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Para ajudá-lo a encontrar respostas claras e concretas às suas perguntas

3205325 Astrologia e Artes Adivinhatorias v2b o Taro Didier Colin

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Para ajudá-lo a encontrar respostas claras

e concretas às suas perguntas

Manda Chuva
Sello
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ARTES ADIVINHATÓRIAS

O TARÔ

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Os arcanos maiores e a roda da vida

O Louco, do Mago à Imperatriz

Em seu conjunto, os 22 arcanos maiores do Tarô formam um todo e contam uma história. É a história de nossa vida.

Aqui nós nos propomos esquecer o aspecto adivinhatório do jogo do

Tarô e enfocá-lo sob o ponto de vista da reflexão e da meditação. Os 22 arcanos maiores constituem um alfabeto. Trata-se do alfabeto da alma. Cada um deles possui uma força, uma forma, esconde um arquétipo e con­tém uma mensagem de vida. Cada um deles é único, porém todos estão re­lacionados entre si graças ao princí­pio representado pelo Louco que, em seu papel de intermediário, é o ser en­carnado que tem por destino não es­tabelecer-se nunca e passar cons­tantemente de um estado a outro.

Da mesma forma como acontece co­nosco, o Louco está condenado a evo­luir. Tira sua força evolutiva e sua dinâ­mica de suas falhas e suas limitações. Passa continuamente de um arcano para outro e assim segue seu caminho de vida sobre a roda do Tarô, saindo de uma ex­periência para entrar em outra. A morte é uma delas. Mas é apenas uma etapa, uma expe­riência que é preciso viver como tantas outras e não um fim em si. A prova é que

o arcano da morte não se concentra nem no começo nem no fim, mas sim no centro do jogo dos 22 arcanos maiores. Deste princípio nasceram os jogos, pri­meiro iniciáticos, depois adivinhatórios, por fim de diversão: o jogo da amare­linha e o jogo da glória. Nenhuma etapa, nenhuma experiência é um fim em si. Somos nós que deseja­mos que "isto" dure eternamente e que queremos nos instalar em um estado per­manente. Tudo que nos ata a este mundo é atado e fixado por nós mesmos. Ao nos identificar por uns momentos com o Louco e ao entrar na roda da vida, po­

demos compreender o sentido sim­bólico essencial do labirinto.

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QUEM É O LOUCO? O arco 0 de antes do cumprimento

ou o arcano XXII depois do cumprimento?

O Louco somos nós, são vocês, são eles. É o viajante, o que passa, a alma do errante, a entrada e a saída do labirinto, que é a roda da vida representada pela união dos 21 arcanos maiores. O Louco é o louco. Como tal, conhece tudo, mas o ignora. Ou se prefere, tem todos os dons, todas as verdades, todas as alegrias, todas as maravilhas do mundo visível e invisível, mas não tem consciência disto. Tem que submeter-se a todas as provas da existência para desenvolver suas faculdades e transfor­mar-se no ser iluminado que poten­cialmente é e que todos os elementos e forças da natureza reconhecem nele. Tem que servi-los para ser o mesmo e

não para apoderar-se deles, como indica sua tendência. O Louco é como o homem dos Evan­gelhos: não tem ne­nhum lugar onde descansar. É também como este personagem de histórias que, para salvar a vida de seu rei e casar-se com

a princesa prometida, parte em busca de uma flor milagrosa. Mas no ca­minho encontra numerosos obstácu­los, supera múltiplas provas, todo tipo de tentações, cumpre certas tarefas, converte-se em herói, casa-se, funda uma família, esquece totalmente a causa e a razão de sua viagem; desviou-se de sua meta. No crepúsculo de sua vida, volta a lem­brar e parte, recomeça, retoma sua meta c sua grande viagem a partir de zero. E assim que nasce e renasce sem ces­sar, passando de uma etapa a outra até que compreende que papel tem que de­sempenhar e quem é. Como poderemos ver, cada etapa de sua vida, representada por um arcano que nos interroga e nos enfrenta a um

enigma, coincide com uma experiên­cia humana e uma tomada de cons­ciência. E este o caminho que vamos tentar percorrer juntos.

PRIMEIRA PORTA

O despertar da vontade ou o encontro com o Mago

Aquele que busca a si mesmo encontra o Mago. É um mago ou um

ilusionista. Qual é a dife­rença entre os dois? É uma diferença fundamental. O mago exerce o poder de sua von­

tade sobre o mundo da natureza e da vida, enquanto que o ilusionista nos cria ilusões, nos engana sobre a realidade das coisas. Os homens são culpáveis de tantos dra­mas, crimes, horrores no mundo, que nos custa imaginar que a magia está em nós pelo poder da vontade que atua sobre tudo aquilo que é. Ao haver su­perado a prova da ilusão e ter tomado consciência do poder mágico de sua vontade, o Louco pode tentar ultrapas­sar a segunda etapa.

SEGUNDA PORTA

Encontro com a Papisa ou a busca da verdade

Para que a vontade tenha efeitos e seja frutífera, é preciso utilizá-la corretamen­

te. A vontade de­senfreada corre o risco de disper­sar-se ou de ser desprestigiada. Será estéril, sem sentido ou irreal. Precisa de um mol­

de para tomar uma forma distinta, li­mites para poder obter todo seu poten­cial e o melhor dela mesma.

Necessita um objetivo. Os limites são definidos tomando-se as medidas, pe­sando, avaliando, estimando e classifi­cando. Estamos no universo da razão que res­tringe, retém, fixa e concentra. Se concentramos nossa atenção em algo, então esta coisa existe. De outro modo, podemos passar ao seu lado sem vê-la. Enquanto uma coisa não tiver valor para nós, não existirá. O que quer dizer que se não vemos uma coisa, não existe. É desta maneira como definimos os limites do mundo do vi­sível e do invisível. Trata-se de ciência, e a vontade unida à ciência engendra a sabedoria. O Louco que atua sabiamente ou que exerce sua vontade com sabedoria su­perou a segunda prova da loucura e da ignorância. Pode apresentar-se à terceira porta.

TERCEIRA PORTA

A alegria de atuar ou o encontro com a Imperatriz

Se a sabedoria se bas­ta a si mesma, se a razão ganha sistema­ticamente, se nos de­

temos definiti­vamente em um estado de recuo, se tomamos cons­tantemente medi­das e nos impo­mos limites muito severos, nos torna­

mos estéreis. A vontade unida à sabedoria tem que re­encontrar a alegria e franquear a porta da expansão para ser fecunda. Para que isto aconteça, tem que atuar, semear, produzir, dar à luz e criar. Tem que reproduzir-se até alcançar o infi­nito. Tem que ser igual à semente ou ao germe. Tem que desejar tornar-se planta, árvore ou fruto e abrir-se plenamente. Tem que sentir a alegria de atuar. Sentindo esta alegria de atuar, o Loco pode dirigir-se até a quarta porta.

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Os arcanos maiores e a roda da vida

Do Imperador ao Enforcado QUARTA PORTA

A capacidade de ação ou o reencontro com o Imperador

Que maravilha que a vida possa gerar e re­produzir-se a si mes­ma infinitamente,

pois desta manei­ra o homem dis­põe de um gran­de jardim e de uma grande ri­queza, que pare­cem inesgotáveis. No entanto, pode

também acontecer que isto intervenha no curso normal da reprodução, que exerça sua força e sua autoridade para evitar que tudo se reproduza de uma forma anárquica. Ao afirmar-se a si mesmo, distingue-se do caos, sai do im­perfeito e impõe-se como um ser com­pleto no mundo das aparências. Desta maneira, a alegria de agir necessita ser bem dirigida. Seu regente é a capacidade de ação que o orienta para um caminho que lhe dá um objetivo, uma finalidade. A capacidade de ação nunca pára, nunca se estagna. Segue sempre seu rumo. O Louco, ao encontrar assim uma razão para viver e avançar sempre, pode apre­sentar-se na quinta porta.

QUINTA PORTA O alento da vida

ou o reencontro com o Papa Para seguir seu rumo sem fraquejar, pre­cisa de um bafejo, um ânimo, uma res­

piração lenta, profunda e um coração em re­pouso. E neste contexto que a respiração se ma­

nifesta. Justamente, a projeção para o fu­turo, o nascimento da semente, o es­talar do rebento são expressões que estão no homem, um espírito de vida que se encontra em tudo que vive aqui em baixo, tudo que respira na superfície das águas e da terra, o espírito que respira no homem e que lhe dá uma alma, uma inteligência, algo de divindade; algo que é um pouco mais que o homem, mas que ele mesmo produz. Ao perceber, re­ceber e conhecer esse alento, o Louco pode dirigir-se para a sexta porta.

SEXTA PORTA A união ou o reencontro

com o Namorado É o amor que per­mite que os seres se unam, se juntem. O amor é o canto que

envolve a terra e flutua no ar da Primavera. E também ele que impele o grande princípio mascu­lino para o grande princípio femini­

no para que, neste encontro, se pro­duza uma conjunção, para que tudo que seja dois não possa ser mais que um e que, desta nova unidade, nasça algo novo, inédito, nunca visto, des­conhecido: uma existência provida de alento, de espírito. Mas, para que dois se juntem com esta fmalidade, é ne­cessário que haja um desejo. O Louco, ao ter a experiência do desejo, está agora em condições de bater à sétima porta.

SÉTIMA PORTA A busca do guerreiro

ou o reencontro com o Carro Este Carro é um carro de guerra. O príncipe que o guia vai para a batalha, tal­

vez para a mor­te. Vai até o fim do desejo, da es­colha, do cami­nho, que é seu destino. Luta con­tra tudo que o faça suscetível de voltar

atrás, de desviar-se de sua rota. Está ab­solutamente convencido de sua vitó­ria, já que sabe que sua arma é a agili­dade, a habilidade do seu espírito; confia em seus desejos, nos pensamentos e idéias que possa expressar, que são úni­cas, embora provisórias; mas tem de levá-las até o fim. Deve conhecer e acre­ditar, e ao mesmo tampo sonhar e estar consciente. Ao levar seu carro até os li­mites de seu sonho e de sua consciên­cia, o Louco pode apresentar-se na oi­tava porta.

OITAVA PORTA Os limites da vida

ou o reencontro com a Justiça Uma vez na fronteira da vida, onde se en­contram suas ori­gens, o homem não

tem outro cami­nho possível que não seja o eterno retorno, um eter­no recomeçar, uma imensa har­monia na qual tudo se encontra perfei­

tamente em seu lugar, imutável. Mas é uma ordem tão perfeita que tem algo de

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aterrador, de inevitável. Deve haver, por­tanto, outra saída, c esta não pode ser senão a morte, que não é essa saída, em um sacrifício último que tem o nome de ressurreição. Trata-se de um novo nas­cimento. Através do percurso até a oitava porta, o Louco descobriu o amor e o de­sejo escondidos em seu seio, em seu alento. O amor e o desejo são a sua sal­vação. Ao nascer em outra vida, pode dis­por-se a franquear a nona porta.

NONA PORTA A consciência revelada

ou o reencontro com o Ermitão O sopro é o espírito. É um pouco como uma serpente que ondula e produz

energia, pensa­mentos, desejos, atos. Mas aquele que segue a ser­pente, ou o que se deixa seduzir ou capturar por ela, é

I um produto dos pensamentos, desejos, atos que ele mesmo gera sem saber. O espírito deve dar-se conta de que existe. O espírito que se vê no espelho, e se admira, vê sua identidade. E aquele que se identifica

consigo mesmo poderá ter a revelação de sua consciência. A identidade é a plena posse de si mesmo e dos seus meios. Mas a consciência produz o ato refletido, que já não é gratuito, eviden­temente, mas responsável, lúcido, cons­ciente. O Louco, ao ter tomado cons­ciência de seu espírito, pode bater à décima porta.

DÉCIMA PORTA O conhecimento do destino

ou o reencontro com a Roda da Fortuna Desta maneira, cada pensamento se con­verte em ato; cada causa se transforma

em efeito; a roda ' da vida gira so­

bre seu eixo e o sopro, a serpente, a vida e o espírito são arrastados por ela. Mas quem faz girar a roda, a

imensa roda da Terra, os astros e o uni­verso? A mão, já que esta roda tem uma manivela que uma mão — ou seja, uma consciência — segura e faz girar. Se a consciência dirige a mão, então a mão pode ser o espírito dominado. Se o es­pírito é dono da mão, então o homem conhece seu destino. Ao ter compreen­dido o sentido de seu destino, que não í outro senão o de fazer girar a roda da vida, o Louco pode abrir uma décima primeira porta.

DÉCIMA PRIMEIRA PORTA A riqueza das riquezas

ou o reencontro com a Força Tendo um espírito, uma consciência e um destino, o ho­mem é rico de si

mesmo. Este co­nhecimento, a que pode ter acesso no que lhe diz respeito, auto­riza-o a ser dono de si e do seu des­

tino. Em conseqüência, pode escolher entre intervir de uma maneira ativa e enérgica no mundo exterior, para mo­delar o mundo à sua imagem ou de acordo com seu desejo, e adotar uma ati­tude receptiva, doce, compreensiva, ex­plorando assim sua força e riqueza in­teriores, para nunca mais ser vítima das mudanças incessantes, ilusórias e imu­táveis, resultantes da roda da vida, da lei de causa e efeito, onde as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos de forma infalível. Está, portanto, em con­dições de omitir esta fatalidade e de se converter cm dono do seu destino, graças à riqueza das riquezas que tem consigo, isto é, a força do amor. Ao ter medido essa força, o Louco pode, a partir de agora, ficar no umbral da décima segunda porta.

DÉCIMA SEGUNDA PORTA O guia do destino

ou o reencontro com o Enforcado Neste caso, a roda da vida' parece ter parado. O tempo está suspenso. Espe­

ramos alguma coisa. O ho­mem, ao ignorar seu destino e ao saber o papel que tem no jogo da vida, já não pode participar como

antes. Precisa de uma outra razão para viver, de outra motivação. Precisa de um guia. A partir de agora, pôs-se de alguma maneira contra a corrente da vida. Está suspenso no vazio do desejo, que para ele já não tem razão de ser, pois já teve a experiência dele e co­nhece seu sentido e poder limitado. N o entanto, ainda espera este guia. Daí que tudo esteja paralisado à sua volta. Não compreendeu que esse guia é ele mesmo, já que para que se aproxime dele tem que morrer. E neste estado de espírito, em suspense, que o Louco se apresenta diante da décima terceira porta.

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Os arcanos maiores e a roda da vida

Da Morte ao Mundo DÉCIMA TERCEIRA PORTA

A grande passagem ou o encontro com a Morte

Tudo tem um fim. É assim que a natureza e o mundo se rege­neram sem cessar.

Tudo aqui em baixo pára, desa­parece ou morre, mais cedo ou mais tarde, para que outra coisa nasça, surja ou se manifeste. Esta é a

lei da vida. Da mesma forma, tudo que se semeia se colhe. Se isto é verdade com relação aos grãos e às sementes, é tam­bém verdade em relação aos pensa­mentos dos homens, que são a origem de seus atos. Como podemos constatar, a Morte — que durante muito tempo foi chamada o arcano sem nome —, de­vido ao medo que suscitava — está no centro da roda do Tarô. Considerando a maneira como se encara a morte em nossa sociedade moderna, ou seja, fora da vida, deveríamos antes imaginar este arcano no fim do caminho, no final deste jogo. Se não for assim, é porque a morte não é entendida neste caso como a última fase da vida, mas como um princípio de regeneração, uma pas­sagem entre duas visões da realidade, uma exterior e outra interior. Não se trata, portanto, de uma destruição nem de um fim em si mesmo, sem saída, mas de uma nova forma, uma gestação. Até alcançar este estado, o Louco, em seu périplo pela roda da vida, não se dará conta de que está livre da con­denação de nascer, viver, morrer e re­nascer sob sua própria forma, para che­gar sempre ao mesmo ponto de retorno. Portanto, agora, pode entrar em uma

nova formação, adotar novas formas, pe­netrar em outro mundo, morrer e nas­cer em si mesmo. Convertido em um novo ser, poderá situar-se então diante da décima quarta porta.

DÉCIMA QUARTA PORTA A revelação

ou o encontro com a Temperança Maravilha das ma­ravilhas! Ao ser li­bertado de todas as correntes que o

amarravam à vida e os encerravam nos ciclos sem fim do eterno retorno, nosso Louco, nosso se­dento de alma e de vida, pode fi­

nalmente tomar consciência de que vive sendo ele mesmo uma das fon­tes de vida, das quais no entanto pen­sava que dependia ou que era seu pro­duto. Converte-se então em uma estrela, como um sol gerando sua pró­pria energia, sua própria vida, sua pró­

pria luz, que se espalha generosamente à sua volta. Nele, para ele, as corren­tes da vida circulam deste modo sem fim, regeneram-se inesgotáveis, imor­tais, eternas. Tendo esta revelação das fontes de vida fecundas e renovadas sem cessar, que nascem e circulam nele, o Louco poderá bater à décima quinta porta.

DÉCIMA QUINTA PORTA A experiência do poder

ou o encontro com o Diabo O Louco é, portanto, portador de uma es­sência de vida pouco comum, visto que está na origem de

toda a existência. Neste ponto, po­deríamos dizer que superamos nosso nível de consciência e falta-nos imaginação pa­

ra compreender o que o Louco é. Imagine que tem o poder da vida e da morte sobre todas as coisas aqui em baixo, incluindo você mesmo, eviden­temente. Seria um pouco como um deus na Terra. Mas que faria com este poder? Não correria o risco de se voltar contra si, mais cedo ou mais tarde, e

de destrui-lo, destroçando tudo? Podemos imaginar um ser, um mundo, um universo em constante expansão e sem nenhuma trava, nenhum limite exterior que consiga pará-lo, já que se acharia igual a um deus? Esta é a tentação do Diabo,

o anjo caído do Tarô, portador de uma força, uma força da qual o Louco

teve a revelação quando atravessou a porta precedente. Ao ter tido a men­cionada tentação e não ter sido vítima dela, pode apresentar-se à décima sexta porta.

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DÉCIMA SEXTA PORTA A catástrofe

ou o encontro com a Torre Seja qual for o privi­légio do Louco, nos­so representante que nos situa neste ciclo

da roda da vida do Tarô, nunca se deve esquecer de onde vem nem de onde tira sua essência, sua força, sua origem, sua vida eterna.

Desta forma, se persistir em fazer mau uso dos seus dons, regressará ao ponto de partida mais baixo onde jamais es­teve. Por outro lado, se ultrapassou a prova da tentação do Diabo, então terá acesso a seu estado original, puro, di­vino, do qual já não se lembra. En­contrará sua consciência livre de ser livre. Este é o sentido da catástrofe, uma revolução, um retorno ao ponto de partida. Tendo regressado dela, o Louco pode atravessar a décima sétima porta.

DÉCIMA SÉTIMA PORTA A inspiração do coração

ou o encontro com a Estrela O imenso campo ce­leste de constelações representado neste arcano não é outro

senão a represen­tação do vasto campo de possi­bilidades que nos oferece a acertada inspiração do nos­so coração. Quem tem um coração li­

vre não tenta exercer nenhuma in­fluência. Vive com naturalidade em os­mose com tudo que está longe dele, embora o agarre se vier até ele. A inspiração sabe sempre o que deve fazer no momento oportuno e apro­priado. Deste modo, ao ter adquirido esta liberdade, o Louco pode bater à dé­cima oitava porta.

DÉCIMA OITAVA PORTA A sede de liberdade

ou o encontro com a Lua Não são os laços ex­teriores que aprisio­nam o ser, mas os sentimentos, os de­

sejos, as necessida­des. Não se pode ser livre sem amar, mas não se consegue amar sendo livre. Este é seu grande para­doxo. E é justa­

mente isto que deve resolver, chegado a este ponto onde corre o risco de ser vítima das auto-ilusões e das cadeias dos cinco sentidos, através dos quais percebe o mundo e a realidade. Tudo acontece então como se seu espírito tivesse em­preendido um percurso para cima, que sua alma aprisionava seu corpo — es­tando ambos em um começo ligados — não tinha conseguido sobreviver. Ora, os sentidos estabelecem um ponto de ancoragem na realidade do mundo fí­sico. Têm uma razão de ser. Nosso Lou­co deve criar suas próprias raízes pela força do seu espírito e utilizando sua ins­piração para se converter em um ser livre. Sendo ele uma luz, poderá lançar-se para a luz da décima nona porta.

DÉCIMA NONA PORTA A procura da unidade

ou o encontro com o Sol É bom ter raízes só­lidas. É assim que uma árvore cresce, se desenvolve, se ex­

pande. Se compa­rarmos nosso Louco com uma árvore, sabemos que, chegado a este ponto, está bem implantado na realidade pro­

funda, essencial, absoluta da vida. Porém, o coração pensa e se inquieta constantemente. Ora, os pensamentos do coração geram emoções.

Desta forma, aparentemente imóvel, nossa árvore-Louco é suscetível de pro­duzir verdadeiros maremotos emocio­nais, se se deixar levar pelas folhas de seus sentimentos. Por outro lado, se as dirigir para ele, se aspirar à fusão, à união, se o exterior e o interior se juntarem nele, poderá atravessar a penúltima porta.

VIGÉSIMA PORTA O sentido da medida

ou o encontro com o Julgamento O ser, uma vez uni­do, unificado, uma vez que encontrou seus estado original,

pode julgar-se pelo que é, e não em termos de bem e mal. Então estima-se em seu

justo valor. O ver­bo "estimar" neste caso significa, eti­

mologicamente, "amar e medir". Trata-se de medir seu amor, de adquirir um sexto sentido: o da medida feita com amor. A que calibra, pesa e julga, mas não condena. Por outro lado, não se lhe pode esconder nada, já que é a medida da ver­dade. Uma vez encontrada, o Louco po­derá aceder ao estado último da roda da vida.

VIGÉSIMA PRIMEIRA PORTA A realização

ou o encontro com o Mundo Eis aqui um nível de consciência que não admite definições: as palavras o tornariam

aproximat ivo , e s q u e m á t i c o , ilusório. Então, devemos confor­mar-nos em per­ceber que, além desta porta, já não há fim, nem co­

meço, nem nascimento, nem morte, e tudo se cumpre permanentemente. A busca do Louco, a nossa busca, ultra­passa nosso entendimento.

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Alguns conselhos práticos para realizar os lances

Vejamos agora três perguntas relacionadas, evidentemente, com três conselhos práticos, que serão de grande utilidade para realizar seus lances.

C ada arcano do Tarô adivinhatório tem seu próprio significado que,

logicamente, é o mesmo para todo mundo e que poderíamos chamar aca­dêmico ou canônico, para empregar grandes adjetivos. Mas, dependendo do momento, da pergunta levantada, das circunstâncias nas quais nos encontra­mos e também do estado de espírito no qual nos achamos, podemos dar-lhe uma interpretação particular, pessoal, que nos permitirá ver a situação com nova luz. Sem dúvida alguma, para isso é preciso ter certa prática no Tarô adivinhatório e ter assimilado perfeitamente os signi­ficados básicos atribuídos a cada arcano. O que nos leva a introduzir a primeira pergunta.

PRIMEIRA PERGUNTA É preciso aprender de memória

os significados dos 22 arcanos maiores e dos 56 arcanos menores?

A melhor técnica para aprender e com­preender é sempre não precipitar-se. Memorizar muitos textos implica mais uma proeza técnica que inteligência. Por outro lado, aí reside a diferença entre a cultura e a inteligência. Algu­mas pessoas sabem muitas coisas, aprenderam, assimilaram c memori­zaram uma grande quantidade de co­nhecimentos, mas não os utilizam para nada, ou então não dispõem de imagi­nação ou espírito de síntese, tanto assim que todo seu saber não lhe serve de grande coisa. O que aqui recomendamos não é, por­tanto, aprender de memória os signifi­cados dos 78 arcanos como uma má­quina, mas sim ir-se familiarizando com

eles, lendo-os, relendo-os à medida que vão aparecendo em seus lances, for­mando grupos com vários lances. Fi­nalmente, para aqueles que tiverem tempo de pô-lo em prática, há um mé­todo ainda mais eficaz e muito simples para aprender os significados, familia­rizar-se com eles e inclusive chegar a compreender toda a sutileza simbólica: consiste simplesmente cm copiar cm um caderno, destinado unicamente a este uso, todos os significados dos ar­canos propostos em nossas fichas de in­terpretações. Finalmente, apesar de nossa experiência com o Tarô adivinhatório, chega o mo­mento nos lances e suas in­

terpretações em que os significados dos arcanos já não representam nenhum problema, mas ainda temos dúvidas ou temos a impressão de que uma espé­cie de véu nos impede de ver as coisas claras a respeito dos arcanos que for­mam um lance. Significa que somos incapazes de in­terpretá-lo e que, consequentemente, devemos decidir realizar outro lance? Esta é a segunda pergunta que devemos fazer.

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SEGUNDA PERGUNTA Podemos voltar a realizar um lance

ou fazer vários lances sucessivos sobre uma mesma pergunta?

É bastante desaconselhável. De fato, não caia na mesma tentação da­queles que querem saber, compre­ender, encontrar, ter ou dar res­postas a todas as coisas. Leve em conta que nem sempre es­tamos em condições de ver, com­preender, encontrar e interpretar. Além disso — e isto é especial­mente certo quando se trata de in­terpretar um lance para você, feito por uma terceira pessoa —, pode ser que simplesmente sejamos in­capazes de interpretar um lance porque não estamos em sintonia com a pessoa afetada, ou talvez por­que esta mesma pessoa não deseja realmente obter a resposta, ou que inconscientemente percebemos isso, ou por último, porque, sem querer, podemos às vezes interfe­rir na resposta e, ao fazê-lo, a es­tamos ocultando. Neste tipo de circunstâncias, não devemos forçar as coisas. E, sobretudo, não pense que fazendo um novo lance você verá tudo com cla­reza. Em nossa opinião, acontece to­

talmente o contrário: quanto maior o número de lances, levantando sempre a mesma pergunta, mais obscura e con­fusa será nossa interpretação. Tam­pouco somos destes que pensam que é preciso acrescentar arcanos a um lance, como talvez você terá visto algumas pi­tonisas fazer, presumindo assim poder conseguir mais informações comple­mentares à sua evidência dedutiva. Os

arcanos que constituem o lance que você escolheu realizar, em função da natureza da per­

gunta levantada, bastam de sobra para fornecer todas

as informações de que você precisa. Por fim,

às vezes por descuido, alguns arcanos apa­

recem dispostos em posição in­

versa em seu lance, por e­

xemplo, a Im­peratriz ou a Força

aparecem ao contrário. Este é o ob­jeto de nossa terceira pergunta.

TERCEIRA PERGUNTA O fato de aparecer um arcano maior ou menor ao contrário, tem algum

significado especial? Quando temos algum interesse pelas artes adivinhatórias, assim como pela astrologia, tendemos a pensar sistematicamente que nada pertence ao acaso. Assim, dizemos comumente "não c por acaso que...". Daí a considerar que o mí­nimo detalhe, a informação mais in­significante, o fato mais estranho que saia do normal, sejam dignos de primeira importância, c só um passo, que aquelas pessoas supers­ticiosas realizam facilmente, pessoas com sede e necessidade de signos que lhes dêem segurança e que vêem coisas onde elas não existem. Assim, para alguns especialistas e intérpretes do Tarô, os arcanos que aparecem normais e os que apare­cem ao contrário não têm os mes­mos significados. De nossa parte,

não temos muita fé neste tipo de ar­gumentos, pela simples razão de que cada arcano, os normais e os ao con­trário, possui sempre o mesmo signi­ficado, e este é mais ou menos posi­tivo ou negativo em si mesmo, em função dos arcanos que o cercam. Por tanto, em nossa opinião, o fato de que esteja ao contrário não muda nada.

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Os arcanos maiores Através das épocas e das civilizações, os 22 arcanos maiores compõem,

com 56 arcanos menores, que abordaremos mais adiante, o jogo do Tarô adivinhatório que conhecemos atualmente.

Ojogo do Tarô nasceu em plena civilização indo-semita européia.

Primeiro foi, ao mesmo tempo, uma enciclopédia viva e um jogo de adivi­nhação, o Desavatara, criado na Índia há aproximadamente 3.000 anos e com­posto de mil cartas redondas. Foi importado para a Europa por uma casta de intocáveis expulsa da Índia por volta do século X d. C , que seguiu durante séculos a rota da seda, atra­vessando a Europa Central (os zínga¬ ros), outros o Norte da África, Orien­te Médio e Espanha (os ciganos). Nos séculos XV e XVI, os cabalistas e os al­quimistas, perseguidos pela Inquisi­ção, basearam-se nas cartas do Tarô dos Boêmios e criaram os 22 arcanos maiores inspirando-se nas 22 letras-números do alfabeto hebraico. Desde essa altura, o jogo do Tarô conta com 22 arcanos maiores, que contêm os símbolos dos cabalistas e dos alquimistas do Renascimento, e com os 56 arcanos menores, pro­venientes do Tarô dos Boêmios: as es­padas, os paus, os ouros e as copas. A partir destes arcanos menores, foi criado no século XVII o jogo de cartas tradicional utilizado atualmente em alguns países. Os nomes dos naipes usados no Brasil não estão, todavia, de

acordo com a grafia, porque as cartas que hoje se usam entre nós são do tipo francês: coeur (copas), carreau (ouros), pique (espadas), trèfle (paus). Porém, uma vez que se aprenda a in­terpretar os arcanos menores do Tarô adivinhatório, podemos utilizar tam­bém como jogo de adivinhação as car­tas tradicionais.

Significado geral dos 22 arcanos maiores

1 0 MAGO Iniciativa, livre arbítrio, muitas possibilidades, juventude, habilidade, ori­ginalidade, aprendizagem, poder de convicção.

2 A PAPISA Prudência, discrição, sabedoria, lucidez e objetividade, saber oculto, mulher de idade madura ou experiente.

3 A IMPERATRIZ Sentimentos generosos e positivos, fecundidade, bem-estar material, mãe de família, esposa, mulher apaixonada.

4 O IMPERADOR Autoridade, segurança, poder material e moral, força de caráter, pai de família, chefe.

5 O PAPA . Poder intelectual, moral, social, político ou religio­so, benevolência, rigor, estabilidade, maturidade, sabedoria, experiência.

6 O NAMORADO Escolha, decisão, amor, afinidades, tentações, acordo, aliança, contrato.

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7 O CARRO Esforços positivos e frutuosos, progresso, audácia, fé, ardor combativo, deslocação, viagem, notícia.

8 A JUSTIÇA Rigor, imparcialidade, retidão, equilíbrio, mora­lidade, decisão, justiça.

9 0 ERMITÃO Tomada de consciência, solidão, procura, evolução lenta e profunda, lucidez, prudência, descoberta.

10 A RODA DA FORTUNA Mudança, situação em via de evolução, destino, sorte ou azar, desenlace.

11 A FORÇA Valor, vontade, energia, autoconfiança, domínio da situação, força moral e física, triunfo.

12 O ENFORCADO Abandono, indolência, inconsciência, inércia, situação bloqueada e sem saída que resulta dos seus atos equivocados.

13 A MORTE Mudança radical, conclusão lógica, ganhos ou perdas, detenção, final que anuncia começo.

14 A TEMPERANÇA Reflexão, regeneração, moderação, relações agradáveis, negociações, compromissos, oportunidades.

15 0 DIABO Impulso, desejo de satisfazer a todo o custo, desordem material e moral, apego aos bens mundanos, lucros.

16 A CASA DE DEUS Perturbação, controvérsia, conflito, liberação, alívio, acontecimento imprevisível e inevitável.

17 A ESTRELA Inspiração, esperança, criação, nascimento, sorte, prazeres, felicidade, situação nova e positiva.

18 A LUA Sensibilidade, popularida­de, sonhos, ilusão e desengano, traição, más influências, saúde má.

19 0 SOL União, associação, êxito, felicidade partilhada, clarificação, abnegação sincera, pureza de sentimentos.

20 0 JULGAMENTO Renascimento, reabilita­ção, cura, proposta, pro­moção, gratificação, boa notícia, "mea culpa".

21 O MUNDO Concretização dos desejos, alegria, ambição, expansão, aspirações, idealismo, êxito total, viagem longínqua.

22 (OU 0) 0 LOUCO Saída, chegada, procura, instabilidade, período de transição, impulsos, entusiasmo, passo em frente, mudança.

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Símbolos e interpretações dos arcanos maiores

1. O Mago N ão é por acaso que o primeiro

arcano do Tarô é um jogador, um malabarista, um ilusionista, um cria­dor, um artista, um pintor ou um poe­ta. É para insistir no aspecto lúdico da vida, e da realidade temporal e existen­cial. Com efeito, o Mago revela que o universo é um formidável jogo cós­mico; a realidade, uma ilusão, uma projeção da nossa consciência que não devemos levar a sério, portanto, não devemos confiar nas aparências e, ao mesmo tempo, exercer o nosso livre arbítrio, a nossa vontade e a nossa cria­tividade. Abordar a vida, olhar o mun­do como uma criança e, com seus olhos, sermos capazes de nos deslum­brar a cada instante, criar, inventar, inovar, reinventar o mundo à nossa imagem... são as mensagens trans­mitidas pelo Mago. Na mão esquerda tem um pau. Na direita, um ouro. Na mesa à sua frente estão dois copos de jogo que repre­sentam as copas. Finalmente, as facas colocadas nessa mesma mesa repre­sentam as espadas. Os paus, os ouros, as copas e as espadas são os símbolos dos 56 arcanos menores do Tarô adivinhatório.

Os paus, em analogia com o elemento Terra, simbolizam a força, o poder, o realismo, o tra­balho, a sabedoria.

Os ouros , em analogia com o elemento Ar, sim­bolizam as idéias, as rela­ções, os intercâmbios, o comércio, o dinheiro.

As copas , em analogia com o elemento Água, simbolizam a alma, o amor, o sensual, a imaginação, a inspiração..

As espadas, em analogia com o elemento Fogo, simbolizam a ação, a luta, a criatividade, a justiça, a auto-afirmação, a vontade.

Com estes símbolos, o Mago exercerá seus po­deres, manifestará o seu livre arbítrio, cumprirá seu destino, será um indivíduo total.

primeiro arcano maior

do Tarô adivinhatório

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NO JOGO DE CARTAS O Mago representa uma criança, um adolescente, um rapaz, uma garota, um estudante, uma pessoa de espírito jovem, dinâmico, aberto, curioso, com um caráter ou comportamento juvenil qualquer que seja a sua idade, um indivíduo empreendedor ou criador, ou que dá início a um período de sua vida em que poderá exercer seu livre arbítrio e a sua vontade...

AS INTERPRETAÇÕES DO MAGO

Significados positivos • Iniciativa • Livre arbítrio • Inteligência • Aprendizagem • Princípio • Talento e qualidades potenciais, ainda

ocultos • Habilidade manual e/ou intelectual • Poder de convicção • Espontaneidade • Originalidade • Flexibilidade

Significados negativos • Confusão • Dispersão • Mentira • Astúcia • Futilidade ( • Burla • Tendência para ser influenciável • Falta de vontade • Infantilidade, irresponsabilidade...

Primeiro arcano do Tarô adivinhatório. • Outros nomes:

Malabarista, mágico. • Letra:

A. • Número:

1. • Significado:

A iniciativa. • Verbos:

Agir, executar, interpretar, criar, querer.

• Personalidade: Uma criança ou uma pessoa de caráter ou aspecto jovem, empreendedora, dinâmica.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com Mercúrio e os signos de Gêmeos e Virgem.

Arcanos ou lâminas? Mistérios... Arcano, em Latim arcanas, significa tanto "segredo" como "mistério". Antigamente, as cartas do Tarô adivinhatório eram chamadas "mistério". Utilizava-se este jogo tanto para desvendar os segredos da alma ou da vida de um indivíduo, como para descobrir seu futuro. Com efeito, os símbolos contidos nas cartas do Tarô constituem no seu conjunto uma linguagem misteriosa que apenas os iniciados conseguem interpretar. Por isso, foi necessário aprender e compreender a linguagem dos símbolos para descobrir os "mis­

térios" ocultos nas cartas do Tarô e as mensagens que revelam suas combinações. Hoje, admite-se o nome do Tarô para os arcanos. Do mesmo modo, destaca-se o caráter secreto e misterioso do Tarô adivinhatório e a prudência no momento de o interpretar. Também se costuma denominar os 22 arcanos maiores e os 56 arcanos menores como "lâminas de Tarô". Na sua origem, as cartas ou "mistérios" eram feitas com tabuinhas de madeira planas e muito finas chamadas "lâminas", vocábulo que provém do latim lamina.

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

2. A Papisa Avida é um jogo, diz o Mago. Mas

tem as suas regras, revela a Papisa. Para ilustrar as suas palavras, ela tem um livro aberto nas mãos. O livro é o símbolo do conhecimento revelado, do saber transmitido, transcrito, pro­tegido, que está ao alcance de cada um de nós, por pouco que se queira con­sultá-lo. Não se trata aqui de cultura no sen­tido em que hoje se entende. A Papisa é seletiva no seu afã de conhecimen­to. Aspira a penetrar e a possuir as chaves dos mistérios da vida, dos princípios primordiais, essenciais, dos segredos de toda a manifestação, que dão à vida na Terra o seu caráter único e sagrado. A Papisa, silenciosa, secreta, clarividente, dotada de grandes conhecimentos, li­mita-se a cumprir o que outros cum­priram antes dela e que outros ainda cumprirão depois. Inscreve-se numa tradição, numa continuidade do saber e da consciência de onde ela extrai a sua sabedoria. A Papisa é uma mulher de ciências. Exerce as ciências da vida, as ciências humanas, as da alma. É uma feiticeira, uma parteira de almas. Ou seja, ajuda a pessoa que a consulta a nascer ou a re­nascer, a revelar-se, a realizar-se.

A PAPISA A SIBILA E 0 LIVRO

A Papisa representa uma das Sibilas, evocadas com rolos de papel, perga¬ minhos ou livros nas mãos. Por exem­plo, a Sibila, à maneira da famosa pito¬ nisa de Delfos, possuía o dom de interpretar os presságios, o livro dos ar­canos do destino, o livro de ouro, o livro da vida, como se fosse o Livro dos Orá­culos da Sibila, obra sagrada que se con­sultava em Roma sempre que a capital do Império corria perigo. A Bíblia é o livro dos livros, o seu nome vem do grego biblión, que significa livro, o qual deriva do nome da capital fenícia Byblos, onde se praticava o co­mércio do papiro. Portanto, a Papisa com um livro aberto diante de si, tem as chaves do passado, do presente e do futuro. É a que consulta, a consulente, a que interroga e se interroga.

NO JOGO DE CARTAS A Papisa representa freqüentemente uma mulher com experiência ou uma mulher madura, com um conhecimento da vida ao mesmo tempo inato e ad­quirido. Pode deste modo evocar uma mãe, uma empreendedora, uma mulher com um papel social importante ou que exerce uma certa influência pela sua des-

segundo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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destreza, as suas qualidades humanas ou as suas funções: uma enfermeira, uma fei­ticeira, uma advogada, uma médica, uma juíza, uma religiosa, uma diretora, uma empresária, etc. A Papisa pode também aludir a uma si­tuação que implica reflexão antes de se assumir qualquer compromisso, situa­ção essa que poderia ainda tornar-se muito útil.

AS INTERPRETAÇÕES DA PAPISA

Significados positivos • Conhecimento • Sabedoria • Revelação • Previsão • Clarividência • Intuição • Memória • Reflexão inteligente e concentrada • Dedução • Experiência • Serenidade • Pureza de intenções e de sentimentos • Pudor • Virtude

Significados negativos • Simulação • Ignorância • Egoísmo • Inibição • Passividade • Incomunicação

FICHA DESCRITIVA DA PAPISA

Segundo arcano do Tarô adivinhatório. • Outros nomes:

Sacerdotisa, Maga, Sibila. • Letra:

B. • Número:

2. • Significado:

A sabedoria. • Verbos:

Saber, refletir, conhecer, revelar, cumprir.

• Personalidade: Mulher madura, com experiência, sábia, sensata, sagaz, de caráter secreto ou reservado.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com a Lua e o signo de Câncer.

A Papisa e o mito de Ísis Ísis, a figura lunar mítica egípcia, estava em relação com o desti­no, em particular com o destino da alma e com o seu renascimento. Era a deusa da vida e da morte, e possuía as chaves do passado e do futuro; a deusa do conhecimento, da natureza, a Grande Mãe Fecunda. Ísis nasceu da união de Geb, a Terra (que era princípio masculino no Egito) e de Nout, o Céu (princípio feminino no Egito). De essência divina e sobrenatural, Ísis foi a deusa suprema e univer­sal do antigo Egito, mas também do Oriente Médio, da Grécia e de Roma. Foi iniciadora, com poder de vida e de morte. Plutarco,

escritor grego do século I d. C, disse que em Sais — uma das mais velhas cidades do Egito, situada no Delta do Nilo, e que foi uma residên­cia faraônica durante a primeira metade do pri­meiro milênio antes de nossa era —, na está­tua de Ísis estavam gravadas estas palavras: "Sou tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será, e o meu véu nenhum mortal jamais o levou de mim".

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

3. A Imperatriz Guardo os segredos da vida", dizia

a Papisa. "Sou a emoção, a que outorga o espírito da vida, a que a anima, a põe em movimento", diz a imperatriz. Esta representa a inteligên­cia, a inteligência no poder, o instinto natural, tão fecundo quanto fértil, a arte de viver com inteligência, de saber impor sua força e sua lei sendo ao mesmo tempo receptiva às forças e às leis da natureza. O poder da Imperatriz é o poder dos sentimentos: é capaz de explorar as riquezas do coração tão bem como as do espírito. Porém, é ela também que dá à mãe natureza o seu caráter generoso, semeia e transmite o germe da vida para que prolifere c abunde. Os mitos da terra-mãe relacionam-se com a Imperatriz já que está nela a origem de toda a manifestação de vida. Repre­senta o princípio feminino por exce­lência. No entanto, o maior poder da Impera­triz concentra-se nos sentimentos, nas atrações e repulsas que estão na origem de toda a ação. Sua potência é afetiva. Sua compreensão é claramente instintiva e espontânea. A Imperatriz é uma mulher realista, mas é também uma mulher de coração, cu­jas três palavras de ordem são: amor, emoção e motivação.

terceiro arcano maior

do Tarô/ adivinhatório

A IMPERATRIZ A ÁGUIA E 0 CETRO

A Imperatriz tem a força, a coragem, o fogo sagrado da águia imperial, repre­sentada no escudo que traz na mão di­reita. A águia, a ave mágica, solar, rainha das aves, também chamada pássaro-trono, dado que é o atributo de Zeus-Júpiter, simboliza a realidade, mas também a força da inteligência, os pode­res do espírito, a rapidez dos reflexos cerebrais. O cetro, que usa na mão esquerda, simboliza o poder temporário que exerce sobre a matéria, no mundo físico e na natureza. No Egito, o cetro que as grandes deusas usavam ilustravam a alegria que sentiam ao exercer a sua vontade. A alegria de viver, de querer, de produzir, de criar, de executar a sua vontade, são também atributos da Im­peratriz.

NO JOGO DE CARTAS A Imperatriz representa, comumente, uma mulher do nosso meio: uma mãe, uma esposa, uma companheira, uma irmã, uma mulher apaixonada ou uma mulher que exerce um poder em um campo concreto, uma produção ou uma realização material. Quando aparece dentro de uma situação, indica que a situação é potencialmente rica, fecunda,

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frutífera, ou que terá um desenlace notável. Às vezes, o aparecimento da Imperatriz anuncia simplesmente uma notícia: boa ou má, conforme a natureza dos arca­nos que a rodeiam. Finalmente, certos lances podem que­rer informar acerca das motivações profundas e reais de uma pessoa, ho­mem ou mulher.

AS INTERPRETAÇÕES DA IMPERATRIZ

Significados positivos • Criação • Produção • Riqueza • Bem-estar • Energia natural • Natureza sentimental • Caráter pragmático • Inteligência vital • Estímulo • Boas notícias • Senso comum

Significados negativos • Esterilidade • Avidez • Dependência afetiva • Sentimentalismo • Ciúmes • Perda de bens materiais • Poder de sedução empregado para fins

duvidosos

FICHA DESCRITIVA DA IMPERATRIZ Terceiro arcano do Tarô adivinhatório. • Letra:

G. • Número:

3. • Significado:

A criação. • Verbos:

Criar, produzir, desenvolver, cumprir, explorar, transmitir, frutificar.

• Personalidade: Mulher de meia idade, apaixonada ou sentimental, ou uma mulher íntegra, realista e produtiva.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com Vênus e com os signos de Touro e Libra.

A Imperatriz e o mito de Hera-Juno Filha de Crono-Saturno e irmã de Zeus-Júpiter, Hera-Juno for a terceira esposa do seu irmão. Do seu ca­samento nasceram quatro filhos, entre os quais fi­gura Ares-Marte, o deus da Guerra. Segundo a mais antiga tradição, o casamento de Zeus e Hera — ou seja, de Júpiter e de Juno — teve lugar no jardim das Hespérides, símbolo da eterna Primavera e mito que se vincula com o do Paraíso. Gaea, a Terra, en­tregou a Hera uma maçã de ouro, símbolo de fe­cundidade. Para festejar este mito, os casais de jo­vens atenienses recém-casados costumavam dividir uma maçã no dia do seu casamento, antes de de­saparecerem no quarto nupcial.

Hera foi a protetora das esposas e a deusa da fe­cundidade. 0 pássaro sagrado do santuário de Hera em Atenas, e depois de Juno em Roma, era o pavão real, ave solar, imperial, que podemos relacionar com a águia. As plantas de Hera eram a romãzeira, símbolo da fe­cundidade, da riqueza e da prosperidade (em Roma e na Grécia, os noivos usavam no cabelo ramos de romãzeira) e o lírio, outro símbolo da realeza — que às vezes encontramos em lugar da águia, em algu­mas representações antigas do arcano maior da Imperatriz —, e também da vida eterna e do amor puro.

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

4. O Imperador Sou a emoção criadora", dizia a Im­

peratriz, "Sou a realidade, poder, a potência e a ação", declara por sua vez o Imperador. O poder do Imperador é um poder temporário, uma vontade firme para impor sua lei e exercer seu império sobre a realidade material, concreta, tangível deste mundo. Foi eleito entre todos para defender as leis instituídas, explorar e fazer prosperar as riquezas adquiridas antes dele; e, ao mesmo tempo, proteger, conservar, consolidar, até alargar, o seu reino ou o seu império. O rei e o imperador são sím­bolos solares. Reinam sobre o mundo e sobre os povos. Como aconteceu com os faraós do Egito, os imperadores fo­ram às vezes a encarnação de um deus na Terra. Os poderes que lhes são con­feridos permitem-lhes aceder à imor­talidade. Os que conseguiram cumprir as tarefas estabelecidas, ou realizar obras notáveis, deixaram uma recordação indelével, para além dos séculos. Sempre presentes em nossa memória, podemos dizer que são imortais. No entanto, se bem que o poder do Imperador se vincule com o poder divi­

no, não está apto a encarnar os deuses na Terra, nem sequer para ser o seu mensageiro (como o Papa, que o sucede na hierarquia dos arcanos maiores do Tarô). O Imperador é uma força da natureza, um caráter potente dominado por certezas e convicções, um realizador, um produtor e também um protetor. Sua inteligência é soberana. Tem a inteligência prática e metódica de quem exerce sua autoridade nos seus domí­nios, representando o senso comum e a razão.

0 IMPERADOR, A ÁGUIA E O CETRO

Se a Imperatriz representa a força, o valor e o fogo sagrado criador da águia imperial que ornamenta seu brasão, o Imperador o encarna. Seguro de si mesmo e das suas prerrogativas, aparece de perfil e usa seu cetro na mão direita, símbolo de poder e autoridade, adquiridos e indiscutíveis, que exibe com naturalidade e firmeza. O escudo representa a águia solar — o único ser vivo capaz de olhar o Sol sem ficar cego — e aparece de frente para nós, colocado contra seu trono e apoiado displicentemente sobre seu pé direito.

quarto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Suas pernas estão cruzadas (no seu Tratado sobre o Decoro das Crianças, publi­cado cm 1623, Erasmo revela que "colo­car a perna direita por cima da esquerda era um antigo privilégio dos reis"), indicando deste modo que encarna plenamente o poder que a águia lhe con­fere. A Imperatriz usa o escudo na mão direita e o cetro na esquerda. A mão direita associa-se com o Sol, pólo mas­culino, e, em termos psicoanalíticos, com o consciente. A mão esquerda associa-se com a Lua, pólo feminino, e com o inconsciente. Ainda hoje costuma-se considerar que a mulher tem que se sentar à esquerda do homem. Esta convenção tem sua ori­gem no fato de, em tempos remotos, os homens usarem a arma ou a espada do lado esquerdo c brandirem-nas com a mão direita. Se a mulher estivesse do lado esquerdo era mais fácil desembai¬ nhar a espada em qualquer momento, protegendo assim sua companheira. O cetro do Imperador representa aqui uma espada que esgrime erguida na sua mão direita, para sublinhar seu papel protetor.

NO JOGO DE CARTAS O Imperador revela freqüentemente a presença de um marido, de um irmão ou de um pai de família com um comportamento protetor e realista, com um caráter forte e corajoso. Pode tratar-se também de um chefe, um homem de negócios que exerce uma atividade comercial ou agrícola. A situação revela­da pelo aparecimento do Imperador é com freqüência sólida, duradoura, concreta, e pode oferecer numerosas vantagens, sobretudo materiais. Não obstante, dado o papel simbólico que o Imperador desempenha, este arcano adverte acerca da necessidade de exercer algum domínio sobre esta situação; através de esforços constantes e prudên­cia. Finalmente, o Imperador só costu­ma confirmar, autenticar ou certificar um fato, uma circunstância, um aconte­cimento, uma verdade ou um sentimen­to, que serão revelados por outros arca­nos no mesmo lance.

FICHA DESCRITIVA DO IMPERADOR Quarto arcano do Tarô adivinhatório. • Letra:

D. • Número:

4. • Significado:

Poder, certeza. • Verbos:

Realizar, concretizar, poder, dominar, produzir, proteger, vencer.

• Personalidade: Pai, marido, chefe, homem de meia idade, realista e produtivo, consciente do seu valor.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Analogias com Júpiter e com o signo de Touro. Júpiter dentro de Touro apresenta características próximas às do Imperador.

AS INTERPRETAÇÕES DO IMPERADOR Significados positivos • Realização • Confiança em si mesmo • Realismo • Poder de convicção • Capacidade de trabalho • Força de caráter • Autoridade • Espírito prático • Controle sobre si mesmo • Estabilidade • Senso comum • Organização

Significados negativos • Severidade • Abuso de poder • Oposição tenaz • Despotismo • Intolerância • Egocentrismo

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

5. O Papa S ou o poder temporal", dizia o Im­

perador. "Sou o poder intemporal, o mensageiro dos deuses cujo verbo transmito aos homens. O que é unido por mim, ou perante mim, o é pelos deuses e perante eles, e não pode ser desunido pelos homens", responde o Papa. Etimologicamente, o médico, o que en­contra e prescreve o remédio, é um re¬ mediador. Este nome deriva do latim médium; o intermediário, o mensageiro, o mediador. É este o papel que desem­penha o Papa, o grande sacerdote do conhecimento cuja ciência e sabedoria aliviam, libertam ou fortalecem nossos corpos e nossas almas. Consulta-se o Papa por importantes questões relacionadas com a alma que, às vezes, atormentam o corpo e o espí­rito. Pedimo-lhe que nos dê a sua bên­ção. Em hebraico, berekh, joelho, e ba¬ roukh, bênção, têm uma origem comum. Encontramos esta mesma ori­gem na palavra árabe baraka, que tam­bém significa bênção, favor do céu. Assim, portanto, compreendemos por­que o homem se põe de joelhos para re­ceber a bênção do enviado do céu. O Papa é o mestre das leis que regem as relações entre os homens, o mestre es­piritual, o representante dos deuses que,

pela sua função e pela sua presença, re­corda aos homens que não são eternos mas mortais, falíveis, que têm de con­tar com ele como com eles próprios pe­rante os deuses. Ajoelhar-se perante o Papa é o sinal de respeito e de humildade, mas é sobretu­do um ato simbólico que nos ensina que o respeito pelos outros eqüivale ao res­peito por si mesmo.

0 PAPA, A MITRA E A TRIPLA CRUZ

Símbolo da fé, da esperança e da ca­ridade (as três virtudes teológicas e os três estados de graça do Papa), a mitra, ou coroa tripla, representa também os três poderes que este exerce no mun­do: o poder espiritual, o poder tem­poral e o poder sobre os soberanos da Terra. O deus persa e iraniano Mithra, cujo nome foi aplicado mais tarde à toga dos bispos, e que como divindade tem mui­tos pontos em comum com o Urano grego, e cujo culto exerceu uma grande influência sobre os primeiros cristãos, usava uma mitra adornada com pregos e estrelas, símbolo de sua realeza no cosmo, no céu, na Terra Superior e na Terra Inferior, ou seja, no paraíso e nos infernos.

quinto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Os servidores de Cibele, a deusa frígia da fertilidade, chamada a "Mãe dos deu­ses", usavam também uma tiara. Os ho­mens da Revolução Francesa inspira­ram-se neste barrete frígio para sua indumentária. A tripla cruz ou cruz dos três travessões, chamada também cruz papal, reproduz mais ou menos o símbolo da mitra; o número 3, além de ser uma das repre­sentações da trindade cristã, simbolizava os três níveis do mundo: 1, número do Céu; 2, número da Terra; e 3, número do Cosmo. A tripla cruz do Papa é o acabamento, o completo, ao qual já nada se pode acrescentar. De fato, ao prolongar os três travessões da cruz mediante linhas curvas e orien­tadas para cima, obtém-se a Sephora, o candelabro judeu de sete braços, re­presentação da árvore de Sephirot, que simboliza a hierarquia da vida na Terra, os seres celestes e Deus. O braço situado no extremo esquerdo representa a pedra; o segundo a contar da esquerda, o animal. O primeiro braço a contar da direita do eixo central simbo­liza o anjo, o segundo, sempre a partir da direita, o arcanjo, e o terceiro repre­senta Deus. O eixo central, em volta do qual os seis braços se articulam, simboliza o homem de pé sobre a Terra.

NO JOGO DE CARTAS O Papa representa, com freqüência, um homem em idade madura, com alguma experiência de vida, um conhecimento ou um saber; um homem em quem podemos depositar nossa confiança, que é bom conselheiro e que fornece sua lúcida ajuda, seu apoio; um homem a quem nos dirigimos para obter uma recomendação, um conselho, um di­reito, uma autorização; ou seja, uma bênção. Pode tratar-se de um juiz, de um advo­gado, de um médico, de um homem instruído e culto, que exerce um alto cargo ou uma missão importante; de um homem da Igreja ou do Estado, de um eclesiástico ou de um político.

FICHA DESCRITIVA DO PAPA

Quinto arcano do Tarô adivinhatório. • Outros nomes:

Sumo Sacerdote, Sumo Pontífice. • Letra:

E. • Número:

5. • Significado:

A fé e o dever. • Verbos:

Crer, aliar, unir, cumprir, bendizer • Personalidade:

Um homem maduro, experiente, dignitário, um personagem influente e que assume altas responsabilidades.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Áries, sobretudo com o terceiro decanato deste signo, governado por Vênus. Este é o decanato das paixões, da fé, da propaganda e do apostolado.

AS INTERPRETAÇÕES DO PAPA Significados positivos • Sentido moral, do dever, da respon­

sabilidade • Experiência • Conhecimento • Sabedoria • Influência intelectual • Bondade • Benevolência • Perdão • Aliança • União

• Fé • Vocação • Fidelidade • Alívio

Significados negativos • Parcialidade • Sectarismo • Falta de rigor e de integridade • Fraqueza moral • Usurpação • Problemas

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

6. O Namorado O s cinco primeiros arcanos maio­

res do Tarô adivinhatório (o Ma­go, a Papisa, a Imperatriz, o Imperador e o Papa) são figuras que desempenham um papel de primeira ordem nos sím­bolos e nas interpretações que se atri­buem a estas cartas. A partir do sexto arcano, o Namorado, os arcanos, mais do que figuras, são personagens repre­sentados em circunstâncias particulares, carregados de significado. Assim, o Na­morado encontra-se na situação do in­divíduo que se abandona às suas in­clinações naturais, que escolhe e é escolhido — por outra pessoa, pelas circunstâncias, pelo destino —, que ama e que é amado. A carta do Namorado, que está em ana­logia com Waw, a sexta das letras-núme¬ ro do alfabeto hebraico, equivalente à conjunção copulativa "e", estabelece uma união, um vínculo entre o jovem que está de pé no centro e a jovem que se encontra à sua esquerda. O anjo do amor, Eros, que está sobre es­te casal com uma flecha orientada para suas mãos entrelaçadas, escolheu-os para que se encontrem e se unam. A letra-número Waw-6 contém uma grande força simbólica neste arcano.

De fato, o casal que se une perante nós é uma representação simbólica da união dos contrários, sem a qual o ser e o mundo não encontrariam nunca o des­canso. Trata-se da associação de duas po­laridades, positiva e negativa, do bem e do mal, do Céu e da Terra, do alto e do baixo, do dia e da noite, do calor e do frio, da vida e da morte, de todas as ener­gias criativas e regeneradoras, opostas mas complementares, do mundo visí­vel e invisível. O personagem central do Namorado é o marido, isto é, o que ca­sa com o mundo, com a natureza, com a vida. Ao unir-se com sua polaridade, abandonando-se e submetendo-se ao seu destino, ao deixar-se seduzir, ele também seduz. Assim, irá transforman­do-se em um ser vivo, vitorioso (como veremos no arcano seguinte, o Carro); um ser unificado que nunca mais se sentirá infeliz, destroçado, traído por sentimentos, desejos, pensamentos ou atos contraditórios. Esse é o verdadeiro sentido da escolha: escolher uma direção e mantê-la, impe­dir os elementos ou os acontecimen­tos exteriores, que influem em nossas decisões e podem induzir-nos a disper­sar-nos, dividir-nos, perder-nos.

sexto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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O NAMORADO, CUPIDO, EROS "Vê a onde teu coração te leva! Segue os seus impulsos", diz o Namorado. O coração tem as suas razões. Cupido é o deus do amor c do desejo. Do seu no­me deriva a palavra cupidez, desejo vio­lento, paixão. O desejo amoroso está na origem da união dos contrários, da conjunção dos opostos, de uma coorde­nação. No absoluto, a união dos con­trários simboliza-se através da união do masculino e feminino. É nessa união que se baseia o Namorado, e é Eros, o deus grego do amor e do desejo — Cupido para os Romanos — quem a torna possível. Segundo a mitologia grega, Eros era filho de Hermes ou de Ares e de Afrodite. Mas, conta outra lenda que Eros nasceu do Ovo original engendrado pela Noite que, ao dividir-se em duas metades, deu lugar à Terra e ao Céu. De qualquer forma, desem­penha um papel essencial na união dos elementos opostos: a inteligência e o amor, a razão e os sentimentos (Her­mes e Afrodite), o masculino e o femi­nino, o homem e a mulher (Ares e Afrodite), a Terra e o Céu, o humano e o divino (o Ovo original). De fato, é o desejo que sentem um pelo outro que atrai as polaridades e que os obriga a unir-se.

NO JOGO DE CARTAS O Namorado revela com freqüência a necessidade de fazer uma escolha, tomar uma decisão ou, então, uma circunstân­cia que obriga o indivíduo a exercer seu livre arbítrio. Portanto, este arcano não está nem sistemática nem necessaria­mente relacionado com o mundo dos sentimentos. Em contrapartida, tem a ver com as mo­tivações profundas do indivíduo, com seus desejos, com sua capacidade para escolher uma só via. Apenas a pessoa que escolhe não cede à tentação. Aquele que "está tentado" vive inquieto, in­deciso. As vezes, a presença do Na­morado, evidentemente, pode referir-se à vida amorosa. Anuncia, então, um desejo, uma atração irreprimível entre dois seres, uma possível união.

FICHA DESCRITIVA DO NAMORADO

Sexto arcano do Tarô adivinhatório • Outros nomes:

Os Amantes, os Dois Caminhos. • Letra:

U e V. • 0 Número:

6. • Significado:

Escolha, desejo, união. • Verbos:

Escolher, desejar, reunir, unir. • Situação:

Uma circunstância perante a qual cabe fazer uma escolha, tomar uma decisão, chegar a um acordo, unir-se, aliar-se ou comprometer-se.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Touro e Vênus, seu regente, e em particular com o primeiro decanato de Touro, cujo regente é Mercúrio.

AS INTERPRETAÇÕES DO NAMORADO Significados positivos • Escolha • Decisão • Resolução • Acordo • Determinação • União • Compromisso • Atração mútua • Inclinação • Desejo • Motivação

Significados negativos • Indecisão • Confusão • Tendência para se deixar influenciar • Dispersão • Instabilidade afetiva • Avidez • Inveja

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

7. O Carro ONamorado escolheu. Tomou

uma decisão, uma orientação. O Carro poderá então demonstrar seu valor e a força do seu caráter dando-se meios para alcançar seu objetivo, in­dependentemente dos obstáculos que encontre no seu caminho. É um Carro triunfante. Espera-o a vitória. Mas esta só será obtida com esforço e força de vontade. Trata-se de um êxito adqui­rido graças aos méritos próprios. A imagem do Carro representa um prín­cipe de pé sobre um carro puxado por dois cavalos: um encarnado, à direita, e outro azul, à esquerda. O príncipe leva um cetro na mão direita e uma coroa na cabeça, símbolos de seu poder. O cavalo da direita está ligei­ramente virado nesta direção, para onde também vira a cabeça de forma evidente, enquanto o cavalo da esquer­da segue reto o seu caminho como se tivesse uma viseira ou recusasse qual­quer mudança. Quanto ao príncipe, não é por acaso que leva seu cetro na mão direita e as rédeas na esquerda. De fato, as noções de direita e esquerda são muito importantes, pois revelam que se escolhe uma direção, que se to­ma uma decisão, que não se avança ao acaso, que se sabe por onde se vai. A vontade está firmada. Simbolicamente, a direita é a direção do paraíso; a es­querda, a do inferno. Segundo a Bíblia,

no dia do Juízo Final, os escolhidos es­tarão à direita de Deus e os condena­dos à sua esquerda. Em todos os tem­pos (em um nível não material), a direita simbolizou a força, a habilidade, a inteligência, a luz, a vitória. Ir para a direita significa ir em direção ao futu­ro e ir para a esquerda, dirigir-se ao passado. Assim, nosso príncipe, com seu cetro na mão direita, é dono do seu futuro. O fato de segurar as rédeas com a mão esquerda, sem parecer esforçar-se, demonstra que através do poder de sua vontade e do seu espírito conduz seu carro, seu destino e sua vida, sem necessidade de empregar a força física. Deste modo, toma a direção do cavalo encarnado, cor que é símbolo da vida, do fogo e do sangue, enquanto a cor azul simboliza a natureza imaterial e o vazio que tudo absorve.

APOLO E 0 CARRO DO SOL O carro é um símbolo solar: representa o trajeto do Sol no céu. É o atributo de Apolo, deus grego do Sol, irmão gê­meo de Ártemis, a deusa da Lua. Deus da adivinhação, da inspiração das artes e principalmente da poesia e da músi­ca, seu número é o 7, ou seja, o das 7 notas de nossa escala musical, mas também, e sobretudo, o da perfeição que une o céu e a terra. O 7 é também o número do arcano do Carro.

sétimo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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A viagem do carro de Apolo através do céu descreve o teto do mundo. Em seu périplo diário percorre a "estrutura so­bre a qual" se sustenta a esfera celeste. Basta mencionar que no idioma francês, este termo "estrutura" se traduz por charpent, um termo derivado do latim carpentum com que se aludia a um deter­minado carro de duas rodas. O termo português "carpinteiro" também deriva daquele termo latino. Recordemos que José, pai de Jesus, era carpinteiro e que Jesus, cujo mito se relacionou freqüen­temente com o de Apolo, também teve esse ofício.

JANO O principe do Carro usa dragonas pre­sas aos ombros que representam duas caras: uma está virada para a direita e a outra para a esquerda. Trata-se de uma alegoria de Jano, cha­mado o deus das portas, das transições, das passagens de um estado para outro, de um mundo para outro. O mês de janeiro, primeiro mês do ano, januarius mensis em latim, january em inglês, janvier em francês, é o mês de Jano que anuncia a passagem de um ano para outro. O Carro fran­queia, assim, uma porta, uma etapa importante, ou seja, o personagem re­presentado por este arcano prepara-se para empreender com muita vontade e firmeza uma ação pessoal e fazer triunfar sua inteligência.

NO JOGO DE CARTAS O Carro anuncia uma situação em de­senvolvimento ou na qual convém ir para a frente, demonstrar valor, von­tade, determinação, tendo a certeza de alcançar um propósito. Deste modo, o aparecimento deste arcano anima a ir até o final de suas escolhas, decisões, objetivos. É um apelo à sua capacidade, a todos os recursos de seu espírito para obter os meios de chegar ao êxito ou à vitória. Por outro lado, o Carro indica às vezes um movimento, uma mudança, uma deslocação, uma viagem, uma notícia iminente que está para chegar.

FICHA DESCRITIVA DO CARRO Sétimo arcano do Tarô adivinhatório. • Letra

Z. •

7. •

A vontade. • Verbos

Querer, progredir, evoluir, perseverar, triunfar.

• Personalidade Uma pessoa determinada, disposta a fazer esforços, com muita vontade, com um objetivo a atingir.

• Situação Uma situação em vias de evolução, em andamento, uma mudança benéfica.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com o Sol e com o signo de Gêmeos, cujo regente é Mercúrio.

AS INTERPRETAÇÕES DO CARRO Significados positivos • Vontade • Coragem • Determinação • Força • Esforço • Perseverança • Êxito • Fortuna • Vitória • Popularidade • Boa notícia

• Mudança • Progresso • Viagem

Significados negativos • Falta de vontade • Desânimo • Dispersão • Incerteza • Pusilanimidade • Vaidade • Fracasso

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

8. A Justiça D iz-se que "a escolha faz o ho­

mem". De fato, depois de ter to­mado uma opção, uma decisão, uma direção e dado sentido à sua vida — o que fez o Namorado —, o nosso Mago já príncipe, governando seu carro ce­leste, orientou-se voluntariamente para a direita, para a vitória. Tomou o ca­minho da luz, da vida. Mas na Terra, a vida e a luz não são eternas. Alternam com a noite e com a morte. Então e apesar de sua vontade, de sua força, de seus esforços e da certeza que possui de vencer, de chegar ao fim, de ter êxito, falta ao nosso Mago transfor­mado em príncipe um trunfo essencial para avançar pela corda frouxa do seu destino como acrobata, sem risco de cair para a direita ou para a esquerda: o equilíbrio! De fato, o que está fazendo o nosso príncipe? Está orientando-se para o futuro com a determinação de quem não duvida um só instante de poder alcançar seu objetivo. Mas estará ciente de que nem todos os meios va­lem para conseguir seus fins, de que temos direitos e deveres tanto em re­lação aos outros como a nós próprios? Tal como se apresenta no seu carro, ele ainda não sabe, mas tem muita vontade e está disposto a aprender.

A JUSTIÇA, A BALANÇA E A ESPADA

Não se trata aqui da justiça dos ho­mens com seus códigos, suas leis e suas normas, à qual devemos ater-nos para preservar a ordem social. Em princí­pio, as noções de equidade, de rigor moral, de imparcialidade, de integri­dade e de honradez atribuem-se a este arcano, e os símbolos que figuram nesta carta maior são os atributos da justiça. Mas, a que está representada aqui é, sobretudo, a da vida e da ver­dade, sem intervenção de princípios pertencentes ao mundo do moral. Perante a vida, o que parece às vezes lógico, razoável, saudável ou justo, nesta ou naquela circunstância, neste ou naquele momento, não é forçosa­mente moral. As normas e as linhas de conduta que nos impusemos para viver em comu­nidade, o mais saudável e serenamente possível, foram inspiradas pela razão, mas não precisam de considerações afetivas tipicamente humanas. Ora, a justiça de que se trata aqui é muito mais primitiva, primária, pri­mordial. Inspira-se mais no instinto da sobrevivência, na necessidade vital ab­soluta, do que no código moral. Dois

oitavo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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exemplos podem ilustrar este princí­pio: o da fêmea de uma espécie animal que mata sua prole exceto um dos seus filhos, sabendo que não poderá ali­mentá-los a todos, e a do homem que se está afogando e que, nesse mesmo momento, tem só uma vontade: res­pirar! Neste tipo de situação, nenhuma consideração sentimental ou afetiva pode intervir. A vida é sempre justa em relação a ela mesma. Não vacila. Atua de tal ma­neira que tudo aquilo que provém dela a ela retorna. Nada se perde, tudo se regenera, se renova, se transforma. E este o sentido do número 8 deste ar­cano, o do equilíbrio cósmico, da res­surreição, da transfiguração. A Justiça nos permite tomar consciência de que, sem limites bem definidos, nada pode sobreviver ou subsistir nesse mundo. Os símbolos representados no arcano da Justiça compreendem-se facilmen­te. O que faz a balança? Pesa o bem e o mal, os prós e os contras, as vanta­gens e as desvantagens, mede, calibra, julga. Para que serve aquela espada le­vantada e ameaçadora? Para conciliar, executar uma sentença uma vez de­terminada. Pode sempre voltar-se sobre o que foi pesado e julgado; mas uma vez que a espada tenha conciliado a questão, deverá considerar-se que esta página já foi virada.

NO JOGO DE CARTAS Este arcano implica sempre a neces­sidade de encontrar ou reencontrar um equilíbrio entre diferentes forças, entre diversos elementos contraditórios que estão em jogo em uma dada situação. Tal equilíbrio impõe-se a si mesmo ou então é imposto pelas circunstâncias, mas sua intervenção é primordial. O arcano da Justiça também obriga a ser imparcial, rigoroso, íntegro, dis­ciplinado, justo. Às vezes, claro, pode simplesmente anunciar uma intervenção da justiça dos homens na nossa vida: seja porque necessitamos de recorrer a ela por um caso difícil, ou porque sejamos vítima dela.

FICHA DESCRITIVA DA JUSTIÇA

Oitavo arcano do Tarô adivinhatório. • Letra

H. • Número

8. • Significado

0 equilíbrio • Os seus verbos

Avaliar, estimar, equilibrar, estabilizar, julgar, arbitrar, resolver, transigir, agir.

• Personalidade Um homem de lei, um juiz, um advogado, um árbitro.

• Situação Uma situação em que se tenta encontrar ou salvaguardar o equilíbrio, impor uma disciplina, agir ou reagir com equidade.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Câncer e Vênus, mas aqui como regente de Libra, não de Touro.

AS INTERPRETAÇÕES DA JUSTIÇA Significados positivos • Equilíbrio • Disciplina • Harmonia • Honestidade • Rigor moral • Lucidez • Verdade • Instinto • Decisão firme e justa • Imparcialidade • Discernimento

Significados negativos • Dureza moral • Intransigência • Intolerância • Decisão arbitrária • Injustiça • Parcialidade • Erro de julgamento

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

9. O Ermitão Observe bem este arcano. O que

você vê? Por acaso um homem envelhecido e fraco que procura peno­samente seu caminho? Não. Com efei­to, trata-se de um homem velho mas sua expressão denota uma certa força, uma energia interior. O aspecto deste arcano denota que não está à procura do seu ca­minho, mas sim que nos mostra esse mesmo caminho.

0 LAMPIÃO E 0 CAJADO O ermitão é um guia. O lampião que segura com a mão direita à frente do seu rosto serve para indicar o caminho a se­guir, para iluminá-lo. Vem mostrar-nos a luz. O livro bíblico da Sabedoria (7, 26) afirma que uma das propriedades do conhecimento, da sabedoria, é o "seu resplendor de luz eterna". E, segundo a lenda, as últimas palavras que disse o romântico Goethe no seu leito de morte foram "luz, mais luz". Hoje em dia, a luz conserva o significado metafórico de "aprender, descobrir ou tomar consciên­cia de alguma coisa, estar informado". Por outro lado, sabemos que, segundo uma antiqüíssima expressão popular (meio sempre rico em ensinamentos), ser pessoa "de poucas luzes" equivale a ser um pouco fraco de conhecimen­tos. Nesta carta do Tarô, o portador do lampião é um vigia. O lampião simbo­liza a consciência sempre desperta, a

alma eterna, a vigilância, a clarividência, a iluminação interior. Assim, o Ermitão surge como um mestre da luz, um guia, um iniciador. Segura o archote, o facho, a lâmpada da autêntica luz, a da verdade, essa lâmpada que, segundo sua etimolo­gia, serve tanto para iluminar como para brilhar, no sentido de ser glorioso e vito­rioso. Assim, vemos que o nosso Ermi­tão sabe perfeitamente onde está e para onde vai. Diz-nos: "Eu sei. Sigam-me!" E quanto ao bastão, c uma representação simbólica da serpente ou das forças de energia principais, regeneradoras, ter­restres ou cósmicas, que circulam por nossa coluna vertebral, de baixo para ci­ma e de cima para baixo, sem inter­rupção. Este cajado tem como referên­cia o de Moisés, o profeta de Deus, o Mago, a vara que se transformou em serpente para manifestar a cólera de Yahvé (deus de Israel), a que mostrou o caminho e abriu o Mar Vermelho para oferecer ao povo hebreu uma nova terra prometida, depois de tê-lo guiado pelo deserto. Também se trata do caduceu de Hermes.

ERMITÃO OU EREMITA? Os criadores dos arcanos maiores do Tarô adivinhatório cometeram por acaso um grave erro de ortografia quando escre­veram originalmente "eremita" em vez de "ermitão"? Certamente que não. "Ere-

nono arcano maior

do Tarô adivinhatório

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"Eremita" é uma palavra latina de origem grega. Seu primeiro significado era "de­serto, ermo", mas mais tarde passou tam­bém a designar a pessoa que vive em um deserto, em solidão, o ermitão. Mas... por que um eremita solitário teria de an­dar em pleno dia pelo deserto com um lampião aceso na mão? Como acabamos de observar, o Ermitão é um guia. Mostra o caminho. Anuncia a luz. Informa, ensi­na, inicia, transmite, é o mensageiro dos deuses. E Hermes, o deus dos inter­câmbios, é o intérprete dos oráculos, o portador das revelações. Assim, pouco importa que seja de dia ou de noite, já que a luz que leva e transmite é a luz vinda do interior. É a do coração e a da consciência, que só nos revela quando estamos em um vazio, quando estamos em um deserto. Em outras palavras, o Ermitão nos leva ao isolamento, à so­lidão, ao vazio e, graças ao lampião do nosso espírito iluminado e ao cajado das forças regeneradoras que circulam em nós, ajuda-nos simplesmente a seguir nosso caminho.

NO JOGO DE CARTAS O Ermitão anuncia um fato concreto do qual você deve ter consciência. Coloca-o em situação de olhar as coi­sas tal como são, com lucidez e capa­cidade de discernimento. Coloca-o face ao fato consumado. Aconselha-o ao iso­lamento, à distância, para ter perspec­tiva, aconselha-o a ser prudente, pers­picaz, sagaz, clarividente, a não se apressar, avançar passo a passo, agir ou considerar suas idéias e projetos a longo prazo, ser paciente. Pode ajudá-lo a ser mais consciente de sua situação pre­sente, de suas motivações, de seus de­sejos, aspirações, dar um sentido à sua vida, confrontá-lo com sua verdadeira vocação, uma missão ou uma tarefa im­portante que deve cumprir. O Ermitão pode ser você, imerso em profundas reflexões frutuosas e enrique­cedoras, ou pode ser alguém do seu meio que lhe dará bons conselhos. Po­de tratar-se também de uma pessoa de idade avançada, que tenha adquirido certa sabedoria ou certo conhecimento

FICHA DESCRITIVA DO ERMITÃO

Nono arcano do Tarô adivinhatório • Outros nomes

0 Eremita. • Letras

T e H. • Número

9. • Significados

Sabedoria, tomada de consciência, clarividência.

• Verbos Ver, saber, revelar, ensinar, iniciar.

• Situação Circunstância na qual poderá dar mostras de clarividência, lucidez.

• Personalidade Uma pessoa mais velha, sozinha, sábia, sagaz.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Leão (o lampião) e Saturno (o cajado), e mais especificamente com o primeiro decanato do signo de Leão, regido por Saturno.

em um campo determinado, ou pode também tratar-se de uma pessoa so­zinha, isolada ou, finalmente, de um pe­ríodo de sua vida durante o qual se en­tregará a si mesmo. De certa forma, é sempre uma travessia pelo deserto.

• Solidão fecunda • Estudos, investigações • Empresa a longo prazo • Idéia brilhante • Paciência • Prudência, vigilância

AS INTERPRETAÇÕES DO ERMITÃO

Significados positivos • Sabedoria • Tomada de consciência • Lucidez • Clarividência

Significados negativos • Extravio • Isolamento • Recusa de qualquer conselho • Recolhimento em si mesmo • Desconfiança • Ceticismo

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

10. A Roda da Fortuna T udo o que está por cima está por

baixo. Colha-o e desfrute-o, dizia um adágio da Idade Média. Os ciclos, os movimentos perpétuos, as mudan­ças e as transformações imutáveis, que parecem andar mágica e mecanica­mente ao ritmo da natureza, são uma crença muito antiga. O primeiro dos mencionados ciclos é evidentemente a alternância entre o dia e a noite. Que mão prodigiosa e sobrenatural atuava no céu, por cima das cabeças dos pri­meiros seres humanos que povoaram a Terra, para produzir o dia e a noite? Efetivamente, para o homem que não sabia nada da mecânica celeste fazia falta uma mão, em algum lugar, que com um gesto provocado pela vontade e pensamento acionasse esta alteração inexplicável.

A ROCA Este é o símbolo que figura no centro deste arcano denominado Roda da For­tuna. Não se trata de uma roda, mas de uma roca. É um instrumento que prati­camente não se utiliza mais hoje em dia, com exceção da Índia, Oriente Médio e alguns países do Magrebe. Durante a Idade Média, esta máquina era em­pregada para fiar Cânhamo e linho. Mas antes de ser adotada era uma roda de nora que servia para tirar água do poço. A relação deste arcano com a roca e com

o poço ilustra perfeitamente o movi­mento perpétuo ou a mudança constan­te que representa a Roda da Fortuna. Giramos a nora com uma manivela para baixar o balde até o interior do poço e com o movimento inverso da mesma sobe-se novamente o balde cheio de água. Assim, podemos fazer mover a nora em ambos os sentidos. O poço tem uma grande carga simbó­lica. Representa a capacidade do ho­mem para beber do seu próprio inte­rior, da fonte da vida inesgotável, sempre renovada e regenerada. Ele tem de acionar a manivela para retirá-la. E isto somente é conseguido dominando sua vontade, seus atos e seus pensa­mentos. Mas de onde saem ou de onde procedem a expressão e a manifestação de sua vontade, de seus atos e pensa­mentos?

A FORTUNA OU 0 DESTINO Elas estão escritas. São o que ele é. São as marcas de um destino. Este é o sig­nificado de "Fortuna". Não se trata da Roda da Fortuna em concreto, mas da Fortuna em geral. Este matiz tem sua importância. Fortuna é uma palavra de­rivada de fors, que significa "sorte". No começo, a sorte era uma espécie de tábua de madeira que servia para res­ponder às perguntas dirigidas aos orá­culos.

décimo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Utilizava-se também para atribuir res­ponsabilidades administrativas ou civis importantes. Daí vem a palavra "sor­teio". Por extensão a palavra "sorte" tomou o sentido de "o que é fixado por cada um", e depois o de "destino" e de "sina". Evidentemente, segundo o resultado do oráculo ou do lance, a sorte era boa ou má e o consulente ou o candidato não tinha outro remédio senão aceitá-la. Com a Roda da Fortuna nada disto acontece. Com efeito, da mesma maneira que se aciona a nora com uma manivela, in­tervém neste caso o livre-arbítrio. Pois, se a natureza da vontade, dos atos e dos pensamentos estão inscritos no homem, este tem a escolha de agir ou não, isto é, de acionar ou não a manivela da nora para fazer girar a roda do seu destino. Em outras palavras, fazendo girar a Roda da Fortuna, o homem inscreve-se no movimento da vida. Intervém na lei de causa e efeito que, segundo este arcano gira no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, seguindo deste modo o movimento dos signos do Zodíaco, e o ciclo contínuo que vai desde a evolução (representada pelo macaco da direita agarrado à roda e olhando para cima) à involução (re­presentada pelo macaco da esquerda, com a cabeça e o corpo olhando para baixo). Por último, vemos o animal mí­tico que preside à ponta da roda da nora que não é outro senão a Esfinge, que contempla impassível esta lei eterna, este ciclo imutável, do qual é teste­munha.

NO JOGO DE CARTAS O aparecimento da Roda da Fortuna em um lance de cartas revela uma situação em vias de evolução ou involução. Trata-se então de um acontecimento ou fato que está acontecendo, mas que é o resultado de nossos atos anteriores. Mas também pode tratar-se de uma cir­cunstância sobre a qual podemos in­tervir para que esta mude ou se trans­forme. Em todo o caso, este arcano deve inci­tar-nos a tomar consciência de nossa

parte de responsabilidade ativa, cons­ciente ou inconsciente, nas situações, circunstâncias ou acontecimentos com os quais nos confrontamos. Algumas vezes, indica-nos que, de mo­mento, nada mais podemos fazer do que deixar que os acontecimentos sigam seu curso. Isto é, deixa-nos de certo modo abandonados nos braços da fa­talidade. Mas o que sempre nos indica a Roda da Fortuna é que agimos, que o desenvolvimento das circunstâncias nas quais nos implicamos diz-nos res­peito a nós principalmente e que, em um momento ou outro, poderemos agir ou intervir novamente no sentido que queiramos.

FICHA DESCRITIVA DA RODA DA FORTUNA Décimo arcano do Tarô adivinhatório • Letras:

I e Y. • Número:

10. • Significados

Evolução, involução, mudança. • Verbos:

Pensar, querer, atuar, experimentar, evolucionar

• Situação Uma circunstância em vias de evolução, onde podemos agir ou intervir para que ela se oriente na direção desejada, ou que somos obrigados a sofrer enquanto não se cumprir plenamente.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Virgem e com o Sol e a Lua (alternância do dia e da noite).

AS INTERPRETAÇÕES DA RODA DA FORTUNA

Significados positivos • Evolução • Mudança benéfica • Circunstância favorável • Oportunidade • Progresso • Resultado positivo • Êxito efêmero • Possibilidade de agir ou intervir

Significados negativos • Involução • Regressão • Instabilidade • Insegurança • Incerteza • Perda • Fracasso (sofremos os acontecimentos)

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

11. A Força C omo vimos na Roda da Fortuna,

quem faz girar a roda do destino — e provoca as causas e os efeitos, isto é, os atos cujos frutos recolherá, bons ou maus — toma consciência de seu livre arbítrio, de seu papel e de sua inter­venção no grande jogo da vida. Apren­dendo as lições derivadas dos aconteci­mentos e suas conseqüências, que evoluem, mudam, regressam segundo os ciclos e ritmos relativamente imutá­veis, aspira a exercer um poder, um do­mínio destes acontecimentos para não ser nunca mais sua vítima nem criar ilu­sões. Este é o sentido profundo e essencial da Força, décimo primeiro arcano do Tarô adivinhatório: aprender a medir as conseqüências dos atos, transformar-se no dono do próprio destino e de si mesmo.

A DOÇURA E A GENEROSIDADE DA FORÇA

Não é graças à força física nem à violên­cia que dominamos os acontecimentos, as circunstâncias de nossa vida e o nosso destino, mas sim graças à firmeza in­terior. Esta lâmina (carta) simboliza, portanto, a intensidade física, o poder do espírito, a firmeza moral, a energia controlada, a consciência ativa domi­

nada, e, melhor ainda, a força do amor e da alma. E um dos arcanos maiores mais belos. Devemos sublinhar que se associa à dé­cima primeira letra do alfabeto da ca­bala, Khaf, que em hebraico significava "vazio ou palma da mão aberta" e, mais tarde, "copo ou receptáculo". Ora, a palma da mão aberta e o copo são feitos para receber. Assim como a Terra, imersa em um flu­xo de atrações e repulsas recíprocas e envolta em um campo magnético, de planetas submetidos a princípios idên­ticos, e no universo, movido também por um campo de forças, o homem possui seu próprio campo magnético, mais ou menos intenso, segundo os in­divíduos. Assim, existem fenômenos de atração e repulsa entre os seres, no qual todos somos transmissores e receptores. A mão é o veículo mais sensível ao mag­netismo, que também se chama fluido, corpo sutil ou sopro de vida. No centro da palma da mão encontra-se um ponto energético vital que, se­gundo a medicina chinesa da Antigüi­dade, e a acupuntura, está diretamente relacionado com o coração. Para se convencer disto, sugerimos este pequeno exercício: deite-se no chão, re-

décimo primeiro arcano maior

do Tarô adivinhatório

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relaxe durante alguns minutos respirando tranqüilamente, mantenha os braços li­geiramente separados ao longo do cor­po, as mãos abertas sem esticar os dedos; feche os olhos e concentre-se nos dois pontos vitais situados na palma de sua mão; começará a sentir rapidamente um calor que irradiará de ambos os pon­tos, inclusive, em algumas pessoas, com a sensação de um leve ardor, dependen­do da intensidade de sua energia nesse momento. Este ardor provém tanto de você mes­mo, de seu próprio magnetismo ou fluido, como das energias que o ro­deiam. Podemos dizer, então, que mediante es­tes dois pontos as energias circulam per­manentemente do interior para o exte­rior e do exterior para o interior. Recarregam-se, regeneram-se, recebem e transmitem continuamente. Este mo­vimento perpétuo faz-nos pensar na Ro­da da Fortuna, que anda constantemente de cima para baixo e de baixo para cima. Estar no coração deste movimento sig­nifica dominá-lo, podendo-se assim transmitir e redistribuir o que se recebe. Em outras palavras, o que recebe fica mais rico. Rico de si próprio. Está então em con­dições de dar, podendo tomar-se tudo dele. A Força representa tudo isso: a riqueza interior, a força da alma, a receptividade, a generosidade. Com efeito, tudo que sai do coração é generoso. Através da ternura e da força do amor, o personagem representado por este ar­cano domestica o leão feroz e abre-lhe as mandíbulas sem esforço. A força de sua alma e de seu amor faz com que domine a violência, a agressi­vidade e o instinto selvagem.

NO JOGO DE CARTAS O aparecimento da Força torna-o sem­pre dono de si mesmo e/ou da situação em que se encontra. Anuncia-lhe que, exercendo um domí­nio afortunado das circunstâncias, ob­terá o que quiser e conseguirá seus ob­jetivos.

FICHA DESCRITIVA DA FORÇA

Décimo primeiro arcano do Tarô adivinhatório • Letra

C. • Número

20. • Significados

Força espiritual, valentia. • Verbos

Dominar, poder, conseguir, amar. • Personalidade

Um ser valente, provido de um caráter firme, de uma força tranqüila, de um bom domínio de si mesmo.

• Situação Uma situação sob controle, que domina, na qual exercerá o poder de sua vontade.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Marte e com o signo de Leão.

AS INTERPRETAÇÕES DA FORÇA

Significados positivos • Valor • Vontade • Segurança • Determinação, firmeza • Domínio e confiança

em si mesmo • Domínio dos instintos • Vitória obtida com sua doçura • Paz interior • Força tranqüila

Significados negativos • Rigidez • Autoritarismo • Rigorosidade • Recusa a ceder • Obstinação • Teimosia • Conservadorismo

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

12. O Enforcado H á uma grande diferença entre o

abandono de toda a confiança e o deixar-se levar, a indiferença, a pre­guiça, a passividade, a resignação, o apri­sionamento ou a fixação. Poderíamos dizer que a diferença é tão grande como a que existe entre a fé que move mon­tanhas e a dúvida que corrói, imobiliza e paralisa. Quem compreendeu que através da ter­nura, da generosidade, da força do amor que cada um de nós traz consigo — sem dúvida a maior energia do mundo —, pode dominar seus pensamentos e seus atos, pode modelar o céu e a Terra, é uma pessoa livre para ser ela mesma. Pelo contrário, aquele que persiste em ser vítima de seus pensamentos e de seus atos, é prisioneiro de si mesmo e de seu destino.

ENFORCADO OU PENDURADO? Esta variante que distingue o deixar-se levar do abandono é melhor compreen­dida comparando-se a situação de uma pessoa pendurada em um galho, para se balançar, com a de quem está atado pelo pescoço a uma forca. A primeira si­tuação é o resultado de uma escolha; a segunda é um castigo. Sendo assim, por que esse arcano não é chamado então fé ou confiança (as de se deixar levar)? Com efeito, se o arcano da Fé ou da Confiança seguisse ao da Força, iria pa­

recer perfeitamente lógico e coerente. Por outro lado, e continuando com os matizes, devemos saber que, na Idade Média, o assassino ou o meliante que tivesse cometido um crime era atado de pés e mãos e pendurado por um tor­nozelo a uma espécie de balanço, sob o qual, muitas vezes, se acendia um fogo lento. Desta forma, estar pendu­rado ou enforcado vinha a dar no mesmo. No aspecto simbólico, o Enforcado in­dica que o desenvolvimento normal da vida do indivíduo está em suspenso, à espera. Atualmente, "ser suspenso" sig­nifica ser afastado de funções ou perder um título ou uma situação. E também, não se diz de quem hesita em tomar par­tido entre uma coisa e outra que ba­lança? Em ambos os casos, a liberdade ou autonomia estão comprometidas, o livre arbítrio paralisado.

0 BALANCEAR E 0 RITMO Portanto, o Enforcado está suspenso no vazio e balança-se. Como já vimos, este último verbo pode ter também uma co­notação pejorativa ao fato de vacilar, he­sitar, temer, não saber o que fazer. Ora, vacilar ou hesitar, não saber fazer uma escolha é "sucumbir à tentação", na acepção cristã, que poderíamos enten­der aqui como "ser vítima das próprias dúvidas, não ter força de espírito".

décimo segundo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Aquele que é vítima de tais fraquezas também é inevitavelmente vítima de si mesmo e, com maior motivo, dos acon­tecimentos e circunstâncias de sua vida. Está suspenso. Em qualquer dos casos, a palavra "balanceio" designa também um movimento alternado, um ritmo, que descobrimos no berço e que alude tanto a tranqüilizar, acalmar, como a en­ganar-se ou equivocar-se (popularmente diz-se "balançar-se"). Encontramos tam­bém assim a dupla natureza do Enfor­cado. Balançamo-nos na cadeira de ba­lanço e no balanço. Este último artefato era muito popular na Idade Média, e muito apreciado em Versalhes nos sé­culos XVII e XVIII; existem quadros muito famosos de cenas com balanço realiza­dos por Fragonard. Para finalizar, lembremos que a forca tem sua origem na árvore (símbolo da vida), em cujos galhos os condenados eram pendurados antigamente, e tam­bém em épocas recentes, como ainda se reflete em muitos filmes de cowboys. N o século II d. C , Tácito já afirmava que os povos germanos penduravam seus desertores nas árvores. Em prin­cípios do século XVII, quando Cervantes fez entrar Dom Quixote em Barcelona, Sancho Pança ficou estupefato ao en­contrar trinta bandoleiros enforcados em árvores. N o século XIX, Goya re­presentou este tipo de enforcamento em várias das suas telas. E, no século XX, a cantora negra Billie Holiday populari­zou um blues intitulado Strange Fruit ("Estranha Fruta"), onde se referia aos macabros frutos que "dão" certas árvo­res, plantadas pela Ku Klux Klan.

NO JOGO DE CARTAS O Enforcado mostra-nos uma situação de espera. Parece que o tempo se detém, que o desenvolvimento dos aconteci­mentos pára ou, mais exatamente, que se encontra em um momento da sua vida em que já não consegue agir, onde tem de sofrer as conseqüências dos seus atos, bons ou maus, aprender uma lição. Quando o Enforcado aparece, fica-se de fora do jogo da vida, quer por escolha ou por obrigação.

FICHA DESCRITIVA DO ENFORCADO

Décimo segundo arcano do Tarô • Letra:

L. • Número:

30. • Outro nome:

0 Pendurado. • Significados:

0 abandono (como renúncia). • Os seus verbos:

Esperar, renunciar, arrepender-se, sacrificar-se, relaxar, confiar.

• Personalidade: Um ser passivo, irresponsável ou, pelo contrário, lúcido e capaz da maior abnegação.

• Situação: Paralisada, provisoriamente sem saída, uma obrigação, um sacrifício a realizar.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com o signo de Libra e, concretamente, com o segundo decanato deste signo, cujo regente é Saturno.

INTERPRETAÇÕES DO ENFORCADO Significados positivos • Abandono • Confiança • Fé • Ceder • Relaxar • Espera frutífera • Período de tréguas ou de transição • Receptividade • Sentido do paradoxal • Troca de valores • Entrega a si próprio

• Abnegação • Arrependimento

Significados negativos • Deixar-se levar • Lassidão • Preguiça • Vítima de pensamentos e atos

equivocados • Situação de bloqueio, sem saída • Anulação da vontade • Dependência

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

13. A Morte Aqui temos reunidos dois símbolos

que têm muito má reputação: a morte (obviamente) e o número 13. É evidente que a morte não seja repre­sentada com uma imagem simpática e tranqüilizadora. A morte sempre es­teve envolta em mitos e rituais. E em­bora haja tantas lendas e crenças re­lacionadas a ela, continua a ser um mistério inexplicável, uma fatalidade, uma experiência da vida, angustiante e dolorosa, com que todos temos de nos confrontar, mais cedo ou mais tarde. Às vezes, de uma maneira re­pentina e brutal. Ninguém escapa a este sentimento, mistura de angústia e fascínio pela fase última da vida hu­mana, que é a morte. Quanto ao nú­mero 13, desde tempos remotos ele foi muito pouco apreciado pelo imaginá­rio e crenças populares. De uma forma ou de outra, a ele está associada uma espécie de maldição. Por quê? Pode­mos descobrir a sua origem?

0 NÚMERO 13 A origem desse mau presságio é vul­garmente atribuído ao relato da Ultima Ceia, última refeição de Jesus, na qual, cercado pelos 12 apóstolos, Ele era o décimo terceiro. Além disso, a Paixão de Cristo ocorreu também no décimo terceiro dia da Lua. As superstições, ainda muito presentes nas consciên­

cias de nossos contemporâneos, por exemplo a sexta-feira 13, os anos de 13 luas, a ausência do andar 13 em mui­tos edifícios norte-americanos, o mau presságio de serem 13 comensais a uma mesa ou em um espaço... origi­nam-se sem dúvida deste fatídico epi­sódio da vida de Jesus, relatado nos Evangelhos. Se observarmos as bases das represen­tações do Céu, deuses e mitos dos povos da Antigüidade, princípios e sistemas a partir dos quais elaboram seus calen­dários e Zodíacos, vemos que quase sempre tudo funciona em 12. Com efeito, o número 12, juntamente com o 7, era a base do sistema astronô­mico dos eruditos da Antigüidade, quer fosse na Mesopotâmia, Egito, Israel, Gré­cia, China..., contavam 12 luas, 12 ho­ras, 12 meses, 12 anos, 12 deuses prin­cipais, etc. Além disso, o número 12 divide-se indiferentemente por 1 e por 2. Esta é a base do sistema de cálculo chamado duodecimal, que ainda foi uti­lizado em alguns países europeus até fi­nais do século XIX e que remontava à Antigüidade. Assim, na velha Navarra, utilizou-se como medida de peso a dúzia, que eqüivalia a 12 libras. Na França de Victor Hugo, 1 soldo valia 12 denários; 1 toesa, 6 pés; 1 pé, 12 pole­gadas. Para os antigos Romanos, um ás dividia-se em 12 onças.

décimo terceiro arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Por isso, podemos deduzir que na men­te dos nossos antepassados a ordem do mundo passava pelo número 12. Acres­centando-lhe uma unidade para obter o número 13, perturbavam esta ordem, até a destruíam. Esta é, sem dúvida, a origem real dos malefícios que pesam sobre o número 13.

0 ARCANO SEM NOME O décimo terceiro arcano maior do Tarô adivinhatório é muitas vezes chamado o "arcano sem nome", visto que o sim­ples fato de pronunciar o seu nome, se­gundo antigas crenças, era invocar tudo o que ele significava ou representava. Hoje em dia, obviamente, somos inca­pazes de acreditar que pelo simples fato de chamar algo pelo seu nome verda­deiro, a coisa em questão apareça, ou que só por invocar o nome de um ser vivo, mítico ou lendário, este tome forma e sua presença se manifeste con­cretamente. Mas antes da criação da es­crita, estas crenças estavam muito arrai­gadas. A magia baseou-se, e baseia-se, nestes princípios. Assim, como já dis­semos, não se escrevia ou pronunciava o nome deste arcano maior. Mas deve­mos temê-lo também? Pensando racio­nalmente, não.

NO JOGO DE CARTAS Em nenhum caso, o aparecimento deste arcano significa a morte física de uma pessoa. Não nos esqueçamos que o Tarô é uma linguagem simbólica, uma es­pécie de alfabeto da alma que nos per­mite ler em nós, para nos situarmos, em um momento de nossa vida, na evo­lução dos acontecimentos do presente, que estão inscritos em nós em sentido figurado. Ao interpretar um lance de cartas, temos que adaptar as informações relativas aos símbolos dos arcanos, mas nunca tomá-las ao pé da letra. Assim como o Enforcado não significa que a pessoa vai ser enforcada, a Morte não anuncia uma morte próxima, mas uma mudança, a conclusão lógica ou o final de uma situação, um voltar à estaca zero que dá passagem a algo novo que ocorrerá em seguida.

FICHA DESCRITIVA DA MORTE

Décimo terceiro arcano do Tarô adivinhatório • Letra

M. • Número

40. • Significados

Uma mudança, uma volta. • Verbos

Concluir, terminar, quebrar, colher, tirar proveito.

• Personalidade Pessoa que põe ponto final a uma situação, que efetua uma mudança radical ou que colhe os frutos, bons ou maus, dos seus atos.

• Situação Situação que chega ao seu fim, que deixa ver uma mudança inevitável, necessária, ou uma situação vantajosa ou proveitosa.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Este arcano está exclusivamente em analogia com Plutão, segundo regente de Escorpião.

AS INTERPRETAÇÕES DA MORTE Significados positivos • Mudança • Transformação • Acabar • Conclusão • Advento • Reviravolta em sua vida

ou situação • Colheita • Proveito • Benefício

• Vantagem • Lucro

Significados negativos • Detenção • Fim • Ruptura • Mudança ou obstáculo imposto

pelas circunstâncias • Suspensão • Perda

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

14. A Temperança Temperança e temperar vêm do

latim temperare, que significa dispor harmoniosamente, e no devido lugar, os elementos que formam um todo, ou combiná-los, misturá-los e dosá-los na justa proporção. Emprega-se o verbo "temperar" para fazer referência ao ato de esfriar bruscamente, mergulhando-se em um fluido qualquer material aquecido acima de determinada tempe­ratura. Utiliza-se também em referência a um instrumento musical, que foi disposto de maneira a que possa reproduzir com exatidão os sons que lhe são pró­prios. Em atenção a esta prática musical, Johann Sebastian Bach compôs sua fa­mosa peça O Cravo Bem Temperado. E composta de 48 prelúdios e fugas bre­ves, que se alternam de dois em dois, e com ela o compositor alemão realizou um maravilhoso estudo sobre o "tem­peramento" musical (que consiste na divisão de uma oitava em doze semi­tons idênticos). Em seu sentido mais lato, temperar é também misturar, combinar, medir, dosar, adoçar, moderar e até pôr de molho. Diz-se de um clima suave que é tem­perado ou que se situa em uma zona temperada. Por outro lado, "tempe­rança" tomou o sentido de medida, mo­

deração e, por analogia, doçura, dis­crição, tolerância e acomodamento.

A CLEPSIDRA EA MEDIÇÃO DO TEMPO

Os homens da Antigüidade fizeram um relógio de água, a clepsidra, que servia para medir o tempo através do fluxo re­gular e constante de água de uma reci­piente a outro. Constância e regulari­dade são aqui duas virtudes que se associam bem ao tempo. Por que o homem sentiu a necessidade de medir o tempo? Simplesmente para atender pontualmente a um encontro ou, mais exatamente, para estar onde sabia que ocorreria um fato sobrenatural, um acontecimento extraordinário para ele ou, mais pragmaticamente, um aconte­cimento útil para sua sobrevivência, do qual já tinha sido testemunha e sabia que voltaria a acontecer, não querendo perdê-lo sob pretexto algum. Necessitava, pois, de um ou dois sinais que o avisassem da próxima chegada do acontecimento esperado. Estes sinais, no começo, tinham que ser encontra­dos nos fenômenos da natureza. Para re­conhecê-los e utilizá-los, elaborou ta­belas onde agrupou alguns fenômenos análogos, de forma que uma coisa pu­desse indicar ou assinalar outra. Baseado neste princípio nasceram todos os sig­nos do Zodíaco.

décimo quarto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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Daí que podemos dizer que o homem mede o tempo para receber sinais, in­formações.

0 ANJO MENSAGEIRO No arcano maior da Temperança, vemos a figura de um anjo. Trata-se de um mensageiro. Ao comunicar sua men­sagem, informa e transmite. Sem a cir­culação da informação, sem a trans­missão das correntes energéticas, a vida não seria possível. Tal como a água, que flui sem cessar se­guindo os movimentos de rotação da Terra e regenera e fertiliza a terra sem parar, as correntes da vida e pensamento circulam em nós, regeneram-se a si mesmas e também a nós. "As energias que investimos em ações justas não se esgotam nunca. Renovam-se constan­temente através de uma espécie de cordão nutritivo", escreveu Annick de Souzenelle nos anos setenta. Este cordão nutritivo encontra-se re­presentado no arcano da Temperança, com um fluxo contínuo da água, que o anjo transvasa, como o do relógio de água ou clepsidra.

NO JOGO DE CARTAS

Este arcano anuncia uma notícia, uma mensagem que vamos receber, uma in­formação que nos vai ser comunicada, uma revelação que terá ou se fará. Com o arcano da Temperança, o diá­logo está sempre aberto, podemos falar, compreender-nos, escutar-nos, enten­der-nos. Sua presença é sempre tran­qüilizadora porque nos vem dizer que, com o tempo, tudo se arranja e tudo é uma transformação incessante e per­manente. Evidentemente, em um lance de cartas, este arcano pode significar também uma prova de moderação, prudência, com­preensão e tolerância. Aparece muitas vezes quando se trata de uma transação, uma negociação. Final­mente, fazendo circular as correntes e energias, oferece-nos novas possibili­dades e perspectivas, oportunidades que devemos saber aproveitar.

FICHA DESCRITIVA DA TEMPERANÇA

Décimo quarto arcano do Tarô adivinhatório. • Letra

N. • Número

50. • Significados

Revelação e regeneração. • Verbos

Informar, transmitir, comunicar, revelar, ensinar, trocar, renovar.

• Personalidade Pessoa doce, compreensiva, bem equilibrada, comunicativa, com sentido da medida.

• Situação Uma situação na qual nos é revelado um fato novo, uma oportunidade a aproveitar, uma renovação em nossa vida.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com o signo de Escorpião, mas principalmente com o terceiro decanato do signo de Peixes (Água), cujo regente é Saturno (o Tempo).

AS INTERPRETAÇÕES DA TEMPERANÇA Significados positivos • Revelação • Mensagem • Boa notícia • Compreensão mútua • Intercâmbios agradáveis • Transação vantajosa • Boa negociação • Oportunidade • Inspiração criativa

• Regeneração • Renovação

Significados negativos . • Dúvida / / / • Tendência para dar cem voltas a um assunto • Caráter influenciável • Fatalismo • Lassidão i 1 1 • Oportunismo

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

15. O Diabo Se seguirmos a ordem cronológica

dos 21 arcanos do Tarô, mais um vi­gésimo segundo, o Louco, descobrire­mos uma narrativa, uma história, onde cada carta é um capítulo e na qual o Louco tem o papel de união entre duas cartas. Assim, quando passamos da Temperança para o Diabo, ultrapassa­mos uma etapa definitiva. Passamos do anjo eleito ao anjo em desgraça ou, mais precisamente, da mensagem da vida e regeneração que transmite a Temperan­ça à mensagem de separação e divisão anunciada pelo Diabo. Neste ponto, insistimos em que um ar­cano maior do Tarô em si não contém significados positivos ou negativos de maneira fundamental, sistemática ou ex­clusiva. Por exemplo, a Temperança não é um arcano benéfico nem o Diabo um ar­cano maléfico. A informação que a pre­sença de um arcano revela e sua posição no lance de cartas fornecem um certo ponto de vista ou nos dão um sentido, bom ou mau, mas sempre um matiz. Aqui apresentamos cada arcano em seu estado, digamos, bruto. Mas depois, uma vez que você se tenha impregnado das particularidades de cada um deles, poderá dar-lhes a sua interpretação pes­soal, tendo em conta, evidentemente, as qualidades de cada um, bem como o conjunto das cartas que se apresentam

em um lance e as relações que se esta­belecem entre elas. Neste caso — tal como no do arcano sem nome, assim chamado porque ao nomeá-lo invoca­ríamos o que nele figura — representa uma imagem que transtorna a imagi­nação, que surpreende, inquieta ou di­verte ao mesmo tempo.

DIABO OU MONSTRO? O personagem central que figura no dé­cimo quinto arcano maior do Tarô, su­postamente o Diabo em pessoa, dá a sensação de um híbrido sobrenatural, meio humano, meio animal, meio homem, meio mulher, nem real nem mítico, ao mesmo tempo repulsivo e simpático. Que combinação! A natureza seria capaz de criar algo assim? Sem dú­vida que não. A natureza não cria mons­tros como este. Em contraposição, os homens com sua imaginação transbor­dante ou, quem sabe, a partir das coi­sas que puderam ver em tempos lon­gínquos, criaram figuras de divindades de aspecto inquietante, com poderes fa­bulosos, quase sempre refletindo a ima­gem de emoções intensas, excessivas, criadoras ou destruidoras que eles sen­tem. "Estes monstros são como a ex­pressão gráfica do que possuímos den­tro de nós, nossas fealdades, nossa presunçosa ambição, bem como de nos­sas virtudes e qualidades. Sua plastici-

décimo quinto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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plasticidade física corresponde à nossa plasti­cidade moral. São comparáveis aos ani­mais dos bestiários medievais, uma es­pécie de espelho moral do homem, embora menos próximos de nós que os animais. Aos nossos olhos, estes mons­tros se parecem, ao mesmo tempo de uma forma divertida e sinistra, com uma caricatura", escreveu recentemente Jean Céard. Então, este Diabo deve inquietar-nos ou divertir-nos? Nem uma coisa, nem ou­tra. Sua presença deve simplesmente in­duzir-nos a refletir sobre o uso que da­mos a nossa força, a nossas energias, a nossos instintos e a nosso psiquismo no molde onde nossos pensamentos, dese­jos e vontades, conscientes ou não, to­mam forma e se realizam, transforman­do-se assim em mais verdadeiros do que ao natural.

0 ANDRÓGINO O Diabo que figura neste arcano é uma representação monstruosa ou caricatu¬ resca do andrógino, do Adão, do pri­meiro homem, do ser ainda não dife­renciado, da árvore do conhecimento ou árvore da vida, cujo princípio ori­ginal e função essencial se desviaram de seu caminho. Ao roubar o fogo a Deus, simbolizado por uma tocha que o Diabo segura em sua mão esquerda, o andró­gino dividiu-se, separou-se. Transfor­mou-se em um ser duplo, macho ou fêmea, masculino ou feminino, mas sempre incompleto, eternamente à pro­cura de sua unidade original A partir daí, entendemos os dois personagens enca­deados um no outro, que parecem pri­sioneiros do Diabo e que são, na reali­dade, a causa da existência e da presença do Diabo, o qual não é mais que um puro produto de sua imaginação, de seus pensamentos, desejos, vontades... em suma, dos nossos!

NO JOGO DE CARTAS A presença desta arcano revela um ex­cesso, um desejo imperioso, um im­pulso cego, uma vontade irreprimível, uma pressa de agir, de atingir suas metas ou satisfazê-las.

FICHA DESCRITIVA DO DIABO

Décimo quinto arcano do Tarô adivinhatório. • Letra

X. • Número

60. •Significados

Desejo, instinto, impulso, excesso, potência manifestada no mundo físico e material.

• Os seus verbos Desejar, ter, possuir, construir ou destruir.

• Personalidade Um ser apaixonado, criativo, produtivo ou destruidor, disposto a utilizar todos os meios em seu poder para atingir seus objetivos.

• Situação Circunstância na qual os desejos, instintos, ambições e sentimentos são exacerbados.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com o signo de Sagitário (o centauro meio homem, meio animal) e com Plutão (as forças físicas), segundo regente do signo de Escorpião.

AS INTERPRETAÇÕES DO DIABO Significados positivos • Instinto de posse • Paixão amorosa e sensual • Força física • Criatividade intensa • Poder • Vontade firme, impaciente por satis­

fazer seus desejos e ambições • Êxito financeiro • Êxito material

Significados negativos • Desejos ou impulsos cegos,

irreprimíveis, destrutivos ou autodestrutivos

• Desordem material ou moral • Excesso • Divisão • Egocentrismo • Sentido exacerbado do poder • Precipitação

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

16. A Casa de Deus P or que este arcano, onde podemos

ver uma torre fulminada por um raio e dois personagens que caem no vazio, é chamada no tarô de Marselha Maison-Dieu (Casa-Deus)? Não se considera a Casa de Deus um remanso de paz, um lugar de oração e recolhi­mento? Esta torre realmente represen­ta a Casa de Deus? Este arcano maior nos induz de ime­diato a indagar-nos sobre seu sentido autêntico. De fato, seu nome e a imagem que nos oferece não têm nada em comum; é um pouco como se na imagem de um céu tempestuoso pudéssemos entre­ver uma inscrição relativa a um céu azul claro e um mar como um paraíso de tranqüilidade. O que é na rea­lidade?

AS TORRES DA ANTIGÜIDADE

A imagem representada nesta carta é a de uma torre fulminada por um raio. Isto simboliza o castigo ao orgulho dos homens da Antigüidade, que cons­truíram torres altas, às vezes no topo da montanha, para aproximar-se da força dos deuses, canalizá-la e dirigi-la em direção à Terra. Esta torre nos lembra inevitavelmente os zigurates

mesopotâmicos; especialmente, o mais famoso deles, o chamado zigurate de Babilônia, ou torre de Babel, que sig­nificava "porta de Deus". Talvez pro­ceda desta antiga palavra babilônica o nome de "Casa-Deus" que em al­guns países denomina este arcano maior. Além da torre de Babel, na Bíblia eram muito importantes as torres construí­das sobre as muralhas de Jerusalém; especialmente a chamada "torre dos Cem", citada pelos profetas Jeremias e Zacarias quando anunciavam o final dos tempos, e cujo nome se deve ao número de soldados alojados nela. Outra interpretação atribui este nome à sua extraordinária altura: cerca de 45 metros. Por outro lado, é preciso destacar que o profeta Miqueas chamou a cidade de Jerusalém a "torre do rebanho", trans­formando-a assim em um vigia per­manente do rebanho de Deus. Em suma, podemos dizer que a torre do Tarô também simboliza um templo, uma igreja, uma catedral, uma sede, um púlpito ou a casa de Deus na Terra. A imagem da torre atingida por um raio representada neste arcano do Tarô conservou seu poder sugestivo até os nossos dias.

décimo sexto arcano maior

do Tarô adivinhatório

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O ORGULHO EA HUMILDADE A letra-número do código secreto da ca­bala que corresponde a este arcano é aein ou ayin ("olho", em hebraico). Simbo­liza a abertura para o possível, a janela ou porta da alma. Porém, por causa de seu orgulho, às vezes se ofusca. Em hebraico os termos avanah e avah têm uma raiz etimológica comum e ambos começam com a letra ayin. O pri­meiro significa "doçura, modéstia", o segundo, "destruição, ruína". Podería­mos traduzir avanah, que significa tam­bém "grão de trigo", por "humildade", cuja raiz latina humilis, "baixo, próximo à terra", deriva precisamente de humus, "terra". Da síntese destas informações deduzi­mos que se o homem quer alcançar a Deus não é elevando-se até os céus mas sim semeando e cultivando em si mes­mo o grão do trigo, a semente — cujo aspecto apresenta certas semelhanças com o olho —, em sua terra interior. Assim, o que este arcano nos ensina é que, quanto mais o homem tenta ele­var-se no mundo físico e material, ví­tima de seu orgulho, mais se expõe à destruição, à ruína e aos raios divinos.

NO JOGO DE CARTAS A presença deste arcano sempre anun­cia um transtorno ou mudança em uma situação, uma mudança inevitá­vel e necessária no comportamento, nas circunstâncias ou na vida. Tem má reputação porque se associa à fatali­dade. Na realidade, o que revela tem sempre como objetivo sanar, esclare­cer, liberar. É um pouco como uma tempestade que explode depois de for­tes pressões e tensões acumuladas na atmosfera. Depois da tempestade, nos sentimos aliviados, relaxados e libe­rados. Certamente, estes efeitos são com fre­qüência destruidores e não podemos fazer nada para detê-los, mas têm que acontecer, pois para que haja qualquer evolução e para que algo novo acon­teça é preciso haver uma mudança total e brusca.

FICHA DESCRITIVA DA CASA DE DEUS

Décimo sexto arcano maior do Tarô adivinhatório. • Outros nomes

Torre, Torre Atingida pelo Raio. • Letra

0. • Número

70. • Significado

Mudança inevitável. • Verbos

Transtornar, mudar, mover, precipitar, revolucionar.

• Personalidade Uma pessoa que provoca uma mudança, uma reviravolta em uma situação, uma mudança em sua vida.

• A sua situação Uma revisão total, uma mudança inevitável, um acontecimento imprevisível que questiona tudo.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com os signos de Capricórnio (ambição e orgulho) e de Urano (mudança).

INTERPRETAÇÕES DA CASA DE DEUS Significados positivos • Mudança • Liberação • Liberdade • Mudança inevitável, total, porém

saudável • Repentina tomada de consciência • Reconsideração benéfica • Situação de crise ou rutura necessá­

ria.

Significados negativos • Crise • Desequilíbrio • Queda • Perda • Ruptura • Decepção e desestabilização inevitá­

veis devido às circunstâncias, mas por causa de erros próprios, obsti­nação ou orgulho.

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

17. A Estrela Pense no anjo da Temperança. Este

nos revelou e nos deu ao mesmo tempo o sentido de medida, que favo­rece o bom uso das forças, energias, re­cursos que todos trazemos dentro de nós. No entanto, com o tempo, as ener­gias primordiais e vitais desviaram-se de sua função inicial e de seu princípio ori­ginal. O Diabo tomou-as para as utili­zar com outras finalidades, com o ob­jetivo de exercer uma influência sobre o mundo físico e material. Este desvio e esta tomada de posse foram a origem de uma queda, uma submersão, repre­sentadas na Casa de Deus, a torre ful­minada por um raio (torre que simbo­liza a presunção, o orgulho do homem que acredita poder elevar-se sozinho e fisicamente até Deus). Encontramo-nos aqui diante do pecado em estado puro, pelo menos no sentido que se entende normalmente por pe­cado: falta, erro, culpabilização, trans­gressão. O verbo pecar, isto é cometer pecado, sem dúvida derivado do cru­zamento de uma raiz latina e do sâns­crito, significava originalmente "dar um passo em falso". Quando damos um passo em falso, tropeçamos ou caímos. O termo he­braico que significa pecado, pesha, tem antes de mais nada o sentido de "passo, marcha, progressão". Do que se deduz que pecar é progredir ou transgredir.

É uma escolha, uma opção com a qual o homem conta, e só a ele diz respeito decidir que uso fará deste grande prin­cípio original que está nele, destas energias que circulam nele. Ele as di­recionará para o exterior para exercer uma influência sobre o mundo físico e material? Ou para o interior, para ele mesmo, para produzir esta "inversão de luzes" à qual fazemos alusão no signo de Aquário e que para ele será a origem de uma libertação e reve­lação?

LIBERTAÇÃO E REVELAÇÃO Estes dois termos têm sido tão mal uti­lizados que atualmente já não signifi­cam grande coisa para nós. De certa forma, foram esvaziados do seu sentido e conteúdo. E nos perguntamos de que teríamos de ser libertados e o que nos poderia ser revelado. Esta mulher nua, de joelhos à beira da água, que esvazia duas ânforas sob um céu repleto de estrelas, o explica. De fato, não se trata de libertar-se de vínculos exteriores, mas sim de re­gressar ao curso normal das coisas dei­xando que as correntes de vida circu­lem por si próprias, que vão de cima para baixo, como as correntes da água na Terra. Porém, a maior parte das vezes, pode­ríamos dizer que tudo nos leva a reter

décimo sétimo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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essas correntes, a construir diques, imo­bilizá-las, desviá-las do seu curso nor­mal. Por essa razão, abrir os diques e deixar que as correntes energéticas cir­culem com naturalidade em si mesmas não pode senão levar a uma verdadeira libertação. Sabemos perfeitamente que, se a água do céu não fluísse pela Terra os estra­tos subterrâneos de onde nascem as fontes não seriam alimentados nem se regenerariam. O que é válido para o grande ciclo das águas na Terra, sem o qual a vida seria impossível, também é válido para os ciclos naturais de rege­neração do homem.

A BOCA E A PALAVRA A água que volta à água também é uma representação simbólica do poder da pa­lavra, da fala, do verbo. De fato, em he­braico, a palavra phé, que é também o nome da décima sétima letra-número do código da cabala, relacionada com este arcano, designa tanto a fala como a palavra. A partir daí, o arcano da Estrela revela-nos que as palavras que saem de nossa boca exercem uma grande influência sobre os elementos e os astros. A pa­lavra é ação. É a conseqüência direta de nossos pensamentos, idéias, re­flexões, inteligência, da nossa mente e mentalidade. Como Aquário, que esvazia o conteúdo de suas ânforas no rio do tempo e da vida, a mulher que figura neste arcano verte seus pensamentos mais íntimos e participa deste modo, ativamente, em tudo o que é.

NO JOGO DE CARTAS Este arcano simboliza a inspiração cria­tiva, a fé, a esperança, a comunhão e a comunicação. Seus pensamentos, idéias, projetos e es­peranças tomam forma, transformam-se em realidade, submergindo-se, re­gressando e circulando nas grandes correntes da vida, da natureza e da cons­ciência coletiva. É aqui que pode levar sua imaginação ao poder.

FICHA DESCRITIVA DA ESTRELA

Décimo sétimo arcano do Tarô adivinhatório

I • Letra P.

I • Número 80.

| • Significados Libertação, revelação, inspiração, imaginação.

•Verbos Crer, esperar, imaginar, produzir.

• Personalidade Uma pessoa que aspira a realizar-se ou a entrar em ação para concretizar seus pensamentos, idéias, projetos e crenças.

• Situação Um acumular de circunstâncias que favorece a realização de projetos, novas perspectivas de mudança, uma criação.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Mercúrio (pensamento, idéias), Netuno (reve­lação, inspiração, fé) e signo de Aquário, cuja imagem simbólica é muito próxima da deste arcano.

AS INTERPRETAÇÕES DA ESTRELA Significados positivos • Libertação • Revelação • Imaginação • Inspiração • Criação • Harmonia entre os pensamentos, as

idéias, as crenças e as circunstâncias ou acontecimentos da vida

• Nascimento

• Fé • Felicidade, plenitude...

Significados negativos • Tendência para se deixar influenciar,

para se deixar levar ou arrastar pelas idéias e pensamentos dos outros

• Falta de fé, de confiança em si mesmo

• Abandono...

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

18. A Lua A forte imagem deste arcano, às ve­

zes chamado erroneamente o Cre­púsculo, presta-se a confusões. Merece que devolvamos seu sentido. De fato, embora o significado etimológico de "crepúsculo", termo que provém do latim creper ("escuro, incerto, duvi­doso"), possa de alguma forma ser re­lacionado com a simbologia contida neste arcano, não é o momento que precede o nascer ou o pôr do Sol que é apresentado aqui, mas sim um eclipse do Sol. Com efeito, a Lua que domina o céu de­senhado neste arcano está situada diante do Sol, cujos raios aparecem ao seu redor. Não estamos ante a aurora ou o crepúsculo, mas sim em plena luz do dia, em um momento onde a Terra e o Sol se encontram no mesmo eixo, com a Lua entre ambos, ocultando o Sol. Entretanto, não se trata de um eclipse total do Sol, pois a Lua está represen­tada em forma de D (tal como é vista no hemisfério norte) e com um rosto de perfil olhando para baixo. Isto nos indica que ainda está em fase crescente, sem dúvida inclusive em seu primeiro quarto. Trata-se portanto, de um eclip­se paradoxal, de uma curiosa ocultação do Sol, que não deve ser interpretado ao pé da letra pois, astronomicamente, um fenômeno celeste deste tipo é im­possível. De fato, uma ocultação total

ou parcial do Sol não é possível a me­nos que o Sol, a Lua e a Terra estejam situados no mesmo eixo, como já ex­plicamos. Em nenhum caso poderia ser produzido durante o primeiro quarto da Lua.

A SOMBRA E A LUZ Estamos aqui ante um fenômeno ex­traordinário, irracional e impossível. E isso que o faz tão interessante e dá todo o sentido a este arcano. A sombra pro­jetada na Terra por esta impossível pas­sagem do primeiro quarto da Lua diante do Sol é uma representação da sombra que contém a luz e não da escuridão que cresce. Trata-se do reino das sombras como componente da luz. Este reino de sombras representa tudo que está escondido, dissimulado, oculto em todos nós e que procede da luz. A raiz da inicial tsâdé, a décima oitava letra-número do código da cabala, significa "lado oposto" ou "adversário", mas tam­bém "lado" ou "braço", isto é, lado divi­no ou braço divino. A partir daí, vemos que a sombra con­tida na luz representa o aspecto oculto de nossa personalidade, o divino em nós. E quando o braço divino se ma­nifesta, quando intervém em nossa vida sob a forma de adversidade, dificuldade, de obstáculos que superar, se manifesta e atua para pôr-nos à prova. Observemos

décimo oitavo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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mos quando somos postos à prova é quando duvidamos de nós mesmos, buscamos a luz, ao contrário de quando tudo está bem ou estamos tranqüilos. Os verbos hebraicos tsoud, tsadoh e tso¬ ded, que têm como raiz comum tsâdé, significam "fazer armadilhas, espiar, caçar, pescar, seduzir, cativar", etc. Os dois cães que figuram neste arcano e que parecem estar uivando para a Lua, estão, de fato, cativados por este fenô­meno sobrenatural. O cão, símbolo de confiança, vigilân­cia e fidelidade, foi sempre considerado o guardião do Além. Quanto ao caranguejo gigante repre­sentado na parte inferior da carta, re­mete-nos às qualidades de sensibilidade, receptividade e feminilidade do signo de Câncer. O cão, o Além, o caranguejo, formam parte desses símbolos lunares que nos remetem à nossa parte obscura, nosso psiquismo, com que devemos nos es­forçar para extrair as energias regene­radoras e não ver-nos submergidos por nossas emoções ou enfrentados por si­tuações ou circunstâncias adversas. A mensagem deste arcano nos previne que não devemos ter medo de nos di­rigir ao desconhecido, de assimilar nossos próprios medos, debilidades, erros, de olhar cara a cara a sombra que levamos dentre de nós e não temê-la.

NO JOGO DE CARTAS O aparecimento deste arcano está com freqüência relacionado com as dificul­dades, problemas, conflitos, decepções, desilusões, cujas causas e origens se en­contram sempre em nossos próprios erros e debilidades. Manifestam-se na vida e se revelam para pôr-nos à prova, para que tomemos consciência. A presença da Lua em um lance de cartas se refere quase sempre também à vida e às relações familiares, ao apego ao passado, à confusão de idéias e sentimentos, aos pensamentos e à vida íntima, ao psiquismo e ao in­consciente.

FICHA DESCRITIVA DA LUA

Décimo oitavo signo do Tarô adivinhatório. • Letra

Z, entendida como a dos idiomas hebraico, árabe e russo, utilizada em czar, por exemplo.

• Número 90.

• Significados Dificuldade saudável, receptividade psíquica.

• Verbos Sentir, perceber, assimilar, aceitar, constatar.

• A sua personalidade Uma personalidade muito receptiva e sensível, com qualidades ou capacidades psíquicas inegáveis, ou que se encontra em dificuldades ou em uma situação confusa.

• Situação Uma circunstância que nos põe à prova, difícil, que nos obriga a desfazer-nos do passado e lançar-nos ao desconhecido, a bus­car nossas fontes interiores.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Associações com Câncer, mas principalmente com o segundo de­canato de Touro, cujo regente é a Lua, e o segundo decanato de Aquário, cujo regente é a Lua negra.

AS INTERPRETAÇÕES DA LUA Significados positivos • Premonições • Intuições • Imaginação criativa • Clarividência • Dotes ou qualidades psíquicas • Doçura receptiva • Popularidade...

Significados positivos • Dificuldade, adversidade • Confusão de sentimentos • Erro, engano • Decepção, passividade • Sedução • Angústia • Dependência afetiva ou material...

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

19. O Sol OSol é outro dos arcanos cujo sig­

nificado não é muito bem conhe­cido ou ao que damos uma interpretação aproximativa e, às vezes, errônea. E certo que o Tarô — cujas imagens e representações aparentemente ingênuas foram utilizadas para preservar conhe­cimentos que foram transmitidos oral­mente durante muitos séculos — uti­liza a linguagem dos símbolos e que atualmente já não é mais normal en­sinar os elementos básicos para a inter­pretação de tal linguagem. No entanto, dizemos com freqüência que vivemos em um século cheio de imagens e lu­zes. Na realidade, as luzes dos projeto­res, néon, as imagens que se movem e se agitam nas telas nos divertem mais que iluminam, nos fazem desviar a atenção de nós mesmos e mais ainda quando não nos sentimos afetados ou implicados.

0 SOL E A RODA DOS CORPOS CELESTES

Em seu livro de lendas judias, Louis Ginzberg recolheu a seguinte exaltação ao Sol: "Quando o Sol empreende seu caminho pela montanha, suas asas tocam as folhas das árvores do Paraíso, sua vibração se transmite aos anjos e aos santos, às plantas e também às árvores e flores da Terra e dos céus. Este é o sinal

para que todos olhemos para cima. Logo que o Nome inefável gravado no Sol é visto, levantam-se vozes entoando can­tos de louvor a Deus. "Ao mesmo tempo, uma voz celeste pro­clama: 'Malditos sejam os filhos do homem que não dão atenção à honra de Deus tal como fazem as criaturas que alçam a voz em adoração'. "Os homens, evidentemente, não com­preendem tais palavras, como também não entendem o chiado do Sol contra a roda onde todos os corpos celestes se unem embora o ruído seja extrema­mente forte. Esta fricção do Sol com a roda produz o fulgor que brilha nos raios do Sol. E o que traz a cura aos do­entes, as únicas criaturas que se curaram dentre todas as criadas no quarto dia, um dia basicamente desgraçado, prin­cipalmente para as crianças, pois trouxe as doenças para elas". O motivo pelo qual reproduzimos este longo extrato de uma das lendas trans­mitidas oralmente de geração em gera­ção, é porque contém todos os elemen­tos necessários para uma interpretação correta do arcano do Sol. De fato, ela nos diz que no momento em que o Sol sai pelo horizonte e o dia nasce toda a natureza parece virar-se em sua direção em uma única voz. Quem não já ouviu alguma vez o canto

décimo nono arcano maior

do Tarô adivinhatório

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dos pássaros ao nascer do Sol? Depois da calma e do silêncio da noite, onde se tem a sensação de que tudo está morto e a Terra é um imenso deserto fundido na obscuridade, parece que, de um só golpe, um ar de loucura se apodera dos animais, as plantas, as ár­vores, que saúdam o aparecimento do Sol, sobre o qual está gravado, segundo a lenda, o Nome inefável. O narrador anônimo exorta o homem a prestar também atenção a esta aparição divina que se produz todas as manhãs pois, como nos ensina, é portadora da cura de todas as criaturas enfermas cria­das no quarto dia. Ora, segundo a Bíblia, (Gênesis I, 14-19), tais criaturas são as luminárias: o Sol e a Lua. Assim, o brilho produzido pela fricção da roda dos astros cura ao homem do orgulho da razão e da vertigem da lou­cura que o ofuscam. Nesta carta, os dois meninos simboli­zam a razão e a loucura que se põem de acordo, se unem para dar lugar à Sa­bedoria divina. A Sabedoria é pura loucura para o ho­mem que não consegue assimilá-la e que não faz dela sua norma de vida. Apresenta-se com freqüência sob um aspecto e alguns princípios que não têm nada a ver com os critérios habituais. Procede da inocência, a pureza, a recep­tividade, a leveza do ser, a alegria espontânea que é própria do mundo da infância.

NO JOGO DE CARTAS

O conselho dado pela aparição deste ar­cano é deixar-se levar pela alegria, a fe­licidade, o gozo, a satisfação e os sen­timentos espontâneos. Aconselha-nos a ser simplesmente o que somos e a des­frutar da vida. Seja qual for a situação na qual nos encontramos, a presença do Sol em nosso lance é sempre um signo de bom agouro, de alívio e de esclareci­mento. O que este arcano diz é que triunfa o correto, o verdadeiro, belo, bom, mesmo que pareça totalmente irracional.

FICHA DESCRITIVA DO SOL

Décimo nono arcano do Tarô adivinhatório. • Letra:

Q. • Número:

100. • Significados:

Uma felicidade perfeita, pura alegria. • Verbos:

Desfrutar, extasiar-se, regozijar-se. • Personalidade:

Pessoa que sente uma grande alegria, uma grande sorte, que é feliz, e que está contente e radiante.

• Situação: Uma circunstância que provoca muita satisfação, agrado e uma alegria profunda e completa.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Está em analogia com o signo de Peixes, pois anuncia uma fe­licidade profunda, interior e, principalmente, com o segundo decanato deste signo, cujo regente é Júpiter (a alegria de viver).

AS INTERPRETAÇÕES DO SOL Significados positivos • Alegria • Felicidade • Gozo • Satisfação • Entusiasmo • Encanto • Clarificação • Magnetismo • Carisma

• Sentimentos puros, compartilhados • Afinidades • Cumplicidade • União...

Significados negativos • Falsa alegria • Obsessão • Engano • Atitude superficial...

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

20. O Julgamento Existe uma tendência geral a se atri­

buir um caráter religioso a este ar­cano, associando-o ao Juízo Final ou ao Juízo de Deus. De fato, a imagem que figura nesta carta — um homem des­pido, em pé, dentro de uma tumba, er­guendo-se entre os mortos, cercado por outro homem e uma mulher que re­zam, enquanto que no céu, um anjo faz soar uma trombeta — apresenta nume­rosas analogias com o "Juízo Final de­pois da ressurreição dos mortos", ou com a ressurreição de Jesus, tal como nos conta os Evangelhos. N o entanto, como quase sempre ocorre com os ar­canos maiores do Tarô adivinhatório, não basta ler as imagens sob o ângulo de nossa cultura cristã, é preciso tam­bém interpretar os símbolos que figu­ram neste arcano para compreender seu sentido. Assim, a palavra "juízo" que deriva do latim judicen, significa tam­bém "ensinar o direito através da pa­lavra" ou "ditar o direito". Portanto, o que temos aqui é a noção de discer­nimento, o outro sentido de "juízo", o que prevalece.

0 DISCERNIMENTO Lembremos que o décimo oitavo ar­cano, a Lua, nos mostrava um eclipse, aludindo assim às trevas contidas na luz, enquanto que o décimo nono, o Sol, nos revelava a Sabedoria divina sob a forma

de luz que ofusca ou enlouquece, se não for assimilado corretamente. Tanto em um como em outro caso, se tratava de separar a luz das trevas, a luz exterior da luz interior. Tudo o que deriva do Julgamento pode ser cumprido: a distinção, a separação, o reconhecimento, vocábulos sinôni­mos de "discernimento". O homem, coberto com a túnica de pele que lhe foi dada cm sua queda (Gê­nese 3, 21), mostra-se tal como é, des­pojado de todo artifício. Desta maneira, deixe que brilhe a luz que leva ao interior. Já não há razão para ter vergonha de sua nudez, isto é, de ser ele mesmo. Soube discernir o verdadeiro do falso, o justo do injusto. As informações, que condicionam sua existência e a fazem viver na esperança e no medo, já não provêm do mundo exterior, e sim de seu mundo interior, de si mesmo. Trata-se de uma revelação.

A REVELAÇÃO E A VOLTA ÀS ORIGENS

Poderíamos fazer uma longa disser­tação e estender-nos sobre esta reve­lação c meditar sem dúvida sobre sua contribuição ao mundo atual. De fato, não vivemos em um mundo onde todos os dias somos bombardeados por informações exteriores que, para nosso

vigésimo arcano major

do Tarô adivinhatório

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pesar e sem termos consciência disso, nos desviam de nossas próprias preo­cupações ou de nós mesmos? Não nos chamam continuamente a atenção fatos e acontecimentos que muitas vezes não têm nenhuma relação com o que es­tamos vivendo, e que inclusive nos são totalmente alheios e nos deixam im­potentes e deprimidos ante realidades que nos esmagam? Como é possível ouvir nossa voz interior (representada neste arcano por um anjo) no meio de tanta confusão? Como podemos ver e perceber a luz da sabedoria que todos nós trazemos em nosso interior (re­presentada aqui pelos raios do Sol ao redor do anjo), sem a qual não distin¬ guiríamos o verdadeiro do falso e o justo do injusto? Todas as crenças místicas, espirituais ou religiosas têm em comum a alusão à volta às origens. No entanto, temos a tendência de atribuir um lugar geográ­fico ou histórico a estas fontes e origens, o que nos leva ao erro. Na realidade, estas fontes e origens estão dentro de nós e é em nós que devemos mergulhar ou voltar para encontrá-las. Vista pelo ângulo da ciência moderna, há uma certa similaridade com o que o código genético nos revela: sabemos que todos possuímos o mesmo; porém, ao mesmo tempo, ele é único para cada um de nós.

NO JOGO DE CARTAS

O aparecimento deste arcano no lance anuncia uma revelação, uma renovação, uma visão interior mais verdadeira, mais profunda, mais objetiva e muito mais autêntica das coisas. Sua presença indica que já não temos porque mentir para nós mesmos ou ocultar coisas aos de­mais. Traz um alívio, uma cura, uma recon­ciliação, um descanso, abandono, um estado de confiança e total receptividade. Revela uma vocação, um renascimento, um reconhecimento, uma recompensa. Do ponto de vista mais prático, na vida social, anuncia uma proposta, uma pro­moção ou consagração.

FICHA DESCRITIVA DO JULGAMENTO

Vigésimo arcano do Tarô adivinhatório • Letra:

R. • Número:

200. • Significados:

Renovação, revelação, evolução. • Os seus verbos:

Renovar, regenerar, reconhecer, receber.

• A sua personalidade: Pessoa sincera, que se mostra tal como é ou que vive um período de renovação em sua vida, que muda de comportamento ou que manifesta sua verdadeira personalidade.

• Situação: Uma situação que se soluciona, melhora, se renova ou se desenvolve.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Este arcano está em analogia com Saturno (o discernimento) e principalmente, com o primeiro decanato do signo de Peixes (a clarividência), cujo regente é Saturno.

AS INTERPRETAÇÕES DO JULGAMENTO Significados positivos • Revelação, renovação • Melhora • Reconciliação • Reabilitação • Cura • Perdão • Juízo justo, correto, objetivo • Proposta, premonição • Consagração, recompensa merecida...

Significados negativos • Não se pode escapar de si mesmo • Somos responsáveis pelas conse­

qüências de nossos atos • Somos julgados por nossos atos • Somos vítimas de um juízo severo

mas portador de renovação ou evo­lução...

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

21. O Mundo Neste mundo, tudo está vivo. Tudo

é semente, multiplicação, regene­ração, reinicio. Entretanto, tudo que está vivo e vive neste mundo se nutre dele. O alimento mais evidente é a camada de vegetação que cobre a terra, alimento do touro que figura abaixo à esquerda deste arcano. Estas ervas carregam em seu in­terior a semente da árvore que, por sua vez, contém a semente do fruto. E este, no caroço, a semente de outra árvore. A vida se nutre de si mesma para dar vida. O mundo se alimenta de si mesmo para ser mundo. Este é o grande prin­cípio do ciclo imutável da vida. E este é também o grande princípio enunciado pelo vigésimo primeiro e último arcano maior do Tarô adivinhatório, o arcano do cumprimento de um final... que é um princípio. O caroço no coração do fruto é essa mulher em pé, exatamente na mesma posição que nosso Enforcado, porém ao inverso, desta vez sem nenhuma atadura, sem outra atadura que a de estar no centro de tudo, de ser recep­táculo e semente ao mesmo tempo, vida e morte, morte e vida, que reco­meça eternamente. Quanto ao pano que aparece em torno de seu corpo nu, é uma figura de Nahash, "serpente" em hebraico, o mais astuto dos anjos, li­teralmente "o que conduz", o guia, o

iniciador, o professor. O ensino é como um parto, doloroso porém li­bertador. É o que simboliza a serpente: forças energéticas, poder psíquico, força regeneradora enroscada nos rins, no coração, nas palmas das mãos, que nos consome e nos faz vulneráveis se não soubermos usá-la corretamente, se desviarmos de sua fmalidade esta semente que todos trazemos dentro de nós: alimentar o mundo para alimen­tar-se a si mesma.

A COROA E OS QUATRO ELEMENTOS

Como vemos, a simbologia deste ar­cano implica uma visão global, geral e absoluta das coisas. A coroa de es­pigas, de espinhos ou de glória, na qual esta mulher despida, imagem do mundo, repousa sobre um pé, leve, aérea, como que suspensa entre o Céu e a Terra, representa o mundo visível e manifestado em sua totalidade. Em torno dela aparecem quatro figuras: o touro, figura do elemento Terra, força da vida enraizada na realidade mate­rial, mas com chifres unidos ao Céu; o leão, figura do elemento fogo, a força da luz que dá vida, consome ou puri­fica, revela ou ofusca; a água, figura do elemento Ar, uma das mais belas re­presentações do espírito, as correntes

vigésimo primeiro arcano maior

do Tarô adivinhatório

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(ondas, vibrações, pensamentos) que circulam nos seres; o anjo, figura do elemento água, a força do amor, o que está no umbral da porta do coração e leva uma mensagem de paz e des­truição, de amor e revelação ao mesmo tempo. O que este arcano nos diz é que tudo isto, este mundo, todos trazemos den­tro de nós. Não é nem inacessível, nem utópico, nem ilusório. É simplesmente o que somos. Todos os elementos estão unidos aqui, para que nossa consciência se desperte, para que os tempos se cumpram, se­gundo a fórmula sagrada. Porém, estes famosos tempos não se realizarão em um futuro próximo, longínquo, hipo­tético ou provável. Serão cumpridos aqui c agora ou, se preferirmos, já se cumpriram embora não saibamos, por­que em realidade não vivemos neste mundo, mas sim fora dele, ao lado, na ilusão de um mundo que acreditamos real porém que é apenas a interpretação que fazemos dele. Para conhecer este mundo, é preciso conhecer-se a si mesmo. Na Logion (ou sentença) 67 do evangelho de Tomás (considerado um texto apócrifo pelo ca­tolicismo), Jesus diz: "Aquele que conhece o Todo, se se pri­var de si mesmo, priva-se do Todo". Em outras palavras, o que conhece o mundo, não conhece nada se não se conhecer a si mesmo.

NO JOGO DE CARTAS

O aparecimento deste arcano anuncia uma realização, uma finalização, uma felicidade total, um êxito completo, uma alegria perfeita. Às vezes, revela também um estado de ânimo, os pensamentos e sentimentos que unem os seres, uns aos outros, as preocupações de ordem coletiva ou co­munitária, as altas aspirações, as moti­vações nobres e generosas. Mas a pre­sença deste arcano no lance de cartas simboliza outras vezes apenas o con­junto de nossa situação em um mo­mento de nossa vida.

FICHA DESCRITIVA DO MUNDO

Vigésimo primeiro arcano do Tarô adivinhatório. • Letra:

S. • Número:

300. • Significados:

Cumprimento, finalização, comunhão, plenitude.

• Verbos: Cumprir, obter, conseguir, saciar.

• Personalidade: Uma pessoa feliz, plenamente realizada, generosa, doce, ou simplesmente com grandes possibilidades, grandes riquezas ou certos poderes.

• Situação: Uma situação geral que engloba todos os aspectos da vida de uma pessoa em um momento determinado, um êxito absoluto, uma total satisfação.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Relação com Netuno, segundo regente de Peixes (realização) e de Sagitário (êxito), e com o Sol (a coroa).

AS INTERPRETAÇÕES DO MUNDO Significados positivos • Realização • Êxito • Fim de um empreendimento ou es­

forço • Felicidade completa • Gozo perfeito • Grandes perspectivas • Possibilidades de expansão • Abertura para o mundo

• Idealismo • Espírito iluminado...

Significados negativos • Dependência das influências

exteriores • Ambições excessivas, irreais,

utópicas • Falta de cumprimento, imperfeição • Sacrifício necessário...

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Símbolos e interpretação dos arcanos maiores

0 ou 22. O Louco P or que este arcano, chamado o

Louco, é chamado em certos Ta¬ rôs, como o de Marselha, Le Mat? Este termo, Mat, está intimamente relacio­nado com a tinta mate ou com o mas­tro de um barco, mas deriva da ex­pressão árabe as-sah mat(a) que significa "o rei morreu". Precisamente, a refe­rida expressão é a que traduzimos quando jogamos xadrez com a locução "xeque-mate". Assim, na antiga Pérsia, por exemplo, o rei e o jogo de xadrez tinham o mesmo nome: sah (quem não se lembra do último xá da Pérsia, Reza Pahlevi, que reinou até 1979) e mat(a) (que significa "sem saída, desesperada, uma situação de loucura... Deram-lhe mate. É esta a situação em que se en­contra o personagem representado neste arcano e que parece efetivamente fugir a toda a pressa?

INVOLUÇÃO, EVOLUÇÃO Sim, exceto que não foge, mas sim, ao tomar consciência de que está em uma situação sem saída, decide dar meia-volta ou, mais exatamente, levar a cabo a famosa "inversão das luzes" que apa­rece na Estrela, o décimo sétimo ar­cano maior. Realiza um retorno sobre seus próprios passos, uma regressão, uma involução, ou seja, um retorno e, ao mesmo tem­

po, uma penitência. O termo penitên­cia ganhou uma conotação pejorativa e restritiva, longe do seu significado original: para nós, associa-se sempre à idéia de castigo ou de pagamento pe­las próprias faltas. A prova é que a pe­nitenciária é de fato o lugar onde al­guém paga suas penas. Entretanto, a involução tem mais um paralelismo com o hexagrama 24 do I Ching: a Renovação. Esta "renovação" identifica-se com o retorno da luz, que tinha desaparecido. "O retorno baseia-se no curso da natureza, chamado I Ching. O movimento é circular. A via acaba sobre si mesma. Por isso, não se deve precipitar nada de forma arti­ficial. Tudo acontece espontaneamente quando chega sua hora. Esta é a Via do Céu e da Terra", diz um passagem do I Ching. Nosso personagem compreendeu, portanto, que deve voltar ao ponto de partida, voltar às origens, involuir para evoluir. Por esta razão, o Louco é, ao mesmo tempo, o último arcano maior ou, mais precisamente, um arcano grande demais, com o número 22, e o primeiro ou, mais exatamente, o pri­meiro antes do primeiro (tal como existe o penúltimo), com o número zero, o zero das origens, do nada, do absoluto.

vigésimo segundo arcano maior

do Tarô adivinhatório

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"No meu final está o meu começo", dizem os Evangelhos. Aqui também encontramos o sentido profundo do símbolo da cruz, representada pela letra hebraica atribuída ao Louco, o Tâv, cujo valor numérico é 400, e seu significado é "a marca, o sinal". Na Antigüidade representava-se com um X, antes de adaptar a forma do nosso T, da letra grega Tau. Este significado alude à reunião depois da separação ou a reunir o que foi separado em um princípio. Tudo isto é o que representa o Louco e para onde ele tende e corre, vol­tando-se previamente para encontrar seu ponto de origem. Contrariamente ao que se crê e se diz dele, não foge, não está perdido. É decidido, caminha com passo seguro. Sabe para onde vai: para si mesmo. Leva o mundo no seu rebanho ou, mais precisamente, o Mundo, ou seja, tudo aquilo represen­tado pelo vigésimo primeiro arcano maior. E, caso esteja louco, como seu nome poderia sugerir, trata-se da lou­cura a que fazíamos alusão ao falar do Sol, o décimo nono arcano maior. Tra­ta-se da sabedoria divina, que é pura loucura neste mundo. Quanto ao ani­mal que o persegue e parece querer de­tê-lo agarrando-se a ele e tentando até morder-lhe, e que apresenta todas as características de um cão, trata-se na realidade de um chacal. Assim, nem a morte consegue reter o nosso Louco, que se tornou "tão forte quanto a morte"!

NO JOGO DE CARTAS

Sendo o Louco o arcano 22, significa uma partida repentina, uma iniciativa entu­siasta, uma passagem, uma viagem, uma mudança, um ataque de loucura, um pe­ríodo de transição. Quando este arcano é o número 0, tem a ver com um retorno, uma regressão, uma involução necessária antes de dar o grande salto. Em resumo, este arcano anuncia que vai para a frente ou então um retorno sobre si mesmo.

FICHA DESCRITIVA DO LOUCO

Vigésimo segundo arcano maior do Tarô adivinhatório • Letra:

T. • Número:

400. • Significados:

Retorno, involução, partida, evolução.

• Verbos: Voltar, partir, regressar, evoluir.

• Personalidade: Uma pessoa vítima de um impulso irresistível, que vai, volta, avança, move-se, evolui.

• Situação: Uma mudança brusca da situação,

uma partida, uma viagem, uma situação transitória, uma pas­sagem, horizonte a franquear, um fim último que se t em de atingir.

CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Relação com os Nodos da Lua, juntamente com quem forma o eixo da involução e da evolução.

INTERPRETAÇÕES DO LOUCO Significados positivos • Partida • Viagem • Retorno, chegada, se vai para

alguém ou um lugar, alguém vem até nós

• Mudança • Evolução • Progresso • Proeza • Situação que se tem de dominar • Objetivo a atingir

Significados negativos • Vadiagem • Extravio • Busca inútil • Involução • Regressão • Loucura • Fuga • Erro

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A interpretação dos arcanos menores

Dos oitos aos reis

Os arcanos menores também têm sua relação com a roda zodiacal e, principalmente,

com as 12 Casas do Zodíaco, a Lua e o Sol.

OITO DE PAUS Progresso, mutação, rutura, mudanças pro­vocadas ou sofridas no trabalho.

OITO DE COPAS Relações amorosas apai­xonadas, sensualidade exacerbada, posse, tensões ou conflitos na vida afetiva.

OITO DE OUROS Herança, empréstimo, indenização, ou sus­pensão de um lucro, de uma receita ou per­das financeiras, investi­mento.

OITO DE ESPADAS Desacordo, conflito ou dificuldades pelas quais tem de lutar, riscos no plano da saúde, impul­sividade, imprudência, discussões.

NOVE DE PAUS Força, firmeza, poder, domínio dos aconteci­mentos, situação estável, gravidade, expansão, promoção.

NOVE DE COPAS Sentimentos profundos, elevados, estáveis, sere­nos, equilibrados, es­tima, consideração via­gem de prazer, evasão.

NOVE DE OUROS Consolidação ou ex­pansão da situação fi­nanceira, receitas regu­lares, vida confortável, economia, generosi­dade.

NOVE DE ESPADAS Descobertas, evolução do pensamento, estudos superiores, profundi­dade de idéias, con­vicções sólidas.

DEZ DE PAUS Progresso e êxito graças ao esforço, ao talento, à competência, inde­pendência, com vistas a uma posição.

DEZ DE COPAS Sentimentos recíprocos, felicidade, alegria, pleni­tude na vida amorosa, realização dos desejos.

DEZ DE OUROS Situação próspera, êxito financeiro, aumento dos lucros ou da fortuna, negócios vantajosos.

DEZ DE ESPADAS Consideração, estima, reconhecimento de mé­rito, distinção honorí­fica, reputação, vitória, triunfo.

VALETE DE PAUS Recebimento de uma mensagem, uma notícia, uma informação, plano ou projeto a longo prazo, amigo leal, sus­tento, apoio.

VALETE DE COPAS Reencontro, nova ami­zade, prova de afeto, carta de amor, desejo ou esperança que se realiza.

VALETE DE OUROS Lucro ou benefício inesperado, surpresa, presente, recebimento de uma quantia de di­nheiro, ajuda financeira, projeto proveitoso.

VALETE DE ESPADAS Imaginação, invenção, criação, elaboração de um projeto original, novo, surpreendente, espírito vivo, perspicaz.

CAVALEIRO DE PAUS Força moral, valentia, vontade que favorece as mudanças úteis e bené­ficas, gestão discreta, viagem ou trabalhos se­cretos.

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CAVALEIRO DE COPAS Amor secreto, sentimen­tos idealistas, doçura, inspiração, mudanças acertadas na vida íntima, união ou relação escon­dida.

CAVALEIRO DE OUROS Cálculo, economia, in­vestimento prudente, re­ceitas misteriosas, fim dos problemas de di­nheiro, mudanças positi­vas na situação financeira.

CAVALEIRO DE ESPADAS Esforços, luta para resol­ver um problema, inda­gações, investigações ou estudos secretos, cora­gem, audácia, exploração.

DAMA DE PAUS Mulher amável, cari­nhosa, compreensiva, dedicada; esmero, ho­nestidade, sociabilidade, indulgência, harmonia, situação equilibrada.

DAMA DE COPAS Mulher amável, carinhosa, compreensiva, dedicada; esmero, honestidade, so­ciabilidade, indulgência, vida harmoniosa, situação equilibrada.

DAMA DE OUROS Mulher rica, interesseira, calculista ou generosa; venda, negócio provei­toso, intuição financeira, sentido de comércio, si­tuação confortável.

DAMA DE ESPADAS Mulher de ação, passio­nal, inteligente; espírito vivo, iniciativas audazes e frutíferas, sentido de oportunidade, situação que progride.

REI DE PAUS Homem com posição de alta responsabilidade, poder, íntegro e compe­tente; espírito prático, realização concreta, do­mínio.

REI DE COPAS Homem de bom co­ração, generoso, franco, solidário, compreensivo, pai de família; sustento, colaboração, associação, prova de afeto, amor.

REI DE OUROS Homem de negócios, com uma situação con­fortável, financeiro ou co­merciante; prosperidade, gestão, economia, investi­mento, compra, venda.

REI DE ESPADAS Homem de ação, ener­gético, inteligente, luta­dor, determinado; em­presa audaz, luta, forte afirmação de si mesmo, concretização.

ANALOGIAS ENTRE OS ARCANOS MENORES E AS CASAS DO ZODÍACO

Ás-casa I: iniciativa, empresa, começo, ação. Dois-casa II: posse, aquisição, ter, vida ma­terial, dualidade. Três-casa III: espírito prático, sociabili­dade, relações, trocas, adaptação, escolha, decisão. Quatro-casa IV: vida familiar, fundamen­tos, construção, realização material. Cinco-casa V: criação, nascimento, reno­vação, amor, produção, convicção, fé. Seis-casa VI: vida cotidiana, trabalho, saúde, vicissitudes, dificuldades, limites. Sete-casa VII: acordo, associação, união, aprovação, reconhecimento. Oito-casa VIII: mudança, transformação, final e reinicio, ultrapassar os limites. Nove-casa IX: evolução, expansão, pro­moção, ampliação do horizonte intelec­tual, social e geográfico. Dez-casa X: êxito, cumprimento, inde­pendência, ambições satisfeitas. Valete-casa XI: projetos, idéias originais, propostas, relações, amizades, ajudas.

Cavaleiro-casa XII: força moral, conheci­mento ou tomada de consciência que leva a uma mudança imediata e profunda de atitude ou comportamento. Dama-Lua: mulher que tem um papel im­portante na vida de quem consulta no mo­mento de jogar as cartas. Se a pessoa que consulta for uma mulher, trata-se dela mesma representada pela dama de paus, copas, ouros ou espadas, que está em seu lance de cartas. Mas também, mesmo sendo uma mulher que consulte, também pode se tratar de outra mulher que in­tervém ou intervirá em sua vida. Rei-Sol: homem que tem um papel de­terminante na situação do que consulta no momento de jogar as cartas. Pode tra­tar-se dele próprio, se quem consultar for um homem. 0 que anteriormente explicamos para a dama é válido também para o rei de paus, copas, ouros e espadas, mas desta vez, ob­viamente, o que foi dito deve aplicar-se a um homem.

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A interpretação dos arcanos menores

Dos ases aos setes Em um lance de cartas, os arcanos menores fornecem informações

complementares, que não devem ser desprezadas, às reveladas pelos arcanos maiores.

Da mesma forma como os 22 arca­nos maiores apresentam numero­

sas analogias com os signos e os deca­natos do Zodíaco e seus regentes, os 56 arcanos menores estão relacionados com os signos do Zodíaco, distribuídos de três em três, ao ritmo das estações. Deste modo, as 14 cartas de paus co­rrespondem aos 3 signos da Prima­vera: Áries, Touro e Gêmeos; especial­mente a Touro. As 14 cartas de copas relacionam-se com os 3 signos do Verão: Câncer, Leão, e Virgem; especialmente com o signo de Leão. As 14 cartas de ouros são afins aos 3 signos do Outono: Libra, Escorpião e Sagitário; especialmente Sagitário. Por fim, as 14 cartas de espadas têm analogia com os 3 signos do Inverno: Capricórnio, Aquário e Peixes; espe­cialmente com o signo de Aquário. Além disso, da mesma forma como em astrologia os signos do Zodíaco nos re­velam informações pertencentes ao

campo da vida espiritual, enquanto as casas nos dão indicações sobre a vida material, assim também dizemos que os 22 arcanos maiores nos informam sobre a origem e as causas profundas das cir­cunstâncias e dos acontecimentos de nossa vida, na maioria das vezes ins­critos em nós, enquanto os arcanos me­nores nos revelam situações e fatos atuais ou futuros, presentes no nosso viver cotidiano. Com base nisso, as informações indi­cadas pelos arcanos menores em um lance de cartas são com certeza impor­tantes e precisas, embora devamos en­tendê-las apenas como informações complementares às indicações mais pro­fundas, mais sutis, reveladas pelos ar­canos maiores. Os primeiros arcanos menores de paus, copas, ouros e espadas estão relacionados com as 12 Casas do Zodíaco, enquanto os últimos (a dama e o rei de paus, de copas, de ouros e de espadas) estão re­lacionados com a Lua e com o Sol.

ÁS DE PAUS Capacidade de ação que favorece o êxito, a auto­ridade, o domínio das coisas, a força criativa e empreendedora.

ÁS DE COPAS Um sentimento novo, profundo, brilhante, uma prova de amor, fe­licidade, alegria, um acontecimento feliz.

ÁS DE OUROS Lucros, benefícios, en­trada de dinheiro, êxito financeiro, empresa lu­crativa, sorte, situação vantajosa.

ÁS DE ESPADAS Iniciativa audaz ou arriscada; criação origi­nal, valentia, vontade de vencer, vitória resul­tante da luta.

DOIS DE PAUS Oposição, discrepância, rivalidade, competência, emulação, obstáculo no âmbito de atividades profissionais.

DOIS DE COPAS Vida amorosa apaixo­nada ou passional, vida dupla, escolha afetiva a realizar, desavença sen­timental.

DOIS DE OUROS Conflito de interesses, dificuldades financeiras, desacordo em assuntos de dinheiro, meios li­mitados.

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DOIS DE ESPADAS Desafio, provocação, dualidade, competição, discussão, antagonismo, diferença, polêmica, incompatibilidade.

TRÊS DE PAUS Mudança, renovação, gestão, viagem, determi­nação, argumentação no âmbito de atividades.

TRÊS DE COPAS Relações agradáveis, convite, encontro, prova de afeto, espírito orien­tado para o amor e para os prazeres.

TRÊS DE OUROS Transação, negociação, investimento, entrada de dinheiro, gasto útil, atividade comercial lucrativa.

TRÊS DE ESPADAS Idéias originais, audazes, provocadoras, indepen­dentes, debate, arbitra­gem, projeto, reflexão, estudos.

QUATRO DE PAUS Esforços prolongados e recompensados, posição ou situação estável, domínio, firmeza, segurança.

QUATRO DE COPAS Vida afetiva e familiar harmoniosa e estável, vontade de preservar, confiança, autoridade no lar.

QUATRO DE OUROS Situação material con­fortável, garantia finan­ceira, aquisição, segu­rança, estabilidade, lucro a longo prazo.

QUATRO DE ESPADAS Espírito prático, realista, forte, concretização de idéias, êxito obtido graças à inteligência.

CINCO DE PAUS Aumento de responsa­bilidades, situação nova em vias de expansão, experiência, sentido de dever, seriedade, fiabilidade.

CINCO DE COPAS Nascimento, criação, cumprimento de um desejo, grandes senti­mentos, compromisso afetivo, conquista amorosa.

CINCO DE OUROS Melhoria nos lucros e da situação financeira, iniciativa benéfica, empresa vantajosa.

CINCO DE ESPADAS Idéias nobres, genero­sas, ambiciosas, causa de luta, novas con­vicções, espírito ilumi­nado.

SEIS DE PAUS Dificuldades, obstáculos, coações, empecilhos, atrasos, esforços, tra­balho laborioso, preciso, em um âmbito limitado.

SEIS DE COPAS Decepção ou insatis­fação sentimental, falta de amor, de espontanei­dade, dificuldades para amar ou ser amado.

SEIS DE OUROS Perdas ou restrições fi­nanceiras, gastos, dívi­das, trabalho mal pago, economias draconianas, problemas de dinheiro.

SEIS DE ESPADAS Desavença, incompre­ensão, depressão, can­saço intelectual c moral, problemas cotidianos, saúde delicada.

SETE DE PAUS Capacidade de ação que provoca a sorte, êxito conseguido com es­forços, concretização e êxito de um projeto.

SETE DE COPAS Imaginação e inspiração criadoras, grande amor, estado de graça, união, associação, acordo per­feito.

SETE DE OUROS Lucros, vantagens, êxito financeiro devido a mé­ritos ou a talentos pró­prios, circunstâncias benéficas.

SETE DE ESPADAS Espírito lutador, inte­ligência, poder de con­vicção, força de caráter, vitória sobre os aconte­cimentos.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

Os Reis Iremos descobrir os arcanos menores em grupos de quatro. Honra ao Rei de paus,

copas, ouros e espadas! Não é em vão que são chamados Virtudes.

Desde tempos imemoriais, muitos países, nações, impérios e vários

povos foram governados por um rei, o qual encarnava, além disso, o poder di­vino na Terra. Era um símbolo vivo, o representante ou o igual dos seus deu­ses, um ser imortal ou em fase de se converter em imortal. Os sumos sacer­dotes e chefes espirituais de todas as re­ligiões do mundo foram, portanto, os primeiros reis. Daí que Jesus fosse cha­mado Rei dos Reis. Ao converter-sc em herói — um chefe guerreiro que dirige seus exércitos para a batalha e consegue várias vitórias míti­cas, por exemplo — o homem passa para um plano divino ou espiritual. Aquele

rei que tem o poder absoluto e todos os privilégios converte-se às vezes —quase sempre, segundo a história— em um ti­rano. No entanto, na época dos gre­gos, o tirano, de origem romana, era um chefe político ou militar que tomava o poder pela força, o equivalente aos nos­sos ditadores. Faraó, imperador, sultão, califa, rajá ou monarca, o rei simboliza o poder ab­soluto, a autoridade, a lei, a ordem; é uma figura solar e paterna. Sendo a Índia o berço do Tarô adivi­nhatório — pelo menos no que se refe­re aos arcanos menores — não é estra­nho que exista uma relação entre os quatro Reis do Tarô e os quatro reis ce­

lestes hindus e budistas, isto é, os Guar­diães dos quatro pontos cardeais: • Vaishravana, O Guardião do Norte, que segura a bandeira da vitória, cujo pano está enrolado em volta do bastão; • Virûdhaka, o Guardião do Sul, que se­gura firmemente uma espada para pro­teger os homens contra o mal e as forças das trevas; • Dhritarâshtra, o Guardião do Leste, que toca um alaúde e cuja música ame­niza os costumes dos homens, purifica seus pensamentos e acalma seu espí­rito; • Virîpâksha, o Guardião do Oeste, que segura a serpente do conhecimento en­rascada em sua mão.

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O REI DE PAUS Personagem: trata-se de um pai de fa­mília, um chefe, um administrador de empresas, um homem que assu­me responsabilida­des materiais e mo­rais, que tem os pés sobre a terra. E rea­lista, concreto, só­lido.

Podemos contar com seu apoio e con­fiar nele. E sério, corajoso, bom con­selheiro, de grande sensatez. No en­tanto, pode chegar a ser autoritário, severo, sectário ou dogmático, dema­siado materialista e cético, egoísta, con­servador ou desprovido de sentimen­tos, sensibilidades ou emoções. Situação: é uma circunstância na qual se deve mostrar coragem, firmeza, re­tidão. Pode ser que tenha de produzir, de construir ou edificar algo sólido e du­radouro. Pode tratar-se de uma situação séria e estável, saudável, na qual pode­mos lançar-nos ou confiar totalmente. Finalmente, este arcano refere-se às vezes também a acontecimentos pre­mentes, pesadas responsabilidades a as­sumir, esforços difíceis e demorados a realizar.

0 REI DE COPAS Personagem: tra­ta-se de um ho­mem de coração generoso, leal, sin­cero, cuja bondade natural e honesti­dade inspiram con­fiança benéfica no seu meio. Este homem con­sola, tranqüiliza e dá segurança. Algu­

mas vezes pode ser uma pessoa culta, refinada, um esteta, um epicurista, um artista, outras vezes um sacerdote ou um homem entregue a uma causa nobre e generosa. Em todo caso, intervém sem­pre de forma positiva e benéfica. Seus

únicos defeitos são sua permissividade e sua falta de firmeza. Situação: é uma circunstância agradá­vel e feliz, uma alegria proporcionada quase sempre por um ser querido, um período de nossa vida em que nos sen­timos satisfeitos, realizados, um pro­fundo estado de bem-estar. E um dom que nos é dado, uma prova de amor que nos surge, um sentimento sincero que nos é revelado. Finalmente, trata-se às vezes da nossa imaginação, que nos leva a dar maus passos, ou uma inclinação excessiva para os prazeres dos sentidos.

0 REI DE OUROS Personagem: evi­dentemente que es­te Senhor, que se­gura uma moeda entre as mãos, re­laciona-se com tudo aquilo que compra e vende e, por asso­ciação, a todos os intercâmbios. Trata-se de um comer­ciante, um homem

de dinheiro ou negócios, um banqueiro, bem como um indivíduo que tem papel de chefe, líder ou que ocupa uma po­sição de primeira importância nas ati­vidades profissionais da informação e da comunicação ou, simplesmente, de um homem particularmente dotado para a negociação, os parlamentos e para transmitir. No entanto, por ser ambi­cioso e agir sempre em favor de seus in­teresses, pode ser um forte aliado ou um adversário temível ou corrupto. Situação: este arcano aparece sempre em uma circunstância durante a qual terá lugar uma transação de dinheiro importante, a compra ou a venda de um bem. Indica que se produzirá um bom negócio, um lucro importante, uma soma de dinheiro que nos pertence e que provém de boas mãos. A depen­der das circunstâncias, pode revelar também a generosidade ou a avareza, a sociabilidade ou a teimosia obstinada, uma inteligência flexível ou idéias fixas.

0 REI DE ESPADAS Personagem: esta­mos ante um ho­mem de ação, que age resolutamente quando é preciso, que distribui jus­tiça, que sabe o que tem de fazer em si­tuações de crise ou emergência, que é intervencionista por natureza, impondo-

se até mesmo pela força se lhe convier. Trata-se de um juiz, um justiceiro, um militar, um homem entregue a uma missão e a um poder pontual, que de­fende a ordem e a lei. Seus defeitos con­sistem em comportar-se de forma in­tempestiva ou arbitrária, em abusar de sua força e poder , ser impaciente, in­justo ou cruel. Situação: de crise ou urgência, que re­quer ação e intervenção sem demora; trata-se de uma circunstância difícil que pede para empregar meios extremos, um período na vida em que dominam as paixões e os sentimentos exacerba­dos. A cólera, a disputa, o conflito, tam­bém podem ser revelados com este ar­cano, bem como uma decisão injusta, um impulso irracional, um estado de espírito de ansiedade e impaciência.

0 que significa um arcano invertido?

Em um lance de cartas, depois de em­baralhar e escolher os arcanos maiores ou menores ao acaso, alguns deles podem aparecer invertidos. Há nisto, por acaso, um significado especial? Segundo alguns autores e pratican­tes do Tarô adivinhatório, parece que sim. Nossa opinião sobre esta questão é um tanto dissidente; no caso de cer­tos arcanos menores, como as copas e as espadas, podemos levar em con­sideração; para os paus e ouros, não. Quanto aos arcanos maiores, o sen­tido da carta no lance não muda nada o significado.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

As Damas A origem das Damas do Tarô encontra-se nas figuras de grandes deusas-mães; mas em seu jogo, trata-se também de quatro mulheres, cada uma com um caráter e um comportamento diferentes.

No Ocidente, embora a rainha man­tenha um papel preponderante na

administração do poder, foi sempre con­siderada o complemento do rei. No en­tanto, foi muitas vezes uma hábil con­selheira ou uma sutil instigadora e, afinal, a que tinha o controle das ré­deas do Estado. Através dos segredos de alcova, e à sombra do rei, as damas, e consequentemente as rainhas, exerce­ram sua influência e seu poder. Eram demasiado sentimentais ou demasiado emotivas para assumir o papel de au­toridade real. Claro que houve rainhas e imperatrizes, mas a imagem que temos delas é quase sempre a de mulheres que renegaram, em parte, suas qualidades

femininas. Podemos considerar que este poder foi outorgado aos homens pelas próprias mulheres, por uma preocu­pação mais sutil de dominação, con­servadorismo e protecionismo. Com efeito, a priori, as mulheres preo­cupam-se mais com o amanhã e com a duração do que os homens. Podem saber que decisão tomar, o que escolher, mas deixam aos homens a precaução e o risco de agir. Porém, desde a mais longínqua Anti­güidade, a mulher possui um poder que escapa aos homens: um poder sobre­natural. Sua sensibilidade e receptivi­dade naturais predispõem-na a formar um só corpo com a terra e estar em re­

lação com o mundo visível e invisível das forças da natureza. Por outro lado, é óbvio que sua facul­dade de dar à luz — a qual sente tanto como uma necessidade, como um de­sejo e que é uma espécie de sede de criação visceral e certamente a única que estamos completamente seguros e que é uma verdadeira conjuração contra a morte — tem tido desde há muito tem­po, inclusive antes da noção de pecado original, um caráter mágico. Devemos, portanto, relacionar nossas quatro Damas do Tarô adivinhatório com as grandes deusas-mães da Anti­güidade, mais do que com as rainhas da história universal.

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A DAMA DE PAUS Personagem: trata-se de uma mulher séria, bem assentada na vida material e social, no mundo físico e nas realida­des existenciais, consciente das ne­cessidades vitais, as quais sabe abrandar. Tem bastante san­gue-frio. Sabe en­

carar as dificuldades. É inteligente, pos­sui um espírito prático e muita sensatez. É afetuosa, reservada, tranqüila, dili­gente. Pode parecer, porem, uma mu­lher ciumenta, calculista, indiferente ou decidida com frieza, também às vezes orgulhosa. Situação: trata-se de uma situação be­néfica a nível material, com numero­sas vantagens, mas que requer muito es­forço, constância e realismo. Este arcano também pode revelar uma circunstância difícil ou adversa, a qual deve ser enfrentada com uma mistura de coragem, realismo e muita compre­ensão. Finalmente, aparece também quando devemos fazer uma reflexão para resol­ver um problema de ordem prática ou material.

A DAMA DE COPAS Personagem: nos encontramos obvia­mente diante de uma dama de gran­de coração, conci­liadora, terna, mui­to compreensiva, indulgente, conci­liadora, generosa, afetuosa, amante ou apaixonada. Também se trata de

uma mulher dedicada aos que lhe são chegados e aos que a rodeiam. Daí re­presentar a esposa, a mãe de família, a confidente, a amiga, a mulher protetora e maternal, atenta ao bem-estar e à fe­licidade dos outros. Às vezes, também

é uma mulher inteligente e culta, uma boa conselheira ou até uma mulher ge­nerosa, correta, franca, honesta. Mas pode chegar a ser dependente ou pos­sessiva, passiva ou inconstante. Situação: trata-se de uma situação re­lacionada com a vida sentimental, de um momento positivo ou feliz ao lado de uma pessoa querida, um encontro predestinado ou pelos menos impor­tante em nossa vida. Associa-se também a uma circunstância durante a qual terá que dar mostras de compreensão e de dedicação. Finalmente, a Dama de Co­pas revela um sentimento profundo ou uma emoção sentida.

A DAMA DE OUROS Personagem: pen­samos imediatamen­te na mulher de ne­gócios. Mas pode se tratar também de uma mulher que vive em condições confortá­veis, ou seja, rica ou numa posição folga­da, ou pelo menos com suas necessida­

des cobertas; ou, inclusive, uma mulher que sabe satisfazer suas necessidades, que sabe gerir seus haveres e seus bens, poupada e audaz. Pode tratar-se também de uma mulher que pede em prestado ou que empresta uma soma de dinheiro, que realiza uma transação financeira ou de atos e senti­mentos interessados. Finalmente, pode representar uma mulher egoísta, ava­renta, calculista, desconfiada ou desleal. Situação: costuma tratar-se de uma transação financeira, um movimento de dinheiro, no caso de uma venda, com­pra ou lucro qualquer. Mas também aparece quando é conve­niente ou necessário pôr ordem em seus negócios e contas, ou quando se propõe pedir um empréstimo para realizar um projeto. Finalmente, pode servir de aviso sobre uma certa tendência para a prodigali­dade ou dissipação de bens.

A DAMA DE ESPADAS Personagem: trata-se de uma mulher que sabe o que quer e como obtê-lo. Com efeito, passa à ação. É uma mulher racional, poderosa, corajosa, decidida, que age, toma par­tido e resolve. Tradicionalmente, é costume considerá-

la uma mulher madura. Mas também pode ser jovem e possuir uma certa ma­turidade, ser lúcida, crítica e ter sóli­das convicções que defende ou reivin­dica, a depender do caso. É raramente influenciável. Em contrapartida, pode ser vingativa, mal-intencionada, de má língua, insti¬ gadora ou implacável. Situação: trata-se de uma circunstân­cia em que a inteligência e a capacidade de ação têm seu papel, mas uma não existe sem a outra. Por exemplo, o caso de uma situação em que é útil refletir profundamente e argumentar antes de tomar uma decisão e agir. Este arcano também pode aparecer quando nos en­contramos diante de uma pessoa — nem sempre uma mulher — que se re­vela como um astuto adversário, hipó­crita ou perigosa. Neste caso, aconselha-se a ter prudência.

Como se sabe se um arcano menor

é benéfico ou maléfico? Não há nenhuma regra que permita res­ponder a esta pergunta. De fato, na cultura oriental, berço dos arcanos menores, nunca nada é definitivo. Por isso não devemos ceder à tentação do sistematicamente po­sitivo ou negativo, como é habitual no Oci­dente. Devemos, portanto, interpretar o sen­tido de cada arcano com precisão e ter sempre em conta os arcanos que o rodeiam. A partir daí, sua interpretação deve basear-se no jogo sutil dos contrários, que são ao mesmo tempo complementares.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

Os Cavaleiros Os quatro Cavaleiros do Tarô são mensageiros, protetores, principes, galãs.

Em primeiro lugar, consideramos conveniente advertir que, embora

no baralho tradicional este naipe receba o nome de "Cavalo", no Tarô deve ser citado como "Cavaleiro". Literalmente, o cavaleiro é um gentil-homem a cavalo. Sua origem vem do latim caballus, que significa "cavalo". Evidentemente, é ten­tador aproximá-lo à palavra "cabala", que aparece sob esta forma ortográfica no sé­culo XVI e que, na realidade, é uma de­formação da palavra hebraica qabbalah, que deriva do verbo qibel, que se pode traduzir por "receber uma tradição". No entanto, "cabala" e "cavaleiro" têm em comum uma consonância próxima e também o fato de, tanto o cavaleiro

como a cabala, transmitirem uma men­sagem e uma tradição. Efetivamente, os quatro Cavaleiros do Tarô são mensageiros, mas são também os príncipes guerreiros, tal como são descritos na Índia, onde se denomina­vam Kshatrias e, para os hindus, de­sempenhavam um papel protetor. Estavam vinculados ao Raja, qualidade fundamental do ser, segundo os hin­dus, que se manifesta sob uma forma de atividade, de audácia, de aspiração e de desejo. A este propósito, queremos recordar aqui que o berço dos arcanos menores do Tarô adivinhatório, como o conhe­cemos hoje, encontra-se na Índia, e

trata-se de um puro produto da cul­tura indo-européia. Alguns viram nos Cavaleiros do Tarô as figuras equivalentes aos quatro Cavalei­ros do Apocalipse. Porém, observamos que, no relato do Novo Testamento, trata-se de anjos que semeiam desastre e destruição sobre a Terra utilizando três calamidades, que são a guerra (sobre um cavalo alazão), a fome (cavalgando um cavalo negro) e a mortandade (no dorso de um cavalo ruão). O quarto cavalo (o branco) foi identificado com Cristo. Mas estes são, sem nenhuma dúvida, símbolos que nada têm a ver com nossos cavaleiros de paus, de copas, de ouros e de espadas.

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De fato, seria mais justo compará-los com os cavaleiros da Távola Redonda, princi­palmente com Lancelot, Percival, Gauvin e Galaad, fidalgos que servem uma gran­de causa, cuja audácia, valor, temeridade e aspirações elevadas os levaram a entrar na lenda: a do rei Artur e sua busca do Graal, em cujo centro se encontra a fi­gura mítica de Merlim, o Mago. É assim que o Cavaleiro do Tarô é mui­tas vezes portador de uma mensagem ou cumpridor de uma missão; tem, por­tanto, de desempenhar um papel, ou empreender uma ação, para fazer evo­luir as circunstâncias ou as situações. Sua presença anuncia sempre uma no­tícia, um movimento, uma deslocação, uma mudança, um progresso. Em prin­cípio, é essencialmente de bom augú­rio, visto que age com a intenção de pro­teger ou de prevenir.

0 CAVALEIRO DE PAUS Personagem: trata-se de um ser fran­co, muito sincero, leal, dotado de uma certa força moral e de um sólido senso comum. Só faz o correto e atua com conhecimento de causa. Concreto, construtivo, possui um espírito prático.

Anuncia sempre ou transmite algo de ordem material, sólido, sério, fiável, tangível. Explora suas energias e suas qualidades no mundo físico. Não é nem um sonhador nem um aventureiro, mas pode mostrar-se pe­remptório, obstinado, teimoso, dema­siado cartesiano, ter idéias fixas ou sim­plesmente ater-se ao que lhe pedem, sem pensar nas conseqüências de seus atos. Situação: é uma notícia que se espera e que chega na hora prevista, que traz uma confirmação, um apoio sério, uma certeza, uma prova tangível. E uma via­gem ou uma deslocação que empreen­demos com fins utilitários e que, com freqüência, será produtivo. É também

uma oportunidade ou uma proposta para realizar ou construir algo sólido e duradouro na vida.

0 CAVALEIRO DE COPAS Personagem: trata-se de um ser provi­do de uma grande bondade, solícito, atento, afetuoso, di­ligente c dado. Demonstra muita boa vontade. Trans­mite bom humor, alegria de viver e entusiasmo pelos que o rodeiam.

Costuma ser portador de boas notícias. Às vezes representa o pretendente, o amante ou o marido apaixonado. E amável, encantador e sedutor. Quer gostar e chamar a atenção, mas pode ser influenciável, vaidoso, fraco, superficial ou com falta de sinceridade. Situação: quando se trata de uma no­tícia, podemos estar certos de que será boa, que originará alegria ou um mo­mento agradável. Pode ser, por exem­plo, um convite, uma proposta agra­dável, uma carta de amor ou de uma pessoa querida. Às vezes um encontro, uma visita, uma entrevista amável ou agradável. Pode também tratar-se de um dom ou de um presente, ou do anún­cio de uma promoção ou de uma gra­tificação qualquer.

0 CAVALEIRO DE OUROS Personagem: é um ser que tem o papel de intermediário ou de mediador no ne­gócio que se está tratando ou se está realizando. É quase sempre digno de confiança e podemos estar certos de que saberá defender nossos in­

teresses. Às vezes, este cavaleiro somos nós mesmos quando temos de defen­der sozinhos nossos próprios interesses

ou uma causa importante para nós. Pode tratar-se também de um hábil conse­lheiro para tudo aquilo que tem a ver com transações e assuntos de dinheiro. Mas também pode mostrar-se sob os traços de um personagem despreocu­pado ou mesquinho, negligente ou ávido, esbanjador ou calculista. Situação: trata-se muitas vezes de uma circunstância na qual devemos recorrer a uma terceira pessoa para realizar uma transação comercial ou financeira. Mas é também o caminho que empreende­mos ou a boa notícia que recebemos em relação a um aumento de salário. Pode tratar-se de uma grande negociação, de um empréstimo ou de um crédito que se contrai, um investimento financeiro ou um quantia de dinheiro que nos devem e que recebemos.

0 CAVALEIRO DE ESPADAS Personagem: trata-se de um ser valen­te, audaz, que salta os obstáculos e as dificuldades para prestar ajuda, cola­borar ou socorrer o próximo. Não hesita em to­mar iniciativas, em ir em frente, em in­tervir de maneira

enérgica, em cortar radicalmente as si­tuações. Sabe mostrar-se firme e de­cidido. Possui o sentido do dever, res­peita a lei e a moral. É combativo, mas pode mostrar-se suscetível, desconfiado e inconstante, reivindicativo, às vezes até mesmo brusco e violento. Situação: é uma circunstância difícil ou conflituosa na qual estamos envolvidos ou em que intervém um mediador, um advogado, por exemplo, que representa este cavaleiro. Às vezes trata-se também de um acontecimento repentino em nossa vida, que desbloqueia uma si­tuação ou resolve um problema de forma brusca, de um dia para o outro. É uma situação contra a qual convém reagir rapidamente com denodo, fir­meza e uma certa habilidade.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

Os Valetes Se os Cavaleiros são criados, então quem são os Valetes?

São discípulos, conselheiros ou sábios de uma juventude eterna.

Um Valete não é um criado, um jovem de recados, um mensageiro

também, quem sabe um príncipe, que aprende na vida servindo? Não se diz habitualmente que reinar é servir? O que significa que quem exerce uma au­toridade, um direito, uma dignidade, submete-se ainda ao seu dever, estando ao serviço de seus súditos, se for um rei, por exemplo. Não se diz que os homens e as mulheres que assumem altas res­ponsabilidades na administração de um país moderno, são funcionários públi­cos, servidores da República? Se aceita­mos isto, reinar é então sinônimo de servir. Parece então que o Cavaleiro ou

o cavaleiro andante, e o Valete têm mui­tos pontos em comum. É sem dúvida uma das razões que le­varam os fabricantes de naipes a sacri­ficar o Cavaleiro a favor do Valete, quando adaptaram os arcanos meno­res para fazer o primeiro jogo de car­tas com emblemas reais, pois, segundo eles, a diferença entre o Valete e o Cavaleiro era ínfima, e o primeiro pa­recia assumir perfeitamente todos os pa­péis do segundo. O Valete era príncipe, mensageiro, servente. No entanto, pos­suía pelo menos duas qualidades que o distinguiam de forma clara do Ca­valeiro e que justificavam sua presença

no jogo do Tarô: podia aparecer como discípulo ou conselheiro. São caracte­rísticas que, com o tempo tinham desa­parecido ou tinham sido escondidas, em favor das do criado, do vassalo, do ho­mem novo — etimologicamente, "vas­salo", do latim vassus, que significa ser­vente, deriva do gaulês gwas, homem novo —. Da mesma forma, nos sím­bolos e interpretações dos valetes de nossos arcanos menores, as qualidades de discípulo e de conselheiro estão ana­logamente vinculadas com o saber e sua transmissão. Foi nas grandes figuras dos sábios que se foram buscar suas repre­sentações simbólicas.

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VALETE DE PAUS Personagem: trata-se de um jovem ou de um personagem enérgico, apaixo­nado, determinado a adquirir sabedo­ria ou com sólidos e amplos conheci­mentos sobre uma ciência e com ta­lento pedagógico. E às vezes um in­

divíduo que elabora um estudo, uma investigação, ou que simplesmente procura o conhecimento da verdade. Pode tratar-se de um indivíduo dotado de certa criatividade, que sabe explorá-la, que intervém com o objetivo de em­preender um projeto ambicioso a longo prazo, ou para ajudar em sua realização. Às vezes sua ação pode ser meramente interessada, ou pode ter uma idéia fixa, pouca flexibilidade e pouca capacidade de adaptação. Situação: é uma boa notícia que nos chega, um apoio ou um aval efetivo que nos é dado, ambos para favorecer a realização de um projeto. É um passo que se dá diante de uma pessoa ins­truída ou sagaz, para realizar uma obra construtiva ou obter alguma coisa de concreto. E também a oportunidade que se nos apresenta para aplicar uma sabedoria, um conhecimento, estudos, um savoir

faire, um talento ou os frutos de uma ex­periência pessoal.

VALETE DE COPAS Personagem: trata-se de um ser sacri­ficado, bom, carita­tivo, muito atento ao próximo, que põe seus conheci­mentos e sabedoria ao serviço dos ou­tros. Suas intenções são louváveis, sua von­tade de fazer as coi­

sas bem feitas é evidente. É um conci­

liador hábil, um bom conselheiro em assuntos do coração, da vida sentimen­tal, das relações humanas. É um jovem de coração bom, apaixonado, artista, poeta, ou que tem uma motivação, uma vocação, um ideal. Às vezes falta-lhe profundidade, sinceridade ou constân­cia, ou pode agarrar-se a idéias super­ficiais ou viver em um mundo de meras aparências. Situação: é uma mensagem que transmitimos, uma declaração ou uma confissão que fazemos, uma car­ta que escrevemos ou recebemos no âmbito de nossa vida sentimental. Trata-se às vezes de um primeiro en­contro amoroso, de uma nova amiza­de que nasce, do testemunho de uma prova de afeto. Ou pode tratar-se inclusive de uma esperança, de um desejo que podemos realizar. Mas pode também tratar-se de uma proposta honesta ou duvidosa, conforme o caso, ou um convite que recebemos.

VALETE DE OUROS Personagem: trata-se de um jovem com aptidões, com um certo talento em um determina­do campo. No en­tanto, o uso ou o aproveitamento que dele fará é sempre incerto ou ambí­guo. Ou então é uma pessoa com

uma certa perspicácia para assuntos de dinheiro; seus conselhos podem pare­cer úteis, porém nunca serão desinte­ressados. Pode também tratar-se de um indivíduo hábil para sair das situações mais complicadas, que aprende e en­tende rapidamente, ou de um persona­gem duvidoso, sedutor, inteligente mas ganancioso, ávido e sempre disposto a tudo para satisfazer seus desejos ou suas ambições. Situação: trata-se de uma situação na qual se tenta fazer um investimento ou fazer frutificar inteligentemente

seus bens. Para consegui-lo, serão ne­cessários conselhos sábios. É também um lucro, um benefício que se obtém em uma ocasião ou através de uma oportunidade. Pode tratar-se simplesmente de uma compra muito agradável, de uma gra­tificação, de um prêmio ou de um pre­sente que recebemos. No entanto, pode ser que este arcano anuncie também um acontecimento surpreendente ou desagradável, rela­tivamente à nossa situação econômica nesse momento.

VALETE DE ESPADAS Personagem: se tra­ta de um homem jovem, imaginativo, inventivo, criativo ou intelectualmen­te brilhante, ávido de saber, de conhe­cer, de entender, às vezes caprichoso ou vaidoso, visto que possui grandes faci­lidades. Também

pode tratar-se de uma pessoa de mente ágil, muito perspicaz, capaz de encon­trar soluções imediatas para os proble­mas mais delicados, mas que possui um caráter autodidata e independente. Pode parecer indisciplinado, suscetível ou te­mível se nos for hostil. Suas intenções nem sempre são boas, é ele que nos dita sua lei, nos obriga, ou é portador de más notícias. Situação: é uma situação na qual é preciso agir ou raciocinar rapida­mente, uma situação de crise que ne­cessitará a certa altura da intervenção de uma pessoa com muita experiên­cia e capaz de tomar decisões rapi­damente. Pode tratar-se de um acontecimento perturbador, que nos obrigue a escolher, a multiplicar a atividade, a fazer uso de habilidade, de perspicácia, de discrição. Para terminar, é às vezes uma situação na qual é necessário fazer uma revelação ou pôr na mesa tudo aquilo que se pensa.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Dez Os quatro naipes do dez, arcanos menores, que ainda nos restam a estudar, já não são figuras,

mas sim números representados por paus, copas, ouros e espadas.

D a mesma forma que a Roda da For­tuna, o décimo arcano do Tarô —

que simboliza, entre outras coisas, a roda dos nascimentos, o eterno retorno do vi­sível ao invisível, o ciclo sem fim da vida à morte e da morte à vida, a passagem repetida do que está acima ao que está abaixo e do que está abaixo ao que está acima —, o número 10 é um final, um símbolo do Todo que engloba tudo aquilo que é. É um retorno à unidade do Um. Esta simbologia vem ilustrada pelo fato de que, se somamos todos os nú­meros até dez, obtemos 55; se somamos 5 mais 5, o resultado é 10 e se soma­mos 1+0, regressamos de novo ao 1.

Também, a constituição da pirâmide, ou pilar do mundo, repousa sobre os qua­tro primeiros números que, somados, formam o número 10. Trata-se do fa­moso Tetraktys de Pitágoras, pirâmide má­gica que continha simbolicamente o con­junto dos conhecimentos — relacionado com o oráculo de Apolo de Delfos —, re­presentava a harmonia perfeita do mun­do, o princípio fundamental e essencial de todas as coisas. O paradoxo do Tetrak­tys reside no fato de que é um quaterná­rio representado por uma pirâmide, cuja base está formada pelo número quatro. Este número simboliza o elemento Terra; o segundo nível é constituído

pelo número 3, que representa o ele­mento Água; o terceiro nível é o nú­mero 2, que representa o elemento Ar, e o vértice é o número 1, ou elemento Fogo. Encontramos novamente os qua­tro elementos que servem de base para o Zodíaco. O número 10 contém uma simbologia importante que orienta de forma sistemática em direção a uma sín­tese, um valor absoluto, uma base e uma realização, em direção ao perfeito, ao "Todo no Um" ao qual se referem mui­tas místicas. Assinalemos que o Tetraktys era uma fonte de inspiração e de reflexão para os arquitetos do mundo antigo, e que continua sendo o mesmo hoje.

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O DEZ DE PAUS Personagem: este ar­cano menor repre­senta ou significa uma pessoa vito­riosa ou que anun­cia boas notícias. Pode tratar-se de um reconhecimen­to, uma promoção, uma gratificação ou um sucesso. Pode tratar-se tam­

bém de um personagem com caráter in­dependente, com muita sorte na vida profissional ou também na vida mate­rial e social. Situação: trata-se de uma circunstân­cia de êxito conseguido por esforços e méritos pessoais. Assim, refere-se a uma oportunidade de ampliar nosso campo de ação, de dispor de novas possibilidades e de ter novas perspectivas de desenvolvimento em um âmbito particular. De qualquer forma, estamos na pre­sença de uma realização material, con­creta e com sólidas bases. Exclui-se totalmente todo o caráter efê­mero. Em contrapartida, implica em atuar em todas as frentes, ser perseverante, não baixar as defesas e poder aproveitar todas as armas das quais dispomos para poder construir a longo prazo.

0 DEZ DE COPAS Personagem: este ar­cano representa um indivíduo que vive com certa plenitude psicológica e moral, que possu i um equilíbrio interno, uma boa mentalida­de, do qual emana um calor humano autêntico, benéfico e benévolo.

Da mesma forma, pode tratar-se de uma pessoa muito apaixonada, com senti­mentos sinceros ou simplesmente feliz e aberta.

Situação: o triunfo e a vitória são al­cançados ou no campo artístico e cria­tivo, procurando grandes satisfações materiais e outorgando recompensas, ou também na vida social, profissio­nal e amorosa, na qual se sente feliz e satisfeito. Em ambos os casos, as vantagens ob­tidas favorecem nosso crescimento e nossa felicidade. Trata-se de uma vida sem problemas, sadia, serena, harmoniosa, fundada sobre os pilares da confiança mútua e sólidas afinidades.

0 DEZ DE OUROS Personagem: em um lance de car­tas, este arcano menor represen­ta uma pessoa que possui uma certa soltura, van­tagens materiais ou econômicas apreciáveis, po­rém obtidas ex­clusivamente com

muitos esforços. Às vezes, trata-se também de uma boa notícia sobre lucros financeiros. Obtém-se o merecido, consegue-se um nível na vida social digno de sua capa­cidade e suas qualidades. A pessoa em questão se encontra no status que me­rece e recebe o que é de seu direito. Situação: como podemos imaginar, é no âmbito da vida material, prática ou econômica que habitualmente se obtém o êxito. Muitas vezes, com este arcano, colhe--se o que se semeou. A partir daí, os lucros, proveitos e van­tagens devem-se quase exclusivamente a méritos pessoais, mais do que às cir­cunstâncias. Este arcano é identificado como o do conforto material e moral, da segu­rança, de uma vida familiar e do­méstica desenvolvida, de um meio de vida agradável. Esta carta revela uma realização na si­tuação social, profissional e econômica.

0 DEZ DE ESPADAS Personagem: pode tratar-se de um ser dotado de uma in­teligência brilhante ou mentalmente forte, porém rigo­roso tanto consigo mesmo como com os demais. É uma pessoa de­cidida a chegar até o final do que em­

preende, de suas lutas, de um conflito ou de um combate. Situação: este arcano indica um estado de lutas constantes e passionais que levam à realização através da força, ao valor e à vontade. Quem deseja algo, tem que pagar algo, porém se o preço é aceito, tem o sucesso garantido. Aparece nas situações de con­flito e de crises que estão a ponto de serem solucionadas. Na presença do dez de espadas pode­mos estar seguros de receber uma boa notícia que irá neste sentido. Para fi­nalizar, revela um bom estado de saúde, grandes energias e uma capacidade de ação construtiva.

A propósito do dez 0 dez de paus, de copas, de ouros e de espadas nos colocam frente a um de­senlace, um resultado, uma conclusão. Porém, por sua simbologia, que implica um retorno à Unidade, o dez informa que o fim não é definitivo. Não devemos esquecer esta observação quando este lance aparece. Por outra parte, podemos recordar que a palavra "dez" procede do latim de­cem e deu lugar a derivados como de­zembro (o décimo mês do ano no antigo calendário romano), dizimar (que ori­ginalmente significava matar um sol­dado em cada grupo de dez) e a décima (direito de dez por cento que antiga­mente se pagava às autoridades ecle­siásticas).

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Nove P odemos afirmar que tudo que é

novo acaba de nascer. É isto que acontece com o número 9, pois revela um número sagrado que anuncia o final de um ciclo. O Nove encontra-se em analogia com o que está descoberto e com o novo, pa­lavra que procede do latim novus, e que significava tanto "novo" como "jovem" ou "último". Por seu lado, o nome do 9 tem origem no latim novem, termo que também originou "novembro", o nono mês do ano romano, transfor­mado no décimo primeiro do nosso ano, com o que perdeu seu sentido ini­cial. O mesmo acontece com setem­bro (sete), outubro (oito) e dezembro (dez). Assim, não só já não vivemos mais ao ritmo das estações nem na hora do Sol — temos uma hora a mais com res­peito ao Sol do Outono e Inverno, e

duas horas na Primavera e Verão —, como nosso calendário mesmo e o nome dos meses que o integram já não significam nada. N o entanto, a novidade — ou tudo que é novo — e o número 9 se unem simbolicamente, no tempo necessário para a gestação do feto na vida intra-uterina, quer dizer, 9 meses, ao final dos quais nascerá um novo ser. Desta forma, tudo que se refere ao nú­mero 9 — utilizado aqui para unir os paus, as copas, os ouros e as espadas que figuram nos arcanos menores do Tarô adivinhatório — convém ser re­lacionado com este ciclo perfeito que rege a gestação da vida e o nascimento, portanto, a aparição de um novo ser. Se o 10 coincide com um retorno à unidade, podemos considerar que o 1 em questão surge do 9. De fato, este

retorno à unidade só será possível na medida em que acrescentamos um 1 ao 9 para obter 10. Mas se somamos todos os números (1 +2+3+4 . . . ) até chegar a 9, obtemos o número 45 que, ao se somar seus al­garismos formadores (isto é, 4+5) , é igual a 9. O Nove é, portanto, um fun­damento, um princípio de base, um padrão. E nos arcanos menores do Tarô representa uma gestação, um exame profundo, uma concentração de ele­mentos ou interesses dirigidos para o mesmo objetivo, uma força interiori­zada que irá até o final do ciclo para que apareça algo novo, ou, dito de outra forma, uma novidade, uma evo­lução invisível porém profunda e, de maneira mais pragmática, a garantia de um êxito, um triunfo, um resultado ou final feliz, obtido graças à perseverança, paciência, receptividade e tenacidade.

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O NOVE DE PAUS Situação: trata-se de uma situação na qual a pessoa tem um interesse pri­mordial em manter suas posições, sem reivindicação, po­rém com uma mis­tura de doçura e firmeza, tendo a certeza de alcançar seus objetivos com

o tempo. Este arcano significa também o progresso, uma melhora ou uma re­alização concreta, que se obteve atra­vés de uma atividade concreta, graças à qual é suscetível de reforçar sua po­sição. N o entanto, este resultado não será obtido sem dificuldades nem obs­táculos, o que pode estar em relação com adversários potentes ou um am­biente hostil. Personagem: este arcano nos mostra um personagem decidido a conseguir seus objetivos, de forma selvagem porém se­creta, que não se deixa desanimar por nenhuma dificuldade nem obstáculo. Aparece também às vezes quando es­tamos diante de alguns problemas de saúde, quando nos falta energia e ten­demos a usar mal nossas forças.

0 NOVE DE COPAS Situação: é princi­palmente neste ar­cano onde o núme­ro 9 e o que é novo se unem. De fato, esta carta aparece com freqüência pa­ra anunciar um nas­cimento, uma cria­ção, uma inovação, uma iniciativa que permitirá empreen­

der ou realizar algo inédito porém du­radouro. É portanto, uma promessa de satisfações e alegrias que se aproximam, que serão uma conseqüência lógica do que se previu ou se começa, no mo­mento que aparece este arcano em seu lance de cartas. E também um feliz pres­

ságio na vida pública e amorosa, pois significa a garantia de ver cumpridos os desejos, esperanças e expectativas, a longo prazo. Personagem: fora do fato de que se trate de uma pessoa sã, serena e sincera, em quem se possa confiar totalmente, este arcano se refere também a uma pessoa que intervém de uma forma absoluta­mente providencial, para ajudar-nos a re­solver um problema ou trazer-nos o que já há muito tempo estamos esperando. Pode tratar-se da irrupção de um ser que encarna um desejo ou uma expectativa profunda que tínhamos formulado, es­pecialmente na vida sentimental.

0 NOVE DE OUROS Situação: trata-se de uma situação sadia e estável no plano material e financei­ro. O que corres­ponde a cada um por direito é repar­tido de maneira justa. Nada que re­clamar, nem reivin­dicar. Tudo chega em seu

devido tempo, no momento oportuno, e os problemas que pudessem surgir aqui ou ali serão resolvidos imediata­mente, à medida que vão aparecendo. Poderíamos dizer que este arcano re­vela uma situação de calma absoluta, se não houvesse, no entanto, em sua pre­sença, um fechar-se em guarda contra certo deixar-se levar ou um excesso de confiança nos meios disponíveis. Reco­menda-se neste caso, vigilância e perse­verança, como acontece com freqüên­cia com os 9. Porém, em conjunto, trata-se de uma circunstância tranqüili­zadora e que dá segurança, ou de uma situação feita para durar. Personagem: neste caso, estamos diante de um ser dotado de discernimento, que tem o sentido da economia e sabe gestionar perfeitamente seus haveres e seus bens a longo prazo. São apro­priadas a prudência, a calma e a pon­deração. A partir daí, sua situação ma­

terial e financeira revela-se sã e está­vel. Se nos encontramos com esta pes­soa, podemos apoiar-nos nela ou escu­tar seus conselhos.

0 NOVE DE ESPADAS Situação: este ar­cano indica com freqüência uma si­tuação de lutas in­cessantes, extenuan­tes, cuja duração se deveria estabelecer um prazo, sob risco de se sofrer as con­seqüências, inclu­sive quando dá mos­tras de uma grande

resistência moral e física. Mas é tam­bém o arcano da belicosidade, das for­tes convicções às que uma pessoa se aferra ou defende a toda força, inves­tigações ou estudos a longo prazo, nos quais o indivíduo se aprofunda e que deveriam permitir a obtenção de algo em um campo predileto. Pode também tratar-se de um assunto muito difícil de se levantar, que causa mais preocu­pações que satisfações. Finalmente, este arcano indica com freqüência proble­mas crônicos de saúde. Personagem: estamos diante de um in­divíduo que adota um comportamento agressivo, porque vive inquieto e an­gustiado, ou ansioso e impaciente. Daí ser agressivo, para proteger-se melhor. Encontramos um ser que ao fazer um mal uso de suas forças ou ao não confiar em si mesmo, cai às vezes em um estado de saúde precário, ou comete erros, por impaciência, e sofre decepções.

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Símbolo e interpretação dos arcanos menores

O Oito C omo já vimos e sublinhamos an­

teriormente, o Número 8 é o da mutação constante, o de um princípio primordial que passa da vida à morte e da morte à vida de forma contínua, quase tão impensável para nós que não podemos evitar fixar nosso pensamen­to de tão convencidos que estamos de ser eternos. Segundo os discípulos de Pitágoras, o 8 — que vemos representado sob quatro formas diferentes, como sem­pre acontece com os arcanos meno­res — é considerado o primeiro Nú­mero cúbico. Assim como o quadrado e o círculo formam um todo, engendrando-se um no outro permanentemente, o cubo e a esfera também se contêm um no outro e se reproduzem até o infinito.

Por isso, o cubo foi considerado um princípio terrestre, c a esfera um prin­cípio celeste. Por último, o Número 8 também se vê associado ao oitavo signo do Zo­díaco, Escorpião, mas principalmente, é relacionado com freqüência com o segundo regente deste signo, Plutão, que reina nas profundezas inexplora­das da Terra que nossos antepassados associavam aos Infernos, os mundos subterrâneos, as forças primordiais ge­radoras de toda vida, mas que também podiam revelar-se destrutoras, mortais e irreversíveis. N o entanto, por sua analogia com a noção de infinito, supõe-se evidente­mente que com o Número 8 não há nada definitivo, que se trata de um campo contínuo de forças que se re­

genera permanentemente, indo do mais profundo ao mais alto, ou vice-versa, um pouco como circula o mo­vimento da água na Terra e na atmos­fera. Regeneração é, portanto, a palavra chave do algarismo 8 tal como aparece nos arcanos menores, razão pela qual anuncia quase sempre uma crise, evi­dentemente saudável, isto é, necessá­ria e liberadora de novas energias. Quando um dos arcanos menores com o Número 8 aparece em um lance, algo se interrompe bruscamente, pois não pode continuar seu caminho, seu movimento, sua evolução, sem ser re­generado, reconsiderado e renovado. A força do 8 é poder renascer antes in­clusive de que as coisas tenham che­gado a um estágio último e sem volta.

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Por isso, esta ruptura, esta paralisação do destino, não é uma paralisação mor­tal mas sim um sinal de vida eterna, ou, mais exatamente, de uma vida que não pode morrer, de um fluxo que, ao regenerar-se, não pode interromper-se nem deter-se.

OITO DE PAUS Situação: este ar­cano anuncia uma mudança no tra­balho, nas ativida­des ou nas ocupa­ções. Sem dúvida algu­ma, causado qua­se sempre pelas cir­cunstâncias. Ele se impõe a nós e não temos outra

escolha senão nos submetermos a ele. Por isso, às vezes pode ser difícil viver ou aceitar. Mas, no final das contas, re­vela-se quase sempre saudável, pois nos libera de um grande peso ou de uma de­pendência que fixava ou impedia toda perspectiva de progresso em nossa vida, embora não pareça, de tão desconcer­tantes que possam ser suas manifes­tações. Personagem: trata-se de uma pessoa que, de uma forma ou de outra, se revela como o instrumento de uma mudança necessária, às vezes vital, no quadro das ocupações habituais ou ati­vidades profissionais. N o entanto, esta mudança é quase sem­pre a conseqüência de um conflito, de uma diferença, inclusive de uma rup­tura com a pessoa em questão. De fato, o estranho é que esta pessoa não seja favorável, inclusive quando seu comportamento hostil se volta final­mente a nosso favor.

OITO DE COPAS Situação: este arca­no reflete uma vi­da social e amoro­sa imersa em um clima passional, conflituoso, tenso e que não dá segu­rança. N o entanto, uma vez mais, esta si­tuação incômoda acaba sendo fre­

qüentemente a causa de uma renovação tão brutal quanto uma ruptura, por exemplo, pois sem ela não é possível um progresso em tal situação na vida. Personagem: trata-se de um ser que está decidido a provocar uma grande mudança em sua vida social, afetiva e amorosa, ou está forçado a isto pelas circunstâncias. N o entanto, é preciso mentalizar-se que tal mudança terá re­percussões profundas, necessárias e benéficas sobre a evolução pessoal e o comportamento.

OITO DE OUROS Situação: quando este arcano menor aparece, convém adaptar-se à idéia de uma reconside­ração obrigada e forçada na situação financeira. Seja uma perda, um custo ou gastos que ultrapassam as previsões, uma sus­

pensão de um depósito ou um esgo­tamento de uma fonte de receitas, algo nos incita a esclarecer nossa situação financeira e a mudar nossas relações com o dinheiro.

Personagem: por outro lado, quando este arcano representa uma pessoa, é mais de bom agouro, no sentido em que o indivíduo em questão põe à nossa disposição dinheiro novo. Então, trata-se do mapa astral de um investimento frutífero, de um em­préstimo ou um orçamento que nos concederam.

OITO DE ESPADAS Situação: este ar­cano não possui a reputação de ser muito agradável. N o entanto, quase sempre é a ilustra­ção perfeita do que se considera nor­malmente um mal que se transforma em bem. É certo que anuncia

um obstáculo insuperável, uma situação sem saída, uma dificuldade maior, um fracasso, um processo que se perde ou um conflito, uma discussão na qual não se tem a última palavra. Mas este último ponto até onde somos levados é justa­mente a origem de uma renovação. Personagem: o Oito de espadas repre­senta um ser totalmente decidido a che­gar até o final de sua luta, poderíamos dizer que radical. Porém, assim como este arcano nos garante que sua atitude é portadora de uma mudança ou de uma renovação em sua vida, nada nos garante que esta se traduzirá em vitó­ria ou sucesso.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Sete O Sete é um número de cumpri­

mento. Se nos referimos especifi­camente às crenças e aos mitos do hin­duísmo com respeito ao 7 (lembremos efetivamente da origem hindu do Ta­rô), descobrimos que, segundo esta re­ligião milenar, os princípios constituti­vos do homem são 7, os da alma e o universo também, e que todos possuí­mos 7 centros vitais essenciais, as cha­kras, que, embora rejam as funções vitais do corpo, juntas formam uma espécie de escada da evolução espiri­tual, cuja ascensão progressiva favorece o cumprimento e a liberação do ser. Franqueando os 7 graus desta escada

simbólica o homem consegue uma rea­lização última, uma espécie de perfei­ção, um triunfo. O 7 era considerado assim o número dos deuses e o núme­ro do equilíbrio, a harmonia, a ordem cósmica e, como acabamos de ilustrar, do cumprimento do ser. Que os 7 as­tros primordiais gravitam e se articu­lam no Zodíaco e que a escala musi­cal seja constituída de 7 notas não é um produto do acaso. Este valor intrínseco do 7 se encontra nos 4 arcanos menores que nos ocu­pam e é justamente neste valor no qual devemos concentrar nossa atenção, pa­ra compreender o sentido de cada um

deles. De fato, assim como o 8 anun­cia uma ruptura, a necessidade de um final ou de uma parada, sem a qual ne­nhuma regeneração e conseqüente­mente nenhuma via seriam possíveis, o 7 não se dedica a este tipo de preocu­pações que virão mais à frente. Revela-nos que algo vai cumprir-se, se realizará plenamente, terminará, se tor­nará real, alcançará uma espécie de per­feição, triunfará, só isso. É portanto, um arcano menor mas de bom agouro, embora lhe recomendamos que nunca se arrisque demasiado em tratar um ar­cano menor ou maior como bom ou mau em si.

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SETE DE PAUS Personagem: este arcano representa uma pessoa corajo­sa, muito segura de si mesma, de suas qualidades, de seus méritos e de suas prerrogativas, que não duvida em en­tregar-se a fundo a seu trabalho. Por todas estas razões,

tem um futuro e um êxito promissores. Séria e constante, pode-se confiar nela. Não se compromete facilmente e sem­pre chega até o fim do que empreende. Às vezes, acontece que esta carta re­vela um ser cheio de certa perplexi­dade que duvida de suas capacidades ou de suas iniciativas. A aparição desta carta em um jogo deve nos ajudar então a tomar consciência do que não tem que duvidar. Pelo contrário, o êxito lhe espera. Situação: este arcano afeta com fre­qüência a situação profissional e anun­cia que as iniciativas tomadas ou os em­preendimentos realizados nesta campo estarão cheios de sucesso. No entanto, não o conseguirá sem um esforço cons­tante. Trata-se, de fato, de um sucesso obtido pelo próprio trabalho e graças aos próprios méritos. Em qualquer cir­cunstância, quando este arcano apare­cem em um lance, podemos crer que gozamos de todas as oportunidades e de todas as vantagens para chegar a nos­sos fins. Mas nunca se trata de um triunfo obtido sem esforço. Esta carta sublinha a determinação, a vontade de triunfar, não de forma volúvel, mas dando mostras de coragem e firmeza. As ações geradas dão sempre frutos. Se, por exemplo, duvidamos em atuar ou em avançar no contexto de nossas ocu­pações habituais, a presença desta carta deve nos incitar a não ter mais dúvidas e a tomar uma decisão. Além disso, se estamos a ponto de nos lançar em um projeto, anuncia que este só será reali­zado a longo prazo, mas que será be­néfico.

SETE DE COPAS Personagem: Neste caso, nos encontra­mos frente a um ser que, sentimen­talmente, sabe per­feitamente o que quer e sabe encon­trar a forma de cumprir seus dese­jos. De fato, trata-se de um indivíduo que possui uma

vontade forte e firme, que não duvida nem um só instante em encontrar-se em circunstâncias de satisfazer seus de­sejos. Além disso, como não prescinde de realismo, sentido comum, nem de imaginação, não devemos duvidar de seu êxito. Situação: este arcano dá indicações po­sitivas e alentadoras em dois níveis di­ferentes. A nível afetivo, em primeiro lugar, é o indício de uma vida amorosa alegre, de relações sentimentais har­moniosas, de afinidades profundas e só­lidas entre dois seres, até mesmo às vezes, como dizemos, do grande amor. Quando nos perguntamos sobre a evo­lução de sua vida sentimental e este ar­cano aparece em um lance, podemos ter certeza de que uma grande felicidade e um cumprimento nos esperam, in­clusive se ainda não encontramos nossa alma gêmea no momento de consul­tar o Tarô. Em segundo lugar, no aspecto da vida familiar e social, anuncia uma criação, um nascimento, algo novo que se pro­duz na situação e que não somente pro­mete um bom êxito, mas que também o tornará plenamente satisfeito e feliz.

SETE DE OUROS Personagem: o indi­víduo representado por este arcano nunca é desinteres­sado, mas devemos considerar que tem um sentido inato dos negócios e que suas iniciativas são sempre frutíferas. No entanto, as van­tagens que obtém

nunca são fruto do acaso, mas sim ex­clusivamente de seus méritos. Situação: é um arcano de sorte total em tudo que se refere à situação financeira. Quando aparece em um lance, anuncia lucros, benefícios financeiros e de au­mento de salário, negócios frutíferos, novas possibilidades neste campo.

SETE DE ESPADAS Personagem: trata-se de um indivíduo ao qual lhe prome­teram algum êxito graças a suas idéias, trabalhos intelec­tuais e estudos. Pos­sui, portanto, uma mente brilhante, às vezes até mesmo um dom da elo­qüência ou da ex­

pressão escrita que lhe trará sucesso. Situação: aqui se anuncia um êxito no campo das idéias. É por exemplo o êxito de um exame ou de uma publicação, a obtenção de um título, o êxito de um plano ou de um projeto amplamente amadurecido, elaborado com esmero ou, às vezes, simplesmente, uma carta ou uma mensagem que recebemos, e que é portadora de uma boa notícia, ou então, a qual escrevemos e que alcança seus objetivos.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Seis S e os autores da Bíblia escolheram

o 6 como o Número que, simboli­camente, constitui o número de dias que Deus precisou para a criação do mundo, e como o número de pontas na estrela de Davi e no Selo de Sa­lomão, é porque, para eles, simbolizava a perfeição absoluta, quer dizer, um Número além do qual já não se podia obter nada melhor. O 6 é, portanto, o Número da criação ou, mais exatamente, da gênese do mundo e de sua gestação. É um Nú­mero mágico e, sem dúvida, simbólico que é preciso utilizar para que tudo se ponha cm seu lugar, para que as bases sejam construídas. E então, já poderá aparecer aquele que está con­

sagrado a ser um deus, modelado em argila e no molde do mundo, a ima­gem dos deuses ou de Deus: o próprio homem! Como já vimos, o Número 7 é o nú­mero dos deuses, mas deveríamos es­pecificar que se trata dos deuses da Terra, ou seja, dos deuses humanos, que ainda não escaparam da morte, nem dos ciclos de renascimentos. O 7 é o Número do homem divinizado, se preferimos. Mas, voltando ao 6, que é o que nos in­teressa agora, pela mesma razão de re­presentar uma perfeição implica tam­bém uma limitação. De fato, quando não se pode ir mais adiante, mais longe, mais alto ou obter mais porque já che­

gamos em cima, ao absoluto e, portanto, à perfeição, que mais resta por realizar? Obviamente, nada. A menos que faça­mos intervir um elemento novo, mas então não estaríamos falando do uni­verso dos 6 arcanos menores. Por outro lado, no universo dos arca­nos menores do tarô adivinhatório, quase sempre o Número 6 é inter­pretado desde o ângulo da limitação. Porém, esta deve ser considerada como a experiência última da realidade física c material do mundo manifesto sensí­vel, visível, tangível, sem a qual a cons­ciência não pode existir, pois parece ser uma regra absoluta e inequívoca pró­pria do mundo físico: para que algo exista, tem de haver limites.

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SEIS DE PAUS Personagem: este arcano nos situa an­te um ser que com certeza não pode fazer nada mais, não pode realizar mais tarefas, tomar a seu cargo mais responsabilidades do que as que já tem. A limitação a que se vê enfren­

tado é, portanto, a de suas possibilida­des e suas capacidades humanas, físi­cas e materiais que chegaram ao máximo e que evidentemente já não pode superar, a risco de pôr em perigo seu equilíbrio vital e seu bem-estar. Quando o Seis de paus designa um per­sonagem em um lance, trata-se sem­pre de um ser que se excede ou que quer fazer tudo demasiado bem, que se deixar esmagar por seu dever e suas obrigações, que é escrupuloso, metódi­co, perfeccionista, crítico e autocrítico, exigente tanto consigo mesmo como com os demais. Situação: este arcano anuncia ou revela com freqüência uma situação material inextricável, obstáculos e dificuldades que obrigam a ser mais consciente dos limites, além dos quais não temos ne­nhuma perspectiva nem podemos evo­luir. São de prever perdas ou sacrifícios, mas estes têm um efeito saudável, no sentido de que permitem, justamente, desprender-se das travas que nos im­pedem evoluir.

SEIS DE COPAS Personagem: este ar­cano se refere a um ser de sentimentos restringidos, que é desprovido de es­pontaneidade e de sinceridade. Quase sempre possui um caráter egoísta ou então, se não é por natureza, o é pelo

comportamento que adotou e que des­trói as relações amorosas e afetivas. Bus­ca, antes de mais nada, a segurança, proteger-se, aproveitar-se dos demais explorando os sentimentos que suscita ou que se tem com respeito a ele. Ou então, por nunca ter acreditado no amor, nunca fez o esforço de amar ou de fazer-se querer. E, portanto, céptico com respeito a este tema, mas eviden­temente, está basicamente insatisfeito. Como poderia viver sem amor? Situação: acontece muitas vezes que este arcano aparece simplesmente em um lance em um momento da vida em que nos perguntamos muito acerca de nos­sos próprios sentimentos e nossa vida amorosa. Ou então, indica uma tendên­cia a reproduzir os mesmos esquemas, os mesmos hábitos, os mesmos erros, também do passado, e a encontrar-se em uma situação afetiva ou em uma re­lação sentimental decepcionante ou in­satisfatória, cujas causas são idênticas às que já encontramos e padecemos an­teriormente.

SEIS DE OUROS Personagem: este arcano representa um indivíduo um tanto antipático ou, mais concretamen­te, que desempenha um papel ou as­sume uma obriga­ção que não é mui­to agradável. De fato, pode tratar-se da intervenção de

alguém que vem para reclamar uma soma de dinheiro (funcionário, cobra­dor, usurário, credor, etc).

Situação: o aparecimento deste arcano em um lance informa sobre uma situa­ção material e financeira que chegou ao seu ponto culminante e não pode evo­luir, ou então, informa sobre problemas, preocupações, dificuldades de dinheiro, restrições, obrigações de todo tipo neste campo. As vezes, simplesmente acon­selha administrar melhor seus bens e seus haveres.

SEIS DE ESPADAS Personagem: este arcano se refere a um indivíduo desa­gradável, agressivo, invejoso, vingativo, crítico, provocador ou polêmico, mas não por isso menos limitado intelec­tualmente, embora por esta mesma ra­zão, e também por­

que não é capaz de encontrar a sereni­dade cm si mesmo, não pode viver em paz com os demais. Situação: neste caso se trata de um mal-estar moral ou físico, de uma saúde fraca ou má, de relações difíceis ou confli­tuosas, de muitos pequenos problemas na vida cotidiana ou no trabalho, de ocupações às que nós nos entregamos sem entusiasmo, por obrigação ou por necessidade vital ou, por último, de um sentimento de incompreensão ou de in­segurança com o qual vivemos.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Cinco Se observarmos a disposição, princi­

palmente, das copas e dos ouros que figuram nos arcanos menores, teremos uma clara representação do número 5, o qual simboliza o homem em pé, com os braços e as pernas separadas. Este nú­mero faz alusão a um todo, a uma glo­balidade, a um cumprimento, a algo for­mado, realizado, dominado, porém também ao círculo e, por analogia, ao quadrado — que, evidentemente, está em relação com o número 4 — pois o 5 possui um ponto central c, portanto, um centro. Em outras palavras, o 4 se apre­senta sob a forma de uma quadrado, imagem geométrica de ordem aparen­temente perfeita, rigorosa, coerente, mas que, na realidade, é parte integrante de

um universo mais perfeito ainda, o do círculo que contém e que, por sua vez, o contém, até o infinito. De maneira que o número 5 possui um estado constante de evolução, para con­seguir uma espécie de perfeição. No en­tanto, esta evolução implica esforços também constantes para vencer os obs­táculos, as dificuldades e a desordem nascida da confrontação, da mistura ou, às vezes, o enfrentamento dos desejos, cobiças, aspirações, motivações de cada um de nós no jogo da vida social e das relações humanas. De fato, poderíamos dizer que, simbolicamente, o quadrado no círculo, isto é, do 4 ao 5, é um es­tado estável, sem dúvida alguma, e por conseguinte tranqüilizador, mas tam­

bém supõe uma ordem imutável, que deve passar por uma fase caótica, para aceder a um novo estado muito mais vivo, muito mais aberto ao mundo ex­terior, totalmente receptivo, o do cír­culo ou o 5, conseqüentemente, o do homem. O 5 é, portanto, o número do homem que venceu o caos, a desordem que ele mesmo tinha provocado para evoluir e sair de uma situação sem saída. Esta é a maneira como os Cincos de paus, copas, ouros e espadas nos anunciam mudanças, uma evolução necessária, a necessidade de assumir certas obri­gações e responsabilidades, de vencer as dificuldades para ser um homem ou uma mulher dignos deste nome.

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CINCO DE PAUS Personagem: este arcano está em re­lação com um ser de caráter muito enérgico, de férrea autoridade, preo­cupado com a or­dem, a organiza­ção, o domínio dos elementos que tem entre as mãos, consciente de suas

responsabilidades e seu dever, e assu¬ mindo-os com autoridade e dignidade. Por isso, devem-se produzir algumas mudanças em sua vida ou se sua situação material, social ou profissional deve evo­luir, deve-o quase sempre unicamente a si mesmo, raramente aos demais ou às circunstâncias. Ás vezes pode pecar por autoritarismo, excesso de rigor e falta de confiança nos demais. Situação: este arcano anuncia uma mu­dança na vida, uma situação em vias de evolução, que não pode, portanto, ser estável ou tranqüilizadora no estado atual das coisas, porém cujo futuro é promissor. No entanto, são previstos obstáculos e dificuldades, principalmente de ordem material. Aconselha-se tam­bém a permanecer atento aos detalhes e não deixar nada ao acaso, nem conce­der confiança aos demais sem discerni­mento, ou sem uma boa razão, se de­seja conseguir os resultados desejados.

CINCO DE COPAS Personagem: este ar­cano está com fre­qüência em relação com um ser com tendência a certa su­blimação de seus sentimentos, que tem uma visão mui­to idealista neste te­rreno, ou à vezes, simplesmente, um romântico. No en­

tanto, não sonha, e aspira a cumprir seus

desejos e suas ânsias, quaisquer que sejam os obstáculos ou as decepções que pro­vavelmente encontrará no caminho. Na verdade, tem quase sempre uma idéia muito precisa do amor, das relações sen­timentais e da vida em casal, e não pára até que o alcança. É íntegro, honesto e fiel, tanto com seus sentimentos como com seus compromissos. O pior que pode nos indicar este arcano sobre qual­quer pessoa é que nunca está plenamente satisfeita com seus sentimentos ou com sua vida amorosa. Situação: é o arcano da criação do nas­cimento, às vezes simplesmente de uma criança, porém também do campo da arte ou de uma situação material, ou então do campo dos sentimentos e da vida amorosa. Um encontro, um sen­timento novo que está nascendo, uma relação que vai se concretizar proxima­mente podem ser revelados por este ar­cano. Às vezes, indica satisfações a este respeito, porém é muito raro que as dú­vidas e as dificuldades não sejam su­peradas quando aparece.

CINCO DE OUROS Personagem: esta­mos ante um ser que não desfruta necessariamente do sentido dos negó­cios, porém que com freqüência tem muito boas idéias para ganhar a vida, fazer di­nheiro, melhorar sua situação, obter

excelentes resultados financeiros, in­clusive uma posição próspera. Seu único defeito é que nem sempre sabe conser­var o que adquire com tanta facilidade. Situação: qualquer que seja a situação em que uma pessoa se encontre no mo­mento em que aparecer este arcano, é preciso ter certeza de que ela evoluirá. No terreno das idéias, e também das concepções e convicções pessoais, anuncia-se uma evolução.

CINCO DE ESPADAS Personagem: este ar­cano representa um ser que parece dis­posto a tudo para realizar as mudan­ças que deseja ou a evolução a que as­pira. Para ele, com efeito, o fim justi­fica os meios e não duvida em recorrer a procedimentos de­

cisivos, precisamente, para vencer as di­ficuldades e superar os obstáculos. No entanto, em referência a ele, são de temer certas provocações ou impaciên­cias, que levam a perder suas oportu­nidades de vitória ou de triunfo. Situação: é o único arcano dos Cincos que indica uma situação difícil, uma luta incerta, uma resistência às vezes fora de lugar ou em vão, um comportamento conservador, sectário, um repúdio obs­tinado a qualquer mudança ou a qual­quer perspectiva de evolução.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Quatro ONúmero 4, se nos atemos às tra­

dições dos povos das antigas ci­vilizações, é o número da Terra, pois estará representado pelo quadrado e, para eles, a Terra, isto é, o mundo tal como viam, tinha a forma de um qua­drilátero. N o entanto, sendo o qua­drado constituído de 4 linhas retas de um comprimento idêntico, como to­dos sabemos — ou, se se prefere, é o centro de onde se cruzam duas vezes duas linhas paralelas —, podemos con­siderar que se trata de uma visão do es­pírito, da mesma forma que a linha reta, que, como se sabe, não existe no universo. Por isso, é interessante cons­tatar que, desde que foram capazes de organizar o mundo de forma cientí­fica, os homens viram nele uma es­

trutura quadrada, em vez de redonda, e que, ao contrário da visão das coi­sas que adquirimos e admitimos hoje, o real, o material e a ordem se asse­melham então à forma quadrada mais que à redonda, isto é, à Terra, quando atualmente sabemos que a Terra é re­donda, embora o fato de que pareça suspensa no espaço revele uma fragi­lidade que nos provoca mais angús­tia que segurança. E não se trata do menor dos parado­xos de nosso mundo ver crescer a an­gústia irracional, à qual o homem tende por natureza, à medida que pe­netra, mede e quantifica os mistérios do mundo visível e invisível. Por isso, quanto mais provas e certeza temos, tanto mais duvidamos de tudo,

da vida e de nós mesmos. Quanto mais meios, ferramentas e instrumentos buscamos com o fim de ver e com­preender, tanto mais vítimas somos de nossas ilusões. A televisão é uma de­monstração cotidiana disso, pois pelos mesmos canais de difusão mostra, em um mesmo momento, imagens do mundo real e imagens de ficção. Voltando ao Número 4, tal como o viam nossos antepassados e como de­vemos compreender aqui, este induz a um estado relativamente constante e estável, que é da natureza, cujos ciclos e ritmos têm algo de imutável e de se­guro, porém também alguns limites precisos e concretos para além dos quais estamos imersos no desconhe­cido e confrontados, talvez, com di-

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ficuldades e obstáculos que nos custa imaginar. Quanto ao Número 4 de cada um des­tes arcanos menores, devemos nos fixar nas qualidades de constância, estabili­dade, assim como nos limites tranqüi­lizadores, prementes e inquietantes.

QUATRO DE PAUS Personagem: neste caso nos achamos diante de um ser que tem os pés na terra, como se cos­tuma dizer. Rea­lista, concreto, até mesmo materia­lista, só atua quan­do tem certeza e somente se inte­ressa pelo tangível.

É corajoso, mas não atrevido nem te­merário. Odeia correr riscos ou aven­turar-se em território desconhecido. Por outro lado, não retrocede ante o esforço e não teme nem os obstáculos nem as dificuldades. Inclusive considera nor­mal encontrá-los pelo caminho. No en­tanto, impõe-se alguns limites que não deve ultrapassar e se atém a eles. Situação: trata-se de circunstâncias em que se deve demonstrar um domínio de si mesmo, um realismo e uma constân­cia, ou uma situação estável, segura, de limites e possibilidades muito concre­tas, que oferece muitas garantias e que tem todas as possibilidades de durar em troca de não baixar nunca a guarda.

QUATRO DE COPAS Personagem: este arcano nos apre­senta a um perso­nagem de caráter sentimental e aber­to, mas fundamen­talmente confor­mista. Fiel a suas escolhas afetivas ou a seus compromis­sos amorosos, é in­capaz de tentar mu­

danças em suas relações e, por isso, se revela tão íntegro como intransigente ao respeito. Não é necessariamente ex­pressivo nem muito aberto na expressão de seus sentimentos, mas estes estão bem ancorados nele, embora mais só­lida e profundamente se existem há já algum tempo. Além disso, é quase sem­pre recomendável no tocante às relações afetivas e sentimentais. Situação: é com freqüência o arcano de uma vida amorosa tranqüila, sadia, se­rena, baseada em alguns sentimentos sinceros e sólidos. Mas também o das relações afetivas agradáveis, sadias e se­renas e, conseqüentemente, o de uma vida familiar estável, equilibrada, re­confortante e segura. No entanto, pelo mesmo fato de que o 4 implica sem­pre limites concretos, devemos temer também o que possa surgir do exterior, qualquer elemento desconhecido que possa semear confusão nesta ordem es­tabelecida.

QUATRO DE OUROS Personagem: este ar­cano não representa um homem ou uma mulher ricos mas sim um indiví­duo que está ou es­tará preocupado de­vido a questões que têm a ver com o dinheiro: ou então porque realiza uma transação, ou por­

que economiza, ou porque se esforça para consolidar ou estabilizar sua situação financeira, ou também porque deve en­frentar dificuldades que limitam suas possibilidades ou seus meios.

Situação: trata-se de uma situação sadia, que oferece possibilidades precisas, bem definidas, previsíveis, mas apenas isso. Devemos, portanto, nos confor­mar e tirar o melhor partido possível dela. Qualquer especulação a partir daí, ou fora disso, fica proscrita, pois se poria cm perigo o equilíbrio ou a se­gurança.

QUATRO DE ESPADAS Personagem: trata-se de uma mulher ou um homem de ação, que às vezes é desprovido de ma­tiz, de tato ou de sutileza, mas que se revela realista, efi­caz e construtivo. Seus atos nunca são gratuitos. Não lhe custa fazer esforços,

com a condição de que sejam recom­pensados. Nunca corre riscos inúteis. Sabe o que faz e até onde vai. E pru­dente e sagaz. Situação: este arcano nos revela uma si­tuação que oferece todas as garantias de segurança. Anuncia, portanto, que po­demos atuar sem medo, que podemos empreender ou construir algo sobre bases sólidas porque é garantido que al­cançaremos o objetivo desejado. Não indica um triunfo espetacular, mas sim um êxito específico e seguro.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Três "A desordem é a ordem sem poder",

x A . escrevia o cantor Léo Ferré. Esta fórmula se adapta perfeitamente à fi­losofia que se depreende do 3, tal como a percebemos nos quatro arcanos me­nores compostos respectivamente de 3 paus, 3 copas, 3 ouros e 3 espadas. De fato, o que indica cada um destes arca­nos, obviamente cada um em seu te­rreno, é a intervenção de um elemento suplementar ou um fator estranho, im­previsto, surpreendente, perturbador, que provoca certa desordem, não des­pojado de harmonia, que tende em todo caso a um novo equilíbrio, mais rico. Assim, não seria falso dizer que, quando um destes arcanos aparece no lance, algo novo está a ponto de chegar. De fato, com respeito ao 3, podemos conside­

rar que um elemento se imiscuiu no in­terior do 2, que formava um casal per­feito, engendrando assim uma sepa­ração, uma divisão ou uma confusão. Para dar-lhe solução, é preciso que um se retire para poder voltar a encontrar harmonia do duo ou o 2; ou então reúne os dois fatores que constituem o 2 e se integra ou se une a eles para for­mar, junto a eles, uma nova unidade, ou por último, se transforma em idêntico a estes ou estes se transformam em idênticos a ele, para que uma nova co­erência seja possível. Porém, com respeito aos arcanos me­nores, a terceira opção é quase sempre a escolhida. Mas isto implica uma mu­dança necessária em um ou outro sen­tido. Por exemplo, o 3 de copas anun­

cia um nascimento. É uma boa notícia. E vemos facilmente como, no caso desta figura, passamos do 2 ao 3. Mas deve­mos compreender que, com relação à vida das pessoas afetadas por este nas­cimento, passamos da noção de casal à de família. Este nascimento, portanto, provocará uma mudança não somente no aspecto social deste casal, como tam­bém, o que é mais importante, em sua vida. De fato, inegavelmente, o surgi­mento de um filho na vida de um casal transforma inevitavelmente as relações das duas pessoas que o integram. Então, a relação íntima que duas pessoas tin­ham estabelecido deve subsistir tal co­mo é, porém podendo adaptar-se tam­bém a um novo tipo de relação, desta vez, a três.

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TRÊS DE PAUS Personagem: neste caso, estamos dian­te de um indivíduo empreendedor que toma uma nova ini­ciativa ou, concre­tamente, introduz um novo elemento, um novo fator sus­ceptível de fazer evoluir sua situação social ou suas ativi­

dades profissionais. Nunca se conforma com integrar-se em um contexto. En­riquece-se com sua própria personali­dade ou sua capacidade de ação, adap­tando-se às circunstâncias e respeitando o que já está escrito em seu lugar. No entanto, sua chegada pode engendrar tensões, divisões ou certa desordem pas­sageira.

Situação: este arcano indica uma si­tuação material ou social em vias de evo­lução. Então, é de esperar que um ele­mento estranho ou uma intervenção exterior engendre certa perturbação pas­sageira, que será a causa de um pro­gresso. Pode levar-se a cabo uma gestão, um deslocamento ou uma busca neste sentido, com toda probabilidade de êxito. Quando o Três de paus aparece em um lance, anima a ser empreende­dor. Indica-nos que seria uma lástima conformar-se com o que já fizemos ou obtido, pois ainda podemos fazer ou obter mais.

TRÊS DE COPAS Personagem: à parte o fato de que a pes­soa representada por este arcano pos­sa nos levar a expe­rimentar novos sen­timentos, ou que nossa relação com ela seja suscetível de evoluir de uma for­ma inesperada, o aparecimento do

Três de copas em um lance também pode anunciar um encontro imprevisto capaz

de perturbar nossa relação de casal, se é que vivemos em casal, ou que indica que o ser em questão não está livre, em caso de que nós o estejamos. Acontece também que esta carta revela um indi­víduo cujos sentimentos são, se não pouco fiáveis, ao menos infiéis. Situação: como já indicamos em nossa introdução, trata-se de um arcano que aparece com freqüência em um lance para anunciar um nascimento ou uma nova ordem em nossas relações de casal, que nos obriga a evoluir, a deixar de viver como fizemos até há pouco. Mas também pode anunciar um encontro que, obviamente, poderá ser causa de mudanças em nossa vida amorosa. Às vezes indica também uma vida senti­mental instável ou desejos e sentimen­tos contraditórios.

TRÊS DE OUROS Personagem: com este arcano nos en­contramos em pre­sença de uma pes­soa de idéias muito originais, inconfor­mistas, progressis­tas, de um ser cuja intervenção pertur­ba, mas que com freqüência se revela um valioso fator de

evolução nos pensamentos, convicções e costumes. Além disso, por não ser des­provido de realismo nem de habilidade, é quase sempre um excelente conse­lheiro para tudo que estiver relacionado com assuntos de dinheiro. Podemos até mesmo considerar que é potencial­mente rico e que, se consegue canalizar suas idéias e fixar sua atenção em um objetivo, com ele tudo é possível.

Situação: trata-se de uma circunstân­cia durante a qual fazemos um desco­brimento, aprendemos algo, nos ini­ciamos em uma arte ou técnica que pode ser a causa de uma mudança em nossa vida. Ou então obtemos um cré­dito ou nos beneficiamos de um rece­bimento de dinheiro que permite criar uma situação nova ou empreender algo que c muito importante para nós.

TRÊS DE ESPADAS Personagem: este arcano se refere a uma pessoa enér­gica que intervém para mudar uma si­tuação, modificar os costumes ou in­troduzir um ele­mento novo. Pode às vezes ser a causa de uma rup­tura ou de uma se­

paração, de um conflito ou oposição. Mas quase sempre, pode se considerar como o advogado do diabo, isto é, que encurrala o interlocutor para obrigá-lo a evoluir. Situação: quando este arcano aparece em um lance, devemos esperar uma mudança devido quase sempre a um elemento novo e inesperado que inter­vém em nossa vida e nos obriga a pôr em dúvida algumas coisas, a evoluir e criar uma nova situação. Às vezes, tam­bém representa o arcano da incerteza quando não nos encontra­mos ante uma escolha ne­cessária, uma confusão, uma desordem, uma ten­dência a malgastar nossa força ou nossas energias dispersando-nos.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Dois Os dois de paus, copas, ouros, e es­

padas são interpretados de forma simples e esquemática, oposta e com­plementar. De fato, sempre estamos ante uma possível união, uma espé­cie de retorno à realidade, ou uma di­visão, uma dualidade, uma incompa­tibilidade fundamental entre dois elementos, fatores, parâmetros ou per­sonagens, segundo o caso, ao qual tudo se opõe e que nada parece poder con­ciliar. Certamente, os intérpretes do Tarô adivinhatório e, principalmente, os dos arcanos menores, muitas vezes só viram no 2 um símbolo de duali­

dade. A nosso parecer, acreditamos que se trata de um interpretação errô­nea ou, mais exatamente, incompleta. Como já dissemos várias vezes, os ar­canos menores do Tarô adivinhatório procedem de um jogo de cartas muito antigo de origem hindu. Mas, nas cul­turas e civilizações hindus originais, as forças do bem e do mal, que quase sempre representam a dualidade tal como a conhecemos no Ocidente, só se opõem para unir-se e têm o cará­ter complementar, que indica que for­mam um todo. O bem e o mal se con­fundem tanto que, às vezes, é difícil

distingui-los. Por um lado, em algu­mas ocasiões estão presentes em uma mesma divindade, e esta, da mesma forma que o homem, atua bem ou mal, dependendo do caso. Por isso, tanto podem se opor como podem se unir e conciliar, e ver neles qualidades com­plementares que, uma vez unificadas, engendrarão algo novo, desconhecido, inclusive maravilhoso. De tal modo, a dualidade revelada pelo 2 de cada arcano menor, deve ser in­terpretada necessariamente tanto do ponto de vista de uma união como de uma possível oposição.

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DOIS DE PAUS Personagem: pode tratar-se de duas pessoas que se opõem mutuamen­te com força, mas também de dois seres a quem tudo os empurra a unir-se ou, mais exata­mente, a reunir suas forças c seus esforços, para jun­

tos construir, realizar, produzir, edificar uma obra sólida e duradoura. Podemos dizer com respeito a estes seres que a união faz a força. Por outro lado, se se opõem um ao outro, será com certa violência ou com um grande rancor mútuo. Ou então, entre ambos, qual­quer golpe estará permitido. Situação: este arcano indica uma si­tuação material na qual intervém ou se consideram dois parâmetros, dois fa­tores, aparentemente alheios ou sem nenhuma relação direta, mas que fa­vorecerão o crescimento, a evolução ou a consolidação da mesma. Podemos também estar diante da ne­cessidade de escolher entre duas pos­sibilidades ou duas opções, não neces­sariamente compatíveis. O 2 de paus aparece às vezes quando se trata de ter tudo sob controle ou de querer conci­liar o irreconciliável a qualquer preço.

DOIS DE COPAS Personagem: esta­mos em presença de uma pessoa que se dispõe a unir-se com outra, ou en­tão, em caso de es­tar só, que aspira com todas as suas forças a encontrar uma companheira ou companheiro, a viver em casal. Este

arcano também tem que ver com um ser que deseja pôr-se de acordo, che­gar a um convênio ou selar uma aliança. Ou até mesmo, ao contrário, pode tra­

tar-se de um indivíduo cujo comporta­mento ou atitude se opõe a qualquer forma de compromisso, de alguém que vive em ruptura, que, mais que aproxi­mar, separa, obviamente, sentimental­mente falando. Situação: esta lâmina menor indica uma união sadia e serena entre dois seres perfeitamente complementares e soli­dários um com o outro, onde cada qual sabe preservar sua independência e sua personalidade, ou então mostra um casal desunido, virtualmente separado ou em vias de estar, em que os mal­entendidos ou um desacordo vão afas­tando um do outro.

DOIS DE OUROS Personagem: o ser em questão contri­bui com o comple­mento necessário para equilibrar suas contas ou sua si­tuação financeira. No entanto, é pre­ciso também consi­derar que as duas pessoas afetadas ou implicadas na si­

tuação revelada por este arcano menor dependem, financeiramente, uma da outra. Ao mínimo desentendimento, correm o risco de pôr em perigo sua si­tuação. Assim, às vezes acontece que este arcano afeta a uma pessoa que, pre­cisamente, põe em dúvida um acordo financeiro e provoca uma ruptura. Situação: pode tratar-se de um acordo ou contrato firmado em boas condições e que, obviamente, produz certas van­tagens financeiras ou materiais. Às vezes, este acordo é necessário, vital e indispensável. Mas o arcano pode sem dúvida anunciar uma situação de crise

financeira, a perda de lucros ou de uma venda, ou, então, circunstâncias difíceis que obrigam a alcançar sua inde­pendência financeira. Por último, pode referir-se a uma má notícia, uma dívida a pagar ou alguns gastos imprevistos ou inesperados que desequilibram a si­tuação financeira.

DOIS DE ESPADAS Personagem: quan­do este arcano me­nor aparece em um lance, indica com freqüência uma a¬ juda, um apoio enérgico que ema­na de um ser que tem as mesmas preocupações, mo­tivações ou que persegue os mes­

mos objetivos que nós. Ao contrário, pode também indicar um personagem hostil, o qual se nos opõe com muita firmeza e que pode até mesmo mostrar-se provocador, problemático, vingativo ou violento. Situação: esta carta revela o esclareci­mento necessário de uma situação que afeta a dois indivíduos, ou então a dois elementos diferentes que, de certa forma, se assemelham muito e, por esta razão, não parecem ter necessidade um do outro. No entanto, também pode in­dicar que já nada pode aproximar ou conciliar estas duas pessoas ou situações e que a carta, neste caso, anuncia uma separação necessária e indubitável. Porém, tanto se trata de um esclareci­mento como de uma ruptura, quando este arcano aparece em um lance po­demos garantir que estaremos obriga­dos a utilizar a espada ou passar por um período de luta.

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Símbolos e interpretação dos arcanos menores

O Um C omeçar, iniciar, realizar... são as

palavras-chave do Um que figura nos quatro arcanos menores do Tarô adivinhatório. Este primeiro arcano simboliza tudo que é potencial e possível e que é evidente para os demais, mas, não necessaria­mente, ao espírito ou à consciência do indivíduo era questão. Assim, podemos dizer de alguém que é inteligente, que possui um espírito brilhante, que pro­vavelmente triunfará em tal ou qual ca­minho, enquanto que, no mesmo mo­mento, o indivíduo em questão ainda não tem certeza de nada, como por exemplo, da orientação que tomará. É um fato que os demais conhecem mais sobre nós, que nós mesmos; não por­

que nos enganamos, mas sim porque ainda não integramos plenamente o que na verdade somos, ainda não assumi­mos nossas qualidades. De maneira que o olhar dos demais sobre nós é, com freqüência, esquemá­tico, aproximativo, obviamente externo e filtrado por considerações pessoais que falseiam seu julgamento, não por isto menos revelador em relação a nós, con­siderando que não somos exatamente o que somos, com relação a nós mesmos. Por isso, com o risco de destruir cer­tezas, acreditamos que é totalmente errôneo chamar "áses" a estas unida­des de paus, copas, ouros e espadas. De fato, em um princípio, antes de desig­nar o ponto único que figura em uma

das 6 faces de um dado, o ás era a menor unidade de medida da moeda romana e não tinha, assim, nenhuma relação com a definição que acabamos de expor, en­quanto que o Um indica uma unidade, de alguma forma preexistente, que se transforma perante nós, ou o princípio de uma circunstância feliz ou um acon­tecimento importante que formará um todo em si mesmo, que será auto-su­ficiente. Não se trata, portanto, da menor me­dida ou de um valor menor, nem de um sinal de vitória ou triunfo absoluto, mas sim de um valor potencial, de um ponto de reunião, que contém em si mesmo todo o sentido simbólico da unidade.

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UM DE PAUS

Personagem: esta­mos ante um indi­víduo cujo realismo e bom senso, puro e inato, são poten­cialmente fatores de realização, de expansão tanto de sua personalidade como de su êxito pessoal.

Perseverante, tenaz, corajoso, trabal­hador, sabe o que quer e consegue es­perar até consegui-lo. É um realizador, um construtor mas que necessita atuar sobre bases sólidas, ter os pés no chão, estar no mesmo lugar, estar em contato com a realidade física e material. Situação: trata-se de uma ação empre­endida, ou que o aparecimento deste ar­cano menor em nosso lance nos anima a começar, em vistas a estabelecer só­lidas bases para realizar uma obra estável e duradoura. Mas, às vezes, acontece que este arcano anuncia, simplesmente, que estamos em condições de atuar com firmeza e determinação para impor-nos e reforçar tanto a nossa posição ou si­tuação como o nosso poder material.

UM DE COPAS Personagem: esta­mos, neste caso, ante um indivíduo que possui qualida­des potenciais de amor e de entrega sinceras, desinteres­sadas e inegáveis. Trata-se de um ser cheio de boa von­tade, profunda­mente generoso,

carregado de bons sentimentos, mas de quem não se sabe ainda o que fará com eles. Uma coisa é certa: precisa amar e ser amado, sendo isto nele uma neces­sidade vital claramente enraizada. Está, portanto, disposto a dar seu coração, mas a copa que figura neste arcano corre às vezes o risco de transbordar devido à

abundância de suas emoções e de seus impulsos irreprimíveis. Situação: é o arcano do nascimento do amor, de um sentimento comparti­lhado, consagrado a certa plenitude, de uma grande felicidade, de uma forte ale­gria e uma união potenciais. Tudo isso é suscetível de ser produzido ou se está manifestando na vida do consulente no momento em que consulta o oráculo do Tarô e onde este arcano aparece em seu lance. Quase sempre o encontra­mos quando um sentimento novo se revela ou se nos impõe como uma evi­dência, quando experimentamos uma grande alegria, ou, simplesmente, quan­do nos sentimos felizes.

UM DE OUROS Personagem: este arcano designa um ser que possui qua­lidades pessoais la­tentes, que ainda não foram explo­radas, ou apenas parcialmente, para cumprir seus dese­jos, seus sonhos e suas ambições. Não em vão diremos,

pois, que é potencialmente rico. No en­tanto, a riqueza da qual falamos aqui não é exclusivamente material ou, se prefere, financeira. Refere-se antes de mais nada ao conjunto de dons e qua­lidades próprias do espírito prático e à circulação de idéias. Podemos, pois, dizer que o ser afetado por este arcano é um ganhador potencial, com a con­dição de que jogue dentro das regras e que saiba empregar suas qualidades.

Situação: querer é poder; é este o pre­ceito que este arcano anuncia. Em ou­tros termos, quando aparece em um lance, nos aconselha a aprender a saber exatamente o que queremos. Desde o momento em que o saibamos, pode­remos obtê-lo. Por outro lado, às vezes anuncia uma iniciativa que tomar ou já tomada com respeito à nossa situação financeira, a qual será ou está cheia de perspectivas de sorte e êxito.

UM DE ESPADAS Personagem: este arcano se refere a um ser audaz, cora­joso, disposto a se lançar à ação, à luta, à batalha e contra os obstáculos, dis­posto a vencer to­das as dificuldades para chegar até o final. É capaz disso? Po­

tencialmente sim. Mas na prática, sa­bemos perfeitamente que não basta armar-se bem para ganhar. É preciso possuir talento, domínio de si mesmo e perseverança. O indivíduo designado por este arcano deve, pois, interrogar-se com respeito a isso e refletir bem antes de atuar. Situação: com base em algumas cir­cunstâncias que conhecemos no mo­mento em que consultamos o oráculo do Tarô adivinhatório ou que são re­veladas por outros arcanos do lance que estamos fazendo, este arcano menor nos

• aconselha a atuar, intervir energica­mente, escolher e resolver situações.

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Os 4 lances Em Cruz, em Ferradura, em Zodíaco, em Estrela

O Tarô é constituído de 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores que, juntos, formam uma espécie de alfabeto. Para lê-lo, devemos efetuar os lances.

C ostumamos dizer: "jogar as cartas". E uma expressão que pode ser vista

como um tanto pejorativa, pois lembra o jogo de cartas de baralho. Mas, com­preende-se que as cartas tanto podem ser utilizadas para as artes adivinható­rias como para divertimento. Talvez é esta a razão pela qual com fre­qüência nos vemos obrigados a subme­ter-nos a todo um ritual quando con­sultamos o oráculo do Tarô. Queremos sublinhar assim que vamos efetuar um ato fora do comum. E até mesmo se não empregamos, ou deixamos de empre­gar, este tipo de terminologia, apesar de tudo, ao consultar o Tarô adivinhatório, damos-lhe um caráter sagrado e quase religioso, no sentido verdadeiro deste qualificativo, que indica um laço exis­tente ou uma relação estabelecida entre elementos diferentes ou alheios. No entanto, embora queiramos que seja positivo encontrar-se condições relati­vamente adequadas, isto é, sossegadas, para fazer a consulta do oráculo do Tarô, não somos dos que crêem que, entre­gando-se a um ato cerimonial complexo

ou reunindo obrigatoriamente alguns fatores ou elementos externos, se con­segue realizar melhores lances e me­lhores interpretações dos mesmos. E preciso estar principalmente motivado e conservar intacta esta inocência ou hu­mildade, não importa como a defini­mos, que consiste em acreditar espon­taneamente que as respostas a todas as nossas perguntas estão inscritas em nós mesmos, e que existem ferramentas, como, por exemplo, os arcanos do Tarô adivinhatório, que nos permitem ler, descobrir e encontrar tais respostas que, às vezes, tanto necessitamos. E pode­mos dizer que cada situação, cada preo­cupação à qual nos enfrentamos em nossa vida, tem seu lance conveniente.

0 LANCE EM CRUZ Assim, quando se trata de obter uma resposta instantânea, imediata e rápida, pode-se realizar o lance em cruz. Po­demos fazê-lo em qualquer momento do dia, até mesmo passeando pela rua. O lugar onde você se encontra não tem muita importância. O essencial é que

esteja completamente absorto por uma pergunta que lhe obceca e para a qual sente uma necessidade premente e irre­primível de obter uma resposta. Talvez você não possa interpretar seu lance de imediato se ainda não souber o signi­ficado dos arcanos maiores na ponta da língua. Neste caso, só é preciso anotar os 4 arcanos que a formam e, uma vez em sua casa, poderá realizar a interpre­tação e obter corretamente a resposta que você busca. O lance em cruz, ao ser feito somente com os 22 arcanos maiores, permite levar consigo o jogo do Tarô e utilizá-lo em qualquer lugar quando uma per­gunta importante para você lhe está con­sumindo.

0 LANCE EM FERRADURA Este lance tem este nome devido à fi­gura formada pelas 7 cartas escolhidas para realizá-lo e não porque se trate de um lance relacionado com a sorte ou a felicidade, qualidades quase sempre atri­buídas à ferradura, como todos sabe­mos. Para realizá-lo, é preferível estar

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tranqüilamente instalado em casa. De fato, desta vez é preciso utilizar os 22 arcanos maiores e os 56 arcanos me­nores: 4 arcanos menores e 3 arcanos maiores, escolhidos alternadamente, constituem o lance em ferradura. Po­demos utilizá-lo quando nos encontra­mos em uma situação delicada, temos um problema difícil de resolver, quando devemos tomar uma decisão ou quan­do necessitamos esclarecer nossas idé­ias em circunstâncias nas quais inter­vêm muitos fatores contraditórios, criando uma confusão. Assim, ao vê-los expostos, ou mais exatamente, repre­sentados simbolicamente pelos 7 arca­nos menores e maiores de nosso lance, podem nos ser de grande ajuda.

0 LANCE EM ZODÍACO O terceiro lance é também chamado Tarô real ou grande lance. Existem duas versões que poderíamos chamar:

1. O pequeno Tarô real ou pequeno lance cm Zodíaco. 2. O grande Tarô real ou grande lance em Zodíaco. O primeiro está formado por 12 arca­nos maiores. Permite obter um pano­rama completo e esclarecedor de sua própria situação presente em um lapso de tempo determinado de antemão. Por isso, aconselhamos a realizar este lance, por exemplo, no dia de aniversário, ou então no começo de um novo ano, para assim estabelecer previsões para os se­guintes 12 meses. Efetivamente, cada arcano escolhido corresponde a uma das 12 casas do Zodíaco e a um dos 12 meses do ano. O segundo se constitui de 12 arcanos menores, sempre relacionados com as 12 casas do Zodíaco, e 4 arcanos maio­res, aos quais, obviamente, acrescen­tamos o arcano de síntese. Este lance é ideal para estudar todos os setores da

vida em detalhe, e, precisamente, quando estamos em uma situação confusa, delicada ou difícil e em con­junto instável.

0 LANCE EM ESTRELA Este quarto e último lance que apre­sentamos foi batizado com o nome de Tarô do amor, pois adapta-se especial­mente a todos os temas e preocupações relacionadas com a vida afetiva e os sen­timentos amorosos. Também pode tra­zer uma luz instantânea às suas relações afetivas ou sentimentais, a seus esta­dos de ânimo e sentimentos do mo­mento. De forma secundária, também pode empregar-se para sondar o ambiente e os acontecimentos eventuais da semana seguinte. Por estar constituído de 7 ar­canos maiores, podemos considerar que cada um representa um dia da semana. Os arcanos maiores às vezes revelam circunstâncias e situações que se pro­duzirão em um futuro próximo, com uma surpreendente precisão. Sem dú­vida, você mesmo poderá determinar o momento mais adequado para realizar este tipo de lance. Mas, principalmente, sugerimos que o utilize principalmente para pesquisar e aprofundar sua vida sentimental e seu coração. Seja qual for sua escolha, você deve seguir correta­mente nossas indicações para realizar seu lance.

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O lance em cruz Às vezes estamos tão absorvidos em um problema que é impossível ver a vida com clareza.

O lance em cruz pode nos ajudar a encontrar uma resposta ou uma solução.

E ste tipo de jogada é muito fácil de realizar. De certa forma, podemos

dizer que se adapta bem a nossa vida moderna, às vezes trepidante demais: pode ser feita em qualquer lugar e a qualquer momento, em um impulso irrefletido ou sob uma emoção imediata. Estamos então em um clima psicológico ideal para consultar o Tarô ou, mais pre­cisamente, para consultar-nos a nós mesmos com a ajuda dos 22 arcanos maiores do Tarô adivinhatório. De fato, para realizar este tipo de jo ­gada, aconselhamos utilizar somente os arcanos maiores e não deixar que as idéias se misturem ao pensar em de­masia. Isto não significa que não de­vamos fazer algumas reflexões antes de formular claramente uma pergunta ou escolher 4 cartas, porém quanto mais imersos estivermos em uma preocu­pação, no momento de realizar a j o ­gada, mais exato será o reflexo do que pensamos ou sentimos e das cir­cunstâncias atuais e a provável evo­lução das mesmas em relação a tal si­tuação. Na verdade, este tipo de jogada tem um efeito imediato e não revela mais que uma situação, circunstância ou acontecimento a curto prazo. Se uti­lizamos a jogada em cruz para prever um acontecimento que tem possibi­lidades de ocorrer dentro de seis meses ou oito meses, obteremos, claro, uma resposta (sempre obtemos uma res­posta quando interrogamos o Tarô), porém será uma resposta que se refere a uma preocupação mais imediata, que está relacionada indiretamente com a pergunta enunciada e que não res­ponde a ela exatamente. Em outras palavras, o lance dirá então que a pergunta não é a mais impor­tante e remeterá a outra pergunta que

não foi feita ou da qual não estamos conscientes naquele momento, mas que tem muito a ver neste exato mo­mento.

MÉTODO E REALIZAÇÃO DO LANCE EM CRUZ

Para realizar este lance instantâneo, não é necessário nenhuma cerimônia nem um ambiente em particular. Você pode fazê-la tanto sobre uma mesa, como sentado na cama com as pernas cruza­

das, no carro, se você se encontra em uma dificuldade, ou até mesmo andan­do pela rua. Não é extravagante optar por esta última solução. Com efeito, o ritmo dos passos anima e libera o espí­rito. Portanto, ao se encontrar preso a uma preocupação urgente, a uma emo­ção intensa ou um impulso irrefletido, é muito importante manter o espírito livre. Como já foi dito, para consultar o Tarô, não é preciso raciocinar, mas sim atuar.

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"O bem não é uma ciência, mas sim uma ação», dizem os iniciados. Reali­zando uma jogada rápida pomos em re­levo o bem que fazemos a nós próprios. Se você pensa muito, seus medos, so­frimentos, angústia, impaciência ou outros sentimentos contraditórios aca­barão por esconder o objeto de sua preocupação e já não vai conseguir esta resposta instantânea, imediata, que você espera ou necessita. • Se você estiver sentado em um lu­gar tranqüilo.

O Em um primeiro momento, tente enunciar corretamente sua pergunta. Quanto mais clara for, mais satisfatória será a jogada e a interpretação desta.

© a @ Em seguida, seja qual for a si­tuação em que você se encontrar, misture as cartas, espalhando-as so­bre a mesa, agitando-as ou batendo nelas. Tendo misturados os 22 arca­nos, escolha 4 cartas ao acaso. Ponha-as à sua frente sem virá-las, da seguinte forma: a primeira à sua esquerda, a segunda à sua direita na mesma linha que a primeira, a ter­

ceira acima, entre as duas primeiras e a quarta abaixo, em frente à terceira, de maneira que os quatro arcanos formem uma cruz.

O a © Uma vez finalizada a jogada, pode virar as cartas na mesma ordem em que você as escolheu. Seguramente elas lhe darão uma res­posta à sua pergunta, ou ao menos lhe farão certos esclarecimentos com referência a uma situação específica que lhe preocupa. • Se você tem pouco tempo ou se encontra em uma situação incô­moda para executar a jogada. Misture as cartas rapidamente formu­lando interiormente sua pergunta, es­colha 4 cartas, evidentemente sem olhá-las, contando, por exemplo, de 4 em 4: 1, 2, 3, 4. Tire uma quinta carta do baralho e colo­que-a embaixo deste, conservando em sua mão direita os 4 primeiros arcanos que contou. Trata-se do primeiro arcano de sua jogada. Conte de novo 1, 2, 3, 4 e tire outro arcano do baralho, que você colocará igualmente sob este. Faça o mes­mo com o terceiro e quarto arcanos.

Uma vez realizada assim a jogada, vire o baralho e coloque os quatro arcanos que você tinha posto embaixo do baralho à vista: o primeiro que sair será o quarto de sua jogada; o segundo será o terceiro, o terceiro será o segundo e o quarto será o primeiro. Passe os olhos rapidamente sobre a composição da jogada, com a qual você poderá fazer uma rápida interpre­tação e uma síntese imediata.

MANTENHA UM DIÁRIO DOS LANCES

O lance em cruz é não apenas ideal para consultar o Tarô rapidamente como é também um instrumento útil para ini­ciar-se nesta arte adivinhatória.

© Para isso, é aconselhável manter um diário das jogadas. Use um caderno e cada vez que você realizar uma jogada, anote a data, a pergunta, a composição e a interpretação que você fez. Se for possível, resuma esta interpretação em uma só frase. Assim, você poderá verificar o acerto de suas respostas e com o tempo você aprenderá a refiná-las. Este diário será para você um bom instrumento de experimentação.

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O lance em ferradura Devemos sempre partir de uma pergunta simples. Jogar as cartas em forma de ferradura ajudará

a descobrir soluções práticas e imediatas para a pergunta inicial.

O lance das cartas em forma de fer­radura forma-se escolhendo os ar­

canos do Tarô. É bastante simples de in­terpretar e muito útil para todo tipo de questões levantadas: uma situação de­licada ou um problema complexo, uma escolha difícil, importante ou vital, ou também quando entram em considera­ção elementos contraditórios. Esta ma­neira de distribuir as cartas permite a concentração no problema e contempla soluções práticas e imediatas.

UM DIÁRIO DOS LANCES Use um caderno e nele anote a data, ex­pondo de uma maneira resumida qual­quer preocupação e concluindo na me­dida do possível com uma pergunta curta e precisa.

EMBARALHAR AS CARTAS Separe os arcanos maiores dos arcanos menores do jogo do Tarô. Forme dois montes. Verifique se dispõe de 22 ar­canos maiores e 56 arcanos menores. Mexa os dois montes, um após o outro, com um movimento circular da mão es­querda: a palma da mão deve girar no sentido inverso ao dos ponteiros do relógio. Uma vez embaralhadas as car­tas, coloque-as à sua frente: os arcanos maiores à esquerda, os menores à di­reita.

0 LANCE DE CARTAS Relaxe e, se necessário, antes de esco­lher as cartas, leia novamente o enun­ciado da preocupação exposta e o da pergunta curta, anotados no caderno.

Deste modo, você já estará em con­dições de tirar 7 arcanos, 4 menores e 3 maiores, que irá buscar alternadamente nos dois montes e colocará em forma de V.

O Com a mão esquerda, pegue o pri­meiro arcano do seu lance dentre os 56 arcanos menores colocados no monte da direita (situado à sua fren­te) e coloque-o à esquerda, à sua fren­te, sem virá-lo para cima.

© Com a mão direita, pegue uma carta do monte da esquerda (arcanos maiores) e coloque-a (sem virá-la) à direita do primeiro arcano menor que escolheu, um pouco mais abaixo da anterior.

arcanos maiores

arcanos menores

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© Com a mão esquerda, pegue uma nova carta do monte dos arcanos me­nores e coloque-a à direita do segundo arcano, sempre ligeiramente mais abaixo que este último e, obviamente, sem virá-la.

O © Agora, com a mão direita, pegue outra carta do monte dos arcanos maiores e coloque-a do mesmo modo que as três precedentes. Assim, você conseguirá formar a base do V.

© O Em seguida, com a mão esquerda, escolha outra carta do monte dos arca­nos menores (o 5.° do seu lance) e co­loque-a ligeiramente acima do arcano escolhido no ponto anterior, de tal ma­neira que se encontre no mesmo nível que o terceiro arcano do lance. Deste modo, começa a tomar forma a segunda barra do V.

© © A seguir, proceda da mesma forma com os dois últimos arcanos do seu lance — um maior e outro menor —. Coloque-os de tal modo que o sexto fique situado à mesma altura que o segundo, e o sétimo e último, em frente ao primeiro.

© Agora seu lance está completo. Pode então virá-los e descobri-los, um por um, seguindo a ordem cro­nológica do lance; isto é, da esquerda para a direita.

INTERPRETAÇÃO DO LANCE

Primeiro arcano: revela as origens da preocupação questionada, os aconte­cimentos ou as pessoas envolvidas na origem desta situação. Segundo arcano: informa sobre as reações tidas, as escolhas feitas, ou as iniciativas tomadas, ou seja, a atitude pessoal face à situação. Terceiro arcano: esclarece dúvidas sobre as conseqüências dos atos pes­soais, reações, escolhas e iniciativas face a esta situação, descobertos pelos ar­canos precedentes. Quarto arcano: representa a pessoa dentro desta situação; o estado de espí­rito e o comportamento adotado no momento presente. Quinto arcano: anuncia os aconteci­mentos imediatos ou que ocorrerão em um futuro próximo, que resultarão do comportamento adotado (veja o arcano precedente). Com a leitura das informações revela­das pelo quarto e quinto arcanos do lance, já se é capaz de avaliar as conse­qüências imediatas dos próprios atos e, deste modo, perseverar na mesma ati­tude, se se julgar que tudo se desen­rolará segundo os próprios desejos e previsões; ou então, modificar o com­portamento, se se pensar que há grandes probabilidades de que os aconteci­mentos não evoluam conforme os de­sejos.

Sexto arcano: nos proporciona uma ou várias soluções práticas para re­solver o problema, que podem, mais ou menos, ser postos em prática, a de­pender da natureza deste arcano maior, naturalmente. Sétimo arcano: destaca as possibilida­des ou as desvantagens, os apoios com os quais se pode contar, o eventual apa­recimento de uma ajuda providencial ou então a irrupção de um último obstáculo que terá de se ultrapassar para sair desta situação. Agora você precisa interpretar cada um dos sete arcanos segundo sua posição no lance. Exemplo: Se o quarto arcano do lance (o interessado, nesta situação) for o arcano maior o Mago, significa que, dentro da situação consultada, você dispõe de um total livre arbítrio que permitirá agir se­gundo a própria vontade, espontânea e inteligentemente. Se o arcano seguinte, o quinto do lance (os acontecimentos imediatos ou que se produzirão em um futuro próximo), for o arcano menor Quatro de Espadas, significa que todas as iniciativas que se tomaram ou o com­portamento escolhido são prováveis fa­tores de êxito. Se se tratar do Sete de Ouros, você terá na mão um sucesso fi­nanceiro. Em contrapartida, o Dois de Copas pode fazer duvidar, estar inde­ciso, ou pode anunciar ou predizer que se deve realizar uma escolha firme, pre­cisa e radical.

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O lance no Zodíaco ou o Tarô real

Os arcanos maiores Este lance é ideal para estabelecer previsões sobre os próximos 12 meses, que atingem os 12 setores

mais importantes de nossa vida.

O lance no Zodíaco on Tarô real é ideal se queremos desfrutar de

uma visão panorâmica e, certamente, de uma determinada previsão sobre a nossa própria situação. De fato, como o seu nome indica, não só dispõe dos 12 arcanos maiores ou menores que constituem este lance formando um círculo que nos lembra o Zodíaco, como cada um dos 12 ar­canos escolhidos para realizar este cír­culo zodiacal se encontra em um ponto de semelhança com cada uma das 12 Casas astrológicas. Dessa maneira, este lance é realizado respeitando a ordem cronológica c as posições das 12 Casas astrológicas c, em seguida, é interpretado em função das características próprias de cada uma delas. Além disso, como as informações es­pecíficas reveladas por cada arcano maior estão cm analogia com as re­veladas por um signo do Zodíaco ou um astro, dependendo do caso, dis­pomos de um conjunto de indicações muito detalhadas relativas a todos os setores de nossa vida, dos quais fare­mos uma síntese para ter uma visão em conjunto da nossa situação pre­sente e futura e, dessa forma, poder realizar uma interpretação muito precisa. De fato, o suporte do Zodíaco, prin­cipalmente das 12 Casas astrológicas, é um fator que favorece, esclarece e especifica a interpretação que pode­mos realizar deste lance.

REALIZE SEU LANCE NO ZODÍACO OU TARÔ REAL

Existem dois lances no Zodíaco: o pri­meiro se realiza exclusivamente com os 22 arcanos maiores, o segundo uti­liza os arcanos menores e maiores em conjunto. Realizaremos primeiro o lance com os 22 arcanos maiores.

Primeira etapa: preparação preliminar

Trata-se de uma fase preparatória ou, em outras palavras, de uma preparação preliminar. Vejamos algumas indi­cações e conselhos relativos a esta etapa. Em primeiro lugar, escolha o dia

em que você irá realizar seu lance. Por exemplo, pode ser cada primeiro dia do mês. Dessa forma, você terá as suas pre­visões para os 30 dias seguintes. Em tal caso, pode-se voltar a realizar este lance no primeiro dia de cada mês do ano. Contudo, a experiência nos de­monstrou que, quanto menos usamos este lance, mais convincentes serão as informações da previsão que os fatos posteriores nos proporcionam. Por­tanto, aconselhamos apenas deitar este lance (para você ou a uma terceira pes­soa) uma vez ao ano; no começo do ano, no mesmo dia ou poucos dias antes ou depois do seu aniversário ou

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do seu consulente. Desta forma, você irá obter os melhores resultados. Além disso, sempre considere que cada ar­cano escolhido, além de estar em ana­logia com uma Casa astrológica e um signo do Zodíaco, também corres­ponde a um mês do ano. Você irá dispor de uma visão dinâmica e panorâmica dos prováveis e impor­tantes acontecimentos que marcarão o seu próximo ano ou do seu consu­lente, no transcurso dos meses. Em seguida, tanto se realiza este lance para você mesmo como para uma ter­ceira pessoa, escolha um lugar e um momento de tranqüilidade. Desligue o telefone, celulares e afins e se isole do mundo por alguns instantes. Quando consultamos um oráculo, como o Tarô ou outro, sempre é ne­cessário abandonar a si mesmo, ficar em um local onde não seremos inco­modados ou interrompidos por ele­mentos externos. Por último, como já aconselhamos, faça um diário de seus lances. Dessa forma, uma vez realizado este Tarô real, anote os 12 arcanos que o com­põem e, inclusive, escreva a sua in­terpretação de cada um deles para que, no caso de uma consulta futura, seja possível ajustá-la ou afiná-la nos pró­ximos meses. De fato, a importância de realizar este lance uma vez ao ano está em poder consultá-lo várias vezes durante o ano e verificar os fatos da

própria vida ou do consulente e ver se as interpretações e previsões que rea­lizamos foram corretas. A partir do momento em que tenhamos reunido todos estes elementos, poderemos pas­sar à etapa seguinte.

Segunda etapa: embaralhe as cartas Pegue o seu baralho de 22 arcanos maiores e baixe-o como se fosse um jogo de cartas comum e sem olhar as imagens das cartas, ou seja, com as costas viradas para cima. Também é possível iniciar o jogo embaralhando as cartas e distribuindo-as sobre a mesa, sempre com as costas para cima e girando-as da direita para a esquerda com ambas as mãos. Uma vez bem embaralhadas, reúna-as em um só monte, com as cartas ainda viradas para baixo, e distribua-as em leque diante de você ou ao seu lado, deixando espaço suficiente na mesa para constituir um Zodíaco, ou seja, 12 arcanos formando um círculo ou um losango.

Terceira etapa: realize seu lance O Pegue a sua primeira carta entre as 22 distribuídas e coloque-a diante de você, à esquerda.

0 Pegue uma segunda carta e co­loque-a à direita da primeira, mas a um nível ligeiramente inferior, de forma que a parte superior desta se­

gunda carta forme uma linha hori­zontal com a metade da primeira.

0 Pegue um terceiro arcano e co­loque-o à direita da segunda carta, um pouco mais abaixo da sua precedente.

O Pegue mais uma carta e coloque-a à direita da terceira, seguindo os mesmos critérios das precedentes. As quatro primeiras cartas que você es­colheu estão dispostas como uma es­cada que sobe para a esquerda.

O O O Coloque em escada as 3 car­tas seguintes escolhidas, subindo para a direita, sendo que a quinta deve estar alinhada com a terceira. Você acaba de constituir meio losango com 7 cartas.

0 0 ® Agora só falta fechar este lo­sango, dispondo 5 cartas suplementa­res no sentido de rotação do Zodíaco.

Quarta etapa: descubra seu lance Estando dispostas em Zodíaco as suas 12 cartas, olhe-as uma a uma, co­meçando pela primeira que você es­colheu e colocou. A medida que vão sendo descobertas, anote as cartas no seu caderno, de forma individual, assim como a po­sição na tirada, o número e o nome, numerando-as de 1 a 12. Já está tudo pronto para o início da in­terpretação do seu lance.

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O lance no Zodíaco ou o Tarô real

Arcanos menores e Arcanos maiores Este jogo é ideal para decifrar deforma específica todos os setores da vida

e analisar a situação e o contexto de uma preocupação.

A conselhamos anteriormente que, o jogo de Tarô astro­

lógico mediante os arcanos maio­res, deve ser realizado apenas uma vez ao ano, quando o ano começa ou no aniversário do consulente. Este segundo jogo de Tarô astrológico pode ser reali­zado de forma mais pontual, vá­rias vezes ao longo do ano; por exemplo, uma vez ao mês ou nos dias de Lua Nova. De fato, ao ser constituído por 12 arcanos menores, que substituem os 12 arcanos maiores do pri­meiro lance no Zodíaco, e por 5 arcanos maiores localizados no centro, permite ao mesmo tempo ter uma visão mais clara do con­junto da situação presente, graças aos arcanos menores — cada um corresponde a um dos 12 setores do Zodíaco — mas também graças aos 5 arcanos maiores do lance em cruz, que se encontram no centro, é possível obter uma interpretação ou uma resposta a uma pergunta ou preocupação determinada. Dito de outra forma, praticamente trata-se de dois jogos em um: o lance no Zodíaco e também, por outro lado, o lance em cruz. Pegue o seu caderno para anotar a data do seu jogo, o seu conteúdo detalhado e a sua interpretação e vejamos os pro­cedimentos necessários para esse tipo de jogo.

AS 4 ETAPAS DO SEU JOGO Primeira etapa

Em primeiro lugar, divida o seu jogo em duas fases distintas e as suas car­tas de Tarô em dois montes: 1) primeira fase: o lance no Zodíaco com os arcanos menores; 2) segunda fase: o lance em cruz com os arcanos maiores.

1) primeiro monte: os arcanos menores; 2) segundo monte: os arcanos maiores. Em seguida, sempre na primeira etapa, misture os dois montes de arcanos menores e maiores sepa­radamente e coloque-os abertos em leque diante de você, sem virar as cartas, de forma que não seja possível ver que arcanos serão escolhidos para constituir a sua virada dupla.

Segunda etapa Para que os arcanos deste lance duplo sejam os mais fiéis pos­síveis da sua situação em um de­terminado momento, é muito importante que as etapas que pro­pomos sejam seguidas de forma metódica. De fato, como este lan­ce oferece praticamente duas con­sultas em uma, corremos o risco de que alguma confusão, devido à impaciência ou à inquietude do consulente, atrapalhe a tirada pro­priamente dita. Uma vez na se­gunda etapa, aconselhamos ter

todo o tempo necessário e que o pro­cedimento seja o seguinte: Anote em seu caderno os significados básicos de cada uma das 12 Casas do Zodíaco. Por exemplo:

O Eu © Minha situação financeira © Meu estado de ânimo

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O Meu lar 0 Meus amores 0 Meu trabalho O Meu relacionamento amoroso 0 Minha moral 0 Minhas ambições © Minha vida social © Meus projetos © Minhas buscas

Em função das preocupações do mo­mento e das características da Casa afe­tada, você pode dar a sua própria in­terpretação. Dessa forma, a Casa II pode significar para você "meus ganhos" ou "meus gastos", etc. Uma vez feita a lista das 12 Casas e tendo-lhes dado um título genérico, você já pode começar a tirada propria­mente dita.

Terceira etapa O i O Concentre a sua atenção e, conseqüentemente, o seu pensamento durante todo o tempo necessário no tema que corresponde à Casa I, ou seja, "você mesmo". Pense em você. E, pen­sando em você, escolha uma das 56 car­tas do monte dos arcanos menores, co­loque-a à sua esquerda e vire-a. Uma vez colocado o seu arcano, esqueça-o e concentre-se no segundo que corres­ponde à segunda Casa: "sua situação fi­nanceira, seus ganhos, seus gastos", etc. Então, pense nas suas preocupações no momento nesse sentido, e quando você

sentir que está completamente envol­vido por elas, escolha um segundo ar­cano menor que deve ser colocado à di­reita do primeiro, claramente separado abaixo e também vire-o. De fato, esse lance com os 12 arcanos menores terá exatamente a mesma disposição do pri­meiro lance no Zodíaco realizada com os 12 arcanos maiores, com a diferença de que ele é mais extenso, ou seja, você deve separar as cartas uma das outras, de forma que sobre espaço suficiente no meio para dispor, em seguida, os 5 arcanos maiores do lance em cruz com­plementar. Continue da mesma forma que a pri­meira tirada no Zodíaco, formando a mesma figura com os outros 10 arca­nos menores que faltam ser escolhi­dos; porém, sempre procurando dar uma pausa entre cada escolha de car­tas, para poder se concentrar cada vez em um novo tema correspondente a uma das 12 Casas do Zodíaco e, con­seqüentemente, a um dos 12 setores da sua vida.

Quarta etapa Uma vez realizado seu lance no Zo­díaco, você já poderá se fixar em seu lance complementar de 4 arcanos maiores mais 1, que, assim como no lance em cruz, será a síntese dos outros quatro. Adote, novamente, a atitude estudada assim como explicamos na parte sobre

o lance em cruz, relaxe e se concen­tre em uma preocupação específica, sobre a qual você gostaria de ter mais informação ou esclarecer o seu ponto de vista. © a 0 Em seguida, escreva no seu caderno um texto curto sobre a sua preocupação do momento, continue pensando nela e, do monte dos 22 ar­canos maiores, escolha 4 que, eviden­temente deverão ser colocados em cruz no centro de seu lance no Z o ­díaco: o primeiro, à esquerda; o se­gundo, diante do primeiro, à direita; o terceiro acima, entre os dois pri­meiros; e o quarto, abaixo, no eixo do terceiro, também entre os dois pri­meiros. © Finalmente, some os 4 números dos 4 arcanos de seu lance cm cruz, reduza-o até que reste um número entre 1 e 22 se for necessário e co­loque-o no meio de seu lance em cruz, ou seja, no centro do conjunto de seu lance. Este número resultante será, evidentemente, o do quinto ar­cano maior. Obviamente, se o número resultante da soma dos 4 arcanos de seu lance é igual a um dos arcanos maiores já colocados, você não poderá voltar a colocá-lo. Porém, virtualmente, será este o que se encontra no centro de seu lance. Agora, apenas falta interpretar este novo lance no Zodíaco ou Tarô real.

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O lance em estrela ou o Tarô do amor

Realizamos este lance quando se trata de uma pergunta sobre sentimentos, sobre a vida afetiva e amorosa; mas também para saber o que nos depara a semana vindoura

Quem consulta o Tarô adivinható­rio deveria ter como princípio não

ter nenhum segredo consigo mesmo. Mas sabemos que, infelizmente, algu­mas vezes não é assim e que se publi­cam textos de conteúdo livre ou apro­ximativo que incentivam o leitor a preocupar-se com seu futuro e com o das outras pessoas em vez de incentivá-lo a refletir sobre si mesmo e sobre as conseqüências de seus pensamentos e atos. Se existe algo que não se deve perder de vista, quando se aborda o Tarô adivi­nhatório, é que nenhum final está pre­viamente escrito. A história de nossa vida é escrita dia a dia. Não devemos procurar ou encontrar no Tarô respostas complacentes escritas de antemão. Por que não devemos recorrer ao Tarô para conhecer estas respostas? Porque já as formulamos intencionalmente antes de interrogá-lo. Não é de estranhar que algumas pessoas — que consultam o Tarô em busca do seu futuro e dessas respostas que já conhecem, mas que precisam ouvi-las da boca de um des­conhecido — andem de vidente em vi­dente até que lhes digam exatamente o que querem ouvir. Não é assim que vamos lhe ensinar a empregar o Tarô, mas insistindo sobre o fato de que, ao consultá-lo, é a você mesmo que está consultando. Efeti­vamente, todas as respostas estão em você. E embora a falta de objetividade quando nos referimos a nós mesmos faça parte da natureza humana, ninguém melhor do que você está habilitado para saber o

que está acontecendo com sua pessoa. Assim, uma pessoa que você consulta, e que interpreta para você um ou mais lances de Tarô, só pode exercer um papel de intermediário entre você e você mes­mo. Isto não lhe confere ne­nhum direito nem ne­nhum poder sobre si próprio. Ler e interpretar está ao ' alcance de todos. Deve­mos simplesmente prati­cá-lo. Isto é o que lhe propomos com este lance em estrela.

LANCE EM ESTRELA Este lance formado por sete arcanos é conhecido pelo nome de "Tarô do amor", pois foi utilizado correntemente — e hoje em dia é também reco­

mendado — no que diz respeito à vida sentimental ou às preocupações de ordem afetiva. Mas pode ser empregado para entender em que clima, em que ambiente você vai passar a semana se­guinte, bem como os acontecimentos que irão ocorrer ou as circunstâncias que você irá encontrar. É muito simples. Como seu nome in­dica, é preciso colocar os arcanos que o compõem em forma de estrela. Para fazer este lance será melhor utilizar ex­clusivamente os arcanos maiores do Tarô. Depois de embaralhar os 22 arcanos maiores, ponha-os à sua frente, volta­dos para baixo. Escolha sete deles e guarde-os para voltá-los para cima no final do lance.

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0 Tire um arcano e colo­que-o à sua frente, dei­xando espaço suficiente à sua volta; ele constituirá o centro da estrela que será formada.

Q Escolha uma segunda carta e coloque-a em baixo à esquerda, diante de você, de maneira a que forme uma diagonal com o pri­meiro arcano.

0 Na altura da segunda carta que você acaba de tirar, ou seja, em baixo, à direita do arcano central, coloque um novo arcano de forma a que estas três cartas reunidas formem um triângulo.

Q Acima do primeiro ar­cano, coloque outro arca­no.

0 Ponha agora a quinta carta à sua esquerda, aci­ma do segundo arcano, a um nível situado entre o primeiro e o quarto ar­cano.

0 Coloque a sexta carta à direita, na mesma linha da quinta, acima da terceira carta.

0 Por fim, coloque o sé­timo e último arcano abai­xo do seu lance, no eixo da primeira e quarta cartas sob a linha formada pela se­gunda e terceiras cartas que você escolheu.

Você disporá assim do seu lance em estrela, do qual os seis arcanos mais o situado no centro formam efetiva­mente uma estrela de seis pontas, ou seja dois triân­

gulos, um para cima e outro invertido, colados um ao outro.

SIGNIFICADO DOS ARCANOS DO SEU LANCE

Lance da semana Quando o lance diz respeito à semana que se aproxima, cada arcano tirado co­rresponde a um dia da semana. Assim, o primeiro arcano, chamado arcano central, corresponde ao primeiro dia, que é o dia em que você está jogando o Tarô. O segundo corresponde ao dia seguinte, e assim sucessivamente se­guindo a ordem cronológica em que colocou os sete arcanos. Aconselhamos a realizar o lance em um domingo. Deste modo esclarecerá os seis dias seguintes. Estes são os significados dos sete ar­canos do seu lance:

• Pr imeiro arcano central: do ­m i n g o Como este dia está vinculado analogi­camente ao Sol, informa-o essencial­mente sobre a natureza e a expressão de sua vontade, bem como do clima geral em que você se encontra mer­gulhado no momento em que inte­rroga o Tarô. • Segundo arcano: segunda-feira Este arcano está analogicamente vin­culado à Lua. O arcano que lhe corres­

ponde informa-o sobre a natureza de sua sensibilidade durante a semana e em particular neste dia. • Terceiro arcano: terça-feira Este dia está em correspondência com Marte. O arcano que o afeta manifesta sua energia, tonicidade ou capacidade de ação durante a semana, bem como o ambiente deste dia. • Quarto arcano: quarta-feira É o dia de Mercúrio. Este arcano tes­temunha o despertar da inteligência e a qualidade dos relacionamentos da semana, bem como o ambiente deste dia. • Quinto arcano: quinta-feira Este arcano está relacionado com Jú­piter. Ele o iluminará sobre o poder de expansão da semana e sobre os even­tuais acontecimentos deste dia. • Sexto arcano: sexta-feira Como este dia está relacionado com Vênus, ele nos informa sobre as emoções e os sentimentos da semana, bem como sobre as circunstâncias do dia. • Sét imo arcano: sábado Por fim você receberá indicações sobre o dia da semana atribuído a Saturno, graças ao último arcano do lance. Irá informá-lo acerca de sua capacidade de concentração e da sabedoria que saberá ou não utilizar.

O Tarô do amor Quando você realiza este lance para conhecer sua vida sentimental, irá in­terpretá-lo seguindo a mesma ordem cronológica, só que irá enfocá-lo sob o ponto de vista de seus amores. Estas são as interpretações específicas dos arcanos do Tarô do amor: • Primeiro arcano: o que você quer. • Segundo arcano: o que você sente. • Terceiro arcano: o que você vai fazer. • Quarto arcano: o que você pensa. • Quinto arcano: o que favorece seus anseios e seus desejos. • Sexto arcano: quem você ama e/ou quem lhe ama. • Sét imo arcano: o que deveria ou poderia fazer.

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As combinações dos arcanos maiores (I)

Para obter uma interpretação global de um lance, às vezes podemos sintetizar o significado dos arcanos maiores.

Ao contrário do que se pensa nor­malmente, na maioria dos lances do

jogo do Tarô, e especialmente nos que já aprendemos a fazer, o significado pleno de cada arcano depende do lugar que ocupa, sem influência por parte dos outros arcanos maiores ou menores que o rodeiam. Mas em numerosas ocasiões aparecem exceções à regra. Por exemplo, podemos utilizar o prin­cípio das combinações de arcanos para precisar exatamente a relação que existe entre dois deles, conservando ambos, no entanto, todo seu significado espe­cífico.

0 TRIVIUM Isto se aplica ao lance em cruz, por exemplo, como explicamos na ficha cor­respondente a este lance, mas também a outro lance, conhecido pelo nome de trivium, termo latino que significa "três vias" ou "encruzilhada". Consiste em tirar duas cartas, exclu­sivamente do baralho dos arcanos maiores, depois de embaralhado, co­piar os números correspondentes das referidas cartas para realizar a soma — que obviamente deve ser igual ou in­ferior a 22 — e tirar essa terceira carta do seu jogo. Você disporá então dos arcanos cuja in­terpretação só poderá ser feita mediante uma síntese, isto é, somando seus sig­nificados para tirar uma interpretação geral. Este lance, muito rápido de fazer, é ideal também quando temos de tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Assim, tal como realizamos a inter­pretação do lance de cruz, etapa por

etapa, dos 4 arcanos mais 1, também podemos dividir este lance em três partes:

Q O arcano de síntese é você na si­tuação. Para o lance em cruz, aconselhamos co­locar este arcano à margem do jogo, com o fim de sublinhar que a dita carta não deve ser integrada no lance. Mas quando queremos fazer uma in­terpretação mais profunda, como no caso em questão, é preferível colocar o arcano de síntese no centro de seu

jogo, para não confundir com os arca­nos de união que se situam nos lados exteriores do lance.

Q O primeiro arcano, à esquerda, e o terceiro arcano, em cima, representam juntos sua situação atual. Estão unidos por um terceiro arcano que você vai colocar entre ambos, como fez com o trivium. Depois faça uma síntese dos significa­dos dos três arcanos, sabendo que o que está no centro c o elemento de união entre os outros dois.

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Assim, você pode interpretar o sentido e o clima de sua situação atual, eviden­temente em relação à pergunta que você formulou.

Q O segundo arcano, à direita, e o quarto, em baixo, revelam juntos a provável evolução da situação que o preocupa. Como nas cartas precedentes, seu ele­mento de união é um terceiro arcano cujo número corresponde à soma dos dois números das referidas cartas. Assim, segundo a síntese das infor­mações reveladas por estas três car­tas, você poderá traçar a evolução pro­vável da situação.

A SÍNTESE DOS ARCANOS

MAIORES Para obter uma interpretação global de 2 ou 3 arcanos maiores juntos e que for­mam um todo, utilize os significados positivos e negativos descritos nos ver­sos das fichas dedicadas aos 22 arcanos maiores do Tarô. Obviamente, você terá que adaptá-los à natureza da pergunta ou preocupação. Assim, a interpretação geral que você vai tirar deste conjunto de arcanos deve responder ao espírito da situação em questão no seu lance. Em relação a isso, é preciso saber que para interpretar um lance é melhor dar sempre explicações simples, claras e concisas. Com efeito, os arcanos do Tarô formam um conjunto de mensagens simbóli­cas que temos que descodificar, inter­pretar e adaptar à nossa realidade, aos nossos problemas do dia-a-dia e à nossa vida individual. Assim, tanto no trivium como no lance em cruz, devemos interpretar de forma metódica e lógica o significado dos dois arcanos a considerar, antes de ver as in­formações suplementares fornecidas pelo terceiro arcano que, lembre-se, tem um papel de elemento de união. Este arcano permitirá que você aperfeiçoe a interpretação e tire uma impressão de conjunto.

0 trivium: exemplo de interpretação Imaginemos que você se interroga sobre uma relação afetiva com a qual teve problemas e se pergunta como evoluirá. Segundo nosso método do

lance de cruz, faça a pergunta, emba­ralhe as cartas e tire quatro delas, vi¬ rando-as em seguida. Sai, por exemplo, o seguinte jogo:

Aqui, o arcano de síntese é o 10 (a Ro­da da Fortuna), pois a soma dos quatro arcanos é igual a 55 (14 + 6 + 18 + 17), valor que deve ser convertido em um nú­mero inferior a 22 (5 + 5 = 10). No início, interprete o jogo seguindo o método que ensinamos: tire o significado de cada arcano tendo em conta sua co­locação no lance. Uma vez que tenha sua chave e esteja em condições de dar uma resposta à sua pergunta, você pode melhorar sua in­terpretação, dividindo as quatro cartas em dois grupos de duas:

- primeiro e terceiro arcanos (em nosso exemplo, a Temperança e o Namorado);

- quarto e segundo arcanos (a Estrela e a Lua). Some os 2 arcanos de cada combinação: 14 + 6 = 20 (o Julgamento), 17 + 18 = 35, que você vai converter em um número igual ou inferior a 22: 3 + 5 = 8 (a Justiça). Tire o Julgamento e a Justiça de seu jogo e coloque-os da seguinte forma: o pri­meiro entre a Temperança e o Namorado, e o segundo entre a Estrela e a Lua. Dessa forma, você dispõe de duas com­binações de três cartas: 1. a Temperança + o Julgamento + o Na­morado = sua situação atual; 2. a Estrela + a Justiça + a Lua prová­vel evolução da situação.

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As combinações dos arcanos maiores (II)

Depois de mostrar as indicações gerais sobre a síntese dos arcanos maiores, vamos agora mostrar um exemplo concreto de uma combinação, que lhe permitirá

compreender sua sutil mecânica interpretativa.

S eja qual for a arte adivinhatória que se pratique, devemos sempre levar

em conta as regras — claro que para serem aplicadas — e conhecer as in­terpretações baseadas nos significados dos símbolos que os elementos que constituem a arte em questão contêm. No entanto, uma vez dominadas as re­gras e as interpretações — o que será difícil se não tivermos rigor, método e autodisciplina e nos deixarmos levar pela fantasia no momento de exercer as artes adivinhatórias — devemos rea­lizar e dar nossa própria interpretação. A adivinhação é uma arte. Implica, portanto, que tendo um instrumento em mãos, ou seja, um jogo adivinha­tório — neste caso o Tarô e mais par­ticularmente os 22 arcanos maiores — temos que tirar toda sua essência e fazer nossa própria interpretação, que lhe dará seu sentido pleno, e que se desliga dos arcanos que formam o lance. Para encaminhá-lo na direção certa, que se converterá em sua pró­pria quando estiver bem inteirado dos significados de cada arcano, e para que aprenda verdadeiramente a interpre­tação de um lance, correndo o risco

evidente de cometer erros que lhe ser­virão para aprender, e que corrigirá su­cessivamente, apresentamos uma com­binação de arcanos maiores em cruz ou no trivium. A partir desta demonstração, você pode praticar realizando suas próprias interpretações. Não podemos mostrar-lhe todas as combinações possíveis de três arcanos maiores (existem mais de duas mil); mas o exemplo que esco­lhemos irá ajudá-lo a compreender a mecânica destas combinações. Você poderá portanto utilizá-la para todas

as combinações que surgirem quando você realizar seus próprios lances.

EXEMPLO DE UMA COMBINAÇÃO DE TRÊS ARCANOS MAIORES

O Mago, a Sacerdotisa, a Imperatriz, o Imperador e o Papa, os cinco pri­meiros arcanos maiores do Tarô. Muitas vezes são chamados "as figuras", já que nestas cartas figuram cinco persona­gens. N o entanto, seu aparecimento não tem a ver forçosamente com uma pessoa física e pode conter outro sig­nificado.

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Tomemos portanto o exemplo de um lance onde o Mago, a Sacerdotisa e a Imperatriz, que são três figuras do Tarô se juntam nesta ordem (I-II-III). Exis­tem no mínimo quatro possibilidades de interpretação.

Primeira interpretação Uma iniciativa (o Mago), tomada com toda a discrição (a Sacerdotisa) — e com a Sacerdotisa poderíamos acres­centar: conscientemente, depois de uma reflexão madura e com conheci­mento de causa — traz ou trará seus frutos (a Imperatriz).

Segunda interpretação Empreende-se uma ação (o Mago) para realizar um projeto amadurecido ao longo do tempo e bem preparado (a Sacerdotisa). Deveria ser muito produ­tivo (a Imperatriz).

Terceira interpretação Uma mulher discreta (a Sacerdotisa) unirá um homem que transborda ima­ginação e é empreendedor (o Mago) a uma mulher sincera, afetuosa e realista (a Imperatriz).

Quarta interpretação Finalmente, esta combinação de arca­nos pode anunciar um nascimento: a criança (o Mago), a parteira (a Sacer­dotisa) e a mãe ( a Imperatriz). A partir destas quatro interpretações, existem numerosas variantes, mas giram sempre em torno dos argumentos ex­postos. Além disso, você terá notado sem dúvida de que só propusemos sig­nificados positivos; podemos também interpretar estas combinações sob outro ponto de vista e dizer: • primeira versão: uma mulher ou pes­soa calculista e interesseira (a Sacer­dotisa) retomará uma iniciativa (o Mago), da qual tirará proveito e van­tagens para si própria (a Imperatriz); • segunda versão: uma ação que não poderá ser empreendida (o Mago) sem o apoio e os conselhos de uma mulher ou pessoa com experiência (a Sacer­dotisa). Será produtiva ou enriquece­

dora (a Imperatriz) só nestas con­dições. Esta segunda versão não é ne­gativa, mas tem mais matizes que a primeira; • terceira versão: uma mulher reservada, com falta de sinceridade, insensível, calculista ou malévola (a Sacerdotisa) irá interpor-se entre um jovem (o Mago) e uma mulher sincera c gene­rosa, cheia de boas intenções ou bons sentimentos (a Imperatriz); • quarta versão: a quarta versão não apresenta nenhuma variante, pois o acontecimento ao qual faz referência dificilmente pode apresentar-se sob outro ponto de vista. No entanto, este exemplo de combi­nação de três arcanos maiores e as sete propostas de interpretação deveriam nos ajudar a adquirir a mecânica das inter­pretações inerentes às combinações de arcanos maiores, sem esquecer que um arcano maior conserva todo seu signi­ficado e não é influenciado pela pre­sença dos outros arcanos presentes no lance, mesmo que se tenha de fazer uma espécie de síntese.

Podemos realizar um lance para nós mesmos?

Diz-se que é impossível realizar um jogo de Tarô para nós mesmos. No entanto, como Samuel Hahnemann (1755-1843) — médico alemão fundador da homeopatia, que experimentava em si mesmo os pro­dutos que criava para encontrar boas mis­turas —, pensamos o contrário: nada me­lhor que realizar os próprios lances para dominar a técnica da interpretação do Tarô adivinhatório. Não importa se, por falta de objetividade, você não conseguir de início a correta in­terpretação do lance. Como já dissemos antes, basta anotar as perguntas, a com­posição do lance e a própria interpre­tação em um bloco, reler tudo, aprender e tirar conclusões. Assim, quanto melhor você souber inter­pretar os lances para si mesmo, mais apto estará para realizá-los e interpretá-los para uma terceira pessoa.

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As combinações de dois arcanos maiores

O Mago e o Namorado Combinados entre si em uma jogada, os arcanos nos dão mensagens precisas.

P ara interpretar as jogadas que você fizer, tanto para você mesmo

quanto para outra pessoa, é muito im­portante conhecer os significados de cada arcano maior. Portanto, para ser o mais eficiente possível nas suas in­terpretações, aconselhamos que você se inspire, principalmente, nas pala­vras-chave que correspondem a cada arcano maior do Tarô adivinhatório. Para memorizar melhor estas palavras-chave, escreva-as em pequenas fichas, indicando a que arcano se referem. No dia-a-dia, dê uma revisada nelas sem olhar o nome do arcano e, deste modo, com o tempo você acabará aprendendo o seu significado.

DESCUBRA A MENSAGEM PESSOAL

DE SEU LANCE Para interpretar qualquer lance não basta lembrar dos significados dos ar­canos. Devemos usar a nossa recepti­vidade e inspiração. Todos somos ca­pazes de dar mostras delas. Algumas pessoas possuem estas qualidades ina­tas e espontâneas, porém outras pre­cisam cultivá-las. Neste sentido, o Tarô adivinhatório é um excelente instrumento educativo, já que coloca em funcionamento, sem que percebamos, a nossa receptividade e inspiração. De fato, quando realiza­mos um lance, não nos encontramos com uma só carta, mas com várias. Por isso, podemos considerar que os 5 ar­canos juntos que constituem um lance em cruz, por exemplo, contêm uma mensagem.

Esta mensagem apenas pode ser de­cifrada e lida, se compreendermos co­mo se somam e se combinam entre si os significados inerentes à cada arcano presente em nosso lance. É como se juntássemos diferentes substantivos para formar uma frase. Os arcanos nos propõem substantivos; porém, para que a frase em questão possa ser lida e faça sentido, precisa­mos acrescentar verbos, adjetivos e complementos. É dessa forma que pre­cisamos proceder. Não podemos apre­

sentar todas as combinações possíveis de arcanos maiores. Porém, usando apenas dois deles, nos são oferecidas quase 500 possibilidades. Se pegarmos três, nos são apresentadas mais de 10.000 possibilidades. A seguir apresentaremos apenas alguns exemplos com dois arcanos maiores para que você possa ir aprendendo gra­dualmente o mecanismo de reflexão a ser usado para decifrar completa­mente a mensagem contida em uma ti­rada.

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O MAGO E O NAMORADO Em função dos significados de ambos os arcanos, podem ser delineadas vá­rias interpretações. Usemos, então, as palavras-chave para tentar deduzir al­gumas delas. Antes de tudo, o Mago indica inicia­tiva, enquanto que o Namorado revela uma escolha. Dessa forma, podemos deduzir que tomamos a iniciativa de fazer uma escolha. Se considerarmos o Mago uma repre­sentação do livre-arbítrio, poderemos dizer que teremos a liberdade de es­colha e de ação. O Mago também sig­nifica inteligência. Se levarmos em consideração tal significado, podemos avançar e dizer que graças à nossa in­teligência somos capazes de tomar uma decisão. Contudo, nos significados ne­gativos, observamos que o Mago tam­bém pode representar a confusão ou a dispersão. Em tal caso, estaríamos diante de uma confusão a respeito de uma escolha, que podemos traduzir como uma indecisão, uma incapaci­dade de escolher. Continuando com os significados negativos do Mago, re­velamos uma evidente tendência a se deixar influenciar. Neste caso, também destacamos o fato de que normalmente nos deixamos influenciar nas nossas escolhas. Certamente, a boa interpretação será revelada por um lado pela natureza da pergunta colocada e, por outro, pelos demais arcanos presentes no lance. Para que você não se esqueça de nada,

principalmente no lance em cruz, você deve fazer uma síntese das suas inter­pretações para encontrar a resposta da sua preocupação no momento. Em todo caso, quando o Mago e o Namorado aparecem seguidos, as qua­lidades de iniciativa, livre-arbítrio, es­pontaneidade (o Mago), se unem com as de escolha, decisão e resolução (o Namorado). Tudo leva a crer que nos encontramos diante de uma situação, na qual precisamos fazer uma escolha, tomar uma iniciativa ou uma decisão ou ainda nos comprometer; isto, quando se trata de uma interpretação positiva. Por outro lado, desde outro ponto de vista, vemos as palavras-chave confusão e dispersão tanto no Mago quanto no Namorado. Portanto, se os arcanos que os rodeiam realçam o sen­tido destes termos (presença do En­forcado, da Temperança, da Lua ou até do Mundo, por exemplo), interpreta­remos esta combinação de arcanos do ponto de vista de uma profunda in­decisão diante de uma es­colha. Agora, abordaremos a in­terpretação destes dois ar­canos supondo que se trate de um indivíduo. Para isso, olhe as indi­cações que fizemos no destaque intitulado "No seu lance" em relação ao Mago e ao Namorado. Lendo primeiro as refe­rências do Mago, você verá, entre outras coisas, que muitas vezes repre­senta uma pessoa jovem de idade ou de espírito. No caso do Namorado, você descobrirá, entre ou­tras coisas, que este arca­no se refere muitas vezes a uma escolha que deve ser feita, confirmando o que você já sabia graças às palavras-chave. Sc combi­namos ambas interpreta­

ções, podemos dizer que nos encon­tramos diante de uma pessoa jovem que está a ponto de tomar uma decisão importante . Agora, se nos colocamos na perspec­tiva dos sentimentos amorosos, se­guindo as informações reveladas no destaque "No seu lance" em relação a ambos os arcanos, deduziremos que continuamos diante de uma pessoa jovem que está experimentando um sentimento novo ou que deve fazer uma escolha na sua vida afetiva ou ainda, que não consegue tomar tal decisão —nesse caso, talvez não seja fiel—, ou por último, trata-se sim­plesmente de uma criança rodeada de amor e afeto. Mais uma vez, você en­contrará a interpretação certa, levando em consideração a situação concreta da pessoa afetada por este lance.

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As combinações de dois arcanos maiores

O Carro e o Ermitão, a Força e a Casa de Deus, a Lua e o Diabo

S eguimos com nossos exemplos de interpretações de combinações de

dois arcanos maiores, tendo em conta que os significados que propomos aqui não respondem a nenhuma pergunta nem preocupação cm particular. Só pretendemos estudar as mensagens que podem nos transmitir dois arcanos maiores quando aparecem um ao lado do outro em uma tirada. Obviamente, em seguida será você que os adaptará à natureza de seu lance, à questão que lhe preocupa ou à sua situação do mo­mento, para deduzir sua própria inter­pretação da tirada.

0 CARRO E 0 ERMITÃO O que podemos dizer da união destes dois arcanos, inclusive antes de con­sultar as palavras-chave que lhes cor­respondem, c que juntos revelam um movimento, uma busca. De fato, o Carro simboliza um movimento para a frente, um deslocamento, enquanto

que o Ermitão faz alusão a uma busca, um descobrimento ou uma revelação. Por isso, sem consultar as palavras-chave deduzimos, de saída, que estes dois arcanos anunciam, provavelmente, uma notícia. Sc o Carro precede ao Ermitão, a no­tícia está cm andamento, está chegando, indo em sua direção e em pouco tempo a receberá, inclusive com muita rapi­dez, pois o Carro quase sempre implica que os acontecimentos estão se reali­zando naquele momento. Se o Ermitão precede ao Carro, será você que trans­mitirá a notícia, a menos que esteja es­perando a notícia da qual lhe informa o Carro seguido do Ermitão, e então você está agindo bem em ser paciente, pois chegará a seu devido tempo e na hora prevista.

Mas, por outro lado, algumas das pa­lavras-chave do Carro e do Ermitão são totalmente complementares. Desta forma, a vontade, a coragem, a deter­minação e a perseverança (o Carro) concordam perfeitamente com os es­tudos, pesquisas, descobrimentos, em­presa a longo prazo, sabedoria e pa­ciência (o Ermitão). Combinando todas estas qualidades, você chegará à conclusão de que se trata de uma situação extremamente posi­tiva em que há vontade de saber, cm que há decisão de aprender e compre­ender, em que há desejo de empreen­der algo a longo prazo. Além disso, como você constatará imediatamente, as palavras-chave e as qualidades do Carro e do Ermitão se complementam perfeitamente: coragem e prudência,

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vontade e paciência, força e lucidez, êxito e idéias brilhantes, etc.

A FORÇA E A CASA DE DEUS Estudemos agora a combinação dos dois arcanos maiores cujas qualidades pa­recem mais opostas. De fato, as pala­vras-chave da Força são: coragem, von­tade, segurança, confiança em si mesmo, domínio dos instintos, paz in­terior, força em calma, enquanto que as reveladas pela Casa de Deus são: mu­dança, transtorno inevitável, questio­namento, situação de crise e ruptura. Quando ambos os arcanos aparecem juntos existem duas interpretações pos­síveis. A primeira nos revela que, graças à sua segurança, vontade e coragem, em

suma, a todas as qualidades da Força, conseguimos dominar a mudança ou as mudanças e os transtornos inevitáveis ou a situação de crise ou ruptura a que nos deparamos, como parece anunciar a Casa de Deus. A segunda nos indica que, ao haver pecado por excesso de co­ragem, vontade, segurança c domínio, nossa força em repouso se traduz em uma força de inércia, um repúdio a toda a mudança e que, assim, sem querer, provocamos uma situação de crise ou de ruptura sem a qual nada poderá re­novar-se, ou talvez, inclusive, evoluir. Como você pode comprovar, estas duas interpretações são contraditórias. É você que deve reconhecer a mais adequada à sua preocupação do momento.

A LUA E 0 DIABO Para acabar com nossos exemplos de interpretação de combinações de arca­nos maiores, estudemos a da Lua e o Diabo, a qual goza de má fama. Como você pôde perceber, na representação de cada arcano maior insistimos sobre seus significados positivos e negativos. De fato, a nosso ver, é a natureza do lance que revela muito mais o sentido de cada arcano que o mesmo arcano. Este foi o caso de nosso exemplo pre­cedente, onde a Força, arcano que po­deria ter formosas virtudes, reforça no entanto, algumas qualidades mal em­pregadas pela pessoa em questão. Mais uma vez, revelemos as palavras-chave destes dois arcanos maiores. A Lua: premonições, intuições, imagi­

nação, doçura, popularidade, dons e qualidades psíquicas. O Diabo: ins­tinto, paixão, criatividade, poder, êxito, material. Juntos, evidentemente em seus significados positivos, ambos os arcanos insistem nas qualidades de ins­tinto, intuição, imaginação e criativi­dade, que têm em comum. Deduzi­mos, portanto, que estamos ante um ser que possui tais qualidades, ou então face a uma situação na qual é muito im­portante utilizar estas qualidades para tirar proveito da mesma. Estes dois arcanos juntos também podem anunciar a popularidade que produz um êxito material, dons ou qua­lidades físicas que conferem certo poder para obter o que se quer, satisfazer os próprios desejos e ambições, todas elas qualidades reveladas também pelo Diabo. No entanto, se levamos em con­sideração os significados negativos de ambos os arcanos, nossas eventuais in­terpretações serão totalmente diferen­tes, pois a dependência afetiva e mate­rial (a Lua) se une com o excesso, a desordem material, os desejos ou im­pulsos cegos, o egocentrismo (o Diabo). Em todo o caso, quando uma inter­pretação deste tipo lhe parece muito clara, porque se adapta perfeitamente à sua preocupação do momento, não dra­matize. Dê-lhe sempre um matiz. E sempre considere o resto dos arcanos da tirada.

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As combinações de dois arcanos menores

O ás de copas e o cinco de ouros, o ás de copas e o seis de copas, a dama de espadas e o cavaleiro de paus.

Oque é válido para as combinações entre dois arcanos maiores tam­

bém é válido para os arcanos meno­res. No entanto, embora disponhamos de 22 arcanos maiores, contamos com 56 arcanos menores. É, portanto, muito difícil, pelo menos em um primeiro momento, memorizar os significados de todos eles. Por isso, aconselhamos que primeiro se concentre nos arcanos maiores, se familiarize com eles e deixe de lado os arcanos menores. Uma vez conhecendo todas as inter­pretações básicas destes 22 arcanos, então poderá decidir trabalhar com os menores e aprender, pouco a pouco,

seus significados gerais. Para isso, você deve seguir exatamente o mesmo mé­todo que propusemos no caso dos ar­canos maiores: dedique um tempo a criar uma série de 56 fichas de cartão, nas quais escreverá as palavras-chave que encontrará consultando as fichas correspondentes aos símbolos e inter­pretações de arcanos menores. No entanto, para facilitar seu trabalho, propomos que de saída se remeta di­retamente às fichas 28 e 29 desta mesma seção, onde apresentamos as in­terpretações dos 56 arcanos menores com suas correspondentes palavras-chave. A medida que você for se en­

volvendo e tiver mais fichas, que re­velam significados muito mais deta­lhados sobre cada um dos arcanos me­nores c, dessa forma, completar ou aperfeiçoar sua própria interpretação deles. De fato, nunca deve esquecer que a prá­tica das artes adivinhatórias, e a do Tarô em particular, requer muito estudo e paciência, assim como ordem e método. Da mesma maneira que um músico deve dominar a técnica de seu instru­mento e saber as escalas e harmonias na ponta dos dedos, você também deve estar completamente envolvido e fa­miliarizado com os significados dos ar-

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canos para poder fazer logo sua livre interpretação. Se decidimos dar-lhe al­guns exemplos de várias das combi­nações de dois arcanos menores, da mesma forma que fizemos com as combinações entre dois arcanos maio­res, é apenas para mostrar-lhe os gran­des princípios de uma interpretação deste tipo. Efetivamente, por serem duas vezes mais numerosos que os ar­canos maiores, as combinações entre dois ou mais arcanos menores são quase incontáveis. Seria, portanto, ab­surdo querer apresentá-las todas. Es­colhemos as que nos pareceram mais representativas, inspirando-nos exclu­sivamente nas palavras-chave que fi­guram nas fichas n° 28 e 29 de Artes Adivinhatórias: o Tarô.

ÁS DE COPAS-CINCO DE OUROS Quando este ás, que anuncia felicidade, alegria ou um acontecimento positivo, é seguido do arcano relativo a uma melhora de ordem financeira, uma ini­ciativa benéfica ou um empreendi­mento vantajoso, podemos deduzir que a felicidade que experimentamos ou o acontecimento positivo que se pro­duz em nossa situação nos traz um be­nefício imediato ou, com toda segu­rança, nos permite atuar ou tomar uma iniciativa que se revelará frutífera, no entanto, por outro lado, também po­demos considerar que esse empreen­dimento vantajoso à qual já nos lança­mos é a causa deste acontecimento feliz ou desta alegria que sentimos. Como

se vê, em uma combinação de arcanos deste tipo, o ás de copas perde um pouco a sua conotação sentimental, para revelar, neste caso, uma situação mais material. De tal forma, são os ouros que exercem uma influência sobre as copas, fato que tendo a de­monstrar que nunca devemos ver em um arcano menor um significado fixo ou esquemático. Será dentro do lance do qual faz parte, onde se revelará seu pleno sentido.

ÁS DE COPAS-SEIS DE COPAS Agora analisaremos um exemplo de combinações de dois arcanos menores de significados opostos ou contraditó­rios. De fato, enquanto o ás de copas é o arcano da felicidade e dos sentimen­tos amorosos, o seis de copas indica um desengano ou uma decepção sentimen­tal, dificuldades para amar ou ser amado. Neste tipo de configuração, são possí­veis três interpretações: 1. Estamos muito apaixonados e senti­mos uma grande alegria ao amar, mas não temos certeza de que os sentimen­tos que experimentamos sejam recí­procos. 2. Aspiramos ter um sentimento novo, profundo, brilhante, mas não o al­cançamos por duas possíveis razões: porque, no fundo, nos custa amar como desejaríamos, ou porque não consegui­mos ser amados como gostaríamos. 3. Apesar das decepções sentimentais das quais somos vítimas, chegaremos a ser muito felizes e a ter uma grande alegria amorosa.

DAMA DE ESPADAS-CAVALEIRO DE PAUS

Para nosso terceiro exemplo, escolhe­mos duas figuras. No entanto, apesar de sua aparência, não aludem, siste­mática e simbolicamente, a duas pes­soas. Assim, a dama de espadas pode anunciar uma situação que progride ou uma iniciativa audaz e frutífera, ou o sentido da oportunidade. Quanto ao cavaleiro de paus, este pode revelar uma viagem, uma gestão dis­creta, valentia e vontade que favorecem as mudanças úteis. Podemos, portanto, supor que se trata de uma situação na qual atuamos, tomamos uma iniciativa, para mudar e progredir. Pode ser que sejam necessárias uma gestão ou uma viagem para obter ou realizar o que queremos. Mas, obviamente, também podemos nos encontrar em presença de dois per­sonagens que atuam de mútuo acordo, que desempenham o papel de inter­mediário, ou de secundário, pois trata-se de um cavaleiro, em vez de um va­lete ou um rei. Em tal caso, podemos afirmar que esta mulher de ação faz intervir o perso­nagem em questão para alcançar seus fins, do contrário, o cavaleiro deixa de representar um personagem e passa a ser uma circunstância. E daí deduzire­mos que esta mulher ativa, represen­tada em nosso lance pela dama de es­padas, iniciará uma gestão, uma viagem ou efetuará mudanças úteis, para fazer com que sua situação avance ou para tirar proveito da mesma.

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A interpretação do lance em cruz

E ste lance, que se realiza com os ar­canos maiores permitirá que você

obtenha uma resposta imediata às suas perguntas.

AS 4 ETAPAS DE SEU LANCE 0 Escreva o enunciado de sua pergunta depois de ter refletido com muita calma e, se possível, resuma-o cm uma frase curta.

Q Misture ou embaralhe suas cartas, a depender de onde você esteja sentado ou simplesmente de acordo com suas preferências.

Q Tire 4 cartas e coloque-as à sua frente em forma de cruz, depois vire-as se­guindo a mesma ordem em que apa­receram no lance.

Q Some os quatro números corres­pondentes aos arcanos do seu lance. O resultado da referida soma irá per­mitir que você encontre o quinto arcano, chamado o arcano da síntese (ver qua­dro na página seguinte). Coloque-o ao lado de seu lance. Este arcano nunca lhe dará a resposta à sua pergunta, mas irá revelar a natureza ou origem de sua

preocupação ou de determinado pro­blema. Também informará sobre como deve enfrentá-lo. Não deve ser integrado na interpretação do seu lance. Consi­dere-o como um apoio que vai funcio­nar como uma introdução à sua inter­pretação, dando assim um foco ao tema.

AS 5 ETAPAS DA INTERPRETAÇÃO DO LANCE EM CRUZ

Primeira etapa: sua pergunta

Arcano de síntese ou quinto arcano do lance, resultado da soma dos qua­tro arcanos tirados: fornece as indicações acerca da pergunta e permite que se concentre nela, mas também informa sobre seu estado de espírito em relação à situação que o preocupa. Se não fez a pergunta corretamente, este arcano pode fazer com que você des­cubra isso, para lhe dar a oportunidade de acrescentar alguma coisa ou refor­mulá-la melhor. Não hesite em fazer isto e depois rea­lizar um novo lance, que se adaptará melhor à situação que o preocupa.

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Segunda etapa: você, nesta situação

Primeiro arcano de seu lance: in­forma sobre seu comportamento diante da situação que o preocupa, seus atos, intenções, decididas ou não, e seus de­sejos, manifestados ou não.

Terceira etapa: as circunstâncias,

acontecimentos ou elementos exteriores

Segundo arcano de seu lance: mos­tra os fatores, elementos que intervém ou elementos exteriores suscetíveis de influenciar ou de interferir na evo­lução dessa situação que o preocupa. Assim, quando uma ou várias pessoas estão implicadas nesta situação, quase sempre são representadas por este ar­cano.

Quarta etapa: as conseqüências de seus atos

Terceiro arcano de seu lance: sua na­tureza e significado permitem medir até que ponto os fatos que você resolveu enfrentar ou que já enfrentou, referen­tes à situação que o preocupa (primeiro arcano de seu lance), se adaptam bem aos elementos exteriores (segundo ar­cano de seu lance). Assim, poderá calcular as conseqüên­cias que derivarão ou já derivaram deles, a depender do caso.

Quinta etapa: a provável evolução

de sua situação Quarto arcano de seu lance: no lance em cruz não podemos falar propria­mente de conclusão. Em contrapartida, este arcano revela a provável evolução, que não tem que ser definitiva, da situação que o preocupa no momento em que interroga o Tarô. Assim, você descobrirá qual será a evo­lução lógica no futuro, partindo do prin­cípio que nenhum outro elemento in­tervirá, permitindo assim que decorra por si mesma, sem mudar nada. Se a re­ferida provável evolução lhe convém, se coincide com seus desejos e expectati­

vas, você pode contentar-se com ela, deixar fazer e dar-se por satisfeito. Em contrapartida, se esta eventual resolução o preocupa, não lhe convém ou o de­cepciona, seu lance irá fornecer-lhe uma possibilidade de retificar seus atos, ou

seja, considerar atentamente ou de outro ponto de vista os elementos exteriores que intervém na situação (segundo ar­cano de seu lance) ou rever seus juízos, corrigir seus atos e adotar outra atitude (primeiro arcano de seu lance).

Exemplo de cálculo e de interpretação do quinto arcano do lance, chamado "arcano de síntese"

Imaginemos o seguinte lance:

0 arcano de síntese é: 9, o Ermitão. Como descobrimos que o arcano de síntese é o Ermitão, a partir dos quatro números cor­respondentes aos arcanos deste lance? Simplesmente efetuando duas somas. Com efeito, basta somar os números em questão: 19 + 20+10 + 5 = 54. Como o número 54 é maior que 22, que é o número de arcanos maiores de que dispõe o jogo, devemos somar os dois algarismos que o compõem: 5 + 4 = 9. Como 9 é o número do Ermitão, este será o arcano que você tirará do Tarô e que lhe permitirá iniciar a interpretação. Se o número que resultar da soma dos qua­tro arcanos de seu lance for igual ou in­

ferior a 22, não é necessário fazer uma segunda soma. Exemplo: 4 (o Imperador) + 6 (o Namorado) + 8 (a Justiça) + 1 (Mago) = 19. Como este número corresponde ao dé­cimo nono arcano maior do Tarô, extraia diretamente o Sol do seu jogo. Se o ar­cano de síntese estiver presente no lance, você não poderá, logicamente, extrai-lo. No entanto, não deixa de ser o arcano de síntese. Exemplo; 19 (o Sol) + 20 (o Julga­mento) + 6 (o Namorado) + 5 (o Papa) = 50. Ora, 5 + 0 = 5. O arcano de síntese é, portanto, o Papa, que já era o quarto arcano do lance.

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A interpretação do lance em ferradura

Vamos explicar o método de interpretação para este lance. Assim, você poderá fazer uma síntese do mesmo e encontrar respostas para suas perguntas.

J unto com o lance em cruz, este lance é o mais fácil de realizar e o mais

adequado quando se tem um problema específico para o qual é preciso en­contrar uma solução imediata ou quando se deve realizar uma escolha delicada ou difícil e é necessário es­clarecer a situação. Para realizá-la, é preciso proceder como indicamos anteriormente, seguindo es­crupulosamente todas as etapas neces­sárias: O Escreva sua pergunta no diário de lances, pois deste modo você sempre terá a possibilidade de voltar a consultá-lo, de voltar a descobrir as interpreta­ções feitas anteriormente, de corrigi-lo, assim como de comprovar se, em realidade, correspondem ao que acon­teceu depois. © Embaralhe com cuidado suas cartas do Tarô, especialmente para o lance em ferradura, separe os arcanos maiores dos menores, faça dois montes separados, que você deverá cortar sem olhar. © Finalmente, efetue o lance, que lem­bramos deve consistir em 7 arcanos: 4 arcanos menores e 3 arcanos maiores dispostos de forma alternativa, come­çando por um arcano menor.

NOSSO LANCE Imaginemos um lance que se compõe da seguinte maneira: 1. arcano menor: Três de espadas 2. arcano maior: 8 A Justiça 3. arcano menor: Três de copas 4. arcano maior: 21 O Mundo 5. arcano menor: Dez de copas 6. arcano maior: 17 A Estrela 7. arcano menor: Dois de ouros

NOSSA INTERPRETAÇÃO Para realizar nossa interpretação, de­vemos nos remeter às fichas n.° 41, 13, 26, 34, 22 e 42 de Artes Adivinhatórias: o Tarô, onde aparecem os significados dos arcanos maiores e arcanos menores que aqui nos interessam. A partir destas in­terpretações, compreenderemos o sen­tido geral de cada arcano, levando cm conta, obviamente, a posição de cada um deles no lance. Para sublinhar o in­teresse de nosso exemplo, não reve­laremos de imediato o objeto da con­sulta. Assim você descobrirá — e essa

é uma regra de ouro na prática do Tarô adivinhatório, e por isso o considera­mos um alfabeto da alma —, que mesmo sem realizar uma pergunta concreta, sempre contém uma resposta. Descobrimos isto quando estudamos um lance feito sem que perguntemos sobre um ponto em particular.

Primeiro arcano Três de espadas

Em nosso lance, o primeiro arcano tem que ver com as causas de nossa preo­cupação ou, eventualmente, com a pes-

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pessoa ou pessoas impli­cadas ou causantes. O Três de espadas então nos indica que, segu­ramente, trata-se de uma escolha ou tal vez uma mudança. N o entanto, se queremos realmente ser mais precisos em nossa in­terpretação podemos nos remeter, evidente­mente, às fichas dos arcanos maiores e me­nores. Com relação ao Três de espadas, des­cobrimos que neste arcano pode intervir um fator de mudança, de transtorno e tam­bém de ruptura. Anuncia uma escolha ou talvez a intervenção de um ele­mento ou acontecimento novo e ines­perado.

Segundo arcano 8 A Justiça

Este arcano nos revela e nos explica nossas próprias reações ou atitude face a esta situação. A Justiça nos faz supor que existe uma vontade de reagir de forma rigorosa, mas totalmente imparcial, c que não é impossível ser taxativo nesta situação, de maneira decidida e definitiva, como só a justiça dos homens sabe ser, com a meta de poder preservar a ordem es­tabelecida.

Terceiro arcano Três de copas

O que este arcano nos propõe é uma espécie de conseqüência lógica, resul­tado do encontro dos dois primeiros arcanos. Graças a tal encontro, pode­mos medir a verdadeira natureza de nossas escolhas e decisões. O Três de copas nos indica relações agradáveis, e, mais concretamente, uma relação agra­dável mais de ordem afetiva ou senti­mental. Mas, neste caso, o que deve reter nossa atenção são os sentimentos contraditórios.

Quarto arcano 21 O Mundo

Este arcano nos representa em meio a uma situação. Informa-nos sobre nosso estado de espírito c nosso comporta­mento. É o arcano da realização, do su­cesso, de uma alegria indescritível e de grandes perspectiva pela frente.

Quinto arcano Dez de copas

O que estamos fazendo ou a ponto de fazer? E um pouco o que nos revela este arcano. Mas, o Dez de copas é um arcano de muito bom agouro, pois anuncia o êxito, o triunfo, assim como a felicidade.

Sexto arcano 17 A Estrela

Este arcano nos proporciona indicações sobre as eventuais soluções práticas que podemos aplicar para resolver nosso problema. Como se trata de uma Estre­la, podemos supor que a inspiração será boa a este respeito, mas, principalmente que nos encontramos em circunstâncias ideais para atuar, criar e produzir.

Sétimo arcano Dois de ouros

O último arcano deste lance põe em re­levo nossas vantagens e defeitos. Por

isso, o Dois de ouros nos ensina que, do ponto de vista das vantagens, po­de-se chegar a um acor­do ou firmar um con­trato, mas, do ponto de vista dos defeitos, nos re­vela riscos de crises fi­nanceiras ou uma falta de independência a este respeito.

A SÍNTESE DESTE LANCE

Impõe-se uma escolha ou uma mudança, talvez a propósito de um acon­tecimento inesperado (Três de espadas). Esta escolha é feita de

forma rigorosa, justa, decidida e defi­nitiva (8 a Justiça). Uma vez realizada esta escolha ou so­lucionada esta decisão, poderemos nos dedicar novamente às relações agra­dáveis e, alem disso, poderemos pôr fim aos nossos sentimentos contradi­tórios (Três de copas). Por isso, nos sentimos muito satisfei­tos e estamos muito seguros de ter um êxito ou um triunfo (21 O Mundo). O que fazemos então nos reafirma em nossa escolha, assim como em nosso êxito e felicidade (Dez de copas). Daí dispormos das circunstâncias ide­ais para criar algo, dar livre curso à nossa inspiração e imaginação (17 A Estrela). Ê preciso um acordo ou contrato para que esta criação possa surgir, mas re­quererá certa dependência financeira (Dois de ouros).

NOSSA PERGUNTA Tendo chegado a este ponto, podemos revelar a natureza de nossa pergunta: tinha que ver com uma eventual com­pra imobiliária, que era a causa de in­quietações e "sentimentos contraditó­rios" entre os interessados e que implicava, evidentemente, numa mu­dança de lugar assim como de nível de vida.

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A interpretação do lance no Zodíaco

Os arcanos maiores

Como já indicamos ao falar do mé­todo do lance no Zodíaco, reco­

menda-se realizar uma consulta ao orá­culo do Tarô a princípios do ano, ou então no momento de nosso aniversá­rio. Vamos, portanto, apresentar um lance típico, que interpretaremos de dois pontos de vista diferentes e comple­mentares: 1) as interpretações relativas às 12 Casas do Zodíaco; 2) as interpretações relativas aos 12 meses do ano. De fato, todo interesse deste lance re­side em que nos revela informações re­lativas a cada setor de nossa vida e de nossa situação durante o próximo ano, assim como indicações referentes ao clima de cada mês deste ano que vem. Podemos, portanto, obter previsões tão precisas como com o estudo dos trân­sitos planetários em nosso mapa astral para um ano determinado, ou como ao realizar e ao estudar o mapa astral de nossa revolução solar.

EXEMPLO DE UM LANCE Imagine que, uma vez tendo chegado à quarta etapa de seu lance, você des­cobre os seguintes arcanos maiores: O 21 o Mundo O 18 a Lua 0 12 o Enforcado O 14 a Temperança O 5 o Papa O 2 a Papisa O 1 o Mago 0 10 a Roda da Fortuna 0 11 a Força © 15 o Diabo © 6 o Namorado © 22 o Louco

PRIMEIRAS INTERPRETAÇÕES: AS 12 CASAS

Interprete os arcanos que compõem seu lance em função, evidentemente, dos significados de cada um deles, assim como de cada uma das 12 Casas zodia­cais. Para fazer uma revisão dos signi­ficados das 12 Casas ou moradias, re­meta-se às suas seções correspondentes. Agora, você já pode começar a realizar suas interpretações seguindo nosso exemplo.

Casa I - 2 1 o Mundo Você se sentirá plenamente realizado. Existem muitas possibilidades de que seus de­sejos se cumpram. Estará em

plena expansão, feliz e satisfeito. Sur­girão boas perspectivas.

Casa II- 18 a Lua No entanto, deve contar com alguns problemas relacionados com seus lucros e com sua si­tuação financeira. Também são

previstos contrariedades, problemas e litígios.

Casa III - 12 o Enforcado Não será dono de seus in­tercâmbios e contatos. Alguns deles produzirão impostos. Terá dificuldades em dizer o

que pensa. Suas gestões não serão frutíferas.

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Casa IV- 14 a Temperança Por outro lado, suas relações fa­miliares serão excelentes. Po­derá ter uma oportunidade que aproveitar com respeito a seu

lar, ou viver uma mudança feliz.

Casa V-5 o Papa Seus sentimentos serão sensa­tos, sérios, baseados em umas relações estáveis, assentadas há muito tempo. No entanto, o

amor e o dever, para você, são uma mesma coisa.

Casa VI- 2 a Papisa Será muito prudente, muito atento e paciente, bem orga­nizado, estudioso, tanto em sua vida cotidiana como no

marco de suas atividades. Gozará de boa saúde. Tomará precauções sensatas ao respeito.

Casa VII - 1 o Mago Terá a oportunidade de tomar uma iniciativa relativa a um acordo, um contrato ou uma aliança. Suas relações exterio­

res serão variadas, enriquecedoras e agradáveis.

Casa VIII- 10 Roda da Fortuna Seu poder de regeneração pas­sará por altos e baixos. Mas poderá ter um golpe de sorte, uma oportunidade que

aproveitar.

Casa IX- 11 a Força Estará muito decidido a am­pliar seu horizonte social, in­telectual ou geográfico. Dará mostras de uma grande firmeza

de espírito, de entrega e de formosas qualidades humanas.

Casa X- 15 o Diabo Você se mostrará ambicioso, disposto a tudo para conseguir seus objetivos em sua vida so­cial e profissional. Mas nela rei­

nará um clima passional.

Casa XI -6 o Namorado Pode manter uma relação de amor-amizade com alguém que conhece. Por outro lado, suas relações

serão muitas, variáveis e muito agra­dáveis. Desfrutará de ura excelente clima de relações. Receberá muitas pro­postas mas também terá que tomar de­cisões firmes.

Casa XII - 22 o Louco Suas relações serão às vezes im­previsíveis. Parece que fará o que for para evadir-se rapidamente de seus

problemas ou adversidades. Também perseguirá sua própria evo­lução pessoal.

SEGUNDAS INTERPRETAÇÕES: OS 12 MESES

Mês 1-21 o Mundo Terá a oferta de grandes pers­pectivas c possibilidades. Es­tará, portanto, em condições de empreender e realizar grandes

obras estando seguro de conseguir seu objetivo e triunfar.

Mês 2-18 a Lua Sua saúde poderá causar-lhe al­guns pequenos problemas, ou então terá preocupações em sua vida familiar ou problemas

com algumas pessoas de seu ambiente.

Mês 3 -12 o Enforcado Sofrerá as conseqüências de al­guns erros que pode haver co­metido durante os meses ante­riores.

E portanto será obrigado a tirar lições de tais erros.

Mês 4-14 a Temperança Terá compromissos inteligen­tes que lhe permitirão desblo­quear sua situação. Poderá re­solver todos os problemas do

mês anterior.

Mês 5 - 5 o Papa Terá muitas responsabilidades gratificantes que assumir. Um homem maduro ou com ex­periência terá um papel im­

portante em sua vida.

Mês 6-2 a Papisa Você se mostrará prudente e previsor. Uma mulher de seu ambiente lhe necessitará e lhe dará bons conselhos. Assim,

poderá dedicar-se totalmente a estudos ou pesquisas pessoais.

Mês 7-1 o Mago Tomará uma iniciativa im­portante. Terá muito trabalho. Deverá aproveitar seu talento e suas qualidades e de alguma

maneira dar prova de suas próprias ap­tidões para argumentar.

Mês 8-10 Roda da Fortuna Poderá ter um golpe de sorte, mas em geral sua situação será instável ou estará em vias de evolução.

Mês 9-11 a Força Sentirá que é totalmente dono da situação. Muito simples­mente, o que você desejar, terá.

Mês 10-15 o Diabo Custará frear seus desejos, im­pulsos e ambições. Por outro lado, um clima passional ou ex­cessivo é previsível.

Mês 11-6 o Namorado Sua vida amorosa tomará um valor particular. Mas ao mesmo tempo terá que realizar uma es­colha importante.

Mês 12 -22 o Louco Terá a oportunidade de realizar uma viagem, algumas gestões, reunir-se com uma pessoa, ou então receberá sua visita. Este

último mês do ano será movimentado.

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A interpretação do lance no Zodíaco

Os arcanos menores e maiores Depois de termos aprendido a efetuar um lance no Zodíaco através dos arcanos menores e maiores,

agora passaremos a interpretar este duplo lance em um.

Imagine que, procedendo tal como explicamos na ficha anterior, você

obteve os seguintes arcanos menores, correspondentes aos 12 temas que pro­pusemos:

O 9 de paus Eu 0 4 de ouros Minha situação

financeira 0 Ás ou 1 de espadas Meu estado de ânimo O 8 de paus Meu lar 0 10 de espadas Meus amores 0 5 de espadas Meu trabalho 0 4 de paus Minha vida de casal 0 4 de espadas Minha moral 0 Cavaleiro de paus Minhas aspirações © 5 de ouros Minha vida social © 10 de copas Meus projetos © Dama de copas Minhas buscas

Chamamos a atenção para que, obvia­mente, sempre inspirando-se em sig­nificados básicos das 12 Casas, se de­sejar pode buscar outras definições para cada um dos 12 setores de sua vida que queira que apareça no lance. Deste modo, por exemplo, em lugar de "5 Meus amores", pode perfeitamente in­dicar "5 Meus filhos", ou "5 meu lazer", etc. Mas, sempre que puder, faça so­mente uma indicação por Casa, e deste modo você poderá evitar a confusão e a falta de clareza cm suas interpretações. Com respeito ao lance em cruz que se encontra em meio a este lance no Zo­díaco, propomos os seguintes arcanos maiores: © 18 a Lua © 8 a Justiça

© 12 o Enforcado © 20 o Julgamento e (18 + 8 + 12 + 20 - 58, que reduzimos a um nú­mero compreendido entre 1 e 22, isto c 5 4- 8 = 13) © 13 a Morte

Ao dispor de um lance com­pleto, já podemos dedicar-nos a seu estudo para que você aprenda a realizar suas próprias interpretações. Para fazer isto, fixe-se primeiro nos 12 arcanos menores e ob­tenha as informações que cada um deles lhe revela, em relação com cada uma das 12 Casas do Zodíaco e, conse­qüentemente, com cada um dos 12 setores de sua vida, ao qual você deu um nome. Por outro lado, para poder re­alizar as interpretações da forma mais concreta e precisa possível, evidentemente você poderá remeter-se às fichas dedicadas às interpretações dos arcanos menores ou con­sultar as fichas desta obra onde figuram as palavras-chave dos arcanos menores. Em seguida, para obter sua interpre­tação lhe bastará relacionar o setor em questão e as indicações relativas ao ar­cano menor que aparece neste setor. Finalmente, antes de apresentar-lhe nossa própria interpretação do lance de nosso exemplo, devemos precisar que

vamos falar na primeira pessoa do sin­gular de propósito, com o intuito de personalizar ao máximo as informações e dados que este oráculo do Tarô nos revelará, insistindo por outra parte sobre sua confidencialidade, o que você compreenderá gradualmente ao ir co­nhecendo todas estas interpretações.

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INTERPRETAÇÕES DOS 12 SETORES DE MINHA VIDA

1.º setor: Eu 9 de paus

Atualmente domino os acon­tecimentos de minha vida. Sou dono de minha situação. Sei o

que quero. Sou firme e decidido.

2." setor: Minha situação financeira 4 de ouros

Minha situação financeira é es­tável, sólida e segura. Meus ganhos são constantes. Desfruto

de uma verdadeira segurança material.

3." setor: Meu estado de ânimo Ás ou 1 de espadas

Estou disposto a tomar inicia­tivas atrevidas, a atuar, a lutar para defender minhas idéias e minhas convicções ou para em­

preender uma criação original.

4." setor: Meu lar 8 de paus

Atualmente meu lar está em uma fase de mudanças. Além disso, este arcano anuncia que meu trabalho e meu lar estão

estreitamente unidos e que uma ativi­dade exercida a domicílio ou em um contexto familiar é de bom augúrio.

5." setor: Meus amores 10 de espadas

Minhas relações sentimentais parecem basear-se em uma es­tima e consideração importan­

tes e, sem dúvida, mútuas. Em todo caso, favorecem minha reputação.

6." setor: Meu trabalho 5 de espadas

Em meu trabalho mostro-me ambicioso, mas também gene­roso. Creio no que faço e estou disposto a lutar para conseguir

meus fins (observe que as informações reveladas por este arcano são totalmente coerentes com as relativas ao arcano de "3 Meu estado de ânimo").

7." setor: Minha vida de casal 4 de paus

Tenho uma vida de casal sólida e estável que me dá certa se­gurança e que me ajuda a ser

dono de minha situação (mais uma vez, as informações reveladas por este arcano se complementam perfeitamente com as relativas ao arcano do "1 Eu").

8." setor: Minha moral 4 de espadas

Minha moral é boa, já que se apóia em um espírito prático e realista, e em uma grande in­

teligência capaz de expressar e concre¬ tar as idéias.

9." setor: Minhas aspirações Cavaleiro de paus

Aspiro a que haja mudanças, a viajar e a empreender gestões novas, discretas e úteis ou novos

trabalhos.

10." setor: Minha vida social 5 de ouros

Minha vida social deveria ser a origem de uma melhora de meus lucros ou ganhos, ou

então terei a oportunidade de tomar uma iniciativa que terá repercussões fa­voráveis em minha situação financeira.

11.° setor: Meus projetos 10 de copas

Ao este arcano anunciar o cumprimento de qualquer de­sejo ou aspiração, é lícito pen­

sar que meus projetos, quaisquer que sejam, se realizarão.

12." setor: Minhas buscas Dama de copas

Parece que o que busco é uma mulher de coração, compre­ensiva, entregada, que me trará

ou me ajudará a encontrar o desejado.

Como pode ver, este lance permite uma interpretação muito afinada e esclare­cedora, porque cada arcano afeta a um setor concreto da vida. Por isso, reco­mendamos certo grau de confidenciali­dade quando o realize para uma terceira pessoa. Procure não revelar suas inter­pretações a ninguém mais, exceto à pes­soa interessada.

INTERPRETAÇÃO DO LANCE EM CRUZ COMPLEMENTAR

Além de lhe dar indicações específicas sobre todos os setores de sua vida, este lance no Zodíaco ou Tarô real lhe per­mite obter uma resposta precisa a uma pergunta crucial, evidentemente, tam­bém específica. Para interpretar este lance, você deve proceder, portanto, segundo o método que ensinamos e integrar e comparar, em função do caso, sua interpretação com as que realizou a partir dos 12 ar­canos menores. Assim, disporá de um panorama completo de sua situação na­quele momento.

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A interpretação do lance em estrela

Mostramos aqui um método para interpretar um lance em estrela ou lance do Tarô do amor, que se refere à vida afetiva e sentimental.

O primeiro lance que estudaremos refere-se à vida sentimental.

Deve ser realizado quando você esti­ver preocupado com este tema ou, simplesmente para se sentir mais se­guro de si mesmo em uma relação afe­tiva. Como já indicamos antes, pode fazer este lance sem medo e sem ajuda nem a participação de uma segunda pessoa. O resultado dependerá do seu esforço por ser o mais clarividente e justo pos­sível na interpretação que dará. De fato, sejam quais forem os elemen­tos de interpretação que vamos suge­rir, ou que eventualmente você encon­trará em algum lugar, recordamos que, em última análise, você estará somente fazendo uma interpretação para si mesmo ou para alguém que o deseje consultar. Sendo assim, pratique, seja sua própria cobaia. Questione-se a si mesmo com a ajuda do Tarô adivinhatório. Deste modo, apren­derá a interpretar segundo seu estilo. Quando escolher o lance em estrela com relação à sua vida afetiva, você não será obrigado a colocar-se uma pergunta clara e precisa, como lhe recomenda­mos para o lance em cruz. Pode consultar o Tarô movido simples­mente por sua curiosidade, para veri­ficar se o que sente ou pressente em suas relações, ou circunstâncias do mo­mento, se confirma ou não no lance. Além disso, como cada arcano possui um significado particular, a dificuldade essencial do exercício consiste, princi­palmente, em fazer a síntese das sete car­tas que se apresentam diante de você. Para interpretar aquilo a que chamamos

o lance da semana, que você poderá também realizar com a ajuda dos sete arcanos, simplesmente consulte o capí­tulo onde apresentamos "o lance em es­trela ou o Tarô do amor", e adapte o sig­nificado de cada lâmina ao dia da semana que lhe corresponde, de forma a definir o clima.

Exemplo de um lance em estrela ou lance do Tarô do amor.

A INTERPRETAÇÃO Primeiro arcano,

o que quer Parece que a Justiça, ao aparecer no lugar e na posição do primeiro arcano, indica que a pessoa que realiza este lance quer levar uma vida sentimental equilibrada, relações justas e harmo­niosas. No entanto, com esta carta, temos sem­pre um excesso de rigor, de intran­sigência, um comportamento lúcido e sem concessões. Por isso, neste caso dizemos que este ar­cano é um pouco duro, que estamos diante de uma pessoa honesta e correta em sua vida afetiva e amorosa, mas que lhe falta flexibilidade.

Segundo arcano, o que sente

O Sol, presente neste lugar, modera a exigência e a rigidez reveladas no arcano precedente. De fato, indica que a pessoa em questão tem sentimentos puros, grande cum­plicidade amorosa, uma felicidade per­feita, relações felizes e harmoniosas ba­seadas em intercâmbios sinceros, que existem e que estão onipresentes em sua

Terceiro arcano o que vai fazer

Para começar, destacamos que o sentido e a interpretação deste arcano tem muita importância. Efetivamente, já dissemos em várias oca­siões, muitos acontecimentos e cir­cunstâncias de nossa vida são o resul­tado de nossos atos. Partindo deste

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princípio, fixe-se nesta carta, que fre­qüentemente anuncia o que está pres­tes a fazer ou já está fazendo, e per­gunte-se, com a maior clarividência e perspicácia de que é capaz, se tem razão ou se se engana agindo assim. Dito isto, a Papisa, como terceiro arcano, revela que sabemos mais coisas do que as que dizemos e que, por enquanto conformamo-nos em esperar. Escuta­mos, observamos, refletimos. Ou deci­dimos consultar uma pessoa com ex­periência, que saberá nos dar bons conselhos.

Quarto arcano, o que pensa

Neste caso, trata-se da Lua, que indica o que pensamos. O que não significa que os pensamentos sejam puros e po­sitivos. Pelo contrário, parece que o in­

divíduo ao qual diz respeito o lance faria bem em desconfiar de seus pen­samentos, porque tem tendência para criar ilusões ou então preocupa-se sem razão. Pode também ter segundas intenções. De qualquer forma, seus pensamen­tos não são bons e o ferem.

Quinto arcano, o que favorece seus

anseios e seus desejos A Força nesta posição revela, sem dú­vida, que é graças à sua força de von­tade e à sua doce e boa compreensão, graças à sua coragem e também à sua força de espírito, que o indivíduo em questão favorece a realização de seus desejos que, com um arcano assim, têm tudo a seu favor para se tornarem rea­lidade.

Sexto arcano, quem anta e/ou quem o ama

Com o Enforcado nesta posição do lance, o consulente está de relações com uma pessoa que depende totalmente dele ou que se encontra numa situação sem saída, e que nada mais pode fazer senão esperar e confiar.

Sétimo arcano, o que deveria

ou poderia fazer A Torre, que fecha o lance, aconselha a procurar uma mudança. Esta conclusão pode parecer a priori estranha ou des­concertante. De fato, partimos de uma situação harmoniosa, equilibrada (a Justiça) para acabar com uma mudança brusca necessária (a Torre). Isto merece uma reflexão e requer fazer uma síntese para procurar a mensagem essencial.

A síntese Para fazer a síntese deste lance, basta reunir as informações reveladas por cada arcano como

se contasse uma história composta por sete capítulos. Para simplificar nossa interpretação, utilizaremos a pri­meira pessoa do singular.

Eu quero que tudo seja equilibrado e harmonioso em minha vida amorosa (1.° arcano: a Justiça). Tenho sentimentos felizes, puros, sinceros, compartilhados (2.° arcano: o Sol). Sei o que tenho que fazer, enganando-me ou não, mas, de qualquer forma, com o conhecimento de causa — pois a Papisa "sabe" mas nada diz —,

eu não ajo (3.° arcano: a Papisa). No entanto, ao decidir, ou ao escolher não agir, tomo consciência, estou inquieto, angustiado, ou tenho segundas intenções (4.° arcano: a Lua). Felizmente,

tenho uma grande força de caráter, e uma vontade e uma coragem que me permitem ultrapassar minhas inquietações e, finalmente, realizar meus desejos (5.° arcano: a Força). No entanto, o

que sei (3.° arcano: a Papisa) e o que penso (4.° arcano: a Lua) tem sem dúvida funda­mento. Pode-se dizer que minhas intuições e meus pressentimentos são bons, pois

parece que a pessoa que amo está em uma situação de bloqueio — não de completo desinteresse —, sem dúvida conseqüências de um certo

número de erros passados (6.° arcano: o Enforcado). Impõe-se, portanto, uma mudança de atitude (7.° arcano: a Torre), pois se não tomo a iniciativa, as circunstân­

cias me serão impostas e eu serei sua vítima.

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Os símbolos vivos dos arcanos menores

Quais são as verdadeiras analogias entre os 4 símbolos dos arcanos menores e os 4 elementos? Normalmente diferem em função das interpretações.

Você já pôde ver e descobrir os sím­bolos vivos dos 3 decanatos dos 12

signos do Zodíaco de um novo ponto de vista, tal como nossos antepassados abordaram a astrologia há aproxima­damente mil anos, restituindo assim uma tradição à qual, precisamente, chamamos milenária. Da mesma forma, apresentamos aqui os 4 símbolos vivos dos arcanos me­nores do Tarô adivinhatório, e tenta­remos transportá-los ao seu contexto original. Por isso, nada melhor que apresentar todas as opções possíveis, tal

como são expostas em livros especia­lizados, destacando a que, em nossa opinião, nos parece a mais digna, mais considerável c também mais realista, sem esquecer que existe uma diferença fundamental entre os arcanos maio­res e menores do Tarô adivinhatório.

BREVE REVISÃO HISTÓRICA Os arcanos menores se originaram do que, em seus começos, era ao mesmo tempo uma enciclopédia viva e um jogo adivinhatório hindu, composto aproximadamente de mil cartas, o De­

savatara, do qual ainda restam vestígios na Índia atual. Os 56 arcanos meno­res do Tarô adivinhatório constituem o que veio a se chamar o "Tarô dos boê­mios", pois foram os ciganos e os zín¬ garos que levaram este jogo de cartas da Índia ao coração da Europa. Quanto aos arcanos maiores, estes sur­giram muito mais tarde, inspirados nos arcanos menores, evidentemente, para preservar os símbolos do código da ca­bala do Renascimento. Os arcanos maiores e menores cm con­junto formam o jogo do Tarô que nós

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conhecemos, e que foi interpretado de diferentes pontos de vista por autores especializados nesta arte adivinható­ria, durante o século passado. Como já nos estendemos bastante sobre os arcanos maiores e seus signi­ficados simbólicos, não voltaremos a falar sobre eles. Por outro lado, devemos expor as di­ferentes e possíveis analogias, reme¬ tendo-nos aos 4 símbolos dos arcanos menores, para que você possa formar sua opinião, tendo em conta, como já repetimos muitas vezes nestas páginas, que o essencial se baseia em sua pró­pria interpretação.

AS CORRESPONDÊNCIAS ENTRE OS SÍMBOLOS

DOS ARCANOS MENORES E OS ELEMENTOS

A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS

As fontes às quais fazemos referência são consideradas, obviamente, as mais sérias neste campo que é, com fre­qüência, vítima de especulações sem fundamento e cheias de mentiras. As principais provêm de Eliphas Lévi, pseudônimo de Alphonso Louis Cons­tant (1805-1875), que em sua obra Dogma e Ritual da Alta-Magia (1856) expôs algumas correspondências entre os símbolos dos arcanos menores e os elementos que, como poderemos cons­tatar, não seriam assim interpretados no futuro. Assim, segundo ele: "As copas eqüiva­lem aos arcos ou arcadas do tempo, os vasos ou abóbadas do céu. Os ouros eqüivalem aos astros, os planetas, as es­trelas; as espadas eqüivalem aos fogos, as árvores e as plantas." Como vemos, nesta teoria, as copas estão cm analogia com a Água; os ouros correspondem ao Ar; as espadas estão relacionadas com o Fogo, e os paus com o elemento Terra. A outra interpretação que propomos provém do médico Gérard Encausse, mais conhecido com o pseudônimo de Papus (1865-1916). Segundo ele, os paus pertencem ao Fogo, as copas à

Água, os ouros ao Ar e as espadas à Terra. É assim que ele define as cor­respondências entre os símbolos dos arcanos menores e os elementos cm sua obra O Tarô dos Boêmios, aparecida em 1889. Por último, segundo Oswald Wirth (1860-1943), cujo famoso livro O Tarô do Imaginário da Idade Média, aparecido em 1927, é ainda uma obra de re­ferência: os paus pertencem ao domí­nio do Fogo; as copas, ao da Água; os

ouros, ao da Terra, e as espadas, ao do Ar. Resumindo, estes três autores, em quem todos os demais intérpretes do Tarô se inspiraram a partir de então, dão três versões diferentes das corres­pondências entre os símbolos dos ar­canos menores e dos elementos. Só estão de acordo em uma das analogias: a que relaciona as copas com a Água. Para os outros três símbolos, suas opi­niões diferem como poderemos cons­tatar no quadro seguinte:

Paus

Copas

Ouros

Espadas

E. LÉVI PAPUS O. WIRTH

NOSSA INTERPRETAÇÃO Não dispomos de espaço suficiente para expor detalhadamente as explicações e argumentos destes três eminentes especialistas do Tarô adivinhatório, quanto a suas escolhas e preferências por uma determinada correspondência. No en­tanto, devemos sublinhar que, sem querer questionar sua erudição nem sua honestidade, muito menos sua ilustrativa vocação pedagógica, estes autores não dispunham dos novos dados arqueológicos e históricos que foram apa­recendo ao longo do século XX e que nos autorizam a levantar as analogias do ponto de vista simultaneamente mais pragmático e intuitivo. Assim, nossa interpretação destas analogias, tal como a expusemos, une-se à de Eliphas Lévi, filho de um sapateiro convertido em sacerdote que, intuitivamente em sua época, e graças à sua grande erudição, deu, em nossa opinião, as corres­pondências adequadas. De maneira que parece correto dizer que os paus sim­bolizam a força, o poder, o realismo, a Terra; as copas simbolizam a alma, o amor, a inspiração, a Água; os ouros simbolizam as idéias, os intercâmbios, as relações, o Ar; as espadas simbolizam a ação, a vontade, a justiça, o Fogo.

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O Tarô e as previsões Queremos descobrir nosso futuro.

Mas, que buscamos em nosso futuro, senão felicidade, senão a nós mesmos?

D e que serve prever os aconteci­mentos de nosso futuro, se não

estamos cm condições de antecipá-los? Esta é a pergunta que aconselhamos que você se faça ao tratar com o Tarô adivinhatório do ponto de vista das pre­visões. Todos aqueles que utilizam as chamadas ciências adivinhatórias ou si­milares, sem saber muito o que signi­ficam, devem questionar-se sobre isso. O que é que quase sempre nos leva a descobrir o nosso futuro? Uma an­gústia, um mal-estar, uma dificuldade importante que, evidentemente, que­remos solucionar, a experiência de uma decepção, moral ou sentimental, o pa¬ decimento de um fracasso, em suma, qualquer coisa que não funciona em nossa vida. Então, tudo acontece em função dos mesmos critérios, iguais para todas as pessoas, mas que cada um tem a im­pressão de viver como uma experiên­cia única: queremos seguir adiante, como se costuma dizer, queremos que as coisas se solucionem. Em tais casos, somos como um doente que sofre em sua própria carne e que só aspira a duas coisas: em primeiro lugar, aliviar-se, e, se está sofrendo muito, a deixar de ser vítima deste sofrimento insuportável; em segundo lugar, a curar e eliminar todos os males e voltar a encontrar seu bem-estar e, cm seguida, sua alegria de viver c a felicidade. Acabamos de pro­nunciar a palavra mágica: felicidade!

A BUSCA DA FELICIDADE Esta palavra não contém o que todos nós buscamos, embora lhe demos um significado diferente, um valor origi­nal, segundo nossos gostos, aspirações, desejos, esperanças e sonhos mais ou menos conscientes? Tente definir esta palavra segundo seus próprios critérios

e peça aos seus próximos, seus amigos, às pessoas que você freqüenta e com as quais convive, que façam o mesmo. Peça a cada um que defina o que é para ele a felicidade, por exemplo, em cinco frases curtas. Em seguida compare os resultados, cal­cule as que são realizáveis entre todas as possibilidades que cada um tiver ex­posto e interrogue os interessados para descobrir o que lhes impede de atuar para satisfazer os seus sonhos e moti­

vações, projetos e desejos, ou simples­mente alcançar a felicidade que defi­niram e almejam. Você constatará que, para muitos de nós, a felicidade é acessível, embora normalmente não acreditemos nisso, pois não raciocinamos sobre ela, não paramos para pensar sobre quais são as definições e condições de nossa feli­cidade e perseguimos uma idéia de fe­licidade que parece mais uma fuga para a frente, ante a angústia do sofrimento,

Ao utilizar o Tarô adivinhatório, buscamos esta felicidade que desejamos que inunde nossa vida, como uma luz que brota da escuridão.

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da vida e da morte, que uma desen­freada busca da felicidade. Para todos nós, normalmente, a felicidade, ou o que consideramos como tal, é algo que se pode ir preenchendo. Quando não temos suficiente, ou acreditamos não ter suficiente, não estamos bem. Então, queremos saber quando (mais que como) voltaremos a encontrar este es­tado de plenitude e a conhecer os ele­mentos externos, acontecimentos, si­tuações, circunstâncias, contextos, etc. que nos favorecerão. No entanto, perseguindo uma idéia ou a imagem que nos fazemos de felici­dade, nos esquecemos com freqüência de ser felizes, isto é, de ser nós mes­mos. No entanto, enquanto não com­preendermos que nada muda em nós, que sempre somos os mesmos, seja­mos felizes ou infelizes, estamos satis­feitos ou insatisfeitos, nada poderá mudar de maneira duradoura em nossa vida.

PREVER, ANTECIPAR E CONHECER A SI MESMO,

GRAÇAS A0 TARÔ ADIVINHATÓRIO

U m bom uso do Tarô adivinhatório a este respeito pode fazer com que vol­temos a nos relacionar com o nosso eu, pois, ao realizar um lance, obtemos os meios de prever o que acontecerá co­nosco, podemos tentar antecipar os acontecimentos ou circunstâncias fu­turas que nos são reveladas e dos quais tomamos conhecimento e consciência. Ao fazer isto, estamos em condições de compreender os mecanismos interio­res, que atualmente chamaríamos de ordem psicológica, os reflexos do com­portamento, atitudes errôneas, falsos pretextos, más ações ou reações, e con­seguimos estar novamente em uma si­tuação que, a julgar pelo nosso lance, não será boa.

Tal revelação pode, efetivamente, in­duzir-nos a pôr-nos em dúvida, a mo­dificar nossas atitudes, opções, esco­lhas, intenções e assim intervir no que, no entanto, parecia revelar-se como a evolução iniludível, o desenvolvimento

fatal dos acontecimentos. Dito de outra forma, o que nos mostra o lance e as interpretações, informações e elemen­tos de reflexão que podemos tirar dele, não são fixos nem definitivos. Mais exatamente, o são se não fizermos na­da, se deixarmos que as coisas sigam seu curso sem intervir. Por outro lado, se intervirmos, se aprendemos a lição a partir das informações que nos são reveladas através do conjunto dos ar­canos que constituem nosso lance, po­demos utilizar as previsões que esta­mos realizando para atuar e reagir a título preventivo. Em um primeiro momento, modifi­cando nosso comportamento e, mais tarde, aprendendo a distinguir nossa própria personalidade da dos demais e dos acontecimentos sobre os quais não temos nenhuma influência ou contra os quais não podemos fazer nada. Se você se entregar a realizar suas pre­visões mediante o uso do Tarô adivi­

nhatório segundo este método, estará pondo a si próprio no caminho da fe­licidade, a qual não será externa nem artificial. Simplesmente, será a felici­dade de descobrir seu futuro imediato, de compreender os mecanismos sutis ou complicados que funcionam em você mesmo sem que o saiba e que, às vezes, sua lei lhe impõe. Esta felicidade é comparável à luz que brota da obscuridade. Quando nos de­dicamos de corpo e alma a conseguir que se faça a luz em nós, tema no qual o Tarô adivinhatório pode, claro, ser útil, pouco a pouco começamos a bri­lhar com luz própria e então estamos em condições de iluminar aos demais. Isto não tem nada de extraordinário. Diríamos até mesmo que se trata de um fenômeno que não pode ser mais natural: o que é luminoso ilumina. Em conseqüência, ilumine-se e talvez você acabará sendo capaz de iluminar aos demais.

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Os 22 arcanos maiores e a cabala

A cabala é um código em que se integram os elementos do Zodíaco e os astros, e está representada nos 22 arcanos maiores do Tarô adivinhatório.

P ara compreender o princípio e a fi­losofia da cabala, teremos de re­

troceder ao tempo do nascimento da escrita e ver o caráter tabu que pôde ter esta criação no espírito dos nossos antepassados, para quem a palavra era sagrada e o verbo divino. Sabemos que as primeiras escritas nasceram há apro­ximadamente cinco mil anos, mais com fins utilitários e práticos do que por motivos religiosos ou espirituais. É mesmo muito provável que a crença no além e o culto aos deuses tenham sido um obstáculo ao uso da escrita. Foi com o fim de calcular, organizar, vender e comprar que o homem in­ventou esta ferramenta. Em sua ori­gem, as letras foram, antes de qualquer outra coisa, números. Assim, a escrita cuneiforme dos sumérios, os primei­ros hieróglifos egípcios, os símbolos geomânticos, os que encontramos nas Runas ou os signos que configuram os oito trigramas do I Ching têm em comum o fato de figurarem inteiros ou divididos, horizontais ou verticais, de se alinharem ou cruzarem uns com os outros para formar figuras cada vez mais complexas. Evocam formas e imagens extraídas do grande livro da natureza: montanhas, vales, colinas ou horizonte, as ondulações da água, ár­vores, plantas, animais, etc. No entanto, ao longo dos séculos, não só a escrita perdeu seu sentido sagrado c mágico, como também desaparece­ram suas formas e sentidos primitivos a favor do som das palavras, de sua fo­nética. Em traços largos, podemos dizer que a letra parte de um princípio

de reconhecimento visual, da descrição e da necessidade de contar (entenda-se por contar tanto computar como refe­rir), e transformou-se pouco a pouco em um sistema fonético muito elabo­rado, muito complexo, infinitamente sutil, que hoje se conhece pelo nome de "línguas". Os escritos foram elementos acessó­rios, secundários, o utensílio que se emprega com o fim de traduzir as lín­guas. Perdeu-se o medo de emitir sons que se converteram em palavras, e hoje já não pensamos, como os nossos an­tepassados, que pronunciar o nome de uma coisa é invocar ou até mesmo criar essa coisa. Ora, na cabala — cujo princípio se baseia na utilização das 22 letras do alfabeto hebraico, que são também números — subsiste um se­gundo plano de combinações mági­cas formado pelo agrupamento de le­tras, a partir das quais uma palavra ou um nome pode ter um sentido, mas poderá depois adotar outro significado deslocando, suprimindo, substituindo ou acrescentando letras. No entanto, curiosamente, esta leitura mágica e sagrada sobreviveu até hoje em dia. Assim como a escrita atual carece deste caráter mágico e sagrado, e serve ex­clusivamente de instrumento de co­municação entre os homens —já não entre os homens c os deuses —, de meio para codificar todas as línguas e para transmitir informações, a cabala foi um verdadeiro "código" mediante o qual o cabalista iniciado nesse código percebia o sentido sagrado, a ressonância

A unidade de Deus: os dez sephiroth configuram a letra Alef: Um.

Correspondência entre as 22 letras-número do alfabe­to hebraico e os 22 arcanos

maiores do Tarô LETRAS NÚMEROS ARCANOS MAIORES

O MAGO

A PAPISA

A IMPERATRIZ

0 IMPERADOR

O PAPA

0 NAMORADO

ALEF

BEITH

GHÎMEL

DÂLETH

HE

WAW

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cia profunda, a intensidade vibra­tória, criadora e evocadora de cada som, sua origem, seu sentido ina­to, seu poder de realização e de destruição.

A CABALA EA ASTROLOGIA O código da cabala encontra-se em um livro, o Spher Yetsira ou Livro da Criação, que foi redigido provavelmente na Palestina ou na Síria, no século III de nossa era. Segundo este livro, a gênese do mundo se basearia nas múltiplas combinações de 10 números ele­mentares, os Sephiroth, que são 10 princípios de energias divinas, 10 arquétipos, e nas 22 letras do al­fabeto hebraico, que também de­sempenham um papel arquetí­pico. Em outras palavras, segundo os cabalistas, os 10 números e as 22 letras do alfabeto hebraico — que configuram juntos as letras-número c que constituem 32 vias místicas — foram os elementos utilizados por Deus para criar o mundo. Decompõem-se da se­guinte forma: 7 signos duplos correspondentes aos 7 astros que percorrem o Zodíaco; 12 signos simples em concordância com os 12 do Zodíaco; e 3 letras-mãe atribuídas aos 3 elementos supe­riores, isto é, o Ar, o Fogo e a Terra.

A CABALA E 0 TARÔ A partir do século XII, mas sobre­tudo no século XVI, os cabalistas europeus, perseguidos pela In­quisição — que atribuía seus tra­balhos e crenças ao diabo —, ti­veram a idéia de acrescentar aos 22 arcanos maiores do Tarô, que então fazia sua aparição na Eu­ropa, 22 imagens simbólicas. Este subterfúgio permitiu-lhes fazer circular e explorar seu código sem riscos. Esta é a razão pela qual o Tarô adivinhatório apresenta sím­bolos inequívocos do grande prin­cípio cabalístico.

LETRAS NÚMEROS ARCANOS MAIORES

O CARRO

A JUSTIÇA

í

O ERMITÃO

i

A RODA DA FORTUNA

A FORÇA

O ENFORCADO

i

A MORTE

A TEMPERANÇA

ZEÎN

LETRAS NÚMEROS ARCANOS MAIORES

O DIABO

A CASA DE DEUS

A ESTRELA

A LUA

O SOL

O JULGA­MENTO

O MUNDO

O LOUCO

HHEITH

TEITH

YOD

KHAF

LÂMED

MEM

NUN TÂV

SCHÎN

REISCH

QOF

TSÂDÉ

PHÉ

AEÏN

SÂMEKH

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Sábios conselhos revelados pelos 22 arcanos maiores

Os 22 arcanos maiores são também acompanhados de alguns conselhos, preceitos ou mensagens de sabedoria, que correspondem às etapas do percurso de nossa vida.

A s analogias existentes entre os 22 arcanos maiores do Tarô adivinha­

tório e as 22 letras-número da cabala — das que sabemos, por outro lado, que apresentam correspondências com os 12 signos do Zodíaco e os 10 astros que os regem — mostram até que ponto as ciências adivinhatórias formavam uma espécie de todo coerente na mente de nossos antepassados. Por isso, não é de surpreender que os criadores destas 22 lâminas maiores, assim como aqueles que fizeram bom uso delas através dos séculos, também as tiveram como excelentes suportes de reflexão c meditação de caráter filosó­fico. E ao contrário do que muitos pen­sam, não se trata de filosofia barata, mas sim de princípios de vida, lições de sa­bedoria, preceitos ou, simplesmente, va­liosos conselhos, aplicáveis tanto à vida

prática e material como às especulações de ordem espiritual. Tais palavras e pen­samentos, neste caso revelados graças aos símbolos e imagens que figuram nos 22 arcanos maiores foram transmiti­dos de geração em geração desde os tempos imemoriais. E quem poderia duvidar que, embora em sua forma e formulação tenham mudado um pouco, as mensagens que nos transmitem e que vamos transmitindo uns aos outros em um determinado momento, no fundo, sejam ainda as mesmas, da mesma forma que todos os anos a mesma ár­vore volta a florescer na Primavera? Assim, no momento mesmo em que as descobrimos, estas mensagens de sabe­doria nos submergem em uma im­pressão contraditória de nunca terem sido vistas antes e, ao mesmo tempo, de já serem nossas conhecidas.

Esta representação de um filósofo com seus discípulos ilustra perfeitamente a sabedoria revelada pelos 22 arcanos maiores. (Segundo uma ilustração do século XIU)

O MAGO Revela que a vontade de um ser nunca deve deixar de manifestar-se pois, assim, toma consciência de seus atos e de si mesmo. Para ele,

cometer erros é menos grave que não atuar.

A PAPISA Indica que o ser que sabe medir seus atos e compre­ender seus erros aprende a escolher melhor, para não reproduzir nunca mais os

mesmos erros e atuar com correção e justiça.

A IMPERATRIZ Anima o ser a dar certa con­tinuidade a seus atos, que logo se transformam em ati­vidades, e que lhe permi­tirão, com o tempo, colher

os frutos de seus esforços.

0 IMPERADOR Favorece no ser o desenvol­vimento de sua vontade su­perior e de seu espírito, gra­ças aos quais pode exercer uma grande influência sobre

o mundo exterior e o domínio de si mesmo.

O PAPA Induz ao indivíduo a desco­brir que o domínio do mun­do e de si mesmo não ser­vem de nada se não se põem a serviço de uma autêntica

vontade de conhecer-se a si mesmo, que

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é o único objeto e razão de ser da von­tade.

0 NAMORADO Sublinha que em pleno conhecimento de si mesmo e com conheci­mento de causa, o ser é capaz de fazer suas escol­

has e tomar suas decisões, as quais decidirão sua sorte e sua vida. O Na­morado, parafraseando o Mago, con­clui que uma má escolha vale mais que uma vacilação estéril.

0 CARRO Diz que uma vez realiza­das as escolhas e empre­endido o caminho, o ser já pode enfrentar os obs­táculos da vida, pôr-se a

si mesmo à prova, conhecer as ale­grias da vitória e a amargura do fra­casso, do qual tirará boas lições.

A JUSTIÇA Especifica que não basta a vitória sobre si mesmo; o ser ainda tem que esta­belecer um equilíbrio entre suas forças interio­

res e as forças externas que o cercam, sobre as quais influi e que, por sua vez, influem sobre ele.

0 ERMITÃO Este arcano dita ao indi­víduo que deve aprender a observar, a ouvir e a ca­lar-se, tendo sempre em conta que quanto menos

seja suscetível de ser sua vítima, mais poderá medir o alcance de seus atos e mais eficazes serão estes.

A RODA DA FORTUNA

Insiste no fato de que aqui em baixo tudo muda e se transforma e que são nos­sos atos e nossas palavras

que fazem girar o mundo.

A FORÇA Como seu nome indica, re­vela que a verdadeira força do ser se manifesta quando atua em seu devido tempo e, exclusivamente, quando

é necessário.

0 ENFORCADO Este arcano mostra que o ser ostenta um poder que é uma força ainda maior: a força da renúncia e do perdão.

A MORTE Mostra-nos uma força su­perior a todas as demais e que o homem pode alcan­çar: a da dissolução que en­gendra o nascimento em

outra vida.

A TEMPERANÇA Portanto, explica como o ser que morre e renasce vê como circulam nele todas as correntes da vida, se rege­neram nele, através dele,

por ele e para ele.

0 DIABO Põe à disposição do ser todos os poderes, todas as forças da vida material e es­piritual. Por isso, cabe a ele decidir o que fazer com os

mesmos.

A CASA DE DEUS Revela que, uma vez mais, se se escolhe o bom cami­nho, o ser pode estar seguro de que nada virá a perturbá-lo, nem a interromper seu

crescimento, nem a pôr em dúvida sua

força. Caso contrário, pode perder tudo que lhe foi dado e tudo que adquiriu a qualquer momento.

A ESTRELA Leva o ser a encontrar um impulso maior que a espe­rança e que pode refletir no amor de sua vida, que é também o maior de sua

alma.

A LUA Sublinha todas as armadi­lhas do amor, que levam à confusão de sentimentos ou à desesperança, às ilusões ou à loucura, mas de onde

pode brotar o amor mais formoso: a fé.

O SOL É o guia que conduz o ser desde o amor fervoroso até a felicidade, a qual se realiza plenamente na união com sua alma.

0 JULGAMENTO Anuncia que de sua união sagrada nasce algo novo, pois ele nasceu de si mes­mo.

0 MUNDO Revela que o ser nascido de si mesmo é tudo o que o mundo é, que este mundo nasceu graças a ele, que está nele, só existe para ele e só vive através dele.

0 LOUCO É o homem comum, com os vai-e-vens de sua vida, o homem que busca a união com sua alma, em busca de seu destino, de si mesmo e de sua realização. O Louco

representa o princípio e o fim, seguido de um novo começo, uma espécie de eterno retorno. Simplesmente, trata-se do ser em si mesmo.

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O Tarô, a alma e os sonhos Através dos 22 arcanos maiores, também podemos partir para o descobrimento de nossa

própria alma ou interpretar nossos próprios sonhos.

C omo já vimos, fazendo um para­lelismo entre os 22 arcanos maio­

res do Tarô adivinhatório e as 22 letras-número do alfabeto hebraico, que constituem o código da cabala, podemos considerar que o jogo das 22 cartas maiores do Tarô é uma espécie de al­fabeto da alma. Quando ensinamos a realizar o lance em cruz, por exemplo, explicamos que quanto mais entregues ou concentrados estivermos em uma preocupação no momento em que escolhemos os 4 ar­canos maiores dentre os 22 de que dis­pomos, tanto mais o lance que obtemos, e sua correspondente interpretação, re­fletirá perfeitamente o que sentimos e experimentamos, nossa situação do mo­mento, os acontecimentos de nossa vida, as circunstâncias reais em que nos en­contramos e, obviamente, a provável evolução destas circunstâncias. Desta forma, podemos pensar que tudo que acontece durante nossa vida o trazemos inscrito em nós e que o Tarô é apenas um código ou um alfabeto que nos per­mite ler em nós mesmos.

PARTIR PARA 0 DESCOBRIMENTO DA PRÓPRIA

ALMA ATRAVÉS DO TARÔ Sc admitimos este princípio, podemos considerar a utilização dos 22 arcanos maiores para realizar o que chamaría­mos uma auto-análise. Para tal, basta simplesmente organizar um encontro com nós mesmos, marcar um dia e uma hora, de forma regular, ao menos uma vez por semana, tal como faríamos se decidíssemos consultar um psicanalista ou programar uma análise. Anote em um diário os próprios lances, como sempre aconselhamos que seja feito. Sem dúvida alguma, para seguir este método, é preciso dar mostras de uma grande objetividade, isto é, ter ao mesmo tempo uma grande generosi­dade e uma lucidez inflexível com re­lação a si mesmo. Devemos poder acei­tar, portanto, o fato de que nem todos somos capazes de realizá-lo. Alguns de nós necessitamos um interlocutor ou um guia para partir para o descobri­mento de nós mesmos. Mas outros pre­ferem atuar sós, sem recorrer a nin­

guém. É a estes últimos a quem nos di­rigimos e a quem vai dedicado este mé­todo de investigação e auto-análise:

O Como acabamos de especificar, é muito importante que você se orga­nize para encontrar um momento de calma e isolamento, sistemático e re­gular dentre de seu horário: uma vez por semana ou uma vez ao mês, como quiser.

© Como de costume, utilize um ca­derno que se transformará no diário de suas perguntas, lances e interpretações das mesmas.

© Ponha-se cômodo e reflita sobre sua pergunta. No entanto, neste caso, em vez de formular uma pergunta rela­tiva a um acontecimento ou uma si­tuação de sua vida, da qual gostaria de saber a evolução e solução, trata-se de enunciar uma pergunta relativa a você próprio, a seus comportamentos, ati­tudes, ações e reações, motivações, sen­timentos, desejos, etc , isto é, todos os

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fatores, elementos, parâmetros e ca­racterísticas que compõem sua perso­nalidade. Deste modo, você deve fazer uma pergunta a você mesmo. Por exemplo, se você é muito emotivo ou sensível, indague sobre a razão disto. Ou então, se se sente inquieto ou muito angustiado, sem uma razão evi­dente ou real, pergunte quais são as causas e as origens destas angústias que lhe atormentam ou perturbam..., e assim sucessivamente, levando em conta que, quase sempre, uma per­gunta leva a outra pergunta.

O Anote sua pergunta.

© Efetue seu lance, seguindo exata­mente o método do lance em cruz, que já explicamos em outros capítulos.

© Antes de começar sua interpretação, anote no diário a composição do lance que você acaba de fazer. Por último, obtenha sua interpretação, sempre segundo o método que ensi­namos. No entanto, como você terá compreendido, não se trata de encon­trar uma resposta inerente a um acon­tecimento ou a uma situação de sua vida, mas sim a um estado de espírito, um comportamento psicológico, me­canismos que atuam em seus rincões mais escondidos e dos quais você deseja conscientizar-se. Sua interpretação ainda deve ser mais aguda e sutil, mas sobre­tudo, não vai ser definitiva. Utilize o

tempo que precisar para sua realização e, na medida do possível, não seja abs­trato com a desculpa de que se trata do mais profundo de seu ser. De fato, do mesmo modo que o Tarô nos põe diante da realidade dos acontecimentos, circunstâncias ou situações de nossa vida, também nos pode levar até à re­alidade de nosso ser, do que verdadei­ramente somos, e do qual, muito vezes somos vítimas, sem que por isso viva­mos equivocados. Leve em conside­ração que você não é uma entidade abs­trata, mas sim um ser concreto, de carne e osso, que existe de forma real, física e moral, embora às vezes você tenha suas dúvidas, porque c normal ter dú­vidas, como todos nós temos.

Uma vez tendo realizado uma inter­pretação de seu lance que pareça mais ou menos clara e concisa com respeito à pergunta que você havia feito, anote-a para poder refletir sobre ela, voltar a ela se for o caso e aprofundar ou afi­nar suas indicações.

INTERPRETAR OS PRÓPRIOS SONHOS ATRAVÉS DO TARÔ

Seguindo exatamente o mesmo mé­todo, você pode também interpretar sonhos utilizando os 22 arcanos maio­res do Tarô e empregando, uma vez mais, o lance em cruz, que é o mais ade­quado. Se você teve um sonho do qual se lem­bra com clareza, escreva-o em um ca­derno com o maior número de detalhes possível, sem esquecer de anotar pre­viamente a data. Quando tiver tempo, volte a ler o que escreveu, volte a sub­mergir-se no universo de seu sonho, e realize um lance em cruz para tentar en­contrar sua interpretação, mediante os 5 arcanos que formam o lance. Lembramos mais uma vez que não deve cair na tentação da abstração ao fazer sua interpretação. Por exemplo, se seu lance se compõe, nesta ordem, do Namorado, o Diabo, a Lua, o Imperador e o Carro, como arcano central, chamado síntese, você pode deduzir que seu sonho revela que você está a ponto de fazer uma má escolha, tomar uma má decisão ou que tenha caído na incerteza e na confusão (todos estes, elementos revelados neste lance pelo Namorado e, principalmente, pela Lua); por isso, possivelmente, você terá que tomar uma decisão por causa de circunstâncias extremas ou de um personagem autoritário (o Diabo como situação exterior e o Imperador como conclusão).

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Tarô e astrologia A astrologia e o Tarô têm em comum a utilização da linguagem dos símbolos.

A ciência dos astros e a da arte adivinhatória do Tarô obedecem a uma mesma interpretação mítica e poética do mundo.

A lguns astrólogos contemporâneos, virtuosos, escrupulosos e preocu­

pados em demonstrar a compatibilidade do princípio astrológico com os critérios das ciências modernas, acharam neces­sário ceder ante os caprichos de nossa civilização tecnológica que quer ser antes de mais nada racional, materialista e ren­tável. Fizeram de sua espe­cialidade uma astrologia científica. Ao atuar assim, decidiram arbitrariamente excluir de seus conhecimentos, inves­tigações e trabalhos todas as referências esotéricas. Por outra parte, para de­monstrar que a astrologia é um sistema confiável e operativo, submeteram-na ao princípio das esta­tísticas.

A ASTROLOGIA E A CIÊNCIA

Abordar a astrologia sob um enfoque científico para poder medi-la, analisá-la e verificá-la, não é uma má idéia nem algo mau em si. O lamentável é assimilá-la a um sistema de pensa­mento que só pode ser re­dutor para ela. De nossa parte, pensamos que na vida e no mundo, a realidade não se explica segundo um pensamento uni­lateral e constante. Por exemplo, seria deplorável que, vi­vendo na era do automóvel — que en­trou em nossos costumes e em nossos hábitos e forma parte de nossa paisagem cotidiana — caíssemos na tentação de

empregar palavras "carburante" ou "car­burador" para falar dos alimentos e do coração do ser humano. A comparação pode ser divertida, com a condição de que seja unicamente uma metáfora.

Os antigos observavam e comparavam os signos do Céu e da Terra (ilustração procedente da The British Library).

Sc a tomamos ao pé da letra, pode pa­recer grosseira para o indivíduo, que se vê comparado a uma máquina.

Como vemos, já não estamos no mun­do das medidas e da razão, mas sim no que os psicólogos chamam inflação. A autora Marie-Louise von Franz expõe isto com clareza: "Podemos dizer por extensão que as pessoas atuais que não

apreciam corretamente o cálculo das probabilidades, as estatísticas, como ferra­mentas úteis e razoáveis, embora achem secreta­mente que podemos do­minar a natureza e encon­trar a verdade sobre todas as coisas, caíram em uma inflação psíquica e em uma identificação secreta com o deus Sol. (...) "Quando ganha demasiado terreno, a inflação significa sempre a esterilização do espírito, pois, em uma si­tuação assim somos ao mesmo tempo estéreis e es­túpidos; e esta é em grande medida a situação das ciên­cias modernas da natureza. Não direi que somos todos assim. "Existem muitos cientistas eminentes com os quais podemos discutir sobre es­tes fatos e que são total­mente conscientes de que, diante dos preconceitos das estatísticas e das probabi­

lidades, não fazemos mais que construir um modelo abstrato da natureza que não esgota toda a realidade. "Quer dizer, possuímos um saber par­cial e existe um número infinito de se­gredos que ainda não descobrimos, e um número infinito de possibilidades de explorar a realidade".

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A ASTROLOGIA, O TARÔ

E A CABALA A adivinhação e a ciência têm em co­mum que ambas partem de uma aspira­ção de "dominar e conquistar a natu­reza e encontrar a verdade sobre todas as coisas". Ao consultar os oráculos e antecipar os acontecimentos, o adivinho se eleva ao nível do divino. A exploração prática das ciências tem também um caráter mágico. É uma no­ção dominante nos fundamentos e gran­des princípios enunciados na cabala, cujos 22 caracteres do alfabeto, que po­deríamos chamar de mágico, são tam­bém números, vibrações que afinando-se, harmonizando-se ou mutando juntos (pois estes números não podem nem ser somados, nem subtraídos, nem multiplicados, nem divididos) engen­dram uma quantidade infinita de for­mas, de possibilidades, de estruturas, de aparências, de fenômenos, de manifes­tações, de expressões, de vidas. Estamos ainda no universo das mu­tações e das transformações, que é tam­bém o mundo do I Ching chinês, como se o princípio mesmo da mutação fosse um dos grandes fundamentos da vida sobre a Terra, percebido por nossos an­tepassados, qualquer que fosse sua cul­tura. Seja como for, os 22 arcanos maiores do Tarô — que os alquimistas e os caba­listas perseguidos durante a Idade Mé­dia pela Inquisição acrescentaram a este jogo muito mais antigo, para salva­guardar seu código secreto, durante longo tempo transmitido só oralmente — têm em comum com a astrologia o fato de estarem analogicamente vincula­dos às 22 letras-número do alfabeto he­breu da cabala. Efetivamente, os 12 signos do Zodíaco e os 10 astros dominantes estão também em correspondência com as 22 letras-número. Com base nisso, é muito fácil fazer a aproximação entre o Tarô e a astrolo­gia. Cada arcano maior do Tarô adi­vinhatório está relacionado com um

dos 2 signos do Zodíaco ou com um dos 10 astros, e têm em comum com um deles uma das 22 letras-número do alfabeto da cabala.

Assim, quase que poderíamos conside­rar os 22 arcanos maiores do Tarô como um jogo adivinhatório de caráter astro­lógico.

Tabela de analogias entre os 22 arcanos maiores do Tarô, os signos do Zodíaco e os astros.

Para nos ajudar a afinar nossas próprias interpretações, e inspirando-nos em nossa experiência de uma longa prática e investigação da astrologia e do Tarô, propomos diversas analogias originais e específicas entre os arcanos maiores, os signos e os de­canatos do Zodíaco, e os astros que os governam, no reverso das fichas dedicadas aos símbolos e às interpretações dos arcanos maiores. No entanto, neste âmbito, existe uma regra básica, que chamaríamos ortodoxa, a qual deriva do esoterismo tradicional da cabala e que a seguir submeteremos à sua reflexão.

ARCANOS MAIORES DO TARÔ ASTROS E SIGNOS DO ZODÍACO LETRAS-NÚMERO DA CABALA

O MAGO

A PAPISA

A IMPERATRIZ

0 IMPERADOR

O PAPA

O NAMORADO

O CARRO

A JUSTIÇA

0 ERMITÃO

A RODA DA FORTUNA

A FORÇA

0 ENFORCADO

A MORTE

A TEMPERANÇA

0 DIABO

A CASA DE DEUS

A ESTRELA

A LUA

O SOL

O JULGAMENTO

0 MUNDO

O LOCO

Urano

Saturno

Júpiter

Marte

Áries

Touro

Gêmeos

Alef

Beith

Ghîmel

Dâleth

Waw

Zeïn

Leão

Sol

Plutão

Sagitário

Vênus

Peixes

Netuno

Câncer

Virgem

Libra

Escorpião

Capricórnio

Aquário

Mercúrio

Lua

Teith

Khaf

Mem

Sâmekh

Phé

Qof

Schîn

Hheith

Yod

Lâmed

Nun

Aeïn

Tsâdé

Reisch

Tâv

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