631
Rip Cohen 500 Cantigas d'Amigo

500 Cantigas d Amigo - An Critical Edition - COMPLETO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Edição crítica de todas as cantigas de amigo dos cancioneiros galego-portugueses.

Citation preview

Rip Cohen

500 Cantigasd'Amigo

5

500 Cantigas d’ Amigo

500 Cantigas d’ Amigo

Edição crítica de / Critical edition by

Rip Cohen

4

500 Cantigas d’ Amigo

500 CANTIGAS D’ AMIGOEDIÇÃO CRÍTICA DE / CRITICAL EDITION BY RIP COHEN

Tradução da introdução e glosas a versos por Isabel Rodrigues

Colecção: Obras Clássicas da Literatura Portuguesa – 1GFCoordenação editorial da colecção:Instituto Português do Livro e das Bibliotecas

Design gráfico da colecção:José Brandão/Paulo Falardo - B2 Atelier de Design, Lda.

© CAMPO DAS LETRAS, Editores – S. A., 2003Rua D. Manuel II, 33 – 5.º 4050-345 PortoTel.: 226 080 870 Fax: 226 080 880E-mail: [email protected]: www.campo-letras.pt

Impressão:1.ª edição: Abril de 2003Depósito legal n.º:ISBN 972-610-590-0Código de barras: 9789726105909

Colecção: Clássicos Portugueses (Campo das Letras) – 24

Capa: Loja das ideias

A colaboração da editora CAMPO DAS LETRASno projecto do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas,Obras Clássicas da Literatura Portuguesa,é coordenada por Luís Adriano Carlos e Rosa Maria Martelo.

9

500 Cantigas d’ Amigo

LIST OF POETS IN ALPHABETICAL ORDER

LISTA DE TROVADORES E JOGRAIS POR ORDEM ALFABÉTICA

Afons’ Eanes do Coton 281Afonso Lopez de Baian 226Afonso Meendez de Beesteiros 218Afonso Sanchez 254Alfonso X 536Airas Carpancho 141Airas Nunes 316Airas Paez 520

Bernal de Bonaval 361

Dinis 586

Estevan Coelho 207Estevan da Guarda 252Estevan Fernandez d’ Elvas 345Estevan Reimondo 178Estevan Travanca 209

Fernan do Lago 522Fernan Fernandez Cogominho 187Fernan Figueira de Lemos 532Fernan Froiaz 271Fernan Gonçalvez de Seavra 225Fernan Rodriguez de Calheiros 111Fernan Velho 275Fernand’ Esquio 528

Galisteu Fernandiz 490Garcia Soares 307Golparro 501Gomez Garcia 326Gonçal’ Eanes do Vinhal 191

Johan Airas de Santiago 537Johan Baveca 457Johan de Cangas 502Johan de Requeixo 523Johan Garcia 304Johan Garcia de Guilhade 230Johan Lopez d’ Ulhoa 180Johan Meendiz de Briteiros 313

10

500 Cantigas d’ Amigo

Johan Nunez Camanês 136Johan Perez d’ Avoin 151Johan Servando 369Johan Soarez Coelho 163Johan Vaasquiz de Talaveira 256Johan Zorro 386Juião Bolseiro 399

Lopo 482Lourenço 494

Martin Campina 415Martin Codax 513Martin de Caldas 426Martin de Giinzo 505Martin Padrozelos 473Meen Rodriguez Tenoiro 203Meen Vaasquiz de Folhente 270Meendinho 311

Nuno Fernandez Torneol 126Nuno Perez Sandeu 264Nuno Porco 354Nuno Treez 433

Pae Calvo 471Pae de Cana 334Pae Gomez Charinho 297Pae Soarez de Taveirós 123Pedr’ Amigo de Sevilha 441Pedr’ Eanes Solaz 285Pero d’ Ambroa 470Pero d’ Armea 437Pero d’ Ornelas 253Pero da Ponte 290Pero de Berdia 349Pero de Veer 355Pero Garcia Burgalês 134Pero Gomez Barroso 220Pero Gonçalvez de Porto Carreiro 321Pero Mafaldo 534Pero Meogo 417Pero Viviaez 223

Reimon Gonçalvez 306Rodrig’ Eanes de Vasconcelos 214

11

500 Cantigas d’ Amigo

Rodrig’ Eanes d’ Alvares 341Rodrig’ Eanes Redondo 533Roi Fernandiz 327Roi Marti~iz d’ Ulveira 342Roi Marti~iz do Casal 396Roi Queimado 199

Sancho Sanchez 336

Vaasco Gil 150Vaasco Perez Pardal 276Vaasco Praga de Sandin 119Vaasco Rodrigues de Calvelo 309

13

500 Cantigas d’ Amigo

LIST OF POETS(as presented in this edition [see Introduction, p. 49])

LISTA DE TROVADORES E JOGRAIS(segundo a ordem nesta edição [ver Introdução, p. 71])

Fernan Rodriguez de CalheirosVaasco Praga de SandinPae Soarez de TaveirósNuno Fernandez TorneolPero Garcia BurgalêsJohan Nunez CamanêsAiras CarpanchoVaasco GilJohan Perez d’ AvoinJohan Soarez CoelhoEstevan ReimondoJohan Lopez d’ UlhoaFernan Fernandez CogominhoGonçal’ Eanes do VinhalRoi QueimadoMeen Rodriguez TenoiroEstevan CoelhoEstevan TravancaRodrig’ Eanes de VasconcelosAfonso Meendez de BeesteirosPero Gomez BarrosoPero ViviaezFernan Gonçalvez de SeavraAfonso Lopez de BaianJohan Garcia de GuilhadeEstevan da GuardaPero d’ OrnelasAfonso SanchezJohan Vaasquiz de TalaveiraNuno Perez SandeuMeen Vaasquiz de FolhenteFernan FroiazFernan VelhoVaasco Perez PardalAfons’ Eanes do CotonPedr’ Eanes SolazPero da PontePae Gomez CharinhoJohan GarciaReimon GonçalvezGarcia Soares

14

500 Cantigas d’ Amigo

Vaasco Rodrigues de CalveloMeendinhoJohan Meendiz de BriteirosAiras NunesPero Gonçalvez de Porto CarreiroGomez GarciaRoi FernandizPae de CanaSancho SanchezRodrig’ Eanes d’ AlvaresRoi Marti~iz d’ UlveiraEstevan Fernandez d’ ElvasPero de BerdiaNuno PorcoPero de VeerBernal de BonavalJohan ServandoJohan ZorroRoi Marti~iz do CasalJuião BolseiroMartin CampinaPero MeogoMartin de CaldasNuno TreezPero d’ ArmeaPedr’ Amigo de SevilhaJohan BavecaPero d’ AmbroaPae CalvoMartin PadrozelosLopoGalisteu FernandizLourençoGolparroJohan de CangasMartin de GiinzoMartin CodaxAiras PaezFernan do LagoJohan de RequeixoFernand’ EsquioFernan Figueira de LemosRodrig’ Eanes RedondoPero MafaldoAlfonso XJohan Airas de SantiagoDinis

15

500 Cantigas d’ Amigo

BIBLIOGRAPHY1

BIBLIOGRAFIA

1. Manuscripts Manuscritos

1.1 Manuscripts containing cantigas d’ amigo2

Manuscritos com cantigas d’ amigo

B = Biblioteca Nacional (Lisboa), cod. 10991.V = Biblioteca Apostolica Vaticana, cod. lat. 4803.N = Pierpont Morgan Library (New York), MS 979 (= PV).[Ba = Bancroft Library (University of California, Berkeley) 2 MS DP3 F3 (MS UCB 143) (not citedin this edition; see Askins 1991)].

1.2 Other manuscript sources of Galego-Portuguese lyric (excluding CSM; vide infra)3

Outros testemunhos manuscritos da lírica galego-portuguesa (excepto CSM; vide infra)

A = “Cancioneiro da Ajuda”, Palácio Real da Ajuda (Lisboa).C = “Tavola Colocciana” (see Gonçalves 1976a).S = Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Capa do Cart. Not. de Lisboa, N.º 7-A, Caixa 1, Maço 1,Livro 3 (see Sharrer 1991).4

Va = Biblioteca Apostolica Vaticana, cod. lat. 7182, ff. 276rº - 278rº (see Pellegrini 1959: 184--189 and cf. Sharrer 1989).

1.3 Manuscripts of the Cantigas de Santa Maria (cited from CSM) Manuscritos das Cantigas de Santa Maria (indicados segundo CSM)

E = Real Monasterio de San Lorenzo (El Escorial), MS B. I. 2.F = Biblioteca Nazionale Centrale (Firenze), Banco Rari 20.T = Real Monasterio de San Lorenzo (El Escorial), MS T. I. 1.To = Biblioteca Nacional (Madrid), cod. 10.069 (“El Toledano”).

1 For a review of work between 1800 and 1899, see Michaëlis CA (1904), vol. I, pp. 1-98. Pellegrini and Marroni (1981) providea relatively complete bibliography up until 1977 (with monographic editions until 1980). Since 1987 this has been supplementedand extended by the fascicules of the Boletín Bibliográfico de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval. There are now severalrelevant websites on the internet. The University of California hosts http://sunsite.berkeley.edu/PhiloBiblon, which is a frequentlyupdated version of BITAGAP (Bibliografia de Textos Antigos Galegos e Portugueses) Comp. Arthur L-F. Askins, Harvey L.Sharrer, Aida Fernanda Dias and Martha E. Schaffer. In PhiloBiblon, 1997-. The Centro Ramón Piñeiro has www.cirp.es; andwww.spolia.it, Informazione, studi e ricerche sul Medioevo, provides a provisional bibliography of monographic editions.2 See Introduction, 1.1.3 This list does not include the two apographs of B 416 / V 27 (a tenção between Afonso Sanchez and Vasco Martinz deResende) referred to by the sigla M and P (cf. Pellegrini and Marroni 1981: 29 and the references there).4 Designated S in the Editio Princeps (Sharrer 1991), the “Fragmento Sharrer” or “Pergaminho Sharrer” has been referred to asT (for Torre do Tombo) by Gonçalves (1991) and as L by Oliveira (1993 and elsewhere). As happened with the PergaminhoVindel, which has been called PV, R and N (cf. Oliveira 1988: 692), the siglum may, unfortunately, vary for a while.

Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado

16

500 Cantigas d’ Amigo

2. Editions, books and articles Edições, livros e artigos

abbreviations of works frequently cited not by the author’s nameabreviaturas de obras frequentemente citadas sem ser pelo nome do autor

MICHAËLIS DE VASCONCELLOS, Carolina (1904). Cancioneiro da Ajuda. Edição critica ecommentada por –. 2 vols. Halle a.S., Max Niemeyer (rpt. with “Glossário” [=Michaëlis1920], Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990).

LAPA, Manuel Rodrigues (1970). Cantigas d’escarnho e de mal dizer dos cancioneiros medievaisgalego-portugueses. Edição crítica pelo prof. –. 2nd ed. Vigo: Editorial Galaxia (1st. ed.Coimbra, Editorial Galaxia, 1965); with “Vocabulário”.

METTMANN, Walter (1959-1972). Afonso X, o Sabio. Cantigas de Santa Maria. 4 vols. [“Glossá-rio” in vol. IV]. Coimbra: Por ordem da Universidade (rpt. 2 vols. [“Glossário” in vol. II]Vigo: Ediçóns Xerais de Galicia, 1981; 2nd ed.: Alfonso X, el Sabio, Cantigas de Santa Ma-ria, Edición, introducción y notas de –. 3 vols. Madrid: Clásicos Castália, 1986-1989[cf. Parkinson 1988]).

TAVANI, Giuseppe (1967). Repertorio metrico della lirica galego-portoghese. Roma: Edizionidell’Ateneo (Officina Romanica, collana diretta da Aurelio Roncaglia, 7; Sezione distudi e testi portoghesi e brasiliani a cura di Luciana Stegagno Picchio, 5).

abbreviations of journals (cited at least 3 times)abreviaturas de revistas (mencionadas pelo menos três vezes)

ACCP Arquivos do Centro Cultural PortuguêsAION Annali dell’Istituto Universitario Orientale di Napoli – Sezione romanzaAR Archivum RomanicumBF Boletim de FilologiaBHS Bulletin of Hispanic StudiesCN Cultura NeolatinaMLR Modern Language ReviewRBN Revista da Biblioteca NacionalRHI Revista de História das IdeiasRL Revista LusitanaSMV Studi mediolatini e volgariZRPh Zeitschrift für romanische Philologie

CA =

CEM =

CSM =

Rep. =

Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado

17

500 Cantigas d’ Amigo

2.1 Facsimile editions (in order of publication)2.1 Edições fac-similadas (por ordem de publicação)

CINTRA, Luís F. Lindley (1973). (Introdução) Cancioneiro português da Biblioteca Vaticana (Cód. 4803).Reprodução fac-similada. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos & Instituto de Alta Cultura.

CINTRA, Luís F. Lindley (1982). (Apresentação) Cancioneiro da Biblioteca Nacional (Colocci-Brancuti) Cód.10991. Reprodução fac-similada. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

FERREIRA, Manuel Pedro (1986). O Som de Martin Codax. Sobre a dimensão musical da lírica galego-portuguesa(séculos XII-XIV). Por –. Prefácio de Celso Ferreira da Cunha. Lisboa: UNISYS/ Imprensa Nacional--Casa da Moeda.

RAMOS, M. A. & alii (1994). (Apresentação, Estudos e Índices) Fragmento do Nobiliário do Conde DomPedro & Cancioneiro da Ajuda. Edição Fac-similada do códice existente na Biblioteca da Ajuda. Apresentação,Estudos e Índices. Lisboa: Edições Tavola Redonda.

2.2 Editions containing the corpus of cantigas d’ amigo1 (in order of publication; abbreviations given here areused throughout the apparatus and notes)

2.2 Edições com o corpus das cantigas d’ amigo (por ordem de publicação; as abreviaturas aqui indicadas são usadas ao longo do aparato e das notas)

MONACI = Monaci, Ernesto (1875a). Il canzoniere portoghese della Biblioteca Vaticana, messo a stampa da –; conuna prefazione con facsimili e con altre illustrazioni. Halle a.S.: Max Niemeyer Editore(Communicazioni dalle Biblioteche di Roma e da altre biblioteche per lo studio delle lingue edelle letterature romanze, a cura di Ernesto Monaci, vol. I).

BRAGA = Braga, Theophilo (1878). Cancioneiro portuguez da Vaticana. Edição critica restituida sobre otexto diplomatico de Halle, acompanhada de um glossario e de uma introducção sobre ostrovadores e cancioneiros portuguezes, por –. Lisboa: Imprensa Nacional.

NUNES = Nunes, José Joaquim (1926-1928). Cantigas d’amigo dos trovadores galego-portugueses. Edição críticaacompanhada de introdução, comentário, variantes, e glossário por –. 3 vols. Coimbra: Imprensa daUniversidade (Biblioteca de escritores portugueses) (rpt. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973).

MACHADO = Machado, Elza Pacheco & Machado, José Pedro (1949-1964). Cancioneiro da BibliotecaNacional, Antigo Colocci-Brancuti. Leitura, Comentários e Glossário por –. 8 vols. Lisboa: Ediçãoda ‘Revista de Portugal’.

2.3 Monographic editions of poets with cantigas d’ amigo2.3 Edições monográficas de trovadores e jograis com cantigas d’ amigo

ALVAR, Carlos (1986). “Las poesías de Pero Garcia d’Ambroa”, SMV XXXII: 5-112.ALVAR, Manuel (1965). Las once cantigas de Juan Zorro. Granada: Universidad de Granada, 1969 (1st. ed.

Malaga; text from Cunha 1949).

1 During the revision of this edition there appeared a self-proclaimed “pirate” version of the whole corpus of GalegoPortuguese Lyric, which lifts the text (though not the critical apparatus) from previous editions of all kinds with no discerniblephilological criteria: Lírica Profana Galego-Portuguesa. Corpus completo das cantigas medievais, con estudio biográfico, análise retórica ebibliografía específica (coord. M. Brea), 2 vols. (Santiago de Compostela, 1996). While apparently convenient, it is marred bymyriad errors of all kinds and should be used only with the utmost caution.

Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

18

500 Cantigas d’ Amigo

AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de (1974). As Cantigas de Pero Meogo (Establecimento crítico dos textos,análise literária, glossário e reprodução fac-similar dos manuscritos). Rio de Janeiro: Edições Gernasae Artes Gráficas Ltda. (3rd ed. [revised] Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, 1995).

BARBIERI, Mario (1999). “Le cantigas d’amigo de Fernam Froyaz”, in (Maria José de Lancastre, SilvanoPeloso & Ugo Serani, eds.) Miscellanea in Onore di Luciana Stegagno Picchio. E vós, Tágides minhas.Viareggio-Lucca: Mauro Baroni editore. Pp. 81-99.

BELL, Aubrey F. G (1920). “The Eleven Songs of Joan Zorro”, MLR XV: 58-64.________ (1922). “The Hill Songs of Pero Moogo”, MLR XVII: 258-262.BELTRAMI, Pietro G. (1978-1979). “Pero Viviaez: Poesie d’amigo e satiriche”, SMV XXVI: 107-124.BLASCO, Pierre (1984). Les chansons de Pero Garcia Burgalês, troubadour galicien-portugais du XIIIe siècle. Introduction,

édition critique, notes et glossaire. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais.

COHEN, Rip (1991). “Reymon Gonçalves: Taking Him Back”, in Estudos Portugueses. Homenagem a LucianaStegagno Picchio. Lisboa: Difel. Pp. 37-55.

________ (1996a). Johan Garcia de Guilhade. 22 Cantigas d’Amigo. Edição crítica. Lisboa: FundaçãoCalouste Gulbenkian (suppl. to Colóquio-Letras 142).

COTARELO Y VALLEDOR, Armando (1934). Cancionero de Payo Gómez Chariño, almirante y poeta (Madrid:Librería General de Victoriano Suárez (ed. facs. con prólogo e apéndices de Enrique MonteagudoRomero. Santiago de Compostela, 1984).

CUNHA, Celso Ferreira da (1945). O cancioneiro de Paay Gómez Charinho, Trovador do século XIII. Rio deJaneiro (typescript; rpt. in Cunha 1999).

________ (1949). O cancioneiro de Joan Zorro. Aspectos lingüísticos. Texto crítico / Glossário. Rio deJaneiro (rpt. in Cunha 1999).

________ (1956). O cancioneiro de Martin Codax. Rio de Janeiro (rpt. in Cunha 1999).________ (1999). Cancioneiros dos Trovadores do Mar. edição preparada por Elsa Gonçalves. Lisboa: Im-

prensa Nacional-Casa da Moeda (filologia portuguesa, 1) [contains Cunha 1945, 1949, and 1956].

DOMINGUES, Agostinho (1992). Cantigas de João Garcia de Guilhade. Subsídios para o seu estudo linguísticoe literário. Barcelos: Edição da Câmara Municipal de Barcelos.

FERNÁNDEZ POUSA, Ramon (1959). “Cancioneiro gallego de Joán Airas, burgués de Santiago (s. XII-XIII)”, Compostellanum IV, n. 2: 231-291; and n. 4: 231-291. [Cited from Rodríguez 1980]

FERREIRA, Manuel Pedro (1986). O Som de Martin Codax. Sobre a dimensão musical da lírica galego-portugue-sa (séculos XII-XIV). Por –. Prefácio de Celso Ferreira da Cunha. Lisboa: UNISYS/ Imprensa Nacio-nal-Casa da Moeda.

FERREIRO, Manuel (1991). “A cantiga de Rodrigu’ Eanes d’Alvares. Edição crítica”, in Actas. IV Con-gresso da Associação Hispânica de Literatura Medieval, org. de Aires A. Nascimento e Cristina AlmeidaRibeiro. Lisboa. Cosmos, Vol. III, pp. 319-323.

________ (1992). As cantigas de Rodrigu’Eanes de Vasconcelos. Edición crítica con introdución, notas eglosário. Santiago de Compostela: Edicións Laiovento.

FINAZZI-AGRÒ, Ettore (1979). Il canzoniere di Johan Mendiz de Briteyros, edizione critica, con introduzione,note e glossario. L’Aquila: Japadre Editore (Romanica Vulgaria, Collezione di testi medievalidiretta da Giuseppe Tavani, 2. [Sezione A. Poesia lirica]).

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

19

500 Cantigas d’ Amigo

INDINI, Maria Luisa (1979). Bernal de Bonaval. Poesie. Bari: Adriatica Editrice (Biblioteca di FilologiaRomanza diretta da Giuseppe E. Sansone, 32).

JUÁREZ BLANQUER, Aurora (1988). Cancionero de Pero da Ponte. Granada: Ediciones TAT.

LANCIANI, Giulia (1977). Il canzoniere di Fernan Velho, edizione critica, con introduzione, note e glossario.L’Aquila: Japadre Editore (Romanica Vulgaria, Collezione di testi medievali diretta da GiuseppeTavani, 1. [Sezione A. Poesia lirica]).

LANG, Henry R. (1894). Das Liederbuch des Königs Denis von Portugal, zum ersten mal vollständigherausgegeben und mit Einleitung, Anmerkungen und Glossar versehen von –. Halle a. S.: MaxNiemeyer [rpt. Hildesheim-New York: Georg Olms Verlag, 1972]).

LOPES DE MOURA, Caetano (1847). Cancioneiro d’El Rei D. Diniz, pela primeira vez impresso sobre omanuscripto da Vaticana, com algumas notas illustrativas, e uma prefação historico-litterariapelo Dr. –. Paris: J. P. Aillaud.

MACCHI, Giuliano (l966). “Le poesie di Roy Martinz do Casal”, CN XXVI: 129-157.MAGNE, Aug. (1931). “Um trovador do período post-dionisiano. Dom Afonso Sanches [1279-1239]”,

Revista de Philologia e de Historia I: 58-88.MAJORANO, Matteo (1979). Il canzoniere di Vasco Perez Pardal. Bari: Adriatica Editrice.MARRONI, Giovanna (1968). “Le poesie di Pedr’Amigo de Sevilha”, AION X: 189-339.MÉNDEZ FERRÍN, X. L. (1966). O cancioneiro de Pero Meogo. Vigo: Galaxia.MINERVINI, Vincenzo (1974). Le poesie di Ayras Carpancho. Napoli: Pubblicazioni della Sezione Romanza

dell’ Istituto Universitario Orientale (Testi, vol. VII = AION XVI [1974]: 21-113).MONACI, Ernesto (1875b). Cantos de ledino tratti dal grande canzoniere portoghese della Biblioteca Vaticana.

Halle a.S.: Tip. d’Ehrh. Karras. 2nd ed. [cantigas d’ amigo of Johan Servando].MORABITO, Maria Teresa (1987). “Le due cantigas d’amigo di Estevan Coelho”, RBN s. 2, vol. 2 (1): 7-21.

NOBILING, Oskar (1907a). Die Lieder des Trobadors D. Joan Garcia de Guilhade (13. Jahrhundert) (doct. diss.,Univ. Bonn 1907) = As Cantigas de D. Joan Garcia de Guilhade / Trovador do Seculo XIII / Edição critica,com Notas e Introdução. Erlangen: Junge & Sohn (rpt. Romanische Forschungen XXV [1908]: 641--719; Cantigas de D. Joan Garcia de Guilhade / trovador do seculo XIII / escolhidas e annotadas por –.[Erlangen: Junge & Sohn, 1907] has only the first 38 texts).

NUNES, José Joaquim (1919-1920). “Don Pero Gómez Barroso, trovador português do século XIII”,Boletín de la Real Academia Gallega XI (1919): 265-268, 321-325 and XII (1920): 7-10.

PAGANI, Walter (1971). “Il canzoniere di Estevan da Guarda”, SMV XIX: 51-179.PANUNZIO, Saverio (1967). Pero da Ponte. Poesie. Bari: Adriatica Editrice (Biblioteca di filologia romanza

diretta da Giuseppe E. Sansone, 10) (Galego tr. [by Ramón Mariño Paz]: Pero da Ponte. Poesias. Vigo:Galaxia, 1992).

PICCAT, Marco (1995). Il Canzoniere di Don Vasco Gil. Bari: Adriatica Editrice.

RADULET, Carmen M. (1979). Estevan Fernandez d’Elvas. Il Canzoniere. Bari: Adriatica Editrice(Pubblicazioni dei seminari di Portoghese e Brasiliano della Facoltà di Lettere dell’ Universitàdi Roma e della Facoltà di Lingue dell’ Università di Bari – Studi e Testi, 2).

REALI, Erilde (1962). “Il Canzoniere di Pedro Eanes Solaz”, AION IV, 2: 167-195.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo

20

500 Cantigas d’ Amigo

________ (1964). Le ‘cantigas’ di Juyão Bolseyro. Napoli: Pubblicazioni della Sezione Romanzadell’ Istituto Universitario Orientale (Testi, vol. III = AION VI, 2 [1964]: 237-335).

RODRÍGUEZ, José Luis (1980). El cancionero de Joan Airas de Santiago. Edición y estudio. Santiago deCompostela: Universidade de Santiago de Compostela (= Verba, Anuario Galego de Filoloxia, Ane-xo 12).

SPAGGIARI, Barbara (1980). “Il canzoniere di Martim Codax”, Studi Medievali, 3ª ser. XXI, I: 367-409.SPINA, Segismundo (1983). As Cantigas de Pero Mafaldo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.STEGAGNO PICCHIO, Luciana (1975). “Filtri d’oggi per testi medievali: ‘Hu~ papagay muy fremoso’”,

ACCP IX (= Hom. M. Bataillon): 3-41 (Portuguese tr. [by Alberto Pimenta] in Stegagno Picchio1979: 27-66; French tr. [by Maï Mouniana] in Stegagno Picchio 1982, I: 7-46).

TAVANI, Giuseppe (1960). “Spunti narrativi e drammatici nel canzoniere di Joam Nunes Camanês”,AION II, 2: 47-70 (Portuguese tr. in Tavani 1988: 244-257).

________ (1964a). Lourenço, Poesie e tenzoni, edizione, introduzione e note di –. Modena: SocietáTipografica Editrice Modenese (Istituto di Filologia Romanza dell’Università di Roma; Collezionedi Testi e Manuali fondata da Giulio Bertoni e diretta da Angelo Monteverdi, 48).

________ (1964b). Le poesie di Ayras Nunez. Edizione critica, con introduzione, note e glossario.Milano: Ugo-Merendi (Collezione Internazionale di Filologia Romanza, 1) (Galego tr. [by Rosa-rio Álvarez Blanco] A Poesía de Airas Nunez. Vigo: Galaxia, 1993).

TORIELLO, Fernanda (1976). Fernand’ Esquyo. Le poesie. Edizione critica, introduzione, note e glossarioa cura di –. Bari: Adriatica Editrice (Pubblicazioni dei seminari di Portoghese e Brasiliano dellaFacoltà di Lettere dell’ Università di Roma e della Facoltà di Lingue dell’ Università di Bari).

VALLÍN, Gema (1995). Las Cantigas de Pay Soarez de Taveirós. Estudio histórico y edición de –. Bellaterra– Barcelona: Facultad de Letras, Universidad Autónoma de Barcelona (Publicaciones delSeminario de Literatura Medieval y Humanística).

VÍÑEZ SANCHEZ, Antónia (1993). Don Gonçal’ Eanes do Vinhal. Reconstrucción histórico-biográfica y edicióncrítica de su obra (doct. thesis, Univ. Cadiz).

ZILLI, Carmelo (1977). Johan Baveca. Poesie. Bari: Adriatica Editrice (Biblioteca di Filologia Romanzadiretta da Giuseppe E. Sansone, 30).

2.4 Other works (includes: monographic editions not cited in 2.3; works cited in the edition but not listed above;works considered essential or of special importance, even though not cited in the edition)

2.4 Outros estudos (incluem-se: edições monográficas que não são indicadas em 2.3; estudos citados na edição, mas não listados em cima;

trabalhos considerados essenciais ou de importância especial, mesmo que não citados na edição)

ANNICCHIARICO, Annamaria (1974). “Per una lettura del canzoniere di Johan Vaasquiz de Talaveyra”,AION XVI: 135-157.

ASENSIO, Eugenio (1970). Poética y realidad en el cancionero peninsular de la Edad Media. 2nd ed. Madrid:Gredos (1st ed. 1957) (Biblioteca Románica Hispánica II; Estudios e ensayos, 34).

ASKINS, Arthur L-F. (1991). “The Cancioneiro da Bancroft Library (previously, the Cancioneiro de um Gran-de d’Hespanha): a copy, ca. 1600, of the Cancioneiro da Vaticana”, in Actas. IV Congresso da AssociaçãoHispânica de Literatura Medieval. vol. I (Sessões Plenárias). Lisboa: Edições Cosmos. Pp. 43-47.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado

21

500 Cantigas d’ Amigo

BARBIERI, Mario (1980). “Le poesie di Roy Paez de Ribela”, SMV 27: 7-104.BELL, Aubrey F. G. (1925). The Oxford Book of Portuguese Verse. Oxford: The Clarendon Press (2nd ed. 1952).BELL, Aubrey F. G., BOWRA, C. M. & ENTWISTLE, William J. (1947). Da poesia medieval portuguesa. 2nd ed.

ampliada. Lisboa: Edição da revista Ocidente (rpt. Lisboa: 1985).BELTRAMI, Pietro G. (1974). “Pero Viviaez e l’amore per udita”, SMV XXII: 43-65.BERTOLUCCI PIZZORUSSO, Valeria (1961). “A proposito di una recente edizione di Johan Ayras de San-

tiago”, SMV IX: 71-100.________ (1962). “Le poesie di Martin Soares”, SMV XXVI: 9-160 (and separately [Bologna: Libreria

Antiquaria Palmaverde, 1963]; Galego tr. [by Ernesto Xosé González Seoane]: As Poesias de MartinSoares. Vigo: Galaxia, 1992.

BREA, Mercedes & GRADÍN, Pilar Lorenzo (1998). A Cantiga de Amigo. Vigo: Edicións Xerais de Galicia.

CARTER, Henry H. (1941). Cancioneiro da Ajuda. A Diplomatic Edition. New York-London: Modern LanguageAssociation of America/Oxford University Press (rpt. Milwood, N.J., 1975: Klaus Reprint Co.).

CASTRO, Ivo & RAMOS, Maria Ana (1986). “Estratégia e táctica da transcrição”, in Critique Textuelle Portugaise.Actes du Colloque. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais. Pp. 99-122.

CINTRA, Luís F. Lindley (1951-1990). Crónica Geral de Espanha de 1344. Edição crítica do texto portu-guês por –. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda (vol. I 1951 [1952; rpt. 1983]; vol. II 1954[rpt. 1984]; vol. III 1961 [rpt. 1984], vol. IV 1990) (Academia Portuguesa da História. FontesNarrativas da História Portuguesa).

________ (1987). “Sobre o mais antigo texto não-literário português: A Notícia de Torto (leitura críti-ca, data, lugar de redacção e comentário linguístico)”, BF XXXI (1986-87): 21-77.

COHEN, Rip (1987). Thirty-two Cantigas d’amigo of Dom Dinis: Typology of a Portuguese Renunciation.Madison: Hispanic Seminary of Medieval Studies (Portuguese Series, 1).

________ (1996b). “Dança Jurídica. I: A Poética da Sanhuda nas Cantigas d’Amigo; II: 22 Canti-gas d’Amigo de Johan Garcia de Guilhade: Vingança de Uma Sanhuda Virtuosa”, Colóquio-Letras 142: 5-50.

________ & CORRIENTE, Federico (2002). “Lelia doura Revisited”. La corónica 31.1: 19-40.CORREIA, Ângela (1992). “O refram nos cancioneiros galego-portugueses (Escrita e tipologia)”.

4 vols. (master’s thesis, Univ. Clássica de Lisboa [I: Dissertação; II: Transcrição; III Repertório:Lista por tipos; IV Repertório: Lista por autores]).

________ (1993). “Sobre a especificidade da cantiga de romaria”, RBN s. 2, 8 (2): 7-22.________ (1995). “O sistema das coblas doblas na lírica galego-portuguesa”, in (Juan Paredes, ed.)

Medieoevo y Literatura. Actas del V Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval. Granada:Universidad de Granada. Pp. 75-90.

COTARELO VALLEDOR, Armando (1933). “Los hermanos Eans Mariño, poetas gallegos del siglo XIII”,Boletín de la Academia Española XX: 5-32.

CUNHA, Celso Ferreira de (1982). Estudos de Versificação Portuguesa (Séculos XIII a XVI). Paris: Funda-ção Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Português (Civilização Portuguesa, VI).

________ (1985). Significância e Movência na Poesia Trovadoresca. Questões de Crítica Textual. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro.

________ (1986). “Sobre o texto e a interpretação das Cantigas de Martin Codax”, in Critique Textuelle Portu-gaise. Actes du Colloque. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais. Pp. 65-83.

________ (1991). “Valor das grafias -eu e -eo do século XIII ao século XVI”, in Estudos Portugueses.Homenagem a Luciana Stegagno Picchio. Lisboa: Difel. Pp. 913-927.

Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

22

500 Cantigas d’ Amigo

DE LOLLIS, Cesare (1887). “Cantigas de amor e de maldizer di Alfonso El Sabio re di Castigla”, Studjdi Filologia Romanza II: 31-66.

________ (1925). “Dalle cantigas de amor a quelle de amigo”, in Homenaje a Menéndez Pidal. Madrid:Librería y Editorial Hernando. Vol. I, pp. 617-626.

D’HEUR, Jean-Marie (1973). “Nomenclature des troubadours galiciens-portugais (XIIe-XIVe siècles). Tablede concordance de leurs chansonniers, et liste des incipit de leurs compositions”, ACCP VII: 17-100.

________ (1974). “Sur la tradition manucrite des chansonniers galiciens-portugais (Contributionà la Bibliographie générale et au Corpus des Troubadours)”, ACCP VIII: 3-43.

________ (1975a). “L’’Art de Trouver’ du Chansonnier Colocci-Brancuti. Édition et analyse”, ACCPIX: 321-398.

________ (1975b). Recherches internes sur la lyrique amoureuse des troubadours galiciens-portugais (XIIe-XIVe

siècles). Liège: Publications de la Faculté de Philosophie et Lettres de l’Université de Liège._______ (1984). “Sur la généalogie des chansonniers portugais d’ Ange Colocci”, BF XXIX (= Hom.

a Manuel Rodrigues Lapa): II, 23-43.DIAS, E. (1887). “Beiträge zu einer kritischen Ausgabe des vatikanischen portugiesischen

Liederbuches”, ZRPh XI: 42-55.DIEZ, Friedrich (1863). Über die erste portugiesische Kunst- und Hofpoesie. Bonn: Eduard Weber.DIONÍSIO, João (1992). “As cantigas de Fernan Soarez de Quinhones. Edição Crítica com introdução,

notas e glossário” (master’s thesis, Univ. Clássica de Lisboa).________ (1994). “Levad’, amigo, que dormides as manhanas frias de Nuno Fernandes Torneol”, RBN s. 2,

9 (1): 7-22.DONATI, Cesarina (1979). “Pero Goterres, cavaliere e trovatore”, in Studi francesi e portoghesi 79 (Romanica

Vulgaria Quaderni). L’Aquila: Japadre Editore. Pp. 67-92.DUTTON, Brian (1964). “ ‘Lelia Doura, Edoy Lelia Doura,’ An Arabic Refrain in a Thirteenth Century

Galician Poem?”, BHS XLI 1/3: 1-9.

FERNÁNDEZ REI, Francisco (1991). Dialectoloxía da Lingua Galega. Santiago de Compostela: EdiciónsXerais de Galicia (Universitaria / Manuais) (1st ed. 1990).

FERRARI, Anna (1979). “Formazione e struttura del canzoniere portoghese della Biblioteca Nazionaledi Lisbona (cod. 10991: Colocci-Brancuti). Premesse codicologiche alla critica del testo (Materialie note problematiche)”, ACCP XIV: 27-142.

________ (1991). “Le Chansonnier et son double”, in (Madeleine Tyssens, ed.) Lyrique romanemédiévale: la tradition des chansonniers. Actes du Colloque de Liège, 1989. Bibliothèque de la Faculté dePhilosophie et Lettres de l’Université de Liège – Fascicule CCLVIII, pp. 303-327.

________ (1993a). “Parola-rima”, in O Cantar dos Trobadores. Santiago de Compostela: Xunta deGalicia. Pp. 121-136.

_______ (1993b). “Cancioneiro da Biblioteca Nacional”, in Lanciani & Tavani 1993: 119-123.________ (1993c). “Cancioneiro da Vaticana”, in Lanciani & Tavani 1993: 123-126.FERREIRA, José de Azevedo (1987). Afonso X. Foro Real. 2 vols. (Volume 1: Edição e Estudo Linguístico;

Volume II: Glossário). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica.FERREIRA, Manuel Pedro (1991). “Relatório Preliminar sobre o Conteúdo Musical do Fragmento

Sharrer”, in Actas. IV Congresso da Associação Hispânica de Literatura Medieval. Lisboa: Edições Cos-mos. Vol. I, pp. 35-42.

________ (1998a). “A música das cantigas galego-portuguesas: balanço de duas décadas de inves-tigação (1977-1997)”, in (Derek W. Flitter & Patricia O. Baubeta, eds.) Ondas do Mar de Vigo. Actasdo Simposio Internacional sobre a Lírica Medieval Galego-Portuguesa. Birmingham: Seminario de Estudios

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo

23

500 Cantigas d’ Amigo

Galegos, Department of Hispanic Studies, University of Birmingham. Pp. 58-71 (also in CongresoO Mar das Cantigas. Santiago de Compostela: Xunta de Galicia, 1998. Pp. 235-50).

________ (1998b). “Codax Revisitado”, Anuario de Estudios Literarios Galegos: 157-168.________ (2000). “Musik und Betonung in cantigas d’amigo”, in (Thomas Cramer, John Greenfield,

Ingrid Kasten and Erwin Koller, eds.) Frauenlieder / Cantigas d’amigo. Internationale Kolloquiendes Centro de Estudos Humanísticos (Universidade do Minho), der Faculdade de Letras (Uni-versidade do Porto) und des Fachbereichs Germanistik (Freie Universität Berlin), Berlin 6.11.1998/ Apúlia 28.–30.3.1999. Stuttgart: S. Hirzel Verlag. Pp. 247-257 [= (forthcoming) “Música e Acen-tuação nas Cantigas d’Amigo”].

________ (2001). “Afinidades Musicais: As Cantigas de Loor e a lírica profana galego-portuguesa”, inMemória dos Afectos. Homenagem da Cultura Portuguesa a Giuseppe Tavani. Lisboa: Colibri. Pp. 187-205.

________ (2002). “Indícios de contactos poético-musicais entre a cultura trovadoresca e a culturaárabo-andaluza”, in Xarajib. Revista do Centro Luso-Árabe de Silves 2: 107-113.

________ (forthcoming). “The Layout of the Cantigas: A Musicological Overview”, in The Galician Review.FERREIRO FERNÁNDEZ, Manuel & MARTÍNEZ PEREIRO, Carlos Paulo (1996). Cantigas d’ Amigo. Antoloxía.

Vigo: Asociación Sócio-Pedagógica Galega.FILGUEIRA VALVERDE, Xosé (1992). Estudios sobre lírica medieval. Traballos dispersos (1925-1987). Vigo: Edito-

rial Galaxia.FINAZZI-AGRÒ, Ettore (1976). “Le due cantigas di Roy Gomez de Briteyros”, Estudos Italianos em Portugal

38-39 (1975-1976): 183-206.FONTES, Manuel da Costa (ed.) (1987). Romanceiro da Província de Trás-os-Montes. 2 vols. Coimbra: Por

ordem da Universidade.FRENK, Margit (1987). Corpus de la antigua lírica popular hispánica (siglos XV a XVII). Madrid: Editorial

Castália (Nueva Biblioteca de Erudición y Crítica) (2nd ed. 1990).

GANGUTIA ELÍCEGUI, Elvira (1972). “Poesía griega ‘de amigo’ y poesía arábigo-española”, Emerita XL, 2:329-396.

GARCÍA MOUTON, Pilar & MORENO FERNÁNDEZ, Francisco (1994). “El Atlas Lingüístico y etnográfico de Castilla--La Mancha. Materiales fonéticos de Ciudad Real y Toledo”, in (Pilar García Mouton, ed.)Geolingüística. Trabajos Europeos. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Biblio-teca de Filología Hispánica: 12). Pp. 111-153.

GASSNER, Armin (1933). “Zwanzig Lieder des Joan Ayras de Santiago”, Revista da Universidade de CoimbraXI (= Miscelânea de estudos em honra de Carolina Michaëlis de Vasconcellos): 385-418.

GONÇALVES, Elsa (1976a). La Tavola Colocciana. Autori Portughesi. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian,Centro Cultural Português (= ACCP X [1976]: 387-448).

________ (1976b). [Review of Minervini 1974] CN XXXVI: 121-128.________ (1983). [Review of A. Ferrari 1979] Romania 104: 403-412.________ (1986). “Pressupostos históricos e geográficos à crítica textual no âmbito da lírica medieval

galego-portuguesa: (1) ‘Quel da Ribera’; (2) A romaria de San Servando”, in Critique Textuelle Portugaise.Actes du Colloque. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais. Pp. 41-53.

________ (1989). “Filologia literária e terminologia musical. Martin Codaz esta non acho pontada”, inMiscellanea di studi in onore di Aurelio Roncaglia a cinquant’ anni dalla sua laurea. Modena: MucchiEditore. Pp. 623-635.

________ (1991). Poesia de Rei. Três notas Dionisinas. Lisboa: Edições Cosmos.________ (1993a). “Ateudas ata a fiinda”, in O Cantar dos Trobadores. Santiago de Compostela: Xunta

de Galicia. Pp. 67-186.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado

24

500 Cantigas d’ Amigo

________ (1993b). “Tradição manuscrita da poesia lírica”, in Lanciani & Tavani 1993: 627-632.________ (1993c). “Tavola Colocciana”, in Lanciani & Tavani 1993: 615-618._______ (1993d). “Rodrigu’Eanes de Vasconcelos”, in Lanciani & Tavani 1993: 580-582.GRÜZMACHER, W. (1865). “Zur galicischen Liederpoesie”, in Jahrbuch für romanische und englische Litteratur.

Band VI: 351-361.GUERRA, António J. R. (1991). “Contributos para a Análise Material e Paleográfica do Fragmento

Sharrer”, in Actas. IV Congresso da Associação Hispânica de Literatura Medieval. vol. I (Sessões Plená-rias). Lisboa: Edições Cosmos. Pp. 31-33.

HUBER, Joseph (1933). Altportugiesisches Elementarbuch. Heidelberg: Carl Winter (Sammlung romanischerElementar- und Händbucher, I, 8) (Port tr. [by Maria Manuela Gouveia Delille] Gramática do Por-tuguês Antigo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986).

JAKOBSON, Roman (1973). “Lettre à Haroldo de Campos sur la texture poètique de Martin Codax”, inQuestions de poétique. Paris: Seuil. Pp. 293-298 (Portuguese tr. in Reckert & Macedo [Lisboa n. d.],pp. 35-47).

JENSEN, Frede (1978). The Earliest Portuguese Lyrics. Odense: Odense University Press.

LANCIANI, Giulia (1974). “Ayras Veaz o il trovatore dimezzato”, CN XXXIV: 99-115._______ & TAVANI, Giuseppe, eds. (1993). Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa. Lisboa:

Caminho.LANG, Henry Roseman (1905). “Old Portuguese Songs”, in Bausteine zur romanischen Philologie. Festschrift

für Adolfo Mussafia. Halle a. S. Pp. 27-45.________ (1908). “Zum Cancioneiro da Ajuda”, ZRPh XXXII: 129-160, 290-311, 385-399.________ (1934). “A repetição de palavras rimantes na fiinda dos trovadores galaico-portugue-

ses”, in Miscelânea scientífica e literária dedicada ao doutor J. Leite de Vasconcellos. Coimbra: Imprensa daUniversidade.Vol. I, pp. 27-43.

LAPA, Manuel Rodrigues (1929a). Das Origens da poesia lírica em Portugal na Idade-Média. Lisboa: Ediçãodo Autor.

________ (1929b). “O texto das cantigas d’amigo”, in A Lingua Portuguesa I: 12-21, 56-66, 77-88,105--112 [cited here from rpt. in Lapa 1982].

________ (1970). Cantigas d’escarnho e de mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. Edição crítica peloprof. –. 2nd ed. Vigo: Editorial Galaxia [1st. ed. Coimbra: Editorial Galaxia, 1965] with “Vocabulário”).

________ (1982). Miscelânea de língua e literatura portuguêsa medieval. Rio de Janeiro: Instituto Nacionaldo Livro / Ministério da Educação e Cultura: 1965 (Biblioteca Científica Brasileira, Colecção deFilologia, VII) (rpt. Coimbra: Por Ordem da Universidade, 1982).

LEITE DE VASCONCELLOS, José (1905). [Review of Lang 1905] RL VIII: 223-225.LORENZO, Ramón (1977). La traduccion gallega de la Cronica General y de la Cronica de Castilla. Edición

crítica anotada, con introduccion, índice onomástico y glosario. Vol. II, Glosario. Orense: Insti-tuto de Estudios Orensanos ‘Padre Feijoo’.

MARRONI, Giovanna (1971). “Sull’entità del canzoniere di Men Rodrigues Tenoiro”, in Studi di Filologiaromanza offerti a Silvio Pellegrini. Padova: Liviana. Pp. 267-277.

MARTÍNEZ PEREIRO, Carlos Paulo (1992). As cantigas de Fernan Paez de Tamalancos. Edición crítica conintrodución, notas e glosário. Santiago de Compostela: Edicións Laiovento.

Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

25

500 Cantigas d’ Amigo

MATTOSO, José (1984). “João Soares Coelho e a gesta de Egas Moniz”, in J. Mattoso, Portugal Medieval.Novas Interpretações. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

METTMANN, Walter (1959-1972). Afonso X, o Sabio. Cantigas de Santa Maria. 4 vols [“Glossário”, in vol. 4].Coimbra: Por ordem da Universidade (rpt. 2 vols. [“Glossário” in vol. 2] Vigo: Edicións Xeraisde Galicia, 1981; 2nd ed.: Alfonso X, el Sabio, Cantigas de Santa Maria, Edición, introducción y notasde –. 3 vols. Madrid: Clásicos Castália, 1986-1989 [cf. Parkinson 1988]).

MICHAËLIS DE VASCONCELLOS, Carolina (1895a). “Zum Liederbuch des Königs Denis von Portugal”,ZRPh XIX: 513-541.

________ (1895b). “Fragmentos etymológicos”, RL III: 129-190.________ (1904). Cancioneiro da Ajuda. Edição critica e commentada por –. 2 vols. Halle a. S., Max Niemeyer

(rpt. with “Glossário” [= Michaëlis 1920], Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990).________ (1911-1913). Lições de Filologia Portuguesa, segundo as prelecções feitas aos cursos de 1911/12 e

de 1912/13. Seguidas das Lições Práticas de Português Arcaico. Lisboa: Dinalivro, n.d. (rpt.).________ (1920). “Glossário do Cancioneiro da Ajuda”, RL XXIII: 1-95.MOLTENI, Enrico (1880). Il canzoniere portoghese Colocci-Brancuti, pubblicato nelle parti che completano il codice vaticano

4803. Halle a. S.: Max Niemeyer (Communicazioni dalle Biblioteche di Roma e da altre bibliotecheper lo studio delle lingue e delle letterature romanze, a cura di Ernesto Monaci, vol. II).

MONACI, Ernesto (1873). Canti antichi portoghesi tratti dal codice vaticano 4803 con traduzione e note a curadi –. Imola: Tip. D’Ignazio Galeati e F.

MONTERO, Xesús Alonso (1991). “Fortuna literaria de Meendiño”, in Estudos Portugueses. Homenagem aLuciana Stegagno Picchio. Lisboa: Difel. Pp. 86-109.

MONTERO SANTALHA, José-Martinho (1992). “A cantiga ‘Dissérom-m’ hoj’, ai amiga, que nom’ (B 838, V [424]),de Paai Gõmez Charinho († ca. 1295), e a expressom jogar bem/mal (a alguém)”, Agália 29: 61-102.

NOBILING, Oskar (1903). “Zur Interpretation des Dionysischen Liederbuchs”, ZRPh XXVII: 186-192.________ (1907b). “Zu Text und Interpretation des «Cancioneiro da Ajuda»“, Romanische Forschungen

XXIII (= Mélanges Chabaneau): 339-385.________ (1908). [Review of Michaëlis 1904] Archiv für das Studium der neueren Sprachen und Literaturen

LXII, 121, n.s. XXI: 197-208.NUNES, José Joaquim (1959). Crestomatia arcaica. Excertos da literatura portuguesa desde o que de

mais antigo se conhece até ao século XVI, acompanhados de introdução gramatical, notas eglossário. 5th ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora (1st ed. 1906).

________ (1932). Cantigas d’amor dos trovadores galego-portugueses. Edição crítica acompanhada de in-trodução, comentário, variantes, e glossário por –. Coimbra: Imprensa da Universidade (Bibli-oteca de escritores portugueses) (rpt. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1972).

________ (1975). Compêndio de gramática histórica portuguesa (Fonética e morfologia). 8th ed. Lisboa: Livra-ria Clássica Editora.

OLIVEIRA, António Resende de (1987). “A cultura trovadoresca no ocidente peninsular: trovadores ejograis galegos”, Biblos LXIII: 1-22.

________ (1988). “Do Cancioneiro da Ajuda ao Livro das Cantigas do Conde D. Pedro. Análise doacrescento à secção das cantigas de amigo de Ω”, RHI 10: 691-751.

________ (1989). “A Galiza e a cultura trovadoresca peninsular”, RHI 11: 7-36.________ (1993). “A caminho de Galiza. Sobre as primeiras composições em galego-português”,

in O Cantar dos Trobadores. Santiago de Compostela: Xunta de Galicia. Pp. 249-260 (rpt. in Olivei-ra 2001b: 65-78).

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

26

500 Cantigas d’ Amigo

________ (1994). Depois do Espectáculo Trovadoresco. a estrutura dos cancioneiros peninsulares e asrecolhas dos séculos XIII e XIV. Lisboa: Edições Colibri (Colecção: Autores Portugueses).

________(1995). Trobadores e Xograres. Contexto histórico. (tr. Valentín Arias) Vigo: Edicións Xeraisde Galicia (Universitaria / Historia crítica da literatura medieval).

________ (1997a). “Arqueologia do mecenato trovadoresco em Portugal”, in Actas do 2º CongressoHistórico de Guimarães, pp. 319-327 (rpt. in Oliveira 2001b: 51-62).

________ (1997b). “História de uma despossessão. A nobreza e os primeiros textos em galego--português”, in RHI 19: 105-136.

________ (1998a). “Le surgissement de la culture troubadouresque dans l’occident de la PéninsuleIbérique (I). Compositeurs et cours”, in (Anton Touber, ed.) Le Rayonnement des Troubadours,Amsterdam. Pp. 85-95 (Internationale Forschungen zur allgemeinen und vergleichendenLiteraturwissenschaft) (Port. version in Oliveira 2001b: 141-170).

________ (1998b). “Galicia trobadoresca”, in Anuario de Estudios Literarios Galegos 1998: 207-229 (Port.Version in Oliveira 2001b: 97-110).

________ (2001a). Aventures i Desventures del Joglar Gallegoportouguès (tr. Jordi Cerdà). Barcelona:Columna (La Flor Inversa, 6).

________ (2001b). O Trovador galego-português e o seu mundo. Lisboa: Notícias Editorial (ColecçãoPoliedro da História).

________ & RIBEIRO MIRANDA, José Carlos (1997). “A segunda geração de trovadores galego-portu-gueses: temas, formas e realidades”, in (Juan Paredes Nunes, ed.) Medioevo y literatura. Actas delV Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval III. Granada: Universidad de Granada.Pp. 499-512 (rpt. in Oliveira 2001b: 97-110).

PANUNZIO, Saverio (1971). “Per una lettura del canzoniere amoroso di Roy Queimado”, SMV XIX:181-209.

PARKINSON, Stephen (1987). “False Refrains in the Cantigas de Santa Maria”, Portuguese Studies 3: 22-55.________ (1991). [review of W. Mettmann, Cantigas de Santa Maria (Cantigas 101-260), vol. II (Madrid:

Castália, 1988)] MLR 86: 489-490.________ (1993). “Os tabeliães de 1290. O inquérito linguístico dionisíaco” (paper given at Univ.

Nova de Lisboa, 25 June 1993).________ (1997). “Editions for Consumers: Five Versions of a Cantiga de Santa Maria”, in (Benigno

Fernández Salgado, ed.) ACTAS, IV Congreso Internacional de Estudios Galegos, Universidade de Oxford,26-28 Setembro 1994. Oxford: Oxford Centre for Galician Studies. Pp. 57-75.

________ (1999). “Two for the price of one: on the Castroxeriz Cantigas de Santa Maria”, in (Derek W.Flitter & Patricia Odber de Baubeta, coord.) Ondas do Mar de Vigo. Actas do Simpósio Internacionalsobre a Lírica Medieval Galego-Portuguesa. Birmingham: Seminario de Estudios Galegos, Departmentof Hispanic Studies, University of Birmingham. Pp. 72-88.

________ (2000a). “Phonology and Metrics: Aspects of Rhyme in the Cantigas de Santa Maria”, in(Alan Deyermond, ed.) Proceedings of the tenth Colloquium of the Medieval Hispanic Research Seminar.London: Dept. of Hispanic Studies, Queen Mary and Westfield College. Pp. 131-144.

_______ (2000b). “Layout and Structure of the Toledo Manuscript of the Cantigas de Santa Maria”, in(Stephen Parkinson, ed.) Cobras e Son. Papers on the Text, Music and Manuscripts of the Canti-gas de Santa Maria. Oxford: Legenda. Pp. 133-153.

_______ (2000c). “Layout in the Códices Ricos of the Cantigas de Santa Maria”, Hispanic Research Journal 1:243-274.

PELLEGRINI, Silvio (1928). “I lais portoghesi del codice Vaticano. lat. 7182”, AR XII: 303-317 (rpt. inPellegrini 1959: 184-199).

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

27

500 Cantigas d’ Amigo

________ (1930). AR XIV: 275-322.________ (1933). “Appunti su una canzone di re Dionigi e sulla fortuna di ‘Occasio’ nella penisola

iberica”, AR XVI: 439-459 (rpt. in Pelligrini 1959: 141-160).________ (1936). “Malmaritate inesistenti nel Canzoniere di Joan Airas,” BF IV: 79-82 (rpt. in Pellegrini

1959: 129-133).________ (1959). Studi su trove e trovatori della prima lirica ispano-portoghese. seconda edizione riveduta e

aumentata. Bari: Adriatica Editrice (Biblioteca di filologia romanza diretta da Giuseppe E.Sansone, 3) (1st ed. Torino: Casa Editrice Giuseppe Gambino,1937).

________ (1969). Il canzoniere di D. Lopo Liáns. Napoli: Pubblicazioni della Sezione Romanza dell’Istituto Universitario Orientale (Testi, vol. IV = AION XI [1969]: 155-192; rpt. in Pellegrini1977: 44-82).

________ (1977). Varietà Romanze. Bari: Adriatica Editrice (Biblioteca di Filologia Romanza direttada Giuseppe E. Sansone, 28).

PELLEGRINI, Silvio & MARRONI, Giovanna (1981). Nuovo repertorio bibliografico della prima lirica galego-portoghese(1814-1977). L’Aquila: Japadre Editore (Romanica vulgaria. Collezione di testi medievali romanzidiretta da Giuseppe Tavani, 3).

PICCAT, Marco (1989). “Le cantigas d’amor di Bonifacio Calvo”, ZRPh 105: 161-177.PIEL, Joseph-Maria (1989). Estudos de Linguística Histórica Galego-Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacio-

nal-Casa da Moeda (Estudos Gerais/Série Universitária).

RAMOS, Maria Ana (1984). “A transcrição das fiindas no Cancioneiro da Ajuda”, BF XXIV (= Hom. aManuel Rodrigues Lapa): II, 11-22.

________ (1988). “Um provençalismo no Cancioneiro de Ajuda: senner”, in Homenagem a Joseph M.Piel por ocasião do seu 85° aniversário. Tubingen: Max Niemeyer. Pp. 621-637.

________ (1989). “Tradições gráficas nos manuscritos ibéricos da lírica galego-portuguesa”. Actesdu XVIIIème Congrès International de Linguistique et de Philologie Romanes, Trier, 1986, publiées par M. D.Kremer. Tübingen: Max Niemeyer Verlag. Tome 6, pp. 37-48.

________ (1993). “Cancioneiro da Ajuda”, in Lanciani & Tavani 1993: 115-117.________ (1994). “O Cancioneiro da Ajuda. História do Manuscrito, Descrição e Problemas”, in Can-

cioneiro da Ajuda [ed. fac.]. Apresentação, Estudos e Índices. Lisboa: Edições Tavola Redonda. Pp. 27-47.________ (1995). “A separação silábica na cópia da poesia lírica galego-portuguesa. Outro indício

de antecedentes musicais”, in Miscelânea de Estudos Linguísticos, Filológicos e Literários in MemoriamCelso Cunha. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. Pp. 703-719.

RECKERT, Stephen & MACEDO, Helder (1996). Do cancioneiro de Amigo. 3rd ed. [without Jakobson 1973]Lisboa: Assírio e Alvim (documenta poética / 3) (2nd ed. Lisboa n.d.; 1st ed. Lisboa 1976).

RODRIGUES, Isabel (1998). “As fiindas das Cantigas d’Amigo de Johan Airas de Santiago” [unpublishedseminar paper, Univ. Nova de Lisboa].

RONCAGLIA, Aurelio (1984). “Ay flores, ay flores do verde pino”, in BF XXIV (= Hom. a Manuel RodriguesLapa): II, 1-9.

RUGGIERI, Jole (1927). “Le varianti del canzoniere portoghese Colocci-Brancuti nelle parti comuni alCodice Vaticano 4803”, AR XI: 459-510.

RUSSO, Mariagrazia (1990). “Il personaggio storico Pero de Veer”, CN L (1-2): 165-194.

SANSONE, Giuseppe (1954). “Note testuali ad una nuova edizione del canzoniere Portoghese Colocci--Brancuti”, Filologia romanza 1, 1: 89-101 (rpt. in G. Sansone, Saggi Iberici [Bari: Adriatica Editrice,1974], pp. 271-293.)

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

28

500 Cantigas d’ Amigo

SHARRER, Harvey L. (1989). “La materia de Bretaña en la poesía gallego-portuguesa”, in (Vicente Beltrán,ed.) Actas del I Congresso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval. Barcelona: PPU. Pp. 561-569.

________ (1991). “Fragmentos de Sete Cantigas d’Amor de D. Dinis, Musicadas – uma Descoberta”,in Actas. IV Congresso da Associação Hispânica de Literatura Medieval. Lisboa: Edições Cosmos. Vol. I(Sessões plenárias), pp. 13-29.

SIMÕES, Manuel (1991). Il Canzoniere di D. Pedro, Conte di Barcelos. edizione critica, con introduzione,note e glossario. L’Aquila: Japadre Editore (Romanica Vulgaria, Collezione di testi medievalidiretta da Giuseppe Tavani, 8 [Sezione A. Poesia lirica]).

SPAGGIARI, Barbara (1980). “Un esempio di struttura poetica medievale: Le cantigas de amigo diMartin Codax”, ACCP XV: 749-839.

SPAMINATO BERETTA, Margherita (1962). Fernan Garcia Esgaravunha. Canzoniere. Edizione critica a cura di –.Napoli: Liguori Editore (Romanica Neapolitana a cura di Francesco Bruni e Alberto Várvaro, 19).

STEGAGNO PICCHIO, Luciana (1962). “Le poesie d’amore di Vidal, giudeo di Elvas”, CN XXII: 40-61(Portuguese tr. in Stegagno Picchio 1979: 68-93; French tr. in Stegagno Picchio 1982, I: 63-90).

________ (1968). Martin Moya. Le Poesie. Edizione critica, introduzione, commento e glossario acura di –. Roma: Edizioni dell’ Ateneo (Officina Romanica, collana diretta da Aurelio Roncaglia,11; Sezione di studi e testi portoghesi e brasiliani a cura di Luciana Stegagno Picchio, 6).

________ (1979). A Lição do texto. Filologia e Literatura. I – Idade Média. Lisboa: Edições 70.________ (1980). “Sulla Lirica Galego-Portoghese: un Bilancio”, in (Jean Marie d’Heur & Nicoletta

Cherubini, eds.) Études de Philologie Romane et d’Histoire Littéraire offertes à Jules Horrent (Liège). Pp. 333--350 (French tr. in Stegagno Picchio 1982, I: 121-145).

________ (1982). La Méthode philologique. Écrits sur la littérature portugaise. 2 vols. Paris: Fundação CalousteGulbenkian, Centro Cultural Português (Civilização Portuguesa, V).

________ (1986). “Lírica galego-portuguesa: um nome e um estilo poético”, in Actas. I CongressoInternacional de Língua galego-portuguesa na Galiza. Ourense: AGAL. Pp. 647-661.

________ (1991). “Para una nueva interpretación de la pastorela gallego-portuguesa”, in Actas.II Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval. Alcalá de Henares: Universidade deAlcalá de Henares. Vol. I, pp. 89-102.

STORCK, Wilhelm (1885). Hundert altportugiesische Lieder. Zum ersten Male deutsch von –. Paderbornund Münster.

TAVANI, Giuseppe (1959). “LER. Per una correzione congetturale alle cantigas de amigo CV 246 = CB645 e CV 754 = CB 1151-1152”, CN XIX: 251-264 (rpt. in Tavani 1988a: 361-376).

________ (1963). “Appunti sulla grafia e la pronuncia del portoghese medievale. I: Moirer-morrer”,Convivium XXXI: 214-216.

________ (1967a). Repertorio metrico della lirica galego-portoghese. Roma: Edizioni dell’Ateneo (OfficinaRomanica, collana diretta da Aurelio Roncaglia, 7; Sezione di studi e testi portoghesi e brasiliania cura di Luciana Stegagno Picchio, 5).

________ (1967b). “La tradizione manoscritta della lirica galego-portoghese”, CN XXVII: 41-49.________ (1969). Poesia del Duecento nella Penisola Iberica. Problemi della lirica galego-portoghese. Roma:

Edizioni dell’Ateneo (Officina Romanica, collana diretta da Aurelio Roncaglia, 12; Sezione distudi e testi portoghesi e brasiliani a cura di Luciana Stegagno Picchio, 7).

________ (1979). “A proposito della tradizione della lirica galego-portoghese”, Medioevo RomanzoVI: 372-418.

________ (1980). “La Poesia lirica galego-portoghese”, in Les Genres lyriques (tome 1, fasc. 6. of Grundrissder Romanischen Literaturen des Mittelalters, II. Heidelberg, Carl Winter Universitätsverlag (Galego tr.

Willamy
Sublinhado
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

29

500 Cantigas d’ Amigo

[by Rosario Àlvarez Blanco e Henrique Monteagudo]: A poesia lírica galego-portuguesa. Vigo: EditorialGalaxia, 1986; Portuguese tr. [by Isabel Tomé and Emídio Ferreira]: A Poesia Lírica Galego-Portugue-sa. Lisboa: Comunicação, 1990).

________ (1988a). Ensaios Portugueses. Filologia e Linguística. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.________ (1988b). “Proposta para unha nova lectura da cantiga de Mendinho”, Grial XXVI: 59-61.________ (1999). Arte de Trovar do Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa. Introdução, Edição crítica

e Fac-símile. Lisboa: Edições Colibri.

VARNHAGEN, F. A. de (1872). Cancioneirinho de trovas antigas colligidas de um grande cancioneiro da Bibliothecado Vaticano, precedido de uma noticia critica do mesmo grande cancioneiro, com a lista detodos os trovadores que comprehende, pela maior parte portuguezes e gallegos. Vienna:[Typographia I. E. R. do E. E. da Corte] 1870; 2nd ed. Vienna, 1872.

VATTERONE, Sergio (1988). “Appunti sul testo delle due Cantigas di Caldeyron”, SMV XXXIV: 155-181.

WEISS, Julian (1988). “Lyric Sequences in the Cantigas d’amigo”, BHS LXV: 21-37.WILLIAMS, Edwin B. (1962). From Latin to Portuguese. 2nd ed. Philadelphia: University of Pennsylvania

Press (1st ed. Philadelphia, 1938).

3. Dictionaries and lexica3. Dicionários e léxicos

COROMINAS = Joan Corominas, Diccionário Crítico-Etimológico Castellano e Hispánico. con la colaboraciónde José A. Pascual. 5 vols. Madrid: Editorial Gredos, 1984-1991.

HALOT = The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament by Ludwig Koehler and Walter Baumgartner,subsequently revised by Walter Baumgartner and Johann Jakob Stamm, with assistance fromBenedikt Hartmann, Ze’ev Ben-Hayyim, Eduard Yechezkel Kutscher, Phillipe Reymond. 5 vols.Leiden, New York, Köln: E. J. Brill, 1994-2000.

LEHMANN = Lehmann, Winfred P., A Gothic Etymological Dictionary. Based on the third edition ofVergleichendes Wörterbuch der Gotischen Sprache by Sigmund Feist. By Winfred P. Lehmann, withbibliography prepared under the direction of Helen-Jo J. Hewitt. Leiden: E. J. Brill, 1986.

LIV = Lexicon der Indogermanischen Verben. Die Wurzeln und ihre Primärstammbildungen. Unter Leitung vonHelmut Rix und der Mitarbeit vieler anderer, bearbeitet von Martin Kümmel, Thomas Zehnder,Reiner Lipp, Brigitte Schirmer. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag, 1998.

LSJ = A Greek-English Lexicon compiled by Henry George Liddell and Robert Scott, revised and augmentedthroughout by Sir Henry Stuart Jones with the assistance of Roderick McKenzie and with thecooperation of many scholars. With a revised supplement. Oxford: At the Clarendon Press, 1996.

MACHADO, Dicionário = José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa com a maisantiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 3rd ed., 5 vols.Lisboa: Livros Horizonte, 1977 (1st ed. 1952).

NIERMEYER = Mediae Latinitatis Lexicon Minus. Lexique Latin Médiévale-Français/Anglais. A MedievalLatin-French/English Dictionary. composuit J. F. Niermeyer, perficiendum curavit C. van de Kieft.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

30

500 Cantigas d’ Amigo

Abbreviationes et index fontium composuit C. van de Kieft, adiuvante G. S. M. M. Lake-Schoonebeek. Leiden-New York-Köln: E. J. Brill, 1993 (1st ed. 1976).

OED = The Compact Edition of the Oxford English Dictionary. Complete text reproduced micrographically.2 vols. Oxford: Clarendon Press, 1971.

OLD = Oxford Latin Dictionary. ed. P. G. W. Glare. Oxford: Clarendon Press, 1983.

REW = Romanisches etymologisches Wörterbuch von W. Meyer-Lübke. Heidelberg: Carl WinterUniversitätsverlag, 1992 [1934]).

53

500 Cantigas d’ Amigo

INTRODUÇÃO

O corpus das 500 cantigas d’ amigo, compostas entre 1220 e 13501, por um total de 88 poetas, éo maior corpus de poesia amorosa de voz feminina que sobreviveu da Europa medieval e antiga.Oferece um campo ainda pouco explorado para o estudo da voz feminina, ou seja, do discurso, dodireito, da sexualidade, da mentalidade (por muito que essa voz possa ser manipulada, os aspec-tos arcaicos destes poemas, a nível social, linguístico e musical, sugerem que essa voz é genuínanas suas origens).2 Além disso, muitos estudiosos defenderam que entre as cantigas d’ amigo hásequências organizadas para execução. Se elas existem – e acredito que possa ser demonstradoque sim – estas seriam as primeiras sequências de cantigas amorosas em qualquer língua vernáculana história da literatura europeia, providenciando uma oportunidade única para estudar a evolu-ção de uma forma de arte lírico-dramática a partir das suas partes constituintes, algo com queAristóteles aparentemente apenas podia sonhar.

Assim, lemos cantigas d’ amigo não apenas porque as achamos belas, musicais, engenhosas,eróticas, bem delineadas, mas porque são a fonte principal para um capítulo ainda por escreverna história da cultura europeia. Mas isso será assunto para uma outra ocasião.3 Aqui direi, tãobrevemente quanto possível, quais as suas fontes, quando e como foram editadas até hoje ecomo as tratei nesta edição.

1. Corpus, manuscritos e edições1.1. Corpus e manuscritos

As 500 cantigas d’ amigo medievais galego-portuguesas sobreviveram (depois de cerca de 200anos de amnésia generalizada que seguiu o seu desaparecimento do palco cultural e político c. 1350)num manuscrito (de estrutura complicada, talvez não um único manuscrito mas um complexo devários) agora perdido, do qual possuímos dois testemunhos, ambos grandes cancioneiros:

B = cod. 10991, Biblioteca Nacional, Lisboa; redescoberto em 1878 na biblioteca do CondePaolo Brancuti di Cagli, anteriormente e ainda chamado Colocci-Brancuti (Monaci, em Molteni1880; Michaëlis, CA, vol. II, p. 48-54; Ferrari 1979, 1993b);

V = cod. lat. 4803, Biblioteca Apostolica Vaticana; redescoberto c. 1840 entre os pertencesda Biblioteca do Vaticano (Michaëlis, CA, vol. II, pp. 15-16; Ferrari 1993c).

1 Nenhuma cantiga d’ amigo pode ser datada com segurança antes de 1220 e a maior parte dos poetas em relação a quemtemos datas confiáveis estavam activos entre c. 1225 e c. 1285. A morte de D. Dinis, em 1325, põe um terminus ante quem nassuas composições, mas estas provavelmente datam de muito mais cedo. Assim, podemos dizer que praticamente todo ocorpus foi composto entre c. 1220 e c. 1300 (Oliveira 1998b).2 Ferreira (1986; 2000: 249) salienta aspectos musicais arcaicos; alguns desses aspectos sociais e formais já tinham sidoapontados por Lang (1894: lxiii-ciii). Apesar das atribuições e do papel dos homens como compositores, executantes eescribas, estes não podem ser donos de uma tradição poética que foi passando de mães para filhos durante séculos. Algunsdesses filhos presumivelmente foram estes autores.3 Algumas das minhas opiniões sobre a poética das cantigas d’ amigo foram já abordadas em Cohen 1996b. O trabalho quetenho desenvolvido sobre este assunto, para fazer sentido, tem que esperar pela publicação desta edição.

Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto

54

500 Cantigas d’ Amigo

O humanista italiano Angelo Colocci (1474-1549) mandou copiar estes dois manuscritos, certamentedepois de 1504, possivelmente cerca de 1525-1526 (Ferrari 1979, Gonçalves 1986: 41-45). Anna Ferrari(1979) analisou B, mas continua por realizar [2001] um estudo codicológico de V (ver Ferrari 1993c).

C = “Autori portughesi”, in cod. lat. 3217, Biblioteca Apostolica Vaticana, é um index queColocci fez de B. Chamado por essa razão La Tavola Colocciana, transcrito primeiro por ErnestoMonaci (1875a), foi objecto de um estudo exaustivo por Elsa Gonçalves (1976a). A Tavola éimportante, não por fixar os textos (não possui nenhum), mas como evidência para a atri-buição e soletração de nomes, especialmente para os nomes dos poetas cujo trabalhodesapareceu, e o número de poemas a eles atribuído, em partes da tradição manuscritapara as quais é o nosso único testemunho.

Há também uma cópia de V feita entre 1592 e 1612, que reapareceu em 1983 e foi adquiridapela Universidade da Califórnia, Berkeley, onde está depositada na Bancroft Library. Este manus-crito, como Arthur Askins (1991) demonstrou, é um descriptus parcial e imperfeito de V. Sem auto-ridade independente, não é citado nesta edição.1

Nem V nem B contêm o corpus inteiro das cantigas d’ amigo: em cada manuscrito faltam algunstextos que se encontram no outro.

Sete cantigas d’ amigo encontram-se apenas em B:

B 47 no f.15 vº (Fernan Figueira de Lemos);B 265 no f.68vº (Roi Queimado);B 332 no f.77rº (Rodrig’ Eanes Redondo);B 368 no f.84rº (Rodrig’ Eanes de Vasconcelos);B 373 no f.85rº (Pero Mafaldo);B 383 no f.86rº (Pero Mafaldo);B 456 no f.101rº (El Rey Don Affonso de Leon).

Para nove cantigas d’ amigo e grande parte de uma pastorela, V é o nosso único testemunho:2

V 554 no f.87v° (uma pastorela de Johan Airas; B 967, f.209r°, termina no v. 5 Apertandosse);V 590, vv. 4-14 em f.94rº (Roi Marti~iz d’ Ulveira; B 1001 f.216v° termina no v. 3);V 591 no f.94rº (Roi Marti~iz d’ Ulveira);V 594 no f.94vº (Johan Airas);V 595 nos ff.94vº-95rº (Johan Airas);V 596 no f.95rº (Johan Airas);V 597 no f.95rº (Johan Airas);V 598 no f.95rº-vº (Johan Airas);V 599 no f.95vº (Johan Airas);V 600 no f.95vº (Johan Airas).

1 Contudo, pode oferecer algumas leituras de V melhores do que as que estavam à diposição de Monaci, uma vez que atinta corrosiva usada ao copiar V danificou o manuscrito. A descrição de Askins indica que é improvável que lance mais doque uma luz apenas superficial em problemas textuais específicos. As cópias que observei confirmam-no.2 Dois fólios foram arrancados de B entre 216vº e 217rº. O texto termina depois do v. 3 de B 1001 (= V 590) e recomeça como v. 3 de B 1012 (= V 602).

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto

55

500 Cantigas d’ Amigo

Muitas letras e palavras, algumas frases e versos e até algumas estrofes inteiras que estão pre-sentes num manuscrito faltam no outro. Todas essas omissões são referidas no aparato crítico.

Os sete poemas de Martin Codax são também transmitidos (e na mesma ordem) pelo Pergami-nho Vindel, ms. 979, Pierpont Morgan Library, Nova Iorque, siglum N. Descoberto em 1913 e sendoprovavelmente um manuscrito de fins do século XIII ou princípios do XIV, o famoso pergaminho –um documento único na filologia românica – não esteve acessível aos estudiosos desde 1922até ao seu reaparecimento, de forma algo dramática, meio século depois (Ferreira 1986: 61, n. 1;cf. Pellegrini & Marroni 1982: 25, n. 4). Foi adquirido em 1977 pela Morgan Library. Manuel PedroFerreira publicou um estudo de N em 1986 e a sua análise, recentemente actualizada, é funda-mental para o entendimento da música.1

Assim, as nossas fontes para as cantigas d’ amigo são B e V, com a ajuda inestimável de N nocaso de Martin Codax. O stemma codicum tem sido disputado, mas parece agora claro que tanto Bcomo V são cópias de um único exemplar (ver Gonçalves 1993b).

Chegar a esta conclusão não foi um processo rápido, mesmo depois da edição da Tavola Coloccianapor Elsa Gonçaves (1976) e da análise codicológica de B por Anna Ferrari (1979). Tanto estas estudio-sas (Gonçalves 1983: 412 e Ferrari 1991: 322) como Jean Marie D’Heur (1984: 23-43) rejeitaram depoiso stemma de Tavani e substituíram-no por um stemma mais simples que irmana os manuscritos B e V.2

Entretanto, a estrutura interna da tradição manuscrita, a cronologia e geografia dos poetas e oseu contexto social e político foram investigados e analisados num livro importante (1994; vertambém 1995 [e agora 2001]) e numa série de artigos (1987, 1988, 1989, 1993, 1995, 1997a, 1997b,1998a, 1998b [ver agora 2001a]) por António Resende de Oliveira.

1.2 Edições

Ernesto Monaci publicou uma transcrição paleográfica de V em 1875 (Monaci 1875a).Usando esse texto, excelente mas não sem erros, Teophilo Braga produziu uma “edição crítica” de

V, muito fraca, em 1878. Embora os seus erros e defeitos desafiem qualquer descrição (e diz-se teremenraivecido Monaci), não é totalmente desmerecedora (como mostra o aparato desta edição).

A transcrição de Enrico Molteni das partes de B que não estão em V (Molteni 1880) contémapenas sete cantigas d’ amigo (as listadas acima como exclusivas de B). Até agora não surgiunenhuma transcrição paleográfica completa de B.3

1 Antes denominado PV ou R (por Pellegrini e outros, na suposição incorrecta de se tratar de um rótulo [Ferreira diz que éuma “folha volante morfologicamente distinta, mas funcionalmente equivalente” aos rótulos mencionados em BV]), ojustamente famoso Pergaminho Vindel irá ser aqui referido como N (por Nova Iorque, a sua actual localização) por razõespráticas, para evitar confusões com V. No que diz respeito à relação entre a tradição representada por BV e a representadapor N, ver Cunha 1986: 65-83 (argumentando contra Spaggiari 1980; ver também o prefácio de Cunha a Ferreira 1986). (Veragora Ferreira 1998b, com uma importante crítica relativamente ao seu trabalho anterior.)2 O trabalho sobre o stemma começa com Monaci 1875a, e novamente Monaci em Molteni 1880, seguido por Michaëlis CA,vol. II, pp. 210-226, 286-288, até ao trabalho de Tavani e D’Heur. Tavani nunca encurtou o seu volumoso stemma, apesar dosprotestos de D’Heur. Para o stemma e descrição dos manuscritos ver Gonçalves 1993b, 1993c e Ferrari 1993b, 1993c. Para oCancioneiro da Ajuda, ver Ramos 1993, 1994.3 J. Ruggieri 1927, a única comparação disponível das variantes de grande parte de B não transcritas por Molteni, foi“condotto su la copia fotografica del codice posseduta dalla Biblioteca Nazionale di Roma” (1927: 460) e é provavelmentepor essa razão que padece de tantos erros.

Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

56

500 Cantigas d’ Amigo

Elza Pacheco Machado e José Pedro Machado publicaram, entre 1949 e 1964, uma edição semi-diplomática, semicrítica, de B. Embora justamente criticada por “graves defeitos” (Cintra 1983) e ridi-cularizada desde o início (por exemplo, por Sansone 1954) como bizarra e híbrida, oscilando entreuma transcrição e uma edição crítica1, é de longe em longe a única com a leitura correcta.2 Tem sidodito, de forma cruel, que o seu maior contributo foi a publicação, pela primeira vez, de fotografias domanuscrito. Quaisquer que sejam os seus méritos e defeitos, não é uma transcrição de B.

Portanto, a edição de V feita por Monaci é uma transcrição paleográfica; a edição dos Macha-dos de B não é nem uma transcrição nem uma edição crítica. A edição “crítica” de Braga é agora deinteresse sobretudo para os estudiosos da história do texto. Deve ser sublinhado que Braga nãoesperou para ver as leituras de B, o que lhe teria permitido corrigir centenas de erros em V; em vezdisso apressou-se a publicar o seu livro no mesmo ano em que B foi descoberto (1878).

O único texto de (quase) todas as cantigas de amigo que se autoproclama de edição críticabaseada em B e V – e N para Codax – é o de José Joaquim Nunes: Cantigas d’amigo dos trovadores galego--portugueses. Edição crítica acompanhada de introdução, comentário, variantes, e glossário por –. 3 vols. (Coimbra:Imprensa da Universidade, 1926-1928). Bastante citada, é demasiadas vezes de pouca confiança,eivada de centenas de erros tanto no texto (vol. II) como no aparato (“Variantes”, no vol. III, pp. 441--573).3 Apesar de tudo representou, falando de modo geral, um avanço no seu tempo.4

Nunes não inclui uma cantiga d’ amigo (B 368 [=Rodrig’ Eanes de Vasconcelos-4], emboraTavani diga [1986: 321] que este poema pode ser interpretado como uma cantiga d’ amor homos-sexual ou como um diálogo entre um homem e uma mulher). Omite também Guilhade-9 (B [748bis]/ V 351), que pertence às cantigas d’ amigo daquele poeta, mesmo que não seja em si mesma umacantiga d’ amigo (dado que é parte de uma sequência organizada na qual tem um importantepapel estrutural; ver Cohen 1996a, 1996b: 27-36). Por outro lado, Nunes inclui correctamente Di-nis-21 (B 572/ V 176), apesar de ser o rapaz quem começa o diálogo (cf. Cohen 1987: 104 [n. 7] e113 [n. 36]).

1 No vol. VIII, pp. 473-474, os Machados respondem numa “Autocrítica”, que termina com estas palavras poucotranquilizadoras: “certo crítico italiano achou-a [scil. edição] cómica, o que redobra a sua utilidade em função do diverti-mento proporcionado” (p. 474).2 Ocasionalmente os Machados destacam-se como os únicos editores com a leitura correcta, por lerem acertadamentecom BV (e, em princípio, deveriam ler sempre de acordo com B) onde outros editores erroneamente mudam o texto, ouporque outros falham em prestar atenção a uma leitura correcta de B (por exemplo, Solaz-3, v. 10 nen lho quis sol caber) ouainda porque, em ocasiões mais raras, separam correctamente as letras dos manuscritos para apresentar uma sintaxe eum sentido coerente (ver Guilhade-20, v. 21 chuf an; Solaz-1, v. 2 Agor a e v. 5 Penad a). Nota bene: Ao longo de praticamentetoda a edição refiro as cantigas d’ amigo pelos números do manuscrito e pelo nome do poeta. Aqui, na introdução, tomeia liberdade de usar os números correspondentes aos poemas desta edição (ver infra, secção 8). Daí nesta nota a indicaçãoSolaz-3 = B 830 / V 416 (Solaz). Espera-se que este novo sistema facilite as referências às cantigas d’ amigo no futuro. Usei-oapenas algumas vezes na edição (por exemplo, nas notas em Johan Airas-26) porque o sistema foi estabelecido depois dea maior parte das notas ter sido escrita.3 A reedição de 1973 (há muito fora de circulação) não incorpora as correcções e adições de Nunes ao texto, aparato,comentário e glossário (ver vol. I, pp. 465-471 e vol. III, pp. 707-728; outras correcções e sugestões relativas ao texto dospoemas estão espalhadas pelo comentário [vol. III, pp. 1-437], e algumas leituras são encontradas no vol. I).4 E ainda oferece o único glossário para o corpus (vol. III, pp. 577-704), embora o de Nunes seja o mais fraco dos glossá-rios para os quatro géneros. Inclui palavras baseadas em leituras erradas ou conjecturas pouco afortunadas (afogar,enguear, merger, reassanhar-se [ver Charinho-2, Reimon Gonçalves-1, Guilhade-18, Berdia-4]). E naturalmente não registapalavras que foram eliminadas do texto (enartado, fogir, jogar; [ver Garcia Soares-2, Guilhade-20, Charinho-2], ou que sãoo resultado de trabalho tardio no texto (avol, acoomhar-se, uviar [ver Guilhade-21, Bolseiro-8, Bolseiro-2]). Para alémdisto, muitas palavras comuns (Deus, luz, madre, mar, mundo, noite, rio, sal, sol, terra, banhar, chegar, chorar, mandar, negar,preguntar, vencer, etc.) não constam do glossário, aparentemente porque os estudantes portugueses não precisariam deajuda para entender estas palavras. (No entanto, algumas palavras que mereciam entrar no glossário são também

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto

57

500 Cantigas d’ Amigo

Contudo, inclui erroneamente uma cantiga d’ amor (CCCLXXXIII = B 1151-1152 / V 754 [JohanZorro]) e acrescenta duas paródias de cantigas d’ amigo encontradas em BV entre as cantigasd’ escárnio e mal dizer (CXLV e CXLVI = B 1390 / V 999 e V 1008 [Gonçal’ Eanes do Vinhal]), emborao seu género seja clarificado pela sua localização e pela rubricas que as precedem.1

Nunes inclui as pastorelas, tal como eu faço, embora deva ser sublinhado que só uma delas –de Johan Perez d’ Avoin – está numa secção da tradição manuscrita que contém exclusivamente ascantigas d’ amigo do mesmo autor (mas cf. a posição de Airas Nunes-4 em BV).2

As edições fac-similadas de V (1973) e B (1982) tornaram as fontes manuscritas das cantigasd’ amigo mais acessíveis aos estudiosos. Para ser justo, as fotografias reproduzidas no fac-similede B publicadas pelos Machados (pouco a pouco, no fim de cada um dos oito volumes entre 1949e 1964), embora reduzidas em tamanho, cortando assim material que estava nas margens, sãopor vezes mais claras do que aquelas da edição fac-similada de 1982. E um dos muitos méritos doestudo de N feito por Ferreira (1986) foi divulgar uma reprodução a cores.3

As edições monográficas das composições de poetas individuais começam com Lopez de Moura1847 (Dinis). E devemos prestar especial atenção a E. Monaci 1875b (as cantigas d’ amigo deJohan Servando). Mas as primeiras edições que podemos apelidar de modernas e filologicamenteconfiáveis (embora não isentas de erros) são as de Henry Roseman Lang 1894 (Dinis) e OskarNobiling 1907a (Johan Garcia de Guilhade). O trabalho neste sentido é retomado apenas em 1945com um fluxo contínuo, de 1960 em diante, em grande parte resultante do trabalho de especialis-tas italianos, estudiosos treinados em Itália ou estudiosos que seguiam o modelo italiano, sendoCelso Ferreira de Cunha (1949, 1956 [ver agora Cunha 1999]) uma notável excepção. Temos agoracerca de metade do corpus em edições monográficas – e várias apareceram ao longo da últimadécada – mas mesmo assim cerca de metade dos 88 poetas a quem as cantigas d’ amigo sãoatribuídas está por trabalhar.

Nem todas as edições têm a mesma qualidade. O meu juízo sobre cada uma delas ficará claro aolongo do texto, aparato e notas desta edição, por isso não há necessidade de entrar em pormenoresaqui. Algumas edições parecem-me excelentes, a maior parte delas revelou-se útil, várias são mani-festamente medíocres e umas poucas são indignas de referência. Nos últimos anos todas as edi-

deixadas de fora como por exemplo gabar e referir; [ver Guilhade-12, Garcia Soares-2]). Mesmo no que consta do glossárioencontramos muitas imprecisões, análises gramaticais incorrectas (por exemplo, o não-existente en que [por e que] intro-duzindo orações concessivas [ver Pardal-2, v. 7 e Vasconcelos-3, v. 5]) e passagens mal traduzidas (chufan transitivo comdois objectos, em vez de chufa ‘n intransitivo em Guilhade-20 [na verdade erro de Nobiling; ver Cohen 1996b: 43-44, nota35]). Além disso, Nunes não seguiu Michaëlis (1920) em fornecer etimologias (nem o fez Lapa no seu Vocabulário das CEM[1965, 1970] tão-pouco Mettmann no seu Glossário às CSM [1972]). De qualquer forma, o glossário de Nunes para ascantigas d’ amigo continuará a ser usado, e a ser útil, desde que manejado com precaução, até que um novo possa sereditado. (O ideal seria um novo glossário baseado numa concordância de texto gerada por computador, com informa-ção sobre frequência na ocorrência de palavras, partes do discurso, morfologia verbal, construções gramaticais eetimologias.)1 Contudo, deve ser frisado que estes casos arrastam questões importantes, entre as quais: (1) Como definir géneros na líricagalego-portuguesa? (2) Como e por quê distinguir entre uma cantiga d’ amigo e uma paródia de uma cantiga d’ amigo?(Tavani, por exemplo, [em Rep. e em La Poesia Lirica], usa a classificação “cantiga d’ amigo burlesca”, mas ver Cohen 1996bpassim. (A propósito, em V 1008 a fiinda, tal como foi reconstruída por Michaëlis, e aceite por Nunes e outros, parece-meerrada. Acredito que se deva ler: E, por Deus, que vos <tan grand>‘ onra <fez> / perdoade a don Anrriqu’ esta vez – repetindo assimas palavras rimantes do refrão na fiinda – como tantas vezes acontece. (Ver infra 3.4 para convenções editoriais.)2 A definição – e a existência – da pastorela como um “género” na lírica galego-portuguesa tem sido objecto de controvér-sia. Tavani (1986: 217-223) dá uma visão geral do assunto e referências. Ver Stegagno Picchio 1975, 1991.3 Fotografias de N foram disponibilizadas por Vindel (1915) e amplamente reproduzidas, mas as de Ferreira (1986),depois do restauro, são muito superiores. Ampliações a preto e branco de cada secção do pergaminho são tambémfornecidas.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Caixa de texto
Trabalho empolgante!

58

500 Cantigas d’ Amigo

ções são acompanhadas de aparato, notas, análise métrica, introdução e glossário (ou index verborum),mas o texto em si é por vezes tratado com pouco cuidado. Alguns editores chegaram mesmo arecuar no progresso feito há muito tempo por Lang, Michaëlis, Nobiling, Nunes e outros.

Por conseguinte, talvez seja de lamentar que, em geral, apesar dos progressos (aparentes ereais), tão poucos filólogos tenham respondido ao real, se bem que subestimado, desafio deeditar as cantigas d’ amigo. E deixando de lado a qualidade das edições monográficas, pode-mos perguntar o porquê de centenas destes poemas terem esperado tanto tempo até que al-guém os editasse uma segunda vez.

Afinal de contas, este corpo de lírica amorosa de voz feminina é praticamente virgem: a maiorparte dele quase não foi tocada.1 Passaram 160 anos desde a redescoberta de V e 120 anos desdeque B foi realojado, no entanto apenas Nunes editou todos os 500 textos naquilo que se podeassemelhar a uma edição crítica. Isto há 75 anos atrás. E não nos devemos esquecer que Nunes(à parte outros erros) nunca viu V, baseando-se completamente na transcrição de Monaci, e dispôsde pouco tempo, antes de o seu texto ser editado em 1926, para ver e considerar as leituras de B,que deu entrada na Biblioteca Nacional a 26 de Fevereiro de 1924 (Nunes, Cantigas d’amigo, vol. II,p. 442; Cintra 1982).

Assim, no meu entender, e por muitas razões, uma nova edição das cantigas d’ amigo eraclaramente, e tem sido por muito tempo, um desideratum. Sem uma edição creio não ser possívelum estudo sério deste género. A tendência relativamente às edições monográficas no século XXparece ser a de olhar para a edição completa de um género como uma coisa do passado. Mas háboas razões para reunir estes 500 textos.

Mesmo sem outras provas, as cantigas d’ amigo podem ser distinguidas do restante corpus dalírica medieval galego-portuguesa pela sua posição na tradição manuscrita (ver Oliveira 1994).Mas também temos outras provas: a poética fragmentária em B (ver D’Heur 1975b [e agora Tavani1999]) e referências nos próprios textos: cantigas d’amigo em Baveca-4 e Estevan Coelho-2; un cantarnovo d’ amigo e un cantar d’ amigo em Sevilha-7 (cf. cantar d’ amor nen d’ amigo em V 1032 [Lourenço]).De qualquer forma, todos os 500 textos são exemplos de um tipo de poesia que pode ser distin-guido dos outros géneros principais na base de vários critérios:

(1) Género do emissor: feminino, quer seja a Rapariga, a sua Mãe ou uma das Amigas daRapariga (um destes emissores fala no início do discurso ou então ao longo dele; existemapenas onze excepções: Estevan Coelho-1, Afonso Sanchez-2, Solaz-1, Bonaval-1, Zorro-1, Zorro-6, Meogo-5, Giinzo-8, Lourenço-2, Lourenço-3, Dinis-17).2

(2) Relação social entre receptor e possíveis destinatários e o emissor: se a Rapariga fala, é geralmentepara a Mãe, Amiga(s) ou para o Rapaz (ela pode invocar Deus ou mencionar o Rei; outraspersonae incluem a Outra – uma Outra Rapariga [a quem, no entanto, a Rapariga nunca se dirigedirectamente]) – e há alguns destinatários não humanos, muito citados: ondas, cervas e flores doverde pino; se a Rapariga não é o emissor, é a ela que a Mãe ou as Amigas se dirigem ou, ocasio-nalmente, o Rapaz (ou uma voz masculina).

1 Michaëlis declara (CA, vol. I, p. x) ser sua intenção publicar uma edição das cantigas d’ amigo (ou Cancioneiro das Donas,como ela lhe chama). Embora nunca tenha concluído o projecto, publicou muitas delas no CA: sete no vol. I (CA nos. 331,413, 416, 428, 434, 444, 452; e muitas mais no vol. II (nas pp. 995-996 refere dezanove que são “integralmente impressasneste volume”).2 Existem também cerca de 30 textos com discurso citado, incluindo as palavras de um mensageiro (mandadeiro) em Treez-4 ede informantes não identificados em Johan Airas-39, fiinda.

Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto

59

500 Cantigas d’ Amigo

(3) A relativamente alta frequência de aaB e formas relacionadas: embora não seja em si próprio umcritério suficiente, é uma tendência formal que caracteriza o género Amigo em relação aosoutros géneros principais (Cohen 1996b: 20-23).

(4) Sintaxe: geralmente coextensiva com a estrofe, e subdividida verso por verso, muitasvezes hemistíquio por hemistíquio (de tal forma que o enjambement é fortemente sentido) –novamente esta é uma tendência mais marcada no género Amigo do que nos outros géneros;

(5) Léxico: marcado não apenas por certos arcaísmos, ou tendências arcaizantes, como temsido muitas vezes apontado (Diez 1863, Monaci 1873, Lang 1894, Michaëlis 1904, vol. II, etc.),mas pela “natureza feminina” dos seus limites auto-impostos e por elementos-chave tirados deuma tradição oral que preservou um código de conduta que regula as negociações para umcontrato nupcial ou pré-nupcial, chamado fala (Cohen 1996b: 6-7, 37-39 [notas 4 e 6]).

(6) Variedade de actos sociais (erótico-jurídicos): embora estritamente limitados, são mesmo as-sim mais variados do que nas cantigas d’ amor (por exemplo, acções discursivas ou jogadas,como “Mãe, deixa-me ir ver o meu namorado”, “Vai-te embora”, “Bem-vindo”).

(7) Sequências, ou conjuntos para execução, podem ser identificadas pela análise formal econstituem uma espécie de teatro lírico.1

Esta edição foi feita a partir de uma nova transcrição de B e da minha verificação e compara-ção com V – e é baseada na minha própria leitura de todos os 500 textos dos manuscritos. O meuprocedimento foi o seguinte:

Primeiro transcrevi todas as 500 cantigas d’ amigo a partir de fotografias de B na posse daBiblioteca Nacional (Lisboa, Junho a Setembro de 1991) e seguidamente, feita a collatio codicum deB e V, preparei uma edição provisória dos 500 textos, li-os directamente de V (Roma, Maio de1992), e verifiquei a minha transcrição de B com o manuscrito aqui em Lisboa (Novembro de1992).2 Entre 1991 e 1993 preparei o aparato crítico e acrescentei um primeiro rol de notas; pontua-ção e acentuação foram adicionadas em 1996; durante os últimos anos muitas notas foram rees-critas, outras acrescentadas, outras eliminadas. Em resumo, texto, aparato crítico e notas iammudando de acordo com o avançar do entendimento dos problemas em questão e dos métodosdisponíveis para os resolver. Novos dados compilados, mas não publicados, sobre vários aspec-tos do corpus permitiram-me abordar muitos dos problemas com novas ferramentas.

2. Critérios editoriais3

Sem que a isso faça referência: dividi palavras que estavam juntas nos manuscritos e juntei partes de uma mesma palavra

que estavam separadas no manuscrito. Onde parece existir uma dúvida legítima, e os editoresnão concordam na divisão da palavra, registei no aparato opiniões divergentes;

1 Nas CEM encontramos paródias com uma composição sequencial, presumivelmente inspiradas nas cantigas d’ amigo.O exemplo mais sustentado e brilhante é a sequência de Lopo Liãs contra os Zevrões. Para quase toda a bibliografia sobresequências, ver Weiss 1988 (que rejeita sequências que outros afirmaram ter encontrado, mas descobre sequências ondeninguém mais as vê e, finalmente, não consegue encontrar nem produzir nenhum método para as identificar). As minhastentativas para sugerir métodos podem ser encontradas em Cohen 1987, 1996b.2 Consultei N em Agosto de 1988 mas desde então baseio-me nas fotografias em Ferreira 1986.3 Michaëlis, CA, vol. I, pp. xiv-xxviii constitui ainda uma discussão útil de factos e problemas básicos.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

60

500 Cantigas d’ Amigo

desenvolvi as abreviaturas, convencionais e já aceites, dos manuscritos, a menos que a leitu-ra seja duvidosa, nesse caso as abreviaturas (e sobrescritos) são dados no aparato;1

desenvolvi a abreviatura 9 como os ou us, dependendo da ortografia dessa mesma palavranoutras passagens dos manuscritos. (Assim se9 olh9 é desenvolvido como seus olhos.) Não conside-rei ser necessário registar aqueles casos onde V tem us e B tem 9 ou vice-versa;

imprimi a conjunção e (<e t) como tal sem registar as variantes gráficas no aparato, quer omanuscrito tenha e, et, ou & (= 7), e sem levar em conta se B e V têm a mesma leitura;

eliminei:– consoantes duplas não etimológicas;– o h não etimológico, tanto inicial como intervocálico;– o h etimológico nas formas de aver (habere) e nas palavras ome (homo, hominis) e oje (hodie).2

distingui entre i/j e u/v; usei j em palavras onde por vezes os manuscritos têm um g palatal como em desego, oge,

pugi. (São excepções algumas formas de trager e as palavras linhage, sage, etc. [onde leio com osmanuscritos]);

substitui y por i, quando vogal, com j em casos como deseyo (fazendo referência no aparato); simplifiquei as combinações gu e qu (para g e c, respectivamente) em formas elididas como

migu’, amigu’, vosqu’, pouqu’ onde o gu e o qu são convenções gráficas destinadas a mostrar que g ou csão oclusivas. (Deste modo, g final e c final são sempre oclusivas nesta edição.3 Do mesmo modono meio de uma palavra (por exemplo, roguar é dado como rogar). Mas, cedendo às modernasconvenções ortográficas, mantive (e em algumas ocasiões restaurei) este u no interior de formascomo roguei, neguedes, guisar (fazendo referência a estes casos no aparato).

regularizei o uso do s duplo em algumas palavras e formas comuns, registando a leitura dosmanuscritos no aparato. Assim, a leitura do texto é assanhar em B 795 / V 397 (Talaveira), v. 7, e oaparato indica asanhar BV; em B 780 / V 363-364 (Ornelas), v. 8, a leitura do texto é morasse e oaparato indica morase BV.

1 Os símbolos usados no aparato para representar abreviaturas e letras sobreescritas não são (nem o poderiam ser, emmuitos casos) representações precisas do que encontramos nos códices. Assim: q’ representa uma variedade de marcas (emesmo desenhos) nos MSS (e deve normalmente ser lido como que, mas outras vezes como qua); q’ = quen ou quan; ; s = ser.p é um p com a perna traçada (e quase sempre = per), contudo essa perna raramente está traçada; p indica um p com umaroda à volta da perna (= pro); pr (= por) indica um p seguido por um r sobreescrito, independentemente da forma do r nosMSS, mas por vezes, em vez de um r sobreescrito encontramos uma marca que representei simplesmente por um “após-trofo”; po (= por) significa que o sobreescrito tem uma forma que se assemelha a um círculo. Mas os escribas de B e Vparecem ter simplificado muitas vezes (ou lido mal) algumas das abreviaturas no exemplar, como aquela que frequente-mente se encontra para ar.2 Daí á e não há, ome e não home, mesmo onde ambos os manuscritos têm a forma com h. B e V apresentam mais vezes estaspalavras sem o h (pelo menos nas cantigas d’ amigo). Os falantes modernos de algumas línguas românicas (especialmen-te se não estiverem habituados a ler textos medievais) poderão estranhar as primeiras vezes que virem oje ou oj’ (em vez dehoje), ome ou om’ (em vez de home e hom’), ou á (em vez de há) – mas que dizer do oi espanhol, do oggi, uomo italiano, e do a,avoir francês? Não tenho qualquer lealdade linguística nestes assuntos; a minha preocupação é apresentar um sistemagráfico coerente e consistente (que facilite a pesquisa electrónica; ver nota 12 supra) para um público internacional. Demais a mais, como Wittgenstein (Tractatus 3.327) observa, “Wird ein Zeichen nicht gebraucht, so ist es bedeutungslos. Das istder Sinn der Devise Occams.” (“Se um sinal não é necessário então não tem significado. Esse é o significado da sentença deOkham”). Foneticamente, o sinal h nestas palavras não é necessário (e h tornou-se mudo em início de palavra em Latim,mais de um milénio antes).3 Nas raras ocasiões onde (por exemplo) o e final de trage é elidido nos MSS, vi-me obrigado, a bem da consistência, aescrever traj’, registando as leituras do manuscrito no aparato crítico.

61

500 Cantigas d’ Amigo

regularizei o uso da cedilha, acrescentando-a quando necessário antes de vogais anteriores,eliminando-a antes de vogais posteriores;

usei n para nasal final – sempre que uma palavra termina com uma vogal marcada por um til, oucom uma nasal final (mesmo que ambos os manuscritos tenham m, e isto inclui palavras que mesmoem latim acabam em m, como tam e quam). Esta decisão é baseada na prática dos copistas de A;

usei m antes de labiais e n antes de outras consoantes no interior de uma palavra; usei um apóstrofo para indicar elisões; recusei separar combinações de conjunções e pronomes ou artigos, como mailo (= mais lo) e

poilo (= pois lo), combinações de preposição com objecto pronominal como em polo (= por lo), oucombinações de pronome como volo. O mesmo se aplica às formas mho, lho, etc., excepto no casode mha, que escrevo como mh-a quando representa dois pronomes e como mha quando é o femi-nino de um adjectivo pronominal (< m e a). (Em casos como mh o meu amigo, onde o é o artigo, nãoo pronome, separei mh de o; da mesma forma vo-lo fustan [em vez de volo fustan] em Johan Airas-6);

usei um hífen:– em combinações de verbo e pronome de objecto directo, como vee-lo, i-lo, dormide-las, que-lo.Daí formas do futuro como veeloei serem escritas como vee-lo ei;– em combinações como alguen-no (Sevilha-1, v. 6), quen-nos (Baveca-13, v. 3), venhan-nas(Zorro-6, v. 4);

separei:– as combinações quen o, nen o, non o, sen o, etc., que geralmente estão juntas nos manuscri-tos (queno, neno, nono, seno);1

– por que e se non (sem levar em conta a função sintáctica);– des i, por en;2

não separei combinações como del, dela, daqui e du (nem distingui, como alguns editoresfazem, entre d’u e du).

procurei manter-me fiel à doutrina que defende que uma palavra deve ser escrita de igualforma cada vez que ocorre no mesmo poema ou no mesmo poeta. Mas em alguns casos, como lhe/lhi, m’/mh, mi/min mantive a variação dos manuscritos;3

escrevi Deus e Santa Maria sempre desta forma, independentemente das divergências nosmanuscritos (que muitas vezes têm sancta, por exemplo, e usam uma variedade de abreviaturaspara Deus e Santa Maria; essas abreviaturas não são mencionadas no aparato a menos que a pas-sagem seja citada por uma outra razão);

usei letra maiúscula:– para a palavra Deus e para o pronome correspondente El ou Ele;– para nomes de santos populares;– para nomes próprios e nomes de lugares;– no início das estrofes (excepto em cantigas ateudas atá a fiinda);– no início de todos os discursos;

1 Cf. Michaëlis 1920: vii.2 Talvez reformule este ponto no futuro, uma vez que é claro que por en não rima com en nem des i com i no que diz respeitoao dobre (ou seja, que não é possível usar estes pares como parte de um dobre) e também porque por en / en e des i / i rimamonde a repetição da mesma palavra é regularmente evitada.3 Tratando de problemas textuais nas cantigas d’ amigo, devemos estar atentos aos estudos modernos em dialectologia,linguística geográfica e sociolinguística. Mesmo assim, Lapa (1982) está provavelmente certo ao desafiar muitos mi~ ondeele preferiria mi. Os leitores podem sempre (excepto onde a rima exige min) ler mi onde os MSS têm min ou mi~, ou seja,onde escrevi min.

62

500 Cantigas d’ Amigo

usei o acento agudo para distinguir formas que de outro modo seriam iguais (o étimo latinoou a função sintáctica são dados entre parêntesis a bem da clareza):

a (artigo, pronome ou preposição) / á (< h a b e t)da / dá (< d a t)de (< d e ) / dé (< d e m or d e t )e (< e t) / é (< e s t)en (< i n) / én (< i n d e)esta (< i s t a) / está (< s t a t)este (< i s t e) / éste (< e s t) / esté (< s t e t)la ([artigo ou pronome] < i l l a-) / lá ([advérbio = alá] < i l l á c )vos / vós;

usei o acento agudo para:– a última sílaba de verbos na terceira pessoa no futuro do indicativo (por exemplo, partirá,partirán, para distingui-las das paroxítonas do mais-que-perfeito partira, partiran; mas tam-bém será, fará, embora não seja possível qualquer confusão com as formas correspondentesdesses verbos [fora e fezera, respectivamente]);– certas formas de oír, soer e seer (oí, oístes, oía, soía, siía etc.);– a primeira pessoa do singular do perfeito activo do indicativo de doer e sair: doí (< d o l u i)em Dinis-10, v. 9 e saí (< s a l i (v) i) em Roi Fernandiz-4, v. 15;– os advérbios alá, lá, aló e acá (nota bene: o advérbio *cá não existe nas cantigas d’ amigo);

dei a leitura mais completa nos casos onde uma vogal elidida foi eliminada num dos manus-critos mas mantida no outro (por exemplo, madre o V : madro B). Alguns textos apresentam a formaelidida num manuscrito e a forma completa no outro, ou a forma elidida num verso e a formacompleta noutro (por exemplo, madreo B contra madro V [B 566 / V 169]). Nestes casos respeitei avariação quando a primeira vogal devia ser elidida, e acrecentei a vogal em falta onde a métricaassim o exigia;1

pontuei tão bem quanto pude;2

abstive-me em geral de pontuar no fim das estrofes (cantigas ateudas atá a fiinda são por issomarcadas principalmente pela falta de letra maiúscula no início das sucessivas estrofes e da fiinda, mas também,onde necessário, pela presença de pontuação não final, geralmente uma vírgula, no fim das estrofes);

usei aspas para o discurso citado (no caso de um discurso citado dentro de outro – umfenómeno raro: ver as pastorelas de Johan Perez d’ Avoin, Pedr’ Amigo de Sevilha, Airas Nunes – useium segundo e distinto tipo de aspas).

1 Poderia ter removido todas as vogais que (presumivelmente) deveriam ser elididas. Ao manter as formas mais longasonde estas ocorrem, permito ao leitor ver que muitas vogais elididas estariam provavelmente presentes num ponto ante-rior da tradição manuscrita, e também que os escribas eliminaram vogais elididas inconsistentemente e muitas vezes deforma incorrecta.2 Stegagno Picchio (1984: 661), numa espécie de retractatio, observa: “A chamada pontuação interpretativa fixa a uma e auma só interpretação (e não importa se a de hoje) um texto por sua natureza polissémico como o texto poético. A poesianão devia ter pontuação, ou pelo menos devia tê-la com muita moderação...”. Tentei fazer isto em 1984 (Cohen 1987), eprefiro este método para meu uso pessoal, mas aqui segui o exemplo de Lang, Nobiling, Michaëlis e da própria StegagnoPicchio. Um texto cuidadosamente pontuado é tanto uma ajuda à leitura como um guia para a interpretação. (Apercebi--me de que pontuar estes textos muitas vezes clarifica o seu significado, raramente o limita. Além disso, quem conseguirler estes textos sem pontuação também pode retirar mentalmente a minha pontuação e deixar os significados irradiarlivremente. O ideal seria termos um texto electrónico que nos permitisse remover toda a pontuação ou escolher o nível etipo de pontuação que desejássemos: cantigas pontuadas consoante o gosto pessoal poderão ser a onda do futuro.)

63

500 Cantigas d’ Amigo

3. Símbolos e convenções3.1 Símbolos e convenções usados no texto

< > Parêntesis angulares indicam letras e palavras que não se encontram nos manuscritos,e são também usados aqui (embora a negrito) para todas as partes do refrão não presentes empelo menos um manuscrito.1

. . . Pontos espaçados indicam lacunas no texto; cada ponto representa uma sílaba.

[ ] Parêntesis rectos são usados no texto para marcar palavras que estão presentes nosmanuscritos mas que deviam, na minha opinião, ser eliminadas. Em tais casos, então, subsisteuma dúvida razoável. Noutros casos (quando parece não haver tal dúvida), letras e palavras foramretiradas e relegadas para o aparato.

negrito No texto o negrito é usado para marcar o refrão.2

† Cruces: usadas para marcar uma palavra ou palavras que creio estarem corrompidas ouininteligíveis mas que deixei, no entanto, permanecer no texto. Por vezes usei cruces para indicaruma rima inaceitável (ver Pardal-4, Galisteu Fernandiz-3), na suposição de que pelo menos partedo verso onde aparece a rima errada está corrupto.

( ) Parêntesis normais são usados no texto com a sua função normal (como pontuação).

3.2 Símbolos e convenções usados no aparato crítico

negrito O negrito é usado no aparato para indicar o número dos versos.

< > Parêntesis angulares são usados no aparato para delimitar palavras ou letras acrescen-tadas pelos editores, independentemente de estes editores, nas suas edições, terem usado itáli-co (por exemplo, Lang 1894) ou parêntesis rectos (por exemplo, Nunes 1926) ou mesmo nada(por exemplo, Braga 1878).

( ) Parêntesis normais são usados no aparato para marcar letras, palavras e frases queforam canceladas nos manuscritos.3 Quando estrofes inteiras foram erradamente copiadas e de-pois canceladas num manuscrito são reproduzidas numa nota e o facto é mencionado no aparato.

1 Isto segue a convenção usada na filologia clássica (e também, neste campo, por Stegagno Picchio 1968). Correia (1992)defende que os parêntesis não são necessários para este propósito e Parkinson (1997) diz que as variações dos manuscri-tos nos refrães ao longo das Cantigas de Santa Maria não precisam de ser registadas no aparato. Mas nas cantigas d’ amigoincertezas sobre o texto e métrica tal como o problema da variatio no refrão pesam a favor do uso dos parêntesis angularesno texto e de informação no aparato.2 Quando o refrão não é igual de estrofe para estrofe, mas muito parecido, considerei tais casos como refrães com variaçãoe coloquei-os em negrito. Os exemplos (alguns deles questionáveis) são: Carpancho-6; Zorro-5; Bolseiro-3; Baveca-8;Giinzo-4; Johan Airas-44; Johan Airas-45; Dinis-23; Dinis-33; Dinis-36.3 Pensei não incluir textos que tivessem sido cancelados, pois esse tipo de informação merece um estudo à parte, quedeveria ser feito em todo o corpus, não apenas nas cantigas d’ amigo. Mas recuei, considerando os dados suficientemente

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Sublinhado
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto

64

500 Cantigas d’ Amigo

(No restante aparato, isto é, fora das leituras dos manuscritos, os parêntesis normais têm a sua funçãonormal de pontuação).

] Apenas quando uma palavra ou palavras referidas no aparato podem não ser óbviasusei este símbolo para indicar a que palavra ou frase se está a fazer referência. Se é dada informa-ção sobre a leitura de apenas um dos dois manuscritos, deve assumir-se que o outro lê exacta-mente da mesma forma que o texto impresso. Se a sugestão de um editor é dada no aparato semmais informação mas não é aceite no texto, por exemplo em Camanês-2, v. 12, onde o aparatoinforma “guarria Nunes” mas no texto se lê guarira, deve assumir-se que ambos os manuscritoslêem exactamente como o texto.

Itálico Seguido por ? (por exemplo, uos ? B) indica que a leitura de uma letra ou letras é incerta.Fora das leituras dos manuscritos, contudo, os itálicos são usados no aparato para nomes de edito-res, operações editoriais (ver em baixo) e outras anotações, quer em latim quer em inglês.

[....] Foram usados para lacunas no texto de N (daí, apenas no aparato e notas das cantigasde Martin Codax).

‘ Representa uma plica em N (no aparato do texto de Codax).

No aparato apenas não registei variantes gráficas (por exemplo, y / i ç / z)1 e isto inclui a“variação” rr / ir, ou seja, os casos onde B tem ir e V rr.2 Também omiti praticamente todos osexemplos de confusão entre u e n se o erro ocorre somente num dos dois manuscritos, fazendoreferência apenas àqueles casos onde pode existir uma verdadeira variante, ou onde um proble-ma textual num texto específico parece pedir uma informação mais completa no aparato dessepoema.3 Indiquei todos os casos onde ambos os manuscritos têm u para n ou n para u, ou seja,onde o erro parece ter estado presente no antecedente comum de BV.4 Todos os outros erros(igualmente triviais, mas menos comuns) em um ou em ambos os manuscritos são indicados noaparato. Onde B e V diferem indiquei apenas a parte relevante do texto, para que o aparato nãoseja um guia na divisão de palavras para além dos limites do que é citado. Também não indiquei(excepto quando é relevante por uma qualquer razão5) letras e palavras acrescentadas pelo escribaacima da linha, a menos que a leitura nesse ponto esteja em questão.

úteis, o que justifica a sua inclusão. De qualquer forma, quem estiver interessado neste problema (que lança uma impor-tante luz sobre a natureza dos erros dos escribas) pode localizar palavras, versos, estrofes canceladas, etc. mais facilmentese consultar as edições fac-similadas dos manuscritos do que tentando localizá-los num aparato crítico.1 V frequentemente tem z onde B tem ç (faza / faça). Nestes casos escolhi a variante em B, em parte por causa da sua correspon-dência com a moderna ortografia portuguesa.2 Cf. Tavani 1963. Este é um erro frequente e ocorre em partes das cantigas d’ amigo copiadas pelos seis escribas de B.Pareceu-me desnecessário sobrecarregar o aparato com centenas de casos onde este erro ocorre. De qualquer forma, nemsempre é possível determinar se o grafema usado em B era suposto indicar ir ou rr.3 Novamente, incluir todos os exemplos de confusão entre u e n teria sobrecarregado o aparato com centenas de itens semutilidade alguma na fixação do texto. Além disto, em muitos casos (especialmente em B, mas também em V) é notoria-mente difícil, se não impossível, dizer se a letra em questão é u ou n.4 Isto não quer dizer necessariamente que o erro estava presente no exemplar. De qualquer forma, os escribas de B e V poderiamambos ter errado, mesmo que o exemplar estivesse correcto. Ou o exemplar poderia estar errado, no entanto ambos os escribaspoderiam ter cometido o erro (independentemente do porquê ou como) na mesma letra, daí “corrigir” o erro na fonte do texto.5 Por exemplo, em Johan Airas-3, v. 1 o aparato indica que em V be~ se encontra escrito acima da linha na altura em que foiomitido pelo escriba. Um erro assim (na primeira tentativa) pode ser invocado como evidência para a omissão de <ben>em outros sítios (cf. Baveca-7, v. 12).

Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto

65

500 Cantigas d’ Amigo

Com estas excepções, onde há alguma diferença, dei a leitura de ambos os manuscritos. Quandoa leitura correcta é duvidosa, dei primeiro a leitura do manuscrito mais próxima da leitura adop-tada no texto. De resto, a leitura de B precede a de V. Nos casos onde o meu texto concorda coma emenda, suplemento ou conjectura de um editor, tal vem em primeiro lugar, seguido pela leitu-ra dos manuscritos, seguida por sugestões de outros editores.

Para as operações críticas mais básicas, e para alguma outra informação, usei, onde necessá-rio, palavras e frases latinas. Em questões de métrica, lineação, letras canceladas e corrigidas,etc., usei inglês. Deste modo, o latim e o inglês, as línguas científicas internacionais da Europamedieval e moderna, respectivamente, aparecem lado a lado no aparato. Para as palavras latinasempregues, a forma completa é usada para a primeira pessoa (por exemplo, distinxi), enquantoque uma forma abreviada é usada para a terceira pessoa, quer seja singular ou plural (por exem-plo, distinx. = distinxit ou distinxerunt).

addidi acrescentei [letra(s) acrescentada(s) não afectando a métrica]correxi corrigidef. = defendit, -erunt defendido por (um editor)delere voluit estava inclinado a eliminardeleto tirandodelevi tireidistinxi dividifort. (= fortasse) talvezfort. recte talvez correctamentefort. x delendum talvez se devesse eliminar xfort. x scribendum talvez se devesse ler xiam Fulano F. já tinha editado (ou recomendado)in. ap. no aparato crítico (por oposição ao texto)interpunxi pontueimalim prefeririaom. = omittitur omisso (num manuscrito ou manuscritos)possis pode tentar-sepossis x vel y pode tentar-se x ou yprobante com a aprovação de (um editor)recepto aceitandoscripsi escreviseclusi excluí [e gostaria de eliminar]servato mantendospatio relicto com espaço para a(s) letra(s) que falta(m)supplevi acrescentei [letra(s) acrescentada(s) afectando a métrica]transposui transpus

4. Forma estrófica

Não raras vezes, as mudanças de linha em B e V não reflectem a forma estrófica do poema.Quando estes erros na divisão de linhas são triviais (muitas das vezes idênticos em B e em V) nãoindiquei tais irregularidades. Quando, no entanto, a forma estrófica está em causa, forneço infor-

Willamy
Marcador de texto

66

500 Cantigas d’ Amigo

mação sobre o que os testemunhos apresentam. Se os manuscritos estão de acordo, geralmentenão ousei mudar a apresentação da forma estrófica.

No entanto, há uma dificuldade importante que deve ser considerada: o problema dos versoslongos e curtos, ou melhor, dos versos longos copiados em linhas curtas em BV.

Tanto Michaëlis como Lapa editaram ou recomendaram a edição em versos longos de poemasque em BV são apresentados em linhas curtas. A questão foi abordada por Tavani (Rep. pp. 15-17),que fornece duas, três ou quatro possibilidades para muitos textos. Aqueles que alegadamenterimam, em linhas curtas, abcbDD formam uma categoria fictícia no Rep. e devem todos ser edita-dos em versos longos como aaB, com uma rima interna no refrão, ou como aaBB com versoslongos no corpo da estrofe e dois versos rimantes mais pequenos. Aqueles que poderiam rimarem linhas curtas ababCC podem, e muitas vezes deveriam ser editados, em versos longos comoaaB com rimas internas em todos os três versos ou como aaBB com versos longos no corpo daestrofe e dois versos rimantes mais pequenos no refrão.

De modo geral preferi versos longos em vez de curtos sempre que, em um ou ambos os manus-critos: (1) haja uma estrofe ou mesmo um único verso copiado desta forma; ou (2) o escriba pareçater tentado partir linhas longas e isto seja demonstrado por uma divisão irregular das linhas; ou (3)Colocci tenha marcado os versos como longos, mesmo estando estes copiados como curtos.

Em vários casos, mesmo sem o testemunho dos manuscritos, preferi versos longos onde osmanuscritos têm linhas curtas – ou versos curtos mesmo que os manuscritos tenham linhas lon-gas – se, na minha opinião, houve bases sólidas específicas para essa decisão no texto ou na obradesse poeta. Em tais casos, as razões baseadas numa análise interna do texto e do conjunto decantigas d’ amigo desse poeta parecem ser mais fortes do que o argumentum ex silentio tantas vezesinvocado para defender colometria questionável.1

5. Métrica

Existia uma opinião antiga que defende que as cantigas d’ amigo não têm métrica regular.Interrogamo-nos sobre em que se baseará tal opinião. Não em alguma edição fiável do corpus,uma vez que não existia nenhuma. Nem em nenhum estudo, que de qualquer forma pressupõeuma edição. Aqueles que defendem essa opinião antiquada não encontrarão suporte aqui. Pelocontrário, tendo examinado o problema em todas as suas vertentes, concordo com Nobiling(1907a: 10), indo contra a posição representada, por exemplo, por Cunha 1985: 63-66.2

Como regra geral, estes poemas são isossilábicos, tal como Nobiling tinha referido. Cada versodeve ter o mesmo número de sílabas que o verso correspondente na mesma posição em todas asoutras estrofes (e isto inclui equivalências do tipo 7’=8). Este é o princípio da “external responsion”(expressão de Paul Maas). Excepções genuínas a este princípio são raras.

Temos, por exemplo, dois poemas com primeiros versos hipermétricos (Carpancho-1, AirasPaez-1) ou versos hipermétricos em I.1 e II.1 (Torneol-1, Casal-2). E há alguns poemas nos quais a

1 Para o problema da disposição e forma, ver Parkinson 1987; sobre versos longos copiados em colunas curtas, Parkinson1997: 64 [ver agora Parkinson 2000b, 2000c]. Ferreira (publicação próxima) lida com evidência musical para a colometriaem algumas das Cantigas de Santa Maria.2 Ironicamente, os excelentes estudos de Celso Cunha sobre hiatos e elisões (em Cunha 1982) teriam sido impossíveis senão houvesse regularidade métrica. Por isso Cunha é um estranho defensor de métricas incertas: o seu próprio trabalhofala contra ele.

67

500 Cantigas d’ Amigo

‘irregularidade’ é regular e pode reflectir o uso de duas diferentes melodias (Zorro-6, Zorro-9,Dinis-16 [ver Ferreira 2000]).

Para além destes casos isolados, há duas categorias principais de excepções: (1) poemas comuma mistura de rimas graves e agudas e “external responsion” do tipo 7’= 7; e (2) versoshipermétricos imediatamente antes do refrão na última estrofe. Ambas as categorias exigem al-guma explicação.

Para entendermos o primeiro ponto temos de considerar misturas de rimas agudas e graves.Se não existe mistura de rimas agudas e graves no corpo da estrofe nem no refrão, então háquatro tipos básicos de combinações, que ocorrem da seguinte forma:

corpo da estrofe refrão n.º de textos

aguda aguda 194grave grave 89grave aguda 41aguda grave 30

354 textos1

Mas em 95 textos rimas agudas e graves estão misturadas no corpo da estrofe.2 Há uma ‘regra’para tais misturas na poética fragmentária no início de B. Declara esta:

pero que poderá meter na cobra das u~as e das outras, se quiser, atanto que per qual guisa as meter en u~a cobra,per tal guisa as meta nas outras (f.5rº).

Por outras palavras, de estrofe para estrofe, uma rima aguda tem de corresponder a uma rimaaguda e uma grave a uma grave. Claro que esta é uma regra prescritiva, provavelmente formuladaem meados do século XIV. Não é com certeza uma descrição precisa da prática poética no nossocorpus de cantigas d’ amigo do século XIII, como fica claro pelos factos. Esta “regra” é observadaem apenas 34 textos, por um total de 15 poetas:

Avoin – 9Porto Carreiro – 1Padrozelos – 7J. Coelho – 6, 7R. Fernandiz – 1, 4, 5Johan Airas – 5, 25, 45Vinhal – 1S. Sanchez – 1, 4

1 Obviamente, este total exclui as cantigas de meestria. Exclui também poemas que, embora não sendo de meestria, nãoexcedem uma única estrofe (e podem ser fragmentários; de qualquer forma, não se pode considerar terem refrão uma vezque não há repetição) e aquelas que não têm refrão mas dificilmente podem ser chamadas de meestria, como Bonaval-1 eMeogo-3.2 Em sete textos rimas agudas e graves estão misturadas no refrão: Carpancho-6, Pardal-5, Ponte-1, Porto-Carreiro-1, RoiFernandiz-5, Servando-1 e Zorro-6. Em apenas dois poemas no corpus de 500, Pardal-5 e Roi Fernandiz-5, encontramosuma mistura de graves e agudas tanto no corpo da estrofe como no refrão.

68

500 Cantigas d’ Amigo

Dinis – 3, 4, 11, 22, 27, 36, 38, 46, 48Travanca – 3Bolseiro – 1, 3, 11Froiaz – 2Sevilha – 1, 7, 11Pardal – 3, 5Baveca – 8

Por outro lado, a “regra” é “infringida” em 61 textos por um total de 36 poetas.Calheiros – 3, 8Sandeu – 3Armea – 4Camanês – 4Froiaz – 1,4Padrozelos – 2, 3, 4, 5Avoin – 3, 8Solaz – 3Lopo – 4, 6, 7J. Coelho – 1Charinho – 3Lourenço – 1, 2, 3Cogominho – 3Briteiros – 1, 3Cangas – 1, 3Tenoiro – 1, 2Elvas – 3Giinzo – 2Travanca – 1Berdia – 2, 4Paez – 2Beesteiros – 2Veer – 4Requeixo – 1, 2, 3Barroso – 1Servando – 2, 5, 7, 13, 16Esquio – 1Seavra – 1Casal – 3Mafaldo – 1Ornelas – 1Meogo – 2, 6Guilhade – 6, 17, 22Talaveira – 4Treez – 3Dinis – 8, 10, 25

69

500 Cantigas d’ Amigo

Em alguns textos onde a “regra” é seguida, encontramos diferentes contagens de sílabas emdiferentes versos dentro da estrofe, por exemplo, uma correspondência do tipo n´ = n (7´ = 7;9´ = 9; 10´ = 10; 15´ = 15). Mas existe uma perfeita “external responsion”, uma vez que esta diferen-ça é mantida na mesma posição em cada estrofe.

Nas cantigas d’ amigo onde a “regra” é “infringida”, a correspondência de rimas graves paraagudas é normalmente n´ = n + 1, ou seja, 7´ = 8; 9´ = 10; 11´ = 12; 15´ = 16. Textos com este tipo de“responsion” são rigorosamente isossilábicos, sendo o acento irrelevante para a contagem desílabas.

Mas quando a “regra” é infringida e a correspondência é do tipo n´ = n, não temos “externalresponsion” perfeita (isossilábica).

Onde, por exemplo, 10’ numa estrofe correspondem a 10 noutra, os dois versos diferem emescansão por uma sílaba. Segue-se uma lista de textos onde isto acontece e onde os versos nãosão, por essa razão, isossilábicos (na segunda coluna a excepção é dada à direita da barra, exceptoonde um asterisco na primeira coluna indica um balanço igual entre rimas agudas e graves):

poeta/poema escansão forma estrófica localização/palavras/rimas

Calheiros-3: 9 / 9´ aaB Ia amigo / migoJ. Coelho-1: 10´ / 10 abbaC IIIa vedar / perdoarGuilhade-6 10´/ 10 abbaa Ib falou / queixouGuilhade-17: 10 / 10´ abbacca IIc fezesse / desseCharinho-3: 10 / 10´ ababCC IIa diria / poderiaBerdia-4: 7´ / 7 ababcCCC Ib guisei / ousei; IIb quer / quiserServando-2: 7´ / 7 ababCC Ib vingar / assanharServando-5: 15´ / 15 aaB IIIa par / leixarServando-7: 10 / 10´ aaB IIIa tolhedes / dizedes*Servando-13: 7 / 7´ aabBB Ia -en; IIa -ades; IIIa -al; IVa -andoMeogo-6: 5´ / 5 aaB Va lavei / liei; VIa liei / asperei*Padrozelos-5: 7´ / 7 abbaCC I -ada / -ejo; II -i / -ongo; III -ar / -eiCangas-1: 7´ / 7 abbaC IIb mal / valAiras Paez-2: 15 / 15´ aaB IIa <coi>tado / grado

Estes são, rigorosamente falando, os textos não isossilábicos, mesmo que possam ser chamadosisométricos se permitirmos, como estes poetas claramente permitiram, equivalências do tipo n´ = n.

A segunda grande categoria de excepções ao princípio de “external responsion” diz respeito acerca de 20 cantigas d’ amigo nas quais o último verso antes do refrão final é hipermétrico em BV.Apelidei esta posição de Rv-1 (= “Refram Vltimo minus 1” [Cohen 1996b: 8-9]). Certamente que al-guns destes versos hipermétricos em Rv-1 estão correctos, apesar da falta de “external responsion”(Johan Soarez Coelho-8, Travanca-4, Beesteiros-1, Servando-6, Lopo-3, Codax-1, Codax-6, JohanAiras-19, Johan Airas-38, Dinis-14). Outros são ilusórios e devem ser corrigidos (Ponte-3, Bonaval-8). E há casos onde vogais extra que podem ser elididas provavelmente deviam sê-lo (Avoin-4,Guilhade-13, Estevan da Guarda-1; cf. Servando-11). Todavia, outros possíveis exemplos envol-vem problemas textuais um tanto difíceis (Ulhoa-3, Airas Paez-1, Dinis-43). De qualquer forma,versos hipermétricos em Rv-1 ocorrem vezes suficientes para que esta seja considerada como uma

70

500 Cantigas d’ Amigo

possível posição privilegiada na forma musical, onde um verso hipermétrico era ocasionalmenteadmitido.

Similarmente, versos hipermétricos encontrados nas fiindas são provavelmente genuínos (JohanSoarez Coelho-10, Johan Airas-39, Johan Airas-43; cf. Servando-9). Recuando no stemma da tradi-ção manuscrita sabemos que era reservado por vezes espaço especial para a música das fiindas(ver Ramos 1984).

No caso das excepções acima discutidas, versos que parecem aceitáveis em BV, mas têm síla-bas a mais ou a menos, são, na minha opinião, resultantes de uma transmissão errónea, tal comoa comparação entre B e V demonstra. Devemos lembrar-nos que se tivessémos apenas B ou ape-nas V poderíamos facilmente enganar-nos, tal como Braga e outros fizeram, defendendo comosendo irregularidades métricas erros que o outro manuscrito demonstra serem, de facto, erros.

Centenas de erros em BV devem ser corrigidos antes de termos um texto das cantigas d’ amigopronto a ser lido. Faltas métricas frequentemente coincidem com erros na morfologia, sintaxe,sentido ou estilo. Por outras palavras, uma falha métrica é geralmente uma de várias pistas queindicam que algo de errado se passa com o texto. Por vezes é a nossa primeira pista, raramente aúnica; mas mesmo assim devemos prestar atenção.

6. Mudanças no texto (correcções, acrescentos, emendas, conjecturas)

Alterei o texto onde problemas na forma estrófica (incluindo virtuosismos na relação entre aforma estrófica e léxico, como o dobre [ver Johan Airas-26, vv. 9 and 17]), métrica, morfologia,sintaxe ou significado – ou numa combinação de dois ou mais destes aspectos – apontam umerro. Cada alteração que envolve algum raciocínio e engenho foi atribuída no aparato ao editorque, no meu conhecimento, primeiro a propôs, mesmo que eu tenha chegado à mesmo soluçãoindependentemente. Em alguns casos, indiquei a concordância (por vezes em ambos os lados emquestão) de um ou mais editores.1 Não indiquei, no entanto, muitas “correcções”, “emendas”,acrescentos e conjecturas – de Braga, Nunes, Machado e outros – as quais não me pareceram serdignas de referência. Os meus contributos para o texto estão indicados pelo uso da primeirapessoa no aparato crítico (supplevi, scripsi, etc.).2

1 Referências às edições monográficas no aparato e notas devem ser procuradas na secção 2.3 da Bibliografia. Referências aostextos de Braga, Nunes, Machado geralmente não são mais especificadas, uma vez que as edições contêm os números dosmanuscritos. Referências à edição de Nunes que não se refiram ao texto no vol. II são especificadas como, por exemplo, Nunes(III, 394) no aparato; mas como, por exemplo, Nunes, vol. III, p. 691 nas notas. Correcções ao texto feitas por Monaci (excepto nocaso de Johan Servando) são tiradas de Monaci 1875a: 431-438 onde podem ser localizadas através da numeração em V. Refe-rências a Michaëlis, CA, vol. II são dadas no aparato apenas com o volume e número de página – por exemplo, Michaëlis (II, 881),enquanto que nas notas são dadas como, por exemplo, Michaëlis (vol. II, p. 881). Referências a Lapa, a menos que especificadode outra forma, são de Lapa 1982: 140-195 (originalmente publicado em 1929) e não são mais referidas no aparato, enquantoque nas notas é dada a referência completa. Se uma edição monográfica é citada fora do texto desse poeta, é dada a citaçãocompleta, por exemplo, Lang (1904: lxviii), enquanto que a mesma edição monográfica é simplesmente citada como, por exem-plo, Lang (p. 173), no conjunto de cantigas atribuídas a esse poeta. CA, CEM, CSM, e Rep. são usadas ao longo de toda a edição(ver Bibliografia 2, ad init.). Mas para as excepções acima referidas, as citações são dadas de acordo com Parkinson 1997: 64 ousimplesmente Parkinson 1997, dependendo da especificidade da referência. Umas poucas obras que são exteriores a estecampo e são citadas apenas uma vez não aparecem na Bibliografia (por exemplo, Libro de Buen Amor).2 Para este propósito considerei a edição das cantigas d’ amigo de Johan Garcia de Guilhade (Cohen 1996a) como uma antecipa-ção (não sem falhas) da presente edição. Assim, em Guilhade-22, v. 12, o aparato indica: s<a>budo scripsi (em vez de s<a>budoCohen) apesar de tal já ter sido publicado. O mesmo se aplica às leituras que surgiram na História e Antologia da Literatura Portuguesa(Séculos XIII-XIV), n.º 2, (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura, 1997), onde as 74cantigas nas pp. 9-31 foram reproduzidas a partir de uma versão anterior, não-publicada, desta edição.

Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo

71

500 Cantigas d’ Amigo

Ao considerar mudanças ao texto, mantive-me fiel às regras filológicas da evidência e fiz gran-de uso de paralelos das cantigas d’ amigo. Mas onde necessário ou conveniente recorri a todo ocorpus da lírica medieval galego-portuguesa, bem como à prosa medieval, etc. Normalmente, umexemplo do mesmo poeta no mesmo género ou por outro poeta no mesmo género ou pelo mes-mo poeta num outro género terão mais peso do que um exemplo de outro poeta num outrogénero. Mas gostaria especialmente de chamar atenção para a importância de comparar BV como Cancioneiro da Ajuda, sigla A. Quando nas cantigas d’ amor tal comparação é possível (ver quadroem Oliveira 1994: 126-127), podemos aprender valiosas lições sobre o tipo de erros que encontra-mos nas cantigas d’ amigo.

7. Notas7.1 Notas ao aparato crítico

As notas ao aparato têm como finalidade esclarecer decisões editoriais. Dizem respeito princi-palmente a questões relativas à paleografia, métrica, forma estrófica, morfologia, sintaxe e léxico.Questões de interpretação são levantadas apenas quando directamente relevantes para um pro-blema textual.1

7.2 Notas explicativas (localizadas entre o aparato crítico e as notas ao aparato)

Forneci algumas notas sobre métrica e colometria, embora uma análise mais extensa da mé-trica e forma estrófica seja dada apenas em casos especiais. Em particular, indiquei quando aforma da estrofe é incerta e as opiniões divergem. Deve ser levado em conta que as anotações deAngelo Colocci em B têm um estatuto especial neste assunto (supra, 4).

Quando apropriado, expliquei uma palavra, uma frase, um verso ou uma passagem que prova-velmente seria de difícil compreensão para o leitor desprevenido – onde os editores tropeçaram,ou onde as suas interpretações erradas demonstram uma necessidade de orientação. Estas glo-sas são apresentadas em formato bilíngue, inglês/português.

8. A ordem dos textos nesta edição

A ordem dos textos nesta edição é dada no Índice de primeiros versos, que funciona como “tábuade matérias” para a poesia aqui incluída. Começamos, de acordo com todas as análises, comFernan Rodriguez de Calheiros (ver a rubrica que precede Calheiros-1) e basicamente seguimos aordem de BV até ao final da “secção d’ Amigo” (Fernand’ Esquio), com duas excepções: (1) osquatros textos – de Estevan da Guarda, Pero d’ Ornelas e Afonso Sanchez – que interrompem os22 poemas de Johan Garcia de Guilhade foram colocados depois deste conjunto; (2) os conjuntos

1 Ainda precisamos de uma concordância para o corpus das cantigas d’ amigo, um glossário (para substituir o de Nunes novol. III; ver p. 56, nota 4 supra) e (embora Nunes forneça algumas notas gramaticais no vol. I, pp. 357-405) uma gramática.Enquanto tal não acontece, leitores e estudantes das cantigas d’ amigo e da lírica galego-portuguesa em geral são acon-selhados a usar a gramática de Huber (1933 [tr. port., com revisão de Lapa e nota introdutória de L. F. Lindley Cintra,1993]) e o glossário de Michaëlis (1920 [agora no vol. I da reedição de 1990 do CA]), de Lapa (CEM), e de Mettmann (CSM,vol. IV da 1ª ed. [no vol. II da 2ª ed.]).

72

500 Cantigas d’ Amigo

maiores, de Johan Airas e D. Dinis estão posicionados depois de Fernand’ Esquio, o que é justo,uma vez que derivam de cancioneiros individuais (Oliveira 1994). Textos do mesmo autor, na secçãoinicial de B, que podem ser juntos, são-no, enquanto que os poucos que não o podem ser, nomea-damente aqueles de Fernan Figueira de Lemos, Rodrig’ Eanes Redondo, Pero Mafaldo, e AlfonsoX, são incluídos numa pequena adenda entre Fernand’ Esquio e os cancioneiros individuais.

As pastorelas não devem ser consideradas cantigas d’ amigo em sentido estrito. Critérios for-mais são suficientes para as distinguir, e são evidentemente um produto importado, embora adap-tado à tradição local. Ainda assim, foram aqui incluídas por causa das suas relações óbvias com ocorpus. Por razões de conveniência, e seguindo o exemplo da pastorela de Johan d’ Avoin, localizadano fim das suas cantigas d’ amigo em BV, as outras seis pastorelas, embora não estejam nosmanuscritos juntamente com as cantigas d’ amigo dos respectivos autores, seguem-se-lhesnesta edição. Assim, as sete pastorelas surgem como Avoin-12, Airas Nunes-*4, Sevilha-*12, JohanAiras-*46, Dinis-*53*, Dinis-*54* e Dinis-*55.

Os poemas de cada autor estão numerados de acordo com a ordem em que aparecem nosmanuscritos, e qualquer texto não-consecutivo é marcado com um asterisco. Um asterisco à es-querda do número indica que em BV o poema em questão não é contíguo ao texto (do mesmoautor) que o precede nesta edição; um asterisco à direita do número indica que em BV o poema nãoé contíguo ao texto (do mesmo autor) que o segue nesta edição.

* * *

Editei as cantigas d’ amigo para as tornar acessíveis a todos os leitores interessados, massobretudo aos estudiosos e estudantes, uma vez que apenas uma edição crítica fiável poderáservir como base de pesquisa. O texto não é modernizado; a “ortografia” é meramente regulariza-da de acordo com a prática do século XIII. E não imponho uma interpretação geral; forneço ape-nas notas filológicas e explicativas onde me pareceram necessárias.

Editar estes textos mostrou-me, repetidamente, a sua complexidade e subtileza, tantas vezesdesprezada e subestimada. O meu esforço vai ser suficientemente recompensado se mais leitorespoderem desfrutar desta poesia, mas também espero que os estudiosos comecem a considerarestas composições mais seriamente do que até aqui têm feito.

As cantigas d’ amigo são bem merecedoras de toda a atenção e cuidado que as geraçõesfuturas lhes possam conceder. Estas cantigas não são uma espécie de ornamento social, sãoantes uma parte dos seres humanos e da sua história.

73

500 Cantigas d’ Amigo

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço à Biblioteca Nacional (Lisboa), à Biblioteca Apostolica Vaticana e à PierpontMorgan Library. Graças a estas bibliotecas foi-me possível ler todo o corpus das cantigas d’ amigo directa-mente dos manuscritos. Agradeço também o apoio das instituições que me ajudaram durante os anosiniciais deste projecto: Fundação Calouste Gulbenkian (1991-92); Instituto de Língua e Cultura Portuguesa(1992-93); Instituto Camões (1993-94); Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica/Praxis XXI(1994-96).

Devo agradecer também a vários estudiosos nesta área, desde os pioneiros até aos contemporâneos eestudantes. Mas tenho de recuar no tempo.

Estudante algo rebelde, beneficiei da paciência e sabedoria de excelentes professores na Universidadeda Califórnia, em Filologia Grega, Latina, Inglesa e Românica: professores Keith Aldrich, Alva Walter Bennett,Kim Ziegel, e a professora visitante de Roma, Luciana Stegagno Picchio. A eles devo o que aprendi na minhajuventude sobre exactidão e honestidade filológica. E às universidades onde ensinei e cujas bibliotecasusei, como a Universidade de Pensilvânia e a Universidade de Chicago, e a certos colegas que tive aí, expres-so também a minha gratidão.

Muitos estudiosos, alguns dos quais amigos, ajudaram-me desde que iniciei este projecto. Alguns delestalvez estranhem o agradecimento, poderão dizer “mas que fiz eu?”. A resposta é “Conversou comigo quandopedi o seu conselho”. A quem poderei agradecer? Por alguma coisa, ou por muitas coisas, ou por tanta coisaque é impossível agradecer: aos professores Stephen Reckert, Federico Corriente, Valeria Bertolucci Pizzorusso,Arthur Askins, Yvette K. Centeno, Harvey Sharrer, K. David Jackson, Artur Anselmo, Elsa Gonçalves, CarmenRadulet, Ivo José de Castro, Isabel Allegro, Anna Ferrari, Pedro Ferré, João Dionísio, Mariagrazia Russo, ÂngelaCorreia, Stephen Parkinson, Manuel Pedro Ferreira, António Resende de Oliveira e Gema Vallín. De umaforma ou outra o contacto com cada um deles contribuíu para o meu entendimento deste material e fortale-ceu a minha determinação em completar esta edição.

Devo agradecer também a Joana Varela, da Colóquio-Letras, que me ajudou numa edição de 22 cantigasd’ amigo de Johan de Guilhade (e um longo artigo) em 1996-97. A velhos amigos e família: José Blanc dePortugal, Robert W. Wallace, Stephen Malinowski, Pamela Bury, Kevin Oderman, Peter Bing, Pilar GarcíaMouton, Rafael Aburto, Mónica Suárez, Peter Steiner, Sérgio de Portugal, Maria José Machado, Martin D.

Cohen, Todd Cohen, Wendy Phillips e Pieta Bellizia.

Michael Weiss, outrora meu aluno de latim, hoje perito em linguística histórica, ajudou-me em algunsassuntos técnicos. E também aprendi com os meus alunos aqui em Lisboa, no campo, sempre arriscado, dafilologia medieval galego-portuguesa: Patrícia Ferreira, Marta Castelo Branco Gonçalves, Manuela de SousaPereira e Isabel Rodrigues. Em particular, durante uma revisão (1998-99), Isabel Rodrigues pacientementeconfrontou o meu texto com as edições fac-similadas dos manuscritos e bibliografia relevante e fez muitascorrecções e sugestões valiosas.

Estou também extremamente grato à Johns Hopkins University, onde tenho sido professor convidadodurante o ano académico 2002-2003. Muito obrigado, portanto, a Daniel H. Weiss, “Dean” da Krieger Schoolof Arts and Sciences, e ao Professor Stephen G. Nichols, Chefe do Departamento de Línguas e LiteraturasRomânicas.

Finalmente, dedico este livro, aos meus filhos e a Luciana Stegagno Picchio, Professor Emeritus daUniversità di Roma, ‘La Sapienza.’ Arquitecta dos estudos modernos neste campo, Luciana foi também ainspiração para esta edição e aconselhou-me em inúmeras ocasiões. Mas tenho ainda uma outra razão.Durante vinte anos, Luciana tem permanecido sempre, em todos os momentos, a mais verdadeira dos ver-dadeiros amigos.

Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Marcador de texto
Willamy
Retângulo
Willamy
Marcador de texto

75

500 Cantigas d’ Amigo

INDEX OF FIRST VERSES(in order of appearance in BV [slightly modified: see Introduction, p. 49])

ÍNDICE DE PRIMEIROS VERSOS(segundo a ordem de BV [ligeiramente modificada: ver Introdução, p. 71])

Fernan Rodriguez de CalheirosPerdud’ ei, madre, cuid’ eu, meu amigo: 111Que farei agor’, amigo? 112Agora ve~o o meu amigo 113Direi vos agor’, amigo, camanho temp’ á passado 114Assanhei m’ eu muit’ a meu amigo 115Estava meu amig’ atenden<d>’ e chegou 116Madre, passou per aqui un cavaleiro 117Disse mh a mi meu amigo, quando s’ ora foi sa via, 118

Vaasco Praga de SandinSabedes quant’ á, ’migo, que m’ eu vosco veer 119Cuidades vós, meu amigo, ca vos non quer’ eu mui gran ben 120Meu amigo, pois vós tan gran pesar 121Quando vos eu, meu amig’ e meu ben, 122

Pae Soarez de TaveirósO meu amigo, que mi dizia 123Donas, veeredes a prol que lhi ten 124Quando se foi meu amigo, 125

Nuno Fernandez Torneol“Levad’, amigo que dormide-las manhanas frias” 126Aqui vej’ eu, filha, o voss’ amigo, 127Ai madr’, o meu amigo que non vi 128Que coita tamanha ei a sofrer 129Vi eu, mha madr’, andar 130Trist’ anda, mha madr<e>, o meu amigo, 131Foi s’ un dia meu amigo daqui 132– Dizede m’ ora, filha, por Santa Maria, 133

Pero Garcia BurgalêsAi madre, ben vos digo, 134Non vos nembra, meu amigo, 135

Johan Nunez Camanês– Se eu, mha filha, for voss’ amigo veer, 136Vistes, filha, noutro dia 137Par Deus, amigo, muit’ á gran sazon 138

76

500 Cantigas d’ Amigo

Id’, ai mha madre, vee-lo meu amigo 139Par Deus, donas, quando veer 140

Airas CarpanchoChegades [vós, ai] amiga, du é meu amigo 141Tanto sei eu de mi parte quanto de meu coraçon, 142Madre velida, meu amigo vi, 143A maior coita que eu no mund’ ei 144– Que me mandades, ai madre, fazer 146Madre, pois vós desamor avedes 147A mha coita non lhi sei guarida; 148Por fazer romaria puj’ en meu coraçon 149

Vaasco GilIrmãa, o meu amigo, que mi quer ben de coraçon 150

Johan Perez d’ AvoinQuando se foi noutro dia daqui 151Cuidades vós meu amigo, u~a ren: 152Vistes, madre, quando meu amigo 153Que bõas novas que oj’ oirá 154Par Deus, amigo, nunca eu cuidei 155Dized’, amigo, en que vos mereci 156Disseron mh ora de vós u~a ren, 157Pero vos ides, amigo, 158Amigo, pois me leixades 159Amig’ ouv’ eu a que queria ben, 160O por que sempre mha madre roguei, 161Cavalgava noutro dia (pastorela) 162

Johan Soarez CoelhoPer bõa fe, mui fremosa sanhuda 163Foi s’ o meu amigo daqui noutro dia 164Amigo, queixum’ avedes 165Ai madr,’ o que eu quero ben 166Oje quer’ eu meu amigo veer, 167Falei un dia, por me baralhar 168Amigo, pois me vos aqui 169Amigas, por Nostro Senhor, 170Vedes, amigas, meu amigo ven 171– Filha, direi vos u~a ren 172Ai meu amigo, <a>se vejades 173Fui eu, madre, lavar meus cabelos 174Ai Deus, a vólo digo: 175Fremosas, a Deus louvado, con tan muito ben como oj’ ei, 176Agora me foi mha madre melhor 177

77

500 Cantigas d’ Amigo

Estevan ReimondoAmigo, se ben ajades, 178Anda triste <o> meu amigo, 179

Johan Lopez d’ UlhoaOí ora dizer que ven 180Ai Deus, u é meu amigo, que non m’ envia mandado? 181Que trist’ oj’ eu and’ e faço gran razon; 182Eu fiz mal sen qual nunca fez molher, 183Ja eu sempre mentre viva for, viverei mui coitada, 184Eu nunca dormho nada, cuidand’ en meu amigo, 185Que mi queredes, ai madr’ e senhor, 186

Fernan Fernandez CogominhoAmig’, e non vos nembrades 187Ir quer’ oj’ eu, madre, se vos prouguer 188Amiga, muit’ á que non sei 189Meu amigo, se vejades 190

Gonçal’ Eanes do VinhalQue leda que oj’ eu sejo 191Par Deus, amiga, quant’ eu receei 192Quand’ eu sobi nas torres sobelo mar 193O meu amigo, que me quer gran ben, 194Amiga, por Deus, vos venh’ ora rogar 195O meu amigo que<i>xa se de mi, 197Meu amig’ é daquend’ ido, 198

Roi QueimadoO meu amigo, que me mui gran ben 199O meu amig’, ai amiga, 200Quando meu amigo souber 201Dize<n> mh ora que non verrá 202

Meen Rodriguez TenoiroPois que vos eu quero mui gran ben, 203– Amigo, pois mi dizedes 204Ir vos queredes, amigo, daquen 205Quiso m’ oj’ un cavaleiro dizer, 206

Estevan CoelhoSedia la fremosa seu sirgo torcendo, 207Se oj’ o meu amigo 208

Estevan TravancaPor Deus, amiga, que preguntedes 209

78

500 Cantigas d’ Amigo

Amigas, quando se quitou 210Se eu a meu amigo dissesse 212Dizen mh, amiga, se non fezer ben 213

Rodrig’ Eanes de VasconcelosO voss’ amig’, amiga, foi sazon 214Se eu, amiga, quero fazer ben 215O meu amigo non á de mi al 216Aquestas coitas que de sofrer ei, 217

Afonso Meendez de BeesteirosFals’ amigo, per bõa fe, 218Mha madre, venho vos rogar 219

Pero Gomez BarrosoAmiga, quero vos eu ja dizer 220O meu amigo que é con el rei 221Direi verdade, se Deus mi perdon, 222

Pero ViviaezPois nossas madres van a San Simon 223Por Deus, amiga, punhad’ en partir 224

Fernan Gonçalvez de SeavraPero que eu meu amigo roguei 225

Afonso Lopez de BaianFui eu fremosa fazer oraçon 226Madre, des que se foi daqui 227Ir quer’ oj’ eu fremosa de coraçon, 228Disseron mh u~as novas de que m’ é mui gran ben, 229

Johan Garcia de GuilhadeTreides todas, ai amigas, comigo 230Por Deus, amigas, que será? 231Quer’ eu, amigas, o mundo loar 232Sanhud’ and<ad>es, amigo, 233Amigas, o meu amigo 234Vistes, mhas donas, quando noutro dia 235Amigas, tamanha coita nunca sofri pois foi nada, 236Par Deus, amigas, ja me non quer ben 237Vi oj’ eu donas mui ben parecer 238Amigas, que Deus vos valha, quando veer meu amigo, 239Morr’ o meu amigo d’ amor 240Diss’, ai amigas, don Jan Garcia 241Fostes, amig’, oje vencer 242

79

500 Cantigas d’ Amigo

Chus mi tarda, mhas donas, meu amigo 243Cada que ven o meu amig’ aqui 244Per bõa fe, meu amigo, 245Estas donzelas que aqui demandan 246Fez meu amigo gran pesar a mi, 247Fez meu amigo, amigas, seu cantar 248– Foi s’ ora daqui sanhudo, 249Ai amigas, perdud’ an conhocer 250Veestes me, amigas, rogar 251

Estevan da Guarda– A voss’ amig’, amiga, que prol ten 252

Pero d’ OrnelasAvedes vós, amiga, guisado 253

Afonso SanchezQuand’, amiga, meu amigo veer, 254Dizia la fremosinha: 255

Johan Vaasquiz de TalaveiraDisseron mi que avia de mi 256O meu amigo, que <eu> sempr’ amei 257Quando se foi meu amigo daqui, 258Conselhou mi u~a mha <a>miga 259Do meu amig’ a que eu defendi 260Vistes vós, amiga, meu amigo, 261O meu amigo, que mi gran ben quer, 262Quero vos ora mui ben conselhar, 263

Nuno Perez SandeuMadre, disseron mi ora que ven 264Ai mha madre, sempre vos eu roguei 265Por que vos quer’ eu mui gran ben, 266Deus, por que faz meu amig’ outra ren 267– Ai filha, o que vos ben queria 268Madre, pois non posso veer 269

Meen Vaasquiz de FolhenteAi amiga, per bõa fe, 270

Fernan FroiazJuravades mi [vós], amigo, 271Que trist’ anda meu amigo, 272– Amigo, preguntar vos ei 273Por que se foi daqui meu amigo 274

80

500 Cantigas d’ Amigo

Fernan VelhoVedes, amigo, <o> que oj’ oí 275

Vaasco Perez Pardal– Amigo, que cuidades a fazer 276Coitada sejo no meu coraçon 277– Por Deus, amiga, provad’ un dia 278Amigo, vós ides dizer 279Amiga, ben cuid’ eu do meu amigo 280

Afons’ Eanes do Coton– Ai meu amig’ e meu lum’ e meu ben, 281Se gradoedes, amigo, 283Quando se foi meu amigo, 284

Pedr’ Eanes SolazDizia la ben talhada: 285Eu velida non dormia 287Jurava m’ oje o meu amigo 289

Pero da Ponte– Vistes, madr’, o escudeiro que m’ ouvera levar sigo? 290Vistes, madr’, o que dizia 291Mha madre, pois se foi daqui 292Foi s’ o meu amigo daqui 293Pois vos ides daqui, ai meu amigo, 294Por Deus, amig’, e que será de mi, 295– Ai madr’, o que me namorou 296

Pae Gomez CharinhoAs frores do meu amigo 297Disseron m’ oj’, ai amiga, que non 299Que muitas vezes eu cuido no ben 300Mha filha, non ei eu prazer 301– Voss’ amigo que vos sempre serviu 302Ai Santiago, padron sabido, 303

Johan GarciaDonas, fezeron ir daqui 304O meu amigo, que eu sempr’ amei, 305

Reimon GonçalvezFoste<s> vos vós, meu amigo, daqui 306

Garcia Soares– Filha, do voss’ amigo m’ é gran ben, 307Madre, se meu amigo veesse, 308

81

500 Cantigas d’ Amigo

Vaasco Rodrigues de CalveloQuanto durou este dia, 309Roguei vos eu, madre, á i gran sazon 310

MeendinhoSeía m’ eu na ermida de San Simhon 311

Johan Meendiz de BriteirosAmiga, ben ei que non á 313Deus que leda que m’ esta noite vi, 314Ora vej’ eu que non á verdade 315

Airas NunesA Santiag’ en romaria ven 316Bailemos nós ja todas tres, ai amigas, 317– Bailade oje, ai filha, que prazer vejades, 318Oí oj’ eu u~a pastor cantar (pastorela) 319

Pero Gonçalvez de Porto CarreiroPar Deus, coitada vivo 321Meu amigo, quando s’ ia, 322O anel do meu amigo 323Ai meu amigo e meu senhor 324

Gomez GarciaDiz meu amigo que me serve ben 326

Roi FernandizConhosco me, meu amigo, 327Se vos non pesar ende, 328Id’ é meu amigo daqui 329– Ai madre, que mui<t’ eu err>ei 330Madre, pois amor ei migo 331Ora non dev’ eu preçar parecer 332– Madre, quer’ oj eu ir veer 333

Pae de CanaVedes que gran desmesura, 334Amiga, o voss’ amigo 335

Sancho SanchezAmiga, ben sei do meu amigo 336Amiga, do meu amigo 337Ir vos queredes, [ai meu] amigo, <d’ aqui> 338Que mui gran torto mi fez, amiga, 339En outro dia en San Salvador 340

82

500 Cantigas d’ Amigo

Rodrig’ Eanes d’ AlvaresAi amiga, tenh’ eu por de bon sen 341

Roi Marti~iz d’ UlveiraOi mais, amiga, quer’ eu ja falar 342– Muit’ á que diz que morrerá d’ amor 343 Ai madr’, o meu amigo morr’ assi 344

Estevan Fernandez d’ ElvasEstes que agora, madre, aqui son 345O meu amigo que por min o sen 346– Farei eu, filha, que vos non veja 347– Madre, chegou meu amig’ oj’ aqui 348

Pero de BerdiaSanhudo m’ é meu amig’ e non sei, 349Jurava mh o meu amigo, 350Deu-lo sabe, coitada vivo mais ca soía, 351Assanhou s’ o meu amigo 352Foi s’ o meu amigo daqui 353

Nuno PorcoIrei a lo mar vee-lo meu amigo; 354

Pero de VeerAi Deus, que doo que eu de mi ei, 355Assanhei me vos, amigo, noutro dia, 356A Santa Maria fiz ir meu amigo 357Do meu amig’, a que eu quero ben, 358Assanhei me vos, amigo, per bõa fe, con sandece 359– Vejo vos, filha, tan de coraçon 360

Bernal de BonavalFremosas, a Deus grado, tan bon dia comigo, 361Quero vos eu, mha irmana, rogar 362– Ai fremosinha, se ben ajades, 363Pois mi dizedes, amigo, ca mi queredes vós melhor 364Se veess’ o meu amigo a Bonaval e me visse, 365Diss’ a fremosa en Bonaval assi: 366Rogar vos quer’ eu, mha madre <e> mha senhor, 367Filha fremosa, vedes que vos digo: 368

Johan ServandoQuand’ eu a San Servando fui un dia daqui 369Ir se quer o meu amigo, 370A San Servand’ en oraçon 371

83

500 Cantigas d’ Amigo

A San Servando foi meu amigo 372Ora van a San Servando donas fazer romaria 373A San Servand’, u ora van todas orar, 374Se meu amig’ a San Servando for 375Mha madre velida, e non me guardedes 376Triste and’ eu velida, e ben volo digo, 377Foi s’ agora meu amig’ e por en 378Fui eu a San Servando por veer meu amigo 379Diz meu amigo que lhi faça ben, 380Filha, o que queredes ben 381Disseron mi ca se queria ir 382O meu amigo, que me faz viver 383Ir vos queredes, amigo, 384[Donas van a San Servando muitas oj’ en romaria,] 385

Johan ZorroQuen visse andar fremosi~a 386– Os meus olhos e o meu coraçon 387Per ribeira do rio 388El rei de Portugale 389– Cabelos, los meus cabelos, 390Pela ribeira do rio 391Mete el rei barcas no rio forte; 392Jus’ a lo mar e o rio 393Pela ribeira do rio salido 394Bailemos agora, por Deus, ai velidas, 395

Roi Marti~iz do Casal– Dized’, amigo, se prazer vejades, 396Rogo te, ai amor, que queiras migo morar 397Muit’ ei, ai amor, que te gradescer 398

Juião BolseiroSen meu amigo manh’ eu senlheira, 399Da noite d’ eire poderan fazer 400Fui oj’ eu, madre, veer meu amigo 401Nas barcas novas foi s’ o meu amigo daqui, 402– Vej’ eu, mha filha, quant’ é meu cuidar, 403Que olhos son que vergonha non an, 404Mal me tragedes, ai filha, por que quer’ aver amigo, 405Buscastes m’, ai amigo, muito mal 407Fez u~a cantiga d’ amor 408Ai madre, nunca mal senti<u> 409Ai meu amigo, meu, per bõa fe, 410Aquestas noites tan longas que Deus fez en grave dia 411

84

500 Cantigas d’ Amigo

Ai meu amigo, avedes vós per mi 412Partir quer migo mha madr’ oj’ aqui 413Non perdi eu, meu amigo, des que me de vós parti, 414

Martin CampinaO meu amig’, amiga, vej’ andar 415Diz meu amigo que eu o mandei 416

Pero MeogoO meu amig’, a que preito talhei, 417Por mui fremosa, que sanhuda estou 418– Tal vai o meu amigo, con amor que lh’ eu dei, 419Ai cervas do monte, vin vos preguntar: 420<Levou s’ aa alva>, levou s’ a velida, 421Enas verdes ervas 422Preguntar vos quer’ eu, madre, 423Fostes, filha, eno bailar 424– Digades, filha, mha filha velida, 425

Martin de CaldasPer quaes novas oj’ eu aprendi, 426Madr’ e senhor, leixade m’ ir veer 427Mandad’ ei migo qual eu desejei 428Foi s’ un dia meu amigo daqui 429Ai meu amig’ e lume destes meus 430Nostro Senhor, e como poderei 431Vedes qual preit’ eu querria trager, 432

Nuno TreezDes quando vos fostes daqui, meu amigo, sen meu prazer, 433San Clemenço do mar, 434Non vou eu a San Clemenço orar, e faço gran razon, 435Estava m’ en San Clemenço, u fora fazer oraçon, 436

Pero d’ArmeaSej’ eu fremosa con mui gran pesar 437Amiga, grand’ engan’ ouv’ a prender 438Mhas amigas, quero m’ eu des aqui 439– Amigo, mando vos migo falar 440

Pedr’ Amigo de SevilhaDisseron vos, meu amigo, 441Amiga, muit’ amigos son 442– Amiga, vistes amigo 443Moir’, amiga, desejando 444O meu amigo, que mi gran ben quer, 445

85

500 Cantigas d’ Amigo

Por meu amig’, amiga, preguntar 446Un cantar novo d’ amigo 447– Amiga, voss’ amigo vi falar 448Par Deus, amiga, podedes saber 449Sei eu, donas, que non quer tan gran ben 451– Dizede, madre, por que me metestes 453Quand’ eu un dia fui en Compostela (pastorela) 455

Johan BavecaAmiga, dizen que meu amig’ á 457– Por Deus, amiga, preguntar vos ei 458– Ai amiga, oje falou comigo 459Amigo, sei que á mui gran sazon 460Pesa mh, amiga, por vos non mentir, 461– Filha, de grado queria saber 462Vossa menaj’, amigo, non é ren, 463Amig’, entendo que non ouvestes 464– Como cuidades, amiga, fazer 465Amigo, vós non queredes catar 466Madr’, o que sei que mi quer mui gran ben 467Ora veerei, amiga, que fará 468Amigo, mal soubestes encobrir 469

Pero d’ AmbroaAi meu amigo, pero vós andades 470

Pae CalvoFoi s’ o namorado, madr’, e non o vejo; 471Ai madr’, o que ben queria 472

Martin PadrozelosEu louçana, en quant’ eu viva for, 473Gran sazon á, meu amigo, 474– Amig’, avia queixume 475Madr’, enviou volo meu amigo 476Ai meu amigo, coitada 477Por Deus, que vos non pes, 478Amigas, sejo cuidando 479Fostes vos vós, meu amigo, daqui 480Id’ oj, ai meu amigo, led’ a San Salvador, 481

LopoPois vós, meu amigo, morar 482Polo meu mal filhou <s’ ora> el rei 483And’ ora trist’ e fremosa 484Por que se foi meu amigo 485

86

500 Cantigas d’ Amigo

– Filha, se gradoedes, 486Por Deus vos rogo, madre, que mi digades 487Disseron m’ agora do meu namorado 488Assanhou se, madr<e>, o que mi quer gran ben 489

Galisteu FernandizO voss’ amigo foi s’ oje daqui 490Meu amigo sei ca se foi daqui 491– Por Deus, amiga, que pode seer 492Dizen do meu amigo ca mi fez pesar, 493

Lourenço– Ir vos queredes, amigo, 494U~a moça namorada 495Tres moças cantavan d’ amor, 496Assaz é meu amigo trobador, 497Amiga, des que meu amigo vi, 498Ja ’gora meu amigo filharia 499Amiga, quero m’ ora cousecer 500

GolparroMal faç’ eu velida, que ora non vou 501

Johan de CangasEn San Momed’, u sabedes 502Fui eu, madr’, a San Momed’ u me cuidei 503Amigo, se mi gran ben queredes, 504

Martin de GiinzoComo vivo coitada, madre, por meu amigo, 505Se vos prouguer, madr’, oj’ este dia 506Treides, ai mha madr’, en romaria 507Non poss’ eu, madre, ir a Santa Cecilia, 508Ai vertudes de Santa Cecilia, 509Non mi digades, madre, mal e irei 510Nunca eu vi melhor ermida nen mais santa, 511A do mui bon parecer 512

Martin CodaxOndas do mar de Vigo, 513Mandad’ ei comigo 514Mia irmana fremosa, treides comigo 515Ai Deus, se sab’ ora meu amigo 516Quantas sabedes amar amigo, 517Eno sagrado en Vigo 518Ai ondas que eu vin veer, 519

87

500 Cantigas d’ Amigo

Airas PaezQuer’ ir a Santa Maria [de Reça,] e, irmana, treides migo, 520Por vee-lo namorado, que muit’ á que eu non vi, 521

Fernan do LagoD’ ir a Santa Maria do Lag’ ei gran sabor 522

Johan de RequeixoFui eu, madr’, en romaria a Faro con meu amigo 523A Far<o> un dia irei, madre, se vos prouguer, 524Pois vós, filha, queredes mui gran ben 525Atender quer’ eu mandado que m’ enviou meu amigo 526Amiga, quen oje ouvesse mandado do meu amigo 527

Fernan d’ EsquioO vosso amigo, assi Deus m’ empar, 528O voss’ amigo trist’ e sen razon 529Vaiamos, irmana, vaiamos dormir 530– Que adubastes, amigo, alá en Lug’ u andastes, 531

addendun

Fernan Figueira de LemosDiz meu amigo que lhe faça ben B 47 f. 15v° 532

Rodrig’ Eanes RedondoDe-lo dia, ai amiga, que nos nós de vós partimos, B 332 f. 77r° 533

Pero MafaldoAi amiga, sempr’ avedes sabor B 373 f. 85r° 534O meu amig’, amiga, que me gran ben fezia, B 383 f. 86r° 535

Alfonso XAi eu coitada, como vivo en gran cuidado B 456 f. 101r° 536

Cancioneiros individuais

Johan Airas de SantiagoTodalas cousas eu vejo partir 537Dizen, amigo, que outra senhor 538O que soía, mha filha, morrer 539Par Deus, mha madr’, o que mi gran ben quer 540O meu amigo novas sabe ja 541

88

500 Cantigas d’ Amigo

Amigo, quando me levou 542Ai mha filha, por Deus, guisade vós 543O meu amigo non pod’ aver ben 544Meu amigo, vós morredes 545Entend’ eu, amiga, per bõa fe, 546O meu amigo, que xi m’ assanhou 547O voss’ amig’ á de vós gran pavor, 548– Meu amigo, quero vos preguntar 549Par Deus, amigo, non sei eu que é, 550Par Deus, mha madr’, ouvestes gran prazer 551Que mui leda que eu mha madre vi 552Vai s’, amiga, meu amigo daqui 553Queixos’ andades, amigo, d’ amor 554A meu amigo mandad’ enviei 555Queredes ir, meu amigo, eu o sei, 556Diz meu amigo tanto ben de mi 557– Ai mha filha, de vós saber quer’ eu 558Quand’ eu fui un dia vosco falar, 559Amigo, veestes m’ un dia ‘qui 560Non vos sabedes, amigo, guardar 561Non ei eu poder d’ o meu amigo 562Mha madre, pois <a>tal é vosso sen 563Diz meu amigo que, u non jaz al, 565Voss’ amigo quer vos sas dõas dar, 566O meu amigo, forçado d’ amor, 567Quer meu amigo de mi un preito 568Diz, amiga, o que mi gran ben quer 569Que mui de grad’ eu faria 570Vedes, amigo, ond’ ei gran pesar: 571Morreredes, se vos non fezer ben, 572Alguen vos diss’, amig’, e sei o eu, 573Amigas, o que mi quer ben 575– O voss’ amigo que s’ a cas del rei 576Vai meu amigo con el rei morar 577Amigo, queredes vos ir, 578Foi s’ o meu amigo a cas del rei 579Amei vos sempr’, amigo, e fiz vos lealdade: 580Meu amig’ e meu ben e meu amor, 581A que mh a min meu amigo filhou 582Ir vos queredes, e non ei poder, 583Ir vos queredes, amigo, 584Pelo souto de Crexente, (pastorela) 585

89

500 Cantigas d’ Amigo

DinisBen entendi, meu amigo, 586Amiga, muit’ á gran sazon 587Que trist’ oj’ é meu amigo, 588Dos que ora son na oste, 589Que muit’ á ja que non vejo 590Chegou m’ or’ aqui recado, 591O meu amig’, amiga, non quer’ eu 592Amiga, bon grad’ aja Deus 593Vós que vos en vossos cantares meu 594Roga m’ oje, filha, o voss’ amigo 595Pesar mi fez meu amigo, 596Amiga, sei eu ben du~a molher 597Bon dia vi amigo, 598Non chegou, madre, o meu amigo, 599– De que morredes, filha, a do corpo velido? 600– Ai flores, ai flores do verde pino, 601Levantou s’ a velida, 602Amig’ e meu amigo, 604O voss’ amigo tan de coraçon 605Com’ ousará parecer ante mi 607– En grave dia, senhor, que vos oí 608– Amiga, faço me maravilhada 609O voss’ amig’, amiga, vi andar 610– Amigo, queredes vos ir? 611– Dizede por Deus, amigo: 612– Non poss’ eu, meu amigo, 613Por Deus, amigo, quen cuidaria 614O meu amigo á de mal assaz 615Meu amigo, non poss’ eu guarecer 616Que coita ouvestes, madr’ e senhor, 618Amig’ e fals’ e desleal, 619Meu amigo ven oj’ aqui 620Quisera vosco falar de grado, 621Vi vos, madre, con meu amig’ aqui 622Gran temp’ á, meu amigo, que non quis Deus 623Valer vos ia, amigo, <meu ben>, 624Pera veer meu amigo, 625Chegou mh, amiga, recado 626De morrerdes por mi gran dereit’ é, 627Mha madre velida, 628Coitada viv’, amigo, por que vos non vejo, 630O voss’ amig’, ai amiga, 631Ai fals’ amig’ e sen lealdade, 632Meu amig’, u eu sejo, 633

90

500 Cantigas d’ Amigo

Por Deus, punhade de veerdes meu 634Amiga, quen vos <ama 635Amigo, pois vos non vi, 636Pois que diz meu amigo 637Por Deus, amiga, pes vos do gran mal 638Falou m’ oj’ o meu amigo 639Vai s’ o meu amig’ alhur sen mi morar 640Non sei oj’, amigo, quen padecesse 641U~a pastor se queixava (pastorela) 642U~a pastor ben talhada (pastorela) 643Vi oj’ eu cantar d’ amor (pastorela) 644

103

500 Cantigas d’ Amigo

NUMBER OF CANTIGAS D’ AMIGO ATTRIBUTED TO EACH POET (in ascending order)

CONJUNTO DAS CANTIGAS D’ AMIGO ATRIBUÍDAS A CADA TROVADOR (por ordem crescente)

1 Fernan Figueira de LEMOS 532Rodrig’ Eanes REDONDO 533ALFONSO X * 536Vaasco GIL* 150Fernan Gonçalvez de SEABRA 225Estevan da GUARDA 252Pero d’ ORNELAS 253Meen Vaasquiz de FOLHENTE 270Fernan VELHO 275Reimon GONÇALVEZ 306MEENDINHO 311Gomez GARCIA 326Rodrig Eanes d’ ALVARES 341Nuno PORCO 354Pero d’ AMBROA 470GOLPARRO 501Fernan do LAGO 522(17 poets)

2 Pero MAFALDO 534-535Pero Garcia BURGALÊS 134-135Estevan REIMONDO 178-179Estevan COELHO 207-208Afonso Meendez de BEESTEIROS 218-219Pero VIVIAEZ 223-224Afonso SANCHEZ 254-255Johan GARCIA 304-305Garcia SOARES 307-308Vaasco Rodriguez de CALVELO 309-310Pae de CANA 334-335Martin CAMPINA 415-416Pai CALVO 471-472Airas PAEZ 520-521(14 poets, 28 texts)

3 Pae Soares de TAVEIRÓS* (or 2?) 123-125Pero Gomez BARROSO 220-222Alfons’ Eanes de COTON* (or 2?) 281-284Pedr’ Eanes SOLAZ 285-289Johan Meendiz de BRITEIROS 313-315Roi Marti~iz d’ ULVEIRA 342-344

104

500 Cantigas d’ Amigo

Roi Marti~iz do CASAL 396-398Johan de CANGAS 502-504(8 poets, 23 texts)

4 Vaasco Fernandez Praga de SANDIN 119-122Fernan Fernandez COGOMINHO 187-190Rodrig’ Eanes de VASCONCELOS* 214-217Meen Rodriguez TENOIRO* 203-206Estevan TRAVANCA 209-213Roi QUEIMADO* 199-202Afonso Lopez de BAIAN 226-229Fernan FROIAZ 271-274Airas NUNES* (incl. pastorela) 316-319Pero Gonçalvez de PORTO CARREIRO 321-324Estevan Fernandez d’ ELVAS* 345-348Nuno TREEZ 433-436Pero d’ARMEA 437-440Galisteu FERNANDIZ 490-493Fernand’ ESQUIO* 528-531(15 poets, 60 texts)

5 Johan Nunez CAMANÊS 136-140Vaasco Perez PARDAL 276-280Sancho SANCHEZ 336-340Pero de BERDIA 349-353Johan de REQUEIXO 523-527(5 poets, 25 texts)

6 Nuno Perez SANDEU 264-269Pae Gomez CHARINHO* 297-303Pero de VEER 355-360(3 poets, 18 texts)

7 Johan Lopez d’ ULHOA 180-186Gonçal’ Eanes de VINHAL 191-198Pero da PONTE 290-296Roi FERNANDIZ 327-333Martin de CALDAS 426-432LOURENÇO 494-500Martin CODAX 513-519(7 poets, 49 texts)

8 Fernan Rodriguez de CALHEIROS 111-118Nuno Fernandez TORNEOL 126-133Airas CARPANCHO 141-149Johan Vaasquiz de TALAVEIRA* 256-263

105

500 Cantigas d’ Amigo

Bernal de BONAVAL 361-368LOPO 482-489Martin de GIINZO 505-512(7 poets, 56 texts)

9 Pero MEOGO 417-425Martin PADROZELOS 473-481

10 Johan ZORRO* 386-395

12 Johan Perez d’ AVOIN* (incl. pastorela) 151-162Pedr’ Amigo de SEVILHA* (incl. pastorela; or 11) 441-456

13 Johan BAVECA 457-469

15 Juião BOLSEIRO 399-414Johan Soarez COELHO 163-177

16 Johan SERVANDO* 369-385

22 Johan Garcia de GUILHADE* 230-251

47 Johan AIRAS* (incl. pastorela) 537-585

55 DINIS* (incl. 3 pastorelas) 586-644

(* = uncertain or double attribution, double transmission, or non-consecutive text)

totals:

503 cantigas7 pastorelas510 textos (including Guilhade-9 and Dinis-21)

.

108

500 Cantigas d’ Amigo

109

500 Cantigas d’ Amigo

En esta folha adeante se começanas cantigas d’ amigo que fezeronos cavalleiros e o primeiro é FernanRodriguiz de Calheiros

110

500 Cantigas d’ Amigo

111

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 1

Perdud’ ei, madre, cuid’ eu, meu amigo:macar m’ el viu, sol non quis falar migo;e mha sobervha mho tolheu,que fiz o que m’ el defendeu

Macar m’ el viu, sol non quis falar migo, 5e eu mho fiz, que non prix seu castigo,e mha so<bervha mho tolheu,que fiz o que m’ el defendeu>

<E> eu mho fiz, que non prix seu castigo,mais que mi val ora, quando o digo? 10e mha sobervha <mho tolheu,que fiz o que m’ el defendeu>

Fiei m’ eu tant’ en qual ben m’ el queriaque non meti mentes no que faziae mha sobervha <mho tolheu, 15que fiz o que m’ el defendeu>

Que non meti mentes no que faziae fiz pesar a quen mho non fariae mha sobervha <mho tolheu,que fiz o que m’ el defendeu> 20

E fiz pesar a quen mho non fariae tornou s’ én sobre mi a foliae mha sobervha <mho tolheu,que fiz o que m’ el defendeu>

B 626 f. 137v° V 227 f. 33r°

6 e om. B 9 <E> Nunes; cf. v. 6 10 mais om. V 13 Fiey B : Eiey V

Before this text we find the following rubric:<En> esta folha adeante se começan as cantigas d’ amigo que fezeron os cavalleiros e o prime<i>ro é Fernan Rodriguiz de Calheiros

B: Esta ffolha adeant’ sse cõme~ca/ As cantigas damigo q’ ffezeron / Os caullos & o p’mexo he ffernã / Rrodriguic de calheyrosV: E esta ffolha ade ant’ sse comecã / as cantigas damigo q’ ffezerõ / dos caullos & o primeio he ffernã / rrodriguiz de calheyros

(Nunes, vol II, p. 59, reads do<u>s cavaleiros (based on V), following Michaëlis, vol. II, p. 211, n. 3.)

vv. 6, 9: non prix seu castigo (with prix < *prensi) means “Ididn’t heed his warning” (or “take his advice”).

vv. 6, 9: non prix seu castigo (com prix < *prensi) significa“Não prestei atenção ao seu aviso” (ou “não segui oseu conselho”).

112

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 2

Que farei agor’, amigo?pois que non queredes migoviver,ca non poss’ eu al ben querer

En gran coita me leixades, 5se vós alhur ir cuidadesviver,ca non poss’ eu al ben <querer>

Se aquesta ida vossafor, non sei eu como possa 10viver,ca <non poss’ eu al ben querer>

Matar mh ei, se mho dizedes,que vós ren sen mi podedesviver, 15ca non poss’ eu al <ben querer>

B 627 f. 137v° V 228 f. 33r°

1 agoramigo B : agora (a)migo V1 2 Poys B : poy V q’redes B : ueredes V 3-4 one long line BV between4 and 5 (Rodigui~ de Calheyr9) B 5 En B : Ca V between 12 and 13 (Ma) B 13 mh] m V 14 ren V : te~ B

In none of the strophes does viver stand on a line by itself in either manuscript, but in both this poem and thenext Calheiros seems to use a two line refrain in which the first verse is constituted by a single two-syllableword. Cf. B 703 / V 304 (Cogominho).

1 In V the reading is apparently agora amigo but the r is not clearly legible, and the a of amigo seems to have been cancelled.

113

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 3

Agora ve~o o meu amigoe quer se log’ ir e non quer migoestar;ave-l’ ei ja sempr’ a desejar

Nunca lho posso tanto dizer 5que o comigo possa fazerestar;ave-l’ ei ja <sempr’ a desejar>

Macar lho rogo, non mh á mester,mais que farei? pois migo non quer 10estar;ave-l’ ei <ja sempr’ a desejar>

B 628 f. 138r° V 229 f. 33r°

1 ve~o o Nunes : uen o BV

The refrain (our vv. 3-4) is copied on one long line in BV.

114

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 4

Direi vos agor’, amigo, camanho temp’ á passadoque non pudi veer cousa ond’ ouvesse gasalhadodes que vos de mi partistestães ora que me vistes

Des oi mais andarei leda, meu amigo, pois vos vejo, 5ca muit’ á que non vi cousa que mi tolhesse desejodes que vos de <mi partistestães ora que me vistes>

Des oi mais non vos vaades, se amor queredes migo,ca ja mais non ar fui ledo meu coraçon, meu amigo, 10des que vos <de mi partistestães ora que me vistes>

B 629 f. 138r° V 230 f. 33v°

7 de om. B

115

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 5

Assanhei m’ eu muit’ a meu amigopor que mi faz el quanto lhi digo;por que entendo ca mi quer benassanho me lhi por en

E, se m’ outren faz ond’ ei despeito, 5a el m’ assanh’ e faço dereito;por que entendo <ca mi quer benassanho me lhi por en>

E ja m’ el sabe mui ben mha manha,ca sobr’ el deit’ eu toda mha sanha; 10por que entendo ca mi quer ben<assanho me lhi por en>

B 630 f. 138r° V 231 f. 33v°

9 mha] ma V

116

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 6

Estava meu amig’ atenden<d>’ e chegoumha madr’ e fez m’ end’ ir tal que mal me pesou;alá me tornareie i lo atenderei

Nunca madr<e> a filha bon conselho deu 5nen a min fez a minha, mais que farei eu?alá me tornarei<e i lo atenderei>

Pesar lh’ ia a mha madre quen quer que lh’ assifezesse, mais direi vos que farei eu i: 10alá me tornarei<e i lo atenderei>

B 631 f. 138r° V 232 f. 33v°

1 atenden<d’> Braga : a te~de~ B : aten den V 3 aia V 5 madr<e> a Nunes : madra BV 6 mi B

The way the repetition of the refrain is handled in strophes II and III (with a break after tornarey) suggests that

it might consist of two verses (although it has been copied on one line in strophe I).

117

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 7

Madre, passou per aqui un cavaleiroe leixou me namorad’ e co<n> marteiro,ai madre, os seus amores ei;se me los ei,ca mhos busquei, 5outros me lhe dei;ai madre, <os> seus amores ei

Madre, passou per aqui un filho d’ algoe leixou m’ assi penada com’ eu ando,ai madre, <os> seus amores ei; 10<se me los ei,ca mhos busquei,outros me lhe dei;ai madre, os seus amores ei>

Madre, passou per aqui que<n> non passasse, 15e leixou m’ assi penada, †mais† leixasse;ai madre, os seus amores ei;<se me los ei,ca mhos busquei,outros me lhe dei; 20ai madre, os seus amores ei>

B 632 f. 138r°-v° V 233 f. 33v°

2 co<m> Nunes : co B : ca V 3, 7 madre, seus Michaëlis (II, 924); cf. vv. 10,17 7 madre, <os> seus Nunes :madre se9 BV 8 possou V 10 madre, <os> seus Nunes : madro se9 BV 15 que<n> non Nunes : q’ nõ BV16 mays BV : fort. non scribendum

v. 16 Nunes thinks that with the words mais leixasse (which could be taken to mean, “I wish he had left me evenmore so [scil. penada]”), the girl resigns herself to her fate (vol. III, p. 67), but I find no parallel for the constructionand the sense is obscure. If mays is an error for non, we have something closer to familiar syntax and sense(non leixasse = “I wish he had not left me [in such a state]”). But the more regular expression would be que nonleixasse – which could be admitted as a hypermetric verse at Rv-1 (cf. Introduction, 5). Cf. B 67 = CA 351(Calheiros),vv. 2-3 quando m’ ela mostrou / que non mostrass’! o seu bon parecer and B 1097 / V 688 (Sevilha), vv. 16-17 aquesta vez

que con ela falei, / que non falasse!

118

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN RODRIGUEZ DE CALHEIROS – 8

Disse mh a mi meu amigo, quando s’ ora foi sa via,que non lh’ estevess’ eu triste, e cedo se tornaria,e soo maravilhadapor que foi esta tardada

Disse mh a mi meu amigo, quando s’ ora foi daquen, 5que non lh’ estevess’ eu triste, e tarda e non mi ven,e soo maravilhada<por que foi esta tardada>

Que non lh’ estevess’ eu triste, <e> cedo se tornaria,e pesa mi do que tarda, sabe o Santa Maria, 10e soo maravilhada<por que foi esta tardada>

Que non lh’ estevess’ eu triste, <e> tarda e non mi ven,e pero non é per cousa que m’ el non quera gran ben,e soo maravilhada 15<por que foi esta tardada>

B 632 bis f. 138v° V 234 ff. 33v°-34r°

2, 9 lh] l B 6 carda V 7 marauilhada B : mal uilhada V 9, 13 <e> Nunes; cf. vv. 2, 6 10 fort. de que(cf. B 615 / V 216 [Estevan Fernandez d’ Elvas], v. 6 and note)

The text is copied in short lines in BV, but Nunes (vol. I, p. 414) and Lapa (1982 : 160) recommend long verses.

119

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PRAGA DE SANDIN – 1

Sabedes quant’ á, ’migo, que m’ eu vosco veernon pud’, atant’ á oje, que nunca vi prazere, amigo, grad’ oj’ a Deusque vos veen os olhos meus

Ouv’ eu por vós tal coita eno meu coraçon 5que nunca vos cuidara veer nulha sazone, a<migo, grad’ oj’ a Deusque vos veen os olhos meus>

E rog’ eu, meu amigo, aquel Deus que me fezque nunca eu ja viva sen vós tan<t>’ outra vez 10e, a<migo, grad’ oj’ a Deusque vos veen os olhos meus>

E ben assi mho quiso mha ventura guisarque nunca sen vós ouvi sabor erg’ en chorare, a<migo, grad’ oj’ a Deus 15que vos veen os olhos meus>

B 633 f. 138v° V 235 f. 34r°

1 quant’á, ’migo Nunes (cf. B 397 / V 7=CA 448 [Tenoiro], vv. 1-3 and B 674 / V 276 [Avoin], v. 2) : quãtamigo B :quantamigo V 2 pud’, atant’ á oje Nunes : puda tanta oie BV : pud’, atan ’tá hoje Lapa 3 e, amigo Nunes :Camigo B : ca migo V 5 Ouv’ eu Nunes : Ouuen V : Ouue~ B : fort. Ouv’ én por] pe V : pre B tal] mal B7, 11, 15 e, a] Ca B : ca V 10 tan<t>’ Nunes : tã BV : tan def. Lapa 13 ventur’ aguisar Nunes

Short lines in BV. Long lines recommended by Lapa (1929a: 324; 1982: 160).

120

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PRAGA DE SANDIN – 2

Cuidades vós, meu amigo, ca vos non quer’ eu mui gran bene a mi nunca ben venha, se eu vejo no mundo renque a mi tolha desejode vós, u vos eu non vejo

E, maca-lo vós cuidades, eno meu coraçon vos ei 5tan grand’ amor, meu amigo, que cousa no mundo non seique a mi tolha desejo<de vós, u vos eu non vejo>

E nunca mi ben querades, que mi será de morte par,se souberdes, meu amigo, ca poss’ eu ren no mund’ achar 10que a mi tolha <desejode vós, u vos eu non vejo

B 634 ff. 138v°-139rº V 236 f. 34r°

5 macalos V 10 no] nõ V

Short lines in BV. Long lines recommended by Lapa (1982: 161).

121

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PRAGA DE SANDIN – 3

Meu amigo, pois vós tan gran pesaravedes de mi vos eu assanhar,por Deus, a quen m’ assanharei,amig’, ou como viverei?

Se m’ eu a vós, meu amig’ e meu ben, 5non assanhar, dizede m’ u~a ren:por Deus, a quen <m’ assanharei,amig’, ou como viverei>?

Se m’ eu a vós, que amo mais ca min,non assanhar, se sabor ouver i, 10por Deus, a quen m’ a<ssanharei,amig’, ou como viverei>?

Se m’ eu a vós d’ assanhar non ouver,si quer dõado, quando m’ eu quiser,por Deus, a quen m’ <assanharei, 15amig’, ou como viverei>?

B 636 f. 139r° V 237 f. 34r°-v°

15 m’] me BV

122

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PRAGA DE SANDIN – 4

Quando vos eu, meu amig’ e meu ben,non posso veer, vedes que mh aven:tenh’ olh’ e vej’ e non posso veer,meu amig’, o que mi possa prazer

Quando vos eu con estes olhos meus 5non posso veer, se mi valha Deus,tenh’ o<lh’ e vej’ e non posso veer,meu amig’, o que mi possa prazer>

E non dorm’ eu, nen en preito non é,u vos eu non vejo, e, per bõa fe, 10tenh’ olh’ e ve<j’ e non posso veer,meu amig’, o que mi possa prazer>

E os meus olhos sen vós que prol mh an?pois non dorm’ eu con eles, e de prantenh’ o<lh’ e vej’ e non posso veer, 15meu amig’, o que mi possa prazer>

B 637 f. 139r° V 238 f. 34v°

3 tenh’ olh’ e distinxi1 : tenholhe V : Genholhe B vej’ e] ueie B : uee V 4 amig’, o que distinxi : amigo q’ B :amigo que V : amigo, que Nunes 7 Genho B 9 en prito BV2 10 boa B 11 tenholhe V : Genholhe B15 tenho V : Genho B

1 Cf. B 200 (Burgalês), v. 14 quando a vejo, quam fremosa é, / e a vejo falar, per bõa fe, / teend’ olho, sayo de meu sen! And see also CSM249.32 non tev’ ollo por al. Previous editors seem to have been blind to the “eye” in this verse (Nunes prints tenho e vej’; Lapa[1982: 161] defends tenho-lh’e vej’), but the reading seems confirmed by the references to eyes in vv. 5 and 13-14. (Theexpression can also be found in medieval prose, e. g. in the Demanda do Santo Graal [ed. Irene Freire Nunes, Lisboa, Impren-sa Nacional-Casa da Moeda, 1995]: ... e teve olho pelo paaço u siiam aas mesas e viu antre outros u~u~ homem... [p. 131]; E o cavaleiro teveolho pós si quando ouiu Tristam ir depós si, e esteve [p. 283].)2 Nunes (who “emends” to enfinta) seems not to have understood the phrase nen en preito non é. Cf. CA 210, vv. 7-10 (Seabra)and CSM 273.36, 385.32.

vv. 3-4: The sense is: “I look and I see and I cannot seeanything, my friend, that could please me.” Theexpression te~er olho seems on occasion also to mean,“have an eye for”, “lust after”.

v. 9: nen en preito non é means “nor is it even in question.”

vv. 3-4: O sentido é: “Eu olho e vejo, mas não consigover nada, meu amigo, que me possa agradar”. A ex-pressão te~er olho parece de vez em quando significartambém “ter olhos para”, “desejar”.

v. 9: nen en preito non é significa “nem sequer está emquestão”.

123

500 Cantigas d’ Amigo

PAE SOAREZ DE TAVEIRÓS – 1

O meu amigo, que mi diziaque nunca mais migo viveria,par Deus, donas, aqui é ja

Que muito m’ el avia juradoque me non visse mais, “a Deus grado”, 5par Deus, do<nas, aqui é ja>

O que jurava que me non visse,por non seer todo quant’ el disse,par Deus, donas, aqui <é ja>

Melhor o fezo ca o non disse: 10par Deus, <donas, aqui é ja>

B 638 f. 139rº-v° V 239 f. 34v°

5 visse mays, Braga : visse, mais, Nunes 5 “a Deus grado” interpunxi 7 iuraua B : uirava V

v. 8: por is causal. For this sense of dizer cf. B 672 / B 274 [Avoin], v. 22 ca faç’ eu quanto dizedes).

v. 8: In other words, “because everything didn’t goexactly according to his command”.

v. 8: Por outras palavras, “Porque não aconteceu exac-tamente como ele disse”.

124

500 Cantigas d’ Amigo

PAE SOAREZ DE TAVEIRÓS – 2

Donas, veeredes a prol que lhi tende lhi saberen ca mi quer gran ben

Par Deus, donas, ben podedes jurardo meu amigo que mi fez pesar;mais Deus, e que cuida mi a gãar 5de lhi saberen que mi quer gran ben?

Sofrer lh’ ei eu de me chamar senhornos cantares que fazia d’ amor,mais enmentou me todo con saborde lhi saberen que mi <quer gran ben> 10

Foi m’ el en seus cantares enmentar;vedes ora se me dev’ a queixar,ca se non quis meu amigo guardarde lhi saberen que <mi quer gran ben>

B 639 f. 139v° V 240 f. 34v°

5 e] é Nunes1 gaar BV 6 que BV : ca Nunes2 6, 10, 14 q’ BV : ca Nunes

v. 1: veeredes is trisyllabic here (we could print veredes).

1 Nunes prints mais, Deus! é que cuida mi a gãar / de lhi saberem ca mi quer gram ben, pointing out (vol. III, p. 73) that “ainda hoje se usade é que com o valor de é porque”. A personal pronoun can be the direct object of gãar (cf. CSM 16.33), but the conjunction e oftenintroduces a question (see the glossaries of Michaëlis, Mettmann). [This reading has been accepted by Vallin 1995, ad loc.]2 Among the three cantigas d’ amigo of Pae Soarez we find dizia que (B 638 / V 239, vv. 1-2) and dizia ca (B 640 / V 241, vv. 13-14).

vv. 5-6: the sense is: “but God, what does he think to

gain from me by their knowing that he loves me a lot?”

vv. 5-6: o sentido é: “mas Deus, o que será que elepensa conseguir de mim por os outros saberem que

me ama muito?”

125

500 Cantigas d’ Amigo

PAE SOAREZ DE TAVEIRÓS – 3

Quando se foi meu amigo,jurou que cedo verria,mais, pois non ven falar migo,por en, por Santa Maria,nunca me por el roguedes, 5ai donas, fe que devedes

Quando se foi, fez me preitoque se verria mui cedo,e mentiu m’ e tort’ á feito,e, pois de min non á medo, 10nunca me por el <roguedes,ai donas, fe que devedes>

O que vistes que diziaca andava namorado,pois que non ve~o o dia 15que lh’ eu avia mandado,nunca me por el roguedes,ai <donas, fe que devedes>

B 640 f. 139v° V 241 ff. 34v°-35r° (cf. B 827 / V 413 [Coton])

2 Jurou B : iuroo V 8 uer’ia V : ueiria B 9 feito] fc’o B : fcõ V 14 ca] ta V 15 ve~o ] ue(i)a B : uea V 16 auia V: ama B 17-18 rrogued’s.ay. V (on one line) : irrogued’s (ay) / Ay B

The strophic form could be taken as aaB or aaBB.

126

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 1

“Levad’, amigo que dormide-las manhanas frias”todalas aves do mundo d’ amor dizia<n>:“Leda m’ and’ eu”

“Levad’, amigo que dormide-las frias manhanas”todalas aves do mundo d’ amor cantavan: 5“Leda m’ and’ eu”

Todalas aves do mundo d’ amor dizian,do meu amor e do voss<o> en ment’ avian:“Leda <m’ and’ eu>”

Todalas aves do mundo d’ amor cantavan, 10do meu amor e do voss<o> i enmentavan:“Leda <m’ and’ eu>”

Do meu amor e do voss<o> en ment’ avian(vós lhi tolhestes os ramos en que siían):“Leda <m’ and’ eu>” 15

Do meu amor e do voss<o> i enmentavan(vós lhi tolhestes os ramos en que pousavan):“Leda <m’ and’ eu>”

Vós lhi tolhestes os ramos en que siíane lhis secastes as fontes en que bevian; 20“Leda <m’ and’ eu>”

Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavane lhis secastes as fontes u se banhavan;“Leda <m’ and’ eu>”

B 641 ff. 139v°-140r° V 242 f. 35r°

1, 4 hypermetric (by two syllables) 1 dormide-las scripsi (cf. v. 4) : dormides as V : dormid’s as B manhãas Nunes2 todalas aues V : Todaias aue B dizia BV 3 mhandeu BV 6 mãdeu B : mandeu V 8, 11, 13, 16 voss<o>Filgueira Valverde (1992: 79 uoso) : uoss BV 9 (Vos lhi tolhestes) Leda B 14 tolhestes B 16 i] y V : om. Benmentauã V : e~me~tauyã B 18 leda] le. V 17, 19, 22 Tolestes B 19 os] or V : o B 24 leda] le V

Verses 1 and 4 scan 14’ while all others scan 12’. The restoration (in vv. 8, 11, 13 and 16) of the final o in vossois supported by the regular pause after the eighth syllable (vv. 2, 5, 7, 10, 14, 17, 19-20, 22-23). Lapa (1929a:339) correctly sees here an “excess of elision” due to scribal error.

127

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 2

Aqui vej’ eu, filha, o voss’ amigo,o por que vós baralhades migo,delgada

Aqui vejo, filha, o que amades,o por que vós migo baralhades, 5delgada

<O> por que vós baralhades migo;quero lh’ eu ben, pois é voss’ amigo,delgada

O por que vós migo baralhades; 10quero lh’ eu ben, poilo vós amades,delgada

B 642 f. 140r° V 243 f. 35r°

4 filhi V 5 mizo V 7 <O> Nunes haralhades V 8 quero] q’ to V é] e B : a V

v. 3: Machado suggests that the refrain may be incomplete.

128

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 3

Ai madr’, o meu amigo que non viá gran sazon, dizen mi que é ’qui,madre, per bõa fe, leda m’ and’ eu

E sempr’ eu punhei de lhi mal fazer,mais, pois ora ve~o por me veer, 5madre, <per bõa fe, leda m’ and’ eu>

Por quanta coita el por mi levounon lhi poss’ al fazer, mais, pois chegou,madre, <per bõa fe, leda m’ and’ eu>

B 643 f. 140r° V 244 f. 35r°-v°

1 A(y ma)y madro B 2 e qui BV 3 boa B

129

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 4

Que coita tamanha ei a sofrerpor amar amig’ e non o veere pousarei so lo avelanal

Que coita tamanha ei endurarpor amar amig’ e non lhi falar 5e pousa<rei so lo avelanal>

Por amar amig’ e non lhi falarnen lh’ ousar a coita que ei mostrare pousarei so lo <avelanal>

Por amar amig’ e o non veer 10nen lh’ ousar a coita que ei dizere pousarei <so lo avelanal>

Non lhe ousar a coita que ei dizere non mi dan seus amores lezere pousarei so lo <avelanal> 15

Non lhe ousar a coita que ei mostrare non mi dan seus amores vagare pousa<rei so lo avelanal>

B 644 f. 140r° V 245 f. 35v°

3 auelanal B : auelan^al V : avelãal Nunes 6 ponsa V 7-12 transpos. edd. 10 o nõ BV : non o Nunes; cf. v. 211 nen Nunes (cf. v. 8) : Nõ B : nõ V 13, 16 Nõ B : Non V : Nen Nunes 16 monstrar ? B

Regarding the order of strophes III-IV, see N 4 / B 1281 / V 887 (Codax), vv. 7-12, and N 6 / B 1283 / V 889(Codax), vv. 7-12.

130

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 5

Vi eu, mha madr’, andaras barcas eno mare moiro me d’ amor

Foi eu, madre, veeras barcas eno ler 5e moiro me d’ amor

As barcas <e>no mare foi las <a>guardare mo<iro me d’ amor>

As barcas eno ler 10e foi las atendere mo<iro me d’ amor>

E foi las aguardare non o pud’ achare mo<iro me d’ amor> 15

E foi las atendere non o pud’ i veere <moiro me d’ amor>

E non o achei ique por meu mal <eu> vi 20e moi<ro me d’ amor>

B 645 f. 140r°-v° V 246 f. 35v°

5 ler Varnhagen, Monaci, Michaëlis (II, 926, n.2), Nunes, Tavani1 : lez BV, Braga, Machado, alii 7 <e>no Nunes (cf. v. 2): no BV 8 <a>guardar Nunes (cf. v. 12) : guardar BV 10 lez B : lex V cf. v. 5 11 ateder V 15 mo om. V17 pud’ i distinxi (cf. v. 19) : pudi BV, Nunes 19 achey B : acheu V 20 <o> que Nunes que <eu> Reckert &Macedo (p. 142) <eu> vi Tavani; cf. v. 1

vv. 5 and 10 ler: apparently from a Celtic word for “sea” (cf. Tavani 1959: 251-264).

1 We might note that the root given by Tavani, following the scholarship of another era, as *lei- is now given by LIV (p. 363)as 2.*leiH (H being a laryngal whose nature can not be more precisely determined). Michael Weiss (per litteras electronicas)supposes that ler is probably from a Celtic base *lir-, cf. Old Irish ler, Welsh llyr ‘sea’.

131

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 6

Trist’ anda, mha madr<e>, o meu amigo,e eu triste por el, ben volo digo,e, se m’ el morrer, morrer vos ei eu

E morrerá por mi, tant’ é coitado,e vós perderedes meu gasalhado, 5e, se m’ el <morrer, morrer vos ei eu>

B 646 f. 140v° V 247 f. 35v°

1 madr<e>, o Nunes : madro BV between 1 and 2 (amigo) V 3 moirer moyrer B1

1 Noteworthy since here B offers two different misreadings of rr .

132

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 7

Foi s’ un dia meu amigo daquie non me viu, e por que o non vi,madre, ora morrerei

Quando m’ el viu, non foi polo seu ben,ca morre agora por mi e por en, 5madre, <ora morrerei>

Foi s’ el daqui e non m’ ousou falarnen eu a el, e por en con pesar,madre, <ora morrerei>

B 647 f. 140v° V 248 f. 35v°

133

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO FERNANDEZ TORNEOL – 8

– Dizede m’ ora, filha, por Santa Maria,qual ést’ o voss’ amigo que mi vos pedia?– Madr’, eu amostrar volo ei

– Qual é<st’ o> voss’ amigo que mi vos pedia?se mho vós mostrassedes, gracir volo ia 5– Madr’, eu amostrar vo<lo ei>

– <S>e mho vós amostrardes, gracir volo ia,e direi vol’ eu logo en que s’ atrevia– Madr’, eu amostrar volo ei

B 648 f. 140v° V 249 f. 36r°

2 E qual esso B : equal esso V : qual est o Machado : qual é o Nunes (qual he o Braga)1 between 3 and 4 (Pero

Garcia burgal’s) B2 4 Qual é<st>‘ scripsi (cf. v. 2) : Qual e BV, edd. <o> Nunes 7 <S>e Nunes (cf. v. 5) : E BV

1 The ess of the MSS could represent a prior misreading of est and in v. 4 e could have been e’ (an e with a horizontal strokeabove), an abbreviation for est (e. g. B 792 / V 376 [Talaveira], v. 17, where e’ in B corresponds to est in V while both MSS haveest at the corresponding place in the refrain in the first two strophes).2 The two cantigas d’ amigo of Pero Garcia Burgalês, preceded by his name, follow this text in both B and V.

134

500 Cantigas d’ Amigo

1 We find o (the normal spelling in medieval Spanish) instead of u (< Lat. ubi) in the MSS in B 683 / V 285 (J. S. Coelho), v. 2,but both cases could be scribal errors rather than graphic (or phonetic) variants. Blasco prints non foy oyr a vya, whichallegedly would mean that the boy did not hear or failed to follow instructions on how to get to the tryst.

PERO GARCIA BURGALÊS – 1

Ai madre, ben vos digo,mentiu mh o meu amigo,sanhuda lh’ and’ eu

Do que mh ouve juradopois mentiu per seu grado, 5sanhuda <lh’ and’ eu>

Non foi u ir avia,mais ben des aquel diasanhuda <lh’ and eu>

Non é de mi partido, 10mais, por que mh á mentido,sanhuda <lh’ and’ eu>

B 649 ff. 140v°-141r° V 250 f. 36r°

2 amige BV 7 u ir Nunes1 : oyr BV 8 des] de V

135

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GARCIA BURGALÊS – 2

Non vos nembra, meu amigo,o torto que mi fezestes?posestes de falar migo,fui eu e vós non veestes;e queredes falar migo? 5e non querrei eu, amigo

Jurastes que toda viaverriades de bon gradoante que saiss’ o dia;mentistes mi, ai perjurado, 10e queredes falar migo?<e non querrei eu, amigo>

E ainda me rogaredesque fal’ eu algur con vosco?e, por quanto mi fazedes, 15direi que vos non conhosco;e queredes falar migo?<e non querrei eu, amigo>

B 650 f. 141r° V 251 f. 36r°

2 fazestes V 4 fui] sin ? V 5 fort. ar queredes scribendum (ex B 474 [Alfonso X], v. 5 ar queredes falar migo1)6 eu amigo Blasco (sine interpunctione)

The strophic form could be taken as aaB or aaBB.

v. 14: algur seems here to mean “somewhere” (rather than “somewhere else”).

1 Along with the refrain, three rhyme words from this text – veestes (4), dia (9) and fezestes (2) – appear (in rhyme) in B 474(= CEM 4, vv. 1-3), apparently a parody of our poem.

136

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN NUNEZ CAMANÊS – 1

– Se eu, mha filha, for voss’ amigo veer,por que morre d’ amor e non pode viver,iredes comig’ i?– Par Deus, mha madre, irei

– Pois vos quer tan gran ben que non pode guarir, 5dizede m’ u~a ren, pois eu alá quero ir,iredes <comig’ i?– Par Deus, mha madre, irei>

– Sempre lh’ eu coita vi por vós e mort’ <e>, aifilha, pois eu vou <i> e mig’ outren non vai, 10iredes <comig’ i?– Par Deus, mha madre, irei>

B 651 f. 141r° V 252 f. 36r°

3 Hiredes B : diredes V 6 ala BV : lá Tavani 9 mort’ <e>, ai ego : mortay BV : mort’ ay Braga (cf. Nunes, II, 466): mort<e> há i Tavani (mort’ á i Nunes)1 10 <i> Nunes (II, 466)

In both B and V vv. 1-2 are written in long lines as here; in the other two strophes both present the verses inshort lines of six syllables (cf. Lapa 1982: 161).

1 Nunes’ first suggestion (printed in his text, and accepted by Tavani) scans badly if at all, does not provide an exact rhyme,and results in awkward syntax (requiring an abrupt stop at the end of the verse). The restoration of the final <e> of mortesupplies the missing syllable and the syntactic link between vv. 9 and 10. For the enjambment ai / filha cf. B 1243 / V 848(Padrozelos), vv. 13-14 ai / madr’ and B 718 / V 319 (Tenoiro), vv. 3-4 meu / amigo.

137

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN NUNEZ CAMANÊS – 2

Vistes, filha, noutro diau vos dix’ eu que gran prazereu avia d’ irdes veervoss’ amigo que morria,non volo dix’ eu por seu ben, 5mais por que mi dissera quenno viu que ja non guarria

Por al vos non mandariavee-lo, mais oí dizera quen o viu assi jazer 10que tan coitado jaziaque ja non guarira per ren;mandei volo veer por en,por mal que vos del seria

E, por que non poderia 15falar vos nen vos conhocernen de vós gasalhad’ aver,pero vos gran ben queria,mandei volo veer entonpor aquesto, que por al non, 20filha, par Santa Maria

B 652 141r°-v° V 253 f. 36r°-v°

4 moiria V1 6 disera BV 9 vee-lo Nunes : uelo V : Volo B 12 guarria Nunes 13 mandei Nunes : Mando B: mando V2 14 pr V : Pre B del] dele BV 19 mandei Nunes : Mandoy B : mandoy V entõ B : encõ V

1 Monaci reads moiria, but I can make out nothing between m and ia. B very frequently has ir where V has rr (and for thatreason I have not noted such “variants” in the apparatus), but here, if in fact the manuscript was legible when Monaciinspected it, we have the reverse.2 Tavani prints mando-vo-lo, but cf. v. 19, where mandey has been misread as mandoy (enton confirms the tense). The mother isreferring to an action that took place “the other day” (v. 1). There are no finite verbs in the present tense in this poem.

138

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN NUNEZ CAMANÊS – 3

Par Deus, amigo, muit’ á gran sazonque vos non vi, e vedes por que non:por que vos non quis mha madre veer

Defendeu mi que per nen u~a rennunca vos visse, nen vos vi por en, 5por que vos non quis <mha madre veer>

Vira vos eu, non fezera end’ al,poilo roguei, mais estar m’ ia mal,por que vos non quis <mha madre veer>

Roguei lh’ eu que vos viss’, e non quis Deus 10que vos vissen aquestes olhos meus,por que vos non quis <mha madre veer>

Non mi devedes vós culpa põer,amigo, ca vos non ousei veer

B 653 f. 141v° V 254 f. 36v°

4 ne~ huã V : ne~ hua B 7 Vira vos] Virau9 B : Vyramus V 8 poi-l<h>o Nunes 10 Rog(u)ey B 11 vos Nunes: me BV1 13 poner B fort. culp’ apõer

1 Monaci reads me in V, but I cannot make the letters out.

139

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN NUNEZ CAMANÊS – 4

Id’, ai mha madre, vee-lo meu amigoque é coitado por que non fala migo,e irei eu con vosco, se vós quiserdes

Tan coitad’ é que morrerá, se me non vir;id’, ai mha madre, vee-lo, polo guarir, 5e irei eu con vosco, <se vós quiserdes>

Por que el morr’ e me quer [gran] ben de coraçon,ide vee-lo, mha madr’, e guarrá entone irei <eu con vosco, se vós quiserdes>

B 654 f. 141v° V 255 f. 36v°

3 E irey B : eirey ? V (euey Monaci) uosco B : uo seo ? V (uo sco Monaci) 4 coitad’ é scripsi1 : coitado BV, edd.

5 poylo BV 7 el scripsi : de BV : del. Tavani morr’ e Tavani : morte B : mote V2 q’r g’m be~ BV : g’m del. Nunes

1 Cf. for example B 646 / V 247 (Torneol), v. 4 E morrerá por mi, tant’ é coitado. 2 Monaci reads morte, but I cannot make out an r. This aside, BV give us Por que de morte me quer gram ben de coraçon but how wouldwe explain de morte? Tavani prints Porque morr’ e me quer gran bem de coraçon (cf. B 651 / V 252 [Camanês], v. 2), which makes senseand cuts a syllable – but maybe the wrong one since de could have come from a misreading of ele (monosyllabic here).

140

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN NUNEZ CAMANÊS – 5

Par Deus, donas, quando veermeu amig’ e migo falar,nunca no mund’, a meu cuidar,foi outra tan leda molhercom’ eu serei, des que o vir, 5mais pero triste serei <d’ ir>

B 655 f. 141v° V 256 f. 36v°

3 no V : nõ corrected to no B cnydar ? B : euydar V 6 <d’ ir> supplevi1

1 Tavani (Rep. p. 287) puts this text among the frammenti non classificati and gives no rhyme sound for the last verse. One wouldexpect a pattern of the type abbaCC (the most common in Galego-Portuguese lyric). Were that correct, <d’ ir> seems apossible supplement (assuming the sixth verse had the same syllable count as the others). Although I find no exactparallel for triste d’ ir, a similar construction occurs in B 1243 / V 848 (Padrozelos), vv 1-3 que vos non pes // d’ ir.

141

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 1

Chegades [vós, ai] amiga, du é meu amigoe con el falastes, mais eu ben vos digoque falarei vosco tod’ aqueste dia,pois falastes con quen eu falar queria

Du é meu amigo ben sei que chegades 5e con el falastes, mais per min creadesque falarei vosco <tod’ aqueste dia,pois falastes con quen eu falar queria>

Gran ben m’ é con vosco, muit’ ei que vos diga,pois con el falastes, creades, amiga, 10que falarei <vosco tod’ aqueste dia,pois falastes con quen eu falar queria>

B 656 ff. 141v°-142r° V 257 f. 36v°

1 hypermetric (by two syllables) uos ay V : uos ey B : del. Nunes1 between 1 and 2 (meu amigo) V 2, 6 con] cu~

BV : cum Braga (cun Minervini)2 3 Q’e B : qe V 5 Due V : D + ue B Q’ B : q’ / q’ V after 7 poys falastes.i. poy ch B (written by Colocci at bottom of f. 141v° b) 9 convosco Nunes (II, 83) : conu9 po B : conu9 V : con vós, poisNunes (II, 466)3 muit ei B : muit ea V4

In B, before this poem, there is a rubric written by scribe “a” (Ferrari 1979), which reads: Esta cantiga d’ fõdo e da/ Ayras Car pancho.

1 Minervini follows Nunes and eliminates vos ai; Pellegrini (1930: 311) would keep them in, though they seem to add twoextra syllables (all the other verses have twelve). It could be argued that the extra syllables are an intentional stylisticdevice, since they occur in the first verse of the first text in the set of cantigas d’amigo by this poet (cf. B 641 / V 242 [Torneol],vv. 1 and 4).2 In none of the other eight occurences of con in the cantigas d’ amigo of Carpancho do we find the form cun.3 Pellegrini, who defends the reading of B, translating “assai mi rallegro di voi, per la molta ragione che ho di dirvi”(accepted by Minervini), also suggests reading per (though the abbreviation pr never represents per). But con vós is odd (andvós is usually not written u9) and the asyndeton is harsh (hence Nunes’ pois). Perhaps the reading had been conu9qº (i. e.convosquo) – suggested by Nunes in his rejected text (vol. II, pp. 82-83, where he had indeed made a botch of the strophicform [his revised text is in vol. II, p. 466]). We would be more tempted by Gran ben m’ é vosco, per muit’ ei que vos diga – were itnot for the pattern of pauses in this poem, whereby each verse divides into 5’ + 5’.4 Monaci reads ea but the letters are now barely legible in V due to corrosion.

142

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 2

Tanto sei eu de mi parte quanto de meu coraçon,ca me ten mha madre presa, e, mentr’ eu en sa prisonfor, non veerei meu amigo

E por aquest’ alongada querria, per bõa fe,seer du ést’ a mha madre, ca, mentr’ eu u ela é 5for, non veerei meu amigo

Por quanto m’ outra vegada sen seu grado con el vi,guarda me del a perfia, e oi mais, en quant’ assifor, non veerei meu amigo

De min nen de mha fazenda non poss’ eu parte saber, 10ca sei <eu> ben de mha madre que, mentr’ eu en seu poderfor, non veerei meu amigo

B 657 f. 142r° V 258 f. 37r°

1 quanto Nunes (III, 85) : Quante B : quante V : quant’ é Braga 2 mentr’ eu] me~teu B : me teu V 4 boa B :bona V 5 ést’ a distinxi1 : está edd. mentr’ eu] me~tru B : me~ tu~ V 11 <eu> supplevi <mui> ben Nunesmentru BV

Short lines in BV; Lapa (1982: 162) rightly sees they should be long verses.

1 The verb should be seer – as at the end of this verse (é) and in the refrain (for).

143

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 3

Madre velida, meu amigo vi,non lhi falei e con el me perdi,e moiro agora, querendo lhi ben;non lhi falei, ca o tiv’ en desden;moiro eu, madre, querendo lhi ben 5

Se lh’ eu fiz torto, lazerar mho eicon gran dereito, ca lhi non falei,e moir’ agora, querendo lhi ben;non lhi falei, ca o tiv’ en desden;<moiro eu, madre, querendo lhi ben> 10

Madre velida, ide lhi dizerque faça ben e me venha veer,e moir’ agora, querendo lhi ben;non lhi falei, ca o tiv’ en desden;<moiro eu, madre, querendo lhi ben> 15

B 658 f. 142r° V 259 f. 37r°

3 moyroagora B : moyragora V1 8, 13 moyragura BV agura def. Minervini

1 Minervini prints agura in vv. 8 and 13, but maintains agora here, while Nunes opts for agora in all three places. The worddoes not occur elsewhere in the cantigas d’ amigo of Carpancho.

144

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 4

A maior coita que eu no mund’ ei<a> meu amigo non lh’ ouso falar:é amigo que nunca desejarsoub’ outra ren, se non mi, eu o sei;e, se o eu por mi leixar morrer, 5será gran tort’, e non ei de fazer,

qual eu quisesse, ben de coraçon –qual a min quer o meu, des que me viu,e nulh’ amor nunca de min sentiue foi coitado por mi des enton; 10e, se o eu por mi leixar morrer,<será gran tort’, e non ei de fazer>,

qual i quisesse, ben – qual a min quero meu, que tan muit’ á que desejoumeu ben fazer, e nunca lhi prestou, 15e será morto, se lh’ eu non val<v>er,e, se o eu por mi leixar morrer,<será gran tort’, e non ei de fazer>

o maior torto que pode seer:leixar dona seu amigo morrer 20

B 659 f. 142r°-v° V 260 f. 37r°

1 mundey V : munde ay B 2 <a> Dias (1887: 47) 3 é Lapa, Pellegrini : e Nunes 7 qual eu scripsi1 : QuelheuBV : Que lh’eu Braga. : Que<n> lh’i Nunes (III, 87) 13 qual i scripsi : Quelhi BV : Que lhi Braga : Que<n> lhiNunes (III, 87) 15 fizer V 16 val<v>er Lapa : ualer BV2

v. 13 qual i quissese: The expression fazer ben i is common (e. g. B 932 / V 520 [Roi Fernandiz], v. 20 – Madre, faredesme ben i) and seems to make sense, but we could read qual eu quissese here too (cf. v. 7).

vv. 8, 14 o meu: used in this way, this expression is unparalleled in the cantigas d’amigo as a way of referring toa boyfriend (B 1174 / V 780 [Bolseiro], vv. 4 and 10 are not parallel since we easily understand the substantiveamigo from vv. 3 and 8 respectively). Further, o meu would be strangely otiose here as reiteration of an alreadyunderstood grammatical subject. If, then, it does not refer to the amigo mentioned in v. 2, o meu would seem

vv. 6-7, 12-13 non ei de fazer / ... ben: “I shall not do thegood turn that I would like to do”.

vv. 6-7, 12-13 non ei de fazer / ... ben: “Não farei o favorque gostaria de fazer”.

145

500 Cantigas d’ Amigo

rather to refer to another boy, and the malicious sense of the poem would be that the girl dare not tell herboyfriend about her other boyfriend, whose death would be a terrible injustice. Editors, however, have seen nosuch meaning, though it must be stressed that they have had difficulty seeing any at all. Sense and syntaxmay be intentionally riddling (compare the arguably ironic tone of the girl towards her amiga – and potentialrival? – in B 656 / V 257 [Carpancho]).

1 Nunes (vol. III, p. 87) says this is one of the most obscure cantigas and Lapa agrees. (Nunes takes several stabs at vv. 7 and13 and Lapa (1982: 162) thinks a strophe is missing between the first two, a suggestion rightly rejected by Minervini [pp.59-60], who nevertheless acknowledges “reali difficoltà d’ interpretazione” [p. 58].) Indeed, vv. 7 and 13 are unintelligiblein the transmitted text: Que lh’ eu [lh’ i in v. 13] quisesse ben de coraçon is senseless in context (Nunes suggests that que isconditional; Minervini prefers optative [pp. 60-61]). My suggestion considers quelheu and quelhi as errors for qual eu and qual iand the result is a cantiga ateuda atá a fiinda – whose interstrophic syntax seems to underwrite the correction.2 Lapa (1982: 162) bravely and I think rightly restores the older valver (< u a l u e r i t). At any rate, the future subjunctive valerwould have still had an open e as opposed to a close e in the infinitive. See B 820 / V 405 (Pardal), v. 13 and note.

146

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 5

– Que me mandades, ai madre, fazerao que sei que nunca ben querersoub’ outra ren?– Par Deus, filha, mando v<ol’ ir veere será ben> 5

– Que lhi far<ei> . . . . .. . . . . . . . . .. . . <ren>?– . . . vos, filha, polo guarire será ben 10

– Que lhi farei, se veer u eu fore mi quiser dizer, come a senhor,algu~a ren?– Diga, filha, de quant’ ouver sabor,e será ben 15

E el que viv’ en gran coita d’ amorguarrá por en

B 660 f. 142v° V 261 ff. 37r°-38r°

1 aimadre B : au~nadre V 4 mando v<o-l’ ir veer> Nunes (cf. B 1291 / V 896 [Requeixo], v. 2) : mandou B : om. V6-10 what remains of these vv. in B is missing in V 6 far<ei> supplevi (cf. v. 11) : faz B 8 <ren> Nunes; cf. vv. 3, 1312 a] o V 14 quãtouuer B : quãto uiuer V 16 viv’ en Monaci : uiueu ? B : uyueu V 17 en] ea V

In V, the first strophe is at the end of f. 37r°b and the third at the top of f. 38r°a. The fragmentary remains ofthe second strophe have left no trace there. In B four + signs mark the various lacunae: one following mandou(4); one (after a blank space) following faz (6); two at the beginning of vv.7-8 (left blank); and one at thebeginning of v. 9 (between that + and uos there is space for about five letters). The last two vv. (16-17) are setoff as a fiinda in B. Nunes’ reconstruction (except for vv. 4-5) ought not be taken seriously, pace Tavani (Rep.35:1). The strophic form is aabaB (10 10 4 10 4) with palavra rima in the 3rd verse of each strophe (although wecould read it as aaBaB with variatio in the first verse of the refrain). This would correspond to Tavani’s rhyme-scheme no. 33, two examples of which (33:9 [the next text] and 33:14) are by Carpancho. The rhyme in vv. 6and 7 would have been ir, and v. 10 would have ended with the word ren which Nunes correctly identified as apalavra rima.

vv. 6-10: One possible reconstruction: – Que lhi far<ei, madre, se o eu vir, / e m’ el quiser, com’ a senhor, servir / maisdoutra ren? / – Doede> vos, filha, polo guarir / e será ben. Cf. A 65 (Carpancho), vv. 6-10.

147

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 6

Madre, pois vós desamor avedesa meu amigo, por que sabedesca mi quer ben, vee-lo ei,e, se <mi> vós, madr’, algun ben queredes,loar mho edes, eu o sei 5

Por desamor que lhi sempr’ ouvestes,madre velida, des que soubestesca mi quer ben, vee-lo ei,e, se <mi> vós, madr’, algun ben queredes,<loar mho edes, eu o sei> 10

Por mui gran coita que á con sigo,madre velida, ben volo digoca, se poder, vee-lo ei,e, se mi vós, madr’, algun ben queredes,<loar mho edes, eu o sei> 15

B 661 f. 142v° V 262 f. 38r°

3 <mi> supplevi; cf. v. 14 4, 9, 14 madr BV : del. Nunes uos BV : fort. delendum1 11 coita B : cuyta V 12 velidaMonaci : uolhi da BV 14 mi B : mj V : del. Minervini2

v. 13: The refrain changes slightly: se poder instead of mi quer ben (vv. 3 and 8).

1 This excision could be supported by comparison of this strophic form with those found in six other texts. See note onB 1171 / V 777 (Bolseiro).2 Minervini declines to include mi in the refrain, despite the evidence of v. 14; Nunes would take out madr’. Both decisionsseem geared to get ten syllables out of the verse, so that its measure corresponds to that of the verses in the body of thestrophe. If that is our aim, better to cut vós.

148

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 7

A mha coita non lhi sei guarida;trage me mal mha madre velidapor vós, ami<go>

Molher com’ eu non vive coi<tada;trage me mal e sõo guardada 5por vós, amigo>

Trage me mal mha madre velida,<e mui> pouc’ á que fui mal feridapor vós, amigo

Trage me mal e sõo guardada, 10e <mui> pouc’ á que foi mal julgadapor vós, amigo

B 662 f. 142v° V 263-264 f. 38r°

1-12 transposui 4-5 suppl. Minervini : cf. v. 10 5 trage<n> Gonçalves (1976b) 8 <e> Nunes; cf. v. 11 <mui>supplevi; cf B 674 / V 276 (Avoin), v. 7 Pouca B : pouca V : pouc<o> ha Braga 10-12 om. V 10 Trage<n>Gonçalves sõo Nunes : soo B 11 <mui> supplevi; cf. v. 8 pou ca B : pouc<o> á Nunes

I have transposed the order of the strophes as found in B (where the text is manifestly corrupt) in an effort toreconstruct the poem (less ambitiously than Nunes, who adds two strophes, but less timidly than Minervini,who declines to invert the order of the first two, and so has no subject for trage in his v. 2 [= our v. 5] – hencethe proposed change trage to trage<n> [Gonçalves]). For the sake of clarity I give the text of B here (V omits thethird strophe, and offers no + marks in the first):

Molher comeu nõ uyue coy ++ ++

A mha coita nõ lhi sei guaridaT’geme mal mha madre uelidaPor uos ami

Trageme mal e soo guardadaE pou ca q’ foy mal iulgadaPor uos amigo

Trageme mal mha madre uelidaPouca q’ fui mal feridaPor uos amigo

149

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS CARPANCHO – 8

Por fazer romaria puj’ en meu coraçona Santiag’ un dia ir fazer oraçone por veer meu amigo log’ i

E, se fezer <bon> tempo e mha madre non for,querrei andar mui leda e parecer melhor 5e por veer meu amigo log’ i

Quer’ eu ora mui cedo provar se podereiir queimar mhas candeas con gran coita que eie por veer meu amigo log’ i

B 663 f. 142v°-143r° V 265 f. 38r°

1 Por BV : De Nunes (servato por in v. 2) 2 ir Michaëlis (II, 826) : por BV 3 me B 4 <bon> Michaëlis1 5 e] por

Michaëlis

1 Minervini declines to accept the emendation of Michaëlis, but see V 1004 (= CEM 172 [Vinhal]), v. 5 que bon tempo faça.

150

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO GIL – 1

Irmãa, o meu amigo, que mi quer ben de coraçone que é coitado por mi, se Nostro Senhor vos perdon,treide-lo veer comigo, irmãa, o meu amigo

Irmãa, o meu amigo, que sei que me quer maior benca si nen ca seu coraçon, fazede por mi u~a ren: 5treide-lo veer <comigo, irmãa, o meu amigo>

Irmãa, o meu amigo, que mi quer melhor ca os seusolhos e que morre por mi, que vos amostr’ o vosso Deus,treide-lo veer <comigo, irmãa, o meu amigo>

B 664 f. 143r° V 266 ff. 38r°-39r°

1, 4, 7 Irmaa BV 2 pardõ B 3, 6 trey delo V : Greidelo B 3 Irmaa B : irmaa V 9 trey delo V : Greydelo B

Short lines in BV. Lapa (1929a: 325) sees long verses in the body of the strophe. The refrain could be split into

two short verses, yielding the form aaBB.

151

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN1 – 1

Quando se foi noutro dia daquio meu amigo, roguei lh’ eu por Deus,chorando muito destes olhos meus,que non tardass’ e disse m’ el assi:que nunca Deus lhi desse de mi ben 5se non veesse mui ced’, e non ven

Quando se foi noutro dia, que nonpud’ al fazer, dixi lh’ eu, se tardarquisesse muito, que nunca falarpodia mig’, e disse m’ el enton 10que nunca <Deus lhi desse de mi bense non veesse mui ced’, e non ven>

Non sei que x’ ést’ ou que pode seerpor que non ven, pois que lho eu roguei,ca el mi disse como vos direi 15e sol non meteu i de non poder,que nunca Deus lhi desse <de mi bense non veesse mui ced’, e non ven>

Non sei que diga, tanto m’ é gran maldo meu amigo, de como morreu, 20ca mi diss’ el, u se de mi quitou,e non sacou ende morte nen al,que nunca Deus <lhi desse de mi bense non veesse mui ced’, e non ven>

B 665 f. 143r° V 267 f. 39r°

10 migue B : mi que V 19 dica V 22 en de ? B : eu de V

1 Some scholars assign this text to Vaasco Gil, to whom the poem just before this one is attributed in B and V. In V, Coloccihas written Don Joham da voyn above this text, but in B he has written Dom Joham Davoyn in the right hand margin beside thenext cantiga (665 bis). In C, next to the number 665, we also find Dom Joham da voyn. Gonçalves (1976a: 59), who would givethis poem to Gil, argues that the confusion is due to the repetition of the number 665. On stylistic grounds, the attributionto Avoin seems certain.

152

500 Cantigas d’ Amigo

1 Whereas come occurs in this text in vv. 3, 6 (and so 12, 18, 24, but these are not copied out in the manuscripts) and 15, comooccurs only here. The phrase come vós a min ought to be identical here and at v. 15. Elsewhere Avoin uses como in comparativeclauses, but here the clause is implicit and come governs a simple pronoun. Cf. Michaëlis, Glossário, s. v. come. Note also howthe (older) “Toledano” manuscript of the Cantigas de Santa Maria preserves come against como in e. g. 74.32 come To : como TE(elsewhere T against E, e.g. at 85.49 come T : como E).

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 2

Cuidades vós, meu amigo, u~a ren:que me non poss’ assanhar sen razoneu contra vós come vós; por que non?escontra mi cuidades i mal sen,ca poder ei de m’ assanhar assi 5eu contra vós come vós contra mi

E, se cuidades ca non ei poder,meu amigo, de mi vos assanharben come vós a min, ides cuidarmal sen, ca logo vos farei veer 10ca poder ei de m’ assanhar <assieu contra vós come vós contra mi>

E, <se> cuidades que poder non eide me vos assanhar, se m’ eu quiser,ben come vós a min, se vos prouguer, 15ben outrossi me vos assanharei,ca poder ei <de m’ assanhar assieu contra vós come vós contra mi>

Mais, pois me vos Deus por amigo deu,e mi a vós por amiga, muit’ á, 20quitade vos vós de cuidardes jao que cuidades, ca ben vos dig’ euca poder ei de m’ assanhar <assieu contra vós come vós contra mi>

B 665 bis f. 143r°-v° V 268 f. 39r°

4 cuydades B : coydades V 9 come scripsi (cf. v. 15) : como BV1 10 ca] en V lo(n)go B 13 E <se> cuydadesMonaci (cf. v.7) : E cuydades B : Euydades V 22 digueu V : digou B 23 po(po)der V

153

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 3

Vistes, madre, quando meu amigopos que verria falar comigo;oje dia cuidades que venha?

Vistes u jurou que non ouvessenunca de min ben, se non veesse; 5oje dia cuidades que ve<nha>?

Viste-las juras que mi jurou enton:que verria sen mort’ ou sen prison;oje dia cuidades <que venha>?

Viste-las juras que jurou ali, 10que verria, e jurou as per mi;oje dia cuidades que venha?

B 666 f. 143v° V 269 ff. 39r°-40r°

5 se nõ B : serõ V 7 mi del. Nunes; cf. v. 101 9 cuydades V : cuyda B 11 ueiria B : uema V

1 Nunes would take out mi to remove a syllable, but we might instead consider aphaeresis of the initial vowel of enton afterthe tonic final dipthong of jurou (jurou ’nton).

154

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 4

Que bõas novas que oj’ oiráo meu amigo, quando lh’ eu disserca lhi quer’ eu maior ben ca m’ el quer,e el enton, con ben que lhi será,non saberá como mh agradecer 5nen que mi diga con tan gran prazer

Ca lhi direi ca mui melhor ca milhi quer’ eu ja, nen ca meu coraçonnen ca meus olhos, se Deus mi perdon,e, pois que lh’ eu tod’ esto meter i, 10non saberá como mh agradecer<nen que mi diga con tan gran prazer>

E outro prazer vos direi maiorque vos eu dixi, que lh’ oj’ eu direi:que viva mig’, assi non morrerei; 15e, pois que lh’ eu disser tan grand’ amor,non saberá como <mh agradecernen que mi diga con tan gran prazer>

O que el deseja mais doutra renlhi direi oje, tanto que o vir, 20ca lhi direi ca non posso guarir,tal ben lhi quero, e el enton con bennon saberá como mh agradecer<nen que mi diga con tan gran prazer>

B 667 f. 143v° V 270 f. 40r°

1 boas BV 9 pardon B 11 coma V 22 quero] q’re BV

155

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 5

Par Deus, amigo, nunca eu cuideique vos perdesse, como vos perdi,por quen non parece melhor de minen ar val mais, e tal queixum’ end’ eique direi, amigo, per bõa fe, 5como pareç’ e seu nom’ e quen é

Se vos foss’ eu por tal dona perderque me vencess’ oj’ en parecer benou en al que quer, prazer m’ ia én,mais tan sen guisa o fostes fazer 10que direi, amigo, per bõa fe,<como pareç’ e seu nom’ e quen é>

En toda ren que vos possa buscarmal, buscar volo ei, mentr’ eu viva for,ca me leixastes por atal senhor 15que, ben vos digo, con este pesarque direi, amigo, <per bõa fe,como pareç’ e seu nom’ e quen é>

E, poilo eu disse<r>, per bõa fe,pesar vos á, pois souberen quen é 20

B 668 ff. 143v°-144r° V 271 f. 40r°

1 nu~ca V : om. B 2 vos2] u9 B : uo V perdi(i) B 3 que~ V : q’ B 5 boa B : bona V 6 pareç’ e] parece BV9 prazer] praer V between 14 and 15 (ment’u uyua for came lei) V 19 disse<r> Nunes : disse BV bona V

20 que~ V : q’ B

156

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 6

Dized’, amigo, en que vos merecipor non quererdes comigo viver?e saberedes que non ei [eu] poderde viver, pois vos parti<r>des de mi,e, pois sen vós viver non poderei, 5vivede mig’, amig’, e viverei

Vivede mig’ e ben vos estaráe averei sempre que vos gracir,ca, se vos fordes e vos eu non vir,non viverei, amig’, u al non á, 10e, pois sen vós viver <non poderei,vivede mig’, amig’, e viverei>

Se queredes que vos eu faça ben,ai meu amigo, en algu~a sazon,vivede migo, se Deus vos perdon, 15ca non poss’ eu viver per outra rene, pois sen vós viver <non poderei,vivede mig’, amig’, e viverei>

Pois entendedes, amigo, com’ éa mha fazenda, por Nostro Senhor, 20vivede migo, ca, pois sen vós for,non poderei viver, per bõa fe,e, pois sen vós <viver non poderei,vivede mig’, amig’, e viverei>

B 669 f. 144r° V 272 ff. 40r°-41r°

3 saberedes BV : sabedes Nunes (II, 467) eu Braga1 : en BV : seclusi 4 parti<r>des Nunes (but partides II, 467)

: partides BV 7 Viuede B : Ciuede V 15 Viuede B : uiuedes V pardon B

1 Based on the reading of Monaci, but V has en here.

157

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 7

Disseron mh ora de vós u~a ren,meu amigo, de que ei gran pesar,mais eu mho cuido mui ben melhorar,se eu poder, e poderei mui ben,ca o poder, que <eu> sempre ouvi, m’ ei, 5e eu vos fiz e <eu> vos desfarei

Dizen mi que filhastes senhor talper que vos cuidastes de min partir,e ben vos é, se vos a ben sair,mais deste ben farei vos end’ eu mal, 10ca o poder, que eu sem<pre ouvi, m’ ei,e eu vos fiz e eu vos desfarei>

Senhor filhastes, com’ oí dizera meu pesar, e perderedes i,se eu poder, e poderei assi 15como fiz sempr’ e posso me poder,ca o poder, que <eu> sempre ouvi, m’ ei,<e eu vos fiz e eu vos desfarei>

E, pois vos eu tornar qual vos achei,pesar mh á en, mais pero vingar m’ ei 20

B 670 ff. 144r°-149r° V 273 f. 41r°

5, 17 <eu> supplevi; cf. v. 11 6 e <eu> vos Nunes : euos BV1 9 ben2] be~ B : ber V 11 eu del. Nunes

1 In B, after sempre (v. 5), Colocci has writtenouui mei

E eu vos fiz euos desfareyDizenmi

after which the rest of 144r°b is blank, except for a cancelled note (written by scribe “a”) at the bottom:(Outro R° sse começa Ouue mey & e~u

9 fiz eu

9 desfarey)

Ff. 144v°-148v° are blank; but at the bottom of f. 148v° Colocci has again written: dizenmi – whereupon the text continues onf. 149r°a after about 8 blank lines. There, in the left hand margin, 671 has been written and crossed out (the next text isnumbered 672). Thus, the first strophe was begun by scribe “a” (whose work includes all texts from f. 111r° to the word sempre)and finished by Colocci, the second copied by scribe “d” (whose work includes all texts until f. 163r°b. See Ferrari 1979).

158

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 8

Pero vos ides, amigo,sen o meu grad’ alhur viver,non vos ides, ond’ ei prazer,por non falardes comigo,ca daqui o poss’ eu guisar, 5mais por mi fazerdes pesar

E, pero vos ides daquen,non vos ides, do que mi praz,por non fazer eu quanto fazmolher por om’ a que quer ben, 10ca daqui o poss’ eu guisar,<mais por mi fazerdes pesar>

Ir vos podedes, mais ben seica non diredes con razonque non faç’ eu de coraçon 15por vós quanto de fazer ei,ca daqui o poss’ eu guisar,<mais por mi fazerdes pesar>

E, pero vos ir queredes,non diredes, per bõa fe, 20con dereito, que per min é,ca faç’ eu quanto dizedes,ca <daqui o poss’ eu guisar,mais por mi fazerdes pesar>

B 672 f. 149r° V 274 f. 41r°

21 dreito B : deito V

vv. 4, 6, 9-10: por is causal (referring to rejectedreasons) in vv. 4 (“because you can’t talk with me”)and 9-10 (“because I don’t do everything a womandoes for the man she loves”), but final in v. 6 (“in orderto cause me pain”).

vv. 4, 6, 9-10: por é causal (relativo às razões rejeita-das) nos vv. 4 (“porque não podes falar comigo”) e 9-10(“porque não faço tudo o que uma mulher faz pelohomem que ama”), mas final no v. 6 (“para me fazeressofrer”).

159

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 9

Amigo, pois me leixadese vos ides alhur morar,rog’ eu a Deus, se tornadesaqui por comigo falar,que non ajades, amigo, 5poder de falar comigo

E, pois vos vós ir queredese me non queredes creer,rog’ a Deus, se o fazedese tornardes por me veer, 10que non ajades, amigo,<poder de falar comigo>

Pois non catades mesuranen quanto vos eu fiz de ben,rog’ a Deus, se per ventura 15tornardes por mi dizer ren,que non ajades, amigo,<poder de falar comigo>

Pois vos ides sen meu gradoe non dades nada por mi, 20rog’ eu a Deus, se coitadofordes e tornardes aqui,que non ajades, amigo,<poder de falar comigo>

B 673 f. 149r°-v° V 275 ff. 41r°-42r°

7 u9 u9 V : u9 B 13 cantades V 15 (tornardes) V at end of line 16 tornades V 20 nada por mi transpos.Braga : pr mi nada V : prmi uada B

Lapa (1929a: 324) sees the strophic form aaBB here, that is, long verses with internal rhymes in the body ofthe strophe, and short verses in the refrain. The text could also be printed as aaB with internal rhymes in allthree verses.

160

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 10

Amig’ ouv’ eu a que queria ben,tal sazon foi, mais ja ’migo non eia que ben queira nen o avereien quanto viva ja, per u~a ren,ca mi mentiu o que mi soía 5dizer verdad’ e nunca mentia

E mui pouc’ á que lh’ eu oí jurarque non queria ben outra molherse non min, e <ben> sei eu que lho quere por esto non poss’ en ren fiar, 10ca mi mentiu o que mi <soíadizer verdad’ e nunca mentia>

Mais me fiava per el ca per minnen ca per ren que no mundo viss’ al,e mentiu m’ ora tan sen guisa mal 15que non fiarei en ren des aqui,ca mi men<tiu o que mi soíadizer verdad’ e nunca mentia>

E, se outr’ ouvesse, mentir m’ ia,pois mi mentiu o que non mentia 20

B 674 f. 149v° V 276 f. 42r°

2 ja] ia V : la B ’migo Nunes 3 ben queyra V : be~ que queyra B after 6 Ca mi B : ca mi V (on a new line inboth)1 7 muy B : om. V lheu V : heu B 9 mi~ BV : <a> mi Nunes (III, 98; cf. B 727 / V 328 [Rodrig’ Eanes de

Vasconcelos], v. 3) <ben> supplevi2 16 en] ea V 17 mi] mi~ B 19 outr B : otr V 20 pors V mi(j) B

1 An example of the mechanical (erroneous) recopying of the beginning of a refrain (cf. Parkinson 1987).2 Though Avoin does not use this common formula elsewhere in his cantigas d’amigo we find it several times in his otherpoems: A 157, v. 15 ben o sei eu; V 1010 (=CEM 222), v. 17 mais ben sei eu quen troba ben ou mal; V 1011 (=CEM 223), v. 5 e ben seieu por que aquesto faz. Among the cantigas d’ amigo we find the formula in: Johan Garcia de Guilhade (B 754 / V 357, v. 10; B 755/ V 358, v. 2), Pedr’ Eanes Solaz (B 829 / V 415, vv. 27 and 29), Johan Airas de Santiago (B 1026 / V 616, v. 13; B 1031 / V 621,v. 19; B 1041 / V 631, v. 19; B 1043 / V 633, v. 2; B 1047 / V 637, v. 13 [and cf. V 594, v. 14]) and Pedr’ Amigo de Sevilha (B 1218/ V 823, v. 23)

161

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 11

O por que sempre mha madre roguei,que vos visse, meu amigo, non quer,mais pesar lh’ á muito, quando souberque vos eu dig’ esto que vos direi:cada que migo quiserdes falar, 5falade mig’, e pes a quen pesar

Pes a quen quer e mate se por en,ca post’ é ja o que á de seer:veer vos ei, se vos poder veer,e poderei, ca, meu lum’ e meu ben, 10cada <que migo quiserdes falar,falade mig’, e pes a quen pesar>

Pois entendo que mha mort’ e meu malquer, pois non quer ren de quant’ a mi praz,e, poilo ela por aquesto faz, 15fazed’ aquest’, e depois fará s’ al:cada que migo quiserdes falar,<falade mig’, e pes a quen pesar>

Sempr’ eu punhei de mha madre servir,mais por esto ca por outra razon, 20por vos veer, amig’, e por al non,mais, pois mho ela non quer consentir,cada que migo quiserdes falar,<falade mig’, e pes a quen pesar>

B 675 f. 149v° V 277 f. 43r°

1 ma V 2 quer] quei V 8 a] ia V 15 pr B : pre V 23 cado B

162

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN PEREZ D’ AVOIN – 12 (pastorela)

Cavalgava noutro diaper un caminho francese u~a pastor siía,cantando con outras trespastores, e non vos pes, 5e direi vos toda viao que a pastor diziaaas outras en castigo:“Nunca molher crea per amigo,pois s’ o meu foi e non falou migo” 10

“Pastor, non dizedes nada”diz u~a delas enton,“Se se foi esta vegada,ar verrá s’ outra sazone dirá vos por que non 15falou vosc’, ai ben talhada,e é cousa mais guisadade dizerdes com’ eu digo:«Deus, ora veesse o meu amigo,e averia gran prazer migo»” 20

B 676 f. 150r° V 278 f. 43r°

2 un] hun ? B : hun V : o Nunes 3 siia] sua V 6 E<u> Monaci 15 dirá Nunes : dica BV between 16 and 17 twoblank lines in B 19 veesse] uehesse V1 : uehesso B o] illeg. B

1 Monaci (1873: 32; 1875) reads uehesse o in V, but the final letter of the first word is now a blur.

163

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 1

Per bõa fe, mui fremosa sanhudasej’ eu, e trist’ e coitada por enpor meu amig’ e meu lum’ e meu benque ei perdud’ e el<e> mi perdud’ ápor que se foi sen meu grado daqui 5

Cuidou s’ el que mi fazia mui fortepesar de s’ ir, por que lhi non falei,pero ben sabe Deus ca non ousei,mais seria lh’ oje melhor a mortepor que se foi <sen meu grado daqui> 10

Tan cruamente lho cuid’ a vedarque ben mil vezes no seu coraçonrogu’ el a Deus que lhi dé meu perdonou sa morte, se lh’ eu non perdoarpor que se foi <sen meu grado daqui> 15

B 678 f. 150r°-v° V 280 f. 44r°

1 boa BV fort. fremosa <e> sanhuda 2 e1 om. B 4 el<e> supplevi perdud’ á Lang (1894: cxxvi, n. 7)1

<á> perduda Nunes 12 mal V 13 que lhi] q’lhi q’lhi BV

v. 1: mui fremosa modifies the first person subject, pace D’Heur (1975b: 363-364, 377 and esp. 428-429, note 18),who suggests that it may be vocative (but cf. v. 10 of the next poem). More pertinent: Do we read fremos’ esanhuda? Or , if not, do we take sanhuda as substantival (“a very pretty sanhuda” [cf. Cohen 1996b]) or considerfremosa sanhuda all together (fremosa being the substantive, sanhuda adjectival) with mui qualifying the wholeexpression (“very much an angry beauty”)?

1 The chiastic construction ei perdud’ ... perdud’ á proposed by Lang (metrically acceptable if we read el<e>; cf. B 689 / V 291,v. 11) seems to have been overlooked by Nunes. For word division in rhyme (far more common in other genres than in thecantigas d’amigo, where it is quite rare), see B 685 / V 287 (J. S. Coelho), v. 9 viss’ e; B 1092 / V 683 (Elvas), v. 10 lum’ e; B 1119 /V 710 (Berdia), v. 12 ant’ o (only this last is certain).

164

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 2

Foi s’ o meu amigo daqui noutro diacoitad’ e sanhud’ e non soub’ eu ca s’ ia,mais ja que o sei, e por Santa Maria,e que farei eu louçana?

Quis el falar migo e non ouve guisado 5e foi s’ el daqui sanhud’ e mui coitadoe nunca depois vi el nen seu mandadoe que farei <eu> louçana?

Quen lh’ ora dissesse quan trist’ oj’ eu sejoe quant<o> oj’ eu mui fremosa desejo 10falar lh’ e vee-l’ e, pois que o non vejo,e que farei <eu> louçana?

B 679 f. 150v° V 281 f. 44r°

4 louçana scripsi (ex B 689 / V 291, v. 3) : louçaa BV : louçãa Nunes 5 Quis B : Que V 10 quant<o> oj’ eu

supplevi : quãtoieu B : quantoieu V

165

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 3

Amigo, queixum’ avedesde mi, que non falo vosco,e, quant’ eu de vós conhosco,nulha parte non sabedesde quan muito mal, amigo, 5sofro se falardes migo,

nen de com’ ameaçadafui un dia pola idaque a vós fui e ferida,non sabedes vós en nada 10de quan muito mal, amigo,<sofro se falardes migo>

Des que souberdes mandadodo mal muit’ e mui sobejoque mi fazen, se vos vejo, 15enton mh averedes gradode quan muito mal, amigo,<sofro se falardes migo>

E pero, se vós quiserdesque vos fal’ e que vos veja, 20sol non cuidedes que seja,se vós ante non souberdesde quan muito mal, <amigo,sofro se falardes migo>

B 680 f. 150v° V 282 f. 44r°

1 queieu m V 16 mh] rih V

166

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 4

Ai madr,’ o que eu quero bennon lh’ ous’ eu ante vós falare á end’ el tan gran pesarque dizen que morre por en,e se assi morrer por mi, 5ai madre, perderei eu i

Gran sazon á que me serviue non mho leixastes veer,e veeron mh ora dizerca morre por que me non viu, 10e se assi morrer por mi,<ai madre, perderei eu i>

Se por mi morrer, perda mh é,e pesar mh á, se o non vir,pois per al non pode guarir, 15ben vos juro per bõa fe,e se assi morrer por mi,<ai madre, perderei eu i>

B 681 ff. 150v°-151r° V 283 ff. 44r°-45r°

1 be~ V : be B 5 moirer B : morre’ V 9 dizr B : diz V 13 pda B : perda perda V

167

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 5

Oje quer’ eu meu amigo veer,por que mi diz que o non ousareiveer mha madre, de pran vee-lo eie quero tod’ en ventura metere des i saia per u Deus quiser 5

Por en qual coita mi mha madre tenque o non veja, no meu coraçonei oj’ eu posto, se Deus mi perdon,que o veja e que lhi faça bene des i saia <per u Deus quiser> 10

Pero mho ela non quer outorgar,i-lo ei veer ali u m’ el mandoue por quanta coita por mi levoufarei lh’ eu est’ e quanto m’ al rogare de<s i saia per u Deus quiser> 15

Ca diz o vervo ca non semeoumilho quen passarinhas receou

B 682 f. 151r° V 284 f. 45r°

1 quereu V : (que’) q’reu B ueer B : ucer V 2 ousarey B : usarey V

v. 6 : The syntax of Por en qual (Poren q’l BV) coita is explained by Nunes (vol. III, p. 105) : “Por [a] coita en [a] qual

mia madre mi ten.”

168

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 6

Falei un dia, por me baralharcon meu amigo, con outr’ u m’ el vissee direi vos que lhi dix’ u m’ el dissepor que lhi fezera tan gran pesar:“Se vos i, meu amigo, pesar fix, 5non foi por al se non por que me quix”

Por baralhar con el e por al nonfalei con outr’ en tal que o provassee pesou lhi mais ca se o matassee preguntou m’ e dixi lh’ eu enton: 10“Se vos i, meu amigo, pesar fix,<non foi por al se non por que me quix>”

Ali u eu con outr’ ant’ el falei,preguntou m’ el: e por que lhi faziatan gran pesar ou se o entendia? 15e direi vos como me lh’ i salvei:“Se vos i, <meu amigo, pesar fix,non foi por al se non por que me quix>”

B 683 f. 151r° V 285 f. 45r°

2 outr’, u Nunes : outro BV1 3 fort. diss’: e scribendum; cf. v. 14 5, 11 fix scripsi2 : fiz BV 7 haralhar V 14 el eMachado : ele BV, Nunes3 lhi V : hi B 16 lh’ i distinxi : lhi BV4

1 The last letter is blurred in B, but appears to be an o. Cf. B 649 / V 250 (Burgalês), v. 7 and note.2 See the variants in CSM 295, v. 13 (fiz E : fix F) and compare the rhymes in CSM 265, vv. 125-127 (fix/quix/dix). A similarproblem in B 1142 / V 734 (Servando), vv. 8-10.3 Nunes prints ele, which is acceptable (cf. B 678 / V 280, v. 4 and B 689 / V 291, v. 11). But the conjunction e frequently beginsa question (cf. the glossaries of Michaëlis and Mettmann) and arguably introduces an indirect one here.4 This is the only occurrence in the cantigas d’ amigo of salvar-se. Cf. Lang (1894: 122) and Gonçalves (1991: 28-29). The readinglhi would seem to be justified by (e.g.) CA 29 (Somesso), vv. 11-12 E non osm’ og’ eu, nen o sei / per que me lhe possa salvar. But lh’ icould be defended both by the emphatic i in the refrain (though the MSS have hy in v. 5 and hi in vv. 11 and 17) and by CA178 (J. S. Coelho), v. 13 Non me sei én d’ outra guisa salvar and B 71 (Calheiros), v. 10 Porque o fiz, non me poss’ én salvar. We mightalso read lh’ i in vv. 4 and 14; cf. CA 167 and 168 (J. S. Coelho), vv. 10 and 21: lh’ i faria.

169

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 7

Amigo, pois me vos aquiora mostrou Nostro Senhor,direi vos quant’ á que sabornon ar ouve d’ al nen de mi,per bõa fe, meu amigo, 5des que non falastes migo

E ar direi vos outra ren:nunca eu ar pudi saberque x’ era pesar nen prazernen que x’ era mal nen que ben, 10per bõa fe, meu <amigo,des que non falastes migo>

Nen nunca o meu coraçonnen os meus olhos ar quiteide chorar e tanto chorei 15que perdi o sen des enton,per bõa fe, meu <amigo,des que non falastes migo>

B 684 f. 151r° V 286 f. 45r°

1-2 on one line in V 1 vos Nunes : uos BV 5 boa BV 10 xera B : sera V 14 nen] ueu BV me9 B : mr9 V

170

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 8

Amigas, por Nostro Senhor,andade ledas migo,ca puj’ antre mha madr’ amore antr’ o meu amigoe por aquest’ ando leda: 5gran dereit’ ei <d>’ andar ledae andade migo ledas

Pero mha madre non foss’ i,mandou mi que o viss’ enunca tan bon mand<ad>’ oí 10come quando mho dissee por aquest’ ando leda:<gran dereit’ ei d’ andar ledae andade migo ledas>

E mandó o migo falar 15(vedes que ben mh á feito)e venho mi vos én loar,ca puji ja assi o preitoe por aquest’ ando leda:<gran dereit’ ei d’ andar leda 20e andade migo ledas>

B 685 f. 151v° V 287 f. 46r°

6 <d’> andar Nunes1 6-7 led<a> / e] lede BV at end of line 7 migo Braga : amigo BV 9 viss’ e distinxi (cf. B 678/ V 280, v. 4) : uisse BV : visse edd. 10 mand<ad>’ oi Monaci : mandoy BV 15 mãdoo B : mandoo V :mando<u>-o Nunes2 17 u9 B : n9 V 18 hypermetric pugi BV 19 pr B : pre V

1 In V there is a line break between ei and andar.2 Perfects ending in -ó followed by the object pronoun o or a are common in the Cantigas de Santa Maria. In the cantigas d’ amigoof J. S. Coelho all other third person singular perfects of the first conjugation (including mandou in v. 9) end in -ou, but thisis the only one followed by o or a.

171

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 9

Vedes, amigas, meu amigo vene enviou mi dizer e rogarque lh’ aguis’ eu de comigo falare de tal preito non sei end’ eu ren,e pesa mi que m’ enviou dizer 5que lhi faça o que non sei fazer

Ca, pero m’ end’ eu gran sabor ouvere mui gran coita no meu coraçonde lho guisar, <a>se Deus mi perdon,non lho guisarei, poi<lo> non souber, 10e pesa mi que m’ enviou <dizerque lhi faça o que non sei fazer>

Ca eu nunca con nulh’ ome falei,tanto me non valha Nostro Senhor,des que naci, nen ar foi sabedor 15de tal fala nen a fiz nen a sei,e pesa mi que m’ enviou dizer<que lhi faça o que non sei fazer>

B 686 f. 151v° V 288 f. 46r°

3 fort. lhi guis’ eu scribendum comigo V : migo B 9 guisar BV : <a>guisar Nunes1 <a>se scripsi (cf. B 688 /V 290, v. 1) : se BV2 10 gisarey BV : <a>guisarei Nunes poi<lo> supplevi (cf. A 161, v. 22 poilo non souber)

: pois BV 13 null BV

1 Though aguis’ in v. 3 might seem irrefutable (and our poet uses the verb aguisar at CA 175.1), Nunes’ emendations in vv. 9and 10 should probably be rejected (and we might even correct v. 3 to read lhi guis’ eu). Whereas guisar is common, aguisar isscarcely documented in the entire corpus of cantigas d’amigo. I find four other apparently certain examples: (1) B 265 (Quei-mado), vv. 7- 8 E, por que non quij’ eu con el falar / quand’ el quisera nen se mh aguisou; (2) B 582 / V 185 (Dinis), v. 14 quand’ aguisastesque per nulha ren; (3) B 1199 / V 804 (Caldas), v. 7 se mi Deus aguisar de o aver; (4) B 1269 / V 875 (Cangas), vv. 7-8 Serei vosc’ en SanMomede do mar / na ermida, se mho Deus aguisar. B 1148 / V 740 (Servando), v. 2 e lho Deus aguisa polo seu amor is hypermetric andguisa should be read. Cf. B 1168 / V 774 (Bolseiro), v. 7, and note. See also B 1364 / V 972 (M. Soares), v. 8 where desaguisadois hypermetric.2 Formulas of this kind (from the Latin sic plus optative subjunctive) are found in Galego-Portuguese lyric with se, si, ase, asi,asse and assi. Mettmann, s.v. asse, notes that this variant is found only in optative clauses. Cf. CSM 24.39 asse Deus vos perdonwhere the Toledano has ase.

172

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 10

– Filha, direi vos u~a renque de voss’ amig’ entendie filhad’ algun conselh’ i:digo vos que vos non quer ben– Madre, creer vos ei eu d’ al 5

e non desso, per bõa fe,ca sei que mui melhor ca sime quer nen que m’ eu quero mi– Mal mi venha, se assi é– Madre, creer vos ei eu d’ al, 10

mais non desso, ca ’ssi lhe prazde me veer que, pois naci,nunca tal prazer d’ ome vi– Filha, sei eu que o non faz– Madre, creer vos ei eu d’ al, 15

mais non vos creerei per renque no mundo á que<n> quera tan gran ben

B 687 f. 151v° V 289 f. 46r°

1 direy B : derey V 3 falhad B 6 d’esso Nunes (cf. v. 11) : desto BV 11 cassi BV : possis ca si 16 Mays B: Ma(||)ys? V 17 hypermetric (by two syllables) no mundo del. Nunes (III, 109), Lapa que<n> Lapa : q’ BV : que

Nunes

173

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 11

Ai meu amigo, <a>se vejadesprazer de quanto no mund’ amades,levade me vosc’, amigo

Por non leixardes mi, ben talhada,viver com’ oj’ eu vivo coitada, 5levade me <vosc’, amigo>

Por Deus, filhe xi vos de min doo;melhor iredes migo ca soo:levade me vosc’, amigo

B 688 ff. 151v°-152r° V 290 ff. 46r°-47r°

1 <a>se supplevi (cf. B 686 / V 288, v. 9) : se BV se <vós> Nunes 8 iredes] uedes V

174

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 12

Fui eu, madre, lavar meus cabelosa la fonte <e> paguei m’ eu delose de mi, louçana

Fui eu, madre, lavar mhas garcetasa la fonte e paguei m’ eu delas 5e de mi, <louçana>

A la fonte <e> paguei m’ eu deles;aló achei, madr’, o senhor delese de mi, <louçana>

<E>, ante que m’ eu d’ ali partisse, 10fui pagada do que m’ el<e> dissee de mi <louçana>

B 689 f. 152r° V 291 f. 47r°

1 lauar V : iauar B cabelus V : capel9 B 2 fonte <e> Nunes (cf. v. 5) : fonte B 3 Edemi / loucana E B : edemi/ louçana e V : e de mi, louçãa Nunes1 4 garceras V 7 fonte <e> Nunes : fonte BV m’ <i> eu Lapa (1929a:

340) 10 <E> supplevi 11 el<e> supplevi

1 Cf. B 679 / V 281 (J. S. Coelho), vv. 4, 8, 12.

175

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 13

Ai Deus, a vólo digo:foi s’ ora o meu amigo;e se o verei velida?

Quen m’ end’ ora soubesseverdad’ e mi dissesse; 5e se o verei velida?

Foi s’ el mui sen meu gradoe non sei eu mandado;e se o verei velida?

Que fremosa que sejo, 10morrendo con desejo;e se o <verei velida>?

B 690 f. 152r° V 292 f. 47r°

11 morre~do V : moitendo B

176

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 14

Fremosas, a Deus louvado, con tan muito ben como oj’ ei,e do que sõo mais leda: ca todo quant’ eu desejeivi quando vi meu amigo

B 691 f. 152r° V 293 f. 47r°

2 e do q’ B : es V soo BV

The text is copied on four short lines in BV. Long verses are recommended by D’Heur (1975b: 429).

177

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SOAREZ COELHO – 15

Agora me foi mha madre melhorca me nunca foi des quando naci(Nostro Senhor lho gradesca por mi)e ora é mha madre e mha senhor,ca me mandou que falasse migo 5quant’ el quisesse o meu amigo

Sempre lh’ eu madr’ e senhor chamareie puinharei de lhe fazer prazerpor quanto me non quis leixar morrer,e morrera, mais ja non morrerei, 10ca me mandou que falasse migo<quant’ el quisesse o meu amigo>

B 691-692 f. 152r°-v° V 293 f. 47r°

3 senhor B : senor V 4 senor BV 8 przer B : przeri V 9 qu~to B : q’nta V 10 E B : a V

178

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN REIMONDO – 1

Amigo, se ben ajades,rogo vos que mi digadespor que non vivedes migo,meu conselh’ e meu amigo,por que non vivedes migo? 5

Se mi vós tal ben queredes,amigo, qual mi dizedes,por que non vivedes migo,meu conselh’ e meu amigo,por que non <vivedes migo>? 10

Pois eu nada non desejose non vós, u vos non vejo,por que non vivedes migo,meu conselh’ e meu amigo,por que non vive<des migo>? 15

Pois non desej’ eu al nadase non vós, desta vegadapor que non vivedes migo,meu conselh’ e meu amigo,por que non <vivedes migo>? 20

B 693 f. 152v° V 294 ff. 47r°-48r°

10 after this v. Colocci has written poys at bottom of f. 47r°b in V 12 hu u9 nõ ueio V : desta uegada B cf. v. 1714 amigo] imgo B 16 desej’ eu scripsi (cf. v. 11) : deseiey BV : desejei edd.1

1 The past tense desejei (maintained by all editors) is out of place in this text (where there are no other past tenses) and theprecise parallel eu...desejo in v. 11 supports the correction. See B 1290 / V 895 (Requeixo), v. 5. (Nunes [vol. III, p. 114; cf. p. 68]shows discomfort with the perfect, which he fails to explain convincingly.)

179

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN REIMONDO – 2

Anda triste <o> meu amigo,mha madr’, e á de mi gran despeitopor que non pode falar migoe non por al, e faz gran dereitod’ andar triste o meu amigo 5por que non pode falar migo

Anda trist<e> o meu amigo,mha madr’, e tenho que seja mortopor que non pode falar migoe non por al, e non faz gran torto 10d’ andar trist<e> o meu amigopor que non pode <falar migo>

Anda trist<e> o meu amigo,mha madr’, e anda por en coitadopor que non pode falar migo 15e non por al, e faz mui guisadod’ andar trist<e> o meu amigopor que non pode <falar migo>

B 694 f. 152v° V 295 f. 48r°

1 <o> Nunes 3, 9, 15 migo scripsi (cf. v. 6) : comigo BV, edd. 7, 11, 13, 17 trist<e> o Nunes (cf. v.5) : tristo BV

Meter uncertain in vv. 1, 3, 5 and 6 of each strophe. As printed here, the form is AbAbAA, scanning 8’ 9’ 8’ 9’

8’ 8’.

180

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 1

Oí ora dizer que venmeu amigo, de que eu eimui gran queixum’ e averei,se m’ el mentir, por u~a ren:como pod’ aquesto fazer, 5poder sen mi tanto moraru mi non podesse falar?

Non cuidei que tan gran sazonel podesse per ren guarirsen mi, e, pois que o eu vir, 10se mi non disser log’ entoncomo pod’ aquesto fazer,poder sen mi tanto mo<raru mi non podesse falar>,

perder m’ á, se o non souber – 15que terra foi a que achouu el sen mi tanto morou –se mi verdade non dissercomo pod’ aquesto fazer,poder sen mi tanto morar 20<u mi non podesse falar>?

B 695 ff. 152v°-153r° V 296 f. 48v°

4 hunha B : nulha V 15 Peder V 17 mi~ BV

181

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 2

Ai Deus, u é meu amigo, que non m’ envia mandado?ca preit’ avia comigo, ergo se fosse coitadode morte, que se veesseo mais cedo que podesse

Quando s’ el de mi partia, chorando fez mi tal preito 5e disse quand’ e qual dia, ergo se fosse mal treitode morte, que se ve<esseo mais cedo que podesse>

E ja o praz’ é passado que m’ el disse que verriae que mh avia jurado, sen gran coita toda via 10de morte, que se veesse<o mais cedo que podesse>

E, se eu end’ al soubesse,que nunca lhi ben quisesse

B 696 f. 153r° V 297 ff. 48v°-49r°

1 m’ envia] meuuya B : meu uya V 2 prey tauya B : prey ta(u)uya V

Short lines in BV.

182

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 3

Que trist’ oj’ eu and’ e faço gran razon;foi s’ o meu amig’, e o meu coraçon,donas, per bõa fe,alá ést’ u el é

Con <a>tan gran coita perderei o sen; 5foi s’ o meu amig<o>, e todo meu ben,donas, per bõa fe<alá ést’ u el é>

Perderei o sen, donas, ou morrerei;foi s’ o meu amig<o>, e quanto ben ei,donas, <per bõa fe, 10alá ést’ u el é>

Que adur quitou de meus olhos <os> seus;foi s’ o meu amig’, e o lume dos [olhos] meus,donas, <per bõa fe, 15alá ést’ u el é>

B 697 f. 153r° V 298 f. 49r°

3 boa B 5 <a>tan Nunes : tã BV 6, 10 amig<o> e Lapa : amigue BV 6 todo BV : tod o Machado : todo <o>Braga 7 fe om. B 9 Perderei Nunes (cf. v. 5) : E idirey V : Edirey B : E perderey Monaci 10 foisso B : foi ssoo Vbe~ ey B : ben ey V : ben <eu> ei Nunes 13 olhos <os> seus Nunes : olhos sse9 BV 14 hypermetric (by twosyllables) olhos seclusi; delere voluit Pellegrini (1930: 313)

Refrain on one line in BV. Tavani, Rep. 26:50 reports aaB scanning 11 11 12, but (accepting only the emendationperderei in v. 7) the text in BV scans (by strophes, excluding the refrain): 11 11; 10 10; 11 10; 10 13. Oddly,neither Nunes (cf. vol III, p. 116) nor Lapa (1982: 163) suggests taking olhos out of v. 11 where considerationsof syntax, meter and style justify its exclusion (cf. B 586 / V 189 [Dinis], v. 13 El pos os seus olhos nos meus enton).Still, the position (Rv-1) may justify keeping olhos in the text (see Introduction, 5).

183

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 4

Eu fiz mal sen qual nunca fez molher,pero cuidei que fazia bon sendo meu amigo que mi quer gran ben,e mal sen foi, pois m’ el tan gran ben quer,que o tive sempr’ en desden, e non 5pod’ el saber ren do meu coraçon

Ca nunca de mi pud’ entender ale con essa coita se foi daqui,e fez mal se<n>, nunca tan mal sen vi,por que o fiz, e acho m’ ende mal, 10que o tive sem<pr’ en desden, e nonpod’ el saber ren do meu coraçon>

Por lhi dar coita por sabe-lo seucoraçon ben, que eu sabia ja,m’ encobri de mais sempr’, e ja será 15mal pera mi, ca mal o per fiz eu,que o tive <sempr’ en desden, e nonpod’ el saber ren do meu coraçon>

B 698 f. 153v° V 299 f. 49r°

4 sen Monaci : seu BV 5 tive] teui BV 6 re~ V : re B 7 pud BV : põd’ Nunes1 9 fez BV : fiz Nunes2 se<n>Monaci : se BV 11 tiue V : ciue ? B 13 dar eu coyta BV : eu del. Nunes 15 senpr e Machado : senp’ B : semp’

V : sempre Braga 16 perfiz Braga 17 o tiue V : ciue ? B

1 The change is unnecessary since pud’ is a variant form of the third person perfect indicative (cf. Mettmann, s.v. poder).2 The emendation fiz might seem attractive in view of vv. 1, 10 and 16, but the point here seems to be that the girl’ssenseless behavior caused an equally senseless reaction on the part of the boy.

184

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 5

Ja eu sempre mentre viva for, viverei mui coitada,por que se foi meu amigo, e fui eu i muit’ erradapor quanto lhi fui sanhuda, quando se de mi partia,par Deus, se ora chegasse, co<n> el mui leda seria

E tenho que lhi fiz torto de me lh’ assanhar doado, 5pois que mho non merecera, e foi se por en coitadopor quanto lhi fui sanhuda, <quando se de mi partia,par Deus, se ora chegasse, con el mui leda seria>

El de pran que esto cuida, que est<é> migo perdudo,ca, se non, logo verria, mais por esto m’ é sanhudo, 10por <quanto lhi fui sanhuda, quando se de mi partia,par Deus, se ora chegasse, con el mui leda seria>

B 699 f. 153v° V 300 f. 49r°-v°

3 foy BV cf. v. 2 4 se ora se ora V co<n> Nunes 5 renho V 6 merecera] m’ecera B : m’cera V 9 est<é>]est<e> Lapa : est BV

v. 9 is presented on one line in V. The rest of the poem is copied on short lines in both MSS. Lapa (1982: 163)

recommends long lines, as printed here.

185

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 6

Eu nunca dormho nada, cuidand’ en meu amigo,el que tan muito tarda, se outr’ amor á sigoerga-lo meu, querriamorrer oj’ este dia

E cuid’ en esto sempre, non sei que de mi seja, 5el que tan muito tarda, se outro ben desejaerga-<l>o meu, <querriamorrer oj’ este dia>

Se o faz, faz mi torto, e, par Deus, mal me mata,el que tan muito tarda, se rostro outr’ olho cata 10erga-<l>o meu, <querriamorrer oj’ este dia>

Ca meu dano seriade viver mais un dia

B 700 f. 153v° V 301 f. 49v°

3 queria B 6 tarda] tara V 7, 11 erga-<l>o Lapa (cf. v. 3) : Ergo o B : ergo o V 9 faz2] far V 10 outr’ olhodistinxi : outrolho BV : outro lh’o Braga1

Short lines in BV. Lapa (1982: 164) sees long verses, at least in the body of the strophe.

1 Nunes (vol. III, p. 119) thinks lho unmetrical and senseless, but there is no lho if we divide correctly (cf. B 637 / V 238[Sandin], v. 3 [and note], where the same word has fallen through the cracks).

v. 10: se rostro outr’ olho cata: Presumably, “if (his) eyegazes at another face”.

v. 10: se rostro outr’ olho cata: Presumivelmente, “se os(seus) olhos fixarem outra cara”.

186

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN LOPEZ D’ ULHOA – 7

Que mi queredes, ai madr’ e senhor,ca non ei eu no mund’ outro saborse non catar ali per u á viirmeu amigo, por que moiro d’ amor,e non poss’ end’ eu os <meus> olhos partir 5

Ja me feristes cen vezes por en<e> eu, mha madre, non ei outro bense non catar ali per u á viirmeu amigo, por que perço o sene non po<ss’ end’ eu os meus olhos partir> 10

Por aquel Deus que vos fez<o> nacer,leixade me, que non poss’ al fazerse non catar ali per u á viirmeu amigo, por que quero morrer,e non poss’ end’ eu os <meus> olhos partir 15

B 701 ff. 153v°-154r° V 302 f. 49v°

5, 10, 15 <meus> supplevi; cf. A 72 / B 185 (Torneol), v. 5 7 <e> supplevi 11 aquel V : aq’l B : aquel<e> Nunesfez<o> supplevi : fez BV1

vv. 5, 10, 15: <meus>: the first verse of the intercalated refrain counts 11 syllables. Presumably, then, vv. 5, 10

and 15 should be of the same length (cf. B 697 / V 298 [Ulhoa], vv. 10-11).

1 Cf. for example CA 243 (Talaveira), v. 14, where A correctly has fezo but B offers fez, leaving the verse a syllable short.

187

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FERNANDEZ COGOMINHO – 1

Amig’, e non vos nembradesde mi e torto fazedes,mais nunca per mi creadesse mui cedo non veedesca sodes mal conselhado 5de mi sair de mandado

Non dades agora nadapor mi e, pois vos partirdesdaqui, mais mui ben vingadaserei de vós quando virdes, 10ca sodes mal <conselhadode mi sair de mandado>

Non queredes viver migoe moiro con soidade,mais ve<e>redes, amigo, 15pois que vos dig’ eu verdade,ca sodes mal con<selhadode mi sair de mandado>

B 702 f. 154r° V 303 ff. 49v°-50r°

7 agor B 15 ve<e>redes Nunes (III, 716), Lapa : ueredes BV 16 eu V : en B : en Nunes1

1 Either reading could be defended (cf. Mettmann’s glossary, s. v. verdade).

188

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FERNANDEZ COGOMINHO – 2

Ir quer’ oj’ eu, madre, se vos prougueru é meu amig’, e, se o poderveer,veerei <i> mui gran prazer

Gran sazon á, madre, que o non vi, 5mais, pois mi Deus guisa de o ir <i>veer,veerei i mui <gran prazer>

B 703 f. 154r° V 304 f. 50r°

1 puguer B : proguer V 3, 7 ueer written at end of preceding line BV1 4 <i> supplev. Machado; cf. v. 8 6 gisa B: grisa V <i> supplevi2

For the strophic form (botched by Nunes, who prints an impossible aaB with no attention to meter or rhyme),

see B 627 / V 228 and B 628 / V 229, both by Calheiros.

1 Nunes maintains veer at the end of vv. 2 and 5, but prouguer (with open ér) does not rhyme with veer (with close er).2 The adverb i, present in both MSS in v. 8 , is missing in v. 4 (where it has already been restored by Machado) and, I believe,here. It adds the wanting syllable and provides a rhyme (wholly lacking in Nunes) for vi. The place where the girl wants togo is also mentioned in v. 2 (u é meu amig’).

189

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FERNANDEZ COGOMINHO – 3

Amiga, muit’ á que non seinen mh ar veestes vós dizernovas que querria saberdos que ora son con el rei:se se veen ou se x’ <e>stan 5ou a que tempo se verrán

En quanto falardes migo,dizede, se vos venha ben,se vos disse novas alguendos que el rei levou sigo, 10se se veen ou se x’ estan<ou a que tempo se verrán>

Daria mui de coraçonque quer que aver podessea que<n> mi novas dissesse 15d’ el rei e dos que co<n> el son,se se veen ou se x’ estan<ou a que tempo se verrán>

Mais ben sei <eu> o que farán:por que mi pesa, tardarán 20

B 704 f. 154r°-v° V 305 f. 50r°

4 con] col V 5 x’ <e>stan Nunes (cf. vv. 11, 17) : ystam B : y stam V 7 falardes scripsi : falastes BV : faladesNunes1 11, 17 ou] ou ou B 15 que<n> mi Nunes : q’mi BV 16 : co<n> el Nunes (cf. v. 4)2 : coel BV 19 sei

<eu> o Nunes : sey o BV3

1 Though en quanto can be construed with the indicative (or the present subjunctive), sense and syntax seem to require thefuture subjunctive here. Closely parallel are B 749 / V 352 (Guilhade), v. 2 falade sempr’ u~as outras / en quant’ el falar comigo andB 783 / V 367 (Afonso Sanchez), vv. 2-3 en quanto lh’ eu preguntar u tardou, / falade vós nas donzelas enton.2 Elsewhere among the cantigas d’ amigo we find co el in the MSS at B 699 / V 300 (Ulhoa), v. 4, B 730 / V 331 (Beesteiros), v. 4and B 1022 / V 612 (Johan Airas), v. 3. Nunes restores the final nasal in all four cases.3 Nunes is probably right to add eu here. See note to B 674 / V 276 (Avoin), v. 9.

190

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FERNANDEZ COGOMINHO – 4

Meu amigo, se vejadesde quant’ amades prazer,quand’ alhur muito moradesque non podedes saber,amigo, de mi mandado, 5se sodes enton coitado?

Dizede mho, meu amigo,e por Deus non mho neguedes,quando non sodes comigoe muit’ á que non sabedes, 10amigo, de mi mandado,<se sodes enton coitado>

Ca, se faz que vós andades,quando vos de mi partides,gran tempo que non tornades, 15enton quando non oídes,amigo, de mi mandado,<se sodes enton coitad>?

B 705 f. 154v° V 306 f. 50r°

3 quand’ Nunes (III, 122) : quãt B : quant V1 9 sedes V 10 muyt B : muyr V

1 It is not clear that quanto ever functions as equivalent to quando. It is found several times in the manuscripts where wewould expect quando, but apparently this is due to faulty transmission. Cf. Rodríguez 1980: 200 (note ad v. 5) and theglossaries of Michaëlis, Lapa and Mettmann. Here, given the parallels with vv. 9 and 14 and the awkwardness of explainingmuito in the same verse, the case for quant’ (which Nunes prints in vol. II) is weak.

v. 4: The sense of vv. 3-6 seems to be: “When you stayelsewhere for a long time without news of me, myfriend, are you sad then?”.

v. 4: O sentido dos vv. 3-6 parece ser: “Quando ficasdurante muito tempo noutro sítio, sem notícias mi-nhas, meu amigo, estás triste então?”.

191

500 Cantigas d’ Amigo

GONÇAL’ EANES DO VINHAL –1

Que leda que oj’ eu sejopor que m’ enviou dizerca non ven con gran desejocoitado du foi viver,ai dona’, lo meu amigo 5se non por falar comigonen ven por al meu amigose non por falar comigo

Enviou mi seu mandadodizer (qual eu creo ben) 10ca non ven por al coitadode tan longi com’ el ven,ai dona’, lo meu amigo<se non por falar comigonen ven por al meu amigo 15se non por falar comigo>

Nulha coita non avia(tanto creede per mi)outra, nen el non vi~ia(mais por que verria aqui?), 20ai dona’, lo meu amigo<se non por falar comigonen ven por al meu amigose non por falar comigo>

B 706 ff. 154v°-155r° V 307 f. 50r°

9 Enviou Monaci : Euuyou BV 17 Nulla V : Nula B 19 outra Pellegrini (1930: 313)1 : outr BV : outro Braga vi~ia

Lapa (uijnha Machado, viinha Víñez) : uijnha B : nunha V : envia Monaci 21 donalo meu amigo B : do V

1 outra (outr BV [the abbreviation, as countless comparisons between BV and A will prove, represents ra not ro]) modifiescoita (v. 17) retroactively (and the phrase nulha coita non avia / ... / outra is semantically parallel to por al coitado in v.11).

192

500 Cantigas d’ Amigo

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 2

Par Deus, amiga, quant’ eu receeido meu amigo, todo m’ oj’ aven,ca receei de mi querer gran ben,como m’ el quer, polo que vos direi:eu, pois fui nada, nunca ouv’ amor 5nen quij’ amig’ en tal razon aver,e el filhou m’ a força por senhor,a meu pesar, e morrerá por en

E non se pod’ alongar, eu o sei,dos que migo falan nen encobrir 10que lhis non fale en al pera oíren mi falar, e ja me lhi ensanheipor que o fez, e nunca el maiorpesar oío, mais non pod’ al fazer,mais, esso pouco que el vivo for, 15farei volh’ eu o que m’ el faz sentir

E sabe Deus o pesar que end’ ei,mais non se pode de mui gran pesarguardar, se no<n> que x’ end’ el quer guardar,mais sempre m’ eu d’ atal preito guardei 20o mais que pud’ e non ouv’ i sabor,mais el me mata por que quer morrerpor mi de pran e, do que m’ é peior,non pod’ én ja o coraçon quitar

E á tan gran coita de me veer 25que lh’ averán este preit’ a saber

B 707 f. 155r° V 308 f. 50v°

4 quer] que V 5 eu] en V 6 quij] qinj B : quir V : corr. Monaci (quiz) 11 lhis eu nõ BV : eu del. Nunes (III,124) falhe V 12 ensanhei] en sanhei V : eu sanhey B : fort. assanhei 14 al] o V 16 farey V : fazey B17 que] q’ V : (q) q’ B 19 seno BV 20 pryto B : pyto V 21 ouv’ i Nunes : ouvi Braga 25 E a B : Ca V possisatan gran coit’ á

v. 12: Only occurrence of a finite form of ensanhar-se in the corpus of medieval Galego-Portuguese lyric. In B1331 / V 938 (=CEM 137 [Calheiros]), v. 1, we find the participle ensanhada in rhyme.

193

500 Cantigas d’ Amigo

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 3

Quand’ eu sobi nas torres sobelo mare vi onde soía a bafordaro meu amig’, amigas, tan gran pesarouv’ eu enton por ele no coraçon,quand’ eu vi estes outros per i andar, 5que a morrer ouvera por el enton

Quand’ eu catei das torres <a> derredore non vi meu amig<o> e meu senhor,que oje por mi vive tan sen sabor,ouv’ eu enton tal coita no coraçon, 10quando me nembrei del e do seu amor,que a mo<rrer ouvera por el enton>

Quand’ eu vi esta cinta que m’ el leixouchorando con gran coita, e me nembroua corda da camisa que m’ el filhou, 15ouv’ i por el tal coita no coraçon,pois me nembra fremosa u m’ enmentou,que a mo<rrer ouvera por el enton>

Nunca molher tal coita ouv’ a sofrercom’ eu quando me nembra o gran prazer 20que lh’ eu fiz u mh a cinta ve~o cinger,<e> creceu mi tal coita no coraçon,quand’ eu sobi nas torres polo veer,que a mo<rrer ouvera por el enton>

B 708 f. 155r° V 309 f. 50v°

1 corres V : coires B : corr. Monaci; cf. vv. 7, 23 7 <a> derredor supplevi; (cf. B 1382 / V 990, v. 14; CSM 329.45,344.32) 8 amig<o> e Nunes : amigue BV1 9 oje] oiel BV : l delevi : oj’ el edd. 16 ouv’ i distinxi : ouuj B :

ouui V : ouvi Braga 17 e~ mentou B : e~mentou V 21 ue~o a BV : a delevi 22 <e> supplevi2 <e>no Nunes

1 In the MSS all verses except 7, 8, 21 and 22 contain eleven syllables, with a caesura after the seventh, so that the last foursyllables form a rhythmic group. In v. 7, which seems a syllable short, the suggested change is easily justified. In v. 21 theextra syllable is syntactically unecessary and can be cut. Here, the caesura would have impeded the elision (graphicallyrepresented in the manuscript transmission) of amigo and e.2 Given the verse structure in this poem (see previous note), the triple occurrence of no coraçon in vv. 4, 10 and 16, and theease with which a verse-initial e could disappear, the addition of the conjunction seems preferable, rhythmically, syntacticallyand paleographically, to the modification suggested by Nunes. [This supplement has now been printed by Víñez.]

194

500 Cantigas d’ Amigo

1 But there is a dot in B after sempre (which might represent the lost til).2 The article is not needed and is often omitted with the word morte, as noticed by Lang (1894:115-116).

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 4

O meu amigo, que me quer gran ben,nunca de min pode aver se non mal,e morrerá, u non pode aver al,e a mi praz, amiga, de<l> morrerpor aquesto que vos quero dizer: 5leix’ a coidar eno mal que lhi én vene coida sempr’ e<n> meu bon parecer

E a tal om’, amigas, que farei?que assi morre e assi quer morrerpor aquel ben que nunca pode aver 10nen averá, ca ja se lho partio,por que mi assi de mandado saio;leix’ a coidar eno mal que lhi eu deie coida en min fremosa que m’ el vio

E amores tantas coitas lhi dan 15por min que ja [a] morte mui preto está,e sei eu del que cedo morrerá,e, se morrer, non me faz i pesar,ca se non soube da morte guardar;leix’ a coidar eno seu grande afan 20e coida sempre en meu bon semelhar

B 709 f. 155v° V 310 ff. 50v°-51r°

4 de<l> Nunes 6 coydar B : toydar V 7 sempr’ e<n> meu : senpre meu BV cf. vv. 14, 211 bon Lapa : boomBV tarecer B 8 hõm BV amigãs BV 9 asy BV morre e] morre B morrer] moirer B : merrer V10 aquel] aq’le BV 11 averá] aura V : aua B partyo V : tarcyo B 12 me B asy BV 13 que lhi] q’lhi B: q’lhy q’ V 14 e om. B, spatio relicto 15 E amores] Camores V 16 a seclusi2 between 16 and 17 (muy p’to) V17 cedo] redo B : tedo V merrera V 19 ca] Ea B soube Monaci : soute BV da Monaci : d’a B : ea V

: fort. de 20-21 afam & / e BV 21 bom B : boim V

195

500 Cantigas d’ Amigo

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 5

Amiga, por Deus, vos venh’ ora rogarque mi non querades fazer perdoarao meu amigo que mi fez pesar,e non mho roguedes, ca o non fareiatá que el venha ante mi chorar, 5por que s’ assanhou, non lhi perdoarei

Por quanto sabedes que mi quer servirmais que outra ren, <én> quer’ e<u> lho gracir,mais eu non lho quero por en consentir,e non mho roguedes, ca o non farei, 10atá que el venha mercee pedir,por que s’ assanhou, <non lhi perdoarei>

Gran pesar lhi farei, non vistes maior,por que non guardou min nen o meu amore en filhar sanha ouve gran sabor, 15e non mho roguedes, ca o non farei,atá que el sença ira de senhor,por que s’ assanhou, <non lhi perdoarei>

E, por que sei ben que non pode viveru el non poder os meus olhos veer, 20farei lh’ eu que veja qual é meu poder,e non mho roguedes, ca o non farei,atá que eu veja que ja quer morrer,por que s’ assanhou, non lhi perdoarei

Mais, pois que el<e> tod’ aquesto fezer, 25farei eu por vós quanto fazer oer,mais ante por ren non lhi perdoarei

B 710 f. 155v° V 311 f. 51r°

1 rogar] trogar B : arogar V 3 ao] nõ B 4 ca] da V 5 atta BV 6 ssa sanhou B : uã sanhou V 8 <én>supplevi : <eu> Nunes quer’ e<u> lho scripsi (cf. v. 9) : q’relho BV : quero-lh’o Braga gracir B : gracr V 9 quero]q’ro B : ãm V 10 rroguedes V : ssoguedes B farey B : fa pey V 11 ue~nha BV 12 sasan nhou B :sasannhou V 14 guardou Monaci : gaurdou B : gauidou V nen o Monaci : ne~no V : ue~mo B meu Monaci: meq’ V : me B 15 E em B : sem V gran] grã g’m B : grãgir V 16 mi-o Nunes (cf. vv. 4, 10) : me BV1 17 ara Vsença ira] senta hira B : senta bira V : senç’ a ira Nunes (sent’ a ira iam Monaci)2 21 farey B : fare V 22 mi-oNunes : me BV ca] q’ V 23 ata q’ eu veia q’ia q’r morrer V : ata q’el senta hira desenhor B cf. v. 17 24 sasanhou B : s9 san hou V 25 el<e> supplevi toda aquesto V : teda q’sto B 26 farey BV at end of line abovequãto BV : possis quant’ a oer] oej’ V 27 perdoarey V : rerdoarey B

196

500 Cantigas d’ Amigo

1 I see no good reason to regard this as a real variation in the refrain (when Vinhal wants to show virtuosity he does it inrather more spectacular ways). The MSS’ me could be an error for mo (= m’ o) or the tradition could once have had me o (aselsewhere), from which the o dropped out.2 The abstract noun ira needs no article and the subjunctive sença stands better unelided. The correction of senta to sença(Nunes) is a question of historical grammar (sença < s e n t i a t).

197

500 Cantigas d’ Amigo

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 6

O meu amigo que<i>xa se de mi,amiga, por que lhi non faço ben,e diz que perdeu ja por mi o sene que o poss’ eu desensandecer,e non sei eu se el diz verdad’ i, 5mais non quer’ eu por el meu mal fazer

Queixa s’ el muito por que lhi non fiz,amiga, ben, e diz que á pavorde m’ estar mal, se por min morto for,poilo poss’ eu de morte guarecer, 10e non sei eu se el verdade diz,mais non quer’ eu por el meu mal fazer

B 711 ff. 155v°-156r° V 312 f. 51r°

1 que<i>xa Nunes (cf. v. 7) : quexa B : quera V 3 mi(o) o V 4 poss’ eu] poseu BV 7 Queyxa V : Quiyxa ? Bmuyto B : muyro V fiz] fez B 9 estrar V 10 eu] on B guareçer B : touorecer V 12 non quer’ eu por

el meu mal fazer] q. p. m. m. f. B : q. p. m m. f. V

198

500 Cantigas d’ Amigo

1 The evidence of BV for the refrain, here triple what we would normally find, is two to one against desguisado. For rhythm andfor ironic force guisado should be read (against the textus receptus).2 For the expression tornar a alguen in the cantigas d’ amigo cf. B 1239 / V 844 (Padrozelos), v. 17 a min vos tornade por en (wheretornar is reflexive); see also CSM 5.180-181 nunca quis / a dona tornar a el; 151.19 tornou a ela; 335.66 tornaron a ele. For theopposition partir / tornar in rhyme cf. B 705 / V 306 (Cogominho), vv. 14-15. The corruption can be explained as follows: thereading had been trnaua (cf. B 868-870 / V 454, where both B and V have trney in the third verse of the last strophe); the initialt was misread as an r (cf. B 780, v. 10, where the MS offers rraz instead of traz); the superscript r was misread as ro (insteadof or); and naua was misread as uana (given the nearly identical form of u and n [cf. B 719, v. 20, where B offers toruey while V hasthe correct reading, torney]). Hence trnaua became (in the source text of BV or in its exemplar) rro uana. We could read (closerto the MSS) e que tornava (“and he was on his way back”), but a que tornava (“to whom he was returning”) makes better sense.

GONÇAL’ EANES DO VINHAL – 7

Meu amig’ é daquend’ ido,amiga, mui meu amigo;dizen mi, ben volo digo,que é ja de min partido,mais que preito tan guisado 5

Pero vistes que choravaquando se de min partia,disseron mi que morriapor outra, a que tornava,mais que preito tan guisado 10

O que sei de pran que morrepor min, o que non faz torto,dizen m’ ora que é morto,si, se lh’ outra non acorre,mais que preito tan guisado 15

B 712 f. 156r° V 313 f. 51r°-v°

4 parado V 5 guisado scripsi (cf. vv. 10, 15)1 : desguisado B, edd. : desauissado V 8 diserõ BV moria B :morra V 9 a que tornava scripsi2 : eq’rro uana V : eq’rro uina ? B : e que trovava Braga : e que rrogava Víñez : aque<n> amava Nunes 10 que] q’ B : a V 10, 15 guysado BV : <des>guisado edd. 12 o om. V 15 rreyto BV

vv. 5, 10, 15: The sense is: “But what a neat little arrange-ment” (for her, for me, for himself).

vv. 5, 10, 15: O sentido é: “Mas que belo arranjinho”(para ela, para mim, para ele próprio).

199

500 Cantigas d’ Amigo

ROI QUEIMADO – 1*

O meu amigo, que me mui gran benquer, assanhou s’ un dia contra minmuit’ endoado, mais el que s’ assia min assanha, sei eu u~a ren:se soubess’ el quan pouc’ eu daria 5por sa sanha, non s’ assanharia

E, por que non quij’ eu con el falarquand’ el quisera nen se mh aguisou,assanhou s’ el, mais de pran ben cuidouque me matava, mais, a meu cuidar, 10se soubess’ el quan pouc’ eu daria<por sa sanha, non s’ assanharia>

Por que me quer gran ben de coraçon,assanhou s’ el, e cuidou m’ a fazermui gran pesar, mais devedes creer 15del que s’ assanha, se Deus me perdon,se soubess’ el quan <pouc’ eu dariapor sa sanha, non s’ assanharia>

B 265 f. 68v°

2 qer B asanhou B 4 u~a ] nuha B 6 ssa sanharia B 7 quij’ Nunes : quii B : quis Michaëlis (I, 816=CA 413)8 quand’] q’ud B mha guyson B 10 meu] men B 11 soubes B poucieu B 11, 17 quan] qam B

14 asanhou B

200

500 Cantigas d’ Amigo

ROI QUEIMADO – *2

O meu amig’, ai amiga,a que muita prol buscastesquando me por el rogastes,pero vos outra vez digaque me vós por el roguedes, 5nunca me por el roguedes

El verrá, ben o sabhades,dizer vos que é coitado,mais sol non seja pensado,pero o morrer vejades, 10que me vós por el roguedes<nunca me por el roguedes>

Quanto quiser, tanto moremeu amigo en outra terrae ande comigo a guerra, 15mais, pero ante vós choreque me vós por el roguedes,<nunca me por el roguedes>

B 713 f. 156r° V 314 f. 51v°

2 a om. V buscates B 3 regastes ? B 7 El uerra V : om. B, spatio relicto sabades V : satades B 14 en outra

terra Nunes1 : e nos out’ q’rra V : ue out’ B 15 ande V : andem B comigo] comiga V

1 Braga has e nós outra terra (unintelligible).

201

500 Cantigas d’ Amigo

ROI QUEIMADO – 3

Quando meu amigo souberque m’ assanhei por el tardartan muito, quand’ aqui chegare que lh’ eu falar non quiser,muito terrá que baratou 5mal, por que tan muito tardou

Nen ten agora el en renmui gran sanha que eu del ei;quando el veer, com’ eu sereisanhuda, parecendo ben, 10muito terrá <que baratoumal, por que tan muito tardou>

E quand’ el vir os olhos meuse vir o meu bon semelhare o eu non quiser catar 15nen m’ ousar el catar dos seus,muito terrá <que baratoumal, por que tan muito tardou>

Quando m’ el vir ben parecercom’ oj’ eu sei que m’ el verá 20e da coita que por min ánon m’ ousar nulha ren dizer,muito terrá <que baratoumal, por que tan muito tardou>

B 714 f. 156r°-v° V 315 f. 51v°

3 quand V : (che) quãd B 5 barato’ B 10 bem B : tem V 15 catar (ne~ ) B 19 m’ el Nunes : mal BV bom V

202

500 Cantigas d’ Amigo

ROI QUEIMADO – 4

Dize<n> mh ora que non verráo meu amigo, por que quermui gran ben a outra molher,mais esto quen-no creerá,que nunca el de coraçon 5molher muit’ ame, se min non?

Pode meu amigo dizerque ama ou<t>ren mais ca sinen que outra ren nen ca mi,mais esto non é de creer, 10que nunca el de coraçon<molher muit’ ame, se min non>

Enfinta faz el, eu o sei,que morre por outra d’ amore que non á min por senhor, 15mais eu esto non creerei,que nunca el de coraçon<molher muit’ ame, se min non>

B 715 f. 156v° V 316 f. 51v°

1 Dize<n>-mi ora Nunes : Dizemhora BV : Dize-mi ora Ferreiro & Pereiro (1996: 230) 3 aoutra B : doutra V6 mi~ BV nõ V : no B 8 ou<t>rem Monaci : ourem BV 9 mi B : mi~ V 13 faz Monaci : faz’ BV 14 por B :

p’o V 16 en B creerey B : queerey V 17 Que B : que~ V

203

500 Cantigas d’ Amigo

MEEN RODRIGUEZ TENOIRO – 1

Pois que vos eu quero mui gran ben,amig’, e quero por vós fazerquanto me vós rogades, dizervos quer’ eu e rogar u~a ren:que nunca vós, amig’, ajades 5amig’ a que o digades,nen eu non quer’ aver amiga,meu amig’, a que o diga

Quanto me vós quiserdes mandarque por vós faça, ben sabede 10que o farei, e vós fazedepor mi o que vos quero rogar:que nunca <vós, amig’, ajadesamig’ a que o digades,nen eu non quer’ aver amiga, 15meu amig’, a que o diga>

Pois vos eu faço tan grand’ amorque non quero ao meu catar,quero vos ante muito rogar,meu amigo, por Nostro Senhor, 20que nunca <vós, amig’, ajadesamig’ a que o digades,nen eu non quer’ aver amiga,meu amig’, a que o diga>

B 716 f. 156v° V 317 f. 52r°

6 amig’ a] amiga BV : amiga <a> Nunes1 8 amig’, a] amiga BV : amig<o>, a Nunes 21 nunca om. B

1 Here and in v. 8 (and thus in the corresponding verses of each refrain) Nunes emends to bring the syllable count up tonine. Tavani (Rep.) rejects this (168: 4, 5).

204

500 Cantigas d’ Amigo

MEEN RODRIGUEZ TENOIRO – 2

– Amigo, pois mi dizedesca mi queredes mui gran ben,quand’ ora vos fordes daquen,dizede mi, que faredes?– Senhor fremosa, eu volo direi: 5tornar m’ ei ced’ ou morrerei

– Se Nostro Senhor vos perdon,pois aqui sodes coitado,quando fordes alongado,por Deus, que fare<des> enton? 10– Senhor fremosa, eu volo direi<tornar m’ ei ced’ ou morrerei>

B 717 f. 156v° V 318 f. 52r°

4 fazedes B 8 sedes B 10 farey BV : corr. Nunes; cf. v. 4

205

500 Cantigas d’ Amigo

MEEN RODRIGUEZ TENOIRO – 3

Ir vos queredes, amigo, daquene dizedes mi vós que vos guis’ euque faledes ante comig’, e, meuamigo, dizede ora u~a ren:como farei eu <a>tan gran prazer 5a quen mi tan gran pesar quer fazer?

Rogades me vós mui de coraçonque fale vosc’ e al non aja i,e queredes vos, amig’, ir daqui,mais dized’ ora, se Deus vos perdon, 10como farei eu <a>tan <gran prazera quen mi tan gran pesar quer fazer>?

Queredes que vos fale, se poder,e dizedes que vos queredes ir,ma<i>s, se Deus vos leixe cedo viir, 15dized’, amigo, se o eu fezer,como farei eu <atan gran prazera quen mi tan gran pesar quer fazer>?

B 718 f. 157r° V 319 f. 52r°

4 ora] or ra V 6 <a>tan Nobiling (1907b: 385)1 gran<de> Michaëlis (I, 877=CA 452) 15 ma<i>s Michaëlis(cf. v. 10) : mas BV

+ (for vv. 1-6)2 B 403 f. 89v° V 13 f. 4v°

1 hyr B : hur V

1 Among the cantigas d’amigo we find atan gran pesar in B 737 / V 338 (Seabra), v. 14 and atan gran ben in B 559 / V 162 (Dinis),v. 8, while in B 932 / V 520 (R. Fernandiz), v. 6 we have faredes mi atan prazer. If <a>tan in v. 5 is correct, we might also venturemh <a>tan in v. 6.2 The first strophe is found in both MSS among the cantigas d’ amor, attributed in V and C to Tenoiro, but in B (f. 89 rº, beforeno. 398) to Affonso Fernandez Cebolhilha (cf. Marroni 1971: 272-3). In V this folio is among those whose number has beencrossed out. In the modern pagination of V it is to be found on p. 7v°.

206

500 Cantigas d’ Amigo

1 Nunes, perhaps rightly, leaves the line as in BV (but suggests taking out por [vol. III, p. 139]), and Tavani (Rep., 160:179)does not comment.

MEEN RODRIGUEZ TENOIRO – 4

Quiso m’ oj’ un cavaleiro dizer,amigas, ca me queria gran ben,e defendi lho eu, e u~a rensei, per quant’ eu i del pud’ aprender:tornou mui trist’, e eu ben lh’ entendi 5que lhi pesou por que lho defendi

Quis m’ el dizer, assi Deus mi perdon,o ben que mi quer a mui gran pavore quiso me logo chamar senhor,e defendi lho eu, e el enton 10tornou <mui trist’, e eu ben lh’ entendique lhi pesou por que lho defendi>

Falava mig’ e quiso me falarno mui gran ben que m’ el diz ca mi quer,e dixi lh’ eu que non lh’ era mester 15de falar i, e el con gran pesartornou <mui trist’, e eu ben lh’ entendique lhi pesou por que lho defendi>

E tenho que desmesura fiz i,por que lh’ end’ algu~a ren non tornei i 20

B 719 f. 157r° V 320 f. 52r°-v°

1 Qysomoiun B : Qysomouin V 6 pesou] persou V 19 te~ho B : thõV 20 hypermetric1 por que] fort. cascribendum torney V : toruey B

v. 20: The sense is “since I entirely failed to reciproc-ate”. This use of tornar seems to correspond to one ofthe senses given by Mettmann (s.v. tornar): “restituir,devolver”.

v. 20: O sentido é “Uma vez que falhei completamenteem retribuir”. Este uso de tornar parece correspondera um dos sentidos dados por Mettmann (s. v. tornar):“restituir, devolver”.

207

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN COELHO – 1

Sedia la fremosa seu sirgo torcendo,sa voz manselinha fremoso dizendocantigas d’ amigo

Sedia la fremosa seu sirgo lavrando,sa voz manselinha fremoso cantando 5cantigas <d’ amigo>

– Par Deus de cruz, dona, sei eu que avedesamor mui coitado, que tan ben dizedescantigas <d’ amigo>

Par Deus de cruz, dona, sei <eu> que andades 10d’ amor mui coitada, que tan ben cantadescantigas <d’ amigo>

– Avuitor comestes, que adevinhades

B 720 f. 157r° V 321 f. 52v°

1, 4 sirgo Nunes : sugo BV 2 uoz mansseli nha fremoso V : uos mausselmha fremosa B 5 uoz mãsselmhafr’moso V : uor mãsselmha frmosa B after 6 vv.10-12 have been copied and cancelled in V1 10 <eu> Nunes; cf. v. 713 adeuynhades B : adeuyhades V

vv. 2, 5: fremoso (V) is here adverbial.

1 The struck lines (within which two words were cancelled before the whole strophe was crossed out) read as follows:Par d’s de cruz dona sey q’ ãdades(q’ã dades)damor mui coytada q’ tã ben cantadescantigas

The only difference (other than the cancelled q’ã dades) between this version and the one copied in the correct place in V isthat in the second version tan is spelled out (in B we find tã).

208

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN COELHO – 2

Se oj’ o meu amigosoubess’, iria migo;e<u> al rio me vou banhar<e>,al mare

Se oj’ el este dia 5soubesse, migo iria;eu al rio me vou <banhare,al mare>

Quen lhi dissess’ atanto:ca ja filhei o manto; 10eu al rio me vou <banhare,al mare>

B 721 f. 157v° V 322 f. 52v°

3 e<u> al : Eal B : cal V cf. vv. 7, 11 banhar<e> Cunha (1982: 271) : banhar BV (al mare) V at end of line9 dessess V

v. 10: Cf. Frenk (1987: 879), no. 1811: Teresica, daca mi manto, / que no puedo estar encerrada tanto; and, among thevariants cited in her critical apparatus: Toma tu manto y daca mi manto, / que no puedo estar en casa tanto.

v. 10 ja filhei o manto: Apparently, “I’ve already grabbed(put on?) my cape”, suggesting that the girl is eagerand ready to go.

v. 10 ja filhei o manto: Aparentemente, “Já agarrei (ves-ti?) a minha capa”, sugerindo que a rapariga está pron-ta e ansiosa por partir.

209

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN TRAVANCA – 1

Por Deus, amiga, que preguntedespor meu amigo que aqui non ven,e sempre vos eu por en querrei ben,por Deus, amiga, se o fazedes,ca non ous’ oj’ eu por el preguntar 5con medo de mi dizeren pesar

Log’ oj’, amiga, polo meu amor,preguntad’ os que aqui chegaroncom’ ou de qual guisa o leixarone dizede mho, por Nostro Senhor, 10ca non <ous’ oj’ eu por el preguntarcon medo de mi dizeren pesar>

Preguntade vólo voss’ amigo,ca sei eu mui ben ca volo diráse era mort’ ou viv’ o<u> que fará, 15e, <por Deus>, falade o comigo,ca non ous’ o<j’ eu por el preguntarcon medo de mi dizeren pesar>

B 722 f. 157v° V 323 f. 52v°

4 par V 7 Logoiamiga B : Logo iamiga V : Logo já, ’miga Nunes (but cf. II, 481) 14 eu Nunes : en BV 15 viv’o<u>que Nunes : uyuo / q’ B : uyuo / que V : viv’o que Braga1 16 e, <por Deus>, falade o comigo ego2 : e faladeo

comigo BV : <par Deus>, e falade o comigo Machado : e, falade-o <amiga>, comigo Nunes

1 Nunes is most probably right to emend (cf. B 801 / V 385 [Sandeu]), vv. 5-6 que será / do meu amig’ ou que fará; CSM 6.63-64 dáme meu fillo morto / ou viv’ ou qual quer que seja), even though the transmitted text can be defended (as viable grammar; whereasthe question is rather a stylistic one): “if he was dead, or what he will do [if he is] alive (viv’ o que fará)”.2 Given the presence of amiga in vv. 1, 4, and 7, Nunes’ supplement might seem attractive, but is unmetrical (vv. 1, 4, and 13all scan 9’, corresponding to 10 syllables in all other verses). Machado is on the right track (cf. v. 4 por Deus, and v. 10 porNostro Senhor), but the construction is more likely to be preguntade (v. 13)... /// e, <por Deus>, falade o comigo. (B 1022 / V 612[Johan Airas], vv. 15-16 e moiro por oír / novas del, e preguntade, por Deus, while closely parallel, does not help decide where toadd the exclamation). Of falade, Nunes says (vol. III, p. 142) that here “o verbo falar, como está construído, quer dizer: fazerque alguem fale com outra pessoa” but gives no parallels, nor are any to be found in the cantigas d’amigo or in the glossariesof Michaëlis, Lapa or Mettmann. Lapa rejects Nunes’ explanation and suggests that falade-o comigo means simply “dizei--mo”, “comunicai-mo”.

210

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN TRAVANCA – 2

Amigas, quando se quitoumeu amig’ un dia daqui,pero mho eu cuitado vie m’ el ante muito rogouque lhi perdoasse, non quix, 5e fiz mal, por que o non fiz

E pavor ei de s’ alongardaqui, assi Deus mi perdon,e fará o con gran razon,ca me ve~o ante rogar 10que lhi perdoasse, <non quix,e fiz mal, por que o non fiz>

Chamava m’ el lume dos seusolhos e seu ben e seu mal,poilo non fazia por al – 15que o <eu> fezess’ e, por Deus,que lhi perdoasse, non <quix,e fiz mal, por que o non fiz>

E, se o por en perdud’ ei,nunca maior dereito vi, 20ca ve~o chorar ante mie disse mh o que vos direi:que lhi perdoasse, <non quix,e fiz mal, por que o non fiz>

E sempre m’ én mal acharei 25por que lh’ enton non perdoei,

ca, se lh’ eu perdoass’ ali,nunca s’ el partira daqui

B 723 ff. 157v°-158rº V 324 f. 53r°

5 perdoasse; interpunx. Lang (1894: 141) : perdoasse V : pdoasse B : perdoass e distinx. Machado 6 fort. fixscribendum1 7 d’e<l> Nunes (III, 143) 10 ueo BV 16 <e> que Lapa <eu> supplevi (fezesse <eu> iam Nunes)2

fezess’, e distinxi (fezesse, <e> iam Lapa) : fezesse BV after 28 Quelhi pdoasse B : quelhi perdoasse V (on newline in both MSS)3

Nearly the same refrain is found in B 1538 (= CEM 93 [Dinis]), a parody of our text and probably a cantiga deseguir (see M. P. Ferreira 2000).

211

500 Cantigas d’ Amigo

1 fiz and quix would seem to form an imperfect rhyme, so we might want to correct fiz to fix (but would have to do so twice inthe sixth verse of each strophe, against the MSS). Cf. B 683 / V 285 (J. S. Coelho), vv. 5-6 (and note) and B 1142 / V 734(Servando), vv. 8-10. Possibly the rhyme became acceptable during the third quarter of the thirteenth century, when ourpoet was active.2 We would expect the change of subject to be marked, hence Nunes’ fezesse <eu>, but hiatus here (fezesse | eu) seems unlikely.Presumably, que o <eu> fezess’ e, por Deus, que lhi perdoasse reports in indirect speech what would have been independentoptatives in direct speech: que o façades! e, por Deus, que me perdõedes! Lapa (1982: 165) offers alternative suggestions for v. 16.3 The rhyme-scheme of vv. 25-28, the lack of a link between them and the refrain, and the conclusive sense they provide allsuggest that they are fiindas. Cf. Tavani, Rep. (160:339) and Parkinson 1987.

vv. 15-17: “He didn’t do it for any other reason, but sothat I would do it, would pardon him...”.

vv. 15-17: “Ele não o fez senão para que eu o fizesse,para que lhe perdoasse...”.

212

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN TRAVANCA – 3

Se eu a meu amigo dissessequant’ eu ja por el quisera fazeru~a vez quando m’ el ve~o veer,des que end’ el verdade soubesse,non averia queixume de mi, 5com’ oj’ el á, nen s’ iria daqui

E se soubesse quan sen meu gradonon fiz por el quant’ eu quisera entonfazer, amiga, se Deus mi perdon,per com’ eu cuid’, e cuid’ aguisado, 10non averia queixume <de mi,com’ oj’ el á, nen s’ iria daqui>

B 724 f. 158r° V 325 f. 53r°

3 hunha V : (fazer) hunha B ueo BV

213

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN TRAVANCA – 4

Dizen mh, amiga, se non fezer bena meu amigo, que <e>l prenderámorte por mi, e pero que el ápor min gran coita e me quer gran ben,mais lhe valrria, pera non morrer, 5non lhe fazer ben ca de lho fazer

Mais, amiga, u~a cousa <ben> seide meu amigo, que el averámorte mui cedo, se meu ben non á,e, per quant’ oj’ eu de mha fazenda sei, 10mais lhe valrria, pera non morrer,<non lhe fazer ben ca de lho fazer>

B 725 f. 158r° V 326 f. 53r°

2 qu el V : quel B : corr. Monaci 7 <ben> supplevi1 <eu> sei Nunes 7-8 seydem / eu V 9 tedo V 10 hypermetrice om. B quant’ oj’ eu Braga : quãtoieu BV : quant’ eu Nunes2 mhã V 11 ualiria B : ualma V perã BV

moirr B : moir V

1 My suggestion, <ben> sei, assumes another occurence of ben in a poem in which the word is used three times in the firststrophe and twice in this one (not counting the supplement). This repetition is due in part to the dobre singulars (ben inrhyme in vv. 1 and 4; sei in vv. 7 and 10).2 The change would regularize the meter, but see Introduction, 5.

214

500 Cantigas d’ Amigo

1 We find the adverb ora in vv. 9 and 14, so it is absent (in the transmitted text) only in the first strophe. Thus, since thisverse is a syllable short, the emendation seems justified on metrical, stylistic and semantic grounds.2 The article is not needed and with it the verse scans a syllable too many. Cf. A 126 / B 241 (Fernan Garcia Esgaravunha),v. 9, where A has De querer ben outra molher and B adds the (incriminating) preposition a: De querer ben a outra molher.

RODRIG’ EANES DE VASCONCELOS – 1

O voss’ amig’, amiga, foi sazonque desejava no seu coraçonoutra molher, mais en vossa prisonést’ <or>a quite por vós doutra ren,e, pois al non deseja se vós non, 5ben seria de lhi fazerdes ben

El outra dona soía querergran ben, amiga, e foi vos veere ora ja non pod’ aver prazerde si nen d’ al, se lhi per vós non ven, 10e, pois assi é no vosso poder,ben seria de lhi fa<zerdes ben>

El outra dona avia por senhor,e ora Deus, por lhi fazer maiorcoita sofrer, ja mentre vivo for, 15mostrou lhi vós, por que el perd’ o sen,e, poilo assi força voss’ amor,ben se<ria de lhi fazerdes ben>

B 726 f. 158r° V 327 f. 53r°-v°

1 sazõ B : sazo V 4 ést’ <or>a supplevi (cf. vv. 9, 14) : esta BV1 7 El aout’ BV : a del. Nunes; cf. v. 132 11 no om. B

215

500 Cantigas d’ Amigo

RODRIG’ EANES DE VASCONCELOS – 2

Se eu, amiga, quero fazer bena meu amigo, que ben non quer alse non a mi, dizen que é<ste> malmhas amigas e que faço mal sen,mais non as creo, ca sei u~a ren: 5pois meu amigo morre por morrerpor mi, meu ben é de lhi ben fazer

Elas non saben qual sabor eu eide lhi fazer ben no meu coraçone posso lho fazer mui con razon, 10mais dizen logo que mal sen fareimhas amigas, mais u~a cousa sei:pois meu <amigo morre por morrerpor mi, meu ben é de lhi ben fazer>

Eu lhi farei ben e elas verrán 15preguntar m’ ante vós por que o fize direi eu “Qual ést’ a que o diz?”e, pois m’ oíren, outorgar mho an,ca lhis direi “Mhas amigas, de pran,pois meu amigo mo<rre por morrer 20por mi, meu ben é de lhi ben fazer>

E ante lhi quer’ algun ben fazerca o leixar como morre morrer

Por lhi falar ben ou polo veer,non lhi quer’ eu leixar morte prender” 25

B 727 f. 158r°-v° V 328 f. 53v°

3 dizen-<mi> Braga é<ste> Ferreiro : e BV 8 sobor V 9 faz’ eu be~ BV : eu del. Nunes 18 m’ oíren distinxi: moyre~ BV : moir<o> en Nunes1 20 (deprã) V at beginning of v. 22 Eantelhi q’r B : Cantheli q’t V 24 Gonçalves

(1993d: 582) distinguishes second fiinda here; no break in BV falar BV : fazer Nunes, fort. recte

1 No previous editor has the right reading here, required by sense and meter (and present in both MSS). Nunes printsmoir<o> en (recently accepted by M. Ferreiro) but also suggests (vol. II, p. 468 and vol. III, pp. 146-147) <el> morr’en, thriceignoring the obvious. Note the future verbs in this strophe (farei, verrán, direi, outorgar mho an, direi). The construction (pois +future subjunctive in the subordinate clause, future indicative or equivalent in the main clause) is common (for exampleswith oír, cf. CSM 8.8, 178.8, 198.8, 332.58, 337.6).

216

500 Cantigas d’ Amigo

RODRIG’ EANES DE VASCONCELOS – 3*

O meu amigo non á de mi alse non gran coita que lhi nunca fale, amiga, o coraçon lhi salpor me veer, e dized’ u~a ren:pois m’ el ben quer, e que lh’ eu faça mal, 5que faria, se lh’ eu fezesse ben?

Des que naci nunca lhi fiz prazere o mais mal que lh’ eu pudi fazerlhi fiz, amiga, e quero saberde vós, pois este mal por mal non ten, 10e lh’ eu mal faç’ e por mi quer morrer,que fa<ria, se lh’ eu fezesse ben>?

El é quite por mi doutra senhore faço lh’ eu cada dia peior,pero, amiga, a min quer melhor 15ca si nen al, e, pois lh’ assi avenque lh’ eu mal faç’ e m’ el á tal amor,que faria, <se lh’ eu fezesse ben>?

B 728 f. 158v° V 329 f. 53v°

5 eq’ B : eque V : e<n> que Nunes1 mal(s) V 7 Desque eu naçi BV : eu del. Nunes 12 que fa B : que mha V

16 ca si distinxi : caassy BV : ca a si Nunes pors BV

1 In his glossary (s.v. que) Nunes cites two examples (including this one), both conjectural, of en que introducing concessiveclauses. The MSS have e que in both texts (cf. B 821 / V 406 [Pardal], v. 7).

217

500 Cantigas d’ Amigo

RODRIG’ EANES DE VASCONCELOS – *4

Aquestas coitas que de sofrer ei,meu amigo, muitas e graves son,e vós mui graves, á i gran sazon,coitas sofredes, e por en non sei,d’ eu por vassal<o> e vós por senhor, 5de nós qual sofre mais coita d’ amor

Coitas sofremos, [e] assi nos aven,eu por vós, amig<o>, e vós por min,e sabe Deus de nós que ést’ assi,e destas coitas non sei eu mui ben, 10d’ eu por vassalo e vós por senhor,<de nós qual sofre mais coita d’ amor>

Guisado teen de nunca perdercoita meus olhos e meu coraçone estas coitas, senhor, minhas son, 15e deste feito non poss’ entender,d’ eu por vassalo <e vós por senhor,de nós qual sofre mais coita d ‘amor>

B 368 f. 84r°

3 á i] ay B 4 sofredes; e por én Michaëlis (I, 841=CA 428) : sofrer des esporen B 5 vassal<o> Michaëlis(cf. vv. 11, 17) : uassal B 6 sofre Michaëlis : sofrer B 7 e seclusi 8 amig<o>, e Michaëlis : amigue B 10 muiben scripsi : muytem B : muit’ én Michaëlis 13-15 = A 237 (Guilhade), vv. 7-9 (but meus olhos coita in v. 8)

13 reem B 16 ffeyco B pos B

218

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO MEENDEZ DE BEESTEIROS – 1

Fals’ amigo, per bõa fe,m’ eu sei que queredes gran benoutra molher, e por mi rennon dades, mais, pois assi é,oi mais fazede des aqui 5capa d’ outra, ca non de min

Ca noutro dia vos acheifalar no voss’ e non en alcon outra, e foi m’ ende mal,mais, pois que a verdade sei, 10oi mais faze<de des aquicapa d’ outra, ca non de min>

E quando vos eu vi falarcon outra, log’ i ben vi euque seu erades, ca non meu, 15mais quero vos eu desenganar:oi mais fazede <des aquicapa d’ outra, ca non de min>

B 729 f. 158v° V 330 f. 53v°

1 boa BV 6 cap(r)a V mi~ BV 7 Ca Monaci : Ea BV 16 hypermetric q’ro B : q’tro V eu del. Nunes (III,148) : fort. én scribendum etiam possis mais vos quer’ eu desenganar vel mais vos quer’ én desenganar

v. 6: Michaëlis (vol. II, p. 561, n. 2) says of our text: “Julgo que capa tem nesta phrase a moderna significação depau de cabelleira”. Nunes (vol. III, p. 593, s.v. capa) ventures that “fazer capa (de alguma mulher)” means “fingirque a requesta, quando realmente se quere a outra” and quotes Moraes: “serve de capa ou auxilio involuntarioa algum namoro”. The same phrase is glossed by Lapa as “encobrir-se sob o manto de alguma pessoa,esconder-se” in B 466 (=CEM 35 [Alfonso X]), v. 21 Non façades dela capa, ca non é cousa guisada.

219

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO MEENDEZ DE BEESTEIROS – 2

Mha madre, venho vos rogarcomo roga filh’ a senhor:o que morre por mi d’ amor,leixade m’ ir co<n> el falar;quanta coita el sigo ten 5sei que toda lhi por mi ven

E sodes desmesuradaque vos non queredes doerdo meu amigo, que morrervejo, e and’ eu coitada; 10quanta coita el sigo <tensei que toda lhi por mi ven>

Vee-lo ei eu, per bõa fe,e direi lhi tan gran prazerper que <m>’ el dev’ a gradecer, 15poilo seu mal cedo meu é;quanta coita el sigo <tensei que toda lhi por mi ven>

[Oje se part’ o coraçon]

B 730 f. 159r° V 331 f. 54r°

4 co<n> el Nunes : coel BV after 7 (q’u9 nõ q’re) V 10 eu BV : fort. én 14 fort. lh’ i 15 p BV : por Nunes<m>‘ addidi dev’a distinx. Nunes (II, 468) gradeçer BV : guarecer Nunes (II, 468) 19 delere voluit Nunes1

1 Cf. Nunes, vol. III, pp. 148-149. In both MSS this verse stands on the next line after sigo (normally fiindas are preceded by ablank line).

220

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GOMEZ BARROSO – 1

Amiga, quero vos eu ja dizero que mi diss<e> o meu amigo:que morre quando non é comigo,cuidando sempre no meu parecer;mais eu non cuido, se el cuidasse 5en mi, que tanto sen mi morasse

Nunca lhi ja creerei nulha ren,pois tanto tarda, se Deus mi perdon,e diz ca morre desto, ca d’ al non,cuidand’ en quanto mi Deus fez de ben, 10mais eu non cuido, se el cui<dasseen mi, que tanto sen mi morasse>

Por que tan muito tarda desta vezseu pouc’ e pouco se vai perdendocomig’, e diz el que jaz morrendo, 15cuidand’ en quan fremosa me Deus fez,mais eu non cuido, <se el cuidasseen mi, que tanto sen mi morasse>

E non sei ren por que el ficasseque non veesse, se lh’ eu nembrasse 20

B 732 f. 159r° V 333 f. 54r°

2 diss<e> o Nunes : disso BV : vel possis disso <o>1 10 de om. B 16 en] eu B

1 The form disso does not occur elsewhere in Amigo, but see the glossaries of Michaëlis, Mettmann, Lapa. In A 255 / V 428 /B 842 (Charinho), vv. 5, 11, 17 we find disso A : disse BV.

221

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GOMEZ BARROSO – 2

O meu amigo que é con el rei. . . . . . . . ben sei,ca nunca ben no mundo pod’ aver,pois eu, fremosa, tan muito ben ei,se non viver mig’ †en quant’ eu viver† 5

Punh’ el rei ora de lhi fazer ben,e quanto x’ el quiser, tanto lhi den,ca nunca ben no mundo pod’ aver,se Deus mi valha, que lhi valha rense non viver . . . . . . 10

Façan lh’ ora quant’ el quiser, e nonmore comigo, se Deus mi perdon,ca nunca ben no mundo pod’ aver,nen gran prazer eno seu coraçon,se non viver . . . . . . 15

Nen gran pesar quantos no mundo sonnon lho farán, se lh’ eu fezer prazer

B 733 f. 159v° V 334 f. 54r°-v°

1 O Monaci : S BV : Se Machado : fort. A scribendum 2 ben sey BV hic locavit Monaci1 5 corrupt?2 8 be~ B : he~ V16 quãt9 B : quãto V

1 Monaci (1875: 433) comments: “dopo questo [v. 1] deve mancare un altro v. que forse terminava colle parole ben sey”.These words begin the second line; in V the line ends with auer while in B pod auer stands alone on the third line; in neitherMS is there any indication of a lacuna. Braga suggests (and Nunes also prints) <faça lhi quanto bem quiser>; drawing on v. 11.If we look instead to v. 6 we might think of something like <punhen de lhi fazer ben, mais> ben sei (cf. B 1215 / V 820 [Sevilha],v. 9 punhen ora de lhi fazer prazer).2 vivér (with open e) does not rhyme with aver (cf. B 1258 / V 863 [Galisteu Fernandez], v. 5 and n.). Thus, unless we positparodic intent and a unique strophic form, we must assume a corruption. If fazer in v. 6 and façan in v. 11 can be taken asclues to the word used in rhyme at the end of the refrain, it would have been fazer. If this is correct, fazer ben in v. 6 may be anexact inversion of a final ben fazer in v. 5. But it is difficult to see how this end can be connected with the beginning of theverse (se non viver migo), assuming at least that much is genuine. A verse ending, for instance, con ben fazer or a meu prazercould either have been banalized or toned down by a jograr or meddling scribe. The phrase con ben fazer occurs twice in CEM,while in B 925 / V 513 (Gomez Garcia), vv. 5-6 (refrain), we find por quant’ andou alá sen meu prazer, / que ande un tempo sen meu benfazer. The phrase a meu prazer occurs in B 1179 / V 784 (Bolseiro), v. 25; tod’ a meu prazer in B 807 / V 391 (Froiaz), v. 16.

vv. 1-2: Understand: “<others can try to shower favorson my boy>, who is in the service of the king, but Iknow...”.

vv. 1-2: Entenda-se: “<outras pessoas podem fazermuitos favores ao meu namorado>, que está ao ser-viço do rei, mas eu sei...”.

222

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GOMEZ BARROSO – 3

Direi verdade, se Deus mi perdon,o meu amigo, se mi quer gran ben,non lho gradesco, e, mais d’ outra ren,gradesc’ a Deus eno meu coraçonque m’ el fremosa fez tant’ e mi deu 5tanto de ben quanto lhi pedi eu

Se m’ el quer ben, como diz ca mi quer,el faz guisad’,<e> eu, polo fazer,non lho gradesco, e ei que gradecera Deus ja sempr<e> o mais que poder 10que m’ el <fremosa fez tant’ e mi deutanto de ben quanto lhi pedi eu>

Se m’ el quer ben, non lho quer’ eu nen malnen ar ei <ren> que lhi gradesca i,mas quant’ oj’ eu no meu espelho vi 15gradesc’ a Deus muit’ e gradesco lh’ al:que m’ el fremosa fez <tant’ e mi deutanto de ben quanto lhi pedi eu>

B 734 f. 159v° V 335 f. 54v°

5 tant’ e scripsi : tanto BV, edd. 6 perdi V 8 guisad’<e> eu Nunes : guisadeu BV 10 sempr<e> o Nunes (III,151, 724) : sempro BV 14 ar ey B : arey V : averei Nunes1 <ren> supplevi2 15 ma<i>s Nunes 16 muit’ e]muyte V : muyto B

1 The verse seems a syllable short, but nen ar ei is sound (and Nunes’ averei wrong).2 One of the few cases of double transmission among the cantigas d’ amigo offers us a neat parallel for the omission of ren injust such a construction. In B 1023 / V 613 (Johan Airas), v. 21, we have que ambos ajan ren que vos gracir whereas in B 1049 / V639 the word ren is missing in both manuscripts. Cf. also B 591 / V 194 (Dinis), v. 20 non ei ren que vos i gradecer.

223

500 Cantigas d’ Amigo

PERO VIVIAEZ – 1

Pois nossas madres van a San Simonde Val de Prados candeas queimar,nós, as meninhas, punhemos d’ andarcon nossas madres, e elas entonqueimen candeas por nós e por si, 5e nós, meninhas, bailaremos i

Nossos amigos todos lá iránpor nos veer e andaremos nósbailand’ ant’ eles fremosas en cos;e nossas madres, pois que alá van, 10queimen candeas por nós e por si,e nós, meninhas, <bailaremos i>

Nossos amigos irán por cousircomo bailamos e poden veerbailar <i> moças de bon parecer; 15e nossas madres, pois lá queren ir,queimen candeas por nós e por si,e nós, meninhas, <bailaremos i>

B 735 ff. 159v°-160rº V 336 f. 54v°

1 uossas V uam ? B : nam V 2 ual B : nal V 3 menimhas B 4 uossas ? B 6 uos ? B 8 nos1] u9 BV9 bayland B : haylaud V en Nunes : om. V : nõ B1 11 uos ? B pr B : pre V 12 uos B 14 poden BV : poderanBeltrami (but cf. B 1297 / V 901 [Esquio], vv. 22-23 enton pode.../ u ... vir) 15 <i> supplevi2 bõ BV : bõo Lapa

: <mui> bon Michaëlis (II, 890) 17 uos B 18 uos B

1 Beltrami, printing en cos, says that no cos is not attested elsewhere. To be sure, en cos is far more common, but we find no cos(in another sense?) in B 1619 / V 1152 (=CEM 405 [attributed to Caldeiron in B and C, to Pero Viviaez in V]), v. 14.2 Editors have sought the missing syllable in the second half of the verse, but <i> can be justified on two grounds. First, inevery verse except this one (did we not emend) there is an accent on the fourth syllable. Second, the phrase bailar <i> inthis verse would echo the final words of the refrain (bailaremos i).

224

500 Cantigas d’ Amigo

PERO VIVIAEZ – 2

Por Deus, amiga, punhad’ en partiro meu amigo de mi querer ben,non mho digades, ca vos non val ren,nen mi mandedes a ess’ alá ir,ca tanta prol mi ten de lhi falar, 5per boa fe, come de me calar

Dizede lh’ ora que se parta jado meu amor, onde sempr’ ouve mal;leixemos ess’ e falemos en al;muito cofonda Deus quen lho dirá, 10ca tanta prol mi ten <de lhi falar,per boa fe, come de me calar>

Dizede lh’ ora que non pod’ avernunca meu ben e que non cuid’ i sol;non mho digades, ca vos non ten prol; 15cofonda Deus a que lho vai dizer,ca tanta prol mi ten <de lhi falar,per boa fe, come de me calar>

B 736 f. 160r° V 337 ff. 54v°-55r°

4 mandes V 8 semp uue B : sempuue V1 9 falem9 B : falém9 V 10 que~ lho dira V : a q’ lho vay dizer B

cf. v. 16 17 tãta V : cãta B

1 In both MSS there is a loop, not a cross, on the tail of the p, an abbreviation for pro, so that sempr’<o>uve (Nunes) isunnecessary and sempre <o>uve (Beltrami) worse.

225

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN GONÇALVEZ DE SEAVRA – 1

Pero que eu meu amigo rogueique se non fosse, sol non se leixoupor mi de s’ ir, e, quand’ aqui chegou,por quant’ el viu que me lh’ eu assanhei,chorou tan muit’ e tan de coraçon 5que chorei eu con doo del enton

Eu lhi roguei que mais non chorasse,ca lhi parcia, que nunca por enlhi mal quisesse nen por outra ren,e, ante que lh’ eu esto rogasse, 10chorou tan muit’ e tan de coraçon<que chorei eu con doo del enton>

El mi jurou que se non cuidavaque end’ ouvess’ <eu> atan gran pesar,ca, se non, fora †ben quanto† se matar, 15e, quand’ el viu que mi lh’ assanhava,chorou tan muit’ e tan de co<raçonque chorei eu con doo del enton>

B 737 f. 160r° V 338 f. 55r°

4 eu om. B 8 parcia Nunes : partia BV 11 tã de coraçõ V : om. B 14 end’ouvess’<eu> atan Nunes : endouuessatã V : andou uessatã B 15 hypermetric1 ben q’tosse BV : ben de se Nunes : fort. melhor se 16 milha

ssanhaua V : nulha ssanhaua B

1 In v. 15 there are problems with sense and meter, suggesting a corruption. If we are to understand, let alone corrrect thisverse, we must first ask whether fora is here an auxiliary from ir or a form of seer. Either would do, since sense would besatisfied either by “he would have killed himself” (cf. B 563 / V 166 [Dinis], v. 14] ca sei que se fora matar) or by “it would havebeen just as good for him to kill himself”. If the text of BV is correct at this point, ben quanto would have to mean “tantamountto”. But I find no parallel for the construction seer ben quanto + infinitive. In defense of BV we could cite V 1010 (Avoin), vv. 6-7 ben tanto sabes tu que é trobar / ben quanto sab’ o asno de leer where ben quanto is used in a grammatically explicit comparison, andperhaps an elliptical form of such a comparison would be admissible here, but the additional syllable suggests thatsomething is amiss. If the problem lies in ben quanto we could solve it by supposing the reading to have been something likeca, se non, fora melhor se matar (cf. melhor fora dar o rocin doado in B 1536 / V 409 =CEM 91 [Dinis], v. 19). Perhaps the intervention wascalculated to tone down the expression, found among cantigas d’ amor in phrases like de me matar fezera mui mellor.

226

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO LOPEZ DE BAIAN – 1

Fui eu fremosa fazer oraçonnon por mha alma, mais que viss’ eu io meu amigo, e, poilo non vi,vedes, amigas, se Deus mi perdon,gran dereit’ é de lazerar por en, 5pois el non ve~o, nen aver meu ben

Ca fui eu <i> chorar dos olhos meus,mhas amigas, e candeas queimarnon por mha alma, mais polo achar,e, pois non ve~o nen o dusse Deus, 10gran dereit’ é de lazerar <por en,pois el non ve~o, nen aver meu ben>

Fui eu rogar muit’ a Nostro Senhornon por mha alma, <e> candeas queimei,mais por veer o que eu muit’ amei 15sempr’, e non ve~o o meu traedor:gran dereit’ é de lazerar <por en,pois el non ve~o, nen aver meu ben>

B 738 f. 160r°-v° V 339 f. 55r°

2-3 hiº/ meu B 6 ueo BV 7 <i> supplevi; cf. v. 2 d9 BV : destes Nunes1 8 mhas] mays BV 14 <e> addidi

queymey Monaci : q’ymar BV

1 Nunes may be right, but a spatial reference seems lacking, along with a syllable.

227

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO LOPEZ DE BAIAN – 2

Madre, des que se foi daquimeu amigo, non vi prazer,nen mho queredes <vós> creer,e moir’, e, se non é assi,non vejades de mi prazer 5que desejades a veer

Des que s’ el foi, per bõa fe,chorei, madre, dos olhos meuscon gran coita, sab’ oje Deus,e moir’, e, se assi non é, 10non vejades de mi prazer<que desejades a veer>

De mha mort’ ei mui gran pavor,mha madre, se cedo non ven,e al non dovidedes én, 15ca, se assi non é, senhor,non vejades <de mi prazerque desejades a veer>

B 738 bis f. 160v° V 340 f. 55r°

3 <vós> Nunes 6 ueer V : uer B 7 el] ele BV 10 non] enõ B : p nõ V1 15 en (casse) B : eu V

1 Before nõ there is something like a p in V, but I hesitate to say what letter, if any, it is.

228

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO LOPEZ DE BAIAN – 3

Ir quer’ oj’ eu fremosa de coraçon,por fazer romaria e oraçona Santa Maria das Leiras,pois meu amigo i ven

Des que s’ †o meu amigo† foi, nunca vi prazer, 5e quer’ oj’ ir fremosa polo veera Santa Maria das Leiras,pois <meu amigo i ven>

Nunca serei <eu> leda, se o non vir,e por esto fremosa quer’ ora ir 10a Santa Maria das Leiras,pois meu <amigo i ven>

B 739 f. 160v° V 341 f. 55r°-v°

5 hypermetric (by two syllables) o meu amigo glossam olet; del. Nunes (Des que s’el daqui foi, nunca vi prazer)possis Des que s’ ele foi, nunca <ar> vi prazer (cf. B 738 bis / V 340, v. 7)1 6 ir (frmosa) B ueer (a scã m’ das le)V at end of line 9 <eu> ego o <eu> Nunes 10 quer’ ora] q’rora B : ancora V

1 I believe that o meu amigo is either a gloss or has crept in because the verse had become short, and that des que s’ el foi nuncavi prazer is a probable reconstruction of what had been there. This in turn could have arisen from the shortening of ele to eland the loss of <ar> (cf. B 1213 / V 818 [Sevilha], vv. 2-3 ca se foi daqui / mui meu sanhud’ e nunca o ar vi). Reading as I would (desque s’ ele foi, nunca <ar> vi prazer) we may observe that in each verse in the body of the strophe there is an accent on the 6th

syllable and the 7th syllable is an unaccented final a: fremosa in vv. 1, 6 and 10; romaria in v. 2; nunca in v. 5; and leda in v. 9.

229

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO LOPEZ DE BAIAN – 4

Disseron mh u~as novas de que m’ é mui gran ben,ca chegou meu amigo, e, se el ali ven,a Santa Maria das Leiras irei velida,se i ven meu amigo

Disseron m’ u~as novas de que ei gran sabor, 5ca chegou meu amigo, e, se el ali for,a Santa Maria das Leiras irei <velida,se i ven meu amigo>

Disseron m’ u~as novas de que ei gran prazer,ca chegou meu amigo, mais eu, polo veer, 10a Santa Maria das Leiras irei <velida,se i ven meu amigo>

Nunca con taes novas tan leda foi molhercom’ eu sõo con estas, e, se <el> i veer,a Santa Maria <das Leiras irei, velida, 15se i ven meu amigo>

B 740 f. 160v°-161rº V 342 f. 55v°

1 Diseronmi BV cf. vv. 5, 8 hunhas V : (h..has) hunhas B 2 amig<o>, e, se Nunes (cf. v. 6) : amigue se BV3-4 line-break after leyras BV1 5, 9 mu~has B : muhãs V : possis mhu~as (cf. v. 1) 14 sõo] solo V <el> Nunes;cf. vv. 2, 6

As presented here, the strophic form is aaBB scanning 13 13 13’ 6’ (and the verses in the body of the strophewould be 13’ if pronounced with a paragogic e). Michaëlis (vol. II, p. 881) and Nunes print a two verse refrain,with irei, velida at the beginning of the second verse, so that the refrain scans 7’ 11’).

1 But in the second strophe both have hirey on the first line of the refrain. In the third strophe B breaks after leiras while Vagain puts hyrey on the same line. The body of the strophes is also copied irregularly. V presents vv. 1-2 as here, while Bbreaks after hunhas. Both MSS present the second and third strophes in short lines, with breaks as follows: II nouas / sabor /amigo / for / ; III nouas / prazer / amigo / ueer /. In the last strophe B breaks at: nouas / molher / estas / ueher – while V has long linesas here.

230

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 1

Treides todas, ai amigas, comigoveer un ome muito namoradoque aqui jaz cabo nós mal chagado,e pero oj’ á muitas coitas sigo,non quer morrer, por non pesar alguen 5que lh’ amor á, mais el muit’ ama alguen

Ja x’ ora el das chagas morreria,se non foss’ o grand’ amor verdadeiro;preçade sempr’ amor de cavaleiro,ca el de pran sobr’ aquesto perfia: 10non quer <morrer, por non pesar alguenque lh’ amor á, mais el muit’ ama alguen>

Lealmente ama Johan de Guilhadee de nós todas lhi seja loadoe Deus lhi dé da por que o faz grado, 15ca el de pran con mui gran lealdadenon quer <morrer, por non pesar alguenque lh’ amor á, mais el muit’ ama alguen>

B 741 f. 161r° V 343 f. 55v°

3 iaz B : iam V nos V : uos B1 4 oj’ á] oia B : oya V sigo Nobiling in ap. : cõ sigo B : con sigo V2 5 quer]auer V pesar alguen] pesar del / alguen B : pesar del alguen V : del delere voluit Nobiling in ap. 14 nos V : uos B

As edited here, both verses of the refrain scan ten syllables. In v. 5 del has been excised (as Nobiling suggests)and in v. 6 ama alguen must be taken as three syllables (cf. B 786 / V 370 [Guilhade], v. 19 verrá alguen).

1 The Machados print uos (= vós) here and in v. 14, but the reading of V is clear in both places. Confusion between n and u isnotorious in the sections copied by this scribe. In this text we find ua morado (na morado in V) in v. 2 and uõ (nõ in V) in vv. 5and 8.2 We do not elsewhere find con sigo in the cantigas d’ amigo of Guilhade and so have followed the suggestion provided byNobiling. In his text, however, he reads pero á to eliminate the extra syllable.

v. 15 : “And God grant him recompense from the girlfor whom he does it”.

v. 15 : “E que Deus lhe conceda uma recompensa daparte da rapariga por quem ele o faz”.

231

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 2

Por Deus, amigas, que será?pois <j>a o mundo non é rennen quer amig’ a senhor ben,e este mundo que é ja?pois i amor non á poder, 5que presta seu bon parecernen seu bon talh’ a quen o á?

Vedes por que o dig’ assi:por que non á no mundo reique viss’ o talho que eu ei 10que xe non morresse por min;si quer meus olhos verdes son,e meu amig’ agora nonme viu, e passou per aqui

Mais dona que amig’ ouver 15des oje mais (crea per Deus)non s’ esforç’ enos olhos seus,ca des oi mais non lh’ é mester,ca ja meus olhos viu alguene meu bon talh’, e ora ven 20e vai se tanto que s’ ir quer

E, pois que non á de valerbon talho nen bon parecer,parescamos ja como quer

B 742 f. 161r° V 344 ff. 55v°-56r°

1 serra V 2 <j>a P. Ferreira (cf. B 1449 / V 1009 [Guilhade], v. 1 pois ja) : a B : om. V : <que> Nobiling 5 amor B : amar V7 queno V : quen(h)o B me9 V : me9’ B with cancelled superscript 15 ouuer BV : fort. oer scribendum (cf. B 743 / V 345, v. 1517 s’esforc’ e~ <n>os Nobiling : sestorçe~ os BV 18 oy Nobiling : oie BV nõ V : (creap d’s) uq’ B

vv. 5, 12, 19: i (v. 5), quer (v. 12) and ja (v. 19) constitute internal rhymes involved in an exceptional display ofvirtuosity: the 2nd syllable of the 5th verse of strophe I contains the a-rhyme of strophe II (i); the 2nd syllable ofthe 5th verse of strophe II contains the a-rhyme of strophe III (ér); and the 2nd syllable of the 5th verse of stropheIII contains the a-rhyme of strophe I (a). See B 1030 / V 620 (Johan Airas) for a similar pattern.

v. 12: si quer meus olhos verdes son means “I even have greeneyes”.

v. 17: “Ought not rely on (the beauty of) her eyes”.

v. 12: si quer meus olhos verdes son means “Até tenho olhosverdes”.

v. 17: “Que não confie nos (na beleza dos) seus olhos”.

232

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 3

Quer’ eu, amigas, o mundo loarpor quanto ben m’ i Nostro Senhor fez;fez me fremosa e de mui bon prez,ar faz mi meu amigo muit’ amar;aqueste mundo x’ est’ a melhor ren 5das que Deus fez a quen El i faz ben

O paraiso bõo x’ é de pran,ca o fez Deus, e non dig’ eu de non,mailos amigos que no mundo son<e> amigas muit’ ambos lezer an; 10aqueste mundo <x’ est’ a melhor rendas que Deus fez a quen El i faz ben>

Querria m’ eu o parais’ averdes que morresse, ben come quen quer,mais, poila dona seu amig’ oer 15e con el pode no mundo viver,aqueste mundo <x’ est’ a melhor rendas que Deus fez a quen El i faz ben>

<E> quen aquesto non tever por bennunca lhi Deus <ar> dé en ele ren 20

B 743 f. 161v° V 345 f. 56r°

2 m’ i Nobiling in ap. : mi BV 10 <e> amiga<s> Nobiling : amig9 B : amiga V 13 Queiria BV 16 no] nõ B16-17 uiuer / aqueste V : uiuer al / q’ste B 19 <E> Nobiling tener BV pr V : p B 20 <ja> nunca NobilingDeus] d’s V : d’e B <ar> supplevi (cf. B 1363 / V 971 [Martin Soares], v. 12 ar dé lh alg’)

Scribe “f” takes over to copy vv. 15-20. Cf. note on B 754 / V 357 [Guilhade], v. 5.

v. 14: ben come quen quer means “just like anyone else”. v. 14: ben come quen quer significa “como qualquer ou-tra pessoa”.

233

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 4

Sanhud’ and<ad>es, amigo,por que non faço meu danovosc’, e per fe sen enganoora vos jur’ e vos digoca nunca ja esse <preito> 5mig’, amigo, será feito

De pran non sõo tan loucaque ja esse preito faça,mais dou vos esta baraça,guardad’ a cint’ e a touca, 10ca nunca ja esse <preitomig’, amigo, será feito>

Ai don Johan de Guilhade,sempre vos eu fui amiga,e queredes que vos diga? 15en outro preito falade,ca nunca ja esse preito<mig’, amigo, será feito>

B 744 f. 161v° V 346 f. 56r°

1 and<ad>es Monaci : andes BV 4 jur’ Nobiling : por B : par V vel possis or’ a vós por e<n> vos digo (Ora uosMachado) 7 sõo Nobiling : son BV 14 u9 V : n9 B amigo BV 15 diga (en out’) B

v. 9 baraça: (only occurrence in the cantigas d’amigo) “era um laço [...] ou uma corda” (Nobiling). Cf. B 1433 /V 1043 (=CEM 197 [Johan de Gaia]), v. 12 En meio da praça, / en saia de baraça.

234

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 5

Amigas, o meu amigodizedes que faz enfintaen cas del rei da mha cinta,e vede-lo que vos digo:mando me lh’ eu que s’ enfinga 5da mha cinta e x’ a cinga

De pran todas vós sabedesque lhi dei eu de mhas dõase que mh as dá el mui bõas,mais desso que mi dizedes, 10mando me <lh’ eu que s’ enfingada mha cinta e x’ a cinga>

Se s’ el enfinge (ca x’ ousa),e<u> direi vos que façades:ja mais nunca mho digades; 15e direi vos u~a cousa:mando me lh’ eu que s’ enfingada mha cinta e x’ a cinga

B 745 f. 161v° V 347 f. 56r°

6 da] la B 6, 18 cinga] cinta BV 13 Sessel en finge ca xousa BV : Se s’ el enfinge (ca x’ ousa) interpunx.

Nobiling (Se s’el enfinge ca x’ousa Braga) : Se s’el enfing’, é ca x’ousa Nunes 14 e<u> Nobiling : e BV, Braga

235

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 6

Vistes, mhas donas, quando noutro diao meu amigo comigo falou,foi mui queixos’ e, por que se queixou,dei lh’ eu enton a cinta que tragia,mais el demanda m’ <or’> outra folia 5

E vistes que nunca tal <cousa> visse:por s’ ir queixar, mhas donas, tan sen guisa,fez mi tirar a corda da camisae dei lh’ eu dela ben quanta m’ el disse,mais el demanda mh al, que no<n> fexisse 10

Sempr’ averá don Johan de Guilhade,mentr’ el quiser, amigas, das mhas dõas,ca ja m’ end’ el muitas deu e mui bõas;des i terrei lhi sempre lealdade,mais el demanda m’ outra torpidade 15

B 746 f. 162r° V 348 f. 56v°

1 (q) quando B 3 queixose V : queixosse B porque Nobiling in ap. (probante Lapa) : pero BV, Nunes 5 m’ <or’>outra Nobiling : moutra BV folya B : tolya V 6 que nunca] q’ nu~ca q’ nu~ca BV : que nunca amiga Nobiling: que nunca, nunca Nunes <cousa> supplevi1 visse Monaci : vistes BV 8 camisia B 10 que no<n> Nobiling: q’no BV fexisse B : ferisse V : pedisse Nobiling2 que<n> no ferisse Lapa 11 guilhadi BV 12 amigas /amigas B donas V 14 desy V : dessy B

1 tal <cousa> fits in all senses, and the euphemism is well documented, e.g. in V 1012 (=CEM 229 [J. S. Coelho]), vv. 3-6 nuncavos eu tal cousa negarei / qual oj’ eu ouço pela terra dizer: / dizen que fode quanto mais foder / pode vosso mouro a vossa molher and vv. 9-10 sevos negass’ eu / atal cousa qual dizen que vos faz ... [with the same reference as in v. 2]. In the Crónica Geral de Espanha de 1344 we findtal cousa referring specifically to rape: se tal cousa a my~ aveesse (ed. Cintra, vol. II, p. 307, line 3). Elsewhere (as here, if I amright) the expression is used to refer to surprising, shocking or shameful actions.2 Nobiling (followed by Nunes) changes the verb. Lapa (1982: 166), taking what Nobiling (in a note) rejects, would read quenno ferisse! (which he glosses “quem lhe batesse por esse atrevimento”), but V often has r for x. The reading of B, fexisse, ismorphologically untouchable and provides sense and syntax.

v. 10: que no<n> fexisse = “which he shouldn’t havedone!”

v. 10: que no<n> fexisse = “o que não devia ter feito!”

236

500 Cantigas d’ Amigo

1 Nobiling prints e direy mha coyta e coyta / que tragu’ e que maravilha. Nunes alters this slightly: e direi mia coit’ e coita / que tragu’ equ’ é maravilha (with an unlikely elision of qu’é). Cf. vv. 2 and 6.2 Aside from the difficulties of the transmitted text and the paleographical plausibility of the emendation, there seems tobe a rule in Guilhade’s cantigas d’ amigo (which would be broken only here, did we not emend), namely that the poet either(1) introduces gran in the last strophe, or (2) if he has introduced it at any earlier point, uses it again in the last strophe.(Those who, like Reckert & Macedo [1996: 93-94], would read with the manuscripts here, could cite B 364 [Cogominho],v. 4 ca x’ á i coita de coita...)

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 7

Amigas, tamanha coita nunca sofri pois foi nada,e direi vola gran coita con que eu sejo coitada:amigas, ten meu amigoamiga na terra sigo

Nunca vós vejades coita, amigas, qual m’ oj’ eu vejo, 5e direi vos a mha coita con que eu coitada sejo:amigas, ten meu amigo<amiga na terra sigo>

Sej’ eu morrendo con coita, tamanha coita me filha,e direi mha coita é coita que trag’ a gran maravilha: 10amigas, ten meu amigo<amiga na terra sigo>

B 747 f. 162r° V 349 f. 56v°

4 sigo Nobiling : amigo BV 5 amiga(y)s B : amiga V 6 con] 9 V : o B 7 ten] este BV 10 e direy mha Nobiling1

: e demha BV a gran scrispi2 : e / q´ BV : e que Nobiling : e que Braga : e qu’ é Nunes

Our vv. 1-2 and 10 are copied on long lines in B. There, in the first strophe, the lines break at sofri / nada / que/ coitada / (the scribe did not have space to complete the long verses). In both MSS the body of the otherstrophes is copied in short lines, except for v. 10 (as printed above), long in V. Tavani (Rep. 99:73) takes thestrophic form to be ababCC (7’ 7’ 7’ 7’ 7’ 7’), but the evidence of the MSS suggests we should classify it withschema no. 37 (aaBB 15’ 15’ 7’ 7’). Of the texts Tavani lists there, the majority are cantigas d’ amigo, including

one by Guilhade (B 749 / V 352 [37:16]).

237

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 8

Par Deus, amigas, ja me non quer beno meu amigo, pois ora ficouonde m’ eu vin e outra o mandou,e direi vos, amigas, u~a ren:se m’ el quisesse como soía, 5ja ’gora, amigas, migo seria

E ja cobrad<o> é seu coraçon. . . . . . . . . .pois el ficou u lh’ a mha cinta dei,e, mhas amigas, se Deus mi perdon, 10se m’ el quisesse como soía,<ja ’gora, amigas, migo seria>

Fez m’ el chorar muito dos olhos meuscon gran pesar que m’ oje fez prender;quant’ eu dixi, outro m’ ouvira dizer, 15ai mhas amigas, se mi valha Deus;se m’ el quisesse como <soía,ja ’gora, amigas, migo seria>

B 748 f. 162r° V 350 f. 56v°

1 quer ben] be~ quer B 6 iagora BV 7 cobrad<o> é Nobiling : cobrade BV 8 om. BV : <de me querer muygran ben, eu o sey> Nobiling1 11 como B : com9 V 15 Quant’ eu Nobiling in ap.2 : quãdeu B : quã deu Voutro m’ ouvira] outro mouuyra B : outro mo uuyra V : outro m’ouvyra Braga (cf. Nunes I, 468) : Outro m’ oouvira Nobiling (m’ouvira in ap.) : outro mo vira Nunes (III, 164) : Outro m’o ouver’a dizer Lapa

v. 15: Reading as I do (quant’ for quand’ with Nobiling) we can extract a plausible sense from this vexed verse:– which is both a reference to the rough language she used and a lament that she should have had to saysuch things to him (for the kind of tone she might mean, see cabeça de can in B 777 / V 360 [Guilhade], v. 16 and

B 787 / V 371 [Guilhade], refrain and v. 8).

1 We cannot tell whether the missing verse was the second or third in the strophe (there is no space left for it in the MSS).2 Nobiling’s suggestion (relegated to a note) would solve the problem by correcting a single letter. (If we read quand’ withBV, the second half of the verse would quote something the girl said to the boy.)

v. 15: “Someone else should have heard me say whatI said to him”.

v. 15: “Outro devia ter-me ouvido dizer o que eu lhedisse a ele”.

238

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 9

Vi oj’ eu donas mui ben parecere de mui bon prez e de mui bon sene muit’ amigas son de todo ben,mais du~a moça vos quero dizer:de parecer venceu quantas achou 5u~a moça que x’ agora chegou

Cuidava m’ eu que non avian parde parecer as donas que eu vi,atan ben me parecian ali,mais, po<i>la moça filhou seu logar, 10de parecer venceu quantas achou<u~a moça que x’ agora chegou>

Que feramente as todas venceua mocelinha; en pouca sazonde parecer todas vençudas son; 15mais, poila moça ali pareceu,de parecer venceu quantas achou<u~a moça que agora chegou>

B [748 bis] f. 162rº-vº V 351 f. 56vº-57rº

6 huha B : hir ha V 10 pola BV ; corr. Nobiling (cf. v. 16) 14 ea moçelinha B : eamoçelinha V : e del. Noblingmocelinha; interpunxi 16 moça alí Nobiling (cf. v. 9) : mocahi B : moça hi V 17 quãtas B : quãta V

On whether this text belongs among the cantigas d’amigo or not, see Cohen 1996b: 27-36.

vv. 14-15 en pouca sazon / de parecer todas vençudas son:I take this to be a generalization, “In a brief time all girlsare superseded in beauty”, which in turn is used asfoil for the specific case: in a mere instant this girlvanquished the beauty of all she came across.

vv. 14-15 en pouca sazon / de parecer todas vençudas son:Tomo isto como uma generalização: “Em pouco tempotodas as raparigas são superadas em beleza”; o quepor sua vez é usado como contraste para o caso par-ticular: num instante esta rapariga venceu em belezatodas as que encontrou.

239

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 10

Amigas, que Deus vos valha, quando veer meu amigo,falade sempr’ u~as outras en quant’ el falar comigo,ca muitas cousas diremosque ante vós non diremos

Sei eu que por falar migo chegará el mui coitado, 5e vós ide vos chegando lá todas per ess’ estrado,ca muitas cousas diremos <que ante vós non diremos>

B 749 f. 162v° V 352 f. 57r°

1 u9 ualha B : u9 (q) ualha V ueher V : (ueer) ueher B 6 fort. esse ’strado

This poem appears in BV in six-line blocks scanning 7’ 7’ 7’ 7’ 7’ 7’ and “rhyming” abcbDD. Nor has Coloccimade any annotation in B that would suggest long lines. The text could also be printed in strophes of threeverses (15’ 15’ 15’) rhyming aaB (cf. Tavani, Rep. 26:13; 37:16; 244:18 [alternative schemes are given for all 26texts listed under no. 244]). The same question occurs in B 747 / V 349, but elsewhere in his cantigas d’ amigoGuilhade has no unrhymed verses (assuming we accept Monaci’s obvious correction visse [vistes BV] in B 746

/ V 348).

240

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 11

Morr’ o meu amigo d’ amore eu non volho creo bene el mi diz logo por enca verrá morrer u eu for,e a mi praz de coraçon 5por veer se morre, se non

Enviou m’ el assi dizer:que eu, por mesura de min,o leixasse morrer aquie o veja quando morrer; 10e a mi praz <de coraçonpor veer se morre, se non>

Mais nunca ja crea molherque por ela morren assi,ca nunca eu esse tal vi, 15e el moira, se lhi prouguer,e a mi praz <de coraçonpor veer se morre, se non>

B 750 f. 162v° V 353 f. 57r°

2 vo-lh’ o Nobiling : uolho BV : vol-ho Braga 5, 11, 17 e a Nobiling : Ca B : ca V 6 morre] moire BV1 8 euscripsi : el BV, Nunes2 pr B : pre V mi~ BV 9 o] q’o B : q’ o V : que delevi : que o Nobiling3 11, 17 mi Nobiling: mi~ BV

1 Monaci gives the reading of V as moire but it seems to be morre with the first r imperfectly formed. B, as usual, has ir for rr.2 Nunes retains el, which could anticipate o (v. 3) or be the subject of a clause that never materializes.3 This second que (q’ BV) is superfluous (though Nunes defends it) and unmetrical (que o ought not be elided).

241

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 12

Diss’, ai amigas, don Jan Garciaque, por mi non pesar, non morria;mal baratou por que o dizia,ca por esto <o> faço morrer por mi;e vistes vós o que s’ enfengia; 5demo lev’ o conselho que á de si

El disse ja que por mi trobava,ar enmentou me quando lidava,seu dano fez que se non calava,ca por esto o faço morrer por mi; 10sabedes vós o que se gabava;demo lev’ o conselho <que á de si>

El andou por mi muito trobandoe quant’ avia por mi o dandoenas lides me ia enmentando 15e por esto o faço morrer por mi;pero se muito andava gabando,demo lev’ o conselho que á de si

B 751 f. 162v°-163rº V 354 f. 57r°

1 Diss’ ay Monaci : Disi ay B : Dissey V 4, 10 ca BV, Braga : e Nunes (cf. v. 16) 4 esto <o> Nobiling (cf. vv. 10, 16): esto BV 5 o] a Lang (1894: 133) 6 lev’ o] leno BV 12 9selho B : osselho V 13 Clandou V 15 enas BV,Nunes : e nas Braga, Nobiling ia BV, Braga : ja Nobiling 16 e BV cf. vv. 4, 10 18 9sselho B : osselho V

In vv. 4 and 6 we must observe hiatus between esto | o and between que | á. These verses scan 11 syllables each(as against 9’ in the other verses). This was correctly noted by Nobiling (p. 11): “os hendecassyllabos doestribilho da cantiga 26” [= this one]; but subsequently ignored by Nunes (vol. III, p. 166) and Tavani (Rep.13:45).

242

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 13

Fostes, amig’, oje vencerna voda en bafordar bentodolos outros e praz m’ én;ar direi vos outro prazer:a leva do parecer da voda, 5per bõa fe, eu mh-a levo toda

E, poilos vencedes assi,nunca devian a lançarvosc’, amigo, nen bafordar;ar falemos logo de mi: 10a leva do pare<cer da voda,per bõa fe, eu mh-a levo toda>

E muito mi praz do que seique vosso bon prez verdad’ é,meu amigo, e, per bõa fe, 15outro gran prazer vos direi:a leva do pa<recer da voda,per bõa fe, eu mh-a levo toda>

A todalas donas pesouquando me viron sigo estar 20e punharon de s’ afeitar,mais praza vos de como eu vou:a leva <do parecer da vodaper bõa fe, eu mh-a levo toda>

B 752 f. 163r° V 355 f. 57r°-v°

2 eu BV 5 uoda V : noda B 6 boa BV 20 ui rõ B : ui tõ V (ui cõ Monaci) 22 eu] en V, Nunes1

1 én (V) instead of eu (B) would yield acceptable syntax, but the pronoun is stressed here – in emphatic contrast to all theother girls: todalas donas (v. 19) ... eu (v. 22).

v. 5: leva (only here in Galego-Portuguese lyric)apparently means “prize” (it seems a back formationfrom levare and so, literally, ‘what is carried away’).

v. 5: leva (só aqui na lírica galego-portuguesa) parecesignificar “prémio” (aparenta ser substantivo deverbala partir de levare e assim, literalmente, ‘o que se leva’).

243

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 14

Chus mi tarda, mhas donas, meu amigoque el migo posera,e crece m’ end’ u~a coita tan feraque non ei o cor migo,e jurei ja que, atá que o visse, 5que nunca ren dormisse

Quand’ el ouv’ a fazer a romaria,pos m’ un dia talhadoque veesse, <e> non ven, mal pecado;oje se compr’ o dia, 10e jurei ja que, atá <que o visse,que nunca ren dormisse>

Aquel dia que foi de mi partidoel mi jurou chorandoque verria, e pos mi praz’ e quando; 15ja o praz’ é saido,e jurei ja <que>, atá <que o visse,que nunca ren dormisse>

B 753 f. 163r° V 356 f. 57v°

5 e jurei] Eui rey B : cuirey V 6 ren] ten V 7 tomaria V 9 ve~esse, <e> Nobiling : uysse BV 11, 17 Eiurey

B : cuirey V 15 pos] poys BV

244

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 15

Cada que ven o meu amig’ aquidiz m’, ai amigas, que perd<eu> o senpor mi, e diz que morre por meu ben,mais eu ben cuido que non ést’ assi,ca nunca lh’ eu vejo morte prender 5nen o ar vejo nunca ensandecer

El chora muito e filha s’ a jurarque é sandeu e quer me fazer fisque por mi morr’, e, pois morrer non quis,mui ben sei eu que á ele vagar, 10ca nunca lh’ eu vejo morte prender<nen o ar vejo nunca ensandecer>

Ora vejamos o que nos dirá,pois veer viv’ e pois sandeu non for;ar direi lh’ eu: “Non morrestes d’ amor?” 15mais ben se quite de meu preito ja,ca nunca lh’ eu vejo morte prender<nen o ar vejo nunca ensandecer>

E ja mais nunca mi fará creerque por mi morre, ergo se morrer 20

B 754 f. 163r°-v° V 357 f. 57v°

2 perd<eu> o : supplevi1 : per / do B : per do V : perd<e> o Nunes : perd’ o <seu> Nobiling 6 enssandecer V :effandecer B 7 El] Et B iurar V : intar ? B 8 me] ine B fis] fiz B 9 poys V : poix B 17 ca] la Blh’ eu] lhi BV 20 morrer] moiter B

v. 5: In B, on the word ueio, scribe “f” takes over from scribe “b”, copies the rest of this poem, all of the next, and

the beginning of 776; then “f” returns. Cf. Ferrari 1979: 84 and Tav. XXI. See also B 743, vv. 15-20.

1 The sequence of tenses here (perd<eu> ... morre) can easily be defended by comparing: A 89 / B 193 (Burgalês), vv. 28-29 apor que eu moiro e por que perdi // o sen; A 205 / B 356 (Ulhoa), vv. 6-7 atal per que ei perdudo meu sen / e por que ei mui cedo de morrer;A 269 (anon.), vv. 1-2 Senhor fremosa, ja perdi o sen / por vós, e cuido mui ced’ a morrer (= Tavani, Rep. 157, 57; attributed by Oliveira[1994: 60-63] to Pardal); and B 406 / V 17 (Afonso Sanchez), vv. 20-21 ... per que perdi o sen / e por que moir’ assi desemparado.

245

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 16

Per bõa fe, meu amigo,mui ben sei eu que m’ ouvestesgrand’ amor e estevestesmui gran sazon ben comigo,mais vede-lo que vos digo: 5ja çafou

Os grandes nossos amoresque mi e vós sempr’ ouvemos,nunca lhi cima fezemos,com’ a Brancafrol e Flores, 10mais tempo de jogadoresja çafou

Ja eu falei en foliacon vosc’ <e> en gran cordurae en sen e en loucura, 15quanto durava o dia,mais est’, ai don Jan Garcia,ja çafou

E dessa folia todaja çafou 20

Ja çafad’ é pan de voda,ja çafou

B 755 f. 163v° V 358 ff. 57v°-58r°

1 boa BV mue B 2 sey V : sen B 3 esteuestes B : esteuedes V 4 gram V : om. B 6 Ia çafou V : Ja cafou B 7 noss9 B : uoss9 V 9 nu~ca V : nõca B feze m9 V : fezemo B 10 com’a distinx. Braga (cf. Lang 1894:123) : coma BV : come Michaëlis (II, 413) : como Nobiling 12 Ia çafou V : Ja ga fou B 13 folya V : foleya B14 vosqu’ <e> en Nobiling : uos que~ B : uosque~ V corduta B 15 en1] eu B locuta B 17 est’, ai Nunes: esta hi BV grçia V : grã B 18 Ia çafou V : Ja ga fon B 19 dessa] uessa B toda] coda B 20 Iazafou V : Ja ca foy B 21 çafad’ é distinx. Ferreiro & Pereiro (1996: 104; cf. B 831 / V 417 [Ponte], vv. 3-5) : çafade V: gafade B : çafo<u> de Nobiling pã de uoda V : bã de uada ? B 22 Ia çafou V : Ja ca foy B

v. 10: Brancafrol and Flores are the heroine and heroof a popular twelfth century French romance. Cf.Sharrer 1989.

v. 10: Brancafrol e Flores são a heroína e o herói deum popular romance francês do século XII. Cf. Sharrer1989.

246

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 17

Estas donzelas que aqui demandanos seus amigos que lhis façan ben,querrei, amigas, saber u~a ren:que <é> aquelo que lh’ e<le>s demandan?ca un amigo que eu sempr’ amei 5pediu mi cinta e ja lha er dei,mais eles cuido que al <l>his demandan

O meu seria perdudo con migopor sempr’, amigas, se mi pediss’ al,mais pedir cinta non é nulho mal, 10e por aquesto non se perdeu migo,mais se m’ el outra demanda fezesse,Deus me cofonda, se lh’ eu cinta desse,e perder s’ ia <el> ja sempre migo

Maila donzela que muit’ á servida 15o seu amigo, esto lh’ é mester:dé lhi sa cinta, se lhi dar quiser,se entender que a muito á servida;mais se x’ el quer outro preito maior,maldita seja quen lh’ amiga for 20e quen se del tever por <ben> servida

E de tal preito non sei end’ eu ren,mais, se o ela por amigo ten,non lhi traj’ el lealdade comprida

B 776 f. 163v° V 359 f. 58r°

2 (dam) os B 4 que <é> Nobiling : que BV lh’ e<le>s Nobiling : lhes BV 7 al <l>his : alhis BV 10 nulha V11 nõ V : no B 13 eu] en B 14 <el> Nobiling in ap. <con> migo Nobiling (<co>migo iam Braga) 15 suido BV

20 maldica BV 21 del BV : d’ el<e> Nobiling in ap., probante Lapa <ben> Nobiling 24 nõ V : no B tragel BV

247

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 18

Fez meu amigo gran pesar a mi,e, pero m’ el fez tamanho pesar,fezestes me lh’, amigas, perdoar,e chegou oj’ e dixi lh’ eu assi:“Vi~ide ja, ca ja vos perdoei, 5mais pero nunca vos ja ben querrei”

Perdoei lh’ eu, mais non ja con saborque <eu> ouvesse de lhi ben fazer,e el quis oj’ os seus olhos m’ ergere dixi lh’ eu: “Olhos de traedor, 10vi~ide ja, ca ja vos perdoei,<mais pero nunca vos ja ben querrei>”

Este perdon foi de guisa, de pran,que ja mais nunca mig’ ouvess’ amor,e non ousava viir con pavor, 15e dixi lh’ eu: “Ai cabeça de can,vi~ide ja, ca ja vos perdoei,<mais pero nunca vos ja ben querrei>”

B 777 f. 164r° V 360 f. 58r°

4 e] a B 5 vi~ide Nobiling : Uijnde B : minde V1 8 <eu> Nobiling 9 m’erger Lapa (m’erguer iam distinxeratBraga) : merger BV, Michaëlis 11 Viinde B : minde V 15 ousav’ a Nobiling in ap. 17 uijde V : Vijde ? B

1 In vv. 5 and 11 the reading of V is not clear (Monaci reads minde), but this is a minor quibble. Another question is whetherto print viinde (Nunes) or vi~ide (Nobiling, Lapa 1982: 168).

248

500 Cantigas d’ Amigo

1 Nobiling defends the transmitted text for the wrong reason. Lapa (1982: 169-170) would emend da to da<r> here (thoughelsewhere in his cantigas d’ amigo Guilhade only once juxtaposes words ending and beginning with r [B 743 / V 345, vv.5,11,17]).The sense would be: “I went right over to her (logo lh’ eu foi) at the end (na cima) to explain (da<r> razon)...”. If this were correct,razon would not have the same meaning as in v. 2 (“the argument of a poem”).

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 19*

Fez meu amigo, amigas, seu cantarper bõa fe, en mui bõa razone sen enfinta e fez lhi bon son,e u~a dona lho quiso filhar,mais sei eu ben por quen s’ o cantar fez, 5e o cantar ja valrria u~a vez

Tanto que lh’ eu este cantar oí,logo lh’ eu foi na cima da razonpor quen foi feit’ e ben sei por que<n> non,e u~a dona o quer pera si, 10mais sei eu ben por quen s’ o cantar fez,<e o cantar ja valrria u~a vez>

Eno cantar mui ben entendi eucomo foi feito, ben come por quen,e o cantar é guardado mui ben, 15e u~a <dona> o teve por seu,mais sei eu ben por <quen s’ o cantar fez,e o cantar ja valrria u~a vez>

B 778 f. 164r° V 361 f. 58r°

2 boa BV bis 3 lhi BV : fort. lh’ i 5 que~ V : que B 8 cima Nobiling : çuna V : cnna B da BV : da<r> Lapa1

9 quen1] que~ BV : que Nobiling (porque iam Braga) que<n> non Nunes : q’nõ BV : que non Nobiling 14 foy V: fag B feito scripsi : feyte V : feyre B : feit’ e edd. come scripsi : como BV, edd. quen Nobiling : be~ BV 16 <dona>Braga; cf. vv. 4, 10 teve Monaci : reue V : tene B 17 Mays sey B : may soy V ben por B : om. V

vv. 8-9: I take the sense to be: “I was the one for whomit was made” eu fui ... por que<n> foi feit’. In v. 8 na cima darazon means “at the end of the argument” (in thetechnical sense: “the argument of a poem”).

v. 14 ben come: here = “as well as”.

vv. 8-9: Considero que o sentido é: “Eu sou aquelapara quem foi feito” eu fui ... por que<n> foi feit’. No v. 8na cima da razon significa “no final do argumento” (emsentido técnico: “o argumento de um poema”).

v. 14 ben come: aqui = “assim como”.

249

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – *20

– Foi s’ ora daqui sanhudo,amiga, o voss’ amigo– Amiga, perdud’ é migo,e, pero migo é perdudo,o traedor conhuçudo 5acá verrá,ca verráacá, verrá

– Amiga, desemparadoera de vós e morria 10– Sodes, amiga, sandia:ora fogeu mui coitado,mais ele, mao seu grado,acá verrá,ca verrá 15<acá, verrá>

– Amiga, con lealdadedizen que anda morrendo– Vólo andades dizendo,amiga, est’ é verdade, 20mailo que chufa ’n Guilhadeacá verrá,ca verrá<acá, verrá>

B 785 ff. 167v°-168r° V 369 f. 59r°

1-2 sanhuda / miga BV : corr. Monaci 4 migu’ é Nobiling : migoie BV : mig’oj’é Braga 6, 8 acá] aca B : aea V 7 ea V9 desenpado V : desenperado B 10 morria Monaci : morrera V : moirera B 11 amiga Braga : miuga V after 11 acauerra V : aca ueira B 12 ora scripsi : Non BV, edd1 fogeu V : rogui ? B : foy ele Nobiling in ap., probante Lapa nomfogeu Braga muj coytado B : muy coytado V : fort. muito irado2 after 19 aca BV 20 est’ é] éste Lapa 21 chufa’n distinxi : (chuf an iam distinx. Machado) : chu fan B : chufan V : chufam Braga (chufan Nobiling) gaylhade BV

vv. 7, 15, 23: ca is a conjunction (editors thought it an adverb, but there is no adverb *cá in the cantigas d’amigo).

1 Ora (< Hora) restores both meter and logic.2 Muj coytado could be a banalization of Mujto yrado (cf. sanhudo, v. 1), resulting from two common errors: c for t and t for r. Inthe immediately surrounding cantigas d’ amigo of Guilhade t is misread as c in 16.19 (toda V: coda B), 17.20 (maldica BV) and21.13 (maldita B: maldica V); r is misread as t in 13.20 (ui rõ B: ui tõ V), 14.6 (ren B: ten V), 15.7 (iurar V: intar ? B), 15.20 (morrer V:moiter B), 16.14 (cordura V: corduta B) and 16.15 (locura V: locuta B).

250

500 Cantigas d’ Amigo

1 But nen sol probably ought not be broken up (see sol in Mettmann’s glossary).2 avol: correcting Nobiling’s text (a vó-lo), Lapa (1982: 170-171) detects here the Provençal adjective, documented threetimes in CSM, which he glosses “mau”, “ruim”. Avoleza is registered three times in CEM, four times in CSM.

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 21

Ai amigas, perdud’ an conhocerquantos trobadores no reino sonde Portugal, ja non an coraçonde dizer ben que soían dizer<de vós>, e sol non falan en amor 5e al fazen de que m’ ar é peor:non queren ja loar bon parecer

Eles, amigas, perderon saborde vos veeren; ar direi vos al:os trobadores ja van pera mal; 10non á i tal que ja servha senhornen sol <que> trobe por u~a molher;maldita sej’ a que nunca dissera quen non troba que é trobador

Mais, amigas, conselho á d’ aver 15dona que prez e parecer amar:atender temp<o> e non se queixare leixar ja avol tempo perder,ca ben cuid’ eu que cedo verrá alguenque se paga da que parece ben 20e veeredes ced’ amor valer

E os que ja desemparados sonde vos servir, sabud’ é quaes son:leixe os Deus maa morte prender

B 786 f. 168r° V 370 f. 59r°

2 trohadores V 3 ja] ia V : m ? B 5 <de vós> Nobiling : <de nós> Nunes 8 perderon] per der B : peder V9 vos1] u9 BV : nos Nunes ueere~ BV 10 van] uã V : nã B 12 sol <que> malim : <que> sol Nobiling1

13 maldica V sej’a distinx. Braga : seia B : sela V : seja Monaci 14 quen] q’ V : q’ B 17 temp<o> e Nobiling: te~pe BV 18 avol Lapa2 : auolo BV 22 desenparad9 B : desenparad’s V 23 uos B : uo V : nos Nunes

quaes Monaci : q’es BV son] sou V

251

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA DE GUILHADE – 22

Veestes me, amigas, rogarque fale con meu amigoe que o avenha migo,mais quero m’ eu dele quitar,ca, se con el algu~a ren falar, 5quant’ eu falar con cabeça de can,logo o todas saberán

Cabeça de can perdudoé, pois non á lealdad’ econ outra fala en Guilhade, 10é traedor conhuçudo,e por est’, amiga<s>, é s<a>budoquant’ eu falar con ca<beça de can,logo o todas saberán>

E, se lh’ eu mhas dõas desse, 15amigas, como soía,a toda-lo el diria,e al quanto lh’ eu dissesse,e fala, se a con el fezesse:quant’ eu falar <con cabeça de can, 20logo o todas saberán>

B 787 f. 168r° V 371 f. 59r°-v°

1 Vehestes B : Vehestes V 4 m’ eu] meu V : me B 9 lealdad’ e distinx. Nobiling : lealdade BV1 11 é] fort. oconhucudo B : cõhuçudi V 12 amiga BV cf. vv. 1, 16 é s<a>budo corrrexi (cf. B 786 / V 370, v. 23)2 : estudoBV : <sey que> tudo Nobiling3 15 doas BV 18 quãtolheu B : quantou eu V

1 This strophe can be punctuated (read) in a variety of ways, and Nobiling, Nunes, Machado and Domingues all offerslightly different versions. The initial e in v. 9 is taken as a verb by Nobiling, that in v. 11 as a conjunction.2 On my reading, there is a play between sabudo and saberán. This assumes a banal error of t for b and the loss of asuperscript a. Cf. the critical apparatus of B 780 / V 363-364 (Ornelas), v. 3 (bem V : tem B); B 709 / V 310 (Vinhal), v. 19 (souteBV : corr. Monaci) and B 713 / V 314 (Queimado), v. 7 (sabades V : satades B).3 As Lapa points out in the glossary of CEM, tudo is a later form of todo. Registered once there, it is not in the glossaries ofCA or CSM. So I would reject Nobiling’s emendation (accepted by Nunes), as well as others which might seem attractive(e.g. es<t’ é> tudo) but assume that tudo is correct.

v. 3: que o avenha migo = “That I reconcile him to me”,that is, “that I make it up with him”.

v. 3: que o avenha migo = “Que o reconcilie comigo”, istoé, “que eu faça as pazes com ele”.

252

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN DA GUARDA – 1

– A voss’ amig’, amiga, que prol tenservir vos sempre mui de coraçonsen ben que aja de vós se mal non?– E com’, amiga, non ten el por benentender de mi<n> que lhi consent’ eu 5de me servir e se chamar por meu?

– Que prol ten el ou que talan lhe dáde vos servir e amar mais que alsen ben que aja de vós se non mal?– E non ten el, amiga, que ben á 10entender de min <que lhi consent’ eude me servir e se chamar por meu>?

– A Deus, amiga, que nos ceos sé,pero sei ben que me ten en poder,non [o] servirei se non por ben fazer 15– E com’, amiga, e ten el que pouc’ éentender de min <que lhi consent’ eude me servir e se chamar por meu>?

B 779 f. 167r° V 362 f. 58v°

1 que] q’ V : q’l B tem Monaci : rem BV 5 mi BV cf. vv. 11, 17 (mi~ BV) 7 el om. V 8 q’ V : (q’l) q’ B11 Entender B : ente~ dea V 13 teos V 15 hypermetric o seclusi : nono BV, edd.1 suirey BV 16 amiga, etem Michaëlis (1911-1913: 424-425) : amiga, tem Monaci (deleto e)

1 Since the verse seems a syllable long and the object of servirei has already been given (A Deus), it is tempting to eliminatethe pleonastic o. On the other hand, some might want to scan servirei as two syllables (Cunha 1982: 102-103, 118, 147). Butit is just possible that the verse, the last by this girl, may be intentionally hypermetric; the next, the last spoken by theother girl (within the body of the strophe), can also be scanned as 11 syllables if we observe hiatus at the juncture of amiga, e.On hypermetric verses at Rv-1, see Introduction, 5.

253

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ ORNELAS – 1

Avedes vós, amiga, guisadode falar vosc’ oj’ o meu amigo,que ven aqui, e ben volo <digo>,por falar vosc’, e traz vos recadode rog’, amiga, do voss’ amigo 5que façades o meu falar migo

E u eu moro ja el non mora,ca lhe defendi que non morassei, e por en catou quen rogasse,e recado sei que vos traz ora 10de ro<g’, amiga, do voss’ amigoque façades o meu falar migo>

Gran sazon á que meu ben demandae nunca pode comigo falar,e ven vos, amig’, agora rogar 15e con recado sei que vos andade rog’, a<miga, do voss’ amigoque façades o meu falar migo>

B 780 f. 167r° V 363-364 f. 58v°

1 in V above uos amiga Colocci has written uos 2 amiga B 3 e BV, Monaci, Michaëlis (1911-1913 : 425-427) : e<u>Nunes, fort. recte bem V : tem B <digo> Monaci 4 vosqu’, <e> traz Michaëlis : uosq gan B : uosq epiz Vrrecado V : ssecado B 5 rrog B : rreg V 6 q’ facades omeu facades omeu BV : corr. Monaci 7 moro] moio V8 morase BV 9-10 V skips from second letter of por in v. 9 to sey in v. 10, reading hi eposey q’uos etc. 9 catouMichaëlis1 : ca cou B 10 uos BV ora] o ia V 13-18 om. B2 13 Gran] Grara V : corr. Michaëlis 14 camigo V: corr. Monaci 15 eue~ agora uossamigo rrogar V vos, amiga, Michaëlis agora transposui (cf. B 1079 / V 671[Pero d’ Armea], v. 3 agora rogar) 16 e con Michaëlis : eorn or eom V : e ora Braga anda Michaëlis : andar ? V :<m>anda Braga

1 Cf. CSM 312.51-52 e ar catou mandadeiras / que ll’ enviou.2 The reading of strophe III in V:

Grara sazon aq’ meu ben demãdae nu~ca pode camigo falareue~ agora uossamigo rrogareorn rrecado sey q’ uos andar derroga.

254

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO SANCHEZ – 1

Quand’, amiga, meu amigo veer,en quanto lh’ eu preguntar u tardou,falade vós nas donzelas enton,e no sembrant’, amiga, que fezerveeremos ben se ten no coraçon 5a donzela por que sempre troubou

B 783 f. 167v° V 367 f. 58v°

255

500 Cantigas d’ Amigo

AFONSO SANCHEZ – 2

Dizia la fremosinha:“Ai Deus val,com’ estou d’ amor ferida,ai Deus val”

Dizia la ben talhada: 5“Ai Deus val,com’ estou d’ amor coitada,ai Deus val

Com’ estou d’ amor ferida,ai Deus val, 10non ven o que ben queria,ai Deus val

Com’ estou d’ amor coitada,ai Deus val,non ven o que muito amava, 15ai Deus val”

B 784 f. 167v° V 368 ff. 58v°-59r°

1 fermosmha V 2, 4, 6, 8 not on separate lines1 after 4 comestou BV (on a new line) : del. Magne2 5 talh’ada V

7 coytada B : toytada V 9 Com] Eom B : Eem V : corr. Monaci; cf. v. 13 13 Com’] E com BV cuytada BV

1 In the first two strophes both MSS present the intercalated refrain on the same line as the verse preceding. In the last twostrophes the layout is irregular and the MSS differ. Only at its second repetition in the third strophe of B does the refrainstands on a line by itself.2 Cf. Parkinson 1987 on “false refrains”. Nunes repeats v. 3 at the end of each strophe.

256

500 Cantigas d’ Amigo

1 Lapa (1982: 171) points out that en tal introduces final (purpose) not consecutive clauses, but defends en, considering it anadverb. Nunes (vol. III, p. 180) recognizes that the reading of V may be correct.2 Talaveira uses the word torto twice in B 793 / V 377 (vv. 14 and 19). Though not found in Galego-Portuguese lyric (where atorto generally fulfills the same function), cu~ torto occurs twice in the Notícia de Torto (see Cintra 1987: 21-72). The girl insiststhroughout the poem that the boy’s complaint is unjust.

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 1

Disseron mi que avia de mio meu amigo queixum’ e pesar,e é tal que me non sei conselhar,e, amiga, se lh’ eu mal mereci,rog’ eu a Deus que o ben que m’ el quer 5que o queira ced’ a outra molher

E, se el queixume quiser perderque de min con tort’ á, gracir volho ei,e, amiga, verdade vos direi:se lh’ oj’ eu queria mal merecer, 10rog’ eu <a Deus que o ben que m’ el querque o queira ced’ a outra molher>

E fará meu amigo mui melhoren perder queixume que de min á,e, par Deus, amiga, ben lh’ estará, 15ca, se lh’ eu fui de mal merecedor,rog’ eu a Deus <que o ben que m’ el querque o queira ced’ a outra molher>

E, se lho el per ventura quiser,mal dia eu naci, se o souber 20

B 788 f. 168v° V 372 f. 59v°

2 quexum B 3 é Braga (Nunes III, 180) : e V : e~ B : en Nunes1 6 que] aque V 8 tort’ á scripsi : corta V : corcaB : coit’á Nunes2 vo-lh’o Monaci : ualho V : ualo B : lho Nunes 19 lh(e)o V

257

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 2

O meu amigo, que <eu> sempr’ ameid<el>o primeiro dia que o vi,ouv’ el un dia queixume de mi,non sei por que, mais logo lh’ eu guiseique lhi fiz de mi queixume perder, 5sei m’ eu com’ e non o quero dizer

Por que ouv’ el <de mi> queixume, os meusolhos choraron muito con pesarque eu ouv’ én, poilo vi assanharescontra mi, mais guisei eu, par Deus, 10que lhi fiz de mi <queixume perder,sei m’ eu com’ e non o quero dizer>

Ouv’ el de mi queixum’ e u~a renvos direi que mh ave~o des enton:ouv’ én tal coita no meu coraçon 15que nunca dormi, e guisei por enque lhi fiz de mi <queixume perder,sei m’ eu com’ e non o quero dizer>

E quen esto non souber entendernunca én mais per mi pode saber 20

B 789 f. 168v° V 373 f. 59v°

1 <eu> Nunes; cf. B 846 / V 432 (Johan Garcia), v. 1 2 d<e-l>o Nunes : do BV : d<esd>‘ o Tavani (1986:160) 7 <demi> supplevi1 ; cf. vv. 3, 13 13 q’ixum V : qixum B

1 The sense seems incomplete, and if the final vowel of queixume is elided (as in v. 13), the verse is two syllables short. (Nunesprints Porque ouv<e> el queixume, os meus although in this poem we find ouv’ el in vv. 3 and 13, and ouv’ én in vv. 9 and 15.)

258

500 Cantigas d’ Amigo

1 Braga and Nunes both read pudi, which is possible (cf. pude in Talaveira at CA 243.5 [where B has pudi], 245.8), but theadverb i yields fuller sense (“but I couldn’t do anything else about it”) and fazer i is a common expression.

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 3

Quando se foi meu amigo daqui,direi vos quant’ eu del pud’ aprender:pesou lhi muit’ en se partir de mi,e or’, amiga, moiro por saberse é mort’ ou se guariu do pesar 5grande que ouv’ en se de mi quitar

Sei eu ca lhi pesou de coraçonde s’ ir, pero non pud’ i outra renfazer, se Nostro Senhor mi perdon,e moir’, amiga, por saber d’ alguen 10se é mort’ ou se gua<riu do pesargrande que ouv’ en se de mi quitar>

Mui ben vej’ eu quan muito lhi pesoua meu amig’ en se daqui partir,e todo foi por quanto se quitou 15de mi, e moir’, amiga, por oírse é mort’ ou se <guariu do pesargrande que ouv’ en se de mi quitar>

E, amiga, quen alguen sab’ amar,mal pecado, sempr’ end’ á o pesar 20

B 790 f. 168v° V 374 f. 59v°-60r°

4 e] (E)e V 8 pud’ i distinxi : pudi BV1 19-20 om. B 20 senpr’ end’ a Monaci : senp’uda V

259

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 4

Conselhou mi u~a mha <a>migaque quisess’ eu a meu amigo mal,e ar dix’ eu, pois m’ én parti, atal:“Rog’ eu a Deus que el me maldigase eu nunca por amiga tever 5a que mh a mi atal conselho der

qual mh a mi deu aquela que os meusolhos logo os enton fez chorar;por aquel conselho que mi foi darvos jur’ eu que nunca mi valha Deus 10se eu nunca <por amiga tevera que mh a mi atal conselho der>

qual mh a mi deu aquela que podernon á de si nen doutra conselhar,e Deu-la leixe desto mal achar 15e a min nunca mi mostre prazerse eu nunca <por amiga tevera que mh a mi atal conselho der>,

a que mh a mi <a>tal conselho der –filhe x’ o pera si, se o quiser” 20

B 791 f. 169r° V 375 f. 60r°

1 mha <a>miga Nunes : mha miga BV 3 m’en Nunes : meu BV parti, atal interpunx. Lapa 19 <a>tal Nunes

(III, 717; cf. v. 6) : tal BV

260

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 5

Do meu amig’ a que eu defendique non fosse daqui per nulha renalhur morar, ca mi pesava én,vedes, amiga, o que aprendi:que ést’ aqui e quer migo falar, 5mas ante pod’ aqui muito morar

Do que <vós> vistes que me preguntou,quando s’ el ouve daqui a partir,se mi seria ben, se mal, de s’ ir,ai amiga, mandado mi chegou 10que ést’ aqui e quer migo falar,<mas ante pod’ aqui muito morar>

Do que vós vistes mui sen meu prazerpartir daqui, quando s’ end’ el partiu,e non me falou enton nen me viu, 15ai amiga, veeron mi dizerque ést’ aqui <e quer migo falar,mas ante pod’ aqui muito morar>

que migo fale, averá do pesarque m’ el fez, que mi poss’ eu ben ve<n>gar 20

B 792 f. 169r° V 376 f. 60r°

7 <vós> Nunes; cf. v. 13 17 est V : e’ B 19 fale, averá] fale av’a BV1 20 ve<n>gar Nunes (II, 468), Lapa :

negar BV2

1 Whereas both Braga and the Machados read (correctly) with the MSS, Nunes senselessly emends (fal’, e verá). The anticipatorysubjunctive fale is introduced by ante... que (vv. 18-19). “He will have his share of the pain” that he caused her.2 Ve<n>gar (for negar) is a nearly certain correction: we need only assume a banal error of n for u along with the loss of a til.

261

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 6

Vistes vós, amiga, meu amigo,que jurava que sempre fezessetodo por mi quanto lh’ eu dissesse?foi se daqui e non falou migo,e, pero lh’ eu dixi, quando s’ ia, 5que sol non se fosse, foi sa via

E per u foi, irá perjurado,amiga, de quant’ el a min disse,ca mi jurou que se non partissedaqui, e foi se sen meu mandado, 10e, pero <lh’ eu dixi, quando s’ ia,que sol non se fosse, foi sa via>

E non poss’ eu estar que non digao <mui> gran torto que m’ el á feito,ca, pero mi fezera gran preito, 15foi se daqui sen meu grad’, amiga,e, pero lh’ eu <dixi, quando s’ ia,que sol non se fosse, foi sa via>

E, se m’ el mui gran torto fazia,julgue me con el Santa Maria 20

B 793 f. 169r°-v° V 377 f. 60r°-v°

14 <mui> Nunes; cf. v. 19

262

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 7

O meu amigo, que mi gran ben quer,punha sempr’, amiga, de me veere punh’ eu logo de lhi ben fazer,mais vedes que ventura de molher:quando lh’ eu poderia fazer ben, 5el non ven i, e u non poss’ eu, ven

E non fica per mi, per bõa fe,d’ aver meu ben e de lho guisar eu,non sei se x’ é meu pecado, se seu,mais mha ventura tal foi e tal é: 10quando lh’ eu poderia fazer ben,<el non ven i, e u non poss’ eu, ven>

E, per bõa fe, non fica per mi,quant’ eu poss’, amiga, de lho guisarnen per el sempre de mho demandar, 15mais a ventura nolo part’ assi;quando lh’ eu poderia fazer ben,<el non ven i, e u non poss’ eu, ven>

E tal ventura era pera quennon quer amigo nen dá por el ren 20

B 794 f. 169v° V 378 f. 60v° (cf. B 1212 / V 817 [Sevilha])1

5 eu] ea V 9 pecada B 10 tal2] cal V 11, 17 poderia V 13 bona B 15 ne~ V : ne B 16 part’ assy Monaci: partassy V : par tassy B 20 amigo Nunes : amigue BV (pol) por B

1 See the note to that text. I believe that the poem belongs here rather than there.

263

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN VAASQUIZ DE TALAVEIRA – 8

Quero vos ora mui ben conselhar,ai meu amig’, assi me venha ben,se virdes que me vos quer’ assanhar,mha sanha non tenhades en desden,ca se non for, mui ben sei que será: 5se m’ assanhar, alguen se quexará

Se m’ assanhar, non façades i al,e sofrede a sanha no coraçon;pois vos eu posso fazer ben e mal,de a sofrerdes faredes razon, 10ca se non for, <mui ben sei que será:se m’ assanhar, alguen se quexará>

E, pois eu ei en vós tan gran podere averei en quant’ eu viva for,ja non podedes per ren ben a<ver> 15se non fordes de sanha sofredor,ca <se non for, mui ben sei que será:se m’ assanhar, alguen se quexará>

B 795 f. 169v° V 379 f. 60v°

1, 9 uos BV 3 me u9 V : me9 B asanhar B : asa nhar V 4 desdem V : desem B 6 asanhar BV q’xaraBV 8 sofrede Nunes : ffofds B : nos de V no] nõ V 10 ssofrerd’s B : nofrerd’s V 13 vós] u9 BV tã V :cã B 15 a<ver> Monaci : ai BV

264

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 1

Madre, disseron mi ora que veno meu amig<o>, e seja vos ben,e non façades vós end’ outra ren,ca morr’ agora ja por me veer,e a vós, madre, ben dev’ a prazer 5de s’ atal ome por mi non perder

Ben m’ é con este mandado que eide meu amig’, e non o negarei,de que se ven, e ora por que seica morr’ agora ja por me veer, 10e a vós, madre, ben dev’ a prazer<de s’ atal ome por mi non perder>

Muit’ and’ eu leda no meu coraçoncon meu amig’, e faço gran razon,de que se ven, assi Deus mi perdon, 15ca morr’ agora ja por me veer,e a vós, madre, ben dev’ a <prazerde s’ atal ome por mi non perder>

B 796 f. 169v° V 380 f. 60v°

1 mi ora Nunes : mhora BV : vel possis mh <ag>ora (cf. v. 4 and B 1254 / V 859 [Lopo], v. 1 Disseron m’ agora)uen V : ue(u)n B 2 amig<o>, e Nunes : amigue BV 4 moir BV1 agura BV2 5, 11 e a] Ca B 9 uen V :ue B 10 ca] q’ BV cf. v. 4 16 morr’ agora] moiramiga B : mira miga V

1 One of the few places in the cantigas d’ amigo where both MSS have ir for rr.2 The form agura occurs in B 658 / V 259 (Carpancho), vv. 8 and 13 (but not in the corresponding place in the third strophe).In this text agora appears in the MSS only in v. 10 (in v. 16 both have amiga). Elsewhere among the cantigas d’ amigo of Sandeuthe word pops up once: B 798 / V 382, v. 4, where both MSS read agora.

265

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 2

Ai mha madre, sempre vos eu rogueipor meu amig’, e pero non mi valren contra vós, e queredes lhi mal,e direi vos que vos por en farei:pois mal queredes meu lum’ e meu ben, 5mal vos querrei eu, mha madre, por en

Vós catade per qual guisa será,ca non ei eu ja mais vosc’ a viver,pois vós a meu amig’ ides querermal, direi vos que vos end’ averrá: 10pois mal queredes <meu lum’ e meu ben,mal vos querrei eu, mha madre, por en>

B 797 f. 170r° V 381 f. 61r°

4 que u9 V : queus B 7 sera V : sem ? B 9 uos B : iuos V 11 poys V : Poy B queredes] q’re V

266

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 3

Por que vos quer’ eu mui gran ben,amig’, anda mi sanhudamha madr’, e soo perdudaagora con ela por en,mais guisarei, meu amigo, 5como faledes comigo

Pola coita que mi destesfoi ferida e mal treita,e ben o sabha mha madreque aquesta será feita, 10mais <guisarei, meu amigo,como faledes comigo>

B 798 f. 170r° V 382 f. 61r°

3-4 corrupt? mia madr’e agora por en con ela sõo perduda transpos. Lapa 4 en] eu V 6 comi~go B 9 bon Bmha] ma B

In BV the text is copied on short lines according to which the “rhyme scheme” changes from abbaCC in strophe I toabcbDD in strophe II, an anomaly in the corpus of 500 cantigas d’amigo (B 1217 / V 822 [Sevilha] is hardly parallel),and most likely due to a corruption (though possibly to a rewriting whereby a scribe sought a rhyme-schemewhich was not there); if so, the scribe copied perduda in the wrong place. Lapa’s transposition (1982: 172; also inLapa 1929: 322, n. 2) may move the words around too much to be plausible, but Lapa is probably right to lookfor a solution. The strophic form would then be either aaB (with long verses in the body of the strophe and aninternal rhyme at midverse in the refrain) or aaBB (with two short rhyming verses in the refrain).

267

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 4

Deus, por que faz meu amig’ outra rense non quanto sabe que praz a mi,per boa fe, mal conselhad’ é ica en mi ten quant’ oj’ el á de bene en mi ten a coita e o lezer 5e o pesar e quant’ á de prazer

E, pois lhi Deus atal ventura dá,escontra mi barata <el> mui malse nunca ja de meu mandado sal,ca en mi ten quanto ben no mund’ á, 10e en mi ten a coita e o lezer<e o pesar e quant’ á de prazer>

B 799 f. 170r° V 383 f. 61r°

8 <el> escontra Nunes barata <el> ego 10, 11 mi~ BV 10 mu~da V : mu~do B

268

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 5

– Ai filha, o que vos ben queriaaqui o jurou noutro diae pero non xe vos ve~o veer– Ai madre, de vós se temia,que me soedes por el mal trager 5

– O que por vós coitad’ andavaben aqui na vila estavae pero non xe vos ve~o veer– Ai madre, de vós se catava,que me <soedes por el mal trager> 10

O que por vós era coitadoaqui foi oj’, o perjurado,e pero non xe vos ve~o veer– Madre, por vós non foi ousadoque me soedes por el <mal trager> 15

B 800 f. 170r° V 384 f. 61r°

3 ueo BV 5 mal trager transpos. Monaci : trager mal BV 13 u9 B : n9 V

269

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PEREZ SANDEU – 6

Madre, pois non posso veermeu amig’, atanto sei ben:que morrerei cedo por en;e queria de vós saber,se vos eu morrer, que será 5do meu amig’ ou que fará

E, pois aquestes olhos meuspor el perderan o dormire non <ar> poss’ end’ eu partiro coraçon, madre, por Deus, 10se vos eu morrer, que será<do meu amig’ ou que fará>?

E a min era mui mesteru~a morte que ei d’ averante que tal coita sofrer, 15e pesar mh á, se non souber,se vos eu morrer, que será<do meu amig’ ou que fará>

B 801 f. 170r°-v° V 385 f. 61r°-v°

8 pderan BV : perderon Lapa1 9 <ar> supplevi2 possendeu BV : poss’end<e> eu Nunes : poss<o> end’ eu Lapa

1 This may be a scribal lapse (Lapa 1982: 172-173), an alternate spelling of the perfect, or a pluperfect in place of a perfect.2 Cf. B 629 / V 230 (Calheiros), v. 10 ca ja mais non ar fui ledo meu coraçon; B 684 / V 286 (J. S. Coelho), vv. 3-4 direi vos quant’ á quesabor / non ar ouve d’ al nen de mi; B 1265 / V 870 (Lourenço), v. 14 e non ar quis que comigo falasse; B 1025 / V 615 (Johan Airas),v. 3 que vos non ar falou.

270

500 Cantigas d’ Amigo

1 The final verse of the first and third strophes has ten syllables, this one eight. Irregular strophic form (cf. vv.15-16, 19-20)or scribal error? sempre could be inserted at several points.2 Cf. A 74 / B 187 (Torneol), v. 3 pois eu non sei al ben querer.

MEEN VASQUIZ DE FOLHENTE – 1

Ai amiga, per bõa fe,nunca cuidei, des que naci,viver tanto como viviaqui u meu amigo é,non o veer nen lhi falar, 5e ave-lo ei muit’ a desejar

e, se non, Deus non mi perdon,se m’ end’ eu podesse partir,tanto punha de me serviro senhor do meu coraçon, 10meu amigo que ést’ aqui,a que quis <sempre> ben des que o vi

e querrei ja, mentr’ eu viver,esso que eu de viver ei<e> de meu amigo ben sei 15que non sab’ <el> al ben quererse non mi, e mais vos direi:sempre lh’ eu por ende melhor querrei

ca lhi quer<o>, e Deus podermi dé de con el<e> viver 20

B 802 f. 170v° V 386 f. 61v°

1 boa B 3 uiui V : mui B 6 ei] ey Monaci : eu BV, Nunes 12 <sempre> supplevi; cf. v. 181 13 uiuer B : auier V14 eu] en V 15 <e> Lapa : om. BV (spatio relicto) : <ca> Pellegrini (1930: 315) 16 sab’ <el> al supplevi2 : sabal BV: sab<e> al Nunes 19 quer<o> Nunes 20 <ja> con Nunes el<e> Lapa

Piel (1989: 107) corrects the poet’s name as given in BV (Folhete), but cf. Oliveira 1994: 391.

v. 13: vivér (with open e) does not rhyme with querer in v. 18 or with poder / viver in the refrain, yet seemsinextricably imbedded in the word play. This may have been meant as a display of virtuosity (though thatmight seem unlikely, given the care poets take throughout the cantigas d’amigo to keep the two rhyme-soundsdistinct) or it may be sloppy work or corrupt. Cf. B 1258 / V 863 (Galisteu Fernandiz), v. 5 -Non o averá †en quant’eu viver†; and B 823 / V 408 (Pardal), v. 13 Mais, des que vos †eu entender†.

271

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FROIAZ – 1

Juravades mi [vós], amigo,que mi queriades [mui] gran ben,mais eu non o creo per ren,por que morastes, o digo,mui longi de min e mui sen meu grado 5

Muitas vezes mi jurastese sei ca vos perjurades,mais, poilo tanto jurades,dizede por que morastesmui longi <de min e mui sen meu grado> 10

Muito per podedes jurar,que ja, en quanto vivades,que nunca de min ajadesamor, por que fostes morarmui longi <de min e mui sen meu grado> 15

Esto podedes ben creer:que ja, en quant’ eu viva for,non ajades de min amor,pois morada fostes fazermui longi <de min e mui sen meu grado> 20

B 804 f. 171r° V 388 f. 62r°

1 hypermetric uos BV : seclusi 2 hypermetric mui BV : seclusi 4 morastes Nunes1 : merrastes V : meirastes B: fort. m’ errastes (m eirastes Machado) 10, 20 longi B : lõ V 11 Muyto B : Muydo V

vv. 1-2: Both these verses may have a syllable of padding (possibly reflecting a late pronunciation [in three

syllables, with the loss of intervocalic -d-] of juravades and queriades).

1 Although Nunes’ emendation (based on the parallel expressions in vv. 9, 14 and 19) seems obvious, it is just possible thatpunning is at play: in this context, m’ errastes would have nearly the same meaning as morastes but more punch. Cf. B 534/ V 137 (Dinis), v. 15 pois m’ errastes tan en vão.

272

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FROIAZ – 2

Que trist’ anda meu amigo,por que me queren levardaqui, e, se el falarnon poder ante comigo,nunca ja ledo será, 5e, se m’ el non vir, morrerá

Que trist’ oje que eu sejo,e, par Deus, que pod’ e val,morrerá, u non jaz al,se m’ eu for e o non vejo, 10nunca ja ledo será,<e, se m’ el non vir, morrerá>

E pero non sõo guardada;se soubess’, ia morrer;i-lo ei ante veer, 15ca ben sei desta vegadanunca ja ledo será,<e, se m’ el non vir, morrerá>

E, se m’ el visse, guaridoseria logo por en, 20mais quite será de benpois el for de min partido,nunca ja ledo será,<e, se m’ el non vir, morrerá>

B 805 f. 171r° V 389 f. 62r°

2 queren Nunes : quereu BV 13 hypermetric E fort. secludendum nõ BV : del. Nunes1 soo BV 14 sesoubess’, ia morrer interpunxi : sse soubessy a morrer V : sse soubess y a moirer B : se soubess’ ia morrer Nunes(II, 196) : se soubess’ i á morrer Lapa : e ouvess’ i a morrer Nunes (III, 195) : se soubess’ y a morrer Barbieri15 i-lo-i’ ante Lapa 16 negada B 22 mi~ V : mi B

The strophic form, abbaCC scanning 7’ 7 7 7’ 7 8 (in v. 13 we must either cut the initial E or [preferably] takesõo as monosyllabic to get 7’), suggests that v. 5 reflects vv. 2-3 of the strophe while v. 6 reflects vv. 1 and 4. Forthe latter correspondence (8=7’), see Introduction, 5.

vv. 13-15: I take pero (v. 13) as an adverb and the boy as the subject of both verbs in v. 14 (se soubess’ in the protasis,ia morrer in the apodosis).

1 Nunes would cut non, but if the girl were guarded, how could she go see the boy? (Cf. B 1246 / V 851 [Padrozelos], vv. 4-5 and 7-8.)

vv. 13-15: This seems to mean: “And yet I am not guarded;if he knew, he would die. I will go to see him beforehand”.

vv. 13-15: Isto parece significar: “E, contudo, não estouvigiada; se ele soubesse, morreria. Irei vê-lo antes”.

273

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FROIAZ – 3

– Amigo, preguntar vos eien que andades cuidando,pois que andades chorando– Mha senhor, eu volo direi:ei amor, e quen amor á, 5mal que lhi pes, de cuidar á

B 806 f. 171r° V 390 f. 62r°

2 endades B 5 queu V amor (amal q’ lhi pos) V 6 pês Nunes (pez iam Braga) : pos BV

274

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FROIAZ – 4

Por que se foi daqui meu amigosen meu mandado e non mho fez saber,quand’ el veer por falar comigo,assanhar m’ ei e farei lh’ entenderque outra vez non se vaia daqui 5per nulha ren sen mandado de mi

Quand’ el veer e me sanhuda vir,sei que será mui coitado por ene jurar mh á e querrá me mentir,e eu log’ i falar lh’ ei en desden 10que outra vez non se vaia daqui<per nulha ren sen mandado de mi>

<E> ja meu amigo nunca salrráde meu mandado nen de meu poder,e, se se el for, ante me jurará 15quant’ eu quiser e tod’ a meu prazerque outra vez non se <vaia daquiper nulha ren sen mandado de mi>

B 807 f. 171r°-v° V 391 f. 62r°-v°

4 farei] farea V 7 Quand] uãd B 8 porem Monaci : rorem BV 9 e jurar Monaci : ei urar B : eiuiar V 13 <E>ja Monaci : ia BV, spatio relicto 14 om. V 15 ante] ant’ V : au~t B 16 quant] q’t V : q’d B tod] cod B

v. 15: ante is an adverb here (= “beforehand”), while me is construed with jurará (cf. v. 9). (“In front of me” wouldbe ante mi.)

275

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN VELHO – 1

Vedes, amigo, <o> que oj’ oídizer de vós, assi Deus mi perdon,que amades ja outra e mi non,mais, se verdad’ é, vingar m’ ei assi:punharei ja de vos non querer ben; 5e pesar mh á én mais que outra ren

Oí dizer por me fazer pesaramades vós outra, meu traedor,e, se verdad’ é, par Nostro Senhor,direi vos como me cuid’ a vingar: 10punharei ja de vos non <querer ben;e pesar mh á én mais que outra ren>

E, se eu esto por verdade seique mi dizen, meu amigo, par Deus,chorarei muito destes olhos meus, 15e direi vos como me vingarei:punharei ja <de vos non querer ben;e pesar mh á én mais que outra ren>

B 819 f. 173v° V 403 f. 64r°

1 amigo, <o> Nunes : amigo BV : amig’o Braga 4 se verdad’ é distinx. Michaëlis (1911-1913: 404-405), Nunes : se

uerdade BV : s’é verdade distinx. Braga, Lanciani1 6 en] eu V

1 Lanciani claims that we ought to read with Braga. But, as Nobiling (1908: 345) noted and Cunha (1982: 14, 66-75, 82, 168)stresses, se was not, as a rule, subject to elision. Moreover, we have clear examples of se verdad’ é (B 1046 / V 636 [JohanAiras], v. 21; cf. B 752 / V 355 [Guilhade], v. 14, where verdad’ é stands in rhyme), whereas the one instance of s’ é verdadealleged by Lanciani (CA 19.3 [Somesso]) is simply an editorial slip by Michaëlis, where we ought to read se verdad’ é. For theword order, cf. B 1226 / V 831 (Baveca), v. 5 se verdade for, where there can be no mistake.

276

500 Cantigas d’ Amigo

1 The older form valvera (< u a l u e r a t ) does not occur elsewhere in the cantigas d’ amigo but see the glossaries of Michaëlis,Mettmann, Lapa. In A 103 / B 211 (Burgalês), v. 16 we find ualuera A : ualera B. See also B 659 / V 260 (Carpancho), v. 16.

VAASCO PEREZ PARDAL – 1

– Amigo, que cuidades a fazerquando vos ora partirdes daquie vos nembrar algu~a vez de mi?– Par Deus, senhor, quero volo dizer:chorar muit<o>, e nunca fazer al 5se non cuidar como mi faz Deus mal

en me partir de nunca ja sabervosso mandado nen u~a sazonnen vos falar, se per ventura non,mais este conforto cuid’ a prender: 10chorar <muito, e nunca fazer alse non cuidar como mi faz Deus mal>

en me partir de vosso parecere du soía con vosc’ a falar,ca mi val<v>era mais de me matar, 15mais este conselho cuid’ i aver:chorar <muito, e nunca fazer alse non cuidar como mi faz Deus mal>

B 820 f. 173v° V 405 f. 64v°

4 querouolo V : om. B 5 muit<o> e Nunes : muyte BV 7 En V : Cn B nu~ca V : nuca B 9 ventura] uentraB : uen uentra V 13 de] da V 15 val<v>era scripsi1 : ualera BV

Seems ateuda atá a fiinda, but lacks any fiinda.

277

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PEREZ PARDAL – 2

Coitada sejo no meu coraçonpor <que> meu amigo diz ca se querir daqui, e, se ora <o> fezer,pesar mh á muito, se Deus mi perdon,por que sei ben que as gentes dirán 5que, se morrer, por mi morre de pran

E que me non pesass’ a mi por al,pesar m’ ia muito por u~a ren,por que mi diz ca mi quer mui gran ben,mais vedes ora de que m’ é gran mal: 10por que sei ben <que as gentes diránque, se morrer, por mi morre de pran>

Ca pola gran coita que sofr<ere>inon dou eu ren, ca, se coita sofrerdes que s’ el for, non poderei viver, 15mais temo ja qual pesar averei,por que sei ben <que as gentes diránque, se morrer, por mi morre de pran>

B 821 f. 173v° V 406 f. 64v°

2 por <que> Monaci; cf. v. 9 amigo <que> Majorano 3 <o> Nunes 7 E] E<n> Nunes1 8 m’ ia Lapa : mhaBV2 13 sofr<ere>i correxi3 : soffri BV : sofr<o> i Nunes : soffr’ <eu> i Majorano 14 se coita] sse eu coyta BV

: eu delevi4

1 Majorano follows Nunes, despite the censure of Lapa (1982: 174). Cf. B 728 / V 329 (Rodrig’ Eanes de Vasconcelos), v. 5and note.2 To pad the verse, Nunes (followed by Majorano) prints pesar-mi-á <en>, but m’ ia (Lapa 1982: 174-175) is required by thesyntax (a conditional ought to respond to the subjunctive pesass’ in v. 7) and scans perfectly.3 The futures sofrer, poderei, averei support my correction, and ere could have been represented by a single abbreviation (cf. B1153, v. 13 faz’ = fazere and, in B 170 on f. 43vº, line 6, the reading m’ci = mereci). The emendations of Nunes and Majoranorequire the awkward (and highly improbable) avere’ i in v. 16.4 Previous editors presume an elision between se and eu but se ought not be elided (Nobiling 1908: 345; Cunha 1982: 14, 66--75, 82, 168). So, since eu appears earlier in the verse, its repetition here is semantically superfluous as well as unmetrical.

278

500 Cantigas d’ Amigo

1 The emendations proposed here would yield a syntax parallel to that in v. 3. Cf. B 975, 978 / V 562 (Rodrig’ Eanesd’ Alvares), v. 15: Nen vistes omen tan gran coit’ aver / com’ el por mi á. (Majorano suggests e <o> veredes coita<do> por en. Nunesprints e veredes <sa gran> coita por en.)

VAASCO PEREZ PARDAL – 3

– Por Deus, amiga, provad’ un diao voss’ amigo de volh’ assanhare veredes ome coitad’ andar– Ai amiga, que mal conselh’ ess’ é,ca sei eu aquesto, per boa fe, 5mui ben, que log’ el morto seria

– Amiga, ben vos conselhariadizerdes que non dades por el rene ve-l<o> edes coit’ a<ver> por en– Non mho digades, se Deus vos perdon, 10ca sei eu ja pelo seu coraçonmui ben que log’ el <morto seria>

– Amiga, nunca lhi mal verriade lhi dizerdes atanto por mi:que non dades por el ren des aqui 15– Par Deus, amiga, non vos creereinen vós nunca mho digades, ca seimui ben <que log’ el morto seria>

B 822 ff. 173v°-174r° V 407 ff. 64v°-65r°

2 o] fort. a uoss V : uass B 7 consselharia B : cõsselharia V 9 ve-l<o> edes scripsi : ueredes BV : <o>veredes Majorano coit’ a<ver> supplevi1 : coita BV : coita<do> Majorano 12 loguel B : lo V 17 nu~camho B: nu~chamo V

vv. 1-2: The verb assanhar is here (as nearly always) intransitive and reflexive (pace Majorano, pp. 124-125); volh’contains both the reflexive vos and the pleonastic indirect object lh’ (repeating the proleptic o voss’ amigo[where we need not prefer a voss’ amigo]).

vv. 1-2: provad’ ... / ... assanhar: “Try getting angry atyour boy some day”.

vv. 1-2: provad’ ... / ... assanhar: “Experimenta um diazangar-te com o teu namorado”.

279

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO PEREZ PARDAL – 4

Amigo, vós ides dizerque vos non quero eu fazer ben,pero sei m’ eu dest’ u~a ren:que dizedes vosso prazer;ca ben é de vos sofrer eu 5de dizerdes ca sodes meu

Mais non se sabe conhoceralgun ome a que ben Deus dánen ten por ben esto que á,mais eu vos farei entender 10ca ben é de vos <sofrer eude dizerdes ca sodes meu>

Mais, des que vos †eu entender†que non venhades u eu fornen me tenhades por senhor, 15des i poderedes saberca ben é de vos sofrer <eude dizerdes ca sodes meu>

B 823 f. 174r° V 408 f. 65r°

5 sofrer] fofrer B 9 esto BV : esso Nunes 11 u9 B : om. V 13 possis fezer veer1 15 nen Nunes (1959: 296) :

nõ BV 17 sofr’ V : fofrer B

1 The end of this verse is unacceptable on two grounds: (1) rhyme: vv. 1, 4, 7, 10 and 16 are unissonans, ending in close er,whereas this verse ends in open ér; (2) meaning: the (alleged) use of entender to mean “make [someone] understand” iswithout parallel. Still, since the general syntax seems viable (cf. B 680 / V 282 [J. S. Coelho], vv. 13-16 Des que souberdesmandado /.../.../ enton mh averedes grado), the corruption may affect only the last four syllables – and fezer veer (or somethingsimilar) would salvage the verse and solve the problem (cf. A 87 / B 191 bis (Burgalês), v. 19 E se mi-a non fezer veer).

280

500 Cantigas d’ Amigo

1 Nunes (followed by Majorano) tries to make up the missing syllable by printing oj<e> el, but I find no parallel in Amigo forsuch a hiatus. Better to restore the final vowel of vive, which would not have been elided at a pause.2 For the expression ne~un ome cf. CSM 281.53 espantou- / s’ a gente por neun ome a magestade chamar. For the error see A 229 / B 419(Guilhade), v. 14, where A reads ome against hõm in B (it is precisely such a reading that could have been mistaken for nõm).3 The form dissesse (BV) can be defended metrically and syntactically (pero takes either indicative or subjunctive) but doesnot provide a perfect rhyme. Though dississe is not registered in the glossaries, we find dissiste in rhyme at CSM 6.84. In B 746/ V 348, v. 10, Guilhade employs fexisse in rhyme (though elsewhere he uses the regular fezesse). Nunes prints pero que mi-o <ami> nen hun non disse.

VAASCO PEREZ PARDAL – 5

Amiga, ben cuid’ eu do meu amigoque é morto, ca muit’ á gran sazonque anda triste o meu coraçone direi volo mais por que o digo:por que á gran sazon que non oí 5nen un cantar que fezesse por minen que non ouvi seu mandado migo

E sei eu del mui ben que é coitadose oj’ el viv<e> en poder d’ amor,mais por meu mal me filhou por senhor 10e por aquest’ ei eu maior cuidadopor que á gran sazon <que non oínen un cantar que fezesse por minen que non ouvi seu mandado migo>

E cuid’ eu ben del que se non partisse 15de trobar por mi sen mort’ ou sen al,mais por esto sei eu que non ést’ alpero que mho nen un ome dississe,por que á gran sazon <que non oínen un cantar que fezesse por mi 20nen que non ouvi seu mandado migo>

B 824 f. 174r° V 409 f. 65r°

2 muit’ á] muita V : nu~ca B 7 manda damigo BV 9 se] (qe)se ? B viv<e> en supplevi : uyue~ BV1 11 eu Nunes: en BV 18 ome scripsi : nõ BV2 dississe scripsi : dissesse BV3

vv. 16-17: if the text of BV is correct, al rhymes here with al. See note on B [920 bis] / V 508 (Porto Carreiro),vv. 10-11.

281

500 Cantigas d’ Amigo

AFONS’ EANES DO COTON – 1

– Ai meu amig’ e meu lum’ e meu ben,vejo vos ora mui trist’ e por enqueria saber de vós ou d’ alguenque ést’ aquest’ ou por que o fazedes?– Par Deus, senhor, direi vos u~a ren: 5mal estou eu, se o vós non sabedes

– Mui trist’ andades, á mui gran sazon,e non sei eu por que nen por que non;dizede mh ora, se Deus vos perdon,que ést’ aquest’ ou por que o fazedes? 10– Par Deus, ai coita do meu coraçon,mal estou eu, <se o vós non sabedes>

– Vós trist’ andades e eu sen saborando, por que non sõo sabedorse volo faz fazer coita d’ amor; 15que ést’ <aquest>’ ou por que o fazedes?– Par Deus, ai mui fremosa mha senhor,mal estou eu, <se o vós non sabedes>

– Mui trist’ andades <vós> e non sei euo por que <é, e>, poilo non <mh’ é leu>, 20dizede mho, e non vos seja greu,que ést’ aquest’ ou por que o fazedes?– Par Deus, senhor, ai mha coita e <mal> meu,mal estou eu, se o vós <non sabedes>

B 825 f. 174v° V 411 f. 66r°

1 (Ay meu amig) V f. 65v°a1 13 e om. V 16 ou q’ estou BV : ou que <est> est’ ou Nunes2 19-24 om. V3

19 <vós> supplevi; cf. v.13 20 <é, e> supplevi ( <é> iam Nunes) : h B <mh’ é leu> supplevi4 23 ai scripsi (cf. vv. 1,

11, 17) : o BV <mal> supplevi5

1 In V, the rest of f. 65vº is blank. The three cantigas d’ amigo attributed to Coton begin on the opposite page (f. 66r°) of themanuscript.2 If Nunes is right, this would be a variation on the first line of the (intercalated) refrain. True, estest could easily have beenreduced to est and the initial ou would fit well (syntactically and semantically) after v. 14; but the verse must still beemended to yield the alleged variation.3 In V about 10 blank lines follow v. 18, suggesting that room was left for the missing strophe. In B it reads as follows:

Muy tristãdad’s enõ sey euo pr q’h poilo nõdizedemho enõ u

9 seia greu

q’ estaq’stou pr q’o fazedespar d’s senr omha coyta emeuMal estou eu seo uos

282

500 Cantigas d’ Amigo

4 The number of words that rhyme with greu is quite limited (eu, meu [used in v. 24], seu, deu, and some words inadmissiblehere: teu, encreu, judeu [Cunha 1991, esp. 914]) and leu seems the only one that works.5 Even if the rest of the verse is correct – and that assumes that the exclamatory o (cf. Mettmann, s.v.) is not an error for ai(cf. vv. 1, 11, 17) – there seems to be a syllable missing (since the final vowel of coita is presumably elided), and meu cannotstand alone. If I am right, <mal> meu would inversely mirror meu ben (v. 1) and also play on mal estou eu at the beginning ofv. 24 (cf. the note in Nunes vol. III, p. 207). Cf. B 723 / V 324 (Travanca), vv. 13-14 chamava m’ el.../ seu ben e seu mal. We find suchexpressions in cantigas d’amor, e.g. A 179 / B 330 (J. S. Coelho), v. 14 e por que sodes meu mal e meu ben.

283

500 Cantigas d’ Amigo

AFONS’ EANES DO COTON – 2

Se gradoedes, amigo,de mi, que gran ben queredes,falad’ agora comigo,por Deus, e non mho neguedes,amigo, por que andades 5tran trist’ ou por que chorades?

Pois eu non sei com’ entendapor que andades coitado,se Deus me de mal defenda,queria saber de grado, 10amigo, por que andades<tan trist’ ou por que chorades>?

Todos andan trebelhando,estes con que vos soedestrebelhar, e vós chorando, 15por Deus, e que dem’ avedes,amigo, por que andades<tan trist’ ou por que chorades>?

B 826 f. 174v° V 412 f. 66r°

4 neguedes Monaci : noguedes BV 16 avedes Monaci : auades B : anades V

The strophic form could be taken as aaB or aaBB.

284

500 Cantigas d’ Amigo

AFONS’ EANES DO COTON – 3

Quando se foi meu amigo,jurou que cedo verria,mais, pois non ven falar migo,por en, por Santa Maria,nunca mi por el roguedes, 5ai donas, fe que devedes

Quando se foi, fez mi preitoque se verria mui cedo,e mentiu mi, tort’ á feito,e, pois de mi non á medo, 10nunca mi por el <roguedes,ai donas, fe que devedes>

O que vistes que diziaque andava namorado,pois que non veo o dia 15que lh’ eu avia mandado,nunca mi por el roguedes,<ai donas, fe que devedes>

B 827 f. 174v° V 413 f. 66r° (cf. B 640 / V 241 [Pae Soarez de Taveirós])

13 O edd. (ex B 640 / V 241) : E BV 15 ueio BV

The strophic form could be taken as aaB or aaBB.

285

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ EANES SOLAZ –1

Dizia la ben talhada:“Agor’ a viss’ eu penadaond’ eu amor ei”

A ben talhada dizia:“Penad’ a viss’ eu un dia 5ond’ eu amor ei

Ca, se a viss’ eu penada,non seria tan coitadaond’ eu amor ei

Penada se a eu visse, 10non á mal que eu sentisseond’ eu amor ei

Quen lh’ oje por mi dissesseque non tardass’ e veesseond’ eu amor ei 15

Quen lh’ oje por mi rogasseque non tardass’ e chegasseond’ eu amor ei”

B 828 f. 175r° V 414 f. 66r°-v°

2 agor a distinx. Machado : agora BV 3 amor (end) V 4 thalada V 5 penad a distinx. Machado : penada BVviss’eu un Nunes : uiss enhu~ B : uisse nhu~ V 7, 10 a BV : o Nunes1 13-18 these two strophes appear in inverse

order in B2

vv. 3, 6, 9, 12, 15, 18: In strophes I and II the construct-ion could be rendered: “I wish I could see her painedby him whence I feel love.” In III: “Because if I saw herpained, I would not be so troubled by him whence Ifeel love...”. In IV: “There is no pain that I could feelfrom him whence...”. In V-VI: “I wish someone wouldtell him whence I feel love that he (whence I feel love)not tarry but come…” – where ond’ eu amor ei serves asa relative clause modifying lh’ and, together with itsomitted antecedent, functions as the grammaticalsubject of veesse, chegasse and non tardasse (and mayin addition mean ‘to the place whence’; cf. CSM26.93-94 que fosse tornar / a alma onde a trouxeron).

vv. 3, 6, 9, 12, 15, 18: Nas estrofes I e II a construçãopode ser assim parafraseada: “Quem me dera vê-la so-frer por quem eu sinto amor.” Na estrofe III: “Porque seeu a visse sofrer, eu não estaria tão infeliz por quem eusinto amor...”. Na estrofe IV: “Não há dor que eu sen-tisse por quem eu sinto amor...”. Nas estrofes V-VI:“Queria que alguém dissesse àquele por quem sintoamor que ele (por quem sinto amor) não se atrasassemas chegasse…” – e aqui ond’ eu amor ei funciona comooração relativa dependente de lh’ e, juntamente como seu antecedente omitido, constitui o sujeito gra-matical de veesse, chegasse e non tardasse (e pode su-plementarmente significar “ao lugar de onde”; cf. CSM26.93-94 que fosse tornar / a alma onde a trouxeron).

286

500 Cantigas d’ Amigo

1 Unless we accept the word division agor’ a in v. 2 and penad’ a in v. 5, the feminine pronoun a in vv. 7 and 10 would be theonly morphological indicator of the gender of the third persona – who is not, however, a lesbian beloved (as some editorsmay have feared), but rather a rival, an Other Girl. See Cohen & Corriente (2002).2 There are two possible criteria for deciding which MS to follow: vocalic and semantic. The sequence of tonic vowels inrhyme in the first four strophes follows the pattern: a i a i. And this might lead us to follow B, which would complete thesequence with a e. But the order of the last two strophes in V seems to present a semantic crescendo, since rogasse isstronger than dissesse and chegasse arguably more specific than veesse (cf. vv. 3, 7, 9, 13 in B 829 / V 415 [the next cantiga]).

vv. 3, 6, 9, 12, 15, 16: This text hinges on the refrain and in particular on the word onde – whose syntacticversatility begins in Latin. OLD, s.v. unde B. 6, reports that unde is used to introduce adverbial clauses “with orwithout correlative”. OLD B. 6. b glosses a special use of unde as “from the person from whom” – just thedouble-duty meaning onde must bear here. For onde elsewhere in the cantigas d’amigo, see B 630 / V 231 (Calheiros)v. 5 E, se m’ outren faz ond’ ei despeito; B 1156 / V 758 (Zorro), v. 3 alá vai, madre, o<n>d’ ei suidade; B 1147 bis / V 750(Servando), vv. 5-8 ca non ei sen vós a veer, / amigo, ond’ eu aja prazer; / e com’ ei sen vós a veer / ond’ eu aja nen un prazer?;B 1037 / V 627 (Johan Airas), v. 1 Vedes, amigo, ond’ ei gran pesar. A closer parallel outside of Amigo in A 297(Calvelo), v. 5 ond’ eu atendo ben, me ven gran mal, where ond’ must mean ‘from the person from whom’. In CSM368.42 meu Fillo... ond’ eu fuy prennada it clearly means ‘by whom’ and functions (within the relative clause) asagent of a passive participle, as here in strophes I-III.

287

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ EANES SOLAZ – 2

Eu velida non dormialelia dourae meu amigo veniaed oi lelia doura

Non dormia e cuidava 5lelia dourae meu amigo chegavaed oi lelia doura

O meu amigo venialelia doura 10e d’ amor tan ben diziaed oi lelia doura

O meu amigo chegavalelia dourae d’ amor tan ben cantava 15ed oi lelia doura

Muito desejei, amigo,lelia douraque vos tevesse comigoed oi lelia doura 20

Muito desejei, amado,lelia douraque vos tevess’ a meu ladoed oi lelia doura

Leli, leli, par Deus, leli 25lelia douraben sei eu que<n> non diz “leli”ed oi lelia doura

Ben sei eu que<n> non diz “leli”lelia doura 30demo x’ é quen non diz “leli”ed oi lelia doura

288

500 Cantigas d’ Amigo

B 829 f. 175r° V 415 f. 66v°

2 dou(t)ra V 4 ed oi distinx. Cohen & Corriente : Edoy BV doutra V 9, 13 O BV : E Nunes; cf. vv. 3,719 teuesse B : tenesse V 21-24 om. V 26 doura (ben se) V 27 que<m> Braga (cf. v. 31) : q’ BV 29 que<m>Braga : que BV 31 leli Pellegrini (1930: 315; cf. vv. 25, 27, 29) : lelia BV

(See Cohen & Corriente [2002].)

vv. 2, 4, etc.: lelia doura can be read as líya ddáwra “tome (belongs) the turn” in Andalusi Arabic. líya, anallomorph of li ‘to me,’ ‘for me’, is phonetically /leia/,and lelia could be either an error for leiia or, moreplausibly, a transcription of líya (five times in MartinGiinzo we must pronounce Cecilia as /sesia/ in rhymewhere all rhymes are perfect). Ed oi is Archaic IberianRomance < et hodie with vocalization of intervocalic -t- within the phrase. Thus ed oi / CODE SWITCH / líyaddáwra = “And today /CODE SWITCH / it’s my turn” – abilingual verse, as in so many kharajat.

vv. 25, 27, 29, 31: leli can be read in Andalusi Arabic aslayli, the substantive layl ‘night’ with first person pro-nominal suffix (cf. Dutton 1964, but the noun iscollective, not the nomen unitatis, which would belaylati). ya layli is a common exclamation, meaningsomething like “what kind of night I had”. The firstelement can be omitted for metrical reasons or toexpress intense emotion.

vv. 2, 4, etc.: lelia doura pode ser lido como líya ddáwra“a mim a vez (= é a minha vez)” em árabe andaluz.líya, um alomorfe de li ‘a mim,’ ‘para mim’, é fonetica-mente /leia/, e lelia pode ser ou um erro por leiia ou,mais plausivelmente, uma transcrição de líya (cincovezes em Martin Giinzo devemos pronunciar Ceciliacomo /sesia/ em rima, sendo todas as rimas perfei-tas). Ed oi é romance ibérico arcaico < et hodie comvocalização do -t- intervocálico no interior da expres-são. Assim ed oi / MUDANÇA DE CÓDIGO / líya ddáwra =“E hoje / MUDANÇA DE CÓDIGO / é a minha vez” – umverso bilingue, como ocorre em tantas kharajat.

vv. 25, 27, 29, 31: leli pode ser lido em árabe andaluzcomo layli, o substantivo layl ‘noite’ com sufixo pro-nominal da primeira pessoa (cf. Dutton 1964, mas onome é colectivo, não o nomen unitatis, que serialaylati). ya layli é uma expressão comum que significaqualquer coisa como “que noite eu tive”. O primeiroelemento pode ser omitido por razões métricas oupara exprimir emoção intensa.

289

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ EANES SOLAZ – 3

Jurava m’ oje o meu amigopor tal, madre, que lhi perdoasse,que nunca ja mais se mh assanhasse,mais preit’ é ja que non porrá migo,vedes por que: ca ja s’ el perjurou 5per muitas vezes que m’ esto jurou

El me cuidava tal preit’ a tragerper sas juras que lho foss’ eu parcir,e, pois que vi que m’ avia mentir,non lho parci nen lho quis sol caber, 10vedes por que: <ca ja s’ el perjurouper muitas vezes que m’ esto jurou>

E mais de cen vezes lhi perdoeiper sas juras e achei m’ end’ eu mal,e por aquesto ja lhi ren non val 15de me jurar, pois que me lh’ assanhei,vedes por que: <ca ja s’ el perjurouper muitas vezes que m’ esto jurou>

B 830 f. 175v° V 416 f. 66v°

3 semha sanhasse BV 4 preyt B : preyt V after 6 Vedes BV on a new line1 7 ruidaua B 8 parce,r B : parg’r V9 mauia BV : m’avi’a Nunes 10 parci] para B lho2 om. V caber BV, Machado : saber Braga, Nunes2

13 pdoey B : perdey V between 14-15 two blank lines in B 16 melha sanhey BV

1 See Parkinson 1987 on “false refrains.”2 The “correction” saber must be rejected. The verb caber is transitive here and means “accept” (an appeal, offer). Mettmann(CSM, s. v. caber) glosses this use with “aprovar, aceder a”, while Reali (p. 138) translates “prendere, accettare”. In Galego-Portuguese lyric, the closest parallel to our passage seems to be CSM 386.20-24 Des que todos y chegaron e el Rey lles ouve dito /por que os vi~ir fezera por paravr’ e por escrito / todos mui ben llo couberon dizendo: “Seja maldito / o que passar contra esto que mandades; ca...”.In Latin this meaning is attested as early as Plautus; cf. OLD, s. v. capio 10: “To accept (something offered)”. See alsoCorominas, s.v. caber.

v. 10: “I did not pardon him for it (scil. his anger [v. 3]),nor would I accept it (scil. his plea [preito vv. 4, 7]) fromhim.”

v. 10: “Não lhe perdoei por aquilo (isto é, a sua zanga[v. 3]), nem dele o aceitaria (isto é, o seu pedido [preitovv. 4, 7]).”

290

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 1

– Vistes, madr’, o escudeiro que m’ ouvera levar sigo?menti lh’ e vai mi sanhudo, mha madre, ben volo digo:madre, namorada me leixou,madre, namorada mh á leixada,madre, namorada me leixou 5

Madre, vós que me mandastes que mentiss’ a meu amigo,que conselho mi daredes ora, poilo non ei migo?madre, namorada me leixou,madre, namorada mh á leixada,madre, namorada me leixou 10

– Filha, dou vos por conselho que, tanto que vos el veja,que toda ren lhi façades que vosso pagado seja– Madre, namorada me leixou,madre, namorada mh á leixada,madre, namorada me leixou 15

– Pois escusar non podedes, mha filha, seu gasalhado,des oi mais eu vos castigo que lh’ andedes a mandado– Madre, namorada me leixou,madre, namorada mh á leixada,madre, namorada me leixou 20

B 831 f. 175v° V 417 f. 67r°

1 ouver’ a levar Nunes 9,10 namorada me leixou] n.m.l. B 12 pagato V 13 me] (mha) me B 14 leixadaB with d corrected from u 20 m : n . m. l. V

The body of each strophe is copied on short lines in BV and editors have printed them as though the form

were abcb, (scanning 7’), whereas what we have is aa (scanning 15’ each). Cf. note on B 1171 / V 777 (Bolseiro).

291

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 2

Vistes, madr’, o que diziaque por mi era coitado?pois mandado non m’ envia,entend’ eu do perjuradoque ja non teme mha ira, 5ca, se non, noite nen dia,a meos de meu mandado,nunca s’ el daqui partira

E vistes u s’ el partiade mi mui sen o meu grado, 10e jurando que aviapor mi penas e cuidado?tod’ andava con mentira,ca, se <non, noite nen dia,a meos de meu mandado, 15nunca s’ el daqui partira>

E ja qual molher deviacreer per nulh’ ome nado?pois o que assi morriapolo meu bon gasalhado 20ja xi por outra sospira,ca, se <non, noite nen dia,a meos de meu mandado,nunca s’ el daqui partira>

Mais Deus, quen o cuidaria: 25del viver tan alongadodu el os meus olhos vira?

B 832 ff. 175v°-176r° V 418 f. 67r°

9 parcia B 13 cõ V : rõ B 17 ya BV 18 mado B 27 uira B : iura V

292

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 3

Mha madre, pois se foi daquio meu amig’ e o non vi,nunca fui leda nen dormi,ben volo juro, des enton,madr’, e el por mi outrossi, 5tan coitad’ é seu coraçon

Mha madre, como viverei?ca non dormho nen dormirei,pois meu amigo en cas del reime tarda tan longa sazon, 10madr’, e el por mi outrossi,<tan coitad’ é seu coraçon>

Pois sab’ el ca lhi quer’ eu benmelhor ca mi nen outra ren,por que mi tarda e non ven 15faz sobre mi gran traiçon,madr’, e el <por mi outrossi,tan coitad’ é seu coraçon>

E direi vos que nos aven:eu perço por el<e> o sen 20e el por mi o coraçon

B 833 f. 176r° V 419 f. 67r°-v°

5 Madr’, e distinx. Machado : Madre B : madre V 9 en Monaci : e en B : e eu V : é en Panunzio 10 tarda BV :tard’ á Nunes after 15 Colocci has written el at bottom of f. 176rºa 16 mui gram B : mui grã V : mui del. Nunes (III,214), Lapa traycõ B : rayzõ V 17 el om. V 19 nos Monaci : u

9 BV 20 el<e> Nunes 21 pr B : pre V

Nunes says (vol. III, p. 214) that in vv. 5, 11 and 17 (that is, going into the refrain) we can understand (on thebasis of v. 3) nunca foi ledo, nen dormiu (and Panunzio [ad loc.] finds this obvious). Indeed, in the second strophewe can extract such a sense, not from v. 3, but from non dormho nen dormirei (v. 8). But in strophe III there is nosuch clause and no intelligible connection with the refrain.

293

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 4

Foi s’ o meu amigo daquina oste, por el rei servir,e nunca eu depois dormirpudi, mais ben tenh’ eu assi:que, pois m’ el tarda e non ven, 5el rei o faz, que mho deten

E gran coita non perdereiper ren, meos de o veer,ca non á o meu cor lezer,pero tanto de conort’ ei: 10que, pois m’ el tarda e non <ven,el rei o faz, que mho deten>

E ben se devia nembrardas juras que m’ enton jurouu m’ el mui fremosa leixou, 15mais, donas, podedes jurarque, pois <m’ el tarda e non ven,el rei o faz, que mho deten>

B 834 f. 176r° V 420 f. 67v°

6 rey V : Roy B

294

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 5

Pois vos ides daqui, ai meu amigo,conselhar vos ei ben, se mi creverdes:tornade vos mais cedo que poderdes,e guisarei como faledes migo,e, pois, amigo, comigo falardes, 5atal mi venha qual mi vós orardes

Non mi tardedes, com’ outra vegadami tardastes, <ca> muit’ ei én gran medo,mais punhade de vos viirdes cedo,ca nossa fala muit’ é ben parada, 10e, pois, amigo, comigo falardes,<atal mi venha qual mi vós orardes>

E, se vós queredes meu gasalhado,venha vos en mente o que vos rogo:pois vos ides, de vos viirdes logo, 15e falarei con vosco mui de grado,e, pois, amigo, comigo falardes,<atal mi venha qual mi vós orardes>

B 835 f. 176r°-v° V 421 f. 67v°

4 fazedes V 8 <ca> supplevi1 muyt B : muyr V

1 Nunes prints Non mi tardedes com’ outra vegada / mi tardastes; muit<o> ei en gram medo , while Panunzio inserts <eu> before én.A syntactic and discursive connection seems needed, and Ponte often uses ca in explanatory clauses (B 832 / V 418, v.6; B833 / V 419, v. 8; B 834 / V 420, v. 9; B 836 / V 422, v. 10; B 837 / V 423, vv. 4 and 8), as he does in this text in v. 10.

v. 10 muit’ é ben parada: (Our fala) “is in fine shape”. v. 10 muit’ é ben parada: (A nossa fala) “está a andar bem”.

295

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 6

Por Deus, amig’, e que será de mi,pois me vós ides con el rei morar?a como me vós soedes tardar,outro conselh’, amigo, non sei ise non morrer, e pois non averei 5a gran coita que ora por vós ei

Ides vos vós ora e tan grand’ afanleixades mi eno meu coraçonque mi non jaz i al, se morte non,ca bon conselho non sei i de pran, 10se non morrer, <e pois non avereia gran coita que ora por vós ei>

Pois me vos ides, vedes que será,meu amigo, des que vos eu non vir:os meus olhos non poderán dormir, 15nen ben deste mundo non mi valrráse non morrer, <e pois non avereia gran coita que ora por vós ei>

Aquesta ida tan sen meu prazer,por Deus, amigo, será quando for, 20mais, pois vos ides, amig’ e senhor,non vos poss’ eu outra guerra fazerse non <morrer, e pois non avereia gran coita que ora por vós ei>

B 836 f. 176v° V 422 ff. 67v°-68r°

3 a BV : e Lapa 7 affam V : affamj ? B 8 eno Nunes : co BV1 9 iaz B : iam V 10 conselho] 9sselho B :

osselho V 15-16 appear in reverse order in B 17 moirer B : om. V 23 senõ V : Seno B

1 The correction presumes a corruption from e~o to co. Panunzio prints co<n o>, paleographically further from the transmittedtext and unlikely.

296

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE PONTE – 7

– Ai madr’, o que me namoroufoi se noutro dia daquie, por Deus, que faremos i?ca namorada me leixou– Filha, fazed’ end’ o melhor, 5pois vos seu amor enganou,que o engane voss’ amor

– Ca me non sei <i> conselhar,mha madre, se Deus mi perdon– Dized’, ai filha, por que non? 10quero me volo eu mostrar:filha, fazed’ end’ o melhor,<pois vos seu amor enganou,que o engane voss’ amor>

Que o recebades mui ben, 15filha, quand’ ante vós veer,e todo quanto vos disseroutorgade lho e, por en,filha, fazed’ end’ o melhor,<pois vos seu amor enganou, 20que o engane voss’ amor>

B 837 f. 176v° V 423 f. 68r°

5 Filha] e~ la V 8 sei <i> supplevi : sey BV1

1 Nunes (vol. III, p. 216) suggests (and subsequent editors print) sei <eu> – but the phrase saber i conselho easily qualifies asa formula (as in B 836 / V 422 [Ponte], vv. 4 and 10).

297

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – 1*

As frores do meu amigobriosas van no navio,e van s<e~> as froresdaqui ben con meus amoresidas son as frores 5

As frores do meu amadobriosas van <e~>no barco,e van s<e> as frores<daqui ben con meus amoresidas son as frores> 10

Briosas van no naviopera chegar ao ferido,e van s<e> as frores<daqui ben con meus amoresidas son as frores> 15

Briosas van e~no barcopera chegar ao fossado,e van s<e> as frores<daqui ben con meus amoresidas son as frores> 20

Pera chegar ao feridoservir mi, corpo velido,e van s<e> as frores<daqui ben con meus amoresidas son as frores> 25

Pera chegar ao fossadoservir mi, corpo loado,e van s<e> as frores<daqui ben con meus amoresidas son as frores> 30

B 817 f. 173r° V 401 f. 64r°

1 frores Michaëlis (1911-1913: 403-404) : ffroles BV 3, 8, 13, 18, 23, 28 s<e> as Michaëlis : ssas BV after 5 daqi

ben cõ B : daqi ben cõ V (on the same line in both codices) : del. Correia (1992: IV, 87) 7 briosas] b’osas V : b’oscas B<e~>no Michaëlis (cf. v. 16) : no BV 11 no Michaëlis : e~no B : enõ V 16 enõ BV 21 feride BV 26 ao(s) B

27 servir Michaëlis : desseruir B : de ssuir V rorpo ? B

298

500 Cantigas d’ Amigo

vv. 3-5: Most editors have printed this poem with a 4-verse refrain. There are genuine examples in the cantigasd’amigo of 4-verse refrains with two alternately repeated rhyme-words (B 706 / V 307 [Vinhal]; B 1147 bis / V 750[Servando]; cf. B 1139 / V 730 [Bonaval], whose refrain can be taken as four verses), but here the fourth verseof the refrain is only partially and confusedly copied in BV and we seem rather to have one verse of “falserefrain” (Parkinson 1987). The disproportionate bulk of a 4-verse refrain is noted by Michaëlis (1911-1913:416). Correia (1992: I.120) writes: “Observando a escrita de todos os refrães de tipo R10 (scil. with repeatedverses), concluí haver razões para entender as aparentes abreviações em As froles do meu amigo [...] como errospor duplicação”. Correctly understood, the strophic form follows a pattern found in several other cantigaswhereby the 2nd verse of a 3-verse refrain is longer than the other two, but equal to the verses in the body ofthe strophe. See the note on the strophic form of B 1171 / V 777 (Bolseiro).

vv. 12, 17, 21, 26: We should probably take ao as one syllable, representing the contracted form ó (cf. B 1235 /

V 840 [Ambroa], v. 6, ós); otherwise the verses would be hypermetric.

299

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – *2

Disseron m’ oj’, ai amiga, que noné meu amig’ almirante do mar,e meu coraçon ja pode folgare dormir ja, e, por esta razon,o que do mar meu amigo sacou 5saque o Deus de coitas, ca jogou

mui ben a min, ca ja non andareitriste por vento que veja fazernen por tormenta non ei de perdero sono, amiga, mais, se foi el rei 10o que do mar meu amigo sacou,<saque o Deus de coitas, ca jogou>

mui ben a min, ca, ja cada que viralgun ome de fronteira chegar,non ei medo que mi diga pesar, 15mais, por que m’ el fez ben sen lho pedir,o que do mar meu amigo sacou<saque o Deus de coitas, ca jogou

mui ben a min> . . . . . .. . . . . . . . . .

B 838 ff. 176v°-177r° V 424 f. 68r°

4 ja] iha BV 6 ca jogou Montero Santalha : qua iogou BV : qu’ afogou Braga (que afogou! Michaëlis II, 426, Nunes)at end of line in B and on next line in V stands the word muy also copied in both MSS in its correct place at beginning of nextstrophe 7, 13 e ami~ BV : a min Montero Santalha (deleto e) : é a min Michaëlis 7 ja] ia BV : del. Michaëlis 9 torme~taB : tormentar ? V : tormentas Michaëlis : torment’ ar Montero Santalha 13 ca] ra B ja del. Michaëlis 14 de BV: da Michaëlis 19 <mui ben a mi> supplevi; cf. vv. 7, 13

vv. 6-7 (etc.): Montero Santalha (1992) reads ca jogou / mui ben a min (cf. CSM 156.22 Pois que ll’a lingua tallaron, /leixárono assi yr; / e mui mal lle per jogaron and B 1379 / V 987 (=CEM 381 [Pero Garcia Burgalês]), v. 14 e faz lhi maljogo per u~a vez).

v. 18: Since neither sense nor syntax is complete at the end of the third strophe a fiinda seems lacking. As inother cantigas ateúdas atá a fiinda (cf. Gonçalves 1993a) we would expect a repetition of mui ben a min at thebeginning of the first verse of the missing fiinda (as in the first verse of strophes II and III; cf. B 581 / V 184 andB 584 / V 187, both by Dinis). Probably the rhymes of the refrain would have been repeated in the fiinda (but cf.

B 840 / V 426) and possibly one of the rhyme words (cf. Lang 1934).

300

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – 3

Que muitas vezes eu cuido no benque meu amigo mi quer e no malque lhi por mi de muitas guisas ven,mais, quand’ aquesto cuid’, ar cuid’ eu al:se mi quer ben, que lho quer’ eu maior, 5e, se lhi ven mal, que é por senhor

E, pois assi <é>, que razon diriapor que non sofra mal? non á razon;e, u eu cuido que non poderia,tan gran ben mi quer, cuido log’ enton, 10se mi quer <ben, que lho quer’ eu maior.e, se lhi ven mal, que é por senhor>

E por tod’ esto dev’ el a sofrertod’ aquel mal que lh’ oje ven por mi,pero cuido que non pode viver, 15tan gran ben mi quer, mais <cuido> log’ i,se mi quer ben, <que lho quer’ eu maior,e, se lhi ven mal, que é por senhor>

B 839 f. 177r° V 425 f. 68r°

4 eu BV : en Cotarelo Valledor 7 <e> Monaci 7-8 diria? / por que non sofra mal non á razón interpunx.Cotarelo Valledor 9-10 q’ nõ poderia / tã grm be~ mi q’r cuydo V : om. B 14 ue~ B : nõ V 16 <cuido> Nunes;cf. vv. 4, 10

301

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – 4

Mha filha, non ei eu prazerde que parecedes tan ben,ca voss’ amigo falar venconvosc’, e ven<ho> vos dizerque nulha ren non creades 5que vos diga que sabhades,

filha, ca perderedes ie pesar mh á de coraçone ja Deus nunca mi perdon,se menç’, e digo vos assi 10que nulha ren non creades<que vos diga que sabhades>,

filha, ca perderedes i,e vedes que vos averrá:des quand’ eu quiser, non será; 15<e> ora vos defend’ aquique nulha ren <non creadesque vos diga que sabhades>,

filha, ca perderedes ino voss’, e demais pesa a min 20

B 840 f. 177r° V 426 f. 68v°

4 ven<ho>-vos Nunes : uenu9 BV 10 menç’, e Nunes : me~te BV 16 <e> supplevi defend<o> Nunes 17 nulha]nuha B 19 pdedes B : perdedes V; cf. vv. 7, 13 20 uoss’, e demais correxi1 : uossen demays BV : voss’, endemais edd.

1 I can find only one parallel for a break followed by ende: in B 531 / V 134 (Dinis), in the last verse of the poem, in the phraseende sõo desejador where we should probably (with Michaëlis 1895) correct ende to onde (cf. Nunes 1932: 163). On the otherhand, the construction proposed here is well attested, occurring for instance in B 481 (Alfonso X [=CEM 11]), v. 7 e demaisnõna dei eu a vós senlheira and moreover appearing at least once in the final verse of a cantiga: B 1631 / V 1165 (Ponte) e demaisdar-lh’ albergu’ endõado. The reading here, in the high reaches of the tradition, could have been uossé demays – with a lightvertical stroke over the e to indicate word division, subsequently misread as a til and converted to an n. It would be illogicalto have an asyndeton here in the last verse of a cantiga ateuda ata a fiinda. The word demagis (‘Furthermore’, ‘moreover’),though extremely rare, is documented in early Latin in Lucilius (see OLD s.v. [which reads <sed> demagis with Marx; I wouldpropose <et> demagis]).

vv. 6-7, 12-13, 18-19: que sabhades, // filha, ca perderedes i:“Just so you know, daughter, that you will lose out onthat”.

vv. 6-7, 12-13, 18-19: que sabhades, // filha, ca perderedes i:“Só para que saibas, filha, que perderás com isso”.

302

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – 5*

– Voss’ amigo que vos sempre serviu,dized’, amiga, que vos mereceupois que s’ agora con vosco perdeu?se per vossa culpa foi, non foi ben– Non sei, amiga, dizen que oiu 5dizer non sei que e morre por en

– Non sei, amiga, que foi ou que éou que será, ca sabemos que nonvos errou nunca voss’ amigo, e sonmaravilhados todos end’ aqui 10– Non sei, amiga: el, cada u <s>é,aprende novas con que morr’ assi

– Vós, amiga, non podedes partirque non tenhan por cousa desigualservir vos sempr’ e fazerdes lhi mal; 15e que diredes de s’ assi perder?– Non sei, amiga, el quer sempr’ oírnovas de pouca prol pera morrer

B 841 f. 177r°-v° V 427 f. 68v°

5 oyo BV 11 <s>é scripsi1 : e BV : é edd. 14 del igual V 16 dess assi B : dell alli V 18 morrer] mortr BV

1 We need <s>é because é has already been used in rhyme (v. 7). Moreover, sé offers better syntax. Cf. B 601 / V 204 (Dinis),vv. 15-16 cada u sé / falando and B 1046 / V 636 (Johan Airas), v. 18 que enos ceos sé. In CSM the form sé ([< sedet] present indicative,third singular, of seer) is often used to rhyme with é (e.g. CSM 296.27 u el ssé).

303

500 Cantigas d’ Amigo

PAE GOMEZ CHARINHO – *6

Ai Santiago, padron sabido,vós mh adugades o meu amigo;sobre mar ven quen frores d’ amor ten;mirarei, madre, as torres de Geen

Ai Santiago, padron provado, 5vós mh adugades o meu amado;sobre mar ven <quen frores d’ amor ten;mirarei, madre, as torres de Geen

B 843 f. 177v° V 429 f. 68v°

3 ten Monaci : ren BV

vv. 4, 8: Geen is modern day Jaén.

304

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA – 1

Donas, fezeron ir daquio meu amig’ a meu pesar,e quen m’ este mal fui buscar,guise lhi Deus por end’ assique lhi venha, com’ a mi ven, 5pesar onde desejar ben

E veja s’ en poder d’ amorque ren non lhi possa valer,e quen <m>‘ este mal foi fazer,guise lh’ assi Nostro Senhor 10que lhi venha, com’ a mi <ven,pesar onde desejar ben>

Ca o fezeron ir por malde mi e destes olhos meus,e quen m’ este pesar fez, Deus 15lhi mostre cedo pesar talque lhi venha, com’ a mi ven,<pesar onde desejar ben>

<E> venha lhi pesar por ende Deus ou de mi ou d’ alguen 20

B 845 f. 178r° V 431 f. 69r°

3 fuy B : fui V : fort. foi scribendum; cf. v. 9 4 lh i distinx. Machado after 6 Quelhi B : quelhi V on a new line in bothMSS1 7 E veja s’ en] E ueiassen V : E ueissa sen B 8 no V 9 quen <m>’ este addidi (cf. vv. 3, 15) : que~ esteB : quen este V foy BV cf. v. 3 13 fezrom B : fezom V 17 lhi uenha V : lhi uenlhi uenha B 19 <E> NunesVenhali V

1 Cf. Parkinson 1987 on “false refrains”.

305

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN GARCIA – 2

O meu amigo, que eu sempr’ amei,des que o vi, mui mais ca min nen al,foi outra dona veer por meu mal,mais eu, sandia, quando m’ acordei,non soub’ eu al en que me del vengar 5se non chorei quanto m’ eu quis chorar

Mailo amei ca min nen outra ren,des que o vi, e foi m’ ora fazertan gran pesar que ouvera morrer,mais eu, sandia, que lhe fiz por en? 10non soub’ eu al en que me del <vengarse non chorei quanto m’ eu quis chorar>

Sab’ ora Deus que no meu coraçonnunca ren tiv<i> e~no seu logar,e foi mh ora fazer tan gran pesar, 15mais eu, sandia, que lhe fiz enton?non soub’ eu al <en que me del vengarse non chorei quanto m’ eu quis chorar>

B 846 f. 178r° V 432 f. 69r°

1 O Lapa : A BV1 2 ca] ta V 4 sandis V 6 chorey BV : chorar Nunes 7 ca] ta V 9 ouuera morrer V : ouuera

moirer B : ouver’a morrer Nunes 14 tiv<i> e~no supplevi : tyue~ no BV : tiv’eu <e>no Nunes : fort. tiv’ <i> e~no

17 eu om. V

1 Lapa (1982: 176) notes that the girl doesn’t go on about a rival girl, and that the confusion of a and o is quite frequent.

306

500 Cantigas d’ Amigo

REIMON GONÇALVEZ – 1

Foste<s> vos vós, meu amigo, daquinoutro dia, sen volo eu mandar;e ei vol’ ora ja de perdoarpor que ve~estes chorar ante min?e quant’ é esto, pass’ agora, si, 5mais outra vez non <m>’ engue<n>edes én

Meu talan era de vos non parcirpor que vos fostes sen meu grad’ enton;e ora sodes cobrad’ en perdonca me ve~estes mercee pedir; 10e non quer’ ora mais depos est’ ir,mais outra vez non <m>’ enguenedes én

Ca, se vos ora fui perdoador,mesura foi que mho fezo fazer,ca me ve~estes chorando dizer: 15“Por Deus, mercee, mercee, senhor”;e quant’ é ora serei sofredor,mais outra vez non <m>’ enguenedes én

B 847 f. 178r° V 433 f. 69r°-v°

1 Foste<s> Nunes : Foste BV 4 ueestes BV cf. vv., 10, 15 5 agora, si, Cohen : agora ssy BV : agor’ assi distinx.Michaëlis (1895b: 154) 6 non <m>’ addidi (cf. B 730 / V 331 [Beesteiros], v. 15 and B 845 / V 431 [J. Garcia], v. 9): nõ BV engue<n>edes Machado in ap. (cf. vv. 12, 18) : engueedes BV, def. Michaëlis 7 parçir B : partir V9 ssodes B : ssedes V 10 ca scripsi (cf. v. 15) : por q’ B : por que V me delere voluit Lapa (servato por que)uehestes BV pedar V 12 enguee~des B : engueedes V 13 ffuy B : ssuy V 14 ffoy B : ssoy V 15 ueiestes Vchorando dizer Nunes (III, 219) : chorand edizer BV 16 por] poi ? B : per V 17 ssoffredoor B : soffedor V18 outr V : entr B enguee~des B : engueedes V

v. 6: enguenedes appears to be a variant of enganedes (with “weakening” [raising and fronting] of intertonic a).Michaëlis thought engueedes hapax legomenon, based on Monaci’s transcription of V, where engueedes has no tilin any of the strophes. She has been followed by Nunes, Tavani, and Gonçalves (Lanciani & Tavani 1993: 573).But the expression enganar outra vez (or vegada) belongs to the Hispanic tradition, judging from the evidence.See, for example, Frenk (1987: 309), no. 668-C no me engañaréis otra bez; Fontes (1987, I: 370), no. 494, v. 8enganaste-me u~a vez, outra não m’hás-d’enganare; and Libro de Buen Amor, 905a-b La que por desaventura es o fue engañada,guárdese que non torne al mal otra vegada.

307

500 Cantigas d’ Amigo

GARCIA SOARES – 1

– Filha, do voss’ amigo m’ é gran ben,que vos non viu quando se foi daquen– Eu <mh>o fiz, madre, que lho defendi,se m’ el non viu quando se foi daqui,eu mho fiz, madre, que lho defendi 5

– Nunca lhi ben devedes a querer,por que se foi e vos non quis veer– Eu mho fiz, madre, <que lho defendi,se m’ el non viu quando se foi daqui,eu mho fiz, madre, que lho defendi> 10

– Gran prazer ei <e>no meu coraçon,por que se foi e vos non viu enton– Eu mho fiz, madre, <que lho defendi,se m’ el non viu quando se foi daqui,eu mho fiz, madre, que lho defendi> 15

B 848 f. 178v° V 434 f. 69v°

3 eu <mi>-o Nunes (cf. vv. 5, 8, 13)1 : eu o BV 6 Nunca] Aunca V 11 <e>no Nunes 12 encon B : encõ V13 mho (madre) fiz madre B

1 An anomaly due to faulty transmission, or variation in the refrain? In the first verse of the refrain in the next two strophesboth MSS have eu mho fiz , but here they have eu o fiz. Since the first strophe has eu mho fiz in the third verse of the refrain(a verse not copied in the other strophes), we could suppose that in each strophe the poem had o in the first verse and mhoin the third verse of the refrain. But it seems more likely, on the evidence, that we should read mho throughout. Cf. B 710/ V 311 (Vinhal), vv. 16 and 22.

308

500 Cantigas d’ Amigo

GARCIA SOARES – 2

Madre, se meu amigo veesse,demandar lh’ ia, se vos prouguesse,que se veesse veer comigo;se veer, madre, o meu amigo,demandar lh’ ei que se veja migo 5

Se vos prouguer, mha madre velida,quando veer o que mh á servida,demandar lh’ ei que se veja migo;se veer, <madre, o meu amigo,demandar lh’ ei que se veja migo> 10

Sol que el venha, se Deus m’ ajude,assi Deus mho mostre con saude,demandar lh’ ei que se veja migo;se veer, madr<e>, o meu <amigo,demandar lh’ ei que se veja migo> 15

Por que mho referistes oganoque me non viu, per fe sen engano,demandar lh’ ei que se veja migo;se veer, madr<e>, o meu ami<go,demandar lh’ ei que se veja migo> 20

Non sejades d<aqu>est’ enartada,se veer o que mh á namorada,demandar lh’ ei que se veja migo;se veer, madr<e>, o meu <amigo,demandar lh’ ei que se veja migo> 25

B 849 f. 178v° V 435 f. 69v°

8 migo Nunes : comigo BV 9 se ueher V : om. B 14, 19, 24 madr<e>, o Nunes (cf. v. 4) : madro BV 21 d<aqu>est’enartada supplevi (cf. B 1387 / V 996 [Queimado], v. 15) : desten artada BV

vv. 4-5, 8-10, etc.: The refrain consists of two verses in the first strophe, but of three verses in all succeedingstrophes –a phenomenon without parallel in the cantigas d’amigo.

vv. 16-17: “Since you have recently reproached mefor this, namely, that he has not seen me...”.

v. 21: “Make no mistake about this”. enartar = ‘snare’,‘trick’, ‘fool’.

vv. 16-17: “Uma vez que me repreendeste recentementepor causa disto, a saber, que ele não me tem visto...”.

v. 21: “Não te iludas com isto”. enartar = ‘enredar’, ‘enga-nar’, ‘intrujar’.

309

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO RODRIGUES DE CALVELO – 1

Quanto durou este dia,mha madre, mal me trouxestese muito mal mi fezestes,mais sobr’ aquesta perfiaserá oj’ aqui con migo 5mandado do meu amigo

Mal me trouxestes, sen falha,e non á ren que detenhameu amigo que non venha,mha madre, se Deus mi valha, 10será oj’ aqui comigo<mandado do meu amigo>

Será migo seu mandadoe praz mi que veeredes,por quanto mal mi fazedes, 15mha madre, sen vosso grado:será oj’ aqui comigo<mandado do meu amigo>

B 850 f. 178v° V 436 ff. 69v°-70r°

8 derenha V 11, 17 comigo BV : co<n> migo Nunes; cf. v. 5 13 seu] sen V 15 pr B : pre V

310

500 Cantigas d’ Amigo

VAASCO RODRIGUES DE CALVELO – 2

Roguei vos eu, madre, á i gran sazon,por meu amig’, a que quero gran ben,que o viss’ eu, e a vós non proug’ én,mais, poilo eu ja vi, de coraçongradesc’ a Deus que mho fezo veer 5e que non ei a vós que gradecer

Gran sazon á, madre, que vos rogueique o leixassedes migo falare non quisestes vós esto outorgar,mais, poilo eu ja vi . . . . 10gradesc’ a Deus que mho fez<o> veer<e que non ei a vós que gradecer>

Vós non quisestes que veess’ aquio meu amig’, ond’ avia saborde o veer, e quis Nostro Senhor 15que o eu viss’, e, poilo eu ja vi,gradesc’ a Deus que mho fez<o> veer<e que non ei a vós que gradecer>

Mostrou mho Deus e fez mi gran prazersen aver eu a vós que gradecer 20

B 851 f. 179r° V 437 f. 70r°

3 uiss V : miss ? B 9 outorgar] entozgar B 10 <e lhi falei> Nunes (<e faley> iam Braga) : <e ia falei> Machado: fort. <ond’ amor ei>1 11, 17 fez<o> Nunes (cf. v. 5) : fez BV 13 que veess’] q’el uehess BV : el delevi : que el

veess’ edd.2 16 viss’, e poilo] uysse mays poylo BV : mays delevi : visse, mais, poi-lo edd.

1 A variant of the formula I propose occurs in B 828 / V 414 (Solaz), refrain: ond’ eu amor ei. Compare ond’ avia sabor in v. 14.2 el seems an awkward (and not coincidentally unmetrical) interpolation by a performer or scribe who had not anticipatedthe coming subject.

311

500 Cantigas d’ Amigo

MEENDINHO – 1

Seía m’ eu na ermida de San Simhone cercaron mh as ondas que grandes son;eu atendendo meu amig’ e u~a

Estaua <m’ eu> na ermida ant’ o altar<e> cercaron mh as ondas grandes do mar: 5eu <atendendo meu amig’ e u~a>

E cercaron mh as ondas que grandes son;non ei <i> barqueiro nen <ar> remador,eu aten<dendo meu amig’ e u~a>

E cercaron mh <as> ondas do alto mar; 10non ei <i> barqueiro nen <ar> sei remar,eu aten<dendo meu amig’ e u~a>

Non ei i barqueiro nen <ar> remador<e> morrerei fremosa no mar maior,eu atenden<do meu amig’ e u~a> 15

Non ei <i> barqueiro nen <ar> sei remare morrerei eu fremosa no alto mar,eu <atendendo meu amig’ e u~a>

B 852 f. 179r° V 438 f. 70r°

1 Seía scripsi : Seria BV : Seiia Nunes (III, 223) : Sedia Michaëlis (II, 889) 3 <E> eu Varnhagen atendendo BV: atendend’ o Michaëlis : atend’ end’ o Tavani (cf. Montero 1991: 92) amig’ e u~a distinx. Machado1 : amig eu~ a BV: amigo. E verrá? Tavani2 4 estava <m’ eu> Nunes (III, 222; estava iam Michaëlis) : estando BV, Nunes : estava<eu> Lapa 5 <e> Michaëlis 8 non Lapa : ne~ BV <e> non ei Michaëlis <i> Nunes; cf. v. 13 <ar> Lapa3

nem <ar> remador <son> vel nen remador <ar son> Lapa 10 mi-<as> ondas Michaëlis (m’ <as> iam Varnhagen): mhu~das BV 11, 16 <i> Nunes; cf. v. 13 <ar> Lapa 13 i] hi B : om. V <ar> supplevi nem <ar son>remador Lapa 14 <e> morrer ei Michaëlis 16 non Varnhagen (probante Lapa; cf. vv. 8, 13) : Nen BV <ar> Lapa17 e del. Varnhagen eu del. Michaëlis

A corrupt text in BV has led to a general opinion that there is no metrical regularity in this poem (one of themost famous and most frequently anthologized of the corpus [see Montero 1991]). As printed here, however,all verses (except v. 17; see Introduction, section 5) in the body of the strophe have 11 syllables, as does therefrain, which scans 10’.

v. 1: seía is an archaic form of siía (< Lat. sedebam). We find the third person seya (To) in CSM 425.38.

v. 3: On my reading, u~a is used here in an archaic sense already seen in certain uses of Latin unus (OLD, s.v.

unus 7, 8).

v. 3: “Me waiting for my boy and all alone”. v. 3: “Eu à espera do meu amigo e sozinha”.

312

500 Cantigas d’ Amigo

1 Cf. B 1243 / V 848 (Padrozelos), vv. 16-18 se oj’ i u~a vai / fremosa, eu serei / a u~a, ben o sei. In support of this reading we may notethat u~a is found at the end of a single verse refrain in a cantiga of the form aaB in V 1027 (=CEM 411 [Roi Paez de Ribela])e coz’ end’ a u~a. That verse could be a parody of a song with a refrain ending on the word u~a (possibly but not necessarily thistext). Compare the position (at verse-end) of two synonyms, senlheira and soo, in B 1165 / V 771 (Bolseiro), v. 1 Sen meu amigomanh’ eu senlheira and B 927 / V 515 (Roi Fernandiz), v. 8 como m’ atende soo (where we also find the verb atender, as in our text).Both the situation of the girl all by herself and the position of an adjective meaning ‘alone’ are parodied in B 1499 / V 1109(=CEM 213 [Guilhade]), v. 8 E cada que vós andardes senlheira and B 1383 / V 992 (=CEM 385 [Burgalês]), v. 11 Por non viir a minsoa, sinlheira. See also: B 1035 / V 625 (Johan Airas), v. 27 soa; B 868, 869, 870 / V 454 (Airas Nunes), v. 3 senlheira; B 688 / V 290(J. S. Coelho), v. 8 soo; B 332 (Redondo), v. 11 soo.2 Tavani (1980: 84) would read e verrá? ending the refrain there, but (without commenting on the unlikely syntactic break) asan abbreviation for verrá we would expect u’ra and not u’a. Michaëlis (vol. II, p. 889) and Nunes print a 2-verse refraineu atendend’ o meu amigo / eu atendend’ o meu amigo – but with scant supporting evidence: a til over the u in B, a faint mark over theu in V. Parkinson (1987: 46) defends the hypothesis of a truncation. Correia (1993: I, 120-123) argues well and with strongevidence against a 2-verse refrain, but then accepts Tavani’s proposal without providing any arguments.3 Lapa’s proposed supplement <ar> in vv. 8, 11, 13 and 16 (1982: 176-177) has not been taken seriously (cf. Montero 1991:90-91), but there is good evidence to support it. The adverb (or perhaps we should say ‘particle’) ar is often found followingnen and just before the verb in the second (or third) negated clause in a series (in vv. 8 and 13 the verb is implied). Forexamples in the cantigas d’amigo, see B 668 / 271 (Avoin), vv. 3-4 por quen non parece melhor de mi / nen ar val mais; B 686 / V 288(J. S. Coelho), vv. 13-16 Ca eu nunca con nulh’ ome falei, / tanto me non valha Nostro Senhor, / des que naci, nen ar foi sabedor / de tal fala;B 734 / V 335 (Barroso), vv. 13-14 Se m’ el quer ben, non lho quer’ eu nen mal / nen ar ei <ren> que lhi gradesca i; B 1200 / V 805 (Treez),refrain que non fezeron des enton os meus olhos, se chorar non, / nen ar quis o meu coraçon que fezessen, se chorar non; B 1239 / V 844(Padrozelos), vv. 3-4 non m’ ar vistes / nen ar ouv’ eu depois migo / de nulha ren gasalhado; B 555 / V 158 (Dinis), vv. 14-15 ca o non vinen vio el mi / nen ar oío meu mandado. The precise collocation nen ar sei occurs in A 26 (Somesso), v. 17 and B 75 / B 1336 / V 943(Tamalancos), v. 15. Very rare is the use of ar before a substantive, as in vv. 8 and 13. A similar construction, only possiblewith an implied verb (as also in our text), is found in A 161 (J. S. Coelho), vv. 22-24 (cf. Michaëlis, s.v. ar), where ar precedesa second subject (in our text it comes before a second direct object): E esta dona, poilo non souber, / non lhe poden, se torto nonouver, / Deus nen ar as gentes culpa põer.

313

500 Cantigas d’ Amigo

1 The supposed correction <s>ei is influenced partly by the occurence of forms of saber in vv. 4, 8, and 16. Finazzi-Agròacknowledges that aver in the sense of ‘to hold’, ‘to believe’ is found elsewhere in medieval Galego-Portuguese, and thatexample (which he cites [p. 115] but does not quote) is worth looking at (B 489 / V 72 =CEM 19 [Alfonso X], v. 10): e direi vosora por que o ei. Lapa glosses por que o ei with ‘porque assim o penso’ (in his glossary, s.v. aver, he offers ‘pensar, entender’;cf. OLD, s.v. habeo 11, 24, 25). Moreover ei, if correct, forms part of a word play (ei que non á) with which the poem opens.2 The reading mhe (V) seems a simple corruption of mho – which is to be taken with negar (“There is no need to hide it fromme”). Cf. B 1197 / V 802 (Caldas), v. 10 e non vos é mester de mho negar and B 1149 bis / V 752 (Zorro), v. 9 Non vos ten prol, filha, demho negar.

JOHAN MEENDIZ DE BRITEIROS – 1

Amiga, ben ei que non ávoss’ amigo nen un poderde vos falar nen vos veer,e vedes por que o sei ja:por que vos vej’ ambos andar 5mui tristes e sempre chorar

Encobride<s> vos sobejode min, e ja o feito eu seie poridade vos terrei,mais vedes por que o vejo: 10por que vos <vej’ ambos andarmui tristes e sempre chorar>

Come se fosse o feito meu,vos guardarei quant’ eu poder,e negar mho non á mester, 15ca vedes por que o sei eu:por que vos <vej’ ambos andarmui tristes e sempre chorar>

Nen choredes, ca o pesarsol Deus tost’ en prazer tornar 20

B 864 f. 184r° V 450 f. 72r°

1 ei] ey BV : <s>ey Monaci1 2 amig9 V 4 por que Nunes (cf. vv. 10, 16) : perque B : per que V 5 anbos B :anhos V 7 Encobride<s> vos addidi : Encobrideu9 V : Encobride9 B : Encobride’-vos Nunes sobeio V :sobreio B 8 feito] fcõ B : frõ V 9 pordade V 15 uegar V mho scripsi2 : mhe V : me B, Nunes non Nunes

: cõ BV 16 eu] ca V 19 Non choreds B ca o Monaci : coo V : eco B 20 tost’ en] toste~ V : teste~ B

314

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN MEENDIZ DE BRITEIROS – 2

Deus que leda que m’ esta noite vi,amiga, en un sonho que sonhei,ca sonhava en como vos direi,que me dizia meu amig’ assi:“Falade mig’, ai meu lum’ e meu ben” 5

Non foi no mundo tan leda molheren sonho nen-no podia seer,ca sonhei que me veera dizeraquel que me milhor que a si quer:“Falade migo, <ai meu lum’ e meu ben>” 10

Des que m’ espertei, ouvi gran pesar,ca en tal sonho avia gran saborcon o rogar me, por Nostro Senhor,o que me sabe mais que si amar:“Falade migo, <ai meu lum’ e meu ben>” 15

E, pois m’ espertei, foi a Deus rogarque me sacass’ aqueste sonh’ a ben

B 865 f. 184r° V 451 f. 72r°

2 sonho Nunes : Sonho ssonho B : sonho que ssonho V 5 falade mig’, ai] ffaladamigay BV : corr. Nunes; cf.vv. 10, 15 7 nen-no] ne~ no V : ne~ B 8 veera Nunes : ueerad’s BV 9 fort. aquel<e> que me milhor ca si querscribendum 11 ouuj ? B : ouiu V : fort. ouv’ i 13 com o distinx. Finazzi-Agrò : como BV 14 que] fort. cascribendum (recepto ca si in v. 9)

vv. 12-14: avia gran sabor / con o rogar me ... / o que... meansroughly “I was delighted with my boy’s asking me...”.(Note that o que [the boy] is the subject of rogar.)

vv. 16-17 foi a Deus rogar / que me sacass’ aqueste sonh’ aben: “I prayed to God that He make this dream turnout well for me”.

vv. 12-14: avia gran sabor / con o rogar me ... / o que... basi-camente significa “Estava deliciada com pedir-me omeu amigo...”. (Note-se que o que [o amigo] é o sujei-to de rogar.)

vv. 16-17 foi a Deus rogar / que me sacass’ aqueste sonh’ aben: “Pedi a Deus que fizesse com que este sonho mefosse propício”.

315

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN MEENDIZ DE BRITEIROS – 3

Ora vej’ eu que non á verdadeen sonh’, amiga, se Deus me perdon,e quero vos logo mostrar razon,e vedes como, par caridade:sonhei, muit’ á, que veera meu ben 5e meu amig’, e non veo nen ven

Ca non á verdade nemigalhaen sonho nen sol non é ben nen mal,e eu nunca ende creerei al,por que, amiga, se Deus me valha, 10sonhei, muit’ á, <que veera meu bene meu amig’, e non veo nen ven>

Per min, amiga, entend’ eu ben quesonho non pode verdade seernen que m’ er pode ben nen mal fazer, 15por que, amiga, se Deus ben mi dé,sonhei, muit’ á, <que veera meu bene meu amig’, e non veo nen ven>

E, pois se foi meu amig’ e non ven,meu sonh’, amiga, non é mal nen ben 20

B 866 f. 184r°-v° V 452 f. 72r°

4 tar idade B 6 ven] uem B : uemo V 7 no migalha V 8 ssonho V : ssol(ne~)nho B 9 E eu B : cen V

10 se] so V 13-14 que sonho] q’ / ssonho B : assy / nho V 20 sonb V

316

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS NUNES – 1*

A Santiag’ en romaria venel rei, madr’, e praz me de coraçonpor duas cousas, se Deus me perdon,en que tenho que me faz Deus gran ben,ca ve<e>rei el rei, que nunca vi, 5e meu amigo, que ven con el i

B 874 f. 185v° V 458 f. 73r°

1 en] em V : em em B 3 cousas sse B : cousa sse V 5 ve<e>r-ei Michaëlis (II, 827), Nunes (III, 230) : uerey BV6 i Monaci : hu V : hir B six blank lines follow this text in B

317

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS NUNES – *2*

Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,so aquestas avelaneiras frolidas,e quen for velida, como nós, velidas,se amigo amar,so aquestas avelaneiras frolidas 5verrá bailar

Bailemos nós ja todas tres, ai irmanas,so aqueste ramo destas avelanas,e quen for louçana, como nós, louçanas,se amigo amar, 10so aqueste ramo destas avelanasverrá bailar

Por Deus, ai amigas, mentr’ al non fazemosso aqueste ramo frolido bailemos,e quen ben parecer, como nós parecemos, 15se amigo amar,so aqueste ramo, sol que nós bailemos,verrá bailar

B 879 f. 186r° V 462 f. 73v°

2 floridas V 3 uos B 4 amar] amar So B 5 trolidas V 7 irman(d)as V 9 como enos BV1 11 Soa aq’ste B: soa aqueste V 13 mentr’] me~tr V : me~t B 14 florido V 15 uos B 17 ramo Monaci : ramo’ B : ramos V

vv. 4, 10, 16: the meter of these vv. is uncertain. And although Tavani insists that they must scan 4 syllables,this seems unlikely. If se is not elided, as Nobiling (1908: 345) affirms and Cunha (1982: 14, 66-75, 82, 168)insists, and as a thorough examination of the 500 cantigas d’amigo bears out, we get 5 or 6 syllables, dependingon whether we elide (as is probable) or observe hiatus at the juncture of amigo amar.

v. 17: sol que introduces a clause of proviso (‘so long as’, ‘provided that’) with the subjunctive. Lang (1894 s. v.sol): translates the conjunction sol que as ‘wenn nur’. The reading so-lo que ‘underneath which’ (Michaëlis, vol. II,

p. 892, followed by Tavani (so ’l que), is wrong.

1 Ought we to see in como enos (BV) a correction of como to come ? Cf. B [1158 bis] / V 761 (Zorro), vv. 3 (apparatus and note)and 9. Cf. Lang 1894: lxxviii (note 1).

318

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS NUNES – *3*

– Bailade oje, ai filha, que prazer vejades,ant’ o voss’ amigo, que vós moit’ amades– Bailarei eu, madre, pois me vós mandades,mais pero entendo de vós u~a ren:de viver el pouco moito vos pagades, 5pois me vós ma<n>dades que baile ant’ el ben

– Rogo vos, ai filha, por Deus, que bailedesant’ o voss’ amigo, que ben parecedes– Bailarei eu, madre, pois mho vós dizedes,mais pero entendo de vós u~a ren: 10de viver el pouco gran sabor avedes,pois me <vós> mandades que <baile ant’ el ben>

– Por Deus, ai mha filha, fazed’ a bailadaant’ o voss’ amigo de so a milgranada– Bailarei eu, madre, daquesta vegada, 15mai<s pero> entendo de vós u~a ren:de viver el pouco sodes moi pagada,pois <me vós mandades que baile ant’ el ben>

– Bailade oj’, ai filha, por Santa Maria,ant’ o voss’ amigo, que vos ben queria 20– Bailarei eu, madre, por vós toda via,mais pero entendo de vós u~a ren:en viver el pouco tomades perfia,pois <me vós mandades que baile ant’ el ben>

B 881 f. 186v° V 464 ff. 73v°-74r°

3 mi dre V me BV : mi-o Nunes; cf. v. 9 4 huã V : hua B 5 moyto Monaci : meyto V : muyto B uos BVpagudes B 6 madades BV 7 falha V 9 dicedes BV 10 entende V 12 pois me <vós> Nunes : poys q’ meBV 14 hypermetric de fort. delendum 15 eu] au(y) V 16 May entendo B (relicto quattor vel quinque litterarumspatio) : may entendo V 17 pagata V 18 in B poys was copied at end of line by scribe, then again by Colocci at beginningof next line 19 oj’, ai] oiay B : aiay or oiay V 21 baylarey V : bayrey B 23 en def. Lapa : e~ V : om. B (spatio relicto)

: de Nunes; cf. vv. 5, 11, 17 24 Poys que B : poys q’ V

319

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS NUNES – *4 (pastorela)

Oí oj’ eu u~a pastor cantardu cavalgava per u~a ribeirae a pastor estav’ a<li> senlheirae ascondi me pola ascuitare dizia mui ben este cantar: 5“So lo ramo verd’ e frolidovodas fazen a meu amigoe choran olhos d’ amor”

E a pastor parecia mui bene chorava e estava cantando 10e eu mui passo fui mi achegandopola oír e sol non falei rene dizia este cantar mui ben:“Ai estorninho do avelanedo,cantades vós e moir’ eu e pen<o> 15e d’ amores ei mal”

E eu oí a sospirar entone queixava se estando con amorese fazi’ <uu~>a guirlanda de flores,des i chorava mui de coraçon 20e dizia este cantar enton:“Que coita ei tan grande de sofreramar amig’ e non ousar veere pousarei so lo avelanal”

Pois que a guirlanda fez a pastor, 25foi se cantando indo s’ én manselinhoe tornei m’ eu logo a meu caminho,ca de a nojar non ouve sabor,e dizia este cantar ben a pastor:“Pela ribeira do rio 30cantando ia la virgod’ amor:«quen amores ácomo dormirá,ai bela frol?»” 35

B 868, 869, 870 ff. 184v°-185r° V 454 f. 72v°

320

500 Cantigas d’ Amigo

1 eu] en B 2 sibeyra V : corr. Varnhagen : om. B 3 estav’ a<li> supplevi1 : estava <i> Nunes 4 e om. B ascuytar

or astuytar B : asenytar V 6 Solo rramo V : Sol iramo B verd’ e frolido distinx. Tavani : uerde frolido BV7-8 amigo; e Michaëlis (II, 880, 939)2 : amige V : amigo B 11 mha chegado BV : corr. Varnhagen 12 oyr B : oyi V(undotted) nõ B : nã V 15 cantandes B3 emoyreu BV : e moir<o> eu Nunes 15-16 e pen<o> / e Nunes(pen<o> iam Michaëlis)4 : e pene V : e pen e B (on the next line in both MSS) 19 fazi’ <u~>a guirlanda Nunes : faziagilanda BV : fazia guirlanda def. Tavani5 21 entõ V : entõ.q. B 23 nonou sar B : nonousar V : non ousar def.Tavani6 : nom <o> ousar Braga 26 indo-s’ en Varnhagen : indosseu V : om. B 27 camyo BV 29 hypermetric7

30-35 on three lines in BV8 33 quen V : quem que~ B 34-35 dormirá / ai Michaëlis (II, 939) : dormoray V :dormoiay B

The strophic form, leaving aside for a moment the songs cited at the end of each strophe, is abbaa, and I takethe scansion to be 10 10’ 10’ 10 10. The cited songs are all xxy, scanning: I: 8’ 8’ 7; II: 9’ 9’ 6; III: 10 10 10 (or 9);IV (where we have two of them): 7’ 7’ 2 , 5 5 4. Tavani argues that the 3rd verse of each strophe can be scanned9’, a syllable shorter than the 2nd , which scans 10’. In strophes II and IV, the 3rd verse can also be scanned as10’, leaving as exceptions vv. 3 and 19, both of which seem to me to read better (grammatically and stylistically,not to mention metrically) as here emended. The question is not easy to resolve, and the use of the dobre inthe 1st and 5th verses of each strophe (I cantar, II ben, III enton, IV pastor) could be adduced to support eitherposition. Note that the final rhymes of the included songs form the pattern: or (I); al (II); al (III); or, ol (IV) – thus

echoing the a-rhymes of strophe I (ar) and IV (or).

1 Curiously, ali is found in three of the other six Galego-Portuguese pastorelas: B 554 / V 967 (Johan Airas), v. 15 Ali ’stivi eu muiquedo; B 534 / V 137 (Dinis), v. 18 u~a gran peça do dia / jouv’ ali, que non falava; B 1098 / V 689 (Sevilha), v. 22 eu non sei ren que lhidissess’ ali. On the other side (of the collocation estav’ a<li> senlheira) we might cite CSM 65.251 foi senpr’ ali senlleiro.2 Tavani omits the conjunction at the beginning of v. 8, but its restoration is justified by the combined readings of the MSSand fits well with the sense, syntax and rhythm of the poem.3 Though cantandes (B) may look like a dialectal variant, it is probably a slip.4 Tavani declines to restore the o (of peno), whose elision is signalled in the MSS, and prints moyr’eu e pen’ / e but this leavesthe verse without a final assonance to match that of the preceding. Nunes, reaching for eleven syllables, also restores thefinal vowel of moir<o>, but this is misguided, since we merely read ai ’storninho with aphaeresis.5 Tavani leaves guirlanda dangling without an article (see note on meter). Note that in v. 25 it takes a definite article.6 Nunes prints non ’ousar and Lapa suggests non n’ousar (= non no ousar), both aiming to add an object pronoun withoutadding a syllable (assuming veer is bisyllabic). Tavani sees no need to add an object for veer since amigo can serve as directobject of both infinitives. Cf B 644 / V 245 (Torneol), vv. 2 and 10.7 The verse seems a syllable long and one might be tempted to cut ben, but in the cantigas d’amigo the verse before the finalrefrain (Rv-1) is hypermetric with more than accidental frequency (see Introduction, 5).8 Cf. B 1155 / V 757 (Zorro), vv. 1-3.

321

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GONÇALVEZ DE PORTO CARREIRO – 1

Par Deus, coitada vivopois non ven meu amigo;pois non ven, que farei?meus cabelos, con sirgoeu non vos liarei 5

Pois non ven de Castelanon é viv’, ai mesela,ou mho deten el rei;mhas toucas da Estela,eu non vos tragerei 10

Pero m’ eu leda semelho,non me sei dar conselho;amigas, que farei?en vós, ai meu espelho,eu non me veerei 15

Estas doas mui belas,el mh-as deu, ai donzelas,non volas negarei;mhas cintas das fivelas,eu non vos cingerei 20

B 918 f. 197v° V 505 f. 80v°

1 deus V : deys B 2 amig V1 5 liarey B : harey V 8 deten] de rem B : de ren V 9 estela V : estala B11 hypermetric2 14 en] Eu ? B 15 me om. V 17 donzelas Monaci : don delas B : dondelas V 18 negarey B: uegarey V 19 fiuelas V : finelas B 20 çimg’ey V : om. B

1 The word is copied on the extreme right edge of the page, and no trace of an o is visible.2 Unless we prononce s’melho in two syllables the verse scans long. (Perhaps Se for Pero?).

322

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GONÇALVEZ DE PORTO CARREIRO – 2

Meu amigo, quando s’ ia,preguntei o se verria;disse m’ el: “Verrei mui cedo”;de tardar mais ca suía,madr’, ei end’ eu mui gran medo 5

B 919 f. 197v° V 506 f. 80v°

2 verria Monaci : ueria B : nema V 3 verrei Nunes1 : querrey or qnerrey V : querey B cedo] redo B : pedo V4 ssuya BV : soia Nunes (soya Braga)2 5 end’ eu scripsi (em eu iam Nunes)3 : enben ? B : emen V muy B :mey V in V at bottom of f. 80vºb is written o anel

1 We could defend BV as follows: in medieval Galego-Portuguese querer is frequently used as an auxiliary verb to form acompound future tense; thus, when the girl asked the boy if he would come back, he said querrei: either “I shall” or “I meanto”. But the correction has a strong basis in a conversational convention that dates from early Latin (e. g. dixisti? / dixi) andcontinues in force today in Portuguese. Thus the reported girl / boy dialog at parting would have been: verredes? / verrei.2 The MSS’ ssuya (suía) is a variant form (from solebat) which the representation soía would obscure.3 Nunes’ ei én is basically sound (cf. for example B 1016 / V 606 [Johan Airas], v. 8 and B 1134 / 725 [Veer], v. 2), but here weneed ei end’ in front of eu – as in B 1147 bis / V 750 (Servando), v. 2 e ei end’ eu mui gran pesar.

323

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GONÇALVEZ DE PORTO CARREIRO – 3

O anel do meu amigoperdi o so lo verde pinoe chor’ eu bela

O anel do meu amadoperdi o so lo verde ramo 5e chor’ eu bela

Perdi o so lo verde ramo;por en chor’ eu dona d’ algoe chor’ eu bela

Perdi o so lo verde pino; 10por en chor’ eu dona virgoe chor’ eu bela

B 920 f. 197v° V 507 f. 81r°

1 anel] finel B 5 ramo] iramo B : rrayao V 7-9 om. B1 7 ramo] rrayao V

The order of strophes III-IV is uncertain (see note below) and the meter varies significantly. In the texttransmitted by BV the scansion (excluding the refrain) would appear to be as follows for the four strophes:

7’ 8’; 7’ 8’; 8’ 7’; 8’ 7’. We can even this by taking meu in vv. 1 and 4 and eu in vv. 8 and 11 as bisyllabic.

1 In B, at the bottom of the right hand margin of f. 197v° there is a conspicuous +, apparently indicating that something (astrophe) is missing. Editors assume assume that the pattern of tonic vowels in final position (in the body of the strophes)should be a / i / a / i and B follows this order through three strophes, but V may accurately reflect an anomaly. There aresimilar problems in B 644 / V 245 (Torneol), B 662 / V 263-264 (Carpancho), B 1237 / V 842 (Pae Calvo), and in two texts(N 3 and N 6) of Martin Codax. The phrase dona virgo seems an appropriate final touch to the poem, and the appearance ofthe pair dona virgo / dona d’ algo in that order elsewhere (cf. B 1155 / V 757 [Zorro]) does not preclude an “inversion” here.

324

500 Cantigas d’ Amigo

PERO GONÇALVEZ DE PORTO CARREIRO – 4

Ai meu amigo e meu senhore lume destes olhos meus,por que non quer agora Deusque vós ajades tal saborde viver migo 5qual eu ouv’ i,des que vos vi,de viver vosc’, amigo?

E terria por gran razon,pois que vos eu tal amor ei, 10d’ averdes oje, qual eu ei,coita no vosso coraçonde viver migoqual <eu ouv’ i,des que vos vi, 15de viver vosc’, amigo>

E que<n> me aquesta coita deupor vós, se foi Deus que mho fez,Ele me guise algu~a vezque tal coita vos veja eu 20de viver migo<qual eu ouv’ i,des que vos vi,de viver vosc’, amigo>

B [920 bis] f. 198r° V 508 f. 81r°

1 amigo e] amigo ue V : amig ue B 4 vós Braga (probante Lapa) : uos V : non B, Nunes 5-8 on two lines with breakafter ouuy BV1 5 migo] uirgo B 7 desq’ V : Desti B 8 uiur B : uuj V vosc’] u9c V : u9 B 9 por] toe V10 vos eu] uos / Eu B : uoz ei V 12 coyta B : coyra V uoso V : uos / O B coracon B : toeaçõ V 17 E scripsi: A BV : O Nunes que<n> scripsi 18 se scripsi : a BV : á, Nunes : ai Lapa Deus] d’s B : da’ V mho scripsi(cf. B 1120 bis / V 712 [Berdia], v. 8 and B 710 / V 311 [Vinhal], v. 16) : me BV, edd. 19 Ele scripsi2 : E se B : e se V :e<s>se Nunes guise] g’se V : gle B alguna B 21 de] di V migo] uirgo B

vv. 10-11: Note the use of the word ei in rhyme in two successive lines. Such repetition (of the same word inrhyme) is normally avoided as if by rule (except of course in the dobre, which may require precisely thisphenomenon in all strophes). But a special effect may be intended, as the few examples of the same orcomparable phenomena in the cantigas d’ amigo suggest. In the last strophe of B 824 / V 409 (Pardal), vv. 16-17al rhymes with al. In the fiinda of B 719 / V 320 (Tenoiro) i rhymes with i. Compare B 932 / V 520 (Roi Fernandiz),vv. 18 and 20, where the dobre is “imperfect” (or a special effect?). Each of those texts comes last in its respectiveset, as does ours here, and moreover the phenomenon in question occurs in the last strophe or fiinda. Similarly,

325

500 Cantigas d’ Amigo

1 In Nunes the refrain appears as follows: de viver migo, qual eu ouv’ i / de viver vosco, des que vos vi. For the rhyme-schemeabbaCDDC, cf. Tavani, Rep. 177:1-3, but none of those texts has a refrain. The refrain on two lines in the MSS has internalrhymes but no end rhymes.2 Note that later in the same verse the same error alleged here (s for l) occurs in reverse: g’se V : gle B. For the divine subject,cf. B 1021 / B 611 (Johan Airas), vv. 4 (e por en guise mho Nostro Senhor) and 16 (e por en guise mho Deus, se quiser)

in the last strophe of B 1039 / V 629 (Johan Airas), vv. 14-15 – the last cantiga with dobre in his set– al rhymeswith al, not as part of the dobre, but in addition to it: apparently one special effect on top of another. Further,in B 786 / V 370 (Guilhade), vv. 22-23, son rhymes with son in the fiinda of the 21st of 22 cantigas.

326

500 Cantigas d’ Amigo

GOMEZ GARCIA – 1

Diz meu amigo que me serve bene que ren non lhe nembra se non min,pero foi s’ el noutro dia daquisen meu grado, mais farei lh’ eu por en,por quant’ andou alá sen meu prazer, 5que ande un tempo sen meu ben fazer

El ten ora que logo s’ averrácon migo, sol que veer e me vir,e el querrá, como me sol, servir,se m’ eu quiser, mais farei lh’ esto ja: 10por quant’ andou <alá sen meu prazer,que ande un tempo sen meu ben fazer>

Por que se foi, e o ante non vi,sen mho dizer, a cas del rei morar,quando veer e me quiser falar, 15pois que o fez, eu lhi farei assi:por quant’ andou <alá sen meu prazer,que ande un tempo sen meu ben fazer>

B 925 f. 199r° V 513 ff. 81v°-82r°

3 Perol B : perol V daqi V : daquin B 4 farey V : fazei B 6 ande un Michaëlis (II, 477)1 : anda huu~ V : andhu~u~ B 16 lhy BV : lh’y Braga

1 By restoring and not eliding the final e of ande (anda V) and reading u~u we would get a twelve syllable verse. The strophicform would then conform to Tavani, Rep. 160:4 (one example, CA 169 [J. S. Coelho]). There are other examples of texts inwhich the last verse of the refrain has two syllables more than those in the rest of the strophe (see, for instance, the cantigad’ amigo by Lourenço with the same rhyme-scheme [abbaCC], B 1260 / V 865 [Tavani, Rep. 160:313; 408; 431]). Printing (withMichaëlis) ande un tempo, but eliding the e, the verse scans ten syllables. The longer verse length might be defended asstrengthening the thrust of the utterance: it is here that the girl threatens what Michaëlis calls retaliation. This would,however, be the only case of bisyllabic u~u in the cantigas d’ amigo.

vv. 7-8: avi~ir se (con alguen) means “to make up”, that is,“get back together with someone” (after a break-upor quarrel). Well documented in Galego-Portugueselyric and medieval prose, it is found only here in thecantigas d’amigo (cf. B 787 / V 371 [Guilhade], where we

find a rare transitive usage).

vv. 7-8: avi~ir se (con alguen) significa “fazer as pazes”,isto é, “voltar para alguém” (depois de separação ouzanga). Bem documentado na lírica galego-portugue-sa e na prosa medieval, só se encontra aqui nas can-tigas d’amigo (cf. B 787 / V 371 [Guilhade], onde en-

contramos um uso transitivo raro).

327

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 1

Conhosco me, meu amigo,que sempre vos fiz pesar,mais, se agor’ amigarquisessedes vós comigo,a vós eu nunca faria 5pesar nen volo diria

Que<n> quer que vos dend’ al diga,non lho queirades creer,ca, se podess’ eu seer,amigo, con vosc’ amiga, 10a vós eu nunca fa<riapesar nen volo diria>

Se eu por amig’ ouvessevós, a que eu por meu malfiz pesar, u non jaz al, 15pero me de vós veesse,a vós eu nunca <fariapesar nen volo diria>

B 926 f. 199r° V 514 f. 82r°

7 Que<n> Nunes : Que BV 13 por] pr B : pre V 16 Pero B : po V

v. 16: The understood grammatical subject of veesse is pesar (which may be understood either from its use inv. 15 [fiz pesar] or from its use in the the refrain [eu nunca faria / pesar] or from both, and recurs twice in the

refrain [where lo = pesar]).

v. 3: amigar (BV), found only here in medieval Galego-Portuguese lyric, ought to mean “to make up” or “getback together” (after a quarrel or break-up), and notmerely “to be friendly” (in the euphemistic sense of“carry on an amorous relationship”; cf. Nunes, s.v.:“tomar por amiga ou namorada”). But even if it meantthe latter, in this context it would imply the former.Cf. vv. 9-10 and 13-14.

v. 3: amigar (BV), de que esta é a única ocorrência nalírica medieval galego-portuguesa, deve significar“fazer as pazes” ou “voltar para alguém” (depois dezanga ou separação), e não apenas “ser amigo” (nosentido eufemístico de “ter uma ligação amorosa”;cf. Nunes, s.v.: “tomar por amiga ou namorada”).Mesmo que tivesse este último significado, nestecontexto estaria implícito o sentido anterior. Cf. vv.9-10 and 13-14.

328

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 2

Se vos non pesar ende,madr’, irei u m’ atendemeu amigo no monte

Irei, se Deus vos valha,por non meter en falha 5meu amigo <no monte>

E filhe xi vos doocomo m’ atende soomeu <amigo no monte>

B 927 f. 199r° V 515 f. 82r°

1 Se V : C e B 2 Madrirey B : ma dirrey V 7 ffilhe B : ssilhe V xi vos] xiu9 V : rm9 ? B

v. 5: A similar expression, apparently the “passive” of meter en falha (which Nunes [s.v. falha] glosses as “faltar,enganar”) occurs at V 1017 (=CEM 234 [J. S. Coelho]), vv. 1-2 Luzia Sánchez, jazedes en gran falha / comigo, que nonfodo mais nemigalha / d’ u~a vez; where jazer en falha means “to be disillusioned” (or “disappointed”).

v. 5: por non meter en falha: “So as not to disillusion(disappoint) my friend”.

v. 5: por non meter en falha: “Para não desiludir (desa-pontar) o meu amigo”.

329

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 3

Id’ é meu amigo daquie non me quis ante veer,e Deus mi tolha parecere quanto de ben á en mi,se el ven e m’ eu non vingar 5quand’ el quiser migo falar

E cuida s’ el que lhi querrei,por esto que m’ el fez, melhor,mais log’ el seja o senhore eu sua, que non seerei, 10se el ven e m’ eu <non vingarquand’ el quiser migo falar>

Que viss’ eu que non dava renel por mi, non se m’ espediuquando se da terra partiu, 15mais logo me lh’ eu quera ben,se <el ven e m’ eu non vingarquand’ el quiser migo falar>

E veerá mui ben o meuamigo quant’ el ora fez, 20a que lhi salrrá esta vez,ca en seu poder seja eu,se el ven <e m’ eu non vingarquand’ el quiser migo falar>

Ca lhi non querrei ascuitar 25nulha ren do que m’ el rogar

B 928 f. 199r°-v° V 516 f. 82r°

3 mi] nu V tolhar B 4 en Monaci : eu V : ca B 5 m’ eu] meus BV 6 el] ei B 9 log’ el seja] loguelseia B : logue eia V 10 e om. V 14 non] uã V 15 terra Monaci : tirã B : tiran V 16 logome V : logueme B

17 se B : semendeu V 21 salira BV 22 en] eu B 23 uen V : om. B 25 queirey B : q’irrey V

330

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 4

– Ai madre, que mui<t’ eu err>eique non vi o meu amigou el falasse comigo,e, pero lhi fale, ben seica non ei nen un poder 5de o por amig’ aver

– Non vos leixedes én por mi,filha, que lhi non faledes,se vós én sabor avedes– Ai madre, non tenho prol i, 10ca non ei nen un poder<de o por amig’ aver>

– Filha, polo desassanhar,falaredes per meu grado– Pois lhi saí de mandado, 15que prol á, madr’, en lhi falar,ca non ei nen un poder<de o por amig’ aver>

B 929 f. 199v° V 517 f. 82r°-v°

1 muy V : om. B ey B (at end of line after a blank space) : om. V mui<t’ eu err>ei supplevi1 : alii alia 2 o meu]qmer B 3 Hu B : om. V 4 fale V : fals B after 6 Vel falasse comigo B : uel falasse comigo V (on a new line inboth) : delevi2 9 auedes B : quedes V 10 hi V : pi B 11 ne~ hun poder V : om. B 14 p B : p V 15 Pois lhisaí de mandado distinxi3 17 ne~ hu~ poder V : om. B

1 Braga’s que muyt’ ey, following V, is senseless and unmetrical; but Nunes’ version of vv. 1-3 is even worse, disregarding theMSS and yet still making no sense. Everything the girl says in this poem admits to a grave error. Were my suggestion, basedon the combined evidence of B and V, essentially correct, vv. 1-3 could be rendered: “O mother, what a mistake I made,‘cause I didn’t go see my friend where he could talk with me...’. For the construction que muit’, see B 699 / V 300, v. 2 (Ulhoa)fui eu i muit’ errada; B 1236 / V 841 (Calvo), v. 6 nembrar se devia de que muito m’ erra; CEM 24 (Alfonso X), v. 5 Pois el agora tan muitoerra; CSM 8.43 entendeu que muit’ errara; CSM 272.16 tan muit’ avia errado. For the position in rhyme, see (among the cantigasd’amigo) B 1118 / V 709 (Berdia), vv. 3-4 ca toda ren que m’ el a mi mandou / fazer, fij’ eu e nunca lh’ <i> errei (the form also occurs inrhyme in Amor, CEM and CSM). In addition to the supplement printed here, we might consider several others whichassume that errei is correct: que mui<to err>ei (with hiatus); que mui<to lh’ err>ei (the demonstrative pronoun would refer to theboy); que mui<t’ eu lh’ err>ei (which sounds rather too heavy); and que mui<t’ i err>ei (the adverb i would anticipate the mistakedescribed in vv. 2-3). And finally, we might also weigh que mui<t’ errad>’ ei. Cf. CSM 281.80 “Amigo, eu fui errado...” (at thebeginning of cited discourse).2 Variously read as u el falasse comigo or vel falasse comigo these letters are just a version of v. 3 copied out of place, yet haveeditors have transformed them into a third line of the refrain (cf. Parkinson 1987 on “false refrains”).3 Misread by all previous editors and moreover attributed to the mother instead of the girl.

331

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 5

Madre, pois amor ei migotal que non posso sofrerque non veja meu amigo,ma<ndade mho ir veer;se non, irei sen mandado> 5vee-lo sen vosso grado

Gran coita me faz ousadade volo assi dizere, pois eu vivo coitada,mandade mho ir veer; 10se non, irei sen mandado<vee-lo sen vosso grado>

E, ja que per mi sabedeso ben que lh’ eu sei querer,por quanto ben mi queredes 15mandade mho ir veer;se non, irei sen mandado<vee-lo sen vosso grado>

B 930 f. 199v° V 518 f. 82 v°

1 migo] mrgo ? B 2 sorrer V 4 ma B : om. V where three lines are left blank 6 vee-lo Monaci : ueole BV

8 dazer B 10 ir] hor V : hu B ueer V : iueer B 17 seu mandado V : om. B

332

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 6

Ora non dev’ eu preçar parecernen palavra que eu aja nen sennen cousa que en mi seja de ben,pois vos eu tanto non posso dizerque non queirades, amigo, partir 5

†De seui† . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .<que non queirades, amigo, partir> 10

Outra senhor vos conven a buscar,ca nunca vos eu ja [mais] por meu terrei,pois ides mais ca por mi por el reifazer, nen vos po<sso> tanto rogarque non queirades, <amigo, partir> 15

Nunca vos mais paredes ante min,se vos en algu~a sazon d’ alácon meus desejos veerdes acá,pois m’ eu tanto non poss’ afficar ique non queirades, <amigo, partir> 20

B 931 ff. 199v°-200r° V 519 f. 82v°

5, 20 non Nunes (III, 241-242) : u9 BV1 6 De seuy B (rest of line and seven following blank) : om. V (where four blank linesfollow) : fort. De Sevi<lha> cf. B 932 / V 520, vv. 3, 15 12 hypermetric ia mays BV : ia del. Nunes : mais seclusi2

14 po<sso> : po BV cf. vv. 4, 19 pogar V 15 Que uos queredes B : et uos q’redes V 16 Nunca] Tanto rogalnu~ ca B : Tanto rogar nu~ca V cf. v. 14 17 alguã V : alguna B ala B : al V 18 ueherdes B : ueheredes V

possa ficary B : possa sficar V 20 queyrades V : queraydes B

1 Cf . B 1013 / V 603 [Johan Airas], v. 15; B 571 / V 175 [Dinis], vv. 5, 11, 17.2 nunca ja occurs often enough without mais to warrant suspecting the latter here (for example: B 732 / V 333 [Barroso], v. 7nunca lhi ja creerei nulha ren; B 1228 / V 833 [Baveca], v. 6 nunca vos ja de ren ei a creer ; B 750 / V 353 [Guilhade], v. 13 mais nuncaja crea molher; B 777 / V 360 [Guilhade], v. 6 mais pero nunca vos ja ben querrei). Pointedly, the phrase is used in a parody of therenuntiatio amoris in B 1629 / V 1163 (Ponte), vv. 22-23 E nunca já comerei / com’ enton con el comi.

333

500 Cantigas d’ Amigo

ROI FERNANDIZ – 7

– Madre, quer’ oj eu ir veermeu amigo, que se quer ira Sevilha el rei servir;ai madre, ir lo ei veer– Filha, id’ e eu vosc’ irei 5– Faredes mi atan prazer,ca non sei quando mho verei

Ben o sabe Nostro Senhorque me pesa, pois que s’ ir quer,e veer lo ei, se vos prouguer, 10por Deus, mha madr’ e mha senhor– Filha, id’ e eu vosc’ irei– Madre, faredes mi amor,ca non sei quando mho <verei>

A Sevilha se vai daqui 15meu amigo por fazer bene i-lo ei veer por en,madre, se vos prouguer d’ ir i– Filha, id’ e eu vosc’ irei– Madre, faredes me ben i, 20ca non sei quando mho verei

B 932 f. 200r° V 520 f. 82v°

5, 12, 19 id’ e distinxi : yde BV, Braga (ide Nunes) 6 faredes B : e fared’s V mi~ ? V (me Monaci) : me B : fort.m’ i (cf. vv. 13, 20) atã B : om. V 11 senor V 12 eu (e) B 13 mi BV : possis m’ i (cf. vv. 6, 20) 14 quandomho] qn’ mho V : om. B 20 me ben i] mebe~y B (with b app. written over an original u) : me be~y V 21 qando mhouerey V : om. B

vv. 15, 18, 20: The dobre in strophes I and II (veer in vv. 1 and 4; senhor in vv. 8 and 11) requires that vv. 15 and 18end alike, whereas it is in vv. 18 and 20 that we find a dobre in III (unless daqui counts as a dobre with i [bypopular etymlology?]). In any event, it is noteworthy that this peculiar configuration – a dobre with a specialtwist? – should appear in the last cantiga d’amigo in the set attributed to this poet in the manuscripts. Cf. note

on B [920 bis] / V 508 (Porto Carreiro).

334

500 Cantigas d’ Amigo

PAE DE CANA – 1

Vedes que gran desmesura,amiga, do meu amigo:non veo falar comigonen quis Deus nen mha venturaque foss’ el aqui o dia 5que pos migo quando s’ ia

Como eu tevera guisadode fazer quant’ el quisesse,amiga, sol que veesse,non quis Deus nen meu pecado 10que foss’ el <aqui o diaque pos migo quando s’ ia>

E and’ end’ eu mui coitada,como quer que vos al diga,por que non quis Deus, amiga, 15nen mha ventura minguadaque foss’ el <aqui o diaque pos migo quando s’ ia>

B 933 f. 200r°-v° V 521 f. 83r°

7 tevera] teura B : ten’a V

335

500 Cantigas d’ Amigo

PAE DE CANA – 2

Amiga, o voss’ amigosoub’ eu que non mentiria,pois que o jurad’ aviaque veesse, mais vos digoque á de vós mui gran medo 5por que non veo mais cedo

E rogou m’ el que vos vissee vos dissesse mandadoque non era perjurado,e vedes al que mi disse: 10que á de vós mui gran me<dopor que non veo mais cedo>

E rogo vos, ai amiga,que bõa ventura ajades,que muito lho gradescades, 15pois m’ el roga que vos digaque á de vós <mui gran medopor que non veo mais cedo>

B 934 f. 200v° V 522 f. 83r°

2 soub’ eu Nunes : Souben B : son ben V : soub’ en Monaci 7 irogou B : iro gou V1 11 mui g’m me V : om. B14 boã V : bona B aiades V : ayades B2 16 el] es V

1 Here both B and V have ir for rr, an error usually confined to B.2 V probably represents the exemplar, while the scribe of B feels free to write y for i. Where i has the phonological value of j itis not normally represented by y. These examples are so few that they are noted here, even though they are graphicvariants. Cf. Ramos 1989.

336

500 Cantigas d’ Amigo

SANCHO SANCHEZ – 1

Amiga, ben sei do meu amigoque é mort’ ou quer’ outra dona ben,ca non m’ envia mandado nen ven,e, quando se foi, posera migoque se veesse logo a seu grado; 5se non, que m’ enviasse mandado

A min pesou muito, quando s’ ia,e comecei lhi enton a preguntar:“Cuidades muit’, amig’, alá morar?”e jurou mi, par Santa Maria, 10que se <veesse logo a seu grado;se non, que m’ enviasse mandado>

U estava con migo falando,dixi lh’: “Eu que farei, se vos non vir,ou se vosso mandado non oír 15ced’?” <e> enton jurou m’ el chorandoque se <veesse logo a seu grado;se non, que m’ enviasse mandado>

B 936 ff. 200v°-201r° V 524 f. 83v°

3 nen] neu B 6 meuuyasse B : meu uya (a)sse V 10 iurou V : uirou B 14 dixi lh’ : “Eu que farei interpunxi(cf. B 938 / V 526, v. 8) : Dixilho en que farey eu B : dixilho en q’ farey eu V : dixi-lh’eu : que farei Nunes (deleto en)

16 ced’?”; <e> enton supplevi (ced’? enton iam Nunes) : Çedenton B : çedentõ V el<e> Lapa

337

500 Cantigas d’ Amigo

SANCHO SANCHEZ – 2

Amiga, do meu amigo<o>í eu oje recadoque é viv’ e namoradodoutra dona, ben vos digo,mais jur’ a Deus que quisera 5oír ante que mort’ era

Eu era maravilhadapor que tan muito tardava,pero sempr’ esto cuidava,se eu del seja vingada, 10mais jur’ a Deus que quisera<oír ante que mort’ era>

Mui coitada per vevia,mais ora non sei que sejade min, pois outra deseja 15e leixou min que servia,mais jur’ a Deus que quisera<oír ante que mort’ era>

E a el mui melhor erae a min mais mi prouguera 20

B 937 f. 201r° V 525 f. 83v°

2 <o>y Monaci : y BV 11 q’ q’ sa V : om. B 14 seja] seia V : sia B 15 deseia V : deseya B 17 q’ q’sa V : om. B

19 a] u B

338

500 Cantigas d’ Amigo

SANCHO SANCHEZ – 3

Ir vos queredes, [ai meu] amigo, <d’ aqui>e pesa m’ end’, assi me valha Deus,e pesa mi por estes olhos meuse por que sei que viverei assicomo vive quen á coita d’ amor 5e non á de si nen de ren sabor

Des u vos fordes, ja i al non á,por Deus, amigo; mais eu que farei?ca outro conselh’ eu de min non sei,se non viver, en quanto viver ja, 10como vive quen á coita <d’ amore non á de si nen de ren sabor>

Esta <i>d’, amigo, tan grave m’ éque volo non saberia dizer,mais, pois end’ al ja non pode seer, 15se viver, viverei, per bõa fe,como vive quen á coita d’ amor<e non á de si nen de ren sabor>

B 938 f. 201r° V 526 f. 83v°

1 ay meu amigo BV : amigo, <d’aqui> Nunes (deleto ay meu) : ay meu amigo, <d’aqui> Braga 7 vos] u9 uos BV: uos delevi ja] eia BV : del. Nunes : ja scripsi (e deleto) Des u vos vós fordes, i al non á Nunes (vós vos Braga)10 en] eu V 11 q’ a coita V : om. B 13 Esta <i>d’, amigo Nunes : E sta damigo B : Estadamigo V 16 boã V :bona B 17 uyue q’ a coita damor V : om. B

339

500 Cantigas d’ Amigo

SANCHO SANCHEZ – 4

Que mui gran torto mi fez, amiga,meu amigo, quando se foi daquia meu pesar, pois que lho defendi,mais pero queredes que vos diga?se veess’ én, ja lh’ eu perdoaria 5

Tanto mi fez gran pesar sobejoen s’ ir daqui que ouve de jurarmentre vivesse de lhi non falar,mais, por que <o> tan muito desejo,se veess’ én, ja lh’ eu perdoaria 10

Ben vos dig’, amiga, en verdadeque jurei de nunca lhi fazer benant’ el, e non [se] leixou de s’ ir por en,mais, por que ei del gran soidade,se veess’ én, <ja lh’ eu perdoaria> 15

B 939 f. 201r°-v° V 527 f. 83v°

5 eu] en B 7 en] Eu B 9 <o> supplevi (muito <o> iam Nunes) 10 ialheu pdoaria V : om. B 11 en] eu Nunes13 hypermetric ant’ el, e] Antel e B : antel e V : ant’, e Nunes (deleto l) se seclusi1 15 uehessen B : u. V

vv. 5, 10, 15: én “é um verdadeiro advérbio, equivalente a d’aí ou seja, o lugar para onde êle fora” (Nunes,

vol. III, p. 247).

1 The verb leixar is documented in the required sense both with and without a reflexive pronoun (cf. CSM, s. v.).

340

500 Cantigas d’ Amigo

SANCHO SANCHEZ – 5

En outro dia en San Salvadorvi meu amigo, que mi gran ben quer,e nunca mais coitada foi molherdo que eu i fui, segundo meu sen,cuidand’, amiga, qual era melhor: 5de o matar ou de lhi fazer ben

El é por mi tan coitado d’ amorque morrerá, se meu ben non ouver,e vi o eu ali e, como querque vos diga, ouvi a morrer por en, 10cuidand’, amiga, qual era melhor:<de o matar ou de lhi fazer ben>

Meu é o poder, que sõo senhor,de fazer del o que m’ a mi prouguer,mais foi i tan coitado que mester 15non m’ én fora, pois que o vi, per ren,cuidand’, amiga, qual era <melhor:de o matar ou de lhi fazer ben>

B 940 f. 201v° V 528 f. 84r°

4 i] hy B : lhy V 9 vi-o eu Nunes : uyueu B : uyuen V 10 ouvi a Nunes : ouuha BV 11 qual era emelhor V :om. B 13 Meu] Men BV 16 m’ én distinxi : me~ BV : me Braga 17 q’l era o V : om. B : o del. Nunes

vv. 15-16: mester / non m’ én fora = “I had no need ofthat”.

vv. 15-16: mester / non m’ én fora = “não tinha necessi-dade disso”.

341

500 Cantigas d’ Amigo

RODRIG’ EANES D’ ALVARES – 1

Ai amiga, tenh’ eu por de bon sentod’ omen que sa senhor gran ben querque lho non entenden per nulha ren,se non a quen-no el dizer quiser;Rodrig’ Eanes d’ Alvares é tal: 5quer me milhor ca quis om’ a molher,mais non saben se me quer ben se mal

Maravilho me como non perdeuo corpo per quantas terras andoupor min, ou como non ensandeceu; 10por qual vos dig’ o que a min chegou:Rodrig’ Eanes d’ Alvares é tal;des que me viu, nunca ren tant’ amou,mais non saben <se me quer ben se mal>

Nen vistes omen tan gran coit’ aver 15com’ el por min á, assi Deus mi perdon,nen por senhor tan gran coita sofrercom’ el sofre, á mui longa sazon,Rodrig’ Eanes d’ Alvares é tal:nunca de min parte o seu coraçon, 20mais non saben se me quer ben se mal

B 975 f. 211r° (I), 978 f. 211v° (II-III) V 562 f. 89r°

2 omen] omeu B 4 quen-no] que~no B : que~ no V 8 pendeu BV 11 dig’ o distinx. Ferreiro : digo BV, Braga12 rod’guian’s V : Rad’guian’s B 16 á] a V : om. B : delere voluit Monaci, fort. recte assi BV : fort. ’ssi scribendum(servato á) 17 nen] Si~e B : si~e V por] por V : pour B senhor] senor B : senõ V 19 Rod’guian’s B : r°an’s V

20 Nunca B : siu~ca V parte] parte V : prate B 21 se me quer ben se mal om. B

342

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ D’ ULVEIRA – 1

Oi mais, amiga, quer’ eu ja falarcon meu amigo quanto x’ el quiser,vedes por que, ca tan gran ben mi querque ben vos dig’ eu, quant’ é semelhar<per> quant’ eu sei, que non ei de cuidar: 5non querria meu dano por saberque podia per i meu ben aver

Falarei con el, que non m’ estarámal nulha ren, e mesura fareide lhi falar, ca, per quant’ eu del sei, 10que mi quer ben e sempre mho querrá,que vejades o grand’ amor que mh á:non querria <meu dano por saberque podia per i meu ben aver>

Falarei con el, pois está <a>ssi, 15par Deus, amiga, ca sempre punhoude me servir, des i nunca m’ erroudes que meu fui, per quant’ eu aprendi,e mais vos direi que del entendi:non querria <meu dano por saber 20que podia per i meu ben aver>

E, pois m’ el quer com’ oídes dizer,de sa fala non ei ren que temer

B 1000 f. 216v° V 589 f. 94r°

5 <per> Lapa (1982: 182); cf. vv. 10, 18 <d’el> sei Nunes; cf. vv. 10, 19 9 ren] te~ V 15 Falarei <eu> Nunesel<e> Lapa está <a>ssi supplevi (cf. v. 8) : estassy BV : est assi Nunes 16 ca] cn ? B 17 errou] eirou B: emni V 18 meu(p) ? V 20 querria] queiria B : om. V 23 de sa Nunes : Dessa B : dessa V : D essa Machado

ren] te~ V

343

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ D’ ULVEIRA – 2

– Muit’ á que diz que morrerá d’ amoro voss’ amigo, se volo veernon faço, filha, mais quer’ eu saberque perç’ eu i, se por vós morto for– Direi vos, madr’, as perdas que á i: 5perder s’ á el e poss’ eu <i> perdero corp’, e vós, madr’, o vosso por mi

– Ai mha filha, entenderá quen querque vós teedes por el sa razon,mais dized’ ora, se Deus vos perdon, 10que perç’ eu i, se x’ el morrer quiser?– Direi vos, madre, quant’ eu entendi:perder s’ á el e perderei entono corp’, e vós, madr’, o vosso por min

B 1001 f. 216v° (vv. 1-3) V 590 f. 94r°

1 Muit’ á Lapa : D unha BV : Un’ á Nunes1 4-14 om. B2 6 <i> Nunes; cf. vv. 4, 5, 11 12 entendi V : entend’i

Nunes

1 Nunes also suggests (vol. II, p. 470) u~’ á (u~a á), to which Lapa (1982: 182) rightly objects. Tavani (Rep.) accepts Nunes’ Un á.Meanwhile Lapa’s Muit’ á occurs in the incipit of five other cantigas d’amigo (though not in verse-initial position).2 At this point begins a lacuna in B, where two pages (remains of which are visible) were torn out of the codex. V is thereforethe only witness for the rest of this text and all of the following one (as well as for seven cantigas d’ amigo of Johan Airas,V 594-600).

344

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ D’ ULVEIRA – 3

Ai madr’, o meu amigo morr’ assicome quen morre de coitas que ágrandes d’ amor, e non queredes jaque me veja, e el morr’, eu o sei,por mi d’ amor, mais eu morta serei, 5pois el morrer por mi, por el log’ i

E amores tantas coitas lhi danpor mi, madre, que non pode guarir,pero sei eu que guarrá, se me vir,e jaz morrend’ assi por mi d’ amor, 10mais eu morrerei, madr’ e mha senhor,pois el morrer por mi, por el de pran

V 591 f. 94r°

2 quen Monaci : queu V 4 me scripsi (cf. v. 9)1 : u9 V : o Nunes o] e V

1 Nunes’ suggestion makes sense (Braga keeps vos) but breaks the parallelism. que me veja would correspond to se me vir inv. 9, where the boy is the subject of the verb and the girl the object.

345

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN FERNANDEZ D’ ELVAS – 1*

Estes que agora, madre, aqui sondizen que é sandeu meu amigo;non tenhades que o por al digo,mais ben creo, se me vissen, que nonterrian meu amigo por sandeu, 5madre, de que por min ensandeceu

E os que dizen que perdeu o senpor mi, madre, non me dirian malse soubessen com’ é, e sei me eu al:pois que me vissen, que nunca por en 10terrian meu amigo <por sandeu,madre, de que por min ensandeceu>

E aqueles que ja dizen que épor mi sandeu, assi Deus me pardon,cada un deles no seu coraçon, 15se me vissen, nunca, per bõa fe,terrian meu amigo por sandeu,<madre, de que por min ensandeceu>

B 615 f. 135v° V 216 f. 31r°

1 aqi V : a q’ B 2 amigo] damigo B 3 poral B : popal V 4 be~ creo B : be~ (qeo) creo V uise~ B : uysem V5 terriã V : Terria B 6 de q’ BV : de<s> que Radulet1 ensandeçeu V : ense~deceu B 7 dize~ B : dizer V8 mi] my B : me V mal] tal Nunes 9 soubesem B : soubes(s)em V 10 uissem V : uissera B 11 terrian]Derriã B : diriã V 13 aq’ll’s B : aq’lls V ia V : io B que é] que he Machado : q’ hei B : q’lhe V : qu’el é Nunes

14 mi] moy BV asy BV mi V 15 dell’s V : dellas B 16 boã V : boa B 17 Teiriã B : terria V per V

1 Radulet (ad loc.) finds no parallels for the construction with de que (which she emends to de<s> que – though I find noexamples among the cantigas d’amigo of des que introducing a causal clause); but both parallel and related uses of de que canbe found: B 1223 / V 828 (Baveca) vv. 8-10 – Amiga, vós non fezestes razon / de que perdestes voss’ amig’ assi / quando vos el amava maisca si; B 796 / V 380 (Sandeu), vv. 7-8 Ben m’ é con este mandado que ei / de meu amig’, e non o negarei,/ de que se ven; and, in the sametext, vv. 13-15 Muit’ and’ eu leda no meu coraçon / con meu amig’, e faço gran razon,/ de que se ven [...] . Cf. also B 1152 / V 745(Servando), vv. 3-4 eu por ben tenho de que lh’ aqui vin / polo veer; and, in the same text, vv. 15-16 e tenh’ eu de que o vi ja / que lh’ é granben. (Cf. B 632 bis / V 234 [Calheiros], v. 10, where we could read e pesa me de [do BV] que tarda.)

346

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN FERNANDEZ D’ ELVAS – *2

O meu amigo que por min o senperdeu, ai madre, tornad’ é sandeu,e, pois Deus quis que me inda non morreue a vós pesa de lh’ eu querer ben,que me quera ja mal, mal me farei 5parecer, e desensandece-l’ ei

Por Deus vos rogo, mha madre, perdon,que mho leixedes u~a vez veer,ca lhi quer’ eu u~a cousa dizerper que guarrá, se me vir, e, se non, 10que me quera <ja mal, mal me fareiparecer, e desensandece-l’ ei>

E el á perdudo o sen por minque lhi esta coita dei, madr’ e senhor,e guarria, ca mh á mui grande amor, 15se me visse, e se non, des aquique me quera <ja mal, mal me fareiparecer, e desensandece-l’ ei>

B 1091 f. 233v° V 682 f. 109r°

2 Perdeu ? B : per den V 3 quis que me inda Nunes : quis q’ ynda B : quis me ynda V : quis que ynda Radulet1

6 Parecer hedes en sande~taley B : pareçe’ he d’s en sandentaley V 15 ca] ea V grãd B 16 visse, e Nunes: uisse y B : uisse V des] de B

1 Despite the objections of Radulet, this may be one place (there is another in B 1223 / V 826 [Baveca], v. 16) where B andV have dropped different but adjacent words. Pois Deus quis que m’ inda non morreu makes sense and scans. And the slightlyhumourous “ethical” dative (once called “the ‘My dog died on me’ dative”) would be in keeping with this girl’s tone.

347

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN FERNANDEZ D’ ELVAS – 3

– Farei eu, filha, que vos non vejavosso amigo – Por que, madr’ e senhor?– Ca me dizen que é entendedorvoss’ – Ai mha madre, por Deus non seja;eu o dev’ a lazerar, que o fiz 5sandeu e el con sandice o diz

– De vós e del, filha, ei queixume– Por que, madre? – Ca non é guisado,lazerar mh á esse perjurado– Por que, madre? é meu ben e meu lum’ e 10eu o devo a lazerar, que o fiz<sandeu e el con sandice o diz>

– Matar m’ ei, filha, se mho disserdes– Por que vos avedes, madr’, a matar?– Ante que m’ eu do falso non vengar 15– Madre, se vós vos vengar quiserdes,eu o devo a lazerar, que o fiz<sandeu e el con sandice o diz>

B 1092 ff. 233v°-234r° V 683 f. 109r°

2 uosso V : uoss B 8 Braga assigns the whole verse to the daughter 10 madre? é interpunxi : madree ? B : madre Vlum’ e distinxi : lume BV, edd. – Por queê madre, meu ben e meu lume? Nunes1 11 lezerar B : lezar V 16 vósvos] uos uos BV : vos vós Nunes

1 Radulet registers the superscript in B (above the e in madre) as c but it could be e (the final vowel of madre would be elidedanyway). Braga (reading madr’ e), Nunes, Machado and Radulet all take meu ben e meu lume as addressed to the mother, butnowhere else in the cantigas d’ amigo does a girl use this formula when speaking to her mother. On my reading, the phraseforms part of the girl’s defense of the boy. We could read lume instead of lum’ e at the end of v. 10 and get approximately thesame meaning, but lum’ e places a special emphasis on the initial eu of v. 11.

348

500 Cantigas d’ Amigo

ESTEVAN FERNANDEZ D’ ELVAS – 4

– Madre, chegou meu amig’ oj’ aqui– Novas son, filha, con que me non praz– Por Deus mha madre gran torto per faz– Non faz, mha filha, ca perdedes i– Mais perderei, madre, se el perder 5– Ben lhe sabedes, mha filha, querer

B 1093 f. 234r° V 684 f. 109r°

1 amigo ia quy BV1 3 por V : Par B perfaz Nunes

1 Madre, chegou meu amigo ja ’qui is not impossible.

v. 5: “I’ll lose (even) more, Mother, if I lose him.” v. 5: “Perderei (ainda) mais, Mãe, se o perder a ele.”

349

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE BERDIA – 1

Sanhudo m’ é meu amig’ e non sei,Deu-lo sabe, por que xi m’ assanhou,ca toda ren que m’ el a mi mandoufazer, fij’ eu e nunca lh’ <i> errei,e por aquesto non tenh’ eu en ren 5sanha, que sei onde mi verrá ben

Tan sanhudo non m’ é, se m’ eu quiser,que muit’ alhur sen mi possa viver,e en sobervha lho quer’ eu meterque o faça, se o fazer poder, 10e por aquesto non tenh’ eu <en rensanha, que sei onde mi verrá ben>

E, des que eu de mandado sair,non se pode meu amigo guardarque me non aja pois muit’ a rogar 15polo que m’ agora non quer gracir,e por aquesto non tenh’ eu en ren<sanha, que sei onde mi verrá ben>

Quando m’ el vir en Santa Marta estarmui fremosa, meu amigo ben leu 20querrá falar migo e non querrei eu;enton me cuido ben del a vingar,e por aquesto non <tenh’ eu en rensanha, que sei onde mi verrá ben>

B 1118 f. 239v° V 709 f. 113v°

1 Sanhuda V amig’ e] amigue V : amigo B 3 re~ B : ten V 4 figeu BV lh’ <i> errei supplevi1 : lherrey V: lheirey B : lh<i> errei Nunes 5 e om. B tenheu V : teneu B 9 lho BV : fort. lhe scribendum 11 tenh’ eu]tenhu BV 13 q’ eu V : q’u B 17 tenheu V : tenlhen ? B 20 leu Michaëlis (II, 881) : lheu BV2

1 Errar is commonly construed with i. Cf. B 699 / V 300 (Ulhoa), v. 2 fui eu i muit’ errada and B 1550 (Sevilha / Talaveira), fiindaca errastes vos i.2 Cf. B 483 / V 66 (Alfonso X), vv. 12-13 ben leu / querrán. In A 112 / B 225, v. 7, we find: leu A : lheu B.

vv. 9-10: The sense, though not entirely clear, seemsto be: “and, out of pride, I want to put it (o) in hishead (lh) that he do it [scil. spend much time awayfrom me], if he can”.

vv. 9-10: O sentido, embora não totalmente claro,parece ser: “e, por orgulho, quero pôr-lho na cabeçaque ele o faça [isto é, fique muito tempo longe], se oconseguir”.

350

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE BERDIA – 2

Jurava mh o meu amigo,quand’ el falava comigo,que nunc’ alhur viveriasen mi, e non mi queriatan gran ben como dizia 5

Foi un dia polo veera Santa Marta, e mãeru m’ el jurou que morriapor mi, mais non mi queriatan gran ben como dizia 10

Se m’ el desejasse tantocomo dizia, logo ant’ otempo que disse verria,mais sei que mi non queriatan gran ben como dizia 15

Pod’ el tardar quanto quiser,mais, por jurar quando veer,ja volh’ eu non creeria,ca sei que mi non queriatan gran ben <como dizia> 20

Ai fals’, e por que mentiaquando mi ben non queria?

B 1119 f. 240r° V 710 ff. 113v°-114r°

4 q’iria B : queiria V 5-6 dizia / Foy B : dizi / Affoy V 7 mãer Michaëlis (II, 882) : maer BV 13 uerria V : viria B14 mi] me BV 17 q’udo B : qn’ V 18 volh’ eu distinxi1 : uolheu BV : no-lh’eu Monaci (1873: 14) : o lh’eu Nunes21 Ay fals’! e Monaci : Ay falsse BV : Ay fals’ é Braga2 montia B

1 We find the same combination of pronouns with the same verb in B 750 / V 353 (Guilhade), v. 2 e eu non volho creo ben . Giventhe rarity of such usage, the close similarity of the two phrases suggests that they are both versions of an archaic formula.Note that the second person plural pronoun in volh’ is the only reference (in any of the five cantigas d’ amigo of Berdia) to aputative addressee (or addressees).2 In the cantigas d’amigo the exclamation ai is invariably used with vocatives, so Braga’s punctuation (followed by Nunes) isimprobable. On Monaci’s reading, the girl shifts from the vocative exclamation Ai fals’ to a rhetorical question (introducedby e) with third person verbs.

351

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE BERDIA – 3

Deu-lo sabe, coitada vivo mais ca soía,ca se foi meu amigo, e ben vi, quando s’ ia,ca se perderia migo

E dissera lh’ eu, ante que se de min quitasse,que se veesse cedo, e, se alá tardasse, 5ca se <perderia migo>

E dissera lh’ eu, ante que se de min partisse,que, se muito quisesse viver u me non visse,ca se <perderia migo>

B 1120 f. 240r° V 711 f. 114r°

3 perdia Nunes (III, 304-305) 5 uehesse V : (h) ueesse B ala B : ela V 6 casse V : om. B 7 mi~ B : mi V

Lang (1894: cxviii), Nunes (vol I, p. 414 and vol. III, p. 305) and Lapa (1982: 183) see long lines here.

352

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE BERDIA – 4

Assanhou s’ o meu amigoa mi, por que non guiseicomo falasse comigo,Deus lo sabe, non ousei,e por en, se quiser, ande 5sanhud’ e non mho demande;quant’ el quiser, atant’ andesanhud’ e non mho demande

Enviar quer’ eu velidaa meu amigo que seja 10en Santa Marta na ermidamigo led’ e i me veja,se quiser, e se non, andesanhud’ e <non mho demande;quant’ el quiser, atant’ ande 15sanhud’ e non mho demande>

Depoilo tiv’ eu guisadoque s’ el foi daqui sanhudo,e atendi seu mandadoe non o vi, e perdudo 20é comigo, e alá x’ andesanhud’ e <non mho demande;quant’ el quiser, atant’ andesanhud’ e non mho demande>

Sei que non sab’ a mha manha, 25pois que m’ enviar non quermandadeir’ e xi m’ assanha,ca verrá, se m’ eu quiser,mais non quer’ eu, e el andesanhud’ e non mho demande; 30<quant’ el quiser, atant’ andesanhud’ e non mho demande>

B 1120 bis f. 240r°-v° V 712 f. 114r°

1 o] 9 B 8 mi-o Nunes : me o B : me V 17 De poylo V : Depoys lo Bi grisado V 20 non o] nouo V25 manho B 29 el] cl V 30 mho scripsi (cf. vv. 6, 8) : me BV, Braga

vv. 17-18: “I was able to arrange it after he went awayangry”.

vv. 17-18: “Consegui tratar disso depois de ele ter idoembora zangado”.

353

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE BERDIA – 5

Foi s’ o meu amigo daquisanhudo, por que o non vi,e pesar m’ ia, mais oíun verv’ antig’, e de mi benverdadeir’ é, ca diz assi: 5“quen leve vai, leve x’ ar ven”

[Per †hu~o soyllo† prazer <vil>pesares vi ja mais de mil]

B 1121 f. 240v° V 713 f. 114r°

2 sanhudo] nhudo V 3 m’ ia distinxi : mha BV : mi-á <en> Nunes 4 antig’, e de mi scripsi : antigõ demi B :antigon demi V : antigo, de mi Nunes (antiguo, de mi iam Braga) : antigo, que mi Lapa 7-8 seclusi : om. V1 7 hu~o

soyllo B : uno solo Nunes (cf. III, 689) : fort. u~u soo scribendum <vil> supplevi2 8 myll B

1 For the thought, cf. CA 44 (M. Soares), vv. 15-16. But it is not clear what these two verses are doing here. The phrase u~osoyllo (= uno solo? [which would be u~u soo in medieval Galego-Portuguese]), if correct, would bespeak another linguisticsystem (but see, for example, the apparatus to Baian-4, v. 14 where solo in V corresponds to sõo in B). In B five blank linesprecede the couplet and six blank lines follow.2 We find vil rhyming with mil in numerous passages in Galego-Portuguese lyric. Cf. B 1 (=CA 311), vv. 10-11; CSM 5.152, 154;35.80-81; 64.71, 73; 245.120-121; 419.120, 122.

354

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO PORCO – 1

Irei a lo mar vee-lo meu amigo;pregunta-lo ei se querrá viver migo,e vou m’ eu namorada

Irei a lo mar vee-lo meu amado;pregunta-lo ei se fará meu mandado, 5e vou <m’ eu namorada>

Pregunta-lo ei por que non vive migo,e direi lh’ a coita ’n que por el<e> vivo,e vou m’ eu <namorada>

Pregunta-lo ei por que m’ á despagado 10e s<e> xi mh assanhou a tort’ endõado,e vou m’ eu na<morada>

B 1127 f. 241v° V 719 f. 115r°

3 namorada Monaci (1873: 9-10) : namorado BV1 7-9 om. B 8 coita’n Monaci : coitan V : coita <e>n Nunes (III,308) el<e> supplevi 11 s<e> xi scripsi2 : ssi BV : se edd. mh] m B atortendõado V : a tortendoãdo B :a tort<o>, endõado Lapa : á tort’endõado Nunes3

1 The only morphological indication of the gender of the speaker is the word namorado, copied in full only here. Sinceconfusion between a and o is common, editors beginning with Monaci have understandably corrected what they took to bea simple error. (Compare B 1236 / V 841 [Pai Calvo], v. 2 and note). In doing so they may have overlooked or declined toacknowledge the possibility that this text deliberately breaks the rules of the genre: if namorado is sound, we have a parodyof a cantiga d’ amigo (and whoever prefers to read namorado with the manuscripts can adduce as corroborating evidence both thelogic of the discourse [a limp response to the boy’s sanha] and the location of the text in BV [just at the end of a section withpoems of various genres and immediately before the Amigo section of what Oliveira 1994 calls the cancioneiro de jograis galegos]).2 My suggestion supplies a syllable in the first half of the verse, where sense and syntax seem to stumble (Nunes) or simplyfizz out (Lapa 1982: 183) in the readings so far proposed. Compare B 1274 / V 880 (Giinzo), v. 4 e, se s’ assanha, non faz i torto.The verb assanhar in this sense (“to get angry”) is always reflexive (except once in oratio obliqua with introductory verb andinfinitive: poilo vi assanhar / escontra mi [B 789 / V 373, vv. 9-10] – where the reflexive pronoun is omitted [cf. Cohen 1996b:9-11 and 40, note 7]). The form xi is suggested by the manuscripts’ ssi and supported by the position of the text in BV. See,for example, B 1118 / V 709 (Berdia), v. 2 xi m’ assanhou and B 1120 bis / V 712 (Berdia), v. 27 xi m’ assanha.3 Monaci and Lapa rightly see here the adverbial phrase a torto (“wrongly”), while Nunes, putting a semicolon after assanhou,reads á tort’ (but aver torto means “to have been wronged” and is construed with de plus the offending person).

v. 11: “And if he got angry with me wrongly for noreason”.

v. 11: “E se ele se zangou comigo mal por nada”.

355

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 1

Ai Deus, que doo que eu de mi ei,por que se foi meu amig’ e fiqueipequena e del namorada

Quando s’ el ouve de Julhan a ir,fiquei fremosa, por vos non mentir, 5pequena e del <namorada>

Ali ouv’ eu de mha morte pavoru eu fiquei mui coitada pastorpequena e del na<morada>

B 1128 ff. 241v°-242r° V 720 f. 115r°

4 Julham V : om. B

356

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 2

Assanhei me vos, amigo, noutro dia,mais ben o sab’ ora Santa Mariaque non foi por vosso mal,per bõa fe, meu amigo, foi por al

B 1129 f. 242r° V 721 f. 115v°

2 <mui> ben Nunes possis sab<e> 3 por] p B 4 boa BV

In strophes of this form (aabb or aaBB) the verses in the body of the strophe should be of equal measure. Henceverse 2 should scan 11’ to match v. 1, but it is difficult to judge where a syllable has been lost. Neither is it clearwhether the text as it stands is complete or fragmentary. Given these uncertainties, maybe we ought merelyreport that the text in the MSS scans 11’ 10’ 7 11, and that we believe a syllable has been lost in v. 2.

357

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 3

A Santa Maria fiz ir meu amigoe non lh’ atendi o que pos comigo:con el me perdipor que lhi menti

Fiz ir meu amigo a Santa Maria 5e non foi eu i con el aquel dia:con el me perdi<por que lhi menti>

B 1130 f. 242r° V 722 f. 115v°

1 hypermetric? 2 arendi V atendi <eu> Michaëlis (II, 882) 5 amigo (a) a B 6 aq’l BV : fort. aquele 7 el]ele B

vv. 1, 2, 5, 6: The meter of verses in the body of the strophe is uncertain. Unless we scan Maria (v. 1) as twosyllables, the first verse scans a syllable longer than vv. 2, 5 and 6. However, v. 5 could scan 11’ syllables (withhiatus between amigo | a) and in v. 6 a vowel could have dropped out: aquel<e>. Against this (possible) metrical

norm of 11’ the only exception would then be v. 2, where we might venture either atendi <eu> or <el> pos).

358

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 4

Do meu amig’, a que eu quero ben,guardan me del, e non ouso per rena Santa Maria ir,

pois guardan me del, que o non veja,e non me leixan, per ren que seja, 5a Santa Maria ir

Que o non visse, macar quisesse,por en guisaron que non podessea Santa <Maria ir>

Nen o viss’ eu nen o tant’ amasse, 10pois mi Deus deu quen me non leixassea Santa Maria <ir>

Des que o vi en Julhan un dia,ja me non leixan como soíaa Santa Maria ir 15

B 1131-1132 f. 242r° V 723 f. 115v°

4 Poys is written after a space, at end of v. 3 in B; in V, alone at beginning of fourth line del] dele V : dee B 8 g’sarõ B :grisarõ V

359

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 5

Assanhei me vos, amigo, per bõa fe, con sandececomo se molher assanha a quen lho nunca merece,mais, se mi vos assanhei,desassanhar mi vos ei

B 1133 f. 242r° V 724 f. 115v°

1 boa V sãdice B : sã dia or sãdice V : corr. Braga 2 moher B 4 De sassa nharmi B : de san ssanha rmi V

Lapa (1982: 183) wants long verses in the body of the strophe, short ones in the “refrain” (assuming we could

call it that in a text consisting of a single strophe).

360

500 Cantigas d’ Amigo

PERO DE VEER – 6

– Vejo vos, filha, tan de coraçonchorar tan muito que ei én pesare venho vos por esto preguntarque mi digades, se Deus vos perdon,por que mh andades tan trist’ e chorando 5– Non poss’ eu, madre, sempr’ andar cantando

– Non vos vej’ eu, filha, sempre cantarmais chorar muit’ e creo que por enalgun amigo queredes gran ben,e dized’ ora, se Deus <vos> ampar, 10por que mh an<dades tan trist’ e chorando– Non poss’ eu, madre, sempr’ andar cantando>

B 1134 f. 242r°-v° V 725 f. 115v°

1 uos V : uo B 2 chorar Monaci : Charar B : charar V 3 e venho] eue~ho V : Queo B 4 mi] me B uos V :

nos B 7 eu] ea B1 8 creo scripsi : cõ BV2 9 Alguu~ B : alguu~ V 10 <vos> Nunes; cf. v. 4

1 V reads either eu with a malformed e or ou.2 I read the abbreviation cõ here as standing for creo (Nunes, sensing the need for a verb, arbitrarily prints tenho).

361

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 1

Fremosas, a Deus grado, tan bon dia comigo,ca novas mi disseron ca ven o meu amigo;ca ven o meu amigo, tan bon dia comigo

Tan bon dia comigo, fremosas, a Deus grado,ca novas mi disseron ca ven o meu amado; 5fremosas, a Deus grado, ca ven o meu <amado>

Ca novas mi disseron que ven o meu amigoe and’ end’ eu mui leda, pois tal mandad’ ei migo;pois tal mandad’ ei migo ca <ven o meu amigo>

Ca novas mi disseron ca ven o meu amado 10e and’ <end>’ eu mui leda, pois mig’ e<i> tal mandado;pois mig’ e<i> tal mandado que ven o meu amado

B 1135 f. 242v° V 726 ff. 115v°-116r°

1 grado V : grade B 2 diseron V : deseron B meu(p) B 3 meu] mea B amigue BV migo V e tambom dia migo Braga 4 bõ B : ben V E f’mosas B : e fr’mosas V : e del. Varnhagen 6 E f’mosas B :efr’mosas V : e del. Varnhagen <amado> suppl. Braga 7, 12 que] fort. ca 7 amigue V 8 end’] and B10 disserõ B : diss ron V 11, 12 e<i> Nunes : e BV : é Braga1 11 <end>’ suppl. Nunes; cf. v. 8

In both B and V the first strophe is copied in three long verses, the other strophes in short lines (but V has thesecond half of our v. 4 and the first half of our v. 5 together on a single line). In B, Colocci has noted in the lefthand margin beside the first strophe “14 syl” – indicating that these are 14 syllable verses (13’ in standardmodern notation). In V, in a similar position, Colocci has written “2ij” – which Indini (p. 148) thinks probablyrefers to the possibility of dividing each long verse into two short ones. Cf. Lang (1894: cxviii), Nunes (vol. I,p. 414), Lapa (1982: 183). Tavani (Rep.) offers three alternatives: 1:2 (aaa 13’13’13’); 2:2 (aaaa 13’ 13’ 6’ 6’); and

225:1 (abcbbb 6’ 6’ 6’ 6’ 6’ 6’). Indini opts for the last (pp. 147-148).

1 Cf. B 1140 / V 731 (Bonaval), v. 7 Pois eu migo seu mandado non ei, and note that in a similar phrase in B 1279 / V 885 (Codax)v. 4, B and V read e, but N correctly has ei.

362

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 2

Quero vos eu, mha irmana, rogarpor meu amig’ e quero vos dizerque vos non pes de m’ el viir veer,e ar quero vos d’ al desenganar:se vos prouguer con el, gracir volo ei, 5e, se vos pesar, non o leixarei

Se veer meu amig’ e vos for bencon el, fiar m’ ei mais en voss’ amore sempre m’ end’ averedes melhor,e ar quero vos dizer outra ren: 10se vos prouguer con el, gracir volo ei,<e, se vos pesar, non o leixarei>

Quando veer meu amigo, cousirvos ei se me queredes ben, se mal,e, mha irmana, direi vos log’ al, 15ca non vos quero meu cor encobrir:se vos prouguer <con el, gracir volo ei,e, se vos pesar, non o leixarei>

B 1136 f. 242v° V 727 f. 116r°

4 d’al Nunes (cf. vv. 10, 15) : del V : de B desanganar B 8 uoss V : noss ? B 9 m’ end’] meu d BV 11uolo B : uole V

363

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 3

– Ai fremosinha, se ben ajades,longi de vila, quen asperades?– Vin atender meu amigo

– Ai fremosinha, se gradoedes,longi de vila, quen atendedes? 5– Vin atender <meu amigo>

– Longi de vila, quen asperades?– Direi vol’ eu, pois me preguntades:vin atender <meu amigo>

– Longi de vila, quen atendedes? 10– Direi vol’ eu, poilo non sabedes:vin atender meu <amigo>

B 1137 ff. 242v°-243r° V 728 f. 116r°

1, 4 fremosmha V 11 uo leu V : u9 leu B

364

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 4

Pois mi dizedes, amigo, ca mi queredes vós melhorde quantas eno mundo son, dizede, por Nostro Senhor,se mi vós queredes gran ben, como podedes <ir> daquen?

E, pois dizedes ca poder non avedes d’ al tant’ amarcome min, ai meu amigo, dizede, se Deus vos ampar, 5se mi vós queredes <gran ben, como podedes ir daquen>?

E, pois vos eu ouço dizer ca non amades tan muit’ alcome mi, dized’, amigo, se Deus vos lev’ a Bonaval,se mi vós queredes <gran ben, como podedes ir daquen>?

Por que oí sempre dizer, du ome muit’ amou molher, 10que se non podia end’ ir, pesar mh á, se eu non souber:se mi vós queredes <gran ben, como podedes ir daquen>?

B 1138 f. 243r° V 729 f. 116r°-v°

3 como] e como uos V : E eo mo vos B <ir> como podedes d’aquen? Nunes <ir> daquen? ego1 7 ouzo V: onco B muytal B : muyta(m)al V

In both B and V the text is copied in strophes of 6 lines each; in neither, however, would the space availablehave sufficed to copy the text in long lines. Cf. the remarks of Indini (p. 158), who follows the lay-out of theMSS despite the resultant metrical irregularities. Tavani (Rep.) again offers three possibilities (26:1, 37:2 and244:2,4,6 [followed by Indini]). Lapa (1929a: 325) takes the form to be aaBB.

1 Though unconvinced by Nunes’ emendation (accepted by Lapa and Indini), I do feel the need (not shared by Braga andMachado) for the infinitive ir (cf. v. 11). My suggestion would make the refrain 16 syllables and the overall form would beaaB 16 16 16.

365

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 5

Se veess’ o meu amigo a Bonaval e me visse,vedes como lh’ eu diria, ante que m’ eu del partisse:“Se vos fordes, non tardedes tan muito como soedes;”diria lh’ eu: “Non tardedes, amigo, como soedes”

Diria lh’ eu: “Meu amigo, se vós a min muit’ amades, 5fazede por mi atanto, que bõa ventura ajades:se vos fordes, non tardedes tan muito como soedes;”diria lh’ eu: “Non tardedes, <amigo, como soedes>”

Que leda que eu seria, se veess’ el falar migo,e, ao partir da fala, diria lh’ eu: “Meu amigo, 10se vos fordes, non tardedes tan muito como soedes;”diria lh’ eu: “Non tardedes, <amigo, como soedes>”

B 1139 f. 243r° V 730 f. 116v°

7 rardedes B 9 que2] q’ V : nõ B

On the strophic form, see Lapa 1929a: 305-306; Tavani, Rep., p. 17; Indini, pp. 80, 162.

366

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 6

Diss’ a fremosa en Bonaval assi:“Ai Deus, u é meu amigo daquide Bonaval?

Cuid’ eu, coitad’ é no seu coraçon,por que non foi migo na sagraçon 5de Bonaval

Pois eu migo seu mandado non ei,ja m’ eu leda partir non podereide Bonaval

Pois m’ aqui seu mandado non chegou, 10muito vin eu mais leda ca me voude Bona<val>”

B 1140 f. 243v° V 731 f. 116v°

367

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 7

Rogar vos quer’ eu, mha madre <e> mha senhor,que mi non digades oje mal, se eu fora Bonaval, pois meu amig’ i ven

Se vos non pesar, mha madre, rogar vos ei,por Deus, que mi non digades mal, e irei 5a Bonaval, pois meu <amig’ i ven>

B 1141 f. 243v° V 732 f. 116v°

1 q’reu B : querou V : quer<o> eu Nunes madre <e> ego : madre BV : madr’ e edd. 2, 5 BV begin new line aftermal 3, 6 BV begin new line after Bonaval

One could lay the poem out according to the rhyme pattern ababC, scanning 12 9 3 4 6 (with breaks aftermal in vv. 2 and 5 and after Bonaval in vv. 3 and 6), but I think it is more significant that the form can be taken

as a simple aaB strophe with internal rhymes. See Indini, ad loc.

368

500 Cantigas d’ Amigo

BERNAL DE BONAVAL – 8

Filha fremosa, vedes que vos digo:que non faledes ao voss’ amigosen mi, ai filha fremosa

E se vós, filha, meu amor queredes,rogo vos eu que nunca lhi faledes 5sen mi, ai <filha fremosa>

E al á i de que vos non guardades:perdedes i de quanto lhi faladessen mi, <ai filha fremosa>

B 1141 bis f. 243v° V 733 f. 116v°

2 falades do V 5 falades B 7 guardedes B 8 lhi nõ falades BV : nõ del. Nunes

369

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 1

Quand’ eu a San Servando fui un dia daquifaze-la romaria e meu amig’ i vi,direi vos con verdade quant’ eu del entendi:muito venho pagadade quanto lhi falei; 5mais á m’ el namoradaque nunca lhi guarrei

Que bõa romaria con meu amigo fix,ca lhi dix’, a Deus grado, quanto lh’ eu dizer quixe dixi lh’ o gran torto que sempre dele prix: 10muito venho pagadade quanto lhi fa<lei;mais á m’ el namoradaque nunca lhi guarrei>

U el falou comigo, disse m’ esta razon: 15por Deus, que lhi faria? e dixi lh’ eu enton:“Averei de vós doo <e>no meu coraçon”;mui<to venho pagadade quanto lhi falei;mais á m’ el namorada 20que nunca lhi guarrei>

Nunca m’ eu desta ida acharei se non ben,ca dix’ a meu amigo a coita ’n que me teno seu amor, e cuido que vai ledo por en:muito venho pagada 25<de quanto lhi falei;mais á m’ el namoradaque nunca lhi guarrei>

B 1142 ff. 243v°-244r° V 734 f. 117r°

5, 12, 19, 26 de BV, Monaci : por Nunes; cf. v. 12 8 bona V fix scripsi1 : fiz BV 12 de] Pr B : pr V (cf. v. 5) 16 fort.lh’ i entou BV 17 <e>no Nunes 23 coyta ’n distinx. Monaci : coytan V : coytã B 25 uenho V : uenha B

Both MSS present our vv. 8-10 in long lines but the rest, including the refrain, in short lines. Monaci may beright to print the text in long verses throughout, including the refrain. Michaëlis (vol. II, p. 882) prints longverses, while Nunes (repenting, vol. III, p. 317) and Lapa (1982: 184) recommend them, at least for the bodyof the strophe.

1 See note on B 683 / V 285 (J. S. Coelho), vv. 5, 11.

370

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 2

Ir se quer o meu amigo,non me sei eu del vingar,e, pero mal está migo,se me lh’ eu ant’ assanhar,quando m’ el sanhuda vir, 5non s’ ousará daquend’ ir

Ir se quer el daqui cedopor mi non fazer companha,mais, pero que non á medode lhi mal fazer mha sanha, 10quando m’ el sa<nhuda vir,non s’ ousará daquend’ ir>

Foi el fazer noutro diaoraçon a San Servandopor s’ ir ja daqui sa via, 15mais, se m’ eu for assanhando,quando m’ el sanhuda <vir,non s’ ousará daquend’ ir>

B 1143 f. 244r° V 735 f. 117r°

4 assanar B 6 usara B

Michaëlis (vol. II, p. 882) and Lapa (1982: 184) favor long lines (at least for the body of the strophe) andNunes (vol. III, p. 317) repents having printed short lines. But in the absence of direct manuscript evidenceand of any indication by Colocci, it may be prudent not to insist. The form can also be taken as aaB or aaBB.

371

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 3

A San Servand’ en oraçonfoi meu amig’ e, por que nonfoi e<u>, choraron des entonestes meus olhos con pesare non os poss’ end’ eu quitar 5estes meus olhos de chorar

Pois que s’ agora foi daquio meu amig’ e o non vi,filharon s’ a chorar des iestes meus olhos con pesar 10e non os poss’ end’ eu quitar<estes meus olhos de chorar>

B 1144 f. 244r° V 736 f. 117r°

1 en] e~ B : eu V 2 nõ (foy) B 3 e<u> Monaci : e BV 5, 11 non9 V : nou9 B end’] and B 8 o] illeg. V

372

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 4

A San Servando foi meu amigoe por que non veo falar migodirei o a Deuse chorarei dos olhos meus

Se o vir, madre, serei cobrada 5e por que me te~edes guardadadirei o a Deuse chorarei <dos olhos meus>

Se m’ el non vir, será por mi morto,mais, por que m’ el fez<o> tan gran torto, 10direi o a Deuse cho<rarei dos olhos meus>

B 1145 f. 244r° V 737 f. 117v°

2 ueo B : ue(i)o V 3-4 one long line BV1 4 dos] d9 V : d’s B 5 Seo(i) ? V 6 tee~des BV : teendes Braga, Nunes9 Se B : e se V : E se Monaci pr B : pre V 10 possis el<e> (servato fez tan) fez<o> supplevi : fez BV tã BV

: <a>tan Nunes2

1 Similarly our vv. 7-8 and 11-12.2 Neither atan nor fezo is found in the cantigas d’ amigo of our poet (but we find the variation quis / quiso in B 1143 bis / V 746).

373

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 5

Ora van a San Servando donas fazer romariae non me leixan con elas ir, ca log’ alá iria,por que ven i meu amigo

Se eu foss’ en tal companha de donas, fora guarida,mais non quis oje mha madre que fezess’ end’ eu a ida, 5por que ven i meu a<migo>

Tal romaria de donas vai alá que non á pare fora oj’ eu con elas, mais non me queren leixar,por que ven i <meu amigo>

Nunca me mha madre veja, se dela non for vingada, 10por que oj’ a San Servando non vou, e me ten guardada,por que ven i <meu amigo>

B 1146 f. 244r°-v° V 738 f. 117v° (cf. B 1146 bis / V 749)1

1 O (o)ra B 4 eu] en V 7 nõ V : no B 11 Nõ B : no V

Short lines in BV; Monaci prints long verses. See the note on the other version (following B 1147 bis / V 750).

1 These two versions, both attributed to Johan Servando, of what is basically the “same” poem, provide an opportunity tosee how a text could be altered, whether by the poet himself, by a performer, or perhaps through oral or written transmission.Michaëlis (vol. II, p. 882) and Lapa (1982: 184) would print long lines.

374

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 6

A San Servand’, u ora van todas orar,madre velida, por Deus vin volo rogarque me leixedes alá ira San Servand’ e, se o meu amigo vir,leda serei, por non mentir 5

Pois mi dizen do meu amigo ca i ven,madre velida e senhor, faredes benque me <leixedes alá ira San Servand’ e, se o meu amigo vir,leda serei, por non mentir> 10

Pois todas i van de grado oraçon fazer,madre velida, por Deus venho volo dizerque me leixedes alá ir<a San Servand’ e, se o meu amigo vir,leda serei, por non mentir> 15

B 1147 f. 244v° V 739 f. 117v°

12 hypermetric uolo BV : fort. vos scribendum

In B Colocci has written “14 syll.” in the left hand margin beside the first strophe just beneath the number(1147) and “14 syllab” at the bottom of f. 244v°a. This, though arguably a slip up on Colocci’s part, drawsattention to a metrical problem: whereas vv. 1-2, and 6-7 have 12 syllables, v. 12 must scan 13 syllables andv. 11 can be so scanned (if we observe hiatus between grado and oraçon). If we add a paragogic e to vv. 11 and

12 we would then get up to Colocci’s 14. The question remains open.

375

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 7

Se meu amig’ a San Servando fore lho Deus guisa polo seu amor,i-lo quer’ eu, madre, veer

E se el for, como me demandou,a San Servando, u m’ outra vez buscou, 5i-lo quer’ eu, <madre, veer>

O meu amigo, que mi vós tolhedes,pero m’ agora por el mal dizedes,i-lo quer’ eu, <madre, veer>

B 1148 f. 244v° V 740 f. 117v°

2 guisa scripsi : aguisa B : aguysa V1 e lh’o Deus aguysa por seu amor Monaci 3 Hylo B : dylo V 4 el Nunes: ei BV : eu Monaci 6 hylo B : dylo V 7-9 om. B2 9 dylo V

1 The verse is a syllable long and aguisa is suspect. There are three other attestations of non-reflexive finite forms of aguisarin the cantigas d’amigo, the normal verb being guisar (cf. note on B 686 / V 288 [J. S. Coelho], v. 3). (There is also one case ofthe reflexive aguisar se in B 256, v. 8 [Queimado]). In B 1168 / V 774, v. 7 (Bolseiro) we find desaguisado in a hypermetric versewhere we should read desguisado. Elsewhere Johan Servando uses guisaria in B 1152 / V 745, v. 6 (refrain).2 In V these lines read:

O meu amigo q’mi uos tolhedespo magora por el mal dizedesdylo quereu

376

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 8

Mha madre velida, e non me guardedesd’ ir a San Servando, ca, se o fazedesmorrerei d’ amores

E non me guardedes, se vós ben ajades,d’ ir a San Servando, ca, se me guardades, 5morrerei <d’ amores>

E, se me vós guardades d’ atal perfiad’ ir a San Servando fazer romaria,morrerei <d’ amores>

E, se me vós guardades, [eu] ben volo digo, 10d’ ir a San Servando veer meu amigo,morrerei <d’ amores>

B 1149 ff. 244v°-245r° V 741 ff. 117v°-118r°

6 Moirerey B : morrey V1 after 6 B has three spurious lines2 7 vós Nunes (cf. v. 10) : nõ BV 10 hypermetric uos

BV : secl. Monaci eu seclusi

1 Cf. v. 12, where V has morrrey.2 In B the poem is presented in 5 strophes, due to an evident error. After v. 6 we find:

Esseme nõ guardades datal perfiaDir a sã seruando ca seme guardadesMoirerey

Esseme(l) nõ guardades datal perfiaDir a sã seruãdo fazer romariaMoirerey

377

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 9

Triste and’ eu velida, e ben volo digo,por que mi non leixan veer meu amigo;poden m’ agora guardar,mais non me partirán de o amar

Pero me feriron por el noutro dia, 5fui a San Servando, se o ve<e>ria;poden m’ agora <guardar,mais non me partirán de o amar>

E, pero me guardan, que o <eu> non veja,esto non pode seer per ren que seja; 10poden m’ agora <guardar,mais non me partirán de o amar>

[E] Muito me poden guardar,e non me partirán d<e> o amar

B [1149 bis] f. 245r° V 742 f. 118r°

3 magora guardar BV : m’ agor’ aguardar distinx. Monaci 6 ve<e>ria Nunes (III, 323; cf. Monaci 1875b: 24) : ueriaBV 9 me guardan Lapa : maguardã BV : m’aguardam Monaci que o <eu> non veja Nunes (III, 322)1 : q’o nõ

ueia B : q’ o nõ ueia V 13 hypermetric E seclusi 14 d<e> o Braga (cf. v. 4) : do BV2

1 For the relative positions of o and eu in subordinate clauses, cf. (among the cantigas d’ amigo of Servando) B 1152 / V 745,v. 7 que o eu vi and B [1145 bis] / V 748, v. 2 des que o eu vi.2 Cf. v. 4. de is not elided before the pronouns o, os, a, as (Nobiling 1907b: 349; Cunha 1982: 14, 25, 81).

378

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 10

Foi s’ agora meu amig’ e por ená mi jurado que polo meu benme quis e quer mui melhor d’ outra ren,mais eu ben creo que non ést’ assi,ante cuid’ eu que moira el por mi 5e eu por el, en tal ora o vi

Quando se foi, viu me triste cuidar,e logo disse, por me non pesar,que por meu ben me soube tant’ amar,mais eu ben <creo que non ést’ assi, 10ante cuid’ eu que moira el por mie eu por el, en tal ora o vi>

Aquel dia que se foi, mi jurouque por meu ben me sempre tant’ amoue amará, pois migo começou, 15mais eu ben creo que non ést’ assi,<ante cuid’ eu que moira el por mie eu por el, en tal ora o vi>

Par San Servando, sei que será assi,de morrer eu por el e el por min 20

B 1150 f. 245r° V 743 f. 118r°

5 moyra Monaci : moyta BV 9 soube B : semp’ V cf. v. 14 tãt amar B : tantamã(u) ? V (Monaci reads cancelled u)after 9 (eamara poys migo começou) V on a separate line 10 ben B : bõ (cr) V 13 iurou B : uiron V 14 me om. B

v. 7 triste: adverbial.

379

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 11

Fui eu a San Servando por veer meu amigoe non o vi na ermida nen falou el comigo,namorada

Disseron mi mandado do que muito desejoca verria a San Servando e, pois eu non o vejo, 5namorada

B 1151 f. 245r° V 744 f. 118r°

1 Fuy V : Foy B 3 incomplete? 4 do Nunes : de BV deseio V : deseyo B

In BV, vv. 1-2 are copied in long lines, vv. 4-5 in short ones. Cf. Lang (1894 : cxviii), Michaëlis (vol. II, p. 883),Nunes (vol. I, p. 414, vol. III, p. 324) and Lapa (1982 : 184). In v. 5 we scan 13’ eliding both verria a and Servando

e (15’ if we observe hiatus twice).

380

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 12

Diz meu amigo que lhi faça ben,mais non mi diz o ben que quer de mi<n>;eu por ben tenho de que lh’ aqui vinpolo veer, mais el assi non ten,mais, se soubess’ eu qual ben el querria 5aver de mi, assi lho guisaria

Pede m’ el ben, quant’ á que o eu vi,e non mi diz o ben que quer averde min, e tenh’ eu que d<e> o veerlh’ é mui gran ben, e el non ten assi, 10mais, <se soubess’ eu qual ben el querriaaver de mi, assi lho guisaria>

Pede m’ el ben, non sei en qual razon,pero non mi diz o ben que querráde min; e tenh’ eu, de que o vi ja, 15que lh’ é <mui> gran ben, e el ten que non,mais, se sou<bess’ eu qual ben el querriaaver de mi, assi lho guisaria>

Par Servand’, e assanhar m’ ei un dia,se m’ el non diz qual ben de min querria 20

B 1152 f. 245r°-v° V 745 f. 118r°-v°

2 mi<n> Monaci : mi BV1 3 eu] E B 5 q’rria V : q’ria B : queria Nunes 6 mi BV : mi<n> Monaci 7 Pode B8 me B que] q’ B : q’(r) V 9, 15 tenh’] tenlh B 9 d<e> o Nunes : do BV 10 lh’ é scripsi : Le B : he Vgram B : q’n V ten B : tenh V 13 non] nõ B : son V 14 dizo B : digo V 15 de2] oe V 16 <mui> supplevi;

cf. v. 10 ben om. B 19 Servand’, e distinxi : suãde B : seruande V2 20 mi~ V : mi B

1 Both MSS have mi here and in v. 6, but in v. 9 B has mi~ and V min, and in v. 15 both read mi~. In v. 20 V offers mi~ against B’smi. Here (v. 2) we should probably restore the nasal (to rhyme with vin v. 7). In v. 6 the only basis for doing so would be toavoid admitting both forms in the same text, but note how Servando uses both forms in B 1145 bis / V 748, vv. 2-3, 5-6, and19-20.2 The conjunction e frequently introduces exclamations and questions. Monaci’s emendation of this verse Par <San> Servand’!assanhar-m’ey hun dia, printed by Nunes with minor graphic adjustments, should be rejected.

381

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 13

Filha, o que queredes benpartiu s’ agora daquene non vos quiso veer,e ides vós ben querera quen vos non quer veer? 5

Filha, que mal baratades,que o sen meu grad’ amades,pois que vos non quer veer,e ides vós ben <querera quen vos non quer veer>? 10

Por esto lhi quer’ eu mal,mha filha, e non por al,por que vos non quis veer,e ides vós ben querer<a quen vos non quer veer>? 15

Andades por el chorandoe foi ora a San Servandoe non vos quiso veer,e ides vós ben querer<a quen vos non quer veer>? 20

B 1143 bis f. 245v° V 746 f. 118v°

2 partui V d’ aquen Monaci : de que~ B : de quen V

382

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 14

Disseron mi ca se queria iro meu amigo, por que me ferirquiso mha madr’, e, se m’ ante non vir,achar s’ á end’ el mal, se eu poder,se ora for sen meu grad’ u ir quer, 5achar s’ á ende mal, se eu poder

Torto mi fez que m’ agora mentiu;a veer m’ ouv’ e pero non me viu,e, por que m’ el de mandado saiu,achar s’ á end’ el mal, <se eu poder, 10se ora for sen meu grad’ u ir quer,achar s’ á ende mal, se eu poder>

El me rogou que lhi quisesse ben,e rogo a Deus que lhi dia por encoitas d’ amor, e, pois s’ el vai daquen, 15achar s’ á <end’ el mal, se eu poder,se ora for sen meu grad’ u ir quer,achar s’ á ende mal, se eu poder>

A San Servando foi en oraçoneu, que o viss’, e non foi el enton 20e por atanto, se Deus mi perdon,achar s’ á en<d’ el mal, se eu poder,se ora for sen meu grad’ u ir quer,achar s’ á ende mal, se eu poder>

B 1144 bis f. 245v° V 747 f. 118v°

6 e~de B : ende V : end’el Braga1 8 ouve, pero Monaci 14 lhi] lh B (with a stroke through the top of both letters) : lh V: corr. Monaci 15 vai Monaci : uoi B : uoj V 20 en Monaci : eu ? BV 21 pdon V : pardon B

v. 14 dia: a rare variant form (in Galego-Portuguese lyric) of the pres. subjunctive, 3rd pers. sing. of dar. Cf. CSM378.20.

1 Braga (followed by Nunes) emends to make the third verse of the refrain (copied in full in the MSS only here) identical tothe first, but the verse scans and makes sense as is.

383

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – 15*

O meu amigo, que me faz vivertrist’ e coitada des que o eu vi,esto sei ben, que morrerá por mi,e, pois eu logo por el ar morrer,maravilhar s’ án todos d’ atal fin 5quand’ eu morrer por el e el por min

Vivo coitada, par Nostro Senhor,por meu amigo, que me non quer javaler, e sei que <por mi> morrerá,mais, pois eu logo por el morta for, 10mara<vilhar s’ án todos d’ atal finquand’ eu morrer por el e el por min>

Sabe mui ben que non á de guariro meu amigo, que mi faz pesar,ca morrerá, non o meto en cuidar, 15por mi, e, pois m’ eu por el morrer vi<r>,maravilhar s’ án todos d’ atal fin<quand’ eu morrer por el e el por min>

Por San Servando, que eu rogar vin,non morrerá meu amigo por min 20

B 1145 bis ff. 245v°-246r° V 748 ff. 118v°-119r°

4 ar] al B 9 e sey q’ BV : e <ben> sey <eu> que Monaci : e sei <mui ben> que Nunes <por mi> supplevi;cf. vv. 3, 6, 12, 15-16, 18, 20 15 meto en cuidar] meto eu e~ cuydar B : meto eu en cuydar V : eu secl. Monaci, del.Nunes (met’en cuidar) 16 vi<r> Monaci : ui BV 17 fin] fuj V

384

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO – *16

Ir vos queredes, amigo,e ei end’ eu mui gran pesar,ca me fazedes trist’ andarpor vós, eu ben volo digo,ca non ei sen vós a veer, 5amigo, ond’ eu aja prazer;e com’ ei sen vós a veerond’ eu aja nen un prazer?

E ar direi vos outra ren:pois que vós vos queredes ir, 10meu ami<g>’, e de mi partir,perdud’ ei eu todo meu ben,ca non ei sen vós <a veer,amigo, ond’ eu aja prazer;e com’ ei sen vós a veer 15ond’ eu aja nen un prazer>?

Chorarán estes olhos meus,pois vos ides sen meu grado;por que mh andades irado?mais ficade migo, por Deus, 20ca non ei sen vós <a veer,amigo, ond’ eu aja prazer;e com’ ei sen vós a veerond’ eu aja nen un prazer>?

A San Servand’ irei dizerque me mostre de vós prazer

B 1147 bis f. 246r° V 750 f. 119r°

2 end’] and B 3 ca] Ea B 6, 8 aja Braga : aiha BV : ajha Monaci 10 vós vos Monaci : uos uos BV 11 ami<g>‘Monaci : ami B : a mi V 18 uos BV : vós Monaci se~ V : se B 20 ficad’ V : ficado B pr V : par B 26 mostr V

: monstre ? B

385

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN SERVANDO (appendix)

Donas van a San Servando muitas oj’ en romaria,mais non quis oje mha madre que foss’ eu i este dia,por que ven i meu amigo

Se eu foss’ en tal companha de donas, fora guarida,mais non quis oje mha madre que end’ eu fezesse a ida, 5por que ven i <meu amigo>

Atal companha de donas vai alá que non á par,e fora m’ eu oje con elas, mais non me queren leixar,por que ven i meu amigo

B 1146 bis f. 246r° V 749 f. 119r° (cf. B 1146 / V 738)

2 eu] ou B 4 in B, after cõpanha where there is a line break, Colocci has written de donas fora on the same line1

To the left of the incipit and at the bottom of f. 246r°a Colocci has written “16. syll”. In B the first strophe iscopied in two long lines and a refrain, as here (in V, after the first line, the scribe gives up this procedure, for

want of space), while the remaining strophes are copied in short lines.

1 Colocci apparently meant to indicate that the verse does not end at the line-break.

386

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 1

Quen visse andar fremosi~acom’ eu vi, d’ amor coitadae tan moito namoradaque chorando assi dizia:“Ai amor, leixedes m’ oje de so lo ramo folgar, 5e depois treides vos migo meu amigo demandar”

Quen visse andar a fremosacom’ eu vi, d’ amor chorandoe dizendo e rogandopor amor da Gloriosa: 10“Ai amor, leixedes <m’ oje de so lo ramo folgar,e depois treides vos migo meu amigo demandar>”

Quen lhi visse andar fazendoqueixumes d’ amor d’ amigoque avia sempre sigo 15e chorando assi dizendo:“Ai amor, leixedes m’ o<je de so lo ramo folgar,e depois treides vos migo meu amigo demandar>”

B 1148 bis f. 246r°-v° V 751 f. 119r°-v°

1 uise B : uile V fremosi~a Cunha : fremosinha BV, def. Lapa (1982: 153) 3 et tã V : Erã ? B moyto V :muyto B, Cunha 4 asy B : asi V 7 uise BV 8 eu] eo B chorado V 10 da] de B glorsa B : glosa V 13lhi B : lhy V : lh’ y Braga uis(s)e B : uile V 15 avia correxi : ama BV1 sempr B : sep’ V 16 e] & B : om. V

In BV vv. 5-6 are copied on four short lines. Michaëlis (vol. II, p. 880, n. 3) prints long verses and Lapa (1929:97) approves, while Cunha (1999: 234) concedes that this must have been the “disposição originária docantarcilho”.

1 The correction is paleographically simple and rectifies sense, syntax and meter, yet has been overlooked (Nunes printsam<or> á; Cunha, ama <e>). The error m for ui (which is common, as Cunha himself observes elsewhere [1986: 78]) occursamong the cantigas d’ amigo of Zorro in B 1154 / V 756, v. 6 (e~uiou B : e~mou V). Cf. B 640 / V 241 (Pae Soarez), v. 16, where Vcorrectly has auia while B has ama; in the version of the same text attributed to Coton (B 827 / V 413) both MSS have auya.The antecedent of que is amor (amor ... / que avia sempre sigo); cf. B 930 / V 518 (Roi Fernandiz), v. 1 amor ei migo.

387

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 2

– Os meus olhos e o meu coraçone o meu lume foi se con el rei– Quen ést’, ai filha, se Deus vos perdon?que mho digades, gracir volo ei– Direi vol’ eu e, pois que o disser, 5non vos pes, madre, quand’ aqui veer

Que coit’ ouv’ ora el rei de me levarquanto ben avia nen ei d’ aver?– Non vos ten prol, filha, de mho negar;ante volo terrá de mho dizer 10– Direi vol’ eu <e, pois que o disser,non vos pes, madre, quand’ aqui veer>

B 1149 bis f. 246v° V 752 f. 119v°

1 Os] O V e] & B : om. V 3 perdõ V : pardon B 4 uolo B : uol V 5, 11 direy V : Virey B 5 diser V : dizer B7 coyt’ouv’ora Braga : coytau uora V : coita uora B me] mhe V 8 avia] auia ? B : aina ? V

388

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 3*

Per ribeira do riovi remar o navioe sabor ei da ribeira

Per ribeira do altovi remar o barco 5e sabor ei da ribei<ra>

Vi remar o navio,i vai o meu amigoe sabor ei <da ribeira>

Vi remar o barco, 10i vai o meu amadoe sabor ei <da ribeira>

I vai o meu amigo,quer me levar con sigoe sabor ei <da ribeira> 15

I vai o meu amado,quer me levar de gradoe sabor ei <da ribeira>

B 1150 bis f. 246v° V 753 f. 119v°

1 do] de V 2, 7, 10 remar] temar V 5, 10 fort. <Eu> vi1 6 e] & B : om. V 7 Vy B : V(A)y V before 10 (Hi

Vay meu amigo) B on a separate line

1 Verses 5 and 10 scan a syllable short.

389

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – *4

El rei de Portugalebarcas mandou lavrare,e lá irá nas barcas sigo,mha filha, o voss’ amigo

El rei portugueese 5barcas mandou fazere,e lá irá nas barcas sigo,<mha filha, o voss’ amigo>

Barcas mandou lavraree no mar as deitare, 10e lá irá <nas barcas sigo,mha filha, o voss’ amigo>

Barcas mandou fazeree no mar as metere,e lá irá <nas barcas sigo, 15mha filha, o voss’ amigo>

B 1153 f. 247r° V 755 f. 119v°

2 laurare B : laurar’ V 3 irá Varnhagen : iram BV : iran def. Cunha1 sigo Braga : migo BV, def. Cunha2 4 ma Bo Nunes : e BV : e Cunha voss’] uoss BV : noss’ Cunha 5 portugeese V : portugale B 6 faze’ V : fa faze’ B

7 irã BV migo BV 10 deytare~ BV 11 ira V : irã B 13 faze’ V : faz’ B 15 irã V : iram B

1 irá (Varnhagen; cf. Nunes, vol. III, p. 721) is the first of three interrelated corrections required by sense (the other two aresigo for migo in this v. and o voss’ amigo for e voss’ amigo in v. 4). The transmitted text says “My daughter and your (boy) friendwill go on the boats with me.” But who would be talking to whom? The conventions of the cantiga d’ amigo lead us to assumethat the mother is telling her daughter: “and, my daughter, on those boats your boyfriend will be going with him [the king]”.This poem is preceded in BV by the cantiga d’ amor beginning En Lisboa sobrelo mare / barcas novas mandei lavrare, / ai mha senhorvelida. The use of a male speaker there may have thrown off the scribe of BV’s source-text here.2 sigo (Braga; cf. Nunes, vol. III, p. 721; migo in vol. II) would refer to the king, subject of the first clause. For other examplescf. B 1249 / V 854 (Lopo), vv. 3 (ca [scil. el rei] levou sigo o meu coraçon) and 5 (se o el rei sigo non levasse); and B 704 / V 305(Cogominho), v. 10 (dos que el rei levou sigo). Elsewhere migo must be corrected to sigo in B 747 / V 349 (Guilhade), vv. 3-4 amigas,ten meu amigo / amiga na terra sigo.

390

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 5

– Cabelos, los meus cabelos,el rei me enviou por elos,<ai> madre, que lhis farei?– Filha, dade os al rei

– Garcetas, las mhas garcetas, 5el rei m’ enviou por elas,<ai> madre, que lhis farei?– <Filha, dade as al rei>

B 1154 f. 247r° V 756 f. 120r°

1 Cabelos] Cabelas V me9 V : mr9 ? B 2 e~uiou B : enuion V 3 <ai> supplevi1 q’ lhys farey madre V :Q’ lhis farey madre (filha da deos) B : transpos. Braga2 4 al rei scripsi (cf. Cunha 1982: 115-116) : a el Rey B : a elrey V 5 Garcetas B : Garzetas V with z corrected from g 6 enviou Monaci : e~uio B : e~mo V 7 Q’ lhis fareymadre B : q’ lhys farey madre V 8 om. BV cf. v. 4

1 All editors transpose the MSS’ que lhis farei, madre for the sake of rhyme, but then scrupulously leave the verse a syllableshorter than v. 4. Elsewhere in the cantigas d’amigo of Zorro we find the exclamation ai in B 1148 bis / V 751, v. 5 (ai amor) andB 1149 bis / V 752, v. 3 (ai filha). The exclamation ai madre is common (we find it, for instance, in eight incipits) and seemsparticularly appropriate here both to the meter and to the girl’s mood.2 The transposition produces a strophe of the form aaBB (Tavani, Rep. 37:57). For those who would maintain the text of BVas is, there is at least one cantiga d’ amigo with the rhyme scheme aaBC (B 739 / V 341 [Baian]). Cf. Tavani, Rep. 47:3 (the otherthree examples he gives are problematic).

391

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 6

Pela ribeira do riocantando ia la dona virgod’ amor:“Venhan-nas barcas polo rioa sabor” 5

Pela ribeira do altocantando ia la dona d’ algod’ amor:“<Venhan-nas barcas polo rioa sabor>” 10

B 1155 f. 247r° V 757 f. 120r°

2 la] ia B virgo] u’go B : ugo V 3-6 on two lines, with a break after barq’s BV 3, 8 damor V : Namor B 4, 9 nas]as Michaëlis (II, 880) 4 rio] mo V 7 ia] ya V : om. B

The verses in the body of the strophe apparently scan 7’ 8’. On the basis of vv. 30-31 of Airas Nunes’ pastorela(B 868, 869, 870 / V 454) Pela ribeira do rio / cantando ia la virgo we might be tempted to emend here and read lavirgo in v. 2 and la d’algo in v. 7 (with hiatus cantando | ia). Compare B 1157 / V 759 vv. 11 (a virgo) and 15 (a d’ algo).But the difference in scansion, since it is regular, may reflect the use of two different melodies in the body ofthe strophe, one for I.1 and II.1 and another for I.2 and II.2 (see M. P. Ferreira 2000).

392

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 7

Mete el rei barcas no rio forte;quen amigo á, que Deus lho amostre;alá vai, madre, o<n>d’ ei suidade

Mete el rei barcas na Estremadura;quen amig’ á, que Deus lho aduga; 5alá vai, madre, <ond’ ei suidade>

B 1156 f. 247r° V 758 f. 120r°

3 o<n>d’ ei corr. Nunes : odey B : o dey V 4 est’ / madura V : + madura B, spatio relicto 5 quen] que~ V : om. BDeus] d’s B : dõ V 6 Ala B : na V mad’( ) ? V “Dopo il d vi è una lettera cancellata che non si distingue più.” (Monaci)

393

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 8

Jus’ a lo mar e o rioeu namorada ireiu el rei arma navio,amores, con vusco m’ irei

juso a lo mar e o alto 5eu namorada ireiu el rei arma o barco,amores, con vusco m’ irei

u el rei arma navioeu namorada irei 10pera levar a virgo,amores, con vusco m’ irei

u el rei arma o barcoeu namorada ireipera levar a d’ algo, 15amores, con vusco m’ irei

B 1157 f. 247r°-v° V 759 f. 120r°

1 e BV : e Michaëlis (II, 929) : é Nunes1 2 eu] e ie V namorado Monaci (1873: 15-16)2 3, 7, 9, 13 aima B3, 9 arma <o> navio Michaëlis 7 Rey B : fey V 11, 15 leuar BV : levar<des> Michaëlis

vv. 11, 15: meter points to a problem, though sense is satisfactory. We can even the scansion by readinglevar<e> in both verses. Michaëlis wants levar<des> both metri causa and to clear the girl herself from any role intransporting the virgo (whoever she is, wherever bound). That scruple aside, one might be tempted to emendboldly to por levar a <dona> virgo and por levar a <dona> d’ algo, respectively (cf. B 1155 / V 757, vv. 2 and 7 [and

note ad loc.]).

1 Michaëlis reads Jus’ a lo mar e o rio. Nunes prints Jus’ a lo mar é o rio but retracts (vol. III, p. 336; cf. Bell 1920: 62). Tavani (Rep.)accepts é, Cunha prints e. Our perception of syntactic links between odd and even (varying and unvarying) verses and ourassignment of verses to speakers both weigh in this decision. I believe there is only one speaker: the girl.2 Monaci prints namorado and considers this a cantiga d’ amor: “il cod. ha namorada, ma come si concilia coi vv. 11 e 15?”(1873: 31).

394

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 9

Pela ribeira do rio salidotrebelhei, madre, con meu amigo;amor ei migo que non ouvesse,fiz por amigo que non fezesse

Pela ribeira do rio levado 5trebelhei, madre, con meu amado;amor ei <migo que non ouvesse,fiz por amigo que non fezesse>

B 1158 f. 247v° V 760 f. 120r°

3 ey V : cy B 4 amigo que Nunes, Cunha : amig’ o que Michaëlis (II, 894), Lapa fezesse V : tenesse B 5 rio]eio V

The refrain is copied on four short lines in BV. Michaëlis (vol. II, p. 894, note 3) favors long verses and Lapa(1982: 185) agrees. The verses in the body of the strophe scan 10’ 9’ in both strophes, which might point totwo different melodies (cf. M. P. Ferreira 2000). Were we determined to even the meter, we could print Per forPela in v. 1 (citing B 1150 bis / V 753, vv. 1 and 6 Per ribeira do rio). Lapa (1929a: 314), stretching the other way,prints con <o> meu amigo.

vv. 2, 6: trebelhei means “played” (here in an amoroussense).

vv. 2, 6: trebelhei significa “brinquei” (aqui no sentidoamoroso).

395

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN ZORRO – 10

Bailemos agora, por Deus, ai velidas,so aquestas avelaneiras frolidas,e quen for velida, come nós velidas,se amigo amar,so aquestas avelaneiras frolidas 5verrá bailar

Bailemos agora, por Deus, ai loadas,so aquestas avelaneiras granadas,e quen for loada, come nós loadas,se amigo amar, 10so aquestas avelaneiras granadasverrá bailar

B [1158 bis] ff. 247v°-248r° V 761 f. 120r°-v°

2 so aquestas] Daq’stas B : daq’stas V 3 fõr B : fior V come Lang (1894: lxxviii) : como BV1 uelidas B :relidas V 5 frolidas] granadas V 7 por Deus] poid’s BV louuadas BV 9 n9 V : u9 B 11 se V

vv. 4, 10: On the meter, see B 879 / V 462 (Airas Nunes).

1 Cunha defends como (p. 60), but both MSS have come in v. 9, and come is more common in brief comparisons, especiallythose not governing a clause. In the imitation of this cantiga by Airas Nunes (B 879 / V 462) both MSS have como enos in v. 9.Rather than citing that text to decide here, I would be tempted to use this one to emend there.

396

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ DO CASAL – 1

– Dized’, amigo, se prazer vejades,vossa morte se a desejades,pois non podedes falar comigo– Desejo, senhor, ben-no creades– Desejades? tan bon dia migo 5pois que os meus desejos desejades

Dizede, amigo, se vos toda viacon a vossa morte prazeriapois vivedes de min alongado– Praz, ai senhor, par Santa Maria, 10– Prazeria? Deus aja bon grado,pois que vos do meu prazer prazeria

Dizede, amigo, se gradoedes,a vossa morte se a queredes,pois que vivedes de min tan longe 15– Quero, mha senhor, non duvidedes– Queredes? pois tan bon dia oje,pois <que> o que eu quero vós queredes

B 1161 f. 248r° V 764 f. 120v°

3 fallar V 4 be~ no B 5 Dessesse iades B : dessese iades V 6 os me9 desseios B : os meus desse ios V: o meu desejo Macchi 7 toda via transposui1 (cf. v. 8) : prazeria BV, edd. 8 prazeria transposui (cf. v. 7) :podauya V : todauya B : todavia edd. 10 Praz, ai scripsi2 : prazr BV : Prazer Nunes : Praz er Macchi : vel possis Praz<m>’ ai 11 bom V : boom B 12 que (cf. v. 6) : do BV : a Monaci 13 fort. Dized’, <ai> amigo 14 uossa V: nossa B 18 <que> supplevi; cf. vv. 6, 12 (and B 1027 / V 617 [Johan Airas], v. 7 que o que) que eu] q’eu V: q’u B

The strophic form is aababa, apparently scanning 10’ 9’ 9’ 9’ 9’ 10’ (eliding Dizede, amigo in v. 7, but observinghiatus Dizede, | amigo in v. 13). There is a combination triple dobre and mordobre, unique in the corpus of cantigasd’ amigo, located (in each strophe) at the end of the 2nd verse, at the beginning of the 4th verse (mordobre), at thebeginning of the 5th verse and at the end of the 6th verse: I desejades / desejo; II prazeria / praz; III queredes / quero.

1 The disruption of the dobre pattern in vv. 7-8 in BV may be due to an earlier scribe who thought to better the word order,while failing to notice the technique he was disrupting.2 Macchi rejects the reading of Nunes (who assigns prazeria to the male speaker), pointing out that there are no examples inmedieval Galego-Portuguese texts of expressions like prazer... prazeria. But Macchi’s own solution (praz er) is highly improbable,since ar and er are normally found only before verbs. On the other hand, Roi Marti~iz do Casal uses the exclamation ai threetimes in his other two cantigas d’ amigo (B 1162 / V 765, vv. 1 and 4; B 1163 / V 766, v. 1). In this text we find senhor in v. 4 andmha senhor in v. 16, so ai senhor here would vary the vocative once again.

397

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ DO CASAL – 2

Rogo te, ai amor, que queiras migo morartod’ este <te>mpo en quanto vai andara Granada meu amigo

Rogo te, ai amor, que queiras migo seertod’ este tempo en quanto vai viver 5a Granada meu amigo

Tod’ este tempo en quanto vai andarlidar con Mouros e muitos matara Granada meu amigo

Tod’ este tempo en quanto vai viver 10lidar con Mouros <e> muitos prendera Granada <meu amigo>

B 1162 f. 248r°-v° V 765 ff. 120v°-121r°

2 tod’ este <te>mpo (cf. vv. 5, 7, 10) : Tode stenpo B : tode stenpo V quãto B : qua mo V 3 (ag) amigo B4 ay V : ey B 6 granada (meu amigo) B 7 andar Nunes (cf. v. 2) : morar BV1 8 com our9 B : con our9 Vmuytus V : muyto B 10 tenpom ? B : tenpom V 11 cõ mo our9 V : como our9 B <e> cf. v. 8 muitos]misioo V : om. B

The meter of the verses in the body of the strophe is irregular. If we observe hiatus tempo | en in vv. 2, 5, 7 and10, the verses outside the refrain scan, by strophes: 12 11; 12 11; 11 10; 11 10. But if we elide in those sameverses, taking tempo en as two syllables, the count becomes 12 10 for strophes I-II and evens out to 10 10 in III--IV. This would leave the first verse of the first two strophes two syllables longer than all the others, aphenomenon which we also see in B 641 / V 242 (Torneol).

1 The emendation (adopted by Macchi), based on the parallelism with v. 2, seems required: andar / lidar con Mouros makessense whereas morar / lidar does not.

398

500 Cantigas d’ Amigo

ROI MARTI~IZ DO CASAL – 3

Muit’ ei, ai amor, que te gradescerpor que quiseste comigo morare non me quiseste desempararatá que ven meu lum’ e meu prazere meu amigo, que se foi andar 5a Granada por meu amor lidar

Amor, gradesco <te> mais d’ outra rendes que se foi meu amigo daquique te non quiseste partir de minatá que veo meu lum’ e meu ben 10e meu amigo, <que se foi andara Granada por meu amor lidar>

Nunca prenderei de ti queixume,ca nun<ca> fuste de min partidopois meu amigo foi daquend’ ido 15atá que ven meu ben e meu lumee meu amigo, <que se foi andara Granada por meu amor lidar>

Pois me quiseste tan ben aguardar,por Deus, non me leixes sen ti morar 20

B 1163 f. 248r° V 766 f. 121r°

1 Muit’ ei] Muytey(mi) V : Murey B gradecer B 4 uem V : uera B 7 <te> Nunes 10 veo] ueu B13 premderey V : pranderey B 14 nun<ca> Nunes : nu~ or mi~ B : nu~ V partido Nunes : parado BV 15 daque~

dido B : dassuem dido V 16 uem BV meu] e~ eu B 17 ãmigo V 19 quisestes BV 20 por] par B senti morar Nunes : sentio o morar V : se migo morar B1

Nunes (vol. I, p. 388) says that ven in vv. 4 and 16 are examples of the “presente histórico”.

1 Macchi follows B and prints se migo morar, which would mean “if he stays with me”. This would make sense (though theverse would be hypermetric), but the absence of a subject (the friend) makes the reading less attractive. (An attempt by ascribe [who understood the language] to make sense of a difficult reading?)

399

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 1

Sen meu amigo manh’ eu senlheira,e sol non dormen estes olhos meus,e, quant’ eu posso, peç’ a luz a Deuse non mh-a dá, per nulha maneira,mais, se masesse con meu amigo, 5a luz agora seria migo

Quand’ eu con meu amigo dormia,a noite non durava nulha ren,e ora dur’ a noit’ e vai e ven,non ven <a> luz nen pareç’ o dia, 10mais, se masesse con meu <amigo,a luz agora seria migo>

E segundo com’ a mi parece,u migo man meu lum’ e meu senhor,ven log’ a luz, de que non ei sabor, 15e ora vai noit’ e ven e crece,mais, se masesse con <meu amigo,a luz agora seria migo>

Pater nostros rez’ eu mais de centopor aquel que morreu na vera cruz, 20que el<e> mi mostre mui ced’ a luz,mais mostra mi as noites d’ avento,mais, se masesse con meu <amigo,a luz agora seria migo>

B 1165 f. 249r° V 771 f. 121v°

2 cf. A 293 / B 993 bis / V 582 (Calvelo), v. 2 dorme~ B : dorme V 4 (nuhla) nulha B 9 dur’ a noit’ e distinx. Nunes: dura noyte BV 10 <a> Nunes; cf. vv. 15, 21 14 u migo Lang (1905: 35) : comigo BV : se migo Nunes (III, 341--342) : ca migo Leite de Vasconcellos (sine interpunctione [1905: 223]) 21 el<e> supplevi ced<o> Leite de Vasconcellos

22 mi as Nunes : mhas BV daue~to BV : d<e> avento Leite de Vasconcellos

400

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 2

Da noite d’ eire poderan fazergrandes tres noites, segundo meu sen,mais na d’ oje mi ve~o muito ben,ca ve~o meu amigo,e, ante que lhe uviasse dizer ren, 5ve~o a luz e foi logo comigo

E pois m’ eu eire senlheira deitei,a noite foi e ve~o e durou,maila d’ oje pouco a semelhou,ca ve~o meu amigo, 10e, tanto que mh a falar começou,ve~o a luz <e foi logo comigo>

E comecei eu eire de cuidar<e> começou a noite de crecer,maila d’ oje non quis assi fazer, 15ca ve~o meu amigo,e, faland’ eu con el a gran prazer,ve~o a luz <e foi logo comigo>

B 1166 f. 249r°-v° V 772 f. 121v°

3 mais na] fort. maila scribendum; cf. vv. 9, 15 ue~o B : ueo V 4 ueo BV 5 lhe uviasse Parkinson : lhenuyasseB : lhen uyasse V : lh’ enviasse edd.1 6 Veo B : ueo V 7 eire] cyre BV 9 maila scripsi (cf. v. 15) : Mays a B :mays a V 10 amigo (e tãto) B : amigo (atã to) V 11 e] a V 14 <e> Nunes2 16 ueõ V : ueno B 18 VeoB : ueo V

1 Meter, syntax and sense all point to a corruption. The verse is hypermetric (though Reali signals a synalepha betweene and ante, the conjunction e was not normally subject to fusion of any kind with a subsequent vowel, whether tonic oratonic [Cunha 1982: 32-47, 81, 99-128, 168]). Further, lh’ enviasse makes no sense. While Nunes (vol. III, p. 343) imagines thatlh’ enviasse a dizer ren is synonymous with começou a falar (v. 11), Reali translates the verse “e prima che gli mandassi a direqualcosa” (p. 25), but produces no parallel (nor is there any) for enviar dizer in this sense. What the corruption hides musthave been the first syllable of a two-syllable first conjugation verb meaning “could”, “was able to”, “had time to” – and thebest candidate (given the readings of BV) is uviar, suggested to me by Stephen Parkinson (1998, oral communication), whopoints out that the uviass’ is metrically two syllables, the i in uviar being a semi-vowel. This would be the only occurrence ofuviare (< M. Lat. obviare < ob + *viare < via, ~ae, f. ) in the cantigas d’amigo. The word does occur, however, in CSM, where we findthe common imperative uviade in the sense of “Help!” More to the point, in CSM 65.138 ante que huviasse comer nen bocado wesee precisely the syntax and meaning required here. (See also the examples in Lorenzo, s. v. huuyar.)2 In her critical apparatus (p. 25) Reali wrongly implies that the conjunction is present in V.

v. 5: “And before I could say anything to him”. v. 5: “E antes que lhe pudesse dizer alguma coisa”.

401

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 3

Fui oj’ eu, madre, veer meu amigoque envio<u> muito rogar por en,por que sei eu ca mi quer mui gran ben,mais vedes, madre, pois m’ el vio con sigo,foi el tan ledo que, des que naci, 5nunca tan led’ ome con molher vi

Quand’ eu cheguei, estava el chorandoe non folgava o seu coraçon,cuidand’ en mi, se iria, se non,mais, pois m’ el viu, u me estava asperando, 10foi el tan ledo que, des que naci,<nunca> tan led’ ome con molher vi

E, pois Deus quis que eu fosse u m’ el visse,diss’ el, mha madre, como vos direi:“Vej’ eu viir quanto ben no mund’ ei”; 15e vedes, madre, quand’ el esto disse,foi tan ledo que, des que eu naci,<nunca tan led’ ome con molher vi>

B 1167 f. 249v° V 773 ff. 121v°-122r°

2 en uyo BV : <m>’envio<u> Nunes, fort. recte 3 mi quer] mo auer V mui om. B 9 en] e~ V : e B 10 me] m’Nunes : mel BV after which both MSS have a line-break1 asperando] B skips from aspando to tã ledome 11 foy eltã ledo q’ desq’ naçi V : om. B 12 tã ledome cõ molher ui B : om. V after 12 (Quãdeu cheguey estaua elchorãdo / E nõ folgaua oseu coraçõ) B 15 uijr B : mir V 17 foi <el> Nunes q’ eu naçi BV : eu del. Nunes2

1 Reali resists emending mel to me (or m’), but the verse transmitted by the manuscripts is hypermetric. (It seems unlikelythat asperando should be scanned as three syllables, although Cunha [1982: 102-103, 118] suggests that pretonic e could besyncopated before r in forms of the future, and [p. 147] that other pretonic vowels before an r may have suffered the samefate.)2 The verse is metrically and syntactically sound, and the variation in the refrain should be maintained. Nunes’ proposedchange takes out one word to add another with no gain (el in v. 16 renders the pronoun superfluous in v. 17) and arguablysome loss (eu).

402

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 4

Nas barcas novas foi s’ o meu amigo daqui,e vej’ eu viir barcas e tenho que ven i,mha madre, o meu amigo

Atendamos, ai madre, sempre vos querrei ben,ca vejo viir barcas e tenho que i ven, 5mha madre, o <meu amigo>

Non faç’ eu desguisado, mha madr’, eno cuidar,ca non podia muito sen mi alhur morar,mha madre, o meu amigo

B 1168 f. 249v° V 774 f. 122r°

2 uijr V : ueir B1 5 hi ven transpos. Braga : ue~ hi BV 6, 9 madre, o Nunes (cf. v. 3) : madro V : madre B7 desguisado Nunes : desaguisado BV2 madr’, eno Nunes : madreno V : madre no B

Cf. Nunes vol. III, pp. 344-345.

1 Reali prints veir here (ueir is in B, not V, as her apparatus states), but viir in v. 5. But the form veir is not documentedelsewhere in the cantigas d’ amigo, and among those of Bolseiro viir occurs seven times: B 1167 / V 773, v. 15; B 1169 / V 775,vv. 2, 12; B 1170 / V 776, vv. 5, 11, 17, 23. Moreover, scribes not infrequently confuse e and i.2 Reali maintains desaguisado. The verse as transmitted is hypermetric and the more normal form would resolve the problem(Reali would have us swallow the a in pronunciation anyway). In B 1631 / V 1165 (Ponte), v. 3, desaguisado again occurs in ahypermetric verse where we should probably read desguisado (against both Lapa and Panunzio). Similarly, B 1364 / V 972(M. Soares), v. 8. Cf. CA 206, v. 4, where the corresponding version in B 357 has the same unmetrical error, and see note onB 686 / V 288 (J. S. Coelho), v. 9.

403

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 5

– Vej’ eu, mha filha, quant’ é meu cuidar,as barcas novas viir pelo maren que se foi voss’ amigo daqui– Non vos pes, madre, se Deus vos empar,irei veer se ven meu amig’ i 5

– Cuid’ eu, mha filha, no meu coraçon,das barcas novas, que aquelas sonen que se foi voss’ amigo daqui– Non vos pes, madre, se Deus vos perdon,<irei veer se ven meu amig’ i> 10

– Filha fremosa, por vos non mentir,vej’ eu as barcas pelo mar viiren que se foi voss’ amigo daqui– Non vos pes, madre, quant’ eu poder ir,irei veer se ven meu amigo <i> 15

B 1169 ff. 249v°-250r° V 775 f. 122r°

6 meu] meo B 9 perdon Bell (1925: 28) : e~par B : enpar V (cf. v. 4) 13 en] E B 15 uen B : uou V

404

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 6

Que olhos son que vergonha non an,dized’, amigo d’ outra, ca meu non,e dized’ ora, se Deus vos pardon,pois que vos ja con outra preço dan,com<o> ousastes viir ant’ os meus 5olhos, amigo, por amor de Deus?

Ca vós ben vos devia<des> nembraren qual coita vos eu ja por mi vi,fals’, e nembra<r> vos qual vos fui eu i;mais, pois con outra fostes começar, 10com<o> ousastes viir ant’ os meusolhos, <amigo, por amor de Deus>?

Par Deus, falso, mal se mi gradeceu,quando vós ouverades de morrerse eu non fosse, que vos fui veer; 15mais, pois vos outra ja de min venceu,com<o> ousastes viir ant’ os meus<olhos, amigo, por amor de Deus>?

Non mi á mais vosso preito mester,e ide vos ja, por Nostro Senhor, 20e non venhades nunca u eu for;pois começastes con outra molher,com<o> ousastes viir ant’ os meus<olhos, amigo, por amor de Deus>?

B 1170 f. 250r° V 776 f. 122r°

2 Dizad B : dizad V 5, 11, 17, 23 com<o> supplevi ousastes <vós> Nunes 7 devia<des> supplevi : deuia BV,Nunes1 8 en Nunes : Ende B : en de V 8-9 eu ia pr mi ui / falsse ne~brau9 qualu9 V : om. B nembra<r>-vos

Nunes 12 olh9 V : om. B 13-17 om. B2 19 mi á Nunes : mha BV

1 devia<des> is personal here (its subject is vós) and governs an infinitive directly. Cf. CA 31.23 (Pae Soarez) mais mi-o deviadesvós gradecer and 131.14 (Queimado) non me deviades leixar morrer. (Nunes’ C’a vós ben vos devia <a> nembrar solves neither themetrical problem [devia a would have been elided; not to mention the unlikelihood of scanning C’ a] nor the syntactic one.Reali leaves the line untouched.)2 These lines read in V as follows:

Par d’s falsso mal ssemi gradezeuquando uos ouurades de morrerse eu nõ fosse q’u9 fui ueermays poys u9 outr ia demi~uenzeu(uenzeu) scomo(s)u sastes uijr antus me

9

405

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 7

Mal me tragedes, ai filha, por que quer’ aver amigo,e, pois eu, con vosso medo, non o ei nen é comigo,non ajade-la mha graça,e dé vos Deus, ai mha filha, filha que vos assi faça,filha, que vos assi faça 5

Sabedes ca, sen amigo, nunca foi molher viçosa,e, por que mho non leixades aver, mha filha fremosa,non ajade-la mha <graça,e dé vos Deus, ai mha filha, filha que vos assi faça,filha, que vos assi faça> 10

Pois eu non ei meu amigo, non ei ren do que desejo,mais, pois que mi por vós ve~o, mha filha, que o non vejo,non ajade-la mha <graça,e dé vos Deus, ai mha filha, filha que vos assi faça,filha, que vos assi faça> 15

Per vós perdi meu amigo, por que gran coita padesco,e, pois que mho vós tolhestes e melhor ca vós paresco,non ajade-la <mha graça,e dé vos Deus, ai mha filha, filha que vos assi faça,filha, que vos assi faça> 20

B 1171 f. 250r° V 777 f. 122v°

1 ay V : ey B 3 ajade-la : aiadesl a B : aiades a V 5, 10, 15, 20 filha, que interpunxi : filha que edd. 8 aiadela: aia delha B 13 aiadela V : aiadela (mlh) B 17 Tolestes B

Verses 1-2 are copied in long lines in both MSS and in B Colocci has written “16 syll” twice – to the right ofv. 1 and beneath the text, at the bottom of f. 250r°b. The strophic form presented here assumes we ought notallow unrhyming verses, especially where we need not. (Lapa [1982: 185] wants long vv. in the body of thestrophe, short verses in the refrain; Tavani, Rep., offers a choice of long or short lines both in the body of thestrophe and in the refrain, or long lines in the former and short in the latter.) Of cantigas in the form aaBBB Ifind a total of seven in each of which the two outer verses of the refrain are equal to one another and shorterthan the one between them, which in turn is equal (or almost equal) to the verses of the body of the strophe.Six of them (including this one) are cantigas d’amigo:

B 817 / V 401 P. G. Charinho 7’ 7’ 5’ 7’ 5’B 1147 / V 739 Johan Servando 12 12 8 12 8B 1171 / V 777 Juião Bolseiro 15’ 15’ 7’ 15’ 7’B 1191 / V 796 Pero Meogo 8 8 6 8 6B 1272 / V 878 Martin de Giinzo 9’ 9’ 6 9 6B 1275 / V 881 Martin de Giinzo 11 11 8 11 8

406

500 Cantigas d’ Amigo

And the seventh is a parody of a cantiga d’amigo: B 1383 / V 992 (=CEM 385) composed by Pero Garcia Burgalês,scanning: 10’ 10’ 5’ 10’ 5’. See B 831 / V 417 (Ponte) for a similar example (where, however, the middle verse ofthe refrain exceeds the outer two by a single syllable and the rhyme scheme is different): madre, namorada meleixou, / madre, namorada mh á leixada, / madre, namorada me leixou; and compare the parody in B 755 / V 358(Guilhade), vv. 20-22 ja çafou // Ja çafad’ é pan de voda, / ja çafou.

407

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 8

Buscastes m’, ai amigo, muito malali u vos enfengistes de mi,e rog’ a Deus que mi perçades i,e dized’ ora, falso, desleal,se vos eu fiz no mund’ algun prazer, 5que coita ouvestes vós de o dizer?

E non vos presta, fals’, en mho negarnen mho neguedes, ca vos non ten prol,nen juredes, ca sempr’ o falso soljurar muit’, e dizede sen jurar, 10se vos eu fiz no mund’ algun <prazer,que coita ouvestes vós de o dizer>?

O que dissestes, se vos eu ar virpor mi coitado, como vos vi ja,vedes, fals’, acoomhar xi vos á, 15mais dized’ ora, sen todo mentir,se vos eu fiz no mund’ algun prazer,<que coita ouvestes vós de o dizer>?

B 1172 f. 250v° V 778 f. 122v°

1 Buscades V 4 dissed B 8 negaedes V 9 uiredes BV 11 no] n B 13 dizestes B 15 fals’, acoomhardistinx. Dionísio : falssacoomhar B : falssa coor’ ar V1

1 Nunes, prints: vedes falsa coor ar xi vos á and explains “vedes...o que então vos direi: côr falsa vos toma outra vez, isto é, cátornais com as vossas falsidades” (vol. III, p. 349). Reali (no. 10) makes no progress. Lapa [1982: 185-186] is on the righttrack, but doesn’t see the verb acoomhar. Michaëlis [1920, s. v. acoomiar], noting the etymology (ad+calumniare; but in ClassicalLatin the verb is deponent and means “to bring false accusations” [OED]), glosses “acoimar, levar ou por coima ou multa;castigar, punir” and Lapa (CEM), defines it as “dar castigo, proibir, recusar”. (Cf. B 172 [M. Soares], v. 8 [CA 398, CEM 283,Bertolucci no. 29]). The correct reading is due to João Dionísio (1991, oral communication).

vv. 13-15: “If I see you in love with me again as I sawyou before, what you said (O que dissestes [13]) will,you know (vedes [15]), punish you, you liar”.

vv. 13-15: “Se eu te vir novamente apaixonado pormim, como já antes te vi, aquilo que disseste irá, tusabes (vedes [15]), castigar-te, meu mentiroso”.

408

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 9

Fez u~a cantiga d’ amorora meu amigo por mi,que nunca melhor feita vi,mais, como x’ é mui trobador,fez u~as lirias no son 5que mi sacan o coraçon

Muito ben xe soube buscarpor mi ali, quando a fez,en loar mi muit’ e meu prez,mais, de pran por xe mi matar, 10fez u~as lirias <no sonque mi sacan o coraçon>

Per bõa fe, ben baratoude a por mi bõa fazer,e muito lho sei gradecer, 15mais vedes de que me matou:fez u~as lirias <no sonque mi sacan o coraçon>

B 1173 f. 250v° V 779 f. 122v°

1 Fex V 4 torbador V 5, 11, 17 lirias BV hapax legomenon 7 xe scripsi (cf. vv. 4, 10) : se BV, edd. : etiam possis xi(cf. B 1172 / V 778, v. 15; A 113 / B 226, v. 5 [se A : xi B])

To the left of the first strophe, and at the bottom of the column (after v. 10) Colocci has written “16 syll” and“16 syllab” respectively; it seems to make no sense here, however, to print the poem in long verses, since thatwould obscure the obvious rhyme-scheme.

vv. 5, 11, 17: lirias is found only in this text, though thrice. Latin lirium (< Greek leirion), ‘lily’, gives Galego-Portuguese liro, lilio in CSM and lirias is presumably a variant form.

vv. 7-8 muito ben xe soube buscar / por mi ali: We should take muito ben as the direct object of buscar (which is alwaystransitive in the cantigas d’amigo; cf. B 1172 / V 778 (Bolseiro), vv. 1-2 and B 1183 / V 788 [Campina], v. 16. And sincebuscar cannot be both transitive and reflexive, the MSS’ se seems an error for the old ethical dative xe or xi.

vv. 5, 11, 17 lirias: The sense appears to be ‘melodicembellishments’ or ‘flourishes’. We could render:“He made some lilies in the melody”.

vv. 5, 11, 17 lirias: O sentido parece ser “ornamentosmelódicos” ou “floreados”. Poderíamos parafrasear:“Ele fez algumas flores na melodia”.

vv. 7-8 muito ben xe soube buscar / por mi ali: “He knewhow to seek out muito ben for himself (xe) on my behalf(por mi) there (ali)”.

vv. 7-8 muito ben xe soube buscar / por mi ali: “Ele soubecomo procurar muito ben para si próprio (xe) da minhaparte (por mi) ali”.

409

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 10

Ai madre, nunca mal senti<u>nen soub’ i que x’ era pesara que seu amigo non viu,com’ oj’ eu vi o meu, falarcon outra, mais poilo eu vi, 5con pesar ouvi a morrer i

E, se molher ouve d’ aversabor d’ amigo u lho Deus deu,sei eu que lho non fez veer,com’ a mi fez vee-lo meu, 10con outra, mais poilo eu <vi,con pesar ouvi a morrer i>

B 1174 f. 250v° V 780 f. 123r°

1 senti<u> Braga : se~ti B : senti V 2 soub i Machado : soubi Braga 6 ouvi a Nunes : ouuha BV : ouvh a Reali1

8 amigo u distinxi : amigou BV : amig’ ou Braga2

1 The h in the manuscripts probably indicates that the i of ouvi is to be pronounced as a y rather than fully elided.2 There is no metrical problem (the final vowel amigo would be elided before u), but the decision is more complicated thanmight appear. One question is whether the o (in lho) in v. 8 refers to sabor or amigo. If the antecedent is amigo, then amigo useems preferable (“And if a woman had to have pleasure with a boy since God gave him to her”); if it is sabor, then we mightwant to read amig’ ou , (“... had occasion to feel pleasure with a boy, or God granted it to her”), but amigo u would still makesense (... “since God granted it”). Other factors to take into consideration are the use of u in conjunction with Deus in suchclauses as u quis Deus que ll’ a alma do corpo saysse (CEM 114.73) and u me vus Deus fez prime<i>ro veer (CA 86.9), as well as thesemantic parallel with phrases such as e filhe o ben quando lho Deus der (B 1020 / V 610 [Johan Airas], v. 20).

vv. 7-8: “And if a woman had the chance to have thepleasure of a boyfriend, since God gave him to her...”.

vv. 7-8: “E se uma mulher tivesse a oportunidade deter o prazer de um namorado, uma vez que Deus lhodeu...”.

410

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 11

Ai meu amigo, meu, per bõa fe,e non d’ outra, per bõa fe, mais meu,rog’ eu a Deus, que mi vos oje deu,que vos faça tan ledo seer migoquan leda fui oj’ eu, quando vos vi, 5ca nunca foi tan leda pois naci

Bon dia vejo, pois vos vej’ aqui,meu amigo, meu, a la fe, sen al;faça vos Deus ledo, que pod’ e val,seer migo, meu ben e meu desejo, 10quan leda <fui oj’ eu, quando vos vi,ca nunca foi tan leda pois naci>

Meu gasalhado, se mi valha Deus,e amigo meu e meu coraçon,faça vos Deus en algu~a sazon 15seer migo tan led’ e tan pagadoquan leda fui oj’ eu, <quando vos vi,ca nunca foi tan leda pois naci>

B 1175 ff. 250v°-251r° V 781 f. 123r°

2 boa B 5 ui B : iu ? V after 5 Bon dia ueio written by scribe “a” at bottom of B f. 250v°b 14 e amigo Nunes :Cuiergo B : cuiergo V1

In each strophe, the 4th and 5th syllables of the first verse rhyme with the 10th and 11th syllables of the fourthverse: amigo (1) / migo (4); vejo (7) / desejo (10); gasalhado (13) / pagado (16). Hence migo, desejo and pagado (last wordin the fourth verse of each strophe) are not, as has been said, palavras perdudas. They do indeed rhyme, but ina way subtle enough to have eluded the vigilance of Nunes (vol. III, p. 350), Tavani (Rep.) and others, thoughnot of Lapa (1982: 186).

1 The girl stresses throughout that the addressee is her amigo (cf. vv. 1-2, 8, 10) and the third strophe would be the only onelacking the key word, were it not read here. Reali objects that “la parola, di senso oscuro, è stata liberamente interpretata”and prints cuiergo. But there is no such word (though cui ergo sounds like Latin and could, for that reason, have crept into thetext in place of an illegible or only partially legible eamigo).

411

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 12

Aquestas noites tan longas que Deus fez en grave diapor min, por que as non dormho, e por que as non faziano tempo que meu amigosoía falar comigo?

Por que as fez Deus tan grandes, non posso eu dormir, coitada, 5e, de como son sobejas, quisera m’ outra vegadano tempo que meu amigosoía falar comigo?

Por que as Deus fez tan grandes, sen mesura desiguaes,e as eu dormir non posso, por que as non fez ataes 10no tempo que meu amigosoía falar comigo?

B 1176 f. 251r° V 782 f. 123r°

2 mi~ B : mi V between 4 and 5 (Juyao bol sseyro) B 5 grãdes V : grandas B 6 sobeias B : soberas V m’ Nunes1

: eu BV 7 meu] cheu V amigo (soia) B 9 desiguaes Lapa : designaaes B : deflegraaes V 10 non1] nõ B: io V ataes Lapa : ataaes B : araaes V 11 nõ V meu] cheu V

In B there are marks both to the right and to the left of lines 1-2 and 3-4 indicating that they are to be takentogether. Moreover, in the left hand margin next to the first strophe and at the bottom of the column (beneaththe first half of our v. 5) Colocci has written “16 syll”. In V the first strophe is copied in short lines, the secondand third in irregularly divided lines none of which corresponds to a verse (short or long). Lang (1894: xcii)and Lapa (1982: 186) assume long verses of 15’. Tavani (Rep.) offers three possibilities: three long verses(26:14), six short verses (244:19) and the option taken here (37:17), which follows the indications of Colocci.

1 Cf. vol I, p. 390, where Nunes suggests quisera-m’eu outra vegada. See also B 657 / V 258 (Carpancho), v. 7.

412

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 13

Ai meu amigo, avedes vós per miafan e coit’ e desej’ e non al,e o meu ben é todo vosso mal,mais, pois vos eu non posso valer i,pesa mh a mi por que paresco ben, 5pois end’ a vós, meu amigo, mal ven

E sei, amigo, destes olhos meuse sei do meu fremoso parecerque vos fazen <en> gran coita viver,mais, meu amigo, se mi valha Deus, 10pesa mh <a mi por que paresco ben,pois end’ a vós, meu amigo, mal ven>

B 1178 f. 251r° V 783 f. 123r°

3 todo BV : tod’o Reali 9 fazen <en> Nunes : faz e~ B : faz en V : faz en Reali 11 Pesami B : pesami V

413

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 14

Partir quer migo mha madr’ oj’ aquiquant’ á no mundo, outra ren non jaz;de vós, amig’, u~a parte mi faz,e faz m’ outra de quant’ á e de si,e, pois faz esto, manda m’ escolher; 5que mi mandades, amigo, fazer?

Partir quer migo como vos <d>irei:de vós mi faz <i> u~a parte jae faz m’ outra de si e de quant’ áe de quantos outros parentes ei, 10<e>, pois faz esto, <manda m’ escolher;que mi mandades, amigo, fazer>?

E de qual guisa migo partir quera partiçon, ai meu amig’, é tal:u~a me faz, senhor, de vós sen al, 15outra de si e de quant’ al ouver,<e>, pois <faz esto, manda m’ escolher;que mi mandades, amigo, fazer>?

De vós me faz u~a parte, ai senhore meu amig’ e meu lum’ e meu ben, 20e faz m’ outra de grand’ algo que tene pon me demais i o seu amor,<e>, pois <faz esto, manda m’ escolher;que mi mandades, amigo, fazer>?

E, poilo ela part’ a meu prazer, 25en vós quer’ eu, meu amig’, escolher

B 1179 f. 251r°-v° V 784 f. 123v°

2 mu~do BV : fort. mund’ u 4, 15 faz] taz B 5 E poys B : om. V manda] mu~da B 7 <d>irei Monaci : irey V: q’rey B 8 faz <i> u~a supplevi (cf. v. 22) : faz hu~o B : faz hu V 11, 17, 23 <e> cf. v. 5 14 partiçon Nunes : paucaõB : pan caoõ V1 15 senhor] senõ V u9 BV 16 e om. V 21 tem V : rem B 22 o seu] os eu B : e sen V

25 parta B : parea V prazr B : prz V 26 amig’] amigue B : amiguey V escolhar B : escolhir V : corr. Monaci

1 The initial p in both manuscripts is not a crossed p but a p with a loop on the tail (=pro).

414

500 Cantigas d’ Amigo

JUIÃO BOLSEIRO – 15

Non perdi eu, meu amigo, des que me de vós parti,do meu coraçon gran coita nen gran pesar, mais perdiquanto tempo, meu amigo,vós non vivestes comigo

Nen perderan os olhos meus chorar nunca, nen eu mal, 5des que vos vós daqui fostes, mais vedes que perdi al:quanto tempo, meu <amigo,vós non vivestes comigo

B 1180 f. 251v° V 785 f. 123v°

5 perderan Reali1 : perderã BV : perderon Nunes

The poem is copied in short lines in both B and V, but in B there are marks to the right of lines 1-2, 7-8 and 9--10 (our vv. 1, 5, 6) indicating that they are to be taken as single verses, and Colocci has written “16 syll” at thebottom of the column, under the end of our v. 6 (only the two verses of the refrain, taken together, wouldmake 16 syllables; in the form presented here, the body of the strophe consists of 15 syllable verses). Lang

(1894: xcii) and Lapa (1982: 186) see long lines.

1 Although Reali maintains the reading of the manuscripts, she translates “hanno perduto”. We may have a pluperfect fora perfect, a variant (phonetic or graphic or both) of the perfect, or a scribal error. Though any of these is possible, it shouldbe remembered that the use of the pluperfect for the perfect was already common in early Latin.

415

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CAMPINA – 1

O meu amig’, amiga, vej’ andartrist’ e cuidando e non poss’ entenderpor que trist’ anda, si veja prazer,pero direi vos quant’ é meu cuidar:anda cuidand’ en se daqui partir 5e non s’ atreve sen mi a guarir

Anda tan triste que nunca mais viandar nulh’ ome, e en saber punheio por que era, pero non o sei;pero direi vos quant’ end’ ap<re>ndi: 10anda cuidand’ en se daqui partir<e non s’ atreve sen mi a guarir>

Atan trist’ anda que nunca vi quentan trist’ andasse no seu coraçon,e non sei por que nen por qual razon, 15pero direi vos quant’ aprendi én:anda cuidand’ en se daqui partir<e non s’ atreve sen mi a guarir>

B 1182 f. 252r° V 787 f. 124r°

2 coydando e B : coydãde V 8 ome] ome~ BV 9 era] eu V 10 ap<re>ndi Monaci (cf. v. 16) : a pndy B : a

pudy V 13-18 om. B1 15 nen] ue~ V

1 There is no sign of the lacuna in B. In V these verses read as follows:A tan tristanda q’ nu~ca ui que~

tã tristan dasse no seu corazõenõ sey p’ q’ ue~ por qual razõpo direyu9 quanta prndi enanda cuydande~sse daqi partir

416

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CAMPINA – 2

Diz meu amigo que eu o mandeiir, amiga, quando s’ el foi daqui,e, se lho sol dixi nen se o vi,non veja prazer do pesar que ei,e, se m’ el ten torto en mho dizer, 5veja s’ el ced’ aqui en meu poder

E vedes, amiga, do que m’ é mal:dizen os que o viron com’ el dizque o mandei ir, e, se o eu fiz,nunca del aja dereito nen d’ al, 10e, se m’ el <ten> torto <en mho dizer,veja s’ el ced’ aqui en meu poder>

E que gran torto que m’ agora tenen dizer, amiga, per bõa fe,que o mandei ir, e, se assi é, 15como m’ el busca mal, busque lhe eu ben,e, se m’ el <ten torto en mho dizer,veja s’ el ced’ aqui en meu poder>

E, se el ven aqui a meu poder,preguntar lh’ ei quen lho mandou dizer 20

B 1183 f. 252r° V 788 f. 124r°

1 eu (s) o? V1 2 hir B : hu V 3 di(z)xi V 8 uirõ B : iurõ V 16 busque] busqe V : Busq’ B lhe] le B20 prguntar V : prgu~thar B

1 Monaci reads the cancelled letter as an l.

v. 10: “May I never get back at him or anyone else”.aver direito de (alguen) means “to wreak vengeance on(someone)”.

v. 10: “Que nunca me vingue dele nem de outra pes-soa”. aver direito de (alguen) significa “obter vingança(de alguma pessoa)”.

417

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 1

O meu amig’, a que preito talhei,con vosso medo, madre, mentir lh’ ei;e se non for, assanhar s’ á

Talhei lh’ eu preito de o ir veerena fonte u os cervos van bever, 5e se non for, assanhar <s’ á>

E non ei eu de lhi mentir sabor,mais mentir lh’ ei <eu> con vosso pavor;e se non for, <assanhar s’ á>

De lhi mentir nen un sabor non ei; 10con vosso med’ a mentir lh’ averei;e se non for, <assanhar s’ á>

B 1184 f. 252r°-v° V 789 f. 124r°-v°

8 uosso V : uossa B <eu> supplevi1

1 For the collocation, cf. B 639 / V 240 (Pae Soarez), v. 7 Sofrer lh’ ei eu de me chamar senhor and B 730 / V 331 (Beesteiros), v. 13Vee-lo ei eu, per bõa fe. Outside the cantigas d’amigo we find an example at the end of a poem (and in rhyme) in B 1522 / V 395(=CEM 158 [Gil Perez Conde]), vv. 16-17 E, se non, ficar-m’ ei eu / na mia pousada.

418

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 2

Por mui fremosa, que sanhuda estoua meu amigo, que me demandouque o foss’ eu veera la font’ u os cervos van bever

Non faç’ eu torto de mi lh’ assanhar 5por s’ atrever el de me demandarque o foss’ eu veer<a la font’ u os cervos van bever>

Affeito me ten ja por sendia,que el<e> non ven, mas <ar> envia 10que o foss’ eu veer<a la font’ u os cervos van bever>

B 1185 f. 252v° V 790 f. 124v°

6 demãdar V : demander B 9 sendia Grüzmacher : seu dia BV : sandia Nunes 10 el<e> supplevi mas BV

: possis ma<i>s <ar> supplevi1 11 o] 9 B

1 The collocation mais ar occurs three times in the cantigas d’ amor and three times in CEM. It is used immediately followinga negated clause in B 498 / V 81 (Dinis), vv. 9-11 ca sei mui bem que nunca poss’ achar / nenhu~a cousa ond’ aja sabor / se nom da morte;mais ar ei pavor / de mh a nom querer Deus tam cedo dar (text from Lang 1894). Cf. B 1388 / V 997 (Queimado), vv. 8-10 Qual desdenlhi vós fostes <i> fazer / nunca outr’ om’ a seu amigo fez; / mais ar fará vos ele, outra vez...

419

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 3

– Tal vai o meu amigo, con amor que lh’ eu dei,come cervo ferido de monteiro del rei

Tal vai o meu amigo, madre, con meu amor,come cervo ferido de monteiro maior

E se el vai ferido, irá morrer al mar; 5si fará meu amigo, se eu del non pensar

– E guardade vos, filha, ca ja m’ eu atal vique se fez<o> coitado por guaanhar de min

E guardade vos, filha, ca ja m’ eu vi atalque se fez<o> coitado por de min guaanhar 10

B 1186 f. 252v° V 791 f. 124v°

4 at the top of B f. 252v° Colocci has written Come cervo 8, 10 fez<o> Lapa

In both MSS v. 9 is written on a single line, while vv. 1-8, and 10 are copied on short lines. In B, next to eachpair of shorter verses (except those which make up our v. 3), Colocci has drawn a connecting line (indicatingthat they are to be taken together) and written “16” in the right hand margin (“16 syll” next to our vv. 9 and 10).

Lapa (1982: 187) sees long lines.

420

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 4

Ai cervas do monte, vin vos preguntar:foi s’ o meu amig’, e, se alá tardar,que farei velida?

Ai cervas do monte, vin volo dizer,foi s’ o meu amig’, e querria saber: 5que farei velida?

B 1187 f. 252v° V 792 f. 124v°

1 cervas Braga1 : cervos BV de BV 3, 6 velida Lapa : uelidas BV 4 cervos V : rervos ? B cf. v. 1 mõte : mu~te ?

B 6 farey Braga : faria BV2

1 Nunes follows Braga, making cervas agree with velidas. See next note.2 Méndez Ferrín and Azevedo Filho defend the reading of BV in v. 6 que faria uelidas. The girl, after telling the cervos do montethat she has come to ask them a question (vv. 1-2, 4-5), would then suddenly turn and address her girlfriends with thevocative velidas (vv. 3 and 6). The subject of faria would be the boy. Rather than submit to such contortions, it makes moresense to read velida in vv. 3 and 6 and farei for faria in v. 6 (with Braga, Lapa [1982: 187], Nunes).

421

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 5

<Levou s’ aa alva>, levou s’ a velida,vai lavar cabelos na fontana frialeda dos amores, dos amores leda

<Levou s’ aa alva>, levou s’ a louçana,vai lavar cabelos na fria fontana 5leda dos amores, dos <amores leda>

Vai lavar cabelos na fontana fria;passou seu amigo, que lhi ben querialeda dos <amores, dos amores leda>

Vai lavar cabelos na fria fontana; 10passa seu amigo, que <a> muit’ a<ma>valeda dos a<mores, dos amores leda>

Passa seu amigo, que lhi ben queria;o cervo do monte a augua volvialeda dos a<mores, dos amores leda> 15

Passa seu amigo que a muit’ amava;o cervo do monte volvia <a> augualeda <dos amores, dos amores leda>

B 1188 ff. 252v°-253r° V 793 ff. 124v°-125r°

1, 4 <Levou s’ aa alva> supplevi (ex B 569 / V 172 [Dinis], v. 2) : <Levou-s’a louçana> Nunes1 1 uelida B : uenda V7 (na) / na V 8 passa Nunes, Cunha, fort. recte 10-12 copied after v. 18 in BV 11 <a> Nunes muit’ a<ma>vaMonaci (cf. v. 16) : q’ muytaua B : q’ muytau9 V 15 dos a] d9 a V : do a B 16-18 om. V 16 amana B 17 volvia]noluya B <a> cf. v. 14

1 Nunes’ supplement here, as well as that in v. 4, have been widely accepted by editors. But in no other verse in thestrophes of this text is there a mere inversion (from strophe to strophe) of the two halves of a verse. Bell suggests Leda dosamores for v. 1 and Dos amores leda for v. 4. Assuming (with Lang 1894: 134 and the opinio communis) that this text underliesDinis’ Levantou s’ a velida (B 569 / V 172), we can then take the second verse of that poem – levantou s’ <aa> alva – as a reflectionof the missing phrase here.

422

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 6

Enas verdes ervasvi anda-las cervas,meu amigo

Enos verdes pradosvi os cervos bravos, 5meu amigo

E con sabor delaslavei mhas garcetas,meu amigo

E con sabor delos 10lavei meus cabelos,meu amigo

Des que los lavei,d’ ouro los liei,meu amigo 15

Des que las lavara,d’ ouro las liara,meu amigo

D’ ouro los lieie vos asperei, 20meu amigo

D’ ouro las liarae vos asperava,meu amigo

B 1189 f. 253r° V 794 f. 125r°

6 in V, the sign + in the left hand margin after this v. indicates that vv. 7-12 appear at end of text 7-12 the order of thesetwo strophes is inverted in B 7 delhas BV 10 delh9 B : dehhos V 11 Lauey B : auey V 12, 18, 24 amigoom. B 13 q’(u)l9 ? B : q’u9 V 15 amigo] a B 16 lauera B : laura V 19, 22 Douro B : Doutro V 21 ami B

23 asperaua B : aspaua V : asperara Nunes1

1 The imperfect provides an assonant rhyme (as in strophes II and III), but in view of the rhymes in strophes V-VI, the changeto asperara can be defended.

423

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 7

Preguntar vos quer’ eu, madre,que mi digades verdade:se ousará meu amigoante vós falar comigo

Pois eu mig’ ei seu mandado, 5querria saber de gradose ousará meu amigo<ante vós falar comigo>

Irei, mha madre, a la fonteu van os cervos do monte, 10se ousará meu <amigoante vós falar comigo>

B 1190 f. 253r°-v° V 795 f. 125r°

7 amigo] ami B

424

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 8

Fostes, filha, eno bailare rompestes i o brial,poilo cervo i ven;esta fonte seguide a ben,poilo cervo i ven 5

Fostes, filha, eno loire rompestes i o vestir,poilo cervo i ven;<esta fonte seguide a ben,poilo cervo i ven> 10

E rompestes i o brialque fezestes ao meu pesar,poilo cervo i ven;<esta fonte seguide a ben,poilo cervo i ven> 15

E rompestes i o vestirque fezestes a pesar de min,poilo cervo i ven;<esta fonte seguide a ben,poilo cervo i ven> 20

B 1191 f. 253v° V 796 f. 125r°

3, 5 poilo cervo] poys ona morado B : poys o namorado V : corr. Nunes1 6 loir hapax legomenon2 12 hypermetricao] no B : a Michaëlis (II, 890), Lapa 13 ceruo B : ceru9 V 17 hypermetric pesar de mi Lapa (a deleto)

1 namorado, attested twice here in BV, is surely an error for cervo, read in both MSS in all following strophes. No doubt cervohas been displaced in the first strophe by a gloss (note that namorado is not found elsewhere in Meogo). Nunes prints thechange, but other editors follow BV, and Azevedo-Filho unconvincingly defends the gloss. Cf. B 1272 / V 878 and B 1275/ V 881 (Giinzo) and the note on B 1171 / V 777 (Bolseiro). (The possibility of variation in a refrain is not in question; whateditors who defend the gloss forget is the fundamental requirement of external responsion between strophes.)2 This is the only occurrence of loir in Galego-Portuguese, which is apparently the only Romance language that preserves agenuine descendant of Latin ludere (REW 5153a).

425

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MEOGO – 9

– Digades, filha, mha filha velida,por que tardastes na fontana fria?(– Os amores ei)

– Digades, filha, mha filha louçana,por que tardastes na fria fontana? 5(– Os amores ei)

Tardei, mha madre, na fontana fria,cervos do monte a augua volv<i>an;(Os amores ei)

Tardei, mha madre, na fria fontana, 10cervos do monte volv<i>an a augua;(Os amores ei)

– Mentir, mha filha, mentir por amigo,nunca vi cervo que volvesse o rio;(– Os amores ei) 15

– Mentir, mha filha, mentir por amado,nunca vi cervo que volvess’ o alto;(– Os amores ei)

B 1192 f. 253v° V 797 f. 125r°-v°

1 uelida B : ne naa V 8 do monte a augua do mõte BV 8, 11 volv<i>am Varnhagen : uoluã BV 9 amoresey V : om. B

Reckert & Macedo (1996: 122-123) take the refrain as an aside, within parentheses.

426

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 1

Per quaes novas oj’ eu aprendi,cras me verrá meu amigo veer,e oje cuida quanto mh á dizer,mais, do que cuida, non será assi,ca lh’ i cuid’ eu a parecer tan benque lhe non nembre do que cuida ren 5

B 1193 f. 253v° V 798 f. 125v°

5 lh’ i distinxi : lhi BV1 beni B

1 Braga and Nunes print lhi, but this seems odd given the presence of lhe in the next verse (though it should be noted thatelsewhere among the cantigas d’ amigo of Caldas we find lhi once [B 1194 / V 799, v. 9], lhe not at all). The girl refers in v. 2 toan encounter with the boy “tomorrow”, so the force of i could be as much temporal (cf. CEM 14, v. 11 [Alfonso X]) as spatial.

427

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 2

Madr’ e senhor, leixade m’ ir veeraquel que eu por meu mal dia vi,e el viu mi en mal dia por si,ca morr’ el, madr’, e eu quero morrer,se o non vir, mais, se o vir, guarrei, 5e el guarrá, pois me vir, eu o sei

O que mi Deus non ouver’ a mostrar,vee-lo ei, madre, se vos prouguer én,e tal non me lhi mostrou por seu ben,ca morr’ el e moiro eu, se Deus m’ ampar, 10se o non vir, mais, se o vir, guarrei,<e el guarrá, pois me vir, eu o sei>

Aquel que Deus fez nacer por meu mal,madre, leixade mho veer, por Deus,<e> eu naci por mal dos olhos seus, 15ca morr’ el e moir’ eu, u non jaz al,se o non vir, mais, se o vir, guarrei,<e el guarrá, pois me vir, eu o sei>

B 1194 f. 254r° V 799 f. 125v°

2 meu BV : mi Lapa 5 guarrey V : guarirey B 6 uyr V : (uy.) uyr B 7 ouver’ a distinx. Braga; cf. B 1196 / V 801,v. 7 15 <e> supplevi1

1 Nunes supplies <gran> before mal, but the loss of an initial e, especially before eu, seems more likely, and the conjunctionwould provide a missing connection to the syntax (the third verse in each of the other strophes begins with e).

428

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 3

Mandad’ ei migo qual eu desejei,gran sazon á, madre, per bõa fe,e direi volo mandado qual é,que nulha ren non vos én negarei:o meu amigo será oj’ aqui; 5e nunca eu tan bon mandad’ oí

E, pois mi Deus fez tal mandad’ averqual desejava o meu coraçon,madr’ e senhor, ase Deus mi perdon,que vos quer’ eu <o> mandado dizer: 10o meu amigo será oj’ aqui;<e nunca eu tan bon mandad’ oí>

E por en sei ca mi quer ben fazerNostro Senhor, a que eu fui rogarpor bon mandad’, e fez mho el chegar 15qual poderedes, mha senhor, saber:o meu amigo será oj’ aqui;<e nunca eu tan bon mandad’ oí>

Melhor mandado nunca ja per rendaqueste, madre, non poss’ eu oír 20e por en non me quer’ eu encobrirde vós, ca sei que vos praz de meu ben:o meu amigo será oj’ aqui;<e nunca eu tan bon mandad’ oí>

B 1195 f. 254r° V 800 ff. 125v°-126r°

4 en BV : eu Braga 9 senhor, ase distinxi : senhor a se B : senhora se V : senhora, se Braga1 10 <o> Nunes;cf. v. 3 16 qual] q’l V : Q’ B saber] sabr V2 : fazr B 20 eu] ea ? B 22 de2] do Nunes

1 Braga and Nunes print senhora, se but senhora is extremely rare (and late) in Galego-Portuguse lyric (the formula madr’ esenhor is used by Caldas at B 1194 / V 799, v. 1; cf. v. 16 below) and asse (with manuscript variants including ase) is found inCSM in optative clauses such as asse Deus vos perdon, asse Deus m’ ampar and asse Deus me valla (cf. Mettmann’s glossary, s.v.asse). The space in B between senhor and a is very slight and may be unintended.2 The reading of V is not entirely clear, and could be fabr.

429

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 4

Foi s’ un dia meu amigo daquitrist’ e coitad’ e muit’ a seu pesarpor que me quis del mha madre guardar,mais eu fremosa, des que o non vi,non vi depois prazer de nulha ren 5nen veerei ja mais, se m’ el non ven

Quando s’ el ouve de mi a partir,chorou muito dos seus olhos entone foi coitado no seu coraçon,mais eu fremosa, por vos non mentir, 10non vi depois prazer <de nulha rennen veerei ja mais, se m’ el non ven>

B 1196 f. 254r° V 801 f. 126r°

2 coytad B : cuytad V

430

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 5

Ai meu amig’ e lume destes meusolhos e coita do meu coraçon,por que tardastes, á mui gran sazon?non mho neguedes, se vos valha Deus,ca eu quer’ end’ a verdade saber, 5pero mh-a vós non ousades dizer

Dizede mi quen mi vos fez tardar,ai meu amig’, e gradecer volo ei,ca ja m’ end’ eu o mais do preito seie non vos é mester de mho negar, 10ca eu quer’ en<d’ a verdade saber,pero mh-a vós non ousades dizer>

Per bõa fe, non vos conselhou benquen vos esta tardada fazer fez,e, se mi vós negardes esta vez, 15perder vos edes comigo por en,ca eu quer’ end’ a verdade saber,<pero mh-a vós non ousades dizer>

B 1197 f. 254v° V 802 f. 126r°

1-5 partially copied a second time in V after this text1 7 quen] que’ V : q’ B 13 boa B 14 fazer] fazr V : fazr (fazer) B

1 In the upper right hand column of f. 126r° the scribe has copied and cancelled part of a hybrid strophe beginning withv. 1 of the next poem, then skipping back to the end of v. 1 of this one (stes meus) and continuing down to v. 5. It reads:

Nostro senhor e como po stes me9

olhos e coyta do meu coraçonpor que tardastes a muy gram saçonnõ mho neguedes seu9 ualha de9

ca eu querendauerdade saber

In the part of this hybrid relevant to the present text, the only differences between this version and the one the scribe hadjust copied are in v. 3, where the first version has grãsazon (exactly as in B).

431

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 6

Nostro Senhor, e como podereiguardar de morte meu amig’ e mi,ca mi dizen que se quer ir daqui,e, se s’ el for, log’ eu morta sereie el morto será, se me non vir, 5mais quero m’ eu esta morte partir

Ir m’ ei con el, que sempre falarándesta morte, que se<n> ventura for,ca se quer ir meu lum’ e meu senhor,e, se s’ e<l> for, serei morta de pran 10e el morto será, se me non vir,<mais quero m’ eu esta morte partir>

Irei co<n> el mui de grado, ca nonme sei conselho, se mho Deus non der,ca se quer ir o que mi gran ben quer, 15e, se s’ el for, serei morta entone el morto será, se me non vir,<mais quero m’ eu esta morte partir>

B 1198 f. 254v° V 803 f. 126r°

1 see note on B 1197 / V 802 (Caldas), vv. 1-5 4 log’ eu] logueu B : legueu V 8 se<n> Nunes1 : se BV 10 s’ e<l>

Nunes (cf. vv. 4, 16) : sse BV 13 fort. Ir <m>’ ei scribendum; cf. v. 7 co<n> Braga (cf. v. 7) : co BV

1 Cf. Nunes, vol. III, p. 363: “Se bem os interpreto, êstes versos querem dizer: irei com êle, porque, sempre hão de falardesta morte, que será desventurosa. O emprêgo de fôr, em vez de será, explicar-se-ia por se tratar de um futuro hipotético.”

432

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE CALDAS – 7

Vedes qual preit’ eu querria trager,irmaa, se o eu podesse guisar:que fezess’ a meu amigo prazere non fezess’ a mha madre pesar;e, se mi Deus esto guisar, ben sei 5de mi que log’ eu mui leda serei

E atal preito m’ era mui mester,se mi Deus aguisar de o aver,e quanto o meu amigo quisere que mho mande mha madre fazer, 10e, se mi Deus <esto> guisar, <ben seide mi que log’ eu mui leda serei>

E, se mh a mi guisar Nostro Senhor,aqueste preito será meu gran ben:com’ eu faça a meu amig’ amor 15e me rogue mha madre ante por en,e, se mi Deus esto guisar, ben seide mi <que log’ eu mui leda serei>

B 1199 f. 254v° V 804 f. 126r°-v°

1 eu] u B 3 que] Que (s) B 9 Quãtoomeu B : quanto meu V 14 meu V : men ? B 16 rogue Lapa : rogou

BV ante] ante~ B : ame V

433

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO TREEZ – 1

Des quando vos fostes daqui, meu amigo, sen meu prazer,ouv’ eu tan gran coita des i qual vos ora quero dizer:que non fezeron des enton os meus olhos, se chorar non,nen ar quis o meu coraçon que fezessen, se chorar non

E des que m’ eu sen vós achei, sol non me soub’ i conselhar 5e mui triste por en fiquei e con coita grand’ e pesar,que non fezeron des enton <os meus olhos, se chorar non,nen ar quis o meu coraçon que fezessen, se chorar non>

E fui eu fazer oraçon a San Clemenç’ e non vos vie ben des aquela sazon, meu amigo, ave~o m’ assi 10que non fezeron des enton <os meus olhos, se chorar non,nen ar quis o meu coraçon que fezessen, se chorar non>

B 1200 f. 255r° V 805 f. 126v°

2 eu] e~ B 3 si V 4, 8, 12 fort. quiso meu 5 cõsselhar V : sõselhar B 9 (en) eu B clement B : dement Vno B 11 fezron B : fezon V

Short lines in BV. Taken by editors, perhaps rightly, as ababCCCC, scanning 8 throughout, but compare

B 1202 / V 807 and B 1203 / 808 (Treez). As printed here, there are internal (mid-verse) rhymes in all verses.

434

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO TREEZ – 2

San Clemenço do mar,se mi del non vingar,non dormirei

San Clemenço senhor,se vingada non for,non dormirei 5

Se vingada non fordo fals’ e traedor,non dormirei

B 1201 f. 255r° V 806 f. 126v°

1 clemenco B : cremenço V1 mal V 4 cleme~co B : demenço V 8 craedor V 9 dormirey V : om. B

1 The variant is striking, but this is the only time (in either manuscript) in the cantigas d’ amigo of Treez where the nameappears with initial cr instead of cl (cf. v. 4 below; B 1202 / V 807, vv. 1, 4; B 1203 / V 808, vv. 1, 4, 7).

435

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO TREEZ – 3

Non vou eu a San Clemenço orar, e faço gran razon,ca el non mi tolhe a coita que trago no meu coraçon,nen mh aduz o meu amigo, pero lho rog’ e lho digo

Non vou eu a San Clemenço, nen el non se nembra de min,nen mh aduz o meu amigo, que sempr’ amei des que o vi, 5nen mh aduz o <meu amigo, pero lho rog’ e lho digo>

Ca se el<e> m’ adussesse o que me faz pe~ad’ andar,nunca tantos estadaes arderan ant’ o seu altar,nen mh aduz <o> meu <amigo, pero lho rog’ e lho digo>

Ca se el<e> m’ adussesse o por que eu moiro d’ amor, 10nunca tantos estadaes arderan ant’ o meu senhor,nen mh aduz <o> meu <amigo, pero lho rog’ e lho digo>

Pois eu e<n> mha voontade de o non veer son ben fis,que porrei par caridade ant’ el candeas de Paris?nen mh aduz <o> meu amigo, <pero lho rog’ e lho digo> 15

En mi tolher meu amigo filhou comigo perfia,por end’ arderá, vos digo, ant’ el lume de bogia,nen mh aduz <o> meu <amigo, pero lho rog’ e lho digo>

B 1202 f. 255r° V 807 ff. 126v°-127r°

1 cleme~to B : clemento V orar] grar B 4 demenço V 7 pe~ad’ Michaëlis (II, 887), Lapa : pe~ad V : peãd B :penad’ Lang (1894: ci), Nunes 7, 10 el<e> supplevi m<e> Nunes 7 se(l) el B 13 e<n> mia Michaëlis : emhaBV fis V : fis B with s written over z 14 candade V 16 En V : Eu ? B pfia B : fer fia V

Nunes prints short lines, but the body of the strophe seems composed in long verses: in B, vv.1-2 and 10-11 arecopied in long lines, Colocci has marked several pairs of short lines (our vv. 4-5 and 7-8) to indicate that they areto be taken together, and has written “16” in the margin and “16 syll” at the bottom of f. 255r°b; in V, vv.10-11 arealso copied as long lines. Michaëlis (vol. II, p. 883) and Lapa (1982: 188) agree that these are long verses.

v. 17: lume de bogia seems to mean ‘cheap candles’.Nunes (vol. III, p. 590) would have them of lard; inany event, low quality (Lang [1894: ci]: “gewöhnlichekerzen”).

v. 17: lume de bogia parece significar ‘velas baratas’.Nunes (vol. III, p. 590) achava que seriam de sebo; dequalquer modo, de baixa qualidade (Lang [1894: ci]:“gewöhnliche kerzen”).

436

500 Cantigas d’ Amigo

NUNO TREEZ – 4

Estava m’ en San Clemenço, u fora fazer oraçon,e disse mh o mandadeiro, que mi prougue de coraçon:“Agora verrá aqui voss’ amigo”

Estava <m>’ en San Clemenço, u fora candeas queimar,e disse mh o mandadeiro: “Fremosa de bon semelhar, 5agora verrá aqui <voss’ amigo>”

Estava m’ en San Clemenço, u fora oraçon fazer,e disse mh o mandadeiro: “Fremosa de bon parecer,agora verrá aqui <voss’ amigo>”

E disse mh o mandadeiro: “Fremosa de bon semelhar,” 10por que viu que mi prazia, ar começou m<e> a falar“Agora verrá aqui <voss’ amigo>”

E disse mh o mandadeiro: “Fremosa de bon parecer,”por que viu que mi prazia, ar começou <me> a dizer:“Agora verrá aqui <voss’ amigo>” 15

E disse mh o mandadeiro, que mi prougue de coraçon,por que viu que mi prazia, ar disse mh outra vez enton:“Agora verrá aqui <voss’ amigo>”

B 1203 f. 255v° V 808 f. 127r°

1 Estauam V : Estauã B 3 aqi B : qi V 4 <m>’ Nunes; cf. vv. 1,7 u] E B : e V cãdeuas V 5 (parecer)semelhar V 6 ueira B : uera V 10 da V 11 m<e> a Nunes : ma BV 14 mi] me B começon B <me>Nunes 16-18 transpos. Nunes post v. 91 17 mi] me B mh] mho B : m V

Here neither MS has any long lines, but in B Colocci has marked the first two (short) verses as belonging

together and written “16 syll” at the bottom of f. 255v°a. Lang (1894: xcii) sees 16 syllable verses.

1 Nunes supposes that by putting vv. 16-18 as the fourth strophe we would have a case of cobras ternas – and both thetransposition and the classification are accepted by Tavani (Rep.), but in all of Galego-Portuguese lyric the only true case ofcobras ternas is Calheiros-1. There the verses (outside the refrain) in strophes I-III rhyme in -igo, while those in strophesIV-VI rhyme in -ia. What we would have here, if we transposed, would be a different phenomenon (something like a tripleversion of cobras alternantes): three rhyme sounds (-on, -ar, -er), one per strophe, in a series established in the first threestrophes and then repeated in the last three.

437

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ ARMEA – 1

Sej’ eu fremosa con mui gran pesare mui coitada no meu coraçone choro muit’ e faço gran razon,par Deus, mha madre, de muito chorarpor meu amig’ e meu lum’ e meu ben, 5que se foi daqui, ai madr’, e non ven

E ben sei <eu> de pran que por meu malme fez<o> Deus tan fremosa nacer,pois m’ ora faz como moiro morrer,ca moiro, madre, se Deus mi non val, 10por meu amig’ e meu <lum e meu ben,que se foi daqui, ai madr’, e non ven>

E fez mi Deus nacer, per bõa fe,polo meu mal; er fez<o> me log’ imais fremosa de quantas donas vi, 15e moiro, madre, vedes por que é:por meu amig’ e meu lum’ e <meu ben,que se foi daqui, ai madr’, e non ven>

E, pois Deus quer que eu moira por en,sabhan que moiro querendo lhi ben 20

B 1204 ff. 255v°-256rº V 809 f. 127r°-v°

5 meu2 om. V 7 <eu> Nunes1 8 fez<o> Nunes (1959: 324)2 <a>tan Nunes 10 moyro V : muyto B

13 boa B 14 er BV : <e> ar Nunes : fort. ar fez<o> supplevi; cf. v. 8 16 é Nunes (he iam Braga) : hi BV

1 See note on B 674 / V 276 (Avoin), v. 9.2 Cf. B 1087-1088 / V 679 (Pero d’Armea), v. 3 e quan fremosa vos fezo nacer.

438

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ ARMEA – 2

Amiga, grand’ engan’ ouv’ a prenderdo que mi fez creer mui gran sazonque mi queria ben de coraçon,tan grande que non podia guarir,e tod’ aquest’ era por encobrir 5outra que queria gran ben enton

E dizia que perdia o senpor mi, demais chamava me senhore dizia que morria d’ amorpor mi, e que non podia guarir, 10e tod’ aquest’ era por <encobriroutra que queria gran ben enton>

E, quand’ el migo queria falar,chorava muito e jurava log’ ique non sabia conselho de si 15por mi, e que non podia guarir,e tod’ aquest’ era <por encobriroutra que queria gran ben enton>

B 1205 f. 256r° V 810 f. 127v°

1 angan B 6 possis outr’ a

439

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ ARMEA – 3

Mhas amigas, quero m’ eu des aquiquerer a meu amigo mui gran ben,ca o dia que s’ el<e> foi daquenviu me chorar e, con doo de mi,u chorava, começou m’ a catar, 5viu me chorar e filhou s’ a chorar

E per bõa fe, sempre lh’ eu querreio maior ben de pran que eu poder,ca fez el por mi o que vos disser,mhas amigas, que vos non mentirei: 10u chora<va, começou m’ a catar,viu me chorar e filhou s’ a chorar>

Ouv’ el gran coita no seu coraçon,mhas amigas, u se de min partiu,viu me chorar e, depois que me viu 15chorar, direi volo que fez enton:u chorava, começou m’ a catar,<viu me chorar e filhou s’ a chorar>

B 1206 f. 256r° V 811 f. 127v°

1 amiga V 3 <en>o Nunes el<e> Lapa1 4 mi~ B 7 boa B 10, 14 mhas] Mays B : mays V 10 amigas]

amigue V que] fort. ca scribendum 14 amigus corrected to amigas B

1 Lapa (1982: 188) is right to reject Nunes’ <en>o as unnecessary. See, for example, B 1586 / V 1118 (=CEM 44 [Alfonso X]),v. 14 que o dia que s’ a lide juntou.

440

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ ARMEA – 4

– Amigo, mando vos migo falarcada que vós end’ ouverdes sabor– Nostro Senhor, fremosa mha senhor,vos dé grado, que volo pode dar,<de tod’ este ben que mi dizedes> 5e de quant’ outro ben mi fazedes

– Pois vós sodes por mi tan coitado,quando quiserdes, falade migo– Ai mha senhor, vedes que vos digo:Nostro Senhor vos dé <mui> bon grado 10de tod’ este ben que mi dizedes<e de quant’ outro ben mi fazedes>

– Por que sei <eu> que mi queredes ben,falade migo, ca ben é e prez– Nostro Senhor, que vos <fremosa> fez, 15vos dé sempre mui bon grado por ende tod’ este ben que mi dizedes<e de quant’ outro ben mi fazedes>

B 1207 f. 256r°-vº V 812 f. 127v°

10 <mui> Nunes; cf. v. 16 bõo Lapa 13 <eu> supplevi <gran> ben Nunes 14 fort. ben <m>‘ é 15 vos

<fremosa> ego : <fremosa> vos Nunes 17 estes B

441

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 1

Disseron vos, meu amigo,que, por vos fazer pesar,fui eu con outren falar,mais non faledes vós migose o poderdes saber 5por alguen-no entender

E ben vos per vingaredesde mi, se eu con alguenfalei por vos pesar én,mais vós nunca mi faledes 10se o poderdes saber<por alguen-no entender>

Se vós por verdad’ achardes,meu amigo, que é assi,confonda Deus log’ i mi 15muit’, e vós, se mi falardes,se <o> poderdes sa<berpor alguen-no entender>

B 1208 f. 256v° V 813 f. 128r°

2 Q’ B : om. V 5 porderdes B 6 no scripsi1 : nõ B : non V : nen Marroni2 : ou Nunes 15 cofonda V

1 Cf. B 1213 / V 818 (Sevilha), v. 20 nunca pode per mi saber al and B 1239 / V 844 (Padrozelos), vv. 10-11 nen vós non podedes saber/ nunca per outren... Here the preposition por introduces a substantival verb-phrase in which alguen is the subject of entenderand no the direct object (elsewhere Sevilha uses entender with a direct object at B 1216 / V 821, v. 27 volo entenderán). Longerexamples (by the same poet) of such causal phrases introduced by por are to be found in B 1659 / V 1193 (=CEM 311), vv. 15--17 E polo bispo aver sabor / grande de Conca non aver / non lho queremos nós caber (caber BV : saber Lapa, Marroni) and B 1660 / V 1194(=CEM 312), vv. 10-12 Si quer a gente a gran mal vo-lo ten, / por irdes tal molher gran ben querer, / que nunca vistes riir nen falar.2 Marroni offers a plausible reading, but builds on what seems to me already an error in the text of BV. In the cantigas d’ amigothere are numerous places where one or both manuscripts have nõ and the correct reading is unquestionably no: B 563/ V 166 (Dinis), v. 20 (no B : nõ V); B 634 / V 236 (Sandin), v. 10 (no B : nõ V); B 795 / V 379 (Talaveira), v. 8 (no B : nõ V); B 1172/ V 778 (Bolseiro), v. 11 (no V : nõ B); B 1176 / V 782 (Bolseiro), v. 11 (no B : nõ V) – in v. 7 the scribe of V catches himself andcrosses out the til; B 1249 / V 854 (Lopo), v. 4 (no V : nõ B); B 1268 / V 874 (Cangas), v. 10 (no V : nõ B).

vv. 5-6 ... saber / por alguen-no entender: “... find out bysomeone’s ascertaining it”.

vv. 5-6 ... saber / por alguen-no entender: “... descobrirpor alguém o saber”.

442

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 2

Amiga, muit’ amigos sonmuitos no mundo por filharamigas polas muit’ amar,ma<i>s ja Deus nunca mi perdonse nunca eu vi tan amigo 5d’ amiga come meu amigo

Pode voss’ amigo dizer,amiga, ca vos quer gran bene quer volo, mais eu por ennunca veja do meu prazer 10se nunca eu <vi tan amigod’ amiga come meu amigo>

Vi m’ eu con estes olhos meusamigo d’ amiga que lh’ émuit’ amigo, per bõa fe, 15mais non mi valha nunca Deusse nunca <eu vi tan amigod’ amiga come meu amigo>

B 1209 ff. 256v°-257r° V 814 f. 128r°

4 ma<i>s Nunes : Mas B : mas V perdo V : pardõ B 6 come BV, Nunes : com’ é distinx. Braga 9 pr V : pre B

13 Vi-m’ eu distinx. Machado in ap., Marroni : Vi meu B : Vy meu V : Vi eu Nunes (deleto m) 16 m(h)i V

443

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 3

– Amiga, vistes amigod’ amiga que tant’ amasse,que tanta coita levassequanta leva meu amigo?– <Non o vi nen quen o visse> 5nunca vi des que fui nada,mais vej’ eu vos mais coitada

– Amiga, vistes amigoque por amiga morresseque tanto pesar sofresse 10<quanto sofre meu amigo>?– Non o vi nen <quen o vissenunca vi des que fui nada,mais vej’ eu vos mais coitada>

– Amiga, vistes amigo 15que tan muito mal ouvessed’ amiga que ben quisessequant’ á por mi meu amigo?– Non o vi nen quen o visse<nunca vi des que fui nada, 20mais vej’ eu vos mais coitada>

que mui maior mal avedesca el que morrer veedes

B 1210 f. 257r° V 815 f. 128r°

5 om. BV here, but copied below in both; cf. vv. 12, 191 6 nunca vi scripsi2 : nõ mi V : Nõ ui B 7 uos BV 11 suppl.Nunes

The strophic form (incorrectly reported in Rep.) is AbbaCDD (cf. B 695 / V 296 [Ulhoa]; Rep. 176:3), scanning (ifwe accept nunca vi for nõmi [V] in the second verse of the refrain) 7’ throughout.

1 In both MSS the initial verse of the refrain is missing in the first strophe (arguably due to the similarity between thebeginnings of the two verses – presumably nu~ca ui [v. 5] and nõ ui [v. 6]), copied partially in the second and fully in the third.Yet Nunes and Marroni, though registering the evidence in apparatu, have failed to take heed (Nunes prints a two linerefrain beginning with Non o vi, des que fui nada and Marroni follows). Non o vi nen quen o visse / nunca vi is an emphatic inversionof expressions like e eu vy quena viu (CSM 339.21; cf. 253.34). So CSM 195.160-163 Non foi quen oysse / nunca neno visse / est’ and,in the cantigas d’ amigo, B 383 (Mafaldo), v. 6 Nunca vistes, amiga, quen tal amigo visse.2 In such phrases (“since I was born”) nunca is the norm (not non). Cf. B 1098 / V 825 (Sevilha), v. 3 pois fui nado, nunca vi tan bela.In the text before this one (B 1209 / V 814, v. 5) we also find nunca vi.

444

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 4

Moir’, amiga, desejandomeu amig’, e vós no vossomi falades, e non possoestar sempr’ en esto falando,mais queredes falar migo? 5falemos no meu amigo

Queredes que toda viaeno voss’ amigo falevosc’ e, se non, que me cale;e non poss’ eu cada dia, 10mais queredes falar migo?<falemos no meu amigo>

Amiga, sempre queredesque fale vosc’ e faladesno voss’ amig’ e cuidades 15que poss’ eu; non o cuidedes;mais queredes falar <migo?falemos no meu amigo>

Non avedes d’ al cuidado,sol que eu vosco ben diga 20do voss’ amig’ e, amiga,non poss’ eu nen é guisado,mais queredes falar <migo?falemos no meu amigo>

B 1211 f. 257r° V 816 f. 128r°-v°

3 falardes B 4 hypermetric; fort. ’star (Marroni) possis transponere sempr’ en est’ estar falando falado V

6 falem9 B : falem9(m9)V 9 tale BV 14 faledes BV 19 dal B : tal V cuidado ? B : coydado V

445

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 5

O meu amigo, que mi gran ben quer,punha sempr’, amiga, de me veere punh’ eu logo de lhi ben fazer,mais vedes que ventura de molher:quando lh’ eu poderia fazer ben, 5el non ven i, e u non poss’ eu, ven

Pero sab’ el que non fica per min,amiga, nunca de lho eu guisarnen per el sempre de mho demandar,mais mha ventura nolo part’ assi: 10quando lh’ eu poderia fazer ben,<el non ven i, e u non poss’ eu, ven>

E non fica per el, per bõa fe,d’ aver meu ben e polo fazer eu,non sei se x’ é meu pecado, se seu, 15mais mha ventura tal foi e tal é:quando lh’ eu poderia fazer ben,<el non ven i, e u non poss’ eu, ven>

B 1212 f. 257v° V 817 f. 128v° (cf. B 794 / V 378 [Talaveira])1

6 ven2] uer BV 13 el] ei V boã B : bona V 15 pecado] pado V seu] eu V

1 For arguments in favor of Talaveira’s authorship, see Marroni, pp. 192-194. This text probably does not belong here, butsomehow at some point higher up the stemma intruded (or was thrust) into the set of cantigas d’amigo of Pedr’ Amigo deSevilha (which would thus consist of ten poems, not counting the pastorela).

446

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 6

Por meu amig’, amiga, preguntarvos quer’ eu ora, ca se foi daquimui meu sanhud’ e nunca o ar vi;se sabe ja ca mi quer outro ben,par Deus, amiga, sab<ed>’ o pesar 5que oj’ el á non é per outra ren

Amiga, pesa mi de coraçonpor que o sabe, ca de o perderei mui gran med’, e ide lhi dizerque lhi non pes, ca nunca lh’ én verrá 10mal; e pois el souber esta razon,sei eu que log’ aqui migo será

E dizede lhi ca poder non eide me partir, se me gran ben quiser,que mho non queira, ca non sei molher 15que se del<e> possa partir per al,se non per esto que m’ end’ eu farei:non fazer ren que mi tenhan por mal

E pois veer meu amigo, ben seique nunca pode per mi saber al 20

B 1213 f. 257v° V 818 f. 128v°

5 sab<ed>’ o Nunes : sabo BV 10 en Nunes : ende BV 12 sera B : se la V 13 (diz) dizede B : dizete V15 queira] q’ira B : q’rria V non2] nõ V : om. B 16 del<e> Nunes 18 mi nõ tenhã BV : nõ del. Nunes

vv. 13-14 The subject of queira is the outro of v. 4, while the whole clause que mho non queira is the object of mepartir in v. 14 (“livrar-se” is one of the glosses given by Mettmann for partirse). (Marroni misreads both syntaxand sense here.)

vv. 13-15 poder non ei / de me partir... / que mho non queira:The sense is: “I cannot free myself from his love forme”.

vv. 13-15 poder non ei / de me partir... / que mho non queira:O sentido é: “Não me consigo libertar do seu amorpor mim”.

447

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 7

Un cantar novo d’ amigoquerrei agora aprenderque fez ora meu amigo,e cuido log’ entender,no cantar que diz que fez 5por mi, se o por mi fez

Un cantar d’ amig’ á feito,e, se mho disser alguendereito como el é feito,cuido eu entender mui ben, 10no cantar que diz <que fezpor mi, se o por mi fez>

O cantar éste mui dito,pero que o eu non sei,mais, pois mho ouveren dito, 15cuid’ eu que entend<er>ei,no cantar que diz que fezpor mi, <se o por mi fez>

B 1214 ff. 257v°-258r° V 819 f. 129r°

2 q’rrey V : q’ uey B 6 mi2] mi~ ? V1 9 Dreyto B : deyto V 10 cuido eu] cuydoo eu BV : cuid’eu Nunes 15 mo Bouveren Nunes : ouuerõ BV : fort. oeren scribendum diro V 16 entend<er>ei Braga : entendey BV

vv. 1-2 stand on one long line in B, but this may be a matter of layout in the exemplar or its source rather thana clue to strophic form. If instead of ababCC we take the form to be aaB or aaBB the dobre (amigo vv. 1, 3; feitovv. 7, 9; dito vv. 13, 15) merely becomes internal (cf. B 747 / V 349 [Guilhade]). Perhaps the complexity ofstrophic forms in Sevilha’s other cantigas d’amigo may be adduced as evidence for seeing ababCC here.

1 Monaci reads mi~ in V, but the mark over the i may be an extended dot rather than a til.

448

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 8

– Amiga, voss’ amigo vi falaroje con outra, mais non sei en qualrazon falavan, assi Deus m’ empar,nen se falavan por ben, se por mal– Amiga, fale con quen x’ el quiser 5en quant’ eu del com’ estou estever,

ca si tenh’ eu meu amigo en poderque quantas donas eno mundo sonpunhen ora de lhi fazer prazer,ca mho non tolherán se morte non 10– Amiga, med’ ei de prenderdes ipesar, ca ja m’ eu vi quen fez assi

e vós faredes, pois en voss’ amorvos esforçades tanto <e>no seu,<qu>e vós vos acharedes én peior 15ca vós cuidades, e digo vol’ eu– Amiga, non, ca mi quer mui gran bene sei que tenh’ e<n> el e el que ten

en min, ca nunca nos partirán ja,se non per morte nos poden partir, 20e, pois eu esto sei, u al non á,mando me lh’ eu falar con quantas vir– Con voss’ esforç’, amiga, pavor eide perderdes voss’ amigo, ca sei,

per bõa fe, outras donas que an 25falad’ en como volo tolherán

– Amiga, non, ca o poder non éseu nen delas, mais meu, per bõa fe

B 1215 f. 258r° V 820 f. 129r°

2 en] eu B after 6 (Outro R° se começa assy) B on a separate line 7 Cassy V : E assy B (where E is written over Cand also in the lefthand margin) : c’ assi Nunes 8 q’ V : De B 11-12 pranderdes hi pesar / Ca iameu ui q’ fez assy B: p’n V (rest of vv. 11-12 missing in V) 14 <vós> vos Nunes esforzades V : efforcades B <e>no supplevi: no BV 15 <qu>e Nunes : E B : e V en] eu B 16 cuydades B : cuydade V 18 que bis] q’ BV : que<m>Braga tenh’ e<m> el Braga : tenheel BV 24 perdedes B

v. 10: “They shall not take him from me if death doesnot”.

v. 10: “Eles não o afastarão de mim, se a morte não ofizer”.

449

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 9

Par Deus, amiga, podedes sabercomo podesse mandad’ enviara meu amigo? que non á poderde falar mig’, e morr’ én con pesar;e ben vos digo, se el morr’ assi, 5que non viverei <ja mais> des ali

Amiga, <ben> sei que non pod’ avermeu amig’ arte de migo falar,e ouv’ eu art’ e figi lhe fazerpor outra dona un mui bon cantar, 10e, pois por aquela dona trobou,cada <que> quis, sempre migo falou

O meu amigo non é trobador,pero tan grand’ é o ben que m’ el querque filhará outra entendedor 15e trobará, pois que lho eu disser;mais, amiga, per quen o saberáque lho eu mando ou quen lho dirá?

– Eu, amiga, o farei sabedorque tanto que el un cantar fezer 20por outra dona, e pois por seu for,que falará vosco quando quiser,mais á mester de lho fazer el bencreent’, e vós non o ceardes én

– Amiga, por ceos é quant’ eu ei 25de mal, mais nunca o ja cearei

– Mester vos é, ca volo entenderán, se o ceardes, <e> guardar vos an

B 1216 f. 258r°-v° V 821 f. 129r°-v°

3 quo V 4 morr’] moyr BV1 6 <ja mais> Nunes; cf. A 135 / B 256 (Queimado), vv. 14-15 7 <ben> sei ego : sei<ben> Nunes 10 outra] out’ B : ent’ V 12 <que> Nunes 18 quen] que~ V : q’ B 22 que] Que~ B : que~ V25 é Lapa : e Braga 28 <e> se Nunes <e> guardar Marroni

v. 21 pois por seu for: “Once he goes around as (avow-edly) hers”.

v. 21 pois por seu for: “Quando ele andar como sendodela”.

450

500 Cantigas d’ Amigo

v. 21 pois por seu for: Cf. B 547 / V 150 (Dinis [pastorela]), v. 7 por vosso vou eu, v. 18 por voss’ andarei and v. 20 por vosso vou.

1 In B, in the right hand margin beside this verse the scribe has written morre~ cõ pesar (the text has moyre~ cõ pesar) with a dotover the first r (so that morr is indistinguishable from moir).

vv. 23-24: It seems we must take creent’ as active,agreeing with el: “He must make the song for her(lh-o) as if he really believed in it (ben / creent’ with theenjambment providing extra emphasis) and yet you

must not get jealous”.

vv. 23-24: Parece devermos considerar que creent’ éactivo, em concordância com el: “Ele tem que fazer--lhe o cantar (lh-o) como se ele realmente acreditas-se nele ([isto é, no cantar] ben / creent’ com o enjam-bement a dar ênfase suplementar) e tu não deves ficar

ciumenta”.

451

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 10

Sei eu, donas, que non quer tan gran benom’ outra dona com’ a mi o meuamigo quer, ca por que lhi dix’ eu“Non me veredes ja mais des aqui”,desmaió logo ben ali por en 5e ouve log’ i a morrer por min

Por que lhi dixi que nunca veerme poderia, quis por en morrer,e fui alá e achei o jazersen fala ja, e ouv’ én gran pesar 10e falei lh’ <e> ouve mh a conhocere diss’: “Oí u~a dona falar?”

Dix’ eu “Oístes” ja polo guarir,e guareceu, maila que vos disserque ama tant<o> om’ outra molher 15mentir vos á, ca ja x’ o el provoucon quantas viu, e achou as partirtodas d’ amor, e assi as leixou

E ben vos poss’ eu en salvo jurarque outr’ ome vivo non sab’ amar 20dereitamente, ca, por me provar,veeron outros en min entenderse poderian de min guaanhar,mais non poderon de min ren aver

Mais aquel que <mi> tan de coraçon 25quer ben, par Deus, mal seria se nono guarisse, pois por mi quis morrer

B 1217 f. 258v° V 822 f. 129v°

3 dix’ eu] dizeu V : dizer B 5 desmaio<u> Nunes 7 que1] q’ V : ch’ B 8 podria B : podeyã V moirer B: morren V 9 e2] (h)e V 11 lh’<e> ouve Nunes : lhouue BV 12 oí scripsi : ouui V : õui B : fort. ouuí scribendum1

13 oystes B : o(x)yistes V 15 tant<o> om’ outra supplevi : tãtomout’ B : tãto mout’ V : tant’om<e> outra Nunes21 pr B : pre V 23 mi B gnaanhar V : gaanhar B, Nunes 24 mi B ren] te~ B 25 <mi> Nunes <a>tanMarroni fort. m’ atan 26 q’r be~ B : q’r be~ / (q’r be~) V

452

500 Cantigas d’ Amigo

The rhyme-scheme in strophes I and III is abbcac, whereas in strophes II and IV we find aaabab. Such alternationis without parallel in the cantigas d’amigo (but cf. B 798 / V 382 [Sandeu] and note).

1 In the cantigas d’amigo the verb is nearly always oír and not ouvir, hence oí – unless we are to understand a geolinguistic orsociolinguistic distinction here. We should not forget, also, that in oi, oui and ouui we may have three different ways of tryingto represent the same sound (English w).

453

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – 11*

– Dizede, madre, por que me metestesen tal prison, e por que mi tolhestesque non possa meu amigo veer?– Por que, filha, des que o [vós] conhocestes,nunca punhou erg’ en mi vos tolher, 5

e sei, filha, que vos traj’ enganadacon seus cantares que non valen nadaque lhi podia quen quer desfazer– Non dizen, madr’, esso <en> cada pousadaos que trobar saben ben entender 10

Sacade me, madre, destas paredese verei meu amig<o>, e veredesque logo me met’ en vosso poder– . . . . . . . . . .nen m’ ar venhades tal preito mover, 15

ca sei eu ben qual preito vos el trage,e sodes vós, filha, de tal linhageque devia vosso servo seer– Coidades vós, madre que é tan sageque podess’ el con mig’ esso põer? 20

Sacade me, madre, destas prijões,ca non avedes de que vos temer

– Filha, ben sei eu vossos corações,ca non quer’ én gran pesar atender

B 1218 ff. 258v°-259r° V 823 ff. 129v°-130r°

2 tolestes B 4 hypermetric vós seclusi1 6 trag BV 9 ess’<en> Nunes (III, 299-300) : esso BV 12 ve<e>reiNunes amig<o>, e supplevi : amigue BV 13 q’ V : Q B 14 om. BV : possis <Mando vos, filha, que mho nonroguedes> vel <Por Deus, ai filha, que non mho roguedes>2 16 eu] ou V 17 fodes B 20 poner B 21 destesBV prigoes Monaci : pigoos BV 24 quer’ én distinxi : q’ren B : queren V : queren Braga

v. 24: In other words, “For I’m not going to wait forproblems (gran pesar) from that quarter (én)”.

v. 24: Por outras palavras, “Pois não vou esperar quesurjam problemas (gran pesar) daí”.

454

500 Cantigas d’ Amigo

1 que o ought not be elided and vós is superfluous here.2 This verse can be reconstructed with a fairly high degree of confidence, because each element can be inferred from thecontexts. The mother must begin speaking here and has only one verse to set up the sense and syntax of v. 15 (nen m’ arvenhades tal preito mover). Hence: a vocative, filha; a verb of ordering (or equivalent) in the 1st person singular of the presentactive indictive, mando; a corresponding indirect object vos; a subordinating conjunction que; a negative non; a direct and anindirect object for the subordinate clause mho; a verb in the 2nd person plural of the present active subjunctive, endingin -edes and so of the first conjugation – and here the limited lexicon yields us roguedes. Mando vos occurs in B 1291 / V 896(Requeixo), v. 7 and B 1207 / V 812 (Armea), v. 1. Non mho roguedes is found in B 710 / V 311 (Vinhal), v. 4 (refrain). But thenegative command clause could have been independent, introduced (e.g.) by Por Deus (as in B 471 bis [Alfonso X] v. 5 PorDeus, non me roguedes) plus a three syllable vocative: ai filha scans and is a mark of the “genre”. Compare: B 881 / V 464 (AirasNunes), v. 7 – Rogo vos, ai filha, por Deus, que bailedes ; and B 722 / V 323 (Travanca), v. 1 Por Deus, amiga, que preguntedes.

455

500 Cantigas d’ Amigo

PEDR’ AMIGO DE SEVILHA – *12 (pastorela)

Quand’ eu un dia fui en Compostelaen romaria, vi u~a pastorque, pois fui nado, nunca vi tan belanen vi outra que falasse milhor,e demandei lhe logo seu amor 5e fiz por ela esta pastorela

Dix’ eu logo: “<Ai> fremosa poncela,queredes vós min por entendedor?que vos darei boas toucas d’ Estelae boas cintas de Rocamador 10e d’ outras doas a vosso sabore fremoso pano pera gonela”

E ela disse: “Eu non vos queriapor entendedor, ca nunca vos vi,se non agora, nen vos filharia 15doas que sei que non son pera min;pero cuid’ eu, se as filhass’ assi,que tal á no mundo a que pesaria,

e se veess’ outra, que lhi diriase me dissesse ca «Per vós perdi 20meu amig’ e doas que me tragia»?eu non sei ren que lhi dissess’ ali;se non foss’ esto, de que me tem’ i,non vos dig’ ora que o non faria”

Dix’ eu: “Pastor, sodes ben razoada; 25[e] pero creede, se vos non pesar,que non ést’ oj’ outra no mundo nada,se vós non sodes, que eu sabha amar,e por aquesto vos venho rogarque eu seja voss’ ome esta vegada” 30

E diss’ ela, come ben ensinada:“Por entendedor vos quero filhar,e, pois for a romaria acabada,aqui, du sõo natural, do Sar,cuido, se <vós> me queredes levar, 35ir m’ ei vosc’, e fico vossa pagada”

456

500 Cantigas d’ Amigo

B 1098 f. 235r° V 689 f. 110r°-v°

2 hunha B : hun a V 4 outra] aoutra V 5 demandey B : demãdi V 6 ffiz por V : fiz por / E ffiz por B 7 DixeuBV : Dix<i-lh>’eu Nunes <Ai> supplevi (cf. B 1137 / V 728 [Bonaval], vv. 1, 4 Ai fremosinha) 12 gonella V13 E ela] Ela B 15 ne~ V : Ne B 20 dizesse B 21 trgia B : rrgia V 22 eu] E(n)u B 23 tem’ i distinx.Monaci : temi BV, Nunes 25 ssodes B : ssedes V 26 e del. Monaci 28 sedes V sabhia B : sabbia V 31 en

smada V 34 soõ B : scõ V 35 cuido <m’eu> Nunes <vós> supplevi

457

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 1

Amiga, dizen que meu amig’ ápor mi tal coita que non á poderper nulha guisa d’ un dia viverse per mi non, e vedes quant’ i á:se por mi morre, fic’ end’ eu mui mal, 5<e> se lh’ ar faç’ algun ben, outro tal

E tan coitad’ é, com’ aprendi eu,que o non pode guarir nulha rende morte ja, se lh’ eu non faço ben,mais vedes ora com’ estou end’ eu: 10se por mi morre, fi<c’ end’ eu mui mal,e se lh’ ar faç’ algun ben, outro tal>

Dizen que é por mi coitad’ assique quantas cousas eno mundo sonnon lhi poden dar vida, se eu non, 15e este preito cae m’ ora assi:se por mi morre, <fic’ end’ eu mui mal,e se lh’ ar faç’ algun ben, outro tal>

E, amiga, por Deus, conselho talmi dade vós que non fique end’ eu mal 20

B 1222 f. 260r° V 827 f. 131r°

2 (coyta) poder B 6 <e> supplevi faç’ <eu> Nunes : faç<o> Zilli (p. 94) algun BV : algu~u Lapa 11 moire B: morte V 15 poder V 20 fique] fiq’ B : fiqu V

458

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA - 2

– Por Deus, amiga, preguntar vos eido voss’ amigo que vos quer gran ben,se ouve nunca de vós algun ben;que mho digades e gracir vol’ ei– Par Deus, amiga, eu volo direi: 5serviu me muito, e por lh’ eu fazerben, el foi outra molher ben querer

– Amiga, vós non fezestes razonde que perdestes voss’ amig’ assi;quando vos el amava mais ca si, 10por que lhi non fezestes ben enton?– Eu vos direi, amiga, por que non:serviu me <muito, e por lh’ eu fazerben, el foi outra molher ben querer>

– Vedes, amiga, meu sen ést’ atal: 15que, pois vos Deus amigo dar quiserque vos muit’ am’ e vos gran ben quiser,ben lhi devedes fazer e non mal– Amiga, non lhi pud’ eu fazer al:serviu <me muito, e por lh’ eu fazer 20ben, el foi outra molher ben querer>

B 1223 f. 260r°-v° V 828 f. 131r°

6 muito, e por lh’ eu scripsi1 : muito eu porlhi B : muyte eu porlhi V : muit’ e eu por lhi edd. 9 q’ V : (p) q’ B

uoss ? B : noss V 16 u9 V : om. B d’s B : om. V2

1 In vv. 6-7 the phrase e eu por lhi fazer / ben, though maintained by all editors, is anomalous. I find no parallel for putting anymember of a por phrase (causal or final [as here; cf. Zilli ad loc.]) before the preposition itself. There is a close parallel,however, for the proposed construction in B 1031 / V 621 (Johan Airas), vv. 6, 12, 18 por lh’ eu non dar o meu (which is causal:“since I don’t give him my ben). I have merely corrected muito eu (B) to muito e and assumed that lhi (BV) is an error for lheu(cf. B 754 / V 357 [Guilhade], v. 17, where BV have lhi for lheu – correctly copied in both MSS in vv. 5 and 11; and B 659 / V 260[Carpancho], vv. 7 [lheu BV] and 13 [lhi BV]).2 Each MS omits one of the words. Nunes and Zilli print Deus vos but cf. B 1234 / V 839 (Baveca), vv. 5 (que lhi Deus quiser dar)and 12 (pois lho Deus dá).

459

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 3

– Ai amiga, oje falou comigoo voss’ amigo e vi o tan coitadopor vós que nunca vi tant’ ome nado,ca mort’ era, se lhi vós non valedes– Amiga, quand’ eu vir que é guisado, 5valer lh’ ei, mais non vos maravilhedesd’ andar por mi coitado meu amigo

– Per bõa fe, amiga, ben vos digoque, u estava mig’ en vós falando,esmoreceu, e ben assi andando 10morrerá, se vos del doo non filha– Si, filhará, ai amiga, ja quando,mais non tenhades vós por maravilhad’ andar por mi coitado <meu amigo>

– Amiga, tal coita d’ amor á sigo 15que ja nunca dorme noite nen diacoidand’ en vós, e, par Santa Maria,sen vosso ben non o guarira nada– Guarrei o eu, amiga, toda via,mais non vos façades maravilhada 20d’ andar por mi coi<tado meu amigo>

B 1224 f. 260v° V 829 f. 131r°-v°

2 amig B 3 uos B : om. V 4 mortera BV : morrerá Zilli1 8 boã V : boa B 9 mig’] migu B : nugu V10 Esmoreçea B : esmorçeu V 12 filhara ay B : filha may V 19 Guayrei B 21 pr B : pre V after 21 Joham

baveca ca written by scribe “a” at bottom of B f. 260v°a

1 Zilli’s emendation morrerá is unnecessary (despite the parallel in v. 11). In mort’ era the imperfect has modal force. Cf. CSM235.45-47 (e tan mal adoeceu / que quantos fisicos eran, cada hu~u ben creeu / que sen duvida mort’ era; / mas ben o per guareceu / a VirgenSanta Maria). Braga and Machado read correctly here (Nunes’ morto será, se lhi non valedes is indefensible).

v. 4: ca mort’ era = “because he was going to die”. v. 4: ca mort’ era = “porque ele ia morrer”.

460

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 4

Amigo, sei que á mui gran sazonque trobastes sempre d’ amor por mi,e ora vejo que vos travan i,mais nunca Deus aja parte comigose vos eu des aqui non dou razon 5per que façades cantigas d’ amigo

E, pois vos eles teen por melhorde vos enfengir de quen vos non fezben, pois naceu, nunca nen u~a vez,e por en des aqui vos <jur’ e> digo 10que eu vos quero dar razon d’ amorper que façades <cantigas d’ amigo>

E sabe Deus que desto nulha renvos non cuidava eu ora fazer,mais, pois vos cuidan o trobar tolher, 15ora verei o poder que an sigo,ca de tal guisa vos farei eu benper que façades canti<gas d’ amigo>

B 1225 f. 260v° V 830 f. 131v°

4 aia B : ala V 8 enfongir V 9 ne~ V : ne B 10 e BV : e<u> Zilli (p.105), fort. recte <jur’ e> Nobiling (1907a: 76)

16 uerey V : ue(e)rey B 18 cãti B : tãti V

461

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 5

Pesa mh, amiga, por vos non mentir,d’ u~as novas que de mi e do meuamig’ oí, e direi volas eu:dizen que lh’ entenden o grand’ amorque á comig’, e, se verdade for, 5por maravilha pod’ a ben sair

E ben vos digo que, des que oíaquestas novas, sempre trist’ andei,ca ben entend’ e ben vej’ e ben seio mal que nos deste preit’ averrá 10pois lh’ entenderen, ca posto x’ é jade morrer eu por el e el por mi

Ca, poilo souberen, el partid’ éde nunca ja mais viir a logaru me veja, tanto m’ an de guardar; 15vede-lo morto por esta razon,pois ben sabedes vós de mi que nonposs’ eu sen el viver, per bõa fe

Mais Deus, que sabe o gran ben que m’ el quere eu a el, quando nos for mester 20nos guarde de mal, se vir ca ben é

B 1226 ff. 260v°-261r° V 831 f. 131v°

1 mh] m B 2 dunhas V : dunas B after 6 E be~u9 digo q’ desq’ oy written by scribe “a” at the bottom of B f. 260v°b11 entenderm B : eu tend’em V 20 a el] del B n9 V : u9 B1

1 The first letter in V is illegible, and the reading of both MSS may be u9.

462

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 6

– Filha, de grado queria saberde voss’ amig’ e de vós u~a ren:como vos vai ou como vos aven– Eu volo quero, mha madre, dizer:quero lh’ eu ben e que-lo el a mi 5e ben vos digo que non á mais i

– Filha, non sei se á i mais, se non,mais vejo vos sempre con el falare vejo vos chorar e el chorar– Non vos terrei, madre, i outra razon: 10quero lh’ eu ben <e que-lo el a mie ben vos digo que non á mais i>

– Se mho negardes, filha, pesar mh á,ca, se mais á i feit’, a como quer,outro conselh’ avemos i mester 15– Ja vos eu dixi, madre, quant’ i á:quero lh’ eu ben <e que-lo el a mie ben vos digo que non á mais i>

B 1227 f. 261r° V 832 ff. 131v°-132r°

4 Eu] en V 16 á] a V : al B

463

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 7

Vossa menaj’, amigo, non é ren,ca de pran ouvestes toda sazona fazer quant’ eu quisesse e al none por rogo nen por mal nen por bensol non vos poss’ esta ida partir 5

Nunca vos ja de ren ei a creer,ca sempr’ ouvestes a fazer por miquant’ eu mandass’, e mentides m’ assie, pero faç’ i todo meu poder,sol non vos poss’ esta <ida partir> 10

Que non ouvess’ antre nós qual preito á,por qual <ben> vos foi sempre <mui> mesterdeviades por mi fazer que quere, pero vos mil vezes roguei ja,sol non vos poss’ esta ida <partir> 15

B 1228 f. 261r° V 833 f. 132r°

1 Vossa menaj’, amigo distinx. Zilli : Vossamena ia migo BV 3 fazr B : fazen V q’sesse e B : q’sesse V 10 nõ V: no B 12 por correxi : p BV <ben> supplevi1 <mui> supplevi2 13 mi a faz’ BV : a delevi3

1 This verse, two syllables short in BV, has resisted correction. Editors have understood it as a relative clause modifyingpreito (v. 11), but vos foi ... mester cannot be construed with per qual (that is, we find no constructions of the type é mi mester *per/por). Rather, the verse forms part of the coming independent clause, as if we had (in reconstructed prose) por aquel ben que vosfoi sempre <mui> mester deviades fazer por mi que quer. The logic of por qual <ben> inversely echoes that of v. 4 nen por ben. Thoughsuch “incorporation” of the antecedent in a relative clause (by means of qual [e. g. qual preito é in v. 11]) is not common in thecantigas d’ amigo, I find four other examples involving ben: B 626 / V 227 (Calheiros), v. 13 Fiei m’ eu tant’ en qual ben m’ el queria;B 1152 / V 745 (Servando), vv. 5-6 se soubess’ eu qual ben el querria / aver de mi and vv. 19-20 e assanhar m’ ei un dia, / se m’ el non dizqual ben de min querria; and B 559 / V 162 (Dinis), vv. 9-10 averian d’ entender por en / qual ben mi quer. A telling parallel for theconjectures proposed is A 75 / B 188 (Torneol), v. 16 que me dé seu ben, que m’ é mui mester.2 The phrase mui mester is more common outside the cantigas d’amigo, but see B 801 / V 385 (Sandeu), vv. 13-14 E a min era muimester / u~a morte que ei d’ aver and B 1199 / V 804 (Caldas), v. 7 E atal preito m’ era mui mester. Baveca uses a variant in B 1231 / V836, v. 22 mais en tal feito muit’ á mester al. Compare A 262 / B 439 / V 51 (Fernan Velho), v. 19 E se el sabe que m’é mui mester – wheremui is present in BV but missing in A.3 The verse is hypermetric. Nunes (vol. III, p. 376) says “faz-se a costumada contracção entre mi e a” – unlikely when mi istonic. The preposition a (though common enough with dever) is not necessary. Elsewhere among the cantigas d’ amigo ofBaveca dever occurs in B 1223 / V 828, v. 18 and B 1232 / V 837, v. 6. In both texts it governs fazer – as here, without apreposition.

vv. 11-13: In other words: “Even if there were no agree-ment (preito) between us, such as there is, it was yourduty, for the sake of that ben which you always needed

so much, to do everything I bade you do, and yet,...”

vv. 11-13: Por outras palavras: “Mesmo que não hou-vesse acordo (preito) entre nós, como de facto há, eratua obrigação, pelo ben de que sempre tanto precisas-

te, fazer tudo o que eu te ordenasse e, no entanto,...”

464

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 8

Amig’, entendo que non ouvestespoder d’ alhur viver, e veestesa mha mesura, e non vos val ren,ca tamanho pesar mi fezestesque jurei de vos nunca fazer ben 5

Quisera m’ eu non aver jurado,tanto vos vejo viir coitadoa mha mesura, mas que prol vos ten?ca, u vos fostes sen meu mandado,jurei que nunca vos fezesse ben 10

Por sempre sodes de mi partidoe non vos á prol [de] seer viidoa mha mesura, e gran mal m’ é én,ca jurei, tanto que fostes ido,que nunca ja mais vos fezesse ben 15

B 1229 f. 261r°-v° V 834 f. 132r°

5 que] Q B 5, 10, 15 uirey ? V1 12 de seclusi; cf. Zilli, ad loc. 13 m’ é] me V : me(u) ? B (Zilli reads a cancelled u)

vv. 5, 10, 15: It makes more sense to take these verses as constituting a refrain cum variatione than to call thetext a cantiga de meestria with palavra rima at the end of each strophe (ben), as does Tavani. Colocci, arguablydepending on the evidence at his disposal, has written tornel vario (above the text, to the right) in B and hasmarked the refrain (of strophes I and II, though not of III) in his usual manner. Braga, Nunes and Zilli (see

p. 116) have rightly followed Colocci.

1 B reads Jurey (5, 10) and iurey (14) but in V, at all three places, either the i of iurey has been placed to the right of the letter,or the scribe has written uirey (read by Monaci).

465

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 9

– Como cuidades, amiga, fazerdas grandes juras que vos vi jurarde nunca voss’ amigo perdoar,ca vos direi de qual guisa o vi:que, sen vosso ben, creede per mi, 5que lhi non pode ren morte tolher

– Tod’ ess’, amiga, ben pode seer,mais punharei eu ja de me vingardo que m’ el fez, e, se vos én pesar,que non façades ao voss’ assi, 10ca ben vistes quanto lhi defendique se non foss’, e non me quis creer

– Par Deus, amiga, vinga tan sen sennunca vós faredes, se Deus quiser,a meu poder, nen vos era mester 15de a fazer, ca vedes quant’ i á:se voss’ amigo morrer, morrerápor ben que fez e non por outra ren

– Amiga, non poss’ eu teer por beno que m’ el faz, e a que o tever 20por ben, tal aja daquel que ben quer,mas, sen morte, nunca lhi mal verrá,per bõa fe, que mi non prazerá,pero del morrer non mi praza én

B 1230 f. 261v° V 835 f. 132r°-v°

2 iuras B : uiras V1 8 mays V : (N)Mays B 9 foz V 16 fazr B : fez’ V 20 faz BV : fez Pellegrini (1930: 320), fort.recte e] a V a que o Nunes : aq’ no B : aq’no V 23 boa B prazerá transpos. Nunes (cf. v. 24) : praza en BV24 praza én transpos. Lapa (cf. v. 23) : praz’a B : praç’a V2

One of two examples (the other is B 1216 / V 831 [Sevilha]) of cobras doblas among the cantigas d’amigo.

v. 13 vinga: the substantive, back formed from vingar, is found only here in Amigo, but also occurs in B 1597

(=CEM 337 [Ambroa]), v. 12 e quen a vinga fezer.

1 See preceding note.2 To match the rhymes (of these cobras doblas), Nunes prints per bõa fé, que mi non prazerá, / pero d’el morrer mi prazerá en. Lapa(1982: 189) modifies v. 24 (to read non mi praza en) and Zilli repunctuates and reinterprets somewhat. All assume the needto rewrite vv. 23-24. And though they make sense (“but, except for death, no harm could come to him, in good faith, thatwould not please me, but his death would not be to my liking”), the transposition is simple and justifiable. In the CEMpoets accuse each other of botching meter and rhyme (cf. Pagani 1971: 116) and Baveca defends himself in B 1573 (CEM339), vv. 8-10. Such banter ought not be adduced to maintain a corrupt text.

466

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 10

Amigo, vós non queredes catara nulha ren, se ao vosso non,e non catades tempo nen sazona que venhades comigo falar,e non querades, amigo, fazer 5per vossa culpa mi e vós morrer

Ca noutro dia chegastes aquia tal sazon que ouv’ én tal pavorque, por seer deste mundo senhor,non quisera que veessedes i, 10e non querades, amigo, <fazerper vossa culpa mi e vós morrer

E quen molher de coraçon quer ben,a meu cuidar, punha de s’ encobrire cata temp’ e sazon pera ir 15u ela ést’, e a vós non aven,e non querades, a<migo, fazerper vossa culpa mi e vós morrer>

Vós non catades a ben nen a malnen do que nos pois daquest’ averrá, 20se non que pass’ o vosso u~a vez ja,mais en tal feito muit’ á mester al,<e non querades, amigo, fazerper vossa culpa mi e vós morrer>

B 1231 ff. 261v°-262r° V 836 f. 132v°

1 Amigo(s) V 10 quisa V : quisa B ueesedes V : ueesededes B after 11 (Joham Baveca) B on a separateline 15 (se) sazon ? B 19 Vos V : Dos B 21 pas BV uosso B : uoso V uezia V : uona B 22 al om. B1

after 22 Johan Baveca V written by Colocci 23-24 om. BV

1 After v. 22 the text ends in both B and V, but all editors repeat the refrain, thus producing a fourth strophe. Given theemphatic force of vv. 19-22 (Zilli puts an exclamation point after al), they might seem an adequate fiinda. And, as Zilli (p. 124)notes, Colocci has marked them as such in B (arguably because there was no trace of the final refrain in the source-text).Of the nine cantigas d’ amigo of Baveca with refrain (not counting this one), all consist of three strophes, two have fiindas. Onthe other hand, it is abnormal for a fiinda to be equal in extent to the body of the strophe and follow its rhyme-scheme. Cf.V 599 (Johan Airas), v. 18 and note.

467

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 11

Madr’, o que sei que mi quer mui gran bene que sempre fez quanto lh’ eu mandeie nunca lhi desto galardon dei,mha madre, ven, e el quer ja morrerpor mi d’ amor, e, se vos prouguer én, 5vós catad’ i o que devo fazer

Ca non pode guarir, se per min non,ca o am’ eu, e el, des que me viu,<a> quanto pod’ e soube, me serviu,mais, pois lh’ eu poss’ a tal coita valer 10come de morte, se Deus vos perdon,vós <catad’ i o que devo fazer>

Ca del morrer, madre, per bõa fe,mi pesaria quanto mi pesarmais podesse, ca en todo logar 15me serviu sempr’ a todo seu poder,e, pois veedes com’ este preit’ é,vós catad’ i <o que devo fazer>

B 1232 f. 262r° V 837 f. 132v°

1 Madro V : M(uyto)adro B 9 <a> Zilli; cf. v. 16 11 pardon B 13 boa B 16 me] meu B poder om. V1

17 cõm B

1 In V the verse extends to the extreme right hand margin and the last word visible is seu. If poder is there, it is hidden in thebinding.

468

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 12

Ora veerei, amiga, que faráo meu amigo que non quis creero que lh’ eu dix’ e soube me perder,ca de tal guisa me guardan del jaque non ei eu poder de fazer ren 5por el, mais esto buscou el mui ben

El quis comprir sempre seu coraçone soub’ assi sa fazenda tragerque tod’ ome nos podia ’ntender,e por aquest’ as guardas tantas son 10que non ei <eu> poder <de fazer renpor el, mais esto buscou el mui ben>

E, pero lh’ eu ja queira des aquio maior ben que lhi possa querer,pois non poder, non lhi farei prazer, 15e digo vos que me guardan assique <non ei eu poder de fazer renpor el, mais esto buscou el mui ben>

E vedes vós: assi conteç’ a quennon sab’ andar en tal preito con sen 20

B 1233 f. 262r° V 838 ff. 132v°-133r°

5 eu] en V 9 podia ’ntender distinx. Nunes : podiantender B : podian tender V 10 por aquest’ as distinxi : pr

aquestas B : pr aq’stas V : pois aquestas Braga : por aquestas Zilli1 13 q’ir(i)a B : q’rra V 20 se~ B : seu V

1 The verse has caused needless problems. Braga’s pois is presumably a causal conjunction, but the clause it allegedlyintroduces is then left hanging (cf. Nunes’ awkward explanation ad loc.). Zilli prints e, por aquestas guardas, tantas son (“and, asto these guards, they’re so many”), but this reading, though faithful to the MSS, yields awkward syntax and sense. Theapparent difficulty disappears if we merely divide aquest’ as. The sense is: “and because of this the guards are so manythat...” (aquest’ refers here to the boy’s eagerness to fulfill his heart’s desire even though everyone could tell what washappening [vv. 7-9]). In his cantigas d’ amor Baveca uses e por aquesto several times (see Zilli’s glossary, s. v. aquesto).

469

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN BAVECA – 13

Amigo, mal soubestes encobrirmeu feit’ e voss’ e perdestes per imi e eu vós, e oi mais quen-nos virde tal se guard’ e, se molher amar,filh’ aquel ben que lhi Deus quiser dar 5e leix’ o mais e pass’ o temp’ assi

Ca vós quisestes aver aquel bende min que vos non podia fazersen meu gran dan’, e perdestes por enquanto vos ant’ eu fazia d’ amor, 10e assi faz quen non é sabedorde saber ben, pois lho Deus dá, sofrer

E ben sabedes camanho temp’ áque m’ eu daquest’, amigo, receeien que somos, e, pois que o ben ja 15non soubestes sofrer, sofred’ o mal,ca, <pero> m’ end’ eu queira fazer al,o demo lev’ o poder que end’ ei

B 1234 f. 262r°-v° V 839 f. 133r°

1 encob(i)rir B : encoprir V 3 uyr V : uy B 9 sen V : Se B 12 dá] da a BV 17 <pero> Nunes end V: and B q’yra V : q’yta B 18 o Nunes1 : E B : om. V lev’ o] leuo B : leue V endey V : andey B

1 We could defend e (B) as exclamatory, and the devil needs no article, but given the frequent confusion between e and o(found later in this very line in the variant leue [V]), Nunes’ correction is probably right.

470

500 Cantigas d’ Amigo

PERO D’ AMBROA – 1

Ai meu amigo, pero vós andadesjurando sempre que mi non queredesben ant’ as donas, quando as veedes,entenden elas ca vos pe<r>juradese que queredes a mi tan gran ben 5com’ elas queren ós que queren ben

E pero vós ant’ elas jurar idesque non fazedes quanto vos eu mando,quanto lhis mais ides en min falando,atant’ en<ten>den mais que lhis mentides 10e que quere<des a mi tan gran bencom’ elas queren ós que queren ben>

E andad’ ora de camanho preitovós vos quiserdes andar toda via,ca o cantar vosso de maestria 15entenden elas que por mi foi feitoe que queredes a mi tan gran <bencom’ elas queren ós que queren ben>

B 1235 f. 262v° V 840 f. 133r°

4 pe<r>jurades Michaëlis (II, 541) : peiurades BV1 5 mi BV 6 comelas querem os que queren be~ V : comel aslas q’renbe~ B : come las <queren os que> las queren ben Machado 10 en<ten>dem Monaci (cf. vv. 4, 16) :e~dem B : endem V 14 vós vos : V9 uos B : u9 uos V : vos vós edd. 17 mi~ V

vv. 6, 12, 18: Nowhere else in the cantigas d’ amigo does os represent aos (but in B 817 / V 401 [Pae GomezCharinho], vv. 12, 17, 21 and 26 we probably ought to take ao as a single syllable and so equivalent to ó).

vv. 13-14: In andad’ ora de camanho preito / vós vos quiserdes andar we have sophisticated syntax, with the antecedentpreito incorporated in the relative clause. Curiously, such constructions are more common in cantigas de maestriaand cantigas d’amor generally than in cantigas d’amigo, but see the notes on B 1228 / 833 (Baveca), v. 12, andB 659 7 V 260 (Carpancho), vv. 6-7, 12-13. Though I find no parallel in Galego-Portuguese lyric for the phraseandar de preito, cf. Queimado-2, v. 15 e ande comigo a guerra. The phrase draws on a meaning of the word preito thatLapa (CEM) glosses as “disputa, briga”. This in turn derives from a sense Mettmann glosses as “pleito,controvérsia jurídica, demanda judicial”. Cf. Niermeyer, s. v. placitus 26 “litige, procès, action / claim, plea,lawsuit”. Among the citations found there, in pace teneat eam et sine placito is particularly telling.

1 All editors follow Michaëlis. Though peiurare is a common form of the Latin verb, it seems unlikely that we have a genuinespoken form here.

vv.13-14: The sense is: “So keep on being as quarrelsomeas you like (in what you say about me to the girls)”.

vv.13-14: O sentido é: “Continua a ser tão brigão quan-to queiras (no que dizes às outras a meu respeito)”.

471

500 Cantigas d’ Amigo

PAE CALVO – 1

Foi s’ o namorado, madr’, e non o vejo;e viv’ én coitado, [e] moiro con desejo;torto mi ten ora o meu namorado,que tant’ alhur mora e sen meu mandado

Foi s’ el con perfia por mi fazer guerra; 5nembrar se devia de que muito m’ erra;torto <mi ten ora o meu namorado,que tant’ alhur mora e sen meu mandado>

De pran con mentira mh’ andava sen falha,ca se foi con ira, mais, se Deus mi valha, 10torto <mi ten ora o meu namorado,que tant’ alhur mora e sen meu mandado>

Non quis meter guarda de min que seria,e quant’ alá tarda é por seu mal dia;torto mi ten ora <o meu namorado, 15que tant’ alhur mora e sen meu mandado>

B 1236 f. 262v° V 841 f. 133r°-v°

1 nono B : no V 2 fort. e<l> viv’1 en V : en or eu B : eu Nunes2 coytado BV : coitada Nunes (III, 384) e seclusi3

moyro BV : fort. moir’ eu4 5 perfia] perfio ? V 6 ne~ brar B : nen orar V 14 alá] alha B : ela V

Lapa (1982: 189-190) advises printing the poem in long lines, as in the first strophe in both MSS and in the

second strophe and the first verse of the third strophe in B.

1 This presumes that the contrast between first and third person subjects would have been emphatic: el viv’ én coitado, moir’eu con desejo.2 Though the reading of B is not clear, one is tempted to read en and not eu on purely paleographic grounds. But there isanother consideration: eu would be modified by coitado (unless this were taken as an adverb, which no editor has suggested)and we would have a boy speaking to his mother about his boyfriend (odd for a cantiga d’ amigo, but cf. B 1127 / V 719 [NunoPorco], v. 3 and note). Lapa (1982: 190) would read e viv’ eu coitad’ e thereby eliding the offending o on coytado (BV). On ourreading, the o ought not to be elided, given the midverse rhyme. The adverb én would refer to the reason why the boy is sad,namely, that there has been a rupture in the relationship (v. 1).3 The verse is apparently hypermetric with the conjunction, and though we could accept a light syllable here (before the initialaccent of the second hemistich), asyndeton, strengthened by chiasmus (and with change of subject), seems more likely.4 Where there are two witnesses (A and BV), we find numerous examples of the variation eu / -e and eu /-o – for example: CA89 (Burgalês) se soubess’ eu B : se soubesse A; CA 205 (Ulhoa) atend’ eu B : atendo A. Similar cases, not however involving verbs,occur at CA 99 (Burgalês) quand’ eu B : quando A; CA 293 (Calvelo) sempr’ eu levei A : sempre levei BV.

472

500 Cantigas d’ Amigo

PAE CALVO – 2

Ai madr’, o que ben queriafoi s’ ora daqui sa via;deseja-lo ei

Foi s’ o<ra> meu perjuradoe non m’ envia mandado; 5de<seja-lo ei>

E non m’ enviou mandado;de Deus lhi seja buscado;de<seja-lo ei>

Pois mandado non m’ envia, 10busque lho Santa Maria;de<seja-lo ei>

B 1237 ff. 262v°-263r° V 842 f. 133v°

1-6 transposui1 4 Foi s’ o<ra> scripsi (cf. v. 2) : Foysso BV : Foi s<e> o Nunes 7 E] Ee V

1 Editors have inexplicably followed the MSS, which invert the order of strophes I and II. But the initial strophe (second inBV) is marked by several elements typical of incipits, including exclamation (ai), vocative (madre), euphemistic relativeclause (o que... [instead of amigo, but to identify the boy]) and generic markers of temporal and spatial deixis (ora daqui).Moreover, there are six incipits (in the corpus of 500 cantigas d’ amigo) which begin with Ai madr’ and two of them begin ashere Ai madr’, o que: B 837 / V 423 (Ponte) Ai madr’, o que me namorou; and B 681 / V 283 (J. S. Coelho) Ai madr’, o que eu queroben. On the other hand, perjurado is not found elsewhere in the incipit of any cantiga in the corpus of medieval Galego-Portuguese Lyric.

473

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS –1

Eu louçana, en quant’ eu viva for,nunca ja mais creerei per amor,pois <que> mi mentiu o que namorei,nunca ja mais per amor creerei,pois que mi mentiu o que namorei 5

E, pois m’ el foi a seu grado mentir,des oi mais me quer’ eu d’ amor partir,pois <que> mi men<tiu o que namorei,nunca ja mais per amor creerei,pois que mi mentiu o que namorei> 10

E direi vos que lhi farei por en:d’ amor non quero seu mal nen seu ben;pois <que> mi mentiu o que na<morei,nunca ja mais per amor creerei,pois que mi mentiu o que namorei> 15

B 1238 f. 263r° V 843 f. 133v°

3 <que> Nunes; cf. v. 5 me BV 7 quer’ eu Nunes : q’ren B : queren V

474

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 2

Gran sazon á, meu amigo,que vos vós de mi partistesen Valong’ e non m’ ar vistesnen ar ouv’ eu depois migode nulha ren gasalhado, 5mais nunca tan desejadod’ amiga fostes amigo

Nen vos dirá nunca molherque verdade queira dizernen vós non podedes saber 10nunca per outren, se Deus quer,ou se eu verdad’ ei migo,que nunca vistes amigotan desejado de molher

Pero ouvestes amiga 15a que quisestes mui gran ben,a min vos tornade por en,se achardes quen vos digase non assi com’ eu digo:que nunca vissen amigo 20tan desejado d’ amiga

B 1239 f. 263r° V 844 f. 133v°

4 ne~ V : re~ B 5 nulha] nu lha or mi lha B : milha V 7 fostes, amigo Braga 11 out’m V : out’ B 15 amiga]amigo V : amigo (aq’ qisestes) B 16 a que] aq’ V : Aqui B 18 se V : Se~ B1 u9 B : n9 V

1 Reading se achardes (as does Nunes, though without variants or explanation), the girl is telling the boy to return if he findsanyone who contradicts her. Though perhaps less likely, sen achardes can be defended (“since you won’t find”).

vv. 18-21: “Although you had a girl you loved a lot,come back to me, if you find anyone who tells yousomething other than what I tell you, (namely) thatthey never saw a boy so desired by a girl”.

vv. 18-21: “Embora tenhas tido uma rapariga queamaste muito, ainda assim, volta para mim, se acha-res alguém que te diga coisa diferente do que te digo,que nunca viram um rapaz tão desejado por uma ra-pariga”.

475

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 3

– Amig’, avia queixumede vós, e quero mho perder,pois veestes a meu poder– Ai mha senhor e meu lume,se de mi<n> queixum’ avedes, 5por Deus, que o melhoredes

– Tant’ era vossa queixosaque jurei en San Salvadorque nunca vos fezess’ amor– Ai mha senhor mui fremosa, 10se de min quei<xum’ avedes,por Deus, que o melhoredes>

– Amig’, en poder sodes meu,se m’ eu de vós quiser vingar,mais quero mi vos perdoar 15– Ai senhor, por al vos rog’ eu:se de min quei<xum’ avedes,por Deus, que o melhoredes>

de min, que mal dia naci,senhor, se volo mereci 20

B 1240 f. 263r°-v° V 845 ff. 133v°-134r°

5 mi<n> (cf. vv. 11, 17, 19) : mi BV (por de9 q’o melhor) B at end of line 8 iurey B : uirey V 11 mi~ V : mi B quei]q’r B : q’l V 15 mays V : May B 17 mi~ B : mi V 19 mi~ B : min V

476

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 4

Madr’, enviou volo meu amigo<o>je dizer que vos veeria,se ousass’ e, par Santa Maria,se o vós ante falardes migo,se el vir vós nen mi per meu grado, 5San Salvador mi seja irado

de Valongo, pero sospeitadasõ<o> de vós ca lhi quero gran ben,nunca lho quix pois naci, e por ense <o> creverdes, madre loada, 10se el vir vós nen mi per meu grado,<San Salvador mi seja irado>

de Valongo, ca se foi el daquisen meu mandad’ e non me quis veer,e ora manda vos preito trager 15que vos veja, por tal que veja min;se el vir vós nen mi per meu <grado,San Salvador mi seja irado>

e sei ben que non é tan ousadoque vos el veja sen vosso grado 20

B 1241 f. 263v° V 846 f. 134r°

1 uolo V : om. B 2 <o>je Monaci : ie V : E B 3 ousass’ e distinxi : ousasse BV, edd. 7 sospeytada B : sespeytada V 8 sõ<o> Lapa : sõ BV 10 <o> Nunes; cf. v. 4 11 se el] (Seel) Seel B after this v. B has (Martin

Padro zel9) on a separate line 14 meu om. B mandade B : mandadeo V 19 nõ V : no B

477

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 5

Ai meu amigo, coitadavivo, por que vos non vejo,e, pois vos tanto desejo,en grave dia foi nadase vos cedo, meu amigo, 5non faço prazer e digo

Pois que o cendal vencide parecer en Valongo,se m’ ora de vós alongo,en grave dia naci 10se vos cedo, meu ami<go,non faço prazer e digo>

Por quantas vezes pesarvos fiz de<s> que vos amei,algu~a vez vos farei 15prazer, e Deus non m’ amparse vos cedo, meu ami<go,non faço prazer e digo>

B 1242 f. 263v° V 847 f. 134r°

14 de<s> Nunes : de BV 15 algu~a B : alguna V

478

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 6

Por Deus, que vos non pes,mha madr’ e mha senhor,d’ ir a San Salvador,ca, se oje i van tresfremosas, eu serei 5a u~a, ben o sei

Por fazer oraçonquer’ oj’ eu alá ir,e, por vos non mentir,se oj’ i duas son 10fremosas, eu sereia u~a, ben o sei

I é meu amig’, aimadr’, e i-lo ei veerpor lhi fazer prazer; 15se oj’ i u~a vaifremosa, eu sereia u~a, ben o sei

B 1243 ff. 263v°-264r° V 848 f. 134r°-v°

5 fremosa B 13-18 om. B1 17 fremosas V

1 No trace of the omitted strophe in B. V reads:Hy e meu amigaymadre hiloey ueerpr lhi faz’ prazerse ogi hu~a uayfremosas eu sereya hu~a beno sey

479

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 7

Amigas, sejo cuidandono meu amigo, por que nonven, e sal m’ este coraçone estes olhos chorando,que me non pode guarir ren 5de morte, se cedo non ven

E ando maravilhadapor que tanto tarda, se éviv’ e sabe, per bõa fe,ca viv’ oj’ eu tan coitada 10que me non pode guarir ren<de morte, se cedo non ven>

B 1244 f. 264r° V 849 f. 134v°

2 no] non V 9 sabe Nunes : sabe~ BV : sab en Machado (= sab’ én) : saben Braga boa B

480

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 8

Fostes vos vós, meu amigo, daquisen meu mandad’ e nulha ren falarmi non quisestes, mais oj’ ao entrar,se por mesura non fosse de mise vos eu vira, non mi venha ben 5nunca de Deus nen donde m’ oje ven

Ca vos fostes sen meu mandad’ e seique mi pesava mui de coraçon,e, meu amigo, Deus non mi perdonse por mesura non fosse que ei 10se vos eu <vira, non mi venha bennunca de Deus nen donde m’ oje ven>

San Salvador sabe que assi é,ca vos fostes mui sen o meu prazer,e, quando m’ oje veestes veer, 15se por mesura non foss’, a la fe,se vos eu <vira, non mi venha bennunca de Deus nen donde m’ oje ven>

B 1245 f. 264r° V 850 f. 134v°

2 falar] falai(l) V 5 mi (nc) ? B 6 donde Nunes : dorede BV 15 oje] oie nõ BV : nõ del. Nunes

481

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN PADROZELOS – 9

Id’ oj, ai meu amigo, led’ a San Salvador,eu vosco irei leda e, pois eu vosco for,mui leda irei, amigo, e vós ledo comigo

Pero sõ<o> guardada, toda via quer’ ircon vosc’, ai meu amigo, se mh a guarda non vir, 5mui leda <irei, amigo, e vós ledo comigo>

Pero sõo guardada, toda via ireicon vosc’, ai meu amigo, se a guarda non ei,mui leda <irei, amigo, e vós ledo comigo>

B 1246 f. 264r° V 851 f. 134v°

1 oj] oi B : ol V 2 eu1] fort. con (cf. vv. 5, 8) vosco1] uosco B : uosca V : vosqu’ i Michaëlis (II, 883) eu2] e~ B3 ledo] leda BV 4 pero] Po V sõ<o> Nunes (cf. v. 7) : sõ B : son V 6 leda] le V 7 soõ BV 8 meu om. V

Short lines in BV. Michaëlis and Nunes see the form aaBB, which may be right.

482

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 1

Pois vós, meu amigo, morarqueredes en casa del rei,fazed’ e<n>d’ o que vos direi,se Nostro Senhor vos empar:doede vos vós do meu mal 5que por vós lev’ e non por al

B 1248 f. 264v° V 853 f. 135r°

1 Poys B : Por V 3 fazed’e<n>d’o Braga : fazeda do B : fazedado V : fazede lo Lapa u9 B : n9 ? V 5 de V6 que por transpos. Nunes : Por q’ B : por que V

483

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 2

Polo meu mal filhou <s’ ora> el reide mar a mar, assi Deus mi perdon,ca levou sigo o meu coraçone quanto ben oj<e> eu no mund’ ei;se o el rei sigo non levasse, 5mui ben creo que migo ficasse

O meu amig’ e meu lum’ e meu bennon s’ ouver’ assi de mi a partir,mais ante se mh ouvera a espedir,e veed’ ora qual é o meu sen: 10se o el rei sigo non levasse,<mui ben creo que migo ficasse>

O meu amigo, pois con el rei é,a mha coita é qual pode seer;semelha mh a mi ja par de morrer, 15esto vos dig’ ora, per bõa fe:se o el rei sigo non levasse,<mui ben creo que migo ficasse>

B 1249 264v° V 854 f. 135r°

1 meu <mui gran> Nunes filhou <s’ ora> supplevi (cf. vv. 10, 16) : filhou <agora> Tavani1 2 pdon V : pardõB 4 oj<e> eu Nunes : oieu B : o ieu V2 no] nõ BV 9 ouura a V : oruua a B : ouver’ a Nunes 14 coita e B: coita se ? V 15 morter BV 16 boã V : boa B

1 The verse seems to be missing two syllables. Tavani’s agora makes sense (and cf. B 1254 / V 859, v. 1), but ora occurs instrophes II and III and, in the cantigas d’ amigo of Lopo, appears twice at the beginning of a poem (B 1250 / V 855, v. 1 and B1255 / V 860, v. 2). See also B 1149 bis / V 752 (Zorro), vv. 7-8 Que coit’ ouv’ ora el rei de me levar / quanto ben avia nen ei d’ aver?Further: filhou <s’ ora> because the verb is odd here without the reflexive pronoun (though filhar is flexible in this regard;cf. the glossaries of Mettmann, Lapa). Lapa (CEM) glosses filhar-se as “meter-se, entregar-se, aplicar-se”.2 The verse scans a syllable short. Nunes suggests oj<e> assuming that the final vowel is not elided before a pause at mid-verse (cf. the rhythm of v. 16). Also possible is mund<o> ei.

vv. 1-2: “To my harm the king has now betaken himselffrom sea to sea”.

vv. 1-2: “Para meu mal o rei vai-se de mar a mar”.

484

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 3

And’ ora trist’ e fremosapor que se foi meu amigocon sanha, ben volo digo,mais eu sõo aleivosase s’ ele foi polo seu ben, 5ca sei que mal <l>hi verrá én

E ben volo juro, madre,pois que s’ el foi noutro diasanhud’ e non mho dizia,non fui filha de meu padre 10se s’el<e> foi polo seu ben,<ca sei que mal lhi verrá én>

Pois que m’ eu del muito queixoe fui por el mal feridade vós, mha madre velida, 15non logr’ eu este meu soqueixose s’ el<e> foi <polo seu ben,ca sei que mal lhi verrá én>

B 1250 f. 265r° V 855 f. 135r°-v°

1 trist’ e fremosa Braga : triste fremosa BV : triste, fremosa Nunes 4 soo B : so(l)o V 5 ele BV 6 mal <l>hi: malhi BV1 11, 17 el<e> Nunes; cf. v. 5 : el BV 12 (Casey q’mal) B 16 hypermetric eu delere voluit Nunes (III,394)2

v. 16 soqueixo: “lenço ou manta ou outro adôrno qualquer de trazer ao pescoço” (Nunes, vol. III, pp. 690-691).

1 This is not the only place the MSS have malhi for mal lhi (cf. B 1047 / V 637 [Johan Airas], v. 6).2 The verse scans a syllable long. See Introduction, 5.

v. 16: “May I be unable to finish making my soqueixo,if...”.

v. 16: “Que eu seja incapaz de acabar o meu soqueixo,se...”.

485

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 4

Por que se foi meu amigosen o meu grad’ alhur vivere se foi sen o meu prazer,ja non falará comigonen u~a ren que el veja 5de quanto de mi deseja

Por que se foi a meu pesare se foi sen o meu prazer,esto lhi cuid’ eu a fazer,ca sei que non pod’ acabar 10nen u~a ren que el veja<de quanto de mi deseja>

B 1251 f. 265r° V 856 f. 135v°

1 mou V 2 uiuer B : uiuer ? V 3 corrupt? (cf. v. 8)1 5 Ne hunha B : ne hunha V 9 li V 10 non] nõ a BV

: a del. Nunes

1 The repetition of a word in rhyme, not to mention of a whole verse, is suspect (but cf. B 1256 / V 861 [Galisteu Fernandez],vv. 3, 15 and note). If this verse is corrupt in whole or in part, it might have ended sen mho dizer (cf. B 1250 / V 855 [Lopo],v. 9 non mho dizia and B 925 / V 513 [G. Garcia], vv. 13-14 Por que se foi, e o ante no vi / sen mho dizer, a cas del rei morar) or sen lho eudizer (cf. B 847 / V 433 [Reimon Gonçalvez], v. 2 sen volo eu mandar).

486

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 5

– Filha, se gradoedes,dizede que avedes– Non mi dan amores vagar

– Filha, se ben ajades,dized’ e non mençades 5– Non mi <dan amores vagar>

– Dizede, pois vos mando,por que ides chorando– Non mi <dan amores vagar>

Par San Leuter vos digo: 10cuidand’ en meu amigo,non <mi dan amores vagar>

B 1252 f. 265r° V 857 f. 135v°

2 possis dized’: e 5 dizede, non Nunes 8 hides B : lhides V 10 l°uter B : louter V 11 cuydãd V : cuydad B

487

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 6

Por Deus vos rogo, madre, que mi digadesque vos mereci que mi tanto guardadesd’ ir a San Leuter falar con meu amigo

Fazede mh ora quanto mal <vós> poderdes,ca non me guardaredes, pero quiserdes, 5d’ ir a San <Leuter falar con meu amigo>

Nunca vos fiz ren que non devess’ a fazere guardades me tanto que non ei poderd’ ir a San Leu<ter falar con meu amigo>

B 1253 f. 265r°-v° V 858 f. 135v°

2 mi] u9 B 4 mi Nunes <vós> supplevi 7 re~ B : te~ V 9 leu B : len V

488

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 7

Disseron m’ agora do meu namoradoque se foi sanhud’ e sen o meu mandado;e por que s’ assanhou agora o meu amigo?

Sabe o San Leuter, a que o eu roguei,que o non mereci, pero o sanhud’ ei; 5e por que s’ assanhou <agora o meu amigo>?

Non lho mereci eu nunca pois foi nada,madr’, e fui un dia por el mal julgada;e por que s’ assanhou <agora o meu amigo>?

B 1254 f. 265v° V 859 f. 135v°

1 agor B 4 eu muyto BV : muyto delevi (cf. B 1255 / V 860, v. 5) 5 pero scripsi (ex B 1255 / V 860, v. 6) : po q’ BV

: por que edd.1 7 foi] foy V : foys B

1 In B 746 / V 348 (Guilhade), v. 3 we find the error in reverse.

489

500 Cantigas d’ Amigo

LOPO – 8

Assanhou se, madr<e>, o que mi quer gran bencontra mi endoad’ e foi s’ ora daquen,e se soubess’ eu, madre, ca mi sanhud’ ia,desassanha-lo ia

Sabe o San Leuter, a que o eu roguei, 5que o non mereci, pero o sanhud’ ei;e se soubess’ eu, madre, <ca mi sanhud’ ia,desassanha-lo ia>

Assanhou se <e> foi se, sen o meu prazer,e quando mho disseron, non o quis creer; 10e se sou<bess’ eu madre, ca mi sanhud’ ia,desassanha-lo ia>

B 1255 f. 265v° V 860 f. 136r°

1 Assanhu V madr<e>, o supplevi1 : madro BV 4 Desassanha loya B : desa(n)ssanha loya V 9 Assanhouse <e> supplevi : Assanhousse BV : possis Assanhou s’ <el> e

All verses in the body of the strophe (1-2, 5-6, 9-10) scan 12 syllables (pace Nunes [vol. III, p. 398] and Tavani[Rep. 37:29]). This count is reached by restoring the final vowel of madr<e> in v. 1 and by restoring an e inAssanhou se, e in v. 9 and then observing hiatus between pronoun and conjunction: assanhou se | e. Though notregular, this hiatus can be supported by close parallels (for instance in B 1203 / V 808, [Treez], v. 11 ar começoum<e> | a falar, where meter also requires that we observe hiatus after the combination finite verb + pronoun). Cf.B 1165 / V 771 (Bolseiro), v. 22 mais mostra mi | as noites d’ avento (mi as Nunes: mhas BV). In v. 5 we twice observe

obligatory hiatus: Sabe | o San Leuter a que | o eu roguei; and in v. 6, once: que | o.

1 On the restoration of the final e of madr<e>, see (at a few folios’ distance in the MSS) B 1273 / V 879 (Giinzo), v. 4: madr<e>aver Nunes: madraver BV – where the correction brings that verse into line with eleven others.

490

500 Cantigas d’ Amigo

GALISTEU FERNANDIZ – 1

O voss’ amigo foi s’ oje daquimui triste, amiga, si mi venha ben,por que non ousou vosco falar ren,e manda vos esto rogar per mi:que perça ja de vós med’ e pavor 5e falará vosc’, amiga, melhor

O voss’ amigo non pode perderpavor, amiga, se por esto non,<por> perdõardes lhi de coraçon,e manda vos el rogar e dizer 10que perça <ja de vós med’ e pavore falará vosc’, amiga, melhor>

Quando s’ el foi, chorou muito dos seusolhos, amiga, se mi venha ben,por que non ousou vosco falar ren, 15e manda vos esto rogar por Deus,que perça ja de vós <med’ e pavore falará vosc’, amiga, melhor>

Veja se vosc’, e perderá pavorque á de vós, e est’ é o melhor 20

B 1256 f. 265v° V 861 f. 136r°

9 <por> supplevi1 P_ doãrdes B : perdoardes V lhi <vós> Nunes 13 d9 B : da V 16 este B 19 Veiasse B: Veiass(q)ue V

vv. 2-3, 14-15: The irregular repetition of two rhyme-words in the same position in the strophe is withoutparallel in the cantigas d’ amigo. The exact repetition of v. 3 in v. 15 is also odd, but compare B 1251 / V 856

(Lopo), where v. 3 = v. 8.

1 Cf. B 675 / V 277 (Avoin), vv. 20-21 mais por esto ca por outra razon, / por vos veer and A 85 / B 189 (Burgalês), vv. 9-11 nen mi-amostrou se por aquesto non: / por aver eu eno meu coraçon / mui grave coita ja...

491

500 Cantigas d’ Amigo

GALISTEU FERNANDIZ – 2

Meu amigo sei ca se foi daquitrist’, amiga<s>, por que m’ ante non viue nunca mais depois el ar dormiunen eu, amiga<s>, des que o non vi,nunca depois dormi, per bõa fe, 5des que s’ el foi, por que non sei que é

del, amigas, e agora sereimorta por que o non posso sabernen mi sab’ oje nulh’ ome dizero que del ést’, e mais vos én direi: 10nunca depois dormi, per bõa fe,<des que s’ el foi, por que non sei que é>

del, amigas, e and’ ora por entan triste que me non sei conselharnen mi sab’ ome oje recado dar 15se verrá ced’, e mais vos direi én:nunca depois dormi, per bõa fe,<des que s’ el foi, por que non sei que é>

del, amigas, e, se el coitad’ épor mi com’ eu por el, per bõa fe 20

B 1257 ff. 265v°-266r° V 862 f. 136r°

2, 4 amiga<s> cf. vv. 7, 13, 19 : amiga BV 3 dormuj V 5 boa B 6 por] poz V 16 en] eu B 17 boã V : boa B

20 com’ scripsi1 : e BV, edd. el] ele BV

1 The MSS’ e makes little sense here (Nunes [vol. III, p. 400] shows discomfort with it). The girl doesn’t need to find out ifshe herself is sad. Rather she wants to know if he is pining for her just as (com’) she is for him. Presumably an abbreviationwas misread here.

492

500 Cantigas d’ Amigo

GALISTEU FERNANDIZ – 3

– Por Deus, amiga, que pode seerde voss’ amigo que morre d’ amore de morrer á ja mui gran sabor,pois que non pode vosso ben aver?– Non o averá †en quant’ eu viver†, 5ca ja lhi diss’ eu que se partiss’ éne, se á coita, que a sofra ben

– Tenh’ eu, amiga, que prol non vos ádo voss’ amigo ja morrer assi,ante tenho que o perdedes i 10se per ventura vosso ben non á– Par Deus, amiga, non o averá,ca ja lhi diss’ eu que se <partiss’ éne, se á coita, que a sofra ben>

– Ben sodes desmesurada molher 15se voss’ amor non pod’ aver de pran,e ben sei que por mal volo terrán,amiga, se vosso ben non ouver– Nunca o averá, se Deus quiser,ca ja lhi diss’ eu <que se partiss’ én 20e, se á coita, que a sofra ben>

– Par Deus, amiga, mui guisado tende sofrer coita <e> quer morrer por en

– Se morrer, moira, ca non dou eu rend’ assi morrer, ante mi praz muit’ én 25

– Por ess’, amiga, venha mal a quenvos amar, pois tal preito per vós ven

B 1258 f. 266r° V 863 f. 136r°-v°

2 uoss V : noss ? B 5 auera B : aura V en quant’ eu viver corrupt? 10 pdedes B : perdes V 12 aura B : aurya V13 diss’ eu] disseron B : dissron V 15 desmesurata V 18 ouuer BV : fort. oer scribendum 19 o] u9 B20 disseron B : disson V 23 <e> Monaci : pou BV 24 deu V with e corrected from o after re~ B has (Ante mipraz muyte~) on a new line

v. 5: vivér (with open e) does not rhyme with seer (v. 1) and aver (v. 4) and is probably corrupt. (Cf. B 802 / V 386

(Folhente) and B 823 / V 408 (Pardal).

493

500 Cantigas d’ Amigo

GALISTEU FERNANDIZ – 4

Dizen do meu amigo ca mi fez pesar,pero ve~o m’ ora el, amigas, rogarca mi queria tanto pesar fazerquanto o querria de mi receber

Disseron m’, ai amigas, ca mi buscou mal, 5pero ve~o m’ ora <el> jurar jura talca mi queria tanto <pesar fazerquanto o querria de mi receber>

Soub’ el estas novas e ve~o ante michorand<o>, ai amigas, e jurou m’ assi 10ca mi queria <tanto pesar fazerquanto o querria de mi receber>

B 1259 f. 266r°-v° V 864 f. 136v°

2 ueõ V : ueno B el om. V1 3 q’ria B : queria V2 pesar BV : prazer Nunes3 4 o om. B 6 <el> Nunes;

cf. v. 2 7 q’iria B : q’rrian V 10 chorand<o>, ai Nunes : Choranday B : choranday V 11 q’rria V : q’iria B

1 B reads mora el + amigas while V offers mora amigas. Thus B has a + precisely where a word is missing in V. Moreover, it is thisword, el, that seems to be wanting in v. 6.2 Though both MSS have the imperfect here, in vv. 7 and 11 (at the corresponding place in the other strophes) they have theconditional (possibly because of confusion with the conditional in v. 4). The imperfect seems preferable, both semantically(he allegedly did her harm in the past, and queria refers to his intentions then) and stylistically (marking a contrast with theconditional in the next verse).3 Nunes fails to register the reading of the MSS in his apparatus (vol. III, p. 563).

vv. 3-4: “That he wanted to do me as much harm as hewould like to receive from me”, that is, none at all.

vv. 3-4: “Que me queria fazer tanto mal quanto gosta-ria que eu lhe fizesse a ele”, ou seja, nenhum.

494

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 1

– Ir vos queredes, amigo,mais vi~ide vos mui cedo– Ai mha senhor, ei gran medode tardar, ben volo digo,ca nunca tan cedo verrei 5que eu non cuide que muito tardei

– Amigo, rogo vos aquique mui cedo vos venhades– Senhor, por que me rogades?ca sei ben que será assi, 10ca nunca tan cedo verrei<que eu non cuide que muito tardei>

– Amigo, vossa prol será,pois vos ides, de non tardar– Senhor, que prol mh á de jurar? 15ca sei ben quanto mh averrá,ca nunca tan cedo verrei<que eu non cuide que muito tardei>

e, senhor, sempre cuidareique tardo muito, e que farei? 20

– Meu amigo, eu volo direi:se assi for, gracir volo ei

B 1260 f. 266v° V 865 f. 136v°

2 vi~ide Tavani : uiide B : mi de V 6 muyto BV : del. Nunes 9 senhor] Senõ B : senõ V

495

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 2

U~a moça namorada

dizia un cantar d’ amor,e diss’ ela: “Nostro Senhor,oj’ eu foss’ aventuradaque oíss’ o meu amigo 5com’ eu este cantar digo”

A moça ben pareciae en sa voz manseli~acantou e diss’ a meni~a:“Prouguess’ a Santa Maria 10que oíss’ o meu amigo<com’ eu este cantar digo>”

Cantava mui de coraçone mui fremosa estava,e disse, quando cantava: 15“Peç’ eu a Deus por pediçonque oíss’ o meu amigo<com’ eu este cantar digo>”

B 1261 f. 266v° V 866 f. 137r°

2 Dixia B hun V : huu B 9 Cantou B : tãton V

496

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 3

Tres moças cantavan d’ amor,mui fremosinhas pastores,mui coitadas dos amores,e diss’ end’ u~a, mha senhor:“Dized’, amigas, comigo 5o cantar do meu amigo”

Todas tres cantavan mui ben,come moças namoradase dos amores coitadas,e diss’ a por que perço o sen: 10“Dized’, amigas, <comigoo cantar do meu amigo>”

Que gran sabor eu aviade as oír cantar entone prougue mi de coraçon 15quanto mha senhor dizia:“Dized’, amigas, <comigoo cantar do meu amigo>”

E, se as eu mais oísse,a que gran sabor estava, 20e que muito me pagavade como mha senhor disse:“Dized’, amigas, comigo<o cantar do meu amigo>”

B 1262 ff. 266v°-267r° V 867 f. 137r°

2 fremosinhas B : fremos mhas V : possis fremosi~as (cf. B 1261 / V 866, vv. 8-9) 5 Dizedamigas B : dizedemi(r)gas V13 Que] Que~ B : fort. quan 20, 21 q’ BV : fort. quan 23 cõmigo BV

497

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 4

Assaz é meu amigo trobador,ca nunca s’ ome defendeu melhorquando se torna en trobardo que s’ el defende por meu amordos que van con el entençar 5

Pero o muitos ve~en cometer,tan ben se sab’ a todos defenderen seu trobar, per bõa fe,que nunca o trobadores vencerpoderon, tan trobador é 10

Muitos cantares á feitos por mi,mais o que lh’ eu sempre mais gradecié como se ben defendeu:nas entenções que eu del oísempre por meu amor venceu 15

E aquesto non <o> sei eu per mise non por que o diz quen quer assique o en trobar cometeu

B 1263 f. 267r° V 868 f. 137r°

3 quando Michaëlis (II, 631) : Quanto B : quanto V 6 ve~en Michaëlis : ueen B : ucen ? V 8 boa B 11 feyt9 B: fey V (fei<to> iam Monaci) 12 lheu V : heu B 13 é Michaëlis : de BV, def. Tavani 16 aq’sto V : uq’sto ? B non

<o> sei : Michaëlis1 : nõ ssey B : nõ sey V

1 Tavani reports that the o is in B, but the letter in question seems to be a small s with a vertical bar to the right: s|sey.

498

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 5

Amiga, des que meu amigo vi,el por mi morr’ e eu ando des inamorada

Des que o vi primeir’ e lhi falei,el por mi morre e eu del fiquei 5namorada

Des que nos vimos, assi nos aven:el por mi morr’ e eu ando por ennamorada

Des que nos vimos, vede-lo que faz: 10el por mi morr’ e eu and<o> assaznamorada

B 1264 f. 267r° V 869 f. 137v°

2 por] p(r)õ V 4 primeir’ e scripsi : p’meyro BV : primeiro edd.1 8 por1] pr B : pre V 10 nos] nus V : u9 B

11 pr B : pre V and<o> assaz : Nunes : andassaz BV

1 Editors have seen no need to emend, but the syntax is parallel to that of vv. 1-2: subordinate clauses in v. 4 (“since I firstsaw him and spoke to him”), independent clauses in v. 5.

499

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 6

Ja ’gora meu amigo filhariade mi o que el ti~ia por pouco:de falar migo; ca tant’ era loucocontra mi que ainda mais queria,e ja filharia, se m’ eu quisesse, 5de falar mig’, e nunca lh’ al fezesse

Tan muito mi dizen que é coitadopor mi des quando non falou comigoque non dorme nen <ar> á sen con sigonen sabe de si parte nen mandado, 10e ja filharia, se m’ eu quisesse,<de falar mig’, e nunca lh’ al fezesse>

Ca est’ é l’ ome que mais demandavae non ar quis que comigo falasse,e ora jura que ja se quitasse 15de gran sandiç’ en que m’ ante falava,e ja filharia, se m’ eu quisesse,<de falar mig’, e nunca lh’ al fezesse>

E jura ben que nunca mi dissessede lh’ eu fazer ren que mal m’ estevesse 20

En tal que comigo falar podesse,ja non á preito que mi non fezesse

B 1265 f. 267r°-v° V 870 f. 137v°

1 J agora BV 2 ti~ia scripsi : tiinha B, edd. : tunha V 4 ainda] arnda B : auida V 9 <ar> supplevi1 á <o> sen

Nunes (cf. B 574 / V 178 [Dinis], v. 9) : a se~ B : a sen V 10 de si] dessy V : (disse) dessy B

1 In the second of two negated clauses we often find nen ar. Among examples before forms of aver we find a parallel in B 88(Sandin), v. 9 que o non sabe, nen ar á poder / de o saber.

500

500 Cantigas d’ Amigo

LOURENÇO – 7

Amiga, quero m’ ora cousecerse ando mais leda por u~a ren,por que dizen que meu amigo ven,mais a quen me vir querrei parecertriste quando souber que el verrá, 5mais meu coraçon mui ledo seerá

Querrei andar triste por lhi mostrarca mi non praz, assi Deus mi perdon,pero al mi tenho eu no coraçon,mas a quen me vir querrei semelhar 10triste quando souber que el verrá,<mais meu coraçon mui ledo seerá>

Pero, amiga, sempre receeid’ andar triste quando gran prazer vir,mais ei o de fazer por m’ encobrir 15e a força de mi parecereitriste quan<do souber que el verrá,mais meu coraçon mui ledo seerá>

B 1265 bis f. 267v° V 871 f. 137v°

1 Amiga BV : Amiga<s> Nunes; cf. v. 13 4 que~ V : q’ue~ B 5 tristi V 8 pardo B 9 al] ca B 11 uerra V : ueyra B1

13 amiga] amigas BV : amiga[s] seclus. Tavani 14 q’do BV : quand’o distinx. Braga uir B : uijr V 15 pr me~

cobrir B : premeu cobrir V

1 B often has ir where V (correctly) has rr and this variation is not registered in the apparatus (see Introduction, pp. 42 and 64),but here the scribe of B seems to have misread rr as ir and replaced the supposed i with y.

501

500 Cantigas d’ Amigo

GOLPARRO – 1

Mal faç’ eu velida, que ora non vouveer meu amigo, pois que me mandouque foss’ eu con el ena sagraçonfazer oraçon a San Treeçon,d’ ir ei coraçon a San Treeçon 5

E non me devedes, mha madr’, a guardar,ca, se lá non for, morrerei con pesar. . . . . . . . . .ca, u s’ el ia, disse m’ esta razon:“d’ ir ei coraçon a San <Treeçon>” 10

B 1266 f. 267v° V 872 ff. 137v°-138r°

3 fosseu BV : foss’<oj’> eu Nunes el B : e V : possis el<e> 4 possis <por> fazer 5 short lines BV 8 om. BV1

Meter and strophic form uncertain. In Nunes’ version the strophe has three verses, and the refrain four, thefirst two of which consist of our v. 4, split in half. Tavani (Rep. 44:1) accepts this reconstruction, but whereasv. 4 is syntactically linked to v. 3, it can hardly stand alone after his v. 10. In B, Colocci has marked the refrain.The transmitted text appears to have the rhyme scheme aabbB and to scan:

11 11 10 10 1011 11 – 11 10

If the verse presumed to be missing had ten syllables, the only irregularity (assuming one measure in the firsttwo verses of each strophe and another in the third and fourth) would be v. 9, and among the cantigas d’ amigothe last verse before the refrain in the last strophe (Rv-1) can scan long (Introduction, 5). Nunes’ version,though it provides an isosyllabic cantiga (thanks to the emendation of v. 3 and the alleged four verse refrain,scanning 5 5 5 5), yields a strophic form unparalleled in Galego-Portuguese lyric. The strophic form as printed

here corresponds to no. 42 in Rep.

1 There is no sign of a missing verse in the MSS, but the repetition of ca at the beginning of successive verses (our vv. 7 and 9)would be awkward, and v. 9 appears prelude to a refrain; so the third verse of the second strophe seems to have dropped out.

502

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE CANGAS – 1

En San Momed’, u sabedesque viste-lo meu amigo,oj’ ouvera seer migo;mha madre, fe que devedes,leixedes mho ir veer 5

O que vistes esse diaandar por mi mui coitadochegou m’ ora seu mandado;madre, por Santa Maria,leixedes mho ir veer 10

Pois el foi d’ atal venturaque sofreu tan muito malpor mi e ren non lhi val,mha madre, e por mesuraleixedes mho ir veer 15

Eu serei por el coitadapois el é por mi coitado,se de Deus ajades grado,madre ben aventurada,leixedes mho ir veer 20

B 1267 ff. 267v°-268r° V 873 f. 138r°

1 fabedes B 3 ouuera seer BV, Michaëlis (II, 884) : ouver’a seer Nunes 6 uistes B : iustes V 7 p’ B : pre V

10 leixede B 17 coido V 20 mho] mhor B

503

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE CANGAS – 2

Fui eu, madr’, a San Momed’ u me cuideique veess’ o meu amig’ e non foi i,por mui fremosa que triste m’ én partie dix’ eu como vos agora direi:“Pois i non ven, sei u~a ren: 5por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben”

Quand’ eu a San Momede fui e non vimeu amigo con que quisera falara mui gran sabor nas ribeiras do mar,sospirei no coraçon e dix’ assi: 10“Pois i non ven, <sei u~a ren:por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben>”

Depois que fiz na ermida oraçone non vi o que mi queria gran ben,con gran pesar filhou xi me gran tristen 15e dix’ eu log’ assi <aqu>esta razon:“Pois i non ven, <sei u~a ren:por mi se perdeu, que nunca lhi fiz ben>”

B 1268 f. 268r° V 874 f. 138r°

10 no] nõ B 15 tristen V : triste~ B hapax legomenon1 16 dix] diz B <aqu>esta supplevi2

v. 15: tristen (found only here) = “sadness”.

1 Piel (1989: 274) calls this the survival of “um elemento formativo muito arcaico, privativo dos falares galaico-portugueses,uma autêntica relíquia do latim popular do noroeste da Península Ibérica”, namely the Latin tristedo, -edine(m), of which thisappears to be the only example in medieval literature.2 The verse scans a syllable short. The phrase occurs elsewhere at verse end: B 429 / V 41 (Estevan Faian), v. 10 e servio vos poraquesta razon; B 513 / V 96 (Dinis), v. 26 e por aquesta razon. See A 114 / B 230, v. 18 where we find aqueste A : este B.

v. 15: tristen (ocorre apenas aqui) = “tristeza”.

504

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE CANGAS – 3

Amigo, se mi gran ben queredes,id’ a San Momed’ e veer m’ edes;oje non mi mençades, amigo

Pois mh aqui ren non podedes dizer,id’ u ajades comigo lezer; 5oje non mi mençades, <amigo>

Serei vosc’ en San Momede do marna ermida, se mho Deus aguisar;oje non mi <mençades, amigo>

B 1269 f. 268r° V 875 f. 138r°

505

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO –1

Como vivo coitada, madre, por meu amigo,ca m’ enviou mandado que se vai no ferido,e por el vivo coitada

Como vivo coitada, madre, por meu amado,ca m’ enviou mandado que se vai no fossado, 5e por el <vivo coitada>

Ca m’ enviou mandado que se vai no ferido,eu a Santa Cecilia de coraçon o digoe por el vivo <coitada>

Ca m’ enviou mandado que se vai no fossado, 10eu a Santa Cecilia de coraçon o faloe por el vivo <coitada>

B 1270 f. 268r°-v° V 876 f. 138v°

1 EComo V 4 pr V : pre B amado] amigo B 8 digo] falo B1 10-12 om. B2

Colocci has written “14 syll.” to the left of vv. 1-2 and at the bottom of f. 286rºb.

1 The scribe of B has skipped down to the last word of the next strophe (and so of the poem).2 Here V reads:

Camenuyou mãdado q’sse uay no fossadoeu a scã ceçilia de coraçõ o faloe pr el uyuo

506

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 2

Se vos prouguer, madr’, oj’ este diairei oj’ eu <por> fazer oraçone chorar muit’ en Santa Ceciliadestes meus olhos e de coraçon,ca moir’ eu, madre, por meu amigo 5e el morre por falar comigo

Se vos prouguer, madre, desta guisairei alá mhas candeas queimareno meu mant’ e na mha camisaa Santa Cecilia ant’ o seu altar, 10ca moir’ eu, <madre, por meu amigoe el morre por falar comigo>

Se me leixardes, mha madr’, alá ir,direi vos ora o que vos farei:punharei sempre ja de vos servir 15e desta ida mui leda verrei,ca moir’ eu, ma<dre, por meu amigoe el morre por falar comigo>

B 1271 f. 268v° V 877 f. 138v°

1 prouger B 2 hirey oieu BV : eu irei oje transpos. Nunes (III, 412) <por> supplevi1 5 ca] sa V 9 eno]

E no Machado 15 ia V : om. B

1 Cf. B 739 / V 341 (Baian), vv. 1-3 Ir quer’ oj’ eu fremosa de coraçon, / por fazer romaria e oraçon / a Santa Maria das Leiras.

507

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 3

Treides, ai mha madr’, en romariaorar u chaman Santa Cecilia,e louçana irei,ca ja i est’ o que namorei,e louçana irei 5

e treides migo, madre, de grado,ca meu amig’ é por mi coitado,e louçana irei,<ca ja i est’ o que namorei,e louçana irei> 10

orar u chaman Santa Cecilia,pois m’ <i> aduss’ o que ben queria,e louçana irei,<ca ja i est’ o que namorei,e louçana irei>, 15

ca meu amig’ é por mi coitado,e, pois eu non farei seu mandado,e louçana irei,<ca ja i est’ o que namorei,e louçana irei> 20

B 1272 f. 268v° V 878 f. 138v°

3 loucana B : iouçana V 12 m’ <i> aduss’ o supplevi : madusso BV1 que <eu> Nunes 15 E B : om. V

1 The verse is a syllable short. The adverb i would refer both back to u chaman Santa Cecilia (v.11) and forward to i in thesecond verse of the refrain. The sense would be: “since she has brought him (o que ben queria) to me there.” Elsewhere in thecantigas d’ amigo the verb aduzer is construed with a direct and an indirect object (“to bring something to someone”), butcf. CSM 123.42 poi-la candea adusseron y. Nunes’ prints pois m’aduss’o que <eu> ben queria – which could be right.

508

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 4

Non poss’ eu, madre, ir a Santa Cecilia,ca me guardades a noit’ e o diado meu amigo

Non poss’ eu, madr<e>, aver gasalhado,ca me non leixades fazer mandado 5do meu amigo

Ca me guardades a noit’ e o dia,morrer vos ei con aquesta perfiapor meu amigo

Ca mi non leixades fazer mandado, 10morrer vos ei con aqueste cuidadopor meu amigo

Morrer vos ei con aquesta perfia,e, se me leixassedes ir, guarriacon meu amigo 15

Morrer vos ei con aqueste cuidadoe, se quiserdes, irei mui de gradocon meu amigo

B 1273 ff. 268v°-269r° V 879 ff. 138v°-139r°

1 madre ir V : madr(a) hir ? B 4 madr<e>, aver Nunes : madrauer BV gasalhada BV : corr. Varnhagen8 (cuydado) pfia B 10 mi BV : me Nunes; cf. v. 5 13-15 om. B1 after 16 E sse quiserdes written by scribe “a”

at bottom of B f. 268v°b 17 E sse B : esse(r) V

1 V reads:Morreru9 ey cõ aquesta perfiaesseme leixassedes hir guarriacon meu amigo

509

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 5

Ai vertudes de Santa Cecilia,que sanhudo que se foi un diao meu amigo, e ten se por mortoe, se s’ assanha, non faz i tortoo meu amigo, e ten se por morto 5

Ai vertudes de santa ermida,con gran pesar fez aquesta idao meu amig<o>, e ten se por mortoe, se s’ assanha, non faz i torto<o meu amigo, e ten se por morto> 10

B 1274 f. 269r° V 880 f. 139r°

4 a sanha BV 8 amig<o>, e scripsi (cf. vv. 3, 5) : amigue BV1

1 The correction has been made for the sake of consistency within this text, but, as in vv. 2, 5 and 10, the verse scans 9’.

510

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 6

Non mi digades, madre, mal e ireivee-lo sen verdad’ e que namoreina ermida do Soveralu m’ el fez muitas vezes coitada estar,na ermida do Soveral 5

Non mi digades, madre, mal, se eu forvee-lo sen verdad’ e o mentidorna ermida do <Soveralu m’ el fez muitas vezes coitada estar,na ermida do Soveral> 10

Se el non ven i, madre, sei que farei:el será sen verdad’ e eu morrereina ermida <do Soveralu m’ el fez muitas vezes coitada estar,na ermida do Soveral> 15

Rog’ eu Santa Cecilia e Nostro Senhorque ach’ oj’ eu i, madr’, o meu traedorna ermida <do Soveralu m’ el fez muitas vezes coitada estar,na ermida do Soveral> 20

B 1275 f. 269r° V 881 f. 139r°

2 verdad’ e distinxi (cf. v. 7) : verdade, Nunes 7 verdad’ e Nunes : uerdade BV 17 q’ V : Q B

511

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 7

Nunca eu vi melhor ermida nen mais santa,<ca> o que se de mi enfinge e mi cantadisseron mi que a sa coita sempr’ avantapor mi; Deus, a vós grado,e dizen mi que é coitado 5por mi o perjurado

B 1276 f. 269r° V 882 f. 139r°

2 <ca> supplevi <tant’> enfinge Lapa 5 coytado B : cuydado V 6 periurado B : peruirado V after 6 m~codaz esta nõ acho põcada V1

The rhyme scheme aaaBBB is not found without refrain in any cantiga d’amigo. As printed here the text scans12’ 12’ 12’ 7’ 8’ 6’. If we want 7’ 7’ 7’ in the refrain we can cut mi in v. 5 (or take que é as one syllable, against the

norm) and read o <meu> perjurado in v. 6.

1 That is, “M<artin> Codaz: I don’t find this one with musical notation (pontada)”. This marginal note, probably incorporatedinto the text of the exemplar of BV, apparently refers to the sixth cantiga of Martin Codax, which is copied in V on f. 140r° andfound without musical notation in the Pergaminho Vindel. Gonçalves (1989: 632) thinks that this poem may have immediatelypreceded that one in a “livrinho” of cantigas de romaria.

512

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN DE GIINZO – 8

A do mui bon parecermandou lo aduffe tanger:“Louçana d’ amores moir’ eu”

A do mui bon semelharmandou lo aduffe sonar: 5“Louçana d’ amores moir’ eu”

Mandou lo aduffe tangere non lhi davan lezer:“Louçana d’ amores moir’ eu”

Mandou lo aduffe sonar 10<e> non lhi davan vagar:“Louçana d’ amores moir’ eu”

B 1277 f. 269r° V 883 f. 139r°

1 muy V : (meu) muy B 5, 10 ssonar BV : sõar Michaëlis (II, 916), Nunes 8 (uagar) lezer V 9 muyr V 11 <e>Nunes

vv. 2, 5, 7, 10 aduffe: “pandeiro bimembrafone quadrangular” [M. P. F. ]. The word, found only here in Galego-Portuguese lyric, is Semitic in origin. Basically a “frame-drum”, a small hand-held percussion instrument, theaduffe is known since ancient times. The New Grove Dictionary of Music and Musicians cites Hebrew tof (hatof withthe article, from the root tpp ‘to strike” [HALOT, vol. IV, pp. 1771-1772, 1779]), though the precise kind ofinstrument meant by tof in Biblical Hebrew is likely to remain unclear (“hand-drum, tambourine”, accordingto HALOT [vol. IV, p. 1772]). While the mention of the aduffe in this cantiga of Giinzo does not necessarily implyany kind of dance [M. P. F], maybe we ought not rule out the possibility in view of the somewhat enigmaticsense of the song (on the dancing girls in the miniatures of the Cancioneiro da Ajuda, see the fresh observationsof Manuel Pedro Ferreira in Cantus Coronatus [forthcoming]; three miniatures [those marking the beginning ofthe sets of cantigas attributed to Pero Garcia Burgalês, Roi Paez de Ribela and Afonso Lopez de Baian] show agirl with tambourine in hand).

vv. 8, 11: the implied subject of davan may be the same as the implied indirect object of mandou in vv. 2 and 5(she ordered them to play the aduffe, so they didn’t give the instrument any rest); but then again it may be amores(from the refrain), in which case lhi refers to the girl: love would give her no rest. See B 1252 / V 857 (Lopo),refrain non mi dan amores vagar and B 644 / V 245 (Torneol), v. 17 e non mi dan seus amores vagar.

513

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 11

Ondas do mar de Vigo,se vistes meu amigo?e ai Deus, se verrá cedo?

Ondas do mar levado,se vistes meu amado? 5e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amigo?o por que eu sospiro;e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amado? 10o por que ei gran coidado;e ai Deus, se verrá cedo?

N 1 B 1278 f. 269r°-v° V 884 f. 139v°

3, 6, 9, 12 E ay NB : cay V 4 de V 6 se uerra cedo N : ss V : om. B 9, 12 se uerra cedo N : om. BV 11 hypermetricO pr B : opr V : por N : o del. Nunes, Cunha; def. Ferreira gran del. Spaggiari, def. Ferreira cuydado BV

In vv. 1 and 4 Ferreira reads mar<e> before the midverse pause, while in vv. 2, 5, 7 and 10 he assumes that meucorrespond to two syllables, and likewise eu in v. 8.

1 For the text of Martin Codax all interested readers should consult Ferreira 1986. A full transcription is provided there inthe anexo immediately following the color reproduction of the pergaminho (which itself follows p. 73) and immediatelypreceding the black and white blowups of each cantiga (which end just before p. 84). In what follows I have accepted in thetext and noted in the apparatus such changes as are justified on metrical as well as musicological grounds. But all changesto the text made by Ferreira which are based on his interpretation of the music, and which could not be justified here (orin any other text) on purely metrical grounds, have been noted just beneath the apparatus. They have by no means beenrejected, but it is beyond my competence to accept them.

514

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 2

Mandad’ ei comigoca ven meu amigo,e irei, madr’, a Vigo

Comig’ ei mandadoca ven meu amado, 5e irei, madr’, a Vigo

Ca ven meu amigoe ven san’ e vivo,e irei, madr’, a Vigo

Ca ven meu amado 10e ven viv’ e sano,e irei, madr’, a Vigo

Ca ven san’ e vivoe del rei amigo,e irei, madr’, a Vigo 15

Ca ven vivo e sanoe del rei privado,e irei, madr’, a Vigo

N 2 B 1279 f. 269v° V 885 f. 139v°

1 ei] ey B : e V 3 e] E NB : om. V madr á uígo N : madre uyuo BV 4 ei] e BV 6 E irei madr á uígo N :hirey BV 7-9 om. B 9 E irei madr a uígo N : hirey BV 11 senõ V 12 E irei madr a uigo N : hirey B : hirei V

15 E irei madr á uigo N : hirey BV 16 uíuo N : uyu BV 18 E irei madrá uígo N : hirey BV

515

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 3

Mia irmana fremosa, treides comigoa la igreja de Vigo u é o mar salidoe miraremos las ondas

Mia irmana fremosa, treides de gradoa la igreja de Vigo u é o mar levado 5e miraremos las ondas

A la igreja de Vigo u é o mar levadoe verrá i mia madr<e> e o meu amadoe miraremos las ondas

A la igreja de Vigo u é o mar salido 10e verrá i mia madr<e> e o meu amigoe miraremos las ondas

N 3 B 1280 f. 269v° V 886 f. 139v°

1-2 partial lacuna in N1 3, 6, 12 miraremolas BV 5 u e o mar leuado N : hu e omar leuado B : (e o mar salido)/ hu e omar leuado V 7-12 in BV these strophes appear in reverse order2 7 Ala BV : Al* N (final letter obliterated)u om. BV 8 madre <e> o Ferreira : madreo N : madro B : madre V : madr’ e o Michaëlis, Cunha : madre, o Michaëlis,Nunes, Spaggiari 9 miraremolas B : mirraremolas V 9, 12 ondas om. BV 10 uigo BV : uig N u om. BVsalido] corrected from leuado V 11 euerra hy V : E ueira hi B : uerr y N visible traces of the missing a mia N: om. BV madre <e> o Ferreira : madréó N : madre o B : madre / o V : madr’ e o Michaëlis, Cunha amigo]corrected from amado V

In vv. 1, 4, 8 and 11 Ferreira takes mia as two syllables (accepted here, and indicated by the spelling mia [N : mhaBV] in all four places); in vv. 1 and 4 he treats treides as three syllables; meu in vv. 8 and 11 is treated asbisyllabic.

1 What remains in N of the first strophe looks like this:Mia yrmana fr[comigo. ala ygreia de uig[mar salido E miraremos las ondas.

2 The order of the strophes in N is defended by Ferreira (following Asensio; cf. Cunha 1986: 79 as well as Cunha apud Ferreira1986: xiii), though it could plausibly be written off as an error in transmission. Note that in this text the scribe of V hadwritten e o mar salido in the second strophe, then struck it out, and that in vv. 7-8 (of the text of B; our vv. 10-11) leuado andamado have been changed to salido and amigo, respectively. Cf. B 644 / V 245 (Torneol) and N 6 / B 1283 / V 889 (Codax).

516

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 4

Ai Deus, se sab’ ora meu amigocom’ eu senheira estou en Vigo?e vou namorada

Ai Deus, se sab’ ora meu amadocom’ eu en Vigo senheira manho? 5e vou namorada

Com’ eu senheira estou en Vigoe nulhas gardas non ei comigo,e vou namorada

Com’ eu senheira en Vigo manho 10e nulhas gardas migo non trago,e vou namorada

E nulhas gardas non ei comigoergas meus olhos que choran migo,e vou namorada 15

E nulhas gardas migo non tragoergas meus olhos que choran ambos,e vou namorada

N 4 B 1281 ff. 269v°-270r° V 887 ff. 139v°-140r°

2 senneira N : senlheyra BV 4 óra meu N : ora o meu BV 5 ui[.....]neira N : uigo se~lheira B : uigo senlheira V6 e uou namo[ N : E uou namo B : enon namo V 7 sennei[ N : se~lheira B : senlheyra V estou en om. N8 nullas N : ne~lhas BV ga[.......]ei N (cf. v. 13) : guardas nõ sõ BV 9 E uou (me) namorada N : E uouna B : euou na V 10 senneira N : se~lheira B : senlheira V manno N 11, 13, 16 nullas N guardas BV

12 namorada] na B : om. V 13 ei] e BV 14, 17 ollos N : olh9 BV 15, 18 namorada] na BV

517

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 5

Quantas sabedes amar amigo,treides comig’ a lo mar de Vigoe banhar nos emos nas ondas

Quantas sabedes amar amado,treides comigo a lo mar levado 5e banhar nos emos nas ondas

Treides comigo a lo mar de Vigoe veeremo-lo meu amigoe banhar nos emos nas ondas

Treides <co>migo a lo mar levado 10e veeremo-lo meu amadoe banhar nos emos nas ondas

N 5 B 1282 f. 270r° V 888 f. 140r°

2 treydes B : creydes V 3, 9, 12 bannar N 3 nos] n9 B : u9 V nas ondas BV : lost in the gap in N 4-8 lacunosein N1 4 amar] damar BV 5 Treydes B : creydes V comigo] u9 migo BV : vos mig’ Reckert & Macedo (1996:170) alo N : ao BV 6 barnhar B 6, 9 nas ondas] n. o. N : om. BV 7 alo N : ao BV 10 <co>migo] migoBV : mig N : vos mig’ Reckert & Macedo 11 ueremolo B : ueremo lo V : ueeremo N 12 n9 V : u9 B nas ondas]n. o. N : (nas) / Nas B : nas V

In vv. 1 and 4 Ferreira reads amar<e>, in vv. 2, 5, 7 and 10 he reads mar<e>. (By this logic should we not readmeu as two syllables in vv. 8 and 11?)

1 The phrase nas ondas in the last verse of strophe I is missing (though its music remains) along with much of strophes II andIII. What remains of the text in this part of the parchment looks like this:

] amado. ] mar leuado. ]emos. n. o. ]g alo mar de uígo.

e [.....]molo meu amigo.

518

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 6

Eno sagrado en Vigobailava corpo velido;amor ei

En Vigo <e>no sagradobailava corpo delgado; 5amor ei

Bailava corpo delgadoque nunca ouvera amado;amor ei

Bailava corpo velido 10que nunca ouvera amigo;amor ei

Que nunca ouvera amigoergas no sagrad’ en Vigo;amor ei 15

Que nunca ouvera amadoergas en Vigo no sagrado;amor ei

N 6 B 1283 f. 270r°-v° V 889 f. 140r°

1 sagrado en] sagrade BV 2 uelido NB : uedilo V 4 En] E B <e>no Nunes : no NBV, defenderunt Cunha,Ferreira 6, 9, 12, 15, 18 ei om. BV 7-12 these strophes appear in reverse order in BV1 8, 11, 16 nu~ca ouura B : nuncaouura V : nunc ouuer N 10 Baylaua N : Hu baylaua BV 13 nu~ca B : nunc N : om. V ouura BV : ouuer N14 sagred ? B 17 hypermetric en uigo no N : no uigo BV

In vv. 8, 11, 13 and 16 Ferreira (following Spaggiari) reads nunc’ ouver’ with N against BV. Since in this editionI always give the fullest correct form provided by the manuscript tradition and let the reader handle elisionsand other vocalic encounters, I have followed that policy here also. It should be remembered, too, that this isthe only text for which N provides no music (and therefore no additional evidence to support its readings; theplicas in N are not, pace Ferreira [p. 160], decisive).

1 Cf. note on N 3 / B 1280 / V 886, vv. 7-12. If the order in N is correct in both cases, two of the six poems of Martin Codax(excluding the last, which has only two strophes) have an anomalous structure. Cf. B 644 / V 245 (Torneol), where a similarstructure is transmitted by B and V. In his prefácio to Ferreira 1986, Celso Cunha seems to accept the inversion (p. xiii).

519

500 Cantigas d’ Amigo

MARTIN CODAX – 7

Ai ondas que eu vin veer,se me saberedes dizerpor que tarda meu amigo sen min?

Ai ondas que eu vin mirar,se me saberedes contar 5por que tarda meu amigo sen min?

N 7 B 1284 f. 270v° V 890 f. 140r°

1 Ay BV : y N (initial badly smudged) 2, 5 mi BV 3 mi~ N : mi BV 4 ondas] (d)õnas V ui~ mirar N : uinuirar ? V : om. B, spatio relicto (followed by + at end of line) 6 por q’. t.m.a.s.mi~ N : por q’ tarda meu amigo BV

N shows (as Ferreira argues) that the refrain is to be taken as a single line (some editors printed and continueto print sen mi on a line alone).

Ferreira adds paragogic e to all rhyme words: v. 1 veer<e> ; v. 2 dizer<e> ; v. 4 mirar<e> ; v. 5 contar<e>.

520

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS PAEZ – 1

Quer’ ir a Santa Maria [de Reça,] e, irmana, treides migo,e verrá o namorado de bon grado falar migo;quer’ ir a Santa Maria de Reçau non fui á mui gran peça

Se alá foss’, irmana, ben sei que meu amig’ i verria 5por me veer e [por] falar migo, ca lho non vi noutro dia;quero ir a Santa Maria de <Reçau non fui á mui gran peça>

B 1285 f. 270v° V 891 f. 140r°

1 hypermetric (by three syllables)1 de reça BV : seclusi irmanas BV, Michaëlis (II, 885)2 4 a mui V : mays a B6 hypermetric por del. Nunes3 : pr BV lho BV : o Nunes4

Short lines in BV, but v. 2 is written on two lines with a break after grado, suggesting that the body of the

strophe may have been composed in long verses.

1 If genuine, this would be an example of a hypermetric incipit (see Introduction, 5). If wrong, the phrase could have creptin by accident from the refrain or could have been inserted for propagandistic reasons (cf. Correia 1993: 21-22) to specifythe place being publicized.2 We find irmana in v. 5 and three times in B 1286-1287 / V 892 (the only other extant cantiga d’ amigo of Airas Paez), vv. 2, 5,8. Michaëlis and Nunes keep the plural, and Nunes reads irmãa<s> in v. 5.3 For a preposition repeated where redundant and unmetrical (and excised by Michaëlis and Bertolucci), cf. CA 53 (M.Soares), v. 27 de me matar ou [de] me guarir.4 It is difficult to account for the indirect object in lho. Possibly we have a misreading of ca o non vi (Nunes). But lho may bepopular usage (for other problematic examples of lho, see B 700 / V 301 [Ulhoa], v. 10; B 1118 / V 709 [Berdia], v. 9).

521

500 Cantigas d’ Amigo

AIRAS PAEZ – 2

Por vee-lo namorado, que muit’ á que eu non vi,irmana, treides comigo, ca mi dizen que ven ia Santa Maria de Reça 5

Por que sei ca mi quer ben e por que ven i mui <coi>tado,irmana, treides comigo, ca sei que ven i de gradoa Santa Maria de <Reça> 10

Por vee-lo namorado, que por mi gran mal levou,treides comig’, ai irmana, ca mi dizen que chegoua Santa Maria de <Reça>

B 1286-1287 f. 270v° V 892 f. 140v°

1 uello BV after 3 fernã dolago B on a separate line1 4 mui <coi>tado supplevi : muytado B : muy tado V7 vee-lo Nunes (cf. v. 1) : uolo BV

Short lines in BV.

1 The cantiga that immediately follows this one in BV is ascribed in V to Fernã Do Lago (written by Colocci), but in B theattribution (written by scribe “a” [cf. Ferrari 1979]) has been misplaced.

522

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN DO LAGO – 11

D’ ir a Santa Maria do Lag’ ei gran sabore pero non irei alá, se ant’ i non for,irmana, o meu amigo

D’ ir a Santa Maria do Lag’ é mi gran bene pero non irei alá, se ant’ i non ven, 5irmana, <o meu amigo>

Gran sabor averia <e>no meu coraçond’ ir a Santa Maria, se i achass’ enton,irmana, <o meu amigo>

Ja jurei noutro dia, quando m’ end’ e<u> parti, 10que non foss’ a la ermida, se ante non foss’ i,irmana, <o meu amigo>

B 1288 ff. 270v°-271r° V 893 f. 140v°

1 Dir B : Diz V 3 irmãa Nunes 4 Dir B : Vdir V 5 & pero B : et ro V anti B : antr’ V ven Monaci : ise~ B: ase~ V 7 <e>no Nunes : no BV 8 i] hy B : by V 10 Ja] ia V : + a B iurey B : uirey V noutra B m’ end’e<u> scripsi : me dõ ? V2 : mende B : m’ende Nunes3 vel possis m’ eu d’ e<l> parci V 11 foss B : fali V seMonaci : oe ? V4 : Ca B fossi V : fossi (ir) B

To the right of vv. 1-2 and at the bottom of f. 270rºb Colocci has written “13 syll.”

1 Toriello (pp. 30-35) would give this poem to Fernand’ Esquio, but cf. Oliveira 1988: 728-729.2 It is by no means certain that V reads dõ here; the second letter may be a badly formed e with an upstroke.3 Presumably we would find m’ én parti (cf. B 791 / V 375 [Talaveira], v. 3 pois m’ én parti), which would not scan here), not m’endeparti, as Nunes suggests.4 The reading of V is not certain. The first letter looks rather like a small capital d, but V normally uses capitals only at thebeginning of strophes and fiindas. (Compare the small capital d on f. 133vº, line 6.)

523

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE REQUEIXO – 1

Fui eu, madr’, en romaria a Faro con meu amigoe venho del namorada por quanto falou comigo,ca mi jurou que morriapor mi, tal ben mi queria

Leda venho da ermida e desta vez leda serei, 5ca falei con meu amigo que sempre <muito> desejei,ca mi jurou que morriapor mi, <tal ben mi queria>

Du m’ eu vi con meu amigo, vin leda, se Deus mi perdon,ca nunca lhi cuid’ a mentir por quanto m’ el<e> diss’ enton, 10ca mi jurou <que morriapor mi, tal ben mi queria>

B 1289 f. 271r° V 894 f. 140v°

1 Foy B 1-2 amigo / e Michaëlis (II, 885) : amiguo V : amigue B 3 iurou V : uirou ? B 6 <o> que suppl. Varnhagen<muito> Nunes dese iey V : sedeiey B 9 ui or iu V : ui written above (mi) B pardõ B 10 el<e> Lapadissenton B : disseron V

Michaëlis prints the first verse of this poem as a long line, though the MSS present short lines throughout.Lapa (1982: 193) reprimands Nunes for not following her lead (cf. also Lapa 1929: 324). See the note to B 1290

/ V 895, vv. 1-2.

524

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE REQUEIXO – 2

A Far<o> un dia irei, madre, se vos prouguer,rogar se verria meu amigo, que mi ben quer,e direi lh’ eu entona coita do meu coraçon

Muito per desejei que veesse meu amigo 5que m’ estas penas deu e que falasse comigoe direi lh’ eu enton<a coita do meu coraçon>

Se s’ el nembrar quiser como fiquei namoradae se cedo veer e o vir eu ben talhada, 10e direi lh’ eu enton<a coita do meu coraçon>

B 1290 f. 271r° V 895 f. 140v°

1 Far<o> Nunes 5 desejei scripsi1 : deseieu BV : desej’ eu edd. 10 ueher V : ueher B

vv. 1-2 (in this text) are long lines in BV, the rest short.

1 The consecutio temporum requires the perfect and the confusion between y and u is common. Cf. B 693 / V 294 (EstevanReimondo), v.16, where we find the error in reverse.

525

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE REQUEIXO – 3

Pois vós, filha, queredes mui gran benvoss’ amigo, mando vol’ ir veer,pero fazede por mi u~a renque aja sempre que vos gradecer:non vos entendan per ren que seja 5que vos eu mand’ ir u vos el veja

Mando vos eu ir a Far’ un dia,filha fremosa, fazer oraçonu fale vosco como soíao voss’ amig’, e, se Deus vos perdon, 10non vos enten<dan per ren que sejaque vos eu mand’ ir u vos el veja>

E, pois lhi vós <mui> gran ben queredes,direi vos, filha, como façades:ide vos a Far’ e ve-lo edes, 15mais, por quanto vós comig’ amades,non vos en<tendan per ren que sejaque vos mand’ eu ir u vos el veja>

B 1291 f. 271r° V 896 f. 141r°

8 fremoso V 10 o Braga : e V : E B pardon B 13 <mui> Nunes; cf. v. 1 15 a Far’ scripsi : madre BV

526

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE REQUEIXO – 4

Atender quer’ eu mandado que m’ enviou meu amigoque verrá en romaria a Far’ e veer s’ á migoe por en tenh’ eu que venha,como quer que outren tenha,non tem’ eu del que non venha 5

Atende-lo quer’ eu, madre, pois m’ enviou seu mandado,ca mi diss’ o mandadeiro que é por mi mui coitado,e por en tenh’ eu <que venha,como quer que outren tenha,non tem’ eu del que non venha> 10

Atende-lo quer’ eu, madre, pois m’ el<e> mandad’ enviaque se verria veer migo en Far’ en Santa Maria,e por en tenh’ eu <que venha,como quer que outren tenha,non tem’ eu del que non venha> 15

Que el log’ a mi non venha non tenh’ eu per ren que sejanen que muito viver possa en logar u me non vejae por en tenh’ eu que venha,<como quer que outren tenha,non tem’ eu del que non venha> 20

B 1292 f. 271v° V 897 f. 141r°

6 poys B : poy V 11 el<e> Lapa mandade~ uya B : mandaden uya V : mandad<o> envia Nunes 13 eudel BV 18 eu del q’ nõ uenha BV

In BV short lines throughout.

v. 12: Since we can hardly elide at the otherwise regular mid-verse pause (across the words migo en) we must

scan veer as one syllable (which could support a late date for the poet).

527

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN DE REQUEIXO – 5

Amiga, quen oje ouvesse mandado do meu amigoe lhi ben dizer podesse que veesse falar migoali u sempre queriafalar mig’ e non podia

Se de mi ouver mandado, non sei ren que o detenha, 5amiga, pelo seu grado que el mui cedo non venhaali u sempre queria<falar mig’ e non podia>

U foi mig’ outra vegada atende-lo ei velida,fremosa e ben talhada en Far<o> ena ermida 10ali <u sempre queriafalar mig’ e non podia>

B 1293 f. 271v° V 898 f. 141r°

1 oj’ ouvesse Nunes (cf. v. 5) : oie soubesse BV 2 que] Q’ B : que (f) V 6 seu] seo V 9 U Nunes : E BV10 Far<o> Nunes

Short lines in BV.

528

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAND’ ESQUIO – 1*

O vosso amigo, assi Deus m’ empar,vi, amiga, de vós muito queixardas grandes coitas que lhe fostes dardes que vos el vira

<p>olo seu mal <e> [vos] filhou por senhor 5e, amiga, sodes del pecador,e diz que morte lhe foi voss’ amordes que vos el vira

polo seu mal, e queixou se m’ ende,ca el morre e de vós nunca atende 10se non coitas que sofre por endedes que vos el vira

†Grandes†

B 1295 f. 272r° V 899 f. 141v°

1 O Monaci : D V : Oe B 3 dar] dor dar B 5 <P>olo] + olo B : o (A) lo V seu] sen’ V <e> supplevi; cf. v. 9uos BV : seclusi : vos edd. 6 miga B 9 Polo B : O lo V mal, e distinxi : male Toriello 10 ca el morre Monaci :cadmorre V : Cada noite B arende V 11 sofre] fosse V 12 Grandes alone on next line B : om. V1

v. 5: We seem to have a cantiga with interstrophic syntactic enjambment (maybe a cantiga ateuda atá a fiindawhose fiinda is lacking [and could have begun polo seu mal]), but there is a harsh asyndeton in the text of BVhere in v. 5 and in the text of (e.g.) Toriello in v. 9, unless we allow that the conjunction e follows polo seu mal inboth places. Since vos in v. 4 can function as the direct object of filhou in v. 5, there is no syntactic reason notto delete vos in v. 5 (that vos may result from a scribe’s failure to grasp syntax, rather than from a misreading ofletters). It could be argued, however, that even assuming <e> is correct (and that we have a case of inter-strophic enjambment), we should nevertheless keep the extra syllable vos in v. 5, since it would have posedno problem to the melody.

1 In B, following v. 12, is a centered + and the single word Grandes stands alone on the next line; below it is a second + in theleft hand margin, followed by five blank lines. Toriello thinks Grandes is the beginning of a new strophe or fiinda (that is,judging from its form, the initial G is not the beginning of a new poem). No sign in V that anything has been left out. (In B1297 / V 901, v. 7 we find the phrase grandes coytas.)

529

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAND’ ESQUIO – *2

O voss’ amigo trist’ e sen razonvi eu, amiga, <e> mui pouc’ o parei,e preguntei o por que e non seidel se non tanto que me disse enton:des que el vira u~a sa senhor 5ir du el era, fora sofredorde grandes coitas no seu coraçon

Tan trist’ estava que ben entenderpode quen quer que o vir que trist’ ée preguntei o, mais, per bõa fe, 10non pud’ eu del mais d’ atanto aprender:des que el vira u~a que quer benir du el era, por dereito ten,tá que a vir, de non tomar prazer

Da sa tristeça ouv’ eu tal pesar 15que foi a el e preguntei assien que coidava, mais non aprendidel se non tanto que lhi oí falar:des que el vira quen lhi coitas deuir du el era, no coraçon seu, 20tá que a vir, ledo non pod’ andar

E enton pode perder seu pesaru que<n> el vira ir <ar> vir tornar

B 1297 f. 272v° V 901 f. 141v°

1 voss’] uos BV 2 <e> supplevi pouc’ o distinxi parey Toriello : p ey B : per ey V 10 boã V : boa B 11 datãto V : de tãto B : de tant’ Nunes; cf. vv. 4, 18 23 u Nunes : du or da V : Da B que<n> Nunes : q’ BV <ar>vir scripsi1 : ueer BV

1 Cf. B 1172 / V 778 (Bolseiro), vv. 13-14 se vos eu ar vir / por mi coitado como vos vi ja; B 507 / V 90 (Dinis), v. 13 E non sei quando vosar veerei. This assumes that du (V) is an error for hu. But if Da (B) is an error for V a (for the confusion between capital D and Vsee the manuscript readings for example at B 1231 / V 836 [Baveca], v. 19 where we find Vos V : Dos B) we might read u a queel vira ir vir tornar. That the future subjunctive of veer (videre) is vir not veer does not seem to have bothered Toriello, whotranslates the MSS’ veer as though it were vir [“quando vedrà”, p. 99]).

v. 23: “When he again sees (u ... <ar> vir) the girl whom

he saw go (que<n> el vira ir) come back (tornar)”.

v. 23: “Quando ele tornar a ver (u ... <ar> vir) voltar

(tornar) a rapariga que viu partir (que<n> el vira ir)”.

530

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAND’ ESQUIO – 3

Vaiamos, irmana, vaiamos dormirnas ribas do lago u eu andar via las aves meu amigo

Vaiamos, irmana, vaiamos folgarnas ribas do lago u eu vi andar 5a las aves meu amigo

En nas ribas do lago u eu andar vi,seu arco na mano a <la>s aves ferir,a las aves meu amigo

En nas ribas do lago u eu vi andar, 10seu arco na mano a las aves tirar,a las aves meu <amigo>

Seu arco na mano a <la>s aves ferire las que cantavan leixa-las guarir,a las aves meu <amigo> 15

Seu arco na mano a las aves tirare las que cantavan non nas quer matara las aves m<eu amigo>

B 1298 f. 272v° V 902 ff. 141v°-142r°

1 vaiamos bis] uayamos V : uay amor B 2, 5 <en> nas Nunes 2 eu] e~ B 7, 10 hypermetric; fort. En delendum7 enuas V 8 seu] sen ? B mano Lapa (cf. vv. 11, 13, 16) : maão BV 8, 13 a <la>s scripsi (cf. vv. 11, 16) : asBV 10 ui ãdar V : (ãdar) ui ãdar B 14 e las] Elas B : alas V : a las Braga : alas Nunes 17 Elas B : elas V : alas Nunes nõ nas B : nõnas V

531

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAND’ ESQUIO – 4

– Que adubastes, amigo, alá en Lug’ u andastes,ou qual é essa fremosa de que vós vos namorastes?– Direi volo eu, senhora, pois m’ én tan ben preguntastes:o amor que eu levei de Santiago a Lugo,esse mh adux’ e esse mh adugo 5

– Que adubastes, amigo, u tardastes noutro dia,ou qual é essa fremosa que vos tan ben parecia?– Direi volo <eu>, senhora, pois i tomastes perfia:o amor que eu levei <de Santiago a Lugo,esse mh adux’ e esse mh adugo> 10

– Que adubastes, amigo, lá u avedes tardado,ou qual é essa fremosa de que sodes namorado?– Direi volo eu, senhora, pois me avedes preguntado:o amor que eu levei de <Santiago a Lugo,esse mh adux’ e esse mh adugo> 15

B 1299 ff. 272v°-273r° V 903 f. 142r°

1 Q(e)ue B ãdastes B : andustes ? V 2 vós vos Nunes : u9 uos V : u9 B 3 m’ én distinxi (cf. v. 8) : me~ BV : meBraga 4 o amor] damor V lugu B : luga V 5 mh scripsi : me BV adux’ e scripsi1 : adugu e BV : aduss’ eNunes : adusse <e> Michaëlis (II, 827) mh BV : mi<g’> Nunes (I, 383; cf. III, 723) 6, 11 adoubastes B 7 esse Bfresmossa BV 8 <eu> Nunes; cf. vv. 3,13 somastes ? V 9, 14 o amor] E amor B : damor V 11 u] hu V :ou B

Verses 1-3 are copied on long lines in B, while in V we find vv. 1, 6-8 and 11 (in our numbering) wholly on longlines and v. 12 nearly so (cf. Toriello, pp. 64-65). As printed here the strophe is aaaBB, scanning 15’ in thebody of the strophe and 13’ 9’in the refrain. The text, meter and sense of the last verse of the refrain areuncertain.

1 The emendation of Michaëlis makes a perfect tense out of a present. But the only form registered in Galego-Portugueselyric for the first person singular (assuming it is first and not third) of the perfect indicative is aduxe (see CSM, s. v. aduzer).

vv. 5, 10, 15: The sense seems to be: “it is that love

that I have brought and that love that I bring”.

vv. 5, 10, 15: O sentido parece ser: “foi esse amor que

levei e é esse amor que trago”.

532

500 Cantigas d’ Amigo

FERNAN FIGUEIRA DE LEMOS – 1

Diz meu amigo que lhe faça bene digo lh’ eu sempre que lho fareie que m’ atenda e guisa-lho ei,e, amiga, direi vos que mh aven:tantas vezes o mandei atender 5que lho non posso mais vezes dizer

B 47 f. 15v°

4 uos B 5 nezes B

533

500 Cantigas d’ Amigo

RODRIG’ EANES REDONDO – 1

De-lo dia, ai amiga, que nos nós de vós partimos,fui se nosco voss’ amigo, e, per quanto nós oímos,amiga, e per quanto vimos,queredes que volo diga?nunca tan leal amigo d’ amiga vistes, amiga, 5

u nos partimos, chorando vós e nós chorando vosco,e el, mui sen o seu grado, ouve s’ enton d’ ir con nosco;mais, per quanto eu del conhosco,sempre serei de seu bando,que, en quanto vós chorastes, nunca el quedou chorando 10

come vós, des i chorava †Grassa partar† soo,e catava m’ el os panos que eu tragia con doo,mais, pero o preguntavan por que chorava, negó o,mais a min non o negava,e por esto sõo certãa, ’miga, que por vós chorava 15

B 332 f. 77r°

1 nus nos Nobiling (1907b: 380-382) : nos nos B : nos nus Michaëlis (I, 821-822=CA 416) 3 amiga, e] AamigaieeB : corr. Michaëlis 6 nus Nobiling : nos B : nós Michaëlis vosco] nosco B : corr. Michaëlis 7 e el] Et el B : et elMichaëlis : ele Lapa, fort. recte 9 sen B : corr. Nobiling 10 Nnuca B 11-12 transpos. Michaëlis1 11 Grassa partarsoor mais poor B : de ora s’apartar soo Michaëlis (deleto mais poor) : con s’aver a partir soo Nobiling : por s’ avera partir soo Lapa2 12 doo Michaëlis : door B 13 Mais poor prguntavã B : del. Nunes (iam delere voluit Michaëlisin ap.) pero o Nobiling : pero er Michaëlis 15 sõo Michaëlis : soorm B certãa scripsi : tertaã B : certa Michaëlis’miga Michaëlis : Mi gam B

Short lines in BV. See Nobiling 1907b (critique of Michaëlis) as well as Lapa 1982:194-195 (critique of Nunes).The strophic form appears to be aaabb. But verse 12 is double the length of the corresponding verse instrophes I and II and it is difficult to see how it can be halved, despite the efforts of previous editors. If sound,the verse would constitute a unique violation in the cantigas d’amigo of the principle of external responsion(see Introduction, 5).

1 In order to maintain the dobre, whereby – in this text – in each strophe the same word appears at midverse in the first verse(seventh and eighth syllables) and at the end of the fifth verse: I amiga, II chorando, II chorava.2 In Grassa partar soo ought we read apartar (BV, Michaëlis) or partir (Nobiling)? The occurence of partir in vv. 1 and 6 stronglysupports partir. Perhaps triste de se partir soo is not impossible.

534

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MAFALDO – 1

Ai amiga, sempr’ avedes saborde me rogardes por meu amigoque lhi faça ben, e ben vos digoque me pesa, mais ja por voss’ amorfarei lh’ eu ben; mais de pran non farei 5quant’ el quiser, pero ben lhi farei

Vós me rogastes mui de coraçonque lhi fezesse ben algu~a vez,ca me seria mesura <e> bon prez,e eu, por vosso rogo e por al non, 10farei lh’ eu ben; <mais de pran non fareiquant’ el quiser, pero ben lhi farei>

Rogastes mh, amiga, per bõa fe,que lhi fezesse toda via benpor vós, e, pois vós queredes, conven 15que o faça, mais, pois que assi é,farei lh’ eu <ben; mais de pran non fareiquant’ el quiser, pero ben lhi farei>

B 373 f. 85r°

8 lhe B1 9 <e> Michaëlis (I, 850=CA 434)2 10 eu secl. Michaëlis, fort. recte3 uoso rogo epoz B 13 bõa Michaëlis

: bona B 16 mais epoys B : e del. Michaëlis

1 Michaëlis (followed by Nunes) maintains lhe here, but B has lhi in vv. 3, 6, 14.2 There is no metrical reason to emend (Michaëlis’ <e> requires elision of the preceding vowel) nor any syntactic one; and came seria mesura <e> bon prez (though I accept it as likely) just may miss the sense. Taking mesura as subject and bon prez aspredicate, we could render the manuscript version (ca me seria mesura bon prez) of vv. 7-9 as follows: “You asked me eagerly to dohim good some time, saying compassion would be honorable.” To show mesura would be bon prez according to the logic of theboy (whose rogo the girlfriend is always [v. 2] delivering to the girl, asking que lhi faça ben). Those who would maintain both thereading of the MSS and the sense Michaëlis gives the passage could merely add a comma: ca me seria mesura, bon prez.3 No need to touch eu on metrical grounds, since the final vowel of rogo could be elided. Still, given the presence of eu in therefrain, Michaëlis may be right to cut it here (where it could be an interpolation by someone for whom the hiatus rogo | e wasdifficult to accept).

535

500 Cantigas d’ Amigo

PERO MAFALDO – 2

O meu amig’, amiga, que me gran ben fezia,fez me preit’ e menage que ante me veriaque se fosse, e vai s’ ora de carreira sa via,e sempre mh assi ment’ e non á de mi vergonha,non me viu mais d’ un dia e vai s’ a Catalonha 5

Nunca vistes, amiga, quen tal amigo visse,ca me jurou que nunca se ja de mi partisse,e mais foron de cento mentiras que m’ el disse,e sempre mh assi mente e non á de mi <vergonha,non me viu mais d’ un dia e vai s’ a Catalonha> 10

Non sabedes, amiga, como m’ ouve juradoque nunca se partisse de mi sen meu mandado,e mentiu me cen vezes e mais o perjurado,e sempre <mh assi ment>‘ e non á de mi <vergonha,non me viu mais d’ un dia e vai s’ a Catalonha> 15

B 383 f. 86r°

1 fazia Lang (1894: 134), Michaëlis (I, 864=CA 444)1 2 preit’ e menage Michaëlis : prdem enaige B 3 ora] oria Bcarreira sa via Michaëlis : carrerya lauia B 4 possis mente, non 5 s’ a] s<e> a Michaëlis cataionha B

6 amiga(l) B qnan ? B 7 jurou] uirou B

1 Based on an incorrect reading in Molteni. There is no reason here not to maintain fezia, documented in the glossaries ofMettmann and Lapa. The forms of fazer in this and the preceeding text are: faça, farei, fezesse, fezia, fez.

536

500 Cantigas d’ Amigo

ALFONSO X1 – 1

Ai eu coitada, como vivo en gran cuidadopor meu amigo que ei alongado;muito me tardao meu amigo na Guarda

Ai eu coitada, como vivo en gran desejo 5por meu amigo que tarda e non vejo;muito me tardao meu amigo na Guarda

B 4562 f. 101r°

1 eu] ei B 3 muito] chuyto B 5 deselo B 6 vejo] ueio B : veio Michaëlis

vv. 4, 8: Probably better to read Guarda (place name) than guarda (simple substantive).

1 On the attribution, see Pellegrini 1959: 78-93; Gonçalves 1976a: 399; Oliveira 1994: 313.2 This text, preserved only in B, is presented in two four line strophes which, with minor corrections (and regularizedspelling), would read as follows:

Ai eu coitada como vivoen gran cuidado por meu amigoque ei alongado muito me tardao meu amigo na guarda

Ai eu coitada como vivoen gran desejo por meu amigoque tarda e non vejo muito me tardao meu amigo na guarda

Nunes arranges the poem in six line strophes. Tavani, Rep. (37:28) admits this possibility, but prefers a strophe of fourverses, rhyming aaBB with syllable counts of 12’ 10’ 4’ 7’, as printed above. Cf. Michaëlis, vol. II, pp. 593-594.

537

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 0*

Todalas cousas eu vejo partirdo mund’ en como soían seer,e vej’ as gentes partir de fazerben que soían, tal tempo vos ven,mais non se pod’ o coraçon partir 5do meu amigo de mi querer ben

Pero que ome part’ o coraçondas cousas que ama, per bõa fe,e parte s’ ome da terra ond’ ée parte s’ ome du gran prol <lhi> ten, 10non se pode parti-lo coraçondo meu amigo de mi <querer ben>

Todalas cousas eu vejo mudar,mudan s’ os tempos e muda s’ o al,muda s’ a gente en fazer ben ou mal, 15mudan s’ os ventos e tod’ outra ren,mais non se pod’ o coraçon mudardo meu amigo de mi querer ben

B 963 f. 205v° V 550 f. 87r°

4 u9 BV : vos Braga, Rodríguez : nos Nunes1 5 nou B 7 part’ o] parco BV : corr. Monaci 8 que Braga : a BV9 parce B ome] ome home BV terra Monaci : tirã BV 10 <lhi> supplevi; sed etiam possis du <lhi> granprol ten2 <mui> gran Nunes 11 pode partilo V : posse partirlo B 12 mi~ BV 14 Mudon B 15 Munda B

: mu~cla V 16 mu(n)dan V : Mundan B 17 podo V : pode B 18 amigo demi~ q’rer ben V : om. B

1 This pronoun is the only reference in this text to the girl’s audience, presumably another girl or girls, and although BVhave u9 that u could as easily be wrong as right. It could be argued that we ought to read nos because with that pronoun thegirl would show solidarity with her addressees. But note that in another programmatic cantiga d’amigo (and there are fewsuch), B 766 / V 370 (Guilhade), a similar problem comes up in vv. 5, 9, 23, with Nobiling preferring <vós> / vos (vos with themanuscripts in vv. 9 and 23, <de vós> his own conjectural supplement in v. 4) and Nunes <nós> / nos. There the verb veeredesin v. 21 seems to resolve the question (pace Nunes). In our text, the best reason for reading vos may be that the pronounfunctions here as a particle (much like ancient Greek toi [enclitic: a specialized use of the dative singular of the 2nd personpronoun, functioning as a particle, roughly equivalent to English “you know”]; cf. LSJ, s. v. toi).2 For the indirect object cf. B 1149 bis / V 752 (Zorro), vv. 9-10 Non vos ten prol, filha, de mho negar; / ante volo terrá de mho dizer. Forthe word order, cf. B 639 / V 240 (Pae Soarez), vv. 1-2 Donas, veeredes a prol que lhi ten / de lhi saberen ca mi quer gran ben and B 1640/ V 1174 (Ponte), v. 12 Ou grand’ estança, que prol lh’ á. But the order du <lhi> gran prol ten can also be defended (B 1355 / V 963[Lopo Liãs], v. 25 pois que lhi prol non ten and B 516 / V 99 [Dinis], v. 9 o que mi pequena prol tem).

538

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – *1

Dizen, amigo, que outra senhorqueredes vós sen meu grado filharpor mi fazerdes con ela pesar,mais, a la fe, non ei end’ eu pavor,ca ja todas saben que sodes meu 5e nen u~a non vos querrá por seu

[E] Fariades mi vós de coraçoneste pesar, mais non sei oj’ eu quenme vos filhass’, e ja vos non val ren,ai meu amigo, vedes por que non: 10ca ja todas saben que sodes <meue nen u~a non vos querrá por seu>

E quen vos a vós esto conselhoumui ben sei <eu> ca vos conselhou male con tod’ esso ja vos ren non val, 15ai meu amigo, tardi vos nembrouca ja todas saben que sodes meu<e nen u~a non vos querrá por seu>

Cofonda Deus a que filhar o meuamig’, e min, se eu filhar o seu 20

V 5941 f. 94v°

2 sen] seu V : corr. Monaci 4 end ? V 5 mea V : corr. Monaci 7 E seclusi 14 <eu> Nunes2

1 Two pages of B (apparently torn out) leave V as the only source for this and the following six texts (but cf. V 596).2 Cf. B 1026 / V 616 (Johan Airas), v. 13 mui ben sei eu. The formula ben sei eu occurs among the cantigas d’ amigo of Johan Airasin B 1031 / V 621, v. 19; B 1041 / V 631, v. 19; B 1043 / V 633, v. 2; and B 1047 / V 637, v. 13.

539

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 2

O que soía, mha filha, morrerpor vós, dizen que ja non morr’ assi,e moir’ eu, filha, por que o oí,mais, se o queredes veer morrer,dizede que morre por vós alguen 5e veredes ome morrer por en

O que morria, mha filha, por vóscomo nunca vi morrer por molherome no mundo, ja morrer non quer,mais, se queredes que moira por vós, 10dizede que morre por vós alguen<e veredes ome morrer por en>

O que morria, mha filha, d’ amorpor vós non morre nen quer i cuidar,e moir’ end’ eu, mha filha, con pesar, 15mais, se queredes que moira d’ amor,dizede que morre por vós alguen<e veredes ome morrer por en>

Ca, se souber que por vós morr’ alguen,morrerá, filha, querendo vos ben 20

V 595 ff. 94v°-95r°

1 mha V

540

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 3

Par Deus, mha madr’, o que mi gran ben querdiz que deseja comig’ a falarmais doutra ren que omen pod’ osmar,e u~a vez, se a vós aprouguer,fale migo, pois end’ á tal prazer, 5e saberemo-lo que quer dizer

De falar migo non perç’ eu bon prez,ca de sa prol i ren non falarei,e el dirá e eu ascuitarei,e ante que moira, ja u~a vez 10fale migo, <pois end’ á tal prazer,e saberemo-lo que quer dizer>

Se vos prouguer, venha falar aquicon mig’, ai madre, pois én sabor á,e direi vos pois quanto m’ el dirá, 15e u~a vez, ante que moira ’ssi,fale <migo, pois end’ á tal prazer,e saberemo-lo que quer dizer>

Quiça quer mh ora tal cousa dizerque lha poss’ eu sen meu dano fazer 20

V1 596 f. 95r° B ante f. 217rº

1 grambe~

quer V 5 fal[e B : tale V 8 prol hi V : possis prol <l>hi vel prol <l>h’ i 11, 17 tale V 13 falhar V14 cõmig V 16 moira ’ssi distinxi : moyrassy V : moyr’assy Braga : moira <a>ssi Rodríguez 20 sen] seu V :

corr. Monaci

1 Though two pages are missing from B (apparently torn out), traces of text remain in the upper left hand corner of the folioon which this poem was copied. These belong to vv. 13-18 and read as follows:

Seu9 pCõmiE dEfal

What are presumably the left halves of the initial Q’s of vv. 19-20 are also visible, as well as Colocci’s mark in the left handmargin indicating the fiinda.

541

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 4

O meu amigo novas sabe jadaquestas cortes que s’ ora fará<n>,ricas e nobres dizen que serán,e meu amigo ben sei que faráun cantar en que dirá de mi<n> ben; 5ou <o> fará ou ja o feito ten

Loar mh á muito e chamar mh á senhor,ca muit’ á gran sabor de me loar;a muitas donas fará gran pesar,mais el fará, com’ é mui trobador, 10un cantar en que dirá de min ben;<ou o fará ou ja o feito ten>

En aquestas cortes que faz el reiloará min e meu <bon> parecere dirá quanto ben poder dizer 15de min, amigas, e fará, ben sei,un cantar <en que dirá de min ben;ou o fará ou ja o feito ten>

Ca o viron cuidar, e sei eu benque non cuidava ja en outra ren 20

V1 597 f. 95r°

2 fara<n> Monaci : fara V 5 mi<n> Michaëlis (II, 663-664) : mi V 6 <o> Michaëlis 10 com’ é distinx. Braga,

Michaëlis, Lapa : come BV, Nunes2 14 <bon> Michaëlis 19 uirõ BV : viran Michaëlis

1 In B, though the page has been torn out, the number 1007 remains in what is left, along with the left half of the initial Oand a trace of the initial D in v. 2.2 Michaëlis and Lapa (1982: 178) agree with Braga. Nunes prints come but (vol. III, p. 253) is willing to read com’ é. Rodríguez,who defends com’ é on (dubious) metrical grounds, finds come acceptable. Michaëlis (CA) and Mettmann (CSM) give examplesof como as a causal conjunction, but Rodríguez offers none in his glossary of Johan Airas. Nor is the word registered in thissense in Nunes’ glossary of the cantigas d’ amigo, but see B 714 / V 315 (Queimado), vv. 9-12 com’ eu serei / sanhuda, parecendo ben,/ muito terrá que baratou / mal... ; B 933 / V 521 (Cana), vv. 7-8 Como eu tevera guisado / de fazer quant’ el quisesse... Most telling isB 1173 / V 779 (Bolseiro), v. 4 mais, como x’ é mui trobador.

542

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 5

Amigo, quando me levoumha madr’ <a> meu pesar daqui,non soubestes novas de mi,e por maravilha tenhopor non saberdes quando vou 5nen saberdes quando venho

Pero que vos <ch>amades meuamigo, non soubestes renquando me levaron daquen,e maravilho me ende 10por non saberdes quando m’ euvenh’ ou quando vou daquende

Catei por vós quand’ a partirm’ ouve daqui e pero nonvos vi nen veestes enton, 15e mui queixosa vos andopor non saberdes quando m’ irquer’ ou se verrei ja quando

E por amigo non tenhoo que non sabe quando vou 20nen sabe quando me venho

V 598 f. 95r°-v°

1 Amigo(me) V 2 <a> Braga 7 <ch>amades Nunes : amhades V 18 on V 20 vou Braga (cf. v. 5) : nõ V

543

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 6

Ai mha filha, por Deus, guisade vósque vos veja <e>sse fustan tragervoss’ amig’ e tod’ a vosso poderveja vos ben con el estar en cos,ca, se vos vir, sei eu ca morrerá 5por vós, filha, ca mui ben vos está

Se vo-lo fustan estevesse mal,non vos mandaria ir ant’ os seusolhos, mais guisade cedo, por Deus,que vos veja, non façades end’ al, 10ca, se vos vir, sei <eu> ca morrerá<por vós, filha, ca mui ben vos está>

E como quer que vos el<e> sejasanhudo, pois que vo-lo fustan vir,averá gran sabor de vos cousir, 15e guisade vós como vos veja,<ca, se vos vir, sei eu ca morrerápor vós, filha, ca mui ben vos está>

V 599 f. 95v°

1 u9 V 2 veja <e>sse Nunes : ueia sse V 9 grisa de zedo V 13 vos el<e> seja Lapa : uos el seia V : <a>vós el seja Nunes : fort. vos <or>‘ el seja1 14 uo l(h)o V 15 uos V 16 vós como vos] u9 como uos V17-18 om. V2

vv. 2, 7, 14: fustan (< M. Lat. [pannus] fustaneus; cf. Corominas, s.v.), “a kind of coarse cloth made of cotton andflax” (OED, s.v. fustian), refers here to a garment (Rodríguez, ad loc. [p. 162] suggests a skirt). In MedievalLatin, we already find the meaning “blouse ou chemise en futaine – shirt made of fustian”, acc. to Niermeyer

(s.v. fustaneum 2).

1 If correct, the adverb ora would stress the contrast between his anger now and how he will react when he sees the girl in herfustan. Among the cantigas d’ amigo of Johan Airas, ora a scans as two syllables in B 1037 / V 627, v. 19.2 Although there is no sign of the refrain in V, a poem with two strophes of six verses and a four verse fiinda (and with thesame rhyme scheme as the body of the strophe) seems highly improbable. Cf. B 566 / V 169 (Dinis), v. 18, and B 1231 / V 836(Baveca), v. 22 and note.

544

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 7*

O meu amigo non pod’ aver bende mi, amiga, vedes por que non:el non mho diz, assi Deus mi perdon,nen lho dig’ eu, e assi nos aven:el con pavor non mho ousa ’mentar; 5eu, amiga, non o posso rogar

E gran sazon á ja, per bõa fe,que el<e> meu ben podera avere ja mais nunca mho ousou dizere o preito direi vos eu com’ é: 10el con <pavor non mho ousa ’mentar;eu, amiga, non o posso rogar>

E gran temp’ á que lh<o> eu entendi,ca mho disseron, mais ouv’ i pavorde mi pesar e, par Nostro Senhor, 15prouguera m’ end’ e <e>stamos assi:el con pavor non mho ousa ’mentar;<eu, amiga, non o posso rogar>

E o preito guisad’ en se chegarera, mais non á quen o começar 20

V 600 f. 95v°

2 amiga Rodríguez : amigas V1 4 nos] n9 ? V (u9 Monaci) 5 el] ci V 5, 17 ousa ’mentar distinxi : ousame~tar V: ous’e~mentar Lapa, fort. recte : ous’a mentar Braga : ousa mentar Rodríguez2 8 el<e> Rodríguez <o> meu Nunes10 preito : pruo V cf. v. 19 13 á <já> Nunes lh<o> eu Rodríguez : lheu V 14 ca scripsi : q’ V ouv’ i distinx.Rodríguez : ouui V : òuvi Nunes 16 pugnera V end’e <e>stamos Nunes : e~ destam9 V 20 quen o] q’io V : idelevi : quen i o Rodríguez3

1 Cf. v. 6. Nunes prints amigas in v. 2 and amiga thereafter in the refrain. Rodríguez opts for the singular, persuaded by the“carácter íntimo” of the girl’s revelations. Some data may be adduced to support his hunch: of the 45 cantigas d’amigo ofJohan Airas only four are addressed to amigas (V 597, B 1024 / V 614, B 1040 / V 630, B 1044 and 1048 / V 634 and 638) and innone of these does the girl express her erotic aims as explicitly as here.2 The form mentar printed by Braga, Nunes and Rodríguez, is not elsewhere documented in Galego-Portuguese lyric (Rodríguez,based on this passage, has registered mentar in his glossary [cf. also REW 5505]).3 A vexed passage. Rodríguez prints non á quen i o começar, but recognizes “la dureza de la sinalefa” between i and o.

vv. 19-20 o preito guisad’ en se chegar / era: Either “thesenegotiations are ready to reach a final agreement” or“this relationship is ready to reach a climax”.

vv. 19-20 o preito guisad’ en se chegar / era: Estas negocia-ções estão prontas para chegar a um acordo final”ou “esta relação está prestes a atingir um clímax”.

545

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – *8

Meu amigo, vós morredespor que vos non leixan migofalar e moir’ eu, amigo,por vós e, fe que devedes,algun conselh’ i ajamos 5ante que assi moiramos

Ambos morremos, sen falha,por quanto nós non podemosfalar e, pois que morremos,amigo, se Deus vos valha, 10algun conselh’ i ajamos<ante que assi moiramos>

De mha madr’ ei gran queixum’ e,por que nos anda guardandoe morremos i cuidando, 15ai meu amig’ e meu lume,algun conselho <i ajamosante que assi moiramos>

E por que o non guisamos,pois nós tant’ o desejamos? 20

B 10121 f. 217r° V 602 f. 96r°

3 eu] en V 7 morremos Nunes : morrerem9 V : moirerem9 B 8 nós] nos BV : nos Nunes 9 moirem9 B :morrerem9 V 11 aiam9 V : om. B 13 queixum’ e, distinxi : q’ixume V : quereu me B : queixume edd. 20 nós

Braga : n9 V : u9 B tant’ o distinx. Nunes : tanto BV

1 The lacuna in B ends with v. 3 of this text.

546

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 9

Entend’ eu, amiga, per bõa fe,que avedes queixum’, u al non á,de voss’ amigo, que aqui está,e el de vós, <e> non sei por que é,mais quero vos ora ben conselhar: 5fazed’ i ambos o que eu mandar

E, amiga, de pran, u non jaz al,este preito deve se de fazer,ca vos vejo del gran queixum’ avere el de vós, e tenho que é mal, 10mais quero vos ora <ben conselhar:fazed’ i ambos o que eu mandar>

Sanha d’ amigos é, non será ben,e sei que faredes end’ o melhor,pero vejo vos aver desamor 15del, amiga, e esto non conven,mais quero vos ora <ben conselhar:fazed’ i ambos o que eu mandar>

E mal <l>h’ én venh’ a quen non outorgarantre vós ambos o que eu mandar 20

B 1013 f. 217r° V 603 f. 96r°

1 boa B 4 el Lapa1 : del e BV <e> Lapa; cf. v. 10 6 eu] en V 9 vos] uos BV q’reum V 10 é] e B : o V11, 17 ora om. B 14 melhe V 16 non Rodríguez (p. 172)2 : n9 ? V : u9 B : vos Rodríguez 19 malhen B : malhe~ V3

ou troguar B 20 eu] en B

1 Lapa (1982: 179) is right to suspect a corruption. As an alternative to the reading printed here, he suggests e el<e> de vós,but the parallel in v. 10 seems to me decisive. Rodríguez, clinging to the MSS, offers e d’ el e de vós non sei por que é, claimingthat de indicates “origen o procedencia”. Nunes prints e el á de vós, non sei porque é.2 Whether V has n

9 or u

9 (Monaci), the error is trivial (cf. B 571 / V 175 [Dinis], vv. 5, 11, 17) and esto non conven corresponds to

tenho que é mal (v. 10). Rodríguez recognizes that non makes better sense, but follows (with Nunes) what he takes to be thereading of the MSS (marred here, as he allows, by “desconexión sintáctica” and “ruptura narrativa”).3 In B 1047 / V 637, vv. 5, 11, 17 (Johan Airas) both MSS read malhi.

547

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 10

O meu amigo, que xi m’ assanhoue que non quer ja comigo falar,se cuidou el que o foss’ eu rogar,se lh’ eu souber que o assi cuidou,farei que en tal coita o tenha 5por mi amor que rogar me venha

E, pois que o meu amigo souberque lh’ esto farei, non atenderáque o eu rogue, mais logo verráel rogar [a] mi e, se end’ al fezer, 10farei que en tal <coita o tenhapor mi amor que rogar me venha>

Nen averá meu amigo poderde nulha sanha filhar contra mimais que eu non quiser que seja assi, 15ca, se doutra guisa quiser fazer,farei que en tal coita <o tenhapor mi amor que rogar me venha>

B 1014 f. 217r° V 604 f. 96r°-v°

1 quexi B : que(i)xi V 5, 11 Farey B : earey V 8 atendera ? V : attendera B 10 a seclusi1 fezer] fez V15 eu nõ V : eu (que) nõ B

1 Since neither mi (tonic) nor se is subject to elision, v. 10 scans long. The presumably interpolated a before mi may be theculprit, but one might also (more boldly) transpose: mais log’ el verrá / rogar a mi.

548

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 11

O voss’ amig’ á de vós gran pavor,ca sab’ el que vos fazen entenderque foi, amiga, de vós mal dizer,mais voss’ amigo diz end’ o melhor:que, de quanto disse de vós e diz, 5vólo julgad’ assi come senhor;ca diz que non quer i outro juiz

Queixades vos del, mais, se Deus quiser,saberedes a pouca de sazonque nunca disse de vós se ben non 10nen dirá, mais diz quant’ i á mester:que, de quanto disse de vós e diz,vólo julgade como vos prouguer;ca diz que non quer i outro juiz

Rogou m’ el muito que vos jurass’ eu 15que nunca disse de vós se non bennen o dirá, e ar diz outra ren,e non á mais que diga, cuido m’ eu:que, de quanto disse de vós e diz,vós julgad’ i o voss<o> e o seu; 20ca diz que non quer i <outro juiz>

Filhad<e> o seu preito, como diz,sobre vós, e conselho volo eu,e non ponhades i outro juiz

B 1015 f. 217v° V 605 f. 96v°

6 iulgad B : uilgad V 7 Juyz B : Juiyz V 9 a] e V 13 iulgade B : uilgate V 14 outro Juyz V : om. B 15 eu]en V 17 nen Nunes : Non B : non V 20 iulgadi B : uulgadi ? V1 voss<o> e o Nunes : uosseo BV 21 que

nõ q’r hy V : om. B 22 Filhad<e> o supplevi : Filhado BV2 : fort. <E> filhad’ o

1 The reading of V may be uulgade.2 Nunes (followed by Rodríguez) prints Filhad’ o seu preito como <el> diz. Better to restore the final vowel (elided in the MSS) offilhade, especially since the thrust of the utterance is expressed in this imperative (cf. Cunha 1982: 29). See B 1020 / V 610,v. 20 filhe o ben where the MSS maintain (and the meter requires) hiatus.

549

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 12

– Meu amigo, quero vos preguntar– Preguntade, senhor, ca m’ <é> én ben– Non vos á mester de mi ren negar– Nunca vos eu, senhor, negarei ren– Tantos cantares por que fazedes? 5– Senhor, ca nunca mi escaecedes

– Preguntar vos quero, per bõa fe– Preguntade, ca ei én gran sabor– Non mi neguedes ren, pois assi é– Nunca vos ren negarei, mha senhor 10– Tantos cantares por que fazedes?– <Senhor, ca nunca mi escaecedes>

– Non vos pes de qual pregunta fez<er>– Non, senhor, ante volo gracirei– Nen m’ ar neguedes o que vos disser 15– Nunca vos én, senhor, ren negarei– Tantos cantares por que fazedes?– <Senhor, ca nunca mi escaecedes>

– <E> este ben por mi o fazedes?– Por vós, mha senhor, que o valedes 20

B 1016 f. 217v° V 606 f. 96v°

2 m’ <é> én Rodríguez : men BV 3 mi~ B 6-11 om. B 6 nuca V 9, 10 ren] te~ V 13 qual p’gunta V :qualitp’gunta B fez<er> Braga : fez ? V : fiz B 15 Nen scripsi (cf. B 1218 / V 823 [Sevilha], v. 15) : Non B : nõ V16 én (cf. CSM 287.18 non vos en negarei ren) : en B : eu V, edd. 17 pr q’ fezestes V : om. B 19 <E> este supplevi: Este BV1

1 Cf. B 1047 / V 657 (Johan Airas), v. 19 <E> enton. Rodríguez accepts Este ben por mi <vó-l>o fazedes? from Nunes.

550

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 13

Par Deus, amigo, non sei eu que é,mais muit’ á ja que vos vejo partirde trobar por mi e de me servir,mais u~a destas é, per bõa fe:ou é per mi, que vos non faço ben, 5ou é sinal de morte que vos ven

Mui gran temp’ á, e tenho que é mal,que vos non oí ja cantar fazernen loar mi nen meu bon parecer,mais u~a destas é, u non ja<z> al: 10ou é per mi, que vos non faço ben,<ou é sinal de morte que vos ven>

Ja m’ eu do tempo acordar non seique vos oísse fazer un cantar,como soiades, por me loar, 15mais u~a destas é que vos direi:ou é per mi, <que vos non faço ben,ou é sinal de morte que vos ven>

Se é per mi, que vos non faço ben,dizede mho, e ja que farei én 20

B 1017 ff. 217v°-218r° V 607 ff. 96v°-97r°

4 boa BV 10 é, u Nunes (cf. vv. 4, 16) : ou BV ja<z> Nunes : ia BV : i á Fernández Pousa, Rodríguez 19 per mj B

: om. V

551

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 14

Par Deus, mha madr’, ouvestes gran prazerquando se foi meu amigo daqui,e ora ven, e praz én muit’ a mi,mais u~as novas vos quero dizer:se vos pesar, sofrede o mui ben, 5ca ’ssi fij’ eu, quando s’ el foi daquen

Ca fostes vós mui leda do meu malquando s’ el foi, e querrei vos eu jamal por end’, e dizen mi que verrámui ced’, e quero vos eu dizer al: 10se vos pesar, sofrede o mui ben,<ca ’ssi fij’ eu, quando s’ el foi daquen>

B 1018 f. 218r° V 608 f. 97r°

6 cassy V : Cassy B figeu BV s’ el] ssel B : sse V daquer V 7 u9 V : uos B 8 queirey B : q’irey V eu]

en V 9 pored B : pote~d V 11 sofredeo mui be~ V : om. B

552

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 15

Que mui leda que eu mha madre viquando se foi meu amigo daquie eu nunca fui leda nen dormi,amiga, depois que s’ el foi daquen,e ora ja dizen mi del que ven 5e mal grad’ aja mha madre por en

Ela foi <mui> leda, poilo viu ir,e eu mui triste, poilo vi partirde mi, ca nunca mais pudi dormir,amiga, depois que s’ el foi daquen, 10e ora ja dizen mi del que ven<e mal grad’ aja mha madre por en>

De<s> quando s’ el<e> foi daqui al rei,foi mha madre mui led<a>, e o sei,<e> eu fui triste sempre, <e> chorei, 15amiga, depois que s’ el foi daquen,e ora ja dizen mi del que ven<e mal grad’ aja mha madre por en>

B 1019 f. 218r° V 609 f. 97r°

4 foy B : fay V 5 e ora] Cora B : cora V 7 <mui> Fernández Pousa; cf. vv. 1, 14 11 Eora B : cora V del queuen V : om. B 13 De<s> Nunes : De V : Po B : Pero Rodríguez el<e> Lapa ffoy V : fon B 14 led<a>, e oRodríguez : ledeo BV : led’, eu <ben> o Nunes 15 <e> eu Nunes (cf. vv. 3, 8) : Eu B : eu V1 <mui> triste Nunes;cf. v. 8 sempre <e> Braga : sempre BV 17 dize~mi del q’uen V : om. B

1 Nunes prints <e> eu fui <mui> triste sempr’e chorei and is followed by Rodríguez (Machado prints trist e).

553

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 16

Vai s’, amiga, meu amigo daquitriste, ca diz que nunca lhi fiz ben,mais, se o virdes ou ante vós ven,dizede lhi ca lhi dig’ eu assi:que se venha mui ced’ e, se veer 5cedo, que será como Deus quiser

Per bõa fe, non lhi poss’ eu fazerben, e vai triste no seu coraçon,mais, se o virdes, se Deus vos perdon,dizede lhi que lhi mand’ eu dizer 10que se <venha mui ced’ e, se veercedo>, que será <como Deus quiser>

Queixa s’ el e diz que sempre foi meu,e diz gran dereito, per bõa fe,e non lhi fiz ben, e ten que mal é, 15mais dizede lhi vós que lhi dig’ euque se venha <mui> ced’ e, se veercedo, <que será como Deus quiser>

E non se queixe, ca non lh’ á mester,e filhe o ben quando lho Deus der 20

B 1020 f. 218r° V 610 f. 97r°

11 q’sse V : quesse ra ? B1 14 diz] diz que e B : diz q’ e V : diz Nunes (deleto que e) 15 <qu>e non Nunes te~ B

: re~ ? V 17 que] Ou B : ou V ueher cedo V : ueher (cedo) / cedo B2 20 der] dar B

1 After sse Colocci has written two letters which appear to be ra (anticipating sera in the second verse of the refrain?).2 cedo was written by the scribe at the end of the first verse of the refrain (corrupt here in both MSS), then apparently struckout and rewritten by Colocci at the beginning of the next line.

554

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 17

Queixos’ andades, amigo, d’ amore de mi, que vos non posso fazerben, ca non ei sen meu dan’ én poder,e por en guise mho Nostro Senhorque vos faça eu ben en guisa tal 5que seja vosso ben e non meu mal

Queixades vos que sempre fostes meu,amig’, e vos leixo por mi morrer,mais dizede mi como vos valerpossa sen meu dan’ e guisa-lo eu 10que vos faça eu ben en guisa tal<que seja vosso ben e non meu mal>

Sõo guardada como outra molhernon foi, amigo, nen á de seer,ca vos non ous’ a falar nen veer, 15e por en guise mho Deus, se quiser,que vos faça <eu ben en guisa talque seja vosso ben e non meu mal>

B 1021 f. 218v° V 611 f. 97v°

7 meu, interpunx. Rodríguez; cf. B 1020 / V 610 (Johan Airas), v. 13 11 eu ben engisa tal V : om. B 13 Soõ V : Scõ B

17 u9 faca B : om. V

555

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 18

A meu amigo mandad’ envieia Toled’, amiga, per bõa fe,e mui ben creo que ja co el é;preguntad’, e gradecer volo ei,en quantos dias poderá chegar 5aqui de Toledo quen ben andar

Ca do mandadeiro sei eu mui benque, depois que lh’ o mandado disser,que se verrá mais cedo que poder;e, amiga, sabede vós d’ alguen 10en quantos <dias poderá chegaraqui de Toledo quen ben andar>

E sempre catan estes olhos meusper u eu cuido que á de viiro mandadeir’, e moiro por oír 15novas del, e preguntade, por Deus,en quantos dias poderá <chegaraqui de Toledo quen ben andar>

B 1022 f. 218v° V 612 f. 97v°

1 en uiey V : eu ueiey B 2 boa BV 3 co BV, def. Rodríguez : co<n> Nunes 4 grad cer V 11 quant9 B : om. V14 cuydo V : cuydado B uijr V : mj e B 15 mandadeyr V : mandadayr B oír] oye ? B : dyr V 17 quantus

dyas pod’a V : quanteu B

556

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 19

Queredes ir, meu amigo, eu o sei,buscar outro conselh’ e non o meu;por que sabedes que vos desej’ eu,queredes vos ir morar con el rei,mais id’ ora quanto quiserdes ir, 5ca pois a mi avedes a viir

Ides vos vós e fico eu aquique vos ei sempre muit’ a desejar,e vós queredes con el rei morarpor que cuidades mais valer per i, 10mais id’ ora <quanto quiserdes ir,ca pois a mi avedes a viir>

Sabor avedes, a vosso dizer,de me servir, amig’, e pero nonleixades d’ ir al rei por tal razon; 15non podedes vós min e el rei aver,mais id’ ora <quanto quiserdes ir,ca pois a mi avedes a viir>

E, amigo, querede-lo oír?non podedes dous senhores servir 20que ambos ajan ren que vos gracir

B 1023 f. 218v° V 613 f. 97v°

1 amig B 3 sabedes BV, Nunes, Rodríguez uos BV 7 fico eu Nunes (cf. B 1050 / V 640, v. 14) : fic’r eu B : ficr’euV : fic’or’eu Braga : possis ar fic’ eu vel ficarei 8 muit’ a] muyta BV 11 hidora B : ido V 13 a] ao BV 14 servir]suir e BV 16 hypermetric vós om. BV min e el rei] el rey emi~ V : el Rey emi B 17 hidora B : om. V19 E om. BV queredolo V : queixdelo B 20 dous] dos B : doa V in both mss. this verse is copied again on thenext line: Nen podedes do9 senzes seruir B : nen podedes do9 sene~s suir V 21 anbos B : anbas V uos BV

B 1049 f. 223v° V 639 f. 102r°

3 cuydades BV u9 V : no B 6 ca] E a B : ea V 7 Hides V : Hades B fiqueu BV 8 sempr’ V : sempra Bmuta BV deseyar BV 16 uos mi~ e el Rey B : uos min e el rey V 17 hidora B : om. V 21 ren om. BV

557

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 20

Diz meu amigo tanto ben de miquant’ el mais pod’ e de meu parecere os que saben que o diz assiteen que ei eu que lhi gradecer;en quant’ el diz, non lhi gradesc’ eu ren, 5ca mi sei eu que mi paresco ben

Diz mi fremosa e diz mi senhor,e fremosa mi dirá quen me vir,e te<e>n que mi faz mui grand’ amore que <eu> ei muito que lhi gracir; 10en quant’ el diz, non lhi gradesc’ eu ren,<ca mi sei eu que mi paresco ben>

Diz muito ben de min en seu trobarcon gran dereit’, e al vos én direi:teen ben quantos me lh’ oen loar 15que eu muito que <lhi> gradecer ei;en quant’ el diz, non lhi gradesc’ eu ren,<ca mi sei eu que mi paresco ben>

Ca, se eu non parecesse mui ben,de quant’ el diz non <ar> diria ren

20

B 1024 f. 219r° V 614 ff. 97v°-98r°

6 mi2] fort. m’ i 9 te<e>n Nunes (cf. v. 4) : ten B : te~ V 10 <eu> ei malim (cf. v. 16) : ei <eu> Nunes (cf. v. 4)11 gradesq’u be~ V : om. B 14 én scripsi : eu BV, edd. 15 quãt9 B : quõt9 V 16 eu Nunes : ei BV <lhi> Nunes;cf. vv. 4, 10 17 diz nõ lhi gradesq’u re~ V : om. B 20 quant<o> Nunes el<e> Rodríguez <ar> supplevi; cf.

V 1015 / V 605, v. 17

558

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 21

– Ai mha filha, de vós saber quer’ eupor que fezestes quanto vos mandouvoss’ amigo, que vos non ar falou– Par Deus, mha madre, direi volo eu:cuid<ava m>‘ eu melhor aver per i 5e semelha mi que non ést’ assi

– Por que fezestes, se Deus vos dé ben,filha, quanto vos el ve~o rogar?ca des enton non vos ar quis falar– Direi vol<o> eu, se Deus mi dé ben: 10cuid<ava m>‘ eu melhor aver per i<e semelha mi que non ést’ assi>

– Por que fezestes, se Deus vos perdon,filha, quanto vos el ve~o dizer?ca des enton non vos ar quis veer 15– Direi vol<o> eu, se Deus mi perdon:cuid<ava m>‘ eu melhor aver per i<e semelha mi que non ést’ assi>

– <En> bon dia naceu, com’ eu oí,que<n> se doutro castiga e non de si 20

B 1025 f. 219r° V 615 f. 98r°

5 cuid<ava m>’ eu Nunes : Cuydeu B : cuyden V : cuid<ava> eu Fernández-Pousa : Cuydey Machado 7 queo B :q’o V : o del. Nunes Deus vos] d’s u9 V : de u9 B 10 vo-l<o> eu Nunes (cf. v. 4) : uol eu B : uoleu V 11 cuydeu V: Cuyden B 13 que o B : q’o V : o del. Nunes 16 vo-l<o> eu Nunes (vol-<o> eu Braga) : uoleu BV 17 Cuydeu B :cuydeu V melhe aver per hi V : om. B 19 <En> supplevi; etiam possis <E> vel <Que> com<o> eu Nunes :

comeu BV 20 que<m> Braga : Que B : q’ V

559

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 22

Quand’ eu fui un dia vosco falar,meu amigo, fiji o eu por ben,e enfengestes vos de min por en,mais, se vos eu outra vez ar falar,logo vós dizede ca fezestes 5comigo quanto fazer quisestes

Ca, meu amigo, eu falei u~a vezcon vosco, por vos de morte guarir,e fostes vos vós de min enfingir,mais, se vos eu <ar> falar outra vez, 10logo vós dizede <ca fezestescomigo quanto fazer quisestes>

Ca mui ben sei eu que non fezesteso meio de quanto vós dissestes

B 1026 f. 219r° V 616 f. 98r°

2 figi BV 3 mi~ V : mi B (cf. v. 9, where B reads mi~ and V min) 5 dizede BV : diredes Nunes1 6 Eomigo B 7 eufalei transposui : faley eu BV : eu del. Nunes 9 enffinger V : enffrager B 10 <ar> Nunes; cf. v. 4 (and B 1440 /

V 1050=CEM 417 [Roi Paez de Ribela], v. 3 e, se vola outra vez ar der)

1 Nunes’ emendation diredes might seem attractive, but would weaken tone without improving sense. “If I ever speak withyou again, you will say...” would still suggest that the girl foresees no future conversations; but “If I ever speak with youagain, go right ahead and say...” sharpens the point. There is a close parallel in Don Dinis B 561 / V 164 where the girl mocksthe boy for his alleged lies about their relationship, bidding him boast all he wants to (vv. 4-6, 10-12, 16-18, 20). Cf. alsoB 745 / V 347 (Guilhade).

560

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 23

Amigo, veestes m’ un dia ’quirogar dun preit’ e non vos fij’ én renpor que cuidava que non era ben,mais, pois vos ja tant’ aficades i,faze-lo quer’ e non farei end’ al, 5mais vós guardade mi e vós de mal

Vós dizedes que o que meu mal fornon queredes, e ben pode seer,pero non quix vosso rogo fazer,mais, pois end’ avedes tan gran sabor, 10faze-lo <quer’ e non farei end’ al,mais vós guardade mi e vós de mal>

Ben sabedes como falamos nóse me vós rogastes o que m’ eu seie non o fix, mais con pavor que ei, 15de perder eu, amigo, contra vós,faze-lo quer’ e non farei end’ al,<mais vós guardade mi e vós de mal>

E se vós fordes amigo leal,guardaredes vossa senhor de mal 20

B 1027 f. 219v° V 617 f. 98r°-v°

1 diaqui B : dia qui V 2 fij’ én] fige~ BV 9 fazer] farer B 13 nos V : uos B 15 fiz V 17 q’re nõ farey endal V: om. B

vv. 15-16: de perder is to be construed with pavor (and not with ei, pace Rodríguez [pp. 211-212]). contra is usedhere in a neutral sense (“in relation to”; cf. CSM 5.86 tenno que seja contra nos leal), already well documentedin Latin.

vv. 15-16: “But what with the fear I feel – of losingyou, my friend”.

vv. 15-16: “Mas com medo que tenho – de te perder,meu amigo”.

561

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 24

Non vos sabedes, amigo, guardarde vos saberen, por vosso mal sen,como me vós sabedes muit’ amarnen a gran coita que vos por mi ven,e quero vos end’ eu desenganar: 5se souberen que mi queredes ben,quite sodes de nunca mi falar

Per nulha ren non me posso quitarde falar vosc’ e sempre me temide mho saberen, ca m’ an d’ alongar 10de vós, se o souberen, des ali,e quero vos end’ eu de<senganar:se souberen que mi queredes ben,quite sodes de nunca mi falar>

Do<s> que me guarda<n> tal é seu cuidar: 15que amades, amig’, outra senhor;ca, se verdade poder<en> osmar,nunca ver<r>edes ja mais u eu for,e quero vos end’ eu <desenganar:se souberen que mi queredes ben, 20quite sodes de nunca mi falar>

E se avedes gran coita d’ amor,ave-la edes per mi <mui> maior,ca de longi mi vos farán catar

B 1028 f. 219v° V 618 f. 98v°

5 desanganar B 9 me] mi V 10 mo B ca] ra ? B 12 endeu de V : om. B 15 Do<s> Pellegrini (1936) : DoBV guarda<n> Pellegrini : guarda BV 17 verdade] auerdade BV : a delevi1 poder<en> Pellegrini : poder BV18 ver<r>edes Nunes : ueredes BV2 19 endeu V : om. B 23 mi~ V <pois> per Nunes <mui> supplevi

(cf. B 1210 / V 815 [Sevilha], v. 22 mui maior mal)

1 Pellegrini emends vv. 15 and 17, in part to alter (alleged) evidence that the girl is married. But while v. 15 scans, v. 17would be long. Pellegrini (1959: 132, n. 10) would elide s’a but se is tonic. Hence, for meter and for syntax, we cut a and readse verdade. Cf. B 1037 / V 627, v. 10. More boldly, we might transpose: ca, se poderen a verdad’ osmar (which would salvage thearticle without junking the meter).2 Rodríguez dismisses Nunes’ proposal, but cf. B 823 / V 408 (Pardal), v. 14 que non venhades u eu for and B 1170 / V 776(Bolseiro), v. 21 non venhades nunca u eu for. The boy will be able to see where the girl is (v. 24), but not to get there.

562

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 25

Non ei eu poder d’ o meu amigopartir, amigas, de mi querer ben,e, pero m’ eu queixo, prol non mi ten,e quando lh’ eu rogo muit’ e digoque se parta de mi tal ben querer, 5tanto mi val come non lho dizer

Se mi quer falar, digo lh’ eu logoque mi non fale, ca mi ven gran malde sa fala, mais mui pouco mi val,e quando lh’ eu digo muit’ e rogo 10que se parta de mi tal ben querer,<tanto mi val come non lho dizer>

Sempre mi pesa con sa companha,por que ei medo de mi crecer prezcon el, com’ outra vegada ja fez, 15e, pero lhi dig’ en mui gran sanhaque se parta <de mi tal ben querer,tanto mi val come non lho dizer>

B 1029 ff. 219v°-220r° V 619 f. 98v°

1 Nen V 7 falhar di|go V 8 fale] sule B ca] co V vem Braga : nõ BV 11 mi~ B : min V 13 pesã Bcompanha] apanha V 15 negada BV 17 parta om. B

vv. 14-15: “Because I’m afraid that talk (prez) about

him and me could get around (crecer)”.

vv. 14-15: “Porque tenho medo de que se espalhe

(crecer) conversa (prez) acerca dele e de mim”.

563

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 26

Mha madre, pois <a>tal é vosso senque eu quera mal a quen mi quer bene me vós roguedes muito por en,dized’ ora, por Deus que pod’ e val,pois eu mal quiser a quen mi quer ben, 5se querrei ben a quen mi quiser mal

Dizedes mi que, se eu mal quisera meu amigo que mi gran ben quer,que faredes sempre quant’ eu disser,mais venh’ ora que mi digades al: 10pois ei de querer mal [a] quen mi ben querse querrei ben <a quen mi quiser mal>

Muito mi será grave de sofrerd’ aver quen mi quer ben mal a querer,e vós, madre, mandades mho fazer, 15mais faço vos u~a pregunt’ atal:pois quen mi quer ben ei mal a querer,se querrei ben a quen mi quiser mal

Se assi for, por mi poden dizerque eu fui a que semeou o sal 20

B 1030 f. 220r° V 620 ff. 98v°-99r°

1 <a>tal Nunes; cf. v. 16 3 rogades Nunes 5 pois ei mal querer Nunes1 9 disser scripsi2 : quis BV : quiser edd.11 hypermetric de del. Nunes a seclusi; cf. vv. 14, 173 12 se querrey be~ / e V : (se queirer ben) / se queirenben B4 16 p’guntatal V : pregunta tal B5 17 <a> quen Lapa querer scripsi6 : fazer BV, edd. ei mal fazerLapa (a deleto) 18 aq’mi q’r mal V : om. B

vv. 5, 11, 17: quiser (5), querer (11) and ben (17) are involved in a sophisticated internal rhyme: the 5th syllable ofthe 5th verse in strophe I contains the a-rhyme of strophe II (ér); the 5th syllable of the 5th verse in strophe IIcontains the a-rhyme of strophe III (er); and the 5th syllable of the 5th verse in strophe III contains the a-rhymeof strophe I (en). Were we to accept the proposals of Nunes (vv. 5 and 11) and Lapa (v. 17 [1982: 180]), thepattern would be ruined in all three places. There is a similar pattern in Guilhade-2, to be found in the 2nd

syllable of the 5th verse of each strophe.

1 This proposal (accepted by Rodríguez) should be rejected. The reading of both MSS poys eu mal quiser (maintained byBraga, Machado, and Fernández Pousa) is unassailable on any grounds (metrical, syntactic, semantic, sytlistic). Temporalpois with the future subjunctive is sometimes used as a causal conjunction. In B 686 / V 288 (J. S. Coelho), v. 10, poi<lo> nonsouber simply means “since I don’t know”. Here we can render pois as “once” or “since”. Cf. CA, vol. II, p. 454, n. 4 (continuedfrom p. 453).2 disser is my correction of quiser (quis BV), which would ruin the dobre by the repetition in rhyme of a word not involved in it.It is easy to understand how quiser could have crept in here, since in all three strophes the dobre makes use of forms of this

564

500 Cantigas d’ Amigo

verb (quer ben [vv. 2 and 5]; ben quer [vv. 8 and 11]; querer [vv. 14 and 17]) and the form quiser appears at the end of v. 7, but ourpoet handles the technique perfectly in seven other cantigas d’amigo (Johan Airas-0, 2, 21, 22, 28, 34, 35) and the lapse hereis unlikely to be his. In favor of the correction, which produces the phrase faredes ... quant’ eu disser, see B 672 / V 274 (Avoin),v. 22 ca faç’ eu quanto dizedes and B 793 / V 377 (Talaveira), vv. 2-3 que jurava que sempre fezesse / todo por mi quanto lh’eu dissesse.Further, disser would be integrated in the sequence Dizedes (v. 7) // disser (v. 9) / digades (v. 10). Finally, it would make of dizer inv. 19 yet another example of the repetition of a palavra rimante in the fiinda (Lang 1934) – a technique used by Johan Airas in24 cantigas d’amigo, including the next four – but an example with a twist, since what appears in the fiinda is not the sameform but a rima derivata (disser [v. 9] > dizer [v. 19]). We find a similar display of combined techniques in Sevilha-3, where, inaddition to the dobre, a word which ends a verse of the refrain is repeated with rima derivata in the fiinda (visse > veedes). For ourpoet’s use (in other cantigas d’amigo) of rima derivata in fiindas, see Johan Airas-30 (querria < quisera [I.2]; verria < venha [II.4]), 38(podér < poder [II.3]) and 42 (desamor < amor [I.1]). In Johan Airas-3 we find the rhyme word dizer [refrain] repeated in the sameform in the fiinda.3 Note the variety of constructions in this text: que eu quera mal a quen (v. 2); pois eu mal quiser a quen (v. 5); d’aver quen mi quer benmal a querer (v. 14); pois quen mi quer ben ei mal a querer (v. 17). In the former two we find querer a quen, in the latter two querer +quen. Cf. A 165 / B 317 bis (J. S. Coelho), vv. 22-23 E tenho que faço dereit’ e sen / en querer mal quen vus quer mal e ben.4 In B, v. 11 is copied on two lines (with a break after mal); on the second of these, the scribe copied the beginning of v. 12.Colocci rewrote it on the next line (and presumably struck it on the one above). In V, where v. 11 is copied on one line, thesingle letter e stands on the next.5 Nunes (followed by Rodríguez) reads pregunta tal; Fernández Pousa, pregunt’ atal. Cf. the glossaries of Lapa and Mettmann(s.v. atal).6 Sense in itself suggests a corruption (fazer mal quen is ungrammatical) and in accordance with the rules of the dobre thisverse, like v. 14, ought to end with querer. (The error may be due to the use of fazer in v. 15.)

565

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 27

Diz meu amigo que, u non jaz al,morre, ca non pod’ aver ben de mi,e queixa se me muito e diz assi:que o mat’ eu e que faço mui mal;mais onde ten el que o mato eu? 5se el morre por lh’ eu non dar o meu

Ten guisad’ en muitas vezes morrer,se el morrer cada que lh’ eu non derdo meu ren, se non quando m’ eu quiser,e diz que o mato a mal fazer, 10mais onde ten el que o mato eu?<se el morre por lh’ eu non dar o meu>

Diz que tan muito é coitado d’ amorque ren de morte non o tornarápor que non ouve ben de min nen á, 15e diz m’ el: “<E> matades me, senhor”;mais onde ten el <que o mato eu?se el morre por lh’ eu non dar o meu>

E assanha xi m’ el, mais ben sei euque a sanha toda é sobre lo meu 20

B 1031 f. 220r° V 621 f. 99r°

1 Diz Nunes (cf. vv. 3, 10, 13, 16) : Fiz BV 2 moyre B 11 el q’ o mareu ? V : om. B 14 re~ B : ten V 16 el<e>Rodríguez <E> supplevi1 17 el om. B 20 toda Nunes : tod

9 B : todo V, Braga; def. Rodríguez2 fort. todo x’ é

scribendum

1 The verse seems to be missing a syllable. Nunes supplies it with <mia> senhor; Rodríguez with el<e>. My suggestion isto suppose the loss of an e, but as an initial conjunction (within the words ascribed to the boy) with exclamatory force.Cf. V 599 (Johan Airas), v. 16 e guisade.2 Nunes’ emendation toda seems obvious. Cf. B 630 / V 231 (Calheiros), v. 10 ca sobr’ el deit’ eu toda mha sanha. Rodríguez clingsto todo, claiming it functions as an adverb here; to judge by his glossary, this would be the only such use in the 81 cantigasof Johan Airas. Those preferring Rodríguez’ text could cite B 832 / V 418 (Ponte), v. 13 tod’ andava con mentira. But if we keeptodo, we should probably then accept tod9 (B), taking the s as an error for x and reading todo x’ é.

566

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 28

Voss’ amigo quer vos sas dõas dar,amiga, e quero vos dizer al:dizen mi que lhas queredes filhar,e dized’ ora, por Deus, u~a ren:se lhi filhardes sas dõas ou al, 5que diredes por lhi non fazer ben?

Vós non seredes tan sen conhocer,se lhi filhardes nulha ren do seu,que lhi non ajades ben a fazer,e venh’ ora preguntar vos por en, 10se lhi filhardes nulha ren do seu,<que diredes por lhi non fazer ben>?

El punhará muit’ e fará razonde lhas filhardes, quando volas der,e vós ou lhas filharedes ou non, 15e dized’ ora qual é vosso sen:se lhi filhardes quanto vos el der,que <diredes por lhi non fazer ben>?

Ou ben filhade quanto vos el dere fazede ben quanto x’ el quiser, 20

ou non [lhi] filhedes, con sen, nulha rennen lhi façades nunca nen un ben

B 1032 f. 220r°-v° V 622 f. 99r°

1 donas V 3 gueredes V 10 en] eu V 11 nulha re~ do seu V : om. B 15 filhardes B 16 nosso V 17-18 quãtou9 el der / q’ V : om. B 21 Ou nonlhi B : ou nõlhi V : lhi del. Nunes fazedes con sen nulha ren B : om. V

filhedes Rodríguez con sen] do seu Rodríguez (cf. vv. 8, 11)1 22 nen Lapa : Non B : ou nõ V

1 The restoration of the fiindas seems fairly clear except on one point: in v. 21 where B (our only source for the line) reads consen (maintained by Nunes and Fernández Pousa), Rodríguez prints a tempting do seu (citing vv. 8 and 11) which I wouldnevertheless resist. The speaker has referred to the addressee’s common sense in vv. 7-9 (“you wouldn’t be so senseless asto think you can take the gifts and then turn him down”) and has asked for her opinion (vosso sen) in v. 16. She now says:“Either you take the gifts and give him what he wants or you don’t, being sensible, take anything – and then you owe himnothing.” For the expression con sen, cf. B 1233 / V 838 (Baveca), v. 20 non sab’ andar en tal preito con sen and B 1377 / V 985(=CEM 379 [Burgalês]), v. 11 con mal sen. Compare con sen cristão in B 1649 / V 1183 (=CEM 365 [Ponte]), v. 9.

567

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 29

O meu amigo, forçado d’ amor,pois agora comigo quer viveru~a sazon, se o poder fazer,non dormha ja mentre comigo for,ca daquel tempo que migo guarir 5atanto perderá quanto dormir

E quen ben qu<is>er seu tempo passaru é con sa senhor, non dorme ren;e meu amigo, pois pera mi ven,non dormha ja mentre migo morar, 10ca daquel tempo que migo guarir<atanto perderá quanto dormir>

E, se lh’ aprouguer de dormir aláu el é, prazer mh á, per bõa fe,pero dormir tempo perdud<o> é, 15mais per meu grad’ aqui non dormirá,ca daquel <tempo que migo guariratanto perderá quanto dormir>

E, depois que s’ el<e> de min partir,tanto dormha quanto quiser dormir 20

B 1033 f. 220v° V 623 f. 99r°-v°

1 forçado BV : forçad’ é Nunes1 7 qu<is>er scripsi2 : quer BV, Braga, Nunes, Rodríguez : quer<e> Lapa <o> seuRodríguez <mui> ben Nunes 9 mi~ B 10 dorma V 15 perdud<o> é Nunes : perdude BV 16 dormital B

19 el<e> Rodríguez

1 Nunes’ emendation (adopted by Fernández Pousa and Rodríguez), overlooks the perfectly viable syntax of the transmittedtext: “My friend, driven by love, since he now wants to live with me for a while if he can, had better not sleep while he’s withme...” The same syntax and the same words (meu amigo [v. 1] ... non dormha [v. 4]) are repeated in vv. 9-10. (Nunes andRodríguez must put a semi-colon after sazon [v. 3], breaking the syntactic and rhythmic flow of the strophe.)2 Cf. B 6 (Airas Moniz d’ Asme), vv. 17-19 E quen ben quiser trastornar / per todo o mundo, e ferir / mui festinho xi a pod’ achar; B 229(Fernan Garcia Esgaravunha), vv. 15-16 E quen ben quiser preguntar / por gran coita, min pregunt’ én; and B [366 bis] (Cogominho),vv. 7-9 Quen ben quiser meu coraçon / saber, por que ensandeci, / pregunte me. Each of the parallels cited occurs, like the proposedcorrection, at the beginning of a strophe in a generalizing relative clause of characteristic (“whoever would like..”). Cf. alsoB 789 / V 373 (Talaveira), vv. 19-20.

568

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 30

Quer meu amigo de mi un preitoque el ja muitas vezes quisera:que lhi faça ben; e ja temp’ era,mas, como quer que seja meu feito,farei lh’ eu ben, par Santa Maria, 5mais non tan cedo com’ el querria

E digan lhi por mi que non tenhaque lho eu vou por mal demorando,ca el anda se de mi queixando,mais, como quer que depois <mi> venha, 10farei lh’ eu ben, <par Santa Maria,mais non tan cedo com’ el querria>

El é por mi atan namoradoe meu amor o traj’ assi loucoque se non pod’ atender un pouco, 15mais, tanto que eu aja guisado,farei lh’ eu ben, par Santa Maria,<mais non tan cedo com’ el querria>

E, como quer que fosse, el querriaaver ja ben de min toda via 20

E ben sei del que non catariao que m’ end’ a min depois verria

B 1034 f. 220v° V 624 f. 99v°

3 que] q’ B : de V 4 Mas B : mas V : ma<i>s Nunes; cf. vv. 10, 16 5 Farey B : earey V 8 eu vou Braga : euuou V : nou eu B : vou eu Rodríguez1 9 mj B : mi~ V (cf. vv. 1, 7, 13, 20, 22) 10 <mi> supplevi; cf. v. 22 <a>venha

Nunes 11 be~ V : om. B 13 pr B : pre V 14 tragassy BV 17 farey B : ffarrey V

1 A toss-up. In favor of lho eu vou we may note that lho eu is found at B 1044 / B 637, vv. 5 and 11.

569

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 31

Diz, amiga, o que mi gran ben querque nunca mais mi ren demandará,sol que lh’ ouça quanto dizer quiser,e, mentre viver, que me servirá,e vedes ora com’ é sabedor: 5que, pois que lh’ eu tod’ este ben fezer,log’ el querrá que lhi faça melhor

Mui ben cuid’ eu que con mentira ven,pero jura que mi non quer mentir,mais diz que fale con mig’, e por en, 10mentre viver, non mi quer al pedir,e vedes <ora com’ é sabedor:que, pois que lh’ eu tod’ este ben fezer,log’ el querrá que lhi faça melhor>

Gran pavor ei, non me queira enganar, 15pero diz el que non quer al de minse non falar mig’, e mais demandar,mentre viver, non <mi> quer des ali,e vedes <ora com’ é sabedor:que, pois que lh’ eu tod’ este ben fezer, 20log’ el querrá que lhi faça melhor>

E esto será mentr’ o mundo for:quant’ ome mais ouver ou acabar,tanto d’ aver mais averá sabor

Mais id’, amiga, vós, por meu amor, 25con mig’ ali u m’ el quiser falar,ca mal mi venha, se lh’ eu soa for

B 1035 f. 221r° V 625 f. 99v°

2 ren] reu B : te~ V 3 lhouca B : loucha V 5 euedes V : E íredes B 6 fazer B 7 queira B : questa V 10 conmig’] cõmigu B : comigu V 18 <mi> quer Monaci (cf. vv. 4, 11) : quer<e> Lapa 26 Cõmig B : cõmig V 27 mi]mhi V eu] ou V

570

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 32

Que mui de grad’ eu fariaprazer ao meu amigo,amiga, ben volo digo,mais log<o> en aquel dianon leixará el, amiga, 5nulh’ ome a que o non diga

Faria lho mui de grado,por que sei que me deseja,mais, se guisar u me vejae lhi fezer seu mandado, 10non leixará el, amiga,<nulh’ om’ a que o non diga>

Tan coitado por mi andaque non á paz nen mesura;pero se eu, per ventura, 15fezer todo quant’ el manda,non leixará el, amiga,<nulh’ om’ a que o non diga>

Dizedor é de nemigae dirá o log’, amiga 20

B 1036 f. 221r° V 626 f. 100r°

4 log<o> en supplevi : loguen B : log ueu V aquel BV : aquel<e> Lapa 6 Null B 10 sen BV 11 el amiga V: om. B 14 paz Fernández Pousa1 : par BV

v. 19 nemiga: ‘calumnia, defamación’ (Rodríguez).

1 Against this emendation (accepted by Rodríguez), it could be pointed out that paz does not occur elsewhere in the workof Johan Airas, nor in the entire corpus of cantigas d’ amigo. But that in itself is hardly a sufficient argument for rejecting it,and the expression aver paz is documented in CSM (cf. Mettmann’s glossary). The far more frequent aver par yields littlesense here: aver par nen mesura would make an improbably harsh zeugma.

571

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 33

Vedes, amigo, ond’ ei gran pesar:sei muitas donas que saben amarseus amigos e soen lhis falare non lho saben, assi lhis aven;e nós sol que o queiramos provar, 5log’ é sabud’ e non sei eu per quen

Tal dona sei eu, quando quer veerseu amigo a que sabe ben querer,que lho non poden per ren entendero<s> que cuidan que a guarda<n> mui ben; 10e nós sol que o queiramos fazer,<log’ é sabud’ e non sei eu per quen>

Com’ eu querria, non se guis’ assi:falar vosco, que morredes por mi,com’ outras donas falan, e des i 15nunca lhis mais poden entender ren;e nós <sol> ante que cheguemos i,log’ é <sabud’ e non sei eu per quen>

Coita lhi venha qual ora a nós venper quen nos a nós tod’ este mal ven 20

B 1037 f. 221r°-v° V 627 f. 100r°

4 asi B 5, 11 nos V : uos B 5 queyrem9 B : queyremus V 6 eu] en V 9 ren] te~ V 10 o<s> Pellegrini (1936)1

: o BV guarda<n> Pellegrini : guarda BV 11 uos B q’o q’yramus faz’r V : om. B 17 <sol> Nunes;

cf. vv. 5, 11 19 ora anos BV : possis ora nos (cf. B 1041 / V 631, v. 2) 20 q’ B : q’ V nos1] n9 V : u9 B

1 Cf. B 1028 / V 618, vv. 15-16. The change here seems authorized by cuidã (BV) and meter is not affected. Pellegrini madeboth suggestions to refute allegations that the girl in the poem might be married, but the paleographical, metrical andsyntactic justifications for the change are cogent without passing judgment on the civil status of the girl.

572

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 34

Morreredes, se vos non fezer ben,por min, amig’, e non sei que vos ifaça, pero muitas vezes cuid’ i,e deste preito vedes que mh aven:é mi mui grave de vos ben fazer 5e mui grav’ é de vos leixar morrer

Ren non vos pode de morte guardare sei ben que morr<er>edes por mise non ouverdes algun ben de min;e quant’ eu ei en tod’ est’ a cuidar: 10é mi mui grave de vos ben fazer<e mui grav’ é de vos leixar morrer>

Se vos non fezer ben, por mi amorvos matará, ben sei que será assi,mais ben vos jur’ e digo vos assi, 15se Deus mi leix’ én fazer o melhor:é mi mui grave de vos ben fazer<e mui grav’ é de vos leixar morrer>

E rog’ a Deus, que á end’ o poder,que El me leix’ end’ o melhor fazer 20

B 1038 f. 221v° V 628 f. 100r°

2 mi B 6 e] é edd. grav’ é distinxi : graue BV : grave edd.1 7 Ren Fernández Pousa : Ben BV2 8 quemorr<er>edes Nunes : que moiredes B : q’m ouedes V 9 mi~ B : min V 11, 17 g’ue deu9 ben fazer V : om. B15 jur’] uir ? BV

1 The verbal play I suggest is present here may be compared with V 1016 (=CEM 233 [J. S. Coelho]), vv. 1-3: Maria do Grave,grav’ é de saber / por que vos chaman Maria do Grave, / ca vós non sodes grave de foder / e pero sodes de foder mui grave...2 This emendation, accepted by Rodríguez, is probably right. While the reading of the codices might appear to involve asimple pun (the boy wants ben, but the girl doesn’t think ben can save him from death), there seems rather to be anuncharacteristic logical contradiction (cf. v. 9), arguably the result of a banal scribal error.

573

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 35

Alguen vos diss’, amig’, e sei o eu,por mi mizcrar con vosco, que faleicon outr’ omen, mais nunca o cuidei,e, meu amig’, é<n> direi vol<o> eu:de mentira non me poss’ eu guardar, 5mais guardar m’ ei de vos fazer pesar

Alguen sabe que mi queredes bene pesa lh’ end’ e non pod’ al fazerse non que mi quer mentira põer;<e> meu amig’ e meu lum’ e meu ben 10de mentira non me <poss’ eu guardar,mais guardar m’ ei de vos fazer pesar>

E ben sei de quen tan gran sabor áde mentir e non teme Deus nen al,que mh assaca tal mentira e al, 15<e>, meu amig’, e vedes quant’ i á:de mentira non me poss’ eu guardar,<mais guardar m’ ei de vos fazer pesar>

De fazer mentira sei m’ eu guardar,mais non de quen me mal quer assacar 20

B 1039 f. 221v° V 629 f. 100r°-v°

1 Aiguen V amig e seyo B : amig eseio V : amigo, sei-o Lapa (see B 1023 / V 613 = B 1049 / V 639, v. 1 amigo,eu o sei; but cf. also V 597, v. 19 e sei eu ben) 2 mizerar B 4 amig’ é<n> scripsi : amigue BV : amigo Braga, fort.recte : vel possis amig’ e vol<o> eu Nunes (vol-<o> eu iam Braga) : uoleu BV 7 me V 10, 16 <e> Rodríguez(cf. v. 4) : <ai> Nunes 11 nõ me V : om. B 13 ben om. V q’ tan B : q’tõ V 15 assata B 16 amig’, e] amigueBV : amigo, Nunes, fort. recte 17 nõ me pesseu guardar V : om. B 20 quen me] q’me B: q’me V

vv. 15-20: que mh assaca tal mentira = “who speaks sucha lie against me”; quen me mal quer assacar = “who wishesto speak ill of me”.

vv. 15-20: que mh assaca tal mentira = “que diz uma men-tira assim contra mim”; quen me mal quer assacar =“quem quer dizer mal de mim”.

v. 2: mizcrar (< Med. Lat. misculare, derived from theroot of Lat. miscere ‘mix, stir up’) con alguen means “totry to get someone in trouble with someone else”,and, in amorous contexts, “to try to break (a boy andgirl) up”.

v. 2: mizcrar (< Lat. Med. misculare, derivado da raiz dolatim miscere ‘misturar, perturbar’) con alguen significa“tentar arranjar problemas entre uma pessoa e ou-tra”, e, em contexto amoroso, “tentar separar (um ra-paz e uma rapariga)”.

574

500 Cantigas d’ Amigo

vv. 13-15, 20: Among the cantigas d’amigo the verb assacar occurs only in this text, though twice. Elsewhere inGalego-Portuguese lyric we find it in V 1199 (=CEM 317 [Sevilha]), v. 7, where it is probably intransitive, andin CSM 401.69 ome que assaca, que é peor que can, where it is clearly so. The editors gloss the word here variously,to cover both the transitive use in v. 15 and the intransitive use in v. 20: Nunes: ‘imputar’, ‘atribuir’; Machado:‘imputar’, ‘incriminar de’; Rodríguez: ‘achacar’, ‘imputar falsamente’, ‘inventar’; Mettmann: ‘accusar’,‘incriminar’, ‘imputar’. Lapa (s.v. assacar) glosses CEM 317, v. 7 queres-te-lhi tu mal assacar as ‘queres acusá-loinjustamente. If, rather than being a Galego-Portuguese formation, assacar derives from Gothic *at-sakan,similar in meaning to the documented and-sakan ‘speak against’, the etymological sense would fit well inboth verses. The notion of ‘accusation’ is already implicit in the Gothic verb andsakan and explicit in severalof its related forms derived from the same root: gasakan ‘scold’, gesahts ‘reproach’ *sakjo ‘quarrel’, sakuls‘quarrelsome’ (see Lehmann, s. v. sakan).

575

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 36

Amigas, o que mi quer bendizen mh ora muitos que ven,pero non o posso creer,ca tal sabor ei de o veerque o non posso creer 5

O que eu amo mais ca mindizen que cedo será aqui,pero non o posso creer,<ca tal sabor ei de o veerque o non posso creer> 10

O que se foi daqui muit’ ádizen mi que cedo verrá,pero non o posso creer,<ca tal sabor ei de o veerque o non posso creer> 15

E nunca mho farán creerse mho non fezeren veer

B 1040 ff. 221v°-222r° V 630 f. 100v°

2 que(|) uen V 5, 10, 15 que <eu> o Nunes 6 mi~ BV 8, 13 posso creer om. B

Whereas the verses in the body of the strophe scan 8 syllables each, those in the refrain, as printed here, scan8 9 7.

576

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 37

– O voss’ amigo que s’ a cas del reifoi, amiga, mui cedo vos verrá,e partide [ben] as dõas que vos [el] dará– Amiga, verdade ben vos direi:fará mi Deus ben, se mho adusser, 5e sas dõas dé as a quen quiser

– Disseron mh ora, se Deus mi perdon,que vos trage dõas de Portugal,e, amiga, non as partades mal– Direi vos, amiga, meu coraçon: 10fará mi Deus <ben, se mho adusser,e sas dõas dé as a quen quiser>

– Dizen, amiga, que non ven o meuamigo, mailo vosso cedo ven,e partid’ as dõas que trage ben 15– Direi vos, amiga, o que dig’ eu:fará mi Deus <ben, se mho adusser,e sas dõas dé as a quen quiser>

E ben sei eu <que>, des que el veer,averei dõas e quant’ al quiser 20

B 1041 f. 222r° V 631 f. 100v°

1 cas] eas B 2 cedo u9 BV : fort. ced’ a vós 3 hypermetric (by three syllables) E partide bendas doas queu9

el dara B : e partide mais doas q’u9 el dara V : e partid’ as dõas que uus dará Fernández Pousa (probante Rodríguez),alii alia1

4 uerdade V : ueira B be~ B : om. V 6 doas BV 11, 17 Deus] d’s V : om. B 19 <que> Nunes

20 Aurey B : auey V

1 The only difference here is bendas doas B : mais doas V, where neither MSS seems right. But if we emend either for sensealone we still get a hypermetric verse, so from Braga e partide-m’as doas que vos el dará (based on V) to Nunes e partide ben dõasque vos dará down to Rodríguez, editors have tended to shrink the verse, though sometimes without reaching ten syllables.If we read with V, mh as for mais is an easy correction. If with B, ben could be kept in view of vv. 9 and 15. Cutting ben (B) andel (BV) evens the scansion without altering the meaning of the phrase.

577

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 38

Vai meu amigo con el rei morare non mho disse nen lh<o> outorguei,e faz mal sen de mi faz<er> pesar;mais eu perça bon parecer que ei,se nunca lh’ el rei tanto ben fezer 5quanto lh’ eu farei, quando mi quiser

E <el> quer muito con el rei vivere mia sanha non a ten en ren;e el rei pode quanto quer poder,mas mal mi venha onde ven o ben, 10se nunca lh’ el rei tanto ben fezer<quanto lh’ eu farei, quando mi quiser>

E el punhou muit<o> en me servire al rei nunca <lhi> serviço fez,por end’ el rei non á que lhi gracir; 15mais eu perça bon parecer e bon prez,se nunca lh’ el rei tanto ben fezer<quanto lh’ eu farei, quando mi quiser>

Ca mais <lhi> valrrá, se lh’ eu <ben> quiser,que quanto ben lh’ el rei fazer poder 20

B 1042 f. 222r° V 632 ff. 100v°-101r°

1 morar] mona V : moirer B 2 lh’<o> outorguey Braga : lhou torguey BV 3 faz<er> Braga : faz BV 7 <el>quer Rodríguez; cf. v. 13 quer <el> Nunes quer<e> Lapa 8 mia Rodríguez (bisyllabic) nona ten B : nonate~ V : fort. non a<r> ten ten <el> Nunes en ren] eu te~ V 10 Mas B : mas V : ma<i>s Nunes; cf. vv. 4, 16ven o] ue~ o V : ne~ o(u) B 11 nunc(h)a V 11, 17 tãto ben fezer V : om. B 13 el<e> Rodríguez <já> muit’Nunes muit<o> en supplevi : muyten BV 14 al BV : a <e>l Nunes <lhi> Rodríguez fort. serviço <ar> :seruiçõ B : suiço V 16 hypermetric e bõ prez B : ebon prez V : bon del. Nunes 19 <lhi> Nunes <ben> Nunes

578

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 39

Amigo, queredes vos ir,e ben sei eu que mh averrá:en mentre morardes alá,a quantos end’ eu vir viir,a todos eu preguntarei 5como vos vai en cas del rei

Non vos poderia dizerquant’ ei de vos irdes <pesar>,mais a quantos eu vir chegardu ides con el rei viver, 10a todos eu preguntarei<como vos vai en cas del rei>

Coitada ficarei d’ amoratá que mi vos Deus adusser,mais a quantos eu ja souber 15que veeren du el rei for,a todos eu preguntarei<como vos vai en cas del rei>

E, se disseren “Ben”, loareiDeus, e graci-lo ei al rei 20

B 1043 f. 222r°-v° V 633 f. 101r°

4 quant9 B : quanto V uijr B : mir V 8 <pesar> Monaci 11 tod9 B : todo V preguntarey B : p’gunta V14 hypermetric tá Nunes1 fort. atá que vos Deus m’ adusser Nunes (III, 720) 17 eu preguntarey V : om. B

19 hypermetric E del. Nunes

1 Nunes prints tá (adopted by Rodríguez) but then decides (vol. II, p. 470) that atá should stand. Finally (vol. III, p. 720) heproposes a simple transposition: atá que vos Deus m’ adusser.

579

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 40

Foi s’ o meu amigo a cas del reie, amigas, con grand’ amor que lh’ ei,quand’ el veer, ja eu morta serei,mais non lhe digan que morri assi,ca, se souber com’ eu por el morri, 5será mui pouca sa vida des i

Nen de morte non me posso guardarque non moira ced’ e con gran pesar,e, amigas, quand’ el aqui chegar,non sabha per vós qual mort’ eu prendi, 10ca, se souber com’ eu por el morri,<será mui pouca sa vida des i>

Eu morrerei cedo, se Deus quiser,e, amigas, quand’ el aqui veer,desmesura fará quen lhi disser 15qual mort’ eu filhei des que o non vi,ca, se souber <com’ eu por el morri,será mui pouca sa vida des i>

Ja non posso de morte guarecer,mais, quando s’ el tornar por me veer, 20non lhi digan como m’ el fez morrerante tempo, por que se foi daqui,ca, se souber com’ eu por el morri,será mui pouca sa vida des i

B 1044 f. 222v° V 634 f. 101r°

1 Foiss omeu amigo acas del rey B : Foiss o meu amigo acas del rei V 2 amigas BV grad BV 3 eu] ey Bserey V : ferey B 4 morri] moir BV 7 Nen de morte] Por nulha rem ? B : Por nulha re~ V : Por nulha rem Braga8 morra V ced’ e con] ced en9 V : ced en B : fort. cedo con 9 e, amigas] Camigas B : camigas V 10 eu]en B 11 com eu pr el morri V : om. B 13 Eu] E u B : Eu V 15 fará] dira BV quen] que B : q’ V 16 qual]q’r V : q’ B que o non vi] q’ a nõ V : que eme~ emj ? B 17 sse souber B : om. V 19-24 om. BV

B 1048 f. 223r° V 638 ff. 101v°-102r°

1 Vay meu amigo morar con el Rey B : Vay meu amigo morar cõ el rey V 2, 9 amiga BV 4 morri V : moiri B7 Nen de morte nono pode guardar BV 8 çede cõ BV 13 E eu BV 14 amiga B : amigo V 15 fara BVque~ BV 16 Qual B : qual V queo nõ ui B : q’o nõ ui V 17 souber om. V

580

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 41

Amei vos sempr’, amigo, e fiz vos lealdade:se preguntar quiserdes en vossa puridade,saberedes, amigo, que vos digo verdade;ou, se falar ouverdes con algun maldizentee vos quiser, amigo, faz<er d>’ al entendente, 5dizede lhi que mente, e dizede lhi que mente

B 1045 f. 222v° V 635 f. 101r°

5 faz<er> Braga : faz BV <d>’ al addidi : al BV 6 on two lines in BV e del. Nunes dizede2] dizete Vlhi2] hli B minte V

The line break in v. 6 comes after mente. The rest of the text is copied in both MSS in long lines. Nunes (but seevol. III, p. 282) and Rodríguez print this poem in short (7-syllable) verses (cf. Tavani, Rep. 219:1), which yieldsa strophic form unique in the entire corpus. The form presented here, recommended by Lapa (1982: 181),

corresponds to Tavani’s scheme no. 19 (aaabbb).

581

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 42

Meu amig’ e meu ben e meu amor,disseron vos que me viron falarcon outr’ ome por vos fazer pesar,e por en rog’ eu a Nostro Senhorque confonda quen volo foi dizer 5e vós, se o assi fostes creer,e min, se end’ eu fui merecedor

[E] Ja vos disseron por mi que faleicon outr’ om’ e que vos non tiv’ en ren,e, se o fiz, nunca mi venha ben, 10mais rog’ a Deus sempr’ e roga-lo eique confonda quen volo diss’ assi,e vós, se tan gran mentira de mincrevestes, e min, se o eu cuidei

Sei que vos disseron, per bõa fe, 15que falei con outr’ om’, e non foi alse non que volo disseron por mal,mais rog’ a Deus, que <e>no ceo sé,que confonda quen vos atal razondiss’, e vós, se a crevestes enton, 20e que confonda min, se verdad’ é

E confonda quen á tan gran sabord’ antre min e vós meter desamor,ca <o> maior amor do mund<o> é

B 1046 ff. 222v°-223r° V 636 f. 101v°

1 e meu amor / (E meu amor) B in Colocci’s hand at end of line; beneath, on a separate line, in the scribe’s1 2 uyrõ V :uyton B 3 uos BV 7 mi~ V : mi B end’ eu] eu deu B : en den V mercedor B 8 hypermetric E del. Nunes9 om’ e distinx. Fernández Pousa 11 rogad’s BV 12 cofonda B 14 cuyder B 18 <e>no supplevi : no V : non B19 cofonda B 20 sea V : sen B 21 cofonda BV 22 cofonda B 24 <o> Fernández Pousa do] de V

mund<o> é Fernández Pousa : munde BV2 possis eno mund’ é

1 E meu amor (written by the scribe) stands alone on the next line, and Colocci apparently struck it out and wrote it above.In V the same phrase also stands alone on a separate line.2 Nunes offers: ca maior amor no mundo <non> é.

582

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 43*

A que mh a min meu amigo filhoumui sen meu grad’, e non me tev’ en ren,que me servi’ e mi queria ben,e non mho disse nen mho preguntou,mal <l>hi será, quando lho eu filhar 5mui sen seu grad’, e non a preguntar

E, se m’ ela mui gran torto fez i,Deus me leixe dereito dela aver,ca o levou de min sen meu prazere ora ten que o levará assi; 10mal <l>hi será, quando lho eu filhar<mui sen seu grad’, e non a preguntar>

E ben sei eu dela que <vos> diráque non fiz eu por el quant’ ela fez;mais quiçai mho fezera outra vez, 15e, pero ten ben que o averá,mal <l>hi será, <quando lho eu filharmui sen seu grad’, e non a preguntar>

<E> enton veredes molher andarpos min chorand’, e non lho querrei eu dar 20

B 1047 f. 223r° V 637 f. 101v°

1 mi V 3 servi’ e] servi<a> e Lapa : seruy e BV : servi<u> e Nunes 5, 11, 17 Malhi B : malhi V 8 dreito B: de’uo V 10 leuara BV : averá Lapa; cf. v. 16 11 quando lho eu filhar V : om. B 13 eu] en B dela B :del. ? V (last letter illegible) <o> que Nunes <vos> supplevi 14 quant B : a’nt V 15 fezera] fez’a V : feza B19 <E> Fernández Pousa ve<e>redes Nunes 20 hypermetric q’rrey / eu dar V : queirey andar B : querrei darNunes (deleto eu)

v. 8 dereito dela aver: “get back at (take vengeance on) her”. v. 8 dereito dela aver: “vingar-se dela”.

583

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – *44

Ir vos queredes, e non ei poder,par Deus, amigo, de vos én tolher,e, se ficardes, vos quero dizer,meu amigo, que vos por en farei:os dias que vós a vosso prazer 5non passastes, eu volos cobrarei

Se vos fordes, sofrerei a maiorcoita que sofreu molher por senhor;e, se ficardes polo meu amor,direi volo que vos por en farei: 10os dias que vós a vosso sabornon passastes, eu volos cobrarei

Ides vos e te~edes m’ en desdene fico eu mui coitada por en;e ficade por mi, ca vos conven, 15e direi vos que vos por en farei:os dias que vós non passastes ben,ai meu amigo, eu volos cobrarei

B 1050 f. 223v° V 640 f. 102r°

1, 3, 4, 7, 10, 15, 16 vos] uos BV 5 vós] u9 BV 8 Coita B : corta V sofren B 11 a] o V 12 eu uoloscobr’ey V1 : om. B 13 te~edes Lapa : teendes BV en] eu B 15 mi~ B 16 direyu9 B : direm9 V

1 The abbreviation, which has been displaced to the right, represents ar. In its genuine form, it consists of a horizontalsuperscript curve (facing downwards) with two short thin parallel vertical strokes descending from it. We rarely find it in BV(at least among the cantigas d’ amigo), but the scribe of B here (whom Ferrari 1979 calls “e”) has reproduced it rather exactlyin v. 18. V’s representation of it there is better placed and rather more elaborate than here, but still much like an ordinarytil. In v. 6 both MSS have cobrarey.

584

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – 45*

Ir vos queredes, amigo,daqui, por me fazer pesar,e, pois vos queredes quitardaqui, vedes que vos digo:quitade ben o coraçon 5de min, e ide vos enton

E pois vos ides, sabhadesque nunca maior pesar vi,e, pois vos queredes daquipartir, vedes que façades: 10partide ben o coraçonde min, e ide vos enton

B 1051 f. 223v° V 641 f. 102v°

1, 3, 4, 6, 7, 9, 12 vos] uos BV 11 partide scripsi1 : q’tade V : Quitade B be~ V : de bem B

1 Colocci marked only the sixth (and not the fifth) verse of both strophes, thereby signalling that the refrain – either in theexemplar or in his opinion – consists here of a single verse. According to this logic, v. 11 should not be identical to v. 5. Thisclue is supported by the trip-up in verbal virtuosity in the transmitted text. What we need is a kind of mini mordobre of theform x: x’:: y: y’ but the last term is wrong. Hence, we need, but do not (fully) get: (I) pois vos queredes quitar / daqui, ... / quitade;(II) pois vos queredes daqui / partir, ... / partide. This would explain both Colocci’s marking and the otherwise irregular copying ofv. 12 (the second v. of a [non-intercalated] two verse refrain is only copied in full after the first strophe on a single occasionamong the cantigas d’ amigo of Johan Airas [B 1048 / V 638, last strophe]). The mixup may be due to the expectation of anidentically repeated two verse refrain and to the tricky wordplay. Moreover, partide ben o coraçon here (at the end of the set?)would echo the phrase non se pod’ o coraçon partir in B 963 / V 550, v. 5 (arguably the beginning). Finally, notwithstanding thevariation (quitade / partide) and the evidence of Colocci’s markings –paradoxically a key to the emendation – we should seea two verse refrain here (otherwise the strophic form would be without parallel). There is also variation in the (one verse)refrain of B 1050 / V 640 (v. 18 ai meu amigo).

585

500 Cantigas d’ Amigo

JOHAN AIRAS DE SANTIAGO – *46 (pastorela)

Pelo souto de Crexente,u~a pastor vi andarmuit’ alongada de gente,alçando voz a cantar,apertando se na saia 5quando saía la raiade sol nas ribas do Sar

E as aves que voavanquando saía l’ alvortodas d’ amores cantavan 10pelos ramos d’ arredor;mais non sei tal qu<e> i ‘stevesseque en al cuidar podessese non todo en amor

Ali ‘stivi eu mui quedo, 15quis falar e non ousei,empero dix’ a gran medo:“Mha senhor, falar vos eiun pouco, se mh ascuitardes,e ir m’ ei, quando mandardes, 20mais aqui non <e>starei”

“Senhor, por Santa Maria,non estedes mais aqui,mais ide vos vossa via,faredes mesura i, 25ca os que aqui chegaren,pois que vos aqui acharen,ben dirán que mais ouv’ i”

V 554 f. 87v° B 967 f. 209r° (vv. 1-5)

3 muy / ta longada de gente V1 : Muyta longa da gente B de] da Nunes 4 alzando V : filcando B tantar V9 saía l’ alvor] (saya laluor) / saya laluor V 12 hypermetric? fort. mais delendum tal qu<e> i supplevi : tal

qi V : tal qu’ i Nunes2 15 Aly stiui V 21 nom <e>starey Braga : nõ starey V

1 The line division in V (our only source after B breaks off with Apertandosse in v. 5) often does not follow the rhyme schemeand breaks up words (alzan / do [v. 5], as cuytar / des [v. 19]).2 que resists elision (though nowhere else in the cantigas d’ amigo of Johan Airas does que occur before an initial i) and maiscould be cut.

586

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 1

Ben entendi, meu amigo,que mui gran pesar ouvestesquando falar non podestesvós noutro dia comigo,mais certo seed’, amigo, 5que non fui o vosso pesarque s’ ao meu podess’ iguar

Mui ben soub’ eu por verdadeque erades tan coitadoque non avia recado, 10mais, amigo, acá tornade,sabede ben por verdadeque non fui o vosso <pesarque s’ ao meu podess’ iguar>

Ben soub’, amigo, por certo 15que o pesar daquel diavosso, que par non avia,mais pero foi encoberto,e por en seede certoque non fui o vosso pesar 20<que s’ ao meu podess’ iguar>

Ca o meu non se pod’ osmarnen eu non o pudi negar

B 553 f. 124r°-v° V 156 f. 20v°

6 pesar] uesar V 7 ignar V 8 eu] en V 9 erates V coytado B : cuytado V 18 e~coberto B : entoberto V20 fui Nunes (cf. vv. 6, 13) : foy BV : foi Lang

Before this text we find the following rubric:E en <e>sta folha adeante se començan as cantigas d’ amigo que o mui Nobre Dom Denis Rei de Portugal fez

B E ensta ffolha a+deant’ sse cõmenca / as cantigas damigo q’ o muy +Nobre+ / Dom denis Rey de Portugal ffez

V Eensta ffolha adeane~ sse come~çã / as cãtigas da migo q’ o amy rpbre~ Dem / denis rey de portugal ffe(x)z

587

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 2

Amiga, muit’ á gran sazonque se foi daqui con el reimeu amigo, mais ja cuideimil vezes no meu coraçonque algur morreu con pesar, 5pois non tornou migo falar

Por que tarda tan muito láe nunca me tornou veer,amiga, si veja prazer,mais de mil vezes cuidei ja 10que algur morreu con pesar,<pois non tornou migo falar>

Amiga, o coraçon seuera de tornar ced’ aquiu visse os meus olhos en min, 15e por en mil vezes cuid’ euque algur morreu con pesar,<pois non tornou migo falar>

B 554 f. 124v° V 157 ff. 20v°-21r°

4 written on two lines in B1 5 Que B : O aie V moireu B : moneu V 7 fort. muit’ alá 9 s’ i Lang praxer B

10 mal V 16 mil (c) B

1 In V we find mil uezes nom eu coraçõ whereas B presents:Mil uezes ++ no meu coraçõ

588

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 3

Que trist’ oj’ é meu amigo,amiga, no seu coraçon,ca non pode falar migonen veer m’, e faz gran razonmeu amigo de trist’ andar, 5pois m’ el non vir e lh’ eu nembrar

Trist’ anda, se Deus mi valha,ca me non viu, e dereit’ é,e por esto faz sen falhamui gran razon, per bõa fe, 10meu amigo de trist’ andar,<pois m’ el non vir e lh’ eu nembrar>

D’ andar triste faz guisado,ca o non vi nen vio el minen ar oío meu mandado, 15e por en faz gran dereit’ imeu amigo de trist’ andar,<pois m’ el non vir e lh’ eu nembrar>

Mais Deus, como pode durarque ja non morreu con pesar? 20

B 555 f. 124v° V 158 f. 21r°

4 veer-m’ e distinx. Moura : veer-me. Lang after 6 (Outro R° se come~ca) B 8, 16 dereit’] deyt BV 10 boa B

13 fax B 19 come B

589

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 4

Dos que ora son na oste,amiga, querria saberse se verrán tard’ ou toste,por quanto vos quero dizer:por que é alá meu amigo 5

Querria saber mandadodos que alá son, ca o non sei,amiga, par Deus, de grado,por quanto vos ora direi:por que é alá meu amigo 10

E queredes que vos diga?se Deus bon mandado mi dé,querria saber, amiga,deles novas, vedes por que:por que é alá meu amigo 15

Ca por al non volo digo

B 556 ff. 124v°-125r° V 159 f. 21r°

1 Des V 2 q’iria B : queiria V 6 Queiria BV 7 ala BV : lá Braga (cf. Nobiling 1907b: 349; Cunha 1982: 53)

9 pr V : Pre B 10 ala B : la V 13 Queiria B : q’ria V 15 ala B : la V

590

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 5

Que muit’ á ja que non vejomandado do meu amigo,pero, amiga, pos migoben aqui, u mh ora sejo,que logo m’ enviaria 5mandad’ ou s’ ar tornaria

Muito mi tarda, sen falha,que non vejo seu mandado,pero ouve m’ el juradoben aqui, se Deus mi valha, 10que logo m’ enviaria<mandad’ ou s’ ar tornaria>

E que vos verdade diga,0el seve muito chorando,er seve por mi jurando 15u m’ agora sej’, amiga,que logo m’ enviariamanda<d’ ou s’ ar tornaria>

Mais, pois non ven nen enviamandad’, é mort’ ou mentia 20

B 557 f. 125r° V 160 f. 21r°-v°

2 this v. is repeated on the next line in B1 4 mh] m B 5 loco V 11 me~uiaria B : me muiaria ? V (me inuiaria Monaci)

1 After the first verse a line has been left blank. There follows:E. . . Mandado do meu amigoMandado|do meu amigo

591

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 6

Chegou m’ or’ aqui recado,amiga, do voss’ amigo,e aquel que falou migodiz mi que é tan coitadoque per quanta poss’ avedes 5ja o guarir non podedes

Diz que oje tercer diaben lhi partirades morte,mais ouv’ el coita tan fortee tan coitad’ er jazia 10que per quanta poss’ avedes<ja o guarir non podedes>

Con mal que lhi vós fezestesjurou mh, amiga fremosa,que, pero vós poderosa 15fostes del quanto quisestes,que per quanta poss’ avedes<ja o guarir non podedes>

E gran perda per fazedesu tal amigo perdedes 20

B 558 f. 125r° V 161 f. 21v°

3 que V : (che) q’ B 4 Dix B coytado B : cuytado V 6 possedes B 7 Dixz B 8 ptirades B : pertiradesV : partira Deus Michaëlis (1895a) 14 Jurou B : uirou V 19 preda V, Lang

vv. 5, 11, 17: posse (substantive) is not found elsewhere in Galego-Portuguese lyric.

592

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 7

O meu amig’, amiga, non quer’ euque aja gran pesar nen gran prazere quer’ eu este preit’ assi trager,ca m’ atrevo tanto no feito seu:non o quero guarir nen o matar 5nen o quero de mi desasperar

Ca, se lh’ eu amor mostrasse, ben seique lhi seria end’ atan gran benque lh’ averian d’ entender por enqual ben mi quer; [e] por end’ esto farei: 10non o quero guarir <nen o matarnen o quero de mi desasperar>

E, se lhi mostrass’ algun desamor,non se podia guardar de morte,tant’ averia én coita forte, 15mais, por eu non errar end’ o melhor,non o quero <guarir nen o matarnen o quero de mi desasperar>

E assi se pode seu tempo passar,quando con prazer, quando con pesar 20

B 559 f. 125r°-v° V 162 f. 21v°

2 plazer V 4 Cama treuo tanto B : cama ereuo tãdo V 5 Nono B : aono V 6 querõ V desaspar V7 mõstrasse B 9 auriam B : auiam V en] eu B 10 e seclusi 11, 17 Nono B : ao no V 19 not hypermetric(pace Cunha 1982: 34; cf. Lang, p. cxxii); fort. E ’ssi scribendum

593

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 8

Amiga, bon grad’ aja Deusdo meu amigo que [a] mi ven,mais podedes creer mui ben,quando o vir dos olhos meus,que possa aquel dia veer 5que nunca vi maior prazer

Aja Deus ende bon gradopor que o faz viir aqui,mais podedes creer per min,quand’ eu vir o namorado, 10que possa aquel dia veer<que nunca vi maior prazer>

B 560 f. 125v° V 163 f. 21v°

2 a del. Cunha (1982: 52) fort. ca mi ven 4 vir] uin V : ue~ B cf. v. 10 5 possa BV : poss’ Lang, fort. recte1

8 o] illeg. in B 9 mi~ BV

1 The subjunctive possa, if correct, could be explained by the introductory verb creer (Huber, par. 463), but Lang seems tothink we have an elided indicative poss’ (presumably for a future). In that case the reading might once have been poss aaquel,subsequently divided as possa aquel.

vv. 3-6: Either “you can believe... that on that day Ishall see that I never saw greater pleasure” or “... thatI shall see pleasure greater than I ever saw”.

vv. 3-6: Ou “podes crer... que nesse dia verei que nun-ca vi maior prazer” ou ... que hei-de ver maior prazerdo que alguma vez vi”.

594

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 9

Vós que vos en vossos cantares meuamigo chamades, creede benque non dou eu por tal enfinta ren,e por aquesto, senhor, vos mand’ euque, ben quanto quiserdes des aqui 5fazer, façades enfinta de mi

Ca demo lev’ essa ren que eu derpor enfinta fazer o mentiralde min, ca me non monta ben nen mal,e por aquesto vos mand’ eu, senher, 10que, ben <quanto quiserdes des aquifazer, façades enfinta de mi>

Ca mi non tolh’ a mi ren nen mi dáde s’ enfinger de mi mui sen razonao que eu nunca fiz se mal non, 15e por en, senhor, vos mand’ ora jaque, ben quanto quiserdes des aqui<fazer, façades enfinta de mi>

<E> estade com’ estades de mi,e enfingede vos ben des aqui 20

B 561 f. 125v° V 164 f. 22r°

1 uoss 9 B : uossa V 5 qiserdes B : uiserdes V 8 o<u> mentir al Lang 10 senher Michaëlis (1895a)1 : senhorBV 19 <E> Lang mi~ BV

v. 8: o mentiral (only here in Amigo), meaning ‘the liar’, is the subject of fazer, while the whole infinitive phraseis the object of the preposition por.

v. 9: cf. e esto a elles nõ montava muyto in Crónica Geral de Espanha de 1344, vol. IV, p. 306 (ed. Cintra).

v. 15 ao que: cf. Nunes, vol. III, p. 19 (the missing antecedent of o que must be understood as the subject of s’enfinger).

1 Cf. Ramos 1988: 621-637 (esp. 626-627, 634, 637). This would be the only occurrence of senher in the cantigas d’ amigo andmoreover in a text in which senhor occurs twice (vv. 4 and 16). The emendation of Michaëlis (accepted by Nunes and byCunha 1982: 50-51) was motivated by the lack of rhyme between der (v. 7) and senhor (v. 10). In vv. 7-8 Lang prints Ca demo lev’essa rem que eu der por / <tal> enfinta fazer o<u> mentir al – providing a rhyme, but ignoring the line break, adding tal, andcounting que eu as a single syllable.

595

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 10

Roga m’ oje, filha, o voss’ amigomuit’ aficado que vos rogasseque de vos amar non vos pesasse,e por en vos rog’ e vos castigoque vos non pes de vos el ben querer, 5mais non vos mand’ i, filha, mais fazer

E, u m’ estava en vós falandoe m’ esto que vos digo rogava,doí me del, tan muito chorava,e por en, filha, <vos> rog’ e mando 10que vos non <pes de vos el ben querer,mais non vos mand’ i, filha, mais fazer>

Ca de vos el amar de coraçonnon vej’ eu ren que vós i perçadessen i mais aver, mais guaanhades, 15e por esto, pola mha beençon,que vos non pes de vos el ben querer,<mais non vos mand’ i, filha, mais fazer>

B 562 f. 125v° V 165 f. 22r°

1 amig9 BV 2 rogasie V 4 por en vos] por eu u9 B : por eu(9) u9 V 10 <vos> Lang 14 re~ de q’ B : re~ cu

q’ ? V : de del. Lang (cf. Nunes, I, 393) 15 guaahades BV 16 beenzon V

596

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 11

Pesar mi fez meu amigo,amiga, mais sei eu que noncuidou el no seu coraçonde mi pesar, ca vos digoque ant’ el querria morrer 5ca mi sol un pesar fazer

Non cuidou que mi pesassedo que fez, ca sei eu mui benque do que foi non fora ren;por en sei, se én cuidasse, 10que ant’ el <querria morrerca mi sol un pesar fazer>

Feze o por encoberta,ca sei que se fora matarante ca mi fazer pesar, 15e por esto sõo certaque ant’ el querria mo<rrerca mi sol un pesar fazer>

Ca, de morrer ou de viver,sab’ el ca x’ é no meu poder 20

B 563 ff. 125v°-126r° V 166 f. 22r°

3 seu] se~ B 5 q’ria B : queria V cf. v. 17 10 pr V : Pre B én] en Moura1 : eu BV 15 ca mi Michaëlis (1895a) :q’ a mi~ BV : a del. Cunha (1982: 52) 16 sõo Lang : soo BV çerta B : çerca V 17 querria V : q’ria B 20 no]

nõ V

1 Lang and Nunes follow Moura. The confusion between eu and en is common and the change, though not absolutelynecessary, seems correct.

597

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 12

Amiga, sei eu ben du~a molherque se trabalha de vosco buscarmal a voss’ amigo, polo matar,mais tod’ aquest’, amiga, ela querpor que nunca con el pode põer 5que o podesse por amig’ aver

E busca lhi con vosco quanto malela mais pode, aquesto sei eu,e tod’ aquest’ ela faz polo seu,e por este preit<o> e non por al: 10por que nunca <con el pode põerque o podesse por amig’ aver>

Ela trabalha se, á gran sazon,de lhi fazer o vosso desamoraver, e á ende mui gran sabor, 15e tod’ est’, amiga, non é se nonpor que <nunca con el pode põerque o podesse por amig’ aver>

<E> por esto faz ela seu poderpera faze-lo con vosco perder 20

B 564 f. 126r° V 167 f. 22v°

1 Amigas sey BV cf. vv. 4, 16 5 poer BV 8 sei eu] se er V 10 preyt<o>, e Moura : p’yte B : pyte V 14 DelhiB : deli V 19 <E> Lang

598

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 13

Bon dia vi amigo,pois seu mandad’ ei migo,louçana

Bon dia vi amado,pois mig’ ei seu mandado, 5louçana

Pois seu mandad’ ei migo,rog’ eu a Deus e digolouçana

Pois migo ei seu mandado, 10rog’ eu a Deus de grado,louçana

Rog’ eu a Deus e digopor aquel meu amigo,louçana 15

<Rog’ eu a Deus de gradopor aquel namorado,louçana>

Por aquel meu amigo,que o veja comigo, 20louçana

Por aquel namorado,que fosse ja chegado,louçana

B 565 f. 126r°-v° V 168 f. 22v°

1 vi amigo Michaëlis (1895a) : vi, amigo Diez, Lang 4 amigo B 23 (s) fosse B 17 <aquel namorado> Nunes

(cf. v. 22) : <meu namorado> Michaëlis : <meu amado> Storck, Lang

599

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 14

Non chegou, madre, o meu amigo,e oj’ ést’ o prazo saido;ai madre, moiro d’ amor

Non chegou, madr’, o meu amado,e oj’ ést’ o prazo passado; 5ai madre, moiro d’ amor

E oj’ ést’ o prazo saido;por que mentiu o desmentido?ai madre, moiro d’ amor

E oj’ ést’ o prazo passado; 10por que mentiu o perjurado?ai madre, moiro d’ amor

Por que mentiu o desmentido,pesa mi, pois per si é falido;ai madre, moiro d’ amor 15

Por que mentiu o perjurado,pesa mi, pois mentiu per seu grado;<ai madre, moiro d’ amor>

B 566 f. 126v° V 169 f. 22v°

1 chegou (recado) B madreo B : madro V 8 me~tio B : mentio V 9, 12, 15 moyro damor V : om. B 11 pr V

: Pre B 13 E por BV : E del. Lang 14, 17 hypermetric 17 per] p BV : a Lang

600

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 15

– De que morredes, filha, a do corpo velido?– Madre, moiro d’ amores que mi deu meu amigo;(“Alva é, vai liero”)

– De que morredes, filha, a do corpo louçano?– Madre, moiro d’ amores que mi deu meu amado; 5(“Alva é, vai liero”)

Madre, moiro d’ amores que mi deu meu amigo,quando vej’ esta cinta que por seu amor cingo;(“Alva é, vai liero”)

Madre, moiro d’ amores que mi deu meu amado, 10quando vej’ esta cinta que por seu amor trago;(“Alva é, vai liero”)

Quando vej’ esta cinta que por seu amor cingoe me nembra fremosa como falou con migo;(“Alva é, vai liero”) 15

Quando vej’ esta cinta que por seu amor tragoe me nembra fremosa como falamos ambos;(“Alva é, vai liero”)

B 567 f. 126v° V 170 f. 23r°

3 liero V hapax legomenon1 : lieto B 4 De] Do BV 8 ueiesta B : ueesta V

1 liero is explained by Diez (1863: 99; cf. Lang, p. 134) as a variant of ligeiro with the loss of (secundary) intervocalic g. Themeaning of the verse is much disputed. It is not certain how this should be punctuated or understood, nor to whom itshould be assigned (to the girl or to some other voice). Lapa (1982: 156) may be right to understand Alva é, vai liero! The 2nd

person singular imperative, if correct, would mean that we are dealing with a citation.

v. 3: Apparently means: “It’s dawn, go quickly!” v. 3: Aparentemente significa: “Está a amanhecer, vaidepressa!”

601

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 16

– Ai flores, ai flores do verde pino,se sabedes novas do meu amigo?ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado? 5ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo?aquel que mentiu do que pos con migo,ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado? 10aquel que mentiu do que mh á jurado,ai Deus, e u é?

– Vós me preguntades polo voss’ amigoe eu ben vos digo que é san’ e vivo– Ai Deus, <e u é>? 15

– Vós me preguntades polo voss’ amadoe eu ben vos digo que é viv’ e sano– Ai Deus, e u é?

– E eu ben vos digo que é san’ e vivoe será vosco ant’ o prazo saido 20– Ai Deus, e u é?

– E eu ben vos digo que é viv’ e sanoe será vosc<o> ant’ o prazo passado– Ai Deus, e u é?

B 568 ff. 126v°-127r° V 171 f. 23r°

4 flores2] f(o)lores V 5 sabede B 8 p9 cõmigo B : mha iurado V 9, 12, 18, 21, 24 e hu e V : om. B 11 mha iuradoB : p9 cõmigo V 13-15 om. V 13 amigo] amado B 20 será Braga (cf. v. 23) : seera BV 23 vosc<o> supplevi; cf. v. 20

It would appear that the verses in the body of the strophe scan 10’ in strophes I-IV, but 11’ in strophes V-VIII(assuming hiatus in v. 20 vosco | ante [hence vosc<o> in v. 23]). But (though that is the opinion of Lapa [1929a:338-339]) Lang, Tavani and others assume that the scansion is 10’ throughout. To get this count, one must:(1) read que é as one syllable (against the 13th century norm) in vv. 14, 17, 19 and 22 (Lang, p. cxxii); (2) take poloas one syllable in vv. 13 and 16 (so Lang, p. 174); and (3) take vosc’ ant’ o as three syllables in vv. 20 and 23. Thisanalysis not only preserves a constant meter but also leaves a regular pause after the 6th syllable in eachverse (in vv. 20 and 23 this pause seems less natural [e será vosc’ ant’ o || prazo passado] but is still acceptable).

602

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 17

Levantou s’ a velida,levantou s’ <aa> alva,e vai lavar camisaseno alto,vai las lavar <a> alva 5

Levantou s’ a louçana,levantou s’ <aa> alva,e vai lavar delgadaseno alto,vai las lavar <a alva> 10

<E> vai lavar camisas;levantou s’ <aa> alva;o vento lhas desviaeno alto,vai las lavar <a> alva 15

E vai lavar delgadas;levantou s’ <aa> alva;o vento lhas levavaeno altovai las lavar <a alva> 20

O vento lhas desvia;levantou s’ <aa> alva,meteu s’ <a> alva en iraeno alto,vai las lavar <a alva> 25

O vento lhas levava;levantou s’ <aa> alva;meteu s’ <a> alva en sanhaeno alto,vai las lavar <a alva> 30

B 569 f. 127r° V 172 f. 23r°-v°

2, 7, 12, 17, 22, 27 <aa> alva supplevi1 : alua BV : á alva Michaëlis (1895a) 5 <a> alva Michaëlis (1895a): Alua B :alua V 8 delgadis V 10 las] la B 11 Vay B : Voy V 15 <a> alva : alua BV 20 Vay B : uya V 21 desuya V: deuya B 23, 28 <a> alva Michaëlis (1895a) : alua BV

603

500 Cantigas d’ Amigo

By correcting problems of syntax (and sense) we come up with a strophe scanning 6’ 6’ 6’ 3’ 6’ (not 6’ 4’ 6’ 3’ 5’ asin Tav., Rep. [119:1]).

1 Lorenzo 1977, s.v. alua, cites an example of aa alua do dia. Cf. B 365 (=CA 424 [Cogominho]), v. 9 aa noite.

vv. 2, 4, etc.: <aa> alva means “in the dawn”; <a> alvais “the white (lustrous, virgin) one” (the girl).

vv. 2, 4, etc.: <aa> alva significa “de madrugada”; <a>alva é “a rapariga que é branca (luminosa, virgem)”.

604

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 18

Amig’ e meu amigo,valha Deus,vede-la frol do pinhoe guisade d’ andar

Amig’ e meu amado, 5valha Deus,vede-la frol do ramoe guisade d’ andar

Vede-la frol do pinho,valha Deus, 10selad’ o baiosinhoe guisade <d’ andar>

Vede-la frol do ramo,valha Deus,selad’ o bel cavalo 15e guisade <d’ andar>

Selad’ o baiosinho,valha Deus,treide vos, ai amigo,e guisade d’ andar 20

<Selad’ o bel cavalo,valha Deus,treide vos, ai amado,e guisade d’ andar>

B 570 f. 127r°-v° V 173 f. 23v°

1 Amigue meu amigo BV : Amad’ e meu amigo Lang1 2 ualha de9 BV copied on first line of strophe (likewisethroughout) 3 uedela V : Vedel(h)a B 6 Deus] d’s B : de V 7 do] del B 9 de V 11 bayo rinho B : hayo

rinho V 13 de V 17 Salad V bayori~o BV 21-24 suppl. Storck (cf. vv. 15, 19)

1 After Moura (Amigo, meu amigo) and Braga (Amigu’e, meu amigo) nearly all editors follow Lang. Cf. Cohen 1987: 112, n. 31.

605

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 19

O voss’ amigo tan de coraçonpon ele en vós seus olhos e tan ben,par Deus, amiga, que non sei eu queno veja que non entenda que nonpod’ el poder aver d’ aver prazer 5de nulha ren se non de vos veer

E quen ben vir com’ el seus olhos ponen vós, amiga, quand’ ante vós ven,se xi non for mui minguado de sen,entender pode del mui ben que non 10pod’ el poder aver d’ aver prazer<de nulha ren se non de vos veer>

E quand’ el ven u vós sodes, razonquer el catar que s’ encobra, e tenque s’ encobre, pero non lhi val ren, 15ca nos seus olhos entenden que nonpod’ el po<der aver d’ aver prazerde nulha ren se non de vos veer>

B 570 bis f. 127v° V 174 f. 23v° (cf. B 523 f. 117r° V 116 f. 13v°)

2 tã B : rã V 4 veja correxi (ex V 116, v. 4 ueia) : uera BV : verá Moura, Lang, Nunes 8 vós2] uos B : nos V9 mignado B 10 pode Lang : Pode~ B : poden V mui bem d’el Lang (ex. V 115, v. 14 muy be~ del) 14 cat’r B: cati~ V 16 ente~de~ B : entender V

NOTE ON B 570 bis / V 174: This poem has also been transmitted in both B and V among the cantigas d’ amor ofDon Dinis. That version, corrupt in both MSS, contains some notable variants (including the inversion of thelast two strophes). Rather than put them in the apparatus I offer transcriptions:

B 523 f. 117r°

O uos amigo tã de coraçõ+ el em uos seus olhosE tam be~ par deus amig9

Que no ++Que nõ podel poder auer dauerPraxer de (mha) nulha re~

Se non de u9 Vee

E quãdo el ue~ hu uos fodes razõQ’r el catar qui se encobra ete~

606

500 Cantigas d’ Amigo

Q’ se cobre pero nõ lhe ual ual re~

+ olhos ente~de~ q’ nõ pod el foder

E que~ le~ uiuer como el seus olhos põEn uos amiga q’udo ante uos ue~

Se nõ for cõ muy grã meng’ desemEntender pode~ muy bem –Del q’ri~o podel poder au’

V 116 f. 13v°

O uos q migo tã de toratompom el em uos seus olhos e tã be~

par de9 & miga q’ nõ

ueia q nom em te~da q’ no podelpoder auer dauer prazerde nulha rem se nõ de u9 ueer

E quãdo el ue~ hu uos sodes (n)eõs *q’r el catar q’ se encobra ere~

q’se~ cobre po nõlhe ual põtanos fr9 olhos ente~de~ q’ nõ podel poder

E que~ ele~ uiuer tomo el se9 olhos põe~ uos amiga q’ndo arae uos ue~

se nõ for cõ muy g’m meng’ desementender pode~ muy be~ del q’ nõ

podel poder au.

607

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 20

Com’ ousará parecer ante mio meu amig’, ai amiga, por Deus,e com’ ousará catar estes meusolhos, se o Deus trouxer per aqui,pois tan muit’ á que non ve~o veer 5mi e meus olhos e meu parecer

Amiga, ou como s’ atreveráde m’ ousar sol dos seus olhos catar,se os meus olhos vir un pouc’ alçar,ou no coraçon como o porrá? 10pois tan muit’ á que non ve~o veer<mi e meus olhos e meu parecer>

Ca sei que non terrá el por razon,como quer que m’ aja mui grand’ amor,de m’ ousar veer nen chamar senhor 15nen sol non o porrá no coraçon,pois tan muit’ á que non ve~o <veermi e meus olhos e meu parecer>

B 571 f. 127v° V 175 f. 23v°

1 Cam B 3 õsara B 5 non Moura : n9 B : u9 V ueo BV 11 non] u9 BV ueo BV 16 nono B : nouo V

17 non] u9 BV

608

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 21

– En grave dia, senhor, que vos oífalar e vos viron estes olhos meus– Dized’, amigo, que poss’ eu fazer ien aqueste feito, se vos valha Deus?– Faredes mesura contra mi, senhor 5– Farei, amigo, fazend’ eu o melhor

– U vos en tal ponto eu oí falar,senhor, que non pudi depois ben aver– Amigo, quero vos ora preguntarque mi digades o que poss’ i fazer 10– Faredes mesura contra mi, senhor,– <Farei, amigo, fazend’ eu o melhor>

– Des que vos vi e vos oí falar, <non>vi prazer, senhor, nen dormi nen folguei– Amigo, dizede, se Deus vos perdon, 15o que eu i faça, ca eu non o sei– Faredes mesura contra mi, <senhor– Farei, amigo, fazend’ eu o melhor>

B 572 f. 127v° V 176 ff. 23v°-24r°

3 fazer hi transpos. Diez : hi fazer BV 5, 11, 17 Faredes Braga : E aredes B : earedes V 10 poss’ i] possy V :posso B 13 <non> Braga (following Moura, who prints Non at the beginning of v. 14) 14 praxer B 15 dizedes V

pardon B

609

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 22

– Amiga, faço me maravilhadacomo pode meu amigo viveru os meus olhos non pode veerou como pod’ alá fazer tardada,ca nunca tan gran maravilha vi: 5poder meu amigo viver sen mi;e, par Deus, é cousa mui desguisada

– Amiga, estad<e> ora caladaun pouco, e leixad’ a min dizer:per quant’ eu sei cert’ e poss’ entender, 10nunca no mundo foi molher amadacome vós de voss’ amig’, e assi,se el tarda, sol non é culpad’ i;se non, eu quer’ én ficar por culpada

– Ai amiga, eu ando tan coitada 15que sol non poss’ en mi tomar prazercuidand’ en como se pode fazerque non é ja comigo de tornada,e, par Deus, por que o non vej’ aqui,que é morto gran sospeita tom’ i, 20e se mort’ é, mal dia eu fui nada

– Amiga fremosa e mesurada,non vos dig’ eu que non pode seervoss’ amigo, pois om’ é, de morrer,mais, por Deus, non sejades sospeitada 25doutro mal del, ca des quand’ eu naci,nunca doutr’ ome tan leal oífalar, e quen end’ al diz non diz nada

B 573 f. 128r° V 177 f. 24r°

3 hu os V : Hu (h) os B pode Nunes : pode~ B : poden V 1 8 estad<e> ora Lang : estadora BV 9 po’co B

17 e~ B : eu V 20 tomi B : tom V 25 seiades V : seyades B

1 Lang prints nom <o> pódem veer, which is hypermetrical. Nunes (whom I follow here) takes the boy as subject and the eyesas object (of veer). Were we to read (not very plausibly) with the MSS, the eyes would be the subject, and veer would beintransitive.

610

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 23

O voss’ amig’, amiga, vi andartan coitado que nunca lhi vi parque adur mi podia ja falar,pero quando me viu, disse mh assi:“Ai senhor, id’ a mha senhor rogar, 5por Deus, que aja mercee de mi”

El andava trist’ e mui sen sabor,come quen é tan coitado d’ amor,e perdud’ <á> o sen e a color,pero quando me viu, disse mh assi: 10“Ai senhor, ide rogar mha senhor,por Deus, que aja mercee de mi”

El, amiga, achei eu andar talcome morto, ca é descomunalo mal que sofr’ e a coita mortal, 15pero quando me viu, disse mh assi:“Senhor, rogad’ a senhor do meu mal,por Deus, que mercee aja de min”

B 574 f. 128r° V 178 f. 24r°-v°

1 ui andar V : mandar B 9 perdud’ <a> o Monaci : perdudo B : pdudo V e a] ea V : ca B 12 mi B : mi~ V15 sofr’ e a Braga (sofre, e a iam Moura) : sofre a BV 16 uyo BV cf. vv. 4, 10 (where both MSS have uyu) 18 merceeaia BV : aja mercee transpos. Nunes1

1 Nunes inverts the order of these two words to match the corresponding verse in the first two strophes. Variation in arefrain is rare (and sometimes illusory) but genuine, and here, since the fifth verse of each strophe varies, though within avery narrow range, variation in the last verse of the final strophe is at least plausible.

611

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 24

– Amigo, queredes vos ir?– Si, mha senhor, ca non poss’ alfazer, ca seria meu male vosso; por end’ a partirmi conven daqueste logar, 5mais que gran coita d’ endurarmi será, pois me sen vós vir

– Amig’, e de min que será?– Ben, senhor bõa e de prez,e, pois m’ eu for daquesta vez, 10o vosso [mui] ben se passará,mais morte m’ é de m’ alongarde vós e ir m’ alhur morar,mais pass’ o voss’ u~a vez ja

– Amig’, eu sen vós morrerei 15– Non querrá Deus esso, senhor,mais, pois u vós fordes non for,o que morrerá eu serei;mais quer’ eu ant’ o meu passarca assi do voss’ aventurar, 20ca eu sen vós de morrer ei

– Queredes mh, amigo, matar?– Non, mha senhor; mais, por guardarvos, mato mi, que mho busquei

B 575-576 f. 128r°-v° V 179 f. 24v°

after 7 El Rey don denis B 11 mui del. Michaëlis (1895a) se delere voluit Nunes (III, 33) 14 pass’ o vosso Lang(p. 136; cf. B 1231 / V 836 [Baveca], v. 21 se non que pass’ o voss’ u~a vez ja) : Poys euos B : poys euos V 16 Non]Nono B : nono V querrá Deus Nobiling : q’rra d’s V : q’ira d’s B : queirades Lang1 23 mays B : maye V

24 uos BV

1 Lang reads Nom o queirades, criticized by Michaëlis (1895a: 530). Nunes prints Non querrá Deus. Non queira Deus is also possible.

612

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 25

– Dizede por Deus, amigo:tamanho ben me queredescomo vós a mi dizedes?– Si, senhor, e mais vos digo:non cuido que oj’ ome quer 5tan gran ben no mund’ a molher

– Non creo que tamanho benmi vós podessedes querercamanh’ a mi ides dizer– Si, senhor, e mais direi én: 10non cuido que oj’ ome quer<tan gran ben no mund’ a molher>

– Amig’, eu non vos creerei,fe que dev’ a Nostro Senhor,que m’ avedes tan grand’ amor 15– Si, senhor, e mais vos direi:non cuido que oj’ ome quer<tan gran ben no mund’ a molher>

B 577 f. 128v° V 180 f. 24v°

1 de9 V : me9 B 3 Como(s) B uos B : nos V 8 Possededes B 13 creerey B : creerer V 14 fe] se V

15 g’nd B : g’m V 17 q’r B : q’z V

613

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 26

– Non poss’ eu, meu amigo,con vossa soidadeviver, ben volo digo,e por esto morade,amigo, u mi possades 5falar e me vejades

Non poss’, u vos non vejo,viver, ben o creede,tan muito vos desejo,e por esto vivede, 10ami<go, u mi possadesfalar e me vejades>

Naci en forte pontoe, amigo, partideo meu gran mal sen conto, 15e por esto guaride,amigo, <u mi possadesfalar e me vejades>

– Guarrei, ben o creades,senhor, u me mandardes 20

B 578 f. 128v° V 181 ff. 24v°-25r°

20 mandardes Lang : mãdardes B : mandar d’s V : mandades Braga1

1 This emendation, defended by Michaëlis (1895a) and adopted by Nunes, would yield an exact rhyme, but mandardes isprobably sound. The boy responds to the girl’s discourse, in which the rhymes are exact, with an inexact rhyme characteristicof many “traditional” parallelistic cantigas d’ amigo. Moreover, mandardes, on the one hand lectio difficilior (why would a performerchange an exact rhyme to an inexact one, or a scribe insert the rarer form?), is better syntax too (because it follows guarreiand because u me mandardes is an indefinite adverbial clause).

614

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 27

Por Deus, amigo, quen cuidariaque vós nunca ouvessedes poderde tan longo tempo sen mi viver?e des oi mais, par Santa Maria,nunca molher deve, ben vos digo, 5muit’ a creer per juras d’ amigo

Dissestes mh u vos de min quitastes:“Log’ aqui serei con vosco, senhor”;e jurastes mi polo meu amor,e des oi mais, pois vos perjurastes, 10nunca molher deve, ben <vos digo,muit’ a creer per juras d’ amigo>

Jurastes m’ enton muit’ aficadoque logo logo sen outro tardarvos queriades pera mi tornar, 15e des oi mais, ai meu perjurado,nunca molher deve, ben vos digo,<muit’ a creer per juras d’ amigo>

E assi farei eu, ben vos digo,por quanto vós passastes comigo 20

B 579 ff. 128v°-129r° V 182 f. 25r°

6 per juras Moura, Nunes : p iuras B : periuras V : perjuras Lang1 7 Disseste B 9 iurastes V : iuraste B 15 vosNunes : V9 B : u9 V : vós Lang 20 possastes V

v. 20: Among the senses of passar given by Mettmann (s.v.) we find “transgredir” (CSM 392.38 passou a postura;

411.110 non passedes de Deus seu mandamento) and “ultrapassar, exceder” (137.8 luxuria, que passava razon e maneira).

1 perjuras (Lang) appears to be a phantom word; the construction is rather creer per juras. Cf. (in Dinis) creede per min in B 560/ V 163, v. 7 and B 583 / V 186, v. 10.

615

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 28

O meu amigo á de mal assaztant’, amiga, que muito mal per é,que no mal non á mais, per bõa fe,e tod’ aquesto vedes que lho faz:por que non cuida de mi ben aver, 5viv’ en coita, coitado per morrer

Tanto mal sofre, se Deus mi perdon,que ja eu, amiga, del doo ei,e, per quanto de sa fazenda sei,tod’ este mal é por esta razon: 10por que non cuida de mi ben aver,<viv’ en coita, coitado per morrer>

Morrerá desta, u non pod’ aver al,que toma en si tamanho pesarque se non pode de morte guardar 15e, amiga, ven lhi tod’ este malpor que non cuida de mi <ben aver,viv’ en coita, coitado per morrer>

Ca, se cuidasse de mi ben aver,ant’ el queria viver ca morrer 20

B 580 f. 129r° V 183 f. 25r°

3 boa BV 4 lo B 6 Viuen B : uyuer V 7 sofro BV : corr. Lang pdon V : pardõ B 11 mi~ BV 17 mi~ B20 q’ria BV1

1 If the reading (maintained by Lang and Nunes) is correct, this would be a modal imperfect, equivalent to a conditional,answering to a perfect subjunctive in a contrary to fact condition. But elsewhere, where a similar modal imperfectwould appear to be documented, we sometimes find a discrepancy in the MSS between queria and querria. Cf., in thecantigas d’ amigo of Dinis, B 556 / V 159, vv. 2, 6, 13 and B 563 / V 159, vv. 5, 18. In both those texts I have chosen querria on thestrength of the manuscript evidence. But note, for instance, that in the latter text, at v.5, both MSS read q’ria (as here), whileat v. 18, where B offers the same form, V reads querria. See also B 588 / V 19, v. 12.

616

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 29

Meu amigo, non poss’ eu guarecersen vós nen vós sen mi, e que seráde vós? mais Deus, que end’ o poder á,lhi rog’ eu que El quera escolherpor vós, amigo, e des i por mi 5que non moirades vós nen eu assi

como morremos, ca non á mesterde tal vida avermos de passar,ca mais vos valrria de vos matar,mais Deus escolha, se a El prouguer, 10por vós, amigo, e des i por mi<que non moirades vós nen eu assi>

como morremos, ca ena maiorcoita do mundo nen-<n>a mais mortalvivemos, amigo, e no maior mal, 15mais Deus escolha, come bon senhor,por vós, amigo, e des i <por mique non moirades vós nen eu assi>

como morremos, ca, per bõa fe,mui gran temp’ á que este mal passou 20per nós, e passa, e muito durou,mais Deus escolha, come quen Ele é,por vós, amigo, e des i por mi<que non moirades vós nen eu assi>

como morremos, e Deus ponha i 25conselh’, amigo, a vós e a min

B 581 f. 129r° V 184 f. 25r°-v°

3 mays d’s B : mais a| de9 V end’] and B 7 morrems V : moiremus B 9 vos1] u9 B : n9 V : nos Moura1

ualiria BV 11 uos V : om. B amigo, e] amigue BV 14 mund’ ou en-a Lang nen-<n>a addidi2 : nena B

: uena V 15 amiga BV 16 senor B 23 amig9 B

1 Braga, Lang and Nunes print ca mais nos valrria de nos matar but both MSS have u9 in the second position and only V supports

nos in the first. In this context “We might as well kill ourselves” may seem to fit better than “You might as well kill yourself”,but I know of no other passage where a girl suggests a double suicide. In the cantigas d’ amigo and d’ amor it is the prospectivesuicide of the boy (or trobador) that is commonplace. Moura, without sociological (or, for that matter, morphological ormetrical) compunctions, prints Ca mays nos valeria de nos matar.

617

500 Cantigas d’ Amigo

2 nen is here a non-negative coordinating conjunction. Cf. Pellegrini 1959: 110 (note ad. vv. 22-23): “Sebbene le grammatichesolitamente ne tacciano, nel portoghese antico e nello spagnolo antico (come in provenzale [...]) quando una proposizionenegativa viene coordinata a una precedente, negativa o positiva, si ha, in vece di e, un nen...”. See nen in the glossaries ofLapa (“valores equivalentes, mais ou menos a ou e á copulativa e”) and Mettmann.

618

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 30

Que coita ouvestes, madr’ e senhor,de me guardar que non possa veermeu amig’ e meu ben e meu prazer,mais, se eu posso, par Nostro Senhor,que o veja e lhi possa falar, 5guisar lho ei, e pes a quen pesar

Vós fezestes todo vosso poder,madr’ e senhor, de me guardar que nonvisse meu amig’ e meu coraçon,mais, se eu posso, a todo meu poder, 10que o veja e lhi possa falar,<guisar lho ei, e pes a quen pesar>

Mha morte quisestes, madr’, e non al,quand’ aguisastes que per nulha reneu non viss’ o meu amig’ e meu ben, 15mais, se eu posso, u non pod’ aver al,que o veja e lhi possa falar,<guisar lho ei, e pes a quen pesar>

E se eu, madr’, esto poss’ acabar,o al passe como poder passar 20

B 582 f. 129v° V 185 f. 25v°

5 falhar V 6 lhoey B : lhey V 11 o om. B 13 madr’, e distinx. Michaëlis (1895a) : madre, Lang 14 Quand B: quant V 16 nõ V : noel B 19 esto B : es..o V (estro Monaci) 20 passe ? V : posse B

619

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 31

Amig’ e fals’ e desleal,que prol á de vos trabalhard’ én a mha mercee cobrar,ca tanto o trouxestes malque non ei de vos ben fazer, 5pero m’ eu quisesse, poder

Vós trouxestes o preit’ assicome quen non é sabedorde ben nen de prez nen d’ amor,e por en creede per min 10que non ei de vos ben fazer,<pero m’ eu quisesse, poder>

Caestes en tal <o>cajonque sol conselho non vos sei,ca ja vos eu desemparei 15en guisa, se Deus mi perdon,que non <ei de vos ben fazer,pero m’ eu quisesse, poder>

B 583 f. 129v° V 186 f. 25v°

1 Amigu e dist. Machado : Amigue BV : Amigo Lang, fort. recte : Amigo, e Moura 3 d’ em a Lang (= d’ én a) : Dena B : dena V : de a Nunes (III, 41) : de<s> d’ a Lapa1 : de na Nunes (II, 35) 11 uos V : ues B 13 <Vós> caestesLang; cf. v. 7 <a>tal Lapa <o>cajon Michaëlis (1895a), Nunes, probante Pellegrini (1933) : caiõ BV : cajon def.Lapa (1965: 239) 16 mi perdõ V : mi~ pardõ B

1 Lapa (1982: 156-157) evidently does not understand Lang’s reading, which adheres to the manuscripts, is defended in a note(“Em ‘dafür’ bezieht sich hier auf ein aus den adjectiven fals e desleal zu ergänzendes substantiv falsidade oder deslealdade”[1894: 137]), and has been printed here. Thus, though Lapa is willing to accept that en may be an adverb (as Lang intended),he makes several proposals to correct a passage he rightly considers badly handled by Nunes (de na with two prepositions).In its only other appearances in the cantigas d’amigo we find trabalhar construed with de (B 564 / V 167 [Dinis], vv. 2-3 que setrabalha de vosco buscar / mal a voss’ amigo and 13-15 Ela trabalha se, á gran sazon, / de lhi fazer o vosso desamor / aver...). Hence Lapasuggests que prol á de vos trabalhar-/des d’ a mia mercee cobrar. This would presuppose a unique example of word-break betweenlines in the cantigas d’amigo, though cf. e.g. Dinis-24, vv. 23-24 guardar- / vos (we have many examples elsewhere in Galego-Portuguese lyric, more in CSM than in CEM or Amor). In defending trabalhar- / des here, Lapa writes: “A lição dos manuscriptosimpõe necessariamente o uso do verbo no modo pessoal” (1982: 156). Meanwhile, he is right that we also find the constructionwith en as in B 151 (=CA 61 [M. Soares]), vv. 17-18 e por esto non mh á mester / de trabalhar en vos fogir. Hence two other suggestions:trabalhar- / des en and trabalhar / en-na (preposition plus article). Finally, Lapa proposes a slight transposition in v. 2, reading queprol vos á de trabalhar / en-na mha mercee cobrar. This would perhaps be the most elegant ‘solution’ if there is really a problem.

vv. 3-4: “What’s the point of your working to win my

pardon for that [én = for your treachery, disloyalty])?”

vv. 3-4: “Para quê esforçares-te para conseguires omeu perdão por isso [én = pela tua traição, desleal-

dade])?”

620

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 32

Meu amigo ven oj’ aquie diz que quer migo falare sab’ el que mi faz pesar,madre, pois que lh’ eu defendique non fosse per nulha ren 5per u eu foss’, e ora ven

aqui, e foi pecado seude sol põer no coraçon,madre, passar mha defenson,ca sab’ el que lhi mandei eu 10que non fosse per nulha ren<per u eu foss’, e ora ven>

aqui, u eu con el faleiper ante vós, madr’ e senhor,e oi mais perde meu amor, 15pois lh’ eu defendi e mandeique non fosse per nulha ren<per u eu foss’, e ora ven>

aqui, madr’, e pois fez mal sen,dereit’ é que perça meu ben 20

B 584 f. 129v° V 187 f. 25v°

4 lheu V : lhi eu B 8 põer Nunes : poner BV, Lang 13 eu] ea V 20 dereit’] Deyt B : deyt V perca V, Lang;def. Michaëlis (1895a)

621

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 33

Quisera vosco falar de grado,ai meu amig’ e meu namorado,mais non ous’ oj’ eu con vosc’ a falar,ca ei mui gran medo do irado;irad’ aja Deus quen me lhi foi dar 5

En cuidados de mil guisas travopor vos dizer o con que m’ agravo,mais non ous’ oj’ eu con vosc’ a falar,ca ei mui gran medo do mal bravo;mal brav’ aja Deus quen me lhi foi dar 10

Gran pesar ei, amigo, sofrudopor vos dizer meu mal ascondudo,mais non ous’ oj’ eu con vosc’ a falar,ca ei mui gran medo do sanhudo;sanhud’ aja Deus quen me lhi foi dar 15

Senhor do meu coraçon, cativosodes en eu viver con que<n> vivo,mais non ous’ oj’ eu con vosc’ a falar,ca ei mui gran medo do esquivo;esquiv’ aja Deus quen me lhi foi dar 20

B 585 f. 130r° V 188 f. 26r°

7 uos BV 17 em eu Moura : emeu BV que<m> Michaëlis (1895a) : q’ BV : que Lang

v. 17: Lang, noting that en is causal, translates: “Weil ich mit dem leben muss, mit welchem ich lebe” (p. 137).

622

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 34

Vi vos, madre, con meu amig’ aquioje falar e ouv’ én gran prazerpor que o vi de cabo vós ergerled’, e tenho que mi faz Deus ben i,ca, pois que s’ el ledo partiu daquen, 5non pode seer se non por meu ben

Ergeu se ledo e riio ja que,o que mui gran temp’ á que el non fez,mais, pois ja esto passou esta vez,fic’ end’ eu leda, se Deus ben mi dé, 10ca, pois que s’ el ledo partiu daquen,<non pode seer se non por meu ben>

El pos os seus olhos nos meus enton,quando vistes que xi vos espediu,e tornou contra vós led’ e riio, 15e por end’ ei prazer no coraçon,ca, pois que s’ el ledo partiu daquen,<non pode seer se non por meu ben>

E, pero m’ eu da fala non sei ren,de quant’ eu vi, madr’, ei gran prazer én 20

B 586 f. 130r° V 189 f. 26r°

15 tornó V 20 en] e~n B til cancelled (with two thin strokes)

vv. 7, 15 riio: This form scans bisyllabic (cf. Lang, p. cxxi riír) in both verses (with hiatus [at a pause] in v. 6 ledo| e riio and with elision in v. 15 led’ e riio). We find the same scansion twice in Lopo Liãs: B 1345 / V 952 (=CEM259), v. 8 de que riiu a bela; and B 1346 / V 953 (=CEM 260), v. 3 riiu-s’ el Rei e mia esposa de mi (where Pellegrini

[1969: 22] marks both the bisyllabic pronunciation riíu and the subsequent elision [mha_esposa]).

623

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 35

Gran temp’ á, meu amigo, que non quis Deusque vos veer podesse dos olhos meus,e non pon, con tod’ esto, en mi os seusolhos mha madr’, amig’, e, pois ést’ assi,guisade de nos irmos, por Deus, daqui, 5e faça mha madr’ o que poder des i

Non vos vi á gran tempo nen se guisou,ca o partiu mha madr<e>, a que pesoudaqueste preit’, e pesa, e min guardouque vos non viss’, amig’, e, pois ést’ assi, 10guisade <de nos irmos, por Deus, daqui,e faça mha madr’ o que poder des i>

Que vos non vi á muito, e nulha rennon vi des aquel tempo de nen un ben,ca o partiu mha madr<e>, e fez por en 15que vos non viss’, amig’, e, pois ést’ assi,guisade de nos irmos, por Deus, daqui,<e faça mha madr’ o que poder des i>

E, se <o> non guisardes mui ced’ assi,matades vos, amig’, e matades min 20

B 587 f. 130r°-v° V 190 f. 26r°

1 quis] gs V 5, 17 n9hirm9 B : u9hum9 V 6 mha] ma B 8 madr<e> a Lang : madra BV 13 muyto V : muyta B

15 o] u V madr<e>, e Lang : madre BV 19 <o> Lang 20 uos BV : vós Lang

624

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 36

Valer vos ia, amigo, <meu ben>,se [oj’] eu ousasse, mais vedes quenme tolhe daquest’ e non al:mha madre, que vos á mortaldesamor, e, con este mal, 5de morrer non mi pesa<ria>

Valer vos ia, par Deus, meu ben,se eu ousasse, mais vedes quenme tolhe de vos non valer:mha madre, que end’ á poder 10e vos sabe gran mal querere por en mha morte queria

B 588 f. 130v° V 191 f. 26v°

1 <meu ben> malim : <e meu ben> Michaëlis (1895a)1 2, 8 se ousasse Nunes 2 oj’ seclusi que~ B : que V3 me Michaëlis (1895a) : mho BV Tolle B 4, 10 mha] Ma B madre BV : madr’é Braga, Lang 6 peza<ria>Braga : pesa BV 7 par om. V 10 end’ á Nobiling (1907b: 348)2 : endo BV : end’ <a> o Lang 12 q’ria BV :quer<r>ia Lang, Nunes3

The strophic form seems to be AAbbbc (unparalleled in medieval Galego Portuguese lyric; cf. Tav. Rep. 45:1),

apparently scanning 9 9 8 8 8 8’. (In v. 2 [and also v. 8] we can get 10 syllables if we include oj’).

1 In a note, Lang (p. 138) suggests putting bem at the end of v. 1 (in his text the line ends with oj’). In both B and V the firsttwo lines end with ousasse and al respectively (cf. Lang’s note on p. 174 ad CXII [vv. 2281-2]).2 Cunha (1982: 49) makes a second, tempting suggestion: Mya madre, que end’ o poder / á, vos sabe gran mal querer. A corruptionof Au9 to E u9 (B) or eu9 (V) is plausible, and the enjambment would parallel that of desamor at the corresponding place in thefirst strophe. Cf. B 581 / V 184 (Dinis), v. 3 que end’ o poder á.3 The potential quer<r>ia would match the mood of pesa<ria> in v. 6. queria, if correct, is a modal imperfect. Cf. B 580 / V 183(Dinis), v. 20 and note.

625

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 37

Pera veer meu amigo,que talhou preito comigo,alá vou, madre

Pera veer meu amado,que mig’ á preito talhado, 5alá vou, madre

Que talhou preito comigo;é por esto que vos digo:alá vou, madre

Que mig’ á preito talhado; 10é por esto que vos falo:alá vou, madre

B 589 f. 130v° V 192 f. 26v°

after 6 (Que miga p’yto talhado) V

626

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 38

Chegou mh, amiga, recadodaquel que quero gran ben,que, pois que viu meu mandado,quanto pode viir, ven,e and’ eu leda por en 5e faço muit’ aguisado

El ven por chegar coitado,ca sofre gran mal d’ amor,er anda muit’ alongadod’ aver prazer nen sabor, 10se non ali u eu for,u é todo seu cuidado

Por quanto mal á levado,amiga, razon fareide lhi dar end’ algun grado, 15pois ven como lh’ eu mandei,e log’ el será, ben sei,do mal guarid’ e cobrado,

e das coitas que lh’ eu deides que foi meu namorado 20

B 590 f. 130v° V 193 f. 26v°

2 q’ B : che V 4 uijr B : uur V ue~ B : ueu V 7, 16 ue~ B : ne~ V 9 er B : et V : e Lang 11 eu] en V

627

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 39

De morrerdes por mi gran dereit’ é,amigo, ca tanto paresc’ eu benque desto mal grad’ ajades vós éne Deus bon grado, ca, per bõa fe,non é sen guisa de por mi morrer 5quen mui ben vir este meu parecer

De morrerdes por mi non vos dev’ eubon grado [poer], ca esto fará quen querque ben cousir parecer de molher,e, pois mi Deus este parecer deu, 10non é sen guisa de por mi morrer<quen mui ben vir este meu parecer>

De vos por mi amor assi matar,nunca vos desto bon grado dareie, meu amigo, mais vos én direi: 15pois me Deus quis este parecer dar,non é <sen guisa de por mi morrerquen mui ben vir este meu parecer>

que mi Deus deu, e podedes creerque non ei ren que vos i gradecer 20

B 591 ff. 130v°-131r° V 194 ff. 26v°-27r°

1 moiredes B : mouerdes V 3 aiades B : ayades V 4 boa BV 5 guysa B : gysa V 8 poer del. Nunes (III, 48)15 én] en B : eu V, edd.

628

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 40

Mha madre velida,vou m’ a la bailiado amor

Mha madre loada,vou m’ a la bailada 5do amor

Vou m’ a la bailiaque fazen en vilado amor

<Vou m’ a la bailada 10que fazen en casado amor>

Que fazen en vilado que eu ben queriado amor 15

Que fazen en casado que eu muit’ amavado amor

Do que eu ben queria;chamar m’ án garrida 20do amor

Do que eu muit’ amava;chamar m’ án perjuradado amor

B 592 f. 131r° V 195 f. 27r°

1 Mha] Ma BV 2 vou] non V first letter illeg. 4 Ma B 10-12 suppl. Storck 17 muyta maua B : muytaua V18 amor] om. B 19 q’ eu B : queu V 22 muytamaua B : muyca(uai)maua V 23 hypermetric Cha(r)mar Bperiurada BV : jurada Lang1

vv. 14, 17, 19, 22: que eu must count as one syllable, against the earlier 13th century norm, for these verses toscan 5’.

vv. 2, 7 bailia: The word is evidently a synonym of bailado (Lang). Nevertheless, there may be (at least in v. 2) aplay on another (homophonous) word meaning ‘bailiwick’ (that is, the area of jurisdiction of a baillivus [bailiff];

629

500 Cantigas d’ Amigo

cf. Niermeyer, s.v. ballivia). On this (double) reading, the girl is going to the dance, to be sure, but also returningto the jurisdiction of love. Cf. CSM 32.46 u dem’ os seus ten / na ssa baylia and 115.29 de o dare / ao dem’ en baylia –two passages which prompt Mettmann to define bailia as “bailiado, jurisdição do bailio, poder”. (See also theMachados’ glossário, s. v. bailia [vol. VIII, p. 184]).

v. 20 garrida: seems to mean ‘frivolous’ here. The word, derived from Latin garrio, ~ire (‘chatter’), is wronglydefined by Lang (‘verliebt’) and Nunes (‘namorado’), based on the parallelism with Lang’s imaginary jurada inv. 24. Corominas, s. v. garrido, correctly observes (vol. III, p. 109) that “anteriormente significó ‘traverso, ligerode cascos, lascivo, deshonesto’”, but follows Lang’s error regarding our passage. The word occurs in therubric of CSM 79 Como Santa Maria tormou a meni~a que era garrida, corda, e levou-a sigo a Parayso, while the diminutivegarridelinna appears in the text of the same poem (CSM 79.14-15): Aquesto foi feito por hu~a meninna / que chamavan

Musa, que mui fremosinna / era e aposta, mas garridelinna / e de pouco sen. Cf. CSM, s. v. garridença.

1 Lang (followed by Nunes) prints jurada, partly to cut a syllable, and Nunes takes the imperfects queria (vv. 14, 19) and amava(vv. 17, 22) as presents (vol. III, p. 48) to fit the resulting sense.

630

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 41

Coitada viv’, amigo, por que vos non vejo,e vós vivedes coitad’ e con gran desejode me veer e mi falar, e por en sejosempr’ en coita tan forteque non m’ é se non morte, 5come quen viv’, amigo, en tan gran desejo

Por vos veer, amigo, vivo tan coitada,e vós, por me veer, que oi mais non é nadaa vida que fazemos, e maravilhadasõo de como vivo 10sofrendo tan esquivomal, ca mais mi valrria de non seer nada

Por vos veer, amigo, non sei quen sofressetal coita qual eu sofr’, e vós, que non morresse,e, con aquestas coitas, eu que non nacesse, 15non sei de min que sejae da mort’ ei envejaa tod<o> ome ou molher que ja morresse

B 593 f. 131r° V 196 f. 27r°

2 (Vy uamigo) B at beginning of line g’m B : gra V deseio B : deseyo V 4 Se~pre~ B : se pren V 6 que~ B :queu V 11 fofre~do B tã B : tã(l) V 12 ualiria BV 13 q’ B : q’ V 17 enueia B : eu ueia V 18 tod<o>

ome Lang (p. cxix) : todome BV

631

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 42

O voss’ amig’, ai amiga,de que vós muito fiades,tanto quer’ eu que sabhades:que u~a, que Deus mal diga,volo ten louc’ e tolheito, 5e moir’ end’ eu con despeito

Non ei ren que vos ascondanen vos será encoberto,mais sabede ben por certoque u~a, que Deus cofonda, 10volo ten louc’ e tolheito,<e moir’ end’ eu con despeito>

Non sei molher que se paguede lh’ outras o seu amigofilhar, e por en vos digo 15que u~a, que Deus estrague,volo ten louc’ e to<lheito,e moir’ end’ eu con despeito>

E faço mui gran dereito,pois quero vosso proveito 20

B 594 f. 131v° V 197 f. 27r°-v°

2 vós Moura : uos BV : vos Lang 4 hu ha B : hu (q) ha V 5 louc’ e] louque V : longue B 10 co<n>fondaMoura, Lang : cofonda BV, def. Michaëlis (1895a) 14 outra Nunes, fort. recte1

1 Nunes gives the “direct order” of the phrase as “de outra filhar-lhe o seu amigo” (vol. III, pp. 50-51). If the infinitive ispersonal, the subject should be singular, but cf. B 583 / V 186 (Dinis), vv. 2-3 and note. The plural outras could as easily bea popular usage as the result of an error in transmission.

632

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 43

Ai fals’ amig’ e sen lealdade,ora vej’ eu a gran falsidadecon que mi vós á gran temp’ andastes,ca doutra sei eu ja por verdadea que vós atal pedra lançastes 5

Amigo fals’ e muit’ encoberto,ora vej’ eu o gran maldesertocon que mi vós á gran temp’ andastes,ca doutra sei eu ja ben por certoa que vós <a>tal pedra lançastes 10

Ai fals’ amig’, eu non me temiado gran mal e da sabedoriacon que mi vós á gran temp’ andastes,ca doutra sei eu, que [o] ben sabiaa que vós <a>tal pedra <lançastes> 15

E de colherdes razon seriada falsidade que semeastes

B 595 f. 131v° V 198 f. 27v°

4 eu] e~ B 5 atal Lapa : a tal Lang, Nunes 6 muyten coberto V : muyte~ coberto B 10, 15 tal BV 14 hypermetrico del. Cunha1

1 Cunha (1982: 53) argues that this verse differs from vv. 4 and 9, to which it should be semantically equivalent. But his aimis to argue (against Lapa) that que o cannot be scanned as a single syllable. Given the number of cantigas d’ amigo in whichthe verse before the last refrain is a syllable long (see Introduction, 5), I see no problem in admitting a hypermetric versehere, but see vv. 14, 17, 19, 22 in both B 592 / V 195 and B 568 / V 171. The question is how we interpret. Nunes says (vol. III,p. 51) that o refers to what has just been mentioned, o gran mal e sabedoria (etc.), and this could be so.

v. 5: We might render the phrase: “on whom you’vemade your move”.

v. 7 maldeserto: Literally, “ill-deserved behavior”, thoughwith the sense of “ingratitude” and ironically implying“betrayal, treason”.

v. 14: d’outra sei eu que [o] ben sabia: Does this mean“another who knew well to whom...” or “another whoknew (it?) well, and to whom...”?

v. 5: Podemos parafrasear a expressão: “em relação aquem fizeste a jogada”.

v. 7 maldeserto: Literalmente, “comportamento malmerecido”, embora com o sentido de “ingratidão” esugerindo ironicamente “traição, infidelidade”.

v. 14: d’outra sei eu que [o] ben sabia: significa “outra quebem sabia a quem...” ou “outra que (o?) sabia bem, ea quem...”?

633

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 44

Meu amig’, u eu sejo,nunca perço desejose non quando vos vejo,e por en vivo coitadacon este mal sobejo 5que sofr’ eu ben talhada

U quer que sen vós seja,sempr’ o meu cor desejavos, atá que vos veja,e por en vivo coitada 10con gran coita sobejaque <sofr’ eu ben talhada>

Non é se non espantou vos non vejo quantoeu desej’, e quebranto, 15e por en vivo coitadacon aqueste mal tantoque sofr’ eu <ben talhada>

B 596 f. 131v° V 199 f. 27v°

7 U quer Michaëlis (1895a) : Viuer BV1 se~ B : seu V 9 vos Nunes : Vos B : uos V : vós Lang 15 eu Michaëlis: Ey B : ey V : ei Lang

1 Nunes rightly prefers (vol. III, p. 710) the emendation of Michaëlis, U quer. This envolves the change of a single letter (q fori), yields clear sense and syntax (“wherever/whenever it is without you”), and can be defended by parallel expressions invv. 1 (u eu sejo) and 16 (u vos non vejo). Lang, though reading with BV, belatedly notes the lack of sense or syntax in viver que senvós seja (“Der sinn der stelle ist nicht klar” [p. 174]).

634

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 45

Por Deus, punhade de veerdes meuamig’, amiga, que aqui chegou,e dizede lhi, pero me foi greuo que m’ el ja muitas vezes rogou,que lhi faria end’ eu o prazer, 5mais tolhe m’ ende mha madr’ o poder

De o veerdes gradecer volo ei,ca sabedes quant’ á que me serviu,e dizede lhi: pero lh’ estranheio que m’ el rogou cada que me viu, 10que lhi faria end’ eu o prazer,<mais tolhe m’ ende mha madr’ o poder>

De o veerdes gran prazer ei i,pois do meu ben desasperad’ está;por end’, amiga, dizede lh’ assi: 15que o que m’ el per vezes rogou jaque lhi faria end’ eu o prazer,<mais tolhe m’ ende mha madr’ o poder>

E por aquesto non ei eu poderde fazer a min nen a el prazer 20

B 597 f. 132r° V 200 ff. 27v°-28r°

2 aqui (q) B 5 end’] and B 9 lh] l B 10 vio Moura : ueio BV 16 rogu V

v. 9 estranhei: Lang (s. v.) glosses estranhar here as ‘einem etwas vorwerfen’, rendered by Nunes (s. v., vol. III,p. 618) as “lançar em rosto”. Nunes’ own understanding (“mostrar a alguem o difícil de qualquer cousa”) isway off. Mettmann’s gloss, ‘detestar’, is an overtranslation of the passages in CSM. Lapa’s glosses (CEM, s. v.estranhar) ‘repreender’, ‘censurar’ are based on one verse of Guilhade (B 1501, v. 22) Lourenço, di-lhe que sempretrobei / por bõas donas, e sempr’ estranhei / os que trobavan por amas mamadas where more than one meaning may beat play. Michaëlis (s. v. estranhar) explains: “ficar surpreendido ou admirado desagradavelmente de alg. c.,desaprová-la, censurá-la, castigá-la mentalmente. Nas cantigas d’amor, por meio de olhares, gestos de des-contentamento e palavras; mas em prosas jurídicas e nos Nobiliários também por meio de actos públicos eoficiais, como multas (calumnias) ou mesmo ‘no corpo’.” See also Corominas, s. v. extraño.

vv. 9-10 pero lh’ estranhei o que...: The general sense is:“Even though I reproached him for what he asked ofme every time he saw me”; in other words: “eventhough I frowned on his constant requests”.

vv. 9-10 pero lh’ estranhei o que...: O sentido geral é: “Em-bora eu o tenha repreendido pelo que me pedia cadavez que me via”; por outras palavras, “embora eu te-nha recusado os seus pedidos constantes”.

635

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 46

Amiga, quen vos <amae por> vós é coitadoe se por vosso chama,des que foi namoradonon viu prazer, sei o eu; 5por en ja morreráe por aquesto m’ é greu

Aquel que coita forteouve des aquel diaque vos el viu, que morte 10lh’ é, par Santa Maria,nunca viu prazer nen ben;por en ja morrerá<e> a min pesa muit’ én

B 598 f. 132r° V 201 f. 28r°

1 que~ B : queu V <ama> Moura1 2 <e por> Lang 5 uyu V : uyo B 6, 13 <e> por Nunes 10 uyo BV2

14 <e> Lang

1 B has on a single line: Amiga que~ u9 + uos e coytado

while V reads: +Amiga queu u

9

uos e coy tado2 Cf. vv. 5 (ap. crit.) and 12 (where both MSS have uyu).

636

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 47

Amigo, pois vos non vi,nunca folguei nen dormi,mais ora ja des aquique vos vejo, folgareie verei prazer de mi, 5pois vejo quanto ben ei

Pois vos non pudi veer,ja mais non ouvi lezer,e, u vos Deus quis tragerque vos vejo, folgarei 10e verei de min prazer,pois ve<jo quanto ben ei>

Des que vos non vi, de rennon vi prazer, e o senperdi, mais pois que mh aven 15que vos vejo, folgareie verei todo meu ben,pois vejo quan<to ben ei>

De vos veer a min praztanto que muito é assaz, 20mais, u m’ este ben Deus fazque vos vejo, folgareie averei gran solaz,pois vejo quanto ben <ei>

B 599 f. 132r°-v° V 202 f. 28r°

5 uerey B : uerrey or ueerey V 6 ueio B : ueyo V quãto be~ ey B : om. V 8 ouu i Machado 9 Deus quis Dias: d’s nõ q’s B : d’s nõ qis V 11, 17 ueerey BV cf. v. 5 17 tod o Machado 18 quã V : qua B 20 é Michaëlis (1895a)

: e Lang, Nunes 23 averei] aurey B : urey V : ve<e>rey Braga1 : possis a<r> verei

1 In favor of verei one could point to vv. 5, 11 and 17. But in all three places the word is bisyllabic (despite the spelling of theMSS). For this verse to scan, we need averei (B) or trisyllabic ve<e>rei (read also by Lang, though not quite the reading of V).A scribe might plausibly change aurey to urey but the reverse seems unlikely, given the parallel constructions in the otherstrophes. For the expression, cf. CSM 105.47 por averen seu solaz.

637

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 48

Pois que diz meu amigoque se quer ir comigo,pois que a el praz,praz a mi, ben vos digo,éste o meu solaz 5

Pois diz que toda vianos imos nossa via,pois que a el praz,praz m’ e vej’ i bon dia,éste <o meu solaz> 10

Pois m’ e<n>de levar vejoque éste o seu desejo,pois que a el praz,praz mi muito sobejo,éste <o meu solaz> 15

B 600 f. 132v° V 203 f. 28r°-v°

3 a el] del V 4 digue V : digue~ B 5, 10, 15 éste] <e> est’ é Lang (E est’ é iam Moura in v. 5) : est’ é Nunes1

7 N9 B : nõ V 9 vej’ i] uegi BV 11 m’ e<n>de Lang : me de BV 12 éste ego : est’ é edd. 13 paz V

On my reading, the strophic form is aaBaB scanning 6’ 6’ 5 6’ 5.

1 Cunha (1982: 33) would read with Nunes, but mainly to reject the reading of Lang <e> est’ é o meu solaz, since that wouldrequire the elision of e alleged by Lapa. On my reading, we have no pronoun est<o>. Rather, two main verbs (placed at thebeginning of the last two verses) in each strophe: praz and éste (I omit ben vos digo v. 4 and vej’ i bon dia v. 9 as parenthetic). Thesubject of these verbs is constituted by the pois clauses in the first three verses of the each strophe. For example, vv. 1-5could be rendered, “Since my friend says he wants to go with me, since that pleases him, it pleases me, I’m telling you, it’smy solaz.” The presence of the verb form éste in v. 12 seems telling (the construction is: “since I see that taking me away fromhere is [éste] his desire” [i.e. “since I see he wants to take me away”]), but there, too, some editors have seen est’ é (which,however, will not scan). All this affects our conception of the strophic form. If I am right, Rep. 33:24 (6’ 6’ 4 6’ 6) is wrongtwice, since it depends on reading est’ é (vv. 5, 10, 15) and eliding qu’ a el (Pellegrini; Lapa 1982: 158 stretches que a el<e> toget six syllables). I take both pois que a el praz and éste o meu solaz to be five syllable verses.

638

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 49

Por Deus, amiga, pes vos do gran malque diz andand’ aquel meu desleal,ca diz de mi e de vós outro tal,andand’ a muitos, que lhi fiz eu bene que vós soubestes tod’ este mal, 5de que eu nen vós non soubemos ren

De vos én pesar é mui gran razon,ca diz andando mui gran traiçonde min e de vós, se Deus mi perdon,u se louva de min que lhi fiz ben 10e que vós soubestes end’ a razon,de que <eu nen vós non soubemos ren>

De vos én pesar dereito per é,ca diz de min gran mal, per bõa fe,e de vós, amiga, cada u sé 15falando, ca diz que lhi fiz eu bene ca vós soubestes todo com’ é,de que eu nen vós non <soubemos ren>

B 601 f. 132v° V 204 f. 28v°

2 diz andand’ distinx. Nunes : dizandãd B : dizandand V : dizend’and’ Braga, Lang (dizend’ anda iam Moura)3 (n)tal B 8 diz andãdo B : diz andando V : dizend’ anda Moura 9 pdon V : pardon B 10 louua V : loima ? B11 sobestes B 13 deryto B : deyto V 15 uos V : nos ? B sé Michaëlis (1895a), probante Lapa : s’ é Moura, Lang,

Nunes

639

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 50

Falou m’ oj’ o meu amigomui ben e muit’ omildosono meu parecer fremoso,amiga, que eu ei migo,mais, pero tanto vos digo: 5que lhi non tornei recadoond’ el ficasse pagado

Disse m’ el, amiga, quantom’ eu melhor ca el sabia,que de quan ben parecia 10que tod’ era seu quebranto,mais pero sabede tanto:que lhi non tornei recado<ond’ el ficasse pagado>

Disse m’ el: “Senhor, creede 15que a vossa fremosurami faz gran mal sen mesura;por en de mi vos doede”;pero, amiga, sabedeque <lhi non tornei recado 20ond’ el ficasse pagado>

E foi s’ end’ el tan coitadoque tom’ end’ eu ja coidado

B 602 ff. 132v°-133r° V 205 f. 28v°

4 ey B : om. V 9 sabaia V 11 todera B : ro dera V 18 mi~ B 22 end’] and B

640

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 51

Vai s’ o meu amig’ alhur sen mi morare, par Deus, amiga, ei end’ eu pesar,por que s’ ora vai, eno meu coraçon,tamanho que esto non é de falar,ca lho defendi, e faço gran razon 5

Defendi lh’ eu que se non fosse daqui,ca todo meu ben perderia per i,e ora vai s’ e faz mi gran traiçon,e des oi mais non sei que seja de minnen <ar> vej’ i, amiga, se morte non 10

B 603 f. 133r° V 206 ff. 28v°-29r°

1 Vay V : Via B 2 end] ãd B 4 tambano ? B 7 todo V : tedo B pderra V 9 nõ sei B : om. V 10 nen <ar>

supplevi1 : Nen’ B : nen’ V : nen <eu> Nunes

1 Cf. B 555 / V 158 [Dinis], v. 15.

641

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 52

Non sei oj’, amigo, quen padecessecoita qual padesco, que non morresse,se non eu coitada, que non nacesse,por que vos non vejo com’ eu queria;e quisesse Deus que m’ escaecesse 5vos que vi, amig<o>, en grave dia

Non sei, amigo, molher que passassecoita qual eu passo, que ja durasse,que non morress<e> ou desasperasse,por que vos non vejo com’ eu queria; 10e quisesse Deus que me non nembrassevos que vi, amig<o>, en grave dia

Non sei, amigo, quen o mal sentisseque eu senço, que o sol encobrisse,se non eu coitada, que Deus mal disse, 15por que vos non vejo com’ eu queria;e quisesse Deus que nunca eu vissevos que vi, amig<o>, en grave dia

B 604 f. 133r° V 207 f. 29r°

6 amig<o>, em Lang : Amiguen B : amiguen V 6, 12, 18 Vos B : uos V : vós Lang 9 morress<e>, ou Moura(cf. Lang, p. 173) : morressou BV desasperãsse V 10 uos BV vejo Lang : ueieu BV eu] en B 12 amig<o>,em Lang : amiguen B : amigue~ V 16 eu] eo B 18 uy V : ny ? B amigo<o>, em Lang : amigue~ BV g’ueB : gue V

v. 14 que o sol encobrisse: “who could even (sol) keep it [scil. o mal] hidden”.

642

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 53 (pastorela i)

U~

a pastor se queixavamuit’ estando noutro diae sigo medes falavae chorava e diziacon amor que a forçava: 5“Par Deus, vi t’ en grave dia,ai amor”

Ela s’ estava queixandocome molher con gran coitae que a pesar, des quando 10nacera, non fora doita;por en dizia chorando:“Tu non es se non mha coita,ai amor”

Coitas lhi davan amores 15que non lh’ eran se non mortee deitou s’ antr’ u~as florese disse con coita forte:“Mal ti venha per u fores,ca non es se non mha morte, 20ai amor”

B 519 f. 114v° V 102 f. 11r°-v°

1 q’ixaua B : quei uana V 8 q’ixando B : q’irando V 9 come(r) V 12 dezia BV1 13 mha] raha V 17 ãtru~has B :an cru~has V 19 uenha B : uenga V

v. 3 medes: found only here in Amigo) derives from Latin -met (enclitic ‘particle attached for emphasis to certainpronouns’ [OLD]) + ipse and may be borrowed from Provençal.

v. 11: doita (from Latin ducta) only here in Amigo.

1 Lang (p. 120) defends dezia (also printed by Nunes) and the form exists, but in this text at v. 4 both MSS have dizia, andin B 534 / V 137 (another pastorela of Dinis) both MSS have dizia at v. 23.

v. 3 sigo medes: “with herself”. v. 3 sigo medes: “consigo própria”.

vv. 11-12: “And who had never, since she was born,been used to suffering”.

vv. 11-12: “E que nunca, desde que nasceu, se habi-tuara a sofrer”.

643

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 54 (pastorela ii)

U~

a pastor ben talhadacuidava en seu amigoe estava, ben vos digo,per quant’ eu vi, mui coitada,e diss’: “Oi mais non é nada 5de fiar per namoradonunca molher namorada,pois que mh o meu á errado”

Ela tragia na mãoun papagai mui fremoso, 10cantando mui saboroso,ca entrava o verão,e diss’: “Amigo loução,que faria por amores,pois m’ errastes tan en vão?” 15e caeu antr’ u~as flores

U~a gran peça do dia

jouv’ ali, que non falava,e a vezes acordava,[e] a vezes esmorecia, 20e diss’: “Ai Santa Maria,que será de min agora?”e o papagai dizia:“Ben, per quant’ eu sei, senhora”

“Se me queres dar guarida” 25diss’ a pastor, “Di verdade,papagai, por caridade,ca morte m’ é esta vida”;diss’ el<e>: “Senhor compridade ben, e non vos queixedes, 30ca o que vos á servida,erged’ olho e vee-lo edes”

B 534 f. 120vº V 137 f. 17r°

3 E B : om. V 6 per] pe B 9 na] ua V mano B 13 lontano B 14 Que~ B 17 Hu~a B : Huna V 20 hypermetrice seclusi 28 ca] Ta B 29 el<e> Lapa Senhor<a> Lang1 <mui> comprida Nunes 30 nõ V : no B

1 The word senhora is extremely rare in the cantigas d’ amigo (the only certain examples are in B 1299 / V 903 [Esquio], vv. 3, 8,13; but cf. B 1195 / V 800 [Caldas], v. 9). It occurs in this text (v. 24), to be sure, but senhor comprida may, as a formula, beprotected from morphological variation (Stegagno Picchio).

644

500 Cantigas d’ Amigo

DINIS – 55 (pastorela iii)

Vi oj’ eu cantar d’ amoren un fremoso virgeuu~a fremosa pastorque ao parecer seuja mais nunca lhi par vi, 5e por en dixi lh’ assi:“Senhor, por vosso vou eu”

Tornou sanhuda enton,quando m’ est’ oíu dizer,e diss’: “Ide vos, varon; 10quen vos foi aqui tragerpera m’ irdes destorvardu dig’ aqueste cantarque fez quen sei ben querer?”

“Pois que me mandades ir” 15dixi lh’ eu “Senhor, ir m’ ei,mais ja vos ei de servirsempr’ e por voss’ andarei,ca voss’ amor me forçouassi que por vosso vou, 20cujo sempr’ eu ja serei”

Dix’ ela: “Non vos ten prolesso que dizedes nenmi praz de o oír sol;ant’ ei noj’ e pesar én, 25ca meu coraçon non énen será, per bõa fe,se non do <que> quero ben”

“Nen o meu” dixi lh’ eu “Ja,senhor, non se partirá 30de vós, por cujo s’ el ten”

“O meu” diss’ ela “Seráu foi sempr’ e u estáe de vós non curo ren”

645

500 Cantigas d’ Amigo

B 547 f. 123r°-v° V 150 ff. 19v°-20r°

6 dixi] drei V 7 uou V : uõ B 9 dizr V : dix B 14 que] Q’ B : q’ V 20 pr V : pre B 21 ia B : iã V 22 Diz V24 prax B 27 boa B fe (se) V 28 do <que> quero Lang : no quero B : no q’ro V : do <que> quer’ eu

Varnhagen 29-30 “ja, / senhor interpunx. Nunes : ja, / “senhor Lang 33 semp’ hu V : sempre o B

646

500 Cantigas d’ Amigo

647

500 Cantigas d’ Amigo

TABLE OF CONTENTS

ÍNDICE GERAL

List of poets in alphabetical order 9Lista de trovadores e jograis por ordem alfabética

List of poets (as presented in this edition) 13Lista de trovadores e jograis (segundo a ordem nesta edição)

Bibliography 15Bibliografia

Introduction 31

Acknowledgements 51

Introdução 53

Agradecimentos 73

Index of first verses (in order of appearance in BV) 75Índice de primeiros versos (segundo a ordem de BV)

Alphabetical index of first verses 91Índice alfabético de primeiros versos

Number of cantigas d’ amigo attributed to each poet (in ascending order) 103Conjunto das cantigas d’ amigo atribuídas a cada trovador (por ordem crescente)

500 Cantigas d’ amigo 107

Rip Cohen 1

eHumanista: Volume 22, 2012

Two Corrections to the Text of the Cantigas d’Amigo

Rip Cohen The Johns Hopkins University

Centro de Literatura Portuguesa, Universidade de Coimbra

1. The Refrain That Wasn’t There: The Text of Johan Zorro 6

How do we read what is not there? Some scholars argue that brackets are not needed to indicate those parts of a

refrain which are regularly omitted by scribes in the manuscripts (B and V) containing the corpus of Galician-Portuguese cantigas d’amigo.1 Our scribes, when copying a refrain after the first strophe, normally write out no more than the first verse of a two- or three-verse refrain, and sometimes no more than the beginning of that verse, sometimes just one word. Only refrains of a single verse and intercalated refrains are usually copied in full in B and V. Nevertheless, brackets should be used in all such cases. They serve as a reminder that the refrain is merely assumed to be identical in all strophes. In fact, nothing except our expectations about poetic and scribal practice supports that assumption, since nothing is there in the manuscripts. We are literally reading the darkness.

Modern editors (Nunes, Cunha, Cohen 2003; cf. Tavani 48: 6) have regarded the text of Zorro 6 as unproblematic for the textual critic.2 There is indeed a problem, and a significant one, in this cantiga, but it would be hidden from the reader if no brackets were employed, since the difficulty arises in one of the last two verses of the poem, and both those verses are missing in the codices. Here is the standard text –one might say the vulgate, since it has essentially remained the same since Nunes– with angle-brackets showing what has been supplied by the editor (Cohen 2003; the refrain is in bold, as there):

Pela ribeira do rio cantando ia la dona virgo d’ amor: “Venhan-nas barcas polo rio a sabor.” 5

1 See Correia. Cf. Parkinson on “false refrains” in the Cantigas de Santa Maria. 2 Numbering and (unless otherwise indicated) texts of the cantigas d’amigo are from Cohen 2003. Angle brackets are used for letters missing in the manuscripts, bold for refrains. Punctuation has been altered, and tils added where historical phonology would expect them and thirteenth century manuscripts of Galician-Portuguese lyric regularly supply them. The poets names are usually given in abbreviated form; for the full forms, see Cohen 2003, 9-14, 102-05. Translations are from Cohen 2010b; I have sometimes provided ad hoc renderings of isolated verses and phrases.

Rip Cohen 2

eHumanista: Volume 22, 2012

Pela ribeira do alto cantando ia la dona d’ algo d’ amor: <“Venhan-nas barcas polo rio a sabor.”> 10 B 1155 f. 247r V 757 f. 120r 2 la] ia B virgo] u’go B : ugo V 3-6 on two lines, with a break after barq’s BV 3, 8 damor V : Namor B 4, 9 nas] as Michaëlis (II, 880) 4 rio] mo V 7 ia] ya V : om. B 9-10 suppl. edd.: om. BV Along the side of the river The young girl went singing Of love: Let the boats come along the river— Just as I like. Along the side of the stream The noble girl went singing Of love: Let the boats come along the river— Just as I like.

Editors have filled in the last two verses of the second strophe by faithfully

repeating those of the first strophe. In so doing, they assumed that the song has a three-verse refrain, and thus produced a cantiga with a three-verse refrain. But what we have is something else: a banal error of omission due to a scribe higher up the stemma, long before the copying of the Italian apographs in the early sixteenth century.3 Against all previous editors, I propose to read alto at the end of the penultimate verse, understanding it not as part of the refrain but as a variable verse belonging to the body of the strophe:

<“Venhan-nas barcas polo alto a sabor”>.

With this reconstruction of the last two verses, the poem has an intercalated refrain

with a regular rhyme-scheme aaBaB, with assonant rhymes in the first two verses of each strophe (I: rio/virgo; II: alto/algo). It does not switch from aaBAB in the first

3 See Gonçalves on the manuscript tradition.

Rip Cohen 3

eHumanista: Volume 22, 2012

strophe to aaBCB in the second.4 Furthermore, there is a dobre in vv. 1 and 4 of each strophe: I rio; II alto. In retrospect, the dobre with the word rio in the first strophe should have made editors wary of breaking the pattern. We should not read the darkness so blithely.

The use of an intercalated two-verse refrain is not unusual in the cantigas d’amigo. There are 26 examples (see Appendix), not counting Zorro 6, and our poet provides two of them: Jus’ a lo mar e o rio, with the rhyme-scheme aBaB (Zorro 8); and Bailemos agora, por Deus, ai velidas, with the rhyme-scheme aaaBaB (Zorro 10). In the latter poem there is a double dobre unique is this genre.5 So the reading I propose recommends itself prima facie, but before looking further into its merits we might first ask how we got a vulgate that reads rio.

The original source of the error in Zorro 6 was the presumption, on the part of a scribe, that the refrain consisted of three verses. This kind of mistake belongs to a typology of scribal slip-ups regarding strophic form and is the reverse of a false refrain in the sense used by Parkinson, where a scribe “creates” a refrain that was not there by recopying the wrong verses in the place appropriate to a refrain.6 In our case it was a scribe’s failure to keep writing that allowed the false image of a three-verse refrain. This image has been retained and propagated in modern times by editors who believe that if the scribe left the rest of a strophe uncopied there must have been a refrain there. We can see from a few examples that this was not always the case. Consider Johan Airas 33:

Vedes, amigo, ond’ ei gran pesar: sei muitas donas que saben amar seus amigos e soen lhis falar e non lho saben, assi lhis aven; e nós sol que o queiramos provar, log’ é sabud’ e non sei eu per quen. 5 Tal dona sei eu, quando quer veer seu amigo a que sabe ben querer, que lho non poden per ren entender o<s> que cuidan que a guarda<n> mui ben; 10 e nós sol que o queiramos fazer, <log’ é sabud’ e non sei eu per quen>.

4 Here I use bold for all rhyme schemes (my current practice is to use bold only for long verses with internal rhyme). 5 In a sequential performance (or reading) of Zorro’s songs, in the order in which they are found in BV, the double dobre in Zorro 10 would have been preceded –and so in effect introduced– by the dobre in Zorro 6. 6 There are half a dozen examples of this in the cantigas d’amigo. See, for example, Roi Fernandiz 4, where uel falasse comigo printed as a third verse of the refrain in Nunes (and so in Brea; see Cohen 2003, 330) and Charinho 1, usually printed with a four-verse refrain (see Cohen 2003, 297-98).

Rip Cohen 4

eHumanista: Volume 22, 2012

Com’ eu querria, non se guis’ assi: falar vosco, que morredes por mi, com’ outras donas falan, e des i 15 nunca lhis mais poden entender ren; e nós <sol> ante que cheguemos i, log’ é <sabud’ e non sei eu per quen>. Coita lhi venha qual ora a nós ven per quen nos a nós tod' este mal ven. 20 You see, friend, what upsets me very much: I know many ladies who know how to love Their boyfriends, and they can talk with them And no-one finds out—that’s how it happens with them— And as soon as we want to give it a try It’s known at once and I don’t know how. I know a lady who, when she wants to see Her boyfriend whom she knows how to love— Those who think they’re guarding her quite well Can’t find out about it at all, And as soon as we want to do the same It’s known at once and I don’t know how. It doesn’t work out as I would like: To talk with you, who are dying for me, As other ladies talk and afterwards Folks can’t find out anything at all; And even before we can get there, It’s known at once and I don’t know how. May the one who brings us all this pain Suffer sorrow just the way we do.

Here, in the verse e nós sol que o queiramos fazer (v. 11), the scribe of V copies right until the end of the verse: q’o q’yramus faz’r; but the scribe of B mistakenly thinks that the refrain consists of two verses, since v. 5 (e nos sol que o queiramos provar) begins identically, so he stops copying. By writing out the whole of v. 11 from the exemplar, the scribe of V has saved us the trouble of thinking. And, had we not his help, we could still reflect on the fact that the corresponding verse in the third strophe (e nós <sol> ante que cheguemos i) is not identical to v. 5 (III.5 ≠ I.5) and therefore

Rip Cohen 5

eHumanista: Volume 22, 2012

shows that the rhyme scheme is a steady aaabaB and does not shift from *aaabAB to *aaabCB (as we might have thought, if we had only B to edit).

Another similar error is to be found in Bolseiro 5: ––Vej’ eu, mha filha, quant’ é meu cuidar, as barcas novas vĩir pelo mar en que se foi voss’ amigo daqui. ––Non vos pes, madre, se Deus vos empar, irei veer se ven meu amig’ i. 5 ––Cuid’ eu, mha filha, no meu coraçon, das barcas novas, que aquelas son en que se foi voss’ amigo daqui. ––Non vos pes, madre, se Deus vos perdon, <irei veer se ven meu amig’ i>. 10 ––Filha fremosa, por vos non mentir, vej’ eu as barcas pelo mar vĩir en que se foi voss’ amigo daqui. ––Non vos pes, madre, quant’ eu poder ir, irei veer se ven meu amigo <i>. 15 —Daughter, I see, as far as I can tell, The new boats coming along the sea In which your boyfriend went away from here. —Don’t be upset, mother, so help you God, I’ll go to see if my boyfriend’s coming there. —Daughter, I think with all my heart That those are really the new boats In which your boyfriend went away from here. —Don’t be upset, mother, and may God forgive you, I’ll go to see if my boyfriend’s coming there. —Beautiful daughter, to tell the truth, I see the boats coming in from the sea In which your boyfriend went away from here. —Don’t be upset, mother: as fast as I can go I’ll go to see if my boyfriend’s coming there.

We need perdon in v. 9 –a certain correction– where the manuscripts give us empar. This song has an intercalated refrain, with the rhyme-scheme aaBaB. However

Rip Cohen 6

eHumanista: Volume 22, 2012

the mistake, though similar to the one in Zorro 6, is an error of commission, not of omission. In v. 9 the common ancestor of BV evidently had (expanding manuscript abbreviations) Non vos pes madre se deus vos empar, which is identical to v. 4, the corresponding line in the first strophe, even though this leaves the verse without a rhyme. Probably, if we had no third strophe to help us catch this howler (corrected by Bell, resuscitated by Nunes), we would be reading a poem that formally resembles the standard version of Zorro 6: aaBAB in the first strophe, and aaBCB in the second.

In the case of Zorro 6, the error was committed by a scribe who probably glanced quickly and thought the last three verses of both strophes were identical. Thus, like the scribe of B in Johan Airas 33, this copyist did not bother finishing the rest of the strophe. But here we cannot be saved by the scribe of V, since the error was in the common source of BV. Nor can we be helped by a third strophe, as in Bolseiro 5, because there is none. We can be rescued, as we were by Bell in Bolseiro 5, v.9, simply by performing the two most basic operations of textual criticism: to identify what is wrong and to correct it.

In addition to the case against rio, there is evidence that speaks in favor of alto: the dobre, the strophic form, and the use of alto almost exclusively in the parallelistic rhyme-pair rio/alto. These three elements are inextricably interconnected in this text, so as we focus on each we will necessarily make reference to the others. But each also deserves some individual attention.

Let us begin with the dobre. In Zorro 10, velidas/frolidas and loadas/granadas figure in a double dobre in a poem of the form aaaBaB. Moreover, the fifth verse of both strophes is a variable verse located between the two lines of the intercalated refrain, and those variable verses (I.5, II.5) participate in one of the dobres (I.2 and I.5: frolidas; II.2 and II.5: granadas) –exactly as in our proposed version of Zorro 6, except that here there are two dobres.

Bailemos agora, por Deus, ai velidas, so aquestas avelaneiras frolidas e quen for velida, como nós velidas, se amigo amar, so aquestas avelaneiras frolidas 5 verrá bailar . Bailemos agora, por Deus, ai loadas, so aquestas avelaneiras granadas e quen for loada, como nós loadas, se amigo amar, 10 so aquestas avelaneiras granadas verrá bailar. Let’s dance now, by God, O lovely girls,

Rip Cohen 7

eHumanista: Volume 22, 2012

Beneath these flowering hazelnut trees, And whoever is lovely, like we are lovely, If she loves a boy, Beneath these flowering hazelnut trees Will come to dance. Let’s dance now, by God, O worthy girls, Beneath these laden hazelnut trees And whoever is worthy, like we are worthy, If she loves a boy, Beneath these laden hazelnut trees Will come to dance.

By correcting the standard version of Zorro 6 we discover another dobre by the same poet and a steady rhyme scheme aaBaB, instead of a switch from aaBAB in the first strophe to aaBCB in the second (see Appendix). And even if there were no other reason, we could not read rio in v. 9 because a dobre cannot be displayed in the first strophe and then disappear.7 A dobre consists in the appearance of a word twice in each strophe in exactly the same positions within the strophic form. And a dobre on the rhyme-words rio/alto would have more than formal significance: this rhyming pair may have belonged to the poetic matrix (see Cohen and Parkinson, 26-27, 37-40).

The dobre in the first strophe involves the word at the end vv. 1 and 4, rio. That tells us where the dobre occurs; and v. 6 tells us what word has been chosen for doubling in the second strophe: alto. Thus, we have a dobre singulars, with a different rhyme-sound and a different rhyme-word in each strophe.8 The dobre here involves a word in rhyme (which need not be the case) and the correspondence is I.1 = I.4 and II.1 = II.4. A dobre singulars is the norm in this genre: of 27 cantigas d’amigo with dobre, 25 are singulars (Cohen 2009a).

The vulgate’s rio is not based on the reading of any manuscript, nor on any understanding of poetic practice. Rather it reflects a misunderstanding of the formal and rhetorical praxis of this genre. The supplement rio rests solely on an expectation regarding scribal habits. That expectation, though generally well-founded, cannot always be trusted.

What I am proposing, then, is not to emend the manuscripts, which are voiceless here, but to reverse the inertia of editors, who have passively copied rio from v. 4. This was a superficial slip by a scribe when first committed many centuries ago, but

7 There is no example of this in the cantigas d’amigo. But see Osoir’Anes 1 in Cohen 2009b, 18-19 and the note ad loc. (33). 8 The only dobres unissonans are Guilhade 7, with coita in each strophe; and Johan Airas 34, which though unissonans has a different word in each strophe: i, mi, assi (see Cohen 2009a, 131-32). For the terminology see Lorenzo Gradín 1997.

Rip Cohen 8

eHumanista: Volume 22, 2012

for editors to repeat it without reflection is sloppy textual criticism. The poem should read like this:

Pela ribeira do rio cantando ia la dona virgo d’ amor: “Venhan-nas barcas polo rio a sabor.” 5 Pela ribeira do alto cantando ia la dona d’ algo d’ amor: <“Venhan-nas barcas polo alto a sabor.”> 10

And what can we say about the use of the word alto in this genre? It appears in six

cantigas d’amigo, a total of twelve times (not counting the reading proposed here). Ten times it is a noun meaning “river” or “stream,” an archaic usage found only in the cantigas d’amigo. Meendinho uses alto mar, where as an adjective alto could be taken to mean either “deep” or “high” (vv. 10, 17); and these are the only times the word does not appear at verse-end. Perhaps it is not coincidental that alto occurs in the last verse (not counting the refrain) of the last of the nine cantigas of Pero Meogo: nunca vi cervo que volvess’ o alto (“I never saw a stag that stirred the stream”). And there too it forms part of the rhyme-pair rio/alto. In the enigmatic Levantou-s’ a velida (“The lovely girl arose”) of D. Dinis (17) alto appears in an intercalated three-verse refrain nearly as a line unto itself: eno alto.9 But Johan Zorro is the only poet who uses the word in more than one text. It occurs in three of his eleven songs as the rhyme-word in the first verse of the second strophe, in parallelistic alternation with rio.10

Zorro 3: Per ribeira do rio (I.1); Per ribeira do alto (II.1) Zorro 6: Pela ribeira do rio (I.1); Pela ribeira do alto (II.1) Zorro 8: Jus’ alo mar e o rio (I.1); Jus’ alo mar e o alto (II.1)

We find, then, that alto, used as an archaic substantive meaning “river”, is always

found at verse-end. It appears once in a refrain (Dinis 17) where it does not rhyme. The other times, in Meogo 9 and three songs of Zorro, it is used as part of a rhyme-pair in i-o/a-o with rio. And the parallelistic alternation in rhyme of rio and alto appears to have been a traditional element in cantigas d’amigo with water imagery and

9 See Cohen 2006 on the textual and interpretative problems of Dinis 17. In that text alto does not rhyme, which is only possible in a refrain (or in the case of a palavra perduda). 10 rio appears without alto in two of Zorro’s other cantigas: Zorro 7, v. 1: Met’ el rei barcas no rio forte; Zorro 9, v. 1: Pela ribeira do rio salido; v. 5: Pela ribeira do rio levado.

Rip Cohen 9

eHumanista: Volume 22, 2012

to have had deep roots in the formal, rhetorical, and symbolic conventions of the genre. The traces of this alternation in the extant corpus may reasonably be taken as evidence of its presence in the poetic matrix.11 Certainly Zorro’s use of this pair in three of his cantigas shows that he regarded it as something more than a useful technical resource (see Ferreira, 66-68, 74-81).

Some might argue that Zorro uses rio as a non-rhyming word at verse-end in a refrain, as Dinis uses alto (and rio is found once in a refrain in this genre: Estevan Coelho 2). But in Dinis 17 alto occurs in all six strophes, clearly part of an intercalated refrain. The other occurrences of alto in the cantigas d’amigo of Johan Zorro compel the conclusion that this poet regularly handled alto as one half of the traditional rhyme-pair rio/alto and that our conjectured alto in v. 9 occurs in a variable –not a fixed– verse; that is, in a verse belonging to the body of the strophe, not to the refrain. Finally, the dobre pattern created by rio in vv. 1 and 4 of the first strophe requires the presence of alto in the corresponding positions in the second strophe: v. 6, where we have it; and v. 9, where it is missing in the manuscripts –along with the rest of the two final lines.

One might say that, in the end, like all questions of textual criticism, it is a matter of judgment. Indeed. And the equivalent errors in Johan Airas 33, v. 11, where a scribe erroneously assumes the verse to be part of the refrain, and in Bolseiro 5, v. 9, where BV both have the wrong word at the end of the verse (empar instead of perdon), seem sufficient evidence to weigh the scales in favor of alto. The scale with alto plunges when we reflect that rio creates an anomalous rhyme-system for the cantiga and that alto produces a song with a perfect aaBaB form. The case is sealed by the dobre, paralleled in Zorro’s own poetic practice and required by the dobre in the first strophe. The repeated use by Zorro of the rhyme pair rio/alto fits in with all these considerations and corroborates the reading alto.

Although rio was a mere conjecture when it first appeared in 1878 in Braga’s edition of V, it has been sanctified by the inertia of generations of editors. But whereas alto has compelling evidence and arguments in its favor, rio has none.12 All we need to do, as Housman says, is to apply thought to textual criticism, the science of finding mistakes and the art of correcting them.13 But in the cantigas d’amigo there is science even in that “art.” The study of the manuscripts, of scribal procedures, of strophic forms, rhyme-systems, technical virtuosity (here, the dobre), lexicon, traditionally paired rhyme-words, the poetics of the genre, and the poet’s own practice –all these are methods, ways of knowing how to correct, reasonably, if not with absolute certainty, what is wrong.

11 Here I mean both the contemporary poetic matrix –an abstraction based on all we can infer from the corpus about the poetics (form, rhetoric and pragmatics) that generated these 500 songs– and the historically prior poetic matrix in which the genre had its roots. 12 For other corrections to the text of Johan Zorro, see Cohen 2010a, 25-26, 35-38. 13 “Textual criticism is a science, and, since it comprises recension and emendation, it is also an art. It is the science of discovering error in texts and the art of removing it” (Housman, 67).

Rip Cohen 10

eHumanista: Volume 22, 2012

In Remarks on Colour, notes written at the same time as those on epistemology (published as On Certainty), Ludwig Wittgenstein (1999, par. 44) writes: “In jedem ernstern Problem reicht die Unsicherheit bis in die Wurzeln hinab” (“In every serious problem the uncertainty reaches all the way to the roots”). In the text of Zorro 6, v. 9, no editor had even seen a problem. Once we have detected it, we find that this problem reaches to the roots of epistemological questions regarding textual criticism in this genre, and to the historical roots of its rhetoric, pragmatics, and form. Editors should have been uncertain about the refrain of Zorro 6; and now they should have no doubt.

Appendix

Intercalated Refrains, Three-verse Refrains and Shifting Rhyme-schemes in the Cantigas d’Amigo

1) INTERCALATED REFRAINS

aaBaB (6 texts) Airas Carpancho 5; Ulhoa 7; Barroso 2; Sandeu 5; Zorro 6; Dinis 33 aaaBaB (9 texts) Coton 1; Vinhal 5; Guilhade 12; Zorro 10; Bolseiro 2; Dinis 23, 44, 47, 52. aBaB (4 texts) Solaz 2; Zorro 8; Dinis 18; Afonso Sanchez 2 aBaCB Dinis 17 (unique) aBaC Dinis 18 (unique) abbaCaC (4 texts) Roi Fernandiz 7; Airas Nunes 2, 3; Johan Airas 11 ababCbC Rodrig’ Eanes d’ Alvares 1

Total intercalated refrains: 26 texts 2) THREE-VERSE REFRAINS (at strophe-final position, not intercalated)

Rip Cohen 11

eHumanista: Volume 22, 2012

With one rhyme (20 examples):

aaBBB (13 texts) Carpancho 3, 5; Charinho 1; Garcia Soares 1; Servando 6; Bolseiro 7; Meogo 8; Padrozelos 1; Giinzo 3, 5, 6; Requeixo 4; Johan Airas 36 aabBB > aaBBB Garcia Soares 2 (unique) aaaBBB (5 texts) Sandeu 1; Servando 3, 10, 14; Johan Airas 15 abbaaCCC (unique) Guilhade 20

With two rhymes (3 examples):

abaBCC Roi Fernandiz 5 ababCCD Coelho 8; Ulhoa 1

With three rhymes, all rhyming with verses in body of strophe (1 example):

ababcABC Ponte 2

Total three-verse refrains: 24 texts. 3) SHIFTING RHYME SCHEMES (see Cohen 2009a): (The number of genuine examples is uncertain. Some may be errors in transmission, others may result from an incorrect analysis of strophic form; see Cohen 2010c. Repeated rhymes and words in rhyme are noted [in the notation, IIa = the a-rhyme in strophe II, etc.]).

Burgalês 2: ababAA (I), ababCC (II-III); probably aaB with internal rhymes; Cohen and Parkinson, 38

Carpancho 6: edes Ia; aaBAB (I), aaBCB (II-III) Baian 2: er Ib (prazer repeated); abbaBB (I) , abbaCC (II-III) Ornelas 1: igo Ib (amigo repeated); abbaBB (I), abbaCC (II-III) Pardal 5: igo Ia; abbaCCA (I), abbaCCD (II-III)

Rip Cohen 12

eHumanista: Volume 22, 2012

Ponte 3: i Ia; aaabAB (I), aaabCB (II-III) + fiinda aab Ponte 7: ou Ia; abbaCAC (I), abbaCDC (II-III) J. Garcia 2: ar III b; abbaCC (I-II), abbaBB (III) Casal 3: ar Ib; abbaBB (I), abbaCC (II-III) + fiinda cc Bolseiro 11: i IIa; a(x)bbaCC (I, III); a(c)bbaCC (II) (in 1st v. of each strophe

there is an internal rhyme [=a], but no end-rhyme (=x); internal rhyme of 1st v. rhymes with end rhyme of 4th v.; see Cohen 2010c)

Treez 1: on III; ababCCCC (I-II), ababAAAA (III) – if printed in short lines; should probably be aaBB with long verses with internal rhymes as in Cohen 2003

Treez 3: igo VI; aaB (internal rhyme in V-VI; in the internal rhyme also rhymes with refrain; see Cohen 2010c)

Armea 2: on Ib (palavra perduda in v. 1); abbcCB (I), abbcCD (II-III) Cangas 2: en III b (ben repeated); abbaCC (I-II), abbaBB (III) Codax 2: igo I.1-2, III.1, V.2; aaA I, III, V; aaB II, IV, VI Johan Airas 24: en Ib; ababABA (I), ababACA (II-III) + fiinda bba < III

(maybe false example) Johan Airas 31: ęr Ia; ababCAC (I), ababCDC (II-III) + 2 fiindas dad < III

(probably ababCaC throughout; see Cohen 2012, 33

[Not a three-verse refrain:

Berdia 4 is printed by Cohen 2003 as ababcCCC. It could also be taken as ababCCCC with variation in the first verse of the refrain. Cohen 2011, 132-33 corrects to aaBB with long verses and internal rhymes. Sevilha 3 (AbbaCDD): a four-verse refrain, with 3 verses at the end of the strophe and with a dobre between the body of the strophe and the refrain: A/a.]

Rip Cohen 13

eHumanista: Volume 22, 2012

2. Critical Rights and Erotic Wrongs:

Emendation and Action in Johan Perez d’Avoin 1

There are two kinds of sin in textual criticism: to fail to recognize what is wrong (and correct it, if possible); and to change what is already right –either in the manuscript(s) or in a critical edition. Here, using –among other things– the pragmatics of the genre, I would like to propose an emendation in the text of a cantiga d’amigo of Johan Perez d’ Avoin (1) where I left intact a glistering error (Cohen 2003, 151). The text as it appears in that edition, with the sin uncorrected, reads as follows.

Quando se foi noutro dia daqui o meu amigo, roguei lh’ eu por Deus, chorando muito destes olhos meus, que non tardass’ e disse m’ el assi: que nunca Deus lhi desse de mi bem 5 se non vẽesse mui ced’, e non ven. Quando se foi noutro dia, que non pud’ al fazer, dixi lh’ eu, se tardar quisesse muito, que nunca falar podia mig’, e disse m’ el enton 10 que nunca <Deus lhi desse de mi ben se non vẽesse mui ced’, e non ven>. Non sei que x’ ést’ ou que pode seer por que non ven, pois que lho eu roguei, ca el mi disse como vos direi 15 e sol non meteu i de non poder, que nunca Deus lhi desse <de mi ben se non vẽesse mui ced’, e non ven>. Non sei que diga, tanto m’ é gran mal do meu amigo, de como morreu, 20 ca mi diss’ el, u se de mi quitou, e non sacou ende morte nen al que nunca Deus <lhi desse de mi ben se non vẽesse mui ced’, e non ven>.

B 665 f. 143r V 267 f. 39r 10 migue B : mi que V 19 dica V 22 en de ? B : eu de V

Rip Cohen 14

eHumanista: Volume 22, 2012

When my boyfriend went away from here The other day, I asked him, by God, And these eyes of mine were crying a lot, That he not tarry, and this is what he said: That God never grant him a favor from me If he didn’t come very soon, and he hasn’t come. When he left the other day, since I could not Do anything else, I told him that, if he meant To tarry long, he would never be able To talk with me, and then he told me this: That God never grant him a favor from me If he didn’t come very soon, and he hasn’t come. I don’t know what it is or what it could be, Why he hasn’t come, since I asked him to, And he said to me what I’ll say to you (And he didn’t mention it might not be possible): That God never grant him a favor from me If he didn’t come very soon, and he hasn’t come. I don’t know what to say, I’m so upset About my friend, that he has died, Because he told me, when he left (And made no exception for death or anything), That God never grant him a favor from me If he didn’t come very soon, and he hasn’t come.

What is wrong is morreu in v. 20, found in both manuscripts. First of all, it does

not rhyme. This poem uses the most common rhyme-scheme in Galician-Portuguese lyric, abbaCC, and much as some editors might strain to defend a “rhyme” of -ou with -eu, there is no such thing. And contrary to what was long believed, based on flawed editions (Braga, Nunes, Machado and Machado), there are no unrhyming verses in the body of the strophe in the cantigas d’amigo, except for palavras perdudas, which are quite rare in this genre (with only five examples; Cohen 2009a), and which must occur at exactly the same location in all strophes––not the case here.14

Consider for a moment a similar instance, in a poem of Afonso Lopez de Baian (1, vv. 13-16), of verses that do not rhyme in the manuscripts (the corrected text printed here is from Cohen 2003, 226):

14 The text of Sandeu 3 as transmitted by the manuscripts, where there appears to be an unrhyming verse, is almost certainly corrupt, but no convincing correction has yet been found. See Cohen 2003, 266.

Rip Cohen 15

eHumanista: Volume 22, 2012

Fui eu rogar muit’ a Nostro Senhor non por mha alma, <e> candeas queimei, mais por veer o que eu muit’ amei 15 sempr’, e non vẽo o meu traedor. 14 queymey Monaci : q’ymar BV <e> addidi I went to really beg Our Lord, And to light candles, not for my soul, But to see the boy I’ve always loved So much, and the traitor didn’t come.

The manuscripts offer q’ymar in v. 14, possibly because the phrase candeas

queimar appears earlier in the poem (v. 7), possibly due to a supposed parallelism with Fui eu rogar in the previous verse. But Monaci in 1875 already understood that queimar cannot stand, since it does not rhyme, and suggested queymey, a certain correction –which, however, was not adopted by Braga, Nunes, or the Machados. However, even accepting Monaci’s proposal, a problem still remained in the verse: non por mha alma candeas queimei is suspect. It presumes a break in the movement of the syntax through the strophe –a stop after the first verse, a phenomenon for which I find no parallel in cantigas d’amigo of this form (abbaCC). Adding the conjunction e (which does not affect the meter, pace Lorenzo Gradín 2008), we restore the syntactic parallelism between Fui eu rogar and queimei, taking non por mha alma not just with candeas queimei but also with the preceding clause, Fui eu rogar. The girl should be going to pray and light candles for her soul; instead she is going to see her boy. Now we can make out the forward motion of the sentence: Fui eu rogar…e candeas queimei, non por mha alma, mas por veer... These two changes, correcting q’ymar to queimei and adding e, yield a verse that is syntactically viable, and not coincidentally rhymes. The absence of rhyme, the lack of syntactic flow, and the awkward sense all signal an error, and the proposed emendations correct all three problems with two minor adjustments.15

As in the cantiga of Baian, so in the poem of Avoin we can ask if what is wrong might not be the word in rhyme in the other verse. In the poem of Baian one could consider substituting amar for amei, but the subsequent changes that prove necessary are too many to be plausible. And in the text of Avoin, while quitou makes perfect sense in context, the same cannot be said of morreu.

15 Lorenzo Gradín (2008a, 116) prints queimei in v. 14 but attributes the correction to Braga, even though it belongs to Monaci, as reported by Cohen (2003, 226). She also rejects <e>, erroneously believing it would produce a hypermetric verse. There is no problem with the scansion: non por mha alma_e candeas queimei.

Rip Cohen 16

eHumanista: Volume 22, 2012

So the second reason for suspecting a corruption in Avoin 1, v. 20 is that the reading as it stands in the manuscripts and critical editions, although it is grammatical, does not yield an appropriate sense in this context. The lack of both rhyme and acceptable meaning are sure signs of a corrupt text. Let us briefly examine the pragmatic context to see if it can help us to correct the mistake (see Cohen 2010a).

The girl tells us that the boy, when he left, swore that he would return without delay (under threat of never being able to talk with her again; vv. 7-9), and did not make any exception for not being able to (v. 16), or even for the risk of dying (v. 22). And nowhere in the poem (unless we were to accept morreu) does she allude to the possibility that he might be dead. In fact, the corrupt reading as we have it, tanto m’ é gran mal / do meu amigo, de como morreu (“I am suffering so much because of my friend, because he has died”; vv. 19-20) would contradict what she says in v. 22: e non sacou ende morte nen al (“and he made no exception for death or anything else”). Since he ruled out –and she consequently rules out– death as cause of his delay, she cannot be referring to the boy’s possible demise in v. 20. It is precisely because death or anything else (al) cannot be the reason for his tarrying that she is amazed, and her amazement hints that the problem is another. And what could that be, in accordance with rhyme, paleography, and above all the pragmatics or –more precisely– the erotic logic of the cantigas d’amigo?

I propose to read m’errou (“he has wronged me”). I will argue that the girl suspects the boy has been untrue, that he has betrayed her by being with another girl, and that is why he has not yet returned. But even if some might consider this interpretation too specific, the reading should still be m’ errou, which pointedly refers to some wrong. It should be easy to persuade competent textual critics that the emendation is necessary, but I will try now to demonstrate the stronger hypothesis, that errar refers here to infidelity.

Infidelity presupposes a rival, another girl, or outra, and this persona is mentioned in around forty cantigas d’amigo (Cohen 2012, 61-86; cf. Cohen and Corriente, 22-25). What we find in this text could be called, without irony, “the implied other”. Though not named outright, the poem hinges on her. This interpretation of m’errou is supported by three factors: a link between tarrying and erotic treason with another girl; the semantics of errar; and the significance of infidelity in the pragmatics of the genre.

In numerous cantigas d’amigo the girl interprets the boy’s delay as a sign that he has been unfaithful. The girl in Johan Lopez d’ Ulhoa 6 (v. 2) openly makes the connection, although her suspicions are unconfirmed: el que tan muito tarda, se outr’ amor á sigo (“the one who is taking so long, if he has another love with him”; cf. vv. 6 and 10). In Sancho Sanchez 2 the girl has now found out that she was right to suppose that the reason for his tarrying was another girl:

Amiga, do meu amigo <o>í eu oje recado que é viv' e namorado

Rip Cohen 17

eHumanista: Volume 22, 2012

doutra dona, ben vos digo, mais jur’ a Deus que quisera 5 oír ante que mort' era. Eu era maravilhada por que tan muito tardava, pero sempr’ esto cuidava, se eu del seja vingada, Friend, today I heard A message from my boy: That he’s alive and in love With another lady, I’m telling you, But I swear to God I would Rather hear that he was dead. I was just amazed Why he was taking so long But I kept thinking this— So may I get back at him!—

The girl had been amazed at how long her boy was taking to return (vv. 7-8), and

had suspected the cause (vv. 9-10), but now she knows why: he is indeed alive, but in love with another girl (vv. 1-4). She swears she would rather hear that he was dead (refrain).

One way of referring to infidelity is the verb errar. This usage was already noted by Lang in his 1894 edition of the cancioneiro of D. Dinis, in both the glossary and the introduction (Lang 2010, 115, 256 s.v. errar).16 Among other texts, he cites Dinis 22. There the girl’s ironic expressions of astonishment at the boy’s tarrying (strophes I and III) are understood by her girlfriend to be accusations of infidelity, and she promptly defends the boy against the implicit charge (strophes II and IV). The girlfriend has no doubts about what the girl means. And when a persona in a text interprets an expression, we should pay heed. As the poet’s creation, she knows the conventional language of the genre and the connotations of words and phrases far better than we do.

Here is a passage from Pae Gomez Charino (5, vv. 7-10) where errar appears: –Non sei, amiga, que foi ou que é ou que será, ca sabemos que non vos errou nunca voss’ amigo, e son

16 None of the examples of errar in the glossaries of Michaëlis or Lapa seems relevant; but the glossary of CSM provides pellucid parallels for an erotic meaning of the verb (see below).

Rip Cohen 18

eHumanista: Volume 22, 2012

maravilhados todos end’ aqui. 10 —I don’t know, friend what it was or is Or what it could be, ’cause we know your boy Never wronged you, and everyone Around here is amazed because of this.

We cannot prove that errou refers to infidelity; the reference seems to be left

ambiguous on purpose. It could allude to any violation of the rules and conventions governing fala or wooing (Cohen 2011, 102-03; 2012, 10, 19-20, 61, 84). But the girlfriend and everyone else (todos...aqui; v. 10) are amazed that the girl should renounce the boy. What grave violation of the rules could he have committed? Since exclusivity is the fundamental rule of fala (Cohen 2012, 61), and its violation carries the heaviest consequences, the likely answer is that the girl believes the boy has been untrue.

In Pero de Berdia 1 (vv. 1-4) the boy is angry, and the girl cannot figure out why: she has always done what he asked, and has never wronged him.

Sanhudo m’ é meu amig’ e non sei, Deu-lo sabe, por que xi m’ assanhou, ca toda ren que m’ el a mi mandou fazer, fij’ eu e nunca lh’ <i> errei. My boyfriend’s angry with me and I don’t know, God knows, why he got angry with me, ’Cause every thing he told me To do I did, and I never wronged him.

What is implied is this: if she had been unfaithful –which would mean talking with

another boy, falar con outro– the boy would have a reason to be angry (Cohen 2012, 61-67). As it is, he has none. The location of errei corroborates its erotic overtones. It is the last word in the body of the strophe, immediately before the refrain, a privileged position in the form of a cantiga.

Another example is found in Roi Martĩiz d’ Ulveira (1, vv. 15-18).

Falarei con el, pois está <a>ssi, 15 par Deus, amiga, ca sempre punhou de me servir, des i nunca m’ errou des que meu fui, per quant’ eu aprendi. I’ll talk with him, since that’s the way it is, By God, friend, for he’s always tried

Rip Cohen 19

eHumanista: Volume 22, 2012

To serve me, and he never did me wrong Since he was mine, from what I’ve learned,

As far as the girl knows (per quant’ eu aprendi; v. 18), the boy has never wronged

her. Again, the expression allows no specific inference, but it apparently means that he has not spoken with another girl –falar con outra. Since the girl obviously knows what the boy did in her presence, it is what he did elsewhere that she would need to know. And this example is important for another reason: the form errou is found in rhyme, with the (elided) pronoun me immediately preceding: m’errou. This is exactly the combination I propose for Avoin 1, v. 20.

A currious case of errar occurs in Pae Calvo 1 (vv. 5-8).

Foi s’ el con perfia por mi fazer guerra; 5 nembrar se devia de que muito m’ erra; torto <mi ten ora o meu namorado, que tant’ alhur mora e sen meu mandado>. He went away stubbornly, to take revenge on me; He should remember how much he wrongs me. My boyfriend is doing me wrong right now By living elsewhere so long when I don’t want him to.

The boy decided to leave, and did so stubbornly (con perfia; v. 5) to get back at the

girl (fazer guerra = “to take vengeance”). But he has now been away for a long time without her permission. The boy’s absence alhur (“elsewhere”) can be a sign of possible infidelity (Cohen 2011, 122); and the longer he stays, the more suspicious any girl would become. And the verb errar is again used (emphatically) in rhyme-position.

In a dialogue by Fernand’ Esquio (1, vv. 6-7) the boy spent too long a time in Lugo. He was not there for any extended period; he simply tarried there “the other day”. That is long enough for the girl to offer him a less than warm welcome.

–Que adubastes, amigo, u tardastes noutro dia, ou qual é essa fremosa que vos tan ben parecia? —What did you get done, friend, the other day when you tarried, Or who’s that gorgeous girl that seemed to you so pretty?

The girl makes the connection between tardar and outra explicit, openly accusing

the boy of infidelity (Cohen 2012, 76-77 and forthcoming). Although the word errar is not used, the text provides evidence for the pragmatic association between tarrying and an other girl, and so for the treatment of infidelity in the pragmatics of the cantigas d’amigo.

Rip Cohen 20

eHumanista: Volume 22, 2012

In a poem outside the genre, but closely related, a pastorela of D. Dinis (54, vv. 5-6 and 13-15), the verb errar appears twice.

E diss’, “Oimais non é nada 5 de fiar per namorado nunca molher namorada, pois que mh o meu á errado”. And she said, “From now on No woman in love Should ever trust her boy, Since mine has wronged me”.

Then, in the next strophe, after the introduction of the papagai (parrot), the girl

addresses her absent boy: e diss’: “Amigo loução, que faria por amores, pois m’ errastes tan en vão?” 15 And she said, “Handsome friend, What should I do about love, Since you wronged me so senselessly?”

The configuration of words, situation, and action are relevant: the girl cannot trust

the boy because he wronged her. But do these expressions (“he wronged me,” “you wronged me”) refer to infidelity? Certainty is elusive; but doubt is probably unnecessary. She declares that from now on no girl should trust any boy, since hers has wronged her, and the rhetoric of this declaration is stressed by its position in the form, occurring at the end of the strophe.

The role of unfaithfulness in the erotic logic of this genre is backed up by a similar link in Pero da Ponte 2 (vv. 17-21), but here the connection is explicit. The girl asks why any woman should trust a boy, since hers now has another girl. This in turn closely resembles the erotic actions and reactions in another song of Avoin (10, vv. 7-12).

E mui pouc’ á que lh’ eu oí jurar que non queria ben outra molher se non min, e <ben> sei eu que lho quer e por esto non poss’ en ren fiar, 10 ca mi mentiu o que mi <soía dizer verdad’ e nunca mentia>.

Rip Cohen 21

eHumanista: Volume 22, 2012

Not long ago I heard him swear He didn’t love another woman But only me, and I know he loves one, And so there’s nobody I can trust, ’Cause the boy who’d always tell the truth And never would lie has lied to me.

The girl’s unwillingness to trust her (former) boyfriend –or any other boy– is a

consequence of his infidelity: he swore he didn’t love another woman (vv. 7-9), but now she knows he does (v. 9). In the fiinda she reformulates her generalization:

E, se outr’ ouvesse, mentir m’ ia, pois mi mentiu o que non mentia. 20 And if I had another, he’d lie to me, ’Cause the boy who would never lie has lied.

Since she cannot trust this boy, she cannot trust any. It seems, on the evidence, that one of the worst wrongs boy can do to girl (or girl

to boy) is to be unfaithful (Cohen 2012, 62, 67-84), which can mean neither more nor less than “talking with another,” especially since such talking can involve sexual activities (Cohen 2012, 10-26). To get an idea of the angry reaction infidelity can provoke, we need only look at two other texts of Avoin (5 and 7). There both the boy and the other girl are insulted and revenge is promised –and partially exacted by the utterances themselves (Cohen 2012, 72-76).

But it is in the Cantigas de Santa Maria that we find unmistakable examples of errar meaning “to cheat on,” “to be unfaithful.” This is because in that genre erotic situations are usually far more fully sketched out, or even described in detail, allowing a precise and unequivocal interpretation of the verb. Here are some examples.

CSM 5.56 non quisera con ela errar. “He didn’t want to have sex with her” (The brother of the emperor of Rome wanted the empress to have sexual relations with him in his brother’s absence, but she refused. He now claims that it was he who refused her advances.)

CSM 49.13-14 don’ Eva que foi errar / per sa gran folia. “Lady Eve had sex, out of great folly.” (Eve is not cheating on Adam, but errar means “to have sexual relations,” not just “to sin.”) CSM 64.8-9 Santa Maria, que a moller dun infancon / guardou de tal guisa, por que non podess’ errar. “Santa Maria, who protected the wife of

Rip Cohen 22

eHumanista: Volume 22, 2012

an infançon, so that she could not be unfaithful.” (A woman is unable to remove a shoe that a suitor, in an effort to seduce her, gives her while her husband is away, and this keeps her faithful.) CSM 341, rubric: Como Santa Maria do Poy salvou hũa dona d’erro que ll’apoýa seu marido. “How Santa Maria of Poy saved a lady from the wrong that her husband blamed her for.” (The whole tale deals with the husband’s unfounded suspicion that is wife is untrue.)

Useful for grammatical reasons are those examples where we find errar with an

indirect object (as proposed in Avoin 1, v. 20), in a construction meaning “to be unfaithful to (someone).”

CSM 341.15 En coidando que ll’ errara, dava-lle mui maa vida. “Thinking that she was being unfaithful to him, he made her life miserable” (The husband is suspicious, tortures his wife with jealousy, and demands that she undergo an ordeal to prove her innocence.)

CSM 341.51 jurando que non ll’ errara “Swearing that she had not cheated on him”.

Let us return now to the text of Avoin 1, v. 20, where the manuscripts offer morreu

“he died” and I propose to read m’errou “he wronged me”. In terms of critical operations, all we need to do is divide the m from the other letters, taking it as the pronoun me (with elision of the unstressed final vowel), and change o to e (mo- > me-) and e to o (-ou > -eu), the confusion between these two letters being one of the most common errors in B and V (and countless other manuscripts). The latter change is required by the rhyme, and the switch from o to e follows automatically, yielding m’errou (as in Ulveira 1, v. 17). Here the textual critic has not only the right but the duty to correct.

As far as erotic logic is concerned, we then have yet another poem where the girl’s amazement at her boyfriend’s excessive tarrying is an ironic or indirect hint that she suspects he has been untrue to her. But even if the wrong allegedly committed were not infidelity, m’errou is a necessary and –I believe– certain emendation. The need for a rhyme, the sense of the phrase in its specific context, the general meaning of the discourse, and the pragmatics of the genre all require a correction, and all these considerations support the (paleographically easy) emendation m’errou. Thus the boy’s (feared) death, in the corrupt reading of the manuscripts, gives way to his wrong (imagined or real). This reading reverses more than a century of passive acceptance of an unacceptable mistake.

In textual criticism the basic critical operations cannot function in a vacuum. In rhymed strophic poetry with external responsion (where the shape of all strophes must

Rip Cohen 23

eHumanista: Volume 22, 2012

correspond; Cohen 2010d), the reading of the manuscripts can be checked against strophic form, meter and rhyme. And any text must be checked for grammar and sense. But we cannot really check meaning without understanding pragmatics (Cohen 2010a).

Here, in righting the wronged text, we have discovered in this song of Avoin more than a rhyme. We have found one more instance of erotic wronging that fits into a widespread phenomenon in the pragmatics of the genre, where the amigo often betrays, or is thought to betray, his amiga by tarrying elsewhere with another girl.

The pragmatics of the cantigas d’amigo had long been neglected and only recently has become a methodological concern (for a theoretical introduction, see Cohen 2011, 95-102). Maybe the speech-actions (Bing and Cohen, 19-21) of a nubile girl, her mother, girlfriend and boyfriend, have not seemed important enough to warrant study, much less to develop methods of analysis. Editors and commentators rarely provide more than vague –and often inaccurate– descriptions of what happens in any given text. Yet this corpus of 500 female-voiced love songs provides an ideal laboratory for the study of action.

Accurate descriptions of kinds of speech-action can be conveniently conceived of as scripts whose general form can be notated as 1–2, + → (Parkinson and Cohen, 37-39; Cohen 2010a; 2011, 98-99). This notation identifies speaker and addressee (P1 and P2) and describes background and new information (x, y + z) leading to (→) a present action or emotion (A). A grammar of scripts, still under construction, will be as useful for the textual critic as historical grammar, meter or rhyme. The script of Avoin 1 would be:17

–Øℎ, ℎ′ + ℎ′ → ℎ′

The correction m’errou in Avoin 1, v. 20, is one example of the utility of pragmatics

as a check for the textual critic. To make full use of this check we need a complete description of the actions represented in this genre (Cohen 2011, 135-37). Such a description will not be easy to construct, but neither is a manual of historical morphology, phonology or syntax. They are all tools that we cannot do without.

Philology makes use of, and contributes to, many fields. One of the most fundamental, always presupposed but nearly never mentioned, is epistemology (on which see Wittgenstein 1979). When we say we know what a text means, or how to identify –and, with knowledge and skill, correct– a corrupt text, we must be able to say how we know, or at least to explain how we think we know. And we can do that only if we have reliable methods. A grammar of scripts is –and must become accepted as– one of the basic methods needed to edit and interpret the cantigas d’amigo.

17 G = girl; Ø = no identified addressee. Hence G – Ø means that the girl speaks to no addresse (or to an unidentified one).

Rip Cohen 24

eHumanista: Volume 22, 2012

Manuscripts and Works Cited B = Biblioteca Nacional (Lisbon), cod. 10991. V = Biblioteca Apostolica Vaticana (Rome), cod. lat. 4803. Bell, Aubrey F. G, ed. “The Eleven Songs of Joan Zorro.” Modern Language Review

15 (1920): 58-64. Bing, Peter, and Rip Cohen. Games of Venus: An Anthology of Greek and Roman

Erotic Verse from Sappho to Ovid. New York and London: Routledge, 1991. Braga, Theophilo, ed. Cancioneiro portuguez da Vaticana. Edição critica restituida

sobre o texto diplomatico de Halle, acompanhada de um glossario e de uma introducção sobre os trovadores e cancioneiros portuguezes. Lisbon: Imprensa Nacional, 1878.

Brea, Mercedes, coord. Lírica Profana Galego-Portuguesa: Corpus completo das cantigas medievais (con estudio biográfico, análise retórica e bibliografía específica). 2 vols. Santiago de Compostela: Centro Ramon Piñeiro/Xunta de Galicia, 1996.

Cohen, Rip, ed. 500 Cantigas d’Amigo. Porto: Campo das Letras, 2003. http://jhir. library.jhu.edu/handle/1774.2/33843.

---. “Girl in the Dawn: Textual Criticism and Poetics.” Portuguese Studies 22.1 (2006): 173-87.

---. “Technical Virtuosity in the Cantigas d’Amigo.” Floema: Caderno de Teoria e História Literária 5 (2009a): 125-44.

---, ed. “Three Early Galician-Portuguese Poets: Airas Moniz d’Asme, Diego Moniz, Osoir’Anes. A Critical Edition.” Revista Galega de Filoloxia 11 (2009b): 11-59.

---. “Pragmatics and Textual Criticism in the Cantigas d’Amigo.” In Mariña Arbor Aldea & Antonio F. Guiadanes eds. Estudos de edición crítica e lírica galego-portuguesa. Universidade de Santiago de Compostela, 2010a (=Verba, Anuario Galego de Filoloxia, Anexo 67). 25-42.

---. The Cantigas d’Amigo: An English Translation. Baltimore: JScholarship, The Johns Hopkins University, 2010b. http://jhir.library.jhu.edu/handle/1774.2/ 33843.

---. “Colometry and Internal Rhyme in Vidal, Judeu d’ Elvas.” Ars Metrica 12 (2010c). http://irodalom.elte.hu/mezura/?q=node/77.

---. “Cantar Igual: External Responsion and Textual Criticism in Galician-Portuguese Lyric.” La Corónica 38.2 (2010d): 5-25.

---. “The Poetics of Peace: Erotic Reconciliation in the Cantigas d’Amigo.” La Corónica 39.2 (2011): 95-143.

---. Erotic Angles on the Cantigas d’Amigo. Papers of the Medieval Hispanic Research Seminar, 68. London: Department of Iberian and Latin American Studies, Queen Mary, University of London, 2012.

Rip Cohen 25

eHumanista: Volume 22, 2012

---. “Hello, Honey: The Pragmatics of Greeting in the Cantigas d’Amigo.” In Stephen Parkinson ed. Cantigas United. Papers on the Medieval Galician-Portuguese Lyric. London: Department of Iberian and Latin American Studies, Queen Mary, University of London. Forthcoming.

---, & Federico Corriente. “Lelia doura revisited.” La Córonica, 31.1 (2002): 19-40. ---, & Stephen Parkinson. “The Galician-Portuguese Lyric.” In Stephen Parkinson,

Cláudia Pazos Alonso & T. F. Earle eds. Companion to Portuguese Literature. Warminster: Tamesis, 2009. 25-44.

Correia, Ângela. “O refram nos cancioneiros Galego-Portugueses (Escrita e tipologia).” (Master’s Thesis, Universidade de Lisboa [I: Dissertação; II: Transcrição; III: Repertório - Lista por tipos; IV: Repertório - Lista por autores]). 1992. 4 vols.

Cunha, Celso Ferreira da ed. O cancioneiro de Joan Zorro. Aspectos lingüísticos. Texto crítico/Glossário. Rio de Janeiro: [Imprensa Nacional], 1949.

---. Cancioneiros dos Trovadores do Mar. In Elsa Gonçalves ed. Lisbon: Imprensa Nacional-Casa de Moeda, 1999 [contains Cunha 1949].

CSM = Walter Mettmann ed. Afonso X, O Sábio. Cantigas de Santa Maria. Coimbra: Por Ordem da Universidade, 1959–72. 4 vols. (rpt. Vigo: Ediçóns Xerais de Galicia, 1981. 2 vols.).

Ferreira, Maria do Rosário. Águas Doces, Águas Salgadas. Da funcionalidade dos motivos aquáticos nas Cantigas de Amigo. Porto: Granito, 1999.

Gonçalves, Elsa. “Tradição manuscrita da poesia lírica.” In Giulia Lanciani & Giuseppe Tavani, orgs. Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa. Lisbon: Caminho, 1993. 627-32.

Housman, A. E. “The Application of Thought to Textual Criticism.” Proceedings of the Classical Association 18 (1922): 67-84.

Lang, Henry R., ed. Das Liederbuch des Königs Denis von Portugal. Zum ersten mal vollständig herausgegeben und mit Einleitung, Anmerkungen und Glossar versehen. Halle a.S.: Max Niemeyer, 1894 (rpt. Hildesheim and New York: Georg Olms Verlag, 1972).

---. In Lênia Márcia Mongelli & Yara Frateschi Vieira orgs. Cancioneiro d’El Rei Dom Denis e Estudos Dispersos. Niterói/Rio de Janeiro: Xunta da Galicia/ EdUFF, 2010.

Lapa, Manuel Rodrigues, ed. Cantigas d’escarnho e de mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. Vigo: Editorial Galaxia, 1970.

Lorenzo Gradín, Pilar. “El dobre gallego-português o la estética de la simetria.” Vox Romanica (1997) 56: 212-41.

---, ed. Don Afonso Lopez de Baian. Alessandria: Edizioni dell’Orso, 2008. Machado, Elza Pacheco, & José Pedro Machado, eds. Cancioneiro da Biblioteca

Nacional, Antigo Colocci-Brancuti. 8 vols. Lisbon: Edição da “Revista de Portugal,” 1949-64.

Rip Cohen 26

eHumanista: Volume 22, 2012

Michaëlis de Vasconcellos, Carolina, ed. Cancioneiro da Ajuda. Halle a. S.: Max Niemeyer, 1904. 2 vols. (rpt. with “Glossário” [= Michaëlis 1920], Lisbon: Imprensa Nacional-Casa de Moeda, 1990.)

---. “Glossário do Cancioneiro da Ajuda.” Revista Lusitana 23 (1920): 1-95. Monaci, Ernesto, ed. Il canzoniere portoghese della Biblioteca Vaticana (messo a

stampa, con una prefazione con facsimili e con altre illustrazioni). Halle a.S.: Max Niemeyer, 1875.

Nunes, José Joaquim, ed. Cantigas d’amigo dos trovadores Galego-Portugueses. (Edição crítica acompanhada de introdução, comentário, variantes, e glossário). Coimbra: Universidade, 1926-28. 3 vols. (rpt. Lisbon: Centro do Livro Brasileiro, 1973.).

Parkinson, Stephen. “False Refrains in the Cantigas de Santa Maria.” Portuguese Studies 3 (1987): 22-55.

Tavani, Giuseppe. Repertorio metrico della lirica galego-portoghese. Rome: Edizioni dell’Ateneo, 1967.

Wittgenstein, Ludwig. G. E. M. Anscombe & G. H. von Wright eds. Denis Paul & G. E. M. Anscombe trans. On Certainty/Über Gewissheit. Oxford: Basil Blackwell, 1979.

---. G. E. M. Anscombe ed. Linda L. McAlister & Margarete Schättle trans. Remarks on Colour/Bemerkungen über die Farben. Oxford: Basil Blackwell, 1990.