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9 de Maio de 20099 de Maio de 2009 - numismatas.com Numismatas Santarem... · – Intervenção do Dr. José Miguel Noras ... Em 1562, por ordem de el-rei D. Sebastião, gravou com

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:: Fórum dos Numismatas ::

Pecunia Totum Circumit Orbem

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Mensagem de Boas VindasMensagem de Boas VindasMensagem de Boas VindasMensagem de Boas Vindas

Caros Amigos

Cabe a mim, em nome de toda administração do Fórum dos Numismatas desejar as boas vindas e agradecer a vossa presença neste 1º Aniversário do nosso Fórum, nomeadamente a todos os convidados que fazem parte da Comissão de Honra, que tiveram a

amabilidade de aceder ao nosso convite, a representação da Câmara Municipal de Santarém, a representação da ANP (Associação Numismática de Portugal), a representação da Sociedade

Numismática Scalabitana, a todos os membros do Fórum e seus convidados e, com um abraço especial, ao nosso caríssimo amigo António Esteves que, sem a dedicação dele, este evento não seria

possível com tal grandeza.

Hoje, aqui nesta linda e histórica cidade de Santarém, é a numismática que nos reúne, a ciência que tem por objectivo o estudo

das moedas pelo aspecto histórico, artístico e económico mas também é a nossa amizade e o gosto por essa ciência, a causa da existência, no mundo cibernauta, do nosso Fórum dos Numismatas.

A todos, o meu muito obrigado por tudo,

Avelino Nascimento

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SantarémSantarémSantarémSantarém

Santarém, antiga Scalabis, foi conquistada em 1147, por D. Afonso Henriques. Num golpe audacioso, perpetrado durante a noite, a cidade caiu na posse de

um escasso exército reunido pelo Rei de Portugal.

Esta cidade muito antiga terá sido contactada por Fenícios, Gregos e Cartagineses. A fundação da cidade de Santarém reporta à mitologia greco-romana e cristã, reconhecendo-se nos nomes de Habis e de Irene, as suas origens míticas. Os primeiros vestígios documentados da ocupação humana

remontam ao século VIII a.C..

A população do povoado teria colaborado com os colonizadores romanos, quando estes aportaram à cidade em 138 a.C. e a designaram como Scalabis. Durante este período tornou-se no principal entreposto comercial do médio

Tejo e num dos mais importantes centros administrativos da província Lusitânia. Dos romanos recebeu o nome de Scalabi Castro.

Com as invasões dos Alanos e dos Vândalos passou a ser designada por Santa

Irene.

Passou para a posse dos mouros em 715, vindo a ser conquistada pelo conde D. Henrique, para de novo voltar à posse dos mouros, em 1110, até que D.

Afonso Henriques a conquista definitivamente em 1147.

A cidade foi palco de inúmeras Cortes.

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ProgramaProgramaProgramaPrograma

10:45

- Inicio do Check In dos participantes. - Entrega do Kit Forista

11:00

– Inicio dos Workshops Numismáticos (Exposição e/ou Permutas Numismáticas) Exposição do acervo numismático da Câmara Municipal de Santarém

12:45

– Welcome Drink - Porto de Honra (O Porto de Honra é gentilmente oferecido pelo amigo e produtor, Vitor Nascimento)

13:00

– Breve intervenção de boas vindas pelo Administrador do Fórum e pelo Vereador da Câmara Municipal, Major António Valente

13:05

– Inicio do Almoço

15:00 - Divulgação do Forista do Ano 2008-2009 e entrega do Troféu

(entregue pelo Presidente da ANP - Coronel Amaro Rodrigues Garcia) - Breve alocução do premiado

- Intervenção do Presidente da ANP

15:20 - Intervenção do Prof. Dr. Joaquim Veríssimo Serrão

Professor Catedrático e Historiador Presidente da Academia Portuguesa de História entre 1975 e 2006

15:40

– Intervenção do Dr. José Miguel Noras Exmº Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade Numismática Scalabitana

16:00

– Apresentação e entrega da Medalha do evento

16:45 - Sorteios Numismáticos, com aliciantes prémios para todos os membros presentes.

17:30

- Corte do bolo e brinde de Aniversário.

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Comissão de HonraComissão de HonraComissão de HonraComissão de Honra

Major Major Major Major António ValenteAntónio ValenteAntónio ValenteAntónio Valente Exmº Sr. Vereador da Câmara Municipal de Santarém

em representação do Dr. Francisco Moita Flores

Coronel Amaro Coronel Amaro Coronel Amaro Coronel Amaro Rodrigues Rodrigues Rodrigues Rodrigues GarciaGarciaGarciaGarcia Exmº Presidente da Associação Numismática de Portugal

Prof.Prof.Prof.Prof. Dr. Dr. Dr. Dr. Joaquim Veríssimo Serrão Joaquim Veríssimo Serrão Joaquim Veríssimo Serrão Joaquim Veríssimo Serrão Professor Catedrático e Historiador

Presidente da Academia Portuguesa de História entre 1975 e 2006

Comandante Pedro DiasComandante Pedro DiasComandante Pedro DiasComandante Pedro Dias Exmº Vice-Presidente da Associação Numismática de Portugal

Dr. José Miguel NorasDr. José Miguel NorasDr. José Miguel NorasDr. José Miguel Noras Exmº Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade Numismática Scalabitana

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E passouE passouE passouE passou----se um ano…se um ano…se um ano…se um ano…

Foi no dia 30 de Abril de 2008, que o Fórum dos Numismatas nasceu.

Fórum dos Numismatas, não, durante cerca de 5 meses ainda alojados numa plataforma gratuita (numaria.freeforuns.org), e chamados de Numismáticos, enfrentamos as circunstâncias de quem se quer afirmar e construir o seu

espaço.

No primeiro mês, atingimos o número mágico de 100 registos, objectivo que embora desejado, julgávamos inatingível. Algumas das nossas primeiras e pioneiras iniciativas, ajudaram a mexer o meio que à muito se encontrava

estagnado, como foram, entre outras, a secção de Bibliografia Numismática, os Vídeos de Numismática, os Concursos e os Catálogos On-Line.

Junho foi o mês do início do concurso “Quem Quer Ser Numismata”, uma autêntica revolução nestas andanças, durante cerca de 6 meses apaixonou

sobremaneira os nossos membros.

Setembro foi o mês da independência, graças ao apoio dos nossos membros foi possível adquirir a nossa liberdade, e com o apoio do amigo Luís Norte,

passamos a ser os Numismatas, ou melhor, o Fórum dos Numismatas, alojados numa plataforma segura.

Nesta nova base, rapidamente lançamos novos recursos ao serviço dos nossos membros, como foram o Álbum Fotográfico, o Site de Leilões, a Newsletter e

o Chat dos Numismatas, Chat que se tem revelado um enorme sucesso, ajudando a fortalecer cada vez mais os laços de amizade que nos unem.

O ano de 2008, termina numa discreta votação para as melhores moedas do

ano de 2008, que se viria a tornar-se num tremendo sucesso que iria ultrapassar todas as barreiras e colocar o Fórum dos Numismatas, na Money World Fair em Berlim, entregando os respectivos prémios aos vencedores, numa iniciativa sem precedentes protagonizada pelo amigo Paulo Abreu.

Esta iniciativa viria a colocar-nos como referência na Newsletter da INCM.

Entrados em 2009, as iniciativas desdobram-se, os vários encontros e eventos organizados, por vezes de forma espontânea, quer no Hotel Roma, na Ribeira,

no Algarve, no Porto ou em Chaves, tornam-se os mais concorridos e apreciados pelos nossos membros, demonstrando a forte dinâmica, empenho e

organização da nossa equipa administrativa.

A 2ª edição do Quem Quer Ser Numismata, começou em Fevereiro e ainda decorre.

E hoje estamos aqui, bem vindosE hoje estamos aqui, bem vindosE hoje estamos aqui, bem vindosE hoje estamos aqui, bem vindos

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QuQuQuQuem Quer Ser Numismataem Quer Ser Numismataem Quer Ser Numismataem Quer Ser Numismata

O concurso Quem Quer Ser Numismata, foi uma das primeira apostas ganhas pelo Fórum dos Numismatas, que neste momento já vai na sua 2ª edição

repetindo, ou melhor, ultrapassando o êxito obtido na 1ª edição.

Recordando um pouco a grande final da 1ª edição, entre os membros Augusto Rocha, Pizarro e António Mota, a pergunta foi:

Apareceu muito recentemente o 3º exemplar (que se conhece). Dois desses

exemplares foram encontrados nos restos do naufragado navio "Dodington". A

que moedas nos referimos?

A Resposta à pergunta efectuada é: Peça de 1752 - D. José

"Pouco passava da meia-noite do dia 17 de Julho de 1755 quando o «Dodington», um navio inglês que se dirigia para a Índia, embateu nos

rochedos situados numa ilha ao largo da África do Sul. Em 20 minutos o navio afundou-se, tendo sobrevivido apenas 23 das 270 pessoas que seguiam a bordo. Os sobreviventes viveram sete meses na ilha, hoje conhecida como

Bird Island. Durante esse tempo conseguiram construir um barco que os levou a Moçambique.

A história trágica do «Dodington», propriedade de George Dodington,

fundador do Banco de Inglaterra, seria igual a tantas outras que se passaram nas águas do Atlântico, especialmente junto ao Cabo da Boa Esperança, se

não existisse um senhor chamado Robert Clive.

O navio transportava, entre outros tesouros, 1 200 moedas de ouro portuguesas e brasileiras, que se destinavam a financiar os investimentos na Índia – Clive foi um dos obreiros do Império Britânico naquelas paragens.

Numa notícia de 28 de Agosto de 2000 do jornal The Independent, de Londres. O texto fala num leilão polémico da Spink onde seriam levadas à praça as

moedas do «Dodington», localizadas no final do século XX por dois mergulhadores. Polémico porque a África do Sul defendia que as moedas eram

um património seu e deveriam ser devolvidas.

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A África do Sul recebeu 405 moedas portuguesas do «Dodington», que foram expostas num museu em Port Elizabeth.

Dois dos três exemplares hoje conhecidos da Peça 1752 de D. José I estavam a

bordo do navio. Um deles viria a ser vendido no leilão 71 da Numisma, realizado em Junho de 2007.

No seu primeiro leilão de 2008, a Numisma apresentou o terceiro exemplar conhecido até hoje da Peça de 1752. Julgava-se que existiriam apenas duas

destas moedas em todo o mundo mas há pelo menos mais uma que não esteve mais de 250 anos no fundo do mar, encontrando-se em excelente estado de

conservação.

Os grandes numismatas como Lopes Fernandes, Teixeira de Aragão, Batalha Reis (1958) e Ferraro Vaz desconheciam a existência desta moeda. Ferraro

Vaz, no seu livro Catálogo das Moedas Portuguesas 1640-1948, não referenciava a data de 1752. Porém no livro das Moedas de Portugal, dois

volumes, 1969, já confirma esta data. Presume-se que este terceiro exemplar de D. José I é o mesmo que o numismata Ferraro Vaz terá visto alguns anos

antes de 1969."

Navio da Companhia das Índias

Robert Clive

Texto de: Hermínio Santos (Numisma)

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Tópicos que ficam na memóriaTópicos que ficam na memóriaTópicos que ficam na memóriaTópicos que ficam na memória

500 Reais "O Engenhoso"

A moeda de ouro, do reinado de D. Sebastião, chamada “Engenhoso”, é a primeira tentativa, das muitas que se fizeram, para acudir ao cerceio das espécies de ouro e de prata que

estavam em circulação. O cerceio consiste no corte da orla das moedas, para lhes retirar, por fraude, uma parte do seu metal precioso, era muito antigo, mesmo anterior à monarquia portuguesa, e aparecia

quando o fabrico não era perfeito, com exemplares mal centrados. Logo nos primeiros anos da regência, sendo D. Sebastião ainda menor de idade, o conselho procurou atenuar o cerceio na moeda de ouro, acabando com a emissão das espécies São

Vicente, em 1559, e meio São Vicente, no ano seguinte.

São Vicente

Em 1562 foi proposto o fabrico de uma moeda de 500 Reais, de menor diâmetro, com a orla mais elaborada e de forma a não haver desvio dos cunhos, facilitando assim a verificação

visual de algum corte, que logo invalidava a sua circulação. Esta moeda “Engenhoso” passou então a ser fabricada, até 1566, desconhecendo-se com a data de 1564, que será, presumivelmente, a dos exemplares que aparecem não datados.

Todas estas moedas são hoje bastante raras. Não existem diferenças muito significativas no número dos exemplares que têm aparecido, quer datados quer não datados, que são fruto do acaso. Admite-se ter havido um fabrico igual ao longo de cada ano, para substituição da

moeda anterior, afectada por cerceio. De salientar que "O Engenhoso" é uma moeda fundida. As moedas fundidas têm a superfície com aspecto poroso, o contorno dos desenhos e letras mais redondo e menos vincado que as

obtidas por cunhagem a martelo ou por máquina.

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Todavia, a morosidade e o correspondente dispêndio, tanto na abertura mais elaborada dos cunhos, como depois no fabrico mais cuidado, deverá ter mostrado, naqueles cinco anos, que este remédio não era compensador do metal perdido com o cerceio, pelo que se regressou ao

fabrico normal de uma única moeda de ouro de 500 reais, a mais vulgar do reinado.

500 Reais

O Gravador João Gonçalves

João Gonçalves, o Engenhoso, nasceu nos princípios do século XVI e conquistou em letras um dos primeiros lugares entre os cultores delas. É um dos filhos mais gloriosos de Guimarães

como assombro dos matemáticos da sua época, pelos seus inventos de artefactos, sem nunca ter cultivado as ciências.

Em 1562, por ordem de el-rei D. Sebastião, gravou com raro primor uma moeda, à qual se deu o cognome, que ele tinha. Era de ouro e valia 500 réis. A este respeito diz o nosso ilustre

patrício nas suas REMISSIONES DOCTORUM, etc.:

«No ano de 1562, reinando El-Rei D. Sebastião, se bateram umas moedas de quinhentos réis, que chamaram do engenhoso, por inventar o engenho com que se lavrou esta moeda João Gonçalves, o engenhoso, natural da Vila de Guimarães, o qual ordenou o dito engenho de maneira, que as moedas saiam fundidas de peso, e com um círculo ao redor para se não poderem cercear, sem que se visse, e enxergasse. Foi um dos notáveis homens de engenho que houve no mundo; inventou e fez muitas coisas neste Reino de muita habilidade, e

espanto, por ser nascido e criado na dita Vila de Guimarães sem sair dela, salvo ao tempo que el-rei D. João III se quis servir dele».

500 Reais "Engenhoso"

Anverso

Escudo do reino coroado circundado por SEBASTIANVS.I.R.PORTVG Reverso

Cruz cantonada pela data 1566 e pela inscrição IN HOC SIGNO VICES iniciada por uma cruz de Aviz.

Referências Guimarães, Apontamentos para a sua História; Casa de Sarmento; 2.ª Edição, Guimarães, CMG/SMS, 1996, parte I, pp.

195/198. Leilões Numisma.

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500 Reais "São Vicente"

Esta moeda foi lavrada pela lei de 10 de Junho de 1555, consubstanciada nos termos do Alvará de 26 de Julho, do mesmo ano, o qual determinou que fossem feitas duas sortes de

moedas de ouro, com os seguintes valores nominais - um mil reis e quinhentos réis, respectivamente os valores dados aos “São Vicente” e meio “São Vicente”, cunhados em ouro de 21-1/8 quilates e destinados a circular no Brasil, mas teve circulação internacional, muito

apreciada.

O “São Vicente” somente foi lavrado no Reinado de Dom João III (1521 - 1557), e reproduzido no governo de Dom Sebastião (1557 - 1558), sendo que este mandou acabar com esse cunho

para que essa moeda não fosse mais fundida, embora mantivesse sua circulação. Após o domínio castelhano, D. João IV determinou o recolhimento de “São Vicente”, pelo Alvará de 26 de Julho de 1642, mandando pagar pelo “São Vicente”, mil trezentos e oitenta réis. Posteriormente, pela ordem de 14 de Janeiro de 1645, estipulou-lhe o preço de mil e

novecentos réis. Já recolhido, mas ainda encontrado em isolada circulação.

S. Vicente cunhado em Lisboa

S. Vicente cunhado no Porto

"A veneração dos reis de Portugal ao Santo Padroeiro da cidade de Lisboa, assume expressão numismática neste reinado, com a homenagem da sua figuração nestas moedas, cujo desenho

renascentista é da autoria de António e Francisco d'Holanda.

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De notar, em particular, o diferente posicionamento do início das legendas nas duas faces destas moedas: no anverso, í direita da coroa; no reverso, à esquerda do exergo.

Neste exemplar do Porto, o abridor dos cunhos não conseguiu interpretar a excelência do desenho, que aqui aparece muito caricato, comparado com os de Lisboa."

Por ocasião das comemorações dos 500 anos do Brasil, pela Prefeitura de São Vicente e do

Banco do Brasil, foi distribuindo aos seus correntistas um estojo com uma réplica em tamanho grande da moeda São Vicente.

Anverso

IOANES: III R: PORTVGA" (JOÃO III REI DE PORTUGAL), orlado por cercadura granulada, ao centro o escudo real coroado prolongando-se até a borda

superior, ladeado pelas letras P e O.

Reverso ZELATR : FID EI: VSQVEAD" (DEFENSOR DA FÉ, ATÉ A MORTE),

orlado por cercadura granulada.

Meio "São Vicente"

Da grande reforma da moeda de ouro e de prata ordenada a 10 de Junho de 1555 nascem moedas de 500 reais na linha dos anteriores cruzados, mas com 3,82 gramas de peso e 921,9

milésimas - e novos 1000 reais, duplo daquele. Conhecidas por São Vicentes, foram cunhadas em Lisboa (L) e no Porto (P) até 1560, sendo moedas muito apreciadas na circulação internacional, onde gozaram de grande prestígio até

ao final do século. Os diâmetros dessas moedas eram em torno de 18-19mm

Referências www.coinarchives.com

www.saovicentealternativa.kit.net Boletim do IHGSV

Moedas Portuguesas da Época dos Descobrimentos - 1385/1580 Noções de Numismática Volume III - Numismática Brasileira Brasil Colônia e foi realizado por Amauri Alves, Carlos Fabra,

Cecília Peralta e Leandro Rodrigues.

Carlos Pernas (Destrans)

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€URO REVELAÇÕES 2008 €URO REVELAÇÕES 2008 €URO REVELAÇÕES 2008 €URO REVELAÇÕES 2008 –––– Eleição do Fórum dos Numismatas Eleição do Fórum dos Numismatas Eleição do Fórum dos Numismatas Eleição do Fórum dos Numismatas

MELHOR MOEDA COMEMORATIVA EUROPEIA

ITÁLIA 2€ Moeda Comemorativa do 60º Anivº da Declaração dos Direitos Humanos

Entidade Emissora: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato / Itália

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU em 10 de dezembro de 1948 (A/RES/217). Esboçada principalmente por John Peters Humphrey, do Canadá, mas também com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo - Estados Unidos, França, China,

Líbano etc., delineia os direitos humanos básicos. Embora não seja um documento que representa obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU, de força legal, o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Continua a ser amplamente citado por acadêmicos, advogados e cortes

constitutionais. Especialistas em direito internacional discutem com freqüência quais de seus artigos representam o direito internacional usual.

A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios

Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Segundo o Guinness Book of World Records, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o

documento traduzido no maior número de línguas (337 em 2008).

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MELHOR SET OFICIAL EUROPEU

GRÉCIA- Set BNC "Novo Museu da Acrópole" Entidade Emissora: IETA, Printing Works of the Bank of Greece, / Grécia 9 Moedas- 1 ct a 2€ e uma moeda de 10€ Com. do "Novo Museu da Acrópole".

O Museu da Acrópole foi fundado por um decreto de 1863, emitido por Kyriakos Pittakis. A construção, um projeto de Panagis Kalkou, iniciou um ano mais tarde, sob o Eforado de Panayiotis Eustratiades no local sugerido por Pittakis e T. Hansen, sobre a Acrópole de

Atenas, onde antes existiu um santuário dedicado a Pandion. Nas escavações preparatórias já foram encontradas esculturas que hoje são expostas nas salas do museu.

O antigo prédio foi concluído em 1874, sendo o primeiro museu grego a ser instalado em um edifício construído especialmente para uso como museu. Tem externamente 800 m²,

distribuídos em oito salas de exposição, e foi concebido para permanecer pouco perceptível em meio ao conjunto arquitectónico da Acrópole, estando incrustado na rocha e adentrando

o subsolo. Os trabalhos de instalação do acervo se prolongaram até 1888, mas com os constantes novos achados arqueológicos no local, novas alas forma acrescentadas já em 1888,

e novamente após a I Guerra Mundial. Entre 1946 e 1947 foram executadas novas obras, o pequeno edifício inicial foi demolido e as alas mais modernas foram expandidas para o sul, com a criação das salas da Gigantomaquia e

da Alcova e novos depósitos. Todo o sistema de exposição foi reorganizado, sendo reinaugurado em dezembro de 1964. Em 1998 o museu foi outra vez remodelado,

adicionando-se duas novas unidades temáticas e reorganizando-se os itens expostos no prédio do Novo Museu da Acrópole.

Em junho de 2007 o museu foi fechado e sua coleção começou a ser transferida para novas instalações localizadas a cerca de 300 metros da Acrópole, devendo ser reaberto ao público em 2008. A nova sede possui cerca de 25 mil m² e foi projetada para resistir a terremotos. O custo da obra está orçado em 129 milhões de euros e foi necessária a demolição de diversas residências do local. As escavações para os alicerces revelaram vestígios de construções

pavimentadas de mosaicos, que serão mantidos in situ para visitação.

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MELHOR MOEDA COMEMORATIVA PORTUGUESA

2,5€ Moeda Comemorativa do Alto Douro Vinhateiro A Região Vinhateira do Alto Douro ou Alto Douro Vinhateiro é uma área do nordeste de Portugal com mais de 26 mil hectares, classificada pela UNESCO, em 14 de Dezembro de

2001, como Património da Humanidade, na categoria de paisagem cultural. Esta região, que é banhada pelo Rio Douro e faz parte do chamado Douro Vinhateiro, produz

vinho há mais de 2000 anos, entre os quais, o mundialmente célebre vinho do Porto. A longa tradição de viticultura produziu uma paisagem cultural de beleza excepcional que

reflecte a sua evolução tecnológica, social e económica. A área classificada engloba 13 concelhos: Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de

Penaguião, Vila Real, Alijó, Sabrosa, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa, e representa dez por cento

da Região Demarcada do Douro. in wikipédia

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O Centenário do “Lincoln Cent”

Abraham Lincoln (Hodgenville, 12 de Fevereiro de 1809 — Washington, DC, 15 de Abril de 1865) Advogado e político. Foi o décimo sexto presidente dos Estados Unidos da América, de

1861 a 1865, sendo o primeiro presidente eleito pelo Partido Republicano.

Lincoln nasceu exactamente no mesmo dia de Charles Darwin, e faleceu exactamente 17 anos e um dia antes dele. Décimo sexto presidente dos Estados Unidos, eleito em 4 de Março de 1861, foi reeleito em 1864, e governou até 1865, quando foi assassinado. Sua eleição para a presidência dos Estados Unidos, em 1860, provocou manifestações que levariam à Guerra de

Secessão. Soube preservar a unidade do país durante essa guerra civil.

Lincoln Wheat Cent

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Desafiando uma tradição que remonta a George Washington, foram feitos planos para homenagear o 100 º aniversário do nascimento de Abraham Lincoln com uma nova moeda de

“Cent” caracterizando um busto do amado presidente.

Assim, quando a ideia de emitir essa moeda, encontrou enorme resistência nos sectores mais tradicionalistas. Victor David Brenner, um lituano emigrante com enorme talento artístico e

uma enorme admiração por Abraham Lincoln, foi o autor.

O anverso é caracterizado pelo busto de Lincoln olhando para a direita, por cima a inscrição “IN GOD WE TRUST”, ladeado pela inscrição “LIBERTY” à esquerda, e pela data à direita. No

reverso, mostra dois ramos de trigo, um de cada lado, enquadrado pela inscrição “ONE CENT”, estão as inscrições “E PLURIBUS UNUM” em cima, e “UNITED STATES OF AMERICA” em

baixo.

A controvérsia logo desapareceu, a maioria americanos acharam o desenho apelativo. Um motivo de interesse logo despoletou quando as primeiras moedas, emitidas em Agosto de 1909, foram encontradas para conter a sigla VDB (iniciais do artista), em letras grandes na

base do anverso.

Mas foi rápida a sua remoção, que, por sua vez, resultou na criação de uma grande raridade, porque apenas 484.000 moedas foram cunhadas em San Francisco com essas iniciais, e os

1909-S VDB tornaram-se a mais cobiçada moeda da série. Também a moeda sem as iniciais de 1909-S se tornaram escassas já que foram apenas emitidas 1,8 milhões.

As iniciais VDB voltariam a ser restabelecidas em 1918, em letras muito pequenas, sobre o

ombro no busto de Lincoln.

Em 1943, devido à escassez do Cobre devido à 2ª Guerra Mundial, a Casa da Moeda alterou o metal para o Zinco com revestimento a Aço, mas a opção revelou-se insatisfatória, e então

em 1944 adoptou-se por uma nova liga de Cobre e Zinco, tendo esta sofrido ligeiras alterações, nas proporções usadas.

Especificações

Bronze (1909–1942) • Composição: 950 Cobre - 50 Estanho e Zinco

• Diametro: 19 mm • Peso: 3.11 g. • Bordo: Liso

Zinco revestido a Aço (1943)

• Composição: 100% Zinco revestido a Aço • Diametro: 19 mm • Peso: 2.70 g. • Bordo: Liso

Cobre-Zinco (1944–1958)

• Composição: 950 Cobre - 50 Zinco • Diametro: 19 mm • Peso: 3.11 g. • Bordo: Liso

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Lincoln Memorial Cent

Passados exactamente 50 anos, e a marcar o 150º Aniversário do Nascimento de Abraham Lincoln, um novo reverso é dado à moeda. Frank Gasparro é o autor da nova imagem, alusiva

ao monumento Lincoln Memorial, que permanece até à presente data.

Especificações

Cobre-Zinco (1959–1982) • Composição: 950 Cobre - 50 Zinco

• Diametro: 19 mm • Peso: 3.11 g. • Bordo: Liso

Zinco revestido a Cobre (1982–2008) • Composição: 992 Zinco - 8 Cobre

• Diametro: 19 mm • Peso: 2.50 g. • Bordo: Liso

Novo Design

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A Casa da Moeda dos Estados Unidos apresentou em Setembro de 2008, quatro novos modelos

da moeda de um centavo de dólar, popularmente conhecida como "penny", que serão cunhadas para homenagear o bicentenário de Abraham Lincoln, em 2009.

As moedas foram apresentadas em Washington em frente ao monumento dedicado ao 16º

presidente dos Estados Unidos, no National Mall.

Abraham Lincoln, que exerceu seu mandato entre 1861-1865, quando foi assassinado, já é o protagonista da moeda de um centavo, mas, por ocasião do 200º aniversário de seu

nascimento, em 2009 entrarão em circulação quatro novas versões.

Esta nova metamorfose desta moeda manterá a mesma aparência, com o rosto de Lincoln de um lado, e no outro serão representadas as quatro fases mais importantes de sua vida.

A cabana na qual nasceu no estado de Kentucky, a sua formação enquanto jovem no estado de Indiana, uma representação do Capitólio de Illinois e a última é uma imagem do Capitólio de Washington durante sua construção, como símbolo de seu esforço para preservar a união

americana.

A primeira destas moedas, que seguirão sendo de liga de metais de cobre, sairá em 12 de Fevereiro de 2009, coincidindo com a data de nascimento do ex-presidente, e o resto será

colocado em circulação com um intervalo de três meses.

"Estas moedas são um tributo a um de nossos melhores presidentes", disse o Director da US Mint, Edmund Moy, em alusão ao governante em cujo mandato foi abolida a escravidão nos

Estados Unidos.

"Ele acreditou em que todos os homens foram criados iguais e sua vida foi um modelo de honestidade, integridade, fidelidade e uma vida de educação", acrescentou.

O bicentenário de Lincoln coincide com o centenário da moeda original que foi cunhada em

sua homenagem em 1909 e que será modificada pela primeira vez em 50 anos.

Especificações

Zinco revestido a Cobre (2009–????) • Composição: 975 Zinco - 25 Cobre

• Diametro: 19 mm • Peso: 2.50 g. • Bordo: Liso

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Moeda de SolaMoeda de SolaMoeda de SolaMoeda de Sola AlgunAlgunAlgunAlguns Apontamentos para a Sua Histórias Apontamentos para a Sua Histórias Apontamentos para a Sua Histórias Apontamentos para a Sua História

Em Portugal, é frequente ouvir dizer que antigamente corriam moedas em sola, feitas em época de crise, e como neste rectângulo à beira mar plantado, as crises abundam, na memória do povo ficou gravado um período em que correu moeda de sola. Mas se os períodos de crise são uma realidade histórica, já o mesmo se não pode afirmar sobre a feitura de tão interessantes peças.

Assim a primeira referência escrita sobre as ditas moedas aparece na obra de José Soares da Silva, “Memórias para a história de Portugal que comprehendem o governo del rey D. João o I : do anno de mil e trezentos e oitenta e tres, até o anno de mil e quatrocentos e trinta e tres”, Tomo I, publicada em 1730, “há memória antiga que affirma que no sitio de Lisboa, consumida a moeda que havia e faltando-lhes os metaes de que fabricar outra, ElRey a mandou fazer de sola, e ninguem duvidava acceitalla, eenfim correra, até que depois elle mesmo a fizera reduzir a moeda corrente de ouro, prata e cobre.”

Daqui se depreende que a lenda da moeda de sola, já deverá ser anterior ao século XVIII, mas posterior ao princípio do século XV, pois os nossos cronistas, e especialmente Fernão Lopes, não fazem a menor alusão a tal peça, e o nosso “primeiro historiador”, ainda que a escrever a uma distancia de quase meio século, descreve com uma minúcia quase teatral os factos do cerco de Lisboa, que por certo não deixaria escapar a oportunidade de relatar um facto tão inédito em Portugal.

Oito anos mais tarde, em 1738, o Padre D. António Caetano de Sousa, na sua Historia Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo IV, diz-nos (quem escreveu o capitulo foi D. Francisco de Meneses) sobre o assunto “… havendo Author verdadeiro, que diz, que ElRey D. Joaõ I. no sitio de Lisboa fez, que corresse Moeda de sola, e em outros Reynos vimos nos nossos tempos, que corriaõ os escritos de Banco, e acções de Companhias, a que póde chamarse Moeda de papel: e chamamos barbaras às Nações, em que os velórios, as roupas, e os novellos de algodaõ servem de Moeda; como se depois, que no Mundo a necessidade do commercio, e a vaidade do luxo mudou o Direito natural da permutaçaõ, tivessem mayor privilegio os metaes escondidos na terra, que os géneros, de que as Nações necessitavaõ, ou a que davaõ huma estimaçaõ, que sempre he arbitraria….”, e visto por este prisma, poderia mesmo ser plausível a

feitura de tal espécime.

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Em 1856, de novo se escreve sobre a moeda de sola, mas agora é um numismata, Manuel Bernardo Lopes Fernandes, na sua “Memoria das moedas correntes em Portugal, desde o tempo dos romanos…”, “… Na mesma Ordenação do Sr. D. Affonso V, Liv. IV, Tit. 69, § 1º, se acha a Lei do Sr. D. João I, datada de Montemor-o-Novo, de 15 de Dezembro do anno de 1426, mandando que ninguém regeitasse moeda alguma sua, salvo se por evidente experiência se mostrar que é feita de ferro, ou de peltre, ou d’outro desvairado metal, de que se não costuma fazer moeda nestes reinos.

Por esta Ordenação julgam muitos dos nossos escriptores que o Sr. D. João I nunca lavrou as moedas obsidionaes de sola, como consta da tradição popular. Nenhum documento trata dessa moeda, e se as tivesse lavrado, o historiador Fernão Lopes as descreveria.” Mas em nota de rodapé na 2ª edição do Elucidário de Viterbo afirma: “Não sei se D. João I fabricou moedas de sola; não há disto nenhum documento exacto ate agora. Contudo, para o negar abertamente como impossível, só porque taes moedas não apparecem, nem memorias da sua existência nos archivos públicos e particulares, teríamos que incorrer em absurdo. Quantas leis de moedas nos faltam, porque se perderam? Quantas moedas de ouro, prata e cobre são hoje apenas conhecidas pelos nomes? Os Carthaginezes tiveram effectivamente moedas de couro, como é expresso em César nos Comment., lib. V, cap. IV. E por isso é melhor confessar que se não sabe, do que affirmar positivamente como facto o que não podemos saber.” E assim a opinião deste sábio passou a… não ter opinião. Em 1861 apareceu nos escaparates das livrarias um romance histórico de Arnaldo Gama, com o titulo “Um motim ha cem annos: chronica portuense do seculo

XVIII”, com interesse para este artigo, no que concerne não a uma verdade histórica mas no enraizamento da crença popular. Conta na introdução ao romance, em tons jocosos, a colecção de um “antiquário”, Gonçalo Antunes, onde pontuam desde “pergaminhos e em historias em gothico” até ao “craneo e o fémur direito d’um alentado rafeiro, que acompanhou Vasco da Gama na descoberta da Índia”. Mas o que agora nos interessa é a descrição d’ “O medalheiro é um prodígio. Possue batalhoens e batalhoens de moedas de todas as qualidades, de todas as naçoens e de todas as épocas, desde Adão até nós. Possue até o único espécimen que existe, segundo elle diz, da famosa moeda de sóla, cuja existência tem sido redondamente negada por escribleros ignorantes e

audaciosos. O sobredito espécimen é um bocado de coiro carcomido e com certos vestígios de impressão, que são, na opinião d’elle, os signaes do lemma e do emblema da moeda. Dizendo isto, creio ter dito tudo para que o leitor dê o apreço devido a tão rico e copioso medalheiro…”. Mesmo com ironia se vê o interesse que tal assunto suscitava no século da arqueologia, onde pontificavam os museus particulares, tão caros aos burgueses, mas onde até ao século XX a tão famigerada moeda não apareceu.

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Joaquim de Santa Rosa de Viterbo no seu “Elucidario das palavras, termos e frases, que em Portugal antigamente se usaram”, 2ª edição, de 1865 (pois a 1ª edição foi de 1798), também reafirma a não existência de tal peça, dando como razões “não sendo de presumir, e menos de crer, fosse adoptado no uso civil, e corresse no povo sem decreto, ou alvará de quem tinha o governo, a regência, e a defensão de todo o reino…” Assim como mais cinco ou seis outras razões igualmente válidas.

No último quartel do século XIX, mais concretamente em 1875, saiu do prelo a mais magistral obra sobre a numismática portuguesa, “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”, escrita por A. C. Teixeira de Aragão, e passados 133 anos da sua publicação ainda se mantém tão actual e tão indispensável. E sobre o assunto nada melhor do que deixar o Mestre explicar: “… Neste reinado a moeda foi de tão ínfima qualidade, em relação ao valor decretado, que posteriormente chegaram a dizer haver sido fabricada de sola durante o cerco de Lisboa em 1384, esta lenda monetária ainda foi afirmada no século passado por dois escritores notáveis6. Fernão Lopes, que se pode considerar contemporâneo, descrevendo as moedas do Mestre de Avis não deixaria de mencionar esta importante circunstancia, se tivesse existido, e muito mais que no seu tempo os exemplares deviam ser em abundância. Viterbo escreveu um longo artigo demonstrando a inexactidão do facto, estribando-se principalmente na falta de documento7. A João de França (1350 a 1364) atribuiu Comines também o fabrico da moeda de sola, fábula que depois vários autores desmentiram com os melhores fundamentos. Nenhuma das pessoas que nos têm afirmado existirem moedas de sola nos pode mostrar um único exemplar, havendo por vezes encontrado umas pequenas rodelas de sola, mais ou menos grossa, com um timbre impresso, parecendo-nos marcas ou amostras de fábricas; algumas têm legendas, que raras vezes se podem decifrar, mas o feitio de letra é do século XVI. Lembra-nos de que o exemplar mais curioso que temos visto, pertence a Mr. Heiss, e do qual conservamos o desenho, diz de um lado: +RCCHIS…DEVPATORIO. No campo, T. R. No campo de vária ornamentação uma cruz muito parecida à de Avis, e também semelhante à que se observa nos doubles parisis do rei João de França1.” Notas 6 Joseph Soares da Silva, Mem. para a hist. de D. João I, tom. I, pág. 198; e D. Francisco de Meneses, conde da Ericeira, na Hist. gen., tom. IV, pág. 419. 7 Elucidário, tom. II, sup., pág. 50, nota. 1 Le Blanc, Traité hist. dês monn. de France, est. a pág. 258, B. E se porventura ainda subsistisse alguma réstia de dúvida, sobre a existência da moeda de sola de D. João I, Teixeira de Aragão ao ser tão peremptório na sua afirmação desfez as duvidas e remeteu a dita para o capítulo das lendas de Portugal. Já no século XX, Pedro Batalha Reis na sua “Cartilha da Numismática Portuguesa”, de 1952, ao tratar das moedas obsidionais informa-nos: “Convem neste passo recordar a alusão que alguns escritores antigos século XVIII (v. g. José Soares da Silva na Memória para a Hist. de D. João I e D. Francisco de Menezes, Conde da Ericeira na Hist. Gen. vol. IV ) fazem à existência de moedas de sola fabricadas durante o cerco de Lisboa em 1383. Todavia, ainda que não fosse impossível ter

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acontecido, a verdade é que além de se não conhecer exemplar algum, não existe também a mais ligeira referência nos cronistas do tempo que tão miudamente relatam os sucessos dessa época. Por isso que até prova em contrário se deve ter em remissa como fantasia de Soares da Silva a afirmação da existência de moedas de sola em Portugal. As senhas que muito posteriormente se fizeram de sola podem ter alimentado a crença popular, tanto mais que algumas há circulares e de difícil leitura para os leigos, que assim as tomariam por aquelas moedas, como nós próprios o podemos testemunhar pelo exame dessas senhas particulares que já nos trouxeram como as antigas “moedas de sola”.” Assim com a explicação deste Mestre, poderíamos encerrar definitivamente este assunto, pois moedas em sola com a Cruz de Avis sobre o escudo de Portugal, relatadas pela primeira vez quase 350 anos depois de terem sido “cunhadas” e que passados mais 250 anos, teimosamente, continuavam no rol das “nunca vistas”, iriam sem apelo nem agravo para o capitulo da lenda.

Mas, e há sempre um mas em qualquer história, já no século XXI eis que no “nosso” Fórum de Numismática apareceu um Cruzado Novo em sola. Bom, aí a discussão sobre a existência de moedas de sola

reacendeu-se e o amigo José Matos (Alfonsvs) perguntou “Este exemplar do século XIX que estórias poderá contar?” Não tínhamos uma moeda de sola com a Cruz de Avis, mas tínhamos uma com a Cruz de Cristo e lá começámos à procura. Confessamos a desistência rápida da investigação, pois a única menção era o aparecimento em leilões mas mais áridos que as nossas lucubrações. Mas como andamos às voltas com o nosso Catálogo, vamos remexendo no fundo das nossas gavetas, procurando livros, revistas e catálogos, a maior parte já não mexidos quase à um quarto de século. E eis que ao desfolhar a colecção d’ “A Permuta” deparamo-nos com uma notícia já nossa conhecida, pois o nosso catálogo

contempla as moedas falsas, mas com um pormenor assaz curioso, falava também em moedas de sola. Mas o melhor é mesmo passar a transcrever o que nos diz A. Pinto de Sousa

no artigo “Um Molde para Moeda Falsa”, publicado n’ “A Permuta” nº 6 de Julho de 1956, da Sociedade Portuguesa de Numismática: “…há tempos, ter chegado ao nosso

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conhecimento a existência…de uns cunhos do cruzado…e não descansámos enquanto não satisfizemos a nossa curiosidade … de os ver. Satisfeita a nossa aspiração, verificámos tratar-se de um molde, salvo erro em bronze, para a fundição do vulgar cruzado de D. Maria II de 1834, e não os cunhos, como o seu possuidor julgava. Depois de nos ter sido oferecido um disco de sola, que, com o auxilio de uma prensa, tinha sido submetido à pressão do molde – neste caso o molde fez de cunho – onde ficou perfeitamente marcado o anverso e o reverso(1), fomos autorizados a fazer a fotografia que reproduzimos nesta gravura. Nota (1) Além da curiosidade, serve para “reinar” com aqueles que ainda teimam terem visto, no pé de meia dos seus avós, moedas feitas em sola.”

E assim se resume o que sabemos e o que não sabemos sobre a famigerada moeda de sola:

• As moedas em sola, do reinado de D. João I, ou de qualquer outro rei português, não existem.

• Aparecem por vezes senhas em sola, que pessoas menos avisadas as tomam por moedas.

• Existe um cruzado novo de D. Maria II, com data de 1834, feito com um molde, achado em Trás-os-Montes?, utilizado para fazer fundições de cruzados falsos. Este exemplar em sola foi feito nos anos 50 do século XX, como uma curiosidade.

Bibliografia:

Titulo Autor Data Memorias para a historia de Portugal, que comprehendem o governo delrei D. João o I, do anno de mil e trezentos e oitenta e tres, até ao anno de mil quatrocentos e trinta e tres…

Silva, José Soares da Tomo I 1730

Historia Genealógica da Casa Real Portuguesa

Sousa, António Caetano Tomo IV 3ª Edição - 2007

Memoria das moedas correntes em Portugal, desde o tempo dos romanos

Fernandes, Manuel Bernardo Lopes

1856

Um motim ha cem annos: chronica portuense do seculo XVIII

Gama, Arnaldo 1861

Elucidario das palavras, termos e frases, que em Portugal antigamente se usaram

Viterbo, Joaquim de Santa Rosa

2ª Edição - 1865

Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal

Aragão, A. C. Teixeira 2ª Edição - 1964

Cartilha da Numismática Portuguesa Reis, Pedro Batalha 1952 Um Molde para Moeda Falsa Sousa, A. Pinto A Permuta nº 6 de Julho de 1956,

da Sociedade Portuguesa de Numismática

Vítor Almeida (vma)

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MMMMiranda oiranda oiranda oiranda ou Milmanda? u Milmanda? u Milmanda? u Milmanda? A Casa da Moeda da discórdia. A Casa da Moeda da discórdia. A Casa da Moeda da discórdia. A Casa da Moeda da discórdia.

Há mais de um século que se vem tentando clarificar mais um dos polémicos casos com que se debate a Numismática, com grandes divergências de opiniões entre os coleccionadores, que ainda hoje persistem, baseados na Crónica do Rei D. Fernando, por Fernão Lopes que, quando a escreveu por volta de 1436, e sobre as moedas deste reinado já à muito que elas estavam fora da circulação, ou seja, desde que D. João I, assumiu o trono como Regente em 1383. Gostamos de pegar nestes casos que colocam dúvidas aos numismáticos e tentar ver um pouco mais além, estudando-os para meu benefício pessoal, sem pretensões de transmitir a verdade absoluta a outros, pretendendo com estas linhas fazer um pouco mais de luz, contribuindo para que algo se possa acrescentar até que outros posteriormente lhe possam dar continuidade e completar.

Os trabalhos e as respostas que encontrei mais convincentes aos quais eu me junto, foi a de três grandes vultos da nossa cultura e da nossa história, tanto no ramo da arqueologia como no estudo da numismática, refiro-me ao grande professor que foi José Leite de Vasconcelos, cujos trabalhos se conhecem sobre as moedas cunhadas em Miranda ou Milmanda, por D. Fernando I, levando-o a escrever sobre a letra monetária com um M

gótico, que primeiramente atribuiu a Miranda e mais tarde veio a corrigir com grande humildade, numa afirmação convicta de que a letra monetária M e M -I correspondem às moedas cunhadas em Milmanda; o segundo foi o grande historiador Joel Serrão, que no seu Dicionário de História de Portugal de 1975, 4 vol. ... “, diz ele ..........Depois de

Teixeira de Aragão, foi José Leite de Vasconcelos .....de numismata e de

professor. Foi ele quem descobriu que as moedas de D. Fernando, que se

julgavam cunhadas em Miranda do Douro, haviam sido cunhadas em Castela,

moedas de Milmanda, no capítulo que escreveu sobre o estudo económico da

moeda...., P. 170, e por último, Ferraro Vaz, grande numismático que foi, autor de muita obra que temos ao nosso alcance neste ramo da Ciência, atribuindo no seu Livro das Moedas de Portugal, a Milmanda todas as moedas com M e M -I, que foram cunhadas aquando da 1ª Guerra iniciada em Junho de 1369, pela posse da coroa de Castela pelo nosso rei “Formoso”, face ao assassinato de Pedro o Cruel por seu irmão Henrique de Transtâmara, que veio a adoptar o título de Henrique II. Partindo destas três afirmações que julgamos mais próximas da realidade, metemo-nos à tarefa, nada fácil sem facciosismo ou vaidade, de tentar convencer alguém que não aceite ou vá ao encontro do pensamento dos autores mencionados. Comecemos por falar de Miranda do Douro, não nos vamos reportar à antiguidade, quem ler sua história encontra escritos que a transportam a tempos ancestrais e a sua importância nos primórdios da nacionalidade, sempre como zona estratégica desde o séc. XIII, fronteiriça com os reinos de Castela e Leão, encostada a Zamora (Samora - Çamora) do outro lado, umas vezes portuguesa, outras vezes ocupada pela investidas castelhanas-leonesas, mas sempre reconquistada para a coroa portuguesa.

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Fixemo-nos então em Miranda nos finais do século XIV, e o seu papel nas guerras Fernandinas, entre Portugal e Castela, com D. Fernando a invadir a Galiza - 1369; não falemos das outras guerras que são posteriores ao Tratado de Alcoutim de 31 de Março de 1371, porque não tiveram influência na emissão das moedas que se cunharam mas também serviram para custeá-las e a prova é que foram encontrados na zona de Mértola encostado ao Guadiana, Torneses cunhados em Samora Nas buscas efectuadas encontrámos um vazio na história de Miranda nos séculos XIV/XV dentro da coroa portuguesa, para que lhe possamos dar alguma importância militar na guerra e enquadrá-la naquilo a que pretendemos chegar, ao estudo da numismática no que concerne à Casa da Moeda que cunhou as Barbudas, os Graves, os Pilartes e os Torneses com a letra monetária M gótico mencionada por Fernão Lopes, Severim Faria, Aragão e Alberto Gomes, seguidores do primeiro, como se fossem lavradas nesta cidade (na altura vila). D. Dinis mandou edificar-lhe o Castelo, fundando a vila em 1286, dando-lhe poderes eclesiásticos que vinham pertencendo à Sé de Astorga e se mantiveram até ao séc. XV sobre esta região e a de Bragança com influência na própria língua, o Mirandês e o Leonês que ainda hoje se mantêm vivas, os escritos na Monarquia Lusitana concluem que a vila demorou 4 anos a construir tendo-se prolongado as obras do Castelo por mais alguns anos, porque se sabe que D. Dinis passou por aqui em 1297 antes de se dirigir a Alcanices para assinar o Tratado, e as mesmas obras continuavam.

As terras de Trás-os-Montes, Bragança e Miranda pertenceram sempre à coroa portuguesa até ao reinado de D. Fernando altura em que o rei as deu como dote de casamento a Joana Teles de Meneses, irmã bastarda de D. Leonor de Teles, e João Pimentel. As vilas de Miranda e Bragança ficaram em poder de Castela, logo no início das hostilidades, voltando à coroa portuguesa restituídas pela alteração do Tratado de Alcoutim em 1371, por incumprimento do nosso Rei. Em 1439, moravam em Bragança, somente 25 vizinhos no interior da vila, despovoada não só pelas guerras com Castela mas também devido aos surtos epidémicos (peste negra) que lastrava em Portugal e por toda a Europa, e Miranda não escapou a este desastre. D. Dinis a enobreceu em 1286, D. Manuel I em 1501 deu-lhe novo foral, foi D. João III que lhe deu grandeza e o título de cidade com a sua Sé Catedral, em 1545, separando-a do bispado e diocese de Braga por se encontrar muito distante, não desempenhando o seu papel social e religioso o que deixava os habitantes bastante desgostosos e revoltados, já em número muito elevado, levando-os a fazer as queixas ao rei. É a partir desta data que Miranda passa a ter uma importância para a coroa com todo o seu desenvolvimento social e económico próprio na região e como defesa avançada na fronteira com o seu castelo a repelir as ameaças do reino de Castela Leão, defendendo sempre a sua integração com vigor no reino de Portugal.

D. Fernando quando invadiu Castela, em 16 de Junho de 1369 fê-lo em duas direcções, uma foi pela via marítima com 8 galés, mas segundo a Crónica de D. Henrique II de Castela……....”o Rey de Portogal avia mancado facer armada de doce galeas, é apercebi: todos os Fijos de Algo (Fidalgos) del su Regno……..., que mandou seguir para a Corunha, e nas zonas por onde passaram, varreram todas as rias galegas até se

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fixarem nesta cidade.” A outra via, D. Fernando seguiu por terra, entrando por Tuy, Arrocha (Galiza), Salvatierra do Miño e Baiona (actual província de Pontevedra), os cavaleiros portugueses de linhagem que comandavam os soldados dirigiram-se para a região de Orense, passando por Milmanda, Alhariz, Monterrey, Araujo e Ribadávia Cela Nova; Lugo e Rocha (Lugo), Santiago de Compostela, Corunha e Padròn (na Corunha) na leonesa Samora e Ciudad Rodrigo, e Lumbrales (na de Salamanca), mais a sul na Extremadura ocupou Alcântara e Valencia de Alcântara, na fronteira com Marvão e Castelo de Vide, e Carmona (Sevilha), e pelas vilas e terras por onde passaram os nossos soldados eram bem acolhidos pelos habitantes que se rendiam sem oposição.

Se apontarmos estratégias militares, dificilmente aceitaremos que D. Fernando tenha assentado a sua corte em Miranda como se diz, sem grandes condições para servir de comando a operações militares, dado o seu posicionamento geográfico, isolada, com caminhos sinuosos e carregados de penhascos e montes, sem estradas; e escrevia Fernão Lopes na Crónica de D. João I…....lentamente os técnicos militares e as populações iam compreendendo aquela realidade que o cronista se tinha apercebido na altura em que estava escrevendo, referia “a impossibilidade dos sitiados resistirem durante muito tempo às forças sitiadoras”; lembrar uma viagem descrita por J L Vasconcelos em 1883 em que descrevia as dificuldades da região com falta de estradas e as que existiam eram asfaltadas, tendo demorado 5 dias a atingir Miranda do Douro, depois de viagem bem atribulada, com saída do Porto. Por outro lado, a demografia e o povoamento era o mais reduzido possível face à peste que grassou em toda a Europa no século XIV e que Portugal não ficou de fora. No reinado de D. Fernando e continuado no de D. João I, iniciou-se o repovoamento do país nas zonas fronteiriças com a criação de coutos homiziadas, para onde eram enviados homens e mulheres que tinham condenação judicial com penas leves por pequenos delitos, com excepção dos incriminados por aleive (traição), fixando-os nas terras com determinadas regalias, porque os restantes habitantes que eram (escassos) tinham que estar sempre alerta para defesa da fronteira; no couto de Miranda tiveram os homiziados que fazer muros, velar e roldar e fazer reparos no castelo, registos encontrados de 1379, trabalhos que eram feitos até aqui pelos apaniguados do alcaide, dada a escassez de vizinhos. Por estes textos se confirma que Miranda não podia ter condições para receber a corte e mantê-la em tempo de guerra, e muito menos estabelecer oficina para cunhar moeda de emergência, não esquecemos que se pode considerar moeda de emergência a que D. Fernando mandou lavrar para pagamento da guerra. Escreveu D. Fernando a Samora, intitulando-se “Rei de Portugal e do Algarve e da mui Nobre cidade de Samora“, cidade que estava localizada do outro lado da fronteira, a pouca distância, tendo enviado para ali fazer “moedas de seus signaes, d’ouro e prata e Graves e Barbudas em outros logares e poz néllas seus thesoureiros e officiaes, segundo ele cumpriam, os quaes dispendiam e davam por suas cartas e mandados aquellas moedas, que se então corriam por todo o reino de Portugal”.

Qual a vantagem, e interesse tinha o rei em se cunhar moeda para Miranda? Primeiro porque a cunhagem de moeda é sempre uma arma política agressiva e afirmativa, sinal de soberania contra os povos ocupados, sempre assim foi e Miranda era portuguesa não estando nessas condições, as moedas portuguesas, castelhanas e leonesas , desde Afonso Henriques que circulavam de um e de outro lado da fronteira, o intercâmbio comercial era feito entre os povos fronteiriços e aceite tacitamente pelos reinos vigentes, pela troca directa dos bens que cada um produzia, a moeda era praticamente inacessível aos

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camponeses que tratavam a terra e criavam os seus animais que trocavam nas feiras. Para os soldados? Estes sim era necessário pagar-lhes o Soldo porque estavam em missão de guerra em terras de Castela, Fernão Lopes escreve no Cap. XXXI da Crónica que o pagamento aos soldados era de 30 Soldos por dia e os que não eram “àguisa” recebiam 20 Soldos e aos outros 15 Soldos, aquele que tinha o carrego de pagar este Soldo pelos lugares onde cada soldado estava e ali lhes fazia o pagamento; estes lutavam pelo seu salário, era preciso dinheiro, basta lembrar os Cruzados ingleses e flamengos na conquista de Lisboa, em 1147, em que Afonso Henriques só conseguiu os seus serviços em troca do espólio material que eles exigiram e que viessem a encontrar, pertencentes aos mouros.

Localização de Miranda do Douro (A) e Milmanda (B)

Se atendermos à vila de Milmanda, na região de Orense e a distância curta da fronteira portuguesa, era muito mais vantajoso e estratégico o comando e o controle militar dos soldados portugueses, apoiados pelo povo castelhano, com caminhos mais planos de molde a chegar a qualquer vila ou cidade ocupada, na Corunha, Lugo, Ciudad Rodrigo ou mesmo Samora; alguns autores galegos referem-se a que D. Fernando se instalou em Milmanda, e cunhou ali moeda, basta ler alguma literatura numismática para confirmar o registo desta vila no historial das Casas da Moeda, castelhanas. Encontramos outras versões com opiniões diferentes, que não são de menosprezar e que poderão responder com alguma verdade à cunhagem das moedas que D. Fernando mandou lavrar como afirmação do seu poder, e o local onde elas foram cunhadas. Se falarmos de Corunha já ali existia uma Casa da Moeda, desde que se bateu a primeira peça de Afonso IX, e depois Fernando II, Alfonso X, Sancho IV, Fernando IV, Afonso XI e Pedro I, até então, fundada entre 1210 e 1230, o nosso rei ocupou-a para cunhar moeda com as iniciais CR-V e CV, só voltando esta Casa da Moeda a funcionar para os reis de Castela e para Henrique II após a saída dos portugueses com o acordo de Alcoutim; sabe-se que para se lavrar moeda teria que existir um mínimo de condições técnicas e humanas, e em Corunha existiam, não se tratava de nenhuma oficina de emergência, os cunhos das moedas de D. Fernando apresentam-se com alguma perfeição, pelo que tinham que ser gravados em locais apropriados e por oficiais gravadores, e ainda hoje funciona a “Real Casa de la Moneda de la Corunha”; é caso para se perguntar se não terão sido nela que foram batidas todas as moedas cunhadas em

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Castela? Teriam as pequenas localidades condições para cunharem moeda, mesmo que oficinas rudimentares? D. Fernando entrou na Galiza em meados de Junho de 1369 e retirou em Janeiro de 1371, um ano e poucos meses foi a ocupação de Castela, reinado muito efémero, e sempre pressionado pelas tropas castelhanas e os soldados Bretones como eram conhecidos os militares franceses de Henrique II, para criar oficinas e lançar moedas eram necessários alguns moedeiros, gravadores e outros preparativos para o efeito; cujos exemplares temos hoje dificuldades em os obter, reduzidos pelos exemplares que se conhecem, dizia José Leite de Vasconcelos (diminuta quantidade), em grande quantidade dizem outros. Mas perguntamos nós se justificaria a oficina de Miranda? Diz a Crónica de Henrique II, que estando este em Toledo em Julho de 1369 e sabendo que D. Fernando tinha entrado na Galiza, dirigiu-se logo a Zamora para pelejar e de seguida entrou em Bragança e em Miranda, ocupando os seus castelos, D. Fernando deve ter permanecido muito pouco tempo em Castela, logo que soube da reacção das tropas castelhanas, deixou as suas Companhias militares entregues a Álvaro Pires de Castro com o cuidado de dirigir a retirada das localidades ocupadas afim de salvaguardar a vida dos portugueses que estavam integrados nelas.

Num artigo escrito por Manoel Joaquim de Campos nos princípios do séc. XX, sobre a existência de um Tornês de busto, raro que foi encontrado e cunhado nas oficinas do Porto comparando com os que tinham sido cunhados na Corunha, de tão pouco peso, que punha em questão se estes não teriam sido obra de moedeiros que marchavam na

rectaguarda da soldadesca, talvez já militarizada.

Uma outra explicação que se levantou é a de que, as moedas usadas para custear a guerra com Castela, poderem ter sido cunhadas em Portugal, Lisboa ou Porto e levadas para as localidades castelhanas, como colocou em dúvida José Ferreira Braga, arqueólogo e grande coleccionador de moedas portuguesas, autor de muitos trabalhos numismáticos, falecido em 1924, que ao fazer um estudo sobre uma moeda inédita de D. Fernando, cunhada na Corunha com CR-V escrevia.....”com isto demonstra-se ter sido esta moeda cunhada na Corunha ou para a Corunha, como outras que este rei na sua passagem para Castela ordenou que se cunhassem em Çamora e Tuy , Milmanda etc, todas de mui baixa lei e alto valor nominal”.

Quanto ao facto de D. Fernando poder ter instalado a sua corte na Corunha, outra versão galega que lemos, pelo que se sabe ao ser atacado pelo exército de Henrique II, retirou-se precipitadamente por via marítima, numa galé para o Porto, como já referimos entregou a retirada a Álvaro Pires de Castro, ora, se estivesse posicionado com a sua corte em Miranda, seria possível fazê-lo? Milmanda para a retirada era muito mais seguro porque se localizava na fronteira com o Rio Minho, Corunha por estar mais perto da costa marítima, justifica a brevidade e precipitação da fuga logo que teve conhecimento de que Henrique II, tinha enviado tropas para a Galiza, ocupado Zamora e entrado em Portugal por Outeiro de Miranda e Bragança, isto deu-se ainda em Julho 1369 (Crónica de Henrique II). Muitas são as dúvidas que sempre se colocaram sobre as moedas com letra monetária M gótico, e pergunta-se? Afinal onde teriam sido batidas todas estas moedas? Na Casa

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da Moeda de Miranda do Douro ou na de Milmanda? Em Portugal, no Porto ou em Lisboa? Na Corunha? Na retaguarda do exército por moedeiros? Nos trabalhos que encontrámos em castelhano insistem em afirmar que foi na Casa da Moeda de Milmanda, localidade que deveria ter alguma importância, tanto que no Tratado de Alcoutim em 1371, no compromisso que o rei D. Fernando assinou, estava incluída no contrato de casamento com a filha de Henrique II, o que não aconteceu porque o rei veio a casar com Leonor Teles de Menezes, outras terras estavam no dote como, Alariz e Monterrey, Ciudade Rodrigo, etc., que tiveram que ser restituídas, assim como Henrique II devolveu Bragança e Outeiro de Miranda (Castelo).

Outro reparo que se faz sobre o estudo às desvairadas moedas do rei D. Fernando, como dizia o povo, o facto de que D. João I já as ter recolhido para refundi-las nos reais que veio a cunhar quando ainda Regente e Defensor do Reino, já tinham passado quase 50 anos para a época em que Fernão Lopes escreveu sobre elas, já não circulavam, e por conseguinte é de aceitar erros de pormenor que já vimos referenciados e apontados por José Leite de Vasconcelos. Fernão Lopes, posteriormente Manoel Severim de Faria, e mais tarde Teixeira de Aragão, com base no primeiro incluíram nos seus trabalhos a cunhagem das moedas que D. Fernando mandou lavrar com o nome de Barbudas ou Celadas (elmos com viseiras caídas enfiados na cabeça dos soldados), os Graves (lanças com pendões) e os Pilartes pagens que traziam consigo as Celadas e ainda Tornêses a que chamaram petites (pequenos em francês); “querendo deixar estes nomes e insígnias nas moedas desta

sua empresa em memória aos soldados franceses” que serviam e lutavam ao lado das tropas de Henrique, o Nobre, por ser a primeira vez que o Rei viu estes apetrechos militares. Um ano e pouco meses durou a guerra, tempo que julgamos insuficiente para montar oficinas de cunhagem, recordemos que para lavrar moedas era preciso ter a prata, o cobre, os desenhos, gravações, cunhos, cadinhos, forjas, laminadores, balanças, discos, operários para bater moeda etc. Como foi possível lavrar moeda com esta precisão e eficiência, fora do território português e acossado pelas tropas castelhanas? Nada fácil. Para findar este rol de interrogações sobre este tema, vamos deixar aqui a transcrição de parte do Capítulo 34 º, da acta das Cortes de Lisboa de finais de Julho de 1371, sobre a desmonetização da moeda e das localidades em que tinham sido cunhadas fora do território português e que passariam a deixar de correr. O documento só se refere à recolha da moeda cunhada em Çamora, Corunha e Tuy, ignora Miranda ou Milmanda e Valência de Alcântara, terá sido por esquecimento, ou por não ter sido emitida moeda em quantidade que merecesse referência?

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Depois de termos colocado e referenciado todas as dúvidas e opiniões que persistiram ao longo de anos por muitos numismáticos, reafirmamos o que escrevemos no início; para nós a cunhagem destas moedas com um M gótico, se foi efectuada em Castela só pode ter sido em Milmanda e não em Miranda do Douro. Terminamos com algumas referências que o prestigiado arqueólogo numismático José Leite de Vasconcelos, apresentou no seu último trabalho sobre este assunto, em “O Archeólogo Português”, com o título:

Se há moedas de Miranda do Douro. Entre um trabalho de 3 páginas, separamos alguns apontamentos elucidativos, começando por justificar que..............o nome de Miranda a que alguns coleccionadores atribuem às moedas cunhadas com as letras M e M -I, em vez de Milmanda foi por erro dos copistas que transcreveram do original da Crónica do Rei D. Fernando que se encontra na Biblioteca da Ajuda e, refere que haviam outras terras com aquelas iniciais M e M -I em Castela, implicitamente poderia dizer que existiam outras Mirandas situadas na Galiza “e no resto de Castela, só nas zonas ocupadas pelas tropas portuguesas, encontramos Miranda em Cangas (Pontevedra), Miranda em La Cañiza (Pontevedra), Miranda em Castro Verde (Lugo), Miranda em Gondomar (Pontevedra), Miranda em Parada Del Sil (Orense), algumas eram da época medieval, outras fora das províncias galegas, mais afastadas por onde não andaram os nossos soldados, isto deu origem a que os coleccionadores, adeptos da teoria de que o M gótico nas Barbudas, Torneses, Pilartes e Graves, as atribuem à cidade portuguesa - No Cap. XXVIII da Crónica, de Fernão Lopes, na carta que o rei escreveu a Samora - lê-se....”Ele mandou fazer moeda de seus signaes, d’ouro e prata , e graves e barbudas, em alguns lugares que sua voz tomaram , assim como em Samora e na Corunha e em Tuy em Valença e Miranda, e pose em ellas seus tesoureiros e officciaes , etc.“ se D. Fernando se afirmara nos direitos de soberania que tinha à coroa de Castela como autoridade real? Para quê Fernão Lopes, referir Miranda se ela fazia parte da coroa portuguesa? Leite de Vasconcelos aponta este erro e outros na transcrição do original para a cópia da Crónica que está ao nosso alcance e aponta-os, para se apoiar na correcção que fez ao seu primeiro trabalho, bem como Valença dizendo que se trata-se de Valência que é a de Alcântara, lembremos que Ferraro Vaz, confirma-o no seu Catálogo, tudo isto que é referido por Leite de Vasconcelos seguindo-lhe o mesmo pensamento.

Ainda sobre Miranda e Milmanda diz ainda J.L.V. afirmando com toda a convicção do que estava a escrever “.....logo, dizia ele, não é Miranda do Douro“....................“ No que fica dito conclui-se que nos livros de Numismática portuguesa não hão de tornar a dizer que D.

Fernando cunhou moedas em Miranda do Douro e que numa futura edição da Crónica de D. Fernando I se há de emendar Miranda em Milmanda (1).

Posteriormente, a este trabalho que foi publicado no Diário de Notícias de 17 de Outubro de 1916, recebeu uma carta de um colega que lhe dava conhecimento daquilo que ele próprio tinha afirmado sobre a Crónica do Rei D. Fernando, que se encontrava na Biblioteca da Ajuda.

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(1) tendo-a lido, informa-me o prestimoso publicista Dr. Jordão de Freitas que um exemplar

manuscrito da Crónica de D. Fernando existente na Biblioteca da Ajuda (cod. 49 ,XI, 40) se

lê à margem do Cap. 28 fl. 229 o seguinte em letra antiga “Milmanda parece q

auia de dizer”. Não me admiro se alguém fez o reparo que eu também fiz; de admitir

seria que ninguém o fizesse.

Moedas com letra monetária M apresentadas nos Catálogos de

Alberto Gomes - Edição 2003 e Ferraro Vaz - Edição 1969/1970

Alberto Gomes, no seu catálogo, edição 2003 referencia quinze peças cunhadas em Miranda com as letras M e M -I, assim: três tipos de Graves, um tipo de ½ Barbuda,

uma Barbuda, um ½ Tornês com castelo e letra M, outra com Castelo e letra M -I; uma ½ Barbuda com escudo clássico; um tipo de ½ Tornês de escudo e cruz, dois grupos de Torneses de Cruz e para finalizar, 4 tipos de Pilartes coroados

Em Ferraro Vaz, curiosamente encontramos, um meio Tornês atípico com a letra M de Milmanda e outro ½ Tornês de Samora com a letra Ç, muito idênticos diferenciados por um sinal oculto e a letra monetária. Ferraro Vaz no Catálogo editado em 1969/1970, com referência a Milmanda apresenta dois Torneses de cruz, quatro tipos de meios Torneses, uma Barbuda, um Grave e dois Pilartes coroados.

Laulo Baptista Abril 2009

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Exigências elementares resumidas para que se possa cunhar moedaExigências elementares resumidas para que se possa cunhar moedaExigências elementares resumidas para que se possa cunhar moedaExigências elementares resumidas para que se possa cunhar moeda

Imaginemos um local onde pode ter sido cunhada moeda de necessidade ou de emergência, ou mesmo oficialmente dentro da Casas da Moeda fixas, estas com a vantagem de terem melhores condições e toda a ferramenta e utensílios necessários, estar bem organizada e tudo nos seus lugares numa rotina industrial constante e consequente. Segundo lemos em documentos galegos, Henrique II de Castela pretendeu cunhar moeda para pagar aos seus soldados estrangeiros (franceses, bretones), porquanto D. Fernando estava cunhando moeda na Corunha, a única hipótese que teve, estando ele em Santiago de Compostela, e não se constando haver ali Casa da Moeda, julga-se ter tido o apoio eclesiástico e consta-se que fez no castelo o lavramento da moeda de necessidade, muito rara, tendo-lhe dado o nome de Cruzado Enriqueño.

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Normalmente não se respeitam decretos para se cunhar ou bater moeda de necessidade ou de emergência, não à normas que tenham que ser cumpridas nem ter que se convocar Cortes para terem o apoio do Povo e das restantes classes o Clero e a Nobreza, foi assim que aconteceu com D. Fernando para mandar lavrar moeda em Castela, quando a invadiu em 1369, e não no cumprimento das ordenações que estavam impostas no reino . Para que se cunhe moedas nestas circunstâncias o que será necessário fazer e quais os caminhos a seguir?

Primeiro há que saber que valores vão ter as moedas a lavrar, para isso contam os metais que nela vão entrar, os preciosos, ouro e prata, e depois (normalmente o cobre) que lhe dá consistência e maleabilidade. O diâmetro e o peso de cada disco, flan, ou cospel vai também interferir no valor da moeda que se pretende bater. Saber qual é o custo do metal, em Libra ou Marco, na idade média usou-se mais o Marco de Colónia de 8 onças, que pesava 229,5 gr. correspondente a 4608 grãos, pesando o grão 0,0498 gr. (+-) a vigéssima parte da grama. Exemplo: o Marco de prata custava à época 2028 réis, tinha cunhar 54 moedas, ora o valor intrínseco da moeda seriam, 37,555 = 38 réis valor do custo ao erário real. Quanto ao peso da moeda, teremos assim: Um marco pesa 229,5gr. dividindo por 54, obtemos o peso de cada uma de 4, 25gr. Com base nos valores dos metais, estipulava-se a quantidade de moeda que cabia em cada Marco (Talha / Marco) moedas com maior peso, correspondia a menos moedas, ou com diâmetro maior, razão porque moedas menores se faziam mais peças, o metal de custo mais elevado, exemplo a prata quanto menos entrasse na liga juntamente com o cobre, mais reduzido era o custo intrínseco da moeda e por conseguinte mais valores entravam para o erário do reino, esse excesso recolhido chamava-se SENHORIAGEM, D. Fernando fez isso em Castela. Estabeleciam-se os pesos dos metais para a liga que iria originar as moedas, os seus valores nominais ou intrínsecos em que deviam circular, preparavam-se as forjas os fornos para aquecimento, os cadinhos recebiam os metais nas quantidades já estabelecidas, depois de atingirem a fusão preparavam-se as chapas que se aplanavam na laminagem o melhor que era possível, consoante os utensílios e as ferramentas usadas na época em que eram necessárias e nas dimensões cuja utilização fossem acessíveis, existiriam decerto duas ferramentas indispensáveis ao corte dos discos, a tesoura ou os punções vazados que cortavam ou recortavam as peças nos tamanhos de molde a receber a pancada do martelo nos troqueis, cunhos superiores os discos umas vezes circunferênciais, outras vezes rectangulares ou ovais, como observamos nalgumas moedas, por vezes estes discos não eram cortados ou vazados com regularidade e acontecia que os cunhos que tinham sido gravados eram de diâmetro superior que deixavam parte das legendas ilegíveis, nos portugueses foi assim, mas 2000 mil anos antes, os gregos foram mestres, e senhores, os maiores, na cunhagem das suas moedas, tanto no desenho artístico como nos restantes símbolos das moedas, é vê-las para comparar.

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Antes que a moeda seja batida era necessários outras metas a cumprir, tinham que existir o cepo ou a bigorna que recebia o cunho inferior ou pila que cunhava o reverso, fixado de modo a aguentar centenas de pancadas que recebiam dos operários num ritmo constante, normalmente estes operários eram escolhidos entre os pedreiros e os ferreiros, por serem aqueles que melhor manejavam o martelo. Esquecia-mos de falar na balança indispensável ao calibre de cada peça. Após a preparação e a ordenação dos afazeres de cada operário responsável pela sua missão, já com os discos (cospel) preparados e o cunho superior (troquel), e o martelo na mão do batedor, sentado num banco à altura do cepo, procedia-se ao aquecimento dos discos a uma temperatura elevada de molde a que ao receber a pancada ficasse nele toda a gravação inserida nos cunhos. Como os últimos são os primeiros, guardamos para o fim a parte artística, o mais importante da moeda, aquela que vai ser a imagem de milhões de moedas que vão correr e ser usadas por outros tantos milhares de pessoas. Há que estabelecer o desenho e os símbolos que se pretende transmitir que individualize o Rei, a Nação ou o fim a que se destina, primeiro o Oficial, artista (gravador) cinzela, gravando nos cunhos, superiores e inferiores, os desenhos e as características mais importantes, depois entrega aos aprendizes ou auxiliares de gravação que cinzelem os restantes símbolos, ou as legendas, quase sempre cunhos individuais, normalmente para os reversos onde a beleza da moeda era menos exigente, lembrar que os cunhos tinham que ser incusos para a moeda ter relevo.

Com D. Fernando I aparecem as primeiras letras monetárias nas moedas portuguesas em que se estabeleceu um princípio a exemplo do que já existia em Castela, a de respeitar a inserção na moeda, a inicial que identificasse o local da Casa da Moeda onde era cunhada, a exemplo do país vizinho onde rigorosamente era respeitada essa imposição real.

Algumas ferramentas e utensílios que eram usados na cunhagem de moeda

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Cunhos e Cinzéis

Cavaleiro séc. XIV com elmo “barbuda”

Cunhos romanos

Laulo Baptista Abril 2009

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Para o ano haverá maisPara o ano haverá maisPara o ano haverá maisPara o ano haverá mais