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Pensar Azul 11.º 07 ∎ argumentação e retórica 02 ∎ III Racionalidade Argumentativa e Filosofia 2. Argumentação e Retórica

2013-14 Falácias informais

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  • FalciasFormaisInformaisSo erros de raciocnio que no tm a ver somente com a forma lgica mas tambm com o contedo. So erros de raciocnio que tm unicamente a ver com a forma lgica.

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    SumrioDistino falcias formais e falcias informais.Vrios tipos de falcias informais: Petio de princpio; Falso dilema; Apelo ignorncia; Ad hominem; derrapagem (ou bola de neve);boneco de palha e apelo autoridadeO Domnio do Discurso Argumentativo. Principais Tipos de Argumentos e Falcias Informais

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    FalciasAnalisemos a definio de falcia que se encontra no teu manual, na pg. 89.

    Uma falcia um argumento que parece bom ou cogente, mas no .Dada a definio de cogncia, um argumento pode ser falacioso por trs razes:Parece vlido mas no ;

    2. Parece ter premissas verdadeiras, mas no tem;

    3. Parece ter premissas mais plausveis do que a concluso, mas no tem.

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    Falcias

    H dois grandes tipos de falcias:

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    Falcias formais Numa falcia formal a forma lgica do argumento que invlida, apesar de parecer vlida. O argumento no vlido por incumprimento das regras lgicas de inferncia. So estudadas pela lgica formal.Consulta os teus textos sobre a lgica aristotlica e encontrars quatro falcias silogsticas, formais:1. Falcia dos quatro termos2. Falcia do mdio no distribudo.3. Falcia da ilcita maior.4. Falcia da ilcita menor.

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    Falcias informais So erros de raciocnio que no tm a ver somente com a forma lgica.

    Numa falcia informal:

    O problema resulta ou de o argumento no ter premissas verdadeiras mas parecer que as tem;

    OU

    de no ter premissas mais plausveis do que a concluso, mas parecer que as tem.

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    Falcias informais Petio de princpio (manual, pg.89)

    Falso dilema (manual, pg.89)

    Apelo ignorncia

    Ad hominem (manual, pg.90)

    Falcia da derrapagem ou bola de neve Falcia do boneco de palha

    Falcia do apelo autoridade (manual, pg. 97) Falcia do apelo fora Falcia do apelo ignornciaFalcia ad misericordiam

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    A Bblia a palavra de Deus .Se a Bblia a palavra de Deus, ento verdadeira.Na Bblia est escrito que Deus existe.Logo, Deus existe.Petio de princpio (ou falcia da circularidade pg. 89 do manual)Comete-se esta falcia quando num argumento se inclui disfaradamente nas premissas o que se deseja concluir.Este argumento visa provar a existncia de Deus atravs de trs premissas. Porm, na primeira premissa j est implcita a afirmao que Deus existe se a Bblia for realmente a palavra de Deus , ento Deus existe. Portanto, neste argumento pressupe-se numa das premissas a concluso que se pretende estabelecer. isso que faz deste argumento uma petio de princpio. Comete-se esta falcia quando se pressupe indevidamente nas premissas aquilo que se quer provar com o argumento J est implcita a existncia de DeusA frmula desta falcia :

    A verdadeiro.Logo: A verdadeiro.

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    Petio de princpio (ou falcia da circularidade)A petio de princpio conhecida por falcia da circularidade. Esta designao deve-se ao facto de as peties de princpio conduzirem a um crculo lgico do qual no se consegue sair. Para ilustrar esta circularidade, consideremos um dilogo imaginrio que dramatiza o argumento anterior.- Por que pensas que Deus existe?- Porque a Bblia a palavra de Deus, e sendo assim verdadeira, e na Bblia est escrito que Deus existe.- Mas por que pensas que a Bblia a palavra de Deus?- Porque Deus existe e o seu autor.- Mas por que pensas que Deus existe?- Porque a Bblia a palavra de Deus, e sendo assim verdadeira, e na Bblia est escrito que Deus existe.(Etc.)

  • A falcia da petio de princpio ou do argumento circular

    Um argumento circular consiste em pretender provar uma concluso tendo, como premissa, a prpria concluso. Dito de outra maneira: supe-se como j provado ou consensual aquilo que se quer provar.

    Exemplo:

    A Ford Motor Company produz os melhores automveis dosEUA. Sabemos que produzem os melhores carros porque tm os melhores engenheiros. A razo pela qual tm os melhores engenheiros a de poderem pagar-lhes mais do que os outros produtores. Obviamente, podem pagar-lhes mais porque produzem os melhores carros dos EUA.

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    P ou Q.No P.Logo, Q.Falso dilema (pp. 89 e 90 do manual)Um dilema um argumento que pode apresentar a seguinte estrutura:O dilema falso (falacioso) quando, havendo vrias alternativas, o argumento apresenta s duas, que interessam ao orador e conduzem a resultados inaceitveis. No exemplo apresentado, a falcia surge na primeira premissa. Esta premissa sugere que existem apenas duas hipteses: acreditar em Deus ou ser ateu. Porm, isto um falso dilema, j que existe mais uma possibilidade: ser agnstico. Ou acreditas em Deus ou s ateu.No acreditas em Deus.Logo, s ateu.

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    Falso dilemaExemplo:O argumento a favor das armas nucleares pode implicar um falso dilema: ou ns temos armas nucleares ou corremos o risco de ser atacados.Os polticos, s vezes, usam falsos dilemas para nos levar a tomar uma deciso que realmente no queremos tomar.Quando fores forado a escolher entre duas alternativas, verifica se no h realmente outra opo.

  • A falcia do falso dilema ou falsa dicotomiaComete-se a falcia do falso dilema caso se apresentem duas hipteses alternativas como se estas esgotassem todas as possibilidades, quando na verdade existem mais do que duas hipteses. Exemplo:

    Ou ests do nosso lado ou contra ns.

    Ou continuo a fumar ou engordo.

    No quero engordar.

    Logo, no posso deixar de fumar.

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    Apelo ignorncia

    Manuel Eu acredito na teoria da reencarnao.Sofia Eu s acredito se me apresentares provas.Manuel Ests a ver mal o problema. Tu que tens de me provar que a reencarnao no existe.Sofia Mas tu bem sabes que no possvel apresentar tais provas.Manuel Portanto, eu tenho razo: a teoria da reencarnao verdadeira.Ocorre quando algum apela ignorncia argumentando que uma dada opinio verdadeira por no haver provas de que falsa, ou falsa porque ningum conseguiu provar a sua verdade. Estas inferncias so invlidas, pois do simples facto de no se conhecer o valor de verdade de uma proposio no se segue que essa proposio seja falsa nem que seja verdadeira.Exemplo:O esquema lgico deste argumento reveste-se de duas formas:2. No se conseguiu provar a falsidade de A.Logo: A verdadeiro.1. No se conseguiu provar a verdade de A.Logo: A falso.

  • A falcia do apelo ignorncia Esta falcia ocorre quando se argumenta que uma proposio verdadeira porque no foi provado que falsa ou falsa porque no foi provado que verdadeira.

    Exemplos:

    Ningum provou que os anjos existem. Logo, os anjos no existem.

    Ningum provou que os anjos no existem. Logo, os anjos existem.

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    Ad hominem (pp. 90 e 91 do manual)Ocorrem quando o orador, em vez de refutar, ataca a pessoa que defende um argumento. O argumento rejeitado com base em qualquer dado irrelevante sobre o respectivo autor, como a sua religio, condio moral, ideias polticas, etc. Nesses casos, o ataque pessoal substitui a refutao do argumento. Resumindo, ataca-se a pessoa quando se devia refutar aquilo que ela defende. As falcias ad hominem consistem em ataques pessoais.EXEMPLO:Einstein foi o criador da teoria da relatividade. Ora, ele era judeu. Logo, a teoria falsa.Este argumento tem a seguinte estrutura:

    A afirma p.A no uma pessoa digna de considerao por isto ou por aquilo.Logo, p falso.

  • Falcia ad hominemAs falcias ad hominem consistem em ataquespessoais. Para mostrar que uma certa proposio falsa, ataca-se quem defende que ela verdadeira.Em vez de se apresentarem verdadeiras razes Para aceitar a concluso, tenta-se desacreditar a pessoa que rejeita essa concluso, descrevendo-a em termos desfavorveis. Resumindo, ataca-se a pessoa quando se devia refutar aquilo que ela defende.

    Exemplo:

    Defendes que as touradas devem acabar porque no passas de um intelectual suburbano desligado da vida rural.Logo, as touradas no devem acabar.

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    Considere o argumento seguinte:Se beberes um copo de vinho, vais beber dois.Se beberes dois copos de vinho, vais beber trs.Se beberes trs copos de vinho, vais beber quatro.Logo, se beberes um copo de vinho, vais tornar-te alcolico.Falcia da Derrapagem ( ou bola de neve)Neste tipo de argumento, premissas apenas provveis so enunciadas como se fossem certas, escondendo assim o facto de a concluso ser necessariamente menos provvel do que cada uma das suas premissas.J todos ouvimos o ditado: D-lhe um dedo e ele toma-te logo a mo. Este e outros do gnero so usados como avisos contra o mais pequeno passo, com a justificao de que ele desencadear uma srie de acontecimentos que no conseguir travar. Quem o faz no apresenta razes que fundamentem o que afirma que ir acontecer. Trata-se de um argumento falacioso.Se se legalizasse a marijuana, toda a gente a iria experimentar, e a seguir comeariam a experimentar as drogas pesadas e no tardaria que a nossa sociedade se transformasse numa sociedade de drogados.

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    "A nica razo para defender a pena de morte o desejo primitivo de vingana.Numa campanha eleitoral, a um candidato que insiste na necessidade de restaurar certos valores que considera importantes, um oponente replica: voc no est interessado no futuro, o que voc pretende retornar ao passado. Falcia do boneco de palha EstaFALCIAconsiste em atacar as ideias de uma pessoa apresentando-as numa verso deficiente ou distorcida. Constitui uma violao doprincpio de caridade a exigncia de que, no debate racional, se ataque a verso mais slida das ideias que queremos contestar.Exemplos desta falcia:O argumentador, em vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado. Infelizmente uma das "tcnicas" de argumentao mais usadas.

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    ou no especialista no assunto em discusso Exemplo:O clebre mdico norte-americano Dr. House recomenda-lhe que compre o novo carro hbrido.Falcia associada aos argumentos de autoridade Apelo autoridade (ad verecundiam)Um argumento de autoridade que parece cogente mas no obedece a qualquer uma das regras dadas um apelo autoridade.Em vez de razes, usa-se a credibilidade de uma autoridade que:ou especialista em matrias sobre as quais no h consensoExemplo:Descartes afirmou que h conhecimentos inatos, logo, h conhecimentos inatos.

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    Pergunta a ti prprio porquApelo autoridade (ad verecundiam)Quando confrontado com um apelo autoridade, pergunta a ti prprio:a pessoa em questo mesmo uma autoridade? uma autoridade no assunto em causa? Posso acreditar que a sua autoridade imparcial? A opinio desta autoridade coerente com a da maioria das autoridades competentes nesta rea?

  • A falcia do apelo fora Quando se comete esta falcia do apelo fora, em vez de se persuadir com razes, tenta-se levar algum a aceitar uma certa concluso atravs de ameaas.

    Exemplo:

    Se no defendes que Manuel o melhor candidato, sers expulso do partido.Logo, Manuel o melhor candidato.

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    Se no votarem em ns, nos prximos tempos no vai haver novos empregos!Ao bculo, ou apelo fora (argumentum ad baculum ) Apelam fora, a ameaas ou ao poder de algum para forar o adversrio a aceitar como verdadeira a concluso, em vez de se persuadir com razes.Exemplo:

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    Post Hoc

    Post Hoc significa depois disto em latim e vem da expresso depois disto, logo por causa disto. Nesta falcia, a pessoa conclui que s porque um acontecimento sucedeu depois de outro, o primeiro provavelmente ser a causa do segundo. As pessoas muito supersticiosas so muito dadas falcia post hoc.

    Estabelece uma relao causal onde s existe uma relao temporal.

  • Falcias associadas aos argumentos indutivos (manual pg. 93)Falcia da generalizao precipitada.

    Esta falcia ocorre quando uma generalizao se baseia numnmero muito limitado de casos.

    So exemplos de generalizao precipitada:

    concluir, aps uma experincia amorosa falhada, que "asmulheres so a nossa desgraa";

    concluir que as bebidas alcolicas so prejudiciaisporque um familiar morreu devido ao abuso de lcool;

    concluir que a marijuana saudvel por ser usada notratamento de algumas doenas; .

  • Falcias associadas aos argumentos indutivosFalcia Depois disso, por causa disso ou falcia da falsa causa ou post hoc

    Trata-se de um argumento segundo o qual apenas por um facto se seguir a outro se conclui que o primeiro causa do segundo. O exemplo seguinte um caso extremo desta falcia:

    Tanto quanto observei, as pessoas que se curaram das constipaes no deixaram de beber gua durante uma constipao.Logo, beber gua cura constipaes..

  • Falcia ad misericordiamAs falcias ad misercordiam consistem em apelos piedade. Para levar uma pessoa a aceitar uma certa concluso, em vez de se lhe apresentarem razes para ela acreditar que essa concluso verdadeira, tenta-se despertar os seus sentimentos de compaixo.

    Exemplo: Se o meu trabalho receber uma classificao negativa, ficarei deprimido e serei repreendido.Logo, o meu trabalho merece uma classificao positiva.

  • Falcia ad misericordiamAs falcias ad misercordiam consistem em apelos piedade. Para levar uma pessoa a aceitar uma certa concluso, em vez de se lhe apresentarem razes para ela acreditar que essa concluso verdadeira, tenta-se despertar os seus sentimentos de compaixo.

    Exemplo: Se o meu trabalho receber uma classificao negativa, ficarei deprimido e serei repreendido.Logo, o meu trabalho merece uma classificao positiva.

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