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www.comoprojetar.com.br 2016 arquitetura SUSTENTÁVEL como projetar uma 21 DICAS DE +

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arquiteturaSUSTENTÁVEL

como projetar uma 21 DICAS DE

+

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21 dicas de como projetar uma arquitetura mais

SUSTENTÁVEL

escrito porRafael Santos Fischer, fundador do Como Projetar

Benício Hassegawa Barreto, editor do Como Projetar

Este ebook tem como objetivo expor algumas infor-mações, opiniões e ideias dos autores do site Como Projetar sobre como projetar uma arquitetura mais

sustentável e não possui caráter cientí�co.

Todas as imagens aqui utilizadas foram obtidas na internet através do site Unsplash e do Flickr. As imagens retiradas do Flickr estavam marcadas com

copyright de livre distribuição comercial.

A distribuição deste ebook é livre e gratuita, podendo ele ser obtido diretamente no site

www.comprojetar.com.br.

Se você achar os conteúdos presentes neste ebook úteis e interessantes, compartilhe à vontade com seus

colegas!

Se você é estudante de arquitetura ou jovem arquiteto e deseja visualizar mais conteúdos sobre como projetar, acesso o nosso site e siga-nos nas redes soci-

ais.

Curitiba, maio de 2016.

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Siga-nos:

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1 Veri�que a direção predominante dos ventos na hora de projetar.

Saber a direção predominante do vento na hora de projetar é impor-tante para propor soluções que utilizem a ventilação cruzada, evitar criar corredores de vento desa-gradáveis e evitar criar espaços que recebam vento em excesso, ou que não recebam vento algum, e que consequentemente serão sub-uti-lizados pelos usuários.

Em locais frios, o vento em excesso diminui a sensação térmica percebi-da e afugenta as pessoas. Já para locais quentes, a presença de vento pode ser um fator de atração, além

de representar uma possível econo-mia de energia com ventilação mecânica e até mesmo ar-condicio-nado.

Na imagem acima temos o projeto do Grande Arco de La Defense, em Paris. O projeto chama atenção por sua monumentalidade e pelo fato de ter de�nido uma área pública extremamente exposta aos ventos, que posteriormente teve que ser protegida por algumas placas de vidro para que as pessoas fossem mais estímuladas à frequentá-la em dias frios.

FOTO: James Russel / Flickr.

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1 Veri�que a direção predominante dos ventos na hora de projetar.

Saber a direção predominante do vento na hora de projetar é impor-tante para propor soluções que utilizem a ventilação cruzada, evitar criar corredores de vento desa-gradáveis e evitar criar espaços que recebam vento em excesso, ou que não recebam vento algum, e que consequentemente serão sub-uti-lizados pelos usuários.

Em locais frios, o vento em excesso diminui a sensação térmica percebi-da e afugenta as pessoas. Já para locais quentes, a presença de vento pode ser um fator de atração, além

de representar uma possível econo-mia de energia com ventilação mecânica e até mesmo ar-condicio-nado.

Na imagem acima temos o projeto do Grande Arco de La Defense, em Paris. O projeto chama atenção por sua monumentalidade e pelo fato de ter de�nido uma área pública extremamente exposta aos ventos, que posteriormente teve que ser protegida por algumas placas de vidro para que as pessoas fossem mais estímuladas à frequentá-la em dias frios.

FOTO: James Russel / Flickr.

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2 Tome cuidado para não criar corredores de vento

desconfortáveis.

O vento nada mais é que ar em movimento, e quando criamos um obstáculo, como um edifício, esta-mos obstruindo sua circulação. Isso signi�a que a mesma quantidade de ar que antes circulava livremente agora é forçada a passar em um espaço menor. O resultado é o aumento da velocidade na qual o ar se movimenta: ventos mais fortes.

Lembre-se disso na hora de projetar pilotis ou blocos de prédios muito

próximos entre si: as chances de que ali seja formada uma área em que o vento é mais intenso é grande. Repare no projeto da sede do Partido Comunista Francês, de Niemeyer, o cuidado que se teve em proteger os pilotis do vento: sua altura foi diminuída e obstáculos foram criados para que as pessoas não se sentissem desconfortáveis no local durante o inverno pari-siense.

FOTO: August Fischer / Flickr.

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2 Tome cuidado para não criar corredores de vento

desconfortáveis.

O vento nada mais é que ar em movimento, e quando criamos um obstáculo, como um edifício, esta-mos obstruindo sua circulação. Isso signi�a que a mesma quantidade de ar que antes circulava livremente agora é forçada a passar em um espaço menor. O resultado é o aumento da velocidade na qual o ar se movimenta: ventos mais fortes.

Lembre-se disso na hora de projetar pilotis ou blocos de prédios muito

próximos entre si: as chances de que ali seja formada uma área em que o vento é mais intenso é grande. Repare no projeto da sede do Partido Comunista Francês, de Niemeyer, o cuidado que se teve em proteger os pilotis do vento: sua altura foi diminuída e obstáculos foram criados para que as pessoas não se sentissem desconfortáveis no local durante o inverno pari-siense.

FOTO: August Fischer / Flickr.

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3 Facilite a ventilação natural e a ventilação cruzada.

Um dos itens mais importantes que devemos dominar sobre a venti-lação natural para projetar uma arquitetura mais sustentável é a de ventilação cruzada. É ela que vai permitir que um edifício seja venti-lado passivamente, representando um grande potencial na diminuição do consumo de energia com condi-cionamento de ar e ventilação mecânica.

Para assegurar uma ventilação

cruzada e�ciente basta que abertu-ras sejam de�nidas em duas pare-des opostas em um ambiente. Assim o ar vai conseguir entrar e sair facil-mente do ambiente. Existem soluções mais avançadas tecnológi-camente que também conseguem tirar proveito da ventilação natural para dar conforto térmico aos usuários e tornar os edifícios mais sustentáveis.

A mais utilizada neste sentido é a fachada dupla ventilada. Ela também opera com o pressuposto de que a troca de ar deve ser facilita-da, permitindo que ele circule pelos

ambientes. Outra vantagem é tal sistema permite que o ar seja apri-sionado entre duas camadas, em uma espécie de estufa, para que ali ele seja aquecido ao longo do dia e atue como um elemento de isola-mento térmico em dias frios. Por ser uma solução mais cara e mais com-plexa não a vemos com frequência em solo brasileiro. Mas edifícios como o The Shard, de Renzo Piano em Londres, têm praticamente toda sua superfície de fachada feita no sistema, o que representa uma economia signi�cativa de energia e custos operacionais ao �nal de cada mês.

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FOTO: Fogermind Archimedia / Flickr.

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4 Saiba sempre em que direção se encontra o norte ao projetar em

regiões mais frias.

4www.comoprojetar.com.br2016

A fachada mais valorizada em regiões frias do hemisfério sul é a norte. No hemisfério norte, a facha-da mais valorizada é a sul. Isso ocorre porque durante o inverno, quando o sol percorre o céu com um ângulo mais baixo nestas regiões, tais fachadas são as que recebem maior quantidade de raios solares, preciosos para ajudar a esquentar os ambientes e reduzir o consumo de energia com sistemas arti�ciais de aquecimento.

No Brasil, o ideal é que a arquitetura realizada na região sul e em partes

da região sudeste e centro-oeste siga estas recomendações, mesmo que o inverno seja muito mais brando que o de países europeus, asiáticos ou da américa do norte.

O edifício da imagem, sede da empresa francesa Umicore, na Bélgica, mostra uma sugestão simples de como solucionar esta fachada tão importante - a sul, no caso do país europeu: um pequeno beiral auxilia na proteção solar dos espaços internos no verão e permite a entrada deles durante o inverno.

FOTO: Jean-Michel Byl / Flickr

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4 Saiba sempre em que direção se encontra o norte ao projetar em

regiões mais frias.

4www.comoprojetar.com.br2016

A fachada mais valorizada em regiões frias do hemisfério sul é a norte. No hemisfério norte, a facha-da mais valorizada é a sul. Isso ocorre porque durante o inverno, quando o sol percorre o céu com um ângulo mais baixo nestas regiões, tais fachadas são as que recebem maior quantidade de raios solares, preciosos para ajudar a esquentar os ambientes e reduzir o consumo de energia com sistemas arti�ciais de aquecimento.

No Brasil, o ideal é que a arquitetura realizada na região sul e em partes

da região sudeste e centro-oeste siga estas recomendações, mesmo que o inverno seja muito mais brando que o de países europeus, asiáticos ou da américa do norte.

O edifício da imagem, sede da empresa francesa Umicore, na Bélgica, mostra uma sugestão simples de como solucionar esta fachada tão importante - a sul, no caso do país europeu: um pequeno beiral auxilia na proteção solar dos espaços internos no verão e permite a entrada deles durante o inverno.

FOTO: Jean-Michel Byl / Flickr

5 Saiba também em que direção se encontra o norte ao projetar em

regiões mais quentes.

5www.comoprojetar.com.br2016

A maior parte do território brasileiro pouco sofre com o frio. A preocu-pação maior, do ponto de vista de sustentabilidade, é garantir que os edifícios sejam confortáveis para os seus usuários, minimizando o consumo de energia com ar-condi-cionado e/ou ventilação mecânica.

Saber a direção do norte é impor-tante para que se possa proteger corretamente a fachada que vai receber mais sol ao longo do ano - a fachada norte no caso do hemisfério

sul. Além disso, permite que explor-emos a luz natural difusa disponível na fachada oposta - no hemisfério sul é a fachada sul - e que proteja-mos adequadamente as fachadas leste e oeste.

O sombreamento das edi�cações é fundamental em locais quentes para que os raios solares sejam bloqueados e se evite o supera-quecimento dos ambientes inter-nos. Uma possibilidade de solução é utilizar beirais generosos. Tal estratégia pode ser observada em exemplares que vão desde a arquitetura vernacular dos indígi-nas, passando pelas casas dos ban-deirantes e chegando até as obras

modernistas e brutalistas que colo-caram o Brasil no cenário mundial da arquitetura.

O edifício da imagem, por exemplo, foi projetado por Le Corbusier e está localizado na cidade planejada indi-ana de Chandigarh. Assim como a maior parte do Brasil, o clima por lá também é quente e bastante úmido.

A estratégia de promover o som-breamento do edifício com cobertu-ras espessas de concreto ajudou a aumentar a sensação de conforto nos espaços internos, tendo sido amplamente utilizada posterior-mente nos projetos de Niemeyer para nossa capital federal.

FOTO: Jean-Michel Byl / Flickr

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6 Redobre a atenção com as fachadas

leste e oeste.

6www.comoprojetar.com.br2016

As duas fachadas mais prob-lemáticas em relação ao sol são a leste e a oeste. A oeste porque recebe insolação direta durante todo o período da tarde, o que tende a fazer com que os ambien-tes ali situados superaqueçam. Já a leste também recebe sol direto por todo um período, porém este fato pode ser bené�co em algu-mas situações especiais como em dormitórios, nos quais a ação dos raios solares pode ajudar a matar possíveis micro-organismos prej-udiciais à saúde.

O ideal é orientar o projeto de maneira com que as maiores fachadas em área do volume se localizem nas fachadas norte e sul, minimizando a área de facha-das à leste e à oeste. Caso isso seja impossível de ser feito em função destas fachadas serem as únicas a receber sol, ou pelo fato de estar-em voltadas para uma visual interessante, é recomendável proteger as aberturas.

A Torre Caja, de autoria de Sir Norman Foster, é um bom exemp-lo de como os arquitetos podem resolver estas fachadas: a planta do edifício é retangular, e os menores lados deste retângulo são os voltados para leste e oeste, minimizando a exposição do edifício aos raios solares da manhã e da tarde. Além disso, núcleos de circulação e outros ambientes em que os usuários passam menos tempo foram loca-dos nestas extremidades, servin-do como espaços de proteção para as áreas de escritório, ocupa-das durante a maior parte do dia.

FOTO: Enrique Olivar.

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7Proponha projetos de arquitetura que uti-

lizem sistemas construtivos capazes de serem executados por mão-de-obra local.

72016www.comoprojetar.com.br

Devemos propor soluções técnicas e construtivas para nossos projetos que sejam de domínio da mão-de-obra existente na região onde ele vai ser construído sempre que possível. Isso torna a arquitetu-ra mais sustentável na medida que gastos energéticos com o trans-porte dos operários tanto na hora da construção, quanto para possíveis manutenções são reduzi-dos. E redução de gasto energético signi�ca redução de custo �nan-ceiro.

Imagine se houver algum eventual

problema em uma construção que faça uso de um sistema e tecnologia construtiva extremamente avança-dos e inexistentes no Brasil. Das duas uma: ou os usuários vão ter que gastar uma quantidade enorme de dinheiro para trazer mão-de-obra especializada para fazer a manutenção, ou vão utilizar materiais, técnicas e mão-de-obra locais para fazer uma gambiarra para solucionar o problema. As gambiarras neste tipo de contexto tendem a ser bastante problemáti-cas, elevar custos, utilizar materiais pouco amigáveis com o meio ambi-ente e a deixar o edifício mais feio.

Por isso é importante propor inovação com aquilo que temos em

mão. Não precisamos �car engessa-dos, projetando sempre da mesma forma e aplicando as mesmas soluções para cada material. Esta é uma oportunidade de ouro para descobrir e propor novas aplicações para técnicas tão difundidas e domindas popularmente, empre-gando-as de maneira inovadora, sempre tendo em mente a capaci-dade da mão-de-obra local. O arquiteto paraguaio Solano Benitez ganhou fama mundial por propor novas maneiras de se utilizar a alve-naria de tijolos, técnica amplamente difundida em nosso país vizinho e no nosso. Os resultados plásticos obtidos por ele são incríveis, como pode-se ver nesta grelha espacial feita com tijolos.

FOTO: sэяgю

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8Proponha o uso de sistemas construtivos

cujos elementos tenham uma interface amigável entre si.

8www.comoprojetar.com.br2016

Sistemas construtivos que possuem uma interface amigável entre si são aqueles que podem ser montados com o apertar de um parafuso ou um simples encaixe. Eles não neces-sitam de produtos como colas ou argamassas para serem unidos, e essa característica é bené�ca em vários sentidos:

Pode-se reutilizar com facilidade os elementos em outras soluções ou contextos sem que haja qualquer tipo de dano físico a eles; pode-se facilmente realizar a manutenção de

elementos dani�cados sem que outros elementos próximos tenham que ser quebrados e dani�cados; e pode-se aumentar o nível de �exibi-lidade da arquitetura, que passa a ser capaz de ser rearranjável da maneira que o usuário bem entend-er, sem que seja preciso utilizar os verbos demolir e construir, e sim desmontar e remontar.

Imagine uma parede feita em alve-naria de tijolos. Se você deseja fazer uma simples mudança de posição das instalações elétricas, por exem-plo, terá que quebrá-la e enxertá-la de alguma maneira, gerando uma quantidade inútil de resíduos. Se a mesma parede fosse feita em siste-mas leves, como steel frame ou wood frame, ainda haveria o disper-

dício de parte do material, mas a quantidade deste e o trabalho para se fazer a alteração seriam muito menores.

Priorize o uso de sistemas com inte-faces amigáveis, como aqueles que utilizam elementos de aço, madeira ou pré-fábricados em concreto. Neste aspecto o aço apresenta muitas vantagens, por isso obras como a Torre Ei�el ou a ponte Golden Gate podem ser pratica-mente reconstruídas a cada quanti-dade de tempo. As obras de Santia-go Calatrava, que empregam de maneira extensiva o aço e o vidro, como a estação Gare do Oriente em Portugal, são alguns bons exemplos do uso de sistemas de interface amigável.

FOTO: Samuel Zeller.

9Utilize sistemas construtivos de

menor impacto ambiental.

9www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Angelesashim d'Silva.

Sistemas construtivos em aço e concreto pré-fabricado podem favorecer o reuso de suas peças mas consomem uma energia monstruo-sa durante sua fabricação. Se você quer fazer uma arquitetura mais sustentável é interessante usar siste-mas mais naturais, com destaque para aqueles em madeira, cujos elementos sejam submetidos ao menor bene�ciamento possível -

sofram menos modi�cações em relação a sua condição inicial encon-trada na natureza.

Para se ter uma noção, dependendo da localização e o do tipo de siste-ma, o aço pode conter uma energia embutida (isto é, a energia necessária para sua extração, bene-�ciamento, fabricação, transporte e construção) até 60 vezes mais eleva-da que sistemas construtivos simples de madeira. Os sistemas de concreto são um pouco mais amigáveis ao meio-ambiente e contêm “apenas” 20 vezes mais energia embutida em média que os de madeira. Em outras palavras, a madeira é muito mais sustentável.

Também devemos sempre levar em consideração o fator durabilidade: se a durabilidade de um sistema de aço for 60 vezes superior ao de madeira, pode ser que sua utilização ainda represente uma alternativa

mais sustentável. Por isso não deve-mos demonizar o uso destes siste-mas, e sim utilizá-los de maneira inteligente. Frank Gehry é famoso mundialmente por propor uma arquitetura singular e irreverente. Mas projetos como o do Disney Concert Hall utilizam o aço de uma maneira bem pouco inteligente: suas peças praticamente nunca se repetem devido à complexidade da forma, o que di�culta bastante sua reposição e até mesmo o seu reuso.

Uma solução possível alternativa seria, com o auxílio de softwares paramétricos mais avançados, propor uma arquitetura que man-tivesse o caráter formal único e ao mesmo tempo utilizasse repetida-mente o mesmo elemento para compô-la. Assim se economizaria com possíveis substituições de peças dani�cadas e se produziria uma arquitetura mais amigável ao meio ambiente.

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9Utilize sistemas construtivos de

menor impacto ambiental.

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FOTO: Angelesashim d'Silva.

Sistemas construtivos em aço e concreto pré-fabricado podem favorecer o reuso de suas peças mas consomem uma energia monstruo-sa durante sua fabricação. Se você quer fazer uma arquitetura mais sustentável é interessante usar siste-mas mais naturais, com destaque para aqueles em madeira, cujos elementos sejam submetidos ao menor bene�ciamento possível -

sofram menos modi�cações em relação a sua condição inicial encon-trada na natureza.

Para se ter uma noção, dependendo da localização e o do tipo de siste-ma, o aço pode conter uma energia embutida (isto é, a energia necessária para sua extração, bene-�ciamento, fabricação, transporte e construção) até 60 vezes mais eleva-da que sistemas construtivos simples de madeira. Os sistemas de concreto são um pouco mais amigáveis ao meio-ambiente e contêm “apenas” 20 vezes mais energia embutida em média que os de madeira. Em outras palavras, a madeira é muito mais sustentável.

Também devemos sempre levar em consideração o fator durabilidade: se a durabilidade de um sistema de aço for 60 vezes superior ao de madeira, pode ser que sua utilização ainda represente uma alternativa

mais sustentável. Por isso não deve-mos demonizar o uso destes siste-mas, e sim utilizá-los de maneira inteligente. Frank Gehry é famoso mundialmente por propor uma arquitetura singular e irreverente. Mas projetos como o do Disney Concert Hall utilizam o aço de uma maneira bem pouco inteligente: suas peças praticamente nunca se repetem devido à complexidade da forma, o que di�culta bastante sua reposição e até mesmo o seu reuso.

Uma solução possível alternativa seria, com o auxílio de softwares paramétricos mais avançados, propor uma arquitetura que man-tivesse o caráter formal único e ao mesmo tempo utilizasse repetida-mente o mesmo elemento para compô-la. Assim se economizaria com possíveis substituições de peças dani�cadas e se produziria uma arquitetura mais amigável ao meio ambiente.

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Esta dica vai de encontro com as dicas anteriores: deve-se optar, sempre que possível, por propor uma arquitetura que empregue materiais de grande duração, capazes de serem montados e desmontados facilmente. A durabil-idade é importante pois assim se reduz a necessidade de substitu-ição do material em função do desgaste natural. Já a capacidade de montagem e desmontagem facilita a manutenção e reutilização das peças em outras situações.

Por mais que materiais como o aço e o concreto consumam uma quan-tidade enorme de energia durante a fabricação, eles também costumam

durar bastante tempo, ainda mais quando utilizados em um sistema construtivo onde os encaixes foram todos pensados préviamente. Por isso é possível fazer uma arquitetu-ra sustentável utilizando-os.

As torres gêmeas da Marina City, em Chicago, são bons disso: os edifícios foram construídos a partir de um sistema pré-fabricado de concreto cujos elementos se repetem muitas vezes ao longo das duas torres. O resultado disso é uma racional-ização na sua fabricação que facili-tou a execução do edifício, e também a manutenção e substitu-ição de peças defeituosas.

10Utilize materiais mais duráveis e

que possam ser facilmente ser montados e desmontados.

10www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Kimberly Heinzelmann.

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Esta dica vai de encontro com as dicas anteriores: deve-se optar, sempre que possível, por propor uma arquitetura que empregue materiais de grande duração, capazes de serem montados e desmontados facilmente. A durabil-idade é importante pois assim se reduz a necessidade de substitu-ição do material em função do desgaste natural. Já a capacidade de montagem e desmontagem facilita a manutenção e reutilização das peças em outras situações.

Por mais que materiais como o aço e o concreto consumam uma quan-tidade enorme de energia durante a fabricação, eles também costumam

durar bastante tempo, ainda mais quando utilizados em um sistema construtivo onde os encaixes foram todos pensados préviamente. Por isso é possível fazer uma arquitetu-ra sustentável utilizando-os.

As torres gêmeas da Marina City, em Chicago, são bons disso: os edifícios foram construídos a partir de um sistema pré-fabricado de concreto cujos elementos se repetem muitas vezes ao longo das duas torres. O resultado disso é uma racional-ização na sua fabricação que facili-tou a execução do edifício, e também a manutenção e substitu-ição de peças defeituosas.

10Utilize materiais mais duráveis e

que possam ser facilmente ser montados e desmontados.

10www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Kimberly Heinzelmann.

Sempre que possível reduza a quantidade de materiais utilizados em seus projetos. Além signi�car um aumento da peso total do edifício e da carga sobre a estrutura - tornando-a mais robusta e pesada - o uso de mais material signi�ca uma maior exploração de recursos naturais e um maior impacto ambi-ental.

Proponha uma arquitetura que reutilize materiais. Desde resíduos de edifício que está sendo descon-struído até materiais inteiros e intactos até então empregados em outras funções. Seja inovador e criativo!

Utilize também materiais reciclados

na hora de projetar. Existem várias possibilidades criativas e de baixo impacto ambiental que podem ser incorporadas na sua arquitetura.

Um bom exemplo é este projeto de Wang Shu, arquiteto chinês ganha-dor do Pritzker. As paredes externas do pavilhão foram construídas utili-zando-se uma técnica tradicional chinesa chamada Wa Pan. Ela consiste em pegar todo tipo de elemento sólido, como rochas e pedaços de tijolos quebrados, e utilizá-los para criar uma nova parede, unida por uma argamassa à base de areia. Além de dar um novo uso a um material que antes seria considerado como resíduo, o efeito estético �nal é bastante interes-sante.

11 Reduza, reutilize e recicle.

11www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Fogermind Archimedia.

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Como já mencionado anterior-mente, quanto mais processos industriais um material é submetido para poder �nalmente ser aplicado na arquitetura, maior será a energia embutida nele. E quanto mais ener-gia embutida, menos amigável ao meio ambiente ele é.

Por isso é sempre bom tentar fazer uma arquitetura que utilize os mate-riais em seu estado mais natural possível. Neste aspecto a madeira é a campeã. É possível projetar uma arquitetura extremamente interes-

sante e cheia de possibilidades com o uso de peças pouco bene�ciadas. Até mesmo o uso de chapas indus-trializadas e outros compostos resultantes de processos industriais da madeira costuma ser mais amigável ao meio ambiente que materiais como o aço e o concreto.

Os arquitetos japoneses dão verda-deiras aulas em seus projetos de como utilizar a madeira na arquite-tura. As soluções tradicionais e convencionais até podem ser obser-vadas com facilidade em solo

brasileiro, mas existem possibili-dades inovadoras e diferentes raras por aqui. Uma delas é a construção com tubos de celulose - o popular papelão.

No pavilhão japonês da Expo de Hanover, em 2000, Shigeru Ban criou uma grelha tridimensional sustentada por vários tubos de papelão com altíssimo potencial de reciclagem. Tal solução é ideal para este tipo de arquitetura pavilhonar, de ciclo de vida de uso mais curto.

12 Utilize materiais em seu estado mais natural possível.

12www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Jean-Pierre Dalberá

Um dos motivos dos esquimós construírem inglus em formato de cúpula é para minimizar a área de edifício exposta ao meio ambiente. Com menos área em contato direto com ar, menores as possibilidades do edifício perder calor para o meio externo, melhorando as condições de conforto internas e exigindo menos energia para manter o espaço aquecido.

O mesmo vale para todos os outros tipos de edi�cações. Quando se quer ganhar menos calor - em

climas quentes - ou perder menos calor - em climas frios - para o meio externo, a adoção de formatos simples e compactos pode ajudar bastante. O formato de cúpula é o mais e�ciente de todos, porém pouco prático de ser executado e para resolver programas arquitetônicos mais complexos. No entanto, prismas retangulares e cúbicos já apresentam um desem-penho bastante satisfatório e podem ser amplamente explorados.

Um exemplo de aplicação destes conceitos na arquitetura é o Pavil-hão de Arte Móvel, de Zaha Hadid.

Embora tenha sido concebido neste formato muito mais para chamar a atenção e agir como um edifício icônico, involuntariamente acabou-se criando um edifício com o formato bastante e�ciente do ponto ponto de vista de conforto térmico e consumo de energia. Ao se utilizar esse tipo de estratégia em países com tecnologia e mão-de-obra mais rudimentares, como no Brasil, lembre-se sempre de facilitar a vida dos construtores: utilize peças identicas e de um mesmo sistema para delimitar o edifício e simpli�que ao máximo os sistemas e materiais utilizados.

13 Formas compactas tendem a ter melhor desempenho térmico e a

serem mais sustentáveis.

13www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: FHKE

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Um dos motivos dos esquimós construírem inglus em formato de cúpula é para minimizar a área de edifício exposta ao meio ambiente. Com menos área em contato direto com ar, menores as possibilidades do edifício perder calor para o meio externo, melhorando as condições de conforto internas e exigindo menos energia para manter o espaço aquecido.

O mesmo vale para todos os outros tipos de edi�cações. Quando se quer ganhar menos calor - em

climas quentes - ou perder menos calor - em climas frios - para o meio externo, a adoção de formatos simples e compactos pode ajudar bastante. O formato de cúpula é o mais e�ciente de todos, porém pouco prático de ser executado e para resolver programas arquitetônicos mais complexos. No entanto, prismas retangulares e cúbicos já apresentam um desem-penho bastante satisfatório e podem ser amplamente explorados.

Um exemplo de aplicação destes conceitos na arquitetura é o Pavil-hão de Arte Móvel, de Zaha Hadid.

Embora tenha sido concebido neste formato muito mais para chamar a atenção e agir como um edifício icônico, involuntariamente acabou-se criando um edifício com o formato bastante e�ciente do ponto ponto de vista de conforto térmico e consumo de energia. Ao se utilizar esse tipo de estratégia em países com tecnologia e mão-de-obra mais rudimentares, como no Brasil, lembre-se sempre de facilitar a vida dos construtores: utilize peças identicas e de um mesmo sistema para delimitar o edifício e simpli�que ao máximo os sistemas e materiais utilizados.

13 Formas compactas tendem a ter melhor desempenho térmico e a

serem mais sustentáveis.

13www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: FHKE

Page 16: 21 DICAS DEcomoprojetar.com.br/wp-content/uploads/2016/05/21-dicas...2016/05/21  · da e afugenta as pessoas. Já para locais quentes, a presença de vento pode ser um fator de atração,

A regra é simples: quanto mais área de edi�cação estiver em contato com o ar, mais intensas vão ser as interações de troca de calor entre o meio externo e interno. Isso signi�ca que em lugares frios mais super-fícies vão ter que ser projetadas com isolamento térmico para minimizar

gastos com aquecimento, e que em lugares quentes existe um potencial real de utilizar a ventilação sob os vãos e balanços para ajudar a tirar um pouco do calor interno dos ambientes.

Numa cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, áreas em balanço ou sobre vãos livres bem ventilados podem ter uma temperatura interna mais amena e agradável que áreas sem o balanço ou vão livre. Mas �que atento em relação a outros aspectos importantes como orien-tação, ventilação cruzada, aberturas e proteção solar: estes fatores que

serão abordados nas próximas dicas in�uenciam bastante no desempen-ho e conforto do ambiente, poden-do tornar pouco relevante a in�uên-cia do balanço ou do vão livre.

Ao projetar o edifício do Museu de Arte da Universidade de Seoul, na Coréia do Sul, Rem Koolhaas e seu escritório OMA tiveram que tomar bastante cuidado para garantir o correto isolamento térmico da área em balanço que funcionaria como uma espécie de auditório, uma vez que a capital do país costuma ter invernos relativamente rigorosos e com neve.

14 Redobre a atenção na hora de projetar área sobre vãos livres e

balanços.

14www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Thimothy Brown.

Formas complexas, cheias de variações volumétricas e irregulari-dades, podem ser bonitas e apelati-vas visualmente, mas também podem prejudicar bastante o nível de sustentabilidade de seu projeto.

Este tipo de solução costuma contar com uma maior área de paredes expostas ao meio externo, e isso pode causar um aumento na neces-sidade de isolamento térmico em

edifícios projetados para climas frios. Elas também costumam rece-ber insolação em ângulos difer-entes, fazendo com que o cuidado com a delimitação de aberturas e de suas respectivas proteções solares tenha que ser aumentado. Final-mente, outro problema em poten-cial de formas complexas são os disperdícios e excessos de recortes nos materiais e fôrmas utilizados em sua construção, além da própria di�culdade de execução por parte da mão-de-obra.

Em resumo: sempre justi�que muito bem o formato de seu projeto, orientação e escolha dos materiais.

Isso vai garantir uma arquitetura mais econômica, funcional, e�ciente e sustentável.

Imagine só a complexidade de estu-dos que tiveram que ser feitos para que Frank Gehry atingisse o formato �nal do Lour Ruvo Center, em Las Vegas. Tal edifício, se construído em solo brasileiro, certamente requiriria mão-de-obra extremamente espe-cializada, estudo minucioso da incidência solar, posição das abertu-ras, das proteções e dos materiais utilizados, para que fosse viável econômicamente em um contexto de tecnologia menos avançada.

15 Redobre a atenção na hora de projetar formas complexas.

15www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: O Palsson.

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A regra é simples: quanto mais área de edi�cação estiver em contato com o ar, mais intensas vão ser as interações de troca de calor entre o meio externo e interno. Isso signi�ca que em lugares frios mais super-fícies vão ter que ser projetadas com isolamento térmico para minimizar

gastos com aquecimento, e que em lugares quentes existe um potencial real de utilizar a ventilação sob os vãos e balanços para ajudar a tirar um pouco do calor interno dos ambientes.

Numa cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, áreas em balanço ou sobre vãos livres bem ventilados podem ter uma temperatura interna mais amena e agradável que áreas sem o balanço ou vão livre. Mas �que atento em relação a outros aspectos importantes como orien-tação, ventilação cruzada, aberturas e proteção solar: estes fatores que

serão abordados nas próximas dicas in�uenciam bastante no desempen-ho e conforto do ambiente, poden-do tornar pouco relevante a in�uên-cia do balanço ou do vão livre.

Ao projetar o edifício do Museu de Arte da Universidade de Seoul, na Coréia do Sul, Rem Koolhaas e seu escritório OMA tiveram que tomar bastante cuidado para garantir o correto isolamento térmico da área em balanço que funcionaria como uma espécie de auditório, uma vez que a capital do país costuma ter invernos relativamente rigorosos e com neve.

14 Redobre a atenção na hora de projetar área sobre vãos livres e

balanços.

14www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Thimothy Brown.

Formas complexas, cheias de variações volumétricas e irregulari-dades, podem ser bonitas e apelati-vas visualmente, mas também podem prejudicar bastante o nível de sustentabilidade de seu projeto.

Este tipo de solução costuma contar com uma maior área de paredes expostas ao meio externo, e isso pode causar um aumento na neces-sidade de isolamento térmico em

edifícios projetados para climas frios. Elas também costumam rece-ber insolação em ângulos difer-entes, fazendo com que o cuidado com a delimitação de aberturas e de suas respectivas proteções solares tenha que ser aumentado. Final-mente, outro problema em poten-cial de formas complexas são os disperdícios e excessos de recortes nos materiais e fôrmas utilizados em sua construção, além da própria di�culdade de execução por parte da mão-de-obra.

Em resumo: sempre justi�que muito bem o formato de seu projeto, orientação e escolha dos materiais.

Isso vai garantir uma arquitetura mais econômica, funcional, e�ciente e sustentável.

Imagine só a complexidade de estu-dos que tiveram que ser feitos para que Frank Gehry atingisse o formato �nal do Lour Ruvo Center, em Las Vegas. Tal edifício, se construído em solo brasileiro, certamente requiriria mão-de-obra extremamente espe-cializada, estudo minucioso da incidência solar, posição das abertu-ras, das proteções e dos materiais utilizados, para que fosse viável econômicamente em um contexto de tecnologia menos avançada.

15 Redobre a atenção na hora de projetar formas complexas.

15www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: O Palsson.

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Na hora de distribuir os espaços de um projeto em planta certi�que-se de localizar aqueles que serão mais frequentados pelos usuários junto à fachada mais importante em relação ao sol.

Mas qual seria ela? Essa pode variar segundo dois fatores: o tipo de uso dos espaços e a característica climática do local. Em lugares quentes e com inverno ameno, como ocorre na maior parte do Brasil, pode-se voltar estas áreas importantes para a fachada sul, a �m de evitar que o sol aden-tre-as e esquente-as. Caso a opção seja pela fachada norte, deve-se garantir que haja proteção solar su�ciente para proteger os ambien-tes da luz solar direta, principal-mente durante o verão. Já em locais com invernos mais rigorosos, principalmente na região sul do país, é interessante direcio-nar os espaços mais utilizados pelos usuários para a fachada norte. Isso garante que durante o inverno, quando as temperaturas caem, os ambientes recebam raios de sol responsáeis por aumentar a sensação de conforto dos usuários.

Já para edifícios de escritório, em que se busca uma iluminação mais uniforme, a fachada sul pode ser uma alternativa interessante. Observe como o projeto do edifício Aqua, em Chicago, tira proveito dos beirais projetados ao longo de suas fachadas para bloquear o sol a pino de verão, formando uma com-posição na fachada que dá a impressão que o edifício está "mol-hado".

16Certi�que-se de distribuir os es-

paços nos quais os usuários passam mais tempo dentro do edifício junto

à fachada mais nobre.

16www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Je� Hendricks.

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Na hora de distribuir os espaços de um projeto em planta certi�que-se de localizar aqueles que serão mais frequentados pelos usuários junto à fachada mais importante em relação ao sol.

Mas qual seria ela? Essa pode variar segundo dois fatores: o tipo de uso dos espaços e a característica climática do local. Em lugares quentes e com inverno ameno, como ocorre na maior parte do Brasil, pode-se voltar estas áreas importantes para a fachada sul, a �m de evitar que o sol aden-tre-as e esquente-as. Caso a opção seja pela fachada norte, deve-se garantir que haja proteção solar su�ciente para proteger os ambien-tes da luz solar direta, principal-mente durante o verão. Já em locais com invernos mais rigorosos, principalmente na região sul do país, é interessante direcio-nar os espaços mais utilizados pelos usuários para a fachada norte. Isso garante que durante o inverno, quando as temperaturas caem, os ambientes recebam raios de sol responsáeis por aumentar a sensação de conforto dos usuários.

Já para edifícios de escritório, em que se busca uma iluminação mais uniforme, a fachada sul pode ser uma alternativa interessante. Observe como o projeto do edifício Aqua, em Chicago, tira proveito dos beirais projetados ao longo de suas fachadas para bloquear o sol a pino de verão, formando uma com-posição na fachada que dá a impressão que o edifício está "mol-hado".

16Certi�que-se de distribuir os es-

paços nos quais os usuários passam mais tempo dentro do edifício junto

à fachada mais nobre.

16www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Je� Hendricks.

A fachada oeste costuma ser a mais crítica de todas: recebe sol durante à tarde, o que faz com que a sensação térmica de calor possa se estender até metade da noite em seus ambi-entes. Isto pode ser um grande problema em climas quentes. A fachada leste também recebe sol durante todo um período, o que é potencialmente algo problemático. Mas também pode ser bené�co: esses raios solares durante a manhã podem ajudar a higienizar os ambi-

entes, matando organismos nocivos aos usuários. De qualquer maneira, re�ita bastan-te sobre quais ambientes você vai dispor junto à essas fachadas na hora de projetar. Em programas residenciais, distribuir quartos juntos à fachada leste pode ser uma boa estratégia. Já para programas comerciais e de escritórios ambas devem ser evitadas. Uma boa estratégia é, sempre que possível, colocar circulações, serviços, banheiros, copas, dentre outros espaços secundários nestas

fachadas, fazendo com que estes espaços atuem quase como uma área de proteção aos ambientes principais do edifício.

Em locais de clima muito quente e úmido, não é raro os arquitetos optarem por simplesmente não colocar nenhum tipo de abertura junto às fachadas leste e oeste, justamente para proteger os ambi-entes. É isso que pode ser observa-do nos edifícios do Singapore Marina Bay, um hotel localizado no quente país asiático que conta com uma piscina no topo ligando suas três torres.

17 Tome cuidado na hora de distribuir ambientes junto às fachadas leste

e, principalmente, oeste.

17www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: 莉儿 NG

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Projetos de edifícios de escritórios, comerciais, educacionais, culturais e de alimentação podem requerer espaços internos amplamente iluminados e livres da luz solar direta. Nestas condições, a fachada voltada para a direção menos nobre passa a ganhar bastante importân-cia. No hemisfério sul, ela correspon-de ao sul, enquanto que no hemis-fério norte, à própria direção norte. Por não contarem com luz solar durante boa parte do ano, estas

fachadas tem a capacidade de rece-ber uma luz difusa natural quase que uniforme re�etida do céu, que pode ajudar a reduzir possíveis gastos com iluminação arti�cial ao longo do dia. Deve-se somente �car atento para o fato de que durante o verão o sol a pino pode vir a ser um problema, bem como o sol do começo da manhã e do �nal da tarde. Outra observação importante é que, em climas frios, o excesso de abertu-ras para a fachada sul pode repre-sentar uma fonte de perda de calor do edifício, prejudicando sua

e�ciência térmica e causando o aumento de gastos com energia.

Recomenda-se a disposição cuidadosa e precisa de aberturas junto a tais fachadas de maneira a garantir que a iluminação natural mínima necessária adentre os ambi-entes sem proporcionar grandes áreas de fuga para o calor. Outra possibilidade é a de utilizar elemen-tos transparentes ou translúcidos com camadas duplas ou triplas e de alta tecnologia, como os utilizados na fachada da Biblioteca Pública de Seattle, projetada pelo OMA, nos Estados Unidos.

18 Em alguns projetos, a fachada que recebe menos sol pode ser a mais

valiosa de todas.

18www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Pavan Trikutan

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O correto posicionamento dos elementos de proteção solar, também conhecidos como brises-soleil, é fundamental para garantir que o sol indesejado do verão não adentre os ambientes e para que o sol desejado do inverno consiga entrar. Uma vez que ele faz um percurso no sentido leste-oeste, paralelo à fachada norte, nada mais lógico que utilizar proteções também orientadas neste sentido: as proteções solares horizontais. Existe uma variedade enorme delas, desde as mais simples, como beirais, até as mais complexas tecnologicamente, como brises móveis. O ideal é garantir que sejam brancas ou claras, e feitas em um material que não absorva muito calor. É também necessário fazer um estudo levando em consider-ação a localização especí�ca de seu projeto para veri�car as distâncias entre os elementos de proteção, bem sua densidade. O edifício Niemeyer, projetado pelo arquiteto homenageado em seu nome, mostra uma das soluções mais simples possíveis para se proteger os espaços juntos à facha-da norte. O problema desta solução em beiral é que ela apresenta pouca �exibilidade e não protege corretamente as fachadas leste, oeste e sul do sol.19

Quando no hemisfério sul, utilize proteções solares horizontais na

fachada norte. Quando no hemis-fério norte, na fachada norte.

19www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Gabriel de Andrade Fernandes

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O movimento do sol em relação às fachadas leste e oeste é vertical: ele nasce junto ao horizonte, sobe e se põe novamente no horizonte oposto. Portanto, nada mais lógico do que propor elementos de proteção solar junto às aberturas localizadas nas fachadas leste e oeste direcionadas também no sentido vertical. Estes elementos devem ser prefer-encialmente móveis, de cor clara e material que absorva pouco calor. Caso não seja possível fazê-los móveis, em função de problemas operacionais ou de custo, projetá-los com uma leve inclinação em relação ao sul já pode ajudar a garantir iluminação natural e seu satisfatório funciona-mento. O projeto do centro de informações turísticas para a cidade de Asakusa, região metropolitana de Tóquio, mostra uma bela maneira de empregar elementos de proteção solar verticais na fachada. Observe também como Kengo Kuma utilizou os elementos verticais na fachada norte (a menos nobre de todas no hemisfério norte) para proteger o sol do �m da tarde nos espaços ali localizados.

20Utilize proteção solar no sentido vertical junto às fachadas leste e

oeste.

20www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Fogermind Archimedia

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O movimento do sol em relação às fachadas leste e oeste é vertical: ele nasce junto ao horizonte, sobe e se põe novamente no horizonte oposto. Portanto, nada mais lógico do que propor elementos de proteção solar junto às aberturas localizadas nas fachadas leste e oeste direcionadas também no sentido vertical. Estes elementos devem ser prefer-encialmente móveis, de cor clara e material que absorva pouco calor. Caso não seja possível fazê-los móveis, em função de problemas operacionais ou de custo, projetá-los com uma leve inclinação em relação ao sul já pode ajudar a garantir iluminação natural e seu satisfatório funciona-mento. O projeto do centro de informações turísticas para a cidade de Asakusa, região metropolitana de Tóquio, mostra uma bela maneira de empregar elementos de proteção solar verticais na fachada. Observe também como Kengo Kuma utilizou os elementos verticais na fachada norte (a menos nobre de todas no hemisfério norte) para proteger o sol do �m da tarde nos espaços ali localizados.

20Utilize proteção solar no sentido vertical junto às fachadas leste e

oeste.

20www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Fogermind Archimedia

Nem sempre é fácil conseguir orien-tar perfeitamente nossos projetos de maneira ortogonal em relação ao eixo norte-sul ou leste-oeste. Por vezes, tal tarefa pode ser pratica-mente impossível devido à restrições espaciais, orientação do terreno ou até mesmo em função da legislação local. Uma possibilidade para proteger as aberturas e os

ambientes neste tipo de situação é usar elementos de proteção solar inclinados. É necessário, no entanto, muita atenção por parte do projetista: deve-se realizar uma simulação adequada antes, seja no computa-dor ou em maquetes em escala reduzida, para se observar o com-portamento de tais proteções. Além disso, elementos mais complexos, como os brises inclinados, podem ter um processo de execução e montagem mais difíceis, exigindo atenção aos detalhes por parte do arquiteto, e um bom domínio técni-

co por parte de quem vai montá-los no edifício. O uso de elementos de proteção solar inclinados pode resultar em um objeto arquitetônico interes-sante: um bom exemplo é o museu de arte de Milwaukee, nos Estados Unidos, projetado por Calatrava.

Assim como a maioria de suas obras, Calatrava se inspirou em estruturas naturais e orgânicas na hora de projetar este edifício, e acabou como consequência, de�nindo elementos inclinados que auxiliam na proteção solar do edifício.

21Quando seu projeto não for paralelo

e nem perpendicular em relação ao norte, utilizar elementos de

proteção solar inclinados pode ser uma alternativa.

21www.comoprojetar.com.br2016

FOTO: Jhonathan Chloe.