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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
OS MÉTODOS DA ALFABETIZAÇÃO:
CONSTRUTIVISMO, TRADICIONAL OU SÓCIO-INTERACIONISMO?
Paulo Marcos Lopes de Siqueira
ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro 2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência do Ensino Superior.
Rio de Janeiro 2010
OS MÉTODOS DA ALFABETIZAÇÃO:
CONSTRUTIVISMO, TRADICIONAL OU SÓCIO-INTERACIONISMO?
Paulo Marcos Lopes de Siqueira
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AGRADECIMENTOS
A Deus, em que confio e me dá forças todos os dias para continuar na difícil caminhada deste grande milagre que é a vida. A minha esposa Andréia Siqueira que me incentivou durante todo o processo. Ao Bruno, meu filho e verdadeiro milagre que me ensina a difícil arte de educar amando. Ao meu Pai do Céu que me concedeu um grande pai na terra, Amado e idolatrado, Amigo, confidente, orientador e também professor, Cardiologista de profissão, Professor de coração, Com amor e dedicação, A vida inteira se doou, A família, aos pacientes e aos discentes. Ao corpo docente e funcionários do Instituto A Vez do Mestre que sempre estiveram solícitos quando precisei,
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DEDICATÓRIA
À minha avó, Maria Luíza dos Santos, nove décadas de amor e dedicação, à todos nós doando-se em coração, dedico esta monografia e pós-graduação, e com alegria e emoção, meu eterno amor e gratidão.
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METODOLOGIA
Por ser uma pesquisa teórica e empírica, o proposto possui como
referencial a análise de livros, jornais, artigos, documentos, legislação e
projetos, que serviram como caminhos metodológicos ajudando a resgatar um
pouco da história da alfabetização e conceituar diferentes métodos para
alfabetizar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
Os Diferentes Métodos 09
CAPÍTULO II
Alfabetização 11
CAPÍTULO III
A Escrita 18
CONCLUSÃO 20
BIBLIOGRAFIA 21 ÍNDICE 22
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INTRODUÇÃO
O tema foi escolhido a partir da grande discussão presente entre as
metodologias de ensino construtivista e tradicional. Durante o caminho do
curso de pedagogia essa discussão esteve sempre presente, mas nunca foi
resolvida. Então, qual seria a melhor forma para se trabalhar na educação?
Por ter estado presente numa prática de alfabetização tradicional e
ter visto essa alfabetização acontecer de uma forma tão bem sucedida, me veio
a dúvida se realmente esse método tradicional é tão ruim como hoje é colocado
no debate teórico.
Aprofundando-se na questão, lendo e pesquisando percebe-se que
são diferentes caminhos, e que não devemos desconsiderar nenhum dos
métodos, mas verificar como estes podem contribuir na alfabetização, e, é nisto
que se baseia a pesquisa.
Uma nova proposta pedagógica para o aprendizado de leitura e
escrita não nasce do nada, ela é sempre uma ruptura com o que já estava
estabelecido, ou seja, com uma ligação com o passado. Então, para que esta
discussão se inicie sobre os métodos para alfabetizar hoje existentes, é preciso
antes de tudo adotar uma perspectiva histórica e analisar a história das
metodologias.
As práticas pedagógicas evoluem de acordo com as necessidades e
circunstâncias sociais e econômicas. Por exemplo, a primeira tentativa de
generalização de alfabetização aconteceu na França, com a Revolução
Francesa, que tinha como meta na área de educação a escola pública com
ênfase no ensino da língua escrita.
Então as metodologias de alfabetização evoluíram no tempo de
acordo com a necessidade da sociedade, conforme relatada no caso acima,
que exigia um novo tipo de pessoas letrada, e, ao mesmo tempo, como avanço
do conhecimento na área de leitura e escrita e no seu processo de aquisição.
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Segundo Barbosa (1994), a história do ensino e aquisição de leitura
e escrita, e seus respectivos métodos pode ser definida em três períodos: o
primeiro que vai da Antigüidade e até meados do século XVIII, que pode ser
caracterizado exclusivamente pela utilização do método sintético; o segundo,
que começa a partir do século XVIII, aonde vai se iniciar uma oposição dos
precursores do método global, ao método sintético; e o atual, que ultrapassa a
batalha entre os defensores do método sintético e do analítico, questionando o
que é fundamental entre os dois métodos.
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CAPÍTULO I
OS DIFERENTES MÉTODOS
O caminho sintético tem seu ponto de partida com a apresentação
da letra, fonema, sílaba, e o processo de leitura é pela soma dos elementos
mínimos (o fonema ou a sílaba). Já o analítico, parte de uma palavra, frase ou
texto, mas é decodificado e enfatiza o fonema ou a sílaba. Então eles possuem
metodologias diferentes mas, na sua essência, eles se baseiam na concepção
de que a criança aprende através da correspondência entre som e grafia, ou
seja, a criança aprende a ler oralizando a escrita.
O método analítico vigorou como método único e absoluto por quase
2000 anos. Ele vem presente desde de seus primórdios e atravessa toda a
Antigüidade, predominando também na Idade Média. Nesta época, as
estruturas das matérias eram analisadas a partir da concepção de um adulto,
que achava que tinha que começar a alfabetização do simples para o
complexo, mas sem nunca parar para pensar o que seria o simples e o
complexo da criança.
Com as contribuições da psicologia genética no início do século XX,
o método sintético é duramente criticado por seu método mecânico e por não
levar em consideração a concepção da criança (Piaget, 1965).
1.1. Métodos Global e Sintético-Analítico
Surgem então os fundamentos do método global, que vão provocar
uma modificação no método sintético, esse avanço é denominado por sintético-
analítico, aparecendo assim as palavras chaves, mas teoricamente trata-se de
um equívoco, pois este nada mais é do que o próprio método sintético. Barbosa
(1994), afirma que:
Mas é Nicolas Adam que, em 1787, lança as bases do novo método. Adam utiliza uma metáfora para justificar seu ponto de vista: quando se quer mostrar um casaco para uma criança, não se começa dizendo e mostrando separadamente a gola,
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depois bolsos, os botões, a manga do casaco. O que se faz é mostrar o casaco e dizer para a criança: “isto é um casaco”. Adam argumenta que é também assim que as crianças aprendem a falar e pergunta: por que não usar o mesmo método para fazê-la aprender a ler? (BARBOSA, 1994, p. 50).
A proposta seria mostrar palavras significativas no papel para
criança, com isso seria capaz de conhecer as palavras rapidamente, depois de
um tempo elas seriam novamente escrita de forma idêntica. Aos poucos, ela
não precisaria mais da ajuda desse papel, mas reconheceria diretamente as
palavras escritas. E quando já conhecesse um certo número de palavras,
passaria a escrever frases e em um menor espaço de tempo estaria lendo.
E Nicolas Adam que ao contrário de outros autores, que
contribuíram para a melhoria do método sintético, provoca uma ruptura com o
método tradicional. Mas suas idéias não vingam no seu tempo, só no século
XX que esse método se concretiza de fato, pois foi preciso ter uma explicação
psicológica, que só acontece com as idéias da psicologia da forma ou Gestalt
(Barbosa, 1994).
1.2. Método Ideovisual
O avanço no conhecimento da psicologia permite que Ovide Decroly
lance a base do método ideovisual, que apesar de ter sido considerado por
muitos como interessante, foi raramente adotado.
No Brasil, essa batalha entre os métodos foi objeto de muita
discussão, repercutindo até nas páginas de jornal, a Diretoria Geral de
Instrução do Estado de São Paulo determinou a obrigatoriedade do método
analítico nas escolas públicas. Essa obrigatoriedade foi questionada pelos
professores. A lei foi revogada em 1920, estabelecendo liberdade na opção do
método de ensino de leitura e escrita. Essa liberdade vigora até hoje, mas
muito ainda se discute qual o melhor método para alfabetizar (Barbosa, 1994).
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CAPÍTULO II
ALFABETIZAÇÃO
Ao falar de alfabetização, fala-se de um processo de formação de
um leitor e produtor de textos, levando em consideração o “eu” de cada um.
... alfabetização... Tanto já foi dito, discutido, proposto... será que há algo a falar de que ainda não se sabia? Os termos alfabetizar e alfabetização, inclusive, não vêm sendo questionados por sua limitação semântica? O mais adequado, para os dias de hoje, não seria letrar, letramento? (PACHECO, 1997, p. 20).
Não é necessário substituir o termo alfabetização por outro apenas,
é preciso considerar o que é alfabetizar sujeitos leitores e produtores de textos
nas séries iniciais.
Falar de alfabetização é falar de vida, de conhecimento, de linguagem. A linguagem é fundamental para penetrar qualquer área do conhecimento, que se elabora nela e por meio dela. A matemática, a química, a física e a biologia não são feitas apenas de números e fórmulas, precisam de linguagem verbal para se organizar e se estabelecer como ciência (PACHECO, 1997, p. 30).
Por isso é tão importante falar de alfabetização, pois é por esse
processo que a criança passa a aprender a ler e escrever, passa a adquirir
conhecimento que atravessa as outras áreas, sendo assim, muito se fala, falou,
estuda, estudou e ainda vai se falar e estudar mais.
De acordo com a pesquisa teórica existem muitas pesquisas com o
tema alfabetização, mas ainda sim hoje existem muitas dificuldades perante a
como trabalhar com alfabetização, pois é nesse momento que se constroem a
base da leitura e da escrita.
Estudos comprovam que a grande parte da população brasileira não
consegue dominar o uso da língua escrita. É por isso que cada vez mais deve-
se discutir sobre a alfabetização, pois o problema deve começar a ser
combatido em sua base.
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E toda a história da alfabetização, por quase 120 anos, o método
sintético vigorou e junto com ele veio as cartilhas e uma prática que enfatizava
a ortografia e o desenho das letras. Com o passar do tempo muitas
contribuições teóricas tanto no campo pedagógico, tanto no psicológico, foram
transformando esse método, que aparentemente foi alterado, mas no fundo
continua presente muito forte, com a base na soletração, repetição e
memorização.
2.1. Construtivismo e Tradicional: Qual o Método a Usar?
Só que em 1980, com a divulgação dos métodos construtivistas
(Piaget) e interacionista (Vygotsky) passam a questionar qual a necessidade
desse método e de cartilhas para alfabetizar. Essa crítica se perde novamente
nas cartilhas e o método sintético fazem algumas adaptações, mas mantendo
sua base.
Hoje em dia, esse método ainda se faz presente e tem sua força,
mas as contribuições de Vygotsky e Piaget ganham cada dia mais força e
algumas práticas já estão se utilizando desse novo método. Com isso vem a
tona de qual método deve-ser ser usado para alfabetizar.
Pacheco (1997) afirma que:
Várias eram as vozes que se entrecruzavam nesse debate. Algumas defendiam a necessidade de adotar métodos modernos, pois o mundo vem se transformando vertiginosamente, e nada mais urgente que colocar a criança, na escola, em contato com esse mundo circundante, outras vozes não discordavam da necessidade de renovação nos métodos de ensino, mas se colocavam receosas quanto a uma possível perda de rumo caso houvesse um abandono total de formas consagradas pela tradição. Havia ainda aquelas que declaravam que o mais importante era a utilização de métodos que fossem do domínio do professor, que permitissem um trabalho seguro, bem definido e que fossem adequados a sua turma (PACHECO, 1997, p. 18).
O construtivismo realizou uma verdadeira revolução no que se refere
ao ensino da leitura e escrita. Nos anos 80, Emília Ferreiro e Ana Teberosky,
seguidoras de Piaget, iniciaram estudos que trouxeram novas luzes ao
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problema da alfabetização, levantando a questão de qual o melhor caminho
para alfabetizar. E por isso, será analisado aqui como o método tradicional e o
construtivista podem ajudar na alfabetização.
A alfabetização tradicional, hoje existente, tem sua base na
soletração de sílabas, utiliza-se também das famosas cartilhas e cadernos de
caligrafia com o objetivo de que as crianças escrevam com movimentos
corretos e tenham uma boa caligrafia. Mas antes de se enfatizar as sílabas, se
propõe uma contextualização com uma palavra ou frase, para depois
enfatizarem a soletração de sílabas. Isso é feito como intuito de que a criança
aprendendo a falar pequenos pedaços de forma corretamente ela irá escrever
mais facilmente e corretamente, e sua leitura seria correta. A leitura é muito
cobrada e trabalhada todos os dias, leituras ligadas sempre com o fonema ou
letra que está sendo trabalhada. Essa prática não pode ser totalmente
descartada, pois foi com esse método que as pessoas foram alfabetizadas e
que muitos outros estão sendo alfabetizados, mas fica a questão: será que as
pessoas foram alfabetizadas apesar do método ou a partir dele?
Já uma concepção construtivista, baseada nas teorias de Piaget e
Emilia Ferreiro, valoriza as ações das crianças, considerando-as construtoras
de seu conhecimento e não somente receptora. E quanto leva em
consideração os conhecimentos prévios e os contextos sociais da criança,
permitem a significação do aprendizado.
Baseando-se nisso é que muitos alfabetizadores da linha do
construtivismo partem do nome da criança ou de textos significativos para a
criança, para iniciar o ensino da leitura e da escrita. Nessas salas de aula
evidencia-se cartazes com produções coletivas, valorizando-se não somente a
forma, mas o conteúdo.
Com isso há presente neste método as contribuições de Vygotsky
que valoriza a interação entre o sujeito e o objeto de estudo. Nessa prática de
interação o professor e a linguagem são os mediadores do processo.
Segundo Gradolí (1998):
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Essa interação entre os alunos juntamente com as mediações entre eles e da professora é um grande instrumento no processo de aprendizagem. Segundo Vygotsky, existem dois níveis evolutivos: um nível real que indica aquilo que o indivíduo é capaz de fazer sozinho e um nível potencial abrangendo tudo aquilo que o sujeito realiza ajudado ou mediado por outro. A partir desses dois conceitos,Vygotsky define o que chama de “Zona de Desenvolvimento Proximal” (ZDP), que vem a ser a distância entre esses dois novéis de evolução da criança. Em tese, a ZDP é o potencial para uma aprendizagem posterior (GRADOLÍ, 1998 apud CARMO, CHAVES, 2001, p. 10).
2.2. Analisando as Duas Metodologias: Quais as Contribuições
das Suas Propostas?
Analisando as duas metodologias, o construtivismo é o melhor
método para alfabetizar por levar em consideração a concepção da criança e o
que é significativo para ela, mas o método tradicional trabalha aspectos de uma
boa grafia e leitura que no futuro para a criança é de extrema importância, que
olhando por esse lado pode ser também o melhor método.
Através da pesquisa é possível perceber que há diversos métodos
para se alfabetizar e que todos de alguma forma contribuem e contribuíram na
leitura e escrita de muitos cada um com suas características, é preciso que se
trabalhe e consiga aproveitar o que os métodos oferecem de melhor para a
prática dos alfabetizadores, mas que esses, antes de tudo, acreditem no que
estão fazendo.
2.2.1. Quais as contribuições das propostas construtivistas,
sócio-interacionistas e tradicionais na alfabetização?
A alfabetização não é um processo isolado de cada indivíduo, pelo
contrário, é um momento de interlocução, onde estão presentes muitas vozes.
Um galo sozinho não tece uma manhã: Ele precisará sempre de outros falos. De um que apanhe esse grito que ele E o lance a outro; e de outros galos Que com muitos outros galos se cruzem Os fios de sol de seus gritos de falo, Para que a manhã, desde um teia tênue, Se vá tecendo, entre todos os galos...” (Castro Alves).
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Se a alfabetização é um processo de interlocução de muitas vozes e
diferentes experiências, não se pode pensar nas diferentes metodologias para
alfabetizar, tratando cada uma separadamente, mas sim tratando como elas
foram se entrelaçando e contribuindo para a prática da alfabetização ao longo
do tempo.
Durante muitos anos vigorou não só na alfabetização, mas em toda
educação, a metodologia tradicional, que baseava a alfabetização apenas nas
soletrações de letras, sílabas, palavras e na cópia de frases soltas e sem
sentido para a criança. E também é marcada pelas famosas cartilhas que ainda
hoje se faz presente em muitas práticas.
Mas com o avanço das pesquisas na área da psicologia,
principalmente os estudos de Piaget e Vygotsky, hoje em dia esse método vem
sendo duramente criticado, isso acontece porque este método não se preocupa
em ensinar a função da escrita. Segundo Smolka (2003) esta é a última
preocupação dos que utilizam este método:
Mas ler com sentido é a última etapa que a escola espera da criança no processo de alfabetização. A escola não trabalha o ser, o constituir-se leitor e escritor. Espera que as crianças se tornem leitoras e escritoras como resultado de seu ensino. No entanto, a própria prática escolar é a negação da leitura e escritura como prática dialógica, discursiva, significativa (SMOLKA, 2003, p. 93).
Claro que é importante trabalhar com o método fônico e com a cópia
de textos e palavras, desde que isso tenha um sentido para a criança. Existem
duas técnicas utilizadas neste método, a cartilha e o ditado que são duramente
criticados, por serem utilizados apenas como mera técnica sem nenhuma
função social para a criança.
A questão que fica faltando a esse método é que ele não aplica
essas técnicas como forma de construção da escrita e função social para a
criança. Conforme Smolka (2003) demonstrou:
Nessa situação de redução e restrição da escrita, o que as crianças aprendem é muito claro, segundo depoimento de várias delas: - Para que você vem a escola?
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- Para aprender a ler e a escrever. - Mas para que você vai aprender a ler e a escrever? - Pra tirar nota boa. - Pra não ficar burro. - Pra passar de ano. - Pra não precisar pegar no serviço pesado quando crescer. Ou seja, a escrita, sem função explícita na escola, perde o sentido, não suscita, e até faz desaparecer o desejo de ler e de escrever. A escrita, na escola, não serve para coisa alguma a não ser a ela mesma. Evidencia-se uma redundância: alfabetizar para ensinar a ler e a escrever (SMOLKA, 2003, p. 38).
Smolka (2003), a partir destas observações de Ferreiro, Teberosky e
Palácio, baseando-se na teoria de Piaget, eles vêm para contribuir na melhoria
da alfabetização, defendendo que os métodos tradicionais, que tem sua base
analisada pela concepção de um adulto, não faz sentido para as crianças. Era
preciso então considerar a alfabetização a partir da concepção de uma criança,
considerando-a como um sujeito ativo, conhecedor e capaz de construir seus
próprios conhecimentos.
2.3. Classificação das Crianças em: Pré-silábicas, Silábicas,
Silábico-Alfabéticas e Alfabéticas
Apesar de considerarem o sujeito ativo e construtor de seu próprio
conhecimento, é preciso arar e analisar que eles constroem conhecimentos e
não a linguagem. Eles acreditam que para chegar a linguagem, é preciso
passar por estágios cognitivos, que vão sendo superados.
Assim eles tratam a pesquisa no aspecto cognitivo e assim definem
o processo de alfabetização côo etapas que devem ser seguidas. Classificando
as crianças em: pré-silábicas, silábicas, silábico-alfabéticas e alfabéticas.
Sendo assim não consideram as relações existentes nas salas de aula.
Assim como elas mesmas afirmam, o trabalho se caracteriza como uma pesquisa no âmbito da psicologia cognitiva. Mas o trabalho em sala de aula, portanto, o aspecto pedagógico da questão, nos indica a necessidade de se considerar, além disso, as funções da escrita socialmente mediada e constituída, e constitutiva do conhecimento no jogo das representações sociais (SMOLKA, 2003, p. 53).
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E essa classificação não tem por traz dela um porque, para que e
para quem, se faz essa escrita, e, muito menos está presente uma concepção
do ponto de vista das crianças. Ou seja, em suas pesquisas Ferreiro,
Teberosky e Palácio se contradizem e caem no mesmo problema do método
tradicional.
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CAPÍTULO III
A ESCRITA
Através da concepção de Vygotsky, e a sua concepção sócio-
interacionista, é que pode-se considerar a escrita como um processo de
transformação. Segundo Smolka (2003),
A linguagem é uma atividade criadora e constitutiva de conhecimento e,por isso mesmo, transformadora. Nesse sentido, a aquisição e o domínio da escrita como forma de linguagem acarretam uma crítica mudança em todo o desenvolvimento cultural da criança (SMOLKA, 2003, p. 57).
Vygotsky não só considera o ponto de vista da criança, mas
considera também o adulto como regulador no processo de construção da
escrita e este adulto que vai mediar nesta relação com a criança.
Ele considera que na alfabetização não basta considerar o processo
individual da criança, mas é preciso também levar em consideração a interação
com o outro, as contribuições do meio é aquela que a criança traz consigo
mesma (Smolka, 2003).
Como foi visto, o sócio-interacionismo não descarta o ditado, a cópia
e a soletração, o que ele propõe é uma resignificação destes métodos, é
preciso que tudo isso tenha um significado para a criança. E também não
descarta as pesquisas de Ferreiro, Teberosky e Palácio, seus estudos foram
importantes para o desenvolvimento dos métodos para a alfabetização.
Estas colocações abriram caminho para considerar a concepção de
alfabetização do ponto de vista da criança, mas elas não constroem seus
conhecimentos individualmente. A criança faz essa construção através de sua
interação e mediação com o outro. Portanto, ler e escrever precisa ter um
significado para a criança. E não simplesmente ler e escrever porque se
precisa aprender, porque a sociedade exige que as pessoas sejam letradas.
Segundo Smolka (2003),
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Contudo, “acreditar” que a alfabetização seja possível e viável – como trabalho e co-autoria na História – não leva, efetivamente, à sua realização. É preciso na prática, conhecer e conceber formas de alfabetização condizentes com o momento histórico em que vivemos para operar transformações. A crença, a fé, a esperança na mudança, sugerem ainda a magia, o mito, o dogma, o milagre. Mas o conhecimento e a concepção implicam, na práxis, a gênese, a geração do novo... (SMOLKA, 2003, p. 113).
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CONCLUSÃO
O que foi visto aqui é que um método não nasce exatamente para
criticar o outro, mas para contribuir na melhoria da educação. As pessoas é
que pensam que um método é diferente do outro, pelo contrário, eles estão
interligados e o que acontece é que, com o avanço das pesquisas, aquilo que
não contribui fica de lado, e se aproveita na nova pesquisa o que é bom, para
contribuir na prática dos alfabetizadores.
É possível ainda trabalhar práticas tradicionais paralelamente com
as práticas construtivistas e sócio interacionistas, sendo que, para isso, tem
que haver uma resignificação da tradição, ou seja, buscar novas possibilidades,
para se trabalhar com o tradicional.
Esta pesquisa se justifica a partir que, está sendo proposto uma
reflexão de como as diferentes teorias tradicionais, sócio-interacionista e
construtivista podem contribuir na alfabetização e como ao longo dos anos elas
foram se entrelaçando e contribuindo uma para com as outras.
21
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. 2ª Ed., Rio de Janeiro:
Cortez, 1994.
CARDOSO, Beatriz; EDNIR, Madza. Ler e Escrever, muito prazer. 11ª Ed., São
Paulo: Ática, 2002.
CARMO, Elisabete do; CHAVES, Maria Eneida. Análise das Concepções de
Aprendizagem de uma Alfabetizadora bem-sucedida. Caderno Ceres. São
Paulo, nº114, pp. 121-136, nov/2001.
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Cartilha de Alfabetização e Cultura
Escolar: Um Pacto Secular. Caderno Ceres. Campinas, v. 20, nº52, pp. 1-13,
nov/2000.
PACHECO, Patrícia. Alfabetização, Linguagem e Literatura. Dissertação
(Mestrado em Educação). Rio de Janeiro: PUC, 106f, 2003.
SMOLKA, Ana Luisa Bustamante. A Criança na Fase Inicial da Escrita: A
Alfabetização como Processo Discursivo. 11ª Ed., Campinas: UNICAMP, 2003.
22
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I Os Diferentes Métodos 09 1.1. Métodos Global e Sintético-Analítico 09 1.2. Método Ideovisual 10 CAPÍTULO II Alfabetização 11 2.1. Construtivismo e Tradicional: Qual o Método a Usar? 12 2.2. Analisando as Duas Metodologias: Quais as Contribuições das suas
Propostas? 14 2.2.1. Quais as contribuições das propostas construtivistas, sócio-
interacionistas e tradicionais na alfabetização? 14 2.3. Classificação das Crianças em: Pré-Silábicas, Silábicas, Silábico-
Alfabéticas e Alfabéticas 16 CAPÍTULO III A Escrita 18 CONCLUSÃO 20 BIBLIOGRAFIA 21