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2012 1º Relatório sobre violação aos Direitos Animais Os Cães de Jaraguá

1º Relatório sobre violação aos Direitos Animais

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RADAR- rede de defesa animal apresenta o seu 1º Relatório sobre violação aos Direitos Animais, com o caso “Os Cães de Jaraguá/GO”. Nesse e em outros casos nitidamente leis foram violadas, e o descaso público e a violência marcaram inclusive a morte lenta de um cão que agonizou durante dez dias sem cuidados médicos. Nós, sociedade, precisamos refletir sobre a forma como a defesa dos direitos animais está sendo conduzida pelo Poder Público. União é a palavra chave para transformarmos essa realidade. Assim convidamos todos a participarem! Quem tiver interesse envie o seu nome e RG para ser postado junto ao relatório. Ele ficará disponível até o dia 10 de outubro, quando então será impresso com o nome de todos e enviado para os destinatários, nacionais e internacionais. E-mail: [email protected]

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2012 1º Relatório sobre violação aos Direitos Animais

Os Cães de Jaraguá

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RADAR – rede de defesa animal

.:: E x p e d i e n t e

1º Relatório sobre violação aos Direitos Animais

Realização | RADAR – rede de defesa animal

Relatora | Renata Fortes

Cooperação | Maria Cristina Uchôa de Almeida

Brasil, set 2012

A RADAR – rede de defesa animal é um coletivo ligado ao movimento de proteção à fauna nacional e internacional RADAR – rede de defesa https://www.facebook.com/RadarRedeDeDefesaAnimal [email protected]

:: A reprodução e utilização desse material é autorizada apenas com a citação da fonte ::

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RADAR – rede de defesa animal

1º RELATÓRIO SOBRE VIOLAÇÃO AOS

DIREITOS ANIMAIS RADAR – rede de defesa animal

Os Cães de Jaraguá Goiás, junho de 2012

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RADAR – rede de defesa animal

.:: Índice

Introdução 4 O caso dos Cães de Jaraguá 5 Linha do Tempo 5 22 de junho de 2012 (sexta-feira) 5 26 de junho de 2012 (terça-feira) 11 29 de junho de 2012 (sexta-feira) 12 30 de junho de 2012 (sábado) 13 02 de julho de 2012 (segunda-feira) 13 03 de julho de 2012 (terça-feira) 13 04 de julho de 2012 (quarta-feira) 17 13 de julho de 2012 (sexta-feira) 18 29 de julho de 2012 (domingo) 18 24 de agosto de 2012 (sexta-feira) 19 Animal em sofrimento extremo 19 O destino dos animais 22 Os direitos animais violados 22 O ativismo virtual (ciberativismo) e o controle social 25 Conclusões Sistematizadas 27 Requerimentos 29 Destinatários 29 Apoiadores 29 Anexo 1 – Termo de Ajustamento de Conduta 32 Anexo 2 – Carta endereçada a Sra. Ministra do Meio Ambiente 35 Anexo 3 – Imagens caninos de Jaraguá/GO 36

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RADAR – rede de defesa animal

.:: Introdução

O coletivo RADAR – rede de defesa animal apresenta o 1º

Relatório sobre violação aos Direitos Animais com o caso Os Cães de

Jaraguá, fato ocorrido na cidade de Jaraguá, no Estado de Goiás, Brasil, em

junho de 2012.

O presente relatório tem como objetivo sistematizar as

informações sobre a ação da Prefeitura Municipal que promoveu a captura

de caninos, machos e fêmeas, das ruas da cidade para serem sumariamente

mortos como medida de controle de zoonoses/populacional.

Tal prática, por ser recorrente no país, evidencia o despreparo

do Poder Público em instituir políticas públicas que tratem a fauna

doméstica, residente nas cidades, de forma digna e efetivamente solucionem

o seu crescimento desordenado e a propagação de zoonoses.

Outro aspecto importante desta prática diz com a ilegalidade do

agir público, caracterizada pela violação aos arts. 37 e 225, § 1º, inciso VII

da Constituição Federal, e pela conduta criminosa conforme o art. 32 da Lei

nº 9.605/98.

A consequência do agir público ilegal e imoral viola o direito

natural dos animais à vida, direito que não necessita do reconhecimento

humano para ter validade. Da mesma forma, atinge a dignidade humana, eis

que o assassinato da fauna doméstica é promovido por entes públicos que

representam a sociedade em suas decisões político-administrativas, cuja

atuação se dá com verbas públicas.

Diante desse cenário, a RADAR pretende apresentar relatórios

sobre os casos em que atua, almejando que a sociedade se aproprie das

informações e possa exercer o devido controle social das decisões do Poder

Público, assim como requerer às instituições competentes a efetividade dos

direitos animais, como anseio social para a construção de uma sociedade

plural, justa e solidária.

RADAR – rede de defesa animal, 2012.

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RADAR – rede de defesa animal

.:: O caso dos Cães de Jaraguá

Linha do Tempo

22 de junho de 2012 (sexta-feira)

A violação aos direitos animais é denunciada e divulgada no facebook por uma

cidadã, N.B., residente no município de Jaraguá, informando que a Prefeitura

Municipal de Jaraguá estaria recolhendo caninos, machos e fêmeas, para

promover a morte desses animais a pauladas, como medida de controle de

zoonoses/populacional.

Ativistas pelos direitos animais iniciam uma campanha de divulgação pela rede

social facebook, requerendo que os animais não sejam mortos diante da crueldade

e ilegalidade da decisão administrativa.

A Prefeitura Municipal de Jaraguá suspende o extermínio dos animais em

decorrência do clamor público, no entanto, segue violando os direitos animais ao

confiná-los em duas baias para equinos no Parque de Exposições Agropecuária de

Jaraguá.

A cidadã, L.R.R., residente no município informa na rede social facebook que

esteve no Parque, narra a situação precária e envia imagens dos animais para a

RADAR:

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Caninos fêmeas grávidas, com prole e filhotes órfãos são confinados sem a devida

separação, conforme as imagens.

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Animais com lesões físicas são confinados sem receber tratamento médico-

veterinário, conforme imagens:

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A ong ASPAAN, sediada na cidade vizinha de Anápolis, publica em seu blog o

seguinte relato1 sobre a situação:

MANIFESTAÇÃO EM JARAGUÁ Em 23 de Junho de 2012, a ASPAAN ANÁPOLIS realizou a manifestação na cidade de Jaraguá, Estado de Goiás para negociar a situação da denúncia de uma moradora da cidade que nos procurou pessoalmente e relatou que a Prefeitura desta cidade realizou a captura de cães abandonados e segundo a denunciante, também foram capturados cães que estavam dentro de residências de moradores e na data de hoje (23|06) todos seriam sacrificados a pauladas. Na manhã de hoje conversamos com alguns moradores da cidade de Jaraguá que nos deram depoimentos dizendo que realmente os cães foram capturados das ruas e de dentro dos quintais de residências e que havia o “burburinho” que estes cães seriam sacrificados a pauladas. Nos encontramos com o Secretário Administrativo Sr. Cláudio e o Secretário de Saúde Sr. Marcos onde os mesmos informaram que o sacrifício seria realizado por meio de injeções letais na data de hoje, porém com nossa solicitação o sacrifício havia sido cancelado e alegam que a captura dos cães eram dos que estavam apenas nas ruas. Compreendemos que a prática de eutanásia seja realizada, entretanto para os casos em que não há mais chance de recuperação do animal e no intuito de abreviar o sofrimento do agonizante. Fazer sacrifício de mais de 60 cães saudáveis, é extermínio em massa! A negociação ficou firmada que será estendido o prazo para mais 10 dias para os moradores buscarem os cães que forem de sua propriedade, e aberta a adoção dos cães aos interessados mediante o pagamento da taxa que a Prefeitura irá estipular e quem não estiver de acordo em efetuar o pagamento, poderá prestar serviços comunitários. A Prefeitura se comprometeu e fazer uma divulgação efetiva e contínua durante este período para que a população fique sabendo da oportunidade de resgatar os animais ou adotá-los. O Secretário também informou que foram capturados 97 cães no período de 04 dias e cerca de 33 foram resgatados pelos donos. Neste prazo, vamos acompanhar o processo e verificar o empenho da Prefeitura em dar destino aos 64 cães que estão, hoje, confinados em baias para cavalos no Parque de Exposição Pecuária da cidade, onde visitamos e os encontramos alojados de improviso em locais sem condições de higiene, sem local para exposição ao sol, com água e comida em meio a fezes de cavalo. Solicitamos a limpeza do local de imediato, pois a situação configura Maus Tratos conforme prevê a Lei Federal de Crimes Ambientais número 9.605 art. 32: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

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A Secretaria Municipal de Saúde de Jaraguá também programará campanhas de castrações para a população a fim de que o número de animais abandonado nas ruas seja cada vez menor, e acreditamos que uma campanha de conscientização para que os proprietários de cães os mantenham dentro de suas residências, evitando que eles saiam as ruas também contribuirá em diminuir o abandono, pois os animais que podem circular nas ruas cruzam com os cães sem donos, estão sujeitos a adquirir doenças e causar acidentes. Ficou acordado também, que a ASPAAN ANÁPOLIS se compromete a auxiliar nas doações, divulgando as fotos dos cães nos meios de comunicação utilizados pela ONG.Mas ficaremos vigilantes, acompanhando toda a ação da Prefeitura de Jaraguá que tem a obrigação e a responsabilidade em resolver a questão de saúde pública da sua cidade e não simplesmente de repassar o problema para uma instituição sem fins lucrativos, como a nossa, que atua por amor aos animais, que subsiste de recursos provenientes de doações particulares espontâneas, para arcar com consequências de uma ação como esta: sem planejamento, causando transtornos para a população de Jaraguá, maus tratos aos animais apreendidos e deixar para pessoas de bem, como as do grupo da ASPAAN, pagar a conta! A cidade de Jaraguá é muito bonita, arborizada, próspera, limpa e organizada. Acreditamos na palavra do Secretário de Saúde Sr. Marcos e confiamos que ele irá prezar pela imagem da cidade resolvendo este impasse da melhor forma possível para os animais e para a população de Jaraguá. Equipe ASPAAN ANÁPOLIS.

Ativistas pelos direitos animais lançam Petição Pública (http:

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N26076. Acessado em: 31 de ago de 2012)

na internet pedindo providências do Ministério Público. Na data de 31 de agosto

este abaixo-assinado conta com 5.304 assinaturas;

Ativistas pelos direitos animais criam o grupo no facebook intitulado: “Animais

pedem socorro em Jaraguá/GO”

Https://www.facebook.com/groups/150731478395594/. Acessado em: 31 de ago de

2012).

26 de junho de 2012 (terça-feira)

A ong ASPAAN divulga nova nota de esclarecimento2 no facebook:

Estivemos hoje em Jaraguá para levar em mãos uma Notificação ao Prefeito, porém o mesmo não se encontrava em seu gabinete, mas protocolamos o documento na Prefeitura solicitando várias medidas que a ASPAAN considera que devem ser tomadas para que as Leis de Proteção animal sejam cumpridas. Queremos agradecer a ONG Patrulha Ambiental de Anápolis que nos deu apoio e também foi notificar o Prefeito para ações em relação a este caso. Visitamos os animais capturados e verificamos que a Prefeitura nada fez para melhorar

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as condições onde os cães encontram-se abrigados. É necessário que tenham circulação em local com sol e sombra, água limpa e ração sem apresentar sinais de mofo e dentro da validade. Encontramos um cãozinho que não resistiu e faleceu em meio aos outros, também uma cadela que pariu 03 filhotes e outra prestes a parir. Recebemos informações de que a população está procurando por adoção porém não foi realizada nenhuma na segunda-feira pois alegam que é necessário sair a decisão sobre a proposta feita pelo Secretário de dar alternativa para que se pague a taxa de adoção por meio de prestação de serviços comunitários. Mas os cães não podem ficar aguardando a parte burocrática no local em que estão destinados, pois ai sim, eles adoecerão e não suportarão permanecer mais 10 dias nestas condições. O Secretário de Saúde, Sr. Marcos Divino, compareceu no Parque de Exposição, onde os cães estão abrigados, e conseguimos negociar a redução da taxa de adoção para R$ 10,00. Também nos colocamos a disposição para fazer uma Feira de Adoção na Praça do Coreto no Sábado (30/06) e estamos aguardando o pronunciamento dos governantes. Estamos atuantes e visitaremos Jaraguá todos os dias! Equipe ASPAAN Anápolis.

A mídia local³ divulga a posição do Ministério Público do Estado de Goiás, o

Promotor de Justiça Dr. Eraldo Sebastião de Sousa, acerca da atuação da

Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Jaraguá para controle de

zoonoses/populacional:

O Promotor Everaldo Sebastião de Souza, disse na terça-feira (26/06), que o Ministério Público foi comunicado e está acompanhando o trabalho da Secretaria Municipal de Saúde, e não existe nenhuma irregularidade, quanto ao controle de zoonoses feito pelo município. O promotor, disse que não procedem as informações disseminadas nas redes sociais de que haveria extermínio de cachorros em Jaraguá. ‘Deste o início, a Secretaria de Saúde informou ao Ministério Público. Temos acompanhado sistematicamente todos os procedimentos, desde a apreensão, até o local onde os cães foram colocados. Não há nenhum tipo de irregularidade’ frisou o promotor. (...)

29 de junho de 2012 (sexta-feira)

Diante da posição adotada pelo Promotor de Justiça, a advogada Renata Fortes

encaminha Notícia Crime para o Procurador-Geral de Justiça do Estado de

Goiás, a fim de denunciar as condutas ilícitas da Prefeitura Municipal de

Jaraguá e seus agentes, e requerer a designação de outro Promotor de Justiça

para atuar no caso, haja vista a posição do Promotor que atua em Jaraguá

manifestada publicamente pelo jornal.

_____________________ ³ Folha de Jaraguá. Ministério Público diz que apreensão de cães pela Secretaria de Saúde é legal. Disponível em:

www.folhadejaragua.com/index.php/cotidiano/930-ministerio-publico-diz-apreensao-de-caes-pela-secretaria-de-saude-e-legal. Acessado em: 29/06/2012)

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30 de junho de 2012 (sábado)

A cidadã residente em Jaraguá, L.R.R., informa no facebook que a Prefeitura

Municipal de Jaraguá não realizará a feira de adoção, sem apresentar qualquer

justificativa para a quebra do acordo feito anteriormente com a ong ASPAAN.

Os animais permanecem no Parque de Exposições nas mesmas condições.

02 de julho de 2012 (segunda-feira)

Registrado Boletim de Ocorrência (BO) pela moradora L.R.R. na Delegacia de

Polícia Civil da cidade de Jaraguá.

A Delegada de Polícia, Dra. Fabiane Drews, lavra o BO e apresenta como

solução para minimizar o sofrimento dos animais que os mesmos sejam

entregues a ong ASPAAN, já que esta possui um canil na cidade de Anápolis e

havia informado na rede social facebook que poderia abrigá-los. A solução é

recusada pela moradora ao argumento de que na ong ASPAAN não há local

para receber os animais. A Delegada entra em contato com o Promotor de

Justiça que informa a pretensão de se firmar um Termo de Compromisso e

Ajustamento de Conduta (TAC) com a Prefeitura Municipal para solucionar a

questão.

O TAC é assinado na parte da tarde pelas seguintes pessoas: Prefeito

Municipal, Secretário Municipal de Saúde, moradora L.R.R. representando a

ong ASPAAN, Promotor de Justiça, Dr. Eraldo Sebastião de Sousa, com o

acompanhamento do Procurador Geral do Município.

Conforme as cláusulas do referido instrumento a Prefeitura Municipal delega a

sua função de tutela dos animais para a ong ASPAAN, que aceita inclusive levar

os animais para o seu canil, o que havia recusado anteriormente. Assim, consta

no TAC que todos animais serão transportados para Anápolis no dia seguinte.

03 de julho de 2012 (terça-feira)

A Prefeitura Municipal de Jaraguá promove a remoção de todos os cães do

Parque de Exposição Agropecuária para um caminhão de transporte de carga,

com carroceria aberta, sendo utilizada uma lona para cobrir os animais.

Durante esta operação, a moradora L.R.R. informa que não conseguiu intervir

na forma como os funcionários públicos procederam com os animais por estar

sozinha, conseguindo apenas registrar os fatos, conforme imagens a seguir:

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A toda evidência as imagens comprovam novamente a prática de maus tratos e

atos de abuso de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Jaraguá contra os

animais, além do descumprimento da cláusula segunda do TAC que prevê o

dever da Prefeitura Municipal em providenciar o transporte adequado dos

animais esta empreende atos de violência para deslocar os animais. Percebe-se

que o caminhão é aberto, sem divisão física implicando no convívio forçado de

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animais de portes diversos, inclusive de caninos fêmeas grávidas.

A utilização de instrumentos inadequados para animais de pequeno porte

caracterizaram a prática de atos de abuso e maus tratos.

A Secretaria Municipal de Saúde do Município de Anápolis proíbe a entrada dos

animais na cidade, invocando uma questão de saúde pública diante do fato dos

animais não serem vacinados.

Por conta dessa proibição, os animais permanecem por mais de três horas

confinados no caminhão da Prefeitura Municipal de Jaraguá, sob o sol

escaldante e sem receber água para depois serem novamente devolvidos ao

Parque.

Diante da impossibilidade de cumprir o acordado no TAC, e, sem dúvida, pelas

denúncias e manifestações aos órgãos públicos competentes acerca da

crueldade imposta à fauna doméstica em Jaraguá, a Prefeitura Municipal decide

contratar, em caráter de urgência, uma médica-veterinária para avaliar a saúde

de todos os animais, devendo fazer exames e tratar os animais doentes.

Ainda por conta do controle social a Prefeitura Municipal é levada a construir, na

parte da tarde, um abrigo digno para os animais no mesmo Parque, fazendo a

separação devida, ofertando alimentação adequada, água potável, abrigo

arejado e ensolarado com limpeza diária.

As imagens abaixo do novo abrigo são cedidas pela Delegada de Polícia de

Jaraguá:

04 de julho de 2012 (quarta-feira)

A Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Goiás informa que a Noticia Crime

(nº 201200343886) protocolada pela advogada Renata Fortes foi encaminhada

para a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Jaraguá, para ser anexada ao

expediente já existente nº 201200320463.

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13 de julho de 2012 (sexta-feira)

A ong ASPAAN informa que cinquenta caninos aguardam adoção no Parque de

Exposições Agropecuária.

A veterinária contratada em caráter de urgência pela Prefeitura Municipal para

atender os animais presta a seguinte declaração no facebook:

DECLARAÇÃO EU MÉDICA VETERINÁRIA do município de Jaraguá/GO DIANE VAZ DE OLIVEIRA venho respeitosamente levar ao conhecimento de toda população o serviços e assistência prestado por mim com apoio da Secretaria de Saúde da cidade de Jaraguá e minha equipe com os 50 animais (cachorros) dentre eles 09 sendo filhotes que foram recolhidos nas ruas de nossa cidade. Os mesmos foram medicados e submetidos a exames de sangue sendo “hemograma e leishmaniose”, e o medicamento de imediato preventivo aos que necessitavam de urgências com anti-inflamatórios e antibióticos e vermífugos os quais todos os animais menos os filhotes que ainda a idade não permite serão submetidos a vacina contra raiva no dia 12 de julho de 2012 pela veterinária DIANE VAZ DE OLIVEIRA , e sua equipe. Os mesmos receberam novos ambientes no dia 06 de julho de 2012 passando também por um processo de higiene dentre eles foram dados banhos no dia 07 de julho de 2012 e também foram separados os machos das fêmeas, também foram separados os que estavam em estado mais debilitados e também as cadelas que estavam de filhotes e também cadelas que estavam em cio. Estes animais estão recebendo monitoramento veterinário 10 horas por dia por um estagiário de veterinária cursando o 5º período do curso medicina veterinária MATHEUS LIMA DE CAMARGO e na higienização e limpeza do ambiente esta a senhorita RAYANE GONÇALVES DE SÁ. Estes animais recebem alimentação duas vezes ao dia (ração) e agua também trocada duas vezes ao dia, e os curativos e medicamentos são realizados pela veterinária DIANE VAZ DE OLIVEIRA, e sua equipe. Todos os cachorros receberam um numero sendo assim identificados e fichados individualmente para melhor controle e para produção do laudo de sanidade, e possível adoção. O ambiente em que se encontram esta aberta ao publico para visitações e quem se interessar por adotar os mesmos a adoção será liberada logo após o resultado dos exames. Atenciosamente Dra. Diane Vaz de Oliveira —

*Disponível em: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=471391719539776&set=a.462218593790422.110339.100000068551181&type=1&theater. Acessado em: 20/07/2012

29 de julho de 2012 (domingo)

A moradora L.R.R. informa que levará para a sua residência os últimos seis cães

que não foram adotados.

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24 de agosto de 2012 (sexta-feira)

Até esta data a Prefeitura Municipal não divulgou o destino de todos os animais

capturados e confinados para controle populacional/zoonoses.

.:: Animal em sofrimento extremo

Das diversas imagens de animais em sofrimento registradas durante esse

episódio a mais chocante diz com a situação de um canino macho que por não se

locomover, provavelmente vítima de fratura com lesão pélvica, permaneceu deitado sob

a própria urina, sangue e umidade, com o corpo coberto por moscas, sem receber

qualquer auxílio das diversas pessoas que estiveram no local, inclusive um médico-

veterinário, conforme informação da ong ASPAAN que teria ajudado filhotes recém-

nascidos quando de sua visita ao local. A imagem deste animal foi registrada em

momentos diferentes, contudo, sempre apresentando o mesmo estado de saúde e falta

de zelo, sendo o último registro o do seu óbito.

Durante aproximadamente 10 (dez) dias esse animal sofreu até a morte, física

e moralmente, caracterizando a omissão generalizada de todas as pessoas que

estiveram no local.

O dever fundamental de proteção à fauna doméstica está previsto no art. 255

da Constituição Federal e tem como base axiológica a solidariedade.

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.:: O destino dos animais

A única informação acerca do destino dos animais, vítimas de maus

tratos em Jaraguá, foi postada na rede social facebook pela cidadã residente no

município L.R.R.

Relata que por determinação da Prefeitura Municipal teve que retirar

os seis últimos caninos do Parque de Exposições Agropecuária, e que todos os

demais teriam sido adotados.

Ativistas pelos direitos animais requereram reiteradas vezes, através

da rede social facebook, que a ong ASPAAN divulgasse fotografias dos animais

que estariam para adoção, contudo, sem êxito. Logo, diante do silêncio da

Prefeitura Municipal e da ong ASPAAN, dos mais de sessenta animais vítimas de

maus tratos em Jaraguá, somente se tem informações precisas do destino de seis

animais.

Quantos sobreviveram, quem os adotou, quem cuidou do processo de

adoção para guarda responsável são perguntas sem respostas, violando o direito

fundamental da sociedade à informação, previsto no art. 5º, XXXIII da Constituição

Federal e na Lei Federal 12.527/2012, que regulamentou o artigo constitucional

citado, que prevê a obrigação da administração pública em divulgar informações de

interesse geral.

.:: Os direitos animais violados

O sistema jurídico nacional de proteção à fauna prevê a vedação a

qualquer prática que submeta os animais à crueldade, art. 225, inciso VII da

Constituição Federal, incumbindo ao Poder Público o dever de garantir a eficácia

desse comando legal, conforme o parágrafo 1º do mesmo artigo.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as

presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

(...)

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que

coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies

ou submetam os animais a crueldade.

(...)

O próprio sistema jurídico traz exemplos do que pode ser considerado

crueldade ao prever como crime determinadas condutas humanas como os atos de

abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais, art. 32 da Lei 9.605/98.

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Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

(...)

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do

animal.

Cabendo ainda destacar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais,

UNESCO, a qual o Brasil reconhece como um instrumento legal, que assim

prevê:

Artigo 1º Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência. Artigo 2º 1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais 3.Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Artigo 3º 1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. (...) Artigo 6º 1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural. 2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. (...) Artigo 11º Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida (...) Artigo 13º 1.O animal morto deve de ser tratado com respeito.

Em 2009, o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso

Especial nº 1115916/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, da Segunda Turma,

condenou a prática do sacrifício de animais sadios para controle populacional,

afirmando que a administração pública não pode agir contra a legislação, e nem

tratar os animais como coisas abandonadas.

ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL – CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSE – SACRIFÍCIO DE CÃES E GATOS VADIOS APREENDIDOS PELOS AGENTES DE ADMINISTRAÇÃO – POSSIBILIDADE QUANDO INDISPENSÁVEL À PROTEÇÃO DA SAÚDE HUMANA – VEDADA A UTILIZAÇÃO DE MEIOS CRUÉIS.

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(...) 3. A meta principal e prioritária dos centros de controles de zoonose é erradicar as doenças que podem ser transmitidas de animais a seres humanos, tais quais a raiva e a leishmaniose. Por esse motivo, medidas de controle da reprodução dos animais, seja por meio da injeção de hormônios ou de esterilização, devem ser prioritárias, até porque, nos termos do 8º Informe Técnico da Organização Mundial de Saúde, são mais eficazes no domínio de zoonoses. 4. Em situações extremas, nas quais a medida se torne imprescindível para o resguardo da saúde humana, o extermínio dos animais deve ser permitido. No entanto, nesses casos, é defeso a utilização de métodos cruéis, sob pena de violação do art. 225 da CF, do art. 3º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, dos arts. 1º e 3º, I e VI do Decreto Federal n. 24.645 e do art. 32 da Lei n.9.605/1998. 5. Não se pode aceitar que com base na discricionariedade o administrador realize práticas ilícitas. É possível até haver liberdade na escolha dos métodos a serem utilizados, caso existam meios que se equivalham dentre os menos cruéis, o que não há é a possibilidade do exercício do dever discricionário que implique em violação à finalidade legal. 6. In casu, a utilização de gás asfixiante no centro de controle de zoonose é medida de extrema crueldade, que implica em violação do sistema normativo de proteção dos animais, não podendo ser justificada como exercício do dever discricionário do administrador público. Recurso especial improvido. (REsp 1115916/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe 18/09/2009)(grifo nosso)

Nas palavras do Ministro Relator, temos no corpo da decisão: “Não

assiste razão ao recorrente (Município), e o equívoco encontra-se em dois pontos

essenciais: o primeiro está em considerar os animais como coisas, res, de modo a

sofrerem o influxo da norma contida no art. 1.263 do CPC. O segundo, que é uma

consequência lógica do primeiro, consiste em entender que a administração pública

possui discricionariedade ilimitada para dar fim aos animais da forma como lhe

convier.”

A toda evidência a política pública de extermínio de animais sadios

para controle populacional/zoonoses contraria o sistema legal de proteção à fauna.

Da mesma forma que o confinamento em condições que não atendam

às necessidades básicas de cada espécie, conforme já decidiu o Poder Judiciário,

caracteriza maus tratos. Nesse sentido é a decisão do Tribunal Regional Federal da

4ª Região:

EMENTA: ANIMAIS DE CIRCO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPLEMENTAÇÃO DE OPÇÕES DO LEGISLADOR QUANTO AO TRATO E MANTENÇA DE ANIMAIS. PROIBIÇÃO DE QUALQUER FORMA DE MAUS TRATOS A QUALQUER ANIMAL. ILEGÍTIMA INADEQUAÇÃO DAS AÇÕES PÚBLICAS. A análise do sistema jurídico e a evolução da compreensão científica para o trato da fauna em geral, permitem concluir pela vedação de qualquer mau trato aos animais, não importando se são silvestres, exóticos ou domésticos. Por maus tratos não se entende apenas a imposição de ferimentos, crueldades, afrontas

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físicas, ao arrancar de garras, cerrilhar de dentes ou enjaular em cubículos. Maus tratos é sinônimo de tratamento inadequado do animal, segundo as necessidades específicas de cada espécie. "A condenação dos atos cruéis não possui origem na necessidade de equilibrio ambiental, mas sim no reconhecimento de que são dotados de estrutura orgânica que lhes permite sofrer e sentir dor".(STJ, Resp 1.115.916, Rel. Ministro Humberto Martins) Evoluída a sociedade, cientifica e juridicamente, o tratamento dos animais deve ser conciliado com os avanços dessa compreensão, de modo a impor aos proprietário a adequação do sistema de guarda para respeito, o tanto quanto possível, das necessidades do animal. A propriedade do animal não enseja direito adquirido a mantê-lo inadequadamente, o que impõe a obrigação de se assegurar na custódia de animais circenses, ao menos, as mesmas condições exigíveis do chamados mantenedores de animais silvestres, mediante licenciamento, conforme atualmente previsto na IN 169/2008. Na ausência de recursos autárquicos e adequação da conduta pelos responsáveis, deve o órgão ambiental, contemporaneamente, dar ampla publicidade à sua atuação, convocando e oportunizando a sociedade civil auxiliar em um problema que deve, necessariamente, caminhar para uma solução. (TRF4, AC 2006.70.00.009929-0, Quarta Turma, Relator p/ Acórdão Márcio Antônio Rocha, D.E. 03/11/2009) (grifo nosso).

.:: O ativismo virtual (ciberativismo) e o controle social

As demandas sociais ganharam um novo espaço de sensibilização e

mobilização através das redes sociais presentes na internet.

No caso Os Cães de Jaraguá foi possível verificar-se uma intensa

atividade de pessoas conectadas à rede social facebook gerando informação,

apoio e participação da sociedade na proteção dos animais, em legítimo controle

social dos atos da Prefeitura Municipal de Jaraguá.

A mobilização virtual ocorreu também através do envio de mensagens

eletrônicas para a Prefeitura Municipal de Jaraguá, Ministério Público Estadual,

Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Goiás, Delegacia de Policia Civil de

Jaraguá, Ministério do Meio Ambiente, Presidência do Partido Trabalhista

Brasileiro, com o intuito de fazer cessar a violação aos direitos animais e

restabelecer a ordem político-jurídica violada.

As informações foram concentradas em um grupo no facebook

denominado: Animais pedem socorro em Jaraguá

(https://www.facebook.com/groups/150731478395594/. Acessado em 01 de set de 2012).

Um vídeo foi produzido e postado no Youtube:

(http://www.youtube.com/watch?v=Zl1dCX5a1KU&feature=share. Acessado em: 01 de sete

de 2012)

Algumas postagens que circularam no facebook:

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.:: Conclusões Sistematizadas

Diante dos fatos, imagens, documentos e relatos, concluiu-se que:

A) Mais de 60 (sessenta) caninos, machos e fêmeas, foram vítimas de maus

tratos, atos de abuso e morte, no Município de Jaraguá/GO nos meses de junho e

julho de 2012;

B) O Ministério Público Estadual violou direitos animais ao permitir que a

Prefeitura Municipal de Jaraguá adotasse política de extermínio sumário e em

massa de animais sadios como forma de controle de zoonoses/populacional;

C) A Prefeitura Municipal de Jaraguá violou direitos animais ao instituir e dar

início a política de extermínio sumário e em massa de animais sadios como forma

de controle de zoonoses/populacional, e ao confiná-los de forma conjunta

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desrespeitando o porte, idade, saúde e gênero, em condições de maus tratos,

diante da insalubridade, alimentação inadequada, água contaminada, doenças,

superlotação;

D) A Prefeitura Municipal de Jaraguá violou direitos animais ao manejar

caninos de pequeno porte com uso de apetrechos indevidos e violência a fim de

serem transportados em caminhão inadequado;

E) Os direitos animais ainda se constituem em um aparato legal pouco

conhecido pela sociedade, haja vista o integral abandono físico e moral de um

canino macho com lesão física de natureza grave que o impedia de locomover-se.

Este animal permaneceu deitado por aproximadamente 10 (dez) dias sob o seu

próprio sangue, urina e com moscas em seu corpo. A sua condição indigna e

degradante até o óbito foi registrada através de imagens fotográficas. O sistema

legal de proteção aos animais tem como origem o princípio da solidariedade, que

autoriza a qualquer pessoa a agir para impedir o sofrimento animal. Apenas com

esse argumento este animal poderia ter recebido um tratamento digno;

F) O controle social se constitui em uma eficaz ferramenta para combater a

ilegalidade dos atos administrativos que violam direitos animais, haja vista que o

não extermínio dos caninos capturados pela Prefeitura Municipal de Jaraguá

ocorreu em consequência da mobilização social;

G) As redes sociais presentes na internet se constituem em uma eficaz

ferramenta para a divulgação, apoio e mobilização em casos de violação aos

direitos animais, haja vista a mudança de rumo do caso Os Cães de Jaraguá que

culminou na suspensão do assassinato de animais, no atendimento médico-

veterinário, na construção de um canil decente e encaminhamento para adoção;

H) A Prefeitura Municipal de Jaraguá e seus agentes devem responder pelos

crimes praticados, conforme prevê o § 3º do art. 225 da Constituição Federal,

combinado com o art. 2º e art. 32 da Lei 9.605/98;

I) A Prefeitura Municipal de Jaraguá deve instituir, imediatamente, uma

política pública de controle populacional/zoonoses conforme os direitos animais,

com previsão de construção de um local para atendimento, esterilização,

vacinação, adoção, educação ambiental para guarda responsável, cão comunitário,

haja vista que desde 1988 o sistema jurídico de proteção à fauna prevê como

direito fundamental dos animais o tratamento livre de crueldade, art. 225, inciso VII

da Constituição Federal;

J) O Poder Público não tratou com dignidade os animais residentes em

Jaraguá, submetendo-os ao sofrimento desnecessário ao praticar atos reputados

atualmente pela sociedade como hediondos, haja vista que caninos são seres

sencientes;

L) A dignidade humana e o direito da coletividade ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado foram violados pela Prefeitura Municipal de Jaraguá ao

instituir e executar a política pública ilegal e imoral de extermínio em massa de

animais sadios e/ou com possibilidade de tratamento.

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.:: Requerimentos

A RADAR – rede defesa animal, cidadãos(ãs) e organizações não-

governamentais REQUEREM às instituições públicas competentes destinatárias

do presente relatório a adoção imediata das medidas legais cabíveis, a fim de

assegurar a eficácia da legislação, restabelecer a ordem político-jurídica violada e

garantir o tratamento digno à fauna doméstica residente no Município de

Jaraguá/GO, através da elaboração e execução de política pública para controle de

zoonoses/populacional conforme os direitos animais.

.:: Destinatários

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA

Ministério do Meio Ambiente

Ministério da Saúde

Conselho Nacional Ministério Público - CNMP

Presidência do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB

Procuradoria Geral do Estado de Goiás

União Internacional Protetora dos Animais - UIPA

.:: Apoiadores

ADILSON DE ALMEIDA MOREIRA

ALEXANDER DE OLIVEIRA MOURA

ANA MARIA TEGON ZAMPOLI

ANDRÉ LUIZ MACIEL SANTANA

ANDRÉA LÚCIA DA CRUZ MELLO

ANGELA SCHULMAN BELITARDO

ANGÉLICA CARUSO DE ALMEIDA

ANNELIZ DA COSTA PEDRO

ARIANA CRISTINA BARBOSA FIGUEIREDO

AVANY MÁRCIA FREITAS DE ALENCAR

BEATRIZ SERNE DE SOUZA

CAROLINA DE MAGALHÃES MARQUES

CLARA GANAPOL SALIM

CLWUZA MOREIRA CANDIDO

DANIELA AP. MONTEIRO RIZZO

DEBORA CHRISTINE PELLEGRINA

DÉBORA SAGULA RIEDEL

DÉBORA SANTIAGO GONÇALVES

DEUZIANA GERMINIANI SILVA

EDA MARIA DE MAGALHÃES RUBEZ PRIMO

ELFRIDA VIERA BENDIX

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RADAR – rede de defesa animal

ELISABETE MACARIO VALDEMARIN

ELIZABETE BIONDI

ELMIRA SOARES XAVIER RG

ERIKA NOGUEIRA SANTOS

FÁTIMA SONIA DEZUTE

FILOMENA FEITOSA PONTES

FILOMENA PINTO DE MEDEIROS BAPTISTA FILHA

GABRIELA DA COSTA SALUM

GEISON ALVES MATTOS

GILBERTO ALVIGE ZAMPOLI

GIOVANNI CARLOS SOARES BARROS

GLADYS CAMARGO FERREIRA

HELAINE AGUIRRE DO AMARAL

IEDA DENISE NÓBREGA ELSTE

JANE OLIVEIRA

JEMARI BERNADETE TOSÉ

JÉSSIKA SILA ANDRADE

JOÃO LUIZ FARIAS NASCIMENTO

JORGE PAULO CHAVES

KARINA ROSIRES CUNHA MEDAGLIA

LARISSA NOTARI DE MORAES

LEILA PINHEIRO SILVA

LIZZETE SEJAS ORTINO

LUCIA HELENA SOARES FRANCO MAHFOUD

LUCIVANIA RUBIN ROCHA

MÁRCIA BRANDÃO CARNEIRO LEÃO

MARCIA HELENA SUAREZ

MARCIA ROSELAINE ACOSTA TEIXEIRA

MARGARIDA HELENA GARABEDIAN

MARIA CRISTINA FREITAS DE MENTZINGEN GOMES

MARIA DA GRAÇA DE lUCA VEZZU

MARIA DA PENHA MONFREDINI CORDEIRO

MARIA DE FATIMA GOMES

MARIA DO ROSÁRIO GARCIA E GARCIA

MARIA HELENA DOMINGUES DOMINGUES

MARIA LUIZA NUNES

MARIA NAZARÉ MORAES

MARIA TERESA DE MATTOS FORTES

MARLENE BARBOSA MIRANDA

MARTIANE JAQUES LA FLOR

MIRIAM COUGO

MIRTES FACCHIN

MÔNICA DE MATTOS TEIXEIRA

NATÁLIA SANTIAGO DE MENEZES

NELY QUEIROZ LUCAS

NÍVEA WAGNER PINTO

PAOLA DA SILVA

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PATRÍCIA GARCIA DA COSTA

PATRÍCIA NUNBES DE MOURA

PAULA CANAZZA DA SILVA

PAULO GUILHERME “PINGUIM” ALVES CAVALCANTI

PRISCILA GREGÓRIO JOÃO

RAQUEL TEIXEIRA FLORES

REGINA CELIA ALVARES

REJANE SIQUEIRA

RHARISSA DIEL SAHELI

ROBERTA DA SILVA LIMA

ROBERTA SANTOS DO VALE SILVA

ROBERTA ZAMPOLI MATTOS

ROSEMARY DA SILVA

SONIA SIMÕES VIEIRA DE MELLO

SUELI BRAIDO

SUELI LOPES ANTUNES BARTH

SUZIELLY CIARLO PEREIRA

TESS MONIZ DE ARAGÃO GONZADA MOREIRA

VALÉRIA MENEZES

VERA LÚCIA DE OLIVEIRA

VERONICA MARIA ALMEIDA COSTA

VILMA TERESINHA DE M. HINDORF

YASMIN FIOREZI JAJBHAY

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Anexo 1 – Termo de Ajustamento de Conduta

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Anexo 2 – Carta endereçada a Sra. Ministra do Meio Ambiente

Excelentíssima Senhora Ministra do Meio Ambiente Sra.Izabella Mônica Vieira Teixeira

A Comunidade de Proteção e Defesa da Vida Animal do Brasil, representada informalmente por Maria do Rosário Garcia e Garcia vem por meio deste, requerer a Vossa Excelência as urgentes providências que o caso em questão exige. Na cidade de Jaraguá, estado de Goiás, as autoridades locais estão tomando várias medidas ilegais , imorais, colocando em risco a vida de aproximadamente 40 animais abandonados. Já foi enviado em 25.06.2012 uma petição ao Sub-Procurador Geral do Estado de Goiás, juntamente com um abaixo-assinado de aprox. 4.500 assinaturas, explicando o caso. O mesmo foi ratificado em 28.06.2012 e oficializado o seu recebimento. Ocorre que a até a presente data nenhuma providência foi tomada e no dia 30.06.2012, haveria uma feira de adoção local, para que esses animais pudessem ser salvos, pois sem justificativa a feira foi cancelada e proibida pelas autoridades locais (Prefeito Municipal, Secretario de Saúde e Promotor da Comarca de Jaraguá). Diante disto, eu, cidadã brasileira, indignada e exigindo que a Autoridade Representada por V. Excelência me responda concretamente:

QUE PAÍS É ESTE...QUE AS AUTORIDADES ESTÃO ACIMA DA LEI. QUE A POLÍCIA SE NEGA A EMITIR UM BOLETIM DE OCORRÊNCIA, QUE O PREFEITO PROIBE A ADOÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS, QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO LOCAL EM VEZ DE PROTEGER COMO MANDA A LEI , AUTORIZA EXTERMINAR.......QUE PAIS É ESTE , SERÁ QUE A MINISTRA DO MEIO AMBIENTE PODE ME RESPONDER, E CONCRETAMENTE TOMAR UMA ATITUDE PARA SOLUCIONAR ESTA QUESTÃO EM DEFINITIVO.

Seguem, em anexo, a mencionada petição com os links do abaixo-assinado e um histórico da situação.

Certa de que, terei uma resposta digna a esta solicitação urgente, peço a sua interferência em caráter de emergência e excepcional, visto que a vida dos animais não pode esperar por questões políticas ou burocráticas.

Termos em que, pede

Deferimento.

Santos, 30 de junho de 2012.

Maria do Rosário G. e Garcia

Anexos: petição – e-mail enviado a Promotoria Estadual de Goiás Links:abaixo-assinado: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N26076

Resumo dos fatos: http://relatoriojaragua.blogspot.com.br/2012/06/materia-com-as-fotos.html?spref=fb

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Anexo 3 – Imagens caninos de Jaraguá/GO

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Animais não são inferiores, são apenas diferentes P.R.Sarkar