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atrás. O privilégio que tiveram de andar com Cristo, de vê-lo com os próprios olhos e de participar de seus milagres não lhes deu vantagem alguma sobre nós. Não é necessário ver o Senhor com olhos humanos para amá- Io, confiar nele e compartilhar de sua glória 

(1 Pe 1:8).Essa fé é depositada em uma pessoa (w.  1,2).  Essa Pessoa é Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Salvador. Logo no início da carta, Pedro afirma a divindade de Jesus Cristo. O  "Deus" e o "Salvador" não são duas Pessoas diferentes. Essas designações descrevem  uma só Pessoa, Jesus Cristo. Paulo usa expressão semelhante em Tito 2:10 e 3:4.

Pedro lembra seus leitores de que Jesus 

Cristo é o Salvador, repetindo esse título exaltado em 2 Pedro 1:11; 2:20; 3:2, 18. Um salvador   é "alguém que oferece salvação

״

, sendo que o termo salvação  era conhecido pelo povo. Em seu vocabulário, significava livramento das dificuldades" e, mais espe״cificamente, "livramento das mãos do inimigo". Também dava a idéia de "saúde e  segurança". Um médico era considerado um salvador, pois ajudava a livrar o corpo de 

dores e de limitações. Um general vitorioso era um salvador, pois livrava o povo da derrota. Até mesmo uma autoridade sábia era um salvador, pois mantinha a nação em ordem e a livrava da confusão e corrupção.

Não é difícil entender de que maneira o termo "Salvador" aplica-se a nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é, de fato, o Médico dos  médicos, que livra o coração da enfermidade do pecado. É o Conquistador vitorioso, 

que derrotou nossos inimigos - o pecado, a morte, Satanás e o inferno - e que nos conduz em triunfo (2 Co 2:14ss). Ele é "nosso Deus e Salvador" (2 Pe 1:1), "nosso Senhor  e Salvador" (2 Pe 1:11) e "Senhor e Salvador" (2 Pe 2:20). A fim de ser nosso Salvador, teve de entregar a vida na cruz e de morrer pelos pecados do mundo.

O Senhor Jesus Cristo possui três "bens espirituais" que não podem ser obtidos de 

qualquer outra fonte: justiça, graça e paz. Quando cremos nele como Salvador, sua  justiça passa a ser nossa justiça e nos tornamos justos diante de Deus (2 Co 5:21).

C o n h e c i m e n t o   e 

C r e s c i m e n t o

2 P e d r o   1 : 1 - 1 1

Se havia alguém na Igreja primitiva que conhecia a importância de permanecer 

alerta era o apóstolo Pedro. Ainda novo na fé, sua tendência era confiar demais em si 

mesmo, quando o perigo estava próximo, sem dar ouvidos às advertências do Mestre. Precipitou-se quando deveria esperar; dormiu quando deveria orar; e falou quando  deveria ouvir. Mostrou-se um cristão corajoso mas descuidado.

Mas Pedro aprendeu sua lição e deseja que façamos o mesmo. Em sua primeira epístola, o apóstolo enfatizou a graça de Deus  (1 Pe 5:12), mas na segunda carta, sua ênfase 

é sobre o conhecimento de Deus. O termo "conhecer" ou "conhecimento" é usado pelo menos treze vezes nesta breve epístola. Não se refere à mera compreensão intelectual de uma verdade, apesar de esse ser um de seus elementos. Antes, significa participação viva na verdade, no sentido segundo o qual Jesus usa o termo em João 17:3: "E a vida eterna é esta: que te conheçam  a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem envias- 

te" (grifos nossos).Pedro começa sua carta com uma descrição da vida cristã. Antes de descrever os impostores, descreve os cristãos autênticos. A melhor maneira de detectar a dissimulação é compreender as características da verdade. Pedro faz três declarações importantes acerca da vida cristã autêntica.

1. A VIDA CRISTÃ COMEÇA COM A FÉ

(2 Pe 1:1-4)Pedro chama a de "fé igualmente preciosa". Ou seja, nossa situação diante do Senhor ho

 je é a mesma que a dos apóstolos séculos

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1 Jo 3:2). Fomos "[chamados] à sua eternaglória" {1 Pe 5:10) e teremos parte nessa gló-ria, quando Jesus Cristo voltar e levar seupovo para o céu.

Mas também somos "[chamados] para a[...] virtude". Fomos salvos "a fim de [procla-

mar] as virtudes daquele que [nos] chamoudas trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe2:9). Não devemos esperar até chegar aocéu para nos tornar como Jesus Cristo! De-vemos revelar hoje em nosso caráter e con-duta a beleza e graça de nosso Salvador.

Essa fé envolve as promessas de Deus (v. 4). Deus não apenas já deu tudo de queprecisamos para a vida e a piedade, comotambém deu sua Palavra, a fim de nos capa-citar para desenvolver essas duas dádivas.

As promessas são  grandes  porque vêm deum Deus grande e nos conduzem a umavida grande. São preciosas porque seu valoré inestimável. Se perdêssemos a Palavra deDeus, seria impossível colocar outra coisaem seu lugar. Ao que parece, Pedro gostavado adjetivo  pre cioso , pois escreve sobre a"fé igualmente preciosa" (2 Pe 1:1; cf. 1 Pe1:7), as "preciosas e mui grandes promes-sas" (2 Pe 1:4), o "precioso sangue" (1 Pe1:19), a pedra preciosa {1 Pe 2:4, 6) e o Sal-

vador precioso (1 Pe 2:7).Quando o pecador crê em Jesus Cristo,o Espírito de Deus usa a Palavra de Deuspara conceder a vida e a natureza perfeitade Deus ao ser interior. O bebê compartilhada natureza dos pais, e a pessoa nascida deDeus compartilha da natureza de Deus. Opecador perdido está morto, mas o cristãoestá vivo, pois desfruta em comum a nature-za divina. O pecador perdido deteriora-sepor causa de sua natureza corrompida, mas

o cristão pode experimentar uma vida dinâ-mica de piedade, uma vez que tem dentrode si a natureza perfeita de Deus. A huma-nidade está sob a escravidão da corrupção(Rm 8:21), mas o cristão compartilha de li-berdade e crescimento, que fazem parte dofato de possuir a natureza divina.

A natureza determina o desejo. O  porcoquer chafurdar e o cão come até o própriovômito (2 Pe 2:22), mas as ovelhas anseiampor pastos verdejantes. A natureza também

É impossível esforçar-se para merecer   essa justiça, pois ela é uma dádiva de Deus aosque crêem. "Não por obras de justiça prati-cadas por nós, mas segundo sua misericór-dia, ele nos salvou" (Tt 3:5).

A  graça  é o favor de Deus para com os

seres humanos indignos. Em sua misericór-dia, Deus deixa de dar o que merecemos e,em sua graça, dá-nos o que não merecemos.Nosso Deus é "o Deus de toda a graça" (1 Pe5:10) e canaliza essa graça por meio de Je-sus Cristo (Jo 1:16).

O resultado dessa experiência é paz -paz com   Deus (Rm 5:1) e paz de  Deus (Fp4:6, 7). Na verdade, a graça e a paz de Deussão "multiplicadas" para conosco ao andar-mos com ele e crermos em suas promessas.

Essa fé envolve o poder de Deus (v. 3). A vida cristã começa com fé salvadora, féna pessoa de Jesus Cristo. Mas quando co-nhecemos Jesus Cristo pessoalmente, tam-bém experimentamos o poder de Deus eesse poder conduz "à vida e à piedade". Opecador não salvo está morto (Ef 2:1-3), esomente Cristo pode ressuscitá-lo dentre osmortos (Jo 5:24). Quando Cristo ressuscitouLázaro, disse: "Desatai-o e deixai-o ir" (Jo11:44). Livrem-se das mortalhas!

Quando nascemos de novo na famíliade Deus pela fé em Cristo, nascemos com-pletos. Deus nos dá tudo de que precisamospara a "vida e [a] piedade". Não é precisoacrescentar coisa alguma! "Nele, estais aper-feiçoados" (Cl 2:10). Os falsos mestres afir-mavam possuir uma "doutrina especial" queacrescentaria algo à vida dos leitores dePedro, mas o apóstolo sabia que era impos- sível acrescentar qualquer coisa. Assim comoum bebê normal nasce perfeitamente "equi-

pado" para a vida e só precisa crescer, tam-bém o cristão tem todo o necessário e sóprecisa desenvolver-se. Deus nunca tem derecolher um de seus "modelos" por apre-sentar "defeito de fabricação".

Assim como cada bebê possui estruturagenética definida que determina o modocomo ele vai crescer, também o cristão é"geneticamente estruturado" para experi-mentar a "glória e virtude". Um dia, sere-mos como o Senhor Jesus Cristo (Rm 8:29;

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traduzido por "associar" significa "suprir com generosidade". Em outras palavras, desenvolvemos uma qualidade ao exercitar outra. Essas virtudes são relacionadas umas às outras da mesma forma que, nas árvores, os 

galhos mais grossos são relacionados ao tronco, e os mais finos são relacionados aos mais  grossos. Como o "fruto do Espírito" (Gl 5:22, 23), essas qualidades crescem da vida e do relacionamento vital com Jesus Cristo. Para o cristão, não basta "largar mão e deixar que Deus opere", como se o crescimento espiritual fosse apenas uma obra de Deus. Literalmente, Pedro escreve: "Façam todo esforço para trazer juntamente". O Pai e o filho de

vem trabalhar juntos.A primeira qualidade do caráter que  Pedro relaciona é a "virtude". Vimos esse  termo em 2 Pedro 1:3, e seu significado básico é "excelência". Para os filósofos gregos, significava "o cumprimento de algo". Quando algo na natureza cumpre seu propósito, tem-se "virtude, excelência moral". Esse termo também era usado para descrever o poder dos deuses para realizar feitos heróicos. A terra que produz as colheitas é "excelente" porque está cumprindo seu propósito. O instrumento que funciona corretamente é "excelente" porque está fazendo o que deve.

O cristão deve glorificar a Deus, pois tem a natureza de Deus dentro de si; quando faz isso, demonstra sua "excelência", pois está cumprindo seu propósito de vida. A  verdadeira virtude na vida cristã não consiste em "lustrar" qualidades humanas, por 

melhores que sejam, mas sim em produzir qualidades divinas que tornam a pessoa mais semelhante a Jesus Cristo.

A fé ajuda a desenvolver a virtude que, por sua vez, ajuda a desenvolver o "conhecimento" (2 Pe 1:5). O termo traduzido por "conhecimento", em 2 Pedro 1:2, 3, significa "conhecimento pleno" ou "conhecimento crescente". Essa palavra sugere o conhecimento  prá tíco   ou discernimento. Refere-se 

à capacidade de lidar com a vida de modo adequado. É o oposto de  ter a mente tão״voltada para o céu a ponto de não apresentar utilidade alguma na terra". Esse tipo de

determina o compor tamento .   As águias voam e os golfinhos nadam porque é de sua natureza proceder desse modo. A natureza determina a escolha do ambiente: os esquilos sobem em árvores, as toupeiras fazem 

tocas debaixo da terra e as trutas nadam na água. A natureza também determina a asso- c/ação: os leões andam em bandos, as ovelhas em rebanhos, os peixes em cardumes.

Se a natureza determina os desejos, e se temos dentro de nós a natureza de Deus, então devemos ansiar por aquilo que é puro e santo. Nosso comportamento deve ser semelhante ao do Pai e devemos viver no "ambiente espiritual" condizente com nossa 

natureza. Devemos nos associar com o que é próprio de nossa natureza (ver 2 Co  6:14ss). Logo, a vida  piedosa   é a única vida normal e produtiva que o filho de Deus pode ter.

Uma vez que possuímos a natureza divina, "livramo-nos" da contaminação e da corrupção deste mundo perverso. Se nutrirmos a nova natureza com o alimento da Palavra, teremos pouco interesse no lixo que o mundo oferece. Mas se "[dispusermos] para a carne" (Rm 13:14), nossa natureza pecaminosa ansiará por "seus pecados de outrora" (2 Pe 1:9) e desobedeceremos a Deus. A vida de piedade é resultante do cultivo da nova natureza no ser interior.

2. A FÉ REDUNDA EM CRESCIMENTO  

ESPIRITUAL (2 Pe 1:5-7)Onde há vida deve haver crescimento. O  novo nascimento é o começo, não o fim. 

Deus concede a seus filhos tudo de que precisam para viver de modo piedoso, mas seus  filhos devem aplicar-se e ser diligentes no uso dos "meios da graça" que ele já proveu. O crescimento espirituaJ não é automátíco. Requer cooperação com Deus, diligência e disciplina espiritual. "Desenvolvei a vossa salvação [...] porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar" (Fp 2:12, 13).

Pedro relaciona sete características da vida piedosas, mas não se deve pensar nelas como sete contas em um fio ou sete estágios de desenvolvimento. Na verdade, o termo

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próxima desse termo seja a combinação de piedade  e reverência.  É a qualidade do ca-ráter que torna uma pessoa distinta. Ela viveacima das coisas mesquinhas da vida, daspaixões e pressões que controlam a exis-tência dos outros. Procura obedecer à von-

tade de Deus e, ao fazê-lo, busca o bemdos outros.

Não devemos jamais imaginar que a pie-dade seja algo meramente conceituai, pois,na verdade, tem grande impacto prático. Apessoa piedosa toma decisões corretas enobres. Não escolhe o caminho mais fácilpara evitar a dor ou as provações. Antes, fazo que é certo porque é certo e porque é avontade de Deus.

A "fraternidade" (no grego, filadélfia) é

uma virtude que Pedro deve ter adquiridodo jeito mais difícil, pois os discípulos deJesus estavam sempre discutindo entre si ediscordando uns dos outros. Quem ama aJesus Cristo também deve amar os irmãos.Deve-se praticar o "amor fraternal não fingi-do" (1 Pe 1:22) e não apenas fazer de contaque existe amor. "Seja constante o amor fra-ternal" (Hb 13:1). "Amai-vos cordialmenteuns aos outros com amor fraternal" (Rm12 :10). O amor pelos irmãos e irmãs em

Cristo é um sinal de que a pessoa é nascidade Deus (1 Jo 5:1, 2).

Mas o crescimento cristão não se atémao amor fraternal. Também é preciso ter oamor sacrificial que Jesus demonstrou aomorrer na cruz. O amor em 2 Pedro 1:7 éágape,  o tipo de amor que Deus demonstrapelos pecadores perdidos. Esse é o amordescrito em 1 Coríntios 13, o qual o EspíritoSanto produz em nosso coração quandoandamos no Espírito (Rm 5:5; Gl 5:22). Com

amor fraternal,  ama-se por causa das seme-lhanças; mas quando existe amor ágape, ama-se apesar das diferenças.

É impossível a natureza humana decaídaproduzir essas sete qualidades do carátercristão. Elas devem ser geradas pelo Espíritode Deus. Sem dúvida, há não salvos quepossuem autocontrole e perseverança ex-traordinários, mas essas virtudes apontampara elas mesmas, não para o Senhor. Elas éque recebem a glória. Quando Deus produz

conhecimento não se desenvolve automa-ticamente. Antes, é resultante da obediên-cia à vontade de Deus (Jo 7:17). Na vidacristã, não se deve separar o coração damente, o caráter do conhecimento.

O "domínio próprio" é a qualidade se-

guinte na lista de virtudes espirituais de Pedroe significa autocontrole. "Melhor é o lon-gânimo do que o herói da guerra, e o quedomina o seu espírito, do que o que tomauma cidade" (Pv 16:32). "Como cidade der-ribada, que não tem muros, assim é o ho-mem que não tem domínio próprio" (Pv25:28). Em várias ocasiões em suas cartas,Paulo compara o cristão a um atleta que devese exercitar e se disciplinar a fim de ter algu-ma esperança de conquistar o prêmio (1 Co

9:24-27; Fp 3:12-16; 1 Tm 4:7, 8).A  perseverança  é a capacidade de per-

manecer firme nas circunstâncias difíceis. Oautocontrole ajuda a lidar com os  prazeres da vida, enquanto a perseverança diz respei-to principalmente às  pressões e problemas da vida (a capacidade de suportar pessoasproblemáticas é chamada de "longanimi-dade"). Muitas vezes, a pessoa que cede aosprazeres também não tem disciplina sufi-ciente para lidar com as pressões, de modo

que acaba desistindo.A perseverança não se desenvolve auto-

maticamente; é preciso esforço para desen-volvê-la. Tiago 1:2-8 apresenta a abordagemcorreta. Deve-se esperar as provações, pois,sem elas, não se aprende a ser perseveran-te. Deve-se, pela fé, deixar que as provaçõestrabalhem em nosso favor,  não contra nós,pois Deus está operando em meio às difi-culdades. Se for necessário ter sabedoriapara tomar decisões, Deus a concederá, se

a pedirmos. Ninguém gosta de passar porprovações, mas é possível desfrutar a cer-teza que temos, em meio aos problemas,de que Deus está operando, fazendo comque tudo coopere para nosso bem e para aglória dele.

A "piedade" é a "semelhança a Deus".No original grego, essa palavra significava"adorar bem". Descrevia a pessoa cujo re-lacionamento com Deus e com os outrosestava em ordem. Talvez a definição mais

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Alguns dos cristãos mais eficazes queconheço são pessoas que não possuem habilidades ou talentos extraordinários nempersonalidade carismática. No entanto, Deususa sua vida de maneira maravilhosa, pois

se tornam cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo. Apresentam o tipo de conduta ede caráter ao qual Deus pode confiar bênçãos. São frutuosos, pois são fiéis; são eficazes, pois crescem em sua experiência cristã.

Essas belas qualidades de caráter existem em nós porque possuímos a naturezadivina. Devemos cultivá-las para que aumentem e produzam frutos em nossa vida e pormeio dela.

Visão (v. 9).  De acordo com especialistas em nutrição, a dieta pode afetar a visão,uma verdade que se aplica de modo espe-ciai à esfera espiritual. O não salvo está emtrevas, pois Satanás lhe cega o entendimento (2  Co 4:3, 4). O indivíduo precisa nascerde novo a fim de que seus olhos sejam abertos e de que ele veja o reino de Deus (Jo3:3). Mas, depois que os olhos são abertos,é importante desenvolver a visão e enxergar o que Deus quer mostrar. A oração "vendo só o que está perto" é a tradução de umtermo que significa "míope". Retrata umapessoa fechando os olhos ou fazendo forçapara enxergar, sem conseguir focalizar ascoisas mais distantes.

Alguns cristãos vêem apenas a própriaigreja ou denominação, mas não conseguemenxergar a grandeza da família de Deus aoredor do mundo. Alguns cristãos vêem asnecessidades locais, mas não têm visão algu

ma para o mundo perdido. Alguém perguntou a Phillips Brooks o que ele faria parareavivar uma igreja morta, ao que ele respondeu: "Pregaria um sermão missionário e levantaria uma oferta!" Jesus admoestou seusdiscípulos: "Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa" (Jo 4:35).

A lgumas congregações de hoje sãocomo a igreja de Laodicéia: orgulham-se deser ricas e abastadas e de não precisar de coi

sa alguma, e não percebem que são infelizes, miseráveis, pobres, cegas e nuas (Ap3:17). É triste ser "espiritualmente míope",mas é ainda mais triste ser cego!

a bela natureza de seu Filho em um cristão,é Deus quem recebe o louvor e a glória.

Uma vez que se possua a natureza divina, é possível crescer espiritualmente e desenvolver esse tipo de caráter cristão. Esse

crescimento dá-se por meio do poder deDeus e das promessas preciosas de Deus. A"estrutura genética" divina já está presente:Deus deseja que sejamos "conformes à imagem do seu Filho" (Rm 8:29). A vida interiorreproduzirá essa imagem, se cooperarmos diligentemente com Deus e usarmos os meiosque ele nos proporciona em abundância.

O mais impressionante é que, à medidaque a imagem de Cristo é reproduzida em

nós, esse processo não destrói a personalidade. Continuamos sendo singulares!Um dos perigos na igreja de hoje é a

imitação. As pessoas têm a tendência de setornarem parecidas com o pastor, com umlíder da igreja ou, talvez, com algum "cristão famoso". A o fazê-lo, destroem sua singularidade e não se tornam como Jesus Cristo.Perdem dos dois lados! Assim como cadafilho em uma família é semelhante a seuspais e, ao mesmo tempo diferente, tambémcada filho na família de Deus torna-se cadavez mais semelhante a Jesus Cristo e, noentanto, continua sendo diferente. Pais nãose duplicam, mas se reproduzem; e pais sábios permitem que os filhos desenvolvam aprópria identidade.

3. O CRESCIMENTO ESPIRITUAL TRAZ RESULTADOS PRÁTICOS (2 Pe 1 :8-11)De que maneira o cristão pode ter certeza

de que está crescendo espiritualmente?Pedro apresenta três evidências do verdadeiro crescimento espiritual.

Frutos (v. 8).  O caráter cristão é um fimem si, mas também um meio de alcançarum fim. Quanto mais semelhantes a JesusCristo o cristão se tornar, mais o Espírito podeusar sua vida para testemunhar e servir. Ocristão estagnado é infrutífero e "inativo".Seu conhecimento de Jesus Cristo não pro

duz nada prático. O termo traduzido por"inativos" também significa "ineficazes".Quem não consegue crescer não conseguefazer nada!

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cooperar com ele. A eleição divina não deveservir de desculpa para a preguiça humana.

O cristão que está certo de sua eleiçãoe vocação não "tropeça", mas demonstra,por meio de uma vida coerente, que é ver-dadeiramente filho de Deus. Não estará sem-

pre no alto do monte, mas estará sempresubindo. Procedendo desse modo (descri-to em 2 Pe 1:5-7, cf. v. 8), demonstraremoscrescimento e caráter cristão na vida diária,podendo ter a certeza de que somos con-vertidos e de que, um dia, viveremos no céu.

Na verdade, o cristão em crescimentopode aguardar com grande expectativa a"entrada no reino eterno" que lhe "seráamplamente suprida"! Os gregos falavam de"suprir amplamente a entrada" para descre-

ver as boas-vindas dadas aos vencedoresolímpicos quando voltavam para casa. Todocristão irá para o céu, mas alguns terão umarecepção mais gloriosa que outros. Infeliz-mente, alguns cristãos "[serão salvos], toda-via, como que através do fogo" (1 Co 3:1 5).

O termo "suprir", em 2 Pedro 1:11, é amesma palavra traduzida por "associar

 

em2 Pedro 1:5, e corresponde ao termo gregoque significa "pagar as despesas de um co-ral". Quando os grupos teatrais gregos apre-

sentavam seus dramas, alguém precisavaarcar com as despesas, que eram extrema-mente altas. Essa palavra passou a significar"provisão abundante". Se multiplicarmos osesforços para crescer espiritualmente {2 Pe1:5), Deus multiplicará suas provisões paranós quando entrarmos no céu!

Que bênçãos extraordinárias o cristãoem crescimento desfruta: produz frutos, temvisão e segurança... e o que há de melhorno céu! Tudo isso e o céu também!

A vida do cristão começa com a fé, masessa fé deve conduzir ao crescimento espi-ritual, pois, do contrário, será uma fé morta,que não produz salvação (Tg 2:14-26). A féconduz ao crescimento, que, por sua vez,gera resultados práticos na vida e no serviço.Quem vive esse tipo de cristianismo dificil-mente se deixa enganar pelos falsos mes-tres apóstatas.

Se esquecermos o que Deus fez por nós,não teremos ânimo algum para falar de Cris-to a outros. Fomos purificados e perdoadospor meio do sangue de Jesus Cristo! Deusabriu nossos olhos! Não esqueçamos o queele fez! Antes, cultivemos a gratidão no co-

ração e agucemos a visão espiritual. A vidaé curta demais, e as necessidades do mun-do são grandes demais para o povo de Deusficar andando de um lado para o outro deolhos fechados!

Segurança (vv. 10, 11).  Quando anda-mos com os olhos fechados, acabamos tro-peçando. Mas o cristão em crescimentocaminha confiante, pois sabe que está segu-ro em Cristo. O que garante que o indiví-duo é salvo não é sua profissão de fé, mas

sim seu progresso na fé. Se alguém afirmaser filho de Deus, mas seu caráter e condu-ta não dão evidência alguma de crescimen-to espiritual, engana-se a si mesmo e rumapara o julgamento.

Pedro ressalta que a "vocação" e a "elei-ção" andam juntas. O mesmo Deus que e/e-ge seu povo também determina o meio parachamá-lo.  As duas coisas devem ser con-comitantes, como Paulo escreve aos tes-saionicenses: "porque Deus vos escolheu

desde o princípio para a salvação, [...] parao que também vos chamou mediante o nos-so evangelho2) Ts 2:13, 14). Não prega-mos aos incrédulos a doutrina da eleição,mas sim o evangelho. No entanto, Deus usaesse evangelho para chamar os pecadoresao arrependimento, e esses pecadores des-cobrem que foram escolhidos por Deus!

Pedro também afirma que a eleição nãoé desculpa para imaturidade espiritual oupara comodismo na vida cristão. Alguns cris-

tãos dizem: "O que será, será. Não há nadaque eu possa fazer". Mas Pedro nos admo-esta a ter diligência, ou seja, a "fazer todoesforço possível" (usa esse mesmo verbo em2 Pe 1:5). Apesar de ser verdade que Deusprecisa operar em nossa vida antes de ser-mos capazes de fazer sua vontade (Fp 2:12,13), também é verdade que devemos estar  dispostos a deixar Deus trabalhar e devemos

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Jesus havia contado a Pedro quando ecom o o apóstolo morreria. "Quand o, porém,fores velho, estenderás as mãos, e outro tecingirá e te levará para onde não queres" (Jo21:18), Isso explica por que, pouco depoisde Pentecostes, Pedro conseguiu dormir na

véspera do dia marcado para sua execução;sabia que Herodes não tiraria sua vida (At12:1ss). De acordo com a tradição, Pedrofoi crucificado em Roma. Como todos os servos fiéis de Deus, até que sua obra estivessecompleta, Pedro era imortal.

Encontramos pelo menos três motivaçõespor trás do ministério de Pedro ao escreveresta carta. Em primeiro lugar, a obediência  às ordens de Cristo.  "Sempre estarei pronto"

(2 Pe 1:12). Jesus havia lhe dito: "Tu, pois,quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lc 22:32). Pedro sabia que tinha umministério a realizar.

Em segundo lugar, essa lembrança era acoisa certa a fazer.  Em suas palavras: "Considero justo", ou seja, "creio que é correto eapropriado". É sempre correto estimular ossantos e lembrá-los da Palavra de Deus!

Seu terceiro motivo pode ser encontra

do na expressão "esforçar-me-ei diligentemente", em 2 Pedro 1:15. É o mesmo termotraduzido por "diligência" em 2 Pedro 1:5 e10 . Significa "apressar-se em fazer algo, serzeloso em fazê-lo". Pedro sabia que morreria em breve, de modo que desejava cumprir suas responsabilidades espirituais antesque fosse tarde demais. Uma vez que nãosabemos quando vamos morrer, devemoscomeçar a ser diligentes hoje mesmo!

Qual era o objetivo de Pedro? A resposta encontra-se em duas palavras correlatasem 2 Pedro 1:12, 13 e 15 - lembrados  elembrança.  Pedro desejava gravar a Palavrade Deus na mente de seus leitores, a fim deque jamais se esquecessem dela! "Tambémconsidero justo [.

 

] despertar-vos com essaslembranças" (2 Pe 1:13). O termo "despertar" significa "estimular, acordar". A mesmapalavra é usada para descrever uma tem

pestade no mar da Galiléia! (Jo 6:18). Pedrosabia que nossa mente tem a tendência deacostumar-se com a verdade e de deixarde lhe dar o devido valor. Esquecemos o que

D espertem   e  L em b rem -se

2 P e d r o   1 : 1 2 - 2 1

2

A  melhor defesa contra os falsos ensinamentos é a vida autêntica. Uma igreja

cheia de cristão em crescimento dificilmente se torna vítima de apóstatas e de seu cris

tianismo falsificado. Mas a vida cristã deveser baseada na Palavra de Deus, a qual estáinvestida de autoridade. Para os falsos mestres, é fácil seduzir pessoas sem conhecimento da Bíblia, mas que anseiam por ter"experiências" com o Senhor. É perigoso edi-ficar a fé somente sobre experiências subjetivas e ignorar a revelação objetiva.

Pedro trata da experiência cristã na primeira parte de 2 Pedro 1 e, na outra meta

de, discute a revelação da Palavra de Deus.Seu propósito é mostrar a importância deconhecer a Palavra de Deus e de se firmarinteiramente nela. O cristão que sabe em quecrê e por que crê raramente é seduzido porfalsos mestres e por suas doutrinas errôneas.

Pedro ressalta a confiabilidade e durabilidade da Palavra de Deus fazendo um contraste entre as Escrituras e os homens, asexperiências e o mundo.

1. OS HOMENS MORREM, MAS A PALAVRA

VIVE (2 Pe 1:12-15)Os apóstolos e profetas do Novo Testamento lançaram os alicerces da Igreja (Ef 2:20)por meio da pregação e do ensino, e nós,de gerações posteriores, edificamos sobreesses alicerces. No entanto, os homens nãoconstituem a fundação; Jesus é a fundação(1 Co 3:11 ). Também é a pedra angular que

dá coesão ao edifício (Ef 2:20). A fim depermanecer, a Igreja não pode construir sobre homens; antes, deve ser edificada sobreo Filho de Deus.

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2 PEDRO 1:12-21570

acidente de carro! Nossa memória é defi-ciente e seletiva. Costumamos lembrar o quequeremos e, com freqüência, distorcemosaté isso.

Felizmente, é possível depender da Pa-lavra escrita de Deus. "Está escrita

 

e con-

tinuará escrita para sempre. Podemos sersalvos por meio dessa Palavra viva (1 Pe1:23-25), ser nutridos por ela (1 Pe 2:2) e,também, ser guiados e protegidos ao crere obedecer.

2. As EXPERIÊNCIAS PASSAM, MAS AP a l a v r a   p e r m a n e c e   (2 Pe 1:16-18)O tema central deste parágrafo é a transfi-guração de Jesus Cristo. Essa experiência érelatada por Mateus (17:1ss), Marcos (9:2-

8) e Lucas (9:28-36); no entanto, nenhumdesses autores estava presente quando elaocorreu! Mas Pedro estava lá! Aliás, suaspalavras nesta seção (2 Pe 1:12-18) trazemà memória exatamente sua experiência nomonte da transfiguração. Ele usa o termo"tabernáculo" duas vezes (2 Pe 1:13, 14),sugerindo suas palavras no monte: "Fareiaqui três tendas" (Mt 17:4). Em 2 Pedro 1:15,usa o termo "partida", exodus  em grego,palavra usada em Lucas 9:31. Jesus não con-

siderou sua morte na cruz uma derrota, massim um "êxodo": livraria seu povo da escra-vidão da mesma forma que Moisés livrara opovo de Israel do Egito! Pedro descreve aprópria morte como um "êxodo", uma liber-tação da escravidão.

Convém observar o uso repetitivo daprimeira pessoa do plural em 2  Pedro 1:16-19. Trata-se de uma referência a Pedro, Tiagoe João - os únicos apóstolos que acompa-nharam Jesus no monte da transfiguração

(João refere-se a essa experiência em Jo 1:14:"e vimos a sua glória"). Esses três homenssó compartilharam com os outros o que ha-via ocorrido no monte depois da ressurrei-ção de Jesus (Mt 17:9).

Qual foi o significado da transfiguração?Em primeiro lugar, confirmou o testemunhode Pedro acerca de Jesus Cristo (Mt 16:13-16). Pedro viu o Filho em sua glória e ouviuo Pai dizer do céu: "Este é o meu Filho ama-do, em quem me comprazo" (2 Pe 1:17).

devemos lembrar e lembramos o que deve-mos esquecer!

Os leitores desta carta conheciam a ver-dade e eram até "confirmados" na verda-de (2 Pe 1:12), mas isso não garantia que selembrariam sempre dela e que a aplicariam.

O Espírito Santo foi dado à Igreja, dentreoutros motivos, para lembrar os cristãos daslições que já aprenderam (Jo 14:26). Em meuministério de rádio, costumo citar com fre-qüência o que Paulo diz em Filipenses 3:1:"A mim, não me desgosta e é segurança pa-ra vós outros que eu escreva as mesmas coi-sas". Como Mestre Supremo, Cristo repetiualgumas verdades várias vezes ao ensinaro povo.

Pedro sabia que estava para morrer e

desejava deixar para trás algo que não pas-saria: a Palavra escrita de Deus. Suas duasepístolas tornaram-se parte das Escrituras ins-piradas e têm ministrado aos santos ao lon-go dos séculos. Os homens morrem, mas aPalavra de Deus permanece!

E possível que Pedro também se referis-se ao Evangelho de Marcos. A maioria dosestudiosos da Bíblia acredita que o Espíritousou Pedro para dar a João Marcos algunsdos dados para seu Evangelho (ver 1 Pe 5:13).

De acordo com Papias, um dos patriarcasda Igreja, João Marcos era "discípulo e intér-prete de Pedro".

A Igreja de Jesus Cristo está sempre auma geração da extinção. Se não houvessequalquer revelação escrita confiável, teria-mos de depender da tradição oral. Quem jábrincou de "telefone sem fio" sabe comouma frase pode mudar radicalmente depoisde ser passada adiante várias vezes. Não de-pendemos de tradições de homens mortos,

mas sim da verdade da Palavra de Deus. Oshomens morrem, mas a Palavra de Deuspermanece para sempre.

Se não tivéssemos uma revelação escritaconfiável, estaríamos à mercê da memóriahumana. Quem se orgulha de ter excelentememória deveria assentar-se no banco dastestemunhas de um tribunal! É impressionan-te como três testemunhas absolutamentehonestas podem, com a consciência lim-pa, dar três relatos distintos sobre o mesmo

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5712 P E D R O 1 : 1 2 - 2 1

que cristãos professos na Igreja "se [recusariam] a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas" (2 Tm 4:4). Paulo tambémadvertiu Tito sobre as "fábulas judaicas

 

(Tt1:14), indicando que até mesmo alguns dos

 judeu s abandonaram suas Escr ituras sagradas em troca de substitutos criados por seres humanos.

Pedro apresenta um resumo do que viue ouviu no monte da transfiguração. Viu Jesus Cristo vestido em glória majestosa e,portanto, testemunhou uma demonstraçãodo "poder e [da] vinda" do Senhor JesusCristo. Jesus Cristo não mostrou abertamentesua glória quando veio ao mundo em Belém.

Sem dúvida, revelou sua glória em seus milagres (Jo 2:11), mas até mesmo esses sinaisforam realizados, em primeiro lugar, porcausa dos discípulos. O rosto de Jesus nãoresplandecia e ele não tinha uma auréolasobre a cabeça. "Não tinha aparência nemformosura; olhamo-lo, mas nenhuma belezahavia que nos agradasse" (Is 53:2).

Pedro não apenas viu a glória de Deuscomo também ouviu a voz do Pai da "Glória Excelsa". Testemunhas são pessoas querelatam fielmente o que viram e ouviram (At4:20), e Pedro foi uma testemunha fiel. Jesus Cristo de N azaré é o Filho de Deus? Sim!Como sabemos disso? O Pai nos disse!

Não testemunhamos pessoalmente atransfiguração, mas Pedro estava lá e apresenta um registro preciso de sua experiência na carta que escreveu inspirado peloEspírito de Deus. As experiências passam,mas a Palavra de Deus permanece! As expe

riências são subjetivas, mas a Palavra de Deusé objetiva. As experiências podem ser interpretadas de diferentes formas pelos váriosparticipantes, mas a Palavra de Deu s apresenta uma única mensagem clara. As memóriasde nossas experiências podem ser distorcidas inconscientemente, mas a Palavra deDeus não muda e permanece para sempre.

Ao estudar 2 Pedro 2, vemos que osmestres apóstatas tentavam fazer o povo

desviar-se da Palavra de Deus e buscar "experiências mais profundas" contrárias à Palavra. Esses falsos mestres usavam "palavrasfictícias" em vez da Palavra inspirada de Deus

Primeiro depositamos nossa fé em Cristo eo confessamos, e, depois, ele os dá a confirmação maravilhosa.

A transfiguração também teve um significado especial para Jesus Cristo, que se apro

ximava, então, do Calvário. Foi uma formade o Pai fortalecer o Filho para a provaçãoterrível de ser sacrificado pelos pecados domundo. A Lei e os Profetas (Moisés e Elias)apontaram para seu ministério e para o modo de Cristo cumprir essas Escrituras. O Paifalou do céu e assegurou o Filho de seu amore aprovação. A transfiguração foi prova deque, quando estamos dentro da vontadede Deus, o sofrimento conduz à glória.

Encontramos, ainda, uma terceira mensagem relacionada ao reino prometido. Nostrês Evangelhos que registram a transfiguração, o relato começa com uma declaraçãosobre o reino de Deus (Mt 16:28; Mc 9:1;Lc 9:27). Jesus prometeu que, antes de morrerem, alguns discípulos veriam o reino deDeus em poder! Isso se cumpriu no monteda transfiguração, quando Jesus revelou suaglória. Foi uma palavra de afirmação para osdiscípulos que estavam tendo dificuldadeem compreender os ensinamentos de Cristo acerca da cruz. Se ele morresse, o queseria do reino prometido sobre o qual vinhapregando ao longo de todos aqueles meses?

Podemos entender, agora, por que Pedrousa esse acontecimento em sua carta: pararefutar falsos ensinamentos de apóstatas,segundo os quais o reino de Deus nuncaviria (2 Pe 3:3ss). Esses falsos mestres negavam a promessa da vinda de Cristo! No

lugar das promessas de Deus, esses impostores colocavam "fábulas engenhosamenteinventadas" (2 Pe 1:16) que privavam os cristãos de sua bendita esperança.

O termo "fábulas" refere-se a "mitos",histórias inventadas sem qualquer base emfatos. O mundo grego e romano era repletode histórias sobre deuses que não passavamde especulações humanas na tentativa deexplicar o mundo e suas origens. Por mais

interessantes que sejam esses mitos, os cristãos não devem levá-los a sério (1 Tm 1:4);antes, devem rejeitá-los (1 Tm 4:7). Pauloadvertiu Timóteo de que viria um tempo em

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conduziria à glória e que, em última análise,a cruz resultaria na coroa.

Pedro, Tiago e João também precisavamaprender uma lição bastante prática, pois ostrês também sofreriam. Tiago foi o primeiroapóstolo a morrer (At 12:1,2). João teve vida

longa mas marcada pelo exílio e pela afli-ção (Ap 1:9). Pedro sofreu pelo Senhor du-rante seu ministério e entregou a vida peloMestre exatamente como Jesus havia profe-tizado. No monte da transfiguração, Pedro,Tiago e João aprenderam que o sofrimentoe a glória andam juntos e que o amor e aaprovação especial do Pai são concedidosaos que estão dispostos a sofrer por amor aCristo. Precisamos dessa mesma lição hoje.

Pedro não pôde dividir sua experiência

conosco, mas compartilhou seu registro paraque o tivéssemos gravado permanentemen-te na Palavra de Deus. Não é preciso tentarreproduzir essas experiências; na verdade,tais tentativas acabam sendo perigosas, poiso diabo poderia produzir uma falsa expe-riência, a fim de nos fazer desviar do cami-nho da verdade.

Convém lembrar a declaração maravi-lhosa de Pedro no início desta epístola acer-ca da "fé igualmente preciosa". Isso significa

que nossa fé é tão preciosa quanto a dosapóstolos! Eles não viajaram de primeira cias-se e nos deixaram aqui para viajar de classeeconômica. Pedro escreve "aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa" (grifonosso). Não estamos no monte da transfigu-ração, mas ainda assim podemos nos bene-ficiar dessa experiência ao meditar sobre elae permitir que o Espírito de Deus revele asglórias de Jesus Cristo.

Por meio desses contrastes, aprendemos

duas verdades importantes: os homens mor-rem, mas a Palavra de Deus continua sempreviva; as experiências passam, mas a Palavrade Deus permanece. Pedro acrescenta umterceiro contraste.

3 . O MUNDO ESCURECE, MAS A PALAVRA RESPLANDECE (2 P e  1 : 1 9 - 2 1 )

Em alguns aspectos, o mundo está melho-rando. Sou grato a Deus pelos avanços namedicina, nos transportes e nos meios de

(2 Pe 2:3) e ensinavam "heresias destruido-ras" (2 Pe 2:1). Em outras palavras, trata-sede uma questão de vida ou morte! Quemcrê na verdade vive, mas quem crê em men-tiras morre. É a diferença entre a salvação ea condenação.

Ao lembrar seus leitores da transfigura-ção, Pedro afirma várias doutrinas importan-tes da fé cristã. Declara que Jesus Cristo é,de fato, o Filho de Deus. O teste de qual-quer religião é o que ela afirma acerca deJesus Cristo. Se um mestre religioso nega adivindade de Cristo, não passa de um falsomestre (1 Jo 2:18-29; 4:1-6).

Mas a pessoa de Jesus Cristo não é oúnico teste; também se deve perguntar: "Oque é a obra de Jesus Cristo? Por que ele

veio e fez o que fez?" Mais uma vez, a trans-figuração dá a resposta, pois Moisés e Elias"apareceram em glória e falavam da sua par-tida [êxodo], que ele estava para cumprirem Jerusalém" (Lc 9:31). Sua morte não foisimplesmente um exemplo, como algunsteólogos liberais desejam levar a crer; foium êxodo, uma realização. Cristo realizoualgo na cruz: a redenção dos pecadoresperdidos!

A transfiguração também foi uma afirma-

ção da veracidade das Escrituras. Moisésrepresentava a Lei; Elias, os Profetas; e am-bos apontavam para Jesus Cristo (Hb 1:1-3).Ele cumpriu a Lei e os Profetas (Lc 24:27).Cremos nas Escrituras porque Jesus creunelas e afirmou que são a Palavra de Deus.Os que questionam a veracidade e autori-dade das Escrituras não argumentam contraMoisés, Elias ou Pedro, mas sim contra oSenhor Jesus Cristo.

Esse acontecimento também afirmou a

realidade do reino de Deus. Nós, que temosa Bíblia completa, podemos olhar para tráse entender as lições progressivas que Jesusensinou a seus discípulos acerca da cruz edo reino; mas naquela época, os doze ho-mens ficaram extremamente confusos. Nãoentenderam a relação entre o sofrimentoe a glória de Cristo (a Primeira Epístola dePedro trata desse tema) e entre a Igreja eseu reino. Na transfiguração, Cristo deixouclaro a seus seguidores que o sofrimento

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certa por causa do que Pedro experimentou. A transfiguração corroborou as promessas proféticas. Os apóstatas tentariamdesacreditar a promessa da vinda de Cristo(2 Pe 3:3ss), mas as Escrituras são fiéis. Afi

nal, a promessa do reino foi reafirmada porMoisés, Elias, o Filho de Deus e o Pai! E oEspírito Santo registrou essa verdade paraque fosse lida pela Igreja!

"O testemunho do Senhor é fiel" (S119 :7)."Fidelíssimos são os teus testemunhos" (SI93:5). "Fiéis, todos os seus preceitos" (SI111:7). "Por isso, tenho por, em tudo, retosos teus preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade" (SI 119:128).

É interessante co locar lado a lado 2 Pedro1:16 e 19: "Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor JesusCristo seguindo fábulas engenhosamenteinventadas [...] Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética

 

. Em minhas viagens, não é raro encontrar nos aeroportosmembros de seitas trabalhando com grandezelo, todos tentando me fazer comprar seuslivros. Sempre me recuso, pois tenho a Palavra fiel de Deus e não preciso de fábulas

religiosas de homens. "Que tem a palha como trigo?

 

(Jr 23:28).Um dia, porém, encontrei um desses li

vros que alguém havia esquecido no banheiro dos homens e decidi levá-lo comigoe lê-lo. Não consigo entender como alguémé capaz de crer em fábulas tão tolas. O tallivro afirmava ser baseado na Bíblia, mas oescritor distorceu as Escrituras de modo afazer os versículos citados significarem exa

tamente o que ele queria. Fábulas elaboradascom grande astúcia! No entanto, dentrodaquele livro, encontrava-se a morte espiritual para qualquer um que lesse e cressenaquelas mentiras.

É a Palavra resplandecente (v . 19b). Pedro chama o mundo de "lugar tenebroso", sendo que o adjetivo refere-se a algo"obscuro". É o retrato de um porão escuroou de um pântano sinistro. A história huma

na teve início em um lindo jardim, mas hojeesse jardim é um pântano tenebroso. O quevemos ao olhar para o sistema deste mundoindica a condição espiritual de nosso coração.

comunicação. Posso me dirigir a mais pessoas em um programa de rádio do que osapóstolos alcançaram em sua vida inteira.Posso escrever livros que serão distribuídosem outros países e até traduzidos para ou

tras línguas. O mundo também fez grandeprogresso na área científica. No entanto,o coração humano continua perverso, etodo esse aprimoramento de recursos nãomelhorou nossa vida. A ciência médica podeproporcionar uma vida mais longa, mas nãotem como garantir a qualidade de vida. Osmeios modernos de comunicação tambémservem para espalhar mentiras com maisrapidez e facilidade! Aviões a jato transportam as pessoas mais rapidamente de umlugar para outro, mas não há lugares melhores para ir!

O fato de o mundo encontrar-se mergulhado em trevas espirituais não deve causarespanto. No sermão do monte, Jesus advertiu que a Igreja seria invadida por impostoresque ensinariam falsas doutrinas (Mt 7:13-29).Paulo dá uma advertência semelhante aospresbíteros de Éfeso (At 20:28-35) e apresenta outras admoestações em suas epísto-

Ias (Rm 16:17-20; 2  Co 11:1-15; Gl 1:1-9; Fp3:17-21; Cl 2; 1 Tm 4; 2 Tm 3 - 4). Até mesmoJoão, o grande "apóstolo do amor", advertesobre mestres anticristãos que tentariamdestruir a Igreja (1 Jo 2:18-29; 4:1-6).

Em outras palavras, os apóstolos não esperavam que o mundo se tornasse cada vezmelhor em termos espirituais ou morais. Todos advertiram a Igreja sobre falsos mestresque invadiriam as congregações locais, apre

sentariam falsas doutrinas e fariam muitaspessoas se desviarem. O mundo escureceriacada vez mais, e a Palavra de Deus resplandeceria cada vez mais.

Pedro faz três declarações acerca dessaPalavra.

É a Palavra confirmada (v. 19a).  Pedronão está sugerindo que a Bíblia seja maisverdadeira do que a experiência que ele teveno monte da transfiguração. Sua experiên

cia foi real, e o registro bíblico é confiável.Como vimos, a transfiguração foi uma demonstração da promessa dada na Palavraprofética, e hoje essa promessa é ainda mais

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2 PE D R O 1 :1 2-21574

pelo Espírito Santo 

. O termo traduzido por"movidos" significa "ser conduzido, comouma embarcação é levada pelo vento". AsEscrituras não foram inventadas por homens,mas sim inspiradas por Deus.

Mais uma vez, Pedro refuta as doutrinas

dos apóstatas. Ensinavam com "palavras fic-tícias" (2 Pe 2:3) e distorciam as Escriturasde modo a fazê-las significar outra coisa(2 Pe 3:16). Negavam a promessa da vindade Cristo (2 Pe 3:3, 4) e, desse modo, con-tradiziam as próprias Escrituras proféticas.

Uma vez que foi o Espírito quem deu aPalavra, somente o Espírito pode ensinar einterpretar a Palavra corretamente (ver 1 Co2:14, 15). É evidente que todo falso mestreafirma ser "guiado pelo Espírito", mas logo

é desmascarado pela forma como maneja aPafavra de Deus. Uma vez que a Bíblia nãoveio a existir pela volição humana, tambémnão pode ser compreendida pela voliçãohumana. Até mesmo Nicodemos, um ho-mem religioso e líder dos judeus, mostrou-se ignorante das doutrinas mais essenciaisda Palavra de Deus (Jo 3:10-12).

Em 2 Pedro 1:20, Pedro não proíbe ocristão de estudar a Bíblia sozinho. Algunsgrupos religiosos ensinam que somente os

"líderes espirituais" podem ensinar as Escri-turas e usam esse versículo para defendertal idéia. Mas Pedro não está escrevendoprimeiramente sobre a interpretação dasEscrituras, mas sim sobre sua origem: sãoprovenientes do Espírito Santo por meio dehomens santos de Deus. E, uma vez que vie-ram do Espírito, devem ser ensinadas peloEspírito.

A palavra traduzida por "particular" sig-nifica "pertencente a alguém" ou "próprio".

Essa afirmação sugere que, uma vez quetodas as Escrituras foram inspiradas pelo Es-pírito, devem apresentar coerência, e ne-nhum de seus textos pode ser separado dotodo. Ao isolar um versículo de seu contex-to verdadeiro, é possível usar a Bíblia paraprovar praticamente qualquer coisa, sendoessa, exatamente, a abordagem empregadapelos falsos mestres. Pedro afirma que o tes-temunho dos apóstolos confirmou o teste-munho da Palavra profética; trata-se de uma

Ainda podemos ver a beleza de Deus nacriação, mas não vemos beleza alguma noque a humanidade faz com essa criação.Pedro não vê o mundo como um jardimdo Éden, e também não devemos imaginá-Io como tal.

Deus é luz e sua Palavra é luz. "Lâmpa-da para os meus pés é a tua palavra e, luzpara os meus caminhos" (SI 119:105).Quando Jesus Cristo começou seu ministé-rio, "aos que viviam na região e sombra damorte resplandeceu-lhes a luz" (Mt 4:16).Sua vinda a este mundo foi a aurora de umnovo dia (Lc 1:78). Nós, cristãos, somos aluz do mundo (Mt 5:14-1 6), e é nosso privi-légio e responsabilidade mostrar a Palavrada vida - a luz de Deus - para que os ho-

mens vejam o caminho e sejam salvos (Fp2:14-16).Como cristãos, devemos obedecer a essa

Palavra e governar nossa vida de acordo como que ela diz. Para os incrédulos, as coisasficarão cada vez mais escuras até acabaremem trevas eternas; mas o povo de Deus es-pera a volta de Jesus Cristo e a aurora deum novo dia de glória. Os falsos mestreszombavam dessa esperança, mas Pedro rea-firma a verdade da Palavra fiel de Deus. "Virá,

entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor"(2 Pe 3:10).Antes de o dia raiar, a "estrela da alva"

brilha intensamente como um arauto doamanhecer. Para a Igreja, Jesus Cristo é "abrilhante Estrela da manhã" (Ap 22:16). Pormais sombrio que seja o dia, a promessa desua vinda resplandece intensamente (ver Nm24:1 7). Ele também é o "sol da justiça", quetrará cura para os cristãos e julgamento paraos ímpios (Ml 4:1, 2). Devemos ser pro-

fundamente agradecidos pela Palavra fiel eresplandecente de Deus e obedecer a elanestes dias de escuridão!

É a Palavra dada pelo Espírito (vv. 20, 21).  Vemos aqui uma de duas declaraçõesimportantes das Escrituras acerca da inspira-ção divina da Palavra de Deus. A outra pas-sagem é 2 Timóteo 3:14-17. Pedro afirmaque as Escrituras não foram redigidas por ho-mens que usaram as próprias idéias e pala-vras, mas sim por homens de Deus "movidos

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5752 PEDRO 1:12-21

d a P a l a v r a , s u b s t i t u i n d o - a p e l a c o n s c i ê n c i a  

d o c r i s t ã o i n d i v i d u a l .

A t é 0d i a a m a n h e c e r , é p r e c i s o c e r t i f i

c a r - s e d e q u e 0a m o r p e l a v i n d a d e C r is t o é  

c o m o u m a e s t r e l a r e s p l a n d e c e n t e n o c o r a

ç ã o ( 2 P e 1 : 1 9 ) . Q u e m a m a s u a v i n d a e sp e ■  

r a p o r e la ; e é a P a l a v r a q u e m a n t é m a c e s a 

e s s a e x p e c t a t i v a .

O s h o m e n s m o r r e m , m a s a P a l a v r a v i

v e . A s e x p e r i ê n c i a s p a s s a m , m a s a P a l a v r a 

p e r m a n e c e . O m u n d o e s c u r e c e , m a s a l u z 

p r o f é t ic a r e s p l a n d e c e c a d a v e z m a i s . O c r i s

t ã o q u e e d i f i c a a v id a n a P a la v ra d e D e u s e 

q u e e s p e r a a v i n d a d o S a l v a d o r d i f i c i l m e n t e 

s e r á e n g a n a d o p o r fa l s o s m e s t r e s . A n t e s , s e r á 

e n s i n a d o p e l o E s p í r it o e f ir m a d o n a P a l a v r a 

f i e l d e D e u s .

A m e n s a g e m d e P e d r o é : " d e s p e r t e m - 

e l e m b r e m - s e ! 

H á i g r e j a s q u e d ã o e s p a ç o  

p a r a 0 d i a b o a t u a r . O i n i m i g o d a p a r á b o l a  

e m M a t e u s 1 3 : 2 4 s s s e m e o u 0 j o i o e n q u a n

t o o s h o m e n s d o r m i a m .

O a p ó s t o l o i n s ta - n o s a p e r m a n e c e r a l e r

t a s . " D e s p e r t e m e l e m b r e m - s e ! "

m e n s a g e m s e m c o n t r a d i ç õ e s . P o r t a n t o , a 

ú n i c a m a n e i r a d e o s f a l s o s m e s t r e s " p r o v a · 

r e m " s u a s d o u t r i n a s h e r é t i c a s é p e l o u s o 

i n d e v i d o d a P a l a v r a d e D e u s . T e x t o s i s o l a

d o s f o r a d e s e u c o n t e x t o t r a n s fo r m a m - s e e m  

p r e t e x t o .

A P a l a v r a d e D e u s f o i e s c r i t a p a r a p e s s o a s c o m u n s , n ã o p a r a p r o f e s s o r e s d e t e o · 

l o g i a . O s a u t o r e s p a r t i r a m d o p r e s s u p o s t o 

d e q u e s u a s p a l a v r a s s e r i a m l i d a s , c o m p r e

e n d i d a s e a p l i c a d a s p o r g e n t e c o m u m , g u i a

d a p e l o m e s m o E s p i r i t o S a n t o q u e i n s p ir o u 

t a is p a l a v r a s . A t é 0c r is t ã o m a i s h u m i l d e p o d e 

a p r e n d e r s o b r e D e u s a o l e r e m e d i t a r a c e r ■ 

c a d a P a l a v r a d e D e u s ; n ã o p r e c i s a d e " e s

p e c i a l i s t a s " p a r a l h e m o s t ra r a v e r d a d e , N o 

e n t a n t o , i s s o n ã o n e g a 0 m i n i s t é r i o d o s  

m e s t re s n a I g r e ja ( E f 4 : 1 1 ) , p e s s o a s e s p e c i a i s 

q u e t ê m 0d o m d e e x p l i c a r e a p l ic a r a s E s

c r i t u r a s . T a m b é m n ã o n e g a a " s a b e d o r i a  

c o l e t i v a " d a I g r e j a , u m a v e z q u e , n o d e c o r ■ 

r e r d a s e r a s , e s s a s d o u t r i n a s f o r a m d e f in i d a s 

e r e f i n a d a s . O s m e s t r e s e o s c r e d o s t ê m s e u  

l u g a r, m a s n ã o d e v e m u s u r p a r a a u t o r id a d e

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os membros da igreja dariam ouvidos a um"profeta", mas atentariam para um mestreda Palavra. Satanás sempre usa a abordagemmais eficaz.

A fim de nos admoestar a ficar alertas,Pedro apresenta três aspectos dessa ques-tão dos falsos mestres na Igreja.

1 . U m a d e s c r i ç ã o d o s f a l s o s m e s t r e s  (2 Pe 2:1-3)Não é uma imagem agradável! Quando selê a Epístola de Judas, vê-se como ele usaessa mesma linguagem vivida. Pedro sabiaser impossível a verdade da Palavra de Deuse as falsas doutrinas dos hereges coexisti-rem. Não poderia fazer qualquer tipo de con-cessão, assim como um cirurgião não podedeixar qualquer vestígio de um tumor maiig-

no no corpo do paciente.Engano (v. 1a).  Este tema repete-se ao

longo de todo o capítulo. Em primeiro lugar,a mensagem de tais mestres é falsa. Pedrochama os ensinamentos deíes de "heresiasdestruidoras". Originalmente, a palavra he- resia significava apenas "fazer uma escolha",mas passou a referir-se a uma "seita ou par-tido". Promover um espírito partidário den-tro da igreja é uma das obras da carne (Gl5:20). Sempre que um membro pergunta a

outro: "Você está do meu lado ou do ladodo pastor?", está promovendo um espíritopartidário e causando divisão. O falso mes-tre obriga a pessoa a escolher entre suas dou-trinas e as da verdadeira fé cristã.

Não apenas sua mensagem era falsa, mastambém seus métodos eram enganadores.Em vez de declararem abertamente em quecriam, entravam na igreja sob falsos pretex-tos e davam a impressão de ser fiéis à fécristã. Uma tradução literal seria: "colocam

ao lado secretamente". Não descartam averdade de imediato; antes, colocam seusfalsos ensinamentos lado a lado com a ver-dade e dão a impressão de crer nos funda-mentos da fé cristã. Mas, em pouco tempo,removem a verdadeira doutrina e deixam emseu lugar a falsa.

Em 2 Pedro 2:3, o apóstolo ressalta queos falsos mestres usam "palavras fictícias".O termo grego é  plastos,  de onde vem a

C u idado   com   os  

Impostores

2 P edro   2:1-9

Um dos negócios fraudulentos mais bem-sucedidos hoje em dia é a venda de

arte falsificada. Até mesmo algumas das me-Ihores galerias e coleções particulares já fo-ram vítimas de falsificações astuciosas deobras dos grandes mestres. Editoras também

 já foram logradas, comprando manuscritos"genuínos" que, no final das contas, não eramassim tão autênticos.

Mas as falsificações não são novidade.Satanás é o "grande imitador" (ver 2  Co11:13-15) e vem trabalhando com afincodesde que enganou Eva no jardim (Gn 3:1-7; 2 Co 11:1-4). O inimigo tem cristãos fal-sos (Mt 13:38; Jo 8:44), um falso evangelho(Gl 1:6-9) e até uma falsa justiça (Rm 9:30 -10:4). Um dia, apresentará ao mundo um

falso Cristo (2 Ts 2).Em várias ocasiões, a nação de Israel

desviou-se da verdade por dar ouvidos a fal-sos profetas. Elias teve de confrontar os pro-fetas de Baal, que promoviam uma religiãopagã. No entanto, foram os falsos profetasde Israel  que causaram mais estrago, poisafirmavam falar em nome do Deus Jeová.Tanto Jeremias quanto Ezequiel denunciaramesse ministério não verdadeiro, mas, aindaassim, o povo escolheu seguir os imposto-

res, pois a religião dos falsos profetas erasimples, confortável e fácil de aceitar. Nãose preocupavam com o fato de que os fal-sos profetas pregavam uma paz irreal (Jr6:14). Essa era mensagem que queriam ouvir!

Os apóstolos e profetas lançaram os ali-cerces da Igreja e depois saíram de cena (Ef2:20). Assim, Pedro escreve sobre falsosmestres e não sobre falsos profetas, pois ain-da existem mestres na igreja. Dificilmente

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com o um todo. O cristianismo é Cristo, e seele não é quem afirma ser, não existe fé cristã.

É importante deixar claro que esses falsos mestres não eram salvos. São comparados a cães e porcos, não a ovelhas (2  Pe

2:22). Judas descreve essas mesmas pessoase, em Judas 19, afirma claramente "que nãotêm o Espírito". Se um indivíduo não tem oEspírito de Deus dentro de si, não é filho deDeus (Rm 8:9). Pode fingir que é salvo e atése tornar membro ou líder de uma igrejaconservadora, mas, um dia, acabará negando ao Senhor.

Em que sentido essas pessoas foram "resgatadas" pelo Senhor? Apesar de ser verda

de que Jesus Cristo morreu pela Igreja (Ef5:25), também é verdade que ele morreupelos pecados do mundo todo (1 Jo 2:2).Ele é o homem que comprou o campo todo(o mundo) para que pudesse adquirir o tesouro que se encontrava nele (Mt 13:44).No que diz respeito a sua aplicação,  a ex-piação de Cristo é limitada aos que crêem.Mas no que diz respeito a sua eficácia,  suamorte é suficiente para o mundo todo. Elecomprou até mesmo os que o rejeitaram enegaram, o que toma ainda maior a condenação de tais indivíduos.

Até mesmo cristãos piedosos e dedicados podem discordar quanto a detalhesda doutrina, mas todos concordam quantoà Pessoa e à obra de Jesus Cristo. Ele é oFilho de Deus e é Deus Filho. É o único Salvador. Negar essa verdade é conden ar a própria alma.

Sensualidade (v. 2).  As "práticas liberti

nas" referem-se a uma "conduta licenciosa".Judas acusa os falsos mestres de [transfer-marem] em libertinagem a graça de nossoDeus

 

(Jd 4). Agora entendemos por que elesnegam as verdades da fé cristã: desejamsatisfazer as próprias concupiscências, e ofazem à guisa da religião. Os falsos profetasdo tempo de Jeremias eram culpados desses mesmos pecados (Jr 23:14, 32).

O fato de que muitos  seguem o exemplo

de sua conduta perversa prova que as pessoaspreferem seguir as coisas falsas em vez dasverdadeiras, as sensuais em vez das espirituais. Esses falsos mestres são extremamente

palavra  plá st ico.  Palavras de plástico! Palavras que podem ser distorcidas de modo asignificar qualquer coisa! Os falsos mestresusam nosso vocabu lário, mas não usam nosso dicionário. Falam de "salvação", de "ins

piração" e de outras grandes palavras da fécristã, mas não respeitam seu significado real.Cristãos imaturos e ignorantes ouvem essespregadores ou lêem seus livros e pensamque tais homens possuem uma fé autêntica,quando, na verdade, não é esse o caso.

Satanás é mentiroso, como também osão seus ministros. Não usam a Bíblia paraesclarecer, mas sim para enganar. Seguemo mesmo padrão empregado por Satanás

quando enganou Eva (Gn 3:1-6). Primeiro,questionou a Palavra de Deus: "É assim queDeus disse.

 

?" Então, negou a Palavra deDeus: "É certo que não morrereis". Por fim,colocou sua mentira no lugar da verdade:"Como Deus, sereis conhecedores do beme do mal".

É importante lembrar sempre que essesmestres apóstatas não são inocentementeignorantes da Palavra de Deus, como nocaso de Apoio (At 18:24-28). Conhecem averdade, mas a rejeitam deliberadamente. Emum congresso de líderes cristãos foi pedidoa um pastor que apresentasse sua dissertação sobre "A visão paulina da justificação ".Ele leu o texto que havia preparado e fezuma apresentação esplêndida da verdadedo evangelho e da justificação pela fé. Depois de sua palestra, um amigo comentoucom ele:

- Não sabia que você acreditava nisso.

- Não acredito - respondeu o pastor liberal. - Não perguntaram quais eram as minhas convicções. Pediram que eu escrevessesobre o ponto de vista de Paulo!

Negação (v. 1b).  Os falsos mestres sãomais conhecidos por aquilo que negam doque por aquilo que afirmam. Negam a inspiração da Bíblia, o caráter pecaminoso doser humano, a morte sacrificial de Jesus Cristo na cruz, a salvação somente pela fé e até

mesmo a realidade do julgamento eterno.Negam especialmente a divindade de JesusCristo, pois sabem que, se eliminarem suadivindade, podem destruir a verdade cristã

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2 PEDRO 2:1-9578

a verdade da Bíblia e que procuravam fábu-las (2 Tm 4:1-4). A religião pode ser um ins-trumento poderoso de exploração dos maisfracos, e esses falsos mestres aproveitavam-se ao máximo desse instrumento. Não eramministros, mas sim mercadores.

O verdadeiro ministro de Jesus Cristo nãotem coisa alguma a esconder: sua vida e seuministério são um livro aberto. Ele prega averdade em amor e não distorce as Escritu-ras para corroborar suas idéias egoístas. Nãolisonjeia os ricos nem ministra somente paraganhar dinheiro. Paulo descreve o verdadeiroministro em 2 Coríntios 4:2: "pelo contrário,rejeitamos as coisas que, por vergonhosas,se ocultam, não andando com astúcia, nemadulterando a palavra de Deus; antes, nos re-

comendamos à consciência de todo homem,na presença de Deus, pela manifestação daverdade". Ao contrastar essa descrição como que Pedro escreve neste capítulo e o queJudas também escreve, encontra-se uma di-ferença enorme. É preciso estar alertas e re-cusar sustentar ministérios que exploram aspessoas e negam o Salvador.

2. A DESTRUIÇÃO DOS FALSOS MESTRES(2 Pe 2:3-6, 9b)

Pedro não via esperança alguma para essesapóstatas; seu destino estava selado. Suaatitude era diferente daquela dos "religiosos"de hoje que dizem: "Bem, eles podem nãoconcordar conosco, mas existem muitoscaminhos para o céu". Pedro deixa claro queesses falsos mestres estavam "abandonandoo reto caminho" (2 Pe 2:15), o que significaque iam para o lugar errado\  Seu julgamen-to ainda não havia sobrevindo, mas era cer-to e, de acordo com Pedro, não tardaria nem

dormiria, mas viria no devido tempo.Nesta seção, Pedro demonstra que, pormais seguro que o pecador se sinta, o julga-mento final sobrevêm. Usa três exemplospara comprovar essa verdade (ver tambémJd 6-8).

Os anjos caídos (v. 4).  Gostaríamos desaber mais sobre a criação dos anjos e aqueda de Lúcifer, mas a maioria desses de-talhes encontra-se envolta em mistério. Mui-tos estudiosos da Bíblia acreditam que Isaías

bem-sucedidos em seu ministério! Podemmostrar estatísticas impressionantes e reunirmultidões. Mas as estatísticas não compro-vam a autenticidade. O caminho largo queconduz à destruição é cheio de gente (Mt7:13, 14). Muitos afirmam ser verdadeiros

servos de Cristo, mas serão rejeitados noúltimo dia (Mt 7:21-23).O que acontece com seus seguidores?

Em primeiro lugar, envergonham o nomede Cristo. A reputação da fé cristã sofre porcausa da vida impura desses indivíduos. "Notocante a Deus, professam conhecê-lo; en-tretanto, o negam por suas obras; é por issoque são abomináveis, desobedientes ereprovados para toda boa obra" (Tt 1:16)."O nome de Deus é blasfemado entre os

gentios por vossa causa" (Rm 2:24). Poucascoisas atrapalham tanto a causa de Cristoquanto a péssima reputação dos que se di-zem cristãos e que são membros de igrejasconservadoras.

 Avareza (v. 3).  Os falsos mestres estãointeressados em uma coisa só: ganhar di-nheiro. Exploram pessoas ignorantes ("farãocomércio de vós") e usam a religião com"intuitos gananciosos1) Ts 2:5). Tanto je-sus quanto os apóstolos eram pobre; no

entanto, se dedicaram a ministrar a outros.Esses falsos mestres são homens ricos queusam de astúcia para que outros lhes mi-nistrem! Miquéias descreve os falsos pro-fetas do seu tempo: "Os seus cabeças dãoas sentenças por suborno, os seus sacerdo-tes ensinam por interesse, e os seus profe-tas adivinham por dinheiro" (Mq 3:11). Semdúvida, o trabalhador é digno de seu salário(Lc 10:7), mas a motivação para o ministé-rio deve ir muito além do interesse finan-

ceiro. Costuma-se dizer que a imoralidade,o amor ao dinheiro e o orgulho são a causada ruína de muitos. Esses falsos mestres eramculpados das três coisas!

Usavam "palavras plásticas" bem como"palavras jactanciosas de vaidade" (2 Pe2:18) para fascinar e influenciar suas vítimas.Lisonjeavam os pecadores e lhes diziam aqui-Io que os faz sentir bem e que desejam ouvir(ver o contraste em 1 Ts 2:5). Manipulavam a"coceira nos ouvidos" dos que rejeitavam

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para "provar 

que o Dia do Senhor não viria(2  Pe 3:3ss).

Quando comparamos nosso mundocom o mundo no tempo de Noé, encontramos alguns paralelos assustadores. A popu

lação multiplicava-se (Gn 6:1), e o mundoestava cheio de perversidade (Gn 6:5) e deviolência (Gn 6 :11 ,13 ). H avia iniqüidade portoda parte. Os verdadeiros cristãos eramminoria, e ninguém lhes dava atenção! Maso dilúvio caiu, e toda a população do mundo foi destruída. Por certo, Deus julga osque rejeitam sua verdade.

Sodoma   e Gomorra (w. 6, 9b). O relatoencontra-se em Gênesis 18 e 19, e a opi

nião de Deus acerca dessas cidades encontra-se em Gênesis 13:13: "Ora, os homensde Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o S e n h o r  ". Pedro afirma que eram"insubordinados", e Judas diz que haviamse "entregado à prostituição como aqueles,seguindo após outra carne" (Jd 7). Os homens de Sodoma entregavam-se a práticasimundas e "iníquas" (2  Pe 2:7, 8 ). Uma vezque a Lei de Moisés ainda não havia sidodada, a palavra "iníquas" não é possível tratar-se de uma referência à Lei de Israel. Emque sentido, portanto, as obras desses homens eram "iníquas"? Eram contrárias à natureza (ver Rm 1:24-27). O pecado flagrantede Sodoma e de outras cidades era o sexonão natural, a sodomia ou homossexualismo,pecado claramente condenado nas Escrituras (Lv 18:22; Rm 1:24-27; 1 Co 6:9).

Apesa r da oração intercessora de Abraão(Gn 18:22ss) e da advertência de Ló no últi

mo instante, o povo de Sodoma pereceu soba chuva de fogo e enxofre. Mais uma vez,até o último segundo, quando Ló deixou acidade, o povo estava plenamente segurode si; mas então, o fogo caiu (Lc 17:28, 29).Deus não os poupou, e não poupará o pecador que rejeitar deliberadamente sua verdade e negar seu Filho. Ao que tudo indica,Deus sepultou Sodoma e Gomorra sob omar Morto. As duas cidades servem de exem-

pio para que os pecadores de hoje tenhamcuidado com a ira vindoura.Depois de citar esses três exemplos de

 ju lgamento ce rto, Pedro aplica a lição aos

14:12-15 descreve a queda de Lúcifer, o maisalto dos anjos. Alguns estudiosos acreditamque Ezequiel 28:11-19 trata do mesmo assunto. Ao que parece, Lúcifer era o representante de Deus, encarregado das hostes

angelicais, mas que, por orgulho, tentou tomar até o trono de Deus (John Milton retrata essa idéia de maneira imaginativa em suaobra Paraíso perdido).  Apocalipse 12:4 sugere que talvez um terço dos anjos tenhacaído com Lúcifer, que se tornou Satanás, oadversário de Deus.

Onde estão esses anjos caídos agora?Sabemos que Satanás está livre, opera pelomundo afora (1 Pe 5:8 ) e tem um exército

demoníaco para ajudá-lo (Ef 6:10-12), provavelmente constituído de alguns desses an jo s caíd os. M as Pedro afirm a que algunsdestes foram confinados no "tártaro", termogrego para "inferno". É possível que o tártaro seja uma parte especial do inferno, ondeesses anjos encontram-se acorrentados emabismos de trevas, aguardando o julgamento final. Não é preciso discutir os mistériosdesse versículo a fim de entender a mensagem principal: Deus julga a rebeldia e nãopoupa os que rejeitam sua vontade. Se Deus

 julgou os anjos que, em vários sentidos sãosuperiores aos seres humanos, sem dúvida

 ju lgará os seres humanos rebeldes.O mundo antigo (v. 5), Gênesis 6:3 indi

ca que Deus esperou 120 anos para enviaro dilúvio. Durante esse tempo, Noé ministrou como "arauto" da justiça de Deus. Parauma descrição do mundo antes do dilúvio,ver Romanos 1:18ss. A civil ização gentia

havia se tornado tão corrupta que o Senhorprecisou limpar a Terra. Salvou apenas oitopessoas - Noé e sua família porque confiaram em Deus (Hb 11:7).

Mas ninguém creu na mensagem deNoé! Jesus deixou claro que as pessoas levavam a vida normalmente até ao dia emque Noé e sua família entraram na arca! (Lc17:26, 27). Sem dúvida, uma porção de "entendidos" zombou de Noé e garantiu ao

povo que não havia a mínima possibilidadede cair um temporal. Alguém por acaso jáhavia visto tal coisa? Os apóstatas do tempode Pedro usavam a mesma argumentação

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2 PEDRO 2 :1 -9580

de um mundo tão perverso que era impossí-vel terem amigos crentes! No entanto, Deusprovidenciou para os filhos de Noé esposasque vieram a crer no Deus vivo e guardouseu lar da contaminação do mundo.

Mas Deus também livrou Noé e sua fa-

mília do julgamento do mundo. As águasdo dilúvio que trouxeram condenação ser-viram apenas para elevar Noé e sua famíliaacima do julgamento. Permaneceram a sal-vo dentro da arca segura. Em sua primeiraepístola, Pedro viu na arca um tipo da sal-vação em Jesus Cristo (1 Pe 3:20-22). Omundo foi, por assim dizer, "sepultado" nobatismo do dilúvio, mas Noé foi elevado,um retrato da ressurreição e salvação.

Sem dúvida, Pedro está garantindo a

seus leitores que estarão a salvo quando ogrande dia do julgamento vier. Jesus Cristoé nossa "arca segura

 

. Ele nos livra da iravindoura (1 Ts 1:10). Deus prometeu que aTerra nunca mais seria julgada pela água; o

 julgamento vindouro será pelo fogo (2 Pe3:1 Oss). No entanto, os que aceitaram a Cris-to jamais serão julgados (Jo 5:24), pois Jesuslevou seu julgamento sobre si na cruz.

Ló (vv. 6-9a). Abraão levou seu sobrinhoLó consigo quando deixou Ur e foi para a

terra de Canaã, mas Ló acabou trazendomais problemas do que bênçãos. QuandoAbraão, num lapso de fé, desceu para o Egi-to, Ló foi com ele e experimentou "o mun-do" (Gn 12:10 - 13:1). À medida que foienriquecendo, Ló teve de se separar deAbraão e, com isso, se afastou da influênciapiedosa de seu tio. Que privilégio para Lópoder andar com Abraão que, por sua vez,andava com Deus! Mas como Ló desperdi-çou seus privilégios!

Quando Ló teve de escolher uma novaregião para habitar, avaliou-a segundo o quehavia visto no Egito (Gn 13:10). Abraão ti-rou Ló do Egito, mas não conseguiu tirar oEgito de dentro de Ló. Ló "ia armando assuas tendas até Sodoma" (Gn 13:12) e,por fim, se mudou para essa cidade (Gn14:12). Deus chegou até a usar uma guerralocal para tirar Ló de Sodoma, mas, assimque pôde, ele voltou, pois era lá que estavaseu coração.

indivíduos em pauta, os falsos mestres  (2 Pe2:9b). Deus reservou os injustos para o cas-tigo no dia do julgamento. Os falsos mes-tres podem parecer bem-sucedidos (pois"muitos" os seguirão), mas no final serãocondenados. Seu julgamento está sendo

preparado neste instante ("não tarda", 2 Pe2:3), e o que está preparado e reservadoserá aplicado no último dia.

Que contraste entre os falsos mestres eos verdadeiros filhos de Deus! Temos umaherança reservada para nós (1 Pe 1:4) por-que Jesus Cristo está preparando um lar paranós no céu (Jo 14:1-6). Não esperamos pelo

 julgamento, mas pela vinda do Senhor parabuscar seu povo e levá-lo para o lar em gló-ria! "Porque Deus não nos destinou para a

ira, mas para alcançar a salvação mediantenosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5:9).Em seguida, Pedro volta a atenção para

os cristãos. De que maneira podem perma-necer fiéis ao Senhor em um mundo tãoperverso?

3 . O LIVRAMENTO DOS VERDADEIROS cr istãos (2 P e  2 : 5 - 9 a )

O propósito de Pedro não é apenas acusaros apóstatas, mas também encorajar os cris-

tãos autênticos. Mais uma vez, ele volta aoAntigo Testamento e cita dois exemplos delivramento.

Noé (v. 5). Esse homem de fé experimen-tou um livramento duplo. Primeiro, Deus olivrou da contaminação do mundo ao seuredor. Durante 120 anos, Noé proclamoufielmente a Palavra de Deus a pessoas quese recusavam a crer nessa verdade. Ele e suafamília estavam cercados de trevas morais eespirituais e, no entanto, tiveram o cuidado

de fazer sua luz continuar brilhando. Deusnão protegeu Noé e sua família isolando-osdo mundo, mas permitindo que se manti-vessem puros em meio à corrupção. Pormeio de Jesus Cristo, nós também "[livramo-nos] da corrupção das paixões que há nomundo" (2 Pe 1:4).

Cristo pediu ao Pai celestial: "Não peçoque os tires do mundo, e sim que os guar-des do mal" (Jo 17:15). Podemos imaginarNoé e a esposa criando uma família no meio

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enxofre. Sem dúvida, pode-se encontrar umparalelo na advertência de Pedro acerca do

 julgam ento de fogo que está por vir (2 Pe3:1 Oss).

Pedro não mostra Ló como exemplo de

vida separada, mas sim como um exemplodé alguém que Deus salvou da contaminação e da condenação. Em certo sentido, Lófoi resgatado contra a própria vontade, poisos anjos tiveram de agarrá-lo pela mão e depuxá-lo para fora da cidade (Gn 19:16). Lóhavia entrado em Sodoma, e Sodoma haviaentrado em Ló e foi difícil para ele partir.

Jesus usou tanto Noé quanto Ló paraadvertir que devemos estar preparados pa

ra a sua volta (Lc 17:26-37). Os habitantesde Sodoma desfrutavam seus prazeres habituais, despreocupados com o fato de que o

 ju lgam en to estava a caminho; quand o sobreveio, foram pegos despreparados. "Poressa razão, pois, amados, esperando estascoisas, empenhai-vos por serdes achados porele em paz, sem mácula e irrepreensíveis"(2  Pe 3:14).

Mas o mesmo Deus que livra os piedosostambém reserva os ímpios para o julgamento. Alguém disse bem que, se Deus pouparas cidades de hoje do julgamento, terá depedir desculpas a Sodoma e Gomorra. Porque o julgamento de Deus está demorando?Porque Deus "é longânimo para convosco,não querendo que nenhum pereça, senãoque todos cheguem ao arrependimento

 

(2 Pe 3:9). A sociedade do tempo de Noéteve 12 0  anos para se arrepender e crer e,no entanto, rejeitou a verdade. Apesar de o

exemplo e testemunho de Ló serem fracos,pelo menos ele representava a verdade; e,no entanto, seus vizinhos imorais não quiseram saber de Deus.

A era presente não é apenas como omundo antigo

 

do tempo de Noé, mas também como os dias de Ló. Muitos cristãosabandonaram a separação e estão fazendoconcessões indevidas ao mundo. O testemunho da Igreja no mundo é fraco, e os

pecadores não acreditam que o julgamentoestá, verdadeiramente, a caminho. A sociedade está repleta de imoralidade, especialmente do tipo de pecado pelo qual Sodoma

É difícil entender Ló. Pedro deixa claroque Ló era salvo ("o justo Ló [...] atormentava a sua alma justa") e, no entanto, nos perguntamos o que ele fazia numa cidade tãoperversa. Se nossa compreensão de Gên esis

19 está correta, Ló tinha pelo menos quatrofilhas, duas das quais eram casadas comhomens de Sodoma. Enquanto viveram nessa cidade, Ló era "afligido" pela condutaimunda do povo, e o que via e ouvia "atormentava a sua alma". Talvez pensasse queseria capaz de mudá-los. Se essa era suaidéia, foi um fracasso total.

Deus permitiu que Ló e sua família permanecessem incontaminados, apesar de vi

verem em uma fossa de iniqüidade. Deustambém salvou Ló e suas duas filhas antesde o julgamento cair sobre Sodoma e sobreas demais cidades da planície (Gn 19). Lónão foi salvo por algum mérito da sua parte,mas por crer no Deus vivo e por causa dasorações de seu tio, Abraão. Ao viver fora deSodoma, Abraão teve mais influência sobrea cidade do que Ló, que morava dentro dela.Além de tudo, Ló perdeu seu testemunhodiante de sua família, pois suas filhas casadas e os respectivos maridos zombaram desua advertência, e sua esposa desobedeceua Deus e foi morta.

Ló escolheu   viver em Sodoma e poderiater evitado a influência impura daquele lugar,mas muitas pessoas, atualmente, não têmescolha e precisam viver cercadas pela contaminação do mundo. Esse era o caso dosescravos cristãos que serviam a senhoresímpios, e é o que acontece hoje com espo

sas cristãs casadas com maridos não salvos ecom filhos cristãos de pais incrédulos. Hoje,os funcionários cristãos que trabalham emescritórios ou fábricas são obrigados a ver eouvir coisas que, por certo, poderiam contaminar sua mente e seu coração. Pedro garante a seus leitores que "o Senhor sabe livrar daprovação os piedosos" (2 Pe 2:9), de modoque tenham uma vida vitoriosa.

Eie também pode nos salvar do julgamen

to. No caso de Noé, foi o julgamento deágua, mas no caso de Ló, foi o julgamentode fogo. As cidades da planície transformaram-se em uma imensa fornalha de fogo e

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que Deus só derramará sua ira sobre o mun-do depois que seu povo estiver no larcelestial. "Porque Deus não nos destinoupara a ira, mas para alcançar a salvaçãomediante nosso Senhor Jesus Cristo, quemorreu por nós para que, quer vigiemos,

quer durmamos, vivamos em união com ele"(1 Ts 5:9, 10).

O fogo virá em breve. Você está pre-parado?

era famosa. Deus pode parecer inativo e in-diferente com respeito à forma dos pecado-res rebeldes de corromperem seu mundo.Mas, um dia, o fogo virá, e, então, será tar-de demais.

Por mais fraco que seja, o povo de Deus

será liberto do julgamento pela graça e mi-sericórdia de Deus. O Senhor só julgouSodoma depois que Ló e sua família esta-vam fora da cidade. Semelhantemente, creio

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Foi Deus quem instituiu a autoridadeneste mundo, e, quando resistimos a ela, resistimos a Deus (Rm 13:1 ss). O s pais têmautoridade sobre os filhos (Ef 6:1-4), e ospatrões sobre os empregados (Ef 6:5-8).Como cidadãos, nós, cristãos, devemos orar

pelos que ocupam cargos de autoridade(1 Tm 2:1-4), demonstrar respeito por eles(1 Pe 2:11-17) e procurar glorificar a Deus emnosso comportamento. Como membros dacongregação local, devemos honrar os queexercem a liderança espiritual e procurarencorajá-los em seu ministério (Hb 13:7, 17;1 Pe 5:1-6).

Em certo sentido, o governo humano éuma dádiva de Deus para ajudar a manter a

ordem no mundo, de modo que a igrejaministre a Palavra e ganhe os perdidos paraCristo (1 Tm 2:1-8). Devem os orar diariamente pelas autoridades para que exerçam seupoder de acordo com a vontade de Deus. Éalgo sério o cristão opor-se à lei, e, se o fizer, deve estar certo de que se encontradentro da vontade de Deus. Também devefazê-lo de modo a glorificar a Cristo, a fimde que pessoas inocentes (inclusive não sal

vos que ocupam cargos no governo) nãovenham a sofrer.O m otivo de sua difama ção (v. 10).  Esse

motivo é apresentado em uma palavra: carne.  A natureza corrompida do ser humanonão deseja sujeitar-se a qualquer tipo deautoridade. A mensagem insistente é "cadaum na sua!

 

, e muitos dão ouvidos a ela.Nos últimos anos, há uma epidemia de livros incentivando as pessoas a serem bem-

sucedidas a qualquer custo, mesmo que sejapreciso magoar ou intimidar a outros. Deacordo com esses livros, o mais importanteé cada um cuidar de si mesmo - ser o "número um" - e usar os outros como meiospara alcançar seus fins egoístas.

A natureza decaída do ser humano estimula o orgulho. Quand o o ego está em jogo,não há nada que impeça esses apóstatas depromover e de proteger a si mesmos. Sua

atitude é completamente oposta à de Jesus,que esvaziou a si mesmo a fim de se tornarum servo e morreu como sacrifício por nossos pecados (ver Fp 2). Esses homens que

H o m e n s   M a r c a d o s

2 P e d r o   2 : 1 0 - 1 6

4

Pedro ainda não acabou de tratar dosapóstatas! Ao contrário de alguns cris

tãos de hoje, Pedro preocupava-se com osestragos que os falsos mestres causavam nas

igrejas. Sabia que sua abordagem era sutil eque seus preceitos eram fatais e deseja advertir as igrejas a seu respeito.

Convém lembrar, porém, que Pedro começa esta epístola com ensinamentos positivosacerca da salvação, do crescimento cristãoe da confiabilidade da Palavra. O apóstolopossuía um ministério equilibrado, e é importante manter o mesmo equilíbrio hoje. Quando Charles Spurgeon começou sua revista,

chamou-a de The Sword and the Trowel [A Espada e a Pá],  uma alusão aos trabalhadores no Livro de Neemias que, ao reconstruiros muros de Jerusalém, empunhavam a espada com uma das mãos e, com a outra,seguravam suas ferramentas de trabalho.

Há pessoas com um ministério inteiramente negativo, que nunca constroem coisa alguma. Estão ocupadas demais lutandocontra o inimigo! Outras se dizem "posi

tivas", mas nunca defendem o que construíram. Pedro sabia que não basta apenasatacar os apóstatas; também é preciso ensinar doutrinas sólidas aos cristãos das igrejas.

Nesta seção de sua carta, Pedro condena os apóstatas por três pecados específicos.

1. D i f a m a ç ã o (2 Pe 2:10-12)Trata-se do retrato de pessoas orgulhosasque tentam construir a própria vida destruin

do a dos outros. Não demonstram respeitoalgum pelas autoridades e não têm medode atacar nem de difamar pessoas em cargos importantes.

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durante dia. Uma pessoa pode se acostumar de tal forma com seus vícios que esteslhe parecem virtudes.

Se levassem esse tipo de vida fora da igre ja , não seriam motivo de tanta preocupação,

mas esses indivíduos eram membros da congregação! Até participavam das "refeiçõesde comunhão" que a Igreja primitiva costumava realizar com a celebração da Ceia doSenhor (1 Co 11:20-34). Essa era a ocasiãoem que os cristãos mais pobres podiam desfrutar uma boa refeição proporcionada pelagenerosidade dos cristãos em melhor situação econômica. Mas os apóstatas usavamas "refeições de comunhão" para ostentar

sua riqueza e impressionar o povo ignorante e sem discernimento.Em vez de trazerem bênçãos para a igre

 ja , esses falsos mestres eram "nódoas e deformidades" que aviltavam a congregação.De algum modo, seu comportamento nessas refeições contaminava os outros e envergonhava o nome do Senhor. A Palavra deDeus ajuda a remover as máculas e rugas(Ef 5:27), mas mestres como esses não ministram a verdade da Palavra. Distorcem asEscrituras, fazendo-as dizer o que eles querem (2 Pe 3:16).

Essa "contaminação inconsciente" émortal. Os fariseus também eram culpadosde tal perversão (Mt 23:25-28). A falsa doutrina conduz, inevitavelmente, a um modode vida falso que, por sua vez, alimenta essafalsa doutrina. O apóstata precisa "adaptar"a Palavra de Deus ou, então, mudar seu esti-Io de vida, algo que não está disposto a fazer.

Assim, por onde passa, contamina as pessoas secretamente e cria um ambiente propício ao pecado. É possível participar de umareunião da igreja e ser contaminado!

Sem dúvida, nossas igrejas precisam exercer autoridade e praticar a disciplina. Teramor cristão não significa tolerar todas asdoutrinas falsas e todos os "estilos de vida".A Bíblia mostra, inequivocamente, que algumas coisas são certas e outras são erra

das. Nenhum cristão cujas convicções ecomportamentos são contrários à Palavrade Deus deve ter permissão de participar daCeia do Senhor ou de exercer um ministério

Sempre que os alunos faziam barulho na salade aula, uma de minhas professoras costumava d izer: "barris vazios são os que fazemmais barulho". E como fazem!

É triste quando a mídia volta toda a aten

ção para a "grande boca" dos falsos mestresem vez do "c icio tranqüilo e suave" (1 Rs19:12) da voz do Senhor, quando ele ministra aos que lhe são fiéis. É ainda mais tristequando as pessoas fascinam-se por "palavras

 jactanciosas de va idade" (2 Pe 2:18) e nãoconseguem distinguir entre a verdade e apersuasão enganosa. A verdade da Palavrade Deus conduz à salvação, enquanto aspalavras ignorantes dos apóstatas conduzem

à condenação.Esses "brutos irracionais" destinam-se àdestruição, fato que Pedro menciona comfreqüência em 2 Pedro 2 (w. 3, 4, 9, 12 , 17,20). Ao procurar destruir a fé, eles mesmosserão destruídos. A própria natureza delesos arrastará para a destruição, como porcosque voltam ao lamaçal e cachorros queretornam ao próprio vômito (2 Pe 2:22). Infelizmente, até que isso aconteça, essaspessoas ainda são capazes de causar um bocado de estrago moral e espiritual.

2 . S u a s f e s t a s ( 2 Pe 2 : 1 3 , 1 4a )As expressões "luxúria carnal" e "se rega-Iam" deixam claro que se trata de um. divertimento de caráter sensual. Também dão aidéia de libertinagem, maciez e extravagância. Os apóstatas regalam-se com essa vidade luxo à custa dos que os sustentam (2 Pe2:3). Em nossa sociedade, há quem peça

fundos para seus "ministérios" e, ao mesmotempo, viva em mansões, dirija carros de luxoe vista roupas caras. Qu and o lembramos queJesus se fez pobre a fim de nos tornar ricos,esse estilo de vida extravagante parecedestoar completamente do cristianismo doNovo Testamento.

Enganam não apenas as outras pessoas,mas também a si mesmos! Podem "provar",usando a Bíblia, que seu estilo de vida é cor

reto. Na Antiguidade, as grandes festas costumavam ser realizadas à noite, mas de tãoconv ictas que estavam de suas práticas, essaspessoas tinham a ousadia de banquetear

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2 PEDRO 2:10-16586

A mesma imagem é usada em Tiago 1:14,em que Tiago mostra a tentação como o"chamariz da armadilha". Satanás sabe quenão pode nos pegar a menos que tenha umaboa isca para nos atrair. Prometeu a Eva queela e Adão seriam "como Deus", se comes-

sem o fruto da árvore proibida {Gn 3:4, 5), eeles "morderam a isca".

Que tipo de "isca" os apóstatas usampara pegar as pessoas? Em primeiro lugar,oferecem "liberdade" (2 Pe 2:19). É provávelque se trate de uma perversão da graça deDeus - "transformam em libertinagem a gra-ça de nosso Deus" (Jd 4). "Uma vez quevocês são salvos pela graça", argumenta-vam, "têm liberdade de pecar. Quanto maispecarem, mais experimentarão a graça de

Deus!" Paulo responde a essa argumenta-ção enganosa em Romanos 6, um trechodas Escrituras que todo cristão precisa co-nhecer bem.

Além de oferecer "liberdade", tambémseduzem com a "realização". Trata-se deuma das "palavras-chave" de nossa geração,ao lado de expressões como "fazer a coisacerta" e "fazer a coisa a seu modo". Essesmestres dizem: "A vida cristã que a igrejaoferece é antiquada e obsoleta; temos um

novo estilo de vida que lhe dará realizaçãoe que o ajudará a encontrar sua verdadeiraidentidade!" Infelizmente, como o filho pró-digo, essas almas inconstantes tentam en-contrar-se, mas acabam se  perdendo  (Lc15:11-24). Em sua busca por realização, tor-nam-se extremamente egoístas e perdem asoportunidades de crescer que vêm com oserviço a outros.

Sem submissão a Jesus Cristo não há li-berdade nem realização. Nas palavras de P.

T. Forsyth: "O propósito da vida não é encon-trar nossa liberdade, mas sim nosso senhor".Como o músico talentoso que encontra liber-dade e realização ao se sujeitar à disciplinade um grande artista ou como o atleta quese submete a um grande técnico, também ocristão encontra liberdade e realização au-tênticas ao se colocar sob a autoridade deJesus Cristo.

Quem são as pessoas que "mordem a isca"que os apóstatas colocam em suas armadilhas?

espiritual na igreja. Sua influência contami-nadora pode não ser imediata, mas acabarácriando sérios problemas.

O texto de 2 Pedro 2:14 deixa claro queos apóstatas freqüentam as reuniões da igrejacom dois objetivos: primeiro, satisfazer sua

concupiscência, e, segundo, granjear con-vertidos para sua causa.

Ficam de olhos bem abertos, à procurade "mulheres disponíveis" para seduzir aopecado. Paulo adverte sobre apóstatas se-melhantes que "penetram sorrateiramentenas casas e conseguem cativar mulherinhassobrecarregadas de pecados, conduzidas devárias paixões" (2 Tm 3:6). Não são poucosos "ministros" que usam a religião para en-cobrir desejos lascivos. Algumas mulheres

mostram-se mais vulneráveis em "sessões deaconselhamento", e homens desse tipo apro-veitam disso.

Em uma das igrejas que pastoreei, noteique havia no coral um rapaz que fazia detudo para mostrar aos demais membros docoral, especialmente para as moças, que eraum "gigante espiritual". Orava com fervor efalava com freqüência de seu relacionamen-to com o Senhor. Alguns ficavam impressio-nados com ele, mas senti que havia algo de

errado e perigoso no ar. Comprovando essaimpressão, ele começou a namorar uma dasmoças do coral que, por acaso, era nova nafé. Apesar de minhas advertências, ela con-tinuou o relacionamento e acabou sendoseduzida. Louvo a Deus porque ela foi res-gatada e agora serve ao Senhor fielmente,mas poderia ter evitado aquela experiên-cia terrível.

A maior ambição do falso mestre é satis-fazer sua concupiscência: são "insaciáveis

no pecado". O adjetivo sugere que "são in-capazes de se conter". São incontinentesporque são escravos (2 Pe 2:18,19). Os após-tatas consideram-se "livres"; no entanto,estão sob o pior jugo de escravidão. Con-taminam tudo o que tocam e escravizamtodos os que atraem para junto de si.

A expressão "engodando almas incons-tantes" apresenta a imagem de um pescadorcolocando a isca no anzol ou de um caça-dor colocando o chamariz numa armadilha.

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ajudar as pessoas a crescer por meio de suacontribuição. O apóstata confia em sua "capacidade de levantar fundos" e deixa as pessoas em uma situação pior do que quandoas encontrou. Sabe como explorar os instá

veis e os inocentes.Sem dúvida, não há nada de errado emum ministério compartilhar suas oportunidades e necessidades com amigos de oração.Minha esposa e eu recebemos vários impressos e cartas de pastores e de ministérios e,para dizer a verdade, jogamos parte dessematerial fora sem ler. Descobrimos que alguns ministérios não são confiáveis; seusapelos dramáticos nem sempre são basea

dos em fatos, e as ofertas nem sempre sãousadas como deveriam. No entanto, há cartas e impressos que lemos com todo cuidado, pelos quais oramos e a respeito dos quaisbuscamos o Senhor para saber se devemoscolaborar. Sabemos que não podemos contribuir com todas as boas obras que Deusestá levantando, de modo que procuramosusar de discernimento e investir nos ministérios que Deus escolheu para nós.

Ao escrever sobre as práticas desonestas

dessas pessoas, só resta a Pedro exclamar:"Filhos malditos!" Não são filhos "benditos"de Deus, mas sim filhos malditos do diabo(Jo 8:44). Podem ser bem-sucedidos em encher as contas bancá rias, mas, no final, quando estiverem diante do trono de Deus, serãodeclarados falidos. "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para odiabo e seus anjos" (Mt 25:41). "Pois queaproveitará o homem se ganhar o mundo

inteiro e perder a sua alma?" (Mt 16:26).A avareza é o desejo insaciável de ter

cada vez mais - mais dinheiro, mais poder,mais prestígio. O coração avaro nunca sesatisfaz. Isso explica por que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Tm 6:1 0) :quando uma pessoa anseia por dinheiro,comete qualquer pecado para satisfazeresse desejo. Com eça quebrando os dois primeiros dos Dez Mandamentos, pois o di

nheiro já é seu deus e ídolo. A partir disso, éfácil quebrar os outros - roubar, mentir, cometer adultério, usar o nome de Deus emvão e assim por diante. "Tende cuidado e

Pedro chama-as de "almas inconstantes". Aestabilidade é um fator importante para osucesso da vida cristã. Assim como umacriança precisa aprender a ficar em pé antesde poder andar ou correr, o cristão também

deve aprender a se "firmar no Senhor". Pau-Io e os outros apóstolos procuraram firmarseus convertidos na fé (Rm 1:11 ; 16:25; 1 Ts3:2, 13). Pedro não tinha dúvidas de queseus leitores estavam "certos da verdade

 já presente convosco e ne la confirm ados"(2 Pe 1:12), mas ainda assim os adverte.

3. Sua r e v o l t a (2 Pe 2:14b16 )O "reto caminho" pode ser traduzido por

"o caminho certo" . Os apóstatas conheciam o caminho certo, o caminho reto queDeus determinou, mas o abandonaram deliberadamente a fim de seguir os próprios caminhos. Não é de se admirar que Pedro oschamasse de "brutos irracionais" (2  Pe 2:12)e os comparasse a animais (2  Pe 2 :22 ). "Nãosejais como o cavalo ou a mula", adverte osalmista (SI 32:9). O cavalo gosta de correradiante; a mula fica empacada, e ambospodem nos tirar do caminho certo. Os cris

tãos são como ovelhas que, a fim de não seperderem, precisam ficar perto do pastor.

Vimos anteriormente um dos motivospara a conduta ímpia dos apóstatas: dese

 jam sa tisfaze r seus dese jos da carne. Mashá outro motivo: são avarentos e desejamexplorar as pessoas visando o próprio lucro.Pedro menciona esse fato em 2 Pedro 2:3e, agora, desenvolve a idéia em mais detalhes. Além da visão de mundo do falso mes

tre ser controlada por suas paixões (2 Pe2:14a), seu coração é controlado pela avareza. Ele é escravo de seu desejo de prazere de dinheiro!

Aliás, ele é um especialista em conseguiraquilo que quer. A expressão "exercitado naavareza" também pode ser traduzida por"hábil em sua ganância" ou, de forma aindamais vivida, por "sua técnica de conseguir oque quer é, por meio de muita prática, extre

mamente desenvolvida 

. Sabe exatamenteo que fazer para motivar as pessoas a contribuir. O verdadeiro servo de D eus con fia queo Pai suprirá suas necessidades e procura

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2 PEDRO 2:1 0-1 6588

Balaão aproveitou a oportunidade! Masquando o profeta desobediente começou adesviar-se, Deus o repreendeu pela boca deuma jumenta. É impressionante observarcomo os animais obedecem a Deus mesmoquando seus donos são desobedientes (ver

Is 1:3)! Deus permitiu que Balaão erguessealtares e oferecesse sacrifícios, mas não per-mitiu que amaldiçoasse Israel. Em vez disso,o Senhor transformou as palavras de mal-dição do profeta em palavras de bênção (Dt23:4, 5; Ne 13:2).

Balaão não conseguiu amaldiçoar Israel,mas foi capaz de dizer a Balaque como der-rotar os israelitas. Tudo o que os moabitasprecisavam fazer era convidar os israelitaspara serem "bons vizinhos" e participarem

de uma de suas festas (Nm 25). Em vez dese manter separado, o povo de Israel fezconcessões indevidas e participou das orgiasdos moabitas. Deus teve de disciplinar seupovo, e milhares de israelitas morreram.

Podemos ver em Balaão dois aspectosda apostasia que Pedro enfatiza neste capí-tulo: a concupiscência e a avareza. Ele ama-va o dinheiro e levou Israel a entregar-se àlascívia. Era capaz de entender o que Deuslhe falava e, no entanto, conduziu Israel para

longe de Deus! Ao ler seus oráculos, ficamosimpressionados com sua eloqüência; noentanto, ele desobedeceu a Deus deli-beradamente! Balaão disse: "Pequei" (Nm22:34), mas sua confissão não foi sincera.Chegou até a orar pedindo: "Que eu morraa morte dos justos" (Nm 23:10), mas nãoquis viver como um homem justo.

Uma vez que Balaão aconselhou Balaquea seduzir Israel, Deus providenciou para queo profeta rebelde fosse julgado. Morreu à

espada quando Israel derrotou os midianitas(Nm 31:8). Perguntamo-nos quem ficou comtoda a riqueza que ele recebeu como "re-compensa" pelos serviços desonestos. Pe-dro chama esse pagamento de "prêmio dainjustiça". Essa expressão lembra outro im-postor - Judas - que recebeu o "preço dainiqüidade" (At 1:18) e também teve umamorte vergonhosa.

Falaremos mais sobre Balaão ao estudarJudas 11, mas não se deve ignorar a lição

guardai-vos de toda e qualquer avareza" (Lc12:15).

Li sobre pessoas no norte da África queinventaram uma forma engenhosa de cap-turar macacos. Pegam uma cabaça e fazemum furo do tamanho exato da pata do ma-

caco e, então, enchem a cabaça com nozese a amarram em uma árvore. A noite, o ma-caco coloca a pata dentro da cabaça parapegar as nozes e descobre que não conse-gue puxá-la para fora. Claro que poderiasoltar as nozes e escapar sem grande difi-culdade... mas não quer perdê-las de jeitonenhum. Acaba sendo capturado por causade sua cobiça. Podemos esperar esse tipode comportamento de um animal irracio-nal, mas certamente não de uma pessoa

criada à imagem de Deus; no entanto, éalgo que acontece entre os seres humanostodos os dias.

Pedro conhecia as Escrituras do AntigoTestamento. Em passagens anteriores, usouNoé e Ló para ilustrar suas palavras, e em2 Pedro 2:15, 16 usa o profeta Balaão. Ahistória de Balaão encontra-se em Números22 a 25 e convém lê-la.

Balaão é um personagem misterioso, umprofeta gentio que tentou amaldiçoar o povo

de Israel. Temendo os israelitas, Balaque, reidos moabitas, procurou a ajuda de Balaão.O profeta gentio sabia que seria errado coo-perar com Balaque, mas seu coração cobi-çou o dinheiro e as honrarias que Balaquelhe prometeu. Balaão conhecia a verdade ea vontade de Deus e, no entanto, abando-nou deliberadamente o caminho reto e sedesviou - uma ilustração perfeita dos após-tatas em suas práticas avaras.

Primeiro, Deus ordenou a Balaão que

não ajudasse Balaque e, a princípio, Balaãoobedeceu e enviou os mensageiros do reide volta. Mas quando Balaque enviou maispríncipes e prometeu mais dinheiro e hon-rarias, Balaão decidiu "orar sobre a questãonovamente" e reconsiderá-la. Da segundavez, Deus testou Balaão e permitiu queacompanhasse os príncipes. Não se tratavada vontade perfeita de Deus, mas sim desua vontade tolerante, cujo objetivo era vero que o profeta faria.

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em si  que percebeu como havia sido tolo 

(Lc 15:17).Pedro condenou três pecados dos falsos 

mestres: a difamação, as festas licenciosas e 

a rebelião. Todos esses pecados nascem do 

orgulho e do desejo egoísta. O verdadeiro servo de Deus é humilde e procura servir aos outros (ver 0 contraste em Fp 2:20, 21). O verdadeiro servo de Deus não pensa no 

louvor nemno pagamento, pois serve a Deus 

por amor e obediência. Honra a Deus e às 

autoridades que Deus instituiu neste mundo. Emresumo, 0 verdadeiro servo de Deus 

é um imitador de Jesus Cristo.Nos últimos dias, haverá uma profusão 

de falsos mestres buscando apoio. Tratando 

de enganar as pessoas e de conseguir seudinheiro, esses homens são talentosos e ex-

 / perientes. E importante 0  povo de Deus es tar firmado na verdade a fim de detectar 

quando as Escrituras estão sendo distorcidas 

e quando as pessoas estão sendo exploradas. Agradeço a Deus as agências que se 

dedicam a denunciar "charlatães religiosos ,mas, ainda assim, precisamos de discerni mento espiritual e de umconhecimento cada 

vez maior da Palavra de Deus.Nemtodos esses "impostores religiosos" 

serão descobertos e detidos. Um dia, po rém, Deus julgará todos eles! Como animais, "também hão de ser destruídos2) Pe 2:12). Receberão a "injustiça por salário2) Pe 

2:13), para compensar pelos salários que 

extorquiram de outros. Como "filhos maldi- tos2) Pe 2:14), serão banidos da presença 

do Senhor para sempre. São homens e mulheres marcados que não escaparão.

central: ele se rebelou contra a vontade de 

Deus. Como os falsos mestres que Pedro descreve, Balaão conhecia 0 caminho certo, mas 

escolheu deliberadamente 0  caminho errado, porque quis ganhar mais dinheiro. Continuou fazendo pouco da vontade de Deus 

ao tentar encarar a situação por outro "ponto de vista  (Nm 22:41; 23:13, 27). Semdúvida, possuía um dom verdadeiro de Deus, pois proferiu algumas profecias belíssimas 

sobre Jesus Cristo, mas prostituiu esse dom, 

dedicando o a fins abjetos só para obter 

honrarias e riquezas.Umalto funcionário de umbanco abordou 

umjovemcontador e perguntou emsegredo:- Se eu lhe desse 50 mil dólares, você 

me ajudaria a alterar os livros-caixas?- Creio que sim... - respondeu 0

contador.- Você o faria por 100 dólares?- Claro que não! - respondeu 0  conta

dor indignado. - Você acha que eu sou umladrãozinho qualquer?

- Isso eu já vi que você é - disse0 funcionário. - Agora estamos só discutindo seu 

preço.A pessoa avara sempre temseu preço, e 

quando este é pago, ela faz tudo 0  que lhe 

é pedido, até mesmo se rebelar contra a vontade de Deus. Pedro chama essa atitude 

de "insensatez", termo que significa "estar demente, louco". Mas Balaão pensou estar fazendo algo sábio; afinal, aproveitava uma 

oportunidade que provavelmente não lhe 

seria oferecida outra vez. Mas qualquer rebelião contra Deus é insensatez e só causa 

tragédia. Foi quando o filho pródigo [caiu]

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1. É BASEADA EM PROMESSAS FALSAS(2 Pe 2:17, 18)O valor da fé depende do valor de seu obje-to. Um pagão pode ter grande fé em seuídolo, mas o ídolo não pode fazer coisa al-guma por ele. Tenho um amigo que deposi-tou sua fé em um investimento e perdeu

quase tudo o que tinha. Sua fé era forte, masa companhia na qual ele investiu era fraca.Quando colocamos nossa fé em Jesus Cris-to, ela realiza algo, pois Deus sempre cum-pre suas promessas. "Nem uma só palavrafalhou de todas as suas boas promessas"(1 Rs 8:56).

Pedro usa três ilustrações vividas paraenfatizar o vazio das promessas dos apóstatas.

"Fonte sem água* (v. 17a).  Jesus usou omesmo termo grego traduzido por "fonte"

quando ministrava à mulher samaritana (Jo4:14), e João o emprega para descrever asatisfação que os cristãos experimentarãona eternidade (Ap 7:17; 21:6). Uma fontesem água não é uma fonte! O poço vaziocontinua sendo chamado de poço, masquando uma fonte não jorra mais água, dei-xa de existir.

A humanidade possui um anseio inatopela realidade por Deus. "Tu nos criaste parati", disse Agostinho, "e nosso coração nãose aquieta enquanto não descansa em ti".As pessoas tentam satisfazer esse anseio devárias maneiras e sempre acabam vivendo àcusta de substitutos. Somente Jesus Cristopode dar paz interior e satisfação.

"Quem beber [tempo presente, "conti-nuar bebendo"] desta água [do poço] tor-nará a ter sede; aquele, porém, que beber[um gole, de uma vez por todas] da águaque eu lhe der nunca mais terá sede; pelocontrário, a água que eu lhe der será neleuma fonte a jorrar para a vida eterna" (Jo4:13, 14). Um contraste e tanto! Podemosbeber repetidamente das cisternas rotas domundo e nunca encontrar satisfação, masao tomar um gole da Água Viva por meioda fé em Jesus Cristo, somos saciados parasempre. Os falsos mestres não poderiam fa-zer uma oferta dessa, pois não tinham o queoferecer. Poderiam prometer, mas não ti-nham como cumprir a promessa.

Falsa   L iberdade

2 P e d r o 2:1 7-22

5

E assustador pensar que muita genteque atualmente se dedica, com gran-

de zelo, a diversas seitas um dia já foi mem-bro de igreja ou, ao menos, dizia crer noevangelho cristão. Essas pessoas participa-vam da Ceia do Senhor e viam a morte de

Jesus Cristo retratada no pão e no cálice.Recitavam o Credo dos Apóstolos e o PaiNosso. No entanto, dizem hoje que se sen-tem "livres" e que foram "libertas" da fécristã.

Ao mesmo tempo, há quem rejeite todae qualquer fé religiosa e, agora, afirme des-frutar uma nova liberdade.

- Costumava acreditar nessas coisas -confessam abertamente -, mas agora nãoacredito mais. Tenho algo melhor e, pelaprimeira vez na vida, me sinto livre.

A liberdade é um conceito extremamen-te importante no mundo de hoje, e, no en-tanto, nem todos compreendem de fato osignificado dessa palavra. Na verdade, todomundo, do comunista ao  playboy,  pareceter a própria definição de liberdade. Nin-guém é completamente livre no sentido deter a capacidade e a oportunidade de fazertudo o que deseja. Aliás, fazer tudo o quese quer não é liberdade, mas sim o pior tipode escravidão.

Os apóstatas oferecem liberdade a seusconvertidos, que mordem a "isca" e aban-donam a verdadeira fé, passando a seguirfalsos mestres. Os mestres lhes prometemliberdade, mas essa promessa nunca é cum-prida; os convertidos instáveis logo se vêemem terrível escravidão. A liberdade ofereci-da é falsa,  e Pedro apresenta três motivosque explicam por que ela não é verdadeira.

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2 PEDRO 2:1 7-22592

seduzidas (diante do que Pedro e Judas es-crevem sobre Sodoma e Gomorra, talvezconvenha incluir também homens e rapazesmais vulneráveis).

Também eram escravos do orgulho (2  Pe2:10-12). Não tinham problema algum em

falar mal dos que ocupavam cargos de au-toridade, inclusive os anjos de Deus! Pro-moviam a si mesmos e zombavam de todoo resto. Infelizmente, há quem admire essetipo de arrogância, siga esses homens orgu-lhosos e os apóie.

É interessante fazer uma comparaçãoentre os três homens que Pedro cita nestecapítulo: Noé, Ló e Balaão. Noé manteve-se inteiramente separado da apostasia domundo de sua época. Pregou com ousadia

a justiça de Deus e foi fiel em sua vida etestemunho, mesmo quando ninguém alémde sua família seguiu o Senhor.

Ló conhecia a verdade e se mantevepuro, mas não se manteve separado e, co-mo resultado, perdeu a família. Ló detestavaa perversidade de Sodoma e, no entanto,escolheu viver no meio dela e, ao fazê-lo,expôs suas filhas e sua esposa a influênciasímpias.

Balaão não apenas seguiu os caminhos

do pecado, como também incentivou ou-tras pessoas a pecar! Aconselhou Balaque aseduzir a nação de Israel e seu plano quasedeu certo. Ló perdeu a família, enquantoBalaão perdeu a vida.

Devemos ter cuidado com o "enganodo pecado" (Hb 3:13). O pecado semprepromete liberdade, mas, no final, traz escra-vidão. Promete vida, mas, em vez disso, trazmorte. O pecado tem como característicaamarrar a pessoa aos poucos até ela não ter

como escapar sem a intervenção do Senhorem sua graça. Até mesmo a escravidão queo pecado cria é enganosa, pois as pessoasamarradas acreditam, de fato, que são livres!Descobrem tarde demais que são prisionei-ras dos próprios apetites e hábitos.

Jesus Cristo veio para trazer liberdade. Emseu primeiro sermão na sinagoga em Nazaré,Jesus anunciou a liberdade e o advento do"Ano de Jubileu" (Lc 4:16ss). Mas o signifi- cado  da liberdade de Cristo é diferente da

sobre os recém-convertidos carregando omaterial cristão que receberam depois deaceitar a Cristo.

Por isso, é importante que evangelistas,pastores e outros obreiros cristãos fundamen-tem a fé dos recém-convertidos. Como re-

cém-nascidos, esses bebês na fé precisamser protegidos, alimentados e firmados an-tes de serem colocados neste mundo peri-goso. Um dos motivos pelos quais Pedroescreveu esta carta foi para advertir a Igrejaa cuidar dos cristãos novos na fé, pois osfalsos mestres estavam prontos a se lançarsobre eles! Não se pode culpar os recém-convertidos por serem "inconstantes" (2 Pe2:14), se não os ensinarmos como se firmarna fé.

A liberdade que os apóstatas oferecemé falsa, porque é baseada em falsas promes-sas. Existe outro motivo pelo qual ela é falsa.

2. E OFERECIDA POR CRISTÃOS FALSOS

(2 P e  2 : 1 9 , 2 0 )

Não se pode libertar ninguém se nós mes-mos vivemos sob o jugo da escravidão, co-mo era o caso desses falsos mestres. Pedrodeixa claro que esses homens haviam selivrado temporariamente da contaminação

do mundo, mas voltaram logo em seguidapara sua servidão! Professavam ser salvos,mas nunca haviam sido, verdadeiramente,redimidos.

O tempo dos verbos em 2 Pedro 2:19 épresente: " prometendo-lhes  [aos recém-con-vertidos] liberdade, quando eles mesmos [osapóstatas] são escravos da corrupção" (grifosnossos). Afirmam ser servos de Deus, massão apenas escravos do pecado. Já é terrívelo suficiente ser escravo, mas quando o pe-

cado é o senhor, trata-se da pior situaçãopossível em que uma pessoa pode estar.

Ao recapitular o que Pedro escreveu atéaqui, vemos os tipos de pecado que escravi-zam os falsos mestres. Em primeiro lugar,eram escravos do dinheiro (2 Pe 2:3, 14).Sua avareza obrigava-os a usar todo tipo detécnica de dissimulação, a fim de explorarinocentes. Também eram escravos das pai-xões da carne (2 Pe 2:10, 14). Procuravam asmulheres mais vulneráveis que poderiam ser

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2 PE DR O 2:T 7-22594

Isso explica por que os dois voltaram àsua antiga vida: fazia parte de sua natureza.Um porco só consegue ficar limpo por al·gum tempo, mas logo precisa encontrar umapocilga. Não condenamos um porco por agirdesse modo, pois ele possui natureza de

porco. Se víssemos uma ovelha  chafurdan-do na lama, ficaríamos preocupados!

Quando eu era criança, um de nossosvizinhos tinha um cachorro vira-latas pretomuito magrinho, ao qual haviam dado onome extremamente criativo de "Pretinho".Tinha o hábito de comer tudo o que umcachorro não deve ingerir e, depois, regur-gitar em algum lugar na vizinhança, normal-mente em nossa calçada. Mas não era sóisso. O Pretinho voltava à cena do crime e

começava tudo de novo! Ao que parece, oscães fazem isso há séculos, pois Salomãomenciona esse fato em Provérbios 26:11,texto que Pedro cita.

Sem dúvida, o cão sente-se melhor como estômago vazio, mas continua sendo um cão.  "Ter uma experiência" não mudou suanatureza. Pelo contrário, serviu apenas paradar mais provas de sua "natureza canina",pois voltou e (exatamente como um cão)lambeu o próprio vômito. Trata-se de uma

imagem repugnante, mas era exatamenteesse o impacto que Pedro desejava causar.

Ao longo de meu ministério, tenho en-contrado gente que me fala de suas "expe-riências espirituais", mas cujas narrativas nãoapresentam qualquer evidência de uma novanatureza. Como o porco, foram limpas porfora. Como o cão, algumas delas foram lim-pas temporariamente por dentro e, de fato,se sentiam melhor. Mas, de modo algum, setomaram "co-participantes da natureza divi-

na2) Pe 1:4). Pensam que estão livres deseus problemas e pecados, quando na reali-dade ainda são escravas da velha naturezapecaminosa.

De acordo com 2 Pedro 2:20, essesapóstatas "[escaparam] das contaminaçõesdo mundo". A contaminação é a poluiçãoexterior. Mas o verdadeiro cristão "[livrou-se] da corrupção das paixões que há nomundo" (2 Pe 1:4). A corrupção é muito maisprofunda do que a contaminação exterior:

Uma vez que Pedro escreveu duas epís-tolas para o mesmo grupo de cristãos, pode-mos supor que eles possuíam os fundamentosdoutrinários apresentados de modo tão claroem sua primeira epístola. O apóstolo enfatizao novo nascimento (1 Pe 1:3, 22-25). Lem-

bra seus leitores de que são "co-participan-tes da natureza divina" (2  Pe 1:4), Em suaprimeira carta, Pedro descreve os cristãoscomo ovelhas (1 Pe 2:25; 5:1-4). Jesus usouessa mesma imagem ao restituir Pedro aoapostolado depois da sua negação tripla (Jo21:15-1 7).

Não há qualquer indicação de que es-ses falsos mestres tenham experimentado onovo nascimento. Tinham conhecimento  dasalvação e eram capazes de usar o linguajar

da Igreja, mas lhes faltava a verdadeira expe-riência salvadora com o Senhor. Em algummomento, haviam recebido a Palavra deDeus (2 Pe 2:21), mas, em seguida, se afas-taram dela. Não creram em Jesus Cristo nem se tomaram suas ovelhas.

Em vez de serem ovelhas, eram porcos ecães, e convém lembrar que, naquele tem-po, os cães não eram animais de estimaçãomimados! Os judeus chamavam os gentiosde "cães", pois esses animais não passavam

de carniceiros que viviam revirando o lixo!De modo algum se tratava de uma formacarinhosa de tratamento!

Esses homens poderiam dizer que ha-viam tido "uma experiência", mas esta erafalsa. Vimos anteriormente que Satanás temum evangelho falso (Gl 1:6-9), pregado porministros falsos (2 Co 11:13-1 5), que produzcristão falsos (2 Co 11:26 - "em perigos entrefalsos irmãos"). Em sua parábola do joio, Je-sus ensinou que Satanás planta impostores

("filhos do maligno"), enquanto Deus plantacristãos verdadeiros (Mt 13:24-30, 36-43).Que tipo de "experiência" esses falsos

mestres tiveram? Usando as imagens vividasde Pedro, o porco foi lavado por fora, mascontinuou sendo um porco; o cão foi "lim-po" por dentro, mas continuou sendo umcão. O porco parecia melhor e o cão se sen-tia melhor, mas nenhum dos dois havia mu-dado. Cada um continuou tendo a mesmanatureza, não uma nova natureza.

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5952 PEDRO 2:1 7-22

escravidão. É baseada em promessas falsas, em palavras vazias que parecem empolgantes, mas sem fundamento algum em

qualquer autoridade divina. É oferecida por cristãos falsos envolvidos com experiência 

falsa. Do começo ao fim, essa "liberdade" é 

produto de nosso adversário, o diabo.Assim, podemos dar 0  devido valor à

admoestação de Pedro em 2 Pedro 1:10: "Por isso, irmãos, procurai, com diligência 

cada vez maior, confirmar a vossa vocação 

e eleição .Emoutras palavras, Sua experiên

cia espiritual foi autêntica?" É impressionante saber que há muitas pessoas em nossas 

igrejas que nunca nasceram de novo, mas 

que estão convencidas de que são salvas e 

vão para o céu! Tiveram uma "experiência e, talvez, apresentem uma aparência melhor (como o porco) ou se sintam melhor (como 

o cão), mas não foram transformadas em algo 

melhor , sendo "co-participantes da natureza divina".Talvez Pedro estivesse pensando em

Judas, um dos doze apóstolos, que serviu 

de instrumento para o diabo e nunca foi nascido de novo. Até o último instante, os outros 

discípulos sequer suspeitavam da verdade 

acerca de Judas e 0  consideravam um homem espiritual!

Os apóstatas parecem ter ministérios 

bem-sucedidos, mas, no final, estão fadados 

a fracassar.O importante é ter a certeza de uma ex

periência verdadeira com 0  Senhor e ficar afastados desses ministérios falsos, por mais 

populares que sejam.Cristo é a verdade  (Jo 14:6), e segui-lo 

conduz à liberdade. Os apóstatas são mentirosos, e segui-los conduz à escravidão. Não 

há meio-termo!

é a deterioração interior. Os cristãos verdadeiros receberam uma nova natureza, uma 

natureza divina, e têm apetites e desejos 

novos e diferentes. Não são mais porcos e cães; foram transformados em ovelhas!Podemos imaginar a decepção de quem

acredita ter sido liberto e descobre que, no 

fim das contas, está pior do que antes! Os 

apóstatas prometem liberdade, mas só podem dar escravidão. A verdadeira liberdade 

deve vir de dentro; diz respeito à natureza 

interior. Uma vez que a verdadeira nature

za consiste no que há de mais excelente emque podemos nos tornar, um porco e umcão jamais serão capazes de se tornar algo 

mais elevado que Sus scrofa e Canis familiaris.Sei que certas pessoas acreditam que 

esses mestres apóstatas eramcristãos verdadeiros que, ao se desviarem do conhecimento de Deus, perderam a salvação. Mas até 

mesmo uma leitura superficial de 2 Pedro 2 e de Judas é suficiente para convencer o 

leitor imparcial de que esses mestres nunca 

tiveram uma experiência autêntica de salvação por meio da fé em Jesus Cristo. Pedro 

 jamais os teria comparado a porcos e cães 

se tivessem, em outros tempos, sido membros do verdadeiro rebanho do Senhor, como também não os teria chamado de 

filhos malditos2) Pe 2:14). Se fossem cristãos verdadeiros que se desviaram, a responsabilidade de Pedro seria encorajar os 

leitores a resgatar esses apóstatas (Tg 5:19, 20), mas Pedro não ordenou que o fizessem. Antes, condenou os apóstatas usando 

algumas das expressões mais fortes do Novo 

Testamento!

Agora, entende-se melhor por que a "li- berdade oferecida por esses falsos mestres 

é falsa,  uma "liberdade" que só conduz à

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(2 Pe 1:12-15). É fácil para o cristão "se acos-tumar com a verdade de Deus". Êutico ador-meceu ouvindo Paulo pregar! (At 20:7-10).Nosso Pai celestial fez um sacrifício para quepudéssemos ter a verdade da Palavra e a li-berdade de praticá-la, mas, com freqüência,deixamos de dar o devido valor a ela e nos

tornamos complacentes. A Igreja precisa serdespertada regularmente, a fim de que o ini-migo não nos encontre adormecidos nemse aproveite de nossa letargia espiritual.

Uma vez que a Palavra de Deus é verda-deira, deve-se prestar atenção no que diz elevar sua mensagem a sério. Precisamos en-sinar a Palavra de Deus aos recém-conver-tidos e os firmar na fé, pois os cristãos novosna fé são o principal alvo do mestre apóstata.Mas os cristãos mais experientes também

precisam ser lembrados da importância dadoutrina bíblica e, especialmente, das dou-trinas relacionadas à volta de Cristo. Os ensi-namentos proféticos não devem ser uma"canção de ninar" para nós. Antes, devemnos despertar, de modo que tenhamos umavida piedosa e que procuremos ganhar osperdidos (Rm 13:11-14).

O que a Bíblia ensina sobre o Dia do Se-nhor não foi inventado pelos apóstolos. Osprofetas ensinaram tais preceitos, como tam-

bém o fez Jesus Cristo (2 Pe 3:2). Pedro enfa-tiza a unidade da Palavra de Deus. Ao negar"o poder e a vinda" de Jesus Cristo, os escar-necedores negavam a veracidade dos livrosproféticos, os ensinamentos de nosso Senhornos Evangelhos e os escritos dos apóstolos!Como as vestes sem costura que Jesus usa-va, as Escrituras não podem ser separadassem destruir o todo.

Já nos dias de Enoque, Deus avisou queo julgamento estava a caminho (Jd 14, 15).Vários profetas de Israel anunciaram o Diado Senhor e advertiram que o mundo seria

 julgado (Is 2:10-22; 13:6-16; Jr30:7 ; Dn 12:1;Jl; Am 5:18-20; Sf; Zc 12:1 - 14:3). Esse pe-ríodo de julgamento também é conhecidocomo "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30:7)e Tribulação.

Jesus falou sobre esse dia de julgamen-to em seu sermão no monte das Oliveiras(Mt 24 - 25). Paulo trata desse assunto em

Escarnecendo   dos  

Escarnecedores

2 P e d r o   3:1-10

 / / “ Γ odos são ignorantes", disse Will Rogers,I "a diferença é só o assunto que cada

um desconhece".Trata-se de uma declaração extremamen-

te verdadeira, mas a questão é mais comple-xa, pois existe mais de um tipo de ignorância.

Algumas pessoas são ignorantes por falta deoportunidade de aprender ou, talvez, porfalta de capacidade de aprender; outras,como Pedro coloca em 2 Pedro 3:5, "delibe-radamente, esquecem". Como disse comrazão um filósofo conhecido: "A morte doconhecimento não é a ignorância em si, massim a ignorância da ignorância".

Em 2 Pedro 2, o apóstolo tratou da con-duta e do caráter dos apóstatas e, agora, tratade seus falsos ensinamentos. Pedro afirma a

certeza da vinda de Cristo em glória (2 Pe1:16ss), uma verdade que os apóstatas ques-tionavam e negavam. Na verdade, zombavamaté da idéia de que o Senhor voltaria, julgariao mundo e estabeleceria um reino glorioso.

É extremamente importante para nós,cristãos, entender a verdade de Deus! Hojenos vemos cercados de escarnecedores,gente que se recusa a levar a Bíblia a sérioquando esta trata da volta de Cristo e da cer-teza do julgamento. Neste parágrafo, Pedroadmoesta seus leitores a compreenderemtrês fatos importantes acerca de Deus e dapromessa da vinda de Cristo.

1. A Palavra de Deus é verdadeira  (2 Pe 3:1-4)É possível ter uma mente pura e sincera e,ainda assim, ter uma péssima memória! Pedroescreveu esta segunda epístola especialmen-te para despertar e estimular seus leitores

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5972 P E D R O 3 : 1 - 1 0

de a cidade pecadora ser destruída por fogoe enxofre. Os que tentaram, de algum modo,dar testemunho de Jesus Cristo, sem dúvida

 já se depararam com pessoas que zombamda idéia do inferno ou de um dia vindouro

de julgamento para este mundo.Qual o motivo da zombar ia desses

apóstatas? Seu desejo de continuar vivendoem pecado. Pedro deixa claro que os falsosmestres cultivam "imundas paixões" (2 Pe2 :1 0 ) e seduzem pessoas fracas por meiode "paixões carnais" (2 Pe 2:18). Se o estilode vida do indivíduo é contrário à Palavrade Deus, só lhe resta mudar de vida oudistorcer a Palavra de Deus. Os apóstatas

escolhem a segunda opção, de modo queescarnecem das doutrinas do julgamento eda vinda do Senhor.

Qual é sua argumentação? A uniformidade do mundo. "Nada de cataclísmico ocorreu no passado", argumentam, "de modoque não há motivo para crer que acontecerá no futuro

 

. Usam a "abordagem científica", examinando as provas, aplicando arazão e tirando uma conclusão. O fato deque ignoram deliberadamente  um bocadode provas não parece perturbá-los.

A abordagem científica funciona de maneira extraordinária quando se trata de questões relacionadas ao universo material, masnão podemos levar a profecia bíblica a umlaboratório e tratá-la como se fosse apenasmais uma hipótese. Aliás, as chamadas "leisda ciência

 

são, na verdade, conclusões informadas a que se chega com base emum número limitado de experimentos e tes

tes. São generalizações, sempre sujeitas amudanças, pois nenhum cientista é capazde realizar um número infinito de experiências para provar suas afirmações e, da mesma forma, não é capaz de controlar todosos fatores envolvidos no experimento e nopróprio raciocínio.

A Palavra de Deus ainda é "como a umacandeia que brilha em lugar tenebroso"(2  Pe 1:19). Podemos confiar nela. Não im

porta o que os escarnecedores digam, o diado julgamento de Deus virá sobre o mundo, e Jesus Cristo voltará para estabelecerseu reino glorioso.

1 Tessalonicenses 5 e 2 Tessalon icenses 1 e2. O apóstolo João descreve esse dia terrível em Apocalipse 6  a 19. Nesse tempo, aira de Deus será derramada sobre as nações,e Satanás terá liberdade de expressar toda

sua ira e maldade. Esse dia culminará com avolta de Jesus Cristo em glória e em vitória.

Apesar de não usar isso como teste decomunhão nem de espiritualidade, é minhaconvicção pessoal que o povo de Deus serálevado para o céu antes  da aurora desse"grande e terrível Dia do Senhor" (Jl 2:31;Ml 4 :5). Creio que devemos fazer uma distinção cuidadosa entre os "dias" mencionadosna Bíblia. O "D ia do Senhor" é o dia de julga

mento, que culminará com a volta de Cristoà Terra. O "D ia de Deus 2) Pe 3:12 ) é otempo em que o povo de Deus desfrutaránovos céus e nova Terra, depois que todomal tiver sido julgado (1 Co 15:28). O "Diade nosso Senhor Jesus Cristo

 

é relacionado à vinda de Cristo para buscar sua Igreja(1 Co 1:7-9; Fp 1:10; 2:16).

Pode-se dizer que os estudiosos das profecias encaixam-se em três categorias: os queacreditam que a Igreja será arrebatada (1 Ts4:13ss) antes do Dia do Senhor; os que acreditam que esse acontecimento ocorrerá no meio   do Dia do Senhor, sendo que a Igrejapassará por metade da Tribulação; e os queacreditam que a Igreja será arrebatada quando Cristo voltar no final da Tribulação.  Cadauma dessas perspectivas é defendida porpessoas boas e piedosas, e nossas diferençasde interpretação não devem criar problemasna comunhão nem no compartilhamento do

amor cristão.A Palavra de Deus não antevê apenas o

Dia do Senhor, mas também o surgimentode escarnecedores que negarão essa Palavra! Sua presença é prova de que a Palavraque negam é a verdadeira Palavra de Deus!Não devemos nos surpreender com a presença desses zombadores apóstatas (ver At20:28-31; 1 Tm 4; 2  Tm 3).

Um escarnecedor é alguém que trata

levianamente algo que deveria ser levado asério. O povo no tempo de Noé escarneceu da idéia do julgamento, e os cidadãosde Sodoma escarneceram da possibilidade

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2 PEDRO 3:1-10598

mas, ainda assim, tais coisas ocorreram.Os "cientistas" daquele tempo poderiamter usado a mesma argumentação dos es-carnecedores: "Tudo continua como sem-pre foi desde o início. A vida é uniformee nada extraordinário pode acontecer".

Mas aconteceu!Deus tem o poder de intervir a qualquer

momento e de realizar sua vontade. Podemandar tanto chuva quanto fogo do céu."No céu está o nosso Deus e tudo faz comolhe agrada" (SI 115:3).

Depois de demonstrar que, em tempospassados, Deus "interrompeu" o curso dahistória, Pedro está pronto para sua aplica-ção em 2 Pedro 2:7. A mesma palavra quecriou e sustenta o mundo o mantém coeso

no presente, guardado para o fogo, preser-vado e conservado para o dia vindouro de

 julgamento. Deus prometeu que não have-ria mais dilúvios para destruir o mundo (Gn9:8-1 7). O próximo julgamento, portanto,será de fogo.

A expressão "entesourados para fogo"(que também pode ser traduzida por "supri-da com fogo") parece bastante moderna, pois,segundo a ciência atômica de nosso tempo,os elementos que constituem a Terra pos-

suem um suprimento de energia. Existe ener-gia atômica suficiente em um copo de águapara fazer funcionar um transatlântico. O serhumano descobriu essa grande energia, e,como resultado, o mundo parece estar à bei-ra da destruição atômica. No entanto, Pedroaparentemente indica que o mundo não serádestruído pelo ser humano  com seu abusopecaminoso da energia atômica. Será Deus quem "apertará o botão" na hora certa equeimará toda a criação e, com ela, as obras

do ser humano perverso; então, trará novoscéus e nova Terra e reinará em glória.

Todas as coisas da criação original deDeus eram boas. Foi o pecado do homemque transformou a boa criação em umacriação que geme  (Rm 8:18-22). Deus nãopoderia permitir que o homem pecador vi-vesse em um ambiente perfeito, de modoque teve de amaldiçoar o solo por causa dohomem (Gn 3:14-19). Desde então, o ser hu-mano vem poluindo e destruindo a criação

2. A obra de Deus é coerente (2 Pe 3:5-7)De que maneira Pedro refuta os argumen-tos insensatos dos escarnecedores apósta-tas? De acordo com eles, "Deus não inter-rompe a operação de sua criação estável! A

promessa da vinda de Cristo não é verda-deira!" Pedro só precisa lembrá-los do queDeus havia feito no passado, provando, des-se modo, que sua obra é coerente ao longodas eras. O apóstolo apenas apresentou pro-vas que os falsos mestres ignoravam delibe- radamente. É espantoso como os chamados"pensadores" (cientistas, teólogos liberais, fi-lósofos) são seletivos  e se recusam, inten-cionalmente, a considerar certos dados.

Pedro cita dois acontecimentos históri-

cos que comprovam suas afirmações: a obrade Deus na criação (2 Pe 3:5) e o dilúvio notempo de Noé (2 Pe 3:6).

Deus criou os céus e a Terra por sua pa-lavra. A expressão "disse Deus" aparece novevezes em Gênesis 1. "Pois ele falou, e tudose fez; ele ordenou, e tudo passou a existir"(SI 33:9). A palavra de Deus não é respon-sável apenas pela execução da criação, mastambém por sua coesão.  A forma comoKenneth Wuest traduz 2  Pedro 3:5 ressalta

esse significado: "Pois, com respeito a isso,se esquecem intencionalmente que os céusexistiam desde os tempos antigos, bem comoa terra [surgida] da água e por meio da águacoerida pela palavra de Deus".

A argumentação de Pedro é óbvia: omesmo Deus que criou o mundo por meioda sua Palavra também pode intervir nessemundo e fazer o que bem entender! Foi suaPalavra que o criou e que mantém sua coe-são, e sua Palavra é onipotente.

O segundo acontecimento que Pedrocita é o dilúvio no tempo de Noé (2 Pe 3:6).O apóstolo referiu-se ao dilúvio anterior-mente como uma ilustração do julgamentodivino (2 Pe 2:5), de modo que não é ne-cessário entrar em detalhes. O dilúvio foi umacontecimento cataclísmico; na verdade, otermo grego traduzido por "afogado" dá ori-gem à palavra cataclismo.  O povo que viviana Terra provavelmente nunca havia visto umatempestade nem fontes profundas jorrarem,

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2 PEDRO 3:1-10600

única ocasião em suas epístolas em quePedro usa o termo arrependimento, mas issonão minimiza sua importância. Arrepender-se significa, simplesmente, "mudar de idéia".Não é o mesmo que se lamentar por ter sidopego em flagrante. Também não é o mesmo

que remorso, um sentimento que pode le-var ao desespero.

O arrependimento é uma mudança naforma de pensar resultante de um ato da vo-lição. Se o pecador muda honestamente deidéia em relação ao pecado, ele o abandona.Se muda sinceramente de idéia quanto a je-sus Cristo, volta-se para ele, crê nele e é saí-vo. "O arrependimento para com Deus e afé em nosso Senhor Jesus Cristo" (At 20:21):essa é a fórmula de Deus para a salvação.

O termo traduzido por "cheguem", nofinal de 2 Pedro 3:9, tem o sentido de "fazerespaço para". É traduzido por "levava", emJoão 2:6, e "caberiam", em 21:25. O peca-dor perdido sincero precisa "fazer espaço"para o arrependimento em seu coração aocolocar de lado o orgulho e receber humil-demente a Palavra de Deus. O arrepen-dimento é uma dádiva de Deus (At 11:18;2 Tm 2:25), mas o incrédulo precisa dar es-paço para essa dádiva.

Ao recapitular os argumentos de Pedro,observa-se como as provas que apresentasão irrefutáveis. Ressalta que os escarnece-dores rejeitam deliberadamente as evidên-cias a fim de continuar a pecar e a zombar.Prova pelas Escrituras que Deus interveio nahistória passada e que tem o poder de fazero mesmo hoje. Mostra que os escarnecedo-res tinham um péssimo conceito do caráterde Deus, pois acreditavam que ele estavaatrasando o cumprimento de suas promes-

sas, da mesma forma que os homens fazem.Por fim, explica que Deus não vive na esferado tempo humano e que sua aparente "de-mora" serve apenas para dar mais oportuni-dades aos pecadores perdidos de se arre-penderem e serem salvos.

Depois de refutar suas declarações falsas,Pedro reafirma a certeza da vinda do Diado Senhor. Ninguém sabe quando será, poissobrevirá "como ladrão". Tanto Jesus (Mt24:43; Lc 12:39) quanto o apóstolo Paulo

mundo e de que está executando esse pia-no. Ninguém deve ter dúvidas de que Deusdeseja que os pecadores sejam salvos, "nãoquerendo que nenhum pereça" (2 Pe 3:9).De acordo com 1 Timóteo 2:4, Deus "dese-

 ja que todos os homens sejam salvos e che-

guem ao pleno conhecimento da verdade".Esses versículos são tanto negativos quantopositivos e, juntos, garantem que Deus nãotem prazer algum na morte dos perversos(Ez 18:23, 32; 33:11). Ele demonstra sua mi-sericórdia para com todos (Rm 11:32), masnem todos serão salvos.

Convém observar que Deus revelou amesma longanimidade nos anos anterio-res ao dilúvio (1 Pe 3:20). Viu a violência ea perversidade do ser humano e poderia ter

 julgado o mundo de imediato; no entanto,reteve sua ira e, em vez de julgamento, en-viou Noé como "pregador da justiça". Nocaso de Sodoma e Gomorra, Deus esperoupacientemente, enquanto Abraão intercediapelas cidades, e as teria poupado, se tivesseencontrado dez justos em Sodoma.

Se Deus é longânimo com os pecadores,por que Pedro escreve: "Ele é longânimopara convosco"? A quem se refere ao usar opronome "convosco"? Tem-se a impressão de

que Deus é longânimo  para com seu pró-  prio povo!

Talvez Pedro empregue esse pronomede maneira geral em referência à humanida-de. No entanto, o mais provável é que eleesteja se referindo a seus leitores como elei-tos de Deus (1 Pe 1:2; 2 Pe 1:10). Deus élongânimo para com os pecadores perdidos,pois alguns deles vão  crer e se tornar partedo povo eleito de Deus. Não sabemos quemsão os eleitos de Deus dentre as pessoas de

todo o mundo, nem devemos saber. Cabe anós "[procurar], com diligência cada vezmaior, confirmar a [nossa] vocação e elei-ção2) Pe 1:10; cf. Lc 13:23-30). O fato deque Deus tem seus eleitos é um estímulopara que as boas-novas sejam compartilha-das por nós e para que procuremos ganharoutros para Cristo.

Deus foi longânimo até com os escar-necedores daquele tempo! Precisavam arre-pender-se, e ele desejava salvá-los. Essa é a

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inclusive a dos diplomatas e politicos bem-intencionados, porém incrédulos, de modoque somente ele terá o privilégio de "apertar o botão" e de dissolver os elementos, afim de abrir caminho para os novos céus ea nova Terra. Sem dúvida, ao escrever essaspalavras, Pedro tinha em mente passagensdo Antigo Testamento, como Isaías 13:10,11; 24:19; 34:4 e 64:1-4. A primeira passagem é especialmente enfática na afirmaçãode que Deus fará sobrevir o julgamento, nãoos homens. "Castigarei o mundo por causada sua maldade e os perversos por causa dasua iniqüidade

 

, diz o Senhor. Essa declara

ção não dá a entender que ele entregaráessa tarefa a algum líder militar nervoso oua algum político irado.

É evidente que essa grande explosão econflagração não atingirão o "céu dos céus

 

onde Deus habita. Destruirão a Terra e océu atmosférico a seu redor, o universo comoo conhecemos; com isso, será criado espaço para os novos céus e a nova Terra (2 Pe3:13; Ap 21 :Iss).

As grandes obras dos homens serão consumidas pelo fogo! Todas as coisas das quaisos seres humanos se orgulham - suas grandes cidades, construções, invenções e realizações - serão destruídas em um instante.Quando os pecadores estiverem diante dotrono de Deus, não terão coisa alguma paramostrar como prova de sua grandeza. Tudoterá desaparecido.

Sem dúvida, trata-se de uma verdade ex

tremamente séria, e não devemos ousarestudá-ía com arrogância. Nos versículosrestantes desta epístola, Pedro aplica essaverdade a nossa vida diária. No entanto,convém fazer uma pausa agora e considerar onde estaremos quando Deus destruiro mundo. Vivemos em função de coisasdestinadas a ser destruídas por uma nuvematômica e a desaparecer para sempre? Oufazemos a vontade de Deus de modo quenossas obras o glorifiquem para sempre?É preciso decidir agora, antes que seja tarde demais.

(1 Ts 5:2ss) também usaram essa expressão.O julgamento de Deus sobrevirá quando omundo estiver se sentindo seguro. O ladrãonão avisa suas vítimas que está vindo! "Q uando andarem dizendo: Paz e segurança, eisque lhes sobrevirá repentina destruição,como vêm as dores de parto à que está paradar à luz; e de nenhum modo escaparão"(1 Ts 5:3).

Não sabemos quando   acontecerá, massabemos o que  acontecerá. Kenneth Wuestapresenta uma tradução vivida e precisadessas palavras: "No qual os céus serão dissolvidos com um ruído intenso e os elemen

tos sendo queimados se dissolverão, e a terrabem como as obras serão consumidas pelofogo2) Pe 3:10).

Muitos estudiosos da Bíblia acreditamque, nessa passagem, Pedro descreve a açãoda energia atômica sendo liberada por Deus.O termo traduzido por "estrepitoso estrondo" significa "um som sibilante e estalante".Quando a bomba atômica foi testada nodeserto, de Nevada, vários repórteres afir

maram ter ouvido um "chiado" ou "estalo".O termo grego que Pedro emprega costumava ser usado em referência ao barulhofeito pelas asas de um pássaro ou o silvo deuma serpente.

A exp ressão "se desfarão abrasados", em2 Pedro 3:1 0, significa desintegrar-se, dissolver-se". Dá a idéia de algo sendo decomposto em seus elementos fundamentais,exatamente o que acontece na liberação da

energia atômica. "Passará o céu e a terra  ,disse jesus (Mt 24 :35) e, ao que parece, issopode acontecer pela liberação da energiaatômica guardada dentro dos elementosque constituem o mundo. O s céus e a Terraestão "armazenados com fogo" ("entesoura-dos para fogo"; 2 Pe 3:7), e somente Deuspode liberá-lo.

Por esse motivo, não creio que Deuspermitirá que homens perversos envolvam-se em uma guerra nuclear que destruiráa Terra. A meu ver, ele predominará sobrea ignorância e a insensatez dos homens,

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2 Pedro 1:15 , "de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente". Quem quer ser um cris-tão bem-sucedido precisa aprender a serdiligente.

Pedro dá três admoestações para enco-rajar os leitores na diligência cristã à íuz davolta de Cristo.

1 . S ejam   d i l i g e n t e s   em   l e v a r    u m a   v i d a  p i e d o s a   (2 P e  3 : 1 1 - 1 4 )

A palavra-chave deste parágrafo é esperar. Significa "aguardar com grande expectativa".Encontramos esse mesmo termo em Lucas3:15 ("Estando o povo na expectativa") e emAtos 3:5 ("esperando receber alguma coi-sa"). Descreve uma atitude de empoígaçãoe expectativa ao aguardarmos a volta doSenhor. Ao saber que o mundo e suas obras

se dissiparão e que até mesmo os elementosse desintegrarão, não colocamos a esperan-ça nas coisas deste mundo, mas somenteno Senhor Jesus Cristo.

Ninguém sabe o dia ou a hora da voltade Cristo e, por isso, todos devem estar sem-pre preparados. O cristão que começa anegligenciar "a bendita esperança" (Tt 2:13)desenvolve gradativamente um coração frio,uma atitude mundana e uma vida infiel (Lc12:35-48). Se não tiver cuidado, poderá tor-

nar-se como os escarnecedores e fazer pou-co da promessa da volta de Cristo.

Essa atitude de expectativa deve fazerdiferença em nossa conduta pessoal  (2 Pe3:11 ). O termo traduzido por "ser tais com o"significa, literalmente, "exótico, que não édeste mundo, estrangeiro". Uma vez que"[livramo-nos] da corrupção das paixõesque há no mundo" (2 Pe 1:4), devemos vi-ver de maneira diferente das pessoas domundo. Para elas, devemos viver como "es-

trangeiros", pois este mundo não é nossolar. Somos "peregrinos e forasteiros" (1 Pe2 :1 1 ) a caminho de um mundo melhor, acidade eterna de Deus. Os cristãos devemser diferentes, mas não esquisitos. Quandosomos diferentes, atraímos as pessoas; quan-do somos esquisitos, as espantamos.

Nossa conduta deve ser caracterizadapela santidade e piedade. "Pelo contrário,segundo é santo aquele que vos chamou,

S ejam   D i l igentes !

2 P e d r o   3 : 1 1 - 1 8

7

A   verdade profética não tem por objeti-vo especular, mas sim motivar; desse

modo, Pedro conclui sua carta com o tipode admoestação prática ao qual todos nósdevemos dar ouvidos. É triste quando aspessoas correm de um congresso sobre pro-

fecias para outro, enchendo os cadernos deanotações, marcando a Bíblia, desenhandográficos e, no entanto, não vivem para a gló-ria de Deus. Na verdade, é bem possível queos cristãos briguem mais entre si por causada interpretação de profecias do que porqualquer outra questão.

Todos os cristãos verdadeiros crêem queJesus Cristo virá outra vez. Podem diferirem sua visão de quando certos aconteci-mentos prometidos ocorrerão, mas todos

concordam que o Senhor voltará, conformeprometeu. Além disso, todos os cristãos con-cordam que essa fé numa glória futura deveservir de motivação para a Igreja. Como umpastor me disse:

- Passei da comissão de planejamento davolta de Cristo para o comitê de recepção!

Isso não significa que se deve parar de estu-dar as profecias ou que todo ponto de vistacontrário seja verdadeiro, o que, obviamente,é impossível. Mas significa que, quaisquer que

sejam nossas concepções, elas devem fazerdiferença em nossa vida.

A admoestação que resume de modomais adequado o que Pedro escreve nesteparágrafo de encerramento é "sejam dili-gentes!" O apóstolo usa esse termo em 2 Pe-dro 1:5: "reunindo toda a vossa diligência,associai com a vossa fé"; em 2 Pedro 1:10,"procurai, com diligência cada vez maior,confirmar a vossa vocação e eleição" e em

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Deve-se evitar dois extremos no ministério. Um deles é a atitude de ficar de tal maneira "presos" ao plano soberano de Deusque coisa alguma que fazemos importa. Ooutro extremo é crer que Deus é incapaz

de realizar qualquer coisa sem nossa participação! Apesar de jamais se dever usar ospreceitos soberanos de Deus como desculpa para a preguiça, os planos e as atividades também não devem tomar seu lugar.

Talvez duas ilustrações da história doAntigo Testamento ajudem a compreendermelhor a relação entre o plano de Deus e oserviço do ser humano. Deus livrou Israeldo Egito e disse ao povo que desejava

colocá-los em sua herança, a terra de Canaã.Mas em Cades-Barnéia, o povo rebelou-secontra D eus e se recusou entrar na terra (Nm13 - 14). Deus os forçou a entrar? Não. Emvez disso, deixou que vagassem pelo deserto pelos quarenta anos seguintes até que ageração mais velha morresse. Ajustou seuplano de acordo com a resposta do povo.

Quando Jonas pregou ao povo de Ní-nive, sua mensagem foi clara: "Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida" (Jn 3:4).Deus estava planejando destruir a cidadeperversa, mas quando o povo se arrependeu, desde o rei até a população em geral,Deus ajustou seu plano e poupou a cidade.Nem Deus nem seus princípios fundamentais mudaram, mas ele alterou a aplicaçãodesses princípios. Quando os homens searrependem, Deus responde de maneiraadequada.

Então, de que maneira podemos, como

cristãos, apressar a vinda do Dia de Deus?Em primeiro lugar, podemos orar como Jesus nos ensinou: "Venha o teu reino" (Mt6:10). Pelo que se vê em Apocalipse 5:8 e8:3, 4, parece que, de algum modo, as orações do povo de Deus estão relacionadascom o derramamento da ira de Deus sobreas nações.

Se o trabalho de Deus hoje é chamarum povo para seu nome (At 15:14), quanto

antes esse trabalho for completado, maiscedo o Senhor voltará. Essa verdade ésugerida em Atos 3:19-21. M ateus 24:14 , porsua vez, relata a Tribulação, mas o princípio

tornai-vos santos também vós mesmos emtodo o vosso procedimento, porque escritoestá: Sede santos, porque eu sou santo" (1 Pe1:15, 16). O termo "santo" significa "separado, colocado à parte". Israel era uma "nação

santa", pois Deus chamou os israelitas dentre os gentios e os manteve separados. Oscristãos são chamados do mundo ímpio a seuredor e separados exclusivamente para Deus.

O termo "piedade" também é usado em2 Pedro 1:6, 7 e tem o sentido de "adorardevidamente". Descreve a pessoa cuja vidaé dedicada a agradar a Deus. É possível serposicionalmente separado do pecado sem,no entanto, ter prazer em viver para Deus

pessoalmente. No mundo grego, essa palavra traduzida por "piedade" significava"respeito e reverência pelos deuses e pelomundo que eles criaram". É essa atitude dereverência que nos faz dizer, como João Batista: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3:30).

Outros autores do Novo Testamento também ensinam que a expectativa ansiosa pelavolta de Cristo deve nos motivar a ter umavida pura (ver Rm 13:11-14; 2 Co 5:1-11; Fp3:17-21; 1 Ts 5:1-11; Tt 2:11-15; 1 Jo 2:28 -3:3). No entanto, não é simplesmente o conhecimento da doutrina com a mente  quemotiva esse tipo de vida, mas também a presença dessa verdade no coração ; é amar avinda do Senhor (2 Tm 4:8).

Essa atitude de expectativa não deve repercutir apenas na conduta, mas tambémno testemunho.  Pedro afirma que é possívelapressar a volta de Jesus Cristo.

O termo traduzido por "apressando" temo sentido de "dar pressa" nas outras cincopassagens em que é usado no Novo Testamento. Os pastores "foram apressadamente" (Lc 2:16). Jesus disse a Zaqueu: "descedepressa" (Lc 19:5, 6). Paulo "se apressavacom o intuito de passar o dia de Pentecos-tes em Jerusalém" (At 20:16); e o Senhordisse a Paulo: "Apressa-te e sai logo de Jerusalém" (At 22:18). Se dissermos que essa

palavra tem o mesmo significado de "aguardar com grande expectativa", faremos Pedrorepetir-se em 2 Pedro 2:12, em que o termo"esperar" é usado desse modo.

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2 PEDRO 3:1 1-1 8604

messa. Há muito tempo, Deus tem motivosde sobra para julgar o mundo e consumirsuas obras, mas, em sua misericórdia, ele élongânimo para conosco, "não querendoque nenhum pereça, senão que todos che-guem ao arrependimento". Este é o dia da

salvação, não do julgamento.Pedro faz referência aos escritos de Pau-

10, pois é Paulo, mais do que qualquer outroescritor do Novo Testamento, que explica oplano de Deus para a humanidade nesta erapresente. Especialmente nas epístolas aosRomanos e aos Efésios, Paulo explica a rela-ção entre Israel e a Igreja. Ressalta que Deususou a nação de Israel a fim de preparar ocaminho para a vinda do Salvador. Mas Is-rael rejeitou seu Rei e pediu que eie fosse

crucificado. Isso destruiu o plano de Deus?Claro que não! Por hora, Israel foi colocadode lado como nação, mas Deus ainda estáfazendo algo novo e extraordinário: está sal-vando judeus e gentios e os tornando umem Cristo na Igreja.

Por séculos, se um gentio desejasse sersalvo, precisaria tornar-se parte do povo deIsrael. Essa mesma atitude persistiu até naIgreja primitiva (At 15). Paulo deixa claro quetanto judeus quanto gentios estão condena-

dos diante de Deus e ambos devem ser sal-vos pela fé em Jesus Cristo. Em Jesus Cristo,

 judeus e gentios salvos pertencem a um sócorpo, a Igreja. A Igreja é um "mistério", ocul-to nos desígnios de Deus e, posteriormente,revelado por meio dos profetas do Novo Tes-tamento e por meio dos apóstolos (ver Ef 3).

A nação de Israel era a grande testemu-nha da Lei de Deus, mas a Igreja dá teste-munho de sua graça (ver Ef 1 e 2). A Leipreparou o caminho para a graça, e a graça

nos permite cumprir a justiça da Lei (Rm 8:1-5). Isso não significa que não houvesse gra-ça na antiga aliança nem que os cristãos danova aliança vivam sem lei! Qualquer umque foi salvo no regime da Lei foi salvo pelagraça, por meio da fé, conforme Romanos 4e Hebreus 11 deixam claro.

Mas os incultos e os instáveis têm difi-culdade em entender os ensinamentos dePaulo. Algumas pessoas cultas e estáveis comdiscernimento espiritual podem sentir-se

é o mesmo: o ministério humano cooperacom o plano de Deus, a fim de que os acon-tecimentos prometidos ocorram.

Existem mistérios que a mente não écapaz de compreender plenamente nemexplicar, mas a lição básica é clara: o mesmo

Deus que determina o fim também determi-na os meios, e nós fazemos parte dessesmeios. Nossa tarefa não é especular, massim servir.

Por fim, essa atitude de expectativa devefazer uma diferença quando encontrarmos 

 Jesus Cristo  (2 Pe 3:14). Ela significa que elenos encontrará "em paz

 

e não terá acusa-ção alguma contra nós, de modo que nãoseremos "envergonhados na sua vinda" (1 Jo2:28). O tribunal de Cristo será um aconte-

cimento momentoso (2 Co 5:8-11), no qualteremos de prestar contas do serviço reali-zado a ele (Rm 14:10-13). É melhor encontraro Senhor "em paz" do que ele lutar contranós com sua Palavra (Ap 2:16).

Se formos diligentes em esperar por suavolta e levar uma vida santa e piedosa, nãoteremos medo nem seremos envergonha-dos. Encontraremos com ele "sem mácula eirrepreensíveis". Jesus Cristo é o "cordeirosem defeito e sem mácula" (1 Pe 1:19), e

todos devem esforçar-se para seguir seuexemplo. Pedro adverte seus leitores contraa contaminação causada pelos apóstatas:eles são "quais nódoas e deformidades"(2 Pe 2:13). O cristão separado não se per-mite ser contaminado pelos falsos mestres!Deseja encontrar-se com o Senhor usandovestes puras.

De que maneira se mantém essa expec-tativa ansiosa que conduz a uma vida desantidade? Guardando sua promessa no co-

ração (2 Pe 3:13). A promessa de sua vindaé a luz que resplandece neste mundo de tre-vas (2 Pe 1:19), e é preciso ter a certeza deque a "estrela da manhã" está brilhando emnosso coração porque amamos sua vinda.

2 . S ejam  diligentes  em   g a n h a r    o s  perdidos   (2 P e  3 :1 5 , 1 6 )

Segunda Pedro 3:15 é relacionado ao ver-sículo 9, no qual Pedro explica por que oSenhor está demorando a cumprir sua pro-

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em compreender a Palavra de Deus, poisninguém é capaz de compreender a Bíbliatoda  perfeitamente. Antes, descreve os falsos mestres que "torturam" a Palavra de Deusa fim de provar suas doutrinas falsas. Certa

vez, ouvi um membro de uma seita explicarpor que o líder de seu grupo era o "novoMessias" manipulando, para isso, as "semanas" em Daniel 9:23-27. Distorceu a profecia sem dó nem piedade!

A palavra "destruição" é repetida comfreqüência nesta epístola (2 Pe 2:1-3; 3:7,16). Refere-se à rejeição da vida eterna, queresulta em morte eterna.

Uma vez que este é o dia da salvação,

devemos ser diligentes e fazer todo o possível para ganhar os perdidos. Não sabemosquanto tempo o Senhor será "longânimo"para com o mundo perverso. Não se deveabusar de sua graça. Antes, deve-se compreender o que as Escrituras ensinam sobreo plano de Deus para a presente era e sermotivados pelo amor pelos perdidos (2  Co5:14) e por um desejo de agradar ao Senhorquando ele voltar.

Os falsos mestres multiplicam suas doutrinas perniciosas e infectam a Igreja. Deusprecisa de homens e de mulheres separadosdo mundo que resistam a esses apóstatas,vivam de modo piedoso e dêem testemunho da graça salvadora de Jesus Cristo. Otempo é curto!

3 . S ejam   d i l i g e n t e s   em   c r e s c e r  

ESPIRITUALMENTE (2 Pe 3:17, 18)Encontramos em 2  Pedro 3 quatro decla

rações com "amados" que resumem a mensagem que Pedro desejava transmitir aoencerrar sua segunda carta.

"Amados, [...] vos recordeis" (3:1, 2)."amados, [...] não deveis esquecer" (3:8)."amados, [...] empenhai-vos" (3:14)."amados, [...] acautelai-vos" (3:17) .

O termo traduzido por "acautelai-vos" sig

nifica "estejam constantemente guardandoa si mesmos". Os leitores de Pedro conheciam a verdade, mas ele os advertiu de queo conhecimento, por si só, não era proteção

perdidas diante de passagens como Romanos 9 a 11! Em sua tentativa de "harmonizar"aparentes contrad ições (a Lei e a graça, Israele a Igreja, a fé e as obras), alguns estudiososda Bíblia distorcem as Escrituras e tentam

fazê-las ensinar algo que não se encontrano texto. O termo grego traduzido por "deturpar" significa "torturar na roda, distorcer,perverter".

Até mesmo no tempo de Paulo haviaos que distorciam as palavras do apóstolo etentavam defender a própria ignorância.Acusavam Paulo de ensinar que, pelo fatode sermos salvos pela graça, nosso modode viver não faz diferença! Havia quem dis

sesse "caluniosamente" que Paulo ensinava: "Pratiquemos males para que venhambens" (Rm 3:8 ; cf. Rm 6:1 ss). Outros acusavam Paulo de ser contra a Lei pois ensinava a igualdade dos judeus e gentios dentroda igreja (Gl 3:28) e sua liberdade em Cristo.

A maioria das heresias é uma deturpação de alguma doutrina fundamental da Bíblia. Os falsos mestres usam certos versículosfora de contexto, distorcem o significado dasEscrituras e criam doutrinas contrárias à Palavra de Deus. É provável que Pedro tivesseem mente os falsos mestres, mas esta advertência vale para todos nós. D evemo s aceitaros ensinamentos das Escrituras e não tentar fazê-las dizer o que queremos.

Convém observar que Pedro descreveas epístolas de Pauio como Escrituras, ou seja,Palavra inspirada de Deus. Não apenas osensinamentos dos apóstolos concordavamcom os preceitos dos profetas e de Jesus

(2  Pe 3:2), com o também os apóstolos apresentavam um consenso entre si. Alguns estudiosos liberais tentam provar a existênciade diferenças entre a doutrina dos aposto-los e a doutrina de Jesus Cristo, ou entre osensinamentos de Pedro e os de Paulo. Os destinatários da segundo carta de Pedro também haviam lido algumas das epístolas dePaulo, e Pedro lhes garante que estavam emconcordância.

O que acontece com as pessoas que deturpam as Escrituras cegamente? Elas o fazem"para a própria destruição". Pedro não escreve a respeito de cristãos com dificuldade

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2 P E D R O 3:1 8 1-  606

constantemente crescendo". Não se trata decrescer "aos solavancos", mas sim de expe-rimentar contínuo desenvolvimento.

Deve-se crescer "na graça". Trata-se deuma referência às peculiaridades do cará-ter cristão, exatamente as coisas sobre as

quais Pedro escreve em 2 Pedro 1:5-7 edas quais Paulo fala em Gálatas 5:22, 23.Somos salvos pela graça (Ef 2:8, 9), mas agraça não se resume no crescimento! Tam-bém devemos ser fortalecidos pela graça(2 Tm 2:1-4). A graça de Deus capacita a su-portar o sofrimento (2 Co 12:7-10). Sua graçatambém ajuda a contribuir (2 Co 8:1 ss) e acantar, mesmo quando isso é difícil (Cl 3:16).

Nosso Deus é "o Deus de toda a graça"(1 Pe 5:10), que "dá graça aos humildes"

(Tg 4:6). Ao estudar sua Palavra, aprendemossobre vários aspectos da graça disponíveis anós, filhos de Deus. Somos despenseiros da"multiforme graça de Deus" (1 Pe 4:10). Exis-te graça disponível para cada situação edesafio da vida. "Mas, pela graça de Deus,sou o que sou" (1 Co 15:10), e esse tambémdeve ser nosso testemunho.

Crescer na graça significa, com freqüên-cia, experimentar tribulações e até mesmosofrimento. Só se experimenta a graça de

Deus de fato ao esgotar os próprios recur-sos. As lições aprendidas na "escola da gra-ça" são sempre custosas, mas valem a pena.Crescer na graça significa tornar-se mais se-melhante ao Senhor Jesus Cristo, do qualrecebemos toda a graça necessária (Jo 1:16).

Também se deve crescer em conheci-mento. Como é fácil crescer em conhecimen-to, mas não em graça! Todos conhecemosmuito mais da Bíblia do que colocamos emprática. O conhecimento sem a graça é uma

arma terrível, e a graça sem conhecimen-to pode ser extremamente superficial. Masao combinar os dois, tem-se uma ferramen-ta maravilhosa para edificar outras vidas ea igreja.

Convém observar que o desafio não éapenas para crescer no conhecimento da Bí-blia, por melhor que isso seja, mas também"no conhecimento de nosso Senhor e Sal-vador Jesus Cristo". Uma coisa é "conhecera Bíblia", outra bem diferente é conhecer o

suficiente. Precisavam estar de guarda e per-manecer alertas. É fácil para pessoas comalgum conhecimento da Bíblia se tornaremexcessivamente confiantes e esquecerem daadvertência: "Aquele, pois, que pensa estarem pé veja que não caia" (1 Co 10:12).

Que perigo específico Pedro vê? O peri-go de verdadeiros cristãos serem "desviadospelos erros dos perversos" (tradução literal).Ele os adverte a que não derrubem os murosde separação que devem ficar entre os cris-tãos e os falsos mestres. Não pode havercomunhão entre verdade e engano. Os após-tatas "andam no erro" (2 Pe 2:18), enquan-to os verdadeiros cristãos vivem no âmbitoda verdade (2 Jo 1, 2).

O termo "insubordinados" (2 Pe 3:17)

significa "sem lei". A descrição que Pedrofaz dos apóstatas em 2 Pedro 2 mostra quan-to desrespeitam a Lei. Falam mal até das au-toridades que procuram executar a Lei deDeus neste mundo! (2  Pe 2:10, 11). Prome-tem liberdade a seus convertidos (2 Pe 2:19),mas, na realidade, essa liberdade não passade desrespeito à Lei.

É impossível a um cristão verdadeiro de-cair da salvação e se perder, mas existe apossibilidade de decair "da própria firmeza".

O que vem a ser essa firmeza? "[Estar] certosda verdade já presente" (2 Pe 1:12). A esta-bilidade do cristão vem de sua fé na Palavrade Deus, de seu conhecimento da Palavra ede sua capacidade de usar a Palavra nasdecisões práticas da vida.

Uma das grandes tragédias do evange-lismo é dar à luz "bebês espirituais" e, de-pois, deixar de alimentá-los, de cuidar delese de ajudá-los a se desenvolver. Os apósta-tas atacam os recém-convertidos que "es-

tavam prestes a fugir dos que andam no erro"(2 Pe 2:18). É preciso ensinar aos cristãosnovos na fé as doutrinas fundamentais daPalavra de Deus, pois, de outro modo, corre-rão o risco de ser "arrastados pelo erro des-ses insubordinados".

De que maneira nós, cristãos, podemosmanter a firmeza e não ser uma das "almasinconstantes" facilmente seduzidas e desen-caminhadas? Crescendo espiritualmente. Atradução literal do versículo 18a é "estejam

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6072 PEDRO 3:11-18

 juntas, também o "homem espiritual  precisa crescer de forma equilibrada. Deve-se, por exemplo, crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3:18). Deve-se manter o equilíbrio 

entre a adoração e 0 serviço, entre a fé e as obras. Uma dieta balanceada constituída de 

toda a Palavra de Deus ajuda a manter uma 

vida equilibrada.Éo Espírito Santo de Deus quem dá po

der e capacidade para manter o equilíbrio. Antes de Pedro ser cheio do Espírito, costumava passar de umextremo a outro. Emumminuto, dava testemunho de Cristo e, logo 

em seguida, tentava discutir com o Senhor! (Mt 16:13-23). Primeiro, não permitiu que 

 jesus lavasse seus pés, mas, pouco depois, pediu que 0  lavasse por inteiro! (Jo 13:6-10). Prometeu defender o Senhor e até morrer com ele e, no entanto, não teve coragem 

de confessar  o Senhor diante de uma jovem 

serva! Mas, depois de ser cheio do Espírito 

Santo, Pedro começou a levar uma vida equi

librada, evitando extremos impulsivos.Qual é o resultado do crescimento espi

ritual? A glorificação de Deus! "A ele seja aglória, tanto agora como no dia eterno." 

Glorificamos a Jesus Cristo mantendo-nos 

separados do pecado e do engano. Tambémo glorificamos quando crescemos em graça 

e conhecimento, pois nos tornamos mais 

semelhantes a ele (Rm 8:29). Pedro glorifi- 

cou a Deus com sua vida e, até mesmo, com sua morte (Jo 21:18, 19).

Ao fazer uma revisão desta importante 

epístola, não se pode deixar de observar a 

urgência de sua mensagem. Os apóstatas 

estão trabalhando emnosso meio e seduzindo cristãos imaturos! É preciso guardar-se, 

l ifi S h it d

Filho de Deus, o tema central da Bíblia. Quanto melhor conhecermos a Cristo por meio 

da Palavra, mais cresceremos em graça; quanto mais crescermos em graça, maior 

será nossa compreensão da Palavra de Deus.Assim, o cristão separado deve estar sempre se guardando, a fim de não se desviar da verdade; tambémdeve estar sempre 

crescendo  em graça e em conhecimento. Isso requer diligência! Requer disciplina e 

prioridades corretas. Ninguém passa automaticamente ao estado de crescimento e de 

estabilidade espiritual, mas qualquer um

pode, com facilidade, deixar de se dedicar e de crescer. "Por esta razão, importa que 

nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos 

desviemos  (Hb 2:1). Assim como um barco precisa de uma âncora, também o cristão precisa da Palavra de Deus.

O crescimento físico e o espiritual seguem um padrão semelhante. Em primeiro 

lugar, crescemos de dentro para fora. Pedro usa a ilustração de "crianças recém-nascidas (1 Pe 2:2). O filho de Deus nasce com tudo 

de que precisa para crescer e servir (2 Pe 

1:3): o alimento e o exercício espirituais que 

promoverão seu crescimento. Tambémprecisa manter-se puro. O crescimento dá-se por 

nutrição, não por adição!Todos crescem melhor em uma família 

carinhosa, daí a importância da igreja local. O bebê precisa de uma família para lhe dar proteção, provisão e afeição. De acordo compesquisas, bebês criados emisolamento, semqualquer amor especial, apresentam a tendência de desenvolver problemas físicos e 

emocionais muito cedo na vida. A igreja é o 

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