46070115 Seis Mil Anos de Historia Do Ceu Gilberto Henrique Buchmann

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Seis mil anos de histria do cu Cronologia astronmica

Gilberto Henrique Buchmann

Introduo Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde os primrdios da civilizao at nossos dias, fazem a histria da astronomia. Com o intuito de evitar repeties enfadonhas e tendo em vista impedir que esta exposio fique demasiado extensa, observa-se sempre o critrio do ineditismo, incluindo-se somente os acontecimentos que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evoluo do pensamento humano no que concerne cincia dos astros. Ficam de fora, por esse critrio, os inmeros objetos celestes (galxias, estrelas, cometas, asteroides e mesmo exoplanetas) descobertos todos os anos, a no ser que a descoberta signifique algo novo ou, por alguma razo, esteja revestida de importncia especial. Esto excludos, pelo mesmo motivo, os inumerveis satlites lanados nas ltimas dcadas, exceo feita queles cujo papel relevante. Ademais, considerando-se que a inteno aqui ressaltar os fatos, no os cientistas, esto ausentes desta cronologia referncias diretas s datas de nascimento ou de morte dos pesquisadores. Contudo, sendo essas informaes importantes para uma melhor compreenso e contextualizao dos acontecimentos apresentados, elas so colocadas, sempre que possvel, entre parnteses. Por fim, informamos que esta cronologia continuar sendo constantemente atualizada e revisada, na inteno de torn-la cada vez mais precisa e confivel. Seu mximo objetivo divulgar a astronomia entre aqueles que apreciam essa cincia. O Autor

Seis mil anos de histria do cu Cronologia astronmica

Gilberto Henrique Buchmann

c. 4200 a.C. Segundo alguns historiadores, criado no Egito, ainda no perodo prdinstico, um calendrio lunar primitivo com 12 meses: 6 com 29 e 6 com 30 dias, totalizando 354 dias. O ms, em mdia, tem 29,5 dias, uma boa aproximao para o ms sindico (de Lua nova a Lua nova). Um 13 ms acrescentado a cadatrs, s vezes dois anos, a critrio dos sacerdotes e astrnomos, para sincronizar esse calendrio com o nascer helaco de Sirius (Stis para os egpcios), a mais brilhante estrela noturna. Esse evento, denominado Iniciador do Ano, coincide com a chegada da cheia do rio Nilo, em sincronia com as estaes anuais. A necessidade de elaborar calendrios deve-se descoberta da agricultura: preciso ser capaz de estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita. 3761 a.C. (7 de outubro) Esta , para os judeus, a data da criao do mundo, sendo o calendrio judaico contado a partir de ento, embora tenha sido criado e adotado muito tempo depois, tendo a verso definitiva sido estabelecida no sculo IV d.C. O ano civil judaico tem de 353 a 355 dias, divididos em 12 meses lunares. Para ajustar esse calendrio ao ano solar, intercala-se um ms suplementar nos anos 3, 6, 8, 11, 14, 17 e 19 ao longo de 19 anos. H, assim, um total de 383 a 385 dias, no ano da intercalao. c. 3500 a.C. So construdos, no Egito e na Mesopotmia, os primeiros relgios de Sol (Gnomon), feitos, basicamente, de uma haste fincada na vertical, em pedra ou madeira. Assim, de acordo com o comprimento da sombra desta haste, possvel ter uma ideia do tempo. c. 3000 a.C. Os chineses descobrem o Saros: intervalo de 18 anos, 11 dias e 8 horas, aps o qual a Terra, o Sol e a Lua retornam, aproximadamente, s mesmas posies relativas. Nesse intervalo ocorrem, em mdia, 43 eclipses solares e 28 lunares. c. 2900 a.C. oficializado no Egito um calendrio com 365 dias. Mas o ano propriamente tem apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em trs quadrimestres correspondentes s trs estaes regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12 ms, so acrescentados cinco dias suplementares que no entram no cmputo oficial dos dias. Esse um calendrio solar, e o ms nele no mantm sincronia com as fases da Lua. 2636 a.C. (15 de fevereiro) Data a partir da qual comea a contagem do tempo no calendrio chins. Trata-se de um calendrio lunissolar. Cada ano tem doze lunaes, num total de 354 dias. Para que no se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a cada oito anos so acrescentados noventa dias (aproximadamente trs lunaes). Os anos

comeam sempre em uma lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um ciclo de doze anos, cada ano dedicado a um animal: "shu" ? (rato), "neo" (boi), "hu" (tigre), "tu" (coelho), "long" (drago), "she" (serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro), "rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (co), "zhu" (porco). Possivelmente 2608 a.C. O imperador chins Houng-Ti constri um observatrio para elaborar um calendrio. Possivelmente 2377 a.C. Sob o imprio do chins Yao, o zodaco (Kyklos zokiakos, do grego, que significa crculo de animais) dividido em 28 constelaes. 2317 a.C. Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos anais astronmicos chineses. c. 2000 a.C. Os chineses descobrem que Jpiter leva cerca de 12 anos para completar uma rbita ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos). Segundo milnio a.C. A ideia de um Sistema Solar heliocntrico possivelmente sugerida pela primeira vez na literatura vdica da antiga ndia, que com frequncia faz referncia ao Sol como o centro das esferas. c. 1930 a.C. Termina a construo de Stonehenge (cuja ltima fase de edificao tem incio por volta de 2280 a.C.), possvel observatrio astronmico do perodo megaltico, localizado no condado de Wiltshire, 13 km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde supe-se terem sido feitas observaes do Sol e da Lua. Stonehenge, formado por grandes blocos distribudos em quatro circunferncias concntricas, um local envolto em mistrio, no tendo ainda sido definida a sua finalidade principal. As trs teorias mais aceitas apontam-no como observatrio astronmico, templo ou monumento funerrio. 1800-1400 a.C. Durante a Dinastia de Hammurabi, os astrnomos babilnios realizam observaes das transies de Vnus atravs do Sol, das fases da Lua e organizam um calendrio lunissolar. c. 1400 a.C. Os egpcios usam relgios de gua. Estes so, essencialmente, , recipientes na forma de balde com um pequeno furo na base por onde a gua se escoa. Escalas uniformes de tempo so marcadas no interior do balde, uma para cada ms, por causa da variao das noites e, tambm, devido s estaes do ano. 1400-900 a.C. Sob o Imprio dos Kassites e dos Assrios, organiza-se uma lista de constelaes helacas (que acompanham o Sol), assim como so elaboradas as primeiras regras aritmticas para o clculo da durao do dia e da noite. 1361 a.C. Os anais astronmicos chineses registram a observao de um eclipse solar, o primeiro a ser documentado por qualquer povo de que se tem notcia. c. 1100 a.C. Os chineses determinam o equincio da primavera.

Sculo VIII a.C. Na Babilnia, durante o reinado de Nabonassar (747-733 a.C.), o registro sistemtico de fenmenos considerados como mau agouro em dirios astronmicos permite que seja descoberto um ciclo repetitivo de eclipses lunares a cada 18 anos. Sculo VIII a.C. Na Ilada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da literatura grega que se conhecem), so mencionadas as constelaes do Cocheiro, de rion e da Ursa Maior, os aglomerados estelares das Pliades e das Hades e a estrela Sirius. 780 a.C. (4 de junho) Primeiro registro confivel de um eclipse total do Sol de que se tem notcia, feito na China. 753 a.C. Segundo a lenda, Rmulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, ento, o calendrio Romano. Conforme esse calendrio, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais seis tm 30 dias e quatro, 31. Maro o primeiro ms do ano, seguindo-se Abril, Maio, Junho, quintilis, sextilis, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. c. 740 a.C. Acaz, rei da Prsia, supostamente o primeiro monarca a possuir um relgio de Sol que funciona com boa preciso. Possivelmente 713 a.C. Numa Pomplio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz os meses de Janeiro e Fevereiro no calendrio Romano e, desse modo, o ano civil passa a ter 355 dias, comeando em Maro e terminando em Fevereiro. 700 a.C. Os chineses j tm registros com anotaes precisas sobre meteoritos e cometas. Sculo VI a.C. O filsofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grcia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra um disco plano em uma vasta extenso de gua e flutuando no ar que, para ele, considerado como substncia primordial do Universo. Afirma que a Lua est mais prxima de ns do que o Sol e que no tem luz prpria. Sculo VI a.C. O filsofo grego Anaximandro de Mileto (610-545 a.C.) concebe os planetas como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra, considerada como um cilindro que repousa sobre um eixo orientado no sentido leste-oeste e cuja altura corresponde a um tero de seu dimetro. Sculo VI a.C. O filsofo e matemtico grego Pitgoras de Samos (c. 572-c. 497 a.C.) acredita na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Pensa que os planetas, o Sol e a Lua so transportados por esferas separadas daquela que carrega as estrelas. o primeiro a chamar o cu de cosmos. Parece haver sido o primeiro a reconhecer que a estrela matutina (estrela Dalva) e a estrela vespertina (Vsper ou Hsper) so o mesmo planeta: Vnus. Alguns estudiosos atribuem a ele uma constatao anloga ao determinar que Apolo (corpo celeste visvel pela manh) e Hermes (visvel tarde) so o mesmo astro: Mercrio. Observa ainda que o Sol, a Lua e os planetas no possuem o mesmo movimento uniforme das estrelas, e que a rbita da Lua no se situa no plano do equador celeste. Os pitagricos acreditam que os cometas so planetas e afirmam que muitas de suas passagens no podem

ser observadas, pois raramente se elevam acima da linha do horizonte. Sculo VI a.C. O filsofo grego Anaxmenes de Mileto (570-500 a.C.), discpulo de Anaximandro, concebe os astros celestes como corpos fixos a esferas de revoluo, bem como acredita que o Sol um corpo plano e parece haver feito, pela primeira vez, a distino entre planeta e estrela. Sculo VI a.C. O filsofo grego Xenfanes (571-480 a.C.) considera os cometas resultado do movimento e do choque de nuvens de fogo. Ele tambm fala da Lua como sendo habitada, com cidades e montanhas. 585 a.C. (28 de maio) Eclipse do Sol previsto, segundo a tradio, por Tales de Mileto. Trata-se da primeira referncia conhecida previso de um eclipse solar. Sculo V a.C. O filsofo grego Anaxgoras (c. 500-428 a.C.) afirma que os astros so pedras incandescentes, o que lhe vale a acusao de impiedade (atesmo) e o leva ao exlio em Lmpsaco, colnia de Mileto, onde morre. Descobre que a Lua recebe luz do Sol e explica os eclipses solares e lunares. Deve-se a Anaxgoras a primeira avaliao das dimenses de um corpo celeste: afirma que O Sol pelo menos to grande quanto o Peloponeso. Tenta medir a distncia da Terra ao Sol, mas chega a um valor muito inferior ao real. Sculo V a.C. O filsofo grego Philolaus de Tarento ou de Crotona (470-390 a.C.) elabora a hiptese da existncia de um fogo central representando o centro de seu Universo esfrico. Esse fogo dHestia (Hestia era a Deusa da lareira sagrada, nas casas e nos edifcios pblicos) invisvel, pois est sempre encoberto pelo Sol. Alm do mais, ele envolvido por dez esferas concntricas representando, respectivamente: Terra, Sol, Lua, Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter, Saturno, antiTerra (antichthon planeta sempre oculto para os terrqueos e situado do outro lado do Sol) e estrelas. Para Philolaus, o Sol (visvel) um reflexo do fogo central (invisvel), e cada uma dessas esferas gira de oeste para leste, completando uma revoluo no perodo correspondente ao do astro que ela representa. Sculo V a.C. O astrnomo babilnio Nabu-Rimani elabora uma tabela de efemrides contendo o registro das posies da Lua, do Sol e dos planetas em dado momento. Ele tambm calcula o intervalo do ms sindico como sendo de 29,530614 dias (valor real: 29,530596 dias) e do ano solar em 365d6h15min41s (valor real: 365d5h48min45,97s). Sculo V a.C. O filsofo grego Demcrito (460-370 a.C.) postula que a Via Lctea composta de estrelas distantes. acredita tambm haver montanhas elevadas e vales profundos na Lua. Sculo V a.C. compilado, na China, o Gan Shi Xing Jing, o mais antigo catlogo estelar que se conhece. 413 A.C. (27 de agosto) Um eclipse lunar causa pnico em uma frota de Atenas e assim afeta o resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses esto prontos a mover suas foras de Siracusa quando a Lua eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam

assustados por este pressgio celeste e relutam em partir. O comandante Nicias consulta o orculo e adia a partida por 27 dias. Esta demora d uma vantagem a seus inimigos de Siracusa, que ento derrotam toda a frota e o exrcito ateniense e matam Nicias. Sculo IV a.C. O filsofo grego Hicetas de Siracusa (400-335 a.C.) modifica o sistema de Philolaus, postulando um movimento de rotao diurna da Terra em torno de seu eixo. Sculo IV a.C. O filsofo grego Ecphantus de Siracusa substitui pela Terra o fogo central defendido por Philolaus. Sculo IV a.C. O astrnomo babilnio Kiddinu (nascido c. 340 a.C.) recalcula o ms sindico e o ms solar. Supe-se que tenha descoberto a precesso dos equincios, decorrente de uma ligeira rotao do eixo da Terra. O equincio representa o ponto de interseco da eclptica (trajetria aparente do Sol entre as estrelas) com o equador celeste (crculo na esfera celeste que coincide com o equador terrestre), no qual os dias e as noites tm a mesma durao. Sculo IV a.C. O filsofo grego Plato (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre as quais se fundamentam os estudos astronmicos durante muitos sculos, sendo as principais: 1. A Terra, que esfrica, imvel e est no centro do Universo (geoestatismo e geocentrismo). 2. Todos os movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os astros no podem ter outro movimento ou mudana fora desse movimento circular (imutabilidade do cu). Em seus dilogos Timaeus, Phaedo, Repblica e Epinomis, argumenta que a Terra, em sua imobilidade absoluta, envolvida por quatro capas esfricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios terrestres, composta do elemento gua, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de cinco raios terrestres e constituindo a atmosfera. Em seguida, h uma camada do elemento fogo, de dez raios terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esfrica, na qual se encontram as estrelas. Os sete astros ento considerados planetas (Lua, Sol, Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter e Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas. Sculo IV a.C. O astrnomo e matemtico grego Eudxio de Cnido (408-355 a.C.), discpulo de Plato, formula um modelo planetrio segundo o qual, basicamente, o movimento dos astros no Universo consequncia de um conjunto de 27 esferas homocntricas Terra, seguindo o esquema: quatro para cada um dos planetas (Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter e Saturno), trs para o Sol, trs para a Lua e uma para as estrelas fixas. Essas esferas so assim distribudas: o planeta se encontra fixo no equador de uma esfera que gira em torno da Terra. Por sua vez, os polos dessa esfera so deslocados por uma segunda esfera que gira em torno de um eixo normal ao plano da eclptica. Uma terceira esfera, exterior s duas antecedentes, d o movimento do planeta em relao ao cu das estrelas fixas. Por fim, uma quarta esfera necessria (no caso dos planetas propriamente ditos, para explicar o seu movimento retrgrado, isto , o movimento no qual o planeta, no cu das estrelas fixas, se move num determinado sentido at um ponto estacionrio; depois, volta no sentido oposto at outro ponto estacionrio, retornando ento ao primeiro sentido, e assim por diante, formando laos (cspides). oportuno registrar que Eudxio inventa a curva hippede (resultante da interseco de uma esfera com um cilindro) com o objetivo de explicar esse modelo planetrio.

Eudxio o primeiro a fixar a durao do ano em 365 dias e 6 horas. Sculo IV a.C. O astrnomo grego Calipo de Czico (370-300 a.C.), aluno de Eudxio, aperfeioa o modelo de seu mestre, adicionando mais 8 esferas, com o objetivo de explicar os complicados movimentos de Mercrio e de Vnus, j que estes tm um afastamento limitado em relao ao Sol. Sculo IV a.C. O grego Herclides de Pontus (388-315 a.C.) prope que a Terra gira diariamente sobre seu prprio eixo, que Vnus e Mercrio orbitam o Sol, e a existncia de epiciclos, um sistema centrado na Terra em que todos os objetos celestes se movem em crculos perfeitos ao redor do nosso planeta. Sculo IV a.C. O filsofo grego Aristteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais influente de todas as teorias astronmicas gregas, que seria considerada verdadeira por quase dois mil anos. Segundo essa teoria, o Universo est dividido em dois estratos, um sublunar e outro extralunar. Na regio abaixo da Lua ocorrem mudanas, estando as coisas e os seres vivos sujeitos morte e degenerao. A se encontram os cometas, que no passam de fenmenos atmosfricos, visveis em forma de estrelas cadentes. A outra regio estende-se para alm da Lua, e nela nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os planetas e as estrelas fixas pertencentes regio extralunar so regidos por leis distintas das que se aplicam Terra e aos cometas. Aristteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol est voltada para a Terra. Explica tambm os eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristteles argumenta a favor da esfericidade terrestre, j que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar sempre arredondada. Afirma que o Universo esfrico e finito. Aperfeioa a teoria das esferas concntricas de Eudxio de Cnido, acrescentando-lhe outras esferas homocntricas, perfazendo um total de 55. Ele admite ainda que alm da esfera das estrelas fixas existe o Primum Mobile (Primeiro Mvel), acionado por Deus, o motor primordial e imvel, e que alm dele no h nem movimento, nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro De Caelo (Dos Cus), prope que o Universo finito e esfrico, ou no ter centro e no pode se mover. Sculo IV a.C. O grego Hipcrates e seu discpulo squilo defendem, no que concerne aos cometas, posio semelhante dos pitagricos. No entanto, para eles, a cabeleira no constitui uma caracterstica estvel do astro: ela corresponderia reflexo dos raios solares sobre os vapores midos que o cometa leva consigo. Uma ideia semelhante seria exposta na metade do sculo XX. 386 a.C. Eudxio de Cnido compila um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do cu, denominando-as conforme a posio que assumem na respectiva constelao. Por exemplo, ele escreve: A estrela pequena do lado esquerdo da guia, O joelho esquerdo de Ofico, A estrela no meio da cintura de rion e assim por diante. 365 a.C. O astrnomo chins Gan De parece haver observado o satlite Ganmedes (ou Ganimedes) do planeta Jpiter. Acredita-se ter sido ele tambm o primeiro astrnomo cujo nome se conhece a compilar um catlogo estelar.

365 a.C. Aristteles observa uma ocultao de Marte pela Lua e deduz que o Planeta Vermelho est mais distante da Terra que nosso satlite. Sculo III a.C. O astrnomo babilnio Berossus constri um relgio de Sol num bloco cbico de pedra ou madeira, no qual cortada uma abertura hemiesfrica tendo uma haste no centro, cujo caminho percorrido por sua sombra , aproximadamente, um arco de crculo. O comprimento e a posio do arco variam com as estaes do ano. Sculo III a.C. O astrnomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) o primeiro a propor (c. 260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol, antecipando Coprnico em mais de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas suposies. A primeira delas no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas, isto , por que suas posies aparentes no mudam em consequncia do movimento da Terra em torno do Sol. Essa imobilidade, afirma Aristarco, decorre da imensa distncia em que se encontram as estrelas em relao Terra. A sua segunda suposio no original, j que havia sido considerada por Herclides de Pontos, qual seja, a rotao da Terra em torno de seu eixo. Entre outras coisas, desenvolve um mtodo para determinar as distncias do Sol e da Lua Terra e mede os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega concluso de que a distncia Terra-Sol de 8 milhes de km (valor correto: 149,6 milhes de km) e que a relao entre os dimetros da Lua e do Sol de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco conclui ainda que as relaes entre os dimetros Lua-Terra e Terra-Sol valem, respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109). Sculo III a.C. O inventor grego Ctesbio de Alexandria (285-247 a.C.) constri uma clepsidra (do grego: kleptein roubar; hydor gua). Basicamente, ela contm um mecanismo movido a gua que opera um cilindro rotativo, no qual esto dispostas as horas desiguais do dia e da noite. Ele , tambm, o precursor do relgio de cuco, pois algumas de suas clepsidras so dotadas de um fluxo constante de gua que opera toda espcie de alavancas e peas automticas, assim como sinos, bonecos movedios e pssaros canoros. Sculo III a.C. O grego Eratstenes de Cirnia (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., o primeiro a tentar medir o dimetro da Terra, determinando que a distncia entre Alexandria e Siena (hoje Assu) de 7 e que, levando em conta que um crculo completo mede 360, a distncia entre essas duas cidades corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferncia total da Terra, redutvel depois ao dimetro mediante a diviso pelo valor numrico de pi (3,141592538...). A circunferncia terrestre calculada por Eratstenes de 39.425 km (valor correto: 40.075 km). Compila tambm um catlogo com cerca de setecentas estrelas e calcula a distncia Terra-Lua em aproximadamente um tero do valor real. Sculo III a.C. O matemtico grego Apolnio de Perga (261-190 a.C.) explica o movimento dos planetas no cu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclodeferente, sistema em que o centro de um crculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de um crculo maior (deferente). O epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o deferente um crculo em cujo centro situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta.

c. 275 a.C. O grego Arato (310-240 a.C.), nascido na Cilcia, conclui Fenmenos, um dos poemas didticos mais importantes do perodo helenstico. Em 1.154 versos hexmetros, Fenmenos descreve o firmamento e as constelaes ento conhecidas. Sculos mais tarde, diversas tradues so feitas para o latim, destacando-se as de Ccero, Varro e Ovdio. 240 a.C. Anais chineses fornecem detalhada descrio da passagem de um cometa. No certo que as observaes se refiram ao cometa Halley, mas, segundo clculos modernos, ele passa pela Terra em maio. 238 a.C. A adoo do que mais tarde viria a ser chamado de ano bissexto proposta no Egito, mas os sacerdotes se opem, e a ideia no posta em prtica. Sculo II a.C. O grego Hiparco de Niceia (190-125 a.C.), considerado o maior astrnomo da era pr-crist, constri um observatrio na ilha de Rodes, onde faz observaes durante o perodo compreendido entre 160 e 127 a.C. Suas observaes lhe permitem compilar um catlogo com a posio no cu e a grandeza (hoje magnitude) de 850 estrelas, especificando, dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas esto classificadas em seis grandezas, correspondendo a 1 s mais brilhantes e a 6 quelas que esto no limite da visibilidade do olho humano. Alm disso, deduz corretamente a direo dos polos celestes, e at mesmo a precesso dos equincios, resultante do movimento cclico ao longo da eclptica, na direo oeste, causado pela ao do Sol e da Lua sobre a dilatao equatorial da Terra e que tem um perodo de 25.772 anos. Hiparco tambm chega ao valor correto de 8/3 para a razo entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e afirma que a Lua est distncia de 59 raios terrestres (o valor correto 60). Tambm determina a durao do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Inventa ainda o astrolbio (c. 150 a.C.), instrumento astronmico que mede a altura de um astro em relao ao horizonte. 163 a.C. O cometa Halley deve ter passado pelo perilio (ponto de maior aproximao do Sol) em 5 de outubro, e os astrnomos chineses assinalam um cometa nesse perodo. Sculo I a.C. O filsofo romano Lucrcio (c. 99-55 a.C.), em sua obra De Rerum Natura (Sobre a Natureza das Coisas), sustenta a pluralidade dos mundos habitados, fundamentando suas ideias nos escritos do filsofo grego Demcrito (460-370 a.C.) e dos atomistas. 87 a.C. Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e escritor romano Plnio, o Velho (23-79), faz aluso neste texto: O cometa um astro terrvel e um sinal de derramamento de sangue. J tivemos exemplo disso nas desordens civis sob o consulado de Otvio. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo perilio, segundo clculos modernos, ocorre em agosto. 46 a.C. Jlio Csar, com a ajuda do astrnomo grego Sosgenes, decide criar um novo calendrio, que fica conhecido como calendrio juliano. O ano passa a ter 365 dias e 6 horas, iniciando-se em 1 de janeiro (antes comeava em 1 de maro). Embora o ano civil continue com 365 dias, o novo calendrio institui, a cada 4 anos, o ano bissexto, de 366 dias, para recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os meses, como os atuais, tm 30 ou

31 dias, menos o ms de fevereiro, com apenas 28 ou 29 dias, quando o ano bissexto. Para corrigir o atraso acumulado ao longo dos sculos, Sosgenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e 445 dias. O calendrio Juliano modificado por duas vezes: na primeira, em 44 a.C., por ordem do General e Cnsul romano Marco Antnio(81-30 a.C.), o ms Quintilis passa a ser chamado de Julius (Julho) em homenagem a Jlio Csar; na segunda, em 8 a.C., por ordem do Senado romano, o ms Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a Otvio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma. No entanto, a fim de que Agosto no tivesse menos dias que Julho (31), tirado um dia do ms de Fevereiro. 44 a.C. (julho) Um cometa muito brilhante (C/-43 K1) aparece nos cus de Roma e se torna um dos cometas mais famosos de toda a Antiguidade. Os romanos interpretam-no como sinal da deificao de Jlio Csar, cuja morte ocorrera quatro meses antes. Atinge a magnitude -4, sendo um dos cinco cometas com magnitude negativa j registrados. tambm conhecido como Cometa Csar ou Grande Cometa de 44 a.C. 28 a.C. Primeiras referncias conhecidas a observaes de manchas solares, feitas por astrnomos chineses, que provavelmente puderam ver os maiores grupos de manchas quando a luz do sol foi filtrada pela poeira deslocada pelo vento nos desertos da sia Central. 12 a.C. A Histria de Roma, de Dion Cassius (155-235), registra: Antes da morte de Agripa, viu-se um cometa pairando durante muitos dias sobre a cidade de Roma; ele apareceu em seguida transformado em muitas pequenas tochas. O mesmo cometa observado na China, de agosto a outubro, e as observaes, bem detalhadas, no deixam dvidas quanto a ser o cometa Halley. A proximidade desta passagem com a poca atribuda pela Bblia ao nascimento de Cristo faz com que o cometa Halley seja identificado, por vezes, com a Estrela de Belm, a qual, segundo o evangelista Mateus (captulo 2, versculos 1 e 2), guiou os reis magos at Jesus. 4 a.C. (12 de maro) Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o historiador judeu Flvio Josefo (37-100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de 73 a.C. e rei da Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bblia, ainda vivo quando Jesus nasceu um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na contagem dos anos da era crist. Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo entre os anos 7 e 4 a.C. Sculo I d.C. O filsofo romano Sneca (4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicao atmosfrica dada por Aristteles acerca dos cometas, prope uma atitude realmente cientfica frente ao problema das estrelas de cabeleira. Ele salienta a necessidade de se compilar todos os aparecimentos de cometas e chega a levantar a hiptese de que estes possam retornar periodicamente. Sculo I O historiador e bigrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem reentrncias onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visveis em sua superfcie so resultantes de sombras de rios ou de abismos profundos. Tambm cogita a possibilidade de o satlite ser habitado.

66 Em A Guerra dos Hebreus contra os Romanos, o historiador judeu Flvio Josefo escreve: Aquele povo infeliz... fechou os olhos e cobriu os ouvidos para no ver nem ouvir os sinais seguros pelos quais Deus havia predito sua runa. Citarei alguns desses sinais e dessas predies: um cometa, do tipo chamado Xiphias, porque sua cauda parece representar a lmina de uma espada, foi visto sobre Jerusalm durante um ano inteiro... Os judeus se rebelam contra os romanos em 66 e Jerusalm destruda em 70. Os chineses tambm observam um cometa entre os meses de fevereiro e maro. Segundo clculos atuais, o Halley passa pelo perilio em 25 de janeiro. Sculo II O grego Cludio Ptolomeu (c. 90- c. 168), ltimo grande astrnomo da Antiguidade, compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze sees denominadas livros (152 pginas numa edio impressa de 1515), conhecido como o Almagesto (grande Tratado, em rabe), que a maior fonte de conhecimento astronmico na Grcia. Nessa obra, Ptolomeu inclui um catlogo de estrelas baseado nos trabalhos de Hiparco; lista 48 constelaes, cujos nomes prevalecem at hoje; descreve e aperfeioa os instrumentos usados pelos astrnomos, tendo, inclusive, no livro quinto do Almagesto, demonstrado como se constri e usa um astrolbio; faz, tambm, uma descrio matemtica detalhada dos movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior preciso as datas dos futuros eclipses solares e lunares. A contribuio mais importante de Ptolomeu uma representao geomtrica do Sistema Solar, geocntrica, com crculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos planetas com considervel preciso e que usada at o Renascimento, no sculo XVI. 123 O astrnomo chins Zhang Zeng corrige o calendrio lunar vigente em seu pas. A durao do ano passa de 354 para 365 dias. 141 O nico registro desta passagem do cometa Halley est nos anais astronmicos chineses. Data do perilio, segundo clculos modernos: 22 de maro. 185 Primeiro registro conhecido de uma supernova, feito nos Anais Astrolgicos chineses do Houhanshu. 218 Os chineses observam a passagem do cometa Halley a partir de 14 de abril (perilio provvel: 17 de maio). Dion Cassius escreve: Pouco antes da morte do imperador Macrinus, uma estrela, que por muitas noites estendeu sua cauda do Ocidente ao Oriente, causou grande medo. Macrinus morreu em junho de 218. 295 O cometa Halley observado em maio pelos chineses. Data provvel do perilio: 20 de abril. 363 (27 de junho) Ocorre o mais longo eclipse solar j observado, com durao de sete minutos e 24 segundos. 374 Os chineses registram a presena de um cometa, visvel de maro a maio. A passagem do Halley pelo perilio foi modernamente calculada em 16 de fevereiro.

451 Um cometa observado na China, nas constelaes de Leo e de Virgem. No Ocidente, visto de junho a agosto (perilio: 27 de junho), e muitos autores relacionam seu aparecimento com a vitria do general romano Acio sobre tila, ocorrida na Batalha dos Campos Catalanicos (21 de junho de 451). Este cometa deve ter sido o Halley. Sculo VI O astrnomo hindu Ariabata I (476-550) afirma que "A esfera das estrelas fixas estacionria e a Terra, realizando uma revoluo, produz o nascimento e o ocaso dirio das estrelas e dos planetas". c. 525 O monge Dionisius Exiguus (500-560) reorganiza a contagem dos anos, cujo marco inicial deixa de ser a fundao de Roma. Ele estabelece que o ano 1 o do nascimento de Jesus Cristo (no existe ano 0), mas comete erros nos clculos, pois os historiadores modernos acreditam que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele tambm introduz, para assinalar o perodo posterior ao nascimento de Cristo, a expresso A.D., Anno Domini (Ano do Senhor). 530 Esta passagem do cometa Halley observada na China e em Constantinopla, onde, segundo o astrnomo Alexandre-Gui Pingr, viu-se do lado do Ocidente, durante 20 dias, um cometa muito grande e assustador estendendo seus raios em direo parte mais elevada do cu. Data provvel do perilio: 27 de setembro. Sculos VI e VII o espanhol Isidoro de Sevilha (560-636) e o ingls Beda, o Venervel (673-735), acreditam na esfericidade da Terra, na rotao diurna da abbada celeste, no movimento dos planetas para leste e no movimento anual do Sol. Alguns historiadores consideram Beda como o introdutor da notao A.D., referente Era Crist. 607 Dois cometas aparecem e so observados na China, um em fevereiro e outro em abril. poca em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa Halley (perilio em 7 de maro). 622 (16 de julho) A fuga de Maom de Medina (Hgira) constitui o ponto de partida do calendrio muulmano, que composto de 12 meses lunares (de 29 ou 30 dias), perfazendo um total de 354 ou 355 dias. Possivelmente 628 o astrnomo e matemtico hindu Brahmagupta (598-660) escreve um livro em versos sobre Astronomia, com dois captulos dedicados matemtica. Nessa obra, h a negao da rotao da Terra. 684 O historiador chins Ma-Toan-Lin menciona um cometa observado em setembro e outubro. Anotaes japonesas confirmam tais aparecimentos. Passagem do Halley pelo perilio, conforme clculos modernos: 2 de outubro. 687 Os chineses fazem o primeiro registro conhecido de um "chuveiro de meteoros". Sculo VIII O erudito ingls Alcuno de York (735-804), ao dirigir em Paris a reforma educacional proposta pelo imperador franco-alemo Carlos Magno (742-814), defende a ideia de um modelo geoheliocntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que havia sido

proposto por Herclides de Pontos. 760 No vigsimo ano do reinado de Constantino, escreve Alexandre-Gui Pingr, um cometa muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante trs dias do lado do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente. Os registros dos chineses no deixam dvidas: trata-se do cometa Halley. Perilio provvel: 20 de maio. Sculos VIII e IX O astrnomo rabe Abu-Abdullah Muhammad ibn Jabir al-Battani, conhecido como Albatnio (858-929), constri novos instrumentos astronmicos e melhora os existentes, tais como relgio de sol, esfera armilar e quadrante mural. Com eles, obtm melhores resultados que os de Ptolomeu, estabelecendo a posio correta do aflio terrestre (ponto mais distante do Sol) e obtendo valores mais precisos para o ano solar, para as estaes e para a inclinao da eclptica. Sculo IX O califa rabe al-Mamun (786-833) constri uma srie de observatrios planetrios. 807 (17 de maro) O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar, visvel durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trnsito de Mercrio. 837 A passagem do Halley desse ano bem prxima do Sol (perilio em 28 de fevereiro) e dela encontramos vrios registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto nos anais chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril e 7 de maio. Clculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhes de km da Terra, a menor distncia entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao longo de 90 no cu, mas no h registro astronmico desse fato. 871 Mercrio chega a 77,3 milhes de km da Terra, a menor distncia em aproximadamente 41.000 anos. Sculo X O mdico e filsofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido como Avicena (980-1037), defende a hiptese de que todos os corpos celestes tm luz prpria. 912 Pingr escreve: Sob o reinado do imperador Alexandre de Constantinopla, que durou de 11 de maio de 911 a 7 de junho de 912, viu-se por quinze dias um cometa no Ocidente. Chamaram-no de Xiphias, pois tinha a forma de uma espada. Nesse caso, as observaes chinesas e japonesas so contraditrias e por isso difcil uma clara identificao com o cometa Halley, embora o perilio desta passagem seja calculado como tendo ocorrido em 18 de julho. 964 O astrnomo rabe Abd Al-Rahman Al-Sufi (903-986) estabelece o livro das estrelas fixas, que permite astronomia moderna teis comparaes para a pesquisa das variaes de brilho das estrelas. Os nomes rabes de algumas delas, dados por ele, ainda hoje permanecem: Aldebar, Altair, Betelgeuse e Rigel. Neste livro, Al-Sufi faz o primeiro registro conhecido da Grande Nuvem de Magalhes.

989 A passagem do Halley relatada tanto na Europa quanto na China. Os textos chineses falam de dois cometas. O perilio do Halley, segundo clculos modernos, ocorre em 5 de setembro. Sculo XI O astrnomo rabe Ibn Al-Haytham (965-1039) faz os primeiros estudos sistemticos sobre a Lua. 1006 (30 de abril) Primeiro registro de supernova observada na Via Lctea (constelao do Lobo). Os chineses afirmam t-la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a magnitude 7,5, sendo a estrela mais brilhante j observada a olho nu. Um ano-luz a distncia percorrida pela luz no vcuo, durante um ano, velocidade de 299.792 km/s, ou seja, 9,461 trilhes de km. 1032 O astrnomo, mdico e filsofo Avicena (c. 980-1037) faz o primeiro registro conhecido de um trnsito de Vnus. Ele conclui que Vnus est mais perto da Terra que o Sol e estabelece que, pelo menos s vezes, a rbita de Vnus interna da Terra relativamente ao Sol. Trnsito de Vnus a passagem deste planeta entre a Terra e o Sol, ocultando uma pequena parte do disco solar. O efeito semelhante ao de um eclipse do Sol pela Lua, mas em menor escala, devido distncia muito maior do planeta em relao Terra, comparada com a do nosso satlite. Para que um trnsito desse tipo ocorra, necessrio que Vnus, O Sol e a Terra estejam alinhados. 1054 (4 de julho) - Os anais astronmicos chineses registram o aparecimento, na constelao de Touro, de uma supernova to brilhante (magnitude absoluta -3) que visvel de dia (durante 23 dias) e pode ser vista no cu noturno por 653 dias (at abril de 1056). Essa supernova, localizada na constelao de Touro, d origem nebulosa do Caranguejo, distante 6.500 anos-luz. Tambm observada por astrnomos rabes, coreanos e japoneses. 1066 Em abril, um grande cometa aparece na Europa e considerado o anncio e a causa da morte do rei anglo-saxo Haroldo II (ocorrida em 14 de outubro), conforme foi perpetuado na clebre tapearia de Bayeux. Nesse trabalho, encontra-se a primeira representao grfica de um cometa, observado com terror por um grupo de pessoas. A passagem do Halley seguida e registrada com preciso na China, com perilio em 20 de maro. Registros da poca afirmam ter o cometa atingido magnitude aparente quatro vezes superior de Vnus. 1074 O poeta, matemtico e astrnomo persa Omar Khayyam (1048-1131) monta um observatrio e conduz trabalhos visando a compilar tabelas astronmicas, tendo tambm contribudo para a reforma do calendrio Persa. Ademais, ele calcula a durao do ano como sendo de 365,24219858156 dias, valor preciso at a sexta casa decimal. 1106 (2 de fevereiro) Um grande cometa (formalmente denominado X/1106 C1) torna-se visvel, sendo a passagem registrada na Europa (Pas de Gales e Inglaterra) e na sia (Coreia, Japo e China). observado at a metade de maro. 1129 O monge e cronista ingls John de Worcester (morto c. 1140) descreve observaes

de manchas solares. 1145 As observaes chinesas assinalam um cometa visvel de abril a junho. Na Europa, o astro observado por um longo perodo a partir de maio. Uma passagem do Halley ocorre nesse ano, com perilio em 18 de abril. c. 1150 O italiano Geraldo de Cremona (1114-1187) traduz o Almagesto, de Ptolomeu, do rabe para o latim, o que leva a Igreja Catlica a adotar o livro como um "texto aprovado". 1178 (18 de junho) Monges ingleses afirmam ter visto uma exploso na Lua, descrita em uma crnica por Gervase de Canterbury (1141-1210). 1222 A passagem de um cometa registrada na China e na Europa entre setembro e outubro. As interpretaes ocidentais associam-no morte, em 1223, do rei francs Filipe II. Esse cometa , possivelmente, o Halley, cujo perilio ocorre em 28 de setembro. c. 1230 O ingls Johannes de Sacrobosco (c. 1195-c. 1250) escreve De sphaera mundi (Sobre a esfera do mundo), livro em quatro captulos que apresenta elementos bsicos de astronomia. Inspirado em grande parte no Almagesto, de Ptolomeu, e acrescentando ideias da astronomia rabe, torna-se uma das obras mais influentes na Europa antes de Nicolau Coprnico. 1252 So publicadas, com o patrocnio do rei de Castela e Leo Afonso X (1221-1284), as chamadas "Tabuas Afonsinas, que constituem uma reviso e uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins disponveis durante a Idade Mdia e no so substitudas durante mais de trs sculos. Os dados astronmicos acerca da posio e do movimento dos planetas contidos nessas tbuas so compilados por aproximadamente cinquenta astrnomos, reunidos pelo rei para esse fim. O monarca questiona a complexidade do sistema ptolomaico. 1262 O filsofo, matemtico e astrnomo persa Nasir ad-Din at-Tusi (1201-1274) termina, com a ajuda de astrnomos chineses, um observatrio construdo em Maragheh. O observatrio conta com vrios instrumentos, destacando-se um quadrante mural de 4m feito de cobre e um quadrante de azimute inventado por ele mesmo. Usando com preciso os movimentos planetrios, ele modifica o modelo do sistema planetrio de Ptolomeu, baseado em princpios mecnicos. O observatrio e sua biblioteca se tornam um centro para um largo alcance de trabalho em cincia, matemtica e filosofia. 1264 Um cometa muito brilhante (C/1264 N1) visvel na Europa de julho a setembro. No perodo de maior esplendor, do final de agosto ao incio de setembro, a cauda atinge quase 100 graus nos cus do nordeste europeu. Cronistas da poca relacionam o aparecimento deste cometa a vrios acontecimentos importantes da Europa, em particular morte do papa Urbano IV, ocorrida em 2 de outubro. Os chineses tambm observam o cometa, e os seus registros coincidem com os dos observadores europeus.

1267 o erudito ingls Roger Bacon (1219-1292) publica o livro intitulado "Opus Majis" (Obra Maior), no qual apresenta a ideia de se usar lentes para olhar para o Sol, a Lua e as estrelas. Sculo XIV O erudito Alberto da Saxnia (1316-1390), em seu "Quaestiones Super Quator Liber de Caelo et Mundi", sustenta a tese de que todas as estrelas e planetas recebem sua luz do Sol. 1301 Vrios historiadores relatam a passagem, entre setembro e outubro, de um cometa muito luminoso, que visto por seis semanas. Provavelmente, essa passagem do cometa Halley (com perilio em 25 de outubro) inspira o pintor Giotto di Bondone (1267-1337) quando retrata o astro em seu afresco Adorao dos Reis Magos, de 1304. 1330 O matemtico e astrnomo judeu francs Levi Bem Gerson (1288-1344) constri o instrumento denominado "basto de Jacob", com o objetivo de determinar as distncias entre astros celestes, usando para isso as suas paralaxes. Paralaxe a alterao da posio angular de dois pontos estacionrios relativos um ao outro como vistos por um observador em movimento. De forma simples, paralaxe a alterao aparente de um objeto contra um fundo devido ao movimento do observador. 1378 Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem do cometa Halley no to brilhante quanto a anterior. O perilio ocorre em 10 de novembro. 1428 O astrnomo e matemtico mongol Ulugh Beg (1394-1449) inicia a construo de um observatrio em Samarkand (no atual Uzbequisto). Em suas observaes, ele descobre vrios erros nos cmputos de Ptolomeu, cujas figuras ainda estavam sendo usadas. Seu mapa estelar de 994 estrelas o primeiro desde o trabalho realizado por Hiparco. Ulugh Beg assassinado por seu filho, e depois disso o observatrio cai em runas por 500 anos, tendo os seus estudos sido redescobertos apenas em 1908. Escrito em rabe, seu trabalho no lido pela gerao subsequente de astrnomos do mundo. Quando suas tabelas so traduzidas para o latim, em 1665, suas observaes telescpicas esto ultrapassadas. 1440 o astrnomo, matemtico e filsofo alemo, Cardeal Nicolau de Cusa (1401-1464), publica o livro "De Docta Ignorantia" (Sobre A Douta Ignorncia), no qual afirma que a Terra gira em torno de seu eixo e em torno do Sol, que o Universo infinito e que as estrelas so outros sis com planetas habitados. H ainda nesse livro uma ideia revolucionria: o princpio cosmolgico segundo o qual o observador ver o Universo girar em torno de si em qualquer parte dele em que esteja, isto , no Sol, na Terra, na Lua, em qualquer planeta ou mesmo estrela. 1456 O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (perilio no dia 9), e o cometa se encontra em posio tal que seu esplendor extraordinrio. As observaes so numerosas. Alguns afirmam que o papa Calisto III (1378-1458) pediu a todos os cristos que orassem para afastar o cometa.

1471 inaugurado, em Nuremberg, o primeiro observatrio astronmico da Europa. O astrnomo e matemtico alemo Johannes Mller von Knigsberg, ou Regiomontano (1436-1476), responde no apenas por sua construo, mas tambm pela equipagem do edifcio com instrumentos desenhados por ele prprio. 1472 (janeiro) Regiomontano faz observaes de um cometa que 210 anos depois identificado como o cometa Halley. 1475 O papa Sixto IV (1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar estudos sobre a reforma do calendrio, mas o astrnomo alemo morre no ano seguinte, sem realizar a tarefa. 1492 (16 de novembro) Um meteorito de 140 kg cai em Ensisheim, na Alscia, e colocado na igreja local, onde conservado at hoje. Trata-se do primeiro registro oficial da queda de um meteorito. 1500 (1 de maio) Um integrante da esquadra de Pedro lvares Cabral, Joo Meneslau, conhecido como "Mestre Joo" e que acompanha a frota na condio de "cirurgio e fsico", envia ao rei Portugus D. Manuel I, por intermdio de Gaspar de Lemos, uma carta na qual faz referncia a suas atividades astronmicas no novo mundo. Refere-se, na mencionada missiva, "Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do Sul, j observado por Hiparco e por Ptolomeu, que o consideravam parte da constelao do Centauro. Na "Cruz", Mestre Joo assinala o fato de que suas "Guardas", as estrelas alfa e gama, apontam na direo do polo sul celeste, tal qual as "Guardas" ou "Ponteiros" da Grande Ursa em relao ao polo norte celeste. Talvez por querer comparar em excesso que Mestre Joo escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara", rplica austral da "Polaris" boreal. Mestre Joo observ ainda as principais estrelas da constelao do Centauro, do Tringulo ( alfa, beta e delta ) e do Pavo ( beta, gama e delta ). Bastante curioso que, em sua carta, no tenha aquele cirurgio, suposto astrnomo", feito qualquer meno a objetos j conhecidos de observadores dos cus austrais e que no tm equivalente no hemisfrio norte, como as Nuvens de Magalhes, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvo", nebulosa escura to ntida no Cruzeiro do Sul. 1514 O astrnomo polons Nicolau Coprnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez, sua teoria heliocntrica no livro Commentariolus (Pequenos Comentrios), que circula apenas entre seus amigos. 1521 O navegador portugus Ferno de Magalhes (1480-1521) observa as hoje chamadas Nuvens de Magalhes, duas galxias-satlites da Via Lctea, durante a sua viagem de circum-navegao da Terra. A Grande Nuvem de Magalhes, localizada nas constelaes de Monte Mesa e Dourado, a quarta maior galxia do Grupo local, depois de Andrmeda (M31), Via Lctea e Tringulo (M33). Tem massa total equivalente a 10 bilhes de massas solares, est a 157.000 anos-luz da Terra e apresenta magnitude aparente 0,9. A Pequena Nuvem de Magalhes, bem menor, formada por algumas centenas de milhes de estrelas (A Via Lctea contm entre 200 e 400 bilhes). Localiza-se na constelao de Tucano, dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7.

1531 Durante esta passagem do cometa Halley, cujo perilio ocorre em 26 de agosto, o astrnomo germnico Peter Apianus (1495-1552) observa que as caudas dos cometas esto sempre voltadas para a direo oposta do Sol. Os conhecimentos hoje disponveis permitem explicar esse fenmeno. Quando esto distantes do Sol, os cometas no tm cauda. medida que se aproximam da estrela, o vento solar, emisso contnua de partculas eletricamente carregadas provenientes da coroa, empurra para trs parte da poeira e dos gases (cabeleira) que envolvem o ncleo cometrio, formando a cauda. O processo inverso se d quando, depois de passarem pelo perilio, os cometas se afastam do Sol: o vento solar empurra na direo dos cometas os gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais voltam a se juntar ao ncleo, e ento a cauda desaparece. As caudas dos cometas so, portanto, fenmenos cclicos. 1534 O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-1543) afirma, em seu livro "Zodiacus Vitae", que o Universo infinito. 1540 Peter Apianus publica "Astronomicum Caesareum", que dedica ao imperador Carlos V (1500-1558). uma edio ilustrada da concepo cosmolgica de Ptolomeu, constituindo-se num dos trabalhos mais importantes antes do aparecimento da obra de Coprnico. 1543 (24 de maio) Nicolau Coprnico publica, com a decisiva colaborao do matemtico e astrnomo austraco Georg Joachim von Lauchen, Rheticus (1514-1576), De Revolutionibus Orbium Coelestium (Sobre as Revolues dos Orbes Celestes), um dos livros mais importantes da histria da cincia. Nele, o astrnomo polons prope o heliocentrismo, que coloca o Sol no centro do Sistema Solar, contrariando o geocentrismo de Aristteles e de Ptolomeu, e simplifica a compreenso dos movimentos planetrios. A obra inclui cinco postulados que caracterizam o modelo heliocntrico copernicano: 1. O princpio metafsico bsico o da perfeio do movimento circular; 2. O centro da Terra no o centro do Universo, mas apenas o centro da esfera lunar; 3. O centro do mundo Prximo do Sol; 4. a Terra, e no a esfera das estrelas fixas, que gira em torno de seu eixo a cada 24 horas; 5. A distncia Terra-Sol muito menor do que a distncia Sol-estrelas fixas. As ideias copernicanas abrem o caminho para o incio do desenvolvimento da moderna cincia dos astros, contribuindo decisivamente para separar a astronomia da astrologia e da teologia. 1551 o matemtico alemo Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo copernicano, novas tabelas astronmicas as chamadas prutnicas ou prussianas , superiores s alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252. 1558 o fsico e filsofo italiano Giambattista Della Porta (1535-1615), em sua obra "Magia Naturalis" (Magia Natural), chega a descrever um telescpio. 1561 O Observatrio de Kassel (Alemanha) erguido por ordem de Guilherme IV e funciona ativamente por mais de trinta anos, durante os quais so acumulados numerosos registros sobre planetas.

1568 O papa Pio V (1504-1572) manda publicar um novo Brevirio tentando ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferena de cerca de dez dias entre os anos trpico e juliano, o que interferia na data da Pscoa. 1570 O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos. 1572 inaugurado o Observatrio do Colgio Romano, onde o astrnomo e jesuta alemo Christopher Clavius (1538-1612) inicia observaes regulares, servindo-se de um setor zenital. 1572 (11 de novembro) O astrnomo dinamarqus Tycho Brahe (1546-1601) observa uma estrela nova. Ele havia descoberto uma supernova, que hoje tem o seu nome, na constelao de Cassiopeia. 1574 Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Stella Nova", (Sobre A Estrela Nova) para registrar a observao por ele feita, dois anos antes, acerca da existncia de uma nova estrela nos cus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao analisar suas prprias medidas e compar-las com as de outros observadores europeus, como as de Thomas Digges, Tycho Brahe descobre que essa nova estrela est muito alm da Lua, indicando, portanto, um rompimento com a tradio aristotlica, segundo a qual tal objeto deveria estar na esfera sublunar, j que o cu era imutvel. Registre-se que Tycho Brahe recusa o modelo de Coprnico porque ele contradiz a Bblia e, tambm, porque no se observam paralaxes anuais das estrelas, uma consequncia natural desse modelo. 1576 O astrnomo ingls Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia das esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distncias mas uniformemente distribudos no espao, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra de seu pai, Leonard Digges (1520-1559), intitulada Prognostication Everlasting. O suplemento, escrito para divulgar a teoria heliocntrica de Coprnico, da qual Thomas Digges um dos mais apaixonados defensores na Inglaterra, intitula-se A Perfit Description of the Coelestial Orbits (Uma descrio Completa das Esferas Celestes) e acaba se tornando um dos trabalhos cientficos mais populares na Inglaterra da poca, a ponto de merecer pelo menos sete edies entre 1586 e 1605. A remoo das esferas fixas, indicando que as estrelas no se acham sempre mesma distncia do Sol, mas se distribuem pelo espao infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo medieval, finito, para o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se, dessa maneira, decorridos apenas trinta anos da revoluo copernicana, outra revoluo, que abre caminho s modernas concepes do Universo. 1576 (8 de agosto) Tycho Brahe comea a construo do mais importante observatrio da era pr-telescpica, chamado Uraniborg (Castelo dos Cus), na ilha de Hveen. Oito anos mais tarde, Brahe conclui um segundo edifcio com dependncias subterrneas, que visam a proteger os instrumentos contra a ao dos ventos da ilha. 1577 Tycho Brahe observa um cometa, visvel durante vrios meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distncia Terra) que os cometas so objetos distantes

e no fenmenos atmosfricos, como postulara Aristteles. Ao atribuir a esses astros uma rbita ovalada, Brahe contraria o pensamento dominante desde a Antiguidade, pois supunha-se at ento que as rbitas dos corpos celestes deveriam, necessariamente, ser circulares, pois esta era a forma mais perfeita, e a perfeio caracterizaria a regio extralunar. 1582 (24 de fevereiro) o papa Gregrio XIII (1502-1585), assessorado por Christopher Clavius, decreta, por meio da bula Inter Gravissimas, a reforma do calendrio juliano. Cria assim o calendrio gregoriano, que vigora at hoje. O novo calendrio suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia 4 de outubro (quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo ms. Ainda segundo as reformas institudas por Gregrio XIII, convenciona-se que s so bissextos os anos divisveis por 4. Adota-se, no entanto, um critrio especial para os anos de final de sculo: so bissextos apenas aqueles cujas centenas so divisveis por 4 (1600, 2000). O ano de 1900, por exemplo, no foi bissexto, porque 19 no divisvel por 4; j o ano 2000 foi bissexto, porque 20 divisvel por 4. O calendrio gregoriano proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa. Assim, de incio, aceito apenas nos pases catlicos: Itlia, Espanha, Portugal, Polnia, Frana, Blgica e Luxemburgo. Nos demais pases, vai sendo adotado com o tempo. 1583 Tycho Brahe prope para o Sistema Solar um modelo hbrido, com caractersticas heliocntricas e geocntricas. Segundo esse modelo, os planetas ento conhecidos (Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos, incluindo o Sol, orbitam a Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convices religiosas bastante arraigadas, esta a frmula que ele encontra para conciliar o geocentrismo bblico, defendido pela Igreja catlica, com o heliocentrismo, cuja realidade se torna cada vez mais evidente medida que os seus estudos em astronomia progridem. 1584 A ustria e partes da Sua adotam o calendrio gregoriano. 1584 O monge dominicano e filsofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), o primeiro a idealizar uma verdadeira construo cosmolgica, indo muito alm das limitaes de Coprnico e lanando as bases da moderna concepo do Universo, em seu dilogo intitulado De LInfinito Universo et Mondi (Do Infinito Universo e Mundos), escreve: Uno, portanto, o cu, o espao imenso, o mago, o continente universal, a eterna regio onde tudo se move. Ali se encontram inumerveis estrelas, astros, globos, sis e terras, que, infinitos, argumentam racionalmente entre si. O Universo, imenso e infinito, o composto resultante de tal espao e de tantos corpos. Nessa mesma obra, ao discorrer sobre os sis e os mundos que povoam o Universo, esforando-se por no permanecer num nvel demasiadamente abstrato, Giordano Bruno se pergunta se tais sis seriam visveis de alguma forma. A resposta, um pouco indecisa, demonstra ter ele intudo que os outros sis no poderiam ser seno estrelas. Esse um ponto fundamental na histria do pensamento cientfico: pela primeira vez se considera a natureza fsica das estrelas, vistas como astros semelhantes ao Sol, apenas diferentes entre si em termos de brilho aparente, devido s diferentes distncias a que se encontram da Terra. 1587 A Hungria adota o calendrio gregoriano.

1590 (13 de outubro) Ocorre a nica ocultao registrada de Marte por Vnus, observada, em Heidelberg, pelo astrnomo e fsico alemo Michael Maestlin (1550-1631), o mentor de Johannes Kepler. 1596 No livro intitulado "Precursor dos Tratados Cosmogrficos", contendo o Mistrio Csmico das admirveis propores entre as rbitas celestes e as verdadeiras e corretas razes dos seus Nmeros, Grandezas e Movimentos Peridicos, conhecido popularmente apenas como Mistrio Cosmogrfico, o astrnomo alemo Johannes Kepler (1571-1630) publica os primeiros resultados de seu modelo planetrio. 1596 (13 de agosto) descoberta a primeira estrela varivel (Omicron Ceti, hoje mais conhecida como Mira Ceti) pelo astrnomo alemo David Fabricius (1564-1617). Distante cerca de 420 anos-luz, seu brilho varia entre as magnitudes 2,0 e 10,1, completando um ciclo em aproximadamente 332 dias. Uma estrela cujo brilho varia contradiz o dogma aristotlico da imutabilidade e da incorruptibilidade do cu. 1598 Na obra Astronomicae INstauratae Mecanica, Tycho Brahe substitui o cattlogo de estrelas de Ptolomeu, ainda em uso, por um novo catlogo, baseado totalmente em observaes independentes. 1600 O fsico ingls William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que afirma ser a Terra um imenso m e defende a infinitude do Universo. 1600 (17 de fevereiro) Condenado pela Inquisio, Giordano Bruno queimado vivo no Campo di Fiori, em Roma. 1603 William Gilbert compila os primeiros desenhos da superfcie lunar feitos a partir de observaes a olho nu. 1603 (1 de setembro) O astrnomo alemo Johann Bayer (1572-1625) publica Uranometria e neste trabalho introduz a designao das estrelas pela sua constelao e por letras gregas na ordem aproximada de brilho aparente, como, por exemplo, Alpha Centauri. importante ressaltar que este texto aparece ainda antes da introduo do telescpio na Astronomia, que s ocorre em 1609. 1604 O astrnomo e matemtico italiano Galileu Galilei (1564-1642) demonstra, no livro De Moto Acceleratu (Sobre O Movimento Acelerado), que o movimento de um corpo em queda livre acelerado, crescendo em relao ao tempo. Ele conclui que a gravidade no produz movimento, somente o altera, uma vez que um corpo, livre da ao da gravidade, desloca-se com trajetria retilnea e velocidade uniforme, argumento que justifica o movimento dos astros. 1604 (9 de outubro) a supernova de Johannes Kepler observada na constelao de Ofico. Distante cerca de 20 mil anos-luz da Terra, atinge a magnitude 2,5 e permanece visvel por dezoito meses. Esta a ltima das quatro supernovas observadas na Via Lctea at hoje.

1607 Johannes Kepler e Christian Longomontanus (1562-1647, um dinamarqus discpulo de Tycho Brahe, observam a passagem do cometa Halley, cujo perilio ocorre em 27 de outubro. 1608 O fabricante de lentes holands Hans Lippershey (1570-1619) tenta patentear um telescpio refrator ptico. 1609 Johannes Kepler, usando as observaes de Tycho Brahe, estabelece, no livro Astronomia Nova, suas duas primeiras leis empricas do movimento planetrio: 1. Os planetas descrevem rbitas elpticas, com o Sol num dos focos. 2. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve reas iguais em tempos iguais. A primeira lei de Kepler desfaz a crena no movimento circular dos planetas, vigente desde a Antiguidade, por estar o crculo relacionado perfeio. 1609 (maio) Galileu Galilei constri o primeiro telescpio refrator ptico astronmico. Trata-se de uma modesta luneta, capaz de aumentar trs vezes os objetos focados. No entanto, o progresso rpido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de um telescpio com capacidade de 33 aumentos. A partir da utilizao destes instrumentos pticos, tem incio a astronomia moderna. O olho humano deixa de ser o nico meio disponvel para observar o cu, passando a receber o auxlio de telescpios cada vez mais potentes. 1609 (26 de julho) O matemtico e astrnomo ingls Thomas Harriot (1560-1621) o primeiro a fazer desenhos da Lua com o auxlio de um telescpio, antecipando-se a Galileu Galilei em vrios meses. Esses desenhos, contudo, no so publicados. 1609 (agosto) Utilizando seu telescpio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales, montanhas, "mares" e "oceanos". 1610 Galileu Galilei v os anis de Saturno, mas no reconhece que so anis. Alm disso, ele observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vnus e descobre que a Via Lctea formada por estrelas. Com isso, Galileu d incio ao principal ramo da astronomia atual, a astrofsica. 1610 - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta no perfeitamente esfrico, embora no lhe seja possvel distinguir detalhes da superfcie. 1610 Num trabalho intitulado Dissertatio cum Muntio Sidereo, Johannes Kepler usa o fato de que o cu escuro noite como argumento para provar que o Universo finito, como que encerrado por uma parede csmica escura, rejeitando com veemncia a ideia de um Universo infinito recoberto de estrelas, que nessa poca estava ganhando vrios adeptos, principalmente depois da comprovao, por Galileu Galilei, de que a Via Lctea composta de uma mirade de estrelas. a primeira formulao daquilo que mais tarde ser conhecido como paradoxo de Olbers. 1610 O astrnomo francs Nicholas-Claude Peiresc (1580-1637) descobre a primeira nebulosa gasosa, difusa e brilhante, que hoje conhecida como nebulosa de rion (M 42), em torno da estrela Theta Orionis.

Situada a aproximadamente 1350 anos-luz da Terra, visvel a olho nu (magnitude 4) e tem dimetro estimado em 24 anos-luz. Nela se encontra o aglomerado estelar do Trapzio. 1610 Thomas Harriot apresenta os primeiros diagramas sobre as manchas solares. Ele tambm sustenta que as leis de Kepler enunciadas em 1609 so vlidas para os cometas, defendendo a ideia de que estes astros orbitam o Sol. 1610 (7 de Janeiro) Galileu Galilei descobre trs dos quatro grandes satlites de Jpiter hoje conhecidos como galileanos: Calisto, Io e Europa. Calisto Dimetro: 4.820 km (segundo maior satlite de Jpiter e terceiro de todo o Sistema Solar); perodo orbital: 16,689 dias; distncia mdia ao planeta: 1.882.700 km; superfcie: 73 milhes de km2; volume: 59 bilhes de km3; massa: 107,5 quintilhes de toneladas; densidade: 1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G (a gravidade da Terra de 1 G); magnitude aparente: 5,65. Io Dimetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6 km (quarto maior satlite do Sistema Solar ); perodo orbital: 1,769 dia; distncia mdia ao planeta: 421.700 km; superfcie: 41,910 milhes de km2; volume: 25,3 bilhes de km3; massa: 89,319 quintilhes de toneladas; densidade: 3,528g/cm3; gravidade: 0,183 G; magnitude aparente: 5,02. Europa Dimetro: 3.138 km (o menor dos galileanos); perodo orbital: 3,551 dias; distncia mdia ao planeta: 670.900 km; superfcie: 39 milhes de km2; volume: 15,93 bilhes de km3; massa: 48 quintilhes de toneladas; densidade: 3,01g/cm3; gravidade: 0,134 G; magnitude aparente: 5,29. 1610 (7 de janeiro) Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observaes telescpicas das crateras e superfcie da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20 aumentos. Ele escreve: ... visto que a Lua no evidentemente plana, lisa e de superfcie regular, como acredita um grande nmero de pessoas, mas, pelo contrrio, spera e desigual. Em resumo, ela est cheia de proeminncias e cavidades semelhantes, mas muito maiores, que as montanhas e vales esparramados em cima da superfcie da Terra. 1610 (11 de janeiro) Galileu Galilei descobre Ganmedes, o quarto satlite galileano de Jpiter. o maior satlite do Sistema Solar, com dimetro de 5,268 km (superior ao de Mercrio) e perodo orbital de 7,154 dias, estando, em mdia, a 1.070.400 km do planeta. Dados complementares Superfcie: 87 milhes de km2; volume: 76 bilhes de km3; massa: 148,19 quintilho de toneladas; densidade: 1,936g/cm3; gravidade: 0,146 G; rotao: sncrona: magnitude aparente: 4,61. Ele denomina essas luas jovianas de Estrelas medicianas, em homenagem a Csimo II de Medici (1590-1621), o quarto gro-duque da Toscana. Simon Marius (1573-1624), astrnomo alemo que d a estes quatro satlites os nomes pelos quais so hoje conhecidos, afirma t-los observado antes de Galileu, mas a paternidade de tal descoberta jamais lhe foi oficialmente atribuda. Trata-se dos primeiros corpos celestes at ento observados girando ao redor de outro planeta, o que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde o status de nico planeta ao redor do qual orbitam satlites. 1610 (maro) Galileu Galilei publica, em Veneza, Sidereus Nuncius (Mensageiro Sideral) e comunica ao mundo as sensacionais descobertas que fizera graas sua pequena

luneta. Poucos meses antes, no auge de uma frentica atividade de observao, ele escrevera: Sou infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de mim o primeiro e o nico observador de coisas admirveis e que por sculos permaneceram ocultas. 1611 (1 de janeiro) numa carta dirigida a Giuliano de Mdici (1469-1516), Galileu Galilei d conhecimento de suas observaes sobre as fases de Vnus. 1611 (14 de abril) empregada pela primeira vez a palavra "telescpio", numa festa oferecida pelo Prncipe italiano Federico Cesi (1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver). 1611 (13 de junho) O Astrnomo holands Johannes Fabricius (1587-1615) o primeiro cientista a publicar informao sobre observaes de manchas solares, em seu Narrao em Manchas Observadas no Sol e a Rotao Aparente delas com o Sol. 1612 Galileu Galilei comea a observar Mercrio, e dos seus escritos deduz-se que ele est convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento no lhe permita observ-las diretamente. 1612 Galileu Galilei registra duas observaes de um astro luminoso que, mais de trs sculos depois (1980), identificado por astrnomos estadunidenses como sendo Netuno. 1612 Simon Marius o primeiro a observar Andrmeda (M31), distante aproximadamente 2,5 milhes de anos-luz e maior galxia do Grupo Local, do qual faz parte a Via Lctea.. 1612 (5 de janeiro) O jesuta alemo Christopher Scheiner (1573?-1650) publica as Cartas de Apelles, nas quais expe o resultado das observaes que fizera, a partir do ano anterior, de manchas solares, atribuindo-as sombra projetada no Sol por pequenos corpos opacos que, segundo ele, orbitam a estrela. Portanto, para Scheiner, as tais manchas so apenas uma iluso de ptica. Este livro d incio a uma violenta polmica com Galileu Galilei. 1613 (abril) Galileu Galilei publica o livro Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie Solare (Histria e Demonstrao em Torno das Manchas Solares), no qual observaes das manchas solares so utilizadas com o objetivo de provar a existncia da rotao do Sol. Ele assume assim, publicamente, o sistema heliocntrico de Nicolau Coprnico. Trata-se de uma resposta ao livro de Christopher Scheiner, acirrando uma polmica que durar anos. Uma novidade em relao a esta obra que ela est escrita em italiano, e no em latim, como era costume na poca. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas pessoas comuns, no estando restrito a letrados que sabem latim. A partir da, escrever em italiano todas as suas obras. No final desse mesmo ano, em carta ao discpulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma que o carter alegrico das Sagradas Escrituras no autoriza concluses srias, visto serem destitudas de qualquer teor cientfico. 1613 (janeiro) Galileu Galilei observa Netuno, mas pensa tratar-se de uma estrela.

1614 Simon Marius publica "Mundus Jovalis", descrevendo o planeta Jpiter e suas luas. Na obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Jpiter dias antes de Galileu, dando incio a uma disputa com o cientista italiano. 1616 A repercusso das declaraes de Galileu sobre o heliocentrismo to violenta, e os nimos se exaltam a tal ponto que culminam com a incluso do livro de Coprnico no Index Librorum Proibitorum (relao de obras proibidas pela Igreja), criado em 1559 pela Inquisio. Algumas passagens bblicas so apontadas como "provas" contra o heliocentrismo, estando a mais citada delas em Josu, captulo 10, versculos 12 e 13: "No dia em que Jav entregou os amorreus aos israelitas, Josu falou a Jav e disse na presena de Israel: "Sol, detenha-se em Gabaon! E voc, lua, no vale de Aialon!" E o sol se deteve e a lua ficou parada, at que o povo se vingou dos inimigos. No Livro do Justo est escrito assim: "O sol ficou parado no meio do cu e um dia inteiro ficou sem ocaso". 1616 (25 de fevereiro) o cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) intima Galileu Galilei a renunciar sua afirmao de que a Terra gira em torno do Sol. Ele fica proibido de discutir o heliocentrismo. 1616 (5 de maio) A teoria de Coprnico condenada oficialmente pela Igreja. A proposio segundo a qual o Sol o centro imvel do Universo declarada falsa, filosoficamente absurda e formalmente hertica por uma comisso do Santo Ofcio presidida pelo cardeal Bellarmino. 1618 Ocorre uma polmica, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do outro Johannes Kepler e o jesuta Orazio Grassi (1583-1654), acerca dos cometas. Enquanto o cientista italiano defende a concepo aristotlica da origem atmosfrica, o astrnomo alemo e o religioso sustentam que os cometas so corpos celestes e pertencem regio extralunar. 1618 Johannes Kepler, em seu tratado Epitome Astronomiae Copernicae (Sntese da Astronomia de Coprnico), fornece uma representao do Universo, segundo a viso de Giordano Bruno, por meio de uma ilustrao na qual as estrelas se distribuem uniformemente sobre um fundo escuro, e uma letra M, prxima de uma estrela qualquer, indica a posio no privilegiada do Sol, do nosso mundo (da a letra M). 1619 Johannes Kepler publica Harmonices Mundi (Harmonias do Mundo) e postula um vento solar para explicar a direo das caudas dos cometas. Ele tambm estabelece a sua terceira lei emprica do movimento planetrio: os quadrados dos perodos de revoluo so proporcionais aos cubos das distncias mdias do Sol aos planetas. Isso significa que, quanto mais afastado um planeta est da estrela em torno da qual gira, menor sua velocidade de translao. Ademais, essa lei kepleriana permite, conhecendo-se o perodo de translao, estabelecer a distncia a que um planeta orbita uma estrela. 1621 O astrnomo e sacerdote francs Pierre Gassendi (1592-1655) descreve as auroras boreais, cunhando tambm o nome do fenmeno. 1623 Galileu Galilei publica "Il Saggiatore" (O Ensaiador), obra na qual demonstra que

as observaes astronmicas esto mais de acordo com o heliocentrismo, afirma que os cometas e as auroras boreais so iluses pticas causadas por reflexes em vapores terrestres que atingem o cu alm da Lua e enuncia sua famosa frase: "A matemtica a linguagem da natureza". 1624 Numa carta dirigida a Francesco Ingoli, um estudioso de Ravenna, Galileu Galilei escreve: As estrelas fixas, senhor Ingoli, brilham por si mesmas, como j provei anteriormente, e, portanto, nada lhes falta para poderem ser chamadas sis. Galileu concorda, pois, com as ideias acerca das estrelas defendidas quatro dcadas antes por Giordano Bruno. 1627 Johannes Kepler publica seu ltimo trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem ao Imperador do Sacro Imprio Romano Germnico Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas memria de Tycho Brahe, as quais contm as observaes de Tycho e dele prprio sobre o movimento dos planetas. Em sua confeco, Kepler utiliza um novo mtodo de clculo matemtico (os logaritmos) inventado pelo matemtico escocs John Napier (1550-1617), em 1614. 1631 (7 de novembro) Pierre Gassendi faz a primeira observao do trnsito de um planeta (Mercrio), o qual havia sido previsto por Kepler. Ocorre um trnsito quando um planeta, visvel da Terra, passa entre esta e o Sol, ocultando parte do disco solar. semelhante a um eclipse, e os trs corpos celestes (Terra, planeta e Sol) precisam estar alinhados. Pode haver apenas trnsitos de Mercrio e de Vnus, os nicos planetas internos rbita terrestre. 1632 Galileu Galilei publica Dialogo sopra I Due Massimi Sistemi del Mondo (Dilogo sobre os Dois Mximos Sistemas do Mundo), com clara inclinao pelo heliocentrismo. Na parte final da obra, ele demonstra que a Terra gira em redor do Sol. 1633 (22 de junho) Diante do Santo Ofcio, Galileu, temendo o agravamento da sua situao e para evitar condenao maior de consequncias certamente trgicas , se v obrigado a voltar atrs e a negar tudo o que escrevera. condenado a passar os ltimos oito anos de sua vida sob priso domiciliar. 1634 editado, postumamente, o livro "Somnium sive opus postumum de astronomia lunari", de Johannes Kepler, que relata uma viagem Lua feita pelo adolescente Duracotus, personagem central da narrativa e uma projeo literria do prprio autor. Mescla de autobiografia e de fico, o livro considerado precursor e inspirador da futura novela de aventuras siderais. 1637 inaugurado o Observatrio de Copenhague, sob a direo de Christian Longomontanus. 1639 O astrnomo e jesuta italiano Zupus Giovanni Battista Zupi (1590-1650) consegue distinguir as fases de Mercrio, demonstrando conclusivamente que este planeta orbita o Sol.

1639 Os astrnomos ingleses Jeremiah Horrocks (1618-1641) e William Crabtree (1610-1644) so os primeiros europeus a observar um trnsito de Vnus. 1639 (28 de setembro) O astrnomo e naturalista alemo George Marcgrave (1601-1644) inaugura, numa das torres do palcio de Friburgo, que Maurcio de Nassau (1604-1679) fizera construir na Ilha de Antnio Vaz (Pernambuco), um observatrio astronmico, o primeiro do Novo Mundo e do hemisfrio austral. A so igualmente feitas as primeiras observaes astronmicas e meteorolgicas sistemticas do Novo Continente. 1640 (13 de novembro) Primeiro eclipse da Lua cientificamente acompanhado no novo mundo, registrado por George Marcgrave a partir de suas observaes, feitas no Brasil. 1641 William Gascoigne (1612-1644) inventa os fios de retculo do telescpio. 1641 O astrnomo alemo de origem polonesa Johann Hevelius (1611-1687) inaugura um observatrio (denominado Stellaburgum) em sua prpria casa, em Danzig, equipando-o com um quadrante azimutal de 1,5m de raio, alm de um sextante de 1,8m. 1643 - O fsico e matemtico italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) inventa o barmetro, instrumento utilizado para medir a presso atmosfrica, que pode ser definida como a fora, por unidade de rea, exercida pelo ar contra uma superfcie. Ao nvel do mar, a presso atmosfrica de aproximadamente 101,325 quilopascais (kPa), o que equivale a uma densidade do ar de 1,25 kg/m3; ela diminui com a altitude, sendo de pouco menos de 0,3 kg/m3 a 8.840m, o que corresponde, aproximadamente, ao pico do Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. A variao da presso atmosfrica implica tambm uma variao proporcional do ponto de fuso e de ebulio dos elementos qumicos. A gua, por exemplo, que ferve a 100c ao nvel do mar, atinge o ponto de ebulio a 69c no topo do Everest. 1643 (9 de janeiro) O jesuta italiano Giovanni Battista Riccioli (1598-1671) o primeiro a informar o fenmeno conhecido como Luz Plida de Vnus. Trata-se de uma luminescncia lnguida no lado noturno do planeta, semelhante ao brilho da Terra na Lua, embora no to luminoso. A Luz plida observada quando Vnus est no cu da noite, e a face escura do planeta est voltada para a Terra. Estudos so mais tarde tentados por algumas misses espaciais, inclusive pelas sondas Pioneer e pelas sondas russas Venera 11 e 12. O fenmeno ainda permanece espordico e a explicao, duvidosa. 1644 Johann Hevelius confirma as fases de Mercrio observadas cinco anos antes por Zupus. 1644 O filsofo e matemtico francs Ren Descartes (1596-1650) aventa a hiptese de que o Sol, os planetas e os satlites originaram-se a partir de uma nebulosa primordial. Ele tambm apresenta, em seu livro "Princpios de Filosofia", a ideia da infinitude do Universo, por no se poder pensar sobre um limite para a sua extenso. Na mesma obra, ele afirma que o espao a extenso do que se move em torno dos corpos, como tambm rejeita a existncia do tomo, j que podemos pensar em dividir a matria ilimitadamente. Rejeita tambm a ideia de vcuo, ao considerar o espao como um "plenum", cheio de matria da

mesma espcie e em movimento, movimento esse dado inicialmente por Deus. Como no admite a ideia de fora de atrao a distncia, e considerando que a interao de sistemas fsicos s pode ocorrer por contato, Descartes levado ao conceito de ter o seu "plenum" e, em consequncia, formula a teoria dos vrtices para explicar a gravitao. 1645 o cartgrafo e astrnomo holands Michael Florent van Langren (1598-1675) elabora o primeiro mapa da Lua. 1647 Johann Hevelius publica Selenographia, sive Lunae descriptio, obra pela qual considerado o fundador da topografia lunar ou selenografia. 1650 Giovanni Battista Riccioli o primeiro a observar uma estrela dupla: Mizar-Alcor, na constelao da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar mltiplo, com pelo menos seis componentes. 1651 editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova", de William Gilbert, no qual o cientista defende a rotao da Terra, nega a existncia de uma esfera de estrelas fixas e nega, tambm, a finitude do Universo. 1651 - Giovanni Battista Riccioli publica um mapa da Lua denominado "Almagestum novum", com observaes de seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que so dados s montanhas lunares nomes de formaes terrestres (Apeninos, Alpes, Crpatos...), e as crateras mais notveis recebem nomes de astrnomos famosos anteriores a ele e contemporneos. Os mares recebem denominaes meteorolgicas ou abstratas (Mar da Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...). Este sistema perdura at hoje e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia lunar. 1654 O siciliano Giovanbattista Hodierna (1597-1660) publica o primeiro catlogo de nebulosas, relacionando 41 objetos e tentando dar-lhes classificaes em termos de fundamentao estelar. 1654 O religioso irlands James Ussher (1581-1656), Arcebispo de Armagh, aps o exame de fontes histricas antigas e das Escrituras Sagradas, conclui que o mundo foi criado s 9h da manh do dia 26 de Outubro de 4004 a.C. 1655 (25 de maro) O astrnomo holands Christian Huygens (1629-1695) descobre Tit, primeiro satlite conhecido de Saturno. Ele o chama simplesmente de Saturni Luna (ou Luna Saturni), forma latina de Lua de Saturno. O nome Tit dado apenas em 1847. Tit, segundo maior satlite do Sistema Solar, tem dimetro de 5.152 km (superior ao de Mercrio) e orbita Saturno, distncia mdia de 1.221.870 km, em 15,945 dias. Dados complementares: superfcie: 83 milhes de km2; massa: 134,52 quintilhes de toneladas; densidade: 1,88g/cm3; gravidade: 0,14 G; magnitude aparente: 7,9. 1656 Christian Huygens identifica os anis A e B de Saturno como sendo anis e descobre formaes estelares na nebulosa de rion. Ademais, o primeiro a observar sulcos na superfcie de Marte.

1656 Christian Huygens patenteia o primeiro relgio de pndulo, que havia desenvolvido para satisfazer a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observaes dos cus. 1659 Christian Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o primeiro detalhe da superfcie marciana a ser identificado. 1661 Johann Hevelius publica o catlogo Sternverzeichnis (ndice de Estrelas). 1663 O matemtico e fsico terico escocs James Gregory (1638-1675) prope um telescpio refletor ptico. 1664 O ingls Robert Hooke (1635-1703) descobre a Grande Mancha Vermelha de Jpiter, regio anticiclnica (sistema de alta presso) localizada no hemisfrio sul do planeta. 1665 O astrnomo francs de origem italiana Giovanni Domenico (ou Jean-Dominique) Cassini (1625-1712) determina as velocidades rotacionais de Jpiter e de Vnus. 1665 O astrnomo amador alemo Johann Abraham Ihle (1627-1699) descobre o primeiro aglomerado globular, M22, em Sagittrio. Aglomerados globulares so grupos estelares com forma aproximadamente esfrica, com dimenses mdias de cem anos-luz, em cujo interior h grande concentrao de estrelas antigas (podem ser at centenas de milhares). Em geral, esto localizados longe do centro da Galxia, havendo mesmo aglomerados globulares extragalcticos. 1666 Giovanni Cassini determina o perodo de rotao de Marte, concluindo que de 24h40min (valor real: 24h37min22,7s). 1666 Giovanni Cassini assinala a presena de calotas polares em Marte, supondo serem formadas por neve. 1668 O fsico, matemtico e astrnomo ingls Isaac Newton (1642-1727) descobre que, fazendo-se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtm-se sua decomposio nas sete cores do espectro visvel (as mesmas do arco-ris): vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O princpio fsico em que se baseia a decomposio da luz a refrao: ao atravessar a superfcie de separao entre dois meios transparentes, de ndices de refrao diferentes, o feixe luminoso sofre um desvio proporcional ao comprimento de onda da luz. 1668 Isaac Newton constri o primeiro telescpio refletor ptico, baseado parcialmente em um desenho criado, em 1663, por James Gregory. 1668 O astrnomo italiano Geminiano Montanari (1633-1687) descobre a primeira binria eclipsante: Algol, beta de Perseu. Binrias eclipsantes so duplas de estrelas em que o plano de rbita de ambas se aproxima de tal forma da linha de viso do observador que as componentes passam por eclipses mtuos. So estrelas variveis, no porque a luz de cada

uma varie, mas por causa do movimento eclipsante. 1670 O astrnomo francs Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma preciso sem precedentes, obtendo o valor de 6.328,9 km (valor correto do raio polar: 6.356,8 km). Essa medio mais precisa usada por Newton no aperfeioamento da sua lei da gravitao universal. 1671 Entra em atividade o Observatrio de Paris, cuja construo, idealizada por JeanBaptiste Colbert (1619-1683) e promovida por Lus XIV (1638-1715), havia tido incio em 1667. Por mais de um sculo (at 1793), o observatrio dirigido pela famlia Cassini, que faz dele um dos principais centros de estudos astronmicos do mundo. 1671 (25 de outubro) descoberto o satlite Jpeto, segundo conhecido de Saturno, por Giovanni Cassini. Dimetro: 1.494,8 x 1.424,8 km; perodo orbital: 79,321 dias; distncia mdia ao planeta: 3.560.820 km; massa: 1,805 quintilho de toneladas; densidade: 1,83g/cm3. 1672 Jean Richter e Giovanni Cassini medem a unidade astronmica (distncia da Terra ao Sol) com o valor de 138.370.000 km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000 km). 1672 O padre francs Laurent Cassegrain (1629-1693) desenvolve o modelo de telescpios que leva o seu nome. 1672 (13 de agosto) Christian Huygens descobre as calotas polares do planeta Marte. 1672 (23 de dezembro) Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satlite conhecido de Saturno. Dimetro: 1.535,2 x 1.525 x 1.526,4 km (segundo maior de Saturno); perodo orbital: 4,518 dias; distncia mdia ao planeta: 527.108 km; massa: 2,307 quintilho de toneladas; densidade: 2,233g/cm3. 1675 O astrnomo dinamarqus Ole Rmer (1644-1710) usa a mecnica orbital dos satlites de Jpiter para estimar que a velocidade da luz de cerca de 227.000 km/s (valor real: 299.792,458 km/s). 1675 Giovanni Cassini verifica que, entre os anis A e B (mais interno) de Saturno h um vazio, que recebe o nome de diviso de Cassini. 1675 (22 de junho) fundado o Royal Greenwich Observatory (Observatrio Real de Greenwich), com o intuito especfico de aperfeioar instrumentos e desenvolver novos mtodos para a determinao das posies geogrficas para a navegao. Projetado por Sir Christopher Wren (1632-1723), sua construo termina no ano seguinte, sendo John Flamsteed (1646-1719) nomeado primeiro astrnomo real. 1678 O astrnomo ingls Edmond Halley (1656-1742) publica um catlogo de 341 estrelas do hemisfrio sul, o primeiro levantamento sistemtico do cu desse hemisfrio.

1680 (14 de novembro) O astrnomo alemo Gottfried Kirch (1639-1710) descobre C/1680 V1, um dos mais brilhantes cometas do sculo XVII (segundo alguns, visvel durante o dia) e o primeiro a ser identificado por telescpio. Conhecido tambm como Grande Cometa de 1680 ou Cometa de Kirch, passa a 60 milhes de km da Terra em 30 de novembro. Alcana o perilio (a apenas 898.000 km) em 18 de dezembro e, onze dias mais tarde, atinge o brilho mximo. A ltima observao ocorre em 19 de maro de 1681. Este cometa famoso por ter sido utilizado por Isaac Newton para testar e verificar as leis do movimento planetrio de Kepler, fundamentais para a elaborao da sua teoria da gravitao universal. 1682 Edmond Halley observa e calcula a rbita do cometa que mais tarde levar seu nome. O perilio ocorre em 15 de setembro. 1684 (21 de maro) Giovanni Cassini descobre Ttis e Dione, quarto e quinto satlites conhecidos de Saturno. Ttis Dimetro: 1.080,8 x 1.062,2 x 1.055 km; perodo orbital: 1,887 dia; distncia mdia ao planeta: 294.619 km; massa: 617,4 quatrilhes de toneladas; densidade: 0,973g/cm3. Dione Dimetro: 1.127,6 x 1.122 x 1.120 km: perodo orbital: 2,736 dias; distncia mdia ao planeta: 377.396 km; massa: 1,095 quintilho de toneladas; densidade: 1,476g/cm3. 1687 (5 de julho) Isaac Newton publica seu livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princpios Matemticos da Filosofia Natural), em trs volumes, esboando as leis da mecnica e a lei da gravidade (ou da gravitao universal), concebida a partir de 1666, segundo a qual a fora de atrao entre dois corpos proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distncia que os separa. As trs leis da mecnica de Newton so: 1. princpio da inrcia: um corpo que esteja em movimento ou em repouso tende a manter seu estado inicial. 2. Princpio fundamental da mecnica: a resultante das foras que agem num corpo igual ao produto de sua massa pela acelerao adquirida. 3. lei de ao e reao: Para toda fora aplicada existe outra de mesmo mdulo, mesma direo e sentido oposto. Newton rompe assim, definitivamente, com a concepo de mundo vigente desde a Antiguidade. A partir da, as mesmas leis da mecnica passam a reger tanto os fenmenos terrestres como os do cu, e o Cosmo deixa de ser fechado como acreditavam os gregos para se estender at o infinito. 1690 Christian Huygens publica Trait de la lumire (Tratado da Luz), em que formula a teoria ondulatria da propagao da luz, elaborando o "princpio de Huygens", no qual expe sua concepo da luz como onda de energia que se propaga no espao, teoria que posteriormente desenvolvida pelo fsico francs Augustin Fresnel (1788-1827). 1690 Giovanni Cassini percebe que a rotao da atmosfera superior de Jpiter no constante em todos os seus pontos. A rotao da regio polar da atmosfera do planeta aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da regio equatorial. 1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas no reconhece o astro como planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri.

1698 Edmond Halley calcula as rbitas dos 24 cometas observados entre 1337 e 1698, determinando que so elpticas, como as dos planetas. Intrigado com a semelhana dos parmetros orbitais dos cometas de 1531, 1607 e 1682, ele apresenta a hiptese de que se trata sempre do mesmo astro e de que ele reapareceria em 1758. 1700 A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca (incluindo a Noruega) adotam o calendrio gregoriano. 1702 fundado pelos jesutas o Observatrio de Marselha, onde Jean Louis Pons (1761-1831) descobre 37 cometas, inclusive o de 1818, cuja periodicidade reconhecida por Johann Franz Encke (1791-1865), aluno do matemtico alemo Gauss. 1704 Isaac Newton publica "Opticks", a sua obra mais importante sobre ptica, na qual expe suas teorias anteriores e suas ideias acerca da natureza corpuscular da luz, apresentando tambm um estudo detalhado sobre fenmenos como refrao, reflexo e disperso luminosa. 1704 O astrnomo e matemtico franco-italiano Giacomo Filippo (ou Jacques Philippe) Maraldi (1665-1729) faz um estudo sistemtico da calota polar sul de Marte e percebe que ela sofre variaes durante a rotao do planeta, indicando que no coincide exatamente com o polo sul marciano. Ele tambm observa que a calota muda de tamanho ao longo do tempo. 1705 Edmond Halley publica A Synopsis of the Astronomy of Comets, em que descreve 24 cometas. Neste livro, utilizando as leis de Newton, calcula corretamente o perodo do cometa que mais tarde levar seu nome como sendo de aproximadamente 76 anos. Suas reaparies (1758 e 1835) confirmam os Clculos do astrnomo. 1715 Edmond Halleycalcula a trajetria da sombra de um eclipse solar. 1716 Edmond Halley sugere uma medio de alta preciso da distncia Terra-Sol cronometrando o trnsito de Vnus. 1718 Edmond Halley descobre o movimento