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3º Fórum Nacional de Museus
Planejamento e organização de exposições
Parte II
Maria Ignez Mantovani Franco
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
Na verdade não musealizamos todos os testemunhos do homem e do seu meio natural ou urbanizado, mas aqueles
traços, vestígios ou resíduos que tenham significação.GUARNIERI, Waldisa Rússio.
Uma exposição nasce necessariamente da intenção de comunicar uma idéia, um tema, um conjunto de artefatos, uma coleção inusitada, parte da obra de um artista, um recorte conceitual sobre determinado acervo museológico, enfim, abrange ações de selecionar, pesquisar, documentar, organizar, exibir e difundir.
Eleger com clareza a missão e os objetivos da exposição é um passo fundamental que deve preceder e nortear todas as demais ações.
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
Um bom caminho para começar a definir a missão e os objetivos da exposição é responder às seguintes perguntas fundadoras:
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
O quê: analisar e definir a “história” que se quer contar.
Por quê: fundamentar a relevância da opção tomada, a importância do tema escolhido para aquele momento ou local, enfim, justificar com precisão a escolha que foi feita, porque ela é pertinente, prioritária e apropriada.
Para quem: Definir que público(s) será(ão) beneficiado(s) de forma prioritária por esta exposição.
Com quê: Analisar os recursos disponíveis ou possíveis de serem acionados para a concretização da exposição. Trata-se de identificar com clareza o que serápossível selecionar e obter para a exposição, no que diz respeito a acervos, pesquisa de fundamentação, elementos expositivos, recursos financeiros, materiais e humanos, parcerias e apoios já disponíveis e a serem obtidos.
Metodologia
Como se pretende alcançar esses objetivos?
Que processos de trabalho serão necessários para se atingir os objetivos?
Que natureza de equipe será reunida para realizar o projeto?
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
Gestão
Quem irá administrar o projeto?
Que autorizações legais você precisa para realizar seu projeto?
Quais as políticas e procedimentos do projeto?
Como se efetuará a comunicação interna e externa?
Planejamento e cronograma
Como e quem irá viabilizar o projeto, institucional e financeiramente?
Qual é o planejamento de ações? Passo a passo.
Em que ordem as ações ocorrerão?
Quais são os pontos críticos do projeto e como se preparar para contorná-los com sucesso?
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
Orçamento
Quanto irá custar para realizar o projeto?
O que você pode fazer para otimizar seus recursos (institucionais e financeiros)?
Quais serão os mecanismos de obtenção de recursos?
Como controlar os custos?
Recursos humanos
Que conjunto de profissionais énecessário para esse projeto (a curto e a longo prazo)?
Qual a atribuição de cada um dos integrantes?
Avaliação
Quais os pontos fortes e pontos fracos do projeto?
Que parâmetros o projeto irá estabelecer para medir sua eficiência?
Há algo que precise ser alterado ou revisto?
Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de exposições
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
O trabalho de organização de uma exposição deve ser muito bem dimensionado para evitar desgastes entre os profissionais ou má gestão de recursos envolvidos, que podem comprometer
os resultados do projeto.
Observem os seguintes passos:
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Equipe interdisciplinar
Integrantes:
Curador
Arquiteto/designer
Educador
Designer gráfico
Coordenador/gestor
Concepção da exposição (curadoria)
1. Elaboração do conceito gerador e fundamentação dos conteúdos da exposição
3. Levantamento e seleção do acervo
4. Definição e aprovação da lista de acervo que integrará a exposição
Reuniões de coordenação
2. Pesquisa conceitual
PRÉ-PRODUÇÃO
Elaboração de orçamento
prévio
1. Aprovação junto ao financiador
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Elaboração ou atualização dos
orçamentos
Desenvolvimento projeto gráfico
Desenvolvimento do projeto
expográfico
Desenvolvimento do projeto educativo
PRÉ-PRODUÇÃO
1. Concepção do projeto
2. Detalhamento do projeto
3. Interface com outras áreas
4. Finalização do projeto com orçamento e cronograma
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRÉ-PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Exposição Erótica, os sentidos na arte
Itinerância de exposições – desafios inerentes ao deslocamento
Cuidados que devem ser observados pelo profissional que organiza uma mostra dessa natureza:
1. Pertinência da itinerância
2. Compartilhamento de esforços e recursos
a. Conhecer e analisar antecipadamente as instituições e espaços expositivos candidatos.
b. Definir com antecedência os pontos a serem contemplados.
c. Propor um cronograma geral de ações, envolvendo todo o circuito e pontos de itinerância, mantendo o controle ativo e atualizado desse instrumento de gestão.
3. Pontos essenciais a serem considerados:
PRÉ-PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
d. Dar preferência a que a íntegra conceitual do projeto seja mantida, assim como o partido expográfico e gráfico, de forma a assegurar a coerência e a identidade do projeto.
e. Desenvolver acordos institucionais prévios com parceiros, buscando a definição clara de competências, encargos e responsabilidades.
f. Aproveitar de forma eficiente os recursos humanos, fornecimentos e materiais locais quando forem adequados ao projeto.
g. Definir o projeto expográfico apenas depois de estudar em detalhes os diferentes espaços a serem incluídos na itinerância, de forma a otimizar o mobiliário expositivo e as operações de montagem.
h. Consultar os emprestadores sobre a possibilidade de participação das obras na itinerância.
Itinerância de exposições – desafios inerentes ao deslocamento
PRÉ-PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
i. Priorizar sempre aspectos de segurança ao planejar a logística de deslocamento de obras e as operações de montagem e desmontagem das exposições durante todo o circuito de itinerância.
j. Assegurar que todas as instituições parceiras locais tenham condições humanas, técnicas e financeiras de manter a exposição em bom estado de higiene e conservação (espaço, estruturas expositivas e obras) durante o período.
Democratizar a cultura é um dos pontos altos dos programas de itinerância de exposições, mas é recomendável que nos certifiquemos de que tais ações
estão corretamente dimensionadas para motivar diversos públicos, de diferentes países, regiões, locais e culturas.
Itinerância de exposições – desafios inerentes ao deslocamento
PRÉ-PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Elaboração dos mecanismos de
avaliação
Elaboração do plano de mídia
1. Definição dos objetivos
2. Seleção dos sujeitos
3. Elaboração dos instrumentos de pesquisa e coleta de dados
Elaboração dos mecanismos de documentação /
registro do processo de
trabalho
2. Contratação de profissionais (fotógrafo, video-documentarista)
1. Definição dos objetivos
PRÉ-PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Alimentação de banco de dados com as obras da
exposição
3. Contrato de empréstimo
2. Correspondências de solicitação de empréstimo
1. Facility report
Definição final das obras
Providências referentes a empréstimos
4. Follow up das negociações de empréstimo
5. Eventual substituição de obras
PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Aspectos metodológicos de controle de acervos CCBB - 2004
PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
2. Negociação e definição das condições
1. Encaminhamento da listagem das obras, com valores de seguro e condições especiais
4. Recebimento dos certificados de seguro
Seguro das obras
Conservação
1. Produção e preparação dos laudos de conservação
2. Preenchimento e conferência dos laudos de conservação
3. Finalização das negociações
3. Providências de conservação preventiva
PRODUÇÃO
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO - Análise prévia do estado de conservação
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO - laudos de conservação / metodologia internacional
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
8. Conferência das obras
Embalagem, coletas e
transporte
1. Fotografias e medição das obras
2. Confecção de embalagens
3. Planejamento logístico
4. Coleta das obras
6. Recebimento das obras (transporte terrestre e aéreo)
7. Desembalagem das obras
PRODUÇÃO
5. Procedimentos aduaneiros
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO - Embalagem e Logística de Transporte de Bens Patrimoniais
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO – Embalagens – caixas de madeira para diferentes tipologias de obras
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO – o courier e seu papel institucional
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
1. Atendimento às necessidades específicas das coleções
Expografia
4. Definição e aluguel dos equipamentos (recursos audiovisuais e de iluminação)
3. Produção dos suportes expositivos
PRODUÇÃO
2. Maquetes e testes
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
5. Iluminação da exposição
4. Fixação e colocação das obras
3. Instalação e testes dos equipamentos de controle ambiental e de segurança
2. Instalação e testes dos equipamentos/ recursos midiáticos
1. Montagem das estruturas expográficas
Exemplo de um projeto de exposição
PRODUÇÃO
Montagem da exposição
5. Impressão
4. Apresentação e aprovação de layout dos produtos gráficos
2. Desenvolvimento do projeto gráfico
1. Definição do conteúdo / conceituação
PRODUÇÃO – produtos editoriais
Produtos gráficos(folder, cartaz,
convite, material educativo)
3. Revisão e tradução
7. Distribuição dos folders e cartazes
6. Expedição dos convites
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PRODUÇÃO – produtos gráficos
Catálogo exposição MAM na OCA
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Convite exposição O Japão em cada um de nós
Cartaz exposição Speed, a arte da velocidade
PRODUÇÃO - produtos didáticos complementares
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
3. Treinamento da equipe de limpeza
2. Treinamento da equipe de recepção e segurança
1. Treinamento da equipe de educação / monitores
PRODUÇÃO
Treinamento das equipes
Assessoria de imprensa 1. Elaboração de
press release
2. Divulgação nos meios de comunicação de massa
3. Clipping digital e impresso
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Avaliação 1. Execução dos
mecanismos de avaliação / coleta de dados
PRODUÇÃO – manutenção da exposição
2. Análise dos dados
3. Tomada de decisões / mudanças
Realização da exposição
1. Evento inaugural
2. Manutenção (obras, equipamentos, espaço)
3. Monitoramento das condições ambientais e de segurança
4. Organização e monitoramento dos eventos relacionados
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
PÓS-PRODUÇÃO
3. Desmontagem e readequação do espaço expositivo
2. Reembalagem das obras
Desmontagem 1. Planejamento logístico para devolução obras
5. Desembalagemde obras e conferência de laudos
4. Devolução das obras
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Relatórios de conclusão
PÓS-PRODUÇÃO
2. Seleção e organização dos dados
3. Redação e apresentação do relatório final
Prestação de contas
1. Obtenção das informações junto a equipe e fornecedores
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
Avaliação junto a patrocinadores e
apoiadores
Relatórios institucionais
O papel do museólogo na organização de exposições
O desenvolvimento de projetos expositivos caracteriza-se por um conjunto de ações diversificadas, que requerem estratégias próprias, aptidões humanas diferenciadas, sistemas de organização peculiares e esforços de viabilização concentrados.
No âmbito desta complexa dinâmica, perguntamo-nos invariavelmente qual o papel do museólogo no planejamento e realização de exposições.
Se fosse em um time profissional de futebol, o museólogo seria o jogador de meio de campo. Esse jogador coordena, distribui, volta para apoiar a defesa, incentiva o ataque, imprime dinâmica às jogadas, responde por grande parte dos passes e busca incansavelmente o gol.
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
O museólogo é o coordenador das ações, a ponte permanente entre os diferentes profissionais, defende as posições institucionais, apoia as decisões curatoriais, alarga os horizontes dos pesquisadores, seleciona ou auxilia na definição de obras que comporão a exposição, orienta a definição das linguagens expositivas, coordena a edição dos produtos editoriais, alimenta as ações do programa educativo, orienta os contatos com a imprensa, gerencia o cronograma de ações, avaliza o orçamento geral, responde por relações institucionais e atendimento aos patrocinadores.
O papel do museólogo na organização de exposições
Cadeia operatória para desenvolvimento de uma exposição
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
A experiência em museus é baseada na realidade. Este é o coração do conceito museológico. Monitores podem ser
prazerosamente hipnóticos, mas observar uma obra numa tela de vídeo não substitui o contato com o original.
O objeto real é mais poderoso.(THOMAS, Selma; MINTZ, Ann)
Nos últimos anos, a linguagem dos museus assumiu a cena e pautou as discussões de áreas correlatas de conhecimento, como a arquitetura, a filosofia, a crítica de arte, a estética, a ética, o design, a moda, o cinema, a cenografia, a educação, entre outras. Com a mesma força em que a edificação museu tornou-se a catedral do século XXI, também as linguagens expositivas passaram a ocupar um lugar privilegiado nas discussões acadêmicas, na mídia e nas rodas sociais.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
Museu Guggenheim, Bilbao
Muitos curadores e críticos de arte defendem a adoção do "cubo branco" (O’DOHERTY, 1976), espaço neutro que permitiria ao público fruir as obras de arte "sem qualquer interferência“. Arquitetos e designers geralmente se interessam em projetar espaços expositivos inovadores, em que o edifício construído e o ambiente natural promovam um diálogo com a arte.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
Diante desse cenário cada vez mais globalizado e midiático, temos mais do que nunca que refletir sobre alguns aspectos orientadores dessa linguagem própria, particular aos museus, qual seja, a exposição. Seu fundamento principal, seu eixo de sentido, deve sempre ser o objeto.
Debates se sucedem tentando evidenciar que o importante é garantir ao visitante a imersão total, seja ela obtida por meio de um repertório de recursos midiáticos, de recriações cenográficas, exercícios fiéis de reconstituição ou contextualização, em exposições artísticas, históricas ou científicas.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
A linguagem expositiva
A linguagem comunicacional do museu é fundamentalmente centrada na exposição de seu acervo, na mostra qualificada de artefatos que o compõem.
Com o avanço progressivo dos recursos tecnológicos, tornou-se tentador substituir o objeto por seu simulacro. Vivemos portanto um processo de encantamento coletivo pelas versões digitais, virtuais, alusivas e muitas vezes reducionistas do objeto original. É como se nos esquivássemos do contato direto com o objeto real, tímidos e amedrontados frente a um exercício para o qual não estamos preparados.
Essa inércia perante o objeto talvez esteja associada à nossa incapacidade de interagir com ele e promover reflexões, questionamentos e associações a partir deles.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
A linguagem expositiva
As demais linguagens e informações que venham a contracenar na lógica da exposição – sejam elas elementos concretos ou virtuais – devem manter a permanente interlocução com o objeto, como uma estratégia clara de reforçar suas potencialidades, e não de se sobrepor a ele ou substituí-lo.
Os benefícios mais recentemente trazidos pelas linguagens expositivas de mediação com o público, nos museus, dizem respeito à subversão benéfica do papel, anteriormente passivo, do visitante a uma exposição. Os museus em todo mundo têm procurado continuamente inovar e aprimorar suas linguagens expositivas, zelando para que as exposições não apresentem discursos fechados, inúteis ou excessivos.
A exposição, como linguagem máxima do museu, trata-se de uma obra aberta.
MUSEOGRAFIA é a área do conhecimento que estuda, projeta e define os equipamentos necessários à operação de um museu, englobando componentes expositivos, estruturas de suporte para atividades programáticas e técnicas, além de estruturas e planos de atendimento aos usuários; responde ainda pela interface com projetos complementares e sua inserção no edifício.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
EXPOGRAFIA é a área da museografia que se ocupa da definição da linguagem e do design da exposição museológica, englobando a criação de circuitos, suportes expositivos, recursos multimeios e projeto gráfico, incluindo programação visual, diagramação de textos explicativos, imagens, legendas, além de outros recursos comunicacionais.
CENOGRAFIA é uma das linguagens que podem ser utilizadas pela expografia.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
Neste momento, é importante levar em consideração os seguintes pressupostos que poderão influenciar, positiva ou negativamente, os resultados a serem alcançados:
1. Interface com a edificação: Verificar se a exposição que está sendo proposta não apresenta riscos, incongruências de uso ou se poderá causar danos ao edifício do museu.
2. Condições de segurança: Identificar com clareza limites de acesso, percurso, proteção aos acervos e aos visitantes, de forma a inscrever a exposição no edifício de forma segura.
3. Conhecimento antecipado do espaço expositivo: Informar-se antecipadamente sobre os espaços expositivos que deverão sediar a mostra, solicitando plantas atualizadas, em arquivos computadorizados específicos executados em programa Autodesk AutoCAD.
4. Identificação, criação e definição de linguagens expositivas: De acordo com o conceito gerador da exposição, com os conteúdos e roteiro definidos na interação interdisciplinar, o arquiteto elabora o anteprojeto expográfico.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
5. Construção de um todo harmônico: O projeto expográfico é o elemento aglutinador das forças que interagem no espaço expositivo: obras, suportes, elementos gráficos, imagens, cores, luzes, sons, efeitos especiais, projeções, etc.
Porém, o curador é o regente que articula o conceito gerador e a exposição propriamente dita.
A harmonia entre o binômio curador e designer é algo a ser construído sobre um terreno fértil de interação, discussão conceitual contributiva e respeito mútuo.
Interagem ainda nessa equação o educador, enquanto responsável pela mediação da exposição com seus diferentes públicos, bem como os profissionais de museologia e conservação responsáveis pelos acervos que participarão da mostra.
Integram ainda a aprovação final do projeto expográfico o dirigente máximo do museu, os responsáveis pela gestão de segurança e o representante da brigada de incêndio interna.
Todas as soluções propostas no projeto expográfico executivo devem ser aprovadas e homologadas por todos os profissionais envolvidos, de tal
forma que todos se sintam co-partícipes do projeto.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
6. Consonância de projetos e discursos complementares: O projeto expográfico, enquanto articulador da estética da exposição, deve desenvolver uma ação de integração dos projetos de comunicação visual, luminotécnica, sonorização, segurança e recursos midiáticos.
Apesar de não se relacionarem diretamente ao espaço expositivo, devem estar sob o mesmo olhar estético e de linguagem os projetos editoriais e de comunicação relativos à exposição, tais como catálogo, cartaz, folheto, postais, cadernos de educação, hotsite.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
Discurso da luz: o impacto que os recursos de iluminação podem determinar no circuito expositivo
Luz banhada, determina o chamado ambiente "neutro" para a fruição; Discurso incisivo da luz, dramatiza a cena, privilegiando a iluminação de
determinadas obras em detrimento de outras, criando assim destaques conceituais e estéticos;Iluminação dimmerizada, de acordo com os níveis recomendáveis, para a
conservação e segurança das obras;Diálogo luminoso entre tons quentes e frios, em articulação com a palheta de
cores do espaço expositivo;Sequência programada de efeitos luminosos, cria um discurso da luz, pleno
de enunciados, fraseados e pontuações.
Tais preciosismos podem parecer supérfluos, mas, quando o visitante entra no espaço expositivo beneficiado por esse tipo de alinhamento, terácertamente uma sensação de conforto sensorial e de coerência conceitual e estética que facilitará a compreensão e fruição dos conteúdos da exposição.
7. Dimensionamento e atuação das equipes: dimensionar corretamente as equipes, coadunar esse fator com as disponibilidades de tempo e de recursos financeiros são passos cruciais para o sucesso do empreendimento.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
É também de fundamental importância a adoção de métodos de registro e de avaliação de todas as etapas do processo de desenvolvimento de uma exposição, com o objetivo claro de melhor compreender e aprimorar os métodos que estão sendo implementados.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
Os diferentes agentes envolvidos
A equipe básica para o desenvolvimento do projeto expográfico de uma exposição é composta, via de regra, pelos seguintes profissionais:
Pesquisador (es)
Curador
Museólogo
Educador
Conservador ou restaurador
Arquiteto designer
Projetista gráfico
Gestor
Uma exposição é uma somatória de múltiplos projetos de diferentes naturezas, porém interdependentes e complementares. O trabalho qualificado de cada
profissional propiciará um clima harmonioso de interação com resultados finais produtivos.
O projeto expográfico e as diferentes linguagens expositivas
O projeto expográfico e seus pressupostos
Aspectos metodológicos de controle de acervos CCBB - 2004
Instituição, patrocínios e apoios
Captação de recursos
A captação de recursos é hoje um dos maiores desafios para o planejamento de projetos culturais.
Valores desejáveis para patrocinadores:
Conscientização de que desempenham um novo papel social e cultural;
Comprometimento com condutas cidadãs e com o desenvolvimento sustentado;
Respeito ao bem público e às premissas de salvaguarda do patrimônio cultural e ambiental.
Ter clareza de sua missão e de estratégias de investimento nas áreas da cultura
Capacidade de diálogo respeitoso e competente com instituições e agentes culturais.
Captação de recursos
Como em outras áreas da vida empresarial, os investimentos em cultura não mais toleram improvisos. Demandam planejamento e profissionalização por parte dos agentes culturais para:
Analisar a pertinência ou não de apresentar um ou outro projeto a uma determinada empresa.
Preparar um bom material de apresentação do projeto, perspicácia e bom senso para contatar um potencial financiador.
Viabilizar a inscrições de projetos em momentos sazonais predefinidos.
Identificar as linhas de investimentos em cultura adotadas por diferentes grupos empresariais.
Captação de recursos
Acompanhar o andamento da análise do projeto, capacidade de obter aliados que possam auxiliar no convencimento.
Capacitar equipes nas instituições museais e culturais para desenvolver propostas e projetos e, além de tudo, saber negociar adequadamente.
É preciso saber atender às necessidades do patrocinador, manter seu interesse e comunicar satisfatoriamente os resultados sociais de um projeto
Captação de recursos
Relatório final da exposição Speed, a arte da velocidade
Um patrocinador satisfeito com os resultados efetivos do projeto é um investidor potencial de futuras realizações.
Satisfazer o patrocinador não significa concordar com propostas infundadas, espúrias ou inadequadas. O patrocinador preza alguém que lhe diga por que tal conduta não é apropriada na área cultural, como obter o mesmo resultado esperado com outra dinâmica ou aliança.
Ele valoriza o agente cultural que evita que ele cometa erros numa área em que não tem total domínio, que conduz com segurança os seus investimentos em cultura e se posiciona profissionalmente em situações de risco ou pressão.
Captação de recursos
Fidelizar patrocinadores
Lei Rouanet e outras chamadas de projetos: um desafio à competência
Atualmente, a intensidade com que se recorre a esse meio de financiamento, no âmbito federal, estadual e municipal, é bastante alta em nosso país, mas a inscrição de projetos não é uma simples atividade corriqueira, e sim uma ação que exige experiência, organização e, principalmente, lisura na conduta.
Cada projeto deve ser conceituado, dimensionado e proposto da forma mais realista possível, com dados confiáveis e claros, de forma a facilitar as análises e transmitir confiabilidade aos profissionais que desempenham a difícil missão de aprovar licenças de captação.
Captação de recursos