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Revista FOCO - ISSN: 1981-223X 37 A IMPORTÂNCIA DO ADMINISTRADOR NA GESTÃO HOSPITALAR: percepção de médicos, enfermeiros e administradores de um hospital universitário Dartagnan Ferreirra de Macêdo 1 Thayse Ingrid Clímaco Romeiro 2 Duilio Cleto Marsiglia 3 Resumo O presente trabalho teve como objetivo analisar a importância do administrador na gestão hospitalar, a partir da visão das chefias de médicos, enfermeiros e administradores de um Hospital Universitário. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários aplicados com todas as 41 chefias de médicos e enfermeiros da organização estudada e de entrevistas semiestruturadas com um grupo de 8 administradores do Hospital. A partir dos resultados, constatou-se que a maioria dos médicos e enfermeiros observa o hospital como uma organização complexa (92,7%), reconhece a necessidade de experiência e/ou conhecimento em gestão para assumir cargos de direção ou chefia (97,6%) e acreditam que a gestão deve ser compartilhada entre médicos e administradores (78%). Em relação ao relacionamento entre as categorias profissionais, percebeu-se a necessidade de aperfeiçoamento no processo de comunicação. Nos resultados das entrevistas, observou-se que os administradores demonstraram a importância das funções gerenciais desenvolvidas para garantir o funcionamento adequado dos serviços hospitalares. Portanto, evidenciou-se a essencialidade do profissional administrador dentro da estrutura hospitalar, destacando-se, contudo, a necessidade de competência gerencial, especialização na área e do apoio de todos os profissionais de saúde para a obtenção dos objetivos organizacionais. Palavras-chave: Gestão Hospitalar. Administração Hospitalar. Administrador. Hospital Universitário. 1 INTRODUÇÃO As primeiras estruturas hospitalares eram vistas como instituições de caridade administradas por médicos, enfermeiros ou pessoas da comunidade que tinham a responsabilidade de gerenciar os recursos escassos, não existindo, porém, a figura do administrador (SEIXAS; MELO, 2004). 1 Mestrando em Administração Pública - PROFIAP/UFAL. Especialista em Gestão em Saúde Pública e em Recursos Humanos. Professor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). 2 Bacharel em Administração e Especialista em Gestão em Saúde Pública pela Universidade Federal de Alagoas. 3 Mestre em Administração pela UFAL. Professor da Universidade Federal de Alagoas.

3 A IMPORTÂNCIA DO ADMINISTRADOR NA GESTÃO HOSPITALAR

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Revista FOCO - ISSN: 1981-223X

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A IMPORTÂNCIA DO ADMINISTRADOR NA GESTÃO HOSPITALAR: percepção de médicos, enfermeiros e administradores de um hospital universitário

Dartagnan Ferreirra de Macêdo1 Thayse Ingrid Clímaco Romeiro2

Duilio Cleto Marsiglia3

Resumo O presente trabalho teve como objetivo analisar a importância do administrador na gestão hospitalar, a partir da visão das chefias de médicos, enfermeiros e administradores de um Hospital Universitário. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários aplicados com todas as 41 chefias de médicos e enfermeiros da organização estudada e de entrevistas semiestruturadas com um grupo de 8 administradores do Hospital. A partir dos resultados, constatou-se que a maioria dos médicos e enfermeiros observa o hospital como uma organização complexa (92,7%), reconhece a necessidade de experiência e/ou conhecimento em gestão para assumir cargos de direção ou chefia (97,6%) e acreditam que a gestão deve ser compartilhada entre médicos e administradores (78%). Em relação ao relacionamento entre as categorias profissionais, percebeu-se a necessidade de aperfeiçoamento no processo de comunicação. Nos resultados das entrevistas, observou-se que os administradores demonstraram a importância das funções gerenciais desenvolvidas para garantir o funcionamento adequado dos serviços hospitalares. Portanto, evidenciou-se a essencialidade do profissional administrador dentro da estrutura hospitalar, destacando-se, contudo, a necessidade de competência gerencial, especialização na área e do apoio de todos os profissionais de saúde para a obtenção dos objetivos organizacionais.

Palavras-chave: Gestão Hospitalar. Administração Hospitalar. Administrador. Hospital Universitário.

1 INTRODUÇÃO

As primeiras estruturas hospitalares eram vistas como instituições de caridade

administradas por médicos, enfermeiros ou pessoas da comunidade que tinham a

responsabilidade de gerenciar os recursos escassos, não existindo, porém, a figura do

administrador (SEIXAS; MELO, 2004).

1 Mestrando em Administração Pública - PROFIAP/UFAL. Especialista em Gestão em Saúde Pública e em Recursos Humanos. Professor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). 2 Bacharel em Administração e Especialista em Gestão em Saúde Pública pela Universidade Federal de Alagoas. 3 Mestre em Administração pela UFAL. Professor da Universidade Federal de Alagoas.

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O papel social do hospital veio evoluindo junto com a medicina e os avanços tecnológicos,

se transformando em lugares de prevenção e tratamento de enfermidades, auxiliados por

equipamentos, máquinas e infraestruturas que dão suporte ao cuidado com o paciente. A

complexidade da estrutura hospitalar está relacionada às características peculiares das atividades

desenvolvidas e à diversidade dos serviços prestados. Diante da evolução da estrutura hospitalar,

existe a necessidade de que os hospitais sejam gerenciados por profissionais capazes de

compreender e administrar sua estrutura complexa.

A participação dos profissionais de saúde, especialmente dos médicos, deve ser integrada a

toda a equipe e ao alcance de metas e resultados, já que o trabalho desenvolvido por esses

profissionais é imprescindível no serviço assistencial do hospital. Todavia, seus esforços são tão

necessários quanto os dos demais integrantes da equipe hospitalar, incluindo os enfermeiros e

gestores, pois o cuidado e os serviços prestados aos pacientes dentro de um hospital dependem

da conjugação do trabalho de vários profissionais (NETO; MALIK, 2007).

Embora a inclusão de administradores na gestão hospitalar esteja em evolução, a maioria

dos hospitais no Brasil ainda é administrada por médicos e enfermeiros, que aprenderam a

coordenar o hospital no dia-a-dia (SEIXAS; MELO, 2004). Na rede pública de todo o Brasil, é

observável o acúmulo de filas e a insatisfação de usuários com a qualidade do atendimento

oferecido. Por isso, o administrador hospitalar deve desenvolver suas atividades de forma

participativa para alcançar os objetivos sociais do hospital, primando pelo seu adequado

funcionamento, oferecendo condições físicas, materiais e humanas aos profissionais de saúde

para que desenvolvam com eficiência suas funções.

Dessa forma, há a necessidade de o gestor hospitalar equilibrar as atividades

administrativas e assistenciais de saúde, assim como buscar uma integração entre médicos,

enfermeiros e demais profissionais existentes nos hospitais. Embora sua autonomia ainda seja

restrita, cabe ao administrador assumir e exercer as funções gerenciais de planejamento,

organização, direção e controle, entendendo que suas ações e decisões influenciam nas

atividades e nos resultados obtidos dentro dos hospitais (PICCIAI, 1998).

Este trabalho teve como objetivo analisar a importância e influência das ações e decisões

dos profissionais com graduação em administração nos resultados e nas atividades desenvolvidas

no hospital. Para tanto, analisou-se a percepção das chefias de médicos e enfermeiros de um

Hospital Universitário sobre a importância da atuação dos administradores para o desempenho

da instituição. Ainda, procurou-se verificar, por meio de entrevistas semiestruturadas, a

percepção de um grupo de administradores sobre sua atuação e as relações com os profissionais

de saúde.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Hospital: Uma Organização Complexa

As organizações do setor de saúde podem ser compreendidas como instituições com uma

estrutura complexa e que exigem muita competência dos gestores, pelo fato de haver

características específicas que as diferem de outras organizações, sendo apontada como uma das

estruturas organizacionais mais complicadas para se administrar (DRUCKER, 1999). No mesmo

sentido, Mintzberg (1997, p. 16) retrata essa complexidade de uma maneira bastante singular ao

declarar que: “[...] administrar a mais complicada corporação deve ser quase brincadeira de

criança quando comparada à administração de qualquer hospital”.

As organizações hospitalares, no mundo contemporâneo, devido à grande

competitividade do mercado e os avanços tecnológicos, necessitam cada vez mais de

profissionalismo na gestão, bem como de processos de trabalho bem definidos. De acordo com

Maudonnet et al. (1988), houve uma sucessão de modelos, no histórico das organizações

hospitalares, no Brasil: o tradicional (obra filantrópica, caridade religiosa); o assistencial

(evolução do tradicional, sem fins lucrativos); o público (federal, estadual ou municipal,

cobrando apenas dos mais afortunados); e a empresa privada hospitalar (finalidade lucrativa, sob

fiscalização estatal). A partir dessa evolução, tornou-se fundamental a especialização do

processo de gestão de recursos humanos, financeiros e materiais, especialmente devido à

estrutura orgânica e complexa dessas instituições, assim como a qualificação e conhecimentos

referentes a todas as categorias que integram as equipes de saúde, a fim de possibilitar um

melhor gerenciamento (FERREIRA, 2008).

A notável complexidade das organizações hospitalares faz com que a importância da

gestão seja ainda mais explícita, sendo necessário que as ações e decisões de seus dirigentes

sejam fundamentadas em conhecimento técnico e administrativo, não apenas no bom senso e nas

experiências passadas. Com isso a participação do administrador hospitalar tornou-se

imprescindível pela sua visão e observação do quão complexo é esse modelo organizacional, por

meio de uma competência gerencial entendida em três dimensões: os conhecimentos que dizem

respeito às teorias, abrangendo conceitos e dados sobre as organizações; as habilidades

relacionadas ao diagnóstico de problemas, à elaboração de estratégias e à gestão de pessoas; e as

atitudes que, por sua vez, dizem respeito à conduta ética, à empatia, entre outras características

(GRABOIS et al., 1995).

O hospital possui além de semelhanças, algumas diferenças no que se refere aos outros

tipos de organizações, sendo uma das principais dissonâncias o fato de as organizações

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hospitalares não serem baseadas em apenas uma linha de direção, o que acarreta em menos

autoridade e poder efetivo do administrador. A complexidade das organizações de saúde

independe de se tratar de um hospital público ou privado, pois, de qualquer forma, faz-se

necessário estar subordinado aos princípios éticos e legais do setor de saúde e às políticas

governamentais que exigem o cumprimento do que dispõem as leis, não importando o fato de se

ter fins lucrativos ou não. Entretanto, as organizações públicas, por disporem de recursos

orçamentários determinados e limitados, acabam sendo consideradas mais difíceis de gerir

(COUTO; PEDROSA 2007; GURGEL; VIEIRA, 2002).

O hospital funciona como um verdadeiro sistema, ou subsistema dentro de um sistema

social mais amplo. Segundo Feuerwerker e Cecílio (2007), esse subsistema consome insumos

(tecnológicos, financeiros, materiais) para desenvolver certos processos internos que resultam

em determinados produtos e serviços para seus clientes, resultando em um retorno sobre a

satisfação dos usuários que realimenta o sistema. O hospital que sobrevive é o que produz os

melhores serviços por meio do aperfeiçoamento e controle de processos internos.

Nesse sentido, pode-se dizer que dentro dos hospitais existem muitas organizações, já que

ocorrem serviços referentes a outros modelos organizacionais, que vão além da prestação de

serviços médicos, tais como hotelaria, lavanderia, limpeza, vigilância, restaurante, farmácia,

recursos humanos e relacionamento com o consumidor (DRUCKER, 1999). Também, Ruthes e

Cunha (2007, p.94) destacam que todas essas funções dentro dos hospitais são extremamente

importantes para o bom andamento da instituição, pois “a gestão de um hospital é um desafio à

medida que deve colocar todos estes segmentos em funcionamento simultâneo, harmonioso,

eficiente e economicamente viável”.

Ainda, observa-se que há uma multiplicidade de grupos profissionais, com interesses e

objetivos próprios, às vezes até divergentes, o que é um dos pontos que tornam o hospital uma

instituição complexa. A dificuldade dessa tarefa acentua-se, principalmente, quando ela recai

sobre profissionais que não têm habilidades para lidar com grupos tão heterogêneos, ou que não

possuem um entendimento da realidade da área técnica da saúde, de modo a compreender as

especificidades referentes à atuação dos profissionais da área.

Devido às inúmeras funções existentes, ao trato com diversos tipos de categorias

profissionais e demandas variadas, no que se refere a anseios, motivação, status, hierarquia e

outros fatores, os hospitais são instituições com um ambiente psicossocial delicado. Entre as

organizações de saúde, os hospitais são as instituições mais complexas, já que é a mais completa

e apresenta grandes detalhes a serem observados pela gestão (PADILHA; NASSAR, 2009).

Cabe ao administrador hospitalar executar o planejamento de todas as áreas, desde compras até a

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gestão de recursos humanos, além de fazer com que os profissionais de saúde tenham todas as

condições materiais e de pessoal para exercerem as atividades fins da instituição.

Segundo Merhy e Onocko (2002), o trabalho em saúde está sempre sujeito a imprevistos,

inclusive em relação às normas e rotinas, em razão de processos de urgência. Nesse ponto, fica

visível a necessidade e importância da delegação de responsabilidades. A estrutura de autoridade

nos hospitais é descrita como ambígua por Carapinheiro (2005), destacando-se duas linhas de

comando com lógicas, valores e interesses diferentes: uma, dos serviços administrativos e de

suporte, voltada aos interesses econômicos, a outra, a profissional, que visa à atividade fim.

2.2 A Importância do Administrador na Gestão Hospitalar

A especialização e formação profissional dos gestores das instituições hospitalares são

descritas por Gonçalves (2002, p.11) como fundamentais, ilustrando a necessidade da sua

profissionalização, uma vez que visualizar o hospital como uma organização “[...] exige, por um

mínimo de coerência, que o modelo de sua gestão precisa divorciar-se por completo de qualquer

improvisação e de qualquer colorido de amadorismo, para assumir a postura de profissionalismo

integral”.

A importância do administrador hospitalar é fundamental para a gestão de pontos

específicos e comuns a qualquer organização, tais como a gestão de pessoas, custos, processos,

finanças, compras e tecnologias. De acordo com Couto e Pedrosa (2007), o administrador

hospitalar tem grandes desafios, entre eles, o de gerir os diversos anseios e objetivos específicos

de cada classe profissional que atua na organização hospitalar, buscando gerenciar conflitos e

disputas e, consequentemente, alinhar os objetivos específicos das categorias ao objetivo maior

da organização. Portanto, é fundamental que a administração hospitalar esteja organizada com

sistemas que garantam a gestão e viabilizem o negócio.

Também, Maximiano (2008) sublinha cinco tipos de funções administrativas, o

planejamento, a organização, a liderança, a execução e o controle, que formam o processo

administrativo. Esses processos são inerentes a todos os modelos organizacionais. Acerca da

função do administrador nas organizações hospitalares, Zoboli (2004, p. 44) descreve que “[...] o

administrador no hospital é o responsável pela manutenção e pelo funcionamento de seu sistema

administrativo e burocrático”.

Segundo Seixas e Melo (2004), a visão da instituição de saúde como uma empresa,

facilita a compreensão da necessidade do profissional capacitado que observe aspectos referentes

à qualidade e à satisfação dos clientes, que não se restringe aos pacientes, mas também abrange

seus familiares.

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Há uma demanda cada vez maior por dirigentes hospitalares qualificados, ou seja, que

possuam uma formação específica nas áreas de gestão hospitalar e afins, de forma que são cada

vez mais raros casos em que apenas bom senso e experiências anteriores são levados em

consideração para encontrar um bom gestor. Mesmo com esse reconhecimento da importância do

administrador, o médico continua desempenhando o cargo de diretor geral, tendo o

administrador, porém, um papel significativo e imprescindível na gestão central dos hospitais

(GRABOIS et al. 1995). Os autores destacam ainda que a posição do profissional médico na

direção do hospital é uma forma de legitimar o seu poder, apesar dos administradores

efetivamente controlarem os recursos e os enfermeiros administrarem a maior parte da

assistência.

Acerca da formação do profissional médico, Padilha e Nassar (2009) afirmam que a

formação desses profissionais não é, por si só, suficiente para que eles assumam cargos de

gestão. Para isso, o profissional de medicina deveria além de ter um conhecimento abrangente

dos conteúdos técnicos, compreender a dimensão social e política do setor em que atua, além de

ter conhecimentos da área administrativa, especialmente em relação ao processo de

comunicação.

Todavia, mesmo que os profissionais da área fim do hospital, especialmente médicos e

enfermeiros, não tenham conhecimentos teóricos de administração e práticas gerenciais, é

indispensável que a gestão seja compartilhada com essas categorias, de forma a atingir os

melhores serviços prestados por esses profissionais que, sem dúvidas, podem colaborar muito

com os administradores.

A importância do processo de comunicação é abordada por Maldonado e Canella (2003)

como fundamental na relação de todos os profissionais entre si e na sua relação com os clientes.

A tentativa de persuasão nos relacionamentos interpessoais pode auxiliar os profissionais em

situações de decisão e em momentos em que há necessidade de mudanças. Os gestores que

queiram atingir os melhores resultados devem buscar as melhores ferramentas de comunicação,

para que o processo influencie positivamente nas atividades desenvolvidas na organização.

Senhoras (2007) destaca a importância da comunicação em uma organização de saúde,

afirmando que é fundamental o aprendizado organizacional dentro do sistema hospitalar. O

processo de comunicação auxilia para a mudança na cultura e, principalmente, no bom

andamento das atividades rotineiras, e é determinante no que diz respeito à disseminação da

informação das ações da gestão para todos os colaboradores.

Diversos fatores devem ser considerados para o melhor desempenho das equipes, entre

eles pode-se destacar o planejamento de reuniões e o estabelecimento de cronogramas. Para isso

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é fundamental buscar sempre a soma de habilidades e conhecimentos dos componentes das

equipes, visando à melhor tomada de decisões (COUTO; PEDROSA 2007).

A discussão do trabalho em equipe é um grande desafio em uma organização de saúde e

essa integração dos profissionais é muito importante para que os serviços sejam executados com

a qualidade desejada. Para que a união dos profissionais em prol da organização seja possível, é

necessário que a atribuição das categorias de todos os setores esteja muito bem delimitada e

definida para que possíveis conflitos, por esse motivo, sejam minimizados (MERHY; ONOCKO,

2002).

Para a obtenção dos resultados, é necessária a busca da melhoria contínua do

desempenho, com aprimoramento da organização dos processos de trabalho, utilizando diversas

ferramentas de qualidade, tais como a formação de uma equipe competente e comprometida,

brainstorming, fluxograma, histograma, Pareto, folha de verificação, matriz de priorização, entre

outras (COUTO; PEDROSA 2007). Entre as ferramentas administrativas, Couto e Pedrosa

(2007) citam a importância de alinhá-las às pessoas, além de saber quando e onde utilizá-las,

integrando competência e desempenho às exigências do negócio e às metas organizacionais, o

que é um grande desafio para os gestores que devem, junto à equipe e às políticas de RH, ajustar

as estratégias e buscar a eficiência na gestão de pessoas.

As lideranças da área administrativa das instituições hospitalares, comparando-se a outras

organizações, têm muitos desafios a enfrentar, tendo de conquistar o apoio de variadas

subculturas de especialistas que possuem, muitas vezes, objetivos próprios e divergentes entre si.

Além disso, o administrador tem a necessidade de demonstrar que a sua função não é apenas a de

realizar um controle administrativo, indo além desse papel, cabendo a ele também a tarefa de

realizar planejamento, traçar e implementar estratégias, controlar os custos dos procedimentos e

prezar pela melhoria constante no atendimento prestado aos clientes (VENDEMIATTI, 2010).

Ruthes e Cunha (2007) destacam que o processo decisório a ser implantado deve ser

pautado em planejamento, execução e controle, para que, excetuando-se imprevistos, os

administradores tenham um norte para a tomada de decisões e para mensurar a efetividade e a

funcionalidade de suas ações. A busca pela qualificação específica de todos os profissionais que

exercem cargos de gestão influencia as ações e decisões realizadas e contribui de modo

significativo com a organização, sendo considerada uma vantagem competitiva.

Quando a discussão de problemas e a busca de soluções ocorrem em conjunto, a

cumplicidade maior entre os profissionais acaba contribuindo para diminuir distâncias,

auxiliando na descentralização de decisões e fazendo com que as ações sejam mais efetivas, o

que possibilita uma participação maior de todos na organização. O gestor deve ter discernimento

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para observar a importância, no momento correto, da prática de uma gestão compartilhada, que

pode ser benéfica para a instituição (CECÍLIO, 2006).

O processo de trabalho da área da saúde deve ser compreendido pelo gestor hospitalar,

para que se possa atender, especialmente, as necessidades de recursos materiais requeridos pelas

equipes multiprofissionais. O gestor deve buscar a sinergia entre os profissionais de saúde e estar

comprometido com a organização, de forma tal a ter uma visão completa de todos os serviços

realizados, primando pelas melhores práticas, buscando transmitir confiança, ética e qualidade

tanto aos pacientes quanto aos funcionários. É preciso, também, por parte do administrador,

ouvir e partilhar as ações com médicos, enfermeiros e todos os profissionais, para que seja

possível ter uma visão sistêmica sobre tudo o que acontece na organização e obter informações

que auxiliem o processo decisório e o gerenciamento de todos os serviços oferecidos no âmbito

organizacional (SEIXAS; MELO, 2004).

Um elemento essencial e um dos mais importantes para as organizações de saúde são as

pessoas e, portanto, é fundamental que haja uma administração de recursos humanos muito bem

organizada e competente. O hospital só irá atingir seus objetivos, especialmente no que se refere

à qualidade no atendimento, se todos os envolvidos na organização estiverem voltados para esse

fim. A gestão de pessoas deve ter o papel de gerenciar todos os grupamentos profissionais e

mediar conflitos que possam ocorrer (MAGALHÃES, 2006).

De acordo com Merhy e Onocko (2002), são identificáveis, nos hospitais, três grandes

grupamentos profissionais: o dos médicos, o da enfermagem e o do corpo administrativo,

havendo uma dificuldade na determinação do poder pelo fato de que essas categorias, na maioria

dos casos, organizam-se em lógicas próprias e específicas. Os autores destacam que o ponto mais

complicado de ser trabalhado na questão da autonomia de gestão, referente à qualidade do

atendimento prestado pelas instituições de saúde pública, é a execução de uma política de

administração de pessoal eficiente.

Para Vendemiatti (2010), o profissional médico tem certo grau de autonomia pelo lugar

de destaque que ocupa e o status que possui. Porém, com a profissionalização administrativa das

organizações hospitalares, essa autonomia acabou reduzida em prol dos hospitais, o que gerou

uma dualidade de lideranças: a subcultura médica, que faz o que julga certo em determinadas

situações, e a administrativa, que busca determinar regras e rotinas visando ao aumento da

produtividade, à redução de custos e à busca de qualidade, por meio de uma padronização das

atividades desenvolvidas. A partir disso, acabam ocorrendo conflitos entre essas classes de

profissionais, muitas vezes pela comunicação ineficaz entre os atores envolvidos.

De acordo com Cecílio (1999), a resistência a modelos de gestão hospitalares mais

rigorosos e apoiados pela administração também é encontrada entre o corpo de enfermagem, e

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não apenas nos médicos, como muitos afirmam. Complementando, Merhy e Onocko (2002)

afirmam que a área de enfermagem é um grupo muito fechado sobre si e, em sua maioria,

também busca ser bastante autônomo em relação à direção administrativa. Os autores afirmam

que “[...] as enfermeiras são as gerentes efetivas das unidades assistenciais, embora as ‘chefias’

sejam, de uma maneira geral, dos médicos. Esta situação é fonte de muitos conflitos em todos os

hospitais que temos observado” (MERHY; ONOCKO, 2002, p. 304).

3 METODOLOGIA

Segundo Vergara (2007), os tipos de pesquisa se definem de acordo com dois critérios:

quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, o presente estudo assume as características

de uma pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa e qualitativa. Quanto aos meios de

investigação, foi adotado o estudo de caso, por meio de uma pesquisa de campo, onde os

fenômenos estudados foram observados em um Hospital Universitário localizado na região

Nordeste do Brasil.

Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram entrevistas semiestruturadas e

questionários. Nesta pesquisa, a população utilizada para a aplicação das entrevistas foram 14

gestores graduados em administração. Dessa população, foi retirada uma amostra composta pelos

gestores das áreas que mais contribuiriam para o estudo, sendo elas: a Direção Administrativa,

Recursos Humanos, Materiais, Compras, Serviço de Arquivo Médico e Estatísticas (SAME),

Custos e Orçamentos, Ambulatórios, e Patrimônio, totalizando 8 administradores entrevistados.

Para a aplicação dos questionários, considerou-se a população composta por todas as

chefias de médicos e enfermeiros do Hospital, formando um grupo de 41 respondentes. Como a

população das chefias de médicos e enfermeiros foi totalmente utilizada, trata-se de um censo e,

por isso, não foram realizados cálculos de erro amostral e nível de confiança.

Quanto à análise, as entrevistas tiveram abordagem qualitativa e visaram analisar a

participação do administrador na gestão hospitalar. As entrevistas tiveram um roteiro

semiestruturado e ocorreram, em média, por 25 minutos cada, sendo realizadas no próprio local

de trabalho dos entrevistados. As respostas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na

íntegra, com autorização dos entrevistados, sendo analisadas mediante análise de conteúdo.

Em relação aos questionários, foram aplicados quarenta e um instrumentos com toda a

população das chefias de médicos e enfermeiros do Hospital Universitário, de acordo com lista

fornecida pelo setor de Recursos Humanos. Nesses questionários foram inclusas perguntas

fechadas, de múltipla escolha e algumas questões abertas. A coleta total dos dados durou quatro

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meses. As informações coletadas foram tabuladas através do software MYSTAT, para

posteriores cruzamentos e análises dos dados, observando sempre o que foi pertinente aos

objetivos da pesquisa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção serão apontados os principais resultados e discussões da pesquisa.

Inicialmente, serão apresentadas as análises dos questionários, referentes às percepções das

chefias de médicos e enfermeiros quanto ao trabalho desenvolvido pelos administradores na

gestão hospitalar. Na seção seguinte, serão destacadas as principais opiniões dos administradores

entrevistados.

4.1 Percepção dos médicos e enfermeiros

O perfil da população das chefias de médicos e enfermeiros, encontrado através da

aplicação dos questionários, revela que a maioria dos respondentes é do sexo feminino (78%).

Isso acontece porque, dos 19 chefes de enfermagem, 18 são enfermeiras e, dentre as chefias

médicas, do total de 22 profissionais, 14 são mulheres. Em relação à faixa etária, observou-se

que 77,9% dos respondentes têm idade entre 40 e 70 anos, o que demonstra que os cargos de

chefia são ocupados, em sua maioria, por profissionais mais experientes.

Figura 1 – Sexo Figura 2 – Idade

Fonte: Dados da Pesquisa Fonte: Dados da Pesquisa

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Em relação à área de atuação dos profissionais entrevistados, percebe-se um equilíbrio

entre a quantidade de chefes médicos (53,7%) e enfermeiros (46,3%). Os dados relacionados ao

tempo de serviço dessas categorias no Hospital Universitário objeto de análise ilustra que 80,5%

dos respondentes têm mais de 10 anos de atuação no hospital, enquanto que 14,6% têm entre 5 e

10 anos, e apenas 4,9% atuam na organização a menos de 5 anos.

Quanto ao questionamento acerca do tempo de exercício no cargo de chefia, nota-se que a

maioria, correspondente a 58,6%, já exerce cargos de chefia há pelo menos 5 anos. Quando

questionados sobre o exercício anterior de outro cargo de chefia além do atual, 56,1% disseram

que haviam tido experiências anteriores.

Também, foi questionado aos profissionais médicos e enfermeiros se eles consideram o

hospital uma organização complexa e 92,7% afirmaram que sim. Este é um dado muito

relevante, pois demonstra que essa percepção é bastante clara entre a maioria dos profissionais

de saúde. Entre os motivos mais citados que justificam essa visão do hospital, destacaram-se a

necessidade de equilíbrio financeiro das organizações hospitalares (14,63%), a característica da

estrutura organizacional e administrativa (9,75%), a prestação dos serviços médicos/hospitalares

(7,31%), e a presença de equipe multiprofissional (7,31%).

Figura 3 – Visão do Hospital como organização complexa.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Acerca da necessidade de conhecimento e/ou experiência em gestão para assumir cargos

de direção ou chefia dentro dos hospitais, 97,6% das chefias afirmaram que essa é uma condição

necessária. Entre as justificativas, as que se sobressaíram foram o fato de esse conhecimento ou

experiência facilitar o andamento dos trabalhos, além de servir para orientação no exercício da

função e para um melhor relacionamento interpessoal. Por outro lado, apenas 2,4%, isto é, para

um entrevistado, esse conhecimento não é necessário, segundo o qual o mesmo pode ser

adquirido apenas com a prática.

V.8, nº 2, ago./dez. 2015.

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Procurando compreender, na visão dos respondentes, qual o profissional seria mais

qualificado para dirigir um hospital, verificou-se que 78% acreditam que a gestão deve ser

compartilhada entre médico e administrador, justificando as respostas pela agregação dos

conhecimentos específicos em administração e na área fim do hospital. Para 12,2% o profissional

mais adequado seria o administrador e para 2,4%, o médico. Ainda, para 7,3% dos entrevistados,

que são chefes de enfermagem, qualquer profissional poderia exercer a gestão de um hospital,

desde que tenha habilidade, capacidade e conhecimento em gestão hospitalar.

Esse dado demonstra que a presença dos profissionais administradores na estrutura

hospitalar tem sido crescente e mais bem aceita entre os profissionais da área de saúde. Caldas

(2008) enfatiza que quando o gestor possui uma formação específica, somado a experiências

gerenciais anteriores, há maior chance de sucesso em sua direção.

Buscando avaliar o relacionamento entre a administração do hospital e as categorias de

médicos e enfermeiros, foram abordadas questões relativas à qualidade e aos fatores que

dificultariam esse relacionamento, e se possíveis conflitos entre essas três categorias afetam as

atividades desenvolvidas e os serviços prestados.

A tabela seguinte revela que, para 65,85% das chefias, o nível de qualidade desse

relacionamento entre as categorias citadas está entre bom e ótimo. Para 26,82% está em um nível

regular e, mesmo nenhum dos entrevistados indicando a alternativa ruim, 7,31% apontaram o

relacionamento como péssimo. Embora a maioria tenha respondido positivamente ao

questionamento, uma parte significativa (34,14%) considera que a qualidade dessas relações

ainda pode ser aperfeiçoada.

Tabela 1 – Qualidade do relacionamento entre a administração do hospital e as categorias de médicos e enfermeiros.

Frequência Percentual

Péssimo 3 7,317 Regular 11 26,829 Bom 22 53,659 Ótimo 5 12,195

Total 41 100 Fonte: Dados da Pesquisa.

Para evidenciar os conflitos entre as categorias, os fatores que mais dificultam essa

convivência, segundo as respostas, são as falhas na comunicação, pouca transparência da gestão,

a falta de compromisso dos próprios servidores, a ausência de reuniões setoriais, excesso de

burocracia e o corporativismo. Dentre esses pontos, problemas de comunicação foram citados

por quase 20% dos respondentes.

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X

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Analisando como os conflitos no relacionamento entre médicos e enfermeiros, e entre

estes e os administradores poderiam afetar as atividades desenvolvidas e os serviços prestados

dentro do hospital, foi observado que a existência de conflitos interfere altamente nas variáveis

citadas, para 53,65%. Isso significa que é fundamental que haja um bom relacionamento

interpessoal entre todas as categorias, na busca pela prestação de serviços com qualidade e

excelência.

O administrador hospitalar é um profissional que possui muitas funções dentro de uma

organização, visto que a sua atuação tem um papel significativo nos resultados organizacionais e

na qualidade dos serviços prestados, como afirmam Beltram e Camelo (2007, p. 55): “[...] nos

hospitais, os gestores precisam repensar a cada momento em novos métodos de administração,

novos investimentos para melhorar seus equipamentos e sua estrutura de atendimento [...]”.

A comunicação dentro de qualquer organização deve ser entendida como ferramenta

primordial na busca pelo sucesso e obtenção dos resultados organizacionais. Nas instituições

hospitalares, onde as pessoas desempenham um papel de extrema importância, é fundamental

que elas estejam bem informadas para que possam se envolver e participar das ações gerenciais,

auxiliando no cumprimento de metas e objetivos determinados. Avaliando o desempenho da

comunicação interna das ações e informações da gestão do Hospital estudado, obtiveram-se os

resultados expostos na tabela abaixo:

Tabela 2 - Qualidade da comunicação interna de ações e informações da gestão do HU na transmissão aos funcionários. Frequência Percentual

Péssimo 1 2,439 Ruim 7 17,073 Regular 19 46,341 Bom 12 29,268 Ótimo 2 4,878

Total 41 100 Fonte: Dados da Pesquisa

Para 46,34% dos entrevistados, a qualidade da comunicação é regular, para 17,07%, é

ruim e para 2,4%, é péssima. Esses dados revelam a necessidade de se adotar decisões assertivas

acerca do processo de comunicação utilizado na instituição. Nas entrevistas realizadas com os

administradores, foi destacado que, apesar de existirem muitas ferramentas de comunicação,

estas ainda são deficientes em alguns pontos, precisando de aperfeiçoamentos.

No que se refere à qualidade do relacionamento dos profissionais de saúde com a gestão

do Hospital, foi perguntado como as chefias avaliam essa relação, chegando-se a um resultado

V.8, nº 2, ago./dez. 2015.

50

relativamente satisfatório, já que 75,60% dos respondentes avaliaram esse relacionamento entre

bom e ótimo. Já quanto ao reconhecimento pela administração do trabalho exercido pelos chefes

médicos e enfermeiros, constatou-se que 60,9% acreditam que esse reconhecimento está entre

bom e ótimo, e que para 29,26% é regular. Apenas 9,75% consideraram ruim ou péssimo.

Para mensurar a importância do trabalho desenvolvido pelo administrador no Hospital, os

entrevistados foram questionados quanto ao nível dessa importância, na percepção dos mesmos.

Para a maioria absoluta, isto é, 95,20%, os administradores desenvolvem um trabalho entre

muito importante e importante para a organização. Esse dado demonstra, de maneira enfática, o

quão é imprescindível a atuação do profissional administrador nos hospitais, na visão dos

profissionais de saúde.

Relacionando as características pessoais (habilidades, conhecimentos e atitudes), citadas

como essenciais para o exercício de cargos de direção ou chefia em um hospital pelos

entrevistados, chegou-se ao seguinte resultado, exposto no quadro a seguir, onde se destacaram

as seguintes características: possuir conhecimento específico em gestão e administração

hospitalar, ter compromisso, comprometimento e liderança, exercer um bom relacionamento

interpessoal e agir com ética e honestidade.

Quadro 1 – Características pessoais mais citadas como sendo essenciais para o exercício de cargos de direção ou chefia em um hospital.

Características Frequência Conhecimento específico na área 21 Responsabilidade 3 Ética 4 Compromisso/comprometimento 7 Honestidade 4 Liderança 12 Experiência 2 Iniciativa 3 Bom relacionamento interpessoal 10 Habilidades/competência gerencial 9 Humanização 3 Comunicação 4 Equilíbrio emocional 3 Saber ouvir 3 Honestidade 4 Visão sistêmica do hospital 2

Fonte: Dados da Pesquisa

Apontando características importantes para o gestor, Seixas e Melo (2004) citam algumas

que também são apresentadas nos resultados desta pesquisa. Entre elas estão as habilidades para

a atuação do administrador em uma organização de saúde, capacidade profissional, compreensão

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51

da necessidade de um bom relacionamento interpessoal, qualificação específica em relação ao

processo de trabalho da área de saúde, visão integrada dos serviços prestados, comprometimento

com a organização, disponibilidade em ouvir e buscar aprendizado constante, além de conhecer

aspectos éticos e legais que envolvam a instituição.

4.2 Percepção dos administradores

Nesta seção, será realizada a análise dos dados coletados através das entrevistas

realizadas com um grupo de oito administradores do Hospital Universitário objeto do estudo. Na

seleção dos entrevistados, buscou-se, como pré-requisito, que todos tivessem formação

acadêmica na área de Administração e especialização em gestão hospitalar, gestão pública ou

áreas correlatas.

Em relação à complexidade das organizações hospitalares, todos os entrevistados

afirmaram que consideram os hospitais como uma organização complexa. Para justificar a

afirmativa, foram apontadas diversas características desse tipo de organização que justificam a

resposta, sendo o motivo mais citado a diversidade de profissionais de categorias diferentes

existentes dentro dessa estrutura. Dentre outros motivos, foi citada a cultura organizacional

diversa e específica de cada grupamento profissional, além da formação dos profissionais de

saúde, já que alguns desses profissionais ainda veem o hospital numa perspectiva mais

tradicional, através da qual os hospitais eram administrados por médicos e enfermeiros.

Também, outras respostas complementares justificariam a complexidade hospitalar, tais

como o fato de o hospital em estudo ser uma organização pública, as várias funções

organizacionais existentes, o excesso de burocracia, principalmente em áreas referentes a

licitações e a compras, a resistência dos médicos em aceitar regras, e por ser uma organização

que lida com pessoas com problemas de saúde e que estão fragilizadas em razão disso.

A percepção consolidada do hospital como organização complexa demonstra a

necessidade de um profissional qualificado: “a administração hospitalar é fruto do sistema que se

expandiu por várias partes do mundo, onde o hospital é visto como uma empresa moderna, e é

claro, deve contar com os administradores” (SEIXAS e MELO, 2004, p.17). Portanto, é essencial

que o profissional administrador reconheça sua importância na organização e, principalmente,

busque compreender os pontos específicos das organizações de saúde.

O quadro 2 ilustra algumas das principais respostas dos administradores entrevistados

quanto à importância do trabalho desenvolvido na estrutura hospitalar.

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52

Quadro 2 – Opiniões dos administradores sobre sua atuação na gestão hospitalar Categoria Exemplos de verbalizações

Opiniões dos administradores

expostas nas entrevistas.

“[...] a área de saúde não vê a importância do administrador como ela é, apesar de isso estar melhorando. Até pela própria questão cultural, essas várias áreas ‘dominavam’ o hospital, que era dividido entre médicos e enfermeiros, sempre ocorrendo conflitos entre esses.”

“[...] o administrador deve realizar a gestão dos hospitais, porque tem uma formação adequada para gerência. Porque gerir não é somente você mandar, pedir ou solicitar é muito mais, você tem que fazer planejamento, tem que ter controle das tarefas... e a parte técnica do hospital, não tem formação para isso [...] a formação acadêmica dos médicos não contempla essa parte de gestão, isso é muito incipiente ainda [...].”

“[...] um dos principais motivos para os conflitos é a questão de, muitas vezes, o profissional médico achar que é mais importante que as demais categorias. Além disso, quando os médicos estão precisando de um determinado aparelho que, por exemplo, atende a cirurgias médicas específicas, dependendo do valor se for muito alto e esse mesmo aparelho estiver disponível na rede do SUS, não é viável a sua compra pelo HU, o que muitas vezes não é compreendido por esses profissionais [...].”

“Por ser uma Instituição grande e isso acontece com grandes Instituições mesmo, às vezes a comunicação não é 100% eficiente. Então existem reclamações de que todos não ficam sabendo do que foi informado. Mas também acontece da própria pessoa não buscar a informação, ou o chefe do setor não retransmiti-la aos seus subordinados. Mas muitos meios de comunicação são usados: O jornal, a internet, as CIs [...]”.

“[...] o administrador é um dos mais importantes profissionais na estrutura hospitalar. É ele quem delega as responsabilidades, quem divide os papéis, planeja, controla, organiza, assume responsabilidade. Agora, é fundamental que o profissional tenha competência, tem que ser competente no que faz e demonstrar com ações a sua importância dentro da organização [...]”.

Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados sobre quem deve exercer a gestão dos hospitais, a maioria

respondeu que a gestão propriamente dita deve ser exercida pelos administradores; já para dois

dos entrevistados a gestão deveria ser dividida entre os administradores e os profissionais de

saúde. Para embasar essas respostas, os entrevistados levantaram três justificativas: o

administrador possui formação específica em gestão; é um profissional que tem uma visão mais

ampla e sistêmica do hospital; e a categoria tem um pensamento voltado para os objetivos

organizacionais e não em interesses de determinados grupos profissionais.

Os seguintes aspectos foram descritos como imprescindíveis para o exercício das funções

do administrador hospitalar: planejamento, administração de recursos, estabelecimento de metas

e objetivos, visão sistêmica, lidar com questões administrativas e burocráticas, relações

interpessoais e, por fim, ter conhecimento geral acerca de custos, materiais, recursos humanos,

projetos, processos e orçamentos. Fica evidenciado que os administradores possuem

conhecimentos que são determinantes para que a gestão de uma organização de saúde seja

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eficiente. Porém, é fundamental a participação dos profissionais da área de saúde nessa gestão,

de forma a minimizar conflitos prejudiciais à organização como um todo.

No tocante à existência de conflitos entre profissionais das categorias de administradores,

médicos e enfermeiros, sete respondentes afirmaram que conhecem a existência desses conflitos;

apenas um entrevistado afirmou não ter conhecimento dessa situação. Os principais argumentos

expostos pelos entrevistados foram que os profissionais de saúde, de modo geral, não

compreendem a necessidade do planejamento e a limitação dos recursos, além de desconhecerem

as especificidades de questões referentes a custos, orçamentos, licitações, além de falhas no

processo comunicativo e do estresse dos profissionais.

Observou-se que para uma parte significativa dos administradores, há a existência de

disputa de poder no hospital. Entre os que responderam que não há uma disputa, os argumentos

utilizados foram de que cada categoria tem sua função bem definida e que, por estarem em maior

número, os médicos e enfermeiros possuem a maioria dos cargos de chefia e, em consequência,

maior representatividade. Por sua vez, os que afirmaram que existe esse processo, expuseram

que alguns médicos não dão a devida importância aos administradores e que a divisão de papéis,

atribuições e responsabilidades poderia ser melhor definida.

Em relação ao processo de comunicação, segundo a maioria dos entrevistados, houve um

aperfeiçoamento ao longo dos anos, por meio da facilitação do acesso à administração do

hospital e do uso de instrumentos de comunicação, tais como, informativos, fluxogramas, jornal,

internet e intranet, reuniões, ofícios, memorandos e circulares, que foram descritos como

importantes ferramentas de comunicação utilizadas na instituição.

Entretanto, foram feitas ressalvas por todos os entrevistados de que são necessárias

melhorias significativas no processo de comunicação, pois ainda há falhas a serem corrigidas,

como, por exemplo, a existência intensa de comunicação informal, gerando ruídos,

principalmente pelo fato de a organização possuir uma estrutura grande, com funcionários que

trabalham em turnos diferentes. Outro exemplo bastante pontuado refere-se à transmissão

incorreta das informações obtidas pelas chefias, em reuniões com a administração, para os

demais colaboradores de sua equipe.

A necessidade de um processo de comunicação eficiente nas organizações de saúde é

destacada por Senhoras, afirmando que essa importância (2007, p. 53) “reside na sua capacidade

de direcionar o aprendizado organizacional dentro do sistema hospitalar, ao corroborar para a

mudança de forma na cultura”. Evidenciou-se que há ainda pontos a serem aperfeiçoados,

principalmente em relação à necessidade de as informações chegarem corretamente a todos os

profissionais.

V.8, nº 2, ago./dez. 2015.

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Foi questionado qual seria a importância efetiva do administrador na gestão hospitalar.

Todas as opiniões convergiram para o fato de que os administradores são fundamentais e

essenciais para as organizações de saúde. Em atenção a esse fato, foram elencadas justificativas

que demonstram a importância deste profissional, destacando-se: planejamento e organização de

toda a instituição, o gerenciamento de recursos humanos e financeiros, a racionalização de

recursos materiais, a delegação de funções e responsabilidades, a realização de contratos e

projetos, a definição de prioridades, a primazia pela qualidade dos serviços, o estímulo à

motivação, a visão ampla e abrangente do hospital e o fornecimento do apoio e estrutura

necessários para que a área fim funcione de maneira adequada e eficaz.

Também, o profissional que irá gerir organizações de saúde deve observar diversos

fatores específicos que distinguem as organizações hospitalares de outras organizações, como,

por exemplo, a existência constante de duplicidade de autoridade, o trabalho em equipe

dependente de diversos grupos profissionais, com especialidades diferentes e com alto nível de

complexidade e variabilidade, as mudanças constantes de inovações tecnológicas, entre outros

aspectos. Observa-se, assim, o quanto o administrador é importante para gerir essas

organizações. Para uma maior eficiência no exercício de suas funções, faz-se necessário que haja

uma ampliação da participação efetiva dos administradores na gestão, visto que, na maioria dos

hospitais, os médicos ainda dominam a gestão da estrutura hospitalar, havendo pouca autonomia

por parte dos administradores (FERREIRA, 2008).

Nesse contexto, uma gestão de recursos humanos eficiente é fundamental em

organizações de saúde; todavia, a atuação do gestor é bastante difícil, pois: “os problemas de

gestão de pessoas são, em princípio, de natureza gerencial, sem, contudo ignorar que os gerentes

das unidades públicas de saúde têm pouca ou nenhuma autonomia para resolvê-los” (DUARTE;

BOTAZZO, 2009, p. 162). Também, é fundamental que os administradores demonstrem, através

de ações efetivas, sua importância, atuando com competência.

Por fim, a partir das informações levantadas, a importância do administrador dentro da

estrutura hospitalar foi demonstrada, destacando a necessidade de conhecimentos específicos

para atuar em organizações hospitalares. Além disso, por ter uma visão mais abrangente,

constata-se que os administradores têm um papel imprescindível nessas organizações complexas,

sendo indispensável a presença dos mesmos para o funcionamento eficiente e eficaz da

instituição.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Revista FOCO - ISSN: 1981-223X

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O presente artigo buscou analisar a importância da atuação dos administradores na

estrutura hospitalar, a partir da percepção dos profissionais de saúde e dos gestores de um

Hospital Universitário. Conclui-se que o profissional administrador, por meio da análise da

importância do trabalho realizado na instituição objeto de análise deste estudo, contribui

significativamente para o desenvolvimento da organização hospitalar, estruturando e

proporcionando condições necessárias para que a área fim do hospital funcione adequadamente.

Nota-se, a partir das respostas das chefias de médicos e enfermeiros, que esses

profissionais percebem a essencialidade do conhecimento e da experiência em gestão para

assumir as funções de direção ou chefia, além de reconhecer a importância do administrador na

gestão do hospital, embora percebam que é fundamental o compartilhamento dessa função com

os profissionais de saúde. A maioria dos profissionais de saúde avaliou o trabalho dos

administradores como importante e destacou, como características essenciais a eles, a

necessidade de possuírem conhecimentos na área de gestão hospitalar, terem liderança, agirem

com ética e desenvolverem um bom relacionamento interpessoal com os membros da

organização.

Analisando o resultado das entrevistas com os administradores, verificou-se que todos os

profissionais consideram ter um papel importante nas atividades desenvolvidas na estrutura

organizacional complexa do hospital. Entretanto, essa participação ainda pode ser considerada

relativamente limitada, devido à recente inclusão desses profissionais na estrutura hospitalar e à

grande influência de poder exercida pelos médicos.

No que se refere à relação do profissional administrador com os profissionais médicos e

de enfermagem, ilustrou-se que existem conflitos gerenciais, mas, apesar disso, para boa parte

dos profissionais da área de saúde, a qualidade do relacionamento entre as categorias é

satisfatória. Entretanto, as falhas na comunicação são apontadas como um dos fatores que

dificultariam esse relacionamento. O processo de comunicação foi considerado regular, pois

apesar da existência de muitos instrumentos, a amplitude da estrutura organizacional do hospital

resulta em comunicações informais e ruídos no processo comunicativo.

Na percepção dos administradores entrevistados, os principais motivos para a existência

de conflitos são a ausência de compreensão ampla por parte dos profissionais de saúde de

aspectos administrativos, como planejamento e controle dos materiais, custos, orçamentos e

questões burocráticas. A existência de conflitos é um fator que deve ser bem gerenciado pelo

gestor, pois pode comprometer as atividades desenvolvidas e os serviços prestados no hospital,

sendo, portanto, fundamental a atuação da administração na mediação e na busca da

minimização desses conflitos, para que os objetivos organizacionais não sejam prejudicados.

V.8, nº 2, ago./dez. 2015.

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O relato de tudo que foi evidenciado corrobora a afirmação da importância do

administrador na gestão hospitalar. Por possuírem uma formação e qualificação voltada

essencialmente à gestão, os profissionais administradores entendem a necessidade do

estabelecimento de metas e objetivos e de um bom relacionamento interpessoal, que são

fundamentais para o sucesso de qualquer organização. Porém, apesar da percepção de que o

administrador é muito importante na estrutura da organização hospitalar, alguns pontos

levantados merecem destaque.

O poder nas organizações hospitalares, no geral, concentra-se, ainda, na figura do

médico, seja por questões culturais, de corporativismo ou devido à quantidade maior de chefias

em comparação aos administradores e enfermeiros. Para um melhor desempenho e realização de

melhorias efetivas na organização, os administradores poderiam ter mais autonomia. Também,

os administradores devem buscar se especializar na área específica de gestão hospitalar,

posicionar-se e, principalmente, agir com competência, demonstrando, através de ações, a

importância do trabalho exercido, levando em consideração a complexidade e as especificidades

e características próprias das instituições de saúde, de forma a buscar, com o apoio de todos os

demais profissionais, incluindo médicos e enfermeiros, exercer uma gestão compartilhada e que

vise primordialmente atingir os objetivos organizacionais e a qualidade dos serviços prestados.

Como limitações da pesquisa, pode-se citar que os resultados obtidos neste trabalho

foram decorrentes do estudo de um único hospital, especificamente um Hospital Universitário.

Para pesquisas futuras, sugere-se outros estudos que analisem a importância do trabalho

desenvolvido pelos administradores na estrutura hospitalar, além da relação entre as diversas

categorias profissionais presentes nas organizações hospitalares. Também, novos estudos podem

analisar se existem diferenças de percepção entre profissionais de hospitais públicos e privados.

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