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1 SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 23 DE JUNHO DE 2015 ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR) FAÇA PARTE DESSE TIME

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Resenha diária - OESC

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

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Pela 1ª vez, maioria é contra norma que permite reeleição

Fonte Jornal Folha de São Paulo RICARDO MENDONÇA DE EDITOR-ADJUNTO DE "PODER" 23/06/2015 às 02h 00

Pesquisa Datafolha mostra alterações contundentes de opinião da população a respeito de dois temas da reforma política, pacote hoje em discussão no Congresso.

Primeira: o apoio majoritário ao instituto da reeleição desapareceu. Segunda: a rejeição à obrigatoriedade do voto bateu o recorde da série de pesquisas a respeito.

O apoio maciço ao fim da reeleição é inédito. Na primeira pesquisa sobre o tema, em 2005, 65% foram a favor do direito do presidente concorrer a um novo mandato. Era véspera do ano eleitoral que teria o então presidente Lula concorrendo mais uma vez.

Dois anos depois, com Lula já reeleito, o apoio à reeleição recuou sete pontos, mas continuava sendo uma opinião compartilhada por mais da metade do eleitorado.

Agora, com a presidente Dilma Rousseff recém reeleita batendo recorde de rejeição (65% a desaprovam), só 30% são favoráveis à reeleição.

Já os contrários pularam de 39% para 67% desde o último estudo. Opiniões sobre reeleição para governadores e prefeitos são quase idênticas.

"A rejeição a Dilma pesa, mas não só. Há um contexto muito forte de rejeição geral à política, que vem desde junho de 2013", diz o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.

Na Câmara, a extinção da reeleição foi aprovada em maio pelo elástico placar de 452 votos a 19. Para vigorar, a regra precisa passar por nova votação na Casa e, depois, ser aprovada pelo Senado.

Outro resultado que coaduna com o sentimento de rejeição à política é o recorde de oposição ao voto obrigatório, que passou de 54% para 66% desde outubro de 2014.

O comportamento da Câmara, nesse caso, foi na contramão da opinião popular. A ideia do voto facultativo foi derrotada por 311 votos a 134.

O Datafolha também perguntou aos eleitores se eles iriam votar se não fosse obrigatório. De cada dez, seis responderam que não votariam.

É importante notar, nesse caso, que não se trata de uma opinião homogênea na sociedade. Se o voto fosse facultativo, são os mais pobres e os os menos escolarizados os que mais deixariam de votar.

Na fatia dos que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos, 62% votariam mesmo se fosse opcional. Entre os que estão abaixo de dois salários, só 35% votariam. Diferenciação parecida ocorre na segmentação por escolaridade. Entre os que têm ensino superior, 56% votariam. No grupo dos que têm até o fundamental, 34%.

Nos Estados Unidos, onde o voto não é obrigatório, o fenômeno é conhecido. Os mais pobres têm, proporcionalmente, participação menor.

O Datafolha também perguntou sobre a alteração do tempo de mandato dos políticos. A maioria (53%) disse ser favorável a cinco anos para todos os cargos eletivos, como aprovado pela Câmara.

A pergunta feita pelo instituto, porém, pode ter contaminado parte das respostas, admite Paulino. Isso porque, antes de colocar a questão, os entrevistadores informavam aos entrevistados que "políticos eleitos têm um mandato de quatro anos, com exceção de senadores, que têm mandato de oito anos".

Assim, fica impossível separar os que responderam mais motivados pelo desejo de reduzir os mandatos de senadores daqueles que podem ter respondido motivados pelo desejo de aumentar os mandatos dos demais políticos com cargo eletivo.

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O Datafolha ouviu 2.840 pessoas nos dias 17 e 18 de junho. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Custo da dívida pública atinge maior nível desde 2011, aponta Tesouro

Fonte LORENNA RODRIGUES E RACHEL GAMARSKI - O ESTADO DE S. PAULO 23 Junho 2015 às 10h 50

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custo médio da Dívida Pública Federal (DPF) - que inclui a dívida interna e externa aumentou no acumulado em 12 meses. A taxa passou para 14,03% ao ano em maio, ante 13,60% em abril. Já na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi), o custo cresceu para 12,58% ao ano, comparado a 12,42% em abril. Este valor é o maior desde meados de 2011, segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, José Franco.

"A taxa de custo médio para a DPMFi é a maior desde meados de 2011 e os fatores de variação de custo da DPMFi são dois, a (taxa básica de juros) Selic e a inflação", afirmou. Sobre possíveis previsões para o custo médio ao longo do ano, Franco ponderou que os títulos são pós-fixados e que não é possível fazer uma previsão.

Segundo o Tesouro Nacional, o estoque da DPF cresceu 1,83% em maio, atingindo R$ 2,496 trilhões. Em abril, o estoque estava em R$ 2,451 trilhões. A correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 31,6 bilhões no mês passado. A DPMFi cresceu 1,64% e fechou o mês em R$ 2,372 trilhões. Já a dívida externa ficou 5,53% maior, somando R$ 124,19 bilhões no mês passado.

Segundo Franco, o aumento de 5,5% na dívida externa é decorrente da variação do dólar. "Não houve emissões externas", disse Franco. O coordenador-geral ressaltou os vencimentos de NTN-B, papéis atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, segundo ele, são coerentes com a época do ano.

Sobre as emissões no período, Franco reafirmou que a estratégia de emissões do Tesouro Nacional é anual e não apenas pelo maior vencimento de NTN-B no mês passado. "Em maio houve um vencimento forte de NTN-B e o Tesouro se programou para fazer emissão, mas essa estratégia é anual", ponderou.

O coordenador-geral disse ainda que nos meses de maior vencimento de LFT, títulos indexados à taxa Selic, o Tesouro pode realizar mais emissões, já que o papel "tende a não pressionar a curva de juros".

Estrangeiros. Os estrangeiros aumentaram a compra de títulos do Tesouro Nacional em maio. A participação dos investidores não-residentes no Brasil no estoque da DPMFi subiu de 20,49% em abril para 20,80% em maio, somando R$ 493,46 bilhões. Em abril, o estoque nas mãos de estrangeiros estava em R$ 478,08 bilhões.

A parcela das instituições financeiras no estoque da DPMFi cresceu de 26,65% em abril para 26,84% em maio. Os Fundos de Investimento reduziram a fatia de 19,95% para 19,33% no período. Já as seguradoras tiveram crescimento na participação de 4,01% para 4,03%.

Prazos. Segundo o Tesouro, a parcela da DPF a vencer em 12 meses caiu de 22,82% em abril para 21,07% em maio. O prazo médio da dívida, por sua vez, subiu de 4,67 anos em abril para 4,69 anos em maio.

A parcela de títulos prefixados na DPF subiu de 39,69% em abril para 41,92% em maio, enquanto os títulos remunerados pela inflação tiveram a participação reduzida para 32,85% do estoque da DPF em maio, ante 35,41% em abril.

Já a fatia dos papéis atrelados à Selic aumentou levemente, de 20,09% para 20,21%. Os papéis cambiais elevaram a participação na DPF de 4,81% em abril para 5,01% em maio.

Em relação às metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) 2015, apenas a participação dos papéis atrelados a índices de preço está desenquadrada. No caso dos que têm índices de preço como referência, a meta é de 33% a 37% e, no de câmbio, de 4% a 6%. O intervalo perseguido pelo Tesouro para os títulos remunerados pela Selic em 2015 vai de 17% a 22%.

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Taxa de juros para famílias chega ao recorde de 57,3%

Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 23 de junho de 2015 às 11:40

A taxa média de juros do crédito para as famílias continuou a subir em maio e chegou ao recorde de 57,3% ao ano, a mais alta da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em março de 2011. De abril para maio, a alta chegou a 1,2 ponto percentual. A inadimplência, considerados atrasos superiores a 90 dias, teve alta de 0,1 ponto percentual e ficou em 5,4% para as pessoas físicas.

A taxa de juros mais alta na pesquisa do BC é a do rotativo do cartão de crédito, que subiu 13,1 pontos percentuais para 360,6% ao ano. A taxa média das compras parceladas com juros, do parcelamento da fatura do cartão de crédito e dos saques parcelados, subiu 1,3 ponto percentual para 115,9% ao ano.

A taxa do cheque especial chegou a 232% ao ano, em maio, com alta de 6 pontos percentuais. Já a taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) subiu 0,3 ponto percentual para 27,2% ao ano.

A taxa média do crédito para as empresas subiu 0,3 ponto percentual para 26,9% ao ano. A inadimplência das empresas subiu 0,1 ponto percentual para 4%.

Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.

No caso do direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a taxa de juros do crédito para as empresas subiu 0,6 ponto percentual para 9,6% ao ano. No caso das famílias, houve alta de 0,3 ponto percentual, com taxa em 9% ao ano.

A inadimplência do crédito direcionado ficou estável em 0,7% para empresas e subiu 0,1 ponto percentual para 2%, no caso das pessoas físicas.

O saldo das operações de crédito no país chegou a R$ 3,081 trilhões, em maio, com crescimento de 0,7% no mês e 10,1% em 12 meses. No ano, a expansão ficou em 2,1%.

Epagri e UFSC cultivam tainha em cativeiro

Fonte Portal Economia SC 23 de junho de 2015 às 13:42

Em plena safra da tainha, Epagri e UFSC comemoram os bons resultados alcançados na reprodução de tainha em cativeiro. Os dois tanques do experimento, localizados na Barra da Lagoa, em Florianópolis, estão cheios com cerca de 100 mil animais, frutos de uma desova de sucesso ocorrida nos últimos 40 dias.

Sérgio Winckler da Costa, oceanógrafo da Epagri, é coordenador do projeto “Tecnologia para a produção comercial da tainha no Estado de Santa Catarina”, desenvolvido em parceria com a UFSC. Ele explica que a pesquisa já ultrapassou a fase mais crítica, que é justamente a desova. Agora, com os peixes com mais de 40 dias de vida, fica garantida a continuidade dos trabalhos, pois a mortandade diminui expressivamente. Essa foi a primeira alevinagem realizada com sucesso pelos pesquisadores. A etapa seguinte prevê a definição de um pacote tecnológico para recria e engorda, com avaliação técnica e econômica do cultivo. Por fim, se tudo correr como planejado, a tecnologia será transferida para empresas do Estado.

A pesquisa iniciou em 2014, com captura de 68 tainhas nos municípios de Laguna, Jaguaruna e Penha. O objetivo é transformar o peixe numa alternativa para os viveiros de camarão desativados a partir de 2005, após infestação com o vírus mancha-branca. Essa doença não ataca as tainhas, que poderiam facilmente ocupar os cerca de 1000 hectares de área alagada que ficaram ociosos após a infestação e não podem mais ser usados para cultivo do crustáceo.

O projeto de pesquisa da Epagri e UFSC ainda aguarda a liberação de verba específica e vem sendo desenvolvido com recursos próprios das entidades. Representa um esforço do poder público para gerar

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emprego e renda para os catarinenses e também para preservar essa espécie, de grande tradição na culinária do Estado, cuja captura vem caindo ano a ano.

Não entrega o que prometeu e entrega o que negou

Fonte Revista Carta Capital João Sicsú 23/06/2015 às 09h 42

O governo propôs no seu plano de austeridade uma enorme contração fiscal de 2014 para 2015. No ano passado, o governo obteve um resultado primário negativo. Em outras palavras, a soma de todas as suas receitas menos as suas despesas (excluídas as despesas com o pagamento de juros da dívida pública) deu resultado negativo de 0,6% do PIB. Para 2015, deseja obter um resultado positivo para essa conta que alcance 1,2% do PIB, ou seja, terá que fazer, grosso modo, uma reorganização do orçamento de um ano para o outro que alcance 1,8% do PIB (0,6% + 1,2%).

Essa reorganização pode ser obtida aumentando receitas e/ou reduzindo gastos. E o que o governo está fazendo? Cortou R$ 70 bilhões no orçamento previsto para 2015, principalmente nas áreas da saúde, educação e transportes. Editou e aprovou medidas provisórias que reduzem gastos com o seguro-desemprego, abono salarial e benefícios previdenciários. Aumentou a Contribuição sobre o Lucro Líquido dos bancos de 15 para 20%.

Tenta se livrar das desonerações tributárias que tinha concedido a diversos setores da economia. E, em breve, deve lançar planos de concessão cujo modelo deve ser arrecadatório: levará a concessão quem fizer a maior oferta aos cofres públicos.

Todas as medidas de contenção fiscal associadas à elevação dos juros têm provocado contração econômica. O governo está entregando o que negou. O desemprego não para de crescer (está 1 ponto percentual maior). As demissões de trabalhadores em postos com carteira assinada já tem saldo líquido de 278 mil de janeiro a maio. O volume de vendas do comércio varejista apresenta queda contínua. A consequência é que a arrecadação também caiu. A arrecadação federal é 3% menor em 2015.

O governo prometeu produzir um superávit primário de 1,2% do PIB, não é provável que isso ocorra. Os cortes de despesas públicas terão que ser maiores ainda porque as receitas também entraram em trajetória de queda. Acontece que quando há cortes adicionais de gastos públicos isso provoca contração da atividade econômica e queda adicional de arrecadação. É um poço que somente encontra o fundo quando o desemprego já está muito alto e a recessão já é profunda. Em resumo, para o governo cumprir a sua promessa contábil/orçamentária deverá encontrar o fundo do poço social – que equivale a um elevadíssimo desemprego.

O governo entrega também inflação e concentração de renda. Fez uma recuperação abrupta de preços administrados. Deu um choque altista de preços na energia elétrica, gasolina e diesel. A inflação causada por esses itens representa quase metade da inflação acumulado no ano de 5,34%. É um movimento contraditório (ou míope, é a palavra mais amena que encontrei). O governo deu um choque altista nos administrados para reduzir potenciais despesas públicas, mas eleva drasticamente os juros para combater, de forma ineficaz, a inflação que causou - o que provoca uma despesa elevadíssima com o pagamento de juros da dívida pública. A combinação de inflação, desemprego e juros em alta resulta em concentração de renda.

E o déficit nominal pode continuar elevado. Ano passado, tal déficit foi 6,7% do PIB. Resultado nominal é a soma de todas as receitas menos todas as despesas (inclusive o gasto com o pagamento de juros da dívida pública). Dos 6,7% de déficit do ano passado, nada mais nada menos, do que 6,1% foram despesas com o pagamento de juros. Acontece que esse ano as despesas com juros tendem a aumentar e o PIB a diminuir. Logo, os gastos públicos com o pagamento de juros serão bem maiores que 6,1% do PIB. Deverão alcançar 6,5% do PIB ou R$ 360 bilhões. Logo, o déficit nominal continuará elevado.

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Resumo da opera: resultados contábeis/orçamentários não serão entregues, efeitos sociais serão graves, os rentistas estão felizes e os trabalhadores, apreensivos e demitidos.

Dilma renova energia barata no Nordeste

Fonte Jornal Folha de São Paulo JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA 23/06/15

O governo vai editar uma medida provisória, para publicação nos próximos dias, que deve poupar grandes indústrias eletrointensivas do Nordeste de aumento na tarifa de energia que poderia mais que triplicar o custo do insumo a partir do dia 30.

Na lista de 12 beneficiadas estão companhias como Vale, Braskem e Gerdau, que possuem contratos com a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobras.

Atualmente, todas elas compram energia da estatal a cerca de R$ 100 o megawatt-hora (MWh) em contratos de fornecimento que vencem na próxima terça-feira (30).

Com o fim do acordo, as empresas ficariam sujeitas a renegociar parte de seu abastecimento elétrico no mercado livre de energia, em que o preço atualmente é R$ 388 o megawatt-hora (MWh).

A energia nesse mercado está mais cara por causa da falta de chuvas, do baixo nível dos reservatórios, do aumento no consumo provocado pela medida do governo para baixar em 2012 a tarifa de luz e pelo uso massivo de usinas térmicas, mais caras, para suprir a demanda.

Neste momento, a energia no mercado de curto prazo custa mais que o triplo do que as empresas pagam à Chesf. Com isso, a energia subiu para todos os consumidores.

O texto da MP, elaborado pelo governo, prorroga a contratação da Chesf até 2037.

Até aquele ano, os contratos serão gradualmente reduzidos, deixando a Chesf livre para negociar sua energia com outros interessados.

Casada à prorrogação dos contratos foi prevista na MP a criação de um fundo, formado com recursos das 12 grandes indústrias beneficiadas e contribuição também da Chesf, para investir na instalação de outras usinas para suprir a demanda dos consumidores nos próximos anos.

O objetivo é dar prioridade à geração eólica.

Essa MP pode beneficiar duplamente as indústrias. Além de não terem de realizar novos e mais caros contratos para suprimento elétrico, ainda poderão aproveitar os efeitos da redução das tarifas pós-renovação das concessões da Chesf.

Hoje, os contratos preveem os R$ 100 MWh. Com a repactuação, esse valor cairá para cerca de R$ 30 MWh.

A nova proposta do governo Dilma desagradou a especialistas do setor, por beneficiar apenas uma parcela de consumidores e prejudicar o comércio de energia no mercado livre.

"Tecnicamente todos pagaram por essa energia ao longo da amortização das usinas. Então todos têm direito a cota", disse Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).

"Desde a MP 579 [que renovou os contratos das concessões do setor elétrico em 2012], o governo toma medidas não isonômicas e discriminatórias com o mercado livre", afirmou.

No início do ano, a presidente Dilma Rousseff havia vetado a previsão de destinar a energia barata da Chesf para essas indústrias até 2042.

O tema havia sido incluído em uma medida provisória que estava em tramitação pelo Congresso. Mas Dilma barrou a mudança.

Em resposta ao veto, o Planalto justificou que a proposta, como estava, criaria possíveis desequilíbrios no mercado.

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Desde então, o governo vem sofrendo pressão das indústrias que são grandes consumidoras de energia. Elas ameaçavam ser obrigadas a reduzir investimentos na região por causa da alta em seus custos.

Lava Jato e risco de racionamento reduzem investimento estrangeiro

Fonte Jornal Folha de São Paulo EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 23/06/15

Uma série de eventos "não econômicos", segundo o Banco Central, contribuiu para reduzir em 35% os investimentos estrangeiros diretos em empresas no Brasil entre janeiro e maio deste ano, ante o mesmo período de 2014.

A Operação Lava Jato da Polícia Federal que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, a dificuldade da estatal de divulgar o seu balanço e o risco de racionamento de energia e de água estão na lista de problemas que, segundo o BC, afastaram investidores e representaram uma entrada menor de dólares no setor produtivo.

Os investimentos diretos em empresas no país caíram para US$ 25,5 bilhões até maio. A expectativa do BC é que junho mostre novo recuo na comparação anual.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, como parte desses entraves foi superada, a instituição espera uma entrada maior de dinheiro a partir de julho o segundo semestre também costuma ter maiores investimentos.

O BC espera fechar o ano com uma entrada de US$ 80 bilhões, queda de 17% em relação a 2014. Em relação ao PIB, que deve encolher neste ano, o peso dos investimentos deve ficar no mesmo nível do final de 2014 (4,1%).

A projeção do mercado é mais pessimista e está próxima de US$ 65 bilhões.

Esse dinheiro ajudará a financiar a saída de recursos gerada pelo déficit do Brasil na transação de bens, serviços e rendas com outros países.

A projeção do BC para esse resultado negativo caiu de US$ 84 bilhões para US$ 80 bilhões, devido à queda nos gastos com serviços do exterior e no envio de lucros. Esses movimentos refletem a queda na atividade econômica. Na comparação com o PIB, o resultado negativo deve recuar de 4,5% para 4,2%.

"As contas externas vêm refletindo um ajuste que já temos mencionado desde o ano passado, influenciado principalmente pelo comportamento do câmbio e pelo menor crescimento da economia brasileira", afirmou Maciel.

No acumulado do ano, o déficit externo soma US$ 35,8 bilhões, 20% menor que no mesmo período de 2014. Parte da queda é explicada pela redução nas remessas de lucro ao exterior, que recuaram O envio de juros, por outro lado, cresceu 7%. Ou seja, os estrangeiros que investem no país lucram mais ao aplicar no mercado financeiro (US$ 9,2 bilhões) que no setor produtivo (US$ 7 bilhões).

Para reduzir inadimplência, empresas parcelam conta de luz no cartão

Fonte MÁRCIA DE CHIARA - O ESTADO DE S. PAULO 22 Junho 2015 às 15h 55

SÃO PAULO - A alta da inadimplência das contas de energia elétrica acendeu o sinal de alerta nas prestadoras desses serviços, que ampliaram os canais para renegociar as dívidas em atraso e começaram até aceitar o pagamento das dívidas pendentes no cartão de crédito.

Desde o final de março a distribuidora de energia Elektro passou aceitar pagamento no cartão de crédito, parcelado em seis vezes na renegociação das dívidas pendentes, diz o gerente de planejamento de mercado e suprimento de energia da empresa, Gabriel Avelar.

A AES Eletropaulo está mais flexível nas negociações, e aceita retirar os juros

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A distribuidora, que atua em 228 municípios, a maior parte no interior e litoral do Estado de São Paulo, teve um aumento de 10% no número de clientes inadimplentes em maio em relação ao mesmo mês de 2014. Foram 68.500 residências que deixaram de pagar as contas de luz em dia.

Em valor, a dívida pendente cresceu 43% na comparação anual. A empresa considera inadimplente um dia após a data do vencimento da conta. Desde agosto de 2014, a distribuidora reajustou em cerca de 80% as tarifas residenciais, o maior aumento da história da empresa.

"Um acréscimo de 10% no número de inadimplentes é muita coisa", afirma Avelar. Ele explica que a alta do calote não está afetando o balanço da empresa porque se trata de uma questão de curto prazo. "Como a energia é uma necessidade primária, o consumidor acaba se endividando num banco ou deixa de pagar outras dívidas para quitar a conta de luz."

Para facilitar a renegociação de contas em atraso, a empresa não descarta, no futuro, fazer um mutirão de renegociação. "Nunca fizemos mutirão", lembra o gerente.

Já a AES Eletropaulo, que há dois anos realiza feirões de renegociação em finais de semana, recebeu no evento da loja do Jabaquara, na capital paulista, realizado este mês o triplo de clientes inadimplentes em relação ao último feirão feito na mesma loja três meses atrás. "Foram mais de 500 atendimentos e cerca de 400 acordos, envolvendo R$ 1 milhão", segundo o gerente de cobrança da empresa, José Carlos Reis.

Ele conta que a empresa está mais flexível nas negociações: retira os juros e a correção da dívida, se o pagamento pendente for à vista, em duas vezes ou em seis vezes no cartão de crédito.

Apesar desses números significativos, Reis observa que, em termos de número de clientes, a inadimplência tem se mantido estável entre 2% e 3%. Isso corresponde a cerca de 200 mil clientes inadimplentes.

Reis explica que existe uma defasagem entre a entrada em vigor do reajuste e o impacto na conta de luz e que esse movimento é gradual. Além disso, a empresa considera inadimplente contas vencidas a mais de 90 dias. A luz é cortada 75 dias após a data do vencimento e o nome do cliente vai para lista de devedores depois de 60 dias.

De toda forma, Reis acredita há risco de o calote crescer no futuro. "Temos um risco que é a conjugação de reajustes tarifários associados a uma situação macroeconômica de certa estagnação ou de atividade menor, que pode resultar no aumento da inadimplência. Isso deve aparecer de forma mais clara no segundo semestre."

A Cemig informa que percebeu um leve crescimento na inadimplência, em maio. Mas empresa argumenta que maioria dos consumidores historicamente dá prioridade ao pagamento das contas antes que seja cortada a energia.

Telefone e água. Na Vivo, no entanto, uma das gigantes do setor de telefonia fixa e móvel, a inadimplência da empresa foi de 2,4% da receita bruta total do primeiro trimestre. A empresa informa que houve um acréscimo de 0,8 ponto porcentual em relação ao mesmo período do ano anterior. Por meio de nota, a companhia diz que "está adotando rígidos mecanismos de controle e tem tomado medidas nas frentes de crédito e cobrança para redução dos níveis de inadimplência".

A Sabesp, responsável pelo abastecimento de água, informa que o índice de inadimplência cresceu 0,82% no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014. Por meio de nota, a empresa diz que "não houve alteração significativa".

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Arno diz ao TCU que seus atos tinham ‘qualidades e roupagens da licitude’

Fonte ADRIANA FERNANDES, JOÃO VILLAVERDE - O ESTADO DE S. PAULO 22 Junho 2015 às 23h 00

Em documento entregue ao TCU, ex-secretário do Tesouro transfere a bancos responsabilidade do pagamento de despesas de seguro-desemprego, abono salarial e Bolsa Família, alegando não serem este de sua competência

BRASÍLIA - Apontado como o principal autor das pedaladas fiscais, o ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin nega oficialmente qualquer ilegalidade nos atrasos no repasse de recursos públicos a bancos. Em sua defesa entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada, à qual o ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’, teve acesso, Augustin transfere para os bancos a responsabilidade do pagamento das despesas de seguro-desemprego, abono salarial e Bolsa Família.

O ex-secretário diz que não era de sua competência executar, realizar e fazer pagamento dessas despesas pelas instituições financeiras. Na sua defesa, reforça a tese de que os seus atos administrativos como secretário do Tesouro possuíam todas as “qualidades e roupagens da licitude”.

“Não era de minha competência a execução, realização e pagamento das despesas do seguro-desemprego e abono salarial, e que se houve decisão do pagamento dessas despesas pela instituição financeira sem o recebimento prévio dos recursos financeiros, isso decorreu da geração e/ou envio de arquivo eletrônico a cargo do Ministério do Trabalho ou da própria Caixa, o que possibilitou a realização dos pagamentos aos beneficiários finais do programa, não devendo ser a mim imputada tal responsabilidade haja vista que não sou e nunca fui executor/gestor das despesas do seguro-desemprego e abono salarial”, relata Augustin.

Arno Augustin menciona, em toda sua defesa, períodos anteriores a 2003, quando FHC estava no poder

A Caixa informou que não comentará os argumentos do secretário. Também procurado pela reportagem, o Ministério do Trabalho não respondeu até o fechamento desta edição.

A mesma tese é apresentada para o caso do programa Bolsa Família. Além de não assumir responsabilidades pelos pagamentos, Augustin fala em fragilidades na argumentação do TCU e reforça a defesa de que os atrasos do Tesouro à Caixa não constituíram uma operação de crédito.

Ilegalidade. O tribunal entendeu o contrário, seguindo o parecer do Ministério Público (MP) junto ao TCU: para eles, uma operação de crédito foi criada entre a União e os bancos públicos, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Augustin também cita, na sua defesa, nota técnica, datada do dia 30 de dezembro de 2014, em que afirma que a autorização final para liberação de recursos do Orçamento é de responsabilidade do secretário do Tesouro Nacional. O Broadcast apurou que a inclusão dessa nota visa a proteger seus principais auxiliares à época, que também foram arrolados no processo. A nota foi interpretada pela oposição como uma tentativa da Advocacia-Geral da União (AGU) de eximir de responsabilidade a presidente Dilma Rousseff. Mas, na defesa, Arno não assume a existência de pedaladas.

Inadimplente. As dívidas acumuladas pelo Tesouro com o Banco do Brasil e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para garantir o crédito subsidiado concedido por esses bancos ficaram igualmente conhecidas como “pedaladas”. E também são alvo da defesa do ex-secretário. Augustin reconheceu que o governo está inadimplente com esses bancos, mas sustenta que esses atrasos não se configuram operação de crédito. “(...) quando deixou de cumprir, a União tornou-se simplesmente inadimplente com os bancos credores da subvenção, em virtude de descumprimento de dispositivo normativo (portaria) e não contratual”, argumentou.

Ao longo de toda a defesa, de 123 páginas, não faltam menções a períodos anteriores a 2003, de forma a mostrar que a prática também ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que governou de 1995 a 2002. “Em que pese reconhecer a importância de que possam ser aperfeiçoados os procedimentos de execução financeira, em todas as situações apontadas como ilegais ou irregulares pelo TCU, busquei ser zeloso na execução de minhas atribuições, em cumprimento aos dispositivos que regem o sistema de programação orçamentária e financeira, o que reveste meus atos de boa-fé”, escreve em sua defesa.

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A defesa de Augustin é uma das 17 entregues por autoridades do governo ao TCU, que condenou as “pedaladas” em decisão unânime após julgamento em abril. As defesas foram entregues ao relator do processo, ministro José Múcio Monteiro, do TCU, a quem cabe analisar a atribuição de responsabilidade pelas práticas.

Atrasos propositais. As pedaladas fiscais foram os atrasos propositais do Tesouro Nacional no repasse de recursos públicos para bancos e autarquias de forma a melhorar artificialmente as contas públicas. Ao apresentar despesas federais menores do que deveriam ser, devido aos atrasos, o Tesouro esperava melhorar o humor do mercado.

Reveladas pelo Estado há um ano, as pedaladas foram comprovadas por auditores do Tribunal de Contas da União (TCU), que investigaram documentos, contratos e ordens de pagamentos do Tesouro junto à Caixa Econômica Federal, ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), ao BB, BNDES e ministérios do Trabalho, do Desenvolvimento Social e das Cidades. O relatório foi acatado de forma unânime pelos ministros do TCU em julgamento em abril.

O governo ingressou com um recurso ao mesmo tempo em que as 17 autoridades culpadas pela prática das pedaladas fiscais entregaram suas defesas. As decisões finais cabem ao TCU, no âmbito administrativo, e ao Ministério Público Federal, que também investiga as pedaladas fiscais.

Além disso, a oposição entrou com ação penal contra a presidente Dilma Rousseff por conta das pedaladas fiscais na Procuradoria-Geral da República (PGR). Assinada pelo jurista Miguel Reale Jr., a ação afirma que o governo infringiu o artigo 359-A do Código Penal que exige que uma operação de crédito feita por um gestor público precisa passar por autorização legislativa.