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6 Implantação do BRT 6 DE DEZEMBRO DE 2013 6 DE DEZEMBRO DE 2013 7 Implantação do BRT Quem sai ganhando com o BRT ÔNIBUS QUE TRAFEGAM PELAS VIAS PRINCIPAIS DE VITÓRIA E VILA VELHA TERÃO A MAIOR REDUÇÃO NO TEMPO DE VIAGEM RAQUEL HENRIQUE E FRANCIS RASSELI SITUAÇÃO ATUAL. Rose viaja em pé na linha 503. A estudante Samira Reboli diz que rotas são mal planejadas, e Laesley Furtado diz que sistema Transcol é engessado porque concessões são longas Francis Rasseli e Raquel Henrique O BRT não deve mudar apenas a cara de Vitória. Se tudo sair como o planejado, a viagem de quem faz percursos intermu- nicipais no atual sistema Transcol pode ser reduzida até pela metade do tempo. Quem mais se beneficia com a mudança são os passageiros que saem do terminal de Laranjeiras, na Serra, até os terminais do Ibes e de Vila Velha, e quem parte tam- bém de Laranjeiras rumo ao terminal de Jardim América, em Cariacica. Em todo o trecho dessas linhas, haverá corredor ex- clusivo do BRT por onde os carros não po- derão trafegar A linha 503, por exemplo, faz o maior percurso por onde passará o corredor do BRT. Segue do terminal de Laranjeiras ao terminal de Vila Velha, via Reta da Penha, Centro de Vitória e Ibes. Em um dia de trânsito sem congestionamento, a viagem dura, em média, 1 hora e 45 minutos. A pedagoga Rose Egner, que vai do terminal de Laranjeiras até Cobilândia do trabalho. A sexta-feira é sempre pior, porque parece que aumenta o número de carros na rua”, relatou. Quem não deve se beneficiar tanto da mudança são os que se deslocam só den- tro da capital. Alguns percursos, na ver- dade, devem até ter um trabalho extra: a troca de ônibus, já que pelas vias princi- pais, como Reta da Penha e Avenida Vi- tória, só trafegarão ônibus BRT e nenhu- ma outra linha alimentadora. Os usuá- rios das linhas que fizerem ligação inter- bairros que tiverem parte do percurso passando pelas vias com BRT deverão ter que descer do ônibus do bairro e embar- car no BRT. PORTAL DO PRÍNCIPE Um exemplo é a linha 121, que vai do Sambão do Povo, na Ilha do Príncipe, até o bairro Jardim Camburi. O percurso hoje dura em torno de 1 hora e 20 minutos, com o trânsito bom. Com a criação do Por- tal Príncipe, nas imediações da Rodoviá- ria de Vitória, quem embarcar no começo Chego a perder 3 horas por dia no ônibus. É muito cansativo. Se o corredor de ônibus funcionar, isso deve melhorar” Rose Egner Pedagoga do trajeto terá que descer na Avenida Fer- nando Ferrari, na estação na altura da Avenida Adalberto Simão Nader, e seguir numa linha alimentadora até o bairro Jardim Camburi. A mesma situação deve acontecer com quem se deslocar da região da Grande São Pedro seguindo para os bairros que precisam atravessar a Reta da Penha, co- mo Praia do Canto e Jardim da Penha. Co- mo nesses bairros não haverá trânsito de BRT e as linhas que os ligam a outros bair- ros não passarão pelas avenidas Reta da Penha e Fernando Ferrari, possivelmente os passageiros terão que fazer integração com o BRT em algum trecho. Para esses passageiros da capital, o BRT não deve re- duzir o tempo de viagem; e, de quebra, ainda pode trazer mais dificuldade no deslocamento. CARIACICA Com a implantação do sistema BRT, os moradores de Cariacica esperam uma me- lhoria no tempo de viagem, porém, alguns ainda não acreditam nas mudanças. Para Samira Rebuli, 20, estudante de Jornalismo, a implantação do sistema BRT dará um salto, sem tropeçar, em sua rotina de Transcol. Regularmente ela vai do Terminal de Itacibá, cruza o município de Vila Velha, até chegar à Universidade de Vila Velha (UVV) todos os dias. Por is- so, ela diz se sentir cansada ao chegar na faculdade onde é bolsista. “Nunca há lu- gar para eu me sentar! A viagem é longa, com inúmeras voltas inúteis e mal plane- jadas. Para eu conseguir um lugar, preciso sair de casa bem mais cedo ou esperar em filas secundárias: cinco minutos podem custar trinta minutos de diferença em meu trajeto”, calcula. A estudante acre- dita que com a implantação do BRT, ela fará uma viagem mais rápida, tranquila e, acima de tudo, confortável. Já para a estudante de Engenharia de Produção Laesley Furtado, 18, a parte complicada é a sua viagem de volta, à noi- te, depois de uma jornada de estudos. Ela é bolsista em uma instituição privada de ensino superior nas imediações do Hos- pital São Lucas, localizada nos planos do projeto do BRT. Para manter a sua bolsa de estudos, precisa render. Entretanto, a estudante reclama que se sente muito fa- digada. “Eu me sinto muito cansada por não ter lugar para eu sentar no ônibus, devido à superlotação do Transcol na vol- ta para casa. Isso atrapalha meu rendi- mento”, desabafa. No ponto de vista dela, o sistema não proporcionará nenhuma melhoria, tendo em vista que o sistema de concessão do transporte público é “en- gessado, porque as concessões são longas e impedem a livre concorrência”. (onde haverá um dos portais do sistema BRT) perde três horas por dia no trânsi- to. Nós a acompanhamos no seu trajeto dentro do ônibus, que durou 1 hora e 20 minutos, sendo boa parte em pé. Rose consegue sentir os reflexos da perda de tempo na sua qualidade de vida e até do trabalho. “O cansaço e o estresse no trân- sito acabam se refletindo no desempe- nho no trabalho. Se o corredor de ônibus realmente funcionar, acredito que deve melhorar”, espera. Para José Claudio, que faz um percurso parecido no sentido contrário, essas ho- ras perdidas no transporte são um tempo precioso que ele deixa de aproveitar com a família. José trabalha num hospital da Serra em plantões de 12 horas, e conta que já chegou a gastar três horas numa única viagem de Alvorada, em Vila Velha, até Laranjeiras, na Serra, numa sexta-fei- ra. “Meu tempo no ônibus é de pelo me- nos uma hora e meia para ida e o mesmo para volta. O dia que estou de plantão, acabo ficando 15 horas do dia em função NÚMEROS 1h45 é o tempo médio sem congestionamento que a li- nha 503 faz do Terminal de La- ranjeiras ao Terminal de Vila Velha BRT x Transcol

6 ã 7 Quem sai ganhando BRT x Transcol com o BRTmidias.gazetaonline.com.br/_midias/pdf/2013/12/09/agazeta_06_12... · A estudante Samira Reboli diz que rotas são mal planejadas,

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6 Implantação do BRT 6 DE DEZEMBRO DE 2013 6 DE DEZEMBRO DE 2013 7Implantação do BRT

Quem sai ganhandocom o BRT

ÔNIBUS QUE TRAFEGAM PELAS VIAS PRINCIPAIS DE VITÓRIA E VILA VELHA TERÃO AMAIOR REDUÇÃO NO TEMPO DE VIAGEM

RAQUEL HENRIQUE E FRANCIS RASSELI

SITUAÇÃO ATUAL. Rose viaja em pé na linha 503. A estudante Samira Reboli diz que rotas são mal planejadas, e Laesley Furtado diz que sistema Transcol é engessado porque concessões são longas

Francis Rasseli e Raquel Henrique

O BRT não deve mudar apenas a caradeVitória.Setudosaircomooplanejado,aviagemdequemfazpercursos intermu-nicipais no atual sistema Transcol podeser reduzida até pela metade do tempo.Quem mais se beneficia com a mudançasão os passageiros que saem do terminalde Laranjeiras, na Serra, até os terminaisdo IbesedeVilaVelha, equemparte tam-bém de Laranjeiras rumo ao terminal deJardimAmérica,emCariacica.Emtodootrecho dessas linhas, haverá corredor ex-clusivodoBRTporondeoscarrosnãopo-derão trafegar

A linha 503, por exemplo, faz o maiorpercurso por onde passará o corredor doBRT. Segue do terminal de Laranjeiras aoterminal de Vila Velha, via Reta da Penha,Centro de Vitória e Ibes. Em um dia detrânsito semcongestionamento,aviagemdura, em média, 1 hora e 45 minutos.

A pedagoga Rose Egner, que vai doterminal de Laranjeiras até Cobilândia

do trabalho. A sexta-feira é sempre pior,porqueparecequeaumentaonúmerodecarros na rua”, relatou.

Quem não deve se beneficiar tanto damudança são os que se deslocam só den-tro da capital. Alguns percursos, na ver-dade, devem até ter um trabalho extra: atroca de ônibus, já que pelas vias princi-pais, como Reta da Penha e Avenida Vi-tória, só trafegarão ônibus BRT e nenhu-ma outra linha alimentadora. Os usuá-rios das linhas que fizerem ligação inter-bairros que tiverem parte do percursopassando pelas vias com BRT deverão terque descer do ônibus do bairro e embar-car no BRT.

PORTAL DO PRÍNCIPEUm exemplo é a linha 121, que vai do

Sambão do Povo, na Ilha do Príncipe, atéobairroJardimCamburi.Opercursohojedura em torno de 1 hora e 20 minutos,comotrânsitobom.ComacriaçãodoPor-tal Príncipe, nas imediações da Rodoviá-riadeVitória,quemembarcarnocomeço

Chego a perder3 horas por dia

no ônibus. Émuito cansativo.Se o corredor de

ônibusfuncionar, issodeve melhorar”

Rose EgnerPedagoga

dotrajeto teráquedescernaAvenidaFer-nando Ferrari, na estação na altura daAvenidaAdalbertoSimãoNader, e seguirnuma linha alimentadora até o bairroJardim Camburi.

Amesmasituaçãodeveacontecercomquem se deslocar da região da GrandeSão Pedro seguindo para os bairros queprecisam atravessar a Reta da Penha, co-moPraiadoCantoeJardimdaPenha.Co-mo nesses bairros não haverá trânsito deBRTeas linhasqueos ligamaoutrosbair-ros não passarão pelas avenidas Reta daPenha e Fernando Ferrari, possivelmenteospassageiros terãoque fazer integraçãocom o BRT em algum trecho. Para essespassageirosdacapital,oBRTnãodevere-duzir o tempo de viagem; e, de quebra,ainda pode trazer mais dificuldade nodeslocamento.

CARIACICACom a implantação do sistema BRT, os

moradoresdeCariacicaesperamumame-lhorianotempodeviagem,porém,algunsainda não acreditam nas mudanças.

Para Samira Rebuli, 20, estudante deJornalismo, a implantação do sistemaBRT dará um salto, sem tropeçar, em suarotina de Transcol. Regularmente ela vaidoTerminaldeItacibá,cruzaomunicípiode Vila Velha, até chegar à Universidadede Vila Velha (UVV) todos os dias. Por is-so, ela diz se sentir cansada ao chegar nafaculdade onde é bolsista. “Nunca há lu-gar para eu me sentar! A viagem é longa,com inúmeras voltas inúteis e mal plane-jadas.Paraeuconseguirumlugar,precisosairdecasabemmaiscedoouesperaremfilas secundárias: cinco minutos podemcustar trinta minutos de diferença emmeu trajeto”, calcula. A estudante acre-dita que com a implantação do BRT, elafaráumaviagemmaisrápida,tranquilae,acima de tudo, confortável.

Já para a estudante de Engenharia deProdução Laesley Furtado, 18, a partecomplicadaéasuaviagemdevolta,ànoi-te,depoisdeuma jornadadeestudos.Elaé bolsista em uma instituição privada deensino superior nas imediações do Hos-pital São Lucas, localizada nos planos doprojeto do BRT. Para manter a sua bolsade estudos, precisa render. Entretanto, aestudante reclama que se sente muito fa-digada. “Eu me sinto muito cansada pornão ter lugar para eu sentar no ônibus,devidoàsuperlotaçãodoTranscolnavol-ta para casa. Isso atrapalha meu rendi-mento”,desabafa.Nopontodevistadela,o sistema não proporcionará nenhumamelhoria,tendoemvistaqueosistemadeconcessão do transporte público é “en-gessado,porqueasconcessõessãolongase impedem a livre concorrência”.

(onde haverá um dos portais do sistemaBRT) perde três horas por dia no trânsi-to. Nós a acompanhamos no seu trajetodentro do ônibus, que durou 1 hora e 20minutos, sendo boa parte em pé. Roseconsegue sentir os reflexos da perda detempo na sua qualidade de vida e até dotrabalho.“Ocansaçoeoestressenotrân-sito acabam se refletindo no desempe-nhonotrabalho.Seocorredordeônibusrealmente funcionar, acredito que devemelhorar”, espera.

ParaJoséClaudio,quefazumpercursoparecido no sentido contrário, essas ho-ras perdidas no transporte são um tempoprecioso que ele deixa de aproveitar coma família. José trabalha num hospital daSerra em plantões de 12 horas, e contaque já chegou a gastar três horas numaúnicaviagemdeAlvorada,emVilaVelha,atéLaranjeiras,naSerra,numasexta-fei-ra. “Meu tempo no ônibus é de pelo me-nos uma hora e meia para ida e o mesmopara volta. O dia que estou de plantão,acabo ficando 15 horas do dia em função

NÚMEROS

1h45é o tempo médiosem congestionamento que a li-nha 503 faz do Terminal de La-ranjeiras ao Terminal de Vila Velha

BRT x Transcol

Documento:AGazeta_06_12_2013 1a. 20028.Caderno Residentes_EC_Especial Compacto_6-7.PS;Página:1;Formato:(548.22 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:09 de Dec de 2013 14:46:51