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Fernando Matheus Duarte Casarotti - RA: 11024262
1º C (sala 219) - Matutino
Capítulo 9: A vida política
PARADOXOS DA POLÍTICA
OS VÁRIOS USOS E SENTIDOS DA PALAVRA POLÍTICA
A princípio, a palavra “política” tem três significados: atividade específica
realizada por políticos profissionais; ações coletivas de reivindicação realizadas
por membros da sociedade, dirigidas aos governos ou ao Estado em si;
maneiras pela quais instituições, como hospitais e escolas, se regram,
organizam e se estruturam.
Afinal, o que é política?
Generalizadamente, política é toda modalidade de direção de grupos
sociais que envolva poder, administração e organização, tanto no plano público
quanto no privado.
Há, também, um uso não tão generalizado desta palavra, quando se dá
a ela três significados inter-relacionados numa relação por vez paradoxal e por
ver causal: o significado de governo, ou seja, diz respeito a projetos que este,
compondo o Estado, faz para a sociedade em um todo, sendo algo próximo,
em benefício desta, bem como ações da coletividade; atividade realizada por
especialistas e profissionais, algo distante da sociedade em si, já que os
primeiros são responsáveis por ela; e, mais corrente para o senso comum
social, a visão pejorativa desta palavra, segundo a qual é caracterizada como
um poder distante desta e exercido por pessoas diferentes delas, com conduta
duvidosa e interesses particulares, ao invés de coletivos. Há também a idéia de
esta ser um “mal necessário”, sobre o qual precisa haver confiança.
A relação paradoxal se estabelece, agora, entre a primeira e a terceira
definições – algo geral, benéfico à sociedade, e algo restrito a poucos e
perverso a esta -, havendo a relação causal entre a segunda e a terceira, já
que a segunda reduz o exercício da política à ação de especialistas e
profissionais.
ALGUNS EFEITOS DOS PARADOXOS
Esse paradoxo nos faz aceitar como verdadeiras atitudes e afirmações
absurdas, como em 1993, durante o julgamento de um pedido de Collor, pelo
STF, em que o sentido “tomado” de “política” foi o pejorativo e, erroneamente,
falou-se que o julgamento, não sendo política, havia sido legal (onde a maioria
é, por lei, protegida da política) – o que é impossível, já que política e
legalidade se complementam. Além disso, em várias ocasiões greves foram
“acusadas” de serem políticas, dando sentido pejorativo a estas, acusando-as,
pelo senso comum – criticando apenas em aparência a greve, uma vez que a
crítica, nestes casos, é, na realidade, voltada à política.
A visão generalizada da política faz com que sintamos esta como algo
perverso, que pretende nos prejudicar.
PARADOXOS DA IMAGEM MALÉFICA DA POLÍTICA
A mídia e a linguagem na qual as leis estão redigidas são exemplo do
por que existir essa visão pejorativa da política, visão esta contrária à original.
A política foi criada para que a sociedade, em seu todo, pudesse discutir suas
diferenças e conflitos e regula-los, resolve-los, através de um consenso.
Outro paradoxo reside no fato de que, mesmo as pessoas que se
“excluem” de atividades políticas, estarem fazendo política, mesmo de forma
passiva, uma vez que tomam um posicionamento: o de manterem-se afastados
desta mesmo que de forma passiva. Além disso, há também a única forma de
opor-se, concretamente, à política atual: “lutando” contra ela.
O VOCÁBULARIO DA POLÍTICA
Segundo Moses Finley, a política – o poder e a autoridade políticos,
não e o poder e a autoridade em si – foi inventada por gregos e romanos, o que
pode ser comprovado pelo vocabulário usado nessa área, que inclui palavras
equivalentes romanas e gregas (por exemplo, pólis e civitas – o que
chamamos, hoje, de Estado; ta politika e res publica – hoje, práticas políticas,
como reconhecimento de direitos e obrigações dos membros da comunidade e
decisões que concernem ao erário ou fundo público).
O PODER DESPÓTICO
Anteriormente aos gregos e romanos, nos territórios em que estes
viviam e se estabeleceram, havia o predomínio do poder despótico/patriarcal,
no qual o poder do patriarca era despótico, total, corporificado – seu corpo
representava as características do poder e a hierarquia da sociedade -, mágico
– seu poder possuía força sobrenatural, por ser de origem divina, sendo ele o
responsável por acabar com guerras e pestes, por exemplo -, transcedental – o
dirigente ocupava um lugar transcedente na sociedade, era acima desta, por
isso via, sabia e podia tudo – e hereditário.
Apesar de, com o crescimento demográfico e vários outros fatores, o rei
ter de conceder a delegação de algumas terras a alguns representantes, o
poder continuou, totalmente, em suas mãos, tanto que as propriedades de
terras eram, ou de produção exclusiva deste, responsável por mantê-las, ou
coletivas das aldeias/comunal do chefe destas, que, porém, tinham de pagar
tributos e submeter-se à autoridade régia.
A INVENÇÃO DA POLÍTICA
O SURGIMENTO DA CIDADE
Pouco tempo após o surgimento de Grécia e Roma, o sistema despótico
de poder estava desfeito: a propriedade de terra tornara-se de famílias
independentes, houve o fenômeno da urbanização e da divisão territorial,
coisas que, juntamente a uma séries de fatores, como guerras externas,
resultaram na luta de classes, que teria, como solução principal, o surgimento
da política – oligarquia em Roma e democracia na Grécia -, através da qual
houve, inclusive, a divisão dos territórios destas nações em demos e tribus,
diminuindo a diferença entre as classes sociais.
O SIGNIFICADO DA INVENÇÃO DA POLÍTICA
Na política, a solução através da violência significa o fracasso.
Quando os historiadores gregos e romanos dizem que, após
sucumbirem a domínios, estas nações estariam sugeridas a uma decadência
da política, tinham razão, pois visualizavam a volta do despotismo.
É importante não pensar que a sociedades romana e grega tinha valores
igual os atuais, já que diferiam em muito destes, inclusive no que diz respeito à
quem eram os cidadãos.
A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO
Há três respostas sociais ao poder: a despótica, em que o poder é
concentrado e existe, consequentemente, um chefe que é “senhor de tudo” e
transforma sua vontade em lei; a política, onde o poder é exercido por uma
parte da sociedade, por meio de práticas e instituições públicas fundadas na lei
e no direito como expressão da vontade coletiva.; e ainda um terceiro caminho,
adotado pelas sociedades pré-colombianas, que são contra o mercado e
contra o Estado, e não desconhecedora destes, como afirma o etnocentrismo
europeu.