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0873-2159/$ - see front matter © 2014 Publicado por Elsevier España, S.L. en nome da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Todos os direitos reservados. www.revportpneumol.org volume 20 / Especial Congresso 1 / Março 2014 21º CONGRESSO DE PNEUMOLOGIA DO NORTE Porto, 13-15 de Março 2014 Rev Port Pneumol. 2014;20(Esp Cong 1):1-23 POSTERS 21º Congresso de Pneumologia do Norte Porto, 13-15 de Março 2014 PO01. O CANTO NA DPOC: UM ESTUDO PILOTO EM PORTUGAL C. Pacheco 1 , A. Costa 2 , J. Amado 3 , P. Almeida 2 1 Serviço de Pneumologia, Hospital de Braga. 2 Serviço de Medicina Física e Reabilitação; 3 Serviço de Pneumologia, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos. Introdução: Apesar dos programas de reabilitação respiratória convencional, alguns doentes com doença pulmonar obstrutiva cró- nica continuam a sentir a dispneia como principal limitante das suas tarefas do dia-a-dia. Parece haver alguma evidência de que os programas de canto possam ser benéficos, especialmente nestes doentes. Objectivos: As hipóteses colocadas ao idealizar este trabalho foram avaliar se as sessões de canto como adjuvantes de um programa de reabilitação respiratória poderiam aumentar as pressões respirató- rias máximas, diminuir a dispneia, aumentar a distância percorrida na prova de 6 minutos de marcha (P6MM), diminuir o tempo expi- ratório máximo e melhorar a qualidade de vida (QoL) em doentes com DPOC estável. Material e métodos: Os doentes com DPOC foram convidados a participar em 10 aulas de canto. A resposta a esta intervenção foi avaliada através de questionários do estado de saúde, medidas de controlo da respiração e valores espirométricos, um questionário subjetivo e uma prova de marcha de seis minutos. Resultados: Oito doentes foram convidados a participar neste es- tudo mas apenas quatro deles foram incluídos para a análise final de resultados. Apesar do pequeno número de doentes foi possível observar que o FEV1 melhorou de 1,15 L (45%) para 1,21 L (47%) em um doente, permaneceu igual em dois doentes (33 e 34%) e piorou noutro (54% a 51%). A pressão expiratória máxima (MEP) também melhorou em três dos quatro doentes. Quando analisamos os re- sultados para a prova de 6 minutos de marcha (P6MM) notamos um aumento na distância média percorrida por dois doentes (60 metros para um e 99 metros para outro) e uma diminuição para os outros dois. Só um dos doentes apresentou saturações periféricas de oxigénio no final da P6MM abaixo de 90%, quando este exame foi realizado no final das sessões de canto (anteriormente existiam 3 doentes com dessaturação durante este esforço). O tempo expira- tório diminuiu em todos os doentes testados. Os doentes relataram melhoria do controle ventilatório, redução da ansiedade e melhor auto-estima após as sessões de canto. Além disso, os doentes refe- riram uma sensação de bem-estar e registaram a experiência como muito agradável. Conclusões: Este estudo sugere que o canto produz benefícios es- pecíficos e que a participação em aulas de canto, onde estas se encontram disponíveis, deve ser incentivada. Palavras-chave: Canto. Reabilitação respiratória. Doença pulmo- nar obstrutiva crónica. PO02. PROVA DE EXERCÍCIO CARDIORRESPIRATÓRIA E RISCO DE EXACERBAÇÕES NA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA J.F. Cruz 1 , R. Lima 2 , C. Martins 2 , R.C. Sá 2 , M. Guimarães 2 1 Serviço de Pneumologia, Hospital de Braga. 2 Laboratório de Exploração Funcional Respiratória, Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Introdução: A prova de exercício cardiorrespiratória (PECR) tem tido um papel crescente na avaliação funcional e prognóstica de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). A utili- dade deste exame na predição do risco de exacerbações tem sido pouco estudada. Objectivos: Avaliação de parâmetros da PECR potencialmente pre- ditores do risco de exacerbações na DPOC. Material e métodos: Estudo retrospetivo de doentes com diagnós- tico de DPOC que, num período de 2 anos (2010 a 2011), realizaram uma PECR utilizando um protocolo incremental máximo. Revisão dos processos clínicos com registo das exacerbações ocorridas no 1º ano após a realização da PECR. Os seguintes parâmetros obtidos du- rante o esforço foram incluídos numa análise estatística: consumo de oxigénio (VO2), carga, frequência cardíaca máxima (FCmax), re- serva cardíaca, pulso de oxigénio, limiar de anaerobiose (LA), ven- tilação minuto máxima (VEmax), reserva respiratória, equivalente de dióxido de carbono (VE/CO2), saturação de oxigénio, pressão arterial e alterações electrocardiográficas. Documento descarregado de http://http://www.elsevier.pt el 06/03/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.

21º Congresso de Pneumologia do Norte · reabilitação pulmonar (PRP). Material e métodos: Avaliação retrospetiva de doentes candidatos a TP submetidos a PRP e com registo de

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0873-2159/$ - see front matter © 2014 Publicado por Elsevier España, S.L. en nome da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Todos os direitos reservados.

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volume 20 / Especial Congresso 1 / Março 2014

21º CONGRESSO DE PNEUMOLOGIA DO NORTE

Porto, 13-15 de Março 2014

Rev Port Pneumol. 2014;20(Esp Cong 1):1-23

POSTERS

21º Congresso de Pneumologia do NortePorto, 13-15 de Março 2014

PO01. O CANTO NA DPOC: UM ESTUDO PILOTO EM PORTUGAL

C. Pacheco1, A. Costa2, J. Amado3, P. Almeida2

1Serviço de Pneumologia, Hospital de Braga. 2Serviço de Medicina Física e Reabilitação; 3Serviço de Pneumologia, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos.

Introdução: Apesar dos programas de reabilitação respiratória convencional, alguns doentes com doença pulmonar obstrutiva cró-nica continuam a sentir a dispneia como principal limitante das suas tarefas do dia-a-dia. Parece haver alguma evidência de que os programas de canto possam ser benéficos, especialmente nestes doentes. Objectivos: As hipóteses colocadas ao idealizar este trabalho foram avaliar se as sessões de canto como adjuvantes de um programa de reabilitação respiratória poderiam aumentar as pressões respirató-rias máximas, diminuir a dispneia, aumentar a distância percorrida na prova de 6 minutos de marcha (P6MM), diminuir o tempo expi-ratório máximo e melhorar a qualidade de vida (QoL) em doentes com DPOC estável. Material e métodos: Os doentes com DPOC foram convidados a participar em 10 aulas de canto. A resposta a esta intervenção foi avaliada através de questionários do estado de saúde, medidas de controlo da respiração e valores espirométricos, um questionário subjetivo e uma prova de marcha de seis minutos. Resultados: Oito doentes foram convidados a participar neste es-tudo mas apenas quatro deles foram incluídos para a análise final de resultados. Apesar do pequeno número de doentes foi possível observar que o FEV1 melhorou de 1,15 L (45%) para 1,21 L (47%) em um doente, permaneceu igual em dois doentes (33 e 34%) e piorou noutro (54% a 51%). A pressão expiratória máxima (MEP) também melhorou em três dos quatro doentes. Quando analisamos os re-sultados para a prova de 6 minutos de marcha (P6MM) notamos um aumento na distância média percorrida por dois doentes (60 metros para um e 99 metros para outro) e uma diminuição para os outros dois. Só um dos doentes apresentou saturações periféricas de oxigénio no final da P6MM abaixo de 90%, quando este exame foi realizado no final das sessões de canto (anteriormente existiam 3 doentes com dessaturação durante este esforço). O tempo expira-

tório diminuiu em todos os doentes testados. Os doentes relataram melhoria do controle ventilatório, redução da ansiedade e melhor auto-estima após as sessões de canto. Além disso, os doentes refe-riram uma sensação de bem-estar e registaram a experiência como muito agradável. Conclusões: Este estudo sugere que o canto produz benefícios es-pecíficos e que a participação em aulas de canto, onde estas se encontram disponíveis, deve ser incentivada.

Palavras-chave: Canto. Reabilitação respiratória. Doença pulmo-nar obstrutiva crónica.

PO02. PROVA DE EXERCÍCIO CARDIORRESPIRATÓRIA E RISCO DE EXACERBAÇÕES NA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA

J.F. Cruz1, R. Lima2, C. Martins2, R.C. Sá2, M. Guimarães2

1Serviço de Pneumologia, Hospital de Braga. 2Laboratório de Exploração Funcional Respiratória, Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: A prova de exercício cardiorrespiratória (PECR) tem tido um papel crescente na avaliação funcional e prognóstica de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). A utili-dade deste exame na predição do risco de exacerbações tem sido pouco estudada. Objectivos: Avaliação de parâmetros da PECR potencialmente pre-ditores do risco de exacerbações na DPOC. Material e métodos: Estudo retrospetivo de doentes com diagnós-tico de DPOC que, num período de 2 anos (2010 a 2011), realizaram uma PECR utilizando um protocolo incremental máximo. Revisão dos processos clínicos com registo das exacerbações ocorridas no 1º ano após a realização da PECR. Os seguintes parâmetros obtidos du-rante o esforço foram incluídos numa análise estatística: consumo de oxigénio (VO 2), carga, frequência cardíaca máxima (FCmax), re-serva cardíaca, pulso de oxigénio, limiar de anaerobiose (LA), ven-tilação minuto máxima (VEmax), reserva respiratória, equivalente de dióxido de carbono (VE/CO2), saturação de oxigénio, pressão arterial e alterações electrocardiográficas.

Documento descarregado de http://http://www.elsevier.pt el 06/03/2014. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma.

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Resultados: Foram incluídos 79 doentes com idade média de 61,1 anos, 78,3% do sexo masculino, 43,6% com DPOC moderada e 26,9% com DPOC grave ou muito grave. O VO2 médio foi de 74,3 ± 14,6%, sendo que 51,9% dos doentes apresentavam limitação ligeira da ca-pacidade de exercício e 15,2% limitação moderada a grave. Não foi possível determinar o LA em 25,3% dos casos. Nenhum parâmetro da PECR se associou de forma estatisticamente significativa com o aumento do risco de exacerbações na DPOC. Conclusões: Nesta amostra, a realização da PCER não permitiu identificar nenhum parâmetro preditor do aumento do risco de exacerbações em doentes com DPOC.

Palavras-chave: Doença pulmonar obstrutiva crónica. Exacer-bações. Prova de exercício cardiorrespiratória.

PO03. AVALIAÇÃO FUNCIONAL RESPIRATÓRIA DE SOBREVIVENTES A SÍNDROME DE DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA SEVERO

A. Vale, A. Loureiro, B. Conde, I. Ferradosa, L. Gonçalves, F. Esteves, A. Afonso

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Introdução: O Síndrome de Disfunção Respiratória Aguda (ARDS) é uma patologia inflamatória aguda, extensa e com elevada taxa de mortalidade, que condiciona múltiplas alterações estruturais se-quelares e atingimento funcional diversificado nos sobreviventes. Objectivos: Avaliação funcional respiratória de sobreviventes a ARDS severo. Material e métodos: Estudo prospetivo, resultante de um protocolo de seguimento dos pacientes com diagnóstico de ARDS, que incluiu sobreviventes a ARDS severo, segundo classificação de Berlim, in-ternados no Serviço de Cuidados Intensivos do CHTMAD entre De-zembro de 2010 e Dezembro de 2012. Foi realizada avaliação fun-cional respiratória entre os 9 e os 12 meses após a alta hospitalar, que consistia em determinação dos volumes pulmonares estáticos e débitos, capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLOC) e prova de marcha de 6 minutos (PM6M). Definiram-se como critérios de exclusão deste estudo o diagnóstico prévio de doença pulmonar crónica e história de tabagismo. Resultados: Foram incluídos 15 pacientes, 11 do sexo masculino. A idade média foi de 55 ± 17 anos. As comorbilidades mais frequentes foram a obesidade (n = 4), doença psiquiátrica (n = 4) e a hiperten-são arterial (n = 4), Todos os doentes foram admitidos em Unidade de Cuidados Intensivos e ventilados invasivamente por insuficiência respiratória aguda. O índice de gravidade APACHE II foi de 23 ± 9 e o SAPS II de 49 ± 11. Em 13 doentes optou -se por ventilação controlada por volume, nos restantes controlada por pressão. O tempo médio de internamento em ambiente de cuidados intensi-vos foi de 20 ± 15 dias e o tempo médio de ventilação invasiva foi de 15 ± 11 dias. Em 10 doentes utilizaram- se corticosteróides sistémicos. A avaliação funcional respiratória foi realizada aos 9 ± 1 mês após a alta hospitalar. Dos 15 pacientes avaliados, 10 (66,7%) apresentaram alterações funcionais respiratórias. O estudo da me-cânica ventilatória identificou 5 pacientes com alteração ventila-tória obstrutiva e 1 com alteração ventilatória restritiva. A DLOC encontrava-se diminuída em 5 doentes. Um doente apresentava hi-poxemia em repouso, e a PaO2 média encontrada foi 77 ± 11 mmHg. Nenhum doente apresentava hipercapnia. Foram realizadas PM6M a 11 doentes e foi possível identificar dessaturação com o exercício em 5 doentes, um deles com DLOC normal. Conclusões: Este estudo demonstra que o compromisso funcional respiratório dos doentes sobreviventes a ARDS severo é frequente, variado e pode persistir por períodos longos após a alta hospitalar. Apenas um terço dos pacientes apresenta avaliação funcional res-piratória normal cerca de 1 ano após a alta hospitalar.

Palavras-chave: ARDS. Sobreviventes. Função respiratória.

PO04. AVALIAÇÃO DA PRESERVAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO EM DOENTES CANDIDATOS A TRANSPLANTE PULMONAR EM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO

L. Meira, C. Damas, M. Vaz, M. Redondo, P. Martins, L. Gaspar, E. Eusébio, I. Gomes

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar S. João.

Introdução: Os doentes candidatos a transplante pulmonar (TP) caracteristicamente têm doença avançada e perda marcada da ca-pacidade funcional respiratória, encontrando-se, pela escassez de órgãos, em lista de espera por vários meses ou anos. Objectivos: Avaliação da manutenção da capacidade de exercício durante o tempo de espera para TP em doentes em programa de reabilitação pulmonar (PRP). Material e métodos: Avaliação retrospetiva de doentes candidatos a TP submetidos a PRP e com registo de prova de marcha (PM) no início, na segunda avaliação e na última consulta imediatamente antes da chamada para transplante ou da análise em questão. Resultados: De um total de 54 indivíduos foram revistos 27 doentes com idade mediana de 52 anos, 17 do sexo masculino. O valor me-diano do VEMS% inicial era de 31,9% e o do índice de massa corporal de 24,2. Os doentes apresentavam pneumoconiose (n = 7), DPOC (n = 6), pneumonite de hipersensibilidade (n = 4), bronquiectasias (n = 3), patologia do interstício pulmonar (n = 3), linfangioleio-miomatose (n = 2), fibrose quística (n = 1), S. Sjogren (n = 1). O tempo mediano de PRP até à segunda avaliação foi de 12 sema-nas. Dezanove doentes foram transplantados e a duração mediana de PRP até transplante/avaliação foi de 47 semanas. Os doentes fizeram exercício em cicloergómetro (quando possível com prova cardiopulmonar prévia) e treino de força dos membros superiores e inferiores, complementado por ensino de manobras de mobilização de secreções nos doentes com expetoração. O valor mediano da PM no início foi de 400 m e manteve-se constante na segunda avaliação (400 m) e na última consulta (400 m) antes do transplante pulmo-nar/avaliação. Considerando apenas o grupo de doentes com menor capacidade de exercício inicial (PM ≤ 300 m), verificou-se uma mel-horia do valor mediano da PM na segunda avaliação (de 187,5 m no início para 237,5 m) que foi ainda mais elevado na última avaliação (325 m), neste caso com diferença estatisticamente significativa em relação ao valor inicial (p = 0,036). A variação do valor da PM entre o início e a segunda avaliação foi significativamente diferente entre este grupo de doentes e os demais (p = 0,019). Conclusões: O valor relativamente elevado da PM inicial pode dever-se ao facto de se tratar de um grupo de indivíduos relativa-mente jovem, sendo a melhoria na capacidade de exercício mais óbvia naqueles com menor distância de PM inicial. Entre outros be-nefícios, a manutenção dos doentes candidatos a TP em PRP pode contribuir para a preservação da capacidade de exercício durante o período de espera, que pode ser longo.

Palavras-chave: Reabilitação pulmonar. Transplante pulmonar.

PO05. TOSSE ASSISTIDA POR INSUFLAÇÃO – EXSUFLAÇÃO MECÂNICA EM DOENTES NEUROMUSCULARES: QUAL A COMBINAÇÃO DE PRESSÕES IDEAL?

M.L. Soares1, M.R. Gonçalves2, N. Gazola3, J.R. Bach4

1Centro de Atendimento, Associação Portuguesa de Doenças Neuromusculares. 2Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. 3Hospital Universitário do Estado de Santa Catarina, Brasil. 4Pm&R Department, New Jersey Medical School, Rutgers University, USA.

Introdução: Vários estudos têm demonstrado a eficácia do uso da insuflação-exsuflação mecânica (I-EM) na remoção de secreções brônquicas. A evidência suporta que a combinação de pressões de

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40/-40cmH2O é a mais eficaz em doentes neuromusculares (DNM) que apresentam um pico fluxo de tosse (PFT) < 270 L/min. Recente-mente surgiu no mercado um novo dispositivo de I-EM, que apresen-ta como atualizações tecnológicas, entre outras, a possibilidade de pressões mais elevadas, diferentes combinações e a monitorização dos PFT gerados. Tal avanço tecnológico pode permitir uma maior flexibilidade terapêutica desta técnica, nomeadamente em DNM com disfunção da musculatura bulbar. Objectivos: Avaliar os valores de PFT (com e sem assistência ma-nual) gerados por diferentes combinações de pressões de insu-flação-exsuflação em DNM. Material e métodos: Pacientes com patologia neuromuscular e um PFT < 270 L/min realizaram sessões (com e sem tosse voluntária) de I-EM (CoughAssist E70TM, Philips-Respironics International Inc., Murrysville, Pa) com combinações entre ± 30 e ± 70 cmH2O (com va-riação máxima de ± 20 cmH2O). Foi avaliada a eficácia da compres-são abdominal em complemento á combinação de I-EM que gerou um PFT mais elevado. Os dados foram avaliados de acordo com a função bulbar (FB) e a presença de traqueostomia. Resultados: Foram incluídos 27 DNM (10 mulheres), com uma média de idade de 58,85 ± 18,4 anos, capacidade vital média de 903,5 ± 563,5 ml e PFT voluntário médio de 114 ± 92 L/min. 16 doentes (59,3%) tinham FB normal, 4 (14,8%) tinham FB moderada, 2 (7,4%) tinham disfunção bulbar severa e 5 (18,5%) estavam traqueostomi-zados. Os dados referentes aos valores de PFT gerados pela melhor combinação de I-EM de acordo com a função bulbar estão descritos na tabela. Todas as combinações de pressões foram bem toleradas pelos doentes incluídos, sem quaisquer efeitos secundários. Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que a tosse assis-tida com I-EM aumenta significativamente o PFT em doentes neu-romusculares. Combinações de pressões acima dos ± 40 cmH2O pro-duzem PFT mais elevados, sendo a combinação de ± 70 cmH2O mais eficaz em doentes traqueostomizados. A eficácia da tosse voluntária e da compressão abdominal durante a exsuflação, está dependente da integridade da função bulbar.

Palavras-chave: Tosse assistida. Doenças neuromusculares. Pico fluxo de tosse.

PO06. PERFIL MICROBIOLÓGICO DE DOENTES COM BRONQUIECTASIAS INTERNADOS POR EXACERBAÇÃO AGUDA

D.C. Silva Vaz, D. Coutinho, M.J. Pereira, M. Dias, M. Vanzeller, M.C. Brito, T. Shiang

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: As exacerbações agudas em pacientes com bronquiec-tasias são frequentemente devidas a agentes infeciosos, contribuin-do significativamente para a morbi-mortalidade. Objectivos: Caracterização de isolamentos microbiológicos duran-te exacerbações agudas em doentes com bronquiectasias. Efetuar subanálise do grupo de pacientes com isolamento de agentes mul-tirresistentes (MR).

Material e métodos: Análise retrospetiva dos internamentos por exacerbações agudas em pacientes com bronquiectasias durante o período compreendido entre 2009 e 2013. Resultados: A população incluiu 76 pacientes (78,9% do sexo mas-culino, idade 63,8 ± 14 anos) A etiologia mais prevalente para bron-quiectasias foi a tuberculose pulmonar (41,9%) e a duração média da doença foi de 11,6 ± 6,4 anos. A comorbidade mais frequente foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC 72,3%). O isola-do mais prevalente foi a Pseudomonas aeruginosa (38,7%), seguida pelo Haemophilus Influenza (25,8%). Entre os agentes multirresis-tentes (MR), a Pseudomonas aeruginosa foi o isolado mais frequen-te(40%). 20 doentes tiveram um agente MR identificado na expeto-ração; este subgrupo distinguia-se nas seguintes variáveis: maior duração da doença (29,17 ± 16,8 vs 8,29 ± 4 anos, p < 0,001), menor FEV1 (33,9 ± 10 vs 38, 7 ± 14%, p < 0,04 ), maior número de inter-namentos anteriores (6 ± 4 vs 3 ± 2, p = 0,008 ) e maior duração de internamento (17,32 ± 12 vs 10 ± 6 dias, p < 0,001). Conclusões: A Pseudomonas aeruginosa foi o isolado mais prevalen-te, o que vem de acordo com dados publicados que mostram que é uma causa importante de exacerbações e morbimortalidade nesta população. Em 26,3% dos pacientes foi isolado um agente MR duran-te a exacerbação aguda; estes doentes apresentavam bronquiecta-sias diagnosticadas numa idade mais precoce, maior compromisso funcional, exacerbações mais frequentes e mais prolongadas. Estes resultados sublinham a importância de suspeitar da presença de agentes MR em doentes com maior duração e severidade da doença pulmonar estrutural, e com história prévia de internamentos fre-quentes. Salienta-se também a importância de uma abordagem te-rapêutica que procure evitar o aparecimento de estirpes MR.

Palavras-chave: Bronquiectasias.

PO07. ABCESSOS PULMONARES – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA

D. Apolinário, A. Vale, L. Ribeiro, A.I. Loureiro, A. Afonso

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Introdução: Os abcessos pulmonares (AP) são coleções de tecido necrosado e supurativo localizadas no parênquima pulmonar, de etiologia infeciosa. Surgem em indivíduos predispostos, nomea-damente aqueles com maior risco de aspiração. A relativa baixa prevalência e resistência crescente aos antimicrobianos levantam problemas diagnósticos e terapêuticos. Objectivos: Estudo das características clínicas, microbiológicas, tratamento e complicações dos doentes com AP internados num serviço de Pneumologia. Material e métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos dos doentes internados com AP, de 2000 a 2013. Foram excluídos os ca-sos de pneumonias necrotizantes, neoplasias cavitadas, tuberculose ou cavitações secundárias a enfarte pulmonar. A análise estatística foi efetuada no SPSS. Resultados: Foram avaliados 30 doentes, 83,3% homens, com idade média de 56 ± 15,7 anos. Os AP foram classificados em 80% dos

Tabela P005

Melhor combinação % Que melhorou com % Que melhorou com Melhor PFT de pressões (cmH2O) tosse voluntária compressão abdominal gerado (l/min)

FB Normal +60/-60 75 66,2 179,2 ± 41,6*FB moderada ± 40 e ± 60 100 0 151,25 ± 35,6*Disfunção bulbar severa +50/-60 0 0 181 ± 45,2*Traqueostomia +70/-70 --- 20 199,6 ± 27*

FB - Função Bulbar; PFT - Pico Fluxo de Tosse. *p < 0,05.

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casos como agudos (duração inferior a 6 semanas) e 20% crónicos. Em 66,7% dos casos corresponderam a AP primários e 33,3% secun-dários. O principal fator de risco para AP primários foi o alcoolis-mo (73,3%) e para os AP secundários a imunodeficiência (23,3%) e neoplasia (6,7%). Existiam comorbilidades em 22 doentes, mais frequentemente respiratórias (26,7%). A mediana da duração dos sintomas pré- hospitalização foi 14,5 dias e os sintomas/sinais mais frequentes foram tosse produtiva (76,7%) e febre (73,3%). Os AP lo-calizaram-se principalmente à direita (63,3%). Houve identificação de agente microbiano em 9 casos, sendo apenas um anaeróbio. A broncofibroscopia foi realizada em 63,3% dos casos. A média do tempo global de antibioterapia foi 31 ± 10,8 dias, foram utilizados 19 esquemas de primeira linha tendo havido posterior alteração em 16 casos. Foi realizada cinesiterapia respiratória em 26,7% dos doentes e 3 necessitaram de cirurgia. Ocorreram complicações em 8 doentes (as mais frequentes o empiema e sépsis grave), com 3 óbitos. A duração média do internamento foi de 23 ± 11,6 dias. Conclusões: Tal como descrito na literatura, verificamos tratar-se de uma doença pouco frequente com franco predomínio no género masculino e manifestações clínicas inespecíficas. O modo de apre-sentação foi maioritariamente agudo e predominaram os AP primá-rios. Houve isolamento microbiano numa minoria dos casos e prin-cipalmente aeróbios, contrariamente ao classicamente descrito. O tratamento foi essencialmente médico com uma grande variedade de esquemas antimicrobianos. As taxas de complicações e de mor-talidade foram similares ao apresentado em outros estudos.

Palavras-chave: Abcesso pulmonar. Pneumonia de aspiração.

PO08. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTES À METICILINA (MRSA)

L. Nascimento, L. Ribeiro, A. Fernandes, A. Afonso

CHTMAD, Vila Real.

Introdução: O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é uma causa importante de infecções a nível hospitalar e da comu-nidade. A prevalência média de infecção por MRSA a nível europeu é de 17,8% apresentando, no entanto, variações significativas entre os seus países constituintes sendo que Portugal apresenta a 2ª taxa mais elevada da Europa. Além disso, e ao contrário da tendência europeia, Portugal tem visto a sua prevalência aumentar de 31,9% em 2001 para 53,8% em 2012. Objectivos: Caracterização da população de doentes internados por infecção respiratória com isolamento de MRSA na Unidade de Isolamento de Doenças Infecciosas (UIDI) do Hospital de Vila Real, identificação de factores de risco associados e determinação da mortalidade intra-hospitalar. Material e métodos: Estudo retrospectivo, baseado na análise dos processos clínicos dos doentes internados por infecção respiratória por MRSA, na UIDI do Hospital de Vila Real entre Abril de 2011 e Dezembro de 2012. Resultados: Foram identificados 162 episódios de internamento por infecção respiratória com isolamento de MRSA dos quais 34,6% (n 56) eram do sexo feminino e 65,4% (n 106) do sexo masculino, apresentando idades médias de 81,70 (± 9,612) e 77,88 (± 12,349) anos, respectivamente. A duração média do internamento foi de 32,06 dias (± 26,878), sendo superior nos doentes do sexo masculi-no (34,93 vs 26,61 dias). Verificou-se que 51,2% (n 83) dos doentes tinha um ou mais internamentos nos últimos 6 meses e que 59,3% (n 96) tinham sido medicados com antibiótico no último ano. Destes, a 40,1% (n 65) tinha sido prescrito até dois antibióticos e 18,5% (n 30) realizaram três ou mais antibióticos no último ano. Realizaram controlo bacteriológico da expectoração após o tratamento 54,3% (n 88) dos doentes dos quais 30,7% (n 27) mantinham isolamento de MRSA. Dos 162 doentes, 80,6% (n 131) apresentavam dependência parcial ou total para as actividades da vida diária, 98,8% (n 160)

tinham catéter periférico, 29,6% (n 48) tinham úlceras de decúbito e 68,5% (n 111) foram algaliados. A taxa de mortalidade hospitalar foi de 30,2% (n 49), sendo de 30,4% (n 17) no sexo feminino e 30,2% (n 32) no sexo masculino. Conclusões: No estudo realizado verificou-se que a maioria dos doentes teve contacto recente com os cuidados de saúde bem como tinha realizado antibioterapia no último ano. A população estudada era maioritariamente idosa, do sexo masculino, com algum grau de dependência e com úlceras de decúbitos. A taxa de mortalidade foi de 30,2% (n 49).

Palavras-chave: Infecções respiratórias. MRSA. Factores de risco. Mortalidade.

PO09. A INFEÇÃO VIH EM CUIDADOS INTENSIVOS: A IMPORTÂNCIA DA PATOLOGIA RESPIRATÓRIA

R. Marçôa, C. Nogueira, R. Linhas, A.L. Barbosa, M. Guimarães, P. Castelões

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: A introdução da terapêutica anti-retrovírica (TARV) au-mentou a sobrevida dos doentes com infeção VIH (VIH+) e diminuiu a incidência de doenças definidoras de SIDA. Porém, complicações infeciosas e não infeciosas com necessidade de tratamento médico intensivo continuam a ocorrer. Objectivos: Caracterizar os doentes VIH+ admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e avaliar os principais motivos de internamento, sobretudo os que condicionaram insuficiência respiratória aguda (IRA). Material e métodos: Realizou-se um estudo observacional retros-petivo consultando o processo clínico. Incluíram-se os doentes VIH+ internados na UCI de Janeiro/2005- Dezembro/2013. Registaram-se dados demográficos, comorbilidades, estadio VIH, presença/ausên-cia de TARV, estado à alta, motivos de internamento e, naqueles admitidos por IRA, as etiologias responsáveis. Resultados: Foram incluídos 22 doentes: 95,5% sexo masculino, ida-de média 43 anos (± 11), 27% provenientes do serviço de urgência, 13% do pós-operatório e 60% de outros internamentos. O diagnós-tico VIH+ foi efetuado no internamento na UCI em 36% dos casos. A média de anos de evolução da doença foi 2,7 anos (± 4,6); 50% dos doentes encontravam-se sob TARV, mediana de CD4+154 cél/mm3, 59% em estadio C. Quanto à gravidade da doença à admissão, a pontuação SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) média foi 10,11 (± 3,5); SAPS II (Simplified Acute Physiology Score) 51,00 (± 31) e APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) 28,67 (± 9,6) O tempo médio de internamento foi de 7,8 dias. À admissão 82% dos doentes apresentavam IRA (N = 18). Em 78% dos casos o diagnóstico responsável pela IRA foi a pneumonia: 9 pneu-monia adquirida na comunidade (8 sem isolamento de agente, 1 Legionella pneumophila), 2 nosocomiais, 3 Pneumocystis jirovecci. Foram submetidos a ventilação mecânica invasiva 91% dos doentes. À data de alta faleceram 16 doentes (73%), dos quais 10 tinham sido admitidos por IRA. Os falecidos apresentavam maior pontuação mé-dia nos índices SOFA e SAPSII em relação aos sobreviventes (11,85 versus 6,33; p < 0,005 e 69,25 versus 36,40; p > 0,4 ) e mais casos de sépsis grave (62,5% versus 50%). Conclusões: A IRA foi o principal motivo de admissão e a pneumonia constituiu a sua etiologia mais frequente. Apesar da investigação exaustiva, em 57% dos doentes VIH+ não foi isolado qualquer agen-te. Os microrganismos oportunistas devem ser sempre pesquisados. A sobrevida foi inferior à reportada noutros estudos, o que prova-velmente se deveu às pontuações APACHE II, SOFA e prevalência de sépsis grave/choque séptico mais elevadas neste trabalho.

Palavras-chave: Infeção VIH. Cuidados Intensivos. Patologia respiratória.

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PO10. CASO RARO DE DERRAME PLEURAL – TOXOCARIASIS

P. Matos, C. Cruz, P. Ferreira, F. Gamboa

Serviço de Pneumologia, CHUC-HUC.

Introdução: Os derrames pleurais (DP) eosinofilicos correspondem a cerca de 5 a 16% da totalidade dos derrames e em cerca de 1/3 des-tes a etiologia permanece obscura. Praticamente todas as causas de DP podem cursar com eosinofilia no líquido, embora as mais comuns sejam as malignas, infecciosas e pós traumatismo torácico. A infecção por larvas dos nematodes Toxara canis ou Toxara gati, habitualmente através das fezes dos animais, pode levar à migração destas para vá-rios órgãos ou sistemas, estando o respiratório frequentemente envol-vido. O contacto com as larvas é frequente na nossa população, apesar do diagnóstico de Larva Migrans Visceral (LMV) ser raro. Descrevemos um caso de DP recidivante secundário a esta etiologia. Caso clínico: Mulher de 85 anos, não fumadora, reformada de agri-cultora, com antecedentes de Insuficiência cardíaca, prótese valvular aórtica mecânica, neoplasia do endométrio tratada há 10 anos e pa-tologia tiroideia crónica. Recorre ao Serviço de Urgência por agrava-mento da dispneia de esforço, ortopneia e trepopneia. Sem queixas constitucionais como febre ou perda de peso. Radiografia torácica com DP à direita volumoso e livre, drenado por toracocenteses evacuadoras seriadas com cerca de 2.200 cc de líquido sero-fibrinoso e com crité-rios bioquímicos de exsudato não complicado, de celularidade de 700 cc/mL e eosinofilia de 15%. A microbiologia e micobacteriologia foi negativa, ADA baixo e citologia negativa para malignidade. A biópsia pleural mostrou pleurite inespecífica. Foi ainda realizada Angio-TC que excluiu patologia trombo-embólica. Por recorrência do DP, cerca de 1 mês depois foi realizada toracoscopia médica que apenas demonstrou pleura parietal com sinais inflamatórios e aderências. Posteriormente, os resultados serológicos enviados para o Instituto Ricardo Jorge po-sitivaram para LMV. Foi iniciado tratamento com mebendazol 200mg, sem recorrência do quadro clínico. Discussão: O DP eosinofilico é sempre um desafio etiológico dada a pluralidade de patologias causadoras. A infecção pleural por larvas de parasitas de animais domésticos é rara, mas poderá ser uma patologia subdiagnosticada dada a frequência elevada do contacto com estes seres na nossa população. O diagnóstico acertivo de LMV obriga à identificação histológica dos parasitas, ainda que tal não seja possível na grande maioria dos casos. No entanto, as serologias apresentam alta sensibilidade e especificidade (> 90% e 95% respec-tivamente), pelo que deverão ser pedidas no estudo complementar de DP eosinofílicos, já que esta patologia apresenta tratamento efectivo e bom prognóstico.

Palavras-chave: Toxocariosis. Derrame pleural. Larva migrans visceral.

PO11. END-STAGE SILICOSIS & LUNG TRANSPLANTATION: A WAY FORWARD

M. Torres Redondo, M. Vaz, C. Damas

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João.

Introduction: Lung transplantation is the only available therapeutic treatment for selected patients with end-stage lung disease. End-stage silicosis is one of the indications for lung transplantation and there’s few data concerning this topic. Objective: To investigate the selection of recipients, operative te-chnique, and follow-up of lung transplantation for silicosis. Material and methods: We retrospectively analyzed data for six consecutive patients with silicosis between 2008 and 2013, who underwent lung transplantation, from outpatient respiratory clinic at the Centro Hospitalar São João. Silicosis was defined as chest radiograph with an International Labour Office classification of ≥ 1/0 in a worker with a history of silica dust exposure.

Results: Six males underwent lung transplantation for silicosis, with a mean age of 55.5 ± 6.9 years old. Of the 6 patients, 3 subjects worked in exploration wells (50%). The mean pulmonary artery pressure was 61 mmHg, NYHA III or IV. The mean of time between the first observation and lung transplant was 18.5 months. All pa-tients underwent single lung transplantation (4 patients underwent left lung transplantation). There was no perioperative mortality, although two patients developed primary graft dysfunction after transplant. During follow-up, two recipients had Cytomegalovirus infection. All recipients are alive with a mean follow-up time of 32.8 ± 17.2 months,with a good quality of life and improved lung function. Conclusions: Lung transplantation is a viable option in selected patients with end-stage silicosis, with good results in what concerns to quality of life and survival.

Key words: Silicosis. Lung Transplantation.

PO12. ESTUDO DE GENES CANDIDATOS DE EXPRESSÃO FENOTÍPICA NA FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA

P. Caetano Mota1,2, A.C. Ferreira2,3, C.D. Vasconcelos2,3, M. Luz Soares2,3, N. Melo1, J.M. Pereira4, C. Souto Moura5, A. Morais1,2, J.A. Marques1,2

1Serviço de Pneumologia; 4Serviço de Radiologia; 5Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. 3Laboratório de Apoio à Investigação em Medicina Molecular, Departamento de Biologia Experimental.

Introdução: A etiopatogenia da fibrose pulmonar idiopática (FPI) é provavelmente determinada pela interação entre eventos despole-tantes de natureza celular ou ambiental e múltiplos fatores gené-ticos, portanto de susceptibilidade, para a doença. A identificação dos mesmos será crucial para o diagnóstico precoce, prognóstico rigoroso e investigação de novos alvos terapêuticos. Objectivos: Identificação de variantes genéticas moduladoras da FPI na população portuguesa.Material e métodos: Foram incluídos 30 doentes com diagnóstico de FPI, efetuado de acordo com as normas ATS/ERS/JRS/ALAT, segui-dos em consulta de Doenças Pulmonares Difusas e 36 controlos sem doença pulmonar. Analisou-se a distribuição alélica e genotípica de um total de 8 polimorfismos (single nucleotide polymorphisms, SNPs) em regiões genómicas não codificantes de 5 genes candidatos: PLAU (Urokinase-type plasminogen activator), BMPR1A (Bone morphogene-tic protein receptor type- 1A), SERPINB1 (Leukocyte elastase inhibi-tor), SFTPA1 (Surfactant protein A1) e MUC5B (Mucin 5B). Resultados: Não se verificou qualquer associação entre as variantes analisadas nas regiões candidatas dos genes PLAU, BMPR1A, SER-PINB1 e SFTPA1 e a doença. Na região promotora do gene MUC5B, a análise do polimorfismo rs35705950, localizado 3 kb a montante do local de início da transcrição, revelou uma forte associação do alelo variante (T) com a FPI. A frequência deste alelo é de 46% entre os indivíduos com FPI e de 17% nos indivíduos controlo (associação alélica com FPI, P = 1,5 × 10-5). O odds ratio para a doença entre os indivíduos que são heterozigóticos e os que são homozigóticos para o alelo variante deste SNP é de 5,7 (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,8-18,1) e 17,9 (IC95%, 1,8-179,1), respetivamente. Conclusões: O polimorfismo rs35705950 no promotor do gene MU-C5B está associado com a FPI nesta amostra da população portugue-sa. Este estudo piloto corrobora a associação descrita em doentes norte-americanos com FPI e indica que o alelo variante representa um fator de suscetibilidade que, em conjugação com eventos de natureza ambiental e/ou fisiológica, contribui para o desenvolvi-mento da patologia em doentes portugueses.

Palavras-chave: Fibrose pulmonar idiopática. SNPs. Genes modu-ladores. MUC5B.

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PO13. DOENÇAS PULMONARES INTERSTICIAIS NÃO CLASSIFICÁVEIS – REALIDADE DE UMA CONSULTA

I. Franco1, S. Campainha1, F. Costa2, A. Sanches3, M.C. Brito1, S. Torres1, S. Neves1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Imagiologia; 3Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: Um número significativo de doenças pulmonares in-tersticiais (DPI) é de difícil classificação apesar da avaliação por equipas multidisciplinares. A revisão da classificação internacional das PII da ATS/ERS de 2013 reconhece as DPI inclassificáveis como uma entidade formal. Objectivos: Determinar o número de casos de DPI inclassificáveis, após avaliação em consulta multidisciplinar, em seguimento na consulta de DPI de um hospital central. Analisar as característi-cas demográficas, clínicas e radiológicas, bem como a evolução da doença, causas de impossibilidade de classificação e diagnósticos diferenciais realizados. Material e métodos: Análise retrospetiva dos dados dos doen-tes com DPI inclassificável seguidos na consulta. Foram incluídos os doentes com primeira consulta realizada entre 01.04.2008 e 30.11.2013 Resultados: De um total de 272 doentes em follow-up, identifica-ram-se 22 (8,1%) doentes com DPI inclassificáveis. A idade média foi 68 anos; a maioria do sexo feminino (68,2%) e não fumadores (63,6%). Foi observada exposição a fármacos com possível toxici-dade pulmonar (amiodarona, estatinas e varfarina) em 54,5% dos doentes. As alterações radiológicas mais prevalentes foram: reticu-lação (81,8%), vidro despolido (81,8%), bronquiectasias (63,6%) e favo de mel (40,9%). A capacidade vital forçada média foi 89,5% + 21,4 e a DLCO foi 64,0% + 20,8. Nove doentes (40,9%) apresentavam alterações no estudo imunológico (maioritariamente anticorpos ANCA e ANA). Nos 13 doentes que realizaram lavado broncoalveo-lar, os achados mais comuns foram: alveolite linfocítica (30,7%) e alveolite linfocítica e eosinofílica (23%). Dezassete doentes com seguimento > 1 ano foram classificados de acordo com a evolução da doença segundo a classificação da ATS/ERS (2013): 2 (11,7%) com doença reversível com risco de progressão, 6 (35,3%) com doença estável residual, 4 (23,5%) com doença irreversível e progressiva com potencial para estabilização e 5 (29,4%) com doença irrever-sível e progressiva apesar da terapêutica. As principais causas de impossibilidade de classificação foram a discordância clínica/radio-lógica/histológica (40,9%) e a ausência de condições para biópsia cirúrgica (36,4%). Os principais diagnósticos diferenciais foram: FPI (31,8%), PH (31,8%), NSIP (22,7%) e vasculite (13,6%). Conclusões: As doenças pulmonares intersticiais inclassificáveis parecem englobar um grupo heterogéneo de doenças. A prevalên-cia das DPI inclassificáveis foi menor (8,1% vs 10%) que a descrita na literatura. As características demográficas (sexo feminino pre-dominante) e clínicas (predomínio de não fumadores, maior CVF e DLCO) também diferiram, mas as causas de impossibilidade de classificação e os principais diagnósticos diferenciais colocados fo-ram concordantes com o descrito. A avaliação da evolução clínica e radiológica poderá permitir, no futuro, uma melhor compreensão e orientação destas DPI.

Palavras-chave: ILD não classificáveis.

PO14. SARCOIDOSE INDUZIDA PELO INFLIXIMAB

M. Vaz1, L. Figueira2, I. Brito3, N. Melo1, P. Caetano Mota1, A. Morais1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Oftalmologia; 3Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do Hospital São João, EPE.

Os agentes inibidores do fator de necrose tumoral a (anti-TNF-a) têm sido amplamente utilizados nomeadamente no tratamento

de diversas doenças autoimunes. No contexto da sarcoidose, o seu uso é mais recente e habitualmente é reservado para casos de ausência de eficácia ou intolerância aos corticóides ou a outros imunosupressores. Paradoxalmente, tem sido descritos alguns ca-sos clínicos em que a ocorrência da sarcoidose tem sido associada ao uso de anti-TNF-a. Os autores apresentam um caso de um ho-mem de 25 anos, desempregado, com o diagnóstico de Artrite Ju-venil Idiopática (AJI) desde os 2 anos de idade e actualmente com uveíte crónica bilateral refractária e actualmente em remissão articular. Em março de 2013, por agravamento da uveíte foi-lhe prescrito terapêutica anti-TNF-a, mais concretamente infliximab, que se associou a uma melhoria dos sintomas e posterior estabili-zação do envolvimento ocular. Em maio de 2013, apresentou um quadro clínico de toracalgia esquerda associado a dispneia e ema-grecimento tendo sido suspenso a administração de infliximab. Do estudo efectuado na altura, destaca-se a TAC torácica com exube-rantes adenomegalias nos vários compartimentos mediastínicos e padrão micronodular de distribuição peribroncovascular no parên-quima pulmonar. Realizou lavado broncoalveolar que mostrou lin-focitose intensa (54%) com relação CD4/CD8 elevada (3,6), para além de eosinofilia discreta (1,8%) e punção aspirativa ganglionar transbrônquica por agulha guiada por ecoendoscopia (EBUS-TBNA) que revelou um processo inflamatório crónico granulomatoso. Diagnosticada sarcoidose, sem envolvimento extratorácico, tendo o doente iniciado corticoterapia. Este caso acrescenta evidência aos efeitos paradoxais que a terapêutica anti-TNF-a pode desen-cadear no contexto da sarcoidose.

Palavras-chave: Sarcoidose. Infliximab. Anti-TNF-a.

PO15. DOENÇAS INTERSTICIAIS PULMONARES INICIALMENTE DIAGNOSTICADAS COMO NEOPLASIA PULMONAR

A.F. Gonçalves1, A. Antunes2, S. Campainha2, M.C. Brito1, C. Nogueira1, S. Torres1, A. Sanches3, F. Costa4, S. Neves1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Pneumologia, Unidade de Pneumologia Oncológica; 3Serviço de Anatomia Patológica; 4Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: Dada a magnitude das implicações terapêuticas e prog-nósticas, é fundamental o diagnóstico preciso das doenças difusas do parênquima pulmonar (DDPP). Isto pode revelar-se um verda-deiro desafio, por vezes com diagnósticos falso positivos de neopla-sia pulmonar. Os autores apresentam 3 casos clínicos previamente diagnosticados como neoplasia pulmonar.Casos clínicos: Caso 1: Homem, 45 anos, fumador (20 UMA) com diagnóstico de cancro do pulmão não pequenas células (CPNPC), estadio IV por biópsiapor agulha fina (BAF) transtorácica. Realizou quimioterapia com remissão completa. Assintomático durante 15 meses, iniciando posteriormente dispneia de esforço, tosse seca, anorexia e emagrecimento. TC- tórax: nódulos e massas, algumas cavitadas. Repetida BAF transtorácica apresentando necrose tu-moral. Posteriormente aparecimento de úlceras orais, rash purpú-rico e petéquias no palato. Título de anticorpos anti-citoplasma neutrofílico citoplasmáticos (cANCA) de 1/300 para proteinase 3 (PR3) > 200 e sedimento urinário ativo. Broncoscopia rígida: lesões ulceradas na árvore traqueobrônquica. Biopsias brônqui-cas: extensa necrose e vasculite. Biopsia de lesãocutânea: vascu-lite leucocitoclástica, traduzindo quadro de granulomatose com poliangeíte. Iniciou metilprednisolona seguida deciclofosfamida, prednisolona e rituximab. Apesar da terapêutica doente veio a fa-lecer. Caso 2: Mulher, 58 anos, não fumadora, ex-tapeteira. Apre-sentou dispneia, toracalgia pleurítica esquerda e tosse seca. TC- tórax:espessamento dos septos, padrão vidro despolido esboçando micronodulos. Broncofibroscopia normal e lavado broncoalveolar comneutrofilia e eosinófilia. Biopsia transbrônquica: amostra es-

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cassa e suspeita de adenocarcinoma. Mutação EGFR negativa com escassascélulas tumorais. Core needle biopsy sugestiva de pneu-monite de hipersensibilidade, iniciando corticoterapia com mel-horiaclinicoradiológica. Agravamento funcional e clinico iniciando ciclofosfamida. Caso 3: Homem, 76 anos, exfumador (70 UMA), diagnóstico de adenocarcinoma pulmonar, realizado no exterior e através de BAT.Submetido a resseção em cunha. Revisão das lâminas mostrou vasculite, focos de necrose e granulomas. Sem evidência deadenocarcinoma. Estudo imunológico negativo. EBUS-TBNA: 4R- processo granulomatoso ; 12R – linfócitos, macrófagos e linfócitos. TC-tórax: densificação infra-hilar nodulariforme. Core needle biopsy: vasculite, espessamento dos septos com infiltrado plasmocítico, polimorfonucleados, eosinófilos e linfócitos. Agra-vamento clinicoradiológico iniciando corticoterapia com melho-ria. Aparecimento denovas lesões, insuficiência renal, sedimento urinário ativo com a redução da corticoterapia, iniciando metil-prednisolona e ciclofosfamida. Quadro compatível com vasculi-te, enquadrado numa granulomatose com poliangite (forma não clássica).Discussão: Estes casos revelam a importância da abordagem mul-tidisciplinar no diagnóstico das DDPP e permitem reconhecer as limitações diagnosticas das pequenas amostras citológicas obtidas por BAT e biopsia pulmonar trânsbronquica.

Palavras-chave: Doenças intersticiais pulmonares.

PO16. LOCAIS RAROS DE METASTIZAÇÃO DE NEOPLASIAS DO PULMÃO – A PROPÓSITO DE CINCO CASOS CLÍNICOS

C. Saraiva1, P. Ferreira2, J. Dionísio2, B. Santos1, T. Almodôvar2, U. Brito2, D. Costa2

1Hospital de Faro, EPE. 2Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil.

Introdução: Os autores submetem cinco casos de doentes com neoplasia do pulmão com metastização extra-pulmonar em locali-zações pouco frequentes. Casos clínicos: Descrição dos casos: JGO, sexo masculino, 78 anos, ex-fumador (50 U.M.A.) e o diagnóstico de Carcinoma de pequenas células em Abril de 2012, tendo efetuado radioterapia e quimioterapia concomitante com carboplatino e etoposido com resposta parcial. Esteve em vigilância até Outubro de 2013, tendo iniciado dor abdominal e vómitos e cuja TC revelou metastização múltipla com envolvimento das vesículas seminais, com suspeita inicial de neoplasia síncrona da próstata e cuja biópsia, confirmou metástase do pulmão. JMD, sexo masculino, 64 anos, fumador (70 U.M.A.), com o diagnóstico de Carcinoma Pavimento-Celular em Outubro de 2011. O doente encontrava-se a fazer terapêutica de terceira linha com erlotinib desde Junho de 2013. Inicia quadro de confusão mental, alterações de memória, afasia e dor ocular, cujo estudo radiológico revelou múltiplas metástases cerebrais e volumosa lesão sólida heterogénea da coróideia do globo ocular, com descolamento da retina. 2. JLD, sexo masculino, 56 anos, ex-fumador (25 U.M.A.) com o diagnóstico de adenocarcinoma pouco diferenciado em Janeiro de 2012 e com erlotinib em tercei-ra linha desde Outubro de 2013. Em Dezembro de 2013 iniciou dor abdominal e melenas, cuja tomografia de abdómen revelou espessamento gástrico difuso e múltiplas adenopatias abdominais e inguinais. A endoscopia digestiva alta revelou infiltração difusa da mucosa gástrica, com provável envolvimento neoplásico se-cundário. PAP, sexo masculino, 54 anos, ex-fumador (30 U.M.A) com o diagnóstico de Carcinoma Pavimento-Celular da laringe em 1991 submetido a radioterapia cirurgia parcial laringofaringecto-mia. Em 1999 é detetado tumor renal esquerdo, tendo efetuado nefrectomia e cujo resultado da anatomia patológica foi de tumor de células renais e 2 focos metastáticos de carcinoma pavimento celular no parênquima renal. Foi detetado nódulo pulmonar no LSD, assumido como lesão primária. MCN, sexo feminino, 64 anos,

ex-fumadora (50 U.M.A) com infeções respiratórias de repetição desde 1999 e que por persistência de queixas de cansaço, síndro-me febril de etiologia indeterminada e dor escapular direita. Fez TC tórax que revela massa do LSD pulmão em estudo quando inicia dor na rótula direita, cuja biopsia revelou metástase de carcino-ma não pequenas células do pulmão. Discussão: Os autores trazem estes casos dado poderem existir me-tástases de neoplasias primitivas do pulmão em localizações raras e pouco descritas na literatura – próstata, membrana coróideia, estômago, rim e rótula – pelo que é importante estar atentos a toda a sintomatologia dos doentes.

Palavras-chave: Metastização. Extra-pulmonar. Locais raros.

PO17. SLEEVE LOBECTOMY AS AN ALTERNATIVE TO PNEUMONECTOMY IN PATIENTS WITH CENTRAL LUNG CANCER: OUR SURGICAL EXPERIENCE

P. Fernandes, M. Guerra, J. Miranda, L. Vouga

Serviço de Cirurgia Cardio-Torácica, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introduction: A sleeve lobectomy is the removal of a portion of a main bronchus in conjunction with the involved lobar bronchus and associated lung tissue. The remaining lobe(s) is then re-implanted on the main bronchus. This procedure was originally designed for cancer patients unable to tolerate pneumonectomy, or for the treatment of uncommon benign endobronchial lesions. As patient-selection criteria have changed and surgical techniques have improved over the years, sleeve lobectomy can now be provided to patients who have bronchogenic tumours with central location, in whom a pneumonectomy would be tolerated. However, it remains controversial whether sleeve lobectomy is associated with a high rate of operative mortality and postoperative complications. Objective: The purpose of this study is to report our experience in our institution with sleeve lobectomy concerning surgical techniques and operative outcomes. Material and methods: We retrospectively reviewed the records of 10 patients who underwent sleeve lobectomy for central bronchogenic tumours, during the period of January 2007 and December 2013. There were 6 men and 4 women with mean age of 52.3 years (range 24-79 years). Preoperative pulmonary functions studies were done with a mean FEV1 (%) of 76.7 ± 9.9, a mean FVC (%) of 86.0 ± 6.6 and a mean DLCO (%) of 63.9 ± 8.1. Results: The procedures performed were: r ight upper lobectomy in 4 patients, left upper lobectomy in 3 patients and left lower lobectomy in 3 patients. All patients underwent oncological resections with negative results for malignancy in the bronchial resection margins. Median hospital stay was 9 days. Complications were observed in 4 patients and included: prolonged air leak (> 7 days) in 3 patients and atelectasis with daily need of bronchoscopy in one patient. All patients underwent bronchoscopy in the day prior to hospital discharge and none had bronchial stenosis or anastomotic dehiscence. No operative mortality was observed, however, one patient died one month after hospital discharge. Conclusions: Sleeve lobectomy is a widely accepted procedure for central tumours for which the alternative is a pneumonectomy. Although technically demanding, it is associated with low mortality and low bronchial anastomotic complication rates. Careful patient selection and a good surgical technique are vital to achieve a morbid-mortality rate lower than that for pneumonectomy, along with a better quality of life. In addition, it allows further lung resection, if necessary. For central tumours, we believe that sleeve resection is the procedure of choice. With increasing experience, more lung-sparing procedures should be performed.

Key words: Sleeve lobectomy. Lung cancer.

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8 21º Congresso de Pneumologia do Norte

PO18. LOBECTOMY VERSUS SUBLOBAR RESECTION FOR NON-SMALL CELL LUNG CANCER IN OCTOGENARIANS

P. Neves, M. Guerra, D. Martins, P. Ponce, J. Miranda, L. Vouga

Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE.

Objective: As the EU population ages, surgeons are increasingly challenged with octogenarians with resectable non- small cell lung cancer. Therefore, the present study reviewed these patients, in order to understand whether there were short term morbidity and mortality differences regarding the surgery performed – lobectomy versus sublobar resection. Material and methods: In the last six years (2008-2013), there were included 40 patients over 80 years who underwent lobectomy or sublobar resection (anatomic or atypical) with curative intent for lung cancer (20 lobectomies - L group - and 20 sublobar resections – S group). Mean age was 81.3 years in the L group and 83.7 years in the S group. The presence of preoperative comorbidities was significant(L group vs S group): chronic lung disease – 25.0% vs 50.0%; cardiovascular disease – 25.0% vs40.0%; and history of other malignancy – 5.0% vs 45.0%. However, their respiratory function was very acceptable with a mean FEV1 of 86.4% vs 75.8% and a mean FVC of 88.1% vs 84.5%. Results: We performed 18 lobectomies (45%), 2 sleeve lobectomies (5%), 19 wedge resections (47.5%) and 1 anatomic segmentectomy (2.5%) through lateral thoracotomy. Average hospital stay was 8.1 ± 5.2 days in the L group and 6.6 ± 4.6 days in the S group (NS). Main surgical complications recorded were (L group vs S group): prolonged air leak (25.0% vs 10.0%), atelectasis requiring bronchoscopy (15.0% vs 0.0%) and persistent air chamber (10.0% vs 10.0%). We observed no inhospital or 30-day mortality. In a mean follow-up time of 29.6 months, there were 3 cancerrelated deaths in the S group and 2 non-cancer related deaths in the L group. Mean survival time was 28.2 months in the L group and 21.8 months in the S group (NS). Conclusions: Octogenarians should not be denied surgery exclusively due to age. Anatomical resections are safe procedures in these patients and should be done whenever possible, as they are associated with lower mortality and local recurrence rates.

Key words: Octogenarians. Cancer. Surgery. Lobectomy.

PO19. HEMANGIOENDOTELIOMA EPITELIAL DO PULMÃO

M. Reis, R. Gomes, S. Correia, A. Tavares, L. Ferreira

Serviço de Pneumologia, Hospital Sousa Martins da Guarda.

Introdução: O Hemangioendotelioma epitelial é um tumor endo-telial raro. Pode ter origem simultânea ou sequencial em vários órgãos e estruturas como pulmão, pleura, fígado, tecidos moles e osso. O Hemangioendotelioma epitelial do pulmão (HEP) é mais frequente no sexo feminino, os doentes encontram-se geralmen-te assintomáticos ou com sintomatologia inespecífica à altura do diagnóstico. O padrão imagiológico mais comum de apresentação consiste em múltiplos nódulos pulmonares unilaterais ou bilaterais. O diagnóstico é difícil de estabelecer e na maioria dos casos é efec-tuado por biópsia cirúrgica. O estudo imuno-histoquimico identifica a sua origem endotelial. Não existem esquemas terapêuticos apro-vados. A ressecção cirúrgica está indicada na presença de lesão no-dular única ou múltipla unilateral. O prognóstico é imprevisível e a sobrevida média variável de acordo com os escassos casos descritos na literatura, havendo referência a remissão espontânea. Caso clínico: Doente do sexo masculino, de 54 anos de idade. Me-cânico. Ex-fumador. Referia queixas de tosse produtiva e toracalgia anterior direita tipo pleurítica com 4 dias de evolução e expecto-ração hemoptóica. Exame objectivo sem alterações. Na Radiografia do tórax apresentava hipotransparência heterogénea para-hilar di-reita. Dos exames complementares realizados destacam-se: TC de tórax com identificação de massa hilar direita com 5,3 × 4,8 mm,

com captação heterogénea do contraste e que engloba o brônquio principal direito e brônquio lobar superior direito, sem plano de cli-vagem com a artéria pulmonar direita. Adenopatias mediastínicas. A Broncoscopia e respectivos procedimentos realizados foram incon-clusivos. A PET demonstrou hiperfixação de 18 FDG a nível da massa para-hilar direita, gânglios mediastínicos, lobo direito do fígado, glândula supra-renal esquerda, ilíaco direito e nádega esquerda. Na TC crânio-encefálica identificaram- se múltiplos depósitos secundá-rios. O diagnóstico foi estabelecido por biópsia pulmonar cirúrgica, cujo estudo imunohistoquímico positivo para o factor 8, CD31 e CD34 indica tratar-se de hemangioendotelioma epitelial pulmonar. Considerando as localizações anteriormente referidas trata-se de provável metastização múltifocal, não se podendo excluir origem multifocal. O doente foi observado em consulta de grupo de de-cisão terapêutica do Hospital Oncológico da área de residência. Iniciou radioterapia holocraniana, acabando por falecer cerca de 2 meses após o diagnóstico por progressão da doença. Discussão: Descrevemos o caso dado a raridade da patologia, a dificuldade diagnóstica, bem como a apresentação distinta e rápida progressão relativamente a maioria dos casos descritos na literatu-ra. São necessários mais estudos sobre os esquemas terapêuticos a instituir neste tumor.

Palavras-chave: Hemangioendotelioma epitelial. Pulmão.

PO20. TUMOR DE ASKIN – CASO CLÍNICO

D. Apolinário1, I. Militão2, A.I. Loureiro1, F. Guimarães2, A. Afonso1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Introdução: O Tumor de Askin é uma neoplasia maligna da região torácica, rara e de mau prognóstico, que pertence aos tumores da família do sarcoma de Ewing. Ocorre maioritariamente em crianças/adultos jovens mas têm sido descritos casos em idade mais tardia. Caso clínico: Doente do género masculino de 76 anos, caucasiano e fumador ativo (30 UMA). Dos antecedentes pessoais destaque para clínica de bronquite crónica, hipertensão arterial, obesidade, hi-pertrofia benigna da próstata e portador de pacemaker. Recorreu ao serviço de urgência em Maio de 2013 por quadro com 6 meses de evolução de agravamento de dispneia para pequenos esforços, tosse pouco produtiva, toracalgia pleurítica direita e sintomas constitucionais. Ao exame físico apresentava sinais de dificuldade respiratória e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular glo-balmente diminuído. Analiticamente com elevação dos marcado-res da inflamação e DHL de 944 U/L. A gasometria arterial em ar ambiente demonstrava hipoxemia e hipocápnia. A radiografia do tórax PA revelou hipotransparências arredondadas no parênquima pulmonar bilateralmente e a TC torácica confirmou a presença de massas pulmonares (uma no LID de 6,1 cm de maior diâmetro e duas no LSE com 5,8 cm e 3 cm) bem como uma massa mediastíni-ca (9 cm) e costal direita, lítica, com significativo componente de tecidos moles (7,9 cm), para além de enfisema pulmonar. O doente foi internado para estudo e tratamento. Realizou biópsia guiada por ecografia da massa costal cujo resultado histológico foi compatível com neoplasia maligna pouco diferenciada de pequenas células e perfil imunofenotípico correspondente a um sarcoma de Ewing/tu-mor neuroectodérmico primitivo. Durante o estadiamento foi ainda identificada uma lesão hepática de possível natureza secundária e foi apresentado em consulta de grupo oncológico com indicação para radioterapia antiálgica paliativa. Evolução desfavorável após intercorrência infeciosa respiratória nosocomial por Pseudomonas aeruginosa acabando por falecer. Discussão: Os autores apresentam um caso de tumor de Askin, pela raridade da ocorrência neste grupo etário e como diagnóstico dife-rencial no estudo de massas torácicas.

Palavras-chave: Tumor de Askin. Sarcoma de Ewing. Tumor neu-roectodérmico primitivo.

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PO21. CARCINOMA PULMONAR PRIMÁRIO SINCRONO

D. Coutinho, A. Antunes, S. Campainha, S. Conde, A. Barroso

Serviço de Pneumologia, CHVNG/E.

Introdução: Neste trabalho relatamos dois casos clínicos de doen-tes com carcinomas pulmonares primários síncronos que se apresen-tam sob a combinação de carcinoma pulmonar de pequenas células (CPPC) e carcinoma pulmonar não pequenas células. Casos clínicos: Caso 1: mulher de 78 anos, ex-fumadora (60 UMA) e sem história ocupacional de relevo, com seguimento prévio em outra unidade hospitalar por DPOC e nódulo pulmonar (sugestivo de hamartoma) no lobo médio. Durante o seguimento nesse hospital, apresentou nódulo pulmonar de novo no lobo inferior direito (LID) e espessamento parietal do segmento médio do esófago em tomogra-fia computadorizada (TC). Neste contexto, realizou eco-endoscopia esofágica com biópsia da lesão paraesofágica revelando-se incon-clusiva (escassez de material, mas com características de CPPC). Foi posteriormente submetida a resseção em cunha do LID e de duas adenopatias paraesofágicas, tendo o estudo anatomopatológico re-velado adenocarcinoma misto, sem invasão ganglionar (T1aN0M0). Por quebra do estado geral passa a residir com a filha, interrom-pendo seguimento prévio. Recorre ao serviço de urgência (SU) des-te hospital por intolerância alimentar. O estudo realizado no SU revelou manutenção da lesão paraesofágica, pelo que foi orientada para consulta de Pneumologia Oncológica. Realizou EBUS-TBNA, com histologia confirmando CPPC síncrono (TxN2M0). Atendendo à idade e ao performance status foi decidido iniciar quimioterapia com carboplatina e etoposideo e radioterapia sequencial. A doente apresentou remissão completa após quimioterapia, encontrando-se neste momento a realizar radioterapia. Caso 2: homem de 46 anos, fumador (30 UMA), sem outros antecedentes relevantes, ob-servado num hospital privado por toracalgia esquerda associada a exame radiológico mostrando massa localizada no LID. Realizou TC com evidência de nódulo espiculado com 5 cm de diâmetro ao ní-vel do LID, linfangite contralateral e outra lesão nodular peri-hilar esquerda, sugestiva de conglomerado adenopático. Procedeu-se a biópsia aspirativa transtorácica do nódulo direito, diagnóstica de adenocarcinoma pulmonar, estadiado como T2aN3M1a. Orientado para consulta de Pneumologia Oncológica do nosso hospital, ini-ciando quimioterapia com cisplatina e pemetrexed, com remissão parcial ao 4º ciclo. Ao 2º ciclo de manutenção com pemetrexed, apresenta aumento da lesão peri-hilar esquerda, suspeitando-se de progressão. Neste contexto, realizou broncofibroscopia com biópsia da lesão peri-hilar esquerda, que revelou CPPC síncrono, estadiado como TxN2M1b (metastização óssea e cerebral). Iniciou quimiotera-pia com carboplatina e etoposideo com remissão parcial ao 2º ciclo, pelo que mantém este esquema atualmente. Discussão: A possibilidade de carcinomas primários pulmonares síncronos deve ser sempre colocada nos casos em que existe uma incoerente resposta das lesões iniciais à terapêutica preconiza-da.

Palavras-chave: CPPC. CPNPC. Sincrono. Neoplasia pulmonar.

PO22. HAMARTOMAS PULMONARES: EXPERIÊNCIA CLINICA DE 13 ANOS

D.C. Silva Vaz1, N. Taveira1, J. Miranda2, M. Vanzeller1, T. Shiang Tzer1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Cirurgia Cardio-torácica, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: Os hamartomas pulmonares constituem 75% dos tumo-res benignos pulmonares sendo diagnosticados na maioria aciden-talmente, em homens na 6ª década. Objectivos: Analise retrospetiva de doentes com diagnóstico histo-lógico de hamartoma entre 1990 e 2013.

Material e métodos: Na população com diagnóstico de hamartoma, foram caraterizados fatores demográficos, forma de apresentação, características imagiológicas, método de diagnóstico, opção tera-pêutica e evolução. Resultados: 50 Indivíduos (idade 53,9 ± 13,6 anos; 62% homens) apresentavam história prévia de tabagismo e tuberculose pulmonar em 36% e 16% respetivamente. Na maioria o nodulo era único (94%), a forma de apresentação incluiu o achado radiológico acidental (92%), toracalgia (4%), dispnéia (2%) e pneumonia obstrutiva (2%). A dimensão média era 1,9 ± 0,8 cm; 24% apresentava calcificação “popcorn”, 96% e 92% apresentavam bordos regulares e densidade homogénea respetivamente; 96% não apresentavam adenopatias mediastínicas. A maioria estava no pulmão direito (62%); 48% tinha localização periférica. 56,3% (n = 16) não apresentava avidez para 5-Fluorodesoxiglicose na tomografia de positrões (PET). Em 84% o diagnóstico foi feito após exame extemporâneo durante toracoto-mia/toracoscopia; nos restantes o diagnóstico foi feito por biópsia aspirativa transtorácica (BAT), nestes a sensibilidade diagnóstica foi 38% (n = 21). Em 88% o nódulo foi ressecado, na maioria por exérese simples (65,9%). O sub-tipo histológico prevalente foi a variedade condroide (98%). No subgrupo operado, não houve recidivas até 168 meses após resseção; nos doentes sob vigilância expectante, verificou-se crescimento de 0,75 mm/ano até 2 anos após diagnós-tico. Durante follow up foram detetados nódulos em 2 doentes nos quais o estudo diagnóstico revelou tratarem-se de adenocarcinoma e carcinoma epidermoide respetivamente. Conclusões: Neste estudo verificou-se que a maioria dos doentes com hamartoma pulmonar eram homens na 6ª década, referencia-dos para estudo de nodulo pulmonar solitário descoberto aciden-talmente, em média com 1,9 cm de diâmetro, bordos regulares e densidade homogénea. Na maioria não se assinalava presença de adenopatias mediastínicas; e a típica calcificação “popcorn” foi descrita numa frequência que vem de acordo com a percentagem deste achado assinalada na literatura (15-30% em TAC torácica). Na maioria o diagnóstico definitivo só foi possível por toracotomia/toracoscopia e nestes não houve evidência de recidiva salientando a natureza benigna destas lesões. Nos doentes não operados, veri-ficou-se crescimento nodular não desprezível justificando vigilância imagiológica para detetar precocemente dano compressivo e even-tuais falsos positivos da BAT. O pequeno número de doentes com neoplasias pulmonares após diagnóstico de hamartoma não permite concluir sobre predisposição para cancro do pulmão associada a história prévia de hamartoma.

Palavras-chave: Hamartoma.

PO23. CARACTERIZAÇÃO DA CONSULTA DE ESTUDO DE NÓDULOS/MASSAS PULMONARES – 2 ANOS DE SEGUIMENTO

V. Santos1, E. Padrão1, V. Hespanhol1,2, C. Damas1

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: Os nódulos/massas pulmonares são achados radioló-gicos comuns, identificados na maioria dos casos incidentalmente. Devido à resolução mais elevada e mais fácil acesso da TC torácica, a sua identificação tornou-se mais simples e frequente. A existên-cia de uma consulta de Pneumologia(CP) especializada, de fácil acesso, nas suspeitas de neoplasia pulmonar(NP), tornou-se uma necessidade. Objectivos: Caracterizar os doentes seguidos em CP especializada, referenciados por alterações radiológicas suspeitas de NP. Material e métodos: Análise retrospectiva com base nos registos clínicos de doentes referenciados a CP por apresentarem alterações radiológicas suspeitas de neoformação durante os anos 2012 e 2013. Caracterização das alterações demográficas, clínicas e radiológicas, bem como da repercussão na história natural da doença.

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Resultados: Durante este período foram referenciados 142 doentes, incluíram-se 139, 67,6% do sexo masculino, 32,4% do sexo feminino, com média de idades de 62,4 ± 13anos. Destes, 49 eram fumadores e 35 ex-fumadores. Vinte (19,4%) doentes apresentavam antece-dentes neoplásicos. O tempo médio entre o pedido de avaliação e a consulta foi de duas semanas. A maioria dos doentes foi refe-renciada por achado radiológico. A forma de apresentação como nódulo solitário do pulmão ocorreu em 67 (49,6%) casos, 65 (48,1%) apresentavam nódulos múltiplos e 3 (2,2%) massas. Relativamente à dimensão, foram encontrados 87 (64,4%) doentes com nódulos ≥ 8 mm e 41 (30,4%) com < 8 mm. Foram submetidos a biopsia pul-monar transtorácica(BPT) 67 doentes (49,6%), 43 (64,2%) tiveram diagnóstico de NP. A histologia mostrou adenocarcinoma em vinte (50%) casos, carcinoma epidermóide em onze (27,5%) e carcinoma de pequenas células em um (2,5%). Destes doentes, dez (23,3%) foram submetidos a cirurgia, sete com diagnóstico de adenocarci-noma, um carcinoma epidermóide, um tumor fibroso solitário da pleura e um tumor carcinóide típico. Em quatro casos o tratamento cirúrgico foi recusado pelo doente. A prevalência de cancro pulmo-nar na amostra foi de 31,9% e a de benignidade 13%. Dos casos refe-renciados, 67 (49,6%) doentes tiveram alta da consulta: 35 (52,2%) para CP Oncológica, 18 (26,9%) para o médico assistente, 8 (11,9%) para outra especialidade e 6 (9,2%) para outra CP. O tempo médio entre a admissão e o diagnóstico foi de duas semanas e o estadia-mento foi concluído em quatro semanas em média. Conclusões: No estudo efectuado, menos de 40% dos doentes re-ferenciados por alterações radiológicas pulmonares provaram tra-tar-se de NP. O adenocarcinoma e o carcinoma epidermóide foram predominantes. Apesar da rapidez na avaliação inicial, a cirurgia só foi possível em dez doentes. Estes resultados confirmam a ne-cessidade de uma consulta especializada, que dê resposta a estas referenciações.

Palavras-chave: Nódulos pulmonares. Massas pulmonares. Consulta.

PO24. O PAPEL DA MUTAÇÃO EGFR NA RESPOSTA À QUIMIOTERAPIA CLÁSSICA EM PRIMEIRA LINHA EM DOENTES COM CANCRO DO PULMÃO NÃO PEQUENAS CÉLULAS

I. Franco, A. Antunes, S. Campainha, S. Conde, A. Barroso

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: Vários estudos demonstraram que a mutação EGFR é um preditor de resposta ao tratamento com inibidores do recetor tirosina-cinase (EGFR-TKI) em doentes com cancro do pulmão não pequenas células (CPNPC). No entanto, a influência do estado mu-tacional EGFR na resposta ao tratamento com outros regimes de quimioterapia que não EGFR-TKI não é conhecido. Em Portugal, o tratamento em primeira linha com EGFR-TKI foi aprovado em 2010. No nosso centro, a análise do estado mutacional EGFR começou em 2006 a doentes selecionados. Objectivos: Avaliar a resposta à quimioterapia clássica em primeira linha – controlo de doença, sobrevida livre de progressão (PFS) e so-brevida global (OS) – de acordo com o estado mutacional do EGFR. Material e métodos: Análise retrospectiva dos dados clínicos de 120 doentes com CPNPC – estadios IIIA (sem tratamento com radiote-rapia), IIIB e IV (6ª edição TNM) – diagnosticados e tratados em pri-meira linha com quimioterapia clássica desde 01.01.06 a 31.12.10. Todos os doentes realizaram sequenciação do EGFR e mantiveram follow-up até 31.10.13. A PFS e a OS foram avaliadas pelas curvas de Kaplan-Meier e o controlo da doença através do Odds Ratio. Resultados: Cento e vinte doentes foram incluídos no estudo: 72 (60%) homens, 62,63 + 12,24 (média + DP) anos, 76 (63,5%) fumado-res ou ex-fumadores. A mutação EGFR foi detectada em 17 (14,2%) doentes. A PFS mediana após 1ª linha de QT foi 12 meses no grupo com mutação EGFR versus 5 meses no grupo wild-type (p = 0,021). A OS mediana foi 23 meses no grupo com mutação EGFR versus 12

meses no grupo wild-type (p = 0,152). O controlo da doença foi obtido em 82 doentes (68%); a presença de mutação EGFR esteve associada a controlo da doença – 2,402 (IC95%, 0,646- 8,919), ape-sar de não estatisticamente significativo. Conclusões: A presença de mutação EGFR parece ser um preditor de resposta favorável ao tratamento, não só com terapêutica-alvo EGFR-TKI, mas também com quimioterapia clássica em primeira linha, demonstrado pelo aumento significativo da PFS nestes doentes com CPNPC. O facto do aumento da OS no grupo EGFR mutado não ser esta-tisticamente significativo poderá resultar quer da deterioração do per-formance status (impossibilitando terapêuticas subsequentes), quer de possíveis alterações no estado mutacional EGFR após a QT clássica (diminuindo o efeito do EGFR-TKI usado em 2ª ou 3ª linha).

Palavras-chave: Cancro do pulmão não pequenas células. EGFR.

PO25. VALOR PROGNÓSTICO DA MUTAÇÃO EGFR NOS CPNPC EM ESTADIO CIRÚRGICO

A. Gonçalves1, A. Antunes2, S. Campainha2, A. Barroso2, S. Conde2, J. Miranda3, B. Parente3

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Pneumologia, Unidade de Pneumologia Oncológica; 3Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: A presença da mutação do EGFR, tem sido estudada e reconhecida enquanto fator prognóstico e preditivo à resposta ao tratamento com os inibidores da tirosina cinase no carcinoma do pulmão não pequenas células (CPNPC) em estádios avançados, contudo pouco se sabe acerca do seu valor prognóstico na doença operável. Objectivos: Avaliar se a presença da mutação do EGFR influencia a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) nos doentes comCPNPC sujeitos a cirurgia com intuito curativo.Material e métodos: Estudo retrospetivo, realizado através da consulta de processos de doentes operados entre01/01/2006 a 31/12/2012, nos quais foi feita a pesquisa da mutação do EGFR e mantidos em seguimento até31/12/2013. Dados analisados: clini-codemográficos; antecedentes tabágicos; método diagnóstico; mu-tação EGFR;tipo de cirurgia e complicações; SLP e SG. Resultados: Incluídos 63 doentes (70% homens), nos quais foi efe-tuado o estudo da mutação do EGFR, sendo que em 14,3% dos casos o estudo da mutação do EGFR foi positivo. Idade média de 62,06 (± 10,62) anos. 27% eram não fumadores, 35% fumadores e 38% ex-fumadores. Método diagnóstico: 31,7% biopsia aspirativa trans-torácica; 44,1% cirurgia; 3,2% mediastinoscopia; 17,5% broncofi-broscopia e 3,2% EBUS. A histologia mais frequente foi o adeno-carcinoma (81%), seguida do epidermoide (12,7%) e do carcinoma de grandes células (6,3%). Tipo de cirurgia realizada: lobectomia (71,4%), bilobectomia (11,1%), pneumectomia (7,9%) e ressecção em cunha (9,5%). Registou-se uma taxa de complicações de 19%. Na população EGFR positiva foi observada uma SLP mediana de 62,8 meses e nos doentes wild type de 44,4 meses (p = 0,595). A SGmé-dia nos EGFR positivos foi de 77,2 meses e nos doentes wild type de 69,9 meses (p = 0,309). A presença de mutação do EGFR não está associada a maior SLP ou SG, de acordo com os seguintes OR (OR (SLP):1,07 IC95% 0,2 a 5; OR (SG): 8 IC95% 0,3 a 24 ). Quando avaliamos a SLP em função do estadio patológico vemos que os es-tádios mais precoces estãoassociados a uma maior sobrevida livre de progressão (p = 0.011). Conclusões: Na nossa serie, nos doentes com estadio cirúrgico, o estadio patológico da doença parece ter um maior valor prognós-tico de recidiva do queas características moleculares da doença, aqui representado pelo estado mutacional do EGFR. A presença da mutação do EGFR não foiassociada a um aumento da SLP ou da SG nos doentes com CPNPC em estadio cirúrgico.

Palavras-chave: EGFR.

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PO26. RADIOCIRURGIA ESTEREOTÁCICA DE METÁSTASES CEREBRAIS NO DOENTE COM CANCRO DO PULMÃO

M.J. Oliveira1, A. Antunes1, S. Campainha1, S. Conde1, P. Costa2, S. Conde3, A. Barroso1

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho. 2Serviço de Radioterapia, Hospital CUF Porto. 3Serviço de Radioterapia, IPO Porto.

Introdução: Nos doentes com cancro do pulmão, a metastização cerebral é frequente (30-50% dos doentes com carcinoma não pe-quenas células e 40-50% do pequenas células), conferindo um pior prognóstico. O diagnóstico baseia-se na história clínica, exame neu-rológico e exame de imagem. As abordagens terapêuticas incluem, além da quimioterapia, radioterapia holocraniana, neurocirurgia, radiocirurgia estereotácica ou a combinação das mesmas. Objectivos: Caracterizar os doentes com metástases cerebrais de cancro do pulmão, submetidos a radiocirurgia estereotácica cere-bral (REC). Material e métodos: Analisaram-se retrospetivamente os doentes seguidos em consulta de pneumologia oncológica, com cancro do-pulmão e metastização cerebral, submetidos a REC, até 31/07/2013 e a sua sobrevivência mediana.Resultados: Incluídos 6 doentes (4 homens), com idade média ao diagnóstico de 56,5 ± 6,7 anos. Tinham história tabágica 50% dos-doentes. Os fatores de risco cardiovasculares foram a comorbilida-de mais frequente (66,7%). Quanto ao tipo histológico: 3 adenocar-cinomas, 2 carcinomas pulmonares de pequenas células (CPPC) e 1 mesotelioma. O estadio à data de diagnóstico foi: Ia num doente, IIIb em 3 doentes e IV em 2 doentes. Como sintomas decorrentes da presença de metastização cerebral evidenciaram-se as cefaleias e as alterações sensitivas. Todos os doentes foram referenciados para REC por metástase cerebral única confirmada por ressonância mag-nética nuclear. A metastização cerebral não foi apresentação inicial em nenhum dos doentes e o tempo médio do diagnóstico até a REC foi de 14.2 meses. 50% dos doentes tiveram resolução imediata da clínica após a REC, sendo que os restantes apresentaram resposta a terapêutica, mas sem resolução completa. A complicação mais frequente foram as convulsões verificadas durante a redução da corticoterapia. A sobrevivência mediana pós REC foi de 5,7 meses e a global foi de 21,8 meses. Conclusões: A RCE é uma opção terapêutica recente no tratamento de metástases cerebrais, que se apresenta vantajosa, comparati-vamente com a irradiação holocraniana, pelo fato de minimizar os efeitos secundários decorrentes da irradiação cerebral. A seleção dos doentes deve ser criteriosa. Neste estudo, verificou-se que o tempo médiodecorrido entre o diagnóstico e a RCE foi superior ao descrito na literatura, o que se atribui ao limitado número de doen-tes incluídos e também à pequena percentagem de doentes com CPPC. Dos resultados, salienta-se ainda quedada a possibilidade de complicações decorrentes de ajustes terapêuticos, deve ser dada especial atenção ao follow up destes doentes, no período pós RCE, com vista a minimizar estes episódios.

Palavras-chave: Cancro. Radiocirurgia. Metastases cerebrais.

PO27. AVALIAÇÃO DE UMA CURTA SÉRIE DE DOENTES SUBMETIDOS A RADIOTERAPIA ESTEREOTÁCICA PULMONAR

J. Cordeiro da Costa1, A. Antunes1, S. Campainha1, S. Conde1, B. Parente1, P. Costa2, T. Figueiredo3, A. Barroso1

1Centro Hospitalar de Gaia/Espinho. 2Instituto CUF. 3IPO Porto.

Introdução: A radioterapia estereotácica (SBRT) está indicada em casos de doentes com neoplasia pulmonar em estadio precoce e com risco cirúrgico elevado. A literatura existente evidencia um controlo do tumor primário e uma sobrevida relacionada com a neo-

plasia após radioterapia estereotácica comparável com a ressecção sublobar. Objectivos: Analisar o perfil dos doentes submetidos a SBRT por neoplasia pulmonar numa Unidade de Pneumologia Oncológica e o tempo para progressão.Material e métodos: Estudo descritivo retrospetivo. Foram recol-hidos dados de todos os doentes de uma Unidade de Pneumologia Oncológica submetidos a SBRT. Foi efetuada uma caracterização demográfica (género e idade), do tipo histológico de neoplasia, do estadiamento, do Performance Status e avaliado o tempo de segui-mento (TS) e de progressão da doença (TPP). Resultados: O n foi 7 doentes (homens); a média de idades foi 77,7 anos (s = 7,52); 1 indivíduo era fumador, todos os outros eram ex-fumadores; a carga tabágica média foi 45,7 UMA (s = 15,9); os Per-formance Status foram entre 0-1; o tipo histológico mais frequente foi o adenocarcinoma (6/7, o restante era epidermóide); as locali-zações foram o lobo superior direito (n = 3), inferior esquerdo (n = 3) e superior esquerdo (n = 1); cinco doentes estavam no estadio IA e dois no estadio IB; o motivo mais frequente de recusa cirúrgica foi a má reserva respiratória. Um doente ainda está a terminar o tra-tamento; dos 6 restantes, apenas o doente com a lesão de maiores dimensões (4,3 cm maior eixo) apresentou progressão (TPP 3,6 me-ses; lesão periférica); 1 faleceu por motivos não relacionados com a neoplasia (aos 6,3 meses de seguimento; 3,6 cm maior eixo; lesão central) e os restantes 4 apresentam ainda doença estável (TS de 2,5 meses [1,8 cm maior eixo; lesão periférica], 3,4 meses [2,5 cm maior eixo; lesão periférica], 11,2 meses [1,9cm maior eixo; lesão periférica] e 12,7 meses [1,1cm maior eixo; lesão periférica]). Conclusões: A SBRT permite um grande poder de controlo local. A mediana do tamanho das lesões na literatura que avalia a técnica é < 3 cm, sendo mais frequentemente utilizada em lesões até 5 cm. O único doente da nossa série que progrediu tinha uma lesão com 4,3 cm, o que levanta a questão da inclusão de lesões de maio-res dimensões. O presente estudo está limitado pela dimensão da amostra, permitindo no entanto levantar a hipótese de uma maior rentabilidade clinicamente significativa em relação com a dimensão da lesão. Uma avaliação da eficácia e uma avaliação económica completa da técnica, relacionadas com a dimensão do tumor de-verão ser priorizadas em estudos futuros.

Palavras-chave: Cancro. Radioterapia. Estereotácica.

PO28. CARCINÓIDES PULMONARES TÍPICOS SÍNCRONOS, MÚLTIPLOS E BILATERAIS

V. Santos1, N. Melo1, C. Souto Moura2, G. Fernandes3

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Anatomia Patológica, Faculdade de Medicina da Universidade; 3Serviço de Pneumologia, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto.

Introdução: Os carcinóides pulmonares são neoplasias neuroendó-crinas pouco frequentes. A ocorrência de carcinóides síncronos e bilaterais é extremamente rara. Em 25% dos casos estão localizados no aparelho respiratório, sendo responsáveis por 1-2% de todas as neoplasias pulmonares. Cerca de 80% de todos os carcinóides são típicos. Existe um maior risco de aparecimento de carcinóides em doentes com neoplasias endócrinas múltiplas (MEN1). Resultados: Doente de 67 anos, sexo feminino, reformada, com antecedentes de tuberculose pulmonar, carcinoma espinocelular invasor do útero e lesões de carcinoma in situ submetida a histe-rectomia e radioterapia há 13 anos, esteatose hepática, dislipi-demia e HTA. Não fumadora. Medicada com irbesartan/hidroclo-rotiazida e sinvastatina. Referenciada a consulta de Pneumologia por tosse seca com um ano de evolução, associada a dispneia para médios esforços e pieira. Sem alterações relevantes no exame ob-jectivo. Estudo funcional respiratório e analítico sem alterações. Radiografia torácica sem alterações. TC tórax revelou presença de

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múltiplos nódulos bilaterais, de limites bem definidos, suspeitos de metastização. Efectuou biopsia pulmonar transtorácica (BPT) a nódulo no lobo médio, cuja histologia revelou neoplasia epite-lial com expressão de marcadores neuroendócrinos (sinaptofisina e cromogranina), com TTF1 positiva, não sendo possível o diag-nóstico diferencial entre carcinóide e adenocarcinoma tipo fetal. Posteriormente, foi efectuada BPT a nódulo no lobo inferior direi-to cuja histologia mostrou neoplasia de padrão fusocelular, com-patível com carcinóide típico, imunohistoquímica com marcação para cromogranina, sinaptofisina, CD56 e AE1/AE3. Cromogranina A sérica normal. Broncofibroscopia sem lesões endobrônquicas, citologia de lavado brônquico e broncoalveolar negativa para ma-lignidade. Efectuou cintigrafia de receptores da somatostatina que revelou imagem de hiperfixação do radiofármaco com loca-lização cefalopancreática e 68Ga-DOTATOC-PET com hiperfixação na projecção do rochedo do osso temporal esquerdo, alterações não confirmadas por exames subsequentes. Foram excluídas neo-plasias de outros órgãos. Pela multiplicidade de lesões não foi possível tratamento cirúrgico, mantendo vigilância clínica e ra-diológica. Após 18 meses de vigilância, mantém-se assintomática do ponto de vista respiratório, não se verificando crescimento dos nódulos pulmonares. Conclusões: Nesta doente, após exclusão de outra neoplasia, foi estabelecido o diagnóstico de carcinóides múltiplos síncronos, com evolução clínica favorável. Realça-se a raridade do caso, pois os tu-mores carcinóides pulmonares raramente têm atingimento síncrono e bilateral, existindo apenas quatro referências alusivas a casos clínicos semelhantes. O tratamento preferencial é o tratamento cirúrgico, nem sempre possível.

Palavras-chave: Carcinóides pulmonares. Carcinóides típicos síncronos. Carcinóides múltiplos e bilaterais.

PO29. LOCALIZAÇÃO RARA DE METÁSTASE DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE DO PULMÃO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

R. Linhas, A. Antunes, M. Dias, A. Barroso

Pneumologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: O cancro do pulmão é a causa mais frequente de morte por cancro. Cerca de 50% dos carcinomas do pulmão apresentam metástases à distância na altura do diagnóstico. As metástases do cólon/pericólicas são raras e muito excecionalmente sintomáticas. Os autores apresentam um caso de um carcinoma epidermóide do pulmão que se manifestou por sintomas intestinais. Caso clínico: Doente do sexo masculino, 63 anos, autónomo nas atividades de vida diária. Pescador reformado. Fumador dos 15 aos 52 anos-55 UMA. Em maio de 2013 iniciou sintomas de obsti-pação seguidos de rectorragias que manteve durante 3 meses até procurar assistência hospitalar em hospital privado. Realizou co-lonoscopia que mostrou abaulamento do cólon sigmóide. A biópsia desta lesão mostrou fragmentos de mucosa cólica com invasão extrínseca por neoplasia de padrão pavimentóide de células de citoplasma clarificado e positividade intensa para CK7. Apesar de não conclusivos estes achados apontavam para neoplasia primária do pulmão. Efetuou TC toracoabdominal que mostrou duas massas neoformativas nos segmentos superior e posterior do lobo pulmo-nar inferior direito e adenopatias subcarinal e paratraqueais. Pos-teriormente realizou bióspia aspirativa trans-torácica, que mos-trou tratar-se de carcinoma epidermóide do pulmão; CK7 e p53 positivos. A PET revelou captação numa volumosa massa pulmonar direita justamediastínica e justavertebral com invasão do medias-tino posterior, traqueia e região subcarínica; intensa captação em volumosa massa no cólon sigmóide e recto. Efetuou ainda TC cerebral, sem evidência de lesões secundárias. Orientado para consulta de Pneumologia Oncológica no CHVNG/E. Realizou bron-cofibroscopia que mostrou compressão extrínseca da porção ter-

minal da traqueia e do brônquio principal direito. Após discussão do caso em reunião de Oncologia Médica foi assumido como diag-nóstico definitivo carcinoma epidermóide do pulmão em estadio IV. Mutação EFGR negativa. Foi incluído no ensaio clínico IDEATE (carboplatina, paclitaxel e ipilimumab) tendo completado 2 ciclos de quimioterapia com carboplatina e paclitaxel com progressão por crescimento da metástase pericólica. Na TC de avaliação dos 2 ciclos constatou-se TEP que levou ao início de hipocoagulação. Posteriormente iniciou retorragias de difícil controlo acabando por efetuar radioterapia paliativa da metástase pericólica. Ini-ciou 2ª linha de quimioterapia com gemcitabina, mas registou-se o óbito no decurso do 1º ciclo.Discussão: Este caso clínico descreve uma ocorrência rara de me-tástase pericólica sintomática de um carcinoma primário do pul-mão. Na literatura as metástases gastrointestinais sintomáticas em doentes com cancro do pulmão estão habitualmente associadas a um mau prognóstico, tal como se verificou neste caso.

Palavras-chave: Metástase pericólica. Carcinoma primário do pulmão. Carcinoma epidermoide.

PO30. JOVEM COM TROMBOEMBOLISMO PULMONAR-CASO CLÍNICO

M.M. Sala

Hospital Santa Maria.

Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) é a obstrução da artéria pulmonar ou de um dos seus ramos por um trombo originá-rio, na maioria das vezes, do território venoso. Pode ser agudo ou crónico; na maioria das vezes a instalação é súbita. Sessenta e cin-co a 90% dos episódios originam-se no sistema venoso profundo dos membros inferiores. A principal manifestação clínica é a dispneia de início súbito. Caso clínico: Mulher de 27 anos, fumadora de 10 UMA, professora de educação física, com antecedentes de cólica renal recidivante à direita por litíase e insuficiência venosa dos membros inferio-res. Medicada apenas com anticonceptivos orais. Em Setembro de 2013, inicia subitamente toracalgia pleurítica intensa, associada a cervicalgia e lombalgia homolateral. Nega febre, tosse, expecto-ração. Recorre à urgência, é avaliada e tem alta com analgésicos e anti-inflamatórios. Após seis dias no domicílio, nota agravamento da toracalgia, instalação de tosse e expectoração hemoptóica. Vol-ta a recorrer à urgência e é internada. Na admissão: consciente, hidratada, cianose labial, Fr: 22 ciclos/mn, PA: 120/56 mmHg, FC: 72 bat/min, SpO2 (FiO2 21%): 94%, AC: S1+S2 rítmicos, AP: MV di-minuído na base direita e fervores crepitantes bi-basais, membros inferiores com insuficiência venosa ligeira e sem sinais de trombo-se venosa. Laboratorialmente: Hg: 13,1 g/dl, PCR: 0,5 mg/dl, D-Dímeros: 0,56 µg/ml, ureia: 36 mg/dl,creatinina: 0,7 mg/dl, TGO: 25U/L. Gasometria arterial (FiO2: 21%): pH: 7,46, PaCO2: 34 mmHg, PaO2: 74 mmHg, HCO3: 25 mmol/L, SatO2: 92%. Telerradiografia do tórax: sem alterações. Foi colocado o diagnóstico provisório de TEP e é iniciada terapêutica com heparina. Da avaliação complementar realizada durante o internamento destacam-se: Laboratorialmen-te: factor V Leiden, anti-trombina III, Proteína C, Proteína S, Re-sistência à proteína C activada e anticorpos antifosfolípidos (anti-cardiolipina e anti-coagulante lúpico)-normais Eco-Doppler venoso dos membros inferiores:sem alterações. Ecocardiograma: sem al-terações. Angio-TAC tórax: sinais de tromboembolismo pulmonar nos ramos arteriais lobares e segmentares do lobo inferior à direita e envolvimento segmentar do lobo inferior à esquerda. Áreas de enfarte no lobo médio. Calibre da artéria pulmonar normal. Após a instituição da terapêutica, verificou-se melhoria clínica, negati-vação dos D-dímeros e correcção da insuficiência respiratória. O diagnóstico definitivo foi de tromboembolismo pulmonar bilateral com múltiplas áreas de enfarte pulmonar. A doente teve alta com anticoagulação oral.

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Discussão: O presente caso ilustra claramente a inespecificida-de do quadro clínico por vezes associado ao TEP. O facto de se tratar de uma mulher jovem, fumadora e sob anticonceptivos orais, com dispneia súbita, taquipneia e D-dímeros positivos, faz suspeitar fortemente do diagnóstico. As alterações gasométricas são, aparentemente, marginais, no entanto, o cálculo do gradien-te alvéolo-arterial de O2 (33 mmHg) mostra a existência de um desequilíbrio importante da relação ventilação-perfusão. A Angio-TAC torácica confirmou o diagnóstico e a anti-concepção oral foi interrompida.

Palavras-chave: Tromboembolismo pulmonar. Angio-TAC.

PO31. UNIPORTAL VIDEO-ASSISTED THORACOSCOPIC SURGERY: SINGLE CENTER INITIAL EXPERIENCE

D. Martins

Centro Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introduction: Conventional video-assisted thoracoscopic surgery (VATS) uses multiple incisions, including an access incision and seve-ral port incisions. VATS greatly reduces patient postoperative pain, chest wall paresthesia and hospital stay compared with traditional thoracotomy incisions. However, the effort to reduce even more the invasiveness of thoracic surgery is increasing in our specialty. In this context, preliminary evidence has shown that uniportal VATS represents a valuable option to perform different diagnostic and therapeutic procedures. Material and methods: We report our initial experience of uni-portal VATS to evaluate the technical feasibility and early results treating pleural diseases, mediastinal neoplasm, lung cancer and diaphragmatic hernia. Under general anaesthesia and single-lung ventilation, a VATS approach using a 2-5-cm single incision was made in the fifth intercostal space with total muscle-sparing and no rib spreading. For pneumotorax, a 10-mm 0o videothoracosco-pe, a roticulating grasper, and an endoGIA stapler were introdu-ced through the single port. Apical lung blebs were stapled, and pleurodesis was performed. For lobectomy, true anatomic hilar dissection, individual vascular and bronchial ligation, and medias-tinal lymph node dissection were performed under thoracoscopic visualization. Results: Between November 2013 and December 2013, 19 uni-portal VATS procedures (11 male and 8 female; median age, 49.0 years; range, 20 to 71) were performed. This figure represents 38% of all the thoracic surgical procedures in the study period (2 months). Of the 19 uniportal VATS, 3 patients (15.8%) had malignant diseases, and 16 patients (84.2%) had benign diseases. We performed 9 pleurectomy, 4 wedge resections, 2 lobectomy and 4 cases for other conditions (mediastinal and thoracic wall tumors and diaphragmatic hernia correction). Mean operative time was 180 ± 10 min for lobectomy and 40 ± 20 min for pleu-rectomy or wedge resection. Conversion to either 2 port VATS or minithoracotomy was necessary in 2 of the patients, often due to incomplete lung collapse or pleural adhesion. The chest drain was removed after a median of 2 days (range, 1 to 6) and median hospitalization after surgery for uniportal VATS was 4 days (range, 2 to 8). Conclusions: In our experience, uniportal VATS is nowadays per-formed in more than one third of our surgical candidates with a very low conversion rate to minithoracotomy, a very low morbidity and mortality, and, short hospitalization. As such, uniportal VATS represents a consolidated addition to the surgical armamentarium which has the potential of reducing even more the trauma of the surgical access and postoperative pain and can be reliably used in the diagnostic or therapeutic purposes.

Key words: Video-assisted thoracic surgery. Uniportal. Lung cancer.

PO32. DESNUTRIÇÃO EM DOENTES INTERNADOS NO SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA DO CHVNG/E

I. Maia1, S. Silva2, S. Xará2, T. Shiang3, T. Freitas Amaral4

1Nutricionista. 2Serviço de Nutrição e Dietética; 3Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. 4Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto.

Introdução: A desnutrição está presente em cerca de 30% dos doen-tes internados à admissão hospitalar. A avaliação do risco de des-nutrição é justificada pelo fato de esta estar associada ao aumento da morbilidade, do tempo de internamento e da mortalidade que se traduzem num aumento dos custos e diminuição da qualidade de vida. Dada a escassez de informação sobre a situação nutricional dos doentes internados em unidades de Pneumologia, o seu estudo reveste-se da maior importância. Objectivos: Caracterizar o risco de desnutrição dos doentes inter-nados no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Entidade Pública Empresarial. Material e métodos: Realizou-se um estudo descritivo no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espin-ho, Entidade Pública Empresarial, tendo sido incluídos os doentes admitidos no internamento deste Serviço entre fevereiro e julho e entre setembro e novembro de 2013 que tinham idade igual ou superior a 18 anos. Avaliaram-se características sociodemográficas, o motivo de admissão e o risco de desnutrição através da aplicação do Malnutrition Universal Screening Tool. Resultados: A amostra compreende 545 doentes, a maioria do sexo masculino (67,3%), com uma média de idade de 63,4 (± 16,2) anos. Destes doentes, 15% apresentavam risco elevado e 14,7% risco moderado de desnutrição. A patologia que mais frequentemente motivou o internamento foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (24,4%). Nos doentes com risco de desnutrição elevado, os motivos de admissão mais representativos foram a Doença Pulmonar Obs-trutiva Crónica (25,6%) e o Cancro do Pulmão (22,3%). Nos doentes que apresentavam risco de desnutrição moderado, observaram-se igualmente os mesmos motivos de admissão como os mais represen-tativos (23,8% e 20%, respetivamente). Conclusões: Os doentes internados no Serviço de Pneumologia apresentavam uma frequência considerável de risco de desnutrição elevado (15,0%), sendo que os doentes com Doença Pulmonar Obs-trutiva Crónica e com Cancro do Pulmão foram os que apresenta-ram maior risco de desnutrição. Estes resultados reforçam a impor-tância de realização da avaliação do risco de desnutrição a todos os doentes internados, na perspetiva de uma atuação precoce.

Palavras-chave: Desnutrição. Risco nutricional.

PO33. IMPACTO DAS COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO TRANSPLANTE PULMONAR NA QUALIDADE DE VIDA E NO ESTADO FUNCIONAL DOS DOENTES

A.V. Cardoso1, H. Novais e Bastos1-3, C. Damas1

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, Porto. 2Instituto de Investigação das Ciências da Vida e da Saúde (ICVS), Escola de Ciências da Saúde, Universidade do Minho. 3ICVS/3B’s-PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães.

Introdução: O transplante pulmonar (TP) é uma opção terapêutica a ponderar em doentes com patologia pulmonar não maligna em es-tádio terminal. Num grupo seleccionado de doentes, o transplante prolonga a sobrevida e melhora a qualidade de vida. No entanto, está também associado a complicações que podem causar uma ele-vada morbilidade. Objectivos: Avaliar o impacto das complicações associadas ao TP na qualidade de vida, na limitação física e na ansiedade/depressão dos doentes transplantados.

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Material e métodos: Estudo retrospectivo dos doentes transplanta-dos seguidos em Consulta de TP do Centro Hospitalar de São João. Análise das complicações relacionadas com o TP e da sua correlação com a qualidade de vida, a limitação física para as atividades de vida diária e a ansiedade/depressão, avaliadas, respetivamente, através da aplicação do questionário Medical Outcomes Study Short Form-36 (SF-36), da escala London Chest Activity of Daily Living (LCADL) e pela Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). A aná-lise estatística foi efetuada com o SPSS statistics 19. Resultados: Em Janeiro de 2014 eram seguidos na Consulta de TP 35 doentes. Destes foram incluídos 30 [homens: 19 (63,3%); idade média: 48,4 ± 12,3 anos; transplantes uni/bilaterais: 19 (63,3%)/11 (36,7%)]. As complicações mais frequentes foram: os-teoporose – 14 (46,7%), infeção por CMV – 12 (40%), disfunção renal – 10 (33,3%), dislipidemia – 10 (33,3%), HTA – 9 (30%) e re-jeição aguda – 9 (30%). A síndrome de bronquiolite obliterante ocorreu em 1 doente (3,3%). Verificou-se uma correlação negativa entre o número de complicações e a qualidade de vida pelo SF-36 nos domínios da dor física (r = -0,36; p = 0,04), da vitalidade (r = -0,37; p = 0,04), do desempenho emocional (r = -0,37; p = 0,04) e da saúde mental (r = -0,39; p = 0,03). Não foi estabelecida associação significativa com os restantes quatro domínios do SF-36. Em relação ao estado funcional dos doentes, observou-se uma correlação positiva entre as complicações e a limitação física no domínio do cuidado pessoal da LCADL (r = 0,45; p = 0,01), não se verificando essa associação com os outros domínios nem com score total da LCADL. A ansiedade e a depressão não se correlacionaram com as complicações. Conclusões: As complicações associadas ao transplante pulmo-nar contribuem para a diminuição da qualidade de vida e para o aumento da limitação física dos doentes transplantados. Contudo, na população estudada, o seu papel não foi determinante, apresen-tando apenas associações moderadas a baixas com alguns dos do-mínios do SF-36 e da LCADL, sugerindo que existem outros fatores importantes a influenciar estas variáveis.

Palavras-chave: Transplante pulmonar. Complicações. Qualidade de vida. Limitação física.

PO34. PÓLIPOS DAS CORDAS VOCAIS: UMA CAUSA RARA DE SÍNCOPE?

M. Dias1, J. Almeida1, T. Bernardo2, A. Antunes1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Otorrinolaringologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: A síncope é frequentemente causada por patologia cardíaca ou vasomotora. No entanto, existem outras causas que, embora menos frequentes, não devem ser negligenciadas. Caso clínico: Sexo masculino, 77 anos, sapateiro reformado, fu-mador (65 UMA). Antecedentes de hipertensão arterial e dislipi-demia, sem patologia pulmonar conhecida. Em Março de 2012, recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por síncope. Sem sintomas respiratórios, sem palpitações, sem sintomas constitucionais. Já tinha tido dois episódios semelhantes no passado mas não tinha recorrido ao médico. No SU apresentava-se normotenso, normocárdico, normoglicémico, apirético, SatO2: 95%, sem al-terações neurológicas, auscultação cardiopulmonar normal. O electrocardiograma, a tomografia cerebral e o estudo analítico não revelaram alterações. Realizou angiotomografia pulmonar que revelou nódulo pulmonar no lobo superior esquerdo, sen-do orientado para a consulta de Pneumologia Oncológica. Em ambulatório realizou um holter sem alterações. Realizou bron-cofibroscopia para estudo da lesão pulmonar que mostrou volu-moso pólipo pediculado e móvel na comissura anterior da corda vocal direita, entrando com facilidade para a fenda glótica, sem outras alterações. Citologia do lavado brônquico negativa para células malignas. Foi pedida colaboração de otorrinolaringologia

que optou pela realização de biópsia excisional da lesão polipói-de. O exame histológico revelou mucosa laríngea com epitélio pavimentoso estratificado sem alterações e córion com edemas e alguns vasos congestionados, sem sinais de malignidade. O doente mantém-se em seguimento por Pneumologia pelo nódulo pulmonar que se mantém estável. Diminuiu os hábitos tabágicos para evitar recidiva da lesão nas cordas vocais. Não teve novos episódios de síncope. Discussão: Os pólipos das cordas vocais são uma entidade benigna, mas pode cursar com morbilidade importante. Neste caso clínico, o doente apresentava um pólipo de grandes dimensões das cor-das vocais que condicionava uma obstrução quase completa da via aérea superior. Essa obstrução pode ser, ocasionalmente, completa e consequentemente causar uma diminuição transitória da oxige-nação cerebral, provocando uma síncope. Após excluída patologia cardiocirculatória e realizada a excisão do pólipo, o doente não vol-tou a ter episódios de síncope. Nestes casos, é também importante o aconselhamento sobre a importância da desabituação tabágica para evitar recidivas.

Palavras-chave: Pólipos das cordas vocais. Síncope. Obstrução vias aéreas.

PO35. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR – MAIS UM DISFARCE, A PROPÓSITO DE UM CASO

L. Meira1, I. Gomes1, J. Rema2, M. Vaz1, I. Barbosa2

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar S. João.

Introdução: O diagnóstico do tromboembolismo pulmonar (TEP) constitui um desafio devido às múltiplas apresentações possíveis, podendo simular várias entidades nosológicas. Apresentação de caso de TEP num doente internado no Serviço de Medicina Interna, de diagnóstico dificultado pela apresentação sugestiva de infecção não controlada. Caso clínico: Homem de 57 anos, fumador, com múltiplas co-mor-bilidades (hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 insulinotra-tado com nefropatia em hemodiálise, insuficiência cardíaca grave, insuficiências mitral e tricúspide ligeiras e hepatopatia crónica). Foi internado no Serviço de Medicina Interna com o diagnóstico de pneumonia adquirida na comunidade (PAC), após transferência do Hospital da Póvoa de Varzim onde recorreu por dor pleurítica no hemitorax esquerdo, tosse e expetoração mucosa, com uma sema-na de evolução após queda no domicílio. À admissão: hemodina-micamente estável, edemas periféricos ligeiros, simétricos, sem dispneia ou sinais de dificuldade respiratória, radiografia torácica com imagem de derrame pleural (DP) direito e hipotransparência à esquerda. Analiticamente, apresentava elevação dos parâmetros inflamatórios. A gasometria arterial revelava hipoxemia (PaO2 – 61 mmHg), com normocapnia (PaCO2 – 42 mmHg). Iniciou azitromicina e ceftriaxone, tendo-se escalado a antibioterapia para vancomicina e imipenem por resposta precária à inicial, verificando-se melhoria transitória dos parâmetros de infecção. Contudo, por aumento do derrame pleural, foram realizadas toracocenteses, para diagnóstico e alívio, que revelaram exsudado sem evidência de malignidade ou isolamentos microbiológicos. A biópsia pleural sugeriu pleurite aguda fibrinóide em organização. Por nova elevação dos parâmetros inflamatórios, sem melhoria radiológica, realizou TC torácica que demonstrou derrame pleural de pequeno volume bilateralmente, multisseptado, com captação dos folhetos pleurais à direita suge-rindo exsudado e com infiltrados pulmonares bilaterais, aparen-tando pneumonia necrotizante com cavitação importante no lobo inferior direito. Após reavaliação das imagens, e porque o exame tinha sido realizado com contraste (ainda que não angio-TC), foram identificadas imagens endovasculares compatíveis com êmbolos das artérias pulmonares bilateralmente, nomeadamente na área de cavitação, correspondendo a enfarte pulmonar extenso. O doente

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iniciou heparina de baixo peso molecular em dose ajustada às suas co-morbilidades. Discussão: A apresentação mais insidiosa, sem o “típico” quadro de “distress” respiratório e cardiovascular, a par da tosse e da dor pleurítica, contribuíram para que a clínica fosse inicialmente atri-buída a PAC e à queda. Contudo, “a posteriori” é possível enten-der que a constelação de sinais e sintomas, bem como o quadro laboratorial e imagiológico podiam desde o início dever-se ao TEP importante, pelo que o índice de suspeita deve ser sempre elevado para que o tratamento dirigido seja precoce.

Palavras-chave: Tromboembolismo pulmonar. Diagnóstico dife-rencial.

PO36. ESTENOSE DAS VEIAS PULMONARES APÓS ABLAÇÃO DE FIBRILHAÇÃO AURICULAR – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO

A.V. Cardoso1, P. Caetano Moura1,2, N. Melo1, J. Campos3, R. Mota Garcia1, C. Souto Moura2,4, J.M. Jesus5, A. Morais1,2,

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. 3Serviço de Cardiologia; 4Serviço de Anatomia Patológica; 5Serviço de Radiologia. Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto.

Introdução: A estenose das veias pulmonares (EVP) é uma com-plicação rara (incidência inferior a 3%) do isolamento das veias pulmonares por radiofrequência durante a ablação da fibrilhação auricular (FA). Apenas uma minoria dos doentes apresenta sinto-mas, os quais são variáveis de acordo com extensão, distribuição e gravidade da EVP. Caso clínico: Homem caucasiano de 59 anos, com FA persistente, recorrente e sintomática, de difícil controlo, que foi submetido a ablação percutânea de FA com isolamento circunferencial das veias pulmonares por radiofrequência. Sem recorrência clínica ou registo de episódios assintomáticos de FA. Contudo, cerca de 6 meses após, o doente inicia dispneia e tosse seca associadas ao esforço. O Holter, a prova de esforço e o ECG não revelaram alterações, observando-se uma dilatação ligeira da AE no eco-cardiograma. A angioTC cardíaca revelou oclusão da veia pulmo-nar inferior esquerda (VPIE) e estenose grave da veia pulmonar superior esquerda (VPSE), pelo que se manteve hipocoagulado. Após episódio de hemoptises, realizou TCAR torácica que revelou consolidações e opacidades em vidro despolido bilaterais. A BFC com LBA para estudo celular e biopsia transtorácica realizadas não permitiram estabelecer um diagnóstico preciso. Entretanto, verificou- se um agravamento clínico e imagiológico com maior extensão das zonas em vidro despolido e progressão da estenose da VPSE para suboclusão. Foi submetido a lobectomia inferior es-querda e plastia da VPSE com retalho de pericárdio bovino, após falência da dilatação percutânea dessa suboclusão. A avaliação anátomo-patológica do LIE revelou achados compatíveis com hi-pertensão pulmonar pulmonar (grau II na escala de Heath and Edwards) e congestão venosa crónica por EVP. Após um mês de evolução clínica favorável, re-iniciou dispneia de esforço e tosse. A angioTC torácica revelou re-oclusão da VPSE e a cintigrafia pul-monar quantificou uma perfusão pulmonar esquerda < 6%. Aten-dendo à evolução e gravidade do quadro nesta fase optou-se por pedir colaboração a um Centro de Referência de Cardiologia de Intervenção para orientação terapêutica. Discussão: O caso apresentado exemplifica e alerta para a oco-rrência de EVP de extrema gravidade num doente com história de ablação de FA, para além da considerável complexidade em torno da sua apresentação clínica e imagiológica, bem como abordagem terapêutica.

Palavras-chave: Estenose das veias pulmonares. Ablação da fibrilhação auricular. Dispneia de esforço. Hemoptises.

PO37. OXIGENOTERAPIA EM ADULTOS INTERNADOS: AUDITORIA NUMA ENFERMARIA MÉDICA DE UM HOSPITAL CENTRAL

A.L. Vieira, D. Alves, B. Fernandes, J. Cunha

Serviço de Pneumologia, Hospital de Braga.

Introdução: A oxigenoterapia é uma prática comum nos hospitais, principalmente nas enfermarias médicas. A prescrição de oxigénio deve respeitar indicações, doses e modos de administração e moni-torização particulares. A literatura aponta para práticas inadequa-das nos procedimentos de oxigenoterapia. Objectivos: Com o objetivo de identificar procedimentos incorre-tos e planear estratégias de melhoria, procedeu-se a uma audito-ria clínica, comparando-se as práticas de oxigenoterapia com as recomendações da British Thoracic Society (Guideline for oxygen emergency use in adult patients). Material e métodos: Selecionou-se uma quinta-feira aleatória numa enfermaria médica de um hospital central. Incluíram-se doentes com administração ou prescrição médica de oxigénio. Excluíram-se doentes com oxigenoterapia por ventilação não- invasiva ou admi-tidos nas últimas 24 horas. Os profissionais de saúde desconheciam a realização da auditoria. Resultados: Obteve-se uma amostra válida de 35 doentes, aos cuidados de Cardiologia (37,1%), Pneumologia (34,3%) e Medicina Interna (28,6%), principalmente do género masculino (74,3%) e idade média de 64,6 ± 16,6 anos, com moda de 54 e mediana de 66. Apesar da prescrição de oxigenoterapia em 45,7% dos doen-tes, apenas 42,9% se encontrava com oxigenoterapia suplementar. A administração por enfermagem foi concordante com a prescrição digital em apenas 62,9% dos episódios. O oxigénio foi maioritaria-mente prescrito como contínuo (53,3%), versus em SOS, no entanto, sem monitorização contínua. O principal motivo de prescrição e administração de oxigénio revelou-se a insuficiência respiratória hipercápnica (42,9%), seguido da insuficiência respiratória hipoxé-mica (28,6%). Aproximadamente dois terços dos doentes incluídos encontravam-se em risco de insuficiência respiratória hipercápni-ca. Relativamente a este subgrupo de doentes, apenas 18,2% tinha prescrição médica de oxigenoterapia para objetivo de intervalo de saturação apropriado e 58,3% encontrava-se com saturações peri-féricas superiores ao recomendado. A administração de oxigénio foi concordante com a prescrição em apenas 25%. Menos de metade (43,8%) dos episódios auditados se encontrava de acordo com as re-comendações acima referidas, principalmente devido a prescrições incompletas de oxigenoterapia. Salienta-se que em 84,6% das pres-crições o objetivo de intervalo de saturação não era apropriado ou não havia informação relativa a saturação-alvo. Além disso, destaca-se que 11,4% dos doentes se encontrava com saturações periféricas inferiores ao recomendado. Conclusões: Este trabalho demonstrou que, apesar de comum, a oxigenoterapia continua a não ser praticada de acordo com as re-comendações. Assim, estabeleceu-se a necessidade de formação adicional a profissionais de saúde, de implementação de protocolos relativos a procedimentos de oxigenoterapia e de ajustes nas apli-cações informáticas do hospital. Proceder-se-á a uma reauditoria clínica de modo a avaliar o benefício destas iniciativas.

Palavras-chave: Auditoria clínica. Oxigenoterapia.

PO38. IMPACTO DAS BRONQUIECTASIAS NOS REINTERNAMENTOS NUM SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA

D. Coutinho, M.J. Oliveira, D. Vaz, M. Dias, M.C. Brito, T. Shiang

Serviço de Pneumologia, CHVNG/E.

Introdução: Apesar de se ter observado uma diminuição progressiva da incidência de bronquiectasias, a sua presença nos doentes inter-nados em serviços de Pneumologia continua a ser muito elevada. As

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bronquiectasias, associadas ou não a outra patologia, representam um importante desafio na nossa prática clínica, pelo que se torna fundamental perceber melhor de que modo esta patologia influen-cia o internamento dos doentes com patologia pulmonar. Objectivos: Verificar o impacto das bronquiectasias e de outros fatores no reinternamento de doentes com doença obstrutiva das vias aéreas. Material e métodos: Trata-se de um estudo retrospetivo, baseado nos registos informáticos de todos os doentes internados num ser-viço de Pneumologia com o diagnóstico primário de exacerbação de doença obstrutiva das vias aéreas entre Maio de 2010 e Dezembro de 2012. Os dados colhidos incluem variáveis sociodemográficas, hábitos tabágicos, provas de função respiratória, oxigenoterapia ou ventilação não invasiva domiciliária prévia, comorbilidades e mortalidade. O modelo de regressão de Cox foi usado para analisar a influência destas variáveis na taxa de reinternamento. Resultados: Foram incluídos 177 doentes neste estudo (153 doen-tes com DPOC e 63 doentes com bronquiectasias, sendo que 39 destes doentes apresentavam as duas patologias). A idade média era de 68,9 ± 13,2 anos, 80,2% eram homens e 70,6% apresenta-vam história de hábitos tabágicos (27,1% eram fumadores activos). Mais de metade (53,7%) apresentava-se sob oxigenoterapia de lon-ga duração (OLD). A patologia cardiovascular estava presente em 36,2% dos casos. A taxa de mortalidade anual foi de 18,6%. A taxa de reinternamento precoce (< 30 dias após data de alta) foi de 7,3%, enquanto que a taxa de reinternamento ao ano foi de 43,5%. A população foi dividida em dois grupos, com e sem bronquiecta-sias. Os doentes com bronquiectasias (n = 63) revelaram um risco aumentado de reinternamento (p = 0,017; OR = 9,60). Na análise univariada, verificou-se nestes mesmos doentes a presença de uma associação estatisticamente significativa entre reinternamento e OLD (p = 0,008), antecedentes de patologia cardiovascular (p = 0,017) e mortalidade global (p = 0,004). Os restantes doentes (n = 114) revelaram apenas uma associação entre reinternamentos e mortalidade global (p = 0,013). Apenas a variável OLD (p = 0,003; HR = 3,95) manteve valor prognóstico na análise multivariada. Conclusões: As bronquiectasias estão associadas a um risco aumen-tado de reinternamento hospitalar. Nestes doentes verificamos que a necessidade de OLD é o principal preditor de reinternamento.

Palavras-chave: Bronquiectasias. DPOC. Reinternamentos.

PO39. PAPEL DAS COMORBILIDADES NOS INTERNAMENTOS POR AGUDIZAÇÃO DE ASMA EM PORTUGAL CONTINENTAL (2010-2012)

L. Nascimento1, L. Ribeiro1, T. Calvo1, M.J. Silvestre1, R. Silva2, C. Pinto1, A. Fernandes1, A. Afonso1

1Pneumologia; 2Imunoalergologia, CHTMAD Vila Real.

Introdução: A asma é uma doença respiratória crónica cuja pre-valência continua a aumentar tornando-a, portanto, um problema de saúde pública a nível mundial. O número de internamentos por asma em Portugal tem vindo progressivamente a diminuir possivel-mente pelo melhor controlo dos doentes, dos estímulos exacerba-dores e das comorbilidades associadas. Objectivos: Identificação das comorbilidades e dos factores pre-ditivos de reinternamento e de mortalidade por asma em Portugal Continental entre 2010 e 2012.Material e métodos: Estudo retrospectivo, baseado na análise da base de dados da Administração Central dos Serviços de Saúde, dos interna-mentos hospitalares com diagnóstico principal de asma, ocorridos em Portugal continental no período compreendido entre 2010 e 2012. Resultados: Foram analisados 7814 episódios de internamento co-rrespondentes a 7.093 doentes diferentes. Verificou-se que 8,7% (n 676) dos doentes eram obesos, 6,1% (n 475) tinham insuficiência cardíaca, 5,6% (n 435) eram fumadores, 4,3% (335) tinham insufi-ciência respiratória crónica, 4% (n 313) tinham depressão e 3,98%

(n 311) tinham o diagnóstico de rinite. Apenas 1,8% (n 137) tinha sinusite e 1,7% (132) sofria de refluxo gastroesofágico. Nos doentes com mais do que um internamento no período de tempo estuda-do (n 721) verificou- se um aumento da prevalência da obesidade (12,5%), da depressão (7,8%) e da insuficiência respiratória crónica (8,5%). Os factores preditivos de reinternamento por asma foi o ta-bagismo (OR 1,708, p < 0,05) e a presença de pneumonia (OR 1,689, p < 0,05). A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 0,88% (n 69) tendo-se constatado o aumento das prevalências da insuficiência cardíaca, da pneumonia, da insuficiência respiratória crónica e da obesidade nesse grupo de doentes. Estas foram, respectivamente, de 30,4% (n 21), 15,9% (n 11), 11,6% (n 8) e 8,7% (n 6). Os preditores de mortalidade foram a insuficiência cardíaca (OR 7,026, p < 0,05), a pneumonia (OR 4,195, p < 0,05), a insuficiência respiratória cróni-ca (OR 2,975, p < 0,05) e o tabagismo (OR 2,975, p < 0,05). Conclusões: As principais comorbilidades identificadas foram a obesidade, a insuficiência cardíaca e o tabagismo tendo-se verifi-cado, genericamente, um aumento da prevalência das comorbili-dades no grupo de doentes reinternados e no grupo de doentes que faleceram. Identificamos como preditores de mortalidade por asma a insuficiência cardíaca, a presença de pneumonia, a insuficiência respiratória crónica e o tabagismo o que permite a sinalização de doentes de risco.

Palavras-chave: Asma. Portugal. Comorbilidades.

PO40. IMPACTO DA REABILITAÇÃO RESPIRATÓRIA NA QUALIDADE DE VIDA DE DOENTES COM BRONQUIECTASIAS

L. Gaspar1, P. Martins1, E. Araújo1, P. Viana1, M. van Zeller1, A. Amorim1,2, M. Borges1, F. Ribeiro3, I. Gomes1

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar São João. 2Faculdade Medicina Universidade do Porto. 3Instituto Politécnico de Saúde do Norte, Escola Superior de Saúde do Vale do Ave.

Introdução: A informação relativamente ao impacto da reabilitação pulmonar na qualidade de vida, e na função respiratória dos doen-tes com bronquiectasias é escassa.Objectivos: Avaliar o impacto de um programa de reabilitação pul-monar na qualidade de vida (QV), e na avaliação funcional e gaso-métrica em doentes com bronquiectasias.Material e métodos: Estudo prospectivo que incluiu doentes com bronquiectasias confirmadas por tomografia computorizada de alta resolução e seguidos em consulta de Pneumologia no Centro Hos-pitalar de São João. Os doentes tinham conhecimentos prévios de técnicas de mobilização de secreções e o programa de reabilitação respiratória decorreu 3x/semana, com treino em cicloergómetro e reforço muscular dos membros superiores e inferiores. Os doentes efectuaram avaliação no início e no final do programa de reabili-tação respiratória da QV através do Questionário de Saint George (SGRQ) e da função respiratória e gasométrica. Resultados: Foram incluídos 23 doentes (39,1% homens, 60,9% mulheres; idade média de 53,3 anos). O programa de reabilitação respiratória teve uma duração mediana de 12 semanas. A avaliação inicial da QV foi na avaliação global SGRQ 48,5 (sintomas – 59,2, actividade- 59,5 e impacto – 44,3), sendo que no final do programa verificou-se melhoria significativa na avaliação da QV global (p = 0,003) e das subescalas (sintomas p = 0,042; actividade p = 0,009 e impactos p = 0,026). Na avaliação inicial da avaliação funcional e gasométrica a mediana dos valores foram: CVF: 67,9, VEMS: 42, IT: 58,5 e o VR: 180. A PO2 inicial foi 69,4. Não foram encontrados resultados estatisticamente significativos na avaliação funcional.Conclusões: O programa de reabilitação respiratória condicionou melhoria significativa na qualidade de vida neste grupo de doentes com bronquiectasias. Não foi detectada melhoria significativa da função respiratória nem da avaliação gasométrica.

Palavras-chave: Reabilitação pulmonar. Bronquiectasias.

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PO41. FATORES PREDITIVOS DE MAIOR TEMPO DE INTERNAMENTO POR ASMA

L. Ribeiro1, L. Nascimento1, D. Apolinário1, C. Pinto1, R. Silva2, M.J. Silvestre1, T. Calvo1, A. Afonso1

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Imunoalergologia, CHTMAD, Vila Real.

Introdução: A asma, problema de saúde pública mundial que afe-ta aproximadamente 300 milhões de pessoas, é responsável por número elevado de internamentos, com custos diretos e indiretos elevados. Objectivos: Caracterizar internamentos por asma em adultos no Distrito de Vila Real, num período de 2 anos, identificando fatores com impacto na duração do internamento. Material e métodos: Estudo retrospetivo baseado na revisão dos processos clínicos de adultos internados de janeiro/2010 a dez-embro/2011 por exacerbação de asma nos hospitais do Distrito de Vila Real. Análise da relação entre as características demográficas e tempo de internamento (TI). Análise estatística realizada com SPSSv.20.0. Resultados: No período em estudo houve 78 internamentos por asma em idade adulta, correspondentes a 58 doentes, sendo 82,1% mul-heres. A idade média foi 56,6 ± 17,7 anos, tendo-se verificado um aumento do TI com o aumento da idade (2,9 ± 0,7 dias dos 18-25 anos vs 10,1 ± 5,3 dias nos > 75 anos, p < 0,05). O TI nas mulheres foi 8,4 ± 5,3 dias, nos homens 10,7 ± 15,8 dias (p = 0,343). O TI foi significa-tivamente superior nos doentes com doenças cardiovasculares (10,6 ± 9,6 vs 6,5 ± 5 dias, p < 0,05) mas não nos diabéticos (10,7 ± 4,3 vs 8,4 ± 8,7 dias, p = 0,343), fumadores (4,9 ± 3,4 vs 9,6 ± 8,6 dias, p = 0,078), obesos (10,5 ± 5,4 vs 8,6 ± 8,5 dias, p = 0,455) e atópicos (6,8 ± 6,8 vs 9,4 ± 8,8 dias, p = 0,338). Nos 33 doentes em que foi possível classificar a asma em intrínseca (n = 14) e extrínseca (n = 19), verificou-se maior TI nos doentes com asma intrínseca (6,7 ± 5,1 vs 13,8 ± 13,3 dias, p < 0,05). O TI nos doentes não classificados (sem registo e/ou não estudados, n = 25) foi 7,7 ± 4,4 dias, semelhante aos dos com asma extrínseca (p = 0,382), inferior ao dos com intrínseca (p < 0,05). A média de idade nos com asma extrínseca foi 48,7 ± 20,5 anos e na intrínseca 60,9 ± 11,8 anos, p < 0,05). A saturação de oxi-génio à admissão foi de 90,3 + 6,3%. O TI nos doentes com saturação de oxigénio < 91% foi de 8,1 ± 4,7 dias e nos com saturação ≥91% 8,6 ± 5,6 dias (p = 0,682). Dois doentes tiveram necessidade de ventilação, nestes o TI foi semelhante ao daqueles sem ventilação (8,5 ± 0,7 vs 8,8 ± 8,2 dias, p = 0,954). Quando divididos por degrau de tratamen-to prévio à admissão, o TI foi de 6 ± 6,3 dias no degrau 1 (n = 8), 10,8 ± 6,6 no 2 (n = 9), 7,1 ± 3,7 no 3 (n = 32), 13,6 ± 15,4 no 4 (n = 13) e 9,5 ± 15,4 no 5 (n = 4). Onze internamentos não tinham informação sobre tratamento prévio. Conclusões: Nesta amostra a idade, presença de doenças cardio-vasculares e asma intrínseca associaram -se a maior TI. Dados os custos inerentes ao prolongamento do internamento, as estraté-gias de prevenção de exacerbações devem ser reforçadas nestes indivíduos.

Palavras-chave: Asma. Internamento. Tempo.

PO42. SÍNDROME DE OVERLAP – ASMA BRÔNQUICA E SAOS

A. Silva, D. Madama, M.J. Matos

CHUC-HUC.

Introdução: Doenças pulmonares obstrutivas (DPO), como asma brônquica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são doenças muito prevalentes. A apneia obstrutiva do sono (SAOS) é também uma condição comum que apresenta interações bidire-cionais com DPO. Apesar do termo overlap ser usado com maior frequência entre SAOS e DPOC, é de salientar também a interacção entre SAOS e asma brônquica.

Objectivos: Este estudo teve por objectivo caracterizar os doentes com o diagnóstico de asma brônquica que realizaram estudo do sono, do ponto de vista epidemiológico e clínico, índice de massa corporal (IMC), bem como a abordagem terapêutica; Identificar a presença de SAOS; Avaliar os resultados após instituição da tera-pêutica. Material e métodos: Os autores apresentam um estudo retrospecti-vo que incluiu todos os doentes com o diagnóstico de asma brônqui-ca, que realizaram estudo do sono, nos últimos 3 anos, nos CHUC-HUC. Efectuou-se uma recolha de dados epidemiológicos e clínicos, IMC, parâmetros do estudo do sono (índice de apneia-hipopneia e saturações) e tratamento, sendo efectuada uma análise estatística e comparativa global. Resultados: A amostra médica era constituída por 47 doentes, dos quais 33 (70,2%) também apresentavam rinite; A maioria era do género feminino (n = 32/68%), sendo que a média de idades era de 55,65 ± 13,04 anos; O sintoma do sono mais frequente foi a roncopatia (n = 44/93,6%) e tendo em conta a escala de sonolência de Epworth, 22 (46,81%) doentes apresentavam um score superior a 10; Relativamente ao IMC, foram observados valores superio-res ao limite do normal em 42 (89,36%) dos doentes, 28 (87,5%) no género feminino e 14 (93,3%) no género masculino; 32 (68%) doentes realizaram estudo polisonográfico e os restantes estudo cardio-respiratório; Em 27 (57,4%) doentes foi diagnosticada SAOS, verificando-se uma maior prevalência no género masculino (73,3%), comparativamente com o género feminino (50%); A abordagem te-rapêutica adoptada na maioria dos doentes foi comportamental, no entanto 22 (46,81%) doentes foram submetidos a ventiloterapia com melhoria da sintomatologia. Conclusões: É frequente a associação de asma brônquica e SAOS, sendo a obesidade um factor agravante, reduzindo a qualidade de vida destes doentes. O estudo do sono pode identificar a presença da SAOS e o tratamento direccionado pode melhorar o sono e even-tualmente reduzir a necessidade de medicação para controlo da asma. Portanto, é essencial que a SAOS seja investigada em doen-tes com asma brônquica, sempre que se verificar mau controlo dos sintomas.

Palavras-chave: SAOS. Asma brônquica.

PO43. PUNÇÃO ASPIRATIVA TRANSBRÔNQUICA GUIADA POR ECOENDOSCOPIA (EBUS-TBNA) NO ESTADIAMENTO MEDIASTÍNICO DE DOENTES COM NEOPLASIAS EXTRATORÁCICAS

V. Santos1, M. Sucena1, A. Magalhães1, G. Fernandes1,2

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: A metastização ganglionar mediastínica em doentes com neoplasia extratorácica (NET) tem implicações prognósticas e terapêuticas, sendo, muitas vezes, necessário confirmar o resulta-do anatomopatológico de malignidade nas adenopatias envolvidas. A punção aspirativa transbrônquica guiada por ecoendoscopia (En-donbronchial Ultrasound-guided Transbronchial Needle Aspiration – EBUS-TBNA) pode ser útil no diagnóstico de adenopatias mediastí-nicas em doentes com NET. Objectivos: Avaliar o valor da EBUS-TBNA no diagnóstico de metas-tização ganglionar mediastínica em doentes com NET. Material e métodos: Análise retrospectiva dos registos clínicos de doentes com NET, referenciados para a Unidade de Broncologia do Centro Hospitalar de São João para realização de EBUS-TBNA entre 2009 e 2012 por suspeita de metastização ganglionar intratoráci-ca. Resultados: 189 doentes efectuaram EBUS-TBNA entre 2009 e 2012 para investigação etiológica de adenopatias mediastínicas de etio-logia desconhecida. Destes, 14,8% (n = 28) realizaram o exame por suspeita clínica de metastização de NET. 60,7% do sexo masculino

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e 39,3% do sexo feminino, com média de idades de 58,21 ± 16,3 anos. 19 apresentavam antecedentes de neoplasia, oito carcinoma colorrectal, cinco neoplasia renal, três neoplasia da mama, três neoplasia do esófago, dois neoplasia do ovário, dois neoplasia cu-tânea, um neoplasia da tiróide, um neoplasia prostática, um neo-plasia testicular e dois apresentavam metastização de neoplasia primária oculta. Em 9 doentes, o diagnóstico anatomopatológico de NET ainda não estava esclarecido. Não ocorreu nenhuma com-plicação decorrente do procedimento. Quanto aos resultados da EBUS-TBNA, em 10 doentes (35,7%) foi diagnosticada metastização ganglionar mediastínica de NET, em 13 doentes (46,4%) negativi-dade para células malignas (gânglio reactivo), um doente com en-volvimento ganglionar por tumor sarcomatóide pulmonar, em dois doença granulomatosa e em dois doentes não se obteve material representativo de adenopatia. Entre os 15 doentes em que o re-sultado foi negativo para células malignas (gânglio reactivo) ou a amostra não representativa, em dois a metastização foi confirmada por repetição da EBUS-TBNA ou vigilância clínica (falsos negativos), em 11 doentes o diagnóstico de gânglio reactivo foi confirmado por vigilância clínica e radiológica (verdadeiros negativos) e em dois doentes o diagnóstico não foi confirmado. A sensibilidade, valor preditivo negativo e a capacidade diagnóstica da EBUS-TBNA no diagnóstico de metastização intratorácica foi de 83,3%, 87,5% e 85,7%, respectivamente. Conclusões: A EBUS-TBNA é um procedimento eficaz e seguro no diagnóstico de metástases ganglionares mediastínicas em doentes com NET, devendo ser uma técnica a incluir na avaliação destes doentes.

Palavras-chave: Punção aspirativa transbrônquica guiada por ecoendoscopia (EBUS-TBNA). Estadiamento mediastínico. Neopla-sias extratorácicas.

PO44. PUNÇÃO ASPIRATIVA TRANSBRÔNQUICA GUIADA POR ECOENDOSCOPIA (EBUS-TBNA) NO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS MEDIASTÍNICAS

V. Santos1, M. Sucena1, A. Magalhães1, G. Fernandes1,2

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: A utilidade da punção aspirativa transbrônquica guiada por ecoendoscopia (Endonbronchial Ultrasound-guided Transbron-chial Needle Aspiration – EBUS-TBNA) no diagnóstico de doenças lin-foproliferativas (DLP) não está bem estabelecida. A EBUS-TBNA é uma técnica minimamente invasiva, que permite a obtenção de amostras de gânglios mediastínicos para avaliação anatomopatológica e imu-nofenotipagem que poderão ser úteis para o diagnóstico de DLP. Objectivos: Avaliar a utilidade da EBUS-TBNA no diagnóstico de DLP em doentes com adenopatias ou massas mediastínicas e suspeita clínica de DLP. Material e métodos: Análise retrospectiva dos registos clínicos de doentes com adenopatias mediastínicas referenciados para a Uni-dade de Broncologia do Centro Hospitalar de São João para a reali-zação de EBUS- TBNA entre 2009 e 2012 com suspeita de DLP. Resultados: 189 doentes efectuaram EBUS-TBNA entre 2009 e 2012 para investigação etiológica de adenopatias mediastínicas de etio-logia desconhecida. 6,9% (n = 13) realizaram o exame por suspeita de DLP. 61,5% do sexo masculino e 38,5% do sexo feminino, com mé-dia de idades de 58,4 ± 15,9 anos. Com EBUS-TBNA obtiveram-se os seguintes resultados: três doentes com DLP, dois com doença granu-lomatosa, quatro com gânglio reactivo/negatividade para células malignas, um com material inadequado e três sem material repre-sentativo da lesão. Entre os doentes em que a EBUS-TBNA mostrou gânglio reactivo, material inadequado ou não representativo (n = 8), em dois (25%) a DLP foi confirmada por outros métodos (toraco-tomia e repetição de EBUS-TBNA), em três doentes confirmou-se o diagnóstico de gânglio reactivo com vigilância clínica e radiológica

e em três as adenopatias em questão não foram investigadas por outro método. Um dos doentes com lesões não confirmadas teve diagnóstico de DLP por biopsia de gânglio periférico. Nesta amos-tra de doentes, em cinco foi estabelecido o diagnóstico de DLP. A sensibilidade, valor preditivo negativo e a precisão diagnóstica da EBUS-TBNA no diagnóstico de DLP foi de 60%, 71,4% e 61,5%, respectivamente. Conclusões: A EBUS-TBNA é um método útil e seguro na investigação de doentes com suspeita de linfoma que apresentam adenopatias mediastínicas, podendo diminuir a necessidade de exames mais in-vasivos. Deste modo, poderá ser considerada na avaliação inicial de doentes com suspeita de DLP com envolvimento mediastínico.

Palavras-chave: Punção aspirativa transbrônquica guiada por ecoendoscopia (EBUS-TBNA). Doenças linfoproliferativas medias-tínicas. Estadiamento mediastínico.

PO45. MICOBACTERIAS NÃO TUBERCULOSAS – ISOLAMENTO EM AMOSTRAS RESPIRATÓRIAS E SIGNIFICADO CLÍNICO

H. Dabó1, V. Santos1, A. Marinho1, T. Carvalho2, A. Ramos2, M. Ribeiro2, A. Amorim3

1Serviço de Pneumologia; 2Serviço de Patologia Clínica; 3Serviço de Pneumologia, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Centro Hospitalar de São João, EPE.

Introdução: As micobactérias não tuberculosas (MNT) são organis-mos ubíquos na natureza. Isolamento em amostras respiratórias coloca frequentemente desafios ao clínico. Objectivos: Identificar e avaliar a relevância clínica do isolamento das MNT e sua interpretação de acordo com os critérios ATS/IDSA. Material e métodos: Análise retrospetiva dos doentes seguidos em consulta de Pneumologia, com isolamento de MNT em pelo menos uma amostra respiratória, de Jan/08 a Dez/12. A identificação e caraterização dos doentes foram efetuadas através da revisão dos processos clínicos. Resultados: Identificaram-se 202 doentes, 118 homens (58.4%), ida-de média de 64 anos (23-89). Comorbilidades pulmonares: DPOC 73 (36%), bronquiectasias 62 (31%) e sequelas de tuberculose pulmonar (STP) 40 (20%). Outros fatores de risco: Diabetes mellitus (DM) 18 (9%), doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) 16 (8%) e tratamento imunossupressor 12 (6%). Funcionalmente, obstrução brônquica em 125 doentes (62%). Isoladas MNT em 407 amostras, e identificou-se a espécie em 378: MAC (237), M. gordonae (43), M. peregrinum (33), M. chelonae (26), M. kansasii (13), M. abscessus (12), M. scrofula-ceum (8), M. xenopi (2) e as outras 4 foram a M. malmoense, M. mycogenicum, M. lentiflavum e M. fortuitum. As MNT foram isoladas na expetoração em 192 (95%) doentes, no LB em 13 (6%), no LBA em 7 (4%), na biopsia pulmonar em 1 e no suco gástrico em 1. Número de isolamentos/ano: 2008 (52), 2009 (58), 2010 (74), 2011 (86) e 2012 (137). Dos 202 doentes, 36 (18%) iniciaram tratamento (32/89% cumpriam os critérios ATS/IDSA); 22 homens (61%), idade média de 62 anos (32-89). Comorbilidades pulmonares: DPOC 12 (33%), Bron-quiectasias 9 (25%) e STP 8 (22%). Outros fatores de risco: DRGE 3 (8%), NEP 3 (8%) e IRC 2 (6%). Obstrução brônquica em 25 doentes (69%). A radiografia do tórax mostrava maioritariamente opacidades reticulonodulares e era normal em 7 doentes (19%). Achados princi-pais na TC foram bronquiectasias, nódulos e micronódulos. As MNT tratadas foram MAC em 34 doentes (94%), M. kansasii 1 (3%) e M. xe-nopi 1 (3%). Dois doentes tratados para MAC tiveram um tratamento posterior para M. scrofulaceum e M. abscessus. Conclusões: A maioria dos doentes não cumpriu os critérios de doença pulmonar por MNT (critérios ATS/IDSA). O MAC foi o mais frequentemente isolado, e com maior relevância clínica. O aumento progressivo do número de isolamentos das MNT, provavelmente se deve ao desenvolvimento das metodologias de deteção e ao cres-cente aumento das comorbilidades respiratórias e sistémicas.

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Palavras-chave: Micobactérias não tuberculosas. Doença pulmo-nar. Mycobacterium avium complex.

PO46. FACTORES PREDITIVOS DE MORTALIDADE POR TUBERCULOSE PULMONAR EM INDIVÍDUOS SEM CO-MORBILIDADES SIGNIFICATIVAS: UM ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO

H. Novais e Bastos1-3, A. Ramos4,5, T. Carvalho4,5, G. Castro2,3, M. Saraiva2,3, J.T. Guimarães4-6

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar São João. 2Instituto de Investigação das Ciências da Vida e da Saúde (ICVS), Escola de Ciências da Saúde, Universidade do Minho. 3ICVS/3B’s-PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães. 4Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar São João. 5Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. 6Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: A tuberculose é a segunda doença infecciosa com maior taxa de mortalidade a nível global. A maioria dos estudos que anali-saram a mortalidade por tuberculose tiveram um carácter epidemio-lógico e indicaram factores de risco essencialmente sócio-demográfi-cos, que poderão não ser generalizáveis para outras populações. Objectivos: Neste trabalho pretendemos determinar quais os fac-tores clínicos preditivos de morte numa coorte de indivíduos sem co-morbilidades significativas que foram diagnosticados com tuber-culose pulmonar em contexto hospitalar. Material e métodos: Realizámos uma avaliação retrospectiva de casos diagnosticados entre 2007 e 2013 no nosso hospital. Excluí-ram-se doentes com < 18 anos, infecção HIV, imunossupressão far-macológica, Diabetes mellitus, insuficiência renal crónica nos está-dios 4 e 5, doença oncológica activa, doença auto-imune e cirrose/insuficiência hepática. Também foram excluídos os casos de tuber-culose disseminada ou exclusivamente extra-pulmonar. Nos casos seleccionados efectuou-se uma caracterização: (1) clínica, com a avaliação de uma escala de sintomas; (2) microbiológica, incluindo a positividade da baciloscopia, classificação da carga bacilar e perfil de sensibilidade aos antibióticos; (3) e radiológica, através da apli-cação de um score que classifica a gravidade das lesões pulmonares em “mínimo”, “moderado” ou “avançado”, conforme a presença e dimensão das cavitações, extensão da consolidação pulmonar ou do derrame pleural. Foi determinada a sobrevida aos 6 meses após o diagnóstico e comparam- se as características entre os grupos de sobreviventes e de óbitos. Posteriormente, efectuámos uma análise de sobrevivência pelos métodos de Kaplan-Meier e regressão de Cox para identificar os factores preditivos de mortalidade. Resultados: Entre os 188 casos de tuberculose pulmonar incluídos (73,9% do sexo masculino, idade mediana 45 anos), verificou-se uma sobrevida aos 6 meses de 89,9%. Entre os óbitos, 61,1% dos casos ocorreram nos primeiros 30 dias após o diagnóstico. Na análise uni-variada, o óbito associou-se significativamente à idade, alcoolismo, presença de dispneia, insuficiência respiratória, consolidação pul-monar bilateral, cavitação > 4 cm, existência de derrame pleural, adenopatias mediastínicas e score radiológico avançado. Porém, na análise multivariada apenas a idade (Hazard Ratio ajustado (HRa) = 1,07; IC95% 1,02-1,11), o alcoolismo (HRa = 4,33; IC95% 1,01-18,57) e o score radiológico avançado (HRa = 5,25; IC95% 1,16-23,82) se revelaram factores preditivos independentes de mortalidade. Conclusões: Os nossos resultados sugerem que em doentes imuno-competentes e sem outras co-morbilidades debilitantes, a mortali-dade na tuberculose pulmonar se associa a lesões pulmonares mais extensas, independentemente de outras variáveis, como a idade mais avançada e o alcoolismo. Uma vez que a maioria dos casos fa-tais ocorre precocemente, estes factores devem ser especialmente considerados na avaliação inicial destes doentes.

Palavras-chave: Tuberculose. Mortalidade. Factores de risco. Score radiológico.

PO47. RENTABILIDADE DIAGNÓSTICA DA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA EXPETORAÇÃO NO DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE PULMONAR NUM PERÍODO DE 10 ANOS

A. Tavares e Castro1, M. Mendes2, S. Freitas1, P. Cravo Roxo3

1Hospitais da Universidade de Coimbra–CHUC. 2Centro Hospitalar Cova da Beira. 3Centro Diagnóstico e Pneumológico de Coimbra.

Introdução: A tuberculose pulmonar (TBP) exige um diagnóstico precoce para o início atempado do tratamento e prevenção da sua transmissão. O diagnóstico definitivo é obtido pela identificação mi-crobiológica e cultural do Mycobacterium tuberculosis em amostras respiratórias, em particular da expetoração. Objectivos: Analisar a sensibilidade e rentabilidade da microscopia direta com Ziehl-Neelsen (ZN) e exame cultural com meios sólidos e líquidos no diagnóstico da TBP no Centro de Diagnóstico Pneumo-lógico (CDP) de Coimbra. Material e métodos: Entre 2004 e 2013, foram retrospectivamen-te analisados os dados de todos os pacientes submetidos à análise de 3 amostras consecutivas de expetoração no laboratório do CDP. Foram excluídos os casos de TB extrapulmonar, pleural e latente, bem como outras micobacterioses. A partir de cada amostra foram realizados: dois esfregaços com coloração ZN, um direto e um con-centrado; inoculações em meios de cultura líquido e sólido; teste de amplificação de ácidos nucleicos; e testes de suscetibilidade aos antibacilares de primeira linha. A análise estatística foi executada por SPSS Resultados: Foram analisadas as amostras de expetoração perten-centes a 697 pacientes, 65,1% homens, média de idades de 48,6 ± 18,6 anos e nacionalidade essencialmente portuguesa (96,8%). Dentro do grupo de doentes com TBP, o diagnóstico foi feito por rastreio ativo de sintomas em 90,6% dos casos, rastreio passivo de contatos em 4,5% e por rastreio passivo de outros grupos em 4,8%. A radiografia do tórax denotava lesões não-cavitadas em 158 pa-cientes (54,9%), cavitadas 99 (34,5%) e normais em 10 (3,5%). Em 21 casos (7,3%) o padrão radiográfico era desconhecido. Em 108 pacientes a análise da expetoração foi negativa (15,5%) e a doença confirmada por outros métodos microbiológicos e anátomo-pato-lógicos. Relativamente à baciloscopia, os valores de sensibilidade cumulativa de cada um dos três esfregaços foram de 24,3%, 26,4% e 28,5% para as amostras concentradas e de 19,1%, 20,1% e 22,2% para as amostras diretas. Quanto ao exame cultural, a sensibilida-des cumulativas foram de 43,3%, 51,0% e 54,9% em meio líquido e de 33,0%, 37,5% e 41,3% em meio sólido. Considerando todas as formas de análise microbiológica, as sensibilidades cumulativas de cada amostra foram de 50,7%, 59,0% e 62,5%. Conclusões: Evidenciou-se um rendimento incremental ao analisar mais do que uma amostra de expetoração, ao recorrer ao esfregaço concentrado e à cultura em meio líquido. No entanto, a sensibilida-de global foi consistentemente baixa, sugerindo a necessidade de desenvolver novas e melhores ferramentas de diagnóstico.

Palavras-chave: Tuberculose. Expetoração. Cultura. Microbiolo-gia. Microscopia. Diagnóstico.

PO48. VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA DURANTE O EXERCÍCIO EM PACIENTES COM DPOC: REVISÃO SISTEMÁTICA COM META-ANÁLISE

S. Correia1, T. Tomas2, E. Carolino2

1ResMed, Portugal. 2Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa.

Introdução: A DPOC é uma das principais causas mundiais de morbi-lidade e mortalidade, representando um problema de saúde pública devido ao elevado consumo de recursos sanitários e económicos associados. A reabilitação pulmonar é uma recomendação standard nos cuidados a estes pacientes, de forma a controlar os sintomas

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da doença e optimizar a capacidade funcional destes indivíduos, reduzindo assim os custos de saúde associados às exacerbações e limitação da actividade e participação. Contudo, em pacientes com DPOC severa o exercício físico pode ser de difícil desempenho de-vido a dispneia extrema, diminuição da força muscular e fadiga, ou inclusivé hipoxémia e dispneia durante pequenos esforços e activi-dades diárias, limitando a sua qualidade de vida. Assim, a VNI têm sido usada em combinação com o exercício, de forma a melhorar a capacidade de exercício nestes doentes, ainda que sem consenso para a sua recomendação. Objectivos: Verificar se a utilização de VNI durante o exercício é mais eficaz que exercício sem VNI, na dispneia, distância percorri-da, gasimetria e estado de saúde, em pacientes com DPOC, através de revisão sistemática e meta-análise. Material e métodos: Pesquisa sistematizada de estudos clínicos randomizados publicados entre 2002 e 2012 nas bases de dados MEDLINE, PEDro, Cochrane, Science Direct e B-On, com as pala-vras-chave “Noninvasive Ventilation”; “BiPAP”; “Pressure Support”; “Exercise”; “Rehabilitation”; “Exercise Training” e “COPD”. Apenas estudos com associação de VNI e exercício em DPOC, com medição de pelo menos dois dos parâmetros dispneia, 6MWT, SGRQ, gases arteriais ou SpO2 foram incluídos. Utilizou-se a estatística descri-tiva e o software “comprehensive meta analisys” versão 2.0 para a meta-análise. Resultados: Dos 208 estudos randomizados controlados identifica-dos, foram incluídos apenas 7. Destes, 4 possibilitaram a realização de meta- análise para PaCO2 e dispneia. 6 dos 7 estudos apontaram para maior benefício da VNI em relação ao grupo controlo. Conclusões: Verificou-se a influência positiva da VNI durante o exercício, quer em termos de respostas agudas ou crónicas ao exer-cício, em pacientes hipercapnicos e normocapnicos. independente-mente da realização de programas de treino de exercício.

Palavras-chave: Ventilação não invasiva (VNI). Exercício. Treino de exercício. Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

PO49. IMPACTO DE UM PROGRAMA DE VENTILOTERAPIA COM TELEMONITORIZAÇÃO: ANÁLISE PRELIMINAR DE UM ESTUDO ALEATORIZADO

M. Torres Redondo1, J. Moreira2, C. Freitas2, F. Pires1, A. Marinho1, M. Sucena1, T. Pinto1, M. Gonçalves1,3, M. Drummond1,3, J. Winck2,3

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de S. João. 2Linde Healthcare. 3Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: A eficácia clínica da ventilação mecânica não invasiva domiciliária (VMNId) depende de uma adequada vigilância e mo-nitorização, particularmente nas primeiras semanas de tratamen-to. Têm surgido novas ferramentas, incorporadas no software dos ventiladores, que melhoram o seguimento dos doentes sob VMNId.

Apesar da progressiva evolução tecnológica, o contributo da tele-monitorização não está ainda estabelecido. Objectivos: Avaliar os resultados preliminares da implementação de um programa de telemonitorização em doentes com Insuficiên-cia Respiratória Crónica (IRC) sob VMNId. Material e métodos: Foram incluídos doentes com IRC de diferen-tes etiologias com indicação para VMNId. No momento da 1ª adap-tação, todos os doentes foram adaptados em laboratório a pressão positiva bi-nível (A30, Philips Respironics®). Após a adaptação, os doentes foram randomizados para o Grupo de Cuidados de Teleme-dicina (TCC) ou para o Grupo dos Cuidados Usuais (UCC). Os doentes do grupo TCC foram continuamente telemonitorizados através de um sistema específico de satélite (GPRS) conectado ao ventilador com ligação a um software específico (EncoreAnywhere, Phillips Respironics®). Após os 3 meses de seguimento, todos os doentes realizaram uma poligrafia cardio-respiratória domiciliária (Alice 5, Phillips Respironics®) para controlo da eficácia da ventilação. Em ambos os grupos, foram analisados a escala de Epworth, o índice de apneia-hipopneia (IAH), a adesão, parâmetros gasométricos e funcionais. Resultados: Foram estudados 35 doentes, 51,4% do sexo masculino, com uma idade média de 64,8 ± 12,8 anos. Catorze doentes com SHO (40,0%), 8 com DPOC (22,8%), 4 com DNM (11,4%), 1 com alte-rações sequelares de tuberculose pulmonar (2,9%), 1 com Cifoes-coliose (2,9%) e 7 doentes (20,0%) com IRC de causa multifactorial. Não foram encontradas diferenças significativas nas características demográficas e clínicas entre os dois grupos no momento da ran-domização. Os doentes do grupo TCC tiveram uma adesão signifi-cativamente superior tanto na média de horas de uso (6,95 ± 1,58 vs 4,26 ± 2,99, p = 0,004) como na percentagem de dias de uso > 6 horas (74,76 ± 22,82 vs 43,32 ± 34,69, p = 0,012).Conclusões: Estes resultados preliminares sugerem que as ferra-mentas de telemonitorização melhoram a adesão e a eficácia do tratamento. Estudos que avaliem o custo-benefício destes sistemas são necessários para justificar a sua aplicação na prática clínica.

Palavras-chave: Telemonitorização. Ventilação mecânica não invasiva domiciliária.

PO50. SÍNDROME DE HIPOVENTILAÇÃO OBESIDADE COM ALTA DEPENDÊNCIA VENTILATÓRIA: A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS

T. Pinto1, A. Marinho1, M.R. Gonçalves1,2

1Unidade de Fisiopatologia e Ventilação, Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar São João, EPE. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: Está descrito que pacientes com síndrome de hipoven-tilação obesidade (SHO) apresentam uma elevada resistência da

Tabela P049

Grupo TCC (n = 19) Grupo UCC (n = 16)

Inicial Aos 3 meses p Inicial Aos 3 meses p

IPAP 19,05 ± 3,5 21,47 ± 3,6 0,07 20,81 ± 4,4 20,71 ± 5,1 0,593EPAP 7,3 ± 2,6 9,47 ± 3,4 0,02 7,86 ± 3,1 8,0 ± 2,9 0,655pH 7,41 ± 0,3 7,42 ± 0,02 0,088 7,39 ± 0,03 7,40 ± 0,2 0,683PaCO2 50,87 ± 8,8 47,29 ± 4,9 < 0,001 52,14 ± 6,5 48,04 ± 8,4 0,065PaO2 66,74 ± 14,8 67,68 ± 11,4 0,001 67,26 ± 10,5 73,47 ± 13,9 0,117HCO3 31,17 ± 4,7 30,52 ± 3,2 0,011 31,47 ± 4,2 29,3 ± 4,8 0,060FVC (%) 67,91 ± 21,9 68,03 ± 16,7 0,197 67,42 ± 22,9 69,58 ± 20,5 0,123FEV1 (%) 51,46 ± 23,5 49,96 ± 19,6 0,131 57,91 ± 28,2 50,36 ± 19,0 0,889FEV1/FVC 62,83 ± 23,1 60,08 ± 22,3 0,477 67,68 ± 16,6 58,61 ± 17,2 0,123Epworth 8,6 ± 6,1 5,47 ± 5,5 0,107 7,0 ± 6,1 5,25 ± 4,05 0,313IAH 24,47 ± 25,6 6,04 ± 6,6 0,008 34,23 ± 30,3 10,31 ± 15,22 0,017

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via aérea superior e um aumento do trabalho respiratório, devido à diminuição da compliance da caixa torácica e posicionamento desvantajoso do diafragma. Este quadro agrava durante o sono tornando-se num dos diagnósticos mais comuns para a iniciação de ventilação não invasiva (VNI) domiciliária. Apesar da total optimi-zação e adesão da VNI noturna, cerca de 25% dos indivíduos com SHO grave mantêm hipercápnia diurna e consequente necessidade de VNI diurna para controlo sintomático. Pretendemos descrever os procedimentos que permitiram a eficácia da VNI contínua em 2 doentes com SHO severo, com elevada dependência ventilatória (> 16 horas/dia). Casos clínicos: Dois pacientes do sexo feminino de 64 e 66 anos de idade e obesidade mórbida (índice de massa corporal: 67 e 56), que iniciaram suporte ventilatório noturno em 2009 e 2004, respecti-vamente. A adaptação inicial a VNI noturna em modo bi-nível, foi realizada em laboratório hospitalar para aferição de parâmetros ventilatórios registando-se valores de IPAP de 33 e 18 cmH2O, EPAP de 10 e 12 cmH2O, FR de 14 e 16 cpm, complemento de O2 a 3 e 5 L/min e interface nasal e facial, respectivamente. Discussão: Devido a persistência de hipoventilação, noturna e diurna, a VNI noturna foi optimizada (paciente 1 [2010]: alteração do modo ventilatório para volume com VT de 1.300 ml; paciente 2 [2013]: aumento de IPAP para 30 cmH2O e complemento de O2 a 1L/min) e foi introduzida ventilação volumétrica intermitente por peça bucal (VVPB) para o período diurno. Os parâmetros ventila-tórios diurnos foram titulados para uma máxima redução de TcCO2 e os pacientes foram instruídos a utilizar a VVPB para manter a SpO2 > 95%. A VVPB foi titulada com volume corrente (VT) diurno de 1100 e 750 ml, com PEEP de 6 e 4 cmH2O, FR de 14 e 15 cpm, respectivamente. A adesão à terapia ventilatória instituída é de 24 e 18 horas/dia, respectivamente. Estes casos de SHO severo sugerem que a hipoventilação noturna e diurna podem ser con-troladas com adequada optimização da VNI que inclui o seu uso diurno intermitente.

Palavras-chave: Síndrome de hipoventilação obesidade. Alta dependência ventilatória. Ventilação volumétrica intermitente por peça bucal.

PO51. ADESÃO TERAPÊUTICA À VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA DOMICILIÁRIA EM DOENTES IDOSOS

M. Torres Redondo1, D. Araújo1, F. Pires1, A. Marinho1, T. Pinto1, M. Gonçalves1,2, M. Drummond1,2, M. Sucena1,2

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de S. João. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: Dado o envelhecimento populacional e o aumento da prevalência da patologia respiratória crónica, o número de doentes idosos com critérios para ventilação mecânica não invasiva domici-liária (VMNId) tem vindo a aumentar. Os dados publicados sobre a eficiência e adesão são escassos. Objectivos: Avaliar a adesão terapêutica à VMNId dos doentes ido-sos com Insuficiência Respiratória Crónica (IRC). Material e métodos: Foram incluídos doentes com IRC, de diferen-tes etiologias, adaptados pela primeira vez a VMNId em laboratório

no ano de 2012. Os registos clínicos foram analisados retrospecti-vamente. Caracterizaram-se os doentes do ponto de vista clínico, funcional e gasométrico. Registaram-se os parâmetros ventilatórios da adaptação. Os doentes foram divididos em dois grupos pelo cri-tério da idade (≥ 75 anos versus < 75 anos). Foram recolhidos dados relativos à adesão aos 12 meses de tratamento, fornecidos pelo cartão de memória dos ventiladores. Resultados: Foram incluídos 150 doentes, 54,7% do sexo masculino, com uma idade média de 66,8 ± 12,9 anos. Quarenta e oito doentes com idade ≥ 75 anos (idade média 79,92 ± 3,9 anos), 102 doentes com idade < 75 anos (60,62 ± 10,9 anos). Os diagnósticos incluíram: Síndrome de Hipoventilação Obesidade (n = 46, 30,7%), DPOC (n = 28, 18,7%), Síndrome de Overlap (DPOC + SAOS) (n = 20, 13,3%) e Obesidade + DPCO + SAOS (n = 12, 8,0%). Não foram encontradas diferenças significativas nos parâmetros funcionais e gasométricos do momento da adaptação, entre os dois grupos. Não se verificaram diferenças significativas nos parâmetros da adesão após 1 ano de seguimento, entre os dois grupos de doentes, ao nível da percenta-gem de dias de uso, percentagem de dias de uso > 4 horas e média de horas de uso.Conclusões: Os resultados sugerem que os doentes idosos (≥ 75 anos) são igualmente aderentes após 1 ano de VMNId. A idade não deverá ser considerada à partida, um critério de má adesão à VM-NId.

Palavras-chave: Ventilação mecânica não invasiva domiciliária. Idosos.

PO52. DOENTES TRANSFERIDOS DE UM SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA PARA UMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS – CARACTERIZAÇÃO E OUTCOMES

M. Dias, D. Coutinho, M.J. Oliveira, D. Vaz, M.C. Brito, A. Antunes

Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: Os doentes transferidos de uma enfermaria geral para uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) constituem um desafio médico pelo maior risco de mortalidade associada e pela importân-cia de uma decisão num timing adequado.Objectivos: Analisar as características dos doentes internados numa enfermaria de Pneumologia que apresentaram necessidade de transferência para uma UCI. Material e métodos: Estudo retrospetivo que incluiu os doentes internados num Serviço de Pneumologia com necessidade de trans-ferência para uma UCI, entre 2009 e 2013. Foram analisadas carac-terísticas clinicodemográficas, motivos de transferência e outcomes na UCI.Resultados: Foram incluídos 40 doentes correspondendo a 45 transferências para a UCI. Apresentavam idade média 63 ± 15 anos, 73% eram homens. A maioria apresentavam antecedentes de patologia respiratória prévia (n = 29, 64%) e foram maioritaria-mente internados com o diagnóstico de pneumonia (n = 20, 44%). A maioria dos doentes com pneumonias (70%, n = 14) apresentava um score CURB65 inferior ou igual a 2 à admissão e esse valor não mostra correlação significativa com a mortalidade na UCI.

Tabela P051

Idade = 75 anos Idade < 75 anos

p Média DP Média DP

IPAP inicial (cmH2O) 18,68 3,43 18,58 3,77 0,519EPAP inicial (cmH2O) 7,43 2,23 7,26 2,23 0,906% dias de uso 86,72 23,97 84,85 26,75 0,772% dias de uso > 4h 82,31 25,76 83,41 26,29 0,756Média de uso (h.min) 6,49 2,39 6,86 2,28 0,393

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O motivo mais frequente de transferência para a UCI foi o agra-vamento da insuficiência respiratória (n = 29, 64%). Os doentes foram transferidos, em mediana, 8 dias após o internamento na Pneumologia (AIQ = 3-14). Foi instituída ventilação invasiva a 69% dos doentes (n = 31) e ventilação não invasiva a 27% (n = 12). A presença de insuficiência respiratória tipo 2 (OR = 9,55, p = 0,031) e a presença de acidemia respiratória (OR = 134,55, p = 0,0006) são os únicos fatores que aumentam o risco de necessidade de ventilação invasiva. Dezasseis doentes (37%) morreram na UCI, a maioria nos primeiros 7 dias após a transferência. A necessidade de ventilação mecânica está associada a uma maior mortalidade na UCI (OR = 12,27; p = 0,008). Conclusões: Este estudo reforça os resultados de outros estudos que mostram que doentes transferidos de uma enfermaria geral para a UCI apresentam uma mortalidade superior aos doentes que são internados diretamente para a UCI. Neste estudo, mais de 1/3 dos doentes transferidos de um Serviço de Pneumolo-gia para uma UCI morreram, independentemente dos seus fa-tores clinicodemográficos, o que poderá estar relacionado com um atraso na prestação de cuidados críticos. Por outro lado, a maioria dos doentes internados por pneumonia com necessidade de transferência para a UCI não apresentava um score CURB65 elevado à admissão, o que questiona a sua utilidade na estra-tificação de risco destes doentes. Alerta-se para a importância da insuficiência respiratória tipo 2 e principalmente da acide-mia respiratória, já que são fatores preditores da necessidade de ventilação invasiva e a necessidade de ventilação invasiva associa-se a maior mortalidade.

Palavras-chave: Unidade de Cuidados Intensivos. Ventilação. Enfermaria de pneumologia.

PO53. MONITORIZAÇÃO DOMICILIÁRIA DO DIÓXIDO DE CARBONO TRANSCUTÂNEO NOTURNO PARA AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

C. Freitas1, J. Moreira1, T. Pinto2, M. Redondo2, F. Pires2, A. Marinho2, M. Sucena2, M. Drummond2, J.C. Winck1,3

1Linde Healthcare. 2Unidade de Ventilação e Função Pulmonar, Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João. 3Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Introdução: A avaliação noturna contínua e não invasiva dos gases do sangue para avaliação da ventilação alveolar com a combinação do CO2 Transcutâneo (TcCO2) e da Oximetria de Pulso (OP) no do-micílio parecem ser medidas importantes para assegurar a eficácia da Ventilação Mecânica Não Invasiva Domiciliária (VMNId) no trata-mento da IRC hipercápnica. Objectivos: Determinar a utilidade do registo TcCO2 noturno com-parativamente com a gasimetria diurna e com a OP noturna, em doentes com IRC hipercápnica sob VMNId. Material e métodos: Foram avaliados pacientes com IRC hiper-cápnica de diferentes etiologias. Todos foram adaptados em ambiente hospitalar a ventilação bi-nível com pressão positiva (A30, Phillips Respironics®). Ao final do terceiro mês sob VMNId todos realizaram uma Poligrafia Cardiorespiratória Domiciliária (PCRD) (Alice 5, Phillips Respironics®,10 canais, incluindo Z-RIP (Protech) e incluindo TcCO2 (SenTec AG®)) e gasimetria arterial para avaliar a eficácia da VMNId. Como critério de ventilação eficaz pela OP considerou-se uma SpO2 média noturna > 90%, IOD ≤5 /h e um T90 ≤ 10%; para o TcCO2 noturno considerou-se critério de ventilação eficaz um aumento menor do que 10 mmHg ou tempo > 50 mmHg < a 50%. O TcCO2 foi monitorizado conti-nuamente durante todo o período de sono dos doentes. Todas as PCRD foram revistas manualmente. Resultados: Os dados são apresentados como mediana (per 25-75). Foram incluídos 35 pacientes (51,4% do sexo masculino) com média de idade de 64,8 (56,8-73,0) anos. Catorze doentes com

SHO (40,0%), 8 com DPOC (22,8%), 4 com DNM (11,4%), 1 com alterações sequelares de tuberculose pulmonar (2,9%), 1 com ci-foescoliose (2,9%) e 7 doentes (20,0%) com IRC de causa multifa-torial. Na avaliação noturna realizada aos 3 meses o TcCO2 médio foi de 46 (41,5-48) mmHg, IOD de 6,2 (3,7-15,7)/h, SpO2 média de 94 (92,8-95,3)%, T < 90% de 0,8 (0-11,8)%; PaO2 diurna de 70,8 (60,8-78,9) mmHg e PaCO2 diurna de 45,7 (43,1-52,1) mmHg. Tre-ze doentes (44,8%) apresentaram critérios de ventilação noturna eficaz pela OP e pelo TcCO2, destes, 5 (38,5%) apresentaram nor-mocápnia diurna (p = 0,53). Dois doentes (6,9%) cumpriram crité-rios de ventilação eficaz pela OP mas não pelo TcCO2. Observou-se uma correlação positiva entre a PaCO2 diurna e o TcCO2 durante a noite (r =,66, p < 0,01) e entre a PaCO2 diurna e tempo TcCO2 > 50 mmHg (r =,41, p = 0,03). Conclusões: A medição do TcCO2 noturno é factível no domicílio. O TcCO2 e a OP parecem ser complementares na avaliação da eficácia da VMNId em doentes com IRC.

Palavras-chave: CO2 transcutâneo. Oximetria de pulso. Gasimetria arterial. Ventilação mecânica não invasiva domiciliária.

PO54. EXPERIÊNCIA COM VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

R. Linhas1, R. Marçoa1, C. Nogueira1, P. Castelões2

1Pneumologia; 2Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP), Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Introdução: A ventilação mecânica não invasiva (VMNI) poder ser uma opção sobretudo quando necessário suporte ventilatório ape-nas por algumas horas ou de forma intermitente. Pode também ser considerada no desmame ventilatório de doentes entubados permi-tindo uma extubação mais precoce e desta forma reduzir o tempo de ventilação mecânica invasiva (VMI) e a incidência de pneumonia associada ao ventilador. Objectivos: Avaliar o papel da VMNI como facilitador na extubação e, secundariamente, na prevenção da entubação oro- traqueal (EOT).Material e métodos: Foram considerados todos os doentes admiti-dos na UCIP por causa médica entre setembro 2011 e setembro de 2013. Destes foram selecionados os doentes que realizaram VMNI previamente à entrada na UCIP e durante o internamento na UCIP pré e pós EOT. Resultados: Durante um período de 3 anos foram internados na UCIP 378 doentes por causa médica. Destes, 40 doentes (10,6%) foram submetidos a VMNI. A média etária foi de 72 anos (DP 11,2) com uma percentagem de 52,5% dos doentes do sexo masculino. O principal motivo de internamento foi insuficiência respiratória aguda (37,5%), seguida de choque séptico (20%). O tempo mé-dio de internamento foi 12,2 (DP 8,3) dias. 52,5% dos doentes apresentavam IR tipo 1 e 27,5% doença respiratória de base. Os scores de gravidade médios calculados foram SAPS II 51,7; APA-CHE 24,4 e SOFA à admissão 7,47. 80% apresentavam SOFA respi-ratório 3 ou 4 (i.e. respetivamente paO2/fiO2 < 200 e paO2/fiO2 < 100). Do total dos 40 doentes da amostra selecionada 23 (57,5%) fizeram VMNI pré-EOT numa tentativa de evitar a extubação (10 deles previamente à entrada na UCIP). A EOT foi evitada apenas em 2 casos (8,7% de sucesso). O uso da VMNI como facilitador de extubação e/ou evitar re-EOT na insuficiência respiratória pós extubação verificou-se em 27 doentes (67,5%), com uma per-centagem de sucesso de 74,07%. O tempo de VMI nos doentes submetidos a VMNI pós extubação foi em média 11 dias (DP 8 dias). A mortalidade à saída da UCIP foi de 20% e à saída hospi-talar de 42,5%. Conclusões: A VMNI é uma arma importante sobretudo para permi-tir a extubação precoce e evitar a re-EOT. O mesmo não foi possível mostrar na prevenção de EOT. Este fato poderá ser explicado pelo

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Page 23: 21º Congresso de Pneumologia do Norte · reabilitação pulmonar (PRP). Material e métodos: Avaliação retrospetiva de doentes candidatos a TP submetidos a PRP e com registo de

21º Congresso de Pneumologia do Norte 23

viés dos elevados índices de gravidade dos doentes admitidos na unidade.

Palavras-chave: VMNI. UCIP.

PO55. NOVOS CRITÉRIOS NA MARCAÇÃO DE EVENTOS RESPIRATÓRIOS DO SONO: SERÁ A DIFERENÇA ASSIM TÃO GRANDE?

A. Leão, S. Maia, A. Antunes, M. Gonçalves

Centro de Medicina do Sono, Hospital CUF Porto.

Introdução: A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma causa major de morbimortalidade afetando 2-26% da população. Em 2007 foi publicado o Manual de Estadiamento do Sono e Even-tos Associados (MESEA) pela Academia Americana de Medicina do Sono com a estandardização e uniformização das técnicas de mo-nitorização e estadiamento. Em 2012 foi publicada a versão 2.0 do MESEA com as principais alterações ocorrendo na definição de apneia (queda no pico de sinal de fluxo ≥90% em relação à linha de base durante 10 ou mais segundos) e hipopneia (queda no pico de sinal ≥30% em relação à linha de base durante 10 ou mais segundos associada a dessaturação periférica ≥3% ou a arousal).Objectivos: Comparar as duas versões do MESEA no diagnóstico e classificação de SAOS por polissonografia (PSG).Material e métodos: Registo e análise descritiva dos dados clíni-codemográficos dos doentes que realizaram PSG por suspeita de SAOS, num período de 17 meses, com estadiamento e classificação das polissonografias pelo MESEA 2007. Revistas as mesmas PSG pelo mesmo observador, com estadiamento e classificação pelo ME-SEA2.0. Comparação do índice de apneia/hiponeia (IAH) e do grau da doença (sem SAOS, SAOS ligeira, moderada e acentuada) obtido pelos dois manuais através de teste de diferença de médias e de avaliação da concordância.Resultados: Avaliados 88 doentes, 70% homens, idade média 47,8 ± 13,5. IMC médio 29,9 ± 5,8 Kg/m2, perímetro cervical médio 39,4 cm (mínimo 29; máximo 47) perímetro abdominal médio 100,4 cm (mínimo 62; máximo 146). Classificação das PSG pelo MESEA 2007 mostrando IAH médio 31,6/h (mínimo 0; máximo 149,9), sendo ex-cluída SAOS em 9 (10%) e diagnosticada SAOS ligeira, moderada e acentuada em 16 (18%), 28 (32%) e 35 (40%) doentes, respetiva-mente. Pelo MESEA2.0 obteve-se IAH médio 33,0/h (mínimo 0,2; máximo 156,7), sendo excluída SAOS em 7 (8%) e diagnosticada SAOS ligeira, moderada e acentuada em 17 (19%), 26 (30%) e 38 (43%) doentes, respetivamente. Apesar da diferença do valor médio de IAH dado pelos dois manuais ser estatisticamente diferente (p < 0,001), constatou-se que a classificação pelos dois é muito concor-dante (Kappa = 0,901; p < 0,001). Conclusões: Apesar do MESEA2.0 apresentar critérios mais sensíveis para o diagnóstico da SAOS, que se traduzem por um IAH médio mais elevado e por um maior número de doentes diagnosticados, conclui-se que ambos são bastante concordantes. Assim, a não ser que haja discrepância acentuada entre a clínica e o grau de doença, não parece existir necessidade de se rever a PSG dos doentes diag-nosticados segundo o MESEA 2007.

Palavras-chave: SAOS. Estadiamento. Classificação.

PO56. AVALIAÇÃO DO COMPRIMENTO DOS TELÓMEROS NA SÍNDROME COMBINADA FIBROSE PULMONAR – ENFISEMA

A.V. Cardoso1, P. Caetano Mota1,2, A. Palmeiro3, P. Rendeiro3, N. Melo1, J.M. Pereira4, C. Souto Moura5, O. Sokhatska2,6, A. Morais1,2

1Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. 3Centro de Genética Clínica do Porto. 4Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 5Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto. 6Serviço e Laboratório de Imunologia.

Introdução: No contexto da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI), a síndrome combinada Fibrose Pulmonar -Enfisema (combined pul-monar fibrosis and emphysema - CPFE) apresenta características distintas que sugerem tratar-se de um fenótipo específico. Apesar do tabagismo ser uma causa major, a patofisiologia da CPFE ainda não está esclarecida, enfatizando-se o potencial papel do substrato genético individual. As mutações nos dois componentes da telome-rase (TERT e TERC), determinantes do encurtamento dos telóme-ros, encontram-se descritas tanto no enfisema como na FPI, sendo de equacionar uma maior relevância nos doentes com CPFE. Objectivos: Determinação da frequência do encurtamento dos te-lómeros numa amostra de doentes com CPFE e sua comparação com os restantes doentes com FPI sem enfisema associado. Material e métodos: Estudo de doentes com FPI seguidos em con-sulta de Doenças Pulmonares Difusas, cujo DNA foi extraído a partir de amostras de sangue periférico. A determinação do comprimento dos telómeros foi realizada através de uma reação de polymerase chain reaction quantitativo (qPCR) com SYBR® Green para medição do comprimento relativo dos telómeros, expresso pela razão entre número de cópias da repetição dos telómeros (T) e o single copy gene (S) nas amostras experimentais, relativamente a uma amostra de referência (T/S relativo). A análise estatística foi efetuada atra-vés do programa estatístico SPSS versão 21.0. Resultados: Foram incluídos 33 doentes com média de idades de 69,1 ± 10,2 anos, sendo 81,8% do sexo masculino. A maioria dos doentes apresentava história de tabagismo (63,6% ex-fumadores; 9,1% fumadores). Dezassete (51,5%) doentes apresentavam CPFE, sendo a quantificação de enfisema > 20% em 58,8% desses casos. O encurtamento dos telómeros (T/S relativo < 1) foi verificado em 76,5% dos doentes com CPFE e 50,0% dos doentes com FPI sem enfisema, contudo esta diferença não foi estatisticamente signifi-cativa (p = 0,114). Adicionalmente, a proporção do encurtamento dos telómeros não diferiu significativamente entre os doentes com CPFE e enfisema > 20% (80,0%) ou < 20% (71,4%) e os doentes com FPI sem enfisema (50,0%) (p = 0,269). Conclusões: Apesar de ausência de significado estatístico, o encur-tamento dos telómeros foi mais frequente nos doentes com CPFE, independentemente da extensão do enfisema, comparativamente com os doentes com FPI sem enfisema associado, o que sugere a possibilidade desta alteração ser mais relevante nos doentes com essa síndrome. Contudo, serão necessários estudos de maior taman-ho amostral de forma a determinar a verdadeira influência deste mecanismo genético na patofisiologia da CPFE.

Palavras-chave: Fibrose pulmonar. Enfisema. Telómeros.

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