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INFÂNCIA E MODERNIDADE: REDIMENSIONANDO O SER CRIANÇA Michelle Pereira da Silva 1 Carlos Henrique de Carvalho 2 Resumo: A proposta deste trabalho é estudar a história da criança, procurando entender o seu relacionamento na sociedade medieval, considerando a sua imagem como “o pequeno homem” precocemente inserido na sociedade dos adultos. Como também, entender o contexto de transição e mudanças que despertaram o sentimento da infância, associado às mudanças sociais em relação à família, ao contexto social e econômico da modernidade. Considerando que esse despertar pela infância desencadeou a sua escolarização, religiosidade, e estava estritamente relacionado ao ser mulher. Assim, nossa intenção é apreender como a modernidade favoreceu ou não, o prolongamento ou a precocidade do sentimento da infância. Palavras-chave: Infância, Escola, Modernidade Abstract: The purpose of this paper is to study the history of the child, seeking to understand the relationship in medieval society, considering its image as “the little man” precariously placed in adult society. Also, to understand the context of transition and change that awakens the sense of childhood associated with the social changes related to the family, to the social and economic context of modernization. Considering that this awakening through infancy begins their formal education, spirituality, and was stricly related to the woman. With the intention of learning how modernization has favored or not to prolong or to take precidence its own sense of childhood. Key words: Childhood, School, Modernization Pensar a infância permite-nos entender não somente a sua história, mas também as diversas relações construídas em torno de sua concepção. Por isso, a importância de olharmos para o seu significado, desenvolvido na modernidade, em seu contexto social, compreendendo os momentos favoráveis para este desenvolvimento. Como produto da modernidade, não há como entender a infância longe de fatores que contribuíram na construção do seu sentimento, concebidos diante das necessidades estabelecidas tanto pela racionalização do homem, como pela organização do próprio capital. Esta visão possibilita-nos compreender a realidade e os desafios, tanto educacionais, como sociais, econômicos, políticos, e, por que não dizer éticos, impostos pela 1 Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. 2 Doutor em História pela Universidade de São Paulo - SP. Professor do Centro Universitário Patos de Minas.

2 Inf#U00c3#U00a2ncia e Modernidade Michelle

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  • INFNCIA E MODERNIDADE: REDIMENSIONANDO O SER

    CRIANA

    Michelle Pereira da Silva1

    Carlos Henrique de Carvalho2

    Resumo:

    A proposta deste trabalho estudar a histria da criana, procurando entender o seu relacionamento na

    sociedade medieval, considerando a sua imagem como o pequeno homem precocemente inserido na sociedade dos adultos. Como tambm, entender o contexto de transio e mudanas que despertaram o

    sentimento da infncia, associado s mudanas sociais em relao famlia, ao contexto social e econmico

    da modernidade. Considerando que esse despertar pela infncia desencadeou a sua escolarizao,

    religiosidade, e estava estritamente relacionado ao ser mulher. Assim, nossa inteno apreender como a

    modernidade favoreceu ou no, o prolongamento ou a precocidade do sentimento da infncia.

    Palavras-chave: Infncia, Escola, Modernidade

    Abstract:

    The purpose of this paper is to study the history of the child, seeking to understand the relationship in

    medieval society, considering its image as the little man precariously placed in adult society. Also, to understand the context of transition and change that awakens the sense of childhood associated with the social

    changes related to the family, to the social and economic context of modernization. Considering that this

    awakening through infancy begins their formal education, spirituality, and was stricly related to the woman.

    With the intention of learning how modernization has favored or not to prolong or to take precidence its own

    sense of childhood.

    Key words: Childhood, School, Modernization

    Pensar a infncia permite-nos entender no somente a sua histria, mas tambm as

    diversas relaes construdas em torno de sua concepo. Por isso, a importncia de

    olharmos para o seu significado, desenvolvido na modernidade, em seu contexto social,

    compreendendo os momentos favorveis para este desenvolvimento.

    Como produto da modernidade, no h como entender a infncia longe de fatores

    que contriburam na construo do seu sentimento, concebidos diante das necessidades

    estabelecidas tanto pela racionalizao do homem, como pela organizao do prprio

    capital.

    Esta viso possibilita-nos compreender a realidade e os desafios, tanto educacionais,

    como sociais, econmicos, polticos, e, por que no dizer ticos, impostos pela

    1 Mestranda em Educao pela Universidade Federal de Uberlndia - UFU.

    2 Doutor em Histria pela Universidade de So Paulo - SP. Professor do Centro Universitrio Patos de Minas.

  • 2

    modernidade. Ao nos voltarmos para a vida moderna, entendemos que a sua ao teve os

    seguintes pontos como preceitos:

    a) Reproduo da histria humana numa relao dialtica entre a busca pela emancipao e a luta conservadora da realidade;

    b) Transmisso, quantificao, seleo e legitimao do saber; c) Construo de um ser humano racional, moral individual e automatizado que

    se adapta realidade e sua complexidade;

    d) Formao de um instrumento/pea do sistema industrial de desenvolvimento, como mo de obra dependente econmica, poltica e socialmente.

    3

    A modernidade surge do desejo do desenvolvimento e auto desenvolvimento. Neste

    novo cenrio, a cultura modernista, no seu mbito de desenvolvimento, alcana seu triunfo

    na arte e no pensamento, principalmente no sculo XIX. Ser moderno encontrar-se em

    um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformao e

    transformao das coisas em redor4. No entanto, este mesmo sentimento de aventura,

    poder, alegria, descobrimento e liberdade, que impulsiona a cultura moderna para a unidade

    humana, em que no h restries geogrficas, religiosas, raciais, ideolgicas, que tem o

    objetivo de unir a raa humana, a mesma modernidade que estabelece uma relao de

    contradio: lana-nos a todos num turbilhante de permanente desintegrao e mudana,

    de luta e contradio, de ambigidade e angstia5. medida que a modernidade se alarga,

    no atinge seu principal alvo: dar sentido vida ou liberdade s pessoas. Este pensamento

    leva Berman a dizer: o grande desenvolvimento que a modernidade inicia intelectual,

    moral, econmico, social representa um altssimo custo para o ser humano6, pois o

    movimento social, incitado pelo alargamento econmico permite que tanto o dinheiro

    quanto o poder sejam mediadores das relaes humanas, estabelecendo entre si a

    explorao do outro, tendo como alvo o progresso e o desenvolvimento.

    Diante dessas prescries, nas quais o mundo foi estabelecendo seus conceitos de

    vida e relaes sociais, observamos que todo esse contexto de modernidade trouxe consigo

    problemas sociais e econmicos (pobreza, fome, desemprego, acumulao de riquezas, etc),

    que de certa forma, influenciam o homem e sua maneira geral de viver. Assim, esta

    3 AHLERT, A. A eticidade da educao: o discurso de uma prxis solidria/universal. 1999, p. 102.

    4 BERMAN, M. Tudo o que slido se desmancha no ar: a aventura da modernidade. Traduo Carlos

    Felipe Moiss, Ana Maria L. Ioriatti. So Paulo: Companhia das Letras, 1986, p. 15. 5 Idem, ibidem, p. 15.

    6 Idem, ibidem, p. 42.

  • 3

    racionalidade existente nesta sociedade, privilegiando a individualidade e beneficiando uma

    sociedade voltada para o consumo, no s desenvolveu novas formas de vida, como

    favoreceu a relao trabalho-consumo. Constri-se dentro deste modelo uma viso de

    mercado, que visa ao lucro e esconde a riqueza e oportunidades de poucos em relao

    misria e impossibilidade de muitos, uma tica indiferente vida humana, em favor de um

    avano tecnolgico que ameaa o bem-estar do indivduo e a sobrevivncia do planeta nas

    suas dimenses ecolgicas.

    Portanto, objetiva-se compreender a construo histrico-social na qual o

    significado da infncia desenvolveu-se, procurando, a partir desse pensamento, em anlise,

    entender como a informao, o mercado e a tecnologia influenciaram este significado.

    Assim, estudaremos a diluio da infncia, partindo de duas vertentes opostas: A narrativa

    apresentada por Aris e a atual conjuntura infantil da modernidade.

    A modernidade

    O nascimento da modernidade7 aconteceu diante da necessidade de novas estruturas

    que surgiram para atender as ideologias da classe dominante. Ou seja, da burguesia que

    estimulou novos modelos de venda e compra, cujo objetivo era apenas produzir riqueza.

    amalgamado pela explorao de homens e mulheres, transformando-os em mercadorias ou

    para o prprio fim do capital.

    Os sculos XV e XVI so palcos desse surgimento ou nascimento da Idade

    Moderna. Deste modo, acontecimentos peculiares marcaram esse perodo como meio de

    mudana e transformaes em relao vida feudal: o comrcio surge como meio de

    sustento, e as rotas martimas voltam-se para o centro desta nova estrutura, o Atlntico,

    tendo como resultado a colonizao europia nas Amricas.

    7 A idia de modernidade substitui Deus no centro da sociedade pela cincia, deixando as crenas religiosas

    para a vida privada. Assim, a sua idia est estreitamente associada da racionalizao. Portanto, em seus

    tempos iniciais, esteve vinculada a um movimento jubiloso de libertao dos indivduos, que no mais se

    contentam em escapar aos controles polticos e culturais refugiando-se na vida privada, que proclamam o

    direito de satisfazer suas necessidades, de criticar prncipes e padres, de defender suas idias e preferncias.

    As sociedades industriais avanadas esto hoje em dia bem distantes dessa libertao primeira e se sentem

    mais prisioneiras de seus produtos do que das privaes institucionais. TOURAINE, A. Crtica da modernidade. Traduo Elia Ferreira Edel. 6. ed. Petrpolis: Vozes, 1994.

  • 4

    Considerando tais transformaes, a modernidade acende o rompimento com

    caractersticas privativas da Idade Mdia. Na concepo de Cambi,

    com a modernidade prepara-se o declnio e depois o desaparecimento daquela

    sociedade de ordens que tinha sido tpica justamente da Idade Mdia e que

    negava o exerccio das liberdades individuais para valorizar, ao contrrio, os

    grandes organismos coletivos (a Igreja ou o Imprio, mas tambm a famlia e a

    comunidade), favorecendo o bloqueio de qualquer mudana e intercmbio social8.

    Estes rompimentos com a estrutura medieval acontecem em todos os mbitos da

    sociedade: o homem passa a fixar-se na vida urbana e mudanas de mbito geogrfico,

    econmico e social provocam novas conjunturas e imposies para a sociedade. Observa-se

    que nesse andamento, como influncia do humanismo renascentista, o homem volta-se para

    a busca do prazer, partindo do seguinte pensamento: posso servir a Deus, mas tambm

    gozar a vida. Cresce uma preocupao com o cultivo das artes, da esttica e da razo.

    A modernidade volta-se para o conhecimento cientfico, procurando reorganizar a

    escola, como tambm racionalizar o ensino, criando mtodos e preocupando-se com o

    curriculum escolar. H uma busca pelo passado. Destarte,

    a modernidade comea uma retomada da Paidia clssica e da sua idia de

    cultura, literria e retrica, histrica e humanstica [...], o desenvolvimento da

    cultura moderna que se vinha ativando com este processo manifestar tambm

    outras dimenses: polticas, religiosas, cientficas. Estas, gradativamente,

    procuraro espao no curriculum formativo9.

    Sob essa influncia, a educao obteve uma funo utilitarista para uma sociedade

    que estava em expanso para o desenvolvimento. no pensamento de Comnius10

    que

    declarado a regenerao do homem atravs da educao.

    O pensamento racional da idade moderna levou ao crescimento do sistema liberal

    pelo qual o capitalismo se expandiu. Por isso, a tica educacional desenvolvida era voltada

    unicamente para o indivduo, para fins de interesses econmicos ou em favor do poder

    burgus. Portanto, caracterizada pela vida individualista. Nesse contexto, compreendemos

    8 CAMBI, F. Histria da pedagogia. Traduo de Avaro Lorencini. So Paulo: Editora UNESP, 1999. p.

    208. 9 Idem, ibidem, p. 196.

    10 COMNIUS, J. A. Didtica magna. Traduo de Ivone Castilho Beneditti. So Paulo: Martins Fontes,

    1997.

  • 5

    que a Idade Moderna conheceu a luta pelo espao social, poltico e ideolgico da burguesia.

    Assim, concepes de universidade, gratuidade, estatalidade, laicidade, so termos

    desenvolvidos e usados por ela, que encontrou na racionalidade seu suporte ideolgico de

    ascenso social.

    A partir dessa concepo, podemos perceber que a escola na maioria das vezes,

    esteve em funo de grupos dominantes. Verificamos, ento, que a origem da escola estava

    vinculada relao escola/trabalho. Assim, a modernidade olha para a escola como

    fundamental ao seu desenvolvimento. Tornando-se, devido as considerveis mudanas

    provocadas pela nova forma de pensar e viver, no mais como uma pura mudana,

    sucesso de acontecimentos; ela difuso dos produtos da atividade racional, cientfica,

    tecnolgica e administrativa11.

    Ao mesmo tempo que a modernidade deslumbra este novo modo de viver e pensar,

    ela mesma lana a vida humana num mundo de contradies e diferenas: expandiu um

    novo meio de produzir: a indstria; de viver: a democracia. Mas ao mesmo tempo, foi

    responsvel por aprisionar o prprio homem transformando o seu carter: Torna-se um ser

    impessoal, que vive em funo de atender as necessidades do prprio desenvolvimento,

    Onde quer que o processo ocorra, todas as pessoas, coisas, instituies e

    ambientes que foram inovadores e de vanguarda em um dado momento histrico

    se tornaro a retaguarda e a obsolescncia no momento seguinte. Mesmo nas

    partes mais altamente desenvolvidas do mundo, todos os indivduos, grupos e

    comunidades enfrentam uma terrvel e constante presso no sentido de se

    reconstrurem, interminavelmente; se pararem para descansar, para ser o que so,

    sero descartados12

    .

    A vida moderna, como a indstria e a democracia, criou toda uma nova estrutura de

    sociedade. Esta estrutura, ao emergir-se, embora tornando-se em funo do

    desenvolvimento econmico, resultou na universalizao da educao bsica no final do

    sculo XIX. Estas mudanas redimensionaram tanto a educao quanto os novos

    protagonistas (a mulher, a criana), at ento relegados a um plano secundrio. Portanto, a

    modernidade criou a concepo de criana como um ser diferente, importante e respeitvel,

    em contraposio a uma concepo da criana como pequeno adulto. Por isso, a

    11

    GHIRALDELLI JUNIOR, P. (org.). Infncia, escola e modernidade. So Paulo: Cortez; Curitiba: Editora

    da Universidade Federal do Paran, 1997. 12

    BERMAN, M. Op. cit., p. 77.

  • 6

    importncia de compreendermos a criana neste processo de mudanas, no qual o seu

    sentimento concebido e torna-se alvo do investimento afetivo e educacional.

    Modernidade, educao e infncia

    As relaes desenvolvidas, como conseqncia dos novos modelos sociais

    estabelecidos pela modernidade, provocaram modificaes na organizao familiar.

    Conforme Aris, o sentimento da famlia era desconhecido da Idade Mdia e nasceu nos

    sculos XV, XVI. At ento, a concepo particular que o povo medieval tinha sobre a

    famlia constitua-se: a linhagem13. A famlia, neste modelo, no conhecia individualidade

    entre o cnjuge e os filhos, mas era vista de forma coletiva; as geraes mais velhas

    exerciam autoridade e tomavam as decises importantes para a preservao dessa linhagem.

    Isso permitia que o filho primognito recebesse todas as regalias (herana, nome) como

    garantia de continuidade e tradio da linhagem.

    Neste contexto, era comum a famlia viver em casas grandes, para que abrigassem

    todos os seus membros e ainda os serviais das casas. Diferente desta conjuntura, a famlia

    conjugal moderna seria, portanto, a conseqncia de uma evoluo que, no final da Idade

    Mdia, teria enfraquecido a linhagem e as tendncias a indiviso14. As famlias voltaram-

    se para sua individualidade, e a figura do homem-marido torna-se importante como chefe

    de famlia.

    Contudo, a criana era ocultada neste mundo de gente grande, ao misturar-se aos

    adultos. Aris, ao retratar esta realidade em seu estudo sobre a histria social da criana e

    da famlia15

    , aborda que durante este perodo no havia uma distino entre o que era

    reservado s crianas e o que era reservado aos adultos. Assim, no se diferenciava o adulto

    da criana em vrios aspectos do cotidiano dessa sociedade: suas vestimentas no se

    distinguiam das dos adultos, pois assim que deixava os cueros, ou seja, a faixa de tecido

    que era enrolada em torno de seu corpo, ela era vestida como os outros homens e mulheres

    13

    ARIS, P. Histria social da criana e da famlia. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Tcnicos e Cientficos

    Editora S.A., 1981, p. 213. 14

    Idem, ibidem, p. 211. 15

    Idem, ibidem, p. 211.

  • 7

    de sua condio16. Da mesma maneira procediam quanto aos jogos, festas, danas e

    brincadeiras, atividades que mobilizavam toda a coletividade ou grupo social. As atividades

    sociais no eram especficas para determinada idade, permitindo que as crianas

    compartilhassem dos mesmos jogos que os adultos, independentemente se adequado ou no

    idade infantil, noo esta que no existia neste perodo17

    .

    importante ressaltarmos que nesta poca, devido falta de higiene e de condies

    de vida, as crianas eram expostas s doenas, o infanticdio era comum nos primeiros

    meses ou anos da criana. Deste modo, em muitos casos, no se esperava muito quanto

    expectativa de vida de uma criana; afinal, ela poderia morrer a qualquer momento. Apenas

    a partir dos sete anos a criana estaria capaz de livrar-se dos perigos da 1 infncia18

    . Todo

    este contexto ressaltava o prprio silncio do significado do ser criana (enfant):

    Desprovido de fala. De fato, por muito tempo, o ser criana ficou oculto, sem fala, sem

    direitos e ateno, caractersticas estas que fizeram a modernidade provocar rupturas com

    os tempos medievais. Deste modo, conforme Aris,

    na sociedade medieval, o sentimento da infncia no existia o que no quer dizer que as crianas fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O

    sentimento da infncia no significa o mesmo que afeio pelas crianas:

    corresponde a conscincia da particularidade infantil, essa particularidade que

    distingue essencialmente a criana do adulto, mesmo jovem19

    .

    Neste perodo, a criana, vista como um pequeno adulto, deveria adaptar-se ao meio

    social na convivncia e atitudes do mundo dos adultos. Esta era a garantia na qual a

    sociedade se ancorava para que as crianas aprendessem os costumes e a tradio, por meio

    de imitao da vida adulta.

    16

    Idem, ibidem, p. 69. 17

    Aris, a especializao das brincadeiras atingia apenas a 1 infncia; depois dos trs ou quatro anos, ela se

    atenuava e desaparecia, a criana misturava-se aos adultos e participava das mesmas atividades recreativas.

    (Idem). 18

    As Idades correspondiam aos planetas, em nmero de 7: A primeira idade a infncia que planta os dentes, comea quando a criana nasce e vai at os sete anos (a primeira infncia), chama-se enfant (criana),

    que quer dizer no falante. A segunda idade chama-se pueritia porque a pessoa ainda a menina do olho, essa

    idade dura at os 14 anos. Depois segue-se a terceira idade, que chamada de adolescncia, que termina aos

    28 anos. Depois segue-se a juventude e dura at 45 ou 50 anos. Aps essa idade segue-se a velhice, que dura,

    segundo alguns, at 70 anos e segundo outros, no tem fim at a morte. A ltima parte da velhice chamada

    senies... o velho est sempre tossindo, escarrando e sujando (Idem, p. 36-37). 19

    Idem, ibidem, p. 156.

  • 8

    Conhecendo esta realidade, deparamo-nos com algumas caractersticas similares

    que fizeram parte do cotidiano da infncia brasileira. Mesmo que a colnia brasileira seja

    filha dos primeiros anos da modernidade.

    Infncia e religiosidade: a pureza do ser criana

    A criana na Idade Mdia20

    no apenas considerada como um pequeno adulto,

    como era vista com repugnncia. Ao misturar-se entre os adultos, era exposta falta de

    pudor, brincadeiras grosseiras, livros considerados imorais, palavras obscenas, etc. No

    existia na relao social medieval o que deveria ser prprio para a criana ou prprio para

    o adulto, este relacionamento no era acompanhado por um sentimento de vergonha; de

    pudor do adulto perante a criana. Caractersticas estas que veremos surgir a partir da idade

    moderna21

    .

    Somente no final do sculo XV, com o intuito de resistir ao uso de livros que faltam

    ao pudor, ou considerados imorais pelos educadores, dentro dos espaos pedaggicos, a

    considerao pela formao moral da criana e a sua pureza permitiram que estes

    educadores no tolerassem mais que se desse criana livros duvidosos (brincadeiras

    grosseiras, sexualidade)22

    . Este mesmo pensamento surgiu entre catlicos e protestantes,

    expulsando-os, deste modo, de seus currculos escolares.

    Estas mudanas aliceraram-se na nova concepo moral da infncia que associava

    sua fraqueza sua inocncia, verdadeiro reflexo da pureza divina e que colocava a

    educao na primeira fileira das obrigaes humanas23. Surge, ento, a necessidade de

    20

    CAMBI: Na Famlia medieval os problemas educativos tm escassa estruturao e pouca centralidade: a famlia cria os filhos, destina-os a um papel na sociedade, controla-os de modo autoritrio, mas no os reveste

    de cuidados e de projetos. A criana na Idade Mdia tem um papel social mnimo, sendo muitas vezes

    considerada no mesmo nvel que os animais (sobretudo pela altssima mortalidade infantil, que impedia um

    forte investimento afetivo desde o nascimento). A educao da criana era confiada oficina e ao aprendizado

    ou Igreja e s suas prticas de vida religiosa: a primeira ensinava uma tcnica, a segunda, uma viso do

    mundo e um cdigo moral. A imagem da Infncia na Idade Mdia a crist: a meio caminho entre

    pecado(idade pecaminosa, amoral segundo Agostinho); e inocncia( idade de graa, privilegiada e exemplar, como dizemos evangelhos (1999, p. 176-178). 21

    FREITAS, M. C.; KUHLMANN JR., M. Os intelectuais na histria da infncia. So Paulo: Cortez, 2002,

    p. 12. 22

    ARIS, P. Op. cit., p. 71. 23

    Idem, ibidem, p. 140.

  • 9

    educar a criana contra a imoralidade do adulto, assunto este que trabalharemos no prximo

    ponto e o pensamento religioso quanto infncia relacionado idia de sua inocncia.

    A concepo, tanto de moralidade como de religiosidade, desperta o desejo de

    cuidar da criana, permitindo o impulsionamento e o crescimento de colgios,

    principalmente liderados por jesutas24

    . Colgios com duras disciplinas, mas que

    apresentavam cuidados quanto inocncia e moralidade infantil. Assim, mistura-se entre as

    regras para a criana o pensamento religioso e moral, com o intuito de disciplinar e

    perseverar a idia de inocncia na criana:

    Cara criana, que considero como filho de Deus e irmo de Jesus Cristo, comeai

    cedo a praticar o bem... Pretendo ensinar-vos as regras de um cristo decente.

    Assim que vos levantar-vos, fazei o sinal da cruz [...]. Na escola, no incomodeis

    vossos companheiros...No converseis na escola [...].

    Com o objetivo de esclarecer ainda mais este perodo, Aris exemplifica-nos com a

    prece em honra ao ministrio da infncia de Jesus Cristo:

    Sede como as crianas recm nascidas. Fazei, Senhor, com que sempre sejamos

    crianas pela simplicidade e a inocncia, assim como as pessoas do mundo

    sempre o so por sua ignorncia e fraqueza. Dai-nos uma infncia santa, que o

    curso dos anos no nos possa tirar e da qual jamais possamos passar velhice do

    antigo Ado, nem morte em pecado; mas que nos torne cada vez mais novas

    criaturas de Jesus Cristo e nos conduza sua imortalidade gloriosa.

    Nesta concepo, de acordo com o iderio catlico, o batismo torna-se importante e

    fundamental para a preservao da inocncia e a habitao de Cristo.

    Surge uma religio para a criana, ao estabelecer tanto o batismo infantil, como a

    crena na devoo do anjo da guarda: Deus d o exemplo ordenando aos anjos

    acompanharem as crianas em todos os seus passos, sem jamais abandon-las25. O anjo da

    guarda, ainda apregoado at os nosso dias, o responsvel, diante do iderio catlico, de

    proteger as crianas, e ensinar-lhes como proceder, guiando-as at o cu. A criana teria

    essa presena angelical devido sua inocncia, pureza e fraqueza. Por outro lado, a

    cerimnia da primeira comunho tornou-se a manifestao mais visvel do sentimento da

    infncia entre o sculo XVII e o fim do sculo XIX: ela celebrava ao mesmo tempo seus

    24

    AZEVEDO, F. A cultura brasileira. 5. ed. So Paulo: Edies Melhoramento, 1971. 25

    ARIS, P. Op. cit., p. 71.

  • 10

    dois aspectos contraditrios, a inocncia da infncia e sua apreciao racional dos mistrios

    sagrados26. Estes aspectos peculiares, em relao religiosidade da infncia, permite-nos

    compreender como a criana tornou-se ser importante nas devoes e rituais cristos,

    permitindo a compreenso de que a criana sai de seu anonimato e comea a participar da

    vida em sociedade, no como um pequeno adulto, mas na sua significncia enquanto

    criana.

    Esta considerao remete-nos a outro ponto importante, referente valorizao da

    infncia na vida da colnia portuguesa, como tambm possibilita-nos compreender

    especificamente a trajetria da educao brasileira: difundida, preferivelmente, em funo

    de aspectos religiosos, a educao da infncia, neste perodo, surgiu a partir dos jesutas

    que, ao chegarem na terra da colnia portuguesa, desenvolveram objetivos definidos para a

    catequese dos ndios adultos. Conforme PAIVA, a sociedade Portuguesa tinha uma

    estrutura rgida, centrada na hierarquia, fundada na religio. Hierarquia e religio eram

    princpios inadiveis em qualquer situao. O servio de Deus e o servio dEl-Rei eram os

    parmetros27. Este lema tornava imprescindvel para esta instruo no somente a

    evangelizao, mas a absoro da cultura portuguesa, em todos os mbitos, dos religiosos

    aos sociais, com propsito de fazer perdurar o seu domnio e poder na colnia.

    Entretanto, os jesutas ao encontrarem problemas em relao a esta evangelizao,

    passam a desenvolver o trabalho, direcionado especificamente para as crianas. Na viso

    jesutica, seria mais fcil catequizar a criana, enquanto a tradio indgena ainda no

    estava impregnada em sua mente. Deste modo, o ensino das crianas foi uma das primeiras

    e principais preocupaes dos padres da companhia de Jesus: ensina a ler, a ter bons

    costumes e orar. A criana indgena, muitas vezes entregue pelos pais aos padres da

    Companhia de Jesus era considerada o papel branco, no qual se inscreviam a luta contra a

    antropofagia, a nudez e a poligamia. Prticas estas cultuadas pelos indgenas.

    Assim, a evangelizao vinculada ao ensino consistia no ensinamento da doutrina

    catlica. Somente aos poucos a Companhia estendeu o seu trabalho para os filhos dos

    brancos. Portanto, a vida na colnia brasileira considerava as atividades eclesisticas como

    autoridade importante, esta, pautava toda a vida da colnia por meio de seus preceitos

    26

    Idem, ibidem, p. 155. 27

    PAIVA J. M. Educao jesutica no Brasil Colnia. In.: LOPES, E. M. T.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA,

    C. G. (Orgs.). 500 anos de educao no Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Autntica, 2003, p. 43.

  • 11

    catlicos, pois havia necessidade de cumprir o que era entendido como o primeiro e

    principal dever do cristo.28 Resultado do dever portugus quanto ao servio a Deus e ao

    Rei, valorizando, desta maneira, a autoridade catlica sobre a colnia.

    Neste contexto, a prtica do batismo era vista com seriedade, marcava a grande festa

    do nascimento. Mas era tambm um meio da prpria Igreja controlar o nascimento de filhos

    bastardos ou livres. Essas prticas, apregoadas pela Igreja, tinham como propsito a

    valorizao da famlia. De acordo com as Constituies do Arcebispo da Bahia que

    orientaram a vida religiosa do Brasil no sculo XVIII e mesmo parte do XIX, se diz que

    se plantem na primeira idade a puercia dos pequenos os ensinamentos da

    doutrina crist e essa uma obrigao dos senhores em relao a seus escravos.

    Acentua-se tambm a necessidade de logo batizarem as crianas, no prazo de oito

    dias, para que se morressem, pudessem alcanar o cu29

    .

    Percebemos mudanas quanto ao tratamento das criana negras, mesmo as mortas: a

    Igreja estabelece a valorizao do enterro realizado sob os auspcios e com o pagamento

    feito pela irmandade, constitua um modo de estimular, seja o casamento, seja o batizado

    das crianas. O enterro acontecia independentemente da idade, visto com seriedade30

    . Esta

    prtica possibilitava Igreja Catlica ter o controle quanto importncia do casamento

    para a vida da colnia e o controle quanto aos nascimentos de filhos bastardos.

    Histria da infncia brasileira

    As famlias patriarcais moravam em grandes casas. Seus filhos eram sujeitos s

    mesmas condies de doenas, higiene, maus tratos e alimentao, permitindo que o

    infanticdio fosse comum nesta poca. Embora participasse do mundo adulto, sua morte no

    era vista como algo terrvel, poderiam ser substitudas por outras crianas. Infelizmente,

    na histria da infncia no Brasil, encontramos, de fato, passagens de terrvel sofrimento e

    violncia31, como resultado da indiferena criana.

    28

    DEL PRIORE, M. Histria das crianas no Brasil. 2. ed. So Paulo: Contexto, 2000. p. 117. 29

    Idem, ibidem, p. 118. 30

    Para maior aprofundamento: DEL PRIORE, M. Histria das crianas no Brasil. 2. ed. So Paulo: Contexto, 2000. p. 118. 31

    Idem, ibidem, p. 11.

  • 12

    Esta realidade comea a ser retratada desde as antigas embarcaes portuguesas que

    aportavam no Brasil, as quais transportavam crianas, que misturadas aos adultos, eram

    tratadas com rgida indiferena. Assim, a presena infantil era composta de: grumetes

    (crianas rfs enviadas pelo rei que trabalhavam nestas embarcaes, eram tratadas como

    miserveis sem um mnimo de condio decente, recebiam as piores condies de vida e

    alimentao), que muitas vezes pela condio de perigo e violncia que sofriam, no

    resistiam longa viagem. Crianas judias, devido ao controle que o Estado Portugus

    exercia sobre o crescimento dos judeus, eram arrancadas dos pais e enviadas nestas

    embarcaes como grumetes. Ou as crianas que acompanhavam seus pais, e nem por isso

    tinham condies melhores de hospedagem nos navios. Salvas se fossem filhos da nobreza,

    e, mesmo assim, isso no permitia condies iguais s dos adultos. A criana era vista

    como mo-de-obra barata e explorada pelos adultos. Portanto, verificamos que a presena

    infantil nas embarcaes vindas ao Brasil colocava as crianas nos mais srios perigos.

    Conforme Del Priore,

    mesmo acompanhadas pelos pais, eram violadas por pedfilos; os gruentes

    sujeitos as condies de trabalho eram violentados pelos homens nestas

    embarcaes e as meninas tinham que ser guardadas e vigiadas cuidadosamente a

    fim de manter-se virgens, pelo menos, at que chegassem a colnia32

    .

    Em terra firme, essas caractersticas do trato infantil so vistas pela dualidade da

    sociedade brasileira, marcada pela escravido. A surge diferenas bem peculiares, quanto

    as condies de vida entre as crianas nobres e as crianas da escravido.

    Nos primeiros anos de vida, esta diferena, violenta, no era to ntida. As crianas

    escravas conviviam com os filhos dos senhores na casa grande. Em muitos casos, a criana

    negra era usada como um brinquedo de maus tratos pelos filhos dos senhores. Quando estas

    crianas completavam sete anos, visvel a diferena imposta sobre elas, devido s suas

    condies sociais os filhos nobres iam estudar, enquanto os escravos iam trabalhar. No

    entanto, como escravos as crianas negras estavam muito mais sujeitas morte, que as

    crianas dos senhores, devido s condies da prpria escravido no Brasil: As mulheres

    negras serviam aos seus senhores, alugadas, como amas-de-leite, prejudicando, muitas

    vezes o prprio filho.

    32 DEL PRIORE, M. Op. cit., p. 19.

  • 13

    Na convivncia com os filhos dos nobres, os filhos dos escravos eram bem

    distingidos destes, pois chamados de moleques, estavam sujeitos s piores condies de

    vida, mesmo que amigos ou serviais dos senhorzinhos, enquanto estes apelidados de

    meninos. Viviam s regalias da nobreza. Distines estas pronunciadas no dia-a-dia da

    colnia. Nunca um filho nobre poderia ser chamado por moleque, nem um escravo por

    menino.

    Logo, o real da vida dessas crianas era amalgamado pelas caractersticas dos

    esteretipos criados sobre o seu ser, no qual as condies de vida eram claramente

    definidas pela raa e pela cor. No entanto, algo tinham em comum: eram crianas, quer

    meninos, quer moleques. Submetidos s condies de pequenos adultos.

    Infncia e escolarizao

    Ao lado da burguesia, at agora protagonista da histria moderna, surge uma fora

    antagnica, que a prpria burguesia suscita e sem a qual no pode subsistir: o moderno

    proletariado industrial, que coloca em questo a relao instruo-trabalho, ou a formao

    tcnica que ser tema dominante da pedagogia moderna33

    .

    Esta realidade suscita a instruo das classes populares (os trabalhadores na fbrica,

    devida sua antiga instruo artesanal, no estava qualificado para a fbrica), da mulher e da

    criana. Assim, tanto a mulher como a criana entram como protagonistas e filhos da

    modernidade. Surge o nascimento da escola infantil e a preocupao com a instruo

    feminina. 34 A sociedade moderna passa a delegar educao um papel importante e

    fundamental, no qual a civilizao medieval tinha esquecido a Paidia dos antigos e no

    conhecia ainda e educao dos modernos. Mas, que a sociedade moderna depende e sabe

    que depende, do sucesso do seu sistema de educao35. Para atender s exigncias da

    modernidade, o objetivo central do mercado adaptar o trabalhador ao trabalho. Isso

    permitiu que na segunda metade do Oitocentos, essas mudanas provocassem reformas em

    todo o sistema de ensino, da instruo elementar superior.

    33

    MANACORDA, M. A. Histria da educao: da antiguidade aos nossos dias. Campinas: Autores

    Associados, 2001, p. 20. 34

    CAMBI, F. Op. cit., p. 195-220 35

    ARIS, P. Op. cit., p. 213.

  • 14

    A tica moderna, voltada para o lucro, estabelece entre os indivduos uma relao

    vinculada compra e venda. Portanto, caracterizada como utilitarista (o homem precisa ser

    til para atender as exigncias do capital), como tambm individualista e discriminatria (a

    minoria rica em relao misria da maioria). Portanto,

    a mentalidade burguesa mostrada como algo que se firmou e tem sua razo de

    ser histrica: um dever de produzir e criar e uma necessidade de tornar-se til. Ou seja, como pano de fundo, vislumbram-se as condies de produo da sociedade capitalista na transio do mercantilismo para a industrializao,

    impondo a necessidade da diviso de trabalho e de especializao36

    .

    A modernidade marca, portanto, o tempo da formao, princpio importante para as

    transformaes sociais e essencial para a preparao da mo-de-obra, com o objetivo de

    atender a demanda do capital e do lucro.Assim, o trabalhador deveria estar apto para

    determinada funo. Da a grande importncia atribuda escola nos tempos modernos,

    pois a criana era inserida no meio dos adultos com o objetivo de conhecer a tradio;

    depois dos sete anos, era enviada para uma outra famlia, para aprender ofcios e ser

    educada. Assim, a educao da criana tambm surge da necessidade dos pais de estarem

    prximo dos filhos, o qual cada vez mais confiado escola: o clima sentimental era

    agora diferente, mais prximo do nosso, como se a famlia moderna tivesse nascido ao

    mesmo tempo que a escola, ou menos que o hbito geral de educar as crianas na escola37.

    Para compreendermos esse significado atribudo escola, recorremos s palavras de

    Aris, ao discorrer sobre a histria da instituio educativa: a escola medieval era

    indiferente quanto diviso, que conhecemos hoje, de idades. Ela, em uma classe nica,

    reunia jovens, idosos, crianas. Assim no existia uma graduao dos currculos, nem o

    professor mantinha autoridade ou um planejamento do tempo escolar. A escola no

    dispunha ento de acomodaes amplas. [...] Em geral, o mestre alugava uma sala, uma

    schola, por um preo que era regulamentado nas cidades universitrias [...] forrava-se o

    cho com palha, e os alunos a se sentavam (Os bancos ou carteiras entram na escola a

    partir do sculo XIV) 38

    . Deste modo, o cotidiano da escola e do colgio na Idade Mdia

    36

    GHIRALDELLI JUNIOR, P. (org.). Op. cit., p. 25. 37

    Idem, ibidem, 1981, p. 232. 38

    Idem, ibidem, 1981, p. 232.

  • 15

    era reservado a um pequeno nmero de clrigos e misturavam as diferentes

    idades dentro de um esprito de liberdade de costumes, se tornaram no incio dos

    tempos modernos um meio de isolar cada vez mais as crianas durante um

    perodo de formao tanto moral como intelectual, de adestra-las, graas a uma

    disciplina mais autoritria, e, desse modo, separ-las da sociedade dos adultos39

    .

    Percebemos que, mesmo dentro da escola, as crianas participavam do mundo dos

    adultos. Ou seja, a instruo no distinguia a criana do adulto. Contudo, a escola surge

    com funo de moralizao da criana. Esta, influenciada pela vida dos adultos, vivia sem

    nenhuma distino dos procedimentos, tidos como imorais, deles. Deste modo, sob a

    influncia dos moralistas, a criana foi se incorporando s escolas com o objetivo de ser

    educada, instruda e afastada da vida transgressora do adulto.

    Neste contexto, as crianas entravam para a escola com 7 anos, caracterstica do

    sculo XVII, e, mais tarde, somente ingressavam nas escolas crianas a partir de 10 anos.

    Assim, a primeira infncia sofria, neste momento, a excluso escolar.

    Com a influncia da burguesia, no final do sculo XIX, as mudanas foram

    atingindo todo o contexto escolar, principalmente em relao diviso de idades,

    currculos, mtodos, etc, tambm, acentua-se uma prtica disciplinadora; isso acontece

    devido viso da fraqueza da infncia que precisava ser educada por um mestre. Estas

    disciplinas eram rgidas e humilhantes, realizadas com chicote ou castigo corporal.

    No entanto, a escola sofreu discriminaes ao longo do seu surgimento. Nem todas

    as famlias, mesmo as nobres colocavam seus filhos sem nenhuma excitao. A escola,

    como fenmeno novo, suscitava questes quanto a sua validade: para os nobres, a escola

    era mais um agrupamento, outros moralistas consideravam o ensino particular em

    residncias mais benfico do que a escola pblica; outros questionavam a disciplina

    rigorosa, e ainda h os que consideravam a escola como responsvel por corromper os bons

    costumes devido s ms convivncias que as crianas poderiam encontrar dentro do espao

    escolar. Por um bom tempo, a escola precisou conquistar a confiana do seu grupo social,

    para ser responsvel pela educao de seus filhos.

    A escola assumiu papel importante na escolarizao da infncia principalmente pelo

    fato dela mesmo prolongar a infncia da criana, no permitindo a esta sua incluso

    precoce no mundo dos adultos.

    39

    ARIS, P. Op. cit., p. 165.

  • 16

    Trabalho, educao e infncia: o surgimento dos jardins-de-infncia

    O jardim-de-infncia criado por Froebel, em 1839, influencia no s a escola, mas

    todo o contexto social, servindo de modelo para as demais instituies da infncia.

    Tambm, entusiasma a produo de brinquedos apropriados para a criana (at ento, as

    crianas participavam dos mesmos jogos e brincadeiras dos adultos), como a separao de

    idades das crianas por classes. Froebel pretendia no apenas reformar a educao pr-

    escolar, mas, por meio dela, a estrutura familiar e os cuidados dedicados infncia,

    envolvendo a relao entre as esferas pblicas e privadas40.

    Froebel, em sua proposta pedaggica, no s pensou em crianas, mas tambm

    nas mes ao conclamar

    as mulheres a transcender seus papis domsticos privados e aplicar suas

    qualidades maternais no contexto pblico de uma instituio ao que chamou de maternidade espiritual, uma manifestao da tica feminina de cooperao,

    criao dos filhos e comunidade, em oposio aos valores patriarcais masculinos

    de competio e agresso41

    .

    Novamente a histria da criana se d juntamente com a histria da mulher. Como

    tambm a sua ascenso est estritamente ligada com a ascenso infantil. Assim, o

    movimento dos jardins-de-infncia estava entre os movimentos do sculo XIX que

    procuravam encontrar aplicaes pblicas s virtudes femininas que s estavam presentes

    na esfera privada42.

    Isso viabiliza a entrada da mulher para a vida pblica, pois a insero do trabalho

    feminino nos jardins-de-infncia aconteceu pelo fato de a docncia ser considerada uma

    continuidade do lar. Salientemos que, diante do imaginrio da mulher, a sua

    profissionalizao no iria acontecer de uma hora para outra. Evidentemente, deveria estar

    ligado ao esteretipo criado pela prpria sociedade (boa me, abnegada, delicada, pura). No

    entanto, embora reforasse o imaginrio feminino, essa viso colocou a mulher na

    profissionalizao.

    40

    KUHLMANN JUNIOR, M. Infncia e educao infantil: uma abordagem histrica. Porto Alegre:

    Mediao, 1998, p. 115. 41

    Idem, ibidem, p. 114. 42

    Idem, ibidem, p. 115-116.

  • 17

    Os jardins-de-infncia, embora tenham contribudo para a vinculao da mulher ao

    trabalho docente, tornam-se importantes se considerarmos que, a partir do momento de

    ingresso da mulher no mercado de trabalho industrial, favorece a expanso dos jardins-de-

    infncia. Estes foram desenvolvidos para o atendimento infncia das classes trabalhadoras

    e permite o surgimento de creches, com o objetivo de atender os bebs, visando a um

    atendimento amplo, tanto para a infncia quanto para as mes, que recebiam orientaes

    quanto a educao dos filhos43

    . Era considerada, ento, um lugar de higiene, moral e de

    benefcios sociais.

    As creches, ou a educao infantil, surgem da necessidade de expandir o trabalho

    feminino na segunda metade do sculo XIX, em poca de expanso e auge da indstria.

    Portanto, vinculando-se ao propsito maior: as mes no abandonarem os filhos ao

    ingressarem no mercado de trabalho. Contudo, a creche era fortemente marcada pelas

    diferenas sociais: enquanto os jardins-de-infncia tinham a funo de atender os ricos, as

    creches e asilos atendiam os filhos dos trabalhadores.

    No Brasil a primeira creche registrada, criada para filhos de operrios, surgiu no

    final do sculo XIX, em 1899 A Instituio de Proteo e Assistncia Infncia.44

    Embora, questionada, inicialmente, por muitos (muitas mulheres no trabalhavam no Brasil

    nesta poca), as creches influenciaram todo um tratamento dado infncia pobre,

    principalmente relacionados aos currculos, mtodos pedaggicos, psicologia infantil,

    higiene, atendimento mdico, poltica assistencial, etc.

    A educao infantil oferecida nos jardins-de-infncia, estabeleceu-se no Brasil em

    atendimento s crianas ricas, como prova disso, Kuhlmann Jr. afirma:

    43

    A creche, embora tivesse o objetivo de atender apenas as classes populares, seria considerada o primeiro

    degrau da educao. O segundo, era a escola materna. (termo que substituiu recentemente a palavra sala de

    asilo, que corresponde em muito ao que se chama em outros lugares jardins-de-infncia). (CF. Ibid. 79).

    Ainda, Conforme DONZELOT, J. A polcia das Famlias, 1980.: Sobretudo nos sculos XVIII e XIX, a

    preocupao com o prolongamento da infncia evidente nos discursos higienistas, que visavam uma

    preocupao maior com longevidade infantil. Para isto, os mdicos desenvolvem todo uma discurso em torno

    do ambiente escolar (higiene, cuidados, espao educativo) para a criana. Como encontraram nas mes aliadas

    para o desenvolvimento e a educao da criana, com o objetivo de desenvolver novas atitudes valores

    relacionados aos cuidados para o crescimento fsico e mental da criana. Surgindo assim, planos de

    assistncia para a infncia. Este plano vinculava-se a higienizao, cuidados domsticos, adequao do espao

    fsico escolar, leite materno, vestimentas, disciplina, etc. Como tambm, englobava os problemas

    relacionados aos menores abandonados. Desenvolve-se ento, instituies para estes fins. 44

    KUHLMANN JUNIOR, M. Op. cit., p. 83.

  • 18

    o setor privado da educao pr-escolar, voltado para as elites, com os jardins-de-

    infncia, de orientao froebeliana, teve como principais expoentes, no Rio de

    Janeiro, o do colgio Menezes Vieira, fundado em 1875; e em So Paulo, o da

    Escola Americana, de 1877. No setor pblico, o jardim-de-infncia anexo escola

    normal Caetano Campos, de 1896, atendia aos filhos da burguesia paulistana45

    .

    Mesmo diante desta dualidade social, no Brasil, as creches foram difundidas e

    instaladas, anteriormente em relao aos jardins-de-infncia. Contudo esta instituio

    (creche), estabelece novos vnculos para os filhos dos trabalhadores. Possibilitando novas

    condies para a disperso da instruo infantil, como para a prpria condio da famlia

    trabalhadora.

    O sculo XIX permitiu que o pensamento de civilidade e modernidade acontecesse

    no Brasil, embora de forma tardia e influenciasse todo o modelo educacional, tanto a

    criana quanto a mulher, foram beneficiados em relao importncia que lhes foram

    atribudas. Destarte, este novo perodo incentivado pela crescente presena feminina no

    mercado de trabalho, marcado pelo reconhecimento das instituies de educao infantil

    como dignas e legtimas como possveis de fornecer uma boa educao para as crianas que

    as freqentavam desde que se atendam aos padres de qualidade exigidos para isso46.

    Portanto, as novas condies sociais estabelecidas pelas mudanas provocadas pelo

    capitalismo, ou por bem melhor dizer, pelas novas mentalidades sociais (sentimento da

    famlia, o papel da mulher, sentimento da infncia), ofereceram condies e possibilidades

    para a escolarizao da criana, e principalmente, para o prolongamento da infncia.

    Consideraes finais

    Percebemos que as mudanas que iriam marcar as relaes sociais, a partir do

    sculo XV, com a modernidade, foram oriundas no simplesmente das alteraes

    provocadas pelo novo modelo econmico, mas, tambm, pelas novas mentalidades

    desenvolvidas quanto s concepes de famlia e infncia. O novo sentimento da famlia, o

    qual Aris reafirma, provocaria o novo sentimento atribudo a infncia.

    45

    Idem, ibidem, p. 84. 46

    Idem, ibidem, p. 8.

  • 19

    Ponderar como acontecem estas mudanas, permiti-nos compreender as realidades

    vividas pelos diferentes protagonistas da modernidade; neste caso, o significado do ser

    criana.

    Para Cambi, possuir um conhecimento histrico no implica ter uma ao mais

    eficaz, mas estimula uma atitude crtica e reflexiva, visto que a educao no um

    destino, mas uma construo social, que renova o sentido da ao quotidiana de cada

    educador47.

    Partindo dessa viso, foi nossa inteno compreender como a modernidade

    contribuiu para a diluio do prprio sentimento da infncia que ela mesma inventou.

    Deste modo, Neil Postamn argumenta: o sentimento da infncia que acompanha a

    modernidade estaria desaparecendo48. Em seu pensamento, aquela especfica sensibilidade

    desenvolvida sobre a infncia no incio da modernidade estaria desaparecendo neste final

    de sculo. Sensibilidade esta caracterizada pela inocncia da infncia e pelo cuidado da

    infncia pelo adulto.

    Foi a prpria modernidade que diferenciou a criana do adulto a mesma que insere

    a criana/trabalhador no mercado de trabalho, sujeitando-os s mesmas condies de

    pequeno adulto apresentadas pelo modelo medieval. Problema este to antigo e atual no

    contexto brasileiro49

    .

    Embora estejamos tratando de pocas distintas, pois a sociedade medieval tida como

    mtica, religiosa; o conhecimento e as relaes baseavam-se na oralidade. Falamos da

    atualidade, como uma nova sociedade, caracterizada pela racionalidade e onde a

    informao acontece, principalmente pela escrita. Esta compreenso possibilita-nos fazer

    um paralelo, sem deixar de considerar estas vertentes opostas.

    O prprio desaparecimento da infncia, ao qual nos referimos, ocorre devido s

    relaes estabelecidas pelo mercado e pela prpria racionalidade. A criana vista como

    um pequeno adulto, alvo do consumo, que diante desta nova estrutura lanada ao

    47

    CAMBI, F. Op. cit., p. 13. 48

    FREITAS, M. C.; KUHLMANN JR., M. Os intelectuais na histria da infncia. So Paulo: Cortez, 2002.

    p. 57. 49

    Este fato era uma realidade principalmente na vida das crianas filhas de imigrantes, no incio do sculo

    XX . O cotidiano de crianas e de adolescentes nas fbricas e oficinas do perodo remete sempre para situaos-limite cuja verso mais alarmante traduz-se nos acidentes de trabalho nos primrdios da

    industrializao paulistana. MOURA, E. B. B. Crianas operrias na recm-industrializada. In: DEL PRIORE, M. Histria das crianas no Brasil. 2. ed. So Paulo: Contexto, 2000.

  • 20

    mundo dos adultos sem restries, permitindo diluir o prprio sentimento da infncia

    apresentado por Aris. [O mercado permite que a criana participe da vida adulta por meio

    do consumo. Percebemos isso quando nos referimos s vestimentas: Aris expe que o

    sentimento da infncia desenvolveu-se quando os adultos tambm compreenderam que a

    criana deveria vestir-se diferentemente deles. Nasce, portanto, uma compreenso em

    preservar a infncia em sua pureza, inocncia, recebendo devidos cuidados, prprios para

    sua idade].

    No entanto, o que presenciamos em nossa realidade, ainda que no percebida

    claramente, crianas misturando-se vida adulta de forma precoce, devido s vestimentas,

    palavras e hbitos que seriam eminentemente usados pelos adultos. A televiso sob este

    prisma, exerce tamanha influncia nesta nova mentalidade da infncia, pois, influenciada

    pela vida adulta, a criana incentivada a usar a roupa da atora, cantora ou apresentadora

    adulta. A infncia muda, no h uma distino entre vida adulta e a vida infantil, tudo o

    que pode ser dito, falado e usado, pode ser comum aos dois, tanto por meio de condies

    ditadas pela TV, como condies ditadas pela moda, msica, livros e revistas. Destarte, a

    infncia no pode ser vista como pura ou inocente.

    Nestas novas concepes de vida, a prpria famlia tem pouco contato com criana,

    permitindo que ela exera responsabilidades que seriam designadas a um adulto. Assim,

    para a infncia o lugar social transformado: sai do lugar de inapta, incompleta, para o de

    consumidora, transformando sobremaneira sua forma de inserir-se no mundo50. Isso

    acontece quando a prpria idade adulta modificada, baseada pela competncia de cdigos

    escritos, permitindo que a escrita possibilite a aproximao entre a linguagem adulta e a

    infncia.

    Na atualidade, no s percebemos estes traos, como nos deparamos com o prprio

    termo a reinveno da infncia, que surge da preocupao, por meio de produes

    (artigos, histrias, contos, etc), para que de fato a criana viva o seu lugar, a sua

    inocncia. No entanto, estes trabalhos no deixam de ser imitaes daquilo que os adultos

    utilizam, ou da maneira como os adultos falam, vivem o que dizem. Na verdade, a prpria

    infncia ditada ou narrada pelo adulto, a criana no escreve sua prpria histria51,

    50

    GONDRA, J. Histria, infncia e escolarizao. Belo Horizonte: Editora Autntica, 2001. 51 KUHLMANN JUNIOR, M. Op. cit., p. 31.

  • 21

    permitindo que seja caracterizada como uma idade muda, onde o adulto estabelece o que

    se diz e como se vive. preciso considerar a infncia como uma condio da criana. O

    conjunto das experincias vividas por elas em diferentes lugares histricos, geogrficos e

    sociais muito mais do que uma representao dos adultos sobre esta fase da vida. O que

    exige de ns o olhar sobre a criana como ser concreto, capaz de interagir em seu meio.

    Nesta realidade, a compreenso de construes sociais estabelecidas na sociedade,

    somente a partir deste entendimento, possibilita-nos desenvolver a experincia crtica do

    contexto no qual estamos inseridos. A modernidade, diante de todo o aparato sobre a

    infncia, no permitiu que a infncia deixasse de ser marginalizada tanto pelo trabalho

    infantil, como por diversas agresses fsicas e sexuais provocadas pelos adultos. O

    momento atual desafia a prpria sociedade para entender as relaes estabelecidas em

    funo da prpria tica do mercado, principalmente no que concerne a entender a infncia

    na atual conjuntura moderna.

    Definida como no falante, permanece, embora dentro de um novo contexto

    exposta, aos perigos de sua prpria precocidade. Quer nas classes populares, utilizando-se

    do trabalho como meio de sobrevivncia, quer na classe dominante, influenciada por todo

    um contexto de moda e regalias. Assim, a criana mistura-se em meio aos adultos,

    precocemente...

    Referncias Bibliogrficas:

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