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Francisco Foureaux Figura 1: #Resisteisidoro: Rosa Leão, Esperança e Vitória Fonte:https://www.facebook.com/resisteisidoro/photos/a.515587891920526 .1073741832.515450615267587/515588025253846/?type=1&theater Acesso em 27 set. 2014.

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  • Francisco Foureaux

    Figura 1: #Resisteisidoro: Rosa Leo, Esperana e Vitria

    Fonte:https://www.facebook.com/resisteisidoro/photos/a.515587891920526

    .1073741832.515450615267587/515588025253846/?type=1&theater Acesso em 27 set. 2014.

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    Se oriente rapaz

    mais perto da sua casa do que voc imagina.

    Figura 2: Localizao do Isidoro em Belo Horizonte

    Fonte: http://salveoisidoro.wordpress.com/por-que/r. Acesso em 27 set. 2014.

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    A ocupao da terra e o avano da cidade

    Primeiro momento desinteresse poltico e econmico, clnica para tuberculosos (1890-1970)

    A primeira ocupao da regio, registrada no Plano para a Ocupao da Regio do

    Isidoro1, isto , reconhecida pelo Municpio de Belo Horizonte, foi o Quilombo das

    Mangueiras com indcios que datam de 1890 A regio era conhecida poca como

    Ribeiro da Izidora. Segundo o site do CEDEFES2, os habitantes do Quilombo das

    Mangueiras seriam trabalhadores negros provenientes das regies de Sabar e

    Santa Luzia.

    Em 1932, foi cedida a Maria Brbara a gleba onde trabalhava sua famlia j h

    tempo estabelecida no terreno. O Quilombo hoje conta com 16 casas,

    aproximadamente 20 famlias e 65 pessoas num espao de 2 hectares, e

    reconhecido pela Fundao Cultural Palmares, contudo, o processo movido para a

    legalizao da posse da terra ainda tramita no Incra. No por acaso, os

    equipamentos pblicos recentemente construdos na regio, como a coleta de

    esgoto, ainda no contemplaram a populao quilombola.

    Foi doado pelo poder pblico municipal, no ano de 1914, uma parte do terreno ao

    mdico Hugo Werneck para a construo de um Sanatrio Modelo responsvel

    1http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=36516&chPlc=36516&

    &pIdPlc=&app=salanoticias

    2http://www.cedefes.org.br/index.php?p=inst_apresentacao

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    pelo tratamento da tuberculose. O prdio do Sanatrio foi construdo com recursos

    particulares do mdico e possua oito mil metros quadrados alm da rea que o

    circundava quando foi inaugurado em 1926 (RIBEIRO, 2011).

    Ao longo das dcadas de 1920 a 1940 o mdico adquiriu terrenos prximos ao

    Sanatrio. Em 1921, comprou a Fazenda Santa Isabel de Jos da Paula Cota, o imvel

    possua 523 hectares. A distribuio do terreno compreendia 174 hectares de

    matas, 19 de campos e 330 de capoeiras e pastagens. Na dcada de 1940, com outras

    aquisies, a propriedade passou a 630 hectares 3.

    Na dcada de 1970, o prdio de mais de 8 mil metros quadrados, que fica

    numa rea de 250 mil metros quadrados, se tornou o Recanto Nossa

    Senhora da Boa Viagem, vinculado Fundao de Obras Sociais da

    Parquia da Boa Viagem. Nessa instituio de longa permanncia

    vivem atualmente 75 idosos, que recebem tratamento psicolgico e

    acompanhamento mdico e de enfermagem 4.

    Foi aberta, em 1950, uma pedreira na regio, s margens do Ribeiro do Isidoro na

    Granja Werneck. Pouca informao possvel acessar a partir da rede. Fato que

    a existncia da pedreira, s margens do Ribeiro Isidoro (afluente do Rio das

    Velhas), tampouco questionada pelos eco ativistas que reivindicam o local como

    sendo de interesse pblico a partir da defesa das mais de 30 nascentes, fauna e

    flora, regionais.

    3http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?id=71&secao=1098&mat=1219

    4http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/regi%C3%A3o%20do%20izidoro-/

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    Os conjuntos habitacionais

    Na dcada de 1990 foram construdos os conjuntos populares Jardim Felicidade e

    Ribeiro de Abreu. Em rea do Estado, numa soluo precria em virtude da

    urgncia imposta pelas chuvas e inundaes e da histrica displicncia do poder

    pblico com o dficit habitacional, famlias desabrigadas foram transferidas para

    a regio.

    Novamente, em 1990, por no terem at ento nenhuma soluo para o

    problema, ocuparam o adro da Igreja de So Jos, onde permaneceram

    durante 15 dias, e a partir da criaram a Cooperativa do Movimento

    Popular (COMOPOM). Aps negociaes com o Estado e o Municpio, neste

    mesmo ano, as famlias foram assentadas provisoriamente numa rea

    municipal no Bairro Floramar, sob barracas de lona, e em outros dois

    acampamentos, em reas do Estado, nos Bairros Etelvina Carneiro e

    Ribeiro de Abreu, na regio norte de Belo Horizonte (URBEL, 1996a).

    O governo do Estado, atravs do Programa PR-HABITAO,

    desapropriou a rea do Bairro Ribeiro de Abreu para ocupao de 300

    famlias e, atravs de um convnio feito com a URBEL, foi liberada uma

    rea de aproximadamente 23.000 m do Bairro Floramar, para 235

    famlias. O assentamento das famlias deu-se nos prprios locais dos

    acampamentos, que tiveram que passar por obras de urbanizao

    complementares, como abertura de vias, e a construo de parte das

    unidades habitacionais em sistema de co-gesto, financiadas atravs de

    um programa municipal criado em funo desta demanda especfica o

    Programa de Apoio ao Autoconstrutor (URBEL, 1996a)5.

    Nesse ponto a construo de conjuntos habitacionais (em terrenos pblicos) s foi

    possvel graas aos esforos de ocupantes, obrigados a estar adequados a um

    5 http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/CiencSociais_HouriLF_1.pdf

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    padro mnimo que legitimasse a ao do poder estatal. Isto , alm de

    comprovarem o desemprego ou o subemprego, a carncia financeira e a

    precariedade de suas situaes, ainda viam-se condicionadas ao padro legal para

    receber o benefcio de uma poltica pblica.

    A posterior adequao do entorno do Isidoro no que diz respeito a equipamentos

    urbanos deu-se, assim como na periferia marginalizada (esses termos no so

    redundantes), a partir da demanda comercial e do fluxo de capital local. Em outras

    palavras, o saneamento bsico, escolas, comrcio, servios, fazem-se presentes

    quando h capacidade da populao residente pagar e pelos mesmos. Cabe

    ressaltar a inacessibilidade aos equipamentos de sade pblica.

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    Dois pesos e duas medidas

    Em outro ponto da cidade, na regio da Savassi, plenamente abastecida de

    equipamento pblico, vias urbanizadas, hospitais, escolas, comrcio, uma ampla

    rede de servios, transporte, foi realizada uma obra no ano de 2012 que consumiu

    dez milhes e quinhentos mil reais do dinheiro pblico municipal.

    A riqueza natural e a pobreza real

    Hoje a regio do Isidoro possui o segundo maior ndice de Vulnerabilidade social e

    um dos menores ndices de qualidade de vida urbana de Belo Horizonte. O que

    significa deficincia na oferta de transporte, sistema virio e equipamentos

    pblicos6.

    Por outro lado, pelo menos 30 nascentes alimentam o Ribeiro do Isidoro que por

    sua vez afluente do Rio das Velhas. Uma variedade de flora e fauna silvestres,

    mata de cerrado e ciliares povoam a regio.

    Madeira nativa e recursos hdricos so mais uma vez pauta eleitoral e, no embate

    das ideias e propostas, colocam-se em opostos o ativismo ecolgico e os interesses

    imobilirios. Assim, em segundo plano, a luta pela terra e a injusta distribuio de

    6http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=36516&chPlc=36516&

    &pIdPlc=&app=salanoticias

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    riqueza da cidade permanece invisvel ou acessada quando o interesse de um ou

    outro grupo manifesta-se publicamente.

    A vila da copa

    A iminncia do grande evento explicita a venda da cidade. Muito se propagandeia

    sobre o legado desses espetculos. No caso do Isidoro, assim como em dezenas de

    outras regies do pas, o mote foi a Copa em 2010. Ali seriam construdas

    hospedagens, a Vila da Copa, para abrigar os turistas portadores/repetidores da

    emancipao financeira e da diplomacia brazuca.

    Aps 40 anos de abandono, o local tornou-se alvo de cobia de grandes

    empresrios, alavancada principalmente pela construo da nova sede

    do governo mineiro, a chamada Cidade Administrativa. Em maro de

    2010, a prefeitura divulgou um projeto que previa para o local a

    construo de um bilionrio empreendimento, chamado Vila da Copa,

    onde seriam construdos, at 2014, prdios, com cerca de 3 mil unidades

    habitacionais, que abrigariam turistas e jornalistas que viessem

    acompanhar a Copa do Mundo, alm de um centro comercial e de

    servios. O que no aconteceu.

    Passado o evento, o projeto foi alterado e fala-se na construo de edifcios

    de alto luxo no local. Apesar da informao j ter sido veiculada na

    imprensa, a assessoria da Direcional Engenharia negou que sero

    construdas moradias que no sejam para suprir o dficit habitacional de

    Belo Horizonte, hoje em torno de 62,5 mil moradias. Em nota, a empresa

    informou que: o empreendimento ter 13,14 mil apartamentos e vai

    ocupar 32% da propriedade particular de 3,5 milhes de metros

    quadrados7.

    7http://blogdojuca.uol.com.br/2014/08/antiga-vila-da-copa-pode-ser-palco-de-confronto-entre-moradores-

    e-policia-em-bh/

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    A perspectiva da construo de moradias de interesse coletivo no local no est

    ligada ao que foi prometido pela prefeitura ou pela construtora. A construo de

    moradias de interesse coletivo est ligada a presso popular, nesse caso refiro-me

    aos grupos e indivduos atentos causa. Em outras palavras, tanto o usufruto da

    rea quanto a diretriz de sua ocupao sero definidos pela capacidade de

    presso, embate e mobilizao da opinio pblica diante do modelo de operao

    urbana hegemnico.

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    Figura 3: Panfleto da Polcia Militar de Minas Gerais

    Fonte: http://imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2014/08/07/55608

    5/20140807180919699059a.jpg. Acesso em 27 set. 2014.

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    O iminente despejo, planejado pelas polcias e pela prefeitura ainda em julho de

    2014, articulou diferentes grupos de resistncia, organizao e defesa das famlias

    residentes na regio. Desde aqueles grupos presentes no princpio da ocupao at

    coletivos solidrios a causa por entend-la como mais uma das faces de disputa

    pela cidade. Segundo dados preliminares, sero oito mil famlias removidas no

    despejo. MLB, Brigadas Populares, Coletivo de Advogados Ativistas Margarida

    Alves, demais ocupaes urbanas da regio metropolitana, as mulheres residentes

    (guerreiras incansveis), Tarifa Zero BH, Espao Comum Luiz Estrela e a rede de

    apoiadores organizou um amplo plano de ao

    Muitas aes no judicirio, idas e vindas pelos corredores da justia; apelos

    mdia, notas de apoiadores de diversos estados brasileiros, moes, fotos e

    campanhas de fotos, sites e publicaes na rede, tentativas de dilogo com o

    Ministrio Pblico, com a prefeitura. Idas cmara de vereadores, ocupaes e

    manifestaes nas ruas, muito esforo coletivo para dar visibilidade ao escondido

    foi feito.

    Questionado pelo movimento social o poder pblico municipal recuou ao ser

    indagado sobre o destino dos despejados. Alm da desateno sobre as crianas e

    gestantes, escancarou-se o descaso e o desinteresse das polticas pblicas para com

    os precarizados.

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    Mesmo com o terrorismo de Estado nos sobrevoos de helicpteros e constante

    presena das viaturas, de panfletos lanados ao ar ameaando com o uso da fora,

    das sirenes na madrugada, do deslocamento de efetivo, do anncio pblico na

    grande mdia, da possibilidade e constante ameaa de violncia fsica, da violncia

    verbal e psicolgicas cotidianas, o apoio aos moradores das ocupaes do Isidoro e,

    sobretudo, a persistncia e coragem dos residentes manteve o equilbrio para

    exigir a negociao e a resoluo pacfica do impasse.

    Figura 4: Cartazes de ferro

    Fonte: https://fbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xap1/t1.0-9/q81/s

    526x296/10615582_10152602380024780_6765659469431451829_n.jpgg. Acesso em 27 set. 2014.

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    Em 24 de setembro foi realizada uma grande manifestao envolvendo ocupaes

    urbanas de toda a regio metropolitana de Belo Horizonte, fechando cinco das

    principais vias urbanas, para o lanamento de mais uma ao e um manifesto, a

    seguir colocado.

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    Manifesto: Despejo Zero em Minas Gerais

    O dficit habitacional em Minas Gerais ultrapassa meio milho de moradias

    510.000 unidades segundo estudo da Fundao Joo Pinheiro. S na cidade de Belo

    Horizonte esse nmero chega a mais de 150.000 moradias! Enquanto h centenas

    de milhares de famlias sem-teto a especulao imobiliria, grande inimiga da

    Reforma Urbana, se desenvolve cada vez mais transformando a moradia em

    simples mercadoria.

    Diante desse quadro as ocupaes urbanas surgem como forma de grandes

    parcelas sociais adquirirem o direito moradia adequada. Somente na regio

    metropolitana de Belo Horizonte tem-se mais de 25.000 famlias em ocupaes

    organizadas por movimentos sociais e as chamadas ocupaes espontneas.

    O Poder Executivo (incluindo o Estado de Minas Gerais e os municpios mineiros)

    no fazem sua parte para solucionar o grave problema social colocado. Em Belo

    Horizonte foram construdas apenas 1.550 unidades para famlias que compe a

    faixa de quem ganha de 0 a R$ 1.600,00 reais. O Estado de Minas Gerais no

    construiu uma casa na capital nos ltimos 20 anos! Lado outro, o poder pblico se

    associa s grandes empreiteiras, que financiam as campanhas eleitorais, para

    reproduzirem a cidade a partir da tica do lucro na construo de grandes obras.

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    O Poder Judicirio ao invs de fazer valer a Constituio da Repblica, que prev a

    dignidade da pessoa humana como fundamento da Repblica e o direito moradia

    como direito social, profere decises que priorizam a especulao imobiliria e a

    propriedade como direito absoluto independentemente do cumprimento de sua

    funo social. Desconsideram a nova ordem jurdica urbanstica instalada no pas,

    os tratados internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil signatrio e

    priorizam um ttulo de propriedade em detrimento do direito de milhares de

    famlias viverem com dignidade.

    Por todo o exposto, os movimentos populares de Minas Gerais e as ocupaes

    urbanas vem a pblico manifestar:

    No aceitaremos mais remoes injustas e violentas - despejo zero em Minas Gerais

    Os movimentos sociais organizados, as ocupaes urbanas e a sociedade civil no

    admitiro despejos forados no Estado de Minas Gerais! Se o Estado e seu aparato

    repressivo forem utilizados contra o povo pobre das ocupaes responderemos

    com TRANCAMENTOS PERIDICOS da cidade como forma de pressionar os

    governos a respeitarem o povo que constri cotidianamente as cidades, mas que

    contraditoriamente no tem acesso a ela, sendo alijados de direitos essenciais como

    moradia digna.

    Belo Horizonte, 24 de setembro de 2014.

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    Periferia ocupa a cidade: Reforma Urbana de Verdade!

    Assinam esse manifesto e a autoria deste ato pblico:

    Brigadas Populares-MG / Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) /

    Comisso Pastoral de Terra (CPT) / Lutas Populares / Coordenaes das Ocupaes:

    Rosa Leo, Esperana, Vitria, Dandara, Novo So Lucas, Nelson Mandela I

    (Aglomerado da Serra), Eliana Silva e Nelson Mandela II (Barreiro); Guarani

    Kaiow e Willian Rosa (Contagem). Dom Toms Balduno I (Ribeiro das Neves) e

    Dom Toms Balduno II (Betim). E bairro Nossa Senhora de Ftima (Nova Lima).

    Alm do manifesto foi convocada uma coletiva de imprensa para, quarta-feira, 24

    de setembro de 2014, s 16h, na escadaria do Palcio da Justia do Tribunal de

    Justia de Minas Gerais (Avenida Afonso Pena, N1420), com lideranas de todas as

    ocupaes urbanas e os representantes dos movimentos sociais listados abaixo.

    Tambm foi articulada uma plenria geral com todos os partidos e candidatos ao

    Governo do Estado de Minas Gerais, para esta quinta-feira, dia 25 de setembro de

    2014, s 19h, no salo da Igreja So Jos (R. Tupis, N 164, Centro), para apresentao

    da Carta Compromisso: Pacto Social Despejo Zero em Minas Gerais.

    Pouco antes do fechamento deste depoimento de apoiador, no dia 26 de setembro, o

    Brasil foi citado e dever prestar esclarecimentos Corte Interamericana de

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    Direitos Humanos da Organizao dos Estados Americanos (OEA). O maior conflito

    fundirio urbano de Minas Gerais objeto de apreciao da corte internacional

    em decorrncia da parcialidade do judicirio local.

    Assim manifestaram-se os coletivos responsveis pela ao:

    O Coletivo Margarida Alves, as Brigada Populares, o PCR e a Clnica de Direitos

    Humanos da Faculdade de Direito da UFMG, dada a gravidade da situao das

    ocupaes da regio do Isidoro, denominadas Rosa Leo, Esperana e Vitria e a

    dificuldade de se construir uma alternativa de moradia para as mesmas, ao invs

    do despejo violento, acionaram a Comisso Interamericana de Direitos Humanos

    sendo que na data de hoje recebemos comunicado dessa Comisso informando que

    o Brasil foi citado para em 15 dias prestar informaes sobre denncia

    apresentada8.

    8https://www.facebook.com/notes/brigadas-populares/brasil-citado-pela-comiss%C3%A3o-

    interamericana-de-direitos-humanos/648793605217938

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    Figura 5: Charge do cartunista Lor sobre o Isidoro

    Fonte: https://www.facebook.com/governador.fidelis50/photos/pb.7824351517 88330.-

    2207520000.1411864190./801368989894946/?type=3&theater. Acesso em 27 set. 2014.

    Enquanto morar for um privilgio, ocupar um direito.

    Isidoro Resiste

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    REFERNCIAS

    RIBEIRO, R. R. (Coord.). Histrias de bairros [de] Belo Horizonte: Regional Norte. Belo

    Horizonte: Arquivo Pblico da Cidade, 2011.

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    Resumo

    As polticas pblicas brasileiras que tratam da questo do dficit habitacional

    historicamente se voltam para a defesa da propriedade em detrimento da

    necessidade das populaes atingidas pelas mesmas polticas. Especificamente no

    caso da regio do Isidoro, a disputa pela forma de ocupao acentuou-se depois da

    procura e do interesse do mercado imobilirio sobre aquela rea urbana na

    esteira da valorizao do vetor norte de Belo Horizonte. Com um Plano de

    Ocupao concebido em 2010, o poder pblico, especificamente a prefeitura de Belo

    Horizonte, repete conscientemente formulaes por vezes bem intencionadas e mal

    executadas. O despejo, eufemismo para expulso das famlias ocupantes, a

    expresso crua de como a questo fundiria tratada quando o interesse

    econmico, atravs de suas relaes com o poder poltico, pressiona o Estado para

    satisfazer seus objetivos. Por fim, o resultado da democracia representativa que

    exclui sistematicamente minorias e marginalizados dentro da dinmica

    perniciosa estabelecida entre empreiteiras, proprietrios e polticos profissionais.

    Palavras-chave

    Ocupaes urbanas; Funo social da terra; Dficit habitacional.

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    Abstract

    Brazilian public policies related to housing deficit historically have defended

    property instead of needs of populations affected by same policies. Specifically in

    case of Isidoro region, competition for occupation has accentuated after housing

    market interest about this urban area following valuation of North vector of

    Belo Horizonte. With a occupation plan conceived in 2010, public power,

    specifically Belo Horizonte mayor, repeats consciously formulations sometimes

    well intended and badly executed. The eviction, euphemism to expulsion of

    occupants families, is the raw expression of how land issue is treated when

    economic interests, through its relations with political power, push state to satisfy

    their objectives. It is the result of a representative democracy which

    systematically excludes minorities and marginalized inside of pernicious

    dynamics established among contractors, owners and professional politics.

    Keywords

    Urban occupation; Social function of land; Housing deficit.

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    Resumen

    Las polticas pblicas brasileas que tratan el tema de la escasez de vivienda

    histricamente defendem la propiedad a expensas de la necesidad de las

    poblaciones afectadas por las mismas polticas. Especficamente en el caso de la

    regin de Isidoro, la disputa por medio de la ocupacin se hizo ms pronunciada

    despus de la demanda y el inters del mercado de vivienda por una rea urbana

    valorada por el "vector del Norte" de Belo Horizonte. Con un Plan de Ocupacin

    concebido en 2010, el gobierno, especficamente la ciudad de Belo Horizonte, repite

    conscientemente formulaciones a veces bien intencionados y mal ejecutados. El

    eufemismo de desalojo para la expulsin de las familias que ocupan, es la

    expresin cruda de cmo se reparte la tierra cuando el inters econmico, a

    travs de sus relaciones con el poder poltico, pulse el Estado para cumplir con sus

    metas. Por ltimo, es el resultado de la democracia representativa que excluye

    sistemticamente a las minoras y los marginados dentro de la dinmica

    perniciosa que se establecen entre los contratistas, propietarios y profesionales de

    la poltica.

    Palabras-clave

    Ocupacciones urbanas; Funcin social de la tierra; Escasez de vivienda.

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    AUTORIA

    Francisco Foureaux

    Licenciado em Histria pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:

    [email protected].

    Endereo para correspondncia

    Francisco Foureaux. Rua Mrmore, 753, Santa Teresa, Belo Horizonte MG. CEP:

    31010-220. Telefone: (31) 9337-3295.

    Como citar este texto:

    FOUREAUX, F. #Resisteisidoro. Farol Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade,

    Belo Horizonte, n. 2, p. 657-679, dez. 2014.

    Depoimento convidado, aprovado em 28 set. 2014. Editor: Luiz Alex Silva Saraiva