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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ONCOLOGIA
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE DE BRCA1: ESTUDO PARA O
APERFEIÇOAMENTO DO ENSAIO DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL
GIULIANA DE GREGORIS
RIO DE JANEIRO
MARÇO – 2012
ii
GIULIANA DE GREGORIS
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE DE BRCA1: ESTUDO PARA O
APERFEIÇOAMENTO DO ENSAIO DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Oncologia do Instituto
Nacional de Câncer, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Oncologia.
Orientador: Marcelo Alex de Carvalho.
RIO DE JANEIRO
MARÇO - 2012
iii
GIULIANA DE GREGORIS
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE DE BRCA1: ESTUDO PARA O
APERFEIÇOAMENTO DO ENSAIO DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL
Data da aprovação:____________.
BANCA EXAMINADORA:
Turán P. Urmenyi – IBCCF/UFRJ
____________________________
Miguel Ângelo. M. Moreira – Genética/INCA
____________________________
Fernando Regla Vargas – Genética/INCA
____________________________
Claudio Gustavo Stefanoff – BNT/INCA (Suplente)
____________________________
Robson Queiroz Monteiro – IbqM/UFRJ (Suplente)
____________________________
RIO DE JANEIRO
MARÇO - 2012
iv
AGRADECIMENTOS
Ao orientador Marcelo Alex de Carvalho, pela oportunidade de poder desenvolver este
trabalho junto ao seu grupo. A cobrança, a paciência e a dedicação desprendidas foram
muito importantes para que eu pudesse concluir este trabalho, e, principalmente,
compreender o que de fato é necessário para se “fazer ciência”!
Aos companheiros e amigos do grupo de pesquisa, Renata, Vanessa, Thales, Amanda,
João e Renato, por toda a ajuda, todo o aprendizado, e companhia.
Ao laboratório de Farmacologia, na pessoa do prof. Guilherme Suarez-Kurtz, e à todos
os amigos e companheiros do 3º andar do CPq/INCA: Vera, Mateus, Cíntia, Cyntia,
Diogo, Marcelo Sobral, Fernanda, Ivone. Todos me ajudaram direta ou indiretamente
para que eu pudesse concluir este trabalho.
Aos colegas da Pesquisa Clínica, pela companhia agradável e suporte quando
necessário.
À minha família, especialmente meus pais, os quais devo tudo o que sou e tenho.
Ao Erik Guarisco e sua família, por todo apoio e por me acolherem como membro de
sua própria família.
v
RESUMO
Estima-se que 5 a 10% dos casos de câncer de mama sejam de origem hereditária. BRCA1 foi o primeiro gene de susceptibilidade ao câncer de mama identificado e grande parte dos casos da doença pode ser atribuída a mutações nesse gene. O aconselhamento genético baseado na análise compreensiva de alterações em BRCA1 pode auxiliar indivíduos afetados a adotarem procedimentos preventivos. Porém, muitas das mutações detectadas não possuem classificação quanto sua associação ou não ao câncer, se enquadrando no status de variante não classificado (VNC). Os ensaios funcionais constituem uma estratégia que permite, em parte, contornar essa situação. BRCA1 quando fusionado a um domínio heterólogo de ligação ao DNA pode induzir a transcrição de um gene repórter. A avaliação da capacidade de ativação transcricional (AT) de BRCA1 já foi validada por nosso grupo como um sistema confiável para classificação de variantes. O ensaio correlaciona a capacidade AT e a integridade estrutural da região C-terminal da proteína, essencial para sua função supressora de tumor, podendo se estabelecer uma relação com a funcionalidade da proteína. Atualmente o ensaio AT é restrito à região dos exons 13 a 24 de BRCA1 (aminoácidos 1395 a 1863 da proteína) – BRCA1 13/24. O presente trabalho conduziu um estudo para aperfeiçoar o modelo de ensaio funcional AT a um contexto maior da proteína, compreendendo o final do exon 11 ao exon 24 (aminoácidos 1315 a 1863) - BRCA1 11/24. Os variantes a serem analisados foram gerados por mutagênese sítio-dirigida e clonados em vetores para expressão em leveduras (S. cerevisiae) e células humanas (HEK293T). A avaliação do método no novo contexto (BRCA1 11/24) foi realizada com variantes de comportamento conhecido (neutros e deletérios) já descritos na literatura (controles positivos e negativos). Quando comparada a atividade dos controles em ambos os contextos (11/24 e 13/24) os resultados foram equivalentes. A capacidade TA de variantes não naturais de comportamento preditivo (putativamente neutros e deletérios) situados na região de extensão do modelo (aminoácidos 1315-1395), bem como a de variantes naturais não classificados, foi avaliada. Segundo os critérios de classificação definidos para o ensaio TA no contexto 13/24, todos os variantes analisados no contexto 11/24 apresentam perfil neutro. Porém, a inexistência de variantes controle na região de extensão do estudo impede, por ora, o uso do ensaio AT como ferramenta confiável de classificação de variantes na região analisada. O ensaio TA de BRCA1 tem se mostrado um importante modelo de predição do comportamento de VNC na sua porção C-terminal, mas este possui limitações e carece de estudos que possam melhor contribuir com informações sobre o modelo. Palavras-chave: BRCA1; ativação transcricional; variantes não classificados; ensaio funcional.
vi
ABSTRACT
Germline mutations in the breast and ovarian cancer predisposing gene (BRCA1) are responsible for the majority of cases involving hereditary breast and ovarian cancer. Genetic counseling based on comprehensive analysis of alterations in BRCA1 may assist affected individuals to adopt preventive procedures. However, many of the mutations found in patients do not have a clear designation as either cancer-associated or not, remaining as unclassified variants (UCV). Functional assays provide an approach which allows circumventing this problem, at least in part. The Transcriptional Activation (TA) assay was derived from the observation that the C-terminal region of BRCA1 (BRCT domains) functions as a transcriptional transactivation domain when expressed as a fusion to a heterologous DNA binding domain (DBD). In this model, the expression of a reporter gene can be correlated with the integrity of the BRCT domains and its vicinity. Previously, our group, validated this assay as a reliable model to classify missense variants within the region limited by exons 13-24 of BRCA1 (amino acids 1396-1863). In this work, we conducted a study to improve the TA assay for functional evaluation of UCV located on BRCA1 exon 12 and part of exon 11, extending the TA assay model to a larger context of the protein (amino acids 1315-1863). BRCA1 variants were generated by site-directed PCR mutagenesis and then cloned into yeast and mammalian expression vectors to be functionally evaluated. Constructs enclosing the BRCA1 wild-type sequence and variants of known classification (neutral or deleterious controls) were evaluated in both contexts (1396-1863 and 1315-1863) showing similar results. UCV of natural and non-natural (synthetic) occurrence located in the extended region (1315-1395) were also evaluated. According to previously determined classification criteria for the TA assay, a neutral behavior was observed for all investigated variants. However, the lack of proper control variants in the extended context limits the TA assay as a reliable tool for variants classification. The BRCA1 TA assay is an important method for predicting the behavior of UCV in its C-terminal portion, but it has limitations and there is still the need for studies that contribute with information about the model. Key words: BRCA1; transcription activation; unclassified variants; functional assay.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Distribuição dos dez tipos de câncer mais incidentes no Brasil estimados
para o ano de 2012 por sexo, exceto câncer de pele não melanoma............................18
Figura 1.2: Diagrama da estrutura proteica de BRCA1 e seus domínios.......................23
Figura 1.3: Estrutura dos domínios BRCT em tandem de BRCA1 representados
tridimensionalmente pelo modelo de fitas.......................................................................25
Figura 1.4: Freqüência de variantes de BRCA1 depositados no banco de dados do
BIC...................................................................................................................................32
Figura 1.5: Representação esquemática do comportamento de transativação
transcricional da região C-terminal de BRCA1 em função da expressão de um gene
repórter............................................................................................................................39
Figura 3.1: Diagrama esquemático da rotina de mutagênese sítio-dirigida por
sobreposição de fragmentos...........................................................................................49
Figura 3.2: Representação da construção de pLex9-BRCA1 11/24..............................53
Figura 3.3: Representação da construção de pGBT9-BRCA1 11/24.............................54
Figura 3.4: Representação da construção de pCDNA3-BRCA1 11/24..........................55
Figura 3.5: Fluxograma de rotinas realizadas para geração e clonagem das
construções utilizadas neste estudo................................................................................56
Figura 3.6: Representação do plasmídeo pRB1840 (Invitrogen)...................................59
viii
Figura 3.7: Representação dos vetores pG5luc e pGR-TK............................................63
Figura 4.1: Representação esquemática da região codificante de BRCA1 com seus
éxons identificados..........................................................................................................69
Figura 4.2: Representação esquemática de BRCA1aa1315-1863 (11/24) e BRCA1aa1396-1863
(13/24) fusionados a um domínio heterólogo de ligação ao DNA (DBD) e a localização
dos variantes controle analisados no estudo..................................................................69
Figura 4.3: Análise da atividade de transativação transcricional em levedura de
controles de BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura S. cerevisiae EGY48.........................................................................................70
Figura 4.4: Análise da atividade de transativação transcricional em levedura de
controles de BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura S. cerevisiae EGY48.........................................................................................73
Figura 4.5: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero
de controles de BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células
de mamífero HEK293T....................................................................................................74
Figura 4.6: Análise da atividade de transativação transcricional em células humanas de
controles de BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células
humanas HEK293T.........................................................................................................75
Figura 4.7: Alinhamento de ortólogos de BRCA1, resíduos 1315-1395.........................78
Figura 4.8: Representação esquemática de BRCA1aa1315-1863 fusionado a um domínio
heterólogo de ligação ao DNA (DBD) e a localização dos variantes analisados no
estudo..............................................................................................................................82
ix
Figura 4.9: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de levedura
de variantes sintéticos de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação
transcricional quantitativo em células de levedura S. cerevisiae EGY 48.......................83
Figura 4.10: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de levedura
de variantes naturais de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação
transcricional quantitativo em células de levedura S. cerevisiae EGY 48.......................84
Figura 4.11: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero
de variantes sintéticos de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação
transcricional quantitativo em células de levedura HEK293T.........................................86
Figura 4.12: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero
de variantes naturais de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação
transcricional quantitativo em células de levedura HEK293T.........................................87
Figura 4.13: Análise da expressão de proteínas de fusão LexA:BRCA1 no modelo de
levedura por immunoblotting...........................................................................................88
Figura 4.14: Análise da expressão de proteínas de fusão GAL4:BRCA1 no modelo de
células HEK293T por immunoblotting.............................................................................89
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1: Oligonucleotídeos iniciadores utilizados na geração de variantes para o
estudo............................................................................................................................50
Quadro 4.1: Variantes sintéticos selecionados para o estudo. ....................................77
Quadro 4.2: Variantes naturais de BRCA1 identificados na região limitada pelos
aminoácidos 1315-1395................................................................................................80
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
°C – graus Celsius
aa – aminoácido (s)
ADP – adenosine difosfato
ATM- Ataxia Telangiectasia Mutated
BACH1 – BTB and CNC homology 1
BARD1 – BRCA1-associated RING Domain Protein 1
BLAST – Basic Local Alignment Search Tool
BRCA2 – Breast Cancer Susceptibility Gene 2
BRCT – BRCA1 C-terminal
CDK2 – cyclin-dependent kinase 2
cDNA – ácido desoxirribonucléico complementar
CHEK2 – Chekpoint Kinase 2
CK2 – casein kinase II
CtIP – C-terminal Binding Protein (CtBP) Interacting Protein
DNA – ácido desoxirribonucleico
DO – densidade óptica
EDTA - ácido etilenodiamina tetraacético
g – gravidade (g = 9,8 cm/s2)
H2O - água
HCl – ácido clorídrico
HPRT1 – hypoxanthine phosphoribosyltransferase 1
IgG – imunoglobilina G
kb - quilobases
xii
KCl- cloreto de potássio
KOH – hidróxido de potássio
kV - quilovolts
loxp – locus of X-over P1
M - molar
MgSO4 – sulfato de magnésio
min – minuto (s)
mL - mililitro
mM - milimolar
Na2H2PO4 – di-hidrogenofosfato de sódio
Na2PO4 – fostato dissódico
NaCl – cloreto de sódio
NaOH – hidróxido de sódio
NCBI – National Center for Biotechnology Information
nm - nanômetros
p/v – peso por volume
PBS – tampão fosfato-salino
PEG – polietilenoglicol
pH – potencial hidrogeniônico
Phe – fenilalanina
pSer – serina fosforilada
PTEN – Phosphatase and Tensin Homolog
RING – Real Interesting New Gene (domínio protéico)
RNA – ácido ribonucleico
SDS – dodecil sulfato de sódio
xiii
TP53 – Tumor Protein p53
v/v – volume por volume
µmol – micromol
µm - micrômetros
xiv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17
1.1 CÂNCER ............................................................................................................... 17
1.2 CÂNCER DE MAMA ............................................................................................. 18
1.3 CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO.................................................................... 19
1.4 O GENE DE SUSCEPTIBILIDADE AO CÂNCER DE MAMA BRCA1 .................. 21
1.5 A REGIÃO C-TERMINAL DE BRCA1 ................................................................... 24
1.5.1 Os domínios BRCT ....................................................................................... 24
1.5.2 O domínio coiled-coil de BRCA1 ................................................................ 26
1.6 A ATIVIDADE DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DE BRCA1 ............... 27
1.7 VARIANTES NÃO CLASSIFICADOS DE BRCA1: UM PROBLEMA PARA A
IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS EM RISCO .......................................................... 28
1.8 ENSAIOS FUNCIONAIS PARA CLASSIFICAÇÃO DE VARIANTES DE BRCA1 31
1.8.1 Ensaio do fenótipo de colônias pequenas ................................................. 34
1.8.2 Resgate de resistência à radiação (RRR) ................................................... 35
1.8.3 Atividade ubiquitina-ligase .......................................................................... 35
1.8.4 Ensaio para identificação de códon de parada prematuro ....................... 36
1.8.5 Ensaio de ligação de fosfo-peptídeos ........................................................ 36
1.8.6 Ensaio funcional baseado em células-tronco embrionárias .................... 37
1.9 O ENSAIO DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL COMO MODELO DE
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE BRCA1 ....................................................................... 38
2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 41
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 41
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 41
3 MÉTODOS .................................................................................................................. 43
3.1 ANÁLISE COMPARATIVA DE ORTÓLOGOS DE BRCA1 ................................... 43
3.2 ALIGN GV/GD DE VARIANTES DE BRCA1 ........................................................ 44
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE VARIANTES NATURAIS EM BANCO DE DADOS ............ 45
3.4 DESENHO DOS VARIANTES SINTÉTICOS (NÃO-NATURAIS) PARA
ESTRUTURAÇÃO DO PERFIL DE ANÁLISE NO ESTUDO ...................................... 45
3.5 GERAÇÃO DE CONSTRUÇÕES ......................................................................... 47
xv
3.5.1 Construções no contexto 11/24 .................................................................. 47
3.5.1.1 Clonagem no vetor de expressão pLex9 ................................................. 51
3.5.1.2 Sub-clonagem no vetor de expressão pGBT9 ......................................... 53
3.5.1.3 Subclonagem no vetor de expressão pCDNA3 ....................................... 54
3.5.2 Construções no contexto 13/24 .................................................................. 56
3.6 TRANSFORMAÇÃO BACTERIANA E EXTRAÇÃO PLASMIDIAL ....................... 57
3.7 SEQUENCIAMENTO ............................................................................................ 58
3.8 TRANSFORMAÇÃO DE LEVEDURAS ................................................................ 58
3.9 ENSAIO FUNCIONAL EM LEVEDURA ................................................................ 60
3.10 EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE LEVEDURA .................................................. 61
3.11 TRANSFECÇÃO DE CÉLULAS HUMANAS ....................................................... 62
3.12 ENSAIO FUNCIONAL EM CÉLULAS HUMANAS .............................................. 63
3.13 EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE CÉLULAS HUMANAS .................................. 65
3.14 IMMUNOBLOTTING ........................................................................................... 65
3.15 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................................ 66
4 RESULTADOS ............................................................................................................ 67
4.1 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES CONTROLE: COMPARAÇÃO DE
ATIVIDADES EM DOIS CONTEXTOS ....................................................................... 67
4.2 ESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE
DE BRCA1 NA REGIÃO DE EXTENSÃO DO ENSAIO (RESÍDUOS 1315-1395):
DESENHO DE VARIANTES CONTROLE .................................................................. 76
4.3 ESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE
DE BRCA1 NA REGIÃO DE EXTENSÃO DO ENSAIO (RESÍDUOS 1315-1395):
SELEÇÃO DE VARIANTES NATURAIS..................................................................... 78
4.3 ESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE
DE BRCA1 NA REGIÃO DE EXTENSÃO DO ENSAIO (RESÍDUOS 1315-1395):
SELEÇÃO DE VARIANTES NATURAIS..................................................................... 79
4.4 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DOS
VARIANTES SELECIONADOS. ................................................................................. 80
4.6 ANÁLISE DE EXPRESSÃO .................................................................................. 88
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 90
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 100
7 REFERÊNCIAS..........................................................................................................102
xvi
8 ANEXO 1....................................................................................................................115
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 CÂNCER
Câncer é o termo utilizado para um conjunto de mais de 100 patologias distintas,
que têm em comum a propriedade de crescimento desordenado de células,
eventualmente capazes de invadirem outros tecidos e órgãos (INCA,
http://www.inca.gov.br).
O câncer é uma doença genética, pode ter origem hereditária ou esporádica,
sendo que 5-10% dos casos são hereditários. Os casos esporádicos podem ser
desencadeados por fatores ambientais, tais como tabagismo, idade, hábitos
alimentares, sedentarismo, obesidade, agentes mutagênicos, doenças infecciosas e
disfunções imunológicas (NCI, http://www.cancer.gov).
De acordo com a International Agency for Research on Cancer (IARC), o câncer
é a maior causa de mortalidade mundial, tendo sido responsável por 7,8 milhões de
mortes no ano de 2008, o que representa cerca de 13% dos casos totais de morte no
mundo previstos para aquele ano (IARC, 2008). Para o Brasil, o Instituto Nacional de
Câncer estima que somente no ano de 2012 cerca de 385 mil novos casos de câncer
surgirão, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma (INCA, 2011). Segundo
projeção do INCA, os quatro tumores mais incidentes para o sexo masculino no ano de
2012 serão o câncer de próstata (60 mil), pulmão (17 mil), cólon e reto (14 mil) e
estômago (13 mil). Para o sexo feminino, destacam-se os tumores de mama (53 mil),
18
colo do útero (18 mil), cólon e reto (16 mil) e pulmão (10 mil) como os quatro tipos de
tumor mais incidentes (Fig. 1.1).
Figura 1.1: Distribuição dos dez tipos de câncer mais incidentes no Brasil estimados para o ano de 2012
por sexo, exceto câncer de pele não melanoma*. Adaptado de INCA, 2011.
1.2 CÂNCER DE MAMA
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de mama é o câncer
mais incidente em mulheres tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.
De acordo com o National Cancer Institute (NCI), somente para os Estados Unidos são
esperados aproximadamente 226.800 novos casos de câncer de mama em mulheres e
cerca de 39.500 mortes em 2012 (NCI, http://www.cancer.gov). No Brasil são esperados
para 2012 mais de 52.500 novos casos de câncer de mama, com risco estimado de 52
casos a cada 100 mil mulheres. As taxas de mortalidade por câncer de mama no Brasil
continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em
estádios avançados (INCA, 2011).
19
A prevenção primária para dessa neoplasia ainda não é totalmente possível
devido aos diversos fatores de risco envolvidos em sua etiologia. Os fatores de risco
para o carcinoma de mama compreendem predisposição hereditária, fatores
dependentes da constituição hormonal e fatores ambientais, constituídos por agentes
físicos, químicos e biológicos capazes de causar danos ao genoma (AMENDOLA e
VIEIRA, 2005).
1.3 CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO
Estima-se que de 5 a 10% dos casos de câncer de mama estejam relacionados à
predisposição hereditária associada a mutações em genes determinantes de
susceptibilidade ao câncer (CLAUS, THOMPSON e RISCH, 1991; EASTON et al, 1993).
Em 1990, Hall e colaboradores mapearam o primeiro gene determinante de
susceptibilidade ao câncer de mama, o BRCA1 (Breast Cancer Susceptibility Gene 1)
(HALL et al, 1990). Quatro anos mais tarde, BRCA1 foi clonado (MIKI et al, 1994) e um
segundo gene de susceptibilidade ao câncer foi mapeado, o BRCA2 (WOOSTER et al,
1994). BRCA1 e BRCA2 não apresentam homologia de seqüência, mas ambos são
genes supressores de tumor e comportam-se como guardiões da integridade genômica
(SHARAN et al, 1997; WELCSH et al, 2002).
Mutações germinativas no gene BRCA1 podem ser encontradas em cerca de
45% das famílias com casos hereditário de câncer de mama, e 80% das famílias com
casos de câncer hereditário de mama e ovários (DAPIC et al, 2005). Mulheres com
predisposição hereditária associada a mutações em BRCA1 têm um risco estimado de
56-80% para o desenvolvimento do câncer de mama (contra 11% na população geral) e
20
de 16-60% para câncer de ovário (contra 1,4 - 2,5% na população geral) (EASTON et al,
1993).
O câncer de mama associado a mutações no gene BRCA1 (hereditário) possui
algumas diferenças biológicas importantes quando comparado ao câncer esporádico.
Em portadoras de mutações em BRCA1, uma importante característica é o
acometimento de mulheres jovens. Uma grande porcentagem dos tumores é de alto
grau histológico (grau 3), tende a ser aneuplóide, apresenta altas taxas de células em
fase S do ciclo celular e em mitose, além de infiltrado linfocitário. As morfologias
principais identificadas são o carcinoma ductal, não específico (75%) e o carcinoma
medular (10%). Frequentemente esse tipo de tumor possui um fenótipo triplo negativo
(triple-negative), isto é, não expressa receptores de estrogênio, receptores de
progesterona e HER2 (human epidermal growth factor receptor 2). Geralmente, também
se apresenta em tamanho aumentado e não acomete os linfonodos periféricos (NAROD
e OFFIT, 2005; AMENDOLA e VIEIRA, 2005).
Além dos genes BRCA1 e BRCA2, outros genes cuja inativação levam à
predisposição ao câncer de mama foram identificados como ATM, TP53, CHEK2 e
PTEN.
A determinação do risco de câncer de mama hereditário está se tornando cada
vez mais importante devido a existência de um crescente número de opções de ações
preventivas disponíveis para pacientes e familiares como, por exemplo, o tratamento
quimioterápico profilático com tamoxifeno (SIFRI; GANGADHARAPPA e ACHESON,
2004).
21
1.4 O GENE DE SUSCEPTIBILIDADE AO CÂNCER DE MAMA BRCA1
O gene BRCA1 foi inicialmente mapeado no braço longo do cromossomo 17 e,
posteriormente, por meio de estratégias de clonagem posicional foi identificado na
posição 17q21 (17q12-q23) (HALL et al, 1990; MIKI et al, 1994). O gene é composto
por 24 éxons, dos quais 22 são codificantes, distribuídos por aproximadamente 100 Kb.
O gene é expresso na maioria dos tecidos, sendo mais abundante no testículo e no
timo, e codifica uma proteína de 1.863 aminoácidos (Fig. 1.2; MIKI et al, 1994; SMITH et
al, 1996).
O gene foi caracterizado como supressor de tumor, regulando negativamente a
proliferação celular. Dessa maneira, o câncer hereditário ligado à mutação em BRCA1
segue o modelo de inativação bialélica proposto pela “hipótese dos dois eventos” (two-
hit hypothesis, KNUDSON, 1971), onde o gene de predisposição herdado possui um
alelo não-funcional, sendo necessário apenas mais um evento mutacional para a perda
do alelo funcional e para o surgimento da doença.
A análise da estrutura protéica de BRCA1 revela a existências de vários motivos
estruturais conservados entre os diferentes ortólogos da proteína (SZABO, WORLEY e
MONTEIRO, 2004). A região N-terminal encerra um domínio RING-finger (Fig. 1.2; aa
1-101) que possui atividade E3-ubiquitina-ligase (RUFFNER et al, 2001; BAER e
LUDWIG, 2002; WU-BAER et al, 2003). O domínio RING-finger de BRCA1 é
responsável por sua interação com BARD1, esta interação já foi demonstrada por
potencializar a atividade E3-ligase de BRCA1 (WU et al, 1996; BRZOVIC et al, 2001;
XIA et al, 2003). Estima-se que mais de 75% do pool celular de BRCA1 esteja
complexado com BARD1, indicando uma função biológica relevante para o
heterodímero (YU & BAER, 2000). Estudos recentes questionam se a função E3
22
ubiquitina-ligase de BRCA1 (associada à BARD1) é importante para sua função
supressora de tumor, tendo um deles demonstrado que a atividade ubiquitina-ligase de
BRCA1 seria dispensável para o reparo ao DNA e supressão de tumor (SHAKYA et al,
2011) e outro demonstrado que a associação de BRCA1 com BARD1 é importante para
se evitar letalidade embrionária e tumorigênese, porém esta interação não parece ser
fundamental para o reparo do DNA por recombinação homóloga (DROST et al, 2011)
Mutações do tipo missense no domínio RING-finger, que rompem a interação
BRCA1/BARD1, foram identificadas em famílias com histórico de câncer de mama
(MORRIS, 2006).
A porção central de BRCA1 consiste de uma região pouco conservada que
separa o domínio RING-finger e os domínios BRCT (BRCA1 C-terminal). Nela há dois
motivos que correspondem a sinais de localização nuclear (NLS – nuclear localization
signal; aa 500-508 e 609-615) e pelo menos um desses sinais (aa 503-508) é essencial
para a apropriada localização nuclear da proteína (Fig. 1.2; THAKUR, 1997).
A presença de diversos sítios de fosforilação localizados na região central de
BRCA1 corrobora os dados que sustentam o envolvimento da proteína nos
mecanismos de reparo do dano ao DNA (RDD) (Fig. 1.2; OUCHI, 2006). Em resposta à
radiação ionizante (RI), diversos resíduos de serina são rapidamente fosforilados por
ATM (CORTEZ, 1999). Outras quinases fosforilam BRCA1 em resposta a RI (ou outros
agentes), como CHK2 (no resíduo de serina da posição 988) (LEE, 2000; KIM, 2004).
O envolvimento de BRCA1 nos mecanismos de RDD ficou claro quando
demonstrado seu papel central nos mecanismos de resistência à radiação, atuando
mais especificamente no reparo à quebra de dupla fita do DNA (SCULLY, XIE e
NAGARAJU, 2004; YANG e XIA, 2010). Já foi demonstrada a participação de BRCA1
em outros mecanismos de RDD como nos reparos dependentes de transcrição
23
(transcription-coupled repair) e no reparo por recombinação não-homóloga (non-
homologous-end joining) (YANG e XIA, 2010; WEI et al, 2011).
Figura 1.2: Diagrama da estrutura proteica de BRCA1 e seus domínios. As estruturas dos domínios
estão desenhadas na escala. As caixas vermelhas indicam os domínios RING-finger e BRCT. A região
necessária para a ligação não específica com o DNA está representada pelo retângulo rosa. Os sítios de
fosforilação são retratados por círculos cheios de cor vermelha (CHK2), amarela (ATM), azul (CDK2) e
verde (CK2). O painel de baixo mostra os parceiros de BRCA1 separados pelas regiões de interação
(representada pelas barras pretas). Para simplificar, apesar de alguns parceiros estarem denotados por
um único círculo, podem representar um complexo protéico (por exemplo, RNA polimerase II). Para
facilitar a visualização do papel de BRCA1 em diferentes processos, os parceiros de interação estão
representados por cores diferentes dependendo de sua função. Lilás: regulação transcricional e
remodelamento de cromatina; vermelho: controle do ciclo celular; verde: resposta ao dano ao DNA; azul:
outros. Nos casos em que o parceiro possui mais de uma função, este se encontra representado por
duas cores. Adaptado de Dapic & Monteiro, 2006.
24
1.5 A REGIÃO C-TERMINAL DE BRCA1
1.5.1 Os domínios BRCT
A região carboxi-terminal de BRCA1 encerra dois domínios em tandem
chamados de BRCT, característicos de uma superfamília de proteínas envolvida no
RDD e controle de pontos de checagem do ciclo celular (MIKI,1994; FAN, 1999;
VIDARSSON, 2002; MESQUITA et al; 2011). Estes domínios foram identificados
primeiramente em BRCA1, daí seu nome. O domínio BRCT N-terminal (BRCT-N)
compreende a região dos aminoácidos 1649-1735, e o domínio BRCT C-terminal
(BRCT-C), os aminoácidos 1756-1855, estes dois domínios estão ligados por uma
região que encerra 23 resíduos de aminoácido, denominada “linker”, e consiste numa
região flexível (GAYTHER et al, 1996; KOONIN, ALTSCHUL e BORK, 1996). Os
domínio BRCT são regiões globulares de BRCA1, determinantes de interação proteína-
proteína, mediando associação com muitas proteínas envolvidas com a replicação do
DNA, nas vias de RDD, na transcrição, no controle do ciclo celular e em processos de
ubiquitinação (NAROD e FOULKES, 2004).
Estudos cristalográficos dos domínios BRCT de BRCA1 demonstraram que as
repetições de BRCT se enovelam de uma maneira singular (como um único domínio
protéico), definida como essencial à sua atividade supressora de tumor (Fig. 1.3;
WILLIAMS, GREEN e GLOVER, 2001, MIRKOVIC et al, 2004; MESQUITA et al, 2011).
Os domínios BRCT em tandem de BRCA1 interagem de maneira a formarem um
centro hidrofóbico em sua estrutura. Este centro é formado pela interação de três α-
hélices: α-2 da porção N-terminal e α-1 e α-3 da porção C-terminal (Fig. 1.3; WILLIAMS,
25
GREEN e GLOVER, 2001). Esta conformação dos domínios BRCT de BRCA1 faz com
que se forme um sulco em sua estrutura, região importante para o papel de ligação de
fosfo-peptídeos de BRCA1, maneira como é dada, por exemplo, sua interação com as
proteínas CtIP e BACH1 (TISCHKOWITZ et al, 2008). Mutações presentes no centro
hidrofóbico dos domínios BRCT podem comprometer sua estrutura e logo a interação
de BRCA1 com parceiros importantes, porém mutações na superfície dos domínios
BRCT não excluem a possibilidade de interferência na interação da proteína com outros
parceiros (WILLIAMS, GREEN e GLOVER, 2001).
Figura 1.3: Estrutura dos domínios BRCT em tandem de BRCA1 representados tridimensionalmente pelo
modelo de fitas. O estudo cristalográfico foi realizado com a região C-terminal de BRCA1 compreendendo
os aminoácidos 1646-1859. Representação dos domínios BRCT N-terminal e C-terminal de BRCA1. A
região denominada “Linker” consiste na região de aminoácidos que conecta os dois domínios. Adaptado
de Williams, Green & Glover, 2001.
26
Os domínios BRCT de BRCA1 atuam como um módulo de ligação a
fosfopeptídeos, ligando-se seletivamente a parceiros como a DNA helicase BACH1, o
fator de ressecção de DNA CtIP, e a proteína Abraxas, que tem está envolvida no
reparo de quebras de dupla fita de DNA (COQUELLE, GREEN e GLOVER, 2011). A
região C-terminal de BRCA1 é essencial para o exercício da função supressora de
tumor e a deleção de apenas 11 aminoácidos na extremidade final da proteína é
suficiente para conferir predisposição ao câncer (FRIEDMAN et al, 1994).
A concentração de resíduos carregados negativamente sugere a participação
direta da região C-terminal de BRCA1 em processos de transcrição (MIKI et al, 1994).
Com a demonstração da interação entre BRCA1 e a RNA polimerase II, através da
associação com RNA helicase A, bem como sua interação com uma série de fatores de
ativação transcricional, co-ativadores, co-repressores, enzimas de remodelamento de
cromatina e fatores de processamento de RNA, ficou inequívoco o papel de BRCA1 em
processos de transcrição (SCULLY et al, 1997; ANDERSON et al, 1998; OUCHI et al,
1998; WANG et al, 1998; YARDEN et al, 1999; BOCHAR et al, 2000; MONTEIRO,
2000; PAO et al, 2000; HU & LI, 2002).
1.5.2 O domínio coiled-coil de BRCA1
Ainda na porção C-terminal da proteína foi possível a identificação de uma região
coiled-coil bastante conservada entre os ortólogos de BRCA1, encerrada entre os
resíduos 1391 a 1424 (Fig. 1.2; HU et al, 2000). Essa região da proteína é responsável
por sua interação com parceiros como JunB, JunD e PALB2 (HU e LI, 2002; SY, HUEN
& CHEN, 2009). É interessante ressaltar que PALB2 (Partner and Localizer of BRCA2)
é uma proteína cujas mutações também podem levar à predisposição ao câncer de
27
mama, sendo também denominado um gene de susceptibilidade à doença (RAHMAN et
al, 2007). Além disso, foi demonstrado que PALB2 é a proteína que medeia a interação
física direta entre BRCA1 e BRCA2 (SY, HUEN e CHEN, 2009).
O domínio coiled-coil de BRCA1 está encerrado numa região que alguns autores
tem denominado de Activation Domain 1 (AD1), compreendendo os aminoácidos 1293
a 1560. Os domínios BRCTs foram denominados como Activation Domain 2 (AD2) (HU
et al, 2000; HU & LI, 2002). O domínio coiled-coil foi identificado por Hu e colaboradores
como crítico para a atividade transcricional desta região, porém o grupo afirma que a
atividade transcricional deste domínio é dependente do modelo trabalhado (células
utilizadas) e é menos robusta que a atividade transcricional do domínio AD2 (BRCT),
mas pode atuar de forma sinergística quando junto ao domínio AD2 (HU et al, 2000). É
possível que a atividade transcricional de AD1 seja dependente do modelo utilizado
pela existência de possíveis parceiros que regulem sua atividade transcricional,
limitando sua atividade às células que poderiam ter maior expressão destes (HU e LI,
2002).
1.6 A ATIVIDADE DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DE BRCA1
A partir da observação de que BRCA1 possuía um domínio RING-finger,
classicamente um domínio de ligação ao DNA, sinais de localização nuclear e uma
região C-terminal acídica, questionou-se sobre o papel da proteína em mecanismos de
transcrição (MONTEIRO, AUGUST e HANAFUSA, 1996). Em 1996, Monteiro e
colaboradores demonstraram que a porção C-terminal de BRCA1, mais
28
especificamente os domínios BRCT, possuía a capacidade de transativar um gene
repórter quando fusionado a um domínio heterólogo de ligação ao DNA.
Foi observado também que mutações germinativas associadas à predisposição
ao câncer presentes na região dos BRCT aboliam essa capacidade de ativação
transcricional e que polimorfismos de BRCA1 (não associados ao câncer) mantinham a
atividade transcricional semelhante à proteína selvagem (MONTEIRO, AUGUST e
HANAFUSA, 1996). Essa observação levou o grupo a concluir que a capacidade de
transativação transcricional de BRCA1 poderia ser utilizada como uma ferramenta para
predição de mutações presentes na região C-terminal da proteína que conferem
susceptibilidade ao câncer.
1.7 VARIANTES NÃO CLASSIFICADOS DE BRCA1: UM PROBLEMA PARA A
IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS EM RISCO
A identificação de genes associados a síndromes cancerosas hereditárias
constitui um passo relevante nas rotinas de prevenção, em especial pela possibilidade
de identificação precoce de indivíduos em condição de risco elevado (MARX, 1991).
Isso é particularmente importante na consideração de estratégias de intervenção clínica,
que podem envolver desde mudanças no estilo de vida, passando pelo o aumento na
freqüência das rotinas de monitoramento e chegando à situação extrema das cirurgias
preventivas ou terapias hormonais (NAROD e OFFIT, 2005).
Há grande benefício na realização de testes genéticos para indivíduos que
pertençam a famílias com alto-risco de mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2. Nessas
condições particulares, o conhecimento do diagnóstico, tanto para os indivíduos
29
portadores como não-portadores, permite definir condutas clínicas adequadas aos dois
casos. A realização de cirurgias preventivas pode ser sugerida somente quando
necessário, evitando-a quando os indivíduos não tenham o alelo de suscetibilidade
associado ao câncer.
Nos Estados Unidos, os testes genéticos para identificação de mutações em
BRCA1 e BRCA2 consistem basicamente no seqüenciamento direto das regiões
codificantes de ambos os genes (FRANK, 1998; FRANK, 2002). Nos primeiros anos em
que o teste se tornou disponível, este era basicamente direcionado à mulheres com
histórico familiar da doença bastante evidente. Em muitos países esses ainda são os
critérios para a indicação de testes genéticos. Atualmente, nos Estados Unidos, os
testes se tornaram mais difundidos pela maior facilidade de acesso e investimento em
propaganda dos laboratórios responsáveis (SPURDLE et al, 2011). Resumidamente,
esses testes podem conduzir a três tipos principais de resultado:
• Positivo para uma mutação deletéria. Indica que o indivíduo em questão
apresenta risco elevado para o desenvolvimento de câncer. Este resultado leva em
conta que as mutações em BRCA1 e BRCA2 não apresentam penetrância completa,
apesar das chances desses indivíduos desenvolverem câncer serem bastante elevadas,
não são de 100%.
• Nenhuma mutação detectada na região codificante em BRCA1 ou BRCA2.
Esse resultado é bastante informativo no caso de uma mutação específica ter sido
encontrada num outro membro da família e não no paciente testado. Isto indicaria que o
indivíduo em questão não herdou aquele alelo de susceptibilidade responsável pelo
câncer familiar. O risco de desenvolver a doença seria baixo ou comparável à
população em geral. No entanto é importante considerar que uma mutação deletéria em
BRCA1 ou BRCA2 pode estar localizada numa região não-codificante (regulatória) dos
30
genes. Além disso, a inativação do gene pode ser causada por grandes rearranjos que
não são identificados pelos ensaios baseados em sequenciamento direto (PUGET et al,
1999; UNGER et al, 2000; AGATHA, et al, 2005). E, finalmente, podem refletir o fato da
susceptibilidade da família ser a consequência da inativação de um outro gene de
susceptibilidade desconhecida.
• Identificação de alterações em BRCA1 ou BRCA2 para qual o risco de
câncer ainda não foi determinado. Essas alterações são chamadas de variantes não
classificados (VNC). A razão para a incapacidade de classificação desses mutantes
reside na falta de informação genética que permita determinar sua associação ao
câncer ou não.
As limitações dos testes genéticos ainda existem e podem ser de várias e de
diferentes naturezas envolvendo questões como sensibilidade, especificidade,
inabilidade na detecção dentre outras. Uma destas grandes limitações é a falta de
correlação funcional entre mutações detectadas e o desenvolvimento do câncer. Desta
maneira há uma importante lacuna a ser preenchida na capacidade de predição do
risco de doença (CARVALHO et al, 2007)
Apesar disso, alguns fatores podem contribuir para um aumento da demanda de
testes genéticos no futuro. O primeiro fator é o lento porém progressivo
desenvolvimento de opções de estratégias preventivas e condutas clínicas disponíveis
aos portadores de mutações. Os testes genéticos para BRCA devem ser mais
requisitados também para o auxílio de terapias específicas que tem como alvo tumores
com BRCA1 e/ou BRCA2 mutados, como as terapias baseadas em inibidores de Poli-
(ADP-ribose) polimerase (PARP) (TRAINER et al, 2010). E um outro importante fator é
o advento de tecnologias para o sequenciamento de DNA, como os seqüenciadores de
segunda-geração (WALSH et al, 2010).
31
1.8 ENSAIOS FUNCIONAIS PARA CLASSIFICAÇÃO DE VARIANTES DE BRCA1
O gene BRCA1 é bastante polimórfico e estima-se que 70% de seus variantes
identificados afetam a integridade da proteína, através da diminuição/perda de
expressão ou expressão de proteína truncada (CARVALHO, COUCH e MONTEIRO,
2007). Mais de 1700 variantes de BRCA1 já foram identificados e depositados no banco
de dados do BIC (Breast Cancer Information Core; http://research.nhgri.nih.gov/bic), e
essas mutações se encontram distribuídas ao longo de todo o gene (Fig. 1.4).
As mutações missense de BRCA1, assim como deleções e inserções in-frame
são os tipos de mutação mais problemáticos para o acesso ao risco de predisposição
ao câncer, pois o efeito dessas mutações na função da proteína é incerto (SZABO,
WORLEY e MONTEIRO, 2004). De acordo com o BIC, mais de 90% das mutações
missense de BRCA1 registradas neste banco de dados são variantes não classificados
quanto sua importância clínica (VNC).
32
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33
A impossibilidade de se determinar quais mutações podem predispor à doença
gera um problema significativo na avaliação de risco, aconselhamento e cuidados
preventivos. De modo a se determinar a importância clínica de VNC em BRCA1,
diversos ensaios funcionais foram desenvolvidos ou estão sendo desenvolvidos
(CARVALHO, COUCH e MONTEIRO, 2007). Estes ensaios servem como um método
de classificação independente de VNC indicando a influência destes em uma
determinada função da proteína. Os resultados destes ensaios podem agregar
informações juntamente a dados epidemiológicos e modelos de probabilidade in silico
para a predição de associação ao câncer de VNC.
Ensaios funcionais podem se basear em funções biológicas globais de uma
proteína ou então em informações específicas sobre domínios protéicos e suas funções
essenciais, sendo assim uma maneira de se monitorar a integridade desses domínios.
Experimentos que se propõem a fazer uma avaliação funcional de determinada proteína
devem analisar uma série de variantes sistematicamente e comparar os resultados com
controles positivos e negativos bem definidos (CARVALHO, COUCH e MONTEIRO,
2007; PHELAN et al, 2005; VALLON-CHRISTERSSON et al, 2001). Para controles
negativos é recomendada a utilização de pelos menos dois variantes de alta
penetrância associados ao câncer, e como controles positivos, é importante a utilização
de BRCA1 selvagem e um polimorfismo sabidamente benigno. No caso de BRCA1, a
mutação C61G na região N-terminal, e as mutações M1775R, A1708E e Y1853X na
região C-terminal constituem controles negativos apropriados e validados para estudos
funcionais. O polimorfismo benigno S1613G, na porção C-terminal de BRCA1 é
comumente utilizado como controle positivo (CARVALHO, COUCH e MONTEIRO,
2007; GOLDGAR et al, 2004).
34
A disponibilidade de diversos dados funcionais de BRCA1 possibilitou o
desenvolvimento de ensaios funcionais importantes para a discriminação de variantes
quanto sua associação ao câncer e apresentam a possibilidade para a condução
desses ensaios em rotinas clínicas para avaliação de VNC identificados.
1.8.1 Ensaio do fenótipo de colônias pequenas
A expressão de construções contendo a porção C-terminal de BRCA1 em
levedura inibe o seu crescimento, resultando na formação de colônias bem menores
quando comparadas a controles que não apresentam sua expressão, gerando o
denominado “fenótipo de pequenas colônias”. Esse fenótipo é confirmado
qualitativamente e/ou quantitativamente através da contagem do número de células
presente em cada colônia (HUMPHREY et al, 1997; COYNE et al, 2004; MONTEIRO et
al, 1998). A inibição do crescimento pela expressão de BRCA1 selvagem ou de um
variante neutro mas não pela expressão de um variante deletério sugere que a região
C-terminal de BRCA1 inibe o crescimento em levedura por um mecanismo análogo ao
de supressão de tumor mediado por BRCA1 em humanos (HUMPHREY et al, 1997).
De outro modo, este fenótipo pode se dar por um mecanismo genérico de inibição
transcricional, já que mutações de predisposição ao câncer abolem a atividade
transcricional de BRCA1 (GILL, SADOWSKI e PTASHNE, 1990; MONTEIRO et al,
1996).
35
1.8.2 Resgate de resistência à radiação (RRR)
BRCA1 tem papel na manutenção da integridade genômica, principalmente em
resposta à quebra de dupla-fita (double-strand break, DSB) do DNA, decorrentes de
erros na replicação ou insultos externos (CORTEZ et al, 1999; ZHANG & POWELL,
2005, SCULLY et al, 1997b). Logo, o reparo eficiente de DSB de DNA está relacionado
à função supressora de tumor de BRCA1. Corroboram com esses dados o fato de que
células deficientes para BRCA1 são sensíveis à radiação ionizante e agentes químicos
indutores de DSB (SHEN et al, 1998).
O RRR se baseia na capacidade de variantes neutros resgatarem a resistência à
radiação ionizante quando expressos em células HCC1937, as quais não possuem
BRCA1 funcional (SCULLY et al, 1999). Variantes deletérios não são capazes de
resgatar essa função.
1.8.3 Atividade ubiquitina-ligase
BRCA1 possui atividade E3 ubiquitina ligase mediada por seu domínio RING-
finger, na porção N-terminal da proteína, e essa atividade é potencializada por sua
interação com BARD1, também mediada por este domínio (BAER et al, 2002; BZROVIC
et al, 2003; STARITA et al, 2004; WU-BAER et al, 2003; XIA et al, 2003). Variantes de
BRCA1 classificados como deletérios nessa região (por exemplo, C61G) levam à
inativação da atividade ubiquitina ligase (RUFFNER et al, 2001).
A interação de BRCA1 com BARD1 também foi utilizada como uma avaliação
funcional para variantes de BRCA1, através de ensaios de dois-híbridos em levedura
(MORRIS et al, 2006). Com este método foi possível a análise sistemática de variantes
36
localizados na região N-terminal de BRCA1, onde a perda da interação foi observada
na presença de mutações germinativas associadas à predisposição ao câncer.
1.8.4 Ensaio para identificação de códon de parada prematuro
Este método foi desenvolvido para a avaliação de deleções ou inserções, assim
como mutações nonsense em qualquer gene supressor de tumor (ISHIOKA et al, 1997).
Neste ensaio, o cDNA a ser testado é clonado em um vetor e inserido em célula de
levedura. O vetor em questão expressa uma fusão do cDNA em teste no mesmo molde
de leitura que um marcador seletivo, como por exemplo uracila (URA3). Logo, quando
há a ocorrência de alguma mutação que leve à expressão da proteína truncada, no
caso BRCA1, a expressão do marcador seletivo é abolida, levando à diminuição ou ao
não crescimento de colônias de levedura. Este ensaio não detecta deleções e insersões
in-frame, assim como mutações missense (MONTEIRO e HUMPHREY, 1998).
1.8.5 Ensaio de ligação de fosfo-peptídeos
Os domínios BRCT em tandem de BRCA1 funcionam como módulos de ligação
à fosfo-peptídeos. Esta ligação se dá de maneira específica à motivos pSer-X-X-Phe,
por intermédio de sulcos estruturais de ligação (RODRIGUEZ et al, 2003; YU et al,
2003; MANKE et al, 2003). O ensaio de ligação à fosfo-peptídeos utiliza variantes
presentes nos domínios BRCT para avaliar a capacidade de manuntenção ou não dos
sítios de ligação desses domínios, comparando com a capacidade da proteína
selvagem (controle positivo) e de variantes deletérios que corrompem essa capacidade.
Já foi demonstrado que importantes mutações nessa região, associadas à
37
predisposição ao câncer, rompem com essa capacidade de ligação à fosfo-peptídeos,
por modificações estruturais importantes no domínio (WILLIAMS et al, 2004; LEE et al,
2010)
1.8.6 Ensaio funcional baseado em células-tronco embrionárias
BRCA1 é essencial para a manutenção e sobrevivência de células-tronco
embrionárias (GOWEN et al, 1996; HAKEM et al, 1996). Células-tronco embrionárias
deficientes para o gene HPRT1 (que codifica a enzima hipoxantina-guanina
fosforibosiltransferase) e com capacidade de expressão condicionada de BRCA1 são
utilizadas para a condução deste ensaio. Estas células possuem um alelo não funcional
de BRCA1 e o segundo alelo modificado, tendo o lócus dos éxons 3-7 flanqueados por
duas metades do mini-gene humano HPRT1 juntamente com dois sítios loxP, o que
permite o silenciamento condicional de BRCA1 e a expressão do gene HPRT1 para a
seleção das células silenciadas em meio seletivo (CHANG et al, 2009).
A perda condicional do alelo de BRCA1 inviabiliza as células. A expressão
ectópica de BRCA1 resgata a viabilidade dessas células. Baseado nessas observações,
alguns variantes foram testados quanto sua capacidade de resgate de viabilidade
dessas células. Assim, variantes que falharam em resgatar o fenótipo normal dessas
células poderiam ser classificados como deletérios, e o oposto seria observado para
variantes neutros (CHANG et al, 2009).
O ponto positivo deste ensaio é a possibilidade de se avaliar mutações em
qualquer ponto da região codificante de BRCA1 (CHANG et al, 2009).
38
1.9 O ENSAIO DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL COMO MODELO DE
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE BRCA1
A identificação da capacidade de transativação transcricional da região C-
terminal de BRCA1 logo levou à utilização dessa função como forma de avaliação da
integridade dessa região da proteína (MONTEIRO, AUGUST e HANAFUSA, 1996;
HAYES et al, 2000).
Os primeiros ensaios foram realizados com uma região C-terminal de BRCA1
que englobava basicamente os domínios BRCT (aa 1560-1863, éxons 16 a 24)
(MONTEIRO, AUGUST e HANAFUSA, 1996; HAYES et al, 2000; VALLON-
CHRISTERSSON et al, 2001). Em 2005, Phelan e colaboradores adaptaram o ensaio
de transativação transcricional para variantes presentes na região entre os aminoácidos
1396 a 1863 de BRCA1, compreendendo a região dos éxons 13 a 24 (PHELAN et al,
2005). Esse contexto de ensaio foi validado por Carvalho e colaboradores em 2007,
onde estes ensaios demonstraram uma excelente correlação entre os dados funcionais
obtidos e dados clínicos, além disso foram definidos valores limitantes de classificação
quanto a atividade de transativação transcricional (CARVALHO et al, 2007)
No modelo mais usual do ensaio, uma fusão da região C-terminal de BRCA1
com os domínios heterólogos de ligação GAL4 ou LexA é expressa em células de
mamífero ou de levedura, respectivamente. Estas células possuem um gene repórter de
forma intrínseca ou epissomal que são responsivos aos domínios de ligação GAL4 ou
LexA (MONTEIRO, AUGUST e HANAFUSA, 1996; HAYES et al, 2000; VALLON-
CHRISTERSSON et al, 2001, CARVALHO et al, 2002; CARVALHO et al, 2007). A
quantificação do produto do gene repórter ou de sua atividade permite uma avaliação
indireta da atividade transcricional de BRCA1. Dessa maneira, o grau de disfunção
39
causado por um variante pode ser avaliado comparativamente a controles positivos
(proteína selvagem, polimorfismo benigno) e negativos (variante associado à
predisposição ao câncer) (Fig. 1.5; VALLON-CHRISTERSSON et al, 2001,PHELAN et
al, 2005, CARVALHO et al, 2007).
Figura 1.5: Representação esquemática do comportamento de transativação transcricional da região C-
terminal de BRCA1 em função da expressão de um gene repórter. A, representa o comportamento da
proteína selvagem; B, da proteína com um polimorfismo benigno; C, um variante missense associado ao
câncer; D, um variante nonsense também associado ao câncer. Figura adaptada de Monteiro, 2000.
É importante que os ensaios sejam conduzidos em modelos de levedura e
células de mamífero, já que variantes termo-sensíveis já foram descritos (ensaios em
levedura são conduzidos a 30°C e em células de mamífero a 37°C), podendo
apresentar resultados discrepantes nos dois ensaios (CARVALHO et al, 2002,
WORLEY et al, 2002). Além disso, alguns transcritos apresentam menor estabilidade
em células de mamífero, levando à discussões sobre os resultados serem inerentes à
40
um artefato técnico ou se realmente essa instabilidade em células humanas pode ser
um reflexo do papel de predisposição ao câncer do variante em estudo (CARVALHO,
COUCH e MONTEIRO, 2007).
O ensaio de transativação transcricional de BRCA1 pode ser considerado uma
avaliação confiável da integridade da região C-terminal de BRCA1, um domínio que já
foi demonstrado ser essencial para função supressora de tumor de BRCA1
(CARVALHO, COUCH e MONTEIRO, 2007). Este ensaio tem demonstrado uma forte
correlação entre seus resultados e a predisposição ao câncer dos variantes testados.
É importante ressaltar que este ensaio está limitado à região limitada pelos
aminoácidos 1396 a 1863 (éxons 13 a 24), e é questionado se regiões adjacentes
poderiam ser utilizadas para avaliação de variantes por este ensaio.
41
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar um modelo para o aperfeiçoamento do ensaio de transativação
transcricional de variantes missense de BRCA1, estendendo a cobertura de
caracterização funcional de VNC por este método à região do éxon 12 e à porção final
do éxon 11, compreendendo os resíduos de aminoácidos 1315 a 1395 de BRCA1
(contexto 11/24).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2.2.1 Avaliar a capacidade de transativação transcricional de BRCA1 no contexto 11/24
comparativamente a BRCA1 no contexto previamente validado 13/24 (resíduos 1396-
1863);
2.2.1 Avaliar a capacidade de transativação transcricional de variantes de BRCA1,
previamente validados como controles (positivos e negativos para ativação
transcricional), no contexto 11/24 comparativamente a seus correspondentes no
contexto 13/24;
2.2.3 Identificar variantes missense de BRCA1 descritos na população localizados na
região de extensão do estudo (resíduos 1315-1395);
42
2.2.4 Identificar controles positivos e negativos para a atividade de transativação
transcricional na região de extensão do estudo em banco de dados ou por estratégias in
silico;
2.2.5 Selecionar variantes a serem utilizados no estudo;
2.2.6 Avaliar funcionalmente a capacidade de transativação transcricional dos variantes
identificados e selecionados no estudo.
43
3 MÉTODOS
3.1 ANÁLISE COMPARATIVA DE ORTÓLOGOS DE BRCA1
Foram selecionadas proteínas ortólogas à proteína BRCA1 humana por análises
de similaridade usando a sequência codificante de BRCA1 como referência (número de
acesso no NCBI - National Center for Biotechnology Information: U14680), o programa
BLASTp – Standard Protein BLAST (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi) e o banco de
dados não-redundante de proteínas do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). Foram
aceitas e analisadas as seqüências completas e anotadas como BRCA1 nos
organismos seguintes: Pan troglodytes (chimpanzé), Gorilla gorilla (gorila-do-ocidente),
Pongo pygmaeus (orangotango), Macaca mulatta (macaco-rhesus), Equus caballus
(cavalo), Sus scrofa (javali), Bos taurus (boi), Canis lupus (lobo), Mus musculus
(camundongo), Rattus norvegicus (rato-marrom), Monodelphis domestica (catita),
Xenopus laevis (rã-de-unhas africana), Xenopus tropicalis (rã da família Pipidae), Galus
Galus (galo), Tetraodon nigroviridis (baiacu), Strongylocentrotus purpuratus (ouriço-
púrpura), Arabidopsis thaliana (vegetal da família Brassicaceae), Nematostella
vectensis (anêmona-do-mar), Ciona intestinalis (ascídia-solitária), Nasonia vitripennis
(vespa), Dictyostelium discoideum (ameba).
As seqüências protéicas completas selecionadas, incluindo a de BRCA1 humana,
foram alinhadas pelo programa Clustal W v. 2.1 (Thompson et al., 1994, disponível em
http://www.clustal.org). A análise do alinhamento foi feita no programa Sea View v. 4.3.3
(GOUY, GUINDON e GASCUEL, 2010, disponível em http://pbil.univ-
lyon1.fr/software/seaview.html), onde foram identificados os loci conservados e
44
variáveis nos ortólogos de BRCA1 na região do exon 12 e na porção final do exon 11
(resíduos de aminoácido 1315-1395).
Buscou-se com a análise comparativa de ortólogos de BRCA1 uma estratégia
para se identificar regiões mais conservadas e menos conservadas evolutivamente na
seqüência codificante de BRCA1 em estudo.
3.2 ALIGN GV/GD DE VARIANTES DE BRCA1
A avaliação comparativa de ortólogos de BRCA1 por alinhamento de sequências
protéicas foi complementada com a utilização do programa Align GV/GD, disponível na
base de dados da International Agency for Research on Cancer - IARC (BReast CAncer
Genes IARC database – BRCA database; http://brca.iarc.fr). Foi submetido ao Align
GV/GD a região de BRCA1 limitada aos resíduos 1315 a 1395, o alinhamento foi
conduzido usando as sequências protéicas disponíveis, variando de BRCA1 humana a
seu ortólogo em ouriço-do-mar.
O Align GV/GD se baseia num alinhamento múltiplo de sequência de ortólogos e
combina duas variáveis: a Variação de Grantham (Grantham Variation – GV) e Desvio
de Grantham (Grantham Deviation – GD) (TAVTIGIAN, 2006), ambas são baseadas na
Diferença de Grantham (GRANTHAM, 1974). Esta ferramenta computacional é usada
como um método preditivo para o efeito de variantes missense. A Variação de
Grantham (GV) é uma medida quantitativa para o grau de variação entre os
aminoácidos em uma determinada posição de um alinhamento de sequências de
ortólogos. O Desvio de Grantham (GD) corresponde à medida quantitativa da distância
entre uma substituição missense e o grau de variação (GV) observado na sua posição
45
do alinhamento. O Align GV/GD utiliza essas variáveis em um algoritmo e gera como
resultado para a variação em análise uma classe preditiva. As classes preditivas
resultantes deste modelo formam um espectro (C0, C15, C25, C35, C45, C55 e C65),
sendo classificado como C0 o variante com pouca ou nenhuma probabilidade de
interferência na função da proteína (perfil neutro) e C65 o variante com grande
probabilidade para tal interferência (perfil deletério).
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE VARIANTES NATURAIS EM BANCO DE DADOS
A identificação e seleção de variantes naturais para o estudo foi realizada na
base de dados do BIC. Consideraram-se somente variantes que apresentaram
mutações de interesse para o estudo conduzido (variantes missense), compreendidos
entre a porção final do exon 11 e o exon 12 (resíduos 1315-1395).
3.4 DESENHO DOS VARIANTES SINTÉTICOS (NÃO-NATURAIS) PARA
ESTRUTURAÇÃO DO PERFIL DE ANÁLISE NO ESTUDO
Já foi demonstrado que mutações missense germinativas em BRCA1 associadas
à predisposição ao câncer de mama e/ou ovário abolem ou reduzem em grande parte a
atividade transcricional de BRCA1 quando comparadas à proteína selvagem
(MONTEIRO et al, 1996, CARVALHO et al, 2007). Essas mutações têm sido utilizadas
como controles negativos da atividade transcricional de BRCA1 em estudos funcionais.
Como controles positivos nesses estudos, além da proteína selvagem, são usados
46
variantes identificados na população e que foram caracterizados como benignos ou
neutros, ou seja, que não estão associados à predisposição ao câncer. Porém, para o
estudo proposto neste trabalho uma abordagem diferente se fez necessária, pois não
havia registros nas bases de dados pesquisadas (literatura e BIC) de variantes
missense presentes na região de estudo (resíduos 1315-1395) caracterizados em
estudos populacionais e/ou funcionais quanto sua associação ou não ao câncer.
Para atender a necessidade de variantes controle presentes na região do estudo,
foi conduzido o desenho de variantes sintéticos (não-naturais) putativamente neutros e
deletérios localizados na região encerrada entre os resíduos 1315 a 1395 de BRCA1.
Nomeamos de variantes sintéticos ou não-naturais aqueles não descritos na população
até o momento deste estudo, segundo dados disponíveis na literatura e no banco de
dados do BIC.
Com base na análise comparativa de ortólogos e no Align GV/GD, identificou-se
loci conservados e variáveis. Foram desenhados variantes putativamente neutros e
deletérios por substituição de um único nucleotídeo (variante missense) em códons
variáveis e conservados, observando a semelhança e dessemelhança estrutural e
evolutiva dos resíduos na construção do novo códon.
47
3.5 GERAÇÃO DE CONSTRUÇÕES
3.5.1 Construções no contexto 11/24
Os variantes de BRCA1 gerados para o estudo que encerram a região restrita
aos nucleotídeos 4062 a 5711, correspondente ao final do éxon 11 até o éxon 24, que
codifica a porção C-terminal de BRCA1 (550 aminoácidos - resíduos 1315 a 1863).
Construções encerrando essa região serão referidas como BRCA1 11/24.
Os variantes selecionados para o estudo foram gerados por rotinas de
mutagênese sítio-dirigida por sobreposição de fragmentos (HO et al, 1989). A
mutagênese por sobreposição de fragmentos emprega a técnica de PCR (Polymerase
Chain Reaction) (SAIKI et al, 1988) para inserir mutações específicas em uma
sequência nucleotídica. Resumidamente, em rotinas de PCR distintas são amplificados
dois fragmentos da seqüência alvo, como mostra a figura 3.1. Cada reação (reação “1”
e reação “2”, Fig. 3.1) utiliza um oligonucleotídeo iniciador (primer) que hibridiza em
uma das extremidades da seqüência alvo (primers “a” ou “d”, Fig. 3.1) e um primer de
mutagênese que hibridiza na região da mutação e contém uma base alterada em
relação à seqüência alvo, correspondente a mutação de interesse (primers “b” ou “c”,
Fig. 3.1). Como os produtos das reações “1” e “2” são parcialmente complementares, é
possível então combinar os fragmentos gerados AB e CD (Fig. 3.1) utilizando-os como
molde para geração e amplificação da sequência mutante (reação “3”, Fig 3.1) em
conjunto com os primers “a” e “d”.
Para as reações de mutagênese foram desenhados dois primers (UEND11 e
24ENDT) para a amplificação da sequência codificante de BRCA1 que encerra a região
48
limitada pelos nucleotídeos 4061 a 5711; além disso, também foram desenhados vinte
e dois primers de mutagênese (Quadro 3.1).
O plasmídio pcBRCA1-385 (MIKI et al, 1994), correspondente à seqüência
codificante completa de BRCA1 clonada no vetor de expressão pCDNA3 (Invitrogen,
Califórnia, Estados Unidos) foi usado como molde para as reações de mutagênese. As
reações de amplificação foram conduzidas utilizando uma DNA polimerase de alta
fidelidade, Pfx50 DNA Polymerase (Invitrogen, Califórnia, Estados Unidos), de acordo
com as especificações do fabricante. O programa de termociclagem utilizado para as
reações foi definido com uma etapa de desnaturação inicial de 3 min a 94°C, seguido
por 35 ciclos de passos de desnaturação (1 min a 94°C), anelamento (1 min a 55°C) e
extensão (1,5 min a 72°C) e por fim, um etapa de extensão de 5 min a 72°C. As
reações de amplificação foram conduzidas em termociclador MJ Research PTC-200
Thermalcycler (MJ Research/BIO-RAD, Califórnia, Estados Unidos). Os primers foram
desenhados e testados de forma a atenderem a temperatura de anelamento utilizada
nas rotinas de PCR. Os produtos de amplificação foram analisados por eletroforese em
gel de agarose 1% (p/v) em tampão TBE (45mM Tris base, 45mM Ácido Bórico, 1mM
EDTA).
49
Figura 3.1: Diagrama esquemático da rotina de mutagênese sítio-dirigida por sobreposição de
fragmentos. Os DNAs dupla-fita e os primers estão representados por linhas com setas na orientação
5’→3’. O sítio de mutagênese está indicado pelo retângulo vermelho sobre as setas. Os primers estão
denotados por letras minúsculas e os produtos de PCR por pares de letras maiúsculas, correspondentes
aos primers utilizados para gerar cada produto. Os primers de extremidade utilizados na rotina de
mutagênese, “a” e “d”, representados em marrom e laranja, são respectivamente UEND11 e 24ENDT. O
retângulo destaca os passos que ocorrem durante a reação “3”, onde os produtos das reações “1” e “2”
desnaturam, se anelam em sua região complementar e são estendidos no sentido 3’ pela DNA
polimerase (linha pontilhada), formando o produto recombinante mutante. Na presença dos primers “a” e
“d” o produto recombinante mutante é amplificado na rotina de PCR. Adaptado de Ho et al, 1989.
50
Quadro 3.1: Oligonucleotídeos iniciadores utilizados na geração de variantes para o estudo.
Mutação Primer Sentido Sequência nucleotídica (5'→3')
- UEND11 Senso cggaattccctttcttgattggttcttcc
- 24ENDT Anti-senso gcggatcctcagtagtggctgtgggggat
S1613G S1613G Senso atctgcccagggtccagctgc
S1613G Anti-senso gcagctggaccctgggcagattc
M1775R M1775R Senso ttcaccaacaggcccacagatc
M1775R Anti-senso atctgtgggcctgttggtgaagg
L1317F L1317F Fw Senso cggaattccctttcttcattggttcttcc
K1322E K1322E Fw Senso cggaattccctttcttgattggttcttccgaacaa
E1352K E1352K Fw Senso ggaacgggcttgaaagaaaataatc
E1352K Rv Anti-senso gattattttctttcaagcccgttcc
S1360G S1360G Fw Senso agaagagcaaggcatggattc
S1360G Rv Anti-senso gaatccatgccttgctcttcttg
S1370F S1370F Fw Senso ggtgaagcagcatttgggtgtgagag
S1370F Rv Anti-senso ctctcacacccaaatgctgcttcacc
C1372Y C1372Y Fw Senso gcatctgggtatgagagtgaaacaagc
C1372Y Rv Anti-senso gcttgtttcactctcatacccagatgc
D1381Y D1381Y Fw Senso gcgtctctgaatactgctcaggg
D1381Y Rv Anti-senso ccctgagcagtattcagagacgc
Q1388L Q1388L Fw Senso gctatcctctctgagtgacattttaacc
Q1388L Rv Anti-senso ggttaaaatgtcactcagagaggatagc
T1394I T1394I Fw Senso gacattttaaccattcagcagagggatacc
T1394I Rv Anti-senso ggtatccctctgctgaatggttaaaatgtc
Q1395R Q1395R Fw Senso gacattttaaccactcggcagagggatacc
Q1395R Rv Anti-senso ggtatccctctgccgagtggttaaaatgtc
51
Os produtos de amplificação das rotinas de PCR de mutagênese
(correspondentes às reações “1” e “2”, Fig. 3.1) foram purificados a partir de
eletroforese preparativa em gel de agarose (como anteriormente descrito) a fim de se
evitar contaminação com o molde e com produtos inespecíficos da reação de
amplificação. Os fragmentos foram purificados utilizando kit comercial GFX PCR DNA
and Gel Purification Kit (GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino Unido) ou kit comercial
QIAEX II Gel Extraction Kit (QIAGEN, Hiden, Alemanha), de acordo com instruções do
fabricante. Os produtos purificados foram analisados novamente utilizados em
eletroforese em gel de agarose.
Os variantes L1317F (g4070t) e K1322E (a4083g), situados em uma das
extremidades da região de interesse (nucleotídeos 4062 a 5711) foram gerados
diretamente por rotinas de PCR usando um primer de mutagênese senso específico e o
primer anti-senso 24ENDT (Quadro 3.1).
De maneira diferente dos demais variantes do estudo, o variante Y1853X foi
amplificado diretamente do plasmídeo molde pCDNA3-BRCA1 Y1853X FL –(seqüência
codificante cadeia completa do variante Y1853X de BRCA1, clonado em pCDNA3,
gentilmente cedido por Dr. Álvaro Monteiro, H. Lee Moffitt Cancer Center, Flórida)
utilizando os primers UEND11 e 24ENDT.
A seqüência selvagem (wt – wild type) codificante de BRCA1 11/24 foi gerada por
rotina de PCR utilizando o molde pcBRCA1-385 e os primers UEND11 e 24ENDT.
3.5.1.1 Clonagem no vetor de expressão pLex9
Os produtos das rotina de amplificação foram direcionalmente clonados nos
sítios de EcoRI e BamHI no vetor de expressão em levedura pLex9 (GOLEMIS, et al,
52
1994), no mesmo quadro de leitura que o DBD LexA (DBD: DNA binding domain /
domínio de ligação ao DNA) presente neste vetor (Fig. 3.2), codificando a expressão da
proteína quimérica DBD LexA:BRCA1aa1315-1863 Resumidamente, os produtos foram
clonados submetidos à reação de digestão com as enzimas de restrição EcoRI e BamHI
(New England Biolabs, Massachusetts, Estados Unidos), de acordo com instruções do
fabricante. Os produtos digeridos foram analisados por eletroforese preparativa em gel
de agarose 1% (p/v) em tampão TBE. Os fragmentos de interesse foram purificados e
analisados por eletroforese em gel de agarose, como descrito no item 3.5.1.
Os produtos de digestão purificados (insertos) foram usados em uma reação de
ligação juntamente com o vetor pLex9 (previamente digerido com as enzimas EcoRI e
BamHI e purificado), utilizando T4 DNA ligase (Fisher Scientific, Massachusetts,
Estados Unidos) segundo instruções do fabricante. Os produtos recombinantes gerados
nas reações de ligação foram utilizados em rotina de transformação e seleção de
bactérias Escherichia coli DH5’α que continham os plasmídeos de interesse (processo
descrito no item 3.6).
As construções pLex9-BRCA1 11/24 foram confirmadas por sequenciamento
automático, como descrito no item 3.7, e utilizadas no ensaio de transativação
transcricional em levedura (item 3.9).
53
Figura 3.2: Representação da construção de pLex9-BRCA1 11/24. Os produtos obtidos pelas rotinas de
amplificação (cassete BRCA1aa1315-1863, indicado em vermelho) foram clonados direcionalmente no vetor
pLex9 (sítios de EcoRI e BamHI) no mesmo quadro de leitura que o DBD LexA (indicado em laranja).
3.5.1.2 Sub-clonagem no vetor de expressão pGBT9
Os cassetes encerrando a região codificante de BRCA1 correspondente aos
resíduos de aminoácidos 1315 a 1863 (BRCA1aa1315-1863) selvagem ou variante
clonados no vetor pLex9 foram submetidos a digestão e sub-clonados nos sítios de
EcoRI e BamHI no vetor de expressão em levedura pGBT9 (Clontech, Califórnia,
Estados Unidos) no mesmo quadro de leitura do DBD GAL4 (Fig. 3.3), codificando a
expressão da proteína quimérica DBD GAL4:BRCA1aa1315-1863. Os produtos
recombinantes gerados nas reações de ligação foram utilizados em rotina de
transformação e seleção de bactérias Escherichia coli DH5’α que continham os
plasmídeos de interesse (processo descrito no item 3.6).
As construções pGBT9-BRCA1 11/24 foram confirmadas por sequenciamento
automático, como descrito no item 3.7.
54
Figura 3.3: Representação da construção de pGBT9-BRCA1 11/24. O cassete BRCA1aa1315-1863 (em
vermelho) originalmente clonado em pLex9 foi sub-clonados direcionalmente no vetor pGBT9 (sítios de
EcoRI e BamHI) no mesmo quadro de leitura que o DBD GALA (indicado em verde).
3.5.1.3 Sub-clonagem no vetor de expressão pCDNA3
Os cassetes DBD GAL4:BRCA1aa1315-1863 selvagem ou variante oriundos do vetor
pGBT9 foram submetidos a digestão e sub-clonados nos sítios de HindIII e BamHI no
vetor de expressão em célula de mamífero pcDNA3 (Fig. 3.4), codificando a expressão
da proteína quimérica DBD GAL4:BRCA1aa1315-1863. Os produtos recombinantes gerados
nas reações de ligação foram utilizados em rotina de transformação e seleção de
bactérias Escherichia coli DH5’α que continham os plasmídeos de interesse (processo
descrito no item 3.6).
As construções pCDNA3-BRCA1 11/24 foram confirmadas por sequenciamento
automático, como descrito no item 3.7, e utilizadas no ensaio de transativação
transcricional em células de mamífero (item 3.12).
55
A sequência de eventos das rotinas de clonagem e sub-clonagem está
representada esquematicamente na figura 3.5.
Figura 3.4: Representação da construção de pCDNA3-BRCA1 11/24. O cassete BRCA1aa1315-1863 (em
vermelho) originalmente clonado em pGBT9 foi sub-clonado direcionalmente no vetor pcDNA3 (sítios de
HindIII e BamHI).
56
Figura 3.5: Fluxograma de rotinas realizadas para geração e clonagem das construções utilizadas neste
estudo.
3.5.2 Construções no contexto 13/24
As construções controle utilizadas no estudo que encerram a região codificante
correspondente aos resíduos de aminoácido 1396 a 1863 – 469 aminoácidos
(nucleotídeos 4305 a 5711, início do éxon 13 ao fim do éxon 24) clonada em pLex9 e
pcDNA3 foram previamente geradas por nosso grupo (CARVALHO et al, 2007).
Construções encerrando essa região serão referidas como BRCA1 13/24. São elas
BRCA1 selvagem (wt) 13/24 e os variantes S1613G 13/24, M1775R 13/24 e Y1853X
13/24.
57
3.6 TRANSFORMAÇÃO BACTERIANA E EXTRAÇÃO PLASMIDIAL
A transformação de bactérias usando as construções plasmidiais foi conduzida
pelo processo de eletroporação (NEUMANN et al, 1982). Bactérias eletrocompetentes
foram obtidas conforme previamente descrito (AUSUBEL et al, 1987; MILLER &
Nickoloff, 1995). Resumidamente, bactérias E. coli da cepa DH5α cultivadas em meio
LB (Luria-Bertani; peptona 1% p/v, extrato de levedura 0,5 % p/v, NaCl 0,5% p/v) até
fase logarítmica de crescimento; as células foram recuperadas e sucessivamente
lavadas com água e glicerol 10% v/v, ambos gelados, as bactérias foram estocadas a -
80°C.
Para a transformação, as bactérias eletrocompetentes foram incubadas com o
DNA plasmidial (previamente dessalinizado) em banho de gelo, transferidas para uma
cubeta própria e submetidas a um pulso elétrico rápido de 1.8 kV em eletroporador
MicroPulser (BIO-RAD Califórnia, Estados Unidos). As bactérias foram, então,
recuperadas em meio LB a 37°C sob agitação; posteriormente, as células foram
plaqueadas em meio LB sólido contendo ampicilina (10µg/mL).
A extração do DNAs plasmidial foi conduzida pelo método de lise alcalina,
segundo Ausubel (2002). Resumidamente, as células foram ressuspensas em tampão
GTE (Glicose 50mM, Tris-Cl 25mM pH 8,0, EDTA 10mM), lisadas em solução de
hidróxido de sódio/SDS (NaOH 0.2M, SDS 1% p/v) e neutralizadas em tampão de
acetato de potássio (ácido acético glacial 29,5 mL, pedras de KOH até pH 4,8, H2O para
100mL). O material foi desproteinizado com tratamento com mistura de fenol-
clorofórmio, e precipitado em isopropanol.
58
Para as rotinas de transformação de leveduras e transfecção de células
humanas os DNAs plasmidiais eram extraídos utilizando o kit QIAprep Spin Miniprep
(QIAGEN, Hiden, Alemanha), de acordo com as recomendações do fabricante.
3.7 SEQUENCIAMENTO
As construções geradas foram confirmadas através de rotina de sequenciamento
automático utilizando o kit BigDye Terminator v3.1 (Applied Biosystems, Califórnia,
Estados Unidos), segundo instruções do fabricante. A análise dos produtos da rotina de
seqüenciamento foi conduzida em sequenciador Applied Biosystems 3130xl (Applied
Biosystems, Califórnia, Estados Unidos) e foi realizada em colaboração com o
Departamento de Genética do Centro de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer.
3.8 TRANSFORMAÇÃO DE LEVEDURAS
A transformação de leveduras Saccharomyces cerevisiae (cepa EGY48; MATα,
ura3, trp1, his3, 6 lexA operator-LEU2) com construções pLex9-BRCA1 11/24 e 13/24,
selvagem ou mutante, foi conduzida para a expressão do produto de fusão DBD
LexA:BRCA1. As leveduras foram co-transformadas com o plasmídeo pRB1840, que
encerra o sistema repórter LacZ (codificante da β-galactosidase, sob o controle de um
operador LexA) (Invitrogen, Califórnia, Estados Unidos; Fig. 3.6).
59
Para a transformação de leveduras foi utilizado o kit Yeastmaker Yeast
Transformation System 2 (Clontech, Califórnia, Estados Unidos), de acordo com as
instruções do fabricante. Resumidamente, o protocolo consistiu na indução de
competência das células de levedura em fase logarítmica de crescimento pelo
tratamento com tampão de transformação TE/LiAc (Tris-HCl 10mM, EDTA 1mM,
acetato de lítio 100mM, pH 7,5). Posteriormente, as células foram então incubadas em
solução de PEG/LiAc (PEG 4000 40%, Tris-HCl 10mM, EDTA 1mM, acetato de lítio
100mM, pH 7,5), juntamente com os plasmídeos e o DNA carreador, e, por fim, as
células foram submetidas a choque térmico. As células foram ressuspenssas em TE
(Tris-HCl 10mM, EDTA 1mM, pH 7,5) e plaqueadas em meio seletivo sintético
(suplemento drop-out -Trp, -Ura 0,072% p/v, base nitrogenada de levedura 0,067% p/v,
dextrose 2% p/v).
Figura 3.6: Representação do plasmídeo pRB1840 (Invitrogen). O plasmídeo possui a sequência
codificante para a β-galactosidase (LacZ) regulado por um operador LexA, e a seqüência codificante para
enzima envolvida na síntese de uracila (URA3).
60
3.9 ENSAIO FUNCIONAL EM LEVEDURA
A capacidade de transativação transcricional das construções pLex9-BRCA1
11/24 e 13/24, selvagem e variante, em levedura foi avaliada através de um ensaio
quantitativo de expressão da β-galactosidase em cultura líquida (BRENT e PTASHNE,
1985, VALLON-CHRISTERSSON, 2001).
Resumidamente, células previamente co-transformadas com as construções
pLex9-BRCA1 e pRB1840, cultivadas em meio seletivo sintético a 30°C, foram
recolhidas e lavadas em Z-buffer (Na2HPO4.7H2O 60mM, NaH2PO4.H2O 40mM, KCl
10mM, MgSO4.7H2O 1mM) e lisadas por ciclos de congelamento em nitrogênio líquido e
descongelamento em banho-maria à 37°C. Em seguida, a atividade do produto de
transcrição do gene repórter (β-galactosidase) foi avaliada no extrato lisado. A
quantificação da atividade foi conduzida através da reação de hidrólise do substrato
ONPG (o-nitrofenil-ß-D-galactopiranosídeo, incolor) para o-nitrofenol (amarelo), em
tampão Z-buffer contendo β-mercaptoetanol. A mensuração foi feita por
espectrofotometria no comprimento de onda de 420nm.
Uma unidade de β-galactosidase é definida como a quantidade que hidroliza
1µmol de ONPG para o-nitrofenol e D-galactose por minuto, por célula (MILLER,1972).
Para o cálculo de determinação das unidades de β-galactosidase no ensaio, utiliza-se a
seguinte equação:
61
Unid. β-galactosidase = 1,000 x DO420 / (t x V x DO600)
Onde: t = tempo transcorrido da incubação em minutos
V = 0,1mL x 5 (Fator de diluição)
DO600 = Absorbância a 600nm de 1mL de cultura
3.10 EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE LEVEDURA
O extrato protéico total de S. cerevisiae foi obtido por lise física das células.
Resumidamente, as células de levedura transformadas cultivadas em meio seletivo
sintético foram lavadas com PBS (Sigma-Aldrich, Missouri, Estados Unidos) e
ressuspenssas em PBS contendo coquetel de inibidores de protease (Sigma-Aldrich,
Missouri, Estados Unidos); em seguida, as células foram submetidas à agitação
vigorosa na presença de micro-esferas de vidro (425-600 µm). O material foi
centrifugado e o sobrenadante recuperado e armazenado a -80°C, como descrito por
Bhaduri & Demchick (1983). A concentração das proteínas foi determinada segundo o
método de Bradford (BRADFORD, 1976).
62
3.11 TRANSFECÇÃO DE CÉLULAS HUMANAS
A transformação de células humanas (linhagem HEK293T) com construções
pcDNA3-BRCA1 11/24 e 13/24, selvagem ou variante, foi conduzida para a expressão
do produto de fusão DBD GAL4:BRCA1. As células foram co-transformadas com o
plasmídeo pG5luc, que encerra o sistema repórter codificante para luciferase de
Photinus pyralis sob o controle de operadores GAL4 (Fig. 3.7-A) e o plasmídeo pGR-TK,
que encerra a sequência codificante para a luciferase de Renilla reniformis (controle
interno de transfecção), sob o controle de um promotor constitutivo HSV-TK (Fig. 3.7-B).
A rotina de transfecção foi conduzida utilizando o reagente de base lipídica Fugene6®
(Roche, Mannheim, Alemanha) segundo instruções do fabricante.
Resumidamente, células HEK293T foram mantidas em cultura em meio RPMI
(GIBCO/Invitrogen, Califórnia, Estados Unidos) suplementado com soro fetal bovino
(GIBCO/Invitrogen, Califórnia, Estados Unidos) 10% (v/v) a 37°C. Foram inoculadas em
placa de 96 poços (5x104/poço). Após 24 horas do plaqueamento, as células foram
tratadas com uma mistura de transfecção (DNA, Fugene6® e meio de cultura sem soro,
previamente incubada a temperatura ambiente por 15 minutos).
63
Figura 3.7: Representação dos vetores pG5luc e pGR-TK. (A) O vetor pG5luc encerra a sequência
codificante da enzima luciferase de P. pyralis (luc+) regulado por 5 operadores de GAL4 (sítios de ligação
a GAL4). (B) O vetor pGR-TK encerra a sequência codificante da enzima luciferase de R. reniformis
(Rluc) controlado por um promotor constitutivo de células humanas, HSV TK.
3.12 ENSAIO FUNCIONAL EM CÉLULAS HUMANAS
A capacidade de transativação transcricional dos produtos de fusão DBD GAL4-
BRCA1 foi determinada pela razão entre a atividade da luciferase de P. pyralis
(expressa pelo sistema repórter) e luciferase de R. reniformis (expressa pelo controle
A
B
pGR-TK
64
interno de transfecção), como descrito por Vallon-Christersson e colaboradores (2001).
O vetor repórter que encerra o gene codificante da luciferase de P. pyralis contém em
sua região promotora sítios de ligação para GAL4, enquanto a construção pGR-TK, que
encerra o gene codificante da luciferase de R. Reniformis apresenta expressão
constitutiva controlado pelo promotor de timidina quinase (HSV-TK). Enquanto a
expressão da luciferase de P. pyralis é uma consequência da eficiência de transfecção
e da capacidade de ativação transcricional da quimera DBD GAL4:BRCA1, a expressão
da luciferase de R. reniformes é uma consequência apenas da eficiência de transfecção.
O uso da razão entre os valores de expressão da luciferase de P. pyralis e R.
reniformis minimiza flutuações relativas à eficiência de transfecção.
A determinação quantitativa da capacidade de transativação transcricional da
quimera DBD GAL4:BRCA1 foi realizada usando o Dual-Luciferase® Reporter Assay
System (Promega), seguindo as recomendações do fabricante. Resumidamente, 24
horas após a transfecção, células HEK293T foram lisadas com o tampão de lise,
disponibilizado pelo fabricante, e uma alíquota do lisado foi transferida para uma placa
opaca de 96 poços para leitura em luminômetro (Veritas Microplate Luminometer,
Turner Biosystems, Califórnia, Estados Unidos). A cada poço foi adicionado o reagente
LARII®, também disponibilizado pelo fabricante, que contém luciferina-D. Este é
convertido pela luciferase P. pyralis, produzindo oxiluciferina e fótons. A emissão dos
fótons é captada pelo luminômetro medida de forma acumulativa por 10 segundos. Em
seguida é adicionado o reagente Stop and Glo®, também fornecido pelo fabricante, que
interrompe a primeira reação e disponibiliza a coelenterazina, substrato da segunda
reação, catalisada pela luciferase de R. reniformis. A reação forma coelenteramida e
fótons que foram novamente mensurados de forma acumulativa por 10 segundos.
65
3.13 EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE CÉLULAS HUMANAS
O extrato protéico total de células HEK293T foi obtido 24 horas após a
transfecção com as construções pCDNA3-BRCA1 11/24 e 13/24. As células foram
recolhidas e ressuspensas em tampão RIPA (NaCl 150 mM, Tris-HCl 10 mM pH 7.4,
EDTA 5 mM, dodecil sulfato de sódio 0.1%, Triton X-100 1%, deoxicolato de sódio
0.1%) contendo coquetel de inibidores de protease (Sigma-Aldrich, Missouri, Estados
Unidos). Os lisados foram então incubados em banho de gelo por 30 minutos e
centrifugados por 10 minutos a 4ºC (13000 RPM, microcentrifuga). Os sobrenadantes
foram recuperados e armazenados à – 80ºC. A concentração das proteínas foi
mensurada segundo o método de Bradford (BRADFORD, 1976).
3.14 IMMUNOBLOTTING
A avaliação da expressão das proteínas quiméricas, DBD LexA:BRCA1 e DBD
GAL4:BRCA1, foi conduzida por immunoblotting (BURNETTE, 1981). Os extratos
celulares totais foram resolvidos por rotinas de SDS-PAGE (SDS-polyacrilamide gel
electrophoresis) 8% (p/v) e eletro-transferidos para membranas de difluoreto de
polivinilideno (PVDF) (Amersham Biosciences, Buckinghamshire, Reino Unido), usando
o sistema Trans-Blot Semidry (BIORAD, Califórnia, Estados Unidos), segundo
recomendações do fabricante. Concluída a transferência as membranas foram
bloqueadas com leite desnatado 5% em TBS-Tween (TBS: Tris base 50mM, NaCl
150mM; Tween: 0,1%), por 16 horas a 4°C. Posteriormente, as membranas foram
incubadas com os anticorpos monoclonais IgG de camundongo anti-DBDLexA ou anti-
66
DBDGAL4 (sc-7544 e sc-46680, respectivamente; Santa Cruz, Califórnia, Estados
Unidos) diluídos em TBS-Tween suplementados com leite desnatado 0,5%. A
membrana foi, em seguida, incubada com os anticorpos policlonais de cabra anti-IgG
de camundongo conjugado à peroxidase (sc-2005; Santa Cruz, Califórnia, Estados
Unidos). O sistema foi revelado com o kit Amersham ECL™ Western Blotting Detection
Reagents (GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino Unido) e a membrana foi exposta
ao filme radiográfico Amershan Hyperfilm ECL (GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino
Unido).
3.15 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os resultados foram analisados estatisticamente empregando análise de
variância (ANOVA) simples e pós-teste de Bonferroni utilizando o programa GraphPad
Prism v. 5.0 para Windows (GraphPad Software, San Diego California USA;
www.graphpad.com).
67
4 RESULTADOS
4.1 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES CONTROLE: COMPARAÇÃO DE
ATIVIDADES EM DOIS CONTEXTOS
Para a condução deste estudo se fez necessário, primeiramente, verificar se a
capacidade de transativação transcricional da região C-terminal de BRCA1 observada
em outros contextos (BRCA1AA1560-1863/BRCA1 16/24 – região restrita aos nucleotídeos
4797-5711, início do éxon 16 ao fim do éxon 24-, MONTEIRO et al, 1996; BRCAAA1396-
1863/BRCA1 13/24, PHELAN et al, 2005) seria reproduzida no novo modelo de estudo
(BRCA1AA1315-1863/BRCA1 11/24) (Figura 4.1). Assim, foram realizados ensaios
comparativos, utilizando construções controle no contexto mais recentemente validado,
BRCA1 13/24 (CARVALHO, COUCH e MONTEIRO, 2007; CARVALHO et al, 2007) e
construções controle no contexto proposto neste estudo, BRCA1 11/24. As construções
controle avaliadas nos ensaios comparativos, tanto no contexto BRCA1 13/24 quanto
11/24, são controles comumente usados nos ensaios funcionais de ativação
transcricional situados na porção C-terminal da proteína (MONTEIRO et al, 1996;
PHELAN et al, 2005; CARVALHO et al, 2007). Esses controles correspondem à
proteína selvagem (wt) e ao variante benigno descrito na população S1613G
(DUNNING et al, 1997) (controles positivos de transcrição) e os variantes M1775R
(MIKI et al, 1994) e Y1853X (FRIEDMAN et al, 1994), sabidamente associados à
predisposição ao câncer (controles negativos de transcrição). A figura 4.2 destaca a
localização desses variantes controle na porção C-terminal da proteína. Todas as
68
construções foram analisadas segundo sua capacidade de transativação transcricional
nos sistemas de células de levedura e de células humanas.
No ensaio funcional em levedura, cada variante foi testado em, pelo menos, dois
ensaios funcionais independentes, onde, em cada ensaio, três clones de cada variante
foram testados em triplicata. A atividade de transativação transcricional em levedura
das construções BRCA1 11/24 foi avaliada comparativamente com a atividade das
construções BRCA1 13/24 (Fig. 4.3).
69
Figura 4.1: Representação esquemática da região codificante de BRCA1 com seus éxons identificados
(em azul). Representação dos contextos de BRCA1 analisados e validados quanto sua capacidade de
transativação transcricional (retângulos em cinza), demarcando a região de BRCA1 correspondente.
Representação do contexto BRCA1 11/24 proposto neste estudo, demarcando a região de BRCA1
correspondente (retângulo preto). A localização dos domínios BRCTs está indicada nas representações
dos contextos (retângulos verdes).
Figura 4.2: Representação esquemática de BRCA1aa1315-1863 (11/24) e BRCA1aa1396-1863 (13/24)
fusionados a um domínio heterólogo de ligação ao DNA (DBD) e a localização dos variantes controle
analisados no estudo. No retângulo azul, localização do domínio coiled-coil (CC). Os retângulos em verde
delimitam a região dos domínios BRCTs. A seta em azul indica um variante neutro. As setas em vermelho
indicam variantes deletérios.
AA 1315
AA 1560
AA 1395
11/24
13/24 16/24
AA 1863
1 2 3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1
70
Figura 4.3: Análise da atividade de transativação transcricional em levedura de controles de BRCA1.
Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de levedura S. cerevisiae EGY48. O gráfico
apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-transformadas com a quimera
DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de β-galactosidase. A atividade de
BRCA1 13/24 – barras pretas - comparativamente a atividade de BRCA1 11/24 – barras cinzas - está
apresentada em relação à atividade da construção BRCA1 wt 13/24, os desvios padrão estão indicados
em cada barra. Todos os variantes analisados diferem significativamente (p<0,05) dos controles positivos
wt 13/24 e S1613G 13/24, com exceção de S1613G 11/24. * p<0,0001.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
β-g
alac
tosi
dase
(%
)
71
As construções BRCA1 11/24 apresentaram atividade de transativação
transcricional. A atividade observada nas construções controle selvagem e S1613G
(controles positivos) no contexto 11/24 é significativamente menor (p<0,05) que a de
suas correspondentes no contexto 13/24 (Fig. 4.3). Diferente dos controles positivos as
atividades dos controles negativos foram equivalentes. De forma geral, observa-se uma
menor atividade de transativação transcricional das construções controle BRCA1 11/24
comparativamente ao contexto 13/24. Assim como no contexto 13/24, os controles
positivos (wt e S1613G) no contexto 11/24 são significativamente diferentes dos
controles negativos (M1775R e Y1863X) (p< 0,0001). Os resultados sugerem que o
conjunto dos controles 11/24 apresentam comportamento semelhante ao seus
correspondentes no contexto 13/24.
A semelhança no comportamento dos controles nos diferentes contextos fica
evidente quando os mesmos são normalizados pela atividade de suas respectivas
construções selvagens (Fig. 4.4). A atividade dos controles negativos, em ambos os
contextos, difere dos controles positivos em cerca de 80% para o variante M1775R e
mais de 90% para o variante Y1853X. De forma análoga a atividade observada do
variante S1613G é semelhante à atividade da construção selvagem em ambos
contextos.
A avaliação da capacidade de transativação transcricional nos contextos 13/24 e
11/24 também foi conduzida no modelo em células humanas (linhagem HEK293T). Nos
ensaios de transativação transcricional em células humanas, cada variante foi testado
em, pelo menos, dois ensaios independentes em quadruplicata.
Os resultados observados em células humanas (sistema repórter baseado na
expressão de luciferase) demonstraram, assim como na avaliação em células de
levedura (sistema repórter baseado na expressão de β-galactosidase), que as
72
construções BRCA1 11/24 também apresentam atividade de transativação
transcricional. A figura 4.5 mostra o perfil de atividade de ativação transcricional das
construções BRCA1 13/24 e 11/24 em células de mamífero expressas em relação à
atividade de BRCA1 wt 13/24.
Assim como no modelo em levedura, a atividade observada nas construções
controle selvagem e S1613G (controles positivos) no contexto 11/24 é
significativamente menor (p<0,0001) que a de suas correspondentes no contexto 13/24
(Fig. 4.5). Diferente dos controles positivos as atividades dos controles negativos foram
equivalentes.
Estes resultados mostram que as atividades de ativação transcricional de BRCA1
11/24, assim como no modelo em levedura, são menores que no contexto 13/24 (Figura
4.5). Os controles positivos (wt e S1613G) no contexto 11/24 são significativamente
diferentes dos controles negativos (M1775R e Y1863X) (p< 0,05), assim como no
contexto 13/24 (p<0,0001). Os resultados sugerem que o conjunto dos controles 11/24
apresentam comportamento semelhante aos seus correspondentes no contexto 13/24,
análogo aos resultados no modelo em levedura.
A semelhança no comportamento dos controles nos diferentes contextos no
modelo em células humanas fica evidente quando os mesmos são normalizados pela
atividade de suas respectivas construções selvagens (Fig. 4.6). A atividade dos
controles negativos M1775R e Y1853X, em ambos os contextos, difere dos controles
positivos em larga extensão (mais do que 95%). De forma análoga, a atividade
observada do variante S1613G é semelhante à atividade da construção selvagem em
ambos os contextos.
73
Figura 4.4: Análise da atividade de transativação transcricional em levedura de controles de BRCA1.
Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de levedura S. cerevisiae EGY48. O gráfico
apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-transformadas com a quimera
DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de β-galactosidase. Os desvios padrão
estão indicados em cada barra. (A) Análise da atividade de BRCA1 13/24. Os resultados percentuais são
dados em relação à atividade da construção BRCA1 wt 13/24. (B) Análise da atividade de BRCA1 11/24.
Os resultados percentuais são dados em relação à atividade da construção BRCA1 wt 11/24. (*)
Variantes diferem significativamente (p<0,0001) dos controles positivos wt e S1613G.
A
B
Ativ
idad
e re
lativ
a da
β-g
alac
tosi
dase
(%
) A
tivid
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rela
tiva
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-gal
acto
sida
se (
%)
74
Figura 4.5: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero de controles de
BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de mamífero HEK293T. O gráfico
apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-transformadas com a quimera
DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de luciferase. A atividade de BRCA1
13/24 – barras pretas - comparativamente a atividade de BRCA1 11/24 – barras cinzas - está
apresentada em relação à atividade da construção BRCA1 wt 13/24, os desvios padrão estão indicados
em cada barra. Todos os variantes analisados diferem significativamente (p<0,0001) dos controles
positivos wt 13/24 e S1613G 13/24. * p<0,05; **p<0,0001.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
luci
fera
se (
%)
75
Figura 4.6: Análise da atividade de transativação transcricional em células humanas de controles de
BRCA1. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células humanas HEK293T. O gráfico
apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-transformadas com a quimera
DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de luciferase. Os desvios padrão estão
indicados em cada barra. (A) Análise da atividade de BRCA1 13/24. Os resultados percentuais são dados
em relação à atividade da construção BRCA1 wt 13/24. (B) Análise da atividade de BRCA1 11/24. Os
resultados percentuais são dados em relação à atividade da construção BRCA1 wt 11/24. (*) Variantes
diferem significativamente (p<0,0001) dos controles positivos wt e S1613G.
A
B
Ativ
idad
e re
lativ
a da
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fera
se (
%)
Ativ
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e re
lativ
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luci
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se (
%)
76
4.2 ESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE DE
BRCA1 NA REGIÃO DE EXTENSÃO DO ENSAIO (RESÍDUOS 1315-1395):
DESENHO DE VARIANTES CONTROLE
A análise da capacidade de ativação transcricional dos controles situados na
porção C-terminal da proteína revelou um perfil de comportamento semelhante entre os
contextos 11/24 e 13/24, como apresentado no item 4.1. A inexistência de registros de
variantes caracterizados na população quanto à susceptibilidade ou não ao câncer na
região de extensão do ensaio limitou a disponibilidade de variantes controle no estudo.
Assim, para determinar a influência dessa região na capacidade de ativação
transcricional de BRCA1 foram gerados variantes sintéticos com perfil putativamente
neutro ou putativamente deletério situados na região limitada pelos resíduos 1315-1395
(Fig. 4.1). A identificação/classificação desses variantes foi conduzida originalmente por
estratégias in silico.
O que orientou a escolha de variantes sintéticos foi, primeiramente, a análise do
alinhamento de ortólogos de BRCA1, mais especificamente, o alinhamento da região
limitada pelos resíduos 1315-1395, observando a conservação evolutiva dos resíduos
de aminoácido ao longo das espécies utilizadas no alinhamento. A análise revelou
resíduos conservados e variáveis evolutivamente, como mostra a figura 4.7. Segundo
Tavtigian (2006), resíduos conservados evolutivamente em uma proteína podem indicar
um aminoácido importante estrutural ou funcionalmente e ao contrário, resíduos
variáveis ao longo de ortólogos podem indicar aminoácidos não definitivos na estrutura
ou função protéica.
O Align GV/GD foi usado como ferramenta complementar para o desenho de
variantes sintéticos na região dos resíduos 1315-1395. Foram analisadas todas as
77
possíveis substituições nos resíduos de aminoácidos na região estudada e suas
classificações preditivas – os dados gerados nesta análise se encontram no Anexo 1. O
Align GV/GD gera classes preditivas quanto ao grau de interferência na função da
proteína, onde a menor classe (C0) indica um variante possivelmente neutro/benigno
(funcional) e a maior classe (C65) indica um variante possivelmente deletério (não
funcional). A análise dos possíveis variantes na região de extensão do ensaio
identificou 541 possíveis variantes missense, dos quais apenas 25 apresentaram
classificação diferente de C0.
Através das análises in silico foi selecionado um grupo de variantes sintéticos
com diferentes perfis para uso no estudo.
Os variantes L1317F, K1322E e S1360G foram selecionados por se encontrarem
em sítios variáveis evolutivamente e por seu caráter preditivo neutro (Quadro 4.1, Fig.
4.7, Fig. 4.8). Por outro lado, os variantes S1370F, D1381Y, Q1388L e T1394I foram
selecionados por se encontrarem em sítios mais conservados evolutivamente e por seu
caráter preditivo deletério (Quadro 4.1, Fig. 4.7, Fig. 4.8).
Quadro 4.1: Variantes sintéticos selecionados para o estudo. Fonte: BIC, IARC.
Variantes Éxon Variação nucleotídica
Classificação Align GV/GD
L1317F 11 G4069C C0
K1322E 11 A4083G C0
S1360G 11 A4197G C0
S1370F 12 C4228T C15
D1381Y 12 G4260T C15
Q1388L 12 A4282T C15
T1394I 12 C4300T C65
78
Fig
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4.7
: A
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spec
tivas
pos
içõe
s na
seq
üênc
ia d
e am
inoá
cido
s re
pres
enta
da.
79
4.3 ESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE VARIANTES MISSENSE DE
BRCA1 NA REGIÃO DE EXTENSÃO DO ENSAIO (RESÍDUOS 1315-1395): SELEÇÃO
DE VARIANTES NATURAIS.
Foram identificados dezesseis variantes naturais missense encerrados na região
limitada pelos resíduos 1315-1395 de BRCA1, segundo a análise no banco de dados do
BIC (Quadro 4.2). Todos os variantes naturais identificados foram classificados segundo
a ferramenta Align GV/GD. Foram selecionados para o estudo os variantes E1352K,
C1372Y e Q1395R (Quadro 4.2, Fig 4.8).
O variante E1352K, assim como o variante C1372Y, foi selecionado para o
estudo em função da sua classificação pela ferramenta Align GV/GD como
putativamente neutro (C0). O variante Q1395R foi selecionado por ser o único variante
natural na região com classificação maior que C0 segundo o Align GV/GD (C35).
80
Quadro 4.2: Variantes naturais de BRCA1 identificados na região limitada pelos aminoácidos 1315-1395.
A classificação dos variantes pelo Align GV/GD está descriminada no quadro. * Variantes selecionados
para o estudo. Fonte: BIC; IARC.
Variantes Éxon Variação nucleotídica
Classificação Align GV/GD
P1315H 11 C4063A C0
K1322I 11 A4084T C0
D1337E 11 C4130G C0
D1344G 11 A4150G C0
E1346K 11 G4155A C0
R1347G 11 A4158G C0
R1347K 11 G4159A C0
T1349P 11 A4164C C0
T1349M 11 C4165T C0
E1352K* 11 G4173A C0
M1361L 11 A4200C C0
C1372Y* 12 G4234A C0
T1376R 12 C4246G C0
S1377R 12 C4250A C0
V1378I 12 G4251A C0
Q1395R* 12 A4303G C35
4.4 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE TRANSATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DOS
VARIANTES SELECIONADOS.
Todos os variantes selecionados para o estudo (totalizando dez variantes,
representados na figura 4.8) foram analisados segundo sua capacidade de
transativação transcricional nos modelos em células de levedura e células humanas,
comparativamente a construção selvagem 11/24 e os demais controles no mesmo
contexto.
81
No modelo em células de levedura, a atividade de transativação transcricional
dos variantes foi avaliada comparativamente ao comportamento dos controles S1613G
11/24, M1775R 11/24 e Y1853X 11/24 e representada em função da atividade da
construção selvagem 11/24.
A figura 4.9 mostra a atividade relativa de ativação transcricional dos variantes
sintéticos avaliados no estudo. Os variantes sintéticos preditivos neutros L1317F,
K1322E e S1360G apresentaram comportamento semelhante à construção selvagem e
ao controle positivo S1613G, com atividades relativas superiores a 92%.
Curiosamente, as atividades relativas observadas dos variantes sintéticos
preditivos deletérios S1370F, D1381Y, Q1388L e T1394I foram sempre superiores à
construção selvagem e ao controle positivo S1613G, com resultados que variaram de
116,8 % para T1394I até 143,7% para Q1388L.
A atividade relativa de ativação transcricional dos variantes naturais avaliados no
estudo está representada na figura 4.10. Os variantes naturais (de perfil preditivamente
neutro) E1352K e C1372Y apresentaram atividade relativa semelhante à construção
selvagem e ao controle positivo S1613G, com atividades de 118,7% e 122,4%,
respectivamente. Diferente dos variantes sintéticos preditivamente deletérios, o
variante Q1395R mostrou atividade de ativação transcricional diminuída (72,2%) em
relação à construção selvagem e controle positivo S1613G.
82
Figura 4.8: Representação esquemática de BRCA1aa1315-1863 fusionado a um domínio heterólogo de
ligação ao DNA (DBD) e a localização dos variantes analisados no estudo. No retângulo azul, localização
do domínio coiled-coil (CC). Os retângulos em verde delimitam a região dos domínios BRCTs. As setas
em azul indicam variantes neutros ou putativamente neutros. As setas em vermelho indicam variantes
deletérios ou putativamente deletérios. Os variantes controles estão identificados dentro dos retângulos
em branco.
83
Figura 4.9: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de levedura de variantes
sintéticos de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura S. cerevisiae EGY 48. O gráfico apresentado é representativo de um experimento. As células
foram co-transformadas com a quimera DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter
de β-galactosidase. A atividade dos variantes está apresentada em relação à atividade da construção
BRCA1 wt 11/24, os desvios padrão estão indicados em cada barra.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
β-g
alac
tosi
dase
(%
)
84
Figura 4.10: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de levedura de variantes
naturais de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura S. cerevisiae EGY 48. O gráfico apresentado é representativo de um experimento. As células
foram co-transformadas com a quimera DBD LexA:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter
de β-galactosidase. A atividade dos variantes está apresentada em relação à atividade da construção
BRCA1 wt 11/24, os desvios padrão estão indicados em cada barra.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
β-g
alac
tosi
dase
(%
)
85
A análise dos variantes no contexto 11/24 foi conduzida no modelo em células
humanas HEK293T. Como nos ensaios funcionais em levedura, foram utilizadas quatro
construções controle, duas com perfil neutro (a construção selvagem de BRCA1, e o
variante S1613G) e duas com perfil deletério (os variantes M1775R e o Y1853X). Cada
variante foi analisado em, pelo menos, dois ensaios funcionais independentes, tendo
cada variante sido analisado em quadruplicata. A atividade de transativação
transcricional foi avaliada comparativamente com o comportamento dos controles e
representada em função da atividade da construção selvagem.
A atividade de ativação transcricional dos variantes sintéticos avaliados no
estudo está representada na figura 4.11. Os variantes sintéticos preditivos neutros
L1317F, K1322E e S1360G apresentaram um perfil de ativação transcricional
semelh47ante ou superior à construção selvagem e o controle positivo S1613G, com
atividades relativas que variaram de 101,3% para S1360G a 153,0% para K1322E.
Em consonância com os resultados obtidos no modelo em levedura, as
atividades relativas observadas dos variantes sintéticos preditivos deletérios S1370F,
D1381Y, Q1388L e T1394I foram sempre superiores à construção selvagem e ao
controle positivo S1613G, com resultados que variaram de 146,8 % para T1394I até
179,5% para D1381Y.
A atividade relativa de ativação transcricional dos variantes naturais avaliados no
estudo está representada na figura 4.12. Os variantes naturais (de perfil preditivamente
neutro) E1352K e C1372Y apresentaram atividade relativa semelhante à construção
selvagem e ao controle positivo S1613G, com atividades de 94,6% e 108,4%
(respectivamente). Diferente do modelo em levedura, o variante Q1395R mostrou
atividade de ativação transcricional também semelhante à construção selvagem e
controle positivo S1613G (97,1%).
86
Figura 4.11: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero de variantes
sintéticos de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura HEK293T. O gráfico apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-
transfectadas com a quimera DBD GAL4:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de
luciferase. A atividade dos variantes está apresentada em relação à atividade da construção BRCA1 wt
11/24, os desvios padrão estão indicados em cada barra.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
luci
fera
se (
%)
87
Figura 4.12: Análise da atividade de transativação transcricional em célula de mamífero de variantes
naturais de BRCA1 no contexto 11/24. Ensaio de transativação transcricional quantitativo em células de
levedura HEK293T. O gráfico apresentado é representativo de um experimento. As células foram co-
transfectadas com a quimera DBD GAL4:BRCA1 selvagem ou variante e um sistema repórter de
luciferase. A atividade dos variantes está apresentada em relação à atividade da construção BRCA1 wt
11/24, os desvios padrão estão indicados em cada barra.
Ativ
idad
e re
lativ
a da
luci
fera
se (
%)
88
4.6 ANÁLISE DE EXPRESSÃO
A análise da expressão das construções pLex9-BRCA1 e pcDNA3-BRCA1, foi
conduzida por imunoblotting; foram usados anticorpos específicos para o
reconhecimento dos domínios de ligação ao DNA das diferentes proteínas quiméricas
(Fig. 4.13 e 4.14).
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
LexA:BRCA113/24
LexA:BRCA111/24
LexA:BRCA111/24
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
LexA:BRCA113/24
LexA:BRCA111/24
LexA:BRCA111/24
Figura 4.13: Análise da expressão de proteínas de fusão LexA:BRCA1 no modelo de levedura por
immunoblotting. As setas indicam as diferentes proteínas identificadas.
89
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
GAL4:BRCA113/24
GAL4:BRCA111/24
GAL4:BRCA111/24
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
WT S1613G M1775R Y1853X WT S1613G M1775R Y1853X13/24 13/24 13/24 13/24 11/24 11/24 11/24 11/24
L1317F K1322E E1352K S1360G C1372Y S1370F D1381Y Q1388L T1394I Q1395R
GAL4:BRCA113/24
GAL4:BRCA111/24
GAL4:BRCA111/24
Figura 4.14: Análise da expressão de proteínas de fusão GAL4:BRCA1 no modelo de células HEK293T
por immunoblotting. As setas indicam as diferentes proteínas identificadas.
Como esperado, o peso molecular das proteínas quiméricas expressas a partir
das construções de BRCA1 11/24 foram maiores do que os produtos BRCA1 13/24 (Fig.
4.13 e 4.14). As proteínas quiméricas LexA:BRCA1 13/24 apresentaram peso
molecular de ~77kD, enquanto os produtos LexA:BRCA1 11/24 apresentaram peso de
~85kD. Os produtos GAL4:BRCA1 13/24 apresentaram peso molecular de ~70kD e os
produtos GAL4:BRCA1 11/24, ~75kD.
Todos os produtos de expressão das construções de BRCA1 foram detectados
no ensaio de immunoblotting, independentemente do contexto (11/24 ou 13/24) ou do
modelo (levedura ou células humanas).
90
5 DISCUSSÃO
Desde 1994, quando da clonagem posicional de BRCA1 e sua associação ao
câncer hereditário de mama e ovário, houve um grande empenho para que o gene
fosse sequenciado em famílias identificadas como de alto risco para o desenvolvimento
de câncer de mama e ovário (MIKI et al, 1994; LEE et al, 2010). A partir dessa iniciativa
foram identificadas diversas mutações fortemente associadas ao câncer, o que permitiu
um melhor direcionamento das condutas clínicas adotadas nos pacientes portadores.
Ao mesmo tempo, foi também identificado um grande número de variantes de menor
frequência na população. A associação desses variantes ao risco de desenvolvimento
da doença é limitada em função da falta de dados epidemiológicos informativos (LEE et
al, 2010).
Cerca de 70% dos variantes de BRCA1 reportados na população levam à
geração de proteínas truncadas. Esses variantes incluem mutações em regiões
regulatórias, alterações em sítios de splicing, grandes rearranjos, grandes ou pequenas
deleções ou inserções, além de mutações nonsense. No entanto, a caracterização de
mutações missense como neutras ou deletérias é mais complexa, pois o significado
funcional da substituição de um único aminoácido não pode ser avaliado diretamente
(SZABO, WORLEY e MONTEIRO, 2004).
Os variantes do tipo missense de BRCA1, assim como deleções e inserções in-
frame são mutações particularmente problemáticas no que diz respeito ao acesso ao
risco, devido ao efeito dessas mutações em funções protéicas serem incertos (SZABO
WORLEY e MONTEIRO, 2004). Não é surpreendente o fato de que a maioria das
mutações missense reportadas não possuam uma designação clara: deletérias
91
(associadas ao câncer) ou neutras (benignas) - permanecendo assim como variantes
não classificados (VNC) (CARVALHO, COUCH e MONTEIRO, 2007).
De maneira a melhor compreender o comportamento desses variantes e,
também, contornar a escassez de informações genéticas, diversos ensaios foram
desenvolvidos buscando avaliar funcionalmente a proteína e predizer sua relevância
clínica (BILLACK e MONTEIRO, 2004).
A crescente disponibilidade de dados sobre o papel de BRCA1 em diferentes
mecanismos da fisiologia celular contribuiu para que fossem desenvolvidos ensaios
capazes de contemplar diferentes funções da proteína, e associá-las de maneira
sistemática a sua capacidade supressora de tumor e consequentemente à
predisposição ou não ao câncer (BILLACK e MONTEIRO, 2004).
O ensaio funcional para determinação da capacidade de transativação
transcricional de BRCA1 surgiu a partir da observação de que a porção C-terminal da
proteína (mais precisamente os domínios BRCT em tandem, resíduos 1649-1855)
quando fusionada a um domínio heterólogo de ligação ao DNA, era capaz de
transativar um gene repórter (MONTEIRO, AUGUST e HANAFUSA, 1996). Inicialmente,
estes ensaios foram conduzidos com a região limitada aos resíduos de aminoácido
1560-1863 da proteína (região correspondente aos éxons 16 a 24) (MONTEIRO,
AUGUST e HANAFUSA, 1996; HAYES et al, 2000; VALLON-CHRISTERSSON, 2001).
Até esse momento acreditava-se que o ensaio estaria limitado à avaliação de variantes
situados nos domínios BRCT e na sua circunvizinhança mais próxima.
A cobertura do ensaio foi posteriormente estendida para a região limitada pelos
resíduos 1396 a 1863 (região correspondente aos éxons 13 a 24) (PHELAN et al, 2005;
CARVALHO et al, 2007). Estes ensaios demonstraram que variantes localizados em
regiões mais distais aos domínios BRCT também influenciam na sua capacidade de
92
transativação transcricional, mostrando uma excelente correlação entre os dados de
classificação funcional obtidos e dados de estudos de epidemiologia clínica disponíveis
(CARVALHO et al, 2007).
Nosso estudo teve como objetivo a extensão do contexto do ensaio de
transativação transcricional validado, compreendendo a região dos éxons 13 ao 24
(CARVALHO et al, 2007), para a região do final do éxon 11 ao 24 (resíduos 1315-1863).
Os resultados obtidos através dos ensaios com a região C-terminal de BRCA1
neste contexto revelaram dados singulares referentes à atividade de transativação
transcricional mediada pela região em estudo.
Demonstramos que a porção C-terminal de BRCA1 no contexto 11/24 apresenta
a capacidade de transativação transcricional, tanto nos modelos em levedura e células
humanas. Porém, quando comparados com o contexto 13/24, a construção selvagem
11/24 e o variante S1613G 11/24 (controles positivos) apresentaram atividade reduzida
(Figs. 4.3 e. 4.5). Em 2005, Phelan e colaboradores, analisaram comparativamente a
capacidade de transativação transcricional de diversos contextos da porção C-terminal
de BRCA1, demonstrando uma variação entre as atividades dos contextos. Os
contextos utilizados para essa análise se tratavam do contexto BRCA1 16/24 (resíduos
1560-1863, contexto utilizado até então em ensaios funcionais), BRCA1 13/24 (resíduos
1396-1863) e BRCA1 12/24 (resíduos 1366-1863, compreendendo a região dos éxons
12 ao fim do éxon 24) (PHELAN et al, 2005). A capacidade de transativação
transcricional foi determinada nos modelos em levedura e em células humanas; em
ambos foi observado uma maior atividade de transativação transcricional de BRCA1
selvagem no contexto 13/24 em relação a observada no contexto 16/24. O contexto
12/24 mostrou atividade de transativação transcricional inferior que a observada no
contexto 13/24; ainda sim, uma maior atividade do que a observada no contexto 16/24
93
(PHELAN et al, 2005). Esses dados sustentam os resultados observados em nosso
estudo; apesar do contexto 12/24 não ter sido objeto de nossa análise, é sugestivo
considerar que contextos maiores que o contexto 13/24, quando avaliados quanto sua
capacidade de transativação transcricional, apresentam menor atividade.
Tomando como referência construções selvagens em cada um dos contextos
estudados (13/24 e 11/24), as atividades dos controles S1613G (positivo), M1775R e
Y1853X (negativos) apresentaram comportamento equivalente; onde a atividade de
ativação transcricional dos controles positivos foi semelhante a da construção selvagem,
enquanto os controles negativos apresentaram atividades reduzidas Esses resultados
foram observados tanto no modelo em levedura quanto em células humanas (Figs. 4.4
e 4.6). Este mesmo comportamento foi observado em estudos prévios (VALLON-
CHRISTERSSON et al, 2001, PHELAN et al, 2005; CARVALHO et al, 2007).
Uma questão crítica na avaliação funcional de variantes é a disponibilidade de
controles validados para uso no estudo. A localização dos controles avaliados até então
se limitava a região dos domínios BRCT e circunvizinhança próxima, não permitindo
uma clara definição sobre o eventual comportamento de variantes na região de
extensão do estudo (resíduos 1315-1395). No entanto, não há registro na literatura ou
bancos de dados de variantes caracterizados na população quanto à susceptibilidade
ou não ao câncer nessa região. Dessa forma o uso de variantes de caráter preditivo
neutro ou deletério sintéticos, como controles, foi uma estratégia para contornar essa
limitação.
Ferramentas de análise in silico (alinhamento de ortólogos e Align GV/GD) foram
utilizadas para a predição da classificação dos variantes de BRCA1 analisados no
estudo, tanto os denominados sintéticos quanto os naturais.
94
O alinhamento de ortólogos realizado no estudo (Fig. 4.7) atendeu a uma
primeira visualização de regiões conservadas ou não na região de extensão. A
informação determinante para a escolha dos variantes utilizados como controles no
estudo (variantes sintéticos) foi a classificação preditiva realizada pelo programa Align
GV/GD (Anexo 1; Quadro 4.1). Foram selecionados sete variantes sintéticos para a
condução do estudo, três variantes classificados como putativamente neutros (C0), um
variante putativamente deletério (C65) e três intermediários (C15).
Foram identificados todos os variantes naturais missense situados na região de
extensão do estudo (Quadro 4.2). Foram selecionados três variantes naturais, dois
classificados como putativamente neutros (C0) e um putativamente deletério (C35).
No estudo de Carvalho e colaboradores (2007), variantes que possuíam
características clínicas já definidas (associadas e não associadas ao câncer) por
estudos populacionais foram comparados quanto sua capacidade de transativação
transcricional no contexto 13/24; foi, então, determinado limiar de atividade que
pudesse permitir a classificação de variantes como neutros (atividade maior que 50%) e
deletérios (atividade menor que 45%) (CARVALHO et al, 2007).
Nos estudos conduzidos no contexto 11/24 os variantes sintéticos de caráter
putativamente neutro (L1317F, K1322E, S1360G) e os de caráter putativamente
deletério (S1370F, D1381Y, Q1388L, T1394I) apresentaram atividades semelhantes ou
mesmo maiores que os controles positivos (wt e S1613G), tanto no modelo em levedura
quanto no modelo em células humanas (Figs. 4.9, 4.10; 4.11 e 4.12). Os variantes
naturais putativamente neutros E1352K e C1372Y, tanto no modelo em levedura quanto
em células humanas, apresentaram atividades semelhantes aos controles positivos.
Assim como os demais variantes naturais, o variante putativamente deletério Q1395R
mostrou atividade semelhante aos controles positivos no modelo em células humanas,
95
porém, no modelo em levedura, sua atividade foi comparativamente menor (72,2%),
mas este resultado não foi estatisticamente significativo (Fig. 4.10).
A classificação prévia dos variantes do estudo pelas ferramentas in silico,
particularmente pelo Align GV/GD, não corroborou os resultados obtidos no ensaio
funcional, ao menos quando são usados os mesmos critérios (limiares) adotados para
análise no contexto 13/24.
A inexistência de variantes controle na região do estudo não nos permitiu estimar
um limiar (uma referência) de atividade que discriminasse variantes neutros e deletérios.
Assim, torna-se questionável classificar os variantes utilizando os critérios adotados
para o contexto 13/24, como também há margem para o questionamento da
confiabilidade da classificação a partir das ferramentas in silico.
Lee e colaboradores (2010) demonstraram a inconsistência entre a classificação
quanto à atividade de transativação transcricional de alguns variantes e sua
classificação preditiva pelo Align GV/GD (LEE et al, 2010). Tendo em vista essa
premissa, variantes classificados como deletérios por essa ferramenta poderiam ser
neutros.
Alguns variantes analisados no estudo apresentaram atividades
significativamente maiores do que a construção selvagem, como por exemplo, no
ensaio em levedura, os variantes D1381Y (142,2%) e Q1388L (143,7%) e no ensaio em
células humanas, os variantes S1370F (173,4%), D1381Y (179,5%) e Q1388L (168,3%)
(Figs. 4.9 e 4.11). Phelan e colaboradores (2005) reportaram variantes com atividade
de transativação transcricional relativa bastante elevada quando comparada a
construção selvagem. Os variantes H1402Y e H1421Y apresentaram atividades
superiores a 150% em células de levedura 250% em células humanas; já o variante
96
S1521I apresentou atividade em torno de 300% no ensaio em células humanas
(PHELAN et al, 2005).
Curiosamente, os variantes H1402Y e H1421Y residem em sítios do domínio
coiled-coil (resíduos 1391-1424) de BRCA1, e os variantes S1370F, D1381Y e Q1388L
se localizam na circunvizinhança próxima ao domínio. É possível esse fenômeno seja
característico de variantes localizados nessa região que reflitam variações na estrutura
tridimensional do domínio, e, por conseguinte, na capacidade de transativação
transcricional da proteína (Fig. 4.8).
Diferente das análises funcionais no contexto 13/24, onde apenas uma parte do
domínio coiled-coil está presente nas construções (resíduos 1396-1424), nas análises
no contexto 11/24 todo o domínio coiled-coil está presente nas construções (resíduos
1391-1424). É possível que a presença do domínio coiled-coil completo no contexto de
análise modifique funcionalmente o comportamento da proteína no ensaio (Fig. 4.8).
A região de extensão do ensaio, além de englobar o domínio coiled-coil, encerra
parte de uma região previamente denominada como domínio AD1 (resíduos 1293-1560)
(HU et al, 2000). Foi demonstrado que o domínio AD1 promove transativação
transcricional de forma análoga porém independente dos domínios BRCT; quando
juntos no mesmo contexto, os domínios AD1 e BRCT promovem ativação transcricional
de forma sinérgica (HU et al, 2000). É plausível inferir que, de alguma forma, AD1
influencie mais consistentemente o contexto 11/24 do que o contexto 13/24.
Os domínios coiled-coil são conhecidos por sua capacidade de interação com
outras proteínas (LUPAS, 1996). O domínio coiled-coil de BRCA1 não é diferente, e ao
se ligar a um parceiro de interação, poderia influenciar a capacidade de transativação
transcricional da proteína. Dados não publicados de nosso grupo indicam uma provável
interação estrutural entre os domínios BRCTs de BRCA1 e o domínio coiled-coil.
97
Segundo essa hipótese essa interação deveria ser desfeita para que os BRCTs
tivessem acesso à maquinaria transcricional e mediar sua atividade de transativação
transcricional. Logo, a presença de um parceiro de interação na região coiled-coil faria
com que os BRCTs ficassem livres para conduzir a transcrição. Caso confirmada, a
hipótese poderia ser considerada para justificar a atividade transcricional particular dos
variantes localizados na região de extensão do estudo. Dados do grupo indicam PALB2
como provável participante nesse processo.
A interação de BRCA1 com PALB2 é mediada pelos domínios coiled-coil de
ambas as proteínas (ZHANG et al, 2009). BRCA1 interage com a porção N-terminal de
PALB2 (região que encerra seu domínio coiled-coil) através da região limitada pelos
resíduos de aminoácidos 1314-1537; deleções seriadas dessa região de BRCA1
diminuem a capacidade de interação. Uma vez alterada a estrutura do domínio coiled-
coil de BRCA1 a capacidade de interação entre as proteínas é perdida (SY, HUEN e
CHEN, 2009).
Considerando as limitações observadas na análise de variantes na região de
extensão do estudo (resíduos 1315-1395), avaliar a capacidade de interação das
construções no contexto 11/24 com PALB2.
Baseado nessas observações, nosso grupo vem trabalhando numa estratégia
para contornar a limitação observada na análise de variantes presentes na região de
extensão do estudo (1315-1395). É possível que a presença desses variantes possa
interferir na capacidade de BRCA1 interagir com PALB2, essa característica pode ser
utilizada para estruturar uma possível ferramenta de avaliação funcional alternativa.
Sy e colaboradores (2009) mostraram que a interação de BRCA1 com BRCA2 é
mediada por PALB2, sugerindo que essa interação seria determinante para o controle
ideal de processos de recombinação homóloga mediados por BRCA1 e BRCA2, haja
98
visto que mutações deletérias que abolem a interação BRCA1-PALB2 (logo BRCA1-
BRCA2) diminuem significativamente o potencial de recombinação homóloga (SY,
HUEN e CHEN, 2009). Assim, a capacidade de um variante de interferir ou não nessa
interação poderia ser avaliada como uma característica funcional.
O padrão de expressão protéica de todas as construções avaliadas no estudo foi
analisado por immunoblotting (Figs. 4.13 e 4.14). Foram observadas variações no
padrão de expressão entre os produtos analisados. Diferenças nos níveis de expressão
protéica já foram observadas em outros estudos de avaliação de transativação
transcricional de BRCA1 (HAYES et al, 2000; CARVALHO et al, 2007), e essas
diferenças são comumente associadas a variações na estabilidade dessas proteínas
e/ou de seus transcritos (NELSON e HOLT, 2010).
O ensaio de transativação transcricional conduzido no contexto 11/24
demonstrou limitações quanto à capacidade de se classificar variantes que localizados
na região de extensão do estudo (resíduos 1313-1395). É possível que variantes nessa
região não interfiram na capacidade de transativação transcricional dos domínios BRCT,
demonstrando uma limitação desse ensaio funcional, restringindo-o à região
previamente validada, no contexto dos éxons 13 a 24 (resíduos 1396-1863).
O status funcional de um variante sempre será acessado por ensaios baseados
em dados funcionais previamente caracterizados (CARVALHO et al, 2007; MILLOT et al,
no prelo). Esse status nem sempre pode ser acessado de maneira eficiente por um
único estudo funcional, pois é necessário que este variante seja capaz de modificar a
função específica em avaliação, o que não ilustra necessariamente o real impacto
dessa mutação na função global da proteína (MILLOT et al, no prelo).
Dessa maneira, estudos que contribuam para um melhor conhecimento sobre as
funções de BRCA1 favorecem o desenvolvimento de novos ensaios funcionais, ou o
99
aperfeiçoamento dos já existentes, para que possam, eventualmente, contemplar novas
regiões e/ou novas funções, aumentando assim a gama de variantes satisfatoriamente
classificados quanto ao risco de associação ao câncer.
100
6 CONCLUSÕES
• Foram comparadas as atividades de transativação transcricional de construções
selvagens de BRCA1 no contexto 13/24 e 11/24; a atividade de ativação
transcricional observada no contexto 11/24 foi menor do que a observada no
contexto 13/24.
• Foi avaliado o comportamento de controles previamente validados no contexto
13/24 e seus correspondentes no contexto 11/24; a atividade de ativação
transcricional observada nos controles no contexto 13/24 e 11/24 foram
equivalentes.
• Foram identificados dezesseis variantes naturais (descritos na população)
presentes na região limitada pelos resíduos 1315-1395 (região de extensão do
estudo); destes, três foram selecionados para análise neste estudo.
• Foram analisadas todas as possíveis substituições nos resíduos de aminoácido
na região de extensão do estudo e suas classificações preditivas por ferramentas
in silico; entre os variantes analisados foram selecionados sete variantes
sintéticos de perfil preditivo putativamente neutros e deletérios.
• Foram avaliados funcionalmente, nos modelos em levedura e células humanas,
dez variantes selecionados no estudo juntamente com os controles positivos e
negativos; segundo os critérios de classificação definidos para o contexto 13/24,
todos os variantes analisados no contexto 13/24 apresentam um perfil neutro.
• A inexistência de variantes controle na região de extensão do estudo limita, por
ora, a utilização do ensaio de transativação transcricional no contexto 11/24
101
como uma ferramenta confiável para a classificação de variantes situados na
região que encerra os resíduos 1315-1395.
102
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGATA, S et al. Large genomic deletions inactivate the BRCA2 gene in breast cancer
families. J Med Genet, v.42 (10). 2005.
AMENDOLA, LCB e VIEIRA, R. A contribuição dos genes BRCA na predisposição
hereditária ao câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 51(4), p:325-330.
2005.
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115
8 ANEXO 1
Align GV/GD dos resíduos de aminoácido 1315-1395 de BRCA1 (IARC).
Exon
Nt
position Nt subs
Codon
variation
Aa
position Aa subs GV GD Grade
exon11 3943 c.3943C>A CCT ⇒ ACT 1315 p.P1315T 353.86 0 C0
exon11 3943 c.3943C>G CCT ⇒ GCT 1315 p.P1315A 353.86 0 C0
exon11 3943 c.3943C>T CCT ⇒ TCT 1315 p.P1315S 353.86 0 C0
exon11 3944 c.3944C>A CCT ⇒ CAT 1315 p.P1315H 353.86 0 C0
exon11 3944 c.3944C>G CCT ⇒ CGT 1315 p.P1315R 353.86 0 C0
exon11 3944 c.3944C>T CCT ⇒ CTT 1315 p.P1315L 353.86 0 C0
exon11 3946 c.3946T>C TTC ⇒ CTC 1316 p.F1316L 353.86 0 C0
exon11 3946 c.3946T>G TTC ⇒ GTC 1316 p.F1316V 353.86 0 C0
exon11 3946 c.3946T>A TTC ⇒ ATC 1316 p.F1316I 353.86 0 C0
exon11 3947 c.3947T>C TTC ⇒ TCC 1316 p.F1316S 353.86 0 C0
exon11 3947 c.3947T>G TTC ⇒ TGC 1316 p.F1316C 353.86 0 C0
exon11 3947 c.3947T>A TTC ⇒ TAC 1316 p.F1316Y 353.86 0 C0
exon11 3948 c.3948C>A TTC ⇒ TTA 1316 p.F1316L 353.86 0 C0
exon11 3948 c.3948C>G TTC ⇒ TTG 1316 p.F1316L 353.86 0 C0
exon11 3949 c.3949T>G TTG ⇒ GTG 1317 p.L1317V 353.86 0 C0
exon11 3949 c.3949T>A TTG ⇒ ATG 1317 p.L1317M 353.86 0 C0
exon11 3950 c.3950T>C TTG ⇒ TCG 1317 p.L1317S 353.86 0 C0
exon11 3950 c.3950T>G TTG ⇒ TGG 1317 p.L1317W 353.86 0 C0
exon11 3951 c.3951G>C TTG ⇒ TTC 1317 p.L1317F 353.86 0 C0
exon11 3951 c.3951G>T TTG ⇒ TTT 1317 p.L1317F 353.86 0 C0
exon11 3952 c.3952A>C ATT ⇒ CTT 1318 p.I1318L 353.86 0 C0
exon11 3952 c.3952A>G ATT ⇒ GTT 1318 p.I1318V 353.86 0 C0
exon11 3952 c.3952A>T ATT ⇒ TTT 1318 p.I1318F 353.86 0 C0
exon11 3953 c.3953T>C ATT ⇒ ACT 1318 p.I1318T 353.86 0 C0
exon11 3953 c.3953T>G ATT ⇒ AGT 1318 p.I1318S 353.86 0 C0
exon11 3953 c.3953T>A ATT ⇒ AAT 1318 p.I1318N 353.86 0 C0
exon11 3954 c.3954T>G ATT ⇒ ATG 1318 p.I1318M 353.86 0 C0
exon11 3955 c.3955G>C GGT ⇒ CGT 1319 p.G1319R 353.86 0 C0
exon11 3955 c.3955G>A GGT ⇒ AGT 1319 p.G1319S 353.86 0 C0
exon11 3955 c.3955G>T GGT ⇒ TGT 1319 p.G1319C 353.86 0 C0
exon11 3956 c.3956G>C GGT ⇒ GCT 1319 p.G1319A 353.86 0 C0
exon11 3956 c.3956G>A GGT ⇒ GAT 1319 p.G1319D 353.86 0 C0
exon11 3956 c.3956G>T GGT ⇒ GTT 1319 p.G1319V 353.86 0 C0
exon11 3958 c.3958T>C TCT ⇒ CCT 1320 p.S1320P 353.86 0 C0
exon11 3958 c.3958T>G TCT ⇒ GCT 1320 p.S1320A 353.86 0 C0
exon11 3958 c.3958T>A TCT ⇒ ACT 1320 p.S1320T 353.86 0 C0
exon11 3959 c.3959C>A TCT ⇒ TAT 1320 p.S1320Y 353.86 0 C0
exon11 3959 c.3959C>G TCT ⇒ TGT 1320 p.S1320C 353.86 0 C0
exon11 3959 c.3959C>T TCT ⇒ TTT 1320 p.S1320F 353.86 0 C0
exon11 3961 c.3961T>C TCC ⇒ CCC 1321 p.S1321P 353.86 0 C0
exon11 3961 c.3961T>G TCC ⇒ GCC 1321 p.S1321A 353.86 0 C0
exon11 3961 c.3961T>A TCC ⇒ ACC 1321 p.S1321T 353.86 0 C0
exon11 3962 c.3962C>A TCC ⇒ TAC 1321 p.S1321Y 353.86 0 C0
exon11 3962 c.3962C>G TCC ⇒ TGC 1321 p.S1321C 353.86 0 C0
116
exon11 3962 c.3962C>T TCC ⇒ TTC 1321 p.S1321F 353.86 0 C0
exon11 3964 c.3964A>C AAA ⇒ CAA 1322 p.K1322Q 353.86 0 C0
exon11 3964 c.3964A>G AAA ⇒ GAA 1322 p.K1322E 353.86 0 C0
exon11 3965 c.3965A>C AAA ⇒ ACA 1322 p.K1322T 353.86 0 C0
exon11 3965 c.3965A>G AAA ⇒ AGA 1322 p.K1322R 353.86 0 C0
exon11 3965 c.3965A>T AAA ⇒ ATA 1322 p.K1322I 353.86 0 C0
exon11 3966 c.3966A>C AAA ⇒ AAC 1322 p.K1322N 353.86 0 C0
exon11 3966 c.3966A>T AAA ⇒ AAT 1322 p.K1322N 353.86 0 C0
exon11 3967 c.3967C>A CAA ⇒ AAA 1323 p.Q1323K 353.86 0 C0
exon11 3967 c.3967C>G CAA ⇒ GAA 1323 p.Q1323E 353.86 0 C0
exon11 3968 c.3968A>C CAA ⇒ CCA 1323 p.Q1323P 353.86 0 C0
exon11 3968 c.3968A>G CAA ⇒ CGA 1323 p.Q1323R 353.86 0 C0
exon11 3968 c.3968A>T CAA ⇒ CTA 1323 p.Q1323L 353.86 0 C0
exon11 3969 c.3969A>C CAA ⇒ CAC 1323 p.Q1323H 353.86 0 C0
exon11 3969 c.3969A>T CAA ⇒ CAT 1323 p.Q1323H 353.86 0 C0
exon11 3970 c.3970A>C ATG ⇒ CTG 1324 p.M1324L 353.86 0 C0
exon11 3970 c.3970A>G ATG ⇒ GTG 1324 p.M1324V 353.86 0 C0
exon11 3970 c.3970A>T ATG ⇒ TTG 1324 p.M1324L 353.86 0 C0
exon11 3971 c.3971T>C ATG ⇒ ACG 1324 p.M1324T 353.86 0 C0
exon11 3971 c.3971T>G ATG ⇒ AGG 1324 p.M1324R 353.86 0 C0
exon11 3971 c.3971T>A ATG ⇒ AAG 1324 p.M1324K 353.86 0 C0
exon11 3972 c.3972G>C ATG ⇒ ATC 1324 p.M1324I 353.86 0 C0
exon11 3972 c.3972G>A ATG ⇒ ATA 1324 p.M1324I 353.86 0 C0
exon11 3972 c.3972G>T ATG ⇒ ATT 1324 p.M1324I 353.86 0 C0
exon11 3973 c.3973A>G AGG ⇒ GGG 1325 p.R1325G 353.86 0 C0
exon11 3973 c.3973A>T AGG ⇒ TGG 1325 p.R1325W 353.86 0 C0
exon11 3974 c.3974G>C AGG ⇒ ACG 1325 p.R1325T 353.86 0 C0
exon11 3974 c.3974G>A AGG ⇒ AAG 1325 p.R1325K 353.86 0 C0
exon11 3974 c.3974G>T AGG ⇒ ATG 1325 p.R1325M 353.86 0 C0
exon11 3975 c.3975G>C AGG ⇒ AGC 1325 p.R1325S 353.86 0 C0
exon11 3975 c.3975G>T AGG ⇒ AGT 1325 p.R1325S 353.86 0 C0
exon11 3976 c.3976C>A CAT ⇒ AAT 1326 p.H1326N 353.86 0 C0
exon11 3976 c.3976C>G CAT ⇒ GAT 1326 p.H1326D 353.86 0 C0
exon11 3976 c.3976C>T CAT ⇒ TAT 1326 p.H1326Y 353.86 0 C0
exon11 3977 c.3977A>C CAT ⇒ CCT 1326 p.H1326P 353.86 0 C0
exon11 3977 c.3977A>G CAT ⇒ CGT 1326 p.H1326R 353.86 0 C0
exon11 3977 c.3977A>T CAT ⇒ CTT 1326 p.H1326L 353.86 0 C0
exon11 3978 c.3978T>G CAT ⇒ CAG 1326 p.H1326Q 353.86 0 C0
exon11 3978 c.3978T>A CAT ⇒ CAA 1326 p.H1326Q 353.86 0 C0
exon11 3979 c.3979C>A CAG ⇒ AAG 1327 p.Q1327K 353.86 0 C0
exon11 3979 c.3979C>G CAG ⇒ GAG 1327 p.Q1327E 353.86 0 C0
exon11 3980 c.3980A>C CAG ⇒ CCG 1327 p.Q1327P 353.86 0 C0
exon11 3980 c.3980A>G CAG ⇒ CGG 1327 p.Q1327R 353.86 0 C0
exon11 3980 c.3980A>T CAG ⇒ CTG 1327 p.Q1327L 353.86 0 C0
exon11 3981 c.3981G>C CAG ⇒ CAC 1327 p.Q1327H 353.86 0 C0
exon11 3981 c.3981G>T CAG ⇒ CAT 1327 p.Q1327H 353.86 0 C0
exon11 3982 c.3982T>C TCT ⇒ CCT 1328 p.S1328P 353.86 0 C0
exon11 3982 c.3982T>G TCT ⇒ GCT 1328 p.S1328A 353.86 0 C0
exon11 3982 c.3982T>A TCT ⇒ ACT 1328 p.S1328T 353.86 0 C0
exon11 3983 c.3983C>A TCT ⇒ TAT 1328 p.S1328Y 353.86 0 C0
exon11 3983 c.3983C>G TCT ⇒ TGT 1328 p.S1328C 353.86 0 C0
exon11 3983 c.3983C>T TCT ⇒ TTT 1328 p.S1328F 353.86 0 C0
exon11 3985 c.3985G>C GAA ⇒ CAA 1329 p.E1329Q 353.86 0 C0
117
exon11 3985 c.3985G>A GAA ⇒ AAA 1329 p.E1329K 353.86 0 C0
exon11 3986 c.3986A>C GAA ⇒ GCA 1329 p.E1329A 353.86 0 C0
exon11 3986 c.3986A>G GAA ⇒ GGA 1329 p.E1329G 353.86 0 C0
exon11 3986 c.3986A>T GAA ⇒ GTA 1329 p.E1329V 353.86 0 C0
exon11 3987 c.3987A>C GAA ⇒ GAC 1329 p.E1329D 353.86 0 C0
exon11 3987 c.3987A>T GAA ⇒ GAT 1329 p.E1329D 353.86 0 C0
exon11 3988 c.3988A>C AGC ⇒ CGC 1330 p.S1330R 353.86 0 C0
exon11 3988 c.3988A>G AGC ⇒ GGC 1330 p.S1330G 353.86 0 C0
exon11 3988 c.3988A>T AGC ⇒ TGC 1330 p.S1330C 353.86 0 C0
exon11 3989 c.3989G>C AGC ⇒ ACC 1330 p.S1330T 353.86 0 C0
exon11 3989 c.3989G>A AGC ⇒ AAC 1330 p.S1330N 353.86 0 C0
exon11 3989 c.3989G>T AGC ⇒ ATC 1330 p.S1330I 353.86 0 C0
exon11 3990 c.3990C>A AGC ⇒ AGA 1330 p.S1330R 353.86 0 C0
exon11 3990 c.3990C>G AGC ⇒ AGG 1330 p.S1330R 353.86 0 C0
exon11 3991 c.3991C>A CAG ⇒ AAG 1331 p.Q1331K 353.86 0 C0
exon11 3991 c.3991C>G CAG ⇒ GAG 1331 p.Q1331E 353.86 0 C0
exon11 3992 c.3992A>C CAG ⇒ CCG 1331 p.Q1331P 353.86 0 C0
exon11 3992 c.3992A>G CAG ⇒ CGG 1331 p.Q1331R 353.86 0 C0
exon11 3992 c.3992A>T CAG ⇒ CTG 1331 p.Q1331L 353.86 0 C0
exon11 3993 c.3993G>C CAG ⇒ CAC 1331 p.Q1331H 353.86 0 C0
exon11 3993 c.3993G>T CAG ⇒ CAT 1331 p.Q1331H 353.86 0 C0
exon11 3994 c.3994G>C GGA ⇒ CGA 1332 p.G1332R 353.86 0 C0
exon11 3994 c.3994G>A GGA ⇒ AGA 1332 p.G1332R 353.86 0 C0
exon11 3995 c.3995G>C GGA ⇒ GCA 1332 p.G1332A 353.86 0 C0
exon11 3995 c.3995G>A GGA ⇒ GAA 1332 p.G1332E 353.86 0 C0
exon11 3995 c.3995G>T GGA ⇒ GTA 1332 p.G1332V 353.86 0 C0
exon11 3997 c.3997G>C GTT ⇒ CTT 1333 p.V1333L 353.86 0 C0
exon11 3997 c.3997G>A GTT ⇒ ATT 1333 p.V1333I 353.86 0 C0
exon11 3997 c.3997G>T GTT ⇒ TTT 1333 p.V1333F 353.86 0 C0
exon11 3998 c.3998T>C GTT ⇒ GCT 1333 p.V1333A 353.86 0 C0
exon11 3998 c.3998T>G GTT ⇒ GGT 1333 p.V1333G 353.86 0 C0
exon11 3998 c.3998T>A GTT ⇒ GAT 1333 p.V1333D 353.86 0 C0
exon11 4000 c.4000G>C GGT ⇒ CGT 1334 p.G1334R 353.86 0 C0
exon11 4000 c.4000G>A GGT ⇒ AGT 1334 p.G1334S 353.86 0 C0
exon11 4000 c.4000G>T GGT ⇒ TGT 1334 p.G1334C 353.86 0 C0
exon11 4001 c.4001G>C GGT ⇒ GCT 1334 p.G1334A 353.86 0 C0
exon11 4001 c.4001G>A GGT ⇒ GAT 1334 p.G1334D 353.86 0 C0
exon11 4001 c.4001G>T GGT ⇒ GTT 1334 p.G1334V 353.86 0 C0
exon11 4003 c.4003C>A CTG ⇒ ATG 1335 p.L1335M 243.92 0 C0
exon11 4003 c.4003C>G CTG ⇒ GTG 1335 p.L1335V 243.92 0 C0
exon11 4004 c.4004T>C CTG ⇒ CCG 1335 p.L1335P 243.92 0 C0
exon11 4004 c.4004T>G CTG ⇒ CGG 1335 p.L1335R 243.92 27.62 C0
exon11 4004 c.4004T>A CTG ⇒ CAG 1335 p.L1335Q 243.92 24.28 C0
exon11 4006 c.4006A>C AGT ⇒ CGT 1336 p.S1336R 264.55 0 C0
exon11 4006 c.4006A>G AGT ⇒ GGT 1336 p.S1336G 264.55 0 C0
exon11 4006 c.4006A>T AGT ⇒ TGT 1336 p.S1336C 264.55 0 C0
exon11 4007 c.4007G>C AGT ⇒ ACT 1336 p.S1336T 264.55 0 C0
exon11 4007 c.4007G>A AGT ⇒ AAT 1336 p.S1336N 264.55 0 C0
exon11 4007 c.4007G>T AGT ⇒ ATT 1336 p.S1336I 264.55 0 C0
exon11 4008 c.4008T>G AGT ⇒ AGG 1336 p.S1336R 264.55 0 C0
exon11 4008 c.4008T>A AGT ⇒ AGA 1336 p.S1336R 264.55 0 C0
exon11 4009 c.4009G>C GAC ⇒ CAC 1337 p.D1337H 268.84 0 C0
exon11 4009 c.4009G>A GAC ⇒ AAC 1337 p.D1337N 268.84 0 C0
118
exon11 4009 c.4009G>T GAC ⇒ TAC 1337 p.D1337Y 268.84 25.33 C0
exon11 4010 c.4010A>C GAC ⇒ GCC 1337 p.D1337A 268.84 0 C0
exon11 4010 c.4010A>G GAC ⇒ GGC 1337 p.D1337G 268.84 0 C0
exon11 4010 c.4010A>T GAC ⇒ GTC 1337 p.D1337V 268.84 0 C0
exon11 4011 c.4011C>A GAC ⇒ GAA 1337 p.D1337E 268.84 0 C0
exon11 4011 c.4011C>G GAC ⇒ GAG 1337 p.D1337E 268.84 0 C0
exon11 4012 c.4012A>C AAG ⇒ CAG 1338 p.K1338Q 266.34 0 C0
exon11 4012 c.4012A>G AAG ⇒ GAG 1338 p.K1338E 266.34 0 C0
exon11 4013 c.4013A>C AAG ⇒ ACG 1338 p.K1338T 266.34 0 C0
exon11 4013 c.4013A>G AAG ⇒ AGG 1338 p.K1338R 266.34 5.07 C0
exon11 4013 c.4013A>T AAG ⇒ ATG 1338 p.K1338M 266.34 0 C0
exon11 4014 c.4014G>C AAG ⇒ AAC 1338 p.K1338N 266.34 0 C0
exon11 4014 c.4014G>T AAG ⇒ AAT 1338 p.K1338N 266.34 0 C0
exon11 4015 c.4015G>C GAA ⇒ CAA 1339 p.E1339Q 251.14 0 C0
exon11 4015 c.4015G>A GAA ⇒ AAA 1339 p.E1339K 251.14 0 C0
exon11 4016 c.4016A>C GAA ⇒ GCA 1339 p.E1339A 251.14 0 C0
exon11 4016 c.4016A>G GAA ⇒ GGA 1339 p.E1339G 251.14 0 C0
exon11 4016 c.4016A>T GAA ⇒ GTA 1339 p.E1339V 251.14 33.99 C0
exon11 4017 c.4017A>C GAA ⇒ GAC 1339 p.E1339D 251.14 11.33 C0
exon11 4017 c.4017A>T GAA ⇒ GAT 1339 p.E1339D 251.14 11.33 C0
exon11 4018 c.4018T>G TTG ⇒ GTG 1340 p.L1340V 272.33 0 C0
exon11 4018 c.4018T>A TTG ⇒ ATG 1340 p.L1340M 272.33 0 C0
exon11 4019 c.4019T>C TTG ⇒ TCG 1340 p.L1340S 272.33 0 C0
exon11 4019 c.4019T>G TTG ⇒ TGG 1340 p.L1340W 272.33 51.67 C0
exon11 4020 c.4020G>C TTG ⇒ TTC 1340 p.L1340F 272.33 13.17 C0
exon11 4020 c.4020G>T TTG ⇒ TTT 1340 p.L1340F 272.33 13.17 C0
exon11 4021 c.4021G>C GTT ⇒ CTT 1341 p.V1341L 353.86 0 C0
exon11 4021 c.4021G>A GTT ⇒ ATT 1341 p.V1341I 353.86 0 C0
exon11 4021 c.4021G>T GTT ⇒ TTT 1341 p.V1341F 353.86 0 C0
exon11 4022 c.4022T>C GTT ⇒ GCT 1341 p.V1341A 353.86 0 C0
exon11 4022 c.4022T>G GTT ⇒ GGT 1341 p.V1341G 353.86 0 C0
exon11 4022 c.4022T>A GTT ⇒ GAT 1341 p.V1341D 353.86 0 C0
exon11 4024 c.4024T>C TCA ⇒ CCA 1342 p.S1342P 353.86 0 C0
exon11 4024 c.4024T>G TCA ⇒ GCA 1342 p.S1342A 353.86 0 C0
exon11 4024 c.4024T>A TCA ⇒ ACA 1342 p.S1342T 353.86 0 C0
exon11 4025 c.4025C>T TCA ⇒ TTA 1342 p.S1342L 353.86 0 C0
exon11 4027 c.4027G>C GAT ⇒ CAT 1343 p.D1343H 353.86 0 C0
exon11 4027 c.4027G>A GAT ⇒ AAT 1343 p.D1343N 353.86 0 C0
exon11 4027 c.4027G>T GAT ⇒ TAT 1343 p.D1343Y 353.86 0 C0
exon11 4028 c.4028A>C GAT ⇒ GCT 1343 p.D1343A 353.86 0 C0
exon11 4028 c.4028A>G GAT ⇒ GGT 1343 p.D1343G 353.86 0 C0
exon11 4028 c.4028A>T GAT ⇒ GTT 1343 p.D1343V 353.86 0 C0
exon11 4029 c.4029T>G GAT ⇒ GAG 1343 p.D1343E 353.86 0 C0
exon11 4029 c.4029T>A GAT ⇒ GAA 1343 p.D1343E 353.86 0 C0
exon11 4030 c.4030G>C GAT ⇒ CAT 1344 p.D1344H 353.86 0 C0
exon11 4030 c.4030G>A GAT ⇒ AAT 1344 p.D1344N 353.86 0 C0
exon11 4030 c.4030G>T GAT ⇒ TAT 1344 p.D1344Y 353.86 0 C0
exon11 4031 c.4031A>C GAT ⇒ GCT 1344 p.D1344A 353.86 0 C0
exon11 4031 c.4031A>G GAT ⇒ GGT 1344 p.D1344G 353.86 0 C0
exon11 4031 c.4031A>T GAT ⇒ GTT 1344 p.D1344V 353.86 0 C0
exon11 4032 c.4032T>G GAT ⇒ GAG 1344 p.D1344E 353.86 0 C0
exon11 4032 c.4032T>A GAT ⇒ GAA 1344 p.D1344E 353.86 0 C0
exon11 4033 c.4033G>C GAA ⇒ CAA 1345 p.E1345Q 353.86 0 C0
119
exon11 4033 c.4033G>A GAA ⇒ AAA 1345 p.E1345K 353.86 0 C0
exon11 4034 c.4034A>C GAA ⇒ GCA 1345 p.E1345A 353.86 0 C0
exon11 4034 c.4034A>G GAA ⇒ GGA 1345 p.E1345G 353.86 0 C0
exon11 4034 c.4034A>T GAA ⇒ GTA 1345 p.E1345V 353.86 0 C0
exon11 4035 c.4035A>C GAA ⇒ GAC 1345 p.E1345D 353.86 0 C0
exon11 4035 c.4035A>T GAA ⇒ GAT 1345 p.E1345D 353.86 0 C0
exon11 4036 c.4036G>C GAA ⇒ CAA 1346 p.E1346Q 353.86 0 C0
exon11 4036 c.4036G>A GAA ⇒ AAA 1346 p.E1346K 353.86 0 C0
exon11 4037 c.4037A>C GAA ⇒ GCA 1346 p.E1346A 353.86 0 C0
exon11 4037 c.4037A>G GAA ⇒ GGA 1346 p.E1346G 353.86 0 C0
exon11 4037 c.4037A>T GAA ⇒ GTA 1346 p.E1346V 353.86 0 C0
exon11 4038 c.4038A>C GAA ⇒ GAC 1346 p.E1346D 353.86 0 C0
exon11 4038 c.4038A>T GAA ⇒ GAT 1346 p.E1346D 353.86 0 C0
exon11 4039 c.4039A>G AGA ⇒ GGA 1347 p.R1347G 353.86 0 C0
exon11 4040 c.4040G>C AGA ⇒ ACA 1347 p.R1347T 353.86 0 C0
exon11 4040 c.4040G>A AGA ⇒ AAA 1347 p.R1347K 353.86 0 C0
exon11 4040 c.4040G>T AGA ⇒ ATA 1347 p.R1347I 353.86 0 C0
exon11 4041 c.4041A>C AGA ⇒ AGC 1347 p.R1347S 353.86 0 C0
exon11 4041 c.4041A>T AGA ⇒ AGT 1347 p.R1347S 353.86 0 C0
exon11 4042 c.4042G>C GGA ⇒ CGA 1348 p.G1348R 264.92 5.07 C0
exon11 4042 c.4042G>A GGA ⇒ AGA 1348 p.G1348R 264.92 5.07 C0
exon11 4043 c.4043G>C GGA ⇒ GCA 1348 p.G1348A 264.92 0 C0
exon11 4043 c.4043G>A GGA ⇒ GAA 1348 p.G1348E 264.92 0 C0
exon11 4043 c.4043G>T GGA ⇒ GTA 1348 p.G1348V 264.92 0 C0
exon11 4045 c.4045A>C ACG ⇒ CCG 1349 p.T1349P 241.6 0 C0
exon11 4045 c.4045A>G ACG ⇒ GCG 1349 p.T1349A 241.6 0 C0
exon11 4045 c.4045A>T ACG ⇒ TCG 1349 p.T1349S 241.6 0 C0
exon11 4046 c.4046C>A ACG ⇒ AAG 1349 p.T1349K 241.6 34.45 C0
exon11 4046 c.4046C>G ACG ⇒ AGG 1349 p.T1349R 241.6 39.51 C0
exon11 4046 c.4046C>T ACG ⇒ ATG 1349 p.T1349M 241.6 20.52 C0
exon11 4048 c.4048G>C GGC ⇒ CGC 1350 p.G1350R 253.47 41.54 C0
exon11 4048 c.4048G>A GGC ⇒ AGC 1350 p.G1350S 253.47 0 C0
exon11 4048 c.4048G>T GGC ⇒ TGC 1350 p.G1350C 253.47 0 C0
exon11 4049 c.4049G>C GGC ⇒ GCC 1350 p.G1350A 253.47 0 C0
exon11 4049 c.4049G>A GGC ⇒ GAC 1350 p.G1350D 253.47 0 C0
exon11 4049 c.4049G>T GGC ⇒ GTC 1350 p.G1350V 253.47 2.03 C0
exon11 4051 c.4051T>G TTG ⇒ GTG 1351 p.L1351V 260.21 0 C0
exon11 4051 c.4051T>A TTG ⇒ ATG 1351 p.L1351M 260.21 0 C0
exon11 4052 c.4052T>C TTG ⇒ TCG 1351 p.L1351S 260.21 0 C0
exon11 4052 c.4052T>G TTG ⇒ TGG 1351 p.L1351W 260.21 51.67 C0
exon11 4053 c.4053G>C TTG ⇒ TTC 1351 p.L1351F 260.21 13.17 C0
exon11 4053 c.4053G>T TTG ⇒ TTT 1351 p.L1351F 260.21 13.17 C0
exon11 4054 c.4054G>C GAA ⇒ CAA 1352 p.E1352Q 223.67 17.92 C0
exon11 4054 c.4054G>A GAA ⇒ AAA 1352 p.E1352K 223.67 36.8 C0
exon11 4055 c.4055A>C GAA ⇒ GCA 1352 p.E1352A 223.67 56.64 C0
exon11 4055 c.4055A>G GAA ⇒ GGA 1352 p.E1352G 223.67 42.08 C0
exon11 4055 c.4055A>T GAA ⇒ GTA 1352 p.E1352V 223.67 92.27 C0
exon11 4056 c.4056A>C GAA ⇒ GAC 1352 p.E1352D 223.67 0 C0
exon11 4056 c.4056A>T GAA ⇒ GAT 1352 p.E1352D 223.67 0 C0
exon11 4057 c.4057G>C GAA ⇒ CAA 1353 p.E1353Q 222.81 29.2 C0
exon11 4057 c.4057G>A GAA ⇒ AAA 1353 p.E1353K 222.81 39.9 C0
exon11 4058 c.4058A>C GAA ⇒ GCA 1353 p.E1353A 222.81 67.97 C0
exon11 4058 c.4058A>G GAA ⇒ GGA 1353 p.E1353G 222.81 53.41 C0
120
exon11 4058 c.4058A>T GAA ⇒ GTA 1353 p.E1353V 222.81 103.6 C0
exon11 4059 c.4059A>C GAA ⇒ GAC 1353 p.E1353D 222.81 0 C0
exon11 4059 c.4059A>T GAA ⇒ GAT 1353 p.E1353D 222.81 0 C0
exon11 4060 c.4060A>C AAT ⇒ CAT 1354 p.N1354H 233.64 13.17 C0
exon11 4060 c.4060A>G AAT ⇒ GAT 1354 p.N1354D 233.64 0 C0
exon11 4060 c.4060A>T AAT ⇒ TAT 1354 p.N1354Y 233.64 66.27 C0
exon11 4061 c.4061A>C AAT ⇒ ACT 1354 p.N1354T 233.64 0 C0
exon11 4061 c.4061A>G AAT ⇒ AGT 1354 p.N1354S 233.64 0 C0
exon11 4061 c.4061A>T AAT ⇒ ATT 1354 p.N1354I 233.64 61.91 C0
exon11 4062 c.4062T>G AAT ⇒ AAG 1354 p.N1354K 233.64 36.47 C0
exon11 4062 c.4062T>A AAT ⇒ AAA 1354 p.N1354K 233.64 36.47 C0
exon11 4063 c.4063A>C AAT ⇒ CAT 1355 p.N1355H 271.19 0 C0
exon11 4063 c.4063A>G AAT ⇒ GAT 1355 p.N1355D 271.19 0 C0
exon11 4063 c.4063A>T AAT ⇒ TAT 1355 p.N1355Y 271.19 0 C0
exon11 4064 c.4064A>C AAT ⇒ ACT 1355 p.N1355T 271.19 0 C0
exon11 4064 c.4064A>G AAT ⇒ AGT 1355 p.N1355S 271.19 0 C0
exon11 4064 c.4064A>T AAT ⇒ ATT 1355 p.N1355I 271.19 16.18 C0
exon11 4065 c.4065T>G AAT ⇒ AAG 1355 p.N1355K 271.19 0 C0
exon11 4065 c.4065T>A AAT ⇒ AAA 1355 p.N1355K 271.19 0 C0
exon11 4066 c.4066C>A CAA ⇒ AAA 1356 p.Q1356K 268.84 8.11 C0
exon11 4066 c.4066C>G CAA ⇒ GAA 1356 p.Q1356E 268.84 0 C0
exon11 4067 c.4067A>C CAA ⇒ CCA 1356 p.Q1356P 268.84 0 C0
exon11 4067 c.4067A>G CAA ⇒ CGA 1356 p.Q1356R 268.84 13.17 C0
exon11 4067 c.4067A>T CAA ⇒ CTA 1356 p.Q1356L 268.84 0 C0
exon11 4068 c.4068A>C CAA ⇒ CAC 1356 p.Q1356H 268.84 0 C0
exon11 4068 c.4068A>T CAA ⇒ CAT 1356 p.Q1356H 268.84 0 C0
exon11 4069 c.4069G>C GAA ⇒ CAA 1357 p.E1357Q 243.06 0 C0
exon11 4069 c.4069G>A GAA ⇒ AAA 1357 p.E1357K 243.06 0 C0
exon11 4070 c.4070A>C GAA ⇒ GCA 1357 p.E1357A 243.06 38.84 C0
exon11 4070 c.4070A>G GAA ⇒ GGA 1357 p.E1357G 243.06 24.28 C0
exon11 4070 c.4070A>T GAA ⇒ GTA 1357 p.E1357V 243.06 74.45 C0
exon11 4071 c.4071A>C GAA ⇒ GAC 1357 p.E1357D 243.06 11.33 C0
exon11 4071 c.4071A>T GAA ⇒ GAT 1357 p.E1357D 243.06 11.33 C0
exon11 4072 c.4072G>C GAG ⇒ CAG 1358 p.E1358Q 222.81 29.2 C0
exon11 4072 c.4072G>A GAG ⇒ AAG 1358 p.E1358K 222.81 39.9 C0
exon11 4073 c.4073A>C GAG ⇒ GCG 1358 p.E1358A 222.81 67.97 C0
exon11 4073 c.4073A>G GAG ⇒ GGG 1358 p.E1358G 222.81 53.41 C0
exon11 4073 c.4073A>T GAG ⇒ GTG 1358 p.E1358V 222.81 103.6 C0
exon11 4074 c.4074G>C GAG ⇒ GAC 1358 p.E1358D 222.81 0 C0
exon11 4074 c.4074G>T GAG ⇒ GAT 1358 p.E1358D 222.81 0 C0
exon11 4075 c.4075C>A CAA ⇒ AAA 1359 p.Q1359K 233.89 34.45 C0
exon11 4075 c.4075C>G CAA ⇒ GAA 1359 p.Q1359E 233.89 0 C0
exon11 4076 c.4076A>C CAA ⇒ CCA 1359 p.Q1359P 233.89 0 C0
exon11 4076 c.4076A>G CAA ⇒ CGA 1359 p.Q1359R 233.89 39.51 C0
exon11 4076 c.4076A>T CAA ⇒ CTA 1359 p.Q1359L 233.89 56.67 C0
exon11 4077 c.4077A>C CAA ⇒ CAC 1359 p.Q1359H 233.89 11.15 C0
exon11 4077 c.4077A>T CAA ⇒ CAT 1359 p.Q1359H 233.89 11.15 C0
exon11 4078 c.4078A>C AGC ⇒ CGC 1360 p.S1360R 353.86 0 C0
exon11 4078 c.4078A>G AGC ⇒ GGC 1360 p.S1360G 353.86 0 C0
exon11 4078 c.4078A>T AGC ⇒ TGC 1360 p.S1360C 353.86 0 C0
exon11 4079 c.4079G>C AGC ⇒ ACC 1360 p.S1360T 353.86 0 C0
exon11 4079 c.4079G>A AGC ⇒ AAC 1360 p.S1360N 353.86 0 C0
exon11 4079 c.4079G>T AGC ⇒ ATC 1360 p.S1360I 353.86 0 C0
121
exon11 4080 c.4080C>A AGC ⇒ AGA 1360 p.S1360R 353.86 0 C0
exon11 4080 c.4080C>G AGC ⇒ AGG 1360 p.S1360R 353.86 0 C0
exon11 4081 c.4081A>C ATG ⇒ CTG 1361 p.M1361L 353.86 0 C0
exon11 4081 c.4081A>G ATG ⇒ GTG 1361 p.M1361V 353.86 0 C0
exon11 4081 c.4081A>T ATG ⇒ TTG 1361 p.M1361L 353.86 0 C0
exon11 4082 c.4082T>C ATG ⇒ ACG 1361 p.M1361T 353.86 0 C0
exon11 4082 c.4082T>G ATG ⇒ AGG 1361 p.M1361R 353.86 0 C0
exon11 4082 c.4082T>A ATG ⇒ AAG 1361 p.M1361K 353.86 0 C0
exon11 4083 c.4083G>C ATG ⇒ ATC 1361 p.M1361I 353.86 0 C0
exon11 4083 c.4083G>A ATG ⇒ ATA 1361 p.M1361I 353.86 0 C0
exon11 4083 c.4083G>T ATG ⇒ ATT 1361 p.M1361I 353.86 0 C0
exon11 4084 c.4084G>C GAT ⇒ CAT 1362 p.D1362H 236.84 0 C0
exon11 4084 c.4084G>A GAT ⇒ AAT 1362 p.D1362N 236.84 0 C0
exon11 4084 c.4084G>T GAT ⇒ TAT 1362 p.D1362Y 236.84 60.79 C0
exon11 4085 c.4085A>C GAT ⇒ GCT 1362 p.D1362A 236.84 14.57 C0
exon11 4085 c.4085A>G GAT ⇒ GGT 1362 p.D1362G 236.84 0 C0
exon11 4085 c.4085A>T GAT ⇒ GTT 1362 p.D1362V 236.84 50.17 C0
exon11 4086 c.4086T>G GAT ⇒ GAG 1362 p.D1362E 236.84 0 C0
exon11 4086 c.4086T>A GAT ⇒ GAA 1362 p.D1362E 236.84 0 C0
exon11 4087 c.4087T>C TCA ⇒ CCA 1363 p.S1363P 209.54 0 C0
exon11 4087 c.4087T>G TCA ⇒ GCA 1363 p.S1363A 209.54 0 C0
exon11 4087 c.4087T>A TCA ⇒ ACA 1363 p.S1363T 209.54 28.88 C0
exon11 4088 c.4088C>T TCA ⇒ TTA 1363 p.S1363L 209.54 94.04 C0
exon11 4090 c.4090A>C AAC ⇒ CAC 1364 p.N1364H 266.51 0 C0
exon11 4090 c.4090A>G AAC ⇒ GAC 1364 p.N1364D 266.51 0 C0
exon11 4090 c.4090A>T AAC ⇒ TAC 1364 p.N1364Y 266.51 25.33 C0
exon11 4091 c.4091A>C AAC ⇒ ACC 1364 p.N1364T 266.51 0 C0
exon11 4091 c.4091A>G AAC ⇒ AGC 1364 p.N1364S 266.51 0 C0
exon11 4091 c.4091A>T AAC ⇒ ATC 1364 p.N1364I 266.51 0 C0
exon11 4092 c.4092C>A AAC ⇒ AAA 1364 p.N1364K 266.51 8.11 C0
exon11 4092 c.4092C>G AAC ⇒ AAG 1364 p.N1364K 266.51 8.11 C0
exon11 4093 c.4093T>G TTA ⇒ GTA 1365 p.L1365V 248.74 0 C0
exon11 4093 c.4093T>A TTA ⇒ ATA 1365 p.L1365I 248.74 0 C0
exon11 4094 c.4094T>C TTA ⇒ TCA 1365 p.L1365S 248.74 48.55 C0
exon11 4095 c.4095A>C TTA ⇒ TTC 1365 p.L1365F 248.74 0 C0
exon11 4095 c.4095A>T TTA ⇒ TTT 1365 p.L1365F 248.74 0 C0
exon11 4096 c.4096G>C GGT ⇒ CGT 1366 p.G1366R 251.13 39.51 C0
exon11 4096 c.4096G>A GGT ⇒ AGT 1366 p.G1366S 251.13 0 C0
exon11 4096 c.4096G>T GGT ⇒ TGT 1366 p.G1366C 251.13 6.47 C0
exon12 4097 c.4097G>C GGT ⇒ GCT 1366 p.G1366A 251.13 0 C0
exon12 4097 c.4097G>A GGT ⇒ GAT 1366 p.G1366D 251.13 0 C0
exon12 4097 c.4097G>T GGT ⇒ GTT 1366 p.G1366V 251.13 0 C0
exon12 4099 c.4099G>C GAA ⇒ CAA 1367 p.E1367Q 246.15 0 C0
exon12 4099 c.4099G>A GAA ⇒ AAA 1367 p.E1367K 246.15 34.45 C0
exon12 4100 c.4100A>C GAA ⇒ GCA 1367 p.E1367A 246.15 0 C0
exon12 4100 c.4100A>G GAA ⇒ GGA 1367 p.E1367G 246.15 0 C0
exon12 4100 c.4100A>T GAA ⇒ GTA 1367 p.E1367V 246.15 0 C0
exon12 4101 c.4101A>C GAA ⇒ GAC 1367 p.E1367D 246.15 11.33 C0
exon12 4101 c.4101A>T GAA ⇒ GAT 1367 p.E1367D 246.15 11.33 C0
exon12 4102 c.4102G>C GCA ⇒ CCA 1368 p.A1368P 353.86 0 C0
exon12 4102 c.4102G>A GCA ⇒ ACA 1368 p.A1368T 353.86 0 C0
exon12 4102 c.4102G>T GCA ⇒ TCA 1368 p.A1368S 353.86 0 C0
exon12 4103 c.4103C>A GCA ⇒ GAA 1368 p.A1368E 353.86 0 C0
122
exon12 4103 c.4103C>G GCA ⇒ GGA 1368 p.A1368G 353.86 0 C0
exon12 4103 c.4103C>T GCA ⇒ GTA 1368 p.A1368V 353.86 0 C0
exon12 4105 c.4105G>C GCA ⇒ CCA 1369 p.A1369P 353.86 0 C0
exon12 4105 c.4105G>A GCA ⇒ ACA 1369 p.A1369T 353.86 0 C0
exon12 4105 c.4105G>T GCA ⇒ TCA 1369 p.A1369S 353.86 0 C0
exon12 4106 c.4106C>A GCA ⇒ GAA 1369 p.A1369E 353.86 0 C0
exon12 4106 c.4106C>G GCA ⇒ GGA 1369 p.A1369G 353.86 0 C0
exon12 4106 c.4106C>T GCA ⇒ GTA 1369 p.A1369V 353.86 0 C0
exon12 4108 c.4108T>C TCT ⇒ CCT 1370 p.S1370P 208.55 19.43 C0
exon12 4108 c.4108T>G TCT ⇒ GCT 1370 p.S1370A 208.55 17.8 C0
exon12 4108 c.4108T>A TCT ⇒ ACT 1370 p.S1370T 208.55 30.95 C0
exon12 4109 c.4109C>G TCT ⇒ TGT 1370 p.S1370C 208.55 64.25 C0
exon12 4109 c.4109C>A TCT ⇒ TAT 1370 p.S1370Y 208.55 116.02 C15
exon12 4109 c.4109C>T TCT ⇒ TTT 1370 p.S1370F 208.55 120.23 C15
exon12 4111 c.4111G>C GGG ⇒ CGG 1371 p.G1371R 231.75 41.54 C0
exon12 4111 c.4111G>A GGG ⇒ AGG 1371 p.G1371R 231.75 41.54 C0
exon12 4111 c.4111G>T GGG ⇒ TGG 1371 p.G1371W 231.75 105.66 C0
exon12 4112 c.4112G>C GGG ⇒ GCG 1371 p.G1371A 231.75 14.57 C0
exon12 4112 c.4112G>A GGG ⇒ GAG 1371 p.G1371E 231.75 0 C0
exon12 4112 c.4112G>T GGG ⇒ GTG 1371 p.G1371V 231.75 50.21 C0
exon12 4114 c.4114T>C TGT ⇒ CGT 1372 p.C1372R 271.19 0 C0
exon12 4114 c.4114T>G TGT ⇒ GGT 1372 p.C1372G 271.19 0 C0
exon12 4114 c.4114T>A TGT ⇒ AGT 1372 p.C1372S 271.19 0 C0
exon12 4115 c.4115G>C TGT ⇒ TCT 1372 p.C1372S 271.19 0 C0
exon12 4115 c.4115G>A TGT ⇒ TAT 1372 p.C1372Y 271.19 0 C0
exon12 4115 c.4115G>T TGT ⇒ TTT 1372 p.C1372F 271.19 4.86 C0
exon12 4116 c.4116T>G TGT ⇒ TGG 1372 p.C1372W 271.19 34.49 C0
exon12 4117 c.4117G>C GAG ⇒ CAG 1373 p.E1373Q 251.13 0 C0
exon12 4117 c.4117G>A GAG ⇒ AAG 1373 p.E1373K 251.13 34.45 C0
exon12 4118 c.4118A>C GAG ⇒ GCG 1373 p.E1373A 251.13 0 C0
exon12 4118 c.4118A>G GAG ⇒ GGG 1373 p.E1373G 251.13 0 C0
exon12 4118 c.4118A>T GAG ⇒ GTG 1373 p.E1373V 251.13 0 C0
exon12 4119 c.4119G>C GAG ⇒ GAC 1373 p.E1373D 251.13 0 C0
exon12 4119 c.4119G>T GAG ⇒ GAT 1373 p.E1373D 251.13 0 C0
exon12 4120 c.4120A>C AGT ⇒ CGT 1374 p.S1374R 208.55 95.56 C0
exon12 4120 c.4120A>G AGT ⇒ GGT 1374 p.S1374G 208.55 3.24 C0
exon12 4120 c.4120A>T AGT ⇒ TGT 1374 p.S1374C 208.55 64.25 C0
exon12 4121 c.4121G>C AGT ⇒ ACT 1374 p.S1374T 208.55 30.95 C0
exon12 4121 c.4121G>A AGT ⇒ AAT 1374 p.S1374N 208.55 45.82 C0
exon12 4121 c.4121G>T AGT ⇒ ATT 1374 p.S1374I 208.55 102.94 C0
exon12 4122 c.4122T>G AGT ⇒ AGG 1374 p.S1374R 208.55 95.56 C0
exon12 4122 c.4122T>A AGT ⇒ AGA 1374 p.S1374R 208.55 95.56 C0
exon12 4123 c.4123G>C GAA ⇒ CAA 1375 p.E1375Q 248.25 2.03 C0
exon12 4123 c.4123G>A GAA ⇒ AAA 1375 p.E1375K 248.25 36.47 C0
exon12 4124 c.4124A>C GAA ⇒ GCA 1375 p.E1375A 248.25 0 C0
exon12 4124 c.4124A>G GAA ⇒ GGA 1375 p.E1375G 248.25 0 C0
exon12 4124 c.4124A>T GAA ⇒ GTA 1375 p.E1375V 248.25 2.03 C0
exon12 4125 c.4125A>C GAA ⇒ GAC 1375 p.E1375D 248.25 11.33 C0
exon12 4125 c.4125A>T GAA ⇒ GAT 1375 p.E1375D 248.25 11.33 C0
exon12 4126 c.4126A>C ACA ⇒ CCA 1376 p.T1376P 215.24 1.62 C0
exon12 4126 c.4126A>G ACA ⇒ GCA 1376 p.T1376A 215.24 0 C0
exon12 4126 c.4126A>T ACA ⇒ TCA 1376 p.T1376S 215.24 9.71 C0
123
exon12 4127 c.4127C>A ACA ⇒ AAA 1376 p.T1376K 215.24 73.23 C0
exon12 4127 c.4127C>G ACA ⇒ AGA 1376 p.T1376R 215.24 70.85 C0
exon12 4127 c.4127C>T ACA ⇒ ATA 1376 p.T1376I 215.24 69.06 C0
exon12 4129 c.4129A>C AGC ⇒ CGC 1377 p.S1377R 217.19 68.9 C0
exon12 4129 c.4129A>G AGC ⇒ GGC 1377 p.S1377G 217.19 3.24 C0
exon12 4129 c.4129A>T AGC ⇒ TGC 1377 p.S1377C 217.19 59.88 C0
exon12 4130 c.4130G>C AGC ⇒ ACC 1377 p.S1377T 217.19 10.95 C0
exon12 4130 c.4130G>A AGC ⇒ AAC 1377 p.S1377N 217.19 0 C0
exon12 4130 c.4130G>T AGC ⇒ ATC 1377 p.S1377I 217.19 85.42 C0
exon12 4131 c.4131C>A AGC ⇒ AGA 1377 p.S1377R 217.19 68.9 C0
exon12 4131 c.4131C>G AGC ⇒ AGG 1377 p.S1377R 217.19 68.9 C0
exon12 4132 c.4132G>C GTC ⇒ CTC 1378 p.V1378L 138.15 0 C0
exon12 4132 c.4132G>A GTC ⇒ ATC 1378 p.V1378I 138.15 0 C0
exon12 4132 c.4132G>T GTC ⇒ TTC 1378 p.V1378F 138.15 8.11 C0
exon12 4133 c.4133T>C GTC ⇒ GCC 1378 p.V1378A 138.15 0 C0
exon12 4133 c.4133T>G GTC ⇒ GGC 1378 p.V1378G 138.15 29.03 C0
exon12 4133 c.4133T>A GTC ⇒ GAC 1378 p.V1378D 138.15 64.42 C0
exon12 4135 c.4135T>C TCT ⇒ CCT 1379 p.S1379P 123.47 0 C0
exon12 4135 c.4135T>G TCT ⇒ GCT 1379 p.S1379A 123.47 1.01 C0
exon12 4135 c.4135T>A TCT ⇒ ACT 1379 p.S1379T 123.47 0 C0
exon12 4136 c.4136C>A TCT ⇒ TAT 1379 p.S1379Y 123.47 51.67 C0
exon12 4136 c.4136C>T TCT ⇒ TTT 1379 p.S1379F 123.47 48.95 C0
exon12 4136 c.4136C>G TCT ⇒ TGT 1379 p.S1379C 123.47 91.56 C15
exon12 4138 c.4138G>C GAA ⇒ CAA 1380 p.E1380Q 107.72 2.03 C0
exon12 4138 c.4138G>A GAA ⇒ AAA 1380 p.E1380K 107.72 46.08 C0
exon12 4139 c.4139A>C GAA ⇒ GCA 1380 p.E1380A 107.72 52.86 C0
exon12 4139 c.4139A>G GAA ⇒ GGA 1380 p.E1380G 107.72 0 C0
exon12 4139 c.4139A>T GAA ⇒ GTA 1380 p.E1380V 107.72 71.44 C0
exon12 4140 c.4140A>C GAA ⇒ GAC 1380 p.E1380D 107.72 11.33 C0
exon12 4140 c.4140A>T GAA ⇒ GAT 1380 p.E1380D 107.72 11.33 C0
exon12 4141 c.4141G>C GAC ⇒ CAC 1381 p.D1381H 125.75 42.55 C0
exon12 4141 c.4141G>A GAC ⇒ AAC 1381 p.D1381N 125.75 2.03 C0
exon12 4141 c.4141G>T GAC ⇒ TAC 1381 p.D1381Y 125.75 88.59 C15
exon12 4142 c.4142A>C GAC ⇒ GCC 1381 p.D1381A 125.75 0 C0
exon12 4142 c.4142A>G GAC ⇒ GGC 1381 p.D1381G 125.75 28.37 C0
exon12 4142 c.4142A>T GAC ⇒ GTC 1381 p.D1381V 125.75 47.48 C0
exon12 4143 c.4143C>A GAC ⇒ GAA 1381 p.D1381E 125.75 29.38 C0
exon12 4143 c.4143C>G GAC ⇒ GAG 1381 p.D1381E 125.75 29.38 C0
exon12 4144 c.4144T>C TGC ⇒ CGC 1382 p.C1382R 214.83 44.77 C0
exon12 4144 c.4144T>G TGC ⇒ GGC 1382 p.C1382G 214.83 0 C0
exon12 4144 c.4144T>A TGC ⇒ AGC 1382 p.C1382S 214.83 0 C0
exon12 4145 c.4145G>C TGC ⇒ TCC 1382 p.C1382S 214.83 0 C0
exon12 4145 c.4145G>A TGC ⇒ TAC 1382 p.C1382Y 214.83 51.67 C0
exon12 4145 c.4145G>T TGC ⇒ TTC 1382 p.C1382F 214.83 47.87 C0
exon12 4146 c.4146C>G TGC ⇒ TGG 1382 p.C1382W 214.83 86.14 C0
exon12 4147 c.4147T>C TCA ⇒ CCA 1383 p.S1383P 239.18 0 C0
exon12 4147 c.4147T>G TCA ⇒ GCA 1383 p.S1383A 239.18 0 C0
exon12 4147 c.4147T>A TCA ⇒ ACA 1383 p.S1383T 239.18 0 C0
exon12 4148 c.4148C>T TCA ⇒ TTA 1383 p.S1383L 239.18 22.2 C0
exon12 4150 c.4150G>C GGG ⇒ CGG 1384 p.G1384R 267.27 0 C0
exon12 4150 c.4150G>A GGG ⇒ AGG 1384 p.G1384R 267.27 0 C0
exon12 4150 c.4150G>T GGG ⇒ TGG 1384 p.G1384W 267.27 46.61 C0
124
exon12 4151 c.4151G>C GGG ⇒ GCG 1384 p.G1384A 267.27 0 C0
exon12 4151 c.4151G>A GGG ⇒ GAG 1384 p.G1384E 267.27 0 C0
exon12 4151 c.4151G>T GGG ⇒ GTG 1384 p.G1384V 267.27 0 C0
exon12 4153 c.4153C>A CTA ⇒ ATA 1385 p.L1385I 244.82 0 C0
exon12 4153 c.4153C>G CTA ⇒ GTA 1385 p.L1385V 244.82 0 C0
exon12 4154 c.4154T>C CTA ⇒ CCA 1385 p.L1385P 244.82 0 C0
exon12 4154 c.4154T>G CTA ⇒ CGA 1385 p.L1385R 244.82 24.82 C0
exon12 4154 c.4154T>A CTA ⇒ CAA 1385 p.L1385Q 244.82 21.04 C0
exon12 4156 c.4156T>C TCC ⇒ CCC 1386 p.S1386P 260.17 0 C0
exon12 4156 c.4156T>G TCC ⇒ GCC 1386 p.S1386A 260.17 0 C0
exon12 4156 c.4156T>A TCC ⇒ ACC 1386 p.S1386T 260.17 0 C0
exon12 4157 c.4157C>A TCC ⇒ TAC 1386 p.S1386Y 260.17 4.05 C0
exon12 4157 c.4157C>G TCC ⇒ TGC 1386 p.S1386C 260.17 0 C0
exon12 4157 c.4157C>T TCC ⇒ TTC 1386 p.S1386F 260.17 0 C0
exon12 4159 c.4159T>C TCT ⇒ CCT 1387 p.S1387P 154.81 0 C0
exon12 4159 c.4159T>G TCT ⇒ GCT 1387 p.S1387A 154.81 1.01 C0
exon12 4159 c.4159T>A TCT ⇒ ACT 1387 p.S1387T 154.81 0 C0
exon12 4160 c.4160C>A TCT ⇒ TAT 1387 p.S1387Y 154.81 4.05 C0
exon12 4160 c.4160C>G TCT ⇒ TGT 1387 p.S1387C 154.81 91.34 C0
exon12 4160 c.4160C>T TCT ⇒ TTT 1387 p.S1387F 154.81 0 C0
exon12 4162 c.4162C>A CAG ⇒ AAG 1388 p.Q1388K 68.2 53.23 C0
exon12 4162 c.4162C>G CAG ⇒ GAG 1388 p.Q1388E 68.2 29.13 C0
exon12 4163 c.4163A>C CAG ⇒ CCG 1388 p.Q1388P 68.2 39.45 C0
exon12 4163 c.4163A>G CAG ⇒ CGG 1388 p.Q1388R 68.2 42.81 C0
exon12 4163 c.4163A>T CAG ⇒ CTG 1388 p.Q1388L 68.2 96.29 C15
exon12 4164 c.4164G>C CAG ⇒ CAC 1388 p.Q1388H 68.2 24.03 C0
exon12 4164 c.4164G>T CAG ⇒ CAT 1388 p.Q1388H 68.2 24.03 C0
exon12 4165 c.4165A>C AGT ⇒ CGT 1389 p.S1389R 95.09 71.19 C0
exon12 4165 c.4165A>G AGT ⇒ GGT 1389 p.S1389G 95.09 0 C0
exon12 4165 c.4165A>T AGT ⇒ TGT 1389 p.S1389C 95.09 107.48 C15
exon12 4166 c.4166G>C AGT ⇒ ACT 1389 p.S1389T 95.09 9.82 C0
exon12 4166 c.4166G>A AGT ⇒ AAT 1389 p.S1389N 95.09 2.03 C0
exon12 4166 c.4166G>T AGT ⇒ ATT 1389 p.S1389I 95.09 98.49 C15
exon12 4167 c.4167T>G AGT ⇒ AGG 1389 p.S1389R 95.09 71.19 C0
exon12 4167 c.4167T>A AGT ⇒ AGA 1389 p.S1389R 95.09 71.19 C0
exon12 4168 c.4168G>C GAC ⇒ CAC 1390 p.D1390H 44.6 40.79 C0
exon12 4168 c.4168G>A GAC ⇒ AAC 1390 p.D1390N 44.6 11.33 C0
exon12 4168 c.4168G>T GAC ⇒ TAC 1390 p.D1390Y 44.6 122.78 C35
exon12 4169 c.4169A>G GAC ⇒ GGC 1390 p.D1390G 44.6 75.33 C15
exon12 4169 c.4169A>C GAC ⇒ GCC 1390 p.D1390A 44.6 95.68 C25
exon12 4169 c.4169A>T GAC ⇒ GTC 1390 p.D1390V 44.6 121.34 C35
exon12 4170 c.4170C>A GAC ⇒ GAA 1390 p.D1390E 44.6 0 C0
exon12 4170 c.4170C>G GAC ⇒ GAG 1390 p.D1390E 44.6 0 C0
exon12 4171 c.4171A>C ATT ⇒ CTT 1391 p.I1391L 30.92 0 C0
exon12 4171 c.4171A>G ATT ⇒ GTT 1391 p.I1391V 30.92 0 C0
exon12 4171 c.4171A>T ATT ⇒ TTT 1391 p.I1391F 30.92 21.28 C0
exon12 4172 c.4172T>C ATT ⇒ ACT 1391 p.I1391T 30.92 69.84 C25
exon12 4172 c.4172T>G ATT ⇒ AGT 1391 p.I1391S 30.92 123.47 C35
exon12 4172 c.4172T>A ATT ⇒ AAT 1391 p.I1391N 30.92 133.1 C35
exon12 4173 c.4173T>G ATT ⇒ ATG 1391 p.I1391M 30.92 0 C0
exon12 4174 c.4174T>G TTA ⇒ GTA 1392 p.L1392V 14.3 20.52 C0
exon12 4174 c.4174T>A TTA ⇒ ATA 1392 p.L1392I 14.3 0 C0
exon12 4175 c.4175T>C TTA ⇒ TCA 1392 p.L1392S 14.3 134.86 C55
125
exon12 4176 c.4176A>C TTA ⇒ TTC 1392 p.L1392F 14.3 21.28 C0
exon12 4176 c.4176A>T TTA ⇒ TTT 1392 p.L1392F 14.3 21.28 C0
exon12 4177 c.4177A>C ACC ⇒ CCC 1393 p.T1393P 144.58 0 C0
exon12 4177 c.4177A>G ACC ⇒ GCC 1393 p.T1393A 144.58 1.01 C0
exon12 4177 c.4177A>T ACC ⇒ TCC 1393 p.T1393S 144.58 0 C0
exon12 4178 c.4178C>A ACC ⇒ AAC 1393 p.T1393N 144.58 0 C0
exon12 4178 c.4178C>G ACC ⇒ AGC 1393 p.T1393S 144.58 0 C0
exon12 4178 c.4178C>T ACC ⇒ ATC 1393 p.T1393I 144.58 28.68 C0
exon12 4180 c.4180A>C ACT ⇒ CCT 1394 p.T1394P 0 37.56 C35
exon12 4180 c.4180A>G ACT ⇒ GCT 1394 p.T1394A 0 58.02 C55
exon12 4180 c.4180A>T ACT ⇒ TCT 1394 p.T1394S 0 57.75 C55
exon12 4181 c.4181C>A ACT ⇒ AAT 1394 p.T1394N 0 64.77 C55
exon12 4181 c.4181C>G ACT ⇒ AGT 1394 p.T1394S 0 57.75 C55
exon12 4181 c.4181C>T ACT ⇒ ATT 1394 p.T1394I 0 89.28 C65
exon12 4183 c.4183C>G CAG ⇒ GAG 1395 p.Q1395E 0 29.27 C25
exon12 4183 c.4183C>A CAG ⇒ AAG 1395 p.Q1395K 0 53.23 C45
exon12 4184 c.4184A>G CAG ⇒ CGG 1395 p.Q1395R 0 42.81 C35
exon12 4184 c.4184A>C CAG ⇒ CCG 1395 p.Q1395P 0 75.14 C65
exon12 4184 c.4184A>T CAG ⇒ CTG 1395 p.Q1395L 0 112.44 C65
exon12 4185 c.4185G>C CAG ⇒ CAC 1395 p.Q1395H 0 24.08 C15
exon12 4185 c.4185G>T CAG ⇒ CAT 1395 p.Q1395H 0 24.08 C15