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3 ÍNDICE GERAL HISTóRIA DO EDIFíCIO 9 PROJETO DE REABILITAçãO 77 I – A Propriedade II – As Casas Nobres III – O Palácio IV – Tempos Recentes 10 20 36 52 I – Introdução II – As Camadas do Tempo – Metodologia para a sua identificação e caracterização III – Palácio de São Roque: sentido, características e diagnóstico dos programas decorativos de interior num exemplar de arquitetura civil IV – Da aplicabilidade e utilidade do estudo conduzido. Algumas considerações finais V – Notas bibliográficas 67 67 69 75 76 Apresentação Introdução 5 7 ESTUDO DIAGNóSTICO 65 ANEXOS 91 Fontes Bibliografia 111 112

65 Estudo diagnóstico - imgs.santacasa.viatecla.comimgs.santacasa.viatecla.com/share/2016-12/2016-12-02100624_f7664ca... · estudos, levantamentos e sondagens, por vezes demorados

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Índice Geral

História do Edifício9

ProjEto dE rEabilitação77

I – a Propriedade

II – as casas nobres

III – O Palácio

IV – Tempos recentes

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I – introdução

II – as camadas do Tempo – Metodologia para a sua identificação e caracterização

III – Palácio de São roque: sentido, características e diagnóstico dos programas decorativos de interior num exemplar de arquitetura civil

IV – da aplicabilidade e utilidade do estudo conduzido. algumas considerações finais

V – notas bibliográficas

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Apresentação Introdução

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Estudo diagnóstico65

anExos91

Fontes Bibliografia

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Índice dOS anexOS

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Quadro 1 – Ocupação da propriedade nos anos que sucederam ao Terramoto de 1755 (1762-1833).

Quadro 2 – Árvore genealógica dos comendadores de Fronteira.

Quadro 3 – Proprietários (1555-2016).

Doc. 1 – 1554 (07/09). composição entre o convento da Santíssima Trindade e d. Beatriz de andrade.

Doc. 2 – 1555 (06/18). O convento da Trindade afora dez chãos a diogo dias, barbeiro do infante d. luís.

Doc. 3 – 1565 (10/31). diogo dias vende sete chãos, com casas e quintal, a d. luísa de Melo.

Doc. 4 – 1570 (12/22). diogo dias vende umas casas nos chãos de São roque a Francisco Brás Machado.

Doc. 5 – 1572 (03/03). diogo dias vende umas casas nos chãos de São roque a Francisco Brás Machado.

Doc. 6 – 1591 (07/20). Garcia Godinha vende duas moradas de casas a Francisco Brás.

Doc. 7 – 1595 (02/25). Venda das casas que pertenceram a ana Queimada.

Doc. 8 – 1595 (09/16). Garcia Godinha vende umas casas na rua da Queimada a Fernão Gomes da Grã.

Doc. 9 – 1596 (01/31). Francisco Brás Machado vende umas casas na Travessa da Queimada a dona leonor de Milão.

Doc. 10 – 1620 (03/26). Os Padres de São roque vendem as casas que pertenceram a d. luísa de Melo a antónio da Fonseca.

Doc. 11 – 1620 (07/31). antónio da Fonseca vende umas casas (com quintais e poço) ao conde de Vila nova.

Doc. 12 – 1632-1729. cronologia. ligação dos Portugal da Gama à Travessa da Queimada, através dos assentos paroquiais.

Doc. 13 – 1702 (02/21). O Bispo de Viseu vende umas casas na rua da Queimada a d. inês da Silva.

Doc. 14 – 1739. cordeamento das casas do Principal d. domingos de Vasconcelos, a São roque.

Doc. 15 – 1745 (02/26). O convento da Trindade faz o reconhecimento de foreiro a d. domingos de Vasconcelos, relativo a umas casas na rua larga de São roque.

Doc. 16 – 1752 (10/26). Provisão régia ao convento da Trindade, tendo em vista a validação de novos treslados.

Doc. 17 – 1763. descrição dos quatro prazos foreiros à Trindade, na propriedade de São roque.

Doc. 18 – 1807 (07/14). Os condes de lumiares vendem o Palácio de São roque a nicolau Joaquim da Guerra.

Doc. 19 – 1869 (Maio). Os condes de Tomar arrendam ao bacharel alberto carlos cerqueira de Faria o andar nobre das casas do largo de São roque.

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aPreSenTaçãO

Há mais de quinhentos anos que a Santa casa da Misericórdia de lisboa cuida de quem mais precisa. nesta obra tem contado com o apoio de muitos cidadãos que confiam que os bens que põem à sua disposição são aplicados nos mais desfavorecidos. as Benemerências a favor da Misericórdia de lisboa têm sido efetivamente decisivas para que, ao longo destes séculos, milhares de pessoas possam ser amparadas, todos os dias.

desta forma, a Santa casa da Misericórdia de lisboa tornou-se numa das maiores proprietárias da capital, estando a desenvolver uma ampla e diversificada intervenção de reabilitação e revitalização do seu património.

atendendo a que uma parte considerável deste património está localizada no centro da cidade, ao reabilitar os seus edifícios, a Santa casa devolve espaços anteriormente fechados à população e contribui para uma cidade mais vivida e segura, permitindo cumprir o propósito social e reforçar a sua sustentabilidade económica.

a intensificação do investimento nesta área de intervenção traduz uma estratégia de encontrar novas fontes de receita destinadas a apoiar o leque alargado das causas a que a Santa casa da Misericórdia de lisboa (ScMl) se dedica, nas áreas da ação Social, da Saúde, da educação e da cultura. esta opção tem um impacto real na economia nacional, ao ampliar a oferta no mercado do arrendamento e ao dinamizar as áreas ligadas a esta atividade tão afetada pela crise económica nos últimos anos.

reconhecendo que o património arquitetónico constitui uma expres-são insubstituível da riqueza e da diversidade do património cultural por-tuguês e que constitui um testemunho inestimável do nosso passado, ao assumir como uma prioridade a reabilitação destes imóveis, adaptando--os a novas funcionalidades, mas respeitando sempre a história e a ar-quitetura de cada um, a Santa casa contribui para a qualidade do tecido urbano e para o rejuvenescimento do edificado de lisboa.

esta publicação é dedicada ao Palácio Portugal da Gama / São roque e constitui o primeiro volume de uma coleção denominada “Património”, que pretende dar a conhecer as intervenções que estão em curso em edifícios com valor arquitetónico, histórico e cultural, propriedade da Santa casa da Misericórdia de lisboa. cada uma destas monografias inclui o estudo histórico e patrimonial do edifício, o diagnóstico dos programas decorativos existentes, o projeto de reabilitação, bem como o fim a que se destina. Procura ser uma abordagem inovadora neste tipo de publicações, demonstrativa da forma como se deve intervir no património arquitetónico, útil para futuras intervenções.

este Palácio vai acolher uma coleção de arte oriental, parcialmente doada à ScMl, que permite dar a conhecer a arte das civilizações que os portugueses encontraram na longínqua Ásia, aquando da epopeia dos descobrimentos, complementando, de forma única, o núcleo de arte

Palácio de São Roque

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Oriental do Museu de São roque. contribui significativamente para o alar-gamento do polo cultural de São roque (igreja e Museu de São roque, arquivo Histórico e Biblioteca), com a subsequente criação de novas di-nâmicas turísticas e uma crescente afluência de públicos.

O desenvolvimento destes projetos exigiu uma forte articulação entre historiadores, projetistas, técnicos de conservação e restauro e técnicos do departamento de Gestão imobiliária e Património da Santa casa. O universo de entidades envolvidas com a Misericórdia é diversificada. integra a câmara Municipal de lisboa, a direção Geral do Património cultural e passa por diversos concessionários num trabalho diário de encontro de sinergias e soluções. esta articulação traduz uma grande preocupação em preservar a identidade dos edifícios, a vocação dos sítios e a sua adequação às necessidades sociais atuais. Passa pela elaboração de estudos, levantamentos e sondagens, por vezes demorados. Mas esse tempo não é perdido, uma vez que se pretende que os resultados possam servir várias gerações.

a estratégia de preservação e reabilitação do património é prioritária para a Santa casa. demonstra a nossa ambição de fazer mais e melhor, cumprindo a missão desta instituição secular.

Pedro Santana lopesProvedor da Santa casa da Misericórdia de lisboa

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inTrOduçãO

“Ora bem; nos livros do género destes meus o mais difícil é seguir caminho direito e rápido; há tantas e tão boas amoras ao longo das sebes do caminho,

que o não as apanhar é impossível para quem delas é guloso, e gosta de as repartir com os passageiros”

Júlio de castilho, O Bairro Alto

a iniciativa da Santa casa da Misericórdia de lisboa de elaborar uma coleção de publicações sobre os edifícios da sua propriedade com manifesto interesse cultural, histórico e patrimonial deve ser saudada como uma importante contribuição para o estudo em profundidade da realidade construída de lisboa. essa louvável determinação de conhecer melhor e valorizar o seu património ganha uma outra dimensão quando essas monografias sobre um punhado largo de edifícios não se limitam ao conhecimento mais aprofundado do passado histórico de cada um dos conjuntos patrimoniais em causa, mas, em simultâneo, surgem igualmente como suporte indispensável à intervenção de reabilitação, ancorando em bases mais sólidas os projetos arquitetónicos que garantam a continuidade desse património plural como peças vivas da realidade social e urbana.

a coleção inicia-se com este estudo sobre um palácio recentemente adquirido pela Santa casa, que esquina do largo Trindade coelho para a Travessa da Queimada, destinado, após a reabilitação, a diversos tipos de funções. O objetivo que preside a este trabalho pretende a valorização da dimensão patrimonial através do permanente diálogo entre os autores do estudo histórico e o arquiteto responsável pelo projeto de reabilitação, num cruzamento de olhares e experiências complementares que enriquecem quer a leitura sobre o passado, quer as hipóteses de soluções mais adequadas ao funcionamento futuro.

a escolha dos edifícios a integrar a coleção tem naturalmente a ver com a cadência faseada com que a Santa casa se propõe reavaliar o seu património, numa busca de garantir que esses conjuntos de interesse patrimonial se mantêm como peças dinâmicas na realidade da cidade, avaliando criteriosamente a sua utilização futura e os fins mais ajustados às caraterísticas próprias de cada um.

este primeiro volume é dedicado ao antigo palácio que se situa na margem do Bairro alto, com entrada nobre pelo atual largo Trindade coelho, e deitando a sua longa fachada lateral sobre a Travessa da Queimada. Trata-se de um conjunto complexo, com uma história recheada e uma evolução arquitetónica que não para de surpreender, revelando uma ca-racterística comum em tantos edifícios antigos de lisboa, nos quais a uniformidade aparente das fachadas não é, na verdade, mais do que o

Palácio de São Roque

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invólucro enganador de uma pluralidade de situações construtivas, cada uma delas ditada por um tempo concreto, por situações sociais e finan-ceiras diversas, por desejos e ambições sucessivas que vão moldando a realidade construída.

nem por acaso, a primeira incursão deste projeto olisipográfico projeta-se na zona de lisboa onde se desencadeou, de forma empírica, mas teimosa, a génese da própria Olisipografia, pois o primeiro trabalho de Júlio de castilho é dedicado ao Bairro alto, com início de publicação em 1879. castilho aborda o Bairro alto como um todo homogéneo, numa deriva atenta e informada, com a noção perfeita que a história de uma cidade é um território multifacetado, onde os factos, as datas ou as efemérides só ganham a verdadeira dimensão quando confrontadas com os acidentes geográficos, as vontades em presença, as movimentações políticas e sociais, isto é, a consideração atenta de um poliedro em movimento, cujas faces vão projetando focos esclarecedores sobre a realidade que se tenta captar.

não admira, assim, que castilho instrua o leitor sobre a dificuldade em “seguir caminho direito e rápido”. ele avisa, de forma sem dúvida simpática e informal, que a aventura em que se empenhou, de tornar presente para o seu tempo uma zona da cidade, se depara com “tantas e tão boas amoras ao longo das sebes do caminho, que o não as apanhar é impossível para quem delas é guloso, e gosta de as repartir com os passageiros”.

como é evidente, castilho não conseguiu deliciar-se com todas as “boas amoras” com que se deparou, mas abriu, sem dúvida, uma pista segura para que no futuro se voltassem a trilhar os mesmos caminhos, com as tais sebes ainda bem vivas, para recolher os segredos sumaren-tos ainda por conhecer.

esta monografia é, portanto, a recolha de uma das guloseimas de que castilho não desfrutou nos seus cinco volumes bem nutridos, dando o ensejo para um novo passeio em que os edifícios que compõem o Bairro alto sejam analisados em todas as suas valências, permitindo quer a mais correta intervenção atual que os valorize e mantenha vivos no contexto da cidade, quer potenciando a apetência dos “passageiros” mais dispostos a incursões sobre o passado.

a existência de vários documentos originais, a maioria nunca publicados, levou à opção de transcrever em itálico algumas partes significativas dentro do texto, com a escrita atualizada. assim, julga-se, se enriquece a obra, através do entrelaçamento sugestivo dos tempos e das sensibilidades.

José Sarmento de Matos