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DESTAQUE DISTRITO DE BRAGANçA PERDEU 12424 PESSOAS Segundo resultados dos Censos 2011 o interior não consegue inverter o esvazia- mento populacional. (pg 10) CRÓNICA DIA DA FILOSOFIA Qual a importância da Filosofia nos dias de hoje? (pg 18) Escola sEcundária Emídio Garcia Nº3 | 1ª EDIÇÃO DO ANO LECTIVO 2011/2012 LICEU 1ª fase das obras quase concluída DESPORTO DIA DO EXéRCITO EM BRAGANçA Alunos do Escola Emídio Garcia bem classificados no corta-mato que contou com a participação de várias escolas. (pg 6) ARTES ALUNOS DE ARTES ANIMAM ESPAçO ESCOLAR Actividades realizadas a propósito do centenário do nascimento de Alves Redol e Manuel da Fonseca. (pg 8) O LIVRO DA MINHA VIDA Mudança progressiva de Janeiro ao Carnaval I pg. 3 À descoberta do paleolítico superio r alunos visitaram núcleo do parque arqueológico do Vale do côa pg. 12 distribuição Gratuita

3º Jornal - liceu

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3ª Edição do Jornal "LICEU" da Escola Secundária Emídio Garcia

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Page 1: 3º Jornal - liceu

DESTAQUE

Distrito De bragança perDeu 12424 pessoas

Segundo resultados dos Censos 2011 o interior não consegue inverter o esvazia-mento populacional. (pg 10)

CRÓNICA

Dia Da filosofia

Qual a importância da Filosofia nos dias de hoje? (pg 18)

Escola sEcundária Emídio Garcia Nº3 | 1ª EDIÇÃO DO ANO LECTIVO 2011/2012

liCeu1ª fase das obras quase concluída

DESPORTO

Dia Do exérCito em bragança

Alunos do Escola Emídio Garcia bem classificados no corta-mato que contou com a participação de várias escolas. (pg 6)

ARTES

alunos De artes animam espaço esColar

Actividades realizadas a propósito do centenário do nascimento de Alves Redol e Manuel da Fonseca. (pg 8)

o livro da minha vida

Mudança progressiva de Janeiro ao Carnaval I pg. 3

À descoberta do paleolítico superior

alunos visitaram núcleodo parque arqueológico do Vale do côa

pg. 12

distribuição Gratuita

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EDITORIAL

2 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 3

ALARGAR HORIZONTESo projecto do jornal “liceu” conhece, neste ano lectivo, um alarga-

mento de horizontes que se realizará na publicação de três números, procurando uma maior participação de toda a comunidade educati-va e tentando consolidar um espaço de informação, reflexão, debate e análise crítica que seja reconhecido como útil e interessante.

Por outro lado, coloca-se-nos o desafio de a Escola secundária Emídio Garcia poder participar, com esta publicação, em concursos nacionais de jornais escolares que, na generalidade estabelecem o requisito de três publicações por ano. Tal participação, a realizar-se, pode constituir um outro patamar de avaliação deste projecto que, esperamos, venha a mobilizar o empenhamento de cada um e de to-dos os que sentimos o liceu como nosso.

neste número verifica-se uma clara intensificação da participação de alunos, na sequência de um aparentemente crescente entusias-mo de alguns docentes, que poderá dar ainda melhores frutos nas edições de Fevereiro e maio próximos.

no entanto, continua a notar-se que só um muito reduzido nú-mero de alunos se dispõe a participar em actividades caracteristi-camente jornalísticas, condicionando uma função primordial desta publicação – informar e criar condições para que os problemas, as expectativas e as reivindicações sejam objecto de reflexão que su-porte posições a assumir com seriedade e empenho.

a coordenação do jornal espera, por isso, que haja condições para constituir um real clube de jornalismo, que conte com um número significativo de alunos, professores e outros elementos da comuni-dade educativa, grupo donde poderão até surgir outros projectos de comunicação com condições para utilizar outras plataformas como a rádio, a televisão e a web.

mais uma vez, um tema de grande destaque é o desenvolvimento das obras de remodelação, cuja primeira fase está em vias de con-clusão. apesar das nuvens ameaçadoras que a crise económica e financeira fez instalar por cima das nossas cabeças, colocando-nos quase na posição ridícula do chefe da aldeia gaulesa do famoso as-terix, sempre receoso de que o céu lhe caísse em cima, o ritmo das obras não abrandou e os responsáveis da escola contam iniciar as mudanças durante o mês de Janeiro.

um tema de grande actualidade que, naturalmente, o jornal “li-ceu” não poderia deixar de trazer aos seus leitores é o resultado dos censos 2011 no que respeita ao distrito de Bragança e à sua capital. o artigo de análise da dinâmica negativa da nossa população é um contributo para a consciencialização de que as miragens, induzidas a partir do provincianismo lisboeta, ameaçam extinguir definitiva-mente os alentos que ainda restam por estas terras de deus.

Valerá a pena realçar que esta edição conta com uma peça da autoria de um ex-aluno, animador de rádio, repórter e actualmen-te correspondente da estação de rádio TsF em Bragança, afonso de sousa que, na sequência de uma reportagem que produziu para a sua estação, se dispôs a escrever para o jornal da “sua” escola. Este pode ser um exemplo a seguir em futuras edições, com natural pro-veito para os nossos leitores.

o saber vale a pena

FICHA TÉCNICAnº 3 i 1ª edição de 2011/2012 - distribuição GratuitaPropriedade da Escola secundária Emídio Garcia

LICEU - Jornal da Escola secundária Emídio Garciamorada: rua Eng. adelino amaro da costa, Bragança

Número de depósito legal: 327700/11Coordenação: Teófilo Vaz, adriano Valadar, ana moreno e ana cortinhas | Design gráfico: ana moreno Colaboração: direcção da Escola, professores, alunos, funcionários e encarregados de educação | Créditos fotográficos: stock.xchng Impressão: casa de Trabalho | Nº de exemplares: 1000

Entrega de prémios e diplomas - 2010/2011

Decorreu na Escola Secundária Emídio Garcia a cerimónia de en-trega dos diplomas e prémios, mo-mento privilegiado para honrar as realizações dos nossos estudantes e professores, uma verdadeira festa da inteligência, do estudo e das com-petências, que deve ser vista não só como uma recompensa, mas também como uma marca de gratidão da es-cola em relação aos alunos.

Foi uma alegria para os professo-res presentes e uma emulação para os jovens de todas as idades que inte-gravam a assistência, vislumbrando já o futuro com um brilho nos olhos.

A forte convicção assumida por este estabelecimento de ensino, ex-primiu-se em primeiro lugar na voz do director da escola, o Dr. Eduar-do Santos, que lamentou não poder entregar o prémio monetário aos me-lhores alunos devido às medidas de austeridade impostas pelo governo sublinhando, no entanto, que o mais importante é que os que terminam este ciclo de estudos vejam recom-pensados publicamente os seus esfor-ços, o gosto pelo saber e as aprendi-zagens, em suma, o reconhecimento do mérito a todos os finalistas.

Por sua vez, o representante da Câ-mara Municipal, o vereador Hernâni Dias, começou também por fazer alusão à ausência de prémio monetá-

rio, felicitando todos os alunos pelo investimento e esforço que fizeram ao longo do ano, honrando assim o nome do Liceu Emídio Garcia que é uma referência no distrito.

O presidente do Conselho Geral da escola, Dr. Teófilo Vaz, depois de lembrar e saudar os ausentes que já frequentam o ensino superior, disse entender que é imperativo que a co-munidade educativa encontre refe-rências, sublinhando o papel decisivo das escolas - “desígnio fundamental da sociedade humana” - na formação dos jovens, na tentativa de construir homens que procurem encontrar no fundo de si mesmos os recursos para se distinguirem, para serem cada vez melhores, trazendo assim benefícios para toda a comunidade.

O Dr. Carlos Fernandes, sub-director, na apresentação e entrega dos prémios, referiu o orgulho que a Escola Secundária Emídio Garcia tem na promoção da excelência e da celebração de todos os méritos: “O exemplo passa por outros alunos que atingiram a excelência na nossa esco-la e que continuam a levar bem longe o seu nome.”

A criação deste prémio pretende manter vivos o gosto pelo saber, a pesquisa desinteressada da excelên-cia e a valorização pela escola dos seus melhores alunos.

adriano Valadar

TEÓFilo Vaz

a comunidade escolar participou na celebração

representante do município entrega diploma

QUADRO DE HONRA

7º Ano Inês Solange Dores - 8ºAInês Trovisco - 8ºDRita Trovisco - 8ºD

8º AnoAntónio Pedro Fernandes - 9ºAMariana Oliveira Borges - 9ºBAna Sofia Aleixo - 9ºCSara Lereno ramos - 9ºC

9º AnoAna M. Barreira Gomes - 10ºCAna Maria Borges - 10ºABernardo Artur Lopes - 10ºAGonçalo João Pinheiro -10ºCIsabel Maria Pires - 10ºBRuben Afonso Santos - 10ºC

10º Ano Ana Marta Dias - 11ºEMarta Sofia Costa - 11ºCJoana Piloto - 11ºBFilipe Mota - 11ºBAlexandra Silvano - 11ºB

11º AnoRicardo Jorge Rodrigues - 12ºBTelma Cid Moreno - 12ºBDaniela Filipa Bento - 12ºAMaria Manuela Estevinho - 12ºAArmanda João Rebelo - 12ºA

12ºAnoAriana AfonsoMaria Assis FerreiraJoão BragadaPaula Sofia PaulaAna Elisa Morais

PROFISSIONAIS

1º AnoCarla Manuela Jordão - PTDG 2Cristiano L. Martins -PTDG 2Rute M. Rodrigues - PTDG 2Miguel A. Almeida - PAS 2Nuno Miguel Pinto - PAS 2

2º AnoAna Sofia Meirinhos - PTAP 3Patrícia I. Granadeiro - PTAP 3Cátia Filipa Veigas - PTAP 3Alexandra S. Sousa - PTAP 3

3º AnoLeandro LourençoFilipe Raul AlaDébora Raquel ConchaSílvia Cristina PiresAna Rita Afonso

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DESTAQUE

2 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 3

Oito meses passados aproxima-se o tempo de fazer o percurso de retorno ao edifício do Liceu, onde os trabalhos de renovação conhe-ceram uma notória intensificação depois das securas de Agosto, quando as dificuldades de recrutamento de trabalhadores impuseram algum vagar no desenvolvimento da obra. A mudança perspectivou-se para os últimos dias da interrupção das actividades lectivas do Natal. Era, aliás, o que estava previsto nos termos do contrato entre a Parque Esco-lar e o consórcio que adjudicou as obras.

TEÓFilo Vaz

Havendo condições para que as-sim fosse a direcção da escola, per-cebendo as dificuldades que uma mudança brusca poderia acarretar, entendeu propor aos responsáveis e aos construtores um tempo de transição que possa permitir uma gradual adaptação de funcionários, professores e restantes membros da comunidade escolar.

A adaptação deverá realizar-se ao longo de todo o mês de Janeiro, de modo a que, em Fevereiro, aprovei-tando a pausa do Carnaval se con-cretize, menos de um ano depois, um retorno tranquilo às instalações remodeladas.

De facto, tendo em conta a nova configuração, com um corpo de sa-las construído de raiz, as novas ins-talações da cozinha, cantina e bar/buffet dos alunos, a que acresce um conjunto de equipamentos totalmen-te novos, parece curial promover actividades de formação/adaptação para funcionários e professores, com o objectivo de reabrir as instalações

garantindo a optimização de todas as capacidades e funcionalidades.

A proposta da direcção da escola, suportada num parecer favorável da comissão permanente do Conselho Geral, convocada especificamente para o efeito, foi bem acolhida pela Parque Escolar e pelo consórcio construtor.

Assim, ao longo do mês de Ja-neiro, quando estiverem em cur-so alguns acabamentos finais, os funcionários de actividades mais especializadas, nomeadamente os que estão afectos à biblioteca, à co-zinha/cantina, ao bar, à reprografia, ao laboratórios e aos sistemas de cli-matização poderão praticar a utili-zação dos equipamentos e garantir uma recepção aos alunos com plena eficácia.

Também os professores, especial-mente os das disciplinas que reque-rem uma utilização intensiva dos laboratórios e dos ateliers artísticos, terão condições para se adaptar aos novos equipamentos.

Adeus ao velho pavilhão

Entretanto, já estão a decorrer os trabalhos de demolição do ginásio, que vai dar lugar a um novo pavi-lhão, com condições para realização de competições oficiais em despor-tos do género, uma conquista que, apesar de todas as contingências que o país tem vindo a sofrer, não foi posta em causa, felizmente para a comunidade educativa da Esco-la Secundária Emídio Garcia, mas também para a cidade de Bragança.

A demolição foi precedida pela cuidadosa remoção da cobertura que, à maneira da década de ses-senta, era constituída por placas de fibrocimento, que constituem hoje um reconhecido perigo potencial, por via do amianto que integra os seus componentes. Por isso a remo-ção foi realizada por uma empresa especializada, que garantiu os pro-cedimentos de segurança legalmen-te estabelecidos.

Fachada concluída do bloco poente

mudança progressiva de Janeiro ao Carnaval

1ª fase das obras quase concluída

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DESTAQUE

4 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 5 4 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 5

Naturalmente, as obras de demo-lição do pavilhão determinaram uma redução dos espaços de lazer dos alunos que já eram exíguos, mas este novo sacrifício não vai prolongar-se por tempo significativo.

O novo pavilhão vai dispor tam-bém de uma bancada lateral, o que lhe confere capacidades que não são habituais em instalações escolares, permitindo a sua mobilização para eventos que possam a vir a ser pro-movidos na cidade e na região.

Ao contrário do que acontecia até aqui a escola vai dispor de uma equipamento de alta qualidade, com condições de climatização que ga-rantirão um conforto para os utiliza-dores que o extinto pavilhão nunca lograra proporcionar, visto que era uma autêntica geladeira.

O novo corpo central

O corpo central, que vai integrar os serviços administrativos, as ins-talações da Direcção, o gabinete para o Conselho Geral e salas para os serviços de apoio, no piso térreo, terá, no primeiro andar, a nova bi-blioteca, com uma nave com cerca de 300 m2 que se tornará certamen-

te numa referência de equipamentos do género na região. Trata-se de um equipamento que corresponde ao valor patrimonial do acervo históri-co do Liceu Nacional de Bragança, com volumes publicados desde o século XVI e que, apesar das dificul-dades para a sua manutenção nas últimas décadas, foi preservado em condições aceitáveis. Agora a nova biblioteca vai dispor de todas as condições técnicas para o seu acon-dicionamento, de modo a que o tes-temunho passe, sem perdas lamen-táveis, para as gerações vindouras.

Ali ficará também, com a dignida-de que requer, a biblioteca pessoal que o Padre Francisco Manuel Al-ves, o renomado Abade de Baçal, legou ao seu Liceu.

Este legado, de mais de três mil volumes, constitui um fundo docu-mental que, infelizmente, durante décadas não pôde ser mobilizado com proveito por investigadores, mas que agora terá todas as condi-ções para suportar trabalhos sobre o Portugal da primeira metade do século XX, já que dispõe de uma série de colecções de publicações periódicas que marcaram a cultura, a técnica, a ciência e a filosofia por-tuguesas.

Os laboratórios do século XXI

O Liceu sempre foi um referência nas actividades das disciplinas cientí-ficas, dispondo de um património de “arqueologia” laboratorial que tem sido preservado e constituiu o essen-cial de uma grande exposição realiza-da no Arquivo Distrital de Bragança em 2004, a propósito do centenário da morte de Emídio Garcia.

Desde colecções de mineralogia, passando por exemplares de animais

Futura biblioteca

aspecto de um corredor já remodelado

novo auditório polivalente

a biblioteca será um

equipamento que

corresponde ao valor

patrimonial do acer-

vo histórico do liceu

nacional de Bragança,

com volumes publica-

dos desde o século XVi

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4 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 5

DESTAQUE

4 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 5

até agora a escola

dispunha de 3 espaços

de laboratório. com a

conclusão das obras

ficaremos com 7 labo-

ratórios: 2 de química,

2 de biologia, 1 de físi-

ca e 2 polivalentes

e plantas, até instrumentos de medi-ção próprios para física e química, usados ao longo de gerações, tudo marcou as actividades de investiga-ção, compreensão e explicação da realidade.

As novas condições dos labora-tórios, que serão equipados com os meios mais modernos, vão po-tenciar ainda mais as actividades experimentais, com natural provei-to para a formação dos alunos que hão-de continuar a passar por esta instituição de referência.

Até agora a escola dispunha de 3 espaços de laboratório. Com a conclusão das obras ficaremos com 7 laboratórios: 2 de química, 2 de biologia, 1 de física e 2 polivalentes. Os espaços estão agrupados dois a dois, com uma sala de preparação a meio, com excepção de um dos es-paços já existentes na ala poente do edifício.

A nova cantina cumpre todas as condições legalmente estabelecidas para uma preparação adequada das refeições e um serviço de mesas confortável e suficientemente actual para agradar aos utentes, já que será um espaço de menor rigidez funcio-nal, com maior autonomia de movi-

mentos e outra espontaneidade ao mesmo tempo mantém ligação com o espaço de bar/buffet, proporcio-nando uma maior polivalência.

A área de expressões vai dispor de amplas salas específicas para de-senho e geometria descritiva, uma sala de oficina de artes, uma de edu-cação tecnológica, outra de artes vi-suais e de uma câmara escura para trabalhos de fotografia.

O auditório polivalente, com ca-pacidade para oitenta lugares, que ocupará a cerca coberta poente, também já estará em funcionamen-to quando se consumar o retorno às instalações.

Para além do novo ginásio, já em obra, a segunda fase vai desenvol-ver-se até ao início do próximo ano lectivo, quando a renovação do li-ceu estará consumada.

Entretanto, as actividades de educação física e desportos estão a ser desenvolvidas no pavilhão do Clube Académico de Bragança e no pavilhão Municipal sob a banca-da do Estádio, na sequência de um acordo com aquele clube desportivo e da colaboração activa da Câmara Municipal de Bragança.

os malefícios do tabaco foram, como tem vindo a ser hábito, ob-jecto de tratamento no âmbito da comunidade escolar, no passado dia 17 de novembro. os alunos do curso Profissional de Técni-co auxiliar de saúde encenaram na escola e em vários locais da cidade um cortejo para o enter-ro do tabaco, uma iniciativa que causou impacto junto de quem passava.

a organização desta activi-dade, promovida pelo projecto Educação para a saúde, contou com o apoio do professor acácio Pradinhos, dinamizador das ac-tividades cénicas, que também mobilizou alunos para mais uma participação na Bienal da másca-ra - mascararte - a decorrer nesta semana.

a data foi aproveitada para realizar o já tradicional magus-

to da escola, que teve lugar ao fim da tarde, na sequência de actividades desportivas e jogos tradicionais, enquadrados pelos professores de Educação Física e desportos.

as castanhas, com “doP - de-nominação de origem Prote-gida”, em que pontificavam as castas longal e Boaventura, fo-ram fornecidas por produtores afamados da Freixeda e Vila Boa de carçãozinho, que geralmente contam com a protecção da se-nhora do aviso para a garantia da qualidade e do sabor.

a fogueira juntou à sua volta dezenas de festeiros e crepitou sob o coberto ao lado do ginásio que, no dia seguinte, foi desacti-vado para se dar início à espera-da demolição daquele equipa-mento que será substituído por um mui mais amplo e moderno.

MAGUSTO 2011

mais castanhas e menos tabaco

EquiPa coordEnadora

sala de actividades artísticas no novo bloco

aspecto de um dos novos laboratórios

o enterro do tabaco no dia do “não fumador”

assador carregado para o magusto da escola

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DESPORTO

6 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012

na manhã do passado dia 19 de outubro realizou-se o corta-mato escolar na quinta da Trajinha, que contou com a participação de todas as escolas da cidade de Bragança, in-serido nas comemorações do dia do Exercito.

o Exército Português comemora o seu dia festivo a 24 de outubro, data em que se celebra a tomada de lis-boa, em 1147, pelas tropas de d. afon-so Henriques, Patrono do Exército.

Foram muitas as actividades apre-sentadas para festejar a data. a Expo-sição de Pintura e História no centro cultural adriano moreira, entre 14 de outubro e 14 de novembro; a expo-sição de materiais/Equipamentos, actividades multiusos e de Pólos de

Excelência, na Praça cavaleiro Ferrei-ra, largo dos correios e na Praça da sé, entre os dias 21 e 23 de outubro; as Jornadas académicas, no centro cultural municipal adriano moreira, no dia 21 de outubro; a demonstra-ção de capacidades e meios, na Pra-ça luís de camões, concerto musical pela Banda sinfónica do Exército, no Teatro municipal de Bragança (TmB), no dia 22; a missa de acção de Gra-ças e sufrágio, na catedral de Bra-gança, no dia 23.

assim no dia 19, pelas 8.30, parti-ram em direção à quinta da trajinha cerca de 150 alunos da nossa escola, acompanhados pelos professores de Educação Física, com enorme moti-vação de participar e apoiar os inter-

venientes nesta iniciativa. o número total de participantes foi cerca de 450 alunos, de todas as escolas do 2º e 3º ciclo e ensino secundário, da nossa cidade.

Todos os nossos alunos que parti-ciparam tiveram um comportamen-to digno na representação da nossa escola.

Interessa realçar as classifica-ções de pódio alcançadas pelos nossos alunos.

Infantil B feminino3º lugar: catarina antãoIniciado feminino2º lugar: mariana BragadaIniciado masculino3º lugar: andré EstevesJuvenil feminino2º lugar: ana sabina Juvenil masculino1º lugar: nuno EstevesJúnior feminino1º lugar: Barbara Freire 2º lugar: carla Jordão3º lugar: sara Gonçalves

Perto de alcançar classificações de pódio:

Juvenil feminino4º lugar: sónia VeigaJuvenil Masculino4º lugar: Filipe mota5º lugar: ricardo alves6º lugar: daniel matos

7º lugar: ivo Teixeira8º lugar: Filipe rodrigues9º lugar: david VazJúnior feminino4º lugar: mónica ValenteJúnior masculino 4º lugar: dinis diegues

a nossa prestação desportiva foi muito boa, com muitos pódios e alu-nos muito bem classificados.

a organização do evento contou

com a colaboração da associação de atletismo de Bragança. o local da realização do evento reunia caracte-rísticas especificas para a prática da modalidade embora o piso pudesse estar um pouco menos duro. no final da prova, os elogios foram unânimes. Todos classificaram o evento como sendo um sucesso. Fazemos votos que a iniciativa se repita pela convi-vência e espírito desportivo que to-dos sentiram.

o projecto do desporto Escolar aprovado para o presente ano letivo terá seis grupos. além dos grupos de Basquetebol, danças urbanas, multiatividades da natureza e Fut-sal, que já existiam em anos ante-riores, para o presente ano foram aprovados também os grupos de Xadrez e de Voleibol.

os grupos escolhidos e os es-calões que irão representar cada grupo, nas competições externas que a nossa escola irá realizar fo-ram determinados pelas inscrições existentes. as alterações que se verificam nos grupos relativamente ao ano anterior são no Basquetebol e no Futsal. o Basquetebol terá so-mente um grupo/equipa no escalão

Juvenil Feminino. Por motivos de competição local foi-nos sugerido pela coordenação que o grupo teria de passar do escalão Júnior para o escalão inferior. o outro grupo exis-tente no ano passado, Juvenil mas-culino, teve de ser alterado, pois não havia competição externa que justificasse a sua existência.

o grupo de Futsal iniciado mas-culino, que existiu em 2010/2011, foi extinto e a solução passou pela troca do escalão e do género, alte-rando este ano para o escalão Juve-nil Feminino. constatámos na altu-ra das inscrições que havia muitas alunas interessadas em participar nesta competição, sendo a maioria do escalão juvenil.

outra modalidade que mereceu atenção especial por parte dos nos-sos alunos foi o Voleibol. dado que é uma modalidade nova no Projec-to do desporto Escolar da nossa escola, optámos por começar pelo escalão iniciado com um grupo fe-minino.

o Xadrez aparece pelas poten-cialidades óbvias que apresenta em termos cognitivos e também pela li-mitação de espaço disponível para a prática desportiva, que a escola apresenta devido às obras de remo-delação. Procuramos também, com a abertura deste grupo cativar uma faixa de alunos que normalmente não participava nas actividades do desporto Escolar.

assim os responsáveis pelos grupos/equipas são: o professor amilcar Pires responsável pelo Basquetebol; a professora Emília Tavares responsável pelo Xadrez; o professor antónio oliveira respon-sável pelo multiactividades da na-tureza; a professora Helena ramos responsável pelo danças urbanas; a professora Fátima Brito respon-sável pelo Voleibol e a professora ana mateus pelo Futsal.

além da actividade externa, o pro-jecto tem uma componente interna que será realizada no decorrer do ano. além das actividades despor-tivas que são mais recorrentes na escola, o corta-mato e o projecto mega, iremos realizar também uma

prova de orientação, um passeio de BTT e um torneio inter-turmas de Voleibol.

os objetivos do projeto do des-porto Escolar da nossa escola pas-sam pela prática desportiva como forma de promoção de saúde, pe-la interação interpessoal existente em treino ou em competição, pela amizade que se cria com os restan-tes intervenientes. Pretendemos formar melhores alunos, mais inte-ligentes, mais fortes e mais justos. o desporto Escolar pode e deve ser uma valência importante na forma-ção geral dos nossos alunos.

aProVEiTEm.

anTÓnio oliVEira

DESPORTO ESCOLAR Emídio Garcia aposta na diversificação de modalidades

anTÓnio oliVEira

DIA DO ExÉRCITO EM BRAGANÇAAlunos do liceu bem classificados no corta-mato

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REPORTAGEM

Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 7

ana anGÉlico | mariana almEida 10º E

No dia 14 de outubro, o Clube de Protecção Civil da ESEG organizou uma palestra, realizada pela nutricio-nista Dr.ª Regina Afonso, no âmbito do Dia Mundial de Alimentação que se comemora a 16 de outubro.

Esta iniciativa realizou-se no sa-lão de festas da nossa escola onde estavam presentes alunos de várias turmas e foram expostos trabalhos de pesquisa, elaborados por alguns deles, nos quais o mote era: “Somos o que comemos!”

Segundo a professora Deolinda Fernandes, responsável pelo clube que organizou esta actividade, o ob-jectivo principal da mesma foi: “aler-tar a comunidade educativa, em es-pecial os jovens, para a necessidade de ter cuidado com a saúde e com o ambiente, visto que foi feita uma arti-culação entre os hábitos alimentares saudáveis e a agricultura biológica”.

A professora sublinhou que as questões abordadas nesta palestra preocupam as pessoas em geral, logo, tem a ver com a saúde pública. Nos dias que correm, as pessoas são constantemente confrontadas com espectros como o sedentarismo, o stress e os produtos alimentares nefastos para a saúde, três factores que contribuem para uma deficien-te qualidade de vida. Comentando a declaração da APN (Associação Portuguesa dos Nutricionista): “ Mais de 75% das mortes na europa são devidas a doenças directamente relacionadas com certos hábitos ali-mentares”, a professora afirmou ser fundamental uma boa alimentação para assegurar a sobrevivência do ser humano.

Lembrou, em jeito de slogan, o que foi reiterado ao longo da palestra “nós vivemos do que comemos” para chamar a atenção de que a longevi-dade, ou esperança média de vida, está condicionada pela alimentação que fazemos. Ainda estabeleceu o contraste entre os países desenvol-vidos e os menos desenvolvidos no que respeita a este ponto. Naqueles, os problemas de saúde prendem-se com o excesso de alimentos, nestes com a escassez dos mesmos.

Seguidamente, a nossa conversa continuou com a convidada daquela manhã. Começamos por referir que, segundo uma pesquisa realizada, o ovo tem propriedades antioxidantes podendo prevenir o cancro e doen-ças cardiovasculares, assim, pergun-támos quantos ovos se aconselhava

por semana. A nutricionista informou que o antioxidante a que nos refería-mos é vitamina E, que além de estar presente na gema do ovo, também existe quer nos vegetais ou em cer-tos frutos. Acrescentou ainda que a Sociedade de Cardiologia aconse-lha dois ovos por semana para quem apresente um nível de colesterol mais elevado e gorduras no sangue. “Esta média não é má, desde que os ovos não sejam fritos.”

Questionada sobre a notória e crescente obesidade na população de jovens portugueses, a doutora Re-gina corrigiu-nos afirmando que as crianças estavam a crescer com pré-obesidade e mesmo obesidade. Disse que os estudos apontam para quase 32% da população de crianças, na fai-xa etária de seis anos, naquela situa-ção. Logo, pelo menos parte desse número, caso cresçam sem cuidados alimentares, serão adultos obesos.

A nossa convidada fez notar que

as crianças dependem do que os pais lhes dão a comer, ou colocam na lancheira. Por isso, na sua opinião, a responsabilidade é inteiramente do adulto que está a criar a criança: “Não adianta pôr uma Coca-Cola na mesa e negar--lha… Não pode haver alimentos gordurosos na casa de uma criança obesa! Os pais devem proporcionar à criança actividades extracurriculares ligadas à activida-de física, pois o sedentarismo e o ex-cesso de alimentos são os principais causadores de obesidade.”

Passando a um tema completa-mente oposto, quisemos saber quais os sinais dos dois distúrbios alimen-tares que se conhecem: a anorexia e a bulimia. Foi-nos dito que os sinais são opostos, isto é, enquanto na ano-rexia os sinais são bastante visíveis, pois a pessoa começa, realmente, a perder peso; já uma pessoa que sofre de bulimia nunca perde peso como a que tem anorexia. A bulimia é muito mais difícil de detectar, porque há uma ingestão de muita quantidade de alimentos, portanto, parte da co-mida é absorvida.

A pessoa que sofre de bulimia nunca desce o seu IMC mantendo o peso considerado normal. Contu-do, há comportamentos que podem evidenviar estas doenças: no caso da anorexia, a pessoa tende a isolar-se, mostra repúdio pelos alimentos e evita comer com companhia; no caso da bulimia, as pessoas vão frequente-mente à casa de banho, mas às vezes não se percebe se chegam a tomar la-xantes ou se provocam o vómito. “Há que estar muito atento… é muito difí-cil ajudar estas pessoas, primeiro elas têm de querer ser ajudadas. Deve-mos contar às famílias, levar a pessoa ao médico…estas pessoas não preci-sam de um nutricionista, mas sim de um psicólogo”, concluiu.

Finalmente, quisemos saber a opi-

nião da Dr.ª Regina sobre o reality show “Peso Pesado”.

“Não tenho uma opinião formada, porque assisto muito pouco. Sou da opinião de que ao ver uma vez já se viu tudo o resto!”, disse-nos. Ex-plicou, ainda, que nesse programa a perda de peso é intensa, o mais importante é que os concorrentes consigam manter o peso perdido ou continuar nessa luta em casa. Acres-centou que os participantes do con-curso são pessoas com obesidade mórbida e, na opinião da nutricio-nista, vê-los perder tantos quilos e

tão rapidamente acaba por ser inte-ressante. No entanto fez o seguinte reparo: “ Quem restringe demais o alimento, mais cedo ou mais tarde o organismo vai pedir de volta. Assim, as pessoas com excesso de peso de-vem perder peso de outra forma da-quela que se vê neste programa. Se as pessoas levam tanto tempo para ganhar peso, então, também vão perdê-lo com o tempo. O importante é aprender a comer!”

Dia da alimentaçãoAs crianças e os jovens estão a crescer com obesidade

Nos dias que

correm, as pessoas

são constantemente

confrontadas com

espectros como o

sedentarismo, o stress

e os produtos alimen-

tares nefastos para

a saúde, três facto-

res que contribuem

para uma deficiente

qualidade de vida.

“HOLES”

o livro que eu escolhi foi “Holes”, de louis sachar. li este

livro no original porque ainda não há tradução para por-

tuguês, mas pareceu-me bastante acessível. conta-nos a

história de um rapaz chamado stanley Yelnats, membro

de uma família que parece ser vítima de uma maldição que

os faz estar no sítio errado à hora errada.

Tudo começa quando, um dia, stanley se dirige para

casa e umas sapatilhas lhe caem em cima vindas não se

sabe de onde. stanley apanha-as com boa intenção, mas

esse gesto vai mudar toda a sua vida. Por esse motivo ele

vai ser preso e enviado para um campo de correção de

jovens, onde vai aprender sobre amizade, solidariedade,

trabalho e a necessidade de acreditar em si próprio e nos

seus ideais.

Para além desse aspeto, o que eu achei mais interes-

sante é que esta história vai cruzar-se com muitas outras

histórias do passado e só no final compreendemos como

tudo está relacionado. a maldição vai finalmente quebrar-

se e stanley reunir-se-á com a família, ganhará um novo

amigo e será uma pessoa diferente e melhor.

li este livro nas férias e escolhi-o para tema deste texto,

realizado na aula de Português, porque me marcou, visto

que valoriza a coragem, a determinação e a importância

de manter o sonho e procurar atingi-lo. recomendo, por

isso, esta leitura a todos vós.

Pedro Lima | 10º C

o livro da minha vida

1

Page 8: 3º Jornal - liceu

ARTES

8 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 9

Tendo como referência “Outubro o mês da Biblioteca” e a comemo-ração do centenário do nascimento dos escritores Manuel da Fonseca e de Alves Redol, os alunos do 12º E na disciplina de Desenho A, desen-volveram uma unidade de trabalho onde foram explorados os seguintes conteúdos:

- materiais e técnicas (carvão ve-getal, sépia e sanguínea), o retrato e as mudanças de escala.

- o carvão vegetal é um material clássico no desenho, talvez o mais antigo. O carvão pode ser obtido a partir de ramos de salgueiro ou vi-deira carbonizados (dentro de um recipiente fechado). Obtêm-se di-versas durezas de carvão conforme

o tempo de carbonização. O carvão pode encontrar-se à venda no mer-cado com várias durezas, quer sob a forma de pequenos galhos carboni-zados com o aspecto original, quer com formas regulares de paralelepí-pedo ou cilindro e ainda envolvido por madeira.

Usa-se para esboçar ou para dese-nhos definitivos de acordo com o su-porte e a intenção. Já na pré-história se usavam galhos queimados para desenhar.

No Renascimento foi usado re-gularmente para fazer estudos preli-minares em paredes, para posterior realização de “frescos”.

Hoje em dia, o carvão é um mate-rial presente nas aulas de artes visu-ais, em escolas e academias de arte, pois proporciona gradações muito expressivas. Nas aulas de desenho e figura humana é usado pelas suas óptimas características de riscador, deposita-se suavemente no papel ao sabor dos gestos, sendo possível de retirar com miolo de pão, borrachas apropriadas (por ex: PVC) ou mes-mo com um pano macio.

- sanguínea é uma espécie de “giz vermelho”, mistura de caulino e hematite e tem um tom castanho-avermelhado escuro, semelhante à terracota. Conhecida desde o pa-leolítico, a sanguínea começa a ser

usada com bastante frequência por volta de 1500. É na Renascença e Barroco que artistas como Leonar-do da Vinci, Rafael e Rubens usam a sanguínea de uma forma notável. Os efeitos de “sfumato” que empre-garam são admiráveis.

“Sfumato” termo criado por Le-onardo da Vinci para se referir à técnica artística usada para gerar gradientes perfeitos na criação de luz e sombra de um desenho ou de uma pintura.

A cor quente e suave da sanguí-nea fez com que fosse empregue no desenho de representação do corpo humano através da história. No séc. XVI os artistas italianos usaram imenso a sanguínea, isoladamente ou em combinação com outros ma-teriais, nomeadamente com a pedra negra e giz branco, sobretudo no retrato.

A sanguínea, tal como o carvão e o pastel seco, deve ser fixada, embora neste caso apenas com uma camada suave de fixador apropriado, porque normalmente escurece e perde a lu-minosidade inicial.

Sépia é um riscador castanho es-curo, cujos pigmentos são extraídos de um molusco e misturados com um mineral do tipo do giz. Usa-se no desenho da mesma forma que a sanguínea. A sépia foi usada pelos

artistas ao longo da história para de-senhar sobretudo paisagem. Pode ser diluída com água ou misturada no decurso de aguadas e aguarelas, salvaguardando as características dos vários materiais.

Ao escolhermos o retrato de Manuel da Fonseca e de Alves Re-dol para este trabalho, procuramos divulgar, uma vez mais, os escritores portugueses, neste caso, escritores do Neo-realismo literário. Foi feito um paralelismo com o Neo-realismo na arte e nomeadamente com alguns artistas portugueses da época: Júlio Pomar e Lima de Freitas.

Numa 1ªfase, na sala de aula, fo-ram realizados, individualmente, al-guns desenhos em formato A3 com referente à vista em formato A4.

Numa 2ª fase, no exterior e em grupo, foram realizados os retratos dos escritores em papel de cenário (2mx2m) com referente à vista for-mato A4.

Os principais objectivos desta ac-tividade consistiram em:

- dominar uma grande diversida-de de suportes, escalas e materiais

diferenciados, enquadramentos e processos de transferência;

- desenvolver a capacidade de análise através de estudos analíticos de desenho à vista, de proporção, distâncias, eixos e ângulos relativos, volumetria, configuração e pontos de inflexão de contorno, proporcio-nando o desenvolvimento de uma capacidade de síntese gráfica.

Este trabalho revelou-se de gra-de importância. Os alunos duran-te o processo de representação no exterior estiveram expostos à co-munidade escolar e à crítica, o que certamente contribuirá para o seu desenvolvimento e maturidade.

Esta actividade terminou com a exposição dos desenhos, conco-mitantemente com alguns livros e frases dos autores, no CREBE da nossa escola, dia 24 de Outubro, dando corpo a comemoração do “Dia daBiblioteca”.

manuEl TroVisco

alunos de artes animam espaço escolarActividades realizadas a propósito do centenário de Alves Redol e Manuel da Fonseca

Este trabalho revelou-

se de grande impor-

tância. Os alunos

durante o processo

de representação no

exterior estiveram ex-

postos à comunidade

escolar e à crítica.

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8 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 9

BIBLIOTECA

Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 9

coordEnadora da BE/crE

No início de mais um ano lectivo e, no mês de outubro, mês interna-cional da Biblioteca Escolar, foram realizadas diversas iniciativas por alunos e professores, deixando-se em aberto a reflexão sobre o conceito de BE e a sua representação na Escola.

O Programa da Rede de Biblio-tecas Escolares (PRBE) foi lançado em 1996, tendo por objetivo a instala-ção e o desenvolvimento de bibliote-cas em escolas públicas dos diferen-tes níveis de ensino, o que acontece a partir de 1997. Num mundo global, unido pelas tecnologias e marcado pelo crescimento, dispersão e varie-dade da informação, as Bibliotecas Escolares têm vindo a incrementar o livre acesso ao livro e a outros recur-sos eletrónicos e digitais.

Hoje, decorridos quinze anos sobre o lançamento do Programa RBE, um novo conceito de bibliote-ca é partilhado pela generalidade das escolas. As bibliotecas escolares afir-mam-se cada vez mais como estru-turas pedagógicas, que se envolvem com as escolas e as comunidades e cooperam com docentes e alunos de modo a responder às suas necessida-des educativas.

As atividades e projetos que se desenvolvem na biblioteca escolar tanto são atividades letivas como de estudo autónomo ou de lazer, envol-

vendo toda a comunidade educativa. O apoio ao currículo, à promoção da leitura, à educação digital e para a informação são os “pontos fortes” destes novos espaços.

É, portanto, cada vez com mais frequência que na BE/CRE pode-mos testemunhar o trabalho de co-laboração com turmas e professores, no desenvolvimento das suas ativida-des e projetos de caráter disciplinar ou interdisciplinar.

Durante todo o ano e, particular-mente, no dia 24 de outubro, traba-lhamos para fazer mais e melhores leitores; leitores utilizadores da bi-blioteca, leitores consumidores de livros, mas também leitores digitais competentes, criativos, capazes de utilizar os diferentes suportes da es-crita e da leitura, pois é aqui que se inscrevem os grandes desafios colo-cadas às bibliotecas.

O lançamento de um modelo de avaliação – MABE, constitui outro factor muito importante de monito-rização e melhoria do seu trabalho e de valorização e reconhecimento do seu papel a nível interno e externo.

O reforço das parcerias com outros programas e projetos (Ideias com Mé-rito, a Ler +, Ler é para Já e Newton Gostava de Ler) é uma vertente que também merece ser assinalada, nome-adamente no que respeita ao Plano

Nacional de Leitura (PNL).A cooperação com outras entida-

des, em que se destacam as autar-quias e respetivas bibliotecas munici-pais, é outro eixo do programa RBE que tem vindo a reforçar-se, fruto da necessidade de rentabilizar os recur-sos existentes e agir segundo uma perspetiva de rede em torno de ob-jectivos e serviços comuns, como por exemplo o Serviço de Apoio a Bi-bliotecas Escolares (SABE). A cria-ção de portais e catálogos coletivos de bibliotecas, associando bibliote-cas públicas/municipais e bibliotecas escolares atestam bem o progresso realizado neste domínio, bem como o empréstimo interbibliotecas.

Em Bragança, a criação/disponi-bilização online do Portal e-catálogo coletivo concelhio, integrando as colecções de todas as Bibliotecas Escolares, da Biblioteca Municipal e de outros parceiros, constitui uma prioridade para este ano letivo.

A existência de um sistema inte-grado de informação documental é uma forte aposta feita pela RBE e pelas Escolas nestes últimos anos. As bibliotecas em rede ficarão, de certo, melhor preparadas para en-frentar os grandes desafios da Web rumo ao futuro.

biblioteca da escola na redePortal e-catálogo constitui prioridade para este ano lectivo

no passado dia 24 de outubro decorreu na BE/crE a aula de ciências físico-químicas da tur-ma do 7º B. os alunos fizeram a leitura do texto “Era uma Vez… um Planeta”, de regina Gouveia. Este texto faz uma descrição, em verso, da visita de um extrater-restre, que “tinha umas grossas melenas e usava duas antenas”, que trava amizade com um meni-no “sorridente com uns olhos cor do céu” e lhe descreve um pouco como é o espaço sideral, a cons-tituição do sistema solar, dando grande relevo a um planeta “azul-safira” e pedindo que o menino cuide do mesmo.

após a leitura do texto em vá-rios suportes, houve um momen-to para a interpretação e discus-são dos referidos conteúdos.

os alunos aceitaram o desafio proposto pela professora: elabo-rar uma composição partindo de um extrato do texto apresenta-do/analisado. o texto elaborado será trabalhado, posteriormen-te, na aula de língua portuguesa, promovendo deste modo a inter-disciplinaridade mas, sobretudo, o incentivo à leitura e à escrita. os alunos desenvolveram todas as atividade com muito entusias-mo e curiosidade expondo, de-pois, os trabalhos na BE/crE.

como tinham estado numa sessão com a autora do texto, durante a qual realizou pequenas experiências, os alunos tinham referências da obra da escritora, o que aumentou a vontade de participarem.

ErA UMA VEZ UM PLANETACiêNCiA E POEsiA NO REiNO dA FANtAsiA

luísa FErnandEs

À semelhança dos anos anterio-res, a nossa Escola está presente no Concurso Nacional de Leitu-ra, no âmbito das atividades pro-movidas pelo Plano Nacional de Leitura. As inscrições a decorrer no Centro de Recursos Educati-vos (Biblioteca) serão aceites até ao dia 9 de dezembro. A prova escolar realizar-se-á no dia 6 de janeiro de 2012 (sexta-feira).

Este Concurso só é possível com a colaboração de todos. Len-do somos melhores. Qualquer es-clarecimento será prestado pelos Professores João Cabrita e Amá-lia Silva.

A prova escrita terá por base a leitura dos seguintes livros:

SEcUNDáRIO • O Ano da Morte de Ricardo

Reis, de José Saramago• A Morgadinha dos canaviais,

de Júlio Dinis

3º cIclO • Escrito na Parede, de Ana Sal-

danha• Meu Pé de laranja lima, de

Erico Veríssimo

Concurso nacional de leitura

As atividades e projetos

que se desenvolvem na bi-

blioteca escolar tanto são

atividades letivas como

de estudo autónomo ou

de lazer, envolvendo toda

a comunidade educativa.

A nossa escola aceitou uma vez mais o convite da Sociedade Por-tuguesa de Matemática para par-ticipar na 1ª eliminatória das XXX Olimpíadas Portuguesas de Mate-mática. Assim, no passado dia 9 de novembro, cerca de 30 alunos, dis-tribuídos pelas diferentes categorias da competição - Categoria Júnior (7.º ano),

Categoria A (8.º e 9.º anos) e Ca-tegoria B (10.º, 11.º e 12.º anos), exer-citaram o pensamento matemático e aperfeiçoaram a sua capacidade de raciocinar e resolver problemas. Aguardam-se para breve os resul-tados. Quem sabe se descobrimos algum talento matemático escondi-do…

olimpíadas de matemática

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DESTAQUE

10 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 11

Figura 1 – Evolução da população nos últimos 100 anosde 2001 para 2011 verificou-se um ligeiro crescimento da população re-sidente, de cerca de 1,9%. Em relação à variação da população residente por municípios verifica-se que, de uma forma geral, é no interior do país que essa variação é mais acentuada, como o caso de carrazeda de ansi-ães com um valor de – 17%.

ana corTinHas

Distrito de Bragança perdeu 12424 pessoassegundo os resultados dos censos de 2011 o interior não consegue inverter o esvaziamento populacional

Figura 2 – Variação da população residente – os con-celhos que mais ganharam e perderam população.a região norte apresenta um valor de 3 689 713 indi-víduos. Verifica-se que na última década, não houve alterações significativas, invertendo a tendência de crescimento verificada nas últimas décadas. contu-do, na comparação litoral/interior encontram-se di-nâmicas de crescimento muito diferenciadas.

as áreas do cávado, Grande Porto e ave apresentam um aumento da população residente de, respectiva-mente 4%,2% e < 1%. invertendo esta tendência, no interior, existe uma perda significativa de população, na última década. dos 86 municípios que constituem a região norte, apenas 25 registam acréscimos na população residente.

Figura 3 - Variação da população residente por NUTS III, 2001-2011no que diz respeito ao distrito de Bragança verifica-se que este perdeu, na última década, 12424 efectivos, passando de 148883 habitantes (2001) para 136459 habitantes (2011). a tendência para a perda de população é clara, uma vez que entre os 12 concelhos do distrito, todos perderam po-pulação, com a excepção de Bragança que ganhou 595 pessoas.

Figura 4 - Variação da população residente por concelho, 2001-2011 os resultados preliminares dos censos 2011 são o prelúdio da tão anunciada desertificação. Entenda-se este termo em dois sentidos, a desertificação huma-na, pela saída de pessoas e a desertificação física, pelo abandono do campo. o abandono das nossas aldeias, o seu desprovimento de jovens, a perda cada vez mais

acentuada de homens e mulheres que seriam funda-mentais na continuação do papel iniciado pelos nos-sos antepassados. a litoralização, o envelhecimento da população, a desertificação do interior do país, levam ao abandono da terra, das casas, da cultura, das tra-dições, da natureza… Estaremos a tempo de inverter esta tendência?

Somos 10 555 853 residentes, constituímos 4 079 577 famílias e dis-pomos de 5 879 845 alojamentos em 3 550 823 edifícios. Foi desta forma que foram anunciados os resultados preliminares dos Censos 2011, pelo Instituto Nacional de Estatística.

Com estes resultados, verifica-se que o território na-cional nunca teve tanta população, sendo que, nos últimos 100 anos, quase duplicou, passando de 6 mi-lhões (em 1911) para quase 11 milhões (em 2011).

As estatísticas atuais do INE apresentam dados por NUT I, II e III (nomenclatura de unidade territorial), sendo que esta divisão geográfica começou a ser utilizada para uniformizar dados ao nível das várias regiões que compõem os países da União europeia.

1. Existem actualmente 92 homens por cada 100 mulheres.

2. o número médio de pessoas por família desceu de 2,8 (2001) para 2,6 (2011) em todas as regiões da país.

3. o número médio de filhos por mulher em idade fértil (ín-dice sintético de fecundidade) é, atualmente de 1,37, sendo que, para se assegurar a continuidade de gerações é ne-cessário que cada mulher tenha 2,1 filhos.

4. na região de alto Trás-os-montes o número de edifícios aumentou cerca de 6% e a população residente teve uma diminuição de 8 %.

5. no concelho de Bragança, foi a freguesia de são Pedro de sarracenos que teve uma variação mais positiva em termos

de população residente, com valor igual ou superior a 20%.

SABIA QUE ...

FONTE: WWW.INE.PT

minho-lima

avecávado

Tâmega douro

alto Trás-os-montes

Entre douro e Vouga

Grande Porto

40000

35000

30000

25000

20000

15000

10000

5000

alfândeg

a da

FéBra

gança

carra

zeda

de ansi

ães

Frei

xo d

e Esp

ada

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>= 20

[10; 20[

[2; 10[

[-2; 2[

[-10; -2[

[-20; -10[

< -20

2001

2011

alcoutim

armamar

idanha-a-nova

mourão

carrazeda de ansiães

sesimbra

montjjo

alcochete

mafra

santa cruz

Variação da População residente- os 5 mais e os 5 menos

- 40% - 20% 0 20% 40 % 60 %

A população residente nos últimos 100 anos

ANO

MIL

HA

rE

S

11000

10000

9000

8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

01911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011

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10 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 11

REPORTAGEM

Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 11

anTÓnio luís rodriGuEs | 11º B

parlamento Jovem 2010/11Sessão nacional contou com a participação activa de “deputadas” da escola Emídio Garcia

O programa “Parlamento dos Jo-vens” é uma iniciativa da Assembleia da República que se desenvolve em parceria com o IPJ e com o Ministé-rio da Educação. Este programa visa incentivar a participação activa dos jovens na vida democrática e insere--se na promoção da Educação para a Cidadania, como competência trans-versal aos diferentes níveis de ensino, através da participação em debates, votações e na elaboração de um Pro-jecto de Recomendação à AR.

O Regimento do Parlamento dos Jovens inspira-se nas regras de fun-cionamento da AR, respeitando a autonomia dos jovens em todas as fases de eleição, desde a Escola até à Sessão Nacional.RA

O tema para o secundário era “Que futuro para a educaçao?”. O círculo eleitoral de Bragança levou à AR, “os deputados” Joana Baptista e Maria Borges da nossa escola, Carlos Al-varenga porta-voz do nosso círculo e Jorge Ribeiro da Escola Profis-sional de Agricultura e Desenvolvi-mento Rural de Carvalhais. Os de-putados acima citados foram eleitos na sessão distrital que decorreu no Governo Civil de Bragança e foram à AR defender o Projecto de Re-comendação da Escola Secundária Emídio Garcia, o qual foi eleito. A Sessão Nacional decorreu nos dias 30 e 31 de Maio de 2011, na Assem-bleia da República em Lisboa.

O 1º DIA

A saída de Bragança estava pre-vista para as 5.30h mas devido um pequeno atraso o rumo a Lisboa só se iniciou as 5.45h da manha. A boa disposiçao era geral e a vontade de defender o nosso distrito e a nossa

escola era enorme. Fomos acom-panhados na viagem pelos “jovens deputados” de Vila Real, alguns dos quais já nossos conhecidos de outras sessoes do parlamento dos jovens.

Chegámos a Lisboa pelas 13:45 horas, esperavam-nos dois dias de trabalho, mas nada disso influencia-va a nossa alegria.

A 1ª etapa era a das Comissões, os deputados do Círculo de Bragança participaram na 2ª Comissão, junta-mente com os deputados do Porto, Açores, Castelo Branco, Beja, Viana do Castelo e Lisboa. Nesta comissão apenas foram debatidos os projectos dos circulos de Bragança, Porto, Açores, Castelo Branco, Beja, Via-na do Castelo e Lisboa. Comissão foi orientada pelo deputado Emídio Guerreiro , eleito pelo PSD.

Após 3 horas de debate, o projecto de recomendação eleito foi o do Cír-culo do Porto, tendo sido alterado através da apresentação de uma pro-posta da círculo de Bragança. No final das reuniões das Comissões, surgiram 4 conjuntos de medidas, onde em cada uma, estava presente o esforço e empenho de todos os par-ticipantes. Era notório um olhar de satisfação e de alegria entre todos os que estavam envolvidos no projecto, desde deputados e jornalistas a pro-fessores, ao ver uma etapa do projec-to ser concluída.

Enquanto decorria o debate na es-pecialidade e a votação das propos-tas de alteração às medidas, os jovens jornalistas e professores tiveram uma visita guiada ao Palácio de S. Bento. Passaram na Sala da Sessão Parla-mentar, onde decorrem as Sessões “a sério” da AR, na Sala do Senado onde no dia a seguir iria decorrer a

Sessão do Parlamento dos Jovens, e na Sala dos Passos Perdidos que era magnífica.

Depois de todo o trabalho que os jovens deputados tiveram ao defen-der as suas medidas nas comissões estava á sua espera um lanche nos claustros do Palácio. Depois de re-postas as energias todos os interve-nientes e incluindo os alunos do Eu-roscola foram convidados a assistir a uma magnífica actuação do grupo “Os Paganinus – Orquestra de Vio-linos do Conservatório Regional de Setúbal”.

No final do dia e depois de um belo jantar servido novamente nos Claustros do palácio fomos encami-nhados para a Pousada da Juventude DE Almada, um sítio agradável, com boa vista para o rio tejo, aí passámos bons momentos de confraternização com os nossos colegas deputados.

O 2º DIA

O dia começou cedo, com muita animação e a boa disposição era ge-ral. Chegados à AR, os deputados ocuparam os seus lugares na Sala do Senado, a Sessão foi aberta pelo Dr. José Seguro, então Presidente da Comissão de Educação e Ciência. Depois de alguns elogios por par-te dos senhores da mesa aos jovens deputados, seguiu-se um período de perguntas aos deputados da AR, Sofia Cabral do PS, João Prata do PSD, Michael Seufert do CDS-PP, Rita Calvário do BE, Rita Rato do PCP e Heloísa Apolónia do partido Os Verdes.

Terminado o período de pergun-tas, os jovens jornalistas usufruíram de uma conferência de imprensa com o Dr. José Seguro, que respondeu a algumas questões.

No fim da Sessão, desfrutámos de um rápido almoço nos claustros do

Palácio de S. Bento, para depois, to-dos regressarem aos seus trabalhos.Já no Salão Solene do Palácio de S. Bento deu-se, por fim, a conclusão do debate e a votação final do Pro-jecto de Recomendação, com dez medidas.

O encerramento da Sessão Plená-ria foi feito pelo Presidente da Co-missão de Educação e Ciência, que entregou os diplomas ouvindo-se o hino Nacional.

Na hora da despedida todos que-riamos ficar e as despedidas não fo-ram fáceis, mas sempre com um “até um dia”.

Se não fossem algumas pessoas, nós não teríamos conseguido repre-sentar tao bem o nosso distrito nem a nossa escola, um obrigado aos nos-sos colegas da fase Distrital e todos os professores que nos acompanha-ram desde o início deste projecto, es-pecialmente, o professor Teófilo Vaz e o professor Carlos Fernandes.

Era notório um olhar

de satisfação e de ale-

gria entre todos os que

estavam envolvidos no

projecto, desde de-

putados e jornalistas

a professores, ao ver

uma etapa do projecto

ser concluída.

Page 12: 3º Jornal - liceu

ACTIVIDADES

12 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012

É do conhecimento geral que o “teatro” permite ao aluno evoluir em múltiplos níveis. a interacção com outros elementos promove a socia-lização, os desafios criativos esti-mulam a criatividade, os trabalhos de corpo e movimento promovem a coordenação, a memorização e o vo-cabulário, entre muitos outros.

desde o primeiro dia o encenador submete os candidatos a diferentes exercícios que promovem a desco-berta do indivíduo na relação com o outro e com esta sui generis forma de comunicar. o Grupo de teatro, nesta fase “procura proporcionar situações que promovam descober-ta do corpo e dos seus limites, na relação com o outro. «a expressão corporal favorece as manifestações de si próprio, não impondo cânones obrigatórios, mas deixando uma área de liberdade que cada um pode usar sem medo de ser julgado ou avaliado» (montanari, 2002).

na expressão dramática, o aluno (re)descobre a incontornabilidade do jogo dramático nas relações in-terpessoais e de grupo e apreende dos códigos e convenções teatrais.

durante o percurso da preparação de uma criação teatral, o aluno in-terage, revela-se, supera bloqueios, desinibe-se, e exterioriza traços da sua personalidade. o compor-tamento individual e em grupo do aluno são indicadores que permitem ao professor direcionar o seu traba-lho pedagógico, potenciando o ser humano em detrimento do artista. o Professor do grupo de teatro na escola, ou direccionado às crianças/jovens, deve estar em sintonia com outras áreas de saber.

criam-se vínculos com o pro-fessor, com o grupo, com o jogo das personagens e rapidamente, a sexta-feira à tarde passa a ser um momento de magia e entusiasmo na vida dos jovens. consolidam-se roti-

nas, partilham-se afetos, definem-se objectivos e marcam-se os primeiros encontros com o público.

as capacidades do grupo vão ser postas à prova no dia 3 de dezembro na mascararte, a Bienal da máscara, com uma performance surpresa. Poucos dias depois, o grupo de tea-tro comemora o “dia mundial da luta contra a sida” com o espectáculo “com a sida não se brinca”. a partir de Janeiro as energias do grupo vão estar concentradas na peça que re-presentará o liceu no encontro de teatro escolar.

o Grupo de Teatro, versão 2011-2012, tem 36 elementos e integra alunos do 7º ao 12º anos com a particularidade de alguns deles fre-quentarem o projecto pelo 4º ano consecutivo.

acácio PradinHos

GRUPO DE TEATRO - ESEG36 elementos, do 7º ao 12º, participam nas actividades

No passado dia 16 de Novembro, pelas 7.00 horas da manhã, um gru-po de alunos e professores da Escola Secundária Emídio Garcia partiram para Vila Nova de Foz Côa onde os esperava uma visita orientada às gravuras rupestres do Parque Ar-queológico desta região.

Cumprindo todos os objetivos do programa, visitaram em primeiro lugar, o Museu do Côa e, seguida-mente, as “Gravuras Rupestres do Vale do Côa”, núcleo de Penascosa,

freguesia de Castelo Melhor.O Museu com uma notável inser-

ção paisagística Entre-os-rios Côa e Douro, sintetiza o longo ciclo de arte rupestre representado no Par-que Arqueológico do Vale do Côa. O edifício apresenta uma forte inte-ração com a paisagem, desenvolven-do-se ao longo de 4 pisos compostos por 3 salas de coleções e contextua-lização de imagens das gravuras e dos sítios arqueológicos do Vale do Côa, com recurso à utilização de

tecnologias multimédia e novos su-portes de leitura.

As excelentes características ar-quitetónicas, o contacto direto com os materiais e a permanente interati-vidade na explicação dos artefactos e réplicas proporcionaram, a todos, as condições necessárias para boa aqui-sição de conhecimentos relativos ao quotidiano do Homem do Paleolíti-co Superior. A arte rupestre do Vale do Côa demonstra-nos, de forma excepcional, a vida social, económi-

ca, e “religiosa” dos nossos primeiros antepassados, numa altura em que a vida quotidiana era muito difícil.

Após o almoço rumamos para Penascosa/Castelo Melhor, junto ao centro de acolhimento, onde nos esperavam os guias que, em jipes de oito lugares, organizaram o per-curso da visita ao Núcleo Rupestre desse local.

Durante o percurso os guias ques-tionaram os alunos e explicaram o que iríamos ver. Nas primeiras rochas

alertaram para a existência de alguns animais gravados em xisto, entre eles o auroque, o cavalo, o bode, o veado, signos geométricos simbólicos e até figuras antropomórficas. Todos os alunos, com idades e níveis de ensino diferentes, souberam estar à altura e usufruir desta explicação.

Junto ao Côa e ao longo do vale, durante duas horas, pudemos todos recuar ao tempo dos nossos antepas-sados e aos seus habitats naturais. Diversos homens e mulheres deixa-ram a sua marca nas rochas, desde há cerca de 25.000 anos até à con-temporaneidade. Com perplexidade observamos e fotografamos diversas gravuras que integram um valioso património que constitui, a nível mundial, o mais importante conjun-to de gravuras paleolíticas ao ar livre (Património Mundial da Unesco em Dezembro de 1998).

No regresso, professores e alunos, expressaram o seu elevado grau de satisfação, concluindo que esta via-gem foi, para todos nós, uma experi-ência muito enriquecedora e jamais inesquecível.

À descoberta do paleolítico superiorAlunos visitaram núcleos do parque arqueológico do Vale do Côa

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ACTIVIDADES

Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 13

Pelo 5º ano consecutivo, em Se-tembro deste ano a nossa escola foi galardoada com a Bandeira Ver-de. A escola está de parabéns, bem como todos os que têm colaborado neste projecto!

Este galardão, Bandeira Verde, é atribuído às escolas que participam no Programa Eco-Escolas e que demonstraram o cumprimento da metodologia, dos temas de trabalho propostos e das acções programa-das.

O Eco-Escolas é um Programa de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, promovido em Portu-gal pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), que pretende encorajar acções e reconhecer o tra-balho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental/EDS.

Encorajar, reconhecer e premiar o trabalho desenvolvido pela esco-la na melhoria do seu desempenho ambiental e na sensibilização para a necessidade de adopção de compor-tamentos mais sustentáveis são os objectivos principais do Programa Eco-escolas. “Este programa visa ainda criar hábitos de participação e cidadania, tendo como objectivo principal encontrar soluções que permitam melhorar a qualidade de vida na escola e na comunidade”. (ABAE)

A ABAE fornece fundamental-mente metodologia, formação, mate-riais pedagógicos, apoio e enquadra-mento ao trabalho desenvolvido pela escola.

A nossa escola, ao aderir ao Eco-Escolas, compromete-se a desen-volver um conjunto de acções e ac-tividades que deverão envolver os diferentes elementos da comunidade escolar (alunos, professores, assis-tentes operacionais, encarregados de educação) e ainda da comunidade envolvente, nomeadamente o muni-cípio.

Após a inscrição (anual) da escola no programa, que tem sido incluído no Projecto Educativo, forma-se/ratifica-se o Conselho Eco-Escolas, responsável pela aplicação do pro-grama (incluindo a planificação, im-plementação/orientação e avaliação das actividades a desenvolver). O nosso Conselho Eco-Escolas, con-forme orientação do programa, tem sido constituído por professores (de várias áreas disciplinares e da Direcção), alunos (12), assistentes

operacionais, psicóloga e um repre-sentante da Câmara Municipal de Bragança. Tendo sido o ano lectivo anterior aquele em que se verificou um maior número de alunos fazendo parte do conselho. Após a realiza-ção/actualização da auditoria am-biental à escola, e tendo em conta os temas a desenvolver definidos pela ABAE (obrigatórios: resíduos, água e energia; opcionais: biodiversidade, mar, floresta e agricultura biológica), é proposto e aprovado pelo conse-lho Eco-Escolas um plano de acção (onde são definidos objectivos, me-didas a implementar e actividades a desenvolver).

No final do ano lectivo, e durante o seu desenvolvimento, é efectuada uma monitorização e avaliação da implementação do plano de acção. Após a avaliação, e caso seja positiva (como tem sido), o Conselho Eco-Escolas elabora e submete a candi-datura ao galardão.

Durante este processo constrói-se o Eco-Código (objectivos traduzi-dos em acções concretas que todos os membros da escola se comprome-tem a seguir), que deverá ser assumi-do de forma empenhada pela comu-nidade escolar.

Desde o ano lectivo 2006/07, que a nossa escola tem participado neste programa, com resultados positivos, desenvolvendo várias actividades (incluídas no plano de actividades da escola), articuladas pelo Conselho Eco-Escolas. As actividades, além de estarem relacionadas com os temas propostos, devem estar relacionadas com o currículo escolar. De entre as

várias actividades, e no âmbito des-te programa, no tema “resíduos”, na nossa escola faz-se:• recolha/separação selectiva de pa-pel, plásticos e vidro (eco-pontos ao pé da biblioteca e mini-ecopontos nas salas)• recolha de tampinhas de plástico (vários recipientes de recolha pela escola)• óleos alimentares usados (cantina da escola)• pequenos REEEs (no Depositrão perto do ginásio)• recolha de rolhas de cortiça• recolha de tinteiros e toners vazios (projecto Tinteiros com valor)

Também participaremos, uma vez mais, no projecto Escola Electrão, que este ano tem a designação de “Gincana Rock in Rio”. Este pro-jecto inclui 6 tarefas para toda a co-munidade escolar:

“Recolha de embalagens” (eco-ponto amarelo) (de 1 a 30 de No-vembro); “Pulseira por um mundo melhor” (de 1 de Novembro a 30 de Dezembro); “Escola energicamente eficiente” e “Escola eficiente – Uso eficiente da água” (de 1 de Novem-bro a 23 de Março) e “Escola elec-trão” (de 2 de Janeiro a 23 de Março).Para os alunos: jogo on-line (http://www.rockinriolisboagincana.com/tarefa/6), inscreve-te! (a nossa escola é o nº 433).

Mais informações em http://www.rockinriolisboagincana.com/pro-jeto.

Participa propondo e ajudando! Procuremos criar um melhor ambien-te para obtermos um futuro melhor!

luísa FErnandEs

escola mantém bandeira verdePela 5ª vez foi reconhecido o empenho ambiental da comunidade

Este ano, a tua associação de estudantes pretende marcar a diferença. a energia, a garra, a força de trabalhar, a dedicação e sobretudo a união marca a forma como trabalhamos e como ire-mos continuar a trabalhar.

a tua aE tem como objectivo lutar pelos interesses de todos os alunos, em conjugação com os representantes eleitos para o conselho Pedagógico e conse-lho Geral, órgãos onde são abor-dados os mais diversos temas que regem a vida quotidiana da tua escola.

Pretendemos lutar pelos di-reitos que nos assistem, mas

também criar um ambiente de convivência, de bem-estar, de fraternidade, de aprendizagem, de cultura e acima de tudo um ambiente apelativo dentro da nossa escola.

iniciámos com a realização da festa de halloween solidária. Esta festa procurou não só a ma-gia, a fantasia e o divertimento de todos os participantes, mas também apelou à consciência solidária. recolhemos diversos alimentos entre os quais arroz e massas que serão entregues a instituições de solidariedade ajudando desta forma lares de famílias carenciadas.

luís airEs i 12º d

associação deEsTudanTEs promoveuHALOwEEN SOLIDáRIO

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JUVENTUDE CRIATIVA

14 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012

Muitas pessoas julgam que os cursos profissionais não podem ser comparados aos cursos no ensino regular, isto porque dizem que o ní-vel de exigência é bastante inferior ao dos cursos regulares e porque nos cursos profissionais reina um clima de facilitismo. Entenda-se por facili-tismo frases como esta “qualquer um consegue concluir o 12º ano nos cur-sos profissionais”.

Já ouvi algumas vezes comentários do tipo “nos cursos profissionais os alunos são todos baldas, os alunos passam, mesmo que não mexam uma palha”, para os que pensam desta for-ma permitam-me discordar.

Uma vez que já frequentei o ensi-no regular em Ciências e Tecnolo-gias 10º ano e actualmente frequento o ensino profissional de Animação Sociocultural, poderei partilhar um ponto de vista mais correto sobre o assunto.

Vou então contar a minha história. Depois de concluir o 9º ano, chegou a hora de escolher o tipo de ensino

que queria frequentar. Fui orientado para humanidades pelo S.P.O. (Ser-viço de Psicologia e Orientação), con-tudo decidi arriscar e inscrever-me no curso de Ciências e Tecnologias, porque queria aprender Biologia. Deparei-me com dois “obstáculos”: as disciplinas de Física e Química e Matemática. Rapidamente perdi o interesse por elas e deixei de estudar para ultrapassar as minhas dificulda-des, mas não tive qualquer dificulda-de nas outras disciplinas.

Transitei para o 11º ano, e apercebi-me de que aquele não era o curso ide-al para mim. Decidi começar de novo num curso profissional. Já não tinha a disciplina de F.Q., porém continu-ava a ter a disciplina de Matemática. Mentalizei-me que não podia voltar a fazer o mesmo erro, mudei e atitude e comecei a estudar e a procurar ultra-passar as minhas dificuldades nessa disciplina.

Transitei então para o 11º ano no curso profissional de Animação So-ciocultural. Existem de facto dife-

renças nos dois tipos de ensino, um é mais teórico, outro é mais prático. Quer seja no ensino regular ou no ensino profissional, os professores exigem o mesmo de todos os alunos. Tanto nos cursos profissionais como nos regulares vamos encontrar alu-nos “baldas”, ou seja, a principal dife-rença não está no tipo de ensino mas sim na atitude, vontade de aprender e determinação de cada aluno, para fazer cada dia melhor.

Face a esta experiência, que vivi e que continuo a viver como estudan-te, penso que as duas modalidades de ensino são positivas. Haja vonta-de por parte dos alunos e bons méto-dos por parte dos professores.

A escola é um local de ensino, de aprendizagem, de diversão, de pra-zer, de socialização. É preciso que nós saibamos utilizar todas estas mais valias, não esquecendo que um futuro se constrói a partir do saber adquirido na escola, com os amigos e na vida.

ser profissionalEu frequento um curso profissional

miGuEl almEida | Pas 2

Valerá a pena passar anos a gastar as poucas economias que os nossos pais conseguiram jun-tar e investi-las num diploma que não é certo, que nos dê emprego para o resto da vida? Valerá a pena arriscarmos?

As gerações mais antigas “me-teram” na cabeça essa ideia, ain-da hoje a minha mãe me diz, “Es-tuda se queres ser alguém”, mas os tempos mudam. E se há uns anos ter um “canudo” era sinóni-mo de emprego e estabilidade fi-nanceira. Hoje se não se escolher o curso certo, é só mais um para a estatística do desemprego.

Não há lugar para todos! São as leis do mercado de trabalho a funcionar-quanto mais abundan-te é a procura, maiores serão as hipóteses de ficar excluído.

Os cursos com mais alunos inscritos são os que apresentam maior taxa de desemprego.Por exemplo, os candidatos a ges-tores, engenheiros, psicólogos, arquitetos ou advogados, são tan-tos em Portugal que uma boa par-te dos recém-licenciados corre o risco de não encontrar emprego quando terminar o curso.

Diploma não é portanto ga-rantia de emprego certo. Saber escolher a profissão é o melhor trunfo para escapar ao desempre-go. Para boa parte dos estudantes universitários, essa opção repre-senta o dilema entre a vocação ou a estabilidade financeira.

Então, valerá a pena estudar-mos? Sim, vale a pena estudar, mas é preciso ter bem a noção da escolha que iremos fazer pois é o nosso futuro que está em risco. A vida é feita de escolhas e por ve-zes escolhas muito difíceis. Sabe-rás tomar as decisões corretas?

Tirar um curso não serve só para arranjarmos emprego, mas tam-bém para aprendermos um pouco mais e nos tornarmos pessoas mais cultas.

Há muito que se reflete e discu-te sobre o que é aprender. Para al-guns, aprender confunde-se com memorizar ou com registar algo; para outros aprender tem ineren-te saber resolver situações pro-blemáticas e saber aplicar os co-nhecimentos a novas situações. Aprender significa também ser capaz de resistir a contra suges-tões enganosas e fazer prevalecer os seus argumentos.

Atualmente, no decorrer de um curso, também já se pretende implementar práticas de flexibili-dade curricular e uma crescente autonomia das escolas. Já não se fala apenas de objetivos a atingir, mas de competências a desenvol-ver nos alunos, com vista a metas que se alargam muito para além das fronteiras das disciplinas e da escola, pois incluem a preparação para o exercício de uma cidadania plena.

Aprender é um processo que não tem fim e uma pessoa está sempre a aprender, até quando menos se espera. Aprender é uma actividade inerente a estar vivo. Por isso mesmo não é possível es-tar numa aula, nem em qualquer outro lugar, sem aprender. O que os alunos podem é não aprender o que os professores e pais de-sejariam que aprendessem. Po-dem até aprender coisas que não queriam que aprendessem. Para além daquilo que os professores tentam ensinar, os alunos apren-dem também através das suas vivências.

Por isso, “A educação é a trans-missão de um modelo que existe em cada um de nós, ou não é edu-cação” e “Aprende-se a aprender, não se ensina a aprender”.

ValE a PEna

ESTUDAr?daniEla andradE | 11º c

saber escolher a

profissão é o melhor

trunfo para escapar

ao desemprego

STEREOTyPES

so if i don’t fit to your liking?and i don’t wear what you wear?You don’t even look around to see if i’m missing…You just don’t really care.

i don’t get along with popular peoplei get along with who deserves!You think you can just ignore me,That really gets on my nerves.

What about talking to me?and getting to really know me…You shouldn’t trust what you see.You make mistakes, oh, you do!But i’m willing to forgive Because i’m not like you!

sara Barros, 9ºa

RACISM

i feel like i don’t belong here.i feel like nobody understands me.People mockPeople criticizePeople hurt.i would like to be freeFree from this hellWho can i talk to?Who can i trust?

diana morais, 9º a

Discrimination

STUDENTS’ VOICES

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JUVENTUDE CRIATIVA

Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 15

o livro da minha vida

após a leitura de um livro, este sujeita-se a dois possíveis destinos: ou é votado ao esquecimento ou, então, deixa uma marca indelével na nossa vida. quando isto aconte-ce, mesmo passados alguns anos, até os pequenos pormenores per-manecem presentes. É sobre um livro destes de que vos vou falar.

assim, lembro-me de um livro que, apesar de já o ter lido há al-gum tempo, recordo tão bem como se o tivesse lido há apenas dias. refiro-me a “o rapaz do Pijama às riscas”, de John Boyne. conta-nos uma história sobre a amizade e so-bre a inocência das crianças, num mundo de guerra, durante a época em que foram cometidas as maio-res atrocidades de toda a História, a 2º Guerra mundial.

Esta história tem início com a promoção do pai de Bruno, um rapaz alemão de nove anos, para

comandante de um campo de con-centração; são assim forçados a mudarem-se para auchwitz, onde este se sente muito sozinho, uma vez que não tinha ninguém com quem brincar.

certo dia, Bruno descobre que, atrás de uma cerca, vivem mui-tos adultos e crianças, cuja farda de prisioneiro este confunde com um pijama. isto e a consequente curiosidade de Bruno levam-no ao encontro de shmuel, um rapaz da sua idade, judeu, que também ves-tia um “pijama às riscas”. a partir deste momento, nasce uma grande e secreta amizade entre as duas crianças.

um dia, após shmuel contar a Bruno que o seu pai desaparece-ra, este resolve passar a cerca e ajudar o amigo a encontrá-lo. É apenas nesta altura que Bruno se apercebe que, ao contrário do que

pensava, atrás da cerca as pesso-as não eram nem livres nem feli-zes. no entanto, quando Bruno se preparava para voltar para casa, os guardas mandaram-nos entrar numa câmara de gás, onde estes morreram de mãos dadas.

neste livro há dois aspectos que considero importantes: o primeiro diz respeito à atitude de egoísmo, cobardia e, ao mesmo tempo, de inocência de Bruno e a modéstia de shmuel; o segundo tem a ver com a consciencialização, por parte do pai de Bruno, da enorme monstruosi-dade, com a qual compactuava, só quando foi também atingido pelo mal que ele infligia ao povo judeu.

Por tudo isto, recomendo a sua leitura, tanto aos que não gostam de ler, como àqueles que já culti-vam este hábito tão salutar.

Inês Pires | 10º B

“O RAPAZ DO PIJAMA ÀS RISCAS” Finalmente choveu. Caiu água

em abundância. Dias frios acompa-nhados de chuva fazem hoje a ale-gria de muita gente. Desenham-se sorrisos e perspectivam-se colheitas. É sempre assim. A água a correr em abundância é sempre sinónimo de prosperidade. Longe as cheias que destroem e tempestades que trazem o caos e a ruína.

Os campos secos faziam desespe-rar aqueles que ao campo vão buscar o seu alimento e o fruto do seu traba-lho, que se lamentavam e receavam pelo futuro das suas culturas. Presos à sua religiosidade chamavam pela chuva que nunca mais chegava.

Na urbe, cidadãos receavam o cor-te da água. Habituados a uma higie-ne diária, não prescindem de muita água a correr a jorros em chuveiros, em banheiras ou em piscinas.

Animais, na sua aparente irracio-nalidade/racionalidade faziam uma

busca incessante por alimento, que escasseava a olhos vistos.

Bragança era notícia de jornal e te-levisão. Pelos piores motivos, respon-sáveis alertavam as populações que, incrédulas, acreditavam que o Azibo era a porta aberta para a salvação.

E a chuva chegou. O céu toldou-se de cinzento depois de os meteo-rologistas terem feito as suas pre-visões. Não se enganaram. Todos agradecem o regresso deste precio-so líquido que, apesar de molhar os pés, causar constipações e convidar à cama, é o bem mais precioso que existe neste planeta.

Por mim, que oiço falar da água e vejo gente triste em tempos de seca, observo atento a transformação nos hábitos e no humor dos meus con-terrâneos.Bendita água que tanta felicidade nos trazes.

Haja água e seremos todos felizes

marTa cosTa | 11º c

o regresso da chuva

2

wHO MADE A MESS?

We do not reduce, reuse and recycleWe throw fumes and rubbish on the planet.We use many aerosol spraysand this will change the climate.

The deadly aerosol spraysThat kill innocent flies.The water pollution from factoriesThat let the fish to die.

it was the Garbage companyand the dusty human mind it was their driversa.K.a human kind

i care about the environment butnobody wants to work, fix or find what is lost.i say the humans are sorry butif we all join we can reduce the pollution cost.

ariana Fernandes, inês Trovisco, Eduardo afonso, Guilherme madureira, Eduardo silva, João silva, 8º d

wHO MADE A MESS?

it was us that did itand we put the scent on the breezeWe’ve harmed the ozone layerBut we promise not to cut more trees.

The bad menWho make money and get richThe distracted people That destroy the good things that exist.

all of us did itit was man who didn’t careit was the world of the greedyThat created this nightmare.

Who will deal with all the errors are the young ones of the futurewho’ll find the crap that was made by the older ones, by our culture.

João Filipe, João luís, nádia silva, lilian atenor, Pedro cunha, ricardo césar, Júlio Fernandes, rúben Barreira, 8º B

Steve Turner reinterpretation

MESSAGES TO THE wORLD

Who made a mess of the planetand what’s that bad smell in the breeze?Who punched a hole in the ozoneand who took an axe to my trees?

Who sprayed the garden with poisonWhile trying to scare off a fly?Who streaked the water with oil slicksand who let my fish choke and die?

Who tossed that junk in the riverand who stained the fresh air with fumes?Who tore the fields with a diggerand who blocked my favourite views?

Who’s going to tidy up laterand who’s going to find what you’ve lost?Who’s going to say that they’re sorryand who’s going to carry the cost?

steve Turner

Page 16: 3º Jornal - liceu

JUVENTUDE CRIATIVA

16 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 16 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 17

Comemora-se este ano o centená-rio de Orlando Ribeiro, o maior geó-grafo português do século passado.

Dedicado ao ensino e investiga-ção em Geografia, Orlando Ribeiro é considerado o renovador desta ci-ência no Portugal do século XX, e o geógrafo português com mais ampla projecção a nível internacional. No entanto, a sua vasta obra, produzi-da a par da longa e intensa carreira como professor e investigador uni-versitário, abarca muito mais do que avanços científicos na Geografia, e revela uma diversidade de interesses e intervenções que desenham uma invulgar geografia intelectual.

A renovação da Geografia, é antes de mais fruto de um espírito humanis-ta que desde os anos do liceu impul-sionava o estudante Orlando Ribeiro para o conhecimento da História, da Antropologia, da Etnografia, através do contacto, entre outros, com Da-vid Lopes, seu professor, e Leite de Vasconcellos, de quem foi também, desde muito jovem e ao longo da vida, dedicado discípulo.

Mas o alargamento de horizontes

da Geografia como ciência é também resultado do seu espírito curioso e in-dependente que, ainda nos bancos da escola, o levou a manter ligações com cientistas de outras áreas, onde procurou alicerces de uma formação naturalista que sempre consideraria indispensável a um geógrafo. Apren-deu geologia trabalhando no campo com Fleury e colaborando mais tarde com Carlos Teixeira e Zbyszewsky. É sobre Goethe a sua primeira con-ferência, no ano do centenário da morte do escritor (1932), e o seu pri-meiro artigo, Geografia humana, é publicado, em 1934, numa revista de medicina.

Licenciado em Geografia e Histó-ria em 1932, Orlando Ribeiro douto-rou-se em Geografia pela Universi-dade de Lisboa em 1936, com a tese A Arrábida, esboço geográfico. Em 1937 segue para Paris como Leitor de Português na Sorbonne, onde vi-ria a alargar horizontes com mestres como Marc Bloch, E. de Martonne e A. Demangeon. De regresso a Por-tugal em 1940, foi sucessivamente nomeado Professor em Coimbra e

em Lisboa onde, em 1943, fundou o Centro de Estudos Geográficos.

A colaboração científica interna-cional foi, com efeito, outro aspecto marcante da actividade de Orlando Ribeiro. Em 1949 organizou em Lisboa o que seria, no pós-guerra, o primeiro Congresso da União Geo-gráfica Internacional, organização para que viria a ser nomeado Primei-ro Vice-Presidente em 1952.

São talvez as viagens, e os traba-lhos delas resultantes, o melhor teste-munho da sua actividade como geó-grafo. Viajante incansável, sobretudo em Portugal e Espanha na década de 40, e pelo Mundo fora entre 1950-1965, com destaque para o ultramar português, Orlando Ribeiro oferece-nos leituras de muitos lugares do Mundo em que a observação cientí-fica não se desliga da natureza como um todo, dos costumes, da arte e, sobretudo, do elemento humano.

alunos do 7º ano

orlando ribeiro, senhor geografia

“A LUA DE JOANA”neste texto vamos falar de um livro que nos marcou de forma particular, quer pelo seu caráter reflexivo, quer pelo interesse que provoca.a obra que consideramos ser o livro da nossa vida é: “a lua de Joana”, de maria Teresa maia González.“a lua de Joana” não nos foi recomendado por nin-guém. contudo, era uma obra bastante referenciada e por isso despertou-nos curiosidade. lemos este livro quando frequentávamos o 6º ano.

“a lua de Joana” relata a emocionante história de uma jovem chamada Joana que viu partir a sua melhor ami-ga, marta, também ela uma jovem. marta enveredou pelo caminho das drogas e acabou por falecer. Esta perda tor-nou-se irremediável para Joana, que sentia necessidade de continuar a contar tudo à sua amiga do coração.deste modo, Joana começou a escrever diariamente cartas à sua falecida amiga, contando-lhe as novidades de cada dia. Porém, Joana nunca se conformou com a perda de marta e também ela acabou por se envolver no mundo das drogas e partiu para junto da sua amiga.

Em suma, este livro tem um misto de emoção e curio-sidade, alertando-nos, de forma indireta, para os perigos das drogas, para a importância dos amigos e da família na nossa vida e ensina-nos a gostar de ler ao cativar-nos através desta interessante história!

Ana Pereira e Isabel Pereira | 10º B

o livro da minha vida

3

Seis e meia da manhã. Toca o despertador. De imediato, como se de um ini-

migo se tratasse faço calar quem me acorda tão cedo. Depois come-ça a luta entre o quente da cama e o frio que me espreita lá fora. Segunda vez. E o toque estridente daquele despertador que me acom-panha há anos parece fazer-me um ultimato. Não tenho outro remédio. Sonho com o fim de semana que não mais chega ou com férias ainda longínquas. Faltar à escola não está nos meus planos. Nunca faltei nem cheguei atrasada. Em silêncio que-bro todos os elos da minha preguiça matinal. Não sou única. Vou vencer mais um dia. O futuro está lá fora e eu faço parte do futuro. Levantar da cama é sempre difícil mas não tenho escolha. A partir daí é o habitual: la-var a cara, escovar o cabelo, vestir, tomar o pequeno-almoço e ir a correr para a paragem do autocarro.

Sete e dez. Entro no autocarro, meia dúzia

de caras cobertas de sono dão me os “bons dias” num tom um pouco

forçado. A viagem dura uma hora e dez minutos. Uns aproveitam para dormir, outros para ouvir música e ainda há quem estude. Tudo numa tentativa de fazer com que o tempo passe.

Oito e vinte. Chego ao meu destino. Cumprimento os meus amigos, ro-

lam dois dedos de conversa e vamos para as salas de aula. Assim começa uma longa maratona de oito horas. Ser aluno é fácil, basta fazer o sacri-fício de levantar cedo e ter o corpo presente na sala de aula, ainda que a mente ande a vaguear. Ser estudante já é mais difícil. É necessário muito esforço e força de vontade. Muitos dias chegamos a casa e estamos a re-bentar pelas costuras de trabalhos de casa e revisões, para não falar daque-las semanas em que temos três testes e mais de cem páginas de matéria para estudar para cada um. É super exaustivo. Desejamos que cheguem as férias ou então até as semanas de entregas, só para termos algum descanso. Se isto é difícil para quem tem a escola perto de casa e demora

no máximo vinte minutos a chegar a casa, imaginem como será para os alunos que, por viverem nas aldeias, chegam a casa às sete da noite e fi-cam com um tempo muito limitado. Mas nada é impossível.

Lá em casa também há quem faça sacrifícios. Pais, irmãos, tios e pri-mos vivem do trabalho. Não há viver sem esforço. Depois o prémio, o des-canso, o se estar bem só se conquista através da dificuldade. Poucos são os que vivem do que lhes é dado. Lem-bro-me que os ricos também traba-lham, também se esforçam e tentam no aperfeiçoamento a melhoria para as suas vidas. Levantam-se cedo e lutam contra a comodidade da cama. Na Suíça, na Islândia e na Noruega, países tão gélidos, como será? Certa-mente que se levantam cedo. Muito cedo e têm frio. Neste Portugal, à beira-mar plantado, onde o frio tam-bém apoquenta, é a vez desta cidadã, embora jovem, cumprir o ritual que a acompanhará ao longo da sua vida, a dar os primeiros passos. E oxalá seja sempre assim.

marTa cosTa | 11º c

não se vive sem esforço

retrato do Professor orlando ribeiro

Page 17: 3º Jornal - liceu

CRÓNICA

16 liCeu | Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 Escola Secundária Emídio Garcia | Nº 3 | 1ª Edição 2011 / 2012 | liCeu 17

Não, não é “ruralmente correcto”, as pessoas não vão para o campo à procura das suas raízes, vão sim-plesmente explorar um território que começa onde acaba a cidade.

Os meios rurais nem somente têm sofrido grandes transforma-ções, como se tornam cada vez mais difíceis de definir. Antigamente as aldeias eram um espaço de culturas e criação de gado. Hoje, deitando uma vista de olhos aos censos, onde se assiste a uma desertificação sem precedentes, vemos que só uma pe-quena parcela do meio rural é explo-rado pela agricultura: o monopólio da cultura agrícola sobre a definição do campo desapareceu. Para a maio-ria dos portugueses, o campo co-meça a tornar-se antes de mais uma paisagem e um património natural, vem somente depois a agricultura e a sociedade rural agrícola. O campo

aparece cada vez mais pelo seu ca-rácter pitoresco e paisagístico, um espaço a ser conservado ou consa-grado mesmo.

Nas aldeias, nos últimos 50 anos, há vagas de residentes que merecem talvez um pequeno acampamento para uma reflexão mais próxima. As aldeias médias tinham uma popula-ção importante, basta dizer que nas escolas funcionavam em média duas turmas em simultâneo.

A emigração é um aspecto que reveste grande importância também na construção ou desconstrução da identidade social das nossas aldeias. Os emigrantes da Europa regressa-vam facilmente para visitar a aldeia natal e construir as suas casas (não pretendo manifestar-me sobre o aspecto arquitectónico!) e passar as suas férias, sim férias, pois para muitos era uma palavra e uma reali-dade novas. O café e a mercearia da

aldeia eram testemunhas de relati-vos aumentos pecuniários nas suas gavetas, mas havia sobretudo ricas e sinceras manifestações de alegria e muita felicidade nos rostos das pes-soas. Onde estão essas emigrantes e quem os acolheu no seu regresso, cansados e com os olhos inchados de tanta lágrima conter?!

Durante alguns anos assistimos a uma pseudo-dinâmica de desen-volvimento local, onde não faltaram programas e projectos rurais. Mas esses financiamentos europeus dis-puseram de pouco tempo e empenha-mento para um trabalho de “fundo”, que conferisse uma real autonomia e obrigasse os diferentes actores a dia-logar. Verificou-se uma ausência de financiamento de “matéria cinzenta” (estudos, formação) mais do que o financiamento de infra-estruturas e equipamentos.

Surgem agora fragmentos de uma

nova geração marcada pelo regresso à natureza, tentando romper com a cidade e inventar uma sociedade de substituição, capazes de salvar a paisagem e o património ao fim-de-semana. Mas estes poucos “bi-residentes” residentes não querem que a vida local interfira com os seus sonhos e que, paradoxalmente os implique na vida local. Nem mun-danos, nem extra-mundanos, encon-tram-se na estratégia de esquiva. O problema até nem é integrarem-se à vida local mas sim serem aceites, pretendendo ter os mesmos direitos, mas não os mesmos deveres. Dizem bom dia mas não aceitam as pessoas em suas casas. Contrariamente ao que se diz, não vêm para se implicar na sociedade rural. Não procuram uma sociedade, mas sim uma com-panhia escolhida. Vêm atrás amigos, familiares ou outros, não as pessoas da aldeia.

Esta procura dos meios rurais, pode ser sintoma de um certo mal-estar social. Efectivamente, o indi-víduo que possui duas residências, dividido entre a aldeia e a cidade, não participa nas associações nem da aldeia, nem do bairro. “Tem mais que fazer”: cortar a relva do jardim ou reunir os amigos e familiares. O indivíduo volta-se cada vez mais para o familiar, o tribal. Temos razões para nos preocuparmos com o esmi-galhamento da sociedade em socie-dades cada vez mais individualistas ao ponto de as mesmas não se verem como tal. Cada um vai construindo o seu microcosmo, subtraindo-se ao colectivo, regressando à aldeia só em ocasiões graves: doença, desempre-go ou quando uma trovoada inunda a casa. Procura-se um mundo cada vez mais fechado, numa ordem de protecção de si e dos seus.

a procura dos paraísos verdes

A história dos povos está repleta de exemplos que demonstram a pre-ocupação com a educação. O excer-to seguinte, um dos muitos com os quais somos bombardeados diaria-mente no nosso correio electrónico, chamou-me a atenção e pareceu-me interessante partilhá-lo com mais alguém… O enredo retrata a forma como Licurgo, um Legislador que viveu no séc. VII a.C., demonstrou a uma plateia, a importância da edu-cação para cada um e para a vida em sociedade:

…“ Conta-se que Licurgo foi con-vidado a proferir uma palestra a res-peito da educação. Aceitou o convite e pediu o prazo de seis meses para se preparar. Esse pedido causou admi-ração, pois todos sabiam que ele ti-nha capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o tema.

Passados os seis meses, Licurgo compareceu perante o povo em ex-pectativa. Postou-se à tribuna e logo de seguida entraram dois criados, cada um trazendo duas gaiolas. Em cada uma havia um animal, sendo

duas lebres e dois cães. A um sinal previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre, branca, saiu a correr espantada. Logo de se-guida o outro criado abriu a gaiola em que estava o cão e este saiu a cor-rer atrás da lebre. Alcançou-a com destreza e matou-a rapidamente.

A cena chocou todos os presentes. Um grande silêncio tomou conta da assembleia e os corações pareciam saltar do peito. Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão. Contudo, nada falou.

Repetiu o sinal e a outra lebre foi libertada. A seguir, o outro cão. O povo mal continha a respiração. Alguns, mais sensíveis, levaram as mãos aos olhos para não ver a mor-te bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo palco. No primeiro instante, o cão investiu con-tra a lebre. Contudo, em vez de mor-dê-la, bateu-lhe com a pata e ela caiu. Depois a lebre ergueu-se e ficou a brincar com o cão. Para surpresa de

todos, os dois ficaram a demonstrar tranquila convivência, saltitando de um lado para o outro do palco. En-tão, Licurgo tomou a palavra:

– Povo de Esparta. O que acabais de assistir é uma demonstração do que pode a educação. Ambas as le-bres são filhas da mesma mãe, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados. Assim, igual-mente, os cães. A diferença entre os primeiros e os segundos é, simples-mente, a educação que lhes dei – E prosseguiu vivamente o seu discur-so, dizendo das excelências do pro-cesso educativo:

– A educação, baseada numa con-cepção exacta da vida, transformaria a face do mundo. Eduquemos os nossos filhos, esclareçamos a sua inteligência, mas, antes de tudo, fale-mos aos seus corações, ensinemo-los a despojarem-se das suas imperfei-ções. Lembremo-nos de que a sa-bedoria por excelência consiste em tornarmo-nos melhores. Percebe-se, portanto, que a educação não se constitui num mero estabelecimento

de informações, mas sim em traba-lhar as potencialidades interiores do ser, a fim de que floresçam”.

Muito se tem falado acerca do termo “educar”, surgem métodos, teorias, palestras, ações…, enfim, um sem número de estratégias, modelos a aplicar, no sentido de desmistificar este ou aquele comportamento, de justificar esta ou aquela atitude. Pe-rante uma situação inesperada qual a resposta mais eficaz? Em que fase da nossa vida começa este processo complexo de educar? A quem cabe tal tarefa? E se houver falhas, quem assume a responsabilidade?

Etimologicamente, o termo edu-car, deriva do latim e-ducere e signi-fica “conduzir para fora de”, “extrair”. Segundo a visão de Paulo Freire* (1981) “…ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, media-tizados pelo mundo.”… Esta afirma-ção vai ao encontro o sentido inicial do termo, pois pressupõe que cabe a cada um de nós fornecer elementos, exemplos, para que a educação se

desenvolva a partir da consciência de cada um. O sentido último é o de apontar um caminho que leve o su-jeito de um lugar para outro. Deve-ras importante, senão fundamental neste longo e complexo processo de educar é o papel da sociedade, que deve investir mais e melhor na edu-cação, na escola.

“Ao ensinar, o Mestre orienta seus alunos sem arrastá-los; convida-os a avançar mas não os coage; abre-lhes caminhos mas não os força a caminhar. Orientando sem arrastar, torna o que se aprende agradável; convidando sem coagir, torna o que se aprende fácil; abrindo caminho sem forçar a caminhada, faz com que seus alunos pensem por si mesmos.”

Era bom se fosse assim…Deixo aqui algumas questões que

me inquietam: O que está mal na sociedade de hoje em dia? Quem fa-lhou? Porquê? Haverá um ponto de viragem?

Afinal o que é mesmo EDU-CAR?

era uma vez... a magia de educarUma fábula grega muito actual

ana corTinHas

adriano Valadar

Durante alguns anos assistimos a uma pseudo-dinâmica de desenvolvimento rural

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CRÓNICA

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Na terceira quinta-feira do mês de Novem-bro, comemora-se o dia da filosofia.

Fará sentido comemorar o dia da filosofia?Qual a importância que pode ter a filosofia

num mundo tão agarrado à utilidade prática das coisas se ela não serve para nada? Se é uma pura atividade de abstração que normal-mente se associa a uma nítida perda de tempo e que não traz qualquer proveito? Aqui está precisamente uma questão pertinente “não serve para nada”.

Hoje em dia, torna-se cada vez mais impera-tivo, lembrar a filosofia. A filosofia serve de fac-to para cada um encontrar o sentido da vida. Ela está nas mais diversas atividades da condi-ção humana. Quando digo cada um, é mesmo uma tarefa pessoal que todos experienciamos, são decisões que a cada um dizem respeito e não podemos esperar que os outros tomem

por nós. A este propósito, gostaria de lembrar Lou Marinoff e o seu livro Mais Platão, me-nos Prozac. Filósofo americano, atento ao fre-nesim diabólico em que as pessoas viviam na procura de dar resposta às exigências de uma vida utilitária assente no ter e no possuir cada vez mais, para de seguida responder a novas necessidades subjugadas a modelos economi-cistas. Nesta corrida, as pessoas começam a manifestar a ausência de sentido na vida. Sur-gem as inquietações, angústias e frustrações. Não há projetos de vida. Para estar em forma e continuar a dar resposta a esta escalada de novas exigências, recorre-se ao prozac. Lou Marinoff, propõe uma coisa simples: em vez de procurar ajuda externa no antidepressivo, porque não voltar-se para si próprio e, através da reflexão, encontrar o sentido da vida que queremos ter? Ou seja -- mais Platão. Não será

também este o sentido que Sócrates, o grande mestre da filosofia da antiguidade clássica, nos propunha com a frase “conhece-te a ti mesmo”?

Paralelamente a este movimento dos anos setenta do século passado nos EUA, surge uma outra corrente na Alemanha com Gerd Achenbach onde se realça a dimensão ética da filosofia aplicada como meio para a felicidade.

No nosso país, com as devidas diferenças temporais, que nos vão separando das socieda-des referidas, estão agora a emergir os seguido-res quer da escola alemã quer da americana na tentativa de valorizar a filosofia nesta dimensão ética e prática. Surgem consultas filosóficas para resolver conflitos existenciais que outras áreas científicas não estão a dar resposta. A fi-losofia já não é só a do ensino secundário e a dessa classe restrita que se dedica ao seu estu-do. Cada vez aparecem mais escolas com pro-

gramas de filosofia para crianças, vão surgindo consultórios de filosofia…

Também é interessante verificar-se a legisla-ção que recentemente foi publicada, Dec. Lei nº50/2011 de 8 de Abril. Dá a possibilidade, ao aluno do 11º ano, de substituir o exame nacional de uma disciplina específica bienal pelo exame de filosofia. Estranha-se? Talvez não.

Ainda que as vozes contra a filosofia proli-ferem, ela está aí, faz parte das nossas vidas, das decisões mais ou menos importantes que tenhamos de tomar. É o aprender a viver per-correndo o caminho ao encontro da felicidade pessoal e da humanidade.

“Poder-se-ia viver sem filosofia? Certamen-te que podia, mas não era a mesma coisa.” Compete à filosofia contribuir para um mun-do melhor.

Dia da filosofiaQual a importância da filosofia nas dias de hoje?

anTÓnio FErnandEs

Pretendo hoje fazer referência a três notá-veis homens de letras e de cultura nascidos no Nordeste Transmontano, e em cuja escrita a nossa terra assume um papel de relevo. O maior escritor não só do Nordeste como, em nossa opinião, transmontano é o poeta, roman-cista e contista A. M. Pires Cabral, nascido em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. É um escritor de renome nacional e venceu muito justamente alguns dos prémios mais prestigiados de Portugal: Luís Miguel Nava (Poesia), PEN Club (Poesia), APE (Conto), etc. A sua escrita quer na ficção quer na poesia é austera, sóbria, despojada, procurando a be-leza da claridade e da simplicidade. Os seus te-mas partem da terra, da gente, da paisagem de onde surgiu para a luz e onde se move. Através do seu estilo leve, mas elegante e sofisticado,

apresenta-nos um extraordinário quadro desta região, embora seja a partir desse regionalismo essencial que ele se projecta enquanto escritor de dimensão nacional e internacional. Em cada personagem, em cada reflexão poética sobre o ser, o homem e a sua condição existencial no mundo e na vida, ele visa o homem intemporal e universal, isto é, o homem nas suas forças e nas suas fraquezas, em qualquer tempo e em qualquer espaço.

Falo-vos de seguida de Ernesto Rodrigues, nascido em Torre de Dona Chama em 1955. Professor Universitário na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e notável investigador na área literária e cultural, com uma obra ensaística, romanesca, poética e de tradução verdadeiramente notáveis. É um in-telectual e um erudito de um saber verdadeira-

mente enciclopédico e a sua escrita revela, por vezes, essa marca cultista, a requerer um leitor activo e empenhado. O seu texto é uma teia, um mapa, um labirinto de sentidos exigindo o consequente fio de Ariadne da atenção e da concentração. É de salientar a sua passagem como professor pela Hungria; o seu perfeito domínio da língua húngara permitiu-lhe tradu-zir para português alguns importantes poetas húngaros. Essa antologia encontra-se de resto na biblioteca da nossa escola, onde foi aluno, diga-se. É também presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.

Finalmente, falarei de Amadeu Ferreira, com o pseudónimo literário de Francisco Nie-bro, natural de Sendim, Miranda do Douro, nascido em 1950. Professor de Direito, em Lisboa, Vice-Presidente da CMVM, tem uma

vasta obra na poesia, no romance, no conto, no Direito, na pesquisa histórica e linguística. Não obstante, a sua coroa de glória é a forma como ele se funde e confunde com a sua língua de berço, o mirandês. Tem exercido uma acção notável na divulgação e preservação do miran-dês, através da sua obra própria, da tradução de grandes obras para mirandês, como Os Lusíadas, Mensagem, ou do apoio a escritores da terra que se queiram expressar nessa língua minoritária, mas que não deixa de ser a segun-da língua oficial de Portugal. Recentemente, decidiu invadir a Cidade de Deus com a sua língua, traduzindo para mirandês “Os Quatro Evangelhos”.

três escritores a nordesteA M. Pires Cabral, Ernesto Rodrigues e Amadeu Ferreira

FErnando Branco

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CRÓNICA

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Imperador da língua portuguesa lhe cha-mou Fernando Pessoa. Em Saramago, nos Cadernos de Lanzarote, Diário IV, de 21 de julho de 1996, lê-se “porque a lín-

gua portuguesa nunca foi mais bela que quan-do ele a escreveu”. Margarida Vieira Mendes, a maior estudiosa na contemporaneidade, afirma em A Oratória Barroca de Vieira, livro de referência para o estudo do jesuíta “Vieira é um ser verbal, um homem umbilicalmente atado à língua e com ela intimamente fundido – um verdadeiro organismo linguístico”.

Coberto de adjectivos, é dos poucos que es-capou à amputação levada a cabo nos progra-mas de Língua Portuguesa nas nossas escolas. Não tendo sido esquecido no centenário da sua morte, promoveu a Universidade Católica um congresso internacional onde se fizeram ouvir cerca de 400 congressistas.

Inspirador de muitos que nas palavras e no gesto buscam o seu equilíbrio e a sua afirma-ção, exemplo de todos nós que procuramos na argumentação o modelo adequado para le-varmos por diante os nossos intentos, recorde-mos este mestre da oratória que, apesar de já ter sido lido, recordado e estudado, não deixa de fazer parte das nossas vidas, independente-mente do credo que abracemos.

Primogénito de uma família de poucos re-cursos, que para a vida gerou seis filhos, nas-ceu em 5 de fevereiro de 1608 em Lisboa, em modesta casa da Rua dos Cónegos, vizinha da Sé. Seu pai, Cristóvão Vieira Rovasco, natural de Santarém e de origem alentejana de Mou-ra, a mãe, Maria de Azevedo, era de Lisboa. Embora o seu primeiro biógrafo, o Padre An-dré de Barros, o tenha considerado de estirpe nobre, consta de informações do Santo Ofício, que tanto o pai como o avô foram criados do conde de Unhão.

Repartindo a sua vida entre Portugal e o Brasil, instala-se com a família na Baía em 1614, tendo fugido de casa dos pais, aos 15 anos, em 5 de maio de 1623, pede para ser ad-mitido na Companhia de Jesus. Conquanto os padres não admitissem menores no noviciado sem o consentimento dos pais, a questão foi ultrapassada face às excelentes perspectivas que a carreira eclesiástica podia oferecer.

Sendo nomeado sacerdote em 13 de de-zembro de 1635, rege a cadeira de Retórica no Colégio de Olinda em fins de 1626 ou princí-pios de 1627, datando de 1633 o seu primeiro sermão pregado na Baía, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que denominou Do-minga de Quarta da Quaresma.

Regressado a Portugal, em 1641 e perfeita-mente integrado no espírito da restauração,

começou a ser moda ir ouvi-lo e Lisboa em peso corria aos sermões do jesuíta novato na corte. O entusiasmo era tal que, para reservar lugar, os ouvintes começaram a lançar tapetes de madrugada na igreja de São Roque para escutar o Padre Vieira. A sua prédica, pelo concurso de ouvintes e influência das suas pa-lavras tinham, por vezes, aspecto de comícios em que se julgavam atos de governo e as indi-vidualidades mais altas.

No Brasil, prega o Sermão de Santo An-tónio aos Peixes em 13 de junho de 1654 no Maranhão, o que lhe traz grandes dissabores. Com o nome de Santo António pregou Viei-ra nove sermões, sendo o primeiro em 1638 na Baía, na igreja de Santo António e o último com o mesmo nome entre 1672-1674, quando se deslocou a Roma em 1670 e por lá permane-ceu cerca de seis anos.

Em 1669 parte para Itália tentando con-seguir junto do Papa a imunidade perante a Inquisição portuguesa, bem como a canoniza-ção dos mártires do Brasil. É grande a sua ati-vidade como orador, sendo muitos os italianos que o vão ouvir. A rainha Cristina da Suécia que abdica do trono por conversão ao catoli-cismo por intermédio dos jesuítas, ouve-o e convida-o para seu pregador particular. Recu-sa. Aprende a língua italiana e é em Português e Italiano que fala para multidões no púlpito das igrejas romanas. Em 1679 começa a publi-

cação do primeiro volume dos seus sermões, num total de doze volumes, cuja publicação irá até 1699, data posterior ao seu falecimento. São cerca de duzentos sermões dados à estam-pa a partir de 1679. Onze sermões seus sairão, de forma avulsa, em folhetos, antes de 1679.

Servindo-nos de Jorge de Sena que à litera-tura emprestou muito do seu talento no cam-po da matemática, são 205 os sermões prega-dos. Com a identificação do lugar e da data, afirma Jorge de Sena:

- com lugar e data certa ou aproximada - 141- com lugar e sem data (ou errada) - 8- sem lugar e sem data - 56

- Total - 205

Desenvolvendo o trabalho por si levado a cabo, é possível saber que, presumivelmente, no Brasil foram pregados 96 sermões, 89 em Portugal e 20 em Roma.

Alegando motivos de saúde, Vieira volta ao Brasil pela última vez em 27 de janeiro de 1681 retirando-se para a Quinta do Tanque, a meia légua da cidade da Baía. Aí caíra, de noi-te, por um lanço de escadas de pedra, batera fortemente, sentindo-se molestado em todos os membros, não podendo por muito tempo segurar a perna. Persuadido de que era defini-tiva a lesão que lhe afetara as faculdades do in-telecto, decidiu despedir- -se da correspondên-cia da Europa, ditando uma carta-circular aos fidalgos e pessoas da corte, a quem usualmen-te escrevia, expondo os seus motivos. Perdera quase totalmente a vista. A audição também já lhe faltara. A 18 de julho de 1697 à uma hora da noite expirou.

Os manuscritos dispersos na cela e livraria do Colégio onde expirara, foram arrolados, conforme ordem precedente do Geral, e pos-tos a recato em duas arcas, tendo o reitor do Colégio enviado a relação para Roma.

Em 1720 retiraram da sepultura, na igreja do Colégio, os ossos de Vieira, para no mesmo lo-cal se inumar outro cadáver e se guardarem aqueles num caixão de madeira. Fazendo um exame aos despojos, verificaram que a parte côncava do crânio era semeada de partículas brilhantes como de metal, em que a luz faisca-va, o que foi considerado natural para um ho-mem de tão intensa vida intelectual.

VIDA REPARTIDA50 anos no Brasil Interesses da Companhia de Jesus30 anos em Portugal Interesses da Coroa Portuguesa9 anos na Europa

padre antónio Vieira e a oratóriaJoão caBriTa

VIDA DO PE ANTóNIO VIEIRA

6 anos Infância Lisboeta

27 anos Juventude Baiana

12 anos Político Europeu

8 anos Missionário no Maranhão

20 anos Em Portugal (semi-exílio em Roma)

15,5 anos Velhice

7 Viagens entre Portugal e Brasil

VIAGENS DO PE ANTóNIO VIEIRA

1614 Parte para o Brasil

1641 Parte para Portugal

1653 Parte para o Brasil

1654 Parte para Portugal

1655 Parte para o Brasil

1661 Expulso do Maranhão, vem para Portugal

1681 Volta ao Brasil

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ÚLTIMA PáGINA

o voluntariado na “minha” escolaA reportagem não foi tarefa fácil!

aFonso dE sousa BalsErida - correspondente da TsF

liCeu

“CADERNETA DE CROMOS”Foi-nos proposto fazer uma composição subordinada ao tema “o livro da minha Vida”. não tendo concordado muito com este título (devido ao facto de ser improvável dois alu-nos, sentados na mesma mesa, terem o mesmo livro favorito e ainda isto acontecer com treze pares de alunos) resolve-mos mudá-lo. assim sendo, a nossa composição chama-se “uma Escolha a Pares”.

Escolhemos o livro “caderneta de cromos”, de nuno ma-rkl, visto considererarmos que é um livro diferente, divertido, acessível e em que podemos escolher o “cromo” que nos in-teressa ler. além disso, gostamos do tema do livro (os anos 70 e 80), do próprio autor e costumamos ouvir o programa da “caderneta de cromos” na rádio comercial.como já demos a entender, não é um livro muito compli-cado de ler, quiçá comparável aos livros “Boca do inferno” de ricardo araújo Pereira em termos de estrutura – ambos são conjuntos de crónicas – e até no tom algo irónico e brinca-lhão característico de um humorista como markl.

o cromo mais célebre é, decerto, o do gelado Fizz limão – desaparecido das arcas da olá há cerca de vinte/trinta anos e resgatado através de uma petição de um ouvinte no Face-book. como diria markl: “o d. sebastião dos gelados regres-sou! Já não é preciso despir-me ou patinar no gelo! E tudo graças ao meu ouvinte ricardo augusto!”Findamos então o nosso texto com a recomendação des-te livro, que nos traz um “cheirinho” de há vinte/trinta anos atrás, num mundo de Peta zetas explosivos, bolachas Be-linhas, calças que picam e jogos perigosos como o jogo do Espeta e o jogo do alho.

Inês Vaz e Telma Vaz | 10º B

o livro da minha vida

Confesso que fiquei um pouco surpreendido! Quando cheguei à porta principal de entrada, deparei-me com um obstáculo impossível de contornar. Um fosso do lado de lá do portão que me obrigou a procu-rar, no meio das obras, uma possibi-lidade de acesso.

Passei ali quatro anos e sempre pensei que conhecia os cantos da casa. Erro meu! Segunda tentati-va pela porta do lado do centro de saúde ou do lar da Gulbenkian. Sus-pirei de alívio quando vi que estava aberta. Mas por pouco tempo. Dei comigo no meio dos contentores e com um responsável das obras a dizer, “por aqui não passa, tem que dar a volta pela catedral!”. “Lindo”, pensei… até já estava ligeiramente em cima da hora que tinha agenda-do para a entrevista com a turma de 12ºano. Lá fui, em passo apressado, para a entrada do eterno “caravela”. Sim, ainda ali está.

Desta vez não entrei mas de cer-teza que também está diferente dos anos em que, com mais dois ou três da mesma idade, ali, no final dos anos oitenta, passei parte dos “fu-ros”. Sorri para mim ao rever-me naquela quantidade de alunos, que agora e durante mais algum tempo vão fazer daquela entrada o sítio de acesso principal à “sua” escola. Sim é preciso carregar no “sua”! Porque

o Liceu sempre foi a “minha” esco-la. Sempre fizemos da posse, uma bandeira, principalmente junto da sempre rival Industrial. Apesar de estar esventrada, com aulas em con-tentores, com tábuas e ferros feitos escadas e corredores, apesar das obras encherem de pó e lama todos os acessos interiores e exteriores da Emídio Garcia, apesar de todos, alunos e professores, terem de en-trar pelo terceiro e último acesso do edifício, aposto que todos aque-les estudantes têm orgulho na “sua” escola. E mais vão ter, com certeza, depois das obras mostrarem uma es-cola de futuro.

Uma escola com possibilidades fí-sicas para apoiar as gerações que se estão a criar e dar-lhes bases sólidas de ensino e preparação intelectual e cívica, como sempre aconteceu. Com mais orgulho fiquei, quando falei com a turma do Acácio Padri-nhos. São apenas doze. Rapazes e raparigas.

O ensinamento de teatro e as aprendizagens de desinibição, pe-rante os outros, reforça-lhes a esti-ma. Mas mais do que isso, leva-os a diversas instituições de solidarie-dade social da cidade, onde com as suas representações oferecem alegria a novos e idosos. Tudo vo-luntariamente! Disseram-me, nos testemunhos que recolhi para a peça

da TSF, que gostam de fazer o que fazem, não só pelos momentos di-ferentes que vivem com os diversos públicos, não só pelos sorrisos que proporcionam, não só pelos aplau-sos que recebem, mas principalmen-te porque, aquilo tudo, lhes enche a “alma” de satisfação e os preenche enquanto alunos e actores.

Confesso que gostei de voltar à escola… à “minha” escola. Voltei a sentir aquele orgulho egoísta do meu passado. Gostei de ver esta abertura, da Emídio Garcia, à so-ciedade. Da disponibilidade do pro-fessor Carlos em responder a qual-quer solicitação dos alunos e de ver o Professor Teófilo imiscuído nas eleições dos alunos. Revi uma esco-la, fisicamente virada do avesso, nas trincheiras, mas sempre digna no serviço para o qual está vocaciona-da: ensinar e educar para uma prá-tica social activa e com valores. Saí da “minha” escola com uma certeza, o Liceu vale pelas pessoas que o fa-zem, desde os auxiliares, passando pelos alunos até aos professores.

O edifício que, no passado, foi o sítio de orgulho de muitos, agora, com as mudanças físicas que está a sofrer, será de certeza um local de referência para toda a comunidade humana que o habita e que um dia, como eu, se orgulhará dele quando lá voltar.

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acção de alunos do projecto de voluntariado na aPadi Professor acácio Pradinhos mostra as suas habilidades