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De 18 a 20 de junho de 2012 o Notícias do Dia apresentou a série de reportagens “500 milhões de obesos”, que recebeu menção honrosa pelo terceiro lugar na categoria jornal do 7º Prêmio Sindhrio (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde do Município do Rio de Janeiro) de Jornalismo e Saúde, em 2012.
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JOINVILLE 18 de junho de 2012 ANO 6 No 1.751 R$ 1,50
O M E L H O R P A R A Q U E M V I V E A C I D A D E
ndonline.com.brSegunda-feira
Para divulgar o show. pág. 11Dupla integrante da banda Rebeldes participa hoje do “Ver Mais”.
Promoção. Melanie e Chay estão em Joinville
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Educação
Uma maratona de estudo e diversãoAlunos do Colégio Osvaldo Aranha fizeram sessão de estudos que durou 12 horas. Página 8
Série que inicia hoje mostra causas e tratamentos para a obesidade mórbida.Páginas 16 e 17
Preocupação com o pesoem excesso
Saúde
Posse hoje na Acij . pág. 21Nova diretoria assume para mandato de 12 meses.
Agredido e assaltado. pág. 8Homem foi abordado quando estava no carro.
Semifinalistas da Taça RIC. Pág. 3Partidas serão disputadas no próximo sábado.
Vasco continua líder na Série A.
Duas realidades opostas no mesmo jogo do JECEquipe saiu na frente primeiro tempo, mas cedeu empate no segundo. Páginas 4e 6
Com lanterna. As irmãs Lailane (E) e Laiane, junto com a
amiga Emanuelle resolveram problemas no escuro
Decepção. Técnico Leandro Campos lamentou nervosismo dos jogadores
EDITOR: ROsana RITTa [email protected] @rosana_ritta
Rosana [email protected]
Fatores genéticos, hereditários e ambientais são as causas que fizeram 7% da população mundial se tornar obesa. Se-
gundo o relatório, “Estatísticas Mun-diais de Saúde”, divulgado em maio pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a estimativa é de que cerca de 500 milhões de pessoas com mais de 20 anos sofram com a obesidade em todo o planeta. Por ano, a OMS cal-cula que 2,8 milhões de pessoas mor-ram em decorrência do sobrepeso e da obesidade. A Diabetes mellitus tipo 2 é uma das doenças que mais preocupa pacientes e médicos, mas é quase sempre controlada quando os obesos mórbidos passam pela cirur-gia de redução do estômago.
Em Joinville, a pesquisadora Cândida Chiochetta Tonial consta-tou que 88,3% dos pacientes dia-béticos submetidos à cirurgia bari-átrica no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt entre janeiro de 2001 e julho de 2011 tiveram remis-são total do diabetes. Segundo Tani-se Balvedi Damas, endocrinologista do Programa Obesimor, e orienta-dora do projeto de monografia “Re-missão do Diabetes mellitus nos pacientes submetidos a cirurgias no HRHDS de Joinville”, o termo cura não é utilizado porque ainda não se sabe como será a evolução destes mesmos pacientes em longo prazo. “Hoje, sabemos que dos pacientes que usavam insulina, nenhum usa mais no pós-operatório”, detalha.
Durante a pesquisa, Cândida re-visou o prontuário de 34 pacientes do hospital e observou que 30 deles tiveram remissão total do diabetes e quatro reduziram o uso de medi-camentos. A dona de casa Rose Maria André, 38 anos, foi uma das analisadas que deixou de usar dois tipos de insulina depois da cirurgia, realiza-da em 2010, e mudou radi-calmente o estilo de vida. “Eu mesma me aplicava, quase morria do coração. Há nove anos minha mãe morreu e cai mais na de-pressão. Cheguei a pregar a janela do quarto para não abrir e não ver ninguém”, conta Rose, que começou a engordar com 15 anos e procu-rou a Obesimor quando o médi-co do posto de saúde do Rio Bonito disse que a cirurgia era sua única alternativa para tentar resolver os problemas de saúde.
A partir de hoje, o ND apresenta uma série de reportagens sobre as causas, as consequências e o tratamento da obesidade mórbida. Nesta primeira matéria, mostram-se as estatísticas mundiais da doença e o tratamento da Diabetes mellitus tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica. Na segunda, será apresentado o trabalho do Programa Obesimor, que trata os obesos mórbidos no Nordeste catarinense, e da Assobesimor (Associação dos Obesos Mórbidos). No terceiro e último dia da série, o tratamento da obesidade no pré e no pós-cirúrgico nos hospitais de Joinville será detalhado.
de obesos500milhões
Foi difícil, mas se fosse para fazer tudo de novo, hoje eu fazia, até porque sabia que era
minha única opção.
Rose MaRie andRé, Dona De casa
129quilos
76quilos
notícias do dia Joinville – segunda-feira, 18 de JunHo de 2012 16/17
Obesidade – É uma doença caracterizada pelo excesso de gordura no corpo
Obesidade mórbida – ocorre quando o paciente tem iMC igual ou acima de 40 e há aumento significativo do risco de se adquirir as comorbidades que comprometem a qualidade de vida do paciente e podem causar a morte
IMC – É uma medida internacional utilizada para calcular se a pessoa está abaixo ou acima do peso ideal para sua estatura
Cirurgia bariátrica e metabólica* – Também conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago, reúne técnicas destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. o conceito metabólico foi incorporado há cerca de seis anos pela importância que a cirurgia adquiriu no tratamento de doenças causadas, agravadas ou cujo tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso ou facilitado pela perda de peso – como o diabetes e a hipertensão –, também chamadas de comorbidades
Comorbidades – doenças graves relacionadas à obesidade. as mais frequentes são: hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, hipercolesterolemia, apneia do sono, insuficiência cardíaca, artroses de quadril e joelhos e obstrução arterial
Diabetes Mellitus tipo 2 – ocorre quando o organismo tem resistência à insulina e pode levar à morte quando a doença não é controlada
Adeus à depressão
Marilsaquase desistiu
Doença renal pode ser prevenida ou tratada depressiva, com diabetes, pressão
alta e problemas cardíacos rose Maria andré chegou ao obesimor em 2008, com 129 quilos e tomando 12 tipos de medicamentos. se esforçando para mudar hábitos alimentares e comportamentais, ela perdeu 21 quilos antes da cirurgia. “o doutor dante, do postinho do rio Bonito, me salvou me mandando para lá. Quando comecei a ir na obesimor não conhecia nada. foi difícil, mas se fosse para fazer tudo de novo, hoje eu fazia, até porque sabia que era minha única opção”, avalia. Hoje, rose pesa 76 quilos, toma quatro remédios para pressão e aguarda o aval do cardiologista para fazer as cirurgias plásticas. “Todos os médicos já assinaram, mas ele quer fazer um exame e ver como está meu coração antes disso. eu sou aquela do quase, eles tinham muito medo, foi uma briga para fazer minha cirurgia por causa do coração”, relembra.
a cozinheira Marilsa soares, 46 anos, precisou de mais tempo para aceitar e seguir o tratamento que normalizou a taxa de glicose na sua corrente sanguínea e eliminou sua depressão. encaminhada para o programa pela unidade de saúde do bairro aventureiro ela iniciou o acompanhamento no regional em maio de 2008. “Parei porque meu pai ficou enfermo e morreu em outubro de 2009 e eu fiquei com trauma. foi um ano bem triste. eu passava pelo hospital e virava o rosto, tive que mudar de casa, porque não conseguia entrar sem lembrar dele”, desabafa.
em agosto de 2010, ela procurou novamente o obesimor para desistir do tratamento, mas foi convencida por uma assistente social de que deveria seguir no programa. “ela me falou que o que eu estava fazendo não ia trazer meu pai de volta e que eu não devia desistir. e hoje eu vejo que valeu a pena. se eu soubesse que seria assim teria voltado muito antes”, analisa. durante o tratamento, Marilsa também teve dificuldades porque engordou ainda mais quando começou a aplicar três doses diárias de insulina.
“entrei com 105 (quilos), cheguei a 95, mas engordei 12 e fui para a cirurgia com 112”, detalha. atualmente, ela pesa 75 quilos, não pode trabalhar por causa das sequelas de hérnias na coluna, mas não precisou usar insulina. “vou tratar uma anemia, normalizar a B12 (vitamina), e estou na fila para as quatro cirurgias plásticas. se tivesse cinco, eu fazia cinco porque o corpo muda muito”, relata. além de aguardar os novos procedimentos cirúrgicos, Marilsa entrará com um pedido de aposentadoria nos próximos meses. “estou encostada há cinco anos. não tenho mais hérnia, mas ainda sinto dor. o médico disse que já não tenho mais como trabalhar”, acrescenta.
segundo o cirurgião bariátrico vinicius José Cota schiochet, um dos médicos do obesimor, a Diabetes mellitus tipo 2 e a obesidade têm crescido em todo o mundo ano após ano e podem ser tratadas com a cirurgia bariátrica. “o obeso é cronicamente inflamado e tem mais chance de ter insuficiência renal e ser diabético. o paciente sendo operado e emagrecendo pode prevenir a insuficiência ou melhorar o estado da doença renal”, informa.
de acordo com o nefrologista Cláudio r. Werka Jr., a obesidade aumenta os riscos de doenças vasculares, diabetes, hipertensão e doença renal crônica. “a obesidade é um fator de risco independente para a insuficiência renal crônica a longo prazo, mas dificilmente vira doença se não tiver outra condição associada, principalmente a hipertensão e o diabetes”, detalha. nesses casos, o tratamento inclui a perda de peso por meio de dietas e atividades físicas ou a cirurgia. “a progressão
da doença renal crônica é uma séria indicação para cirurgia bariátrica”, relatou no 3o simpósio de obesidade Mórbida e 3o encontro Joinvilense de Cirurgia Bariátrica do Hospital regional Hans dietter schmidt, realizado no departamento de ensino e Pesquisa da unidade, em março.
Estou na fila para as quatro cirurgias plásticas. Se tivesse
cinco, eu fazia porque o corpo muda muito.
Marilsa soares, Cozinheira
O obeso é croni-camente
inflamado e tem mais
chance de ser
diabético.
Vinicius schiochet, Cirurgião BariátriCo
Janelas e portas abertas para a vida. Rose Maria livrou-se de mais de 50 quilos, recuperou a
autoestima e agora espera para fazer as cirurgias plásticas
Idas e vindas. Marilsa de novo visual
76quilos
75quilos
112quilos
No muNdo
7 bilhõesde habitantes
500 milhões
de pessoas estão acima de
20 anos são obesas (7%
da população mundial)
2,8 milhões
de pessoas morrem
anualmente em decorrência do
sobrepeso e da obesidade
Fonte | oMS (organização
Mundial de Saúde)
SAIBA MAISEntenda os termos
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL
Fonte | SBCBM (SoCiedade BraSileira de Cirurgia BariátriCa e MetaBóliCa)
LIMITE* 80 cm para mulheres 90 cm para homens
(*) Pode variar em diferentes etnias
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EDITOR: ROsana RITTa [email protected] @rosana_ritta
Rosana [email protected]
A pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crô-nicas por Inquérito Telefônico) revelou recentemente que entre 2006 e 2011 o
percentual de habitantes acima do peso nas ca-pitais brasileiras e no Distrito Federal aumentou 7%. No mesmo período, o número de obesos nas mesmas regiões cresceu 5%. Atualmente, 48,5% da população brasileira estão acima do peso e 15,8% são obesos. Para tentar alterar este pano-rama, o Ministério da Saúde tem investido em ações como a implantação e o monitoramento das academias de saúde. Em Joinville, a obesida-de mórbida é tratada no programa Obesimor, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
O projeto, que comemora dez anos de criação, tem aproximadamente 1.000 pacientes cadastra-dos: 365 já fizeram a cirurgia bariátrica e 635 estão em tratamento aguardando o procedimento cirúr-gico. O primeiro atendimento para quem precisa tratar a obesidade mórbida é feito no posto de saú-de do bairro. Na unidade, quem tem IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou superior a 40 é enca-minhado para o ambulatório da Obesimor, passa por aulas, consultas com especialistas e frequenta reuniões mensais da Assobesimor (Associação dos Obesos Mórbidos) antes e depois da cirurgia. Os encontros ocorrem sempre na terceira quinta-feira do mês, no salão de festas da Comunidade Papa João 23, e reúnem cerca de 500 pessoas.
Antes das reuniões, a associação organi-za oficinas de artesanato, culinária e música. Na “Cozinha saudável”, pacientes e cuidadores aprendem receitas menos calóricas com o chefe Daniel André Lopes, professor do Senac (Ser-viço Nacional de Aprendizagem Comercial). “A gente parte do princípio de que comida não en-gorda. O que engorda é a gente”, ensina.
Desde que iniciou o trabalho voluntário na As-sobesimor, há dois anos, ele já ensinou os alunos a prepararem cucas e pães integrais, peito de frango recheado, panquecas, empadões e outros pratos. “São receitas já testadas e feitas para atender às necessidades deles. Mostro para eles o que pode e o que não pode fazer. Pego uma coisa mais co-mum e tento dar uma cara mais bonita”, detalha.
Desde ontem, o ND apresenta uma série de reportagens sobre as causas, as consequências, e o tratamento da obesidade mórbida. Na primeira matéria, foram mostradas as estatísticas mundiais da doença e o tratamento da Diabetes mellitus tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica. Hoje, a reportagem apresenta o trabalho do Programa Obesimor, que trata os obesos mórbidos no Nordeste catarinense, e da Assobesimor (Associação dos Obesos Mórbidos). Amanhã, na terceira e última reportagem da série, o tratamento da obesidade no pré e no pós-cirúrgico nos hospitais de Joinville será detalhado.
estão acima do peso48,5%
Orientações e troca de
experiências. Associados
e cuidadores no encontro mensal, que
reúne em torno de 500 pessoas
Desafio. Mudança de hábitos alimentares é uma das propostas da Assobesimor
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notícias do dia Joinville – terça-feira, 19 De JUnHo De 2012 24/25
Para chefe, evolução
Reganho, dado que preocupa Busca por vida mais saudável
Associação precisa de apoio
os ingredientes das receitas são comprados por vera regina Martins araújo, 48 anos, presidente da assobesimor, e as aulas na cozinha da igreja costumam reunir de dez a 15 pessoas das 16 às 18h, antes das palestras mensais, realizadas às 19h. Segundo o chefe Daniel andré lopes, esse método tem sido mais eficaz porque garante que ele terá tudo o que precisa para fazer uma boa aula quando chegar à cozinha industrial da igreja.
“eu preparo as receitas, mando a lista de compras e a associação
compra. antes, eles dividiam as coisas entre si e era mais difícil, porque nem sempre vinha tudo e alguém tinha que comprar algo na hora”, relembra. Para ele, ver a evolução dos pacientes que continuam participando da oficina mesmo depois da cirurgia é recompensador. “Quando começou, a ideia era criar uma atividade a mais para eles, mas a cozinha sempre junta as pessoas e é legal. Conheço vários pacientes antes de operar e é legal ver a alegria deles no pós-operatório”, avalia.
em maio, a agente comunitária de saúde Maria Gorete Gaspar, 45 anos, e o filho fabrício Gaspar Pereira, 12, foram à uma aula da cozinha pela primeira vez. encantada com as receitas de panqueca doce e do empadão de atum, ensinadas pelo chef Daniel, ela contou que já está começando a mudar os seus e os hábitos alimentares inadequados da família. “estou abrindo os horizontes e vendo que não preciso deixar de comer, mas só fazer uma alimentação mais saudável”, comentou.
enquanto aprendia a virar panquecas, ela contou que tem diabetes e pressão alta e que decidiu procurar ajuda quando a irmã teve uma parada renal e morreu. “Decidi correr mais pela vida. Quero criar meu filho, ser professora e parar de tomar tanto remédio”, desabafou. Desde outubro fazendo tratamento no Hospital regional, ela já passou por consultas com especialistas e aguarda as sessões da terapia de grupo para ter sua cirurgia marcada.
“ainda tenho que diminuir bastante (Maria começou o tratamento com 105 quilos e atualmente pesa 103), mas já dá para ver a diferença, principalmente no carboidrato que agora sobra no fim do mês”, avalia, com bom humor.
vera regina Martins araújo, presidente da assobesimor, é quem agenda as oficinas e palestras de acordo com a disponibilidade dos voluntários e especialistas. “Já tivemos artesanato como pintura em tela, bordado, aula de música, mas agora só estamos com a cozinha”, conta. Como a entidade não tem uma sede fixa, a presidente fica responsável por alugar o salão de festas da igreja e organizar ações que cubram os gastos mensais. “tem mais de 1.000 pessoas entre pré e pós-operados e nem 200 pagam a mensalidade que é só de r$ 5, que a gente cobra pra pagar os custos, e que dá a eles direito de ter 20% de desconto nos complexos vitamínicos”, relata.
nas reuniões mensais, a assobesimor promove um brechó com roupas usadas e permite que uma paciente venda as peças estilizadas que fabrica em tamanho especial. “ela nos dá uma porcentagem para cobrir nossos custos. no desfile (dos pós-operados), a gente tem que pagar o lanche de quem trabalha. aqui, a gente traz as frutas. no simpósio, faz o coquetel”, lista vera. a história da presidente na obesimor começou em 2008, quando seu médico sugeriu que ela fizesse a cirurgia bariátrica para amenizar a dor na coluna. “eu tinha 124 quilos, estava com um problema sério na coluna e vivia deprimida”, recorda. Quem quiser ajudar a assobesimor deve mandar email para [email protected] ou procurar por assobesimor Joinville no facebook.
Aprendendo. Fabrício e Maria Gorete
Em torno do fogão. Daniel ensina receitas menos calóricas, como empadão e panqueca (ao lado)
Depressão, jamais. Disposta, Vera Regina Araújo é que mantém as atividades da associação
Limite. Jorge Nakassa diz que ganho de peso de dez a 15% é normal depois da cirurgia, mas alerta que mais do que isso é preocupante
SAIBA MAIS
PANQUECA SEM GLÚTEN
Os números da obesidade
*Fonte | pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, que analisa o percentual de adultos acima de 20 anos com excesso de peso e obesidade, segundo as capitais dos Estados brasileiros e o Distrito Federal.
0 300150 km
2006 2007 2008 2009 2010 2011
11% 13% 13% 14% 15% 16%
OBESIDADE
ONDE OS DADOS PREOCUPAM MAIS NO SUL
População
1o
Macapá (aP) 21%
3o
natal (rn)18%
2o
Porto alegre (rS) 20%
1o
Porto alegre(rS) – 20%
2o
Curitiba(Pr) – 16%
3o
florianópolis(Pr) – 15%
Massa 1 ovo 3 colheres de fécula de batata (caso não tenha pode usar amido de milho)
1 pitada de sal e uma de açúcar 1 colher de óleo de canola (pode ser soja)
2 colheres de sopa de água 1 colher de sopa de leite
PreParo Bata tudo no liquidificador e prepare as panquecas numa frigideira antiaderente. reserve.
recheio:200 gramas de geleia de morango200 ml de suco de laranja
PreParo Misture a geleia com o suco de laranja, espalhe sobre a massa, enrole e sirva.
também em maio, na reunião realizada depois da oficina, o médico Jorge Massahiro nakassa, um dos cirurgiões do programa, palestrou sobre reganho de peso. Segundo ele, após a cirurgia bariátrica o paciente deve eliminar 75% do excesso de peso e depois de um tempo pode engordar de 10 a 15% do que perdeu sem que isso seja considerado preocupante. “Depois de um tempo de operação, é lógico que o paciente aumenta um pouco o peso, mas se passar desses dez ou 15%, está fora do que é aceito. e isso é resultado da desistência do paciente de seguir com o tratamento multiprofissional”, avaliou. na palestra e no 3o Simpósio de obesidade Mórbida e 3o encontro Joinvilense de Cirurgia Bariátrica do Hospital regional Hans Dieter Schmidt, realizado em março, ele informou que 41 pacientes dentre 249 cirurgias (16,46%) tiveram reganho entre 2002 e 2010. “vamos revisar os dados, mas em 2007 tem um dado que me preocupa: 32,85% dos pacientes tiveram reganho”, comentou.
A cozinha sempre junta as
pessoas e é legal.
Daniel anDré lopes, Chefe
a decisão de levar o filho de 12 anos para a aula foi tomada porque os outros cuidadores que a acompanham trabalham durante a tarde e para que o menino tenha um reforço na reeducação alimentar. “Meu filho estava indo pelo mesmo caminho que eu. o açúcar tava alto, tinha bronquite e pneumonia, mas começou a fazer natação e melhorou”, orgulha-se.
notícias do dia Joinville – quarta-feira, 20 De JunHo De 2012 19
eDitor: rosana ritta [email protected] @rosana_ritta
Rosana [email protected]
O medo de engordar ainda mais e desenvolver a diabe-tes levou o radialista Dalson Draeger Junior, 32 anos, ao
Programa Obesimor, no Hospital Re-gional Hans Dieter Schmidt, em agos-to de 2011, pesando 135 quilos. A cora-gem para tratar a obesidade mórbida veio depois de acompanhar a evolução nos casos dos amigos que fizeram a cirurgia bariátrica. No dia 26 de abril, após aulas, séries de consultas com especialistas, baterias de exames e te-rapias em grupo, ele foi operado pelo cirurgião bariátrico Rui Celso Vieira, coordenador do programa.
Disciplinado, Dalson reduziu o peso para 106 quilos seguindo as orientações médicas. Antes do pro-cedimento, ele emagreceu 16 quilos e em 45 dias deixou outros 13 quilos para trás e voltou a trabalhar. “Minha cirurgia foi uma bênção. O único pro-blema é que sou ruim de veia e tive que ficar com o braço esticado de quarta a domingo”, relembrou. Durante a in-ternação, a dieta líquida restrita sem açúcar era aplicada de forma intrave-nosa. Para Dalson, se adequar às die-tas restritivas não foi complicado, mas ficar em casa depois da operação foi considerado entediante.
“Não tem como sair ainda, então mandei instalar mais canais de TV a cabo porque não posso dormir muito, tem que tomar um suco, uma sopa co-ada, água de coco e tudo que for de lí-quido de três em três horas”, detalhou na segunda semana do pós-cirúrgico. Considerado um sucesso, o procedi-mento atendeu às expectativas dele, da família e dos médicos. “Estou per-dendo uma média de um quilo e meio por semana. Agora, começo a perder peso um pouco menos rápido, mas é normal”, contou orgulhoso quando voltou a trabalhar.
Adaptado à nova rotina alimentar, que começou a ser alterada conforme foi participando das aulas, terapias e consultas na Obesimor, ele conta que já está se alimentando sem restrições. “Estou comendo bem, só que pouco, até carne. Parei de comer uns alimentos tipo peixe e tomate, porque descobri que não é bom porque tenho gota e ela vol-tou forte depois da cirurgia”, detalhou. Tranquilo, ele também conta que os exames de sangue pós-cirúrgicos foram considerados normais e que já está to-mando o complexo vitamínico indicado pela nutricionista para repor as vitami-nas que devem faltar no organismo com a redução do estômago.
Continua nas páginas 20 e 21
um renascimentoCirurgia promove
Deixando a obesidade para trás. Dalson
momentos antes do início da cirurgia
bariátrica realizada em 26 de abril
Minha cirurgia foi uma bênção.
Dalson Draeger Junior, Radialista
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Desde segunda, o
ND apresenta uma série de reportagens sobre
as causas, as consequências e o tratamento da obesidade mórbida.
Na primeira matéria, foram mostradas as estatísticas mundiais da doença
e o tratamento da Diabetes mellitus tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica. Ontem, foi apresentado o trabalho do
Programa Obesimor, que trata os obesos mórbidos no Nordeste catarinense, e da
Assobesimor (Associação dos Obesos Mórbidos). E hoje, na terceira e
última reportagem da série, o tratamento da obesidade no
pré e no pós-cirúrgico nos hospitais de Joinville
é detalhado.
20 Saúde notícias do dia Joinville – quarta-feira, 20 De Junho De 2012
Cirurgias bariátriCas em Joinville
2002 20122003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
16
27
5
70
55
42
50
78
31
0
em 2005 pararam de ser realizadas enquanto
o credenciamento não era oficializado
395 até 31/5/2012
Hospital Regional Hans DieteR scHmiDta primeira cirurgia com a técnica do bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de roux”) foi realizada em 2002, com a autorização da Secretaria Municipal de Saúde. o credenciamento do Ministério da Saúde ocorreu em 2007.
Cirurgias bariátriCas no brasil
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
16.00018.000
22.000
29.50033.000
38.000
45.000
60.000
25% por videolaparoscopia
35% por videolaparoscopia
Fonte | Sbcbm (Sociedade braSileira de cirurgia bariátrica e metabólica)
monitoramento é para sempre
a técnica aplicada nos pacientes da obesimor é o bypass gástrico com desvio intestinal em “Y de roux” (Y é como a costura do intestino se parece após a cirurgia e roux é o sobrenome do cirurgião que criou a técnica) com a colocação de uma banda gástrica (um anel ajustável que regula a passagem do alimento para o estômago). Durante o procedimento, parte do estômago é grampeada, reduzindo o espaço para o alimento, e o intestino inicial é desviado parar dar a sensação de saciedade.
Segundo o cirurgião bariátrico rui Celso vieira, coordenador do programa, a cirurgia só é realizada quando o paciente tem entre 18 e 65 anos e já tentou aliar dietas a exercícios físicos sem resultado. “o tratamento da obesidade mórbida pode ser clínico, com acompanhamento de endocrinologista, nutricionista, psicólogo e exercício físico. quando ele faz isso durante dois anos e não consegue alcançar o peso ideal, a cirurgia da obesidade é indicada”, detalha. na segunda consulta de Dalson, em maio, o médico elogiou a evolução do quadro e pediu para ele controlar a ansiedade. “esquece a balança. o que nos interessa é daqui a um ano, um ano e meio, a estabilização do teu peso”, aconselhou.
o controle da alimentação dos pacientes é feito com a ajuda dos cuidadores – parentes ou amigos escolhidos para ajudar nessa nova etapa da vida. no caso de Dalson, a mulher, Marilene ritzmann Draeger, analista de recursos humanos, 33, é uma das cuidadoras que o apoia na nova rotina. “no começo, fiquei com medo, mas depois vi que ele estava determinado e que ia dar tudo certo. agora eu dou umas roupas para ele, ele acha que não vai servir e sempre serve”, conta.
até chegar à mesa, Dalson passou por avaliações com endocrinologista, nutricionista, pneumologista, cardiologista, técnico em enfermagem, psiquiatra, assistente social, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e anestesiologista. “também têm as duas grandes aulas. explicam como é a cirurgia, falam que teve quem morreu porque não se cuidou, pedem para você assinar a papelada, quem não tá a fim de fazer corre”, relata.
Segundo Dalson, que tem 1,70m, o aumento de peso veio depois do casamento, mas sua alimentação nunca foi muito exagerada. “quando era criança era gordinho, na adolescência normal e depois comecei a engordar. Meu pai é obeso, minha mãe é obesa, eu já tenho hipertensão e tenho muito medo da diabetes, não quero ter”, detalha. nesse primeiro ano após a cirurgia ele terá que retornar constantemente a vários especialistas para monitorar seu quadro.
Depois, as consultas com cada médico ocorrem uma vez por ano e as terapias uma vez por mês, mas cuidados como comer pequenas quantidades de três em três horas continuam para o resto da vida. “a cirurgia se propõe a perder 70% do excesso de peso, mas não opera depressão, falta de dinheiro, opera o estômago. o cuidador é muito importante para policiar o paciente, que deve escolher e mastigar bem os alimentos”, completa rui Celso vieira, coordenador do obesimor.
a cirurgia mais utilizada no Brasil
bY-Pass gástriCo
interPosiÇÃo ileal
Esquece a balança.
O que nos interessa é a estabili-zação do teu peso.
Rui Celso VieiRa,
Cirurgião, para Dalton
No começo, fiquei com medo de como ia cuidar.
MaRilene DRaegeR, CuiDaDora De Dalson
Preparativo. Dalton passa pelos procedimentos básicos antes de ser submetido à cirurgia
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notícias do dia Joinville – quarta-fera, 20 De Junho De 2012 Saúde 21
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
42 41 41
140
82
2
14
9
36
47
3430
33
48
74
60
34
31
377 421até 31/5/2012 até 31/5/2012
*Os dados dos anos anteriores não foram fornecidos
Centro Hospitalar UnimedÉ credenciado para o procedimento desde a inauguração, em 2001*. no ano anterior, as cirurgias do Plano unimed eram feitas no centro cirúrgico do hospital Municipal São José. realiza cirurgias bariátricas videolaparoscópicas.
Hospital dona HelenaÉ credenciado para fazer cirurgias bariátricas – gastroplastia por diversas técnicas, colocação de balão gástrico por vídeo e convencional e colocação de balão intragástrico por endoscopia – desde 2001.
rede credenciada no estado passo para plásticasem Santa Catarina, as unidades
de saúde estaduais credenciadas pelo Ministério da Saúde para a realização das cirurgias bariátricas são o hospital regional hans Dieter Schmidt, em Joinville; o hospital Santo antônio, em Blumenau; hospital Geral e Maternidade tereza ramos, em lages; hospital universitário, em florianópolis; e o hospital homero de Miranda Gomes, em florianópolis. em Joinville, o Centro hospitalar unimed e o hospital Dona helena operam pela rede privada.
“também é autorizada a operação de obesidade grau 2 no paciente com iMC (Índice de Massa Corporal) entre 35 e 39,9 e doenças como diabetes, hipertensão, e dislipdemia que já tentaram o tratamento clínico sem sucesso”, explica o cirurgião geral e do aparelho digestivo aluísio Stoll, presidente do capítulo de Santa Catarina da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) e médico nas duas unidades particulares.
Como os dois hospitais têm que seguir os protocolos do Ministério da Saúde, os pacientes também
são atendidos por especialistas no pré e no pós-operatório, com uma frequência menor do que na rede pública. “ele passa por psicólogo, psiquiatra, nutricionista, cardiologista, pneumologista, cardiologista no pré e no pós no primeiro ano, e segue com consultas com cirurgião e endocrinologista há cada quatro meses no primeiro e uma vez por ano para o resto da vida”, reforça.
Por determinação da anS (agência nacional de Saúde), quem tem plano de saúde não paga nada pela cirurgia bariátrica em nenhum hospital privado. quem faz a cirurgia particular desembolsa cerca de r$ 25 mil com os custos do procedimento e da internação. Para aluísio, responsável pela primeira cirurgia bariátrica realizada em Joinville, em 1999, no hospital Municipal São José, é preciso que mais unidades públicas sejam credenciadas. “a obesidade mórbida é um problema sério e a cirurgia é um tratamento efetivo. hoje, a nossa sociedade de cirurgia bariátrica é a segunda maior do mundo. Só não é maior que a americana”, completa.
no hospital regional hans Dieter Schmidt, as cirurgias plásticas (abdômen, braços, coxas e seios) podem ser feitas a partir de um ano depois das bariátricas, se o paciente estiver com o peso estabilizado por três meses, com o iMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 30, apresente resultados normais nos exames laboratoriais e se mantenha fiel ao tratamento. “o paciente que abandona o tratamento é difícil de tratar e ele chega em pior estado. tabagismo, hipertensão não controlada, diabetes não controlada, uso de anticoagulantes, drogas fitoterápicas e doenças cardíacas graves também são critérios de exclusão”, detalha o cirurgião plástico fernando Sanfelice andré. os resultados, segundo ele, dependem da técnica utilizada e do perfil biológico do paciente. “alguns têm cicatrizes excelentes e outros desastrosas, mas depende também da aceitação do paciente em relação às recomendações prescritas. as atividades físicas mais intensas são proibidas por 60 dias. as mulheres têm que usar cintas e sutiãs modeladores como prescrito”, lista. Mais de 400 plásticas já foram feitas na unidade de saúde.Durante. Equipe do Obesimor na cirurgia que transformará a vida da Dalson
Depois. Em casa, assistindo à TV e controlando horários para comerAntes. Dalson à espera da cirurgia, depois de tentar vários outros métodos
EDITOR: ROSANA RITTA [email protected] @rosana_ritta
ROSANA ROSAR
Fatores genéticos, hereditários
e ambientais são as causas
que fizeram 7% da população
mundial se tornar obesa. Se-
gundo o relatório, “Estatísticas Mun-
diais de Saúde”, divulgado em maio
pela OMS (Organização Mundial de
Saúde), a estimativa é de que cerca de
500 milhões de pessoas com mais de
20 anos sofram com a obesidade em
todo o planeta. Por ano, a OMS cal-
cula que 2,8 milhões de pessoas mor-
ram em decorrência do sobrepeso e
da obesidade. A Diabetes mellitus
tipo 2 é uma das doenças que mais
preocupa pacientes e médicos, mas é
quase sempre controlada quando os
obesos mórbidos passam pela cirur-
gia de redução do estômago.
Em Joinville, a pesquisadora
Cândida Chiochetta Tonial consta-
tou que 88,3% dos pacientes dia-
béticos submetidos à cirurgia bari-
átrica no Hospital Regional Hans
Dieter Schmidt entre janeiro de
2001 e julho de 2011 tiveram remis-
são total do diabetes. Segundo Tani-
se Balvedi Damas, endocrinologista
do Programa Obesimor, e orienta-
dora do projeto de monografia “Re-
missão do Diabetes mellitus nos
pacientes submetidos a cirurgias no
HRHDS de Joinville”, o termo cura
não é utilizado porque ainda não se
sabe como será a evolução destes
mesmos pacientes em longo prazo.
“Hoje, sabemos que dos pacientes
que usavam insulina, nenhum usa
mais no pós-operatório”, detalha.
Durante a pesquisa, Cândida re-
visou o prontuário de 34 pacientes
do hospital e observou que 30 deles
tiveram remissão total do diabetes
e quatro reduziram o uso de medi-
camentos. A dona de casa Rose
Maria André, 38 anos, foi uma
das analisadas que deixou de
usar dois tipos de insulina
depois da cirurgia, realiza-
da em 2010, e mudou radi-
calmente o estilo de vida.
“Eu mesma me aplicava,
quase morria do coração.
Há nove anos minha mãe
morreu e cai mais na de-
pressão. Cheguei a pregar
a janela do quarto para não
abrir e não ver ninguém”,
conta Rose, que começou a
engordar com 15 anos e procu-
rou a Obesimor quando o médi-
co do posto de saúde do Rio Bonito
disse que a cirurgia era sua única
alternativa para tentar resolver os
problemas de saúde.
A partir de hoje, o ND apresenta uma série de reportagens sobre as causas,
as consequências e o tratamento da obesidade mórbida. Nesta primeira
matéria, mostram-se as estatísticas mundiais da doença e o tratamento
da Diabetes mellitus tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica. Na segunda,
será apresentado o trabalho do Programa Obesimor, que trata os obesos
mórbidos no Nordeste catarinense, e da Assobesimor (Associação dos Obesos
Mórbidos). No terceiro e último dia da série, o tratamento da obesidade no
pré e no pós-cirúrgico nos hospitais de Joinville será detalhado.
de obesos500milhões
Foi difícil, mas se fosse para fazer tudo de
novo, hoje eu fazia, até porque sabia que era
minha única opção.
ROSE MARIE ANDRÉ, DONA DE CASA129quilos
76quilos
EDITOR: ROSANA RITTA
@rosana_ritta
ROSANA ROSAR
A pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crô-
nicas por Inquérito Telefônico) revelou
recentemente que entre 2006 e 2011 o
percentual de habitantes acima do peso nas ca-
pitais brasileiras e no Distrito Federal aumentou
7%. No mesmo período, o número de obesos nas
mesmas regiões cresceu 5%. Atualmente, 48,5%
da população brasileira estão acima do peso e
15,8% são obesos. Para tentar alterar este pano-
rama, o Ministério da Saúde tem investido em
ações como a implantação e o monitoramento
das academias de saúde. Em Joinville, a obesida-
de mórbida é tratada no programa Obesimor, no
Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
O projeto, que comemora dez anos de criação,
tem aproximadamente 1.000 pacientes cadastra-
dos: 365 já fizeram a cirurgia bariátrica e 635 estão
em tratamento aguardando o procedimento cirúr-
gico. O primeiro atendimento para quem precisa
tratar a obesidade mórbida é feito no posto de saú-
de do bairro. Na unidade, quem tem IMC (Índice
de Massa Corporal) igual ou superior a 40 é enca-
minhado para o ambulatório da Obesimor, passa
por aulas, consultas com especialistas e frequenta
reuniões mensais da Assobesimor (Associação dos
Obesos Mórbidos) antes e depois da cirurgia. Os
encontros ocorrem sempre na terceira quinta-feira
do mês, no salão de festas da Comunidade Papa
João 23, e reúnem cerca de 500 pessoas.
Antes das reuniões, a associação organi-
za oficinas de artesanato, culinária e música.
Na “Cozinha saudável”, pacientes e cuidadores
aprendem receitas menos calóricas com o chefe
Daniel André Lopes, professor do Senac (Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Comercial). “A
gente parte do princípio de que comida não en-
gorda. O que engorda é a gente”, ensina.
Desde que iniciou o trabalho voluntário na As-
sobesimor, há dois anos, ele já ensinou os alunos a
prepararem cucas e pães integrais, peito de frango
recheado, panquecas, empadões e outros pratos.
“São receitas já testadas e feitas para atender às
necessidades deles. Mostro para eles o que pode
e o que não pode fazer. Pego uma coisa mais co-
mum e tento dar uma cara mais bonita”, detalha.
Desde ontem, o ND apresenta uma série de reportagens sobre as causas, as consequências,
e o tratamento da obesidade mórbida. Na primeira matéria, foram mostradas as estatísticas
mundiais da doença e o tratamento da Diabetes mellitus tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica.
Hoje, a reportagem apresenta o trabalho do Programa Obesimor, que trata os obesos mórbidos
no Nordeste catarinense, e da Assobesimor (Associação dos Obesos Mórbidos). Amanhã, na
terceira e última reportagem da série, o tratamento da obesidade no pré e no pós-cirúrgico nos
hospitais de Joinville será detalhado.
estão acima do peso48,5%
Orientações
e troca de
experiências.
Associados
e cuidadores
no encontro
mensal, que
reúne em torno
de 500 pessoas
Desafio. Mudança de
hábitos alimentares é
uma das propostas da
Assobesimor
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notícias do dia
JOINVILLE – SEGUNDA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2012 16/17
obesidade – É uma doença caracterizada
pelo excesso de gordura no corpo
obesidade mórbida – Ocorre quando o paciente tem
IMC igual ou acima de 40 e há aumento significativo do
risco de se adquirir as comorbidades que comprometem
a qualidade de vida do paciente e podem causar a morte
imC – É uma medida internacional utilizada
para calcular se a pessoa está abaixo ou
acima do peso ideal para sua estatura
Cirurgia bariátrica e metabólica* – Também
conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente,
redução de estômago, reúne técnicas destinadas ao
tratamento da obesidade e das doenças associadas
ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele.
O conceito metabólico foi incorporado há cerca de
seis anos pela importância que a cirurgia adquiriu no
tratamento de doenças causadas, agravadas ou cujo
tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso
ou facilitado pela perda de peso – como o diabetes e a
hipertensão –, também chamadas de comorbidades
Comorbidades – Doenças graves relacionadas
à obesidade. As mais frequentes são: hipertensão
arterial, diabetes mellitus tipo 2, hipercolesterolemia,
apneia do sono, insuficiência cardíaca, artroses
de quadril e joelhos e obstrução arterial
diabetes mellitus tipo 2 – Ocorre quando o
organismo tem resistência à insulina e pode levar
à morte quando a doença não é controlada
adeus à depressão
marilsa
quase desistiu
doença renal pode ser
prevenida ou tratada
Depressiva, com diabetes, pressão
alta e problemas cardíacos Rose Maria
André chegou ao Obesimor em 2008,
com 129 quilos e tomando 12 tipos
de medicamentos. Se esforçando
para mudar hábitos alimentares e
comportamentais, ela perdeu 21 quilos
antes da cirurgia. “O doutor Dante, do
postinho do Rio Bonito, me salvou me
mandando para lá. Quando comecei
a ir na Obesimor não conhecia nada.
Foi difícil, mas se fosse para fazer
tudo de novo, hoje eu fazia, até porque
sabia que era minha única opção”,
avalia. Hoje, Rose pesa 76 quilos,
toma quatro remédios para pressão e
aguarda o aval do cardiologista para
fazer as cirurgias plásticas. “Todos os
médicos já assinaram, mas ele quer
fazer um exame e ver como está meu
coração antes disso. Eu sou aquela
do quase, eles tinham muito medo, foi
uma briga para fazer minha cirurgia
por causa do coração”, relembra.A cozinheira Marilsa Soares,
46 anos, precisou de mais tempo
para aceitar e seguir o tratamento
que normalizou a taxa de glicose na
sua corrente sanguínea e eliminou
sua depressão. Encaminhada para
o programa pela unidade de saúde
do bairro Aventureiro ela iniciou o
acompanhamento no Regional em
maio de 2008. “Parei porque meu pai
ficou enfermo e morreu em outubro
de 2009 e eu fiquei com trauma. Foi
um ano bem triste. Eu passava pelo
hospital e virava o rosto, tive que
mudar de casa, porque não conseguia
entrar sem lembrar dele”, desabafa.
Em agosto de 2010, ela procurou
novamente o Obesimor para desistir
do tratamento, mas foi convencida
por uma assistente social de que
deveria seguir no programa. “Ela me
falou que o que eu estava fazendo
não ia trazer meu pai de volta e que
eu não devia desistir. E hoje eu vejo
que valeu a pena. Se eu soubesse
que seria assim teria voltado muito
antes”, analisa. Durante o tratamento,
Marilsa também teve dificuldades
porque engordou ainda mais
quando começou a aplicar
três doses diárias de insulina.
“Entrei com 105
(quilos), cheguei a 95, mas
engordei 12 e fui para a
cirurgia com 112”, detalha.
Atualmente, ela pesa 75 quilos,
não pode trabalhar por causa das
sequelas de hérnias na coluna, mas
não precisou usar insulina. “Vou
tratar uma anemia, normalizar a
B12 (vitamina), e estou na fila para
as quatro cirurgias plásticas. Se
tivesse cinco, eu fazia cinco porque
o corpo muda muito”, relata. Além
de aguardar os novos procedimentos
cirúrgicos, Marilsa entrará com
um pedido de aposentadoria nos
próximos meses. “Estou encostada
há cinco anos. Não tenho mais
hérnia, mas ainda sinto dor. O
médico disse que já não tenho
mais como trabalhar”, acrescenta.
Segundo o cirurgião bariátrico Vinicius José Cota
Schiochet, um dos médicos do Obesimor, a Diabetes mellitus
tipo 2 e a obesidade têm crescido em todo o mundo ano
após ano e podem ser tratadas com a cirurgia bariátrica.
“O obeso é cronicamente inflamado e tem mais chance
de ter insuficiência renal e ser diabético. O paciente sendo
operado e emagrecendo pode prevenir a insuficiência
ou melhorar o estado da doença renal”, informa.
De acordo com o nefrologista Cláudio R. Werka Jr.,
a obesidade aumenta os riscos de doenças vasculares,
diabetes, hipertensão e doença renal crônica. “A obesidade
é um fator de risco independente para a insuficiência
renal crônica a longo prazo, mas dificilmente vira doença
se não tiver outra condição associada, principalmente
a hipertensão e o diabetes”, detalha. Nesses casos,
o tratamento inclui a perda de peso por meio de
dietas e atividades físicas ou a cirurgia. “A progressão
da doença renal crônica é uma séria indicação para
cirurgia bariátrica”, relatou no 3o Simpósio de Obesidade
Mórbida e 3o Encontro Joinvilense de Cirurgia Bariátrica
do Hospital Regional Hans Dietter Schmidt, realizado no
Departamento de Ensino e Pesquisa da unidade, em março.
Estou na fila para
as quatro cirurgias
plásticas. Se tivesse
cinco, eu fazia porque o
corpo muda muito.
MARILSA SOARES, COZINHEIRA
O obeso é croni-camente
inflamado
e tem mais chance de ser
diabético.
VINICIUS
SCHIOCHET,
CIRURGIÃO
BARIÁTRICO
Janelas e portas abertas para
a vida. Rose Maria livrou-se de
mais de 50 quilos, recuperou a
autoestima e agora espera para
fazer as cirurgias plásticas
Idas e vindas. Marilsa de novo visual
76quilos
75quilos
112quilos
NO MUNDO
7 bilhõesde habitantes
500 milhões
de pessoas
estão acima de
20 anos são
obesas (7%
da população
mundial)
2,8 milhões
de pessoas morrem
anualmente em
decorrência do
sobrepeso e
da obesidade
FONTE | OMS
(ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE)
SAIBA MAISEntenda os termos
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL
FONTE | SBCBM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E
METABÓLICA)
LIMITE* 80 cm para mulheres
90 cm para homens
(*) Pode variar em diferentes etnias
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notícias do dia Joinville – terÇa-feira, 19 De Junho De 2012 24/25para chefe, evolução
reganho, dado que preocupa Busca por vida mais saudável
associação precisa de apoio
os ingredientes das receitas são comprados por vera regina Martins araújo, 48 anos, presidente da assobesimor, e as aulas na cozinha da igreja costumam reunir de dez a 15 pessoas das 16 às 18h, antes das palestras mensais, realizadas às 19h. Segundo o chefe Daniel andré lopes, esse método tem sido mais eficaz porque garante que ele terá tudo o que precisa para fazer uma boa aula quando chegar à cozinha industrial da igreja. “eu preparo as receitas, mando a lista de compras e a associação
compra. antes, eles dividiam as coisas entre si e era mais difícil, porque nem sempre vinha tudo e alguém tinha que comprar algo na hora”, relembra. Para ele, ver a evolução dos pacientes que continuam participando da oficina mesmo depois da cirurgia é recompensador. “quando começou, a ideia era criar uma atividade a mais para eles, mas a cozinha sempre junta as pessoas e é legal. Conheço vários pacientes antes de operar e é legal ver a alegria deles no pós-operatório”, avalia.
em maio, a agente comunitária de saúde Maria Gorete Gaspar, 45 anos, e o filho fabrício Gaspar Pereira, 12, foram à uma aula da cozinha pela primeira vez. encantada com as receitas de panqueca doce e do empadão de atum, ensinadas pelo chef Daniel, ela contou que já está começando a mudar os seus e os hábitos alimentares inadequados da família. “estou abrindo os horizontes e vendo que não preciso deixar de comer, mas só fazer uma alimentação mais saudável”, comentou.enquanto aprendia a virar panquecas, ela contou que tem diabetes e pressão alta e que decidiu procurar ajuda quando a irmã teve uma parada renal e morreu. “Decidi correr mais pela vida. quero criar meu filho, ser professora e parar de tomar tanto remédio”, desabafou. Desde outubro fazendo tratamento no hospital regional, ela já passou por consultas com especialistas e aguarda as sessões da terapia de grupo para ter sua cirurgia marcada.“ainda tenho que diminuir bastante (Maria começou o tratamento com 105 quilos e atualmente pesa 103), mas já dá para ver a diferença, principalmente no carboidrato que agora sobra no fim do mês”, avalia, com bom humor.
vera regina Martins araújo, presidente da assobesimor, é quem agenda as oficinas e palestras de acordo com a disponibilidade dos voluntários e especialistas. “Já tivemos artesanato como pintura em tela, bordado, aula de música, mas agora só estamos com a cozinha”, conta. Como a entidade não tem uma sede fixa, a presidente fica responsável por alugar o salão de festas da igreja e organizar ações que cubram os gastos mensais. “tem mais de 1.000 pessoas entre pré e pós-operados e nem 200 pagam a mensalidade que é só de r$ 5, que a gente cobra pra pagar os custos, e que dá a eles direito de ter 20% de desconto nos complexos vitamínicos”, relata.nas reuniões mensais, a assobesimor promove um brechó com roupas usadas e permite que uma paciente venda as peças estilizadas que fabrica em tamanho especial. “ela nos dá uma porcentagem para cobrir nossos custos. no desfile (dos pós-operados), a gente tem que pagar o lanche de quem trabalha. aqui, a gente traz as frutas. no simpósio, faz o coquetel”, lista vera. a história da presidente na obesimor começou em 2008, quando seu médico sugeriu que ela fizesse a cirurgia bariátrica para amenizar a dor na coluna. “eu tinha 124 quilos, estava com um problema sério na coluna e vivia deprimida”, recorda. quem quiser ajudar a assobesimor deve mandar email para [email protected] ou procurar por assobesimor Joinville no facebook.
Aprendendo. Fabrício e Maria Gorete
Em torno do fogão. Daniel ensina receitas menos calóricas, como empadão e panqueca (ao lado)
Depressão, jamais. Disposta, Vera Regina Araújo é que mantém as atividades da associação
Limite. Jorge Nakassa diz que ganho de peso de dez a 15% é normal depois da cirurgia, mas alerta que mais do que isso é preocupante
SAIBA MAIS
PANQUECA SEM GLÚTEN
Os números da obesidade
*Fonte | pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, que analisa o percentual de adultos acima de 20 anos com excesso de peso e obesidade, segundo as capitais dos Estados brasileiros e o Distrito Federal.
0 300150 km
2006 2007 2008 2009 2010 2011
11% 13% 13% 14% 15% 16%
OBESIDADE
ONDE OS DADOS PREOCUPAM MAIS NO SUL
População
1o
Macapá (aP) 21%
3o
natal (rn)18%
2o
Porto alegre (rS) 20%
1o
Porto alegre(rS) – 20%
2o
Curitiba(Pr) – 16%
3o
florianópolis(Pr) – 15%
MASSA 1 ovo 3 colheres de fécula de batata (caso não tenha pode usar amido de milho) 1 pitada de sal e uma de açúcar 1 colher de óleo de canola (pode ser soja)
2 colheres de sopa de água 1 colher de sopa de leite
PREPARO Bata tudo no liquidificador e prepare as panquecas numa frigideira antiaderente. reserve.RECHEIO:
200 gramas de geleia de morango200 ml de suco de laranja
PREPARO Misture a geleia com o suco de laranja, espalhe sobre a massa, enrole e sirva.
também em maio, na reunião realizada depois da oficina, o médico Jorge Massahiro nakassa, um dos cirurgiões do programa, palestrou sobre reganho de peso. Segundo ele, após a cirurgia bariátrica o paciente deve eliminar 75% do excesso de peso e depois de um tempo pode engordar de 10 a 15% do que perdeu sem que isso seja considerado preocupante. “Depois de um tempo de operação, é lógico que o paciente aumenta um pouco o peso, mas se passar desses dez ou 15%, está fora do que é aceito. e isso é resultado da desistência do paciente de seguir com o tratamento multiprofissional”, avaliou. na palestra e no 3o Simpósio de obesidade Mórbida e 3o encontro Joinvilense de Cirurgia Bariátrica do hospital regional hans Dieter Schmidt, realizado em março, ele informou que 41 pacientes dentre 249 cirurgias (16,46%) tiveram reganho entre 2002 e 2010. “vamos revisar os dados, mas em 2007 tem um dado que me preocupa: 32,85% dos pacientes tiveram reganho”, comentou.
A cozinha sempre
junta as pessoas e é
legal.
DANIEL ANDRÉ LOPES, CHEFE
a decisão de levar o filho de 12 anos para a aula foi tomada porque os outros cuidadores que a acompanham trabalham durante a tarde e para que o menino tenha um reforço na reeducação alimentar. “Meu filho estava indo pelo mesmo caminho que eu. o açúcar tava alto, tinha bronquite e pneumonia, mas começou a fazer natação e melhorou”, orgulha-se.
notícias do dia
JOINVILLE – QUARTA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2012 19
EDITOR: ROSANA RITTA [email protected] @rosana_ritta
ROSANA ROSAR
O medo de engordar ainda
mais e desenvolver a diabe-
tes levou o radialista Dalson
Draeger Junior, 32 anos, ao
Programa Obesimor, no Hospital Re-
gional Hans Dieter Schmidt, em agos-
to de 2011, pesando 135 quilos. A cora-
gem para tratar a obesidade mórbida
veio depois de acompanhar a evolução
nos casos dos amigos que fizeram a
cirurgia bariátrica. No dia 26 de abril,
após aulas, séries de consultas com
especialistas, baterias de exames e te-
rapias em grupo, ele foi operado pelo
cirurgião bariátrico Rui Celso Vieira,
coordenador do programa.
Disciplinado, Dalson reduziu o
peso para 106 quilos seguindo as
orientações médicas. Antes do pro-
cedimento, ele emagreceu 16 quilos
e em 45 dias deixou outros 13 quilos
para trás e voltou a trabalhar. “Minha
cirurgia foi uma bênção. O único pro-
blema é que sou ruim de veia e tive que
ficar com o braço esticado de quarta a
domingo”, relembrou. Durante a in-
ternação, a dieta líquida restrita sem
açúcar era aplicada de forma intrave-
nosa. Para Dalson, se adequar às die-
tas restritivas não foi complicado, mas
ficar em casa depois da operação foi
considerado entediante.
“Não tem como sair ainda, então
mandei instalar mais canais de TV a
cabo porque não posso dormir muito,
tem que tomar um suco, uma sopa co-
ada, água de coco e tudo que for de lí-
quido de três em três horas”, detalhou
na segunda semana do pós-cirúrgico.
Considerado um sucesso, o procedi-
mento atendeu às expectativas dele,
da família e dos médicos. “Estou per-
dendo uma média de um quilo e meio
por semana. Agora, começo a perder
peso um pouco menos rápido, mas é
normal”, contou orgulhoso quando
voltou a trabalhar.
Adaptado à nova rotina alimentar,
que começou a ser alterada conforme
foi participando das aulas, terapias e
consultas na Obesimor, ele conta que
já está se alimentando sem restrições.
“Estou comendo bem, só que pouco,
até carne. Parei de comer uns alimentos
tipo peixe e tomate, porque descobri que
não é bom porque tenho gota e ela vol-
tou forte depois da cirurgia”, detalhou.
Tranquilo, ele também conta que os
exames de sangue pós-cirúrgicos foram
considerados normais e que já está to-
mando o complexo vitamínico indicado
pela nutricionista para repor as vitami-
nas que devem faltar no organismo com
a redução do estômago.
Continua nas páginas 20 e 21
um renascimentoCirurgia promove
Deixando a obesidade
para trás. Dalson
momentos antes do
início da cirurgia
bariátrica realizada em 26 de abril
Minha cirurgia foi uma bênção.
DALSON DRAEGER JUNIOR, RADIALISTA
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Desde segunda, o
ND apresenta uma
série de reportagens sobre
as causas, as consequências e o
tratamento da obesidade mórbida.
Na primeira matéria, foram mostradas
as estatísticas mundiais da doença
e o tratamento da Diabetes mellitus
tipo 2 por meio da cirurgia bariátrica.
Ontem, foi apresentado o trabalho do
Programa Obesimor, que trata os obesos
mórbidos no Nordeste catarinense, e da
Assobesimor (Associação dos Obesos
Mórbidos). E hoje, na terceira e
última reportagem da série, o
tratamento da obesidade no
pré e no pós-cirúrgico nos
hospitais de Joinville
é detalhado.
20 Saúde notícias do dia
Joinville – quarta-feira, 20 De Junho De 2012
CIRURGIAS BARIÁTRICAS EM JOINVILLE
2002
2012
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 20111
6
27
5
70
55
42
50
78
31
0
em 2005 pararam de
ser realizadas enquanto
o credenciamento
não era oficializado
395 até 31/5/2012
Hospital reGional Hans dieter sCHmidt
a primeira cirurgia com a técnica do bypass gástrico
(gastroplastia com desvio intestinal em “Y de
roux”) foi realizada em 2002, com a autorização da
Secretaria Municipal de Saúde. o credenciamento
do Ministério da Saúde ocorreu em 2007.
CIRURGIAS BARIÁTRICAS NO BRASIL
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 201016.000
18.00022.000
29.50033.000
38.000
45.000
60.00025% por videolaparoscopia
35% por videolaparoscopia
FONTE | SBCBM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA)
monitoramento é para sempre
a técnica aplicada nos pacientes da obesimor
é o bypass gástrico com desvio intestinal em “Y de
roux” (Y é como a costura do intestino se parece
após a cirurgia e roux é o sobrenome do cirurgião
que criou a técnica) com a colocação de uma
banda gástrica (um anel ajustável que regula a
passagem do alimento para o estômago). Durante
o procedimento, parte do estômago é grampeada,
reduzindo o espaço para o alimento, e o intestino
inicial é desviado parar dar a sensação de saciedade.
Segundo o cirurgião bariátrico rui Celso vieira,
coordenador do programa, a cirurgia só é realizada
quando o paciente tem entre 18 e 65 anos e já tentou
aliar dietas a exercícios físicos sem resultado. “o
tratamento da obesidade mórbida pode ser clínico, com
acompanhamento de endocrinologista, nutricionista,
psicólogo e exercício físico. quando ele faz isso durante
dois anos e não consegue alcançar o peso ideal, a cirurgia
da obesidade é indicada”, detalha. na segunda consulta
de Dalson, em maio, o médico elogiou a evolução do
quadro e pediu para ele controlar a ansiedade. “esquece a
balança. o que nos interessa é daqui a um ano, um ano e
meio, a estabilização do teu peso”, aconselhou.
o controle da alimentação dos
pacientes é feito com a ajuda dos
cuidadores – parentes ou amigos
escolhidos para ajudar nessa nova etapa
da vida. no caso de Dalson, a mulher,
Marilene ritzmann Draeger, analista
de recursos humanos, 33, é uma das
cuidadoras que o apoia na nova rotina.
“no começo, fiquei com medo, mas
depois vi que ele estava determinado
e que ia dar tudo certo. agora eu dou
umas roupas para ele, ele acha que
não vai servir e sempre serve”, conta.
até chegar à mesa, Dalson passou
por avaliações com endocrinologista,
nutricionista, pneumologista,
cardiologista, técnico em enfermagem,
psiquiatra, assistente social,
fonoaudióloga, terapeuta ocupacional
e anestesiologista. “também têm as
duas grandes aulas. explicam como
é a cirurgia, falam que teve quem
morreu porque não se cuidou, pedem
para você assinar a papelada, quem
não tá a fim de fazer corre”, relata.
Segundo Dalson, que tem 1,70m,
o aumento de peso veio depois do
casamento, mas sua alimentação nunca
foi muito exagerada. “quando era criança
era gordinho, na adolescência normal e
depois comecei a engordar. Meu pai é
obeso, minha mãe é obesa, eu já tenho
hipertensão e tenho muito medo da
diabetes, não quero ter”, detalha. nesse
primeiro ano após a cirurgia ele terá
que retornar constantemente a vários
especialistas para monitorar seu quadro.
Depois, as consultas com cada
médico ocorrem uma vez por ano e as
terapias uma vez por mês, mas cuidados
como comer pequenas quantidades de
três em três horas continuam para o
resto da vida. “a cirurgia se propõe a
perder 70% do excesso de peso, mas
não opera depressão, falta de dinheiro,
opera o estômago. o cuidador é muito
importante para policiar o paciente,
que deve escolher e mastigar bem
os alimentos”, completa rui Celso
vieira, coordenador do obesimor.
a cirurgia
mais utilizada
no Brasil BY-PASS GÁSTRICO
INTERPOSIÇÃO ILEAL
Esquece a balança. O que nos
interessa é
a estabili-zação do teu peso.
RUI CELSO
VIEIRA,
CIRURGIÃO, PARA
DALTON
No começo, fiquei com
medo de como ia cuidar.
MARILENE DRAEGER, CUIDADORA DE DALSON
Preparativo.
Dalton passa pelos
procedimentos
básicos antes de
ser submetido à
cirurgia
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nesta semana, de segunda-
feira até hoje, o Notícias do Dia publica a série de reportagens
sobre obesidade mórbida e suas consequências.