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Novas matérias a cada semana! Astúrias Férias para todos os gostos. Fiji Paraíso no Pacífico. Percival Milani Braçadas Vitais.

5ª Edição - 4ª Semana

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Revista Volta ao Mundo

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Novas matérias a cada semana!

AstúriasFérias para todos os gostos.

FijiParaíso no Pacífico.

Percival Milani Braçadas Vitais.

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Dicas: Quanto custa dar a Volta ao Mundo? .................................................04

Conexão Xangai: Culinária Chinesa ..........08

Conexão Espanha:Astúrias - O Principado da Aventura ........14

Conexão Argentina: Pelo caminho do Vinho Argentino ...................................58

Photo Profi le - Mario De Leo Winkler ...............................68

Livro: No Amor e na Guerra - O diário perdido de Agnes Von Kurowsky .........................84

Route 66 de moto - Born to be Wild .........................................86

Madagascar: Viagem pelo Elo perdido ..........................118

Música ......................................................142

Ilhas Fiji ....................................................144

Filme - No Amor e na Guerra...................164

170 km no velho Chico ............................166

Índice

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Só quem viaja sabe como é. Pode-se teorizar sobre o ato e pode-se até viajar mais ou menos sem que nunca se saia do lugar. Hermético demais? Talvez, mas nem por isto menos verdadeiro. Há viagens de enorme deslocamento sem que na verdade se tenha andado mais que algumas léguas.Pode-se facilmente por aí ouvir relatos de viagens para locais magníficos sem que se sinta uma única ponta de sentimento ou aprendizado. Tem gente que prefere colecionar países em vez de experiências, milhas aéreas em lugar de aventuras e medo no lugar de experimentar a maravilha que é a descoberta, inclusive sobre si mesmo.Muito mais que vencer grandes distâncias, viajar é um ato que proporciona a chance de travar contato com conhecimentos inestimáveis e experiências impossíveis de serem acessadas de outra maneira que não o ato de perder-se por aí, na sua jornada, na sua viagem pela vida.Portanto, nada mais coerente que finalizar este editorial do que com as palavras do poeta lusitano Fernando Pessoa.

Viajar! Perder países!Ser outro constantemente,Por a alma não ter raízesDe viver de ver somente!Não pertencer nem a mim!Ir em frente, ir a seguirA ausência de ter um fim,E a ânsia de o conseguir!Viajar assim é viagem.Mas faço-o sem ter de meuMais que o sonho da passagem.O resto é só terra e céu.*

Apertem os cintos pois a viagem acaba de começar.

*Poema “viajar! perder países!”, do poeta portugiuês Fernando Pessoa.

“Descanse em paz garotão, foi um prazer tê-lo

conosco todo esse tempo.”Akai - amigo e companheiro.

Rodrigo OliveiraEditor

A melhor maneira de viajar é sentir.

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O meu primeiro vislumbre do custo de uma

viagem de volta ao mundo veio com um japonês que

conheci no Brasil. Ele disse que saiu do Japão com o

equivalente a 30 mil dólares. Fiquei com esse valor na

cabeça e quando consegui juntar essa grana, saí para

viajar. Na estrada, conheci outras pessoas que tinham

o mesmo orçamento, mas claro, todos eles viajavam

com um budget apertado, sem grandes extravagâncias.

Os maiores gastos são, sem dúvidas, os relacionados a

transporte. Em especial as travessias oceânicas que são

apenas duas: a do Atlântico e a do Pacífico.

Quando viajamos, muitas vezes é difícil resistir a

alguns gastos extras como museus, side trips e festas.

Porém, quando falamos de uma volta ao mundo, cada

gasto pode significar menos dias de viagem lá na frente.

Ou seja, é uma escolha entre viajar mais países ou um

maior aprofundamento cultural, é uma escolha bastante

pessoal que, no meu caso, acabou pendendo a visitar

mais países.

Quanto custa dar a volta ao mundo?

Por Bruno Casaes Teixeira (Direto de sua Volta ao Mundo)Acompanhe a viagem de Bruno pelo blog: http://naestradaparaomundo.blogspot.com

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“Quanto menos visitado por turistas for um restaurante, mais barato ele tende a ser e mais próximo da real culinária local você estará.”

“Em minha viagem, consegui um bilhete promocional São Paulo - Barcelona por U$ 550, o que foi um alívio.”

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Durante minha viagem, até o momento, foram três meses

na Europa, um mês no Marrocos e dois meses nos Bálcãs e

Oriente médio, num total de seis meses e os gastos até o

momento somam R$ 18.000,00, pouco mais do que o valor que

consegui ao vender o meu Celta 2002.

É importante ressaltar que quando iniciei a viagem, ainda

tinha muito que aprender sobre como economizar em viagens, e

após conhecer muitos bons professores, posso dizer que estou

muito mais eficiente em economizar.

Uso muito mais o CouchSurfing

(couchsurfing.org) que além de proporcionar

estadia gratuita em diversas cidades

do mundo, possibilita uma incrível

experiência da cultura local e ajuda

a fazer muitas, muitas amizades. O

mesmo acontece com caronas, quando

iniciei a viagem, essa possibilidade

sequer passava pela cabeça, hoje em

dia, só pego ônibus como segunda

opção. Desta forma, é possível reduzir

os dois principais gastos de viagem de

forma considerável, economizando em

estadia e em transporte. Mas existe ainda

um terceiro ponto de vazão para as nossas

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economias: alimentação.

Bem, comer é uma necessidade básica. Além disso, os

custos costumam ser diretamente proporcionais à qualidade

daquilo que consumimos. Assim, não dá pra economizar na

comida, certo? Errado! Pode-se comer muito bem (e barato) se

você estiver disposto a cozinhar. Caso as habilidades culinárias

não sejam seu forte, ainda é possível fazer compras nos

supermercados e ter refeições bastante saudáveis a um custo

bastante reduzido. Se esse tipo de comida não o atrai, vale

a pena buscar por restaurantes locais. Fique longe

daqueles cheios de turistas ou que possuem

cardápio em inglês, quanto menos visitado

por turistas for um restaurante, mais

barato ele tende a ser e mais próximo

da real culinária local você estará.

Uma volta ao mundo é muito

mais barata do que o senso comum

nos fala. Considerando o custo de

vida da cidade de São Paulo, por

exemplo, posso afirmar que, na

maioria das cidades do mundo, custa

menos viajar do que ficar em casa.

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Você deixaria de visitar a China por ter medo de ter

que comer algo que jamais passou pela sua cabeça? Pois é,

eu pensei. Antes de vir para cá, ouvi inúmeras histórias que

falavam de iguarias estranhas, como sangue de cobra, miolo de

galinha, enguias, carne de cachorro, patas de galinhas, cabeça

de animais, insetos de todos os tipos e sortes, alguns desses

ainda vivos. A minha grande surpresa ao chegar por aqui foi

descobrir que é bem difícil encontrar estas “coisas esquisitas”

para comer, ao menos nos lugares ditos “normais”.

Para entender as coisas um pouco melhor, temos de

voltar ao passado. A China passou por todos os tipos de guerras

e disputas possíveis com os seus vizinhos e até mesmo entre

as etnias que hoje habitam o país. O povo, durante as épocas

de conflito, acostumado com as secas e falta generalizada de

Culinária Chinesa

Conexão: CHINA

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Pato de Pequim

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Conexão: CHINA

comida, teve que buscar outras fontes de alimento. Esta realidade

aconteceu até há pouco tempo e explica porque grande parte

da culinária chinesa é baseada em vegetais, cereais, massas,

com relativamente menos proteína do que estamos habituados

no ocidente. Até o modo de preparo é diferente: os chineses

gostam dos alimentos, inclusive os vegetais, cozidos ou fritos,

geralmente nas suas grandes panelas, tipo wok. Em algumas

regiões do país são admiradas, majoritariamente, a comida

apimentada.

Pato de Pequim

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Esta preferência, além de trazer sabores mais destacados

para as refeições - que sempre tem o arroz presente, diga-se de

passagem – garantia que a comida estaria livre de doenças (pelo

cozimento e pelo “apimentamento”). Neste mesmo sentido, até

hoje, nos restaurantes que servem frutos do mar, a garantia de

que a comida é boa e fresca reside na possibilidade de escolha

do pescado diretamente do aquário ou em bacias expostas em

frente aos restaurantes. É possível encontrar tratamento similar

em restaurantes chiques da China quando, ao escolher um peixe,

o mesmo será entregue ao cliente numa bacia, ainda vivo, para

ele atestar que o pescado está realmente fresco e do tamanho

desejado.

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Conexão: CHINA

Bicho da Seda

escorpião gafanhoto

“Tive a felicidade de nunca encontrar a carne de cachorro.”

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Se você realmente desejar provar uma das iguarias “mais

estranhas”, é possível encontrá-las mais facilmente em cidades

menores, nas feiras livres. Nestes locais é possível deparar-se

com grandes frigideiras wok recheadas com os animais ainda

vivos, sendo oferecidos para degustação. Escorpiões, larvas

de bicho da seda, grilos e outros pequenos insetos podem ser

refogados com alho e outros temperos, ao gosto do freguês. Nas

cidades grandes, até mesmo nos supermercados internacionais

como Carrefour e Wal Mart, encontram-se grandes aquários

oferecendo peixes, moluscos, enguias, cobras e sapos – vale o

passeio!

Contudo, para os assustados com toda esta “diversidade”,

aí vai uma boa notícia: as cidades grandes, como Xangai e Beijing,

oferecem tudo do melhor em cozinha internacional e local,

sem necessariamente passar pelas bizarrices gastronômicas.

Há duas semanas, por exemplo, tive o prazer de degustar uma

coxinha acompanhada de uma caipirinha num restaurante

brasileiro. Pode vir sem medo, aqui você só come o que quiser.

O traveller autorCarlos Meinert mora em Shanghai e está numa jornada profissional de três anos pela China. Comoele mesmo diz, é difícil explicar todas as atrações

da China em um só texto. Por essa razão, Carlos vai estar com a gente em vários momentos dessa jornada em volta ao mundo, explicando um pouco mais do que acontece lá do outro lado do planeta.

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Astúrias, aventura para todos os gostos.

Parte integrante da Espanha, o Principado das Astúrias

possui uma diversidade enorme de locais históricos, paisagens

naturais, gastronomia e cultura capazes de encantar a qualquer

tipo de viajante. Desde o mais aventureiro, que prefere as

montanhas e praias até os mais urbanos, que preferem ficar

nas cidades. Seja qual for o seu tipo de viagem predileto, nas

Astúrias você não tem como errar.

O Principado das Astúrias

Texto: Rodrigo OliveiraFotos: Cedric Paes de Barros

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Texto: Rodrigo OliveiraFotos: Cedric Paes de Barros

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O Principado de Astúrias (castelhano Principado de

Asturias e asturiano Principáu d’Asturies) é uma comunidade

autônoma e uma província da Espanha. Príncipe de Astúrias é

o título atribuído ao herdeiro do trono da Espanha. É apelidada

de “Paraíso Natural”.

Situa-se junto ao Mar Cantábrico, na vertente norte da

cordilheira Cantábrica. É limitada a Oeste pela Galícia, a Sul

por Castela e Leão, a Leste pela Cantábria e a Norte pelo Mar

Cantábrico.

Localização

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Sua costa é muito escarpada e recortada, formando

praias e cabos. Os rios são pouco extensos, mas de águas

rápidas. A área mais elevada da região é a do parque natural

dos Picos da Europa, que atinge 2600 metros de altitude. As

suas principais cidades são Oviedo, capital da província, Gijón,

Avilés, Langreo e Mieres onde se concentra a maior parte da

população, contrastando com as áreas de “vazio humano” que

correspondem às regiões montanhosas.

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Ocupada por grupos humanos desde o Paleolítico

Inferior, durante o Superior, o Principado caracterizou-se pelas

pinturas rupestres do oriente da Comunidade. No mesolítico

desenvolveu-se uma cultura original, o Asturiense; a seguir

introduziu-se a Idade de Bronze, caracterizada pelos megalitos

e túmulos.

Na Idade de Ferro, o território esteve submetido à

influência cultural celta. O povo celta dos ástures compreendia

tribos como os lugones, pésicos, etc., que povoaram todo o

território ástur de castros, antigo povoado celta. A influência

celta perdura até hoje, com os toponimios de rios e montanhas,

Un poco de História

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como nomes de populações. A conquista romana entre 29 e 19

d.C. fez que as Astúrias entrassem na História.

Durante os séculos medievais, o isolamento propiciado

pela cordilheira cantábrica fez com que as referências históricas

fossem escassas. Depois da rebelião do filho de Enrique II de

Trastámara, estabelece-se o Principado de Astúrias. Houve

várias tentativas de independência, as mais conhecidas foram

comandadas pelo conde Gonzalu Pelaiz e pela rainha Urraca (a

asturiana), que ainda conseguindo importantes vitórias, ao final,

foram derrotados pelas tropas castelhanas. Além disso, durante

o século VIII, os árabes dominaram toda a Península Ibérica,

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a não ser as Astúrias. Esse fato foi

fatal para os muçulmanos, uma vez

que a Cruzada da Reconquista foi

feita por cristãos da região.

No século XVI o território

atingiu pela primeira vez os cem mil

habitantes, número que se duplicou

com a chegada do milho americano

no século seguinte.

A 8 de Maio de 1808, a Junta

Geral do Principado das Astúrias

declara a guerra a França e proclama-

se soberana, criando exército

próprio e enviando embaixadores

ao estrangeiro, sendo o primeiro

organismo oficial da Espanha em

dar esse passo. A 1 de Janeiro de

1820, o oficial Rafael de Riego

subleva-se em Cádiz proclamando a

Constituição de 1812.

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A Guerra Civil produziu a divisão das Astúrias em dois

bandos, ao somar-se Oviedo ao levantamento, a 18 de Julho. A 25

de Agosto de 1937 proclama-se em Gijón o Conselho Soberano

de Astúrias e León presidido pelo dirigente sindical e socialista

Belarmino Tomás, terminando o conflito o 20 de outubro de

1937. Depois de vinte anos de estagnação económica, produziu-

se a definitiva industrialização de Astúrias.

foto: http://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Catedral_de_Oviedo_2010.JPG

Catedral de Oviedo

Catedral de Oviedo ou de S. Salvador

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O idioma oficial é o castelhano. Mas o asturiano (asturianu

ou bable) também é bastante empregado fora das grandes

cidades, nas zonas rurais. É uma língua que deriva diretamente

do latim. O primeiro texto que se conhece em asturiano é o

Fueru d’Avilés, de 1085. O asturiano tem algumas variantes

dentro do Principado. Após a queda do regime franquista, surgiu

a necessidade de reavivar a língua asturiana. Em 1981 criou-se a

Academia da Língua Asturiana (Academia de la Llingua Asturiana

em asturiano) com vista ao estudo, defesa, conservação e

divulgação do idioma.

No ocidente do principado, em 18 munícipios, fala-se o

galego na sua variedade oriental, chamada de galego asturiano.

Hablando nas Astúrias

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O prato mais conhecido é a fabada

asturiana, parecida com a feijoada

portuguesa. É um potente guisado feito

com fabas de granja, uma variedade de feijão

branco idêntica à feijoca, acompanhadas

por chouriço, morcela, lacão e toucinho. As

carnes são servidas à parte e conhecidas com

o nome de compango. Sem esquecer também

a fabada com javali ou com amêijoas (esta

última conhecida como fabes con amasueles),

cebolas recheadas (cebolles rellenes) e o pote

asturiano, com alguns pontos em comum

com o Cozido à Portuguesa.

Além disso, destaca-se a variedade

de pescados frescos, mariscos do Mar

Cantábrico e a qualidade de sua carne de

novilho, a Xata Roja. Existem mais de cem

variedades diferentes de queijos artesanais,

dos quais o de Cabrales é o mais popular. Se

se preferir uma sobremesa ou doces, o mais

tradicional é o arroz con leche, similar ao

arroz doce português, as casadielles (um tipo

de empadas de massa folhada, recheadas

de uma pasta de frutos secos como noz,

Gastronomia

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amêndoa ou avelã, previamente triturados, misturados com

açúcar e regado por anis) fritas, os carajitos de Grado ou os

frixuelos, um tipo de crepe doce.

foto: http://www.conmuchagula.com/2010/11/03/autentica-fabada-asturiana-para-tomar-llevar-o-cocinar/

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Mar e montanha, dois elementos que não são simples

cenário no Principado das Astúrias. O viajante mais atento, ou

de coração aberto aos murmúrios da terra, poderá descobrir

nos menores gestos ritualizados no cotidiano a presença

dessas duas referências essenciais da identidade de uma das

mais belas regiões da Espanha e descobrir que a extraordinária

beleza da região toma forma muito antes - ou para além - de

uma paisagem de suaves colinas verdejantes, de respeitáveis

montanhas que guardam marcas de velhos glaciares, de um

litoral inconstante e harmonioso ao mesmo tempo.

Belezas Asturianas

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Uma viagem às Astúrias e à Cantábria é, todavia, bem

mais do que uma imersão num inestimável patrimônio natural,

representado fundamentalmente pela cordilheira dos Picos

da Europa, pelo recém criado Parque Natural de Somiedo ou

pela surpreendente linha litorânea que vai de Llanes a Luarca,

salpicada de encantadores portos pesqueiros e de algumas praias

de areia fina como a de Rodiles, com mais de um quilômetro

de extensão. O território revela-nos a cada passo uma história

e uma cultura cheias de ditosos matizes. Oviedo, a capital,

Gijón e Avilés formam uma espécie de triângulo dourado para

o visitante. Com um pormenor não desprezível: os percursos

de montanha, os prazeres do litoral e a vida urbana podem ser

usufruídos sem o inconveniente da distância. Neste recanto da

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Península reina, enfim, uma irmandade geográfica propícia a

facilitar a vida do viajante. Cangas de Onís e Covadonga, portas

de entrada do Parque Nacional de Covadonga distam uns trinta

quilômetros do litoral, tal como Oviedo, e da capital asturiana

aos Picos da Europa medeia uma hora, ou menos, de viagem.

Para leste, Potes é um dos melhores pontos de partida

para explorar o maciço central dos Picos. Muito aconselhável

é o percurso pela Comarca de Liébana até Fuente Dé, onde se

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situa o teleférico que deixa os viajantes quase mil metros acima,

numa paisagem de fragas abruptas cobertas de neve, e de onde

se goza uma vista soberba sobre os vales vizinhos. Outro ponto

de passagem obrigatória dos Picos da Europa é Pousada de

Valdeón. Aí começa a Rota do Cares, um trilho que acompanha

a garganta do Rio Cares durante cerca de dez quilómetros até a

povoação de Caín. É um dos mais populares caminhos pedestres

do Parque Nacional dos Picos da Europa.

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Entre Nava e Villaviciosa, um povoado numa zona

de costa recortada, com inúmeros pomares que tomam no

Outono as cores amarela e vermelha. Os pomares asturianos

ocupam uma área superior a sete mil hectares e os lagares

industriais têm capacidade para cerca de quarenta milhões

de litros de sidra, quantidade que pode ser atingida nos

melhores anos de produção.

Numa terra de clima nada propício ao cultivo da

vinha, a sidra é a bebida de referência para convívios e

festejos, sobretudo, em Oviedo, onde as noites de copas

não dispensam o velho ritual de escanciar. Com a garrafa

bem acima da cabeça, o braço esticado, e o copo tão baixo

quanto se possa, a sidra “voa” um bom metro antes de se

precipitar no copo.

Nava, a capital da maçã

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Diz-se que este processo

permite ao líquido um mais

prolongado contacto com o ar e,

consequentemente, a libertação

de impurezas. A quantidade de

sidra servida chama-se culín e as

festas tradicionais que lhe são

consagradas são conhecidas por

espicha. Este tipo de festividades

tinha normalmente a função de

degustar coletivamente a nova

colheita. Em Nava, uma espécie de

capital da sidra, uma vez por ano,

em Julho, a povoação organiza

uma grande festa sem outro

pretexto que o de homenagear a

bebida e repetir até a exaustão o

ritual teatralizado que acompanha

o seu consumo.

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Continuando em direção a leste, chegamos a Cangas de

Onís. A partir desta cidade, começamos a subir para os Picos

da Europa e para o Parque Nacional de Covadonga. A basílica

neo-românica de Covadonga, concluída em 1901 e concebida

pelo arquiteto Federico Aparici como uma imitação das grandes

catedrais germânicas medievais, não apresenta grande interesse

a não ser por via da sua localização. Neste capítulo, poderá

o viajante guardar a curiosidade para os muitos exemplos de

arquitetura pré-românica dispersos pelo território asturiano

e, sobretudo, para o mosteiro românico de Santo Toribio de

Liébana e para a igreja moçárabe de Santa Maria de Lebeña,

perto de Potes.

De Covadonga a Los Beyos, nos picos da Europa.

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Junto da basílica de Covadonga existe uma gruta que é

centro de peregrinação religiosa desde o séc. VIII. Há que notar

que em dias de festa ou fins de semana pode ser um verdadeiro

suplício percorrer o serpenteante caminho de acesso ao

santuário desde Cangas de Onís, ou até mesmo a sua sequência

para o coração do parque. O ideal será escolher épocas não

festivas ou dias de semana - em todo o caso, a pressão turística

diminui bastante no Outono.

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Continuando a subir, a próxima etapa leva-nos até aos

famosos lagos de Covadonga, vencendo um desnível de mais

de mil metros. Pelo caminho passamos pelo Mirador de La

Reina, um fantástico mirante virado a norte. No percurso, os

alcantilados rochosos de impressionante recorte alternam com

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vales e encostas onde se pode observar florestas de faias, tílias

e azevinho. A pouco mais de mil metros de altitude surge o

Lago Enol e logo seguir o Lago Ercina, de origem glaciar.

Imprescindível também, no domínio do patrimônio

natural, é um périplo pelo desfiladeiro de Los Beyos, uma

espetacular garganta fluvial que acompanha o curso do rio

Sella, ao longo de 14 km, a sul de Cangas de Onís. O trajeto

pode ser enriquecido com visitas a algumas das aldeias do vale,

Caño, Tornín, La Veja e Sames, quase sempre enquadradas por

cenários dramáticos de cumes calcários. Em Los Grazos, perto

de Tornín, há uma velha ponte romana.

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A atmosfera descontraída de Oviedo pode transformar-se

num oásis depois de umas quantas incursões às montanhas. A

cidade possui uma área notável de espaços peatonais e jardins.

Caminhar no centro é um dos grandes atrativo da que é, sem

dúvida alguma, uma das cidades mais agradáveis da Espanha.

Capital comercial e cultural das Astúrias, Oviedo conserva

um núcleo urbano de traçado medieval à volta da Praça Alfonso

II. A imponente catedral, edificada em estilo gótico flamejante,

constitui uma visita indeclinável. No seu interior conserva-se um

admirável acervo histórico do século XVI, além dos túmulos de

seis monarcas asturianos. No entanto, o tesouro mais precioso

é a Câmara Santa, uma capela do séc. IX, um relicário da melhor

arte sacra.

Gijón, eterna rival de Oviedo, vale também pela dimensão

de cidade de província, não obstante o forte desenvolvimento

industrial da zona. A beira mar e a grande e formosa praia

de San Lorenzo são imagens referenciais da cidade, mas é

preciso mergulhar nas ruelas da zona mais antiga, o histórico

bairro de Cimadevilla, onde também há muitas sidrerías, para

experimentar uma vez mais a atmosfera descontraída que é uma

constante no reino asturiano.

Oviedo - Andanças urbanas e arquitetura romântica.

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Finalmente Avilés, a porta de entrada nas Astúrias para

quem chega de avião. É um pequena cidade cujos arredores

estão marcados pelo desenvolvimento industrial. Mas a parte

medieval do burgo, bem conservada, surpreende o viajante. Na

Rua Galiana, assim como noutras ruelas vizinhas, sobrevivem

velhas casas com varandas em madeira assentes em colunas de

pedra. Também neste povoado, que conserva algumas tradições

marinheiras, se poderá insistir com pertinência na nota da

arquitetura religiosa e recomendar visitas às igrejas de San

Nicolás, Santa María Magdalena de Corros e de San Francisco.

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Uma terra de história vasta que possui uma cultura

milenar vibrante e um povo hospitaleiro e orgulhoso, agraciado

com uma paisagens de recortes sensacionais, que vai do mar à

montanha em um piscar de olhos. Se você procura uma viagem

inesquecível, cheia de nuances variadas e muitos roteiros, o

Principado das Astúrias é o seu próximo destino.

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Eu sempre achei que uma taça de um bom vinho e um

livro já é um passeio maravilhoso para a mente. Encontrar os

dois em uma vinícola que te hospeda, e com vista a cordilheira

dos Andes era estar no paraíso. Assim foi meu passeio pelas

vinícolas da Argentina, cada momento um pouquinho de magia

capaz de mexer com todos os sentidos.

Pelo caminho do Vinho Argentino

Conexão: ARGENTINA

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Começamos pela vinícola que mais

me apaixonou: Achaval Ferrer. Uma vinícola

mais artesanal que as mais comuns e com

um vinho de altíssima qualidade. A maneira

como se é tratado é para se sentir em casa,

cada cuidado, cada ponto da visita. Tudo

pequeno e charmoso. Até o tempo ajudou

nossa visita, no meio do inverno um dia

bem quente, o que nos permitiu fazer a

degustação no jardim. E o vinho? Incrível,

fantástico! Aprecie um sabor fora do comum.

Um vinho que sem dúvida nenhuma mexe

com todos os seus sentidos.

Conexão: ARGENTINA

Page 61: 5ª Edição - 4ª Semana

Ainda nessa região, mudamos do artesanal e incomum para

um dos mais respeitados vinhos da Argentina. Falo claramente

de Catena Zapata, outra vinícola que para os amantes do vinho

não deve ser esquecida. Completamente oposto a Achaval Ferrer,

aqui tudo é majestoso e maravilhoso. Do tamanho da fazenda a

arquitetura da adega, baseada numa pirâmide Maia.

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Mudando de região, tudo na província de Mendoza,

partimos agora para o Vale do Uco, bem mais próximo da

cordilheira, onde as vinhas de altitude transferem todos os

sabores da montanha para o vinho.

Conexão: ARGENTINA

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Seguindo a linha tradicional, Salentein deve ser visitada.

Se você está em uma jornada como a minha, aproveite a

oportunidade e hospede-se na pousada da Própria vinícola.

Se realmente amar vinho, não deve deixar de conhecer a “Clos

de los 7” São sete fazendas, cinco vinícolas diferentes, com

diferentes vinhos. Em comum apenas a qualidade e o nome.

Page 64: 5ª Edição - 4ª Semana

Além disso, existe as adegas com restaurantes com menu

provido de degustação de vinho. Aconselho conhecer a adega

Melipal, na região de Mendoza e desaconselho totalmente a

adega O Fornier, comida sonsa e um vinho não tão interessante

para ser aproveitado, além de um tratamento que deixa a desejar

pelo preço que se paga, apesar da vista e arquitetura fantástica

que se tem nessa adega.

Conexão: ARGENTINA

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Conexão: ARGENTINA

Os pontos mais altos, mágicos e encantadores do meu

tour foi sem dúvida a hospedagem na Casa Antucura e um

pequeno restaurante chamado La Cocina, na pequena cidade de

La Consulta.

O primeiro, apesar de caro é o sonho de um amante de

vinhos, livros, linda vista e atendimento diferenciado. Sinta-se

acompanhado e até mimado pelos responsáveis por esse local

com poucos quartos e que te brindam ao acolhimento. O trato

de cada um dos funcionários e do Chef Martin deixa qualquer

um sentindo-se no paraíso.

Já o restaurante La Cocina, brinda todo o charme da alta

cozinha num lugar pequeno e encantador. O Chef Sebastian e

sua sócia Carolina te agraciam com simpatia e bom atendimento.

Passando pela região considere parada obrigatória e mandem

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um abraço dos dois Cristianos (viajei com um amigo com o

mesmo nome que o meu) que ali passaram. Um pequeno lugar

inesquecível, capaz de confirmar que magia e encanto estão

em todas as partes, basta conseguir encontrá-las. Eu posso

dizer que achei muito em Mendoza.

O traveller autorO brasileiro Cristiano Garcia é consultor de sistemas que atua na América Latina. Por causa do trabalho, já morou na Venezuela, Colômbia e Holanda. Atuou também em Equador, Peru, Chile, Espanha e EUA. Adora a cultura latina, viajar, mergulhar e comer um ótimo doce. Escrever é uma grande paixão e cozinhar outra. Sendo assim, encontrar a história perfeita acompanhada de um ótimo jantar e um bom vinho é o maior sonho.

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Mario De Leo Winkler

Photo Profile

BONITA VENEZA

Uma visão da Piazza San Marco para a ilha de

LaGiudecca, Veneza, Itália.

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Comecei na fotografia não faz muito tempo, em uma viagem de trabalho para França. Eu não conhecia ninguém, e das poucas coisas prazerosas que pude fazer foi vaguear por Toulouse, visitando cidades de cair o queixo, igrejas góticas, cidades, etc. Minha fiel companheira: uma câmera CanonPowershot muito simples (point-and-shoot). No entanto, a “fotografia de registro” não foi suficiente, pois os detalhes sempre capturam minha atenção, por ser onde a essência dos objetos reside.

PONTE EM TOULOUSE

Retornando de uma viagem para Carcassonne, a tarde em Toulouse foi pastel

com cores do outono.

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CASTELO EM CARCASSONNE

Um dos fossos na entrada para Carcassonne, castelo medieval que é

Património Mundial da UNESCO.

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CASTELO EM FOIX

Foix, localizado na França, muito perto da Espanha era um tesouro a ser descoberto.

Detém uma ontop castelo fantástico de uma colina rochosa com vista para toda a cidade.

As cores do outono couldonly realçar a beleza do vale em que a cidade reside.

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PALÁCIO DE BELAS ARTES

Iniciado em 1932 e terminou em 1934, reservado para os melhores artistas do México.

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Yagul

Em Yagul, no Vale do Oaxaca, México, além das pirâmides, existem cavernas adornadas com pinturas rupestres ligadas aos mais antigos habitantes da América.

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MITLA

Património Mundial da UNESCO no estado de Oaxaca, no México, construído pelos

antigos zapotecas.

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DIVINDADE

Dentro da Catedral de Santa María del Mar, Barcelona, encontram-se incríveis vitrais. A maioria deles são novos, devido a tumultos

em 1936 que destruiu a maioria das obras de arte da igreja.

Comecei um blog descrevendo minhas aventuras na França e a postar as fotos no Flickr. Logo consegui um grupo de seguidores leais e comecei a sentir a necessidade de mostrar novas imagens periodicamente. Experimentos em preto e branco, cor, longas exposições entre outras técnicas, me fez desenvolver uma relação íntima com a câmera.

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DOCK

O lago de Como, na Itália, banhado pelas gélidas águas que descem dos Alpes suíços e rodeado por casas extravagantes e ‘Villas’

jardins knownas.

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UXMAL

A UNESCO Património Mundial da Humanidade em Yucatán, México. Esta cidade, construída pelos maias, é cheia de surpresas arquitetônicas.

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GOTHIC MILAN

A catedral de Milão (Duomo de Milano) é a maior da Itália e a quarta do mundo.

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ARCOS DE MUDÉJAR

O Alcázar de Sevilha é um Patrimônio Mundial Heritage Site, premiado por sua arquitetura moura.

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GOLDEN GATE MÉXICO

A beleza está em toda parte, especialmente em detalhes. A entrada de uma garagem feita de alumínio dourada faz uma oportunidade para uma fantastica foto.

Eu não tenho viajado muito, alguns países da Europa, da América Central e os Estados Unidos são tudo o que tenho visto. No entanto, se você prestar atenção aos detalhes em qualquer um dos seus destinos, vibrantes como são, você vai encontrar uma riqueza fotográfica nova e um intrincado universo dentro de cada posição na Terra.

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Escolhido pelo NY Times como um dos melhores livros de 1989, No Amor e na Guerra, os diários secretos de Agnes Von Kurowsky retrata a história do romance entre Agnes Von Kurowsky e Ernest Hemingway, na época um jovem soldado, servindo durante a Primeira Guerra Mundial.

Pouco tempo após o fim da I Guerra Mundial, Agnes, recebeu de Hemingway uma carta comunicando que estava escrevendo um romance sobre o namoro que tiveram num hospital em Milão.

Ernest Hemingway foi motorista de ambulância da Cruz Vermelha na Itália, levando café e chocolate para os soldados em batalha. Ele recebeu centenas de estilhaços de morteiro nas pernas, foi atingido por balas de metralhadora e mesmo assim carregou um soldado italiano ferido nas costas para ser socorrido.

O jovem Hemingway retornou como herói e iniciou uma carreira como um dos mais importantes escritores da literatura universal. No amor e na guerra é, sem dúvida, uma leitura interessante sobre a complexidade dos sentimentos humanos num momento histórico de profundas modificações no status quo, além de ser um relato honesto sobre as perdas e os desencontros nas relações entre as pessoas.

O diário perdido de Agnes Von Kurowsky

No amor e na guerra:

Por Rodrigo Oliveira

Livros

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Sobre os autores:

Henry S. Villard era aluno de Harvard em 1917 quando se inscreveu para servir no corpo de ambulâncias da Cruz Vermelha na Itália. Em 1928, depois de trabalhar como pós-graduado em Oxford, ele entrou para o American Foreign Office, tendo chegado a embaixador. Faleceu em fevereiro de 1996 aos 96 anos.

James Nagel é professor de Literatura Americana na Universidade da Geórgia. Publicou 17 livros sobre ficção americana. É o coordenador executivo da American Literature Association e ex-presidente da Ernest Hemingway Society

Ernest Hemingway

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Um sonho chamado Route 66

Em meados de fevereiro deste ano (2011), dei início a pesquisa da melhor forma de como poderíamos realizar essa viagem. Pesquisei diversos sites, Fórums e Blogs destinados ao assunto e acabei contatando uma operadora especializada, da qual hoje me tornei parceiro: A Eaglerider Norte Americana.

Optamos por um Tour que ia de Los Angeles a Las Vegas, fazendo os 2778 Km em 6 dias. Meu tio, de 77 anos e seu filho se interessaram e juntos, formamos os WANDALO’S: Wanderlei (pai e filho), eu (Daniel) e Lobo!!!

Para que nada desse errado, seguimos dois planos: O primeiro de viabilização da viagem: pacote, documentação, passagem, visto; e o outro de treino: afinal, apesar de habilitado eu não tinha nenhuma experiência.

Quanto maior a prática, maior a segurança e maior o preparo ao enfrentar situações inesperadas. Ao pilotar com segurança, a diversão vem no embalo. No segmento que adotei como meu hobbie (motos custom), a diversão está em curtir o

caminho e não em chegar mais rápido.

A ORIGEM

Relatado por Daniel Ricardi, da viagem realizada entre 28/09 e 10/10/2011. Organização: ADJ Viagens e Turismo Ltda.Operadora utilizada: Eaglerider Por Monark Tur.

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Após seguir de Dallas para Los Angeles, aterrissamos no aeroporto com todo o gás. Um voo de ida para qualquer lugar é sempre o melhor: A empolgação ameniza parte do cansaço e até se consegue dormir, numa boa.

Funcionários de Cias aéreas, da Imigração, do controle do aeroporto: What is WanDaLo`s? - Viramos celebridades!

28/09/11 – Dia do embarque

29/09/11 – Chegando na terra do Tio San

“Senhoras e senhores, apertem os cintos: Primeiro trecho: Guarulhos/Dallas !”

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Cruzando os 4 cantos de Los Angeles aproveitamos para visitar alguns pontos turísticos: Madame Tussauds, Kodak Theatre, Beverly Hills, Chinese Theatre…

30/09/11 – City Tour

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Café da manhã tomado e lá vamos nós para a sede da operadora. Senha retirada, era hora de aguardar a chamada para pegar a documentação, assinar os papéis e ir buscar a moto.

Cerca de 20 milhas adiante, saímos da Freeway sentido ORTEGA. Seguimos por mais 50 milhas pela Winding Mountain Road, uma estrada vicinal cheia de curvas e com tráfego quase inexistente.

A parada foi no restaurante: Hell’s Kitchen. Um lugar

01/10/11 – Los Angeles , CA - Palm Springs, CA = 190miles/306Km.

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famoso no meio motociclístico. Após o almoço retomamos o caminho e de brinde, um pouco de chuva passageira. A paisagem era tão sensacional através da Reserva Nacional de San Bernardino que a tensão passou rapidamente.

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Enfrentaríamos um dos climas mais quentes e secos. A recomendação é de se beber água a todo o momento. Nessa primeira parada ficamos tempo apenas para reabastecimento e partimos para o Parque nacional Joshua Tree. De lá, entraríamos na Mother Road: Route 66.

O Sol já estava se pondo quando chegamos ao nosso hotel em Laughlin, no estado de Nevada.

02/10/11 – Palm Springs, CA – Laughlin, NV = 232 miles/374Km

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Pilotamos por algumas milhas, numa falsa impressão de que teríamos o Sol que nos acompanhara nos dias anteriores. Um sol de rachar estava começando a marcar presença enquanto nos afastávamos de Laughlin em direção a Pitoresca Oatman, literalmente saída dos filmes de Faroeste.

Mas o mais chamativo do local é o bar do Hotel Oatman, onde costumeiramente os seus visitantes acabam deixando notas de um dólar grudadas nas paredes e teto, assinadas. Hoje existem aproximadamente cerca de setenta mil dólares americanos grudados.

Lá ficamos cerca de 20 minutos. Depois fomos informados que deveríamos seguir adiante até uma próxima parada ideal

03/10/11 – Laughlin, NV – Grand Canyon, AZ = 245 miles/394Km

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para fotos, chamada Cool Springs. O caminho ate lá foi sem dúvida nenhuma o pior conservado que vimos ao longo de todo o tour. A distância a percorrer era pequena, mas como a via era estreita e bem sinuosa, cada um deveria fazer na sua velocidade. Este foi um dos trechos mais legais da viagem e um cenário perfeito para fotos clássicas.

Hora de retomar a estrada em direção a Seligman, um dos maiores trechos ainda conservados da Route 66 e depois, rumo ao Grand Canyon.

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A chuva durou cerca de 30 minutos. Os últimos 10 foram realmente intensos: Pista alagada, Raios, Vento. Era impossível enxergar além de 50 mts. A velocidade média caiu para cerca de 25Mph. Até que de repente a pista literalmente alagou. Por sorte já estávamos no ponto previsto para a parada e o almoço. Antes uma vã tentativa de se secar um pouco em uma garagem.

Até o próprio restaurante ficou uns minutos sem luz, mas isso não foi motivo para perdermos o bom humor e muito menos a fome.

Hora de encarar a tormenta

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Às sete da manhã já estávamos de pé e prontos para o Grand Canyon. O dia estava sensacional, mas a região é famosa por ter o clima imprevisível. Levamos apenas 5 minutos para chegarmos à entrada do Parque.

Terminamos de cruzar o parque e seguimos em direção a Monument Valley. Cerca de 60 milhas e o tempo estava começando a fechar. Finalmente chegamos ao ponto de parada, no meio do Arizona.

A intenção era chegar ao entardecer em Monument Valley, pois faríamos um tour em veículos 4x4 e jantaríamos no meio

04/10/11 – Grand Canyon, AZ – Monument Valley, UT = 170Miles/274Km

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das montanhas. Mas a chuva não permitiu. Após cerca de uma hora e meia pilotando debaixo de chuva chegamos ao hotel em Monument Valley. Estávamos em Kayenta, uma comunidade indígena onde a comercialização de álcool era proibida. Lobo e Véio, que haviam optado pelo suposto “vinho”, não ficaram muito satisfeitos.

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A temperatura girava em torno dos 15ºC. Estávamos prestes a ver o cenário de muitos dos filmes de faroeste americano, do famoso Thelma & Louise e das propagandas do cigarro Marlboro. Saímos de Kayenta e pilotamos por 25 milhas. O cenário já prometia.

5/10/11 – Monument Valley, AZ – Bryce Canyon, UT = 340Miles/547Km

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Na entrada de Monument valley, onde fica o View Hotel, deixamos as motos e embarcamos em caminhões 4x4. A cada depressão que passávamos o guia/motorista ia nos explicando o formato dos “montes”. Imagens que pareciam esculpidas.

O vento gelado castigava bastante e tivemos que usar todo “arsenal” de máscaras e óculos para tentar apaziguar o vento que era só um aperitivo do frio que sentiríamos nesse dia.

Chegamos ao ponto de parada principal. No meio do vale existe um ponto de apoio. Após os índios cantarem uma de suas entoações aos espíritos, o café foi servido. Pilotamos de volta a Kayenta e enfim seguímos para Bryce Canyon. Almoçamos e voltamos para a estrada já preparados para a chuva, a mais chata da viagem: Quando começou, não parou mais.

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Estávamos nos aproximando de Bryce Canyon. Paramos num posto para o reabastecimento. A idéia era seguirmos direto ao hotel, porém 30 minutos não foram suficientes para nos secarmos. Bryce Canyon fica a 2775 metros de altura. Em 60 milhas, estaríamos no hotel. Geralmente não dávamos tanta importância para o quanto faltava. Estávamos lá para pilotar, mas dessa vez foi diferente: A cada milha, mais chuva, mais vento e uma temperatura que caia mais e mais. A cerca de 30 milhas do hotel, os dentes começaram a bater involuntariamente. As mãos passaram a apresentar sinais de congelamento. Elas literalmente travavam sobre as manoplas. Qualquer movimento simples com a mão, precisava de um esforço gigantesco.

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As mãos passavam a doer de frio. Neste momento a temperatura era cerca de 10ºC, porém a sensação térmica pelo vento, chuva e roupa molhada, jogavam a temperatura para quase zero. Chegamos ao Best Western Ruby’s Inn. Os dedos estavam entre roxos e pretos. O frio era intenso e a dor se espalhara pelas mãos e pés. Entramos correndo no quarto, acionei a banheira e entrei de roupa, meia e ainda capacete. Fiquei por cerca de 10 minutos, até que as mãos e pés parassem de doer. Lobo se dedicou a usar o secador de cabelos. Estávamos a cerca de 50m da sede onde estava o restaurante. Previsão do tempo para o dia seguinte: 90% de chance de neve e chuva: Mínima de -5ºC e máxima de 10ºC.

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O nosso último dia de jornada com as motos chegou. Às cinco da manhã o telefone do quarto: “Olhe pela janela!” – Era o Jr. A previsão do dia anterior se confirmou. As motos estavam cobertas por neve.

Se aguardássemos o tempo firmar, ainda estaríamos lá. Cerca de 20 minutos antes do horário previsto para sair (11horas), pegamos a estrada. Andaríamos cerca de 60 milhas até o posto onde abastecemos na tarde anterior. Nesse percurso tivemos algumas das imagens mais sensacionais da viagem.

06/10/11 – Bryce Canyon, UT – Las Vegas, NV = 250 Miles/403 Km

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Cerca de umas 10 milhas antes do posto, a neve já não fazia mais parte do cenário, porém para deixar literalmente a viagem completa, recebemos a “benção” de uma carga de granizo. Pode-se dizer que estávamos fechando o dia com chave de ouro.

Passada a pancada do granizo, Agora era só o vento frio. Como a saída havia sido atrasada, precisávamos compensar para chegarmos a VEGAS. Entramos no parque nacional de Bryce Canyon. Depois, para podermos desenvolver uma maior velocidade pegamos as rodovias principais.

De uma temperatura abaixo de zero (pela manhã), para o Sol. Tínhamos a certeza de que aquele era um dia abençoado. Las Vegas estava limpando seu céu para nos recepcionar. O Sol agora constante e a temperatura de cerca de 25ºC nos davam a nítida impressão de verão.

Poucos minutos após devolvermos as máquinas chegamos ao Excalibur hotel. Hora do merecido “brinde”.

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Vegas a cada minuto prova ser qualquer coisa, exceto uma cidade normal. Para ir ao café da manhã, já se imerge no mundo da jogatina. A agitação em Vegas é literalmente 24 horas non stop. Após o café da manha Lobo, Véio e Jr. foram ao Outlet South de Las Vegas e eu precisava ir atrás das encomendas específicas. Mais uma vez fomos abençoados com um dia espetacular.

07/10/11 – Vegas, Here we are!

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De Las Vegas voamos 5 horas até Miami. Conexão tranqüila e rápida para nosso vôo destino a Guarulhos.

Até a próxima!

09/10/11 – De volta a realidade.

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Viagem ao Elo Perdido A ilha de Madagascar está situada a leste do continente Africano, e possui um total de 587.041 Km² de extensão, a quarta maior ilha do mundo . A ilha foi invadida por diversos povos, como os Portugueses, Ingleses e Holandeses, mas foi a França que realmente exerceu influência na cultura e controle do país, forçando o governo Malagasy a assinar um tratado, tornando-se um protetorado francês.

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Há 88 milhões de anos, a ilha separou-se do que hoje é a Índia, permitindo que animais e plantas se desenvolvessem completamente isolados. O resultado foi o desenvolvimento de uma biodiversidade singular que fez 80% das suas espécies endêmicas, não sendo encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

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Em terras africanas Chegamos à capital, Antananarivo, no princípio da madrugada. O aeroporto pequeno e mal ventilado configura-se uma prova de resistência. Depois de uma viagem de 11 horas, é preciso muita paciência para assistir um sistema de distribuição de vistos tão mau organizado. Todo turista precisa comprar o visto para entrar no país, mas o sistema é tão desorganizado que durou três intermináveis horas para conseguirmos.

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Passamos um dia na capital e depois voamos na manhã seguinte ao nosso primeiro destino: Morondava. À primeira vista, Morondava é um típico vilarejo africano. Contudo, é só a primeira impressão. Madagascar, ao contrário de outros países africanos, é relativamente segura para estrangeiros e seu povo é conhecido por sua simpatia e hospitalidade.

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Recepção Calorosa

Fomos recebidos por três nativos sorridentes que nos aguardavam na entrada do pequeno aeroporto e que nos levaram direto para o hotel. Ficamos no Chez Maggie, onde numa de suas viagens, hospedou-se Sir David Attenborough, o mais famoso naturalista da atualidade.

O Chez Maggie fica de frente para o mar onde pudemos, nos fins de tarde, apreciar o pôr do sol e a negritude do céu, coalhado de estrelas.

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Reserva Florestal de Kirindy

Quatro horas de viagem de 4x4 em

estrada de terra e à Avenida dos Baobás. As milenares árvores se mostram

tão poderosas que é impossivel passar ileso. Cada uma tem um formato diferente e por isso os nativos nomeia cada uma delas com seu próprio nome.

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A Reserva Florestal de Kirindy é uma importante área ecológica, que abriga seis espécies de lêmures, entre eles, a menor espécie conhecida: o lêmure-rato. Além dos lêmures, a reserva tambem hospeda uma imensa quantidade de animais: lagartos, camaleões, cobras, pássaros e até crocodilos. Muitos dos animais são noturnos, por isso optamos por três caminhadas: uma visita no final da tarde, uma durante a noite e uma cedo pela manha. Lá também vive um dos mais elusivos e perigosos animais da ilha: o fossa.

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Trilhas no “Elo Perdido”

A primeira caminhada durou duas horas e vimos muitas espécies de lêmures, inclusive o raro Sifaka e o pequeno lemur-rato, muitos lagartos e diversas espécies de pássaros. Chegamos bem perto de todos eles. Foi incrível ver a intocada natureza selvagem do local.

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De volta ao acampamento, cerca de meia hora após a chegada, o guia disse que um fossa estava no acampamento. Um animal negro, do tamanho de um puma e com uma longa cauda. O seguimos, junto ao guia e mantendo uma distância “segura” do animal por cerca de meia hora, enquanto ele investigava os mais diversos cantos do acampamento.

Na manhã seguinte, ele fez mais uma aparição, para alegria dos outros três hospedes (a reserva recebe muito mais pesquisadores que visitantes).

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Parque Nacional Tsingy de Bemahara

Fomos com o mesmo veículo e motorista, o simpático Daniel. Ele não fala inglês, então nos comunicávamos em Francês. A jornada de 9 horas em péssimas estradas foi dura. Atravessamos um dos maiores rios da região num “ferry” improvisado: 2 pequenos barcos ligados por algumas tábuas, almoçamos numa pequena vila no meio do nada em um restaurante francês que não deixa nada a dever a qualquer outro na França, oMad Zebu, paramos em minúsculas vilas no meio do caminho, onde fomos a atração principal. Um minuto e já estávamos cercados de nativos, principalmente crianças.

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Selva de Pedra Chegamos a Bekopaka, a aldeia próxima ao parque, divide-se em Petit Tsingy e Grand Tsingy. O nome Tsingy vem do labirinto formado por rochas pontiagudas, semelhantes ao granito, que tomaram essa forma devido a ação da erosão. No Petit Tsingy, o acesso se dá através de pequenas escaladas e algumas pontes e mirantes entalhados na rocha. Já no Grand Tsingy, cuja altura de algumas torres chega a algumas centenas de metros, é necessário usar equipamento de escalada.

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Foi nesta floresta de pedra que os primeiros habitantes de Madagascar, o povo Vazimba viveram. As visitas aos tsingy devem ser feitas com guias da região, pois o lugar é um gigantesco labirinto nas alturas. Cada visitante escolhe qual circuito deseja fazer, de acordo com o tempo disponível e com o nível de condicionamento fisico.

Ao se atingir os mirantes, a vista é única. No Petit Tsingy o cenário já é bem impressionante, mas o Grand Tsingy é sem dúvida nenhuma, a estrela do Parque. A dimensão e formacão das rochas são de tirar o folego e a vista do topo é magnífica.

Posso dizer que essa foi uma das férias mais inesqueciveis que já tive. Com certeza, vamos retornar e explorar outra parte dessa terra cheia de misterios.

A traveller autoraRina trabalha em Marketing e há cinco anos e meio mora em Londres, onde iniciou novo capítulo na sua vida. Apaixonada por viagens, ela está sempre com o pé na estrada. Mesmo que seja só a trabalho.

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Com toda a certeza, todo mundo já ouviu falar do cãozinho Snoopy, do seu dono atrapalhado, Charlie Brown e do passarinho Woodstock. Aqueles com mais de 30, devem se lembrar dos desenhos animados que passavam à tarde, na televisão e dos quadrinhos, ainda publicados e vendidos nas melhores livrarias, nos anos 90. Fora o enredo das tirinhas, escrito com rara sensibilidade por Charles M. Schulz, seu criador – ele escreveu todas as tirinhas, até sua morte, em 13 de fevereiro de 2000 – as histórias mostravam a vida do ponto de vista do melancólico e introspectivo garoto careca e de cabeça redonda. Em sua versão para televisão possuíam, assim como alguns desenhos animados da época, como Tom & Jerry, por exemplo, uma trilha sonora jazzy sensacional. Em 1994, saiu o disco Joe Cool’s Blues, um projeto capitaneado por Ellis e Wynton Marsalis (do famoso clã jazzístico americano) convidados a compor a nova trilha sonora original para a versão do Peanuts para a TV. Com exceção da música tema do desenho animado, todas as demais foram compostas por eles e executas pelo septeto de músicos.

Wynton & Ellis Marsalis

JOE COOL’S BLUES

Por Rodrigo Oliveira

Música

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Se a música original, composta pelo mestre Vince Guaraldi, já era de excelente bom gosto, a nova versão não deixou por menos. Ellis Marsalis (que conhecia Guaraldi) e Wynton, seu filho, que assistia aos desenhos animados do “Peanuts”, resolveram juntos construir novas peças musicais, mantendo a sensação que as músicas originais transmitiam. O resultado é um ótimo disco, fresco como uma tarde ao ar livre e cool, assim como o original, adicionadas às devidas porções, a excelência musical dos Marsalis e banda e a qualidade ímpar das músicas.

“Linus e Lucy”, a canção original inicia a jornada para o mundo de Charlie e sua turma, a alucinada e alegre “Buggy Ride” acelera as coisas, como num pequeno turbilhão “Oh, Peanuts Playground” é estranha e classuda ao mesmo tempo em que quase invoca o próprio Charlie Brown a aparecer bem em frente ao ouvinte. A bolachinha fecha com a música que dá nome ao álbum, “Joe Cool’s Blues (Snoopy’s Return)” fecha com um jazz clássico, com a pegada típica de New Orleans.

Se você gosta de jazz de primeira, é um discão. Se você gosta de jazz de primeira e ainda curte a turma do Charlie e do Snoopy, então este disco é mais que imperdível.Abra um vinho e som na caixa.

foto: http://www.thejazzman.com.au/Page/PagePrint.asp?Page_Id=107

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Ilhas Fiji Paraíso no Pacífico.

Fiji foi minha sexta parada após iniciar minha Volta ao

Mundo. Após passar pela Ilha de Páscoa, Tahiti, ilhas Cook,

Nova Zelândia e Austrália chegou a vez da paradisíaca Fiji. Ela

não estava em meu roteiro inicial, mas após conversar com

vários viajantes na Austrália decidi conhecer este famoso e

divertido arquipélago que consiste em 322 ilhas, das quais um

terço, desabitadas.

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As duas ilhas mais importantes são Viti Levu e Vanua Levu.

Na primeira, está situada a capital, Suva, onde vivem quase três

quartos da população. As ilhas são montanhosas, com picos

que se erguem aos 1.324 m no Monte Vitória - ou Tomanici

na língua fijiana. Já na área central de Viti Levu, as florestas

tropicais cobrem predominantemente os espaços. Outras

cidades importantes são: Labasa, Lautoka, Nadi e Savusavu.

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Uma forma econômica de viajar por este arquipélago é contratar a Yasawa Adventures Fiji (http://www.awesomefiji.com/). Eles cobrem as Ilhas Yasawas conforme o mapa abaixo.

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Paz, mergulho e privacidade total

Você pode adquirir um passe por número de dias ou

escolher onde, quanto tempo e que tipo de acomodação deseja,

pois cada ilha possui um programa de atividades e acomodações

distintas. Passei cinco dias por lá e escolhi ficar em Manta Ray

e Octopuss, principalmente por saber que são dois bons locais

de mergulho. Tanto em Manta Ray quanto Octopuss têm apenas

um hotel por Ilha.

A Yasawa tem um barco grande que funciona como

o principal meio de transporte. Ele para de ilha em ilha e as

pessoas embarcam e desembarcam conforme sua escolha. Vale

lembrar que o barco raramente atraca na ilha. Ele ancora em

um local próximo e um pequeno barco, do hotel, transporta os

passageiros.

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Em ambas as ilhas visitadas, fui recebida com o staff do

hotel cantando e dançando músicas típicas locais. Parece um

pouco com os filmes havaianos antigos, onde os funcionários

vestem roupas coloridas e têm flores tropicais em suas orelhas.

Todos dizem “bula” (olá) e são muito simpáticos.

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Um chalé em Mantaray.

Na Ilha Mantaray, optei por ficar em um chalé, mas

conhecido como “Bure” em Fiji. O Bure tinha basicamente a

cama decorada com flores de boas vindas. Nesta ilha o banheiro

fica no prédio central independente do tipo de acomodação.

Como não existe sistema de esgoto, todos os dejetos são

recolhidos em tanques químicos, de tempos em tempos.Nesta

ilha fiz passeios de barco e atividades de artesanato, além de

relaxar nas redes e dar mergulhos nesta praia paradisíaca.

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Em Octopuss, fui recebida da mesma maneira, todavia

como o alojamento estava lotado, acabei acomodada em um

Bure VIP, com uma cama de casal e uma de solteiro, este com

banheiro privativo e bastante agradável.

Octopuss, kava e tradições culturais.

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Todas as noites eram preenchidas com atividades como:

Lual na praia, cinema, jantares festivos, etc. No primeiro dia,

participei da cerimônia de boas vindas, onde os recém chegados

tomam “kava”, bebida feita da raíz de uma planta que tem

propriedades sedativas. O gosto é um tanto diferente, posso

dizer que não é muito bom e tem aparência de água com terra e

após beber, sua língua fica adormecida como se tivesse tomado

uma anestesia numa ida ao dentista. Mesmo assim, a experiência

da cerimônia é fantástica. Foi em Octopuss que visitei a vila e

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fui a um culto na igreja local. Todos os funcionários do hotel

vivem nesta vila, onde procuram manter suas tradições. O culto

é composto por músicas e é uma cerimônia bem alegre. Crianças

vão com suas melhores roupas e procuram se comportar durante

o discurso do pastor. A dica é se misturar um pouco e aproveitar

a chance de observar a riqueza da particular milenar cultura

local.

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Minha estadia teve que ser reduzida, pois o furacão

Thomas chegou a Ilha acabando com a alegria. Tive que

retornar à Ilha principal para não correr o risco de acabar presa

na ilha por causa do mau tempo. A preparação do local para

enfrentar furacões consiste em lacrar com madeiras e pregos

as janelas, tirando todos os móveis expostos, enfim, dá um frio

na barriga mas como todos já estão acostumados, passam uma

tranquilidade grande aos hóspedes. Por sorte, o furacão não

foi tão forte nos locais onde estive limitando-se a chuvas com

ventos um pouco mais fortes que o normal, mesma sorte não

Alerta de Furacão

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sendo compartilhada por outras pequenas ilhas no norte do

arquipélago.

Vale a pena passar o mês todo neste arquipélago, e visitar

várias ilhas. Em cada uma delas as experiências são diferentes.

Existem as ilhas para quem prefere cair na balada, ilhas para

relaxar e contemplar, Ilhas para família, para prática de esportes

radicais e ecoturismo, enfim, opções para todos os gostos e

necessidades.

Ao chegar em Fiji, manda um “bula” por mim!

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Este drama romântico é baseado nos diários de Agnes Von Kurowsky, que viveu uma história de amor, durante a Primeira Guerra Mundial, com um jovem que viria a se tornar um dos maiores escritores século XX, Ernest Hemmingway.

Durante o ano de 1918, Ernest (Chris O’Donnell) se alistou para lutar na Primeira Guerra Mundial. O Jovem rapidamente descobriu seus horrores e em um ataque é ferido na perna. Gravemente ferido e desesperado com o risco de ter sua perna amputada, Ernest encontra a ajuda da enfermeira austríaca Agnes (Sandra Bullock), que promete convencer os médicos a tentar outro tratamento. Ela se compromete a cuidar dele durante o

No amor e na guerra: Por Rodrigo Oliveira

Filme

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processo de tratamento e a evitar a qualquer custo a amputação de sua perna.

Durante o tempo que passam juntos no hospital floresce entre eles um romance arrebatador. Mas Agnes, que acha o rapaz jovem demais para casar, o magoa profundamente ao casar-se com um médico italiano importante, acabando com as esperança e a felicidade do jovem Hemingway.

Prepare a pipoca e boa diversão.

Cena do filme: No amor e na Guerra, com Sandra Bullock e Chris O’Donnell.

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170 km no Velho Chico

“Um desafio não é uma atividade extenuante que o desgasta fisicamente a ponto de comprometer sua segurança ou colocar sua vida em risco – isto é uma aventura irresponsável.”

Texto: Percival MilaniEntrevista: Rodrigo OliveiraFotos: Arquivo pessoal e Rodrigo F. de Oliveira

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Você sabe a diferença entre um projeto de vida e uma simples aventura? Como engenheiro que sou, busco distinguir claramente um do outro. Pois foi assim que uma ideia embrionária começou a tomar corpo quando fui convidado por um colega de maratonas aquáticas, o Foschini, a fazer parte de uma equipe de nadadores que se preparavam para uma façanha nunca antes realizada: nadar os 170 quilômetros que separam as cidades alagoanas de Piranhas e Penedo, nas águas do Rio São Francisco.

foto de Rodrigo F. de Oliveira

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Como paulistano, pouco conhecia da região que se apresentava à nossa frente e dos desafios que se apresentariam. Nadar 170 quilômetros não é algo que se faz assim rotineiramente – logo, as preocupações com todos os aspectos emergiram e começamos a tratá-las com a devida atenção, maximizando prioritariamente o quesito segurança. Nenhum dos nadadores ali envolvidos eram iniciantes: todos apresentavam experiências natatórias de certo calibre, que os habilitavam a empreender a travessia.

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A primeira regra estabelecida foi: todos nadam o percurso inteiro – não se trata de revezamento, onde cada nadador faz apenas uma parte do trajeto. Mesmo sabendo que a correnteza do rio sempre ajuda a descer, 170 quilômetros são 170 quilômetros. Mas aí mora o segredo da coisa: um projeto tem que ser desafiador.

A segunda regra era: o trajeto é nadado em quatro dias com pontos de parada nas cinco cidades alagoanas que definem o percurso: Piranhas, Pão de Açúcar, Traipu, Porto Real do Colégio e finalmente, Penedo. Isto representava esforços diferentes a cada dia: 45 quilômetros no primeiro dia, 57 no segundo (esse foi realmente extenuante), 33 no terceiro e 35 quilômetros no último dia.

A terceira regra era do conhecimento de todos, mas foi apenas parcialmente cumprida, por falta de tempo e de recursos: conheça exatamente todas as condições da travessia. Em nosso período de preparação, fizemos – eu

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e o Foschini – uma viagem de reconhecimento à região quase dois meses antes da data programada. Entramos no São Francisco na cidade de Piranhas e lá nos deparamos com um rio profundo e perigoso, devido à presença de frequentes redemoinhos. Se você já nadou dentro de um liquidificador, entende do que estou falando. Não foi fácil, mas aprendemos a superá-los.

Também avaliei a temperatura da água – algo próximo dos 23 graus – bastante adequada para uma travessia. Do seu lado, o magérrimo Foschini sentiu a água bastante fria para exposições prolongadas de oito a doze horas por dia.

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No entanto, não pudemos avaliar o restante do trajeto e novas surpresas nos aguardavam que quase comprometeram o sucesso de nosso projeto. O desconhecido é sempre aquilo que pode acabar com suas pretensões – ele deve, portanto, ser combatido a qualquer custo.

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Começando pelo princípio, como começou esse lance de natação, travessias?

Nadei em minha juventude, mas por pouco tempo, mais especificamente dos 11 aos 15 anos. Logo tive que estudar e trabalhar e, por isso, interrompi minha carreira de atleta. Por volta de meus 39 anos eu era Diretor de Operações em uma empresa multinacional e os sinais do estresse corporativo começaram a se mostrar. Voltei a nadar – sem compromisso – apenas para relaxar.

Tive a grata oportunidade de treinar com grandes nomes, como Mirco Cevales e Flávio Lopes – passei a participar de

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provas de piscina e em águas abertas. Mesmo sem grandes resultados, iniciei modestamente em ambas as modalidades nos fins de semana. Representávamos a cidade de São Caetano do Sul, minha cidade natal, que tinha uma equipe muito forte de jovens e vencia todas as etapas do Campeonato Paulista de Águas Abertas – na época, o melhor laboratório para minhas participações como iniciante.

Com o incentivo de amigos, consegui melhorar meu preparo e fui conquistando distâncias maiores. Comecei com provas de 3 Km, em seguida de 5 e 10 Km; encarei os 24 Km da Travessia 14 Bis (por dez vezes, desde 2001), depois os 36 Km nas gélidas águas do Canal da Mancha em 2003 (considerado o Everest da natação) e finalmente, os 170 Km no Rio São Francisco em 2011.

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Sobre suas travessias de grande monta, como você define onde e quando vai nadar?

Cada travessia tem sua própria história. A decisão pelo Canal da Mancha foi motivada pelo desafio de que seria possível conciliar metas pessoais com metas profissionais. Foi tomada num clima de grande maturidade pessoal, pois se trata de uma prova com riscos – e obviamente custos – consideravelmente altos. Já a travessia no Rio São Francisco teve sua origem na discussão entre um grupo de nadadores onde um dos atletas conhecia minimamente as belezas naturais, as dificuldades da região e a proposta apresentava-se como um desafio muito grande, mas factível.

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Numa travessia como a do Canal da Mancha, você sente medo? De quê?

Não há espaço para o medo, pois tudo foi pensado e testado antes. Só mesmo a ansiedade do momento é que pode te desviar de seus objetivos. Eu sentia um peso grande em meus ombros antes da travessia, mas era ansiedade e não medo.

Isso não quer dizer que não haja perigos no Canal da

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Mancha, mas sim, que eles estão mapeados e você sabe como reagir em cada situação: se as águas-vivas te pegarem, você passa vinagre e espera que resolva – se não resolver, desista e volte outro ano; se um navio de cinco mil toneladas quiser passar por cima de você, você tenta desviar com o aviso de seu piloto – se não houver tempo, desista, suba no barco e volte outro ano; se você não suportar o frio, desista, suba no barco e volte outro ano; se não conseguir chegar devido às correntezas, idem – e assim por diante.

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Voltando aos 170 Km no Velho Chico, quais os principais desafios e dificuldades que se encontra neste tipo de empreendimento?

Tivemos certas dificuldades para angariar o apoio das autoridades locais – em especial, as prefeituras. Em todas, fomos bem recebidos, mas não sabíamos ao certo o quanto as prefeituras iriam, de fato, cumprir com suas tarefas para o sucesso de nossa empreitada. Por vezes os barcos de acompanhamento eram muito grandes, alguns passavam de 18 metros, e não eram ideais para nos apoiar na prova. O fornecimento da alimentação e água ficava prejudicado e não era possível manter-se próximo ao atleta sob os ventos fortes, que sopraram nos quatro dias de nossa empreitada.

Durante os quatro dias de prova, a convivência de todo o grupo – atletas, bombeiros, oficiais da Marinha, etc. transformou o ambiente num grande Big Brother. Com mais tempo, poderíamos trabalhar melhor os patrocínios, os treinos em conjunto, o conhecimento das dificuldades e principalmente, o sentimento de equipe

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Logo ao chegarmos a Piranhas, fui pessoalmente fazer um segundo reconhecimento das duas regiões mais perigosas de nosso primeiro dia: os pontos onde os redemoinhos eram muito fortes, chamados pela população local de Caçamba e Mateus. Busquei o “Carlinhos”, e ele me acompanhou em seu barco – uma voadeira de 5 metros de comprimento – e me orientou sobre o rio e suas características. Eu costumo dizer que a população local sempre disponibiliza um “anjo da guarda” para nos orientar. Eles são essenciais para o sucesso dos projetos.

Sem mencionar os anjos da CHESF – a Companhia Hidrelétrica do São Francisco – que liderados pela Sra. Sonáli, montou uma equipe de apoio, nos explicou os ciclos do rio e discutiu algumas das estratégias que usamos durante a prova.

Em cada cidade onde parávamos, as homenagens foram inesquecíveis. Aprendemos muito da cultura local e pudemos perceber o quanto o Velho Chico é importante para aquela região.

E o pós dia, como era?

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foto de Rodrigo F. de Oliveira

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Sem dúvida alguma foi o segundo dia da travessia, entre as cidades de Pão de Açúcar e Traipu. A distância total era de 57 quilômetros. Nossas dificuldades começaram já no dia anterior.

Ao chegar à pousada, o Foschini propôs que largássemos às três e meia da manhã para evitarmos o excesso de ventos no trajeto. Os ventos começam calmos e após as 9 horas da manhã vão aumentando até formar ondas rápidas, contrárias ao nadador e de mais de meio metro de altura chamadas de “maretões”.

Por segurança, os bombeiros estavam claramente opostos à iniciativa, mas não houve espaço para discutir o tema – ficou pelo “vamos ver o que vai dar pra fazer lá na

Qual o momento mais difícil?

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hora” – metodologia que busco evitar a todo custo.

No dia seguinte, lá estávamos nós à beira do São Francisco às três e meia da manhã, mas o barco da prefeitura só chegou às cinco e só conseguimos largar às seis. Hoje, só tenho a agradecer aos bombeiros, pois ouvimos relatos de moradores da região de que a fauna aquática noturna é bastante diferente da diurna – e muito menos previsível.

Com uma hora de prova, o Foschini subiu no barco, devido à água fria e não entrou mais. Após umas três horas de prova aproximadamente, o vento começou a soprar e começamos a apanhar feio das ondas – tímidas e inofensivas no começo e fortes e arrasadoras no final. Foram os piores momentos da travessia.

foto de Rodrigo F. de Oliveira

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Após nove horas de prova, os demais colegas também pararam - só restava eu na água. Cheguei a pensar, pela primeira vez em minha vida, em desistir. Apanhava demais das ondas, engoli muita água e aquilo acabou com o meu moral. Só não desisti por que naquele exato momento de fraqueza, o barco estava longe e me esperando numa curva do rio para contornar uma croa e, ao me reaproximar dele esta ideia perversa já havia abandonado a minha mente.

Estava exausto, mas o barco dos bombeiros passou a me escoltar e a exatidão de suas informações – eles dispunham de um GPS que dizia as distâncias com precisão – me deu novo ânimo e me permitiu terminar a etapa daquele dia em pouco menos de doze horas.

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Disciplina e força de vontade.

Os dias mais difíceis são aqueles ANTES da grande travessia: os dias gélidos de inverno em que você sai de casa antes das cinco da manhã para treinar; os dias em que você não está a fim de treinar, mas vai assim mesmo e se esforça para não deixar passar um dia sem o devido empenho; os dias em que você abre mão de suas preferências pessoais em função de seu objetivo; os dias em que você conhece seus limites, etc.

O que é fundamental neste tipo de atividade?

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Conseguir uma vitória para demonstrar que você é capaz de se superar é um feito grandioso, que te eleva às alturas e aumenta a auto-estima de forma irreversível. No entanto, fazer isso tudo e ainda trabalhar por uma causa social – nosso projeto apoiava a sustentabilidade do Rio São Francisco – onde uma população desprovida de tudo possa ter algum proveito ou alguma alegria, é bom demais!

O que você aprendeu com todas estas experiências?

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Pode parecer inverídico, mas a vitória em provas de grande envergadura como esta acontece antes mesmo de a prova começar. É a cabeça que te faz persistir nos momentos mais difíceis. É a cabeça que te faz acreditar em seu planejamento prévio, não se deixando levar por falsas opiniões.

Nadar estas distâncias é apenas físico ou existe um fator mental envolvido?

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Assim como surgiu este último desafio, estamos sempre discutindo com os amigos algumas oportunidades de projetos natatórios aqui e acolá. Mas existe um abismo entre uma boa ideia e sua materialização num projeto seguro e realizável. São as barreiras que têm que ser vencidas para se chegar lá. Por essa razão, é prematuro anunciar algo neste momento.

Qual o próximo objetivo?

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Em primeiro lugar, não se arrisque à toa. Tenha experiências anteriores sólidas que lhe darão a confiança necessária para conseguir superar as barreiras que desafiará. A segurança deve estar em primeiro lugar.

Faça um planejamento firme e siga-o à risca. Faça parte de um projeto e não de uma aventura. Evite os imprevistos – um pequeno detalhe não observado pode prejudicar um grande projeto.

Para quem, por ventura deseje seguir os seus passos (ou braçadas), o que você sugere?

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Eu mantenho o site www.canaldamancha.com, que tem a essência dos eventos de minha gratificante passagem pelo Canal da Mancha. Também publiquei um livro a respeito – encontrado no site - que conta a história da dicotomia vivida pelo executivo brasileiro que conquistou a mais cobiçada prova da história mundial. Vale a pena conhecer – é uma história para atletas e não-atletas. Está à venda nas principais lojas da Internet – Saraiva, Americanas, etc.

O blog http://170kmnovelhochico.blogspot.com conta algumas histórias sobre o desafio no Velho Chico em textos, fotos e vídeos.

Onde é possível conhecer em mais detalhes os seus projetos?

Um grande abraço e boa sorte na sua próxima aventura!

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EDIÇÃO #5

fEvErEIrO 2012

EXPEDIENTE

Diretores Executivos: Rosana Sun e Johnny WangEditor: Rodrigo Ferreira de OliveiraDiretor de Arte: Richard PorcelColunistas: Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Bruno Casaes Teixeira, Daniel Ricardi, Percival Milani, Rina Gioia, Roberto Endo, Rosana Sun.

fotógrafos: Carlos Meinert, Cedric Paes de Barros, Cristiano Garcia, Daniel Ricardi, Mario de Leo Winkler, Percival Milani, Rina Gioia, Rodrigo F. de Oliveira, Rosana Sun.

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