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Malefícios do tabaco na cavidade bucal Ana Flávia A. Vecci, Giovanna B. P. Delfino, Lucas R. França, Nayane O. Oliveira, Paola C. C. Silva, Rômulo D. Jesuino Orientadora: Profa. Dra. Cássia Regina da Silva Alunos da Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia O tabaco (Nicotiana tabacum), planta originária dos Andes Bolivianos, tem como distinto princípio ativo a nicotina – notório componente do cigarro, isolada em 1928. Relacionado a diversas enfermidades, de xerostomia a neoplasias, o vício do fumo acomete aproximadamente 18 milhões de pessoas no Brasil, e sua causa principal é a resposta do sistema nervoso central (SNC) à entrada de nicotina no corpo, que atua sob a via mesolímbica dopaminérgica, relacionada à sensação de recompensa do Entretanto, o perigo maior da nicotina se encontra nos metabólitos intermediários. A nicotina, quando convertida na fumaça do cigarro, origina o derivado nicotina nitrosamina cetona (NNK), um carcinogênico envolvido em diversos tipos de neoplasias, principalmente os adenocarcinomas pulmonares. Recentes estudos mostram também que a nicotina presente na fumaça do cigarro é capaz de realizar uma hiperfosforilação da proteína quinase N2 (PKN2) e, posteriormente, a transformação oncogênica dos queratinócitos presentes no epitélio bucal. O carcinoma de células escamosas (CCE) é o tipo mais preva- lente de câncer de boca e orofaringe, acometendo principalmente pacientes do gênero masculino entre a 50 e 80 anos, tabagistas e\ou etilistas crônicos e de baixa condição socioeconômica, sendo pouco frequente em pacientes com menos de 45 anos de idade. As regiões anatômicas acometidas pelo CCE foram divididas em região anterior (dois terços anteriores da língua, maxila, gengiva, assoalho bucal, lábio e palato duro) e posterior (laringe, palato mole, orofaringe, parótida, base da língua, epiglote e faringe). A influência do cigarro nos mais diversos malefícios relacionados à cavidade oral e adjacências é indiscutível – em alguns casos, a ligação é direta. Logo, como a maioria das neoplasias orais são di- agnosticadas em estágios avançados, principalmente porque se apresentam de forma subliminar, é dever do cirurgião dentista se alertar para as suas manifestações, por mais discretas que sejam, e orientar o paciente para que o busque o tratamento o quanto antes. Acreditamos que, para a prática de uma Odontologia consciente e socialmente responsável, o profissional dentista deve orientar seus pacientes sobre os malefícios do tabagismo e as vantagens em se levar uma vida livre desse hábito. NUNES, Sandra O. V. e DE CASTRO, Márcia Regina P. Tabagis- mo: abordagem, prevenção e tratamento. Editora SciELO, 2010. DA SILVA, Saulo Aparecido. Malefícios causados pelo tabaco na cavidade oral. Disponível em: https://www.nescon.medici- na.ufmg.br/biblioteca/imagem/4930.pdf FRANKEN, Roberto A.; NITRINI, Gustavo; FRANKEN, Marcelo; FONSECA, Alfredo J.; LEITE, Júlia C. T. Nicotina. Ações e Inter- ações. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/ab- c/1996/6606/66060009.pdf Cáncer de boca Disponível em: https://www.mayoclinic.org/es-es/diseases-condi- tions/mouth-cancer/symptoms-causes/syc-20350997 Controle do Tabagismo na Prática Odontológica Disponível em: http://www.colgateprofissional.com.br/Leadership- BR/NewsArticles/NewsMedia/PrevNews/ColgatePrevNews_14_1.pdf O consumo de tabaco pode apresentar um efeito “mascarador” dos sinais de inflamação tecidual – a ocorrência de sangramento gengival, comum em inflamações no periodonto, é reduzida em fumantes devido à ação vasoconstritora da nicotina na microcirculação do tecido gengival. A superfície dos dentes é permeável a alimentos pigmentados e bebidas à base de cola, bem como aos componentes do cigarro. As manchas causadas pelo tabagismo são localizadas no esmalte, de cor amarelo-acastanhado, e ocorrem devido à presença de bactérias cromogênicas, que têm afinidade pelos corantes da fumaça. Podem aparecer também manchas na mucosa gengival, de cor acinzentada, devido ao estímulo dos melanócitos presentes na gengiva. Apesar de serem reversíveis com a interrupção do fumo, o retorno ao estado normal pode variar de acordo com o período de uso do cigarro pelo paciente. Estudos têm demonstrado que o tabaco é um dos principais fatores de risco para doenças periodontais. Alguns autores demonstram maior profundidade de sondagem, perda de inserção e mais dentes com lesão de furca nos fumantes do que nos não fumantes. Estudos demonstram maior índice de perda óssea e perda dentária. Apresentar a interação corpo-substância do cigarro, com atenção especial à participação de seus componentes nas vias metabólicas do organismo, bem como relacionar os efeitos agudos e crônicos do uso contínuo dos produtos derivados do Na composição química do cigarro três substâncias se destacam, quanto aos seus efeitos biológicos e tóxicos: Monóxido de carbono: Se encontra, no cigarro, em concen- tração de aproximadamente 3% a 6%, podendo variar na fase gasosa com fatores relacionados a temperatura e a porosidade do papel. Alcatrão: É um composto de mais de 43 substâncias cancerí- genas, podendo causar diversos tipos de câncer, como câncer de pulmão, laringe, faringe, boca, bexiga, esôfago, pâncreas e rins. Nicotina: Presente em todos os derivados do tabaco, é con- siderada pela OMS uma droga psicoativa e que causa dependên- cia. Durante esse tempo, passa por diversos sistemas e participa de importantes vias metabólicas. Para a elaboração desta pesquisa e a fundamentação desde expositivo, foram utilizadas fontes de informação como livros, artigos científicos e sítios eletrônicos. Introdução Objetivo Metodologia Desenvolvimento Conclusão Referências 1. Composição do cigarro A nicotina, alcaloide da família das aminas, ao ser absorvida pelo corpo, age diretamente no sistema nervoso autônomo, inicialmente como estimulante e posteriormente como depressor. Sob o sistema nervoso central (SNC), a nicotina estimula a produção de acetilcolina, noradrenalina, vasopressina e hormônios estimulantes alfa-melanocíticos, responsáveis por suprimir o apetite. A substância também age sobre o sistema cardiovascular e sistema digestório, antes de ser metabolizado pelo fígado e parcialmente eliminada pelo rim, na forma de cotinina. 2. Metabolismo da nicotina no corpo 4. Patologias orais 3. Estatísticas do tabaco no Brasil 4.1 - Câncer de boca 4.3 - Manchamento dentário e gengival 4.2 - Doenças periodontais Imagem 1: Os componentes do cigarro e onde são encontrados (adaptado). Imagens 3 e 4: Carcinoma de células escamosas (CCE) na boca de indivíduo. Imagens 7 e 8: Exemplos e manchamento nos dentes (7) e na gengiva (8). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/es-es/diseases-conditions/ mouth-cancer/symptoms-causes/syc-20350997 Imagem 2: Fórmulas estrutural e molecular da nicotina. Imagem 5 e 6: Complicações periodontais decorrentes dos efeitos do fumo. Em 5, cálculos (placa) e em 6, lesão em furca. Disponível em: https://ibb.co/gTJNtc (5) Disponível em: http://odontosolus.blogspot.com.br/2016/03/dentes- moles-e-sinal-de-doenca.html (6) Disponível em: http://www.eikon-odontologia.com.br/casoClinico14.asp Disponível em: https://ibb.co/iZQFUH Disponível em: https://setorsaude.com.br/dia-de-combate- ao-cancer-bucal-e-ao-fumo/ (8) Disponível em: http://orofacial.com.br/orofacial_39/ (7) Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4930.pdf Polônio 210 Cianeto de Hidrogênio (câmaras de gás) Alcatrão (breu, piche, carvão) (vela de ignição) Nicotina (principal ativo do tabaco) (veneno de formiga) (detergentes e gasolina) (inseticidas) (bateria de automóvel) (fluído de embalsamento) (tinta de caneta) (fertilizantes) Formaldeído Xileno Fósforo P4 e P6 Arsênico Benzeno DDT Cádmio Fórmula estrutural C 10 14 2 HN Fórmula molecular 10,8% da população brasileira com mais de 18 anos é fumante. Responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis 85% das mortes por doença pulmonar crônica são relacionadas ao tabagismo 10,8% 85% 63%

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Malefícios do tabacona cavidade bucal

Ana Flávia A. Vecci, Giovanna B. P. Delfino, Lucas R. França, Nayane O. Oliveira, Paola C. C. Silva, Rômulo D. Jesuino

Orientadora: Profa. Dra. Cássia Regina da SilvaAlunos da Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia

O tabaco (Nicotiana tabacum), planta originária dos Andes Bolivianos, tem como distinto princípio ativo a nicotina – notório componente do cigarro, isolada em 1928. Relacionado a diversas enfermidades, de xerostomia a neoplasias, o vício do fumo acomete aproximadamente 18 milhões de pessoas no Brasil, e sua causa principal é a resposta do sistema nervoso central (SNC) à entrada de nicotina no corpo, que atua sob a via mesolímbica dopaminérgica, relacionada à sensação de recompensa do

Entretanto, o perigo maior da nicotina se encontra nos metabólitos intermediários. A nicotina, quando convertida na fumaça do cigarro, origina o derivado nicotina nitrosamina cetona (NNK), um carcinogênico envolvido em diversos tipos de neoplasias, principalmente os adenocarcinomas pulmonares. Recentes estudos mostram também que a nicotina presente na fumaça do cigarro é capaz de realizar uma hiperfosforilação da proteína quinase N2 (PKN2) e, posteriormente, a transformação oncogênica dos queratinócitos presentes no epitélio bucal.

O carcinoma de células escamosas (CCE) é o tipo mais preva-lente de câncer de boca e orofaringe, acometendo principalmente pacientes do gênero masculino entre a 50 e 80 anos, tabagistas e\ou etilistas crônicos e de baixa condição socioeconômica, sendo pouco frequente em pacientes com menos de 45 anos de idade. As regiões anatômicas acometidas pelo CCE foram divididas em região anterior (dois terços anteriores da língua, maxila, gengiva, assoalho bucal, lábio e palato duro) e posterior (laringe, palato mole, orofaringe, parótida, base da língua, epiglote e faringe).

A influência do cigarro nos mais diversos malefícios relacionados à cavidade oral e adjacências é indiscutível – em alguns casos, a ligação é direta. Logo, como a maioria das neoplasias orais são di-agnosticadas em estágios avançados, principalmente porque se apresentam de forma subliminar, é dever do cirurgião dentista se alertar para as suas manifestações, por mais discretas que sejam, e orientar o paciente para que o busque o tratamento o quanto antes. Acreditamos que, para a prática de uma Odontologia consciente e socialmente responsável, o profissional dentista deve orientar seus pacientes sobre os malefícios do tabagismo e as vantagens em se levar uma vida livre desse hábito.

NUNES, Sandra O. V. e DE CASTRO, Márcia Regina P. Tabagis-mo: abordagem, prevenção e tratamento. Editora SciELO, 2010.

DA SILVA, Saulo Aparecido. Malefícios causados pelo tabaco na cavidade oral. Disponível em: https://www.nescon.medici-na.ufmg.br/biblioteca/imagem/4930.pdf

FRANKEN, Roberto A.; NITRINI, Gustavo; FRANKEN, Marcelo; FONSECA, Alfredo J.; LEITE, Júlia C. T. Nicotina. Ações e Inter-ações. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/ab-c/1996/6606/66060009.pdf

Cáncer de bocaDisponível em: https://www.mayoclinic.org/es-es/diseases-condi-tions/mouth-cancer/symptoms-causes/syc-20350997

Controle do Tabagismo na Prática OdontológicaDisponível em: http://www.colgateprofissional.com.br/Leadership-BR/NewsArticles/NewsMedia/PrevNews/ColgatePrevNews_14_1.pdf

O consumo de tabaco pode apresentar um efeito “mascarador” dos sinais de inflamação tecidual – a ocorrência de sangramento gengival, comum em inflamações no periodonto, é reduzida em fumantes devido à ação vasoconstritora da nicotina na microcirculação do tecido gengival.

A superfície dos dentes é permeável a alimentos pigmentados e bebidas à base de cola, bem como aos componentes do cigarro. As manchas causadas pelo tabagismo são localizadas no esmalte, de cor amarelo-acastanhado, e ocorrem devido à presença de bactérias cromogênicas, que têm afinidade pelos corantes da fumaça. Podem aparecer também manchas na mucosa gengival, de cor acinzentada, devido ao estímulo dos melanócitos presentes na gengiva. Apesar de serem reversíveis com a interrupção do fumo, o retorno ao estado normal pode variar de acordo com o período de uso do cigarro pelo paciente.

Estudos têm demonstrado que o tabaco é um dos principais fatores de risco para doenças periodontais. Alguns autores demonstram maior profundidade de sondagem, perda de inserção e mais dentes com lesão de furca nos fumantes do que nos não fumantes. Estudos demonstram maior índice de perda óssea e perda dentária.

Apresentar a interação corpo-substância do cigarro, com atenção especial à participação de seus componentes nas vias metabólicas do organismo, bem como relacionar os efeitos agudos e crônicos do uso contínuo dos produtos derivados do

Na composição química do cigarro três substâncias se destacam, quanto aos seus efeitos biológicos e tóxicos: • Monóxido de carbono: Se encontra, no cigarro, em concen-tração de aproximadamente 3% a 6%, podendo variar na fase gasosa com fatores relacionados a temperatura e a porosidade do papel. • Alcatrão: É um composto de mais de 43 substâncias cancerí-genas, podendo causar diversos tipos de câncer, como câncer de pulmão, laringe, faringe, boca, bexiga, esôfago, pâncreas e rins. • Nicotina: Presente em todos os derivados do tabaco, é con-siderada pela OMS uma droga psicoativa e que causa dependên-cia. Durante esse tempo, passa por diversos sistemas e participa de importantes vias metabólicas.

Para a elaboração desta pesquisa e a fundamentação desde expositivo, foram utilizadas fontes de informação como livros, artigos científicos e sítios eletrônicos.

Introdução

Objetivo

Metodologia

Desenvolvimento

Conclusão

Referências

1. Composição do cigarro

A nicotina, alcaloide da família das aminas, ao ser absorvida pelo corpo, age diretamente no sistema nervoso autônomo, inicialmente como estimulante e posteriormente como depressor. Sob o sistema nervoso central (SNC), a nicotina estimula a produção de acetilcolina, noradrenalina, vasopressina e hormônios estimulantes alfa-melanocíticos, responsáveis por suprimir o apetite. A substância também age sobre o sistema cardiovascular e sistema digestório, antes de ser metabolizado pelo fígado e parcialmente eliminada pelo rim, na forma de cotinina.

2. Metabolismo da nicotina no corpo

4. Patologias orais

3. Estatísticas do tabaco no Brasil

4.1 - Câncer de boca

4.3 - Manchamento dentário e gengival

4.2 - Doenças periodontais

Imagem 1: Os componentes do cigarro e onde são encontrados (adaptado).

Imagens 3 e 4: Carcinoma de células escamosas (CCE) na boca de indivíduo.

Imagens 7 e 8: Exemplos e manchamento nos dentes (7) e na gengiva (8).

Disponível em: https://www.mayoclinic.org/es-es/diseases-conditions/

mouth-cancer/symptoms-causes/syc-20350997

Imagem 2: Fórmulas estrutural e molecular da nicotina.

Imagem 5 e 6: Complicações periodontais decorrentes dos efeitos do fumo.Em 5, cálculos (placa) e em 6, lesão em furca.

Disponível em: https://ibb.co/gTJNtc

(5) Disponível em: http://odontosolus.blogspot.com.br/2016/03/dentes-moles-e-sinal-de-doenca.html

(6) Disponível em: http://www.eikon-odontologia.com.br/casoClinico14.asp

Disponível em: https://ibb.co/iZQFUH

Disponível em: https://setorsaude.com.br/dia-de-combate-ao-cancer-bucal-e-ao-fumo/

(8) Disponível em: http://orofacial.com.br/orofacial_39/ (7) Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4930.pdf

Polônio 210

Cianeto de Hidrogênio(câmaras de gás)

Alcatrão(breu, piche, carvão)

(vela de ignição)

Nicotina(principal ativo do tabaco)

(veneno de formiga)

(detergentes e gasolina)

(inseticidas)

(bateria de automóvel)

(fluído de embalsamento)

(tinta de caneta)

(fertilizantes)

Formaldeído

Xileno

Fósforo P4 e P6

Arsênico

Benzeno

DDT

Cádmio

Fórmula estrutural

C10 14 2H NFórmula molecular

10,8% da população brasileira com mais de 18 anos é fumante.

Responsável por 63% dos óbitosrelacionados às doenças crônicas

não transmissíveis

85% das mortes por doençapulmonar crônica são relacionadas

ao tabagismo

10,8%

85%

63%