Upload
vohanh
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
Modelo de vantagem comparativa e ganhos de comércio
Reinaldo Gonçalves
Prof. Titular
IE-UFRJ
2
Sumário
1. Aparelho analítico
2. Modelo de vantagem comparativa: Pressupostos básicos
3. Modelo clássico (Ricardo)
4. Modelo neoclássico (Heckscher-Ohlin)
5. Oferta recíproca e termos de troca
6. Síntese
3
4
Bibliografia básica
R. Baumann, O. Canuto e R. Gonçalves
Economia Internacional. Teoria e Experiência Brasileira
Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2004, cap. 2.
5
1. Aparelho analítico
• Estática comparativa
• Fronteira de produção• Otimização produção
• Curva de indiferença social• Otimização no consumo
6
Estática comparativa
• Analisa os efeitos sobre a posição de equilíbrio resultantes de modificação nas condições iniciais, sem levar em conta o período de transição e o processo de ajustamento
7
Análise dinâmica
• Trata da trajetória ao longo do tempo e do próprio processo de ajustamento
8
Aparelho analítico
• Curva de possibilidade de produção (fronteira de produção)• locus das combinações de produção
que implicam utilização plena e eficiente dos fatores de produção
• Determinação• funções de produção
• dotação de fatores
9
Conceitos
• Custo de oportunidade (de A)• => o quanto se perde da produção da
mercadoria B ao se aumentar em uma unidade a produção de A
• Ideia-chave• melhor uso alternativo para o fator de
produção
10
Custo de oportunidade
Custo de oportunidadeconstante
Custo de oportunidade variável - crescente
A
B B
∆A
∆B
∆A
∆B
11
Custo de oportunidade variável (crescente)
• fatores de produção não são igualmente eficientes na produção de todos os produtos
12
Linha de preços
Y = Pa . Qa + Pb . Qb
Qb = (Y/Pb) - (Pa/Pb) Qa
13
Otimização
• equilíbrio na produção• linha de preços (PP) tangencia a curva
de possibilidade de produção
TMSP (TMT) = ∆B / ∆A = Pa / Pb
14
Equilíbrio na produção Q*
Custo de oportunidadeconstante
Custo de oportunidade variável - crescente
A
B B
P
P P
P
Q*Q*
Qb = (Y/Pb) - (Pa/Pb) Qa
A
15
Conceito
Curva de indiferença social
• locus das combinações de consumo de A e B que implicam mesmo nível de satisfação (utilidade) para a sociedade como um todo
16
Curva de indiferença social: características
• convexa
• não se cruzam
• inclinação negativa
A
B
I1
I2
I3
17
Otimização: Equilíbrio no consumo
• linha de preços (PP) tangencia a curva de indiferença social
• TMSC = ∆B / ∆A = Pa / Pb
18
Equilíbrio no consumo
A
B
I1
I2
I3
C3 (Y3)
C1 (Y1)
P
P
19
Equilíbrio na produção e no consumo(economia fechada)
A
B
I1
I2
I3
A2
B2
C2 (Y2) = (A2, B2)
P
P
TMSP = TMSC = ∆B / ∆A = Pa / Pb
20
2. Modelo de vantagem comparativa: Pressupostos básicos
• completa mobilidade dos fatores de produção dentro do país
• imobilidade dos fatores entre países
• moeda é neutra - não háproblemas de balanço de pagamentos
• movimento internacional de capitais é nulo
21
Pressupostos básicos, cont.
• custo é determinado pela quantidade de mão-de-obra usada (teoria clássica do valor trabalho)
• produção a preços unitários constantes: não há ganhos de escala
• conhecimento tecnológico estável
• oferta estável de fatores
22
Pressupostos básicos, cont.
• concorrência perfeita mercado de bens e fatores
• fator de produção homogêneo
• não há custos de transporte e barreiras comerciais
• necessidades constantes em cada país
• pleno emprego
23
3. Modelo clássico (Ricardo)
• modelo 2 x 2• 2 países: I e II
• 2 produtos: A e B
• pressupostos fundamentais:• custos de oportunidade constantes
• tecnologia: diferente entre países
24
A
100
100
1 A = 1 H/H1 B = 1 H/HE
50
50
A
B
100
50
1 A = 1 H/H1 B = 2 H/H
E
50
25
B
País I País II
Dois países (I e II)e dois produtos (A e B)
II: DC(B)
25
Fronteira de produção - País I
0
20
40
60
80
100
120
0 20 40 60 80 100 120
B
A
1 A = 1 B
26
Fronteira de produção - País II
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
0 20 40 60 80 100 120
B
A
1 A = 0,5 B
27
Recapitulando: Princípio da vantagem comparativa
P (A)I / P (B)I
≠≠≠≠
P (A)II / P (B)II
28
Preços relativos
• País I: 1 A = 1 B (∆B/∆A = 1)• Pa/Pb = 1
• País II: 1 A = 0,5 B (∆B/∆A = 0,5)� Pa/Pb = 0,5
(Pa/Pb)I > (Pa/Pb)
II
I: VC(B); DC(A)
II: VC(A); DC(B)
29
Supondo
• Termos de troca
• 1 B = 1,5 A
• 1 A = 0,67 B � Pa/Pb = 0,67
• Se B custa R$ 1, A custa R$ 0,67
30
Custo de oportunidade constante: País I
Equilíbrio na produção - País I
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
B
A
B* TT= Pa/Pb = 0,67Especialização em B
TT
31
País II
Equilíbrio na produção - País II
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
B
A
TT = Pa/Pb = 0,67
Especialização em A
A*
TT
32
Vantagem comparativa e especialização
I: VC(B); DC(A)
=> País I: especialização em B
II: VC(A); DC(B)
=> País II: especialização em A
33
Equilíbrio economia fechada vs
economia aberta: País I
Equilíbrio com economia fechada (Ef) e aberta (Ea) - País I
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
B
A
B* Produção: especialização em B
Ef (50,50)
Ea (75,50)
TT
TT = Pa/Pb = 0,67
Qb/Qa = 0,67
Economia aberta (Ea)
Produção: A = 0; B = 100
Exp: 50 B ; Imp: A = 75
Consumo: A = 75; B = 50
34
Demanda
Equilíbrio com economia fechada (Ef) e aberta (Ea) - País I
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
B
A
B*
Ea (75,50)
TT
Ef (50,50)
∆W = 25A
35
Triangulo de comércio exterior: País I
Triangulo de comércio exterior - País I
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
B
A
B*
Ea (75,50)
TT
Xb / Ma = Pa / Pb = TT
50/75 = 0,67
Xb=50
Ma=75
36
Equilíbrio economia fechada vs
economia aberta: País II
Equilíbrio com economia fechada (Ef) e aberta (Ea) - País II
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
B
A
Produção:
especialização em A
A*
TT
Ef (25,37)
Ea (25,50)
TT = Pa/Pb = 0,67
Qb/Qa = 0,67
Economia aberta (Ea)
Produção: A = 100; B = 0
Exp: 75 A ; Imp: B = 50
Consumo: A = 25; B = 50
37
Demanda
Equilíbrio com economia fechada (Ef) e aberta (Ea) - País II
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
B
AA*
TT
Ea (25,50)
Ef (25,37)
∆W = 13B
38
Triângulo de comércio exterior: País II
Triangulo de comércio exterior - País II
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
B
AA*
TT
Ea (25,50)
Mb / Xa = Pa / Pb = TT
50/75 = 0,67
Mb=50
Xa=75
39
Conclusão
• TT = (Pa/Pb)INT
= ∆B/∆A
• eficiência alocativa
• especialização completa
• ganhos de bem-estar = ganhos de comércio
40
Custo de oportunidade variável (crescente): Equilíbrio economia fechada
41
Equilíbrio: Economia aberta (Ea) vs
economia fechada (Ef)
42
Conclusão
• TT = (Pa/Pb)INT
= TMSC = TMSP = ∆B/∆A
• eficiência alocativa
• não há especialização completa
• ganhos de bem-estar = ganhos de comércio
43
4. Modelo neoclássico: Heckscher-Ohlin
A. Pressupostos
B. Determinante e teoremas básicos
C. Intensidade fatorial: mensuração e exemplos
D. Demonstração: preço dos fatores
E. Demonstração: quantidade de fatores
F. Viés de demanda
44
A. Pressupostos
• completa mobilidade dos fatores de produção dentro do país
• imobilidade dos fatores entre países
• moeda é neutra - não háproblemas de balança comercial
• movimento internacional de capitais é nulo
45
Pressupostos básicos, cont.
• conhecimento tecnológico estável
• retornos constantes de escala
• oferta estável de fatores
• concorrência perfeita mercado de bens e fatores
46
Pressupostos básicos, cont.
• fator de produção homogêneo
• não há custos de transporte e barreiras comerciais
• necessidades constantes em cada país
• pleno emprego
47
Pressupostos básicos, cont.
• técnicas de produção são as mesmas em todos os países
• tecnologia é móvel internacionalmente
48
Pressupostos básicos, cont.
• diferentes produtos <=> distintas intensidades fatoriais• caracterização da intensidade fatorial
dos bens independe dos preços dos fatores
• não há reversão na intensidade de fatores• mantida constante a caracterização da
intensidade fatorial dos bens
49
B. Determinante e teoremas básicos
• comércio é determinado pelo diferencial na dotação de fatoresentre países
50
Teoremas básicos
• os países têm vantagem comparativa e exportam produtos que são intensivos no uso do seu fator abundante
• os países têm desvantagem comparativa e importam produtos que são intensivos no uso do seu fator escasso
51
C. Intensidade fatorial: mensuração e exemplos
• modelo 2x2x2• dois países
• dois produtos
• dois fatores
• intensidade fatorial: K/L
52
Intensidade fatorial: mensuração
• Produto (intensidade)• relação K/L
• país (riqueza, abundância)• relação K/L
• relação w/r
53Fonte: Maddison, 1995, p. 365 e Maddison, 2006, p. 349-350.
Relação K/L (US$ mil por pessoa empregada, 1998)
135
120115
94
7467
61
34
15 11
0
20
40
60
80
100
120
140
160
EUA
Japão
França
AlemanhaRein
o Unido
Coréia do
Sul
Argentin
a
Brasil
China
Índia
54Fontes: ILO e The Economist. Dados para a indústria de transformação.
Relação salário/juro (w/r ) (EUA = 100)
222206
149139 137
115105 100
47
15
0
50
100
150
200
250
Japã
o
Aleman
ha
Holand
a
Franç
a
Bélgica
Reino
Unido
Itália
Estado
s Unid
osCor
éia d
o Sul
Brasil
55
D. Demonstração: preço dos fatores
• País I: rico em K
• País II: rico em L(r/w)
I< (r/w)
II ou (w/r)
I> (w/r)
II
• Produto A: intensivo em K
• Produto B: intensivo em L(K/L)
A> (K/L)
B
56
Teorema
• País I, rico em K, tem vantagem comparativa e exporta produto intensivo em K (A)
57
Aparelho analítico: isoquantas
• Isoquanta: locus das combinações de fatores de produção que são necessários para produzir uma determinada quantidade de mercadoria
58
Isoquantas
• Hipótese: K e L são substitutos
• expressam as tecnologias disponíveis
• são as mesmas para os dois países
59
Escolha de técnica
• depende dos preços relativos dos fatores
• eficiência técnica: preços relativos dos fatores igual à inclinação da isoquanta (custo mínimo)
• ou seja: linha de orçamento ou reta de custo tangencia a isoquanta
60
Inclinação da reta de custo
Produto A
CTa = w . La + r . Ka
Ka = (CTa/r) - (w/r) La
61
Escolha da técnica mais eficienteProduto A (custo unitário)
K
A = 1
(w2/r2)
(K/L)1
(K/L)2
L
(w1/r1)
62
País I e País II: mesmo mapa de isoquantas de A e B
K
a
ab
b
A: intensivo em KB: intensivo em L
(K/L)A > (K/L)B
(K/L)A
(K/L)B
L
63
Repetindo: queremos demonstrar
• País I, rico em K, tem vantagem comparativa e exporta produto intensivo em K (produto A)
• Ou seja:
• (Ca/Cb)I
< (Ca/Cb)II
64
Escolha de técnicas e custo unitário: País I e País II
Ka
a
b
b
I: rico em KII: rico em L
(w/r)I > (w/r)II
(w/r)II
L
(w/r)I
Isoquanta unitária
65
Custo unitário: País I e País II
Ka
a
b
b
I: rico em KII: rico em L
(w/r)I > (w/r)II
(w/r)II
L
(w/r)I
O
KaI
KbI
KaII
KbII
LaI LbILaII LbII
66
Custo unitário
País I
CAI
= KaI.rI
+ LaI.wI
CBI
= KbI.rI
+ LbI.wI
67
Custo unitário: País I vs País II
Ka
a
b
b
Custo unitárioPaís I: 1A = OG; 1B = OGPaís II: 1A = OC; 1B = OD
OG/OG < OC/OD
(w/r)II
L
(w/r)I
O
D
C
G
Mensuração do custo unitário: quantidade de K
68
Custos relativos
Custo unitárioPaís I: 1A = OG; 1B = OGPaís II: 1A = OC; 1B = OD
Custo de A em relação a BOG/OG < OC/OD
(Ca/Cb)I < (Ca/Cb)II
País I (rico em K): VC em A (intensivo em K)País II: VC em B
c.q.d.
69
E. Demonstração: quantidade de fatores
• País I, rico em K, tem vantagem comparativa e exporta produto intensivo em K (produto A)
• Ou seja:
(Pa/Pb)I< (Pa/Pb)
II
70
Relações K/L
• País I: abundância de K
• País II: abundância de L
ou seja,
KI/LI> K
II/L
II
71
Curva de possibilidade de produção: País I e País II
B
A
CPPII
CPPI
País I: rico em KPaís II: rico em L
Produto A: intensivo em KProduto B: intensivo em L
72
Equilíbrio na produção
B
A
CPPII
CPPI
Preços relativos dos bensPaís I: PI = PA/PBPaís II: PII = PA/PB
PII > PI
O
R
PII
PI
73
Diferencial de preços relativos
PII > PI
ou seja
(PA/PB)I < (PA/PB)
II
Portanto
País I tem VC em APaís II tem VC em B
c.q.d.
74
F. Viés de demanda
• País I (rico em K)
• viés de demanda por produto A (intensivo em K)
75
Viés de demanda pressiona preço interno
B
A
CPPII
CPPI
Preços relativos dos bensPaís I: PI = PA/PBPaís II: PII = PA/PB
PII< PI
O
PII
PI
CISI
76
Comparando ...
B
A
CPPII
CPPI
Preços relativos dos bensPaís I: PI = PA/PBPaís II: PII = PA/PB
PI > PII
O
PII
PI
CISI
B
A
CPPII
Preços relativos dos bensPaís I: PI = PA/PBPaís II: PII = PA/PB
PI < PII
O
R
PII
PI
sem viés com viés
CPPI
77
Diferencial de preços relativos
PI > P
II
ou seja (PA/PB)I > (PA/PB)
II
Portanto
País I (rico em K) tem VC em B (intensivo em L)
País II tem VC em A
=> Não é possível de demonstrar o Teorema H-O
78
5. Oferta recíproca e termos de troca
• Determinação dos TT de equilíbrio
• Curva de oferta recíproca
• mostra o volume de comércio (X e M) quando mudam os TT
79
País II: Derivação da curva de oferta recíproca
B
A
P1
P2
Xb1
Ma1
Xb2
Ma2
TT = P = Pa/PbP2 < P1
80
Curva de oferta recíproca (COR) do País II
Prod B
Exp: País IIImp: País I
COR II
Xb1
Ma1 Ma2 Prod AExp: País I
Imp: País II
Xb2
P2
P1
0
81
Curva de oferta recíproca (COR) do País I e do País II – TT de equilíbrio (TT*)
Prod BExp: País IIImp: País I
COR II
Xb1
Ma1
TT*
Ma2
TT = P = Pa/PbTT* = equilíbrio
Prod AExp: País IImp: País II
Xb2
COR I
P2
P1
0
82
6. Síntese
• Aparelhos analíticos
• Pressupostos básicos
• Modelo clássico (Ricardo)
• Modelo neoclássico (Heckscher-Ohlin)
• Oferta recíproca e termos de troca
83
Síntese: determinantes do comércio internacional
• Modelo clássico• tecnologia de produção
• Modelo neoclássico• dotação de fatores
Eixo estruturante: princípio da vantagem comparativa
84
Síntese, cont...
• Termos de troca
• determinados no mercado internacional
85
Obrigado!