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    DOI: 10.12957/geouerj.2013.5074

    Geo UERJ - Ano 15, n. 24, v. 1, 1 semestre de 2013 p. 181-206

    ISSN: 1415-7543E-ISSN: 1981-9021http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj

    EPISDIOS PLUVIAIS EXTREMOS E A VULNERABILIDADE

    SOCIOAMBIENTAL DO MUNICPIO DE FORTALEZA:

    Oevento do dia 27/03/2012

    EXTREME PLUVIAL EPISODES AND SOCIOENVIRONMENTAL

    VULNERABILITY IN THE CITY OF FORTALEZA:

    The eventofday 03/27/2012

    Joo Lus Sampaio OlmpioGegrafo, mestrando em Geografia (UFC)

    Universidade Federal do [email protected]

    Patrcia Mena Barreto VieiraBacharel em Servio Social (UECE)

    Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de [email protected]

    Maria Elisa ZanellaGegrafa, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR)

    Universidade Federal do [email protected]

    Marta Celina Linhares SalesGegrafa, Dr. em Geografia Fsica (USP)

    Universidade Federal do [email protected]

    Resumo

    Este artigo trata da relao entre os episdios pluviaisextremos e a vulnerabilidadesocioambiental, bem como os resultados desta interaona organizao dos espaosurbanos, tendo-se como rea de estudo a cidade de Fortaleza-CE. O processo deconstituio do territrio desta cidade implicou na ocupao de reas ambientalmentefrgeis por populaes socialmente vulnerveis, resultando na formao de espaos deriscos, expostos durante os episdios pluviais intensos, como o ocorrido no dia27.03.2012. Utilizaram-se como referenciais tericos a abordagem socioambiental e oSistema Clima Urbano. Objetivou-se a compreenso dos sistemas atmosfricos indutoresde precipitaes intensas, bem como se analisou os elementos naturais e sociaisformadores dos riscos naturais e as consequncias negativas sobre o espao de Fortaleza.Constatou-se que ocorreu a associao da ZCIT, VCAS e CCM para a produo dasinstabilidades atmosfricas do referido dia. Foram identificados e espacializados osimpactos hidrometericosna cidade, enfatizando-se o agravamento das condies de riscosnaturais e a desorganizao do espao urbano em anlise.

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    Geo UERJ - Ano 15, n. 24, v. 1, 1 semestre de 2013 p. 181-206

    ISSN: 1415-7543E-ISSN: 1981-9021http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj

    Palavras-chaves: Vulnerabilidade Socioambiental, Episdios Pluviais Extremos,Abordagem Socioambiental, SCU, Fortaleza.

    AbstractThis article is about the relationship between the extreme pluvial episodes and thesocioenvironmental vulnerability, as well as the results of this interaction in theorganization of the urban spaces. The area of study is the city of Fortaleza-CearaState,Brazil. The process of urbanization of this cityresulted in the occupation of vulnerableenvironmental areas by an unprivileged socioeconomic population, resulting in thecreation of spaces of risk, exposed during the intense pluvial episodes, as that happened atMarch, 27th 2012. It was used as theoryreferential the socioenvironmental approach andthe Urban Climate System. The objective of the understanding of weather systems thatinduce intense rainfall, as well as were analyzed the former social and natural elements ofnatural risks and the negative consequences about the space of Fortaleza. It was found a

    combination of ZCIT, VCAS and CCM in the production of atmospheric instabilities ofthe day. It was identified and spatialized the hydrometric impacts in the city, emphasizingthe aggravation of the natural risk conditions and the disorganized of the urban space inanalysis.

    Key-words: Socioenvironmental Vulnerability, Extreme Rainfall Episodes, ApproachSocioenvironmental, UCS, Fortaleza.

    Introduo

    Produto das relaes conflituosas entre a sociedade e a natureza, os desastres

    naturais so eventos cada vez mais comuns e danosos s populaes, causando

    sentimentos e explicaes diferenciadas em cada parcela da sociedade. Muitas so as

    hipteses para explic-los, normalmente apontam-se os responsveis pelassuas

    manifestaes, mas, infelizmente, poucos so os que se vm como participantes deste

    processo e que indicamaes viveis para reduo dos riscos e a soluo dos problemas

    antes, durante e depois da ocorrncia dos desastres.

    O discurso no entorno dessa problemtica, no se restringe mais ao meio

    acadmico, mas alcana a sociedade como um todo. Na impressa, na poltica e nas

    conversas do cotidiano, temascomo desenvolvimento sustentvel, mudanas climticas

    e desastres naturais, outrora restritos a certos grupos intelectuais, so cada vez mais

    comuns. Todavia, h um notrio superficialismo sobre tais questes, por vezes h o

    surgimento de verdades absolutas sem uma real comprovao cientfica, outros

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    atribuem os impactos destes eventos a foras sobrenaturais onde o homem apresenta-se

    com um ser passvel ao processo de constituio dos riscos, alm dos exageros e

    subestimo por parte de grupos especficos.

    Diante da magnitude dos eventos catastrficos que ocorrem em outras partes do

    mundo, por muito tempo afirmou-se que no Brasil no havia desastres. Mas ento como

    explicar os atuais impactos, na verdade de longa histria, que vm atingindo o Brasil?

    As regies Sul e Nordeste se reversam em perodos muito secos e muito chuvosos, no

    Norte os desvios pluviais apresenta-se severos, nas reas urbanas frequente a

    divulgao de notcias relacionadas s inundaes e aos deslizamentos. Nestes termos,

    como explicar tal problemtica cada vez mais frequenteem um territrio que dizem no

    haver desastres? Quem contribui para a formao destes novos cenrios? So perguntasnovas e cada vez mais cobradaspela sociedade, cabendo aos pesquisadores buscar as

    suas respostas.

    Neste sentido, a procura de respostas perpassa por um conhecimento integrado

    que envolva as cincias naturais, sociais e exatas, de modo que cadauma possa d sua

    contribuio na busca do entendimento destes novos cenrios, assim como a elaborao

    de propostas e tecnologias para a soluo da referida problemtica. Entre estes ramos do

    conhecimento, toma destaque a Geografia Socioambiental uma vez que estasefundamenta na compreenso do meio ambiente como o produto da relaoentre

    sociedade e natureza, dada por um processo constante de transformao, resultando em

    estados momentneos de harmonia e conflito. Tal abordagem expe o cenrio de

    constituio dos riscos, desastres e vulnerabilidadesambientais.

    Neste sentido, atribuir somente natureza os danos decorrentes dos desastres

    naturais um equvoco (VEYRET; RICHEMOND, 2007). Mas cabe explic-los a partir

    do papel do homem cada vez mais incisivo, em funo das mudanas que proporcionasobre a dinmica dos sistemas ambientais e na formao de sociedades vulnerveis, e

    principalmente de grupos especficos dentro de uma mesma sociedade.

    Este cenrio marcante na cidade de Fortaleza. Situada na poro setentrional

    do Nordeste brasileiro, o seu stio urbano (Figura 1) atingido periodicamente por

    eventos pluviais extremos, causando a desorganizao do espao em questo.

    Acrescenta-se que parcela significativa da populao habitante possui alta

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    vulnerabilidade socioambiental, j que grupos sociais especficos residem em espaos

    naturais susceptveis s adversidades dos fenmenos naturais. O crescimento espacial

    desordenado da cidade remonta aos sculos XIX e XX, quando a populao citadina

    amplia-se rapidamente em decorrncia das migraes rural-urbano, motivadas pelas

    secas que impactavam os sertes interioranos (COSTA, 2007). Tal situao retrata a

    ausncia de um planejamento territorial em nvel estadual e municipal. No primeiro

    caso, destaca-se a ineficcia da gesto dos desastres naturais, especificamente sobre as

    secas do semirido, e em nvel municipal remonta a precariedade do ordenamento

    urbano, ao evidenciar a ocupao de terrenos imprprios para a habitao pelas

    populaes menos abastadas.

    Figura 1 Mapa de localizao do municpio de Fortaleza.

    O territrio de Fortaleza marcado pela significativa diversidade social,

    econmica e natural, resultando em cenrios ambientais diferenciados e em espaos que

    reagem de forma distinta s manifestaes abruptas da dinmica ambiental. Neste

    sentido, no espao urbano observam-se situaes de misria e riqueza, riscos e

    amenidades, conflitos e harmonias, indicando a segregao socioespacial e

    socioambiental reinante (ZANELLA et al, 2009).

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    A vulnerabilidade socioambiental desta cidade resulta do uso inadequado de

    determinados espaos sujeitos a uma dinmica natural singular ou decorrente de

    atividades e intervenes humanas que pem em risco parcela da populao. Em

    Fortaleza, o processo de crescimento urbano favoreceu a ocupao de ambientes

    frgeis,marcados por processos especficos que por vezes entram em conflito com a

    dinmica social presente, de modo que periodicamente geram-se situaes de crise.

    Ademais, a histrica carncia em aes de planejamento e de ordenamento territorial

    no permitiram a implantao das infraestruturas necessrias s atividades urbanas,

    promovendo-se diversos impactos socioambientais.

    Grosso modo, a vulnerabilidade socioambiental de Fortaleza mais crtica sobre

    as plancies dos rios Cear/Maranguapinho e do Coc e na plancie litornea, os quaisapresentam uma ocupao espontnea por populaes socialmente vulnerveis,

    resultado de um processo de segregao socioambiental, historicamente vigente nas

    cidades brasileiras.

    Inundaes, alagamentos, deslizamentos e soterramentos so as principais

    manifestaes da dinmica natural,promovendo danos sobre os indivduos vulnerveis.

    Entretanto, as condies ambientais e socioeconmicas impem outros riscos de ordem

    tecnolgica e social, como o risco de contaminao biolgica e qumica, violncia,desemprego/subemprego, incndios, exploses, desabamentos, entre outros. Formam-se

    verdadeiras bacias de risco, que em aluso as bacias hidrogrficas, so reas para

    onde convergem diversos riscos(REBELO, 2008).

    Nestes termos, a presente pesquisa buscou analisar a dinmica socioambiental do

    espao urbano de Fortaleza durante a ocorrncia de um episdio pluvial extremo

    ocorrido em 27 maro de 2012. Assim, atravs da Abordagem Socioambiental e do

    Sistema Clima Urbano (SCU), objetivou-se compreender a dinmica atmosfricaassociando-a aos impactos promovidos no espao urbano.

    Materiais e mtodos

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    Este trabalho fundamentou-se em dois referenciais tericos de cunho geogrfico

    e ambiental, a saber: a Abordagem Socioambiental, proposta por Mendona (2002,

    2004, 2010) e o Sistema Clima Urbano (SCU)elaborado por Monteiro(1976,2011).

    Conforme explicita Mendona (2002), a problemtica ambiental que se

    configura no decorrer do sculo XX, exigiu novas reflexes dos gegrafos, na busca de

    respostas e solues que retratem a complexidade do meio ambiente, produto construdo

    atravs das inter-relaes mantidas entre a sociedade e a natureza. Neste sentido, fez-se

    eminente a ruptura com a clssica dicotomia entre as Geografias Fsica e Humana, mas

    caminhou-se na direo de integr-las em um todo, assim como se mostram na

    realidade, resultando numa Geografia dita Socioambiental.

    A Abordagem Socioambiental um referencial de cunho sistmico e complexo,que busca a unidade do conhecimento geogrfico sobre o meio ambiente,

    fundamentando-se no produto das relaes entre os sistemas da sociedade e os da

    natureza, de modo que o meio ambiente encontra-se em constante processo de

    transformao, resultado da dinmica socioambiental construda (MENDONA, 2002).

    Caracteriza-se pela multi e interdisciplinaridade, portanto no se limita a um mtodo

    especfico, mas abarca tanto os mtodos das cincias sociais como os das naturais,

    visando o entendimento e a soluo da problemtica ambiental evidenciada, entretantosem negligenciar a construo de mtodos prprios, embasados na reflexo

    socioambiental posta.Recentemente, Mendona (2011), traz uma reflexo acerca da

    abordagem dos riscos, resilincia e das vulnerabilidades socioambientais urbanas,

    associadas aos eventos climticos extremos.

    Com efeito, se faznecessrio que o estudo sobre os riscos e desastres naturais

    ocorra sobre a perspectiva anteriormente apresentada, tendo em vista que tal

    problemtica o produto combinado em um mesmo espao e tempo de fenmenosnaturais, associados aos processos humanos que modelam o espao natural em funo

    de suas necessidades, com destaque ao espao urbano, devido intensidade das

    intervenes. Por vezes, esta relao produz desarmonias ainda pouco entendidas, mas

    geradoras de danos expressivos para ambos os lados deste conjunto.

    Quanto ao SCU, este consiste em um referencial que analisa os eventos

    climticos de forma sistmica, produto das relaes estabelecidas entre os elementos

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    climticos, naturais e os construdos pelo homem, resultando na produo de climas

    urbanos especficos e diferenciados do seu entorno. Assim, a compreenso do clima

    urbano parte do entendimento da dinmica climtica regional associada aos processos

    antropognicos que modificam a superfcie terrestre (MONTEIRO, 1976, 2011).

    Neste referencial, a anlise geogrfica do clima e dos seus agentes produtores

    pode ser enfocada sob trs grandes conjuntos do universo climtico, que devem ser

    dirigidos aos canais da percepo sensorial humana. Assim, o SCU pode ser analisado

    sob os subsistemas termodinmico, fsico-qumico e hidrometerico (MONTEIRO,

    1976; 2011). Este ltimo foi empregado na presente pesquisa, visando oentendimento

    da variabilidade temporal e espacial das precipitaes extremas e suas repercusses

    sobre a populao fortalezense e no seu respectivo territrio.

    Procedimentos tcnico-operacionais

    Foram selecionados 15 Postos de Coleta de Dados (PCD)situados na Regio

    Metropolitana de Fortaleza (RMF), visando verificar a distribuio espacial das chuvas,

    correlacionando-as com os fatores atmosfricos e ambientais que influenciam nesta

    variabilidade. Assim,utilizou-se4 postos no municpio de Fortaleza, na qual seroanalisados os impactos hidrometericos, retratando o ambiente urbano costeiro. Com

    relao aos demais postos,5 estavam na zona costeira dos municpios vizinhos e 6 em

    setores da depresso sertaneja, logo recebendo menos influncia do oceano (Figura 2).

    Os dados foram disponibilizados pela Fundao Cearense de Meteorologia e Recursos

    Hdricos (FUNCEME), sendo obtidos em escala diria, de modo que foram mensurados

    os valores mdios da srie histrica, o valor acumulado para o ms de maro de 2012 e

    os totais dos dias 27 e 28 deste ms para cada posto.

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    Figura 2 Mapa de localizao dos Postos de Coleta de Dados.

    Aps a coleta dos dados, foram realizadas tabulaes no software Excel,

    buscando analisar a variabilidade diria das chuvas, ressaltando o comportamento

    habitual e excepcional das precipitaes, alm do exame dos valores totais no dia do

    episdio pluvial aqui enfatizado. Para a anlise da distribuio espacial das

    precipitaes foi empregado o software Surfer 10, adotando-se como mtodo

    geoestatstico a Krigagem. Este se baseia na Teoria das Variveis Regionalizadas, demodo que supe que a distribuio espacial de um determinado fenmeno

    estatisticamente homognea em uma rea em anlise (MARCUZZO; ANDRADE;

    MELO, 2011).

    Tambm foram analisadas as imagens dos satlites meteorolgicos Meteosat-9

    (composio colorida) e Goes-12 (realada), disponibilizadas pelo Centro de Previso

    de Tempo e Estudo Climtico (CPTEC), alm da leitura das cartas sinpticas fornecidas

    pela Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN), visando interpretar a gnese e aevoluo dos sistemas atmosfricos.

    Com relao aos impactos hidrometericos, foram coletados dados de

    ocorrncias de danos junto a Defesa Civil Municipal de Fortaleza, sendo posteriormente

    analisados, classificados e espacializados em um Sistema Informao Geogrfica (SIG)

    por meio do software ArcGis 9.3.

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    Riscos, vulnerabilidade socioambiental e impactos hidrometericos

    A ocorrncia de eventos pluviomtricos extremosrevela o grau de

    vulnerabilidade socioambiental a que estexposta cada parcela da populao citadina,

    indicando as contradies socioespaciais e socioambientais do espao urbanoe,

    consequentemente, apontaquais os indivduos so mais susceptveis dinmica natural,

    bem como os fatores que os colocam em situao de risco.

    Entende-se por vulnerabilidade socioambiental a situao em que espaos

    naturais vulnerveis so ocupados por populaes que no tem meios prprios ou

    auxlio externo efetivo para resistir e superar as adversidades dos ambientes dos quais se

    apropriaram, de modo que as mesmas encontram-se expostas aos riscos de desastresambientais (DESCHAMPS, 2004; ZANELLA et al, 2009).

    Conforme Deschamps (2004), a vulnerabilidade socioambiental forma-se

    quando populaes socialmente vulnerveis habitam os espaos naturalmente

    vulnerveis. Assim, a autora expressa que:

    H uma estreita relao entre a localizao espacial dos grupos queapresentam desvantagens sociais e aquelas reas onde h risco de ocorreralgum evento adverso, ou seja, populaes socialmente vulnerveis selocalizam em reas ambientalmente vulnerveis. (DESCHAMPS, 2004,p.140).

    Mendona (2010) ao tratar da vulnerabilidade socioambiental urbana, expe que

    a mesma evidencia a heterogeneidade espacial dos riscos, relevando as diferenciaes

    socioespaciais de cada parcela da sociedade e a complexidade do espao urbano.

    Neste sentido, a vulnerabilidade socioambiental est intimamente vinculada aos

    riscos de desastres ambientais. Entende por riscos ambientais a situao de

    probabilidade de que um evento ambiental danoso atue sobre uma populao e seusbens materiais e imateriais reconhecidamente vulnerveis, causando danos e prejuzos

    (ISDR, 2004). Nestes termos, os riscos somente ocorrem na presena simultnea de um

    evento ambiental perigoso e de uma vulnerabilidade socioambiental. Portanto, so

    produtos das relaes de mtuas entre sociedade e natureza.

    Na literatura cientfica h uma concordncia que os riscos ambientais podem ser

    classificados em naturais, tecnolgicos e sociais, embora se reconhea que esta

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    compartimentao meramente didtica,visando a especializao do conhecimento. A

    realidade mostra-se mais complexa, de modo que frequentemente estes riscos ocorrem

    conjuntamente no mesmo espao. Tal situao comumente vivida pelas populaes

    mais vulnerveis, habitantes de espaos sujeitos s adversidades dos sistemas naturais,

    tecnolgicos e sociais ou das relaes entre eles.Este trabalho foi realizado sobre os

    riscos naturais, especialmente sobre os originados de episdios pluviais concentrados,

    representando variaes extremas aos padres habituais ao ritmo climtico

    (MONTEIRO, 2011).

    Dinmica Climtica Regional

    Grosso modo, as precipitaes no estado do Cear obedecem a uma

    sazonalidade, onde h um perodo curto e irregular de chuvas concentradas em 3 a 6

    meses do primeiro semestre do ano, principalmente entre fevereiro a maio, seguido por

    um perodo de estiagem prolongado. Entretanto, a dinmica climtica regional

    caracteriza-se por uma elevada variabilidade interanual, de modo que frequentemente

    ocorrem desvios negativos e positivos significativos em relao s mdias

    pluviomtricas, estando relacionados com as alteraes na configurao normal dacirculao atmosfrica global, destacando as interaes oceano-atmosfera no Pacfico e

    no Atlntico Intertropical (MOLION; BERNARDO, 2002). Ademais, as precipitaes

    tambm apresentam uma m distribuio espacial,principalmente em funo dos efeitos

    dos fatores geogrficos locais e regionais (ZANELLA, 2007). A seguir so apresentadas

    as caractersticas dos principais sistemas atmosfricos atuantes no estado do Cear,

    destacando-se a ZCIT, o VCAS e o CCM, uma vez que a associao destes sistemas

    produziu o episdio pluvial extremo aqui analisado.

    A Zona de Convergncia Intertropical (ZCIT) o principal sistema atmosfrico

    responsvel pela determinao da intensidade do perodo chuvoso. Consiste em uma

    banda de nuvens, formada na confluncia dos ventos Alsios, sobreposta ao equador

    trmico, migrando entre os hemisfrios ao longo do ano. No Nordeste, a ZCIT provoca

    chuvas de vero-outono, perodo no qual se encontra em sua posio mais

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    meridional,resultando em uma maior conveco e aumento das instabilidades

    atmosfricas (FERREIRA; MELLO, 2005; MENDONA-DANNI-OLIVEIRA, 2007).

    O Vrtice Ciclnico de Ar Superior (VCAS) corresponde a um conjunto de

    nuvens formadas no oceano Atlnticopelo turbilhonamento do ar em altos nveis,

    possuindo uma forma circular, girando em sentido horrio e realizando um percurso de

    leste para oeste (MOURA, 2008). A borda do VCAS corresponde a uma rea de baixa

    presso, portanto possibilitando a formao de nuvens e a ocorrncia de chuvas.

    Entretanto, o centro uma rea de alta presso, onde o ar realiza um movimento de

    subsidncia, limitando a formao de nuvens.

    Os Complexos Convectivos de Meso escala (CCM) so aglomerados de nuvens

    formados a partir de condies locais favorveis, como as caractersticas do relevo,presso, temperatura, etc., gerando chuvas de curta durao e de forte intensidade, com

    perodo de vida mdio de 10 a 20 horas (FERREIRA; MELLO, 2005). Nesta pesquisa,

    estes trs sistemas so fundamentais, uma vez que a associao dos dois primeiros, em

    macro escala, resultou no terceiro em meso escala, produzindo uma situao

    atmosfrica instvel e geradora deuma chuva de carter excepcional para a cidade de

    Fortaleza e, consequentemente, gerando diversos impactos neste territrio.

    Tambm ocorrem outros sistemas atmosfricos, como asLinhas de Instabilidade,as Ondas de Leste e as brisas martimas.No segundo semestre do ano o estado passa a

    sofrer a influncia do Anticiclone do Atlntico Sul, associado Massa Equatorial

    Atlntica,provocando estabilidade no tempo (ZANELLA, 2007).

    Entretanto, a intensidade e a regularidade das precipitaes encontram-se

    vinculadasaos padres termodinmicos da atmosfera acima dos oceanos Pacfico e

    Atlntico, criando anomalias na circulao atmosfrica tropical, com destaque as

    perturbaes nas clulas de Walker e Hadley, provocando desvios positivos e negativosna pluviosidade no Nordeste brasileiro. Tais alteraes produzem os fenmenos

    ocenico-atmosfricos de El Nio/La Nia e do Dipolo do Atlntico (FERREIRA;

    MELLO, 2005).

    O aquecimento das guas do Pacfico produz o fenmeno de El Nio, o qual

    tende a inibir as chuvas na regio em foco, favorecendo a ocorrncia de anos secos e

    muito secos. Em contrapartida, o resfriamento das guas gera o fenmeno La Nia,

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    http:/

    favorecendo a ocorrncia

    melhor distribudas no t

    chuvosos(XAVIER, 2011;

    O Dipolo do Atlnt

    Atlntico Norte e Sul.

    principalmente nas reas A

    guas esto mais aquecida

    3), h uma tendncia de

    anos de neutralidade do P

    tampouco de La Nia, a

    Superfcie do Mar (TSMsituao, tanto podem oc

    favorecendo a ocorrncia d

    O episdio de 27 de mar

    Os episdios pluvi

    Fortaleza, fruto das influsistemas atmosfricos caus

    Figura 3 reas para o

    DOI: 10.12957/

    Ano 15, n. 24, v. 1, 1 semestre de 2013 p. 181-206

    ISSN: 1415-7543E-ISSN: 1981-9021www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj

    de chuvas, por vezes acima das mdias e

    mpo, resultando em anos habituais, ch

    MONTEIRO, 2011).

    ico forma-se pela diferena de temperatura e

    uanto as guas no Atlntico Sul esto

    e B, a situao favorvel as chuvas, no en

    no Atlntico Norte, especialmente nas re

    iminuio das precipitaes (XAVIER, 2

    acfico Equatorial, no havendo o predom

    pluviosidade encontra-se comandada pela

    no Atlntico Equatorial. Xavier (2004)orrer desvios positivos como negativos

    e eventos climticos intensos.

    de 2012

    is concentrados so fenmenos recorrentes

    ncias dos eventos ocenico-atmosfricosadores de instabilidade no espao em anlise.

    lculo da TSM do Atlntico Intertropical. F2001.

    eouerj.2013.5074

    , possivelmente,

    vosos e muito

    ntre as guas do

    mais aquecidas,

    tanto, quando as

    s C e D (Figura

    01). Porm, em

    nio do El Nio,

    Temperatura da

    xpe que nestaa pluviosidade,

    no municpio de

    lobais sobre os

    nte:XAVIER,

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    Zanella, Sales e Abreu (2009) identificaram queentre os anos de 1974 a 2006,

    ocorreram 115 episdios pluviais concentrados (> a 60 mm/24h)e que apenas 3 anos

    no registraram esse tipo de episdio. Alm disso, verificaram que h uma tendncia de

    anos com maiorfrequncia de episdios durante os anos de La Nia e que alguns anos

    com situao atmosfrica diferenciada apresentaram um nmero significativo de

    episdios concentrados.

    O episdio de 29.01.2004 foi analisado por Zanella e Mello (2006). Os autores

    constataram que este episdio foi provocado pela associao de uma ZCIT com um

    VCAS e que as chuvas dos dias 27 e 28 possibilitaram que as precipitaes do dia do

    evento j encontrassem condies hidrolgicas crticas.

    Com relao s precipitaes no ano de 2012, estas foram marcadas por umairregular distribuio temporal, com predominncia de chuvas de pouca intensidade,

    abaixo da situao habitual para este perodo do ano, resultando em uma das secas mais

    severas j registradas, associadasa alguns eventos pluviais concentrados.

    Dos 182 dias entre janeiro a junho de 2012, 84 dias (46,15%) no apresentaram

    nenhuma precipitao e 74 (40,66%) registraram totais dirios entre 0,1 a 10 mm em 24

    horas, portanto de intensidade inexpressiva. Estas duas classes formaram o padro

    pluviomtrico do primeiro semestre do ano de 2012, encontrando-se bem distribudopor todos os meses, inclusive na quadra chuvosa. Em seguida, 20 dias (10,99%)

    registraram precipitaes entre 10 a 60 mm/24h, sendo entendidas como normais ao

    padro pluviomtrico da regio, portanto os impactos so facilmente assimilados pela

    sociedade. Tambm ocorreram dois eventos(1,10%) entre 60 a 100 mm/24h, que

    provocaram danos significativos, mas dentro da capacidade de suporte da populao

    fortalezense, necessitando apenas de medidas para reduzi-los ou elimina-los. Por fim,

    foram registrados dois (1,10%) eventos superiores a 190 mm/24h, enquadrando-oscomo episdios pluviais extremos, geradores de impactos bastante expressivos,

    necessitando de uma gesto mais eficiente dos riscos naturais. O primeiro ocorreu em

    27 de maro, a partir da associao entre a ZCIT, o VCAS e o CCM, produzindo 196,5

    mm/24h, sendo este analisado na presente pesquisa. O outro episdio ocorreu 23 de

    junho pelas Ondas de Leste, provocando 196,6 mm/24h. Destaca-se que estas duas

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    precipitaes correspondem a 16,43% e 16,44%, respectivamente, do total

    pluviomtrico acumulado entre janeiro a julho de 2012 (Figura 4).

    Figura 4 Dias com chuvas entre janeiro a junho de 2012, por intensidade em 24 horas.Fonte de Dados: FUNCEME Posto Meteorolgico do Campus do Pici.

    O episdio do dia 27.03.2012 foi provocado pela atuao conjunta da ZCIT

    associada ao VCAS (Figura 5). Neste dia, a ZCIT encontrava-se compartimentada em

    uma banda dupla de nuvens, uma principal sobre o oceano Atlntico, em torno de 2N,

    e outra secundria, prxima zona costeira nordestina, entre 2 a 3S. Este sistema foi

    atrado pela periferia doVCAS, formado durante a madrugada, de modo que umconjunto de nuvens carregadas migrou sobre a costa cearense.

    Ms Total 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    Jan 48,1

    Fev 173

    Mar 489

    Abr 170

    Maio 101

    Jun 221

    Legenda

    Dias sem chuvas

    Dias com chuvas entre 0,1 a 10 mm, em 24 horas

    Dias com chuvas entre 10 a 60 mm, em 24 horas

    Dias com chuvas entre 60 a 100 mm, em 24 horas

    Dias com chuvas acima de 190 mm, em 24 horas

    AB

    ZCIT

    V

    C

    A

    S

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    Figura 5 Configurao atmosfrica sobre o Brasil em 27 de maro de 2012. A)Imagem meteorolgica, obtida pelo sensor Meteosat9. B) Carta Sinptica. Fonte:

    CPTEC/INPE, Marinha do Brasil.

    Entretantouma anlise, em escala regional, da evoluo do evento permite

    identificar a formao de um CCM, sobre o mar, prximo costa cearense. Em seguida,

    este sistema migrou para o continente, adentrando pela costa de Fortaleza e dos

    municpios vizinhos, encontrando condies adequadas que o intensificaram,

    provocando instabilidades no tempo por aproximadamente14horas.No final da tarde, o

    sistema enfraquece e se desloca sobre a costa, em direo ao Rio Grande do Norte

    (Figura 6).

    Figura 6 Formao e evoluo do CCM. A 00h:00min; B 02h:30min; C 07h:00min; D 15h:45min. Fonte: satlite Goes-12, CPTEC/INPE.

    Este sistema contribuiu significativamente para a pluviosidade mensal, de forma

    que o ms de maro de 2012 apresentou um total pluviomtrico de 55,98% acima da

    mdia mensal (313,22 mm Estao Meteorolgica do Campus do Pici). Contudo, esta

    situao de chuvas acima das mdias aparente, tendo em vista que as chuvas

    concentraram-se no dia 27 e secundariamente no dia 28, representando 40,42% e

    18,42% da precipitao mensal, sendo que nos demais dias as chuvas foram beminferiores (Grfico 1). Ressalta-se que em funo do horrio de coleta dos dados, o total

    precipitado ficou compartimentado entre os dias 27 e 28, porm a chuva aconteceu em

    menos de 24 horas.

    A B DC

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    Grfico 1 PluviosidadeEsta

    Com relao expressiva variabilidade, s

    pouco discutida em escal

    fatores geogrficos locai

    determinada regio.

    Magalhes e Zanel

    precipitaes na faixa litor

    reduzindo-se medida qudecorre da disposio geog

    do oceano (Linhas de In

    adentram com direo pred

    da zona costeirapermite qu

    Este quadro pode ser obse

    apresenta valores superiore

    ultrapassando a isoieta 31

    em direo ao setor sudoes

    amplitude entre os extremo

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    do ms de maro de 2012. Fonte de Dados:o Meteorolgica do Campus do Pici.

    istribuio espacial das precipitaes,ituao comum na regio do semirido n

    de maior detalhe. Tal diferenciao ocorr

    que favorecem ou inibem as precipit

    a (2011) demostram que na RMF h uma

    nea dos municpios de Fortaleza, Eusbio e

    se adentra no interior do estado. Conformrfica da costa, a qual recebe sistemas atmo

    stabilidades, Ondas de Leste, brisas mar

    ominantemente de NE. Acrescenta-se que a

    os sistemas penetrem em setores mais afas

    rvado na anlise da mdia pluvial do ms

    s na costa oeste de Fortaleza, de Aquiraz e l

    mm mdiamensal, entretanto, as chuvas te

    te,com valores mdios prximos a 150 mm

    s da ordem de 170 mm (Figura 7).

    eouerj.2013.5074

    FUNCEME -

    bserva-se umardestino, porm

    e em funo de

    aes em uma

    concentrao de

    este de Caucaia,

    os autores, istofricos oriundos

    imas), as quais

    topografia plana

    ados do oceano.

    e maro, o qual

    este de Caucaia,

    dem a diminuir

    ensais, sendo a

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    Figura 7 - Mapa da distribuio espacial da precipitao mdia mensal de maro. Fontede dados: FUNCEME.

    No que tange ao ms de maro de 2012, nota-se que a distribuio das

    precipitaes foi semelhante ao descrito anteriormente, contudo observa-se uma

    concentrao das chuvas no setor oeste de Fortaleza, com valores superiores a 480 mm

    mensal (Figura 8). Todavia, o sudoeste de Caucaia, regio com valores pluviomtricos

    mdios inferiores, em maro de 2012 apresentou totais ainda mais reduzidos, de modo

    que a amplitude pluviomtrica intensificou-se, apresentando 371,0 mm entre os

    extremos. Esta configurao foi motivada pelo sistema atmosfrico do dia 27, o qual

    atingiu, sobretudo, o setor oeste de Fortaleza, estacionando sobre a costa deste

    municpio, de modo que as chuvas foram pouco sentidas nas reas mais interioranas.

    Para enfatizar o reduzido total precipitado neste ano, destaca-se que a isoieta de 150 mm

    deslocou-se aproximadamente 20 km para sul e para oeste.

    Os registros de precipitao acumulada entre os dias 27 e 28 de maro indicamuma irregular distribuio espacial das chuvas, de modo que o sistema atmosfrico

    apenas atingiu o carter de evento extremo nos setor oeste de Fortaleza (PCD Pici) e

    leste de Caucaia (PCD Caucaia), em decorrncia do total precipitado, 287,5 mm e 170,4

    mm, respectivamente (Grfico 2; Figura 9).

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    Figura 8- Mapa da distrib

    Grfico 2 Total precipi

    Ressalta-se que al

    amplitude em relao ao

    extremas apenas ocorrera

    situado na poro sul do

    inferiores aos registrados

    precipitao, indicando qu

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    io espacial da precipitao acumulada emFonte de dados: Funceme.

    ado nos dias 27 e 28 de maro de 2012 nosFonte de dados: Funceme.

    uns postos registraram precipitaes redu

    valor extremo do posto Pici, o que indic

    em uma poro espacial restrita. O p

    muncipio de Caucaia, que normalmente

    na zona costeira, nos dias27 e 28 no

    e o sistema no penetrou em pores mais

    eouerj.2013.5074

    maro de 2012.

    CDs da RMF.

    zidas e elevada

    que as chuvas

    sto Tucunduba,

    apresenta totais

    bteve nenhuma

    interioranas do

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    setor oeste da rea em anlise. O posto de Aquiraz, no municpio homnimo, o qual

    tambm se encontra na zona costeira, apresentando mdias pluviais bastante elevadas

    (segunda mdia pluviomtrica mais elevada com 318,35 mm mensais) registrou apenas

    o valor de 12,4 mm no dia 28, provocado pela nebulosidade do CCM, mas quando este

    j se encontrava enfraquecido e migrando para o litoral do Rio Grande do Norte.

    Figura 9 Mapa do total acumulado das precipitaes dos dias 27 e 28 de maro de2012. Fonte de dados: Funceme.

    No dia 27 tambm foram registradas precipitaes inferiores nos postos Castelo

    (40,0 mm/24h), Messejana (7,2 mm/24h) e gua Fria (56,0 mm/24h), todos em

    Fortaleza, distando do posto de Pici, 8,9, 15,5 e 14,9 Km, respectivamente. Os postos de

    So Gonalo do Amarante e de Stios Novos, localizados no extremo oeste da rea em

    anlise, apresentaram precipitaes superiores no dia 28, devido nebulosidade

    associada ZCIT, atuante neste dia, ressalta-se que no dia 27 os valores precipitadosforam de 25,0 e 0,0 mm em 24h, indicando que o CCM pouco atuou nesta regio. No

    total acumulado podem ser observadas precipitaes intensas nos postos de Maranguape

    (63,2 mm) e Pacatuba (77,0 mm), resultando dos efeitos orogrficos das serras de

    Maranguape e Aratanha.

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    Neste sentido, os registros pluviomtricos apresentaram elevada amplitude, com

    mximo no posto de Pici (287,5 mm) e mnimo em Tucunduba (0,0 mm), estando 22,5

    km um do outro.

    Impactos hidrometericos e vulnerabilidade socioambiental

    As chuvas ocorridas durante o dia 27 de maro provocaram danos e prejuzos

    significativos na cidade e na populao fortalezense, especialmente naquela usuria de

    espaos considerados social e ambientalmente vulnerveis, portanto estando sujeita

    dinmica hidroclimatolgica decorrente deste evento, bem como apresentandocondies sociais, econmicas, culturais e fsico-estruturais que inibem a capacidade de

    resistncia e resilincia dos citadinos.

    A anlise dos registros de ocorrncias da Defesa Civil Municipal de Fortaleza

    para o dia 27 de maro aponta que os impactos concentraram-se, principalmente, sobre

    a bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho/Cear,correspondendo regio de Fortaleza

    predominantemente habitada por uma populao socialmente mais vulnervel, estando

    exposta s inundaes e aos alagamentos (Figura 10). Ressalta-se que, comodemonstrado anteriormente, o sistema atmosfrico indutor destes impactos ocorreu com

    mais intensidade justamente sobre est poro de Fortaleza.

    Neste sentido, observa-se que embora a magnitude do sistema atmosfrico seja

    extrema, os danos resultantes foram mais significativos em funo da baixa capacidade

    de resistncia, resilincia e de ajustamento da populao frente s manifestaes do

    evento natural. Acrescenta-se a m gesto dos riscos naturais, ainda pouco desenvolvida

    pelo Poder Pblico e pela prpria sociedade civil, estando as aes centradas na etapade resposta, sendo as medidas preventivas tmidas e pouco eficientes.

    Nas demais bacias os impactos no foram frequentes, mas apresentando

    considervel nmero de registros no setor norte da cidade, provocados

    predominantemente por alagamentos. Na bacia do rio Coc foram pouco significativos,

    estando relacionados s inundaes e ao risco de desabamento.

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    Ao todo foram registradas 154 ocorrncias, sendo as inundaes e os

    alagamentos os eventos que mais geraram danos, consequentemente desorganizaram o

    espao e afetaram, direta e indiretamente, todas as atividades urbanas (Tabela 1). A

    manifestao destes impactos hidrometericos resultou em diversos transtornos, como a

    perda de utenslios domsticos, desabamentos, comprometimento do sistema de

    circulao viria, trnsito confuso, prejuzos nas atividades econmicas, alm do

    comprometimento da sade pblica, devido ao contato da populao com a gua,

    normalmente, contaminada, bem como o aumento dos casos de dengue.

    Figura 10 Mapa de localizao das ocorrncias de impactos hidrometericos para oepisdio de 27.03.2012. Fonte de dados: Defesa Civil de Fortaleza.

    Um dos fatores intensificadores da amplitude espacial das inundaes e

    alagamentos resulta do acmulo de resduos slidos nas galerias pluviais e nos canais

    das drenagens, os quais obstruem a livre circulao das guas, alm de constiturem

    locais propcios proliferao de vetores de doenas.

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    Tabela 1 Tipologias dos impactos hidrometericos e bairros mais afetados

    Tipologia de Ocorrncia Quantidade Bairros mais impactados

    Inundao 50 Quintino Cunha, Geniba, Autran Nunes e Bom JardimAlagamento 73 Geniba, Quintino Cunha e Dom Lustosa,Incndio 4 gua Fria, Bom Jardim, Monte Castelo e Dom LustosaDeslizamento 1 Vila Velha

    Desabamento 10Pici, Parangaba, Henrique Jorge, Joo XXIII, Coc, SoGeraldo, Siqueira, Barroso e Jardim Iracema

    Risco de Desabamento 15 Geniba e JangurussuOutros 1 Cidade dos FuncionriosFonte de dados: Defesa Civil de Fortaleza.

    Embora haja razovel conhecimento dos problemas decorrentes da poluio dos

    corpos hdricos, a populao que vive em risco, por uma srie de fatores, no toma

    iniciativa e nem recebe, de forma eficiente, as solues das entidades pblicas. Muitos

    fatores explicam esta situao, mas algumas tomam nuanas mais significativas. Cita-se

    que em alguns casos os indivduos que vivem em risco sabem das consequncias

    advindas das chuvas extremas, mas por estes impactos serem uma possibilidade de

    ocorrncia a populao prefere conviver com o risco, pois h a garantia da residncia,

    mesmo que de forma ilegal. H tambm uma precariedade no conhecimento da

    populao, motivada pela falta de experincia vivida com as inundaes, pelo baixo

    nvel educacional e reduzido acesso s informaes, entre outros.Em seguida, os impactos mais registrados foram riscos de desabamento,

    desabamentos e incndios, estando relacionados s ocupaes prximas dos corpos

    hdricos, de pontos de alagamentos ou resultado da precariedade das residncias,

    comumente construdas com materiais imprprios. Os incndios so provocados pela

    associao entre os materiais de fcil combusto utilizados nas moradias, pela

    precariedade do sistema eltrico, por vezes ilegais, e pela situao das residncias,

    normalmente com infiltraes, gotejamentos ou mesmo inundadas. Tambm foiregistrada a ocorrncia de deslizamento nas dunas no bairro Vila Velha.

    Os bairros que mais registraram impactos foram: Geniba, Quintino Cunha,

    Dom Lustosa e Autran Nunes, todos integrantes da bacia do rio Maranguapinho/Cear e

    estando associado ocupao das plancies de inundao destes cursos dgua.

    Ressalta-se que a cidade passou por outros danos, embora de menor magnitude,

    de modo que no foram informados Defesa Civil, como a abertura de buracos nas vias

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    eacidentes de trnsito. Em alguns bairros no foi registrada nenhuma manifestao de

    impactos, com destaque queles situados nos setores sul, nordeste e sudeste da cidade,

    locais menos afetados pelo sistema atmosfrico. Alm disso, pores destes setores so

    habitadas por grupos mais abastadas da cidade, portanto menos vulnerveis s

    adversidades climticas.

    Consideraes finais

    Diante da problemtica, das discusses e dos produtos apresentados, constatou-

    se que o espao urbano de Fortaleza extremamente heterogneo, revelando as

    contradies socioespaciais e socioambientais presentes neste territrio, produzidas pela

    vulnerabilidade socioambiental presente em cada parcela da cidade.

    Neste sentido, as vulnerabilidades e os riscos se acentuam durante a ocorrncia

    de episdios pluviais extremos, como o ocorrido no dia 27.03.2012. Este evento foi

    formado, em macro escala, pela associao da ZCIT com um VCAS, sendo que emmeso escala a instabilidade produziu um CCM, resultando em uma precipitao

    excepcional. A anlise da distribuio geogrfica das chuvas revelou que estas se

    concentraram, sobretudo na zona oeste de Fortaleza, regio predominantemente

    habitada por populaes mais vulnerveis, principalmente aquelas residentes nas

    plancies da bacia dos rios Maranguapinho e Cear, de modo, que os principais

    impactos foram as inundaes e os alagamentos das moradias e das vias de circulao,

    alm de danos estruturais ao patrimnio pblico e privado.Nestes termos, o estudo dos riscos e vulnerabilidades passa essencialmente por

    uma abordagem que busque analisar de forma integrada o complexo jogo de relaes

    mantidas entre a sociedade, principalmente a urbana, e a natureza, visando o

    entendimento da problemtica existente, bem como a criao de propostas aplicveis

    para a soluo da mesma, dentro de uma gesto integrada em todos os nveis de

    planejamento e de tomada de deciso.

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    Artigo recebido para publicao em janeiro de 2013.

    Artigo aceito para publicao em junho de 2013.