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1 7Wi UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU OS MÉTODOS DA ALFABETIZAÇÃO: CONSTRUTIVISMO, TRADICIONAL OU SÓCIO-INTERACIONISMO? Paulo Marcos Lopes de Siqueira ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010

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7Wi

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

OS MÉTODOS DA ALFABETIZAÇÃO:

CONSTRUTIVISMO, TRADICIONAL OU SÓCIO-INTERACIONISMO?

Paulo Marcos Lopes de Siqueira

ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência do Ensino Superior.

Rio de Janeiro 2010

OS MÉTODOS DA ALFABETIZAÇÃO:

CONSTRUTIVISMO, TRADICIONAL OU SÓCIO-INTERACIONISMO?

Paulo Marcos Lopes de Siqueira

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em que confio e me dá forças todos os dias para continuar na difícil caminhada deste grande milagre que é a vida. A minha esposa Andréia Siqueira que me incentivou durante todo o processo. Ao Bruno, meu filho e verdadeiro milagre que me ensina a difícil arte de educar amando. Ao meu Pai do Céu que me concedeu um grande pai na terra, Amado e idolatrado, Amigo, confidente, orientador e também professor, Cardiologista de profissão, Professor de coração, Com amor e dedicação, A vida inteira se doou, A família, aos pacientes e aos discentes. Ao corpo docente e funcionários do Instituto A Vez do Mestre que sempre estiveram solícitos quando precisei,

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DEDICATÓRIA

À minha avó, Maria Luíza dos Santos, nove décadas de amor e dedicação, à todos nós doando-se em coração, dedico esta monografia e pós-graduação, e com alegria e emoção, meu eterno amor e gratidão.

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METODOLOGIA

Por ser uma pesquisa teórica e empírica, o proposto possui como

referencial a análise de livros, jornais, artigos, documentos, legislação e

projetos, que serviram como caminhos metodológicos ajudando a resgatar um

pouco da história da alfabetização e conceituar diferentes métodos para

alfabetizar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

Os Diferentes Métodos 09

CAPÍTULO II

Alfabetização 11

CAPÍTULO III

A Escrita 18

CONCLUSÃO 20

BIBLIOGRAFIA 21 ÍNDICE 22

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INTRODUÇÃO

O tema foi escolhido a partir da grande discussão presente entre as

metodologias de ensino construtivista e tradicional. Durante o caminho do

curso de pedagogia essa discussão esteve sempre presente, mas nunca foi

resolvida. Então, qual seria a melhor forma para se trabalhar na educação?

Por ter estado presente numa prática de alfabetização tradicional e

ter visto essa alfabetização acontecer de uma forma tão bem sucedida, me veio

a dúvida se realmente esse método tradicional é tão ruim como hoje é colocado

no debate teórico.

Aprofundando-se na questão, lendo e pesquisando percebe-se que

são diferentes caminhos, e que não devemos desconsiderar nenhum dos

métodos, mas verificar como estes podem contribuir na alfabetização, e, é nisto

que se baseia a pesquisa.

Uma nova proposta pedagógica para o aprendizado de leitura e

escrita não nasce do nada, ela é sempre uma ruptura com o que já estava

estabelecido, ou seja, com uma ligação com o passado. Então, para que esta

discussão se inicie sobre os métodos para alfabetizar hoje existentes, é preciso

antes de tudo adotar uma perspectiva histórica e analisar a história das

metodologias.

As práticas pedagógicas evoluem de acordo com as necessidades e

circunstâncias sociais e econômicas. Por exemplo, a primeira tentativa de

generalização de alfabetização aconteceu na França, com a Revolução

Francesa, que tinha como meta na área de educação a escola pública com

ênfase no ensino da língua escrita.

Então as metodologias de alfabetização evoluíram no tempo de

acordo com a necessidade da sociedade, conforme relatada no caso acima,

que exigia um novo tipo de pessoas letrada, e, ao mesmo tempo, como avanço

do conhecimento na área de leitura e escrita e no seu processo de aquisição.

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Segundo Barbosa (1994), a história do ensino e aquisição de leitura

e escrita, e seus respectivos métodos pode ser definida em três períodos: o

primeiro que vai da Antigüidade e até meados do século XVIII, que pode ser

caracterizado exclusivamente pela utilização do método sintético; o segundo,

que começa a partir do século XVIII, aonde vai se iniciar uma oposição dos

precursores do método global, ao método sintético; e o atual, que ultrapassa a

batalha entre os defensores do método sintético e do analítico, questionando o

que é fundamental entre os dois métodos.

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CAPÍTULO I

OS DIFERENTES MÉTODOS

O caminho sintético tem seu ponto de partida com a apresentação

da letra, fonema, sílaba, e o processo de leitura é pela soma dos elementos

mínimos (o fonema ou a sílaba). Já o analítico, parte de uma palavra, frase ou

texto, mas é decodificado e enfatiza o fonema ou a sílaba. Então eles possuem

metodologias diferentes mas, na sua essência, eles se baseiam na concepção

de que a criança aprende através da correspondência entre som e grafia, ou

seja, a criança aprende a ler oralizando a escrita.

O método analítico vigorou como método único e absoluto por quase

2000 anos. Ele vem presente desde de seus primórdios e atravessa toda a

Antigüidade, predominando também na Idade Média. Nesta época, as

estruturas das matérias eram analisadas a partir da concepção de um adulto,

que achava que tinha que começar a alfabetização do simples para o

complexo, mas sem nunca parar para pensar o que seria o simples e o

complexo da criança.

Com as contribuições da psicologia genética no início do século XX,

o método sintético é duramente criticado por seu método mecânico e por não

levar em consideração a concepção da criança (Piaget, 1965).

1.1. Métodos Global e Sintético-Analítico

Surgem então os fundamentos do método global, que vão provocar

uma modificação no método sintético, esse avanço é denominado por sintético-

analítico, aparecendo assim as palavras chaves, mas teoricamente trata-se de

um equívoco, pois este nada mais é do que o próprio método sintético. Barbosa

(1994), afirma que:

Mas é Nicolas Adam que, em 1787, lança as bases do novo método. Adam utiliza uma metáfora para justificar seu ponto de vista: quando se quer mostrar um casaco para uma criança, não se começa dizendo e mostrando separadamente a gola,

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depois bolsos, os botões, a manga do casaco. O que se faz é mostrar o casaco e dizer para a criança: “isto é um casaco”. Adam argumenta que é também assim que as crianças aprendem a falar e pergunta: por que não usar o mesmo método para fazê-la aprender a ler? (BARBOSA, 1994, p. 50).

A proposta seria mostrar palavras significativas no papel para

criança, com isso seria capaz de conhecer as palavras rapidamente, depois de

um tempo elas seriam novamente escrita de forma idêntica. Aos poucos, ela

não precisaria mais da ajuda desse papel, mas reconheceria diretamente as

palavras escritas. E quando já conhecesse um certo número de palavras,

passaria a escrever frases e em um menor espaço de tempo estaria lendo.

E Nicolas Adam que ao contrário de outros autores, que

contribuíram para a melhoria do método sintético, provoca uma ruptura com o

método tradicional. Mas suas idéias não vingam no seu tempo, só no século

XX que esse método se concretiza de fato, pois foi preciso ter uma explicação

psicológica, que só acontece com as idéias da psicologia da forma ou Gestalt

(Barbosa, 1994).

1.2. Método Ideovisual

O avanço no conhecimento da psicologia permite que Ovide Decroly

lance a base do método ideovisual, que apesar de ter sido considerado por

muitos como interessante, foi raramente adotado.

No Brasil, essa batalha entre os métodos foi objeto de muita

discussão, repercutindo até nas páginas de jornal, a Diretoria Geral de

Instrução do Estado de São Paulo determinou a obrigatoriedade do método

analítico nas escolas públicas. Essa obrigatoriedade foi questionada pelos

professores. A lei foi revogada em 1920, estabelecendo liberdade na opção do

método de ensino de leitura e escrita. Essa liberdade vigora até hoje, mas

muito ainda se discute qual o melhor método para alfabetizar (Barbosa, 1994).

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CAPÍTULO II

ALFABETIZAÇÃO

Ao falar de alfabetização, fala-se de um processo de formação de

um leitor e produtor de textos, levando em consideração o “eu” de cada um.

... alfabetização... Tanto já foi dito, discutido, proposto... será que há algo a falar de que ainda não se sabia? Os termos alfabetizar e alfabetização, inclusive, não vêm sendo questionados por sua limitação semântica? O mais adequado, para os dias de hoje, não seria letrar, letramento? (PACHECO, 1997, p. 20).

Não é necessário substituir o termo alfabetização por outro apenas,

é preciso considerar o que é alfabetizar sujeitos leitores e produtores de textos

nas séries iniciais.

Falar de alfabetização é falar de vida, de conhecimento, de linguagem. A linguagem é fundamental para penetrar qualquer área do conhecimento, que se elabora nela e por meio dela. A matemática, a química, a física e a biologia não são feitas apenas de números e fórmulas, precisam de linguagem verbal para se organizar e se estabelecer como ciência (PACHECO, 1997, p. 30).

Por isso é tão importante falar de alfabetização, pois é por esse

processo que a criança passa a aprender a ler e escrever, passa a adquirir

conhecimento que atravessa as outras áreas, sendo assim, muito se fala, falou,

estuda, estudou e ainda vai se falar e estudar mais.

De acordo com a pesquisa teórica existem muitas pesquisas com o

tema alfabetização, mas ainda sim hoje existem muitas dificuldades perante a

como trabalhar com alfabetização, pois é nesse momento que se constroem a

base da leitura e da escrita.

Estudos comprovam que a grande parte da população brasileira não

consegue dominar o uso da língua escrita. É por isso que cada vez mais deve-

se discutir sobre a alfabetização, pois o problema deve começar a ser

combatido em sua base.

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E toda a história da alfabetização, por quase 120 anos, o método

sintético vigorou e junto com ele veio as cartilhas e uma prática que enfatizava

a ortografia e o desenho das letras. Com o passar do tempo muitas

contribuições teóricas tanto no campo pedagógico, tanto no psicológico, foram

transformando esse método, que aparentemente foi alterado, mas no fundo

continua presente muito forte, com a base na soletração, repetição e

memorização.

2.1. Construtivismo e Tradicional: Qual o Método a Usar?

Só que em 1980, com a divulgação dos métodos construtivistas

(Piaget) e interacionista (Vygotsky) passam a questionar qual a necessidade

desse método e de cartilhas para alfabetizar. Essa crítica se perde novamente

nas cartilhas e o método sintético fazem algumas adaptações, mas mantendo

sua base.

Hoje em dia, esse método ainda se faz presente e tem sua força,

mas as contribuições de Vygotsky e Piaget ganham cada dia mais força e

algumas práticas já estão se utilizando desse novo método. Com isso vem a

tona de qual método deve-ser ser usado para alfabetizar.

Pacheco (1997) afirma que:

Várias eram as vozes que se entrecruzavam nesse debate. Algumas defendiam a necessidade de adotar métodos modernos, pois o mundo vem se transformando vertiginosamente, e nada mais urgente que colocar a criança, na escola, em contato com esse mundo circundante, outras vozes não discordavam da necessidade de renovação nos métodos de ensino, mas se colocavam receosas quanto a uma possível perda de rumo caso houvesse um abandono total de formas consagradas pela tradição. Havia ainda aquelas que declaravam que o mais importante era a utilização de métodos que fossem do domínio do professor, que permitissem um trabalho seguro, bem definido e que fossem adequados a sua turma (PACHECO, 1997, p. 18).

O construtivismo realizou uma verdadeira revolução no que se refere

ao ensino da leitura e escrita. Nos anos 80, Emília Ferreiro e Ana Teberosky,

seguidoras de Piaget, iniciaram estudos que trouxeram novas luzes ao

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problema da alfabetização, levantando a questão de qual o melhor caminho

para alfabetizar. E por isso, será analisado aqui como o método tradicional e o

construtivista podem ajudar na alfabetização.

A alfabetização tradicional, hoje existente, tem sua base na

soletração de sílabas, utiliza-se também das famosas cartilhas e cadernos de

caligrafia com o objetivo de que as crianças escrevam com movimentos

corretos e tenham uma boa caligrafia. Mas antes de se enfatizar as sílabas, se

propõe uma contextualização com uma palavra ou frase, para depois

enfatizarem a soletração de sílabas. Isso é feito como intuito de que a criança

aprendendo a falar pequenos pedaços de forma corretamente ela irá escrever

mais facilmente e corretamente, e sua leitura seria correta. A leitura é muito

cobrada e trabalhada todos os dias, leituras ligadas sempre com o fonema ou

letra que está sendo trabalhada. Essa prática não pode ser totalmente

descartada, pois foi com esse método que as pessoas foram alfabetizadas e

que muitos outros estão sendo alfabetizados, mas fica a questão: será que as

pessoas foram alfabetizadas apesar do método ou a partir dele?

Já uma concepção construtivista, baseada nas teorias de Piaget e

Emilia Ferreiro, valoriza as ações das crianças, considerando-as construtoras

de seu conhecimento e não somente receptora. E quanto leva em

consideração os conhecimentos prévios e os contextos sociais da criança,

permitem a significação do aprendizado.

Baseando-se nisso é que muitos alfabetizadores da linha do

construtivismo partem do nome da criança ou de textos significativos para a

criança, para iniciar o ensino da leitura e da escrita. Nessas salas de aula

evidencia-se cartazes com produções coletivas, valorizando-se não somente a

forma, mas o conteúdo.

Com isso há presente neste método as contribuições de Vygotsky

que valoriza a interação entre o sujeito e o objeto de estudo. Nessa prática de

interação o professor e a linguagem são os mediadores do processo.

Segundo Gradolí (1998):

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Essa interação entre os alunos juntamente com as mediações entre eles e da professora é um grande instrumento no processo de aprendizagem. Segundo Vygotsky, existem dois níveis evolutivos: um nível real que indica aquilo que o indivíduo é capaz de fazer sozinho e um nível potencial abrangendo tudo aquilo que o sujeito realiza ajudado ou mediado por outro. A partir desses dois conceitos,Vygotsky define o que chama de “Zona de Desenvolvimento Proximal” (ZDP), que vem a ser a distância entre esses dois novéis de evolução da criança. Em tese, a ZDP é o potencial para uma aprendizagem posterior (GRADOLÍ, 1998 apud CARMO, CHAVES, 2001, p. 10).

2.2. Analisando as Duas Metodologias: Quais as Contribuições

das Suas Propostas?

Analisando as duas metodologias, o construtivismo é o melhor

método para alfabetizar por levar em consideração a concepção da criança e o

que é significativo para ela, mas o método tradicional trabalha aspectos de uma

boa grafia e leitura que no futuro para a criança é de extrema importância, que

olhando por esse lado pode ser também o melhor método.

Através da pesquisa é possível perceber que há diversos métodos

para se alfabetizar e que todos de alguma forma contribuem e contribuíram na

leitura e escrita de muitos cada um com suas características, é preciso que se

trabalhe e consiga aproveitar o que os métodos oferecem de melhor para a

prática dos alfabetizadores, mas que esses, antes de tudo, acreditem no que

estão fazendo.

2.2.1. Quais as contribuições das propostas construtivistas,

sócio-interacionistas e tradicionais na alfabetização?

A alfabetização não é um processo isolado de cada indivíduo, pelo

contrário, é um momento de interlocução, onde estão presentes muitas vozes.

Um galo sozinho não tece uma manhã: Ele precisará sempre de outros falos. De um que apanhe esse grito que ele E o lance a outro; e de outros galos Que com muitos outros galos se cruzem Os fios de sol de seus gritos de falo, Para que a manhã, desde um teia tênue, Se vá tecendo, entre todos os galos...” (Castro Alves).

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Se a alfabetização é um processo de interlocução de muitas vozes e

diferentes experiências, não se pode pensar nas diferentes metodologias para

alfabetizar, tratando cada uma separadamente, mas sim tratando como elas

foram se entrelaçando e contribuindo para a prática da alfabetização ao longo

do tempo.

Durante muitos anos vigorou não só na alfabetização, mas em toda

educação, a metodologia tradicional, que baseava a alfabetização apenas nas

soletrações de letras, sílabas, palavras e na cópia de frases soltas e sem

sentido para a criança. E também é marcada pelas famosas cartilhas que ainda

hoje se faz presente em muitas práticas.

Mas com o avanço das pesquisas na área da psicologia,

principalmente os estudos de Piaget e Vygotsky, hoje em dia esse método vem

sendo duramente criticado, isso acontece porque este método não se preocupa

em ensinar a função da escrita. Segundo Smolka (2003) esta é a última

preocupação dos que utilizam este método:

Mas ler com sentido é a última etapa que a escola espera da criança no processo de alfabetização. A escola não trabalha o ser, o constituir-se leitor e escritor. Espera que as crianças se tornem leitoras e escritoras como resultado de seu ensino. No entanto, a própria prática escolar é a negação da leitura e escritura como prática dialógica, discursiva, significativa (SMOLKA, 2003, p. 93).

Claro que é importante trabalhar com o método fônico e com a cópia

de textos e palavras, desde que isso tenha um sentido para a criança. Existem

duas técnicas utilizadas neste método, a cartilha e o ditado que são duramente

criticados, por serem utilizados apenas como mera técnica sem nenhuma

função social para a criança.

A questão que fica faltando a esse método é que ele não aplica

essas técnicas como forma de construção da escrita e função social para a

criança. Conforme Smolka (2003) demonstrou:

Nessa situação de redução e restrição da escrita, o que as crianças aprendem é muito claro, segundo depoimento de várias delas: - Para que você vem a escola?

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- Para aprender a ler e a escrever. - Mas para que você vai aprender a ler e a escrever? - Pra tirar nota boa. - Pra não ficar burro. - Pra passar de ano. - Pra não precisar pegar no serviço pesado quando crescer. Ou seja, a escrita, sem função explícita na escola, perde o sentido, não suscita, e até faz desaparecer o desejo de ler e de escrever. A escrita, na escola, não serve para coisa alguma a não ser a ela mesma. Evidencia-se uma redundância: alfabetizar para ensinar a ler e a escrever (SMOLKA, 2003, p. 38).

Smolka (2003), a partir destas observações de Ferreiro, Teberosky e

Palácio, baseando-se na teoria de Piaget, eles vêm para contribuir na melhoria

da alfabetização, defendendo que os métodos tradicionais, que tem sua base

analisada pela concepção de um adulto, não faz sentido para as crianças. Era

preciso então considerar a alfabetização a partir da concepção de uma criança,

considerando-a como um sujeito ativo, conhecedor e capaz de construir seus

próprios conhecimentos.

2.3. Classificação das Crianças em: Pré-silábicas, Silábicas,

Silábico-Alfabéticas e Alfabéticas

Apesar de considerarem o sujeito ativo e construtor de seu próprio

conhecimento, é preciso arar e analisar que eles constroem conhecimentos e

não a linguagem. Eles acreditam que para chegar a linguagem, é preciso

passar por estágios cognitivos, que vão sendo superados.

Assim eles tratam a pesquisa no aspecto cognitivo e assim definem

o processo de alfabetização côo etapas que devem ser seguidas. Classificando

as crianças em: pré-silábicas, silábicas, silábico-alfabéticas e alfabéticas.

Sendo assim não consideram as relações existentes nas salas de aula.

Assim como elas mesmas afirmam, o trabalho se caracteriza como uma pesquisa no âmbito da psicologia cognitiva. Mas o trabalho em sala de aula, portanto, o aspecto pedagógico da questão, nos indica a necessidade de se considerar, além disso, as funções da escrita socialmente mediada e constituída, e constitutiva do conhecimento no jogo das representações sociais (SMOLKA, 2003, p. 53).

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E essa classificação não tem por traz dela um porque, para que e

para quem, se faz essa escrita, e, muito menos está presente uma concepção

do ponto de vista das crianças. Ou seja, em suas pesquisas Ferreiro,

Teberosky e Palácio se contradizem e caem no mesmo problema do método

tradicional.

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CAPÍTULO III

A ESCRITA

Através da concepção de Vygotsky, e a sua concepção sócio-

interacionista, é que pode-se considerar a escrita como um processo de

transformação. Segundo Smolka (2003),

A linguagem é uma atividade criadora e constitutiva de conhecimento e,por isso mesmo, transformadora. Nesse sentido, a aquisição e o domínio da escrita como forma de linguagem acarretam uma crítica mudança em todo o desenvolvimento cultural da criança (SMOLKA, 2003, p. 57).

Vygotsky não só considera o ponto de vista da criança, mas

considera também o adulto como regulador no processo de construção da

escrita e este adulto que vai mediar nesta relação com a criança.

Ele considera que na alfabetização não basta considerar o processo

individual da criança, mas é preciso também levar em consideração a interação

com o outro, as contribuições do meio é aquela que a criança traz consigo

mesma (Smolka, 2003).

Como foi visto, o sócio-interacionismo não descarta o ditado, a cópia

e a soletração, o que ele propõe é uma resignificação destes métodos, é

preciso que tudo isso tenha um significado para a criança. E também não

descarta as pesquisas de Ferreiro, Teberosky e Palácio, seus estudos foram

importantes para o desenvolvimento dos métodos para a alfabetização.

Estas colocações abriram caminho para considerar a concepção de

alfabetização do ponto de vista da criança, mas elas não constroem seus

conhecimentos individualmente. A criança faz essa construção através de sua

interação e mediação com o outro. Portanto, ler e escrever precisa ter um

significado para a criança. E não simplesmente ler e escrever porque se

precisa aprender, porque a sociedade exige que as pessoas sejam letradas.

Segundo Smolka (2003),

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Contudo, “acreditar” que a alfabetização seja possível e viável – como trabalho e co-autoria na História – não leva, efetivamente, à sua realização. É preciso na prática, conhecer e conceber formas de alfabetização condizentes com o momento histórico em que vivemos para operar transformações. A crença, a fé, a esperança na mudança, sugerem ainda a magia, o mito, o dogma, o milagre. Mas o conhecimento e a concepção implicam, na práxis, a gênese, a geração do novo... (SMOLKA, 2003, p. 113).

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CONCLUSÃO

O que foi visto aqui é que um método não nasce exatamente para

criticar o outro, mas para contribuir na melhoria da educação. As pessoas é

que pensam que um método é diferente do outro, pelo contrário, eles estão

interligados e o que acontece é que, com o avanço das pesquisas, aquilo que

não contribui fica de lado, e se aproveita na nova pesquisa o que é bom, para

contribuir na prática dos alfabetizadores.

É possível ainda trabalhar práticas tradicionais paralelamente com

as práticas construtivistas e sócio interacionistas, sendo que, para isso, tem

que haver uma resignificação da tradição, ou seja, buscar novas possibilidades,

para se trabalhar com o tradicional.

Esta pesquisa se justifica a partir que, está sendo proposto uma

reflexão de como as diferentes teorias tradicionais, sócio-interacionista e

construtivista podem contribuir na alfabetização e como ao longo dos anos elas

foram se entrelaçando e contribuindo uma para com as outras.

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BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. 2ª Ed., Rio de Janeiro:

Cortez, 1994.

CARDOSO, Beatriz; EDNIR, Madza. Ler e Escrever, muito prazer. 11ª Ed., São

Paulo: Ática, 2002.

CARMO, Elisabete do; CHAVES, Maria Eneida. Análise das Concepções de

Aprendizagem de uma Alfabetizadora bem-sucedida. Caderno Ceres. São

Paulo, nº114, pp. 121-136, nov/2001.

MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Cartilha de Alfabetização e Cultura

Escolar: Um Pacto Secular. Caderno Ceres. Campinas, v. 20, nº52, pp. 1-13,

nov/2000.

PACHECO, Patrícia. Alfabetização, Linguagem e Literatura. Dissertação

(Mestrado em Educação). Rio de Janeiro: PUC, 106f, 2003.

SMOLKA, Ana Luisa Bustamante. A Criança na Fase Inicial da Escrita: A

Alfabetização como Processo Discursivo. 11ª Ed., Campinas: UNICAMP, 2003.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I Os Diferentes Métodos 09 1.1. Métodos Global e Sintético-Analítico 09 1.2. Método Ideovisual 10 CAPÍTULO II Alfabetização 11 2.1. Construtivismo e Tradicional: Qual o Método a Usar? 12 2.2. Analisando as Duas Metodologias: Quais as Contribuições das suas

Propostas? 14 2.2.1. Quais as contribuições das propostas construtivistas, sócio-

interacionistas e tradicionais na alfabetização? 14 2.3. Classificação das Crianças em: Pré-Silábicas, Silábicas, Silábico-

Alfabéticas e Alfabéticas 16 CAPÍTULO III A Escrita 18 CONCLUSÃO 20 BIBLIOGRAFIA 21