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Out./Nov./Dez. 2001 Ano XII Número -1 Preço - 200$00 Tiragem 1 000 exemplares ISSN 0874-7385 ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR TE R CE IR O P`GINA 4 Reconhecer o valor das palavras P`GINA 2 MATCLUBE - Uma histria P`GINA 3 Elucubraıes sobre a globalizaªo P`GINA 5 Conversa com... Padre Antnio Vieira P`GINA 7 Falares regionais de Gondomar moda antiga P`GINA 9 Incubus Morning View P`GINA 11 Aventura na PLANIL´NDIA P`GINA 12 P`GINA 2 3” Toque distinguido com dois prØmios - Concurso Nacioanal de Jornais Escolares do "Pœblico" Remo ParabØns aos nossos Campeıes "Por este rio acima..." P`GINA 10

3” Toque distinguido com dois prØmios - Concurso Nacioanal ... · Reconhecer o valor das palavras Quando vemos os projectos em que nos ... Bom Natal e um Feliz 2002! ... foi anunciado

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Out./Nov./Dez. 2001Ano XIINúmero -1

Preço - 200$00

Tiragem 1 000 exemplares

ISSN 0874-7385ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR

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PÁGINA 4

Reconhecer ovalor daspalavras

PÁGINA 2

MATCLUBE -Uma história

PÁGINA 3

Elucubraçõessobre aglobalização

PÁGINA 5

À Conversacom...

Padre AntónioVieira

PÁGINA 7

Falaresregionais deGondomar àmoda antiga

PÁGINA 9

Incubus

Morning ViewPÁGINA 11

Aventura naPLANILÂNDIA

PÁGINA 12

PÁGINA 2

3º Toque distinguido com doisprémios - Concurso Nacioanal deJornais Escolares do "Público"

RemoParabéns aos nossosCampeões

"Por este rioacima..."

PÁGINA 10

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Editorial

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR

Reconhecer o valor das palavras

Quando vemos osprojectos em que nosempenhamosconsagrados peloreconhecimento deentidades prestigiadas, aísentimos redobrar oincentivo para lhesdarmos continuidade eprogressiva valorização.

Esta nossa afirmação vem apropósito do prémio que o 3ºToque recebeu no âmbito doconcurso de jornais escolarespromovido pelo jornal Público,em parceria com o Instituto deInovação Educacional. Esteprémio enche-nos muitoparticularmente de orgulho, umavez que foi uma iniciativa levadaa cabo a nível nacional e na qualparticiparam cerca de quatrocentenas de escolas básicas esecundárias ( agrupadas emdiferentes escalões).Aproveitamos para dirigir osnossos parabéns a toda a equiparesponsável e a todos quantoscom ela colaboraram.

Este nosso jornal tem já umalonga história, quase queinseparável da da própria Escolae tem sido um importante elo deligação entre todos os agentesda comunidade educativa. É desalientar, muito em especial, que

tem sido um projecto muitoacarinhado por parte dos alunosque o têm sentido como seu, ondepodem dar azo à expressão do seusentido crítico relativamente àEscola e ao meio em que ela seinsere. É também neste espaçoque os jovens podem reflectiracerca de questões prementes epertinentes. No ano lectivoanterior, responderampositivamente ao desafio doPúblico e discutiram acerca “Doque ensinar e aprender naescola”. Demos conta da riquezae profundidade de algumasopiniões que abrilhantaram odebate público acerca dessatemática.

No âmbito da agenda nacionalmarcada pelo contextointernacional do momento,poderemos falar da relação que sequer próxima entre a Escola e ainformação. Nesse sentido, é cadavez mais importante implicar osjovens na produção, busca,selecção e recepção crítica dessamesma informação. Isto é tantomais importante quanto, nomundo de hoje, se vive umaproliferação mediática susceptívelde interferir no processo deformação do indivíduo.

O jovem, enquanto cidadão emcrescimento, deve usufruir demeios que lhe permitam aceder auma preparação intelectual sólida

que lhe possibilitará umaintervenção social crítica. Destaforma, poderá entender adiversidade e complexidade damediatização dosacontecimentos, desocultandoos seus sentidos menostransparentes.

Neste contexto, a existênciado jornal escolar só ficaamplamente justificada sedesempenhar esse papel, vistoque deve ser um espaçoprivilegiado de debate e deconfronto de ideias. É tambémaí que o jovem pode apre(e)ndero verdadeiro valor das palavras,a sua potencialidade,consciencializando-se, ainda,dos riscos da sua manipulação.

O prémio recebido foi,certamente, um grande incentivoà continuação do trabalho jádesenvolvido, trazendo tambémuma responsabilidade acrescida,enquanto projecto integrador eintegrante do Projecto Educativoda Escola.

Desejamos a todos umBom Natal e um Feliz2002!

O Conselho Executivo

Terceiro toque galardoado comprémio do Jornal Público

Como tem vindo a fazerhá vários anos, o jornaldiário Público levou acabo mais uma edição dainiciativa “Público naEscola”. Este ano, estaactividade teve especialinteresse e acrescidarelevância para a nossaescola, uma vez que aESG foi galardoada comum honroso terceirolugar na categoria dejornais elaborados porescolas secundárias.

Esta distinção pode dizer-seque foi o corolário de longosanos de esforço e dedicação dealunos e professores quepassaram pela nossaoctogenária escola. A sereditado há cerca de doze anos,o “Terceiro Toque” viu o seumérito reconhecido por um jornalde referência no panorama daimprensa portuguesa.

A notícia foi recebida comagrado e surpresa entre osmembros do jornal e esteveenvolta em mistério até aomomento de entrega do prémio.O jornal Público apenas elucidoua escola do dia, hora e local deatribuição deste galardão, o quedeixou todos ainda mais

expectantes.

Imbuídos por esteespírito decuriosidade, oselementos do jornalda escola encetaramcaminho rumo àcapital, maisprecisamente aoPavilhão doConhecimento, ondedecorreu a cerimóniade entrega, que atéteve honras decobertura televisivapelo programaAcontece.

No decorrer doacto de atribuição a

ansiedade entre todos iaaumentando, até que, pela vozdo representante da PortoEditora, foi anunciado o nome donosso jornal e finalmenteficámos elucidados sobre adistinção com que fomospremiados. Concretamente, oprémio traduz-se numa

Não será arriscado afirmar-seque é nos tempos difíceis decrise que os consensos são maisfáceis de encontrar.

Esta constatação nadaadianta em termos de ori-ginalidade e consistência, umavez que é, ela própria, oriunda dosenso comum; no entanto,poderá afigurar-se minimamenteajustada, desde que pers-pectivada no contexto dosacontecimentos que têmdeterminado a marcha do mundonos dias em que vivemos. Poroutro lado, o movimento deuniformização de sensibilidadese de opiniões em torno dosgrandes problemas que afligemactualmente a humanidadepoderá soar a ausência de umatomada de posição personalizadae racional com base numa análisecrítica devidamente funda-mentada.

É de supor que o papel daescola se joga, em larga medida,na conciliação destas duastendências: entre o efeitomassificador e despersonalizantedos meios de comunicação sociale o desenvolvimento de umaconsciência crítica capaz desuscitar uma reflexão mais isentade preconceitos e, conse-quentemente, menos propícia areproduzir os lugares-comunscom que é construída, em jeitode “pré-formatação”, a opinião dogrande público.

Estamos em crer que opresente número do 3º Toquereflecte, em termos gerais, estatensão. Se em alguns dos textosdos alunos é patente a influênciae moldagem de ideiasinsistentemente difundidas pelosmeios de comunicação de massasa propósito dos acontecimentosque abalaram o mundo a partir dodia 11 de Setembro, também nãodeixa de ser verdade que emmuitos deles é possível detectaro propósito em recusar oalinhamento em torno dosensacionalismo gratuito ou doimediatismo fácil e convencional.Não admira, por isso, que seaflorem os problemas da guerramais que as aventuras em voltada famigerada caça ao homem nafigura de um qualquer Bin Laden;que questões como as da

globalização e ecologia, religiãoe eutanásia, racismo, repressão eintolerância sejam objecto dereflexão enquanto é deixado aoolvido o folhetim noticioso dasevoluções militares noAfeganistão ou as melo-dramáticas intervençõestelevisivas de George W. Bush.

Neste particular, assim comonas demais rubricas, preocu-pámo-nos em que o 3º Toque semantivesse, de resto, igual a sipróprio. A ser assim, a presenteedição procura reflectir a nossaescola naquilo que lhe é maisgenuinamente intrínseco esusceptível de configurar a suaidentidade, sendo que nestecompromisso de identificaçãoganham relevo os propósitos decontinuar, renovar e reforçar osvínculos até agora mantidos comtoda a comunidade escolar: comos alunos, principais mentoresdeste jornal; com os professores,desde sempre colaboradoresassíduos e agentes fundamentaisde dinamização; com os pais eencarregados de educação, dequem se começam a sentirencorajadoras iniciativas departicipação; com o pessoaladministrativo e auxiliares deeducação e, externamente, comtodas as entidades que mantêmcom a nossa escola algum tipode relação.

Estes são os nossospropósitos no acto deapresentação da presente edição.E deles há que dizer que nuncacomo agora poderiam ser tãoactuais, conhecida que é adistinção conferida ao 3º Toqueno último concurso nacional dejornais escolares promovido pelo“Público” e através da qual sepremeia especificamente otrabalho desenvolvido no anolectivo findo. Constituindo paratodos um justificado motivo desatisfação, os prémios atribuídossão uma gratificante recompensapara todos quantos dedicaram osseus esforços à produção dosnúmeros saídos nesse ano; paraaqueles que agora aderiram, nãopoderão de deixar de funcionarcomo motivo de estímulo àcontinuação, (melhorada, sepossível) do trabalhodesenvolvido.

Ficha Técnica:ISSN 0874-7385Coordenação: Manuel CoelhoCoorde nação Editoria l:GlóriaPoças, Dulce Vilas Boas, GlóriaRamos, M.ª do Céu Mendes, LéneaOliveira, Paula Rocha.Equipe Redatorial:ALUNOS : Luís Florindo , MartaOliveira, Ana Isabel Rodrigues, AnaSantos, Márcia Santos, Mafalda Dias,Paula Alexandra, Cláudia Rio ,NeBuLa, Cláudia Mendes, JoãoMoura, Ana Correia, Marta Pinto,

Fátima Azevedo, Ana Neves,Ângela Teixeira, Cláudia Mendes,Filipa Silva, Sofia Lemos, SofiaSantos, Ana Alves, Dalila Oliveira,Tiago Pereira, Manuela Restivo,Ana Pão Trigo, Ana Pinheiro, ElsaCastro , Manuel Farate, Cr istinaAlves, Daniela Baptista.PAIS: Rui SoaresPROFESSORES: Manuel Mar ia,Dolores Garrido, Joaquim CruzDesign: Luis Costa, FranciscoImpressão:GRECA - Artes Gráficas

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR

MATCLUBE - Uma história

A Matemática na escolatem vindo a revelar-secomo uma disciplina comespeciais potencialidadesformativas, por isso a suaimportância para odesenvolvimento de cadacidadão. Como ciência éreconhecido o papelfundamental nodesenvolvimentocientífico e tecnológico;por isso, a suaimportância para umdesenvolvimento de umpaís. No entanto, queobservamos? Para amaioria dos alunos ela éencarada como umobstáculo intransponívelque passa de geração emgeração.

Com vista a desmistificaressa disciplina tão mal amada,responsável por muitos traumas,mas no entanto tão fundamentalpara o desenvolvimento de cadaum, o grupo disciplinar deMatemática da Escola Secundáriade Gondomar propôs-se criar hácerca de nove anos um espaçoonde o aluno pudesse ocupar osseus tempos livres, tomandocontacto com aspectos poucodivulgados do conhecimentomatemático ou ainda aprender aorganizar o estudo destadisciplina de uma forma mais

eficaz. As Olimpíadas daMatemática, já com longatradição nesta escola, são umexemplo vivo da necessidade deenvolver os alunos emactividades extracurriculares,relacionadas com esta disciplina.O Matclube nasce assim com os

objectivos de permitir o contactoinformal com os conhecimentosmatemáticos, de divulgaraspectos da história damatemática, de desenvolvertrabalhos ilustrativos de ligaçãoda matemática à realidade quenos rodeia, de desenvolvercapacidades de observação/raciocínio e de desenvolver ogosto pela investigação e peladescoberta. Paralelamente oClube apresenta-se totalmenteaberto ao apoio pedagógico dosalunos perante as suasdificuldades sempre que estes o

solicitem como tal.Foi seleccionado um

símbolo para o Matclube, criadopor um aluno em concurso abertoa toda a comunidade escolar.Posteriormente foram feitosautocolantes cuja venda revertea favor do Clube. Também foi

criada uma ficha de inscrição. Deacordo com um horário pré--estabelecido, o clube encontra-se em funcionamento na sala 25,disponibilizada para esse efeito.

Nos finais dos períodos oclube dinamiza actividades commaior impacto e de duraçãoalargada.

Desta forma talvez se consiganão só proporcionar uma relaçãomais amigável entre os alunos ea Matemática mas também criar-se uma visão diferente dadisciplina pois afinal a brincartambém se aprende.

Desafios matemáticos

1. Estavam onze pássaros num fio de electricidade. Umcaçador disparou um tiro e matou três. Quantos lá ficaram?

2. De acordo com a lei portuguesa, um homem pode casarcom a irmã da sua viúva?

3. Um lavrador tinha 17 vacas. Morreram todas excepto 9.Com quantas ficou?

4. Um guarda nocturno morreu de dia. Será que tem direitoa pensão?

5. O que pesa mais: meia galinha viva ou meia galinhamorta?

6. Ao cair da noite entras numa cabana onde não há luzeléctrica, mas há um candeeiro a petróleo, uma vala e um fogão agás. Só tens um fósforo. O que deves acender primeiro?

importância de 125 mil escudosem produtos da referida empresa.

Contudo, este não era o únicomistério por deslindar, mais umprémio o Público nos reservava:o nosso jornal foi igualmentelaureado com uma mençãohonrosa na categoria de jornaiselectrónicos.

No dia a seguir a esteacontecimento, fiqueiagradavelmente surpreendido aoler na edição do Público, numanotícia intitulada “Prémios paraos melhores jornais”, umareferência ao jornal da escola que

respondeu ao mote lançadosobre: “O que aprender? O queensinar?”.

Em suma, são iniciativascomo esta que incentivam cadavez mais as escolas a editar osseus jornais e levam osestudantes a apreciar a arte daescrita e da comunicação eigualmente a considerar que oTerceiro Toque tem algo a dizerno panorama dos jornaisescolares.

Luís André Florindo 12º9

Visita de estudo aoPlanetário

· Se o universo te fascina...· Se estrelas te iluminam...· Se o cosmos te projecta no além ...

Vem participar e divertir-te no mundo das “Visõesdo Cosmos” integrada numa visita ao Planetário doPorto a realizar no dia 26 de Fevereiro de 2002 compartida às 14.30 horas da Escola Secundária deGondomar.

Para mais informações procura a professora Léneana sala 25 às 4as feiras das 10.30 h às 11.30 h ou às 5asfeiras das 11.30 h às 12.30 h.

Santiago, aqui vamos nós

( continuação na pág. 4)

foi, saltámos para a camioneta,despedimo-nos dos nossos paise amigos e pusemo-nos à estrada.No caminho para Santiagoparámos duas vezes, a última emBarcelos - isso mesmo, a terra dosgalos, mas aí já todos estavambem acordados e também nãoouvimos nenhum a cantarolar.

Prosseguimos caminho e,pouco depois, estávamos naf r o n t e i r a .Os polícias bem que lá estavam,mas, pelos vistos, não era atrásde nós que andavam, visto quetodos passaram sem problemas.A caminho do nosso destino,vimos muitas coisasinteressantes, para as quais osprofessores nos chamaram aatenção : viveiros de mexilhões,espigueiros, e tivemos o

privilégio de avistar Pontevedra.Dentro da camioneta, o ambientenão era dos piores e todosestavam ansiosos por parar, poisjá tínhamos a barriga a dar horas.Bem, mas tudo se resolveuquando finalmente chegámosàquela cidade que tem vindo areceber milhares de peregrinos e,como não podia deixar de ser,também nos recebeu de braçosabertos. Descemos da camioneta,esticámos as pernas ecomeçámos a nossa caminhadaaté à praça, onde se encontra acatedral, que visitámos pordentro.

Ficámos de boca aberta coma beleza e esplendor destefabuloso monumento. Na suaentrada, vimos uma coisa

“Apaga a luz ou não metires os cobertores”, foiisto que alguns de nósdisseram às nossas mãesquando estas nosacordaram. No entanto,nós sabíamos que tinhade ser, que a camionetanão ia esperar por nós eque havia uma cidadepronta para nós receber.

Foi por isso que, bem cedo,por volta das 7:30h, no dia 26 deOutubro, os alunos das turmas10-9, entre outras,acompanhados por algunsprofessores, se juntaram à portada nossa escola para nosaventurarmos até à nossaquerida amiga de longa data - aEspanha; mais precisamenteSantiago de Compostela. Assim

TAKE1

A ESCOLA em Acção

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A ESCOLA em Acção

«Por este rio acima…»Foi num dia de Outubro. A manhã ameaçava muitachuva, mas a tarde foi clareando sob a doçura de umbrando Outono.

O 11º 6 e a Directora de Turma tinham organizado um passeio, norio Douro, no âmbito do trabalho da áreaEscola, para o qual convidaram os professoresque tinham aderido ao projecto. Eis, então,algumas impressões desta professora que,naquela tarde, também saltou para o barco.

O barco, onde passeámos, de Covelo atéMelres, tinha uns vinte lugares. Era comandadopelo Sr Teixeira, também conhecido, disse ele,pela alcunha de Manuel da Flora. Ele faz,diariamente, a travessia do rio, junto à Lomba,e transporta turistas ou convidados da Câmarade Gondomar, quando é necessário. Trabalhano rio há cinquenta e oito anos e já trabalhoutambém nas minas do Pejão. Desse tempo,ficaram-lhe gravadas, na pele das mãos,manchas escuras - talvez as suas únicasmedalhas desses dias difíceis e duros em quelidava com o carvão.

Fala de muitas coisas ao mesmo tempo. A direito leva bem o barco,mas com tanto para contar, os assuntos fogem-lhe para as margens,como as ondas que ele tão bem conhece. Como já viveu muita coisa,conta cada história com várias de permeio, segurando firme o leme, deolhos atentos e o rosto a desenhar-se ao sol que se vai abrindo.

Sabe o nome de todos os lugares das margens do rio, conhecetodas as casas antigas, ou que se foram construindo, e também

Santiago, aqui vamos nós(continuação da pág. 3)

conhece muita gente que nelas mora ou já morou. Como a D. Rosinha, do lugar de Pé de Moura (qual seráa origem deste nome tão misterioso?), que tinha uma varanda que servia de restaurante e onde ela serviaum arroz de cabidela que era de comer e chorar por mais. E o rio ali tão perto!

O Sr Teixeira também conhece os nomes de todas as árvores que ladeiam o rio (que pena só o termossabido ao fim!).

Desta maneira, foi bom subir o rio, que,durante muito tempo, parecia ser só para nós.As águas estavam calmas e o barco riscáva-as, formando leves ondulações. Os alunos,na proa e na popa do barco, pareciammareantes animados a redescobrir a paisagemtão próxima e às vezes tão distante, quandodesconhecida. Dava a ideia de um quadro,mas ainda melhor, porque havia um ventosuave, uma luz intensa, um rio com diferentestonalidades, uns breves pinguitos de chuva,tempo para falar, rir, comunicar…

E, durante o percurso, o Sr Teixeira iarecomendando cuidado, enquantodesdobrava a sua fértil memória e o barcodeslizava em harmonia.

A viagem do cais de Covelo até aoancoradouro de Melres demorou uma hora.

Às vezes não é preciso muito tempo para se aprender muita coisa, porque foi o bastante para conhecerdiferentes aspectos do nosso património geográfico e humano.

E deu também para conhecer melhor a alegria, o sentido cívico e a simpatia dos alunos do 11º 6 (vejamlá, com isto não fiquem com palettes de vaidade!).

Continuação de bom trabalho e… boas viagens!Dolores Garrido

terceirotoque @hotmail.com

é o nosso e-mail...

...esperamos os vossos...

Diz-nos o que pensas, o que achasbem e o que está mal...

O caminho foi longo e, dentroda camioneta, estavam todosansiosos por chegar às caminhasquentinhas e dormir um grandesono.

Por fim avistámos placas quenos indicavam que o Porto e, maistarde Gondomar, estavam perto.Chegámos então à nossa escola,felizes por termos feito estaviagem e por termos tido estamaravilhosa oportunidade.

Bem, esperemos que outrasvisitas como esta se realizem, poisesta viagem foi não só uma aula

de História, onde obtivemosmuitas informações sobre aconstrução de uma cidade, mastambém uma aula de Galego.

Foi uma boa oportunidadepara aprendermos uma outralíngua; contudo, muita gentedeve ter dito para si: “ Isto paramim é Galego “.

Márcia Fernanda Silva SantosNº 20 10-9

Reportagem da Visita de Estudoa Santiago de Compostela

interessante e um pouco bizarra,sobre a qual nos interrogámos.Bem, era uma coluna, com Jesuspor cima, com Santiago umpouco mais abaixo e sob essaimagem estava a marca de umamão.

Era suposto nós pormos anossa mão sobre essa marca epedir três desejo, na parte de trás;para que tais desejos serealizassem, tínhamos de dar trêscabeçadas numa imagem que láestava. Foi uma experiência únicaque simbolizou um acto de fémuito respeitado por todos, querpor parte do povo, quer da partedos turistas.

Esperemos que Santiagorealize nossos pedidos,esperemos que não se esqueçade nós. Continuando, cada umexplorou e observou a catedralcomo quis. Depois disto, fomosalmoçar num jardim onde a vistapara a catedral era linda.

Quando acabámos de enchera barriga, fomos dar a uma voltapela cidade e comprar uns “recuerdos “ para nos lembrarmosda visita.

Eram duas horas e tínhamos

de voltar, para iniciar a visitaguiada. Já na praça, a guia fez umapequena introdução sobre váriosmonumentos e seguimos acaminhada até à nossa catedral.Aí obtivemos várias informaçõessobre a construção domonumento: os estilos que nelapredominavam, como o românico,o gótico, o neoclassicista, obarroco, o protogótico, entreoutros. Também vimos um dosmaiores “ bota-fumeiros “ que acatedral possuía. Bem,adquirimos muitas informaçõesacerca da catedral de Santiago deCompostela.

Prosseguindo a caminhada,fomos à Universidade, a primeiraUniversidade que se ergueu emSantiago, que retém no seuinterior belos jardins e váriosestilos de Arte, como o Gótico.

Observámos vários edifíciosantigos de Santiago, onde a guianos explicava suas histórias,como tinham sido erguidos equais seus estilos.

Ainda tivemos aoportunidade de passear pelasbelas ruas de Santiago, que erammuito “ acolhedoras “.

Por último, entrámos no”Hostal de los Reys Catolicos“,onde logo verificámos a suagrandeza e requinte. Bem, umverdadeiro edifício digno de Reis.A arte barroca e os lindos jardinssão um toque de mestre nesteedifício glorioso.

Foi com tristeza e saudadeque nos despedimos de Santiagode Compostela, uma cidade cheiade encantos e novasexperiências, que recomendamospara quem quiser sentir novasemoções.

Depois da despedida,seguimos para a camioneta, quejá estava pronta para partir. Nãoestávamos à espera que, poucodepois, ainda em Espanha,parássemos num shopping.Muito satisfeitos com a supressa,fomos depressa explorá-lo. Aípudemos ouvir música, lanchar,relaxar, experimentar perfumes,ver roupas e, para quem tinhadinheiro, comprar mais “recuerdos “.

Na vinda, mas já em Portugal,vimos a Fortaleça de Valença e,passado algum tempo, parámospara nos restabelecermos.

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( continuação na pág. 6)

Elucubrações sobre a globalizaçãoApesar dos meus parcos conhecimentos sobre a Guerra Fria,julgo que a globalização é um fenómeno que se iniciou com o fimda II Guerra Mundial e a formação de dois blocos de paísesrivais: um a leste, formado por repúblicas que constituíam aURSS, e outro a ocidente, comandado pelos Estados Unidos daAmérica.

As rivalidades entre estes dois grupos de países foram recrudescendo,conduzindo à intenção comum de aumento do poder económico, político e militar,materializada na corrida ao armamento, sobretudo nuclear, e à exploração espacial.

Por conseguinte, para obter fundos de modo a suportar estes objectivos tãoonerosos, os países em contenda, que possuíam então uma economia maisdesenvolvida, começaram a estender a sua influência sobre os países mais pobres,passando a dominar as suas frágeis e débeis economias. Igualmente, a sua sombra,sobretudo a dos EUA com o Plano Marshall, se fez sentir nos países da Europacentral, que recuperavam da tremenda devastação provocada pelo Holocausto.Países que, ao longo dos anos setenta e oitenta, conheceram, igualmente, umtremendo desenvolvimento e, como os EUA, encetaram uma “cruzada” contra aUnião Soviética.

Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, termina a Guerra Fria, mas não finda ofenómeno da globalização; pelo contrário, estão lançados os alicerces de uma dasmaiores edificações do século XX: a“aldeia global”.

Os anos noventa foramextremamente frutíferos em termosde descobertas científicas,inovações que contribuíram para aexpansão e o aumento de poder dascompanhias multinacionais. Paraalém da consolidação das áreas denegócios habituais como aexploração petrolífera, a indústriatêxtil ou automóvel, assistiu-se aodespontar de novos sectores deinvestimento que se mostrarammuito lucrativos como as novastecnologias, com destaque para ainformática, as telecomunicações ouos conteúdos televisivos. De facto,são estes três “gigantes” sectoresde actividade os culpados por, hojeem dia, tanto se falar nos efeitos daglobalização (aos quais me referireimais adiante).

Antes de prosseguir, gostaria dedeixar uma nota ao prezado leitor que,porventura, se estará a interrogar seterei olvidado o contributo dos anosoitenta para o tremendo progressoocorrido na década de noventa.“Com certeza que não esqueci !”-esclareço o caro leitor - no entanto,remeto esta minha modesta análisepara os acontecimentos maisrecentes, sobre os quais tenho maisconhecimento. Feita a ressalva,retomemos o fio à meada.

A globalização é um fenómeno incontornável, é uma imposição colocada àsgerações mais novas; cada bebé que nasce transporta na sua condição, para alémdo direito à liberdade e ao respeito, o estatuto de peão no jogo da mundialização.Intrínseco a esta situação temos o fenómeno de “darwinismo económico”, comoreferiu um cronista do Jornal de Notícias, ou seja, na economia feroz e competitivaem que vivemos, apenas sobrevivem os mais fortes e audaciosos. Aplicado àsempresas, que desejam facturar cada vez mais, esta teoria apresenta-se perniciosapara os comuns trabalhadores, os quais são meros joguetes nas mãos dos conselhosde administração. Ao sinal de crise económica ou de fusão entre empresas, osfuncionários são descartados sem a menor piedade. Actualmente, as grandesempresas são a imagem dos carrascos da Idade Média que, inexoravelmente, desdeo início de 2001,despediram perto de quatrocentos mil trabalhadores, ou seja pertoda totalidade de desempregados existente em Portugal.

Para obter lucros, estas empresas necessitam de comercializar produtos que,por sua vez, precisam de matérias-primas para serem confeccionados, pelo que é oambiente que acarreta com as consequências nefastas provocadas pelo processode produção. A destruição da floresta amazónica, a sobreexploração dos recursos

do subsolo, a contaminação de rios e oceanos constituem lugares-comuns do que demal se passa com a natureza do planeta. Não quero com estas palavras transmitir aoleitor a ideia de que a globalização é a responsável suprema por estes problemasambientais, mas enfatizar que quota-parte dessa responsabilidade deve recair nasmultinacionais, decorrente do facto de estas serem as suas principais intervenientes equem mais estragos causa.

Todos sabemos que grande parte dos recursos utilizados situam-se nos países emvias de desenvolvimento, os quais são sugados até ao tutano, quer em termos dematérias- primas, como também em questão de recursos humanos. Assim, forma-se umciclo vicioso com consequências negativas para a economia destes países, que vêem osseus recursos delapidados por outras nações e acabam por ser consumidores dosprodutos que eles próprios elaboram.

Para além da vertente económica da globalização, desenvolveu-se outra faceta destefenómeno que se prende com alterações de índole cultural e comportamental.

A expansão da influência dos países mais ricos sobre os mais pobres manifestou-se,de igual modo, numa espécie de “maremoto” cultural que invadiu os países menosdesenvolvidos.

Como caso mais evidente deste fenómeno de massificação cultural temos a culturaamericana, que se assemelha a um polvo que estende os seus tentáculos por todo omundo e implementa algumas das vertentes do american way of living. Mesmo o VelhoContinente, que costuma olhar os Estados Unidos com um certo paternalismo, se

deixou contagiar por certosaspectos desta forma de vida.

A nível de hábitos alimentares,a “comida de plástico” já faz parteda vivência quotidiana quer dejovens, quer de adultos. Esta facetada cultura americana teve rápidaaceitação entre as pessoas quevivem e trabalham nas grandescidades pois coaduna-se com ostresse e o bulício do dia-a-dia.Outro exemplo de massificação dacultura norte-americana é o cinema.A sétima arte proveniente deste país,devido à abundância de produçãocinematográfica, tornou-se numpoço de clichés e de efeitos visuais.As películas produzidasactualmente têm o objectivo de“encher o olho” com recurso aosefeitos especiais, aos quais se junta,num plano secundário, uma históriapovoada de lugares-comuns quevão ao encontro das preferênciasdos espectadores. Estas constituemapenas duas das vertentes quecaracterizam o modo de vidaamericano e que estão profusamentedivulgados por todo o planeta.

Todos sabemos que ainterpenetração de culturas é umfenómeno característico de umasociedade globalizada, porém cadapaís deve combater a excessivaimplementação de certos padrões

culturais com uma divulgação intensa do seu legado artístico, patrimonial, etnográficoe gastronómico para levar as pessoas a não esquecerem aquilo que as caracteriza. Adifusão da cultura de um país deve ser feita não só dentro dos limites físicos de cadanação, como também além-fronteiras. De facto, este segundo objectivo deveria encontrarem Portugal, sobretudo na RTP Internacional, um exemplo de como bem divulgar acultura portuguesa. Contudo, na realidade, isso não acontece, pois a referida ramificaçãoda televisão estatal falhou na sua intenção de divulgar Portugal, transmitindo para oexterior uma imagem antiquada do nosso país, que a torna pouco atractiva para umtelespectador estrangeiro. Como Português, gosto de ver o meu país bem representadono estrangeiro, pelo que considero que a RTP Internacional deveria ser um canal quedivulgasse o melhor que se faz em Portugal, aliado a uma imagem inovadora e cativantepara o telespectador.

A nível das alterações do foro comportamental assistiu-se a um fenómeno bipolar,ou seja, assistiu-se à massificação do individualismo, mas também ao desenvolvimentode um espírito de fraternidade.

O instinto de sobrevivência, a consciência de que cada ser humano é único e

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insubstituível, não na sua vertente física, mas intelectual e espiritual, são princípios fundamentais dacondição humana, os quais, com as sociedades contemporâneas, têm vindo a adquirir maior relevância naformação da personalidade. Actualmente é-nos incutida a ideia do “self made man”, isto é, a sociedade éum lugar frio e rude, no qual temos de sobreviver por nós próprios sem recorrer a ninguém e batalhar dia-a-dia incansavelmente até ganhar credibilidade e respeito.

De facto, o indivíduo tem cada vez mais consciência dos seus direitos e deveres, das suas capacidadese talentos pois, actualmente, na vivência em sociedade, as relações entre pessoas tendem a desumanizar-se.

No entanto, gradualmente assistimos à expansão de um espírito fraternal que pretende ligar as pessoaspor laços de solidariedade e cooperação, ao contrário de um espírito global que une os seres, sobretudo,por elos económicos e políticos, que, apesar de importantes, estão apenas concentrados nas mãos dealguns.

Nesta minha referência ao comportamento evidenciado pelo ser humano numa era de globalização nãopoderia olvidar um dos baluartes deste fenómeno- a Internet- que muito alterou a vida de milhões depessoas. Apesar de fazer parte do planeta, a Internet é uma realidade que, por si só, forma um novo mundo,é uma porta aberta a um manancial de possibilidades de conhecimento, lazer, negócios... Aquele que eraum sistema de comunicação militar restrito tornou-se no meio de comunicação mais poderoso do mundoque, apesar dos seus efeitos benéficos, pode também ser usado para provocar consequências perniciosasnos sistemas informáticos através do envio de vírus.

Apesar de este meio constituir um canal de comunicação e de partilha entre pessoas, vivemos numasociedade invadida por uma maré de isolacionismo que contribui para o crescente número de casos desolidão, depressão e até suicídio. São facetas de um tecido social constituído por retalhos dicotómicos:comunicação e mobilidade, por um lado; solidão e sedentarismo, por outro.

O sedentarismo, a má alimentação, a falta de exercício físico, o consumo de bebidas alcoólicas, otabaco... constituem novamente lugares-comuns na nossa sociedade, factores que conduzem a umadegradação do estado de saúde e, por conseguinte, acarretam mais despesas para as contas de cada país.

O envelhecimento da população é uma das principais características das populações, sobretudo dos“países civilizados” da Europa e América do Norte, problema proveniente de uma reduzida taxa de natalidadeque, por sua vez, conduz à formação de pequenos núcleos familiares.

Em suma, como pode constatar o prezado leitor destas minhas “Elucubrações sobre a globalização”,este fenómeno político, económico, cultural e social é um tema vastíssimo que merece toda a atenção nãosó dos pensadores, filósofos, sociólogos contemporâneos, como também da sociedade em geral. Seráessa acção consertada dos agentes sociais que permitirá esclarecer os contornos desta ordem social eprever as suas consequências futuras.

Luís André Florindo - 12º9

Elucubrações sobre a globalização

(continuação da pág. 5)

Sobre uma crónica de Daniel Sampaio,publicada na revista “NotíciasMagazine”

Segundo Daniel Sampaio, “o insucesso escolar é, acima de tudo, o fracasso dofuncionamento da escola”.

Eu, enquanto estudante do 12º ano, e após uma breve reflexão (a que a crónica nos obriga), partilho damesma opinião. De facto, a escola é formada não só pelos alunos, mas também pelos professores,empregados, etc. - daí não ser totalmente justo atribuir as culpas deste mesmo insucesso somente aosalunos. Contudo, sou obrigada a admitir que este se deve, em grande parte, a nós estudantes. Basta queatentemos nos resultados dos exames do 12º ano.

Se é verdade que todos os membros de uma escola contribuem, positiva ou negativamente, para o seusucesso, também o é que somos nós os grandes responsáveis por tanto insucesso, já que cada vez maisdeixamos de estudar por prazer fazendo-o antes por necessidade, pela necessidade de um emprego (é que,sejamos realistas, qual a empresa que admite novos funcionários sem que estes tenham um curso superior?).

Relativamente à divulgação dos resultados dos exames do 12º ano, tenho a dizer que concordo comesta medida levada a cabo pelo Ministério da Educação, dado que considero importante dar a conheceraos portugueses a péssima situação do país a nível educacional.

Termino fazendo um apelo ao Sr. Ministro da Educação. Baixe as médias de acesso ao ensino superior,diminua a extensão dos programas curriculares previstos para o secundário, dê-nos tempo para estudar...e verá que estará perante futuros bons profissionais.

Marta Oliveira - 12º 4

Sr. Rui Soares, pai de duas alunas desta escola, umado décimo ano e outra do sétimo

Naufrágio

Foi em Novembro

Que eu bem me lembro

De minha mãe contar.

Sete vidas engolidas

Por aquela vaga de mar.

Eram braços ao alto erguidos

Era um mar de agitação

Foram horas corridas

Numa grande excitação.

Mulheres com olhos

vidrados

Gargantas despedaçadas

De tanto berrar.

Era um luto tradicional da

ribeira.

Em suma foram sete vidas,

Sete vidas perdidas...

Foram mães sem filhos

Orfãos e orfãs

Foram lares desfeitos

Uns que ainda não tinham

sido feitos.

Foram redes, utensílios

Foi a motora

Meus Deus que desgraça

Senhora das Agonias...

Foram...foram sete vidas

perdidas

Que foram ao mar

Para não mais voltar.

Inspiração

Oh poetas deste mundo

Vinde até mim inspirai-me

fundo

Dai-me as vossa musas,

Dai-me as vossas ideias

confusas.

Dai-me as vossas deusas,

Dai-me as vossas tristezas,

Dai-me a vossa coragem

Dai-me a vossa mensagem.

Oh poetas deste mundo

Mostrai-me que eu confundo

Como se faz um poema

Como se arranja um tema

Como a batalha se ganha

Como a espiga se apanha

Como se trata o centeio

Mostrai-me esse meio,

De escrever coisas lindas

De escrever palavras infindas

De escrever paixão

De passar solidão

Ensinai-me a vossa poesia

Dai-me essa cortesia

Dai-me essa vocação.

JUNTA DE FREGUESIADE S. COSME

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À CONVERSA COM...Padre António Vieira“Filho peninsular e tropical De Inácio de Loiola, aluno do Bandarrae mestre de Fernando Pessoa”, o Padre António Vieira é o“Imperador da língua portuguesa” com quem vamos conversar:

Entrevistador: Padre António Vieira, com que idade deixou o senhor Lisboa, pelaprimeira vez, a caminho do Brasil?

Padre António Vieira: Tinha seis anos de idade, quando viajei com meus pais paraa cidade da Baía.

E: Que, na época, era a capital do Brasil...PAV: Exactamente. De facto, ao revelar-se ineficaz o sistema de capitanias ou

donatorias, instituído ao tempo de D. João III, foi nomeado Governador Geral, em 1548,Tomé de Sousa, que se instalou naquela área, iniciando a construção de um novo lugarque viria a ser inaugurado, a 1 de Novembro de 1549, com o nome de S. Salvador da Baía.

E: Não consta que os seus pais tenham sido movidos pela atracção da árvore daspatacas.

PAV: Árvore das patacas?

E: Sim.PAV: Não conheço a expressão.

E: É hoje muito utilizada para referir a atracção desmesurada pelo dinheiro fácil.PAV: Não creio, apesar da origem humilde da minha família. O meu pai era servidor

do Paço, e embarcámos, porque foranomeado para o exercício da função desecretário da Governação.

E: E quando é que o jovem António sesente atraído pela vida eclesiástica?

PAV: Era rapaz aí dos meus quinze anos,quando julgo ter interpretado o sinal dochamamento de Deus.

E: E de que modo se revelou esse sinal?PAV: Através de um sermão pregado

pelo Padre Manuel Couto sobre as eternaspenas do inferno. Fiquei terrivelmenteimpressionado.

E: Há quem afirme, hoje, que, alémdesse seu temperamento impressionável,era, igualmente, muito impulsivo.

PAV: E impulsivo porquê?

E: Só o Padre o pode esclarecer, não éverdade?

PAV: Será por ter saído da casa de meus pais para fazer o noviciado no Colégio dosJesuítas?

E: Provavelmente.PAV: Como já referi, foi apenas a resposta ao que interpretei como um apelo de

Deus.

E: Segundo o que pude apurar, o Padre António Vieira já era aluno dos Jesuítasantes da sua entrada no noviciado.

PAV: Assim é, de facto.

E: E, segundo rezam os seus biógrafos, aluno exímio na língua de Cícero.PAV: Não erram os que atestam a minha competência no que respeita ao uso do

Latim. Com apenas dezoito anos, fui convidado a redigir a Carta Annua, o relatório daProvíncia a que pertencia, dirigida ao Geral da Ordem dos Jesuítas.

E: E também convidado a ensinar...PAV: Como regente de Retórica no Colégio de Olinda.

E: Recebe Ordens e inicia a sua carreira de pregador em...PAV: Em 1635. Três anos mais tarde, estávamos, de novo, a braços com os

holandeses.

E: Ainda hoje é célebre o seu sermão PELA VITÓRIA DAS NOSSA ARMAS CONTRAOS HOLANDESES, em que incita os colonos e os índios à resistência.

PAV: Estávamos no ano de 1640. Era como rasgar-me as entranhas, a presença alidos huguenotes.

E: Receio bem que os meus alunos o não entendam.PAV: Não me diga que os seus alunos ainda não aprenderam que os huguenotes

eram os protestantes calvinistas.

E: Mas então não eram holandeses?PAV: Holandeses que eram sectários da doutrina de Calvino. Saiba que, em

momentos de desespero, cheguei a pecar, proferindo imprecações contra Deus pordesproteger os filhos da sua católica e apostólica Roma.

E: A sua obsessão era mesmo a cristianização daquele território...

PAV: Não lhe chamaria obsessão: julgo que não é a palavra adequada. A minhapreocupação era mesmo responder ao espírito de missão.

E: Por isso se dedica anos a fio a catequizar aldeias baianas.PAV: Parece estar bem informado. De facto, no Brasil, a primeira tentativa dos colonos

foi também a de escravizar os índios, mas nós, os missionários cristãos, encontrávamosneles terreno propício à sua evangelização - lembremo-nos, a propósito, do relato quenos faz Pêro Vaz de Caminha na Carta do Achamento do Brasil dirigida ao rei D. Manuel-, pelo que os concentrávamos, em pequenos núcleos, em aldeias ou reduções, gruposde aldeias, sob a nossa directa responsabilidade, procurando defendê-los contra osabusos da escravatura.

E: Facto que lhes valeu muitos dissabores.PAV: A mim particularmente, e mais ainda depois de proferido o meu SERMÃO DE

SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES.

E: É uma delícia de sermão, mas isso acontece alguns anos mais tarde. Voltandoatrás, a 1 de Dezembro de 1640, ano em que pregou o sermão PELA VITÓRIA DASNOSSA ARMAS CONTRA OS HOLANDESES, inicia-se a conjura que haveria deconduzir a nação à restauração da independência.

PAV: Assim é, com efeito. E, no anoimediato, o Governador Marquês deMontalvão, que havia estado do lado deCastela, encarrega-me de acompanhar o seupróprio filho a Lisboa para testemunhar aadesão da colónia à causa de D. João IV, oduque de Bragança coroado rei.

E: É voz comum que, pelos seus sermõesem S. Roque, rapidamente se tornou numprotegido de toda a família real que oelegeu para pregador da corte.

PAV: Não sem que, antes, tivessepassado por graves peripécias. Lembroapenas que, por altura do nossodesembarque em Peniche, não tendo aindaas autoridades e o povo conhecimento dopartido que tomávamos, corremos sériosriscos, riscos mesmo muito sérios, desermos presos e até mortos. Felizmente quetudo se esclareceu rapidamente e deconveniência com a realidade dos factos.

E: Da extrema confiança depositada em si pelo rei, nasce então a sua brilhantecarreira diplomática.

PAV: Brilhante como quem diz... Muitos foram os que, na época, criticaram os meuspontos de vista, não entendendo, ou fingindo não entender, as circunstâncias em queeu desenvolvia a diplomacia nacional.

E: Como assim?PAV: A independência nacional não se confinava ao simples golpe palaciano

perpetrado no 1º de Dezembro de 1640. Essa data fora apenas o início de um conflitoarmado com Castela que haveria de se prolongar por muitos anos. E Portugal estavafinanceiramente depauperado. Se, por um lado, era necessário atrair novos capitais aopaís, por outro, era imprescindível que a nova governação fosse reconhecida pelas maisimportantes monarquias europeias e até pelo próprio Vaticano. Roma, por exemplo, nãorecebia o nosso embaixador.

E: Daí a sua passagem também por Roma.

PAV: Mas, antes disso, por Paris, Ruão, Haia, Amsterdão...

E: Isto é, até por terras dos próprios holandeses.PAV: Era minha intenção negociar com os judeus portugueses as condições do seu

regresso a Portugal. O seu dinheiro fazia-nos mais falta do que o pão para a boca, só quenos confrontávamos com a intolerância da Inquisição, um dos principais motivos daminha diplomacia em Roma. A minha proposta foi a da criação duma Companhia dasÍndias Ocidentais que pudesse defender o transporte das mercadorias entre o Brasil e ametrópole dos ataques dos corsários. Deste modo, todos os cristãos-novos queinvestissem os seus capitais nesta Companhia ficariam isentos do confisco da Inquisição.É claro que esta nunca mais me iria perdoar. Mais tarde, com a morte de D. João IV, criar-se-ão as circunstâncias que ditarão a minha prisão e o meu julgamento pelo tribunal doSanto Ofício.

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E: Diz-se que chegou a negociar a posse de terras do Brasil e de Angola com ospróprios holandeses.

PAV: O que estava em causa era mesmo um negócio. O meu objectivo era negociara paz com os holandeses, a troco de Pernambuco e de Angola, de modo a que apenasfôssemos obrigados a preocupar-nos com a nossa fronteira na Europa. Era evidenteque o meu propósito era um negócio meramente a prazo: até que estivéssemos refeitosda situação e pudéssemos tomar de volta os mesmos territórios.

E: Foi então tudo muito complicado...PAV: Ao ponto de me ter tornado numa espécie de santo casamenteiro.

E: Uma vez mais, ao jeito de Santo António...PAV: Isso é a voz do povo. Mas imagine que cheguei a negociar, com o cardeal

Mazarino, o primeiro-ministro de Luís XIV, o casamento do príncipe herdeiro, D.Teodósio, filho de D. João IV, com Mademoiselle de Monpensier, filha do duque deOrleães.

E: E o propósito era...

PAV: Muito naturalmente, o de conseguir uma aliança com a França capaz dedissuadir Castela das suas intenções.

E: O que não resultou...PAV: Por isso, mais tarde, tento, em Itália, negociar a paz com Castela, propondo

o casamento da princesa Maria Teresa de Áustria com o mesmo príncipe D. Teodósio.Corria o ano de 1650. Missão frustrada: incompreendido, sugerem mesmo ao Geral daCompanhia que me expulsasse de Roma.

E: Pois, mas, muito antes disso, ainda regressa ao Brasil, ou não é verdade?PAV: De certo modo, podemos dizer que a minha vida é um permanente vaivém.

Regresso ao Brasil em 1653, na sequência de uma intriga fomentada pela Inquisiçãojunto dos Jesuítas que se preparavam para me expulsar da ordem com o pretexto deeu ter tomado o partido da coroa contra a própria Companhia na questão da suaorganização em território português. Retorno à minha missão no Maranhão.

E: E é quando surge o SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES.PAV: No ano de 1654, no dia do nosso bom santo franciscano.

E: Como já referi atrás, é uma delícia de sermão, mas, embora dirigido aospeixes, tem de concordar que nele não poupa minimamente os colonos.

PAV: Sabe que a intenção era essa mesma. O sermão é todo ele uma alegoriasobre os desmandos dos colonos em relação aos índios, por isso tive de embarcarpara Lisboa, imediatamente a seguir e às ocultas.

E: Gostaria de nos falar um pouco mais sobre o sermão?PAV: Que posso eu dizer que as pessoas já não saibam?

E: Não é bem assim e, além disso, tenho a certeza de que os meus alunos lheficariam imensamente gratos.

PAV: Se assim é...

E: Espanta-me, sobretudo, o acto de criação em si.

PAV: O acto de criação deve ser um acto de inteligência: definidos os objectivos,parte-se para o acto criativo por forma a que o objecto final, neste caso, o sermão,sirva os objectivos definidos.

E: Normalmente, as pessoas estranham que, querendo o Padre dirigir-se aoscolonos, tenha pregado aos peixes.

PAV: Era dia de Santo António e pensei que, nas festas dos santos é melhorpregar como eles, que pregar deles. Que fez ele? Eu que fiz? Santo António, emArimino, mudou de púlpito e de auditório: deixa terra e vai-se ao mar; já que o nãoouviam os homens, que o ouvissem os peixes. Assim, à imitação de Santo António,voltei-me da terra ao mar: já que os homens se não aproveitavam da minha doutrina,pregaria aos peixes, tanto mais que o mar estava ali tão perto; os homens poderiam,pois, deixar o sermão, já que o mesmo não era para eles.

E: É demasiado evidente que, com essa atitude, o Padre António Vieiraconseguiu exactamente o que lhe interessava. Eu próprio confesso que, se fizesseparte desse seu auditório, não sairia, antes redobrava a atenção para ouvir o quetinha para dizer a tão estranhas criaturas. Aliás, a tão estranhas criaturas, estranhosermão seria.

PAV: Ora foi exactamente a pensar em reacções como a que acaba de revelar quedecidi pregar aos peixes como Santo António. E dividi o sermão em duas partes: naprimeira, louvando-os e mostrando como em tudo eram melhores do que os homens;na segunda, ocupando-me dos seus defeitos para evidenciar, de forma alegórica, osmaiores defeitos dos mesmos homens. E agora, se me permite, não gostaria de falarmuito mais sobre o sermão, que retiraria, certamente, o interesse e a curiosidade pelasua leitura.

E: Permite-me uma inconfidência? É verdade que, se não fosse a protecção dorei, não poderia ter ido tão longe?

PAV: Mas onde é que reside a dúvida? Se eu lutava por aquilo que considerava umacausa justa, por que é que não haveria de socorrer-me do favor do rei? Com o seubeneplácito, ao regressar, de novo ao Brasil, fundo a Junta das Missões, o que acabará porirritar ainda mais os colonos.

E: Entretanto, morre o rei.PAV: Em 1656.

E: E começam as suas desgraças.PAV: Três anos mais tarde, publico uma obra que será sempre uma referência na

História de Portugal.

E: Que é...PAV: ESPERANÇAS DE PORTUGAL, QUINTO IMPÉRIO DO MUNDO, PRIMEIRA E

SEGUNDA VIDAS DE EL-REI D. JOÃO IV. O melhor pretexto para a Inquisição.

E: Mas então...PAV: Acusado de opiniões heréticas por ter interpretado as Trovas do Bandarra, o

sapateiro de Trancoso, e textos Bíblicos como profecias da ressurreição de D. João IV,futuro imperador do V Império, o judaico-cristão.

E: O Padre António Vieira acreditava mesmo nisso?PAV: Por ventura, acha-me ingénuo? Nunca ouviu falar do Sebastianismo? Uma coisa

é aquilo em que acreditamos, outra é aquilo em que é absolutamente fundamental queacreditem. Atente na mensagem que Fernando Pessoa deixou a propósito do mito nopoema dedicado a Ulisses na sua MENSAGEM.

E: MENSAGEM em que também é homenageado e, exactamente, a propósito do VImpério.

PAV: Bem o sei. Os maiores respeitam sempre os seus e abjuram a ingratidão.

E: Já se vai tornando demasiado longa esta conversa. Diga-me só, para terminar,como é que ficou a sua história em relação à Inquisição.

PAV: O conde de Castelo Melhor, o primeiro-ministro de D. Afonso VI, que odiava osJesuítas e particularmente a mim, tudo facilitou. Primeiro, sou desterrado para o Porto;depois, para Coimbra, a meu pedido, onde sou julgado pelo Santo Ofício. Foram quatroanos de interrogatório, dois em regime de residência fixa e dois no cárcere.

E: E a sentença foi...PAV: A proibição de pregar e o internamento num Colégio da Companhia. Não durou

muito a pena. O débil mental que era o rei é preso e assume a regência seu irmão D. Pedro.

E: De quem o Padre era partidário.PAV: A principal razão do ódio de Castelo Melhor. Com o afastamento de Afonso VI,

são afastados também os principais inimigos e, ao fim de pouco tempo, a minha condenaçãonão passava de letra-morta.

E: Para concluir...PAV: Uma vez liberto, a pretexto duma missão da Companhia para a obtenção da

canonização de mártires jesuítas, volto a Roma, conseguindo que o Papa ordenasse asuspensão dos autos-de-fé em Portugal e impedisse o confisco dos bens aos judeus.

E: Vitória só parcialmente conseguida.

PAV: Infelizmente, haverá sempre situações que se não podem alterar de um momentopara o outro através dum simples decreto. Mas o tempo acaba sempre por se encarregar doresto. É também por essa altura que a rainha Cristina da Suécia, que abdicou do trono,convertendo-se ao catolicismo, e que se encontrava em Roma onde sustentava uma corte-academia, me nomeia orador da sua capela particular.

E: Apesar duma vida tão cheia, parece desiludido.PAV: Regresso a Portugal com um documento papal que me liberta da Inquisição para

sempre. Mas é desiludido que, em 1681, parto definitivamente para o Brasil, retomando adefesa dos índios e entregando-me à ordenação e revisão dos meus sermões até ao momentode ter de prestar contas a Deus.

O Padre António Vieira morre na Baía a 18 de Julho de 1697.

Manuel Maria

BIBLIOGRAFIA

Barreiros, António José, HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA, 1º vol., 14ª ed., Braga, 1992;

Cidade, Hernani, LIÇÕES DE CULTURA E LITERATURA PORTUGUESAS, 1º vol., 7ª ed., Coimbra, 1984;

Coelho, Jacinto do Prado, DICIONÁRIO DA LITERATURA, 4º vol., Porto, 1979;

Pessoa, Fernando, MENSAGEM, 3ª ed., Lisboa, 1945;

Saraiva, António José, DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL, vol. VI, Porto, 1978;

Saraiva, António José e Lopes, Óscar, HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA, 10ª ed., Porto, 1978;

Torga, Miguel, POEMAS IBÉRICOS, Coimbra;

Vieira, Padre António, SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES.

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Às vezes pergunto-me o que leva tantas pessoas a abdicarem de tantas coisas e afazerem tantos sacrifícios sem razão aparente. Apesar de viver em Portugal, paísmaioritariamente católico, e de ser baptizada, por vezes duvido da validade decertas coisas em que, por influência da religião e da cultura, acredito.

A maioria das pessoas não põem em causa a razão da existência dos dogmas religiosos. A verdade éque, às vezes, não vale a pena... Se puser em causa acreditar em Cristo, como é que posso dizer que hojeé dia 7 de Novembro de 2001? Se a contagem dos anos é feita a partir do nascimento de Cristo?

Um dos factores que me faz duvidar do carácter benéfico das religiões (entre as quais a católica) é oque é considerado pecado. Com o alarmante aumento das doenças sexualmente transmissíveis, como éque a igreja pode não aceitar o uso do preservativo? Tudo bem que se possa defender o sexo apenasdepois do casamento e com o objectivo de procriar, mas será assim tão difícil de compreender que todoscorremos riscos, que até as pessoas casadas e já com filhos podem ser contaminadas com a Sida numasimples transfusão de sangue? Definitivamente, parece que a igreja não evolui.

Para mim, o que é pecado, ou não, é relativo e ninguém tem o direito de nos julgar.

Um dos maiores problemas das pessoas religiosas é que não respeitam aqueles que optam por nãoescolher nenhuma religião, ma sim outra filosofia de vida.

A verdade é que a fé, seja em que religião for, é, na minha opinião, um factor muito importante nos diasde hoje. Cada vez mais as pessoas defendem aquilo em que acreditam. A actual guerra entre os EstadosUnidos da América e o Afeganistão é a prova clara de que é impossível fazer desacreditar um povo seja doque for.

Afinal, o que seria do mundo sem dogmas, fé e religião?

Ana Isabel Rodrigues - 10.9

Extractos de uma carta de um pai idoso a um filhojovem

Num sejas morcão, filho. Ospois num te queixes. Só por leiteiranum apanharás ?as boas lostras no rabistel por causa das tuas rusgatasrópias ou tringalhadas.

Libra-te de troupiar praí como labrosta esterlicada. Num enchousesninguém, pois se ele grita “Ó i da guarda! Aqui del-rei” pode vir umtrapola trambolasana estomagado caurquer que te pode trambicar oudar um cuntapé na armuntolia. E se ele é tamanhão como ?a urca ou ?amula, terás de fugir a passar a bida a serandar praí como pelingrinodesalborado ou como um zé-faz-formas que ninguém ajuda. Numqueiras ser diainho dos sete caminhos caisqueres.

Libra-te das nassas e cartolas e num sejas um pelém podreca ezurca. Arreguila os olhos, meu aldeeiro. Isto num são anzonices; sónum quero que acafunhes ou sejas afanfado por aurguém. Num sejasbadola, meu pibete. Aflauta-te prá vida, ó meu músico. Já te conheçobum bem como és. Olha que sem caroço ninguém é nada.

Trabalha e num gastes nas besundas apancadas ou nassas dejergulina que faz dum home um jessé de larada entrosilhado edestrambilhado.

Foge das coironas sostras e morconas que te alambicam a sacola.Caticha! Com mulheres debemos ser melúrias. E moita carrasco! Sinomnum passas dum peneira.

Matina bum no que te digo, meu adequerido Jirómeno. Despoisnum me benhas a choringar. Põe a tua candeia bum alto no mancebopra andares cos olhos bem arreguilados pra que a tua bida num sejamánica.

Joaquim Cruz

Falares regionais deGondomar à moda antiga

Dogmas, fé e religião:O que seria do mundo sem eles?

VocabulárioAcafunhar - afocinhar

Adequerido - querido, estimado

Afanfar - espancar

Aflautar-se - preparar-se

Aldeeiro - vadio

Anzonice - intriga (onzenice)

Apancado - maluco

Armuntolia - almotolia

Arreguilar (os olhos) - abrirmuito

Badola - parvo, palrador

Besunda - pândega

Bum - bem

Caroço - dinheiro

Cartola - bebedeira

Caticha - inter jeição deindignação

Choringar - choramingar

Coirona - mulher de má nota

Cuntapé - pontapé

Desalborado - fugido

Despois - depoisDestrambilhado - desajeitado

Enchousar - agredir muito

Entrosilado - torto das pernas

Esterlicado - estendido, teso

Estomagado - zangado

Jergulina - aguardente

Jessé - o diabo

Jirómeno - Jerónimo

Labrosta - labrego, rústico

Larada - grande porção deexcremento

Leiteira - muita sorte

Lostra - bofetada

Mancebo - pau ao alto parasegurar a candeia

Mánica - balão de papel

Matinar - matutar, pensar

Melúria - astuto

Morcão - homem estúpido

Músico - manhoso

Nassa - borracheira

Ospois - ao depois

Pelém - fraco, sem saúde

Pelingrino - peregrino

Peneira - pobretão

Pibete - pequerrucho

Podreca - fraco, podre

Rabistel - rabo, traseiro

Rópia - vaidade, basófia

Rusgata - pândega, rusga

Serandar - andar para trás e paradiante

Sostra - mulher preguiçosa

Trambicar - enganar, codilhar

Trambolasana - homemdesajeitado

Trapola - trapalhão, parlapatão

Tringalhada - coisa sem jeito

Troupiar - tropear, fazer barulhocom o calçado nos pés

Urca - embarcação (gordo comouma ...)

Zé-faz-formas - homem semvalor

Zurca - maluco

Guerra SantaGuerra Santa?! - Onde? O que é isto? - Preciso deuma explicação!

EUA v Afeganistão! Quem sairá “vencedor” desta, tal como dizem,“Guerra Santa”? Esta expressão - Guerra Santa - para mim é só umaforma suave de se dizer GUERRA, DOR, MORTE, SOFRIMENTO,RACISMO...

Mas para quê tudo isto? Para quê encobrir a verdade? Muitosinceramente, se é Guerra, não é santa; se há Dor, não há paz.

Para mim, é assim: para quê estar aqui a dizer NÃO àquilo que éobvio e a que tem de se dizer SIM?

Estamos a viver isto agora. EU estou a viver isto agora!RACISMO?! Porquê? Todas as pessoas nascem, vivem e morrem;ninguém fica aqui para contar os seus feitos... Realmente, é isto queeu penso.

Eu vejo, no telejornal, tudo o que se passa: o terrorismo, a guerra,os mortos, as bombas, os homicídios e até alguns suicídios. E não mecanso de falar nisto, pois é a pura e verdadeira realidade. Isto é “guerrasanta”, como dizem? Onde? Nem aqui nem em lugar nenhum!

Gostava de entrar na cabeça do Bin Laden e do Bush para saber oque pensam eles disto. Eu sei o que eu penso disto, para mim isto temsignificado. Eu nasci em 1986, e estamos precisamente em 2001, e euestou a ver o que se está a passar. Estou a ver, mas talvez sementender... Sem ninguém que me explique.

Tudo isto, religião e fanatismo (não passam de crenças!), faz-me lembrar o tempo do Hitler, o fascismo.O que é que se está a passar agora? Fanáticos pela religião, defensores da sua terra, da sua cor? Onde éque isto se pode incluir numa guerra santa?

ACORDEM! Estamos em 2001, num ano onde as pessoas deviam evoluir de 50% para 100%. Mas não,retrocederam de 50% para 0%. Para quê falar em nome de Deus, em fé e em esperança, se estão a destruiro pouco que existe?...

Claro que tem de haver justiça, de outro modo o mundo estava perdido. Mas é o que se costuma dizer:“Paga o justo pelo pecador”.

Tudo isto à volta da guerra santa... Só mais uma coisinha: façam o bem e sejam justos, porque “o erroé o produto da ignorância”, e o Sócrates dizia e estava bem certo disto: “EU SÓ SEI QUE NADA SEI!”

Ana Isabel Santos - 10.9

EscritaemDia

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR

O remo é umamodalidade desportivaque conta com umnúmero considerável depraticantes entre osalunos da nossa escola.Alguns deles detêm jáum palmarés invejávelnão só a nível nacionalcomo também enquantorepresentantes dePortugal em váriascompetições a nívelinternacional.

3º Toque congratula-se comos seus feitos e saúda aqui, de

um modo especial, aqueles quemais se distinguiram ao longodeste ano bem como no anopassado.

Em primeiro lugar, o SérgioNeves, que, este ano, ao serviçoda selecção nacional de juniores,alcançou a medalha de bronze, emshell de quatro sem timoneiro, naCoupe de la Jeunesse, em Brive,na França. A nível interno,sagrou-se campeão nacional develocidade nas especialidades deshell de quatro sem timoneiro,shell de oito e shell de quatrosem timoneiro, tendo sidotambém campeão nacional de

contam três títulos de campeãonacinal: de fundo, em shell deoito e quadri scull , e develocidade, em shell de oito.

As nossa felicitações e votosde que continuem na senda dosêxitos é tudo quanto, demomento, podemos formular;com uma promessa: a de nosmanteremos atentos a futurasmanifestações dodesenvolvimento humano destese de todos os alunos da nossaescola, residam elas no planodesportivo ou noutro qualquerestruturador da pessoa e docidadão.

Parabéns aos nossos campeões!Desporto

EscritaemDia

Hoje em dia, o racismo é um dos grandes problemasda nossa sociedade.

Cada indivíduo é diferente e especial, mas não pela sua raça, origemou cor da pele. Todos temos capacidades, sentimentos, medos,fraquezas... coisas boas e coisas más. Acima de tudo, todos temos odireito de existir, de viver e de conseguir ser felizes.

Deixemo-nos de preconceitos sem fundamento: todos devemosser tolerantes e aceitarmo-nos, a nós e aos outros, como somos. Nummundo que evolui a cada minuto que passa, é quase impensável queainda se ponha essa questão.

O racismo não tem razão de ser. A ilustrar a sua irracionalidade,aqui fica um poema que extraí de umas notas recolhidas, à tempos, deum poeta, possívelmente africano, cujo nome não retenho.

“Meu irmão branco...

Quando eu nasci, eu era negro.

Quando eu cresci, eu era negro.

Quando eu vou ao sol, eu sou negro.

Quando eu estou com frio, eu sou negro.

Quando eu estou com medo, eu sou negro.

Quando eu estou doente, eu sou negro.

Quando morrer, eu serei negro.

E você Homem Branco,

Quando você nasceu, era rosa.

Quando você cresceu, era branco.

Quando você vai ao sol, fica vermelho.

Quando você fica com frio, fica roxo.

Quando você está com medo, fica branco.

Quando você está doente, fica verde.

Quando você morrer, ficará cinza.

Depois de tudo isto, Homem Branco,

Você ainda tem topete de me chamar homem de cor?”

Saquear osentimento

Não ao racismo e à continuidade da obediênciada mulher afegã.

Agora, neste momento, é queme apercebo de que sou feliz - enão o sei.

Cláudia Mendes - 10.9

Neste momento, estousentada num shopping, aobservar uma rapariga aestudar, duas amigas aconversar alegremente, eum casal.

Ao ver estas pessoas,imagino os afegãos: se calhar,nem um shopping têm; asraparigas não podem estudar;duas amigas nem conversardireito conseguem (pudera... comtodos aqueles trajes colocados àvolta dos rostos, penso quequase abafam).

E o amor, que noAfeganistão é quase proibido?

É tão lindo quando seobserva um casal apaixonado,com as suas risadas, beijos, tudotrocado em sintonia! No entanto,lá, a única sintonia é a mulhersaber que tem de se rebaixar aomarido perante as suasagressões. E o pior, penso eu,está na palavra marido.

Para mim, marido significaconhecê-lo, gostar, no mínimo, dafisionomia dele, “encaixarmo-nos” na personalidade dele... emuitos mais “adereços” que seaplicam a um marido; para asafegãs, pelo contrário, o maridoé uma espécie de comandante eo resto não lhes pode interessar.

Para além destasobservações, há muito mais adizer (e fazer) em relação àbrutalidade dos homens afegãos

A raparigainvejosa quepassou a serbondosa

Era uma vez umarapariga chamadaSandra, que vivia emChaves.

Ninguém gostava dela poisera muito invejosa. Se alguém lhepedisse um rebuçado ou algumacoisa, ela dizia logo que não.

Certo dia, quando ia acaminho da escola, viu ummenino deitado no chão a chorare a escorrer sangue pelo nariz.Virou costas e nem sequerperguntou se ele queria algumacoisa. Andou mais meio metro eparou, olhou para trás e foi tercom o menino.

Rapidamente, abriu abolsinha da pasta e tirou um lençode papel para dar ao menino.

Logo o menino tapou o seu

nariz com aquele lindo lençoamarelo e estancou o sangue quede lá saía.

A Sandra ficou contente coma sua própria acção, e o menino,cheio de alegria, abraçou-se a eladando-lhe muitos beijinhos.

A partir daí, a pequenaSandra passou a ser conhecidapor todos como a Sandrinhabondosa.

Mafalda Dias - 7º. 2

AEutanásia:dois ladosda mesmamoeda

Sinceramente, não façoideia de quem disse isto.Só me lembro de ter sidonum corredor de hospitalquando fui com a minhatia fazer um exame. Nãoimaginam o que se ouvenestes corredores,muitas vezes de morte.

Pessoalmente, eu condeno aeutanásia, pois, quer se diga quesim ou que não, é a mortepropositada de um ser humano,e é isso que eu condeno. Não sei

fundo em shell de quatro comtimoneiro. No ano passado, aoserviço da selecção nacional, foimedalhado em competiçõesrealizadas em Inglaterra e França,tendo inclusivamente alcançadouma medalha de prata.

Outro atleta habituado àsvitórias é o José Pedro, que foi,este ano, campeão nacional develocidade em shell de oito ecampeão nacional de fundo nasespecialidades de shell de quatrocom timoneiro e de shell de oito.

Neste desfile de campeões, apresença feminina é assegurada

pela Eliana Oliveira, campeãnacional de velocidade emquadri shell, no ano de 2001, eque representou ainda a selecçãonacional, em double scull, naCoupe de la Jeunesse em Brive,França.

Também o Pedro Neves écampeão nacional: de fundo(quadri scull e shell de oito) ede velocidade (shell de oito equadri scull). Integrou já,também, a selecção nacional emskiff masculino.

Finalmente, o MiguelPinheiro, em cujo palmarés se

(continua na pág. 10)

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MigaseMigalhas

Radical Fashion

Criadores “radicais”homenageados peloVictoria & AlbertMuseum de Londres...(19Outubro 2001)

Grandes ícones da modacontemporânea como AlexanderMcQueen, Jean Paul Gaultier,Hussein Chalayan, AzzedineAlaia, Junya Watanable, HelmutLang, Martin Margiela, IsseyMiyake, Vivienne Westwood,Yohji Yamamoto e ReiKawakubo, são os criadoresconvidados para a LondonFashion Radical. Trata-se damaior exposição mundial desteOutono, dedicada às tendênciasda moda mais radical. Estaexposição-instalação pretendemostrar até que ponto estescriadores, considerados radicaisno verdadeiro sentido da palavra,revolucionaram a moda com a suavisão pessoal. Ao lado dasroupas há ecrãns gigantes a

transmitirem imagens dosdesfiles onde se pode ver asmesmas roupas na passerelle.As imagens dão assim vida àsroupas que vemos naexposição, através da belezados movimentos dastopmodelos. A música deDaivd Toop dá ênfase àligação entre movimento,música e moda. [email protected] 1ou mais fotos dados pessoais,altura, peso, peito, anca,cintura

Hospital de RoupaProjecto do criador Dino

Alves transforma roupa velha emnova...(10 Setembro 2001)E do velho se faz novo. Nada seperde, tudo se aproveita Estessão alguns dos provérbios queparecem ter inspirado Dino Alvese o seu Hospital de Roupa. Oestilista, que se define como umcriador de imagens, reciclandopeças de vestuário, está a

trabalhar num projecto destinadoà reciclagem de peças de roupahá muito atiradas para o fundodas gavetas. O princípio ésimples: só tem que entregar umaou mais peças de roupa e em trocarecebe uma totalmente reciclada,com a etiqueta Dino Alves e aintervenção criativa do designer.Já sabe, se tem peças de roupaque já não veste há anos, ousimplesmente está farta da quetem, pode agora dar-lhe um novovisual. O Hospital de Roupa está

prometido para breve.

Benetton apela aovoluntariado

A Benetton está de voltacom mais uma campanha quedá nas vistas e tem o apoio daONU. (01 Outubro 2001)

Numa altura em que secancelam ou modificamcampanhas, após osatentados terroristas, aBenetton lança hoje mais uma

campanha que não passadespercebida. No âmbito do AnoInternacional do Voluntariado eem colaboração com as NaçõesUnidas, a irreverente marcaitaliana lança «Voluntários emtodo o mundo». O objectivo dacampanha é chamar a atenção domundo para a importância deprestar auxílio às populaçõesmais necessitadas. Uma dasfotografias da nova campanha, aprimeira depois da saída deOlivero Toscani, mostra um

afegão, responsável por umcampo de refugiados noPaquistão. O fundo da fotografiadeixa ver as condições precáriasem que os refugiados seencontram. Uma imagem que,segundo a Benetton, nada tem aver com os recentesacontecimentos internacionais,pois foi escolhida antes dofatídico 11 de Setembro. Outraimagem da campanha, mostra umtravesti a distribuir preservativosàs prostitutas na Guatemala, ouainda um gang de jovens atrabalhar numa acção anti-violência. Tudo para dizer que hávárias maneiras de ser voluntário.As imagens são da autoria dofotógrafo queniano JamesMollison, de 28 anos e acampanha está a ser lançada em50 países.

NeBuLa_|_ , 10º9

IncubusMorning View

Os Incubus não param. Oalbum “Make yourself” játem sucessor: Chama-se“Morning view” e o seu1º single “Wish you werehere” já roda nas rádios.

“Existem no álbum momentosmuito hard e outros muitobonitos e melódicos”, diz ovocalista Brandon Boyd. O álbumprocura abranger uma mistura deestilos similar ao trabalhoanterior, “Make yourself”. Oguitarrista, Mike Einziger,acrescenta: “É realmentediversificado musicalmente, masnão é nenhuma mistura de estilosincompatíveis. É inovador!”.

O 1º single de “Morningview”, o tema “Wish you werehere, tem sido tocada pela bandanos concertos ainda antes daapresentação ao vivo do álbum.Outras músicas presentes nestetrabalho são “Circles”,“Warning”, “Nice” e “ 11 am”.

“O 1º single do Morningview foi das últimas músicas queescrevemos para o álbum”,continuou Einziger, que comprourecentemente uma casa ao ladodo estúdio onde gravaram oálbum. “O conteúdo é sobre serfeliz, viver o momento e não olharpara o futuro como um grandeacontecimento”, explica o

guitarrista.

Já se ouvem alguma críticasquanto ao novo trabalho destabanda californiana que se intitulacomo sendo “uma banda cominfluências de acid-jazz, tribal,trash metal, funk e nu-metal”.Estas tendem a ser um poucodestrutivas, visto quemuitos fãs da bandaconsideram o álbumbastante comercial. Noentanto, a qualidademanteve-se e os Incubusgarantem que o maisimportante é fazeremmúsica de que elesgostem, afirmando que aaceitação por parte dopúblico é algo deimportância secundária.

Com “Morningview”, a banda está atentar recapturar osucesso do seu álbumanterior, “MakeYourself”. A sonoridadedo novo trabalho sugereque os Incubus estão aseguir uma direcção maismelódica, distante do nu-metal e do hard-rock , aocontrário dos Korn ou dosDeftones. Todavia, a bandaparece ainda não ter encontradouma “base” para definir o seuestilo. Enquanto que uma músicacomo a “Circles” nunca envolvemetal riffs, outras como a “Blood

on the ground” são uma misturaexplosiva destes. Noutras faixascomo a “Nice to know you” ou a“Warning”, os Incubusconseguiram fazer composiçõesmusicais mais complexas,permitindo às suas músicas oenvolvimento de simples ritmoselectrónicos com refrões

melódicos, e até mesmo umpouco dramáticos. Aliás, omaterial presente em “Morningview” corre uma vasta gama deestilos, desde as faixas mais hard,mais violentas, até às músicas

mais contemplativas como a “11am” e a “Mexico”, que parecemconter sentimentos como asolidão e a traição, expressospelas duas músicas,respectivamente.

Com estes dois temas,os Incubus revelam a sua proeza

musical, não só ao níveldas músicas comotambém relativamente aoalbum como um todo.

Assim, a bandarevela-se capaz dedemonstrar a suahabilidade para criarcomposições melódicase introspectivas,fazendo-nos crer que osIncubus vieram paraficar. E que fiquem!

Fica aqui também oaviso aos interessados:no próximo número dojornal vamos publicaruma biografia da banda.

Aproveito parainformar que os Incubusvão estar no PavilhãoAtlântico no próximo dia12 de fevereiro de 2002para apresentar o

Morning View.

Não percam.... se puderem.

NeBuLa_|_ , 10º9

(continuação da pág. anterior)

A Eutanásia: dois ladosda mesma moeda

se serei intransigente por acondenar, mas o que posso dizeré que só a ideia de matar alguémme tira o sono. Acreditem, foiassim que fui educada, segundoa lei que diz que todos somosirmãos, e de acordo com o quediz um dos mandamentos dareligião cristã: Não matar, nemcausar outro dano no corpo ouna alma, a si mesmo ou aopróximo.

Mas (porque é que há-deexistir sempre um mas?), e osofrimento das pessoas que“escolhem” a eutanásia? Eu nãoo estou a levar em conta, não é?E o sofrimento atroz das pessoasque amam o enfermo, ao vê-lodefinhar dia após dia, sem poderfazer nada?

Pensam que, se acabassemcom o sofrimento, tudomelhoraria? Mas... e a dor deperder, de nunca mais ver aquelapessoa que mais amamos?

Sei que estou a ser egoísta.Mas, como não sei o que esperaessa pessoa depois da passagem,gostaria que ficasse ao pé de mimpara que eu pudesse cuidar dela.

Sei que, ao ler isto, haverámuita gente que não gostou.Mas, tal como respeito a opiniãodos outros, espero da parte deleso mesmo respeito. Afinal, não éeste um assunto que nos merecetodo o respeito?

Cláudia Rio - 10.9

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Aventura na PLANILÂNDIAA relação do homem com o mundo é complexa emultifacetada, que o digamos nós, jovensadolescentes! Se, por um lado, somos produto danossa integração social, por outro, à medida que anossa autonomia e individualidade se vãoestruturando, vamo-nos tornando “pessoas”,adquirindo capacidade de intervir, de participar, deproduzir e de criar. Pois bem, era precisamente a esteponto que pretendia chegar! Também nós, leigamenteapelidados de “geração rasca”, tal como qualqueroutra pessoa, somos capazes de o fazer!!! Sim, esta épara muitos uma dolorosa realidade.

Uma das provas disso são os projectos que temos vindo adesenvolver, mas que, infelizmente, frequentemente se mantêm noanonimato, não por falta de qualidade, muito pelo contrário: a qualidadeé, geralmente, uma marca registada nos nossos trabalhos; mas, porquenão existe quem lhes dê o devido valor, acabam por cair emesquecimento numa qualquer gaveta, condenados a servirem desuporte para pó! Contudo, há sempre excepções. E o livro “UmaAventura na Planilândia” é uma prova disso mesmo. Este livro, querelata uma aventura matemática, surgiu como resultado de um projectode área-escola que visava informar a comunidade escolar de umassunto absolutamente fascinante - a questão das dimensões.

Este projecto, empreendido pelos alunos das actuais turmas do12º.5 e 12º.6, emergiu no âmbito da comemoração do ano internacionalda matemática, com o intuito de não deixar passar despercebido talacontecimento.

Tudo começou com a leitura de alguns textos de Carl Sagan eEdwin Abbott nas aulas de matemática, nos quais era feita menção àexistência de seres inteligentes que viviam noutras dimensões estandoa elas confinados, isto é, sem delas poderem sair, até mesmo porquenão tinhamconsciência deque tal erapossível. Estaideia exerceu talfascínio sobrenós que,inspirados nestesa u t o r e s ,nomeadamenteem Edwin Abbotte no seu livro “OPaís Plano”, umclássico daciência e daficção científica,demos asas àn o s s aimaginação earquitectámos,num misto deciência ficção,humor e muitasemoções, umaaventura vividapor um ser, umq u a d r a d ochamado Tino,que vive numpaís plano - aPlanilândia - eque vaiexperimentar a realidade das diferentes dimensões.

Inicialmente, este projecto ambicionava apenas o cumprimentodo subprojecto da área-escola, tendo como objectivo último arepresentação da peça teatral na festa de encerramento do ano lectivoque decorre anualmente no Auditório Municipal. Contudo, o destinopregou-nos uma partida - muito agradável, aliás - ao tornar realidadealgo que para nós era utópico: a publicação de um texto da nossaprópria autoria! Mas não é correcto atribuir todo o mérito destarealidade ao acaso. Daí, em nome de todos os elementos das turmas

12º.5 e 12º.6, pretender lembrarque aceso nestas palavras está onosso eterno grito deagradecimento a todos aquelesque tornaram possível amaterialização do nosso (até hárelativamente pouco tempo atrás)sonho. E os nossos especiaisagradecimentos vão para alguémque é para nós muito mais do queuma professora, muito mais quea professora de matemática, paraalguém que é, acima de tudo, umagrande, grande amiga - aprofessora Isabel Morais. E éclaro que não nos poderíamosesquecer de agradecer também aoConselho Executivo desta escolapelo constante e incondicionalapoio que nos prestou, sendo desalientar o esforço e o empenhoque tiveram para tornar possívela publicação deste livro. O nossosincero muito obrigado!

Agora, o desafio quepropomos é que compre o livro,à venda na papelaria da escola, eque, confortavelmente sentado,à semelhança do nosso quadradoTino, seja capaz de vislumbrar odesconhecido, de experimentaros mistérios das dimensões, deforma a conhecer melhor odeslumbrante mundo da

matemática. Deixe oseu espíritodiligente e arrojadodespertar, envolva-se numa atmosferade fantasia,q u i m é r i c a ,característica dofictício e dofantástico, eimagine a surpresa,o espanto, e atémesmo o medo quese apodera de umser ao suspeitar daexistência de umaterceira dimensão.Vislumbre animaiszerodimensionais,“homens” que sãosegmentos de rectae que passam o diaa cantar os seushinos, seres planosentretidos nas suasocupações ed i ve r t i me n t o s(também elesplanos) ou, ainda,senhoras de altaestirpe, de umadimensão superior,que aparecem e

desaparecem consoante os seuscaprichos! Caro leitor,especule!!!

Não se sente capaz?! Então,o melhor, mesmo, é ir já compraro livro!

Lúcia Santos - 12º.6

EcologiaA ecologia é a ciênciaque estuda a relaçãoentre o homem e omeio ambiente.Infelizmente, estarelação não é dasmelhores, poisassistimos cada vezmais a desastresecológicos queprejudicam a vida naterra.

Os desastres ecológicossão vários e têm gravíssimasconsequências: destruiçãonuclear, mares negros,enfraquecimento da camadade ozono, poluição, abate dafloresta, incêndios, lixeiras acéu aberto, chuvas ácidas, etc.

As causas destascatástrofes são diversas, tais como a acção errada do homem,interesses políticos e económicos, falta de formação, de informação,de responsabilidade e de segurança.

A acção errada do homem leva à destruição do habitat dos animais,ao desaparecimento da fauna e flora, ao enfraquecimento da camadade ozono, que vai permitir uma maior incidência dos raios ultravioletas,os quais podem provocar várias doenças como o cancro da pele e atéa morte.

Para diminuir e evitar estas catástrofes, há que tomar medidasdrásticas: o armamento nuclear deve ser todo destruído, o lixo deveser reciclado ou colocado em aterros sanitários, as florestas devemser mais vigiadas, etc.

Basta o homem mudar as suas atitudes perante a natureza paratermos um futuro melhor; caso contrário, tudo ficará ainda pior.

Paula Alexandra Monteiro - 10.9

Cahier de doléancesdes élèves Ana Maria et André Viana de lécolesecondaire de Gondomar - 12.9

Mr. Le Maire de Gondomar

Cher concitoyen, je veux dire, compatriote, on vient dénoncerquelques problèmes de notre ville; on regrette que Gondomar vienned'être gouverné d'une façon si irresponsable par des personnes quine sont pas de notre ville historique et qui ne connaissent pas nosproblèmes et nos besoins.

Gondomar n'a besoin ni de grands immeubles qui contribuentseulement au grandissement de la désorganisation et le manqued'harmonie, ni d'oeuvres dont l'art est douteux, ni de "dépotoires" àciel ouvert, qui sont aujourd'hui un des symboles de notre grandieuseville, capital des pires exemplaires architectoniques. Gondomar pourraitêtres une municipalité où l'on respirerait de la santé, où il serait agréablede vivre en contact avec le plus beau que la nature a pour nousoffrir... mais ce n'est pas comme ça. Et c'est pour ces attentats, entreautres, que l'on vous demande une préoccupation plus effective enconsonnance avec les problèmes et les besoins des citoyens.

On exige un maire plus actif, plus attentif, plus participant dansles vraies questions qui nous intéressent, pour que les rêves du présentne soient pas les cauchemars du futur.

On espère que vous aurez du temps pour nos sollicitations maisaussi des solutions pour les satisfaire.