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6ª Edição - Maio/Junho 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Revista Especial VIII Fesval da Manqueira Entrevistas exclusivas Luiz Ruffato Curador do VIII Fesval da Manqueira Ozires Silva A (re) descoberta dos livros Chrisna Hernandes A importância do contato do aluno com o escritor Natália Duarte Coordenadora Instucional de eventos e fesvais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo

6ª Edição Literatura & Cia - 2015

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Especial VIII Festival da Mantiqueira. Entrevistas exclusivas com o autor e curador Luiz Ruffato e a Gestora de Organizações Sociais e Coordenadora de Eventos e Festivais Literários da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo Natália Duarte Confiram as novidades

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6ª Edição - Maio/Junho 2015

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EspecialVIII Festival da Mantiqueira

Entrevistas exclusivas

Luiz RuffatoCurador do VIII Festival da Mantiqueira

Ozires SilvaA (re) descoberta dos livros

Christina HernandesA importância do contato do aluno com o escritor

Natália DuarteCoordenadora Institucional de eventos e festivais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo

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Editorial

Expediente

Realização:

Editora e jornalista responsável: Patricia Borges - MTB: 59.846-SP. Dia-gramação e editoração: Alexei Augustin Woelz Assistente editorial: Laís Cristine de Sousa Colunistas: Ozires Silva, Christina Hernandes Colabo-radores:Publish NewsTiragem: 5.000 exemplares Impressão: CopCentro Distribuidor: Omar Lanziloti Distribuição Gratuita: São José dos Cam-pos, Caçapava, Taubaté, São Luiz do Paraitinga, Lorena, Cruzeiro, Moreira César, Aparecida, Pindamonhangaba, Roseira e Livrarias MaxSigma - Vale Sul e Colinas, Bancas: Chaparral, Vila Ema, Padaria 9 de JulhoContato:Tel: (12) 3302-1533 / 9-8115-7506email: [email protected]

Não nos responsabilizamos pelas informações contidas nos anúncios publicados ou nas matérias assinadas, que não representam necessaria-mente a opinião do veículo.

Prezado leitor,

Assim como a música, a pintura e a dança, a Literatu-ra é considerada uma arte. Através dela temos o con-tato com um conjunto de experiências vividas pelo homem sem que seja preciso vivê-las. A Literatura é um instrumento de comunicação, pois transmite os conhecimentos e a cultura de uma pes-soa, de um povo ou de uma comunidade. O texto literário nos permite identificar as marcas do momento em que foi escrito. O escritor e o curador do Festival da Mantiqueira Luiz Ruffato, confirma isso: “Não é o aluno, os pais, os professores, o leitor, eu ou você que vai dizer se uma obra é boa ou não, é somente através do tempo que podemos dizer se a obra vai ficar e permanecer no tempo”. As obras literárias nos ajudam a compreender sobre nós mesmos e sobre as mudanças do comportamento do homem ao longo dos séculos; e, a partir dos exem-plos, ajudam-nos a refletir sobre nós mesmos. É atra-vés de todo esse conceito em torno da literatura que providenciamos essa edição especial sobre o Festival da Mantiqueira. A entrevista exclusiva foi realizada com o convidado para a curadoria do Festival, o escritor Luiz Ruffato. Um autor com diversos livros publicados no Brasil e alguns paises internacionais. Os escritores formaram as mesas literárias junto ao público presente. O Festival da Man-tiqueiram é um evento que acontece gratuitamente todo o ano em São Francisco Xavier entre os meses de abril ou maio dentro do calendário anual de eventos culturais e literários da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Prefeitura de Sao Jose dos Campos-SP, tendo como apoio a Fundacao Cultural Cassiano Ricardo. A coordenadora institucional do Festival da Manti-queira e gestora de eventos sociais da Secretaria de Cul-tura do Estado de Sao Paulo, Natália Duarte, informou para a revista L&Cia o objetivo do evento e as atividades

que acontecem em torno do Festival. A agitação cultu-ral e literária tem um início com o Esquenta em São Paulo, na sequência da programação a cidade de São José dos Campos, como aconteceu esse ano no Expo Vale Sul Shopping a palestra do cronista e poeta Fabrí-cio Carpinejar junto aos universitários; e assim tendo a abertura oficial em Sao Francisco Xavier-SP. Esses eventos acontecem para acrescentar ativida-des culturais e literárias a população e turistas que chegam na região para conhecer esses eventos. O co-lunista Ozires comenta nessa edição que “Ler é a for-ma de pesquisa pela sabedoria, aprender e adicionar conteúdos aos nossos pensamentos e opiniões. A par-tir do cultivo da leitura, os livros nos ajudam a crescer e a ampliar nossos horizontes, podendo pensar em algo que acaba por prender a nossa atenção e nos levar à reflexões, abrindo espaços para novas ideias e iniciativas” , essa citação sem dúvida confirma que precisamos valorizar tudo o que venha fortalecer o nosso intelecto, buscando estar próximos de ações que proprocione o contato com os livros e a oportu-nidade de conhecer e trocar ideias com os escritores. Uma nação se faz de saber e conhecer. Que todas as oportunidades sejam aproveitadas. Até a próxima edição.Abraço!Patricia Borges

Apoio Cultural

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Mercado editorial

Eventos

Dica de leitura

Um romance marcado pela fantasia, mas com fundo

autobiográfico. Uma história de dois jovens que descobrem uma paixão avassaladora, porém com faces antagô-nicas: a verdade e a mentira, a coragem e a covardia. Uma historia que foge dos contos de fadas.Pontos de vendas: Livraria Maxsigma - Colinas e Vale Sul.

Livro: Príncipes não existem do começo ao fim.

Autora: Ana Cláudia Mello

212 PáginasNetebooks Editora

Bate papo com AutoresNo dia 26 de ju-nho das 18hs30 às 21hs30 sera realizado um bate papo na Livra-ria MaxSigma do Vale Sul Shopping em torno do livro “A Simetria de Lí-rios”, de Geraldo Fortes B. Neto e Diva Villas Boas

Pimentel. O psicólogo e a Terapeuta Jun-guiana apresentam o tema: A realidade da alma. O público presente podera es-tar interagindo com os dois autores dis-cutindo e trocando ideias.

Revista Falada ganha versão digitalPublishNews - 09/06/2015 - Redação

Publicação da Fundação Dorina aborda temas do universo da deficiência visual

A Fundação Dorina Nowill para Cegos está lançando a nova versão da Revista Falada Fundação Dorina. A publicação, lançada em 2007, era distribuída em CDs aos leitores de todo o Brasil. A partir de agora, está disponível gratuitamente na inter-net, com novas edições publicadas todas as sextas-feiras. A publicação apresenta assuntos de todas as re-giões do país relacionados à política, economia, sociedade e tecnologia, além de notícias sobre o universo da deficiência visual. O intuito é in-formar para incluir, promovendo às pessoas cegas ou com baixa visão o acesso à informação oferecendo ba-ses para que elas exerçam seu papel de cidadãos.

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Literatura & Cia - Qual a importância da realização do Festival da Mantiqueira para o Estado de São Paulo, já que a re-gião onde ocorre o evento fica localizada numa área afastada, por ser uma área ru-ral e longe da capital, pois a cidade mais próxima é SJCampos? Natália Duarte - É um festival que marca

o encontro de autores, e de autores com público. O importante do festival é que é para te fazer pensar e repensar sobre a literatura de uma forma muito próxima. Por isso temos optado em todas essas edições pela revisão do festival de São Francisco Xavier, pois como em outros festivais em diversas outras linguagens artísticas e de grandes literaturas de fes-tivais no mundo a opções de pequenas localidades para que se possa ter a proxi-midade e a característica do festival que é envolver todo um local na realização das atividades. É o fomento mesmo, pois se é colocado o festival numa cidade maior, as atividades podem se perder como em São Paulo que tem diversas atividades culturais. Está aproximação do contato do público, da população, é que faz a gente realizar as atividades através das oficinas informativas, assim envolvendo também a região da Mantiqueira além dos comerciantes. Enfim, um fomento a cadeia local e essa identificação com a literatura.

Natália Duarte - Formada em Artes Cê-nicas, com extensão e especialização em Gestão Cultural, Natália atuou em instituições culturais como SESC, SESI, Abaçaí - Cultura e Arte e APAA - As-sociação Paulista dos Amigos da Arte ao longo de sua carreira. Desde 2012, ela é gestora de Organizações Sociais na Secretaria da Cultura do Estado, na área de Difusão Cultural, onde realiza o acompanhamento e coordena projetos como a Virada Cultural Paulista, Circuito Cultural Paulista, Mostras e Festivais.

Em extrevista exclusiva, Natália Duarte, Gestora de Organizações Sociais e Coordenadora de Eventos e Festivais Literários da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, informa a importância do Festival da Mantiqueira

“Nosso intuito é fazer atividades que sejam semeadoras de resultados”

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L&C - Pode se comparar ou dizer que te-mos uma FLIP paulista quando temos a FLIP que acontece também no interior do estado também, mas só que no Rio de Janeiro (mesmo que seja um festival de escritores internacionais)? Natália Duarte - Não há uma compara-ção explícita entre a forma de fazer os dois festivais, mas sim pela a matéria de os dois serem festivais pela literatura, pois ambos tem características muito distintas; até porque Paraty mesmo sen-do uma cidade pequena tem uma infra-estrutura de recepção explícitas muito maiores do que São Francisco Xavier. Então optamos por adotar as caracterís-ticas mesmo do local, pois é um festival diferente, pois além de atividades infor-mativas, as mesas de debates são muito próximas do público onde temos uma programação extensa e a programação é toda gratuita, e há outras atividades, e ainda este ano foi realizado atividades com os estudantes do curso de Letras em São José dos Campos. Eles são distintos, pois se pudesse compararia o Festival aos festivais menores de literatura que acontecem no mundo, como o Festival de Rai (Reino Unido).

L&C - A Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo aposta no Festival da Mantiqueira já que faz parte do calendá-rio anual de eventos culturais e literários do Estado. O festival pode crescer a cada ano, ganhando uma proporção tanto quanto a FLIP, se tornando uma potência de evento literário no país?

Natália Duarte -Nós avaliamos os progra-mas de avaliação ano a ano, avaliamos resultados, traçamos aqui que nós traba-lhamos com políticas públicas, pois é um festival subvencionado pelo o estado, e a equipe sempre trabalha dentro de um planejamento que é característica das políticas públicas. Então essa pretensão de aumentar o festival ou de equiparar a um outro festival não existe porque o nosso modo de trabalho é um pouco di-ferente pois não traçamos metas e tama-nhos, a gente vai redimencionando de acordo com as necessidades regionais e de distribuição das atividades culturais, difusão, fomento.

L&C - O Festival da Mantiqueira no seg-mento literário espera que resultado de três dias de evento? Natália Duarte - São três dias de even-to, de mesa de evento e o festival acaba acontecendo no período de uma sema-na. Esse ano foram mesas informativas em S.F.Xavier - SP, mesas em São Paulo, oficinas, mesas para estudantes de Le-tras em S.J.Campos - SP, combinando

Escritores da região em encontro sobre a poesia de cordel com Paulo Barja e Wilson R. Poeta

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com esses três dias. A quantidade de ati-vidades e o período de realização deles é um pouco mais extenso. A nossa busca é aproximar realmente o público dos au-tores e da discussão literária, e isso gera frutos indeterminados. O nosso intuito é que essas discussões se alonguem, que os estudantes que participem das ofici-nas informativas possam ter o seu olhar sensibilizado de alguma maneira, mesmo que sendo uma atividade muita peque-na. Nosso intuito é fazer atividades que sejam semeadoras de resultados.

L&C - O Festival da Mantiqueira pode agregar valor a educação na região do Vale do Paraíba de que forma? Natália Duarte - A secretaria de educa-ção trabalha obviamente com o desen-volvimento da linguagem da literatura, da disciplina da literatura de uma outra forma. O nosso intuito não é comple-mentar esse trabalho e sim levar esse olhar cultural, como oferta e direito do cidadão, ter uma oferta cultural tanto de pensamento das atividades informativas, enfim, de elaboração do pensamento, de conhecimento mesmo para que eles pos-sam ter contato das oficinas de jovens e dos estudantes de Letras de ter essa oportunidade de ter um contato com au-tores, especialmente levados pra eles.

L&C - E qual o retorno significativo e o

resultado a Secretaria de Educação de S.J.Campos tem recebido diante desses 8 anos de Festival da Mantiqueira? Natália Duarte - O Festival acabou ga-nhando um espaço muito importante não só dentro da literatura nacional, isso eu estou te dando um retorno que ouvi-mos dos autores, que é um Festival que proporciona esse encontro e um retorno muito próximo do público, é um conta-to dos escritores com eles mesmos. Eu acredito que o resultado é esse reforço da importância da marca do valor do Festival e que tem sido, crescido e foi se constituindo, e também esse envolvi-mento da população com a literatura em S.F.Xavier e no entorno. Temos colhidos bom resultados de grandes discussões geradas no festival.

L&C - Precisamos fomentar a literatura e a cultura aumentando o número de lei-tores e consequentemente aumentando as vendas de livros. O próprio curador do festival, o Ruffato diz que as palestras,

Tenda principal - Mesa de discussões literárias

Autor e roteirista Mario Prata

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bate papos com autores e eventos lite-rários acontecem para aproximar o leitor do escritor, e no final se espera a compra do livro. Como a secretaria pode facilitar o acesso de moradores de classes B e C por parte de meios de transporte, já que nos últimos dois festivais já não tinha dis-ponível transporte coletivo, pois o fácil acesso aumenta a circulação da popula-ção no evento e principalmente as ven-das de livros no Festival. Como a Secre-taria se coloca diante desse fator, como irá melhorar, aumentar a circulação de pessoas durante o Festival? Natália Duarte -Não há transporte gratui-to especialmente para o festival, mas há o transporte coletivo público disponibili-zado pela a prefeitura a todo o momento a um valor acessível, que é um valor de transporte público, especialmente para a realização do festival. Quando se fala do acesso, da facilidade do acesso, você fornecer atividade já é um grande facili-tador de acesso, pois temos pesquisas na área de cultura por exemplo que aponta que a população vai ao cinema mesmo sendo o valor do ingresso equiparado ao

valor de um livro por exemplo. A popula-ção ela vai a um cinema, e o que conta é a formação do hábito cultural. O históri-co do festival já teve transporte gratuito e linhas que iam até o festival, e foi de-sativada pois tem uma procura pequena.

L&C - Temos o Festival de Literatura In-fantil que acontece todo o ano na cidade de Monteiro. Por ser a cidade próxima de São Francisco Xavier, onde acontece o festival de literatura também, qual a po-sição da Secretaria de Cultura sobre esse evento? Natália Duarte - A Secretaria acompanha todas as iniciativas sendo da secretaria ou não, justamente para isso, para poder avaliar a distribuição, a oferta, envolvi-mento das prefeituras como do público, da população com as atividades cultu-rais. A nossa posição é para acompanhar com muito interesse, auxiliar, dar na me-dida do possível. A Secretaria de Cultu-ra já realiza muitas atividades voltadas para a literatura infantil, e nosso intuito é claro que cada vez mais abarcar outras realizações e outras abordagens das lin-guagens trabalhadas

Sérgio Goldenberg, autor das minisséries: O Rebu, O Canto da Sereia e Amores Roubados

Literatura Infantil com Lucia Hiratsuka e Ferréz

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Luiz Ruffato, é um dos nomes de destaque da Literatura Contemporânea brasileira. Ele nasceu na cidade de Cataguases, no estado de Minas Gerais, em fevereiro de 1961, filho de um pipoqueiro e de uma lavadeira. O escritor se graduou em Co-municação na Universidade Federal de Juiz de Fora. Ruffato, antes de se devo-tar ao campo da Comunicação e ao ofí-cio da literatura, trabalhou como pipo-queiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, jornalista, sócio de assessoria de imprensa, gerente de lanchonete, vendedor de livros autônomo e de novo como jornalista. Ruffato é um escritor que nos enche de esperança através de sua sim-plicidade e competência provando que através da vontade podemos conquistar

realmente o que desejamos. Um escri-tor que honrou o universo da literatura buscando através de diversos livros co-nhecer os escritores, suas ideias e his-tórias. Luiz Ruffato faz valer o seu papel não somente como escritor, contista e poeta, mas principalmente como um cidadão brasileiro quando foi convida-do para representar o Brasil na Feira de Frankfurt em 2013, realizando um dis-curso verdadeiro e corajoso que desper-tou a atenção principalmente de muitos políticos. O escritor iniciou a sua trajetó-ria literária com duas obras de contos, Histórias de Remorsos e Rancores, de 1998, Os Sobreviventes, de 2000, os dois publicados pela Boitempo Editorial. Em 2001 ele lançou o romance Eles Eram Muitos Cavalos, com o qual foi premia-do pela APCA - Associação Paulista de

Curador do VIII Festival da Mantiqueira

RuffatoLuiz

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Literatura & Cia - Ruffato a sua obser-vação sobre o desenraizamento aponta a invisibilidade da classe menos favore-cida. O desenraizamento é a exclusão do cidadão do seu meio, de suas origens, de sua cultura e extinção de tradições. A literatura tem um papel fundamental nesse assunto. Algumas escolas privadas e grande parte do ensino público desen-volvem um estudo em sala de aula com livros cujo temas discutem a origem e cultura diversas, tendo a indígena, a ne-gra, as diversidades do folclore ou cul-turais locais, regionais. Baseado nesse contexto histórico e cultural do nosso país qual a sua colocação em abordar

sobre o candomblé, e discussões como essa que ainda geram um pouco de polêmica na educação. Como pode ser abordado esses temas para que não in-terfira na educação do âmbito familiar ou na origem religiosa do aluno? Luiz Ruffato - Não sou especialista em eduçação. Eu sou um escritor que tenta fazer algumas abordagens sobre a refle-xão de problemas do país, mas assim so-bre uma questão tão específica sobre a educação ou deste ponto especifíco eu realmente não saberia responder, pois acho que seria leviano pois eu não co-nheço este tema tão especificamente.

Críticos de Arte – e pela Fundação Biblio-teca Nacional, com o prêmio Machado de Assis. A repercussão desta obra foi tanta que ela já foi editada igualmente em Milão, na Itália, em 2003; na capi-tal francesa, em 2005; e em Portugal, em 2006. Um escritor versátil, Ruffato lançou também um livro de poesia, As Máscaras Singulares, e neste mesmo ano publicou Os Ases de Cataguases, seu primeiro ensaio. Ruffato confessa se inspirar em cinco mestres da literatura: Pirandello, Faulkner, Guimarães Rosa, Machado de Assis e Tchecov, os quais ele está sem-pre revisitando. O autor assume a lin-guagem como um elemento essencial no ofício literário, já que para ele tudo que havia para ser narrado já o foi, o que distingue uma criação da outra é a forma de expor a história. Ele acredita

que todo autor deve encontrar uma ma-neira de exprimir seu movimento inte-rior, como o fez James Joyce, Faulkner e Guimarães Rosa, por exemplo. O autor sempre lembra com grande ternura de suas origens, lem-branças da cidade onde nasceu, Cata-guases, local onde apresenta um arse-nal de memórias, um cenário que já não existe mais, a não ser no seu imaginário, pois ele procura trazer para o universo ficcional pessoas concretas, transpon-do o mundo físico, com seus perfumes, sua musicalidade, suas texturas, cores e impressões palatares, para a esfera das emoções, dos desejos, das culpas, das angústias, entre outros elementos sub-jetivos. Ruffato crê que entre a realida-de e a imaginação encontra-se o espaço poético. Portanto, sua criação literária transpira realismo e ficção.

Entrevista exclusiva:

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Literatura & Cia -“Num país onde nin-guém lê, imagina se vamos ter proble-mas de concorrência entre escritores”. Ruffato está é uma frase comentada por você dentro de um contexto social e educacional em que o Brasil se apre-senta por longos anos, como o alto ín-dice de analfabetismo e o desinteresse da maior parte dos brasileiros em ler livros. Você concorda com a inclusão e a iniciativa por parte dos escritores inde-pendentes buscando a inserção de suas obras literárias dentro das escolas, mes-mo quando não há um apoio por parte das editoras?Luiz Ruffato - Qualquer iniciativa que tenta colocar a literatura em discussão, qualquer iniciativa que coloca a litera-tura e livro como ponto de referência, como dentro da escola ou fora da escola, qualquer iniciativa nesse sentido é ab-solutamente válida. Não interessa qual é o contexto, porque o mais importante de tudo é fazer as pessoas perceberem que o quanto mais elas tiverem conhe-

cimento, o quanto mais elas poderem discutir e poder refletir a respeito dos temas independente do meio em que o autor aborda nas escolas. Qualquer coi-sa que venha no sentido em questão de ampliar a leitura são ótimas.

L&C - Ruffato a maior parte de escri-tores independentes são recebidos em escolas com um pouco de descrédito quando não há a intermediação ou o apoio de uma editora. Penso que é uma perda para a escola quando ocorre uma visão negativa relacionado aos escrito-res que lutam para apresentar as suas obras. Qual a sua colocação perante esse comportamento por parte de edu-cadores?Luiz Ruffato - Existe um mercado, e esse mercado é um mercado bem profissio-nalizado, e assim, tem lugar para todo mundo. Evidentemente que quem de-cide se uma obra é boa ou ruim não é o autor, não é o mercado, não é sequer nem os leitores, nem mesmo os profes-sores, quem decide se uma obra é boa ou ruim, é aquela obra que fica no tem-po. Se a obra vai ficar no tempo ou não, eu não sei. Quando o Machado de Assis escrevia na época dele, se alguém dis-sesse que a obra dele vai ficar ou não ficar não dava para saber. É ao longo do tempo que a obra vai se consolidando e que você tem ou não essa possibilida-de de você ver o que vai acontecer. Por isso que eu acho que toda a iniciativa é válida; e eu como escritor independente simplesmente ia escrever, publicar e tra-balhar no livro se eu acreditasse nisso, no livro e acreditasse no meu trabalho.

L&C - Como curador do Festival da

Qualquer iniciativa que tenta colocar a literatura

em discussão, dentro e fora da

escola, é absolutamente

válida”

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Mantiqueira como as políticas públicas poderiam colaborar com o aumento de eventos literários em nosso país, já que você citou a França como realizadora em média de um evento literário por dia. Você acredita que essa carência do universo literário e educacional pode ser revertida no Brasil? Luiz Ruffato - Eu penso o seguinte, que aqui no Brasil até que está aumentando bastante o número de festivais literários de mesas de livros que demonstra que pelo ponto de vista da realização de fes-tivais e feiras já está havendo um maior interesse por parte dos órgãos públicos. Mas de qualquer maneira assim a dinâ-mica do mercado editorial ou do mer-cado do livro ela é mais complexa, quer dizer, ela exige que também exista o lei-tor. Então assim é esse ponto que nós estamos pecando ainda, pois eu acho que a nossa educação é muito ruim, en-fim, é ruim na qualidade, e isso faz com que muitas das iniciativas no âmbito de festivais e feiras literárias e na amplia-ção dos festivais que às vezes acaba que comprometido porque eles não tem que de outra ponta o leitor, então eu acho que junto com essas políticas pú-blicas para a disseminação do livro tinha que haver uma ação e um sentido de ampliar bastante a qualidade da educa-ção do país.

L&C - Diversos pontos acadêmicos do país permanecem com a tradição literá-ria e histórica, destacando que o autor bom é o autor morto. O papel da lite-ratura contemporânea é tão importante como uma literatura do século passado? Você concorda que é necessário traba-lhar em escolas e universidades todo o

tipo de literatura mantendo um equilí-brio literário? Luiz Ruffato - Eu acho que evidente-mente que pra você conhecer o seu presente você tem que saber do seu passado. Então assim, eu acho impor-tante que seja estudado nas escolas a literatura antiga ou brasileira, mas que seja introduzido a literatura contempo-rânea, pois a literatura contemporânea de alguma maneira vai estar abordando, falando questões do nosso tempo, e en-tão isso ajuda a pessoa a inclusive a se interessar pelo o livro. O certo seria o equilíbrio dos grandes momentos entre essas duas literaturas.

L&C - Alguns escritores aconselham a ler livros mais atrativos, textos de fácil leitura assim envolvendo o leitor mais dentro do universo da literatura. De diversos livros que você tem publicado de contos, romances, poesias e partici-pações em Antologias, cite uma ou duas de suas obras onde o leitor possa se identificar, se encontrar? Luiz Ruffato - O livro Eles eram muito cavalos, que é um livro que ele fala bem do nosso tempo. Esse é um livro tam-bém que tem uma linguagem contem-porânea. É um livro que vale a pena ler. O outro livro que eu citaria é o Estive em Lisboa e lembrei de você, que é um livro que tem uma discussão a respeito da imigração brasileira para trabalhar em Portugal quanto na Europa, mas tam-bém tem uma discussão a respeito da questão da diferença de registro lingüís-tico entre Portugal e Brasil, sendo um li-vro interessante até por isso. É um livro também bem-humorado. São dois livros que eu recomendaria.

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Christina Hernandes - Universo Infantil

A importância do contato do aluno com o escritor

Daria para enumerar muitos momentos importantes desse contato aluno e escri-tor como o encantamento, a surpresa, a curiosidade, a identificação, a troca de saberes, a perplexidade. Escolhi a possi-bilidade de se falar através dos sonhos... Não dos sonhos quando dormimos, mas poder abrir a porta dos sonhos sonhados, quando estamos acordados em devaneio com nosso interior, onde tudo é possível e tudo se resolve num passe de mágica.Neste processo, o escritor para o aluno é uma celebridade, alguém que tudo pode e inventa as histórias, por ser al-guém muito além dele, ingenuidade da infância e muitas vezes da adolescência. Escrever não é um privilégio do escritor.Todos os alunos escrevem, criam, inven-tam, são surpreendentes, encontramos verdadeiros escritores mirins, que usam o devaneio inerente a todo o ser huma-no, na sua criação dos textos durante o processo escolar, sem a preocupação de adequar para o mercado utilizando com harmonia a técnica ensinada pelo seu professor de literatura e gramática portuguesa. O escritor no contato com o aluno deve apoiar essa liberdade na criação dos textos propiciada em sala de aula e incentivar que permaneça durante sua formação escolar, aprimorando a sua

escrita, identificando os seus erros e acertos, e quem sabe se apaixonar pelas palavras e se tornar um escritor. Mostrar para o aluno que tanto ele como o escritor deixam brotar a his-tória capturando fragmentos, daqui e dali, transformando o que parecia ser algo quase insignificante em texto ou obra literária. Para o escritor que está ali como exemplo muitas vezes a iden-tificação, a responsabilidade é grande, pois a sua obra será agente de constru-ção de opiniões. Não estou falando do politicamente correto, estou falando de dar elementos através das palavras para o aprendizado da crítica, da coragem de expor aquele texto tão escondido e dei-xá-lo público. Pelo o encantamento que o escritor desencadeia no aluno, muitas vezes falta alguém que lhe diga “ Se autorize”... Crie suas historias, fruto das suas fantasias, en-contre a chave que irá abrir o seu imaginá-rio trazendo a criança já escondida em seu interior. Esse é o papel do escritor. Penso que o escritor não irá ensinar o caminho, irá provocar a busca pelo per-tencimento, motivando o aluno na sua caminhada, muitas vezes solitária, e as-sim o aluno nos dará a oportunidade de nos despirmos dos rótulos e reconhecer a nossa simplicidade.

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Christina Hernandes - Universo Infantil

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Recomendada para todas as idades, a estimulação cerebral aumenta o redimento escolar, melhora o desempenho profissional de adultos e mantém idosos ativos até o fim da vida

vas conexões sinápticas e melhora suas funções como memória, concentração e muitas outras. Sendo assim, a estimula-ção cerebral é recomendada para idosos, que querem se manter ativos e retardar sintomas de doenças como o Alzheimer. No Brasil, a ginástica para o cére-bro tem sido muito difundida com a me-todologia inovadora oferecida pelo curso “Supera Ginástica para o Cérebro”, uma rede de franquias com mais de 100 uni-dades. O SUPERA contribui para me-lhorar as funções cerebrais das pessoas pelo uso do ábaco (Soroban), de jogos educativos e uma grande variedade de dinâmicas. O ábaco é um instrumento de cálculo milenar utilizado também para desenvolver a concentração e a velocida-de do pensamento.

Assim como o corpo, o cérebro precisa de cuidados e exercícios. Além de ter uma alimentação balanceada, ingerir pouca bebida alcóolica e controlar o es-tresse, toda pessoa deve fazer ginástica cerebral para envelhecer com a cabeça boa e melhorar sua qualidade de vida.A neurociência já comprovou que esti-mular o cérebro com atividades novas, variadas e desafiadoras aumenta nossa capacidade de aprender e nosso desem-penho na vida acadêmico, profissional e pessoal. Estudiosos chamam os exercícios para o cérebro de neuróbicas, ou seja, aeróbicas para neurônios. Parece estra-nho, não é? Porém, quando estimulado de forma adequada, o cérebro ativa no-

Práticas Educativas e SaúdeGinástica para o cérebro promove a qualidade de vida

Mova 5 palitos e transforme este desenho em 3 quadrados idênticos.

PALITOS

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Ozires Silva -Educação e Empreendedorismo

A (RE) DESCOBERTA DOS LIVROS

Muito mais rapidamente do que imaginávamos, o mundo conta hoje com nova geração de jovens e de fu-turos cidadãos que, com advento da comunicação eletrônica, pouco ou nada acreditam no que foi escrito e impresso nos velhos e surrados pa-péis do passado. Pouco olham para livros na prateleira, trazendo ensi-namentos e reflexões que estão na base da construção da sociedade moderna. Diferentemente do que no passado, estamos na época das respostas instantâneas, quase que sem reflexões, graças às poderosas ferramentas de busca nos sites da eletrônica. Mas, como doenças resistentes, ainda existem livros, impressos há décadas ou séculos que trazem sa-bedoria e ensinamentos dos quais não podemos abrir mão. Foram eles que construíram a vida de sábios do passado que, com suas descobertas e publicações, nos trouxeram aos dias de hoje. Na atualidade, vive-mos num mundo da mobilidade alta e de decisões rápidas. E isso tem muito a ver sobre a preparação dos

jovens hoje para um futuro que cer-tamente será bem diferente do que podemos agora antecipar. E não são poucas as questões que cercam as escolas sobre o que fazer e como proceder para dotar o cidadão do futuro com as condições mentais que o capacite a viver, competir e ganhar na sociedade moderna, mais em rápida evolução. O hábito da leitura mostrou-se no passado como necessário em nos-sas vidas. Ler é forma de pesquisa pela sabedoria, aprender e adicionar conteúdos aos nossos pensamentos e opiniões. Pessoas que não leem geralmente acabam por encontrar dificuldades na escrita e também na fala. “Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da lei-tura de um livro” (Henry Thoreau). A ausência da leitura em nossas vidas bloqueia de alguma maneira nossa capacidade de interpretação e ima-ginação, independentemente se es-tamos lendo romance ou um artigo no jornal. De repente, como num raio de ideia, numa leitura somos le-vados a pensar, criando cenários ou

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Ozires Silva -Educação e Empreendedorismo

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imaginando o que aconteceu ou po-deria ter acontecido. A partir do cul-tivo da leitura, os livros nos ajudam a crescer e ampliar nossos horizontes, podendo pensar em algo que acaba por prender nossa atenção e nos le-var à reflexões, abrindo espaços para novas ideias e iniciativas. Cada lição nos enriquecerá, nos tornará mais competentes em lidar com o mundo. Quando nosso co-nhecimento é coeso, encontramos relações mesmo entre os fatos mais distantes. Em nossa visão de mundo, nenhum fato deve ficar isolado, pois aquilo que aprendemos só passa a fazer sentido depois de articulado ao conjunto total de nossos conhe-cimentos. Se imaginarmos nossas mentes como uma casa, quando simplesmente decoramos fatos e te-orias estamos, na verdade, jogando objetos dentro dela sem qualquer ordem. A reflexão, nessa ótica, seria o hábito de mantermos nossas casas limpas e arrumadas, organizando aquilo que aprendemos dentro de uma estrutura lógica e funcional para que isso nos ajude no dia a dia. Também significa nos livrarmos de ideias inúteis e jogar no lixo teorias

que nos fazem tropeçar. Essa discipli-na nos torna lúcidos, donos de nosso conhecimento. Consideremos que boa parte da tarefa de organização e limpeza é feita inconscientemente. O cérebro humano é seletivo no que deve absorver, pois temos limita-ções físicas quanto ao que podemos carregar em nossas mentes. O resto simplesmente se perde no abismo do esquecimento. Fatos desconexos e sem sentido são esquecidos por-que não têm vínculo com nossas vi-das. Em nossas mentes, aquilo que não se usa se perde e só consegui-mos usar aquilo que tem alguma uti-lidade. O aprendizado só acontece com naturalidade quando temos al-gum interesse no assunto em ques-tão, quando é particularmente útil aos nossos propósitos ou tem algum sentido que nos diz respeito. A questão não é como enxertar em nossas cabeças conteúdo de to-dos os livros que julgamos valiosos, pensando que dever estará cumpri-do —isso equivale a decorar listas telefônicas. É necessário que haja lógica justificando, dando sentido e finalidade ao que estudamos. Mas, pensemos. Os livros jamais perderão o seu valor.

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