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CURRENT ISSUES Janeiro 2010 volume 10 número 1 Perspectivas Econômicas para 2010 Luiz Nelson Porto Araujo A crise econômica e financeira mundial é mais profunda e generalizada e seus efeitos serão mais duradouros do que se imaginava. A crise continua a se desenrolar e as suas causas e intervenções serão, sem dúvida, objeto de debate por muitos anos. O cenário atual brasileiro é um dos mais favoráveis do mundo, em praticamente todos os setores de atividade econômica. Introdução O Brasil é, hoje, a décima maior economia do mundo, com previsão de ser a quinta an- tes do final desta década. É o segundo maior exportador de produtos alimentícios, um dos maiores produtores de petróleo e minerais e o quinto maior mercado automobilístico. Nossa economia é a principal referência po- lítica e econômica de toda a América Latina. Nossa estrutura de governança é cada vez mais sólida e a democracia parece ter fin- cado raízes profundas no seio do sistema po- lítico e social. Recentemente, no âmbito das discussões sobre a atual crise econômica, foi promovido a interlocutor privilegiado no FMI, no G-20 e em outros fóruns mundiais. Sem dúvida, um conjunto de atributos que sinali- zam um processo sustentado de crescimento a taxas elevadas, superiores a 5% a.a. para os próximos anos. Economia Mundial As principais economias, e os seus respecti- vos mercados financeiros, estão se recupe- rando lentamente do tumulto iniciado 18 meses atrás nos Estados Unidos. No en- tanto, os efeitos da desaceleração do cresci- mento nestas economias devem continuar a deteriorar as perspectivas de crescimento global, mesmo considerando a recuperação econômica dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ou seja, ela não será capaz de suprir o hiato de demanda derivado dos Estados Unidos e das economias da União Europeia. O funcionamento dos mercados financeiros ainda é limitado e as restrições aos fluxos de crédito, decorrentes de incertezas em rela- ção à estrutura regulatória e à saúde finan- ceira dos potenciais tomadores de emprésti- mos, estão impedindo retomada dos financi- amentos ao consumo e investimentos.

2010 delta perspectivas econômicas para 2010

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Perspectivas econômicas para 2010

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CURRENT ISSUES

Janeiro 2010 volume 10 número 1

Perspectivas Econômicas para 2010 Luiz Nelson Porto Araujo

A crise econômica e financeira mundial é mais profunda e generalizada e seus efeitos serão mais

duradouros do que se imaginava. A crise continua a se desenrolar e as suas causas e intervenções

serão, sem dúvida, objeto de debate por muitos anos. O cenário atual brasileiro é um dos mais

favoráveis do mundo, em praticamente todos os setores de atividade econômica.

Introdução

O Brasil é, hoje, a décima maior economia

do mundo, com previsão de ser a quinta an-

tes do final desta década. É o segundo maior

exportador de produtos alimentícios, um dos

maiores produtores de petróleo e minerais e

o quinto maior mercado automobilístico.

Nossa economia é a principal referência po-

lítica e econômica de toda a América Latina.

Nossa estrutura de governança é cada vez

mais sólida e a democracia parece ter fin-

cado raízes profundas no seio do sistema po-

lítico e social. Recentemente, no âmbito das

discussões sobre a atual crise econômica, foi

promovido a interlocutor privilegiado no FMI,

no G-20 e em outros fóruns mundiais. Sem

dúvida, um conjunto de atributos que sinali-

zam um processo sustentado de crescimento

a taxas elevadas, superiores a 5% a.a. para

os próximos anos.

Economia Mundial

As principais economias, e os seus respecti-

vos mercados financeiros, estão se recupe-

rando lentamente do tumulto iniciado 18

meses atrás nos Estados Unidos. No en-

tanto, os efeitos da desaceleração do cresci-

mento nestas economias devem continuar a

deteriorar as perspectivas de crescimento

global, mesmo considerando a recuperação

econômica dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e

China), ou seja, ela não será capaz de suprir

o hiato de demanda derivado dos Estados

Unidos e das economias da União Europeia.

O funcionamento dos mercados financeiros

ainda é limitado e as restrições aos fluxos de

crédito, decorrentes de incertezas em rela-

ção à estrutura regulatória e à saúde finan-

ceira dos potenciais tomadores de emprésti-

mos, estão impedindo retomada dos financi-

amentos ao consumo e investimentos.

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Neste ano, em continuação ao observado ao

final de 2009, os dois principais temas na

agenda econômica mundial são: i) a des-

montagem dos mecanismos de incentivo –

principalmente, de origem monetária – ado-

tados pelos diversos países (particularmente

os Estados Unidos) para mitigar os efeitos da

crise e ii) a discussão dos possíveis efeitos

inflacionários gerados por ela.

Desde o início da crise, o Federal Reserve

Bank - Fed expandiu maciçamente a liquidez

do sistema financeiro norte-americano, inje-

tando mais de US$ 2 trilhões na economia e

suavizando o aperto de crédito. Sua atuação

como emprestador de última instância con-

tribuiu para mitigar o risco sistêmico, não

apenas nos Estados Unidos, como também

em outros grandes centros financeiros. Mais

ainda, a partir de setembro de 2007, o Fe-

deral Open Market Committee - FOMC iniciou

um processo de redução da chamada federal

funds rate. Em dezembro de 2008, esse Co-

mitê tomou uma decisão histórica, definindo

uma meta para o intervalo de zero a 0,25%

e anunciando a sua expectativa de que a frá-

gil situação econômica manteria a meta a ní-

veis historicamente baixos por algum tempo.

Ao final de 2009 essa meta mantinha-se

inalterada, apesar da fraca sinalização de

elevação em algum momento em 2010.

Com relação à estabilidade do patamar infla-

cionário, existe uma possibilidade do excesso

de liquidez implicar em um surto inflacioná-

rio, com desdobramentos sobre a desvalori-

zação do dólar nos próximos anos. Isto causa

apreensão não apenas aos consumidores

mas, particularmente, aos investidores com

volumes consideráveis de ativos denomina-

dos em dólar.

Com o objetivo de minimizar os riscos deste

surto, o Fed anunciou a criação de um fundo

no qual os bancos locais poderão depositar,

como aplicações, o que avaliarem como ex-

cesso de reservas bancárias. A expectativa é

que sejam "enxugados" do sistema mais de

US$ 1 trilhão. O mecanismo deve ser ado-

tado em alguns meses, quando se conside-

rar que a recuperação da atividade econô-

mica nos EUA mostrar sinais mais robustos.

Um terceiro tema, também recorrente, é o

desmonte dos mecanismos de incentivo de

origem fiscal, que foram adotados quando as

perspectivas econômicas eram, literalmente,

sombrias. O custo destes incentivos, muitos

deles ainda não totalmente quantificados,

foram muito inferiores aos efeitos multiplica-

dores positivos que tiveram sobre a produção

e o emprego. No entanto, implicaram em

uma mudança estrutural nas finanças públi-

cas destas economias, cujos efeitos – muito

mais importantes – ainda não foram total-

mente compreendidos. Conhece-se, apenas,

a significativa deterioração da posição de en-

dividamento e, em alguns casos, o eventual

questionamento da condição de solvência

pública.

Economia Brasileira

A análise que se segue trata, inicialmente,

de alguns "desafios estruturais" e, em se-

guida, do desempenho recente e das pers-

pectivas para o crescimento, os investimen-

tos, a inflação e juros, as finanças públicas,

o comércio exterior e a taxa de câmbio.

1 – Desafios Estruturais

O Brasil, como outras economias emergen-

tes, depara-se com uma série de desafios

econômicos, políticos e sociais de natureza

estrutural. Esses desafios estão diretamente

relacionados com a evolução histórica do

país, a sua inserção no sistema mundial de

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governança e os gargalos e disparidades

econômicas e sociais que, há séculos, defi-

nem a nossa sociedade.

A identificação destes desafios é tarefa

muito mais simples do que a decisão política

e a alocação de recursos, físicos e financei-

ros, para a sua superação. Não é objetivo

deste artigo hierarquizar as demandas da so-

ciedade, identificar e caracterizar o processo

decisório, avaliar as estratégias e ações ado-

tadas para superá-los. Mas, é importante ob-

servar, dentre todos aqueles analisados e

discutidos, quatro particularmente relevan-

tes: as eleições majoritárias deste ano, a

Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de

2016 e o bônus demográfico.

Eleições 2010

Neste ano, o Brasil terá eleições majoritárias.

Desde a redemocratização, em 1985, ire-

mos eleger, pela sexta vez consecutiva, o

presidente da República. Desta vez, como

em 2002, o atual mandatário não pode ser

candidato à reeleição. A impossibilidade de

permanência no poder por dois mandatos

sucessivos foi uma das regras mais estáveis

do nosso sistema político, tendo sido man-

tida durante o regime autoritário após o

golpe militar de 1964, e permanecido na

Constituição de 1988.

O sucesso do Plano Real e as mudanças es-

truturais na economia, exigidas para sua ma-

nutenção, levaram à ideia de que quatro

anos é um período curto para a execução de

um programa de governo. Assim, em

04/06/97, por meio da Emenda Constitucio-

nal n° 16, foi aprovado o instituto da reelei-

ção para presidente da República, governa-

dores e prefeitos. Em 1998, foram realizadas

as primeiras eleições para a Presidência e

para os governos estaduais sob vigência

dessa nova regra. Em 2000, o instituto da

reeleição foi aplicado pela primeira vez em

eleições municipais. Em todos os casos

constatou-se certa tendência de permanên-

cia dos candidatos que já estavam exercendo

o cargo. Assim, o presidente Fernando Hen-

rique foi reeleito, em 1998, e Lula em 2002.

A teoria econômica estuda, há décadas, os

chamados ciclos político-econômicos. Uma

proposição fundamental desta teoria é que

os políticos, conhecedores dos efeitos do

momento econômico sobre os votos dos elei-

tores, manipulam as variáveis macroeconô-

micas, com objetivo de serem eleitos (ou re-

eleitos). Assim, com a proximidade das elei-

ções, os principais instrumentos de política

econômica – fiscais e monetários – são dire-

cionados à expansão da economia. Depois

do período eleitoral, são adotadas medidas

contracionistas, a fim de reverter os efeitos

adversos da política expansionista adotada

anteriormente.

Não há muitas dúvidas de que a disputa nas

eleições deste ano será, particularmente,

muito intensa. Os ativos em jogo – a presi-

dência da República, os governos estaduais

e 2/3 do Senado – irão, com certeza, impac-

tar as estratégias da política econômica ado-

tadas pelos candidatos e seus partidos. Os

efeitos sobre a economia serão, em um pri-

meiro momento, bastante benéficos e – es-

pera-se - estruturantes. O problema é a res-

saca que pode se seguir logo a partir dos pri-

meiros meses de 2011.

Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016

Em maio de 2009, a Fifa anunciou que Belo

Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Forta-

leza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio

de Janeiro, São Paulo e Salvador foram es-

colhidas como cidades sede da Copa do

Mundo de 2014. Sediar a Copa significa hos-

pedar 32 equipes e suas comitivas durante

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um mês e criar estrutura para a realização de

64 partidas, que serão transmitidas pra todo

do mundo, no maior evento midiático do pla-

neta (estima-se que durante a Copa de 2014

cerca de três bilhões de telespectadores as-

sistam às transmissões).

A infraestrutura, juntamente com a segu-

rança, devem ser os maiores desafios para o

sucesso destes dois eventos. Estimativas

ainda preliminares apontam que a Copa de-

mandará investimentos superiores a US$ 5

bilhões de dólares. Os valores para as Olim-

píadas são inferiores – e devem ser reduzidos

por aqueles que serão gastos em 2014 –

mas também são relevantes. Os maiores

gastos com infraestrutura nas cidades onde

acontecerão os jogos compreendem: re-

forma e construção de estádios/vilas olímpi-

cas, obras em rodovias, aeroportos, hospi-

tais e sistemas de telecomunicações.

A realização da Copa e das Olimpíadas é uma

grande oportunidade para antecipar e aden-

sar os investimentos necessários para supe-

rar as carências crônicas das cidades sede,

com efeitos multiplicadores sobre toda a

economia. O grande desafio, para que os in-

vestimentos sejam, de fato, estruturantes, é

não repetir os problemas observados quando

da realização do Pan 2007, no Rio de Ja-

neiro: i) orçamentos iniciais superados pelos

custos reais; ii) ajuda emergencial do Estado

para conclusão das obras e iii) não melhorar

a infraestrutura no entorno dos estádios e

das cidades.

Mais ainda, o Brasil não pode perder a opor-

tunidade de se valer destes dois eventos

para alavancar a sua projeção no cenário

mundial, para melhorar as condições de

acessibilidade e mobilidade urbanas e para

expandir as condições de acesso a serviços

de saneamento, energia, transporte e tele-

comunicações.

Bônus Demográfico

A demografia pode ser um dos principais in-

dutores do crescimento do Brasil nas próxi-

mas três décadas. A nossa situação é mais

favorável agora do que foi nas cinco décadas

passadas. De fato, existe um "bônus demo-

gráfico" – que só acontece uma vez e so-

mente uma vez pode ser utilizado – e que,

caso estrategicamente utilizado, pode ala-

vancar as condições socioeconômicas do

país.

O período de crescimento econômico ante-

rior (1950-1980), caracterizado pelo intenso

processo de urbanização e industrialização,

lançou as bases da transição demográfica,

isto é, a redução das taxas brutas de morta-

lidade e natalidade. Como as taxas de mor-

talidade caíram primeiro e em ritmo mais rá-

pido do que as taxas de natalidade, houve

uma aceleração do crescimento populacio-

nal em relação a todos os períodos anterio-

res.

Projeções derivadas do IBGE e das Nações

Unidas mostram que estamos iniciando um

processo de transição demográfica, que se

estende de 1950 a 2030. Nos próximos 20

anos as taxas brutas de mortalidade vão ficar

praticamente estáveis, enquanto as taxas

brutas de natalidade vão continuar caindo, o

que irá reduzir o ritmo de crescimento vege-

tativo da população.

Uma das principais consequências dessa

transição é a alteração da estrutura etária da

população, reduzindo a participação relativa

das crianças e aumentando, inicialmente, a

participação dos adultos e, posteriormente,

a participação dos idosos. Assim, o primeiro

efeito da transição demográfica é reduzir as

taxas de dependência demográfica. So-

mente a partir de 2025 as taxas de depen-

dência deverão se elevar, ou seja, a "carga

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econômica" da dependência é muito menor

nesse início de século, do que foi qualquer

outro momento da nossa história. Essa me-

nor carga tem impactos econômicos relevan-

tes, em particular, o potencial de aumento

da poupança, condição fundamental para a

elevação dos investimentos.

2 - Crescimento

Desde a adoção do Plano Real, em 1994, se

discute o crescimento sustentado da econo-

mia brasileira. A discussão, sem dúvida,

aprofundou-se ao final da década passada e

deve ser um tema recorrente neste início de

século. O cerne dos debates diz respeito aos

condicionantes internos da economia brasi-

leira. Será que as próximas décadas podem

ser tão positivas em termos de crescimento

quanto os "trinta anos de ouro" (1950-1980)

da economia brasileira?

Naquele período nossa economia cresceu,

aproximadamente, 7,0% a.a., enquanto a

população cresceu menos de 3,0% a.a. As-

sim, a renda per capita cresceu 4,2% a.a.

Esses trinta anos marcaram o melhor período

de crescimento de toda a história brasileira,

mesmo levando-se em consideração que o

país partiu de uma base – e uma matriz eco-

nômica – muito baixa e contou com um in-

tenso processo de transformação que impli-

cou na passagem de uma sociedade rural e

agrária para uma sociedade urbana e indus-

trial. Os deslocamentos da população do

campo para as cidades e a importação de

tecnologias avançadas, de países mais de-

senvolvidos, possibilitaram um salto signifi-

cativo do PIB e da produtividade do trabalho,

a despeito da crescente desigualdade na dis-

tribuição da renda e da manutenção das dis-

paridades regionais.

As duas décadas subsequentes (1980-

2000) foram marcadas, principalmente, por

crises econômicas, alta inflação, perda de di-

namismo social e por um agravamento da vi-

olência e da insegurança. O foco estava na

tentativa de estabilização da inflação e do

controle das contas externas. Essas duas

"décadas perdidas" lançaram sérias dúvidas

sobre a capacidade da economia brasileira

retomar o desenvolvimento econômico e me-

lhorar as condições de vida da população,

particularmente o acesso aos bens públicos

mais básicos.

Os resultados obtidos na década passada –

sem dúvida, decorrentes da condução da po-

lítica macroeconômica interna mas, tam-

bém, das excepcionais condições dos mer-

cados externos – resgataram o discurso do

"Brasil potência". O desempenho do país na

recente crise econômica global – que ainda

assola as economias mais desenvolvidas e,

localmente, outras economias –, e as recen-

tes descobertas de óleo e gás no pré-sal ape-

nas contribuiu para o fortalecimento do dis-

curso ufanista.

Mais ainda, o crescimento da economia in-

ternacional tem ajudado a recuperação bra-

sileira e é um fator condicionante do futuro.

Atualmente, existe um otimismo mundial

com o desempenho dos países emergentes,

em especial com os países do BRIC.

Estimativas preliminares indicam que o PIB

real deve ficar próximo de zero no ano de

2009, reduzindo a média observada nos úl-

timos anos, mesmo considerando a expan-

são dos últimos três trimestres do ano. Para

2010 e, ao menos até a metade desta dé-

cada, todas as expectativas são extrema-

mente positivas, com um crescimento espe-

rado superior a 5,0% a.a. Este intervalo,

grande, decorre de incertezas de origem ex-

ternas e internas. Externamente, a maior in-

certeza decorre, principalmente, da dinâmica

da crise mundial. Ainda não se sabe se os

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efeitos associados às restrições de crédito, à

queda da demanda agregada e dos investi-

mentos chegaram ao seu limite inferior nas

economias desenvolvidas e, em consequên-

cia, se os efeitos nas economias emergentes

já se manifestaram na sua totalidade. Inter-

namente, a incerteza decorre dos limites co-

locados pelas medidas de ajuste à crise fi-

nanceira, pela infraestrutura física, pela ele-

vada e regressiva carga tributária, pela pés-

sima distribuição da renda e pelo baixo nível

de escolaridade da população (especial-

mente aquela de baixa renda e das regiões

menos desenvolvidas do país).

Dentre as principais medidas adotadas pelo

executivo federal no enfrentamento da crise

financeira temos as seguintes: i) garantia de

capital de giro às empresas da construção ci-

vil; ii) aumento do capital do BNDES (aporte

de R$ 80 bilhões, que se somou ao crédito

de R$ 100 bilhões ao final de 2008); iii) au-

mento da oferta de crédito com recursos dos

depósitos compulsórios; iv) apoio ao setor

exportador e v) desoneração fiscal de setores

específicos da economia. Todas estas medi-

das, de caráter estritamente conjuntural,

buscaram atender as necessidades e/ou

pressões pontuais. Na verdade, o Brasil

ainda carece da implementação de ajustes

importantes – que só podem ser operaciona-

lizados através de reformas estruturantes (tri-

butária, trabalhista, regulatória e política) – e

de uma estratégia de desenvolvimento que

contemple a intensificação da inovação tec-

nológica, o adensamento das principais ca-

deias produtivas, a internacionalização das

empresas brasileiras de classe mundial, o

aumento dos níveis de escolaridade da po-

pulação (especialmente daquela mais ca-

rente), a redução das disparidades regionais

(a concentração geográfica do PIB, nas regi-

ões sul e sudeste do país, e nos 50 maiores

municípios é particularmente relevante), o

combate à corrupção e o fortalecimento das

estruturas de governança pública.

3 - Investimento

A formação bruta de capital fixo (investi-

mento bruto) é um dos principais componen-

tes da demanda. Um dos efeitos positivos do

investimento é aumentar a capacidade ins-

talada da economia, o que permite um cres-

cimento mais acelerado sem pressões infla-

cionárias. Desde 2003 a participação do in-

vestimento como proporção do PIB corrente

tem crescido e a expectativa é que em 2009

tenha sido de 19% (versus a média de

16,4% entre 2001-2007 e 8,9% em 2008).

A execução do Programa de Aceleração do

Crescimento - PAC, divulgado em jan/07,

teve efeitos importantes sobre o PIB de

2009 – particularmente em face da retração

dos investimentos privados –, mas muito in-

feriores ao esperado (e mesmo inferiores

aqueles associados aos gastos correntes):

atrasos no cronograma de várias obras aca-

baram por limitar os efeitos multiplicadores

destes investimentos. Estes atrasos decorre-

ram, principalmente, de problemas de ges-

tão e da enxurrada de ações judiciais (desa-

propriação, licenciamento ambiental, leilões

de concessão, etc.) contra obras do Pro-

grama.

Com a aceleração do crescimento, o au-

mento da demanda e a diminuição da capa-

cidade ociosa irão contribuir para o aumento

dos investimentos no setor privado que, so-

mados aos investimentos públicos, devem

aumentar não apenas o nível mas também a

participação relativa no PIB (podendo atingir

até 20%).

O agente mais importante na manutenção de

níveis elevados de investimento é o BNDES.

Esta instituição tem um papel estratégico

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cada vez mais relevante no financiamento da

infraestrutura nacional e deve continuar a tê-

lo em 2010, mesmo com o abrandamento

das restrições ao crédito por parte das insti-

tuições financeiras privadas. No ano pas-

sado, o volume de desembolsos do banco

somou R$ 137 bilhões (versus R$ 92,2 bi-

lhões em 2008) e a expectativa é que em-

preste R$ 126 bilhões em 2010 (uma redu-

ção de 8%).

Por fim, a percepção do investidor estran-

geiro sobre o estado da economia e as pers-

pectivas de crescimento estão ainda mais

positivas do que em 2009, apesar do repo-

sicionamento dos investimentos e dos fluxos

de capitais nos mercados globais em decor-

rência da crise financeira. Desde 2003, o

fluxo de investimento direto para o Brasil tem

crescido e em 2008 atingiu o seu pico histó-

rico (US$ 45 bilhões). No ano passado, as

estimativas são de que os investimentos

atingiram US$ 25 bilhões. Para 2010 a ex-

pectativa é que este fluxo seja próximo ao re-

corde observado em 2008, devido à explora-

ção do pré-sal, a Copa de 1014 e as Olimpí-

adas de 2016.

4 - Inflação e Juros

Em 2009, as taxas de inflação medidas por

diversos índices e instituições apresentaram

uma reversão nas suas respectivas trajetó-

rias de ascensão. O IPCA, por exemplo, que

baliza o regime de metas de inflação, foi de

4,5% em 2007, 5,9% em 2008 e, pelas es-

timativas deste início de ano, foi pouco su-

perior a 4% em 2009. O limite superior da

meta é de 6,5% ao ano. Já o IGP-M, que in-

dexa os contratos de serviços públicos (água,

energia elétrica e telefone), foi de 7,8%, em

2007, 9,8% em 2008 e -1,7% em 2009,

apresentando a sua primeira deflação desde

que foi calculado pela primeira vez, pela FGV,

em 1989). Esta trajetória deve implicar em

um resíduo deflacionário importante nas ta-

rifas públicas e aluguéis em 2010. Todos os

resultados do ano encerrado superaram a

maioria das expectativas do mercado.

É importante enfatizar, como temos feito

anualmente neste Guia, que todo processo

de desenvolvimento econômico sustentado

exige uma taxa de inflação baixa e pouco vo-

látil. A conjugação de produção, investi-

mento e geração de emprego com inflação

elevada só existe no mundo da fantasia. Não

existe, na moderna teoria e boa prática eco-

nômica, qualquer argumento plausível para

que a taxa de inflação seja elevada. Pior

ainda, o aumento da taxa de inflação pena-

liza não apenas as decisões de investimento

como também – e principalmente – a popu-

lação mais carente do país.

O comportamento dos índices em 2010 não

deve exigir maior atenção da autoridade mo-

netária, apesar das pressões associadas ao

ciclo econômico-político e a crise nos merca-

dos de crédito internacionais exigirem dela

atenção redobrada. O grande desafio que se

apresenta é uma eventual expansão da eco-

nomia a taxas superiores a 6% a.a. por al-

guns anos, dados os gargalos assombrosos

na capacidade instalada e na infraestrutura

nacional.

Em 2008, a taxa Selic aumentou de 11,25%

para 13,75% a.a., em movimento contrário

ao observado nos dois anos anteriores. Em

2009, ela reduziu-se significativamente,

atingindo apenas 8,75% a.a. Esta foi uma

grande surpresa para a maior parte do mer-

cado, com efeitos muitos positivos sobre as

demais taxas praticadas no mercado. A

grande incógnita de 2010 é a trajetória da

taxa básica de juros. O intervalo para a taxa

Selic situa-se em 9,5% e 11,75% a.a., con-

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trastando com os intervalos bem mais estrei-

tos estimados para outros indicadores ma-

croeconômicos.

A incerteza também diz respeito a trajetória

de ajuste que será adotada pelo Banco Cen-

tral, mas existe consenso de que ao final do

primeiro semestre a taxa deve ser mais ele-

vada do que aquela de dezembro. Dada a de-

fasagem da política monetária (período entre

a redução da taxa e o impacto final sobre os

preços) de pelo menos seis meses, a dúvida

é se o Banco irá aguardar a confirmação da

aceleração do crescimento antes de elevar a

taxa básica.

5 - Finanças Públicas

Os gastos públicos em 2009, nas três esfe-

ras de governo, contribuíram positivamente

para mitigar os efeitos adversos da crise eco-

nômica e devem continuar neste ano. A ex-

pectativa é que as despesas não financeiras

dos governos federal, estadual e municipal

continuarão em alta, mas a um ritmo inferior

ao observado no ano passado. Somadas, es-

tas despesas correspondem a quase um

terço do PIB.

A carga tributária reduziu-se neste ano de-

vido aos efeitos da crise econômica: de um

lado, a atividade econômica contraiu-se for-

temente no primeiro trimestre do ano e, de

outro, as desonerações tributárias adotadas

para diversos setores de atividade. A confu-

são momentânea na estrutura de gover-

nança da Receita Federal do Brasil também

contribuiu para a diminuição da receita. Mais

recentemente, foram anunciadas e imple-

mentadas diversas medidas administrativas

e normativas com o objetivo de diminuir a

evasão e elisão tributária e aumentar a re-

ceita. Os resultados observados a partir do

último trimestre de 2009 são bastante posi-

tivos.

A razão "dívida pública/PIB", que ficou pró-

xima de 45% dezembro de 2009, compa-

rada com 38,8% em 2008, 42,7% em 2007

e 44,7% em 2006. Com a perspectiva de um

crescimento de 5% ou mais e um superávit

primário de 2% a 2,5% do PIB, esta razão

deve voltar a diminuir em 2010, fechando o

ano ao redor de 43%. Outros indicadores,

como a necessidade de financiamento pri-

mária (o chamado superávit/déficit primário)

e a necessidade de financiamento nominal

também foram positivos, mas com um de-

sempenho inferior ao observado em 2008.

Para 2009 a meta do superávit primário foi

de 2,5% do PIB, com permissão de abati-

mento de investimentos de até 0,94% do

PIB. Para 2010 a meta é de 3,3% do PIB,

com possibilidade de desconto de até

0,65%. A expectativa é que a arrecadação

irá aumentar – por conta da expansão da ati-

vidade econômica – e o aumento das despe-

sas correntes não irá ocorrer com a mesma

intensidade do ano passado, na medida em

os efeitos da crise econômica praticamente

já foram dissipados no Brasil.

Apesar do cenário de expansão das despe-

sas e contração das receitas, o risco de in-

solvência do setor público está fora de todos

os cenários traçados para os próximos anos.

Uma âncora importante da solvência fiscal é

a Lei Complementar n° 101 (Lei de Respon-

sabilidade Fiscal), de 04/05/00, que pressu-

põe dos entes federativos uma ação plane-

jada e transparente com vistas ao controle

das contas públicas.

6 - Comércio Exterior e Taxa de Câmbio

O ano de 2009 deve ser uma referência im-

portante na análise das contas externas do

país. O principal motivo é que estamos pas-

sando por uma mudança estrutural, com

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 9

uma tendência de queda dos superávits co-

merciais e um déficit em transações corren-

tes que deve intensificar-se nos próximos

anos. Os efeitos desta mudança são relevan-

tes, com impactos sobre a taxa de câmbio, o

nível das reservas internacionais, a matriz

produtiva e a geração de empregos. Até este

momento não se vislumbra um cenário de

deterioração acentuada que comprometa a

própria estabilização da economia mas, sem

dúvida, a luz amarela acendeu-se.

Desde o pós-guerra, o saldo do balanço co-

mercial é superavitário (as principais exce-

ções foram nos anos iniciais do Plano Real).

Em 2006, o saldo foi de US$ 46,5 bilhões,

caindo para US$ 40 bilhões em 2007, US$

24,9 bilhões em 2008 e US$ 24,6 bilhões

em 2009. A balança comercial brasileira fe-

chou o ano de 2009 com o pior saldo em

sete anos. Com a crise econômica, as expor-

tações sofreram a maior queda percentual

desde 1950. No ano passado, as exporta-

ções atingiram US$ 152,2 bilhões e as im-

portações US$ 127,6 bilhões (versus US$

197,9 bilhões e US$ 172,9 bilhões no ano

anterior, respectivamente). A redução do

fluxo comercial – de quase 24% – decorreu

diretamente da crise econômica global. No

segundo semestre, com a retomada do cres-

cimento (no mercado local e em alguns mer-

cados internacionais) tanto as exportações

quanto as importações cresceram. Por fim, é

importante observar que a evolução da taxa

de câmbio também teve efeitos negativos so-

bre o saldo comercial.

O fluxo comercial deve crescer neste ano

mas não são esperadas variações significati-

vas no saldo da balança comercial, nova-

mente devido ao câmbio e ao crescimento

mais acelerado do mercado doméstico. De

fato, o saldo comercial em 2010 deve conti-

nuar a cair devido ao crescimento mais rá-

pido das importações (principalmente vo-

lume) e da menor expansão das exportações

(preço e volume): a expectativa é de um

saldo inferior a R$ 10 bilhões, podendo

mesmo ser negativo.

A conta de serviços deve manter seu déficit

estrutural, dadas as despesas com o paga-

mento de empréstimos externos, as remes-

sas de lucros e dividendos, o turismo e os

fretes e seguros. O crescimento da atividade

econômica e a manutenção da taxa de câm-

bio são variáveis explicativas importantes do

saldo desta conta

O saldo em transações correntes (que, do

ponto de vista econômico, corresponde ao

excesso do consumo e investimento sobre o

produto, ou o excesso dos investimentos so-

bre poupança doméstica e, do ponto de vista

contábil, é o excesso importações sobre as

exportações de bens e serviços) continua po-

sitivo, mas em queda: em 2006 foi US$

13,6 bilhões, em 2007 foi US$ 1,7 bilhões

e, em 2008, foi negativo em US$ 33,9 bi-

lhões. Para 2009, a estimativa é que o saldo

negativo tenha piorado ainda mais e que o

mesmo ocorra em 2010.

Com o acirramento da crise cambial, em se-

tembro de 2008, o real iniciou um processo

acelerado de valorização (juntamente com

uma maior volatilidade). Os resultados parci-

ais para 2009 mostram, como no ano ante-

rior, que o Real foi a moeda que mais se va-

lorizou no mundo (seguida do dólar, do rand,

do peso chileno e do dólar neozelandês) e a

moeda mais volátil dentre um conjunto de

países das Américas (Argentina, Bolívia,

Chile, Colômbia, Estados Unidos, México,

Peru e Venezuela).

O resultado do balanço de pagamentos e,

principalmente, da balança comercial deve

definir a taxa de câmbio R$/US$ no biênio

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DELTA ECONOMICS & FINANCE 10

2010-2011. Desde 2006 a taxa média de

câmbio é decrescente. Para o final de 2010,

espera-se uma taxa pouco superior a R$ 1,7

(algumas estimativas colocam o câmbio a R$

1,6 no final deste ano) e ainda inferior a R$

1,85 em 2011. Esta trajetória é esperada

mesmo com a pressão adicional sobre o

câmbio decorrente da regulamentação do

Fundo Soberano do Brasil (FSB), feita pelo

governo ao final de dezembro do ano pas-

sado.

Por fim, é importante observar na área ex-

terna que, desde 2002, com os saldos co-

merciais em crescimento e a estabilidade

nos mercados internacionais, as reservas in-

ternacionais do Brasil cresceram bastante:

de US$ 32,8 bilhões para US$ 239 bilhões

ao final de 2009. Dentre os países do BRIC

o Brasil foi o que mais aumentou proporcio-

nalmente as suas reservas internacionais,

23,4% (correspondentes a $ 45,2 bilhões).

A expectativa é que as reservas continuem a

aumentar em 2010, podendo atingir mais de

US$ 275 bilhões.

Conclusões

Nossa avaliação e conclusão sobre o desem-

penho recente e as trajetórias esperadas

para a economia mundial e brasileira em

2010 podem ser sumarizadas da seguinte

maneira.

Cenário externo

A crise econômica e financeira mundial é

mais profunda e generalizada e seus efeitos

serão mais duradouros do que se imaginava.

A crise continua a se desenrolar e as suas

causas e intervenções serão, sem dúvida,

objeto de debate por muitos anos. Ainda não

temos respostas para todos os problemas e,

em muitos casos, não sabemos sequer quais

são as perguntas pertinentes. Apesar disso,

já observamos o início da retomada do cres-

cimento econômico – geográfica e setorial-

mente limitada, é claro – ao final do ano pas-

sado.

Cenário interno

A continuidade da política econômica deve

ser assegurada pelo executivo federal, pois

implica no reconhecimento de que a estabi-

lidade macroeconômica é condição funda-

mental para o desenvolvimento e a inserção

social de milhões de brasileiros. Essa estabi-

lidade se resume a controle da inflação, dis-

ciplina fiscal e monetária, gestão pública efi-

ciente e programas sociais focalizados na po-

pulação mais carente. É óbvio que interven-

ções pontuais em determinados setores de

atividade e o uso de políticas anticíclicas in-

teligentes devem ser defendidas. No en-

tanto, isto não implica na generalização de

medidas de ajustes descontínuas, populistas

e de baixa eficiência e eficácia – apesar de

todas as pressões políticas em sentido con-

trário.

O cenário atual brasileiro é um dos mais fa-

voráveis do mundo, em praticamente todos

os setores de atividade econômica. É claro

que a crise financeira mundial deve continuar

limitando a produção e o emprego local. No

entanto, a participação do setor público e a

demanda doméstica mais do que compen-

sam os seus efeitos negativos e asseguram

um crescimento sustentável a taxas eleva-

das.

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Luiz Nelson Porto Araujo, economista, é sócio-diretor da Delta Economics & Finance. Foi Professor do De-

partamento de Planejamento e Análise Econômica da EAESP-FGV e da FCECA da Universidade Macken-

zie.

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necessariamente, a visão da Delta Economics & Finance.

Sobre a Delta

Fundada em 2000, a Delta é uma empresa brasileira de consultoria econômica e financeira. Nossa mis-

são é oferecer soluções de qualidade aos nossos clientes mediante um compromisso com ética, inova-

ção, trabalho em equipe, alianças estratégicas e capacidade analítica.

Disponibilizamos sofisticadas soluções em corporate finance, economic regulation, local development &

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