimentos em qualidade, com foco no óleo diesel e no desenvolvimento de produtos voltados às novas exigências do mercado. A nova Unidade de Recuperação de Enxofre tem por finalidade recuperar o enxofre das correntes gasosas e manter as emissões de contaminantes, em caso de parada operacional ou de manutenção, dentro dos padrões legais, sem comprometer a continuidade operacional das unidades de processo. A nova Unidade de Tratamento de Águas Ácidas tem por finalidade recuperar a água de processo possibilitando o seu reaproveitamento e evitando o aumento de consumo de água da refinaria retirando os contaminantes gasosos de sua composição e enviando-os para a Unidade de Recuperação de Enxofre e para o incinerador de amônia. 6.4 PROCESSO INDUSTRIAL DA REGAP- CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE

EFLUENTES

6.4.1 Abastecimento de Água A principal fonte de abastecimento da REGAP é a lagoa de Ibirité. A água para consumo humano é obtida de poços profundos. Existe ainda uma segunda represa denominada Palmeiras, localizada próxima a refinaria, mas atualmente fora de uso, por apresentar alto teor de sólidos e turbidez. A água da lagoa de Ibirité é enviada à refinaria por bombeamento, através de uma adutora com aproximadamente 6 km de extensão. As principais fontes de abastecimento de água, finalidade do consumo e tipo de tratamento adotado constam das Tab. 6.2 e 6.3.

Tabela 6.2: Fontes de Abastecimento de Água da REGAP

Fonte / fornecedor Consumo (m3/mês) Máximo Médio

Poço 32.400 20.730 Lagoa de Ibirité 1.677.600 561.030 COPASA (demanda contratada) 5.760 720

Fonte: Eia/ Rima Ampliação REGAP, 2006

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Tabela 6.3: Finalidades do Consumo de Água da REGAP

Finalidade de Consumo

Quantidade (m3/mês) Origem Máxima Média

Processo industrial e lavagem de pisos

e equipamentos

129.600 (Contabilizada em

processo industrial)

90.000* (Contabilizada em

processo industrial)

Lagoa de Ibirité

Resfriamento e refrigeração

329.130 328.365 Lagoa de Ibirité

Produção de vapor 145.440 142.665 Lagoa de Ibirité

Consumo humano (sanitários,

refeitório, etc)

29.520 21.450 Poços Artesianos e COPASA

Fonte: Eia/ Rima Ampliação REGAP, 2006

Tipo de Tratamento

Unidade de Água Potável: a água captada dos poços artesianos é reunida em uma caixa de passagem, onde recebe hipoclorito de sódio para desinfecção e é direcionada para filtros de areia, visando à retenção de sólidos. A água tratada é armazenada em tanques e segue para consumo.

Estação de Tratamento de Água: a água bruta da lagoa de Ibirité recebe injeção de cloro gasoso, e posteriormente injeção de soda (eventual correção de pH). Em seguida a água passa por processos de coagulação / floculação e clarificação, sendo então conduzida para filtros de areia e antracito. A água filtrada segue para as unidades de consumo.

Sistema de Desmineralização: tratamento adicional da água proveniente da ETA, destinada para reposição nas caldeiras e temperação do vapor. O tratamento consiste em passagem por filtros descloradores e leitos de resina de troca iônica / catiônica.

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6.4.2 Geração de Efluentes Os sistemas de tratamento de efluentes da REGAP são operados pela própria empresa, que, também, é a única instituição que monitora seus próprios efluentes industriais. 6.4.2.1 Efluentes Domésticos

O sistema de tratamento de esgotos sanitários da REGAP consiste em um tratamento anaeróbio tipo In-Hoff, onde o licor, com uma vazão de 15 m³/h, é reciclado para as bacias de aeração da Estação de Tratamento de Despejos Industriais (ETDI). Quando o sistema está em manutenção, este efluente é enviado diretamente para o córrego Pintado. 6.4.2.2 Efluentes Industriais- Estação de Tratamento de Despejos Industriais (ETDI)

Os principais efluentes líquidos industriais da REGAP são representados pelos efluentes com carga oleosa gerados nas unidades de processo, oficinas, laboratório, drenagens de tanques, tubovias, Base de Distribuição de Combustíveis ( Petrobras Distribuidora), lavagens de equipamentos, entre outros. Estes efluentes são encaminhados para as redes coletoras existentes (rede oleosa velha, rede oleosa nova, rede oleosa do coque e rede de água contaminada) e em seguida direcionados para a Estação de Tratamento de Despejos Industriais (ETDI) com um regime de geração contínuo de aproximadamente 350 m³/h. Depois do tratamento na ETDI, o efluente é lançado sob um regime contínuo em um único ponto no córrego Pintado na localização geográfica. Além do efluente da ETDI, existe o efluente que pode conter finos de coque proveniente do pátio das pilhas classificadas de coque. Este efluente é coletado em um tanque de decantação, sendo a seguir, descartado no córrego Palmeiras. A ETDI envolve sistemas de tratamentos primário, secundário e terciário. Os tratamentos primários - como os separadores de água e óleo e o flotador - têm como objetivo retirar os compostos em suspensão ou livre (sólidos e óleo). Já no tratamento secundário, baseado principalmente em processos biológicos (oxidação), são removidos os compostos dissolvidos. Na refinaria, este sistema corresponde às bacias de aeração sul e norte. O tratamento terciário na Unidade de Biodiscos é feito objetivando a remoção da amônia. Daí, o efluente segue para a lagoa de polimento e desta o efluente final é lançado no córrego Pintado.

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A Figura 6.4 apresenta o diagrama simplificado da ETDI da REGAP.

Figura 6.4: Diagrama Simplificado da ETDI da UN - REGAP Sistema de Regularização Os efluentes líquidos industriais da REGAP são coletados nas redes: águas contaminadas (RAC), águas oleosas nova (RON), velha (ROV) e água oleosa da unidade de coque (ROC). Estas correntes se unem em caixas coletoras, a montante da Estação de Tratamento de Despejos Industriais – ETDI e daí escoam por gravidade para os Separadores de Água e Óleo API. Caso a vazão aumente além de 500 m³/h, a alimentação da Unidade de Flotação é feita por bombas diretamente do poço, com bloqueio do tanque pulmão. Em situações de picos de poluentes o envio do tanque para a Unidade de Flotação poderá ser bloqueada até que o sistema seja normalizado. Portanto, o excedente das caixas é enviado para duas bacias de acumulação de águas de chuvas ou excedentes das redes de água oleosa e contaminada. O efluente da Bacia de Acúmulo velha pode transbordar para o desarenador seguindo para a Bacia de Acúmulo nova, daí, poderá verter para a lagoa de polimento. Sistema de Tratamento Primário Consta de um separador de água e óleo tipo API, uma caixa de passagem, um tanque de equalização e uma unidade de flotação a ar dissolvido. O sistema de tratamento primário recebe as correntes de águas oleosas e contaminadas e tem capacidade para tratar até 500 m³/h (projeto), embora seja observado que operacionalmente não ultrapassa 440 m³/h. Após a separação de óleo, a água, também por gravidade, escoa para o poço do separador PPI. Neste poço a água poderá ter dois caminhos distintos, para o flotador ou tanque pulmão. Com o objetivo de manter sempre uma vazão constante para a Unidade de Flotação a operação normal será sempre o envio de água para o tanque pulmão. Quando há necessidade de liberação do tanque pulmão, o envio de água será direto do poço para a unidade de flotação por bombeio, utilizando o sistema existente.

Esgoto Doméstic

Córrego Pintado

Separador API Separador PPI

Tanque Pulmão

Tanque Equalizador

Inhoff

Unidade de

Flotação Bacia de Aeração

Sul

Bacia de Aeração

Norte

Biodiscos

Lagoas de Polimento

Desarenador Bacia Água Contaminada

Caixa de Chegada

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Separador de Água e Óleo API (American Petroleum Institute) É o primeiro estágio de separação de óleo, água e sedimentos da ETDI. Na ETDI existem dois separadores de óleo tipo API – Norte e Sul, que operam em paralelo. Tanque Pulmão O efluente tratado no Separador de Água e Óleo é encaminhado por gravidade para o tanque pulmão, seguindo por gravidade para a unidade de flotação e daí segue seu fluxo normal para os tratamentos secundário e terciário. O tanque pulmão tem a finalidade de controlar a vazão e a concentração de poluentes da ETDI, amortecendo picos e proporcionando uma operação estável e otimizada de toda estação. Este tanque é um reservatório de aço carbono, do tipo teto flutuante, dotado de três misturadores tipo hélice, com volume máximo operacional de 78.332m³ e altura máxima operacional de 13.315 mm. Unidade de Flotação U-36 A U-36 tem a finalidade de remover óleos, graxas e sólidos suspensos da água efluente do tanque pulmão. Os flotadores são do tipo ar dissolvido e seu princípio de funcionamento consiste em submeter sólidos suspensos e dispersos no meio líquido (flocos) à ação da força ascendente de microbolhas de ar bruscamente liberadas no meio líquido, com o objetivo de obter um rápido arraste das partículas até a superfície, de onde são removidas. As etapas de tratamento são: floculação, flotação e centrifugação. A unidade é composta por dois floculadores e dois flotadores e pode operar apenas com um ramal. Os floculadores possuem uma caixa de mistura rápida e tanque com misturadores, onde ocorre a coagulação com a formação de flocos. O lodo composto das partículas sólidas removidas é desidratado por centrifugação e disposto em aterro. Sistema de Tratamento Secundário O tratamento secundário é constituído de duas lagoas de aeração, sendo uma de mistura completa e a outra facultativa aerada. O efluente destas lagoas é encaminhado para a unidade de biodiscos e desta para uma Lagoa de Polimento, posteriormente é lançado no Córrego Pintado. Este sistema tem capacidade de tratar até 350 m3/h, em tempo seco, e 500 m3/h em tempo chuvoso. Na bacia de aeração sul é feita à adição de produtos químicos (cal e tripolifosfato de sódio), o licor do biodigestor e reciclo de lodo na saída do biodisco. Na entrada do Biodisco é injetado bicarbonato de sódio. Biodigestor Este sistema consiste em tratamento anaeróbico do esgoto doméstico, com capacidade de 40 m³/h. A vazão atual é de aproximadamente 15 m³/h. Após tratamento, o licor é enviado para a entrada da Bacia de Aeração Sul e os sólidos depois de desidratados para aterro.

Bacias de Aeração São duas bacias operando em série, Bacia de Aeração Sul e Bacia de Aeração Norte, com capacidade de 24.000 m3 cada, que corresponde a um tempo de residência de aproximadamente 6 dias, quando em tempo seco e de 4 dias no período chuvoso. Estas bacias têm por finalidade promover a oxidação biológica da matéria orgânica e outros compostos presentes na água. O oxigênio necessário para as reações de oxidação é fornecido por aeradores mecânicos através de agitação turbilhonar. Para

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correção da alcalinidade é adicionada cal hidratada. Na ocorrência de sulfeto é adicionado Peróxido de Hidrogênio. É feita uma recirculação da água de saída da Unidade de Biodiscos, para a Bacia de Aeração Sul com o objetivo de inocular bactérias nitrificantes nesta lagoa. A Bacia de Aeração Sul recebe também o licor do Biodigestor para remoção de matéria orgânica desta corrente. Estão instalados na entrada da Bacia de Aeração Sul dois analisadores contínuos para amônia e oxigênio dissolvido. Biodisco Esta unidade é composta por seis biodiscos, um sistema de dosagem de bicarbonato de sódio para controle da alcalinidade e analisadores contínuos. Os analisadores de amônia e alcalinidade têm por objetivo, além do controle de processo, acionar o sistema de dosagem de bicarbonato de sódio. O Biodisco consiste em um tanque contendo um conjunto de placas dispostas em paralelo formando um cilindro, suportado por um eixo central. A rotação do biodisco é feita por ar comprimido. O biodisco fica submerso aproximadamente 40% no efluente. Esta unidade tem a finalidade de remover amônia do efluente. O processo de nitrificação ocorre por ação das bactérias nitrosomonas (oxida o nitrogênio amoniacal a nitrito) e nitrobacter (oxida o nitrito a nitrato). Os microorganismos se fixam no suporte (biodisco), crescem formando um biofilme que utiliza como substrato a amônia e os nutrientes adicionados, promovendo a nitrificação. Durante a rotação do eixo, o filme formado junto aos discos absorve o oxigênio do ar. A rotação constante do suporte coloca o biofilme em contato ora com o efluente, ora com o ar. A rotação de projeto é entre 0,8 a 1,6 rpm, sendo a faixa ideal de trabalho entre 0,8 a 1,2 rpm. Sistema de Tratamento Terciário A saída do biodisco é encaminhada para a Lagoa de Polimento, posteriormente é lançada no córrego Pintado. A Lagoa de Polimento é parte integrante da Estação de Tratamento de Efluentes Industriais, e tem a função de remover poluentes específicos presentes em pequenas concentrações, gerando um efluente, cuja qualidade é controlada de acordo com os padrões especificados pela Deliberação Normativa 10/86 do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. Inicialmente, apresentava um volume útil de 150 mil m³, proporcionando um tempo de residência de cerca de 18 dias em tempo seco e 10 dias em épocas de chuva, o que permitia uma redução satisfatória das concentrações de demanda biológica de oxigênio (DBO),demanda química de oxigênio (DQO), fenóis, cianetos e sólidos suspensos totais. Depois do tratamento na ETDI, o efluente final na saída da lagoa de polimento, é lançado sob um regime contínuo em um único ponto no córrego Pintado, encontrando-se com o córrego Ibirité, seguindo então para a Lagoa de Ibirité. Nesta o ciclo se completa, pois é onde a refinaria faz a captação de água para uso em seu processo.

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6.4.3 Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos A REGAP possui outorga de direito de uso de água superficial da lagoa de Ibirité, concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, com as seguintes características:

Coordenadas (UTM) do ponto de captação: 7.785.774,756740m N; 592.206,558006m E; MC 45º;

Vazão máxima de captação: 1.458,00 m3/h durante 24 horas Data da concessão: 26 de maio de 2001 Validade da concessão: Cinco anos

OBS.: O pedido de outorga realizado pela UN – REGAP ao IGAM incluiu também a vazão a ser captada na Lagoa de Ibirité para atender a Usina Termoelétrica (UTE) de Ibirité a qual foi agregada ao complexo industrial, sendo atendida pela captação existente. Considerando-se que o consumo atual da REGAP é de aproximadamente 1.000 m3/h, admite-se que o restante da vazão outorgada - 458 m3/h será utilizada na UTE.

A REGAP não possui outorga para lançamento de seus efluentes hídricos. No entanto, esta empresa solicitou em 2001 ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas, informações sobre os procedimentos para a obtenção de outorga para lançamento de efluentes em curso de água. Em resposta encaminhada à REGAP em 16/07/01 o IGAM informou que: - “De acordo com o artigo 18 da Lei Estadual 13.199 de 29 de janeiro de 1999, que dispõe sobre a Política Estadual de Recurso Hídricos, estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os lançamentos de esgotos e demais efluentes tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final”; - “O artigo 11 da Portaria Administrativa IGAM no.010/98 de 30 de dezembro de 1988, prevê a emissão de outorgas para lançamentos de efluentes sem, contudo, fixar critérios para as diversas cargas de poluentes lançados aos cursos de água”. Assim sendo, foi esclarecido pelo IGAM que tão logo sejam definidos tais critérios, será emitida Portaria para orientação aos diversos usuários de recursos hídricos do Estado. Até que isso ocorra o IGAM não está exigindo e nem concedendo outorgas para lançamentos de efluentes. O IGAM esclarece ainda que na oportunidade deverá ser obedecida a legislação ambiental que dispõe sobre o tratamento e lançamento de efluentes, cuja fiscalização é competência da FEAM – Fundação de Meio Ambiente.

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77.. CCAAUUSSAASS EE EEFFEEIITTOOSS DDAA DDEEGGRRAADDAAÇÇÃÃOO AAMMBBIIEENNTTAALL DDAA LLAAGGOOAA

DDEE IIBBIIRRIITTÉÉ

7.1 DADOS GERAIS

A lagoa de Ibirité foi concluída na segunda metade da década de 60, ocupando uma área de cerca de 3 Km2, com a finalidade de abastecer a Refinaria Gabriel Passos, da Petrobrás - REGAP, a qual deságua seus efluentes nesta por meio do córrego Pintado. Sua implantação elevou o nível de base do córrego do Pintado e a sedimentação da lagoa vem ocorrendo desde sua origem, sendo incrementada pela crescente ocupação da bacia.

Figura 7.1: Vista Aérea da Lagoa de Ibirité

As principais características físicas da lagoa de Ibirité são:

- Área total (inicial): 3.358.920 m² - Área total (atual): 2.837.777 m² - Volume (inicial): 20.571.000 m³ - Volume (atual): 15.423 .000 m³ - Profundidade média: 16 m - Cota máxima:797,6 m - Cota mínima: 727,0 m - Tomada d’água: 794,0 e 789,5 m - Área inundada: 2,7 km2 - Vazão captada: 1.100 m3/h - Efluentes líquidos da REGAP: 220 m3/h

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Na época de sua criação, a lagoa de Ibirité, além de ser usada como manancial pela REGAP, era utilizada para recreação (banho e pesca artesanal) pelas comunidades vizinhas, vindo a tornar-se o principal ponto turístico e alternativa de lazer para a população do município de Ibirité e das cidades próximas. A área desapropriada para a implantação da lagoa possuía, na época da construção, baixa densidade populacional sendo formada por algumas fazendas e por terras de propriedade do município de Ibirité. Com a entrada em funcionamento da Refinaria, as áreas no entorno passaram a ser rapidamente ocupadas pela população. A partir da década de 70, o município de Ibirité passou a apresentar taxas elevadas de crescimento populacional, superiores às taxas médias da Região Metropolitana de Belo Horizonte, sem o correspondente crescimento no nível da atividade econômica. Esta combinação de fatores trouxe para o município – cuja economia era historicamente de base rural - as características típicas de uma “cidade dormitório”. Com isso, o município vem enfrentando problemas decorrentes da urbanização desordenada, associada a investimentos insuficientes em infra-estrutura básica (saneamento, coleta de lixo, drenagem pluvial), os quais acabam por produzir impactos negativos na lagoa. Ao longo das duas últimas décadas os efeitos de ações antrópicas se tornaram cada vez mais visíveis e hoje se observa uma progressiva degradação das suas condições, com potencial tanto para afetar as comunidades vizinhas quanto para ameaçar a continuidade de seu uso como manancial para a REGAP. O estudo realizado em 1995 pelo CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais intitulado “Monitoramento das águas superficiais e sedimentos na área de influência da Regap/Petrobras” estimou que a mesma já perdeu em torno de 30% do seu volume útil, desde a sua construção, sendo que este processo tende a se acelerar com o aumento da ocupação populacional da região. A ameaça ao desaparecimento da lagoa, além de ser um grave problema ambiental, representa um sério problema econômico. A lagoa é responsável pelo abastecimento de duas grandes indústrias da região: a Unidade da Petrobras - Refinaria Gabriel Passos – REGAP e a Usina Termelétrica de Ibirité – IBIRITERMO. A Refinaria da Petrobras, além de ser o maior contribuintes da região no recolhimento de impostos, é responsável pelo abastecimento de combustíveis de 75% do estado mineiro, além de algumas regiões do Espírito santo, São Paulo e Goiás. Os sistemas produtivos dessas duas empresas (Termelétrica e Refinaria) funcionam em circuito fechado, ou seja, capta-se a água da lagoa para uso industrial e doméstico e devolve-se a ela os efluentes, após os processos de tratamento. Alternativas ao abastecimento de água das empresas têm sido estudadas, sem que houvesse, até o momento, a identificação de uma fonte que pudesse servir ao propósito, com a mesma viabilidade econômica.

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Torna-se assim, de suma importância identificar e espacializar as principais causas da aceleração desse assoreamento.

Figura 7.2: Vista da Lagoa de Ibirité

7.2 PRINCIPAIS FATORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA DE

IBIRITÉ

Dentro da conceituação geral de que a qualidade de água em uma represa é subproduto do uso e ocupação do solo em sua bacia hidrográfica, a degradação da qualidade ambiental da lagoa de Ibirité pode ser debitada à:

Poluição gerada pelo lançamento de esgoto;

Poluição gerada pelo lançamento de lixo;

Redução de seu volume devido ao assoreamento.

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7.2.1 Poluição Gerada pelo Esgoto Doméstico O maior fator de degradação ambiental da lagoa de Ibirité está associado aos esgotos sem tratamento oriundos de sua bacia hidrográfica, que são lançados diretamente neste corpo d’água. Atualmente a lagoa de Ibirité recebe os esgotos domésticos sem tratamento de todo o município de Ibirité e de parte do município de Betim (Bairro Jardim Piemonte / Riacho II- Nova Pampulha). A lagoa recebe também pequena contribuição de esgotos sanitários do município de Sarzedo, representada pelo lançamento de algumas casas localizadas no bairro Quintas da Jangada, embora a maior parte das casas possua sistema estático de esgotamento sanitário (fossas). Os esgotos domésticos são compostos por constituintes físicos, químicos e biológicos, sendo que a sua composição é razoavelmente constante. Este efluente contém aproximadamente 99,9% de água e apenas 0,1% de sólidos. É devido a esta pequena fração de sólidos contidos no esgoto que ocorrem os problemas de poluição nas águas. Os principais riscos associados ao lançamento de esgotos domésticos “in natura” na lagoa de Ibirité são apresentados na Figura 7.3 e detalhados a seguir:

Figura 7.3: Principais Riscos Associados à Poluição por Esgotos Domésticos

Matéria Orgânica

Nutrientes

Organismos Patogênicos

Diminuição dos Níveis de Oxigênio Dissolvido na Água da Lagoa de Ibirité

Eutrofização da Lagoa – Crescimento Excessivo de Algas

Doenças

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7.2.1.1 Matéria Orgânica

A matéria orgânica contida nos esgotos é representada pelas proteínas, carboidratos, gorduras, óleos, uréia, fenóis, pesticidas, além de outras substâncias. A matéria orgânica é uma característica de primordial importância, sendo a causadora do principal problema ecológico de poluição das águas por lançamento de esgoto: a redução dos teores de oxigênio dissolvido no meio aquático. Dependendo da magnitude deste fenômeno, pode ocorrer a morte de diversos seres aquáticos, inclusive os peixes.

Figura 7.4: Mortandade de Peixes Devido à Falta de Oxigênio Dissolvido Causada por Lançamento de Esgoto em Curso d’água (Nota: Esta foto não se refere à Lagoa de Ibirité)

As águas poluídas por esgoto doméstico constituem em adequado caldo de cultura para os organismos decompositores (fungos e bactérias), que existem em qualquer ecossistema. Entretanto, em ambientes poluídos por esgotos, eles multiplicam-se muito, alimentando-se da abundante matéria orgânica biodegradável contida nos esgotos. Com isso, consomem grandes quantidades de oxigênio. As bactérias e fungos conseguem sobreviver na lagoa poluída porque necessitam de menores concentração de oxigênio (1,0 mg/l) do que os peixes (3 a 4 mg/l)

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7.2.1.2 Nutrientes

Os esgotos contêm nitrogênio (N) e fósforo (F), presentes nas fezes e urina, nos restos de alimentos, nos detergentes e outros subprodutos das atividades humanas. O lançamento de esgoto sem tratamento na lagoa de Ibirité provoca uma grande elevação do aporte de nutrientes (nitrogênio e fósforo) neste corpo d’água. Segundo monitoramento da REGAP/ Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG/ Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR/SP no período de 2002-2003, foram observadas elevadas concentrações de fósforo, principalmente no ponto próximo à entrada do ribeirão Ibirité na lagoa, refletindo a forte contribuição desse tributário para a eutrofização da lagoa. O ribeirão Ibirité era responsável por cerca de 76,7% da carga de fósforo e 87,5% da carga de nitrogênio que chegava à lagoa de Ibirité. Depreende-se que o controle da carga externa de fósforo deve ser uma das principais metas para a recuperação ambiental da lagoa de Ibirité. Dados mais recentes de monitoramento da REGAP, em três pontos no interior da lagoa, em março, junho, setembro e dezembro de 2006, indicaram que existe uma presença significativa de compostos nitrogenados e fosfatados, sendo este fato um forte indicador de ambiente eutrofizado. Concentrações de fósforo muito elevadas, constatadas principalmente em junho de 2006, propiciaram o desenvolvimento de floração, “os blooms” nas comunidades de algas. Portanto, a elevada concentração de nutrientes que entram na lagoa de Ibirité, a partir do lançamento de esgoto, contribui para a eutrofização (enriquecimento nutritivo) deste corpo d’água. A eutrofização é considerada como um dos principais problemas relacionado à qualidade dos corpos aquáticos, pois causa o crescimento excessivo das plantas aquáticas e algas, a níveis tais que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis deste corpo d’água. As conseqüências da eutrofização da lagoa de Ibirité são listadas a seguir:

- Freqüentes florações das algas; - Crescimento excessivo da plantas aquáticas (aguapés); - Distúrbios com mosquitos e insetos; - Eventuais maus odores; - Problemas com o abastecimento de águas industrial. Elevação dos custos para

o abastecimento de água industrial devido á presença excessiva de algas que afeta substancialmente o tratamento da água captada na lagoa, devido à necessidade de remoção da própria alga, remoção de cor, remoção de sabor e odor, maior consumo de produtos químicos e também aos depósitos de algas nas águas de resfriamento;

- Diminuição da transparência da água; - Menor número de espécies de plantas e animais (biodiversidade).

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Figura 7.5: Crescimento Excessivo de Plantas Aquáticas na Lagoa de Ibirité

Em períodos de elevada insolação (energia luminosa para a fotossíntese), as algas atingem superpopulações, constituindo uma densa camada superficial esverdeada, que impede a penetração da energia luminosa nas camadas inferiores do corpo d’água, causando a morte das algas situadas nestas regiões. A morte destas algas traz, em si, uma série de outros problemas.

Figura 7.6: Floração de Algas na Lagoa de Ibirité (notar o tom esverdeado da água)

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Um dos principais problemas relacionados à eutrofização é a proliferação de cianobactérias6 (algas azuis) em detrimento de outras espécies aquáticas. As cianobactérias podem produzir gosto e odor desagradável na água e desequilibrar os ecossistemas aquáticos. O mais grave é que muitos gêneros de cianobactérias quando submetidas a determinadas condições ambientais podem produzir toxinas que chegam a ser fatais aos animais e aos seres humanos. Originalmente estas toxinas são uma defesa contra devoradores de algas, mas com a proliferação das cianobactérias nos mananciais de água potável das cidades, estas passaram a ser uma grande preocupação para as companhias de tratamento de água.

Figura 7.7: Cianobactérias (Algas Azuis)

Segundo o monitoramento da comunidade fito planctônica elaborado pela REGAP em 2001 e 2002 (detalhado no item 3.1.8.2), após cruzar a área da REGAP, o córrego Pintado apresentou predominância numérica de clorofíceas em 2001 e de cianofíceas em 2002, especialmente dos gêneros Chlorella e de Lynbya. Esse cenário possivelmente foi decorrência do aumento da área de contribuição da bacia hidrográfica nesse ponto que, em geral, favorece a proliferação de algas, mas principalmente, refletiu os altos teores de nutrientes minerais lançados pelos efluentes da refinaria. Já o ribeirão Ibirité, antes da foz do Pintado representa a contribuição da área urbana de Ibirité e apresentou uma forte dominância de algas azuis (cianobactérias), em geral dos gêneros Planktolyngbya, Lyngbya.

6 As algas azuis ou cianobactérias, não podem ser consideradas nem como algas e nem como bactérias comuns. São microorganismos com características celulares procariontes (bactérias sem membrana nuclear), porém com um sistema fotossintetizante semelhante ao das algas (vegetais eucariontes), ou seja, são bactérias fotossintetizantes.

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Figura 7.8: Cianobactéria Lyngbya

Segundo este estudo, as bacilariofíceas e as clorofíceas foram os grupos de algas mais abundantes na Lagoa de Ibirité no período 2001/02, com destaque para os gêneros Microcystis, Melosira e Chlorella.Verificou-se um predomínio quantitativo de algas azuis (cianobactérias), tanto nos córregos afluentes como na lagoa de Ibirité. Em geral, as campanhas realizadas em agosto, correspondente ao período de estiagem, favorece o desenvolvimento do fitoplâncton na lagoa, que tende a apresentar florações, de Microcystis aeruginosa, considerada potencialmente tóxica. Essa condição é favorecida pelos teores de nutrientes que se mantiveram elevados nesse ambiente.

Figura 7.9: Cianobactéria Microcystis aeruginosa que vem dominando o plâncton de vários reservatórios da região metropolitana de Belo Horizonte.

O fato de terem sido detectadas cianobactérias na lagoa de Ibirité reveste-se de especial importância e serve de alerta, pois vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam florações podem produzir toxinas (cianotoxinas), as quais apresentam efeitos danosos para a biota aquática e à saúde humana. Tipicamente, cerca de 50% de todas as florações testadas em diferentes países mostram-se tóxicas em bioensaios.

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As toxinas produzidas pelas cianobactérias podem ser classificadas em dois grupos: Hepatoxinas, que são as mais comuns, com sintomas como diarréia e fígado

aumentado por hemorragia; Neurotoxinas, que se manifestam na forma de tontura, perda da coordenação

motora, podendo ocasionar até a paralisação dos músculos da respiração. 7.2.1.3 Organismos Patogênicos

O considerável volume de esgotos sanitários lançados sem tratamento na lagoa de Ibirité constitui expressiva carga de organismos patogênicos excretados por indivíduos infectados. A contaminação de seres humanos por esgotos sanitários pode ser causada por bactérias, vírus entéricos ou parasitas intestinais (protozoários e helmintos) presentes em grandes quantidades no esgoto sanitário. A diversidade e a quantidade dos organismos patogênicos no esgoto depende de vários fatores, dentre os quais a quantidade de indivíduos infectados na população e a densidade de organismos patogênicos nos excrementos desses indivíduos. Uma breve descrição dos principais grupos de organismos patogênicos dos esgotos é apresentada a seguir:

Bactérias – Encontram-se presentes em maior quantidade do que outros organismos nos esgotos sanitários. Uma fração importante da população de bactérias presente no esgoto sanitário faz parte da microbiota do trato gastrointestinal dos seres humanos (ex.: E. coli). Dentre elas, destaca-se o grupo das bactérias coliformes fecais, selecionado, por suas características, como organismo indicador de contaminação de águas de maneira geral. Normalmente, os organismos indicadores não são causadores de doenças, porém estão associados à provável presença de organismos patogênicos de origem fecal na água. Além das bactérias não patogênicas, oriundas do trato intestinal de humanos e animais, os esgotos sanitários também contêm bactérias patogênicas, que causam doenças gastrointestinais em humanos, como febre tifóide, cólera, diarréia e disenteria (Ex: Salmonella spp. e Shigella spp.).

Vírus – No que se refere aos esgotos sanitários, os vírus de maior interesse são

conhecidos como vírus entéricos. Nesse grupo encontram-se aqueles que se multiplicam no trato gastrointestinal do ser humano, sendo eliminados em elevadas densidades pelas fezes. Os vírus entéricos podem causar vários tipos de doenças, nem sempre restritas ao aparelho digestivo, dentre elas algumas consideradas emergentes atualmente. As doenças mais conhecidas causadas por vírus entéricos são a hepatite infecciosa (vírus da hepatite A), as gastroenterites (enterovírus e parvovírus) e as diarréias (rotavírus e adenovírus).

Protozoários – Os protozoários patogênicos aos seres humanos, associados aos esgotos sanitários, mais comuns e reconhecidos há mais tempo são Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Balantidium coli. Mais recentemente,

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grande destaque tem sido dado ao Cryptosporidium, anteriormente reconhecido apenas como um patógeno animal.

Helmintos – Os helmintos são organismos altamente especializados para viverem como parasitas humanos. Apresentam-se nos esgotos sob as formas de ovos e larvas visíveis ao microscópio. A contaminação de seres humanos pode ocorrer pela ingestão de ovos ou larvas (ex.: Ascaris lumbricoides) ou por penetração de larvas na pele ou na mucosa (ex.: Ancylostoma duodenale). Em geral, basta um ovo ou larva para desencadear um processo infeccioso.

A Figura 7.10 apresenta os principais riscos à saúde pública associados aos esgotos “in natura.

Figura 7.10: Doenças que Podem ser Transmitidas pelo Esgoto Sanitário Em todos os casos citados, os esgotos sanitários são as principais fontes de contaminação dos corpos d’água, transmitindo grande quantidade de bactérias, vírus, protozoários e helmintos patogênicos aos seres humanos. Segundo o monitoramento de coliformes fecais nos tributários da lagoa de Ibirité (cor. Pintado e rib. Ibirité), elaborado pela REGAP em 2006 e detalhado no item 3.1.8.2, os teores de coliformes fecais variaram entre 100 e 30.760 colônias/100ml. Estes teores indicam a existência de fontes de contribuição de ordem fecal nas águas destes córregos. Os teores de coliformes fecais são considerados elevados e apontam para fontes de contribuição pontuais, tais como a presença de lançamento de esgoto doméstico principalmente no córrego Pintado, após o lançamento de efluentes da REGAP e ribeirão Ibirité, próximo ao deságüe na lagoa de Ibirité. O Plano Municipal de Saúde, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde de Ibirité, em 2002, apresenta a diarréia e a gastrenterite como umas das maiores causas da morbidade no município e, provavelmente está relacionada com a insalubridade ambiental nesta região.

Hepatite infecciosa, gastroenterite, poliomielite etc.

Vírus

Disenterias bacilar, cólera, leptospirose, salmonelose etc.

Bactérias

Disenteria amebiana, giardíase, criptosporidíase

Protozoários

Ascaridíase, esquistossomose, teníase, ancilostomíase, filariose etc.

Helmintos

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7.2.1.4 Vetores da Esquistossomose Mansônica

A averiguação da presença de moluscos transmissores da esquistossomose foi feita pelo CETEC (1998), tanto na rede hidrográfica da REGAP, quanto na região litorânea da lagoa de lbirité, conforme detalhado no item 3.1.8.2. Em todas as estações amostradas foi detectada a presença de Biomphalaria sp, sendo que, este caramujo é o hospedeiro intermediário do verme Schistosoma mansoni na América Latina. Do total de caramujos coletados pelo estudo do CETEC, apenas 15% puderam ser submetidos ao teste de infecção ao Schistossoma mansoni, em decorrência da grande mortandade ocorrida durante o seu transporte para o laboratório e o diâmetro da concha abaixo de 5 mm, que impossibilita o teste. Dentre os moluscos testados, nenhum apresentou resultado positivo. Contudo, o número de organismos testados foi muito pequeno para que se possa afirmar, que a população presente na área de influência não esteja infectada e, portanto, não transmitindo a doença. 7.2.2 Poluição Causada pelo Lançamento pe Esgoto Industrial Além de receber considerável volume de esgotos sanitários oriundos de sua bacia hidrográfica a lagoa de Ibirité recebe também, os efluentes industriais tratados da Refinaria Gabriel Passos -REGAP e da Usina Termoelétrica- IBIRITERMO, bem como os efluentes das demais indústrias da região. O efluente industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico. As características físicas, químicas e biológicas do efluente industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria-prima utilizada, com a reutilização de água etc. Os principais poluentes de origem industrial são os compostos orgânicos e inorgânicos e os metais pesados. 7.2.2.1 Metais Pesados e Óleos de graxas

Metais pesados são elementos químicos metálicos, que em concentrações elevadas são muito tóxicos á vida. Os metais pesados surgem nas águas naturais devido aos lançamentos de efluentes industriais. Os principais metais pesados são: alumínio, antimônio, arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cobalto, cromo, ferro, manganês, mercúrio, molibdênio, níquel, selênio e zinco. Esses elementos são encontrados naturalmente na água em concentrações inferiores àquelas consideradas como tóxicas para diferentes organismos vivos. Entre os metais, o arsênio, o cobalto, o cromo, o cobre, o selênio e o zinco são essenciais para os organismos vivos.

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O monitoramento que a REGAP fez em 2006 (conforme detalhado no item 3.1.8.2) não detectou metais pesados nem na lagoa de Ibirité, nem em seus tributários. Entre os compostos orgânicos foi detectada a presença de óleos e graxas em concentração bastante abaixo de oferecer qualquer risco a biota aquática (<1,4 e 11, mg/L). Já de acordo com a pesquisa de metais no sedimento, foi detectado no sedimento do córrego Pintado, em um ponto próximo à REGAP a presença dos seguintes metais pesados: cádmio, cobre, cromo e mercúrio. No ponto junto ao ribeirão Ibirité se constatou a presença dos mesmos desses mesmos metais no sedimento. Na coleta junto ao clube dos funcionários da Petrobrás a relação dos parâmetros que ultrapassaram o CONAMA 344 foi os mesmos, à exceção do cromo. Salienta-se que as análises revelaram que a maioria dos metais era proveniente do ribeirão Ibirité. Foi constatada a presença elevada de cobre junto à captação de água da REGAP. Este fato deve-se provavelmente a emprego de algicida.

Tabela 7.1- Caracterização do sedimento da Lagoa do Ibirité (2006)

Caracterização do Sedimento

Metais Pesados Trimestres Nível Nível 1 2 3 4 1 2

Lagoa de Ibirité, próximo ao ponto de captação de água para REGAP (2006)

Cádmio Total (Cd) 0,02 1,18 0,599 1,0 0,6 3,5Cobre Total (Cu) 0,56 58,48 36,961 70,0 35,7 197Cromo Total (Cr) 0,51 44,69 14,936 29,1 37,3 90Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,1570 < 0,0001 0,3 0,17 0,486

Lagoa de Ibirité, na entrada do braço do Clube de Funcionários da REGAP

Cádmio Total (Cd) 0,02 0,88 0,715 0,6 0,6 3,5Cobre Total (Cu) 0,47 61,66 36,225 11,6 35,7 197Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,1886 < 0,0001 0,4 0,17 0,486

Lagoa de Ibirité, braço do ribeirão Ibirité

Cádmio Total (Cd) 0,01 0,93 0,489 1,1 0,6 3,5Cobre Total (Cu) 0,26 33,03 19,234 78,3 35,7 197Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,0644 < 0,0001 0,2 0,17 0,486

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos – 2007 Nível 1 - representa a concentração abaixo da qual raramente são esperados efeitos adversos para

os organismos. Nível 2 - representa a concentração acima da qual é freqüentemente esperado o citado efeito

adverso para os organismos. Na faixa entre Nível 1 e Nível 2situam-se os valores onde ocasionalmente espera-se tais efeitos.

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7.2.3 Poluição Gerada pelo Lixo Embora o município de Ibirité possua sistema de coleta de lixo que atende a cerca de 90% da população, ainda persistem situações em que os moradores lançam lixo nos cursos d’ água, na lagoa de Ibirité e em lotes vagos. Lançamentos clandestinos de despejos de entulhos são comuns ao longo da lagoa de Ibirité, sendo que a deposição ilegal de entulhos é, em boa parte, feita às margens da lagoa.

Figura 7.11- Vista próxima a foz do ribeirão Ibirité, tendo-se ao fundo o lixo doméstico

removido da lagoa pela Regap.

7.2.4 Assoreamento A ocupação desordenada no solo da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité favorece a ocorrência de processos erosivos, com a conseqüente redução da cobertura vegetal e um grande aporte de nutrientes em forma particulada até os cursos d’água afluentes à lagoa. A sedimentação das partículas de solo carreadas pelas estruturas de drenagem causa o assoreamento, reduzindo o volume útil da lagoa e servindo de meio suporte para o crescimento de vegetais fixos de maiores dimensões (macrofitas) próximos às margens. Estes vegetais causam uma evidente deterioração no aspecto visual do corpo d’água.

O assoreamento, portanto, está associado ao problema de diminuição da quantidade de água e acarreta, por conseguinte, graves danos à lagoa de Ibirité, comprometendo a sua utilização e prejudicando a sua função de harmonia paisagística. A bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité caracteriza-se como uma área de alta suscetibilidade à erosão laminar e em sulcos, propensa ao voçorocamento,

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principalmente em locais urbanizados, isentos de obras de drenagem e de estabilização das encostas. De acordo com o Relatório “Mapeamento do Uso da Terra, Cobertura Vegetal e Focos de Erosão” (CETEC, 1995), que abrangeu uma área correspondente a 10.090 ha no entorno da REGAP, englobando parte dos municípios de Betim e Ibirité, os focos de erosão encontra-se dispersos por toda a área analisada, destacando-se: Córrego Pintado: Verificam-se tipos diferenciados de erosão, principalmente sulcos

e voçorocas mistas e estabilizadas, em geral conseqüentes das atividades de lavra e de terraplanagem. O assoreamento do córrego pintado é evidente em vários pontos à montande da REGAP, onde verificam-se situações de solapamento e desbarrancamento de rerraços deste córrego, a jusante das barragens existentes no mesmo, dentro da área da REGAP, acarretando um acúmulo de sedimentos, formando bancos de areia ao longo do curso d’água. Na região do córrego Palmares (afluente do Pintado), detectou-se vários focos de erosão do tipo laminar, sulcos e voçorocas ativas e estabilizadas. Entretanto, segundo os estudos do CETEC, este córrego não contribui com muitos sedimentos para o baixo curso do Pintado, uma vez que os mesmos podem estar sendo retidos na represa Palmares, localizada ao sul da REGAP.

Córrego Ibirité: Observam-se inúmeros pontos com erosão de encostas e

assoreamento do leito deste córrego. Segundo o Estudo da CETEC, em época de estiagem, a descarga instantânea de sólidos em suspensão é três vezes maior no ribeirão Ibirité (1,8972 t/dia) do que no córrego Pintado (0,6152 t/dia). Já em época de cheia, quando se tem muito mais vazão, espera-se também que a descarga média de sólidos em suspensão seja também muito maior no ribeirão Ibirité do que no córrego Pintado. Em função dos assoreamentos devido às erosões, em muitos locais a calha original do ribeirão Ibirité foi desfigurada e este curso d’água mudou seu percurso, atingindo margens não protegidas e sujeitas a erosões, sendo um dos pontos críticos a curva do ribeirão Ibirité, próxima ao bairro Jardim das Rosas.

Lagoa de Ibirité: Na lagoa de Ibirité foram detectados problemas de assoreamento,

sendo que as áreas localizadas nos braços norte e sudeste são pouco representativas. A área mais afetada corresponde ao braço nordeste da represa, o qual já apresenta modificações de seu traçado original, com partes assoreadas e a formação de ilhas de vegetação, que contribuem para a retenção de sedimentos nesta região. Os sedimentos neste caso são provenientes principalmente do ribeirão Ibirité, conforme mencionado anteriormente.

Mais recentemente, em 2004, foi elaborado um Estudo intitulado “Identificação e espacialização das Sub-bacias de maior potencial erosivo, na Bacia Hidrográfica da lagoa de Ibirité – MG”, que objetivou identificar e localizar, espacialmente, os pontos que estavam contribuindo mais, para a geração de sedimentos responsáveis pelo rápido assoreamento da Lagoa de Ibirité.

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O resultado deste estudo é sintetizado nas Figuras 7.12 e 7.13, que apresentam respectivamente o mapa de potencial erosivo da bacia da Lagoa de Ibirité e o potencial erosivo por sub-bacias.

Figura 7.12: Mapa de Potencial Erosivo da Bacia da Lagoa de Ibirité

A identificação dos potenciais erosivos por sub-bacia foi feita com objetivo de facilitar o planejamento e a adoção de ações de controle para diminuir a geração de sedimentos.

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’ Figura 7.13 – Mapa de potencial erosivo por sub-bacia

Segundo o estudo, as sub-bacias que apresentaram maior índice de potencial erosivo foram as sub-bacias dos córregos Palmares, parte leste da bacia do ribeirão Ibirité, Barreirinho e Rola Moça. Embora não se possa deixar de considerar o restante da sub-bacia do ribeirão Ibirité que além de apresentar um índice elevado de potencial erosivo recebe a drenagem das bacias barreirinho, Rola Moça e Urubú. A sub-bacia do córrego Palmares, embora seja um dos índices mais altos, tem sua drenagem para uma pequena lagoa que fica ao fundo da refinaria (lagoa de Palmeiras) que serve de contenção intermediária. Isto acaba reduzindo sua contribuição para o processo de assoreamento da Lagoa de Ibirité, mas configura-se como uma preocupação para a primeira lagoa já citada.

Palmares

Sub-bacia ribeirão Ibirité

Barreirinho

Rola Moça Urubú

Pintado

Taboões

Fubá

Sumidouro

Contribuição Direta da

Lagoa

Pelado

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A sub-bacia de contribuição direta da Lagoa de Ibirité obteve o menor índice de potencial erosivo, o que pode ser explicado pela razoável área de matas e monoculturas em seu entorno, além de baixos índices de declividade. É interessante observar que as sub-bacias de maior contribuição não estão necessariamente relacionadas a grandes áreas de desmatamento ou solo exposto, mas sim a áreas de ocupação urbana de baixo nível (tais como Vila Primavera e Águia Dourada) e , loteamentos novos e cultura de hortaliças, ambos considerados como possuidores de pequeno grau de proteção contra a geração de sedimentos.

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88.. QQUUEESSTTÕÕEESS AAMMBBIIEENNTTAAIISS

8.1 PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ

As condições ambientais em Ibirité foram bastante modificadas devido ao uso intenso dos recursos naturais, o que ocorreu sem planejamento e de modo predatório. Esta situação foi-se agravando ao longo dos anos pela aceleração do processo de urbanização que, muitas vezes, teve lugar em áreas impróprias a ocupação, criando um enorme passivo para a administração municipal. A ocupação urbana desordenada foi responsável pelos inúmeros agravos ambientais, tais como: a erosão do solo, incremento de focos de lançamento de lixo doméstico e lançamento dos esgotos a céu aberto e sem tratamento. A questão ambiental em Ibirité tem sido enfrentada com maior profundidade a partir da criação da Secretária Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos em 1993 e da reativação do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente - CODEMA. O Município de Ibirité dispõe atualmente de uma estrutura operacional reduzida para tratar das questões ambientais. Com a demanda crescente dos trabalhos e do atendimento às necessidades da população, a Secretária Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos tem enfrentado dificuldades em executar todos os trabalhos necessários, em decorrência da pouca disponibilidade de condições materiais. Outro aspecto relevante concerne à inexistência de um Diagnóstico Ambiental do Município, de fundamental importância para a elaboração de programas e projetos necessários à melhoria da qualidade ambiental. 8.2 PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM

O Sistema Municipal de Meio Ambiente em Betim é constituído pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA e pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CODEMA. A partir de um convênio de cooperação técnica com a FEAM - Fundação Estadual de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais delegou-se ao Município de Betim, o poder para fiscalizar e licenciar todos os empreendimentos de pequeno e médio porte instalados no Município (Classe I e Classe II). Tal providência permite agilizar os processos de licenciamento, dada a maior proximidade com os empreendedores, além de se praticar, em Betim taxas 20% menores do que as adotadas pela FEAM. Para que o município firmasse este convênio, houve necessidade de uma lei ambiental municipal (Lei no. 3.274/99), de um Decreto que a regulamentasse (Decreto 16.660/01), além de uma estrutura técnica compatível com as classes a serem licenciadas. Betim foi o 4º município a assinar este convênio no Estado de Minas Gerais.

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Figura 8.1: Estrutura Orgânica da Secretaria Municipal De Meio Ambiente

Seção de EstratégiasEducacionais

Seção deMobilização

Social

Divisão deEducaçãoAmbiental

Divisão deFiscalizaçãoAmbiental

Seção deProgramas e

ProjetosAmbientais

Seção deAvaliaçãoe Controle

Divisão deDesenvolvimento

Ambiental

Seção deLicenciamentode Estruturas

Urbanas

Seção deLicenciamento de

Comércio eServiços

Seção deLicenciamento

Industrial

Seção deLicenciamento para

Fauna e Flora

Divisão deLicenciamento

Ambiental

Seção deLimpeza Urbana

Setor Central deTratamento de

Resíduos Sólidos

Setor de Entulhose Coleta Seletiva

Seção deDestinação Final de

Resíduos

Seçãode

Saneamento

Seção deServiçosGerais

Seção deParques e

Jardins

Divisão deServiços

Ambientais

Secretaria Municipalde Meio Ambiente

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141

8.3 COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAOPEBA E CONSÓRCIO

INTERMUNICIPAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAOPEBA-

CIBAPAR

Tanto a lei nacional (Lei 9.433, de 1997) quanto a lei que detalhou a política estadual de recursos hídricos em Minas Gerais (Lei 13.199, de 1999) trazem como premissa que a gestão desses recursos será descentralizada, dela participando poder público, usuários e comunidades. Essa é uma mudança conceitual importante, pois o poder de definir as diretrizes e os investimentos relativos ao uso dos recursos hídricos se desloca do Estado, onde sempre esteve, para os cidadãos que residem na bacia. Nesse cenário, os comitês de bacia - formados pela sociedade, poder público e usuários - são considerados verdadeiros "parlamentos das águas" e têm, entre outras funções, as de aprovar o plano diretor da bacia (diretrizes e metas para investimentos e obras), a forma e os valores da cobrança pelo uso das águas. Diversos comitês já foram criados para bacias de domínio estadual em Minas Gerais, entre os quais o Comitê da Bacia do Rio Paraopeba (na qual se insere a bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité), instituído em 28 de maio de 1.999, pelo Decreto n° 40.398. As agências de bacia são instaladas para atuar como secretarias executivas de um ou mais comitês de bacia. São órgãos executivos que objetivam a operacionalização das políticas e diretrizes estabelecidas pelos comitês de bacias. Embora diversos comitês já estejam em funcionamento no Estado de Minas Gerais, há, via de regra, uma dificuldade em criar as suas agências em razão de dificuldades relacionadas com a escolha de seu formato jurídico. A legislação estadual (Lei 13.199/99) reconhece os consórcios intermunicipais e as associações de usuários equiparando-os às agências. Deste modo, o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba- CIBAPAR - o mais antigo de Minas Gerais, institucionalizado em 1994, liderou o processo de criação do Comitê da Bacia do Paraopeba e exerce a função de sua secretaria executiva, desde a sua institucionalização, executando suas deliberações.

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99.. RREECCOOMMEENNDDAAÇÇÕÕEESS

A natureza e a magnitude dos problemas ambientais da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité guardam relação com o índice de urbanização dos municípios que integram esta região. Desta forma, decorrem direta e indiretamente do uso e ocupação do solo tanto das áreas urbanas, quanto das áreas rurais, estas últimas em crescente processo de integração às franjas periurbanas dos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde a pressão do uso do solo sobre os recursos naturais se faz cada vez mais intensa. Dentre as diretrizes gerais e ações recomendadas para a recuperação e proteção da lagoa de Ibirité, tendo como base o diagnóstico elaborado no presente estudo, figuram como principais:

- Complementação do sistema de coleta e interceptação dos esgotos do município de Ibirité;

- Tratamento dos esgotos do município de Ibirité, mediante uma das alternativas descritas a seguir:

Condução de todos os esgotos gerados na bacia a um único ponto, mediante interceptores e elevatórias, e tratamento em nível terciário para remoção de nutrientes, caso o efluente final da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) seja lançado na lagoa de Ibirité, ou tratamento em nível secundário, caso o efluente seja lançado à jusante desta lagoa, no ribeirão Ibirité.

Considerando-se o alto grau de dispersão do sistema coletor, sugere-se um estudo técnico-econômico da viabilidade e vantagens do tratamento distrital por sub-bacias contribuintes, com aplicação de tecnologias naturais, de baixa mecanização e custo.

- Elaboração de estudos adicionais para o aproveitamento da Estação de

Tratamento Fluvial (ETAF) do ribeirão Ibirité, corrigidos seus atuais problemas, uma vez que esta unidade poderá ser útil, principalmente, durante o tempo em que o sistema global de esgotamento sanitário do município de Ibirité não esteja concluído, o que poderá demandar tempo maior que o desejável.

- Realização de monitoramento rotineiro da qualidade da água da lagoa de Ibirité,

pelo poder público. Atualmente, o único monitoramento realizado é feito pela REGAP. O monitoramento deverá permitir a avaliação e o acompanhamento das condições de qualidade físico-química e biológica das águas da lagoa de Ibirité, visando identificar e indicar ações de controle das alterações desta qualidade, principalmente com relação à eutrofização da lagoa. Os parâmetros a serem analisados deverão ser os seguintes: temperatura, pH, alcalinidade total , dureza total, cálcio, magnésio, cor, cloreto, turbidez condutividade elétrica, DBO, DQO, oxigênio dissolvido, alumínio, nitrogênio total, nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato, fósforo total, coliformes fecais, clorofila a e bactérias heterotróficas.

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- Cadastro das fontes geradoras de efluentes industriais localizados na bacia da lagoa de Ibirité, caracterizando as condições dos lançamentos e sua situação de licenciamento;

- As condições sanitárias na bacia são agravadas, também, pelo serviço não satisfatório da coleta e transporte do lixo. Uma prática bastante comum observada é o lançamento dos resíduos sólidos nos terrenos próximos à lagoa. Há necessidade de melhoria desse serviço e a Prefeitura Municipal de Ibirité deve ampliar a cobertura da coleta. Por outro lado, devem ser empreendidas ações no sentido de conscientizar a comunidade da bacia, principalmente os moradores do entorno da lagoa, da importância da correta destinação final dos resíduos sólidos gerados. Este é um tópico importante a ser considerado nas ações de educação ambiental;

- Implantação do aterro sanitário do município de Ibirité, em local ambientalmente apropriado, sendo que a solução pode ser consorciada entre os municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos, como sugerem os últimos entendimentos. Reitera-se que o planejamento da construção de um novo aterro sanitário para a destinação final dos resíduos sólidos da cidade de Ibirité é um processo urgente e complexo, que deverá ser iniciado o quanto antes pela administração municipal;

- O atual aterro controlado do município de Ibirité, localizado na sub-bacia do córrego Taboões, deverá ter seu fechamento programado através um plano de gestão para que sejam minimizados os impactos ambientais, sociais e relativos à saúde pública;

- Reflorestamento e recomposição da cobertura vegetal das áreas no entorno da lagoa, bem como da faixa de proteção dos corpos de água, dentro do perímetro urbano. A presença de uma boa cobertura florestal é de grande importância para o controle dos processos erosivos, que tem resultado em grande acúmulo de sedimentos nos cursos d'água e na lagoa de Ibirité, causando o rápido assoreando dos mesmos;

- Nos bairros do entorno da lagoa de Ibirité existem inúmeras nascentes em áreas privadas e públicas, sendo que a maioria delas se encontra poluída por lixo e esgoto. A proteção e a recuperação destas nascentes são imprescindíveis, tanto do ponto de vista legal, por se tratar de área de preservação permanente (área circundante à nascente, em um raio de 50m), quanto ambientalmente necessário. Recomenda-se, então que após a retirada dos esgotos e lixo das nascentes, seja procedido o cercamento e a recomposição da cobertura vegetal junto às mesmas. Uma alternativa muito interessante é valorizar a mina d’água, tornando-a um elemento de uma praça. Por outro lado, tais ações só se sustentam se realizadas e mantidas com a participação das comunidades locais;

- O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU - de Ibirité foi instituído pela Lei Complementar 21, de 30 de Novembro de 1.999. Este PDDU não foi objeto de revisão, conforme estipulado pelo Estatuto das Cidades - Lei federal 10.257, de 10 de julho de 2001, que dispõe sobre a obrigatoriedade de

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elaboração de planos diretores, cujo prazo venceu em outubro de 2007. A Secretaria de Planejamento de Ibirité esclareceu que a Prefeitura Municipal vai se utilizar do novo prazo, até outubro de 2009, também estipulado pelo Ministério das Cidades, para os casos de municípios que já dispunham de Plano Diretor e que apenas procederiam à atualização desse plano. Recomenda-se, que na atualização do PDDU seja considerada a compatibilização do uso do solo com os aspectos de proteção das áreas de preservação permanente e demais áreas protegidas;

- Criação de novas áreas de proteção ambiental, especialmente no entorno da lagoa de Ibirité e na porção ao norte da mesma, em região hoje caracterizada como Zona Econômica de Uso Controlado pelo PDDU de Ibirité. Este zoneamento deverá ser revisto para que se possa constituir, no município de Ibirité, um novo conjunto urbano-ambiental, com acessibilidade ao público, que integre o espelho d’água de lagoa, sua orla e áreas do seu entorno, com remanescentes vegetais e reflorestados.

- Contatou-se existir uma expectativa da Prefeitura Municipal de Ibirité de que a lagoa de Ibirité venha a se tornar um dos principais referenciais turísticos e alternativa de lazer para a população do município e das cidades próximas. Essa diretriz deverá constar da atualização do PDDU, projetada para 2009;

- Elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana do Município de Ibirité, por parte da Prefeitura Municipal de Ibirité, que deverá conter, entre outras coisas, o cadastro do sistema existente e o planejamento das intervenções necessárias para solucionar os problemas de inundação, bem como programa prioritário de obras e intervenções;

- Controle dos processos erosivos e da correspondente produção de sedimentos na bacia da lagoa de Ibirité, por meio da elaboração de estudo para diagnóstico e medidas de controle das erosões, considerando os principais pontos de geração de sedimentos e depósitos destes no entorno da lagoa. Este estudo deverá ser compatibilizado com o Plano Diretor de Drenagem Urbana, no que se refere ao tratamento dos fundos de vales, notadamente nos locais com processo erosivos instalados e locais sujeitos a processo erosivos potenciais;

- Retirada periódica da vegetação que prolifera no meio aquático (aguapés), de modo a manter sempre limpo o espelho d’água;

- Todas estas ações deverão ser complementadas e apoiadas por um programa de educação ambiental, programa este que está em fase de implantação e que será subsidiado pelo presente relatório. A existência de atividades de alto potencial poluidor na bacia, por si só, justifica a realização de estudos, pesquisas e ações sistemáticas de educação ambiental que venham a fornecer subsídios para o planejamento e desenvolvimento de mecanismos de gestão, capazes de garantir a manutenção de padrões adequados de qualidade ambiental e possibilitar o uso múltiplo dos recursos hídricos;

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- Finalmente, ressalta-se a importância da participação conjunta das administrações municipais envolvidas, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, da sua agência executiva: Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio Paraopeba (Cibapar), da Petrobrás (Regap), da Copasa/MG e da comunidade local na implementação das ações supramencionadas.

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1100.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS

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