Upload
ricardo-rodolfo
View
1.500
Download
42
Embed Size (px)
Citation preview
21 dias pela unidade — Descobrindo o poder de ser um com seus irmãos
Categoria: Vida cristã / Devocional / Jejum
Copyright © 2008 Aluízio A. Silva
Iodos os direitos reservados
1a edição setembro de 2008
Edição Sidnei Alves e Charleston Fernandes
Revisão Sidnei Alves
Projeto gráfico e diagramação Rafael Alt
Capa Júlio carvalho
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista <
Atualizada (Sodedade Bíblica do Brasil), salvo Indicação específica.
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Silva, Aluízio A., 2008
21 dias pela unidade — Descobrindo o poder de ser um com seus irmãos
/ Aluízio A. Silva. - Goiânia: VINHA Editora, 2008
ISBN: 978-85-98510-93-4
l: Vida cristã 2: Devocional 3: Jejum 4: Título
CDD : 230/240
índice para catálogo sistemático: 1:
Vida cristã: Devocional: Jejum
Editado e publicado no Brasil por:
VINHA Editora
AvT-7, 1361 Setor Bueno CEP: 74.210.260
Goiânia GO Brasil
Telefone: (62) 3534-8850 [email protected]
SUMÁRIO
Prefácio, 7
Introdução, 11
1° Dia — O poder da comunhão, 15
2°Dia — A importância da comunhão, 27
3° Dia — A unidade no Corpo, 41
4°Dia — Unidade e unanimidade, 53
5° Dia — O povo é um, 63
6° Dia — A unidade no exército, 75
7° Dia — A oposição maligna na unidade da Igreja, 87
8° Dia — Não deixe de congregar, 105
9° Dia — Os pactos da célula e do discipulado, 119
10° Dia — A vida da Igreja, 133
11° Dia — A consciência do Corpo, 147
12° Dia— Relacionamento e compromisso, 159
13° Dia— Multidão, seguidor e discípulo, 173
14° Dia — A koinonia, 193
15° Dia —Vencendo o sectarismo, 205
230/240
- Unidade e amor, 215
- Aprendendo a amar, 229
- Oito testes que provam se alguém conhece a
Deus, 245
- Relacionamentos que transformam , 257
- Excluídos da comunhão, 269
- Mandamentos da mutualidade, 281
16° Dia
17°Dia
18° Dia
19° Dia
21° Dia
21" Dia
PREFÁCIO
O jejum é instrumento poderoso dado por Deus para des-
truir fortalezas espirituais. O tempo é oportuno e o Espírito
nos conduz a fazer um jejum diferente dos demais jejuns que
temos feito. Dessa vez jejuaremos pelo Corpo, por sua unidade. E
por que jejuaremos por unidade? Ë simples, porque Jesus nos
advertiu que "Todo reino dividido contra si mesmo ficará
deserto, e casa sobre casa cairá" (Lc 11.17).
Estes serão dias de muita luta e forte resistência espiritual,
pois o diabo sabe que se a Igreja, de fato, for um corpo homo-
gêneo, cuja linguagem e esforços estão voltados para o mesmo
propósito, mesmo alvo e objetivo, as portas do inferno jamais
prevalecerão contra ela.
A estratégia cio diabo para minar o Corpo e introduzir o
veneno da desconfiança, da intriga, da discórdia, da justiça
própria, da vaidade, do egoísmo, do individualismo, da ma-
ledicência, do exclusivismo, do sectarismo, da preguiça, da
presunção, da arrogância, da prepotência, da autocomiseração e
das preferências pessoais. Uma vez contaminada as partes,
todo o Corpo perece. Uma vez contaminado os membros, toda
liderança sofre.
Por isso, precisamos redescobrir o poder e a importância da
comunhão. Assim, cada devocional foi preparado para trazer a
revelação do que é o Corpo. Sem essa revelação, estamos en-
fraquecidos, porque nos isolamos. Quanto mais revelação do
Corpo possuímos, mais comunhão buscamos com os irmãos.
Jejuaremos 21 dias, portanto, foram preparados 21 devo-
cionais. Os cinco primeiros trazem luz sobre a necessidade de
estarmos congregados e em unidade. Depois, nossa atenção é
voltada para a revelação da guerra que estamos travando. Em
seguida, distinguiremos as diferenças entre a multidão, os
seguidores e os discípulos. Voltamos o discutir o verdadeiro
significado da comunhão, condição imprescindível para vencer-
mos o sectarismo; aprenderemos a amar de forma genuína para
termos nossos relacionamentos transformados. Não podemos
crescer em Deus sem compromissos.
Na verdade, o objetivo deste jejum é restaurar a unanimi-
dade para avançarmos no atual mover de Deus. Sem unanimi-
dade, nós absolutamente não estaremos qualificados para fazer
coisa alguma para o Senhor.
É tempo de voltar à prática das primeiras obras. É tempo de
limparmos a poeira dos pés uns dos outros. E tempo de
carregarmos os fardos uns dos outros e depositá-los aos pés do
Senhor. É tempo de arrependimento, choro, perdão e recon-
ciliação. É tempo de vivermos a realidade mais profunda da
cruz. É tempo de crucificarmos nossas vontades em favor da
boa, perfeita e agradável vontade de Deus. É tempo de sermos
Igreja do Senhor, noiva apaixonada, que não teme as resistências
espirituais, antes as enfrenta e as vence, confiantes no poder
dAquele que na cruz venceu a morte e aquele que tem o poder
da morte e cujo fim é o lago de fogo e enxofre.
Estes serão dias de unidade. É tempo de descobrirmos o
poder de sermos um com o irmão!
INTRODUÇÃO
Nesse tempo de jejum o nosso desafio é trabalhar pela
unidade de nossa igreja. A Palavra de Deus diz que somos
um Corpo. O corpo não é uma coleção de partes, mas
uma unidade orgânica. Cada membro é participante da
natureza divina, pois nasceram de Cristo, o Cabeça.
No corpo há variedade na unidade. Apesar de estarem em
um mesmo Corpo, os membros não são iguais. Nunca devemos
confundir unidade com uniformidade. Na unidade do Corpo
há diversidade. Há uma interdependência entre os membros.
Nenhum membro tem sentido ou real significado, isolado, por
si mesmo, separado do Corpo.
Na unidade do Corpo não há partes menos importantes. É
tolo discutir qual membro do Corpo é mais importante. Na
verdade Paulo diz, em Coríntios, que revestimos de especial
honra as partes que são menos honrosas.
Outro princípio importante é que na unidade do Corpo
todas as partes trabalham juntas com a mesma finalidade e
têm o mesmo objetivo. Todo o Corpo está focado sempre em
uma única direção.
O resultado dessa unidade, diz Paulo aos coríntios, é que, se
um membro sofre, todo o Corpo sofre junto com ele (l Co
12.26). Se um membro está doente, o Corpo está doente. Por
causa da unidade do Corpo, o mesmo sangue que corre em um
membro corre no outro também; a mesma vida que está em um
membro está no outro também. Todos os membros possuem a
mesma natureza.
Isso pode ser facilmente entendido na família. A Igreja tam-
bém é uma família.
Uma vez que haja um vínculo de pais e filhos e entre filhos e
filhos, tais vínculos não podem ser desfeitos jamais. Mas se
todos estão brigados e vivem distantes uns dos outros, fica evi-
dente que a unidade foi comprometida. Não podem deixar de
ser parte de uma mesma família, mas já não estão em unidade.
Portanto, existe um nível de unidade que ninguém pode tocar,
que é a unidade da família como tendo um mesmo parentesco,
mas a unidade da proximidade e da convivência deve ser preser-
vada a todo custo. Em Eféso Paulo diz que precisamos preservar a
unidade. Não podemos criá-la, mas devemos preservá-la para que
não se deteriore: "Esforçando-vos diligentemente por preservar a
unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4.3).
Nestes dias vamos orar e jejuar pela unidade da nossa igreja
local. Serão 21 dias de jejum em que vários desafios serão feitos,
todos visando construir relacionamentos e fortalecer vínculos.
Serão dias de guerra e batalhas tremendas, pois o inimigo
teme a nossa unidade mais do que qualquer outra coisa. Ele sabe
que, se estamos divididos, não podemos prevalecer.
Além de Corpo e família nós também somos um exército.
Somos um exército formado para lutar a batalha pelo reino dos
céus! A nossa cidade precisa ser conquistada e a verdade do
evangelho deve se espalhar através de nossa unidade. Para este
tempo de conquista não é possível tolerar nenhum conceito
dissidente no exército. Ser cidadão de um país é uma coisa, mas
lutar no exército desse país é outra. Se já somos cidadãos do
reino, precisamos agora ser parte do exército. Podemos entender
esse princípio quando Gideão foi convocado para levar o exército
para batalha. O Senhor lhe disse que ele rinha muita gente (Jz
7.4). Por fim, o Senhor escolheu trezentos e disse a Gideão que
mandasse o resto para casa. Isso não quer dizer que quem voltou
para casa deixou de ser um israelita. Ainda era israelita, mas não
tinha nada a ver com o exército combatente.
Você pode ser membro de uma igreja em sua cidade, ser um
cidadão do reino e ainda assim não ter nada a ver com o encargo
da guerra pêlos interesses do Senhor na Terra. Nesse tempo de
jejum, estou convocando cada membro da igreja para pelejar pela
unidade. Falo a soldados do exército e não a cidadãos. O
exército não tem espaço para acatar sua opinião. Não há tempo
para brincar. Chega de preferência pessoal, autopreservação e
divisões tolas por causa de nossa carnalidade. A intenção desse
exército é ganhar a nossa geração através de células que se
multiplicam. Se cada igreja caminhar em unidade, as portas do
inferno não prevalecerão contra nós.1° DIA
O PODER DA COMUNHÃO
Neste jejum, nós queremos orar pela Igreja e pelo mover de
Deus entre nós. Sabemos que o mover de Deus passa pela
unidade. Assim, vamos orar pela Igreja e por nossa vida de
comunhão. Já somos uma igreja em células, mas ainda temos
que avançar muito para sermos um lugar de expressão viva do
amor de Deus.
Por incrível que pareça, o Novo Testamento tala muito mais
sobre comunhão do que de evangelismo. Normalmente, uma
pessoa decide-se por uma igreja pela acolhida que lhe é dada.
Ninguém consegue ficar em uma igreja onde não faz amizades. O
cristianismo é, sobretudo, relacionamento. E a amizade é a
maior ponte para o evangelismo. Uma pesquisa realizada pelo
Instituto John Haggai mostrou as formas como as pessoas se
convertem nos países do terceiro mundo.
10 II DlAS PKl.A UNIDADF. —— DESCUBRA O I'ODER i ) K SliR UM COM SEUS IRMÃOS
• Tv—— 1,1%
• Filmes— 1,1%
• Bíblia— 1,8%
• Literatura — l ,7%
• Sermão — 2,4%
• Rádio —2,9%
• Trabalho pessoal do pastor — 2,9
• Cruzada evangelística — 4,4%
• Amigos — 29,9%
• Parentes — 49,7%
• Outros meios — 2,1%
A esmagadora maioria das pessoas vem para Cristo por causa
de um relacionamento familiar ou de amizade. O que desejamos
nesses dias de jejum é desenvolver nossos próprios
relacionamentos para que sejamos como uma grande rede lan-
çada no mar desse mundo, uma rede na qual os peixes fiquem
presos pêlos nós da amizade.
RENOVE SEU CONCEITO DE IGREJA
Com o passar do tempo, podemos perder o frescor da vida
em comunidade e as células podem se tornar apenas mais um
programa. Queremos reafirmar nossa identidade e fortalecer
ainda mais nossa visão pedindo o santo colírio de Deus neste
jejum.
1)I-'K HA COMUNHÃO
A Igreja não é um clube, onde cada um paga sua mensalidade e
vive isoladamente. Alguns ainda pensam que seus dízimos sejam
como a contribuição de um clube. Nós contribuímos para que o
reino de Deus avance e não para termos algum tipo de benefício
pessoal como em um clube.
A Igreja não é um abrigo de salvos, onde cada um busca os
seus próprios interesses. Não estamos aqui para fazer a nossa
própria vontade, mas sim a vontade dAquele que nos chama das
trevas para a sua luz. A Igreja não existe em nossa função; antes,
nós estamos aqui em função do propósito de Deus.
A Igreja também não é uma prestadora de serviços, da qual
sou apenas um cliente esperando ter as minhas necessidades
atendidas. Muitos encaram a Igreja como uma prestadora de
serviços espirituais, na qual podem buscar, quando desejarem,
uma ministração forte, uma palavra interessante, uma aula
apropriada para seus filhos, um ambiente agradável e assim por
diante. Quando, por algum motivo, os serviços da Igreja caem
de qualidade, esses consumidores saem à procura de outro
shopping espiritual mais efidente. Membros assim não têm
aliança com o Corpo. Nestes dias, queremos renovar as alianças de
cada membro com a Igreja.
A Igreja não é uma casa de shows, onde somos apenas es-
pectadores. Para alguns, a Igreja não passa de mais um en-
tretenimento. Apreciam as músicas, a pregação e o ambiente,
mas ainda não compreenderam a realidade do culto racional
que resulta num sacrifício vivo na presença de Deus. A Igreja é
uma família, na qual temos o mesmo Pai, o mesmo irmão mais
velho e somos todos irmãos.
17
O PODER DA COMUNHÃO NA VIDA DA IGREJA
No salmo 133, lemos a respeito do poder da comunhão no
meio do povo de Deus.
Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É
como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a
barba, a barba de Arão, c desce para a gola de suas
vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre
os montes de Sião. Ali, ordena o SKNHOR a sua bênção
e a vida para sempre. (SI 133.1-3)
l. A COMUNHÃO ALEGRA O SENHOR
Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
(SI 133.1).
Essa é a exclamação de alegria do Senhor a respeito de Seu
povo. O Senhor habita no meio da comunhão de Seu povo:
O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para
salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á
no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. (Sf 3.17)
Assim, nada entristece mais a Deus do que a divisão no meio
de Seus filhos. Tal comunhão não é simplesmente um ajunta-
mento, mas um compromisso mútuo de unidade para a expressão
do Senhor na Terra. Uma sacola de membros não é um corpo,
um amontoado de material de construção não é um edifício e um
ajuntamento de crentes não é necessariamente uma igreja. O que
nos dá a identidade é a unidade. Sem unidade somos um corpo
disforme, mas, quando somos unidos, expressamos a Cristo.
2. A COMUNHÃO LIBERA PODER
li como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce pata
a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas
vestes. (SI 133.2)
O óleo precioso do Espírito de Deus desce da cabeça. Evi-
dentemente somente aqueles que estão conectados à cabeça
desfrutam do óleo fresco da unção. Nestes dias de jejum, que-
remos experimentar esse óleo juntos, em comunhão.
O Espírito Santo é o poder de Deus e este poder está em
você. O Espírito Santo é a unção de Deus sobre nós. Mas, quando
estamos juntos em comunhão, essa unção é potencializada e este
poder pode ser liberado de forma explosiva sobre nós.
O óleo representa a unção na Palavra de Deus. O azeite era
um elemento muito versátil no mundo antigo, ele servia para
virtualmente qualquer coisa e simboliza a provisão completa
da unção do Espírito. O fato de o Salmo 133 nos dizer que a
comunhão libera o óleo é algo muito precioso. Quando estamos
unidos a nossos irmãos, esse óleo desce da cabeça, que é Cristo, e
alcança todos os membros.
O uso do óleo entre o povo de Israel é um retrato claro da
provisão completa da unção para o povo de Deus hoje. Todas
essas coisas vêm sobre nós porque estamos unidos aos irmãos
na agradável comunhão do Corpo de Cristo.
a. O óleo é alimento
A primeira utilidade do azeite estava na preparação dos
alimentos, sendo ele mesmo, na verdade, um alimento. No
mesmo princípio, nós precisamos receber periodicamente uma
porção da unção de azeite do céu como alimento. Quando
deixamos de nos alimentar dessa unção, somos enfraquecidos e
nos sentimos incapazes de fazer a vontade de Deus. A unção,
portanto, é alimento. Você sabia que a comunhão nos alimenta?
Sim, a comunhão libera o óleo que nos nutre.
b. O óleo nos limpa
A segunda utilidade do azeite nos dias antigos estava na
feitura de sabão. A unção do azeite também tem a função de
limpar e purificar as nossas vidas. Quando digo purificar, não
me refiro propriamente à purificação do pecado, mas à purifi-
cação da sujeira do mundo. A morte do mundo nos contamina e
nos faz ficar insensíveis a Deus. A unção, então, nos purifica da
poeira da carne que nos contamina. Todos nós testificamos que,
quando estamos na comunhão dos irmãos, nossos pés são
lavados da poeira do mundo.
c. O óleo é combustível
As lamparinas do mundo bíblico eram mantidas acesas usando
o azeite como combustível. No mesmo princípio, nossa luz
somente pode brilhar diante do mundo se houver o azeite do céu
em combustão dentro do espírito. E esse azeite vem sobre nós
na comunhão dos irmãos. Cada vez que nos reunimos, devemos
esperar uma medida do combustível celestial sobre nós.
d. O óleo é para uso sacerdotal
O azeite também era usado pelo sacerdote para ungir e consa-
grar pessoas e coisas a Deus, como também era usado pelo médico
como remédio. A unção é também para consagração. O propósito
de Deus somente pode ser cumprido por meio da unção. O
suprimento de Deus para nossas vidas vem somente pela unção e
todo jugo do pecado pode ser quebrado e destruído pelo poder da
unção. Quando estamos em comunhão, os jugos do pecado e do
diabo são quebrados e experimentamos o refrigério de Deus.
e. O óleo cura
Um aspecto importante da unção está em Tiago 5.14, em
que o autor nos manda ungir os enfermos para serem curados.
Há cura disponível para o povo de Deus na comunhão dos
irmãos. O óleo da cura é liberado quando estamos juntos e
ministramos uns aos outros. Sabemos que o óleo do Espírito é o
suprimento completo de Deus, mas ele é liberado quando os
irmãos vivem unidos em comunhão.
A comunhão é algo realmente poderoso. Paulo chega a dizer
que a igreja de Corinto estava doente porque seus membros não
entendiam a comunhão:
Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe
juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e
doentes e não poucos que dormem, (l Co 11.29,30)
Quando não temos discernimento do Corpo, experimen-
tamos morte e enfermidade. Se a fal ta de comunhão traz
doenças, sabemos que a comunhão produz tudo o que já men-
cionamos: alimento, purificação, combustível, libertação e,
principalmente, cura.
3. A COMUNHÃO É RESTAURADORA
E como o orvalho do Hermom, que desce sobre os
montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e
a vida para sempre. (SI 133.3)
No verso três, lemos que a comunhão "é como o orvalho do
Hermom, que desce sobre os montes de Siáo". O orvalho é símbolo da
presença restauradora de Deus. Em Oséias 14.5, lemos que o
Senhor mesmo será como um orvalho para Israel. O orvalho nos
fala de refrigério e frescor. De uma forma discreta, ele cai silen-
ciosamente durante a noite, mas faz regar toda a terra. Em Êxodo
16.13, notamos que o maná caía com o orvalho. Se o compararmos
com o Salmo 133, notaremos que o orvalho é a graça de Deus sobre
nós. Em Lamentações 3.22,23, lemos que as misericórdias do
Senhor se renovam a cada manhã. Isso também nos lembra do
orvalho. Ë na comunhão dos irmãos que experimentamos a graça e o
amor de Deus como o orvalho refrescante sobre nós.
4. A COMUNHÃO TRAZ A BÊNÇÃO
Finalmente o salmista diz: "Ali, ordena o Senhor a sua bênção
c a vida para sempre" (SI 133.3b).
Um aspecto vital da bênção de Deus é que ela libera vida, a igreja
cresce e as células se multiplicam. Uma igreja abençoada certamente é
uma igreja que cresce. Eu sei que é um paradoxo: estamos jejuando
pela comunhão e unidade para que venha a multiplicação.
Onde há união, ali Deus ordena a Sua bênção e a vida para
sempre. Deus já tem ordenado a vida entre nós, basta que sus-
tentemos a unidade da comunhão entre os irmãos.
Em nenhum outro lugar se fala mais de multiplicação e
crescimento dos discípulos da Igreja do que nos primeiros 15
capítulos de Atos. Mas, também, em nenhum outro lugar se
fala tanto a respeito da comunhão e da unanimidade que havia
entre os irmãos. A comunhão foi o segredo do crescimento.
Não precisamos de métodos ou estratégias mirabolantes para
levar a igreja a crescer, precisamos apenas remover os entulhos
que estão bloqueando o seu crescimento. Deus já ordenou a
bênção e haverá muita vida entre nós.
Não deveríamos perguntar"o que faz a igreja crescer", antes deveríamos nos questionar: "o que está impedindo a igreja de crescer?" Deus já ordenou a bênção e a vida eternamente sobre a igreja quando vivemos em união. Assim há um decreto divino de vida e crescimento, mas a bênção é bloqueada quando a unidade é quebrada.
SUGESTÕES PARA ESSE TEMPO DE JEJUM
1. DECIDA ROMPER COM o ISOLAMENTO DAQUELES QUE ESTÃO AO SEU
DERREDOR
Não permita que irmão algum seja apenas um dado de es-
tatística, um número a mais, sem nome, sem cara. Não vamos
permitir ninguém sem célula em nossa igreja. Vamos fazer uma
grande pescaria em nosso próprio aquário.
2.. NÃO CHAME NINGUÉM DE "iRMÃo" NESTES DIAS, CHAME
APENAS PELO NOME
Vamos distribuir adesivos em todas as reuniões para que você
chame a cada um dos irmãos pelo nome. A palavra mais bela que
existe para cada pessoa é o seu próprio nome. Jesus nos dá o exemplo
de um bom pastor em João 10.3 quando Ele diz que chama pelo nome
Suas ovelhas. Cada pastor de rede, cada discipulador e cada líder de
célula devem se comprometer em saber o nome de cada uma de
suas ovelhas. Para m i m, já é mais difícil, pois já somos 16 mil
pessoas, mas ainda assim vou aprender o máximo que puder.
3. SEJA SENSÍVEL À NECESSIDADE DAS PESSOAS AO SEU REDOR
Descubra uma forma de servir aos irmãos que Deus tem colocado ao seu redor. Descubra uma necessidade deles e surpreenda-os.
4. TOME A RESOLUÇÃO DE QUEBRAR o JEJUM TODOS os DIAS
COM UM IRMÃO OU UM CASAL DA SUA CÉLULA
Envolva-se com a sua rede de maneira prática. Façamos do momento da refeição um abençoado tempo de comunhão. Nós somos uma igreja com lares abertos, por isso convide uma pessoa nova para comer com sua família.
5. RESOLVA SER AFETUOSO NO RELACIONAMENTO COM os IRMÃOS
A Palavra de Deus nos ensina em muitos lugares que pre-cisamos cumprimentar nossos irmãos com um beijo. Paulo o chama de beijo (ósculo) santo e Pedro chama de beijo de amor (Rm 16.16; IPe 5.14). Use este jejum como um treinamento para estabelecer uma nova prática de comunhão em sua vida.
6. DECIDA SER UM INVESTIDOR
Barnabé investiu em Paulo (At 9.26,27; 11.22-26) e em João Marcos (At 15.36-39). Paulo investiu em Timóteo. Elias investiu em Eliseu. Moisés investiu em Josué. Em quem você está investindo? Seja um discípulo e tenha um discípulo.
7. USE SEU TELEFONE. ENVIE CARTAS. MANDE CARTÕES. ENVIE E-MAILS. MANDE TORPEDOS
Resolva abençoar alguém mesmo que seja com breves palavras
todos os dias. Renove a sua agenda de telefones. Veja se todos os
membros da sua célula estão na sua agenda e surpreenda-os.
8. VENHA PARA os CULTOS DURANTE o JEJUM COM ALGUM
PRESENTE
Pode ser qualquer coisa, mas o que temos em mente é uma
pequena lembrança. Nós teremos o tempo da oferta e também
trocaremos presentes durante a reunião. Só não vale dar o que
você ganhou na semana anterior.
9. FAÇA o PROPÓSITO DE, JUNTO COM A SUA CÉLULA, DOAR
UMA CESTA DE ALIMENTOS PARA O INSTITUTO SOCIAL
Você também pode doá-la para um membro de sua rede.
Nós somos uma igreja de comunhão e ajuda mútua (Fp 2.3,4;
At 2.44,45). Essa é uma maneira simples de expressarmos
amor aos irmãos.
10. ASSUMA o COMPROMISSO DE TRATAR COM TODO TIPO
DE MÁGOA NA SUA VIDA
Todos os ressentimentos são ruins, mas os piores são as má-
goas com irmãos. Nós somos também uma igreja de perdão e
cura (Lc 17.3-6). Onde não há perdão, as pessoas adoecem.
11. RESOLVA SER ATENCIOSO E ACOLHEDOR COM o VISITANTE (RM 15.7)
Em uma pesquisa, a Stanãart Oil Company quis saber por
que os clientes desaparecem. O resultado pode servir de adver-
tência para nós como Igreja também:
• 1% dos clientes morrem;
• 3% mudam para outro lugar;
• 5% encontram um preço melhor;
• 9% mudam em função de conveniência;
• 14% tem um descontentamento pessoal;
• 68% em função de mau atendimento.
I 2. TOME ATITUDES PRÁTICAS PARA A COMUNHÃO
Muitos irmãos acham tremendamente embaraçoso quando
lhes é pedido, durante o louvor, que cantem olhando para um
irmão do lado — o qual nunca viram. Quando pedem para dai-as
mãos enquanto cantam, quase desmaiam de constrangimento.
Entendo essa situação e não quero constranger a ninguém, por
isso quero sugerir algumas outras atitudes simples que você pode
ter sempre e que também produzirá um efeito enorme em nossa
comunhão.
• Fale com o visitante, cumprimente-o e esteja antenado
para acolhê-lo depois do culto.
• Sorria para as pessoas.
• Chame as pessoas pelo nome.
• Seja cortês e cooperador. Quer ter amigos? Então seja
amigável.
• lenha um interesse genuíno pelas pessoas.
• Tenha uma palavra encorajadora para todos que encontrar.
• Seja generoso e expansivo nos elogios e tímido nas críticas.
• Respeite o sentimento das pessoas.
• Ouça atentamente quando falarem com você.
• Fale uma palavra de bênção para os irmãos.
2° DIA
A IMPORTÂNCIA DA
COMUNHÃO
Por que não podemos ser cristãos sozinhos? Por que não
podemos servir a Deus trancados em nosso quarto? Por que
precisamos da companhia de outros?
Há algum tempo um amigo me enviou fotos de bebês gé-
meos que haviam nascido prematuramente e me contou uma
bela história. As enfermeiras achavam que não sobreviveriam. A
maiorzinha talvez ainda tivesse uma pequena chance, mas a
menor nenhuma. Assim, na noite em que imaginaram que a menor
fosse morrer, uma das enfermeiras a colocou na incubadora com a
irmã. Quase imediatamente, quando a maior delas sentiu a
proximidade da menor, estendeu o braço, circundando-a.
Deitada na cama, ela ficou com o bracinho bem apertado ao
redor da pequenina a noite inteira. Havia tubos em seus braços e
narinas, mas estavam juntinhas ali. E isso foi tudo o que re-
almente fez a diferença. As enfermeiras disseram que, a partir
daquele momento, a pequena criança se desenvolveu. No dia
seguinte, quando foram vê-las, ficaram admiradas ao ver quão
alerta e responsiva a menorzinha se tornara. Desde então, ela
cresceu e ganhou peso. Ambas viveram e se desenvolveram.
Um grande abraço e a proximidade íntima fizeram toda a
diferença. Um irmão certa vez me disse que precisamos de pelo
menos quatro abraços por dia para sobreviver, oito abraços como
manutenção e doze abraços para crescimento. Já deu alguns
abraços hoje?
A Igreja é como aquela incubadora. Se ganharmos um abraço
forte, a maioria de nós sobreviverá. A comunhão certamente é a
parte mais embaraçosa da vida da Igreja para algumas pessoas.
Por isso, os relacionamentos são a parte mais difícil. Precisamos
lidar com todo tipo de gente. Há aqueles silenciosos e aqueles que
falam demais. Há os prolixos, que nos exasperam, mas há
também os lacônicos, que nos angustiam. Há os inconvenientes,
que fazem comentários inadequados sobre nós. Diante dessas
dificuldades, alguns concluem que é mais fácil servir a Deus
sozinho e que, na verdade, a companhia desses irmãos os torna
mais carnais e os leva a pecar.
Essa foi a conclusão equivocada dos cristãos no início da
Idade Média, eles resolveram se fechar em monastérios tentando
escapar das tentações do mundo e procurando servir a Deus
no isolamento. Alguns se trancavam em clausuras por toda a
vida para estarem com Deus. Lembro-me também de alguns
pregadores que, algum tempo atrás, não aceitavam conversar
com ninguém; não tinham comunhão alguma com os irmãos
para que nada bloqueasse a sua unção. Mas é um equívoco
claro. Não é a comunhão que nos faz pecar, a comunhão apenas
revela a nossa realidade espiritual.
Essa idéia de abandonar a comunhão é antiga. O Livro de
Hebreus já exortava os crentes a não deixarem de congregar:
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de al-
guns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto
vedes que o Dia se aproxima. (Hb 10.25)
É verdade que Jesus disse para nos fecharmos no quarto para
orar, mas depois Ele espera que saiamos dali para viver a vida
cristã junto com os irmãos.
É por meio de relacionamentos que desenvolvemos a nossa
personalidade e nos tornamos adultos. Do mesmo modo, é na
comunhão que desenvolvemos nossa vida espiritual. Aqueles
que evitam o relacionamento estão fugindo dos tratamentos de
Deus. As tábuas do tabernáculo eram ajustadas lixando-as uma
nas outras. Hoje, nós somos essas tábuas no edifício de Deus e
somos ajustados também sendo lixados uns pêlos outros. Esse
atrito, que nos soa tão antiespiritual, é na verdade um caminho de
crescimento.
Os mandamentos do Novo Testamento estão em sua maioria
relacionados com a mutualidade. Podemos dizer, sem medo
de errar, que não podemos servir a Deus apropriadamente sem a
comunhão dos irmãos. Na verdade, se estamos distantes dos
irmãos é porque estamos longe de Deus também.
Imagine um círculo. Agora pense que Deus está no meio
desse círculo e nós, na periferia, na beirada. Pode ser que eu
esteja de um lado do círculo e você do outro, mas, à medida
que nos aproximamos de Deus, que está no centro, surpreen-
dentemente, nos aproximamos um do outro. Alguns dizem que
estão perto de Deus, mas contraditoriamente estão longe da
Igreja. Quanto mais perto de Deus estamos, mais sensíveis c
abertos nos tornamos aos irmãos. Inversamente, quanto mais no
pecado, mais distantes nos tornamos, mais nos escondemos entre
as árvores do jardim. A minha intimidade com Deus é
revelada na minha comunhão com os irmãos.
POR QUE A COMUNHÃO É TÃO IMPORTANTE?
Não importam a sua teologia correta, os seus dons extraordi-
nários ou sua visão ampla c estratégica: se você é individualista e
não tem comunhão com a igreja, está fora da vontade de Deus.
Sem comunhão, você é um tijolo fora da construção, um
membro fora do corpo, um soldado perdido no campo de ba-
talha, ou seja, você é uma incoerência, uma contradição, uma
vida sem propósito. Uma brasa fora do braseiro é só uma alma
agonizante, vai fumegar até se apagar.
Em Atos, lemos que os irmãos "perseveravam na doutrina
dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações"
(At 2.42). Perseverar é "continuar fazendo", mesmo com todas
as dificuldades e resistências. A comunhão é algo a respeito do
qual precisamos perseverar. Alguns crentes não perseveram nem
em ir aos cultos aos domingos. Que tipo de crente é esse que não
consegue nem ser domingueiro? A desculpa de alguns é que a
vida cristã deles é maior que o culto de domingo, mas eu prefiro
dizer que a vida cristã deles não é nem do tamanho do domingo.
Outros dizem que não são crentes para ficarem sentados em banco
de igreja, mas na verdade são crentes sentados no sofá diante da
televisão. Aios diz que os primeiros cristãos "diariamente
perseveravam unânimes no templo" (At 2.46). Eles se reuniam
diariamente. Esse é um dos padrões da espiritualidade: quanto
menos culto, menos realidade espiritual.
Além de tudo isso que temos compartilhado, gostaria de
enumerar algumas razoes fundamentais para vivermos na comunhão
dos santos.
I. \/ÒCÉ É PARTE DA FAMÍLIA DE
A Bíblia ensina que somos da família de Deus:
Por isso, enquanto tivermos oportunidade, laçamos o
bem a todos, mas principalmente aos Já família da fé.
(Cl ó. 10)
Assim, já nau sois estrangeiros e peregrinos, mas concida-
dãos dos santos, e sois da família de Deus. (Kf 2. 1 9)
O que une você a seus irmãos naturais é muito mais que viver
debaixo do mesmo teto. Vocês são irmãos porque levam a mesma
carga genética de sua família.
O mesmo se aplica à igreja. Somos uma família, não só porque
cultuamos a Deus no mesmo local, mas porque compartilhamos
a mesma vida que vem de Cristo, temos a mesma carga genética
espiritual: somos filhos de Deus. O que é mais precioso é que,
quando encontramos a outros com essa mesma natureza
espiritual, imediatamente nos identificamos com eles.
Isso também nos fala de um mesmo tipo de vida. Um cão
não pode ter comunhão com um gato, nem um rato com um
elefante. Eles não possuem a mesma natureza. Porque você agora é
luz, não pode mais ter comunhão com as trevas. Você não
consegue mais manter um relacionamento estreito, de com-
partilhamento profundo, com aquele que não possui a vida de
Deus dentro de si. Para esse tipo de convivência, você precisa da
sua família espiritual.
Alguns novos convertidos sempre me perguntam se é pecado
sentar-se à mesa de um bar com amigos. Eu sempre digo que
não é uma questão de pecado, mas de natureza. Como eu posso
me sentar com alguém que não fala a minha língua, não come a
minha comida, não entende as minhas coisas e nem tem a
minha natureza?
2. NINGUÉM CRESCE SOZINHO
Assim como uma criança aprende com seus pais e irmãos mais
velhos, você também precisa de irmãos e pais espirituais para
crescer em Deus. Negligenciar isso só trará prejuízos a você.
Há igrejas onde as pessoas apenas vão fazer campanhas e
buscar uma bênção. Não é errado, mas isso não é ser Igreja.
Além do mais, apenas tais açóes não o levarão a crescer. Há
ocasiões em que você precisa ser exortado, corrigido, motivado
ou encorajado, algumas vezes carregado e, provavelmente,
muitas vezes, perdoado.
Para crescer, você precisa ter compromisso e relacionamento
com Deus e a única forma de tê-los é através do Seu corpo, a
Igreja.
3. A COMUNHÃO É PROTEÇÃO ESPIRITUAL
Não é difícil imaginar o que acontece com uma brasa sozi-
nha, fora do braseiro. Você percebe que, cada vez que nos reu-
nimos, estamos nos aquecendo mutuamente? Só de encontrar
um irmão e ganhar um abraço, o seu espírito já é aquecido.
Quando ouvimos a Palavra, o nosso coração se enche de fé e,
só de estar presente em um culto, somos guardados de setas
malignas. Também não é preciso discutir a inutilidade de um
soldado que vai sozinho à guerra. Nenhum soldado vai à guerra
sozinho. No campo de batalha, quem guardaria nossa reta-
guarda? Na guerra, nós nos protegemos mutuamente e lutamos
uns pêlos outros. A comunhão da Igreja é segurança espiritual
para você. Por meio dela, seu fogo é mantido e suas batalhas
são vencidas. Aprendemos em Eclesiastes que o cordão de três
dobras não se rompe facilmente.
Melhor é serem dois do que um [...]. Porque se caírem,
um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só;
pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se
dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só,
21 DlAS I'ELA UNIDADE —— DESCUBRA O POnER ME S E R UM COM SEUS IRMÃOS34 35A IMI-OKTÃNCIA 1>A COMUNHÃO
como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra
um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se
rebenta com facilidade. (Ec 4.9-12)
4. A COMUNHÃO TRAZ A PRESENÇA DE DEUS
A unção que se manifesta na comunhão é maior do que a
unção individual. Se eu junto a minha unção com a sua
unção, já temos uma unção maior. Então imagine o que
acontece quando uma multidão resolve ministrar a Deus. A
unção é poderosa ali. Evidentemente, Deus nos ouve em
nosso quarto e podemos experimentar Sua unção sozinhos,
em oração, mas a unção na congregação é maior. Por isso, o
Senhor disse que onde houver dois ou três reunidos em Seu
nome, Ele ali estará no meio deles (Mt 18.20). De certa
forma, estar fora da comunhão é o mesmo que estar distante
da presença do Senhor.
Normalmente, as pessoas se expressam por meio do próprio
corpo. Porém, se, de alguma forma, nosso corpo está inválido,
então não temos como nos expressar e fazer o que queremos. O
mesmo princípio se aplica a Cristo e à Igreja. A Igreja é o corpo
de Cristo e é por meio dela que Ele se expressa.
5. O PODER É LIBERADO NA COMUNHÃO
Jesus disse que se dois dentre nós, sobre a Terra, concordar-
mos a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirmos, ser-
nos-á concedida pelo nosso Pai, que está nos Céus (Mt 18.19).
Certas orações só serão atendidas se orarmos juntos, em
concordância, em comunhão. Há muita coisa que você pode-
rá fazer sozinho, mas as maiores e as mais importantes sempre
deverão ser feitas em equipe, seja na célula ou na igreja.
Ninguém nunca fez nada relevante sozinho. Todas as grandes
conquistas, todas as grandes obras, foram resultado de trabalho
em equipe.
Jesus disse que é preciso haver concordância. Você precisa
estar nas reuniões da igreja para concordar a respeito do mover
de Deus, da obra de Deus. Se, com a concordância de dois,
acontece; imagine milhares concordando a cada semana. Cer-
tamente, o Senhor liberará Sua palavra de vitória.
6. A COMUNHÃO MANIFESTA O AMOR DE ÜEUS
Uma das orações mais fantásticas da história está em João
17. Ali, Jesus pede ao Pai algo simplesmente espantoso: que os
irmãos na igreja sejam um, assim como Ele e o Pai são um.
Você consegue imaginar isso? Jesus é um só Deus junto com o
Pai. Mas, o mais extraordinário é o motivo pelo qual fez essa
oração. Ele disse:
E como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam
eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
(Jo 17.21 ;23)
O mundo somente crerá em Jesus se vivermos uma vida de
comunhão e unidade. A comunhão ganha mais gente para o
reino de Deus do que o evangelismo. Na verdade, Jesus disse
que só nos reconheceriam como Seus discípulos se amássemos
uns aos outros (Jo 13.35). A comunhão é o meio pelo qual
expressamos esse amor ao mundo.
A experiência tem mostrado que as células mais frutíferas são as
mais festivas. Quando os irmãos gostam de estar juntos, natu-
ralmente as pessoas são atraídas e a célula se multiplica. Quando as
pessoas de fora perceberem o carinho que temos uns pêlos
outros, o cuidado mútuo, a comunhão genuína, o prazer que
temos em estar juntos e o amor verdadeiro entre nós, elas serão
fortemente tocadas pelo poder de Deus. Alguns dirão: "Esses
crentes são estranhos, mas eles se amam de verdade" ou "Esses
crentes são barulhentos, mas eles gostam mesmo da gente".
Normalmente, as pessoas se convertem primeiro a nós e só
depois a Jesus. Primeiro elas desejam a nossa comunhão e só
depois aprendem a ter comunhão com Deus. Isso acontece
porque é na comunhão amorosa dos irmãos que o mundo co-
nhece a Jesus.
A sua célula é apenas um culto na casa ou a sua célula existe
nos outros dias da semana? Precisamos lembrar que fazemos
células e não cultos nas casas. Célula é vida de comunhão; culto
nas casas é só uma reunião.
7. SOMOS MEMBROS UNS DOS OUTROS
A ordem de Deus para nós é que sirvamos uns aos outros.
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça
de Deus. (l Pé 4. 10)
A Igreja é o sonho que estava oculto no coração de Deus desde a
eternidade. Você tem o privilégio de ser parte desse sonho.
A palavra "comunhão", koinnonia no original grego, literal-
mente significa "vida compartilhada". Ninguém possui a pleni-
tude de Cristo dentro de si. Mas, quando temos comunhão, é
como se as diversas partes se ajuntassem e formassem um todo.
Então a plenitude do Senhor se manifesta.
Uma casa dividida não pode prevalecer. A marca da igreja
cristã é a comunhão. Sem amor uns pêlos outros, não podemos
ser conhecidos como discípulos de Cristo. Somos um corpo,
um rebanho, uma família, ramos da mesma videira, pedras do
mesmo santuário. A falta de comunhão é sinal de carnalidade e
infantilidade.
COMO TER COMUNHÃO EM UMA IGREJA TÃO GRANDE?
Comunhão é muito mais que ir ao culto e sentar-se ao lado
de um irmão cujo nome, provavelmente, você nem sabe. Há
uma comunhão espiritual que une todos os crentes de todas as
épocas. Isso é real e muito bom, mas nós também precisamos de
uma comunhão viva que envolva comunicação.
Todos necessitamos conhecer e ser conhecidos, compartilhar
nossa vida e nos sentir parte de uma comunidade. Por isso, o
tamanho da igreja pode assustá-lo a princípio. Mas não se
preocupe. Quando nos reunimos em células, também podemos
ser uma igreja bem pequena.
Nas celebrações de domingo, você tem comunhão com toda a
igreja, no espírito. Mas, durante a semana, na reunião da célula,
você desfruta da vida da igreja, da comunhão dos irmãos de
forma bem prática e íntima.
J? O 21 DlAS PELA UNIDADK —— DESCUBRA O POPKR DK SER UM COM SKUS IRMÃOS I M P O R T Â N C I A DA COMUNHÃO 3 J
1. DOIS TIPOS DE REUNIÕES
Na Videira, temos dois tipos de reunião: a celebração, aos
domingos, e a célula, durante a semana. Na reunião de celebra-
ção, aprendemos a Palavra e ministramos a Deus como Corpo.
Na célula, servimos uns aos outros, conhecemos e somos co-
nhecidos uns pêlos outros.
2. O QUE É UMA CÉLULA
A célula é um local de vida. São ramos da Videira espalhados
por toda a cidade. É o nosso jeito de ser Igreja. De maneira
prática, a célula é um grupo de cinco a quinze pessoas que se
reúnem semanalmente para aprender como ser uma família,
adorar ao Senhor, edificar a vida espiritual uns dos outros, orar
uns pêlos outros e levar pessoas a Cristo.
Normalmente, cada célula possui, no mínimo, cinco pessoas e
não deveria ultrapassar o limite de quinze membros. Quando
chega a esse limite, deve se multiplicar, ou seja, transformar-se em
duas novas células. Você, certamente, já está participando de uma
célula, a qual brevemente se multiplicará e, então, poderá ver esse
processo maravilhoso acontecendo de perto.
3. Os OBJETIVOS DE UMA CÉLULA
De forma geral, a finalidade da célula é ser igreja de maneira
prática, ministrando uns aos outros. Resumimos seus objetivos
em quatro pontos:
//. Comunhão
Através do desenvolvimento de uma vida compartilhada,
alvos comuns e aliança mútua entre todos os membros.
b. Ensino
Proporcionando um ambiente favorável para o crescimento
espiritual, aprendizado prático e disciplina em amor.
c. Multiplicação
É quando alimentamos, guardamos e suprimos os novos
irmãos e também treinamos novos líderes.
d. ServiçoNa célula, cada membro é um ministro que exercita seus
dons para o serviço mútuo.
Atos 2.42-47 constitui um retrato daquilo que estamos bus-
cando nas células:
• E perseveravam na doutrina dos apóstolos
• Na comunhão, no partir do pão
• Nas orações
• Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em
comum
• Distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade
• Perseveravam unânimes no templo
• Partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições
com alegria e singeleza de coração
• Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os
que iam sendo salvos
As células são a nossa expressão como Igreja. Não nos preo-
cupamos em realizar atividacles diferentes ou ter programações
2 l OlAS 1'KLA UNIDADE —— OKSCURHA O rGOKH m- SER UM COM SEUS IRMÃOS
variadas. O que fazemos é nos concentrar em um único objeti-
vo: edificar células fortes que se multipliquem a cada ano.
É nas células que nossa igreja acontece. Ensino, cuidado
mútuo, compartilhamento, amor, encorajamento, dons, ser-
viço, tudo é feito nelas e através delas. Afinal, nós somos uma
igreja em células.
3° DIA
A UNIDADE NO CORPO
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós
divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma
disposição mental e no mesmo parecer. Pois a vosso res-
peito, meus irmãos, fui informado, pêlos da casa de Cloe,
de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada
um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu,
de Cefas, e eu, de Cristo. Acaso, Cristo está dividido? Foi
Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura,
batizados em nome de Paulo? (lCo 1.10-13)
De tudo o que devemos guardar na vida da Igreja, certa-
mente o mais importante é a unidade na comunhão no Corpo.
Tudo o que o diabo faz visa destruir a unidade entre nós. Se
perdermos a unidade, a expressão da Igreja estará arruinada e
não teremos impacto algum no mundo espiritual.
Na igreja de Corinto havia muitos tipos de problemas: havia
problema de carnalidade, problemas de entendimento doutri-
nário, questões sobre casamento, questões sobre os dons, co-
mida consagrada a ídolos e muito mais. Mas, de todos, o que
Paulo tratou em primeiro lugar foi o problema da divisão.
Ao tratar dessa questão, ele colocou três princípios que pre-
cisamos guardar na vida de nossa igreja.
• Devemos falar a mesma coisa (v. 10)
• Devemos ter uma mesma disposição mental (v. 10)
• Devemos ter um mesmo parecer (v. 10)
DEVEMOS FALAR A MESMA COISA
Muitas igrejas estão definhando simplesmente porque estão
divididas. Algumas pessoas pensam que divisão é somente
quando um grupo resolve sair e passa a se reunir em um outro
lugar. Mas divisão vai além disso e pode ser algo muito sutil.
Algumas vezes é melhor haver separação para não haver divisão.
Paulo e Barnabé resolveram se separar em certo momento do
ministério deles. Aquela separação não rói uma divisão, eles
simplesmente não poderiam caminhar juntos se não con-
cordassem a respeito de como a obra deveria ser feita. Eles se
separaram para não se dividirem.
Algumas vezes é melhor a honestidade de sair e procurar
outro lugar do que o espírito errado de ficar e alimentar uma
divisão naquela igreja local. Apenas reunir não é suficiente, é
preciso haver unidade de coração. Amos 3.3 diz: "Andarão dois
juntos, se não houver entre eles acordo?". Para caminharmos
juntos, precisamos ter concordância. Sem concordância, não há
unidade e, se não concordarmos uns com os outros, não
caminharemos e não avançaremos.
Nenhum de nós aprecia o fato de haver tantas igrejas e de-
nominações. Eu gostaria que estivéssemos todos juntos, que
tivéssemos um mesmo tipo de culto, mas isso não é prático. Sei
que parece estranho o que vou dizer, mas é até bom que haja
essas separações. Se no coração não há divisão, então a separação
torna-se até positiva. Uma igreja sozinha não alcança todo tipo de
gente. Ë importante que haja uma igreja que tenha um culto de
determinada maneira porque ela atrairá pessoas que se sentem
mais confortáveis cultuando daquela forma. Não é ruim que
Pedro alcance os judeus e Paulo vá para os gentios. Não é errado
que algumas igrejas alcancem as classes baixas e outras as
classes mais abastadas. Não conseguimos falar a linguagem de
todos, por isso, uma igreja local não atinge a todos. É nessa
diversidade que o reino vai prevalecendo.
Por isso, não pense que diferenças e divergências sejam nega-
tivas. Diferenças e divergências são coisas normais. O problema
ocorre quando, em um mesmo grupo, as diferenças se tornam
divisões. O problema é quando caminhamos juntos, mas não
pensamos a mesma coisa.
Existem muitas coisas que explicam o sucesso e o crescimento
de uma igreja, mas certamente o fator principal é a unidade. Nós
temos crescido porque resolvemos, de comum acordo e em um
só propósito, que iremos crescer. Quando um grupo realmente
concorda a respeito de algo e não há voz discordante entre eles,
então não haverá restrição para tudo aquilo que intentam fazer.
No Livro de Gênesis, vemos um exemplo disso. O povo,
ímpio e rebelde a Deus, resolveu construir a torre de Babel.
Eles eram malignos e estavam construindo algo para afrontar a
Deus, mas ainda assim o Senhor disse que havia algo poderoso
entre eles: "[...] e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos
têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não
haverá restrição para tudo que intentam fazer" (Gn 11.6).
A unidade funcionou mesmo para aqueles que queriam fazer
algo contra Deus, imagine o que a unidade não fará quando
fizermos algo em concordância com a vontade de Deus. Ë por
isso que podemos dizer que não haverá restrição para aquilo
que queremos fazer aqui.
E por tudo isso que Paulo diz aos coríntios: "Rogo-vos, ir-
mãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a
mesma coisa" (ICo 1.10). E como aconteceu lá em Gênesis, o
povo era um e tinha a mesma linguagem.
Se quisermos avançar, precisamos falar a mesma coisa. Não
pode haver entre nós irmãos que se levantem para falar algo
diferente. Desejar ser diferente é do ego e procede do desejo de
aparecer e se destacar entre os demais. Há pessoas cheias de
vaidade intelectual. Elas discordam simplesmente para mostrar
que não seguem a ninguém e são originais. Esse espírito tem
destruído muitas igrejas. Se você deseja ver o mover de Deus
entre nós, precisa rejeitar esse espírito.
Todos já vimos pastores que falam na televisão e que pare-
cem ter decorado a mesma fala e usam até o mesmo tom de voz.
Certa vez, perguntaram a um desses pastores porque eles
falavam todos do mesmo jeito. A resposta dele foi emblemática:
"Nós falamos do mesmo jeito porque temos o mesmo coração".
Esse é o segredo da unidade: ter o mesmo coração.
Nós mesmos não percebemos, mas certamente existe um
jeito de falar peculiar em nossa igreja. As pessoas de fora per-
cebem isso em você? Se você ainda não fala como nós é porque
ainda não tem o nosso coração.
Já observou que marido e mulher acabam ficando parecidos
até fisicamente no decorrer dos anos? Isso não é resultado
simplesmente da convivência, é resultado de uma unidade tal
que os corações se tornaram unidos.
DEVEMOS TER UMA MESMA DISPOSIÇÃO MENTAL
Além de falar a mesma coisa, Paulo diz que devemos ter a
mesma disposição mental. Isso significa que todos devemos
possuir uma mesma forma de ver as coisas. O ângulo pelo qual
olhamos deve ser o mesmo. Nesse ponto, precisamos perceber a
diferença entre duas palavras: união e unidade. Paulo exorta
para que haja unidade e não simplesmente união.
21 DlAS PELA UNIDADE —— DttSCUBRA O PODER DE SER UM COM SEUS IRMÃOS
Uma coisa é termos unidade, outra coisa é uma mera união
de crentes. União é ter muitas batatas no mesmo saco. Muitas
igrejas são apenas sacos de batatas, os membros estão todos
juntos, mas não são unidos. A união das batatas se transforma
em unidade quando elas são cozidas e amassadas tornando-se
um purê dentro do prato. Batatas cruas não podem ser unidas. É
necessário que elas tenham sido amaciadas pelo fogo do Espírito.
A unidade tem um preço de fogo e quebrantamento, ou seja, não
há unidade sem o fogo do Espírito.
Além disso, é preciso tirar a casca das batatas. Na Palavra de
Deus, a casca simboliza a aparência e o orgulho. Tirar a casca
nos fala da renúncia do ego. Aqueles que desejam manter a sua
diferença estão lutando contra a unidade. O individualismo tem
sido um grande impedimento ao avanço da obra de Deus
justamente porque quebra a unidade e impede que o purês seja
feito. Só assim podemos falar a mesma coisa e termos a mesma
disposição mental.
Por que alguns desejam ser batatas sozinhas? Porque são
orgulhosos. Eles dizem: "Eu tenho minha opinião própria!".
Mas isso é orgulho. Quando nosso ego é crucificado, não temos
opiniões próprias, temos apenas a vontade de Deus, O Senhor
não quer um monte de batatas, ele deseja um purês.
Mas não basta o fogo e o retirar a casca. Para termos o purês,
as batatas precisam ser amassadas. Isso aponta para o quebran-
tamento. Corações contritos podem ser unidos. Só há unidade
no meio de gente quebrantada, mas como ter unidade se as
pessoas são intratáveis? Alguém pode tentar moer as batatas
A UNIfMDl-. NO
cruas tentando produzir purê, mas isso é tolice. Somente pela
ação do Espírito Santo a unidade pode ser produzida.
A união somente não nos leva a realizar coisas grandes para o
reino de Deus. Apenas a unidade move o braço de Deus.
Apenas a unidade produz edificação.
Ë a mesma diferença que há entre um depósito de materiais
de construção e um edifício. No depósito, os materiais estão em
união. Os tijolos estão juntos com outros tijolos, a areia no monte de
areia e as ferragens com as ferragens. Isso é união. Unidade só
acontece quando todos esses materiais são unidos em um projeto
de edificação. Somente quando eles são unidos pela argamassa
do Espírito é que temos edificação no reino de Deus.
Todas as igrejas possuem crentes reunidos, mas nem todas
possuem unidade, por isso não realizam muita coisa. Os crentes
estão reunidos, mas são como fermento levedando tudo. Estão
ali sentados não para receber a Palavra, mas para criticar o
pregador. Em vez de servirem, estão puxando o tapete dos
líderes que não agem como eles gostariam. Igrejas cheias de
pessoas polidas e políticas que se tratam educadamente por
diplomacia, mas que desejam a queda um do outro. Tais igrejas
não participam do mover de Deus porque os membros não
estão dispostos a se tornarem uni purês. O padrão de Deus é
unidade e não união.
Deus abomina aqueles que possuem um sorriso diplomático,
mas que, por trás, minam a visão, criticam os líderes e levedam a
massa com as suas atitudes rebeldes. Na equação da multiplicação
também existe subtração. Todo relacionamento de unidade
46 47
2 l DlAS PELA UNIDADE —— DESCUBRA í) POUHR I JK SFK UM COM SKUS IRMÃOS
é destruído por uma terceira voz: a voz da serpente no jardim.
Subtração é tão importante quanto a multiplicação. O banheiro é
tão necessário quanto a cozinha em uma casa. Remover pessoas
erradas é tão importante quanto estabelecer as pessoas certas.
Salomão disse: "Lança fora o escarnecedor, e com ele se irá a
contenda; cessarão as demandas e a ignomínia" (Pv 22.10).
Existem pessoas com problemas, mas há pessoas que são um
problema. Nunca mandamos embora pessoas com problemas,
mas tiramos aquelas que são um problema. As batatas que se
recusam a ser cozidas e amassadas precisam ser removidas
DEVEMOS TER UM MESMO PARECER
Além de ter o mesmo falar e a mesma disposição mental,
Paulo diz que devemos ter o mesmo parecer, ou seja, a mesma
opinião. Alguns supõem que isso seja uma impossibilidade. Eles
dizem que não conseguem ter a mesma opinião nem como marido
e esposa, como terão a mesma opinião na igreja?
Não precisamos ter a mesma opinião sobre política, times de
futebol ou qualquer outra coisa natural. O que Paulo diz é que
devemos ter a mesma opinião nas questões espirituais. Se o
assunto é salvação, enchimento do Espírito, vida eterna ou novo
nascimento, todos nós devemos falar a mesma coisa. A respeito
de questões de fé temos de falar o mesmo. Em uma igreja local
não pode haver dois pensamentos ou dois pareceres, todos nós
temos a mesma opinião.
Naturalmente, Paulo tinha em mente a Palavra de Jesus de
que um reino dividido não pode subsistir. Se a igreja vai pré-
A U N i L J A D l - NO l ]ORI'O
valecer, ela precisa caminhar em unidade. O inimigo sabe que a
única forma de ele prevalecer contra a igreja é produzindo
divisão no meio do corpo.
Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse:
Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e
toda cidade ou casa dividida contra si mesma não
subsistirá. (Mt 12.25)
A pergunta de Jesus foi muito clara: "Se satanás está dividido,
como subsistirá o seu reino?". O mesmo princípio se aplica a nós.
Se formos divididos, não podemos prevalecer contra o diabo.
Como prevalecerá a nossa obra? Antes de avançarmos como
igreja local, precisamos ter unidade.
Gosto daquele cântico do Asaph Borba que diz: "Na força do
Espírito Santo, nós proclamamos que pagaremos o preço de
sermos um só coração no Senhor". Certamente, existe um preço a
ser pago para termos unidade em nossa localidade.
O primeiro preço a ser pago é rejeitar as preferências pessoais.
Um grande fator de separação e divisão são as preferências
pessoais. Se queremos servir a Deus, temos de servi-Lo de acordo
com Suas escolhas e preferências para nós. Naturalmente, ter
preferências é normal e até inevitável, mas o problema surge
quando somente aceitamos ser edificados ou exortados por de-
terminado líder ou pastor e rejeitamos os demais. Se as prefe-
rências são alimentadas, em dado momento elas se tornarão
rejeição aos demais líderes da igreja.
O segundo preço a ser pago é reconhecer as diferenças e a
diversidade na Igreja. Sei que, quando falamos de unidade,
48 49
J U 21 DlAS l'Kl-A UNIDADfí —— DESCUBRA O PODER O K SER UM COM SEUS IRMÃOS
as pessoas tendem a entender como uniformidade. Mas isso é
um engano. Deus ama as diferenças e Ele nos fez diferentes
para que continuemos diferentes. Algumas igrejas têm tentado
produzir unidade gerando clones. A vontade de Deus é que
geremos filhos. Filhos se parecem conosco, mas não são
exatamente iguais a nós. O clone por outro lado é uma cópia.
Filhos são frutos de amor, mas clones são frutos da arrogância e
da vaidade. Eu me acho tão maravilhoso que concluo que o
mundo deveria ter pelo menos meia dúzia de mim. O clone é
um monumento à vaidade e à soberba do homem.
Se todos fôssemos clones, certamente haveria unidade, mas
não haveria diferença e diversidade. Como somos todos filhos,
então temos as diferenças e agora precisamos pagar o preço
para termos unidade.
Finalmente, gostaria de falar sobre algo bem sensível. Estar
em unidade é viver um tipo de aliança com os líderes e com os
irmãos. Ouço em alguns lugares líderes dizendo serem discípulos de
pastores de outras igrejas. Ora, se você está aqui, o seu líder, ou
discipulador, também precisa estar aqui. Não posso admitir que
um de meus pastores pastoreie aqui, mas seja discípulo de um
pastor de outro lugar. Isso é confusão. E como a mulher casada
que recebe dinheiro de outro homem. Ë plantar duas sementes
diferentes em um mesmo campo. Confusão é Babel, o resultado da
separação e da perda da unidade. Confusão na Palavra de Deus
é caos. Deus não pode agir no meio da confusão.
Evidentemente não estou dizendo que você não pode aprender
com outros. Podemos e devemos aprender com muitos, mas só po-
A UNIDADF NO CORPO
demos ser discípulos de um pastor. Só há unidade onde as ovelhas
são discípulas do pastor. Não adianta ter pessoas conosco que são
discípulas de outrem. Não pode haver entre nós pessoas seguidoras
de outras visões. Se o seu discipulador não está aqui, então vá aonde
ele está.
Se alguém tem vindo à nossa igreja para aprender e até se diz
meu discípulo, mas está ligado a outro pastor e outra localidade,
essa pessoa está fazendo algo muito sério. Ela está sendo uma
batata fora da panela, pois não faz parte do purês aqui. Está
tentando edificar uma obra dentro de outra obra, uma igreja
dentro de outra igreja. Tudo isso é confusão, a qual resultará em
divisão. Tudo isso é prostituição espiritual.
Por fim, o último preço a ser pago pela unidade é entender
que você não determina a visão de sua igreja local. Por isso, não
tente mudar a visão de seus líderes. Se a sua visão é diferente,
procure um lugar que pratique a visão que você acredita. Essa
separação não é divisão, antes, é honestidade. A equação da
morte é esta: visão + visão = divisão.
Infelizmente, muitos crentes bem intencionados estão sendo
usados pelo inimigo para destruir a unidade resistindo a ser
discípulos de seus pastores. Receba a visão de seu pastor. Seja
um com a sua igreja local. Ame seus irmãos, mesmo eles sendo
tão diferentes de você. Ame seu pastor, mesmo que a visão dele
não seja tão grande quanto a sua. Pague o preço de ser um só
coração com os irmãos que Deus tem colocado junto a você.
Um homem visitava um hospício. O enfermeiro mostrava-
lhe pacientemente os vários setores daquela casa. Intrigado com
51
a desproporção entre o número de funcionários e o de enfermos
ali internados, o visitante perguntou:
— Vocês não têm medo de que os internos se amotinem c
agridam vocês? Afinal, eles são em número muito maior!
O enfermeiro respondeu:
— Oh! Não. Ninguém precisa ficar com medo. Os loucos
nunca se unem.
Sei que é difícil falar a mesma coisa, ter a mesma disposição
mental e o mesmo parecer. Mas não é impossível. Se assim
fosse, o Senhor não nos daria esse mandamento. Na força do
Espírito Santo, podemos ser um e, então, as portas do inferno
não nos resistirão e não haverá limites para tudo o que inten-
tarmos fazer como igreja local. Eu creio nisso. Você está unido
nesse propósito?
4° DIA
UNIDADE E UNANIMIDADE
Algum tempo atrás foi veiculada uma propaganda muito
interessante. Ela dizia: "Sonho que se sonha só é só um sonho;
mas sonho que se sonha junto já começou a se tornar realidade".
Isso é verdade porque, ao compartilhar com você o meu sonho e
começarmos a sonhar juntos, ele se transformará em um
projeto, um empreendimento, uma realidade.
Eu sonho com a Igreja, com um empreendimento celestial, no
qual o próprio Deus se une a gente como nós para sermos um teste-
munho de graça na Terra. Se muitos sonharmos juntos, a realidade
vem. Na verdade, é por isso que nossas células estão se multiplicando
a cada dia, pois é um sonho sonhado com muitos irmãos.
Quando sonhamos com uma igreja em células, nós não
sonhamos apenas com cultos nas casas. Os cultos são impor-
tantes, mas as células são um projeto para ser vivido em comu-
nidade no dia-a-dia. A igreja acontece onde estivermos. A igreja
acontece na caminhada ao final da tarde, no trabalho árduo, no
passeio no shopping ou comprando no supermercado. Estar em
uma célula é participar de uma família, é se reunir com aqueles
que possuem uma mesma natureza de vida, que compartilham e
ministram uma vida em comum.
E cortante a dor solitária, mas a lágrima solidária já é um
anestésico. Nada é mais triste que chorar sozinho; mas, se al-
guém chora conosco, já nos sentimos confortados. Nada pior
que uma vitória sem companheiros para celebrá-la. Quero de-
safiá-lo a experimentar a glória de viver a vida da igreja cheia
da comunhão e da unidade divina.
Todos sabem que desejamos nos multiplicar. Mas, que
adianta simplesmente multiplicarmos cultos nas casas? Que-
remos multiplicar células. Sonhamos com uma igreja forte e a
força da igreja está nas juntas, nos vínculos. Quando essas
juntas operam em harmonia, entendemos o poder que há na
unidade. Podemos ser muitos, mas, quando somos um, é que
verdadeiramente o Céu desce à Terra.
Queremos ser uma igreja que expresse amor e ande no ca-
minho da paciência e da tolerância mútua. Um povo alegre que
seja festeiro e festeje a vida abundante que tem recebido. Um
povo livre que ande na serenidade dos desafios de Deus. Um
povo abençoador que tem sido muito abençoado.
Sonhamos com um lugar onde seja gostoso estar por haver
ali um ambiente de amor e aceitação, porque todos entenderam
a graça e, por isso, graciosamente se aceitam. Mas ansiamos
também por um lugar cheio de unção e poder de Deus para que os
milagres pipoquem entre nós, assim como o milho explode na
panela quente. Afinal, sonhamos com uma comunidade onde
flua o sobrenatural.
Mas, para que tudo isso se torne realidade, precisamos estar
juntos em um mesmo propósito. Sem unidade, nada disso pode
acontecer. E por isso que estou desafiando você a sonharmos
juntos. Cada um pode ter seu próprio sonho. Mas, se deseja
edificar conosco, você precisa ter o mesmo coração e o mesmo
sonho que temos.
Nossa unidade se expressa na unanimidade. Nelson Rodrigues
disse uma das frases mais conhecidas em nosso país: "Toda
unanimidade é burra". A frase nega a si mesma, uma vez que, se
concordarem com ela, todos serão burros, ou seja, se a frase se
tornar uma unanimidade ela será burra. Nem preciso dizer que
é uma tolice.
Hoje em dia as pessoas pensam que, para serem inteli-
gentes, precisam ser "do contra". Imaginam que, se forem
discordantes, serão pensadores livres e originais. O problema é
que essa atitude destrói a unidade. Não existe unidade sem
unanimidade. A Palavra de Deus ensina que as coisas de
Deus são alcançadas na unidade de propósito, ou seja, na
unanimidade:
Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as
mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos
dele. (At 1.14)
Diariamente perseveravam unânimes no templo, par-
tiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições
com alegria e singeleza de coração. (At 2.46)
Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e
disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a
terra, o mar e tudo o que neles há. (At 4.24)
Para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. (Rm 15-6)
Todo o mover de Deus no Livro de Atos foi resultado de
uma única atitude: unanimidade. Por que todos eram unânimes
em um só propósito, Deus pôde agir no meio deles. O mesmo
princípio se aplica hoje. Só haverá mover entre nós se formos
unânimes como igreja local. Não pode haver voz discordante
entre nós. Não pode haver outros sonhos estranhos que
transformem nossa obra em um pesadelo.
Você precisa zelar pela unidade entre nós. Não permita que
pessoas se levantem em sua célula para questionar a visão ou a
liderança. Precisamos todos tocar a mesma canção em um
mesmo tom.
A palavra "unânime" vem do latim e significa uma mesma
alma. A palavra usada em Atos é homothymadón, no grego, que
literalmente significa "uma só mente, propósito e vontade".
No exército você já deve ter ouvido a respeito do moral da
tropa. O moral é a unanimidade. Um comandante jamais per-
mitirá que um soldado introduza alguma maneira diferente de
pensar no pelotão. Os soldados todos pensam a mesma coisa,
falam a mesma coisa e vivem pela mesma causa. Se alguém pen-
sar algo diferente ou for discordante, será cortado para o bem
do moral da tropa. Esse moral não pode ser visto na maioria
das igrejas hoje, mas precisa ser visto entre nós.
Existem quatro áreas nas quais precisamos ter uma uni-
dade prática. Essas áreas são também níveis que avançamos
na unidade.
ENSINO
O que podemos ver no Livro de Atos é que a obra prevaleceu
por causa da unanimidade em três áreas: a oração, a Palavra e o
Espírito. Tudo o que precisamos é oração, Palavra e Espírito
para conquistarmos a nossa geração, mas isso deve acontecer
com unanimidade.
Atos diz que a igreja perseverava unânime na doutrina e na
comunhão (At 2.42). É preciso que haja uma única doutrina em
nosso meio. O que é ensinado entre nós precisa ter o amém de cada
um. Se não houver essa unanimidade, a palavra não prevalecerá.
Sei que muitos vieram de outros grupos com diferentes en-
sinos, mas, se crê que foi Deus quem o trouxe para cá, você
precisa ser um conosco em tudo o que for ensinado aqui. Se
há algo que você discorda, mas ainda assim deseja estar conosco,
então é preciso guardar essa discordância só para você. Se
alguém ensinar algo diferente, estará quebrando a unidade da
igreja e bloqueando o mover de Deus entre nós.
Podemos ter diferentes opiniões e pareceres a respeito das
coisas naturais dessa vida, mas quando se trata das coisas da
igreja precisamos ter um único parecer.
58 592 I DlAS 1'F.l.A UN1DADF. —— DESCUBRA UNIDADK t. UNANIMIDADEO PODER DF. S K R UM COM SF.US IRMÃOS
Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-
vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de
amor e de paz estará convosco. (2Co 13.11)
Precisamos ter o mesmo ensino, no mesmo espírito e tudo isso
regado com oração. Mas, se não houver a chave da unanimidade,
nada acontecerá. Alguns anos atrás, batizamos mais de mil e cem
pessoas em um único dia. Dois anos depois batizamos quase três
mil depois de quarenta dias de jejum e quarenta dias de evange-
lismo. Tudo foi feito sem nenhum artifício, somente com Palavra,
Espírito e oração. O segredo é que, naqueles dias, havia uma
tremenda unidade entre nós. Nós éramos uma única voz, por isso
alcançamos tudo isso. O milagre está na unanimidade.
PRÁTICA
Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós
não temos tal costume, nem as igrejas de Deus. (ICo
11.16)
Porque Deus não c de confusão, e sim de paz. Como em
todas as igrejas dos santos. (ICo 14.33)
Todos nós sabemos que o ensino produz uma prática. A
nossa prática na igreja é resultado da revelação que temos tido
do Senhor no decorrer dos anos. Nossa prática deriva do ensino.
Não somos uma igreja em célula por mero modismo, mas por
uma profunda convicção espiritual.
Mas até mesmo nessa questão prática é preciso haver una
nimidade. Muitos pensam que podem liderar suas células da
maneira como bem entendem. Isso traz confusão e nos impede
de atingir o propósito.
Se, em um carro com cinco ocupantes, todos fossem motoristas,
como o carro poderia andar? Muitas vezes os que não estão no
volante são cheios de opiniões, são os motoristas do banco de trás.
Quando você está em um carro e não é o motorista, é melhor não
emitir opinião. Deixe o motorista livre para dirigir.
Se há algo que precisamos restaurar urgentemente é a una-
nimidade. Na verdade, o objetivo deste jejum é restaurar a
unanimidade para avançarmos no atual mover de Deus. Sem
unanimidade, nós absolutamente não estaremos qualificados
para fazer coisa alguma para o Senhor. Sem unanimidade, es-
tamos acabados e definharemos.
Precisamos avançar na prática da visão de células. Todas as
nossas células precisam ter a mesma prática, de acordo com o
ensino bíblico e com a cobertura pastoral.
Precisamos ter a mesma mente e a mesma vontade para o
mesmo objetivo, com a mesma alma e o mesmo coração. Mas,
quantos motoristas do banco de trás têm se levantado para dizer
que não devemos buscar tanto assim a multiplicação das células!
Não têm o mesmo coração, por isso desprezam nosso encargo.
Quantos têm acintosamente desrespeitado autoridades e outros
que nada dizem e toleram deslealdades contra a igreja!
Sem unanimidade, que diferença fará possuirmos células? Se
não vão todas na mesma direção, o que sobra é só uma estrutura
natural. O que traz o impacto é todas as células caminharem
em uma mesma visão, como um feixe de luz que se concentra e
se torna um laser. São os raios de sol que, direcionados pela
lente a um só ponto, produzem fogo. A força concentrada em
uma mesma direção é poder.
PENSAMENTO E PALAVRAS
Se tivermos diferentes maneiras de fazer as coisas, será difícil
preservar a unanimidade. Para manter a unanimidade, todos
temos de aprender a fazer a mesma coisa da mesma maneira.
Os ingredientes que constituem a única maneira do mover do
Senhor são oração e o Espírito que resultam na Palavra.
Todavia, a prática está associada ao nosso falar e pensar. Em
sua Primeira Carta aos Coríntios, Paulo exorta os irmãos para
que falem a mesma coisa: "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que
não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na
mesma disposição mental e no mesmo parecer" (ICo 1.10).
Somos claramente exortados a falar a mesma coisa. Dentro
da igreja local não pode haver mais de um falar. Não estou di-
zendo que devemos ter o mesmo gosto e opinião sobre as coisas
naturais, de fora da igreja, mas sim que, quando se trata das
coisas da igreja, o nosso falar deve ser o mesmo. Quando um
irmão resolve falar algo diferente, a unanimidade é quebrada e já
não conseguimos seguir o mover.
Para que possamos ter uma mesma palavra, precisamos antes
ter um mesmo pensar. É o que Paulo exorta aos filipenses:
"Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa,
tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo
sentimento" (Fp 2.2). Não podemos e nem queremos pensar a
mesma coisa com respeito a uma infinidade de coisas naturais,
mas, quando se trata das coisas do Espírito, precisamos todos
pensar a mesma coisa a ponto de sermos unidos de alma.
Que significa dizer que temos todos uma só mente? Isso quer
dizer que "logo, já não sou eu [...] mas Cristo [que] vive em
mim" (Gl 2.20). É Cristo, o Cabeça, vivendo em m i m. É inte-
ressante observar que tanto o falar quanto o pensar são funções
da cabeça e não do corpo. Como Corpo, temos que seguir um
único pensar e um único falar, o da cabeça, que é Cristo.
ESSÊNCIA E EXPRESSÃO
Dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas:
Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodicéia. Voltei-me para ver quem falava comigo e,
voltado, vi sete candeeiros de ouro. (Ap 1.11,12)
Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha
mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas
são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as
sete igrejas. (Ap l .20)
Apocalipse diz que Deus é a luz e o Cordeiro é a lâmpada
(Ap 21.23), mas agora sabemos que a igreja é o candelabro que
sustenta esta lâmpada. A função da igreja é sustentar o
testemunho. Esse é o propósito. Aqui, vemos Cristo andando no
meio dos candelabros de ouro. Esses candelabros possuíam
algumas características.
Em primeiro lugar, os candelabros eram de ouro. Em tipo-
logia, o ouro simboliza a natureza divina, a unção e a glória de
Deus. Isso significa que eles tinham a mesma essência. A
essência de tudo o que fazemos em nossa igreja é ouro. Para
nós, a presença e a unção do Espírito são vitais em nossas reu-
niões, aulas, aconselhamentos e tudo o mais. Qualquer líder ou
irmão que não valorize essa essência não entendeu que ela é
fundamental para sermos um único candelabro. A unanimidade
depende de todos fluírem na mesma unção.
Em segundo lugar, vemos que esses candelabros estão res-
plandecendo no meio das trevas deste mundo. Há uma expressão
de glória visível a todos. A expressão deles é a mesma. Isso
significa que, apesar de sermos milhares de células na cidade,
ainda assim precisamos ser uma única expressão. Muitos líderes
ainda são independentes e vaidosos e procuram fazer com que a
sua célula seja diferente. Às vezes, não seguem o ensino
proposto, outras vezes se abrem para práticas estranhas a nós, o
que produz mais uma vez a quebra da unanimidade.
Poucas pessoas têm o discernimento da importância de ter-
mos uma voz unânime para seguirmos o mover de Deus, mas
isso é absolutamente fundamental. Se quisermos colher frutos
em uma medida como ainda não vimos, precisamos trabalhar
em todos esses pontos: um só ensino, uma só prática, um só
pensar e falar, bem como uma só essência e expressão.
5° DIA
O POVO É UM
A Palavra de Deus diz que não há limites para uma unidade
consagrada e um propósito apaixonado. "E o SENHOR disse:
Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é
apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que
intentam fazer" (Gn 11.6). Quando temos a mesma linguagem e
somos um em propósito, Deus mesmo diz que não haverá
restrição para tudo que intentarmos fazer.
Caminhamos em unidade de língua, propósito e obra. A
unidade é um valor inegociável para nós. Sabemos que visão
mais visão sempre é igual a divisão. Essa é a equação da morte.
Em Gênesis, a conclusão do Senhor foi clara: se o povo é um, e
se todos têm a mesma linguagem, então não haverá restrição
para tudo que intentarem fazer (Gn 11.6).
E uma grande ironia que encontremos uma das maiores
lições de unidade justamente no projeto da torre de Babel.
Certamente a construção da torre era algo que ia contra a vontade
de Deus, mas apesar dos erros, é em Babel que Deus se
pronuncia revelando um dos maiores segredos do sucesso de
qualquer empreendimento coletivo: "Essa gente é um povo só, e
todos falam uma só língua. Isso que eles estão fazendo é só o
começo. Logo serão capazes de fazer o que quiserem". Unidade!
Esse é o segredo. Unidade no entendimento, no projeto, no
processo, nos esforços.
Todos nós já ouvimos algum dia em uma passeata um mote
que é repetido exaustivamente pêlos militantes: "O povo unido
jamais será vencido". Semelhante ao que disse Jesus: "uma casa
dividida contra si mesma não prospera". A fragilidade de
qualquer igreja local está justamente neste ponto, na divisão.
Igrejas fortes são igrejas completamente unidas.
Mas o que vemos muitas vezes é dispersão no lugar de uni-
dade, competição em vez de cooperação, subtração e divisão no
lugar de soma e multiplicação, difamação em vez de sujeição e
submissão. No lugar de uma só língua ouvimos muito barulho; e
em vez de termos um só coração e mente, vemos muitas caras
amarradas cheias de opiniões e reclamações.
Evidentemente estamos construindo uma igreja e não uma
torre. Não queremos erguer algo para chegar ao céu, mas queremos
chegar até os confins da terra para declarar ali que "o reino de
Deus chegou". Queremos ser um só povo, falando uma só
língua. E até agora tudo o que temos feito é apenas o começo,
mas aguardamos o veredicto de Deus de que agora não haverá
limites para aquilo que intentarmos fazer.
Na passagem de Gênesis podemos ver os três níveis de uni-
dade: a unidade de linguagem, a unidade de propósito — pois o
povo era um — e, por fim, a unidade de obra — pois não
haveria limites para o que intentassem fazer. Essa é a unidade
que abalará os fundamentos do interno.
l. O POVO É UM (Fp Z.1,2)
Ser um povo unido em um só propósito não é algo simples de
ser alcançado. Paulo mostra que tal unidade é fruto de um
processo: "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma
consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há en-
tranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de
modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais
unidos de alma, tendo o mesmo sentimento".
Há uma diferença entre união e unidade, e aqui reiteramos
aquilo que já foi discutido antes: união é ter muitas batatas no
mesmo saco, enquanto unidade é ter as batatas cozidas e amas-
sadas na forma de um purês dentro do prato. A união não é di-
fícil, basta colocar as batatas juntas. Mas, para termos unidade, as
batatas precisam passar pelo rogo, ser descascadas e, por fim,
amassadas juntas. O fogo aponta para o Espírito, o descascar é
abrir mão do orgulho e o amassar é o quebrantamento. A
unidade, portanto, tem um preço de fogo e quebrantamento.
Só assim podemos falar a mesma coisa c termos a mesma
disposição mental. O próprio Senhor Jesus disse que um reino
dividido não pode subsistir: "Jesus, porém, conhecendo-lhes os
pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará
deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não
subsistirá" (Mt 12.25).
Nós somos uma igreja e participamos de um único objetivo.
Nenhum de nós pode estar aqui para servir aos próprios inte-
resses. Nosso propósito é sermos uma expressão do Senhor em
nossa cidade e tocarmos a nossa geração através de células que se
multiplicam. Precisamos ser profundamente marcados por isso.
Embora tenhamos um único Deus, podemos ter objetivos
diferentes. Se tivermos objetivos diferentes seremos divididos.
Qual é o seu objetivo? E fazer um nome para si mesmo? Ë
ser famoso? E edificar alguma outra coisa entre nós? Estamos
nesta cidade para representar o Senhor em autoridade espiritual e
expressá-lO como uma igreja de vencedores. Se houver entre nós
unidade, teremos uma forte base para declarar diante do mundo
espiritual, de satanás e seus demônios, que permanecemos
unidos em um propósito prevalecente e que não haverá restrição
para nós.
Depois da confusão de Babel lemos que a humanidade se
dividiu. No início os homens se dividiram "segundo as suas
famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas na-
ções" (Gn 10.31). Observe os quatro estágios de uma divisão.
Isso é muito ilustrativo, pois essa mesma forma de divisão
procura nos atacar como Igreja. Primeiro vem a divisão por
família, depois por causa de línguas, o resultado é a formação de
territórios e nações.
O que são famílias? Literalmente significa um relaciona-
mento na carne. Muitas pessoas não se importam com Deus e
com o Seu propósito. Eles se importam unicamente com sua
família. Porque eles são um com sua família? Porque a sua família
são os seus parentes, são aqueles que lhe são mais próximos. A
mesma coisa pode acontecer na Igreja. Muitas divisões são
causadas por relacionamentos carnais. Todo relacionamento
carnal é o germe de uma divisão. Mesmo não fazendo parte de
uma mesma família, podemos ter um relacionamento carnal
com alguns. Quando alguém diz que ama certo irmão porque é
o tipo de pessoa que ele gosta, um relacionamento de acordo
com o seu gosto carnal está sendo criado.
Outra causa de divisão são as línguas. Língua não é somente
idioma, é também expressão de conceitos. Línguas surgem
dentro da Igreja por causa de opiniões. Isso nos leva a falar
línguas diferentes. Precisamos atentar para que ninguém co-
mece a falar diferentemente entre nós. A exortação de Paulo é
para que falemos a mesma coisa, ou seja, tenhamos uma só
linguagem (iCo 1.10).
E as terras, o que simbolizam? Terras são territórios. E terrível
quando certos irmãos presumem que certos espaços dentro da
igreja são exclusivamente deles. Eles julgam ter um território. Não
há espaços cativos entre nós, pois sempre que alguém se levanta
para defender uma posição ou território ali, nos dividimos.
Lembro-me no passado de ver um departamento brigando com
outros porque estavam pegando os seus membros. Não éramos
uma igreja, mas um território loteado. Até mesmo uma divisão
de departamentos pode resultar em divisão. Por
isso todos nós fazemos a mesma coisa na igreja: cuidamos dos
irmãos nas células.
As nações são a consumação de uma divisão. Uma nação é o
lugar onde havia um rei. Depois que territórios são separados e
adquirem sua própria linguagem, surgi alguém para reivindicar
autoridade. Veja que tudo isso é um processo: primeiro nos
separamos por preferências entre irmãos, depois começamos a
falar de forma diferente. Se isso não for corrigido, começaremos a
nos dividir em territórios; no final, alguém irá se levantar
postulando uma posição de liderança e arrebanhará a muitos,
criando uma divisão.
Não permitimos que esse processo maligno se desenvolva
entre nós. Somos determinados em manter a unidade a qualquer
preço. A unidade é o segredo do poder da Igreja. Somente quando
há completa unidade é que as portas do inferno não podem nos
resistir. Não há limites ou restrições para um grupo que tem
unanimidade de propósito.
Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do
frio. Os porcos-espinhos perceberam a situação e resolveram
juntar-se em grupo. Assim, se agasalhavam e se protegiam mu-
tuamente. Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros
mais próximos, justamente os que forneciam mais calor. Por
isso, tornaram a se afastar um dos outros. O resultado foi que
voltaram a morrer congelados. Eles precisaram fazer uma
escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos
dos semelhantes. Sabiamente, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam a conviver com as pequenas feridas que uma re-
lação muito próxima podia causar, já que o importante era o
calor um do outro. E, dessa forma, puderam sobreviver.
A frieza e a friagem nos assolam, precisamos nos manter
aquecidos e até incendiados, mas isso só será possível se nos
mantivermos juntos. É como uma brasa: se ela fica sozinha, se
apaga. A proximidade e a comunhão, porém, têm um preço:
pequenas feridas sempre surgem quando nos aproximamos e
nos relacionamos.
2. TODOS TÊM A MESMA LINGUAGEM
Você sabe porque as aves voam em bandos? Porque, à medida
que cada ave bate suas asas, ela cria uma sustentação para a ave
seguinte. Voando em grupo elas conseguem voar uma distância
pelo menos 70% maior do que se cada ave voasse isoladamente.
Da mesma forma, quando pessoas que compartilham de um
mesmo sonho e uma mesma direção andam juntas, elas chegam
mais rápido, porque juntas elas produzem um ambiente positivo
de fé. Sabemos que há segurança no grupo, na comunhão, e
poderemos viver a vida cristã mais facilmente se o fizermos na
formação do grupo.
O Livro de Gênesis nos diz que o povo que construía a torre
era um e tinha o mesmo falar, por isso, não haveria restrição
para tudo o que intentassem fazer (Cn 11.6). Paulo orienta os
coríntios dentro do mesmo princípio: falar a mesma coisa, ter a
mesma disposição mental e o mesmo parecer.
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
raleis todos a mesma coisa e que não haja entre
vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma
disposição mental e no mesmo parecer, (lCo 1.10)
Não basta termos unidade de propósito, precisamos também
ter unidade de linguagem. E preciso falar a mesma coisa. Falar a
mesma coisa significa ter o mesmo coração.
E uma maldição ser faccioso e falar diferentemente. Se você
for faccioso, será o primeiro a sofrer a maldição. Se você falar
diferente, primeiramente sentirá seu espírito embotado por causa
da morte e depois sentirá o peso da maldição por ter tocado no
Corpo de Cristo. Ninguém pode tocar no Corpo de Cristo
impunemente. Paulo diz que aquele que destrói o corpo também
será destruído: "Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o
destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado"
(iCo 3.1).
Jamais vi um só faccioso que não tivesse sofrido perdas.
Tenha cuidado com o pensamento faccioso. Na Igreja devemos ter
uma única maneira de falar porque temos uma única mente. Os
homens de mente facciosa e mundana nos criticam porque
falamos a mesma coisa e temos os mesmos conceitos. Embora
digam que isso é terrível, nós sabemos que isso é maravilhoso,
pois é o sinal da unanimidade no Espírito entre nós.
A maldição sempre resulta em confusão. Se em nossa igreja há
diferentes idéias e opiniões sobre a obra de Deus isso é um sinal de
que a maldição está vindo sobre nós. A bênção de uma vida ordenada
por Deus para sempre está sobre a unidade: "Oh! Como é bom e
agradável viverem unidos os irmãos! f...] Ali, ordena o SENHOR
a sua bênção e a vida para sempre" (SI 133.1;3b).
Eu ouço o barulho do chocalho da calda da serpente quando
ouço : "não concordo com isso", ou "não penso assim", ou "não
gosto daquilo". Essa é a lamentável condição da maioria das
igrejas; mas, se queremos ser uma expressão do reino, devemos
caminhar com um único pensar.
Ninguém deseja saber a sua opinião. Nem mesmo Deus deseja
saber a sua opinião. A única pessoa no universo inteiro que se
importa com a sua opinião é você mesmo. Se você soubesse como
ser opinativo destrói a unidade do corpo, certamente mudaria. Mas
alguém pode se levantar e dizer: "Mas, isso é um absurdo! Vou ter
de concordar com tudo calado? Isso já é manipulação!". Não é nada
disso.
Não quero que a minha opinião prevaleça. Ela também não
interessa a ninguém e não serve para nada na edificação do
Corpo. A Igreja não é edificada com a minha opinião ou com a
sua, mas ela é edificada quando sabemos a vontade de Deus. Não
emita opinião, fale qual é a vontade de Deus. Se você
desconhece a vontade de Deus em uma determinada questão,
então, cale-se.
Certa vez um casal veio até mim buscando aconselhamento.
Eles estavam imersos em um grande conflito. O marido havia
recebido uma proposta para trabalhar no norte do país para
ganhar bem mais e ainda ter casa e carro. Ele via aquilo como
uma grande oportunidade para dar uma vida melhor para sua
família. Ao ouvi-lo, achei que ele tivesse razão. Depois, sua
esposa se levantou e mostrou que eram novos na fé, iriam ficar
longe da igreja e da família e que ela estava para dar a luz e
ainda ficaria sozinha para cuidar do filho recém-nascido. Ela
disse que preferia ganhar menos, mas ficar na cidade. Ela tam-
bém me pareceu certa.
Como decidir? Casais carnais sempre se posicionam para des-
cobrir quem tem razão, a quem pertence a melhor opinião; e eles
ainda queriam me colocar nessa "sinuca". Mas então eu lhes disse:
"Que importa a opinião de cada um? Mesmo que a opinião de
ambos pareça boa, a nós deve interessar somente a vontade de
Deus e, pode ser que a Sua vontade não seja nem aqui e nem lá. Se
ajoelhem e orem se submetendo à vontade de Deus; Ele certamente a
revelará a vocês". Depois disso a divisão entre eles acabou, pois
ambos tinham um coração para buscar a vontade de Deus.
O mesmo deve acontecer na igreja: a maneira como lidamos
com as centenas de opiniões, todas aparentemente corretas, é re-
jeitando-as e nos curvando diante de Deus em unidade para saber a
Sua vontade. Quando alguém falar da parte de Deus, os demais
certamente sentirão no espírito o testificar de que aquela é a Palavra de
Deus. Opiniões produzem morte e divisão, mas a busca humilde da
vontade do Senhor traz vida e unidade. Seja pela vida.
3. NÃO HAVERÁ RESTRIÇÃO PARA TUDO QUE INTENTEM FAZER
O inimigo não pode resistir à unidade consagrada. As portas
do inferno não nos resistirão se formos um purês de batatas ao
invés de um monte de batatas reunidas aos domingos em um
mesmo saco.
Conta-se que em uma marcenaria houve uma estranha
assembléia. Foi uma reunião de ferramentas para acertarem suas
diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes
o notificaram que teria de renunciar. A causa? Fazia demasiado
barulho, além do mais, passava o tempo todo golpeando. O
martelo reconheceu sua culpa, mas pediu que também fosse
expulso o parafuso sob a alegação de que este dava muitas voltas
para conseguir falar algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez,
pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no trata-
mento com os demais, entrando sempre em atrito. A lixa acatou,
com a condição de que expulsassem o metro, que sempre media
os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.
Nesse momento entrou o marceneiro, juntou o material e
iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o
parafuso. Finalmente a rústica madeira se converteu em um
fino móvel. Quando ele terminou e a marcenaria ficou só no-
vamente, a assembléia reativou a discussão. Foi então que o
serrote tomou a palavra e disse: "Senhores, ficou demonstrado
que todos temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas
dificuldades e com os nossos pontos valiosos. Assim, não
pensemos nos nossos pontos fracos, mas concentremo-nos em
nossos pontos fortes".
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso
unia e dava força, a lixa era especial para l imar e afinar as
asperezas, o metro era preciso e exato e cada ferramenta tinha
sua utilidade. Sentiram-se então como uma equipe capaz de
produzir móveis de qualidade. Agora não haveria restrição para
tudo o que intentassem fazer.
Gn 11.6
6° DIA
A UNIDADE NO EXERCITO
Pois também se a trombeta der som incerto, quem se
preparará para a batalha? (lCo 14.8)
Ninguém considera uma batalha como algo sem importância,
insignificante. Ao travar uma batalha, um exército precisa de
moral, de união para a luta. A fim de manter esse moral, é preciso
eliminar até mesmo a pequena dissensão sobre o menor assunto. Se
aquela pequena conversa não for eliminada, o moral será anulado e,
conseqüentemente, a unanimidade será destruída. O resultado é
que, por falta do moral, o exército pode perder a batalha.
Tudo isso nos mostra a seriedade de um ministério na casa
de Deus. É ele quem faz soar a trombeta para o exército sair
para a guerra (Nm 10.9; Jz 7.18). O trombetear para a guerra é
um símbolo do liberar da Palavra hoje no meio da Igreja. Ig-
norar a Palavra ministrada é o mesmo que ignorar a trombeta
soada para a batalha. Se os soldados começassem a discutir
sobre a trombeta em vez de obedecerem ao comando, o inimigo
certamente os derrotaria.
Temos de perceber que a Igreja do Senhor é um exército
combatente. Estamos fazendo algo mais sério do que qualquer
batalha na Terra. Estamos lutando contra satanás, o inimigo de
Deus. A Igreja é o exército de Deus e isso está muito claro no
Livro de Efésios, que mostra muitas ilustrações da Igreja como: o
Corpo de Cristo, a família de Deus, o edifício de Deus e o novo
homem. Mas, no final do Livro, Paulo diz que a Igreja é
também um exército para combater o inimigo. Ele nos mostra
claramente como deve ser a armadura desse exército. A Igreja
não é um mero grupo de pessoas reunidas para um culto, mas
sim o exército de Deus posicionado em um tempo de guerra
para trazer o reino de Deus à Terra.
A Igreja certamente é o exército do Senhor e a característica
mais marcante de um exército é o respeito à autoridade. Sem
autoridade e submissão, não há como um exército seguir para a
batalha. O mesmo princípio se aplica à Igreja. Quando não há
uma ordenação clara de autoridade, não podemos prevalecer
contra o inimigo. Onde há rebeldia e insubmissão, na verdade, o
inimigo já tem levado vantagem.
Um cidadão pode dizer muitas coisas e criticar o governo ou as
forças armadas, mas quando ele entra no exército e se torna um sol-
dado, ele perde o direito de dizer qualquer coisa. E possível debater e
até brigar no senado, mas até um senador, ao se tornar um solda-
do, precisa ficar quieto. Não há som incerto no exército. A igreja e
o ministério não são como o senado, onde qualquer um chega e
expressa sua opinião. No ministério, nós somos completamente
preenchidos com um espírito de luta, de batalha espiritual.
Isso, evidentemente, não significa que os pastores controlam as
pessoas, mas significa que os membros entendem esse princípio e
espontaneamente se submetem à liderança na Casa de Deus.
Entender o espírito de guerra espiritual em que vivemos implica
também em reconhecer que o ponto central do exército é a
submissão. Se já temos o espírito de guerra, precisamos agora
receber o espírito de submissão. Somente pela submissão
podemos ser um exército unido na batalha, com um moral
elevado pela unanimidade. Muitos não têm percebido como o
inimigo sorrateiramente tem infectado a Igreja com o espírito de
rebeldia disfarçado em críticas e opiniões aparentemente
inofensivas e até bem intencionadas. E tempo de nos unirmos
para a peleja e eliminarmos toda dissensão entre nós.
Você se considera uma pessoa submissa? Gostaria de expor
alguns pontos que mostram as características de uma pessoa
realmente submissa. Lembre-se que somente irmãos submissos à
autoridade podem ser úteis na obra de Deus e que a insubmissão
destrói a unanimidade, impedindo-nos de avançar no mover do
Espírito.
SlNAIS DE UMA PESSOA SUBMISSA
A maioria das pessoas na Igreja se considera submissa, mas
qual é o nível dessa submissão? Se um pastor exorta uma irmã
por causa de seu namoro com um incrédulo e ela simplesmente
rejeita a exortação, ela está sendo rebelde. Se um líder recebe a
orientação para ministrar em sua célula o esboço do boletim e,
de forma independente, ele resolve seguir outra direção, está
sendo rebelde. Mas quantos admitem serem rebeldes nessas
situações? Eles imaginam que podem simplesmente ignorar a
direção do pastor e agir com independência, mas o que não
percebem é que aquela rebeldia está minando a unidade da igreja
como exército.
Ignorar orientações, não executar as direções dadas, rejeitar
convocações espirituais, falar mal dos pastores ou permitir que
outros o façam, são expressões comuns de rebeldia entre nós. Mas
quantos possuem sensibilidade espiritual para perceber isso?
Qual soldado ignora as ordens de seu comandante? Isso não
acontece porque eles entendem o que é submissão. Todavia, no
exército da Igreja, às vezes temos de implorar para alguns
obedecerem a uma ordem. Precisamos mostrar a eles todas as
vantagens e tudo o que eles podem alcançar se obedecerem à
direção dada.
Imagine se um capitão tivesse que parar para persuadir um
soldado sempre que precisasse lhe dar uma ordem? Todavia,
hoje, na igreja, as pessoas somente se submetem se concordarem
com a direção ou visão da liderança. Ora, se apenas nos sub-
metemos quando concordamos é porque não nos submetemos,
apenas fazemos o que achamos melhor. Que o Senhor nos abra os
olhos nestes dias para termos revelação da autoridade no
Exército de Deus.
I. ELE RECONHECE FACILMENTE A AUTORIDADE
Quem tem revelação da importância da autoridade não vive
solto e sem restrição. Ele busca se submeter de coração e não
apenas por obrigação.
Há muitas autoridades na Igreja. Elas estão acima de você e
você tem de aprender a submeter-se a elas. Uma pessoa submissa
reconhece a autoridade quando a encontra. Ao encontrar a
autoridade em outra pessoa, ela procura se submeter imediata-
mente; não fica analisando com cuidado, antes de se submeter a
ela, para depois decidir se tal pessoa é digna de submissão. Se
você pára para pensar se uma pessoa é digna de submissão, então
você está lidando com pessoas e não com o princípio da
autoridade espiritual que procede de Deus.
Se você nunca encontrou alguém suficientemente bom e capaz
para ser autoridade sobre você, essa é a prova de que você é
rebelde e arrogante. Aquele que é submisso sabe que a sua sub-
missão não depende da perfeição do líder, mas da autoridade que
lhe foi delegada. Ele sabe também que aquele que se rebela contra
um líder se levanta contra toda a autoridade da igreja local e, no
final, se levanta contra o próprio Deus, pois as escrituras
afirmam que toda autoridade procede de Deus. Paulo diz:
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as
autoridades que existem foram por ele instituídas. De
modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos condenação. (Rm 13. l ,2)
21 D ï A S !'E1.A UNIDADE —— DhSCUBRA O !'ODEK DK S K R UM COM SEUS IRMÃOS
z. UMA PESSOA SUBMISSA NÃO É INDEPENDENTE
Ser independente é achar que ninguém é autoridade sobre si e
que se é auto-suficiente e se pode fazer qualquer coisa na igreja
sem o conselho e a orientação de ninguém. Você consegue
perceber a arrogância dessa atitude? Todo rebelde é também
muito arrogante.
Infelizmente, temos até mesmo líderes de célula independentes.
Fazem o que bem entendem como se não tivessem de prestar
contas a ninguém, rejeitando a instrução e a exortação.
Não estou sugerindo que você seja dependente de pessoas ou
de líderes. O que quero dizer é que você precisa prestar contas
dentro da igreja. Não somos independentes, somos ligados uns
aos outros como os membros do Corpo. Aprecio o seu desejo
de liderar uma célula, mas é triste quando o vemos abrir uma
célula de forma independente e desprendida do Corpo. Inde-
pendência é um grande sinal de rebeldia.
Deus não aceita fogo estranho. Lembra-se de Nadabe e
Abiú? (Lv 10.1,2). Eles ofereceram fogo estranho diante de
Deus e foram consumidos. Fogo estranho é aquele que tem
origem em nossa presunção e independência.
Com relação à submissão, o pecado pode ser de dois tipos;
presunção e desobediência. Desobediência quando Deus nos
manda fazer algo e não fazemos; presunção quando Deus não
mandou e fazemos assim mesmo.
O trabalho deve ser uma coordenação de autoridade. Deus
havia estabelecido Arão como sumo sacerdote e seus filhos sob
a sua liderança. Observe o que Levítico fala de Arão e seus
filhos. Quando os filhos resolveram oferecer sacrifícios fora da
coordenação de seu pai, aquilo se tornou fogo estranho e o
resultado foi morte (Lv 8 e 9).
A conseqüência imediata da rebeldia é a morte. Qualquer
pessoa que sirva a Deus sem discernir a autoridade, oferece fogo
estranho. Quando alguém age de forma independente, fora da
coordenação da autoridade na igreja, está oferecendo fogo estra-
nho, mesmo que esteja fazendo algo como liderar uma célula.
3. AQUELE QUE CONHECE AUTORIDADE NÃO PROCURA SER
AUTORIDADE
Na Igreja, sempre existem aqueles que procuram posição,
mas fogem da responsabilidade. Há aqueles que procuram
status e títulos e presumem que a autoridade seja algo para se
desfrutar. Aquele que conhece autoridade não busca ser
autoridade, ele entende que, com ela, vem a responsabilidade
diante de Deus.
Aquele que é submisso procura cuidar do seu líder porque
entende o peso espiritual da função que o líder exerce. Ele
procura ser alívio e não um peso a mais, procura ser parte das
soluções e nunca dos problemas.
Os rebeldes procuram dificultar a vida do líder porque querem
que ele pague algum preço pelo status que possui. Isso mostra
que a rebeldia sempre vem acompanhada da inveja. Todo
rebelde inveja a posição do líder, por isso tenta minar a sua
autoridade. Ele supõe que, se provar a incapacidade do líder,
80 81
todos perceberão que ele é quem deveria estar em uma posição
elevada. São pessoas naturais e egocêntricas, sem encargo al-
gum pelo coração de Deus.
Tenha muito cuidado. Todo esse processo começa quando
começam a perceber muitos erros cometidos pelo líder e começam
a falar como as coisas estão ruins e poderiam ser melhores. No
momento seguinte, começam a pensar que seriam capazes de
fazer melhor do que o líder. Enchem-se de opiniões e críticas,
supondo serem capazes de fazer melhor do que ele.
Depois, vem a indagação: "Se eu vejo os erros e posso fazer
melhor, porque ele ainda é o líder? Se não posso tomar o lugar
dele, também não preciso me submeter a ele". Esses são os es-
tágios normais do pensamento rebelde. Lembre-se que todo re-
belde é também invejoso, como foi lúcifer, que quis subir acima
das mais altas nuvens movido por sua inveja do Altíssimo.
4. AQUELES QUE SÃO SUBMISSOS SÃO TARDIOS PARA OPINAR
Aqueles que rapidamente emitem a sua opinião mostram um
coração independente e uma vaidade de expor constante-mente
suas considerações. Tal vaidade e independência mostram um
coração que tem dificuldade de se submeter. Aquele que é
submisso deseja ouvir a opinião da autoridade antes de expor a
sua própria e só o fará se realmente for contribuir para ajudar a
resolver problemas.
Pessoas cheias de opiniões querem na verdade ter autoridade,
mas nem entendem como a autoridade é estabelecida. Uma
pessoa torna-se autoridade na obra do Senhor por conhecer a
vontade, a mente e os pensamentos de Deus. Não nos tornamos
autoridade baseados em nossas próprias opiniões e idéias, mas
sim compreendendo a vontade de Deus. Nunca devemos esperar
que as pessoas se submetam à nossa própria opinião, elas nos
seguem porque percebem que falamos aquilo que é a mente e a
vontade de Deus.
A extensão de nossa autoridade é a exata medida do nosso co-
nhecimento da vontade de Deus. Ninguém é reconhecido como
autoridade na igreja porque tem muitas opiniões ou idéias inteli-
gentes. Na verdade, o que mais tememos na igreja são aquelas pessoas
que se julgam inteligentes e presumem ter idéias e opiniões
superiores. Quando for dar uma opinião, fale da parte de Deus o
que está na mente dEle. Ninguém quer saber a sua opinião. Na
verdade, nem Deus quer saber a sua opinião, mas todos desejam
saber o que vai no coração do Pai. É triste dizer, mas, no mundo
todo, o único que aprecia a sua opinião é você mesmo. A Casa de
Deus é edificada quando alguém fala da parte de Deus.
5. A PESSOA SUBMISSA É MUITO SENSÍVEL A REBELIÕES E
INIQÜIDADES
A pessoa que conhece a autoridade sabe o quanto a rebelião
contamina. Na verdade, o homem submisso é aquele que foi
tratado por Deus em sua rebeldia. Por isso, ele sente temor
quando percebe outros agindo dessa forma, pois sabe o custo
do tratamento.
Mas o que você sente quando alguém age com rebeldia? Fica
do lado dela? Concorda com suas idéias? Fica calado? Infeliz-
mente, é um fato da vida que Jacó sempre vai procurar Labão
e Maria sempre vai procurar Isabel. Os semelhantes se atraem
no mundo espiritual; o profundo atrai o profundo, mas o raso
atrai o superficial.
Certa vez, um de nossos obreiros recebeu uma cantada
maliciosa de uma mulher. Ele ficou indignado e veio me contar
o ocorrido. Eu o elogiei pela sua indignação, mas lhe fiz a
seguinte pergunta: "Por que a mulher se sentiu à vontade para
falar com você essas coisas?". É a mesma pergunta que faço
àqueles irmãos que constantemente estão envolvidos com
pessoas rebeldes. Se pessoas rebeldes sentem liberdade para
falarem mal da autoridade perto de você, vezes seguidas, deve
ser porque você concorda com as idéias delas. Mesmo o seu
silêncio é uma concordância.
Se você não é sensível para perceber quando alguém está
sendo rebelde, isso significa que a rebeldia ainda não foi tratada
por Deus em sua vida.
6. AQUELE QUE É SUBMISSO CONSEGUE LEVAR os OUTROS À
SUBMISSÃO
A primeira lição de um servo de Deus é submeter-se à au-
toridade. Precisamos ver que há autoridade em todo lugar: em
casa, na escola, no trabalho, na sodedade etc. O problema é que
muitos vêem a submissão como um castigo ou punição, uma
vez que Deus disse à Eva, em Gênesis, que ela deveria se
submeter a Adão depois da queda. Precisamos, porém, reco-
nhecer que a autoridade já existia antes da queda e, portanto, a
submissão também.
Nesse processo de crescimento, precisamos adquirir um
espírito de submissão e ser treinados nele. Somos treinados
andando com pessoas submissas. Pessoas submissas passam o
espírito de submissão, assim como pessoas rebeldes infectam a
igreja com o espírito de rebeldia.
Tome hoje uma nova posição em sua vida. Rejeite todo es-
pírito sutil de rebeldia. Além disso, posicione-se para guardar a
igreja. Cabe a cada soldado zelar pela unidade do exército. Não
admita que ninguém aja com rebeldia dentro de sua célula. O
Espírito Santo está trabalhando para produzir em nosso meio
uma santa unanimidade. Como exército, o que se espera de nós
é um moral forte e elevado e que caminhemos juntos em
submissão à autoridade.
7° DIA
A OPOSIÇÃO MALIGNA NA UNIDADE DA IGREJA
Todos nós estamos envolvidos em uma batalha espiritual.
Quer você queira, quer não; quer você saiba disso ou não, você
está inserido nesta guerra, cuja principal estratégia do maligno
consiste em destruir nossa unidade. Essa é umas das razões porque
a Palavra de Deus diz que também somos um exército. Se existe
um lugar onde a unidade é fundamental, esse lugar é o exército.
Se o batalhão já não segue as ordens do capitão, se o pelotão ignora
o sargento, então a guerra está perdida. Por incrível que pareça,
essa tem sido a realidade de muitas igrejas locais.
Não há neutralidade na guerra. Jesus disse: "Quem não é por
mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha" (Mt
12.30). Não há neutralidade no mundo espiritual. Estando
inserido nessa guerra, você precisa aprender a discernir as ações
de nosso inimigo, como ele age e quais são suas estratégias para
impedir a edificação. O Livro de Neemias ilustra essa guerra.
Neemias tipifica a edificação e a restauração dos muros de
Jerusalém. Antes dele, Esdras foi levantado para restaurar o
templo. O templo sempre vem primeiro. Uma vez que o Senhor
restaura o templo, os muros ao derredor devem ser edificados.
Como ele, todos nós estamos envolvidos nessa obra de edifi-
cação da Igreja.
Em Neemias, aprendemos sobre as estratégias do diabo e
como anulá-las. Basicamente, foram seis espíritos que procu-
raram resistir à obra de Deus naqueles dias e que ainda hoje
resistem à edificação da Igreja.
Havia um homem em Samaria, cujo nome era Samba-late,
que tudo fez para resistir a Neemias e todo o povo no
propósito da reconstrução. Sambalate simboliza resistência e
oposição espiritual.
Sambalate é um símbolo de satanás. O nome "satanás" sig-
nifica adversário. Ele é responsável por toda oposição a Deus e
Seus servos, mas devemos saber que ele é um inimigo derrotado:
"Maior é aquele que está em nós, do que aquele que está no
mundo" (IJo 4.4).
Tão logo Sambalate toma conhecimento da chegada de Ne-
emias, começa a reação:
Disto ficaram sabendo Sambalate, o horonita, eTobias, o
servo amonita; e muito lhes desagradou que alguém
viesse a procurar o bem dos filhos de Israel. (Ne 2.10)
Ele sabe que, com os muros restaurados e as portas em seu
devido lugar, ele já não terá condições de conservar as vidas
em suas prisões.
Envolver-se na edificação da igreja é entrar em um confronto
aberto contra as forças invisíveis das trevas. Haverá pressões
para nos cansar, nos desgastar, esmorecer e desistir, com o ob-
jetivo de que as almas continuem sob controle inimigo.
A luta terá vários estágios. Deus usará esses conflitos para
gerar em nós uma identidade de guerreiros que não depõem as
armas até a vitória completa.
Isso fará com que o inimigo nos respeite e recue, sabendo
que estamos determinados a forçá-lo a sair do caminho. E o
faremos, pois sabemos o que queremos e para onde vamos e
não haverá nada que nos fará parar no meio da luta. A qualquer
preço a obra de Deus será feita.
ESPÍRITO DE ZOMBARIA
Tendo Sambalate ouvido que edificávamos o muro,
ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos
judeus. Então, falou na presença de seus irmãos e do
exército de Samaria e disse: Que fazem estes traços ju-
deus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Darão cabo
da obra num só dia? Renascerão, acaso, dos montões de
pó as pedras que foram queimadas? (Ne 4.1,2)
Observe a indignação do inimigo, uma vez que a sua obra
produzirá indignação no mundo espiritual. Aqueles que ficam
90 912.1 DlAS PEl-A UNIDADE —— DESCUBRA O PODER DE SER UM COM SEUS IRMÃOS A OPOSIÇÃO MALIGNA NA U N l l > A D F DA UiRFJA
indignados com o que Deus tem feito entre nós trazem o mesmo
espírito. A primeira investida de satanás e seus demônios será a
zombaria. Eles disseram: "Ainda que edifiquem, vindo uma
raposa derrubará o seu muro de pedra" (Ne 4.3).
A voz de escárnio nos vem daqueles que nos cercam ou
através de pensamentos, mas sua origem é sempre o adversário.
Outro dia, ouvi de um pregador famoso uma critica irônica
contra as células. Ele dizia que os líderes eram como
soldadinhos de chumbo. Precisamos discernir quando vem a
zombaria, pois é sinal de que estamos realmente edificando e o
inimigo está indignado.
Quando você começa a investir na obra de Deus, logo virão as
vozes de pessoas bem próximas para dizerem: "O quê? Você está
brincando! Você vai liderar uma célula? Não acredito!". Essa é
a voz do diabo. Talvez ainda digam: "Quem vai querer
participar da sua célula?". Entenda que é a voz do inimigo
tentando atingir sua mente para produzir desânimo. Não dê
ouvidos àqueles que dizem que você não está apto a participar
dessa grande obra, desse projeto extraordinário. Querem até
convencê-lo de que é muita pretensão desejar ser um líder.
Alguns enxergam o homem nessas situações. Não percebem o
espírito que está por trás. Nossa guerra não é contra carne e
sangue. Nossos inimigos são espirituais. Sabemos que espíritos
malignos podem influenciar pessoas para que nos falem coisas
que são verdadeiras setas inflamadas. Tenha uma resposta es-
piritual a essas situações. O modo de enfrentar esse primeiro
estágio de luta está na oração e em ter ânimo para o trabalho.
Ouve, ó nosso Deus, pois estamos sendo desprezados;
caia o seu opróbrio sobre a cabeça deles, e faze que
sejam despojo numa terra de cativeiro. Não lhes encubras
a iniquidade, e não se risque de diante de ti o seu
pecado, pois te provocaram à ira, na presença dos que
edificavam. Assim, edificamos o muro, e todo o muro
se fechou até a metade de sua altura; porque o povo
tinha ânimo para trabalhar. (Ne 4.4-6)
Aqueles que diminuem você estão, na verdade, diminuindo ao
Senhor. Uma vez que o Senhor lhe mandou fazer algo, eles estão
diminuindo e zombando Aquele que o enviou. Simplesmente
tape os ouvidos ao inimigo e concentre suas energias físicas,
mentais e emocionais na edificação da obra.
Se quisermos vencer, temos de tapar os ouvidos a todo co-
mentário que instile desânimo, incredulidade e fracasso. Ouça
apenas a voz do Espírito de Deus e permaneça com a mão na
obra e ela prosperará.
Um dos grandes segredos da unção é o ânimo. A unção de
Deus não vem sobre pessoas passivas. Não servimos a Deus
apenas quando vem o calafrio e a empolgação. Nós somos da-
queles que tiram água da pedra, que tiram ânimo do meio do
cansaço, que se levantam no meio da prostração.
Alguns chegam e dizem "Não quero mais liderar, pois fulano
disse que eu não tenho condições". Mas quem é o fulano? Às
vezes, fico pensando que não existe falta de fé, o que existe é fé
na coisa errada. Esse irmão prefere crer no que o fulano diz em
vez de crer no que o Senhor lhe diz.
j i DIAS i'Ei.A (IN i HA DE — DKSCUBRA o IHH>KR DE st K UM COM SH'S IKMÁOS
Tenha bom ânimo. Tenha ânimo para o trabalho. Não se feche
na melancolia e na prostração porque a luta veio. Não se lambuze na
autopiedade, não espere a compaixão dos outros por causa de sua
luta. Levante a cabeça, olhe para o céu e tenha ânimo.
Antes de entrarmos na posse de nosso lugar de reunião,
muitas vezes eu entrava ali e olhava todo aquele espaço para
milhares de pessoas e me vinha o pensamento: "Quem vai
querer ouvi-lo? Desista de fazer algo tão grande assim". Mas, na
mesma hora, a voz suave do Espírito Santo falava ao meu coração
dizendo: "Resista, esta não é a minha voz". O inimigo quer
produzir desânimo, mas nós podemos escolher que voz ouviremos.
Hoje, depois de ouvir a voz do Espírito, já multiplicamos o prédio
em dois. Olhando agora, eles parecem pequenos demais. Quando
você ouve a Deus, Golias fica pequeno; mas, quando ouve a voz
do diabo, você se vê como gafanhoto.
ESPÍRITO DE CONFUSÃO
Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os
amonitas e os asdoditas que a reparação dos muros de
Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe
as brechas, ficaram sobremodo irados. Ajuntaram-se
todos de comum acordo para virem atacar Jerusalém e
suscitar confusão ali. (Ne 4.7,8)
Quando a obra começar a tornar-se visível, satanás envolverá
seus príncipes e demônios para virem contra nós. Haverá uma
grande conspiração. A sua estratégia agora será a confusão.
Repentinamente, parece que você não sabe mais qual direção
tomar. Pessoas começam a questionar e duvidar das motivações
dos líderes. O espírito de confusão se estabelece quando a uni-
dade é atingida. Quando a unidade se vai, a confusão reina.
O inimigo levanta vozes no meio dos irmãos para que a edi-
ficação cesse. São vozes com ares de piedade, mas com veneno da
serpente. São críticas aparentemente construtivas, mas que
minam a autoridade.
O inimigo começa a dizer: "A igreja cresceu demais!". Per-
cebe a confusão aqui? Quem sabe qual é o tamanho certo da
igreja? Outra hora ele diz: "A obra está destruindo os obreiros!".
Todo o povo se assusta com medo de fazer a obra de Deus. Mas
quem destrói as pessoas é o diabo e não o Filho de Deus. Fazer a
obra alimenta em vez de desgastar. Pensamentos assim são
lançados para produzir confusão.
Outras vezes o inimigo diz: "Você está trabalhando demais
na obra de Deus". Mas quem somos nós para dizer que temos
trabalhando além da conta? Paulo diz: "Meus amados irmãos,
sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão"
(ICo 15.58).
Para impedir que os muros sejam levantados, o inimigo
convence alguns de que a igreja cobra demais. "Só há cobrança
nessa igreja", dizem.
Todas essas são setas enviadas para produzir confusão no
meio da obra. Quando a confusão se estabelece, podemos ver
alguns sintomas:
92 93
9594 A OPOSIÇÃO MAI .K;NA NA UNIUAUK DA U;KFJA21 DlAS PELA UNIDADE—— DESCUBRA O PODKR DE SER UM COM SEUS IRMÃOS
• Apatia e indiferença ao reino e ao propósito da edificação.
• Distanciamento dos discípulos, que se tornam arredios.
Entregam relatórios, mas o coração não está mais com a
liderança; tornam-se independentes e insubmissos.
• Os irmãos tornam-se descomprometidos com os alvos,
ficam cheios de autopreservação e justificativas.
• Quebra da unidade envolvendo partidarismo dentro da
igreja, influenciando outros para que pensem como eles.
Estes são dias difíceis e precisamos estar bem alertas para
resistirmos contra todo espírito de confusão. Lembre-se que o
alvo do inimigo é parar a obra de edificação. Observe se, do seu
lado, não há ninguém sendo usado para trazer esse espírito de
confusão para o nosso meio. Coisas grandes de Deus certamente
estão diante de nós. O que está acontecendo é a manifestação da
fúria dos demônios que tentam usar todo tipo de mentira com o
propósito de nos fazer parar.
Como podemos vencer esse ataque? Faça como Neemias:
levante a cabeça em oração e vigilância. Neemias colocou guardas
contra o espírito de confusão. Oração e vigilância são o
segredo: "Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção,
pusemos guarda contra eles, de dia e de noite" (Ne 4.9).
Esses ataques, quase sempre, vêm através das pessoas que nos
cercam, mas podem vir como uma doença, um embaraço aqui,
uma dificuldade ali, uma pressão de um lado ou de outro.
Deus está levantando um exército para o tempo do fim e
guerreiros só são forjados no furor das batalhas. É no meio de
muito fogo cruzado e confrontos violentos que os comandantes
de batalhão são formados. Não tema a luta. Cada luta será usada
por Deus para enrijecer o seu caráter.
A Bíblia diz que Jesus foi para a Galiléia no poder do Es-
pírito, desbaratando as forças do inferno, sendo temido pêlos
demônios. Mas isso somente aconteceu depois que ele enfrentou
satanás cara a cara no deserto e o venceu.
ESPÍRITO DE INTIMIDAÇÃO E MEDO
Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão
disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os
matemos; assim, faremos cessar a obra. (Ne 4.11)
Quando o inimigo percebe que não consegue impedir a
realização da obra, ele projeta nos tirar do caminho. E preciso,
porém, não esquecer que ele jamais conseguirá nos destruir.
Certa vez, uma irmã me disse que iria parar de liderar, pois
estava grávida e temia a retaliação espiritual. Até parece que o
diabo tem alguma ética de guerra: "Agora ela está grávida,
então não vou atacá-la".
Como já disse, estamos na guerra de qualquer forma, mas o
que aquela irmã não percebeu foi o espírito de intimidação e
medo vindo contra ela.
Em outra ocasião, um de nossos anfitriões de célula quis
entregar a célula porque alguém havia ficado possesso em sua
casa e ele agora temia retaliações do maligno. Ele queria fazer a
obra, mas não queria estar na guerra. Infelizmente não temos
opção, estamos na guerra de qualquer forma. Ele também não
percebia o espírito de medo e intimidação atacando-o.
Alguns mais místicos chegam a atribuir a desistência à su-
posta direção de Deus: "Esta obra está resistida demais. Deve
ser um sinal de que Deus não quer que a façamos". Tem ca-
bimento isso? A verdadeira obra de Deus é a mais resistida,
pode ter certeza. Mas, em todas as coisas, somos mais do que
vencedores (Rm 8.37).
A resposta a esse nível de ataque é um encorajamento e fortalecimento em Deus.
Então, pus o povo, por famílias, nos lugares baixos e
abertos, por detrás do muro, com as suas espadas, e as
suas lanças, e os seus arcos; inspecionei, dispus-me e
disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo:
não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e
pelejai pêlos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa. (Ne 4.13,14)
Pelo discernimento de espírito, o Senhor nos revela os planos
do adversário (v. 15). Somos avisados dos planos inimigos e, por
essa razão, conseguimos frustrá-los. Quem é o nosso
informante? O Espírito Santo de Deus.
As ameaças virão por certo, mas todo o projeto satânico cairá
por terra e nós sairemos vitoriosos e fortalecidos enquanto nos
firmarmos na direção que o Espírito nos dá. Nós vivemos tempos
de guerra e existe um modo de trabalhar em tempo de guerra:
Daquele dia em diante, metade dos meus moços traba-
lhava na obra, e a outra metade empunhava lanças, escu-
dos, arcos e couraças; e os chefes estavam por detrás de
toda a casa de Judá; os carregadores, que por si mesmos
tomavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a
obra e com a outra segurava a arma. (Ne 4.16,17)
Guerreamos e edificamos ao mesmo tempo. É um paradoxo,
mas, na obra de Deus, apenas guerreiros edificam. Na citação,
lemos que o povo estava pronto para o ataque e para a defesa,
mas não parava de trabalhar na edificação. Assim, também não
devemos parar o que estamos fazendo, mas sim vivermos em
estado de alerta constante, com nossas armas afiadas e prontas
para o combate. Devemos estar revestidos de toda a armadura de
Deus para podermos resistir no dia da batalha e permanecer ina-
baláveis. A Carta aos Efésios retrata essa atitude (Ef 6.10-20).
Além disso, precisamos nos lembrar que ninguém vai à guerra
sozinho. Nós lutamos juntos, em equipe, como um pelotão.
Nunca esteja sozinho. Neemias disse ao povo: "Disse eu aos
nobres, aos magistrados e ao resto cio povo: Grande e extensa é
a obra, e nós estamos no muro mui separados, longe uns dos
outros" (Ne 4.19).
O povo estava disperso, cada um no seu trabalho. É preciso
batalhar juntos, pois é nosso irmão quem guarda nossa
retaguarda. Estamos juntos quando estamos em uma célula e
quando participamos de um grupo de discipulado. Este é jus-
tamente o alvo deste jejum: fazer guerra juntos na comunhão e
a na unanimidade.
Por fim, precisamos ter certeza de que o nosso Deus pelejará
por nós (Ne 4.20b). A batalha é do Senhor: "Do Senhor é a
guerra e Ele está conosco como um poderoso Guerreiro" (Jr
20.11). Estamos destinados à vitória, porque Ele está conosco,
em nós e é por nós (Rm 8.31).
ESPÍRITO DE ENGANO
Tendo ouvido Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o
resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro
e que nele já não havia brecha nenhuma, ainda que até
este tempo não tinha posto as portas nos portais,
Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem,
encontremo-nos, nas aldeias, no vale de Ono. Porém
intentavam fazer-me mal. (Ne 6. l ,2)
Esse é um plano maligno. Parece uma tentativa de aproxi-
mação, de aliança, de amizade, de dar uma trégua, mas cujo
fim é parar a obra. Não existe trégua nessa guerra.
O espírito de engano é a atitude de levar ao extremo uma
verdade com o intuito de trazer a rebeldia e paralisia à obra.
Veja um exemplo de engano: "Cada crente é um ministro, somos
todos iguais; logo, não temos de nos submeter a ninguém". Isso é
um engano do inferno. O fato de cada crente ser um ministro
não anula a verdade de que existe uma ordenação de autoridade
dentro da igreja. Fuja de quem usa a Bíblia para em-basar sua
rebeldia, de quem acusa a igreja de estar se tornando clerical
porque está enfatizando a autoridade. Mentira maligna. Não há
mover de Deus onde não há ordem e autoridade.
Outro engano comum é a idéia de que devemos primeiro ser
maduros para depois evangelizarmos. Como sempre achamos
que precisamos crescer mais um pouco, nunca nos dispomos a
fazer a obra. O alvo do espírito de engano é nos paralisar.
Nossos pastores são acusados de colocar pressão sobre o
povo, as pessoas reclamam que estão sobrecarregadas e a obra
pára por causa do engano de alguns que pensam que ser cristão é
ficar ouvindo música suave debaixo de uma árvore à beira de um
rio tranqüilo. Quando é necessário guerrear, os que estão
debaixo da influência desse espírito se escandalizam. O espírito
de engano quer nos distrair com falsos conceitos espirituais.
Para alguns, a vida cristã é um eterno piquenique.
O modo de enfrentar essa nova forma de ataque é não se
permitir ficar distraído da obra. Neemias respondeu dizendo:
"Enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo grande obra,
de modo que não poderei descer; por que cessaria a obra,
enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? Quatro vezes
me enviaram o mesmo pedido; eu, porém, lhes dei sempre a
mesma resposta" (Ne 6.3,4).
Quando vierem discutir pontos de vista teológicos, para
nos distrair com seus argumentos, não podemos permitir. Não
paremos para discussões, para defesas e tudo o que nos afasta
da obra. Temos um alvo: a edificação da igreja e a conquista
da nossa geração.
ESPÍRITO DE ACUSAÇÃO E CALÚNIA
Então, Sambalate me enviou pela quinta vez o seu
moço, o qual trazia na mão uma carta aberta, do teor
seguinte: Entre as gentes se ouviu, e Gesém diz que tu
II DlAS ]'K[A UNIDADE -- DlLSCUBKA o POIH-:R I ) K ^ F R UM COM SIUKS 1RMÁO.S
e os judeus intentais revoltar-vos; por isso, reedificas o
muro, e, segundo se diz, queres ser o rei deles, e puseste
profetas para falarem a teu respeito em Jerusalém,
dizendo: Este é rei em Judá. Ora, o rei ouvirá isso,
segundo essas palavras. Vem, pois, agora, e consultemos
juntamente. (Ne 6.5-7)
Já que você não aceitou compromisso com o inimigo e ele
não consegue impedir a obra de Deus, ele vai procurar caluniá-lo,
ferir sua reputação, denegrir sua imagem. Todo santo do
Altíssimo, que anda segundo a Palavra, será vítima dessas coisas.
Paulo diz que "todos quantos quiserem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3.12). Portanto, não
espere ser uma exceção.
Eu tenho sido caluniado de todas as formas nesses anos em
que estamos edificando essa obra. Houve uma igreja que fez
uma série de estudos para provar que eu era um enviado do
anticristo. Outro enviado maligno fez cartazes me difamando e
os espalhou por toda a cidade. Sou acusado pelo que tenho e
pelo que nunca tive. Sou acusado de coisas que nunca fiz e sou
denunciado constantemente com acusações falsas. O que fazer
diante disso? Desistir? E isso que o inimigo deseja, mas, quanto a
mim, eu quero fazer somente a vontade de Deus.
Como vencer esse ataque? Para o inimigo, temos apenas
uma resposta seca e direta. Neemias apenas disse: "Agora, pois, ó
Deus, fortalece as minhas mãos" (Ne 6.9).
Não devemos dar ouvidos a pessoas que só fazem críticas e
acusações. Ignore pessoas negativas e pessimistas. Não ouça
101
quem o julga pela aparência e ainda possui ares de piedade.
Tais pessoas só vêem o lado escuro das coisas e sempre o co-
locam para baixo. Afaste-se delas, pois não falam da parte do
Espírito de Deus.
Cuidado com aqueles que sempre começam dizendo: "Estão
falando..." ou "Estão dizendo...". Nunca dizem quem, mas sempre
afirmam que é "todo mundo". Quem começa com essas palavras é
instrumento do diabo. Repreenda-o. Foi Sambalate quem disse:
"Entre as gentes se ouve...". Observe que homens de Deus quando
falam algo nunca dizem: "Estão dizendo...". Eles antes falam o que
vêm na autoridade da Palavra e assumem a responsabilidade pelo
que dizem. Essa é uma boa forma de você reconhecer os que são
usados pelo maligno dentro da igreja.
Quando o inimigo se levantar para denegrir sua imagem,
torcer suas palavras ou lhe trazer falsas acusações, não será o
fim. Deus não se afasta do trono e Seu braço está estendido a
seu favor. Deus é justo e, por fim, se levantará para vindicar
todo aquele que foi caluniado.
Há triunfo para você no meio de todas as lutas. Fortaleça-se
nEle e na Sua Palavra. Deus conhece as intenções de seu
coração e as acusações projetadas por satanás contra você não
terão poder de esmagá-lo, porque você está em Cristo.
ESPÍRITO DE FALSA PALAVRA DE DEUS
O inimigo é um demente e ele entrará no seu ambiente, no
seu mundo, no meio dos seus, daqueles que parecem ser porta-
vozes da Palavra de Deus, a fim de lhe trazer uma palavra
100
103102 A t.)l'OSI(,'ÃO MAI H.NA NA U N l l l A l l t - UA ÍUKI - . JA11 DIAS PEi-A U N I O A O I ; — DESCUBRA o PODKR m-: SKR UM COM SEUS IRMÃOS
aparentemente espiritual. Só que a fonte dessa profecia não é o Espírito de Deus.
Vencidas todas as táticas contra a edificação do muro, vem a
tentativa de levar Neemias a pecar contra a Palavra do Senhor. O
templo possuía o lugar santíssimo, onde só o Sumo Sacerdote
poderia entrar e, ainda assim, uma vez por ano. Mas eis que
vem a Neemias uma palavra:
Tendo eu ido à casa de Semaías, filho de Delaías, filho
de Meetahel (que estava encerrado), disse ele: Vamos
juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e
fechemos as portas do templo; porque virão matar-te;
aliás, de noite virão matar-te. Porém eu disse: homem
como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no
templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei.
Então, percebi que não era Deus quem o enviara; tal
profecia falou ele contra mim, porque Tobias e Samba-
late o subornaram. Lembra-te, meu Deus, de Tobias e
de Sambalate, no tocante a estas suas obras, e também
da profetisa Noadia e dos mais profetas que procuraram
atemorizar-me. (Ne 6.10-14)
Parece uma revelação divina e, portanto, uma direção de
Deus para o caminho de escape. Só que essa palavra está em
oposição à própria Palavra de Deus quanto ao templo. Neemias
tem logo o discernimento e a rejeita.
Você pode perceber a sutileza do ataque? Foge, mas foge
para o templo, onde está a presença de Deus. Se Neemias en-
trasse no lugar santo ele seria morto. Aquele que tem o coração
cheio do temor de Deus nunca se deixará enganar.
Um tempo atrás, alguém veio a mim com uma palavra su-
postamente de Deus. Ele me disse: "O Senhor diz para você
deixar de ser orgulhoso e parar de ambicionar projetos gran-
diosos demais e mega-igrejas. Ele disse para você e a igreja se
humilharem diante dEle". O que fazer diante de algo assim?
Tudo parece espiritual e correto. Mas estava fora do coração de
Deus. Eu não quero ganhar almas para mim mesmo e nem o
faço para receber glória dos homens. Precisamos de discer-
nimento para perceber o que vem de Deus e o que é uma falsa
Palavra do Senhor.
Se for orgulho crer que Deus fala comigo, o que eu posso
fazer? Se for orgulho crer que Deus realiza grandes coisas através
de seus servos, o que eu posso fazer? Se alguns acreditam ser
orgulho crer em um Deus de milagres, o que posso fazer? Se for
orgulho crer e trabalhar para treinar um exército de líderes para
tocar esta geração, então se prepare porque, nesse caso, não me
importo de ser chamado de orgulhoso. Nossos sonhos só são
grandes para as mentes pequenas e incrédulas. Nossos alvos só são
grandes para quem nunca percebeu a grandeza do nosso Deus.
Só nos consideram orgulhosos os tímidos, os covardes e os
incrédulos. A verdade, porém, é que eles não entrarão no reino.
Não participarão da congregação dos vencedores nem andarão ao
lado do Senhor.
O segredo é não ouvir os homens e peneirar pela Palavra de
Deus escrita tudo quanto nos vem em forma de profecia. Se nos
21 OlAS PULA UNIDADE —— DESCUBRA O PODER DE SFR UM COM SEUS IRMÃOS
apegarmos a Deus e à Sua Palavra, na dependência constante de
Seu Espírito, receberemos em nosso homem interior todas as
diretrizes para a nossa vida e saberemos qual o caminho a
seguir. Em todo o Livro de Neemias, a importância da oração e
da Palavra de Deus é ressaltada. Se seguirmos os princípios que
Neemias seguiu, teremos os resultados que ele teve.
Hoje é tempo de guerra e o Senhor nos tem incitado para a
batalha. O espírito de ousadia celestial tem estado sobre nós c
todos esses espíritos estão debaixo dos nossos pés. É tempo de
trabalho, de frutificação e de conquista. Há em seu coração esse
fogo e essa inquietação? Então você é parte desse exército. Não
deixe que as mentiras malignas segurem você.
Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco dias do mês de
elul, em cinquenta e dois dias. Sucedeu que, ouvindo-o
todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios
nossos circunvizinhos e decaíram muito no seu próprio
conceito; porque reconheceram que por intervenção de
nosso Deus é que fizemos esta obra. (Ne 6.15,16)
8° DIA
NÃO DEIXE DE CONGREGAR
Uma atitude comum em nossos dias é considerar a partici-
pação no culto como sendo algo secundário e até desnecessário
para a vida cristã. Mas esse não era o entendimento e a prática
dos primeiros cristãos, conforme relata o Livro de Atos: "E
todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de
ensinar e de pregar Jesus, o Cristo" (At 5.42). Eles se reuniam
diariamente e sabiam que o reunir-se liberava um grande poder
espiritual, por isso "diariamente perseveravam unânimes no
templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refei-
ções com alegria e singeleza de coração" (At 2.46). Em nossos
dias, pessoas ficam semanas sem participar do culto e parecem
não sentir falta alguma. Outras ficam meses sem participar da
ceia e acham isso normal. Mas, definitivamente, não é normal,
não é o padrão de um crente vencedor.
104
UMA É A GRAÇA INDIVIDUAL, OUTRA A GRAÇA COLETIVA
No decorrer dos anos, temos aprendido que existe uma graça
que é liberada sobre nós individualmente, mas há outro nível de
graça e desfrute que somente podemos receber quando estamos
reunidos com os irmãos: é a graça coletiva.
Jesus nos ensinou que podemos orar em secreto em nosso
quartos, mas existe uma oração que, para ser feita, devemos
estar reunidos no nome dEle e em concordância. Quando isso
acontece, o Pai libera do céu a Sua bênção. Mas, se deixarmos
de nos reunir, é certo que muitas orações ficarão sem resposta
porque não foram feitas segundo o padrão de Deus.
Aquele irmão que deixa seguidamente de congregar e de
participar dos cultos da igreja está perdendo algo em sua vida
espiritual. Deixar de reunir-se é uma atitude arrogante. Fa-
zendo isso, a pessoa está declarando que não necessita de nin-
guém, que é auto-suficiente e que pode viver a vida cristã sem
qualquer ajuda do Corpo. Nós sabemos que Deus resiste ao
soberbo. Essa pessoa começará a se sentir seca e insensível, pois o
Senhor a resistirá e, com o tempo, ela pode vir até mesmo a se
afastar completamente da fé. As reuniões da igreja são uma
grande proteção.
Esse princípio também é verdadeiro com respeito à Palavra
de Deus. Podemos ter revelação, em certa medida, buscando a
Deus sozinhos, em nossa casa, mas as revelações mais profundas
e o entendimento de muitas partes da Palavra de Deus só nos
serão liberados na reunião da congregação.
Você já observou que, mesmo ouvindo em casa a pregação
do último final de semana, o impacto em nossas vidas não é o
mesmo? Isso acontece porque não basta receber a palavra certa, é
preciso que essa palavra seja ministrada em um ambiente
correto. Uma palavra ouvida em um ambiente impróprio não
produz resultados espirituais duradouros. Muitos acham que não
precisam ir ao culto e que basta comprar o CD com a pregação e
ouvi-la em casa. Mas, agindo assim, estão perdendo a unção
liberada na reunião e a própria Palavra não penetrará na vida
deles como aconteceria em um culto.
E algo sobrenatural o que acontece quando um grupo de
irmãos se reúne para adorar a Deus e receber a Palavra. Aquela
atitude unânime, o coração focado nas coisas do céu, a fé
liberada, o estímulo mútuo, tudo isso tem um poder impres-
sionante. Uma reunião assim sempre nos marca e nunca somos
os mesmos depois que saímos dali.
Você consegue perceber o quanto perdemos quando deixa-
mos de ir ao culto ou quando vamos muito raramente? Participar
do culto dos santos deveria ser uma prática diária, mas em
função do tempo em que vivemos deveria ser algo que fazemos
pelo menos duas vezes por semana: na célula e na celebração.
NÃO HÁ IGREJA SEM COMUNHÃO
No Velho Testamento, o povo se reunia para adorar na tenda
da congregação, ou da comunhão. Quando o povo estava ali,
eles eram a "congregação" de Israel. No Novo Testamento, a
Palavra de Deus nos exorta a que não deixemos de nos con-
gregar. O apóstolo diz: "Não deixemos de congregar-nos, como é
costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais
quanto vedes que o Dia se aproxima" (Hb 10.25).
Por que uma pessoa deixaria de ir ao culto da igreja? Natu-
ralmente, algumas estão impedidas de se locomoverem, outras
estão incapacitadas ou estão enfermas fisicamente; outras, po-
rém, preferem ficar em casa assistindo sermões pelo rádio, pela
TV ou até pela internet. Nós sabemos que o próprio Senhor
Jesus ia à sinagoga todos os sábados para congregar (Lc 4.16). Se
somos Seus discípulos, precisamos fazer como Ele fez. Nem faço
menção àqueles que não vão ao culto porque estão seduzidos
pelas coisas do mundo e pela embriaguez do presente século.
Certamente, o diabo oferece um verdadeiro cardápio de coisas
sedutoras para impedi-los de ir cultuar a Deus.
Você sabia que os discípulos perseveraram reunindo-se juntos
no cenáculo até serem revestidos do poder do Espírito Santo?
Fico pensando se um daqueles cento e vinte tivesse faltado jus-
tamente no dia que o Espírito veio. Que perda não teria sido!
O cristianismo é singular por não ser de natureza individual,
mas coletiva. A própria palavra "igreja", eklesia no grego,
significa assembléia, ajuntamento, reunião, "os chamados para
fora". Deus não apenas chamou para fora um povo, mas quer
também que eles se congreguem. Se cada um que fosse chamado
mantivesse sua independência, não haveria igreja. Querer estar
na igreja sem se reunir é uma contradição de termos. Todos os
crentes devem se reunir para que possam receber da graça de
Deus.
O CORPO SE EXPRESSA NA REUNIÃO
Algumas pessoas dizem que não precisam ir ao culto porque
hoje Deus não habita em prédios feitos por mãos humanas e
que, portanto, elas podem adorar e invocar ao Senhor em qual-
quer lugar. Isso é verdade, de fato, Deus não habita em prédios,
mas nós não vamos adorar com os irmãos por causa do lugar,
mas por causa da comunhão do Corpo. Se a congregação quiser,
pode se reunir em qualquer lugar, mas, segundo a Palavra de
Deus, os santos devem se reunir.
Não usamos mais o Salmo 122 como motivo de nos reunir-
mos. Já não dizemos: "Alegrei-me quando me disseram: 'Vimos à
casa do Senhor." A Casa de Deus, hoje, somos nós. De fato, a
mulher samaritana disse a Jesus:
Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é
em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Mas Jesus
lhe respondeu: Mulher, podes crer-me que a hora
vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém
adorareis o Pai [...]. Mas vem a hora e já chegou, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito
e em verdade; porque são estes que o Pai procura para
seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os
seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (Jo
4.20-24).
Entretanto, nada disso nega o fato de que devemos nos reunir.
Apenas mostra que podemos nos reunir em qualquer lugar.
Precisamos nos reunir. Quando nos reunimos há uma sinergia
espiritual, o poder de Deus é multiplicado: "Como poderia um
só perseguir mil, e dois fazerem fugir dez mil, se a sua Rocha
lhos não vendera, e o Senhor lhos não entregara?" (Dt 32.30).
Um persegue mil, mas dois juntos perseguem dez mil. Não é
maravilhoso?
A PRESENÇA DO SENHOR ESTÁ NO REUNIR
Todos nós sabemos que o Senhor é fiel e Ele, por duas vezes,
nos prometeu Sua presença. Em Mateus 28.20, Ele disse que
estaria conosco de forma individual todos os dias de nossa vida
ou até a consumação dos séculos. Já em Mateus 18.20, Ele
prometeu Sua presença à Igreja de maneira coletiva. Ele disse:
"Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali
estou no meio deles". Uma coisa é ter a presença do Senhor em
nosso espírito, outra coisa é desfrutar de Sua presença quando
estamos juntos como Igreja.
Como um crente pode rejeitar estar onde a presença de Deus
está? Semana após semana, muitos crentes têm uma desculpa
para não irem ao culto. Alguns se desculpam, dizendo que é
legalismo exigir ir ao culto toda semana. Mas a verdade é que a
sua frequência ao culto fala do lugar das coisas de Deus na sua
vida. Conheço donas de casa que acham mais difícil ir à igreja
no domingo de manhã, do que fazer qualquer outra coisa. Mas
durante a semana, elas têm tempo sobrando para ficar andando
por aí! Elas estão sempre correndo, fazendo algo de especial
para os seus filhos. Elas arranjam tempo para aulas de dança, de
música, para compras, festas, esportes, academia. E
a lista vai crescendo. Mas, para as coisas do Senhor, elas acham o
tempo curto. A mensagem que passam é esta: "Deus não é
minha prioridade".
A maior indignidade que qualquer cristão pode cometer
contra o Senhor é deixá-lO em uma posição secundária. Isso é
um tapa na face de Deus. Como você prioriza o seu tempo? Por
exemplo, quantas vezes você faltou aos cultos da igreja por causa
dos seus negócios? Nessas ocasiões, não foram os seus clientes
que ficaram aguardando, foi Deus. Eles foram postos em
primeiro lugar, acima dos interesses dEle!
Compreendo que você não possa evitar faltar ao culto se o
seu trabalho lhe impede de freqüentar. É o caso, por exemplo,
de enfermeiras, médicos ou guardas-noturnos. Mas e aquelas
pessoas que podem escolher? Aquelas que dirigem o seu próprio
negócio e que optam por trabalhar em vez de adorar a Deus
com a Igreja. Qual é a prioridade na sua vida? Quem fica es-
perando: seus negócios ou o Senhor?
Nos últimos dias, disse Jesus, muitos estarão tão ocupados,
tão envolvidos com os seus próprios interesses, que deixarão de
lado todos os interesses do céu! Deixar de ir ao culto da igreja é
negligenciar a Deus. Não ter tempo para buscar o Senhor, não
ter tempo para se assentar aos Seus pés e aprender.
Essas pessoas podem estar fazendo coisas boas e legítimas,
porém o Senhor não é o primeiro para elas! Ele não é o centro
de suas vidas. Se Ele fosse, não O colocariam de lado. Elas
achariam tempo para ficar com Ele!
Muitos estão convencidos que estão destinados para o céu.
Porém, semana após semana, negligenciam a obra de Deus, a
Palavra de Deus, a oração e a adoração. Se forem salvos, certa-
mente não são vencedores.
NA REUNIÃO LAVAMOS OS PÉS UNS DOS OUTROS
Em João 13, depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus veio
para lavar os pés de Pedro. Todavia, quando se chegou para
lavar os seus pés, Pedro se recusou a deixar o Senhor lavá-lo e a
resposta do Senhor a ele foi bem profunda.
Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-
lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés,
mas também as mãos c a cabeça. Declarou-lhe Jesus:
Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés;
quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos,
mas não todos. (Jo 13.8-10)
O Senhor disse que aquele que já se banhou só precisa lavar
os pés. Nós já fomos lavados pelo sangue, portanto, já nos
banhamos, mas hoje ainda precisamos lavar os nossos pés. O
que significa lavar os pés? Será que é um ritual literal em que
precisamos lavar os pés literalmente uns dos outros? Ou o lavar
os pés teria um sentido espiritual?
Creio que o Senhor estava falando de algo mais profundo.
Sem o lavar dessa água, Jesus disse que não podemos ter parte
com Ele. A água aqui simboliza três coisas. Em primeiro lugar, a
água simboliza a Palavra de Deus.
Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da
lavagem de água pela palavra. (Ef 5.26)
Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
GO 15.3)
A Palavra de Deus também nos mostra claramente que a
água aponta para o Espírito Santo.
Não por obras de justiça praticadas por nós, mas se-
gundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo. (Tt 3.5)
Quando os soldados abriram o lado de Jesus com uma lança,
dali saiu água e sangue. Sabemos que o sangue é para a
redenção, mas a água simboliza a vida. Jesus foi a rocha ferida
para nos dar vida.
Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e
logo saiu sangue e água. (|o 19.34).
Jesus disse que aquele que já se banhou não necessita lavar
senão os pés. O banhar-se aqui com certeza nos fala do ser la-
vado pelo sangue de Jesus. Nós já fomos lavados pelo sangue,
agora o Senhor nos lava espiritualmente pela obra do Espírito
Santo, pela iluminação da Palavra e pela lei da vida. Na Palavra
de Deus esses três itens são simbolizados por água.
Essa água deve ser usada para remover o pó da terra. Os
nossos pés precisam ser levados porque eles estão sujos com
esse pó. Em simbologia, o "pó da terra" aponta para a carne do
homem. A carne veio do pó da terra.
21 DlAS PELA UNIDADE —— L>ESCUBRA O PODER DF SER UM COM SEUS IRMÃOS
Em Gênesis ficamos sabendo que o homem foi feito desse
material (Gn 2.7). Mais especificamente o seu corpo, ou a carne.
Depois vemos que Deus amaldiçoou a serpente condenando-a a
comer pó todos os dias (Gn 3.14). Sabemos que cobras não
comem pó, portanto, o pó ali é simbólico e aponta para a carne.
Lá em Apocalipse 12 ficamos sabendo que a antiga serpente
cresceu no decorrer dos séculos e se tornou o grande dragão.
A serpente se alimenta de carne e pecado, pois onde há um
pecado existem demônios por trás. Portanto, o significado
básico de lavar os pés é remover o pó da carne.
Esse pó não é algum pecado que cometemos, mas é aquela
sujeira que gruda em nossos pés enquanto caminhamos pelo
mundo. Apesar de não ser pecado ela também interfere em
nossa comunhão com Deus e com os irmãos.
Veja por exemplo um irmão que é vendedor. Ele fica o dia
inteiro negociando e ouvindo as piadas mais imundas de seus
clientes. Ele precisa ouvir, ainda que não participe, pois é
negociante e precisa vender. No final do dia ele se sente
contaminado, o seu coração parece frio e ele não consegue ter
liberdade para orar. O que ele necessita? Que alguém lhe lave
os pés. Assim, quando esse irmão vai para a célula e ali alguém
ora com ele e lhe fala uma palavra de edificação e bênção, ele
sente seu espírito sendo liberado novamente e aquele peso de
insensibilidade da poeira do mundo vai sendo lavado dele.
Mesmo não participando das coisas do mundo, somos
contaminados, porque os nossos pés estão andando na poeira
deste mundo.
Não ntixt Df: I:ON<;KEGAK
Lembre-se que sujeira é diferente de pecaminosidade. Você
pode estar sem pecado e no entanto muito sujo pela poeira do
pecado do mundo.
Um dos objetivos de nossa comunhão com os irmãos é ter-
mos os nós pés lavados mutuamente.
Naqueles dias, lavar os pés antes de participar de um ban-
quete era crucial. As estradas eram poeirentas e as pessoas usavam
apenas sandálias de couro. Depois de caminharem muitas vezes,
por longas distâncias em estradas lamacentas, os seus pés ficavam
sujos e com um mau cheiro penetrante.
Também naquele tempo não havia mesas com cadeiras como as
que temos hoje. As pessoas sentavam no chão e esticavam as
suas pernas para o lado. Se os pés não fossem lavados eles
simplesmente não poderiam ter comunhão. A sujeira e o mau
cheiro impediria.
Assim, não devemos interpretar o lavar os pés como sendo
algo literal, mas como um sinal que possui um significado es-
piritual. Se desejamos ter comunhão uns com os outros, preci-
samos lavar os nossos pés pela água da Palavra que ministramos
uns aos outros.
Como já disse, estar sujo não significa necessariamente estar
em pecado. O mundo é um lugar sujo e é fácil ficarmos sujos
caminhando por ele.
As vezes, basta olhar para um out-door sensual e nos conta-
minamos. As vezes nos contaminamos até vendo um noticiário
ou conversando com um descrente. Quantas vezes depois da
visita de um parente nos sentimos sujos por causa do tipo
114 115
de conversa, da atitude ruim dele e das histórias que ele nos
contou. Precisamos ser lavados depois dessas situações. Como
podemos ser lavados? Quando nos dispomos a lavar os pés uns
dos outros por meio da comunhão da Igreja.
Para coisas pecaminosas temos o sangue, porém, para as
coisas que são sujas e não pecaminosas, precisamos da lavagem
espiritual da Palavra viva, do Espírito Santo e da vida que flui
de nossos irmãos.
Essa é uma grande razão para estarmos juntos no nome do
Senhor. Cada vez que nos reunimos, a poeira do mundo é
removida dos nossos pés. Irmãos, que constantemente ne-
gligenciam a comunhão das reuniões da igreja, com o passar do
tempo vão se tornando insensíveis e indiferentes às coisas
espirituais. Isso acontece porque a poeira da carne, do mundo,
gruda em nós e nos faz ficar embotados e até insensíveis. Mas
todos nós podemos testemunhar a sensação de frescor espiritual
que desfrutamos quando saímos do encontro cheios da unção,
do louvor e da vida de comunhão. Nosso espírito é liberado e
nos sentimos novamente sensíveis para as coisas do céu.
Portanto, o lavar os pés nada mais é que o ministrar mútuo
em nossas reuniões. E ali que temos da água da Palavra para
derramar sobre os irmãos. Também é na comunhão que temos a
água do Espírito jorrando entre nós; basta um abraço ou uma
imposição de mãos para sermos liberados em nosso espírito.
COMO DEVEMOS NOS REUNIR
O Senhor nos ensinou que devemos nos reunir em Seu nome.
Reunir em nome do Senhor significa que nós nos reunimos para
exaltá-lO e nos colocar debaixo de Sua autoridade. Quando nos
reunimos no nome do Senhor, Ele se faz presente entre nós.
Reunir-se em Seu nome significa que todas as outras razões para
estarmos ali são secundárias. Ele é o centro.
Mas a Palavra de Deus também nos ensina que devemos nos
reunir para a edificação do Corpo. Paulo diz: "Que fazer, pois,
irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este
traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação.
Seja tudo feito para edificação" (ICo 14.26). O culto não é para
entretenimento, mas tudo deve ser feito com o propósito de
edificar.
O princípio básico de uma reunião é a edificação do Corpo
de Cristo. Todavia, em uma igreja em células como a nossa, nós
temos duas reuniões semanais: a reunião menor na célula e a
reunião maior, de celebração, com toda a igreja. Em ambas, o
alvo é a edificação, mas de formas diferentes.
Na igreja em células, há um equilíbrio entre as reuniões da
célula e de celebração. Uma igreja em células é como uma igreja
de duas asas: urna asa é a célula, e a outra, a celebração de do-
mingo. Se as duas asas estão equilibradas, a igreja poderá voar
para posições mais altas. Não podemos admitir que os irmãos
participem apenas de uma das reuniões, precisamos das duas.
As reuniões de celebração são reuniões semanais nas quais
todas as células se reúnem para adoração e edificação. Essas
reuniões acontecem a cada domingo, no prédio da Igreja. Elas
são muito importantes e nenhum membro pode faltar, porque
elas equilibram a sua dieta espiritual.
Enquanto na reunião de celebração, ouvimos para gerar fé;
na célula, falamos para crescer em fé.
Na reunião de celebração, fazemos oração de guerra em nível
estratégico. Na célula, fazemos oração de guerra em nível pessoal.
Na celebração, buscamos libertação; na célula, mantemos a
libertação.
Na celebração, o alvo é ensino; na célula, o alvo é discipulado.
Na reunião de celebração, o alvo é ministrar a Palavra; na célula,
o alvo é praticar e compartilhar a Palavra que temos vivido.
Na celebração, aprende-se com o pregador; na célula, aprende-
se uns com os outros.
Na celebração, temos testemunho e evangelismo de massa;
na célula, temos testemunho e evangelismo pessoal.
Nas reuniões de celebração temos doutrina; nas células te-
mos revelação, línguas e interpretação.
Seja humilde e não pense muito alto de si mesmo, como se
você fosse a maravilha do século 21. Aprenda a ser humilde e
venha para a reunião da igreja para que possamos ser fortes.
Sempre que as pessoas estiverem em nosso meio, elas devem
sentir instantaneamente a presença de Deus. E por isso que
oramos e é isso que temos experimentado. O Espírito Santo tem
movido entre nós. Espero que você possa testemunhar, como
muitos já têm feito, que verdadeiramente Deus está entre nós.
9° DIA
Os PACTOS DA CÉLULA E DO DISCIPULADO
O versículo mais conhecido da Bíblia é o que diz:
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3-16)
É interessante que justamente em outro texto de João temos o
complemento dessa história:
Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por
nós; e devemos dar nossa vida.pêlos irmãos. (IJo 3.16)
É verdade que não podemos dar a vida pêlos irmãos do
mesmo jeito que Jesus fez, morrendo por nós, uma morte vi-
cária e substitutiva. Mas, certamente, há muitas outras formas
de dar e compartilhar vida: investindo tempo, acreditando o
suficiente para andar mais uma milha, confiando, nos tornando
disponíveis, sendo transparentes, prestando contas, orando e até
jejuando pêlos irmãos. Todas essas ações são vitais para sermos
igreja e termos células vivas. Talvez você nunca tenha atentado
para isso, mas o preço para ser genuinamente igreja é dar a vida
pêlos irmãos. Cada vez que nos preservamos e somos indiferentes,
estamos, na verdade, sendo desamorosos, pois só demonstramos
que conhecemos o amor quando nos dispomos a dar a nossa vida
pêlos irmãos.
Estar em uma igreja local é entrar em aliança com os irmãos. E
ter a sua alma unida a deles. De vez em quando ouço alguém
dizer que não é ligado a um grupo local, mas é membro da
igreja universal invisível, do Corpo de Cristo. O que ele está
dizendo, na verdade, é que não pertence a nada e que não tem
compromisso ou responsabilidade com ninguém. Normalmente,
tais pessoas têm ares de espiritualidade, mas são secas
espiritualmente. Se não possuem aliança com ninguém, não
amam ninguém.
A maioria entende a igreja local apenas como um lugar onde
se participa de cultos. Não existe um senso de pertencimento ao
grupo, não percebem que a igreja local é uma aliança firmada
com outros irmãos.
Você sabia que, em alguns rituais de magia, as pessoas bebem
sangue juntas para fazerem pactos espirituais? E se eu lhe
dissesse que você faz algo parecido cada vez que participa da
ceia? Quando você toma a ceia, lá estão o corpo e o sangue de
Jesus; e, ali, você está fazendo aliança com Deus e com aqueles
que tomam a ceia consigo.
Francamente, não compreendo como alguns podem passar
tantos anos no ministério sem relacionamento de aliança com
outras pessoas! Sinto-me triste quando vejo irmãos sozinhos, co-
metendo asneiras e estragando as coisas, vez após vez, simples-
mente por não ter uma pessoa com quem possa compartilhar na
Casa do Senhor. Alguns entram em nossos prédios enormes, com
seu púlpito elevado, seus bancos confortáveis que comportam
milhares de pessoas sentadas. A multidão vem a cada domingo,
mas alguns estão ali sozinhos. Quando você vive em aliança
com outro irmão do seu nível de ministério e maturidade, não é
preciso carregar os pesos sozinho. Vocês compartilham os pesos,
pois melhor é serem dois do que um. Há uma recompensa
melhor para o seu trabalho. Se um cair, o outro o levantará. Se
um passar frio, o outro o esquentará (Ec 4.9-12).
A vida cristã não é uma história só de sacrifício e sofrimento,
meu irmão! Você não precisa ranger seus dentes, cerrar seus
punhos, comprar uma cruz e arrastá-la pela rua principal da
cidade! Nós podemos desfrutar de alegria e gozo em um rela-
cionamento de aliança.
Nosso objetivo nestes dias de jejum é que você estabeleça uma
aliança com a sua célula, com o seu grupo de discipulado, com
seu pastor e com sua igreja. Para isso, enumeramos aqui os pontos
dessa aliança. Esses pactos foram originalmente produzidos pelo
Ministério Igreja em Células, mas tomei a liberdade de lhes dar
uma nova cor. Creio que, neste tempo de jejum, o Senhor está
movendo entre nós para atingirmos uma unidade tal que tenhamos
um mesmo falar e uma mesma disposição mental.
O PACTO DA LEALDADE
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e ama-
dos, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-
vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso
alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim
como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai
vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o
vínculo da perfeição. (Cl 3.12-14)
No tempo em que havia muita guerrilha comunista na
América Latina, um cristão resolveu pregar para um deles e o
convidou para a reunião de sua igreja. Depois de avaliar o con-
vite, o comunista disse: "Eu já estive em situações onde meus
camaradas foram mortos ao meu lado. Tenho companheiras
cujos seios foram queimados nas câmaras de tortura. Tenho
compromisso com meus camaradas e sabemos que estamos
arriscando nossas próprias vidas. Quando eu vir essa mesma
dedicação e lealdade no meio dos cristãos, é possível que eu dê
atenção às suas palavras".
O mundo precisa ver esse compromisso de amor entre nós.
Seja uma pessoa de aliança e tome hoje a decisão de amar os
irmãos, incondicionalmente. Faça essa confissão:
"Eu escolho amar, edificar e aceitar cada um dos meus irmãos e
irmãs, não importa o que digam ou façam. Eu escolho ama
los do jeito que eles são. Nada do que fizeram vai me impedir de
amá-los. Posso não concordar com suas ações, mas irei amá-los e
suportá-los pela graça de Deus que habita em mim".
O PACTO DA HONESTIDADE
Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o
seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-
vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem
deis lugar ao diabo. Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação,
conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que
ouvem. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e
gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede
uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em
Cristo, vos perdoou. (Ef. 4.25-32)
Deus é santo, mas ele equilibra Sua santidade com Sua graça.
Em nossa busca, muitas vezes a santidade se transforma em dureza
e aspereza. Quanto mais santas se tornam algumas pessoas, mais
críticas e condenatórias elas ficam.
O crente não anda buscando o amor de ninguém, porque ele
tem o amor de Deus, mas ele demonstra afeto e ternura, pois
não pode escolher a quem deve amar. Ele ama o irmão amável e
o complicado, na verdade ele ama até seus inimigos.
Em uma ocasião, Pedro disse: "Senhor, retira-te de mim,
porque sou pecador" (Lc 5.8). Mas o próprio Senhor era co-
nhecido como amigo dos pecadores (Lc 7.34).
A dureza da santidade deve ser equilibrada com a ternura e o
afeto da graça de Deus. Faça hoje o pacto de ser honesto, mas,
acima de tudo, seja cheio de ternura em sua célula.
"Eu me comprometo a não esconder como me sinto a res-
peito dos irmãos, mas vou procurar, no tempo de Deus, con-
versar francamente e diretamente com eles de modo amoroso e
perdoador para que eles não fiquem desanimados e para que as
nossas dificuldades mútuas não se transformem em amargura.
Eu me comprometo a falar a verdade em amor (Ef 4.15). Vou
procurar expressar minha honestidade de maneira sincera, mas
com mansidão c gentileza, sempre procurando viver em paz com
cada irmão".
O PACTO DA TRANSPARÊNCIA
Se dissermos que mantemos comunhão com ele e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está
na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
(IJo 1.6,7)
Reconheço que não é fácil ser transparente. Todos temos
medo da rejeição e temos receio de ter nossas confidências vio-
ladas. Esses medos são válidos, mas não deveriam nos impedir
de andar na luz. Evidentemente, a confiança é construída com o
tempo e o nível de transparência irá variar de acordo com o
nível de maturidade e aliança, no discipulado e na célula. Mas
faça hoje o propósito de andar na luz com os irmãos e jamais
ter coisas escondidas e escuras em sua vida. Faça agora mesmo
um pacto de transparência.
"Prometo me empenhar para me tornar uma pessoa mais
aberta, abrindo minhas lutas, minhas alegrias e minhas dores
para a minha célula e o meu grupo de discipulado. Reconheço
que não posso caminhar sozinho e que não vou conseguir nada
sem a ajuda dos irmãos. Eu preciso dos meus irmãos. E quero
sempre deixar claro a todos eles o quanto aprecio a sua amizade
e apoio. Rejeito toda vida dupla e todo pecado oculto. Eu decido
andar na luz com meus irmãos".
O PACTO DA ORAÇÃO
Por isso, também não cessamos de orar por vós, para
que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e
cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de
fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja
glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso
Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2Ts 1.11,12)
Todos nós já ouvimos a história do "crente seis horas". Ë
aquele que vive pedindo: "ocêis ora por mim!". Eu sei que é fol-
clórico o irmãozinho que vive pedindo oração até quando não
tem nenhum motivo específico. Mas, por trás dessa história,
percebemos um pouco de indisposição de orar pêlos irmãos.
Isso não deveria ser assim. Quando oramos pelo irmão, passamos
a amá-lo, somos mais pacientes com ele e nos sentimos de
fato aliançados. Em uma célula na qual os membros oram uns
pêlos outros, o ambiente espiritual é completamente livre de
amarguras e melindres. Se você é parte do Corpo, você precisa
ter o compromisso de orar pêlos irmãos.
"Eu faço um pacto de orar por cada membro da minha célula e
do meu grupo de discipulado. Creio que meu amor e tolerância vão
crescer na medida em que oro por eles. Eu sou companheiro de
jugo dos meus irmãos, por isso, decido ajudá-los a levar seus
fardos em oração. Eu faço o pacto de lutar as suas guerras em
oração e ser para eles retaguarda contra o inimigo".
O PACTO DA SENSIBILIDADE
O homem que tem muitos amigos pode congratular-
se, mas há amigo mais chegado do que um irmão.
(Pv 18.24NTLH)
Nós precisamos saber que é bom chorar juntos. Precisamos
entender que, quando enfrentamos uma crise juntos, não
precisamos ser estóicos. Não precisamos fazer de conta que não
sentimos nada. Podemos nos desprender em lágrimas e
emoções. Vejo os presbíteros de Éfeso abraçando e beijando
calorosamente a Paulo; e os irmãos de Cesaréia chorando e
implorando-lhe para não subir a Jerusalém; até que ele respon-
desse: "Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração?"
(At 21.13). Mas eles sabiam que não mais veriam Paulo face a
face. Por toda a Bíblia, encontramos horas em que se devia
gritar, horas em que se devia chorar, horas em que se devia rir.
Todas as emoções humanas são válidas em Deus! Ele não quis
que suprimíssemos nossas emoções — elas têm a sua mani-
festação legítima. A igreja é o lugar onde expressamos nossos
sentimentos em liberdade e os nossos irmãos são aqueles que
são sensíveis e solidários com a nossa dor.
"Eu me comprometo a chorar com meus irmãos no dia da
dor e a festejar com eles por suas vitórias. Faço o pacto de ser
sensível a eles e às suas necessidades da melhor maneira possível.
Não vou ignorar suas lágrimas e nem permitir que eles caiam no
abismo do desânimo e do isolamento. Prometo ser para eles canal
de graça e uma fonte de palavras de vida e motivação. Lanço
fora toda palavra de condenação e de acusação contra meus
irmãos".
O PACTO DA DISPONIBILIDADE
Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em
comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distri-
buindo o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes
no templo, partiam pão de casa em casa e tornavam as
suas refeições com alegria e singeleza de coração,
louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o
povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a
dia, os que iam sendo salvos. (At 2.44-47)
Estamos entrando, como igreja, em uma nova fase de re-
lacionamento de aliança. Há alguns mais adiantados, que já
estão praticando a vida em comunidade. Eu creio que Atos 2
contém o espírito do cristianismo de aliança. Nesse espírito de
aliança diga:
"Na hora da crise, o que eu possuo pertence a você e temos
todas as coisas em comum. Eu estou aqui se precisarem de
mim. Tudo o que tenho: tempo, energia, entendimento, bens —
está à disposição de vocês se precisarem. Se vocês passarem pela
crise, quero ser o primeiro a sustentá-los. Não quero fugir no dia
da luta, mas quero estar ao lado de vocês.
O PACTO DA CONFIANÇA
No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os
lábios é prudente. (Pv 10.19)
O homem prudente oculta o conhecimento, mas o coração
dos insensatos proclama a estultícia. (Pv 12.23)
Nossa geração tem produzido uma safra de violadores de
alianças e compromissos, pessoas que não entendem a natureza
da lealdade, pessoas que venderiam seus companheiros em troca
de uma posição política ou de uma vantagem pessoal! Mas
Deus está levantando uma igreja que vai reintroduzir o
significado de integridade e lealdade entre os homens.
Faça este compromisso:
"Prometo manter em segredo tudo o que for compartilhado
dentro da célula, de modo que tenhamos uma atmosfera de
confiança. Eu reconheço que o meu líder tem liberdade de
compartilhar com o pastor o que for necessário para o meu
crescimento. Mas eu mesmo jamais espalharei coisa alguma
do que for compartilhado pêlos meus irmãos na minha célula.
Eu declaro que sou submisso ao meu líder de célula e ao meu
discipulador em tudo o que for bom para edificação".
O PACTO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS
Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de
Israel; da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da
minha parte. [...] se tu avisares o justo, para que não
peque, e ele não pecar, certamente, viverá, porque foi
avisado; e tu salvaste a tua alma. (Ez 3.16 21)
Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma
delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e
nove, indo procurar a que se extraviou? (Mt 18.12)
Não podemos ter o pensamento de que ninguém tem nada a
ver com a nossa vida. Estamos ligados aos nossos irmãos e
devemos satisfação a eles. Diante de Deus, eles devem no--
exortar para que vivamos uma vida santa e eu devo aceitar a
repreensão deles. Por isso, laça hoje este pacto:
"Eu dou aos membros da minha célula e do meu grupo de
discipulado o direito de me questionarem, confrontarem e me
desafiarem em amor, quando eu estiver falhando em algum
aspecto da minha vida com Deus, do meu relacionamento fa-
miliar, da minha vida devocional, ou em qualquer área que
perceberem uma falha. Confio que eles estão no Espírito e que
serão guiados por Deus quando agirem assim. Recuso-me a ficar
melindrado e a ter uma reação carnal. Eu declaro que
preciso da correção e da repreensão deles de modo que eu possa
crescer e ter um ministério frutífero no meio dos irmãos".
O PACTO DA ASSIDUIDADE
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de al-
guns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto
vedes que o Dia se aproxima. (Hb 10.25)
Aquele irmão que, seguidamente, deixa de participar da cé-
lula, discipulado ou dos cultos da igreja está perdendo muito da
sua vida espiritual. As reuniões da igreja são uma grande
proteção. Se você está em aliança com os irmãos, você precisa
ter com eles um pacto de assiduidade. Declare isto:
"Eu reconheço a importância da reunião com os irmãos na
célula e com toda a igreja. Considero que sou edificado quando
estou com meus irmãos. Não entristecerei o Espírito, nem
impedirei o Seu trabalho na vida dos meus irmãos pela minha
ausência, exceto em caso de emergência. Somente com a permissão
dEle, em oração, vou considerar a possibilidade da ausência. Se
estiver impossibilitado de comparecer por qualquer razão, por
consideração, vou telefonar para o meu líder para que todos os
membros do grupo saibam por que estou ausente, para que
possam orar por mim e não tenham preocupações comigo".
O PACTO DA CONQUISTA
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século. (Mt 28.19,20)
Cremos que seja possível uma célula se multiplicar uma vez
por ano. Esse é o nosso desafio e a nossa visão. E convidamos
você a abraçá-los. Nossa geração, nossa cidade e nação podem
ser alcançadas para Cristo. Para isso, basta que multipliquemos
nossas células uma vez a cada ano e que cada membro faça um
pacto pela conquista. Somente aqueles que estão aliançados
frutificam. Por isso, faça hoje esta aliança:
"Eu faço hoje o pacto da conquista da nossa geração. Declaro
que me empenharei em oração, contribuindo e liderando para
que o reino de Deus avance em nossa cidade. Da mesma forma
que me sacrifico pêlos meus irmãos, faço o compromisso de jejuar e
buscar por todos os meios a multiplicação da minha célula. Vou
dar o máximo para trazer visitantes e também consolidá-los depois
de convertidos. Não vou me preservar e nem criticar meus líderes
por causa da visão da conquista e da multiplicação".
Depois de fazer cada um desses pactos, você precisa se lem-
brar que eles estão todos baseados em nosso caráter e no empenho
de nossa palavra. Você precisa, agora, demonstrar lealdade aos
irmãos como parceiros de aliança.
A palavra "lealdade" em nossa cultura tornou-se muito mais
forte que a palavra "amor". Experimente substituir "amor" por
"lealdade", você perceberá o peso do que digo. Deus nos está
chamando à lealdade. Vamos colocar a lealdade em nosso vo-
cabulário. Vamos demonstrar integridade diante dos homens!
Que as pessoas percebam que não zombamos uns dos outros
publicamente, nem expomos os defeitos de nossos irmãos para
os outros. Nós cobrimos a nudez do nosso irmão, nós nos
colocamos ao seu lado, identificando-nos com ele. Podemos
confrontá-lo em casa, mas lutamos a favor dele lá fora. Não o
expomos diante do mundo e do inimigo.
Certa vez, ouvi um pastor contar a história de sua infância e
acho que ela ilustra bem isso. Ele dizia que tinha uma irmã mais
velha que tinha cabelos vermelhos. Em casa, eles brigavam o
tempo todo, sempre escorando um no outro as obrigações da
casa. Mas ele conta que um dia se meteu em uma briga na
escola e uns garotos vieram para bater nele. Aqueles garotos o
jogaram o chão e começaram a chutá-lo quando, de repente, ele
viu de longe uma garota de cabelos vermelhos correndo para cima
deles. Ela era maior e mais velha e deu uma lição neles. Quando
todos correram, ela se virou para ele e perguntou: "Eles
machucaram você?".
Eles discutiam e brigavam em casa, mas lá fora eram irmãos.
Se você quiser brigar, brigue em casa, confrontando um ao
outro no contexto de intimidade e relacionamento de aliança,
longe dos olhos de pessoas estranhas. Mas, lá fora, você é o meu
irmão! Não importa o que você já fez, você é o meu irmão!
Vamos restaurar a lealdade, a integridade! Sejamos homens e
mulheres de Deus! A Palavra de Deus diz que, nos últimos dias,
irá se multiplicar a deslealdade e a traição. Que em nosso meio
haja homens e mulheres de Deus comprometidos em amor e
lealdade uns com os outros.
10° DIA
A VIDA DA IGREJA
O Livro de Atos descreve o início da vida da Igreja:
E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comu-
nhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma
havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por
intermédio dos apóstolos. Iodos os que creram estavam
juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre
todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Diariamente perseveravam unânimes no templo, par-
tiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições
com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e
contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo
salvos. (At 2.42-47)
No verso 41 lemos que quase três mil pessoas foram acres-
centadas à vida da Igreja e, a partir do verso 42, descobrimos
como eles se relacionavam agora. A igreja em Atos não era
perfeita, mas creio que ela é colocada para nós como padrão e
modelo do que deve ser a nossa igreja hoje.
Sei que há muitos que estão procurando uma igreja perfeita.
São eles que dizem: "Bem, você sabe, eu não vou à igreja, há
muitos hipócritas ali". O que você está procurando? Um lugar
perfeito cheio de pessoas perfeitas? Você fica chocado quando
encontra uma igreja com pessoas exatamente como você? Pessoas
que falham e, pasme, comete pecados?
Outro dia encontrei uma pessoa que disse já ter perdido a
sua fé na igreja. E desde quando somos exortados a ter na fé na
igreja? Nossa fé está em Cristo. Eu sei que seu desejo é encontrar
uma igreja perfeita, mas se porventura você encontrá-la, não se
torne seu membro, porque você vai estragá-la.
Quais são as marcas de uma igreja que pode abalar o mundo?
Para responder a essa pergunta devemos olhar não para as
igrejas atuais, mas para a Igreja primitiva. Não digo que esses
primeiros cristãos eram perfeitos, mas nos deixaram o padrão de
como deveria ser a vida da igreja. Eles possuíam algumas
marcas que desejo compartilhar com você.
I. ELES PERSEVERAVAM NO ENSINO DOS APÓSTOLOS
Nunca presuma que os primeiros cristãos não tinham uma
doutrina, um ensino. O ensino dos apóstolos é a base de nosso
ensino. Essa é uma das bases da unidade da igreja: crer no ensino
dos apóstolos. Qualquer outro ensino deve ser rejeitado.
Sei que no afã do crescimento muitas igrejas têm cedido às
tentações de outros ensinos. Mas, temos definido alguns
princípios entre nós:
• não faremos algo somente porque atrai as pessoas, mas
faremos aquilo que é vontade de Deus mesmo que não
seja popular;
• não deixaremos de lado qualquer parte do ensino apos-
tólico, somente porque é controlador;
• não alimentaremos a igreja com aquilo que ela deseja co-
mer, mas somente com o ensino bíblico apostólico;
• não limitaremos nossa pregação a apenas um grupo de
pessoas. Vamos encher toda a cidade com a pregação do
evangelho.
Essas resoluções são a forma de perseverarmos no ensino
dos apóstolos. Vivemos um tempo onde a mentalidade é ter
uma igreja "leve" e livre de controvérsias. Nada de mensagens
profundas e comida pesada. O problema é que as pessoas de-
senvolvem o apetite por aquilo que costumam comer. Uma
igreja com dieta de sermões curtos e agradáveis no lugar de um
sólido ensino da Palavra de Deus crescerá como um arremedo
de cristãos, fracos e religiosos.
Em nossa igreja, temos nos empenhado para ensinar todo o
conselho de Deus. Simplesmente perseveramos nisso. Embora os
homens digam muitas coisas e tenham muitas opiniões, você
precisa estar firmado na rocha da Palavra de Deus. Seja um
daqueles que se cala diante da resposta: "Está escrito".
zi DIAS 1'ni.A UNIDADE — DESCUBRA o i»oi>i n nh SI-:H UM COM s nus IRMÃOS
1. ELES PERSEVERAVAM NA COMUNHÃO
Os que creram estavam juntos, mas comunhão é muito mais
que estar junto, é estar em unidade no espírito, tendo o mesmo
coração e mente. "Da multidão dos que creram era um o
coração e a alma" (At 4.32). Fomos inseridos em um corpo e
precisamos prestar contar uns aos outros. Não mais precisamos
estar sozinhos.
O ensino bíblico claro é que precisamos estar juntos com
outros crentes. Vivemos tempos difíceis e já muitos têm aposta-
tado da fé e seguido o ensino de espíritos enganadores. A comu-
nhão nos protege e também nos fortalece quando enfrentamos
dificuldades, desafios, tentações. Reunidos, em comunhão, po-
demos dizer: "Irmão, ore por mim. Ajude-me!".
Eles partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas re-
feições com alegria e singeleza de coração. Um coração singelo é
um coração que ama. A respeito do amor, Paulo nos ensina o
que de fato ele é:
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em
ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz
inconvenientemente, não procura os seus interesses, não
se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais
acaba, (lCo 13.4-7)
O amor tudo sofre porque agora não é apenas uma vida
isolada, mas uma vida em comunidade. Quando se é sozinho se
t U . K h j A
sofre uma vez, mas quando se tem os irmãos, se sofre o dobro.
Sofremos a nossa dor, mas também sofremos a dor de nosso
irmão. Tudo o que dói nele, em certa medida, dói na gente
também. A doença dele é como se fosse nossa também.
Além disso, o amor tudo crê. O amor acredita quando o
outro diz: "Nunca mais farei isso". E capaz de perdoar porque é
capaz de acreditar no arrependimento. O amor acredita no
potencial, nas habilidades escondidas, na capacidade de realizar,
por isso investe nos irmãos; acredita que podem liderar, que
podem pregar e ajudar de todo jeito. O amor acredita quando
todos desacreditam.
Paulo também diz que o amor tudo espera. O amor espera o
melhor. Esperança é a linguagem dos sonhos. Quando so-
nhamos manifestamos certas características:
• valorizamos as pequenas coisas;
• temos expectativas boas sobre o amanhã;
• temos planos e projetos.
O amor espera sempre o melhor e nunca premedita o mal, a
queda, a decepção. Porque crê, o amor é benigno, ou seja,
sempre supõe o melhor a respeito do outro. Se o irmão faltou
ao compromisso, você supõe que algo o impediu. Se ele falou o
mal é porque não se expressou bem. Quem crê vê o que os
outros não vêem, por isso, não desiste.
Daí dizermos que o amor tudo suporta. Suporta as diferenças
psicológicas. As feridas e carências na alma, os complexos e
traumas.
136 137
O amor suporta diferenças de comportamento. Sou extro-
vertido, mas o outro é introvertido e fechado como uma concha.
Sou capaz de suportar o irmão tímido, mesmo sendo eu falante.
Suporta diferenças de hábitos e costumes. Enquanto uns são do
campo, outros são metropolitanos. Uns são cultos, mas outros
mal sabem assinar o nome. O amor é capaz de suportar
diferença de gostos e preferências. Sou capaz de comer rúcula
só para ter comunhão com o irmão vegetariano.
3. PERSEVERAVAM NAS ORAÇÕES
Perseveravam unânimes no templo e nas orações. Os pri-
meiros cristãos não debatiam com os pagãos, davam a vida por
eles. E interessante que o cristianismo não tenha tentando destruir
o judaísmo e nem feito oração de guerra para acabar com a
religião que os resistia. Em vez disso eles oravam e davam a sua vida
pêlos incrédulos. Nunca fizeram uma campanha para derrubar o
imperador ou promoveram uma revolução. Todavia, . o império
romano tombou diante deles.
O maior império da história caiu diante de uns pescadores
galileus e um monte de escravos convertidos. Eles simplesmente
davam para aqueles que queriam tirar algo deles. Amavam
aqueles que os perseguia. Abençoavam e jamais amaldiçoavam.
Humilhavam-se diante dos assim chamados poderosos e che-
garam mesmo a dar a vida por eles.
Quando oravam, o próprio lugar onde estavam reunidos tre-
mia (At 4.31). Tudo isso porque eles oravam em unanimidade. A
unidade é que os levava a perseverarem na oração.
Se temos alcançado algum resultado em nosso ministério
isso se deve à oração perseverante de milhares de irmãos que se
unem a nós em um só coração para chorar pela cidade. Nós
cremos na promessa: "Todo o que pede recebe" (Mt 7.7). Por
isso temos recebido a cidade por herança.
4. TINHAM TUDO EM COMUM
Aquela era uma igreja de amor. Diariamente perseveravam
unânimes de casa em casa e contavam com a simpatia de todo o
povo. Tinham tudo em comum. Sei que a primeira coisa que
vem à mente de alguns quando lêem isso é o pensamento de que
"agora a família Silva vai ter de repartir sua mansão comigo".
Mas não há aqui algum tipo de projeto socialista. O fato é que
todos se empenhavam para que não houvesse necessitados entre
eles. Por causa disso, eles contavam com a simpatia de todo o
povo ao derredor.
Eles andavam em amor e unidade. Na verdade esses foram
os dois ingredientes da explosão que eles experimentaram. A
igreja na nossa geração tem a oportunidade de fazer diferença
neste mundo. Deus tem aberto para nós as portas para mudar a
história. Mas precisamos ser um povo que expressa unidade e
amor para alcançar o propósito.
5. HAVIA SINAIS E PRODÍGIOS
Uma igreja prevalecente possui testemunhos de poder.
Quando lemos o Livro de Atos, temos a impressão de que os
milagres aconteciam todos os dias. Mas precisamos ter em
mente que a história registrada ali abrange um período de apro-
ximadamente 25 anos. Havia muitos dias em que os milagres
não aconteciam, mas os crentes continuavam perseverando na
oração e no ensino. Não estavam atrás dos milagres, mas cer-
tamente os milagres os seguiam.
6. LOUVANDO A DEUS
Certamente o louvor é um dos pontos fundamentais da vida
da Igreja. A Igreja primitiva foi edificada no louvor e na oração.
Na verdade, onde acontecem tantos sinais e prodígios, o louvor
acaba sendo uma reação natural.
Nos dias de hoje, pensamos no louvor mais como um acon-
tecimento ou show, mas naqueles dias era um jeito de viver. Era
viver de uma forma revolucionária. Amo quando a Bíblia diz
que certa vez, quando se reuniam, tremeu o prédio onde esta-
vam. O louvor é uma forma de alcançarmos unidade. Quando
caminhamos em direção a Deus, automaticamente ficamos mais
perto uns dos outros.
7. O SENHOR ACRESCENTAVA-LHES DIA A DIA, os QUE IAM
SENDO SALVOS
Uma crítica recorrente contra nós é que nos preocupamos
com números. Mas não deveríamos nos preocupar? Cada nú-
mero representa uma vida. Eu me importo com vidas, e você?
Anjos fazem festa no céu quando um pecador se arrepende, mas
na terra há alguns crentes emburrados reclamando de nossa
obsessão pela multiplicação.
É verdade que a excessiva preocupação com números pode
se tornar uma "numerolatria" — uma veneração dos resultados
por causa de objetivos carnais e egoístas. Numerolatria é uma
doença altamente contagiosa. Ela pode contaminar qualquer
movimento ou igreja. As causas mais comuns dessa enfermi-
dade maligna são:
a. MarketingOs números são, naturalmente, uma excelente promoção da
igreja e do seu pastor. O respeito e a credibilidade de um
ministério dependem, naturalmente, em grande parte, dos re-
sultados numéricos.
b. Meios de autopromoção
Aqueles que mais enfatizam os números são também os que
mais exageram ou fazem arredondamentos convenientes para
cima. É antigo o folclore de pastores "evangelásticos" que afirmam
ter tantos membros que não cabem no prédio de reuniões, mesmo
que um assistisse o culto em cima dos ombros do outro.
c. Competição
É notória a competição que existe entre as maiores igrejas
das grandes cidades. Tal orgulho carnal leva os seus líderes a
uma guerra de números.
d. Poder político
Números traduzem poder político. Nas últimas eleições, os
pastores de nossa cidade anunciaram que éramos 40% de
evangélicos. Naturalmente, isso não é verdade. Era apenas um
número que atendia aos seus interesses políticos.
A numerolatria pode matar ou produzir conseqüências de-
molidoras na vida das igrejas que foram contaminadas. Vejamos
algumas delas:
a. Alargamento da porta
Com a necessidade de continuar crescendo muito e rápido,
os líderes tendem a diluir a mensagem do Evangelho e a serem
mais brandos nas questões éticas, a fim de atrair mais pessoas.
b. Desânimo
Numerolatria é uma obsessão e pode tornar a liderança in-
sensata. Alvos demasiadamente grandes, projetos muito dis-
pendiosos e uma sobrecarga sobre o povo podem levar a con-
gregação ao desânimo.
c. Descrédito
Tanto a igreja como sua liderança podem cair no descrédito
por causa dos exageros e do triunfalismo.
A numerolatria é uma doença transmitida pelo diabo. É
conhecido o episódio em que Davi levantou o censo de Israel:
"Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a
levantar o censo de Israel" (ICr 21.1).
A ênfase nos números pode ser um problema, mas pode ser
também uma grande bênção na obra de Deus. Não devemos
pensar que Deus é contra os números. Foi Ele mesmo quem
ordenou a Moisés que contasse o povo de Israel (Nm 1.1,2).
Em todo o Velho Testamento vemos as genealogias, uma
espécie de ancestral do rol de membros de nossas igrejas. O
próprio Jesus usou números em muitas ocasiões para ensinar
verdades importantes. Ele contou a parábola das 100 ovelhas
(Mt 18.2); a respeito de colheitas ele falou de rendimentos a 30,
60 e 100 vezes o número de sementes plantadas; e por ocasião
da pesca maravilhosa, alguém teve o cuidado de contar os peixes
e ver que eram 153 grandes peixes (Jo 21.11).
Deus não possui aversão a números, pois Ele sabe quantos
fios de cabelo temos em nossa cabeça. Além disso, temos no
Livro de Atos uma descrição sugestiva: no capítulo primeiro
temos 120 pessoas reunidas; no segundo, já se diz que três mil
foram acrescentados e no capítulo quatro, verso quatro, ficamos
sabendo que já eram cinco mil os homens agregados. Foi o
próprio Espírito Santo quem nos deu esse relato. Portanto,
números, em si mesmos, não são maus. Isso nos leva à seguinte
pergunta: por que os números incomodam tanto? Talvez seja por
causa de uma outra enfermidade grave: a "numerofobia" — um
medo exagerado dos números.
Aqueles que contraíram a numerofobia, normalmente gostam
de teologizações do seguinte tipo: "Se a porta é estreita e são
poucos os que entram por ela, como podemos defender grandes
igrejas?". Eles dizem que Jesus nos mandou cuidar das ovelhas,
não contá-las. Outros ainda afirmam que Jesus chamou apenas
12, e não toda a multidão, porque está interessado apenas na
qualidade e não na quantidade.
Não quero diminuir a seriedade de questões como essas, mas, a
meu ver, elas apenas são um sintoma da numerofobia. Como
toda doença, ela possui causas. Vejamos algumas delas:
a. Insegurança
Aqueles que detestam números, normalmente, não têm nú-
mero algum para mostrar (ou se têm, são inexpressivos). Nesse
caso, é como um mecanismo de defesa, para não ser confron-
tado com a falta de frutos e não vir a ser taxado de ineficiente
ou incompetente. Ignorar as estatísticas é uma desculpa para não
avaliar o próprio desempenho no ministério.
b. Incredulidade
Por trás de todas essas teologizações que mencionamos, existe
um espírito de incredulidade. A porta pode ser estreita, mas a
vontade de Deus é que todo homem seja salvo. Jesus começou
com 12, mas João viu em Apocalipse uma multidão que nin-
guém pôde contar.
c. Comodismo
Os números nos confrontam e nos forçam a buscar «ovas es-
tratégias, a rever estruturas antigas e a reavaliar todo o trabalho.
Em suma, eles podem ser completamente subversivos - podem
mexer com a nossa comodidade.
Se a numerolatria é grave, a numerofobia pode ser devas-
tadora. Se o paciente não se tratar, pode chegar à óbito. En-
tretanto, a maioria não morrerá, mas pode carregar algumas
seqüelas, tais como:
a. Isolamento
A tendência das pessoas que têm aversão a números é se
isolar. Suas igrejas se isolam como se fossem uma ilha de qua-
lidade em um oceano de mundanismo. Todo grupo exclusivista
sempre diz de si mesmo: "Somos poucos, mas somos de
excelente qualidade".
b. Estagnação
Se não somos honestos em avaliar nosso trabalho, métodos e
estruturas, com base nos resultados esperados, a conseqüência
natural é a estagnação. Uma boa crise de crescimento pode ser
saudável para qualquer igreja.
A conclusão é que os números podem ser usados de forma
correta. Os números, em si mesmos, não são bons ou maus; tudo
depende de como eles são usados. Existem duas doenças básicas
no meio evangélico, quando o assunto são números. Gostaria de
sugerir algum tratamento para quem sofre dessas enfermidades.
Para aqueles que padecem da doença da numerolatria, sugiro
uma cirurgia para remoção do ego e doses diárias de cruz. Co-
loque na cruz todo o desejo de honra e glória e deixe que Cristo
seja visto e tenha a preeminência. Para aqueles que sofrem de
numerofobia, recomendo uma dose diária de poder do Espírito.
Esse remédio terá como efeito colateral uma enorme crise e pressão
para crescimento, mas não se preocupe, o mal-estar passará e o
resultado poderá ser visto em pouco tempo.
11° DIA
A CONSCIÊNCIA DO CORPO
O Novo Testamento apresenta pelo menos sete ilustrações da
Igreja. Cada ilustração realça um aspecto específico dela, mas
uma das mais abrangentes é aquela que mostra a Igreja como o
Corpo de Cristo, a plenitude dAquele que a tudo enche em todas
as coisas.
A palavra "plenitude" significa expressão. Assim, a plenitude
ou a expressão de Cristo é a Igreja. Assim como o nosso corpo
é a nossa expressão, o Corpo de Cristo, a Igreja, é a Sua
expressão e plenitude.
Entretanto, para que seja uma expressão apropriada, o Corpo
precisa amadurecer. Uma criança pode ser perfeita, mas seu
corpo não pode expressá-la em plenitude; para isso ela deve
crescer. O Corpo precisa crescer e aperfeiçoar-se até que todo
ele chegue "à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da ple-
nitude de Cristo" (Ef 4.12).
O Corpo de Cristo está relacionado à vida, é algo orgânico e
vivo. Cada um de nós é uma parte desse Corpo onde circula a
vida de Deus.
I. No CORPO TODOS OS MEMBROS SÃO IMPRESCINDÍVEIS
Até mesmo aquele membro mais difícil e complicado está no
Corpo para ser instrumento de aperfeiçoamento dos demais.
Aquele que possui revelação do Corpo de Cristo reconhece a
necessidade de comunhão. E quando falo de comunhão não
estou me referindo à vida social: comer juntos e nos divertir. A
verdadeira comunhão acontece quando sinto prazer de fazer as
coisas junto com os membros do Corpo de Cristo e reconheço
que necessito da ajuda e cooperação deles para avançar.
Precisamos aprender a comunhão por meio da oração, da
tribulação, da busca da vontade de Deus e do conhecimento da
Palavra de Deus. Quando não sinto clareza a respeito de uma
direção de Deus, por exemplo, eu busco os irmãos para que
orem comigo e me ajudem. Isso é verdadeira comunhão. A
verdadeira comunhão acontece quando reconheço que tenho
necessidade dos outros membros do Corpo de Cristo.
Há situações em que nos sentimos incapazes de discernir a
vontade de Deus, então nos unimos aos irmãos da célula e
levamos esse assunto em oração. Se tenho que tomar decisões
sérias e peço o conselho de irmãos, estou reconhecendo minha
insuficiência e limitação; ao mesmo tempo estou reconhecendo a
minha necessidade do corpo de Cristo. Eu reconheço que meus
irmãos possuem habilidades e dons que eu não tenho;
reconheço que eles podem me ajudar. Reconheço que alguns
são mais maduros e experientes e podem me orientar.
Quando agimos assim rapidamente descobrimos que cada
membro do Corpo é útil e imprescindível. Assim, nos sentimos
gratos por sermos parte de algo tão extraordinário e abençoador.
Nenhum membro do Corpo pode desempenhar as funções
sem os outros membros. Não há cristão isolado. Vivemos no
Corpo. Se eu cortasse minha mão e a colocasse em uma cadeira no
outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria mais
utilidade porque estaria separada dos outros membros do meu
corpo. Você só é útil se estiver conectado. Deus não pode usar
membros desconectados do Corpo.
2. No CORPO TODO MEMBRO DEVE FUNCIONAR
Evidentemente cada membro possui a sua função, mas há
uma função comum a todos: "Se disser o pé: Porque não sou
mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o
ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por
isso deixa de o ser" (lCo 12.15).
Na Bíblia os pés falam, os ouvidos talam, os olhos talam.
Assim, no Corpo de Cristo, todos os membros falam. Falar é
uma forma de experimentarmos a vida no Corpo. E por isso que
somos uma igreja em células, pois somente em um grupo
pequeno, todos os membros podem funcionar. Antes éramos
guiados por ídolos mudos, mas agora servimos ao Deus vivo
que é a própria Palavra (Jo 1.1).
Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis
conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. (l
Co 12.2)
Cada pessoa é um membro do Corpo e por isso ninguém
deveria ser apenas um expectador passivo em uma reunião. A
passividade traz um grande prejuízo para o Corpo, pois priva os
demais membros de serem edificados e abençoados. Não digo
que todos devam ser pregadores, mas precisamos ministrar vida
aos nossos irmãos. Existem irmãos que levantam a reunião
apenas com sua presença; eles ministram vida ao Corpo.
3. No CORPO OS MEMBROS SE CUIDAM MUTUAMENTE
Se um membro sofre todos sofrem com ele: "De ma-
neira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele;
e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam" (l
Co 12.26).
Os dons são dados aos membros não para competição ou
demonstração de uma maior espiritualidade. O dom tem como
objetivo o cuidado mútuo. O que fazer quando um membro está
em necessidade? Meu paladar, por exemplo, gosta de pimenta,
mas meu estômago não. Qual é a solução? Alguns forçam o
estômago a gostar, então, todo o corpo sofre. O melhor é deixar
de comer pimenta por causa do estômago. Se minha garganta
está infeccionada, meu braço, que por acaso está muito bem, é
quem sofre voluntariamente a dor da injeção de antibióticos
para proteger o outro membro do corpo. Não é maravilhoso
isso? Nestes dias estamos de jejum para proteger e suprir outros
membros que estão doentes.
Por outro lado, um único membro pode levar todo o Corpo a
sofrer. Precisamos perceber quanto poder existe em um único
membro. Igrejas têm sido destruídas por causa de um único
membro. Quando temos revelação do que é o Corpo somos
cuidadosos com a nossa vida, pois sabemos que as nossas atitudes
podem trazer dor e sofrimento para todo o Corpo de Cristo na
igreja local.
Vamos tomar o câncer como exemplo. Como ele se propaga?
São algumas células que se desenvolvem de maneira indepen-
dente, sem a coordenação do corpo. Ele não necessita que elas
se multipliquem, mas essas células insistem em continuar se
multiplicando de forma anormal. Elas só se importam com o
seu próprio desenvolvimento. São células independentes que
agem fora da autoridade do corpo. Crescem de forma desorde-
nada e sugam toda energia disponível. Um corpo infestado por
essas células cancerígenas rapidamente definha. Bastam poucas
células independentes para destruir todo o corpo.
4. NO CORPO, OS MEMBROS SE SUBMETEM A AUTORIDADE
Todos os membros estão sujeitos à cabeça, Cristo. A mão não
se submete diretamente à cabeça, mas ela o faz através do braço.
Assim, a autoridade da cabeça flui através dos membros.
Cada membro deve se submeter à autoridade direta da cabeça,
mas também à sua autoridade indireta. A mão está sujeita à
J 2. 21 DlAS I'EI^ UNIDADE __ [ >íi.SC'UUKA O 1'ODEH Dl- SFR UM COM SMIS IRMÃOS
autoridade direta da cabeça, porém, quando o braço, se move a
mão se move junto com ele, porque a mão se submete à cabeça
através do braço. Por isso, aquele que possui revelação do Corpo
de Cristo sabe que não é possível estar no corpo de forma
prática sem se submeter a outros membros.
Se você possui sensibilidade espiritual, já percebeu que ao
resistir à autoridade do seu líder de célula, um desconforto no
seu espírito é gerado. Esse desconforto é o Cabeça mostrando
que afinal, ao resistir seu líder, é a cabeça que está sendo resistida.
Ao reconhecer a autoridade do Cabeça, logo se percebe a
autoridade dos outros membros, daqueles que estão mais adiante
na vida espiritual. Você deve submissão a eles.
Deus tem colocado membros que representam o Cabeça. Se
você resisti-lo estará resistindo a Deus. Precisamos de olhos
espirituais para ver que existe autoridade em nosso Corpo. Se
não houvesse autoridade, todo o Corpo estaria em confusão.
Imagine que o corpo sente fome, mas a boca se recusa a comer. O
que acontecerá? Todo o corpo sofrerá. Embora somente um
membro se recuse a se submeter, todo o corpo é prejudicado.
$. No CORPO, TODOS PARTICIPAMOS DE UMA MESMA VIDA DE
COMUNHÃO
O sangue simboliza vida. A vida de Deus circulando entre nós
opera o mesmo que o sangue opera em nosso corpo.
A Igreja é um corpo vivo. Nela, através das células, os vín-
culos de comunhão do Corpo são edificados. Esses vínculos são
importantes, pois eles propiciam a circulação de vida. A Palavra
de Deus diz que o sangue é vida; é um símbolo perfeito da vida
do próprio Deus, pois o que o sangue faz em nosso corpo físico,
a vida de Deus faz na Igreja — o Corpo de Cristo. O sangue
realiza, pelo menos, cinco funções no corpo: retira as
impurezas; mata os germes; alimenta as células; traz energia e
mantém a temperatura do corpo.
a. A comunhão retira as impurezas
O sangue tem o poder de retirar as impurezas do nosso
organismo. Do mesmo modo, a vida de Deus — circulando
entre os membros do Corpo — expele todo tipo de impureza da
vida deles. Quanto mais a vida de Deus fluir em uma igreja
local, tanto maior será a expressão de santidade pessoal.
A vida de Deus se manifesta plenamente nos relaciona-
mentos. Quando estamos conectados uns aos outros, em
vínculos de amor e comunhão, a vida flui espontaneamente,
eliminando as impurezas do pecado. Se tudo na igreja se
resume a fazer coisas, então nos tornamos uma organização
morta. Uma organização morta é apenas uma instituição, um
monumento. Mas um corpo acontecerá quando formos membros
uns dos outros e, ajudados e consolidados pelo auxílio de toda
junta, efetuarmos o seu próprio crescimento pela vida de Cristo
(Rm 12.5; Ef 4.16).
b. A comunhão mata os germes
Um dos componentes do sangue são os leucócitos, ou glóbulos
brancos, cuja função é promover a defesa do organismo. Em
outras palavras, eles são os agentes de defesa do corpo humano.
Eles têm a propriedade de atacar e destruir os germes invasores
153
do organismo. Semelhantemente, a vida de Deus, que circula
entre os membros do Corpo de Cristo, destrói as setas do diabo e
expulsa os demônios invasores.
Cada membro do corpo precisa compreender a importância
de estarmos juntos, de ministrarmos uns aos outros, de fun-
cionarmos como membros de um Corpo. Tal funcionamento
não tem nada a ver com o prédio da igreja, é uma relação viva
no meio das células.
c. A comunhão alimenta as células
Assim como os membros do corpo humano são supridos e
alimentados pelo mesmo sangue que circula entre eles, a vida de
Deus também supre e alimenta os membros do Corpo de Cristo
em comunhão uns com os outros. Os membros podem ser muitos,
mas a vida que circula entre eles é a mesma: a vida de Deus.
Muitos podem testificar que são alimentados nos cultos pela
Palavra ministrada; isso é bom e necessário. Mas há um tipo de
fortalecimento que é mais que aprender algo novo, é o ver e
ouvir repetidamente o mesmo ensino no relacionamento
espontâneo entre irmãos. A comunhão alimenta o membro e
fortalece a vida.
d. A comunhão traz energia
Ainda que a forma e o estilo de comunhão variem, o crente
que não experimenta uma vida de intimidade com uma célula
de irmãos já perdeu o real sentido do que significa ser membro
do Corpo.
Quando estamos vinculados uns aos outros, somos supridos
de energia e vigor espiritual. O poder de Deus é a Sua própria
vida liberada através da comunhão. Uma coisa é a oração indi-
vidual, mas outra muito diferente e mais poderosa é a oração em
um grupo. O mesmo se pode dizer da adoração, do louvor e da
celebração. O sangue da vida de Deus é poder disponível a
todos quando estamos conectados no Corpo.
e. A comunhão mantém a temperatura
Enfim, é o sangue que tem a propriedade de manter a tem-
peratura do nosso corpo. Uma célula cheia de vida, invariavel-
mente será um lugar quente, cheio do fogo do Espírito. Quando
não há vida, os membros se tornam frios; mas, se o sangue
circula entre eles, a temperatura se elevará. Há muitos que se
esfriaram porque estão sós. Individualismo, definitivamente, é
uma palavra que não combina com cristianismo. Uma brasa
sozinha logo se apaga.
Sei que os evangelistas podem me apedrejar por dizer isso,
mas a Bíblia fala muito mais de comunhão da Igreja do que de
evangelismo. Creio mesmo que a melhor estratégia de evange-
lismo seja a verdadeira e genuína comunhão entre os irmãos.
Jesus disse que o mundo nos reconheceria como Seus discípulos
se amássemos uns aos outros (Jo 13.35). E por meio da comu-
nhão que testemunhamos desse amor.
Você notou quantas coisas a vida de Deus pode operar em
nós? Basta que os membros estejam devidamente ligados pelo
auxílio "de toda a junta, segundo a justa cooperação de cada
parte" (Ef 4.16).
Cada membro deve estar vinculado a outro membro em
amor e também em sujeição de autoridade. Cada um deve ter
alguém a quem se sujeitar em amor para receber edificação
pessoal, e suprimento em amor. O discipulador natural de uma
pessoa é aquele que o ganhou para Cristo, mas mesmo aqueles
que já têm muitos anos de conversão devem se submeter a outro
que seja reconhecido como mais maduro e experiente na fé. Não
deve existir ninguém sem vínculo dentro da Igreja.
6. SEM DIVISÕES
Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. (At
4.32)
Em Atos, capítulo quatro, o número de membros da Igreja
em Jerusalém já ultrapassava as cinco mil pessoas. Como era
possível que tantas pessoas possuíssem um mesmo coração e
uma mesma alma?
O nosso coração é a sede de nosso amor e de nossa fé. O
amor e a convicção procedem do coração. Quando possuímos
um mesmo amor e uma mesma fé, podemos dizer que temos
um só coração. Ter uma só mente significa ter o mesmo parecer e
ser unido em um mesmo propósito. Quando almejamos a
mesma coisa, a nossa alma se une.
Pode ser difícil estabelecer a unidade entre meus pés, minhas
mãos e meus rins. Mas o mesmo sangue alimenta esses mem-
bros e todos os outros. O sangue fornece vida aos membros e se
impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esse morrerá
rapidamente. O sangue é o elemento que unifica o corpo. O
sangue, no corpo, simboliza vida. Assim, podemos dizer que o
vínculo da unidade é a vida de Deus circulando entre os
membros pelo Espírito Santo. Ninguém entra na igreja sem ter
se apropriado primeiro da morte de Cristo e do Seu sangue
derramado, mas ninguém pode continuar na igreja sem receber o
mesmo tipo de vida que circula pelo Corpo e ser nutrido por
essa vida constantemente.
Ë maravilhoso ser parte do Corpo de Cristo. Isso significa
que tudo o que diz respeito à Cabeça também se aplica aos
Seus membros. No Corpo de Cristo não há maldição ou en-
fermidade, assim, como sou membro desse Corpo, também não
há maldição e nem enfermidade em mim. Onde a Cabeça está,
todo o corpo também se encontra, por isso Paulo diz que
estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais acima de
todo principado e potestade (Ef 2.6). O destino da Cabeça é o
destino de todo o Corpo.
Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa
em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo
sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em
relação à Igreja, a Bíblia diz: "Em um só Espírito, todos nós
fomos balizados em um corpo" (ICo 12.13). Um membro do
Corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum
membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa
que pertencemos ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito
significa que nossos corpos pertencem a Cristo.
De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com
ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam, (lCo 12.26)
12° DIA
RELACIONAMENTO E COMPROMISSO
Na edificação da igreja local Deus estabelece alguns por
colunas. A promessa ao vencedor da igreja de Filadélfia é ser
feito coluna no santuário de Deus: "Ao vencedor, fá-lo-ei coluna
no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também
sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu
Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do
meu Deus, e o meu novo nome" (Ap 3.12).
As colunas são uma parte particularmente importante de
uma construção. São elas que dão a sustentação. Não podemos
remover uma coluna de qualquer jeito, pois dependendo da sua
posição a construção inteira pode ruir. Muitos afirmam que se
a construção está na rocha, ela é inabalável. E verdade que
estando edificado no alicerce, que é Jesus, não podemos ser
abalados pelas intempéries; mas colunas que são removidas ou
fracas, também podem destruir obras inteiras.
Se você tem sido colocado como coluna na casa de Deus,
precisa saber que a firmeza da obra local depende da sua força
como coluna. Colunas são feitas para suportarem a pressão, a
tensão e o peso da estrutura. Se você não tolera pressão, então
não se coloque como coluna. Muitos reclamam das pressões da
obra de Deus, mas as colunas não têm escolha. Como colunas,
temos muitos irmãos que se apoiam em nós. Se fraquejarmos,
eles certamente cairão.
Ninguém toca em uma coluna impunemente. Colunas
devem ser respeitadas. E uma grande honra ser uma coluna.
Nas construções antigas ou clássicas, as colunas eram a parte
decorativa mais importante. Nas fachadas dos templos gregos e
romanos, o que mais chama a atenção são as colunas. Com o
passar dos anos as outras partes da construção passam, mas as
colunas ficam como testemunho do tempo. Aqueles que
sustentam a obra de Deus, sendo colunas, são recompensados
diante dEle. Eles são levantados em uma posição de honra.
Você consegue perceber que a unidade do edifício depende
das colunas? Se as colunas se posicionam, todo o prédio se
mantém; mas se alguma delas resolve ser diferente ou estar em
um lugar diferente, o resultado pode ser desastroso. As
colunas são responsáveis por manter a unidade. Paredes re-
beldes podem ser removidas sem muito dano, mas colunas
abalam o edifício.
Como a Igreja é um edifício vivo, precisamos cuidar de
nossas colunas fortalecendo-as e aperfeiçoando-as constan-
temente. Nosso edifício está crescendo, mas a altura que ele
pode chegar depende do crescimento das colunas. Elas pre-
cisam ser aperfeiçoadas.
Porque nos regozijamos quando nós estamos fracos e
vós, fortes; e isto é o que pedimos: o vosso aperfeiçoa-
mento. (2Co 13.9)
Nesse processo de aperfeiçoamento, Deus usa vários meios
para nos ensinar. O primeiro deles é o conhecimento. Para que
possamos crescer precisamos de instrução e ensino. Uma igreja
cresce na exara medida do alimento na Palavra que lhe é
fornecido.
O segundo caminho de crescimento e aperfeiçoamento são
as experiências. É bom termos o ensino, mas ele só se torna
parte de nós depois de termos a experiência. 'Iodos precisamos
de testes, provações, tribulações, apertos e sustos. Sem isso a
Igreja não é aperfeiçoada. Depois de passar por coisas assim,
nunca mais somos os mesmos.
A terceira forma de aperfeiçoamento são os desafios. lambem
não há crescimento sem desafios. Em algum momento teremos
que sair de nossa zona de segurança para fazermos algo que
nunca fizemos, para falar o que nunca dissemos e para conquistar
o que nunca ousamos. Nós somos como aquela mola que depois
de esticada nunca mais volta à posição original. Também não
conseguimos ser os mesmos depois de aceitarmos desafios. É
por isso que trabalhamos com alvos em nossa
igreja. Cada vez que alcançamos os alvos somos mudados, não
podemos mais voltar a ser o que éramos antes.
O quarto instrumento de aperfeiçoamento é a inspiração. E
difícil crescer sem ter modelos em quem mirar. Mesmo que
seja um modelo imaginário, nós precisamos ter uma imagem
daquilo que queremos nos tornar. Quando temos modelos
diante de nós, somos estimulados a fazer o mesmo. Deus
levanta alguns primeiro para puxar os demais. É isso que
Paulo faz quando diz: "Sejam meus imitadores [...]" (ICo
11.1).
Todos esses elementos são importantes, mas eles na verdade
não podem atuar em nós, a menos que tenhamos três elementos
fundamentais: compromisso, relacionamento e disciplina. Esses
três ingredientes são fundamentais para o aperfeiçoamento das
colunas e o avanço da Igreja.
í. COMPROMISSO
O primeiro elemento do aperfeiçoamento da Igreja é o com-
promisso. O crescimento começa com ele. Evidentemente, o
nosso primeiro compromisso é com Deus, mas nosso cresci-
mento também depende de nosso compromisso e aliança com os
irmãos. Quem não consegue ter compromisso com homens,
também não tem compromisso com Deus. A lógica é simples:
João disse que não podemos amar a Deus, a quem não vemos,
se não amamos nosso irmão, a quem vemos. Como manter um
compromisso com Deus a quem você não vê sendo infiel a um
homem que está do seu lado?
Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar
a Deus, a quem não vê. (IJo 4.20)
Você avalia o seu nível de compromisso com Deus medindo o
nível de aliança com a igreja. Qual o seu nível de compromisso
com o propósito da sua igreja?
Nos tornamos semelhantes àqueles com quem nos comprome-
temos. Se você se compromete com demônios, fica parecido com
eles. Se você se compromete com ideologias malignas, fica parecido
com o maligno. Mas se o seu compromisso com Deus e Sua von-
tade é real, é natural que com o tempo você se torne parecido com
Ele. Compromisso é a primeira chave para a mudança.
No casamento, os cônjuges passam a ser parecidos depois
de algum tempo, por causa do compromisso. Quanto maior o
compromisso, mais assimilamos os hábitos e o jeito da outra
pessoa. Eles se tornam parecidos não por causa do físico, mas
por assimilarem os trejeitos, os hábitos e a linguagem. Isso se
torna contagioso por causa da aliança.
Alguns pensam que apenas a convivência é suficiente, mas
convivência não nos torna necessariamente parecidos. Você
certamente passa mais tempo no trabalho do que em casa.
Chega a ficar dez horas trabalhando fora e, em casa, acordado,
não passa mais que seis horas. No entanto você não se parece
em nada com o seu chefe, mas se torna semelhante ao seu
cônjuge. É o compromisso mútuo que produz a unidade de
linguagem e pensamento. Nós seremos conhecidos pelo nível
de compromisso que tivermos uns com os outros. Convivência
sem compromisso é só ajuntamento.
Os irmãos macedônios eram conhecidos pelo compromisso
deles com Deus. Não é bom ser conhecido por causa do nosso
compromisso?
Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só
na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se
divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não
termos necessidade de acrescentar coisa alguma. (ITs
1.8).
Não teremos uma igreja forte se não tivermos aliança, pactos
entre nós. Você tem uma aliança com o seu líder, com o seu
pastor? Há uma aliança com a equipe na qual você está inserido?
Uma obra prevalecente é edificada com homens de aliança. A
solidez do casamento depende do nível de entendimento da
aliança entre os cônjuges. A solidez de uma igreja não está na
idade dos membros, pois alguns imaginam que os jovens são a
força da Igreja. A solidez não está na capacidade financeira ou
na idade da congregação. A força da Igreja está no nível de
compromisso e aliança de cada membro. Compromisso com
Deus, mas também compromisso com uma visão e com um
propósito. Se não há aliança com os líderes, com o pastor, se não
há aliança nas células, então, somos apenas um ajuntamento de
gente sem nenhum impacto na cidade.
Nós temos um compromisso com Deus, com a Igreja e até
mesmo com a nossa geração. Aquele que está comprometido
não mede esforços e nem se preserva. Dá para saber onde
podemos chegar observando o nível de compromisso de cada
membro. Há alguns que não têm o compromisso de sequer ir
ao culto de domingo; dessa forma, como podem fazer parte de
uma obra para a conquista desta geração? Se não podemos
contar com ele para um culto, poderemos contar com ele para se
sacrificar pela obra?
Há irmãos que julgam ser muito pesado o compromisso com
uma célula e se escondem no meio da multidão. Como pelejar
com tal tipo de soldado? Há alguns que estão aqui hoje e amanhã
já estão em outro lugar. Têm compromisso apenas com o seu
próprio bem-estar e com seu individualismo hedonista. Como
ser um vencedor com esse tipo de atitude?
Jesus exige compromisso dos Seus discípulos. Não podemos
seguir a Jesus sem compromisso. O Senhor travou relaciona-
mento com pelo menos três tipos de pessoas: a multidão, os
seguidores ocasionais e os discípulos. A multidão O via de
longe, recebia os milagres, mas não tinha compromisso algum. O
seguidor ocasional recebia os conselhos e as palavras de Jesus,
mas não assumiam publicamente sua fé. No final, a obra
somente pôde ser feita pêlos discípulos. O discípulo é aquele
que assume o compromisso.
Precisamos ter compromisso com Deus em primeiro lugar,
mas devemos também estar comprometidos com a Igreja, com os
líderes, com a visão e com os irmãos. Alguns, com uma atitude
falsamente espiritual, dizem que têm compromisso apenas com
Deus e não com homens. Tais pessoas são um obstáculo para o
crescimento da Igreja. Lembre-se que a sua relação com Deus
está sempre condicionada à sua relação com os irmãos. Se não
amamos os irmãos, também não amamos a Deus. Se
2 I DlAS 1'ELA UNIDADE —— DESCUBRA O 1'OOKH DF. SER UM COM S1ÍUS IRMÃOS
não temos compromisso com os irmãos, também não temos
compromisso com Deus. A obra de Deus só vai avançar se você se
comprometer.
i. RELACIONAMENTO
Ninguém cresce realmente trancado em um quarto. Um
monge trancado em um monastério pode parecer muito espiri-
tual, mas não pode crescer. E verdade que, em alguns momentos,
precisamos nos isolar para receber de Deus, mas não pode ser
assim o tempo todo. Isolamento permanente é morte.
As pessoas, por inúmeras vezes, nos parecem pedra de tro-
peço, mas elas são o instrumento de Deus para o nosso cresci-
mento. Quando Deus quer nos abençoar ele coloca uma pessoa
em nossa vida, mas quando o diabo quer nos atacar ele também
coloca pessoas ao nosso lado.
Jesus disse para Simão que ele seria chamado Pedro, pois era
agora uma pedra de edificação da Igreja, mas, logo em seguida, o
Senhor diz a Pedro que ele havia se tornado uma pedra de tropeço
(Mt 16.18;22). Contudo, até mesmo aquelas pessoas mais difíceis
estão em nosso caminho para o nosso aperfeiçoamento.
Todos nós conhecemos os mitos de Tarzam e Mogli. Ambos
foram criados por animais e se tornaram um tipo de homem
melhor. Mas isso é fantasia. A nossa personalidade é moldada
pêlos nossos relacionamentos.
Isso é facilmente observado em nossa vida natural, mas al-
guns ignoram o peso dos relacionamentos para o nosso cresci-
mento espiritual. Uma das razões pela qual somos uma igreja
I M I ' K I » M I S M )
célula é porque o grupo é fonte de crescimento de cada membro,
mas ainda há pessoas que insistem em viver no isolamento.
Aceite o arranjo de Deus. Reconheça que cada pessoa ao seu
derredor cumprirá uma função para o seu crescimento. Ame os
membros de sua célula.
Como já vimos, o crescimento passa pelo compromisso, mas
não temos como manter compromissos se não temos ninguém
para prestar contas. A vida exige que tenhamos alguém a quem
prestar contas de nossos atos.
Até nossos compromissos espirituais mais sinceros, se forem
mantidos em segredo, acabam deixados de lado. E o resultado de
compromissos negligenciados e promessas quebradas é deixarmos
de assumir compromissos novamente, com a justificativa de que é
melhor não se comprometer do que comprometer-se e não cumprir o
que disse. Mas isso é um engano, não podemos viver sem com-
promissos. Não podemos crescer em Deus sem compromissos.
Só conheço uma forma de quebrar o ciclo vicioso da in-
constância e cumprir nossas promessas: ter uma pessoa ou um
grupo a quem possamos prestar contas de nossos atos. Essa
prática é uma das bases do conceito de vida em comunidade no
Novo Testamento. No entanto, isso tem sido tão resistido dentro
da Igreja: na tentativa de torná-la mais aceitável aos olhos de
pessoas sofisticadas, minamos o conceito de compromisso e
comunidade.
Uma vida em comunidade genuinamente bíblica não pode
existir sem os seguintes elementos:
166 167
i! DIAS P K I A UNIDADE — DESCUBRA u PODFR DF Sf.R UM COM si;us IRMÃOS168 169l\hlj\CIONAMh.N IO l: l,OM 1'ROM fvst
• incentivo mútuo ao amor e às boas obras (Hb 10.24,25);
• zelo com o próximo, para que ninguém seja excluído da
graça de Deus (Hb 12.15);
• repreensão pública aos pecadores (ITm 5.20);
• partilhamento mútuo das cargas (Gl 6.2).
Precisamos de alguém que nos ajude a cumprir nossas pro-
messas. Mas, como fazer isso de maneira prática? Não posso
simplesmente abordar um irmão que mal conheço na igreja e
dizer-lhe: "Acabei de prometer a Deus que nada farei de deso-
nesto em minha empresa. Será que você poderia me vigiar para eu
cumprir minha promessa?". Imagine alguém levantando no
meio do culto e dizendo: "Irmãos, me ajudem a viver uma vida
sem pecado".
Tudo isso seria realmente chocante. Devemos ser mais sábios. O
discipulado é um tipo de relacionamento que supre essa ne-
cessidade. No discipulado, eu me coloco debaixo da autoridade de
alguém. Biblicamente, todos nós precisamos manter um rela-
cionamento desse tipo, no mínimo, com três pessoas, conforme o
exemplo de Timóteo, Paulo e Barnabé. Todos nós precisamos de
um Paulo, de um Timóteo e de um Barnabé na nossa vida.
Timóteo é aquele a quem estamos ensinando, instruindo,
inspirando. Com a nossa experiência ajudamos Timóteo a crescer
e desenvolver-se espiritualmente. E não é só o meu Timóteo que
cresce, eu também cresço junto com ele, ensinando-lhe, tirando-
lhe as dúvidas, ajudando a resolver seus conflitos. Se você ainda
não tem um Timóteo, então você não está crescendo.
Barnabé é aquele companheiro com quem conversamos de
igual para igual, com quem choramos e rimos juntos. Ele é o
nosso companheiro de jugo.
Paulo é aquele que está acima de nós, motivando-nos, inspi-
rando-nos e ajudando-nos a crescer. Paulo é aquele a quem nos
submetemos e prestamos conta da nossa vida. Paulo é alguém a
quem dei liberdade para falar com autoridade na minha vida.
Ele fala e eu ouço; ele me exorta e eu me corrijo. Ainda que eu
não goste de ouvir o que ele me diz, eu o continuarei ouvindo,
respeitando e honrando. Ainda que a correção produza feridas,
eu sei que elas serão curadas. Por isso, deixarei de apenas reagir e
responderei ao tratamento.
A maioria dos crentes apenas reage, não responde às cor-
reções. Nesse caso, reagir é igual a quando alguém lhe dá uma
martelada no joelho, por exemplo. Imediatamente, por reflexo,
você desfere um chute nessa pessoa. Muitos, só têm esse
reflexo. Responder é diferente — a martelada vem e eu me
pergunto: "Por que ganhei essa martelada? Por que ele me deu
essa martelada?". Então, em vez de chutar, eu respondo: "Eu
precisava disso. Glória a Deus por essa martelada". Isso é que é
responder.
Infelizmente, essa é a razão por que aqueles que só reagem,
não respondem, fogem de relacionamentos: não têm um Paulo a
quem responder, um Barnabé com quem compartilhar, um
Timóteo a quem ministrar. Você quer crescer, avançar no Se-
nhor? Reconheça a importância dos relacionamentos para o seu
crescimento, mas acima de tudo, reconheça a necessidade de
ser discípulo. Procure alguém que seja um Paulo na sua vida e
receba-o como seu discipulador.
Todos nós precisamos de um pai espiritual a quem possamos
imitar, mas também de um irmão que possa caminhar conosco.
Todavia, o crescimento só se completará quando eu tiver um
filho espiritual. Ter um discípulo é uma condição vital para o
seu crescimento e o conseqüente fortalecimento da Igreja.
3. DISCIPLINA
E impossível crescer sem disciplina. Vencedores fazem dia-
riamente o que derrotados fazem ocasionalmente. O seu cresci-
mento depende de algo que deve ser feito todos os dias. Aquilo
que é feito diariamente determinará o seu futuro. O que você
alcançará dependerá daquilo que você está fazendo todos os
dias. Aquele que não possui hábitos e rejeita toda disciplina, não
pode ser aperfeiçoado na sua vida espiritual. O homem, na
segunda metade da sua vida, é o resultado dos hábitos que ele
formou na primeira metade.
Em todas as áreas da vida o aperfeiçoamento vem pela re-
petição. Pergunte a qualquer atleta ou artista quantas vezes ele
teve de repetir um exercício e você entenderá o que estou di-
zendo. Não se aprende sem repetição. O mesmo acontece com o
nosso caráter. Aquilo que repetimos se torna parte de nós.
Mas a repetição é um aspecto da disciplina. O outro lado é a
repreensão e a exortação. Aqueles que não aceitam ser confron-
tados não podem ser mudados. Se você não tem uma aliança
forte o suficiente com alguém, a ponto de deixá-lo falar em sua
vida, você é um membro desconectado do Corpo.
A sua identidade é formada pela constância. Você é conhe-
cido por aquilo em que persevera. Alguém que faz exercício
uma vez por ano não é um atleta, mesmo que tenha feito um
exercício que envolveu muito esforço. Um cristão que exercita as
disciplinas do espírito apenas em campanhas ocasionais, não
possui uma identidade espiritual definida. Não se pode dizer
que ele é espiritual.
Também nosso trabalho como Igreja segue esse princípio.
Não podemos edificar a igreja com eventos esporádicos. So-
mente o que fazemos diariamente pode definir a identidade de
nossa obra.
Deus leva a sério nossos votos e nossos compromissos. Ele
considera os compromissos de entrega por toda a vida; e também
compromissos momentâneos de dedicação à oração e ao serviço.
Na verdade, os grandes compromissos só são mantidos se houver
um compromisso diário e disciplinado. As escrituras dizem que o
Senhor honra "o que jura com dano próprio c não se retrata" (SI
15.4). O Senhor honra aquele que assume um compromisso e
permanece fiel a ele, mesmo com dano próprio.
G16.2
13° DIA
MULTIDÃO, SEGUIDOR E DISCÍPULO
O Senhor disse a Abraão, depois que Ló se separou dele:
Ergue os olhos e olha para o Norte, para o Sul, para o
Ocidente e para o Oriente, porque, toda essa terra que
vês, eu te darei a ti e à tua descendência para sempre.
(Gn 13.14,15)
Antes de Deus nos dar a posse da promessa, Ele nos dá uma
visão clara dela. Antes de conquistarmos a terra, Deus nos
mostra qual é a terra e como Ele quer que a conquistemos.
Assim, antes de começarmos qualquer obra na casa de Deus,
precisamos ter o modelo e as explicações detalhadas a respeito
de como edificá-la. Quando Deus mandou Moisés edificar o
Tabernáculo, disse: "Cuide para que tudo seja feito conforme
o modelo que te foi dado no monte"(Êx 25.40) — ou seja,
conforme a visão.
Uma das causas das frustrações é a falta de entendimento
claro de como fazer. Nestes dias queremos unidade em nossa
igreja local, mas nos falta a clareza necessária para alcançarmos
isso. Digo isso porque toleramos situações que contradizem
nosso alvo e uma delas é permitirmos líderes entre nós que não
são realmente discípulos. Eles até se dizem discípulos de Jesus,
mas se recusam a aprender conosco na condição de discípulos
na Igreja.
O discipulado é uma condição fundamental para que haja
unidade entre nós. Dizemos que praticamos e temos até irmãos
que são chamados de discipuladores, mas são realmente
discípulos? São discipuladores de quem? Quem os segue?
Quem os ouve? Precisamos definir melhor nossos termos e
esclarecer expectativas.
Quero primeiro dizer o que não é discipulado, para depois
defini-lo com mais precisão.
Discipulado não é uma sala de aula cheia de alunos com um
professor à frente. Salas de aulas são necessárias para se passar
uma visão e até formar alguns discipuladores, mas uma reunião
desse tipo não é discipulado. Podemos dizer que é uma boa
forma de ensino, mas não é o próprio princípio de discipulado
em operação.
Outra coisa que não é discipulado: um relacionamento de
aconselhamento esporádico, no qual uma pessoa, quando precisa,
quando tem alguma necessidade ou problema, procura alguém
mais experiente, um pastor ou um líder, para receber conselho e
uma luz nova sobre determinada circunstância. Isso pode ser um
relacionamento de aconselhamento, mas não é discipulado.
Também não é discipulado uma mera relação hierárquica. O
líder não é necessariamente o discipulador do liderado. O
liderado exerce uma função por causa da estrutura, mas não
reconhece espiritualmente o seu líder. Pode até chamar o líder
de discipulador, mas na prática, é só um título hierárquico.
Por que nada disso é discipulado? Porque o cerne do disci-
pulado não é uma programação humana ou a estrutura de uma
organização, mas vínculos fortes entre alguém com coração
ensinável e um discipulador aprovado. O centro do discipulado
são vínculos, ligaduras no espírito, alianças entranháveis,
compromisso de submissão, de andar na luz, de se deixar tratar.
Esse comprometimento é que define se o relacionamento é ou
não discipulado. Esse vínculo é o compromisso pelo qual aceito o
desafio de andar na luz com alguém e "herdar o seu manto",
submeter-me a ele e abrir mão dos meus conceitos errados. Esses
vínculos é que definem o discipulado.
Discipulado é "vínculo íntimo, sólido e entranhável entre
duas pessoas — discipulador e discípulo". O discípulo, que deve
ser aberto, maleável, tratável e ter um desejo de ser formado em
Deus, será conduzido por um discipulador para levá-lo a uma
posição mais elevada em Deus, de aprendizado da Palavra e de
vida. O discipulador é alguém que já foi discipulado por outra
pessoa e cuja vida cristã global já foi devidamente aprovada.
Entrar no padrão do discipulado é entrar rio estilo de vida de
Jesus. Somos convidados a viver uma vida de despojamento,
negando-nos a nós mesmos e diariamente tomando a cruz.
O convite é para servirmos, honrarmos e nos submetermos
ao outro. E mais do que algo exterior, é uma renúncia completa à
ocupação do primeiro lugar, seja qual for o contexto. A ênfase não
está no quanto de unção, autoridade e revelação eu tenho ou
posso vir a ter, mas no quanto estou disposto a abrir mão para
aprender. O convite é para nos humilharmos, nos esvaziarmos de
nós mesmos e então começarmos a crescer; pois o alvo do
discipulado é o crescimento. A promessa de Jesus é infalível:
aquele que se humilhar será exaltado. Humilhai-vos, portanto,
diante de Deus e Ele vos exaltará (Mt 23.12; Lc 14.11).
Discipulado é viver uma vida de renúncia. Mas, por que
devemos renunciar? Porque essa é a única forma que Deus tem
para produzir em nós o quebrantamento e uma real dependência
dele, que é o caminho para a maturidade.
Foi no cárcere que José, tendo um coração correto, tornou-se
rei do Egito; foi no deserto, despojado e humilhado, que
Moisés tornou-se o homem que falava com Deus face a face;
foi sendo humilhado, aceitando servir, e depois, aprendendo
com ministérios já reconhecidos, que Paulo tornou-se apóstolo.
Discipulado é aparentemente uma perda, mas uma perda que
desemboca em uma gloriosa vida quebrantada. Quem aceita,
torna-se discípulo, perde a sua vida da alma para ganhar a vida
não criada de Deus. Quem não aceita, vive uma vida natural e
medíocre, não cresce e é uma eterna criança na fé.
Jesus desenvolveu pelo menos três tipos de relacionamentos.
Podemos observar esses mesmos três tipos de pessoas em toda
igreja hoje: o visitante, o participante e o discípulo. Ao visitante
vamos chamar de multidão. Ao participante vamos denominar
de seguidor ocasional e vamos colocar esses dois níveis de rela-
cionamento em contraste com a vida de um discípulo.
JESUS E A MULTIDÃO
O primeiro nível de relacionamento que Jesus travou foi o
relacionamento com a multidão: "Seguia-o numerosa multidão
porque tinham visto os sinais que Ele fazia na cura dos
enfermos" (Jo 6.2).
O ministério de Jesus foi um ministério de multidões, mas
Ele nunca as priorizou. Por quê? Porque o nível de resposta c
de compromisso da multidão é pequeno, inseguro, desconhe-
cido; o nível de impacto e transformação da Palavra sobre ela é
pequeno. Ele deu prioridade aos vínculos profundos que tinha
com os discípulos. A Bíblia diz que a multidão o seguia por
causa dos sinais e das curas que Ele fazia. O que quer dizer isso?
Quer dizer que a multidão, por não ter um relacionamento com
Jesus, não era conhecida em suas motivações, e quem não é
conhecido não é confiável.
A massa é levada pêlos seus ídolos. Ela vai e vem com ex-
trema facilidade. Uma atitude do ídolo pode levar a multidão a
delírios ou à destruição, criando uma tragédia.
Precisamos reconhecer em nossa igreja aqueles amados que
são da multidão, para não errarmos cobrando compromissos de
quem não os quer ter.
l / O 2Í DlAS 1'KLA UNIDADE —- DESCUBRA O 1'ODtR Df SEK UM COM SEUS IRMÃOS
Não se sabe o porquê da multidão estar conosco. Não temos
segurança do compromisso da multidão. Não a conhecemos e
nem somos conhecidos dela. E porque não conhecemos seu
coração, suas motivações e seu compromisso, não devemos ter
expectativas sobre irmãos desse grupo, Jesus sabia disso. Sabia
que aquele povo estava ali somente para receber; nada poderia
ser cobrado dele. O Senhor, entretanto, não se negava a atendê-
lo.
Quando exigimos algo da multidão, que só poderíamos cobrar
dos discípulos, ela nos deixa. Grande parte dos que estavam
com Jesus, depois se voltaram contra Ele. As opiniões da
multidão oscilam e fluem de acordo com o conjunto da massa.
Por isso, Jesus não priorizava a multidão. Ela define o lugar de
pessoas que não têm compromisso, que não estão dispostas a
pagar os custos do discipulado, de ter um compromisso de
andar na luz, de submissão, de entrar no padrão dado pelo
discipulador. A Multidão nunca teve a decisão de abraçar a
cruz, por isso Jesus não a priorizava. O seu relacionamento era
distante, ela O via de longe e esporadicamente.
A vida íntima de Jesus era um mistério para aquela gente.
Certa vez o Senhor perguntou a Seus discípulos: "Quem diz o
povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem:
João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos
profetas" (Mt 16.13,14). Dizia-se de tudo sobre quem Ele era,
porque não havia laços de compromisso e o relacionamento era
determinado por um contato impessoal. A multidão vê a Jesus de
longe, por isso possui uma percepção distorcida dEle.
M u l T I I M O , S K t . u i n o R E DISCÍIHU
Outra coisa que define o comportamento da multidão é a
busca de suas próprias necessidades. Só se buscava o profeta de
Nazaré quando havia uma necessidade esporádica. Assim, o
compromisso estava condicionado a isso. Assim, a decisão de
estar com Ele era uma decisão provisória, em que a indepen-
dência movia o compromisso.
Então, do que esse nível de relacionamento de Jesus com a
multidão nos fala? Fala-nos de crentes, possivelmente con-
vertidos, salvos, batizados, mas que não têm nenhuma aliança
com a igreja local, tampouco têm compromisso com o Corpo.
Buscam sempre seus próprios caminhos e suas diretrizes
particulares. São pessoas que não se deixam tratar, têm uma
forma de apresentação simpática, são até afetuosas, mas não se
deixam tratar. O próprio fato de serem "afetuosamente superfi-
ciais" mostra o seu desejo de se manterem à distância. Não nos
permitem penetrar na sua intimidade, nos seus problemas, nos
seus pecados, nas suas deficiências. São pessoas que não têm
nenhum compromisso com a liderança e muitos menos com a
visão da igreja.
Não têm sequer compromisso de assiduidade e de partici-
pação naquilo que acontece na igreja. Conseqüentemente, são
eternas crianças, são conversadores, materialistas, problemáti-
cos, e — é duro admitir — em muitos lugares, formam a maior
parte do rol de membros das igrejas-berçário.
São crentes, eventualmente dão o dízimo, têm uma conduta
religiosa, mas se acostumaram com relacionamentos superfi-
ciais na casa de Deus. O relacionamento que a liderança tem
179
com essas pessoas é um relacionamento de massa, impessoal e
distante; um relacionamento de multidão. São irmãos que não
têm visão clara de nada: da vida cristã, dos princípios de
vitória, do andar no espírito etc. Todas as áreas de sua vida são
mais ou menos nebulosas. Vivem em altos e baixos em sua vida
cristã.
I. O QUE LEVA ALGUÉM A SER MULTIDÃO?
Evidentemente, existem pessoas que vivem nesse nível de
relacionamento por não terem recebido instrução ou ensino.
Diríamos que são multidão involuntariamente. Mas a maioria
faz uma opção por esse nível de relacionamento por inúmeras
razões. Vamos ver algumas.
a. Decepção com estruturas e líderes
Relações frustrantes, escândalos, feridas profundas e decepção
com a estrutura da igreja produzem crentes assim: descrentes de
tudo e de todos, que apenas seguem adiante, sem nenhum
compromisso com o Corpo. Infelizmente tais pessoas não per-
cebem que a desilusão é o começo do crescimento. Enquanto
idealizamos nossos pais somos apenas crianças, mas quando os
vemos como são, começamos a entrar na maturidade.
b. Medo de serem conhecidas
O temor da rejeição, da decepção, da exploração ou da ma-
nipulação leva as pessoas a fugirem de um compromisso de
discipulado. Tais receios são legítimos. Ninguém gosta de ser
usado por outros. Todavia, isso não é uma justificativa para
ficarmos à parte do mover de Deus e da vida da Igreja.
c. Ignorância do melhor de Deus
Alguns acham que a vida espiritual miserável em que vivem é
o único modelo de vida com Deus. Seus problemas são seus e
pensam que ninguém os ajudaria ou entenderia. Crêem em sua
ignorância e que essa é a vontade de Deus para a vida deles.
d. Por participarem de "obras mortas"
Existem igrejas que produzem multidões porque não pos-
suem um fluir do Espírito e da Palavra que os confrontem e
os levem à intimidade com Deus. São igrejas-berçário que se
contentam em fazer programação para entreter os crentes em
vez de desafiá-los a uma vida profunda. São os crentes de
campanha que pulam de um lugar para outro procurando a
unção mais poderosa.
e. Falta de compromisso mesmo
Há pessoas que sabem o que Deus quer, convivem com
pessoas de visão, no entanto, optam por uma vida descompro-
missada. Nunca têm certeza de nada, porque também nunca se
deixaram tratar pela Palavra. São pessoas que não têm vida
abundante com Deus, não têm vida frutífera, não têm vitórias.
São crentes centralizados em si mesmos. Seus compromissos
são totalmente baseados no interesse pessoal. Todos os seus
projetos vêm antes do interesse por Deus ou pela Igreja. Não se
preocupam em dar satisfação a ninguém, mandam em seu
próprio nariz.
Talvez o motivo que traz a multidão à igreja seja um mero
compromisso religioso, ou a necessidade de libertação em al-
guma área, a necessidade de cura, ou apenas para manter um
agradável convívio social. Enfim, são pessoas completamente
independentes, cujos motivos são desconhecidos. Conseqüen-
temente, crescem até certo ponto e então ficam estagnadas.
Seu processo de crescimento é comprometido porque cres-
cem no máximo até ao nível do relacionamento periférico e ralo
que construíram na igreja: superficial com o povo, superficial na
Palavra e superficial com Deus. O crescimento deles é
determinado pelo relacionamento superficial que mantêm com
Deus e com a liderança. O pouco que eles absorvem do
ministério da Palavra não é suficiente para penetrar na vida
deles e produzir frutos.
2. CARACTERÍSTICAS DA MULTIDÃO
• Relacionamento distante e impessoal.
• Diálogos sempre muito superficiais, conversas frívolas e
fúteis.
• Fraca resposta ao desafio da Palavra de Deus.
• Não aceitam ser cobrados ou confrontados em sua conduta.
• Não se deixam tratar por ninguém.
• Possuem motivação desconhecida e, portanto, não são
confiáveis para qualquer obra ou posição de responsabi-
lidade e liderança.
• O nível de crescimento é baixo.
• São totalmente independentes.
• São infantis, confusos, religiosos e materialistas.
• Nada herdam espiritualmente de seus líderes.
• Fogem de tomar a cru?., pois não toleram o desprazer.
• Possuem uma vida egocêntrica.
• Vivem de aparência.
JESUS E OS SEGUIDORES
O segundo nível de relacionamento de Jesus foi com aquelas
pessoas que O procuravam para serem aconselhadas. Nós temos
alguns exemplos. O primeiro é Nicodemos em João 3. Ele não
era propriamente da multidão, t inha um relacionamento mais
próximo com Jesus. Todavia, não se obrigava a obedecer a
Palavra que Ele lhe dava. O fato de ele ir procurar Jesus à noite
mostra que ele tinha vergonha de sua fé e estava preocupado com
a opinião dos outros ao seu respeito. Entretanto, ele ainda
desejava saber mais do Senhor. Seu relacionamento com o
Senhor era mais próximo do que o da multidão, mas não o
suficiente para se tornar um discípulo.
O segundo exemplo de seguidor ocasional é o jovem rico. O
jovem rico era um homem que não pertencia à multidão, ele
simpatizava-se com Jesus. Esta era a característica que mais se
destacava nele: a fidelidade religiosa e até legalista. Mas, ao ser
confrontado em sua superficialidade, voltou atrás. Quando Jesus
mostrou-lhe a cruz, logo retrocedeu.
Há uma classe de pessoas na igreja que sempre procuram os
pastores e líderes para aconselhamento, são assíduos e par-
ticipam assiduamente das programações. Quando é época de
184 18521 DlAS 1'f.lA. UNIDA!)!-' —— I ÏKSCUKÍÍA O ['ODKk t)F S F K UM . Ml!i l M ) Á O , M - < ; l ' M > U K l- l
algum evento, são verdadeiros ativistas. São legalistas nas normas
externas da igreja e místicos na guerra espiritual, mas não
possuem o compromisso de se desgastarem e tomarem a cruz
como um discípulo para a expansão do reino de Deus. Não
aceitam se submeter ao discipulado.
Os seguidores ocasionais sempre têm algumas ou todas estas
características:
a. Religiosos e legalistas
Alimentam-se da Palavra, mas com uma ótica religiosa e
mística. Assim, são anêmicos na fé, incrédulos, apáticos e mor-
nos. São crianças quando já deveriam ser maduros.
b. São festivos
Chegam, marcam presença, dão boas sugestões, estão nos
jejuns, mostram-se intensos e desaparecem até a próxima tem-
porada de fogo. Querem a festa, mas não pagar o preço para
ministrá-la aos outros.
c. São místicos
Se conduzem com base em um fervilhar de sonhos, profecias,
visões e fábulas. Um simples sonho torna-se uma enorme elucu-
bração. Vivem saturados de conhecimento mental morto.
d. São mornos
Deixam-se tratar apenas superficialmente quando há pressões
ou alguma dificuldade. Deus os usa, mas o relacionamento com
Ele é caracterizado pela superficialidade e pelo limite com que se
deixam tratar. Podem até estar convencidos de que são muito
espirituais, mas têm um relacionamento distante, tanto
com Deus, quanto com a liderança e os demais irmãos. O fato
de serem superficiais com os líderes mostra que são superficiais
com Deus. Quando se tornam líderes, o Corpo sofre, porque o
relacionamento construído com a liderança não é de disci-
pulado. Andam por conta própria; daí, produzem desunião,
multiplicidade de pensamentos e opiniões dentro da Igreja. Por
não aceitarem a liderança e o discipulado, vivem conforme o que
mais lhes parece bem aos olhos. São o retrato do povo de Israel
nos dias dos juízes: inconstantes, derrotados e sem direção.
É interessante observar que o relacionamento dessas pessoas é
mais próximo do que o das pessoas que fazem parte da multidão,
a massa. Freqüentemente, até criticam a multidão por sua falta de
compromisso. Seu enfoque aborda apenas a assiduidade e o
legalismo com as normas exteriores. Acham até que têm
alguma vantagem sobre os demais.
O compromisso de trabalhar na igreja não define a profun-
didade da operação de Deus em nossa vida. A falta do disci-
pulado produz líderes não confiáveis, imprevisíveis, que não se
deixam conhecer à luz dos vínculos de relacionamento. Infeliz-
mente, existem até mesmo líderes de célula que são seguidores
ocasionais. Não são discípulos.
Normalmente, quando falam muito, esses irmãos chegam
até a serem estabelecidos na igreja como líderes. Muitas vezes
possuem tino de liderança, mas não produzem os frutos es-
perados. Essa falta de critério bíblico em estabelecer líderes e
obreiros precisa mudar se quisermos uma estrutura de igreja
forte e frutífera.
Para sermos estabelecidos como líderes na casa de Deus,
precisamos ter vínculos de discipulado com aqueles que vão
nos estabelecer. Qualquer outro meio é inseguro, pois constrói
vínculos superficiais e torna imprevisível qualquer resultado:
acerta-se com uns, frustra-se com outros. Com alguns nos
damos bem, por que são pessoas sinceras, submissas, mesmo
que não conheçamos bem; com outras, nos damos muito mal,
porque são pessoas que roubam ovelhas, dividem a liderança e
o Corpo. São cheios de orgulho e de presunção. Procuram
títulos, cargos e posições, ou seja, estão em busca do reino, do
poder e da glória para eles mesmos.
É interessante notar que a medida de crescimento dessas
pessoas, apesar de ser um pouco superior ao do crescimento da
multidão, é limitado. O limite é a obediência aos princípios
exteriores de conduta da Palavra de Deus, o cumprimento das
tradições da igreja local e o relacionamento de aconselhamento
com a liderança.
Enquanto há conveniência, enquanto se faz o seu gosto, en
quanto são vistas pela multidão no lugar de liderança, enquanto
recebem atenção e têm cargos, caminham bem e em unidade,
mas quando começam a ser confrontadas, a ser tratadas, quan
do têm de abrir mão de posições ou de razões pessoais, quando
vêm as pressões, se escandalizam e fogem do compromisso que
haviam firmado anteriormente. São cegas quanto às circuns
tâncias que Deus gera para tratar com elas. Estão, de um modo
natural, com os olhos fixos nas situações, nas injustiças supos-
tamente cometidas contra ela, no líder que * '"-ou com elas,
na "política da igreja" e, sem perceberem as tomadas por
sentimentos de auto piedade ou justiça própria que paralisam
sua caminhada. Sempre estão esperando que a liderança volte
atrás e reconsidere. Estão com os olhos presos às circunstâncias
naturais, ao invés de estarem com o entendimento aberto sobre
as circunstâncias espirituais nas quais Deus espera que cedam,
abram mão de direitos, se deixem tratar, aprofundem seus
vínculos, amadureçam e dêem frutos.
i. CARACTERÍSTICAS DOS SEGUIDORES OCASIONAIS
• Possuem um relacionamento freqüente, mas superficial.
• Os diálogos são abrangentes, mas não permitem o trata-
mento do caráter.
• Dão uma resposta superficial e até religiosa à Palavra.
• Estabelecem ligações por conveniência com a liderança.
• Fogem de cobrança e de confrontação.
• Vivem estagnadas na apatia espiritual.
• São fiéis às programações, normas e preceitos da estrutura
religiosa, mas não se deixam tratar pela cruz.
• Nada herdam espiritualmente.
• Suas opiniões próprias são muito fortes e, por isso, estão
fechados para aprender com os outros.
JESUS E os DISCÍPULOS
O terceiro nível de relacionamento que Jesus construiu foi
com Seus discípulos. Aqui, nesse nível, a proximidade é total, a
intimidade e a liberdade com a qual se expressa pensamen-
tos e sentimentos são completas; o compromisso e a renúncia,
também são totais. As motivações dos discípulos e o potencial
de resposta de cada um são intimamente conhecidos e, sobre
essas bases, os desafios são realizados.
O discipulado nos fala da aceitação do preço da cruz. É
interessante vermos que Jesus pegou homens comuns, analfa-
betos, sem formação religiosa alguma e passou a esses homens
todo o Seu ministério, unção e autoridade. Jesus passou o Seu
"manto". É importante entendermos que Ele não deixou por
herança o ministério para a multidão. Somente os discípulos
receberam um ministério.
Voltando para o Velho Testamento, vemos que a formação
do ministério profético era realizada através de um vínculo de
discipulado no qual o discípulo do profeta servia e tinha uma
vida em comum com o profeta a quem estava ligado. A Palavra
diz que Eliseu deitava água nas mãos de Elias. Eliseu havia se
disposto a se submeter, a seguir e a servir Elias (2Rs 3.11).
Abdicou de viver independentemente para ter vínculos com ele.
E importante vermos que, quando Elias foi arrebatado, o seu
"manto", que representava toda a sua unção, o seu poder e o seu
ministério profético foi passado apenas para Eliseu, seu único
discípulo. Da mesma forma, é necessário entender que, antes de
alguém ser enviado para algum lugar, ou liberado para ocupar
uma função qualquer na Igreja, ou estar à frente de qualquer
obra como líder, obreiro ou pastor, é necessário estabelecer
fortes vínculos de discipulado.
Muitos têm priorizado o "ir" sem o "ser", o realizar a obra de
Deus, ao invés de enfatizar a necessidade de vida, de for-
mação do caráter de Cristo, como condição para isso. Antes de
dar qualquer coisa para alguém fazer, precisamos aprovar essa
pessoa através de vínculos de discipulado, em confiança, em
amor e em sujeição.
Discipulado nos fala de pegarmos alguém no nível do vale e
o levarmos para o nível do monte. Fala-nos de ensinar e praticar
juntos as disciplinas espirituais, corrigindo os princípios de vida
errados enraizados em sua alma, as heranças familiares, as formas
erradas de responder às falácias do diabo.
Só o discipulado equilibrado pode gerar líderes verdadeira-
mente aprovados. Todavia, é importante ressaltarmos que não
podemos levar alguém além de onde nós mesmos já chegamos. O
discípulo não pode ser superior ao seu mestre. Assim, o
discipulado é uma visão de reprodução, de multiplicação. Pre-
cisamos ser cuidadosos para não permitirmos discipuladores
que possam reproduzir, na vida igreja, um padrão fraco ou
diferente da visão.
Discipulado é uma questão de apropriação. No relacio-
namento de discipulado, o discipulador plantará a Palavra,
instruirá nos princípios de Deus, armará, equipará, adestrará,
tornará o discípulo íntimo das armas, torná-lo-á perigoso
espiritualmente contra as trevas, e então, enviá-lo-á.
Não são programas que instruirão discípulos. A Palavra
diz que é o Espírito Santo quem gera crescimento em nós. Na
Carta aos Filipenses, lemos que "Aquele que em vós começou a
boa obra há de aperfeiçoá-la" (Fp 1.6). Assim, quando oramos
pedindo a Deus que nos forme, Ele responde nos levando a
situações que irão nos quebrar e moldar. Ele é um Deus prá-
tico. Devemos responder positivamente nessas situações de
tratamento. Dessa forma, em um vínculo de discipulado, não
existe um currículo previamente estabelecido a ser cumprido,
mas simplesmente nos abrimos para nos relacionarmos
aguardando as circunstâncias geradas pelo Espírito de Deus.
Quando tais situações vierem, simplesmente avaliamos e cor-
rigimos as atitudes e as motivações erradas que virão à tona.
Deus certamente criará circunstâncias de correção e disciplina
que, pelo mover do Espírito, gerarão um crescer de fé em fé, de
glória em glória.
A Palavra nos diz no Evangelho de Mateus: "Percorria Jesus
toda a Galiléia ensinando nas Sinagogas, pregando o Evangelho
do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o
povo" (Mt 4.23). O aspecto de ensino a um público é apenas
uma das formas de ensino usadas por Jesus. Essa forma de
instruir traz resultados, mas não é completa. Jesus era também
um professor, mas investiu mais no discipulado. Uma grande
perda é nos prendermos exclusivamente ao ensino de sala de
aula. Basicamente, só existem professores em nossas igrejas.
Precisamos desesperadamente de discipuladores.
Finalmente, no final do Evangelho de Mateus, fechando
seu ministério, Jesus orienta a Igreja a ir e a fazer discípulos,
ensinando-os a guardar a Palavra. Ele não disse: "Ensine-os a
entender", mas, "Ensine-os a guardar". O ensino de púlpito
atinge tanto a multidão quanto o seguidor ocasional, mas não
faz discípulos. Jesus não tinha o pensamento de que o ensino
impessoal praticado nas sinagogas formaria alguém. O que
transformou as vidas, tornando-as semelhantes a Ele, foi um
vínculo sólido e profundo de discipulado.
O nível de ensino que precisamos praticar é o de "ensinar a
guardar". Só se atinge esse nível, com profundo compromisso
de relacionamento, por meio do qual eu posso ver a realidade de
vida do meu discipulador e entrar naquela realidade. Eu vejo os
níveis elevados em Deus que ele atingiu e caminho, do nível de
vale onde estou, até chegar ao nível de monte, onde ele está.
O discipulado não é algo de tempo indefinido. Ele even-
tualmente se encerrará. Quando já tiver a prática de todo o
conselho de Deus, o discipulado se encerra, mas permanecem os
vínculos. Alguém pode ficar longos anos tentando aprender
inglês em um determinado curso, ao passo que se fosse viver
em um país onde se fala essa língua, não precisaria esperar
tanto tempo. Por que tais resultados? Por causa do nível de
vínculos e de intimidade gerados com a língua. Precisamos
vencer nossos medos e chamar alguns discípulos para estarem
mais próximos de nós.
Precisamos entender com clareza isto: discipulados são vín-
culos formados em Deus, vínculos que implicam em decisão,
custos a serem pagos e um objetivo a ser cumprido.
i. CARACTERÍSTICAS DO DISCÍPULO
• Possui intimidade e transparência para com o discipulador.
• Responde de forma completa à Palavra de Deus.
• E submisso.
• Manifesta um crescimento constante e desobstruído.
• E aberto e maleável o suficiente para se deixar tratar.
• Suas motivações são conhecidas.
• E dependente de Deus.
• Possui uma vida de vitória.
• Ao final do processo alcança um ministério reconhecido.
• Possui clareza dos princípios da Palavra de Deus.
Lc 14.26,27;33
14° DIA
A KOINONIA
Devemos ser humildes e reconhecermos que precisamos
crescer em nosso nível de comunhão. Algumas pessoas imagi-
nam que pelo fato de freqüentarem os cultos da Igreja estão na
comunhão dos irmãos, mas é possível freqüentar cultos a vida
inteira e ainda assim ser alguém sozinho e desconectado.
Evidentemente, ninguém pode ter comunhão sozinho, muito
menos com uma multidão. Mas é certo que precisamos de mais
de uma pessoa para estabelecê-la. A comunhão verdadeira
acontece em um grupo pequeno de pessoas. E por isso que
somos uma igreja em célula.
A comunhão também não é algo que acontece automati-
camente. É algo que precisa ser intencionalmente cultivado.
Precisamos aprender a ter comunhão uns com os outros.
A palavra bíblica para comunhão é koinonia. Ela significa
ter algo em comum, estar comprometido uns com os outros
assim como estamos com Cristo.
O pecado destruiu a comunhão entre Deus e o homem, mas
também quebrou a comunhão entre homem e homem. Antes
do pecado não havia problema de comunhão. A Palavra de
Deus diz que no princípio "um e outro, o homem e sua mulher,
estavam nus e não se envergonhavam" (Gn 2.25).
"Estar nu" significa estar despido de qualquer máscara ou
defesa. Significa que estou aberto para o meu irmão e posso ter
comunhão com ele. Para sermos Igreja é preciso destruir o in-
dividualismo, o pensamento de que eu me basto. Seus talentos
não são para o seu benefício somente, são para os outros. Da
mesma forma, o Senhor também deu talentos aos outros para
beneficiar você. Deus quer que dependamos uns dos outros
para cumprir o Seu propósito.
Para sermos Igreja precisamos da verdadeira Koinonia, da
comunhão do Novo Testamento: "A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós" (2Co 13.13).
Uma igreja forte não é necessariamente aquela que possui
uma Palavra forte, poder espiritual ou boa estrutura. Essas
coisas são desejáveis, mas mesmo uma igreja cheia de milagres
ou com um louvor magnífico pode ser frágil e estar paralisada.
Jesus não disse que seríamos conhecidos como Seus discípulos
porque operamos milagres e porque temos uma música mag-
nífica. Ele disse que seríamos conhecidos como Seus discípulos
por causa do amor (Jo 13.35).
Não abrimos mão de poder de Deus, louvor, estruturas e
prosperidade, mas precisamos realçar que forte é aquela igreja
que possui a verdadeira comunhão do espírito no Espírito Santo.
A força do corpo está nas suas juntas. Mesmo que os ossos
sejam fortes, se a juntas forem fracas, o corpo não conseguirá
se manter. E como os nós de uma rede. A rede é forte se os nós
também o forem. A força de uma igreja está na sua unidade
que, por sua vez, é promovida pela comunhão.
Uma igreja só é forte quando está entrelaçada como os nós de
uma rede. Se os nós da rede estiverem firmes e consolidados,
aquela rede estará apta para ser lançada ao mar do mundo para
fazer a grande pescaria das almas. Evidentemente, nós somos
pescadores de homens e devemos, individualmente, testemu-
nhar do Senhor, mas a Igreja, por causa dos nossos vínculos de
amizade, de nossas ligaduras de amor, se torna uma rede onde
as pessoas ficam presas em seus nós pela comunhão.
A verdadeira comunhão cristã somente pode acontecer por
meio do Espírito Santo, o Cristo que habita em nós. Se retirar-
mos a unção não haverá comunhão, porque é o Espírito Santo
quem promove a comunhão do Corpo.
O QUE NÃO É A COMUNHÃO DO ESPÍRITO SANTO OU
KOINONIA
I. NÃO É UM AMBIENTE SOCIAL SUPERFICIAL
Esse é o tipo de comunhão de um clube como o Lyons ou
Rotary. É a comunhão barata, sem compromisso, que não passa
de um evento social. Essa comunhão pode ser encontrada fora
da Igreja, mas a verdadeira koinonia somente pode ser encon-
trada na Igreja do Senhor Jesus. A Igreja não é um clube!
E claro que amamos fazer aquele churrasco juntos e, sem
dúvida, apreciamos aquela partida de futebol. Fazemos isso o
tempo todo na igreja, mas a verdadeira comunhão do Espírito
vai muito além disso. Pessoas superficiais têm comunhão, mas
quando estão juntas, se assentam para falar futilidades e para
comentar a vida dos outros. Esse tipo de comunhão gera morte.
Uma roda de escarnecedores é um tipo de comunhão. Até os
cães vivem em comunidade.
Não é possível ter comunhão sem estarmos juntos, mas o
"estarmos juntos" apenas não significa uma comunhão do
espírito. A verdadeira comunhão implica em compromisso e
aliança. A comunhão social de um clube é uma comunhão sem
aliança. Trocamos de clube de acordo com a nossa con-
veniência ou insatisfação.
2. NÃO É UMA COMUNHÃO ABSTRATA
Existe algo que une todos os cristãos, mas a verdadeira koi-
nonia implica em estar juntos em um grupo menor.
Alguém já viu um irmão dormindo na reunião de oração?
Quando exortado, ele sempre diz que estava orando em espírito. O
mesmo acontece com aquele que só aparece na célula ou no
culto de celebração em dia de ceia: ele sempre diz que está em
comunhão com a Igreja, mas no espírito. Ele diz que faz parte
da Igreja invisível. Ë verdade, a gente nunca o vê no culto. Não
adianta se esconder atrás dessa suposta comunhão. Se não
estamos juntos em um propósito e aliança, então não temos
comunhão verdadeira. Isso é desculpa de gente independente e
individualista.
O QUE É A COMUNHÃO DO ESPÍRITO SANTO OU
KOINONIA
I. É VIDA COMPARTILHADA
Não é uma questão de ter muitas pessoas, mas de ter uma
só vida. Não é uma questão de ter uma multidão, mas se eles
possuem a mesma natureza.
A palavra Koinonia significa vida compartilhada. Nós com-
partilhamos da vida do mesmo Cristo. Portanto, comunhão é
uma questão de compartilhar do mesmo tipo de vida. Um cão
não pode ter comunhão com um gato e nem um rato com um
elefante. Eles não possuem o mesmo tipo de vida. Este é o
motivo por que hoje podemos ter comunhão com Deus: porque
possuímos a Sua natureza e a Sua vida.
Nós não podemos ter comunhão com as trevas porque somos
luz. Não podemos ter comunhão com aquele que não possui a
vida de Deus dentro de si: "Bem-aventurado o homem que não
anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos
pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (SI 1.1).
Dos ímpios podemos ser colegas, conhecidos ou ter rela-
cionamentos superficiais, mas não podemos ter comunhão com
eles. Eles são trevas, nós somos luz. Comunhão é compartilhar a
mesma vida.
Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos;
porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e
a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou
que união, do crente com o incrédulo? Que ligação
há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós
somos santuário do Deus vivente, como ele próprio
disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio
deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas
impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis
para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.
(2Co 6.14-18).
Como se aconselhar com alguém que não conhece a Deus e
não tem o Espírito de Cristo? Como abrir o coração com um
ímpio? Jesus disse que não devemos jogar pérolas a porcos.
Nossas lágrimas são pérolas, nossos sonhos são jóias preciosas.
Ovelhas não deveriam ter comunhão com lobos. Só há comu-
nhão se o jugo for igual.
O Cristo que habita em mim sempre saudará o Cristo que
habita em você. Ninguém possui a plenitude de Cristo dentro de
si, mas, quando temos comunhão, é como se as diversas partes se
ajuntassem e formassem um todo. A plenitude de Cristo é para
todo o Corpo e não apenas para um único membro. E como se
cada um de nós tivesse um pouco de Cristo dentro de si, então,
quando todos se ajuntam, as porções se encontram e uma
porção tremenda de Cristo se faz presente.
Para termos koinonia precisamos ter uma mesma salvação,
uma mesma fé, um mesmo destino e um mesmo Deus.
Além disso, precisamos estar no espírito. Algumas vezes os
crentes espirituais têm dificuldade de ter comunhão com car-
nais. Ainda que possuam a mesma natureza, não estão na mesma
freqüência. Os carnais não conseguem ter comunhão genuína
porque a vida de Deus neles está abafada. Mas, quando estamos
cheios do Espírito, a comunhão flui espontaneamente.
O carnal, entre outras coisas, é aquele que se recusa a andar
na luz. Se não andamos na luz não podemos ter comunhão no
espírito uns com os outros.
Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (IJo
1.7)
A expressão "como ele está na luz" é um aposto e pode ser
retirado sem prejuízo para o sentido do texto. Assim, o
versículo ficaria da seguinte maneira: "Se, porém, andarmos na
luz, [...] mantemos comunhão uns com os outros [...]"• Só
podemos ter comunhão em um ambiente de luz. Na luz, a
comunhão é inevitável e espontânea. Aqueles que possuem
áreas escuras fogem da comunhão. Aquele que possui pecado
não confessado foge da comunhão, assim como Adão, que se
escondeu entre as árvores do jardim. Quem anda na luz não
tropeça. Se tropeçou é porque já estava em trevas. Quem está
no escuro não sabe por onde anda e acaba caindo. Mas a
Palavra de Deus é lâmpada para os pés.
Mas não se preocupe. Onde houver trevas, um dia a luz de
Deus brilhará. Havia um irmão em minha igreja que tinha o
costume de ler revista pornográfica. Ele sempre comprava as
revistas na mesma banca, longe de sua casa e de nossa igreja.
Um dia, aconteceu daquele dono da banca vir ao culto e ali ele
aceitou nosso apelo para salvação. Naquele dia, muitos se
decidiram e pedi então para que os irmãos que estavam mais
próximos nos ajudassem a orar. Sem saber de nada eu pedi para
que aquele irmão orasse justamente com o dono da banca. O
irmão "ficou em uma sinuca", porque o dono da banca olhou
para ele como que dizendo: "Mas logo você?". Não há nada
escondido que não venha ser revelado. Se você é filho da luz
Deus não lhe deixará nas trevas. Devemos ter comunhão para
que a luz dos irmãos ilumine a nossa vida.
A Igreja não se resume à união de vários cristãos com diversos
outros cristãos. Não é uma questão de muitos homens, mas de
uma vida. A Igreja só é Igreja porque possui muitos homens que
têm a mesma vida, Cristo.
Cada um de nós tem uma porção de Cristo. Quando elas são
colocadas juntas, temos a Igreja.
2. EA COMUNHÃO QUE CRISTO TEVE COM SEUS DISCÍPULOS ——
ALIANÇA E COMPROMISSO MÚTUO
A comunhão de Cristo com os discípulos foi mais que ficar
juntos o dia todo ou morar na mesma casa. Jesus não vivia com
os discípulos em uma mesma casa. E verdade que eles viajavam
e nessas ocasiões ficavam em um mesmo lugar, mas no restante
do tempo, os discípulos tinham casa e família para
cuidar. A comunhão entre eles era, antes de tudo, uma questão
de compromisso mútuo e aliança.
Para ter comunhão é preciso ter compromisso. Por que os
discípulos tinham comunhão com Jesus e os fariseus não ti-
nham? Porque os discípulos tinham compromisso. Se você não
tem ao menos o compromisso de vir ao culto da igreja, se não há
compromisso com uma célula, então você está fora da verdadeira
comunhão do Espírito. Você tem compromisso com os
membros da sua célula? Tem aliança com o seu líder? Ter
compromisso é uma condição fundamental para uma comu-
nhão verdadeira.
Não podemos ter comunhão com alguém se não temos
compromisso com ela. Muitos pensam que precisam ter com-
promisso apenas com Deus. Isso é um engano. Nós temos
compromisso com irmãos também. Sem compromisso, nossa
comunhão torna-se alguma coisa superficial.
Na última ceia Jesus mandou que Judas saísse. Judas não
tinha compromisso, por isso não podia estar na comunhão.
Quando estamos envolvidos em um ambiente de compromisso,
temos liberdade para ser, perguntar, precisar ou para simples-
mente estar.
3. É A COMUNHÃO DA IGREJA PRIMITIVA —— COMUNHÃO DE
PROPÓSITOS
A comunhão na Igreja primitiva era, acima de tudo, uma
comunhão de propósitos. Eles perseveravam na doutrina dos
apóstolos. Era uma comunhão na Palavra, no Espírito e na
oração. Só há comunhão entre pessoas que possuem o mesmo
propósito, a mesma visão. Podemos ter a mesma vida e a mesma
natureza, mas se não temos um mesmo propósito, estaremos
caminhando em direções diferentes. Como caminhar junto
com alguém que está indo para um destino diferente? A Palavra
do Senhor diz que dois não poderão caminhar juntos sem o
mesmo propósito: "Andarão dois juntos, se não houver entre
eles acordo?". (Am 3.3). A comunhão implica em perseverar na
mesma visão e propósito.
Por isso, há tempo de estar junto e há tempo de separar. Há
o dia em que Caim precisa se separar de Abel, Abraão de Ló,
Isaque de Ismael, Jacó de Esaú e Davi de Saul. Se Paulo e
Barnabé não conseguem mais andar juntos, se não há entre eles
acordo, então eles devem se separar.
Não podemos ter esse tipo de comunhão com todos os salvos
deste país ou mesmo da cidade. Essa comunhão só pode acontecer
na igreja local. É espiritual, mas é antes de tudo uma comunhão
prática e viva. Se não temos o mesmo propósito, não desfrutamos
do tipo de comunhão que havia na Igreja primitiva.
No Livro de Atos lemos que os primeiros crentes perseveravam
na comunhão que implicava em unidade de pensamento e de
propósito, amor fraterno e compartilhamento mútuo: "E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir
do pão e nas orações" (At 2.42). Eles tinham uma comunhão
baseada na doutrina dos apóstolos, ou seja, baseada em uma
visão, um ensino, um propósito. Eles viviam debaixo de uma
atmosfera, um ambiente espiritual cultivado e protegido.
4. E A COMUNHÃO QUE HÁ NA TRINDADE
Koinonia é o cumprimento da oração feita por Jesus no Evan-
gelho de João. Ele disse: "Já não estou no mundo, mas eles
continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti.
Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles
sejam um, assim como nós... A fim de que todos sejam um; e
como és tu, ó Pai, em mini e eu em ti, também sejam eles em
nós; para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17.11;21).
Essa oração é tremenda! Você tem noção da unidade que há
entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo? A comunhão da própria
divindade? Jesus orou para que pudéssemos experimentar entre
nós o mesmo tipo de unidade. Uma crítica que me fazem é
que-prego coisas ideais, que nunca conseguiremos viver neste
mundo. Mas Jesus orou para que isso acontecesse, portanto,
temos de crer que isso é possível.
Eu creio que podemos ter esse tipo de unidade em nossa
igreja local e em cada célula. Reconheço que estamos distantes
disso, mas não desistiremos de perseguir a vontade de Deus.
Mede-se a grandeza de um homem pela grandeza dos seus
propósitos. Nosso encargo é ser uma igreja de vencedores.
Essa oração de Jesus é o cumprimento na história humana
da realidade da vida divina. É Deus de fato expressado entre
os homens.
Estamos distantes de alcançarmos esse tipo de comunhão,
mas não devemos nos desculpar e fugir do desafio. Precisa-
mos buscar essa realidade. Esse é o propósito final de Deus.
21 Dl*S I1Í1.A UNIDADE —— DESCUBRA (l rnnF.K DF. SF.K UM COM SF.US IRMÃOS
Queremos ganhar essa geração e gerar milhares de filhos para o
Senhor, mas nada disso acontecerá se não houver unidade entre
nós. O alvo final da comunhão é nos tornarmos um. O alvo da
comunhão não é só sermos supridos e abençoados pêlos irmãos. O
alvo final da comunhão é a unidade completa de propósito e
visão.
2Co 13.13
IJo 1.7
204
15° DIA
VENCENDO o SECTARISMO
O alvo do inimigo é produzir confusão entre os irmãos de
forma que nos distanciemos e até nos acusemos por causa de
coisas pequenas e irrelevantes na obra de Deus. Não podemos
permitir isso em nossa igreja. Tenhamos um olhar amoroso para
nossos irmãos e reconheçamos que são filhos de Deus e que
possuem a unção do Senhor. Sejamos pacientes e esperemos que
todos recebam revelação de Deus a respeito da obra que
estamos realizando.
Precisamos nos guardar de uma das setas mais terríveis do
inferno: o sectarismo. Sectarismo é uma das pragas semeadas
pelo diabo na lavoura de Deus, a igreja. Se desejarmos ver o
mover de Deus, precisamos ter discernimento para perceber
quando ela nos atacar.
Sectarismo são os partidos, as preferências — onde gosta-
mos de uns e desprezamos os outros —, são as divisões. Tor-
namo-nos sectários quando nos julgamos superiores aos outros,
quando presumimos que não precisamos aprender ou receber de
mais ninguém. Sectarismo não é necessariamente denominação.
Pode-se ter um nome sem o orgulho do mesmo.
Se desejarmos o mover de Deus entre nós, precisamos nos
dispor a sermos os últimos em tudo. Se alguém lhe perguntar
como é o louvor em nossa igreja, não responda dizendo que é o
melhor que há, mas diga humildemente: "Precisamos aprender
tanto ainda a respeito disso, irmão". Se alguém fizer uma
afirmação do tipo: "Vocês são uma grande igreja em células!",
responda amavelmente que ainda há muito a aprender até ser-
mos de fato uma igreja em células.
Todos nós dizemos que estamos na visão, mas ainda .temos de
avançar. Nós dizemos que o nosso encargo é edificar uma igreja
de vencedores, onde cada membro é um ministro e cada . casa
uma extensão da igreja. Ainda temos de avançar muito nessa
visão de cada crente ser um ministro. Quantas vezes os irmãos
ficam doentes, mas só aceitam oração de pastor. Se formos todos
ministros, deveríamos ficar contentes com a oração cios irmãos.
Precisamos avançar.
Quantas células precisam se multiplicar, mas não têm casa
aberta para o novo grupo. Não é a nossa casa uma extensão da
igreja? Como é possível que não tenha uma casa para a célula se
multiplicar? Isso acontece porque ainda temos de avançar. Não
temos nada do que nos gloriar. Precisamos ser humildes e
reconhecer que ainda temos muito a caminhar.
Se acharmos que temos algo, ainda não entendemos que
apenas os que nada possuem é que, de fato, recebem. Se presu-
mirmos saber muito, ainda nem sabemos como convém saber.
Esse orgulho de julgar ter, saber ou fazer é que produz esse
espírito sectário, o qual impede o mover de Deus entre nós.
Como reconhecer esse espírito?
ELES DIZEM CHIBOLETE
Porém os gileaditas tomaram os vaus do Jordão que
conduzem a Efraim; de sorte que, quando qualquer
fugitivo de Efraim dizia: Quero passar; então, os ho-
mens de Gileade lhe perguntavam: Es tu efraimita? Se
respondia: Não; então, lhe tornavam: Dize, pois,
chibolete; quando dizia sibolete, não podendo exprimir
bem a palavra, então, pegavam dele e o matavam nos
vaus do Jordão. E caíram de Efraim, naquele tempo,
quarenta e dois mil. (Jz 12.5,6)
Tudo porque tinha um sotaque diferente. Muitas vezes temos
considerado os nossos irmãos inferiores simplesmente porque
não falam como nós.
Discriminamos uns aos outros por causa de maneiras dife-
rentes de falar. Sotaques diferentes são motivo de separação e
segregação em nosso país, mas não podemos excluir os nossos
irmãos por terem sotaques espirituais diferentes do nosso. Um
fala "célula", outro fala "grupo familiar", outro ainda diz "grupo
pequeno" e, por causa disso, nos separamos. Na primeira vez
que estive na Colômbia, eles chamavam de "grupos café",
uma sigla de "células de amor e fé". Na Comunidade da Graça
em São Paulo, é "G-cem", "grupos de comunhão, evangelismo e
multiplicação". Não há limites para a criatividade, mas não
façamos do sotaque nossa base de comunhão. Se alguns nos
discriminam por causa de terminologia, nada podemos fazer,
mas nós mesmos não podemos discriminar a ninguém.
Uma vez cumprimentei um irmão dizendo "A paz do Se-
nhor" e ele me repreendeu dizendo que a forma bíblica era "A
graça e paz". Então eu lhe disse: "Fique na graça e na paz do
Senhor". Infelizmente, nós conseguimos nos dividir até pelo
tipo de cumprimento que usamos.
Alguém me disse que, quando um pregador começava di-
zendo: "Oh! Glóóóória!", ele já sabia que a mensagem seria
superficial. Fiquei triste. Ele estava julgando o irmão só por
causa de seu sotaque espiritual.
Certa vez uma mulher dirigia seu carro pela estrada quando,
de repente, um carro veio na direção contrária meio descontrolado e
quase se chocou com ela. Ela ficou assustada com aquilo, mas o
pior foi que o homem tirou a cabeça para fora do carro e gritou
para ela: "Vaca!". Ela ficou completamente indignada. Aquele ho-
mem parecia um bêbado, quase tinha saído da sua pista e, ainda
por cima, a chamara de vaca. Aquilo não podia ficar assim. Ela
imediatamente tirou a cabeça para fora do carro e gritou de volta:
"Porco!". Feito isso, continuou satisfeita seu caminho, mas, logo
na primeira curva, ela viu que havia muitas vacas soltas na pista.
O que ela imaginou ser um ataque era na verdade um aviso.
Quantas vezes temos atacado pessoas que estão apenas tentando
nos advertir dos perigos da estrada. Não julgue nada antes da
hora. Nunca julgue alguém pela aparência e pelo seu sotaque.
ELE NÃO SEGUE CONOSCO
Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem que,
em teu nome, expelia demônios e lho proibimos,
porque não segue conosco. Mas Jesus lhe disse: Não
proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós.
(Lc 9.49,50)
Ë terrível quando rejeitamos alguém por não fazer parte do
nosso grupo. Os discípulos rejeitaram um homem porque não
seguia com eles. Nós nos tornamos sectários quando concluímos
que só aqueles que possuem o nosso rótulo é que estão no mover
de Deus.
Alguém certa vez quis me proibir de fazer os encontros porque
eu não estava debaixo da cobertura das igrejas do G12.
Chegaram a dizer que Deus não podia nos abençoar porque
não seguíamos com eles. Não é a mesma coisa que os discípulos
queriam fazer? Alguns grupos já chegaram ao extremo de dizer
que só era salvo quem pertencesse a eles.
Precisamos rejeitar completamente esse espírito. Ainda que
possuamos um nome que nos identifique, não consideramos
nosso nome o fundamento. Nosso fundamento é Cristo e o
nosso verdadeiro nome é o nome de nosso Pai. Todos aqueles
que possuem o nome do Pai são nossos irmãos. A prova de que
temos esse coração é que não possuímos uma denominação,
mas uma associação de igrejas. Hoje muitas igrejas com nomes
e origens diferentes caminham conosco, mantendo sua própria
identidade. Creio que isso é agradável aos olhos de Deus.
Jesus disse que aquele que não é contra nós é por nós. Por
isso, nunca se sente com um irmão para discutir diferenças.
Sente-se com ele para compartilhar de Cristo. O importante é
ser nascido de novo e desfrutar de Cristo no Espírito. O mover
de Deus passa de um grupo quando seus membros começam a
dizer que só recebe a unção quem anda com eles e está debaixo
de sua cobertura. Quando isso acontece, é o começo do fim.
ELDADE E MELDADE
Saiu, pois, Moisés, e referiu ao povo as palavras do SE-
NHOR, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e
os pôs ao redor da tenda. Então, o SENHOR desceu na
nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava
sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o
Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois,
nunca mais. Porém, no arraial, ficaram dois homens; um
se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre
eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos,
ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial.
Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse:
Eldade e Medade profetizam no arraial. Josué, filho de
Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, res-
pondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. Porém
Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o
povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR
lhes desse o seu Espírito! (Nm 11.24-29)
Que ousadia daqueles homens! Como eles ousaram receber o
Espírito em um lugar diferente sem a intermediação de Moisés?
Josué queria que Moisés fosse o único. Talvez ele temesse que, se
outros recebessem o Espírito, pudesse haver algum tipo de
rebelião ou divisão em Israel. Quem sabe alguns não diriam: "Eu
sou de Moisés" e o outro "Eu sou de Eldade e Medade".
Há igrejas e líderes que são contra certas coisas só porque
não foram eles que começaram. Se a idéia saiu daqui, somos a
favor; mas, se veio de outro grupo, somos contra. Eles têm
ciúmes da unção, por isso lutam pelo exclusivismo.
Tenho visto Deus movendo em muitos lugares e já percebi
que o mover se vai quando eles começam a exigir que as pessoas
recebam exclusivamente deles. Quando você acha que se tornou
dono de uma unção já começou a perder. Deus não é proprie-
dade de homens. Tudo o que Ele nos dá é para distribuir, para
espalhar, para compartilhar.
Eu sou DE PAULO E VOCÊ É DE APOLO
Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é
assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro:
Eu, de Apoio, não é evidente que andais segundo os
homens? (lCo 1.10-12; 3.3,4)
Os homens de Deus deveriam ser instrumentos de bênçãos e
não de maldições. Quando nossa identificação com certos
homens torna-se um motivo de separação, temos mais uma vez
o espírito sectário em ação. Não me refiro a preferências.
Ter preferência é normal. Só Deus ama a todos indiscrimina-
damente e do mesmo jeito. Nós, às vezes, gostamos mais de uns
que de outros. Mas não permita que suas preferências se
transformem em divisões. Algo se torna divisão quando você só
aceita se submeter a um e só aceita aprender se for com ele.
Em uma igreja em células inevitavelmente teremos dezenas
de pastores. Se esse espírito não for destruído, como avança-
remos no mover de Deus? O que vemos relatado na Primeira
Carta aos Coríntios são os irmãos se dividindo por causa de
estilos. Paulo, Apoio, Pedro e Cristo apontam para estilos nesse
contexto.
Paulo aponta para aqueles que apreciam um bom estudo bí-
blico. A turma de Paulo é aquele pessoal ortodoxo e ferozmente
bíblico. Ficam embriagados quando alguém fala do significado
original no grego e hebraico.
Apoio era um grande pregador. Apoio aponta para aqueles
que apreciam uma boa pregação. Esses gostam de um bom
apelo, uns tapas no púlpito e uma voz inflamada. Eles vão ao
delírio nesses dias.
O pessoal de Paulo fica no canto criticando a pregação como
superficial e o pessoal de Apoio nem vem na reunião quando
Paulo vai ensinar. Eles morrem de tédio.
O pessoal de Pedro é aquele que aprecia uma boa exortação.
Para eles, a boa palavra é aquela severa. São preocupados com o
legalismo. Para eles, os bons costumes vêm primeiro. Eles vão
ao delírio quando ouvem uma palavra dura no púlpito.
Por fim, o pessoal que se diz de Cristo é aquele superespi-
ritual. São os místicos de nossos dias. Não estão preocupados
com ensino, pregação ou exortação, eles querem saber da cor
das asas dos querubins. É o pessoal que vive no terceiro céu.
O pessoal de Paulo diz que estes estão fora da Bíblia e estes,
por sua vez, dizem que os de Paulo não sabem nada das coisas
do Espírito.
Você percebe que todos esses grupos são importantes e até
necessários? O problema é que todos eles se isolam e se tornam
exclusivos e donos da verdade. Por isso, hoje temos igrejas in-
teiras paulinas, outras apolinas, igrejas pedrinas e cristinas. E,
então, nos digladiamos entristecendo o Espírito. Que o Senhor
nos dê um coração tolerante e grande o suficiente para caber
cada tipo de irmão.
SÓ EU FIQUEI
Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus
dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua
aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus
profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a
vida. Também conservei em Israel sete mil, todos os
joelhos que não se dobraram a Haal, e toda boca que o
não beijou. (IRs 19. K); 18)
"Só eu que oro. Só eu que faço as coisas nessa igreja. Só eu
que sou fiel. Só eu jejuo nessa igreja." Este certamente é o pior
vírus sectário: a exclusividade. A exclusividade é uma manifes-
tação de nosso orgulho sectário. Ainda bem que o Senhor disse
para eles que ainda havia mais sete mil.
Muitos pensam que possuem uma revelação maior e com-
pleta, outros imaginam serem possuidores de uma unçáo única.
Esses são laços do sectarismo.
Quando pensamos que somos os únicos — a única igreja
com visão espiritual, a abençoada, a última esperança de
Deus — é bom mudarmos, do contrário, estaremos no ca-
minho da queda.
COMO VENCER O SECTARISMO
I. SEJA FLEXÍVEL AO QUE ÜEUS ESTÁ FAZENDO EM NOSSO PAÍS,
EM NOSSA GERAÇÃO
Seja flexível ao mover de Deus. Se o vento de Deus está so-
prando, vamos segui-lo. Não nos preocupemos em criar regras e
equações para definir o vento, vamos apenas segui-lo.
2. PONHA A ÊNFASE SOBRE JESUS COMO o CABEÇA DA IGREJA
O ponto central é Cristo e não as muitas visões da Igreja. O
centro é Jesus e não algum novo modelo de igreja.
3- NUNCA REJEITE A QUEM JESUS ACEITOU
Nunca diga que é impuro aquilo que Jesus purificou. Nunca
rejeite aquele que Ele aceitou. Não ponha de fora aquele que o
Senhor já colocou para dentro.
16° DIA
UNIDADE E AMOR
A única maneira de entendermos o que é amor é conhecendo
a Deus. A Sua natureza é amor. Deus não apenas ama, Ele é
amor. Não é que possua um atributo, ou virtude, chamado
amor. Ele é amor (IJo 4.8-16).
Esse amor já foi derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo que nos foi dado (Rm 5.5). Se Deus é amor, o Espírito Santo
também é amor, pois são um. Se o Espírito Santo habita em nós, o
amor também habita em nós. Nós estamos imersos nesse amor.
A vida da Igreja deve estar permeada pelo amor de Deus. A
força da Igreja está nos vínculos de amor. São esses vínculos que
favorecem o crescimento. Nós não fomos salvos simplesmente
para participar de cultos aos domingos, fornos salvos para
sermos membros uns dos outros na Igreja, que é o Corpo
de Cristo. E justamente por isso que nos reunimos nas células,
porque lá os vínculos de amor podem ser firmados.
É precioso quando viajamos e encontramos irmãos a quem
nunca vimos, mas, repentinamente, sentimos uma conexão
com eles. E o vínculo do Espírito. Temos a mesma vida. Algo
dentro de mim toca em algo que também está dentro dele.
A partir do momento em que sabemos que alguém é irmão,
espontaneamente nós o amamos. Não precisamos nos esforçar
para amá-lo. Sei que você está acostumado a pensar em amor
como resultado de convívio, mas não é assim com o amor ágape.
Quando temos esse amor, nós amamos espontaneamente.
Somos irmãos em Cristo, pois temos o mesmo Pai, Deus, e
compartilhamos da mesma natureza divina. Infelizmente, o
senso de irmandade é muito mais visível em organizações
como a maçonaria do que na própria igreja local. Eles se aju-
dam mutuamente e, se um deles fica desempregado, os outros
se empenham para arrumar-lhe um trabalho. A maçonaria é
algo do mundo, os que estão lá não são nascidos de Deus, to-
davia conseguem manter esse espírito de irmandade. E se eles
conseguem isso, muito mais nós, que já temos o amor de Deus
derramado em nossos corações, precisamos desenvolver uma
atitude de irmandade em amor.
Como irmãos, temos compromisso uns com os outros. Você
não pode dizer que ninguém tem nada a ver com a sua vida,
pois, no dia em que se converteu, você foi enxertado no Corpo de
Cristo. Por isso, há um vínculo espiritual entre nós agora.
Você é parte de uma mesma igreja, portanto ame e valorize
seus irmãos. Irmãos deveriam prioritariamente contratar, fazer
negócios e votar em irmãos.
Por que não fazemos isso? Alguns dizem: "Já tive muitas
decepções com irmãos trabalhando para mim". Ora, se um
irmão não foi eficiente, contrate outro; mas não desista dos
irmãos. Além disso, quantos ímpios decepcionaram você até
agora? E, se um irmão o decepcionou, isso significa que todos
os outros o farão? Se você tem dois profissionais com a mesma
competência e que cobram o mesmo preço, então a prioridade
deveria ser de um irmão.
Outros se desculpam dizendo que "nem sempre os irmãos
são os mais competentes". E verdade, mas não deixe de procurar
algum irmão que seja competente. Evidentemente, não se deve
contratar um irmão só porque é irmão, mas observe e veja se não
há um irmão competente ao seu redor. Outros dizem que
"irmãos costumam interpretar mal os relacionamentos
profissionais e confundir os lugares". Isso também eventual-
mente acontece, mas é melhor corrigir e ajustar o relaciona-
mento em vez de desistir dos irmãos.
Sei que irmãos querem ter privilégios por conta da irman-
dade e, outras vezes, presumem que devem agir no trabalho
como se ali fosse a igreja, mas tudo isso pode ser facilmente
corrigido. Há também quem diga que "irmãos algumas vezes
ficam vigiando e nos expondo para a liderança da Igreja". E
fato que alguns querem distância dos irmãos porque não querem
ser confrontados em sua maneira errada de viver.
Lembro-me de um membro que me disse que não iria mais
contratar uma doméstica que fosse da igreja. Ele me disse que
sua esposa vivia lhe dizendo: "Olhe, não fale essas palavras. A
irmã fulana já chegou. Não vamos discutir agora, pois a irmã
fulana já está em casa". Ele disse que a irmã doméstica era um
entrave, mas eu creio que ela era uma bênção. Não é bom ter
alguém por perto que nos iniba em fazer algo errado? E, se por
causa da presença de um irmão, eu me comporto melhor, então
eu deveria encher a minha vida deles.
Seria bom se fôssemos preferencialmente à padaria de um
irmão, na livraria de uma irmã e assim por diante. Não que
devamos pagar mais caro só para ajudar o irmão. Mas, se o
preço é o mesmo, então a prioridade deve ser daquele que é
parte da irmandade. Também é um grande ato de amor quando
nos ajuntamos para comer na lanchonete de um irmão só para
ajudar o negócio dele a avançar.
Esse também é um aspecto importante da unidade entre nós,
quando não apenas nos chamamos de irmãos, mas de fato nos
tornamos em uma grande irmandade.
O AMOR ÁGAPE
O amor de Deus é chamado de amor ágape. Ele não é susci-
tado ou provocado por quem é amado, o amor ágape não ama
porque a pessoa amada é digna de ser amada, mas porque quer
amar, porque decidiu amar.
O amor ágape é espiritual. É algo muito diferente do amor
natural, no qual a pessoa é amada por ser amável. Se ela for gen-
til, educada e agradável, então a amarei. O amor natural não é
necessariamente ruim, é apenas o amor do homem sem Deus.
Graficamente, o amor natural pode ser representado da se-
guinte forma:
Sentimentos amorosos Pensamentos amorosos Ações
Amorosas.
O amor natural sempre começa com sentimentos amorosos.
Uma vez que o outro seja agradável, bonito, inteligente e edu-
cado, ele desperta em mim sentimentos bons. Uma vez que ele
despertou tais sentimentos em mim, eu começo a pensar coisas
boas a respeito dele e, finalmente, serei capaz de ter ações amo-
rosas em relação a ele. Não será difícil, para mim, ser bondoso e
amável com ele, uma vez que ele é agradável e educado. Nesse
tipo de amor, tudo começa com sentimento. Se sentimos, tudo
vai bem, se não, somos incapazes de amar.
Esse não é o amor com o qual Deus nos ama e nem é o amor
com o qual devemos amar os irmãos. No amor ágape, não ficamos
esperando por sentimentos, mas acionamos a nossa decisão de
amar porque o amor de Deus já foi derramado em nossos corações.
Ele pode ser descrito graficamente da seguinte maneira.
Pensamentos amorosos Ações amorosas Sentimen-tos amorosos.
O amor ágape começa com o pensamento amoroso. Eu decido
que vou amar o outro, mesmo que ele não seja amável, não faça as
coisas como eu aprecio ou tenha um temperamento agradável.
Mas, ainda assim, eu tomo a decisão de amá-lo. Podemos dizer
que o amor ágape é uma decisão consciente, criativa e incondicional
de, em nome de Jesus, servir o meu irmão e edificá-lo.
Uma vez que decido amar, eu começo a fazer ações amorosas
pelo outro. Eu vou orar por ele, vou abençoá-lo, vou dizer coisas
boas a respeito dele e assim por diante. O mais incrível é que,
quando resolvo ter ações de amor, espontaneamente surgem
dentro de mim emoções amorosas em relação a ele. Essa é a
grande diferença entre esses dois tipos de amor. No amor ágape,
os sentimentos vêm depois. Eles não são a causa, mas apenas o
resultado do amor.
Hoje eu estou desafiando você a tomar uma decisão. Decida
amar os irmãos. Decida andar com eles. Decida abençoar e
falar coisas boas de sua igreja. Você não pode amar aquilo que
não abençoa. Se suas palavras são sempre negativas em relação
aos irmãos, em relação à sua célula e à igreja, você nunca será
capaz de amá-los.
Que palavras você tem dito a respeito dos irmãos e da visão
de Deus neste lugar? E mais: o que você tem se permitido ouvir?
Pessoas que falam continuamente palavras negativas e de morte a
respeito dos irmãos são enviadas do maligno para gerar em
você ira, raiva, rancor e ressentimento.
Quem poderia receber a unção que não reconhece? Algumas
pessoas dizem que já não sentem mais a unção entre nós, como se
a unção tivesse partido. Na verdade, o que acontece é que elas
já não conseguem receber através de nós justamente porque suas
palavras sobre nós são negativas. A unção só flui através do
amor. Para que eu possa ministrar na sua vida, eu preciso amá-
lo; caso contrário, a unção não fluirá. Mas o inverso também é
verdadeiro. Se você não me ama, não poderá receber da unção
que está sobre mim. O amor é o meio, o caminho pelo qual a fé
e a unção fluem.
Essa é a razão por que muitos têm se sentido áridos e secos,
mesmo vivendo à beira do rio. Se você amaldiçoa o rio, não
desejará beber dele.
Não espere até que sejamos perfeitos para sermos dignos de
seu amor. Não espere até que a igreja chegue à glória para amá-la.
Tome a decisão de amar hoje. O amor ágape começa com uma
decisão de ter pensamentos amorosos e palavras amorosas. Mude
suas palavras, comece a abençoar a fonte que o nutre.
Como já foi dito antes, alguns estão procurando uma igreja
perfeita para que possam amá-la e se orgulhar dela. Reafirmo o
mesmo conselho caso você a encontre, não vá para lá. Reafirmo
isso pelo mesmo motivo, sua presença a tornará imperfeita.
O amor ágape é paciente, é tolerante. Ele sempre escolhe a
maneira mais benigna de ver a situação. Lembro-me que um de
nossos funcionários veio conversar comigo e disse:
— Pastor, por que nós trabalhamos aqui no calor e na sua
sala há um ar-condicionado?
Eu disse a ele:
— Vou lhe dar duas opções e veja bem qual você escolherá.
A primeira opção é que eu sou o manda-chuva, o maioral
aqui e, por isso, eu tenho ar-condicionado na minha sala. A
segunda opção é que, como representante da igreja, eu tenho
que, eventualmente, receber autoridades e não fica bem para
nós colocá-las em uma sala sem refrigeração. Qual das duas
opções você acha que é a verdadeira?
Ser benigno é sempre escolher a melhor opção, é sempre
escolher ver da melhor maneira. O contrário de benigno é
maligno, então quando somos malignos escolhemos sempre a
pior opção.
Eu sei que, na sua célula, há irmãos que não são amáveis. Há
aqueles que são prolixos, que depois de contar tudo "tim-tim
por tim-tim", ainda entram nos mínimos detalhes. Existem os
antagônicos, os que são cheios de autocomiseração. Tanta gente
difícil. Por que Deus os colocou lá? Para ensiná-lo a amar. Eles
são irmãos. Não podemos nos divorciar de irmãos. Também
não escolhemos os escolhemos. Isso é parte do arranjo de Deus
para a nossa vida. Tantos os irmãos naturais quanto os espiri-
tuais nos foram escolhidos por Deus.
E uma atitude desamorosa escolher relacionar-se com al-
guns irmãos e desprezar outros. Não adianta desprezá-los, pois
continuam sendo irmãos. Outro dia alguém veio zombar dos
crentes falando sobre certa Igreja Pentecostal do Cuspe Santo.
Ele depreciou muito os irmãos. Então lhe perguntei: "Você crê
que o sangue de Jesus é santo? Por que o cuspe dEle seria
menos santo?". Não estou defendendo nada, apenas mostrando
que tudo é uma questão de como nós olhamos. Quem ama vê
melhor!
Para mim, uma das ilustrações mais belas da igreja é o mosaico.
Mosaicos são obras de arte. São feitos de cacos. Os cacos em si nada
significam. Não têm beleza alguma. São peças de um quebra-cabe-
ça. É preciso que um artista junte os cacos segundo o seu desejo.
Todos nós somos apenas cacos em meio a cacos, mas Ele
nos tomou e nos colocou dentro de um mosaico. No mosaico,
ganhamos sentido e vida. Antes éramos parte do lixo: não havia
para nós propósito nem valor, mas agora somos parte de uma
obra de arte. Sozinho, talvez outros o vejam apenas como um
caco; mas, no mosaico, você é parte de uma obra de arte.
Gosto de pensar que o mosaico só tem sentido e beleza quando a
luz do sol vem sobre ele. Da mesma forma, somente quando o sol
da justiça vem sobre nós, manifestamos nossa cor peculiar,
completando a beleza da obra de arte que Ele planejou.
É reconfortante pensar que, para o artista, não existe lixo,
mas sim matéria prima para a sua criatividade. Já vi esculturas
belíssimas feitas de ferro velho e latas retorcidas. Também me
lembro de ver o Sinuca tocando os instrumentos mais impro-
váveis. Ele tomava algumas garrafas velhas e, enchendo-as com o
tanto certo de água, fazia delas uma marimba. Tampas de
panela eram percussão e até um serrote foi tocado com um violino.
Não importa se somos cacos ou restos de um ferro velho, o que
importa é se estamos nas mãos do Artista. Nas mãos dEle tudo
toma forma, cor e beleza. Deus, esse artista, enxerga a beleza de
um mosaico onde outros vêem apenas cacos. Quem ama fica
parecido com Deus.
QUATRO EQUÍVOCOS
1. SE AMARMOS, SEMPRE HAVERÁ HARMONIA
Há irmãos cheios de todo tipo de pensamento idealizado.
Eles imaginam que, se houver amor em nossa célula, ela sempre
será um paraíso idílico cheio de harmonia. Que engano! E
possível amar e ainda assim atritar até sair faísca. Eu amo
minha esposa, mas, de vez em quando, temos choques. Eu amo
minha equipe de pastores, mas isso não me impede de ficar
bravo com eles. Não somos iguais. Eventualmente, temos
opiniões distintas e isso pode produzir tensões momentâneas.
Mas isso não significa que não nos amamos. A maravilha é que,
quando amamos, nós vencemos as diferenças. Subjugamos os
atritos e nos perdoamos mutuamente.
2. PARA AMAR, EU PRECISO ME TORNAR INFELIZ
Esse é outro equívoco comum. É a idéia de que amar tem de
ser algo sofrido. Muitos pensam: "Agora vou ter de amar aquele
irmão chato e agüentá-lo para o resto da vida". Mas a verdade é
que, quando começamos a amar, até o mais chato pode se tornar
uma bênção para nós. Quando decidimos amar, a alegria de
Deus vem e enche o nosso coração. Aqueles que têm feito isso
sabem que digo a verdade.
3. PARA AMAR, EU PRECISO ME CONFORMAR COM os ERROS DOS OUTROS
Amar o irmão é urna coisa, mas aceitar os comportamentos er-
rados é outra muito diferente. Sabemos que Deus nos ama como
somos, mas Ele se recusa a nos deixar como somos; antes, nos
leva cada dia mais a sermos mais parecidos com Jesus. Se ama-
mos, exortamos. Mas alguns dizem: "Se vocês me amassem, me
aceitariam como sou". Ou seja: "Se sou mentiroso, vocês devem
me aceitar com a minha mentira". Alguns imaginam, equivoca-
damente, que amar é ser complacente com o pecado e o erro.
4. SE VOCÊ ME AMA, NÃO PODE AMAR OS MEUS INIMIGOS
Se você me ama, não pode ser amigo do fulano, porque eu
não ando com ele. É tolice de criança pensar que eu não posso
amar dois irmãos que não se dão. Não nos relacionamos com
todos e nem andamos com todos, mas, quando se trata de amar
aos irmãos, nós amamos a todos.
O FALSO E O VERDADEIRO
É muito estranho ver irmãos que não gostam de estar com
irmãos. Se esse é o seu caso, há algo muito errado com você.
Deus não nos criou para vivermos isolados. Nenhum ser
humano suporta ficar muito tempo em isolamento. O
problema é ainda pior quando alguém prefere a companhia de
incrédulos à companhia dos irmãos. Isso mostra que essa
pessoa ainda não nasceu de novo. É evidente que você vai
estudar, trabalhar e conviver com incrédulos, mas é muito
estranho se, na hora em que puder escolher, você escolher ter
comunhão com eles.
É muito estranho abrir seu coração com alguém que é in-
crédulo e incapaz de entender a sua fé. Aquele que passou das
trevas para a luz aprecia a companhia de quem é luz. É muito
estranho que você resista às células, mas consiga trabalhar em
grupos em qualquer outro lugar, como escola e trabalho.
Aquele que não ama os irmãos não passou da morte para a
vida, ainda está nas trevas e pode ser apenas um religioso
enganando a si mesmo.
Alguns transformaram o processo de ter a vida eterna em
uma fórmula: 1) ouvir o evangelho; 2) entendê-lo; 3) crer; e 4)
saber que temos a vida eterna. Mas essa fórmula pode falhar,
porque é possível crer apenas como uma concordância mental.
Se perguntarmos para alguém: "Como você sabe que possui a
vida eterna?", talvez ele responda: "Porque a Palavra de Deus
assim o diz". Mas isso não é suficiente. Ele pode ter dado esta
resposta baseado apenas em um conhecimento mental.
Como, então, podemos diferenciar os verdadeiros irmãos
dos falsos? João nos dá a fórmula. Há apenas duas passagens na
Bíblia que contêm a expressão "passar da morte para a vida". As
duas foram escritas pelo apóstolo João:
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna,
não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
(Jo 5.24)
Nós sabemos que já passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos; aquele que não ama per-
manece na morte. (IJo 3.14)
João diz que aquele que crê passou da morte para a vida, mas
também diz que aquele que ama passou da morte para a vida.
O amor pêlos irmãos mostra se a nossa fé é genuína. Assim
como o amor pêlos seus irmãos naturais é instintivo e espon-
tâneo, também o amor pêlos irmãos espirituais não precisa ser
aprendido, é espontâneo.
Quanto mais pregamos o evangelho, quanto mais falamos da
graça de Deus, mais pode haver falsos irmãos entre nós. Não
podemos parar de pregar o evangelho; temos, então, de
distinguir os falsos irmãos. Como fazemos isso? A regra é bem
simples: observando se eles amam aos irmãos.
17° DIA
APRENDENDO A AMAR
Aprender a amar parece uma contradição daquilo que já
temos compartilhado. Já dissemos que o amor de Deus foi der-
ramado em nosso coração, portanto, o amor já está em nós. Dis-
semos também que quem não ama o seu irmão está em trevas e
não conhece a Deus. Portanto, só pode aprender a amar aquele
que ainda não ama e, se não ama, nem é nascido de Deus. Sendo
assim, é incoerente ensinar um filho de Deus a amar.
O amor entre nós é algo espontâneo. Quando nascemos, não
precisamos aprender a amar nossa mãe ou nossos irmãos, isso é
algo instintivo e natural. A mesma coisa acontece com nossos
irmãos espirituais: há um vínculo espiritual entre nós que faz
com que nos amemos espontaneamente.
O que significa, então, aprender a amar? Eu diria que o amor
está em nós, mas não sabemos como expressá-lo apropriada-
mente. É como o pássaro: o voo já está nele, é da sua natureza,
mas ainda assim, terá de aprender a voar. Aprender a amar é,
na verdade, aprender a expressar o amor que já está em nós.
Nesse tempo de jejum vamos praticar algumas sugestões para expressar amor em nossas células.
i. TENHA A REVELAÇÃO DE QUE VOCÊ É AMADO POR DEUS
Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que
nos foi outorgado. (Rm 5.5)
O amor de Deus já está dentro de nós. Ele é a fonte, nós temos apenas que manter a canalização desimpedida. A grande tragédia na vida de muitos irmãos é que ainda não tiveram a experiência e a revelação de que são amados.
O amor de Deus por você não pode ser uma mera afirmação
teológica, deve ser uma sólida sensação interior no espírito.
Muitos vivem lembrando os próprios erros e se martirizando.
Isso é a escravidão da acusação do maligno. Eu aprendi algo
que quero lhe ensinar: todas as vezes que o diabo vier lembrá-lo
das suas falhas e deficiências, repita várias vezes para si mesmo:
"Eu sou amado assim mesmo! Deus já sabia de tudo isso e já
me amava e agora, continua me amando!".
A única coisa que realmente remove o fardo é saber que se é
amado por Deus. Há um Deus que é amor e que nos ama
perdidamente, irremediavelmente. Você não é amado porque é
bom. Não é amado porque é esforçado para ser fiel. Não é
amado por nada que faça. Você é amado porque Deus decidiu
amá-lo. Você é objeto do amor de Deus.
Aquele que se sente amado consegue expressar amor. Ex-
perimente fazer um exercício. Todos os dias, ao acordar, repita
para si mesmo 20 vezes: "Eu sou amado de Deus". Coloque o
seu celular ou o seu relógio de pulso para despertar a cada
cinco minutos e então respire fundo e diga: "Eu expiro toda
inquietação e inspiro o amor de Deus". Separe esse tempo de
jejum para praticar esse exercício.
2. APRENDA A COLOCAR-SE NO LUGAR DOS OUTROS
A característica mais marcante do amor é a sua capacidade
de entrar na pele do outro e ver o mundo com ele vê. Isso é
chamado de empada.
Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa
tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
[...] Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai
pêlos que vos perseguem" (Mt 5.46;44)
Quem não percebe a sua própria maldade está sempre pronto a
julgar e condenar o próximo. Quando temos espelho em casa,
podemos mais facilmente tolerar as falhas dos outros. Aquele
que se acha bom, está sempre pronto para julgar e condenar.
Quem não consegue enxergar a própria maldade não pode ajudar
o próximo. A verdadeira humildade é simplesmente reconhecer
que é orgulhoso. A verdadeira santidade começa quando
reconhecemos que somos pecadores.
Esta é uma grande obra do poder de Deus: reconhecermos na
Sua luz o que é a nossa carne. Um dia memorável em nossa vida
é aquele quando descobrimos que não somos melhores do
232 233ií DlAS 1'F.I.A UNIDA1>F. —— Dí-SCUBR ['OOKR DE .SKR UM COM SKUS IRMÃO A l ' R F N l H - N I K > A AMAR
que ninguém e que, em certas circunstâncias, somos capazes das
coisas mais terríveis, como qualquer pessoa. Enquanto aca-
lentamos a mais leve sugestão de justiça própria, não podemos
expressar o amor de Deus.
3. REJEITE A HIPOCRISIA RELIGIOSA
Não precisamos ter aquela sinceridade cortante, mas também
não devemos nos esconder atrás de uma hipocrisia educada.
Outro dia estava ministrando em um acampamento e ficou um
pedaço de alface sobre um dos meus dentes. Ficamos ali muito
tempo e ninguém me disse nada. Certamente estavam se
extasiando com aquela situação, mas quando minha esposa viu,
imediatamente me alertou daquela cena tão cômica.
Aquela pessoa que nos ama terá a coragem de nos dizer a
verdade. Outros nos deixarão com alface nos dentes. Todos per-
cebem a nossa vaidade, arrogância ou qualquer outro defeito,
mas quantos se dispõem a nos advertir?
Certamente o oposto de amor é indiferença. Alguns sim-
plesmente não se importam conosco e outros possuem um tipo
de educação que os impede de falar honestamente conosco.
Pensam equivocadamente que isso é amor.
Você certamente conhece a história de Hans Christian An-
dersen a respeito nas novas roupas do rei. Um bandido, se
fazendo passar por alfaiate de terras distantes, disse a um de-
terminado rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara,
mas que apenas as pessoas de coração puro poderiam vê-la. O
rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que
fizesse uma roupa dessas para ele.
O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de
linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos,
exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou
todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invi-
síveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem
impuras de coração.
Um dia, o rei se cansou de esperar. Ele e seus ministros
quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso
tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: "Que
lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não
visse nada além de uma simples mesa. Dizer que nada via seria
admitir na frente de seus súditos que não tinha a nobreza neces-
sária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de
admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo
que achassem que eram de coração impuro.
O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e
o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele
exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa
foi uma criança, que virou para a sua mãe e disse: Ih! O
rei está nu!
4. APRENDA A CONFIAR
A Palavra de Deus diz que o amor tudo crê (ICo 13.7). Quem
ama acredita e se dispõe a pensar o melhor. Quem ama é
benigno e sempre escolhe ver o outro de maneira positiva.
Pessoas desconfiadas estão pensando nas motivações que estão
por trás de cada gesto ou palavra. Por que existem tantas pes-
soas desconfiadas? Há muitas possibilidades.
Alguns são desconfiados porque foram muito decepciona-
dos. Outros convivem apenas com pessoas perversas. Mas a
maioria se acha inteligente e, no conceito delas, confiar é sinô-
nimo de estupidez. A causa mais comum da desconfiança é o
medo de se passar por tolo e ser enganado.
O problema da desconfiança é que ela destrói a esponta-
neidade. Quanto mais desconfiamos dos outros mais nos re-
primimos com receio de que outros também desconfiem de
nossas motivações. A desconfiança destrói a verdadeira comu-
nhão na vida da igreja. A desconfiança destrói casamentos. A
desconfiança destrói relacionamentos. Sem confiança jamais
conseguiremos edificar a igreja.
Eu costumo dizer que o desconfiado não é confiável. A su-
posição que você faz do outro é baseada em si mesmo. Veja o
exemplo de Caim, ele temia ser morto por alguém (Gn 4.14),
mas não havia assassinos na Terra a não ser ele próprio. Ele
presumia pensamentos homicidas em outros porque ele mesmo os
tinha.
O desconfiado sempre interpreta as situações pela ótica mais
negativa. Quando entendemos como insulto algo dito sem intenção
de ofender, é a nossa desconfiança a causa do nosso sofrimento. E
comum interpretarmos o elogio que alguém faz a outro como uma
crítica indireta a nós. E o pior, se o outro aceita o elogio,
pensamos que ele está tramando contra nós. É o caso do discípulo
que é muito elogiado no dia que prega no culto. Se ele aceitar o
elogio e ficar alegre, nunca mais prega de novo — caso o líder seja
desconfiado —, pois este concluirá que estão tentando tomar o
lugar dele.
Conta-se que em uma certa ocasião Voltaire, o famoso fi-
lósofo, foi visitar Rousseau, outro filósofo, igualmente famoso.
Chegando ali ele viu que Rousseau havia saído, mas pôde
perceber que a casa estava imunda. Ele então resolveu escrever
com o dedo sobre um dos móveis cobertos de poeira: "Porco!".
Mais tarde, ele encontrou Rousseau e lhe disse: "Estive hoje em
sua casa". Ao que Rousseau lhe respondeu: "Eu sei. Eu vi o seu
cartão de visitas".
Foi feita uma pesquisa com pessoas com grau de confiança
mais alto que as demais e descobriu-se que:
• Elas não são mais ingênuas que as demais.
• Elas possuem uma inteligência acima da média.
• Elas são mais felizes que as pessoas céticas.
• Elas são mais confiáveis que outras.
5. SAIA DA SUA ZONA DE SEGURANÇA
O medo de rejeição é o grande impedimento para expres-
sarmos amor pêlos irmãos. Tem gente que veste uma armadura
para se proteger. Tudo isso porque foram rejeitados no passado.
Essa ilustração da armadura vem da Idade Média, período em
que os cavaleiros se vestiam de armaduras para a batalha. Era
de fato uma defesa formidável, mas possuía um grande ponto
fraco: se eles caíssem no chão, dado o peso, tinham muita
dificuldade de se levantar. Por isso, eram facilmente captu-
rados. O preço da armadura é a imobilidade. O preço de se
defender constantemente dos irmãos é ficar sempre estático,
sem avançar.
Abandone esse medo. Saia de sua zona de segurança. É co-
mum uma célula se recusar a se multiplicar com o argumento
de que agora eles possuem verdadeira comunhão. Isso é só uma
desculpa, o fato é que eles estão fugindo da necessidade de fazer
novas amizades e criar novos vínculos de relacionamentos. É
mais cômodo ficar eternamente com o mesmo grupo.
Quantos ficam indignados quando o seu discipulador ou
pastor é enviado. Ficam se lamentando e dizendo o tempo todo:
"Agora que o discipulador me conhecia. Agora que eu consegui
confiar em alguém ele é enviado!". Porque é tão terrível assim
fazer novos relacionamentos? É o medo da rejeição.
Livre-se da idéia de que todos devem gostar de você sempre,
só assim você se livrará do medo da rejeição. Por traz dessa idéia
existe um ego enorme dizendo: "Como é possível alguém não
gostar de uma pessoa tão maravilhosa quanto eu?". É isso aí.
Você não é essa maravilha toda e, se tem alguns que gostam da
gente, já deveríamos ficar contentes. Deveríamos ficar surpresos é
quando encontramos alguém que nos ama. É o mesmo caso do
líder que se sente arrasado quando alguns o abandonam. Logo
eu, um líder tão extraordinário! Como ele foi capaz de me
abandonar?
E um fato da vida que todas as pessoas que conhecem você
se divide em cinco grupos:
• 20% são indiferentes a você;
• 20% gostam de você;
• 20% gostam de você, mas podem deixar de gostar por
alguma razão;
• 20% não gostam de você, mas podem vir a gostar se
houver uma razão;
• 20% simplesmente não gostam de você.
Penso que essa é uma distribuição bem justa. Diante disso,
fica a seguinte sugestão: dê ao outro o direito de lhe dizer
"não". Amar é dar ao outro o direito de dizer "não". Poucas
coisas nos deixam tão irritados quanto uma negativa. Muitas
pessoas cogitam seriamente encerrar uma amizade só porque
ouviram um "não". Pessoas assim não amam; elas constroem ao
próprio derredor uma parede que acaba afastando as outras
pessoas. Ter de dizer "sim" sempre é um tipo de manipulação, e
ninguém suporta isso.
É por causa do nosso receio de dizer "não" que sempre nos
envolvemos em situações embaraçosas. Lembro-me de uma
ocasião em que um irmão me convidou para almoçar logo
depois da reunião da manhã. Minha esposa tinha combinado
outro almoço, por isso tive que recusar o convite. Percebi que
ele não ficou muito contente, mas aceitou. Quando já estava no
carro, minha esposa me avisou: "Aquele compromisso foi
desmarcado. Vamos ter de comer num restaurante". Ela logo
sugeriu um e fomos. Quando entrei no restaurante adivinha
quem estava sentado logo na entrada? O irmão que me convidou
para almoçar. O que dizer agora? Meu único consolo foi
acreditar que ele é alguém capaz de ouvir um não sem presumir
nada por trás.
6. LIBERE PERDÃO LIVREMENTE
O perdão deve estar no centro de nossa vida cristã. É ine-
vitável. Você será magoado em algum momento. Alguém vai
feri-lo, contrariá-lo, prejudicá-lo. Alguém vai quebrar seu vaso
de estimação. Você terá que dizer: "Eu o perdôo, irmão!". E
sabe o que mais? Ele talvez faça tudo novamente. Quem sabe
setenta vezes sete.
Porque fomos livremente perdoados, liberamos também
graciosamente o perdão sobre os outros. Não guardamos res-
sentimentos, mesmo que justificáveis, tampouco esperamos o
arrependimento do outro para só então perdoá-lo.
Todo perdão é por natureza vicário e substitutivo. Ninguém
nunca perdoa o outro de verdade, a não ser que suporte a pe-
nalidade do pecado alheio contra ele.
Esse princípio é fácil de ser observado. Se eu quebro um vaso
precioso e você me perdoa, você sai perdendo e eu saio livre.
Suponha que eu estrague a sua reputação. Para me perdoar você
deve aceitar as conseqüências do meu pecado e deixar que eu
fique livre. Todo homem que perdoa paga um preço enorme — o
preço do mal que ele perdoou.
Nada nos torna mais parecidos com Jesus do que o perdão.
Perdoar é se tornar parecido com Deus. O perdão não é desse
mundo, ele desceu para a Terra no dia em que Deus se fez gente lá
em Belém, e continua a caminhar sobre a Terra através dos
muitos filhos que foram gerados por ele.
A cruz é o trono da graça do perdão. É a terra trovejando na
voz do Filho:
• Pai! Perdoa-lhes!
A cruz marca o lugar onde Deus, trajando as vestes reais de
uma carne humana maltratada, porém sem pecado, e
manchadas do sangue de um condenado, atraiu e conquistou o
nosso amor com o sangue de Sua vida. E o lugar onde a graça
e a justiça se encontraram e realizaram seu maior milagre. A
cruz é a grande manifestação do poder de Deus, e isso através
do perdão.
Quando Jesus disse "Perdoa-lhes", o véu se rasgou e as mi-
sericórdias de Deus saltaram do santo dos santos e tocaram em
um ladrão na cruz. Depois rodopiaram pelas ruas de Jerusalém e
foram dançar em um cemitério onde antigos santos foram
chamados para a vida. Então, ela começou a passear pelo mundo
e, ao terceiro dia, irrompeu no inferno, onde proclamou a sua
vitória. A vitória do perdão.
Faça do perdão um estilo de vida. 7.
PARE PARA OUVIR
Infelizmente todos falam, mas nem todos conversam. Ouvir é
uma das formas mais importantes de dizer ao outro o quanto ele
é importante.
Algumas dicas para ouvir ativamente:
• Concentre-se conscientemente no outro.
• Faça perguntas para descobrir se você realmente entendeu o
que o outro disse.
• Evite chegar a conclusões muito cedo a respeito do que o
outro está dizendo.
• Olhe nos olhos quando estiver conversando.
8. DÊ PRESENTES AOS IRMÃOS
A maior expressão do amor é a dádiva. Deus amou o mundo,
por isso Ele deu o Seu filho unigênito (Jo 3.16). A graça e o amor
de Deus se expressam por meio de um presente eterno. A
salvação é um dom de Deus (Ef 2.8). Dom significa presente. O
pecado exige um pagamento, mas a vida eterna é um presente
de Deus (Rm 6.23).
O amor não é amor até que seja dado de presente. Até o
amor se expressar, ele é apenas um conceito bonito, uma poesia,
uma abstração celestial. Mas, no momento em que ele é dado,
ali acontece a materialização visível do coração de Deus.
Separamos esses dias de jejum para nos presentearmos mu-
tuamente e comermos juntos. Não é exatamente um amigo
secreto, no qual cada um dá apenas um presente, recebe outro e
quase sempre vai embora chateado por não ter recebido algo de
valor. Quero convidá-lo para simplesmente dar algo significativo
aos irmãos da sua célula. Falo de algo como "todos presenteando a
todos", do "dar pelo simples prazer de presentear".
Presentear é uma arte. Um verdadeiro presente deveria ser
inesperado. Não me refiro a algo caro, mas a algo planejado.
Por exemplo, dê flores para alguém que nunca recebe flores.
Nada mais enfadonho do que dar placas de homenagem para
quem as recebe freqüentemente. Mas, imagine a surpresa de
uma irmã da célula ao receber uma placa de reconhecimento
por fazer os biscoitos mais gostosos da cidade. Verdadeiros pre-
sentes marcam. Existem presentes que dão cor à vida, ritmo aos
nossos dias e calor ao coração; enquanto outros, são mera
formalidade que alimentam o tédio.
Algumas vezes, um presente se faz necessário porque sa-
bemos de uma "necessidade" da pessoa. Esses são momentos
raros e cheios de alegria. Outras vezes podemos descobrir algo
que a pessoa "deseja" e a surpreendemos presenteando-a com o
exato objeto de seu desejo. Tais presenteadores, merecidamente,
jamais são esquecidos.
Evidentemente, deveríamos sempre dar algo que o outro
gosta, e não algo que pensamos ser o melhor ou mais agradável
para nós mesmos. Muitos pais presenteiam os filhos, mas não
conseguem agradá-los porque, ao presenteá-los, agradam a si
mesmos em uma vaidade incompreensível. Não se ofenda se o
outro trocar o seu presente, afinal a intenção é fazê-lo feliz.
Presentear deve ser um estilo de vida. Nossa ambição é que
você sinta tanto prazer em fazê-lo que transforme esse gesto em
um hábito, um hobby, um santo vício.
A Palavra do Senhor diz que "mais bem aventurada coisa é
dar do que receber" (At 20.35). Experimente o prazer de dar cor e
alegria ao dia de alguém que você considera e ama. Presentear é a
arte de fazer alguém feliz. Por isso não prenda o seu conceito de
presente a algo para ser embrulhado. Preparar o prato preferido
de alguém é algo soberbo. Experimente convidar o irmão para
comer o que ele jamais provou. E delicioso ver o semblante de
encantamento.
Não espere receber nada em troca. Esperar a retribuição
contradiz a natureza do amor de Deus. Nós damos pelo prazer
de ver o outro contente e feliz. Não damos como uma espécie
de investimento, esperando receber algo maior em troca:
Jesus disse: quando deres um jantar ou uma ceia, não
convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus
parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles,
por sua vez, te convidem e sejas recompensado.
(Lcl4.12)
Uma pesquisa feita por Christian Schwarz, do Instituto de
Crescimento da Igreja, constatou que as pessoas que se firmam
na igreja têm em média sete relacionamentos de amizade com
outros membros da igreja, enquanto a pessoa que abandona a
igreja pouco depois de convertida consegue ter em média apenas
duas amizades. O fator amizade é, portanto, fundamental para a
consolidação de um novo convertido e o seu crescimento
espiritual. Desenvolvemos amizades e vínculos demonstrando
interesse pêlos demais irmãos da célula. Portanto, nada melhor
que um presente para firmar uma amizade.
A sua célula será mudada se um contagiante ambiente de
amor for estabelecido nela. Uma das maneiras mais belas de fazer
isso é aprendendo a expressar amor presenteando um ao outro.
9. COMA COM os IRMÃOS
Quem me conhece sabe o quanto eu aprecio uma boa comida.
Não consigo imaginar um dia de descanso sem uma boa comida
ou um tempo de férias distante de bons restaurantes. Também
não consigo imaginar uma verdadeira comunhão entre irmãos
sem uma saborosa refeição. Comer é simplesmente uma das me-
lhores maneiras de desfrutar a vida como Deus a planejou.
Mas o que poucos percebem é que, comer juntos, é um dos
grandes fatores de crescimento de uma igreja. Sabemos que as
igrejas que mais crescem são justamente aquelas em que os membros
se convidam mais freqüentemente para comer juntos.
Qual foi a última vez que você convidou um membro de sua
célula para compartilhar de uma gostosa refeição com você? E
qual a última vez que você foi convidado? E quase certo que
haverá uma correlação entre a sua resposta e o crescimento da
sua célula.
Alguém disse com muita propriedade que o amor passa pelo
estômago. Quando comemos juntos, estabelecemos mais rapi-
damente vínculos de amor e comunhão. O comer é algo que
está presente em toda a Palavra de Deus. O primeiro pecado do
homem foi sentar-se à mesa com o convidado errado para
degustar uma comida imprópria. O homem criou uma comu-
nhão com o pecado por meio de uma refeição.
Quando Deus fez aliança com Seu povo, estabeleceu uma
refeição comunitária, a Páscoa (Êx 24.11). O ministério de Jesus
começou em um casamento, transformando água em vinho. Ele
multiplicou pães e certamente os comeu com a multidão; até se
convidou, certa vez, para jantar na casa de Zaqueu (Lc 19.5).
Quando Jesus quis estabelecer uma forma de nos lembrarmos d
Ele e reafirmarmos a Sua aliança, Ele estabeleceu uma refeição
simbólica que chamamos de Ceia do Senhor. Nos dias da Igreja
primitiva, a ceia era chamada de Festa do Ágape, ou seja, a ceia
era vista como de fato é, os irmãos sentados à mesa para desfrutar
do amor fraternal, enquanto saboreiam o pão e o vinho.
O Livro de Atos diz que os primeiros cristãos "partiam pão
de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e
singeleza de coração" (At 2.46). Não podemos viver a vida da
Igreja como Deus planejou, sem grandes e freqüentes refeições
comunitárias.
No final de tudo, em Apocalipse, lemos que felizes são aqueles
que são convidados para as Bodas do Cordeiro (Ap 19.9). A
história dos filhos de Deus termina em um grande jantar,
servido nos átrios celestiais.
ICo 13.4-7
18° DIA
OITO TESTES QUE PROVAM SE
ALGUÉM CONHECE A ÜEUS
Como podemos saber se realmente conhecemos a Deus?
Existem muitos que professam conhecer a Deus, mas quantos
de fato o conhecem? João, em sua epístola, nos coloca alguns
testes para termos certeza da nossa experiência com Deus.
Existem muitas pessoas que conhecem a Deus doutrinaria-
mente e até teologicamente, mas não o conhecem de maneira
experimental e prática. Muitos que freqüentam as igrejas não
são nascidos de novo e nunca tiveram uma experiência de con-
versão. Nosso objetivo neste jejum é crescermos em unidade,
mas não há como estar em unidade com alguém que não é
parte do Corpo de Cristo.
246 2472 l DlAS I-ELA UNIDADE —— DíSCUKRA O PODER DE S K R UM COM SKUS IRMÃOS OlTl) TKSTKS gl)h I-KOVAM Sb ALGUÉM CONHECK A
João então nos dá oito testes práticos por meio dos quais
podemos checar a realidade de nossa vida espiritual. O teste é
para sabermos se tivemos ou não uma experiência com Deus.
TESTE i — SE GUARDAMOS os SEUS MANDAMENTOS (ijo 2.3-6)
O primeiro teste é se guardamos os mandamentos do Se-
nhor. João é muito claro: "Aquele que diz: Eu o conheço e não
guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a
verdade" (IJo 2.4).
Os mandamentos aqui não são os dez mandamentos do
Velho Testamento, mas os novos mandamentos dados pelo Se-
nhor e pêlos apóstolos. Quais? Um exemplo está no Evangelho
de João: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns
aos outros" (Jo 13.34).
Quando obedecemos a Sua Palavra, então o Seu amor é
aperfeiçoado em nós. O amor aqui não é apenas o amor de
Deus por nós, mas também o nosso amor por Ele. Do ponto
de vista de Deus, o Seu amor já é pleno e perfeito, mas o nosso
amor precisa ser aperfeiçoado e desenvolvido.
O verso 6 fala de permanecer nEle. Permanecer em Cristo
significa ter o mesmo tipo de vida que Ele possui. Portanto,
obedecer a Deus não é uma questão de regras, mas de vida. A
natureza da vida de um bebê não o permite se alimentar de
certos alimentos. Se colocamos uma comida amarga na boca
dele, ele imediatamente a expelirá. Ele faz isso porque a vida
nele rejeita aquela comida. O mesmo acontece com um cren-
te. Ele rejeita certas comidas do pecado espontaneamente por
causa da vida nele.
TESTE 2 — SE AMAMOS o NOSSO IRMÃO (IJo 2.7-11)
João coloca o segundo teste nos seguintes termos: "Aquele
que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas
trevas." (IJo 2.9).
O raciocínio é muito simples: se Deus é amor e eu declaro
ter recebido a vida dEle, então eu recebi o amor. Se não tenho
amor, também não tenho a Deus. Se não amo os irmãos, nunca
tive uma experiência verdadeira com o Senhor.
Precisamos amar, mas não devemos amar com um amor
natural. Precisamos amar com o tipo de amor que se desenvolve
pela Palavra, como lemos no verso 5. Na medida em que somos
cheios do amor de Deus, esse mesmo amor flui para os outros.
Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.
(IJo 3.14).
Sabemos que Deus é amor e, se a natureza de Deus entrou
em nós, então o seu amor é residente em nós e não temos como
agir de outra forma. Se alguém não possui esse amor, isso é uma
evidência de que não possui a vida de Deus, a semente divina.
TESTE 3 — SE NÃO AMAMOS o MUNDO (ijo 2.15-17)
Esse é o quarto teste colocado por João: "Não ameis o mundo
nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele" (IJo 2.15).
248 24921 DIAS I UNiDADH, — DESCUBRA o PODER DE SEK UM CXJM SEUS IRMÃOS OITO Ttí.sTiis gui- PROVAM st AI.GUKM i.oNiif-.ci-1 A DEUS
A palavra grega para mundo, kosmos, tem mais de um
significado:
• O mundo material como um sistema criado por Deus (Mt
25.34; Jo 17.15; At 17.24; Ef 1.4; Ap 13.8).
• A raça humana caída e corrompida por satanás (Jo 1.29;
3.16; Rm 5.12).
• Um sistema de valores e uma forma estabelecida por sa-
tanás (Jo 15.19; 17.14; Tg 4.4; IJo 2.15-17).
Ë nesse último significado que João toma a palavra "mundo".
Deus criou o homem para viver na Terra a fim de cumprir o
Seu propósito. Contudo, o inimigo, com a intenção de usurpar o
homem criado por Deus, formou um sistema anti-Deus nesta
Terra.
Esse sistema é constituído pela religião, pela cultura, educação,
indústria, comércio e entretenimento. Tudo isso acompanhado
das concupiscências, prazeres e ambições que vêm junto com as
necessidades básicas do homem, como alimento, roupa, moradia e
transporte. Todo esse sistema jaz no maligno.
Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz
no Maligno. (IJo 5.19)
A palavra de João aos jovens é que eles têm vencido o maligno
(IJo 2.13). O mundo, por sua vez, jaz no maligno, portanto, os
jovens são aqueles que precisam confrontar o mundo e vencê-lo. A
forma como vencemos o mundo é amando a Deus. Se amamos
o mundo o amor do Pai não está em nós.
Existem três inimigos: a carne, o diabo e o mundo. Eles
são a trindade maligna que se opõe ao Deus triuno. A carne se
opõe ao Espírito (Gl 5.17), o diabo se opõe ao Filho (IJo 3.8) e
o mundo se opõe ao Pai (IJo 2.15).
a. A concupiscência da carne
A concupiscência é um desejo ardente do corpo. Deus criou o
corpo bom, com instintos naturais, mas quando o pecado
entrou no homem, o corpo desfigurou-se e aqueles instintos
normais tornaram-se concupiscências.
Os instintos físicos não são pecaminosos. O instinto físico
pode também ser chamado de necessidade, pois foi criado por
Deus. Mas o pecado o desfigurou e, em certas circunstâncias, se
torna concupiscência:
• Quando desejamos algo que é proibido pela Palavra de
Deus. Por exemplo, o desejo sexual não é errado, mas
torna-se concupiscência quando está fora do casamento.
• Quando desejamos de forma exagerada e sem controle.
Comer, por exemplo, não é pecado, mas quando come-
mos desenfreadamente, torna-se concupiscência e, por-
tanto, pecado.
Amar o mundo é satisfazer tais apetites e até viver em função
deles, ignorando a vontade de Deus.
b. A concupiscência dos olhos
A concupiscência dos olhos é o desejo ardente da alma. As ne-
cessidades físicas são diferentes de desejos. Todos temos, por exemplo,
necessidade de comer, mas comer uma pizza já é desejo.
21 DlAS PELA UNIDADE —— DESCUBRA Ü I-ODER DK SER UM COM SEUS IRMÃOS 251FfcS QIM- 1'ROVAM SF AHHIÉM CONHFClí A Dp-US
O desejo em si não é errado, mas pode se tornar concupis-
cência:
• quando o desejo é fruto da cobiça e da inveja daquilo que
pertence a outros e não nos é lícito;
• quando desejamos algo pelo simples prazer, mesmo sa-
bendo que é proibido por Deus.
A concupiscência da alma vem pêlos olhos. Os sentidos são
as portas da alma.
c. A soberba da vida
A soberba da vida é o orgulho, a ostentação ou exibição de
coisas materiais, a confiança e a segurança em si mesmo e no
dinheiro. A soberba da vida envolve pelo menos duas coisas:
• gabar-se do que é e possui;
• centrar-se em si mesmo e focalizar as atenções sobre si: sua
aparência, posição, riqueza, fama, poder e importância.
Esse é o pecado que atinge o espírito humano, que supõe
poder viver completamente independente de Deus, pensando ser
auto-suficiente.
TESTE 4 — SE PERMANECEMOS NO EVANGELHO (ijo 2.18-2,3)
O quarto teste está no verso 19: "Eles saíram de nosso meio;
entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos
nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram
para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos" (IJo
2.19).
Aqueles que são de Deus permanecem conosco, no evangelho
e na Casa de Deus. Aqueles que se afastam apenas mostram que
não são dos nossos e nem conhecem a Deus.
Permanecer na fé ou perseverar é um grande teste. Aqueles
que não permanecem é porque não conhecem a Deus.
TESTE 5 — SE PRATICAMOS A JUSTIÇA (ijo 2.28,29)
Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo
aquele que pratica a justiça é nascido dele. (IJo 2.29)
A prática da justiça é resultado do novo nascimento. Aquele
que não pratica a justiça não O viu e nem O conheceu. Praticar a
justiça, porém, não é fazer uma boa obra eventual e conscien-
temente, antes é o nosso comportamento constante e espontâ-
neo. Justiça é aquilo que manifestamos espontaneamente, sem
premeditação em nosso viver diário.
Nós podemos sempre avaliar as árvores pêlos seus frutos.
Jesus disse:
Pêlos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura,
uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda
árvore boa produz bons frutos, porem a árvore má produz
frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus,
nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que
não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim,
pois, pêlos seus frutos os conhecereis. (Mt 7.16-20)
A vida que recebemos no novo nascimento é a vida de Cristo,
pura e sem pecado. Uma vez que Cristo é a nossa vida, então
253252 m-' i-ROVAM SF Al.l.UKM * ONHhCK A l )fcUS[ DlAS 1'EIA UNIDADE —— DESCUBRA O 1'ODER DE SKR UM COM SEUS IRMÃOS
a nossa vida crescerá e avançará em pureza e santidade. Cada
um expressa o tipo de vida que possui, porque cada semente
gera de acordo com a sua espécie.
TESTE 6 — SE A si MESMO SE PURIFICA (ijo 3.1-3)
João diz que o Pai nos tem demonstrado um grande amor, a
ponto de sermos chamados filhos de Deus. Somos Seus filhos
porque somos nascidos dEle. Temos Sua natureza em nós. O
mundo não conheceu o Senhor e, portanto, não pode nos co-
nhecer também, porque somos da raça dEle, da Sua espécie.
Ainda não se manifestou o que havemos de ser, porque a
vida de Deus em nós está como que latente. E como se tivésse-
mos sido contagiados, mas a doença ainda não se manifestou.
Ela está em nós, mas não aflorou.
A vida de Deus, como aquele santo vírus, já está em nós. No
dia da glorificação, essa vicia explodirá, fazendo com que todos
vejam que somos designados filhos de Deus.
O apóstolo conclui dizendo que, todo o que tem essa espe-
rança, a si mesmo se purifica. A ato de purificar-se do pecado é
um sinal de que recebemos uma nova natureza e que o amor de
Deus é aperfeiçoado em nós.
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta es-
perança, assim como ele é puro. (IJo 3.3)
Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-
nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito,
aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.
(2Co7.1)
Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito
eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus,
purificará a nossa consciência de obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo! (Hb 9.14)
TESTE 7 — SE NÃO VIVE NA PRÁTICA DO PECADO (ijo 3.4-10)
Este teste é muito claro no verso 6: "Todo aquele que per-
manece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando
não o viu, nem o conheceu" (IJo 3.6).
Ninguém que seja filho de Deus pratica o pecado habitual-
mente. Podemos pecar ocasionalmente e acidentalmente, mas
não habitualmente. Um crente pode até mentir, mas se sentirá
mal e tentará mudar de vida. Quem mente habitualmente talvez
não tenha nascido de novo.
Por que o crente não pode viver pecando habitualmente?
João nos dá a resposta no verso 9. Em primeiro lugar, ele não
pode viver pecando porque a semente de Deus (divina semente)
permanece nele. A semente de Deus é a vida de Deus, o Seu
Espírito: "Pois fostes regenerados não de semente corruptível,
mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e
é permanente" (l Pé 1.23).
Como ovelha, um crente pode se sujar na lama, mas não
chafurdará como um porco, porque a sua natureza é diferente.
Uma coisa é cair, mas outra é rolar na lama.
A semente de Deus é o sémen de Deus. Por termos sido gerados
por Ele somos nascidos dEle. Temos agora a Sua natureza. Isso
não quer dizer que não podemos mais pecar, mas significa que
não suportaremos viver na prática do pecado.
254 255II OlAS PELA UNIDADE —— DESCUBRA O I'OL1ER UE SER UM COM SEUS IRMÃOS OlTO 'IfeSThS 1)1.11- !<KGVAM S K A H i U É M CONHFfh A I )FAIS
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
(2Co5.17)
Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e
mui grandes promessas, para que por elas vos torneis
co-participantes da natureza divina, livrando-vos da
corrupção das paixões que há no mundo. (2Pe 1.4)
O nosso espírito já foi redimido, mas o nosso corpo ainda
não, por isso ainda estamos sujeitos ao pecado. É completa-
mente errado afirmar que um crente não peca. Contudo, não
somos mais escravos do pecado, porque o nosso velho homem,
que era escravo, já morreu.
TESTE 8 — SE o CORAÇÃO NÃO o ACUSA (ijo 3.18-24)
Quando a Bíblia usa a palavra "pecado", no singular, ela se
refere à natureza pecaminosa dentro de você. Mas quando ela
usa a palavra "pecado", no plural, ela se refere aos atos peca-
minosos que cometemos. Com relação aos pecados, nós temos
responsabilidade diante de Deus e das pessoas.
O nosso tratar com os pecados está baseado apenas na nossa
consciência, quando estamos em comunhão com Deus. Por
exemplo, pode ser que tenhamos cometido mais de mil pe-
cados, mas quando entramos em comunhão com Deus nos
lembramos de apenas cinco. Devemos lidar com esses cinco.
Se lembrarmos de vinte, tratamos dos vinte. Tratamos apenas
com os pecados que lembramos: "Se, pois, ao trazeres ao altar a
tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti [...]" (Mt 5.23).
Se você não se lembrar de nada, então a comunhão não será
quebrada.
Não precisamos lidar com pecados a respeito dos quais não
estamos conscientes. Isso não quer dizer que não temos pecado,
mas que Deus trata conosco com base naquilo que temos
consciência. Na medida em que avançarmos na comunhão com
Deus, a Sua luz trará a tona outros pecados.
Algumas vezes acontece de outras pessoas terem consciência
do seu pecado, mas você mesmo não percebeu. Por isso sua
consciência está sem acusação. Por essa razão, sua vida e
comunhão com Deus continuarão sem ser afetados.
Mas sempre que você tiver consciência de pecado e não tratar
com ele, sua consciência o acusará e você não poderá manter a co-
munhão com Deus. Se você se lembrar de algo e não tratar, a sua
comunhão com o Senhor será imediatamente interrompida.
Quanto mais comunhão você tiver com Deus, mais sensível
você será para o pecado. É por isso que algumas pessoas fazem
coisas erradas e não se lembram quando vão orar. E por que a
comunhão delas é superficial e assim a luz que recebem é fraca.
Você está em um quarto e pensa que o ar está limpo, mas basta
a luz do sol entrar e você percebe quanta poeira está pairando no
ar.
Assim, lidar com o pecado depende de urna consciência
sensível e, o quanto a consciência será sensível, depende da sua
comunhão com o Senhor. Se o grau de comunhão for pro-
fundo, a sua consciência será aguçada e forte. Por outro lado,
S PELA UNIDADE —— DESCUBRA O PODER I>F. SER UM COM SF.US IRMÃOS
se a comunhão é superficial a sua consciência fica embotada e
entorpecida.
Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor
que procede de coração puro, e de consciência boa, e
de fé sem hipocrisia, (lTm 1.5)
Mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns,
tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar
na fé. (lTm 1.19)
Por isso, também me esforço por ter sempre consciência
pura diante de Deus e dos homens. (At 24.16)
João diz, no verso 20, que se o coração nos acusar, quanto
mais Deus. Não podemos simplesmente ignorar a nossa consci-
ência, pois, se o fizermos, a comunhão com Deus será cortada.
Nossas orações dependem de nossa consciência. No verso
22, vemos que se o coração estiver acusado, nossas orações não
são respondidas. As orações não podem ser respondidas porque a
comunhão está interrompida.
19° DIA
RELACIONAMENTOS QUE TRANSFORMAM
Relacionamentos são chaves na vida de qualquer pessoa.
Nossa história é a história de nossos relacionamentos. A nossa
vida depende das pessoas que permitimos ao nosso derredor.
Elas determinarão as experiências que teremos em Deus e ali-
mentarão força e fraqueza em nós. Os relacionamentos nunca
são neutros em nossa vida.
Nosso crescimento espiritual depende dos nossos relaciona-
mentos. Existem alguns tipos de relacionamentos que podem
nos levar para o vale em vez de nos ajudar a escalar as monta-
nhas de Deus.
Os relacionamentos são a chave da nossa vitória na guerra
espiritual. Nós não fazemos guerra sozinho. Na batalha preci-
samos de alguém que vigie a nossa retaguarda. Você precisa de
irmãos que possam guardá-lo, de irmãos que possam adverti-lo
dos perigos do caminho.
Quando Deus quer abençoar você ele coloca uma pessoa na
sua vida. Quando satanás quer destruí-lo, ele coloca uma pessoa
em sua vida. Sabemos que a nossa guerra não é contra carne e
sangue, mas contra principados e. potestades, mas precisamos
estar conscientes de que a porta por onde o inimigo entrará será
um de nossos relacionamentos.
Jacó, o picareta, sempre procura Labão, porque os dois falam
a mesma língua e têm o mesmo jeito. Mas Maria, cheia do
Espírito, sempre procura Isabel. E quando as duas se encontram,
algo dentro delas estremece pelo poder da unção de Deus. Quando
Maria encontra Isabel, a unção aumenta, mas quando Jacó se
encontra com Labão a carne se fortalece. Você deve andar com
quem aumenta a sua unção e não com quem desperta a sua
carne. Todos nós temos as duas coisas. Temos um pouco de Jacó
e outro tanto de Maria. Todos nós, crentes como Maria,
carregamos a Jesus em nosso espírito, mas como Jacó, trazemos
muitas heranças da nossa carne. Se procuramos Labão, caímos,
mas se vamos atrás de Isabel, ficamos cheios do Espírito.
Nossos relacionamentos falam de nossa condição espiritual.
Se temos relacionamentos saudáveis, então somos estimulados a
avançar, mas se nossos relacionamentos nos puxam para baixo,
então devemos renunciar a eles.
Jesus disse: "Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e
lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros,
e não seja todo o teu corpo lançado no inferno" (Mt 5.29).
Com base nesse princípio, creio que Ele nos diz: "Se você tem
um relacionamento que o leva ao pecado, arranca-o e lança-o
fora, pois é melhor entrar no reino sozinho do que no inferno
com muitas companhias. Se o seu namoro o leva ao pecado
arranca-o e lança-o fora, pois é melhor ir para o céu solteiro do
que para o inferno casado". Sei que essa atitude radical pode
chocá-lo, mas foi exatamente isso que Jesus disse. Precisamos
ser radicais em nossos relacionamentos.
Relacionamentos são chaves espirituais, por isso devemos
ser radicais com eles. Relacionamentos espirituais devem ser
alimentados e fortalecidos, mas amizades com gente rebelde e
maledicente devem ser cortadas, mesmo que tais pessoas .se
passem por irmãos.
Como já foi dito antes, seus relacionamentos determinarão
força ou fraqueza em você. Então, escolha bem aqueles que você
aceita na sua intimidade. Bênçãos ou maldições vêm através de
pessoas que permitimos ao nosso lado.
Diante disso, gostaria de mencionar alguns tipos de relacio-
namentos que você deve cortar da sua comunhão. Seja sábio e
tenha discernimento espiritual.
I. O PONTO DE ENTRADA FAVORITO DE SATANÁS EM SUA VIDA É
SEMPRE ATRAVÉS DE ALGUÉM PRÓXIMO A VOCÊ
Certamente o inimigo tentou atingir Jesus através do mar
enfurecido e por meio do vento tempestuoso contra o barco. Mas
a sua maneira preferida de nos atacar é através de pessoas
próximas a nós. Jesus disse que os inimigos seriam os de dentro
da própria casa (Mt 10.36).
Satanás tentou atingir Jesus através de Pedro em Mateus 16 e
depois através de Judas. Eles foram portas para o inimigo.
Portanto, discernir essas portas de entrada é vital para o nosso
crescimento espiritual. Nossa guerra é contra o diabo e seus
demônios, mas sabemos que as pessoas se tornam portas para
que ele possa nos atacar.
Existem relacionamentos que podem levá-lo para o vale em
vez de ajudá-lo a escalar as montanhas de Deus.
2. VOCÊ SEMPRE BUSCARÁ AMIZADES QUE RESOLVAM SEUS
PROBLEMAS MAIS IMEDIATOS
Aquele que não lhe ajuda, inevitavelmente lhe atrapalhará.
Não há neutralidade. Você precisa ter cuidado com pessoas que
não lhe acrescentam coisa alguma, mas que acabam por levá-lo a
perder coisas. Sempre se pergunte: "Em que essa pessoa está
contribuindo para melhorar a minha vida espiritual?". Se elas
não fazem o melhor, acabarão fazendo o pior.
Não há relacionamento neutro. Nossos relacionamentos são
estabelecidos por causa de interesses. Todos os nossos relacio-
namentos de alguma forma nos influenciam.
Cada relacionamento em sua vida é uma corrente movendo
você em direção a seus sonhos ou para longe dele.
3. CUIDADO COM AQUELE QUE TENTA SABOTAR A VISÃO DE DEUS PARA A
SUA VIDA
Paulo advertiu os gaiatas a respeito desse tipo de pessoa:
"Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer
à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chama.
Um pouco de fermento leveda toda a massa" (Gl 5.7-9). Houve
alguém que os influenciou e certamente era alguém próximo.
O maior risco de sedução vem daqueles que estão próximos
de nós: "Se teu irmão, filho de tua mãe, ou teu filho, ou tua
filha, ou a mulher do teu amor, ou teu amigo que amas como à
tua alma te incitar em segredo, dizendo: Vamos e sirvamos a
outros deuses [...], não concordarás com ele, nem o ouvirás; não
olharás com piedade, não o pouparás, nem o esconderás" (Dt
13.6;8,9). Quando se trata de sedução, o inimigo sempre usará
alguém próximo a nós. Isso parece lógico porque certamente
não daríamos ouvido a um desconhecido.
Como você pode perceber quando alguém está tentando
sabotar a visão de Deus para a sua vida? Em primeiro lugar,
ele é alguém que se ressente de seu desejo de crescer e ser re-
compensado. O irmão de Davi ficou irritado com ele pelo seu
desejo de enfrentar o gigante e receber a recompensa:
Então, falou Davi aos homens que estavam consigo,
dizendo: Que farão àquele homem que ferir a este filisteu
e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, esse
incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus
vivo? E o povo lhe repetiu as mesmas palavras, dizendo:
Assim farão ao homem que o ferir. Ouvindo-o Eliabe,
seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se-
lhe a ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a
quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem
conheço a tua presunção e a tua maldade; desceste apenas
para ver a peleja, (lSm 17.26-28)
21 DlAS PELA UNIDADE —— DESCUBRA O PODER DE SER UM COM SEUS IRMÃOS262 263KFI.ACIONAMEN l TRANSFORMAM
Em segundo lugar, ele é alguém que fica infeliz com o seu
progresso. Certamente é mais fácil chorar com os que choram
do que rir com os que riem. Os conselhos de tais pessoas são
para desanimar e não para motivar a avançar.
Então, as gentes da terra desanimaram o povo de Judá,
inquietando-o no edificar; alugaram contra eles
conselheiros para frustrarem o seu plano, todos os dias
de Ciro, rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da
Pérsia. (Ed 4.4,5)
Uma terceira característica é que eles sempre procuram des-
tacar uma fraqueza que Deus está tentando remover da sua vida.
Dalila H i/ia querer conhecer o segredo da força de Sansão, mas na
verdade seu desejo era expor sua fraqueza.
Aqueles que tentam sabotar a visão de Deus para a sua vida o
fazem tentando diminuir a fé que Deus está colocando dentro de
você. Deus pode estar desejando dar forma ao seu ministério.
Sua visão pode estar explodindo, por isso, o inimigo fará de
tudo para abortar esse sonho.
Tais pessoas preferem discutir a respeito do seu passado do
que ter uma visão de fé a respeito do seu futuro. Não devemos
viver do passado. Precisamos aprender a esquecer. Mas há aqueles
que estão sempre nos lembrando daquilo que o sangue de Jesus
já apagou:
Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as
antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz;
porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho
no deserto e rios, no ermo. (Is 43.18,19)
A quarta característica desses sabotadores é que eles procuram
sutilmente diminuir o seu temor de Deus e fazem com que tudo
pareça normal e aceitável. Relacionamentos funcionam como
lentes espirituais. Eles nos levam a ver as coisas de uma
determinada ótica. Aqueles que diminuem o seu temor de Deus
oferecem uma visão natural das coisas espirituais e faz com
que o pecado se torne normal. Fuja dessas pessoas. Ande com
pessoas que o inspirem a ser mais íntimo de Deus.
4. CUIDADO COM AQUELES QUE DIMINUEM os SEUS SONHOS
Os dez espias foram usados para diminuir o sonho de Moisés
de entrar em Canaã. Eles até conseguiram destruir o sonho do
povo, mas não puderam contra Josué e Calebe.
A multidão instruiu o cego a ficar quieto, mas se ele tivesse se
calado não teria recebido a cura que ele sonhava: "E muitos o
repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais:
Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" (Mc 10.48).
Aqueles que procuram diminuir nossos sonhos desejam na
verdade destruí-los. E fazem isso de várias formas: em primeiro
lugar eles procuram diminuir o esplendor de suas vitórias
colocando as coisas sempre em termos naturais, dando uma
explicação natural para os milagres de Deus. Em segundo, eles
sempre riem de suas experiências espirituais. Em vez de
tentarem recebê-las, eles até ridicularizam as mais profundas
experiências pelas quais você passou.
O valor de qualquer relacionamento pode ser medido por
sua contribuição às suas prioridades. Aquele que ri de suas
experiências com Deus não sabe o valor das pérolas espirituais e
também não lhe ajudará a avançar em Deus.
Por isso, vá para onde você é celebrado em vez de ir aonde
você é tolerado. O nosso lugar é onde somos celebrados. Vá para
onde você é aceito incondicionalmente e não para onde precisa
ter dinheiro ou o carro do ano. Vá para onde eles festejam o seu
aniversário e não para onde eles sequer se lembram do seu
nome. Vá para a Casa de Deus, onde você pode ser você mesmo,
e fuja daqueles lugares e daquelas pessoas que matam a sua
espontaneidade e forçam você a usar máscaras para ser aceito.
5. NUNCA DISCUTA o SEU PROBLEMA COM ALGUÉM INCAPAZ
DE RESOLVÊ-LO
Abrir a vida pessoal com alguém incapaz de nos ajudar é
como abrir os tesouros para um ladrão. Não somente é perda de
tempo, mas um grande risco. Abra a sua vida com alguém espi-
ritual, mas o mais prudente é ter um discipulador na igreja.
O discipulador é alguém que poderá confrontá-lo naquilo
que você não quer ver. Aquilo que alguém se recusa a confrontar
não pode ser corrigido. Precisamos de dois tipos de pessoas: os
amigos íntimos e aqueles mais distantes, mas que podem falar
em nossa vida.
Um amigo íntimo está apto a ver tudo em sua vida, mas
normalmente ele é cego para aquilo que realmente lhe prejudica.
Assim como acostumamos com sons e perfumes, também nos
acostumamos com defeitos. Quando convivemos com
alguém, passamos a não perceber seus defeitos. Isso é uma
bênção, pois sem isso seria impossível a convivência no casa-
mento, por exemplo. Também a amizade torna-se um fardo se
estamos conscientes o tempo todo das debilidades e deficiências
do outro.
Toda intimidade produz certa cegueira. Por isso, precisamos
de alguém capaz de falar em nossa vida que não seja nosso
amigo íntimo. Tais pessoas estão com os seus sentidos aguçados
para nos ajudar. O problema é que normalmente não aceitamos
que tais pessoas falem em nossa vida justamente porque acredi-
tamos que elas não são próximas o suficiente. Lembre-se que,
para ver melhor, às vezes temos de tomar alguma distância. É
um equívoco pensar que somente os mais próximos podem nos
exortar, devemos estar abertos para sermos tratados por aqueles
que são mais espirituais na vida da Igreja.
6. RELACIONAMENTOS CORRETOS MULTIPLICAM A UNÇÃO
Relacionamentos adequados permitem que nossa unção e
talento sejam aprimorados. Isso acontece porque o nosso cres-
cimento espiritual depende de nossos relacionamentos. Se te-
mos relacionamentos saudáveis, então seremos estimulados a
avançar, mas se nossos relacionamentos nos levam para baixo,
eles estão fora do padrão de Deus.
O Livro de Provérbios nos ensina a respeito de amizades:
a. Amigos são raros
Algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro
amigo é mais chegado que um irmão. (Pv 18.24)
b. Amigos não abandonam o barco no meio da crise
Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.
(Pv 17.17)
c. Amigos se dispõem a dar conselhos
Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o
amigo encontra doçura no conselho cordial. (Pv 27.9)
d. Amigos lhe dizem a verdade
Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de
quem odeia são enganosos. (Pv 27.6)
e. Amigos estimulam você
Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu
amigo. (Pv 27.17)
f. Amigos são fiéis a você
O homem perverso espalha contendas, e o difamador
separa os maiores amigos. (Pv 16.28)
SlNAIS DE UM RELACIONAMENTO SÓLIDO
O primeiro sinal é o prazer mútuo. Em relacionamentos
saudáveis as pessoas passam tempo juntas apenas pelo prazer
de estarem juntas. Você tem prazer de estar na sua célula? Tem
prazer de estar na vida da igreja? Se não há prazer, o relacio-
namento definhará até acabar. Porém, tenha em mente que o
prazer pode ser uma doce descoberta. Podemos a princípio
achar que determinado irmão não é muito agradável, mas de-
pois de conhecê-lo, descobrimos o quanto ele é precioso e como é
agradável a sua companhia.
O segundo sinal de um relacionamento sólido é o respeito.
Ao valorizar alguém você ganha respeito em troca. Verdadeiros
relacionamentos estão baseados no respeito. A palavra "respeito"
significa "consideração, deferência e acatamento". Um dos pro-
blemas de nossa geração é a falta de respeito. Desrespeitamos uns
aos outros e, por isso mesmo, colhemos as conseqüências de re-
lacionamentos superficiais e alguns são até mesmo destruídos.
A base dos relacionamentos é o respeito e a consideração. Se
não respeitamos ou não consideramos alguém, não podemos ter
com ele um relacionamento sólido e gratificante. Aquele que não
respeita o seu tempo, também não acatará as suas palavras. Quem
não reconhece a sua unção, certamente não a receberá de você.
Quem não respeita os seus limites, não pode ser seu amigo.
O terceiro sinal de um relacionamento sólido são as expe-
riências compartilhadas. Uma ligação muito forte surge entre
soldados no campo de batalha. Quando lutamos ao lado de
alguém, surge entre nós um verdadeiro compromisso. O mesmo
acontece entre colegas de escola que estudam juntos por anos a
fio e precisam se preparar juntos para as provas e passar pelas
mesmas pressões. Se desejamos que nossas células sejam fortes,
precisamos ter experiências comuns compartilhadas. Se juntos
oramos pela multiplicação, juntos organizamos o encontro, juntos
vencemos todas as dificuldades, então temos uma história em
comum, a história de nossas experiências compartilhadas.
O quarto sinal é a confiança. Sem confiança não nos relacio-
namos, pois a confiança é a base de qualquer relacionamento.
Precisamos confiar que "leais são as feridas feitas pelo que ama"
(Pv 27.6).
O quinto e último sinal é a reciprocidade. Relacionamentos
unilaterais simplesmente não prosperam. Reciprocidade é
retribuir em uma mesma medida. Se recebo uma grande quan-
tidade de atenção e amor, preciso retribuir na mesma medida.
Esse é o adubo das melhores amizades.
SI 1.1-3
20° DIA
EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO
A Igreja é a edificação de Deus. Essa edificação é na verdade um
templo para a habitação e expressão de Deus pela eternidade.
Paulo nos diz que existem três tipos de pessoas com relação à
edificação da habitação de Deus. Existem os que edificam com
ouro, prata e pedras preciosas, e aqueles que edificam com
madeira, palha e feno (iCo 3.12); há ainda aqueles que nem
edificam, mas que na verdade estão destruindo o edifício com as
divisões e sentimentos facciosos.
•O apóstolo ainda nos alerta sobre o perigo de se destruir a
edificação de Deus: "Se alguém destruir o santuário de Deus,
Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é
sagrado" (iCo 3.17). Existem algumas coisas sagradas. O
prédio onde nos reunimos não é sagrado, mas a Igreja que se
reúne ali é. Destruir a Igreja é ferir o próprio Corpo de Cristo. O
veredicto é sério: aquele que destruir ou danificar o templo de
Deus será destruído.
João diz que existem pecados para morte e esse, com certeza, é
um deles.
Eu sei que é um paradoxo falar de divisão quando nos pro-
pomos a trabalhar pela unidade. Mas antes de haver unidade é
preciso haver separação. Na verdade, a unidade sem separação é
um tipo de mistura inaceitável diante de Deus. É a massa cheia
de fermento.
Há apenas duas situações que podem levar uma igreja à
divisão: heresia e imoralidade. Nesse caso a divisão é boa e até
necessária: por meio dela os aprovados são manifestos e os
reprovados declarados.
Se somos uma igreja que anda em santidade, devemos entender
que quando algum dos membros está envolvido em imoralidade,
ele está destilando um veneno letal sobre o rebanho, o qual
precisa ser neutralizado com urgência.
A complacência em nossos dias está baseada no pensamento
de que excluir um irmão da comunhão é ruim e negativo.
Algumas igrejas nunca exercem disciplina e a maioria o faz de
forma negligente. Precisamos ter em mente que na equação da
multiplicação existe também a subtração. Em uma casa, a
cozinha é tão importante quanto a descarga do banheiro.
Tolerar o pecado é aprová-lo. Evidentemente, tratar com ele
de forma excessivamente dura é fugir do espírito de Cristo. Essa
posição tem trazido muito mais prejuízo que a primei-
ra. É preciso, portanto, que não sejamos desequilibrados. A
tendência histórica é o extremismo: ou somos extremamente
frouxos ou implacavelmente legalistas. Ambos, indiscutivel-
mente, são inadequados.
Mas, assim como precisamos ser diligentes em manter a
nossa comunhão com os irmãos, precisamos também ter com-
pleta clareza a respeito daqueles com quem não devemos ter
comunhão. Que tipo de irmão (ou que se diz irmão) não pode-
mos aceitar em nossas células e em nossa comunhão? O Novo
Testamento enumera pelo menos seis deles.
i. AQUELE QUE SE RECUSA A OUVIR A IGREJA
Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele
só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não
te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para
que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda
palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, di/x'-o à
igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o
como gentio e publicano. (Mt 18.15-17)
É uma coisa muito séria negligenciar ouvir a Igreja. Pensamos
que se alguém é temperamental, isso é algo sério ou, se é imoral,
mais grave ainda, mas não achamos sério e reputamos como
quase nada o não ouvir a Igreja. Isso acontece porque não temos
revelação do que é a Igreja. O Senhor Jesus, no entanto, nos
advertiu a considerar tal pessoa como sendo impura e publicana.
Não devemos considerá-la como um tipo de irmão fraco. Não
ouvir a Igreja é algo muito sério.
273272 2 l DlAS PK1.A UNIDAOK —— D, •KSCUBRA o PODF.K DIÍ stR UM I:OM SEUS IRMÃOS IÍXCI.UÍDOS ÍM COMUNHÃO
Sei que vivemos em uma Babel religiosa e, um irmão que
sai do nosso meio, é muitas vezes recebido em outro lugar até
como obreiro. Mas isso não muda a maneira do Senhor tratar.
Precisamos notar bem aqueles que se recusam a ouvir a Igreja e
estão sempre falando algo diferente, em desacordo com os
líderes. Não devemos pensar que isso é algo pequeno, aquele
que não ouve a Igreja deve ser considerado como alguém que
nunca se converteu.
Na época da reforma protestante, os reformadores queriam
eliminar a autoridade excessiva da Igreja Católica, isso foi bom,
mas nos levou a outro extremo: hoje ninguém liga para a Igreja.
Exercer autoridade excessiva sobre os santos é algo errado, mas
não exercer nenhuma autoridade pode ser ainda pior.
Se o seu coração é pela Igreja você será sensível a esse tipo
de pessoa e o afastará da comunhão da célula.
2. AQUELE QUE CAUSA DIVISÃO
Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provo-
cam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina
que aprendestes; afastai-vos deles. (Rm 16.17)
Mais uma vez temos a orientação apostólica para nos afas-
tarmos de certos tipos de pessoas dentro da igreja. Como já
disse, há pessoas com quem não podemos ter comunhão.
Evidentemente, esse versículo não pode ser aplicado em um
lugar onde a igreja já é dividida. Para aplicar esse versículo, uma
igreja local deve estar adequadamente edificada. Se uma igreja
local já está toda dividida, ela não terá autoridade e será muito
difícil para um crente ouvir aquela igreja.
Toda igreja local deve ser muito cuidadosa em não enfatizar
exageradamente nada que esteja fora da esfera da fé. Algumas
vezes promovemos separações exclusivamente por falta de
tolerância.
Vamos tomar um exemplo. Se em algum momento um ir-
mão resolve crer que mulheres não devem usar calças compridas,
não devemos excluí-lo por causa disso; devemos incluí-lo, ainda
que ele pense de forma diferente. Podemos ter comunhão com ele
ainda que não concordemos. Ou pode ser ainda que uma irmã
resolva usar véu. Não podemos taxá-la de divisiva e excluí-la.
Temos base bíblica para usar e não usar o véu. Não é uma
questão de fé.
Se, todavia, aquele irmão que passou a crer de forma diferente,
resolver criar divisão em nosso meio, fazendo de um ponto
secundário algo fundamental para a fé, então não podemos
tolerar essa pessoa na comunhão da Igreja. A unidade da Igreja é
algo que deve ser protegido a todo custo.
3. AQUELE QUE ANDA DESORDENADAMENTE
Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus
Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande de-
sordenadamente e não segundo a tradição que de nós
recebestes. Caso alguém não preste obediência à nossa
palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos assodeis
com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o
considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.
(2Ts3.6;l4,15)
21 DlAS I'£LA UNIDADE —— DESCUBRA O 1'OOF.R DE SER UM COM SEUS IRMÃO274KxCLUÍDOS IM COMUNHÃO -Z / _)
Aqui, Paulo se refere a certos tipos de pessoas que vivem
uma vida de tal forma desordenada que andam de casa em casa,
explorando a boa fé dos irmãos, não trabalhando e causando
todo tipo de problemas. Veja que esses que andam de-
sordenadamente, não guardam a Palavra de Deus. A orientação
bíblica é para que não andemos com tais pessoas nem nos
assodemos a elas.
Uma igreja em célula é o lugar preferido por esse tipo de
pessoa. Eles andam de célula em célula pedindo ofertas e ajudas.
Estão sempre procurando o emprego que nunca encontram, são
preguiçosos e acabam promovendo conversações e fofocas. A
ordem bíblica é clara: não devemos nos associar a eles, todavia,
não devemos rejeitá-los. E aquele famoso "gelo". Se fizermos
isso e ele se arrepender podemos voltar a ter comunhão com
ele.
4. AQUELE QUE É SECTÁRIO
Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira
e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e
vive pecando, e por si mesma está condenada. (Tt
3.10,11)
O sectário é aquele que cria partidos dentro da Igreja. Como já
vimos, o divisivo enfatiza exageradamente uma doutrina e cria
"outra igreja"; o sectário fica dentro, mas cria partidos, es-
facelando o Corpo. Deus é zeloso pelo Seu Corpo, a divisão o
danifica. A atitude bíblica é separar e afastar tal pessoa depois
de tê-lo admoestado uma primeira e segunda vez.
5. AQUELE QUE VAI ALÉM DA DOUTRINA DE CRISTO
Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela
não permanece não tem Deus; o que permanece na
doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém
vem ter convosco e não traz esta doutrina, Não o recebais
em casa, nem lhe deis as boas-vindas. (2Jo 1.9,10)
O divisivo enfatiza doutrinas bíblicas, o sectário procura
dividir através de preferências pessoais, mas nesse caso temos
aquele que fala heresia. Nos dias de Paulo havia os que ne-
gavam que Jesus tinha vindo em carne, os que afirmavam que
Não havia ressurreição e coisas do tipo. Mas não devemos
pensar que hoje não haja ensino estranho no meio das igrejas.
Existem muitos tipos de ensinos modernos que vão contra o
ensino apostólico.
Esses homens são enviados do diabo e não devemos tolerá-
los em nosso meio. Segundo a Bíblia não devemos nem mesmo
saudá-los para que Não nos tornemos participantes de sua
maldade, nem devemos recebê-los em nossa casa.
6. AQUELE QUE É PECAMINOSO
Já em carta vos escrevi que Não vos associásseis com os
impuros; refiro-me com isto Não propriamente aos im-
puros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou
idólatras, pois neste caso teríeis de sair do mundo. Mas
agora vos escrevo que não vos assodeis com alguém que
dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra,
ou maldizente, ou beberão, ou roubador, com esse tal
nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de
julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de
fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre
vós o malfeitor, (lCo 5.9-13)
Não estamos falando aqui daquele que tropeça. Uma coisa é
cair no pecado, outra muito diferente é viver na prática do
pecado. Estamos falando daquele que já foi exortado inúmeras
vezes e ainda continua no erro. Daquele que não demonstra
arrependimento ou contrição. Se o pecado não produz um pro-
fundo desconforto em um homem, essa é a evidência de que ele
não nasceu de novo.
Deus é muito zeloso de Sua santidade e também é muito
zeloso pela santidade da Igreja. Ele não permitirá de forma
alguma o pecado no meio do Seu povo. Todavia, precisamos
entender que nem todo pecado merece um mesmo tratamento
na Igreja. Se uma irmã é insubmissa ao marido, podemos
exortá-la, mas não podemos tratá-la como se fosse o caso de
uma imoralidade. Um irmão que possui temperamento explosivo
é algo negativo, mas devemos tolerá-lo.
Existem, no entanto, outros pecados que, segundo o ensino do
Novo Testamento, não podemos tolerar de forma alguma dentro
da Igreja, conforme a orientação de Paulo no quinto capítulo de
sua Primeira Carta aos Coríntios. São seis grupos de pecados:
a. Impureza
Inclui todos os pecados sexuais: prostituição, adultério, so-
domia, lesbianismo, homossexualismo, fornicação, linguagem
obscena, gestos obscenos etc.
b. Avareza
Sonegar o dízimo, sonegar oferta, deixar de atender às ne-
cessidades da família, ver o irmão passar fome e ignorar etc.
c. Idolatria
Feitiçaria, ídolos, todos os tipos de adivinhação, prognóstico,
consulta de mortos etc.
d. Maledicência
Falso testemunho, calúnia, difamação, infâmia, mexerico,
fofoca etc.
e. Bebedice
O que se embriaga com bebida alcoólica ou o que altera os
sentidos pelas drogas, remédios ou qualquer outro tipo de
narcótico.
f. Furto
ladrão, assaltante, sonegador, chantagista, extorquista etc.
A ordem bíblica é bem clara: "Expulsai, pois, de entre vós o
malfeitor". Quando falamos de excluir da comunhão, sempre há
aqueles irmãos que nos dizem que na Igreja sempre haverá o
joio e o trigo. Ainda que essa afirmação seja feita com muita
freqüência, ela de fato não está na Bíblia. Jesus ou os apóstolos
nunca disseram que sempre haverá joio na Igreja e que, por-
tanto, não podemos removê-lo.
Essa má interpretação é fruto de uma leitura superficial do
evangelho. Jesus contou a parábola do joio em Mateus 13 e ali
Ele mesmo a interpretou dizendo claramente que o campo é o
mundo e não a Igreja.
O campo é o mundo; a boa semente são os filhos do
reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o
semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os
ceifeiros são os anjos. Pois, assim como o joio é colhido
e lançado ao fogo, assim será na consumação do século.
Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que
ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que
praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa;
ali haverá choro e ranger de dentes. (Mt 13.38-42)
Muitos dizem que é inevitável que haja joio na Igreja e que
por isso não devemos excluir a ninguém. Isso é um equívoco,
Jesus disse claramente no verso 38 que o campo é o mundo e
não a Igreja.
Paulo diz que devemos expulsar de nosso meio o malfeitor
uma vez que seus frutos apareçam. O joio são os filhos do ma-
ligno (Mt 13.38). Milhares de pessoas se dizem cristãs hoje em
dia. Entretanto, elas apenas entraram debaixo da influência do
reino, mas não chegaram a conhecer o Rei.
Uma maneira do joio ser confrontado é pelo amadurecimento
do trigo. O trigo curva a cabeça quando está maduro e o joio
permanece ereto. O trigo está carregado de vida e de fruto, por
isso se curva, mas o joio não se curva nunca.
Assim, temos uma lição para nós: o crente maduro é cheio
de vida e de frutos e se curva diante do Senhor pelo amor. O
trigo seca em direção à terra, mas amadurece em direção ao céu
(D. M. Panton).
O Senhor disse que o joio não pode ser tirado do mundo.
Retirar o joio do mundo não é o mesmo que tirar o joio da Igreja.
Na Igreja, não podemos tolerar o joio, mas o joio que está no
mundo, somente os anjos de Deus pode separar no último dia.
Na Idade Média, a Igreja Católica tentou tirar o joio do mundo.
Nesse processo, arrancou muito trigo, talvez os melhores.
A Igreja é composta apenas de trigo. Podemos dizer que há
joio nas reuniões ou nos cultos públicos, mas na Igreja nunca.
Assim que o joio manifesta o seu fruto devemos retirá-lo da
Igreja, mas não podemos arrancá-lo do mundo.
Outro argumento muito comum para dizer que não devemos
negar a comunhão a ninguém é a afirmação de que não
devemos julgar. Mas não foi isso que Jesus disse. Não devemos
julgar segundo a aparência, mas precisamos julgar pêlos frutos,
pois pêlos frutos se conhece a árvore. Uma árvore boa não pode
dar um fruto mau e nem uma árvore má dar fruto bom. Joio não
produz trigo. Jesus disse: "Não julgueis segundo a aparência, e
sim pela reta justiça" (Jo 7.24).
Por isso devemos ter muito cuidado com a aparência. No
início do ministério de Jesus nós diríamos, sem hesitar, que
Pedro era joio e Judas trigo. Mas, no final, descobrimos que a
verdade era o inverso.
21° DIA
MANDAMENTOS DA MUTUALIDADE
A comunhão e a unidade se expressam através da mutualidade.
A mutualidade é o mesmo que reciprocidade e se refere àqueles
textos do Novo Testamento onde aparecem as palavras "uns aos
outros". No Novo Testamento, há 43 mandamentos sobre a mutu-
alidade, sendo que pelo menos 30 são distintos um do outro. Esses
mandamentos recíprocos indicam as nossas obrigações e as nossas
oportunidades de expressar a nossa vida em comum.
i. SEDE MEMBROS UNS DOS OUTROS
Devemos interagir com Corpo de Cristo, sabendo que so-
zinho quase nada pode ser feito.
Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que
choram. (Rm 12.5)
2. AMAI-vos UNS AOS OUTROS
O amor deve ser o princípio básico da vida do cristão.
O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos
outros, assim como eu vos amei. (Jo 15.12)
E o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns
para com os outros e para com todos, como também
nós para convosco. (iTs 3.12)
Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à
verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido,
amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, (l
Pedro 1.22)
3. DAI HONRA UNS AOS OUTROS
Devemos valorizar nosso irmão, elogiando-o e incenti-
vando-o.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros. (Rm 12.10)
4. TENDE SENTIMENTOS UNS PARA COM os OUTROS
Não devemos ser indiferentes.
Tende o mesmo sentimento uns para com os outros;
em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o
que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios
olhos. (Rm 12.16)
5. NÃO JULGUEIS UNS AOS OUTROS
Não devemos ser precipitados em fazer julgamentos, colo-
cando-nos no lugar de Deus, pois todos somos pecadores.
Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário,
tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo
ao vosso irmão. (Rm 14.13)
6. EDIFICANDO UNS AOS OUTROS
Entre outras coisas, podemos fazer isso animando quem está desanimado.
Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da
edificação de uns para com os outros. (Rm 14.19)
Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reci-
procamente, como também estais fazendo, (lis 5.11)
7. SAUDAI-VOS COM ÓSCULO SANTO
Devemos nos beijar, abraçar, demonstrar carinho.
Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as
igrejas de Cristo vos saúdam. (Rm 16.16)
Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz a
todos vós que vos achais em Cristo, (lPé 5.14)
8. SEDE SERVOS UNS DOS OUTROS
Devemos nos colocar à disposição de nossos irmãos.
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade;
porém não useis da liberdade para dar ocasião à
carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.
(G15.13)
Servi uns aos outros, cada uni conforme o dom que
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça
de Deus. (lPé 4.10)
9. CONSOLAI-vos UNS AOS OUTROS
Devemos ser solidários.
Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.
(!Ts4.18)
10. VlVEI EM PAZ UNS COM OS OUTROS
Devemos evitar discussões que não levam a nada.
E que os tenhais com amor em máxima consideração,
por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns
com os outros. (ITs 5.13)
n. SEDE HUMILDES NO TRATO UNS COM os OUTROS
Auto-imagem positiva e equilibrada não significa arrogância,
contudo, devemos ter cuidado com a soberba.
Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que
são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os
outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a
sua graça, (l Pé 5.5)
12.. TENDE COMUNHÃO UNS COM os OUTROS
Não devemos ficar isolados.
Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, man-
temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus,
seu Filho, nos purifica de todo pecado. (IJo 1.7)
13. PERDOAI-VOS MUTUAMENTE
Devemos exercitar o perdão diariamente.
Antes, sede uns para com os outros benignos, compas-
sivos, perdoando-vos uns aos outros, como também
Deus, em Cristo, vos perdoou. (Ef 4.32)
14. ACONSELHAI-VOS MUTUAMENTE
Ninguém é dono da verdade. Devemos aprender a ouvir,
para sermos ouvidos.
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-
vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espi-
rituais, com gratidão, em vosso coração. (Cl 3.16)
15. EXORTAI-VOS MUTUAMENTE
Não devemos fazer fofoca. O que tivermos para falar, fale-
mos com temor e sabedoria, visando construir.
Pelo contrário, exortai-vos mutuamente a cada dia, durante o
tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós
seja endurecido pelo engano do pecado. (Hb 3.13)
16. SEDE MUTUAMENTE HOSPITALEIROS
Devemos abrir nossa casa.
Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.
(lPé 4.9)
17. SUPORTAI-VOS UNS AOS OUTROS Procuremos
exercitar a nossa paciência.
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor. (Ef 4.2)
.ZOO í í DlAS PELA UNIDADE —— DESCUBRA O 1'OLÏER DE SEU UM COM SEUS IRMÃOS MANDAMENTOS DA MUTUAIJDADE
18. CONFESSAI os PECADOS UNS DOS OUTROS
Se cairmos, procuremos ajuda espiritual.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai
uns pêlos outros, para serdes curados. Muito pode, por
sua eficácia, a súplica do justo. (Tg 5.16)
19. ORAI UNS PÊLOS OUTROS
Devemos praticar constantemente a oração, individual e
em grupo.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai
uns pêlos outros, para serdes curados. Muito pode, por
sua eficácia, a súplica do justo. (Tg 5.16)
20. ADMOESTAI-VOS UNS AOS OUTROS
A admoestação deve ser feita em amor e bondade.
E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso
respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de
todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns
aos outros. (Rm 15.14)
21. SUJEITAI-vos UNS AOS OUTROS
Não devemos estar por cima das outras pessoas.
Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
(EF5.21)
22. CONSIDERAI-VOS UNS AOS OUTROS
Não devemos desprezar ninguém.
Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por
humildade, considerando cada um os outros superiores a
si mesmo. (Fp 2.3)
23. ACOLHEI-VOS UNS AOS OUTROS Não
devemos excluir nossos irmãos.
Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também
Cristo nos acolheu para a glória de Deus. (Rm 15.7)
24. NÃO FALEIS MAL UNS DOS OUTROS
Cuidado com os boatos que viram calúnias.
Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala
mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a
lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas
juiz. (Tg4.11)
25. APERFEIÇOAI-VOS MUTUAMENTE
Há sempre o que aprender.
Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer,
vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.
(2Co 13.11a)
26. COOPERAI UNS COM os OUTROS
Devemos ter espírito de equipe, de Corpo.
Não negligendeis, igualmente, a prática do bem e a
mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se
compraz. (Hb 13.16)
-ZOO 21 DlAS I'ELA UNIDADE - DtSCUHRA O 1'OIJKR DE SER UM COM SErs IRMÃOS
27. TENDES MÚTUO CONSENTIMENTO
Não devemos pressionar ou manipular nosso irmão, ou seja,
não devemos usar pretextos espirituais para forçá-lo a fazer o que
ele não quer fazer.
Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo
consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à
oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás
não vos tente por causa da incontinência, (lCo 7.5)
28. CONFORTAI-VOS UNS AOS OUTROS PELA FÉ
Devemos consolar nossos irmãos, tendo uma atitude de oti-
mismo solidário.
Isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente
nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e
minha. (Rm 1.12)
29. LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS
Devemos nos solidarizar e nos envolver com as dificuldades e
lutas pelas quais nossos irmãos estejam passando.
Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei
de Cristo. (Gl 6.2)
30. NÃO VOS QUEIXEIS UNS DOS OUTROS
Não devemos considerar o nosso irmão um fardo.
Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes
julgados. Eis que o juiz está às portas. (Tg 5.9)