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OS CONTOS DE FADAS NA SALA DE AULA:POSSIBILIDADES E AMPLIAÇOES DE LEITURA Maria Aparecida Tavares Marques (SME-M/PB) Norma Lee Pereira de Farias (SEDUC-CG/PB) 1. INTRODUÇÃO Pensar a literatura infantil no ambiente escolar, é visualizá-la como arte, por ser revestida internamente da criatividade que representa o mundo, o homem e a vida através da palavra Coelho (2003, p.27). A criança desde a sua tenra idade, já experimenta através das obras literárias esse universo artístico. As experiências vivenciadas enquanto leitor infantil o faz sentir essa arte, recriar e ampliar seu viver, enriquecendo e reestruturando suas experiências simbólicas. Nessa perspectiva, enquanto professores/as da Educação Infantil, percebemos que a partir do momento que utilizamos a literatura infantil na sala de aula, de maneira que se adeque as condições da criança, ocorre à promoção e o desenvolvimento das suas capacidades afetivas e intelectuais, uma vez que permite a compreensão do real, por aguçar elementos que acentuam o imaginário infantil.

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OS CONTOS DE FADAS NA SALA DE AULA:POSSIBILIDADES E

AMPLIAÇOES DE LEITURA

Maria Aparecida Tavares Marques (SME-M/PB)

Norma Lee Pereira de Farias (SEDUC-CG/PB)

1. INTRODUÇÃO

Pensar a literatura infantil no ambiente escolar, é visualizá-la como arte, por ser

revestida internamente da criatividade que representa o mundo, o homem e a vida através da

palavra Coelho (2003, p.27). A criança desde a sua tenra idade, já experimenta através das

obras literárias esse universo artístico. As experiências vivenciadas enquanto leitor infantil o

faz sentir essa arte, recriar e ampliar seu viver, enriquecendo e reestruturando suas

experiências simbólicas.

Nessa perspectiva, enquanto professores/as da Educação Infantil, percebemos que a

partir do momento que utilizamos a literatura infantil na sala de aula, de maneira que se

adeque as condições da criança, ocorre à promoção e o desenvolvimento das suas capacidades

afetivas e intelectuais, uma vez que permite a compreensão do real, por aguçar elementos que

acentuam o imaginário infantil.

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo propor algumas reflexões sobre a

relevância dos contos de fadas para a formação leitora, bem como apresentar uma proposta de

leitura, considerando o caráter artístico e lúdico dessas narrativas, com vistas a implementar

práticas que favoreçam o letramento literário. Acreditamos que a leitura de obras literárias

pode proporcionar à criança o desenvolvimento do gosto pela leitura, visto que envolve o

leitor no universo da fantasia, do prazer e da imaginação, elementos essenciais para seduzi-lo

e contagiá-lo, sendo necessárias ações efetivas e significativas de formação leitora, nas quais

haja envolvimento entre leitor e texto.

2- OS CONTOS DE FADAS E SEUS ENCANTOS NA PERSPECTIVA DO

LETRAMENTO LITERÁRIO

Percebemos que enquanto professores da Educação Básica, nos momentos em sala de

aula, a leitura do texto literário causa envolvimento e empolgação nas crianças, desde a

educação infantil, no instante que sentamos com eles na roda de leitura, constatamos que a

leitura das obras literárias proporciona um fascínio nas crianças. Esse encantamento se torna

em destaque quando colocamos para nossos infantes o gênero literário conto de fadas.

Esse poder que o conto de fadas tem de encantar as crianças Bettelheim (2006) e Aguiar

(2001) ressaltam que ocorre devido um elemento essencial que o compõe: a fantasia. O leitor

ao ouvir a narrativa “participa” da história junto com os personagens e relaciona as situações

contadas com aquelas vividas na realidade. A fantasia torna possível à criança organizar suas

percepções e vivenciar e resolver emoções que lhe parecem complexas e de difícil

compreensão. Os contos de fadas ajudam a criança a estruturar uma visão sobre a vida.

Abramovich (1991) enfatiza que “os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso,

no universo que denota a fantasia, partindo sempre de uma situação real, concreta, lidando

com emoções que qualquer criança vive” (p. 120). Esse ambiente de magia habitado por

bruxas, duendes, reis, fadas madrinhas e outros dá vida a esse mundo fantástico, alimentando

a imaginação da criança.

Durante o amadurecimento interior da criança, o conto de fadas assume um papel

decisivo. As características apresentadas pelos personagens (boas ou más, belas ou feias, entre

outras) facilitam a compreensão de valores básicos da conduta humana, ajudando a criança a

enfrentar dilemas de seu mundo infantil.

A esse respeito, Bettelheim (2006) caracteriza os contos de fadas como um veículo que

ensina as crianças e as prepara para enfrentar muitas dificuldades, tratando de situações que

ressaltam aspectos como coragem e otimismo, necessários às crianças para enfrentarem e

vencerem as crises ocasionadas durante o seu crescimento. O contato com essas narrativas faz

com que a criança perceba que, embora inventadas ou irreais, essas histórias não são falsas,

pois ocorrem de maneira semelhante às experiências individuais de cada um. Para o autor

essas histórias têm a finalidade de confirmar a necessidade de suportar a dor ou de correr

riscos para se conquistar a própria identidade. O final feliz contido nelas pode ser interpretado

como o fim das provações e ansiedades.

Dessa forma, os contos de fadas assumem uma importância considerável na formação

da criança leitora, por permitir o contato com o mundo interior de cada um de nós, ao falar de

nossa individualidade, o que caracteriza a singularidade de cada sujeito e que ele percorra

estados e sentimentos que universalizam a experiência humana. (CAVALCANTI, 2004)

Corroborando com esse entendimento Aguiar (2001), baseada nos estudos de

Bettelheim, afirma que o conto de fadas pode ser compreendido como uma narrativa que

transmite informações à criança, respeitando seu estilo cognitivo e seu estágio de

desenvolvimento emocional. A forma como a narrativa apresenta-se faz com que os fatos

cotidianos sejam sintetizados em uma única imagem, a do personagem principal, permitindo

que a ação deste facilite a compreensão de seus sentimentos por parte do pequeno leitor. A

forma simples de sua estrutura, atrelada à fantasia, permite que a criança compreenda com

facilidade essa narrativa, o que estimula o prazer e o desejo de conhecê-la.

Diante desses estudos percebemos que proporcionar vivências em sala de aula com os

contos de fadas auxilia a criança na construção do gosto pela leitura, sendo essencial

organizar situações pedagógicas nas quais a literatura infantil esteja presente, uma forma de

desenvolver a imaginação e a fantasia da criança. Essas práticas de leitura deve ser uma

atividade permanente em sala de aula como nos orienta Fonseca (2012, p.43) “a roda de

leitura de texto literário é uma das atividades permanentes de maior sucesso entre as crianças

da Educação Infantil e a orientação é que seja realizada todos os dias”. O autor endossa a

importância de essa prática ser algo que garanta o encontro das crianças com a leitura.

Para que essas vivências seja algo garantido para as crianças é crucial que o letramento

literário se torne uma realidade vivenciada pela comunidade de leitores, por esse ser um tipo

de letramento diferenciado, no qual trata a escrita de modo singular, traz consigo a literatura,

que compõe um lugar central em relação a linguagem. Isso ocorre segundo Cosson (2007,

p.17.) porque a literatura tem o poder de transformação, ou seja, cabe à literatura “[...] tornar o

mundo compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores,

sabores e formas intensamente humanas”.

A metamorfose provocada pelo letramento literário no leitor em formação pode ser

sentida a partir da promoção do hábito da leitura, algo que nasce ou se aprofunda na sala de

aula e pode ultrapassar esse ambiente, para diversos outros espaços sociais, pois o letramento

literário mantém um estado de transformação continuada com o leitor e oportuniza propicia a

ampliação do seu repertório cultural.

Nessa perspectiva, Cosson e Paulino (2009, p.68) afirmam que “[...] ler e escrever

literatura é uma experiência de imersão, um desligamento do mundo para recriá-lo ou, antes,

uma incorporação do texto semelhante ao ato de se alimentar”. O alimento só se torna uma

necessidade quando passa a se revolver uma realidade na vida desse leitor, no processo de

interação verbal, no qual se constrói e descontrói o mundo, com diversas reinterpretações. Ao

dizermos que o outro vive, cria e recria através da literatura, estamos enfatizando que a partir

da palavra o sujeito tem a possibilidade de viver o outro na linguagem, de criar sua

identidade, como também se construir como comunidade.

Essa travessia com o texto permite esse processo de construção pessoal, de vivência das

experiências com outras pessoas e lugares. Favorece, assim, nos colocarmos no lugar do

outro, de sermos o outro sendo nós mesmos, reordenando o mundo com a intensidade do

vivido. Por isso, dado o poder transformador da palavra literária, o ambiente escolar precisa

proporcionar liberdade ao aluno para experenciar várias formas de vivenciar o literário:

[...] a experiência da literatura proporciona uma forma singular, diferenciada, de dar sentido ao mundo e nós mesmos. É por isso que o contato com a literatura é tão fundamental ao desenvolvimento do ser humano. É por essa razão que concebemos o letramento literário como o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos (COSSON e PAULINO, 2009, p.70).

Nessa perspectiva, percebemos a leitura dos contos de fadas como uma significativa

oportunidade de inserirmos os pequenos leitores no universo literário, compreendendo-o

como um caminho eficaz para a formação leitora, por possibilitar ao indivíduo, a partir da

expressão artística, conhecer a si e ao mundo, viver em vez de nós várias vidas, partilhar da

vida do outro em prol da minha vida, pensar que o outro me constitui na relação, pensar nessa

experiência com alteridade, enriquecendo assim, nossa experiência de vida, elementos que

devem ser levados em conta no processo de educação literária na sala de aula.

2.1 O CONTO DE FADAS CHAPEUZINHO VERMELHO NA SALA DE AULA: UMA

POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DE LEITURA

Sabemos que o universo infantil é permeado de formas, cores, sensações e

sensibilidades. Compreender o universo infantil é imprescindível para que possamos no

âmbito da sala de aula promover situações pedagógicas que favoreçam o enriquecimento do

desenvolvimento da criança, pois sabemos que a criança assim como

[...] todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. (BRASIL, 1998, p.21)

Entendedores dessa assertiva enquanto professores e professoras comprometidos com a

formação de sujeitos leitores, temos a responsabilidade de garantir essa criança que chega ao

universo escolar uma ampliação de sua formação cultural e vemos na literatura uma

possibilidade para tal intento. Dalvi, Quadros e Silva (2016, p. 30) nos diz que a criança sente

e pensa de maneira diferenciada, utilizam diversas linguagens “[...] e, ao exercerem todo seu

potencial, com a mediação inerente do trabalho educativo, criam hipóteses para desvendar o

mundo e, assim, os livros.” Como também na interação com o outro ampliam seus

conhecimentos.

Diante dessa realidade desenvolvemos uma sequência didática voltada para Educação

Infantil, especificamente a turma do Pré II, crianças a partir de 5 anos, com o conto de fadas “

Chapeuzinho Vermelho” dos Irmãos Grimm, com ilustrações de Susanne Janssen , editado

em 2004 pela editora Cosac Naify. A apresentação dessa atividade não se trata de oferecermos

uma receita pronta, mas de fornecer ao professor, mediador de leitura, a possibilidade de

enriquecer suas vivências em leitura literária e trazer para a sala de aula uma vivência

significativa .

O gênero literário conto de fadas foi escolhido por que além de aguçar o universo

imagético e fantástico possibilita um amadurecimento da personalidade da criança. Além das histórias terem uma estrutura narrativa simples: começo, meio e fim. Apresentam uma situação-

problema a ser enfrentada por um protagonista, situação enriquecida por diversos obstáculos. Os

contos de fadas permitem que a criança recrie o enredo, através dos elementos mágicos que circulam

entre os personagens e acontecimentos.

Nossa proposta de atividades consiste em levar as crianças a desenvolver o gosto pela

leitura a partir dos contos de fadas. Para isto, utilizaremos a sequência didática como um

recurso para organizar atividades ordenadas e articuladas que visem situações de

aprendizagem e levem o aluno a apreciar o estético da obra ”Chapeuzinho Vermelho”, dos

Irmãos Grimm, para que assim os crianças tenham condições não apenas de ter o contato com

a leitura, mas de participar de forma ativa e analítica da mesma.

Pensamos em desenvolver nossa sequência em três encontros, que se discorrerá da

seguinte forma: Antes da leitura, durante a leitura e depois da leitura.

No primeiro encontro sugerimos ser criado um momento Antes da leitura... o qual

vislumbramos a aproximação do leitor com a obra, traremos uma caixa surpresa bem

enfeitada com alguns elementos em seu interior como: uma cesta com uma garrafa de vinho

(suco de uva), um bolo embrulhado em papel filme, uma boina e um pacote embrulhado, no

qual estará o livro. Ants da abertura da caixa pediremos às crianças que pensem o que tem

dentro dela, sendo convidadas algumas delas para tocarem na caixa, abrir e retirar os objetos

que tem em seu interior. Essa primeira aproximação nos dará condições para que possamos

realizar questionamentos, e levar os alunos a pensar o porquê aqueles objetos foram dispostos

naquela caixa, se esses objetos os fazem lembrar algo, que situações cotidianas costumamos

conduzir uma cesta com alimentos e presentes, e assim por diante irmos estabelecendo um

diálogo. Convidar os alunos a abrirem o pacote, mas antes levá-los a pensar o que tem dentro

do mesmo. Ao abrimos o pacote solicitaremos que os alunos observem a capa do livro.

Para que possamos fazer os seguintes questionamentos: Que figuras são essas que

aparecem na capa do livro? Além dessas duas pessoas o que mais podemos observar nessa

cena? O que elas estão fazendo? Onde elas estão? O que levam vocês a pensarem assim?

Essa ilustração na cor vermelha o que será que é? Alguns alunos podem achar que é uma rosa,

outros uma maçã, outros um chapéu, nesse momento da discussão procurar realizar

questionamentos que venham a colaborar e aguçar com o imaginário infantil. Ao explorar a

capa do livro devemos observar essa ilustração como uma obra de arte, levando-os, como nos

orienta Bettelheim (2006) a compreender que “Os contos de fadas, como todas as verdadeiras obras

de arte, possuem uma riqueza e profundidades variadas que transcendem de longe o que o mais

cuidadoso exame discursivo pode extrair deles” (p. 27). A imagem por si só, pode nos transcender

a mundos e espaços imagináveis da consciência.

Após a exploração dos detalhes da capa, tentaremos inferir o título da obra. Nosso

objetivo será instiga-los a analisar todos os detalhes que a imagem da capa nos fornece, para

que sejam estimulados a compreender. Logo em seguida da leitura da capa apresentaremos as

ilustrações das páginas do livro, por se tratar de um texto híbrido, ou seja, apresentar uma

linguagem verbal e visual no qual ocorrem dois discursos buscar-se-á como nos diz Luiz

Camargo (sd) levar não apenas a busca de “[...] equivalências entre texto e ilustrações, mas

uma relação dialógica”. Esse diálogo ocorre na busca de sentidos, oportunidade

enriquecedora, que se projeta sobre as ilustrações e o texto verbal.

Nessa mesma perspectiva Aguiar (2011) nos orienta a pensar que o olhar da criança e

do mediador de leitura deve ser educado ou despertado para observar as imagens que estão

inclusas ao seu redor. No instante que se trabalha a imagem, dar-se condições para a

compreensão do que diz o projeto gráfico, as cores, as técnicas e o estilo das ilustrações.

Nessa parte da análise das imagens podemos nos deparar com alguns questionamentos

quanto à disposição dos personagens por esses estarem inseridos de forma diferenciada das

figuras que as crianças estão habituadas a ver, uma vez que, a ilustradora Susanne Janssen,

traz uma inovação na qualidade gráfica no sentido de proporções e perspectivas, a qual

possibilita imagens intensas com características peculiares, onde a personagem principal

abandona a capinha de capuz e passa a usar uma leve boina. A criança ao compreender esse

diferencial, e pela possibilidade de ter ouvido a leitura de outras versões perceberá mudanças

nesse aspecto.

No momento da leitura, o qual definimos como o “ Durante a Leitura”, sugerimos que

o mediador de leitura faça pausas em momentos determinantes da obra, como por exemplo, na

parte inicial, quando a mãe aconselha Chapeuzinho Vermelho a não ficar espiando pelos

cantos e seguir direto seu caminho, e ela faz o juramento reafirmando seu compromisso.

Podemos questionar: Será que Chapeuzinho Vermelho seguirá o conselho de sua mãe? O que

será que vai acontecer?

Posteriormente, podemos perceber que Chapeuzinho Vermelho se encontra com o lobo,

mas não o teme e acaba passando todas as informações para onde vai, o que leva, e para quem

vai levar a encomenda. Será que o que fez é certo? Podemos falar com estranhos? Esse lobo

será que é bonzinho ou mal? Qual será sua intenção?

Após o encontro do lobo com a Chapeuzinho, ele a questiona do seu andar sério e

compenetrado e a convida a olhar para as lindas flores que está ao seu redor. Será que

Chapeuzinho irá ouvir o lobo, ou lembrar-se dos conselhos de sua mãe? Quais serão as

consequências que a decisão de Chapeuzinho Vermelho pode ocasionar?

Portanto, no decorrer da leitura da obra aconselha-se que o mediador de leitura dê

condições aos alunos a utilizar seus conhecimentos prévios, analisar se suas ideias iniciais se

concretizam ou não. Procurar promover um ambiente que favoreça esse entendimento é de

fundamental importância, uma vez que, dará condições a criança não apenas de interpretar e

compreender a obra literária que está sendo apresentada.

Na sequência, abriremos um espaço para o debate, o qual denominamos “Depois da

leitura”, os colocaremos em confronto com a interpretação coletiva e a narrativa escrita pelo

autor da obra, a qual buscará analisar quais as coincidências e divergências foram construídas

ao longo do comentário da narrativa. Nosso propósito aqui será mostrar aos alunos que a obra

literária nos permite caminhar por diversos espaços e que não existe apenas uma possibilidade

de final, mas tudo depende da forma de que o interpreta.

Nessa etapa podemos adicionar questões da vida cotidiana dos alunos como, por

exemplo, fazer um levantamento de quantos alunos tem avó, se moram com elas, ou próximas

de suas casas, com que frequência costuma visita-las, se as mesmas são avós paternas ou

maternas e assim por diante. O nome das mesmas, fotos em famílias, uma oportunidade de

aproximar as crianças de situações concretas de aprendizagem. Como também abrir espaço

para o reconto, para as crianças expor a parte que se identificaram. Outra possibilidade é

mediar uma atividade que possa situar a crianças do começo, meio e fim da história,

solicitando que eles ilustrem procurando retratar esses momentos. Tudo que esboçamos, são

sugestões que podem ser acrescidas e modificadas de acordo com o nível da turma, com a

condução da atividade, com as intervenções da turma e, principalmente, com as condições de

vez e voz dada aos alunos para que assim possam expressar seus pensamentos.

3. METODOLOGIA

Esse estudo centra-se em uma abordagem qualitativa, de cunho social, o qual nos

proporciona analisar e intervir numa realidade “da qual nós próprios, enquanto seres

humanos, somos agentes” MINAYO (1998, p.11).

Caracterizamos este trabalho como um estudo bibliográfico, no qual utilizaremos como

estratégia de intervenção a sequência didática baseada nos estudos de Fonseca (2012), Zabala

(1998), autores que concebem a sequência didática como uma possibilidade para o professor

redirecionar seu fazer docente a partir de um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e

articuladas para realização de objetivos educacionais específicos que possibilite atividades

individuais e coletivas levando em conta o que eles já sabem e o que precisam aprender.

Sendo direcionada para o público de Educação Infantil , para uma turma de Pré II , seja da

rede pública ou privada. Na faixa etária de 5 anos. Como instrumento de pesquisa utilizamos a

observação-participante na qual enquanto pesquisadores nos possibilitou a identificação com

a faixa etária dos pesquisados. A partir da interação com eles em [...] “todas as situações

praticadas pelos sujeitos. Observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas.“

(SEVERINO, p. 120)

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Durante o desenvolvimento da atividade sugerimos que o professor procure averiguar

as estratégias utilizadas durante a leitura, como os alunos reagirão mediante as intervenções

realizadas, tendo condições de modificar ou não as ações organizadas para o antes, o durante e

o depois da leitura.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leitura da literatura infantil é uma oportunidade de proporcionar a criança à

valorização do sujeito e daquilo que o constitui. Seu olhar polifônico permite que o leitor veja

o mundo de diversas formas, pela palavra como nos diz Cavalcanti (2004) se tem a

possibilidade de várias significações, sendo compreendida como um instrumento básico de

humanização.

Enquanto professores e mediadores de leitura percebemos que buscamos formar leitores

capazes de criar e recriar o mundo, e sobretudo, se desenvolver como um ser social que pensa,

age, reflete e recria. Assim, os contos de fadas se constitui como uma das alternativas

prazerosas que temos em nossa sala de aula, porque favorece o letramento literário e ensina a

criança a ver o mundo a partir de diversos ângulos, possibilitando a formação de cidadãos

críticos e participativos que não se acomodem com visões preestabelecidas e definidas como

corretas e sensatas. Percebemos que nesse contexto de modificações temos na literatura os

contos de fadas como uma oportunidade de inserirmos os pequenos leitores no universo

literário, de modo que eles se tornem leitores proficientes.

Nessa perspectiva, torna-se de extrema importância promover no âmbito da sala de aula

momentos nos quais as obras literárias estejam presentes, uma vez que, o contato com a

literatura é um momento que traz para a criança a oportunidade de vivenciar diversas

experiências, desenvolver não apenas sua criatividade, como também aguçar o imaginário

para vivências nas quais promove o amadurecimento da personalidade e desenvolvimento da

identidade.

6. REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1991.

AGUIAR, Laura. O poder das imagens. Revista Educação. Disponível em: < http://www.revistaeducacao.com.br/o-poder-das-imagens/>. Acesso em: 18/10/2016.

AGUIAR, Vera Teixeira de (coord.). Era uma vez ... na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 20. ed. Tradução de Arlene Caetano. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

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CAMARGO, Luiz. Ilustração em livros de literatura infantil. (sd) Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para educadores. ISBN. 978-35-8007-079-8. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/universidade/escritor-e-ilustrador>, acesso em 19/10/2016.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 7. ed. revista e atualizada. São Paulo: Moderna, 2003.

COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2012. _______________; PAULINO, Graça. Letramento literário: para viver a literatura dentro e fora da escola. In: ZILBERMAN, Regina; ROSING, Tânia. (orgs.) Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

________________; SOUZA, Renata Junqueira de. Letramento Literário: uma proposta para a sala de aula. UNESP [online]. São Paulo, 2011. pp.101-107. Disponível em: Acesso em: 23/10/2013.

DALVI, Maria Amélia. QUADROS, Maria Campos. SILVA, Kenia Adriana de Aquino Modesto. A leitura em voz alta na educação infantil: o que e como ler. IN: GIRROTO , Cyntia Graziella G. Simões. SOUZA, Renata Junqueira de . (orgs) Literatura e Educação Infantil. Para ler, contar e encantar. v.2. Campinas /SP, Mercado das Letras, 2016.

FONSECA, EDI. Interações: com olhos de ler, apontamentos sobre a leitura para a prática do professor da educação infantil. São Paulo: Blucher, 2012.

MINAYO, M. C. S. (Org.) Pesquisa Social, método e criatividade. Petrópolis - RJ: Vozes, 1998.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São `Paulo: Cortez, 2007.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.