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OS CONTOS DE FADAS NA SALA DE AULA:POSSIBILIDADES E
AMPLIAÇOES DE LEITURA
Maria Aparecida Tavares Marques (SME-M/PB)
Norma Lee Pereira de Farias (SEDUC-CG/PB)
1. INTRODUÇÃO
Pensar a literatura infantil no ambiente escolar, é visualizá-la como arte, por ser
revestida internamente da criatividade que representa o mundo, o homem e a vida através da
palavra Coelho (2003, p.27). A criança desde a sua tenra idade, já experimenta através das
obras literárias esse universo artístico. As experiências vivenciadas enquanto leitor infantil o
faz sentir essa arte, recriar e ampliar seu viver, enriquecendo e reestruturando suas
experiências simbólicas.
Nessa perspectiva, enquanto professores/as da Educação Infantil, percebemos que a
partir do momento que utilizamos a literatura infantil na sala de aula, de maneira que se
adeque as condições da criança, ocorre à promoção e o desenvolvimento das suas capacidades
afetivas e intelectuais, uma vez que permite a compreensão do real, por aguçar elementos que
acentuam o imaginário infantil.
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo propor algumas reflexões sobre a
relevância dos contos de fadas para a formação leitora, bem como apresentar uma proposta de
leitura, considerando o caráter artístico e lúdico dessas narrativas, com vistas a implementar
práticas que favoreçam o letramento literário. Acreditamos que a leitura de obras literárias
pode proporcionar à criança o desenvolvimento do gosto pela leitura, visto que envolve o
leitor no universo da fantasia, do prazer e da imaginação, elementos essenciais para seduzi-lo
e contagiá-lo, sendo necessárias ações efetivas e significativas de formação leitora, nas quais
haja envolvimento entre leitor e texto.
2- OS CONTOS DE FADAS E SEUS ENCANTOS NA PERSPECTIVA DO
LETRAMENTO LITERÁRIO
Percebemos que enquanto professores da Educação Básica, nos momentos em sala de
aula, a leitura do texto literário causa envolvimento e empolgação nas crianças, desde a
educação infantil, no instante que sentamos com eles na roda de leitura, constatamos que a
leitura das obras literárias proporciona um fascínio nas crianças. Esse encantamento se torna
em destaque quando colocamos para nossos infantes o gênero literário conto de fadas.
Esse poder que o conto de fadas tem de encantar as crianças Bettelheim (2006) e Aguiar
(2001) ressaltam que ocorre devido um elemento essencial que o compõe: a fantasia. O leitor
ao ouvir a narrativa “participa” da história junto com os personagens e relaciona as situações
contadas com aquelas vividas na realidade. A fantasia torna possível à criança organizar suas
percepções e vivenciar e resolver emoções que lhe parecem complexas e de difícil
compreensão. Os contos de fadas ajudam a criança a estruturar uma visão sobre a vida.
Abramovich (1991) enfatiza que “os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso,
no universo que denota a fantasia, partindo sempre de uma situação real, concreta, lidando
com emoções que qualquer criança vive” (p. 120). Esse ambiente de magia habitado por
bruxas, duendes, reis, fadas madrinhas e outros dá vida a esse mundo fantástico, alimentando
a imaginação da criança.
Durante o amadurecimento interior da criança, o conto de fadas assume um papel
decisivo. As características apresentadas pelos personagens (boas ou más, belas ou feias, entre
outras) facilitam a compreensão de valores básicos da conduta humana, ajudando a criança a
enfrentar dilemas de seu mundo infantil.
A esse respeito, Bettelheim (2006) caracteriza os contos de fadas como um veículo que
ensina as crianças e as prepara para enfrentar muitas dificuldades, tratando de situações que
ressaltam aspectos como coragem e otimismo, necessários às crianças para enfrentarem e
vencerem as crises ocasionadas durante o seu crescimento. O contato com essas narrativas faz
com que a criança perceba que, embora inventadas ou irreais, essas histórias não são falsas,
pois ocorrem de maneira semelhante às experiências individuais de cada um. Para o autor
essas histórias têm a finalidade de confirmar a necessidade de suportar a dor ou de correr
riscos para se conquistar a própria identidade. O final feliz contido nelas pode ser interpretado
como o fim das provações e ansiedades.
Dessa forma, os contos de fadas assumem uma importância considerável na formação
da criança leitora, por permitir o contato com o mundo interior de cada um de nós, ao falar de
nossa individualidade, o que caracteriza a singularidade de cada sujeito e que ele percorra
estados e sentimentos que universalizam a experiência humana. (CAVALCANTI, 2004)
Corroborando com esse entendimento Aguiar (2001), baseada nos estudos de
Bettelheim, afirma que o conto de fadas pode ser compreendido como uma narrativa que
transmite informações à criança, respeitando seu estilo cognitivo e seu estágio de
desenvolvimento emocional. A forma como a narrativa apresenta-se faz com que os fatos
cotidianos sejam sintetizados em uma única imagem, a do personagem principal, permitindo
que a ação deste facilite a compreensão de seus sentimentos por parte do pequeno leitor. A
forma simples de sua estrutura, atrelada à fantasia, permite que a criança compreenda com
facilidade essa narrativa, o que estimula o prazer e o desejo de conhecê-la.
Diante desses estudos percebemos que proporcionar vivências em sala de aula com os
contos de fadas auxilia a criança na construção do gosto pela leitura, sendo essencial
organizar situações pedagógicas nas quais a literatura infantil esteja presente, uma forma de
desenvolver a imaginação e a fantasia da criança. Essas práticas de leitura deve ser uma
atividade permanente em sala de aula como nos orienta Fonseca (2012, p.43) “a roda de
leitura de texto literário é uma das atividades permanentes de maior sucesso entre as crianças
da Educação Infantil e a orientação é que seja realizada todos os dias”. O autor endossa a
importância de essa prática ser algo que garanta o encontro das crianças com a leitura.
Para que essas vivências seja algo garantido para as crianças é crucial que o letramento
literário se torne uma realidade vivenciada pela comunidade de leitores, por esse ser um tipo
de letramento diferenciado, no qual trata a escrita de modo singular, traz consigo a literatura,
que compõe um lugar central em relação a linguagem. Isso ocorre segundo Cosson (2007,
p.17.) porque a literatura tem o poder de transformação, ou seja, cabe à literatura “[...] tornar o
mundo compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores,
sabores e formas intensamente humanas”.
A metamorfose provocada pelo letramento literário no leitor em formação pode ser
sentida a partir da promoção do hábito da leitura, algo que nasce ou se aprofunda na sala de
aula e pode ultrapassar esse ambiente, para diversos outros espaços sociais, pois o letramento
literário mantém um estado de transformação continuada com o leitor e oportuniza propicia a
ampliação do seu repertório cultural.
Nessa perspectiva, Cosson e Paulino (2009, p.68) afirmam que “[...] ler e escrever
literatura é uma experiência de imersão, um desligamento do mundo para recriá-lo ou, antes,
uma incorporação do texto semelhante ao ato de se alimentar”. O alimento só se torna uma
necessidade quando passa a se revolver uma realidade na vida desse leitor, no processo de
interação verbal, no qual se constrói e descontrói o mundo, com diversas reinterpretações. Ao
dizermos que o outro vive, cria e recria através da literatura, estamos enfatizando que a partir
da palavra o sujeito tem a possibilidade de viver o outro na linguagem, de criar sua
identidade, como também se construir como comunidade.
Essa travessia com o texto permite esse processo de construção pessoal, de vivência das
experiências com outras pessoas e lugares. Favorece, assim, nos colocarmos no lugar do
outro, de sermos o outro sendo nós mesmos, reordenando o mundo com a intensidade do
vivido. Por isso, dado o poder transformador da palavra literária, o ambiente escolar precisa
proporcionar liberdade ao aluno para experenciar várias formas de vivenciar o literário:
[...] a experiência da literatura proporciona uma forma singular, diferenciada, de dar sentido ao mundo e nós mesmos. É por isso que o contato com a literatura é tão fundamental ao desenvolvimento do ser humano. É por essa razão que concebemos o letramento literário como o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos (COSSON e PAULINO, 2009, p.70).
Nessa perspectiva, percebemos a leitura dos contos de fadas como uma significativa
oportunidade de inserirmos os pequenos leitores no universo literário, compreendendo-o
como um caminho eficaz para a formação leitora, por possibilitar ao indivíduo, a partir da
expressão artística, conhecer a si e ao mundo, viver em vez de nós várias vidas, partilhar da
vida do outro em prol da minha vida, pensar que o outro me constitui na relação, pensar nessa
experiência com alteridade, enriquecendo assim, nossa experiência de vida, elementos que
devem ser levados em conta no processo de educação literária na sala de aula.
2.1 O CONTO DE FADAS CHAPEUZINHO VERMELHO NA SALA DE AULA: UMA
POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DE LEITURA
Sabemos que o universo infantil é permeado de formas, cores, sensações e
sensibilidades. Compreender o universo infantil é imprescindível para que possamos no
âmbito da sala de aula promover situações pedagógicas que favoreçam o enriquecimento do
desenvolvimento da criança, pois sabemos que a criança assim como
[...] todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. (BRASIL, 1998, p.21)
Entendedores dessa assertiva enquanto professores e professoras comprometidos com a
formação de sujeitos leitores, temos a responsabilidade de garantir essa criança que chega ao
universo escolar uma ampliação de sua formação cultural e vemos na literatura uma
possibilidade para tal intento. Dalvi, Quadros e Silva (2016, p. 30) nos diz que a criança sente
e pensa de maneira diferenciada, utilizam diversas linguagens “[...] e, ao exercerem todo seu
potencial, com a mediação inerente do trabalho educativo, criam hipóteses para desvendar o
mundo e, assim, os livros.” Como também na interação com o outro ampliam seus
conhecimentos.
Diante dessa realidade desenvolvemos uma sequência didática voltada para Educação
Infantil, especificamente a turma do Pré II, crianças a partir de 5 anos, com o conto de fadas “
Chapeuzinho Vermelho” dos Irmãos Grimm, com ilustrações de Susanne Janssen , editado
em 2004 pela editora Cosac Naify. A apresentação dessa atividade não se trata de oferecermos
uma receita pronta, mas de fornecer ao professor, mediador de leitura, a possibilidade de
enriquecer suas vivências em leitura literária e trazer para a sala de aula uma vivência
significativa .
O gênero literário conto de fadas foi escolhido por que além de aguçar o universo
imagético e fantástico possibilita um amadurecimento da personalidade da criança. Além das histórias terem uma estrutura narrativa simples: começo, meio e fim. Apresentam uma situação-
problema a ser enfrentada por um protagonista, situação enriquecida por diversos obstáculos. Os
contos de fadas permitem que a criança recrie o enredo, através dos elementos mágicos que circulam
entre os personagens e acontecimentos.
Nossa proposta de atividades consiste em levar as crianças a desenvolver o gosto pela
leitura a partir dos contos de fadas. Para isto, utilizaremos a sequência didática como um
recurso para organizar atividades ordenadas e articuladas que visem situações de
aprendizagem e levem o aluno a apreciar o estético da obra ”Chapeuzinho Vermelho”, dos
Irmãos Grimm, para que assim os crianças tenham condições não apenas de ter o contato com
a leitura, mas de participar de forma ativa e analítica da mesma.
Pensamos em desenvolver nossa sequência em três encontros, que se discorrerá da
seguinte forma: Antes da leitura, durante a leitura e depois da leitura.
No primeiro encontro sugerimos ser criado um momento Antes da leitura... o qual
vislumbramos a aproximação do leitor com a obra, traremos uma caixa surpresa bem
enfeitada com alguns elementos em seu interior como: uma cesta com uma garrafa de vinho
(suco de uva), um bolo embrulhado em papel filme, uma boina e um pacote embrulhado, no
qual estará o livro. Ants da abertura da caixa pediremos às crianças que pensem o que tem
dentro dela, sendo convidadas algumas delas para tocarem na caixa, abrir e retirar os objetos
que tem em seu interior. Essa primeira aproximação nos dará condições para que possamos
realizar questionamentos, e levar os alunos a pensar o porquê aqueles objetos foram dispostos
naquela caixa, se esses objetos os fazem lembrar algo, que situações cotidianas costumamos
conduzir uma cesta com alimentos e presentes, e assim por diante irmos estabelecendo um
diálogo. Convidar os alunos a abrirem o pacote, mas antes levá-los a pensar o que tem dentro
do mesmo. Ao abrimos o pacote solicitaremos que os alunos observem a capa do livro.
Para que possamos fazer os seguintes questionamentos: Que figuras são essas que
aparecem na capa do livro? Além dessas duas pessoas o que mais podemos observar nessa
cena? O que elas estão fazendo? Onde elas estão? O que levam vocês a pensarem assim?
Essa ilustração na cor vermelha o que será que é? Alguns alunos podem achar que é uma rosa,
outros uma maçã, outros um chapéu, nesse momento da discussão procurar realizar
questionamentos que venham a colaborar e aguçar com o imaginário infantil. Ao explorar a
capa do livro devemos observar essa ilustração como uma obra de arte, levando-os, como nos
orienta Bettelheim (2006) a compreender que “Os contos de fadas, como todas as verdadeiras obras
de arte, possuem uma riqueza e profundidades variadas que transcendem de longe o que o mais
cuidadoso exame discursivo pode extrair deles” (p. 27). A imagem por si só, pode nos transcender
a mundos e espaços imagináveis da consciência.
Após a exploração dos detalhes da capa, tentaremos inferir o título da obra. Nosso
objetivo será instiga-los a analisar todos os detalhes que a imagem da capa nos fornece, para
que sejam estimulados a compreender. Logo em seguida da leitura da capa apresentaremos as
ilustrações das páginas do livro, por se tratar de um texto híbrido, ou seja, apresentar uma
linguagem verbal e visual no qual ocorrem dois discursos buscar-se-á como nos diz Luiz
Camargo (sd) levar não apenas a busca de “[...] equivalências entre texto e ilustrações, mas
uma relação dialógica”. Esse diálogo ocorre na busca de sentidos, oportunidade
enriquecedora, que se projeta sobre as ilustrações e o texto verbal.
Nessa mesma perspectiva Aguiar (2011) nos orienta a pensar que o olhar da criança e
do mediador de leitura deve ser educado ou despertado para observar as imagens que estão
inclusas ao seu redor. No instante que se trabalha a imagem, dar-se condições para a
compreensão do que diz o projeto gráfico, as cores, as técnicas e o estilo das ilustrações.
Nessa parte da análise das imagens podemos nos deparar com alguns questionamentos
quanto à disposição dos personagens por esses estarem inseridos de forma diferenciada das
figuras que as crianças estão habituadas a ver, uma vez que, a ilustradora Susanne Janssen,
traz uma inovação na qualidade gráfica no sentido de proporções e perspectivas, a qual
possibilita imagens intensas com características peculiares, onde a personagem principal
abandona a capinha de capuz e passa a usar uma leve boina. A criança ao compreender esse
diferencial, e pela possibilidade de ter ouvido a leitura de outras versões perceberá mudanças
nesse aspecto.
No momento da leitura, o qual definimos como o “ Durante a Leitura”, sugerimos que
o mediador de leitura faça pausas em momentos determinantes da obra, como por exemplo, na
parte inicial, quando a mãe aconselha Chapeuzinho Vermelho a não ficar espiando pelos
cantos e seguir direto seu caminho, e ela faz o juramento reafirmando seu compromisso.
Podemos questionar: Será que Chapeuzinho Vermelho seguirá o conselho de sua mãe? O que
será que vai acontecer?
Posteriormente, podemos perceber que Chapeuzinho Vermelho se encontra com o lobo,
mas não o teme e acaba passando todas as informações para onde vai, o que leva, e para quem
vai levar a encomenda. Será que o que fez é certo? Podemos falar com estranhos? Esse lobo
será que é bonzinho ou mal? Qual será sua intenção?
Após o encontro do lobo com a Chapeuzinho, ele a questiona do seu andar sério e
compenetrado e a convida a olhar para as lindas flores que está ao seu redor. Será que
Chapeuzinho irá ouvir o lobo, ou lembrar-se dos conselhos de sua mãe? Quais serão as
consequências que a decisão de Chapeuzinho Vermelho pode ocasionar?
Portanto, no decorrer da leitura da obra aconselha-se que o mediador de leitura dê
condições aos alunos a utilizar seus conhecimentos prévios, analisar se suas ideias iniciais se
concretizam ou não. Procurar promover um ambiente que favoreça esse entendimento é de
fundamental importância, uma vez que, dará condições a criança não apenas de interpretar e
compreender a obra literária que está sendo apresentada.
Na sequência, abriremos um espaço para o debate, o qual denominamos “Depois da
leitura”, os colocaremos em confronto com a interpretação coletiva e a narrativa escrita pelo
autor da obra, a qual buscará analisar quais as coincidências e divergências foram construídas
ao longo do comentário da narrativa. Nosso propósito aqui será mostrar aos alunos que a obra
literária nos permite caminhar por diversos espaços e que não existe apenas uma possibilidade
de final, mas tudo depende da forma de que o interpreta.
Nessa etapa podemos adicionar questões da vida cotidiana dos alunos como, por
exemplo, fazer um levantamento de quantos alunos tem avó, se moram com elas, ou próximas
de suas casas, com que frequência costuma visita-las, se as mesmas são avós paternas ou
maternas e assim por diante. O nome das mesmas, fotos em famílias, uma oportunidade de
aproximar as crianças de situações concretas de aprendizagem. Como também abrir espaço
para o reconto, para as crianças expor a parte que se identificaram. Outra possibilidade é
mediar uma atividade que possa situar a crianças do começo, meio e fim da história,
solicitando que eles ilustrem procurando retratar esses momentos. Tudo que esboçamos, são
sugestões que podem ser acrescidas e modificadas de acordo com o nível da turma, com a
condução da atividade, com as intervenções da turma e, principalmente, com as condições de
vez e voz dada aos alunos para que assim possam expressar seus pensamentos.
3. METODOLOGIA
Esse estudo centra-se em uma abordagem qualitativa, de cunho social, o qual nos
proporciona analisar e intervir numa realidade “da qual nós próprios, enquanto seres
humanos, somos agentes” MINAYO (1998, p.11).
Caracterizamos este trabalho como um estudo bibliográfico, no qual utilizaremos como
estratégia de intervenção a sequência didática baseada nos estudos de Fonseca (2012), Zabala
(1998), autores que concebem a sequência didática como uma possibilidade para o professor
redirecionar seu fazer docente a partir de um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e
articuladas para realização de objetivos educacionais específicos que possibilite atividades
individuais e coletivas levando em conta o que eles já sabem e o que precisam aprender.
Sendo direcionada para o público de Educação Infantil , para uma turma de Pré II , seja da
rede pública ou privada. Na faixa etária de 5 anos. Como instrumento de pesquisa utilizamos a
observação-participante na qual enquanto pesquisadores nos possibilitou a identificação com
a faixa etária dos pesquisados. A partir da interação com eles em [...] “todas as situações
praticadas pelos sujeitos. Observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas.“
(SEVERINO, p. 120)
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
Durante o desenvolvimento da atividade sugerimos que o professor procure averiguar
as estratégias utilizadas durante a leitura, como os alunos reagirão mediante as intervenções
realizadas, tendo condições de modificar ou não as ações organizadas para o antes, o durante e
o depois da leitura.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura da literatura infantil é uma oportunidade de proporcionar a criança à
valorização do sujeito e daquilo que o constitui. Seu olhar polifônico permite que o leitor veja
o mundo de diversas formas, pela palavra como nos diz Cavalcanti (2004) se tem a
possibilidade de várias significações, sendo compreendida como um instrumento básico de
humanização.
Enquanto professores e mediadores de leitura percebemos que buscamos formar leitores
capazes de criar e recriar o mundo, e sobretudo, se desenvolver como um ser social que pensa,
age, reflete e recria. Assim, os contos de fadas se constitui como uma das alternativas
prazerosas que temos em nossa sala de aula, porque favorece o letramento literário e ensina a
criança a ver o mundo a partir de diversos ângulos, possibilitando a formação de cidadãos
críticos e participativos que não se acomodem com visões preestabelecidas e definidas como
corretas e sensatas. Percebemos que nesse contexto de modificações temos na literatura os
contos de fadas como uma oportunidade de inserirmos os pequenos leitores no universo
literário, de modo que eles se tornem leitores proficientes.
Nessa perspectiva, torna-se de extrema importância promover no âmbito da sala de aula
momentos nos quais as obras literárias estejam presentes, uma vez que, o contato com a
literatura é um momento que traz para a criança a oportunidade de vivenciar diversas
experiências, desenvolver não apenas sua criatividade, como também aguçar o imaginário
para vivências nas quais promove o amadurecimento da personalidade e desenvolvimento da
identidade.
6. REFERÊNCIAS
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