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Poder Executivo 1. Introdução: Funções típicas: atos de chefia de Estado, chefia de Governo e atos de administração. Funções atípicas: fiscalizar e legislar (ex. Medida Provisória), julgar (ex. multa de trânsito) Sistema de governo: presidencialista

4 - Poder Executivo

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Poder Executivo

1. Introdução: Funções típicas: atos de chefia de Estado, chefia de Governo e atos de

administração.

Funções atípicas: fiscalizar e legislar (ex. Medida Provisória), julgar (ex. multa de trânsito)

Sistema de governo: presidencialista

2. Presidencialismo X Parlamentarismo Presidencialismo: Chefe de Estado + Chefe de Governo = Presidente da República

- Eleição do PR pelo povo, p/ mandato determinado; ampla liberdade p/ escolher os Ministros de Estado, que o auxiliam e podem ser demitidos ad nutum.

Parlamentarismo: Chefe de Estado (exercido pelo PR ou pelo monarca), Chefe de Governo (Primeiro-Ministro). Não há prazo determinado para seu mandato.

O Primeiro-Ministro é apontado pelo Chefe de Estado, só se tornando Primeiro-Ministro com a aprovação do Parlamento – ele também não exerce mandato por prazo determinado.

Conclusão:

-Presidencialismo: é mais evidente a separação das funções estatais.

-Parlamentarismo: há deslocamento de uma parcela da atividade executiva para o Legislativo. Assim, o Parlamento se fortalece – pois, além da função legislativa, passa também a desempenhar função executiva.

3. Executivo monocrático, colegial, diretorial e dual

Conceituações de Maurice Duverger (citadas por José Afonso da Silva)

Executivo monocrático: rei, imperador, ditador, presidente Executivo colegial: exercido por 2 homens com poderes iguais – ex: cônsules

romanos. Executivo diretorial: grupo de homens em comitê – ex: Ex-URSS e ainda é na

Suíça Executivo dual (próprio do parlamentarismo, um Chefe de Estado e um Conselho

de Ministros, ou seja, um indivíduo isolado e um comitê)

Brasil = Art. 76 da CF: executivo monocrático (PR, auxiliado pelos Ministros de Estado)

4. O Poder executivo na CF/884.1 – Âmbito federal:

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

PR (Chefe de Estado + Chefe de Governo)

4.2 – Âmbito estadual:

O Poder Executivo é exercido pelo Governador de Estado e auxiliado pelos Secretários de Estado, sendo substituído (no caso de impedimento) ou sucedido (no caso de vaga), pelo Vice-Governador, com ele eleito, observando-se algumas outras regras:

- Eleição de Governador e Vice-Governador de Estado: será realizada no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 1º de janeiro do ano subsequente. (art. 77 + art 28, caput)

4. O Poder executivo na CF/88

- Mandato: 4 anos, permitindo-se a reeleição para um único período subsequente (art 28, caput, c/c o art. 14, § 5º)

- Perda do mandato: perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na Administração Pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V (art. 28,§ 1º)

- Subsídios do Governador, Vice-Governador e Secretários de Estado: fixados por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts 37, XI; 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I (art. 28, § 2º, acrescentado pela EC n. 19/98).

4.3 – Âmbito distrital

- Eleição = observa o mesmo procedimento dos Governadores Estaduais

- Mandato = 4 anos, permitindo-se a reeleição para um único período subsequente.

4. O Poder executivo na CF/884.4 – Âmbito municipal:- Eleição: do prefeito e do vice, para mandato de 4 anos; aplica-se as regras do art 77

no caso dos municípios com mais de 200 mil eleitores; reeleição = para único período subsequente.

- Posse: 1º de janeiro do ano subsequente- Perda do mandato: se assumir outro cargo ou função na Administração Púbica direta

ou indireta, ressalvada a posse em concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V (art. 28, § 1º)

4.5 – Atribuições conferidas ao Presidente da República: (art 84) Chefe de Governo = quando traça a política interna de comando; quando fixa as

metas para seu país. Ex: X - decretar e executar a intervenção federal; Chefe de Estado = atua representando a RFB nas relações internacionais (junto

a outros países e organismos internacionais). Ex: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

Chefe da Administração = não toma nenhuma decisão. (Não há pacificação entre os doutrinadores que reconhecem o “chefe de administração”). Ex:  XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior.

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O rol do art 84 é meramente exemplificativo. Pode haver delegação de tais atribuições?

R – só pode o PR delegar as atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV (primeira parte), aos Ministros de Estado, ao PGR ou ao AGU – devendo observar os limites traçados nas respectivas delegações. (art 84, parágrafo único)

VI – dispor, mediante decreto (autônomo), sobre: 

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XXV - prover (...) os cargos públicos federais, na forma da lei. Em regra, o PR materializa as competências do art 84 via decreto.

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4.6 – Condições de elegibilidade: Ser brasileiro nato Estar no pleno exercício dos direitos políticos Alistamento eleitoral Domicílio eleitoral na circunscrição Filiação partidária Idade mínima de 35 anos Não ser inalistável, nem analfabeto Não ser inelegível nos termos do art. 14, § 7°

4.7 – Processo eleitoral: as regras constam no art. 77 da CF/88.

Primeiro domingo de outubro = 1º turno

Último domingo de outubro = 2º turno

Não haverá segundo turno se o candidato à Presidência da República for eleito em primeiro turno, na hipótese de ter obtido a maioria absoluta dos votos, não computados os em branco e os nulos.

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Considera-se eleito, no segundo turno, o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos.

Se, ANTES da realização do 2º turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato = convoca-se, dentre os remanescentes, o de maior votação. Caso haja empate, o critério para o desempate será a idade.

4.8 – Posse e mandato:

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

A partir da EC n. 16/97 é permitida a reeleição para um único período subsequente (PR, Governadores de Estados e do Distrito Federal e Prefeitos)

4.9 – Impedimento e vacância dos cargos:

  4.9.1 – Sucessor e substituto natural do Presidente da República: vice-Presidente.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.

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Impedimento = substituição (caráter temporário; ex: doença, férias). O vice-Presidente assume enquanto o impedimento durar.

Vacância = sucessão (caráter definitivo; ex: cassação, renúncia, morte). Aqui o vice-Presidente assume até o final do mandato

O vice-Presidente aparece como sucessor e substituto natural do PR em além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o PR, sempre que for por ele convocado para missões especiais.

4.9.2 – Substitutos eventuais ou legais:

Caráter temporário Presidente da Câmara dos Deputados Presidente do Senado Federal Presidente do STF

4.9.3 – Mandato tampão: eleição direta e indireta (art. 81):

Os substitutos eventuais ou assumem o cargo no caso de impedimento do Presidente e do Vice, ou no caso de vaga de ambos os cargos. Na 1ª hipótese = afastamento foi temporário. Na 2ª = afastamento definitivo e, para não deixar o cargo vazio, 2 situações surgem:

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1 – vacância de ambos os cargos (Presidente e de Vice) nos 2 primeiros anos do mandato: (art 81 caput)

Far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última vaga. Trata-se de eleição direta, pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos.

2 – vacância nos últimos 2 anos do mandato:

Far-se-á eleição em 30 dias depois da última vaga, pelo CN. Portanto = eleição indireta.

Durante o processo eleitoral e de transição, o cargo será exercido, temporariamente, pelos substitutos eventuais.

OBS: Após a nova eleição, nas duas situações, os novos eleitos (Presidente e Vice) deverão apenas completar o período de seus antecessores (art 81, § 2º) – é o chamado mandato-tampão.

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4 anos

2 anos iniciais 2 últimos anos

- Eleições diretas - Eleições indiretas (é o CN que vai votar)

- 90 dias (exatamente) - 30 dias (exatamente)

- Os novos eleitos ficarão até o final do mandato (= mandato tampão)

Tb: mandato tampão

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4.9.4 – Ausência do País do Presidente e do Vice Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do

Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

4.10 – Ministros de Estado Características gerais e requisitos de investidura no cargo:

- São meros auxiliares do Presidente da República no exercício do Poder Executivo e na direção superior da administração federal.

- São escolhidos pelo Presidente, que os nomeia, podendo ser demitidos ad nutum, não tendo qualquer estabilidade.

- Requisitos para assumir o cargo de Ministro de Estado, de provimento em comissão, de acordo com o art. 87, caput: Ser brasileiro, nato ou naturalizado (exceto p/ o cargo de Ministro da Defesa – que deverá

ser preenchido por brasileiro nato) Ter mais de 21 anos de idade; Estar no exercício dos direitos políticos

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Atribuições dos Ministros de Estado: (Art 87 , Parágrafo único)

Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

Responsabilidade e juízo competente para processar e julgar os Ministros de Estado:

Os Ministros cometem crime de responsabilidade nas seguintes situações:

a) Quando convocados pela CD, SF ou qualquer de suas Comissões, para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo motivo justificado. (art. 50, caput e 58, III.

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b) Quando as Mesas da CD ou SF encaminharem pedidos escritos de informação aos Ministros de Estado e estes se recusarem a fornecê-las, não atenderem ao pedido no prazo de 30 dias, ou prestarem informações falsas. (art 50, § 2º)

c) Quando praticarem crimes de responsabilidade conexos e da mesma natureza com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República (art. 52, I c/c o art. 85)

OBS.:

- Crimes de responsabilidade praticados sem conexão com o PR e nos crimes comuns = os Ministros de Estado são julgados pelo STF.

- Crimes de responsabilidade conexos com os do PR = o julgamento será pelo Senado Federal.

Conselho da República:- Órgão superior de consulta;- Suas manifestações não terão caráter vinculatório (em nenhuma hipótese) aos atos

a serem tomados pelo PR.- É convocado e presidido pelo PR.

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- Dele participam: o Vice-Presidente; o Presidente da CD; o Presidente do SF; os líderes da maioria e da minoria na CD; os líderes da maioria e da minoria no SF; o Ministro da Justiça; cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos de idade, sendo 2 nomeados pelo PR, 2 eleitos pelo SF, 2 eleitos pela CD, todos com mandato de 3 anos, vedada a recondução.

- Lei n. 8.041/90 regula a organização e funcionamento do Conselho da República, cujas competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a intervenção federal, o estado de defesa, o estado de sítio e sobre questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Conselho de Defesa Nacional:- É órgão de consulta, sobre os assuntos relacionados à: soberania nacional e a

DEFESA do Estado democrático.- Dele participam como membros natos: o Vice-Presidente da República; o

Presidente da CD; o Presidente do SF; o Ministro da Justiça; o Ministro da Defesa; o Ministro das Relações Exteriores; o Ministro do Planejamento; os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica

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- Lei n. 8.183/91 regula a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional, competindo-lhe, nos termos da CF/88:

o opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, bem como sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;

o Propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;

o Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.

5. Crimes de Responsabilidade

Crimes de responsabilidade: infrações de natureza político-administrativas (portanto: crimes de natureza POLÍTICA). Como consequência, submetem-se ao processo de impeachment.

Nosso foco: crimes de responsabilidade cometidos pelo PRESIDENTE.

Art. 85, CF/88: os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição serão considerados crimes de responsabilidade, e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

5. Crimes de Responsabilidade

Procedimento:- Lei n. 1079/50 regula o procedimento.- Tal procedimento é bifásico:

1. Fase preambular: denominada “juízo de admissibilidade do processo” – na Câmara dos Deputados (Tribunal de Pronúncia).

Aqui será declarada procedente ou não a acusação, admitindo o processo e o julgamento no SF. A acusação poderá ser formalizada por qualquer cidadão no pleno gozo de seus direitos políticos. A partir de então, o Presidente já passará a figurar na condição de acusado, sendo-lhe, portanto, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

A CD PODERÁ, pela maioria qualificada de 2/3, autorizar a instauração do processo, admitindo a acusação que está sendo imputada ao Presidente da República, para que seja processado e julgado perante o SF nos crimes de responsabilidade (art 86)

2. Fase final: onde ocorrerá o processo propriamente dito e o julgamento – no Senado Federal (Tribunal de Julgamento)

5. Crimes de Responsabilidade

Havendo autorização da CD, o Senado DEVE instaurar o processo sob a presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da República a julgamento (no Senado) – assegurando-lhe as garantias do contraditório e ampla defesa podendo, ao final, absolvê-lo ou condená-lo.

Instaurado o processo, o Presidente ficará SUSPENSO de suas funções pelo prazo de 180 dias. (Caso o julgamento não seja concluído no prazo mencionado, cessará o afastamento, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo – art. 86, § 1°, III e § 2º).

A materialização da sentença ocorre por meio de Resolução do Senado Federal, que somente poderá ser proferida mediante 2/3 dos votos. A condenação limita-se a:

- Perda do cargo;-Inabilitação para o exercício de QUALQUER função pública por 8 anos.

Isso sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art 52, parágrafo único)

OBS.: Art 15 da Lei 1079/50: “a denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo”.

Fernando Collor (ex-Presidente): Impetrou Mandado de Segurança alegando que

5. Crimes de ResponsabilidadeA renúncia ao cargo extinguiria o processo de impeachement. O STF, julgando o MS 21.689-1, por maioria dos votos, decidiu que a renúncia ao cargo não extingue o processo quando já iniciado.

O julgamento no Senado não pode ser alterado pelo Judiciário.

O Legislativo realiza julgamento de natureza política, levando em consideração critérios de conveniência e oportunidade.

6. Crimes Comuns

- Regras procedimentais: Lei n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 RISTF.-Controle político de admissibilidade: realizado pela CD, que autorizará ou não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, através de 2/3 de seus membros. (art 86, caput)- Julgamento: perante o STF (crime comum)

Nos crimes de Ação Penal Pública: a denúncia será ofertada pelo Procurador Geral da República. (Caso ele não tenha formado sua opinio delicti, deverá requerer o arquivamento do inquérito policial).

Nos crimes de Ação Penal Privada: oferta-se a queixa-crime pelo ofendido, ou por seu representante legal.

OBS.: A expressão “crime comum”, conforme posicionamento do STF, abrange “todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando até mesmo os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais”.

Se recebida a denúncia ou queixa o Presidente ficará suspenso de suas funções por 180 dias, sendo que, decorrido tal prazo sem o julgamento, voltará a exercê-las, devendo o processo continuar até a decisão final.

O Presidente só poderá ser preso depois que sobrevier sentença penal condenatória (art 86, § 3º)

7. Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)

Art. 86, § 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Então: ele SÓ pode poderá ser responsabilizado por atos praticados em razão do exercício de suas funções.

As infrações penais praticadas antes do início do mandato ou durante a sua vigência, porém, sem qualquer relação com a função presidencial, não poderão ser objeto da persecutio criminis. De início esta ficará inibida, acarretando, assim, a suspensão do curso da prescrição. Trata-se da irresponsabilidade penal relativa, pois a imunidade só abrange ilícitos praticados antes do mandato, ou durante, sem relação funcional.

No tocante as infrações de natureza civil, política (crimes de responsabilidade), administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente ser responsabilizado.

Oferecida a denúncia no STF, havendo autorização da CD, julgando-se procedente o pedido formulado pelo PGR, a condenação aplicada será a prevista no tipo penal, e não a perda do cargo (como pena principal) que só ocorrerá nos crimes de responsabilidade.

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A perda do cargo ocorrerá por via reflexa, em decorrência da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da sentença criminal condenatória, transitada em julgado.

8. Prisão:§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o

Presidente da República não estará sujeito a prisão. (imunidade formal relativa a prisão)

OBS.: A imunidade formal relativa à prisão e a cláusula de irresponsabilidade penal relativa não se estendem aos demais chefes do executivo.

9. Competência para julgamento de algumas autoridades: Presidente e Vice-Presidente: a) Infração penal comum = STF; b) Crime de

responsabilidade = Senado Ministros de Estado: a) Infração penal comum e crime de responsabilidade = STF;

b) Crime de responsabilidade conexo com o Presidente da República.

9. Competência para julgamento de algumas autoridades

Ministros do STF: a) Infração penal comum = STF; b) Crime de responsabilidade = Senado Federal.

Deputados Federais e Senadores: a) Infração penal comum, desde a expedição do diploma = STF; b) Crime de responsabilidade = Casa correspondente.

Governador de Estado: a) Infração penal comum = STJ; b) Crime de responsabilidade = depende da Constituição Estadual.

Vice-Governador de Estado: a) Infração penal comum e crime de responsabilidade = depende da Constituição Estadual.

Deputado Estadual: a) Infração penal comum = depende da CE (em SP, é o TJ) ; b) Crime de responsabilidade = Assembleia Legislativa.

Prefeito: a) Infração penal comum = TJ; b) Crime de responsabilidade (natureza criminal) = TJ; c) Crime de responsabilidade (natureza de infração político-administrativa) = Câmara dos Vereadores.

10. Prefeitos Municipais

Como vimos, o Prefeito pode cometer tanto crime comum como crime de responsabilidade.

Regra geral acerca do julgamento: - Crime comum: TJ local (inclusive quando estiver diante de crime doloso contra a

vida)- Crime de responsabilidade: Câmara Municipal- Crimes eleitorais: TRE- Crimes federais: TRF