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Diatermia por Ondas Curtas 1- INTRODUÇÃO ELETROTERAPIA DE ALTA FREQÜÊNCIA A eletroterapia de alta freqüência pode ser definida como o uso terapêutico das oscilações eletromagnéticas, com freqüências superiores a 300.000 Hz. Estas oscilações de freqüências tão altas não causam despolarização das fibras nervosas, elas são convertidas em energia térmica dentro do tecido corporal humano. A terapia de ONDAS CURTAS é uma forma de eletroterapia de alta freqüência. É uma forma de tratamento em se usam oscilações com uma freqüência de 27.120.000 Hz, e com um comprimento de onda de 11,06 m. CAMPO ELETROMAGNÉTICO De acordo com as investigações do físico /químico Faraday ( 1791-1867 ) e do químico Maxwell ( 1831-1879 ), sabe-se que um campo elétrico causa um campo magnético e vice-versa. Maxwell suspeitou que a energia eletromagnética podia propagar-se no espaço em forma de ondas eletromagnéticas. A existência de ondas eletromagnéticas foi demonstrada e suas propriedades foram investigadas em 1878 pelo físico Hertz ( 1857-1894 ). Uma dessas propriedades: As ondas eletromagnéticas se propagam na velocidade da luz. A relação entre freqüência e comprimento de onda para todas as oscilações eletromagnéticas é dada pela fórmula: v = @x f ERT onde v é a velocidade de propagação, @ o comprimento de onda e f a freqüência.

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Diatermia por Ondas Curtas

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 Diatermia por Ondas Curtas

 1- INTRODUÇÃO

 ELETROTERAPIA DE ALTA FREQÜÊNCIA

 

            A eletroterapia de alta freqüência pode ser definida como o uso terapêutico das oscilações eletromagnéticas, com freqüências superiores a 300.000 Hz. Estas oscilações de freqüências tão altas não causam despolarização das fibras nervosas, elas são convertidas em energia térmica dentro do tecido corporal humano.

            A terapia de ONDAS CURTAS é uma forma de eletroterapia de alta freqüência. É uma forma de tratamento em se usam oscilações com uma freqüência de 27.120.000 Hz, e com um comprimento de onda de 11,06 m.

 

 CAMPO ELETROMAGNÉTICO                   

De  acordo  com  as  investigações  do   físico /químico    Faraday ( 1791-1867 ) e do químico Maxwell ( 1831-1879 ), sabe-se que um campo elétrico causa um campo magnético e vice-versa. Maxwell suspeitou que a energia eletromagnética podia propagar-se no espaço em forma de ondas eletromagnéticas. A existência de ondas eletromagnéticas foi demonstrada e suas propriedades foram investigadas em 1878 pelo físico Hertz ( 1857-1894 ). Uma dessas propriedades: As ondas eletromagnéticas se propagam na velocidade da luz.

A relação entre freqüência e comprimento de onda para todas as oscilações eletromagnéticas é dada pela fórmula:

            v = @x f   ERT

onde  v  é a velocidade de propagação, @ o comprimento de onda e  f  a freqüência.

 

 ESPECTRO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

            As ondas eletromagnéticas se classificam com base nos comprimentos de onda  e nas freqüências. A maioria das propriedades das ondas eletromagnéticas, dependem de sua freqüência.        ( Veja quadro 1 )

Freqüências (Hz)        Nome técnico            Comprimento de onda    

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3.10 4 – 3.10 5              Onda Larga                    10 4  - 10 3 m3.10 5 – 3.10 6              Onda média                   10 3 – 10 2 m3.10 6 – 3.10 7              Onda Curta                    10 2 – 10 m3.10 7 --10 9                  Onda ultra curta             69 cm10 9 – 3.10 11                Microondas                    12 cm

( Quadro 1 )

 

 2- TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA ATÉ O PACIENTE 

            Na terapia de ONDAS CURTAS, a energia eletromagnética pode ser transferida ao paciente de duas formas :

método capacitivométodo indutivo

 

 MÉTODO CAPACITIVO

Com este método a parte do corpo a ser tratada é colocada no campo elétrico alternado em alta freqüência entre duas placas capacitivas  e atua como componente dielétrico.

Uma voltagem alternada de alta freqüência aplicado aos tecidos , dá origem a :

Uma corrente de condução :

Isto produz calor nos tecidos de acordo com a fórmula : Calor     ( em joules ) é igual a intensidade da corrente de condução  ( em ampéres ), multiplicado pela resistência ( em ohms ) e o tempo ( em segundos). O valor máximo desta corrente é inversamente proporcional à resistência do tecido. Por esta razão obtemos uma corrente de condução forte em um tecido rico em fluidos.

Uma corrente de deslocamento :

            Não se trata de uma corrente real como um deslocamento da energia elétrica por polarização tecidual. Esta corrente só representa um deslocamento da energia.

A quantia produzida desta corrente depende da capacitância do tecido e está determinada pela constante dielétrica, e da freqüência da voltagem alternada.

            A relação entre corrente de condução e de deslocamento, que é produzida nos tecidos em conseqüência de uma alta freqüência, será diferente para cada classe de tecido e é dado pela constante dielétrica e a resistência específica ou resistividade .

 

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 CARGA TÉRMICA NO TECIDO ADIPOSO NO MÉTODO. CAPACITIVO 

            Devido às diferenças das constantes dielétricas e as resistências específicas do tecido adiposo e a medula, por uma parte, e os músculos e órgãos por outra, as correntes de deslocamento tem maior importância nos músculos e órgãos que no tecido adiposo e a medula, quando estas estruturas são colocadas em um campo elétrico alternado de 27,12 MHz.

            A geração de calor no tecido adiposo é muito maior que nos músculos e órgãos. Evidentemente existe uma carga térmica muito alta na pele e no tecido subcutâneo.

            A relação entre o aumento da temperatura no tecido muscular e no adiposo, é de 1:10 ( figura 1).

                              

                    Gordura      Músculo               Osso                 Músculo    Gordura

                   ( Figura 1 )

A diferença entre as constantes dielétricas e as resistências específicas dos vários tecidos, como músculos e órgãos internos ricos em líquidos e proteínas, é muito pequena. A conseqüência é a impossibilidade de se conseguir um esquentamento seletivo de um órgão em particular.

            A absorção de energia nos tecidos aumenta com o quadrado da densidade das linhas de campo, sendo importante determinar as várias possibilidades no posicionamento dos eletrodos para esta finalidade.

 

 3-POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS

            Segundo o comportamento das linhas do campo elétrico em relação à posição das várias capas de tecidos, pode-se distinguir 3 tipos de tratamento:

 

APLICAÇÃO TRANSVERSAL 

Neste tipo de tratamento as várias camadas de tecidos estão localizadas uma após as outras  em relação às linhas do campo, de modo que, eletricamente elas estão em série. Por analogia ao circuito elétrico, nota-se que se vários resistores são colocados em série, a corrente é imposta pelo resistor de maior valor,, e quanto maior for este valor, menor será a corrente que atravessa. O resistor de maior valor dissipará também maior potência, e que todos os resistores serão atravessados pela mesma corrente.

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            Assim sendo, assumindo que, analogamente, o tecido de menor condução é o de maior valor resistivo, neste tipo de aplicação, o aumento de temperatura será maior no tecido adiposo, pois este representa o resistor de maior valor, enquanto que o tecido muscular, sendo atravessado por baixa intensidade de corrente, se aquecerá muito pouco. ( Ver figuras 2 a 6 )

 

 

 

 

 

( Figura 2 ) Aplicação transversal com pequena distancia eletrodo/pele

 

 

 

 

 

 

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( Figura 3 ) Aplicação transversal c/ grande distancia eletrodo/pele

 

 

 

 

 

 

( Figura 4 ) Aplicação transversal c/ distancia eletrodo/pele desiguais

 

 

 

 

 

 

 

( Figura 5 )  Aplicação transversal c/ eletrodos desiguais e distancias eletrodo/pele iguais

 

 

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 ( Figura 6 ) Aplicação Transversal  com eletrodos e distancias desiguais.

 

  APLICAÇÃO LONGITUDINAL

            Neste tipo de aplicação as camadas de tecido estão na mesma direção que as linhas do campo elétrico, ou seja, eletricamente em paralelo. Nesta configuração as correntes são diferentes em cada resistor e por analogia elétrica a corrente é imposta pelo resistor de menor valor e que dissipará a maior potência. A corrente total do campo é a soma das várias correntes pelas diversas camadas tissulares. Assim sendo, pela analogia elétrica, o resistor de menor valor é representado pelo tecido muscular, devido ao acúmulo de água , sangue e íons, e por conseqüência, dissipará a maior potência ( maior aumento da temperatura ), enquanto o tecido adiposo, de maior resistência , dissipará pouca potência, aquecendo menos. Entretanto deve-se estudar bem a posição dos eletrodos pois, como é natural no corpo humano, a energia terá que fluir através de algumas camadas para chegar ao músculo. ( Ver figura 7 ).

 

 

 

 

 

 

 

( Figura 7 ) Aplicação longitudinal na perna. Observe a maior concentração de linhas de campo no tornozelo .

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 APLICAÇÃO CO-PLANAR

            Nesta aplicação os eletrodos estão colocados lado a lado sobre a mesma parte do corpo ( mesmo plano ). Devido a alta dissipação que haverá na camada adiposa, neste caso, haverá pouca penetração na camada muscular. Este portanto é um método de calor mais superficial, pela própria geometria da disposição dos eletrodos.

            Se não desejamos tratar tecidos muito superficiais no método co-planar, é aconselhável usar uma distancia eletrodo/pele grande e manter uma distancia entre os eletrodos de uma vez e meia seu diâmetro. ( Ver figura 8 ).

 

 

 

 

 

( Figura 8 ) Aplicação co-planar  .

O uso de eletrodos excessivamente grandes conduz a:

Localização pobre da energia, de forma que não se consegue o efeito ótimo.

Concentração da energia na parte do tecido mais próximo do eletrodo: Efeito de ponto. ( Ver figura 9 ). Também pode ser  que se deseja este efeito ponto, por exemplo no tratamento de uma bursite  prerrotuliana.

Veja então a importância da qualidade do equipamento e da técnica de colocação de eletrodos para conseguirmos calor profundo. Os fatores que afetam a profundidade são: 

Distancia eletrodo / peleTamanho dos eletrodosLocalização dos eletrodos em relação uns aos outrosLocalização dos eletrodos em relação ao corpo.

 

 

 

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( Figura 9 ) Aplicação transversa de uma parte puntiforme do corpo, como o tornozelo. Note a concentração de energia na região do maléolo, no efeito ponto.

            Sabe-se que eletrodos colocados muito perto, ou encostados ao corpo, produzem grande elevação de temperatura no tecido adiposo, provocando calor mais superficial. Alguns aparelhos só conseguem transferir calor quando as distancias eletrodo/pele são muito pequenas ou nulas. Nestas condições, embora o aparelho seja de baixa potência, produz uma sensação de grande calor e pode mesmo chegar a produzir queimaduras, porém, nestas condições o calor gerado será sempre superficial e de pouca utilidade.

            À medida que se afasta os eletrodos da pele, haverá maior penetração de calor pela uniformização das linhas de campo, e em conseqüência se obtém um efeito de profundidade relativamente maior.

            Quando se utiliza eletrodos de tamanhos diferentes e as distancias eletrodo/pele são iguais, haverá maior concentração de campo no eletrodo menor, tanto nas camadas superficiais como nas profundas.

            Se a distancia eletrodo/pele for menor no eletrodo menor, a concentração se dará também no eletrodo menor, porém será mais superficial.

            A transferência de potência de RF ( rádio-frequencia) para os tecidos não é tão simples como parece à primeira vista. No método capacitivo ( o mais usado), utilizamos dois tipos de eletrodos mais comuns:

Os eletrodos de borracha flexível ( eletrodos capacitivos ).Eletrodos rígidos discoidais ( eletrodos de Schliepack  ).

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Os eletrodos de borracha flexível são os mais conhecidos e mais utilizados na prática ( talvez pelo custo reduzido ? ), embora sua aplicação correta seja bem mais difícil. Sua utilização deveria se resumir a alguns casos específicos e viáveis. ( Ver figura 12 ).

 

 

 

 

 

( Figura 10 ) Aplicação cervical com eletrodos de Schliepack

Os eletrodos de Schliepack, são essenciais para aplicações no dia a dia, devido à grande facilidade de utilização. São sofisticados e permitem ao terapeuta a escolha da profundidade de penetração do campo eletromagnético, através de regulagens diversas dos braços móveis de sustentação, diferentes diâmetros de discos, bem como o tratamento mais homogêneo através de afastamento dos discos internos com grande precisão, mantendo-os sempre à distancias constantes durante todo o tratamento. ( Ver figuras 10, 13 e 14 ).

 

 

 

 

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( Figura 12 ) Aplicação  dorsal utilizando eletrodos de borracha flexível em posicionamento co-planar.

A  utilização dos eletrodos de Schliepack trás vantagens para o paciente, em termos de tratamento, bem como prolonga a vida útil do equipamento, pois a transferência de potência é mais constante. Para se ter o melhor aproveitamento dessa potência e também para a maior durabilidade do equipamento, deveremos conhecer e aplicar bem as varáveis que influenciam no processo.

 

 

 

 

 

( Figura 13 ) Eletrodos de Schliepack aplicados ao ombro

 

 

 

 

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( Figura 14 ) Aplicação longitudinal no membro superior, utilizando eletrodos de Schliepack

Continuando as explicações sobre as várias possibilidades de aplicação, encontramos as seguintes situações: Nas partes do corpo de forma cônica, se os eletrodos estão posicionados paralelamente entre si, é produzida uma concentração de energia onde os eletrodos se encontram mais perto da pele.            ( ver figura 15 ).

Se os eletrodos estão localizados paralelos à parte do corpo a ser tratada, mas não estão paralelos entre si, haverá uma concentração de energia aonde os eletrodos estão mais próximos um do outro, provocando um “efeito de borda”.     ( Ver figura 16 ).

Devemos evitar ambas situações extremas e conseguir um efeito mais uniforme, de forma que os eletrodos estejam intermediários entre a posição paralelos entre si e em relação à pele. ( Ver figura 17)

 

 

 

 

( Figura 15 ) Aplicação transversal em uma superfície corporal cônica e com os eletrodos paralelos entre si. Note maior esquentamento na borda inferior dos eletrodos e que estão mais próximos da pele.

 

 

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( Figura 16 ) Tratamento transverso com os eletrodos colocados paralelos à superfície corporal. Aquecimento mais superficial .

 

 

 

 

 

( Figura 17 ) Tratamento transverso, com os eletrodos posicionados de maneira intermediária às figuras acima. Note-se um esquentamento mais uniforme e ligeiramente mais profundo

Existem vários outros fatores que influenciam o comportamento das linhas do campo. Por exemplo, quando se trata uma parte do corpo pontiaguda, obtemos uma concentração alta de energia, no ponto mais próximo do eletrodo. ( Ver figura 9 ). Quando se trata se duas parte simultâneas do corpo, por exemplo ambos os joelhos, é possível que se produza uma concentração alta de linhas de campo no ponto de contato entre eles.

Os metais situados ou não no corpo, causam uma concentração de linhas de campo neles. Esta concentração é responsável pelo grande aumento de temperatura no tecido circunvizinho ao metal. Os objetos metálicos internos constituem uma contra-indicação ( relativa ), para o tratamento por ondas curtas; deve ser avaliado com cautela o seu uso mesmo com doses muito baixas e de forma intermitente, sendo as precauções extremas.

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4- MÉTODO INDUTIVO OU DO CABO DE INDUÇÃO  

            O método indutivo ou do cabo de indução é pouco usado na prática diária. O efeito terapêutico é obtido  ao colocar a parte do corpo a ser tratada, num campo magnético rapidamente alternante, gerado pela passagem da corrente de alta freqüência através de uma bobina.

 

 

 

 

( Figura 18) Tratamento com o cabo de indução

 

5- EFEITOS FISIOLÓGICOS : ONDAS CURTAS CONTÍNUA 

            Alguns autores afirmam que todas as investigações sobre os efeitos da terapia de ondas curtas, demonstram que a dose tem importância decisiva. Os experimentos revelam que um aumento da temperatura dentro de certos limites, tem um efeito benéfico para os processos corporais. Um excesso de calor leva a dano.

 

EFEITO SOBRE OS VASOS SANGUÍNEOS E LINFÁTICOS 

            Quase todos os autores que tem investigado o efeito da terapia por ondas curtas contínua, ressaltam sua ação favorecedora da circulação. Alguns afirmam que a parte arterial da circulação em particular, ( especificamente as arteríolas e capilares ), se dilatam quando submetidas à terapia por ondas curtas.

Podemos afirmar que o tratamento por ondas curtas térmico moderado, tem um claro efeito favorecedor da circulação, refletindo em uma dilatação dos vasos sanguíneos (especialmente os arteriais) e acompanhado por uma maior eliminação de linfa. A aplicação excessiva de calor pode produzir efeitos opostos, como vasoconstricção e estase do sangue. O uso do tratamento térmico em casos de defeitos arteriais, requer precaução.

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 EFEITOS SOBRE O SANGUE

            Segundo alguns autores, os experimentos em animais tem demonstrado que o tratamento com ondas curtas provoca primeiro uma leucopenia, seguida imediatamente por leucocitose    (especialmente de linfócitos ), que persiste até 24 horas após o processo. Tem-se demonstrado trocas semelhantes nos seres humanos. Tem-se observado também estes efeitos:

Maior possibilidade de descarga de leucócitos, dos vasos sangüíneos até aos tecidos adjacentes.

Fagocitose aumentada.

Tempo de coagulação reduzido.

Trocas nos níveis de glicemia ( Ainda não está clara a relação direta  com o metabolismo ).

Na leucocitose, a maior possibilidade de que os leucócitos passem aos tecidos e o aumento da capacidade fagocítica dos leucócitos, em conjunção com a hiperemia local e o maior aporte de oxigênio, nutrientes e anticorpos, junto com o metabolismo aumentado, tem importância terapêutica nos mecanismos defensivos corporais frente às infecções.

 

EFEITOS SOBRE O METABOLISMO 

            Os autores afirmam que os processos corporais são ativados com aplicações de ondas curtas. A vasodilatação local aumenta o aporte de nutrientes e oxigênio, e acelera a eliminação de produtos metabólicos.

 

EFEITOS SOBRE O SISTEMA NERVOSO

            Sobre o sistema nervoso periférico, alguns autores afirmam que ocorre irritabilidade dos nervos motores, embora outros investigadores os contradizem.

A dor é aliviada graças ao aumento da circulação sanguínea. Os produtos metabólicos que causam a dor podem ser eliminados com maior rapidez, enquanto que diminui a pressão tisular causada por acúmulo de fluidos, ao incrementar a capacidade de reabsorção. Isto elimina um importante fator causal de dor nas inflamações, traumas e situações pós-operatórias.

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A velocidade de condução das fibras nervosas periféricas aumenta em conseqüência do calor.

Alguns autores crêem que o esquentamento dos tecidos causa relaxamento muscular, enquanto outros acham que é devido à redução do tônus gama. Alguns também afirmam o efeito indireto sobre os órgãos internos através de reflexos viscerais.

 

 EFEITOS GERAIS

            O aumento da temperatura e a redução da pressão sanguínea são efeitos gerais, embora tem uma duração curta para proporcionar benefício terapêutico, como por exemplo na hipertensão.

Alguns autores afirmam que podem ocorrer cansaço e necessidade de dormir, em resposta ao esquentamento corporal de grandes proporções. Eles também descrevem os efeitos cumulativos de numerosas doses pequenas, o que pode ocorrer nos terapeutas que trabalham muito com equipamentos de ondas curtas, semelhante aos operadores de transmissores de rádio de ondas curtas potentes. Eles relatam ansiedade, cansaço, depressão, cefaléias e insônia. Ainda que os equipamentos modernos produzam menos efeitos de radiações indesejáveis, é apropriado certas precauções e é aconselhável situar o equipamento de ondas curtas o mais longe possível dos lugares aonde as pessoas permanecem com freqüência ou durante longos períodos de tempo.

 

DOSIFICAÇÃO 

            A dose é a energia total de ondas curtas administrada a um paciente durante uma sessão de tratamento. Pode ser mais alta ou mais baixa, dependendo do ajuste da intensidade do aparelho, a duração do tratamento e se o tratamento se faz com ondas curtas pulsátil ( será visto mais à frente ), a freqüência de repetição dos impulsos selecionada.

 

INTENSIDADE

            O terapeuta elege a intensidade apropriada, pela sensação subjetiva de calor que o paciente vai sentir. A intensidade será perceptível ( dosis mitis ), ou imperceptível ( dosis sub-mitis ). Ao tratarmos moléstias muito agudas, é preferível eleger a dose “sub-mitis”, sendo que a geração de calor seja ainda indesejável na maioria dos casos. Nos pacientes com moléstias sub-agudas e crônicas, elegemos a dose “mitis” , normal ou “fortis”, conforme a necessidade.

 

DURAÇÃO DO TRATAMENTO

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            A duração do tratamento dependerá da seriedade e natureza do transtorno. A duração normal do tratamento oscila entre 10 e 20 minutos, dependendo da potência do aparelho. Alguns autores recomendam uma duração de tratamento de 1 a 5 minutos para transtornos agudos e 10 a 20 minutos para os crônicos.

 

FREQUÊNCIA DO TRATAMENTO

            O tratamento deve ser diário. Alguns autores recomendam uma freqüência superior , se possível, e dependente da dose de aplicação.

O número de sessões deverá ser adaptado à reação do paciente frente a terapia. Por exemplo, um paciente que sofra de genuartritis bilateral crônica; durante as 3 últimas semanas o transtorno se tornou  muito agudo: o tecido peri-articular está doloroso e existe tumefação. Para começar podemos administrar uma dose baixa diária ( por ex. uma dosis sub-mitis durante 10 minutos ). Dependendo da reação do paciente frente à terapia, podemos aumentar a dose posteriormente (dosis mitis durante 15 minutos), com intervalos maiores entre as sessões, por ex., 3 vezes na semana. Também é possível tratar artes específicas do tecido peri-articular, utilizando eletrodos de diferentes tamanhos e variando a distancia eletrodo/pele ( ver parágrafos específicos anteriores).

             A regra da fisioterapia, segundo a qual uma dose fraca, aplicada durante longo período, é muitas vezes mais eficiente do que uma dose forte aplicada em curto período, poderá ser aplicada aos tratamentos com ondas curtas. Se não houver melhora depois de 15 a 20 aplicações, convém intercalar período de repouso de algumas semanas, ou recorrer a outras formas de tratamento.

 

REGRAS PARA SEGURANÇA DURANTE O TRATAMENTO 

            Objetos metálicos nas imediações da aplicação, tais como anéis, pulseiras, correntes, etc., poderão aquecer pela concentração do campo desviado para estes metais. Por razões óbvias deveremos retirar tais objetos.

            Os tecidos sintéticos, tais como o naylon, rayon, dentre outros, não absorvem a umidade que freqüentemente aparece na pele abaixo destes. Devemos portanto orientar o paciente a usar de preferencia roupas de algodão ou se possível desnudar as partes a serem tratadas, e se possível secar previamente a pele, principalmente nas doses fortis e nas prolongadas.

            Nas partes corporais que contenham objetos metálicos internos, tais como, próteses, marca-passo cardíaco, parafusos, fios, estilhaços, etc., de um modo geral não deverão ser tratadas com ondas curtas contínuas; sendo necessária a aplicação, as doses deverão seguir técnicas especiais e por profissionais habilitados.

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            Recomenda-se retirar aparelhos auditivos e relógios eletrônicos, por causa de interferências no funcionamento.

            As camas ou macas de aplicação deverão ser sempre de madeira, nunca de metais ou conter partes metálicas, como em alguns colchões de molas, pelo risco de esquentamento destas partes e desvio do campo elétrico.

            Os cabos dos eletrodos, pelo fato de conduzir o campo elétrico, não deverão encostar entre si,  nem  no aparelho nem no paciente, sob risco de queimaduras no paciente ou interferências no campo elétrico.

            Evitar que o paciente se movimente durante aplicação sob risco de perda da sintonia e conseqüente risco de queimaduras ou ineficácia do tratamento.

            Diatermia por ondas curtas aplicada na região dorsal ou abdominal das mulheres, poderá aumentar o fluxo menstrual, sendo que as pacientes deverão ser alertadas para o fato ou a terapia pode ser descontinuada durante o período menstrual.

 

INDICAÇÕES DA DIATERMIA POR ONDAS CURTAS CONTÍNUAS 

 

Afecções dos ossos e das articulações: 

Artrite sub-aguda e crônica;Bursites;Afecções traumáticas e pós-traumáticas das articulações e cápsulas;Tendovaginites;Luxações e entorses;Periostites, epicondilites, periartrite escápulo-umeral, etc..

 

 Afecções musculares:

Afecções musculares reumáticas;Lumbago, mialgias, Fibrosites, miosites, etc..

 

 Afecções ginecológicas:

 

EndometritesAnexites, etc..

 

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 Afecções do sistema nervoso periférico:

Nevralgias, etc..

OBS.: Estas são as indicações mais freqüentes, muitas outras poderão ser indicadas, sendo que algumas exigem certo grau de experiência. Seguem-se mais algumas:

Prostatites, sinusites, aderencias, furúnculos, etc..

 

CONTRA-INDICAÇÕES DA DIATERMIA POR ONDAS CURTAS

            Ao passar dos anos tem-se identificado várias contra-indicações para a terapia por ondas curtas. Algumas estão claramente documentadas, sendo que outras se baseiam em presunções. Algumas delas dependem da dose ou da localização dos eletrodos. De um modo geral podemos dividir as contra-indicações em três grupos:

 

Contra-indicações absolutas:

Tumores malignos: Ainda que algumas publicações mencionem a aplicação de ondas curtas, devemos ressaltar que estas teorias foram baseadas em experimentos com animais. De uma maneira geral devemos considerar que a terapia por ondas curtas é uma contra-indicação absoluta nos tumores malignos, baseado no fato de que a ação desta terapia aumenta a atividade das células tumorais e favoreça a sua divisão, além de aumentar a circulação e favorecer o aparecimento de metástases.

Marca-passos: Se o marca-passo é submetido à onda curta pulsátil, poderiam ocorrer alterações no ritmo. É aconselhável não aproximar da aparelhagem de ondas curtas, os pacientes portadores destes aparatos.

Gravidez: Pode ocorrer provável efeito sobre a divisão rápida do tecido embrionário e do suprimento sanquineo até a placenta. Por isso, é contra-indicado o tratamento de mulheres grávidas e também devemos evitar a influencia do equipamento de ondas curtas em pacientes grávidas nas proximidades e também nas terapeutas.

Tuberculose pulmonar e óssea: O esquentamento profundo pode provocar uma diminuição acentuada no número de leucócitos.

Febre: A diatermia por ondas curtas pode aumentar o metabolismo e consequentemente aumentar a temperatura, levando à hipertemia.

Artrite reumatóide: Muitos autores afirmam que o esquentamento profundo aumenta muito a atividade da colagenase, uma enzima que destrói a cartilagem articular, contra-indicando portanto a aplicação desta forma de terapia na artrite deformante.

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Traumatismos agudos: Se a aplicação for feita nas primeiras 24 ou 48 horas posteriores aos traumatismos de partes moles, poderão ocorrer aumento de volume e hemorragias.

Curativos e aparelhos gessados: Por razões óbvias, poderá ocorrer esquentamento excessivo da umidade local e possibilidade de queimaduras.

Osteomielite aguda, arterioscleroses, tromboses.

 

Contra-indicações relativas: 

Implantes metálicos internos: Os metais concentram a energia eletromagnética , sendo possível a concentração de energia ao redor do implante, aquecimento importante e conseqüente perigo de queimaduras. Por ex. o tratamento após a substituição total de quadril não é aconselhável, porém é possível o tratamento de um maxilar com alguns restaurados metálicos nos dentes, com uma dose não tão elevada. Nas aplicações com ondas curtas pulsáteis não é gerado calor no tecido, o que permite aplicações inferiores a 25W como valor médio.

Transtornos de sensibilidade: É muito difícil uma dosificação adequada. Podemos utilizar a intensidade aplicada no lado são e aplicar uma intensidade pelo menos 1/3 reduzida no lado afetado   ( dosis sub-mitis ). Devemos avaliar com ressalvas a aplicação nestes casos.

Transtornos cardíacos: A dose deverá ser necessariamente mais baixa devida a possibilidade de descompensação.

 

 Contra-indicações tradicionais:

Osteoporose: A aplicação de ondas curtas poderá favorecer esta alteração.Tecidos de divisão rápida: Como os discos epifisários , glândulas sexuais,

etc..Hemofilia: Pelo perigo de hemorragias.Uso de fármacos anti-coagulantes.

 

 TERAPIA POR ONDAS CURTAS PULSÁTEIS

            Embora a terapia por ondas curtas pulsáteis tenha sido desenvolvida ( por volta dos anos 40, nos EUA e URSS ) só mais recentemente está sendo mais divulgada e utilizada no Brasil. A terapia por ondas curtas pulsáteis gera muito pouco calor, sendo este apenas perceptível. Sua eficácia pode ser atribuída principalmente quanto ao efeito incrementador do trofismo celular, e diferentemente das ondas curta contínuas, ela excita apenas o sistema nervoso muscular. Desde muito tempo tem-se procurado reduzir em alguns

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tratamentos fisioterápicos, o uso do calor como agente ativo, tal como o uso também de terapia ultra-sônica pulsada.

 

 Efeitos terapêuticos: 

Cicatrização rápida de feridasRedução rápida da dorReabsorção rápida de hematomas e edemasCicatrização rápida de roturasEstimulação da circulação periférica.

 

 Duração do tratamento:

            A duração do tratamento nos transtornos recentes, utilizando ondas curtas pulsadas é relativamente curta, usualmente entre 10 e 15 minutos.

 

Freqüência do tratamento:

            Podemos começar com vários tratamentos diários. A freqüência do tratamento deverá ser adaptada à reação do paciente. Durante o curso do tratamento a freqüência das sessões poderá ser modificada para até 3 vezes na semana.

 

 Indicações específicas: 

Transtornos pós-traumáticos tais como, contusões, roturas, fraturas, hematomas, lacerações, etc..

Transtornos pós-operatórios, como preventivo da possível inflamação pós-operatória.

Inflamações, tais como, osteítes crônicas, bursites calcificadas, sinusites, etc..

Transtornos circulatórios periféricos.

 

 Contra-indicações:

Processos distróficos dolorosos, estágios I e II, por ex. síndrome de Sudeck e neurites agudas.

Lesões ósseas.Pacientes portadores de marca-passo.

 

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 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

 

Krusen: Tratado de medicina física e reabilitação. Capitulo 13 , Diatermia e      terapia pelo calor e pelo frio.

Periódico da Associação Brasileira de Fisioterapia. Ano 3, vol. 3, num. 02, Março/Abril  1986. “Uso do Ultra som na Fisioterapia”.*

Publicação original: Terapia Ultra-sônica.*

Publicação original: Terapia por Ondas Curtas, pulsátil e contínua.*