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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Aula 1: LEITURA E TEXTO: VISÃO GERAL Ler ou não ler? Eis a questão... O brasileiro não lê porque o livro é caro? Errado. O brasileiro não lê porque não o acostumaram a ler. O preço do CD é equivalente ao do livro e, no entanto, vendem-se CDs aos milhões enquanto que uma edição de sucesso de uma obra literária, não ultrapassa, em média, três mil exemplares. Não podemos esquecer também das bibliotecas onde um livro não custa nada, basta retirá-lo, além dos "sebos", livrarias de livros usados, onde se pode adquirir raridades por preço de banana. Na verdade, a grande maioria dos brasileiros não lê porque na escola não o ensinaram a ler, no sentido mais profundo da palavra, ou seja, apreender o que está escrito, refletir, questionar, "viajar" com um texto. (...) A indústria da educação brasileira ensina apenas para o aluno passar no vestibular. A formação humanística, a compreensão do mundo através de sua história, não está em questão. A questão é "passar ou passar", ou seja, competir e ganhar a corrida para a glória do canudo universitário. A leitura deveria ser passada para a criança e os adolescentes como uma busca, uma ação lúdica e prazerosa, que pode perfeitamente substituir com igual grau de prazer uma ida ao cinema, um dia na praia ou um churrasco no sítio, sem qualquer remorso. Todos aqueles que já descobriram o prazer da leitura, o gosto de elaborar, ele mesmo, o "seu" personagem, a "sua" paisagem, voltar a página e emocionar-se de novo com aquelas cenas que mais os tocaram, jamais abrirão mão dessa "descoberta". É um vírus que, uma vez contraído, não tem mais cura. É um não acabar mais de descobrir; uma leitura vai sempre remetendo a outra e a vida torna-se tão curta para tanto livro a ser lido. Só mesmo o portador desse vírus sabe avaliar a diferença entre a "viagem" da leitura e a cena dada pronta, como a daquela via TV. Assistir TV é cômodo e chega a ser hipnótico. Não há participação de quem está do lado de cá, o espectador é passivo, recebe o prato feito, não tem possibilidade de criar, de imaginar, de "viajar". A cena que ele está vendo é só aquela cena, a mesma cena que outros milhões de telespectadores também estão vendo. Ao passo que, no ato de ler a mesma página de um livro, um mesmo poema que tantos outros já leram, entra em jogo o nosso poder de imaginar, de recriar, próprio do ser humano e que os meios de comunicação de massa encarregaram-se de destruir. (...) (VERAS, Dalila Teles. Disponível em <www.terravista.pt/ancora/2367 >. Acesso em 15 de janeiro de 2007). O ato de escrever Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita. A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia - que, evidentemente, não é marcada na fala - de pontuação, de concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido. Para que esse discurso seja bem-sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras. (Disponível em <http://www.juliobattisti.com.br/artigos/carreira/mercado.asp>. Acesso em 15/12/2006).

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Aula 1: LEITURA E TEXTO: VISÃO GERAL

Ler ou não ler? Eis a questão... O brasileiro não lê porque o livro é caro? Errado. O brasileiro não lê porque não o acostumaram a ler. O preço do CD é equivalente ao do livro e, no entanto, vendem-se CDs aos milhões enquanto que uma edição de sucesso de uma obra literária, não ultrapassa, em média, três mil exemplares. Não podemos esquecer também das bibliotecas onde um livro não custa nada, basta retirá-lo, além dos "sebos", livrarias de livros usados, onde se pode adquirir raridades por preço de banana. Na verdade, a grande maioria dos brasileiros não lê porque na escola não o ensinaram a ler, no sentido mais profundo da palavra, ou seja, apreender o que está escrito, refletir, questionar, "viajar" com um texto. (...) A indústria da educação brasileira ensina apenas para o aluno passar no vestibular. A formação humanística, a compreensão do mundo através de sua história, não está em questão. A questão é "passar ou passar", ou seja, competir e ganhar a corrida para a glória do canudo universitário. A leitura deveria ser passada para a criança e os adolescentes como uma busca, uma ação lúdica e prazerosa, que pode perfeitamente substituir com igual grau de prazer uma ida ao cinema, um dia na praia ou um churrasco no sítio, sem qualquer remorso. Todos aqueles que já descobriram o prazer da leitura, o gosto de elaborar, ele mesmo, o "seu" personagem, a "sua" paisagem, voltar a página e emocionar-se de novo com aquelas cenas que mais os tocaram, jamais abrirão mão dessa "descoberta". É um vírus que, uma vez contraído, não tem mais cura. É um não acabar mais de descobrir; uma leitura vai sempre remetendo a outra e a vida torna-se tão curta para tanto livro a ser lido. Só mesmo o portador desse vírus sabe avaliar a diferença entre a "viagem" da leitura e a cena dada pronta, como a daquela via TV. Assistir TV é cômodo e chega a ser hipnótico. Não há participação de quem está do lado de cá, o espectador é passivo, recebe o prato feito, não tem possibilidade de criar, de imaginar, de "viajar". A cena que ele está vendo é só aquela cena, a mesma cena que outros milhões de telespectadores também estão vendo. Ao passo que, no ato de ler a mesma página de um livro, um mesmo poema que tantos outros já leram, entra em jogo o nosso poder de imaginar, de recriar, próprio do ser humano e que os meios de comunicação de massa encarregaram-se de destruir. (...)

(VERAS, Dalila Teles. Disponível em <www.terravista.pt/ancora/2367>. Acesso em 15 de janeiro de 2007).

O ato de escrever Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita. A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia - que, evidentemente, não é marcada na fala - de pontuação, de concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido. Para que esse discurso seja bem-sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras.

(Disponível em <http://www.juliobattisti.com.br/artigos/carreira/mercado.asp>. Acesso em 15/12/2006).

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

Aula 2: LEITURA E TEXTO: DEFINIÇÃO E APRESENTAÇÃO DE TEXTOS DE DIFERENTES CÓDIGOS

LINGUAGENS VERBAL E NÃO-VERBAL

CARTUM

Um tipo de texto humorístico é o Cartum. Espécie de anedota gráfica sobre o comportamento humano, o Cartum pode usar apenas linguagens não-verbal ou misturá-la com a verbal.

Leia este exemplo de Cartum.

O Cartum é um texto humorístico que usa a linguagem não-verbal, combinada ou não com a verbal. Normalmente, retrata situações universais e atemporais, satirizando os costumes humanos.

Nos textos, o autor usou as linguagens verbal e não-verbal:

a) No primeiro Cartum, qual é o duplo sentido que ocorre a frase?

b) No segundo Cartum, pode-se dizer que o garçom interpretou o pedido do cliente ao pé da letra? Por quê?

c) No terceiro Cartum, que sentido a cliente atribuiu ao verbo rachar ?

CHARGE

Ao contrário do Cartum, que, como vimos, retrata situações genéricas, a charge satiriza um fato específico, situado no tempo e no espaço. Outra diferença é que, enquanto os personagens do Cartum costumam ser pessoas comuns, as da charge muitas vezes são personalidades públicas – um político ou artista, por exemplo. Tanto o Cartum quanto a charge, porém, têm em comum o fato de poderem usar a linguagem verbal, a não-verbal, ou as duas ao mesmo tempo. Finalmente, ambos costumam ser publicados em veículos de comunicação de massa, como jornais ou revistas. Veja, por exemplo, esta charge do Angeli.

Charge é um desenho humorístico, acompanhado ou não de texto verbal. Normalmente, critica um fato ou acontecimento específico e aborda temas sociais, econômicos e sobretudo, políticos.

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O chargista denuncia um problema social que tem sido combatido, mas que ainda representa uma questão preocupante.

A. Relacione o título do texto a seu conteúdo. B. Interprete a legenda da charge. C. Observe a linguagem não-verbal e comente outras idéias expressas no texto. A charge faz parte do material de opinião, isto é, aquela parte dos jornais e revistas em que cada

autor expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto. Em geral, localiza-se na página de editoriais, a página mais nobre da publicação.

A compreensão da crítica feita pelo chargista depende da cumplicidade estabelecida entre autor e leitor. Por isso, o leitor precisa ter um conhecimento prévio do assunto abordado e conhecer as circunstâncias, os personagens e os fatos retratados. Assim, a charge pode perder seu sentido se o acontecimento que a inspirou já tiver sido esquecido pelo público.

2. Leia a tira a seguir:

A. Como o quadrinista conseguiu criar humor nessa tira? B. O que se pode concluir quanto ao comportamento de Hagar?

HISTÓRIA EM QUADRINHOS

O quadrinista pode nos transmitir mensagens importantes por meio da linguagem dos quadrinhos, empregando também o humor. Leia os quadrinhos a seguir e observe.

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3. No texto, os autores desenvolvem uma narrativa com diálogos colocados em balões da fala. a. Em que se baseia o humor nesses quadrinhos? b. Qual foi a intenção dos quadrinistas na criação desse trabalho? c. Que recursos os autores utilizaram para enfatizar a conduta errada do motorista?

Enquanto a charge costuma transmitir a sua mensagem em uma única imagem, as histórias em

quadrinhos podem ser definidas como arte seqüencial, pois são desenhos em seqüência que narram uma história. A charge tem geralmente conteúdo humorístico, e as histórias em quadrinhos podem ou não ter o humor como efeito de sentido.

História em quadrinhos é uma narrativa visual que, normalmente, expressa a língua oral e apresenta um enredo rápido, empregando somente imagem ou associando palavra e imagem.

Conheça alguns elementos das histórias em quadrinhos.

• Localização dos balões: indica a ordem em que se sucedem as falas (de cima pra baixo, da esquerda para a direita).

• Contorno dos balões: varia conforme o desenhista; no entanto, alguns são comuns, como os que apresentam linha contínua (fala pronunciada em tom normal); linhas interrompidas (fala sussurrada); um ziguezague (um grito, uma fala de personagem falando alto, ou som de rádio ou televisão); em forma de nuvem (pensamento).

• Sinais de pontuação: reforçam sentimentos e dão maior expressividade à voz do personagem. • Onomatopéias: conferem movimento à história, imitando sons do ambiente (crash para uma

batida, ou buuuum para uma explosão, por exemplo) ou produzidos por pessoas e animais (zzzz, para sono, rrrrrr, para o rosnado de um cão, etc).

O CARTAZ

Leia este cartaz da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos:

O cartaz é um gênero textual que tem a finalidade de informar as pessoas, sensibilizá-las, convencê-las ou conscientizá-las sobre determinado assunto.

a) Observe o logotipo que aparece no canto direito da parte de baixo do cartaz em estudo. Quem produziu o cartaz?

b) Na sua opinião, para quem o cartaz é

direcionado?

i. Qual é a finalidade do cartaz?

ii. De acordo com o cartaz, copiar livros é crime. Levante hipóteses: Por que copiar uma obra literária, artística ou científica é considerado crime?

c) Os cartazes são afixados em lugares públicos, geralmente em paredes ou murais, e têm por

finalidade ajudar a divulgar uma campanha. Considerando quem produziu o cartaz lido e a finalidade de sua divulgação, levante hipóteses: Onde você acha que ele foi afixado?

d) Os cartazes geralmente apresentam linguagem verbal e linguagem visual. No cartaz lido, o

enunciado principal faz um jogo de sentido com a imagem. Que sentido é esse?

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e) O texto principal do cartaz lido não explicita nem a quem as ações expressas pelos verbos se referem nem o tipo de cópia se faz de livros. O autor do cartaz conta com conhecimentos que o leitor já tem, isto é, imagina que ele saiba quem foi flagrado copiando livros e de que tipo de cópia se trata.

i. A que tipo de cópia o autor do cartaz se refere?

ii. Quem pode ter sido flagrado fazendo esse tipo de cópia de livros?

f) O texto verbal dos cartazes normalmente é curto e em linguagem simples e direta. Observe a linguagem empregada no texto verbal do cartaz em estudo.

i. Que variedade lingüística foi usada?

ii. Que modo verbal foi empregado na frase “Denuncie”? Por quê?

O que diz a Lei

Leia a resposta dada pela revista Veja à pergunta de um leitor sobre a cópia de livros.

É proibido fazer fotocópias de uma obra literária? (Sérgio Andrade, Divinópolis – MG)

Reproduzir livros é crime previsto pela lei dos direitos autorais, com pena de dois a quatro anos de prisão, multa de

até 3.000 vezes o valor da obra e destruição dos equipamentos utilizados para copiar. “A lei protege a propriedade

intelectual do autor e o trabalho do editor”, explica Enoch Bruder, presidente da Associação dos Direitos

Reprográficos. A lei prevê apenas uma exceção, no caso de reprodução de pequenos trechos para uso privado e sem

fins lucrativos. No entanto, não é definido quanto da obra pode ser reproduzido, o que tem levado a discussões na

Justiça sobre esse limite. De acordo com a Associação, para cada livro vendido são feitas quatro cópias integrais da

obra, o que gera um prejuízo de 500 milhões de reais por ano para o mercado editorial, o equivalente a 25% do

faturamento do setor.

O E-MAIL

O uso da Internet possibilita fazer pesquisas, ler notícias, ver imagens, “visitar” museus e

bibliotecas, conhecer e “bater papo” com pessoas do mundo inteiro. E também torna possível a

comunicação entre dois ou mais computadores, por meio do correio eletrônico.

O correio eletrônico deu origem a um novo contexto textual, o e-mail (pronunciado imêil), que

apresenta características de outros gêneros textuais, como o memorando, a carta, o bilhete, a conversa

face a face e a conversa telefônica. Quanto à forma, o email assemelha-se ao memorando, pois nele há

campos indicados por Para e Assunto, gerados pelo software automaticamente. Da carta, tomou de

empréstimo as fórmulas de aberturas e fechamentos da conversa telefônica, a rapidez e a possibilidade

de contato entre pessoas que se encontram geograficamente distantes.

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Por mais objetivo e neutro que pareça, o texto manifesta sempre um posicionamento frente a

uma questão qualquer posta em debate. Ao final desta lição, devem ficar bem plantadas as seguintes conclusões:

a) Uma boa leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam.

b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer.

Meu engraxate É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me

deixou. Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que

doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se pensaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido o que torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósitode desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.

(ANDRADE, Mário de. Os filhos da Candinha. São Paulo: Martins, 1963, p. 167) Para mostrar que, num texto, o significado de uma parte depende de sua relação com outras

partes, vamos tentar fazer uma interpretação isolada do primeiro parágrafo (linhas 1 e 2). Tomada isoladamente, essa parte pode sugerir a interpretação de que o narrador está desolado por ter perdido contato com um garoto ao qual se ligava por fortes laços afetivos. Essa interpretação é inatacável se não confrontarmos essa passagem com outras do texto. Fazendo o confronto, no entanto, essa leitura não tem validade dentro desse texto.

As frases “Pronto! Estava sem engraxate!” (linha 11) definem a razão da perplexidade penosíssima (linhas 10 e 11), da desolação (linhas 1 e 2) e da inquietude do narrador (linhas 3 e 4): perdera os serviços do engraxate e não um amigo. As observações que faz sobre o menino que lhe dá informações sobre o seu engraxate (“retalho de hungarês”, “cara de infeliz”, “não dá simpatia nenhuma”, “tímido”, “propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença”) revelam que nenhum sentimento positivo o impele na direção de uma relação amigável com o menino. As frases “tinha que continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom” (linhas 13-15) mostram que o que define as relações interpessoais são os interesses: o narrador estava preocupado com recuperar o serviço que lhe era prestado e não a pessoa que lhe prestava o serviço. A atitude dos sois engraxates corrobora a interpretação de que a relação entre eles e o narrador era determinada pelo interesse e não pela amizade: um abandonara o trabalho de engraxate para vender bilhete de loteria (linhas 9 e 10), certamente um trabalho mais rentável; os olhos do outro “chispeavam ávidos” (linhas 11 e 12), ao ver que o narrador procurava um engraxate, porque ele era dos que ficavam fregueses e davam gorjeta (linhas 12 e 13).

Como se pode notar, o texto é um tecido, uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autônomo: num texto, o sentido de uma frase é dado pela correlação que ela mantém com as demais.

Desse texto, não se pode inferir, apesar da primeira impressão, que as relações interpessoais sejam pautadas pela amizade ou pelo bem-querer.

Além disso, é preciso ressaltar que, por trás dessa história inventada, existe um pronunciamento de quem produziu o texto: ao relatar a relação interesseira entre as pessoas, sem dúvida, está desmascarando a hipocrisia e pondo à mostra o egoísmo que se esconde nos sentimentos que umas pessoas dizem ter por outras. O que determina as relações sociais são os interesses recíprocos e a troca de favores.

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APRESENTAÇÃO DE TEXTOS DE DIFERENTES CÓDIGOS

Procuro Despir-me do que Aprendi - Alberto Caeiro

Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, Mas um animal humano que a natureza produziu. Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!) Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender...

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Leia esta tira, de Luís Fernando Veríssimo:

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1- A tira cria o humor a partir de uma situação que retrata as novas formas de relacionamento amoroso e familiar nos tempos de hoje. Que novidade existe no comunicado que a filha trás à família? 2- A fala da moça provoca uma reação no namorado. O que ele faz e fala como reação ao que ela disse? 3- Compare as falas do rapaz e do pai da moça ao se cumprimentarem. A fala do pai surpreende e causa humor. a- O que era esperado que o pai da moça dissesse nesse momento ? b- Considerando que o namorado da filha vai morar com a família e que o apelido dele é Boca, que sentido tem a fala do pai da moça nessa situação ? Conceituando... Na situação retratada pela tira, as pessoas se comunicam e interagem entre si, ou seja, o que uma pessoa diz acaba provocando uma reação na outra pessoa e vice-versa. O trocadilho que o pai faz é responsável pelo humor da tira. Contrapondo Boca a bolso, o pai dá a entender que vai ter de arcar com as despesas de mais uma boca, a do genro. Entre a filha e o pai, ou entre o sogro e o genro, houve uma comunicação, pois, além de as pessoas se compreenderem, ela também interagem, ou seja, o que uma pessoa diz interfere no comportamento da outra. Assim, a comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando linguagem. Para se comunicar, as personagens da tira não utilizam apenas a linguagem verbal, isto é, as palavras. Elas também gesticulam, se movimentam, fazem expressões corporais e faciais. Tudo isso – palavras, gestos, movimentos, expressões corporais e faciais – é linguagem. Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si. Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a palavra (falada ou escrita), existem também as linguagens não verbais, como a música, a dança, a mímica, a pintura, a fotografia, a escultura etc. Há ainda, as linguagens mistas, como as histórias em quadrinhos, o cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figurino, a música, o cenário etc.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Aula 3: LÍNGUA/ LINGUAGEM/ VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Linguagem e língua

(texto adaptado) Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano está a linguagem, que é a

capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos. (...)

Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao falar ou escrever, dá preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse seu modo particular de empregar a língua portuguesa é a sua fala (...) Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pêlos membros da nossa comunidade. Note, pois, que língua é um conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as manifestações individuais, todas as falas.

Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade — e, conseqüentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.

INFANTE, Ulisses, Do Texto ao Texto: curso prático de redação e leitura – São Paulo : Scipione, 1998, p.28,29.

Língua e identidade Além de ser um meio de interação social, a língua também é uma forma de identidade cultural e grupal. Falar a mesma língua de outra pessoa geralmente equivale a ter com elas muitas coisas em comum: referências culturais, esportivas, musicais, hábitos alimentares, etc. A língua é, portanto, um elemento importante na definição da identidade de um povo ou de um grupo social. Mas não é só isso. Além de nossa identidade social, a língua revela também muito do que somos individualmente. Ela mostra nossa agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, educação, etc.

A tira abaixo é um exemplo de como a língua cria uma identidade grupal.

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1. Orelha está parado na esquina e alguém fala com ele. Observe o 2° quadrinho:

a. O que significa, no contexto, a expressão “Orelha, diz aí” ?

b. E a expressão “maluco”, com a qual Orelha ser refere ao seu interlocutor?

c. Na fala do interlocutor de Orelha existem desvios com relação à variedade padrão. Troque idéias com os colegas e identifique-os.

2. No 2° quadrinho, Orelha usa uma expressão que é muito comum entre os jovens e não está de

acordo com a variedade padrão. a. Qual é essa expressão?

b. Como você escreveria essa fala, de acordo com a variedade padrão?

3. A personagem usa a expressão “sei lá” por três vezes. O que isso significa em relação à

capacidade de expressão da personagem?

4. O humor da tira está no último quadrinho.

a. O que a personagem quer dizer quando afirma que fica “no agito”

b. Observe o comportamento da personagem e responda: Onde está o humor da tira?

5. Considerando-se o perfil dos interlocutores e o lugar em que ocorre a interação verbal (“esquina maldita”), a variedade lingüística empregada pelos interlocutores é adequada à situação? Justifique sua resposta.

Variedades lingüísticas

Empregada por tão grande quantidade de indivíduos, em situações tão diferentes e a todo momento, é de se esperar que a língua não se apresenta estática. Ou seja, condicionantes sociais, regionais e as diversas situações em que se realiza determinam a ocorrência de variações em uma língua. Dino Preti subordina o estudo das variedades lingüísticas a dois amplos campos:

1. Variedades geográficas: . Falares regionais ou dialetos . Linguagem urbana x linguagem rural 2. Variedades socioculturais: . Variedades devidas ao falante

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- Dialetos sociais - Grau de escolaridade, profissão, idade, sexo, etc. . Variedades devidas à situação: - Níveis de fala ou registros (formal/coloquial) - Tema, ambiente, intimidade ou não entre os falantes, estado emocional do falante.

a. Variedades geográficas:

O anúncio faz um trocadilho entre “bichas” (filas), marca típica da sociedade urbana e burocratizada, e “bichos”, símbolo de natureza e vida natural. O texto, no entanto, talvez soe estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil. Para nós, as pessoas formam filas (e não bichas) quando aguardam sua vez de serem atendidas em um banco, em uma bilheteria de cinema, etc.

Pode-se perceber facilmente que a maneira como o português é empregado no Brasil e em Portugal não é exatamente a mesma, assim como também é diferente nas regiões geográficas brasileiras e até numa mesma região. Tomemos como exemplo o Sudeste: os falares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distinções.

Do mesmo modo, as regiões urbanas e as regiões rurais também possuem vocabulário e pronúncia diferentes, bem como expressões típicas.

Portanto, há variações na língua condicionadas a aspectos geográficos.

b. Variedades socioculturais Variedades devidas ao falante

a) Grupos culturais Uma pessoa que conhece a língua que emprega apenas “de ouvido”, que não teve a

oportunidade de tomar conhecimento das regras internas que a compõem, domina essa língua de cujas realizações participa de forma diversa de uma pessoa que tem contato com esse código lingüístico por meio de livros, periódicos, dicionários ou ainda por intermédio da convivência com pessoas de boa formação intelectual.

Atenção: Não se quer dizer que um fale melhor ou pior que o outro. Deseja-se apenas registrar o fato de que a formação escolar de um indivíduo, por exemplo, suas atividades profissionais, seu nível cultural podem determinar um domínio diferente da língua.

Cada classe social – econômica mas sobretudo culturalmente falando – emprega a língua de uma maneira especial.

b) O jargão (uma variação social) Observe os diversos grupos profissionais: cada um deles faz uso de um

determinado vocabulário e expressões que são típicos do seu trabalho. O jargão – essa linguagem técnica que alguns profissionais dominam – é empregado por um grupo restrito e muitas vezes é inacessível a outros falantes da língua. Se pensarmos , por exemplo, na linguagem da economia, da informática... Quantos de nós estamos preparados para entendê-las?

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Variedades devidas à situação: O humor da tira é determinado pelo “excesso de informalidade” por parte do namorado que acaba de ser apresentado aos pais da garota. Como uma norma de boa educação, espera-se que a pessoa estranha seja gentil, dirija-se aos donos da casa com respeito e manifeste alguma cerimônia, com um pedido de licença. Cabe à pessoa visitada dispensar as formalidades e fazer com que o estranho se sinta bem.

Nesse caso, observe que o namorado nem mesmo cumprimenta a garota e se dirige aos pais dela com tanta grosseria que Hagar toma uma posição “defensiva”, ameaçando o rapaz com um machado.

A ilustração nos mostra o emprego de uma linguagem pouco adequada à situação que envolve as personagens.

Analisando nossa própria maneira de falar, cada um de nós é capaz de perceber que dominamos várias “línguas”, ou seja, temos várias maneiras de “registrar” a língua. A cada momento fazemos uso de um desses registros.

A variação de maior prestígio: A norma padrão

Falamos genericamente sobre variações da linguagem, mas seria conveniente destacar ao menos três delas: a linguagem coloquial, a norma culta e a linguagem literária.

Linguagem coloquial ou norma popular

É a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, em situações sem formalidade, com interlocutores que consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio da língua.

Na linguagem coloquial, não há preocupação no tocante a um falar “certo” ou “errado”, uma vez que não nos sentimos pressionados pela necessidade de usar regras e damos prioridade à expressividade, à transmissão da informação por si.

Norma culta ou norma padrão

Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na escola? Por que essa e na as demais? “Quem” faz essa escolha? Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variações, uma tem mais prestígio que as demais e acaba por ser escolhida como padrão a todos os falantes. “Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou, simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa idéia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (há naturalmente, diferenças formais, que decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo, de sua descontextualização. Excetuadas diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país”

Magda Soares

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Regionalismos O Brasil é um país de dimensões continentais e mesmo assim ainda possui uma língua única. Além de contribuir para uma grande diversidade nos hábitos culturais, religiosos, políticos e artísticos, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulário e de pronúncia. É importante destacar que as diferenças na nossa língua não constituem erro, mas são conseqüências das marcas deixadas por outros idiomas que entraram na formação do português brasileiro. Entre esses idiomas estão os indígenas e africanos, além dos europeus, como o francês e o italiano. A influência desses elementos, presentes com maior ou menor intensidade em cada região do país, aliada ao desenvolvimento histórico peculiar de cada lugar, fez com que surgissem regionalismos, isto é, expressões típicas de determinada região. Essa variedade lingüística pode se manifestar na construção sintática – por exemplo, em algumas regiões se diz sei, não, em outras não sei -, mas a grande maioria dos regionalismos ocorre no vocabulário. Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras, diversas, conforme a região. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou papagaio se chama pandorga; o semáforo pode ser designado por farol em São Paulo, e sinal ou sinaleiro no Rio de Janeiro.

Regionalismo é, na língua, o emprego de palavras ou expressões peculiares a determinadas regiões. Em literatura, é a produção literária que focaliza especialmente usos, costumes, falares e tradições regionais.

Gíria

A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada por um grupo social, como os dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, o dos surfistas, dos skatistas, dos grafiteiros, dos bikers, etc. Quando restrita a uma profissão, a gíria é chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e outras profissões.

TEXTO 1: Leia este anúncio:

1. O anúncio tem a finalidade de promover um aparelho de som de determinada marca. Para isso, simula a situação de uma pessoa que faz um pedido a Papai Noel. a. Que tipo de texto é enviado a Papai Noel? b. Quem você imagina que seja o locutor desse texto? Por quê?

3. A linguagem pode indicar tanto o grupo social a que pertence o locutor quanto o grau de intimidade existente entre os interlocutores.

Observe a linguagem empregada no texto: a. O locutor do texto trata Papai Noel de modo formal ou informal? Justifique sua resposta com algumas expressões do texto. B. Identifique palavras ou expressões que façam parte da gíria dos adolescentes. c. Em certo trecho, o locutor trata o interlocutor de modo respeitoso, provavelmente por causa da idade do Papai Noel. Identifique a expressão que revela esse tratamento.

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3. É comum, na linguagem oral, buscarmos formas simplificadas, mais curtas, que podem ser pronunciadas em menos tempo. Daí haver o fenômeno de certas palavras serem reduzidas, como, por exemplo, cê, usada em lugar de você; moto, em lugar de motocicleta. Identifique, no texto, três exemplos de formas reduzidas, típicas da linguagem oral. 4. Para convencer Papai Noel a lhe dar o aparelho de som, o locutor usa um argumento, isto é, uma justificativa ou explicação. Qual é esse argumento? 5. Pense agora na situação de produção do anúncio. Ele foi publicado às vésperas do Natal em uma revista de circulação nacional, lida geralmente por pessoas adultas, da classe média, com bom poder aquisitivo. Os textos dessa revista são predominantemente escritos na variedade padrão. a. Na verdade, quem são os leitores que o anúncio tem em vista: os adolescentes ou os pais dos adolescentes? b. Troque idéias com os colegas: Considerando-se a intencionalidade do anúncio, por que, então, o texto faz uso de uma variedade lingüística não padrão? TEXTO 2

Assaltantes Regionais ASSALTANTE BAIANO: Ô meu rei... (pausa) Isso é um assalto... (longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não...(outra pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado.... Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho,(pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada. ASSALTANTE MINEIRO: Ô sô, prestenção Issé um assarto, uai. Levantus braço e fica ketin quié mió procê. Esse trem na minha mão tá chein de bala... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o quê, sô?! ASSALTANTE CARIOCA: Aí, perdeu, merrrrrrrrrrmão Seguiiiinnte, bicho Tu te fu. Isso é um assalto... Passa a grana e levanta oxxxxxxxx braçoxxxxxxxxxxx rapá. Não fica de caô que eu te passo o cerol.... Vai andando e se olhar pra traxxxxxxxxxxxxxx vira presunto.

ASSALTANTE PAULISTA: Aê, mano. Isso é um assalto, truta. Levanta os braços, meu. Passa a grana logo, parcero. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corintia, véio.. Pô, se manda, cara. ASSALTANTE GAÚCHO: O gurí, ficas atento . Báh, isso é um assalto Levanta os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. ASSALTANTE NORDESTINO: Ei, bichim...Isso é um assalto...Arriba os braços e num se bula nem faça muganga...Arrebola o dinheiro no mato e não faça patim senão enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! Perdão, meu Padim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

Aula 4: LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA

LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA

A língua falada mantém uma profunda vinculação com as situações em que é usada. A

comunicação oral normalmente se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo: o uso de pronomes como eu, você estio, isso, aquilo ou de advérbios como aqui, cá, já, agora, lá possibilita indicar os seres e fatos envolvidos na mensagem sem nomeá-los explicitamente. Note que palavras desse tipo causam problemas de compreensão se não tivermos como detectar a que se referem.

Na língua escrita, a elaboração da mensagem requer uma linguagem menos alusiva. O uso de

pronomes e certos advérbios, eficientes e suficientes na língua falada, obedece a outros critérios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e não mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, vemo-nos obrigados a utilizar formas de referência mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres. A língua escrita, assim, demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos: como a língua escrita busca ser suficiente para si mesma, redator e leitor não precisam mais da proximidade física para que a mensagem se transmita satisfatoriamente.

Não pense, entretanto, que qualquer uma dessas duas formas de língua é melhor ou pior do que a outra: são apenas diferentes, cada uma delas apropriada a uma determinada forma de comunicação.

O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada

utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são praticamente exclusivos da língua escrita.

Fala Escrita

Contextualizada Redundante Não-planejada (porque é interacional) Fragmentada Presença de hesitações, truncamentos, reformulações Predominância de frases curtas, coordenadas

Descontextualizada Condensada Planejada (porque não há interlocutor direto presente) Não-fragmentada (porque pode ser reescrita antes de chegar ao leitor definitivo) Predominância de frases complexas, subordinadas

EXERCÍCIOS 1. Leia o trecho de uma carta de amor escrita pelo poeta Olavo Bilac:

Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve

ser esperada. Por V. Excia. Compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. Me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia. Nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. Ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. [...]

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A. Caracterize a variedade lingüística e o grau de formalismo empregados pelo autor do texto. B. Olavo Bilac viveu no final do século XIX e início do século XX. O texto é um bom exemplo de

como as declarações amorosas eram feitas na época, nesse tipo de variedade lingüística. Colocando-se no lugar do poeta, reescreva o texto, mantendo o conteúdo mas empregando uma variedade lingüística que seria comum entre dois jovens nos dias de hoje. Ao concluir o texto, leia-o para a classe.

Exercícios de fixação Texto 1

Por que não dancei

Como é gostoso um chuveiro. O chuveiro vai limpando a gente por dentro e por fora. Nunca tive um chuveiro. Nunca tive uma cama e uma casa de verdade. Agora, sim, tenho o meu chuveiro, tenho a minha cama, tenho a minha casa.

O prazer do chuveiro vem à minha cabeça hoje, 14 de março, uma terça-feira, ano 2000. São dez horas. Faz muito sol. Os meninos estão se divertindo no chafariz da Praça da Sé. Dos oito aos 15 anos, eu também pulava nessas águas, e o chafariz era a minha felicidade. Mas o tempo passou. Hoje estou com 21 anos e não tomo mais banho na praça. Isso é coisa do passado. Agora, felicidade mesmo é estar na minha casa e ter uma cama para dormir

[...] Nesse tempo, dos banhos gelados da Sé aos banhos do meu chuveiro, quase dancei, quase

morri. Fui até o fundo. Roubei, fumei crack, fumei muito crack, trafiquei, fui presa, apanhei pra caramba. Diziam que eu não tinha jeito, estava perdida. Eu mesma achava que não tinha jeito. Quase todos os meus amigos daquela época do chafariz estão mortos, presos, loucos ou doentes. Gente que andavam comigo, fumava comigo ou roubavam comigo. Por que não morri? Por que não pirei?

Não sabia por que eu queria escrever um livro sobre minha vida. Só no final descobri. Era pra rever meu passado, conversar com as pessoas que me conheceram e conversar comigo mesma, pra entender por que não dancei [...]

Só pude entender quando voltei ao comecinho, muito do começo, até onde consigo me lembrar. Fui refazendo minha história, juntando os pedacinhos, pra ver se encontrava a resposta. Pra encontrar meu passado, descobri que tinha também que perdoar, perdoar o que fiz e perdoar o que fizeram comigo. [...]

Esmeralda Ortiz. Por que não dancei. São Paulo. Senac; Ática, 2000. (Fragmento).

Texto 2:

O enfermeiro

[...] Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dous deles quebrou a cara. Respondi que não tinha medo de gente sã, menos ainda de doentes; e depois de entender-me com o vigário, que me confirmou as notícias recebidas, e me recomendou mansidão e caridade, segui para a residência do coronel.

Achei-o na varanda da casa estirado numa cadeira, bufando muito. Não me recebeu mal. Começou por não dizer nada; pôs em mim dous olhos de gato que observa; depois, uma espécie de riso maligno alumiou-lhe as feições, que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos enfermeiros que tivera, prestava para nada, dormiam muito, eram respondões e andavam ao faro das escravas; dous eram até gatunos! [...]

Machado de Assis. Contos consagrados. Rio de Janeiro. Ediouro, 2002. (Coleção Super Prestígio) (Fragmento)

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Você observou que o texto 1 apresenta linguagem informal e coloquial, e o texto 2, linguagem formal.

1. O texto 1 é autobiográfico, o depoimento de uma jovem que vivia nas ruas de São Paulo. Explique a relação do título do texto com a vida dessa narradora-personagem. 2. Identifique traços da linguagem informal usada pela narradora. - Por que o texto apresenta esse tipo de linguagem?

3. O texto 2 é também uma narrativa, mas apresenta linguagem formal. O narrador-personagem, que se emprega como enfermeiro de um velho intransigente, conta o primeiro contato com seu cliente. Dê exemplos dessa formalidade da linguagem.

- Por que foi empregada a linguagem formal?

4. Em relação aos dois textos, responda: em que pessoa se desenvolvem as histórias e quais são os tempos verbais empregados? LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL

A linguagem pode ser mais ou menos formal dependendo da situação comunicativa e do grau de intimidade entre os interlocutores.

A linguagem formal é usada em situações formais, seja por escrito (correspondência entre empresas, artigos de certos jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos), seja oralmente (conferência, discurso, reunião de negócios). Geralmente é empregada quando alguém se dirige a um interlocutor com quem não tem proximidade: ao fazer uma solicitação a uma autoridade ou comparecer a uma entrevista de emprego, por exemplo. Além de seguir a variedade padrão, a linguagem informal tem como características marcantes a polidez e a seleção cuidadosa das palavras.

Empregada em situações informais, como correspondência entre amigos e familiares, a linguagem informal pressupõe certo grau de intimidade com o interlocutor. Apresenta uma estrutura mais solta, com construções mais simples; podem-se empregar abreviações, diminutivos, gírias e, às vezes, construções sintáticas que não seguem a variedade padrão. É importante lembrar que usar essa linguagem não significa que o emissor não saiba se comunicar de outra forma quando necessário. A linguagem informal é mais comumente utilizada na fala do que na escrita; no entanto, há escritos em que ela se faz necessária- por exemplo, um bilhete para uma situação do dia-a-dia.

A linguagem formal é usada em situações formais, e sua estrutura obedece às regras da variedade padrão.

A linguagem informal é usada em situações informais, e sua estrutura permite o uso de gírias, diminutivos e expressões que não fazem parte da variedade padrão.

MAIS EXERCÍCIOS

Partindo da leitura dos textos abaixo, procure refletir tendo como base o conceito de registro

(estilos) e as múltiplas formas de contextualização da língua. TEXTO 1: O burocrata (Leó Montenegro) Robelério, o burocrata, caminhava pela Cinelândia, quando ouviu o grito: - É o bicho! Quem se meter a besta de reagir vai levar com uma bala na idéia! Robelério levantou o dedo para falar. - Perdão, mas os senhores não nos comunicaram por memorando que iriam assaltar hoje. O chefe do bando falava e gesticulava com a arma:

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- Tá pensando que nós temos tempo pra palhaçada? Passe logo a grana, senão vai levar um pombo sem assas nos cornos! Robelério não perdeu a pose: - É exatamente sobre isso que eu estava falando. Se tivesse sido comunicado do assalto, estaria com dinheiro em caixa para atender os senhores. Outrossim, informo que os senhores deveriam usar um crachá para que possam ser reconhecidos como assaltantes. Uma velhinha para o Robelério: - Ih, moço, pára de falar difícil com eles, porque vai acabar dando um nó na idéia deles e vai ser tiro pra todo lado. Robelério para a velhinha: - Em resposta a vossa solicitação, informo que não poderei adotar tais providências, vez que, como se observa, o assalto está desorganizado e fora de seus padrões normais. Um dos bandidos, para o chefe: - Esse cara é maluco. Acho melhor não atirar nele, por causa de que é proibido bater e atirar em maluco. O chefe nem estava aí: - Maluco ou não, se ele não parar com essa frescura, eu aperto o gatilho. Robelério era um pentelho: - A propósito, vossa senhoria tem nota fiscal dessa arma? Se não tem, fique sabendo que está infringindo a Lei 38 do Código de Defesa do Consumidor. Isso representa dizer que sua empresa de assaltos está sujeita a uma multa de 400 UFIR’s. O chefe do bando desandou a dar pulinhos: - Vai multar a mãe! Isto é um assalto, não entendeu? Robelério: - Desconheço a ação por absoluta falta de comunicação, por memorando de que ela seria desenvolvida. Parou aí, porque o bandido deu-lhe um tiro no braço e se mandou com a quadrilha. Mas o pior foi quando a ambulância chegou. Robelério não queria ir para o hospital de jeito nenhum: - Sem um memorando avisando ao estabelecimento hospitalar sobre a mina chegada, nada feito. Foi levado à força.

PERGUNTA-SE: Como se processa o humor no texto em questão? Comente.

Texto 2: CHOPIS CENTIS

Eu “di” um beijo nela E chamei pra passear. A gente fomos no shopping Pra “mode” a gente lanchar. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim. Até que “tava” gostoso, mas prefiro Aipim. Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia.

Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho. Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”, Quando eu estou no trabalho, Não vejo a hora de descer dos andaime. Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger E também o Van Damme. (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD dos Mamonas Assassinas, 1995)

1. Nessa música, o grupo intencionalmente explora uma variante lingüística. Para isso, cria uma personagem que teria determinadas características de fala.

a) No primeiro verso (linha) da canção, foi empregado “di”, em lugar de dei. Esse erro é muito comum entre crianças que estão aprendendo a falar, porque há vários outros verbos na língua com som parecido. Cite dois outros casos de verbos que terminam em i quando queremos indicar um fato passado.

b) No terceiro verso, temos uma construção que está em desacordo com a norma culta. Identifique-a e reescreva-a em língua padrão.

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2. Pouco sabemos sobre a pessoa que fala nessa música, mas, por algumas pistas do texto, podemos imaginar. Qual deve ser:

a) grau de escolaridade dela? b) a profissão? c) A classe social a que ela pertence? d) Os filmes a que normalmente ela assiste?

PROPOSTAS DE EXERCÍCIO

1- Transforme os enunciados abaixo de modo a adequá-los à norma culta: a- Cara, pintou um lance legal...

b- Tá afim de encara essa parada ?

c- É ruim, hein!

d- A gente fala e neguinho não saca nada...

e- Salta fora! Vê se larga do meu pé!

f- Me amarrei de montão naquela paradinha que rolou na festa.

g- “Os nomes das frutas realmente não guardei porque são nomes muito, que tem assim uma

influência muito indígena, né? O Norte, principalmente no Amazonas e no Pará a influência indígena

sobre a alimentação é muito grande. O Amazonas é impressionante o número de frutas, e frutas

assim tudo duro, tipo assim cajá-manga.”

2- (UFRJ 2004) “Minha impressão é que a cultura popular já ganhou a parada...Há 30 ou 40 anos, quando a gente discutia sobre música popular brasileira, sobre os novos baianos velhos, sobre a questão da técnica, a bossa nova, dizia-se que a cultura de massa ai invadir e tomar conta de tudo. Agora, não apenas os baiano, mas outros, inclusive os ‘rapistas’, se impusera, independentemente da cultura de massas, e estão tendo a revanche, num movimento de baixo para cima...”

Milton Santos, Território e sociedade. Nesse trecho de entrevista, Milton Santos faz uso de uma linguagem coloquial. Com base nos dois primeiros períodos do texto, retire dois exemplos que comprovem a afirmação acima. Justifique sua resposta.

TEXTO AUXILIAR RUI BARBOSA E O LADRÃO

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos meus bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se isso fazes por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha metafórica bengala bem no alto do teu obtuso cocuruto, e o farei com tal ímpeto que reduzirei a tua massa encefálica à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.E o ladrão, confuso, diz:

- Dotô, eu levo o deixo os pato?

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Aula 5: COMO ESCREVER ADEQUADAMENTE

TEXTUALIDADE I – FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO E PARÁGRAFO

Frase Frase é todo enunciado lingüístico capaz de transmitir uma idéia. A Frase não necessariamente virá acompanhada por um sujeito, verbo, e predicado, como segue o exemplo: Cuidado! (aqui "Cuidado!", temos um prático exemplo do que viria a ser uma frase, pois nos transmitiu uma idéia, a idéia de ter cuidado, e/ou ficar atento, e não há um único verbo, ou sujeito, muito menos predicado). A frase se define pelo propósito de comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase portanto, abrange desde estruturas lingüisticas muito simples até enunciados bastante complexos

Tipos de frases

Frases nominais São aquelas que não apresentam verbos que indicam ação, mas, sim, que apresentam um estado da realidade. Exemplos:

• Blusa da Bia. • Menina feliz.

Frases verbais

Frases verbais são frases que possuem verbos. Exemplos: • Corra até o carro. • Pule bem alto!

Outros tipos de frases

• Frase idiomática ou expressão idiomática: É a que não é traduzida literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a idéia da frase é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo português-inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está abaixo e fora).

• Frase feita: É a que, a fim de expressar determinada idéia, é dita sempre de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na botija. Note-se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma expressão idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês como He was caught red-handed.), ou, literalmente: ele foi pego com as mãos vermelhas.

• Frase formal (não-coloquial, não-popular) : É a dita segundo as normas da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente por escrito, e em circunstâncias formais também oralmente, em textos não raro mais longos (em relação a textos sinônimos coloquiais), às vezes com palavras difíceis (não do conhecimento da população em geral).

• Frase coloquial (coloquialismo) : É a dita de forma coloquial, ou seja, usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com textos resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros gramaticais (uma ou mais palavras não na linguagem padrão), mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu nível social. Exemplos: Formal: Está certo (concordo). Coloquial: Tá certo. Formal: Sou totalmente indiferente quanto a isto. Coloquial: Tô nem aí. Formal: Sua afirmação foi encarada com ceticismo. Coloquial: Não acreditaram no que ele disse. Formal: Paradoxalmente; Coloquial: Ao contrário do que todo mundo pensa. Formal: Ele foi flagrado. Coloquial: Ele foi pego com a boca na botija.

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ESTRUTURA DO PARÁGRAFO 1. O parágrafo é um conjunto de enunciados que se unem em torno de um mesmo sentido. 2. Não se deve esgotar o tema no primeiro parágrafo. Este deve apenas apontar a questão que vai ser desenvolvida. 3. O parágrafo seguinte é sempre uma retomada de algo que ficou inexplorado no parágrafo anterior ou anteriores. Pode ser uma palavra ou uma idéia que mereça ser desenvolvida. 4. Um texto é constituído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma idéia. 5. Reconheça mentalmente o que você sabe sobre o tema. É possível fazer um plano, mas talvez seja mais prático você listar as palavras-chave com que vai trabalhar. Preocupe-se com a seqüenciação do texto, utilizando os recursos de coesão de frase para frase e de parágrafo para parágrafo, sem perder de vista a coerência. 6. O parágrafo final deve retomar todo o texto para concluí-lo. Por isso antes de escrevê-lo, releia tudo o que escreveu. A fim de fechar bem o texto, o parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no primeiro. 7. Todo texto representa o ponto de vista de quem o escreve. E quem escreve tem sempre uma proposta a ser discutida para poder chegar a uma conclusão sobre o assunto. 8. O texto deve demonstrar coerência, que resulta de um bom domínio de sua arquitetura e do conhecimento da realidade. Deve-se levar em conta a unidade de ideias, aliada a um bom domínio das regras de coesão. 9. Desde que o tema seja de seu domínio e você tenha conhecimento dos princípios de coesão e da estruturação dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menores. 10. Leia tudo o que for possível sobre o tema a ser desenvolvido para que sua posição seja firme e bem fundamentada. Como escrever bem?

O ato da escrita requer um exercício constante de aperfeiçoamento, por isso é necessário sempre a reescritura do texto. Há também algumas noções importantes a serem observadas. Verifique:

1. A clareza das idéias é obtida com o uso de palavras essenciais e simples, o que torna o texto mais conciso e natural. Use também, se possível, palavras curtas. Lembre-se, portanto, de que a concisão constitui um dos princípios determinantes para escrever bem.

2. A expressividade depende da escolha de palavras específicas, de maior precisão. O

emprego do substantivo concreto se impõe ao abstrato; o específico ao genérico. Os verbos de ação, na voz direta, devem ter preferência na produção de um texto, como também os adjetivos e os advérbios que acrescentem informações.

3. A simplicidade de ser uma característica marcante em qualquer texto, pois o emissor

escreve para diversos tipos de interlocutores que precisam entender a mensagem. 4. A ordem direta constitui a norma essencial de quem escreve, porque ela encaminha mais

facilmente o leitor à compreensão do texto. Portanto, seja objetivo e redija sem rodeios. 5. A originalidade prevalece quando se evitam formas e frases desgastadas, assim como o

emprego excessivo da voz passiva (será feito, será revisto). Escreva com criatividade, escolhendo

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palavras conhecidas, sem rebuscamento, sem pedantismo vocabular e sem falsa erudição. Assim será possível produzir frases fluentes, objetivas e bem estruturadas.

6. A escolha das palavras deve seguir um critério rigoroso. Evite termos técnicos, modismos,

lugares-comuns ou chavões, preciosismos e formas desgastadas pelo uso freqüente. Use uma linguagem elegante, criativa, e observe as estruturas e a pontuação do seu texto.

Entretanto, somente esses critérios não asseguram a criação de um bom texto. É necessário adequar a linguagem, variando-a de acordo com o interlocutor. Deve-se observar a finalidade do texto e a intenção comunicativa para que a produção textual atinja de forma satisfatória os diversos interlocutores, tendo em vistas as variantes lingüísticas e textuais. Quanto à correção gramatical, nem sempre textos gramaticalmente perfeitos representam bons textos. Há certas situações de comunicação em que se usa a variedade padrão da linguagem, mas existem casos em que a fala do personagem exige o uso de uma expressão popular, nem sempre correta segundo a gramática normativa. Continuidade e progressão textual Como você sabe, um texto não é uma reunião de frases soltas. Como unidade de sentido que é, ele precisa apresentar textualidade. A continuidade e a progressão textual são dois dos elementos essenciais da textualidade. O texto que segue é de Jairo Bouer, médico e apresentador de programas na TV. Leia-o, observando o modo como o autor desenvolve suas idéias. Em seguida, responda às questões propostas.

Por que falar sobre drogas?

[...]

Quem nunca ouviu um amigo, um colega de escola, ou até mesmo alguém da família falando sobre drogas? Muitos, inclusive, já viram em sua frente um comprimido, um inalante ou mesmo um cigarro de maconha. Isso sem falar nas drogas lícitas (que não têm a venda proibida para maiores de 18 anos), que são o álcool e o cigarro. Uma pesquisa realizada pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), feita com mais de 15 mil estudantes de ensino fundamental e médio de dez capitais do Brasil em 1997 revela alguns resultados impressionantes. Por exemplo: 25% dos estudantes já experimentaram alguma droga (exceto tabaco e álcool) na vida. Isso quer dizer que de cada quatro jovens que estão na escola, um já experimentou, pelo menos uma vez na vida, algum tipo de droga. Os solventes vêm em primeiro lugar, seguidos por maconha, ansiolíticos (calmantes), anfetaminas e cocaína. De 3% a 5% dos jovens fazem uso freqüente (seis ou mais vezes no mês) de alguma substância ilícita. Essa pesquisa foi feita antes da disseminação das drogas sintéticas (“club drugs”) na noite das grandes cidades. Hoje, ecstasy, quetamina, GHB, ice e outras do mesmo time também estão mais próximas dos jovens. Mas esse não é um fenômeno só daqui. Dados do CDC (Centro de Controle de Doenças) dos Institutos Nacionais de Saúde, em Atlanta (EUA) mostram que, apesar da idade legal para beber nos EUA ser 21 anos, 79% dos estudantes de ensino médio já experimentaram bebidas alcoólicas ao menos uma vez e um quarto deles relatou usar drogas com freqüência. Os adolescentes respondem por 25% de todo o álcool consumido nos EUA. O uso de drogas sempre foi marcadamente masculino. Mas, nos últimos anos, o consumo entre garotas também cresceu. Na pesquisa do Cebrid, maconha, solventes e cocaína são drogas mais usadas por garotos. Ansiolíticos e anfetamínicos (remédios para emagrecer) são mais usados

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pelas mulheres. Nos EUA, em 1999, uma Pesquisa Nacional sobre Drogas ouviu mais de 25 mil jovens de 12 a 17 anos e descobriu que 16% das garotas e 16,7% dos garotos tinham experimentado alguma droga.

Fase de risco

A adolescência é uma fase de mudanças. Toda mudança gera alguma angústia. Insegurança, timidez e problemas com auto-estima podem fazer com que o jovem procure algum tipo de droga. Muitas vezes, ele não consegue perceber que conversar, fazer amigos e aprender a superar seus limites podem ser caminhos muito mais criativos para lidar com as dificuldades. Nessa fase, a descoberta de possibilidades, a curiosidade, a inquietação, a pressão do grupo, tudo isso também pode trazer a ilusão de que drogas podem abrir novas portas. Mas será que é preciso mesmo experimentá-las? As pesquisas, dados e opiniões de especialistas apontam para conclusões comuns quando falam do contato dos jovens com as drogas: se você não experimentou drogas, tente manter essa postura. A maior parte dos jovens ainda não fez isso também. Não é ruim você não ter tido essa experiência. Na adolescência, o risco de alguém que experimenta drogas se tornar um usuário freqüente é maior do que na vida adulta. Quem já experimentou e continua usando eventualmente precisa prestar atenção ao impacto que a droga está produzindo em sua vida, além das complicações legais por causa do uso de substâncias proibidas. Às vezes, sem perceber, um usuário eventual de maconha, por exemplo, pode ter sua atenção e seus reflexos comprometidos e se colocar em situação de risco quando dirige um carro ou mesmo quando atravessa uma rua. No caso do álcool e das drogas, a repercussão também pode ser bem complicada na vida do adolescente. Para quem está usando com freqüência é importante buscar a ajuda de um terapeuta para entender como o padrão de consumo pode comprometer a vida. Quem está dependente não deve perder tempo e precisa de apoio imediato.

[...] (Folha de São Paulo, 12/03/2004. Folhateen)

1. Um dos fatores mais importantes para que um texto apresente textualidade é a existência de marcas de continuidade, isto é, palavras ou expressões que retomam termos e idéias anteriormente expressos para, em seguida, acrescentar informações novas (progressão). Observe o primeiro parágrafo do texto, que se inicia com a frase “Quem nunca ouviu um amigo, um colega de escola, ou até mesmo alguém da família falando sobre drogas?” a. Que palavra, empregada posteriormente, retoma a idéia contida nessa frase? b. Que palavras ou expressões, empregadas posteriormente, retomam e ampliam a expressão drogas, mencionada na primeira frase? 2. Que idéias do primeiro parágrafo o segundo e o terceiro parágrafos retomam e ampliam? 3. As marcas de continuidade, além de estabelecerem relações do interior de um parágrafo, podem estabelecer também relações entre os parágrafos. Observe o quinto e o sexto parágrafos do texto. a. Identifique as palavras a que ligam esses parágrafos ao(s) anterior(es). b. Com a palavra fenômeno, o autor retoma uma situação descrita anteriormente. Qual é essa situação? 4. O sexto parágrafo se inicia com a frase “Mas esse não é um fenômeno só daqui”.

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a. Que tipo de relação a palavras mas estabelece entre o que foi dito e o que ainda vai ser dito? Indique a melhor opção. . Comparação . Condição . Oposição . Causa e consequência

Leia com atenção os textos abaixo. Assuma um posicionamento e escreva um texto de três ou quatro parágrafos. TEMA: A esmola Texto A: A favor da esmola Nunca consigo deixar de dar esmola. Quando vejo uma pessoa na miséria absoluta, meto a mão no bolso e dou uma ajuda. Naquele momento em que recebe uma esmola, a pessoa excluída de um processo social injusto pode comer alguma coisa. Em tese, pode ser correta esta idéia de que "dar esmola não é bom nem para quem dá nem para quem recebe". Mas, na prática, a realidade é outra. Quem pede esmola está ou deve estar com fome. Vivo esta contradição, e acho que é a mesma que, no fundo, todo mundo vive. O ideal seria um mundo sem esmola, em que todos tivessem emprego, ganhassem seu salário, tivessem a sua dignidade, sua cidadania resguardada. Mas, infelizmente, nós vivemos em um país onde 20%. da população vive na indigência. Com tanta miséria, o que eu vou fazer no momento em que um menino, com fome. descalço, visivelmente fraco, me pede uma esmola? Vou dizer para ele: não. vá trabalhar! Não posso dizer isso. Estas campanhas como "não dê esmola" só terão validade se antes for criada urna alternativa verdadeira. Se não, tomam-se perversas. Na situação atuai, negar uma esmola a um excluído é um ato de insensibilidade. Não é difícil acabar com a miséria no Brasil. Mas não basta apenas o discurso. A comparação entre o que se faz na área social com o que se faz para salvar bancos é válida, porque para algumas coisas no Brasil somos rápidos e eficientes, mas. para outras, somos lentos e ineficientes, como no trato da questão social. A miséria é uma vergonha para todos nós, às vezes cúmplices. Em alguma medida pudemos ter responsabilidade, uns muito mais do que a maioria. A esmola não é alienante, quando é a única ação contra a miséria. Eu não posso, ao ver uma pessoa cair na rua, dizer, comodamente: um médico é que deve atender você; Acho que contemplar ou passar por cima é a pior coisa que uma pessoa pode fazer. (Herbert de Souza, Istoé, 19 jun. de 1996). Texto B: Contra a esmola Esmola é o que se dá por caridade a alguém que necessita. Deve ser evitada e utilizada em último caso, quando todas as outras alternativas falharam. A todo ser humano, qualquer que seja a situação, em que esteja vivendo, é preciso garantir dignidade. Desde o direito à privacidade, ao livre arbítrio, à educação, até o direito ao trabalho através do qual se entende que a própria pessoa possa administrar sua vida e obter o que necessita para viver. Quando uma família se desestrutura, quando enfrenta alguma tragédia, doença prolongada de seu chefe, ou alguma impossibilidade para o trabalho, deve-se entender que esta situação não é definitiva e tem que ser encarada como passageira. Neste momento, quando se recorre à esmola, leva-se junto com ela também a humilhação, o rebaixamento à condição de favor. Ou seja, junto com o aro da caridade está implícito o aro de vontade: dou porque quero, não tenho obrigação. Com a esmola o direito acaba e o necessitado perde a condição de ser humano sujeito de direitos e passa à condição de objeto que vai receber alguma coisa dependendo da vontade de quem dá ou de quem a administra. Por não se tratar de direitos, a administração da esmola também não tem critérios objetivos, ou seja, dá-se sempre a quem vê, a quem está mais perto e nem sempre a quem mais necessita. Uma sociedade que conta com políticas públicas para crianças, idosos, doentes e desempregados não precisa lançar mão de esmolas. A manutenção de políticas sociais estáveis, além de garantir direitos, tem também de garantir a universalidade do atendimento, ou seja, o serviço ou o benefício tem que atingir a todos que dele necessitam. A esmola só serve paro deixar em paz a consciência de quem a dá. Ainda assim, a paz é falsa. (Alda Marco António, Istoé 19 jun. 1996).

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UNISUAM LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

Prof.ª Lucineide Lima

Aula 6: Coesão e Coerência

TEXTUALIDADE E COESÃO, MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão. Podemos definir, mais especificamente, a coesão, dizendo que se trata de uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A. A maior parte das pessoas constrói razoavelmente a textualidade na língua oral, mas, quando se trata de escrever um texto, as únicas palavras para coesão são mesmo e referido, produzindo seqüências do tipo

(1) Pegue três maçãs. Coloque as mesmas sobre a mesa. (2) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na referida cidade, o mesmo disse que a Igreja

continua a favor do celibato. (2a) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, ele disse que a Igreja continua a favor do

celibato. Em (2a), o termo Varsóvia está recuperado pelo advérbio lá e o termo João Paulo II, pelo

pronome ele. Este processo de coesão se chama coesão por referência. Uma outra alternativa para fazer a coesão da seqüência (2) seria

(2b) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, disse que a Igreja continua a favor do celibato. Em (2b), João Paulo II se acha retomado na segunda sentença por ausência, ou seja, o leitor, ao ler

a segunda frase, se depara com o verbo disse e, para interpretar seu sujeito, tem que voltar à senten-ça anterior e descobrir que quem disse foi João Paulo II. Este processo de coesão tem o nome de elipse.

Outra possibilidade seria utilizar palavras ou expressões sinônimas dos termos que deverão ser retomados em sentenças subseqüentes:

(2c) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na capital da Polônia, o papa disse que a Igreja continua a favor do celibato.

As palavras mais utilizadas neste processo de coesão são os chamados sinônimos superordenados ou hiperônimos, ou seja, palavras que correspondem ao gênero do termo a ser retomado, em coesão. Como exemplos de sinônimos superordenados podemos ter séries como: mesa....................... móvel faca.......................... talher termômetro.......... instrumento

EXERCÍCIOS Para cada um dos exercícios, você terá um "texto básico", no qual não está ainda realizada a coesão. Esta tarefa caberá a você, na medida em que for capaz de substituir os termos repetidos pelos elementos constante dos mecanismos de coesão explicitados neste capítulo. Você deverá, em primeiro lugar, fazer um levantamento de sinônimos ou expressões adequadas e substituir os termos que se repetem. Assim, no exercício 1, é importante saber que baleias podem ser chamadas de cetáceos, grandes animais marinhos; que China, no exercício 2, pode ser chamada de grande país amarelo, gigante amarelo etc. Esse levantamento permitirá um maior agilidade no uso da coesão lexical. A seguir, apresentamos um modelo. Suponhamos que o texto básico ou não-texto (é não-texto porque ainda não apresenta coesão) fosse o seguinte:

As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os automóveis para vender os automóveis mais caros. O cliente vai à revendedora de automóveis com pouco dinheiro e, se tiver que pagar mais caro o automóvel, desiste de comprar o automóvel e as revendedoras de automóveis têm prejuízo.

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Sabemos que automóveis podem também ser chamados de veículos, carros, e até mesmo de

mercadoria ou produto, quando exposto em uma revendedora. Uma revendedora de automóveis pode também ser chamada de concessionária, agência etc. Uma possível versão coesiva do não-texto acima, utilizando os vários mecanismos de coesão, poderia ser, por exemplo,

As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os carros para vendê-los mais caro. O cliente vai lá com pouco dinheiro e, se tiver que pagar mais caro o produto, desiste e as agências têm prejuízo.

1. Construa uma nova versão do texto abaixo, utilizando, em relação palavra baleia, os mecanismos de coesão que julgar adequados. Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias do mundo e até há pouco nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que as baleias encalham. Segundo uma hipótese corrente, as baleias se suicidariam ao pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra, as

baleias se desorientariam: por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas. Agora, dois pesquisadores do Departamento de História Natural do Museu Britânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o suicídio das baleias. De acordo com Katharine Parry e Michael Moore, as baleias são desorientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por ação de um minúsculo verme de apenas 2,5 centímetros de comprimento.

2. Faça o mesmo exercício em relação à palavra China no texto abaixo.

A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é dimensionado em termos gigantescos. A China é uma civilização milenar. A China abriga, na terceira maior extensão territorial planetária (com 9 960 547 km2), cerca de l bilhão e 100 mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.

ARTICULAÇÃO SINTÁTICA DO TEXTO: USO DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS •••• Articulação sintática de oposição: Esse tipo de articulação se faz por meio de dois processos: a

coordenação adversativa e a subordinação concessiva.

A coordenação adversativa implica a utilização dos articuladores mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto. Tomemos como ponto de partida um texto simples.

A polícia conseguiu prender todos os ladrões, mas as jóias ainda não foram recuperadas. O segundo processo de realização da articulação sintática de oposição acontece, como dissemos,

por meio da subordinação concessiva, utilizando articuladores como embora, muito embora, ainda que, conquanto, posto que, que são conjunções ou locuções conjuntivas concessivas, e também apesar de, a despeito de não obstante, que são locuções prepositivas. Embora a polícia tenha conseguido prender todos os ladrões, as jóias ainda não foram recuperadas. •••• Articulação sintática de causa

Os principais articuladores sintáticos de causa são: conjunções e locuções conjuntivas: porque, pois, como, já que, visto que, uma vez que; preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em conseqüência de, por motivo de, por razões de.

Não fui até Roma porque estava com pressa de regressar ao Brasil. Não fui até Roma, em virtude de estar com pressa de regressa ao Brasil.

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Como estava com pressa de regressar ao Brasil, não fui até Roma, Não fui até Roma, pois estava com pressa de regressar ao Brasil

•••• Articulação sintática de condição

O principal articulador sintático de condição é o se. É o único que leva o verbo ao futuro do subjuntivo, quando a oração princípio está no futuro do presente ou no presente do indicativo com vale de futuro: Se você viajar hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. Se você viajar hoje à noite, pode descansar mais amanhã.

Os outros articuladores são: caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. Esses outros articuladores, na mesma condição, levam o verbo da oração que introduzem ao

presente do subjuntivo: Caso você viaje hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. •••• Articulação sintática de fim

A maneira mais comum de manifestar finalidade é utilizando a preposição para, em seqüências como

Os salários precisam subir para que haja uma recuperação do mercado consumidor. Os salários precisam subir para haver uma recuperação do mercado consumidor.

Entre os outros articuladores de finalidade, destacam-se: a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o fito de, com o intuito de, com o objetivo de.

•••• Articulação sintática de conclusão

Os principais articuladores de conclusão são logo, portanto então, assim, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), de modo que, em vista disso.

Sidney vendeu sua moto prateada, logo só poderá viajar de carro. Agnaldo comprou um capacete, de modo que usará sua mote com maior segurança. Agnaldo comprou um capacete, usará, por isso, sua moto com maior segurança. Agnaldo comprou um capacete, usará, pois, sua moto com maior segurança.

Exercícios

I – Substitua os conectivos de transição e palavras de referencia (conjunções, advérbios, locuções adverbiais, pronomes) que sejam inadequados às relações de idéias que pretendem estabelecer: 1. Levantei-me às seis horas, pois me tinha deitado às 3h30; dormi, aliás, pouco mais de três horas.

2. Não nos entendíamos, embora falássemos línguas diferentes.

3. O livro é muito volumoso, porquanto é muito interessante.

4. A empregada foi despedida, posto que se tivesse negado a ir à feira em conseqüência da chuva.

5. Ele mora em São Paulo há mais de dez anos, ao passo que não conhece ainda o Butantã.

6. Quando eu era criança, ganhei de meu avô um violino; de fato, eu não tinha nenhuma vocação

musical.

II – Preencha a lacuna com o conectivo adequado e pontue: 1. Telefonou-me várias vezes.............. não conseguiu comunicar-se comigo .............. eu estava fora,

de férias.

2. .............. me tivesse telefonado várias vezes, não conseguiu comunicar-se comigo ..............

estava fora, de férias.

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3. Ele estudou com afinco.............. ao verificar que tinha sido reprovado, ficou muito abatido.

4. Não foram publicados os proclamas .............. não podem ainda casar-se.

5. Não há razão para que te queixes .............. te preveni das conseqüências.

6. Aceito sua decisão .............. não me pareça justa.

III – Os seguintes grupos de frases não mostram, com a necessária clareza e ênfase, a verdadeira relação de sentido entre os períodos que os compõem. Dê-lhes nova estrutura, fazendo as necessárias adaptações para reduzir cada grupo a um só período.

1. O presidente do Grêmio encontrou-se ontem com o Diretor. Ele apresentou ao Diretor o relatório

das atividades durante o primeiro semestre.

2. Meu irmão gosta muito de matemática. Eu prefiro literatura.

3. Nós temos um cão policial. Chama-se Flash. É um animal muito inteligente.

4. Ricardo só tem sete anos. Ele dá respostas ou faz perguntas de “gente grande”.

5. O Flamengo está sempre bem colocado na disputa dos campeonatos da cidade. Este ano é um

dos últimos. O Bonsucesso é dos times mais fracos. Este ano está entre os primeiros.

6. Carlos reformou o apartamento. Ele comprou um carro novo também. Ficou cheio de dívidas.

7. Moramos no mesmo edifício. Então nos encontramos freqüentemente. Mal nos cumprimentamos.

8. Moramos no mesmo edifício. Raramente nos vemos. Saio sempre muito cedo.

COERÊNCIA

Vamos partir de exemplos de incoerências, mais simples de perceber, para mostrar o que é

coerência.

1) Coerência Narrativa É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem

freios, que pára imediatamente, depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente. A titulo de exemplo, vamos citar um desses equívocos cometidos em redação, relatado pela Profª Diana Luz Pessoa de Barros num livro sobre redação no vestibular:

Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa.

Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc.

Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu. O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que ficara encostado à parede imaginando as pessoas que estavam por detrás da cortina de fumaça. Outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos personagens e às ações atribuídas a eles. No percurso da narrativa, os personagens são descritos como possuidores de certas qualidades (alto, baixo, frágil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colérico, corajoso,

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tímido, introvertido, apático, combativo). Essas qualidades e estados de alma podem combinar-se ou repelir-se, alguns comportamentos dos personagens são compatíveis ou incompatíveis com determinados traços de sua personalidade. A preocupação com a coerência e a unidade do texto pressupõe que se conjuguem apropriadamente esses elementos. Dizer, por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois já esperava ver um mau jogo e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estádio decepcionado com o mau futebol apresentado é incoerente. Quem não espera nada não pode decepcionar-se.

2) Coerência argumentativa

Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a pagar imposto de renda.

O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir da premissa de que todos são iguais perante a lei.

Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Leia a tira a seguir:

O terceiro quadrinho é coerente com o primeiro? 2. Quando o treinador Leão foi escolhido para dirigir a Seleção Brasileira de futebol, o jornal Correio Popular publicou um texto com muitas imprecisões, do qual consta a seguinte passagem.

Durante sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970, quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram pensadas com um racionalismo típico de sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmilson, 53 anos, e Édson, 58, são médicos. (Correio Popular, Campinas, 20 Out. 2000)

a. O que aconteceria com Leão se ele, efetivamente, ficasse “aprimorando seus defeitos”? Reescreva o trecho de maneira a eliminar o equívoco.

b. A expressão por outro lado no início do segundo período, contribui para tornar o trecho incoerente. Por quê?

c. Por que o emprego da palavra racionalismo é inadequado nesta passagem: “cada atitude e cada declaração eram pensadas com um racionalismo típico de sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmilson, 53 anos e Édson, 58, são médicos”?

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UNISUAM LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Prof.ª Lucineide Lima Aula 7: ASPECTOS GRAMATICAIS: PRONOME RELATIVO e PONTUAÇÃO

PRONOMES RELATIVOS

Observemos: "Refiro-me à garota. A garota está ali". Em um só período, temos: "Refiro-me à garota que está ali". O vocábulo que – PRONOME RELATIVO – substitui o nome garota, evitando uma repetição e relacionando as duas idéias. O antecedente de um pronome relativo é um substantivo ou pronome substantivo, como no exemplo: "Todas quantas aparecem são lindas". Em geral, atuam como relativos: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quantos, quantas, quem, onde, aonde, donde, como. Também o vocábulo "quando" pode funcionar como relativo.

Exercícios l - Transforme os períodos simples em períodos compostos, utilizando um pronome relativo adequado e eliminando o que for redundante. Sempre que possível, intercale a oração adjetiva na principal: l. Aquele era o homem. Fernando devia grandes favores ao homem. Ex.: O homem/a quem Fernando devia grandes favores/era aquele.

2. Eu trarei os abacates. Os abacates estão maduros.

3. O álbum pertence ao meu irmão. Tu rasgaste as folhas do álbum.

4. Carlos esteve em Petrópolis. Ali ele brincou muito.

5. As mulheres são honestas. Você desconfia das mulheres.

6. Um grande artista pintou este quadro. Desconhecemos o nome do artista.

7. A casa foi demolida. Morei nela desde criança.

8. Os exames foram difíceis. Procedemos aos exames.

9. A cidade oferece muitos perigos. Vivemos na cidade.

10. Luís foi para Miguel Pereira. Ele não mais voltou de lá.

11. O Brasil era favorito. O Brasil teve uma atuação impecável.

12. A cidade é bem calma. Chegamos à cidade.

13. O caderno era do menino. Roberto rabiscava as folhas do caderno.

14. Este é o aluno. Você fez alusão a ele.

15. Aconteceu um caso estranho. Você conhece o caso.

2 - Escreva no espaço o relativo que convier: 1. Chegou o empreiteiro com................ realizaremos a obra. 2. És um profissional................admiramos. 3. Basílio, sois um professor com ................ aprendemos português. 4. Esta é a cidade ................ trabalhamos. 5. Eis um homem ................ caráter é excepcional. 6. Este é um livro de ................ não me esqueço. 7. Aquela é a mulher ................ me interessa. 8. Leio tudo ................ me agrada. 9. A maneira ................ procede não me agrada. 10. O motivo por................ não apareceu é justo. 11. Marília é a pequena ................paquero. 12. Aquele é um momento................ me lembro com alegria.

13. Aquele é um momento ................ lembro com alegria. 14. Márcio é o engenheiro ................ sucedi na tarefa. 15. Os trabalhos ................ nos submetemos eram árduos. 16. As pessoas................ lidamos são capacitadas. 17. Carlos,................ capacidade lhe falei, chegará amanhã. 18. O prédio ................ o fogo atingiu ficou arrasado. 19. Esta é a menina ................ conversei. 20. Aquela é a moça ................ aludi.

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PONTUAÇÃO: O EMPREGO DA VÍRGULA A vírgula marca uma pausa de pequena duração. É proibido o uso da vírgula para separar: Sujeito e verbo

* Pedro Álvares Cabral, descobriu o Brasil. O verbo e seus complementos (objeto direto e

indireto)

* Joaquim deu, o disco, ao garoto. * Comunicamos, aos interessados, que os diplomas já saíram. Na frase ou oração, separam-se por vírgulas:

• O vocativo: Maria, venha cá! • O aposto explicativo1: Pedro, imperador do Brasil, foi justo. • Palavras da mesma função sintática que não venham unidas por conjunção: Compramos lápis, livros e cadernos. • Adjuntos adverbiais deslocados ou de certa extensão: À tarde, o general verificou todas as posições. • Conjunções coordenativas deslocadas para o meio da frase: Estou em férias; não contem, portanto, comigo.

No período, separam-se por vírgulas: • As orações coordenadas assindéticas ou

intercaladas César veio, viu e venceu. O dia, disseram as crianças, não poderia ser melhor. • As orações adjetivas explicativas. A Terra, que é um planeta, gira no espaço. • As orações adverbiais:

Chegando, todos o saudaram. Quando chegar o verão, vou à praia.

• Certas expressões (exemplificativas ou de retificação), tais como: por exemplo, além disso, isto é, a saber, aliás, outrossim, com efeito etc.

Observe, por exemplo, o novo regulamento do Campeonato Brasileiro de Futebol.

• Para destacar a localidade, nas datas: Campinas, 13 de março de 1985. • Para indicar a zeugma (apagamento) do

verbo: O espírito busca luz; o coração, amor. [O coração busca amor.]

EXERCÍCIOS Coloque vírgulas, quando necessário: 1) A MCA produtora de cinema foi comprada pela Matsushita. 2) Aos noivos os padrinhos deram uma geladeira. 3) O bem da humanidade consiste em gozar o máximo de felicidade sem diminuir a felicidade dos outros. 4) Alguns ouvem com as orelhas outros com o estômago. 5) Rosana sua bolsa está aberta. 6) O homem que é racional saberá evitar uma terceira guerra. 7) Quando a nave atingir sua órbita desligará os motores. 8) Viajando de automóvel você conhecerá mais coisas. 9) O ministro disse aos empresários que a inflação vai cair. 10) Franco militar espanhol governou a Espanha durante quarenta anos. 11) Esta medida se não tomarmos providências aumentará o pagamento de imposto de renda. 12) O Gol um dos carros mais vendidos no Brasil sofreu muitas modificações desde o lançamento. 13) Desde que entraram na moda as peças napoleônicas adquiriram valores incalculáveis. 14) Pode-se apontar além disso outro mal-entendido a respeito da greve em serviços essenciais. 15) Com muita calma ele conseguiu depois de muita pesquisa descobrir a causa da perda de energia. 16) A hóstia o arado a palavra correspondem aos três sacerdócios do Senhor. 17) Antes de começar é importante pois entender como as informações são inseridas no computador. 18) Ao apagar um arquivo lembre-se de que isso é feito de forma permanente. 19) Os filósofos costumam ignorar que a ciência não existe no vácuo. 20) A pesquisa científica mesmo realizada por conta própria é uma atividade social e cultural. 21) Quase sempre adiamos a vida deixando de dar atenção ao momento. 22) A incerteza é a companhia necessária a todos os exploradores.

1 Aposto é o termo da oração que modifica outro, identificando-se com ele. Na sentença acima, imperador do Brasil modifica Pedro e é Pedro.