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archive.org · 2018. 5. 11. · © 2017, Editora Impetus Ltda. Editora Impetus Ltda. Rua Alexandre Moura, 51 – Gragoatá – Niterói – RJ CEP: 24210-200 – Telefax: (21) 2621-7007

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  • Faze-mejustiça,óDeus,epleiteiaaminhacausacontraanaçãoímpia.Livra-medohomemfraudulentoeinjusto.

    Salmos43.1

  • Todahonraetodaglóriasejamdadas

    aoPríncipedaPaz–JesusCristo.

    Paraminhasmeninas–Fernanda,

    Daniela,EmanuellaeRafaella–,razão

    domeuesforço.

    ParaosmeusfilhosJoãoeRogério,

    cumprimentodeumapromessaeprova

    daabundânciadeDeus.

  • ©2017,EditoraImpetusLtda.

    EditoraImpetusLtda.

    RuaAlexandreMoura,51–Gragoatá–Niterói–RJ

    CEP:24210-200–Telefax:(21)2621-7007

    ConselhoEditorial:AnaPaulaCaldeira•BenjaminCesardeAzevedoCosta

    EdLuizFerrari•EugênioRosadeAraújo•FábioZambitteIbrahim

    FernandaPontesPimentel•IzequiasEstevamdosSantos

    MarceloLeonardoTavares•RenatoMonteirodeAquino

    RogérioGreco•WilliamDouglas

    ProjetoGráfico:EditoraImpetusLtda.EditoraçãoEletrônica:SBNigriArteseTextosLtda.

    Adaptaçãoparaebook:C&CCriaçõeseTextosLtda.Capa:BrunoPimentelFrancisco

    RevisãodePortuguês:C&CCriaçõeseTextosLtda.EquipedePesquisa:PatríciaCostadeMelloeThiagoGomesdeCarvalhoPinto

    G791d

         Greco,Rogério.        CursodeDireitoPenal:partegeral,volumeI/RogérioGreco.–19.ed.–Niterói,RJ:Impetus,2017.

         984p.;17x24cm.       Isbn:978-85-7626-930-4

            Isbndigital:978-85-7626-941-0        1.Direitopenal.I.Título.

    CDD:345

    Oautoréseuprofessor;respeite-o:nãofaçacópiailegal.todos os direitos reservados–É proibida a reprodução, salvo pequenos trechos,mencionando-se a fonte. A violação dos direitosautorais(Leinº9.610/1998)écrime(art.184doCódigoPenal).DepósitolegalnaBibliotecaNacional,conformeDecretonº1.825,de20/12/1907.

    AEditoraImpetusinformaquequaisquervíciosdoprodutoconcernentesaosconceitosdoutrinários,àsconcepçõesideológicas,àsreferências,àoriginalidadeeàatualizaçãodaobrasãodetotalresponsabilidadedoautor/atualizador.

    www.impetus.com.br

    http://www.impetus.com.br

  • OAUTOR

    RogérioGreco,casadocomFernandaGrecoepaideDaniela,Emanuella,Rafaella,JoãoPauloeRogério, é Procurador de Justiça, tendo ingressado noMinistério Público deMinas Gerais em1989. Foi vice-presidente da Associação Mineira do Ministério Público (biênio 1997-1998) emembro do conselho consultivo daquela entidade de classe (biênio 2000-2001). É membrofundador do Instituto de Ciências Penais (ICP) e da Associação Brasileira dos Professores deCiênciasPenais,emembroeleitoparaoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoduranteosanosde2003,2006e2008;ProfessordeDireitoPenaldoCursodePós-GraduaçãodaPUC/BH;ProfessordoCursodePós-GraduaçãodeDireitoPenaldaFundaçãoEscolaSuperiordoMinistérioPúblicodeMinasGerais;AssessorEspecialdoProcurador-GeraldeJustiçajuntoaoTribunaldeJustiçadeMinasGerais;MestreemCiênciasPenaispelaFaculdadedeDireitodaUniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG); especialista em Direito Penal (Teoria do Delito) pelaUniversidadedeSalamanca(Espanha);DoutorpelaUniversidadedeBurgos(Espanha);MembroTitulardaBancaExaminadoradeDireitoPenaldoXLVIIIConcursoparaIngressonoMinistérioPúblicodeMinasGerais;palestranteemcongressoseuniversidadesemtodooPaís.Éautordasseguintes obras: Direito Penal (Belo Horizonte: Cultura); Estrutura Jurídica do Crime (BeloHorizonte: Mandamentos); Concurso de Pessoas (Belo Horizonte: Mandamentos); Leis PenaisEspeciais–CrimesHediondoseTortura (Riode Janeiro: Impetus);DireitoPenal–Lições(RiodeJaneiro:Impetus);DireitoPenaldoEquilíbrio(RiodeJaneiro: Impetus); CursodeDireitoPenal –Parte geral e Parte Especial (Rio de Janeiro: Impetus); Código Penal Comentado – Doutrina eJurisprudência(RiodeJaneiro:Impetus);AtividadePolicial–AspectosPenais,ProcessuaisPenais,AdministrativoseConstitucionais(RiodeJaneiro:Impetus);VadeMecumPenaleProcessualPenal(Coordenador);ARetomadadoComplexodoAlemão(RiodeJaneiro:Impetus);ViradodoAvesso–Um Romance Histórico-Teológico sobre a Vida do Apóstolo Paulo (Rio de Janeiro: Nah-gash);Sistema Prisional – Colapso Atual e Soluções Alternativas (Rio de Janeiro: Impetus); Derechos

  • Humanos,CrisisdelaPrisiónyModelodeJusticiaPenal(Espanha:PubliciaEditorial).ÉembaixadordeCristo.

    Falediretocomoautorpeloe-mail:[email protected]

    epelosite:www.rogeriogreco.com.br

  • NOTADOAUTOR

    Háaproximadamente3milanos,umjovempastorestavacui dandodesuasovelhasquandorecebeuumrecadodeseupai,quelhepediaparairàprocuradeseustrêsirmãosmaisvelhos,

    queseencontravamnocampodebatalha.Opai,comocoraçãoardendo,pediuaofilhomaismoçoquelevasseumpoucodetrigoepãesaosseusirmãos,bemcomolhetrouxessenotíciassobreeles.

    Obediente ao seu velhopai, o jovempastor saiu àprocurade seus irmãos e os encontrouaterrorizados sob uma colina, pois todo seu grupo estava sendo desafiado por um enormelutador,naverdadeumgigante,quepropunhaqueseusinimigosescolhessementreelesoutroguerreiro, para que a luta fosse travada somente entre os dois. Aquele que vencesse a lutasubjugariaogrupoinimigo.

    Ninguém,contudo,seatreviaadesceracolinaafimdedarinícioàbatalha.Ogigante,durantequarentadiasseguidos,ofendiaehumilhavaseusini migos.Aodepararcomessequadro,ojovempastorfoiàprocuradeseurei,quetambémseencontravanocampodebatalha,e,semqualquerreceio,pediupermissãoparaenfrentarogiganteguerreiro inimigo.Orei,olhandoparaaquelejovemdeapenas17anos,quenuncahaviapegadoemarmas,tentoudemovê-lodaideia,poisnãosabia que aquele pequeno e fraco pas tor estava guerreando em nome do SENHOR DOSEXÉRCITOS.

    Com uma simples funda, munido de algumas pedras, o jovem desafiou aquele guerreiroexperiente,umgigantedaterradeGate,e,comosolhosvoltadosparaoseuSenhor,arremessouapedra,queacertouna testade seu inimigo.Ao fazê-lo cair, o jovempastor correu emdireçãoàquele gigante adormecido e, tomando-lhe a espada, cortou-lhe a cabeça, e os seus inimigosforamderrotados.

  • EssejovempastoreraDavi,filhodeJessé,datribodeJudá;ogiganteeraGolias,datribodeGate,pertencenteaopovofilisteu.

    O tamanhoe a forçadogigante guerreiro, quenuncahavia sidoderrotado, intimidavamoexércitodeIsrael.Davi,aocontráriodosdemaisdoseupovo,olhavamuitoalém,poistinhaosolhosvoltadosparaoCriadordoscéusedaterra,cujaforçaéinigualável.

    Eunãoseiqualogigantequevocê,amadoleitor,nãoestáconseguindoderrotar.Contudo,talcomoDavi,nãofixeosolhosnoseuproblema.OlheparacimaevejaAquelequeésuperioratudoeatodos.

    ABíblianosrelataqueDavieraumhomemsegundoocoraçãodeDeus.Comohomem,mesmodepois de ter sido coroado rei de Israel, Davi errou por diversas vezes. Adulterou, matouinocentes e descumpriu osmandamentos deDeus. Entretanto, Deus conhecia-lhe o coração esabiaque,mesmoerrando,eleamavaoseuCriador.

    Todos nós erramos e, muitas vezes, nos sentimos envergonhados de falar com Deus. Amensagemquegostariadetransmitir-lhe,nestaoportunidade,équeDeusestáesperandovocêiniciar a conversa. O amor de Deus é tão profundo que Ele entregou seu único Filho para aremissão de nossos pecados. A Palavra de Deus diz que todos pecaram e carecem da suamisericórdia.

    Talvez você esteja pensando agora: “O que esta mensagem está fazendo em um livro deDireitoPenal?”Naverdade,nãoexistelugarmelhorparafalardeDeusdoqueemumaobraquecuidadasmazelaspraticadaspelohomem.Oserhumanoémau.Mata,estupra,rouba,calunia,enfim,praticatodasortedeiniquidades.NaépocadoAntigoTestamento,opovojudeutinhadeimolarumcordeiroparaaremissãodeseuspecados.Oritualconsistiaempegarumcordeirosemqualquerdefeitoesobreeleimporasmãos,comoseestivessetransferindoaeletodosospecados.Emseguida,ocordeiroeramorto.

    Comoaraçahumananãocessavadepecareosimbolismodocordeiro imolado jánãoerasuficiente,DeusenviouoseuFilhounigênito, JesusCristo,quenuncahaviapraticadoqualquertransgressão,paraque fosseo seucordeiro,ou seja,oCordeirodeDeus, e,morrendopornósnaquelemadeiro,levassecomEletodososnossospecadosetransgressões.

    Assim, Jesus Cristomorreu pormim e por você. Nós, na verdade, é quematamos a JesusCristo.Contudo,elenãoestámorto,poisqueaoterceirodiaressuscitoueestávivoentrenós.Porisso,antesmesmodelerestelivrodeDireitoPenal,que,diga-sedepassagem,nãotemamenorcondiçãode, comsuas liçõesacadêmicas, resolverosproblemasdahumanidade,entreguesuavidaa Jesusedeixedeolharparaseusproblemasesuas transgressõescomose fossemoseu

  • Golias.

    Diariamente assistimos aos telejornais, cujos âncoras, efusivamente, atribuem a chamada“ondadecriminalidade”àfaltaderigordasleispenais,comosenãohouvesserigorsuficiente.Acada dia, nossos congressistas, com finalidades eleitoreiras, criam novas infrações penais,almejando, com isso, satisfazer os desejos da sociedade, que se deixa enganar pelo discursorepressor do Direito Penal. Não se iluda, pois o Direito Penal não é a solução para qualquerproblema. O problema está na natureza do homem, que é má. Por isso, somente Deus poderesolvertodososproblemasdahumanidade.SepraticarmosoSeumandamento–“quevosameisunsaosoutros;assimcomoeuvosamei...” (João13:14)– a sociedade seráoutra.Nãohaverácorrupção,mortes, injúrias,enfim,seseguirmosSuaslições,seohomemsevoltarparaDeusetivertemoraEle,todososproblemasserãoeliminados.

    DuranteaproximadamentedezesseteanosnoMinistérioPúblicodeMinasGerais,pudemosperceberadiferençaem lidarcompresosqueconheceramaPalavradeDeus,que tiveramumencontroverdadeirocomJesusCristo,nossoSalvador.Nãopensamemrebelar-se;procuramseadaptaràsregrasdocárcere,emais:servemdeconfortoaosqueaindaseencontramnastrevas.

    Sevocê,queridoleitor,quiserteresseencontrocomJesusCristo,façaestaoraçãodeentrega,comtodooseucoração.Seaofinalconcordarcomaquiloquefoilido,digaAMÉM,bemforte,comtodooseusentimento.Digacomigo:

    Senhor Jesus, eunãoTevejo,mas creioqueTuésoFilhodeDeus.Agradeço-Te, Jesus,por termorridoemmeulugarnaquelemadeiro,levandoConsigotodasasminhastransgressões.Reconheço,Jesus,queTuésoúnicoSenhoreSalvadordaminhaalma.EscrevemeunomenoLivrodaVidaemedáasalvaçãoeterna.Amém.

    AgoraquevocêentregousuavidaaoREIDOSREIS,antesmesmodecomeçaralerestelivro,procure conhecer a Palavra de Deus, que é a Bíblia. Quando estiver ansioso, seja estudando,trabalhandooumesmo comproblemasdeordempessoal, não se esqueçadeque, agora, vocêconheceAlguémaquempode confiar e confidenciar todas as suas angústias.Não se esqueça,também,dequeJesusCristolevou-asnacruzdocalvário.

    Esperoquegostedaleituraqueseráfeitaaseguir,poisprocureiescreverestelivrodaformamaisdidáticapossível,buscandoauxiliarnãosomenteoprofissionaldoDireito,comotambémosestudanteseaquelesquedesejamprestarconcursospúblicos.

    QueDeusabençoevocê.Maranata!

    RogérioGreco

  • NOTADAEDITORA

    Aobraquevocêtememmãosé,semqualquerdúvida,umadasmelhoresàdisposiçãodosoperadoresjurídicos,sendomerecedoradoexcelentedestaquequetemnabibliografiapátria.

    Oautor,ocompetenteedinâmicoRogérioGreco,tevesingularêxitoemtransferirparaestaspáginasseulargosabereexperiênciacomoProfessoreProcuradordeJustiça.

    Está à sua disposição – em uma coleção agora com 3 volumes – uma rica fonte deconhecimento,aprendizadoeaperfeiçoamentoprofissional,transmitidadeformasimples,masnãomenosprofunda.Éumaobradensaeaomesmotempoclaraedidática.

    Acoleçãotemexcelenteconteúdo,semperdertempocomorebuscamentoeoexcessoqueàsvezesatrapalhamoestudanteeooperador jurídico,umavezqueambos–emseudia adia –sentemanecessidadedeliçõessólidasesegurassemperderdevistaarapidezeaobjetividade.Aprofusão de informação dos tempos modernos gera confusão e angústia. O ideal é que ainformação suficiente, devidamente selecionada e explicada, seja apresentada aoestudioso/operador.

    Estacoleçãosemoveporesseprincípio.

    O excelente estilo redacional, a clareza e a precisão do texto, os exemplos perfeitos e aincomumconjugaçãoda teoria comaprática fizeramda obra o sucessoque é, cada vezmaisrecomendadaeadotadaemtodososníveis.

    Recomendo,pois,aobracomoexcelenteveículodecrescimentonainstiganteedesafiadorasearadoDireitoPenal.

    Parabéns,portanto,aoautor.Aeleeaosleitores,aEditoraexpressaseusagradecimentoseosvotosdecrescentesucessoerealizações.

  • WilliamDouglas

    JuizFederal,ProfessorUniversitárioe

    PresidentedoConselhoEditorial

  • Sumário

    Capítulo1–NotasPreliminares

    1.INTRODUÇÃO

    2.FINALIDADEDODIREITOPENAL

    3.ASELEÇÃODOSBENSJURÍDICO-PENAIS

    4.CÓDIGOSPENAISDOBRASIL

    5.DIREITOPENALOBJETIVOEDIREITOPENALSUBJETIVO

    6.MODELOPENALGARANTISTADELUIGIFERRAJOLI6.1.Dezaxiomasdogarantismopenal

    7.PRIVATIZAÇÃODODIREITOPENAL

    8.ODIREITOPENALMODERNO

    Capítulo2–EvoluçãoHistóricadoDireitoPenaleEscolasPenais

    1.INTRODUÇÃO1.1.Vingançaprivada1.2.Vingançadivina1.3.Vingançapública

    2.DIREITOPENALNAGRÉCIAANTIGA.DIREITOPENALROMANO.DIREITOPENALGERMÂNICO.DIREITOPENALCANÔNICO2.1.DireitoPenalnaGréciaAntiga2.2.DireitoPenalromano2.3.DireitoPenalgermânico2.4.DireitoPenalcanônico

    3.PERÍODOHUMANITÁRIO3.1.AimportâciadaobradeBeccaria3.2.JohnHowardeareformapenitenciária3.3.JeremyBenthanesuainfluêncianosistemapenitenciário

    4.PERÍODOCRIMINOLÓGICO

    5.ESCOLASPENAIS5.1.Introdução5.2.EscolaClássica5.3.EscolaPositiva

  • 5.4.OutrasEscolas5.4.1.TerceiraEscola(TerzaScuola)5.4.2.EscolaModernaalemã5.4.3.EscolaTécnico-Jurídica5.4.4.EscolaCorrecionalista5.4.5.EscoladaNovaDefesaSocial

    Capítulo3–FontesdoDireitoPenal

    1.CONCEITO

    2.ESPÉCIES

    Capítulo4–DaNormaPenal

    1.INTRODUÇÃO

    2.TEORIADEBINDING

    3.CLASSIFICAÇÃODASNORMASPENAIS3.1.Normaspenaisincriminadorasenormaspenaisnãoincriminadoras3.2.Normaspenaisembranco(primariamenteremetidas)3.2.1.Ofensaaoprincípiodalegalidadepelasnormaspenaisembrancoheterogêneas3.3.Normaspenaisincompletasouimperfeitas(secundariamenteremetidas)

    4.ANOMIAEANTINOMIA

    5.CONCURSO(OUCONFLITO)APARENTEDENORMASPENAIS5.1.Princípiodaespecialidade5.2.Princípiodasubsidiariedade5.3.Princípiodaconsunção5.3.1.Crimeprogressivoeprogressãocriminosa5.4.Princípiodaalternatividade

    Capítulo5–InterpretaçãoeIntegraçãodaLeiPenal

    1.INTRODUÇÃO

    2.ESPÉCIESDEINTERPRETAÇÃO

    3.INTERPRETAÇÃOANALÓGICA

    4.INTERPRETAÇÃOCONFORMEACONSTITUIÇÃO

    5.DÚVIDASEMMATÉRIADEINTERPRETAÇÃO

    6.ANALOGIA6.1.Juizcomolegisladorpositivoecomolegisladornegativo

    Capítulo6–PrincípiodaIntervençãoMínima

    Capítulo7–PrincípiodaLesividade

    Capítulo8–PrincípiodaAdequaçãoSocial

    Capítulo9–PrincípiodaFragmentariedade

    Capítulo10–PrincípiodaInsignificância

    1.INTRODUÇÃO

    2.TIPICIDADEPENAL

    3.REJEIÇÃOAOPRINCÍPIODAINSIGNIFICÂNCIA

    Capítulo11–PrincípiodaIndividualizaçãodaPena

  • 1.FASESDAINDIVIDUALIZAÇÃODAPENA

    2.INDIVIDUALIZAÇÃODAPENAEALEINº8.072/90

    Capítulo12–PrincípiodaProporcionalidade

    1.INTRODUÇÃO

    2.PROIBIÇÃODEEXCESSOEPROIBIÇÃODEPROTEÇÃODEFICIENTE

    Capítulo13–PrincípiodaResponsabilidadePessoal

    Capítulo14–PrincípiodaLimitaçãodasPenas

    1.INTRODUÇÃO

    2.PENASDEMORTEEDECARÁTERPERPÉTUO

    3.PENADETRABALHOSFORÇADOS

    4.PENADEBANIMENTO

    5.PENASCRUÉIS

    Capítulo15–PrincípiodaCulpabilidade

    Capítulo16–PrincípiodaLegalidade

    1.OESTADODEDIREITOEOPRINCÍPIODALEGALIDADE

    2.INTRODUÇÃOAOPRINCÍPIODALEGALIDADEPENAL

    3.FUNÇÕESDOPRINCÍPIODALEGALIDADE

    4.LEGALIDADEFORMALELEGALIDADEMATERIAL

    5.VIGÊNCIAEVALIDADEDALEI

    6.TERMOINICIALDEAPLICAÇÃODALEIPENAL

    7.MEDIDASPROVISÓRIASREGULANDOMATÉRIASPENAIS

    8.DIFERENÇAENTREPRINCÍPIODALEGALIDADEEPRINCÍPIODARESERVALEGAL

    Capítulo17–PrincípiodaExtra-atividadedaLeiPenal

    1.INTRODUÇÃO

    2.TEMPODOCRIME

    3.EXTRA-ATIVIDADEDALEIPENAL–ESPÉCIES

    4.NOVATIOLEGISINMELLIUSENOVATIOLEGISINPEJUS4.1.Aplicaçãodanovatiolegisinpejusnoscrimespermanentesecontinuados

    5.ABOLITIOCRIMINIS5.1.Efeitosdaabolitiocriminis5.2.Abolitiocriministemporalis5.3.Princípiodacontinuidadenormativo-típica

    6.SUCESSÃODELEISNOTEMPO6.1.Leiintermediária6.2.Sucessãodeleistemporáriasouexcepcionais6.3.Sucessãodecomplementosdanormapenalembranco

    7.COMBINAÇÃODELEIS

    8.COMPETÊNCIAPARAAPLICAÇÃODALEXMITIOR

    9.APURAÇÃODAMAIORBENIGNIDADEDALEI

    10.IRRETROATIVIDADEDALEXGRAVIOREMEDIDASDESEGURANÇA

    11.APLICAÇÃODALEXMITIORDURANTEOPERÍODODEVACATIOLEGIS

  • 12.VACATIOLEGISINDIRETA

    13.ARETROATIVIDADEDAJURISPRUDÊNCIA

    Capítulo18–PrincípiodaTerritorialidade

    1.LUGARDOCRIME

    2.TERRITORIALIDADE

    Capítulo19–PrincípiodaExtraterritorialidade

    Capítulo20–DisposiçõessobreaAplicaçãodaLeiPenal

    1.EFICÁCIADASENTENÇAESTRANGEIRA

    2.CONTAGEMDEPRAZO

    3.FRAÇÕESNÃOCOMPUTÁVEISNAPENA

    4.LEGISLAÇÃOESPECIAL

    Capítulo21–ConceitoeEvoluçãodaTeoriadoCrime

    1.NOÇÕESFUNDAMENTAIS

    2.INFRAÇÃOPENAL

    3.DIFERENÇAENTRECRIMEECONTRAVENÇÃO

    4.ILÍCITOPENALEILÍCITOCIVIL

    5.CONCEITODECRIME

    6.CONCEITOANALÍTICODECRIME

    7.CONCEITODECRIMEADOTADOPORDAMÁSIO,DOTTI,MIRABETEEDELMANTO

    8.DOGMÁTICADODELITO

    Capítulo22–ClassificaçãoDoutrináriadasInfraçõesPenais

    1.CLASSIFICAÇÃODOUTRINÁRIADASINFRAÇÕESPENAIS1.1.Crimesecontravençõespenais1.2.Crimescomissivos,crimesomissos(próprioseimpróprios)ecrimesdecondutamista1.3.Crimeconsumadoecrimetentado1.4.Crimesdeaçãopúblicaecrimesdeaçãoprivada1.5.Crimesdolososecrimesculposos1.6.Crimeimpossívelecrimeputativo1.7.Crimematerial,crimeformalecrimedemeraconduta1.8.Crimecomum,crimepróprioecrimedemãoprópria1.9.Crimeshediondos1.10.Crimesmilitarespróprioseimpróprios1.11.Crimesqualificadospeloresultado(crimespreterdolososoupreterintencionais)1.12.Crimecontinuado1.13.Crimesmultitudinários1.14.Crimesdedanoecrimesdeperigo(abstratoeconcreto)1.15.Crimessimplesecrimescomplexos1.16.Crimesqualificadosecrimesprivilegiados1.17.Crimedebagatela1.18.Crimefalho1.19.Crimesinstantâneos,crimespermanentesecrimesinstantâneosdeefeitospermanentes1.20.Crimeaprazo1.21.Delitosdeintenção:crimesderesultadocortadoecrimesmutiladosdedoisatos

  • 1.22.Crimescomuns,crimespolíticosecrimesdeopinião1.23.Crimesadistância,crimesplurilocaisecrimesemtrânsito1.24.Crimeshabituais1.25.Crimesprincipaisecrimesacessórios1.26.Infraçõespenaisdemenorpotencialofensivo1.27.Crimesmonossubjetivosecrimesplurissubjetivos1.28.Crimesuniofensivosecrimespluriofensivos1.29.Crimesdesubjetividadepassivaúnicaecrimesdesubjetividadepassivadupla1.30.Crimedeímpeto1.31.Crimeprogressivo1.32.Crimesexauridos1.33.Crimesdeatentadooudeempreendimento1.34.Crimesvagos1.35.Crimesambientais1.36.Crimesunissubsistentes(oumonossubsistentes)ecrimesplurissubsistentes1.37.Crimestranseuntesecrimesnãotranseuntes1.38.Crimesconexos1.39.Crimesfalimentares1.40.Crimesderesponsabilidade1.41.Crimessubsidiários1.42.Crimesfuncionais1.43.Crimesdeaçãomúltiplaoudeconteúdovariado1.44.Crimesdeformalivreecrimesdeformavinculada1.45.Crimesdeensaiooudeexperiência(flagrantepreparadoouprovocado)1.46.Crimesremetidos1.47.Crimesaberrantes1.48.Crimesinternacionais1.49.Crimesemergentes1.50.Crimescondicionadosecrimesincondicionados1.51.Crimesdetrânsito1.52.Crimesdeacumulaçãooucrimesdedanocumulativo

    Capítulo23–Conduta

    1.CONDUTA

    2.CONCEITODEAÇÃO–CAUSAL,FINALESOCIAL

    3.CONDUTASDOLOSASECULPOSAS

    4.CONDUTASCOMISSIVASEOMISSIVAS

    5.AUSÊNCIADECONDUTA

    6.FASESDEREALIZAÇÃODAAÇÃO

    Capítulo24–TipoPenal

    1.CONCEITO

    2.TIPICIDADEPENAL=TIPICIDADEFORMAL+TIPICIDADECONGLOBANTE

    3.ADEQUAÇÃOTÍPICA

    4.FASESDAEVOLUÇÃODOTIPO

    5.TEORIADOSELEMENTOSNEGATIVOSDOTIPO

    6.INJUSTOPENAL(INJUSTOTÍPICO)

    7.TIPOBÁSICOETIPOSDERIVADOS

  • 8.TIPOSNORMAISETIPOSANORMAIS

    9.TIPOSFECHADOSETIPOSABERTOS

    10.TIPOSCONGRUENTESETIPOSINCONGRUENTES

    11.TIPOSIMPLESETIPOMISTO

    12.TIPOCOMPLEXO

    13.ELEMENTARES

    14.ELEMENTOSQUEINTEGRAMOTIPO

    15.ELEMENTOSESPECÍFICOSDOSTIPOSPENAIS

    16.FUNÇÕESDOTIPO

    Capítulo25–TipoDoloso

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.CONCEITODEDOLO

    3.ODOLONOCÓDIGOPENAL

    4.TEORIASDODOLO

    5.TEORIASADOTADASPELOCÓDIGOPENAL

    6.ESPÉCIESDEDOLO

    7.DOLOGERAL(HIPÓTESEDEERROSUCESSIVO)

    8.DOLOGENÉRICOEDOLOESPECÍFICO

    9.DOLONORMATIVO(DOLUSMALUS)

    10.DOLOSUBSEQUENTE(DOLUSSUBSEQUENS)

    11.DOLODEPROPÓSITOEDOLODEÍMPETO

    12.AUSÊNCIADEDOLOEMVIRTUDEDEERRODETIPO

    13.DOLOECRIMEDEPERIGO

    Capítulo26–TipoCulposo

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.CONCEITOEELEMENTOSDODELITOCULPOSO

    3.IMPRUDÊNCIA,IMPERÍCIAENEGLIGÊNCIA

    4.CRIMECULPOSOETIPOABERTO

    5.CULPACONSCIENTEECULPAINCONSCIENTE

    6.DIFERENÇAENTRECULPACONSCIENTEEDOLOEVENTUAL6.1.Doloeventualouculpaconscientenosdelitospraticadosnadireçãodeveículosautomotores

    7.CULPAIMPRÓPRIA

    8.COMPENSAÇÃOECONCORRÊNCIADECULPAS

    9.EXCEPCIONALIDADEDOCRIMECULPOSO

    10.CULPAPRESUMIDA

    11.TENTATIVANOSDELITOSCULPOSOS

    Capítulo27–RelaçãodeCausalidade

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.RELAÇÃODECAUSALIDADE

    3.DORESULTADODEQUETRATAOCAPUTDOART.13DOCÓDIGOPENAL

    4.TEORIASSOBREARELAÇÃODECAUSALIDADE

    5.REGRESSÃOEMBUSCADASCAUSASDORESULTADO

  • 6.PROCESSOHIPOTÉTICODEELIMINAÇÃODETHYRÉN

    7.OCORRÊNCIADORESULTADO

    8.ESPÉCIESDECAUSAS8.1.Causaabsolutamenteindependente8.2.Causarelativamenteindependente

    9.OMISSÃOCOMOCAUSADORESULTADO

    10.CRIMESOMISSIVOSPRÓPRIOSEIMPRÓPRIOS

    11.RELEVÂNCIADAOMISSÃO

    12.APOSIÇÃODEGARANTIDOR12.1.Cominaçãodepenadiferenciadaaogarantidor

    13.CRIMESOMISSIVOSPORCOMISSÃO

    14.TEORIADAIMPUTAÇÃOOBJETIVA

    Capítulo28–ConsumaçãoeTentativa

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.ITERCRIMINIS

    3.CONSUMAÇÃO

    4.NÃOPUNIBILIDADEDACOGITAÇÃOEDOSATOSPREPARATÓRIOS

    5.DIFERENÇAENTREATOSPREPARATÓRIOSEATOSDEEXECUÇÃO

    6.DÚVIDASEOATOÉPREPARATÓRIOOUDEEXECUÇÃO

    7.TENTATIVAEADEQUAÇÃOTÍPICADESUBORDINAÇÃOMEDIATA

    8.ELEMENTOSQUECARACTERIZAMOCRIMETENTADO

    9.TENTATIVAPERFEITAEIMPERFEITA

    10.TENTATIVAECONTRAVENÇÃOPENAL

    11.CRIMESQUENÃOADMITEMATENTATIVA

    12.TENTATIVAECRIMECOMPLEXO

    13.TENTATIVABRANCA

    14.TEORIASSOBREAPUNIBILIDADEDOCRIMETENTADO

    15.PUNIÇÃODATENTATIVACOMODELITOAUTÔNOMO

    16.TENTATIVAEAPLICAÇÃODAPENA

    17.TENTATIVAEDOLOEVENTUAL

    Capítulo29–DesistênciaVoluntáriaeArrependimentoEficaz

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.DESISTÊNCIAVOLUNTÁRIA2.1.Introdução2.2.Desistênciavoluntáriaepolíticacriminal2.3.Adesistênciadeveservoluntária,enãoespontânea2.4.FórmuladeFrank2.5.Responsabilidadedoagentesomentepelosatosjápraticados2.6.Agentequepossuiumúnicoprojétilemseurevólver

    3.ARREPENDIMENTOEFICAZ

    4.NATUREZAJURÍDICADADESISTÊNCIAVOLUNTÁRIAEDOARREPENDIMENTOEFICAZ

    5.DIFERENÇAENTREDESISTÊNCIAVOLUNTÁRIAEARREPENDIMENTOEFICAZ

    6.NÃOIMPEDIMENTODAPRODUÇÃODORESULTADO

  • Capítulo30–ArrependimentoPosterior

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.NATUREZAJURÍDICA

    3.POLÍTICACRIMINAL

    4.MOMENTOSPARAAREPARAÇÃODODANOOURESTITUIÇÃODACOISA

    5.INFRAÇÕESPENAISQUEPOSSIBILITAMAAPLICAÇÃODOARREPENDIMENTOPOSTERIOR

    6.ATOVOLUNTÁRIODOAGENTE

    7.REPARAÇÃOOURESTITUIÇÃOTOTAL,ENÃOPARCIAL

    8.EXTENSÃODAREDUÇÃOAOSCOAUTORES

    9.COOPERAÇÃODOLOSAMENTEDISTINTAEARREPENDIMENTOPOSTERIOR

    10.DIFERENÇAENTREARREPENDIMENTOPOSTERIOREARREPENDIMENTOEFICAZ

    11.ASÚMULANº554DOSTF

    12.REPARAÇÃODODANOAPÓSORECEBIMENTODADENÚNCIA

    13.REPARAÇÃODOSDANOSEALEINº9.099/95

    14.ARREPENDIMENTOPOSTERIORECRIMECULPOSO

    15.APLICAÇÃOMAISBENÉFICAAOAGENTE

    Capítulo31–CrimeImpossível

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.INTRODUÇÃO

    3.TEORIASSOBREOCRIMEIMPOSSÍVEL

    4.ABSOLUTAINEFICÁCIADOMEIO

    5.MEIORELATIVAMENTEINEFICAZ

    6.ABSOLUTAIMPROPRIEDADEDOOBJETO

    7.OBJETORELATIVAMENTEIMPRÓPRIO

    8.OCRIMEIMPOSSÍVELEASÚMULANº145DOSTF

    9.DIFERENÇAENTRECRIMEIMPOSSÍVELECRIMEPUTATIVO

    Capítulo32–AgravaçãopeloResultado

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.INOVAÇÃODASDISPOSIÇÕESCONTIDASNOART.19DOCÓDIGOPENAL

    3.CRIMESQUALIFICADOSPELORESULTADO

    4.FINALIDADEDOART.19DOCÓDIGOPENAL

    5.CRÍTICAAOSCRIMESPRETERDOLOSOS

    Capítulo33–ErrodeTipo

    1.DISPOSITIVOLEGAL

    2.CONCEITODEERROESUADISTINÇÃODAIGNORÂNCIA

    3.ERRODETIPO

    4.CONSEQUÊNCIASDOERRODETIPO

    5.ERRODETIPOESSENCIALEERROACIDENTAL

    6.DESCRIMINANTESPUTATIVAS6.1.Efeitosdasdescriminantesputativas6.2.Hipótesesdeerronasdescriminantesputativas

    7.ASDESCRIMINANTESPUTATIVASEASTEORIASEXTREMADA(ESTRITA)ELIMITADADACULPABILIDADE

  • 8.TEORIADACULPABILIDADEQUEREMETEÀSCONSEQUÊNCIASJURÍDICAS

    9.DELITOPUTATIVOPORERRODETIPO

    10.ERRODESUBSUNÇÃO

    Capítulo34–Ilicitude

    1.CONCEITO

    2.ILICITUDEFORMALEMATERIAL

    3.AILICITUDENOCONCEITOANALÍTICODECRIME

    4.CAUSASDEEXCLUSÃODAILICITUDE

    5.ELEMENTOSOBJETIVOSESUBJETIVOSNASCAUSASDEEXCLUSÃODAILICITUDE

    6.CAUSASLEGAISDEEXCLUSÃODAILICITUDE

    7.ESTADODENECESSIDADE7.1.Conceito–Elementos7.2.Estadodenecessidadejustificanteeestadodenecessidadeexculpante7.3.Práticadefatoparasalvardeperigoatual7.4.Perigoprovocadopeloagente7.5.Evitabilidadedodano7.6.Estadodenecessidadepróprioedeterceiros7.7.Razoabilidadedosacrifíciodobem7.8.Deverlegaldeenfrentaroperigo7.9.Estadodenecessidadedefensivoeagressivo7.10.Elementosubjetivonoestadodenecessidade7.11.Excessonoestadodenecessidade7.12.Aberratioeestadodenecessidade7.13.Estadodenecessidadeputativo7.14.Estadodenecessidadeedificuldadeseconômicas7.15.Efeitoscivisdoestadodenecessidade

    8.LEGÍTIMADEFESA8.1.Conceitoefinalidade8.2.Bensamparadospelalegítimadefesa8.3.Espéciesdelegítimadefesa8.4.Injustaagressão8.5.Diferençaentreagressãoinjustaeprovocaçãoinjusta8.5.1.Provocaçãoparacriaçãodesituaçãodelegítimadefesa8.6.Meiosnecessários8.7.Moderaçãonousodosmeiosnecessários8.8.Atualidadeeiminênciadaagressão8.9.Defesadedireitoprópriooudeterceiro8.10.Elementosubjetivonalegítimadefesa8.11.Legítimadefesaeagressãodeinimputáveis8.12.Legítimadefesarecíproca8.13.Legítimadefesaputativaversuslegítimadefesaautêntica(real)8.14.Legítimadefesaversusestadodenecessidade8.15.Excessonalegítimadefesa8.16.Excessointensivoeextensivo8.17.Excessonacausa8.18.Excessoexculpante8.19.Legítimadefesasucessiva

  • 8.20.Legítimadefesaeaberratioictus8.21.Ofendículos8.22.Efeitoscivisdalegítimadefesa

    9.ESTRITOCUMPRIMENTODEDEVERLEGAL9.1.Conceitoerequisitos9.2.Oesvaziamentodoestritocumprimentodedeverlegalcomocausadeexclusãodailicitudeemfacedatipicidadeconglobante

    10.EXERCÍCIOREGULARDEDIREITO

    11.CONSENTIMENTODOOFENDIDO–CONCEITO,FINALIDADESEREQUISITOS

    Capítulo35–Culpabilidade

    1.CONCEITO

    2.LIVRE-ARBÍTRIOEDETERMINISMO

    3.EVOLUÇÃOHISTÓRICADACULPABILIDADENATEORIADODELITO3.1.Sistemacausal-naturalistadeLiszt-Beling(SistemaClássico)3.2.Teorianormativa–Sistemaneoclássico–Metodologianeokantista3.3.Teoriadaaçãofinal(SistemaFinalista)3.4.Teoriasocialdaação3.5.Funcionalismoteleológicooumoderado(Roxin)eFuncionalismosistêmicoouradical(Jakobs)

    4.CULPABILIDADEDEATOECULPABILIDADEDEAUTOR

    5.ELEMENTOSDACULPABILIDADENACONCEPÇÃOFINALISTA5.1.Imputabilidade(capacidadedeculpabilidade)5.1.1.Denúnciaoferecidaemfacedeuminimputáveledeumsemi--imputável5.1.2.Emoçãoepaixão5.1.3.Embriaguez5.2.Potencialconsciênciasobreailicitudedofato5.2.1.Introdução5.2.2.Diferençaentreodesconhecimentodaleieafaltadeconsciênciasobreailicitudedofato5.2.3.Consciênciarealeconsciênciapotencialsobreailicitudedofato5.2.4.Espéciesdeerrosobreailicitudedofato5.2.5.Errosobreelementosnormativosdotipo5.2.6.Consequênciasdoerrodeproibição5.2.7.Errodeproibiçãoedelitoputativo–Diferença5.3.Exigibilidadedecondutadiversa5.3.1.Conceito5.3.2.Causaslegaisdeexclusãodaculpabilidadeporinexigibilidadedeoutraconduta5.3.3.Inexigibilidadedecondutadiversacomocausasupralegaldeexclusãodaculpabilidade5.3.3.1.Objeçãodeconsciência5.3.4.Aplicação,noJúri,dascausasexculpantessupralegais

    6.COCULPABILIDADE

    Capítulo36–ConcursodePessoas

    1.INTRODUÇÃO

    2.REQUISITOSPARAOCONCURSODEPESSOAS

    3.TEORIASSOBREOCONCURSODEPESSOAS

    4.AUTORIA4.1.Introdução4.2.Conceitorestritivodeautor4.3.Conceitoextensivodeautor

  • 4.4.Teoriadodomíniodofato4.5.Coautoria4.6.Autoriadiretaeindireta4.7.Autoriamediataecrimesdemãoprópria4.8.Coautoriaecrimesdemãoprópria4.9.Autorintelectual4.10.Autordedeterminação4.11.Autoriaporconvicção4.12.Coautoriasucessiva4.13.Autoriacolateral,autoriaincertaeautoriadesconhecida4.14.Autoriadeescritório

    5.PARTICIPAÇÃO5.1.Introdução5.2.Cumplicidadenecessária5.3.Teoriassobreaparticipação5.4.Instigaçãoaautoreseafatosdeterminados5.5.Participaçãopunível–desistênciavoluntáriaearrependimentoeficazdoautor5.6.Arrependimentodopartícipe5.7.Tentativadeparticipação5.8.Participaçãoemcadeia(participaçãodeparticipação)5.9.Participaçãosucessiva5.10.Possibilidadedeparticipaçãoapósaconsumação5.11.Participaçãoporomissão5.12.Impunibilidadedaparticipação5.13.Participaçãodemenorimportância5.14.Participaçãoemcrimemenosgrave(desviosubjetivodeconduta)5.15.Cumplicidadeefavorecimentoreal

    6.PUNIBILIDADENOCONCURSODEPESSOAS

    7.CIRCUNSTÂNCIASINCOMUNICÁVEIS

    8.CRIMESMULTITUDINÁRIOS

    9.CONCURSODEPESSOASEMCRIMESOMISSIVOS9.1.Crimesomissivospróprioseimpróprios–Distinção9.1.1.Coautoriaemcrimesomissivos(próprioseimpróprios)9.1.2.Participaçãoemcrimesomissivos(próprioseimpróprios)

    10.CONCURSODEPESSOASEMCRIMESCULPOSOS10.1.Introdução10.2.Coautoriaemdelitosculposos10.3.Participaçãoemcrimesculposos

    Capítulo37–DasPenas

    1.INTRODUÇÃO

    2.ORIGEMDASPENAS

    3.FINALIDADESDASPENAS–TEORIASABSOLUTASERELATIVAS

    4.TEORIAADOTADAPELOART.59DOCÓDIGOPENAL

    5.CRÍTICASAOSCRITÉRIOSDEPREVENÇÃOGERALEESPECIAL

    6.SISTEMASPRISIONAIS

    7.ESPÉCIESDEPENAS

  • 8.PENASPRIVATIVASDELIBERDADE8.1.Reclusãoedetenção8.2.Regimesdecumprimentodepena8.3.Fixaçãolegaldoregimeinicialdecumprimentodepena8.4.ALeinº8.072/90eaimposiçãodocumprimentoinicialdapenaemregimefechadonoscrimesnelaprevistos8.5.Leidetorturaeregimeinicialdecumprimentodepena8.6.LeideLavagemdeCapitais(Leinº9.613/98)efixaçãodoregimeabertonashipótesesdedelaçãopremiada8.7.Impossibilidadedecumprimentodepenaemregimemaisgravosodoqueodeterminadonasentençapenalcondenatória8.8.Regrasdoregimefechado8.8.1.Estabelecimentopenalfederaldesegurançamáxima8.9.Regrasdoregimesemiaberto8.10.Regrasdoregimeaberto8.11.Aremiçãopeloestudonosregimessemiabertoeaberto8.12.Progressãoeregressãoderegime8.12.1.JurisprudênciaemtesesdoSuperiorTribunaldeJustiça,Boletimnº7,publicadoem19defevereirode2014,sobrefaltagraveemexecuçãopenal8.13.Regimeespecial8.14.Direitosdopreso8.14.1.Gestantesemãespresas8.14.2.ParâmetrosdeacolhimentodeLGBTemprivaçãodeliberdadenoBrasil8.15.Trabalhodopresoeremiçãodapena8.16.Remiçãopeloestudo8.17.JurisprudênciaemtesesdoSuperiorTribunaldeJustiça,Boletimnº12,publicadoem14emaiode2014,sobreremição8.18.Superveniênciadedoençamental8.19.Detração8.20.Prisãoespecial8.21.Prisão-alberguedomiciliar8.22.Usodealgemas8.23.Monitoramentoeletrônico8.23.1.Introdução8.23.2.Tecnologiasdecontroledeprimeira,segundaeterceiragerações8.23.3.Monitoramentoeprisãopreventiva8.23.4.Regulamentaçãodomonitoramento

    9.PENASRESTRITIVASDEDIREITOS9.1.Introdução9.1.1.Possibilidadedeaplicaçãodepenasrestritivasdedireitosnodelitodetráficodedrogas9.2.Espéciesdepenasrestritivasdedireitos9.3.Requisitosparaasubstituição9.4.Duraçãodaspenasrestritivasdedireitos9.5.Prestaçãopecuniária9.5.1.Violênciadomésticaefamiliarcontraamulher9.6.Perdadebensevalores9.7.Prestaçãodeserviçosàcomunidadeouaentidadespúblicas9.8.Interdiçãotemporáriadedireitos9.8.1.Proibiçãodoexercíciodecargo,funçãoouatividadepública,bemcomodemandatoeletivo9.8.2.Proibiçãodoexercíciodeprofissão,atividadeouofícioquedependamdehabilitaçãoespecial,delicençaoudeautorizaçãodoPoderPúblico9.8.3.Suspensãodeautorizaçãooudehabilitaçãoparadirigirveículo9.8.4.Proibiçãodefrequentardeterminadoslugares

  • 9.8.5.Proibiçãodeinscrever-seemconcurso,avaliaçãoouexamepúblicos9.9.Limitaçãodefimdesemana9.10.Conversãodaspenasrestritivasdedireitos

    10.PENADEMULTA10.1.Introdução10.2.Sistemadedias-multa10.2.1.PenademultanaLeinº11.343/200610.3.Aplicaçãodapenademulta10.4.Pagamentodapenademulta10.5.Execuçãodapenademulta10.6.Competênciaparaaexecuçãodapenademulta

    11.APLICAÇÃODAPENA11.1.Introdução11.2.Cálculodapena11.3.Circunstânciasjudiciais11.3.1.Culpabilidade11.3.2.Antecedentes11.3.3.Condutasocial11.3.4.Personalidadedoagente11.3.5.Motivos11.3.6.Circunstâncias11.3.7.Consequênciasdocrime11.3.8.Comportamentodavítima11.3.9.JurisprudênciaemtesesdoSuperiorTribunaldeJustiça,Boletimnº26,publicadoem10dedezembrode2014,sobreaplicaçãodapena–circunstânciasjudiciais11.4.Circunstânciasatenuanteseagravantes11.4.1.Circunstânciasagravantes11.4.2.Circunstânciasatenuantes11.4.3.Circunstânciasatenuantesinominadas11.4.4.Concursodecircunstânciasagravanteseatenuantes11.4.5.Tribunaldojúri11.4.6.JurisprudênciaemtesesdoSuperiorTribunaldeJustiça,publicadanaediçãonº29,sobreaplicaçãodapena–agravanteseatenuantes

    Capítulo38–ConcursodeCrimes

    1.INTRODUÇÃO

    2.CONCURSOMATERIALOUREALDECRIMES2.1.Introdução2.2.Requisitoseconsequênciasdoconcursomaterialoureal2.3.Concursomaterialhomogêneoeheterogêneo2.4.Concursomaterialepenasrestritivasdedireitos

    3.CONCURSOFORMALOUIDEALDECRIMES3.1.Introdução3.2.Requisitoseconsequênciasdoconcursoformalouideal3.3.Concursoformalhomogêneoeheterogêneo3.4.Concursoformalpróprio(perfeito)eimpróprio(imperfeito)3.5.Concursomaterialbenéfico3.6.Dosagemdapena3.7.JurisprudênciaemtesesdoSuperiorTribunaldeJustiça,Boletimnº23,publicadoem29deoutubrode2014,sobreconcursoformal

  • 4.CRIMECONTINUADO4.1.Introdução4.2.Naturezajurídicadocrimecontinuado4.3.Requisitoseconsequênciasdocrimecontinuado4.3.1.Crimesdamesmaespécie4.3.2.Condiçõesdetempo,lugar,maneiradeexecuçãoououtrassemelhantes4.3.3.Oscrimessubsequentesdevemserhavidoscomocontinuaçãodoprimeiro4.4.Crimesdolosos,contravítimasdiferentes,cometidoscomviolênciaougraveameaçaàpessoa4.5.Crimecontinuadosimplesecrimecontinuadoqualificado4.6.Consequênciasdocrimecontinuado4.7.Concursomaterialbenéfico4.8.Dosagemdapenanocrimecontinuado4.9.Crimecontinuadoenovatiolegisinpejus

    5.APLICAÇÃODAPENANOCONCURSODECRIMES

    6.MULTANOCONCURSODECRIMES

    7.JURISPRUDÊNCIAEMTESESDOSUPERIORTRIBUNALDEJUSTIÇA,BOLETIMNº17,PUBLICADOEM6DEAGOSTODE2014,SOBRECRIMECONTINUADOI

    8.JURISPRUDÊNCIAEMTESESDOSUPERIORTRIBUNALDEJUSTIÇA,BOLETIMNº20,PUBLICADOEM17DESETEMBRODE2014,SOBRECRIMECONTINUADOII

    Capítulo39–DosCrimesAberrantes

    1.INTRODUÇÃO

    2.ERRONAEXECUÇÃO(ABERRATIOICTUS)2.1.Aberratioictusedoloeventual

    3.RESULTADODIVERSODOPRETENDIDO(ABERRATIOCRIMINISOUABERRATIODELICTI)

    4.CONCURSOMATERIALBENÉFICONASHIPÓTESESDEABERRATIOICTUSEABERRATIOCRIMINIS

    5.ABERRATIOCAUSAE

    Capítulo40–LimitedasPenas

    1.INTRODUÇÃO

    2.LIMITEDASPENAS

    3.TEMPOSOBREOQUALDEVERÃOSERPROCEDIDOSOSCÁLCULOSPARAACONCESSÃODOS“BENEFÍCIOS”LEGAIS

    4.CONDENAÇÃOPORFATOPOSTERIORAOINÍCIODOCUMPRIMENTODAPENA

    Capítulo41–SuspensãoCondicionaldaPena

    1.INTRODUÇÃO

    2.DIREITOSUBJETIVODOCONDENADOOUFACULDADEDOJUIZ?

    3.APLICAÇÃODOSURSIS

    4.REQUISITOSPARAASUSPENSÃOCONDICIONALDAPENA

    5.ESPÉCIESDESURSIS

    6.REVOGAÇÃOOBRIGATÓRIA

    7.REVOGAÇÃOFACULTATIVA

    8.PRORROGAÇÃOAUTOMÁTICADOPERÍODODEPROVA

    9.CUMPRIMENTODASCONDIÇÕES

    10.DIFERENÇAENTREOSURSISEASUSPENSÃOCONDICIONALDOPROCESSO

  • Capítulo42–LivramentoCondicional

    1.INTRODUÇÃO

    2.REQUISITOSDOLIVRAMENTOCONDICIONAL

    3.CONDIÇÕESPARAOCUMPRIMENTODOLIVRAMENTO

    4.PROCEDIMENTODOLIVRAMENTOCONDICIONAL

    5.NECESSIDADEDESEROUVIDOOCONSELHOPENITENCIÁRIOPARAACONCESSÃODOLIVRAMENTO

    6.REVOGAÇÃODOLIVRAMENTOCONDICIONAL

    7.EXTINÇÃODAPENA

    8.LIVRAMENTOCONDICIONALEEXECUÇÃOPROVISÓRIADASENTENÇA

    Capítulo43–DosEfeitosdaCondenação

    1.INTRODUÇÃO

    2.EFEITOSGENÉRICOSDACONDENAÇÃO

    3.EFEITOSESPECÍFICOSDACONDENAÇÃO

    4.EFEITOSDACONDENAÇÃONOSCRIMESCONTRAAPROPRIEDADEIMATERIAL

    5.EFEITOSDACONDENAÇÃONODELITODEFAVORECIMENTODAPROSTITUIÇÃOOUDEOUTRAFORMADEEXPLORAÇÃOSEXUALDECRIANÇAOUADOLESCENTEOUDEVULNERÁVEL

    6.EFEITOSDACONDENAÇÃONALEIDETORTURA

    7.FIXAÇÃODOVALORMÍNIMOPARAREPARAÇÃODOSDANOSCAUSADOSPELAINFRAÇÃOPENAL

    8.EFEITODACONDENAÇÃONALEIQUEDEFINEOSCRIMESRESULTANTESDEPRECONCEITODERAÇAOUDECOR

    9.EFEITOSDACONDENAÇÃONALEIDELICITAÇÕES

    10.EFEITOSDACONDENAÇÃONALEIQUEREGULAARECUPERAÇÃOJUDICIAL,AEXTRAJUDICIALEFALÊNCIADOEMPRESÁRIOEDASOCIEDADEEMPRESÁRIA

    11.EFEITOSDACONDENAÇÃOCOMRELAÇÃOAMEMBROSDOMINISTÉRIOPÚBLICOEDAMAGISTRATURA

    12.EFEITOSDACONDENAÇÃONALEINº12.850,DE2DEAGOSTODE2013(ORGANIZAÇÃOCRIMINOSA)

    13.IDENTIFICAÇÃODOPERFILGENÉTICOCOMOEFEITODACONDENAÇÃO

    14.PROIBIÇÃODEHOMENAGEMNADENOMINAÇÃODEBENSPÚBLICOS

    Capítulo44–DaReabilitação

    1.INTRODUÇÃO

    2.APLICABILIDADE

    3.REQUISITOSECOMPETÊNCIAPARAAANÁLISEDOPEDIDO

    4.RECURSODOINDEFERIMENTODOPEDIDODEREABILITAÇÃO

    5.REVOGAÇÃODAREABILITAÇÃO

    Capítulo45–MedidasdeSegurança

    1.INTRODUÇÃO

    2.ESPÉCIESDEMEDIDASDESEGURANÇA

    3.INÍCIODOCUMPRIMENTODAMEDIDADESEGURANÇA

    4.PRAZODECUMPRIMENTODAMEDIDADESEGURANÇA

    5.DESINTERNAÇÃOOULIBERAÇÃOCONDICIONAL

    6.REINTERNAÇÃODOAGENTE

    7.MEDIDADESEGURANÇASUBSTITUTIVAAPLICADAAOSEMI-IMPUTÁVEL

    8.EXTINÇÃODAPUNIBILIDADEEMEDIDADESEGURANÇA

  • 9.DIREITOSDOINTERNADO

    10.INTERNAÇÃOCAUTELAR

    Capítulo46–AçãoPenal

    1.INTRODUÇÃO

    2.CONDIÇÕESDAAÇÃO2.1.Legitimidadedaspartes2.2.Interessedeagir2.3.Possibilidadejurídicadopedido2.4.Justacausa

    3.ESPÉCIESDEAÇÃOPENAL3.1.Açãopenaldeiniciativapública3.1.1.Açãopenaldeiniciativapúblicaincondicionada3.1.2.AçãopenaldeiniciativapúblicacondicionadaàrepresentaçãodoofendidoouàrequisiçãodoMinistrodaJustiça3.1.3.Princípiosinformadoresdaaçãopenaldeiniciativapública3.2.Açãopenaldeiniciativaprivada3.2.1.Privadapropriamentedita3.2.2.Privadasubsidiáriadapública3.2.3.Privadapersonalíssima3.2.4.Princípiosinformadoresdaaçãopenaldeiniciativaprivada

    4.REPRESENTAÇÃOCRIMINALOUREQUISIÇÃODOMINISTRODAJUSTIÇA

    5.AÇÃOPENALNOCRIMECOMPLEXO

    6.DECADÊNCIADODIREITODEQUEIXAOUDEREPRESENTAÇÃO,RENÚNCIAEPERDÃODOOFENDIDO

    Capítulo47–ExtinçãodaPunibilidade

    1.INTRODUÇÃO

    2.MORTEDOAGENTE

    3.ANISTIA,GRAÇAEINDULTO

    4.RETROATIVIDADEDELEIQUENÃOMAISCONSIDERAOFATOCOMOCRIMINOSO

    5.PRESCRIÇÃO,DECADÊNCIAEPEREMPÇÃO

    6.RENÚNCIAAODIREITODEQUEIXAOUPERDÃOACEITONOSCRIMESDEAÇÃOPRIVADA6.1.Renúnciaaodireitodequeixa6.2.Perdãodoofendido

    7.RETRATAÇÃODOAGENTENOSCASOSEMQUEALEIAADMITE

    8.PERDÃOJUDICIAL,NOSCASOSPREVISTOSEMLEI8.1.PerdãojudicialnoCódigodeTrânsitoBrasileiro8.2.PerdãojudicialeaLeinº9.807/998.3.PerdãoJudicialeaLeideOrganizaçãoCriminosa(Leinº12.850,de2deagostode2013)

    Capítulo48–Prescrição

    1.INTRODUÇÃO

    2.NATUREZAJURÍDICADAPRESCRIÇÃO

    3.ESPÉCIESDEPRESCRIÇÃO

    4.PRESCRIÇÃOANTESDETRANSITAREMJULGADOASENTENÇA

    5.PRESCRIÇÃODASPENASRESTRITIVASDEDIREITOS

    6.PRESCRIÇÃODEPOISDETRANSITAREMJULGADOASENTENÇAPENALCONDENATÓRIA

    7.MOMENTOPARAORECONHECIMENTODAPRESCRIÇÃO

  • 8.PRESCRIÇÃORETROATIVAESUPERVENIENTE(INTER-CORRENTEOUSUBSEQUENTE)

    9.TERMOINICIALDAPRESCRIÇÃOANTESDETRANSITAREMJULGADOASENTENÇAFINAL

    10.TERMOINICIALDAPRESCRIÇÃOAPÓSASENTENÇACONDENATÓRIAIRRECORRÍVEL

    11.PRESCRIÇÃODAMULTA

    12.REDUÇÃODOSPRAZOSPRESCRICIONAIS

    13.CAUSASSUSPENSIVASDAPRESCRIÇÃO

    14.CAUSASINTERRUPTIVASDAPRESCRIÇÃO14.1.Recebimentodadenúnciaoudaqueixa14.1.1.Recebimentodadenúnciaouqueixananovalegislaçãoprocessualpenal14.2.Pronúncia14.3.Decisãoconfirmatóriadapronúncia14.4.Publicaçãodasentençaouacórdãocondenatóriosrecorríveis14.5.Iníciooucontinuaçãodocumprimentodapena14.6.Reincidência14.7.Efeitosdainterrupção

    15.PRESCRIÇÃONOCONCURSODECRIMES

    16.PRESCRIÇÃOPELAPENAEMPERSPECTIVA(IDEAL,HIPOTÉTICAOUPELAPENAVIRTUAL)

    17.PRESCRIÇÃOEDETRAÇÃO

    18.IMPRESCRITIBILIDADE

    Referências

    ÍndiceRemissivo

  • CAPÍTULO1

    NOTASPRELIMINARES

    1.INTRODUÇÃOTalvezaprimeiraindagaçãoquevenhaàmentedoleitorquandoiniciaoestudodoDireito

    Penalseja,apropósito,suaprópriadenominação.PorqueDireitoPenalenãoDireitoCriminalououtradenominaçãoqualquer?

    OBrasil,desdequesetornouindependente,em1822,somenteutilizouaexpressãoDireitoCriminal uma única vez, em seu Código de 1830 (Código Criminal do Império). Nos demais,passouaadotaradenominaçãoCódigoPenalparaoconjuntodenormas,condensadasnumúnicodiplomalegal,quevisamtantoadefiniroscrimes,proibindoouimpondocondutas,sobaameaça

    de sançãopara os imputáveis emedidade segurançapara os inimputáveis,1 como também acriarnormasdeaplicaçãogeral,dirigidasnãosóaostiposincriminadoresneleprevistos,comoatoda a legislação penal extravagante, desde que esta não disponha expressamente de modocontrário,conformedeterminaoart.12daParteGeraldoCódigoPenal(leinº7.209/84),assimredigido:

    Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por leiespecial,seestanãodispuserdemododiverso.

    ConformeasliçõesdeBasileuGarcia,criticava-seaexpressãoDireitoPenalporqueestadavaênfaseàpenaenãoabrangiaasmedidasdesegurança,quevisamnãoàpuniçãodoagentequecometeu um injusto típico, mas, sim, ao seu efetivo tratamento. Contudo, noticiava ainda orenomado mestre que alguns sustentavam ser “mais apropriado dizer Direito Criminal,porquantoasmencionadasmedidasvisamaevitaroscrimesepressupõem,emregra,queoseu

  • destinatáriotenhapraticadoalgum.”2

    NiloBatista,adeptodaexpressãodireitopenal,justificasuaposiçãodizendo:

    “Emprimeirolugar[...],apenaécondiçãodeexistênciajurídicadocrime–aindaqueaocrime,posteriormente,odireitoreajatambémouapenascomumamedida de segurança. Pode-se, portanto, afirmar comMir Puig que apena‘nãoapenaséoconceitocentraldenossadisciplina,mastambémquesuapresençaésempreolimitedaquiloqueaelapertence.Emsegundolugar,porque as medidas de segurança constituem juridicamente sanções com

    caráterretributivo,eportantocomindiscutívelmatizpenal’.”3

    EmborafaçamosoestudodeumDireitoPenal,nãodescartamosousodovocábulocriminaldonossosistemajurídico.Porexemplo,olocalondetramitamaçõesdenaturezapenalchama-seVara Criminal; o recurso interposto em virtude de uma decisão proferida por um juízomonocráticoédirigidoesubmetidoaocrivodeumaCâmaraCriminal;oadvogadoquemilitanasearapenaléconhecidocomoadvogadocriminalista.

    Apesar da discussão existente, a denominação Direito Penal é, ainda, a mais difundida eutilizada,inclusivepelaprópriaConstituiçãoFederal,de1988,v.g.,noart.22,incisoI.

    2.FINALIDADEDODIREITOPENALA finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a

    própria sobrevivência da sociedade, ou, nas precisas palavras de Luiz Regis Prado, “opensamento jurídicomodernoreconhecequeoescopo imediatoeprimordialdoDireitoPenal

    radicanaproteçãodebens jurídicos – essenciais ao indivíduo e à comunidade.”4 Nilo Batistatambém aduz que “a missão do direito penal é a proteção de bens jurídicos, através da

    cominação,aplicaçãoeexecuçãodapena.”5Apena,portanto,ésimplesmenteoinstrumentodecoerção de que se vale o direito penal para a proteção dos bens, valores e interesses maissignificativosdasociedade.

    Comodireitopenalobjetiva-setutelarosbensque,porseremextremamentevaliosos,nãodoponto de vista econômico,mas simpolítico, não podem ser suficientemente protegidos pelosdemaisramosdodireito.

    QuandodissemosserpolíticoocritériodeseleçãodosbensaseremtuteladospeloDireitoPenal,éporqueasociedade,diaapósdia,evolui.Bensqueemoutrostemposeramtidoscomo

    fundamentaise,porisso,mereciamaproteçãodoDireitoPenal,hoje,jánãogozamdessestatus.6

    Exemplodissofoiarevogaçãodosdelitosdesedução,raptoeadultério,levadaaefeitopelaLei

  • nº11.106,de28demarçode2005.Amulherdadécadade1940,períodoemque foi editadonossoCódigoPenal,cujaparteespecial,cominúmerasalterações,aindaseencontraemvigor,écompletamentediferentedaquelaqueparticipadanossasociedadejánoséculoXXI.

    Hoje, a mulher é voltada para o trabalho; divide, efetivamente, os encargos relativos àmanutençãodeseu larcomomarido;atuaativamentenavidapolíticadopaís,enfim,háumadiferença gritante entre a que viveu na década de 1940, e a deste novo século. Conceitosmodificam-seduranteopassardosanos.Éporissoqueodireitopenalvive,comonãopoderiadeixardeser,emconstantemovimento,tentandoadaptar-seàsnovasrealidadessociais.

    Em virtude dessa constante mutação, bens que outrora eram considerados de extremaimportância e, por conseguinte, carecedores da especial atenção do Direito Penal já nãomerecem,hoje,serporeleprotegidos.

    Assim, já que a finalidade do direito penal, como dissemos, é proteger bens essenciais àsociedade,quandoestatutelanãomaissefaznecessária,eledeveafastar-seepermitirqueosdemaisramosdodireitoassumam,semasuaajuda,esseencargodeprotegê-los.

    EsseraciocínioarespeitodafinalidadeprotetivadebensjurídicosatribuídaaoDireitoPenalteveiníciocomBirnbaum,em1834.Antesdele,FeuerbachafirmavaqueoDireitoPenaltinhapor

    fimprotegerdireitossubjetivos,poisodelitosignificavaumalesãodeumdireitosubjetivoalheio7.Portanto,desdeBirnbaumadoutrinamajoritáriatemafirmadoserestaafinalidadedoDireitoPenal.

    Noentanto,atualmente,partedadoutrinatemcontestadoesseraciocínio,aexemplodoProf.GüntherJakobs,queafirmaqueoDireitoPenalnãoatendeaessafinalidadedeproteçãodebensjurídicos, pois, quando é aplicado, o bem jurídico que teria de ser por ele protegido já foiefetivamenteatacado.ParaJakobs,oqueestáemjogonãoéaproteçãodebensjurídicos,mas,sim,agarantiadevigênciadanorma,ouseja,oagentequepraticouumainfraçãopenaldeveráser punido para que se afirme que a norma penal por ele infringida está em vigor. ConformedestacadoporGuillermoPortilla Contreras, para Jakobs, “o essencial noDireito Penal não é aproteção de bens jurídicos senão a proteção de normas, dado que os bens se convertem emjurídicosnomomentoemquesãoprotegidosnormativamente”;econtinuadizendoque“odelitojánãosecaracterizarápeloconceitodedanosocial,senãopelodeinfidelidadeaoordenamento,eapenacumpriráamissãodeconfirmaromandatojurídicocomocritérioorientadordasrelações

    sociais”8.

    Apesar da posição do emérito catedrático da Universidade de Bonn, prevalece aquela arespeitodafinalidadeprotetivadebensqueéatribuídaaoDireitoPenal.Consequentemente,seoDireito Penal tempor fim proteger bens jurídicos, não pode ocorrer a criação típica semque

  • algumbemestejasendoporeletutelado.

    Merecedestaque,noentanto,aadvertêncialevadaaefeitoporAndréEstefam,quandoaduzque“amissãocrucialdojuristadoDireitoPenal,muitomaisdoquesimplesmentedefiniroqueébemjurídico,deveserencontrarquaissãooslimitesparaasuaproteçãopormeiodasnormas

    penais.”9 Indomais além, podemos dizer que também faz parte dessamissão conter a “fúrialegislativa”,ouseja,odesejoincontidodolegisladordecriartipospenais,proibindoouimpondodeterminadoscomportamentoscujosbensnãomereciamserprotegidospeloDireitoPenal,mas,sim,poroutrosramosdoordenamentojurídicomenosradicaisdoqueaquele.

    3.ASELEÇÃODOSBENSJURÍDICO-PENAISSendoafinalidadedoDireitoPenalaproteçãodosbensessenciaisaoconvívioemsociedade,

    deveráo legislador fazerasuaseleção.Emboraessecritériodeescolhadebens fundamentaisnão seja completamente seguro,poisquenelehá forte conotação subjetiva,naturaldapessoahumana encarregada de levar a efeito tal seleção, podemos afirmar que a primeira fonte depesquisaencontra-senaConstituiçãoFederal.

    OsvaloresabrigadospelaCartaMagna,taiscomoaliberdade,asegurança,obem-estarsocial,aigualdadeeajustiça,sãodetalgrandezaqueoDireitoPenalnãopoderávirar-lhesascostas,

    servindoaLeiMaiordenorteaolegisladornaseleçãodosbenstidoscomofundamentais.10

    A Constituição Federal exerce, como veremos mais adiante, duplo papel. Se de um ladoorientaolegislador,elegendovaloresconsideradosindispensáveisàmanutençãodasociedade,poroutro,segundoaconcepçãogarantistadoDireitoPenal,impedequeessemesmolegislador,com uma suposta finalidade protetiva de bens, proíba ou imponha determinadoscomportamentosvioladoresdedireitosfundamentaisatribuídosatodapessoahumana,tambémconsagradospelaConstituição.

    NessesentidosãoasliçõesdeAndréCopetti,quandoassevera:

    “É nos meandros da Constituição Federal, documento onde estãoplasmadososprincípiosfundamentaisdenossoEstado,quedevetransitarolegisladorpenalparadefinirlegislativamenteosdelitos,senãoquerviolaracoerência de todo o sistema político-jurídico, pois é inconcebívelcompreender-se o direito penal, manifestação estatal mais violenta erepressora do Estado, distanciado dos pressupostos éticos, sociais,

    econômicosepolíticosconstituintesdenossasociedade.”11

    4.CÓDIGOSPENAISDOBRASIL

  • ApósaproclamaçãodaIndependência,em1822,edepoisdeter-sesubmetidoàsOrdenaçõesAfonsinas,ManoelinaseFilipinas,oBrasileditou,durantesuahistória,osseguintesCódigos:

    –CódigoCriminaldoImpériodoBrasil,aprovadoem16dezembrode1830;

    –CódigoPenaldosEstadosUnidosdoBrasil,Decretonº847,de11deoutubrode1890;

    –ConsolidaçãodasLeisPenais,aprovadaeadotadapeloDecretonº22.213,de14dedezembrode1932;

    –Código Penal, Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – cuja Parte Especial, comconsideráveisalterações,encontra-seemvigoratéosdiasdehoje;

    – Código Penal, Decreto-Lei nº 1.004, de 21 de outubro de 1969 – que permaneceu por umperíodoaproximadodenoveanosemvacatiolegis,tendosidorevogadopelaleinº6.578,de11deoutubrode1978,semsequerterentradoemvigor;

    –CódigoPenal,Leinº7.209,de11dejulhode1984–comestaleifoirevogada,tãosomente,aParteGeraldoCódigoPenalde1940.

    OnossoatualCódigoPenalécompostoporduaspartes:geral(arts.1ºa120)eespecial(arts.121a361).

    É a Parte Geral do Código destinada à edição das normas que vão orientar o intérpretequandodaverificaçãodaocorrência,emtese,dedeterminada infraçãopenal.Aliencontramosnormas destinadas à aplicação da lei penal, preocupando-se o legislador em esclarecer, v.g.,quando se considera praticado o delito, ou seja, o tempo do crime; cuida de conceitosfundamentaisàexistênciadodelito,comoacondutadoagente(dolosaouculposa),bemcomoonexodecausalidadeentreestaeoresultado;elencacausasqueexcluemocrime,afastandosuailicitudeouisentandooagentedepena;ditaregrasquetocamdiretamenteàexecuçãodapenainfligidaaocondenado,bemcomoàaplicaçãodemedidadesegurançaaoinimputávelousemi-imputável; enumera causas de extinção da punibilidade; enfim, ocupa-se de regras que sãoaplicadasnãosóaoscrimesprevistosnopróprioCódigoPenal,comotambématodaalegislaçãoextravagante, isto é, àquelas normas que não estão contidas no corpo do Código, mas quedispõemtambémdematériaspenais.

    AParteEspecialdoCódigoPenal,emboracontenhanormasdeconteúdoexplicativo,como,v.g.,aquelaquedefineoconceitodefuncionáriopúblico(art.327),oumesmocausasqueexcluamocrimeouisentemoagentedepena,édestinada,precipuamente,adefinirosdelitoseacominaraspenas.

    No Código Penal ainda percebemos que, quase sempre ao lado dos artigos, de forma

  • destacada,encontramosdeterminadasexpressõesquesedestinamàsuamaiorinteligibilidade.Vejamosoexemplodoart.1º.Antesmesmode fazermosasua leitura,podemosperceberqueesseartigocuidarádealgoquedizrespeitoàanterioridadeda lei.Eporquechegamosaessaconclusão?Porumarazãomuitosimples:oprópriolegisladorpreocupou-seemnosinformar,porintermédio daquilo que chamamos de indicação marginal ou rubrica, que aquele artigo seriadestinadoa tratardamatéria jáporeleanunciada.Vejamosoutroexemplo:noart.121,caput,temosaseguinteredação:mataralguém.Olegislador,nestecaso,deuaessecrimeonomeniurisdehomicídio,colocandoessaexpressãoemsuarubrica.Aindicaçãomarginalourubricavariarádeacordocomcada infraçãopenalou institutodaParteGeralouEspecialdoCódigo,podendotambémserutilizadanalegislaçãoextravagante.

    Curiosamente,nossoCódigoPenal tinha,emsuaParteEspecial,doisdelitosdiferentesquepossuíam a mesma indicação marginal. Havia, nos arts. 332 e 357, a rubrica exploração deprestígio.AprimeiradiziarespeitoaocrimepraticadoporparticularcontraaAdministraçãoemgeraleasegundaimportava,especificamente,emcrimecontraaadministraçãodaJustiça.Comaentrada em vigor da Lei nº 9.127/95, que deu nova redação ao art. 332 do Código Penal, olegislador entendeu por bem modificar a rubrica. Agora, aquele que solicita, exige, cobra ouobtém,parasiouparaoutrem,vantagem,apretextodeinfluirematopraticadoporfuncionáriopúbliconoexercíciodafunção,cometeodelitodetráficodeinfluência,enãomaisodeexploraçãodeprestígio.

    Omovimentodecodificação,quetevesuasraízesnoperíodoiluministaeseconcretizounoséculoXIX, cuja finalidadeera tentaracabar coma insegurançaea incertezaqueos inúmerosdiplomaspenaisesparsostraziam–principalmentepelafaltadesistematizaçãoentreeles–,queeram,atémuitasvezes,contraditóriaseincoerentes,estásendominadopelainflaçãolegislativaqueassolaamaioriadosordenamentosjurídicos,aexemplodoqueocorrenoBrasil.

    Em nosso ordenamento jurídico-penal existem dezenas, para não dizer centenas, de leisespeciaisouextravagantesdefinindoinúmerasinfraçõespenais,aexemplodoqueocorrecomatortura, o racismo, as drogas, os crimes hediondos etc. Isso faz com que se perca a visãosistêmica, proporcional e racional do nosso ordenamento jurídico-penal, surgindo dúvidas nomomentodainterpretaçãoconjugadadessestextoslegais.

    Adescodificaçãopenal,comoalertaSergioGabrielTorres,“alteraaeficáciadaleipenaletrazcomo consequência uma severa lesão aos princípios da necessidade, sistematicidade,

    racionalidade,unidade,simplicidadeeproporcionalidadequedevemorientaramatéria.”12

    5.DIREITOPENALOBJETIVOEDIREITOPENALSUBJETIVO

  • Direito Penal Objetivo é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes econtravenções,istoé,impondoouproibindodeterminadascondutassobaameaçadesançãooumedidadesegurança,bemcomotodasasoutrasquecuidemdequestõesdenaturezapenal,v.g.,excluindoocrime,isentandodepena,explicandodeterminadostipospenais.

    OEstado,sempreatentoaoprincípiodalegalidade,pilarfundamentaldetodoodireitopenal,pode,deacordocomsuavontadepolítica,ditarnormasdecondutaoumesmooutrasquesirvampara a interpretação e a aplicação doDireito Penal. Todas essas normas que ganham vida nocorpodaleiemvigorformamoquechamamosdeDireitoPenalObjetivo.

    Direito Penal Subjetivo, a seu turno, é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazercumprirsuasnormas,executandoasdecisõescondenatóriasproferidaspeloPoderJudiciário.Éopróprioiuspuniendi.Sedeterminadoagentepraticarumfatotípico,antijurídicoeculpável,abre-seaoEstadoodever-poderdeiniciarapersecutiocriminisinjudicio,visandoaalcançar,quandoforocasoeobedecidoodevidoprocessolegal,umdecretocondenatório.

    MesmoqueemdeterminadasaçõespenaisoEstadoconcedaàsupostavítimaafaculdadedeingressaremjuízocomumaqueixa-crime,permitindo--lhe,comisso,darinícioaumarelaçãoprocessualpenal,casooquereladovenhaasercondenado,oEstadonãotransfereaoquerelanteoseuiuspuniendi.Aoparticular,comosesabe,sócabeochamado ius persequendi ou o ius accusationis, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear acondenaçãodeseusupostoagressor,masnãoodeexecutar,elemesmo,asentençacondenatória,hajavistatersidoavingançaprivadaabolidadenossoordenamentojurídico.

    Ochamadoiuspuniendi,noentanto,nãoselimitaàexecuçãodacondenaçãodoagentequepraticou, por exemplo, o delito. A própria criação da infração penal, atribuída ao legislador,tambémseamoldaaesseconceito.Assim,tantoexerceoiuspuniendioPoderLegislativo,quandocria as figuras típicas, como o Poder Judiciário, quando, depois do devido processo legal,

    condenadooagentequeviolouanormapenal,executasuadecisão.13

    Podemossubdividir,ainda,oiuspuniendiem:positivoenegativo.

    Iuspuniendipositivoseriaocitadoanteriormente,valedizer,opoderquetemoEstadonãosomenteparacriarostipospenais,comotambémparaexecutarsuasdecisõescondenatórias.

    Ius puniendi em sentido negativo seria, conforme as lições de Antonio Cuerda Riezu, “afaculdade de derrogar preceitos penais ou bem restringir o alcance das figuras delitivas”,14

    atribuição essa que compete ao Supremo Tribunal Federal, quando declara ainconstitucionalidadedeleipenal,produzindoeficáciacontratodoseefeitovinculante,conformedeterminao§2ºdoart.102daConstituiçãoFederal.

  • Assim,concluindo,podemosconsideraroDireitoPenalObjetivoeoDireitoPenalSubjetivocomo duas faces de umamesmamoeda. Aquele, como o conjunto de normas que, de algumaforma,cuidadematériadenaturezapenal;este,comoodever-poderquetemoEstadodecriarostipospenais,edeexerceroseudireitodepunircasoasnormasporeleeditadasvenhamaserdescumpridas.

    6.MODELOPENALGARANTISTADELUIGIFERRAJOLIConformeasliçõesdeBobbio:

    “As normas de umordenamento não estão todas nomesmo plano. Hánormas superiores e normas inferiores. As inferiores dependem dassuperiores. Subindodasnormas inferiores àquelasque se encontrammaisacima,chega-seaumanormasuprema,quenãodependedenenhumaoutranorma superior e sobre a qual repousa a unidade do ordenamento. Essanorma suprema é a norma fundamental. Cada ordenamento possui umanormafundamental,quedáunidadeatodasasoutrasnormas,istoé,fazdasnormasespalhadasedeváriasproveniênciasumconjuntounitárioquepode

    serchamadodeordenamento.”15

    Eéjustamentesobreessahierarquiadenormas,existentenochamadoEstadoConstitucionaldeDireito,queLuigiFerrajolivaibuscarosfundamentosdoseumodelogarantista.

    Num sistema em que há rigidez constitucional, a Constituição, de acordo com a visãopiramidal propostaporKelsen, é a “mãe”de todas asnormas.Todas asnormas consideradasinferioresnelavãobuscarsuafontedevalidade.Nãopodem,portanto,contrariá-la,sobpenadeseremexpurgadasdenossoordenamentojurídico,emfacedovíciodeinconstitucionalidade.

    AConstituiçãonosgaranteumasériededireitos,tidoscomofundamentais,quenãopoderãoseratacadospelasnormasquelhesãohierarquicamenteinferiores.Dessaforma,nãopoderáolegisladorinfraconstitucionalproibirouimpordeterminadoscomportamentos,sobaameaçadeumasançãopenal,seo fundamentodevalidadedetodasas leis,queéaConstituição,nãonosimpedirdepraticarou,mesmo,nãonosobrigarafazeraquiloqueolegisladornosestáimpondo.Pelocontrário,aConstituiçãonosprotegedaarrogânciaedaprepotênciadoEstado,garantindo-noscontraqualquerameaçaanossosdireitosfundamentais.

    Nesse sentido, Ferrajoli aduz que o “garantismo – entendido no sentido do EstadoConstitucional de Direito, isto é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos atodosospoderesna tuteladosdireitosde todos, representaoúnicoremédioparaospoderesselvagens”, e distingue as garantias em duas grandes classes: “as garantias primárias e as

  • secundárias.Asgarantiasprimáriassãooslimitesevínculosnormativos–ouseja,asproibiçõeseobrigações,formaisesubstanciais–impostos,natuteladosdireitos,aoexercíciodequalquerpoder.Asgarantiassecundáriassãoasdiversasformasdereparação–aanulabilidadedosatosinválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos – subsequentes às violações das garantias

    primárias.”16

    A magistratura, segundo a concepção garantista de Ferrajoli, exerce papel fundamental,principalmentenoquedizrespeitoaocritériodeinterpretaçãodaleiconformeaConstituição.Ojuiznãoémeroaplicadordalei,meroexecutordavontadedolegisladorordinário.Antesdetudo,éoguardiãodenossosdireitosfundamentais.AnteacontrariedadedanormacomaConstituição,deveráomagistrado, sempre,optarporestaúltima, fonteverdadeiradevalidadedaprimeira.NaspalavrasdeFerrajoli:

    “A sujeição do juiz à lei já não é, como o velho paradigma positivista,sujeiçãoàletradalei,qualquerquefosseseusignificado,senãosujeiçãoàleienquanto válida, quer dizer, coerente com a Constituição. E no modeloconstitucional garantista a validez já não é um dogma associado à meraexistênciaformaldalei,senãoumaqualidadecontingentedamesmaligadaàcoerênciadeseussignificadoscomaConstituição,coerênciamaisoumenosopinável e sempre remetida à valoração do juiz. Disso se segue que ainterpretação judicialda leié tambémsempreumjuízosobrea leimesma,que corresponde ao juiz junto com a responsabilidade de eleger os únicossignificados válidos, ou seja, compatíveis com as normas constitucionais

    substanciaisecomosdireitosfundamentaisestabelecidospelasmesmas.”17

    ComobemdestacouSalodeCarvalho:

    “A teoria do garantismo penal, antes de mais nada, se propõe aestabelecer critérios de racionalidade e civilidade à intervenção penal,deslegitimandoqualquermodelodecontrolesocialmaniqueístaquecolocaa‘defesa social’ acima dos direitos e garantias individuais. Percebido dessaforma, omodelo garantista permite a criação de um instrumental prático-teórico idôneo à tutela dos direitos contra a irracionalidade dos poderes,sejampúblicosouprivados.

    Os direitos fundamentais adquirem, pois, status de intangibilidade,estabelecendo o que Elias Diaz e Ferrajoli denominam de esfera do nãodecidível,núcleosobreoqualsequeratotalidadepodedecidir.Emrealidade,conformaumaesferadoinegociável,cujosacrifícionãopodeserlegitimado

  • sequer sob a justificativa da manutenção do ‘bem comum’. Os direitosfundamentais–direitoshumanosconstitucionalizados–adquirem,portanto,afunçãodeestabeleceroobjetoeoslimitesdodireitopenalnassociedades

    democráticas.”18

    6.1.Dezaxiomasdogarantismopenal

    Ateoriagarantistapenal,desenvolvidaporFerrajoli,19temsuabasefincadaemdezaxiomas,ouseja,emdezmáximasquedãosuporteatodooseuraciocínio.Sãoeles:

    1.Nullapoenasinecrimine;

    2.Nullumcrimensinelege;

    3.Nullalex(poenalis)sinenecessitate;

    4.Nullanecessitassineinjuria;

    5.Nullainjuriasineactione;

    6.Nullaactiosineculpa;

    7.Nullaculpasinejudicio;

    8.Nullumjudiciumsineaccusatione;

    9.Nullaaccusatiosineprobatione;

    10.Nullaprobatiosinedefensione.

    Porintermédiodoprimeirobrocardo–nullapoenasinecrimine–,entende--se que somente será possível a aplicação de pena quandohouver, efetivamente, a prática dedeterminadainfraçãopenal,que,aseuturno,tambémdeveráestarexpressamenteprevistanaleipenal–nullumcrimensinelege.A leipenalsomentepoderáproibirou imporcomportamentos,sobaameaçadesanção,sehouverabsolutanecessidadedeprotegerdeterminadosbens,tidoscomo fundamentais ao nosso convívio em sociedade, em atenção ao chamado direito penalmínimo – nulla lex (poenalis) sine necessitate. As condutas tipificadas pela lei penal devem,obrigatoriamente,ultrapassarapessoadoagente,istoé,nãopoderãoserestringiràsuaesferapessoal,àsuaintimidade,ouaoseuparticularmododeser,somentehavendopossibilidadedeproibiçãodecomportamentosquandoestesvieremaatingirbensdeterceiros–nullanecessitassineinjuria–,exteriorizadosmedianteumaação–nullainjuriasineactione–,sendoque,ainda,somenteasaçõesculpáveispoderãoserreprovadas–nullaactiosineculpa.

    Os demais brocardos garantistas erigidos por Ferrajoli apontam para a necessidade deadoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença de um juiz imparcial e

  • competenteparao julgamentodacausa–nullaculpasinejudicio–quenãoseconfundacomoórgãodeacusação–nullum judiciumsineaccusatione. Fica, ainda, a cargodesteúltimooônusprobatório,quenãopoderáser transferidoparaoacusadodapráticadedeterminada infraçãopenal–nullaaccusatiosineprobatione–,devendoser-lheasseguradaaampladefesa,comtodososrecursosaelainerentes–nullaprobatiosinedefensione.

    7.PRIVATIZAÇÃODODIREITOPENALTemosassistido,ultimamente,àretomadadoprestígiodavítimanoprocessopenal.Depois

    daSegundaGuerraMundial,comadescobertadasatrocidadesdonazismo,surgepelaprimeiravezo termovitimologia. ConformeesclareceHeitorPiedade Júnior, “o termo ‘vitimologia’, queetimologicamentederivadolatimvictima,aeedaraizgregalogos,foipelaprimeiravez,segundose afirma, empregado por Benjamin Mendelson, em 1947, numa conferência pronunciada no

    HospitaldoEstado,emBucareste.”20

    Muitos institutos penais e processuais penais foram criados mais sob o enfoque dosinteressesprecípuosdavítimadoque,propriamente,doagentequepraticoua infraçãopenal.Suavontadeélevadaemconsideração,porexemplo,nasaçõesdeiniciativaprivada,oumesmonas ações de iniciativa pública condicionadas à representação; no arrependimento posterior,previsto no art. 16 do Código Penal, tem-se em mira a reparação dos prejuízos por elaexperimentados; a própria lei que criou os Juizados Especiais Criminais (9.099/95), em seuart.62,depoisdeesclarecerqueoprocessodeveráserorientadopeloscritériosdaoralidade,dainformalidade, da economia processual e da celeridade, afirma que os seus objetivos serão,sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena nãoprivativadeliberdadeetc.

    Vemos,assim,queavítima,esquecidaquefoidurantedécadas,começaaretomarposiçãodeproeminência, sendo seus interesses priorizados pelo Estado. Essa influência da vítima noDireitoenoProcessoPenalfezcomquealgunsautorescunhassemaexpressãoprivatizaçãodoDireitoPenal,entendendo-acomoumaoutraviadereaçãodoEstado.UlfridNeumannesclareceque “recentemente, a introdução da relação autor-vítima-reparação no sistema de sançõespenaisnosconduzaummodelode‘trêsvias’,ondeareparaçãosurgecomoumaterceirafunção

    dapenaconjuntamentecomaretribuiçãoeaprevenção.”21

    AreferidaLeidosJuizadosEspeciaisnosforneceoutroexemploqueseamoldaaoconceitodeprivatizaçãodoDireitoPenal,valedizer,acomposiçãodosdanos,naqual,nashipótesesdeaçãopenaldeiniciativaprivadaoudeaçãopenaldeiniciativapúblicacondicionadaàrepresentação,oacordohomologadoacarretaarenúnciaaodireitodequeixaourepresentação,nos termosdo

  • parágrafoúnicodoart.74daLeinº9.099/95.

    8.ODIREITOPENALMODERNOConformeliçõesdeEdgardoAlbertoDonna,o:

    “Chamado Direito Penal moderno se encontra com um fenômenoquantitativoquetemseudesenvolvimentonaparteespecial.Nãohácódigoquenosúltimosanosnãohajaaumentadoocatálogodedelitos,comnovos

    tipospenais,novasleisespeciaiseumaforteagravaçãodaspenas.”22

    Deacordocomasliçõesdorenomadoautor,podemoscitarcomoexemplos,dentreoutros,dochamadoDireito Penal moderno, cujas previsões se fazem presentes namaioria dos CódigosPenais,principalmentenospaísesocidentais:

    •direitopenaldorisco;

    •antecipaçãodaspunições;

    •aumentodoscrimesdeperigoabstrato;

    •delitoseconômicos;

    •crimeorganizado;

    •lavagemdedinheiro;

    •direitopenalambiental;

    •terrorismo;

    •responsabilidadepenaldapessoajurídica;

    •crimescibernéticos;

    •drogas;

    •mudançadetratamentodocriminoso,enxergando-ocomouminimigo;

    •aumentodeproteçãoabensjurídicosabstratos,comoasaúdepública;

    •recrudescimentodaspenas;

    •dificuldadeparareintegraçãosocialdopreso,aumentandooefetivotempodecumprimentodapena, dificultando sua saída do cárcere no que diz respeito à progressão de regime oulivramentocondicional.

    ODireitoPenalmoderno,comosepercebe,segueasorientaçõespolítico--criminaisdeumDireitoPenalmáximo,deixandode lado,muitasvezes, asgarantiaspenaise

  • processuaispenais,soboargumento,falsoemnossaopinião,dedefesadasociedade.

    1PelaLeinº7.209/84,comareformadapartegeraldoCódigoPenal,asmedidasdesegurançapassaramaserdestinadasaosinimputáveis(ouaossemi-imputáveis,nahipótesedoparágrafoúnicodoart.26,necessitandoocondenadodeespecialtratamentocurativo–conformeoart.98doCP).2GARCIA,Basileu.Instituiçõesdedireitopenal,p.7.3BATISTA,Nilo.Introduçãocríticaaodireitopenalbrasileiro,p.48.4PRADO,LuizRegis.Bemjurídico-penaleConstituição,p.47.5BATISTA,Nilo.Introduçãocríticaaodireitopenalbrasileiro,p.116.6ConformeasseveraSérgioSalomãoShecaira,“nãoéporoutrarazãoque,nomomentoemquevivemos,degrandesmodificaçõessociais,deevoluçãoesuperações,estejamosaenfrentarumduploproblema:quaisbensjurídicos devem ser protegidos; quais bens jurídicos não mais precisam de proteção. Em outras palavras,estamos diante de uma via de duas mãos: a que criminaliza condutas e a que as descriminaliza”(Responsabilidadepenaldapessoajurídica,p.134).7FERNANDÉZ,GonzaloD.Bienjurídicoysistemadeldelito,p.12.8CONTRERAS,GuillermoPortilla.Lainfluenciadelascienciassocialesenelderechopenal:ladefensadelmodeloideológico neoliberal en las teorías funcionalistas y en el discurso ético de Habermas sobre selección de losinteresespenales(Críticaejustificacióndelderechopenalenelcambiodesiglo),p.106.9STEFAM,André.Direitopenal–Partegeral,v,1,p.47.10“ÉaConstituiçãoquedelineiaoperfildoEstado,assinalandoosfundamentos,objetivoseprincípiosbasilares(particularmente,arts.1ºao5ºdaCF)quevãogovernarasuaatuação.Logo,comomanifestaçãodasoberaniadoEstado,oDireitoe,emespecial,oDireitoPenalpartemdaanatomiapolítica(Focault),devemexpressaressaconformaçãopolítico-jurídica(estatal)ditadapelaConstituição,mas,maisdoqueisso,devemtraduzirosvaloressuperioresdadignidadedapessoahumana,daliberdade,dajustiçaedaigualdade,umavezqueocatálogodedireitosfundamentaisconstitui,comoressaltaGómezdelaTorre,onúcleoespecíficodelegitimaçãoelimitedaintervenção penal e que, por sua vez, delimita o âmbito do punível nas condutas delitivas” (Queiroz, Paulo deSouza.Direitopenal–Introduçãocrítica,p.17-18).11COPETTI,André.Direitopenaleestadodemocráticodedireito,p.137-138.12TORRES,SergioGabriel.Característicasyconsecuenciasdelderechopenaldeemergencia –Laemergenciadelmiedo,p.144.13Podemoscitaroart.57daLeinº6.001/1973 (Estatutodo Índio)comoexceçãoaessemonopólioestatal,quediz,verbis:Art.57.Serátoleradaaplicação,pelosgrupostribais,deacordocomasinstituiçõespróprias,desançõespenaisoudisciplinarescontraosseusmembros,desdequenão revistamcarátercruelou infamante,proibidaemqualquercasoapenademorte.14CuerdaRIEZU,Antonio.Ellegisladoryelderechopenal,p.96.15BOBBIO,Norberto.Teoriadoordenamentojurídico,p.49.16FERRAJOLI,Luigi.Elgarantismoylafilosofíadelderecho,p.132.17FERRAJOLI,Luigi.Derechosegarantías–Laleydelmásdébil,p.26.18CARVALHO,Salode;CARVALHO,AmiltonBuenode.Aplicaçãodapenaegarantismo,p.17.19FERRAJOLI,Luigi.Direitoerazão,p.74-75.20PIEDADEJÚNIOR,Heitor.Vitimologia–evoluçãonotempoenoespaço,p.78.21NEUMANN,Ulfrid.Alternativasalderechopenal(Críticaejustificacióndelderechopenalenelcambiodesiglo),p.202.22DONNA,EdgardoAlberto.Derechopenal–Partegeneral,t.I:Fundamentos–Teoríadelaleypenal,p.63-64.

  • CAPITULO2

    EVOLUÇÃOHISTÓRICADODIREITOPENALEESCOLASPENAIS

    1.INTRODUÇÃODefinitivamente, o homem não nasceu para ficar preso. A liberdade é uma característica

    fundamentaldoserhumano.Ahistóriadacivilizaçãodemonstra,noentanto,que,logonoiníciodacriação,ohomemsetornouperigosoparaseussemelhantes.

    SegundoolivrodeGênesis,capítulo3,versículo8,Deusseencontravacomohomemsemprenofinaldatarde,ouseja,naviradadodia.SeucontatoerapermanentecomEle.Contudo,apóssua fatal desobediência, Deus se afastou do homem. Começava, ali, a história das penas. Aexpulsãodoprimeirocasaldoparaísofoi,comcerteza,amaiordetodasaspunições.Logoapósprovardofrutodaárvoredoconhecimentodobemedomal,ohomemdeixoudeladosuapurezaoriginal,passandoacultivarsentimentosqueatéentãolheeramdesconhecidos.

    Anos mais tarde, a desobediência inicial do homem gerou o primeiro homicídio. Caim,enciumado pelo fato de que Deus havia se agradado mais da oferta de seu irmão Abel,traiçoeiramente,omatou.CaimrecebeusuasentençadiretamentedeDeus,quedecretouqueeleseriaumfugitivoeerrantepelaterra.

    A partir desses acontecimentos, o homem não parou de praticar fatos graves contra seussemelhantes.Oplanooriginal deDeus eraparaqueohomem tivessedomínio sobre todas ascoisas.Suadesobediência,contudo,levou-oadistanciar--sedeDeus,dandoinícioàpráticadecomportamentosnocivosàquelesqueseencontravamao

  • seuredor.

    Todogruposocialsemprepossuiuregrasqueimportavamnapuniçãodaquelequepraticavafatoscontráriosaseusinteresses.Eraumaquestãodesobrevivênciadoprópriogrupoteralgumtipodepuniçãoquetivesseocondãodeimpedircomportamentosquecolocavamemriscosuaexistência.

    SegundoasliçõesdeMaggiore“apena–comoimpulsoquereagecomummalanteomaldodelito–écontemporâneadohomem;poresteaspectode incoercívelexigência ética, não tem

    nemprincípionemfimnahistória.Ohomem,comoserdotadodeconsciênciamoral,teve,eterá

    sempre,asnoçõesdedelitoepena.”1

    Apalavra“pena”provémdolatimpoenaedogregopoinéetemosignificadodeinfliçãodedor físicaoumoralao transgressordeuma lei.Conformeas liçõesdeEnriquePessina,apenaexpressa “um sofrimento que recai, por obra da sociedade humana, sobre aquele que foi

    declaradoautordedelito.”2

    A história do Direito Penal, portanto, confunde-se com a própria história da humanidade.Desdequeohomempassouaviveremsociedade,sempreestevepresenteaideiadepuniçãopelapráticadeatosqueatentassemcontraalgumindivíduo,isoladamente,oucontraoprópriogruposocial.Essapuniçãonãoeraorigináriadeleisformais,quenãoexistiamnaquelaépoca,massimde regras costumeiras, culturais, destinadas à satisfação de um sentimento inato de justiça e,também,comafinalidadedepreservaroprópriocorposocial.

    Obviamenteque,noinício,asreaçõesnãotinhamdeser,obrigatoriamente,proporcionaisaomalpraticadopeloagenteinfrator.Emmuitassituaçõesprevalecia,comosepodiaesperar,aleidomaisforte.Aideiaderetribuiçãopelomalsofrido,oumesmodevingança,eramuitoclara.

    ConformeasliçõesdeMagalhãesNoronha:

    “A pena, em sua origem, nada mais foi que vindita, pois é mais quecompreensível que naquela criatura, dominada pelos instintos, o revide àagressãosofridadeviaserfatal,nãohavendopreocupaçõescomaproporção,nemmesmocomsuajustiça.

    Emregra,oshistoriadoresconsideramváriasfasesdapena:a vingançaprivada, a vingança divina, a vingança pública e o período humanitário.Todaviadeveadvertir-sequeessesperíodosnãosesucedemintegralmente,oumelhor, advindo um, nempor isso o outro desaparece logo, ocorrendo,então,aexistênciaconcomitantedosprincípioscaracterísticosdecadaum:uma fase penetra a outra, e, durante tempos, esta ainda permanece a seu

  • lado.”3

    1.1.Vingançaprivada

    A primeira modalidade de pena foi consequência, basicamente, conforme explicitado porMagalhãesNoronha,dachamadavingançaprivada.Oúnicofundamentodavingançaeraapuraesimplesretribuiçãoaalguémpelomalpraticado.Essavingançapodiaserexercidanãosomentepor aquele que havia sofrido o dano, como tambémpor seus parentes oumesmo pelo gruposocialemqueseencontravainserido.

    ABíbliarelataaexistênciadaschamadas“cidadesrefúgio”,destinadasaimpedirqueaquelequehouvessepraticadoumhomicídioinvoluntário,ouseja,umhomicídiodenaturezaculposa,

    fossemortopelovingador de sangue.4 Se, no entanto, o homicida viesse a sair dos limites dacidaderefúgio,poderiasermortopelomencionadovingador.5

    ALeideTaliãopodeserconsideradaumavançoemvirtudedomomentoemquefoieditada.Issoporque,mesmoquedeformaincipiente,játraziaemsiumanoção,aindaquesuperficial,doconceitodeproporcionalidade.O“olhoporolho”eo“dentepordente”traduziamumconceitodeJustiça,emboraaindaatreladaàvingançaprivada.ConformeesclarecemMaríaJoséFalcónyTellaeFernandoFalcónyTella:

    “Durantemilêniosocastigodosatoscriminaisselevavaacabomediantea vingança privada. A intervenção da coletividade se dava somente paraaplacar a cólera de um deus que se supunha ofendido. Se produzia umaidentificaçãodelito--pecado, ideia que informará durante anos de forma decisiva toda afisionomiapenal.Nestaevolução,otaliãosupôsumtímidointentoafimdesuperar a absoluta arbitrariedade com que se aplicava a pena

    anteriormente.”6

    1.2.Vingançadivina

    Seguindo,ainda,asliçõesdeMagalhãesNoronha,noquedizrespeitoàvingançadivina:

    “Jáexisteumpodersocialcapazdeimporaoshomensnormasdecondutae castigo.Oprincípioquedomina a repressão é a satisfaçãodadivindade,ofendidapelocrime.Pune-secomrigor,antescomnotóriacrueldade,poisocastigodeveestaremrelaçãocomagrandezadodeusofendido.

    É o direito penal religioso, teocrático e sacerdotal. Um dos principaisCódigoséodaÍndia,deManu(Mânava,Dharma,Sastra).Tinhaporescopoapurificação da alma do criminoso, através do castigo, para que pudesse

  • alcançar a bem-aventurança. Dividia a sociedade em castas: brâmanes,guerreiros,comercianteselavradores.Eraadosbrâmanesamaiselevada;aúltima,adossudras,quenadavaliam.

    Revestido de caráter religioso era também o de Hamurabi. Aliás,podemos dizer que esse era o espírito dominante nas leis dos povos doOriente antigo. Alémda Babilônia, Índia e Israel, o Egito, a Pérsia, a China

    etc.”7

    Era o direito aplicado pelos sacerdotes, ou seja, aqueles que, supostamente, tinham umrelacionamento direto com um deus e atuavam de acordo com sua vontade. Incontáveisatrocidadesforampraticadasemnomedosdeuses,muitasdelascomafinalidadedeaplacar-lhesaira.Acriatividademalignadoshomensnãotinhalimites.

    As sociedades, nesse período, eram carregadas de misticismos e crenças sobrenaturais.Eventos da natureza, como chuvas, trovões, terremotos, vendavais etc., podiam demonstrar afúriadosdeusesparacomoshomense,paratanto,precisavaseraplacada,medianteosacrifíciohumano. Alguém era apontado como culpado e, consequentemente, devia ser entregue aosdeuses.

    1.3.Vingançapública

    Avingançapúblicasurge,nessafasedaevoluçãohistóricadoDireitoPenal,efundamentadanamelhororganizaçãosocial,comoformadeproteção,desegurançadoEstadoedosoberano,mediante,ainda,aimposiçãodepenascruéis,desumanas,comnítidafinalidadeintimidatória.

    Nessafase,aindaháresquíciosdasfasesanteriores,ouseja,avingançaprivadacontinuaaseraplicadanoseiodastribos,sendocarregada,também,demisticismos,típicosdafasedavingançadivina.ConformeesclareceJoãoMestiere:

    “Avingançadivinacedenaturalmentelugaràvingançapública, produtoda paulatina afirmação do direito no contexto socio-cultural. As váriassociedades, já politicamente organizadas, contam com um poder central,procurandoportodososmeiosseafirmaremanteracoesãoeadisciplinadogrupo social. Leis severas são ditadas e a sociedade não demoramuito asentiraenormeperdaqueestásofrendodiaadia,comaaplicaçãodajustiça.Asmortes e asmutilações apenas enfraqueciam a tribo, sendo necessário

    entãooutraformaderetribuição.”8

    Pelo fato de as mutilações serem praticadas com muita frequência, enfraquecendo,sobremaneira,ogruposocial,surgeumanovaformaderesoluçãodosconflitos:acompositio.

  • SegundoasliçõesdeMaggiore:

    “Ao transformar-se o talião em composição, se realiza o processosubsequente. Assim, o agravo já não se compensa com um sofrimentopessoal,senãocomalgumautilidadematerial,dadapeloofensor.Opreçodoresgate, e já não mais o da vingança, está representado pela entrega deanimais,armas,utensíliosoudinheiro.Eaproporçãoentreareparaçãoeoagravo, está contida às vezes na chamada ‘tarifa de composição’, em sua

    medidaprecisa.”9

    2.DIREITOPENALNAGRÉCIAANTIGA.DIREITOPENALROMANO.DIREITOPENALGERMÂNICO.DIREITOPENALCANÔNICO2.1.DireitoPenalnaGréciaAntiga

    Apóspassarpelosperíodosdavingançaprivadaedavingançadivina,numaterceiraépoca,denominada“histórica”,apenadeixoudeseassentarsobrefundamentoreligioso,passandoaterumabasemoralecivil,emboraessasfasesaindafosseminterligadas,ouseja,nãohaviaocorridoumaseparaçãoabsolutaentreelas.Aevoluçãomaissignificativa,deacordocomasliçõesdeLuisJiménezdeAsúa,ocorreunoquedizrespeitoàresponsabilidade:

    “Que durante o transcurso de vários séculos passou de sua índolecoletiva,dogenos,àindividual.Certoque,inclusivenasépocasmaisantigas,o direito grego somente castigou o autor, quando se tratava de delitoscomuns.Mas,notocanteàsofensasdecaráterreligiosoepolítico,existiramdurante longos períodos sanções de caráter coletivo. Os traidores e ostiranos erammortos e com eles toda sua família. Glotz assinala episódioshistóricos de pena de morte coletiva, de privação coletiva de direitos, deexpulsão coletiva da paz, chamada pelos gregos atimia, que acarretavaterríveisconsequências:qualquerumpodiamataroexcluídodacomunidade

    eapoderar-sedeseusbens.”10

    2.2.DireitoPenalromano

    ODireitoRomanopodeserconsideradoumdosmarcosmaisimportantesdanossahistória.Roma foi fundada em 753 a.C. e surgiu de uma pequena comunidade agrícola existente napenínsula itálica no século VIII, tornando-se um dosmaiores impérios domundo antigo. EmvirtudedeumapropostalevadaaefeitoporumplebeuchamadoGaiusTerentilius,em462a.C.,que se opunha aomodo pelo qual as leis eram conhecidas e aplicadas, principalmente pelos

  • patrícios, foi designado um decenvirato (um grupo de dez homens), que teve por encargo apreparaçãodeumconjuntodeleisque,posteriormente,ficouconhecidocomoLeidasXIITábuas,quechegouaseutermoefoipromulgadade451a450a.C.Foi,originalmente,escritaemdozetabletes demadeira, que foram afixados no Fórum Romano, permitindo, assim, que todos asconhecessemepudessem fazer a sua leitura. Sua temática estavadivididada seguinte forma:TábuasIeII:Organizaçãoeprocedimentojudicial;TábuaIII–Normascontraosinadimplentes;Tábua IV – Pátrio poder; Tábua V – Sucessões e tutela; Tábua VI – Propriedade; Tábua VII –Servidões; Tábua VIII – Dos delitos; Tábua IX – Direito público; Tábua X – Direito sagrado –TábuasXIeXII–Complementares.

    CezarRobertoBittencourtnosinformaainda:

    “Nos primeiros tempos da realeza, surge a distinção entre os crimespúblicoseprivados,punidospelo iuspublicumeius civile, respectivamente.Crimes públicos eram a traição ou conspiração política contra o Estado(perduellio)eoassassinato(parricidium),enquantoosdemaiseramcrimesprivados–delicta–porconstituíremofensasao indivíduo, taiscomofurto,dano, injúria etc. O julgamento dos crimes públicos, que era atribuição doEstado, através do magistrado, era realizado por tribunais especiais, cujasançãoaplicadaeraapenademorte.Jáojulgamentodoscrimesprivadoseraconfiadoaopróprioparticularofendido,interferindooEstadosomentepararegular seu exercício. Os crimes privados pertenciam aoDireito privado enãopassavamdesimplesfontesdeobrigações.Naépocadoimpérioromanosurgeumanovamodalidadede crime, os crimina extraordinaria, ‘fundadosnas ordenações imperiais, nas decisões do Senado ou na prática dainterpretaçãojurídica,queresultanaaplicaçãodeumapenaindividualizada

    peloarbítriojudicialàrelevânciadocasoconcreto’.”11

    Econcluiorenomadoautor,dizendoque,naqueleperíodo:

    “Os romanos não realizaram uma sistematização dos institutos deDireitoPenal.No entanto, a eles remonta a origemde inúmeros institutospenais que na atualidade continuam a integrar a moderna dogmáticajurídico-penal. Na verdade, os romanos conheceram o nexo causal, dolo,culpa, caso fortuito, inimputabilidade, menoridade, concurso de pessoas,penasesuamedição.Nãoprocuraramdefini-los,trabalhavam--nos casuisticamente, isoladamente, sem se preocupar com a criação, por

    exemplo,deumaTeoriaGeraldeDireitoPenal.”12

  • 2.3.DireitoPenalgermânico

    ODireitogermânicoprimitivonãopossuíafontesescritas,sendosuasnormastransmitidaspormeiodoscostumes.Osproblemaspenaiseramresolvidospelavingançaoupelaperdadapaz(friedlosigkeit).Oagenteinfratoreracolocadoforadaproteçãojurídicadogrupoaquepertencia,podendoserperseguidoemortoporqualquerpessoa.Poressarazão,segundoAníbalBruno,afriedlosigkeit“setornaumamodalidadedepenademorte,amaisvelhaepersistentedasformasdereaçãoanticriminal–tambémamaisabsurda,nascondiçõesdoDireitoPenalmoderno.”13

    O direito aplicado a cada indivíduo variava de acordo com o grupo a que efetivamentepertencia.Aospoucos,ocontatocomomundoromanofezcomqueessedireitoconsuetudináriofossesendomodificado,umavezqueRomaprezavasuasleisescritas.Asordálias,oujuízosdeDeus, foramamplamente utilizadas peloDireito Penal germânico durante toda a IdadeMédia,ondeeramconsideradasumaespéciedeprovajudiciáriautilizadaparaadeterminaçãodaculpaoumesmodainocênciadosacusados.Apalavra“ordália”temosignificadodeumjulgamentonoqualnãoexisteinterferênciadoshomens,poisseuresultadodependeexclusivamentedeDeus.Oacusado,portanto,deveriaprovarsuainocênciasesubmetendoadiversasprovas,aexemplodesegurar,durantedeterminadotempo,umapedraincandescenteoucolocarsuasmãosdentrodaágua fervente. Se suportasse o sofrimento, significava que era inocente e que Deus o haviaabsolvido;casocontrário,estariacomprovadasuaculpa.

    Avingançadesangue(blutrache)eraentendidamaiscomoumdeverdoquecomoumdireito.Tempos depois, foi superada pela composição, que, no começo, era tida como voluntária e,posteriormente,passouaserlegal.Noentanto,conformeasseveraAníbalBruno:

    “O uso primitivo de resolver pela força as questões criminais nãodesapareceu:apráticadavingançarecrudesceucomaquedadamonarquiafranca,quandoainfluênciadoDireitoromanocedeunovamenteopassoaosvelhos costumes germânicos, sendo preciso para combatê-la a instituiçãodas tréguas de Deus, do asilo religioso, das pazes territoriais. Penetroumesmonaspráticasdoprocessopenal.Depoisdasordálias,ojuízodeDeusacabouprevalecendosobaformadoduelojudiciário,quereaparece,levandoojulgadorareconhecerarazãodomaisforte,narealidadetomandoasortedasarmase,portanto,aforçacomoprovadoDireito.Eraumaconsequência,talvez,dapredominânciado individualnoDireitogermânico,queo levouafazerpersistirnosregimesjurídicossobasuainfluência,comoodominantenomaiortrechodaIdadeMédia,avingançaprivadaeacomposiçãoentreaspartes, ou acentuando a pena pecuniária e tomando em consideração, na

    apreciaçãodocrime,maisodanoqueoelementosubjetivodoagente.”14

  • 2.4.DireitoPenalcanônico

    O ano de 313 d.C. foi fundamental para o Cristianismo. Depois de um longo período deperseguições, o Imperador Constantino, “o Grande”, proclamou a liberdade de culto, com aexpediçãodochamadoÉditodeTolerância,apóssairvencedornabatalhadeMonteMilvio,em28deoutubrode312,quando,nanoiteanterior,sonhoucomumacruz,naqualestavaescritoemlatim:inhocsignovinces (sobestesímbolovencerás).Se,porumlado,asupostaconversãodeConstantino,interrompendoumciclodeperseguiçãoaoscristãos,podetertidoseumérito,poroutro,aigrejacristãprimitiva,puraviu-seimpregnadaderituaispagãos,quenãoforamabolidospeloImperadorequepermanecematéosdiasdehoje,jáqueConstantino,atéseusúltimosdiasdevida,continuousendoum“adoradordodeussol.”

    Em 27 de fevereiro de 380, por meio do Édito de Tessalônica, o Imperador Teodósio IdeterminouqueocristianismofosseaúnicareligiãoautorizadaemtodooImpérioRomano,aocontráriodeConstantino, que, emborao tolerasse, nãoo colocou acimadeoutras religiões.Apartirdeentão,opoderdaIgreja,mesmoimpregnadaderituaispagãos,foicrescendo.

    DeacordocomasliçõesdeHelenoFragoso:

    “Odireitocanônicodividiaoscrimesemdelictaeclesiastica(deexclusivacompetência dos tribunais eclesiásticos); delicta mere secularia (julgadospelostribunaisleigos)edelictamixta,osquaisatentavamaomesmotempocontraaordemdivinaeahumanaepoderiamserjulgadospelotribunalqueprimeiro deles conhecesse. As penas distinguem-se em espirituales(penitências, excomunhão etc.) e temporales, conforme a natureza do bemquea