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1 VULNERABILIDADE HUMANA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: O CASO DA PAISAGEM CULTURAL PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE DE SINTRA Ana Cristina Carvalho Investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (CESNOVA) Engenheira do Ambiente, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa (UNL); Mestre em Ecologia Humana, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da UNL; Doutoranda em Ecologia Humana. RESUMO O conceito de Vulnerabilidade Humana a pressões ambientais tomou forma na literatura científica internacional a partir do final do século XX, expandindo-se enquanto área científica, nomeadamente no contexto do fenómeno global das Alterações Climáticas. Numa perspetiva de Ecologia Humana, este trabalho convoca métodos e técnicas das ciências naturais exatas e das ciências sociais para avaliar a vulnerabilidade dos vários sistemas humanos ao previsível aumento de incêndios florestais no núcleo de Património Mundial da Unesco, na Serra de Sintra, Portugal. Sabendo-se que a redução da Vulnerabilidade depende de uma boa adaptação, defende-se que a chave para uma Adaptação eficaz às Alterações Climáticas do futuro está no fortalecimento presente da Capacidade de Adaptação, através da aposta na melhoria dos muitos indicadores económicos, sociais e institucionais. PALAVRAS-CHAVE: Fogos florestais, Património Mundial da Humanidade Unesco, Vulnerabilidade Humana, Alterações Climáticas, Ecologia Humana, Adaptação e Adaptabilidade. ABSTRACT The Human Vulnerability concept related to environmental threats was issued on the international scientific papers by the end of the 20 th century, becoming an high-developed scientific area, especially related to the global phenomena of Climate Change. As far as Human Ecology is concerned, this work follows methods and techniques of both natural/exact and social/human sciences to evaluate the vulnerability of several human system to the increase of predicted forest fire risk at Sintra’s Unesco’s World Heritage, Portugal. Knowing that reduction of Vulnerability depends on a high adaptation, it claims that the key for a well succeeded Adaptation to Climate Changes in the future is the strengthening in the present of the Adaptive Capacity, by developing the whole range of human, social and institutional indicators. KEYWORDS: Forest fires, UNESCO World Heritage, Human Vulnerability, Climate Change, Human Ecology, Adaptation and Adaptive Capacity. INTRODUÇÃO De entre o leque de perturbações que agitam a atualidade do Planeta no âmbito da chamada crise ambiental, o Aquecimento Global da Terra e as Alterações Climáticas (AC) dele decorrentes sobressaem como as mais preocupantes, abrangentes, mediáticas e com maiores evidências de agravamento. As AC, que um alargado consenso científico internacional atribui a fatores antrópicos, estão também na génese de uma multiplicidade de afetações de natureza social. Extravasam, portanto, o estrito domínio ambiental, refletindo-se direta e pesadamente

3.Artigo VH1 RIOS Brasil

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VULNERABILIDADE HUMANA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: O CASO DA

PAISAGEM CULTURAL PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE DE SINTRA

Ana Cristina Carvalho

Investigadora do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa (CESNOVA)

Engenheira do Ambiente, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de

Lisboa (UNL);

Mestre em Ecologia Humana, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da UNL;

Doutoranda em Ecologia Humana.

RESUMO

O conceito de Vulnerabilidade Humana a pressões ambientais tomou forma na literatura científica

internacional a partir do final do século XX, expandindo-se enquanto área científica, nomeadamente no

contexto do fenómeno global das Alterações Climáticas. Numa perspetiva de Ecologia Humana, este

trabalho convoca métodos e técnicas das ciências naturais exatas e das ciências sociais para avaliar a

vulnerabilidade dos vários sistemas humanos ao previsível aumento de incêndios florestais no núcleo de

Património Mundial da Unesco, na Serra de Sintra, Portugal. Sabendo-se que a redução da

Vulnerabilidade depende de uma boa adaptação, defende-se que a chave para uma Adaptação eficaz às

Alterações Climáticas do futuro está no fortalecimento presente da Capacidade de Adaptação, através

da aposta na melhoria dos muitos indicadores económicos, sociais e institucionais.

PALAVRAS-CHAVE: Fogos florestais, Património Mundial da Humanidade – Unesco,

Vulnerabilidade Humana, Alterações Climáticas, Ecologia Humana, Adaptação e Adaptabilidade.

ABSTRACT

The Human Vulnerability concept related to environmental threats was issued on the international

scientific papers by the end of the 20th century, becoming an high-developed scientific area, especially

related to the global phenomena of Climate Change. As far as Human Ecology is concerned, this work

follows methods and techniques of both natural/exact and social/human sciences to evaluate the

vulnerability of several human system to the increase of predicted forest fire risk at Sintra’s Unesco’s

World Heritage, Portugal. Knowing that reduction of Vulnerability depends on a high adaptation, it

claims that the key for a well succeeded Adaptation to Climate Changes in the future is the

strengthening in the present of the Adaptive Capacity, by developing the whole range of human, social

and institutional indicators.

KEYWORDS: Forest fires, UNESCO World Heritage, Human Vulnerability, Climate Change, Human

Ecology, Adaptation and Adaptive Capacity.

INTRODUÇÃO

De entre o leque de perturbações que agitam a atualidade do Planeta no âmbito da

chamada crise ambiental, o Aquecimento Global da Terra e as Alterações Climáticas (AC) dele

decorrentes sobressaem como as mais preocupantes, abrangentes, mediáticas e com maiores

evidências de agravamento. As AC, que um alargado consenso científico internacional atribui a

fatores antrópicos, estão também na génese de uma multiplicidade de afetações de natureza

social. Extravasam, portanto, o estrito domínio ambiental, refletindo-se direta e pesadamente

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em tudo quanto respeite à sobrevivência das sociedades humanas e à prosperidade da economia

mundial: disponibilidade de água, alimentos e energia, ordenamento e segurança de zonas

costeiras, saúde e bem-estar humanos, pescas, florestas, agricultura, transportes e turismo, etc..

A realidade mostra-nos, contudo, que o fenómeno incide de formas e em graus muito

díspares nas várias regiões do Globo, pelas características inerentes aos próprios sistemas

atmosférico e oceânico. Esta variedade encontra eco nos planos económico e social: diferentes

comunidades humanas, estratos sociais e sectores da economia apresentam diferentes

capacidades de adaptação às AC a que estão expostos. Tal “discriminação” introduz o conceito

de Vulnerabilidade Humana (VH), o qual, genericamente, estabelece uma ponte entre os

problemas ambientais e as questões de desigualdade social num mundo cada vez mais

contrastante. Assim, as AC constituem terreno de estudo fértil no âmbito da Ecologia Humana.

É objetivo do presente trabalho equacionar e avaliar numa base qualitativa a

vulnerabilidade de sistemas humanos dentro do núcleo da Paisagem Cultural, Património

Mundial, da Serra de Sintra, situada junto à costa ocidental de Lisboa. O esquema de análise

proposto constitui uma metodologia própria que adota e adapta procedimentos e conceitos da

bibliografia internacional, porém suscetível de aplicação empírica a outras realidades,

nomeadamente a qualquer escala local em qualquer país.

1. METODOLOGIA GERAL

1.1. Se por um lado a ciência climática, ciência física exata, tem progredido grandemente no

estudo das projeções, causas e consequências das AC, por outro é fundamental convocar a

metodologia das ciências sociais, a fim de equacionar como responderá a População Humana

que ocupa o Habitat Terra a um quadro climático global em acentuada mudança. Assim, para

as três componentes que formam a VH (ver fig.3), recorreu-se a informação de projeções

climáticas do grupo SIAM1, a informação de vários instrumentos de planeamento territorial

(Plano Diretor Municipal, Plano de Ordenamento, etc.), a dados estatísticos e ainda a

informação originária produzida por levantamentos de campo e realização de entrevistas.

1.2. Por “Vulnerabilidade Humana” (conceptualmente descrita no ponto 3.) entende-se não

a vulnerabilidade do ser humano enquanto indivíduo, mas a de qualquer sistema humano ou de

interferência humana, seja uma população de uma região, cidade ou país, um aglomerado

1 Projeto Scenarios, Impacts and Adaptation Measures, decorreu entre 1999 e 2033, sendo a primeira avaliação de

impactes socioeconómicos e biofísicos e medidas de adaptação multissectorial para o século XXI num país do sul da Europa (Santos e Miranda, 2007). Dividiu-se funcionalmente em equipas que trabalharam nos sectores: Recursos

Hídricos, Zonas Costeiras, Agricultura, Turismo e Saúde humana, Energia, florestas e Biodiversidade, Pescas, Clima, Cenários socioeconómicos e Análise Sociológica.

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urbano no seu conjunto, um sector da economia - Florestas e Agricultura, Saúde e Segurança,

Turismo -, um grupo etário ou social, etc.. Com “Alterações Climáticas” referimo-nos às

múltiplas manifestações de mudanças do clima, nos termos descritos no ponto 2., e seus

efeitos: aumento da temperatura média do ar e das ondas de calor, diminuição da

disponibilidade de água, secas, aumento da frequência dos fogos florestais, etc..

1.3. Selecionou-se para objeto de análise o Núcleo da Paisagem Cultural por várias razões:

i) A Serra de Sintra é, a par da faixa litoral, o elemento paisagístico, ecológico e cultural mais

importante, sendo inegavelmente emblemática do Concelho de Sintra; ii) O seu coberto,

maioritariamente florestal, inclui dois parques botânicos, de importância ecológica, histórica e

turística, e sensíveis a fogos florestais; e iii) A Serra de Sintra é assinalada no SIAM – Sintra

como um hotspot local no que respeita ao aumento de temperatura média do ar e ao risco

meteorológico de incêndio. Os sistemas humanos a avaliar nesta área são: Floresta de uso

humano, Turismo de Paisagem, Habitações e Património Cultural construído.

2. CLIMA: EVOLUÇÃO NATURAL E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

2.1. O Clima2 é um recurso natural vital para a saúde, o bem-estar e a prosperidade da

Humanidade. Ao longo da História, as variações climáticas afetaram positiva ou negativamente

as civilizações humanas. Fatores físicos como a temperatura, a humidade, a pluviosidade e a

radiação são ecologicamente essenciais também às restantes comunidades vivas, podendo atuar

quer como reguladores, no sentido benéfico, quer como limitantes do seu desenvolvimento.

Desde a formação da atmosfera da Terra, há 4500 milhões de anos, o clima oscilou

naturalmente em ciclos de período longo, da ordem dos milhões de anos, impulsionados pela

tectónica de placas e por variações de correntes oceânicas transportadoras de energia térmica

do Equador para os pólos (Santos, 2007:317). Nos últimos 650 mil anos, vários períodos

glaciais frios com uma duração de 80 mil a 100 mil anos alternaram com períodos interglaciais

mais amenos e bastante mais curtos, tipicamente entre 10 mil a 20 mil anos. A última época

glacial ocorreu de 120 mil a 20 mil anos atrás. O nível oceânico estava 100 a 120 metros

abaixo do do presente e a temperatura média da Terra era cerca de 5ºC a 8ºC abaixo dos 15º C

médios que se têm mantido nos últimos 8 mil - 10 mil anos (Santos e Miranda, 2006:21).

Localizado entre as latitudes 37º N – 42º N e as longitudes 9,5º W – 6,5º W, Portugal

continental aloja-se na zona de transição entre o anticiclone tropical dos Açores e a zona de

depressões subpolares (Miranda et al, 2006), razão da acentuada influência atlântica do seu

clima. O quadro de invernos muito mais amenos que aqueles de iguais latitudes do outro lado

2 Clima - Descrição estatística em termos de média e variabilidade dos parâmetros meteorológicos que caracterizam os

estados da atmosfera num determinado local ou região (tempo “médio”), num período mínimo de 30 anos e que pode ir até milhares e milhões de anos (Santos, 2007:317).

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do Atlântico deve-se à forte influência do troço ascendente da corrente termo-halina, que chega

do Golfo do México, superficial e relativamente quente. Portugal apresenta também um clima

mediterrânico, com verões longos, quentes, sem chuva e invernos moderados (Ribeiro, 1986).

Mas são os ventos soprados do Atlântico os grandes reguladores da atmosfera e do clima,

apenas com menor intensidade no verão e menos acentuadamente no sul.

2.2. A designação “Alterações Climáticas” ou “Mudança climática” está hoje reservada

pelos cientistas, nomeadamente pela Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações

Climáticas (CQNUAC) e pelo IPCC3, para o conjunto de mudanças do clima aos níveis local,

regional e global, a um ritmo sem precedentes, decorrentes do aquecimento da atmosfera e

oceanos, e direta ou indiretamente resultantes de ações antrópicas. Por oposição, o termo

“variabilidade climática” engloba forçamentos naturais externos ao planeta contribuidores da

oscilação do clima - variações na intensidade da radiação solar, nos parâmetros da órbita da

Terra e na inclinação do seu eixo. A tese científica mais consensual baseia-se em modelos

simuladores do sistema climático, e atribui parte significativa da mudança climática aos gases

com efeito de estufa (GEE), cuja emissão vem crescendo a alto ritmo desde a Revolução

Industrial, com especial aceleração nos últimos cinquenta anos (Santos e Miranda, 2006).

Ao intercetarem a radiação infravermelha que a superfície da Terra naturalmente emite para o

espaço, aqueles gases criam o chamado Efeito de Estufa, incrementando a temperatura média

global da baixa atmosfera ou troposfera (Fig. 1). Os GEE podem produzir-se na Natureza, mas

na atualidade são-no maioritariamente pela combustão de reservas fósseis (carvão, petróleo e

gás natural) com fins de produção energética para os elevados e crescentes níveis de consumo

mundiais. As diferentes quantidades de emissão por atividade humana, as concentrações que

atingem na atmosfera e o seu diferente potencial de aquecimento permitem concluir que o

Dióxido de Carbono CO2 (resultantee da queima de combustíveis fósseis, emissões de

transportes e desflorestação), o Metano CH4 (19%) e o Óxido Nitroso NO2 (6%) têm a

principal responsabilidade no Aquecimento Global (IPCC, 2007).

3 O IPCC foi criado em 1988 conjuntamente pelo UNEP - United Nations Environment Program, Programa das Nações

Unidas para o Ambiente - e pela Organização Meteorológica Mundial. O seu objetivo é analisar sistematicamente os dados científicos, técnicos e socioeconómicos sobre as Alterações Climáticas, suas potenciais consequências e opções de mitigação e adaptação. Integra representantes de todos os países das Nações Unidas e envolve mais de dois mil cientistas reunidos em três grupos de trabalho. Desde 1990, o IPCC produziu e divulgou quatro grandes relatórios científicos (1990, 1996, 2001 e 2007), onde constam metodologias, cenários, modelos e projeções - revistos, discutidos e aprovadosl - bem como numerosos relatórios especiais e artigos técnicos e científicos.

Figura 3.3 – Trajecto de causa - efeito do fenómeno das AC

Emissão

de GEE Efeito de

Estufa Aquecimento

Global Alterações

Climáticas

Fig. 1 – Trajeto causa-efeito simplificado do fenómeno das alterações climáticas (AC)

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A região do Mediterrâneo está a sofrer alterações climáticas a um ritmo superior às média

mundial e do Hemisfério Norte, o que faz dela um hotspot do Globo. Portugal continental é um

caso emblemático, incluindo-se no grupo de países, os do sul da Europa, particularmente

expostos às AC, com uma subida da temperatura anual média de 1,5º C nos últimos trinta anos.

2.3. Quando os efeitos ambientais de determinadas ações se disseminam e um local é

condicionado por acontecimentos ocorridos a longa distância, as soluções requerem uma

coordenação internacional eficaz. O material científico do IPCC tem constituído referência para

políticas internas e negociações internacionais sobre o clima e suas alterações de indução

antrópica. Face a um certo grau de inevitabilidade das AC e da projeção do seu agravamento

para este século, a resposta preconizada pelo painel é conjunta e articula-se em duas vias

complementares: Mitigação e Adaptação. A primeira ataca a raiz do problema, reduzindo ou

estabilizando as emissões de GEE; a segunda procura minimizar os efeitos negativos das AC

sobre os sectores socioeconómicos e os sistemas biofísicos e rentabilizar eventuais

consequências positivas que daí advenham. Portugal adere à tendência internacional,

promovendo programas e projetos e propondo caminhos de mitigação e formas de adaptação. A

nível local sintrense, o Projeto SIAM-Sintra teve como objetivo a elaboração do Plano

Estratégico Face às Alterações Climáticas do Município de Sintra, num concelho que é o

segundo mais populoso de Portugal e que detém, pelas características pendulares de base diária

da sua população ativa, acentuadas responsabilidades na emissão de GEE, essencialmente

associadas ao sector dos transportes.

3. VULNERABILIDADE HUMANA E VH ÀS AC

O conceito de Vulnerabilidade é complexo e não completamente afinado entre as diversas

áreas científicas que o empregam. Relacionado com a resposta do organismo ou meio a um

fator externo, seja ambiental, tecnológico ou outro, é aplicável a qualquer sistema,

(inclusivamente sistemas inertes): ecossistemas, habitats, locais geográficos, espécies de fauna

e de flora, estruturas construídas, património cultural e, evidentemente, populações humanas.

Mas é a chamada “Vulnerability Science” (Eakin e Walser, 2008), desenvolvida a partir de

1980, que faz a teorização, pesquisa e exploração científica do conceito e tem produzido vários

estudos de caso sobre vulnerabilidade a perturbações ambientais.

Entre 1980 e 2008, o conceito evoluiu na literatura científica internacional, conquistando

espaço próprio. Em 1980, Gabor e Griffith definiam a vulnerabilidade como “a ameaça a que

as pessoas estão expostas (incluindo agentes químicos e a situação ecológica das comunidades

e o seu nível de preparação)”. Várias foram as definições até que em 1989, Pijawka e Radian,

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Adaptabilidade Elevada Adaptabilidade Baixa

Exposição BAIXA V. BAIXA V. MODERADA

Exposição ELEVADA V: MODERADA V. ELEVADA

cientistas americanos da área da poluição ambiental, descreviam a vulnerabilidade de um

sistema como “a ameaça ou interação entre o risco e a preparação”. Em 1997, o IPCC,

direcionado para as AC, considerava a vulnerabilidade “a extensão com que um sistema natural

ou social é susceptível de limitar os danos provocados pelas AC”, pondo a tónica na

sensibilidade do sistema. Em 2003, a UNDP considera a Vulnerabilidade “uma condição

humana ou processo resultante de fatores físicos, sociais, económicos e ambientais que

determinam os meios de vida e a escala de dano provocada por determinado evento”. Uma

relação estreita da Vulnerabilidade com fatores limitantes e sobretudo com o Desenvolvimento

Sustentável, é salientada por Parry et al (2007:20): “Sustainable development can reduce

vulnerability to climate change by enhancing adptative capacity and increasing resilience”.

Eakin e Walser (2008) reconhecem três componentes primárias da Vulnerabilidade: i)

Exposure, o grau de exposição à ameaça; ii) Sensitivity, a sensibilidade do sistema e iii) Cope

capacity, que envolve a capacidade para resistir aos impactes, lidar com as perdas e readquirir

funções - linha de abordagem partilhada pelo último relatório do IPCC. Estas componentes

articulam-se em duas dimensões – interna e externa: a primeira prendendo-se com

características como: o nível cultural dos cidadãos, a perceção do risco por parte das entidades

competentes, a vontade de participação pública da população na resolução dos problemas; e a

segunda jogando com as particularidades da ameaça externa: frequência, magnitude,

distribuição espacial. Ainda segundo os aqueles autores, a pesquisa atual tem presentes

preocupações fundamentais, nomeadamente: o alto grau de incerteza da evolução dos sistemas

naturais e sociais; a interação sinérgica e negativa de múltiplos fatores de stresse; a

necessidade de avaliar a vulnerabilidade a várias escalas; e a importância da equidade social e

da justiça na minimização da Vulnerabilidade.

Se considerarmos as duas componentes mais determinantes – Exposição e Adaptabilidade

ou capacidade de adaptação, a sua influência na Vulnerabilidade esquematiza-se na Fig.2:

Em 2004, Downing e Pathwardan entendem a VH como variável do estado de um

sistema e sugerem uma notação gráfica para sistematizar a Vulnerabilidade às AC, V, de um

Fig. 2 – Níveis de Vulnerabilidade de um sistema às alterações climáticas (AC)

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sector económico ou grupo humano: T

V C

S,G .sendo T a ameaça “threat”, C a consequência,

S, o sector, e G, o grupo específico dentro da comunidade.

No Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, O’Brien e Leichenko (2007)

apresentavam as AC como um problema ambiental com repercussões ao nível da segurança

humana. O Relatório descreve e interpreta à luz do conceito de Vulnerabilidade Humana as

inundações do Bangladesh em 98, a crise hídrica da China, e o aumento das precipitações com

previsíveis e graves inundações do delta do Mekong, no Vietname; e demonstra como um

volume cada vez maior de população mundial está exposto a fenómenos climáticos extremos

(ondas de frio e calor, tempestades e furacões, inundações e secas, incêndios florestais,

maremotos, etc.). De uma forma geral, autores europeus e americanos relacionam a

vulnerabilidade de um sistema com a Capacidade de Adaptação, conduzindo as suas

investigações e divulgando os seus resultados neste sentido. A figura 3. sintetiza a composição

da VH adotada na metodologia do presente trabalho, que se aproxima de Eakin e Walser

(2008), com as três componentes: Exposição – Sensibilidade - Capacidade de Adaptação.

4. O CONCELHO DE SINTRA E A PAISAGEM CULTURAL

“Diversidade” representa fielmente o território do Concelho de Sintra e o seu património

natural e cultural, enquanto a população e a dinâmica concelhias obedeceram nas últimas

décadas a outra expressão: “pressão urbanística”. Resultado da localização privilegiada na

Península de Lisboa, beneficiando da amenidade da Serra de Sintra e de 25 km de litoral de

praias, o Concelho, com os seus 320 Km2, é uma “comunidade de acolhimento” de “novos

moradores que chegam à Área Metropolitana de Lisboa (AML), quer do interior do país, quer

Figura 4 – Síntese das Dimensões da Vulnerabilidade Humana (a azul as áreas tratadas neste trabalho)

Fonte: Elaboração própria com base em bibliografia

Pressões Ambientais

Dimensão Externa

Exposição Exposure

VULNERABILIDADE HUMANA Human Vulnerability

Sistema Humano (Comunidade Social, Sector Económico, ..)

Dimensões Internas

Capacidade de Adaptação

Adaptive Capacity

Sensibi l idade Sens i t iv i t y

Localização Altitude Baixa Diversidade

Resistência Resiliência Recuperação

Recursos e Serviços

Ambientais

Sociais

Económicos

Institucionais

Fig. 3 – Síntese das dimensões e componentes da Vulnerabilidade Humana a pressões

ambientais, nomeadamente às AC

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Portugal continental Área Metropolitana de Lisboa Núcleo da Paisagem Cultural

provenientes dos PALOP4, Brasil e Europa de Leste” (Sousa, 2004:23). Os desequilíbrios de

ocupação do território são notórios na distribuição urbanística ao longo dos principais eixos de

comunicação, um viário e outro ferroviário: a via rápida IC19 e a linha de caminho-de-ferro,

facilitadores de acesso a Lisboa e estimulantes do forte crescimento urbanístico. Esta

distribuição resulta numa acumulação de 80% da população em 30% do território.

Paisagisticamente, o Concelho apresenta um gradiente que parte da orla atlântica, de

grande riqueza natural e potencialidades turísticas, para a área saloia, a norte, de características

marcadamente rurais, passando por uma Serra florestada, de baixa altitude e forte valor natural

e histórico. O território evolui depois, para leste, para uma densa mancha urbana come

industrial. Em 1995, a UNESCO classificou todo o maciço eruptivo (Serra) de Sintra, incluindo

o centro histórico da Vila Velha, como Património Mundial da Humanidade, na categoria de

“Paisagem Cultural”, reconhecendo assim internacionalmente a sua excelência paisagística,

humana e natural. O núcleo, que inclui a parte mais oriental da Serra, junto à vila de Sintra,

tem 9452 km2 de área e constitui o nosso objeto de estudo.

A região de Sintra acompanha o país quanto ao clima mediterrânico de influência

atlântica. A diversidade do território exprime-se em termos climáticos sob a forma de quatro

microclimas que refletem outros tantos tipos de ambiente do Concelho: zona costeira, serra,

vales e várzeas e zonas urbanas (Domingos, 2009). A maior amenidade térmica verifica-se na

costa. Na Serra, pelo efeito de barreira de condensação dos ventos oceânicos carregados de

humidade, os níveis de precipitação são muito superiores às áreas circundantes e a temperatura

é geralmente inferior. As zonas interiores e orientais registam amplitudes maiores.

4 Países africanos de expressão oficial portuguesa

Fig. 4 – Enquadramento Geográfico do Concelho de Sintra e do Núcleo da Paisagem Cultural,

Património da Humanidade

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5. IMPACTES DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NO CONCELHO E NA SERRA

Os modelos climáticos usados pelo Projeto SIAM projetaram para Portugal continental um

futuro agravamento das tendências climáticas verificadas até hoje (Santos et al, 2001),

nomeadamente no que respeita à subida de temperatura do ar, diminuição dos níveis de

precipitação anual e aumento de fenómenos climáticos extremos. Para o Concelho de Sintra, e

até final do século, as projeções climáticas e de população informam sobre a dimensão

“Exposição” da VH, concretamente para as médias anuais dos parâmetros meteorológicos

temperatura e precipitação (para o período 2070 – 2099, uma subida da temperatura média

anual de cerca de 4 °C), com evidente influência na população humana, mas também no

ecossistemas Floresta e sua biodiversidade. Os impactes das AC esperados para Sintra com

destaque para a zona da Serra, são, segundo Pereira (2008) e Avelar (2008):

a) Alteração da vegetação: A fragmentação de habitat de algumas espécies florísticas pode

dificultar a sua deslocação em direção a norte (em latitude) ou à serra (em altitude), para fugir

ao aumento de temperatura esperado; essa dificuldade pode torná-las menos capazes de

suportar fenómenos extremos futuros, tornando-as vulneráveis, em perigo, perigo crítico ou

mesmo em risco de extinção. Na Serra de Sintra, contudo, esse feito negativo é moderado pela

pouca frequência de barreiras geográficas (e.g. estradas, zonas urbanas). b) Ecossistemas que

já se encontram sob algum grau de stresse serão mais afetados pelas AC, pois em Sintra

algumas linhas de água e zonas húmidas tendem a secar durante um curto período de verão,

ameaçando as galerias ripícolas, ecologicamente muito importantes, que servem de corredores

entre o ambiente aquático e terrestre. c) Aumento da frequência e extensão dos incêndios: o

último relatório do IPCC prevê um agravamento significativo deste fenómeno natural em

regiões com clima mediterrânico. Um dos principais fatores perturbadores da biodiversidade

na região de Sintra são os incêndios e os estudos feitos sobre o risco meteorológico de

incêndio para diferentes cenários preveem um aumento de 65% a 101% para o fim do século e

de 33% a 50% para o meio do século; isto implicará aumento da probabilidade da recorrência

de fogos florestais, afetando diretamente todos os sistemas humanos: habitações e

monumentos, turismo e outros usos da serra. d) Outra importante consequência indireta das

AC, mas diretamente relacionada com os incêndios, é a propagação de espécies invasoras

exóticas introduzidas pelo ser humano. O aumento do número de ondas de calor e a

diminuição da precipitação de Verão são efeitos previstos das AC que beneficiarão espécies

exóticas já problemáticas, como as acácias Acacia sp., e o pitósporo Pittosporum undulatum.

Em face destas conclusões, podemos considerar que o nível qualitativo da componente

Exposição futura às AC é elevado.

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6. DIMENSÕES SENSIBILIDADE E ADAPTABILIDADE

6.1. Sensibilidade. Conhecidas as projeções de um aumento significativo de risco de incêndio

devido a parâmetros meteorológicos, importa ver a sensibilidade, relacionada com

características intrínsecas do Núcleo da Paisagem Cultural.

Do seu património destacam-se dois parques de grande valor histórico e botânico – Pena e

Monserrate - e vários habitats naturais classificados como de “valor muito elevado” e especial

para conservação pela Comunidade Europeia. O núcleo integra-se ainda no Parque Natural de

Sintra-Cascais (PNSC), uma área protegida de valor nacional, cujo Plano de Ordenamento

classifica como de valor “excecional” o património faunístico de uma área em grande parte

coincidente a nossa área de estudo. Valores culturais patentes são numerosos e distribuem-se

por exemplos das arquiteturas militar, religiosa e áulica, monumentos nacionais e vestígios

arqueológicos (Cardim, 1995).

Este conjunto patrimonial é indiciador de uma forte componente intrínseca de Sensibilidade do

sistema, reforçada do ponto de vista humano pela existência de três aglomerados urbanos

harmoniosamente inseridos na paisagem – o Centro Histórico de Sintra (com cerca de 400

habitantes, no extremo leste) e os lugares de Eugaria e Gigarós. Isto significa que um qualquer

sistema é tanto mais “sensível” quanto mais valioso é o seu património, eventualmente sujeito

às manifestações das alterações climáticas. Do ponto de vista da utilização humana desse

património, e consultando o Enquadramento Estratégico5 do PNSC para o Turismo de

Natureza, apura-se existirem mais de uma dezena de empresas que, operando na zona de Serra,

contam com a riqueza paisagística como “matéria-prima” do seu trabalho e rendimento - dados

reveladores de como a área é apetecível e porventura rentável para este subsector. Só na zona

de serra, existem um itinerário rodoviário autoguiado, variados percursos pedestres (Baltazar e

Martins, 2005), da responsabilidade do PNSC ou da câmara municipal, percursos equestres e

vários percursos de BTT6. Uma aposta nesta variedade de atividades lúdicas contribui, mais

uma vez, para uma sensibilidade elevada do ponto de vista humano, da economia e emprego

local a qualquer alteração ambiental significativa. Ainda do ponto de vista do Turismo, as

entradas de turistas nos Parques históricos da Pena e de Monserrate e no Castelo dos Mouros

aumentam substancialmente no Verão e Páscoa. Ou seja, mais fontes de ignição de incêndios

para uma época onde se registarão aumentos significativos da temperatura do ar e diminuição

da humidade do ar e solos.

6.2. Adaptabilidade ou Capacidade de Adaptação. Sintra foi um dos 215 municípios de

Portugal continental localizados nas regiões com maior risco de incêndio que concluiu o seu

Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, em 2007. Em consonância com este,

5 Disponível em www.icnb.pt

6 Bicicleta todo-o-terreno

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IF V T,PCS elevada

Exposição elevada

Sensibilidade elevada

Adaptabilidade média

o Plano Prévio de Intervenção em Incêndios Rurais do PNSC identifica zonas de maior risco

de incêndio traduzidas em zonas de prioridade de intervenção máxima que incluem parte

integrante da área da Serra de Sintra classificada como Património Mundial. Existe uma

estrutura de combate, recursos e meios humanos a ativar em caso de incêndios florestais.

Praticamente todos os 3 mil hectares da Serra de Sintra estão na posse de grandes proprietários

privados das numerosas quintas, os quais, parcialmente associados, têm procedido à limpeza de

terrenos, indispensável para prevenir propagação do fogo. Este aspeto positivo, que melhora a

Capacidade de Adaptação, é reforçado pela perceção realista dos proprietários quanto à

possibilidade de futura ocorrência de condições favoráveis ao aumento dos incêndios. Mas é

contrariado por outros fatores negativos: Segundo a entrevista realizada ao responsável da

Associação de Proprietários das Quintas da Serra, a confiança deste grupo social nas

instituições estatais e municiais é baixa, como é baixa a eficiência da comunicação institucional

– fatores que prejudicam a adaptação a uma ameaça climática futura. Em suma, para

determinar o nível qualitativo desta componente, apurou-se a seguinte relação fatores positivos

/ fatores negativos, a qual resultou num nível qualitativo de Adaptabilidade médio:

Fatores Positivos + (5) % do

total Fatores Negativos - (5) % do

total

Associação de proprietários ativa

5 / 10

Demasiadas entidades envolvidas na

gestão da Serra

5/ 10

Elevada perceção do risco dos proprietários das quintas da Serra

Inexistência de linhas de crédito específicas

Existência de postos de vigia de incêndios Limpeza de terrenos insuficiente

Plano municipal de defesa contra

incêndios

Inexistência de linhas seguradoras

específicas

Boa rede de caminhos e corta-fogos Fraca comunicação entre proprietários particulares e entidades oficiais

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação qualitativa da Vulnerabilidade Humana em função das três componentes

Exposição, Sensibilidade e Adaptabilidade, resulta, em síntese, no seguinte: o Núcleo da

Paisagem Cultural, identificado com a Serra de Sintra, S, apresenta uma Vulnerabilidade, V,

elevada aos Incêndios florestais, IF, quer nos efeitos do seu uso para Turismo, T, quer na

eventual afetação do património cultural construído, PC.

Quadro – Fatores concorrentes para a determinação da componente Adaptabilidade

12

Neste caso, a adaptabilidade às AC aparece comprometida pela falta de articulação

entre interesses públicos, privados e entidades oficiais, sendo certo que parte essencial dessa

capacidade de adaptação está nas mãos dos proprietários, sejam eles públicos ou privados.

Somando esta componente a uma elevada exposição ao aumento de temperatura e diminuição

de pluviosidade, e a um sistema de elevada sensibilidade, obtém-se uma vulnerabilidade

humana elevada que exigirá toda a atenção das instituições envolvidas. Soluções e alternativas

passarão evitar a acumulação de combustível (criando a descontinuidade da vegetação e

promovendo limpezas); implementar medidas de contenção das fontes de ignição; e apostar na

reeducação de comportamentos e na comunicação institucional.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mudanças globais do Planeta constituem desafios para a espécie viva que nas últimas

dezenas de milhar de anos impôs o seu domínio sobre todas as outras: o Ser Humano.

Atualmente, a própria sociedade mundial, articulada em rede através de uma multiplicidade de

conexões, alia-se à dinâmica natural dos sistemas da Terra para projetar à distância

consequências das alterações ambientais. As Alterações Climáticas, em particular, exercem os

seus impactes sobre todas as dimensões da sustentabilidade: ambiental, social, económica e

institucional. São exemplo por excelência dos impactes à escala global de uma infinidade de

ações humanas locais e repetidas no tempo.

O crescente reforço de laços entre as ciências naturais, ditas “exatas”, e as ciências sociais

e humanas, em parcerias científicas e técnicas bem integradas, é, em si, um mecanismo de

adaptação para resolver muitos prementes problemas que a Humanidade enfrenta. O ramo

Adaptação - que, em articulação com o da Mitigação, se espera combater eficazmente os

efeitos das Alterações Climáticas - não representa uma meta, mas sim um processo; não se

sustenta com intenções e pode ficar comprometido, se não for acautelado através da

mobilização de governos, instituições e cidadãos. A nível municipal e local, exige medidas

estruturantes ao nível económico, social e de governança, em ordem a criar Capacidade de

Adaptação no presente, baixando assim a Vulnerabilidade dos grupos e sistemas humano no

futuro.

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AnaCristinaCarvalho

Sintra, Setembro2012

Paper a submeter à Revista científica Rios de dezembro de 2012,

da Faculdade Sete de Setembro, Bahia, Brasil