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1 CEFAC Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica VOZ O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E O COMPORTAMENTO VOCAL Monografia de conclusão do curso de especialização em Voz Orientadora: Mirian Goldenberg LUIZ FERREIRA DE BRITO FILHO RIO DE JANEIRO 1999

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CEFACCentro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica

VOZ

O PROCESSO DE ENVELHECIMENTOE O COMPORTAMENTO VOCAL

Monografia de conclusão do curso de especialização em Voz

Orientadora: Mirian Goldenberg

LUIZ FERREIRA DE BRITO FILHO

RIO DE JANEIRO 1999

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ABSTRACT

The increasing incidence of vocal problems related to ageing is being discussed

with greater interest by authors and voice researchers. At the same time, society, through its

universities and institutions for the elderly, is mobilising itself to seek better life conditions for

this age group, in which oral communication has a vital role with the voice enabling the

exercise of citizenship and a better personal quality of life.

Due to diminishing biological capacities, the ageing leaves the human organism

more vulnerable, also reflecting directly on the quality of voice production, often harming the

psychic equilibrium and social status of the elderly.

Age brings about modifications in the mechanisms of the voice, which range from

changes in the position of the larynx in the throat and its mobility, due to the calcification of

cartilage and muscular atrophy, decreased muscular elasticity due to atrophy and reduction in

mass, in pulmonary respiratory capacity, and in the layers, functions and structures of the vocal

chords, amongst other alterations; caused by the physiological and anatomical effests

inherent to senility.

The vocal rehabilitation of the elderly is necessary and urgent, and should be based

on a preventive approach. In traditional therapy, apart from the voice, the corporal, auditive,

visual, clinical, psychological and cognitive aspects must be considered, aiming to develop

the vocal image, but respecting, in this context, individual limits.

This work aims, through bibliographic research, to point out alterations in the vocal

apparatus, changes in its structure, describing the occurrences in the larynx during the ageing

process, and finally, to present suggestions for conducting altered voice therapy for the

elderly.

During the course of this research, we also seek to “mischaracterize” the concept of

old age as an isolated and final phase, recognising and promoting the idea that life should be

seen as a continuous process, starting at birth and only ending with death.

We also wish to create interest amongst voice professionals and other carers of the

elderly for the inclusion of the elderly in research programs and studies, highlighting that at the

beginning or the third millenium, Brazil will be the sixth nation in the world with the oldest

population.

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RESUMO

A incidência cada vez maior de problemas vocais relacionados ao avanço da idade,

tem sido discutida com maior interesse entre autores e pesquisadores da voz.

Paralelamente, a sociedade, através de universidades e instituições voltadas ao homem da

terceira idade, tem se mobilizado buscando a melhoria das condições de vida desse grupo

etário, no qual a comunicação oral assume papel primordial através da voz para o exercício

da cidadania e da qualidade pessoal de vida.

Por diminuir as capacidades biológicas, o processo de envelhecimento torna o

organismo humano vulnerável, refletindo também, diretamente na produção da voz com

qualidade, muitas vezes prejudicando o idoso em seu equilíbrio psíquico e no seu status

social.

Com o envelhecimento ocorrem modificações no mecanismo da voz, que vão desde

mudanças no posicionamento da laringe no pescoço e na sua mobilidade, devido a

calcificação das cartilagens e atrofia muscular, na elasticidade muscular pela atrofia e

redução de massa, na capacidade respiratória pulmonar, nas camadas, funções e estruturas

das pregas vocais, entre outras alterações, causadas pelas respostas fisiológicas e

anatômicas inerentes a senilidade.

A reabilitação vocal do idoso se faz necessária e urgente, devendo estar

fundamentada numa visão com base preventiva. Na terapia tradicional devem ser

valorizados além da voz, os aspectos corporais, auditivo, visual, clínico, psicológico e

cognitivo, objetivando-se o desenvolvimento do binômio corpo e voz, resgatando ou

auxiliando no desenvolvimento da imagem vocal, respeitando-se, nesse contexto, os limites

individuais.

O presente trabalho tem por objetivo, através de pesquisa bibliográfica, apontar

alterações no aparelho vocal, modificações em suas estruturas, descrevendo as

manifestações surgidas na laringe durante o envelhecimento, e, por último, apresentar

sugestões para o encaminhamento da terapia de voz alterada no idoso.

Buscamos também, ao longo dessa pesquisa, “desnaturalizar” o conceito de velhice

como uma fase final e isolada, promovendo a reflexão e o reconhecimento de que a vida

deve ser vista como um processo contínuo, que inicia com o nascimento e só finda com a

morte.

Queremos ainda, com este trabalho, despertar o interesse dos profissionais da voz

e dos demais cuidadores de idosos para sua inserção nos programas de estudos e

pesquisas, alertando-se que no início do terceiro milênio o Brasil será o sexto país do mundo

em população mais idosa.

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SUMÁRIO

Pág.

Introdução ........................................................................................................5

1. O Envelhecimento .................................................................................7

1.1 Como Envelhecemos ? .........................................................................7

1.2 A Idade e Longevidade ..........................................................................8

1.3 Os Radicais Livres e o Envelhecimento ...............................................9

2. Fatores Sociais e o Envelhecimento ...................................................11

3. Comportamento Senil ..........................................................................12

4. Manifestando o Envelhecimento .................................................... .... 14

4.1 Manifestações Músculo-Esqueléticas ................................................. 15

4.1 Manifestações no Sistema Nervoso .................................................... 15

4.2 Manifestações Cardiovasculares ......................................................... 15

4.3 Manifestações Pulmonares ................................................................. 16

4.4 Manifestações Genito-urinárias ........................................................... 16

4.5 Manifestações Endócrinas .................................................................. 16

4.6 Manifestações Cognitivas ................................................................... 17

5. A Imagem Corporal e a Voz ................................................................ 18

6. A Presbiopia e a Fala no Idoso ........................................................... 20

7. A Presbiacusia e a Comunicação ........................................................21

8. Desenvolvimento da Laringe ............................................................... 22

8.1 Cartilagens da Laringe ........................................................................ 25

8.1 Os Músculos Laríngeos ...................................................................... 25

8.2 Funções da Laringe ............................................................................. 27

9. O Aparelho Fonador e a Fonação ....................................................... 27

10. As Estruturas das Pregas Vocais ........................................................ 29

11. A Voz e Suas Características ............................................................. 30

12. Discussão Teórica ............................................................................... 33

12.2 O que Causa o Envelhecimento da Voz ?.............................................34

12.3 Como é o Envelhecimento na Voz ? .................................................... 36

12.4 A Terapia Vocal ................................................................................... 38

12.4.1 Algumas Considerações .....................................................................38

12.4.2 Conduta Fonoterápica ........................................................................ 39

Considerações Finais..................................................................................... 41

Referências Bibliográficas ............................................................................. 42

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INTRODUÇÃO

Estamos habituados a olhar a nossa volta e vermos um número significativo de

pessoas idosas, indo e vindo de todas as direções. Dificilmente paramos para avaliar essa

questão que nos parece tão normal. Quando muito, pensamos na velhice como se não

fizesse parte do nosso processo de vida, parecendo-nos tão distante, acabando por nos

deixar sempre indiferentes a ela.

Quando buscamos analisar e encontrar respostas do porque não termos o hábito ou

a cultura de discutirmos, refletirmos e entendermos a velhice, encarando-a como

conseqüência natural do nosso processo de vida, esbarramos com outras questões

importantes que nos deixam ainda mais interrogativos.

Uma das questões é que já somos uma população que tem 8,6% de idosos do total

de seus representantes desde 1997, segundo o IBGE. Estamos em ritmo crescente. Isso nos

assusta, fomos pegos de surpresa. Essa é a nossa realidade social e o nosso desafio,

precisamos nos preparar para enfrentá-lo.

Há uma série de fatores que envolvem e dificultam a existência humana na velhice,

por falta de visão clara por parte da sociedade de que “a vida é continuidade existencial”,

processo que inicia com o nascimento prosseguindo até a terceira idade.

Temos sido testemunhos freqüentes dos bombardeios da mídia na promoção da

beleza estética exterior como bem maior, condição e valor para aceitação e inclusão na

atualidade. A juventude, a prontidão nas respostas reflexas, a competitividade que envolve

agilidade e boa forma física, o dinamismo, a versatilidade e a multifunção que a globalização

requer na disputa cada vez maior a um espaço social e profissional pelas pessoas, além de

outras exigências e preconceitos existentes, deixam os idosos sem chances de concorrer ou

de figurar neste cenário como indivíduos que tem potencial, ficando à margem de todo o

processo de inserção e de vida social e produtiva.

Essa naturalização em tratar o velho como alguém que não tem mais uso, que já deu

sua parcela à vida e a sociedade, de um ser improdutivo e doente, como alguém que não

sabe o que diz e que está ultrapassado em suas idéias, que se aposentou de tudo, acaba

por limitá-lo literalmente aos seus aposentos, reduzindo seu território de convivência e de

conquista, frustrando-o e retirando-o da cena social.

Romper com essa visão equivocada tem sido a bandeira de algumas instituições e

de tantos profissionais, que buscam o envolvimento na pesquisa e no trabalho com o idoso,

investindo em derrubar essa barreira visível que fraciona a vida em fases, na qual a velhice

tem sido vista não como a última delas por continuidade, mas apenas como a fase terminal,

e, portanto, desnecessária de inclusão em qualquer ordem de investimento.

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Precisamos de uma verdadeira epidemiologia social, que atente para o homem e

suas relações com a sociedade, redimensionando as implicações que existem no

reconhecimento para felicidade do ser humano, resgatando ao idoso a sensação de

pertencer e participar, reduzindo-se e eliminando-se as frustrações das necessidades

biopsicossociais existentes na vida moderna, dando-lhe a possibilidade de escolha e

decisão.

Faz-se necessário um exercício no pensar no homem do ontem, do hoje e do

amanhã, em busca de idéias, conceitos e valores, criando um novo código de relações,

onde sejamos vistos num processo contínuo do nascimento ao envelhecimento e não em

partes ou divisões cronológicas, mas como um ser integral.

Envelhecimento não é doença, mas um processo biológico benigno, universal e

individual dos seres vivos. No homem, o envelhecimento, chamado de senescência, vem

acompanhado da diminuição das capacidades e reservas biológicas, aumentando a

vulnerabilidade às alterações orgânicas e funcionais.

A voz tem destaque fundamental nesse contexto como instrumento de comunicação,

integração e indicador da qualidade de vida, propiciando caminhos de equilíbrio

psicossocial necessários ao idoso, possibilitando-o exercer sua individualidade, autonomia

e cidadania.

Decidimos por desenvolver nossa pesquisa dentro do tema envelhecimento da voz,

refletindo sobre essas questões tão urgentes para nossa sociedade e para a população,

principalmente, pensando na saúde do idoso, onde a fonoaudiologia através da prevenção

e da terapia, está inserida nesse contexto de forma tão clara e evidente, servindo como elo

de ligação e manutenção da imagem e da qualidade vocal imprescindíveis nas relações

interpessoais, profissionais, de auto-estima e de inclusão social ao desempenho de vários

outros papéis que vão formar a cidadania.

Com esses questionamentos, estudaremos o envelhecimento da voz e suas

alterações, buscando com os resultados obtidos na pesquisa aplicá-los à clínica

fonoaudiológica, contribuindo para o resgate do idoso ao curso normal de suas vidas, e

ainda, “desnaturalizar” o conceito de velhice, ampliando a conscientização sobre as suas

necessidades e procurando despertar o interesse dos demais profissionais por esse

trabalho .

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1- O ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo universal na espécie humana determinado por

fatores intrínsecos, podendo ser influenciado também por fatores extrínsecos e ambientais.

Conforme Vieira (1996), a senescência é o processo de envelhecimento normal e

benigno, que se estende por todo o curso da existência humana, consequentemente ao

desgaste fisiológico relativo pelo passar dos anos, que tem seu marco em torno dos 65

anos.

Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao avanço da

idade são altamente específicas para cada pessoa; começando em diferentes partes do

corpo, em momentos diferentes e, com um rítmo e alterações também diferentes nas

células, tecidos e órgãos.

O envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por menor

eficiência funcional, com enfraquecimento dos mecanismos de defesa; diminuição da

cognição, das respostas reflexas e do estado de alerta, além de enfraquecimento da

estrutura óssea e diminuição da função e da massa muscular.

Beauvoir (1970) cita, na dimensão física do envelhecimento, a ocorrência na

mudança da aparência, embranquecimento dos cabelos e dos pêlos em algumas partes do

corpo, proliferando no queixo de algumas mulheres. Por desidratação a pele se enruga, os

dentes caem acarretando um encolhimento da parte inferior do rosto, de tal maneira que o

nariz se alonga verticalmente por atrofia dos tecidos elásticos aproximando-se do queixo. A

proliferação senil da pele traz um engrossamento das pálpebras superiores, enquanto se

formam papos sob os olhos, o lábio superior míngua, os lóbulos das orelhas aumentam.

Como parte das alterações, também o esqueleto se modifica. Os discos da coluna

vertebral se empilham e os corpos vertebrais vergam, diminuindo o tamanho do busto.

Ocorre uma redução na largura dos ombros e aumento na largura da bacia, o tórax tende a

tomar forma sagital, sobretudo nas mulheres. O funcionamento cardíaco se altera, perdendo

progressivamente sua capacidade de adaptação, as veias perdem a elasticidade podendo

reduzir sua luz, a circulação cerebral é mais lenta reduzindo sua oxigenação. A caixa torácica

mais rígida faz com que haja perda da capacidade respiratória, caindo de 5 litros, no adulto,

para 3 litros no idoso. A foça muscular diminuí, há diminuição na dinâmica de movimentos,

diminuição de peso corporal, flacidez muscular, redução da acuidade visual e auditiva. O

tato, o olfato e o paladar também sofrem redução em suas capacidades.

A evolução para o aumento de peso em alguns casos, é determinado pelo excesso

alimentar, ansiedade e sedentarismo, fazendo surgir camadas de gordura sobre os

músculos que diminui ainda mais a sua massa.

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Segundo Vieira (1996), o envelhecimento sobrevem de uma determinada

programação orgânica de crescimento e maturação, levando em conta seu caráter universal

e de variação de um indivíduo para o outro, podendo ser entendido em várias dimensões

que buscam explicar os seus fenômenos.

Na dimensão biológica é descrita, genericamente, como uma perturbação da

homeostase orgânica. Uma das explicações para o fato, é de que o organismo conteria um

estoque fixo de energia, tal como a mola de um relógio, que ao se desenrolar levará a

finalização da vida. Neste caso, o envelhecimento estaria ligado a um princípio de exaustão.

Essa teoria não teve fundamento na explicação do envelhecimento biológico.

Kaplan (1990), diz que a teoria que recebe considerável atenção, refere-se a

existência deliberada de uma programação biológica de que cada célula possui um tempo

de vida geneticamente determinado. Esta, sustenta a idéia que dentro de uma célula normal

está armazenada a capacidade de definir seu próprio número de duplicações. Esgotada tal

capacidade de duplicar-se, tem início o envelhecimento e a morte celular.

Existem algumas evidências de que no sistema imunológico estão associadas

causas do envelhecimento. Essas alterações resultariam em aumento de certas doenças na

população idosa. Elas se manifestam como se a função imunológica estivesse distorcida se

tornando auto-destrutiva. As células que não se dividem, e por isso são insubstituíveis, como

os neurônios e as células do músculo cardíaco ficam mais vulneráveis às alterações do

sistema imunológico.

Há também a teoria de que o envelhecimento é, em grande parte, efeito dos radicais

livres na oxidação das células, que são moléculas ou compostos químicos altamente reativos

e destrutivos, que por serem em número ímpar, se ligam às células sadias causando efeito

tóxico, consequentemente, produzindo envelhecimento.

1.2 - COMO ENVELHECEMOS ?

Tudo começa nos tecidos. Com a idade acontece uma diminuição do número

de células, tanto daquelas que são renováveis, quanto das não renováveis. Com o

passar do tempo, modificações importantes fazem diminuir a eficiência das mitocôndrias,

usinas responsáveis pela produção de energia nas células. O núcleo das células sofrem

modificações, seu DNA, por nunca ter sido renovado torna-se mais rígido, mais estável,

mais difícil de realizar a síntese de proteínas responsáveis pela tradução do código

genético, seguindo-se por perda de informação genética com progressivas mudanças

metabólicas e morte celular, fazendo surgir alterações tanto internas quanto externas no

organismo.

Para Ribeiro (1999), o envelhecimento biológico é muito mais complexo do que

simplesmente o comprometimento funcional das células, provavelmente os mecanismos

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sejam múltiplos e mutuamente influenciáveis, e é portanto justificado considerar o

envelhecimento como um processo de causas endógenas e exógenas.

Estudos recentes da biologia celular concordam em atribuir as bases principais do

fenômeno do envelhecimento a causas endógenas, que interferem nos mecanismos

moleculares que conservam ou transmitem a informação, seja ao nível genético que

exteriorizam seu efeito, ou sobre aquele tipo de célula que tem capacidade de se proliferar

continuamente.

Como conseqüência das alterações celulares nos tecidos, observamos a

diminuição do peso e volume dos órgãos, devido a substituição das células mortas por

tecido cicatricial; atrofia desigual e desarmônica, resultando num aspecto irregular e

desordenado nos tecidos; alteração do tecido conjuntivo com diminuição do número de

células e alterações das fibras que se tornam ressecadas e menos elásticas; diminuição da

vascularização capilar dos tecidos; diminuição da água total existente no organismo à custa

de água intracelular e, por último, aumento da quantidade de gordura corporal.

1.3 - A IDADE E LONGEVIDADE

A duração média de vida humana vem aumentando desde a antigüidade. Na idade

média, a expectativa de vida era de que o indivíduo chegasse aos 25 anos de idade, sendo

que dez de cada cem nascidos podiam chegar aos 60 anos de vida. Carlos V, rei da

Espanha era considerado o “velho sábio” por ter atingido os 42 anos quando morreu.

Durante muitos séculos e, até hoje, são desenvolvidas tentativas de prolongar a

juventude ou restaurar o vigor físico e sexual. No século XII, os princípios da alquimia eram

usados com a crença de que, com eles, era possível triplicar a expectativa média de vida,

que não ultrapassava os 45 anos.

Com o avanço da ciência no século 19, particularmente nos últimos cem anos, a

taxa média de vida elevou-se extraordinariamente. A melhoria das condições materiais de

vida, o progresso da medicina, da cirurgia e das tecnologias em saúde pública fizeram

com que muitas doenças fossem controladas e erradicadas, afastando assim, o fantasma da

morte precoce das pessoas e, promovendo melhoria na qualidade de vida com longevidade

para boa parcela da sociedade.

Muitos gostariam de viver por muito tempo, porém poucos querem ser “velhos”,

evitando e negando o sentimento e a condição de ser alguém que não tem mais uso ou

valor, que é doente ou está desgastado pelo tempo.

A questão do tempo de vida não recai sobre esse prisma, e sim, sobre a saúde, que

não é só privilégio dos jovens, e na qual está a base da longevidade de qualquer povo.

Com raras exceções , todos querem viver maior tempo possível, mas poucos

querem assumir as conseqüências desfavoráveis a esse fato. Com isso aumentam as

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apreensões frente as questões médico-sociais ligadas ao aumento do tempo médio de vida

da população.

Portanto, pouco importa viver cem anos se essa longevidade não estiver

acompanhada de qualidade de vida, sendo esta representada por saúde funcional, bem-

estar psicológico, social e familiar, afinados com os preceitos mais elementares de

dignidade humana.

O IBGE (1997), mostra um aumento percentual na população com mais de 60 anos,

que em 1992 representavam 7,9% da população, e já em 1997 esse índice atingiu 8,6% do

total de brasileiros.

Netto (1999), diz que, a diminuição da taxa de mortalidade acaba por se traduzir

numa elevação da expectativa média de vida da população idosa. Essa expectativa, que no

ano de 1900 era de apenas 33,7 anos de vida, passou em 1980 para 63,5, projetando-se

para o ano 2000 a média de 68,6 anos, e, para o ano 2020 a média de 72,1 anos.

Rena (1998), em seus estudos, aponta uma expectativa de vida crescente nos anos

90, partindo da média dos 70 anos, passando pelos 75 e, chegando até os 85 anos de vida,

contra 55 anos em média, nas primeiras décadas do século.

Para Mac-Kay (1998), fica evidente a associação da idade dos 60 aos 65 anos,

período da aposentadoria, a uma aparente perda da utilidade (“morte” social).

Mensurar a vida em termos de cronologia tem sido um erro, como considera Vieira

(1996), pois não é um bom indicador de velhice. Podemos sim, mensurar o organismo em

termos funcionais. Com esse conceito, desnaturalizamos certos argumentos como, por

exemplo, que “ser velho é ser doente ou incapacitado”, que “velhice e danos cerebrais

caminham necessariamente juntos” e, que “a velhice deve significar declínio, degeneração e

morte”.

Devemos estimular o idoso e a sociedade a repensar o envelhecimento como mais

uma fase de sua existência, que possui e promove várias mudanças, mas que não aceita a

passividade de seu participante, requerendo dele uma reestruturação como em outra fase

qualquer da vida.

1.4 - OS RADICAIS LIVRES E O ENVELHECIMENTO

As reações químicas que ocorrem dentro da célula, responsáveis pela manutenção

da vida celular (respiração, produção de energia, etc.), por si só levam à produção de

substâncias perigosas que nos “enferrujam” por dentro ou nos oxidam, chamadas de

radicais livres. Os radicais livres são moléculas contendo oxigênio com um elétron livre,

resultante de oxigenação celular, isto é, partículas extremamente reagentes (ávidas por se

ligarem a outras partículas) que se formam aos bilhões, a cada respiração do homem, que é

um ser aeróbico, ou seja, dependente de oxigênio. Casos esses radicais livres não sejam

eliminados ou detidos, podem levar à destruição de componentes vitais das células,

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podendo chegar aos seus núcleos e promover “rasuras” nas cadeias de DNA, modificando

o código genético e dando origem a células diferentes, que podem tonar-se perigosas se

não forem contidas pelo sistema de defesa. No entanto, as células contam com enzimas

capazes de combater os radicais livres através de ligação química neutralizando-os. Porém,

com o passar dos anos, a quantidade dessas enzimas “antídotos” (antioxidantes naturais)

tendem a diminuir, ficando o organismo mais vulnerável à ação dos radicais. Considera-se

também, que a valorização dos hábitos de vida podem facilitar ou atrapalhar no combate a

esses inimigos. O rítmo de vida estressante, que não respeite as necessidades básicas do

indivíduo em termos de quantidade e qualidade (oxigênio, alimento, água, higiene, sono,

movimento, eliminação e sexo), tende aumentar a produção de radicais livres,

consequentemente diminuindo a defesa contra eles e favorecendo a aceleração do

processo de envelhecimento.

Segundo Vieira (1996), alguns tratamentos tem sido preconizados para reduzir os

efeitos causados pelos radicais livres a base de substâncias antioxidantes, que

acrescentadas à dieta, fortalecem as defesas orgânicas e, com isso, preservam por mais

tempo a capacidade funcional. Essas substâncias, em sua grande maioria, são encontrados

na dieta normal da maioria das pessoas. Algumas dessas substâncias como a vitamina C e

E e o Betacaroteno, tem ação antioxidante direta como as enzimas naturais. Outras como

alguns sais minerais (zinco, selenium, magnésio e cálcio), tem ação indireta pois entram na

composição das enzimas naturais.

Por último, devemos refletir também sobre a importância em se investir cada vez

mais no cuidado com a qualidade e a escolha dos alimentos, que acabam por influenciar a

saúde e a longevidade do idoso.

2 - FATORES SOCIAIS E O ENVELHECIMENTO

Devemos questionar nossas naturalizações sobre as categorias de idade, mais

especificamente, a velhice, que culturalmente é quase em sua totalidade, condenada ao julgo

e ao relego social a pretexto das mais variadas intenções e justificativas. O idoso tem

sempre como resposta às suas expectativas atenção evasiva, ausência de oportunidades e

possibilidades, como se não pertencesse ao ciclo normal da vida, pois estamos

“acostumados” a pensar na juventude como relação de “garantia” de conquista e privilégios.

A participação ativa no contexto produtivo da sociedade confere às pessoas um

determinado grau ou status social e estabelece diferentes significados a essa condição.

Conforme vão atingindo certos patamares etários e contribuindo de forma diferenciada no

processo de produção econômica, ou de representação de papéis sociais, o homem vai

sendo mais ou menos prestigiado pelo sistema de gratificações existente, como aponta

Netto (1999) em seus estudos.

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Ao atingir a terceira idade, com o afastamento provocado pela aposentadoria, ou

pela redução de suas capacidades laborativas e habilidades da vida diária desempenhadas

no lar, além das transformações físicas visíveis em muitos , ocorre um rebaixamento

econômico, de prestígio social e na família com a perda de poder decisório.

As reações a esses fatos são as mais diversas, podendo começar com uma

pequena tristeza, indo gerar um grande isolamento social, melancolia ou depressão, com

sérios comprometimentos psicológicos e, em casos extremos, levar ao suicídio.

Um outro fator que interfere brutalmente no equilíbrio psicossocial do idoso é a

perda da sua autonomia e da capacidade e direito do indivíduo em poder eleger, ele

mesmo, as regras de sua conduta, a orientação de seus atos e os riscos inerentes a eles,

além da possibilidade de realizar suas atividades sem a ajuda de terceiros, repercutindo em

seu exercício pleno de ser social e de cidadania.

A improdutividade humana que ocorre com a velhice segundo Beauvoir (1976), pode

ser entendida como um fenômeno biológico com consequências psicológicas considerado

típico da idade avançada. As mudanças emocionais pela perda progressiva de fatores

culturalmente valorizados como saúde, beleza, carreira, segurança financeira, status e,

consequentemente, baixa na auto-estima, devem também ser encaradas como naturais e

inerentes ao momento etário.

Os idosos que tem recursos psicológicos bem estruturados ao longo da vida , como

observa Vieira (1996), conseguem adaptar-se às mudanças inevitáveis do processo,

superando o que chamamos de “crise de adaptação”, conservando mais facilmente seu

senso de auto-preservação e o seu estado de saúde mental, mantendo participativo e ativo

socialmente.

3 - COMPORTAMENTO SENIL

A teoria psicológica do envelhecimento, de uma certa forma, é extensão das teorias

da personalidade e do desenvolvimento, tendo limitações óbvias, devido a complexidade em

abordar dados das várias esferas do comportamento, como, também, pela dificuldade em

inquirir o idoso nesse tipo de levantamento.

O envelhecimento psicológico caracteriza-se por aumento na exatidão da percepção

e uma redução em sua velocidade. Segue apresentando uma diminuição da memória

mecânica, instalando-se um sistema mnésico que evita o não-essencial. Outras

características identificadas são uma maior vulnerabilidade das funções mentais, com

aumento da ponderação, do equilíbrio e da espiritualidade.

O que marca a existência de conflitos psicológicos nesta fase, é a dificuldade em

adaptar-se às mudanças físicas, sociais, e pelos choques provocados na interação com

uma sociedade pouco tolerante, com muitas cobranças sociais, que requerem respostas

rápidas e eficazes que o idoso já não pode dar.

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Estas mudanças geram estados de insegurança, medo, tensões, que são

expressados através de atitudes mais rígidas, conservadoras, indiferentes, expostas pelo

idoso.

Simões (1993), diz que os idosos resistem em aceitar novas idéias que os leva, de

certa forma, a uma crescente introspecção e decréscimo da comunicação com o mundo

exterior.

O equilíbrio psicológico é, portanto, resultante do somatório de recursos psico-

emocionais desenvolvidos ao longo da vida, que funcionam como prevenção, permitindo ao

idoso, desempenhar satisfatoriamente sua capacidade de adaptação social e um

funcionamento cerebral condizente com a vida de relação.

O envelhecimento saudável ou senescência, é aquele no qual essas alterações

ocorrem de forma gradativa, com busca de consciência , permitindo ao indivíduo a condição

de se adaptar ao novo ritmo, sem ruptura ou afastamento social, mantendo e aprimorando

sua relação.

A inadaptação e a negação aos fatores de mudança, surgem no indivíduo quando

ele começa a tomar consciência e experimentar o “sentimento de velhice”, provocados por

alterações físicas, sociais, psicológicas e culturais. Podemos observar essa negação em

seu comportamento e hábitos, quando o idoso passa a fazer acumulação constante de

objetos ou de lembranças, significando uma fixação no passado para preservar sua

identidade. Através do vínculo material com um período de vida experimentado no passado,

ele tem a gratificação e o sustento em seu sentimento de perda da vitalidade, habilidades e

capacidades. Como conseqüência dessa perda no presente, ele refugiar-se em suas

vivências anteriores de forma nostálgica e melancólica.

A distração e o esquecimento, que têm como origem, a preocupação excessiva

com sua conduta, sua própria transformação pelo envelhecimento ou por algum processo

patológico. Os efeitos desse quadro são danosos para o próprio idoso e para seus

parentes e próximos, refletindo nos aspectos da sua rotina, nas atividades da vida diária e

da sua segurança.

Outra atitude preocupante são as acusações e censuras extremas, sendo quase

sempre causadoras de mal entendidos e de conflitos infundados. O idoso Insiste em

julgamentos, afirmativas, repetindo a mesma pergunta várias vezes, acusando também

outras pessoas de maus tratos, calúnias ou atos lesivos contra ele como roubo de seus

pertences e objetos. Tal reação pode ser causada por patologias cerebrais, pela má

qualidade na alimentação, que podem trazer como conseqüência visível, a falta de interação

social, depressão e, finalmente o isolamento.

Um processo demencial em curso geralmente tem como causa a regressão

emocional e física que, em muitos casos, é a manifestação da necessidade que o idoso tem

em ser tocado, realizar contato corporal, recebendo atenção e carinho de outras pessoas.

Por não conseguir atrair a atenção para si de outra maneira, passa a criar situações nas

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quais ele se torne o centro das atenções e de dependência de cuidados, que

inevitavelmente, colocará algumas pessoas sempre à sua volta.

A demência de Alzheimer, descrita no início do século, de caráter primário,

progressivo atrófico e degenerativo, de início lento e gradual, é responsável por mais da

metade dos quadros descritos de demência na terceira idade, ocorrendo mais

frequentemente nas mulheres do que nos homens. A média de idade para seu início pode

ser a partir dos 55 anos mas, é comum ocorrer aos 65 anos. A fase inicial é caracterizada,

principalmente por prejuízos na memória recente, com dificuldade de manter a atenção, a

capacidade de associação e orientação, sobretudo espacial.

A partir desse momento, começa a haver um declínio geral da eficiência com o

idoso apresentando uma aparência descuidada, com distúrbios de movimento e de postura

em razão da fraqueza e da rigidez dos músculos.

Outra atitude do comportamento senil é a desorientação no tempo e no espaço, que

também acabam gerando preocupações, confusões e equívocos, em situações que o idoso,

ao sair sozinho, não encontra o caminho de casa. Em outros momentos, troca os nomes das

pessoas, datas, horas, não reconhecendo amigos parentes ou vizinhos. A causa dessas

alterações tem origem orgânicas e cerebrais, de isolamento ou de falta de contatos diários.

O resultado é o constrangimento, e consequentemente, o idoso perderá perder sua

autonomia, passando a ser “tutelado” por outras pessoas.

Por último, fixação na idéia de morte, que em geral, tem como causa o abandono

pela família e dos entes queridos. Sentindo-se só, o idoso torna-se amargo, mórbido,

pesado, indiferente e hostil às pessoas e ao mundo que o cerca, com um total desestímulo e

desinteresse e perda da esperança para a vida.

4 - MANIFESTANDO O ENVELHECIMENTO

O envelhecimento normal é gerador de inúmeras alterações que atingem todo o

organismo de forma e momentos distintos, não estando, porém, relacionados somente a

idade cronológica mas, também, a velocidade do relógio biológico de cada indivíduo e, de

seus “marcadores” de envelhecimento que, a partir do nascimento, apresentam inúmeras

variáveis no desenvolvimento ao longo da vida.

Conforme Matsudo (1998), à medida em que incrementa a idade e a capacidade

física diminuí, o indivíduo torna-se menos ativo dando lugar ao envelhecimento físico e,

consequentemente, a outras alterações orgânicas, algumas relacionadas pela diminuição

das funções fisiológicas e outras por imobilidade e má adaptação.

A Organização Mundial de Saúde tem definido, entre outros conceitos, o

envelhecimento como uma diminuição da adaptabilidade aos estímulos ambientais. Essa

diminuição esta diretamente ligada a fatores genéticos, físicos, alimentares, sociais e

psicoemocionais , como também aos desequilíbrio dos neurotransmissores do cérebro.

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4.1- MANIFESTAÇÕES MÚSCULO- ESQUELÉTICAS

Neste sistema ocorre diminuição da massa muscular em tamanho e número de

fibras, perda de 10 a 20% de força muscular, redução da velocidade de condução de

estímulos motores, maior índice de fadiga muscular e menor capacidade e tempo de

regeneração.

Ocorrem ainda, diminuição da estatura (altura), endurecimento, rigidez e

ressecamento dos tendões e ligamentos, com tendência à degeneração das articulações,

que podem comprometer a capacidade de movimento, flexibilidade e amplitude. Ocorre

também, diminuição da densidade óssea, mais intensamente na mulher com o surgimento

da menopausa, diminuindo a resistência à sobrecarga de peso e a capacidade em realizar

movimentos rápidos.

4.2 - MANIFESTAÇÕES NO SISTEMA NERVOSO

No sistema nervoso central, conforme kaplan (1990), ocorre uma diminuição de

peso cerebral e perda de neurônios, em aproximadamente 50.000 neurônios por dia,

podendo ocorrer uma deterioração mental significativa.

O cérebro parece funcionar como marcapasso do envelhecimento, conduzindo o

ritmo do processo através de mudanças na capacidade de elaborar e integrar os estímulos

provenientes do organismo e do ambiente e, de propor a reação adequada. Portanto, nesse

período, observa-se uma diminuição na intensidade dos sinais de alarme disparados pelo

cérebro como sede, fome febre e dor.

Com o passar dos anos o cérebro recebe menor fluxo sangüíneo e menor

oxigenação, acontecendo uma diminuição significativa no número, no tamanho dos

neurônios e na quantidade de neurotransmissores liberados, repercutindo em menor tempo

de reação e diminuição na velocidade da condução nervosa . No entanto, os neurônios

sobreviventes preservam a capacidade de fazer ligações com muitos outros neurônios, o

que caracteriza a plasticidade cerebral, que se mantém com a idade, desde que haja

estímulo para o cérebro permanecer atento.

4.3 - MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES

A vida sedentária e o passar dos anos torna o coração mais vulnerável à

insuficiência, ao surgimento de arritmias e diminuição da utilização de oxigênio. A parede

das artérias pode sofrer diminuição na elasticidade, levando ao aumento da pressão arterial.

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O coração apresenta diminuição da freqüência cardíaca e menor eficiência em

responder às solicitações através do aumento de seus batimentos. Segundo especialistas,

deve ser treinado para bater com mais força através de exercícios e acompanhamento

médico cardiológico.

4.4 – MANIFESTAÇÕES PULMONARES

As modificações observadas na respiração refletem as mudanças externas na caixa

torácica, bem como as alterações internas nos brônquios e alvéolos. Observamos maior

rigidez na mobilidade das costelas por conta das alterações de suas articulações com as

vértebras e com o osso esterno. Os músculos respiratórios encontram-se atrofiados, com

relativa conservação do trofismo do diafragma. Ocorre tendência a um comportamento

inspiratório, com menor elasticidade e hipertensão dos alvéolos, aumentando o volume dos

pulmões.

Nos pulmões a expiração é a parte do processo onde se observa maior alteração.

Surge o aumento do volume residual, diminuição da capacidade vital de 5 litros para 3 litros

no idoso, com redução do reflexo de tosse e expectoração das secreções facilitando

acúmulos no interior pulmonar. Uma das conseqüência observadas na voz é a diminuição

na sua potência pela redução da pressão aérea infraglótica.

A mucosa dos brônquios sofre atrofia com diminuição da atividade ciliar, diminuindo

ainda mais a defesa dos pulmões, com o favorecimento na instalação de infecções com

repercussão sistêmica para o organismo do idoso.

4.5 – MANISFESTAÇÕES GENITO-URINÁRIAS

Os rins são os órgãos que mais sofrem com o envelhecimento depois dos pulmões.

Ocorre diminuição em sua eficiência funcional, com maior demora para eliminação de

substâncias tóxicas e fármacos, menor capacidade em controlar adequadamente a

quantidade de água do organismo. A bexiga sofre atrofia, tendo seu volume reduzido à

metade, aumentando a urgência miccional em menor espaço de tempo. A mulher apresenta

maior predisposição a infecções urinárias devido a baixa proteção hormonal. No homem,

surge predisposição a problemas urinários devido à maior possibilidade de hipertrofia

prostática.

A diminuição da concentração de hormônios sexuais, estrogênio e testosterona,

ocasionam em ambos os sexos alterações no aparelho genital.

Na mulher, ocorre atrofia de mamas e útero, a vagina fica com sua parede mais fina

e delicada com menor resposta aos estímulos excitatórios. No homem, surge diminuição da

capacidade de ereção, que passa a ser mais lenta e mais vulnerável a interferências.

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4.6 - MANIFESTAÇÕES ENDÓCRINAS

Embora não possamos atribuir às alterações endócrinas a responsabilidade pelo

envelhecimento, é evidente que o processo de envelhecimento em si pode influenciar a

produção, a secreção, o transporte, o metabolismo e a ação hormonal ao nível das células-

alvo, aquelas que respondem às mensagens trazidas pelos hormônios.

A secreção de muitos hormônios diminui com o envelhecimento normal, incluindo o

estrogênio, testosterona, insulina, hormônios da tireoide, hormônio do crescimento, que no

adulto são responsáveis pela vitalidade, e a melatonina, hormônio relacionado ao sono.

Apesar do envelhecimento acompanhar-se de diminuição desses hormônios, não se

trata de insuficiência glandular, mas de adaptação da função ao metabolismo periférico.

O sistema nervoso recebe informações através das vias sensitivas (órgãos dos

sentidos), que responde estimulando ou inibindo os centros nervosos apropriados entre o

hipotálamo e a hipófise (glândula-máter). Se o sistema nervoso envelhecido se tornasse

desorganizado a ponto de ser incapaz de operar uma eficiente integração neuroendócrina, o

organismo manifestaria uma progressiva incapacidade de responder aos estímulos

provenientes do ambiente. A homeostase deteriorada poderia ser causa de doenças e

sucessivamente de morte.

4.7 – MANIFESTAÇÕES COGNITIVAS

.

As principais funções psíquicas envolvidas no processo cognitivo são a motivação,

atenção, aprendizagem, memória, linguagem, raciocínio, percepção e o pensamento.

Portanto, uma alteração cognitiva promove, muitas vezes, prejuízos irreversíveis que afetam

a vida de relação e comprometem significativamente a qualidade de vida do idoso.

As causas orgânicas que alteram a cognição podem ser infecções, desordens

metabólicas, doenças cardiovasculares, neurológicas como a demência, psicológicas como

depressão e ansiedade, e sociais que se manifestam pelo isolamento .

É necessário diferenciar declínios advindos do processo fisiológico normal do

envelhecimento, reconhecendo as alterações orgânicas da senilidade, não esquecendo das

características ambientais e circunstanciais, que podem influenciar o desempenho

cognitivo, sendo importantes indicadores do estado de saúde física e mental.

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A importância no reconhecimento de que tipo de deficiência cognitiva o idoso

apresenta, reside no fato de que é este quem vai pautar qualquer proposta de reabilitação,

conforme Mac-kay (1998) e Vieira (1996). Dessa forma, todos os envolvidos no convívio

com o idoso, como familiares, cuidadores e profissionais da equipe de saúde, devem estar

atentos às mudanças no padrão comportamental, transtornos neurofuncionais, no que se

refere aos aspectos intelectual, da linguagem e da memória, que são as áreas que

permitem avaliação mais precisa, e que por vezes, apresentam alterações não identificáveis

sem observação mais constante.

É fundamental avaliar também a tolerância do idoso às intervenções, evitando

estimulação excessiva que pode gerar ansiedade e agitação, muitas vezes externada

verbalmente através de uma fala queixosa.

5 - A IMAGEM CORPORAL E A VOZ

Num ser que está envelhecendo a imagem do corpo jovem vai se perdendo, a

aparência vai se modificando, dando lugar às alterações e transformações que o tempo lhe

impõe. Assim chegam as modificações no físico que vão penetrando na auto imagem

corporal que cada um construiu ao longo dos anos, quando sua aparência, praticamente

inalterada pela transformação lenta e gradual, começa agora a mudar de forma mais

acelerada.

Historicamente, o corpo vem sendo alvo de interesses do ser humano, uma vez que

através dele revelamos e manifestamos a vida. Isto pode ser comprovado pelas mudanças

físicas de nossa anatomia, pela luta contra as doenças, e pelo próprio envelhecimento.

O corpo também representa objeto e alvo de poder. Com isto, determina-se um

corpo manipulável, modelável, treinável, obediente, correspondente, que se torna hábil e

cujas forças podem se multiplicar. Nesse momento, é possível enxergar o corpo dentro de

uma sociedade poderosa, que impõe obrigações, proibições e limitações, principalmente

no caso do idoso.

O corpo revela meandros e curvas da história pessoal de cada ser. Conta coisas

sobre nossa trajetória emocional e nossos sentimentos mais profundos, nosso caráter e

nossa personalidade.

A voz que acontece através da fala nas palavras pronunciadas, escritas, lidas e

cantadas, manifestam toda sua riqueza emocional em seu tom, inflexão e musicalidade das

frases, revelando todo tempo os sentimentos que acreditamos estar secretos, que por sua

vez traçam o perfil de uma imagem vocal desenvolvida e estabelecida em cima de padrões,

valores e cultura vividos ao longo de sua existência.

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Simões (1994), revela que o corpo não mente, antes mostra o interior. No entanto,

em muitas situações e por diversos motivos, ele é um complexo obscuro não revelado.

O corpo manifesta os segredos, os traumas, as tristezas e os triunfos de tempos

passados. Todos estão corporificados em ligamentos e músculos, expressos na postura,

nos movimentos, tensões e também na vitalidade.

A simples menção à palavra velhice, dá idéia da perda de utilidade, de obsoleto,

ultrapassado, incapacitado, desvalorizado, e de tantos outros adjetivos, que mostram o

preconceito e a pouca aceitação por parte da sociedade, em que o próprio idoso transfere a

si mesmo, naturalizando esse sentimento em sua auto-estima.

O aspecto físico com a idade se altera. O rosto se enruga, o corpo se curva e

permanece longe de corresponder ao modelo contemporâneo narcisista, em que a juventude

e beleza são requisitos essenciais, onde ao jovem tudo é permitido e valorizado. A atividade

sexual sofre os mesmos preconceitos. Os homens, mesmo os que mantém seu físico sólido,

se deparam com a não aceitação da própria sexualidade. Nas mulheres, com a menopausa,

desaparecem não só as regras, como também o símbolo de sua juventude e virilidade.

Com a deterioração da imagem corporal imposta pelo próprio processo de

envelhecimento, além de outras imposições incompatíveis com as mudanças naturais na

senilidade, o idoso vai perdendo também sua imagem vocal. Sua voz já não reivindica, não

tem mais status social, não opera uma condição de autonomia e “poder”, mas sim de

submissão orgânica e social, tornando-se débil, sem vigor, enfraquecida, tremula,

desinteressada e muitas vezes censurada e proibida de expressar seus anseios pessoais,

manifestando-se numa reprodução sonora, monótona e sem brilho, exatamente como é sua

vida.

Manzonni (1992), alerta que o psiquismo necessita de um desejo, de um interesse.

A imagem assexuada que se faz do idoso, e toda a ambigüidade relativa à ela, resulta num

conflito onde se reprime o desejo e acaba-se por inibir o interesse.

O afastamento da vida produtiva do trabalho e suas conseqüências, como a perda

do status social e do convívio grupal, a falta de inserção em outra atividade ou acupação,

além queda no nos níveis de saúde e no desempenho sexual, aumentam a perda e

distanciam o idoso da consciência de sua imagem corporal.

O movimento corporal é o resultado das nossas emoções; portanto, torna-se

impossível a separação entre o corpo e mente, corpo e voz. É conveniente lembrar que no

caso do idoso, as sensações negativas são expostas pela rejeição ao próprio corpo,

julgando-o feio e incapaz. Com a voz ocorre a mesma situação. A dinâmica vocal esta

totalmente associada a dinâmica corporal.

O idoso deve ser mantido em boa condição existencial, que não se resume apenas

em combater seus sintomas, mas também, em cuidar de sua vida instintivo-motora e de sua

comunicação.

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Uma pessoa ao envelhecer, recebendo toda a carga de conflitos existenciais que o

processo lhe acarreta, sem receber cuidados onde ela, através da consciência desses

“males”, possa canalizá-los para fora do seu corpo, sofrerá cada vez mais, somatizando e

potencializando as reações psíquicas e orgânicas, criando áreas de tensão corporal, como

na laringe por exemplo, sendo obrigado diariamente a “engolir” as resposta e as palavras

que acabam por se manifestar em alterações vocais.

Somente com certeza de que seu corpo e sua voz ainda podem manifestar,

oportunizar e realizar muitas coisas, é que o idoso terá consciência do seu valor nessa fase

da vida e se sentirá incluído.

6 - A PRESBIOPIA E A FALA NO IDOSO

Os sentidos tornam-se menos eficientes com o passar dos anos, interferindo no seu

estado de alerta aos estímulos externos, de segurança, nas atividades diárias, no

relacionamento social, e no bem-estar geral do indivíduo.

Talvez uma das primeiras alterações no idoso ocorra na visão, graças à menor

capacidade de resposta de resposta do olho à luz. Devido ao enrijecimento da camada

ciliar, pela pouca elasticidade da pupila e, ao menor poder de acomodação do cristalino ,

ocorre uma dificuldade em enxergar ou visualizar de perto objetos mais próximos que até 33

centímetros .

A presbiopia, proveniente do envelhecimento orgânico, desenvolve-se a partir dos

40 e 50 anos de idade. Existem, também, outras alterações visuais que surgem na terceira

idade e que não fazem parte do processo de envelhecimento normal, sendo portanto de

origem patológica como; catarata, degeneração muscular ótica, diabetes e glaucoma. Como

conseqüência dessas patologias pode acontecer a perda visual, sendo lenta e gradual, com

dificuldade em ser identificada por algum tempo, havendo necessidade de visita periódica

ao oftalmologista.

A percepção e integração da fala, com a diminuição ou a perda da visão, ficam

altamente prejudicadas em sua performance devido a falta de informação das expressões

faciais e labiais do falante. Um idoso limitado em sua capacidade visual, é também um ser

limitado no universo da comunicação, com sua autonomia e sua relação com a sociedade

dependente e restrita praticamente ao membros da família ou da instituição na qual

encontra-se interno.

O indivíduo restrito em sua visão, com o passar do tempo, pode tornar-se

depressivo, pouco falante, com voz fraca e quase sussurrada, perdendo a noção de projeção

da sua voz no ambiente, no espaço e com seu interlocutor pela falta de orientação de

direção e distância.

Sanders (1971), salientou a importância da inter-relação do canal visual e auditivo

como parte do processo de reabilitação, ressaltando que a praticabilidade de uso residual

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desses sentidos, depende quase que inteiramente do campo visual para compreensão dos

aspectos visíveis da comunicação da fala.

7- A PRESBIACUSIA E A COMUNICAÇÃO

Comunicar é tornar comum, compartilhar o conteúdo de informações, pensamentos,

aspirações, idéias e desejos, falar e ouvir, escutar e ser escutando pelo outro com quem

passamos a ter algo em comum.

O desejo de nos comunicar é vital e origina-se dos esforços em satisfazer nossas

necessidades de ordem física, social e emocional. Ao homem é necessário interagir com

outros como meio de sobrevivência, estimulação e proteção.

De acordo com Syder (1997) temos que manter os relacionamentos antigos,

estabelecer novos relacionamentos demonstrando envolvimento com outras pessoas.

Precisamos explorar sempre o nosso ambiente, e a nós mesmos para aprender a controlá-

lo, seja diretamente através do nosso comportamento, ou indiretamente através de outros

indivíduos.

A comunicação feita por meio da linguagem falada é vital para que o homem possa

caminhar em sua busca por novas experiências, conhecimentos e relacionamentos

interpessoais. Entretanto, para aquisição e manutenção da linguagem falada, utilizando a

voz, é necessário uma boa audição; ouvir a linguagem por determinado período é essencial

para que possamos executar o seu uso. Além disso, a audição é fundamental na segurança

como alerta à defesa contra os perigos, permitindo localizarmos fontes sonoras à distância.

O declínio na capacidade de ouvir na população idosa, denominado de

presbiacusia, ocorre por mudanças no tamanho do pavilhão auricular devido a diminuição

da elasticidade e da tonicidade muscular na orelha externa. Na orelha média, é observada a

redução da elasticidade do tecido muscular, calcificação dos ligamentos e dos ossículos

(martelo, bigorna e estribo), com diminuição das características de transmissão. Entretanto,

a degeneração que mais interfere na audição envolve a estrutura

da orelha interna, causada por atrofia do órgão de corti, perda ou degeneração de células

ciliadas, perda de neurônios nas vias auditivas e na cóclea, atrofia vascular, desequilíbrio

bioelétrico e bioquímico da cóclea. Por último, redução de movimentos da membrana basilar,

envolvendo a mecânica do movimento coclear.

Segundo Russo (1999), a presbiacusia é tipicamente caracterizada por uma perda

auditiva bilateral levando seu portador a experimentar uma diminuição da sensibilidade

auditiva e uma redução na inteligibilidade da fala, o que vem comprometer seriamente o

processo de comunicação verbal.

A perda auditiva em altas freqüências torna a percepção dos sons consonantais

muito difícil, especialmente quando a comunicação ocorre em ambientes ruidosos.

A impossibilidade em poder utilizar plenamente a audição gera no idoso um

sentimento de incapacidade e de frustração devido a importância e papel social que ela

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ocupa em sua vida. A pressão social auto-imposta para ser bem sucedido na compreensão

da mensagem, gera ansiedade e aumenta a probabilidade de falhar, sentindo-se

constrangido acaba evitando o contato com outras pessoas acentuando o sentimento de

exclusão e angústia o que, inevitavelmente, aumenta seu isolamento.

Por não ouvir o que as outras pessoas falam, o indivíduo pode desenvolver

tendências paranóides desconfiança e desinteresse por ocupações e atividades sociais. É

muito freqüente familiares descreverem e rotularem o idoso portador de deficiência auditiva

como desorientado, confuso, distraído, não comunicativo, zangado e resmungão, sem

qualquer cuidado ou preocupação em encaminhá-lo a uma avaliação médica e

fonoaudiológica para, posteriormente, ter a orientação de como agir para minimizar ou

eliminar dúvidas e conflitos.

Conseqüências importantes para a deficiência auditiva foram definidas pela W.H.O

(Organização Mundial de Saúde) em 1980, sendo a primeira, a incapacidade auditiva, que

se refere à qualquer restrição ou falta de habilidade para desempenhar uma atividade dentro

de uma faixa considerada normal para o ser humano, relacionada aos problemas auditivos

experienciados pelo indivíduo com relação a percepção da fala em ambientes ruidosos

como: cinema, igrejas, teatros, rádio, televisão, sinais sonoros de alerta (sirenes de

emergência, buzinas de carros, campainhas residenciais), música e sons ambientais. A

Segunda, handicap (desvantagem), relaciona os aspectos não auditivos resultantes da

deficiência e da incapacidade em não ouvir, que limitam e impedem o indivíduo de

desempenhar adequadamente suas atividades, comprometem suas relações com a família,

com o trabalho e com a sociedade. Esta desvantagem é grandemente influenciada pela

idade, sexo, por fatores psicossociais, culturais e ambientais.

Para que o idoso possa cumprir o papel de ouvinte e de falante ativo no processo

da comunicação é necessário que algumas condições sejam observadas: atenção à

mensagem é fundamental, boa intensidade para audição, sem competir com ruído

ambiental quando este existir e for maior que a intensidade da fala. Comunicação com

vocabulário simples, bom ritmo e velocidade às palavras, pausas e entonação que facilitem

melhor a memorização e o conteúdo da mensagem pelo mecanismo de associação,

articulação e pronúncia com clareza e precisão e, qualidade vocal que dará autenticidade e

real emoção ao diálogo, tornando a comunicação efetiva e prazerosa.

8 - DESENVOLVIMENTO DA LARINGE

A laringe está localizada na região infra-hióidea, na parte mediana do pescoço,

comunicando-se inferiormente com a traquéia e superiormente com a faringe, abre-se na

base da língua, sendo formada por osso hióide, membrana tereoióidea, cartilagens, pregas

ventriculares ou bandas, pregas ariepiglóticas, ventrículos de Morgagni, pregas vocais,

ligamentos articulados e pela musculatura intrínseca (abdutores, adutores e tensores das

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pregas vocais), de forma a tornar sua estrutura uniforme e resistente, propiciando rápida

movimentação para produção da voz.

A cavidade laríngea e dividida em três planos: 1o) Plano glótico, que é constituído

pelas pregas vocais, limitando entre si o espaço denominado glote. Entre a mucosa laríngea

e o músculo da prega vocal, há um espaço potencial cheio de tecido fibroso e frouxo

denominado espaço de Reinke. A membrana fibroelástica que se estende da face inferior

da prega vocal até a superfície interna da cartilagem cricóide, denomina-se cone elástico,

sendo recoberto pela mucosa laríngea. 2o) Plano supraglótico, que vai das pregas vocais até

o orifício superior da laringe, tem como limite a borda livre da epiglote para diante, para os

lados as pregas aritenoepiglóticas e, para trás, os vértices das cartilagens aritenóides. O

plano supraglótico apresenta em suas paredes laterais duas estruturas denominadas falsas

pregas vocais ou bandas ventriculares, que normalmente, não desempenham função

fonatória e delimitam com as pregas vocais verdadeiras uma região que é o ventrículo de

Morgagni. 3o) Plano infraglótico, que vai desde as pregas vocais até um plano que passa

pela borda inferior da cartilagem cricóide.

Embriologicamente a laringe aparece na terceira semana de vida intra-uterina, a

partir de um prolongamento da faringe como uma dobra do endoderma. Pinho (1998)

descreve que no terceiro mês de vida intra uterina, a laringe tem as mesmas características

daquelas observáveis no recém-nato, com a cartilagem tireóide contígua

ao o osso hióide e, a epiglote volumosa em forma de ômega . A angulação da cartilagem

tireóíde corresponde a 110 ou 120 graus, independente do sexo. No desenvolvimento e

crescimento do trato vocal, ocorrem uma série de alterações na configuração geométrica

do tubo, de modo que a estrutura vocal do bebê não corresponde a uma miniatura da

estrutura vocal do adulto, diferindo tanto na forma como nas relações com as outras partes

do corpo.

No início, a laringe se apresenta muito alta, o que é facilmente observado nos

recém-nascidos durante a deglutição, quando esta se eleva ainda mais no pescoço. Estando

praticamente encaixada no osso hioíde, permite a manutenção de um sistema de dois tubos

que asseguram a dinâmica de sucção prolongada e respiração com segurança fisiológica.

Num dos eventos mais esperados da vida, o nascimento, a voz humana surge,

representada pelo choro como símbolo de presença e chegada ao mundo. Com este sinal

de saúde e de capacidade fisiológica de sobrevivência, é estabelecido o novo padrão

respiratório, e assim, a laringe comprova sua capacidade e eficiência para respiração e

proteção do trato, garantindo a vida humana. Além disso, a partir desse momento, também

manifesta-se como órgão das emoções comportando-se de modo específico para

expressar estados emocionais através da voz em suas diferentes modulações.

Seguindo ao desenvolvimento orgânico, a laringe inicia sua descida em relação a

posição no pescoço, o que continua por toda a vida, partindo da vértebra cervical C3, no

recém-nascido, passando por C3 e C4 em crianças de 5 anos, por C7 dos 15 a 20 anos,

onde permanece durante a vida adulta, posicionando-se abaixo de C7 em pessoas idosas.

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A conseqüência direta a esse fato, é o alongamento do tubo de ressonância que pode

amplificar melhor as freqüências graves.

Na criança, a configuração da laringe tem seu esqueleto de forma cônica como um

funil de diâmetro menor em direção a traquéia, sendo que, no adulto, perde-se essa forma,

havendo um estreitamento na região glótica, com sub-glote mais ampla. A luz da laringe

amplia-se gradualmente, passando da forma de “T” inicial a um círculo nos primeiros anos

de vida.

Na infância, os tecidos epteliais da laringe são densos, abundantes e mais

vascularizados, com tendência a obstrução e ao edema. As pregas vocais medem de 6 a 8

milímetros, as cartilagens são delicadas e os ligamentos frouxos favorecendo o

colabamento. O início de suas ossificações ocorrem na seguinte ordem: cartilagem hióide,

aos 2 anos; cartilagem tireóide, aos 20 anos; cartilagem cricóide, aos 23 anos.

Na adolescência, com a puberdade, ocorre o crescimento da laringe associado ao

crescimento corporal por ação hormonal, assim, a laringe infantil transforma-se em laringe

adulta, com angulação de 90 graus nos meninos e 20 graus nas meninas, com pregas vocais

medindo de 12 a 15 milímetros.

A Laringe prossegue sua descida no pescoço, a mucosa perde a transparência, a

epiglote achata-se e eleva-se, surgindo atrofia das amígdalas e adenóides, com

conseqüente impacto fisiológico, que é a muda vocal.

Até a puberdade há semelhança do órgão em ambos os sexos, por isso, torna-se

difícil discriminar a voz de um menino ou de uma menina quando não os vemos,

principalmente falando ao telefone.

No homem, a muda vocal acontece em torno dos 13 aos 14 anos, e na mulher dos

12 aos 14 anos. Essa tentativa de melhor adaptação do trato vocal às novas condições

anatômicas é mais perceptível no homem. A muda vocal pode variar por um período que vai

desde alguns meses até um ano, tendo como característica a produção de uma voz rouca e

flutuante, com quebras de sonoridade, tendendo sempre a tons graves. Em países de clima

quente a muda vocal pode antecipar-se em dois anos e atrasar em mais de um ano em

regiões de clima frio.

No adulto a laringe atinge o estágio de conclusão de seu desenvolvimento a partir

dos 18 anos, nesse momento, as pregas vocais medem 17 milímetros no sexo feminino e,

de 17 a 23 milímetros, no sexo masculino. A voz passa a ser considerada madura, sendo

caracterizada pelo pleno controle da intensidade vocal, podendo produzir variações na

freqüência e na qualidade. Apresenta, também, diferenças de acordo com o sexo do falante,

sendo que, no homem, a voz é grave com freqüências baixas, e na mulher, a voz é aguda

com freqüências altas, havendo dificuldade em identificação sexual somente em casos de

distúrbios extremos.

Segundo Canongia (1981), a laringe é um órgão móvel capaz de deslocar-se para

cima e para baixo, inclinar-se ligeiramente para frente ou para trás , podendo ser comprida

ou curta, larga ou estreita, tendo suas proporções diretamente ligadas ao volume e as

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dimensões do pescoço, sendo suas particularidades de variação de movimento e aspecto

influenciados por fatores causais como idade, estrutura, estado de saúde, condição

músculo-esquelética, funcionamento hormonal, alimentação e vitaminas e condição social.

8.1- CARTILAGENS DA LARINGE

A laringe é formada por três cartilagens ímpares (epiglote, tireóide e cricóide) e três

cartilagens pares (aritenóides, corniculadas e cuneiformes).

A cartilagem tireóide é a mais volumosa de todas as cartilagens, com formato de

escudo, constitui o arcabouço externo, estando situada embaixo do osso hióide, possui a

função de dar mobilidade e sustentação à laringe.

cartilagem cricóide possui forma de anel de sinete, estando situada abaixo da

cartilagem tireóide e acima do primeiro anel traqueal, ao qual está intimamente ligada. Sua

função é dar sustentação a laringe.

A cartilagem epiglote, que fica na parte interna, posicionada verticalmente e mais

anterior entre a parte interna e externa da laringe. Possui forma de uma pétala e sua função é

fornecer proteção durante a deglutição, como uma tampa, impedindo a entrada de alimentos

e de corpos estranhos na via aérea.

As cartilagens aritenóides, em forma de pirâmide, estão na parte posterior da

laringe , tendo os músculos vocais inseridos na sua porção anterior, apoiando-se na

cartilagem cricoíde, constituem a articulação laríngea.

As cartilagens corniculadas e cuneiformes são também chamadas de cartilagens

acessórias pois aparecem de forma inconstante na laringe. São cartilagens pareadas que

aparentemente desempenham um papel mínimo das funções vocalizadoras da laringe.

8.2 - OS MÚSCULOS LARÍNGEOS

A laringe é formada por músculos intrínsecos e extrínsecos. Os músculos intrínsecos

são aqueles que se originam e se inserem dentro da própria laringe, cuja função de

abdução, adução e tensão, estão relacionadas ao processo de vocalização, através da

movimentação das pregas vocais.

Os músculos intrínsecos da laringe são inervados por ramos do vago (X par

craniano), que é um nervo misto de raiz sensitiva e motora. O ramo laríngeo recurrente faz

inervação motora de todos os músculos, com exceção do cricotiróideo, que é inervado

motoramente pelo ramo laríngeo superior externo. O ramo laríngeo superior interno fornece

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toda inervação sensitiva da mucosa laríngea e da epiglote. Os músculos intrínsecos

descritos por Hungria (1984) são: tireoaritenóideo (feixe interno e externo),

músculo par, que constituí a própria prega vocal, inserindo-se no ângulo agudo da cartilagem

tireóide e, atrás, no processo vocal da cartilagem aritenóide na posição medial. O músculo

tireoaritenóideo faz limite com o espaço glótico e possui função dupla; por sua própria

tensão muscular e elasticidade atuam como estruturas glóticas adutoras. Além disso,

controlam o grau de encurtamento das pregas vocais, conforme haja necessidade de

produzir freqüências de vocalização mais baixas (graves), promovendo assim o formato das

pregas vocais grossas ou finas.

O ariaritenóideo (transverso e oblíquo), músculo ímpar, que vai de uma cartilagem

aritenóide a outra e, ao se contrair, aproxima as aritenóides e, portanto as pregas vocais. O

cricoaritenóideo posterior, músculo par, inserido de um lado, na face posterior do anel da

cartilagem cricóide e, de outro, no processo muscular da aritenóide; ao se contrair provoca

um de giro do processo vocal das aritenóides para fora (movimento de báscula), dilatando a

glote.

O cricoaritenóideo lateral, músculo par, insere-se de um lado na porção lateral da

borda superior do anel cricoíde, e do outro, também no processo muscular da aritenóide e,

ao se contrair desloca o processo vocal para dentro e para diante, sendo constritor da glote.

O cricotireóideo, músculo par, se insere na face anterior das cartilagens cricóide e

tireóide, ao lado da linha mediana, na porção infra-hióidea. Ao se contrair traciona a tireóide

para baixo, distendendo a prega vocal. Os músculos cricotireóideos ao se contrairem

podem ativar o movimento de báscula, aproximando a cartilagem tireóide da cricóide ou

elevando a cartilagem cricóide em direção à tireóide, gerando alongamento da prega vocal

para proporcionar produção de sons agudos.

Os músculos extrínsecos são aqueles que se originam na laringe e se inserem em

estruturas externas a esta. Sua função é de elevar ou abaixar a laringe durante a deglutição e

durante a produção de notas musicais agudas ou graves.

Os músculos elevadores da laringe são: digástrico, gênio-hióideo, milo-hióideo e

estilo-hióideo. Os músculos depressores são: esterno-hióideo, tiro-hióideo, omo-hióideo e

esterno-tireoídeo. É importante ressaltarmos a ação do músculo cricofaríngeo, que constituí

uma porção do músculo constritor inferior da faringe, pois sua função é de atuar como nova

fonte de vibração (neoglote) na produção da fala esofágica.

Os músculos extrínsecos da laringe recebem inervação motora do nervo trigêmio (V

par craniano), do nervo facial (VII par craniano) e do nervo hipoglosso (XII par craniano).

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27

8.3 - FUNÇÕES DA LARINGE

A laringe possui quatro funções: respiração, fonação, proteção e esfinctérica. A

respiração é a função laríngea mais primária, onde as pregas vocais se mantém em

abdução, para que haja uma correta passagem do suprimento de ar.

As exigências biológicas da função respiratória da laringe terão sempre

precedência sobre a função de fonação, que é considerada uma das funções mais

expressivas, pois visa a produção da voz para a comunicação, porém, uma função

adaptada, conforme Boone e MacFarlane (1994).

O transporte de ar para dentro e para fora do organismo, comandando pelo cérebro,

é seu principal trabalho. A proteção durante a deglutição é caracterizada pelas pregas

vocais adotarem uma posição de adução, com a queda da epiglote para trás, o que

produzirá um fechamento do vestíbulo laríngeo, não permitindo a entrada de líquidos ou

corpos estranhos na via respiratória inferior. A medida que alimentos e líquidos, que formam

o bolo, descem pela porção posterior da garganta, são desviados para a hipofaringe (parte

inferior da garganta), seguindo para abertura do esôfago, por onde chegam até estômago. A

deglutição progride, a língua retorna, pressionando contra a cartilagem da epiglote, a qual, a

partir da ação de empurrar fecha a laringe aberta, podendo recomeçar o ciclo.

A função esfinctereana ou valvular vertical é exercida pelas pregas ariepiglóticas,

que sob vigoroso esforço se aproximam uma da outra. O fechamento glótico acontece com

a adução forçada das pregas vocais durante a realização de esforços como tossir e

defecar. Ao desempenhar seu papel esfincteriano, o corpo da laringe eleva-se, tal como em

situações de medo, ocorrendo de forma reflexiva. Com o ar armazenado nos pulmões, cria-

se uma dilatação do tórax e, desse modo, o ombro adquire firmeza mecânica maior para a

realização desses esforços e assim, produzir uma compressão da cavidade abdominal

ajudando a realizar tais funções fisiológicas.

9 - O APARELHO FONADOR E A FONAÇÃO

Constituem o aparelho fonador os pulmões, traquéia, laringe, faringe, cavidade

nasal e cavidade oral , cujo produto final é a fonação. Os pulmões atuam como fole

propulsor de ar, para que em sua passagem pela traquéia, que tem como função a condução

da corrente aérea expiratória, possibilite a produção de som na laringe.

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A laringe por sua vez, transforma a corrente de ar expiratório em som fundamental

por meio de vibrações das pregas vocais. Como não é capaz de produzir um som com

intensidade suficiente para que seja perfeitamente audível, necessita da participação de

estruturas como a faringe, a cavidade oral e a cavidade nasal, que como órgãos de

ressonância, melhoram a qualidade da voz. Os lábios como elementos articuladores

transformam finalmente o som em fonemas.

A cavidade nasal além da função de ressonância, tem sua importância maior na

preparação do ar inspirado, para que este, ao penetrar na cavidade pulmonar já esteja

filtrado, aquecido e unidificado, de modo que não ofereça danos às estruturas aéreas

inferiores.

A fonação é a originada no córtex cerebral, no transmissor eferente da fala,

composto por neurônios motores que suprem os mecanismo respiratório, fonador,

ressonador e articulatório, conforme Mysak (1979). Ocorrendo a ativação dos núcleos

motores do tronco e medula, há uma transmissão de impulsos nervosos para a musculatura

do tórax, abdômen, dos articuladores e da laringe, produzindo um som fundamental. Este

som é resultante das vibrações provocadas pela pressão de ar expiratório, vindo dos

pulmões sobre as pregas vocais, e mais adiante, após a modelação pelos articuladores,

transformando em fonemas.

A fonação pode ocorrer em cinco diferentes estágios da glote: Primeiro, durante a

respiração em repouso, e na produção de sons surdos, quando as pregas vocais estão

separadas e a glote está aberta. Assim o ar liberado pelos pulmões pode passar livremente

sem que haja vibrações laríngeas. Segundo, quando as pregas vacais estão unidas durante

expiração forçada, quando a glote está fechada. Deste modo o ar tem que forçar a sua

passagem, promovendo assim a vibração das pregas vocais, tendo-se então a produção de

vibrações sonoras.

No terceiro estágio, na produção de sons sussurrados, quando ocorre um pequeno

afastamento das cartilagens aritenóides, promovendo uma pequena abertura na glote. A

oclusão glotal que é o quarto estágio, é a produção de som resultante de outro estado da

glote, que ocorre quando a corrente de ar é bruscamente interrompida pelo fechamento das

pregas vocais, por um período mais prolongado. O som produzido é denominado de

oclusiva glotal .

O quinto e último estágio ocorre durante os sons tremulados, com a vibração lenta

dos ligamentos das pregas vocais, permanecendo as cartilagens aritenóides separadas.

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A teoria mioelástica de Van den Berg, em Pinho (1998), explica que a fonação ao

nível glótico ocorre pela existência de duas forças: uma age sobre as pregas vocais

realizando a adução (força muscular), a outra criando aumento da pressão aérea subglótica

(força aerodinâmica). O efeito acontece em determinado momento, quando o fluxo aéreo

vence a força adutora da glote, havendo a liberação de um puff de ar. A velocidade

acelerada das partículas de ar reduz a pressão entre as pregas vocais causando o efeito de

Bernoülle. Ocorre uma sucção de uma prega vocal contra a outra, e esse processo,

juntamente com o retrocesso elástico da musculatura das pregas vocais promovem nova

adução glótica e o ciclo recomeça.

10 - AS ESTRUTURAS DAS PREGAS VOCAIS

A mucosa das pregas vocais é a parte mais nobre em sua vibração, tendo em sua

constituição vasos sangüíneos, geralmente muito pequenos, com percurso paralelo à sua

borda livre. Alguns deles são provenientes do músculo vocal subjacente.

Do ponto de vista histológico, as pregas vocais estão estruturadas em cinco

camadas, que vão da sua superfície livre de contato, o epitélio, até o músculo vocal . A

primeira camada, o epitélio, é formado por células do tipo escamosas, resistentes ao trauma

constante da fonação, que constituem um escudo, com o objetivo de manter o formato das

próprias pregas vocais, diferenciando-se do restante do epitélio do trato vocal. Logo após o

epitélio escamoso, encontramos a membrana basal, que consiste na região de transição

entre o epitélio e a camada superficial da lâmina própria, responsável pela aderência entre

ambas. É constituída de proteínas, dentre elas as fibras de ancoramento, que são

suscetíveis aos traumas.

A camada superficial da lâmina própria está situada Imediatamente abaixo da

membrana basal, denominada também de espaço de Reinke. Consiste basicamente em

componentes fibrosos soltos, bastante flexível e gelatinosos, pobre em fibroblastos,

responsáveis pela reposição de tecido cicatricial.

Seguindo-se ao espaço de Reinke, temos a camada intermediária da lâmina

própria, que é composta de fibras elásticas semelhantes a bandas de borracha, contendo

um pouco mais de fibroblastos.

A camada profunda da lâmina própria é composta principalmente de fibras

colágenas, estando dispostas aproximadamente de modo paralelo à borda das pregas

vocais, semelhante a um feixe de fios de algodão.

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Por último , o músculo vocal, constitui o principal corpo da prega vocal.

Suas fibras estão dispostas de modo aproximadamente paralelo a borda das pregas vocais.

Do ponto de vista funcional, o músculo vocal ao se contrair, tem sua rigidez variável de

acordo com o grau de contração como se fosse um feixe de borracha bastante rígida.

A estrutura constituída de epitélio, membrana basal e espaço de Reinke (camada

superficial da lâmina própria), denominada de cobertura, é a região de vibração das pregas

vocais. As camadas intermediárias e profunda é normalmente conhecida como ligamento

vocal, que é a porção mais superior do cone eslástico.

O importante nesta estrutura, conforme Hirano & Bless (1997), são as mudanças

mecânicas graduais na rigidez, desde a camada superficial da lâmina própria, bastante

flexível, até o músculo vocal que é bastante rígido.

Existem variações nas estruturas das camadas ao longo da extensão das pregas

vocais. Uma delas, o tendão da comissura anterior, aderido à cartilagem tireóide, é

constituído de fibras colagenosas. Conectada a este tendão, está mácula flava anterior, que

é constituída de fibras elásticas, fibroblastos e estroma e, sua função, é ser um tipo de

almofada protetora e amortecedora ao impacto da fonação. Na terminação posterior da

estrutura de camadas encontramos a mácula flava posterior, cujas características são as

mesmas da mácula flava anterior, estando ligada ao processo vocal da cartilagem

aritenóide por uma cartilagem transicional.

Em função da idade as estruturas das pregas vocais sofrem grandes mudanças. O

desenvolvimento das estruturas de camadas já está completo na adolescência. No idoso,

Pinho (1998), cita que existem grandes diferenças individuais que podem ser mais

observadas no homem. A camada superficial torna-se muitas vezes edematosa,

principalmente no sexo feminino, havendo um decréscimo da densidade de fibroblastos,

fibras colagenosas e elásticas. As fibras elásticas tornam-se mais frouxas e atrofiadas, a

camada intermediária torna-se menos espessa e com contorno deteriorado. As fibras

colagenosas tornam-se mais densas e ocasionalmente exibem zonas de fibrose.

11 - A VOZ E SUAS CARACTERÍSTICAS

A voz é o complemento musical da fala, fazendo com se torne melódica, agradável,

audível e coerente, sendo essencial para a comunicação eficiente. A voz representa nossa

identidade, expressa nossa emoção e motivação permitindo a aproximação com o outro.

A comunicação em seu processo, se desenvolve em cima de dois pilares, o do

falante e o do ouvinte. A comunicação interpessoal é estabelecida quando os dois indivíduos

tornam-se conectados através da atividade mútua de se expressar com significado.

Podendo ocorrer de forma breve ou longa, de maneira pública ou privada.

Aronson (1990) aponta as manifestações vocais do nascimento, da fome, da dor e

do prazer, podendo ser diferenciadas desde a primeira infância. Nesse período, nossa voz

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já ecoa com função emocional e comunicadora, representando um estado, condição,

sensação, reivindicação e necessidade de integração. É a manifestação da presença e do

sinal de vida humana. É também, um veículo de inter-relação, de comunicação, e um meio

de atingir o outro, podendo ser considerada o “tato sonoro”.

Behlau e Ziemer (1988) observam que a voz é uma das extensões mais fortes de

nossa personalidade. Se aguçarmos nossos sentidos, reconheceremos que esta extensão é

mais profunda em sua dimensão não verbal do que verbal. A mensagem verbal é

manifestação do pensamento e da linguagem através da fala, e a mensagem vocal, é a

expressão do sentimento e das emoções através da voz.

Cavour (1993) diz que, num discurso falado, temos 99 % de informações vocais

para 1 % de informações verbais. Baseada neste fato estatístico, constata que a voz

manifesta o estado interior do indivíduo ao seu público naquele momento, influenciando

grandemente em sua comunicação.

A voz está vinculada ao estado emocional do seu produtor. De acordo com essa

condição, ela será manifestada através da laringe. Sendo emoção, a voz necessita de

elementos motivadores para que se manifeste de forma adequada a estabelecer o feedback

(realimentação) e uma comunicação eficaz, que através do diálogo, motivará seu

interlocutor.

Considerada o acompanhamento musical da fala, a voz deve ser melódica,

agradável, audível e coerente, representando a própria identidade de seu falante. A voz,

apesar de ser agradável a quem fala, nem sempre é a melhor em função do ouvinte e da

higiene vocal. Brandi (1995), acentua que a boa articulação permite a produção da voz e dos

fonemas, as vezes imperceptíveis pelo próprio falante, que deve ser guiado pela sua

percepção auditiva para reproduzi-la.

Os parâmetros mais flexíveis da qualidade vocal são: respiração, altura e extensão

vocal; intensidade, ressonância, ataque vocal; e ainda, articulação, velocidade, entonação e

ritmo de fala.

A respiração é um indicador do ritmo de vida; a altura vocal tem relação direta com

a intenção do discurso; a extensão vocal relaciona-se ao caráter do falante e ao seu controle

emocional; a intensidade traduz como o indivíduo lida com o limite próprio e do outro; a

ressonância indica o conteúdo emocional do discurso e a tendência emocional do falante; a

articulação diz respeito ao cuidado em ser compreendido e à qualidade de informações que

se quer passar. Finalmente, a velocidade e o ritmo da fala relacionam-se psicologicamente à

noção de tempo interior e, indicam também, características de coordenação motora do

falante.

A qualidade vocal de uma pessoa é ainda analisada pelos parâmetros de tipo de

voz; sistema de ressonância; características da emissão; articulação e pronúncia; ritmo e

velocidade de fala, além da resistência vocal, bem como a sensação psicoacústica de

freqüência (pitch) e a sensação psicoacústica de intensidade (loudness).

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Os tipos de voz relacionam-se aos ajustes dos mecanismos laríngeos e

ressonantais, utilizados habitualmente pelo falante. Na clínica fonoaudiológica surgem com

maior freqüência alguns tipos de voz, entre as quais estão a voz rouca, voz soprosa, voz

áspera, como resultantes de alguma falha, alteração ou modificação no aparelho fonador.

Em relação a certas características, estados e condições da personalidade, existem

algumas relações básicas entre os ajustes motores utilizados pelo falante e o efeito causado

no ouvinte. Esses parâmetros formam um conjunto que compõe a qualidade vocal.

A qualidade vocal, que era conhecida como timbre, numa concepção mais ampla,

envolve dados anatômicos das estruturas do aparelho fonador e do uso que o indivíduo faz

dessas estruturas na emissão da voz. Como discorre Behlau & col (1997), representa o

conjunto mais completo de atributos da emissão que um indivíduo deve possuir. Fornece

informações sobre o padrão básico da emissão, bem como sobre as dimensões biológica,

psicológica e social do falante.

Pinho (1998), visando alcançar um consenso às divergências perceptivas por outros

autores na qualidade da voz, estabelece correlatos fisiológicos para cada um desses

padrões, como veremos a seguir.

A voz rouca é a alteração vocal mais comum. É uma qualidade vocal com ruídos

adventícios e parasitários à emissão, com altura e intensidade diminuídas. Corresponde à

irregularidade vibratória da mucosa das pregas vocais, estando geralmente relacionada a

lesões orgânicas da laringe, como nódulos, pólipos, edemas, ou fenda de qualquer

dimensão, associada a alteração de mucosa.

A voz áspera corresponde a ausência ou redução da onda mucosa, produzindo um

som duro, pouco melodioso, desagradável, com esforço à fonação, tendo como correlatos

fisiológicos que a justifiquem, rigidez de mucosa por presença de patologia ou iatrogenia,

produzindo acusticamente uma voz pobre em harmônicos; rigidez de sistema, incluindo

aumento da adução glótica e hipercinesia de todo trato vocal.

A voz soprosa é correspondente a presença de ruído de fundo audível pelo ar não

sonorizado. Seu correlato fisiológico mais freqüente é a existência de fenda glótica,

podendo ser encontrado, com excepcionalidade, a presença de soprosidade, em casos

onde há extrema rigidez de mucosa na ausência de fenda glótica.

Nas vozes disfônicas, além de rouquidão, aspereza e soprosidade, existem outros

termos como: bitonalidade, diplofonia, voz pastosa, voz clara e voz escura, que são

frequentemente utilizados na clínica, caracterizados pela presença de sons desagradáveis,

desvios de pitch (sensação subjetiva de freqüência), distúrbios ressonantais, alterações de

loudness (sensação subjetiva de intensidade), alterações de velocidade e de prosódia, são

aqui mencionados, pois são passíveis de equívocos na avaliação.

Para Hirano & Bless (1997), a freqüência é o correlato do fenômeno físico que é o

“pitch”, representando o número de vezes que as pregas vocais abrem e fecham por

segundo, cuja medida é feita em Hertz. A intensidade relaciona-se a “loudness”, que é o

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correlato físico do fenômeno perceptivo, refletindo a amplitude ou a força do tom produzido,

podendo ser medida em vogais sustentadas ou na fala encadeada.

A bitonalidade corresponde à produção de dois tons de maneira alternada,

encontrada com freqüência em deficientes auditivos, que não dominam a estabilidade do

pitch.

A voz diplofônica é correspondente a produção vocal de dois tons simultaneamente.

Como exemplos, a vibração de uma prega vocal em freqüência diferente da outra. Na

vibração das pregas vocais e das pregas ventriculares concomitantemente e, na vibração

das pregas vocais com a vibração ariepiglótica.

A voz pastosa frequetemente encontrada em crianças com amígdalas volumosas,

respiradores bucais e deglutidores atípicos. Geralmente apresentam ressonância feríngea

ou cul de sac com articulação imprecisa.

Na voz clara significa que a projeção vocal está anteriorizada, na face, e a

articulação aberta. Este termo é amplamente utilizado no canto.

A voz escura é o oposto da voz clara, com projeção póstero-superior (véu alto) e

articulação fechada.

12 - DISCUSSÃO TEÓRICA

12.1 - QUANDO A VOZ COMEÇA A ENVELHECER ?

Na busca de marcadores cronológicos para o envelhecimento da voz, encontramos

uma série de observações, variáveis e parâmetros, que dependem do grau de deterioração

orgânica, da saúde, do sexo, e das mudanças ocorridas no organismo do idoso, além, de

suas compensações em busca de eficiência vocal, que segundo Behlau (1999) são mais

evidentes após os 60 anos.

Estudos na direção de um marcador da senilidade vocal que fosse único, esbarram

no próprio processo de envelhecimento, que em si, não propõe um período definido,

deixando a cargo do organismo humano e seu desenvolvimento estabelecerem suas

próprias regras.

A “voz madura” ocorre aos 18 anos, como descreve Motta (1998), estando a

freqüência fundamental ao nível que permanecerá por várias décadas. Nesse período, há o

controle sobre a intensidade da voz, variação de freqüência e harmônicos, refletindo o

amadurecimento dos sistemas anatômicos e fisiológicos da fala. Observa também, que aos

60 anos a laringe começa a apresentar mudanças nos aspectos morfológicos.

Behlau (1999) ressalta que o período considerado de máxima eficiência vocal

geralmente acontece dos 25 aos 40 anos.

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Apesar de considerarem que a voz do adulto passe a apresentar sinais de

envelhecimento aos 50 anos na mulher, e aos 60 anos no homem, Olival & Andrada (1998),

consideram a voz presbifônica como aquela que surge a partir dos 40 anos de idade.

Segundo Behlau & Pontes (1995) o envelhecimento da voz acontece como resultado

normal no processo de envelhecimento humano, que mostra mudanças na laringe após os

60 anos.

Considerando também, que há um declínio da voz, acompanhado da “queda” de

outras funções do corpo, Colton & Casper (1996) citam alterações fisiológicas que são

refletidas na laringe, provocando reflexos na intensidade e na qualidade aos 65 anos.

Divergindo, Cooper (1973) não fixa idade como parâmetro ao envelhecimento vocal,

afirmando que o processo afeta mais alguns indivíduos que a outros e, que o mecanismo

vocal, não necessariamente, sofre em sua durabilidade e comodidade, tendo como fonte

dessa justificativa, pacientes examinados por 10 anos em sua clínica, com idade entre 60 e

70 anos.

Greene (1986), ao citar, que com a “idade avançada” a voz se torna trêmula e fraca,

discorda também de limites etários, observando que há grandes variações individuais

quanto à idade de início do envelhecimento da voz e o seu grau de deterioração.

Aos 75 anos, como relata Hirano & Bless (1997), o paciente geriátrico apresenta

sinais visíveis de envelhecimento no aparelho vocal.

Boone & MacFarlane (1994) dizem que há uma grande variabilidade (cronológica e

fisiológica), entre a população em envelhecimento, citando que em 15 anos de estudos de

comunicação e envelhecimento, na Universidade do Arizona (USA), verificaram diferenças

nas respostas vocais entre idosos-jovens (65-80) e idosos mais velhos (80 anos ou

mais).

12.2 - O QUE CAUSA O ENVELHECIMENTO DA VOZ ?

Como causas do envelhecimento da voz encontramos uma série de alterações que

ocorrem no organismo, desde perda da capacidade pulmonar, alterações no epitélio de

revestimento da laringe, atrofia da musculatura laríngea, calcificação das suas cartilagens,

até alterações na estrutura de camadas das pregas vocais e de seu padrão vibratório. São

registradas mudanças significativas na produção da voz, podendo apresentar-se débil e de

fraca intensidade, soprosa, rouca e deteriorada, envelhecendo grandemente o indivíduo aos

ouvidos do ouvinte.

Ramig (1983) aponta, principalmente, as condições de saúde geral das pessoas

como fator determinante na qualidade vocal, na freqüência fundamental, na extensão e nos

tempos máximo de fonação, considerando o condicionamento físico um fator determinante

nesse impacto.

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Para Kahane (1987), a diferença entre os sexos marcam algumas alterações

observadas. As mais precoces e marcantes, foram observadas nas laringes masculinas,

com alterações histológicas em alguns tecidos, que começam a ocorrer por volta dos 30

anos. Nas mulheres, essas alterações só passam a ocorrer a partir dos 50 anos.

Motta (1998) aponta mudanças nos aspectos morfológicos com perda do controle

neuromuscular, que ocorre também na laringe, registrando mudanças significativas nos

parâmetros vocais do idoso, observando-se uma degeneração de gordura dos tecidos,

acarretando diminuição da elasticidade dos ligamentos, calcificação das cartilagens, perda

de tecidos e atrofia.

O envelhecimento das camadas das pregas vocais descrito em estudos por Hirano,

Kurita & Nakashima (1983), que ocorrem no idoso, iniciam-se a partir da camada da lâmina

própria, apresentando uma redução na densidade das fibras colágenas e elásticas, em

ambos os sexos, com ação mais acentuada no homem. Na camada intermediária,

observaram que as fibras elásticas tornaram-se mais finas após os 40 anos de idade. Na

camada profunda, após os 50 anos, ocorreu espessamento das fibras colágenas, que

perderam sua linearidade, distribuindo-se de modo desigual em várias direções, o que se

constitui em fibrose.

As articulações laríngeas sofrem processo de artrose, diminuindo sua

movimentação, como descrevem Olival & Andrada (1998). Os músculos sustentadores da

laringe, perdem tonicidade e elasticidade e passam a ocupar posição mais baixa no

pescoço. Os músculos laríngeos perdem sua forma sendo mais resistentes às modificações

bruscas e sutis durante o ciclos fonatórios.

Colton & Casper (1996) citam alterações nas funções biológicas e reflexas da

laringe, como mudanças de movimento e de pressão do ar, que servem para informar ao

sistema nervoso central sobre o funcionamento normal da via aérea e da produção vocal,

deixando de operar em sincronia com outros aparelhos.

Behlau & Pontes(1995) referem-se à transformação da laringe numa presbilaringe,

onde aparecem dois tipos de alterações anatômicas mais significativas: calcificação e

ossificação das cartilagens, que por volta dos 65 anos, apresentam-se quase sem nenhuma

mobilidade e com atrofia dos músculos intrínsecos, resultando numa menor eficiência

biomecânica.

Pregas vocais arqueadas com fluxos e pressão de ar baixos, segundo Hirano &

Bless (1997), são condições que confirmam a senilidade da voz.

Pantoja (1968) examinou cartilagens de 100 adultos normais, como é citado por

Greene (1986), descobrindo que a ossificação na cartilagem tiróidea começa nos cornos

inferiores progredindo ao longo do bordo anterior do ângulo, determinando que a

calcificação não é uma constante, podendo estar ausente em alguns pacientes idosos.

Zenker (1964) diz que a cartilagem tiróide ainda pode estar elástica, mesmo aos 70

anos, causando controvérsia quando observa que ela pode ser mais rígida em indivíduos

bem mais jovens, como cita Greene (1968).

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Boone & MacFarlane (1994) descrevem que à medida em que a laringe humana

envelhece, há diminuição de fibras de colágeno dentro dos músculos intrínsecos. Estas

mudanças contribuem, em parte, para mudanças acústicas ouvidas na voz do idoso.

O fator genético é apontado como determinante no surgimento do envelhecimento

vocal, segundo Leden e Alessi (1994), que citam ainda, mudanças na articulação

cricoaritenóidea, podendo limitar a extensão do fechamento das pregas vocais;

degeneração do tecido muscular e nervoso; decréscimo do suprimento sangüíneo; sulco

vocal; descoloração das pregas vocais; redução da capacidade vital de ar que pode chegar

a 40% do seu total em idosos com 80 anos.

Motta (1998) cita alterações na estrutura de camadas das pregas vocais, onde as

fibras elásticas se tornam mais soltas e atrofiadas; a camada Intermediária da lâmina

própria mais fina com seu contorno deteriorado; as fibras colágenas menos espessas e

menos densas, ocasionalmente exibindo fibrose que resulta em prejuízo na mobilidade das

pregas vocais e na qualidade da voz. Na avaliação laringológica apresenta arqueamento

das pregas vocais, com presença de sulco vocal e diminuição da vibração da onda mucosa.

12.3 – COMO É O ENVELHECIMENTO NA VOZ ?

No envelhecimento da voz podemos encontrar diversas alterações como fendas

glóticas, são espaços entre as pregas vocais, dificultando o fechamento completo;

assimetria da pregas vocais, redução na amplitude de vibração causada pela atrofia

muscular, voz rouca, tremor na voz, menor sustentação na freqüência fundamental, volume

diminuído, soprosidade, pressão aérea subglótica reduzida, menor intensidade, redução do

tempo máximo fonatório, redução na velocidade de fala, pausas articulatórias e outra

alterações.

Hirano & Bless (1997), em estudos estroboscópicas, comparando idosos com

outros grupos etários mais jovens, descrevem a manifestações de envelhecimento, com

mais assimetrias de pregas vocais, fenda e redução de amplitude na vibração, com menor

pressão intra-oral e menor intensidade.

Outros fatores que apontam o envelhecimento vocal, como descreve Greene (1986),

são a atrofia dos músculos da laringe, atrofia visível das pregas vocais apresentando-se

menos tensas, exibindo arqueamento com escape de ar por deficiência na adução, além de

mudança na sua cor habitual para um colorido amarelo-amarronzado com vermelhidão à

visibilização.

Cooper (1973) acrescenta que, em geral a voz pode apresentar-se soprosa e

rouca, com volume diminuído, havendo predomínio da respiração torácica superior e,

também, pela redução da capacidade vital, conforme acrescentam Behlau e Pontes (1995).

Prejuízos na extensão vocal, mudanças na característica da vibração,

desenvolvimento de tremores, prejuízo no controle da respiração, segundo Sataloff

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37

(1991), são alterações que se manifestam com característica e de específica em cada

indivíduo.

Pinho (1998), relata que os efeitos da senilidade são manifestados por alteração no

tônus da musculatura intrínseca da laringe e atrofia das pregas vocais causando

arqueamento e presença de fenda fusiforme.

Aronson (1990), resume que na terceira idade, o que ocorre com a voz são

manifestações com alterações estruturais das pregas vocais, consistindo em atrofia

muscular com redução de massa, edema e desidratação da mucosa, afetando

sobremaneira os padrões da voz.

O declínio do “status” físico, associado às mudanças laríngeas e na qualidade vocal,

conforme descrevem Colton e Casper (1996), provocam queda ou aumento na freqüência

vocal, de acordo com o sexo, coincidindo com estudos de Cooper (1973), Behlau & Pontes

(1995).

A impressão de tremor na voz, indicando menor capacidade de sustentação da

freqüência fundamental, em alguns indivíduos, descritos por Behlau & Pontes ( 1995), são

gerados pelo recarregamento constante de ar pulmonar, resultando em frases mais curtas e

com redução no tempo máximo de fonação (TMF). Prosseguem, citando ainda, alterações

vocais pelo envelhecimento como: ressonância com aumento do grau de nasalidade e

redução na intensidade da fala, dificultando o volume e projeção; menor tessitura vocal, o

que torna a qualidade monótona; aumento das pausas articulatórias e redução na velocidade

da fala, prejudicando a transmissão da mensagem.

Motta (1998) também aponta mudanças na capacidade respiratória do idoso, com

redução de fluxo e decréscimo no tempo máximo de fonação (TMF), resultando num menor

suporte respiratório, com diminuição da pressão aérea subglótica e diminuição na

intensidade vocal.

Boone & MacFarlane (1994), reconhecem a relação direta da boa forma física

geral com a produção da voz, ressaltando que a redução na competência pulmonar resulta

numa diminuição do número de palavras ditas por respiração.

Mcglone (1963), em pesquisa, in Greene (1986), investigou o tom e suas

características em vozes de mulheres idosas: 10 mulheres de 67 a 79 anos, e 10 mulheres

de 80 a 94 anos, não encontrando evidências de senilidade na voz, nem subida ou descida

de tom. Também Saxman e Burk (1967), in Greene (1986), examinaram um grupo de 9

mulheres de 30 a 40 anos e 9 mulheres de 40 a 50 anos, achando no primeiro grupo tom

médio de 196,34 Hz e, no segundo grupo, 188,58 Hz; concluindo que, com o avançar da

idade, a tonalidade da voz nas mulheres cai, tornando-a mais grave.

Esse estudo mostrou que há também, decréscimo marcante na capacidade aérea,

causado pela diminuição geral na elasticidade dos tecidos pulmonares.

Olival & Andrada (1998) consideram que a extensão vocal no idoso tende a diminuir,

havendo redução dos tons agudos e diminuição do tônus muscular.

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12.4 – A TERAPIA VOCAL

12.4.1 – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A função da terapia vocal para o idoso é, principalmente, minimizar o impacto

produzido pelo envelhecimento biológico, investindo em ações preventivas

interacionistas, contribuindo com eficiência e eficácia para a melhoria da comunicação

desses indivíduos, como afirmam Behlau e Pontes (1995).

É cada vez mais freqüente a procura de auxílio na preservação da voz por pessoas

idosas. Pinho (1998) orienta que, em referência às habilidades para exercício do trabalho na

área de voz, o fonoaudiólogo deve integrar as dimensões perceptivas, acústicas, fisiológicas

e psicológicas durante sua avaliação.

É necessário o estudo da fisiologia, da anatomia e da neuroanatomia laríngea,

segundo Colton & Casper (1996), que estão intimamente ligados a mudanças nas

estruturas, nos tecidos e no controle motor daquele órgão, a fim de identificar, como citam

Behlau & Pontes (1995), qualquer desvio na produção normal da voz, propiciando segurança

psicológica ao paciente. É importante, também, na terapia fonoaudiológica ouvir o que o

paciente tem a dizer, considerando e valorizando suas queixas.

Raramente pacientes senis são enviados à fonoterapia por profissionais médicos,

por desconhecerem, em sua maioria, o trabalho fonoaudiológico de reabilitação vocal para

esta faixa etária. Em alguns chegam a considerar desnecessária a indicação para pessoas

idosas, como observa Cooper (1973). Seu modelo de trabalho em reabilitação foi construído

resgatando a imagem vocal anterior do idoso, levando-o a uma reflexão sobre os padrões

incorretos assumidos no passado, para que com o apoio do terapeuta construa sua nova

identidade de vocal.

A prática de exercícios para colocação apropriada da respiração são

recomendados por Leden e Alessi (1994), que associados a outros exercícios

convencionais, corrigem pequenas deficiências nos padrões vocais.

Outro aspecto importante para a conduta e elaboração do plano de trabalho é

conhecer os efeitos do abusos vocais, como referem Colton & Casper (1996); efeitos da

utilização do fumo e do álcool, drogas e medicamentos, considerando a abordagem destes

itens como medidas básicas e potentes na prevenção de distúrbios laringo-vocais.

Indicando como terapia, trabalho intenso visando aumentar a velocidade de fala, que

exerce efeito “rejuvenescedor” sobre a voz do paciente mais velho, sendo um facilitador na

realização do treinamento auditivo do “feedback “ vocal, Bonne & MacFarlane (1994),

chamam à atenção quanto aos resultados de avaliações do padrão vocal, alertando que

podem ocorrer alguma tendenciosidade em tais exames quando há variação na idade dos

próprios avaliadores vocais.

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Investir na terapia com indivíduos idosos são orientações de Behlau & Pontes

(1995), alertando que se conseguimos reabilitar a função fonatória patológica e de desuso

da voz por longos períodos de repouso vocal, na senescência, a situação terapêutica é

idêntica com grande possibilidade de sucesso.

Simões (1994), alerta que é necessário aos profissionais que trabalham com idosos

confiar nas potencialidades de seus corpos, se por um lado há limitação própria do

processo de envelhecimento, por outro, deve ficar claro que isto não é obstáculo para sua

realização.

12.4.2 – CONDUTA FONOTERÁPICA

O tratamento vocal inerente ao envelhecimento, pode tornar-se facilitado se o

interesse for manifestado pelo próprio idoso. Quando isto não ocorre por parte do paciente

ou de sua família, torna-se desafiador para o terapeuta. É necessário que o fonoaudiólogo,

crie motivação e desperte a atenção, através de aconselhamento e orientação sobre os

cuidados necessários à manutenção da saúde ou ao “resgate” de sua imagem vocal

anterior.

Essa conduta por parte do fonoaudiólogo, deverá visar favorecimento ao paciente,

na melhoria ou aquisição de autonomia através da voz, que contribuirá sensivelmente em

sua qualidade de vida.

Para o tratamento da voz, Hirano & Bless (1997), chamam à atenção, observando

que este deve ser indicado para indivíduos com extensão vocal reduzida, freqüência

fundamental incompatível com a idade ou com o sexo; nível de intensidade habitual

inadequado, configuração inapropriada do trato vocal, inconsistência entre desempenho

habitual e desempenho potencial.

Na avaliação, a combinação de medidas acústicas e videoestroboscópicas constitui

um casamento ideal para o encaminhamento diagnóstico e terapêutico.

Na estimulação do idoso, Russo (1999), recomenda trabalhar a motivação,

mobilizando o comportamento para alcançar objetivos que satisfaçam suas necessidades ou

desejos.

A terapia vocal com o idoso caracteriza-se pelo trabalho de prevenção, buscando

reduzir o processo de envelhecimento biológico. Nesse sentido, é importante ressaltar a

prática de esportes que permitem boa forma física geral, exercendo influência positiva sobre

a voz. Motta (1998), diz ainda, que a higiene vocal deve ser orientada junto à população

idosa, priorizando-se informações quanto aos maus hábitos, na prevenção e manutenção da

saúde vocal.

Os aspectos considerados importantes no trabalho vocal com o idoso são: melhoria

da eficiência aérea, a promoção e adequação na velocidade de fala, estabilidade da voz,

extensão vocal, aumento da potência e projeção vocal.

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Devem ser realizados treinamento auditivo para percepção da própria voz e

diferentes parâmetros de vozes normais e anormais. Melhorar a eficiência pulmonar, através

de exercícios respiratórios associados à emissão de sons facilitadores (fricativos surdos,

sonoros e vibrantes), podendo associar a movimentos cervicais e corporais.

Adequação do sistema de ressonância, utilizando-se sons nasais, emissão de

vogais, expressões, frases relacionando com diferentes níveis de ressonância. Técnicas

com sons vibrantes em glissando, associados às vogais em tons ascendentes e

descendentes, buscando melhor sinergia dos músculos da laringe, bem como, uma melhor

projeção da voz. Treino da modulação e da inflexão vocal por meio de leitura de prosa e

verso, com entonação marcada, em voz salmodiada, associados a expressão corporal.

O tratamento principal da presbifonia para Hagen e col (1996) é a reabilitação vocal

com enfoque na redução da compensação hiperfuncional supra glótica, com estimulação

simultânea do ataque vocal, desenvolvendo também melhor suporte respiratório.

Bernini (1989) observa que é necessário o trabalho postural para que tenhamos a

verticalidade da laringe, liberando-a assim de tensões e esforços provocados por posturas

inadequadas.

Behlau (1999) relata mudanças obtidas na freqüência fundamental de um tom mais

grave para as vozes masculinas, e mais agudo para as vozes femininas de pacientes

idosos. Apesar do processo de calcificação das cartilagens e atrofia da musculatura

intrínseca da laringe, observa que com fonoterapia, podemos recuperar certa flexibilidade

como treino de exercícios.

Em estudo realizado com grupo coral, composto de 15 mulheres e 5 homens, com

idade de 40 a 65 anos, Behlau (1997) relata que após treinamento vocal e orientação,

houve melhora na postura para uso da voz, na coordenação pneumofonoarticulatória, no

tempo máximo de fonação e diminuição da tensão laríngea.

Finalmente, Leden e Alessi (1994) recomendam cirurgias estruturais da laringe

como oportunidade de aumentar a tensão das pregas vocais. Na terapia trabalhar o tempo

máximo de fonação, respiração e coordenação pneumofonoarticulatória.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o estudo do envelhecimento da voz, observamos que a mesma é reveladora

do estado físico de uma pessoa, indicando mudanças no comportamento da laringe,

mostrando-se como reflexo da personalidade, quando expõe o interior do falante através da

própria fala. Serve muitas vezes como válvula de escape às tensões e emoções,

constituindo-se numa pista-chave para identificação das alterações orgânicas e funcionais.

A voz, é como um “espelho interior” pode nos revelar muito mais do que apresenta-

se durante a produção laríngea. Ela pode refletir no idoso estados físicos, psicológicos, de

ansiedade, de medo, de baixa estima e de alterações de humor muito freqüentes nesta fase.

Chamou-nos também à atenção, várias referências sobre a dissociação do

processo de envelhecimento orgânico ao envelhecimento da voz nos autores pesquisados.

Pudemos observar que nem sempre a voz envelhece em conjunto com seu dono, muitas

vezes apresenta-se envelhecida antes mesmo que hajam outros sinais físicos e externos,

embora sua dinâmica seja intimamente ligada a condição física do Homem, mostrando

também, que em alguns casos, a voz permanece “jovem” e com bastante energia,

principalmente naquelas pessoas que a utilizam como instrumento cultural e de lazer.

A pesquisa também mostrou que não há idade pré estabelecida pela natureza

humana para o início da presbifonia, havendo uma enorme variação de opinião entre os

autores pesquisados.

Podemos retardar os efeitos do envelhecimento sobre a voz, quando antes de seu

estabelecimento, forem aplicadas ações e medidas preventivas e de higiene vocal. Através

da reabilitação vocal, integraremos o idoso a sociedade, tornando-o presente, valorizado e

dinâmico, podendo então prosseguir sua “caminhada” com respeito e dignidade de cidadão.

Finalmente, concluímos esse trabalho, desejando contribuir com esta parcela de

pesquisa como instrumento útil ao processo, construído através de “retalhos” de uma história

já escrita por outros autores, desejando ainda, despertar o interesse dos que trabalham na

clínica fonoaudiológica e nos demais setores de atendimento à saúde do idoso, a investirem

com sua contribuição técnica e científica, congregando a prática interdisciplinar e de

envolvimento pessoal, que venham a compor a multifacetada questão do envelhecimento,

fazendo frente a esta demanda que é crescente a cada dia no Brasil.

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