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Ficha de Caracterização da Amostra Pág. 1 de 6 1. Identificação da Equipa Escola: Agrupamento de Escolas Martinho Árias - Soure Equipa: Grão de areia Localização [Vila/cidade/distrito e país] Soure/Coimbra/Portugal Continental 2. Caracterização da Amostra Nome da Rocha Gesso (Gesso Pardo de Soure) Localização [local onde foi recolhida a amostra] S. José do Pinheiro – Soure (aprox. 40.062078, -8.597746) Exploração a céu aberto Descrição [Dimensões, tipo de minerais, textura, dureza, tipo de fósseis, etc.] Relativamente às dimensões das amostras, estas são variáveis. Textura microgranular, fibrosa, apresentando SO 3 e CaO como principais constituintes. (2CaSO 4 .H 2 O) Propriedades químicas e físicas. Dentro das propriedades químicas consideramos a fusibilidade, determinando-se pela escala de Kobell; o ponto de fusão, ou seja, a temperatura à qual a amostra passa do estado sólido a líquido, e a Soure

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Ficha de Caracterização da Amostra

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1. Identificação da Equipa

Escola: Agrupamento de Escolas Martinho Árias - Soure

Equipa: Grão de areia

Localização [Vila/cidade/distrito e país]

Soure/Coimbra/Portugal Continental

2. Caracterização da Amostra

Nome da Rocha

Gesso (Gesso Pardo de Soure)

Localização [local onde foi recolhida a amostra]

S. José do Pinheiro – Soure (aprox. 40.062078, -8.597746) Exploração a céu aberto

Descrição [Dimensões, tipo de minerais, textura, dureza, tipo de fósseis, etc.]

Relativamente às dimensões das amostras, estas são variáveis. Textura microgranular, fibrosa, apresentando SO3 e CaO como principais constituintes. (2CaSO4.H2O) Propriedades químicas e físicas. Dentro das propriedades químicas consideramos a fusibilidade, determinando-se pela escala de Kobell; o ponto de fusão, ou seja, a temperatura à qual a amostra passa do estado sólido a líquido, e a

Soure

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coloração à chama. As propriedades físicas podem ser divididas em óticas, mecânicas e outras. Fazem parte das óticas: a cor, o brilho, a risca/traço, a diafanidade/transparência, e a luminescência. A dureza, a clivagem e a fratura constituem as propriedades mecânicas. Existem outras propriedades como: densidade, flutuação, cheiro, sabor, propriedades magnéticas, elétricas e radioativas. A nossa amostra apresenta como propriedades físicas:

Cor: branca, cores claras ou incolor; Brilho: vítreo ou nacarado; Traço/Risca: cor branca; Luminescência: não apresenta; Clivagem: direção perfeita; Fratura: parte pela zona de clivagem, fibrosa; Transparência/Diafanidade: transparente e/ou

translúcida; Dureza: 2; Macla: em asa de andorinha ou em ponta de lança.

Dentro das propriedades químicas tem: Fusibilidade: 3; Ponto de fusão: 1450 ˚C.

Consideramos, por fim, outras propriedades: Magnetismo: não apresenta; Densidade: 2,3 a 2,4; Efervescência com HCl (ácido clorídrico): não faz; Odor: não tem; Sabor: não apresenta;

Fotografias da determinação de algumas propriedades do gesso:

O gesso é riscado pela unha

Teste da efervescência com HCl

Determinação da risca

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Classificação

Magmática Plutónica Vulcânica

Sedimentar Detrítica Biogénica Quimiogénica X

Metamórfica Metamorfismo de Contacto Metamorfismo Regional

Contexto Geológico [Informações sobre as condições de formação da rocha, associação com outros tipos de rocha, tectónica, etc.]

O acidente tectónico correspondente ao anticlinal diapirico de Soure, cuja expressão morfológica se traduz numa depressão grosseiramente circular, com cerca de 3 km de diâmetro. O seu núcleo consiste numa unidade constituída por margas cinzentas e acastanhadas que se intercalam com níveis de gesso mais ou menos puro, assim como veios deste mineral (Formação de Dagorda ou “Margas de Dagorda” do Hetangiano – 199 MA). Segundo a interpretação paleogeográfica admitida pela generalidade dos autores, esta formação regista o desenvolvimento, em fase percursora da abertura do oceano Atlântico, de vastos meios lagunares distribuídos ao longo de uma estreita faixa marginal à bordadura do Maciço Antigo e controlada por sistemas distensivos com direção dominante NNE – SSW. O seu progressivo alargamento conjugado com falhas NW-SE veio permitir a subida dos corpos evaporiticos ainda durante o Mesozóico, tendo-se desenvolvido estruturas anticlinais diapiricas com esta direção e formando-se vales tifónicos onde a erosão expôs os núcleos diapíricos.

3. Valor Patrimonial (assinalar as situações que se verificam) Raridade no contexto geológico da região/ilha/país x Integração em área protegida ou classificação como património Valor científico (objecto de publicações científicas) x Valor pedagógico (ilustra aspectos geológicos como falhas, dobras, estratigrafia, etc.) x Valor cultural (associação à história, aos costumes, a lendas, etc. da região) x Outros aspetos De acordo com entrevista realizada “esta qualidade de gesso apenas existe nesta zona do país”

4. Interesse Económico (assinalar as situações que se verificam) Utilização na indústria extrativa x Utilização como rocha ornamental Utilização na indústria química x Associação ao turismo Aquíferos Minérios Outros aspetos

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O depósito de gesso da nossa região localiza-se no diápiro de Soure, uma estrutura com uma forma grosseiramente circular, sendo que à superfície é constituída por calcários dolomíticos do Lias. Este material é extraído em quantidades significativas no nosso país, nomeadamente em Sesimbra, Óbidos e Leiria, sendo que também tem importância económica no concelho de Soure, distrito de Coimbra, onde é explorado na “Gesseira de São José do Pinheiro”. O gesso, de variedade selenite, aflora em especial na Carvalheira de Baixo e em S. José do Pinheiro, com ele afloram também as margas gipsíferas com uma tonalidade cinzento-escura, sendo a exploração feita a céu aberto. Este material é de baixos custos e é utilizado para diversos fins, tais como: é empregado na execução de pormenores decorativos de paredes e tetos, devido à sua maleabilidade; é utilizado para revestimento de paredes devido ao facto de ser um bom isolante térmico e acústico; é também utilizado no tratamento de fraturas ortopédicas e na produção de vinhos com o efeito de precipitar materiais em suspensão na mistura, pode ainda ser utilizado na arte de esculpir e na indústria farmacêutica; O gesso de melhor qualidade (> 99% CaSO4) é utilizado como diluente em pastilhas prensadas e cápsulas, sendo o de qualidade inferior (> 94% CaSO4) usado no fabrico de moldes, na produção de adubos e corretivos agrícolas, uma vez que aumenta o pH dos solos e baixa o elevado grau de toxicidade do alumínio. Este tipo de gesso é também utilizado como fertilizante (na cultura de batatas, legumes, amendoins e algodão), como condicionador dos solos melhorando a sua estrutura e aumentando a sua permeabilidade, aeração, drenagem, penetração e retenção de água nos solos. O gesso também é importante para a indústria do papel, onde é utilizado como matéria-prima de elevado grau de brancura, para a indústria de cerâmica, de porcelanas e faianças e para a indústria do vidro, pois funciona como substituto do sulfato de sódio, surgindo como fonte de cálcio e de enxofre. Após a extração do gesso de Soure, este é fragmentado mecanicamente (britado), formando pequenos pedaços de rocha, sendo esta a única alteração que sofre até chegar às fábricas. De acordo com relatório do estudo de impacto ambiental (2003), fornece essencialmente fábricas cimenteiras com destaque para Cabo Mondego, Souselas, eixo Maceira, Pataias, Martingança e Outão. De acordo com entrevista feita a ex funcionário da empresa “por baixo do gesso existe sal gema que não é explorado porque se encontra a grande profundidade e não é possível alcança-lo com os equipamentos disponíveis”. 5. Relação com o quotidiano Segundo o relatório da Sogesso (2003), o gesso extraído na nossa região é utilizado essencialmente em massas de projetar, gessos cartonados e na construção civil, pois as margas servem para produzir aditivos para cimentos. Apercebemo-nos também da grande importância que a Gesseira de Soure tem a nível do nosso país, pelo facto de permitir a exportação deste material em quantidades significativas, contribuindo para o crescimento da economia nacional. Para além de todas estas aplicações, a exploração da gesseira também cria postos de trabalho e, como consequência, contribui para a diminuição da taxa de desemprego no concelho. De acordo com a entrevista realizada, “(…) o rebentamento na bacia, gera poeiras no ar e faz estremecer os terrenos. Atualmente estes impactos são relativos, uma vez que os rebentamentos são controlados e foi criada uma barreira para minimizar os efeitos das poeiras (…)”. Por outro lado “com as chuvas e entrada de alguma água proveniente de uma linha de água que se encontra a um nível superior a bacia enche, pelo que é necessário retirar diariamente a água com o auxílio de bombas”.

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Classificação Nome: Gesso Formula Química: (CaSO4.2H2O) Sulfato de cálcio hidratado Sistema de cristalização: monoclínico

Refe: 1

Proveniência: São José do Pinheiro – Soure Data: 29 / 03 / 2012 Formação litológica: Margas de Dagorda Idade da Formação litológica: Jurássico (Hetangiano – Retiano)

Colector: 11º A - ESMA Determinação: alunos do 11º ano

Clivagem: Perfeita Fratura : Fibrosa

Cor: Incolor

Risca: Branca.

Brilho : Vítreo a nacarado

Dureza: 2

Magnetismo: não apresenta

Odor: não tem

Sabor: não apresenta

Fusibilidade: 3

Densidade: 2,3 a 2,4

Observações: Não faz efervescência com o HCl, desidrata completamente a 100ºC, ponto de fusão a 1450ºC, não apresenta luminescência, diafanidade transparente e/ou translúcida pode apresentar macla em asa de andorinha (em ponta de lança). Utilização: Produção de cimento e cal hidráulica, cerâmica, decoração, fertilizante e indústria do vidro. Curiosidade: Há mais de quatro milénios e meio que os egípcios o empregaram na construção da pirâmide de Quéope e outros monumentos funerários. Os romanos também o usaram na conservação de cadáveres.

Propriedades físicas Outras propriedades

Fotografia

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Fontes: Moura, A. ; Velho, J. (2011), Recursos Geológicos de Portugal. Coimbra. Palimage. P. 233-240 Silva, A.D. et al (2011), Terra, universo da vida, Geologia. Porto. Porto Editora p. 76-77 Rocha R. et al, (1981). Notícia explicativa da folha 19-C Figueira da Foz, Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa, pp 121. W. Griem & Griem-Klee (1999) Sedimentologia - Ambientes Especiais, Evaporitas, Rocas de sal. Universidade de Atacama. http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2005-1/gesso/architecture.html http://www.iambiente.pt/IPAMB_DPP/docs/RNT981.pdf