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MONTEPIO
Departamento de Estudos / / junho 2015
EMIRADOS Previsões económicas e indicadores sociais e demográficos
Unidade: taxa de crescimento % 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
PIB 3,2 -5,2 1,6 4,9 4,7 5,2 3,6 3,2 3,2 3,4 3,7 3,9 4,1
PIB Nominal 22,3 -19,6 12,8 21,5 7,2 8,1 -0,2 -9,4 7,8 6,0 5,9 6,2 7,3
PIB Nominal (10^9) 1 158,6 931,2 1 050,5 1 276,0 1 367,3 1 477,6 1 475,0 1 335,7 1 440,1 1 527,0 1 617,6 1 718,7 1 844,5
PIB Nominal (10^9 $) 315,5 253,5 286,0 347,5 372,3 402,3 401,6 363,7 392,1 415,8 440,5 468,0 502,3
Deflator do PIB 18,5 -15,2 11,0 15,8 2,4 2,7 -3,6 -12,2 4,5 2,5 2,1 2,3 3,1
Inflação (IPC) 12,3 1,6 0,9 0,9 0,7 1,1 2,3 2,1 2,3 2,5 2,7 2,8 3,0
Investimento (% PIB) 23,7 29,7 25,7 22,7 22,5 22,6 23,1 22,9 23,9 24,7 25,6 25,6 26,1
Poupança Nacional Bruta (% PIB) 30,8 32,8 28,2 37,4 41,0 38,7 35,1 28,2 31,1 31,9 32,6 32,6 32,8
Dívida Pública (% PIB) 12,5 24,1 22,2 17,6 17,1 11,7 12,1 14,7 15,1 15,6 16,1 16,4 16,5
Receitas Públicas (%) 30,3 -41,3 27,3 32,5 14,0 5,7 -7,8 -23,6 10,5 4,8 4,6 4,0 4,6
Despesas Públicas (%) 52,1 28,1 5,3 17,0 -0,1 8,4 3,0 0,4 0,8 0,7 0,7 0,8 1,0
Receitas Públicas (% PIB) 42,0 30,7 34,7 37,8 40,2 39,3 36,3 30,7 31,4 31,1 30,7 30,0 29,3
Despesas Públicas (% PIB) 22,0 35,0 32,7 31,5 29,3 29,4 30,3 33,6 31,4 29,9 28,4 27,0 25,4
Saldo Orçamental (% PIB) 20,1 -4,3 2,0 6,3 10,9 9,9 6,0 -3,0 0,0 1,2 2,3 3,1 3,9
Saldo Primário (% PIB) 20,1 -4,1 2,3 6,5 11,2 10,3 6,4 -2,5 0,4 1,6 2,6 3,4 4,2
Balança Corrente (10^9 $) 22,3 7,8 7,2 50,9 69,0 64,7 48,5 19,3 28,2 29,8 31,1 32,8 33,4
Balança Corrente (% PIB) 7,1 3,1 2,5 14,7 18,5 16,1 12,1 5,3 7,2 7,2 7,1 7,0 6,6
População (10^6) 8,1 8,2 8,3 8,5 8,8 9,0 9,3 9,6 9,9 10,1 10,4 10,7 11,1
População (%) 29,8 1,6 0,8 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 2,9 2,9 2,9 3,1 3,1
População 15-64 anos (% total) 84,7 85,5 85,8 85,7 85,2 84,3 - - - - - - -
PIB PPP (10^9 $) 477,0 455,4 468,5 501,5 534,4 570,6 599,8 624,2 653,6 689,8 731,0 774,4 821,7
PIB per capita PPP $ 59 077 55 535 56 687 58 917 60 951 63 181 64 479 65 149 66 312 68 034 70 081 72 041 74 181
PIB per capita $ 39 075 30 920 34 612 40 817 42 464 44 552 43 180 37 962 39 787 41 009 42 229 43 538 45 341
Exportações (%) 14,2 -4,1 -1,8 20,1 15,2 11,1 4,6 8,4 6,3 7,3 9,7 11,4 9,4
Bens (%) 14,8 -5,2 -2,0 21,6 15,1 10,9 4,2 7,8 6,2 7,2 9,6 11,4 9,3
Importações (%) 22,2 -9,8 1,3 10,3 11,3 15,6 13,4 5,1 9,7 9,8 11,1 12,2 10,0
Bens (%) 23,3 -10,0 0,8 7,4 11,2 15,3 14,2 5,2 10,2 10,3 11,6 12,7 10,1
Agricultura (% PIB) 0,8 1,0 0,9 0,7 0,7 0,7 - - - - - - -
Indústria (% PIB) 58,0 52,0 54,9 60,1 59,6 59,0 - - - - - - -
Serviços (% PIB) 41,2 46,9 44,3 39,2 39,7 40,3 - - - - - - -
Esperança Vida à nascença (anos) 76,2 76,4 76,6 76,8 77,0 77,1 - - - - - - -
F o nte : FMI (Wo rld Eco no mic Outlo o k - abril de 2015); Banco Mundia l (res tantes dado s his tó rico s s em previs õ es ).
Superfície
83 600Km2
Densidade Populacional
108 Hab/Km2
Reserv as Ex ternas
2,49 10^9 $
2
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)
27 Combustíveis minerais, óleos, produtos de destilação 138,1 68,4
71 Pérola, pedras preciosas, metais e moedas 23,1 11,4
76 Alumínio e suas componentes 5,5 2,7
39 Plásticos e suas componentes 4,5 2,3
84 Máquinas, reatores nucleares e caldeiras 3,2 1,6
Outros produtos 27,5 13,6F o nte : Interna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas .
Principais Exportações de Bens (2014)
Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)
71 Pérola, pedras preciosas, metais e moedas 32,8 14,1
84 Máquinas, reatores nucleares e caldeiras 29,6 12,7
85 Equipamento elétrico e eletrónico 26,1 11,3
87 Veículos elétricos e ferroviários 21,7 9,3
27 Combustíveis minerais, óleos, produtos de destilação 15,8 6,8
Outros produtos 106,2 45,7F o nte : Interna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas .
Principais Importações de Bens (2014)
País Valor (mM$) Peso (%) País Valor (mM$) Peso (%)Países não especificados 50,4 23,9 Países asiáticos não especificados 95,5 37,8Índia 28,6 13,6 Países não especificados 65,7 26,0
China 15,0 7,1 Índia 24,2 9,6
EUA 14,5 6,9 Irão 14,2 5,6
Alemanha 8,3 4,0 Suíça 4,9 1,9Outros países 94,1 44,6 Outros países 48,0 19,0
F o nte : Naçõ es Unidas F o nte : Naçõ es Unidas
Principais Parceiros Comerciais de Exportações (2011)Principais Parceiros Comerciais de Importações (2011)
Tipo de Produto Valor (€)Share
(%)
TCMA09-14
(%)Tipo de Produto Valor (€)
Share
(%)
TCMA09-14
(%)
Produtos químicos 7 550 006 49,1 27,8Produtos informáticos, electrónicos e
ópticos 25 580 102 20,7 26,2
Metais de base 2 146 192 14,0 16,1 Equipamento eléctrico 10 195 364 8,2 11,4
Produtos têxteis 2 113 214 13,8 19,9 Papel e cartão e seus artigos 10 152 158 8,2 66,1
Máquinas e equipamentos, n.e. 948 706 6,2 68,1Veículos automóveis, reboques e semi-
reboques10 116 506 8,2 5,8
Artigos de borracha e de matérias plásticas 831 851 5,4 31,6 Artigos de vestuário 9 341 989 7,6 11,5
Produtos metálicos transformados, excepto
máquinas e equipamento 494 349 3,2 18,6 Máquinas e equipamentos, n.e. 7 443 120 6,0 3,9
Produtos informáticos, electrónicos e
ópticos 274 370 1,8 -28,6 Outros produtos minerais não metálicos 7 434 118 6,0 6,9
Artigos de vestuário 157 377 1,0 91,2 Couro e produtos afins 7 098 269 5,7 44,5
Outro equipamento de transporte 121 167 0,8 -34,7 Produtos alimentares 6 259 296 5,1 48,7
Outros produtos minerais não metálicos 101 989 0,7 32,8 Artigos de borracha e de matérias plásticas 5 950 687 4,8 8,6
Fonte: INE. Fonte: INE.
TOP 10 DAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL dos EAU (2014) TOP 10 DAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL PARA os EAU (2014)
2012 2013 2014 2012 2013 2014
Importações de Portugal deste país (milhares €) 22 963,2 49 571,3 15 364,6 Exportações de Portugal deste país (milhares €) 95 100,1 101 801,1 123 722,1
Importações totais de Portugal (milhares €) 56 374 083 56 906 067 58 745 986 Exportações totais de Portugal (milhares €) 45 213 016 47 266 500 48 180 643
Peso das importações do país (%) 0,04 0,1 0,0 Peso das exportações do país (%) 0,21 0,2 0,3
Fonte: INE. Fonte: INE.
PESO dos EAU NAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2012/14) PESO dos EAU NAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2012/14)
3
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
MOHAMMED BIN
RASHID AL MAKTOUM
Primeiro-ministro dos EAU
CONJUNTURA Apesar da queda do petróleo, PIB continuará a crescer robustamente
POLÍTICA INTERNA
A cena política continuará a apresentar-se, de um modo
geral, estável no horizonte 2015/20. A crítica interna ao
Governo deverá continuar limitada e permanecerão os
apelos de maior pluralidade política.. O Governo
continuará a ser cauteloso sobre a influência regional da
Irmandade Muçulmana e de outros grupos islâmicos de
várias matizes.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são governados por
um Conselho Supremo, que compreende os líderes dos
sete emirados. O Conselho Nacional Federal de 40
membros (CNF) é um órgão consultivo do Conselho
Supremo e é responsável pela análise da legislação
federal que é proposta. Metade dos membros do CNF
são eleitos, sendo os outros 20 nomeados pelos
responsáveis dos sete emirados. Embora continuem a ser
negados poderes legislativos ao CNF, alguns dos
membros designados, principalmente dos emirados do
norte, mais pobres, têm clamado por reformas, de modo
a reforçar a influência do órgão. As próximas eleições
para o órgão serão realizadas em outubro deste ano, mas
não se espera qualquer alteração substancial das
competências do CNF.
É pouco provável que os EAU abracem a democracia
durante a próxima década, mas pode ser necessário
iniciar maiores reformas políticas a longo prazo. As
famílias dominantes são amplamente populares quer a
nível dos emirados, quer a nível federal, tendo
proporcionado décadas de paz e prosperidade. Existirão
mais apelos a uma maior pluralidade política, mas
enquanto os Emiratis (os cidadãos dos EAU) continuarem
a beneficiar de generosos programas sociais e da criação
de emprego, os riscos para a estabilidade política deverão
ser diminutos. Têm existido conversações para introduzir
o sufrágio universal para as eleições para o CNF, em
2019. O sufrágio universal pode vir a ser um catalisador
para a concessão de poderes legislativos parciais para o
CNF. Os EAU vão continuar a reformar as suas
instituições de Governo, embora os progressos não sejam
lineares, devendo a sociedade continuar a ser
predominantemente tribal e dominada por clãs e
compadrios. O Dubai vai provavelmente trazer uma
agenda mais reformista, impor metas de eficiência para
as instituições políticas e promover a redução da
burocracia, no sentido de aumentar o investimento do
setor privado. No entanto, é provável que o programa do
Governo denominado de “Emiratização” garanta que o
recrutamento e as promoções serão baseadas na
nacionalidade e não no mérito, o que poderá limitar as
melhorias na burocracia interna e potencialmente
condicionar as perspetivas de crescimento a longo prazo.
Existem intenções de introduzir
o sufrágio universal para as
eleições do CNF em 2019
EAU/ PREVISÕES ECONÓMICAS DO DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO MONTEPIO
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
PIB 3,2 -5,2 1,6 4,9 4,7 5,2 3,8 3,8 3,9 4,0 4,0 4,1 4,1
Inflação 12,3 1,6 0,9 0,9 0,7 1,1 2,3 3,0 3,2 2,5 2,7 2,8 3,0
Balança Corrente (% PIB) 7,1 3,1 2,5 14,7 18,5 16,1 12,1 5,3 7,2 7,2 7,1 7,0 6,6
Saldo Orçamental (% PIB) 20,1 -4,3 2,0 6,3 10,9 9,9 6,0 -3,0 0,0 1,2 2,3 3,1 3,9
Notas: Os dados históricos do Saldo Orçamental seguem a metodologia do FMI .
4
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
POLÍTICA EXTERNA
O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) continuará a
ser uma organização fraca e dividida. Os países do CCG
também discordam sobre uma série de outras questões e
espera-se que essas diferenças continuem a impedir uma
maior integração política e económica. Em todo o caso, a
união aduaneira entrou em vigor em janeiro e deverão
existir mais progressos parcelares ao nível da integração.
Além disso, a tensão interna dentro do CCG
relativamente ao apoio do Qatar à Irmandade
Muçulmana começou a desvanecer-se. A ameaça externa
do Estado Islâmico, um grupo extremista sunita, parece
ter galvanizado uma maior unidade dentro do CCG, pelo
menos em termos de segurança. Será importante
perceber como é que a sucessão monárquica na Arábia
Saudita (na sequência da morte do anterior rei) vai afetar
as relações dentro da CCG.
É improvável que os EAU sejam afetados pelos protestos
populares que varreram toda a região do Médio Oriente
e do Norte de Africa (MENA), não obstante perspetivar-se
que haja um aumento dos apelos a uma maior
participação política. Para os EAU, duas preocupações
principais deverão dominar. Em 2013/14 assistiu-se a um
progresso diplomático entre o Irão e o Ocidente,
reduzindo o risco de um conflito militar, o que teria um
impacto negativo sobre os EAU. No entanto, os EAU
permanecerão preocupados com o facto de a diplomacia
poder falhar mais uma vez. Se o Irão voltar à comunidade
internacional de forma duradoura, os EAU poderão
beneficiar do facto de poderem constituir um hub de
negócios para os investidores para o Irão. A potencial
consequência negativa é a pressão sobre os preços do
petróleo provocada pelo aumento das vendas de crude
iraniano. Além disso, o Governo continuará preocupado
que a influência da Irmandade Muçulmana na região leve
a protestos nos EAU, sendo que membros do braço
daquela organização (Al Islah) nos Emirados foram
condenados em 2013 por ameaçarem o sistema político
dos EAU.
ATIVIDADE
A economia dos EAU testemunhou um crescimento
notável, impulsionado por um aumento sustentado dos
preços do petróleo entre 2001 e meados de 2008. Este
facto permitiu aumentar as receitas públicas e,
consequentemente, os gastos públicos, com impacto
direto e indireto, por via do multiplicador dos gastos
públicos, na economia.
A crise financeira global, acoplada com a crise da dívida
do Dubai em 2009, trouxe o fim daquele boom, mas
todas as principais entidades relacionadas com o
Governo do Dubai obtiveram acordos de reestruturação
com os seus credores. Além disso, os EAU emergiram
como um local de investimento favorável para os
investidores, nomeadamente porque foi pouco afetado
pela turbulência política no resto da região.
A dependência dos EAU em relação à mão-de-obra
estrangeira não deverá diminuir significativamente no
longo prazo. O crescimento da força de trabalho
estrangeira continuará, assim, a criar desafios políticos.
Atividade económica continua a
crescer a bom ritmo
O crescimento do PIB acelerou para 5,2% em 2013,
impulsionado pelo aumento da procura interna. O
crescimento da extração de petróleo abrandou, mas o
crescimento do setor não-petrolífero foi robusto,
suportado pela aceleração dos serviços e pela
recuperação da construção, provocando um efeito
favorável para 2014. Com o crescimento do setor não-
petrolífero a fortalecer-se ainda mais, mas com o
crescimento do setor de petróleo a moderar novamente,
com o crescimento do PIB a desacelerar para 3,8% em
2014, prevendo-se o mesmo crescimento para 2015
(+3,8%) e um crescimento médio anual de 4,0% no
horizonte 2015/20. Após sólidas expansões nos últimos
anos, a produção de petróleo deverá cair em 2015, mas
deverá regressar ao crescimento em 2016. Já o setor não
petrolífero crescerá em torno de 5% nos próximos anos.
No entanto, há uma série de riscos ascendentes e
descendentes para estas perspetivas.
Os maiores riscos descendentes para o crescimento serão
a possibilidade de um ciclo de expansão e recessão
renovada nos preços dos ativos, especialmente no
mercado imobiliário, ou acontecimentos externos, como
um desempenho mais fraco do que o previsto pela
economia global, levando a uma menor procura dos
bens e serviços do setor não petrolífero e a uma redução
da procura e do preço do petróleo.
Os preços do petróleo deverão situar-se no horizonte
2015/20 em níveis inferiores aos que se esperavam no
final do verão passado, constituindo um desafio para as
perspetivas de crescimento para os EAU, que ainda está
muito dependente do petróleo. Todavia, enquanto
economia aberta e integrada no comércio mundial, com
um setor de turismo e de transportes em crescimento, a
prosperidade económica dos EAU permanecerá também
5
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
fortemente ligada às tendências da economia global, que
têm um impacto sobre os EAU, por exemplo, através dos
fluxos de comércio mundial, mas também sobre o preço
do petróleo.
Os preços do petróleo têm exibido uma elevada
volatilidade nos últimos anos, mas os elevados preços
permitiram suportar os elevados saldos orçamentais e da
balança corrente dos EAU. Todavia, a queda do preço do
petróleo a partir da 2.ª metade de 2014, deverá conduzir
o país a apresentar um défice orçamental em 2015 (e ter
um saldo nulo em 2016), enquanto o excedente da
balança corrente deverá reduzir-se para apenas um
dígito. Os EAU (principalmente o emirado de Abu Dhabi)
acumularam vastas carteiras de investimento no exterior
desde os anos 1970. Os rendimentos dessas carteiras
também irão flutuar de acordo com o desempenho dos
mercados financeiros internacionais, mas as autoridades
deverão ser capazes de usá-los como um fundo de
estabilização durante as próximas décadas, aumentando
a carteira durante os períodos de fortes receitas do
petróleo e utilizando esses recursos quando as receitas
petrolíferas são mais fracas, como será o caso em 2015 e
2016.
Os EAU deverão manter-se prósperos até 2050. Estão
bem posicionados para ajudar a satisfazer a crescente
procura global de petróleo nas próximas duas décadas.
No final de 2013, os EAU produziram cerca de 4% do
crude do Mundo, mas possuem 6% das reservas
conhecidas. Além disso, os custos de produção nos EAU
estão entre os mais baixos do Mundo, já que o petróleo
de Abu Dhabi é extraído principalmente em grandes
campos terrestres e de fácil acesso, em campos offshore
a baixa profundidade nas águas calmas do Golfo Pérsico.
Dado o papel central que desempenham as receitas
petrolíferas a nível federal e dos emirados para a
economia dos EAU, as perspetivas continuam a ser
favoráveis. Além disso, as elevadas carteiras de
investimento financeiro que os EAU dispõem no exterior
permitem que o país continue a beneficiar do
crescimento económico global. O principal risco para as
perspetivas de longo prazo é que, com as crescentes
fontes não-convencionais de petróleo e de gás, o preço
do petróleo venha a cair ainda mais.
Em grande parte devido à força do setor dos
hidrocarbonetos e aos elevados níveis de liquidez
proporcionados por aquele setor, a economia não
petrolífera também deverá crescer fortemente e
aumentar a sua quota no total do PIB. Os esforços dos
EAU para desenvolver o setor do turismo e para se
promover como um centro regional de aviação e
transporte (entre outros setores) significa que irão
continuar a beneficiar, quer do investimento estrangeiro,
quer do de origem nacional. O papel dos cidadãos dos
EAU no setor privado deverá crescer gradualmente,
embora a grande maioria da força de trabalho
qualificada deva permanecer estrangeira.
Como referido, o PIB deverá crescer a uma taxa média
anual de 4,0% ao ano no horizonte 2015/20,
impulsionado por ganhos nos setores petrolífero e não
petrolífero. O crescimento vai desacelerar em 2019/30,
devido ao próprio abrandamento da população e da
força de trabalho. No horizonte em 2015/50, o
crescimento médio anual do PIB poderá situar-se perto
dos 2,5%. O investimento em tecnologia e em educação,
bem como mais algumas melhorias para o ambiente
empresarial e institucional, contribuirão para aumentar a
produtividade. Estes ganhos de produtividade vão ajudar
a manter a taxa de crescimento mesmo perante o
abrandamento da força de trabalho.
OPORTUNIDADES
Os EAU são um dos países mais ricos da região em
termos de PIB per capita. Segundo o FMI, o PIB per
capita em dólares deverá aumentar para cerca de 45 341
mil dólares em 2020, mas como as nossas previsões de
crescimento do PIB são um pouco mais otimistas, admite-
se que possa superar os 46 500 mil dólares. Segundo o
FMI, a população deverá crescer a um ritmo anual de
3,0% ao longo dos próximos cinco anos, com o foco na
atração de investimento estrangeiro de modo a
diversificar a economia da extração de petróleo, o que irá
criar novas oportunidades de crescimento e continuará a
atrair trabalhadores estrangeiros. O forte aumento na
população será impulsionado por uma série de projetos
de grande escala, que devem entrar em operação, em
conjunto com uma melhoria geral nas perspetivas para o
setor da construção.
EAU como importante base
regional para as empresas
estrangeiras
A economia dos EAU recuperou da crise económica em
2009 e será um mercado importante no período de
previsão para as empresas que procuram expandir as
suas operações no Médio Oriente. Os EAU têm sido
muito afetados pela instabilidade no Médio Oriente e
Norte de África com a sua atratividade como um
mercado estável para as empresas internacionais a
6
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
aumentar. Segundo o FMI, a população deverá exceder
os 10 milhões em 2017, devendo situar-se em 11.1
milhões em 2020. A mais longo prazo, espera-se que o
crescimento anual da população desacelere a partir de
2020, depois de um rápido crescimento na década
anterior.
Nos EAU, as oportunidades podem repartir-se em três
áreas: consumidores, empresas e infraestruturas. Analisar
o mercado de consumo dos EAU pode ser um desafio, já
que os censos efetuados pelo Governo não descriminam
os dados da população por escala de rendimento. Uma
grande percentagem da população é estrangeira e é
composta por trabalhadores com baixos salários, não
qualificados e semiqualificados, em grande parte
provenientes da Ásia. Esta parte da população,
tipicamente de operários masculinos e de domésticas
femininas, tem como missão principal o envio de salários
para as suas famílias na Ásia e, como tal, o seu
rendimento tem apenas um pequeno impacto sobre o
consumo interno. No topo, existe uma elite rica. Um
relatório de 2013 do Boston Consulting Group estima
que 40 em cada 1 000 famílias nos EAU tinham riqueza
de pelo menos 1 milhão de dólares, a 9.ª maior
densidade global. De acordo com o Relatório de Riqueza
2014 da Knight Frank, o número de indivíduos ultra-
ricos nos EAU aumentou 8% em 2013. Entre esses
extremos, existe a população de rendimento médio que
está cada vez mais propensa a gastar o dinheiro dentro
dos EAU, dado que cada vez mais os estrangeiros de
rendimento médio permanecem por períodos mais
longos, o que os torna mais propensos a gastar,
principalmente em bens duradouros, como carros,
artigos para a casa e artigos eletrónicos. No entanto, o
aumento do custo de vida pode reduzir o rendimento
disponível real entre muitas famílias estrangeiras.
INFLAÇÃO
A inflação é baixa, mas a pressão sobre os preços está a
aumentar, com a inflação média a situar-se em 2,3% em
2014 (+1,1% em 2013), nomeadamente porque os
preços dos imóveis têm recuperado rapidamente
(especialmente no Dubai). Os preços contidos dos
alimentos e os subsídios garantiram que a inflação tenha
permanecido relativamente baixa.
No 1.º trimestre de 2015, a inflação homóloga subiu
para 3,9%, impulsionada por maiores tarifas de energia
elétrica e de água em Abu Dhabi e pelos custos da
habitação, que já tinham aumentado 6,3% em 2014. No
entanto, nos últimos meses as rendas residenciais têm
mostrado sinais de estabilização ou mesmo de queda,
algo que deverá sentir-se no índice de preços ao
consumidor com um certo desfasamento. A inflação foi
significativamente superior se nos restringirmos aos dois
principais emirados, Abu Dhabi (+5,0%) e Dubai
(+4,3%), em vez de ao conjunto dos EAU. No conjunto
de 2015, a inflação deverá ser de cerca de 3,0%.
Muitas empresas e consumidores queixam-se que os
custos têm subido mais rapidamente do que os números
da inflação oficial sugerem.
Aceleração da inflação, mas
moderadamente
POLÍTICA MONETÁRIA
Taxa de juro do banco central
encontra-se em 1,00% desde
2009
O facto de o banco central estar comprometido com o
peg do dirham ao dólar norte-americano implica que
deixe de ter uma política monetária verdadeiramente
autónoma, acompanhando, assim, as alterações de
taxas de juro efetuadas nos EUA. Assim, desde que a
Reserva Federal (Fed) americana, em 2009, colocou a
sua taxa dos fed funds em mínimos históricos, que a
taxa de referência do Banco Central dos EAU está
também em mínimos, neste caso, em 1,00%. Como se
espera que a Fed comece a subir taxas em 2015, o
Banco Central dos EAU deverá também acompanhar a
Fed.
7
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
POLÍTICA CAMBIAL
O banco central continua comprometido com o atual
peg do dirham ao dólar. O peg tem proporcionado
estabilidade ao longo de décadas e, depois de se ter
livrado dos problemas associados a uma moeda fixa
(incluindo a falta de flexibilidade monetária), as
autoridades parecem comprometidas com o sistema.
Prevemos um fortalecimento do dólar em relação ao euro
em termos médios em 2015, dado o esperado aperto da
política monetária por parte da Fed americana. Não se
espera que o peg do dirham face ao dólar esteja
ameaçado.
Peg face ao dólar para manter
Sempre que os preços do petróleo estão baixos e o valor
do dólar dos EUA está elevado, os governos do Golfo
enfrentam críticas relativamente à manutenção do peg
face ao dólar (um dólar fraco, que é potencialmente
inflacionista, também leva alguns a questionar o peg). A
atual situação tem dado um novo impulso a essas críticas
nos EAU. O efeito do duplo golpe do dólar forte e das
receitas do petróleo mais baixo já teve um impacto na
redução da procura de imobiliário dos EAU, com volumes
de transação significativamente mais baixos no início de
2015. Mas, apesar de alguns bancos centrais do
Conselho de Cooperação do Golfo estarem à partida
dispostos a estudar o assunto, entre as quais as
autoridades do Qatar, o Banco Central dos EAU têm
publicamente rejeitado de uma forma firme tal
movimento.
Os EAU não têm intenção de abolir o peg face ao dólar
porque a paridade cambial garante estabilidade
económica, observou o Presidente do banco central,
Mubarak al-Mansouri, numa conferência em Abu Dhabi,
em março. Além disso, grande parte dos investimentos
dos EAU são denominados em dólares e o dólar mais
forte aumenta o poder de compra do dirham nos
mercados internacionais, mantendo, assim, baixos os
custos das importações.
No lado negativo, além de minar a procura por
imobiliário dos EAU, o dólar mais forte é negativo para a
competitividade das exportações não petrolíferas dos
EAU. Se a força do dólar persistir, portanto, isso pode-se
tornar um constrangimento para a diversificação da
economia dos EAU. Outra desvantagem comumente
citada do peg é que este reduz a flexibilidade da política
monetária, com o banco central a ser amplamente
compelido a seguir os movimentos das taxas de juro por
parte da Fed. Esta é uma questão relevante, dado que,
como referido os EUA deverão ainda este ano subir juros.
No entanto, este é um problema com o qual os EAU têm
vivido ao longo das últimas décadas.
POLÍTICA ORÇAMENTAL
Os EAU vêem-se como um centro financeiro regional e
um centro de comércio, transportes e turismo, que são
vitais para o crescimento e uma maior diversificação
económica, já que a economia ainda está excessivamente
concentrada na extração de petróleo. Os EAU também
vão investir no aumento gradual da sua capacidade de
refinação. Como parte dos seus investimentos para
melhorar as infraestruturas, os EAU estão a planear
completar a 1.ª fase do projeto ferroviário nacional de 40
mil milhões de dirhams (10,9 mil milhões de dólares),
entre Shah e Ruwais, em 2015 (que liga um novo campo
de gás a uma nova refinaria). Outros megaprojetos
também estão em andamento ou foram anunciados. No
Dubai, incluem o Mall of the World (um complexo de
uso misto incorporando o maior centro comercial do
mundo), o Mohammed bin Rashid City District One e as
Ilhas Deira (um cluster de 15,3 km de hotéis, áreas
residenciais, resorts e comércio a retalho). O Dubai
ganhou o concurso para sediar a Expo Mundial de 2020
e vai gastar 6,8 mil milhões de dólares em infraestruturas
conexas, incluindo a extensão do metropolitano. Esta
série de mega projetos planeados para o Dubai, embora
sejam o reflexo de uma forte tendência de crescimento
económico, acarreta um sério risco de emergir um
excesso de capacidade instalada.
Saldo orçamental deverá
apresentar um défice em 2015 e
um saldo nulo em 2016, devido à
queda das receitas do petróleo
O saldo orçamental registou um superavit de 9,9% do
PIB em 2013, impulsionado pelas receitas do petróleo,
mas estimando-se uma forte redução para 6,0% em
2014 e esperando-se que se observem défice em 2015 (-
3,0%) e um saldo nulo em 2016, devido às quedas das
receitas do petróleo. Para 2017 é esperado um
excedente de 1,2% e um excedente médio de 1,2% no
horizonte 2015/2020.
8
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
CONTAS EXTERNAS
Estimamos que o excedente da balança corrente tenha
diminuído de 16,1% do PIB em 2013 para 12,1% em
2014, refletindo a queda dos preços de exportação dos
hidrocarbonetos e também um aumento dos custos dos
bens importados, levando também a um aumento do
défice de serviços. Neste ano de 2015, em resultado da
descida dos preços do petróleo, o excedente da balança
corrente deverá cair abaixo dos dois dígitos, cifrando-se
apenas em 5,3% do PIB, devendo subir em 2016 para
7,2% e flutuar nesses valores nos anos seguintes.
Deve-se continuar a assistir a fortes crescimentos das
importações e a um alargamento do défice da balança
de serviços. No entanto, os avanços com grandes
projetos de infraestruturas, como portos e zonas
económicas, deverão suportar as receitas de exportação
não-petrolíferas - como foi testemunhado em 2013 em
que assentou o elevado excedente comercial.
Balança corrente permanecerá
excedentária, mas este ano cairá
abaixo dos dois dígitos
POPULAÇÃO
Crescimento do investimento irá
atrair mão-de-obra estrangeira
Os dados populacionais para os EAU não são confiáveis,
já que os números oficiais são baseados em registos
administrativos e vistos de imigração. Estes dados,
portanto, não contabilizam os estrangeiros que deixaram
o país, mas não cancelaram os seus vistos, ou aqueles
que estão no país ilegalmente. O último censo oficial foi
realizado em 2005, sendo este o ponto de partida para
as diversas estimativas de população, para as previsões
de crescimento económico e para as estatísticas do
emprego. O próprio censo de 2005, com elevada
probabilidade, subestima a população, devido a
dificuldades em contar com precisão a população
constituída por estrangeiros transitórios. O FMI estima
que a população total nos EAU tenha atingido 9,3
milhões em 2014, sendo que os cidadãos dos EAU
representaram pouco menos de 20% da população total
em 2005, mas esta participação tem diminuído nos anos
seguintes (para menos de 15%), acentuada pela queda
da taxa de natalidade entre a população dos EAU.
Os EAU vão continuar a beneficiar do estatuto de porto-
seguro, pelo menos a curto prazo, uma perceção que foi
adquirida na sequência de protestos populares na região
do Médio Oriente e Norte da África (MENA), a partir da
qual os EAU conseguiram passar, até agora, incólumes.
Isso contribuiu para fluxos de investimento mais elevados
em 2012/13, ajudando a economia a recuperar. Os
preços elevados, embora mais moderados, do petróleo
em 2015/20, juntamente com um aumento das
exportações não-petrolíferas, devido aos planos de
diversificação dos competitivos emirados, ao nível das
infraestruturas, de Abu Dhabi e do Dubai, continuarão a
criar uma procura nos EAU de trabalhadores
estrangeiros. A retoma de uma série de megaprojetos,
incluindo a Expo 2020, também vai apoiar essa procura.
Segundo o FMI, a população total dos EAU deverá
crescer a uma média de 3,0% no período 2015/20.
Os EAU continuarão a enfrentar uma série de desafios
relacionados com a sua estrutura demográfica particular.
Uma das questões mais prementes é o crescente
sentimento de marginalização entre os cidadãos dos
EAU. Para resolver esse desafio, o Governo vai manter a
sua política generosa de redistribuição de rendimentos
para os cidadãos dos EAU, através da oferta de educação
gratuita, cuidados de saúde e uma série de subsídios aos
serviços básicos. As autoridades vão também manter
uma abordagem cautelosa para ampliar a cidadania a
estrangeiros.
À medida que a população de estrangeiros cresce e passa
a adotar os EAU como residência permanente, em vez de
um lugar para trabalhar em uma base de curto prazo, é
provável que estes comecem também a exigir mais
direitos políticos.
A comparativamente elevada taxa de desemprego entre
os habitantes locais também irá contribuir para o
sentimento de marginalização da população dos EAU. Os
dados oficiais estimam uma taxa de desemprego média
entre os Emiratis de 13%, de acordo com um relatório
divulgado em 2011 pela comissão de saúde, trabalho e
assuntos sociais do CNF. A taxa de desemprego entre os
jovens dos 20-24 anos é mais elevada, sendo estimada
em mais de 20%. Dada a instabilidade na região do
MENA, o Governo espera aprofundar o seu programa de
"Emiratização". Um exemplo disso foi a extensão da
quota dos Emiratis a partir de janeiro de 2011, que agora
9
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
exige que todas as empresas, independentemente do
setor, tenham, pelo menos, 20% de sua força de
trabalho composta por cidadãos dos EAU. Em geral, isso
não é realista, já que os cidadãos dos EAU representam
menos de 5% da força de trabalho, e quase todos estão
empregados no setor público. No entanto, a longo
prazo, as autoridades esperam por meio da formação
profissional e da educação direcionada construir uma
força de trabalho local com as habilidades certas,
qualificações e ética de trabalho para competir por
empregos no setor privado.
Gerir a população estrangeira
continuará a ser um desafio
A análise das condições em que os trabalhadores
estrangeiros vivem e trabalham nos EAU por parte dos
meios de comunicação social e organizações de direitos
humanos vai continuar a colocar pressão sobre o
Governo para melhorar os direitos básicos dos
trabalhadores. O Dubai, por exemplo, estará sob os
holofotes no que se refere aos direitos laborais no
período de preparação para a Expo 2020, assim como o
Qatar, que apresenta um maior escrutínio internacional,
já que se prepara para sediar o Mundial de Futebol de
2022. O Governo poderá introduzir novas regras que
visam limitar a população estrangeira e melhorar a
precisão dos registos, mas, ao mesmo tempo, sem
dissuadir a experiente mão-de-obra estrangeira de entrar
no mercado. Os trabalhadores já estão autorizados a
mudar de emprego depois de dois anos sem o
consentimento do empregador e sem perder o direito de
trabalhar nos EAU. São esperados progressos em
conformidade com os requisitos da Organização Mundial
do Comércio e da Organização Internacional do
Trabalho. No entanto, a legalização das organizações
sindicais é improvável nos próximos cinco anos. O
Governo deverá reprimir as manifestações daqueles que
procuram melhorar as suas condições de trabalho, mas
adotar uma abordagem mais conciliadora aos
protestantes contra atrasos no pagamento dos salários.
A longo prazo espera-se que o Governo imponha um
limite máximo para o número de estrangeiros que
trabalham nos EAU, visto os projetos de trabalho
intensivo estarem concluídos e o país estar a concentrar-
se cada vez mais na evolução do conhecimento. No
entanto, dada a pequena proporção de Emiratis, o país
continuará a depender fortemente de trabalhadores
estrangeiros de baixa qualificação.
10
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
ÍNDICE DE LIBERDADE ECONÓMICA
- The Heritage Foundation
Emirados Árabes Unidos são a
25.ª economia mais livre do
Mundo em 2015
A pontuação no índice de liberdade económica dos EAU
é de 72,4 pontos, sendo a 25.ª economia mais livre do
Mundo em 2015. Esta pontuação é 1,0 ponto superior à
do ano passado, impulsionada pelas melhorias na
liberdade de investimento, gestão dos gastos públicos e
da liberdade de corrupção, que superaram os pequenos
declínios da liberdade monetária, de comércio e fiscal. Os
EAU estão classificados em 2.º entre os 15 países da
região do Médio Oriente/Norte da África e a sua
pontuação total é superior às médias regional e mundial.
Ao longo dos últimos cinco anos a liberdade económica
dos EAU avançou 4,6 pontos, o maior aumento da
região, marcado por melhorias em sete das 10 liberdades
económicas, com ganhos consideráveis no ambiente
regulatório e na liberdade monetária. A melhoria na
liberdade económica tem correspondido a níveis
moderados de crescimento. As reformas económicas
cimentaram a posição dos EAU como um hub comercial,
financeiro e logístico do Golfo Pérsico. No entanto, as
reformas institucionais não foram abrangentes. O nível
de perceção de corrupção diminuiu, mas o sistema
judicial é relativamente ineficiente e continua vulnerável
à influência política.
Enquadramento
Os EAU são uma federação de sete monarquias: Abu
Dhabi, Ajman, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah
e Umm al-Qaiwain. O Governo respondeu aos apelos das
reformas durante a "Primavera Árabe", iniciando um
programa de 1,6 mil milhões de dólares para melhorar as
infraestruturas nos emirados do norte mais pobres.
Também ampliou o número de pessoas autorizadas a
votar nas eleições de setembro de 2011 para o Conselho
Nacional Federal. Os EAU apertaram o cerco contra o
ativismo da internet em 2012 e prenderam 68 islamitas
por supostamente tentarem tomar o poder em 2013.
Abu Dhabi é responsável por cerca de 90% do petróleo,
ao passo que Dubai é o centro financeiro, comercial, de
transportes e do turismo. As zonas de livre comércio, que
permitem 100% de propriedade estrangeira com zero de
tributação, ajudam a diversificar a economia. As
exportações de petróleo e de gás representam cerca de
80% das receitas públicas.
Estado de Direito Eficácia da Regulação Embora os EAU sejam considerados um dos países menos
corruptos do Médio Oriente, a maioria das decisões
importantes são realizadas pelas famílias dominantes dos
vários emirados. De acordo com o The Heritage
Foundation, o sistema judicial não é independente e as
lideranças políticas influenciam as decisões judiciais, mas o
Estado de Direito está, de um modo geral, implantado.
Toda a terra em Abu Dhabi, o maior dos sete emirados, é
propriedade do Estado.
Os EAU não têm um imposto sobre o rendimento de
pessoas singulares (IRS), nem sobre pessoas coletivas
(IRC) a nível federal. Em alguns emirados existem
diferentes impostos sobre as empresas para determinadas
atividades empresariais. Existem poucos outros impostos.
As receitas fiscais globais são iguais a 7,2% do PIB. Os
gastos públicos, apoiados por receitas significativas de
petróleo e do gás, representam 21,8% do PIB. A dívida
pública é baixa, correspondendo apenas a 12% do PIB.
Intervenção do Governo Abertura Económica A eficiência da regulação tem melhorado. Para o
lançamento de um novo negócio são necessários seis
procedimentos, não existindo capital mínimo. Os requisitos
de licenciamento foram simplificados e são menos
dispendiosos. Os custos não salariais da contratação de um
trabalhador são moderados e o código do trabalho facilita,
de um modo geral, a eficiência do mercado de trabalho. O
Governo pretende reduzir os subsídios aos combustíveis e
à eletricidade para ajudar a limitar o consumo de energia e
as importações de gás natural.
A pauta aduaneira média é de 3,8%. As empresas estrangeiras estão em desvantagem nas compras
públicas. De um modo geral, a propriedade estrangeira de empresas está limitada a 49%. O setor financeiro é competitivo e moderno e oferece uma gama completa de
serviços, mas a presença do Estado continua a ser considerável. Os mercados de capitais são abertos e dinâmicos, com um número considerável de empresas
estrangeiras em operação.
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Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
INDICADORES DE RISCO
C O U N T R Y ’ S S C O RE O V E R T IM E C O U N T R Y C O M PA R I SO N S
RATING DAS AGÊNCIAS
SCORE % 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Overall Score 65,2 62,2 62,6 62,6 64,7 67,3 67,8 69,3 71,1 71,4 72,4
Property Rights 50,0 50,0 40,0 40,0 40,0 50,0 50,0 55,0 55,0 55,0 55,0
Freedom from Corruption 52,0 61,0 62,0 62,0 57,0 59,0 65,0 63,0 68,0 66,4 69,0
Government spending 70,2 76,1 82,3 80,2 86,3 80,9 79,1 80,1 85,1 83,1 85,8
Fiscal Freedom 99,9 99,3 99,9 99,9 99,9 99,9 99,9 99,9 99,9 99,6 99,5
Business Freedom 70,0 49,0 49,3 48,2 57,4 67,4 67,3 68,0 74,0 74,4 74,7
Labor Freedom 74,3 74,3 73,9 74,1 76,2 79,3 72,4 78,8 77,6 82,9 83,8
Monetary Freedom 79,0 76,8 73,6 70,9 69,8 68,8 76,5 80,9 83,9 84,6 83,8
Trade Freedom 77,0 75,0 75,0 80,4 80,8 82,8 82,6 82,6 82,6 82,5 82,4
Investment Freedom 50,0 30,0 30,0 30,0 30,0 35,0 35,0 35,0 35,0 35,0 40,0
Financial Freedom 30,0 30,0 40,0 40,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
F o nte : The Heritage Fo undatio n.
Rating Heritage Foundation
SCORE % 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2014 2015
Country Risk 29,0 30,0 30,0 37,0 44,0 41,0 40,0 44,0 37,0 36,0 38,0 BBB BBB
Sovereign* 22,0 22,0 24,0 30,0 45,0 41,0 44,0 43,0 37,0 37,0 40,0 BBB BB
Currency* 29,0 31,0 30,0 37,0 40,0 35,0 32,0 39,0 33,0 31,0 33,0 BBB BBB
Economic 35,0 33,0 35,0 38,0 45,0 50,0 55,0 55,0 55,0 55,0 55,0 B B
Political - - - - - - - - - - - - -
Banking* 36,0 36,0 35,0 45,0 48,0 46,0 44,0 50,0 41,0 41,0 41,0 BB BB
F o nte : EIU. No ta (*): Utilizado na co ntrução do "Co untry Ris k".
Rating EIU (The Economist Inteligence Unit)
Rating
S&P AA AA AA AA AA AA AA AA
Moody's AA AA AA AA AA AA AA AA
Fitch A A A A A A A A
Compósito AA- AA- AA- AA- AA- AA- AA- AA-
N o ta : O rating co mpó s ito res ulta da média das 3 agências .
201020092008 20152014201320122011
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Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
CHART BOOK
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GDP Growth (%)
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Source: IMF (April 2015)
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Per Capita GDP
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Source: IMF (April 2015)
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Source: IMF (April 2015)
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Inflation Rate
United Arab Emirates – Inflation Rate%
Source: IMF (April 2015)
United Arab Emirates – Unemployment Rate
No data available in the WEO apr/2015
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Source: IMF (April 2015)
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Population Growth Rate (%)
United Arab Emirates - Population10^6 %
Source: IMF (April 2015)
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2019
2020
Exports Growth (%)
United Arab Emirates - Exports Grow th%
Source: IMF (April 2015)
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2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Imports Growth (%)
United Arab Emirates - Imports Grow th%
Source: IMF (April 2015)
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Departamento de Estudos // Canadá //maio 2015
Departamento de Estudos // Emirados Árabes Unidos // junho 2015
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS
Rui Bernardes Serra Chief Economist
José Miguel Moreira Senior Economist
Margarida Filipe Junior Economist
Artur Patrício Junior Economist
APOIO À INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS Florbela Cunha Head of Unit
Rita Marques Trade Finance
Luis Carvalho Africa Business
Carla Marques Mendes International Business Advisor
[email protected] Alexandra Neves International Business Advisor
AD VERTÊNCIA Este documento foi elaborado pelo Departamento de Estudos da Caixa Económica Montepio Geral e é disponibilizado com intuito e
para fins exclusivamente informativos.
Todos os dados, análises e considerações nele contidas estão simplesmente baseadas no que estimamos ser as melhores
informações disponíveis, recolhidas a partir de fontes oficiais e outras consideradas credíveis, não assumindo, todavia, qualquer
responsabilidade por erros, omissões ou inexatidões das mesmas.
As opiniões e previsões expressas refletem somente a perspetiva e os pontos de vista dos autores na data da sua elaboração,
podendo ser livremente modificadas a todo o tempo e sem aviso prévio.
Neste contexto, o presente documento não pode, em circunstância alguma, ser entendido como convite ao investimento, seja de
que natureza for, nem como proposta ou oferta de negócio de qualquer tipo.
Qualquer decisão de investimento deve ser devidamente ponderada, fundamentada na análise crítica, pelo investidor, de toda a
informação publicamente disponível sobre os ativos a que respeita, suas características e adequação ao perfil de risco assumido, e
devem ter em conta todos os documentos emitidos ao abrigo da regulamentação das entidades de supervisão, nomeadamente da
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Nem o Montepio, na qualidade de emitente do documento, nem nenhuma entidade sua dominante ou dominada ou qualquer
outra integrante do Grupo Montepio em que se insere, pode, consequentemente, ser responsabilizada por eventuais perdas ou
prejuízos decorrentes de decisões de investimento que, quem quer que seja, tenha tomado, mesmo que por levar em conta
elementos constantes deste documento.
Por outro lado, uma vez que este documento não contempla qualquer tipo de informação privilegiada ou reservada, nem constitui
nenhum conselho ou convite ao investimento, as empresas do Grupo Montepio mantêm o direito de, nos limites da lei, transacionar
ou não, ocasional ou regularmente, qualquer ativo direta ou indiretamente relacionado com o âmbito deste relatório.
O relatório pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.