26
1 A Filosofia Oriental dos Cavaleiros Jedi Glossário Básico de Aikidô Glossário Básico de Aikidô Entrevista com o Mestre Tony Garcia Entrevista com o Mestre Tony Garcia CINEMA * Os Acidentes de Jackie Chan * Ip Man, O Filme TAEKWONDO GODUP A Arte da Mentira TAEKWONDO GODUP A Arte da Mentira Ano I, N o 01 Julho de 2009 Ano I, N o 01 Agosto de 2009 O Samurai e o Mestre Zen O Samurai e o Mestre Zen Templo emplo emplo emplo emplo JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ Templo emplo emplo emplo emplo JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI JOGAN-JI FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ FUDO MIYÔ Ar Ar Ar Ar Armas mas mas mas mas TONF ONF ONF ONF ONFA Ar Ar Ar Ar Armas mas mas mas mas TONF ONF ONF ONF ONFA

47477314 budo-1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: 47477314 budo-1

1

A FilosofiaOriental dosCavaleirosJedi

Glossário Básicode AikidôGlossário Básicode Aikidô

Entrevista com oMestre TonyGarcia

Entrevista com oMestre TonyGarcia

CINEMA* Os Acidentesde Jackie Chan* Ip Man, O Filme

TAEKWONDO

GODUPA Arte daMentira

TAEKWONDO

GODUPA Arte daMentira

Ano I, No 01Julho de 2009Ano I, No 01Agosto de 2009

O Samurai eo Mestre ZenO Samurai eo Mestre Zen

TTTTTemploemploemploemploemploJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔ

TTTTTemploemploemploemploemploJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIJOGAN-JIFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔFUDO MIYÔ

ArArArArArmasmasmasmasmasTTTTTONFONFONFONFONFAAAAAArArArArArmasmasmasmasmasTTTTTONFONFONFONFONFAAAAA

Page 2: 47477314 budo-1

2

O Caminho MarcialA Revista BUDÔ é um projeto muito antigo, com quase dez anos. Pro-

blemas diversos, crises internacionais, mudanças de governo e outros fatoresseguraram seu lançamento até agora.

Você tem em suas mãos uma publicação profissional da mais alta qua-lidade. A BUDÔ é uma publicação feita com o mesmo cuidado e o mesmoprofissionalismo que uma publicação em papel, por profissionais experientesdo meio editorial. Eu, particularmente, comecei nos tempos da revista KIAI eparticipei de quase todas as publicações pioneiras do Brasil, seja em formatoposter, seja com fita de vídeo como brinde. Fui dos primeiros a fazer matériastécnicas, passo-a-passo, como só existiam em publicações européias e ameri-canas. Filosofia e cultura oriental eram coisas separadas das artes marciais, oque fiz questão de mudar. Sempre fui um defensor da arte marcial como parteda cultura oriental e que não pode ser separado dela.

Bem, nunca falei muito sobre meu trabalho, mas isso é importante paraque você possa entender a filosofia de 5 elementos de nossa revista:

1- Profissionalismo em reportagens, artigos e diagramação2- Periodicidade mensal e distribuição totalmente GRATUITA3- Matérias sobre artes marciais orientais tradicionais4- Divulgação da cultura e da filosofia oriental5- Respeito às tradições marciais e ao espírito marcial

Nas páginas de BUDÔ você não vai encontrarnão vai encontrarnão vai encontrarnão vai encontrarnão vai encontrar desafios, garotas emposes sensuais, atletas de ringue comparados com “samurais”, estilos obscu-ros de origem duvidosa, matérias pagas, politicagem e informações pelametade.

Nas páginas de BUDÔ você vai encontrarvai encontrarvai encontrarvai encontrarvai encontrar entrevistas com grandesMestres, técnicas passo-a-passo, filosofia oriental, costumes, artigos sobre acultura do Oriente, biografias, história, cinema, contos zen e taoístas e tudo oque você sempre quis saber sobre artes marciais tradicionais e não tinhaonde encontrar.

Fique à vontade para ler e distribuir para seus amigos. E também paranos escrever, mandando sugestões, críticas e observações sobre nossa revistae o universo marcial em geral. As cartas mais interessantes serão publicadasà partir do próximo número. Escreva! Nosso endereço é fácil: [email protected]

Gilberto Antônio SilvaEditor

Editorial

Editorial

Nesta Edição:

03 Glossário Básico de Aikidô04 GODUP - A Arte da Mentira12 A Filosofia Oriental dos CavaleirosJedi14 Templo JOGAN-JI FUDO MIYÔ20 Entrevista com o Mestre TonyGarcia

Seções

08 NEWS: Mudança de regras do Judô09 CINEMA: Acidentes de Jackie Chan

Ip Man, O Filme10 ARMAS: Tonfa11 CONTO: O Samurai e o Mestre Zen17 CURIOSIDADES17 PENSAMENTOS25 CULTURA

Editor: Gilberto A. Silva (Mtb 37.814)Produção e Diagramação: Studio 88

Esta revista é uma publicação deZHI - Sabedoria Oriental

www.zhi.com.br

Revista digital do CaminhoMarcial e da Cultura Oriental

ISSN 1516-3903

Comente, opine, parComente, opine, parComente, opine, parComente, opine, parComente, opine, participe:ticipe:ticipe:ticipe:ticipe:[email protected]@[email protected]@[email protected]

ARTES MARCIAIS, FILOSOFIA, CULTURAORIENTAL, CULINÁRIA, TRADIÇÕES, CINEMA E

UM POUCO DE TUDO DO ORIENTE

Visite: http://vidaoriental.blogspot.com

Page 3: 47477314 budo-1

3

AIKI AIKI AIKI AIKI AIKI - Princípio pelo qual a Energia Vital (KI) deve sermantida em harmonia (AI).

AIKIDOGI AIKIDOGI AIKIDOGI AIKIDOGI AIKIDOGI - Uniforme de treino formado por calças lar-gas e blusão brancos, popularmente denominado“quimono”.

AIKIDOKA AIKIDOKA AIKIDOKA AIKIDOKA AIKIDOKA - Praticante de Aikidô.AIKIKAI AIKIKAI AIKIKAI AIKIKAI AIKIKAI - Entidade responsável pelo Aikidô de Morihei

Ueshiba em todo o mundo. Sua sede fica em Tóquio.AAAAATEMI TEMI TEMI TEMI TEMI - Golpe de percussão.BOKKENBOKKENBOKKENBOKKENBOKKEN – Espada de madeira. No Aikidô é mais co-

nhecido por Aiki-Ken.BUDÔBUDÔBUDÔBUDÔBUDÔ - Artes Marciais (literalmente Caminho Marcial).DAITO-RDAITO-RDAITO-RDAITO-RDAITO-RYU AIKIJUTSU YU AIKIJUTSU YU AIKIJUTSU YU AIKIJUTSU YU AIKIJUTSU - Estilo de combate usado pelos

Samurais do passado, base das técnicas de Aikidô.DAN DAN DAN DAN DAN - Grau concedido aos usuários da faixa preta. Varia

de 1º Dan a 10º Dan.DOJO DOJO DOJO DOJO DOJO - Área na qual se pratica o Aikidô. Significa

“Lugar onde se trilha o Caminho”.DOMO ARIGADOMO ARIGADOMO ARIGADOMO ARIGADOMO ARIGATÔ GOZAIMASU TÔ GOZAIMASU TÔ GOZAIMASU TÔ GOZAIMASU TÔ GOZAIMASU - Expressão “Muito

Obrigado”, em japonês. Utilizada quando se finaliza o trei-no de uma técnica e se agradece ao parceiro.

DOSHUDOSHUDOSHUDOSHUDOSHU - Líder de uma escola ou grupo.HAKAMÁ HAKAMÁ HAKAMÁ HAKAMÁ HAKAMÁ - Calça larga, preta, usada por cima das cal-

ças do Aikidogi pelos homens faixas pretas ou pelas mulhe-res de qualquer graduação.

HARA HARA HARA HARA HARA - Região situada três dedos abaixo do umbigo. Éo centro de gravidade do corpo humano e reservatório deKi. Wquivale ao Tan Tien dos chineses.

HOMBU DOJO HOMBU DOJO HOMBU DOJO HOMBU DOJO HOMBU DOJO - Quartel-General de uma determinadaarte marcial, matriz de um estilo. No Aikidô é a matrozmundial, sede da Aikikai. É presidido pelo neto do funda-dor, Doshu Moriteru Ueshiba.

IAF IAF IAF IAF IAF - International Aikido Federation (Federação Interna-cional de Aikidô)

JÔ JÔ JÔ JÔ JÔ - Bastão com cerca de 1,20m utilizado pelo Aikidôcom o nome de Aiki-Jô

KEN KEN KEN KEN KEN - Espada. Usado como abreviação de Aiki-Ken, téc-nicas com espada de madeira (bokken) no Aikidô.

KI KI KI KI KI - Sopro. Também conhecido como “Energia Vital”.Força que existe em toda a Criação, utilizada pelaAcupuntura para harmonizar a saúde. O mesmo que Chi,em chinês.

KYOKYOKYOKYOKYO – Técnica. As cinco aplicações básicas do Aikidôsão numeradas: Iti-Kyo, Ni-Kyo, San-Kyo, Yon-Kyo e Go-Kyo(literalmente, “primeira técnica”, “segunda técnica”, etc…)

KYU KYU KYU KYU KYU - Grau representado por faixas coloridas. É nume-rado em ordem decrescente.

OBI OBI OBI OBI OBI - Faixa que segura o Aikidogi e indica o grau dopraticante.

OMOTEOMOTEOMOTEOMOTEOMOTE – Movimentação técnica em linha reta.

OMOTOOMOTOOMOTOOMOTOOMOTO - Ramificação do Shintoismo, religião japone-sa, criado por Onisaburo Deguchi. Era praticada pelo Mes-tre Ueshiba e serviu de base para a filosofia do Aikidô.

ONEGAI SHIMASU ONEGAI SHIMASU ONEGAI SHIMASU ONEGAI SHIMASU ONEGAI SHIMASU - Expressão “Por Favor”, em japo-nês. Utilizada no início do treino de uma técnica com umcompanheiro.

O-SENSEI O-SENSEI O-SENSEI O-SENSEI O-SENSEI - Grande Professor. Usado no Aikidô paradesignar seu fundador, Morihei Ueshiba.

SEIZASEIZASEIZASEIZASEIZA - Forma de se sentar, ajoelhado, sobre os tornoze-los.

SENSEI SENSEI SENSEI SENSEI SENSEI - Professor.SHIHANSHIHANSHIHANSHIHANSHIHAN – Mestre. Grau honorífico concedido a prati-

cantes avançados.TTTTTANTO ANTO ANTO ANTO ANTO - Faca japonesa utilizada no treino de técnicas

contra armas brancas.TTTTTAAAAATTTTTAMEAMEAMEAMEAME - Revestimento de piso que amortece as quedas

dos praticantes.UESHIBA, MORIHEIUESHIBA, MORIHEIUESHIBA, MORIHEIUESHIBA, MORIHEIUESHIBA, MORIHEI - Fundador do Aikidô.UKEMIUKEMIUKEMIUKEMIUKEMI - Rolamentos, popularmente denominados “Que-

das”.URÁURÁURÁURÁURÁ – Movimentação técnica circular.WWWWWAZA AZA AZA AZA AZA - Técnica.

GLOSSÁRIO BÁSICO DE AIKIDÔConheça os principais termos utilizados nessa arte marcial criada pelo Mestre Morihei Ueshiba.

Page 4: 47477314 budo-1

4

A Arte da MentiraJosé Roberto Lira

O Taekwondo é uma arte marcial extremamenterica. Nascida de uma cultura milenar, oTaekwondo possui características que muitas ve-

zes passam despercebidos de grande número de pratican-tes. Uma dessas características é a estratégia. Estratégia éa base de todas as artes marciais, não importa sua origem.È a estratégia um dos principais fatores que possibilitam aum indivíduo de pequeno porte vencer a um outro muitomaior.

Uma das aplicações estratégicas mais importantes éa arte do engôdo, da enganação. A Natureza é pródigaem exemplos: a borboleta que parece possuir dois imensosolhos em suas asas; o baiacu, peixe que incha todo, do-brando ou triplicando de tamanho quando ameaçado; ocamaleão, que muda de cor dependendo de que local este-ja; o gato, que se arrepia e arca seu corpo, parecendo bemmaior e mais feroz; os cães, que procuram latir mais alto emais forte do que seus companheiros. Qual a finalidade detodas essas mentiras? EvitarEvitarEvitarEvitarEvitar o combate! Na Natureza, ascriaturas só combatem quando não existe qualquer outraalternativa, preferindo assustar seu oponente ou fugir ela

mesma. O único ser que procura o combate, infelizmente, éo homem. Essa é uma das razões da existência das artesmarciais: educar o ser humano para viver em paz, conse-guindo se controlar o suficiente para não se meter em con-fusão.

Mas mesmo em combate, a arte da enganação éuma das armas mais importantes que o arsenal estratégicodo artista marcial possui. Através desse artifício pode-selevar o oponente a acreditar em uma coisa quando se estápretendendo fazer algo completamente diferente. Esse é omomento de se finalizar o combate ou, pelo menos, de seobter alguma vantagem.

Mestre José Roberto Lira é faixa preta 6o Dan UIAMA e um dosmais antigos praticantes do Brasil. Atualmente Mestre Lira éresponsável pelo Lira Taekwondo Clube, em Diadema-SP, ePresidente da União Internacional de Artes Marciais

Taekwondo

Taekwondo

GODUPGODUPGODUPGODUPGODUPGODUPGODUPGODUPGODUPGODUP

Page 5: 47477314 budo-1

5

1- Posição de guarda

2- Inicia-se o movimento. Nessa fase, não dá para saberexatamente que chute será desferido. O oponente está naespectativa.

3- O chute aparentemente passa longe do oponente, desviando-separa o lado. Isso causa um instante de relaxamento, enquanto seprepara um contra-golpe.

4- No último instante o chute se desvia contra o oponente,rapidamente, em diagonal. Isso o pega de surpresa, pois acreditavaque a ameaça já não existia. Esse golpe pode ser executadotambém com salto, tornando-o ainda mais rápido e perigoso.

Pitrot Tchagui

1 2 3

4

Page 6: 47477314 budo-1

6

1- Posição de guarda

2- O início do movimento sedá lateralmente no ChuteCircular (Tolho Tchagui). Notea posição vulnerável que opraticante assume.

3- O chute termina num arcode 180º, passando pela linhacentral do taekwondista. Pelaamplitude do movimento, essechute é muito mais lento que oFrontal Circular e muito maisfácil de ser bloqueado.Raramente é utilizado numacompetição e menos aindanum combate real. Nota-seque, embora em competições ena academia se dê o impactodos chutes circulares com odorso do pé, a atuação emcombate exige que o impactose dê no peito do pé, abaixodos dedos levantados, paraobter a correta penetração dogolpe.

Pense num jogo de xadrez. Existem aqueles que sabem os movi-mentos básicos e existem aqueles que estudam profundamente os prin-cípios estratégicos do jogo. Para estes, perder uma peça pode repre-sentar um caminho para a vitória. Para os que apenas sabem jogar,perder uma peça pode ser um sinal claro de derrota. Fazer determina-dos sacrifícios e lançar iscas para o oponente são partes muito impor-tantes do xadrez. Da mesma forma, no Taekwondo procura-se atrair ooponente com uma abertura de guarda ou um golpe mal-direcionado.Isso causa uma reação imediata dele, fazendo com que execute exa-tamente o movimento que desejamos para vencê-lo com um contra-ataque.

No Taekwondo, chamamos essa característica estratégica deGodup. Sua tradução pode ser algo como enganação, finta ou menti-ra. O bom estrategista de Taekwondo nunca parte diretamente para oataque. Ele aguarda o primeiro movimento do oponente que vaidirecionar o seu contra-ataque. Se o oponente não se manifesta, deve-mos forçar uma reação. A melhor maneira para isso é lançar umaisca, fazendo-o acreditar que nos enganamos no movimento ou que ogolpe está sendo desferido numa direção, quando subitamente ele sedesvia e o pega de surpresa.

Para aqueles que acham que o cerne do Taekwondo está noschutes, é bom que saibam que isso é apenas parte do trabalho. Semestratégia, o melhor chutador pode levar um nocaute sem saber nemde onde veio o golpe.

1

2 3Tolho Tchagui

Page 7: 47477314 budo-1

7

1- Posição de guarda

2- Início do movimento. Comomencionado anteriormente, essa posiçãopode originar diversos chutes diferentes.

3- O mais simples e lógico é o ChuteFrontal (Ap Tchagui). Esse é bem direto,embora a maioria dos oponentes estejamjá esperando por ele.

3a- Uma variação interessante é partirda posição 2 com um Chute FrontalCircular (Ap Tolho Tchagui). Esse golpeé pouco conhecido de praticantes deoutras artes marciais. Ao contrário doChute Circular convencional (mostradoanteriormente), este chute parte da partefrontal do corpo, daí o seu nome. Comose percebe, à partir da posição 2 não seconsegue saber se será dado um ChuteFrontal ou um Chute Frontal Circular.Essas possibilidades aumentam aprobabilidade de que o oponente nãoconsiga evitar o golpe, pois ele seráescolhido na última hora em virtude dealguma brecha na defesa adversária.

3b- Note na finalização do chute que estenão ultrapassa a linha central dopraticante, ao contrário do chutecircular que descreve um arco maior.Por ser um movimento mais curto, ele émais rápido e difícil de ser defendido.

1 2 3

3b3a

Ap Tchagui e Ap Tolho Tchagui

Page 8: 47477314 budo-1

8

A Federação Internacional de Judô alterou algumasregras de judô para tornar os combates mais interessantes e movimentados. Entre as mudanças es-

tão a diminuição no tempo de luta, o desaparecimento damenor pontuação (koka) e de uma punição. Veja aqui asprincipais modificações nas regras.

TEMPO DE COMBATESerá reduzido de 5 para 4 minutos.

PONTUAÇÃODeixará de ter quatro tipos diferentes de pontuação pas-sando a ter três (Ippon, Waza-ari e Yuko). O KOKA é extin-to e a menor pontuação passa a ser o yuko.

OSAEKOMI (Imobilização)As imobilizações passarão dos atuais 25 segundos para seobter o ippon para o limite de 20 segundos.YUKO: 10 segundosWAZA-ARI: 15 segundosIPPON: 20 segundosSHIDO (Punição)Com a extinção do KOKA, a primeira punição passa a serum YUKO para o adversário. Assim ocorrendo sucessiva-mente com as outras punições subseqüentes:1o SHIDO: YUKO para o oponente;2o SHIDO: WAZA-ARI para o oponente;3o SHIDO: HANSOKU-MAKE – IPPON para o oponente.

GOLDEN SCORETerá a duração de apenas 3 minutos.

Mudanças nas regras do Judô

AÇÕES NO LIMITE DA ÁREATodas as ações são válidas e podem continuar (não há mate),enquanto o competidor tenha qualquer parte de seu corpodentro da área de combate. Aplica-se o mesmo critério noNe-waza.

News

News

Page 9: 47477314 budo-1

9

O grande astro dos filmes de ação, Jackie Chan, éfamoso por fazer as cenas perigosas de seus filmes. Mas tudo tem um preço... Eis aqui uma pe-

quena amostra de que Jackie Chan “dá o san-gue” por uma cena:

Cabeça:Cabeça:Cabeça:Cabeça:Cabeça: Foi o mais grave acidente de Jackie.Ao pular para uma árvore, em “A Armadurade Deus”, ele caiu de uma altura de dez metrose teve fratura no crânio. Após uma cirurgiadelicada e um tampão de plástico no buraco,ele voltou à ativa.Olhos:Olhos:Olhos:Olhos:Olhos: Em Drunken Master, Jackie machu-cou o osso da testa, sob a sombrancelha, equase perdeu o olho.Ouvidos:Ouvidos:Ouvidos:Ouvidos:Ouvidos: A queda em “A Armadura deDeus” o deixou com perda de audiçãoem um dos ouvidos.Maçã do Rosto: Maçã do Rosto: Maçã do Rosto: Maçã do Rosto: Maçã do Rosto: Conseguiu deslocar oosso da Maçã do Rosto em Supercop (!).Nariz: Nariz: Nariz: Nariz: Nariz: Já foi quebrado três vezes – em“O Jovem Mestre do Kung Fu”, “ProjetoChina” e “Mr. Nice Guy- O Bom de Bri-ga”.Dentes: Dentes: Dentes: Dentes: Dentes: Perdeu um dente com um chute doMestre Hwang Jang Lee em Snake in the Eagle´s Shadow.Queixo: Queixo: Queixo: Queixo: Queixo: Machucou dolorosamente o queixo em “O LordeDragão”, não podendo nem falar (imagine dirigir e atuar!).Garganta: Garganta: Garganta: Garganta: Garganta: Quase sufocou em “O Jovem Mestre do Kung Fu”, quando machucou seriamente a garganta.

OmbrOmbrOmbrOmbrOmbros: os: os: os: os: Deslocou o ombro fazendo “City Hunter- O Caça-dor de Encrencas”Peito: Peito: Peito: Peito: Peito: Em “Um Kickboxer Muito Louco”, Jackie conseguiu

deslocar o esterno (osso central do peito).Braços: Braços: Braços: Braços: Braços: Numa cena de luta de Snake in Eagle’sShadow seu braço foi realmente atingido pelaespada (que estava afiada, descobriram). O san-gue e a dor demonstrados nesta cena NÃOsão ficção!

Mãos: Mãos: Mãos: Mãos: Mãos: Machucou a mão e os ossos dosdedos em “A Fúria do Protetor”.

PerPerPerPerPernas: nas: nas: nas: nas: Foi apanhado entre dois car-ros em Crime Story. Resultado: asduas pernas quebradas.Joelhos: Joelhos: Joelhos: Joelhos: Joelhos: Jackie machucou os jo-

elhos tantas vezes que ele se per-gunta se ainda existe alguma carti-

lagem neles…Pescoço: Pescoço: Pescoço: Pescoço: Pescoço: Feriu o pescoço diversas vezes masa pior foi em “Projeto China”, na famosa cenaem que cai de uma torre de relógio (ele real-mente caiu até o chão, sem colchões…)Costas:Costas:Costas:Costas:Costas: Ficou paralisado em “Police Story- AGuerra das Drogas”, quando quase fraturou asétima e oitava vértebras.

Quadril:Quadril:Quadril:Quadril:Quadril: No mesmo filme, deslocou o osso do quadril.Pés:Pés:Pés:Pés:Pés: Em “Arrebentando em Nova York”, Jackie fraturou otornozelo em uma cena com o hovercraft. Ele terminou ofilme, mesmo com a perna engessada.

“Só dói quando eu não estou rindo” - Jackie Chan

ACIDENTES ACONTECEM…Cinema

Cinema

Em geral os filmes que falam sobre origens de estilosde kung fu ou de grandes mestres são cheios deinvencionices e material de baixa qualidade. Dentro

desta expectativa, "Ip Man" foi uma agradável surpresa.Boa fidelidade histórica, fotografia e montagem ex-

cepcionais, ambientação extraordinária (se passa na Chi-na da década de 1930) e cenas de luta de tirar o fôlego.Além disso o filme transmite o cavalheirismo e a verdadeirahonra das artes marciais, ao invés da guerra boba de egosque muitos lutadores de ringue de nossos dias chamam de"honra". O filme é uma aula de comportamento e honradentro das artes marciais tradicionais.

As cenas de luta foram coreografadas por ninguémmenos que Sammo Hung. Ele é o diretor de ação em artesmarciais mais competente que existe em nossos dias. O es-tilo apresentado é realmente o Wing Chun.

Ip Man (YipMan, na trans-literação oficial) foium dos maiores mes-tres de Kung Fu doséculo XX, responsá-vel pela grande difu-são do estilo VingTsun (Wing Chun)pelo mundo. Sediado em Hong Kong, é sempre lembradocomo o mestre do jovem Bruce Lee.

Como sempre este filme maravilhoso deve demorarpara chegar em DVD (se vier...). Mas você pode encontrá-lo facilmente no "submundo" da internet...

Assista ao trailer e cenas do filme no Youtube, é só procurarpor “ip man” ou visitar nosso blog, que tem todos os links:http://vidaoriental.blogspot.com

Ip Man, O Filme

Page 10: 47477314 budo-1

10

Uma das armas mais populares do Kobudo deOkinawa, a Tonfa (também chamada de Tonqua) é feita demaneira muito simples, através de dois pedaços de madei-ra perpendiculares. Sua variedade de usos bem como suasimplicidade de confecção devem ser os motivos de suagrande popularidade nas artes japonesas, sendo encontra-do também na China, Coréia e Filipinas. Nos últimos 20anos a Tonfa tem sido adotada inclusive por diversas forçaspoliciais e militares em todo o mundo devido à sua eficiên-cia no controle do oponente sem a necessidade de machucá-lo, carcaterística vital para uma força policial.

As origens da Tonfa são nebulosas, mas acredita-seque essa peça de madeira seja a empunhadura de um mo-inho utilizado pelos povos orientais. Esse moinho seria for-mado por uma pedra grande, com sulcos, e uma menor,redonda, que gira sobre a maior pulverizando os grãos. ATonfa seria a manivela que gira essa roda menor (é interes-sante notar que muitas das técnicas dessa arma são girató-rias). Quando apareciam problemas, destacava-se essaempunhadura do moinho e utilizava-se como arma.

As dimensões são muito particulares, devendo ir dapalma da mão até cerca de 5cm abaixo do cotovelo. Todasas partes da Tonfa podem ser utilizadas em técnicas marci-ais, tanto para golpear (utilizando as pontas) como parabloquear (com a arma paralelo ao antebraço). Costuma-seusar a sua parte maior em apresamentos e torções, usandoo lado menor como alavanca. Seus movimentos de rotaçãoocasionam contra-ataques fulminantes.

Tonfa

(Dir.) Shinpo Matayoshi(1921-1997), um dosmaiores Mestres deKobudo do Japão

(Acima) Moinho depedra manual similarao utilizado na China

e no Japão. Note aalavanca de madeira.

Armas

Armas

Page 11: 47477314 budo-1

11

Zhi é o som da pronúncia emmandarim do ideograma que signi-fica conhecimento, sabedoria.Somos um empreendimento dedica-do a transmitir o conhecimento doOriente de forma simples e natural.Um conhecimento que terá o poderde ampliar sua visão do cosmos e desi mesmo, pois a sabedoria reside noautoconhecimento.

Também prestamos serviçosem diversas áreas como:- Montagem e organização deeventos - Divulgação de cur-sos em material impresso eweb - Confecção de materialpublicitário - Diagramaçãoprofissional de apostilas e ma-nuais.

VISITE NOSSO SITE!

Trabalhamos principalmente em quatrodireções:Medicina- o conhecimento oriental àserviço da saúde. Acupuntura, Shiatsu,Tui-Ná, Fitoterapia, Ayurveda,Shantala, Qigong, Moxabustão e outrastécnicas orientais.Artes Marciais- um componenteessencial da cultura oriental, as artesmarciais proporcionam muito mais doque apenas defesa pessoal ou práticadesportiva.

Filosofia e Cultura- a sabedoriaoriental em seu núcleo. Conheçaa história, costumes, arte,arquitetura, modo de pensar efilosofias de vida das principaiscivilizações orientais.Eventos- os eventos maisinteressantes para aprofundar suaexperiência com a cultura oriental:cursos, seminários, workshops,palestras, demonstrações,exposições.

Levando a sabedoria do Oriente até você

Certa vez, no Japão, existiam dois garotos que brincavam juntos todo o tempo. Um era filho de um grande Samurai e estava sendo treinado para a carreira

militar. O outro era filho de um serviçal, mas se interessavamuito por filosofia.

O inevitável veio a acontecer: um foi enviado a umDojo para aprender as artes da guerra e o outro se retirouem um templo Zen naquela região.

Correram rápidos os anos e o jovem Samurai, entãohomem feito, vestiu-se com sua armadura e suas espadas efoi procurar seu grande amigo no templo. Ao abrir a porta,ele deparou com seu amigo vestido com um simples hábitoe de cabeça raspada. Seu sorriso era franco e seu olhar,muito profundo. O Samurai tomou a palavra:

- Caro amigo, estou a caminho de uma grande guer-ra onde conquistarei muitas glórias. Gostaria de ter sua bên-ção.

O Monge olhou-o nos olhos e disse:- A guerra e as armas nada trazem. Todavia darei a

minha bênção a você com uma condição: se me derrotarem um combate com espadas.

O Samurai riu e disse;- O que me propõe é loucura! Você nunca segurou

uma arma antes! Mas está bem. Não fugirei a um desafio.Mas se me vencer, rasparei a cabeça e me tornarei monge!

O Samurai armou-se com um bokken finamente la-vrado em madeira de lei e o monge pegou um galho deárvore que havia por ali.

Iniciou-se o combate. O Samurai, lançando um gritoaterrador, atacou com toda a sua fúria. O Monge, sorrin-do, esquivou-se rapidamente e desviou o golpe. O Samurai,surpreso, atacou novamente com o melhor golpe que co-nhecia: uma técnica considerada secreta em uma escolamuito famosa. O monge não apenas desviou o golpe comodesarmou o Samurai e parou seu galho de árvore a centí-metros de seu rosto. Indefeso, o Samurai reconheceu suaderrota.

Imediatamente o monge chamou os serviçais paraque raspassem a cabeça do Samurai. Antes que começas-sem o serviço, ele perguntou:

- Como você me venceu sem nada conhecer da artedas armas?

O Monge sorriu:- A Arte da Espada e o Zen levam ao mesmo cami-

nho: o autoconhecimento e a harmonia com o Universo.Tanto faz praticar um quanto o outro, desde que se dediquede coração. Um Mestre Zen é tão poderoso quanto umSamurai.

O Samurai e o Mestre ZenConto

Conto

Page 12: 47477314 budo-1

12

Asérie de filmes de Guerra nas Estrelas foi um marcona história do cinema. Pela primeira vez se filmouuma saga épica de ficção científica, algo que per-

dura nas mentes e nos corações de três gerações de espec-tadores (em parte graças à música sublime de John Willians).Agora, mais de trinta anos depois de sua estréia e com seisepisódios filmados, vemos que a mitologia de Star Warspermanece forte. Parte desse vigor se deve à sua intimida-de com a culutra oriental, o que torna seus filmes mais doque um elemento de fantasia, mas uma aula de filosofiaoriental e de comportamento.

A base desses filmes é uma casta guerreira denomi-nada “Jedi” (pronuncia-se “jedai”, ok?). Qualquer semelhan-ça entre os Jedi e os Samurai NÃO é mera coincidência.Muitos de seus conceitos e qualidades são baseados nacultura oriental. Veja você mesmo.

A natureza da ForçaA Força é o elemento principal dos Jedi. É ela que

conduz as atitudes dos cavaleiros e lhes confere enormespoderes. Conforme Obi-Wan Kenobi em Guerra nas Estre-las: “A Força é o que dá ao Jedi seu poder. É um campo deenergia criado por todas as coisas vivas. Ela nos cerca enos penetra e une toda a Galáxia”. Essa descrição já nosfornece uma prova de sua essência: Ki. Todos nós que tra-balhamos com artes marciais conhecemos o poder do Ki.

A FILOSOFIA ORIENTAL DOSCAVALEIROS JEDI

Gilberto Antonio Silva

Com ele, os Jedi podem manipular objetos à distância(Telecinese), ler e influenciar mentes (Telepatia), pressentirperigos e se manter em harmonia com o Universo. Podemosobservar a Força em uso nos filmes de demonstrações eaulas do Grande Mestre Morihei Ueshiba. Principalmenteno final de sua vida, Mestre Ueshiba não precisava sequertocar fisicamente em seus alunos para poder dominá-los erepelí-los. A importância e poder da Força foram claramen-te mencionados por Darth Vader em Guerra nas Estrelas:“A capacidade de destruir um planeta é insignificante pertodo poder da Força”.

FilosofiaA filosofia dos Jedi é altamente esotérica e elevada.O Mestre Yoda afirma, em O Império Contra-Ataca:

“Um Jedi usa a força para ter conhecimento e para defesa.Nunca para o ataque”. A utilização dos conhecimentos mar-ciais apenas para a defesa é o mote central da grandemaioria das artes marciais orientais. Mais tarde, no mesmofilme, quando Luke Skywalker duvida da Força, Yoda diz:“O tamanho não importa. Olhe para mim. Julga-me pelomeu tamanho? E não deve, mesmo, pois a Força é minhaaliada. E uma poderosa aliada”. Este é um dos itens bási-cos da estratégia: nunca subestimar ninguém, não importase é homem ou mulher, fraco ou forte, alto ou baixo, magroou gordo. Principalmente quando se utiliza a energia interi-

Page 13: 47477314 budo-1

13

or, qualquer um pode ser poderoso. Mas a filosofia de vidados Jedi com a Força é ainda mais profunda, como prosse-gue Yoda: “A vida a cria e a faz crescer. Sua energia noscerca e nos une. Somos seres de luz, não de matéria. Preci-sa sentir a Força em sua volta, aqui, entre você e eu, naárvore, na pedra, em tudo”.

Treinamento JediObi-Wan Kenobi inicia o treinamento de Luke expli-

cando o que é a Força e como funciona. Em seguida ele oadestra no manejo do sabre de luz, muito similar à espadaSamurai. Luke é levado a não confiar no que vê, mas noque sente. Esse tipo de colocação é semelhante à dos orien-tais. Para eles quem deve manipular a espada é o espírito,não a mente, através do estado mental de quietude (zanchin).Na seqüência final de Guerra nas Estrelas - Episódio IV,Luke deixa a tecnologia de lado e usa a sua percepçãodesenvolvida para disparar os torpedos que destroem aEstrela da Morte.

Quando Luke inicia seu treinamento com Yoda, estese ressente da teimosia e impaciência de seu aluno e de suaidade, muito avançada para os padrões Jedi de treinamen-to. As artes marciais também pregam o treinamento preco-ce como forma de desenvolver o verdadeiro guerreiro. Equal faixa branca não é descrente, impaciente e teimoso?Em meio a corridas com obstáculos, Yoda leva seu jovemaluno à uma determinada parte da floresta. Ali ele é deixa-do para que enfrente seus medos e temores, que assumem aforma de seu oponente, Darth Vader. Esse tipo de confrontomental é largamente utilizado pelos tibetanos no treinamen-to de seus discípulos e pelos japoneses do budismo esotéricoShingon, que denominam essa técnica de combates men-tais como Dojutsu-Sempo.

Morte CerimonialNo primeiro filme da trilogia original, Obi-Wan

Kenobi duela com Darth Vader num dos grandes momentosdo filme. Ao ver que Luke está a salvo, ele se deixa atingirpelo sabre de luz de seu oponente. Ao invés de simplesmen-te morrer, o Jedi desaparece numa espécie de transmigração.Nos filmes subseqüentes, Obi-Wan aparece para seu pupi-lo numa forma astral. Esse modo de encarar a morte, comouma necessidade para um bem maior, é típico dos Samurai,os quais não se importavam em morrer à serviço, desdeque os seus objetivos fossem atingidos. A morte, para umJedi, longe de ser o fim da linha, é encarada como umasimples mudança de estado, filosofia compartilhada pormuitas correntes filosóficas do Oriente.

O Lado SombrioA filosofia oriental apregoa a existência de duas

polaridades complementares: o Yin e o Yang. Para os Jeditambém a força possui dois lados: o claro e o escuro. Em-bora tenhamos propensão a considerar o lado escuro como

o mal, devemos nos lembrar que isto depende de umreferencial e não pode ser considerado como uma verdadeabsoluta. Na realidade todos nós temos ambos os lados emnosso próprio íntimo. Isso é colocado de maneira muito cla-ra na saga de Guerra nas Estrelas: qualquer um, a qualquermomento, pode se voltar para o Lado Sombrio da Força.Segundo Yoda, o Lado Sombrio é mais fácil, por isso maisatrativo. Realmente, na vida real podemos observar quefazer as coisas de forma considerada não-correta pela soci-edade não é tão difícil quanto seguir as regras. Roubar émais fácil do que trabalhar. Enganar é mais fácil do quefazer um trabalho sério. Esse é o grande atrativo do LadoSombrio (que está cada vez mais seguido, hoje em dia…).Mas da mesma forma como é fácil cair no Lado Sombrio, oretorno ao Lado Claro é muito penoso. Em O Retorno deJedi, Luke consegue finalmente trazer seu pai, AnakinSkywalker, de volta para o Lado Claro apelando para osbons sentimentos que ele ainda guarda dentro de si. Dessaforma, ele deixa de ser Darth Vader e volta a ser Anakin, oJedi. Isso é mostrado no final do filme, quando aparecemObi-Wan, Yoda e Anakin em forma astral. Ele finalmenteconseguiu seu lugar ao lado dos Jedi.

Um Filme, Uma FilosofiaEste breve estudo nos mostra a importância em se

entrever pequenos detalhes nos filmes de modo geral. Àsvezes produções criticadas como “apenas um monte deefeitos especiais” podem ter muito mais por trás delas. Nóspodemos aprender muito com quase tudo o quevivenciamos. Quem tiver olhos que veja.

Yoda, o Lao-Tsé interplanetário

Page 14: 47477314 budo-1

14 COMUNIDADE BUDISTACOMUNIDADE BUDISTACOMUNIDADE BUDISTACOMUNIDADE BUDISTACOMUNIDADE BUDISTAJOGAN-JI FUDO MIYÔJOGAN-JI FUDO MIYÔJOGAN-JI FUDO MIYÔJOGAN-JI FUDO MIYÔJOGAN-JI FUDO MIYÔ

HISTORIAHISTORIAHISTORIAHISTORIAHISTORIAA história da Comunidade começou nos anos 60,

quando Takeno Yamamoto recebeu uma revelação espiritu-al de Fudô-Myô. Tomando conhecimento de seu poder espi-ritual, muitas pessoas se dirigiam à sua casa na VilaGumercindo (São Paulo). Como a casa ficou pequena paracomportar os fiéis, a família adquiriu um terreno de 2600m2 na cidade de Diadema. Em 1972, o marido de Takenofoi ao Japão para pedir autorização à matriz da Seita Tendaino monte Hiei para abrir um templo no Brasil. Em 1975,Takeno Yamamoto recebeu, como monja, o nome budistade Myôchô. A construção do templo levou seis longos anose exigiu muito trabalho e sacrifício dos membros da famíliae muita ajuda dos fiéis. Foi contratado um mestre artesãodo Japão especializado em construção de templos. Pode-sedizer que o templo é uma relíquia arquitetônica que deveser preservada para as gerações futuras. Inicialmente osfreqüentadores do templo eram na maioria japoneses, por-tanto a língua utilizada era o japonês. Com o contínuo inte-resse dos brasileiros pelo budismo são utilizados atualmen-te o japonês e o português. A comunidade não cobra men-

salidades nem dízimos dos fiéis, que são livres para fre-qüentar outras religiões. A manutenção do templo é custeadacom retribuições, cerimônias religiosas, bingos, refeições,etc. Todo quarto domingo do mês é realizado o gomakitô(Ritual do Fogo), missa de consagração a Fudô-Myô na qualsão queimadas as tabuinhas com pedidos dos fiéis. Tam-bém são realizadas palestras para divulgar a Doutrina deBuda.

OFUDÔ-SANOFUDÔ-SANOFUDÔ-SANOFUDÔ-SANOFUDÔ-SANA Comunidade Budista Jogan-ji Fudô Miyô de

Diadema é filiada à seita Tendai do Templo Tyoujiu-ji KiharaFudô-son, situada na província de Kumamoto, Japão, e pre-sidida pelo mestre Kakumoto Chuyu. A matriz da Tendaifica no monte Hiei, província de Shiga. Há 1.200 anos, naera Enryaku, o santo fundador Denguiô Daishi comunicou-se praticando as reverências e esculpiu a imagem de Ofudô-san no templo Tyoujiu-ji. No templo de Diadema existe tam-bém uma imagem esculpida de Ofudô-san. Sua mão direitasegura uma espada que corrige os defeitos das pessoas,dando-Ihes a vida e a salvação. A corda na mão esquerda

Page 15: 47477314 budo-1

15

A SEITA SEITA SEITA SEITA SEITA A A A A TENDAITENDAITENDAITENDAITENDAIO budismo foi divulgado na Índia pelos seus discípu-

los e espalhou-se pela Ásia. A seita Tendai nasceu na China

GOMAKlTÔGOMAKlTÔGOMAKlTÔGOMAKlTÔGOMAKlTÔO gomakitô é a missa de consagração a

Ofudô-san e consiste em escrever numa tabuinhapedidos de ajuda e proteção. É realizado sem-pre na quarta semana do mês a partir das 9horas. As tabuinhas são queimadas na missa edurante a realização da mesma os fiéis devementoar o seguinte mantra: na ma sa man da basa ra nan sen da ma ka ro cha na sowa taya untara ta ka man diversas vezes para que seuspedidos sejam atendidos.

O nome de Fudô-Myô aparece Inscrito no Gohonzon em siddham,ortografia sânscrita medieval. Fudô-Myô é uma divindade protetora queajuda os praticantes a derrotar os obstáculos e maldades que tentam im-pedir a prática budista. Afirma-se que ele entra em uma meditação queemite chamas que destroem todos os impedimentos kármicos. Pelo fato dejamais sucumbir aos obstáculos, é chamado Fudô (Inalterável). É retratadocomo uma figura de aspecto bravio cercado de chamas, empunhandouma espada e uma corda. Fudô-Myô foi protetor dos guerreiros ninjas esamurais do antigo Japão. Quando eles partiam para a batalha não temi-am a morte porque julgavam estar sob a proteção dele. Por isso ele éconhecido erroneamente como deus da guerra. Na verdade, Fudô-Myôsimboliza o lado guerreiro de cada um. O fogo que envolve Fudô--Myôsimboliza o interior do ser humano, porém, sem ter qualquer sentimentonefasto. Representa a pureza do esporte, ou podemos até dizer que é aessência do homem. No seu rosto severo e firme transparecem as emo-ções negativas, todavia são para destruir as emoções negativas. Cultuando-o você estará protegido dos males espirituais, das invejas, dos rancores ede outras energias negativas. A espada em sua mão direita é a imposiçãoda lei universal e da proteção. A corda na sua mão esquerda simboliza aliberdade, pois com Fudô-Myô nos libertamos de pensamentos negativose assim nos tornamos livres. A imagem de Fudô-Myô foi esculpida há1.200 anos no Templo Tyoujiu-ji, situada no monte Hiei, pele santo funda-dor da Seita Tendai Denguiô Daishi.

FUDÔ-MYÔ, O DEUS DFUDÔ-MYÔ, O DEUS DFUDÔ-MYÔ, O DEUS DFUDÔ-MYÔ, O DEUS DFUDÔ-MYÔ, O DEUS DAAAAASSSSSABEDORIA INABEDORIA INABEDORIA INABEDORIA INABEDORIA INALALALALALTERÁVELTERÁVELTERÁVELTERÁVELTERÁVEL

- P- P- P- P- Paaaaatrtrtrtrtrono das artes marono das artes marono das artes marono das artes marono das artes marciais -ciais -ciais -ciais -ciais -

representa a sua força para se aproximar daspessoas. A expressão do rosto é medonha, pelofato de proceder com a verdade e determina-ção para combater o mal e por ter o espíritoforte e misericordioso. O templo de Diadema éatendido pelas mestras Miyotcho e Miossei, querecebem pessoas que buscam orientações. Alémdisso, realizam também missas dos antepassa-dos e o gomakitô.

e foi aperfeiçoada por Tendai Tisha Daishi Chigui (538--597 a.C.). No Japão, no século IX, dois grandes mestres,Denguio Daishi e Kobo Daishi, fundaram duas escolas bu-distas nos montes Hiei e Koya que foram conhecidas comoBudismo da Era Heian.

Imagem de Fudô-Myô em Okunoin, temploonde jazem os restos mortais de Kobo

Daishi (Kukai) e que é considerado um doslugares mais sagrados do japão.

Page 16: 47477314 budo-1

16

BREVE HISTÓRIA DO BUDISMOBREVE HISTÓRIA DO BUDISMOBREVE HISTÓRIA DO BUDISMOBREVE HISTÓRIA DO BUDISMOBREVE HISTÓRIA DO BUDISMO- Buda nasceu em 563 a.C. em Lumbini,no reino de Sakiya, governado por seupai, o rei Shuddhodana Gautama. Umachuva de néctar doce acompanhada deseres divinos tomou o céu nesse dia. Opríncipe Sidarta foi o primeiro Buda, quesignifica “o Iluminado”, “o Desperto”.Buda não é considerado um deus, masum homem sábio que conseguiu subju-gar a tristeza e os tormentos da vida ecuja filosofia de vida deve ser seguida afim de se alcançar a Iluminação. A práti-ca budista conduz a uma vida equilibra-da e harmoniosa e à libertação. Segun-do o Dharma, conjunto dos ensinamentosde Buda, o homem é escravo de umaexistência cíclica de encarnações suces-sivas que podem ser interrompidas e seconseguir escapar do karma, conceitoque resume a idéia de que “colhemos oque plantamos”. O budismo é uma reli-gião que ensina o caminho para um fu-turo feliz, livre dos sofrimentos que afli-gem a humanidade. Aos 29 anos o príncipe Sidarta, an-gustiado com os problemas da vida, abandona o confortodo palácio e viaja pelo país como um asceta a fim de en-contrar respostas para suas aflições. Após seis anos de muitosacrifício e jejum ele encontra uma figueira e decide que ouatingiria a Iluminação ou morreria ali. Sidarta lutou commuitas tentações, mas transpôs os obstáculos, dominandotodos os estágios da Iluminação e tornando-se o BudaSakyamuni aos 35 anos de idade.

O AO AO AO AO AVVVVVANÇO DO BUDISMO NO BRASILANÇO DO BUDISMO NO BRASILANÇO DO BUDISMO NO BRASILANÇO DO BUDISMO NO BRASILANÇO DO BUDISMO NO BRASILO crescimento do budismo no Brasil intensifico-se ul-

timamente no nosso país com o interesse de artistas e inte-lectuais e da população em geral. Entre os adeptos famo-

sos figuram Betty Faria, Christiane Torloni, Edson Celulari,Cláudia Raia, Gilberto Gil, Maitê Proença, Maurício Mattar,Patrícia Marx, Patrícia Travassos, Paulo Ricardo, Rita Lee,Sylvia Pfeifer, Soninha (escreveu o livro Por Que Sou Budis-ta), Odete Lara, Richard Gere, entre outros. Mas por que obudismo está atraindo as pessoas? A vida moderna, com acompetição desenfreada, a escalada da violência, o medodo desemprego, tudo isso provoca angústia, ansiedade,depressão. As pessoas procuram tranqüilidade, paz mentale espiritual, e isto estão encontrando no budismo, que nãoimpõem proibições nem prega conceitos como o sentimen-to do pecado. O budismo propõe, principalmente atravésda prática budista da meditação e da caridade, uma novamaneira de encarar a vida, com mais simplicidade, e com-preender que nem sempre as coisas acontecem conformeas nossas vontades. O budismo não disputa fiéis e nemestimula a fé cega. Cada pessoa deve se voltar para aespiritualidade sem depender do monge. Pelo budismo épossível alcançar a felicidade duradoura (a iluminação).Basta acreditar que a felicidade está dentro de nós, da nos-sa mente, e os meios para atingi-la podem ser praticadospor qualquer pessoa.

Matéria elaborada com material de divulgação dacomunidade budista Jogan-Ji

Page 17: 47477314 budo-1

17

“Muita gente utiliza as artes marciais como um meiode expressão da violência, mas deve ficar bem claro que,por cima de estilos e métodos, a verdadeira arte marcialnão é violenta” – Masaaki Hatsumi, Ninjutsu

“Um falso praticante desfere seu golpe ferozmente,mas seu soco não contêm força verdadeira. Um Mestre nãoé tão brilhante mas seu toque é tão pesado quanto umamontanha” – Chueh Yuan, Kung Fu

“Pessoalmente encorajo meus estudantes a investiga-rem e estudarem outros sistemas e instrutores, mas sempremantendo o respeito por todas as artes. Nenhuma arte,pessoa ou cultura é intrinsecamente melhor que outra” –Dan Inosanto, Kali

Pensamentos

Chojun Miyagi, criador do estilo Goju Ryu de Karatê,foi o primeiro Mestre oficial de Karatê reconhecido pelaDai Nippon Butokukai, o órgão máximo regulador das ar-tes marciais japonesas da primeira metade deste século.Em 1933 Mestre Miyagi apresentou o texto “Esboços doKaratê”, como representante das artes marciais de Okinawa,sendo esta arte reconhecida então como arte marcial ofici-al no Japão.

Os tailandeses possuem uma arte marcial especializa-da em armas chamada Krab Krabong. Essa arte serve comocomplemento do Muay Thai, arte que usa apenas as mãose pés.

Segundo um kalari gurukkal, Mestre de Kalaripayat,uma arte marcial indiana, o Vajramushti, considerado pormuitos como uma das raízes das artes marciais, é na verda-de parte do Kalari, funcionando na divisão verumkai (mãosvazias).

Uma criatura mitológica japonesa, o Tengu, é um dosprincipais responsáveis por muitos sistemas de combate.Misto de homem e pássaro, os Tengu muitas vezes apare-cem a guerreiros que se encontram isolados nas florestas elhes ensinam segredos das ar tes marciais. Famosos

Curiosidades

“Um homem verdadeiro sempre terá coragem, masum homem corajoso nem sempre terá a verdadeira humani-dade” – Confúcio, Filósofo

“Quando, numa situação qualquer, ainda não é che-gado o momento próprio ao progresso, deve-se esperar emtranqüilidade, sem segundas intenções. Quando se age ir-refletidamente, tentando avançar em oposição ao destino,o sucesso não será atingido” – I Ching, Hexagrama 25 -Linha 6

espadachins, os Tengu contribuíram desde os estilos deKenjutsu de Yagyu até o Aikidô de Morihei Ueshiba.

Yang Luchan, criador do famoso estilo Yang de TaiChi Chuan, era um tremendo lutador. Embora a maioriaacredite que o Tai Chi é um estilo suave, Mestre Yang an-dou por toda a China desafiando para o combate os maio-res Mestres de seu tempo e nunca foi derrotado. Nota: suahabilidade e domínio do Chi eram tão grandes que ele nun-ca feriu nenhum de seus oponentes!

No mundo dos Samurais, existiu uma mulher que sedestacou. Falamos de Lady Masako, esposa de MinamotoYoritomo, o primeiro Shogun deKamakura. Durante a vida de seumarido ela exerceu grande influ-ência no governo. Mesmo de-pois da morte de Minamoto, elacontinuou sendo a tomadora dedecisões, senão diretamente, aomenos sob sua influência. Nahistória do Japão este é o únicoregistro de uma mulher com ta-manho poder, excetuando-se asde linhagem imperial.

“A palavra japonesa para a prática ou treino é keikokeikokeikokeikokeiko,que literalmente significa refletir, rever o passado… A suaacepção original relata uma qualidade religiosa no treinoque reside no respeito ao melhor das velhas tradições e oseu domínio por meio da reflexão cuidadosa e dareavaliação”

Kisshomaru Ueshiba, Aikidô Kisshomaru Ueshiba, Aikidô Kisshomaru Ueshiba, Aikidô Kisshomaru Ueshiba, Aikidô Kisshomaru Ueshiba, Aikidô

Page 18: 47477314 budo-1

18

I CONGRESSO INTERNACIONAL DE ARTES MARCIAIS E MEDICINA CHINESA

Completo sucesso!

No primeiro final de semana de agosto próximo pas-sado realizou-se em São Paulo o 1º Congresso Internacio-nal de Artes Marciais e Medicina Chinesa. O evento foipromovido por Zhi e teve o apoio da Liga Nacional deKung Fu, da escola EBRAMEC-CIEFATO e da InternationalHuang Yu Wen Nam Pai Kung Fu Association, cuja sede noBrasil fica em São Paulo. Foram ministrados oito mini-cursosde 3 ou 6horas de duração e um dia inteiro de palestrasexpositivas, muitas com participação do público.

Mais de 90 pessoas participaram deste congresso etiveram a grande oportunidade de assistir a cursos e pales-tras de grandes autoridades da medicina chinesa e das ar-tes marciais. Uma chance nunca vista no Brasil, que integraa medicina chinesa e artes marciais em vários aspectos.Essa união de fatores é sempre comentada e propaladamas quase nunca verificada no mundo real.

Um fator que chama a atenção é que mais de 80%das inscrições foram feitas online, através do site do Zhi,com cartão de crédito. Muitas pessoas tem medo deste tipode pagamento por causa das fraudes digitais, mas o servi-ço utilizado pelo Zhi é garantido pelo UOL, o maior prove-dor de serviços digitais da américa latina e mantido emservidores seguros, com criptografia de última geração. Ummotivo a mais para confiar nos serviços e eventos de Zhi!

Ji Beng Gong – A raiz do estilo Chen de TJi Beng Gong – A raiz do estilo Chen de TJi Beng Gong – A raiz do estilo Chen de TJi Beng Gong – A raiz do estilo Chen de TJi Beng Gong – A raiz do estilo Chen de Tai Chiai Chiai Chiai Chiai ChiChuan:Chuan:Chuan:Chuan:Chuan: curso ministrado pelo Sifu Ernesto Gonzales, muitoconhecido pelo seu enorme conhecimento da medicina chi-nesa, que teve a oportunidade de mostrar que também do-mina a área das artes marciais como poucos em nosso país.Responsável no Brasil pela da International Huang Yu WenNam Pai Kung Fu Association, Sifu Ernesto mostrou as ba-ses do Tai Chi Chuan de forma didática e muito clara. Hou-ve intensa participação dos alunos e podia-se sentir o vigordas técnicas, confrontando a idéia “light” que muitas pesso-as tem desta arte marcial chinesa.

Aplicação marAplicação marAplicação marAplicação marAplicação marcial do Tcial do Tcial do Tcial do Tcial do Tai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua relaçãoelaçãoelaçãoelaçãoelaçãocom os 8 trigramas do I Ching:com os 8 trigramas do I Ching:com os 8 trigramas do I Ching:com os 8 trigramas do I Ching:com os 8 trigramas do I Ching: Este curso foi conduzidopelo Sifu Tony Rey Garcia, convidado especial do congres-so. O Sifu Tony, como é conhecido, é natural de Cuba masse especializou em artes marciais na China com o Grão-Mestre Huang Yu Wen, uma das maiores autoridades mun-

Recepção do evento, com Denise

Page 19: 47477314 budo-1

19

diais em estilos do Sul da China. Em 2007 foi declaradocomo sucessor do Grão-Mestre na genealogia do estilo. Estecurso foi particularmente especial, pois fez uma brilhanteintegração entre teoria, filosofia e prática da arte marcialchinesa. A demonstração das técnicas marciais associadasao milenar “Livro das Mutações” foi algo que, por si só,valeria a pena a participação no congresso.

Acupuntura aplicada às lesões orAcupuntura aplicada às lesões orAcupuntura aplicada às lesões orAcupuntura aplicada às lesões orAcupuntura aplicada às lesões ortopédicas:topédicas:topédicas:topédicas:topédicas: Estecurso, um dos mais concorridos, estava programado paraser ministrado pelo Dr. Reginaldo de Carvalho Filho, presi-dente do CIEFATO-EBRAMEC e muito conhecido dos prati-cantes de Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Por moti-vos de saúde ele não pode comparecer e foi representadopela Profª Márcia Cantero. Apesar deste contratempo osparticipantes em nada perderam pois a aula da Profª Már-cia foi extremamente técnica e didática, satisfazendo a to-dos. Ela mostrou estar à altura de uma solicitação feita naúltima hora que poderia prejudicar o andamento do curso,coisa que não ocorreu. Parabenizamos a Profª Márcia

Cantero pelo profissionalismo e dedicação demonstrados epelo conhecimento ministrado.

Técnicas de controle e queda no Shuai Jiao:Técnicas de controle e queda no Shuai Jiao:Técnicas de controle e queda no Shuai Jiao:Técnicas de controle e queda no Shuai Jiao:Técnicas de controle e queda no Shuai Jiao: O SifuMárcio Adalberto Gonçalves, Diretor de Shuai Jiao da LigaNacional de Kung Fu, mostrou como a arte marcial chinesatrata as projeções e quedas, tão comum em várias artesmarciais japonesas. Seu curso foi eminentemente prático,sendo necessário prover a sala com tatames sintéticos paraa segurança dos alunos, o que se mostrou suficiente para atransmissão do conteúdo didático.

Divulgação e marketing- faça a coisa cerDivulgação e marketing- faça a coisa cerDivulgação e marketing- faça a coisa cerDivulgação e marketing- faça a coisa cerDivulgação e marketing- faça a coisa certa:ta:ta:ta:ta: Minis-trado na noite de sexta-feira pelo Prof. Gilberto AntônioSilva, jornalista com quase 20 anos de atuação dentro daárea editorial de cultura oriental, causou grande sensação.Prevista para encerramento às 22:00h, teve que ser termi-nada pela organização do evento às 22:30h, sob protes-tos, para fechamento do prédio. Nem ministrante nem par-ticipantes queriam encerrar a aula, tamanho o interessedespertado e o entusiasmo de todos. Mostrando vários as-pectos do marketing como o encontro da linguagem idealcom o cliente e a formatação correta de um impresso, aaula se extendeu até o marketing digital, com explicaçõessobre sites, e-mail, blogs, twitter e outras ferramentas e seuuso correto na divulgação dos serviços de cada um. O inte-resse demonstrado foi tão grande que o Porf. Gilberto, dire-tor da Zhi e editor desta publicação, está montando umanova turma para um curso maior, com 10 horas de dura-

ção, que trará uma profundidade maior sobre os temasdesenvolvidos no congresso e um grande destaque paramarketing digital.

Uso marcial do cotovelo nos Estilos do Sul:Uso marcial do cotovelo nos Estilos do Sul:Uso marcial do cotovelo nos Estilos do Sul:Uso marcial do cotovelo nos Estilos do Sul:Uso marcial do cotovelo nos Estilos do Sul: No sá-bado o Sifu Tony retornou para mostrar os vários usos mar-

Flagrante da aula de aplicações marciais do Tai Chi Chuan,com Sifu Tony

Aula de Diagnóstico pela Língua, com oProf. Wilson Marino Marques

Os participantes do congresso prestavam grande atenção atodas as palestras

Page 20: 47477314 budo-1

20

ciais do cotovelo, esta arma tão letal e tão pouco compre-endida. Suas demonstrações foram impressionantes pelarapidez dos golpes e sua precisão, a ponto de tornar umsuplício a vida de seu partner de demonstrações, que cons-tantemente era acertado de raspão. Os participantes pude-ram fazer vários exercícios práticos e taolu (formas) de co-tovelo, srevindo para revigorar o interesse neste tipo de téc-nica.

Alongamento e flexibilidade pelo Método BillAlongamento e flexibilidade pelo Método BillAlongamento e flexibilidade pelo Método BillAlongamento e flexibilidade pelo Método BillAlongamento e flexibilidade pelo Método BillWWWWWallace:allace:allace:allace:allace: O Mestre José Roberto Lira, 6º Dan em Taekwondoe um dos mais antigos praticantes desta modalidade emnosso país, ministrou um de seus cursos mais especiais, apren-dido diretamente do lendário lutador Bill Wallace. Este sis-tema permite ampliar em muito a flexibilidade e obter mai-or grau de controle nos chutes, fundamentais em quase to-das as artes marciais. Os participantes ficaram muito satis-feitos com os resultados obtidos no mesmo instante, comoampliação de abertura lateral de 40º para 70º em poucotempo de aula. Mesmo praticantes experientes ficaram do-loridos no dia seguinte, mostra de que utilizaram váriosmúsculos de modo diverso do usual.

Diagnóstico através da língua: Diagnóstico através da língua: Diagnóstico através da língua: Diagnóstico através da língua: Diagnóstico através da língua: ministrado pelo Prof.Wilson Marino Marques, abordou um método diagnósticomuito importante dentro da MTC. Com grande uso de técni-cas audiovisuais, o Prof. Wilson apresentou as principaispatologias e síndromes observáveis através do estudo dalíngua do paciente, tirando todas as dúvidas apresentadas.Foi um curso bastante concorrido e muito importante para aprática clínica, que teve grande repercussão.

No domingo aconteceram as palestras, que toma-ram todo o dia sem cansar os participantes, que se mantive-ram até o último minuto. Os temas abordados foram:

• Medicina Chinesa aplicada ao esporMedicina Chinesa aplicada ao esporMedicina Chinesa aplicada ao esporMedicina Chinesa aplicada ao esporMedicina Chinesa aplicada ao esporte, melhora de rte, melhora de rte, melhora de rte, melhora de rte, melhora de ren-en-en-en-en-dimento e tratamentodimento e tratamentodimento e tratamentodimento e tratamentodimento e tratamento• TTTTTratamento da hiperratamento da hiperratamento da hiperratamento da hiperratamento da hipertensão artensão artensão artensão artensão arterial através do Qigongterial através do Qigongterial através do Qigongterial através do Qigongterial através do Qigong• TTTTTratamento dos distúrbios ginecológicos através daratamento dos distúrbios ginecológicos através daratamento dos distúrbios ginecológicos através daratamento dos distúrbios ginecológicos através daratamento dos distúrbios ginecológicos através da

acupuntura e da fitoterapia chinesaacupuntura e da fitoterapia chinesaacupuntura e da fitoterapia chinesaacupuntura e da fitoterapia chinesaacupuntura e da fitoterapia chinesa• A imporA imporA imporA imporA importância do Qi e da prática do Qigong natância do Qi e da prática do Qigong natância do Qi e da prática do Qigong natância do Qi e da prática do Qigong natância do Qi e da prática do Qigong naarararararte marte marte marte marte marcial e na medicina tradicional chinesacial e na medicina tradicional chinesacial e na medicina tradicional chinesacial e na medicina tradicional chinesacial e na medicina tradicional chinesa• Utilização dos 5 Elementos nas arUtilização dos 5 Elementos nas arUtilização dos 5 Elementos nas arUtilização dos 5 Elementos nas arUtilização dos 5 Elementos nas artes martes martes martes martes marciaisciaisciaisciaisciais• Estudo das 32 Palmas, dos 12 Punhos e dos 10Estudo das 32 Palmas, dos 12 Punhos e dos 10Estudo das 32 Palmas, dos 12 Punhos e dos 10Estudo das 32 Palmas, dos 12 Punhos e dos 10Estudo das 32 Palmas, dos 12 Punhos e dos 10Cotovelos do TCotovelos do TCotovelos do TCotovelos do TCotovelos do Tai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua rai Chi Chuan e sua relação com oselação com oselação com oselação com oselação com osestilos marciais do Sulestilos marciais do Sulestilos marciais do Sulestilos marciais do Sulestilos marciais do Sul

Destacamos a palestra sobre tratamento da hi-pertensão arterial através do Qigong, ministrada peloProf. Jaime Kuk e pelo Dr. Cassiano Mitsuo Takayassu.Ela teve esmerada apresentação teórica, profundamen-te embasada na medicina chinesa, e incluiu algunsexercícios práticos executados pelos participantes. Aofinal, apesar de haver disposto de um tempo superiorao pré-determinado, ainda houve protesto dos pre-sentes que queriam mais práticas. Um sucesso de pú-blico.

Este congresso, o primeiro a ser executado porZhi, foi extremamente bem-sucedido tanto em sua acei-

Mestre José Roberto Lira orienta alguns dos alunos do cursode Alongamento e Flexibilidade pelo Método Bill Wallace

Dr. Ernesto Gonzales proferindo uma fantástica palestra sobre aimportância do Qi Going nas artes marciais e medicina chinesa

Page 21: 47477314 budo-1

21

Organizadora do evento

tação pelos participantes quanto em sua funçãode mostrar as ligações entre a filosofia, medicinae artes marciais do oriente. Neste quesito foi umpioneiro que uniu filosofia, arte marcial, prepara-ção física, marketing profissional e medicina chi-nesa em um mesmo conjunto, coeso e facilmenteassimilável.

Quem participou deste evento sentiu estaligação entre os temas que se tornaram facilmenteassimiláveis mesmo por quem não era dedicadoa uma área específica. Todos os presentes ampli-aram seus horizontes.

Este é o segundo grande evento de Zhi. Oprimeiro foi um seminário gratuito oferecido naCasa Beijing, no Memorial da América Latina emSão Paulo, durante as Olimpíadas de 2008. Maisde 200 pessoas se inscreveram para palestras,workshops e atividades diversas.

“Nossa idéia é ampliarmos o leque de eventos,sempre focando na interação entre medicina, arte mar-cial e cultura oriental”, afirmou o Prof. Gilberto Antô-nio Silva, um dos responsáveis pelo congresso. E peloque se vê, muitos outros eventos de altíssima qualida-de virão por aí.

Aula de Aplicações Marciais do Cotovelo, com Sifu Tony

Estande da Bioaccus, parceira de Zhi, que fez bonsnegócios no congresso

Ao lado, homenagem aos ministrantes.Da esquerda para a direita: Prof.Gilberto Antônio Silva, ministrante e umdos organizadores; Sifu ErnestoGonzales, Sifu Márcio AdalbertoGonçalves, da Liga Nacional de KungFu; Dr. Cassiano Mitsuo Takayassu,palestrante e um dos organizadores; SifuTony Garcia

Page 22: 47477314 budo-1

22

Como o senhor colocaria a importância da estratégiana arte marcial?No primeiro capítulo de Sunzibinfa (A Arte da Guerra de Sunzi),afirma-se: “A arte da guerra se baseia no engano”. Partindo destaafirmação, podemos assegurar que a arte marcial sem estratégiaé a mesma coisa que iniciar uma larga travessia sem bússola. Atática é a essência do guerreiro, sem ela não é possível falar deataque e defesa.

É muito difundida a idéia de que grande parte das po-sições dos Taolus (formas) não serve ao combate, masunicamente ao aperfeiçoamento de alguma habilida-de física. O senhor concorda?Pessoalmente acredito que o estudo das formas tradicionais é desuprema importância. As formas preservam o arsenal técnico deum estilo, e são o meio de transmissão que os mestres deixampara transmitir suas experiências. Deve-se lembrar que assequências são o produto de centenas de anos de investigação,em um tempo onde as artes marciais eram o eixo da sobrevivên-cia, tanto para os clãs familiares quanto para a elite militar.Acredito que o problema atual não esteja na repetição, mas nodespertar da compreensão.

Um arquiteto desenha uma planta do que será um edifício,mas as pessoas não podem viver no papel. Precisam seguir asinstruções dadas no gráfico para consolidar materialmente a cons-trução. Igualmente acontece com os encadeamentos de técnicas,são simplesmente códigos de informação que contêm a essênciade um método de ataque e defesa. Uma vez compreendidos edominados seus recursos, o aluno não precisa manter-se fixo auma ordem rotineira de movimentos.

O senhor é herdeiro de uma tradição muito antiga. Qualsua opinião sobre o Wushu moderno?Aquilo que se conhece sob o termo Wushu é o resultado da evolu-ção de milhares de anos de história da arte marcial na China.Evidentemente, um sistema de tais características – idealizado parao cultivo da saúde, sobrevivência e desenvolvimento daespiritualidade – contém uma correta estrutura conceitual.

Consequentemente, quando se trata da sobrevivência nãohá tempo para movimentos supérfluos nem destinados a enfeitar oar que rodeia nosso corpo. O que aconteceria se um tigre decidis-se, justo antes de saltar sobre um cervo, dar um giro com seucorpo simplesmente porque é bonito? Certamente perderia empoucos segundos a eficácia de um simples golpe com suas garras,e o cervo obteria um tempo adicional que significaria sua salva-

ção. O mesmo acontece com o Wushu de nossos dias, padroniza-do pelo governo chinês para o fortalecimento físico da popula-ção, tem-se transformado – segundo a demanda comercial – em

um sistema de ginástica misturado com movimentos virtuosos ealtamente decorativos.

E é esta intenção que faz com que se converta em um es-porte excelente e agradável à primeira vista. No entanto, ao seestudar seu conteúdo marcial descobre-se que em sua estruturageral acentuam-se as manobras acrobáticas em detrimento dastécnicas marciais, pelo que não é de se estranhar que na atualida-de muitos mestres o denominem com o apelido de Wudao, quesignifica dança. Infelizmente, muitos acreditam que fazendo Wushumoderno estão compenetrados com a cultura chinesa e não sa-bem que a verdadeira tradição é muito distante daquela que apropaganda comercial desenha.Na antiguidade se acreditava que, para que uma pessoa pudessechegar a mestre, necessitava um mínimo de dez anos de treino ededicação. Hoje em dia abundam os cursos intensivos onde seimprovisam “mestres”. Verdadeiramente, no mundo em que vive-mos, se aprecia mais a superfície das coisas que seu autênticoconteúdo.

Qual a importância do qigong dentro das artes marci-ais chinesas?Da mesma forma que existem várias maneiras de chegar ao cumede uma montanha – e às vezes caminhos que nos perdem no

Entrevista Exclusiva com

Mestre Tony GarciaEsta entrevista foi publicada na revista especial do 1o Congresso Internacional de Artes Marciais e Medi-cina Chinesa. Na verdade trata-se de apenas uma parte das 30 perguntas feitas ao Mestre Tony. Veja aíntegra desta entrevista em nosso site, www.zhi.com.br

Entrevista

Entrevista

Page 23: 47477314 budo-1

23

espesso de um bosque – existem diferentes variedades de Qigong,mas nem todos os métodos oferecem a mesma economia de tem-po nem a realização segura. O Qigong legítimo – por estranhoque pareça – se materializa com a correta execução do Wushutradicional, em coordenação com a respiração e a intenção men-tal. Isto implica claramente que o Qi e o sangue circulam expan-dindo seu poder. A natureza, por meio de uma absoluta necessi-dade, ajusta suas leis sem outro requisito que a livre espontaneida-de. Consequentemente, se a técnica é correta e se coordena efici-entemente com a intenção mental o Qi penetra na órbitamicrocósmica e de lá se amplifica por toda a rede de canais ecolaterais. Este é o verdadeiro sentido do Qigong.

Existem centenas de estilos e sistemas de qigong. Como o prati-Existem centenas de estilos e sistemas de qigong. Como o prati-Existem centenas de estilos e sistemas de qigong. Como o prati-Existem centenas de estilos e sistemas de qigong. Como o prati-Existem centenas de estilos e sistemas de qigong. Como o prati-cante deve escolher?cante deve escolher?cante deve escolher?cante deve escolher?cante deve escolher?Todas as coisas tem um ponto em comum: que a nutrição é indis-pensável para viver. Anteriormente dissemos que sem raiz umaárvore não pode se sustentar. Igualmente, o homem que não temuma profundidade de existência vive como um tronco murcho ou,no melhor dos casos, como uma planta parasita que se alimentade outra.

Todos nos deleitamos olhando um espesso bosque porqueparece que a majestosidade baseia-se na largura e grossura dostroncos, na frondosidade das folhas, no sabor dos frutos ou noaroma que a folhagem deixa no vento; entretanto, nunca paramospara pensar que por baixo dos nossos pés, nas profundezas daterra, há um bosque de raízes que servem de matriz a este labirin-to de inusitada beleza. Sem esta trama de talos subterrâneos nãohaveria bosque algum sobre a superfície do planeta. O homemtambém possui uma parte invisível que lhe serve de suporte para avida. Se não sabe como estabelecer contato com essa zona, tudoo que fizer neste mundo carecerá do poder suficiente para conver-ter-se em uma ação transcendente.

O Qigong é a raiz do Wushu tradicional, mas seu domínionão reside na seleção, mas sim em incorporar as fases prelimina-res de desenvolvimento energético que o estudante necessita. Es-tas se dividem em seis estágios de realização:

a) Desbloquear os canais;b) Deter o diálogo interno;c) Cultivar a intenção;d) Despertar o Dantian inferior;e) Centrar o Qi;f) Movimentar o Qi.

Não podemos lançar uma âncora ao firmamento pen-sando em alcançar a lua. Infelizmente, muitas pessoasnão entendem que mover a energia é uma coisa e ob-ter resultados terapêuticos é outra. É claro que um trei-namento assíduo – o qual não quer dizer que tenha queser exclusivamente de artes marciais – vai resultar emsaúde e beleza. Agora, quando falamos de Qigongnão somente nos referimos a sentir-nos bem organica-mente, senão a ser capazes de dirigir o Qi e alcançarum estado elevado de consciência. Isto nunca ocorreráse a pessoa que o cultiva carece de uma formação cor-reta.

E quais beneficios os artistas marciais, especi-ficamente, podem obter do qigong?

O corpo é contemplado em toda a cultura oriental como um recep-táculo de consciência que o envolve desde a origem dos tempos.É a causa da insistência que fomenta uma austera exercitaçãoeremítica, como meio de alcançar os estados mentais propíciosao desprendimento físico.

Na tradição taoísta, o organismo humano é percebido comoa representação microcósmica do universo. O homem é visto comouma unidade energética em sobreposição do corpo, a mente e oespírito. De acordo com esta visão, seu mundo imediato está en-trelaçado a uma camada de dimensões sobrepostas que o encai-xam com diferentes níveis de realidade. Neste intercâmbio comessas esferas de conhecimento, designa-se – dentro do contextode algumas correntes filosóficas – a posse interna de sete corpos,os quais o conectam a estas realidades em sincronicidade totalcom a multiplicidade cósmica. Estes conceitos foram adquirindo,segundo o contexto histórico e religioso, diversas modificações,como as estabelecidas pelo budismo mahayana com seus trinta etres céus e dezoito infernos – importados ao solo chinês a partirda Índia – ou as estruturas do taoísmo religioso, onde aceitaram-se trinta e seis níveis de projeção espiritual:

a) Yu Jie Liu Tian (Os seis céus do desejo)b) Se Jie Shi Ba Tian (os dezoito céus das formas)c) Wu Se Jie Si Tian (os quatro céus do mundo supraformal)d) Fan Tian Jie Si Tian (os quatro céus do mundo de Brahma)e) Sheng Jing San Tian (os três céus infinitos)f) Da Luo Tian (o céu supremo)

Aqui se invoca novamente a importância do corpo como veículoque proporciona a matriz para cultivar o espírito ancestral. Vistodesde a ótica taoísta o organismo humano é somente uma ponteentre dois mundos.

A origem do Wushu jaz entalhada nos troncos ancestraisque nós, seres humanos, herdamos desde a formação da vida naTerra. Logicamente, se o treino marcial estabelece contato com aparte transcendental do homem, a alquimia e a prática serão amesma coisa.

Que conselho o senhor daria a um iniciante no estudodo qigong?Simplesmente que não troque a semente pelos galhos, ou seja,que desenvolva adequadamente as bases e não se deixe seduzirpelo poder da novidade. Deve recordar sempre que a fechadurade uma porta pode ser muito grande, mas a chave que a abre épequena.

Page 24: 47477314 budo-1

24

Como funciona o estudo e a prática do qigong dentrode um sistema tradicional chinês como o seu?O sistema do mestre Huang Yu Wen é pragmático e profundo. Elesempre insiste em que o Wushu tradicional tem cinco níveis:

a) Trabalhos básicos.b) Métodos de fortalecimento.c) Treino das sequências.d) Aplicação marcial das técnicas.e) Treino do Yinian (intenção mental).

Para o mestre Huang Yu Wen, o Yinian é a chave que move o Qi,o sangue, o espírito e o poder. O treino do Yinian é o segredo doverdadeiro Qigong, sendo ademais o caminho para desenvolvero kungfu superior. Quando o Yinian surge, o Qi se potencializa, edaí o espírito e o poder emergem.

Qual a importância do estudo da filosofia oriental parao praticante de artes marciais?Kungfu sem filosofia é igual a um universo sem luz. Todos os gestosdas artes marciais estão impregnados de uma sabedoria orgâni-ca, não é possível aprofundar-se em seu conteúdo sem mudar avisão que se tem do mundo. Tentar despojar as artes marciais deseu conteúdo filosófico equivaleria a apagar o pensamento inscri-to em seus movimentos, ou simplesmente descartar a bagagemcultural de uma civilização ininterrupta.

Sendo a filosofia um caminho para experimentar o mundo,não deixa de ter na arte marcial o substrato para atuar com com-preensão. A chave reside em mudar a mente. O mundo é em partecomo é e em parte como o fazemos. A parte em que o mundo écomo é não se pode abordar com a atenção rotineira com a queconvivemos diariamente.

O Wushu é um caminho para derrubar a colossal constru-ção do mundo descrita em termos humanos. O “é” ultrapassa qual-quer coisa que se possa pensar ou imaginar. Não se pode pergun-tar sobre a importância da filosofia nas artes marciais, pois seriao mesmo que perguntar se o Sol e sua luz podem separar-se.

O senhor colocaria a meditação como algo importantena prática marcial? Qual método o senhor ensina?Melhor que meditar é ser consciente de si mesmo. Se a mente estádesperta e flui livre do passado e do futuro, então não há necessi-

dade de sentar-se para buscar um estado de percepção. A artemarcial é o caminho de viver no instante atual. Toda uma massade superficialidade desapareceria de uma vez se conseguíssemossubmergir-nos no que realmente somos.

O único sistema de meditação que ensino é o de viverconscientemente cada momento. Não há horário para ser um ho-mem desperto. Quando há plenitude na mente existe a comunhãode todas as coisas. Um homem desse tipo vive o cotidiano demaneira extraordinária, embora aparentemente – aos olhos dosdemais – esteja realizando as ações mais banais da vida.

Conta-se que Sun Lutang foi estudar o Yi Jing por reco-mendação de seu mestre em Baguazhang, para aper-feiçoar sua compreensão da técnica. O senhor concor-da com isso? Pode o estudo de conceitos filosóficosaprofundar a compreensão de um sistema marcial?O Yi Jing não é um livro qualquer, é um código que cifra a muta-ção universal. Estudá-lo é ter acesso à fonte que gera a variedadedos fenômenos que nos rodeiam. Existe uma estreita relação entreos gestos básicos do Baguazhang e os trigramas do Yijing. Porisso seu estudo é de suprema importância para um praticante deestilos internos.

Além disso – e não devemos esquecer este ponto – creioque a prática da filosofia oriental serve de suporte ao que cadaum vai descobrindo em sua própria evolução. A arte marcial nãoé o caminho dos punhos, é a arte de viver com filosofia. Por isso énecessário treinar com o desejo de ser melhor. Para isto necessita-se ter fé.

A fé é a porta do amor e o amor vive onde a energiaalcança a totalidade. Com uma firme crença se pode iniciar amarcha em plena escuridão. Por acaso não há milhares de seresperdidos que perambulam em plena luz do Sol com o crepúsculonas costas?Se a arte marcial fosse despojada do seu conteúdo filosófico, nãovaleria a pena dedicar-lhe um segundo de atenção.

Qual a filosofia de vida que o senhor segue?Minha filosofia de vida baseia-se no bom exemplo. Acredito quepoderia resumir-se em três aspectos fundamentais:

a) Treinamento constante.b) Alimentação adequada.

c) Mente desperta.Agora, a maestria de uma arte não implica somente odomínio e a destreza. Pode-se obter uma habilidadeadmirável em um ofício e não ser um mestre do mesmo.Em que se baseia então essa qualidade de conduzir osoutros, reverenciada em todos os tempos?Baseia-se exclusivamente em ser consequente com umcaminho. Hoje em dia ocorre todo o contrário, não im-porta se quem instrui participa ou não do conselho quepretende dar. Esta divisão de pensamento intelectual efidelidade ideológica inscreveu na mente moderna apossibilidade de acreditar que se pode indicar a verda-de vivendo no erro.

Na China antiga o mestre abrigava em sua atitude,em seu porte, em sua conduta e em seu caráter, o sím-bolo visível do autoaperfeiçoamento. Neste âmbito nãoeram necessárias palavras. A observação era um ma-

Page 25: 47477314 budo-1

25

nuscrito de sabedoria vivente. As palavras e o pensamento forma-vam o apoio da sua prática física.Ensinar não é enclausurar os discípulos em uma rotina de imita-ção, trata-se de mudar a natureza humana e para isto necessita-seprojetar o raciocínio e a veracidade. Não se pode mudar o ho-mem com palavras. O que se percebe tem mais força que o que seouve. Somente aqueles que vivem como pensam têm o dom detransformar a escuridão em luz.

Qual livro clássico chinês, com tradução ocidental, osenhor recomendaria para um praticante de artes mar-ciais?Eu recomendaria o estudo do Daodejing [Tao-Te-Ching] e doZhuangzi [Chuang-Tzu] como duas obras representativas do pen-samento taoísta. O Sunzibinfa [A Arte da Guerra] como clássicode estratégia marcial e para aqueles que praticam as artes inter-nas seria indispensável se aprofundar na relação das técnicas bá-sicas da luta em correspondência com os trigramas do Yi Jing.Acredito que isto seria um bom começo para ter acesso à sabedo-ria do pensamento chinês.

Como o senhor colocaria a questão da espiritualidadedentro do contexto das artes marciais chinesas?Quando o viajante não sabe como livrar-se das impressões, rezae não tem paz, venera e não pode descartar suas paixões, pede e

não sabe dar, e brinda o que não tem para oferecer. Um homemque não pode andar, humilhado pelo volume de suas paixões,busca a Deus em plena monotonia, queixa-se sem suspeitar o quesignifica escolher e esquece que a vida é um presente excepcionalque não se pode disfrutar muito mais que alguns segundos.

Um artista marcial sem espiritualidade é como um diaman-te sem polir. O que poderia fazer um homem sem conexão divinacom uma arte que pode anular a vida de seus semelhantes? Acre-dito que a espiritualidade é um fator indispensável se se quer al-cançar o nível mais elevado de arte marcial.

Sempre recordo um trecho onde Confúcio recomenda aum de seus discípulos: “Melhor que escutar com os ouvidos, éperceber com o coração. Melhor que perceber com o coração, écompreender com a Energia. A energia abriga o vácuo que con-tém o universo e o Dao é a unidade onde o vácuo flutua. Estevácuo ilimitado é o jejum do coração”

No Wushu, o corpo físico é a tábua de sacrifício onde seexpressa a claridade do espírito. Se não é cultivado adequada-mente, nunca poderá manifestar-se o Qi original.

MANEKINEKO

CLOISONNÉ

O conhecido gatinho japonês que anda aospares sempre fez sucesso em lojas de produtos ori-entais. Baseado em uma lenda, que afirma que umgato coçando a orelha parece de longe estar ace-nando e convidando pessoas a entrar no estabele-cimento comercial, motivou os comerciantes a te-rem sempre um par em sua porta. A pata direitalevantada simboliza “atrair dinheiro” e a esquerda,“atrair clientes”. Evite o modelo com as duas pataslevantadas, que se parece com um assalto...

Esta é uma técnica francesa que utiliza aramesde metal trabalhados em forma de desenho e coloca-dos em uma superfície onde os seus vãos são preen-chidos com esmalte e levados ao forno para vitrificar.

É uma arte extremamente delicada que os chi-neses aprenderam com os europeus e passaram a do-minar como ninguém à partir do século XIX.

Seus motivos e formas podem ser os mais vari-ados e ainda é uma arte muito praticada na China.

Cultura

Cultura

Page 26: 47477314 budo-1

26